acessa - Associação Médica Fluminense

Transcrição

acessa - Associação Médica Fluminense
Benito Petráglia
Presidente AMF
O exercício da medicina passa por
um momento de reflexão. Já somos
mais de 350 mil médicos no Brasil, e
a cada ano são despejados milhares
de recém-formados (muitos despreparados) no mercado de trabalho. Isso
é bom para a sociedade civil? É bom
para a categoria médica? Absolutamente, não! Não dá mais para tolerar
a abertura indiscriminada de faculda-
Expediente
Associação Médica Fluminense
Avenida Roberto Silveira, 123 - Icaraí
Niterói - RJ - CEP 24230-150
Tel.: (21) 2710-1549
Diretoria da Associação Médica
Fluminense
Gestão: 2011-2014
Presidente: Benito Petraglia
Vice Presidente: Gilberto Garrido Junior
Secretário Geral: Ilza Boeira Fellows
Primeiro Secretário:
Christina Thereza Machado Bittar
Primeiro Tesoureiro: Gustavo Emílio
Arcos Campos
Segundo Tesoureiro: José Emídio
Ribeiro Elias
Diretor Científico: Valdenia Pereira
de Souza
Diretor Sócio Cultural: Zelina Maria
da Rocha Caldeira
Diretor de Patrimônio:
Luiz Armando Rodrigues Velloso
Conselho Editorial da Revista da AMF
Benito Petraglia
Felipe Carino
Gustavo Campos
Heraldo Victer
Conselho Deliberativo
Membros Natos
Alcir Vicente Visela Chacar
Alkamir Issa
des de medicina e programas de revalidação automática ou flexibilizada
de diplomas de medicina obtidos no
exterior. A quem isso interessa? Em
vez de facilitar a entrada de médicos
estrangeiros, o governo deve criar mecanismos que viabilizem de verdade o
exercício da medicina nas regiões mais
pobres do país, e isto passa pela oferta
de bons salários e boas condições de
trabalho.
O Brasil não precisa de mais médicos; seu número excessivo desvaloriza nossa remuneração e a própria
profissão. A divisão da medicina por
especialidades é uma forma de diminuir o impacto do excesso de profissionais, porém a criação de tabelas
para a remuneração dessas especialidades de forma diferenciada está tendo uma forte influência na escolha da
especialidade pelos jovens médicos. A
pediatria e a clinica médica, por terem
valores desvalorizados, estão sendo
Aloysio Decnop Martins
Celso Cerqueira Dias
Flávio Abramo Pies
Glauco Barbieri
Luiz José Carneiro de Souza Lacerda Neto
Miguel Angelo D’Elia
Waldenir de Bragança
Membros Efetivos
Amaro Alexandre Neto
Antonio Carlos da Silva Navega
Antonio Orlando Respeita
Ary Cesar Nunes Galvão
Carlos Umberto Coelho de Souza
Carmine Masullo
Eliane Bordalo Cathalá Esberard
Flávio Nogueira de Oliveira
Graziella Bard de Carvalho
Laurinei Muniz da Cunha
Maria da Conceição Farias Stern
Paulo Roberto Visela Chacar
Pedro Ângelo Bittencourt
Raquel Elias Cozendey
Rodrigo Schwartz Pegado
Membros Suplentes
Alessandra Sant’Anna de Miranda
Ana Cristina Pereira Dantas
Anadeje Maria da Silva Abunahman
Andre Luiz Carvalho Vicente
Carlos Alberto de Oliveira Cordeiro
Carlos Roberto Ferreira Jardim
Cristina Pereira Veloso
Clóvis Abrahim Cavalcanti
Emanuel Decnop Martins Junior
Frederico de Souza Pena
preteridas. Outras como a obstetrícia e a cirurgia geral, por oferecerem
maiores riscos jurídicos, também estão sendo deixadas de lado.
Urge uma maior discussão de nossas entidades sobre o assunto, sendo
que a primeira luta deve ser o impedimento dos empresários da educação
em abrir cursos de medicina sem terem hospitais próprios, e fechar aquelas escolas com baixo nível de conceituação.
Cabe também ao médico procurar
exercer uma boa pratica médica, resgatando a relação médico-paciente.
Reparem que o médico enriquece a
todos no “Ciclo da Saúde” (Hospitais,
laboratórios, clinicas, planos de saúde,
governo, indústria farmacêutica, e intermediarias de órteses e próteses) menos a ele próprio. Vamos praticar uma
medicina consciente e tendo o cliente/
paciente como único objetivo maior a
ser cuidado.
Editorial
Momento Médico
Jose Antonio Bernardino de Oliveira
José de Moura Nascimento
Paulo Cesar Santos Dias
Roberto Wermelinger da Silva
Washington Barbosa de Araújo
Conselho Fiscal
Membros Efetivos
Felipe de Souza Carino
Fritz Alfredo Sanchez Cardenas
Nédio Mocarzel
Membros Suplentes
Abrahão Malbergier
Kathya Elizabeth M. Teixeira
Leila Rodrigues Azevedo e Silva
Ano VIII - nº 51 - Mai/Jun - 2012
Produzida por LL Divulgação Editora
Cultural Ltda.
Redação e Publicidade
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Galvão
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Coordenação: Kátia Regina Silva Monteiro
Gráfica: Grupo Smart Printer
Fotos: acervo AMF
Supervisão de Circulação:
LL Divulgação Editora Cultural Ltda
Os artigos publicados nesta revista são de
inteira responsabilidade de seus autores, não
expressando, necessariamente, a opinião da LL
Divulgação e da AMF.
“País rico é país sem corrupção e impunidade”
3
Sumário
Matéria de Capa
Agenda
XVI Congresso Brasileiro
de Nutrologia
Pág. 06
Pág. 27
Curiosidade
Bossa Nova
Medicina cara e sem cara. É bom para o médico?
Evento
Arte na Medicina
Lição de Anatomia por Van der Meer
Pág. 18
Perfil
Pág. 28
Dra. Gesmar Volga Haddad Herdy
Pág. 08
AMF congrega médicos em Festa da
Integração
Pág. 20
Tribuna Livre
Viagem
Inesquecível
Entrevista
Dr. Ramon Varela
Blanco
Pág. 10
Informática
Utilizando Descritores e Qualificadores em
Pesquisas Bibliográficas via Internet
Pág. 13
Pág. 22
Dia a dia da
diretoria
Delegação médica realiza visita
técnica à Alemanha
Pág. 23
Casos e causos médicos ao acaso
Pág. 17
Pág. 31
Enofilia
Vinhos, Doces e Aromáticos
Curiosidade
As dez maiores descobertas da
medicina
Pág. 24
Pág. 32
Livro em Foco
“IMPROVISANDO SOLUÇÕES o jazz como exemplo para alcançar o
sucesso”
Saúde
Crônicas
4
Por um Código Florestal Justo
Dieta do Mediterrâneo
Pág. 26
Pág. 35
Matéria de Capa
Medicina cara e sem cara
É bom para o médico?
Neste artigo vamos abordar um assunto inesgotável para esta edição, e que
interfere diretamente nos rumos do setor
da saúde e no futuro da profissão médica.
Na medicina quanto maior a oferta, maior a procura, o que é uma total
inversão das regras de mercado. Exemplo disso é a quantidade de aparelhos
de Ressonância Magnética na Avenida
Paulista ser maior que em todo o Canadá, e todos funcionando sem nenhuma
ociosidade. Também observamos que
quanto mais leitos hospitalares se oferece mais leitos serão ocupados. Os custos
assistenciais estão crescendo de forma
exponencial; a população está envelhecendo e demandando mais serviços de
saúde; surgem novas tecnologias mais
caras e que se somam às anteriores; as
exigências da Agência Nacional de Saúde
(ANS) asfixiam, exploram e pressionam
as operadoras de saúde; as operadoras
por questões de mercado e pelo controle, não conseguem aumentar o valor
de seus planos; as crescentes demandas
dos órgãos de defesa dos consumidores
e ações do judiciário acrescentam custos
enormes em todas as escolas da saúde,
6
sem esquecer o sócio majoritário – o governo; com seus tributos.
Todos os atores envolvidos no setor
da saúde estão insatisfeitos, menos os
atravessadores e os fabricantes de insumos. A incapacidade para encontrar
soluções consistentes, colocam em risco
muitos dos envolvidos no setor, tornando
a área de saúde um buraco sem fundo.
No atual panorama, de um lado
estão os médicos que espremidos em
seus honorários, tentam aferir rendimentos compatíveis com quem estudou
e investiu tanto em uma formação cara,
trabalhando longas jornadas, atendendo um grande número de pacientes e
gerando uma demanda de exames para
tentar agilizar o diagnóstico ou praticar
uma medicina defensiva contra erros.
Em muitos casos, os médicos acabam
por adquirir aparelhos que permitam
ganhos extras, através de exames autogerados, (estimuladores por tabelas da
própria Associação Médica Brasileira), o
que compromete sua imagem profissional e aumenta as despesas relacionadas
ao custo/efetividade da área.
Do outro lado estão as fontes pa-
gadoras e hospitais que, ano após ano,
tentam administrar negócios em que a
conta teima e não fecha no azul. A lei da
Responsabilidade Fiscal também obriga
os governos a contingenciar seus recursos, na área pública.
Os salários dos serviços públicos foram progressivamente esvaziados e, com
isso, cada vez mais atender pelo SUS se
torna uma opção secundária.
Vivemos uma “guerra de nervos”
entre a classe médica, os hospitais, as
operadoras de saúde, os fornecedores,
as secretarias de saúde e os clientes
consumidores. É clara a dificuldade em
encontrar respostas que contemplem
múltiplos interesses. Nessa realidade o
cliente e o médico vivem um sistema de
saúde desumanizado e impessoal. Hoje
o nível de profissionais deprimidos ou
desiludidos com a profissão é percebido
como um indicador inegável da crise na
área da saúde. Esse modelo não é bom
para o médico.
Ciclo Vicioso das Relações Médico/Contestante
Fonte: Saúde S.A
Que medidas poderiam
beneficiar os médicos?
Dentro da ótica do mercado, não
há dúvidas que é preciso agir em prol
da lei da oferta e procura, impedindo
a abertura de novas faculdades de Medicina e fechando as atuais que não
possuem hospitais escola próprios. O
excesso de médicos desvaloriza o seu
trabalho. Essa abertura desenfreada
de cursos de medicina foi proposital,
atendendo a outros interesses.
Outra medida depende do próprio
médico, mudando sua conscientização individualista e tendo uma percepção mais corporativa e coletiva da
profissão. E a regra ouro e onde tudo
começa é na boa relação médico-pa-
ciente, buscando sua humanização do
atendimento. A boa relação médico
paciente é uma das maiores conquistas que o médico pode alcançar e não
depende de títulos acadêmicos, além
de racionalizar os custos usando de
forma regrada as novas tecnologias.
Não é bom para o médico a medicina perder o ar de profissão nobre
para virar só um negócio em que o paciente não é mais do que um produto.
Isso só interessa aos outros atores do
setor. Uma Medicina sem cara não é
bom para o médico.
Veja aqui o Ciclo Vicioso das Relações Médico / Contratante
na Área de Saúde*
1. Pressionadas pelos custos
assistenciais, as organizações
adotam medidas que acabam
gerando tensão entre as partes,
impactando ainda na redução
dos honorários médicos. Essas
medidas são o arrocho no
controle e a redução de repasses.
5. Outro fator impactante são os casos de AUTO
GERADOS e OPME desnecessários. Ambos culminam
no aumento da receita e
geram impacto na qualidade do atendimento e
nos custos assistenciais.
Com isso, é preciso que o
contratante tenha maior
controle do processo. A
relação médico/paciente
também fica comprometida
com a perda da confiança,
criando maior probabilidade de erros médicos.
* Este é um quadro simplificado do cenário,
apenas visando ilustrar as principais situações,
entendendo que existem mais problemas
envolvidos.
4. No entanto, o médico seguinte
atende esse paciente nos mesmos
moldes do anterior. Os resultados são
o aumento nos custos assistenciais,
com o mesmo nível de resolução.
2. A fim de obter maiores rendimentos, o médico atende os
pacientes mais rapidamente e de
forma impessoal. Para compensar
essa ineficiência, solicita inúmeros
exames, pensando em conseguir
um diagnóstico mais rápido, mas,
com isso, aumenta a possibilidade
de erro nesse diagnóstico e no seu
consequente tratamento.
3. A reação do paciente é de
insegurança quanto ao tratamento e diagnóstico recebidos,
o que o faz marcar uma nova
consulta com outro
profissional. No entanto, essa
ação não resolve o problema,
ocasionando, muitas vezes,
diagnósticos controversos. Com
isso, insatisfeito, o paciente tende a se queixar da má qualidade
do atendimento recebido.
7
Evento
U
ma das atuais iniciativas do
presidente da AMF, Dr. Benito Petraglia, tem sido reunir
as entidades representativas
do Estado do Rio como forma de buscar uma coesão
da classe médica e consequente fortalecimento da mesma. Por esse motivo,
o dia 13 de abril foi marcado pela Festa
da Integração, realizada no salão nobre
da Associação Médica Fluminense. No
entanto, Petraglia fez questão de frisar
que a iniciativa do encontro, além de
manter acessa a luta pela manutenção
da dignidade profissional, também
tem como objetivo proporcionar momentos de lazer aos médicos.
Entre as lideranças presentes esta-
AMF congrega médicos em
Festa da Integração
Dr. Alcir Chácar, Dr José Ramon e Dr. Benito Petráglia
vam o presidente da SOMERJ, Dr. José
Ramon Varela Blanco; o presidente da
Academia Brasileira de Medicina, Dr.
Alcir Chácar; a diretora secretária geral
da AMF e diretora do Hospital de Clínicas de Niterói, Dra. Ilza Fellows e a diretora científica da AMF, Dra Valdenia Pereira de Souza. Todos foram unânimes
ao ressaltar a relevância desta ação de
Petraglia. Um deles, o Dr. José Ramon,
ressaltou o afastamento das entidades
como um fator prejudicial às lutas em
prol da classe. Para ele, essa unidade
tem de estar cada vez mais fortalecida
entre os componentes dessas estruturas.
O Dr. Alcir Chácar, da Academia
Brasileira de Medicina, destacou o
papel relevante da AMF na história da medicina, tendo sempre uma
ação proativa em prol da classe. Ele
lembrou o envolvimento da Casa no
movimento nacional para erradicar
a poliomelite no Brasil, convidando
o criador da vacina contra a doença,
Albert Sabin, para visitar o país e contribuir com o fim da doença. Outra
iniciativa histórica da AMF foi a sua
influência na história da homeopatia,
chegando a congregar 17 municípios
participantes com associações médicas, antes da fusão dos dois Estados.
8
Além disso, grandes Congressos de
Medicina e importantes nomes passaram pela Associação, solidificando a
sua importância.
De acordo com a Dra. Ilza Fellows,
essa é a proposta da AMF, que tem
como missão congregar os médicos
e todos os grupos que compõem essa
sociedade. Para a Dra. Valdenia, a integração tem sempre um sentido de troca de experiências entre as especialidades, que foi um dos principais objetivos
do encontro técnico realizado no dia
seguinte à festa da integração.
Durante o evento, a banda Caramadas agradou o público presente,
assim como o coquetel. O encontro
contou com o patrocínio da Unimed
Leste Fluminense, Hospital de Clínicas
de Niterói - HCN, Laboratório Bittar e
Life Imagem.
Entrevista
Liderança da SOMERJ fala
sobre as lutas da classe
médica
Presidente da Associação Médica do Estado do Rio de Janeiro - SOMERJ,
o dermatologista Dr. José Ramon Varela Blanco tem em sua trajetória profissional um passado de luta pela classe médica. No seu currículo figuram
cargos expressivos no segmento, tais como o de membro da COMSSU
– Comissão de Saúde Suplementar do CREMERJ e da Comissão de Títulos
de Especialista do CREMERJ. Além disso, ele é ex-presidente da Sociedade
Brasileira de Dermatologia – Regional Rio de Janeiro e Conselheiro e Membro da Comissão de Ética da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Sempre presente nos movimentos de classe, o Dr. José Ramon concedeu
uma entrevista à Revista da Associação Médica Fluminense para falar de
pontos considerados cruciais nos rumos do atual cenário médico.
Dr. José Ramon Varela Blanco
Revista AMF: Como presidente de
entidade médica representativa no Estado do Rio de Janeiro, qual a sua expectativa em relação aos movimentos
de classe que visam buscar melhores
condições de trabalho, tendo como
fato mais recente o protesto dos médicos federais?
Dr. José Ramon: Como nos move a
esperança e o exercício do bem comum, não podemos admitir que a prática, em execução, da desconstrução
da imagem do médico se perpetue. Há
setores fortemente interessados neste
fim e não é à toa que os salários médicos sofreram brutal achatamento e
a manutenção das unidades de saúde
como modelo de aperfeiçoamento de
ensinamentos, como sempre o foram,
está lentamente sendo destruída. A
rotatividade no serviço público com as
ditas novas formas de contratação estão aí, exibindo sua face enganadora
e mascarada, num desfile de alegorias
e adereços que mais se parecem com
um carnaval, onde a fantasia toma
temporariamente o lugar da realidade.
Sofre o médico, sofre a população que
é enganada na invasão de atos médicos, que são substituídos em sua execução por profissionais sem atribuição
legal para fazê-lo, como se pode ver
na legislação que norteia as profissões
regulamentadas. O fato presente demonstra apenas um estágio avançado
10
dessa insensibilidade que tenta colocar o médico como bode expiatório
das ações da saúde pública, mal gerida e mal financiada.
Revista AMF: Na sua opinião como
ficará a saúde, a partir da Medida Provisória nº 568, de 2012, visto que esta
determina aos médicos que atualmente mantêm jornada de 20 horas semanais no serviço público tenham de, ao
ingressar na carreira, cumprir 40 horas
semanais com a mesma remuneração?
E qual a posição da SOMERJ em relação a essa MP?
Dr. José Ramon: A SOMERJ esteve
presente nesta luta e se mostrou inconformada inicialmente com a falta
de discussão da Lei que antecedeu a
promulgação da MP. Os médicos do
serviço público tiveram sua extensão
para 40 horas por necessidade de cobrir as lacunas da desassistência flagrante do setor, permitindo-se com
base em Lei que fossem configuradas
duas situações de vínculo. A aberração
surge no momento em que se tenta
conceituar a carga horária como sendo de 40 horas e o salário percebido
se refere às 20 horas. Por ser confusa
e indefensável a parte da MP que se
refere ao contingente médico à luz do
ordenamento jurídico, a categoria se
mobilizou, representações parlamentares encamparam a luta na correção
do que num linguajar mais suave poderia ser nominado de injustiça.
Revista AMF: Como o senhor vê
o movimento associativo no Brasil?
Quais as medidas efetivas adotadas
pela SOMERJ como forma de trazer
mais a classe para o debate de questões de relevância na sua própria atuação profissional?
Dr. José Ramon: Vejo o movimento associativo com as dificuldades de
qualquer movimento coletivo, onde
a compreensão de que o poder de
força e pressão de uma coletividade só se faz através da unidade. As
associações devem ser fortalecidas.
Não adianta fortalecer somente a Sociedade de uma especialidade, pois a
Medicina não é campo exclusivo desta ou daquela área. Assim como o organismo é um conjunto de sistemas
que se interligam e interagem, devemos ter esse conceito firmado entre
nós. A divisão em territórios estanques, sem o envolvimento de todos
em lutas comuns, só favorece o jogo
perverso dos que nos desejam divididos em redutos fortalecidos de per
si, mas frágeis como categoria única.
Num exemplo elementar das lições
de Maquiavel, colocadas em prática
por nossos adversários. Não sejamos
ingênuos, pois os temos e não são
poucos.
Revista AMF: O projeto do ATO MÉDICO está completando 10 anos e até
o momento não teve nenhuma conclusão definitiva. Levando-se em consideração ainda os pontos polêmicos
do projeto, como o senhor reflete sobre esses obstáculos que impedem a
sua devida aprovação?
Dr. José Ramon: Infelizmente os conflitos artificialmente criados por outras
categorias não são verdadeiros. Este
tem sido o entendimento da maioria
parlamentar que se manifestou até
agora. Não há como ultrapassar o que
está disposto nas leis que regem as
demais profissões da área da saúde.
Não há que se falar em poder médico,
isto é uma falácia, o que existe, e felizmente assim o é, é a responsabilidade
médica. Falar em humanização da Medicina chega a ser cômico, parece que
até a chegada de novos iluminados a
Medicina era praticada com desumanidade. Creio que em relação a algumas situações práticas do exercício até
coubesse essa roupagem em relação
aos próprios médicos sem condições
adequadas de trabalho e sem remuneração à altura de sua formação, saber
e de sua responsabilidade.
Revista AMF: Atualmente, quais são
as principais lutas da SOMERJ em prol
da classe médica?
Dr. José Ramon: Tentar aglutinar as
diferentes especialidades dentro do
sistema AMB e suas filiadas. Fortalecer os polos municipais do próprio
sistema. Aliança forte com o CRM na
vigilância e promoção da prática ética
dentro de nossas possibilidades legais.
Promover Educação Médica Continuada em nossas reuniões. Revigorar o
espaço sociocultural. Qualificar nossas
ações administrativas. Qualificar nosso veículo de divulgação. Atuar, como
vem sendo feito há anos, na luta por
dignidade e remuneração adequada,
tanto no sistema de saúde suplementar quanto na saúde pública. Envolver-se nas lutas políticas que digam
respeito ao exercício profissional dos
médicos. Enfim, onde houver necessidade de atuação que seja do interesse
da categoria médica.
Revista AMF: Quais as medidas consideradas necessárias pelo senhor como
forma de promover o fortalecimento
das entidades representativas médicas
e, por conseguinte, de toda a classe de
profissionais?
Dr. José Ramon: Buscar fontes de
financiamento, aperfeiçoamento e
transparência dos atos administrativos
e não deixar de atuar em nenhum dos
setores que já expusemos na questão
anterior. É do envolvimento de cada
um que se produz a força de todos.
Este momento que vivemos, onde brotou nossa autoestima ao termos sentido o golpe que nos seria imposto pela
MP568/12, talvez nos aponte para o
início de novas lutas diante das situações em que a saúde deste país esteve relegada apenas aos discursos, impondo sacrifícios aos profissionais e ao
povo que acorre aos seus serviços. Não
vejo a hora de resolvermos a questão
da distribuição adequada, a questão
dos médicos formados no exterior, a
carreira médica, o ensino de qualidade
nas faculdades sem o massacre salarial
a que estão submetidos professores e
preceptores, enfim os grandes desafios
que estão por hora debaixo do tapete
que pisamos todos os dias.
11
Utilizando Descritores
e Qualificadores em
Pesquisas Bibliográficas
via Internet
Informática
E
ste texto tem como objetivo
apontar ao leitor caminhos e
estratégias para a utilização de
descritores e qualificadores em
pesquisa bibliográfica. Um descritor,
também conhecido como “descritor de
assunto”, “termo”, ou “unitermo”, é
semelhante ao que se denomina como
“palavra-chave”. Ele está representado
por palavras de livre escolha pelo usuário, ao passo em que os descritores disponíveis encontram-se criteriosamente
catalogados, com suas descrições, origens, significados e relações com outros
descritores, na base de dados denominada DeCS – Descritores em Ciências da
Saúde1, originária do MeSH - Medical
Subject Headings2 da U.S. National Library of Medicine, entidade que instituiu a base de dados MEDLINE3.
Tanto as palavras-chave, de livre escolha pelo usuário, como os descritores,
são utilizados para pesquisa bibliográfica. No entanto, estes últimos conduzem à pesquisas mais eficientes, ou seja,
à obtenção de um número menor de
referências bibliográficas, mais estreitamente relacionadas com o objetivo da
Ronaldo Curi Gismondi *
Figura 1. Página principal da Biblioteca Virtual em Saúde da BIREME, onde se visualiza
“DeCS - Terminologia em Saúde”
Figura 2. À esquerda, encontra-se parte
da página dos Descritores em Ciências da
Saúde1, onde o usuário deverá clicar sobre
o link “Consulta ao DeCS”, quando então
será disponibilizado o formulário à direita,
para pesquisa sobre a existência do descritor
de assunto “leptospirose”, bem como seus
possíveis qualificadores, na base de dados
DeCS.
pesquisa. Por outro lado, os “qualificadores” são aspectos relacionados ao
descritor. Por exemplo, pesquisando-se
sobre o descritor “hipertensão arterial”,
poderemos restringir (ou focar) a pesquisa bibliográfica ao aspecto do “tratamento” (qualificador) dessa doença ou
ainda à “prevenção” da mesma.
Assim, o primeiro passo de uma
busca bibliográfica deverá ser a escolha do(s) descritor(es) a ser(em)
pesquisado(s) e de eventuais qualificadores (aspectos) daquele descritor. Para
exemplificar, será utilizada a base de dados denominada DeCS1, da BIREME4,
antiga “Biblioteca Regional de Medicina”, hoje Centro Latino-americano e
do Caribe de Informação em Ciências
13
da Saúde, mantido pela Organização
Panamericana da Saúde – OPAS/OMS,
Ministério da Saúde, Ministério da Educação, Secretaria de Saúde do Estado de
São Paulo e Universidade Federal de São
Paulo.
O usuário poderá ter acesso ao
DeCS, através da Biblioteca Virtual em
Saúde (BVS) da BIREME, pelo link http://
www.bireme.br, clicando no tópico
“DeCS - Terminologia em Saúde” e,
adiante, em “Consulta ao DeCS”, conforme as Figuras 1 e 2.
Observe-se, adicionalmente, que a
página principal da BVS (Figura 1) apresenta e dá acesso a uma infinidade de
fontes de informação em saúde, como
as bases de dados LILACS (literatura
latino-americana e do Caribe), MEDLINE (mundial), portais de evidências em
medicina e saúde, o localizador de informações em saúde (inclusive legislação), dentre muitos outros. Este autor
encoraja os leitores a navegarem pelas
diferentes opções da página principal
da BVS, com vistas a melhor aquilatar
a riqueza de conteúdos e links que disponibiliza.
No quadro à esquerda da Figura
2, ao acionar-se, com o mouse, o link
“Consulta ao DeCS”, aparecerá a tela
à direita da mesma figura, com um
formulário que permite pesquisar se
uma determinada palavra existe, como
descritor exato, no DeCS. Supondo-se uma pesquisa sobre profilaxia da
Leptospirose, o descritor será leptospirose (escrita em minúsculas e sem
utilizar acentuação) e o qualificador
(aspecto a pesquisar) será profilaxia.
Após digitar-se leptospirose no campo
“Consulta por Palavra”, deve-se observar e selecionar as demais opções
existentes sobre o “idioma dos descritores”, “consulta por índice” e a utilização de “descritor exato”, ao invés
de palavra ou termo. Recomenda-se
iniciar a pesquisa com esta configuração, conforme demonstrado na Figura
2. A seguir, será necessário clicar sobre o botão “Consulta”.
A Figura 3 exibe o resultado da pesquisa, confirmando a existência do des14
Figura 3. Resultado da pesquisa sobre o descritor leptospirose.
Figura 4. Informações disponíveis sobre o qualificador “prevenção e controle”. Observe-se
que, em pesquisa bibliográfica, é facultado utilizar-se a abreviatura de um qualificador, no
caso “PC”, para referência ao mesmo.
critor leptospirose, fornecendo diversas
informações sobre o mesmo, inclusive
os qualificadores (aspectos) disponíveis
para uma pesquisa bibliográfica mais
específica. Tendo em vista o objetivo de
pesquisar a profilaxia da leptospirose, o
usuário deverá clicar sobre o qualifica-
dor “prevenção e controle”, que seria o
mais próximo de “profilaxia”.
A Figura 4 exibe informações sobre
o qualificador “prevenção e controle”.
Uma vez identificados o descritor
de assunto e seu qualificador, deve-se
anotá-los e partir para a pesquisa bi-
bliográfica, retornando à página principal da BVS, em http://www.bireme.
br; nesta, seleciona-se, por exemplo, o
link da base de dados “MEDLINE” (clicar
sobre ele – abaixo de “Ciências da Saúde
em Geral”), após o que aparecerá nova
página, com o “formulário avançado”,
conforme Figura 5.
A Figura 5 exibe o Formulário Avançado de pesquisa bibliográfica da BVS.
Observe-se, na mesma Figura, que o
descritor selecionado, bem como seu
qualificador (preferencialmente a abreviatura deste), devem ser digitados no
primeiro campo, separados por uma
barra e entre aspas, conforme exibido.
Onde se encontra “no campo”, deve-se selecionar “Descritor de Assunto”
na primeira linha. Supondo-se que o
pesquisador ou usuário só esteja à procura de artigos em inglês, este deverá
escrever, na segunda linha, a palavra
“inglês” (neste caso sem aspas e sem
acento) e selecionar “Idioma” no campo à direita. A seguir, basta pressionar
o botão “pesquisa” e aguardar o resultado.
Não se encontra comprovado, mas
este autor tem obtido melhores resultados em pesquisas bibliográficas realizadas com descritores no idioma inglês,
provavelmente devido ao fato de que a
tradução dos mesmos para outros idiomas, como o português, represente um
trabalho de pesquisa, desenvolvido pela
equipe da BIREME, em constante evolução. O exemplo apresentado atende
a essa possibilidade; bastaria, no caso,
utilizar-se, como descritor/qualificador,
Figura 5. Formulário avançado de pesquisa bibliográfica.
“LEPTOSPIROSIS/PC”; o próprio DeCS
apresenta os descritores em inglês, espanhol e português.
Referências Bibliográficas:
1) DeCS – Descritores em Ciências
da Saúde. Centro Latino-americano
e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde – BIREME / Organização
Panamericana da Saúde. [online] Disponível na Internet via WWW. URL:
http://decs.bvs.br . Março de 2012.
2) MeSH - MeSH - Medical Subject Headings. United States National
Library of Medicine. [online] Disponível na Internet via WWW. URL: http://
www.ncbi.nlm.nih.gov/mesh . Março
de 2012.
3) MEDLINE e PubMed. United
States National Library of Medicine.
[online] Disponível na Internet via
WWW. URL: http://www.ncbi.nlm.nih.
gov/entrez/query.fcgi. Março de 2012.
4) BVS – Biblioteca Virtual em
Saúde da BIREME - Organização Panamericana da Saúde. [online] Disponível na Internet via WWW. URL: http://
www.bireme.br. Março de 2012.
5) GISMONDI, R. C. Pesquisa
Bibliográfica e Obtenção de Artigos
Científicos via Internet. Revista da Associação Médica Fluminense, Niterói,
RJ, v.3, p.20 - 22, 2005.
Observação: todas as marcas e
produtos eventualmente citados são
de propriedade de seus respectivos
fabricantes, editores, proprietários ou
detentores.
* Médico. Professor Adjunto da Faculdade
de Ciências Médicas da UERJ. Membro
Titular da Academia Fluminense de Medicina.
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Esputo
Crônicas
Casos e Causos
Médicos ao acaso
Dr. Bernardinelli era estrela da medicina no Rio de Janeiro nos anos 1940,
tempos de intenso turismo internacional, antes que Dona Santinha impusesse ao
marido, o General Presidente Eurico Gaspar Dutra, o fechamento dos cassinos. A
preferência dos turistas endinheirados era pelos hotéis Glória e Copacabana Palace. Para eventuais problemas de saúde
da clientela requisitavam-se os préstimos do famoso doutor.
Certa vez o doutor foi chamado ao Hotel Gloria para atender a uma senhora argentina que apresentava tosse e febre.
Um parêntese para definir o termo médico esputo: o catarro que se expele pela boca ao tossir. Pois bem, o médico realizava cuidadosa anamnese antes do início do exame físico. Então Bernardinelli perguntou:
- Esputa?
O Gardelón seu par se antecipou na resposta.
- Si, pero ahora es mi mujer!
Falos
Esta é da turma da Gama Filho, da década de 70, quando as mulheres ainda eram minoria na classe. Leila era evangélica fervorosa e vivia anunciando a vinda para o Brasil de seu ídolo pastor Billy Grahan. Além disso, era toda recatada
e cheia de manias. Na aula de anatomia era a única de máscara, gorro e luvas. Na abordagem dos órgãos sexuais, o
professor Toledo falava de uma tribo africana em que colocavam pesos pendurados aos pênis dos meninos para fazê-los
crescer mais. Como resultado a população masculina tinha falos avantajados, os mais desenvolvidos do planeta. A rapaziada se assanhou, fazendo gracejos, soltando risadas. Foi quando a Leila que estava no grupo, indignada levantou-se
e saiu pisando duro. Quando ia chegando à porta do anatômico, o professor chamou-a. Ela voltou-se e ele completou:
- Não se apresse. O avião pra lá é só na segunda-feira.
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Arte na Medicina
Lição de Anatomia
por Van der Meer
Heraldo Victer*
Neste quadro, o artista holandês
Pieter van Mierevelt (1596-1623)
retratou na tela uma aula de
anatomia em cadáver, conduzida pelo
professor de Medicina, Dr. Willem
Van der Meer. A obra data de 1617 e
integra o acervo do Museu Gemeente
Musea, em Delft, na Holanda.
No detalhe do quadro, o cadáver está
cercado por vários médicos, que
acompanham a lição do Dr. Van der
Meer. A pintura apresenta os trajes
típicos da época e alguns
instrumentos cirúrgicos.
Os holandeses têm o
mesmo aspecto, uma dessas
características é a barba ruiva.
*Cardiologista
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Serviço
Médico
Associe-se!
Você tem a sua disposição:
• Salão de festas multifuncional
• Piscinas
• Churrasqueiras
• Amplos e modernos auditórios
• Teatro
Tudo isso será seu!
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Perfil
Gesmar Volga
Haddad Herdy
Médica Pediatra
Médica pediatra, especializada em cardiologia, a Dra. Gesmar Volga
Haddad Herdy tem uma larga experiência na área em que atua. Nas horas
de lazer prefere uma boa música ou um bom filme. Detentora de uma
família numerosa, ela procura sempre estar entre os seus filhos e netos.
- Tempo de formada:
44 anos
- Especialidade:
cardiologia pediátrica e pediatria
- Formação:
residência em Pediatria; mestrado em Pediatria e
Doutorado em Cardiologia.
- Livro preferido:
O Físico, de Noah Gordon
- Religião:
Católica
- Se não fosse médica faria ...
Geografia
- Pensamento que segue:
“Tudo na vida passa menos a lembrança querida”
- Fato mais contundente na profissão:
tratar a criança que certamente evoluirá brevemente
para o óbito.
- O que mais aprecia nas pessoas:
honestidade
- Como vê a Medicina hoje:
a Medicina hoje no Brasil passa por um momento difícil,
pois a classe médica é desunida e, por isso, está sem
força para vencer a política contrária.
- O que representa a AMF:
representa uma casa que se esforça para unir os médi
cos.
- Mensagem ao jovem médico:
Ao jovem médico aconselho que realize uma excelente
formação para merecer posição de destaque entre tantos
motivos adversos.
- Hobby:
música e cinema
- Prato predileto:
bacalhoada
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- Lugar mais bonito de Niterói:
Fortaleza de Santa Cruz
- O que decepciona ver nelas:
falsidade
- Música preferida:
Olhos Negros
- Filme preferido:
“Aviso aos navegantes”, com Oscarito e Grande Otelo
- Maior obra de arte:
Madona, de Leonardo Da Vinci
- Família:
o que mais me preocupa 4 filhos e 9 netos
- Frase para a posteridade:
O amor ao próximo é a chave do bom viver.
Tribuna Livre
Por um Código Florestal Justo
Dr. Pedro Angelo Bittencourt
E
m 2010 a humanidade
decorrentes de profundas alterações
entre os interesses dos ruralistas e am-
atingiu a marca histórica
climáticas, intenso vulcanismo ou
bientalistas, porém o que foi aprovado
de 7 bilhões de habitantes.
brutais impactos de corpos celestes.
pela Câmara dos Deputados, através
As previsões para o ano de
O último deles data de 65 milhões
do parecer do deputado Aldo Rabelo
de anos.
(PC do B), é tendencioso e favorável
2050 indicam uma população total de dez bilhões. Prover alimen-
Na atualidade, mudanças cli-
aos ruralistas. O novo texto mantém
tos e demais produtos agroflo-
máticas, poluição generalizada em
os percentuais de desmatamento
restais, principalmente madeira,
terra e no mar, desertificação, rápi-
(“desbravamento”- para os ruralistas)
biocombustíveis, celulose e fibras,
da perda de diversidade biológica e
autorizados em legislação anterior,
para tamanha massa humana exi-
alterações profundas em cobertura
ignorando que a Amazônia Legal, o
girá enormes esforços! Com ine-
florestal são inquietações dos am-
Cerrado e a Mata Atlântica, já tiveram,
vitáveis reflexos negativos sobre o
bientalistas.
respectivamente, 20%, 50% e 90% de
ambiente natural.
22
Essas preocupações também afe-
suas florestas destruídas.
O homem já se tornou o prin-
tam os ruralistas, porém estes se vol-
Infelizmente esse novo Código
cipal agente geológico sobrepu-
tam primeiramente para as lides de
Florestal abre amplas possibilidades
jando todas as causas naturais, e
produção e comercialização de seus
de destruição
suas ações estão eliminando es-
produtos, os preços de fertilizantes,
nativa, justamente quando o com-
pécies com intensidade somente
as deficientes crônicas da logística
promisso da nação presente à comu-
comparáveis à dos raros episó-
de escoamento etc.
nidade internacional é de redução
de nossa vegetação
dios de extinção em massa que
A revisão do novo Código Florestal
das emissões de gases do efeito es-
a ciência nos indica ter ocorrido
deve levar em conta de forma equili-
tufa, cuja principal causa no Brasil é
nos últimos 600 milhões de anos,
brada todos os aspectos conflitantes
justamente o desmatamento.
Dia a dia na diretoria
A
diretoria da AMF tem se
reunido ordinariamente as
quintas-feiras, à noite, sendo aprovadas as seguintes
medidas administrativas: execução
de grade protetora da frente da AMF
e execução da recuperação da parte
elétrica do salão de festas. Também
foram realizadas reuniões com diversos locatários, objetivando melhorias
no relacionamento.
Destacamos o encontro com o
“Quintal da Casa da Ana”, uma ONG
que estimula a adoção.
A AMF continua abatendo a dívida
junto à UNICRED, restando atualmente
20 prestações, perfazendo R$ 255 mil.
As festividades pelo dia do Médico já estão planejadas, com destaque para o re-lançamento da Revista Fluminense
de Medicina, voltada exclusivamente para artigos científicos.
A AMF tem apoiado intensivamente a luta dos médicos contra a medida provisória do governo, que reduz em até
50% o salário do médico.
Foi fechado acordo com o curso de inglês Freeway Med para participar do clube de benefícios da AMF, oferecendo
desconto para associado.
Os sócios da AMF já podem contar com a consultoria jurídica gratuita com o escritório de advocacia Alexi Japiaçu.
Dra. Ilza Boeira
Fellows
Diretora Secretária Geral da AMF;
Médica pediatra, com 20 anos de experiência como executiva de serviços
na área da saúde (Sergio Frango, Rede
de Serviços Médicos Dix/Amico, Diretora de Atendimento Amil, Cardio
Trauma entre outros);
MBA Executivo na COPPEAD;
Formação Psicograma e Terapia Transpessoal;
Atualmente Diretora Geral do Hospital
de Clínicas Niterói.
Dr. José Emídio
Ribeiro Elias
Médico Dermatologista
Diretor Segundo Tesoureiro da Associação Médica Fluminense;
Diretor Financeiro da Unimed Leste Fluminense – 2002/2005 – 2006/2009 –
2010/2012;
Conselheiro de Administração da Unicred Niterói LTDA – Gestão 2000/2002;
Prêmio Destaque do cooperativismo Médico do ano de 2005 – SESCOOP E
OCB-RJ – 02/07/2005;
Diretor Tesoureiro do Sindicato dos Médicos de Niterói e São Gonçalo - Gestão
1993/1996.
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Curiosidades
1- IMUNIZAÇÃO PREVENTIVA:
As medidas de prevenção às doenças, por meio de imunização em
massa, foram a maior contribuição da
medicina à saúde pública.
2- A DESCOBERTA DOS ANTIBIÓTICOS:
A descoberta dos antibióticos, na
primeira metade do século XX, vem
reduzindo drasticamente as taxas de
mortalidade ao longo do tempo, à
medida que novas drogas são produzidas.
As dez maiores
descobertas da medicina
Na avaliação do médico Joffre M. de Rezende, em seu livro À Sombra do
Plátano (Editora Unifesp, de 2009), foram relacionados os dez mais
importantes avanços na Medicina.
Não seria uma unanimidade, mas serve para uma discussão sobre o tema.
3- SÍNTESE DE HORMÔNIOS E VITAMINAS:
A produção da insulina (composição artificial) foi fundamental no controle da DM e da cortisona, poderoso
anti-inflamatório e imunossupressor.
A descoberta das vitaminas revolucionou a prevenção e o tratamento
das hipovitaminoses.
4- MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO
POR IMAGEM:
A descoberta dos raios-X abriu
caminho para outros meios de diagnóstico por imagens, se constituindo
numa revolução propedêutica.
Ultrassonografia, ecodoppler, tomografia computadorizada e ressonância nuclear vieram a substituir exames anteriores, com mais acurácia e
de forma menos agressiva.
A aplicação de radioisótopos e
cintilografia foi uma extraordinária
contribuição aos métodos de diagnóstico não invasivo, com mais sensibilidade e mais especificidade.
5- TÉCNICAS DE ALTA SENSIBILIDADE:
O radioimunoensaio depois evoluiu para o método imunoenzimático,
conseguindo detectar substâncias em
concentrações infinitamente pequenas nos líquidos orgânicos e nos tecidos.
6- FIBRO E VIDEOENDOSCOPIA:
A fibroendoscopia foi um grande
progresso nos métodos diagnósticos
porque substituiu os então utilizados
aparelhos metálicos, rígidos e cheios
de limitações.
24
Posteriormente, a fibroendoscopia
foi superada pela videoendoscopia.
7- ENGENHARIA GENÉTICA:
O campo da engenharia genética
deu origem a um acontecimento promissor: a determinação da estrutura
do DNA – base de toda matéria viva e
responsável pela transmissão do código genético.
8- FECUNDAÇÃO ARTIFICIAL:
A fecundação artificial do óvulo
em laboratório e o implante intrauterino do ovo fecundado são uma
façanha sem paralelo na história da
reprodução humana.
9- PROGRESSOS CIRÚRGICOS E
PROCEDIMENTOS INTERVENCIONISTAS:
Grandes progressos nos atos
cirúrgicos, com destaque para a cirurgia cardíaca, a neurocirurgia, oftalmologia, ortopedia e cirurgia abdominal.
Procedimentos intervencionistas
nas áreas da cardiologia, angiologia e
neurologia, com implante de stents e
endopróteses. Próteses em diferentes
especialidades, com material inerte e
durável, sem causar reações teciduais
exageradas.
10- TRANSPLANTE DE ORGÃOS:
Inicialmente os transplantes eram
de um único órgão: o rim.
Atualmente já é possível transplantar coração, pulmão, fígado, tecido pancreático e medula óssea. O
sucesso dos transplantes se deve à
imunologia (descoberta de antígenos
com histocompatibilidade) e à farmacologia (imunossupressores).
Saúde
Dieta do Mediterrâneo
A dieta mediterrânea (européia)
tradicional se caracteriza pela abundância de alimentos como pão, massas, verduras, saladas, legumes, frutas
e frutas secas, azeite de oliva como
principal fonte de gordura, moderado
consumo de pescado, aves, produtos
lácteos e ovos, pequenas quantidades de carnes vermelhas e pequenas
ou moderadas quantidade de vinho,
consumidas normalmente durante as
refeições. Esta dieta é pobre em ácidos
graxos saturados, rica em carboidratos
e fibra, e tem alto conteúdo de ácidos
graxos monoinsaturados derivados do
azeite de oliva.
Vantagens
Proteger o coração contra infartos, diminuir o risco de câncer, defender a pele contra agressões, retardar
os danos ao cérebro causados pelo
envelhecimento e aumentar a longevidade. Esses benefícios à saúde são
oferecidos pela Dieta Mediterrânea
em geral, e pelo azeite de oliva, em
particular.
Receita
Insalata di arancie e finocchio
Ingredientes
¼ de um pé de erva-doce fresca com
o talo
2 laranjas pera
80 gr de azeitona preta
1 cebola roxa
Sal, pimenta do reino preta em grão
Azeite extra virgem
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Modo de Preparo:
Cortar o bulbo da erva doce em tiras
finas, reservando os talos. Descascar
as laranjas e cortar os gomos em
pedaços. Cortar as azeitonas pretas
em filetes e a cebola em fatias finas.
Misturar os ingredientes, incluindo
os talos da erva-doce picados, e
temperar com sal, pimenta e azeite.
Refrigerar por alguns minutos antes
de servir.
Cursos pré-Congresso
O evento disponibilizará também
dois Cursos Pré-Congresso. O primeiro
tema abordado será a “4ª Atualização
em Transtornos Alimentares” – ministrado pela Dra. Maria Del Rosario Zariategui De Alonso, médica especialista em
Nutrologia pela Universidade de Buenos
Aires (UBA) e diretora da ABRAN. O objetivo do curso é atualizar, facilitar e colocar os médicos e nutrólogos em condições de diagnosticar, orientar e tratar
seus pacientes portadores de transtornos
alimentares.
O segundo tema será a “1º Atualização em Suplementação Alimentar no
Esporte: do Amador ao Profissional” –
ministrado por Dr. Carlos Alberto Werutsky, médico nutrólogo e diretor da
XVI Congresso Brasileiro
de Nutrologia
Agenda
O XVI Congresso Brasileiro de Nutrologia receberá três mil médicos nutrólogos e terá cursos de atualização. O evento apresenta novidades em medicina e
alimentação e traz informações sobre a
prescrição de agentes terapêuticos na
obesidade e nos pacientes críticos
O XVI Congresso Brasileiro de Nutrologia reunirá em São Paulo mais de três
mil médicos e especialistas nacionais e
internacionais para palestrar e discutir
os principais assuntos ligados à Nutrologia. O evento é organizado pela Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN)
e acontece no Centro de Convenções do
Maksoud Plaza Hotel, de 19 a 21 de setembro.
Serão abordados temas como: obesidade, estresse oxidativo, transtornos
da conduta alimentar, biotecnologia, nutrologia pediátrica, nutrologia geriátrica,
alimentação do adolescente, nutrologia
esportiva, nutrição enteral, nutrição parenteral, síndrome metabólica, medicina
funcional, antiaging, entre outros.
Data: 19,20 e 21 de setembro de 2012
Local: Hotel Maksoud Plaza – São Paulo (SP)
Tel.: (17) 3523-9732 - www.abran.org.br/congresso
ABRAN e Doutor em Clínica Médica da
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
e da Universidade de São Paulo. O curso
tem finalidade de apresentar o consenso
científico e a prática clínica do uso dos
suplementos alimentares para o praticante de atividade física, esportista ou
atleta.
Seguindo o exemplo das edições
anteriores, o XVI Congresso Brasileiro
de Nutrologia recebe novamente, simultaneamente ao evento, o XVII Simpósio de Obesidade e Síndrome Metabólica, X Annual Meeting International
Colleges For Advancements of Medical
Nutrition (décima edição do Encontro
Internacional Anual de Universidades
Para Avanços em Nutrologia) e o IX Fórum de Direito Humano à Alimentação
Adequada.
O Congresso da ABRAN também
terá muitas palestras e debates sobre
diabetes, longevidade, nutrologia pediátrica, nutrologia geriátrica, transtornos
alimentares, nutrologia esportiva, nutrogenômica, medicina estética, alergia alimentar, ergogênicos, entre outros.
Agenda Cursos pré-Congresso:
“4ª Atualização em Transtornos Alimentares”
Data: 19 de setembro de 2012
Local: Sala Santa Catarina
Horário: 8h às 10h
É necessário fazer download da ficha de
inscrição no site do evento da ABRAN
“1º Atualização em Suplementação
Alimentar no Esporte: do Amador ao
Profissional”
Data: 19 de setembro de 2012
Local: Sala Paraná
Horário: 8h às 10h
É necessário fazer download da ficha de inscrição no site do evento da
ABRAN
Sobre a ABRAN
A ABRAN é uma entidade médica
científica reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina. Fundada em 1973,
dedica-se ao estudo de nutrientes dos
alimentos, decisivos na prevenção, no
diagnóstico e no tratamento da maior
parte das doenças que afetam o ser humano, a grande maioria de origem nutricional. Reúne mais de 3.800 médicos
nutrólogos associados, que atuam no
desenvolvimento e atualização científica
em prol do bem estar nutricional, físico, social e mental da população. Visite www.abran.com.br e siga a fan page
www.facebook.com/nutrologos.
27
Curiosidades
28
E
m 1949, Luiz Serrano, voltando dos USA onde trabalhou na
gravadora Capitol, introduziu a
figura do disc-jockey, tocando
discos e falando de cantores.
Estimulou os fãs club. O primeiro foi o SINATRA- FARNEY FAN CLUB,
na Tijuca, que tinha como sócios o Johnny ALF (Alfredo José da Silva), João
Donato, Nora Ney, Carlos Manga, Cyl
Farney [Cileno Dutra – irmão do Dick
Farney, (Farnesio Dutra)] e Dóris Monteiro, entre outros. O Samba canção foi
ficando demodée. Também em 1949,
João Gilberto saiu de Juazeiro para Salvador para se apresentar no Radio Sociedade; onde conheceu Alvinho, fundador do conjunto vocal “Garotos da
Lua”, que eram contratados da Radio
Tupi do Rio, cujo diretor artístico era
Antonio Maria. João Gilberto com 21
anos foi logo contratado como crooner
dos “ Garotos da Lua”. Havia grande
concorrência entre os conjuntos vocais,
criados nas ondas dos norte americanos. O número deles era maior do que
as rádios, gravadoras, e boates podiam
absorver: “Vagalumes do luar”, “Bandos da lua”, “Os Cariocas”, “Vocalistas
tropicais” etc.
O baiano João Gilberto, sujeito
excêntrico e esquisito, foi demitido do
conjunto devido a repetidos atrasos e
faltas, em menos de um ano, indo morar de favor na casa de Tito Madi até se
desentenderem. Numa madrugada, foi
acolhido por Ronaldo Bôscoli, em seu
quarto e sala, já dividido com Miele e
mais quatro amigos.
A turma foi se juntando sem intenção ou compromisso, e assim já nos
idos de 1957/1958 ia se formando um
gênero musical inovador, criado essencialmente pela classe média e em um
meio universitário.
No final de 1957, uma apresentação de um grupo de novos músicos
(Carlos Lyra, Roberto Menescal, Luiz
Eça, Ronaldo Bôscoli, Sylvia Telles, etc.)
no colégio Israelita- Brasileiro, no Rio,
foi anunciado num quadro negro como
show de uma turma “bossa nova”,
com repertório de sambas modernos.
Já se falava muito de João Gilberto
no meio musical. Carlos Lyra já o conhecia; Menescal também; os dois se
extasiavam com a voz quase sussurrante do João, quase não abrindo os lábios
A Bossa Nova
e com uma maneira muito peculiar de
tocar o violão. Alias esse instrumento
tomou lugar do acordeom nas escolas
de música.
O ritmo foi a chave da bossa nova.
Marcantes também as letras abordando temáticas leves e descompromissadas. Inicialmente considerada música
de elite, fez-se cada vez mais popular.
O jeito coloquial de cantar baixinho,
com forte influência de jazz; o canto
falado bem expresso permitia realçar a
harmonia.
Em 1956 a peça “Orfeu da Conceição” proporcionou a primeira parceria da dupla Tom Jobim e Vinicius de
Moraes. O entrosamento foi instantâneo. As criações eram num sobradinho do Tom em Ipanema e a primeira
produção foi “Se todos fossem iguais
a você”. A partir daí compuseram no
embalo do escocês, convencido o maestro pelo poeta de que cerveja é perda
de tempo.
Nesse mesmo ano conheceram-se
Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli,
Menescal trocou a marinha pela música e Bôscoli era repórter da “Ultima
Hora”. A empatia foi imediata, pois os
dois eram inconformados com o estágio da música popular, plenos de dores
de cotovelo, traições e outras quadradezas. Assim surgiu “Fim de Noite”.
Menescal tinha uma academia de violão em sociedade com Carlos Lyra, tendo Nara Leão entre suas alunas. Passaram então a conviver no apartamento
de Nara, na Av. Atlântica, com saraus
Carlos Lyra, Chico Feitosa, os irmãos
Castro Neves, Luis Carlos Vinhas, Menescal etc.
Foi efervescente o laboratório criador da Bossa Nova embalado por criações solos ou célebres parcerias: Tom
Jobim/ Newton Mendonça; Tom e Vinicius; Tom e Dolores Duram; Bôscoli
e Menescal; Carlos Lyra e Bôscoli; Luis
Bonfá e Antonio Maria; Tom e Aloysio
de Oliveira etc... O parceiro mais profícuo foi Vinicius de Moraes que criou
com Edu Lobo vinte músicas; trinta
com Carlos Lyra; quarenta com Baden
Powel e cinquenta com Tom Jobim.
O clichê da Bossa Nova foi o banquinho e o violão. Copacabana foi sua
vitrine e Ipanema seu coração.
Em 1964, Nara Leão declarou na
revista “Fatos e Fotos”: Chega de Bossa
Nova.
Desde 1963, rompido seu noivado
com Ronaldo Bôscoli, após o rumoroso
caso dele com Maysa, Nara namorando o cineasta Ruy Guerra, de esquerda,
bandeou-se para a cisão política iniciada por Marcos Vale, Edu Lobo e Francis
Hime, com adesão de Carlos Lyra, Nara
se aproximou de sambistas do morro;
Zé Kéti, Cartola e Nelson Cavaquinho.
Três são os marcos do fim da Bossa
Nova e o inicio do que seria rotulado
MPB. Primeiro a vitória de “Arrastão”
de Edu Lobo e Vinicius, defendida por
Elis Regina no 1º festival da canção da
TV Excelsier em 1965, os outros dois
aconteceram em 1966. No 2º festival
de música Popular da TV Record, dividiram o 1º lugar “A Banda” de Chico
Buarque de Holanda defendida por
Nara Leão, e “A Disparada” De Theo
de Barros e Geraldo Vandré, defendida
por Jair Rodrigues. E ainda em 1966, o
disco “ Os Afro-sambas” de Baden Powel e Vinicius.
Ao mesmo tempo acontecia a explosão universal do Beatles onde o
som das guitarras abafava os dos violões. Também surgia a “Jovem Guarda”
consagrando Roberto Carlos, Erasmo e
Wanderléa.
Dos expoentes da Bossa Nova,
muitos foram para os USA. Tom gravou
com Sinatra. João Gilberto ficou por lá
dezoito anos. Carlos Lyra viveu no México onde se casou. Vinicius exilou-se
em Paris e Baden Powel na Alemanha.
Nunca uma onda tão efêmera
1958 a 1966, marcou tanto, onde havia o toque da beleza dos Anos Dourados, num país que era mais alegre, feliz
e pleno de otimismo e esperanças.
Aqui estão as dez melhores
canções da Bossa Nova:
1) Desafinado
2) Chega de Saudades
3) Samba de uma nota só
4) Manhã de Carnaval
5) Garota de Ipanema
6) Eu sei que vou te amar
7) Rapaz de bem
8) Samba do avião
9) Corcovado
10) Minha namorada
29
Rodrigo Pegado
Viagem Inesquecível
Delegação médica realiza
visita técnica à Alemanha
Passeio ao museu da Mercedes Benz
(Dr Daniel Pegado)
O
s professores Paulo Roberto
Pfeil e Rodrigo Schwartz Pegado organizam todo ano
uma visita à Alemanha como
forma de promover um aprofundamento de conhecimentos na área de
oftalmologia e gestão de saúde. A última delas aconteceu no mês de março
deste ano, quando a sexta turma teve
a oportunidade de adquirir aprendizados interculturais, com visitas técnicas
a grandes companhias alemãs do segmento.
Ainda para completar a visita, o
grupo teve a oportunidade de realizar
um estágio no Hospital de Olhos de
Tubingen (Eberhard Karls Universitat UKT).
* Dr. Rodrigo Pegado é médico oftalmologista
Hospital de Olhos de Tubingen
Rodrigo Pegado e esposa
no castelo alemão que
inspirou o Castelo da
Disney
Turma 2012
Chegada na estação de trem de Tubingen Alemanha
Foto no castelo de Heidelberg
31
Enofilia
Vinhos, Doces e
Aromáticos
Dra. Valéria Patrocínio
Vinhos doces: apenas para iniciantes?
Os iniciantes no vinho quase sempre preferem ou começam tomando
vinhos doces.
Para os paladares ainda não habituados ao tanino, acidez e outras
sensações proporcionadas pelos vinhos secos, o açúcar é um aliado que
amacia a presença na boca e traz
sensações familiares, similares aos
sucos e refrigerantes.
Porém, os vinhos doces constituem um grupo especial, destinado a
aompanhar pratos doces, geralmente
as sobremesas, ou em brindes e festas com serviço de doces e bombons.
Acompanhando frutas frescas ou cristalizadas formam um elegante par
para manhãs divertidas na praia ou na piscina.
Em sobremesas, combine vinhos doces aromáticos com tortas e bolos
com frutas e creme, numa perfeita tentação gastronômica rica, diferente e
bastante divertida !
Espumantes Moscatel
Os espumantes Moscatel são elaborados pelo método Asti um produto
típico do norte da Itália que explora todo o traço aromático da uva Moscatel.
Apesar de serem espumantes, são produzidos em uma única fermentação, repousando em baixas temperaturas para concentrar todo o potencial
aromático.
O açúcar dessses espumantes é natural, vindo da própria uva graças à
interrupção da fermentação em meio ao processo. Essa técnica também cria
uma outra característica desses vinhos: baixo teor alcóolico, entre 6 e 8 graus.
Por isso é uma bebida leve, saborosa e informal, agradando bastante ao
público feminino (sem preconceitos !)
Vinhos doces ou suaves ?
Muito importante explicar a diferença.
Vinhos doces podem ser produzidos por dois métodos:
32
1 - usar o açúcar natural da uva, interrompendo a fermantação antes de seu
término. Nessa caso, são chamados de vinhos doces naturais, vinhos licorosos
ou de sobremesa.
Diversas técnicas são utilizadas nos vinhedos para essa finalidade, saiba
mais sobre vinhos doces naturais no site da Academia do Vinho - Elaboração.
2 - Adicionar açúcar após o final da fermentação, “adoçando” o vinho.
Nesse caso temos os vinhos ditos suaves.
Os resultados são diferentes, pois o açúcar natural da uva é mais delicado e
rico, preservando-se aromas naturais no processo. Os vinhos suaves são apenas
vinhos secos adoçados artificialmente, podendo ter alguma parcela de açúcar
natural.
Vinhos Aromáticos
Por definição, uvas aromáticas são aquelas que passam aos vinhos os aromas e sabores presentes na uva, o que não acontece com a maioria das variedades.
As mais difundidas variedades aromáticas são a Moscatel, a Gewürztraminer e a Malvasia.
A Moscatel é muito famosa por sua presença nos espumantes tipo Asti e
nos vinhos de sobremesa europeus, os Muscats (FR) e Moscatos (IT), sendo os
mais difundidos.
Os vinhos produzidos com essas variedades são marcados pelo traço aromático, situado entre flores e frutas delicadas.
http://www.academiadovinho.com.br
Matéria Científica
Problemas Respiratórios
Mais uma vez, o RESVERATROL é o grande herói: aparentemente ele é capaz
de diminuir a presença nos pulmões de químicos causadores de algumas doenças (bronquite, enfisema, etc.).
Substâncias naturalmente resultantes da vinificação - e também largamente
utilizadas na esterilização de equipamentos e do próprio vinho -, os SULFITOS
podem causar reações adversas em asmáticos. Há uma busca por redução ao
máximo da aplicação do mesmo em toda a comunidade vinícola e, em alguns
países, é obrigatória a presença no rótulo da indicação CONTÉM SULFITOS.
http://www.vinhoesexualidade.com.br
Dica de leitura
História do Mundo em 6 Copos
Standage, Tom
Uma história da humanidade, da Idade da Pedra ao
século XXI, contada em seis copos. As bebidas, mais do
que apenas matar a sede, nos informam sobre progressos científicos, relações sociais, rituais religiosos e tratados
comerciais. Com charme e autoridade, Tom Standage, editor de tecnologia da revista The Economist, discorre sobre vinho, chá, café, cerveja, destilados e Coca-Cola, mostrando
que papel cada um deles exerceu em diversas épocas
e civilizações.
Vinho sugerido
Quarts de Chaume 2000 (Domaine Baumard) - meia gfa.
Produtor: Domaine Baumard; País: França; Região: Loire
Safra: 2000; Tipo: Branco Doce; Volume: 375 ml
Baumard é sem dúvida uma das maiores figuras do Loire e
da França. Os Quart de Chaume deste produtor estão entre os
melhores vinhos doces do mundo.
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E
Livro: “IMPROVISANDO
SOLUÇÕES - o jazz como exemplo
para alcançar o sucesso”
Autor: Roberto Muggiati
Editora: Bestseller
sta é uma boa dica para os amantes
e apreciadores do jazz. Esse estilo
musical repleto de improvisações,
historicamente nascido em New
Orleans, gerado por americanos descendentes de africanos. A palavra jazz vem do
francês “jaser” (conversar). Diferentemente da música clássica em que seus músicos
seguem partituras, o jazz é uma conversa
improvisada entre diferentes instrumentos
musicais. Contudo, muitos músicos do
jazz romperam essas barreiras entre o erudito e o jazz. Estas e outras informações
acerca do mundo jazzístico estão na introdução do autor que vai da página 11 a 24
do livro. A introdução é uma síntese interessante e bela da história do jazz no mundo e discorre acerca das relações do jazz
com a música clássica, o Blues e a música
popular. Até Adolphe Sax e sua magnífica invenção, o saxofone, ícone da música
nos nossos dias, circula por essas páginas,
sem contar outros gigantes como Louis
Armstrong, Charlie Parker, Duke Ellington,
Hermeto Pascoal, Chet Baker, Benny Goodman, Sonny Rollins, entre outros.
Apesar do título, “Improvisando Soluções...” não me parece um livro de auto-ajuda, e sim um livro de curtas biografias
em que estrelas do jazz mundial deram-nos
exemplos de superação das adversidades
da vida, através da criatividade, determinação e talento. Mesmo que alguns tenham
sucumbido ao vício em álcool e outras
drogas, seus exemplos nos servem como
demonstração de caminhos que devem ser
evitados.
Após uma pequena história do jazz na
introdução da obra, o autor dá exemplos
bigráficos das estrelas, dividindo em partes
intituladas: “Abraçando o acaso”, “Usando
a imaginação”, “Superando adversidades”,
“Encontrado uma voz”, “A gilizando a mente”, “Rompendo barreiras”, “Aprendendo a
Livro em Foco
“IMPROVISANDO SOLUÇÕES o jazz como exemplo para
alcançar o sucesso”
Por Wellington Bruno*
liderar”, “Ultrapassando a morte”, “O jazz
salvou a minha vida” e “O Jazz como estratégia para o sucesso”. Esses últimos referem-se à interessante experiência pessoal
do autor.
O livro parece um daqueles agradáveis programas de jazz no rádio de tal
modo que é repleto de referências musicais. Aproveitando das facilidades dos
novos tempos, eu recomendo sua leitura
com consultas ao <youtube.com> onde
é possível colocar o nome do músico, ver
e apreciar a arte dos mesmos na tela do
computador.
Há muitos exemplos e não daria para
citar muitos aqui. Para quem deseja ficar alguns instantes perto do céu, eu sugiro procurar Keith Jarret tocando “Bach’s French
Suite” no youtube( apenas 2:18 minutos de
duração). Em relação ao Keith Jarret, essas
palavras são oportunas para o ser humano:
“... é que você pode transformar qualquer
estado mental ou estado emocional em
que você se encontra em música. Aprendi isso muito cedo. Se estava com raiva ia
tocar piano, e não tocaria música raivosa.
Tudo é energia e você pode mudar a direção para onde essas flechas estão apontando.” Isso nos mostra o quanto a música
pode fazer bem nos momentos difíceis, e
me remete a um outro livro já esgotado, de
Mario de Andrade (1893-1945), com o título “Namoros com a medicina”, na parte
“Terapêutica Musical”, em que ele discorre
acerca dos benefícios da música como terapia para diversos males - como leigo, é
claro! -, resguardados alguns exageros.
Este livro de Roberto Muggiati - jornalista, escritor e saxofonista bissexto - é
um antídoto para os momentos de tédio
e para nos livrar das bobagens de certos
programas televisivos dos dias atuais.
Até a próxima (leitura)!
*Cardiologista
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