F_2012-05-30 Tema - Compromisso Social
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F_2012-05-30 Tema - Compromisso Social
JUVENTUDE MARIANA VICENTINA PORTUGAL “Vicentinos, um estilo de Vida para Hoje” 1ª REUNIÃO Tema: “Compromisso social e presença pública do Jovem Vicentino” Objetivos: Ajudar os jovens a perceber a importância das suas decisões e atos na sociedade. Acolhimento: - Preparação de ambiente acolhedor - Cântico e Oração Inicial VER Apresentação: Um pouco na linha da catequese anterior, falar-te-emos do compromisso mas mais abrangente na sociedade. Visualizar o vídeo: ISO 26000 a norma de responsabilidade social http://www.youtube.com/watch?v=kYV5ZYdx2L4&feature=related (Se possível projetar, caso não seja possível passar o vídeo num portátil de modo a que todos possam assistir). O que despertou em ti este vídeo? (dar cinco minutos para que todos possam refletir com música ambiente, e se assim entenderem, ir registando algo que seja oportuno) Como vês o mundo é aquilo que cada um de nós faz nele ou por ele. Todos nós temos o dever de nos integrarmos, segundo as nossas aptidões nos diversos ambientes que podem mudar o mundo (para melhor). Quanto menos fizermos, mais fica por fazer e quanto mais espaço damos aos outros, mais o rumo do nosso mundo foge das nossas mãos. TU TENS RESPONSABILIDADES… - O que entendes por "vida pública"? __________________________________________________________________________________ - Em que lugares/ambientes estão presentes os jovens em geral? __________________________________________________________________________________ - Os jovens estão presentes na vida pública? Quais os exemplos específicos que conheces? __________________________________________________________________________________ (dar cinco minutos para que possam responder individualmente numa folha) - Depois deste tempo de análise àquilo que te rodeia, no teu dia-a-dia onde encaixa a Fé? (debater em grupo) - Os jovens cristãos estão presentes na vida pública? Quais os exemplos específicos que conheces? (partilhar em grupo) Avenida Marechal Craveiro Lopes, n.º 10 • 1700-284 Lisboa • Telefone: 217 521 430 • Fax: 217 521 438 Website: www.jmvpt.org • E-mail: [email protected] JUVENTUDE MARIANA VICENTINA PORTUGAL “Vicentinos, um estilo de Vida para Hoje” Apoio ao animador (à última pergunta): A presença dos cristãos nos meios de comunicação, nos debates sobre redes sociais, nos fóruns, em órgãos ou estruturas, em poucas palavras, na vida pública é reduzida ou, pelo menos, insuficiente. A Fé não pode ser relegada à esfera privada, não podemos cair na tentação de deixar a nossa fé para os nossos espaços privados e para o nosso tempo de sobra. Jesus Cristo foi apresentado no meio da sua sociedade para ser testemunha e transformar uma sociedade anquilosada pela tradição e perturbada pelo pecado. São vários os fatores que podem explicar esta deficiência nos jovens cristãos. Estes são alguns dos que podemos tentar adivinhar: (estes fatores podem ser lidos e debatidos) • A Apatia - Os jovens, em geral, são acusados de apáticos, de falta de compromisso com problemas sociais e causas justas. O jovem Cristão imbuído com esta tendência generalizada não sente necessidade de se expor e ser agente de mudança. • A vergonha de ser Cristão - Outro dos nossos embaraços é o medo do que dirão a nosso respeito. Sabendo que, o ser Cristão é ir contra a corrente, é aceitar críticas e até mesmo ser ridicularizado, é algo a que se expõem aqueles que reconhecem a necessidade de Deus nas suas vidas. São por isso razões que fazem com que deixemos de lado a nossa fé quando saímos do grupo, e nos integramos novamente nos nossos ambientes, tendo a maior parte das vezes comportamentos de renegação à Fé, como Pedro, antes que nos critiquem diretamente. • A cobardia - Noutros momentos, somos testemunhas de abusos e injustiças e no nosso coração ativam-se sensações que gostaríamos de converter em ações, em sinais de luta, em demonstrações públicas concretas… mas, permanecemos imóveis por cobardia. Por preferir não agir em detrimento de nos vermos expostos ao desconhecido. Esta é parte da realidade, mas também sabemos que esses fatores que reduzem a nossa presença no meio do mundo podem ser transformados. - Que atitudes opostas a estas são necessárias para tornar a presença, de jovens Cristãos, na vida pública uma realidade? (debater em grupo) Conclusão: É de facto importante que percebas a importância que tens a dar para a construção de um mundo melhor aos olhos de Deus. Em tudo o que Deus te desafia sabe que és/estás capacitado, não deixes de o fazer. Peço-te que, ao longo desta semana, reflitas sobre onde te sentes desafiado ou já te desafiaram a fazer parte de algo. Oração Final - Cântico - Preces - Pai-Nosso - Avé-Maria - Glória ao Pai… Como ser cristão e ver o seu irmão aflito, sem chorar com ele! É permanecer sem caridade, é ser cristão de pintura, é não possuir nada de humanidade, é ser pior que os animais. S. Vicente de Paulo Avenida Marechal Craveiro Lopes, n.º 10 • 1700-284 Lisboa • Telefone: 217 521 430 • Fax: 217 521 438 Website: www.jmvpt.org • E-mail: [email protected] JUVENTUDE MARIANA VICENTINA PORTUGAL “Vicentinos, um estilo de Vida para Hoje” 2ª REUNIÃO 1º ENCONTRO Tema: “Compromisso social e presença pública do Jovem Vicentino” Objetivo: Ajudar os jovens a refletir sobre a importância da presença pública. Acolhimento: - Preparação de ambiente acolhedor - Cântico e Oração Inicial Relembrar: A importância da presença pública de cada um de nós para podermos dar voz a Deus. Perguntar se alguém identificou um desafio ao qual se sente impelido ou já foi convidado. A ti animador, lê os anexos e sempre que necessário a partir de agora faz menção de partes que aches enquadradas com a realidade do teu grupo. JULGAR Apresentação: Deixemos que a palavra de Deus ilumine a realidade que temos analisado. (Ler, com luz ambiente, pausadamente e comentar no fim de cada leitura o texto) 13 Sal da terra, luz do mundo - «Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal se corromper, com que se há-de salgar? Não serve para mais nada, senão para ser lançado fora 14 e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma 15 cidade situada sobre um monte; nem se acende a candeia para a colocar debaixo do alqueire, mas sim em cima do candelabro, e assim alumia a todos os 16 que estão em casa. Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, de modo que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai, que está no Céu.» Mt 5, 1314 17 Tu, porém, cinge os teus rins, levanta-te e diz-lhes tudo o que Eu te ordenar. Não temas diante deles; se não, 18 serei Eu a fazer-te temer na sua presença. E eis que hoje te estabeleço como cidade fortificada, como coluna de ferro e muralha de bronze, diante de todo este país, dos reis de Judá e de seus chefes, dos sacerdotes e do 19 povo da terra. Far-te-ão guerra, mas não hão-de vencer, porque Eu estou contigo para te salvar» – oráculo do SENHOR. Jr 1, 17-19 1 O Dom do Espírito Santo - Quando chegou o dia do Pentecostes, encontravam-se todos reunidos no mesmo 2 lugar. De repente, ressoou, vindo do céu, um som comparável ao de forte rajada de vento, que encheu toda a 3 casa onde eles se encontravam. Viram então aparecer umas línguas, à maneira de fogo, que se iam dividindo, 4 e poisou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar outras línguas, 5 conforme o Espírito lhes inspirava que se exprimissem. Ora, residiam em Jerusalém judeus piedosos 6 provenientes de todas as nações que há debaixo do céu. Ao ouvir aquele ruído, a multidão reuniu-se e ficou 7 estupefacta, pois cada um os ouvia falar na sua própria língua. Atónitos e maravilhados, diziam: «Mas esses 8 que estão a falar não são todos galileus? Que se passa, então, para que cada um de nós os oiça falar na nossa 9 língua materna? Partos, medos, elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judeia e da Capadócia, do Ponto e 10 11 da Ásia, da Frígia e da Panfília, do Egipto e das regiões da Líbia cirenaica, colonos de Roma, judeus e 12 prosélitos, cretenses e árabes ouvimo-los anunciar, nas nossas línguas, as maravilhas de Deus!» Estavam todos assombrados e, sem saber o que pensar, diziam uns aos outros: «Que significa isto?» Atos 2, 1-12 Avenida Marechal Craveiro Lopes, n.º 10 • 1700-284 Lisboa • Telefone: 217 521 430 • Fax: 217 521 438 Website: www.jmvpt.org • E-mail: [email protected] JUVENTUDE MARIANA VICENTINA PORTUGAL “Vicentinos, um estilo de Vida para Hoje” Como são belas as palavras do nosso Pai do Céu, elas responsabilizam-nos, encorajam-nos e confortam-no. No livro “XIS Ideias para pensar” de Laurinda Alves, menciona que na Bíblia esta escrito “Não temas, não tenhas medo” 365 vezes, precisamente uma para cada dia do ano. “NÃO TEMAS, NÃO TENHAS MEDO” (com música ambiente e pouca luz, cada um refletir sobre os seus medos em relação à presença pública) Tarefa: Sugere-se que a partir dos textos que se seguem se formem grupos (os convenientes em função do número de elementos presentes), para estudar e refletir sobre o que cada um nos diz/transmite/apela. No final, ordenadamente cada grupo apresenta as suas conclusões e dá oportunidade de intervenção aos outros grupos. A exortação Christifideles laici (30-XII-1988) é a Carta magna sobre os fiéis leigos, sua vocação e missão. O texto estende a reflexão do Concílio Vaticano II, assumindo a rica experiência do caminho pós-conciliar, enriquecedor e renovador. Um caminho, no entanto – observa-se na introdução –, não isento de dificuldades. Refere-se especificamente a duas "tentações" nos leigos: «A tentação de reservar um interesse tão marcado pelos serviços e tarefas eclesiais, de tal modo que frequentemente se chega a uma prática de abandono das suas responsabilidades específicas no mundo profissional, social, económica, cultural e político; e a tentação de legitimar a indevida separação entre fé e vida, entre a recepção acolhedora do Evangelho e a ação concreta nas mais diversas realidades temporais e terrenas" (n. 2). Estas duas ‘tentações’ ou riscos podem ver-se como consequência de um duplo contexto histórico-social: uma parte, por muitos séculos, difundia uma mentalidade que reservava ao clero a responsabilidade da edificação da Igreja e, consequentemente, considerava os leigos como meramente receptores da salvação. A isto se tem vindo a denotar a progressiva descristianização da sociedade, acelerada a partir da revolução industrial na França e na Europa Central. Pois bem, é este segundo fenómeno, a crescente descristianização, que é a preocupação predominante do documento e determina a sua perspetiva e a sua maneira de se expressar. É aqui que Jesus quer que especialmente os fiéis leigos sejam sal da terra e luz do mundo (cf. n. 4;) (Mt 5, 13-14). João Paulo II promoveu a formação dos fiéis leigos principalmente como cristãos (vida de oração, celebração dos sacramentos, consistência na vida moral) e, em especial na Doutrina Social da Igreja (encíclicas Laborem exercens, 14-IX-1981, Solicitudo rei socialis, de 30-XII-1987, e Centesimus annus, de 1-V-1991). Ao fazer isto, o Papa estava bem consciente de que um aspeto central da missão dos fiéis leigos é o seu compromisso na vida pública, política e cultural para servir o bem comum e especialmente os mais necessitados. Conclusão: O texto deixa claro que a preocupação com a salvação do mundo e a restauração da ordem temporária pertencem a todos os cristãos, como seguidores da obra de Cristo, ainda que de diferentes maneiras. Os fiéis leigos (os cristãos ‘da rua’, que se santificam na vida ordinária e no seio da sociedade civil) corresponde-lhes santificar as realidades terrenas (o trabalho, a família, a cultura e a política, a saúde e a doença, o lazer e o desporto, etc.) «desde dentro» do próprio mundo, como fermento ou levedura. Ou seja, viver plenamente sua condição ou natureza secular. Isso significa a participação direta na construção da cidade terrena e progresso dos povos, por meio do seu trabalho e no decurso da sua existência diária. É «aí», disse o Concílio Vaticano II, onde Deus chama-nos a ser Santos, para dar testemunho de uma vida coerente e explicar as razões da sua esperança. Oração Final - Cântico; Preces; Pai-Nosso - Avé-Maria; Glória ao Pai… É preciso dar o seu coração, para obter em troca o dos outros. S. Vicente de Paulo Avenida Marechal Craveiro Lopes, n.º 10 • 1700-284 Lisboa • Telefone: 217 521 430 • Fax: 217 521 438 Website: www.jmvpt.org • E-mail: [email protected] JUVENTUDE MARIANA VICENTINA PORTUGAL “Vicentinos, um estilo de Vida para Hoje” 3ª REUNIÃO 1º ENCONTRO Tema: “Compromisso social e presença pública do Jovem Vicentino” Objetivo: Ajudar os jovens a perceber que têm uma missão na presença pública. Acolhimento: - Preparação de ambiente acolhedor - Cântico e Oração Inicial Relembrar: (ir lançando as perguntas e deixar que as respostas fluam) - Porque é necessária a presença de jovens cristãos na sociedade? - Essa presença por quem está inspirada? - Que garantia dá Deus quando envia? - Que dificuldades encontram os enviados? Como as superam? AGIR Um pouco em função das questões colocadas anteriormente, vejamos como São Vicente de Paulo, num dos momentos marcantes da sua vida, agiu em função de um desafio. (Segue-se uma leitura, talvez um pouco extensa, pois muitas vezes só conseguimos saber/aprender com estudo e leitura. Deverá existir uma preocupação em manter os ouvintes atentos à leitura, por isso, ficam algumas dicas que poderão ajudar, mas sempre com a avaliação permanente do animador, em função do seu grupo. Poder-se-á fazer uma pausa de parágrafo em parágrafo para analisar e sintetizar, podendo ao mesmo tempo ser colocadas questões previamente elaboradas pelo animador; à medida que vai decorrendo a leitura, nas partes que o animador julgar relevantes, dever-se-á repetir (pequenos excertos) apelando à atenção dos ouvintes; e acima de tudo o animador, deve fazer a leitura como que se de um relato vivido por si mesmo se tratasse). LER CALMAMENTE E PAUSADAMENTE, com pouca luminosidade (para evitar distrações). COMO AGIU SÃO VICENTE DE PAULO EM MOMENTOS PARTICULARES DA SUA VIDA “O desafio das Galés Decorria o ano de 1619 quando Vicente foi nomeado por Luís XIII Capelão-mor de todas as Galés do Reino. O novo cargo tinha sido proposto por Filipe de Gondi, general da Armada do Mediterrâneo que, influenciado pelo zelo do seu capelão e surpreendido pela sua capacidade organizativa, manifestava desejo de melhorara a vida daqueles que viviam como escravos sob a sua alçada. Já em 1618, Vicente tinha visitado as obscuras prisões da Conciergerie onde estavam encerrados, em condições desumanas, centenas de condenados. Até esse dia o capelão dos Gondi conhecera a vida miserável de muita gente, mas aquele tipo de miséria que se deparava diante os olhos, excedia tudo o que tinha visto. Eram homens de todas s idades, desfigurados pela imundície e pela crueldade dos guardas. Homens que seriam acorrentados num porão de um navio e, ao ritmo do chicote, haviam de remar sem descanso. Era um espetáculo desolador nunca visto até então. Os condenados viviam um verdadeiro inferno, blasfemavam contra Deus, amaldiçoavam a vida e gritavam sem esperança de serem atendidos. A situação dos galeotes agravara-se quando o novo governo, liderado pelo cardeal Richelieu, pôs em ação uma política expansionista com vista a alcançar a supremacia do Reino de França face a outras potências estrangeiras que, na época, dominavam os mares. Para isso, precisava de uma armada forte, veloz e eficaz. Os desejos megalómanos do governante fazem com que até as penas dos mais pequenos delitos fossem cumpridas nas galés da Marinha Francesa. Uma vez levados para esse tormento, podiam ai permanecer muito Avenida Marechal Craveiro Lopes, n.º 10 • 1700-284 Lisboa • Telefone: 217 521 430 • Fax: 217 521 438 Website: www.jmvpt.org • E-mail: [email protected] JUVENTUDE MARIANA VICENTINA PORTUGAL “Vicentinos, um estilo de Vida para Hoje” para além do que estava estipulado. Na maior parte dos casos, o tempo da pena prolongava-se indefinidamente e consoante as necessidades da Marinha. Imaginámos o impacto que tal descoberta terá tido na vida do padre Vicente, para mais tarde dizer que tinha visto «Essa pobre gente a ser tratada como animais». Essa pobre gente, a escória da humanidade, o motor das galés Francesas, os «animais» freneticamente espancados pelos guardas, eram homens sem direito que viviam encerrados nas entranhas dos navios que lhes sugavam toda a força necessária para se moverem. Não podendo acabar com esta forma de escravatura, Vicente desenvolveu uma série de iniciativas no intuito de melhorara as condições de vida destes homens. Nas prisões, procurou novos espaços, mais amplos e arejados, e um suporte humano que garantisse a sua limpeza e proporcionasse aos condenados uma alimentação digna. Em favor destes homens, apoio a construção de um hospital e, não menos importante, aproximou-se deles para lhes falar de Deus. Foi o que aconteceu em 1623 durante a Missão para as galés de Bordéus. Como já vimos, para Vicente a evangelização compreendia a promoção integral do homem na dupla vertente, material e espiritual. Por isso, as Missões nas galés, como acontecera com as rurais, destinavam-se a todos os homens e tinham por fim último a recuperação da dignidade humana, através do anúncio da BoaNova libertadora do Evangelho. Desta forma, contrariavam uma espiritualidade de estilo neoplatónico, tão comum na época, que acentuava os aspetos espirituais – o cuidado a ter para a salvação da alma e os meios para alcançar a união mística – e menosprezava a dimensão existencial concreta de cada homem. Era uma espiritualidade elitista, pois apenas uns poucos tinham condições para aprofundar tais temas, e alienadora na medida em que mantinha as forças vivas da Igreja distantes dos problemas que a consumiam. Bem mais tarde, Vicente dizia a respeito daqueles que se alimentavam dessa espiritualidade: «Há pessoas que procuram trazer o seu exterior arranjado e o interior cheio de belos sentimentos de Deus, mas ficam-se por aí. Quando é preciso ações, fatos, quando chega o momento de atuar, não avançam. Vangloriam-se da sua imaginação calorosa. Contentam-se com suaves conversas que têm com Deus na oração. Falam disso com anjos. Mas, ao saírem desses momentos, quando se trata de trabalharem por Deus e para Deus, de sofrer, de se mortificar, de instruir os pobres, de ir procurar a ovelha tresmalhada, de gostar que lhes falte qualquer coisa, de aceitar as doenças ou outra desgraça qualquer, falta-lhes coragem.» Podemos imaginar como teria decorrido a Missão nas galés. Num espaço exíguo, imundo, mal arejado, Vicente falava-lhes do Deus do amor e do amor de Deus. Um Deus que, por amor, fora tratado como a escória da sociedade, que tinha sido humilhado e escarnecido e, por fim, brutalmente castigado até à morte numa cruz. Um Deus feito homem, que assumira a condição de pobre, que conhecera a traição de um amigo, o desprezo dos seguidores e angústia de quem se sente abandonado por Deus. Um Deus verdadeiro, divino e humano, que manifestara uma predileção pelos que mais sofriam neste mundo. Bem-aventurados os aflitos, Porque serão consolados. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, Porque serão saciados (Mt 5, 4-6). Pouco a pouco, à medida que a Boa-Nova era anunciada, as faces desfiguradas pela dor e pelo desespero iluminavam-se com a luz da esperança que brotava da Mensagem Evangélica. Assim, as cadeias que tornavam a vida insuportável a tantos infelizes pareciam esvair-se como cinzas ao vento. Havia conversões e, sobretudo, surgia um ambiente de entusiasmo próprio de quem reencontra um sentido para a vida. A Missão era um tempo de graça durante o qual se reacendia a chama da esperança de uma vida melhor, uma nova vida em que cada homem se sentia como filho único amado de Deus. Toda a atividade missionária – terá pensado Vicente – deverá ter como objetivo a recuperação integral do homem escravizado pelo pecado pessoal e coletivo. Tratava-se de restaurar, em cada homem, a imagem de Deus obscurecida pelo pecado. Mas o modo de atuação do missionário, daquela que fala do amor libertador de Deus, deve ser o mais semelhante possível ao de Jesus, expressão visível do amor divino, aquele que aceitou Avenida Marechal Craveiro Lopes, n.º 10 • 1700-284 Lisboa • Telefone: 217 521 430 • Fax: 217 521 438 Website: www.jmvpt.org • E-mail: [email protected] JUVENTUDE MARIANA VICENTINA PORTUGAL “Vicentinos, um estilo de Vida para Hoje” partilhar a situação existencial dos homens do seu tempo para os reconduzir a Deus. Essa foi uma das lições que o tempo lhe ensinou. Por mais difíceis que sejam os ouvintes da Palavra, o missionário deve atuar sempre com compaixão e ternura: «Os forçados com quem convivi não se ganham de outro modo; e quando me aconteceu falar-lhes secamente, estraguei tudo; mas, ao contrário, quando os louvei pela sua resignação, os lamentei pelos seus sofrimentos, quando lhes disse que eram felizes por passarem o purgatório neste mundo, quando beijei as suas correntes, me compadeci das suas dores e testemunhei aflição pelas suas desgraças, foi então que me escutaram, que deram glória a Deus e se puseram em estado de salvação.» A dedicação do santo aos condenados às galés francesas tornou-se célebre quando se ouviu dizer o que se passou numa manhã de um dia que se perde no tempo. O barco avançava graças à força de um punhado de homens mal alimentados que remavam sem parar. Um dos carrascos parecia divertir-se com agonia dos condenados. Com palavrões e chicoteadas obrigava-os a manterem-se sempre ativos. Um entre os forçados, porém, desfalece e, já sem forças, arrasta-se lentamente, incapaz de continuar. Ao ver que abrandava, o guarda começou a bater-lhe ainda mais. Vicente passava por perto e assistiu à crueldade do algoz. Indignado, repreendeu-o pedindo-lhe que parasse com aquela selvajaria. O homem riu-se dele e respondeu-lhe com ar de gozo: - Falar, bem fala o senhor. Mas ponha-se no seu lugar… O seu lugar, pensava o carrasco, era na igreja ou em outro lugar sossegado, longe da miséria dos que sofriam. E Vicente fê-lo compreender que o seu lugar era ali, ao lado dos Cristos injustamente crucificados. Aproximou-se do condenado e libertou-o e, para espanto dos que assistiam à cena, arregaçou as mangas da batina e pôs-se a remar. A partir daquele dia o funcionário estupefacto pensou duas vezes antes de levantar a mão para massacrar os condenados. Alguém que ele nunca tinha visto ou imaginado, alguém que merecia o seu respeito estava entre os condenados e amava-os da mesma forma que uma mãe ama um filho. A veracidade deste episódio tem sido posta em causa por alguns historiadores. Hoje não há maneira de o provar ou de o negar totalmente. Mas, como diz um dos biógrafos, «os heróis não fazem cálculos. Se calculassem seriam homens. Mas não heróis». E a santidade é uma forma superior de heroísmo devidamente testemunhada através da vida de tantos homens e mulheres que, ao longo da história, foram capazes de oferecer a sua vida para salvar a vida de outros. E Vicente não foi uma exceção.” In Vicente de Paulo – Pai dos pobres: Testemunhas e Profetas, de Nélio P. Pita Como conclusão poder-se-á colocar as questões com que se iniciou este encontro (relembrar). Oração Final - Cântico; Preces; Pai-Nosso - Avé-Maria; Glória ao Pai… Avenida Marechal Craveiro Lopes, n.º 10 • 1700-284 Lisboa • Telefone: 217 521 430 • Fax: 217 521 438 Website: www.jmvpt.org • E-mail: [email protected] JUVENTUDE MARIANA VICENTINA PORTUGAL “Vicentinos, um estilo de Vida para Hoje” 3ª REUNIÃO 2º ENCONTRO Tema: “Compromisso social e presença pública do Jovem Vicentino” Objetivo: Ajudar os jovens a perceber que têm uma missão na presença pública. Acolhimento: - Preparação de ambiente acolhedor - Cântico e Oração Inicial Relembrar: O que nos ensinou S. Vicente de Paulo no último encontro? AGIR (continuação) Apresentação: Visualizar o vídeo: A garota que calou o mundo por 6 minutos - Eco 92 Legendado http://www.youtube.com/watch?v=SlZi6iffOGc (Se possível projetar, caso não seja possível passar o vídeo num portátil de modo a que todos possam assistir). De que forma te inquieta este vídeo? (dar cinco minutos para que todos possam refletir com música ambiente, e se assim entenderem, ir registando algo que seja oportuno) Debater em grupo: Quantas vezes já disseste/pensaste que se tivesses muito dinheiro ou se fosses uma pessoa influente tentarias mudar o mundo? Não serão meras desculpas? Muitas vezes delegamos responsabilidades nos adultos, e colocamo-nos à margem dos problemas. A Severn Cullis – Suzuki tinha apenas 9 anos quando fundou a Organização Ambiental das Crianças e 12 anos quando participou na conferência que viste anteriormente… E tu delegas ou ages? A tua perspetiva de ação é de responsabilidade e compromisso ou apenas “faz-se” e logo se vê? Caminho e compromisso de Severn Cullis – Suzuki na vida pública: Severn Cullis - Suzuki nasceu e cresceu em Vancouver , British Columbia . Filha da escritora Tara Elizabeth Cullis e de David Suzuki, geneticista e ambientalista . Enquanto frequentava a Lord Tennyson Elementary School, aos 9 anos fundou a Organização Ambiental das Crianças (ECO), um grupo de crianças dedicadas para aprender e ensinar outros jovens sobre questões ambientais. Em 1992, aos 12 anos, Cullis-Suzuki arrecadou dinheiro com os membros da ECO para Avenida Marechal Craveiro Lopes, n.º 10 • 1700-284 Lisboa • Telefone: 217 521 430 • Fax: 217 521 438 Website: www.jmvpt.org • E-mail: [email protected] JUVENTUDE MARIANA VICENTINA PORTUGAL “Vicentinos, um estilo de Vida para Hoje” assistir à Cúpula da Terra no Rio de Janeiro . Com os membros do grupo Michelle Quigg, Vanessa Suttie, e Morgan Geisler, Cullis-Suzuki apresentou as questões ambientais a partir de uma perspetiva da juventude na cúpula, onde foi aplaudida no discurso que fez aos presentes. O vídeo tornou-se um sucesso, popularmente conhecido como "The Girl Who Silenced the World for 6 Minutes", pela subtileza vista no seu rosto que contrastava com a dureza expressa nas suas palavras. O seu discurso tornou-se tema de aulas de ecologia e meio ambiente, argumentações noutros debates e fonte de inspiração. Em 1993, foi homenageada no Programa Ambiental das Nações Unidas “Global 500 Roll of Honour” e a Doubleday publicou o seu livro Tell the World (Diga ao Mundo), um livro de 32 páginas de passos ambientais para famílias. Atualmente, é uma ativista social e ambiental que luta pela defesa do meio ambiente e populações carentes. Membro ativo do painel consultivo especial sobre meio ambiente das Nações Unidas que tem feito palestras pelo mundo inteiro e defendido, como defendeu na ECO 92, a importância de redefinir valores, de agir pensando nas consequências futuras e de ouvir as crianças. Fundou o projeto Skyfish, um portal na internet, que incentiva a juventude a falar sobre o seu futuro e adotar um estilo de vida sustentável. Cullis-Suzuki formou-se em Ciência e Ecologia na Universidade de Yale e recentemente terminou o seu mestrado em Etnobotânica. Adaptado http://en.wikipedia.org/wiki/Severn_Cullis-Suzuki http://ambienteecultura.blog.terra.com.br O TEU TEMPO É JÁ! Debater em grupo: Que atos públicos realizas como forma de celebração da catequese (atos de vivência Cristã) e que reações provocas nas pessoas com quem cruzas? Interpelação/Compromisso: Coletivo: Após a partilha desta catequese, desafio-vos a realizar um evento público na vossa localidade, um ato em que como grupo expresseis as vossas reivindicações proféticas e os vossos compromissos pela justiça. Trabalhar a melhor maneira de o fazer, por exemplo, uma manifestação na Praça da aldeia, mobilização para compromissos e propostas, oração pelos mais desfavorecidos, concerto-denuncia… Individual: Na tua realidade, que tipo de presença pública tens ou podes chegar a ter como cristão? Oração Final - Cântico - Preces - Pai-Nosso - Avé-Maria - Glória ao Pai… Os grandes propósitos são sempre atravessados por diversos obstáculos e dificuldades. S. Vicente de Paulo Avenida Marechal Craveiro Lopes, n.º 10 • 1700-284 Lisboa • Telefone: 217 521 430 • Fax: 217 521 438 Website: www.jmvpt.org • E-mail: [email protected] JUVENTUDE MARIANA VICENTINA PORTUGAL “Vicentinos, um estilo de Vida para Hoje” ANEXOS (dados retirados da realidade Espanhola, contudo muitas serão as parecenças com a realidade Portuguesa) As principais conclusões são: Os jovens consideram “muito importante”, antes de tudo, a família, a saúde, os amigos e conhecidos. Quase metade dos jovens (46,3%) declarou a sua falta de confiança num futuro promissor para eles, independentemente da crise económica. Redução da consciência ambiental da juventude. Aumenta significativamente a percentagem de jovens que considera que o equilíbrio da natureza resiste ao impacto dos países desenvolvidos ou em desenvolvimento (42%). Mais de 50% dos jovens sentem que há pouca integração social porque veem que as pessoas pouco ou nada se preocupam com os demais. A participação social juvenil afunda-se: 81% dos jovens não pertencem a qualquer associação ou organização da juventude cultural ou desportiva. A grande maioria dos jovens, 56,5 % subscreve "a política não tem nada a ver comigo, ela não afeta em nada a minha vida privada". A emancipação é parte dos projetos da juventude, mas trata-se de uma emancipação tardia, uma vez que só por volta dos 27 anos de idade (apesar de se casarem entre os 31 e 34 anos) é que os jovens pensam em ir viver previamente com o seu parceiro/a. Os Jovens continuam a dar muita importância às infidelidades. Além disso, na busca da felicidade continuam a aparecer os filhos no âmbito dos projetos de casamento, embora não tão amplamente no curto e médio prazo, apesar do avançar da idade de emancipação. A Religião continua a ser um dos últimos lugares numa escala de avaliação das coisas mais importantes para os jovens (22%). No entanto, 53,5% define-se como um católico. As atividades relacionadas com ir a bares ou cafés, ir a discotecas ou ir ao cinema são muito importantes para os jovens e, aparentemente, não as fazem menos neste tempo de crise. Ir às lojas/centros comerciais aparece como uma atividade mais frequente entre as mulheres (81%) do que entre os homens (62%). A leitura ocorre mais entre as mulheres do que entre os homens, se 75% das jovens lêem, os jovens leitores são menos 11% (em 2004 eram 14% menos). Avenida Marechal Craveiro Lopes, n.º 10 • 1700-284 Lisboa • Telefone: 217 521 430 • Fax: 217 521 438 Website: www.jmvpt.org • E-mail: [email protected] JUVENTUDE MARIANA VICENTINA PORTUGAL “Vicentinos, um estilo de Vida para Hoje” Os jogos electrónicos e jogos de computador, em geral, são uma atividade mais masculina, quase 80% dos jovens jogam. Significativamente diminui a proporção de jovens que bebem álcool, embora para aqueles que saem seja bastante ou muito importante aquando das suas saídas (31,5% em 2004 e 26,8% atualmente). O uso de telemóvel passou a ser utilizado praticamente por toda a gente, numa percentagem de cerca de 98% da população são os jovens que o utilizam mais. Duplicou a percentagem de jovens que usa diariamente o computador: atualmente cada um em dois jovens o faz. O principal uso das redes sociais para os jovens é para "sair" (40%), seguidamente para fazer amigos (35%) e, por fim para compartilhar informações úteis com outros (17%). Entre os jovens menores de 20 anos, a utilização destas redes estima-se entre 70% dos entrevistados, para aqueles mais de 20 anos foi de 63%. 77% dos jovens estrangeiros considera que os imigrantes devem adaptar-se à cultura dos espanhóis e não o inverso, sendo necessário que os espanhóis respeitem todos os seus costumes, exceto aqueles que vão contra a Constituição (85% concordam). Os principais problemas para os jovens imigrantes são o desemprego (86%), o racismo e a xenofobia (76%), a violência juvenil (72%), falta de futuro (70%) e a qualidade do emprego (70%). 81% dos jovens imigrantes afirmam acreditar em Deus. Integração e participação social Os jovens manifestam-se muito cépticos em relação à integração social. Existe um alto grau com a frase "geralmente é melhor não confiar demasiado nas pessoas", afirmação que total ou parcialmente, mais de metade dos jovens a subscrevem. Além disso, 63,9% mostra o seu acordo com a frase "a maioria das pessoas em causa pouco se preocupa com o que acontece com aqueles que estão ao seu redor". No que diz respeito às Instituições, chama a atenção para a pobre proporção de jovens que manifestam ter "muita confiança" neles, sendo as mais valiosas as Organizações de Voluntariado. Além disso, a participação social da juventude é pouca, uma vez que cerca de 81% não pertence a qualquer associação ou organização de juventude cultural ou desportiva. Por outro lado, destaca-se o facto de ter diminuído bastante a aprovação da maioria dos movimentos sociais desde 2005: ecologistas, pacifistas, dos direitos humanos de gays e lésbicas, contra a Avenida Marechal Craveiro Lopes, n.º 10 • 1700-284 Lisboa • Telefone: 217 521 430 • Fax: 217 521 438 Website: www.jmvpt.org • E-mail: [email protected] JUVENTUDE MARIANA VICENTINA PORTUGAL “Vicentinos, um estilo de Vida para Hoje” discriminação racial, etc., mas o mais importante para a tendência geral é, no entanto, a aceleração deste processo. Política A grande maioria dos jovens (56,5%) subscrevem "política não tem nada a ver comigo, não afeta em nada a minha vida privada". Apenas um em cada quatro jovens segue frequentemente a informação política através dos meios de comunicação (5% menos do que no relatório de 2005) e apenas um em cada cinco (20,5%) falam ou discutem frequentemente questões políticas. Além disso, uma proporção mínima deles, 6,5%, está envolvida em qualquer fórum ou chat sobre política ou, mais genericamente, sobre temas de atualidade sociais. Estes números indicam que apesar da importância que os jovens dão a este deste meio, os mesmos demonstram um desinteresse generalizado pela questão social. Menos relevância do que o voto tem para os jovens, têm também as formas de ação política informal, como participar numa ação coletiva, petições ou protestos. Apenas 12,2% reconhece participar em "protestos ou ações de protesto", e 10,8% afirmou ter participado no passado (14,8% menor do que em 2005). Algo semelhante acontece com novas formas de participação não formal relacionados às novas tecnologias: se uma grande maioria dos jovens acredita na sua eficácia no domínio político, são muito poucos os que as usam: 6,1% para a divulgação de informações ou planos de ação através de sms ou e-mail e um modestíssimo 4,4% para entrar em contato com um político. A grande maioria dos jovens partilha uma visão lamentável da classe política: 71,4% consideram que "os políticos recorrem antes aos seus próprios interesses ou aos do seu próprio partido, do que ao bem dos cidadãos". 66,7% acha que "colocam os interesses das multinacionais, bancos e grandes grupos à frente dos interesses dos próprios cidadãos " e apenas um em cada quatro (24,9%) acredita que os políticos têm em conta as ideias e as preocupações dos jovens. Ao serem questionados sobre a sua postura política, em 2010, os jovens estão maioritariamente, 52,8%, em posições de centro-esquerda e esquerda, enquanto que nas posições dos povoamentos de centro-direita e da direita, existe um modesto 23,1%. Dez princípios fundadores da Doutrina Social da igreja Eis aqui alguns princípios fundamentais da doutrina social da Igreja. 1. O princípio da dignidade da pessoa humana "Todo o ser humano é criado à imagem de Deus e redimido por Jesus Cristo e, portanto, o seu valor é incalculável e digno de respeito como um membro da família humana". Avenida Marechal Craveiro Lopes, n.º 10 • 1700-284 Lisboa • Telefone: 217 521 430 • Fax: 217 521 438 Website: www.jmvpt.org • E-mail: [email protected] JUVENTUDE MARIANA VICENTINA PORTUGAL “Vicentinos, um estilo de Vida para Hoje” Este é o princípio fundamental da doutrina social católica. Todos, independentemente da sua raça, sexo, idade, país, religião, orientação sexual, emprego ou nível económico, saúde, inteligência, sucesso ou qualquer outra característica distinta são dignos de respeito. Não é o que se faz ou o que se tem que dá direito ao respeito, o que estabelece a dignidade está simplesmente em ser uma pessoa humana. Tendo em conta essa dignidade, a pessoa humana na visão católica nunca é um meio, mas sim uma finalidade. 2. O princípio do respeito pela vida humana "Todos, desde o momento da concepção até à morte, têm uma dignidade inerente e o direito à vida, que inevitavelmente flui da sua dignidade". A vida em qualquer fase do seu desenvolvimento ou declínio é preciosa e, portanto, digna de respeito e proteção. É sempre errado atacar diretamente uma vida humana inocente. A tradição católica vê a vida humana sagrada como parte de qualquer visão moral para que a sociedade seja justa e boa. 3. O princípio da associação "A nossa tradição proclama que a pessoa humana não só é sagrada mas também social. A maneira como organizamos a nossa sociedade, na economia, na política, na lei afeta diretamente a dignidade humana e a capacidade dos indivíduos para se desenvolverem na Comunidade". A peça central da sociedade é a família: a estabilidade da família deve ser sempre protegida e nunca prejudicada. Através da parceria com os outros, em famílias e em outras instituições sociais que promovem o crescimento, proteger a dignidade e promover o bem - comum, a pessoa humana atinge a sua realização. 4. O princípio da participação "Nós acreditamos que as pessoas têm o direito e o dever de participar na sociedade, procurando juntos o bem comum e bem-estar de todos, especialmente dos pobres e dos mais vulneráveis". Sem a participação, os benefícios disponíveis para um indivíduo por meio de qualquer instituição social não alcançam o seu objetivo. A pessoa humana tem o direito de não ser excluída da participação nas instituições que sejam necessárias para o seu desenvolvimento humano. Este princípio aplica-se, em particular, para as condições relacionadas com o trabalho. "O trabalho é mais do que um meio de ganhar a vida." "Deve-se proteger a dignidade do trabalho, deve-se respeitar os direitos fundamentais dos trabalhadores, ter o direito a um trabalho produtivo, um salário digno e justo, organizar sindicatos e iniciativas económicas". Avenida Marechal Craveiro Lopes, n.º 10 • 1700-284 Lisboa • Telefone: 217 521 430 • Fax: 217 521 438 Website: www.jmvpt.org • E-mail: [email protected] JUVENTUDE MARIANA VICENTINA PORTUGAL “Vicentinos, um estilo de Vida para Hoje” 5. O princípio da proteção dos pobres e vulneráveis Acreditamos que estamos em contato com Cristo quando estamos com os pobres. A história do juízo final tem um papel importante na tradição da fé católica. Desde os seus primeiros dias que a Igreja tem ensinado que seremos julgados pelo que optamos por fazer ou não fazer em relação aos que têm fome, aos que têm sede, aos pacientes, a quem não tem nenhuma casa, e aos presos. Hoje a Igreja expressa este ensinamento com os termos de "opção preferencial pelos pobres". Porquê este amor preferencial pelos pobres? Porquê colocar as necessidades dos pobres em primeiro lugar? Porque o bem comum - o bem da sociedade como um todo – assim o requer. O oposto do rico e poderoso é o pobre e indefeso. Se o bem de todos é o bem comum, deve prevalecer a proteção preferencial daqueles que são afetados negativamente pela falta de energia e pela presença de privação. Caso contrário, quebrar-se-á o equilíbrio necessário para manter a sociedade coesa em detrimento do todo. 6. O princípio da solidariedade "A doutrina social católica proclama que nós somos todos os guardiões dos nossos irmãos e irmãs, onde quer que residam. Nós somos uma família humana. Aprender a praticar a virtude da solidariedade significa aprender a 'amar o nosso vizinho' independentemente das suas dimensões globais." O princípio da solidariedade toma decisões que promovem e protegem o bem comum. A solidariedade chama-nos não só a responder aos infortúnios pessoais individuais. Há problemas sociais que necessitam urgentemente de mais estruturas sociais justas. Por esta razão, a Igreja chama-nos hoje não só a envolvermo-nos em obras de caridade, mas também a trabalhar para a justiça social. 7. O princípio da administração "A tradição católica insiste em que demonstremos o nosso respeito pelo criador através da administração da criação". O gerente é um gerente, não um senhorio. Num momento de sensibilização do nosso ambiente físico, a nossa tradição chama-nos para um sentido moral de responsabilidade que diz respeito à proteção do meio ambiente – áreas de cultivo, pastagens, florestas, ar, água, minerais e outras reservas naturais. As responsabilidades da administração também dizem respeito ao uso pessoal dos nossos talentos, da nossa saúde pessoal e a utilização dos nossos pertences. Avenida Marechal Craveiro Lopes, n.º 10 • 1700-284 Lisboa • Telefone: 217 521 430 • Fax: 217 521 438 Website: www.jmvpt.org • E-mail: [email protected] JUVENTUDE MARIANA VICENTINA PORTUGAL “Vicentinos, um estilo de Vida para Hoje” 8. O princípio da subsidiariedade Este princípio relaciona-se principalmente com as "responsabilidades e limites do governo e os principais papéis das associações de voluntariado". O princípio da subsidiariedade põe um limite adequado para a ação do governo, insistindo que nenhuma instância superior deve realizar uma função que pode exercer eficazmente e eficientemente, num nível mais baixo, uma organização de indivíduos ou de grupos mais próximos dos problemas. Os governos opressores sempre violam o princípio da subsidiariedade. Às vezes, os governos excessivamente ativos também violam este princípio. Por outro lado, os indivíduos muitas vezes sentem-se desarmados diante dos enormes problemas sociais como o desemprego, os sem-abrigo. Ao ter estes problemas sociais, nenhuma pessoa ou grupo pode fazer muito para corrigi-los. Ao mesmo tempo, dando a devida importância à subsidiariedade, o governo deve ajudar estas pessoas ou comunidades a "fazer algo" sobre estes problemas. Uma vez que, quando nós pagamos as taxas estamos a contribuir para o estabelecimento da justiça social. 9. O princípio da igualdade humana "A igualdade de todas as pessoas deriva da sua dignidade essencial… Enquanto as diferenças de talento são parte do plano de Deus, a discriminação social e cultural nos direitos fundamentais não é compatível com os desígnios de Deus". Tratar os iguais com igualdade é uma das maneiras de definir Justiça, entendido também como o dar a cada pessoa aquilo a que ela tem direito. Enfatizar a noção de igualdade é afirmar o princípio básico de Justiça. Um dos primeiros impulsos éticos que sente a pessoa humana no seu desenvolvimento é o sentido do que é "justo" e o que não é. 10. O princípio do bem comum "Bem comum, é o conjunto de condições que permitem às pessoas alcançar o pleno desenvolvimento das capacidades humanas e alcançar a realização da sua dignidade humana". As condições sociais que a Igreja tem em mente pressupõem a existência de respeito pelo indivíduo, o bem-estar social e o desenvolvimento do grupo, a manutenção por parte da autoridade pública da paz e da segurança. Hoje, na era da interdependência global, o princípio do bem comum aponta para a necessidade de estruturas internacionais que podem promover o desenvolvimento justo dos indivíduos e das famílias a nível nacional e regional. Aquilo que constitui o bem comum será sempre objeto de debate. A falta de sensibilidade para o bem comum é um sinal da decadência da sociedade. Uma preocupação adequada para a Comunidade é o antídoto para o individualismo desenfreado, que, como o egoísmo descontrolado em relacionamentos pessoais, pode destruir o equilíbrio, a harmonia e a paz em e entre os grupos, bairros, regiões e nações. Avenida Marechal Craveiro Lopes, n.º 10 • 1700-284 Lisboa • Telefone: 217 521 430 • Fax: 217 521 438 Website: www.jmvpt.org • E-mail: [email protected]