Relat. anual Mulheres MSCS 2011

Transcrição

Relat. anual Mulheres MSCS 2011
Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo
Scalabrinianas – MSCS
Rua 50, Prédio 85, Apartamento 33,
Projecto Nova Vida, Município do Kilamba Kiaxi, Luanda
RELATÓRIO ANUAL
2011
Formação de Mulheres e Adolescentes Migrantes
Encerramento do curso de pastelaria – Viana, 18 de Dezembro 2011
Marlene Elisabete Wildner
Directora do projecto
[email protected]
Hermine Katharina Burger
Coordenadora do projecto
[email protected]
Tel: (00244) 932260964
Tel: (00244) 937933364
Formação de Mulheres e Adolescentes Migrantes – Relatório Anual 2011
Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo
Scalabrinianas – MSCS
Rua 50, Prédio 85, Apartamento 33,
Projecto Nova Vida, Município do Kilamba Kiaxi, Luanda
1. Contexto do projeto
projeto
7.000.000.
Província de Luanda é a menor província de Angola, com 2.418 km² de área. Sua população aproximada é de 7.000.000
Luanda, é a maior cidade e capital de Angola para além de ser também a Província de Angola mais industrializada e com o
maior crescimento económico.
Por não ter sido atingida directamente pela guerra Luanda foi considerado o lugar mais seguro durante o conflito armado,
sendo assim se registou um êxodo intensivo de populações que do interior do País vieram para Luanda em busca de segurança.
Ainda que actualmente se possa notar algum esforço por parte das Instituições governamentais no sentido de criar serviços
básicos para as comunidades o grande afluxo de pessoas cercou Luanda de enormes musseques1 onde vive 70% de sua
população, em condições desumanas, de extrema pobreza e expostas a todo o tipo de vulnerabilidade.
Para uma melhoria mínima das condições de vida destas populações se fazem necessários anos de investimentos
socioeconómicos e educacionais por parte do governo, da sociedade civil e da Igreja.
O projecto está sendo implementado na Província de Luanda:
Luanda:
1. Município de Viana, Bairro Km 12 A - Paróquia do Verbo Divino;
2. Paróquia São Matheus, comunidade São Gabriel - Bairro Golf II
3. Paroquia São Carlos Lwanga - Bairro Cambambe 1.
1. Município de Viana, Bairro Km 12 A - Paróquia do Verbo Divino
A população do Município de Viana é estimada é de 1.207.185 habitantes, distribuída irregularmente por um território de
1.343 Km2, correspondentes a uma densidade populacional de 898,67 hab / km.
O município é caracterizado por uma população migratória proveniente tanto da própria província de Luanda, como do
Huambo, Bié, Kuanza Sul, Malange , Kuanza Norte, Uige, Zaire e outras. Um estudo do governo provincial aponta que
81.1% da população de Viana não é nativa.
Consequência do conflito pós eleitoral, o movimento migratório da população para Viana foi constante, tendo porém conhecido
o seu auge em 1998 e continua aumentar até o presente.
Algumas áreas onde era praticada agricultura transformaram-se em zonas habitacionais, com residências construídas de forma
anárquica.
Vale aqui notar que uma entrevista feita à 145 beneficiárias do projecto todas são Provenientes de outras Províncias do País
como podemos ver no quadro abaixo:
Província de Proveniência
Bengo
Benguela
Bié
Cunene
Kuanza-Norte
Kunaza-Sul
Huambo
1
Nº de Mulheres por Proveniência
5
12
9
1
21
6
30
Áreas sub-urbanas de estrema pobreza;
Formação de Mulheres e Adolescentes Migrantes – Relatório Anual 2011
Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo
Scalabrinianas – MSCS
Rua 50, Prédio 85, Apartamento 33,
Projecto Nova Vida, Município do Kilamba Kiaxi, Luanda
Huíla
Luanda
Lunda-Norte
Lunda-Sul
Malange
Moxico
Uíge
1
18
1
1
27
3
10
145
A agricultura praticada em regime familiar (marido, mulher e filhos) constituía, tempos atrás, a principal actividade laboral
mas actualmente é cada vez mais substituída pelo comércio informal.
Ao lado da agricultura o comércio informal se tornou o meio de sobrevivência da maioria da população do município. É
dominado pela mão-de-obra feminina e praticado em mercados, praças e de forma ambulante. As mulheres que praticam
comércio informal são chamadas zungueiras2 e caminham diariamente entre 10 a 20Km a pé.
O elevado índice de delinquência principalmente seio da juventude, com maior incidência na sede da comuna; o excessivo
consumo de álcool e de forma generalizada (adultos e jovens, crianças); elevado número de gravidezes precoces; a existência de
focos de prostituição; consumo de estupefacientes pela juventude, constituem verdadeiros riscos sociais para o município de
Viana.
O sector da educação no município regista um número superior a 40.000 crianças fora sistema de ensino para além do elevado
índice de abandono escolar que chega 70% no I nível. Na maioria dos casos os alunos que abandonam a escola são do sexo
feminino sendo a causa principal a gravidez precoce.
O Bairro Km 12 A é formado por famílias deslocadas que praticam o comercio informal ambulante3, vivem em casas pequenas
feitas de blocos.
No Bairro existem 4 escolas publicas das quais 3 são da 1ª ate a 6ª classe e só uma da 1ª ate a 9ª classe. Tem apenas 1 centro de
saúde público e alguns centros privados onde os preços de atendimento são muito elevados.
O analfabetismo ainda é elevado sobretudo entre as mulheres ainda que um certo número delas tenha frequentado a 1ª e a 2ª
classe e só poucas chegaram ate a 8ª classe. Dificilmente uma mulher consegue frequentar um curso profissional.
O que dificulta entre outras causas, a frequência escolar dos adultos em geral e das mulheres em particular, é o facto de não
existir nos turnos diários salas específicas para adultos obrigando as mulheres a estarem nas salas com crianças e no turno da
noite não há espaço para todos os adultos em busca de escola.
A gravidez precoce, a prostituição o uso de drogas (sobretudo fumar N’hama) são problemáticas que assolam também as
famílias do Bairro Km12 A. Muitas raparigas adolescentes abandonam a escola já na 4ª classe entre os 10 e 14 anos porque os
pais não conseguem pagar as propinas para todos os filhos dando prioridade aos rapazes antes das raparigas.
2. Paróquia São Matheus,
Matheus, comunidade São Gabriel , Bairro Golf II,
A maioria das mulheres são Zungueiras, ou vendem em frente da casa. Uma elevada percentagem das mulheres são “chefes de
família”. Uma das grandes dificuldades que vivem é a de conseguir pagar as propinas4. No Bairro só tem uma escola primária
por isso não todas as crianças podem estudar. Aproximadamente 80 % mulheres não sabem ler e escrever.
2
Mulheres vendedoras ambulantes;
Na maioria mulheres zungueiras;
4
Taxa escolar dos filhos;
3
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Cursos profissionais para as mulheres também não existem no bairro. Muitas mulheres sofrem da violência doméstica.
Nas casas há falta de eletricidade e água canalizada. O abastecimento de água é feito por caminhões tanques e as famílias
compram a água.
Também não há no bairro recolha de lixo assim sendo o acúmulo de lixo favorece a proliferação de doenças como Paludismo,
diarreia, doenças respiratórias. Os postos de saúde existentes são todos privados e uma consulta custa entre , 2000 – 3000
Kwz o equivalente a 20 e 30 USD.
Um levantamento
levantamento feito pelo Programa mostra que das 65 mulheres entrevistadas:
Número
20
12
14
11
8
Atividade de Sobrevivência
Vendedoras na praça ou rua
Zungueiras
Não tem dinheiro para fazer negócios
Vendem qualquer coisa em frente da casa
São domésticas
Numero
Estado Civil
33
12
10
8
2
Vivem maritalmente
São separadas ou solteiras
Viúvas
Tem marido polígamo
Vivem com os pais ou parentes
O analfabetismo obriga as mulheres que na maioria dos casas sustentam a família a exercerem atividades informais e de alto
risco para além de não possibilitarem uma renda suficiente para as necessidades da família. Para além disto elas se são quase
sempre muito vulneráveis na própria família considerando o não possuírem conhecimentos sobre seus direitos e como busca-los.
As filhas destas mulheres fortes candidatas à gravidez precoce, prostituição, etc.
É ainda interessante ressaltar que das 65 mulheres entrevistadas só 3 são de Luanda e todas as restantes são migrantes
internas provenientes de outras Províncias do país e uma estrangeira:
Província de Proveniência
Número
Malange
Uige
Kwanza Norte
Kwanza Sul
Huambo
Luanda
Lunda Sul
Lunda Norte
Huíla
Bengo
Moxico
São Tomé (outro País)
23
11
9
8
4
3
2
1
1
1
1
1
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3. Paroquia São Carlos Lwanga - Bairro Cambamba 1.
O Bairro Cambamba 1 é uma ocupação de terras no âmbito geográfico da Urbanização Nova Vida. As cerca de 200
Famílias que lá vivem são na sua grande maioria migrantes provenientes de outras Províncias do país. Dentre eles alguns
ocupam o espaço na esperança de ganhar terrenos mas já possuem propriedades em outras áreas, uma grande maioria
chegada à Luanda acomodou-se nesta área como única alternativa habitacional. As casas são feitas de chapas de zinco e
são extremamente quentes sobretudo no período das chuvas.
O Bairro apresenta uma pobreza extrema que afeta sobretudo as mulheres, responsáveis
quase sempre pelo sustento da família, as crianças e adolescentes. Os níveis de desnutrição
em crianças e adultos, doenças como diarreias, paludismos, febre tifoide etc., violência
doméstica, o excessivo consumo de álcool inclusive por parte das mulheres rende a vida
das pessoas extremamente vulnerável.
Fotografia: Sessão de pesagem de Bebês feita pela pastoral da Criança
O quadro abaixo mostra os resultados de um levantamento feito com 45 famílias sobre a
situação alimentar das crianças:
Questão colocada
Resultados
1.
2.
3.
4.
5.
6.
Normalmente até 2 anos
Na maioria dos casos a partir de um mês.
Entre 1 e 2 vezes
Raramente ou nunca
Só 4 famílias de 45 dão leite as crianças
Normalmente 2 vezes ao dia e a comida é
preparada apelos irmãos mais velhos.
Tempo de aleitamento materno dos bebes
Idade com que as mães começam a dar papa de milho ao bebê
Quantas vezes por semana a criança é alimentada com verduras e legumes
Quantas vezes por semana as crianças recebem frutas ou sumo.
Crianças que recebem leite
Quantas vezes por dia as crianças recebem comida e quem prepara.
Das 45 famílias entrevistadas 21 (47%) tem crianças desnutridas.
A nossa intervenção neste Bairro, para além das mulheres, é alargada também ao atendimento das crianças devido a grave
situação das mesmas mas também porque tal ajuda influi de imediato a um alívio da carga de problemas que pesa sobre as
mulheres e desta forma se criem condições para à sua participação nas atividades do projeto.
A ressaltar que a intervenção nesta comunidade necessita ainda de uma estruturação programática apropriada no que
concerne um diagnóstico mais profundo sobre a situação e a definição das necessárias estratégias.
Fotografia: reunião semanal de planificação com os alfabetizadores.
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2. Alcance dos objetivos e Resultados
2.1. Objetivo Geral do Programa:
Programa:
Desenvolver atividades de formação humana e profissional para mulheres e adolescentes para que, vivendo com maior
dignidade, se tornem, agentes de desenvolvimento no seio de suas famílias e comunidades.
2.2 . Objetivos específicos e resultados
2.2.1.a.
2.2.1.a. Comunidade do Verbo Divino – Viana
Financiamento Missereor
Fotografia: Palestra sobre tema transversais.
Realização dos Objetivos
Objectivos Previstos
Nível de Realização do Objectivo
Objectivo 1:
50%
Organizar 2 cursos de Alfabetização - 1 por ano.
Objectivo 2:
Promover 2 seminários sobre Educação Sexual, planeamento familiar e
0%
saúde reprodutiva, 1 por ano
Objectivo 3:
0%
Oferecer 2 cursos de gestão de pequenos negócios – 1 por ano.
Objectivo 4:
Organizar 4 cursos de pastelaria – 2 por ano.
25%
Objectivo 5:
Incentivar a formação de uma associação.
10%
Alcance dos Resultados:
Resultados Planificados
Resultado 1:
Realizados dois Cursos de
Alfabetização5 para 60
alunas com um
aproveitamento de 70%.
Resultados Alcançados
7
foram formados no método Dom Bosco7
Material escolar foi distribuído8
O 1º curso de alfabetização foi realizado, das 172 alunas que iniciaram o curso
118 concluíram o com êxito - (ver anexo n. 1).
Ao longo do semestre foram administradas 112 aulas de 2 horas cada uma;
Semanalmente foram administradas palestras às alunas sobre temas
transversais9;
Alfabetizadores6
5
No acto das inscrições tivemos o afluxo de mais de 200 mulheres que queriam estudar, conseguimos o apoio da Organização “Obra da Caridade de Santa Isabel” (O.C.S.I)
que forneceu material didático (218 livros de matemática e de língua portuguesa, cadernos, lápis, borracha, afiador) e pagou o subsídio para 7 professores, conforme
explicamos no E-mail de 6 de Dezembro 2012;
6
Trabalharam 2 alfabetizadores por turma segundo a orientação pedagógica do método D. Bosco;
7
O método usado é o assim chamado “método D. Bosco” que é o método Paulo Freire adaptado como programa rápido pelos Salesianos de D. Bosco e reconhecido pelo
Ministério da Educação de Angola.
“O objectivo deste método é contribuir para que o adulto e o jovem aprofundem a consciência critica de si mesmos e da sua realidade e adquiram as capacidades de ler, de
escrever e de efectuar as quarto operações matemáticas fundamentais, como instrumentos para melhor desempenho e valorização pessoal, familiar, profissional, cívico e social.”
(Livro do professor 2010, p. 7).
8 Material recebido da OCSI e distribuído foi: 218 livros de matemática e língua portuguesa, cadernos, lápis, borrachas e afiadores;
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Depois de 8 meses de alfabetização a maioria das mulheres conseguem ler e
escrever e sabem as quatro operações de matemática.
As mulheres alfabetizadas já conseguem assinar documentos, ler o cartão de
vacina do filho/a, ler as receitas do médico, acompanhar as tarefas escolares dos
filhos, não precisam mais pedir ajuda ao esposo ou uma outra pessoa. Se tornaram
mais independentes.
As mulheres alfabetizadas que frequentaram o curso de pastelaria conseguem ler
as receitas de bolos e pastéis que lhes foram repassadas.
Muito útil para elas é também ler e escrever as mensagens do telemóvel.
Participam melhor na vida religiosa da comunidade e paróquia.
Os esposos mencionam que eles também percebem uma mudança positiva na vida
da esposa e eles próprios têm mais respeito diante de uma mulher que estuda.
Resultado 2:
Realizados 2 seminários
com a participação de 50
adolescentes
do
sexo
masculino e feminino que
compreenderam
os
conteúdos.
Resultado 3:
60 mulheres e adolescentes
participaram dos cursos e
sabem gerir seus negócios.
Resultado 4:
80 Pessoas formadas em 4
cursos de pastelaria fazem
uso das técnicas aprendidas
para os seus negócios.
Resultado 5:
Mulheres associadas tem
melhores condições de vida
através
do
trabalho
associativo.
A associação aumentou seu
capital e lucro inicial.
O objectivo ainda não foi realizado estando previsto para o 2º ano do projecto
O primeiro curso está previsto para o 2º ano do projeto.
Foram realizadas 145 entrevistas com beneficiárias para a seleção das 20 candidatas
ao curso. As entrevistas visaram verificar a situação social das mesmas (anexo 2);
20 alunas formadas conseguem fazer as receitas que aprenderam durante o curso.
As mulheres que participaram do curso de alfabetização e pastelaria com bom
aproveitamento e sendo acompanhadas em pequenos grupos para treinar formas de
trabalho em equipe10.
Resultado das provas de Alfabetização – Verbo Divino
Turma
A manha:
B manha:
C manha:
D tarde:
Total:
Alunas
58
49
39
26
172
Aprovadas
44
24
34
16
118
Reprovadas
14
25
5
10
54
Fotografia: Mulheres fazendo provas
9
Medicina alternativa, higiene, educação, comunicação não violenta, violência doméstica, migrações, perigos do alcoolismo, assuntos importantes para o dia-a-dia das
mulheres;
10
A associação propriamente dita será formada no 2º ano do projecto.
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2.2.1.B - Comunidade São Gabriel - Paróquia São Matheus
Financiado pela Embaixada Alemã em Angola
Fotografia:
Fotografia: Participantes ao curso de pastelaria
Realização dos Objetivos
Objectivos Previstos
Nível de Realização do Objetivo
Objectivo 1: Organizar 2 cursos de Alfabetização
Objectivo 2: Organizar 1 Curso de gestão de pequenos negócio.
100%
100 %
Objectivo
Objectivo 3: Organizar 2 Cursos de pastelaria
Objetivo 4: Organizar 1 Curso da formação de uma associação
100 %
100 %
Alcance dos Resultados
Resultados Planificados
Resultados Alcançados
Resultado 1:
Realizados 2 Cursos de
Alfabetização para 60
alunas com um
aproveitamento de 70 %
Resultado 2:
Realizado 1 curso de
gestão de pequenos
negócios para 30 mulheres
Numa semana de formação (04.07. – 08.07.2011) do Método Dom Bosco os alfabetizadores
foram formados
Material escolar foi distribuido (2 cadernos, lápis, borracha, afiador, livro de língua
portuguesa e matemática)
Os dois cursos de alfabetização começaram dia 25 de Julho 2011. O encerramento com a
entrega dos certificados festejamos com uma missa no dia 19 de Fevereiro 2012
Das 65 alunas que iniciaram o curso, 59 participaram das provas e 36 concluíram o com êxito
(ver anexo n. 1)
Ao longo do semestre foram administradas 120 aulas
Semanalmente foram administradas palestras às alunas sobre temas transversais (medicina
alternativa, higiene, educação, violência doméstica, e mais assuntos importantes para o dia-a
dia das mulheres)
Depois de 8 meses de de alfabetização a maioria das mulheres consegue ler e escrever e sabem
as quatro operações de matemática.
As mulheres alfabetizadas já conseguem assinar documentos, ler o cartão de vacina do
filho/a, ler as receitas do médico, acompanhar as tarefas escolares dos filhos, não precisam
mais pedir ajuda ao esposo ou uma outra pessoa. Se tornaram mais independentes.
As mulheres alfabetizadas que frequentaram o curso de pastelaria
conseguem ler as receitas de bolos e pastéis que lhes foram repassadas.
Muito útil para elas é também ler e escrever as mensagens do telemóvel.
Participam melhor na vida religiosa da comunidade e paróquia.
O curso foi realizado nos dias 21 e 28 de Abril 2012
No primeiro dia participaram 30 pessoas, no segundo dia do curso 23 pessoas.
O programa do curso: Como criar e gerir um negócio
• O que se deve fazer ao criar um negócio
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Resultado 3:
40 Pessoas formadas em 4
cursos de pastelaria fazem
uso das técnicas
aprendidas para os seus
negócios
• O que não se deve fazer ao criar um negócio
• Como fazer crescer o negócio
• Tipos de negócio
• Fazer um plano de gestão
• Como fazer a contabilidade (Folha de saldo) ?
No fim do curso as participantes receberam um certificado
As senhoras que participaram no curso da pastelaria foram selecionadas através de
entrevistas individuais para este curso.
Foram realizadas 65 entrevistas para a seleção das 40 candidatas ao curso. As entrevistas
visaram verificar a situação social das mesmas (anexo 2);
As 36 alunas que concluíram o curso formadas conseguem fazer as receitas que aprenderam
durante o curso.
Anexo n. 1: Alfabetização São Gabriel
Grupo Etário
Matriculados
Aprovadas
Desistentes
Reprovadas
Reprovadas
15 - 19
20 - 29
30 - 39
40 - 49
50 - 55
< 60
2
10
34
11
5
2
0
5
14
13
4
0
1
2
3
0
0
2
3
12
5
0
1
Total
65
36
6
23
2.2.1.C - Bairro Cambamba 1 – Paróquia São Carlos Lwuanga
Financiado com ofertas: das Parróquias na Alemanha – Wintterbach e
Ravensburg e alunos da
Kuppelnau-Schule de Ravensburg.
A organização OCSI pagou parte dos subsídios dos alfabetizadores
Fotografia: Sessão de formação em medicina natural
Realização dos Objetivos
Objetivos
Objetivos Previstos
Nível de Realização do Objetivo
Objetivo 1: Organizar cursos de
Alfabetização para crianças e mulheres e.
integrar no ensino publico as crianças e
adolescentes fora do sistema.
Objetivo 2: Organizar a Pastoral da
Criança no Bairro
Objetivo 3: Formar um grupo de medicina
alternativa com mulheres
58% alunos integrados no sistema público.
36 % das mulheres conseguiram concluir com êxito o curso de alfabetização.
57% das crianças e adolescentes que frequentaram o curso de alfabetização
foram aprovadas.
50% das mulheres que fizeram a formação continuam atuando na Pastoral da
Crianças;
100%
100%
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Alcance dos Resultados
Resultados Planificados
Resultados Alcançados
Resultado 1:
Realizados os Cursos de Alfabetização
para as mulheres e crianças com bom
aproveitamento;
Crianças e adolescentes integrados no
sistema normal do ensino público.
Das 85 Mulheres que iniciaram o curso de alfabetização 31 conseguiram concluir com
aproveitamento equivalente a 36 %;
Das 120 Crianças e adolescentes registradas como fora do sistema público de ensino 70
foram integrados e frequentam as aulas o equivalente a 58%;
Das 95 crianças e adolescentes que frequentaram o curso de alfabetização 55 aprovaram;
Os 8 alfabetizadores foram formados no método D. Bosco, durantes 8 sessões de
formação;
Material al escolar foi distribuido (livros de língua portuguesa e matemática, cadernos,
lápis, borracha, afiador, livro de língua portuguesa e matemática) para as 85 mulheres;
Ao longo do semestre foram administradas 400 aulas por turma foram administradas
para as mulheres e 360 por turma para as crianças e adolescentes;
Semanalmente foram administradas palestras às alunas sobre temas transversais
(medicina alternativa, higiene, educação, violência doméstica, e mais assuntos
importantes para o dia-a dia das mulheres)
Depois de 6 meses de alfabetização a maioria das mulheres consegue ler e escrever e
sabem as quatro operações de matemática.
As mulheres alfabetizadas já conseguem assinar documentos, ler o cartão de vacina do
filho/a, ler as receitas do médico, acompanhar as tarefas escolares dos filhos, não
precisam mais pedir ajuda ao esposo ou uma outra pessoa. Se tornaram mais
independentes.
As mulheres alfabetizadas frequentam as formações da Pastoral da criança e da saúde
alternativa;
As crianças e adolescentes que frequentaram os cursos e foram integrados no sistema
público melhoraram muito à sua auto estima e são menos agressivas nos seus
relacionamentos interpessoais, conseguem já conservar em bom estado seu material
escolar.
Resultado 2:
As mães estão aprendendo como cuidar
da nutrição, higiene e educação dos seus
filhos;
Foi realizada uma semana de formação sobre o método da Pastoral da Criança de 1 a 5
de Novembro de 2011. Das 20 mulheres inscritas 10 participaram em todo o curso11.
Das mulheres formadas 6 acompanham 30 famílias com visitas domiciliares regulares;
Uma vez por mês as mulheres formadas fazem encontros com as mães para:
a pesagem das crianças, palestras sobre alimentação dos bebes, cuidados de saúde,
educação, vacinas, etc. , distribuição12 de multimistura13. Ensinam também às mães
como fazer o soro caseiro para o combate da diarreia.
Resultado 3:
Formado um grupo de mulheres que
aprendem e fazem medicamentos com o
método da medicina alternativa.
8 Mulheres participam regularmente do grupo;
As mulheres aprenderam a fazer: pomada de cebola, óleo de eucalipto, pomada de
gindungo, como aplicar a argila, pomada contra fungos, primeiros socorros para feridas,
diarreias, como evitar paludismo, alimentação saudável e higiene dos bebes, educação
dos filhos, como tratar doenças respiratórias, cuidados na gravidez.
11
A pastoral da criança é um movimento da Igreja Católica e que leva a cabo um conjunto de ações que visam melhorar a qualidade de vida das crianças de famílias
carentes. As atividades abrangem: apoio integral às gestantes; incentivo ao aleitamento materno; vigilância nutricional; alimentação enriquecida; controle de doenças
diarreicas etc.
12 Distribuído gratuitamente para as mulheres mais carentes as restantes compram o produto por 100Kz ao pacote;
13
Suplemento alimentar (feito com folhas várias, farelos, soja etc. ) que é muito eficaz no combate à desnutrição;
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Alfabetização Cambamba 1
Crianças e
adolescentes
Mulheres
Inscritas
Aprovadas
Reprovadas
Desistentes
95
85
55
31
29
8
11
46
5. Monitoria
Monitoria e Avaliação
A coordenadora visita o projeto semanalmente para observar as aulas e o desempenho dos alfabetizadores.
Semanalmente são realizadas reuniões entre os alfabetizadores, e a coordenadora para avaliar as atividades realizadas e
planificar as aulas da semana seguinte.
Durante o ano a diretora do projeto, Ir. Marlene Wildner, (MSCS), visitou o projeto nas 3 comunidades para dar um
impulso as mulheres.
Dia 09 de Outubro realizou-se uma reunião com os as alunas e seus esposos em Viana onde se falou sobre as mudanças que
percebem como casal na sua vida familiar pela alfabetização. No mesmo encontro também foi tratado o tema “os direitos
das mulheres”.
Por duas vezes, a responsável para o ensino dos adultos do Município de Viana e para o Bairro Cambamba 1, visitaram o
projeto.
A Embaixada Alemã visitou o programa na Comunidade São Gabriel.
A organização OCSI visitou diversas vezes o Programa no Bairro Cambamba 1.
Está em fase estudo sobre como ajudar as alunas formadas na iniciação do seu negócio. A maioria não consegue por falta
capacidade financeira para adquirir o capital inicial para o negócio.
Foram elaborados 1 relatório narrativo e financeiro para a Missereor, 1 relatório narrativo semestral sobre o Programa no
seu todo.
6. Dificuldades
Dificuldades
Óbitos e doenças nas famílias das benificiárias impedem muitas vezes a participação nas aulas.
Depois das aulas a maioria das mulheres trabalha como vendedora de praça ou zungueira. Elas chegam em casa só à noite
para fazer o jantar. O trabalho pesado e as muitas horas de trabalho fazem com que por vezes as mulheres não tenham
força no dia seguinte para participar da alfabetização.
As aulas em baixo das árvores não oferece muito conforto para escrever. As mulheres e as crianças escrevem com o caderno
em cima dos joelhos, em meio a muita poeira e vento.
As atividades dos cursos de pastelaria são muito lentas por não se poder usar batedeiras elétricas por falta de energia.
A maioria das alunas formadas em pastelaria tem dificuldades em iniciar o negócio por falta de capital inicial.
Fotografia:
Crianças da alfabetização Cambamba 1
Formação de Mulheres e Adolescentes Migrantes – Relatório Anual 2011
Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo
Scalabrinianas – MSCS
Rua 50, Prédio 85, Apartamento 33,
Projecto Nova Vida, Município do Kilamba Kiaxi, Luanda
Anexos Gerais:
Anexo : Questionário para a entrevista de seleção curso de pastelaria
Levantamento das carências
Nome: _______________________________ Idade: ____________
Natural de: ______________ Vive a quantos anos em Viana?:__________
Está com o marido___ solteira___ viúva__ ou com os pais______
Quanto tempo? _____ Quantos filhos?: _____
O que faz para sobreviver? ___________________________________
Horas do trabalho por dia: ______________ Dinheiro por mês: _____________
Vive em casa própria ___ paga renda___? Valor mensal da renda: _______
Quais são os seus problemas principais? __________________________
Anexo 3: Testemunhos
Júlia João António Filipe
Meu nome é Julia João António Filipe. Eu tenho 26 anos e sou natural de Kwanza-Norte. Moro junto com o meu marido
Valdemar, meu filho Josimar (8 anos), meu bébé Valente e a minha irmã mais nova Teresa.
Desde maio participo na alfabetização.
Já tinha muito tempo o desejo de aprender ler e escrever. Na minha
infância eu não tive a oportunidade de estudar. Não conheci a minha mãe.
Vivia com a avó em N’Dalatando (Província de Kuanza Norte) e o meu
pai não vivia connosco.
Com 10 anos eu vim para Luanda para cuidar os filhos do tio. A tia não
queria que eu estudasse.
Sentia-me aflitos porque via os meus primos, primas e as minhas amigas
saírem todos os dias de casa para ir a escola e eu tinha de ficar em casa sem
estudar. Cheguei a pedir muitas vezes a minha tia para estudar mas eu
tinha de ajudar em casa.
Agora já consigo ler as receitas, o cartão de vacina do bebê e ajudo nas tarefas do meu filho.
Meu marido também achou uma boa ideia que eu estudasse para ficar mais independente dele. Agora eu não preciso mais
incomodar ele para ler as coisa para mim. Não me sinto mais tão inferior diante dele.
Eu fui escolhida para participar no curso de pastelaria. Isso foi uma grande sorte. Muitas mulheres teríam gostado fazer este
curso. A Promaica também oferece cursos de pastelaria mas são muito caros e eu nunca teria tido meios financeiros suficientes
para pagar.
Agora sei fazer bolos e pastéis. Os vizinhos já encomendam bolos para festas e aniversários.
Eu gostaria e espero de conseguir um bom emprego com a formação que acabei de receber.
falei agora para a minha tia que estou a estudar e fiz também um curso de pastelaria. Ela não falou nada, mas mesmo assim
eu agora estou bem contente.
Formação de Mulheres e Adolescentes Migrantes – Relatório Anual 2011
Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo
Scalabrinianas – MSCS
Rua 50, Prédio 85, Apartamento 33,
Projecto Nova Vida, Município do Kilamba Kiaxi, Luanda
Matilde Lizete Manuel
Eu sou Matilde Lizete Manuel, tenho 32 anos e sou de Luanda. Tenho 3 filhos entre 1 e 12
anos. Eu morei com o meu marido numa casa de renda. Um dia, ele arranjou uma outra
mulher e colocou-a no quintal dos seus pais e largou-me. Ele não pagou mais o aluguel para
nossa casa. Eu fui forçada a sair da casa. Por algum fui morar na casa do meu irmão.
Agora consegui um emprego como doméstica e aluguei uma casa pequena para mim e os meus
filhos.
Participei na alfabetização para recordar o que eu já aprendi na infância. Eu escrevia com
muitos erros e só sabia ler bem pouquinho.
Em Maio, no começo da alfabetização, me senti muito triste porque fazia pouco tempo que
o meu marido me havia largado. Não tinha nada para fazer, nem dinheiro para fazer um
negócio. Senti-me sem valor. Não queria ficar mais em casa do meu irmão e só pensava no
meu marido.
Na alfabetização encontrei-me com muitas outras mulheres. No começo e no fim das aulas
nós sempre rezávamos e cantávamos. Isso fez muito bem para min.
Eu gostei muito de estudar por que o professor explicava tudo com muita paciência. Quando eu consegui escrever uma palavra
correta fiquei muito contente e meu coração começou a pular. Isso me deu força para continuar. Eu sempre fiz as tarefas de
casa e copiei muito para melhorar a escrita.
Antes, se alguém me pedia na conservatória para escrever alguma coisa, não podia aceitar porque não sabia. Isso me marcou
muito. Agora eu posso ajudar outras pessoas e sinto orgulho de mim mesma.
Eu quero estudar mais e um dia trabalhar como professora, isso é o meu sonho.
Quando fui escolhida para participar no curso de pastelaria, eu pensei: “Finalmente Deus está me vendo!” Foi o primeiro curso
da minha vida. Fiquei realmente “muuuiiiiito” contente e aprendi fazer pastéis, riçóis, croquetes, coxinhas e bolos.
Salgadinhos, eu já posso fazer e vender. Mas para fazer bolos eu preciso de um fogão.
Fotografia:
Aula de Medicina alternativa,
Comunidade Verbo Divino, Viana
Formação de Mulheres e Adolescentes Migrantes – Relatório Anual 2011