Crenças e Rituais - Kunene River Awareness Kit

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Crenças e Rituais - Kunene River Awareness Kit
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Crenças & Rituais
Crenças e Rituais
A água é um elemento tão importante na vida das populações da bacia do Kunene, que
faz parte integrante das suas crenças e rituais. A caixa de texto que se segue descreve a
antiga tradição de chamamento da chuva na bacia.
Explore as sub- bacias do rio
Kunene
Entrevista sobre a gestão
integrada e transfronteiriça da
bacia do rio Kunene
Veja o cronograma histórico dos
países da bacia do rio Kunene,
incluindo os acordos e infraestruturas de água
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A verdejante Serra Cafema após uma queda de chuva.
Fonte: © Ostby 2007 www.pgoimages.com
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Rituais de Chamamento da Chuva no Médio Kunene
O mais poderoso dos poderes sobrenaturais de um chefe Khumbi é o “chamamento da
chuva” ( okulokesa), um talento que poderá nem sempre estar limitado apenas ao chefe
e que também poderá ser encontrado nos seus parentes próximos. Deus é visto como o
potencial Senhor da chuva, mas para a fazer cair e fertilizar a terra é necessária a
intervenção de intermediários. Estes intermediários sabem como empregar o “remédio”
próprio e manter afastadas as más influências que tendem a evitar que a terra seja
abençoada com esta oferta de Deus. Assim, o intermediário sagrado e indispensável
Cenas de vídeo sobre os San na
Província de Kunene e o seu
acesso limitado à água
e que também poderá ser encontrado nos seus parentes próximos. Deus é visto como o
potencial Senhor da chuva, mas para a fazer cair e fertilizar a terra é necessária a
intervenção de intermediários. Estes intermediários sabem como empregar o “remédio”
próprio e manter afastadas as más influências que tendem a evitar que a terra seja
abençoada com esta oferta de Deus. Assim, o intermediário sagrado e indispensável
entre Deus e a terra seca é o chefe ou um membro da sua família. A cerimónia
utilizada na corte “Nkumbi (Mutano)” para fazer a chuva cair dos céus incluía
tradicionalmente a pedra de libação designada onthwei, bem como uma panela usada
no ritual. Entre os Khumbi também existia a crença de que o poder de chamar a chuva
estava associado ao tutano do osso do ombro e da canela do chefe reinante. Após a
morte do chefe, aguardavam até que o corpo se decompusesse para poderem separar
os ossos do braço e da perna direita e extrair o tutano dos mesmos. Este era misturado
com manteiga e servido como unguento do ritual para untar o corpo do herdeiro e
transmitir o referido poder, de modo a que este tivesse a capacidade de produzir a
benéfica chuva.
Fonte: adaptado de Estermann 1979
Os antigos cemitérios desempenham um papel de relevo na cultura Himba na bacia
inferior do rio Kunene. Estes estão normalmente localizados ao longo das margens do
rio Kunene. A proximidade dos cemitérios sublinha a permanência das aldeias. Eles
são pontos cruciais para definir a identidade e as relações com a terra, bem como
locais de reunião para cerimónias religiosas (ERM 2009).
Sepultura de um chefe Himba.
Fonte: © Rasetti 2003 www.worldisround.com/ home/ arasetti/ index.html
( clique para ampliar )
A caixa de texto que se segue cita um texto da ONG International Rivers , destacando
a importância cultural dos cemitérios ribeirinhos no Baixo Kunene:
Cemitérios Ribeirinhos
Para os Himba, uma sepultura não é apenas o local onde se encontram os restos
mortais de uma pessoa falecida – é um ponto crucial para definir a identidade, relações
sociais e relações com a terra, além de ser também um centro para rituais religiosos
importantes. A preferência por localizações ribeirinhas é em parte de natureza prática –
os solos de aluvião são normalmente mais fundos e fáceis de escavar. Mas as zonas
ribeirinhas também estão extremamente carregadas de emoção, como pontos de
congregação de comunidades, pontos de partida das migrações anuais de gado, locais
onde as pessoas lutaram para sobreviver a secas, e locais de sepultura de outros
membros da família [...].
Dado que as sepulturas demonstram a continuidade de povoamento, elas determinam a
influência do “proprietário” da terra. O “proprietário” de uma determinada área é
normalmente o homem mais velho de uma família que tenha estado presente nesse
local há gerações. Normalmente, ele não tem o direito de excluir totalmente os outros,
mas detém habitualmente o poder para evitar que estranhos sujeitem os escassos
recursos a um fardo excessivo, e terá uma palavra importante a dizer nas decisões
tomadas colectivamente pela comunidade. O “proprietário” da terra baseará a sua
reivindicação a poder político nas numerosas sepulturas de gerações de antepassados
na área. Uma família com apenas duas ou três gerações de túmulos num determinado
local será considerada como “estranhos” que têm permissão de utilizar as terras mas
não têm direito a alterar padrões de posse de terra ou a representar os interesses da
área aos que estão fora dela. Aqueles que podem comprovar a relação mais antiga com
a terra terão a palavra de maior peso no que respeita a assuntos importantes
relacionados com a terra, tais como os direitos de acesso e o controlo de recursos.
Dado que as sepulturas são tão importantes no sistema de posse da terra, os anciões
são capazes de se lembrar da localização e até de identificar as sepulturas mais antigas.
Por exemplo, nos debates acerca de assuntos como a nomeação de um chefe, a
permissão de entrada de um comerciante na área ou uma tomada de posição sobre um
desenvolvimento […], os Himba apontarão para o número de sepulturas como o
indicador principal dos seus direitos de influenciar uma decisão. Perguntarão
Por exemplo, nos debates acerca de assuntos como a nomeação de um chefe, a
permissão de entrada de um comerciante na área ou uma tomada de posição sobre um
desenvolvimento […], os Himba apontarão para o número de sepulturas como o
indicador principal dos seus direitos de influenciar uma decisão. Perguntarão
retoricamente, “De quem são as sepulturas ancestrais mais antigas, nossas ou deles?” O
ponto crucial não é o factor físico das sepulturas em si, mas a relação entre as
sepulturas, a história da família e o sistema de posse de terra e de poder de decisão da
comunidade […]. Ao ficarem a saber que a barragem de Epupa irá inundar um grande
número de túmulos, muitos Himba perguntaram, “Quem irá saber então a quem
pertence a terra?”
Fonte:International Rivers website 2010
A caixa de texto que se segue descreve os rituais de lavagem tradicionalmente
praticados nas zonas centrais da bacia do Kunene pelos Khumbi:
Rituais de Lavagem
Quando uma mulher Khumbi perde o marido, a primeira parte do ritual de purificação
( okuliwaouya) consiste numa lavagem. A cerimónia é realizada directamente nas
margens do rio Kunene, ou a água do rio é levada para o local onde irá ser realizada a
purificação. Existem cinco ingredientes mágicos que entram na composição da água
purificadora. Além disso, o/ a curandeiro/ a traz fiadas de contas brancas e uma
enxada nova, e marca a cliente com giz de ritual. Um assistente borrifa o líquido
purificador sobre o corpo da viúva, enquanto o/ a curandeiro/ a lhe lava todas as partes
do corpo, incluindo a língua. Uma vez concluída a lavagem, o/ a curandeiro/ a dá à
mulher um pouco desse mesmo líquido a beber. Após a limpeza é realizado um acto
conjugal simbólico. Após concluído o ritual de lavagem, o corpo da viúva é esfregado
com um pó feito com casca da árvore Quando o corpo fica limpo de toda a imundície,
o/ a curandeiro/ a recolhe toda a crosta acumulada que aderiu à pele e molda com ela
uma bola. Ele/ a coloca então a fiada de contas brancas em redor da cintura da
mulher. Para concluir a cerimónia, ele/ a pega na bola de sujidade e enterra- a num
formigueiro de térmitas. Os Khumbi chamam a este acto final da cerimónia o okupata
, um termo que significa “fecho” ou “abotoar”; eles consideram que este ritual afasta a
má sorte, para que possa ser iniciada uma era plena de prosperidade.
Fonte: adaptado de Estermann 1979
Próximo Capítulo: Aspectos Sócio- Económicos da Bacia

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