Texto 4 - FAC Moelabs

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Texto 4 - FAC Moelabs
HIST6RIADAS GUERRAS
Demetrio Magnoli
(organizador)
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ed itoracontexto
GUERRA DO PARAGUAI
Francisco Doratioto
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A Guerra do Paraguai foi 0 conflitO internacional de maior durac;:ao e,
possivelmente, 0 mais mordfero travado na America do Sul. Teve
caracteristicas ineditas, quer devido as condic;:6es geograficas do territ6rio
paraguaio, oode ocorreram as combates a partir de 1866; quer pela utilizac;:ao
de novas tipos de arma e muniyao, resultado de inovac;6es tecno16gicas
decorrentes do avaoc;:o cia industrializac;:ao na Europa enos Estados Unidos;
quer, ainda, pelas condic;:6es poliricas em que se desenvolveu a guerra. Nesse
aspec{Q, destacam-se as dificuldades de relacionamento no alto comando
aliado e a carater ditatorial do Estado paraguaio, 0 que permiriu a Francisco
Solano L6pez vincular 0 destino cia sociedade paraguaia a sua trajet6ria
pessoal. as cinco anos de guerra influenciaram a configura<;:ao e 0 destino
das sociedades que a travaram.
A partir da decada de 1970, predominou a teo ria de que a Guerra do
Paraguai fora causada pelo imperialismo britanico. Par essa explica<;:ao, a
Paraguai era urn pais governado, desde a sua Independencia, par homens
autorid.rios _ Jose Gaspar Rodriguez de Francia, Carlos Antonio Lopez e
Francisco Solano L6pez -, que nao se submeteram ao dominio das grandes
potencias e promoveram 0 bem-estar do povo. A Gra-Bretanha seria a
responsivel pela guerra, quer para por fim a urn precedente perigoso, de desafio
a seu domInio sobre a America do Sul, quer para abrir 0 mercado paraguaio,
tanto a consumidor para as produtos industriais briranicas quanto a fornecedor
de algodaa para a industria textil britanica. Partanta, a governo bridnico teria
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GUERRA DO p/l.RAGUAI
usado 0 Imperio do Brasil e a Argentina para levar a guerra ao Paraguai. e
a rentariva de desenvolvimenro autonomo paraguaio. Nas palavras de um
aurores que dcfendem essa teoria, "0 modelo de liberta'Yao que nos prapunha.
com grande eficiencia a Paraguai da merade do seculo XIX, as
imperialismo ingles desrrufram".1
Essa [eoria carece de logica, alem de nao rer rela'Yao com a realidade hisr6rica
e invenrar urn Paraguai que se desenvolvia sob a lideran'Ya de Urn ditado r
"progressista", Francisco Solano Lopez, em desafio ao dominio brit:1nico. Tal
reoria e resuirado do momento hisrorico das decadas de 1960 e 1970, quando
o mundo vivenciava a Guerra Fria e 0 Cone SuI rinha governos militares.
Predominou, entao, na analise da Guerra do Paraguai, uma verrenre de
pensamento marxista que desprezava a democracia ("burguesa"), por assoda_
la ao capiralismo, e tinha como referencias as ditaduras "socialistas" (Uniao
Sovietica, China e Cuba).
Compreende-se, porranto, 0 ataque dessa teo ria a "a'Yao imperialisra" e a
crftica ao desempenho dos chefes militares, pois urn deIes, Bartolome Mitre,
foi expoente do liberalismo argentino e, no Brasil, Caxias e Tamandare
rornaram-se, respecrivamente, parronos do Exercito e da Marinha. Por Outro
lado, a aprescnta<;ao positiva do Paraguai totalirario, supostamente
progressista, quase "socialista", de Solano L6pez, tern paralelismo na Cuba
da diradura de FideI Castro, isolada no continente americano e hostilizada
peIos Estados Unidos. 0 regime cubano, naquelas duas decadas, cOntava
com a simpatia de boa parte dos intelectuais da esquerda latino-americana, a
qual via qllase exclusivamente na explora'Yao imperialista a causa da pobreza
da America Latina.
Essa interpreta<;ao nao se SllStentou, diante de pesquisas de diferentes
hisroriadores. Em 1983, as paraguaios Juan Carlos Herken Krauer e Maria
Isabel Gimenez de Herken demonstraram que, ao contrario, a Gra-Bretanha
se beneficiara do iimirado processo de moderniza<;ao paraguaio, implementado
a partir de fins da decada de ] 850 e restriro a aspec[Qs militares. 0 Paraguai
importava produros manufaturados e tecnicos britanicos para operar a unica
ferrovia do paIs - ligava Assunc;ao, a capital, ao grande acampamento militar
de Paraguari -, e para olltras constrw;:6es de carater militar (arsenal, fundi'Yao
e abras de cleresa),
Os govern os de Carlos Antonio L6pez e de seu filho Francisco Solano
Lopez tinham conrracado a empresa inglesa Blyth & Co. como seu agente
para comprar annamento na Europa, a fim de nela treinar jovens paraguaios
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GUERRA DO PARAGUAl
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257
HIST()IUA DAS GUERRAS
no Uruguai os partidos Colorado e Nacional ou Blanco. Os colorados tinham
como base social principalmente os comerciantes de Montevideu e defendiam
a livre comercio e a livre navegac;::ao dos rios platinos. Estes eram prindpios
tambem defendidos pela poHtica externa brasileira, po is a provlncia de Mato
GrosSO estava isolada par terra do resto do Brasil e a unica forma de a Rio de
Janeiro manter contato regular com ela era por meio da navegayao fluvial:
navios penetravam no estuario do Prata, singravam os rios Parana e Paraguai,
passando por Assunc;::ao, ate chegar a Cuiaba.
Compreende-s e, assim, a convergencia politica entre 0 Imperio do Brasil
e os colorados. Ja os blancos representavam os grandes proprietarios de
terra, que tinham afinidacles com os pecuaristas da outra margem do rio da
Prata, nas provlncias argentinas. Explica-se, porranto, Rosas haver apoiado
militarmente e tutelado as foryas do lfder blanco Manuel Oribe, na guerra
civil uruguaia que se esrendeu de 1838 a 1851. A criac;::ao da Republica
Argentina alterou esses eixos politicos regionais, po is seu primeiro
presidente, Bartolome Mitre, assim como outros liberais perseguidos por
Rosas, exilara-se em Montevideu nos anos 1840 e lutara ao lado dos
populayoes. No Paraguai, nem esse minima, pais era impossivel 0 individuo
divergir do governo e inexistiam imprensa privada, particlos pollticos, juizes
independentes, e 0 Legislativo era uma ficr;ao. Este nao se reunia por anos
a fio e, quando 0 fazia, era por convocar;ao do Executivo para ratificar
decis6es governamentais.
AS PE<;:AS DO TABULEIRO PLATINO
Ern 1862, marceu Carlos Antonio Lopez e sucedeu-o urn de seus filhos,
Francisco Solano L6pez, ministro cia Guerra, que se tornall 0 nOvo ditador. A
poHtica externa de Carlos L6pez fora caurelosa e habit, enquanro a de Solano
Lopez foi ousada e inabil, a ponto de calocar 0 Paraguai, simultaneamente, em
posic;:6es conflitantes com os governos argentino e brasileiro.
Do lado argentino, nesse momento, decidia-se a consolidac;::ao do Estado
nacional, ap6s cinco decadas de instabilidade polftica e guerras civis, resultantes
do esfon;:o da burguesia mercantil de Buenos Aires de impor seu dom{nio
sobre as provlncias do interior. 0 projeto dessa burguesia era 0 da organizac;::ao
polltica nacional centralizada, enquanto as oligarquias regionais defendiam
urn Estado federalista, como forma de garantir sua dominac;::ao local e suas
riquezas, evitando a criac;::ao de impostos nacionais.
Nesse contexto, Solano L6pez estabeleceu relac;::6es com a oposi~ao
federalista ao presidente Mitre, principalmente das provincias de Corrientes
e Entre Rios; 0 expoente oposicionista era 0 caudilho entrerriano Justo
Jose Urquiza.
cornercio exterior dessas peovIncias escapava ao conteole de Buenos
Aires ao utilizar-se de portos do Uruguai, governado peIo presidente Bernardo
Berro, do Partido Blanco. Montevideu era alternativa passIve! tam bern para 0
comercio exterior paraguaio, 0 que facilitou a aproximac;::ao entre L6pez e Berro.
Este enfrentava, desde 1863, a guerra civil desencadeada por Venancio Flores,
do Partido Colorado, 0 qual era apoiado por Mitre e, ainda, por fazendeiros
gauchos com propriedades no Uruguai, cujos interesses tioham sido
prejudicados par medidas do governo blanco.
A independencia do Uruguai havia sido viabilizada pela interferencia
britanica, ap6s tees an os de guerra (1825-28) entre a Imperio do Brasil e as
Provfncias Unidas do Rio da Prara pela posse desse territ6rio, que fora anexado
por D. Joao VI ao imperio luso-brasileiro. Ap6s a independencia, surgiram
coloradas contra as blancos.
No Brasil, por outro lado, ap6s duas decadas de governos conservadores,
o Partido Liberal rctornou ao poder em 1862. 0 e;overno liberal viu-se
logo desmoralizado no plano externo, ao ser obrigado, sob a ameac;::a de
bombardeio do Rio de Janeiro pela esquadra briranica, a pagar indeniza y6es
por saque a navio ingles naufragado no suI do Brasil ("Questao Christie").
Assim, 0 governo imperial estava fragilizado para resistir aos pecuaristas do
Rio Grande SuI, base liberal na provlncia, que pressionavam por uma
intervenc;::ao brasileira em favor do rebelde Flores. 0 governo imperial temia
perder a controle sabre essa provincia meridional que, entre 1836 e 1844,
se separara do resto do pais (foi a Repltblica Rio-grandense), bern comO
em deixar apenas 0 governo argentino recolher as beneficios de uma vit6ria
colorada na guerra civil uruguaia. 0 Imperio promoveu a intervenyao no
Uruguai, iniciada com 0 envio, em maio de 1864, de Jose Antonio Saraiva
em missao especial ao Prata, apoiada por uma esquad ra de guerra
comandanda pdo vice-almirante Tamandare. Pda primeira veZ, coincidiam
as interesses de Brasil e Argentina nas quest6es platinas.
presidente Berro, por sua vez, desde que chegou ao poder, em 1862,
procurou se libertar das ingerencias argentina e brasileira em sell pais. Iniciada
a sublevayao de Flores, a diplomacia uruguaia buscou aliar-se com a Paraguai,
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GUERRA 1)0 PARAGUAI
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uma iniciativa nunca aceira formalmente ou rechac;:ada por Solano Lopez, aqua!
se associariam os federalistas argentinos.
Em agosto de 1864, 0 Imperio brasileiro ameac;:ou intervir militarmente
no Uruguai para defender os brasileiros ali instalados, caso nao fo ssem
punidas autoridades locais autoras de supostas violencias Contra eles. 0
governo imperial buscava, na verdade, urn pretexto para fazer essa
intervenyao e foi alertado por Solano Lopez de que, se ela ocorresse, haveria
reac;:ao paraguaia. 0 ditador paraguaio fora convencido pelas acusac;:6es
fantasiosas da diplomacia uruguaia, segundo a qual a Argentina e 0 Imperio
compartilhavam 0 plano secreto de por fim a independencia do Uruguai,
dividindo-o entre si e de que, em seguida, se voltariam contra 0 Paraguai.
Lopez colocava-se em posic;:ao de confronto com 0 Rio de Janeiro e Buenos
Aires, confiando no pressuposto dos apoios de Urquiza e do governo blanco
e na superioridade militar do Paraguai, que contava com urn exercito mais
numeroso que os dos pafses vizinhos somados.
A essa altura, os governos brasileiro e argentino rinham se posto de
acordo sobre 0 Uruguai. A afinidade ideol6gica inedita entre esses dois
govern os, pela primeira vez simultaneamente em maos de liberais, facilitava
a concordancia, baseada em interesses poIrticos concretos. Do lado do governo
brasileiro, considerava-se que a estabilidade polltica interna dependia cambem
de atender os interesses da poderosa elite gaucha no Uruguai. Na Republica
Argentina, por sua vez, Mitre, para consolidar 0 Estado centralizado, deveria
anular eventuais apoios externos aos federalistas. Para tanto, 0 presideme
argentino pensava ern uma alianc;:a estrategica com 0 Imperio no Rio da
Prara. A coopera!fao entre ambos facilitaria estabilizar politicamente a regiao,
pondo firn as guerras civis que amea!favam a unidade argentina. Mitre nao
podia, porem, defender essa poHtica em publico, po is daria 0 pretexto para
uma rebeWio federalista.
As diplomacias argentina e brasileira estavam de acordo entre si quanto
a situayao no Uruguai e avaliaram que 0 Paraguai nao iria alem do apoio
rerorico ao governo blanco. Enganavam-se. Em outubro de 1864, tropas
brasileiras invadiram territ6rio uruguaio, enquanto 0 vice-almirante
Tamandare, coman dan do uma esquadra de guerra, apoiava ativamente a
rebeliao de Flores. No mes seguinte, 0 navio civil brasileiro Marques de
Olinda, que fazia a linha comercial ate euiaba, foi aprisionado logo ap6s
partir do porto de Assunc;:ao e, no final de dezembro, tropas paraguaias
atacaram 0 Mato Grosso, supreendendo 0 Imperio. a territ6rio tornado ia
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GUERRA DO l'ARAGlJAI
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261
H1STOR1A DAS GUERRAS
alem daquele em lidgio entre 0 Brasil e 0 Paraguai e facil foi sua ocupar;ao
peIos 7.700 soldados paraguaios, pois a provincia maco-grossense dispunha
de apenas 875 soldados do Exercito e pouca menos de 3 mil guardas nacionais,
sem capacidade de combate.
Garantida sua retaguarda ao norte, 0 plano de Lopez era avanc;:ar sobre 0
Rio Grande do Sui, em direc;:ao ao Uruguai, onde suas fon;:as derrotariam as
tropas brasileiras que la se encontravam, de pouco menos de 10 mil soldados
(0 efetivo total do Exercito Imperial era de 18 mil homens). Essa vit6ria
significaria para 0 Paraguai colocar 0 Imperio de joelhos, impondo-Ihe
fronteiras e arrancando-lhe outras cancess6es. Faria isso sob 0 argumento da
defesa cia inciependencia uruguaia, e contando com 0 apoio do governo blanco,
bern como dos federalistas argentinas. 2 Contudo, em fevereiro de 1865, a
novo presidente uruguaio. 0 tam bern blanco Tomas Villalba, pressionado
peIos comerciantes da cidade, prejudicados pelo bloqueio de Montevideu
peIa Marinha imperial, assinou acordo de paz com 0 enviado brasileiro Jose
Maria da Silva Paranhos, futuro visconde do Rio Branco. PeIo acordo, Flores
ascendeu a presidencia.
Apesar das novas circunsrancias, LOpez nao alterou seu plano original. Em
abril de 1865, a provfncia de Corrientes foi invadida por 22 mil soldados
paraguaios comandados pdo general Wenceslau Robles. Dais meses depois,
outra coluna paraguaia, com 12 mil homens, comandada peIo coronel Antonio
de Ia Cruz Estigarribia, invadiu 0 Rio Grande do SuI. Lopez imaginava que
seria vista como Iibertador, nao como invasor, pelas populaC;6es de Carrientes
e de outras regi6es do interior argentino, que se levantariam a seu favor. A
coluna de Robles deveria marchar para 0 suI, ajudar a depor Mitre e, em
seguida, se unir a forc;a de Estigarribia para atacar as forc;as brasileiras que
estavam no Uruguai. Planejava-se uma verdadeira "guerra reIampago": a rapidez
do avan~o e a superioridade numerica permitiriam a vitoria paraguaia sabre a
tropa brasileira no Uruguai e sobre 0 proprio Imperio. Este estaria sem condic;6es
de reagir rapidamente. po is dispunha de apenas 8 mil soldados como for~a
reserva e, ademais, espalhados peIo territorio brasileiro.
Nao foi 0 que ocorreu, pois apenas parte da populac;ao de Corrientes viu
com simpatia a forc;a paraguaia. Urquiza tambem recuou no apoio a LOpez, para
evitar que Entre Rios tivesse seu comercio paralisado ao ser submetida ao bloqueio
naval imposto peIa Marinha imperial ao Paraguai. 0 poderio naval brasileiro se
impos, definitivamente, em 11 de junho de 1865, quando a improvisada Marinha
de Guerra paraguaia foi praticamente destrufda na batalha travada no rio Parana,
proximo afoz do Rjachuelo. Desde enta~, 0 Paraguai ficou submetido a eficiente
bloqueio. impedido de receber armamento e munic;ao pelo Prara e fazer comercio
externo • exceto por precirios cantatos atraves da BoHvia.
A TRiPLlCE ALIANc,:A E 0 RECUO PARAGUAIO
Ate a invasao de Corrientes, 0 Imperio buscava alternativas para enfrentar
ffiilitarmente 0 Paraguai. Era impossIvel fazer, a curto prazo, uma operac;ao
para desalojar os paraguaios do Mate Grosso, provincia quase isolada por terra.
Nao era viavel agir contra os paraguaios em Mato Grosso a comec;ar de Sao
Paulo que, embora a mais de 2 mil lan, era 0 local mais proximo da regiao
invadida que contava com infra-estrutura para se organizar urn exercito de
milhares de homens. Essa hipotetica forc;:a, quando atuasse em Mate Grosso,
teria de reabastecet-se de suprimenros belicos e vlveres na capital paulista, por
urn precario e longo trajeto, atravessando sert6es despovoado s e desprovidos
3
de recursos, em uma jornada que durava seis meses au mais.
Em marc;o de 1865. 0 Imperio mandou ao Prata seu novo enviado especial,
Francisco Octaviano de Almeida Rosa. Tinha instruc;6es de colaborar para
fortalecer 0 governo de Flores e de constatar de quais recurSOS dispunha a
Uruguai para apoiar 0 Brasil na guerra contra 0 Paraguai. As instfuC;6es
determinavam que 0 "objeto principal" de Almeida Rosa quanto a Argentina
era 0 de conseguir que seu governo nao dificultasse as operac;6es do Imperio
contra Solano Lopez. 1
Almeida Rosa foi surpreendido pela viabilidade de assinar uma alianc;a
ffiilitar com a Argentina, como consequencia da invasao paraguaia a Corrientes.
Em 1.Q de maio de 1865, em Buenos Aires. os representantes da Argentina, do
Brasil e do Uruguai assinaram 0 Tratado da Triplice Alianc;:a contra 0 Paraguai.
texto do acordo era secreta, mas tornou-se publico em 1866 devido a uma
copia, obtida pela Chancelaria uruguaia e incluida em relat6rio sabre a situaC;ao
no Rio da Prata apresentado peIo governo briranico aO Parlamento.
Esse tratado estabeIecia a alian~a militar contra 0 Paraguai, maS af'irmava
que a guerra era contra Francisco Solano Lopez e naa 0 povo paraguaio.
Determinava que a lura terminaria somente com a retirada do ditador do
palS, que a paz nao seria tratada isoladamente, mas em conjunto pelos tres
paises aliados. e somente com 0 nova governo que se instalasse em Assunc;:ao.
As fronteiras entre a Paraguai e as paises aliados tambem eram estabelecidas
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GliERRA DO PARAGUA!
263
H!STc'lR1A D,\S GUERRA$
pelo Tratado de 12 de Maio, sendo definidos como argentino todo a territ6rio
do Chaco, a oeste do rio Paraguai - ate a fronteira com Mato Grosso - e as
Missoes, enquanto seria brasileiro nao s6 0 territ6rio historicamente
litigioso, como tambem entre este e 0 rio Igurei. No final das contas,
terminada a guerra, 0 Imperio do Brasil conteve-se no limite que
reinvidicava desde a decada de 1840 e, man tendo sob virtual tutela os
governos paraguaios, a diplomacia imperial trabalhou para que a Argentina
nao se apossasse de todo 0 Chaco.
a fracasso dos pIanos militaces de Lopez ocorreu nao's6 pela rendic;::ao
dos blancos de Montevideu. pela defw;iio de Urquiza e pela assinatura da
Trfplice Alianc;::a. Parcela de responsabilidade coube adeplora.vel atuac;::ao dos
comandantes das colunas invasoras de Corrientes e do Rio Grande do SuI. A
invasao do .territorio gaucho foi verdadeiro passeio, tal a facilidade com que
os paragualOs avanc;::aram de Sao Borja ate Uruguaiana. A frigil resistencia
brasileira decorreu do despreparo militar gaucho, resultante das lutas politicas
entre membros dos partidos Liberal e Conservador, das quais participavam
os chefes militares locais. Tal era 0 caos polftico e militar em que se encontrava
o Rio Grande, que Pedro II foi a provincia: somente com sua presenc;::a a
situac;::ao foi controlada, contando, para tanto, com 0 rcforc;::o de tropas
argentinas e uruguaias.
a coronel Estigarribia, parem, desabedeceu as instru<;:6es de nao entrar
nas cidades gauchas e de avan<;ar diretamente para 0 Uruguai. Necessitava de
mantimentos e ingressou em Uruguaiana, onde sua tropa se imobilizou, pais,
deslumbrada com os produtos do comercio local, dedicou-se ao saque, dando
tempo as forc;::as brasileiras de sitia-Io. Enquanto isso, a tropa paraguaia de
vanguarda, comandada pelo major Duarte, que descia pela margem direita do
ri~ Ur.uguai, foi batida na batalha de ]atai pelas fon;as do general Flores. Foi a
pnmelfa decrota terrestre paraguaia desde a inkio da guerra, e Estigarribia
rendeu-se a Pedro Il, em setembro, a vista das forc;::as aliadas.
Em Corrientes, Robles tarnbern desobedeceu as instru<;6es recebidas e,
em lugar de rnarchar para 0 suI, rumo ao Uruguai, acabou se irnobilizando.
Era urn general inexperiente e, especula-se, ficou aterrorizado com a fato de
ser comandada peio lendario Urquiza a tropa argentina que teria de enfrentar.
I~seguro, Robles imobilizou suas tropas, mergulhou no alcool e passou os
dJaS embebedando-se; foi destituido em 23 de julho de 1865 e fuzilado por
tral<;ao em 8 de janeiro do ana seguinte. Robles tinha sido incompetente,
mas nao traidor.
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Fracassado seu plano ofensivo, Solano LOpez ordenou 0 retorno de suas fon;:as
de Corrientes para 0 paraguai, a que ocorreu entre 31 de ou~ubro e 3 ~e novembr~.
A travessia deu-se na confluencia dos rios Parana e Paraguat., conheclda c?mo ~res
Bocas, sem que os paraguaios fossem incomodados pda ~squadra l~~enal,
comandada por Francisco Manuel Barroso da Silva. Este fOI alvo de cntl~, 0
mesmo ocorrendo com seu superior, Tamandare, que permanecia em Buenos ~res.
A ina<;iio decorreu de Barroso niio dispor de carta hidrogd.fica da calha fluv~a1_ do
rio Parana nem ter urn pratico que conhecesse 0 letto do no. Nessas condlyoes,
subir com as navios ate aquela confluencia seria arriscar encalha-los au a serern
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I
I
destrufdos pela artilharia inimiga.
As carnpanhas do Uruguai e de Corrientes redunda~am em verdadeiro
desastre para 0 Paraguai. Foram perdidas tropas bern trem,acias, e as que se
retiraram de Corrientes 0 fizeram desrnoralizadas e doentes. Ao norte, porem,
as invasores permaneceram em Mato Grosso, pois nao podiam ser eficazmente
atacados. Prova-o a tentativa do governo imperial de socorrer a provincia, com
uma coluna enviada de Sao Paulo, que, ao ingressar em Maw Grosso, em
meados de 1865, contava com 2.080 soldados e chegou a invadir territ6rio
paraguaio. A col una foi rechac;::ada e perseguida pelos paraguaios ate comec;:o de
junho de 1867, quando eles se deram ~or satisfe~tos: re~tavam a~e~as setec~ntos
combatentes brasileiros. Esse acontecImento fOl descnto no dasslCo A retlrada
da Laguna, da visconde de Taunay. as paraguaios retiraram-se ~e ato Grosso
somente em abril de 1868, para reforc;::ar a frente sui, ondese decIdla 0 resultado
0
da guerra.
o
SISTEMA DEFENSIVO PARAGUAIO
Em fins de 1865,0 sentido da guerra estava invertido: aos aliados cabia a
ofensiva. Nao era faci!, porem, aos paises da Triplice Alianc;:a organizar, treinar e
levar urn grande exercito ate a fronteira com 0 ?araguai. ~ maior res.ponsabilid:de
cabia ao Imperio do Brasil, por ser, entre as altados, o. palS com r:n alOr populac;::~o,
mais recursos materiais e financeiros, bern como a umco a possulr uma verdadeua
Marinha de Guerra. Apesar de ser 0 Brasil 0 aliado mais poderoso rnilitarmente,
ainda assim 0 cornando-em-chefe do Exercito da Tdplice Alianc;:a coube ao general
Mitre, par considerac;::6es de ordem politica. Para a Imperia.' 0 ~omando ~o
presidente argentino era uma forma de demonstrar, aos demals paises, que naa
havia na guerra intenc;:ao expansionista brasileira.
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Ij
!
•
GUE.RRA DO PARAGUAJ
264
265
H!ST()R.!I\ DAS GUERRAS
Mitre, porem, nunca foi aceito de forma plena pelos chefes militares
brasileiros, que desconfiavam, injustamente, de sua lealdade. Habit na politica,
conviveu com essa realidade. A situayao se tornava aioda mais complicada
porque as fOf(;as brasileiras careciam de unidade de camando; eram divididas
em dois carpos de Exercito, comandados pelos generais Osorio que, ferida em
combate, foi substitufdo por Polidoro Quintanilha jordao, e pdo marques de
Porto Alegre; e pda Esquadra, comandada por Tamandare. Eles tinham a mesma
parente, nao havendo cadeia hierarquica, e os tres se dirigiam, mas nem sempre
obedeciam, ao comandante-em-chefe aliado. Tamandare e Porro Alegre
pertenciam ao Partido "Liberal e eram avessos a Mitre, que tinha 0 apoio de
Polidoro, do Partido Conservador.
Essas circunstancias retardaram a invasao aliada do Paraguai e, mais tarde,
dificultaram a rornpimenro do sistema defensivo de Humaita, As caracteristicas
geogrificas paraguaias restringiam as ops:6es de invasao dos aliados, pois faziam
com que a navegacrao do rio Paraguai Fosse a unica via de acesso a Assunyao. A
conquista da capital inimiga normalmente significava 0 frm de uma guerra e foi
esse 0 objetivo milirar principal da estrategia aliada. 0 plano consistia em aproveitar
a superioridade da Marinha imperial para utilizar os rios Parana e Paraguai como
vias de transporte de tcopas e suprimentos, de modo a penetrar no territorio
inimigo. A infantaria e a cavalaria invadiriam 0 suI paraguaio, na confluencia
desses dois rios, e marchariam em direcrao a Assunyao, mantendo-se proximas da
margem do rio Paraguai, de modo a viabilizar seu reabastecimento e 0 apoio dos
canh6es da Marinha imperial,
A navegayao do rio Paraguai era, porem, conrrolada pda fortaleza de Humaita
e a estrategia aliada exigia que os navios brasileiros e as tropas aliadas anulassem a
poderosa forti6car;ao. Ela se encontrava a cerca de 20 km do Passo da Patria, ponto
onde se daria a invasao aliada, e a aproximadamenre 10m acima do nivel do rio,
conrando com mais de uma centena de canh6es. Possula, ainda, uma trincheira de
cerca de 13 Ian a protege-lao A. sua volta havia, ainda, dais pantanos (Bellaco e
Rojas), profimdas lagunas e carric;:ais, diffceis de serem penetrados. Somente na
epoca da seca as panranos e lagunas baixavam, aparecendo urn pequeno trecho de
terrena solido, que se estendia da fortaleza a Tah{, mais ao norte. Do outro lado do
rio, em freme a fortaleza, encontrava-se 0 Chaco, que proximo da margem do rio
era pantanoso, com vegetacrao espessa. Havia urn sistema defensivo, que tinha
!tapim, as margens do Parana, no Passo da Patria, como primeira fortificac;ao, e ao
norte, ja no rio Paraguai, estavam dispostas, em seqiiencia, as posiy6es de Curuzu,
Curupaiti, Humaira (a mais poderosa e centro de operaqSes), Timb6 e TahL
~i.i
!
a plano de ataque adotado pelos aliados foi 0 mais logieo, embora de
dificil execuc;:.ao. De urn lado, exigia, eoordenayao entre as foryas naval e
_ a que, a epoca, era uma novidade para a qual os ofieiais
terr
estre
cornandantes nao possuiam treinamento - e uma inexistente harmonia no
comando aliado, Esses oficiais e seus congeneres paraguaios tam bern tiveram
de aprender a travar a guerra com a [fopa entrincheirada, valorizando a
infantaria e artilharia, quando, ate entao·, os conflitos internacionais no Prata
duravam meses, nO maximo, e eram decididos principal mente por cargas de
cavala . Tambem tiveram de combinar, nem sempre com exito, antigas
ria
formas de combate, que vinham das Guerras Napoleonicas, com 0 impacto
das inovacr6es tecnologicas no armamento e nas comunicac;oes. Assim, a
artilharia aliada possuia os novos can hoes raiados, mais precisos e com maiot
alcance, que utilizavam munic;ao conica, explosiva, em lugar de bolas de
ferros. 0 mesroO tipo de munic;ao era urilizado pelo s fuzis aliados, enquanto
parte da tropa paraguaia utilizava fuzis mais antigos, menos eficientes.
A superioridade tecnol6gica cia artilharia aliada era em parte anulada,
pois, devido a eScassez de terrenos secos, suas baterias dificilmente podiam
ser colocadas nas melhores posic;oes. 0 suI e 0 sudeste do Paraguai eram
tetritorios com extensos trechos alagados, 0 que favoreceu a acrio defensiva
dos soldados paraguaios, que conheciam as uilhas c podiam entrincheir:u-se
nas posic;:oes mais favoraveis para emboscar e resistir aos invasores. Ademais,
apos ciecadas de isolamento paraguaio do exterior, inexistiam mapas detalhados
do interior do pais, obrigando os chefes militares aliados a travarem a guerra
as ceg , baseando-se em informacroes imprecisas Ou erroneas. Por £lm, outra
as
difieuldade era a de que uma forya atacante deveria ter 0 dobra - ou, em
condi<;oes mais dificeis, como no caso do territorio paraguaio, 0 triplo - dos
soldados inimigos, e os aliados chegaram a ter, no maximo, 0 dobra de tropas
em condi 6es de combate, Essas vantagens defensivas explicam , em grande
y
parte, a longa durac;ao do conflito.
No inkio de 1866, Lopez ja nao podia veneer a guerra, po is estava
bloqueado no interior do continente, sem acesso aos centros fornecedores de
armas e enfrentando tres paises superiores demog rafica e economicameme,
que, alem di.sso, dispunham de acesso maritimo aO resto do mundo. A unica
possibilidade de Lopez evitar a derrota seria 0 rampimento da Trlplice Alianya,
o que isolaria a Brasil, privando-o do reforcro das tIopas argentinas e do acesso
aos portoS no rio Parana. Grac;:as a sua s6lida posic;:ao defensiva, adisposic;:ao de
combate de suas tropas e aO ferreo controle sobre a populayao paraguaia, Lopez
GUERRA DO PARAGUAl
266
267
HrSH'JR1A DAS GUERRAS
persistiu nas apostas de aguardar 0 rompimenro d a al°lanc;a ou - espera
d esesperad.a! _ de ocorrer alga imponderavel qu e airerasse a seu l:ravor a g nc;a
uerra.
EIe se eqUlvocou nas duas apostas.
o IMPASSE DlANTE DE HUMAITA
Id Em
d 17. ded'abril de 1866 ,as [.o[(;as arlad as, aproxlmadamente 65 mil
~ os, mva lram 0 Paraguai, atravessando 0 rio Parana
elo P
A primeira tropa a passar, brasileira, era comandad; polo
. s no, que se expos - alias, como em outros
_ de forma
a
Imprudente, Os ali ados ocuparam a posic;ao de Itapiru e avan ar
qu:e
o acampamento paraguaio em 11"
d
c; am so re
.
Ulun, on e esperavam enfrentar por volta
d 30 01"
e
mt llllmlgos.
Lopez, porem, ordenou sua evacuac;ao S
b
..
do Exercito aliado ali se in al
em com ate, permmndo que parte
P' . 0
st asse, enquamo outra parte ficou no Passo d
atrlao 2 acampamenro de Tuiuri era uma pequena area seca, com menos d:
1~ km , cercado, P?r ~olo pantanoso, coalhado de juncos com mais de 2 m d
a cura, onde 0 1I1lmigo podia se esconder Nao era 1
' '
e
de urn
exerciro, quer
razoes
Ness
d par~ mana ras; mas era 0 unico disponlvei proximo de Humaita
d
.
e pe ac;o e terra, por quase dois anos viv
.era~, per eram as esperanc;as e
morreram milhares de soldados aliados
" enpmm Constant, que lutou na
guerra entre 1866 e 1867'
, ass!m resumlU as condic;6es aliadas em Tuimi:
0
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~a~!ao
m~mentos
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~rande
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sa~i~:~i;;,o:~~:op~ra~lr:
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Nao podcs fazer ideia dos imensos e variado
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. .
nos. Nao falo dos recurs os bll'
S ~ecursos e que 0 Paragual dlsp6e contra
ICOS, que nao sao muitas
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aproveirados: falo dos recursos
. Al' d
' posta que multo bern
banhados e d '
.
naturalS, em e ser territorio cobertO de mara de
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, e pantanos Imensos, [emos as epidemias as '
,.
'
COl
'. aguas peSSlmas, a calor excessivo
que queima, que asfixia no verao
Al
.
eomoquegeanolJ1verno Na h'
.
.
em dlsso, reuniram-se aqui numa intima al'lan!fa contra nos
" todas0 as apragas
aqUi melo-termo.
do mundo. S
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Foi
' batalha travada na America do Sui. N
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u.gua,lOs. A cavalana dos atacantes
,multo supenor as poucas centenas de aliados
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.
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0
:~~t:it~t'p~~: ~~~~~rllaadsoo'ba superioridade da arcilharia aliada era esmagadora
,
re os atacantes.
o plano de ataque de Lopez era inovador, uma vez que USOll a cavalaria na
fase inicial da batalha, para dar uma vantagem que pudesse ser decisiva, quando
o pensamento militar da epoca era de que essa arma Fosse utilizada para flnalizar
os combates, Em Tuiuti, havia urn obscaculo de terrena entre 0 atacante e os
aliados, e, para contorna-Io, LOpez executoU a manobra de ataque em quatro
colunas, de modo a con tar com a rapidez e a vantagem da surpresa. 0 resuhado
de cinco horas e meia de combate foi desastroso para 0 lado paraguaio, que
teve cerca de 6 mil morcos e 7 mil feridos, enquanto do lado aliado, os marcos
foram 996 e os feridos, 3 mil.
Em Tuiuti, 0 Paraguai perdeu 0 melhor de seu Exercito, os soldados mais
fortes e experientes. A derrota resultou de falhas de comando: a distribuic;aa de
fo[(;as entre as colunas foi desproporcional a tarefa planejada para cada uma;
seus comandantes eram corajosos, mas inexperientes e nao sabiam manobrar
em campo de batalha, 0 que permitiu aos aliados manterem suas pasic;6es; os
atacantes flcaram entregues a propria sorte, sem coordenac;ao, pois faltava urn
comando unificado; uma das colunas paraguaias atrasou-se na marcha, fazendo
com que 0 ataque rivesse inkio com cinco horas de atraso, ja durante 0 dia, 0
que reduziu 0 fator-surpresa.
Os aliados nao aproveitaram a vitoria de Tuiuti para promover ac;ao dpida
e decisiva contra 0 inimigo desarticulado, perseguindo-o e, talvez, alcan~ando
seu quartel-general. Impediram-na as divergencias no comando aliado e 0
desconhecimento do terreno, Somente em setembro de 1866, apos varias
delibera~6es entre Mitre, os comandantes brasileiros e 0 general Venancio Flores,
decidiu-se por uma a~ao de grande envergadura, contra Curupaiti.
Localizada logo abaixo de Humaid., a forcaleza de Curupaiti era defendida
por uma trincheira, com fosso de 4 m de largura por 2 ID de profundidade,
alt!ID de urn mura com 2 m de altura. No seu interior havia entre 4 e 5 mil
soldados e cerca de noventa canh6es, parte deles apontados para 0 rio e parte
para a terra. Em 22 de setembro de 1866, a Esquadra brasileira bombardeou,
durante horas, essa posic;ao, cuja artilharia permaneceu ilesa, uma vez que, por
estar 9 m acima do nlvel do rio. as bambas brasileiras caham alem dela, devido
ao angula de tiro dos navios. Contudo, acreditando ter sido bem-sucedido no
bombardeio, Tamandare deu 0 sinalliberando para 0 ataque os 20 mil aliados,
com as efetivos de argentinos e brasileiros quase equivalentes, Eles avanC;aram
lentamente, retardados pela barro - chovera na noite anterior -, tornando-se
aIvos faceis; durante horas, Slicessivas colunas atacantes foram dizimadas.
numeros sobre as perdas aliadas variam, conforme a fonte consultada, entre
as
GliERRA DO P/\RAGUAl
268
Opera~6es
aliadas em tarno de Humaita (1866-1868)
'.7!hI2.11.67
"
Linhas defensives
paraguaias
____ Avam;o afiado
Laureles
20.2.68
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/ 'Estabelecimento
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2.9.66
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HIST(JRlA Oi\S GUERRAS
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PASSO DA PATRIA
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Rio pr;lranc\.
ITAPIRU
ARGENTINA
~,o.",,,,,, R"'~ ...
'o lo'lor,
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4 mil e 9 mil mortos, divididos igualmente entre brasileiros e argentinos. 0
certo e que 0 numero de mortOS paraguaios nao chegou a cern.
A retumbante derrota em Curupaiti expos as divisoes do comando aliado
e inviabilizou de vez a relac;:ao entre Mitre e Tamandare. a governo imperial,
chefiado pelo liberal Zacarias de Goes e Vasconcellos tomOU, entaO, decisoes
drasticas: unificou 0 comando brasileiro e nomeou 0 marques de Caxias para
o cargo de comandante-em-chefe do Exercito brasileiro no Paraguai e 0 vicealmirante Jose Ignacio substituiu Tamandare nO comando da Esquadra. Caxias
tinha feito bem-sucedidas carreiras militar e polfti ca - na realidade, ambas
cosrumavarn andar juntas a epoca -, sendo 0 general de maior prestigio do
Imperio e, ainda, urn dQs senadores mais influentes do Partido Conservador.
Era urn sacrificio pessoal para ele, ja sexagenario, que poderia optar por
permanecer no conforto do Rio de Janeiro, aceitar 0 comando de urn exercito
que vinha de fragorosa derrota, desorganizado e desmoralizado.
Caxias chego u ao Paraguai em 17 de novembro de 1866; formalmente,
subordinava-se a Mitre. Desde sua chegada e durante todo 0 ano de 1867,0
marques ocupou-se principalmente de reorganizar a forc;:a terrestre brasileira,
reequipando-a, restabelecendo a disci pI ina, substituindo 0 criterio poHtico peIo
profissional ao nomear os comandantes de tropas, e treinando, em plena frente
de batalha, civis rcccm-incorporados ao Exercito. Estes nao aumentaram 0
efetivo, apenas substituiram os monos em Curupaiti e outrOS 4 mil que
faleceram em decorrencia da epidemia de calera que atingiu 0 acampamento
aliado ate maio de 1867.
Conseguir homens para ir ao Paraguai foi urn problema, nao so no Brasil
como tambem na Argentina e nO Uruguai. No Imperio, havia uma forc;:a de
reserva do anemico Exercito, a Guarda Nacional, cujos rnembros, oriundos de
setores sociais com renda, fugiram ao cumprimento do clever utilizando-se dos
mais variados subterfUgios. Ji 0 recrutamento para 0 Exercito era diflcultado
por urn sistema de isenc;:6es legais que impedia 0 alistamento militar de varios
setores, como os proprios guardas nacionais e, entre outrOS, empregados
publico , comerciarios, arrimos de familia, funcionarios dos telegrafos e
s
religioso . Para 0 servic;:o militar, seguiam os individuos considerados social mente
s
indesejaveis. as governos provincial e central careciam cle condis:oes para impor
o recrutamento, "dependendo da boa vontade dos chefes locais, que procediam
a selec;:ao dos recrutas segundo as conveniencias poltticas regionais".6
Como conseqiiencia da dificuldade em recrutar, 0 governo imperial criou,
ja em janeiro de 1865, os corpos dos Voluntarios da Pa.tria, oferecendo vantagens
~r
27(1
HIST()IU,\ DAS GUERR,\S
financeiras aos que se apresentassem para a uerra E
_
g I . m 1865, nao faltaram
volundrios, como resultado da indO
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19nas:ao popu ar contra os ataqu
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e ,'n]' ustmca
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que 0 conflito seria breve Quando e t
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d d e l as a lClOnals
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Para a ~uerra. Nas provincias, para atender as solicitas:oes do ISpOSto.s a lre.m
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governo lmpenai
d e envlO de mais homens para o Paraguar,. 101
comum
.
I' '
d
. _
a sItua<,;ao po Itlca
promover verdadeira cas:a aos memb
como se fossem voluncarios.
cos a oposl<,;ao, enviando-os para a guerra
Soldados negros, ex-escravos ou nao lut
.
argentino, paraguaio e uruguaio Para
' . a~am :o~ exercltos brasileico,
de ex-escravos combatentes os lib t 0 p:squllsa or 0 erto Salles, 0 numero
tropas. A imagem de que 0 Exercit~r i os, n~o u trapassou 10% do conjunro das
do equlvoco de pensar que todo
mpenal era composto por escravos resulta
'I
negro era escravo (A po 1 rasl
era
minorira.ria
em
1864.
"
.
pu as:ao escrava no
B
no pafs 8 milhoes de hornen ' ~. pnmel: censo .brasileiro, de 1872, registrava
milhoes negros Oll mulatos _ : e:els; ~~_qllals ~,8 milh6es brancos e 4,2
Ate meados de 1867 _
. ,ml ao 0 numero de escravosF.
1
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.
' nao ocorreram operas:pOlS paraguaios e aliados nao tinham c d' _ d oes mllt~reS e envergadura,
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o Exercito argentino perdera boa parrod Is:oes c e,promove-las. No lado aliado,
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e e seu eretIvo que ac
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em revereJro desse ano, para sufoca
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o~panN araE ' Itre,
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r uma re e lao na Argenn
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raSI elfO, era grande 0 nume d d
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co e oentes nos hosp't' d
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lncorporados que ainda est
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I alS e e so a os recemavam sen 0 tremado AI; d'
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")' ,
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gualOs - pe 1a retagua d a. os, . 1.521
b brasdetros,
breeha para ataear Humaira. Deixou em 11' . d / a InlffiIga, uscando uma
] 1.031 homens. Nesse momento 0 e6 .UlUtI, e ~n~endo a base de opera<,;oes,
era de 50 526 h
d'
etlvo do Exerclto brasileiro no Paraguai
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estavam doentes e 4 118
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~rontos para 0 combate; outros 10,557
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h I' d' _ ocupavam pos 1s:6es administrativas.
marc a a Ia a nao levoll, porem a urn
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Descobriu-se, entao, a linha eondn d' 6 'fi po~to vu neravel do inimigo.
forman do urn grande cam
ua. he ~rtl tca<,;oes que defendia Humaid.,
po entne elrado com forma geometrica de
GUERRA DO PARAGUAI
271
quadrilatero, Apos marcha de 60 km, Caxias ocupou, em 29 de julho, TuiuCue, ao norte dessa fortaleza. Dais dias depois, Mitre reCOrnou a frente de
batalha, reassumiu 0 comanda aliado e constatoU que as tropas aliadas tinham
praricam ente cercado Humaita, ao buscar a brecha que permirisse ataca-la.
Para completar 0 cerco, ordenou a continua¢o do avanyo ate a posis:ao paraguaia
de TahI, as margens do rio Paraguai. Ao mesmo tempo, para isolar Humaid.
tambem par agua, planejava que a Esquadra imperial subisse 0 rio, enfrentando
o fogo de sua artilharia. 05 movimentos das forr;as terrestres e fluviais seriam
simult<meos e seu encontro em Tahf finalizaria 0 cereo.
Caxias discordou do plano e defendeu que a passagem da Esquadra por
Humaid. deveria ser antecedida peIo movimento das forps terrestres. Desse
modo se garanriria, acima dessa posiyao, apoio logistico aos navios, os quais,
em caso contrario, estariam isolados e vulneraveis aos inimigos emboseados
nas margens. Decidiu-se, aflnal, que se faria a passagem, mas, devido a
vulnerabilidade do navios de madeira, somente os encouras:ados 0 fariam,
levando vlveres suflcientes para atender as necessidades das tripula<,;oes por
dois meses e munic;:ao para as foryas terrestres.
o vice-almirante Jose Ignacio acreditava que se a Esquadra passasse por
Humaica, sem que as for<,;as terrestres pudessem assegurar-Ihe, mais aeima,
uma base de reabastecimento, seus navios flcariam bloqueados. Tal qual
Tamandare anteriormente, tambem Jose Ignacio desconfiava que Mitre desejava
expor a Esquadra ao fogo inimigo, causando sua destruis:ao, de modo a facilitar,
no futuro proximo, a supremacia argentina no Prata. Foi com essa convic~ao
que, em 15 de agosto, esse almirante ultrapassou Curupaiti, sem maiores
dificuldades, com dez encourac;:ados. Constatou-se, enta~, que na altura de
Humaica tres correntes se estendiam de uma margem a outra do rio, com a
finalidade de impedir a passagem das belonaves brasileiras. Em lugar de cumprir
a ordem de Mitre e ultrapassar essa posi~ao, Jose Ignacio ancorou seus navios
numa enseada, fora do alcance dos canh6es dessa posiylo inimiga. Durante
seis meses os encouras:ados brasileiros permaneceram entre Curupaiti e
Humaica. bombardeando-as sem grandes conseqilencias.
Tab, foi ocupada em 2 de novembro de 1867, e, no dia seguinre, Lopez
tentou conter 0 avanyo dos aliados, com ataque audacioso a Tuiuti. Oobjetivo
era 0 de tomar canh6es raiados, dos quais os paraguaios nao dispunham, e
obrigar os sitiadores de Humaid. a recuarem para socorrer sua retaguarda. Na
madrugada de 3 de novembro de 1867, entre 8 mil e 9 mil paraguaios atacaram
Tuiuti, surpreendendo militares e civis comerciantes dormindo, e avan~aram
GUERRA DO PARAGUAI
272
27~
H1STORlt\ [)AS (;UERRAS
ate 0 centro do acampamemo, onde se encontrava a tropa brasileira. Apos
duro combate, os atacantes tiveram 2.734 mortos e 155 deles foram
aprisionados, enquamo os aliados tiveram 294 mortos. Como sempre, a ousadia
de Lopez custava a vida de seus bravos soldados, sem reverter 0 destino cia
guerra. A segunda derrota paraguaia em Tuiuti pbs fim a possibilidade de
romper-se 0 cerco aliado a Humaid..
Em janeiro de 1868, 0 general Mitre partiu do Paraguai para reassumir
a presiclencia na Argentina. uma vez que 0 vice-presidente. Marcos Paz,
havia morrido. Caxias tornou-se, enta~, comandante-em-chefe aliado, cargo
que poucos meses depois deixaria de existir. No inicio de 1868, os ali ados
continuavam sitiando Humaid., cujos defensores ainda podiam sustentar a
posic;:ao por receberem suprimentos atraves do territorio do Chaco, do lado
oposto do rio Paraguai. Foi necessaria ordem expressa do governo imperial
para, mnal, 0 comando da Esquadra enviar, contra sua vontade, uma divisao
naval para ulrrapassar a fortaleza e impor seu dominio sabre 0 rio ate
Assunc;:ao. Isso ocorreu em 19 de fevereiro de 1868, sem perdas para os
navios encoura<;:adas, comprovando que Mitre tinha razao na polemica
que travara com as chefes militares brasileiros. as navios, em missao de
reconhecimento, chegaram no dia 28 desse mesmo mes a baia de Assunc;:ao,
que fora evacuada de sua populac;:ao. trocaram alguns tiros com a arrilharia
que defendia a cidade e se retiraram.
Em marc;:o de 1868, Humaid. foi evacuada por Lopez e 0 grosso de seus
defensores parriu, em brilhante operac;:ao, sem serem detectaclos pela Esquadra
brasileira. Permaneceram na forraleza 3 mil homens, comandados pelo coronel
Martinez, 0 qual, sem meios para continuar a resistir, evacuou-a em julho.
Humaid. nao foi, porranto, tomada pelas armas e os aliados, ao entrar,
constataram que haviam sido exageradas as avaliac;:6es sobre sua capacidade
defensiva. 8 Talvez essa fortaleza tivesse sido ocupada antes, com desdobramentos
favod.veis ao encurtamento da guerra, nao fossem os problemas de
relacionamemo entre os chefes militares brasileiros e Mitre.
Ap6s evacuar Humaid., seus ultimos defensores instalaram-se no Chaco.
Foram cereaclos por tcopas brasileiras e combateram, entre 26 de julho e 5 de
agosto, com grande bravura. Renderam-se, no final, 1.324 homens, que foram
levados de volta a Humaita, permitindo-se aos oficiais prisioneicos manterem
suas espadas, em sinal de reconhccimento de sua coragem. Lopez, porem, em
lugar de admitir a superioridade aliada, culpou 0 coronel Martinez pela perda
de Humaid., sob o· argumento de que poderia resistir ate outubro, e acusou-o
de trai¢o por se render. Retaliou contra a esposa de Martlnez, Juliana Insfrin,
que se encontrava no acampamemo do ditador e que se recusou a renegar
0
9
marido. Tambem acusada de traic;:ao, Juliana foi chicoteada e fuzilada.
A "DEZEMBRADA"
Em meadbs de 1868. no Brasil, em meio a grave crise pollri ca • Pedro 11, no
exercicio de suas prerrogativas constitucionais, chamou 0 Partido Conservador
para assumir 0 governo. Sentindo-se a vontade com seus companheiros de
partido no poder, Caxias escreveu ao bario de Muritiba, novo ministfo da
Guerra, expondo que 0 Paraguai nao constituia mais ameac;:a militar ao Imperio
e que so mente poderia fazer a "pequena guerra". Esta, argumemava, obrigaria
o Exercito imperial a marchar pelo interior do pais. devastado e despovoado
pela polftica de Lopez de retirar a populac;:ao civil frente aos avans:os aliados. As
[or<;:as brasileiras, raciocinava seu comandante, nao poderiam concar com fontes
locais para ohter alimentos, obrigando 0 Imperio a ter mais gastos com os
fornecedores argentinas de Vlveres, que cobravam prec;:os inflacionados. Para
Caxias. a honea do Brasil e seus aliados j;i estava vingada com as vitorias sobre
Lopez e a destruiyao do seu poderio militar. a marques concluiu sua
correspondencia com a defesa de que se buscasse negociar a paz, mesmo com
o ditador permanecendo no poder. to
As premissas de Caxias eram corretas. No plano militar, 0 Paraguai nao
mais representava ameac;:a. No aspecto financeiro. parte significativa dos gastos
brasileiros com a guerra decorria da aquisi<;:ao de mantimento s para as tropas,
alfafa para os cavalos, carvao para as caldeiras dos navios de guerra e de outros
suprimentos. Essas compras eram feitas nas Fontes rna is proximas da frente de
batalha, ou seja, na Argentina, principalmente em Corrientes, Entre Rios e
Buenos Aires; essas regi6es foram regadas com 0 ouro brasileiro. enriquecendo
seus comerciantes e criando mercado para seus fazendeiros. No caso da
alimenta<;:ao dos soldados. 0 Exercito imperial nao possula servis:O de intendencia
para tanto, e as refeic;:6es eram encomendadas a fornecedores, brasileiros ate
meados de 1866, quando foram substiruidos pelos argentinos Lezica e Lanus.
as soldados de infantaria recebiam refeic;:6es di:i.rias com carne fresca. farinha,
cafe, at;ucar, sal e furno, enquanto para os da cavalaria. quas e todos gauchos,
acrescentava-se erva-mate. as oficiais tinham dieta mais variada, pois eram
11
aquinhoados, nas refeic;:6es, com arroz, feijao, pao ou bolacha.
~,.
\
GUERRA DO PARAGUAI
275
H!ST(lRIA DAS GUI,!ill/\S
a custo de sustentar Exercito e Marinha longe do Brasil penalizava
finan,!as publicas. Era procedente 0 argumento de Caxias de que a as
. .d
c·
paz
po.up~r~a VI as e recu.rsos Ilna?~elrOS do Imperio. Sua proposta, inclusive,
cOIncldla ~om 0 deseJo da opmlao publica brasileira e, mesmo, com a do
novo . presldente dodConselho de Ministros, visconde de Itaboral ' qu e,
antenormente, quan estava oa oposi,!ao, lamentava que nao se negociasse
a paz. Pedro II, porem, comunicou a Caxias que a guerra terminaria so mente
com a expulsao de Solano Lopez do ParaguaL 12 Afioal, desde 0 infcio da
guerra,. 0 discurso oficial era 0 da derrubada de L6pez e, ap6s tantos sacrificio ~
n.egoclar a paz.comprometeria a Monarquia perante a popula,!ao brasileira e,
aInda, rnantena na fronteira urn inimigo em potencial.
Para 0 ~rado Monarquico brasileiro, veneer L6pez deixara de ser somente
uma necessldade militar, adquirindo significados politicos e simbolicos. Lendose a do.cum:nta,!a~ e a imprensa dos paises aliados, constata-se que no discurso
guerrelro nao havla rancor contra as paraguaios; a odio era canalizado contra
a figura de L6pez. Andre ToraI, ao esrudar a iconografia produzida sobre a
Guerra do Paraguai e constatar que havia, nas na,!6es aliadas, urn mercado
consumidor de imagens do conflito, observa que 0 inimigo era "conhecid~
pela~ fotos de .pri:ioneiros que [... ] , tioham rosto, fisionomias sofridas que
ll1Splfa:a~ maIS ~~edad~ que 6dio"Y A febre anti-Lopez se disseminou entre
as beasllelros. e fO! IOstrumento de mobiliza,!ao popular no esfon;o de guerra. 14
Nessas condly6es, a p~ com Lopez, sem dd-Io do poder, representaria uma
de.rrota para 0 Io:peno e a erosao do poder monarquico, no momenta do
aClrramenm da cnse politica brasileiea.
Perdida Humaita, LOpez recuou para teas do rio Tebicuari e instalou-se
e.m San Fern~ndo. Entre mar,!o e secembro de 1866, 0 dicador organizou
sImul~cros de Julgamentos contra pessoas acusadas de parricipar de uma suposta
conspIrayao co~tea ele, que ceria surgido em Assun'!ao, sob 0 impacto da
presen,!a de navlOS de guerra brasileiros na ba[a da cidade. Os irmaos e irmas
de LOpez foram acusados de conspiradores, assim como todos os homens com
condi,!6es intelectuais para substitur-Io no poder.
Essas viti mas, apos serem torturadas, confessavam-se culpadas e,
geralmeme, acabavam monas por lan,!as ou tiros. Urn dos fuzilados foi 0
general ~arrios, cunhado do ditador. Lopez indultou tres irmaos - Venancio,
Inocencla e ,RafacIa. -, mas ma~teve a condenayao de outro, Benigno,
executado apos ser ehlcoteado. Benigno era 0 mais peeparado intelectualmente
dos irmaos Lopez e, em 1862, Carlos Lopez 0 tinha indicado para, ap6s sua
morte. ocupar a cargo de presidente provisorio. Ao saber da nodda, Solano
Lopez fez 0 pai moribundo alterar 0 testamento e nomea-Io para essa funyao,
ue se tornOU permanente. Entre 31 de maio e 14 de dezembro de 1868, das
qessoas que morreram nas ptis6es paraguaias - os dlculos variam de 400 a 2
~il _, teeS quartos tinham sido acusadas de tealyao.
Para George Thompson, testemunha das execu<;:oes, L6pez tinha nao s6
objetivos polIticos mas, tambem, 0 de apoderar-se de todo 0 dinheiro que
existia no paIs, publico e de particulares, inclusive de comerciantes estrangeiros.
A apropriacrao de dinheiro do Tesouro paraguaio foi relatada aos aliados par
testemunhas locais. Vma delas, Angel BenItes, aspirante da Marinha, presenciou
a entrega de 28 mil patacoes em prata e 600 onyas de ouro, feita ao representante
diplomatico americano, general Martin MacMahon, as vesperas deste retirarse do Paraguai. IS MacMahon teria partido do Paraguai com esse ouro e prara
distribuidos em "trima e tantos caix6es pesadissimos", para os quais obteve a
prote'!ao da forcra brasildra, que, a essa altura. ocupava Assun,!ao.!~ a~ baus
nao poderiam ser revistados par autoridades aliadas sem causar grave mCldente
diplomatico com os Estados Unidos, cujo governo foi simpatico ao Paraguai
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durante a guerra.
Alem desse dinheiro, LOpez enviou outras quamias e, ainda, joias para 0
exterior, muito provavelmente por meio de dois navios de guerra, urn frances
e outro italiano. Entre outubro e novembro de 1868, essas belonaves iam e
vinham diariamente entre Palmas, ocupada peIos aliados, e a posi,!3.o paraguaia
de Angostura, na tentativa de redrar seus nacionais que ainda permaneciam no
Paraguai. Parte dos hens enviados por LOpez ao exterior ficou com a irlandesa
Elisa Alicia Lynch, sua companheira que, apos sua morte, se retirou para a
Europa. autra parte, ao que tudo indica, foi desviada por aqueles que tinham
servido de instrumento para retica-las do Paraguai.
Em meados de setemhro de 1868. Lopez recuou para 0 rio Piquissiri e
fortificou sua desembocadura no Paraguai. construindo 0 fortim de Angostura.
Primeira posiyao do novo sistema defensivo paraguaio, Angostura era cercada
par terrenos umidos e bosques, enquanto seus canh6es dominavam trecho
estreito do rio Paraguai, dificultando a a,!ao da Esquadra brasiidra. a lado
paraguaio buscava repetir as condicroes de guerra em torno de Humaiti, ism e,
imobilizar as aliados com base em s6lidas posi,!6es defensivas e com a vantagem
do terreno hostil. A essa altura, novembro de 1868, os aliados eram 31 mil
soldados _ 25 mil brasileiros, 5 mil argentinos emil uruguaios -, contra nao
mais que 18 mil paraguaios.
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HISTCJRI,\ DAS GUE!UV\S
GUERRA DO Pt\RAGUt\l
Os grandes combates de dezembro de 1868
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277
Caxias nao se deixou dominar pela 16gica do inimigo e implementou ousada
estrategia para arad-lo pela retaguarda. 0 Exerciw imperial marcharia pela
pantanOSO terrena do Chaco, do autro lado do rio Paraguai, e retornaria para a
margem seca do rio Paraguai, na altura de Villeta, arras das posi<;6es paraguaias. 0
Chaco, principalmeme naquela epoca do ano, era urn terreno alagadis:o tao hostir
que LOpez nao se preocupou em fortifici-Io, por nao parecer possIve! as aliados
passarem por ali com milhares de homens e armamento pesado. A engenharia
militar brasileira tomou isso POSSIVel ao construir, em 23 dias, uma estrada de 11
km, usando troncos de 6 mil palmeiras como pavimento e montando 5 pontes.
Os navios da Marinha transporraram, em 3 de dezembro, os soldados
brasileiros de Palmas, base aliada ao suI do rio Piquissiri, para 0 Chaco. Eles
marcharam durante 48 horas, praticamente sem descanso, sob chuva, e em muitos
trechos do percurso com agua pela cintura. Na manha do dia 5 foram
reembarcados, cruzaram rio Paraguai e desembarcaram em San Antonio, pouco
acima de Villeta. Essa tropa deveria marchar em direyao ao quarrel-general de
LOpez, em lta-Ivate, nas Lomas Valentinas, completando 0 cerco feiro pelas fors:as
argentinas e brasileiras, baseadas em Palmas, e pela Esquadra imperial.
No trajeto das fon;:as brasileiras ate Lomas Valentinas ocarreram as gran des
batalhas de Irororo (dia 6), Ava! (11) e Ita-Ivate (de 21 a 27), uma dessas
lomas. Tal seqUencia de combates ficou conhecida como "dezembrada". Foram
batalhas tao sangrentas e duras que a tropa brasileira tentou fugir da luta,
sendo necessaria, escreveu Caxias, "que eu abandanasse minha posi<;:ao de
general-em-chefe para canduzir ao fogo e a carga batalh6es inteiros, e corpas
de cavalaria, que ainda assim nem todos chegaram as fileiras inimigas". Segundo
ele, muitos oficiais brasileiros marreram nos combates, como conseqUencia da
indisciplina e falta d y combatividade de suas tropas. 17
A maior e mais decisiva dessas batalhas foi a de Ita-Ivate, inidada pelas
fon;as brasileiras comandadas por Caxias. As fon;:as aliadas em Palmas,
comandadas pelo g~neral argentino Gelly y Obes, fizeram uma as:ao diversionista
contra cerca de 3 mil paraguaios em Piquissiri, para evitar que socorressem 0
ditador. Em Id.-Ivate, 19.415 brasileiros enfremaram 9.800 paraguaios, parte
destes anciaos, invalidos e crian<;:as. A superiaridade era relativa, considerandose que os defensores, instalados em trincheiras no meio de matas, ocupavam
posis:ao vamajosa em rela~ao aos atacantes, obrigados a escalar a colina e fazendoo pelos dais desfiladeiros me1hor fortificados.
No auge da lura, caiu violento temporal, obrigando 0 ataque a ser
suspenso. Para manter 0 espirito de luta da tropa, evitando a debandada,
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271\
HIST<)R!:\ Dt\S (;lIERRAS
Caxias teve ~e arr,iscar-se em demasia. Durante a noire de 21 para 22 de
~ezembro, f01 obngado a conservar-se a cavala, sob chuva, percorrendo as
Imhas
para que as'
tropas nao debandassem,
18 Os sold d
b .d
a as b casl"I"
enos estavam
a ~tJ as ~ desorganI~ados e naD sem razao, pais marchavam e combatiam ha
q~Inze d,las, em ~elO a ~ar.ro e ehuva, sob calor intenso e sufocante, "mal
a lmentaclos, PIOC asslsudos [por socorro medico] e combatendo
valorosamenre, como testemunham as 8 mil homens fora de combate
era para acovardar ate urn soldado de ferro". 1<)
[ ... J
. As duas partes aproveitaram a tregua para receber refOf1tOs. Buscando
eVltar,a mo:t~n~ade que se anuociava, Caxias e Gelly y Obes, agora cam bern
em Ira-Ivare, lnrtmaram, n,o dia 24, Lopez arendis;ao; 0 que foi recusado or
esre comr uma resposta altlva
' 6 h oras, 11llClOu-se
...
p0
. e coraJ'osa. No dia 27 , as
atague a J,ad~; as paragualOs resistiram brayamente, 0 que nao os impediu de
serem amgudados e, tres dias depois, em 30 de dezembro, renderam-se as
1.30~ d~:fensores de. Ang?stura. Nos grandes combates de dezembro de 1868,
o Exerclto
fOl destrufdo ' enquanta do lado at"lad 0 pratlCamente
"
d d tparagualO
; .
meta e ? e etIvo brasi~eiro ~oi posta fora de combate, com 2.099 mortos e
7.980 feodos; os argentInos tIveram 99 mortos e 464 feridos S I
L'
pore fi . , . d E ' 0 ana opez
m, Ugltl a Vista a xercito aliauo. Persiste a dlivida se a fuga foi aCidental
ou se. resultou
de acordo secreto - para a qual ' contudo , nao
' se encontra
_
motlvas;ao
entre
Caxias
e
0 general MacMah
N
d
'
h 'd h'
on, a ocumentas;ao
can eCI a, a elementos para defender-se uma all outra explicas;ao.
A PERSEGUlc;:AO A L6PEZ
En~ I!.! .7e.janeiro de 1869, Assuns;ao, deserta, [oi ocupada e saqueada pelas
trolas raSI ~ll'as e, tambem, por aventureiros civis. Nesse mesmo mes, Caxias,
en en~?, :etIrou-se do Paraguai, sem aguardar autorizas;ao superior, atitude
du~ol.lmitada, em fevereiro, pelas cupulas do Exercito e da Marinha, A retirada
e ~las, b~m como a esgotamenta flsica das tropas e as perdas humanas e de
maten,al bellCa Ievaram a imobilizas;ao militar aliada ate meados de 1869,
Tam~em houve cerra relutancia, durante parte de janeiro, quanto a se Lopez
connnuava a guerra ou sc estaria se retirando para 0 exterior
a escolha
do sucessor de Caxias para 0 coman" do b raSI"I"
0
.
euo no
P Foi . diflcil
~ragual, s generals com capacidade para sucede-Io pertenciam quer ao Partido
onservador, quer ao Partido Liberal, e, no ambiente politico exaltado em
GUERRA DO PARAGUAI
'27')
que se encontrava 0 Brasil, nao era viavel nomear urn comandante com vfnculos
partidarios. A unica exces;ao seria Osorio, urn liberal que gozava de grande
popularidade, mas que fora seriamente ferido na batalha de Ava! - uma bala
arrancara parte do seu maxilar inferior - e, como conseqUencia, carecia de
condic;6es fisicas para assumir 0 comando,
Na busca de urn nome aceito pelos dais partidos politicos chegou-se ao do
conde d'Eu, marido da princesa Isabel, herdeira do Trono. Ele cinha alguma
experiencia militar, vista que estudara na Escola Militar de Segovia (Espanha)
e lutara no Exercico espanhol na Guerra do Marrocos. Nao era, na verdade.
experiencia suficiente para ocupar 0 cargo de comandante-em-chefe, mas seu
nome era 0 tinico disponfvel e, ademais, refors;aria 0 abalado animo da tropa,
pois reafirmaria que 0 Imperio levaria a guerra ate 0 final. Anteriormente,
d'Eu apresentara-se, por duas vezes, para ir a guerra e a governo imperial
recusara ambas as ofertas. Na primeira vez, em 1865, porque a presen,? do
principe no Paeaguai poderia causae desconfianc;as de objetivos expansionistas
do Imperio. Na segunda, em 1866, por nao ser digno 0 marido da futura
rainha subordinar-se a Caxias, inferior na hierarquia nobiliarquica. Em 1869,
porem, era 0 conde que nao queria ir para a guerra, sem termino previslvel, e
acabou par faze-Io praticamente foes;ado par Pedro II.
conde d'Eu assumiu 0 comando das forc;as brasileiras em 16 de .bril de
1869, Nesse momenta, 0 Exercico brasileiro no Paraguai contava com 26.620
soldados, dos quais 14.793 compunham as dois corpos de Exercito, 0 I!!.
comandado peIo general Osorio e 0 2fJ. chefiado pelo general QuintanilhaJordao.
Osorio, embora convalescente, havia cedido aos reiterados apelos do conde d'Eu
para que a acompanhasse. Ourros 2.748 soldados brasileiros permaneciam em
fusun'Yao e os demais estavam distribuidos por diferences pontos. Os argentinos
eram em numero de 4 mil, comandados pelo general Emilio Mitre, irmao do expresidente, e os seiscentos uruguaios, liderados pelo general Enrique de Castro.
A imobilidade militar brasileira permitiu a Lopez instalar-se a leste, em
Peribebuf, no coraS;ao da cordilheira. Ele improvisou urn exercita de 12 mil
a 14 mil pessoas, composto de soldados sobreviventes, bern como de garotas
e de velhos" Em 7 de julho de 1868, urn conselho de guerra dos chefes
aliados aprovou plano para cerca,lo nessa localidade, defendida por 2,4 km
de trincheiras, 18 canh6es e 1.800 homens. Os aliados atacaram-na com
quase 21 mil soldados, dos quais 19 mil brasileiros, 900 argentinas emil
uruguaios. Lopez retirou-se antes da chegada dos aliados a vila, evitando
expor-se no cambate.
o
"
GUERRADOPARAGUAJ
280
281
H1ST()RlA DAS GUERRAS
Na manha de 12 de agosto, a artilharia brasileira bombardeou Peribebuf
por duas horas, preparando 0 terreno para ataque. A desproporyao de forr;as
permitiu que em poueo tempo os aliados se apoderassem das trincheiras
inimigas, mas a combate continuou por outras duas horas; velhos, mulheres e
crianr;as atiravam paus, pedras, terra e qualquer outco objeto que pudesse ferir
os atacantes. Nao encontra justificativa militar LOpez sacrificar esses civis, uma
vez que se ate dezembro de 1868 ele ainda podia pensar em retardar 0 avanlfo
do inimigo na remota esperanlfa de urn acontecimento imponderaveI que
mudasse 0 curso do conflito, 0 mesmo nao ocorria nesse momento.
Em Peribebuf, ao final dos combates, as prisioneiros passaram a ser
degolados, por ordem, segundo varias testemunhas, do conde d'Eu. Os
degolamentos somente terminaram devido a interferencia do general Mallet
com 0 principe. Por outro lado, 0 ind:ndio do hospital de Peribebui, no qual
morreram muitos feridos e pelo qual varios auto res responsabilizam d'Eu, foi
acidental, tendo ocorrido como conseqilencia do fogo causado peIo bombardeio
da vila pelos canh6es brasileiros, no inicio do ataque.
Lopez penetrara ainda mais no interior, com alguma tropa. Em sua
perseguitfao, tcopas do 22 Corpo do Exercito brasileico, no qual havia soldados
argentinos, marcharam em direr;ao a Caraguatai e encontraram a retaguarda
do inimigo em retirada. Travou-se, entao, em 16 de agosto, a batalha de Campo
Grande, conhecida no Paraguai como Acosta-Nil, tristemente famosa por dela
terem participado, do lado paraguaio, grande nilmero de adolescentes, muitas
vezes disfarr;ados de adultos, com barbas postitfas, misturados a alguns soldados
verdadeiros. Na batalha enfrentaram-se 20 mil aliados e cerca de 6 mil
paraguaios, comandados por Bernardino Caballero. 20 Estes lutaram com a
habitual bravura, embora quase wdos fossem inexperientes em combate; a
parte composta de adolescentes nao tinha seguer estatura fisica para enfrentar
o inimigo, e, ademais, portava armas obsoletas. 0 resultado de oito horas de
Iota foi, do lado paraguaio, 2 mil mortos e 1.200 prisioneiros, enguanto os
aliados tiveram 26 morcos e 259 feridos. 21 Urn incendio na mata seca,
inicialmente provocado pelos paraguaios para encobrir, com fumar;a, suas
posir;6es defensivas, espalhou-se, devido apolvora de munir;ao que ficara pelo
terreno durante 0 combate, matando feridos tombados no chaoY
A partir de agosto de 1869, a guerra tornou-se, na verdade, uma car;ada a
Lopez, 0 qual tinha a seu favor unicamente a ignorancia dos aliados da geografia
do interior paraguaio. 0 inimigo principal do Exercito imperial, nas semanas
seguintes, foi, porem, a fome. Em virtude do fim de comrato de fornecimento
°
de mantirnentos com comerciantes argentinos, os soldados brasileiros ficaram
sem receber comida, causando graves problemas de disciplina.
fim da guerra estava proximo e LOpez acusou a existencia de uma nova
suposta conspiratf5.o para assassina-lo. Essa informatf5.o foi obtida mediante tortura
de seU irmio Venancio, que h:i cerca de urn ano era prisioneiro e, na longa retirada
para 0 interior, era arrastado nu, peIo chao, com uma corda amarrada na cintura.
£.ste aponto U como conspiradores, entre outCOS, as irmas, Inocencia e Rafaela, e a
propria mae, Juana Carrillo LOpez. Desde entao, Rafaela passou a ser torturada por
se recus a confirmar a participar;ao da mae, enquanto esta foi espancada com
ar
pan
de sabre. Houve executf5.o de dezenas de supostos traidores. Venancio
cadas
LOpez morreu antes de ser fuzilado, de exausrao, apos semanas em que foi ayoitado
diariamente, enquanto suas irmas foram salvas pelo final da guerra.
No inicio de 1870,0 general Camara, que se encontrava em Concepcion,
soube que Lopez estava em Cerro Cod e deslocou suas tcopas para esse ponto.
Nele, em 1Q de man;:o de 1870, a Cavalaria e a Infantaria brasileiras lutaram
contra duas ou treS centenas de soldados paraguaios. Lopez tentoU fugir a
galope, mas foi ferido mortalmente por urn golpe de tanya, no ventre, dado
pelo cabo Francisco Lacerda, conhecido por Chico Diabo. 0 ditador caiu nas
margens do arroio de Aquidaba, com os pes dentra d' agua e, estando nessa
posi<;:ao, 0 general Camara intimou-o a render-se, obtendo como resposta a
[rase "nao the entrego a minha espada; morro com a minha cspada e pela
minha patria". Urn soldado brasileiro tentaU tamar a espada, caindo 0 ditador
na ag e, nesse momento, autro soldado, que estava atras de Camara e a sua
ua
revelia, disparou urn tiro, acelerando a moIte de LopezY
o
;\:
CUSTOS E CONSEQOtNClAS
Os numeros sobre 0 cusro humano da Guerra do Paraguai atnda sao
polemicos. Os mais aceitos sao que, do lado aliado, 139 mil brasileiros estiveram
na guerra, dos quais 50 mil morreram, dois terr;os como conseqUencia de doenr;as
e nao de combatesY Dos 5.583 uruguaios que lutaram no inkio do conflito,
morreram 3.120, enquanto dos 30 mil argentinos que participaram dos combates,
18 mil morreram ou [oram feridos. Sabre 0 Paraguai, em 1988 Vera Blinn Reber
publicou estudo allrmando que 0 pais tinha entre 285.715 e 318.144 habitantes
em 1864 e que suas perdas, durante 0 conflito, foram de no maximo 58.857
pessoas. Estudo mais recente, publicado em 1999 par Whigham e potthast,
2112
GUI;;RRA])OPARAGUAI
1-!lSn)R1;\ DAS GUERMS
afirma que 0 Paraguai tinha entre 420 mil e 450 mil habitantes antes cia guerra. A
partir da descoberta de urn censo realizado em 1870, esses autores concluem que
a populalfao paraguaia nesse ano seria algo entre 141.351 e 166.351 pessoas, uma
redulfao entre 60% a 69% em re1acrao a 1864. Esse numero deve ser vista com
cautela, quer porque 0 censo de 1870 foi realizado por urn Esrado desorganizado
e com escassos recursos para tal rarefa, quer poc nao considerar pessoas ainda
refugiadas nas maras ou, ademais, a grande migracrao de paraguaios fugindo da
miseria para a Argentina e, em menor escala, para 0 Mato Grosso.
Para 0 Imperio do Brasil, a guerra causou gastos de 614 mil contos de reis,
valor equivalenre a onze vezes 0 on;amenro do governo brasileiro para 1864. 0
conflito irrompeu quando a economia brasileira se encontrava em crescimento,
o que demandava a modernizalfao e amplialfao de sua infra-estrutura de
comunicalfoes e, ainda, mais mao-de-obra para satisfazer as necessidades da
agroexportalfaO. A guerra desviou recursos humanos e financeiros das arividades
produtivas, faro que levou 0 barao de Coregipe, importante poHtico conservador
da cpoca, a lamentar que e1a atrasava 0 Brasil em "meio seculo".25
A Guerra do Paraguai representou urn marco na hisr6ria dos quatro paises
que a rravaram. No Brasil, 0 Estado Monarquico mosrrou-se no auge do seu
poderio, constiruindo-se no principal sustentaculo militar, diplomatico c
financeiro da Triplice Alianlfa. Esse esfOIlfO, porem, catalisau as contradilfoes
politicas e sociais da sociedade monarquica, como 0 demonstram 0
desenvolvimento do republicanismo e a crise do sistema escravocrata. Criou,
ainda, urn Exerciro forte, que adquiriu, nos campos de batalha, idenridade
propria, desvinculada da Monarquia, depondo-a com 0 golpe republicano de
15 de novembro de 1889.
Por Otltro lado, a dificuldade em socorrer militarmenre 0 Maro Grosso
tambem levou a romada de consciencia da situalfao de isolamento Fisico do
Oeste brasileiro, 0 que resuIrou, a lange prazo, no esfon:,;:o de integralfao Fisica
dessa regUio com 0 Sudeste do pais.
Quanto a Argentina, 0 conflito contribuiu para a consolidalfao do
Estado cenrralizado, enquanro 0 Uruguai emergiu dos an os de luta com
institui~6es mais fones.
o
Paraguai, derrotado, perdeu os territorios que disputava com Argentina
e Brasil e assisriu ao fim do Esrado aurorira.rio e patrimonial, 0 que nao
significou, porem, que as novas instituiyoes, suposramenre liberais,
conrribufssem para 0 desenvolvimenro do pais. 0 Brasil manteve sob sua
influencia os governos paraguaios ate 1904, quando uma revolulfao liberal
283
"
. ira vinculando-o politicamente aArgentina, cu)a
d' da de 1870 Ademais, 0 Paragual e
aCasto U opals da orblta braslie ' .
r;
.
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d paragua" na c c a ·
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E d t mp6es entre a Argentina e 0 Brasl ,
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que continuararn a flY .1Z~r rr.0 cla'
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.
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. S 1 L6pez morreu Bartolome ltre VIU
mesmo os do lado vencedor.. Franoscod 0 anodo nas elei.,oes 'ptesidenciais de 1868
seU candiclato, Rufino de Ehzalde , ser re:rora ·nado em Montevideu. No Brasil,
Vi
CIO Flores rOl assasSI
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al '
e, nesse mesrna ano, e;~ P aguai e Pedro II foi deposto ..Foram vItlmas, em
Caxias voltou amargura 0 0 ar b
e n-ao conseguiram se readaptar a
b
ex-com atentes qu
dos mortOS em ~om at~ 0.5 al'd de diferentes nacionalidades, que foram, no
vida civil e os milhar~ e mv I os, ~ d rote~o e do respeito de que eram
maximo, objeto de pledade, masdnao a p
erra foram os comercianres,
d ganha otes com a gu
r
merecedores. A s gran es
.
d mantimentos e VIyeres para as rors:as
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dores argentmos e
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principalmente os omeee
. b '1' e os fabricantes europeus e armas.
· d as, paro'cularmente ao Exerclto rasl euo,
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NOTAS
.
G
d P ruguai Sao Paulo. Brasilienst', 1979, p. 165.
{d' amerlcano: a uerra 0 a
,
. d J .
enoe !O
..
d
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•
284
GUERRADOPARAGUAI
HISTC1Rlt\ DAS GUERRAS
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