Texto 4 - FAC Moelabs
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HIST6RIADAS GUERRAS Demetrio Magnoli (organizador) «!D ed itoracontexto GUERRA DO PARAGUAI Francisco Doratioto j 1I A Guerra do Paraguai foi 0 conflitO internacional de maior durac;:ao e, possivelmente, 0 mais mordfero travado na America do Sul. Teve caracteristicas ineditas, quer devido as condic;:6es geograficas do territ6rio paraguaio, oode ocorreram as combates a partir de 1866; quer pela utilizac;:ao de novas tipos de arma e muniyao, resultado de inovac;6es tecno16gicas decorrentes do avaoc;:o cia industrializac;:ao na Europa enos Estados Unidos; quer, ainda, pelas condic;:6es poliricas em que se desenvolveu a guerra. Nesse aspec{Q, destacam-se as dificuldades de relacionamento no alto comando aliado e a carater ditatorial do Estado paraguaio, 0 que permiriu a Francisco Solano L6pez vincular 0 destino cia sociedade paraguaia a sua trajet6ria pessoal. as cinco anos de guerra influenciaram a configura<;:ao e 0 destino das sociedades que a travaram. A partir da decada de 1970, predominou a teo ria de que a Guerra do Paraguai fora causada pelo imperialismo britanico. Par essa explica<;:ao, a Paraguai era urn pais governado, desde a sua Independencia, par homens autorid.rios _ Jose Gaspar Rodriguez de Francia, Carlos Antonio Lopez e Francisco Solano L6pez -, que nao se submeteram ao dominio das grandes potencias e promoveram 0 bem-estar do povo. A Gra-Bretanha seria a responsivel pela guerra, quer para por fim a urn precedente perigoso, de desafio a seu domInio sobre a America do Sul, quer para abrir 0 mercado paraguaio, tanto a consumidor para as produtos industriais briranicas quanto a fornecedor de algodaa para a industria textil britanica. Partanta, a governo bridnico teria <{- .'.-"'''''"~~~~:t\l';,.if,;~t;gLl.:i<':~:':~'.'-'-.. GUERRA DO p/l.RAGUAI usado 0 Imperio do Brasil e a Argentina para levar a guerra ao Paraguai. e a rentariva de desenvolvimenro autonomo paraguaio. Nas palavras de um aurores que dcfendem essa teoria, "0 modelo de liberta'Yao que nos prapunha. com grande eficiencia a Paraguai da merade do seculo XIX, as imperialismo ingles desrrufram".1 Essa [eoria carece de logica, alem de nao rer rela'Yao com a realidade hisr6rica e invenrar urn Paraguai que se desenvolvia sob a lideran'Ya de Urn ditado r "progressista", Francisco Solano Lopez, em desafio ao dominio brit:1nico. Tal reoria e resuirado do momento hisrorico das decadas de 1960 e 1970, quando o mundo vivenciava a Guerra Fria e 0 Cone SuI rinha governos militares. Predominou, entao, na analise da Guerra do Paraguai, uma verrenre de pensamento marxista que desprezava a democracia ("burguesa"), por assoda_ la ao capiralismo, e tinha como referencias as ditaduras "socialistas" (Uniao Sovietica, China e Cuba). Compreende-se, porranto, 0 ataque dessa teo ria a "a'Yao imperialisra" e a crftica ao desempenho dos chefes militares, pois urn deIes, Bartolome Mitre, foi expoente do liberalismo argentino e, no Brasil, Caxias e Tamandare rornaram-se, respecrivamente, parronos do Exercito e da Marinha. Por Outro lado, a aprescnta<;ao positiva do Paraguai totalirario, supostamente progressista, quase "socialista", de Solano L6pez, tern paralelismo na Cuba da diradura de FideI Castro, isolada no continente americano e hostilizada peIos Estados Unidos. 0 regime cubano, naquelas duas decadas, cOntava com a simpatia de boa parte dos intelectuais da esquerda latino-americana, a qual via qllase exclusivamente na explora'Yao imperialista a causa da pobreza da America Latina. Essa interpreta<;ao nao se SllStentou, diante de pesquisas de diferentes hisroriadores. Em 1983, as paraguaios Juan Carlos Herken Krauer e Maria Isabel Gimenez de Herken demonstraram que, ao contrario, a Gra-Bretanha se beneficiara do iimirado processo de moderniza<;ao paraguaio, implementado a partir de fins da decada de ] 850 e restriro a aspec[Qs militares. 0 Paraguai importava produros manufaturados e tecnicos britanicos para operar a unica ferrovia do paIs - ligava Assunc;ao, a capital, ao grande acampamento militar de Paraguari -, e para olltras constrw;:6es de carater militar (arsenal, fundi'Yao e abras de cleresa), Os govern os de Carlos Antonio L6pez e de seu filho Francisco Solano Lopez tinham conrracado a empresa inglesa Blyth & Co. como seu agente para comprar annamento na Europa, a fim de nela treinar jovens paraguaios 255 a irem aO Paraguai. Por meio dela, 0 Estado s 870 de 250 tecnicos europeus, tecnicos europeu par 1850 e 1 , cerca contratou, entre W'll. K Whyte head tornou-se os Destes 1 lam . .11' . 200 b ntalliC. , . no Exercito, Wi lam h· hefe do Estado paragualO, enquanto, "- hefe e George Thompson engen elfO-C . . se tornou Clrurglao-C , . d 1863 relar6es diplamaticas com 'I peu em malO e , Y d ' . Imperio d 0 BraSI rom , d Q _ Christie restabelecen a-as h d . d 'chama a uestao '. ' a Gra-Bretan a eVl 0 ~d d d I s da rainha Vitoria, 01to meses apos 's,O!1CLen« apos receber pedl 0" e escu Pa,. sponsabilizaro imperialismo eera. Como se ve, carece de 1oglca re . "d o wfcw a gu d confUto . ingles pdo desencadear 0 . . pals agricola atrasado; 0 regIme Na realidade, 0 Parag~al era. uI,r;n sim 0 de uma ditadura para - . h "sentldo sOCIa , mas, , E d auwritario nao tin a E m a famIlia utilizava 0 sta 0 d Solano Lopez, ste, co ' 1 dos manter no po er l ' d se apropriava de parte dos ucros gera como propriedade pessoa e, am a, . ' t de particulares. 0 isolamento 'd d rapecuaria e extratlVlS a . (1814 as ag 'd d J ' Gaspar Rodriguez de FranCia Pel ativ! a es ' obad!ta ura ease 'd anterior d 0 palS, s A' m aceitar sua III epen d"enCla, I d a de Buenos ltes e , 1d 1840), resu toU a recus . .d d I java ser 0 polo reartlcu a or, pois a burguesia mer~a~tll dessa ~.l a~ae ~o~~rritorio do antigo Vice-Reino nn. forma de Hma repubhca centra ~ .1.' manutenya o da ditadura de O isolamenro raCI ltOU a do Rio d a Prata. A 'L"pez outro governante Carlos ntonlO v , d Francia, mas seu su~essor, b I t do Paraguai, aproximando-se 0 '1 fi ao Isolamento a so u 0 h ' ditatona, pos 1m . d te obtevc;r 0 recon eClmento Imperio do Brasil e, com 0 apolo . es '· ,. da abertura do Paraguai 'd d" paragua1a. O mlClO internacional da 111 epen enCla hecimento e pela liberayao de d d f' f Tt da por esse recon para 0 mun 0 .01 aCIl,a la Confederayao Argentina, ap6s a que a, em navega<;ao do flO Parana pe e 1852, do ditador Juan Manu~l dd Rdos as '50 0 governo de Carlos Antonio 18 , ' de meadasdadecaa .eA A partlf d ' arao ocoereu b' aslcamente mo ermz T d · Paragual L6pez buscou mo d ermzar 0 .. . I te da Gra-Bretanha, on e 'I· T do-se pnnclpa men I . com libras obtidas pe a no plano mt nar, utl Izan , omprava equlpamentos contratava tecmcos e c . . -0 defensiva de Lopez era drs pnmanos A preocupaya E d d exportayao e pro u ~ . : . h a Republica Argentina, sta 0 S dOIS malO res Vlzm os, d' , em re Iayao a seu I ,. d BrasiL Com esseS 01S palses, 'd m 1862 e 0 mpeno 0 l' ' centra1izad 0 cna 0 e ' . .f... al 'm de existir urn abismo po mco. disputava terntunos, e . . ''o Estad 0 paragualO . B'l funcionavam mstltUlyOes 'I Na Argentma e no raSt 1 • ideo16gico a separa- os. 1 inorinirias das respectIvas liberais, embora acesslveis apenas a parce as m A A • ~ ;:k¥'*f";v;.;:;;,,.;r< GUERRA DO PARAGUAl 256 257 HIST()IUA DAS GUERRAS no Uruguai os partidos Colorado e Nacional ou Blanco. Os colorados tinham como base social principalmente os comerciantes de Montevideu e defendiam a livre comercio e a livre navegac;::ao dos rios platinos. Estes eram prindpios tambem defendidos pela poHtica externa brasileira, po is a provlncia de Mato GrosSO estava isolada par terra do resto do Brasil e a unica forma de a Rio de Janeiro manter contato regular com ela era por meio da navegayao fluvial: navios penetravam no estuario do Prata, singravam os rios Parana e Paraguai, passando por Assunc;::ao, ate chegar a Cuiaba. Compreende-s e, assim, a convergencia politica entre 0 Imperio do Brasil e os colorados. Ja os blancos representavam os grandes proprietarios de terra, que tinham afinidacles com os pecuaristas da outra margem do rio da Prata, nas provlncias argentinas. Explica-se, porranto, Rosas haver apoiado militarmente e tutelado as foryas do lfder blanco Manuel Oribe, na guerra civil uruguaia que se esrendeu de 1838 a 1851. A criac;::ao da Republica Argentina alterou esses eixos politicos regionais, po is seu primeiro presidente, Bartolome Mitre, assim como outros liberais perseguidos por Rosas, exilara-se em Montevideu nos anos 1840 e lutara ao lado dos populayoes. No Paraguai, nem esse minima, pais era impossivel 0 individuo divergir do governo e inexistiam imprensa privada, particlos pollticos, juizes independentes, e 0 Legislativo era uma ficr;ao. Este nao se reunia por anos a fio e, quando 0 fazia, era por convocar;ao do Executivo para ratificar decis6es governamentais. AS PE<;:AS DO TABULEIRO PLATINO Ern 1862, marceu Carlos Antonio Lopez e sucedeu-o urn de seus filhos, Francisco Solano L6pez, ministro cia Guerra, que se tornall 0 nOvo ditador. A poHtica externa de Carlos L6pez fora caurelosa e habit, enquanro a de Solano Lopez foi ousada e inabil, a ponto de calocar 0 Paraguai, simultaneamente, em posic;:6es conflitantes com os governos argentino e brasileiro. Do lado argentino, nesse momento, decidia-se a consolidac;::ao do Estado nacional, ap6s cinco decadas de instabilidade polftica e guerras civis, resultantes do esfon;:o da burguesia mercantil de Buenos Aires de impor seu dom{nio sobre as provlncias do interior. 0 projeto dessa burguesia era 0 da organizac;::ao polltica nacional centralizada, enquanto as oligarquias regionais defendiam urn Estado federalista, como forma de garantir sua dominac;::ao local e suas riquezas, evitando a criac;::ao de impostos nacionais. Nesse contexto, Solano L6pez estabeleceu relac;::6es com a oposi~ao federalista ao presidente Mitre, principalmente das provincias de Corrientes e Entre Rios; 0 expoente oposicionista era 0 caudilho entrerriano Justo Jose Urquiza. cornercio exterior dessas peovIncias escapava ao conteole de Buenos Aires ao utilizar-se de portos do Uruguai, governado peIo presidente Bernardo Berro, do Partido Blanco. Montevideu era alternativa passIve! tam bern para 0 comercio exterior paraguaio, 0 que facilitou a aproximac;::ao entre L6pez e Berro. Este enfrentava, desde 1863, a guerra civil desencadeada por Venancio Flores, do Partido Colorado, 0 qual era apoiado por Mitre e, ainda, por fazendeiros gauchos com propriedades no Uruguai, cujos interesses tioham sido prejudicados par medidas do governo blanco. A independencia do Uruguai havia sido viabilizada pela interferencia britanica, ap6s tees an os de guerra (1825-28) entre a Imperio do Brasil e as Provfncias Unidas do Rio da Prara pela posse desse territ6rio, que fora anexado por D. Joao VI ao imperio luso-brasileiro. Ap6s a independencia, surgiram coloradas contra as blancos. No Brasil, por outro lado, ap6s duas decadas de governos conservadores, o Partido Liberal rctornou ao poder em 1862. 0 e;overno liberal viu-se logo desmoralizado no plano externo, ao ser obrigado, sob a ameac;::a de bombardeio do Rio de Janeiro pela esquadra briranica, a pagar indeniza y6es por saque a navio ingles naufragado no suI do Brasil ("Questao Christie"). Assim, 0 governo imperial estava fragilizado para resistir aos pecuaristas do Rio Grande SuI, base liberal na provlncia, que pressionavam por uma intervenc;::ao brasileira em favor do rebelde Flores. 0 governo imperial temia perder a controle sabre essa provincia meridional que, entre 1836 e 1844, se separara do resto do pais (foi a Repltblica Rio-grandense), bern comO em deixar apenas 0 governo argentino recolher as beneficios de uma vit6ria colorada na guerra civil uruguaia. 0 Imperio promoveu a intervenyao no Uruguai, iniciada com 0 envio, em maio de 1864, de Jose Antonio Saraiva em missao especial ao Prata, apoiada por uma esquad ra de guerra comandanda pdo vice-almirante Tamandare. Pda primeira veZ, coincidiam as interesses de Brasil e Argentina nas quest6es platinas. presidente Berro, por sua vez, desde que chegou ao poder, em 1862, procurou se libertar das ingerencias argentina e brasileira em sell pais. Iniciada a sublevayao de Flores, a diplomacia uruguaia buscou aliar-se com a Paraguai, o o i 1 q £ J:&l"'\f·,'tL _~,...,;:2M'~~~iiL:L;':~~'~,:b:: ___ .c .. 2,'ill GUERRA 1)0 PARAGUAI 1-I!Sn"JRI.Ij DAS GUERRI\S uma iniciativa nunca aceira formalmente ou rechac;:ada por Solano Lopez, aqua! se associariam os federalistas argentinos. Em agosto de 1864, 0 Imperio brasileiro ameac;:ou intervir militarmente no Uruguai para defender os brasileiros ali instalados, caso nao fo ssem punidas autoridades locais autoras de supostas violencias Contra eles. 0 governo imperial buscava, na verdade, urn pretexto para fazer essa intervenyao e foi alertado por Solano Lopez de que, se ela ocorresse, haveria reac;:ao paraguaia. 0 ditador paraguaio fora convencido pelas acusac;:6es fantasiosas da diplomacia uruguaia, segundo a qual a Argentina e 0 Imperio compartilhavam 0 plano secreto de por fim a independencia do Uruguai, dividindo-o entre si e de que, em seguida, se voltariam contra 0 Paraguai. Lopez colocava-se em posic;:ao de confronto com 0 Rio de Janeiro e Buenos Aires, confiando no pressuposto dos apoios de Urquiza e do governo blanco e na superioridade militar do Paraguai, que contava com urn exercito mais numeroso que os dos pafses vizinhos somados. A essa altura, os governos brasileiro e argentino rinham se posto de acordo sobre 0 Uruguai. A afinidade ideol6gica inedita entre esses dois govern os, pela primeira vez simultaneamente em maos de liberais, facilitava a concordancia, baseada em interesses poIrticos concretos. Do lado do governo brasileiro, considerava-se que a estabilidade polltica interna dependia cambem de atender os interesses da poderosa elite gaucha no Uruguai. Na Republica Argentina, por sua vez, Mitre, para consolidar 0 Estado centralizado, deveria anular eventuais apoios externos aos federalistas. Para tanto, 0 presideme argentino pensava ern uma alianc;:a estrategica com 0 Imperio no Rio da Prara. A coopera!fao entre ambos facilitaria estabilizar politicamente a regiao, pondo firn as guerras civis que amea!favam a unidade argentina. Mitre nao podia, porem, defender essa poHtica em publico, po is daria 0 pretexto para uma rebeWio federalista. As diplomacias argentina e brasileira estavam de acordo entre si quanto a situayao no Uruguai e avaliaram que 0 Paraguai nao iria alem do apoio rerorico ao governo blanco. Enganavam-se. Em outubro de 1864, tropas brasileiras invadiram territ6rio uruguaio, enquanto 0 vice-almirante Tamandare, coman dan do uma esquadra de guerra, apoiava ativamente a rebeliao de Flores. No mes seguinte, 0 navio civil brasileiro Marques de Olinda, que fazia a linha comercial ate euiaba, foi aprisionado logo ap6s partir do porto de Assunc;:ao e, no final de dezembro, tropas paraguaias atacaram 0 Mato Grosso, supreendendo 0 Imperio. a territ6rio tornado ia A 259 ofens iva Areas Territ6rio declarado t=J argentino peloTra/ado da Trfplice Alianqa ; ~ entre Arr1.entina e :. ~ Paragua! BRASIL MATO GR()SS'O/ ARGENTINA .. 1.00 " " 200km ~ GUERRA DO l'ARAGlJAI 2Ml 261 H1STOR1A DAS GUERRAS alem daquele em lidgio entre 0 Brasil e 0 Paraguai e facil foi sua ocupar;ao peIos 7.700 soldados paraguaios, pois a provincia maco-grossense dispunha de apenas 875 soldados do Exercito e pouca menos de 3 mil guardas nacionais, sem capacidade de combate. Garantida sua retaguarda ao norte, 0 plano de Lopez era avanc;:ar sobre 0 Rio Grande do Sui, em direc;:ao ao Uruguai, onde suas fon;:as derrotariam as tropas brasileiras que la se encontravam, de pouco menos de 10 mil soldados (0 efetivo total do Exercito Imperial era de 18 mil homens). Essa vit6ria significaria para 0 Paraguai colocar 0 Imperio de joelhos, impondo-Ihe fronteiras e arrancando-lhe outras cancess6es. Faria isso sob 0 argumento da defesa cia inciependencia uruguaia, e contando com 0 apoio do governo blanco, bern como dos federalistas argentinas. 2 Contudo, em fevereiro de 1865, a novo presidente uruguaio. 0 tam bern blanco Tomas Villalba, pressionado peIos comerciantes da cidade, prejudicados pelo bloqueio de Montevideu peIa Marinha imperial, assinou acordo de paz com 0 enviado brasileiro Jose Maria da Silva Paranhos, futuro visconde do Rio Branco. PeIo acordo, Flores ascendeu a presidencia. Apesar das novas circunsrancias, LOpez nao alterou seu plano original. Em abril de 1865, a provfncia de Corrientes foi invadida por 22 mil soldados paraguaios comandados pdo general Wenceslau Robles. Dais meses depois, outra coluna paraguaia, com 12 mil homens, comandada peIo coronel Antonio de Ia Cruz Estigarribia, invadiu 0 Rio Grande do SuI. Lopez imaginava que seria vista como Iibertador, nao como invasor, pelas populaC;6es de Carrientes e de outras regi6es do interior argentino, que se levantariam a seu favor. A coluna de Robles deveria marchar para 0 suI, ajudar a depor Mitre e, em seguida, se unir a forc;a de Estigarribia para atacar as forc;as brasileiras que estavam no Uruguai. Planejava-se uma verdadeira "guerra reIampago": a rapidez do avan~o e a superioridade numerica permitiriam a vitoria paraguaia sabre a tropa brasileira no Uruguai e sobre 0 proprio Imperio. Este estaria sem condic;6es de reagir rapidamente. po is dispunha de apenas 8 mil soldados como for~a reserva e, ademais, espalhados peIo territorio brasileiro. Nao foi 0 que ocorreu, pois apenas parte da populac;ao de Corrientes viu com simpatia a forc;a paraguaia. Urquiza tambem recuou no apoio a LOpez, para evitar que Entre Rios tivesse seu comercio paralisado ao ser submetida ao bloqueio naval imposto peIa Marinha imperial ao Paraguai. 0 poderio naval brasileiro se impos, definitivamente, em 11 de junho de 1865, quando a improvisada Marinha de Guerra paraguaia foi praticamente destrufda na batalha travada no rio Parana, proximo afoz do Rjachuelo. Desde enta~, 0 Paraguai ficou submetido a eficiente bloqueio. impedido de receber armamento e munic;ao pelo Prara e fazer comercio externo • exceto por precirios cantatos atraves da BoHvia. A TRiPLlCE ALIANc,:A E 0 RECUO PARAGUAIO Ate a invasao de Corrientes, 0 Imperio buscava alternativas para enfrentar ffiilitarmente 0 Paraguai. Era impossIvel fazer, a curto prazo, uma operac;ao para desalojar os paraguaios do Mate Grosso, provincia quase isolada por terra. Nao era viavel agir contra os paraguaios em Mato Grosso a comec;ar de Sao Paulo que, embora a mais de 2 mil lan, era 0 local mais proximo da regiao invadida que contava com infra-estrutura para se organizar urn exercito de milhares de homens. Essa hipotetica forc;:a, quando atuasse em Mate Grosso, teria de reabastecet-se de suprimenros belicos e vlveres na capital paulista, por urn precario e longo trajeto, atravessando sert6es despovoado s e desprovidos 3 de recursos, em uma jornada que durava seis meses au mais. Em marc;o de 1865. 0 Imperio mandou ao Prata seu novo enviado especial, Francisco Octaviano de Almeida Rosa. Tinha instruc;6es de colaborar para fortalecer 0 governo de Flores e de constatar de quais recurSOS dispunha a Uruguai para apoiar 0 Brasil na guerra contra 0 Paraguai. As instfuC;6es determinavam que 0 "objeto principal" de Almeida Rosa quanto a Argentina era 0 de conseguir que seu governo nao dificultasse as operac;6es do Imperio contra Solano Lopez. 1 Almeida Rosa foi surpreendido pela viabilidade de assinar uma alianc;a ffiilitar com a Argentina, como consequencia da invasao paraguaia a Corrientes. Em 1.Q de maio de 1865, em Buenos Aires. os representantes da Argentina, do Brasil e do Uruguai assinaram 0 Tratado da Triplice Alianc;:a contra 0 Paraguai. texto do acordo era secreta, mas tornou-se publico em 1866 devido a uma copia, obtida pela Chancelaria uruguaia e incluida em relat6rio sabre a situaC;ao no Rio da Prata apresentado peIo governo briranico aO Parlamento. Esse tratado estabeIecia a alian~a militar contra 0 Paraguai, maS af'irmava que a guerra era contra Francisco Solano Lopez e naa 0 povo paraguaio. Determinava que a lura terminaria somente com a retirada do ditador do palS, que a paz nao seria tratada isoladamente, mas em conjunto pelos tres paises aliados. e somente com 0 nova governo que se instalasse em Assunc;:ao. As fronteiras entre a Paraguai e as paises aliados tambem eram estabelecidas o i'" 1 (~ GliERRA DO PARAGUA! 263 H!STc'lR1A D,\S GUERRA$ pelo Tratado de 12 de Maio, sendo definidos como argentino todo a territ6rio do Chaco, a oeste do rio Paraguai - ate a fronteira com Mato Grosso - e as Missoes, enquanto seria brasileiro nao s6 0 territ6rio historicamente litigioso, como tambem entre este e 0 rio Igurei. No final das contas, terminada a guerra, 0 Imperio do Brasil conteve-se no limite que reinvidicava desde a decada de 1840 e, man tendo sob virtual tutela os governos paraguaios, a diplomacia imperial trabalhou para que a Argentina nao se apossasse de todo 0 Chaco. a fracasso dos pIanos militaces de Lopez ocorreu nao's6 pela rendic;::ao dos blancos de Montevideu. pela defw;iio de Urquiza e pela assinatura da Trfplice Alianc;::a. Parcela de responsabilidade coube adeplora.vel atuac;::ao dos comandantes das colunas invasoras de Corrientes e do Rio Grande do SuI. A invasao do .territorio gaucho foi verdadeiro passeio, tal a facilidade com que os paragualOs avanc;::aram de Sao Borja ate Uruguaiana. A frigil resistencia brasileira decorreu do despreparo militar gaucho, resultante das lutas politicas entre membros dos partidos Liberal e Conservador, das quais participavam os chefes militares locais. Tal era 0 caos polftico e militar em que se encontrava o Rio Grande, que Pedro II foi a provincia: somente com sua presenc;::a a situac;::ao foi controlada, contando, para tanto, com 0 rcforc;::o de tropas argentinas e uruguaias. a coronel Estigarribia, parem, desabedeceu as instru<;:6es de nao entrar nas cidades gauchas e de avan<;ar diretamente para 0 Uruguai. Necessitava de mantimentos e ingressou em Uruguaiana, onde sua tropa se imobilizou, pais, deslumbrada com os produtos do comercio local, dedicou-se ao saque, dando tempo as forc;::as brasileiras de sitia-Io. Enquanto isso, a tropa paraguaia de vanguarda, comandada pelo major Duarte, que descia pela margem direita do ri~ Ur.uguai, foi batida na batalha de ]atai pelas fon;as do general Flores. Foi a pnmelfa decrota terrestre paraguaia desde a inkio da guerra, e Estigarribia rendeu-se a Pedro Il, em setembro, a vista das forc;::as aliadas. Em Corrientes, Robles tarnbern desobedeceu as instru<;6es recebidas e, em lugar de rnarchar para 0 suI, rumo ao Uruguai, acabou se irnobilizando. Era urn general inexperiente e, especula-se, ficou aterrorizado com a fato de ser comandada peio lendario Urquiza a tropa argentina que teria de enfrentar. I~seguro, Robles imobilizou suas tropas, mergulhou no alcool e passou os dJaS embebedando-se; foi destituido em 23 de julho de 1865 e fuzilado por tral<;ao em 8 de janeiro do ana seguinte. Robles tinha sido incompetente, mas nao traidor. " Fracassado seu plano ofensivo, Solano LOpez ordenou 0 retorno de suas fon;:as de Corrientes para 0 paraguai, a que ocorreu entre 31 de ou~ubro e 3 ~e novembr~. A travessia deu-se na confluencia dos rios Parana e Paraguat., conheclda c?mo ~res Bocas, sem que os paraguaios fossem incomodados pda ~squadra l~~enal, comandada por Francisco Manuel Barroso da Silva. Este fOI alvo de cntl~, 0 mesmo ocorrendo com seu superior, Tamandare, que permanecia em Buenos ~res. A ina<;iio decorreu de Barroso niio dispor de carta hidrogd.fica da calha fluv~a1_ do rio Parana nem ter urn pratico que conhecesse 0 letto do no. Nessas condlyoes, subir com as navios ate aquela confluencia seria arriscar encalha-los au a serern i I I destrufdos pela artilharia inimiga. As carnpanhas do Uruguai e de Corrientes redunda~am em verdadeiro desastre para 0 Paraguai. Foram perdidas tropas bern trem,acias, e as que se retiraram de Corrientes 0 fizeram desrnoralizadas e doentes. Ao norte, porem, as invasores permaneceram em Mato Grosso, pois nao podiam ser eficazmente atacados. Prova-o a tentativa do governo imperial de socorrer a provincia, com uma coluna enviada de Sao Paulo, que, ao ingressar em Maw Grosso, em meados de 1865, contava com 2.080 soldados e chegou a invadir territ6rio paraguaio. A col una foi rechac;::ada e perseguida pelos paraguaios ate comec;:o de junho de 1867, quando eles se deram ~or satisfe~tos: re~tavam a~e~as setec~ntos combatentes brasileiros. Esse acontecImento fOl descnto no dasslCo A retlrada da Laguna, da visconde de Taunay. as paraguaios retiraram-se ~e ato Grosso somente em abril de 1868, para reforc;::ar a frente sui, ondese decIdla 0 resultado 0 da guerra. o SISTEMA DEFENSIVO PARAGUAIO Em fins de 1865,0 sentido da guerra estava invertido: aos aliados cabia a ofensiva. Nao era faci!, porem, aos paises da Triplice Alianc;:a organizar, treinar e levar urn grande exercito ate a fronteira com 0 ?araguai. ~ maior res.ponsabilid:de cabia ao Imperio do Brasil, por ser, entre as altados, o. palS com r:n alOr populac;::~o, mais recursos materiais e financeiros, bern como a umco a possulr uma verdadeua Marinha de Guerra. Apesar de ser 0 Brasil 0 aliado mais poderoso rnilitarmente, ainda assim 0 cornando-em-chefe do Exercito da Tdplice Alianc;:a coube ao general Mitre, par considerac;::6es de ordem politica. Para a Imperia.' 0 ~omando ~o presidente argentino era uma forma de demonstrar, aos demals paises, que naa havia na guerra intenc;:ao expansionista brasileira. i Ij ! • GUE.RRA DO PARAGUAJ 264 265 H!ST()R.!I\ DAS GUERRAS Mitre, porem, nunca foi aceito de forma plena pelos chefes militares brasileiros, que desconfiavam, injustamente, de sua lealdade. Habit na politica, conviveu com essa realidade. A situayao se tornava aioda mais complicada porque as fOf(;as brasileiras careciam de unidade de camando; eram divididas em dois carpos de Exercito, comandados pelos generais Osorio que, ferida em combate, foi substitufdo por Polidoro Quintanilha jordao, e pdo marques de Porto Alegre; e pda Esquadra, comandada por Tamandare. Eles tinham a mesma parente, nao havendo cadeia hierarquica, e os tres se dirigiam, mas nem sempre obedeciam, ao comandante-em-chefe aliado. Tamandare e Porro Alegre pertenciam ao Partido "Liberal e eram avessos a Mitre, que tinha 0 apoio de Polidoro, do Partido Conservador. Essas circunstancias retardaram a invasao aliada do Paraguai e, mais tarde, dificultaram a rornpimenro do sistema defensivo de Humaita, As caracteristicas geogrificas paraguaias restringiam as ops:6es de invasao dos aliados, pois faziam com que a navegacrao do rio Paraguai Fosse a unica via de acesso a Assunyao. A conquista da capital inimiga normalmente significava 0 frm de uma guerra e foi esse 0 objetivo milirar principal da estrategia aliada. 0 plano consistia em aproveitar a superioridade da Marinha imperial para utilizar os rios Parana e Paraguai como vias de transporte de tcopas e suprimentos, de modo a penetrar no territorio inimigo. A infantaria e a cavalaria invadiriam 0 suI paraguaio, na confluencia desses dois rios, e marchariam em direcrao a Assunyao, mantendo-se proximas da margem do rio Paraguai, de modo a viabilizar seu reabastecimento e 0 apoio dos canh6es da Marinha imperial, A navegayao do rio Paraguai era, porem, conrrolada pda fortaleza de Humaita e a estrategia aliada exigia que os navios brasileiros e as tropas aliadas anulassem a poderosa forti6car;ao. Ela se encontrava a cerca de 20 km do Passo da Patria, ponto onde se daria a invasao aliada, e a aproximadamenre 10m acima do nivel do rio, conrando com mais de uma centena de canh6es. Possula, ainda, uma trincheira de cerca de 13 Ian a protege-lao A. sua volta havia, ainda, dais pantanos (Bellaco e Rojas), profimdas lagunas e carric;:ais, diffceis de serem penetrados. Somente na epoca da seca as panranos e lagunas baixavam, aparecendo urn pequeno trecho de terrena solido, que se estendia da fortaleza a Tah{, mais ao norte. Do outro lado do rio, em freme a fortaleza, encontrava-se 0 Chaco, que proximo da margem do rio era pantanoso, com vegetacrao espessa. Havia urn sistema defensivo, que tinha !tapim, as margens do Parana, no Passo da Patria, como primeira fortificac;ao, e ao norte, ja no rio Paraguai, estavam dispostas, em seqiiencia, as posiy6es de Curuzu, Curupaiti, Humaira (a mais poderosa e centro de operaqSes), Timb6 e TahL ~i.i ! a plano de ataque adotado pelos aliados foi 0 mais logieo, embora de dificil execuc;:.ao. De urn lado, exigia, eoordenayao entre as foryas naval e _ a que, a epoca, era uma novidade para a qual os ofieiais terr estre cornandantes nao possuiam treinamento - e uma inexistente harmonia no comando aliado, Esses oficiais e seus congeneres paraguaios tam bern tiveram de aprender a travar a guerra com a [fopa entrincheirada, valorizando a infantaria e artilharia, quando, ate entao·, os conflitos internacionais no Prata duravam meses, nO maximo, e eram decididos principal mente por cargas de cavala . Tambem tiveram de combinar, nem sempre com exito, antigas ria formas de combate, que vinham das Guerras Napoleonicas, com 0 impacto das inovacr6es tecnologicas no armamento e nas comunicac;oes. Assim, a artilharia aliada possuia os novos can hoes raiados, mais precisos e com maiot alcance, que utilizavam munic;ao conica, explosiva, em lugar de bolas de ferros. 0 mesroO tipo de munic;ao era urilizado pelo s fuzis aliados, enquanto parte da tropa paraguaia utilizava fuzis mais antigos, menos eficientes. A superioridade tecnol6gica cia artilharia aliada era em parte anulada, pois, devido a eScassez de terrenos secos, suas baterias dificilmente podiam ser colocadas nas melhores posic;oes. 0 suI e 0 sudeste do Paraguai eram tetritorios com extensos trechos alagados, 0 que favoreceu a acrio defensiva dos soldados paraguaios, que conheciam as uilhas c podiam entrincheir:u-se nas posic;:oes mais favoraveis para emboscar e resistir aos invasores. Ademais, apos ciecadas de isolamento paraguaio do exterior, inexistiam mapas detalhados do interior do pais, obrigando os chefes militares aliados a travarem a guerra as ceg , baseando-se em informacroes imprecisas Ou erroneas. Por £lm, outra as difieuldade era a de que uma forya atacante deveria ter 0 dobra - ou, em condi<;oes mais dificeis, como no caso do territorio paraguaio, 0 triplo - dos soldados inimigos, e os aliados chegaram a ter, no maximo, 0 dobra de tropas em condi 6es de combate, Essas vantagens defensivas explicam , em grande y parte, a longa durac;ao do conflito. No inkio de 1866, Lopez ja nao podia veneer a guerra, po is estava bloqueado no interior do continente, sem acesso aos centros fornecedores de armas e enfrentando tres paises superiores demog rafica e economicameme, que, alem di.sso, dispunham de acesso maritimo aO resto do mundo. A unica possibilidade de Lopez evitar a derrota seria 0 rampimento da Trlplice Alianya, o que isolaria a Brasil, privando-o do reforcro das tIopas argentinas e do acesso aos portoS no rio Parana. Grac;:as a sua s6lida posic;:ao defensiva, adisposic;:ao de combate de suas tropas e aO ferreo controle sobre a populayao paraguaia, Lopez GUERRA DO PARAGUAl 266 267 HrSH'JR1A DAS GUERRAS persistiu nas apostas de aguardar 0 rompimenro d a al°lanc;a ou - espera d esesperad.a! _ de ocorrer alga imponderavel qu e airerasse a seu l:ravor a g nc;a uerra. EIe se eqUlvocou nas duas apostas. o IMPASSE DlANTE DE HUMAITA Id Em d 17. ded'abril de 1866 ,as [.o[(;as arlad as, aproxlmadamente 65 mil ~ os, mva lram 0 Paraguai, atravessando 0 rio Parana elo P A primeira tropa a passar, brasileira, era comandad; polo . s no, que se expos - alias, como em outros _ de forma a Imprudente, Os ali ados ocuparam a posic;ao de Itapiru e avan ar qu:e o acampamento paraguaio em 11" d c; am so re . Ulun, on e esperavam enfrentar por volta d 30 01" e mt llllmlgos. Lopez, porem, ordenou sua evacuac;ao S b .. do Exercito aliado ali se in al em com ate, permmndo que parte P' . 0 st asse, enquamo outra parte ficou no Passo d atrlao 2 acampamenro de Tuiuri era uma pequena area seca, com menos d: 1~ km , cercado, P?r ~olo pantanoso, coalhado de juncos com mais de 2 m d a cura, onde 0 1I1lmigo podia se esconder Nao era 1 ' ' e de urn exerciro, quer razoes Ness d par~ mana ras; mas era 0 unico disponlvei proximo de Humaita d . e pe ac;o e terra, por quase dois anos viv .era~, per eram as esperanc;as e morreram milhares de soldados aliados " enpmm Constant, que lutou na guerra entre 1866 e 1867' , ass!m resumlU as condic;6es aliadas em Tuimi: 0 so ~a~!ao m~mentos ~~a::::ento ~rande ~or ;:s:e;~ sa~i~:~i;;,o:~~:op~ra~lr: B Nao podcs fazer ideia dos imensos e variado d . . nos. Nao falo dos recurs os bll' S ~ecursos e que 0 Paragual dlsp6e contra ICOS, que nao sao muitas . aproveirados: falo dos recursos . Al' d ' posta que multo bern banhados e d ' . naturalS, em e ser territorio cobertO de mara de . , e pantanos Imensos, [emos as epidemias as ' ,. ' COl '. aguas peSSlmas, a calor excessivo que queima, que asfixia no verao Al . eomoquegeanolJ1verno Na h' . . em dlsso, reuniram-se aqui numa intima al'lan!fa contra nos " todas0 as apragas aqUi melo-termo. do mundo. S ° Foi ' batalha travada na America do Sui. N d em d Tuiuti 24 d que . ocorreu a malOr vora a e e maIO del 866 a r r a cerca de 24"1 " n ecedOd 1 0 por rago preparatorio de artilharia m! paragualOs atacaram 32 ' 1 1 d ml a 1a os compostos de 21 '1' b '1' rasl el[OS, 9.700 argentinos e 1 300 ur ' '. mr estava em numero de 8 500 " u.gua,lOs. A cavalana dos atacantes ,multo supenor as poucas centenas de aliados d . al 0 :~~t:it~t'p~~: ~~~~~rllaadsoo'ba superioridade da arcilharia aliada era esmagadora , re os atacantes. o plano de ataque de Lopez era inovador, uma vez que USOll a cavalaria na fase inicial da batalha, para dar uma vantagem que pudesse ser decisiva, quando o pensamento militar da epoca era de que essa arma Fosse utilizada para flnalizar os combates, Em Tuiuti, havia urn obscaculo de terrena entre 0 atacante e os aliados, e, para contorna-Io, LOpez executoU a manobra de ataque em quatro colunas, de modo a con tar com a rapidez e a vantagem da surpresa. 0 resuhado de cinco horas e meia de combate foi desastroso para 0 lado paraguaio, que teve cerca de 6 mil morcos e 7 mil feridos, enquanto do lado aliado, os marcos foram 996 e os feridos, 3 mil. Em Tuiuti, 0 Paraguai perdeu 0 melhor de seu Exercito, os soldados mais fortes e experientes. A derrota resultou de falhas de comando: a distribuic;aa de fo[(;as entre as colunas foi desproporcional a tarefa planejada para cada uma; seus comandantes eram corajosos, mas inexperientes e nao sabiam manobrar em campo de batalha, 0 que permitiu aos aliados manterem suas pasic;6es; os atacantes flcaram entregues a propria sorte, sem coordenac;ao, pois faltava urn comando unificado; uma das colunas paraguaias atrasou-se na marcha, fazendo com que 0 ataque rivesse inkio com cinco horas de atraso, ja durante 0 dia, 0 que reduziu 0 fator-surpresa. Os aliados nao aproveitaram a vitoria de Tuiuti para promover ac;ao dpida e decisiva contra 0 inimigo desarticulado, perseguindo-o e, talvez, alcan~ando seu quartel-general. Impediram-na as divergencias no comando aliado e 0 desconhecimento do terreno, Somente em setembro de 1866, apos varias delibera~6es entre Mitre, os comandantes brasileiros e 0 general Venancio Flores, decidiu-se por uma a~ao de grande envergadura, contra Curupaiti. Localizada logo abaixo de Humaid., a forcaleza de Curupaiti era defendida por uma trincheira, com fosso de 4 m de largura por 2 ID de profundidade, alt!ID de urn mura com 2 m de altura. No seu interior havia entre 4 e 5 mil soldados e cerca de noventa canh6es, parte deles apontados para 0 rio e parte para a terra. Em 22 de setembro de 1866, a Esquadra brasileira bombardeou, durante horas, essa posic;ao, cuja artilharia permaneceu ilesa, uma vez que, por estar 9 m acima do nlvel do rio. as bambas brasileiras caham alem dela, devido ao angula de tiro dos navios. Contudo, acreditando ter sido bem-sucedido no bombardeio, Tamandare deu 0 sinalliberando para 0 ataque os 20 mil aliados, com as efetivos de argentinos e brasileiros quase equivalentes, Eles avanC;aram lentamente, retardados pela barro - chovera na noite anterior -, tornando-se aIvos faceis; durante horas, Slicessivas colunas atacantes foram dizimadas. numeros sobre as perdas aliadas variam, conforme a fonte consultada, entre as GliERRA DO P/\RAGUAl 268 Opera~6es aliadas em tarno de Humaita (1866-1868) '.7!hI2.11.67 " Linhas defensives paraguaias ____ Avam;o afiado Laureles 20.2.68 '. i I ---- /_._ :,,:~." / 'Estabelecimento C H AC 0 . . . . . ...· f ~1.2.68 " Humaita <"",1 ',,,, : \'1 •• "'......... --....... ! .' /o-f.i.1. Curupaili I . ,-iJ Curuzu 2.9.66 , ~ \ •• , ..'"..\ ./ .-.) .. J .. \ 3.8.67 : "'.'. 22.10.66 I" 21.3.68 \ \ . , ~aosolano. .~.' 'sf. i! 26') HIST(JRlA Oi\S GUERRAS '\ : ., ... ./. "~~',, ... -~ ~ TUIU-CUt , .---" .30.7.67 : I. \.• ./ TUIUTI V~67 23.4.66 PASSO DA PATRIA r Rio pr;lranc\. ITAPIRU ARGENTINA ~,o.",,,,,, R"'~ ... 'o lo'lor, , ! " "" 4 mil e 9 mil mortos, divididos igualmente entre brasileiros e argentinos. 0 certo e que 0 numero de mortOS paraguaios nao chegou a cern. A retumbante derrota em Curupaiti expos as divisoes do comando aliado e inviabilizou de vez a relac;:ao entre Mitre e Tamandare. a governo imperial, chefiado pelo liberal Zacarias de Goes e Vasconcellos tomOU, entaO, decisoes drasticas: unificou 0 comando brasileiro e nomeou 0 marques de Caxias para o cargo de comandante-em-chefe do Exercito brasileiro no Paraguai e 0 vicealmirante Jose Ignacio substituiu Tamandare nO comando da Esquadra. Caxias tinha feito bem-sucedidas carreiras militar e polfti ca - na realidade, ambas cosrumavarn andar juntas a epoca -, sendo 0 general de maior prestigio do Imperio e, ainda, urn dQs senadores mais influentes do Partido Conservador. Era urn sacrificio pessoal para ele, ja sexagenario, que poderia optar por permanecer no conforto do Rio de Janeiro, aceitar 0 comando de urn exercito que vinha de fragorosa derrota, desorganizado e desmoralizado. Caxias chego u ao Paraguai em 17 de novembro de 1866; formalmente, subordinava-se a Mitre. Desde sua chegada e durante todo 0 ano de 1867,0 marques ocupou-se principalmente de reorganizar a forc;:a terrestre brasileira, reequipando-a, restabelecendo a disci pI ina, substituindo 0 criterio poHtico peIo profissional ao nomear os comandantes de tropas, e treinando, em plena frente de batalha, civis rcccm-incorporados ao Exercito. Estes nao aumentaram 0 efetivo, apenas substituiram os monos em Curupaiti e outrOS 4 mil que faleceram em decorrencia da epidemia de calera que atingiu 0 acampamento aliado ate maio de 1867. Conseguir homens para ir ao Paraguai foi urn problema, nao so no Brasil como tambem na Argentina e nO Uruguai. No Imperio, havia uma forc;:a de reserva do anemico Exercito, a Guarda Nacional, cujos rnembros, oriundos de setores sociais com renda, fugiram ao cumprimento do clever utilizando-se dos mais variados subterfUgios. Ji 0 recrutamento para 0 Exercito era diflcultado por urn sistema de isenc;:6es legais que impedia 0 alistamento militar de varios setores, como os proprios guardas nacionais e, entre outrOS, empregados publico , comerciarios, arrimos de familia, funcionarios dos telegrafos e s religioso . Para 0 servic;:o militar, seguiam os individuos considerados social mente s indesejaveis. as governos provincial e central careciam cle condis:oes para impor o recrutamento, "dependendo da boa vontade dos chefes locais, que procediam a selec;:ao dos recrutas segundo as conveniencias poltticas regionais".6 Como conseqiiencia da dificuldade em recrutar, 0 governo imperial criou, ja em janeiro de 1865, os corpos dos Voluntarios da Pa.tria, oferecendo vantagens ~r 27(1 HIST()IU,\ DAS GUERR,\S financeiras aos que se apresentassem para a uerra E _ g I . m 1865, nao faltaram volundrios, como resultado da indO G' 19nas:ao popu ar contra os ataqu M .:rrosso, VIStoS como trairoeiros e ,'n]' ustmca 'r d os b em como I es 'a- ato ")' que 0 conflito seria breve Quando e t ' . . pe a convlcs:ao de ;' • sese mostrou malS dIff '1 d d ' Cl , os ver a eIros vo 1untanos escassearam e as autoridad b 'I' ~ es Casl elras tomaram m d'd d" , para obte-Ios, entre elas a de conced era I'b d d e l as a lClOnals 1 er a eaescravosd' . Para a ~uerra. Nas provincias, para atender as solicitas:oes do ISpOSto.s a lre.m c. governo lmpenai d e envlO de mais homens para o Paraguar,. 101 comum . I' ' d . _ a sItua<,;ao po Itlca promover verdadeira cas:a aos memb como se fossem voluncarios. cos a oposl<,;ao, enviando-os para a guerra Soldados negros, ex-escravos ou nao lut . argentino, paraguaio e uruguaio Para ' . a~am :o~ exercltos brasileico, de ex-escravos combatentes os lib t 0 p:squllsa or 0 erto Salles, 0 numero tropas. A imagem de que 0 Exercit~r i os, n~o u trapassou 10% do conjunro das do equlvoco de pensar que todo mpenal era composto por escravos resulta 'I negro era escravo (A po 1 rasl era minorira.ria em 1864. " . pu as:ao escrava no B no pafs 8 milhoes de hornen ' ~. pnmel: censo .brasileiro, de 1872, registrava milhoes negros Oll mulatos _ : e:els; ~~_qllals ~,8 milh6es brancos e 4,2 Ate meados de 1867 _ . ,ml ao 0 numero de escravosF. 1 d . ' nao ocorreram operas:pOlS paraguaios e aliados nao tinham c d' _ d oes mllt~reS e envergadura, n o Exercito argentino perdera boa parrod Is:oes c e,promove-las. No lado aliado, c . e e seu eretIvo que ac h M' em revereJro desse ano, para sufoca b 1'-' o~panN araE ' Itre, 'I' r uma re e lao na Argenn ' raSI elfO, era grande 0 nume d d na, 0 xerclto co e oentes nos hosp't' d Id d .b lncorporados que ainda est d' I alS e e so a os recemavam sen 0 tremado AI; d' , chegada de reforro do novo 3' C d E ; ' s. em ISS0, aguardava-se a ")' , orpo e xerClto qu d ' peIo gen~ral Osorio no Rio Grande do Sul. , e estava sen oorganrzado Caxlas, comandante-em-chefe aliado interino . h b ' tIn a colocado as fars:as brasileiras em eondiroes razo ' 'd ")' avels e com ate e reeeb C d . Ih era a rerors:o 03.2 Corpo d e Exercito , Em 22 d e JU 0, avans:ou com 28 mil sold d 2 ' . 6,016 argentinos e 600 uru' gualOs - pe 1a retagua d a. os, . 1.521 b brasdetros, breeha para ataear Humaira. Deixou em 11' . d / a InlffiIga, uscando uma ] 1.031 homens. Nesse momento 0 e6 .UlUtI, e ~n~endo a base de opera<,;oes, era de 50 526 h d' etlvo do Exerclto brasileiro no Paraguai . omens, estan 035 831 estavam doentes e 4 118 . ~rontos para 0 combate; outros 10,557 A h I' d' _ ocupavam pos 1s:6es administrativas. marc a a Ia a nao levoll, porem a urn I' Descobriu-se, entao, a linha eondn d' 6 'fi po~to vu neravel do inimigo. forman do urn grande cam ua. he ~rtl tca<,;oes que defendia Humaid., po entne elrado com forma geometrica de GUERRA DO PARAGUAI 271 quadrilatero, Apos marcha de 60 km, Caxias ocupou, em 29 de julho, TuiuCue, ao norte dessa fortaleza. Dais dias depois, Mitre reCOrnou a frente de batalha, reassumiu 0 comanda aliado e constatoU que as tropas aliadas tinham praricam ente cercado Humaita, ao buscar a brecha que permirisse ataca-la. Para completar 0 cerco, ordenou a continua¢o do avanyo ate a posis:ao paraguaia de TahI, as margens do rio Paraguai. Ao mesmo tempo, para isolar Humaid. tambem par agua, planejava que a Esquadra imperial subisse 0 rio, enfrentando o fogo de sua artilharia. 05 movimentos das forr;as terrestres e fluviais seriam simult<meos e seu encontro em Tahf finalizaria 0 cereo. Caxias discordou do plano e defendeu que a passagem da Esquadra por Humaid. deveria ser antecedida peIo movimento das forps terrestres. Desse modo se garanriria, acima dessa posiyao, apoio logistico aos navios, os quais, em caso contrario, estariam isolados e vulneraveis aos inimigos emboseados nas margens. Decidiu-se, aflnal, que se faria a passagem, mas, devido a vulnerabilidade do navios de madeira, somente os encouras:ados 0 fariam, levando vlveres suflcientes para atender as necessidades das tripula<,;oes por dois meses e munic;:ao para as foryas terrestres. o vice-almirante Jose Ignacio acreditava que se a Esquadra passasse por Humaica, sem que as for<,;as terrestres pudessem assegurar-Ihe, mais aeima, uma base de reabastecimento, seus navios flcariam bloqueados. Tal qual Tamandare anteriormente, tambem Jose Ignacio desconfiava que Mitre desejava expor a Esquadra ao fogo inimigo, causando sua destruis:ao, de modo a facilitar, no futuro proximo, a supremacia argentina no Prata. Foi com essa convic~ao que, em 15 de agosto, esse almirante ultrapassou Curupaiti, sem maiores dificuldades, com dez encourac;:ados. Constatou-se, enta~, que na altura de Humaica tres correntes se estendiam de uma margem a outra do rio, com a finalidade de impedir a passagem das belonaves brasileiras. Em lugar de cumprir a ordem de Mitre e ultrapassar essa posi~ao, Jose Ignacio ancorou seus navios numa enseada, fora do alcance dos canh6es dessa posiylo inimiga. Durante seis meses os encouras:ados brasileiros permaneceram entre Curupaiti e Humaica. bombardeando-as sem grandes conseqilencias. Tab, foi ocupada em 2 de novembro de 1867, e, no dia seguinre, Lopez tentou conter 0 avanyo dos aliados, com ataque audacioso a Tuiuti. Oobjetivo era 0 de tomar canh6es raiados, dos quais os paraguaios nao dispunham, e obrigar os sitiadores de Humaid. a recuarem para socorrer sua retaguarda. Na madrugada de 3 de novembro de 1867, entre 8 mil e 9 mil paraguaios atacaram Tuiuti, surpreendendo militares e civis comerciantes dormindo, e avan~aram GUERRA DO PARAGUAI 272 27~ H1STORlt\ [)AS (;UERRAS ate 0 centro do acampamemo, onde se encontrava a tropa brasileira. Apos duro combate, os atacantes tiveram 2.734 mortos e 155 deles foram aprisionados, enquamo os aliados tiveram 294 mortos. Como sempre, a ousadia de Lopez custava a vida de seus bravos soldados, sem reverter 0 destino cia guerra. A segunda derrota paraguaia em Tuiuti pbs fim a possibilidade de romper-se 0 cerco aliado a Humaid.. Em janeiro de 1868, 0 general Mitre partiu do Paraguai para reassumir a presiclencia na Argentina. uma vez que 0 vice-presidente. Marcos Paz, havia morrido. Caxias tornou-se, enta~, comandante-em-chefe aliado, cargo que poucos meses depois deixaria de existir. No inicio de 1868, os ali ados continuavam sitiando Humaid., cujos defensores ainda podiam sustentar a posic;:ao por receberem suprimentos atraves do territorio do Chaco, do lado oposto do rio Paraguai. Foi necessaria ordem expressa do governo imperial para, mnal, 0 comando da Esquadra enviar, contra sua vontade, uma divisao naval para ulrrapassar a fortaleza e impor seu dominio sabre 0 rio ate Assunc;:ao. Isso ocorreu em 19 de fevereiro de 1868, sem perdas para os navios encoura<;:adas, comprovando que Mitre tinha razao na polemica que travara com as chefes militares brasileiros. as navios, em missao de reconhecimento, chegaram no dia 28 desse mesmo mes a baia de Assunc;:ao, que fora evacuada de sua populac;:ao. trocaram alguns tiros com a arrilharia que defendia a cidade e se retiraram. Em marc;:o de 1868, Humaid. foi evacuada por Lopez e 0 grosso de seus defensores parriu, em brilhante operac;:ao, sem serem detectaclos pela Esquadra brasileira. Permaneceram na forraleza 3 mil homens, comandados pelo coronel Martinez, 0 qual, sem meios para continuar a resistir, evacuou-a em julho. Humaid. nao foi, porranto, tomada pelas armas e os aliados, ao entrar, constataram que haviam sido exageradas as avaliac;:6es sobre sua capacidade defensiva. 8 Talvez essa fortaleza tivesse sido ocupada antes, com desdobramentos favod.veis ao encurtamento da guerra, nao fossem os problemas de relacionamemo entre os chefes militares brasileiros e Mitre. Ap6s evacuar Humaid., seus ultimos defensores instalaram-se no Chaco. Foram cereaclos por tcopas brasileiras e combateram, entre 26 de julho e 5 de agosto, com grande bravura. Renderam-se, no final, 1.324 homens, que foram levados de volta a Humaita, permitindo-se aos oficiais prisioneicos manterem suas espadas, em sinal de reconhccimento de sua coragem. Lopez, porem, em lugar de admitir a superioridade aliada, culpou 0 coronel Martinez pela perda de Humaid., sob o· argumento de que poderia resistir ate outubro, e acusou-o de trai¢o por se render. Retaliou contra a esposa de Martlnez, Juliana Insfrin, que se encontrava no acampamemo do ditador e que se recusou a renegar 0 9 marido. Tambem acusada de traic;:ao, Juliana foi chicoteada e fuzilada. A "DEZEMBRADA" Em meadbs de 1868. no Brasil, em meio a grave crise pollri ca • Pedro 11, no exercicio de suas prerrogativas constitucionais, chamou 0 Partido Conservador para assumir 0 governo. Sentindo-se a vontade com seus companheiros de partido no poder, Caxias escreveu ao bario de Muritiba, novo ministfo da Guerra, expondo que 0 Paraguai nao constituia mais ameac;:a militar ao Imperio e que so mente poderia fazer a "pequena guerra". Esta, argumemava, obrigaria o Exercito imperial a marchar pelo interior do pais. devastado e despovoado pela polftica de Lopez de retirar a populac;:ao civil frente aos avans:os aliados. As [or<;:as brasileiras, raciocinava seu comandante, nao poderiam concar com fontes locais para ohter alimentos, obrigando 0 Imperio a ter mais gastos com os fornecedores argentinas de Vlveres, que cobravam prec;:os inflacionados. Para Caxias. a honea do Brasil e seus aliados j;i estava vingada com as vitorias sobre Lopez e a destruiyao do seu poderio militar. a marques concluiu sua correspondencia com a defesa de que se buscasse negociar a paz, mesmo com o ditador permanecendo no poder. to As premissas de Caxias eram corretas. No plano militar, 0 Paraguai nao mais representava ameac;:a. No aspecto financeiro. parte significativa dos gastos brasileiros com a guerra decorria da aquisi<;:ao de mantimento s para as tropas, alfafa para os cavalos, carvao para as caldeiras dos navios de guerra e de outros suprimentos. Essas compras eram feitas nas Fontes rna is proximas da frente de batalha, ou seja, na Argentina, principalmente em Corrientes, Entre Rios e Buenos Aires; essas regi6es foram regadas com 0 ouro brasileiro. enriquecendo seus comerciantes e criando mercado para seus fazendeiros. No caso da alimenta<;:ao dos soldados. 0 Exercito imperial nao possula servis:O de intendencia para tanto, e as refeic;:6es eram encomendadas a fornecedores, brasileiros ate meados de 1866, quando foram substiruidos pelos argentinos Lezica e Lanus. as soldados de infantaria recebiam refeic;:6es di:i.rias com carne fresca. farinha, cafe, at;ucar, sal e furno, enquanto para os da cavalaria. quas e todos gauchos, acrescentava-se erva-mate. as oficiais tinham dieta mais variada, pois eram 11 aquinhoados, nas refeic;:6es, com arroz, feijao, pao ou bolacha. ~,. \ GUERRA DO PARAGUAI 275 H!ST(lRIA DAS GUI,!ill/\S a custo de sustentar Exercito e Marinha longe do Brasil penalizava finan,!as publicas. Era procedente 0 argumento de Caxias de que a as . .d c· paz po.up~r~a VI as e recu.rsos Ilna?~elrOS do Imperio. Sua proposta, inclusive, cOIncldla ~om 0 deseJo da opmlao publica brasileira e, mesmo, com a do novo . presldente dodConselho de Ministros, visconde de Itaboral ' qu e, antenormente, quan estava oa oposi,!ao, lamentava que nao se negociasse a paz. Pedro II, porem, comunicou a Caxias que a guerra terminaria so mente com a expulsao de Solano Lopez do ParaguaL 12 Afioal, desde 0 infcio da guerra,. 0 discurso oficial era 0 da derrubada de L6pez e, ap6s tantos sacrificio ~ n.egoclar a paz.comprometeria a Monarquia perante a popula,!ao brasileira e, aInda, rnantena na fronteira urn inimigo em potencial. Para 0 ~rado Monarquico brasileiro, veneer L6pez deixara de ser somente uma necessldade militar, adquirindo significados politicos e simbolicos. Lendose a do.cum:nta,!a~ e a imprensa dos paises aliados, constata-se que no discurso guerrelro nao havla rancor contra as paraguaios; a odio era canalizado contra a figura de L6pez. Andre ToraI, ao esrudar a iconografia produzida sobre a Guerra do Paraguai e constatar que havia, nas na,!6es aliadas, urn mercado consumidor de imagens do conflito, observa que 0 inimigo era "conhecid~ pela~ fotos de .pri:ioneiros que [... ] , tioham rosto, fisionomias sofridas que ll1Splfa:a~ maIS ~~edad~ que 6dio"Y A febre anti-Lopez se disseminou entre as beasllelros. e fO! IOstrumento de mobiliza,!ao popular no esfon;o de guerra. 14 Nessas condly6es, a p~ com Lopez, sem dd-Io do poder, representaria uma de.rrota para 0 Io:peno e a erosao do poder monarquico, no momenta do aClrramenm da cnse politica brasileiea. Perdida Humaita, LOpez recuou para teas do rio Tebicuari e instalou-se e.m San Fern~ndo. Entre mar,!o e secembro de 1866, 0 dicador organizou sImul~cros de Julgamentos contra pessoas acusadas de parricipar de uma suposta conspIrayao co~tea ele, que ceria surgido em Assun'!ao, sob 0 impacto da presen,!a de navlOS de guerra brasileiros na ba[a da cidade. Os irmaos e irmas de LOpez foram acusados de conspiradores, assim como todos os homens com condi,!6es intelectuais para substitur-Io no poder. Essas viti mas, apos serem torturadas, confessavam-se culpadas e, geralmeme, acabavam monas por lan,!as ou tiros. Urn dos fuzilados foi 0 general ~arrios, cunhado do ditador. Lopez indultou tres irmaos - Venancio, Inocencla e ,RafacIa. -, mas ma~teve a condenayao de outro, Benigno, executado apos ser ehlcoteado. Benigno era 0 mais peeparado intelectualmente dos irmaos Lopez e, em 1862, Carlos Lopez 0 tinha indicado para, ap6s sua morte. ocupar a cargo de presidente provisorio. Ao saber da nodda, Solano Lopez fez 0 pai moribundo alterar 0 testamento e nomea-Io para essa funyao, ue se tornOU permanente. Entre 31 de maio e 14 de dezembro de 1868, das qessoas que morreram nas ptis6es paraguaias - os dlculos variam de 400 a 2 ~il _, teeS quartos tinham sido acusadas de tealyao. Para George Thompson, testemunha das execu<;:oes, L6pez tinha nao s6 objetivos polIticos mas, tambem, 0 de apoderar-se de todo 0 dinheiro que existia no paIs, publico e de particulares, inclusive de comerciantes estrangeiros. A apropriacrao de dinheiro do Tesouro paraguaio foi relatada aos aliados par testemunhas locais. Vma delas, Angel BenItes, aspirante da Marinha, presenciou a entrega de 28 mil patacoes em prata e 600 onyas de ouro, feita ao representante diplomatico americano, general Martin MacMahon, as vesperas deste retirarse do Paraguai. IS MacMahon teria partido do Paraguai com esse ouro e prara distribuidos em "trima e tantos caix6es pesadissimos", para os quais obteve a prote'!ao da forcra brasildra, que, a essa altura. ocupava Assun,!ao.!~ a~ baus nao poderiam ser revistados par autoridades aliadas sem causar grave mCldente diplomatico com os Estados Unidos, cujo governo foi simpatico ao Paraguai ° ~I :.1 ., , I durante a guerra. Alem desse dinheiro, LOpez enviou outras quamias e, ainda, joias para 0 exterior, muito provavelmente por meio de dois navios de guerra, urn frances e outro italiano. Entre outubro e novembro de 1868, essas belonaves iam e vinham diariamente entre Palmas, ocupada peIos aliados, e a posi,!3.o paraguaia de Angostura, na tentativa de redrar seus nacionais que ainda permaneciam no Paraguai. Parte dos hens enviados por LOpez ao exterior ficou com a irlandesa Elisa Alicia Lynch, sua companheira que, apos sua morte, se retirou para a Europa. autra parte, ao que tudo indica, foi desviada por aqueles que tinham servido de instrumento para retica-las do Paraguai. Em meados de setemhro de 1868. Lopez recuou para 0 rio Piquissiri e fortificou sua desembocadura no Paraguai. construindo 0 fortim de Angostura. Primeira posiyao do novo sistema defensivo paraguaio, Angostura era cercada par terrenos umidos e bosques, enquanto seus canh6es dominavam trecho estreito do rio Paraguai, dificultando a a,!ao da Esquadra brasiidra. a lado paraguaio buscava repetir as condicroes de guerra em torno de Humaiti, ism e, imobilizar as aliados com base em s6lidas posi,!6es defensivas e com a vantagem do terreno hostil. A essa altura, novembro de 1868, os aliados eram 31 mil soldados _ 25 mil brasileiros, 5 mil argentinos emil uruguaios -, contra nao mais que 18 mil paraguaios. \3 ..... '" HISTCJRI,\ DAS GUE!UV\S GUERRA DO Pt\RAGUt\l Os grandes combates de dezembro de 1868 ( , I ;. ASSUNCAO _ •• _ ~~~~~~~fensivas ( ."( \ . San Antonio ----.. Avam;o a/iado ) \ \4.12.68 \\ \ \\ \ \, ~ 7:, . . . . . l~ (.sl C:r~ (,\ I CHACO . r .& OsORIO id:/ ,~ \f"jt\:r:~ . ?-\Il_.~' '.~ f ) ) . Villeta _ ;II /, i 'I ) ANGOSTU ~1' 25 e 27,12.68 ,/ RA •• _ •• "' •• , RiopaTllgU(lt/ C.......~ I,' j" ( ITA-IVATE '. ..-;:i:.~-' : ' o ...•• \ "'••..' . LOMAS VAlENTINAS <'<1',,\'..;;:., a_ .. ,_ . .." 27.12.68 . 21.12.68 27.11.68 !:epalmas 0 _ 2,5 Skill .. ~1 G''''9'''' R~""~o 10110' 277 Caxias nao se deixou dominar pela 16gica do inimigo e implementou ousada estrategia para arad-lo pela retaguarda. 0 Exerciw imperial marcharia pela pantanOSO terrena do Chaco, do autro lado do rio Paraguai, e retornaria para a margem seca do rio Paraguai, na altura de Villeta, arras das posi<;6es paraguaias. 0 Chaco, principalmeme naquela epoca do ano, era urn terreno alagadis:o tao hostir que LOpez nao se preocupou em fortifici-Io, por nao parecer possIve! as aliados passarem por ali com milhares de homens e armamento pesado. A engenharia militar brasileira tomou isso POSSIVel ao construir, em 23 dias, uma estrada de 11 km, usando troncos de 6 mil palmeiras como pavimento e montando 5 pontes. Os navios da Marinha transporraram, em 3 de dezembro, os soldados brasileiros de Palmas, base aliada ao suI do rio Piquissiri, para 0 Chaco. Eles marcharam durante 48 horas, praticamente sem descanso, sob chuva, e em muitos trechos do percurso com agua pela cintura. Na manha do dia 5 foram reembarcados, cruzaram rio Paraguai e desembarcaram em San Antonio, pouco acima de Villeta. Essa tropa deveria marchar em direyao ao quarrel-general de LOpez, em lta-Ivate, nas Lomas Valentinas, completando 0 cerco feiro pelas fors:as argentinas e brasileiras, baseadas em Palmas, e pela Esquadra imperial. No trajeto das fon;:as brasileiras ate Lomas Valentinas ocarreram as gran des batalhas de Irororo (dia 6), Ava! (11) e Ita-Ivate (de 21 a 27), uma dessas lomas. Tal seqUencia de combates ficou conhecida como "dezembrada". Foram batalhas tao sangrentas e duras que a tropa brasileira tentou fugir da luta, sendo necessaria, escreveu Caxias, "que eu abandanasse minha posi<;:ao de general-em-chefe para canduzir ao fogo e a carga batalh6es inteiros, e corpas de cavalaria, que ainda assim nem todos chegaram as fileiras inimigas". Segundo ele, muitos oficiais brasileiros marreram nos combates, como conseqUencia da indisciplina e falta d y combatividade de suas tropas. 17 A maior e mais decisiva dessas batalhas foi a de Ita-Ivate, inidada pelas fon;as brasileiras comandadas por Caxias. As fon;:as aliadas em Palmas, comandadas pelo g~neral argentino Gelly y Obes, fizeram uma as:ao diversionista contra cerca de 3 mil paraguaios em Piquissiri, para evitar que socorressem 0 ditador. Em Id.-Ivate, 19.415 brasileiros enfremaram 9.800 paraguaios, parte destes anciaos, invalidos e crian<;:as. A superiaridade era relativa, considerandose que os defensores, instalados em trincheiras no meio de matas, ocupavam posis:ao vamajosa em rela~ao aos atacantes, obrigados a escalar a colina e fazendoo pelos dais desfiladeiros me1hor fortificados. No auge da lura, caiu violento temporal, obrigando 0 ataque a ser suspenso. Para manter 0 espirito de luta da tropa, evitando a debandada, ° .,~ ';""" ~ , , 271\ HIST<)R!:\ Dt\S (;lIERRAS Caxias teve ~e arr,iscar-se em demasia. Durante a noire de 21 para 22 de ~ezembro, f01 obngado a conservar-se a cavala, sob chuva, percorrendo as Imhas para que as' tropas nao debandassem, 18 Os sold d b .d a as b casl"I" enos estavam a ~tJ as ~ desorganI~ados e naD sem razao, pais marchavam e combatiam ha q~Inze d,las, em ~elO a ~ar.ro e ehuva, sob calor intenso e sufocante, "mal a lmentaclos, PIOC asslsudos [por socorro medico] e combatendo valorosamenre, como testemunham as 8 mil homens fora de combate era para acovardar ate urn soldado de ferro". 1<) [ ... J . As duas partes aproveitaram a tregua para receber refOf1tOs. Buscando eVltar,a mo:t~n~ade que se anuociava, Caxias e Gelly y Obes, agora cam bern em Ira-Ivare, lnrtmaram, n,o dia 24, Lopez arendis;ao; 0 que foi recusado or esre comr uma resposta altlva ' 6 h oras, 11llClOu-se ... p0 . e coraJ'osa. No dia 27 , as atague a J,ad~; as paragualOs resistiram brayamente, 0 que nao os impediu de serem amgudados e, tres dias depois, em 30 de dezembro, renderam-se as 1.30~ d~:fensores de. Ang?stura. Nos grandes combates de dezembro de 1868, o Exerclto fOl destrufdo ' enquanta do lado at"lad 0 pratlCamente " d d tparagualO ; . meta e ? e etIvo brasi~eiro ~oi posta fora de combate, com 2.099 mortos e 7.980 feodos; os argentInos tIveram 99 mortos e 464 feridos S I L' pore fi . , . d E ' 0 ana opez m, Ugltl a Vista a xercito aliauo. Persiste a dlivida se a fuga foi aCidental ou se. resultou de acordo secreto - para a qual ' contudo , nao ' se encontra _ motlvas;ao entre Caxias e 0 general MacMah N d ' h 'd h' on, a ocumentas;ao can eCI a, a elementos para defender-se uma all outra explicas;ao. A PERSEGUlc;:AO A L6PEZ En~ I!.! .7e.janeiro de 1869, Assuns;ao, deserta, [oi ocupada e saqueada pelas trolas raSI ~ll'as e, tambem, por aventureiros civis. Nesse mesmo mes, Caxias, en en~?, :etIrou-se do Paraguai, sem aguardar autorizas;ao superior, atitude du~ol.lmitada, em fevereiro, pelas cupulas do Exercito e da Marinha, A retirada e ~las, b~m como a esgotamenta flsica das tropas e as perdas humanas e de maten,al bellCa Ievaram a imobilizas;ao militar aliada ate meados de 1869, Tam~em houve cerra relutancia, durante parte de janeiro, quanto a se Lopez connnuava a guerra ou sc estaria se retirando para 0 exterior a escolha do sucessor de Caxias para 0 coman" do b raSI"I" 0 . euo no P Foi . diflcil ~ragual, s generals com capacidade para sucede-Io pertenciam quer ao Partido onservador, quer ao Partido Liberal, e, no ambiente politico exaltado em GUERRA DO PARAGUAI '27') que se encontrava 0 Brasil, nao era viavel nomear urn comandante com vfnculos partidarios. A unica exces;ao seria Osorio, urn liberal que gozava de grande popularidade, mas que fora seriamente ferido na batalha de Ava! - uma bala arrancara parte do seu maxilar inferior - e, como conseqUencia, carecia de condic;6es fisicas para assumir 0 comando, Na busca de urn nome aceito pelos dais partidos politicos chegou-se ao do conde d'Eu, marido da princesa Isabel, herdeira do Trono. Ele cinha alguma experiencia militar, vista que estudara na Escola Militar de Segovia (Espanha) e lutara no Exercico espanhol na Guerra do Marrocos. Nao era, na verdade. experiencia suficiente para ocupar 0 cargo de comandante-em-chefe, mas seu nome era 0 tinico disponfvel e, ademais, refors;aria 0 abalado animo da tropa, pois reafirmaria que 0 Imperio levaria a guerra ate 0 final. Anteriormente, d'Eu apresentara-se, por duas vezes, para ir a guerra e a governo imperial recusara ambas as ofertas. Na primeira vez, em 1865, porque a presen,? do principe no Paeaguai poderia causae desconfianc;as de objetivos expansionistas do Imperio. Na segunda, em 1866, por nao ser digno 0 marido da futura rainha subordinar-se a Caxias, inferior na hierarquia nobiliarquica. Em 1869, porem, era 0 conde que nao queria ir para a guerra, sem termino previslvel, e acabou par faze-Io praticamente foes;ado par Pedro II. conde d'Eu assumiu 0 comando das forc;as brasileiras em 16 de .bril de 1869, Nesse momenta, 0 Exercico brasileiro no Paraguai contava com 26.620 soldados, dos quais 14.793 compunham as dois corpos de Exercito, 0 I!!. comandado peIo general Osorio e 0 2fJ. chefiado pelo general QuintanilhaJordao. Osorio, embora convalescente, havia cedido aos reiterados apelos do conde d'Eu para que a acompanhasse. Ourros 2.748 soldados brasileiros permaneciam em fusun'Yao e os demais estavam distribuidos por diferences pontos. Os argentinos eram em numero de 4 mil, comandados pelo general Emilio Mitre, irmao do expresidente, e os seiscentos uruguaios, liderados pelo general Enrique de Castro. A imobilidade militar brasileira permitiu a Lopez instalar-se a leste, em Peribebuf, no coraS;ao da cordilheira. Ele improvisou urn exercita de 12 mil a 14 mil pessoas, composto de soldados sobreviventes, bern como de garotas e de velhos" Em 7 de julho de 1868, urn conselho de guerra dos chefes aliados aprovou plano para cerca,lo nessa localidade, defendida por 2,4 km de trincheiras, 18 canh6es e 1.800 homens. Os aliados atacaram-na com quase 21 mil soldados, dos quais 19 mil brasileiros, 900 argentinas emil uruguaios. Lopez retirou-se antes da chegada dos aliados a vila, evitando expor-se no cambate. o " GUERRADOPARAGUAJ 280 281 H1ST()RlA DAS GUERRAS Na manha de 12 de agosto, a artilharia brasileira bombardeou Peribebuf por duas horas, preparando 0 terreno para ataque. A desproporyao de forr;as permitiu que em poueo tempo os aliados se apoderassem das trincheiras inimigas, mas a combate continuou por outras duas horas; velhos, mulheres e crianr;as atiravam paus, pedras, terra e qualquer outco objeto que pudesse ferir os atacantes. Nao encontra justificativa militar LOpez sacrificar esses civis, uma vez que se ate dezembro de 1868 ele ainda podia pensar em retardar 0 avanlfo do inimigo na remota esperanlfa de urn acontecimento imponderaveI que mudasse 0 curso do conflito, 0 mesmo nao ocorria nesse momento. Em Peribebuf, ao final dos combates, as prisioneiros passaram a ser degolados, por ordem, segundo varias testemunhas, do conde d'Eu. Os degolamentos somente terminaram devido a interferencia do general Mallet com 0 principe. Por outro lado, 0 ind:ndio do hospital de Peribebui, no qual morreram muitos feridos e pelo qual varios auto res responsabilizam d'Eu, foi acidental, tendo ocorrido como conseqilencia do fogo causado peIo bombardeio da vila pelos canh6es brasileiros, no inicio do ataque. Lopez penetrara ainda mais no interior, com alguma tropa. Em sua perseguitfao, tcopas do 22 Corpo do Exercito brasileico, no qual havia soldados argentinos, marcharam em direr;ao a Caraguatai e encontraram a retaguarda do inimigo em retirada. Travou-se, entao, em 16 de agosto, a batalha de Campo Grande, conhecida no Paraguai como Acosta-Nil, tristemente famosa por dela terem participado, do lado paraguaio, grande nilmero de adolescentes, muitas vezes disfarr;ados de adultos, com barbas postitfas, misturados a alguns soldados verdadeiros. Na batalha enfrentaram-se 20 mil aliados e cerca de 6 mil paraguaios, comandados por Bernardino Caballero. 20 Estes lutaram com a habitual bravura, embora quase wdos fossem inexperientes em combate; a parte composta de adolescentes nao tinha seguer estatura fisica para enfrentar o inimigo, e, ademais, portava armas obsoletas. 0 resultado de oito horas de Iota foi, do lado paraguaio, 2 mil mortos e 1.200 prisioneiros, enguanto os aliados tiveram 26 morcos e 259 feridos. 21 Urn incendio na mata seca, inicialmente provocado pelos paraguaios para encobrir, com fumar;a, suas posir;6es defensivas, espalhou-se, devido apolvora de munir;ao que ficara pelo terreno durante 0 combate, matando feridos tombados no chaoY A partir de agosto de 1869, a guerra tornou-se, na verdade, uma car;ada a Lopez, 0 qual tinha a seu favor unicamente a ignorancia dos aliados da geografia do interior paraguaio. 0 inimigo principal do Exercito imperial, nas semanas seguintes, foi, porem, a fome. Em virtude do fim de comrato de fornecimento ° de mantirnentos com comerciantes argentinos, os soldados brasileiros ficaram sem receber comida, causando graves problemas de disciplina. fim da guerra estava proximo e LOpez acusou a existencia de uma nova suposta conspiratf5.o para assassina-lo. Essa informatf5.o foi obtida mediante tortura de seU irmio Venancio, que h:i cerca de urn ano era prisioneiro e, na longa retirada para 0 interior, era arrastado nu, peIo chao, com uma corda amarrada na cintura. £.ste aponto U como conspiradores, entre outCOS, as irmas, Inocencia e Rafaela, e a propria mae, Juana Carrillo LOpez. Desde entao, Rafaela passou a ser torturada por se recus a confirmar a participar;ao da mae, enquanto esta foi espancada com ar pan de sabre. Houve executf5.o de dezenas de supostos traidores. Venancio cadas LOpez morreu antes de ser fuzilado, de exausrao, apos semanas em que foi ayoitado diariamente, enquanto suas irmas foram salvas pelo final da guerra. No inicio de 1870,0 general Camara, que se encontrava em Concepcion, soube que Lopez estava em Cerro Cod e deslocou suas tcopas para esse ponto. Nele, em 1Q de man;:o de 1870, a Cavalaria e a Infantaria brasileiras lutaram contra duas ou treS centenas de soldados paraguaios. Lopez tentoU fugir a galope, mas foi ferido mortalmente por urn golpe de tanya, no ventre, dado pelo cabo Francisco Lacerda, conhecido por Chico Diabo. 0 ditador caiu nas margens do arroio de Aquidaba, com os pes dentra d' agua e, estando nessa posi<;:ao, 0 general Camara intimou-o a render-se, obtendo como resposta a [rase "nao the entrego a minha espada; morro com a minha cspada e pela minha patria". Urn soldado brasileiro tentaU tamar a espada, caindo 0 ditador na ag e, nesse momento, autro soldado, que estava atras de Camara e a sua ua revelia, disparou urn tiro, acelerando a moIte de LopezY o ;\: CUSTOS E CONSEQOtNClAS Os numeros sobre 0 cusro humano da Guerra do Paraguai atnda sao polemicos. Os mais aceitos sao que, do lado aliado, 139 mil brasileiros estiveram na guerra, dos quais 50 mil morreram, dois terr;os como conseqUencia de doenr;as e nao de combatesY Dos 5.583 uruguaios que lutaram no inkio do conflito, morreram 3.120, enquanto dos 30 mil argentinos que participaram dos combates, 18 mil morreram ou [oram feridos. Sabre 0 Paraguai, em 1988 Vera Blinn Reber publicou estudo allrmando que 0 pais tinha entre 285.715 e 318.144 habitantes em 1864 e que suas perdas, durante 0 conflito, foram de no maximo 58.857 pessoas. Estudo mais recente, publicado em 1999 par Whigham e potthast, 2112 GUI;;RRA])OPARAGUAI 1-!lSn)R1;\ DAS GUERMS afirma que 0 Paraguai tinha entre 420 mil e 450 mil habitantes antes cia guerra. A partir da descoberta de urn censo realizado em 1870, esses autores concluem que a populalfao paraguaia nesse ano seria algo entre 141.351 e 166.351 pessoas, uma redulfao entre 60% a 69% em re1acrao a 1864. Esse numero deve ser vista com cautela, quer porque 0 censo de 1870 foi realizado por urn Esrado desorganizado e com escassos recursos para tal rarefa, quer poc nao considerar pessoas ainda refugiadas nas maras ou, ademais, a grande migracrao de paraguaios fugindo da miseria para a Argentina e, em menor escala, para 0 Mato Grosso. Para 0 Imperio do Brasil, a guerra causou gastos de 614 mil contos de reis, valor equivalenre a onze vezes 0 on;amenro do governo brasileiro para 1864. 0 conflito irrompeu quando a economia brasileira se encontrava em crescimento, o que demandava a modernizalfao e amplialfao de sua infra-estrutura de comunicalfoes e, ainda, mais mao-de-obra para satisfazer as necessidades da agroexportalfaO. A guerra desviou recursos humanos e financeiros das arividades produtivas, faro que levou 0 barao de Coregipe, importante poHtico conservador da cpoca, a lamentar que e1a atrasava 0 Brasil em "meio seculo".25 A Guerra do Paraguai representou urn marco na hisr6ria dos quatro paises que a rravaram. No Brasil, 0 Estado Monarquico mosrrou-se no auge do seu poderio, constiruindo-se no principal sustentaculo militar, diplomatico c financeiro da Triplice Alianlfa. Esse esfOIlfO, porem, catalisau as contradilfoes politicas e sociais da sociedade monarquica, como 0 demonstram 0 desenvolvimento do republicanismo e a crise do sistema escravocrata. Criou, ainda, urn Exerciro forte, que adquiriu, nos campos de batalha, idenridade propria, desvinculada da Monarquia, depondo-a com 0 golpe republicano de 15 de novembro de 1889. Por Otltro lado, a dificuldade em socorrer militarmenre 0 Maro Grosso tambem levou a romada de consciencia da situalfao de isolamento Fisico do Oeste brasileiro, 0 que resuIrou, a lange prazo, no esfon:,;:o de integralfao Fisica dessa regUio com 0 Sudeste do pais. Quanto a Argentina, 0 conflito contribuiu para a consolidalfao do Estado cenrralizado, enquanro 0 Uruguai emergiu dos an os de luta com institui~6es mais fones. o Paraguai, derrotado, perdeu os territorios que disputava com Argentina e Brasil e assisriu ao fim do Esrado aurorira.rio e patrimonial, 0 que nao significou, porem, que as novas instituiyoes, suposramenre liberais, conrribufssem para 0 desenvolvimenro do pais. 0 Brasil manteve sob sua influencia os governos paraguaios ate 1904, quando uma revolulfao liberal 283 " . ira vinculando-o politicamente aArgentina, cu)a d' da de 1870 Ademais, 0 Paragual e aCasto U opals da orblta braslie ' . r; . r d paragua" na c c a · .1 economia havla sate lZ2 0 a E d t mp6es entre a Argentina e 0 Brasl , como sta osa . sol·ldaram-se U rugUaicon o . al· Prata C de algum modo, Yltimas dela, que continuararn a flY .1Z~r rr.0 cla' ClPalS guerra roram, M. . as personagens pnn . S 1 L6pez morreu Bartolome ltre VIU mesmo os do lado vencedor.. Franoscod 0 anodo nas elei.,oes 'ptesidenciais de 1868 seU candiclato, Rufino de Ehzalde , ser re:rora ·nado em Montevideu. No Brasil, Vi CIO Flores rOl assasSI ,. al ' e, nesse mesrna ano, e;~ P aguai e Pedro II foi deposto ..Foram vItlmas, em Caxias voltou amargura 0 0 ar b e n-ao conseguiram se readaptar a b ex-com atentes qu dos mortOS em ~om at~ 0.5 al'd de diferentes nacionalidades, que foram, no vida civil e os milhar~ e mv I os, ~ d rote~o e do respeito de que eram maximo, objeto de pledade, masdnao a p erra foram os comercianres, d ganha otes com a gu r merecedores. A s gran es . d mantimentos e VIyeres para as rors:as £ dores argentmos e d principalmente os omeee . b '1' e os fabricantes europeus e armas. · d as, paro'cularmente ao Exerclto rasl euo, alla NOTAS . G d P ruguai Sao Paulo. Brasilienst', 1979, p. 165. {d' amerlcano: a uerra 0 a , . d J . enoe !O .. d tlcto com 0 Paragu"'-y, Rio (; "neira, Helio Lobo Antes dOl guerra: a Missilo Saraiva ou as prehmmares 0 con I (2) • . G 'r: B asilciro 1914. Instituto Hist6nco e eograllco r , p . S- Paulo Humanit;lS FFLCH IusrIF apesp. . Guerra do aragual, 010 • (3) Divatc Garcia Figueira, Soldados e negOClanteS na . . (1) Julio Jose Chlavennato, 2001. p. llO. (4) Almeida Rosa para G . ° cI:anceier brasilelro Janeiro, Arquivo Hist6nco do Itamaraty, V'" flcio confidencial, Buenos Aires, 20A.1865. Rio de las 7~~llf~i~. D' pp. 2 . . . 26 (5) Benjamin Constant para Veiga, TUI~tl, em Renata i' 1867 1999 95 I Carnpanha do Paraguai, Rio de Janeiro, Ip lan, , P:' , ~ C ...:;lllOS. G d, guerra: Benjamin Constant na aHas . do Paraguai, em Celso CaStro, Viror '1' Rio de Janclro durante a uerra 4 183 (6) Viror h.ecksohn, Recrutarncnto rnl Itaf:1O .. B "I' Rio de Janeiro. Editora FVG, 200 ,p. 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