Efeito da preparação nos sítios de cromo
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Efeito da preparação nos sítios de cromo
EFEITO DA PREPARAÇÃO NOS SÍTIOS DE CROMO PARA POLIMERIZAÇÃO DE ETILENO Alexandre Barros Gaspar TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA QUÍMICA. Aprovada por: _________________________________________ Profa. Lídia Chaloub Dieguez, D. Sc. _________________________________________ Profa. Vera Maria Martins Sa lim, D. Sc. _________________________________________ Dr. Paulo Gustavo Pries de Oliveira, D. Sc. _________________________________________ Prof. Marcos Lopes Dias, D. Sc. _________________________________________ Dr. Jorge Jardim Zacca, Ph.D. Rio de Janeiro, RJ - BRASIL FEVEREIRO DE 2002 GASPAR, ALEXANDRE BARROS Efeito da Preparação nos Sítios de Cromo para Polimerização de Etileno [Rio de Janeiro] 2002 XIV, 211 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ, D.Sc., Engenharia Química, 2002) Tese - Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE 1. Polimerização de Etileno 2. Caracterização 3. Cr2+ I. COPPE/UFRJ II. Título ( série ) ii Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Doutor em Ciências (D.Sc.) EFEITO DA PREPARAÇÃO NOS SÍTIOS DE CROMO PARA POLIMERIZAÇÃO DE ETILENO Alexandre Barros Gaspar Fevereiro/2002 Orientadora: Lídia Chaloub Dieguez Programa: Engenharia Química Neste trabalho foi estudado o efeito do precursor na distribuição das espécies de cromo em catalisadores Cr/SiO2 para a polimerização de etileno. Os catalisadores foram preparados com acetato de cromo (II), cromato de bis(trifenilsilila), bis(ciclopentadienil)cromo, cloreto de cromo (II) ou óxido de cromo (VI) sobre sílica comercial. Como técnicas de caracterização utilizaram-se a redução termoprogramada (TPR) de H2 e CO, quimissorção estática de CO, espectroscopias fotoeletrônica de raioX (XPS), de reflectância difusa (DRS) e de infravermelho (FTIR e DRIFT). A polimerização de etileno foi realizada em reator de bancada, em condições semelhantes às industriais. A atividade de polimerização foi determinada e os polímeros foram caracterizados quanto ao peso molecular e distribuição de peso molecular (DPM), por cromatografia de permeação em gel (GPC), e quanto à cristalinidade, por difração de raios-X (DRX) e infravermelho (FTIR). Os resultados mostraram a influência do precursor na distribuição de espécies de cromo (Cr6+ e Cr3+) nos catalisadores calcinados, em função da interação com a superfície do suporte. Os catalisadores que apresentaram maior fração de Cr 6+ inicial resultaram em maior porcentagem de espécies Cr2+A+Cr2+B, e, conseqüentemente, maior atividade na polimerização de etileno. Os polímeros produzidos apresentaram distintas distribuições de peso molecular. As variações no peso molecular e na polidispersão foram atribuídas à distribuição de espécies Cr2+ e à presença de grupos hidroxilas superficiais da sílica vizinhos aos sítios ativos. iii Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Doctor of Science (D.Sc.) EFFECT OF THE PREPARATION IN THE CHROMIUM SITES FOR THE ETHYLENE POLYMERIZATION Alexandre Barros Gaspar February/2002 Advisor: Lídia Chaloub Dieguez Department: Chemical Engineer In this work, the distribution of the species of chromium in Cr/SiO2 catalysts for the ethylene polymerization was studied in function of the precursor. The catalysts were prepared with chromium bis(cyclopentadienyl)chromium, chromium (II) (II) acetate, chloride or bis(triphenylsilyl)chromate, chromium (VI) oxide on commercial silica. The characterization techniques of H2 and CO thermoprogrammed reduction (TPR), static chemisorption of CO, X-ray photoeletron spectroscopy (XPS), diffuse reflectance spectroscopy (DRS) and infra-red spectroscopy (FTIR and DRIFT) were used. The ethylene polymerization was accomplished in a pressure reactor, in similar conditions to the industrial ones. The polymerization activity was determined and the characterization of the polymers was obtained in terms of molecular weight and molecular weight distribution (MWD), by gel permeation cromatography (GPC), and degree of crystallinity, by X-ray diffraction (XRD) and infra-red spectroscopy (FTIR). The results showed the influence of the precursor in the distribution of species of chromium (Cr6+ and Cr3+) in the calcined catalysts, as a function of the interaction with the surface of the support. The catalysts with larger fraction of initial Cr 6+ yielded larger fraction of sub-species Cr2+A+Cr2+B, and, consequently, larger activity for the ethylene polymerization. The polymers presented distinct molecular weight distributions (MWD). The changes in the molecular weight and in the polydispersion were ascribed to the distribution of species of Cr2+ active sites and to the presence of superficial hydroxyls groups in the neighborhood of the active sites. iv Agradecimentos Ao término dos quatro anos de estudos relatados neste documento, é indispensável agradecer às pessoas que, direta ou indiretamente, colaboraram na execução do trabalho. Certamente, em maior ou menor grau, muitos dos resultados desta tese não teriam sido possíveis sem o seu auxílio. Agradeço à Professora Lídia Chaloub Dieguez, orientadora incomparável e amiga. Agradeço a gratificante experiência de trabalharmos juntos e a quem devo muito da metodologia científica que aprendi ao longo dos anos na COPPE. Agradeço a todos os amigos do Núcleo de Catálise/PEQ/COPPE/UFRJ a convivência e ambiente formidáveis ao longo dos anos que passamos juntos, desde 1993. Particularmente agradeço aos amigos do antigo laboratório 13 que conseguiam o prodígio diário de transformar um local inóspito num espaço acolhedor: Maria Auxiliadora Baldanza, Cláudia Veloso, Fabiana Mendes, Lisiane Matos, Leonardo Mello, Alexandre Camacho, Cristiane Henriques e Caridad Perez. Agradeço aos técnicos do NUCAT, em especial aos infatigáveis Ayr Manoel Pereira Bentes Jr. e Antônio José de Almeida. Agradeço também aos técnicos que realizaram grande parte das análises relatadas neste trabalho: Leila Merat, Ricardo Aderne, Marcos Anacleto, Ruth Martins, Carlos André, Marcos, Déborah César, Daniele, Kátia e Sônia. Agradeço à OPP Química S.A. pela realização das reações de polimerização em seus laboratórios. Em especial, agradeço aos amigos Leandro Silveira, Richard Amorim e Jorge Zacca, pelo incentivo e dicas durante os meses de trabalho em Triunfo/RS. Agradeço ainda aos técnicos dos laboratórios de Catálise e de Polimerização pela colaboração e amizade: Claudius Soares, Fábio Ribeiro, Marcelo Soares, Olavo Martins e Paula Nunes. Agradeço ao Prof. Marcos Lopes e à técnica Rosângela do Instituto de Macromoléculas/UFRJ pela realização das análises de GPC. Agradeço ao Prof. Marcelo Pereira e à técnica Leonice do Instituto de Química/UFRJ pela realização das análises de DRIFT. Agradeço ao CNPq pela concessão da bolsa de estudos. Agradeço aos meus pais, Sérgio e Marhilda, e meu irmão, Ricardo, pelo apoio incansável e a Deus, Pai de todas as obras. v ÍNDICE ÍNDICE DE FIGURAS ix ÍNDICE DE TABELAS xiii I INTRODUÇÃO 1 II ESTADO DA ARTE 5 2.1 Catalisadores para polimerização 5 2.2 Catalisadores à base de cromo 5 2.2.1 2.3 Modificações no catalisador de cromo tipo Phillips 7 O Suporte 7 2.3.1 Influência da estrutura da sílica nas propriedades do polímero 12 2.4 Processos de polimerização 13 2.5 Polietileno 15 III PREPARO DOS CATALISADORES E METODOLOGIAS DE CARACTERIZAÇÃO E POLIMERIZAÇÃO 18 3.1 Pré-tratamento do suporte 18 3.2 Preparo dos catalisadores 18 3.3 Preparo do Cromato de bis(trifenilsilila) 20 3.4 Preparo de misturas físicas 21 3.5 Ativação dos catalisadores 22 3.6 Metodologias de Caracterização dos Precursores Secos e Calcinados 22 3.6.1 Análise textural 22 3.6.2 Espectroscopia de Absorção Atômica (AAS) 23 3.6.3 Espectroscopia na região do Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR) 23 3.6.4 Análise Termogravimétrica e Termo-diferencial (ATG/ATD) 24 3.6.5 Difração de Raios-X (DRX) 24 3.6.6 Espectroscopia Fotoeletrônica de Raios-X (XPS) 25 3.6.7 Espectroscopia de Reflectância Difusa na região do ultra-violeta (DRS) 27 3.6.8 Redução a Temperatura Programada (TPR) de H2 e CO 27 3.6.9 Dessorção a Temperatura Programada (TPD) de CO 28 3.6.10 Quimissorção Estática de CO 28 vi 3.6.11 Espectroscopia de Reflectância Difusa na região do Infravermelho e Transformada de Fourier (DRIFTS) 28 3.7 3.8 Polimerização de Etileno 29 3.7.1 Polimerização no Reator Büchi 29 3.7.2 Polimerização no Reator Parr 32 Caracterização do polímero 32 3.8.1 Espectroscopia na região do Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR) 33 IV 3.8.2 Difração de Raios-X 33 3.8.3 Cromatografia de permeação em gel (GPC) 33 CARACTERIZAÇÃO DOS PRECURSORES SECOS E CALCINADOS 35 4.1 Preparação e caracterização do precursor calcinado 35 4.2 Metodologias, Resultados e Discussão 45 4.2.1 Caracterização do Suporte 45 4.2.1.1 Análise textural 45 4.2.1.2 Espectroscopia na região do Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR) 46 4.2.1.3 4.2.2 Análise Termogravimétrica e Termo-diferencial (ATG/ATD) 47 Caracterização do Cromato de bis(trifenilsilila) 48 4.2.2.1 Difração de Raios-X (DRX) 48 4.2.2.2 Espectroscopia na região do Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR) 50 4.2.3 4.3 V Caracterização dos catalisadores 51 4.2.3.1 Estudo da interação Cr-O-Si 52 4.2.3.2 Espécies de cromo e redutibilidade com H2 60 Conclusões parciais 68 CARACTERIZAÇÃO DOS CATALISADORES REDUZIDOS 69 5.1 Ativação e Caracterização dos Sítios Ativos Cr 2+ 69 5.2 Metodologias, Resultados e Discussão 85 5.3 VI 6.1 5.2.1 Redução dos Catalisadores com CO 85 5.2.2 Caracterização dos Sítios Cr2+ 91 Conclusões Parciais 106 POLIMERIZAÇÃO DE ETILENO 108 Polimerização de Etileno 108 vii 6.2 Metodologias, Resultados e Discussão 122 6.2.1 Resultados de Polimerização 122 6.2.2 Caracterização do Polímero 129 6.2.2.1 Cromatografia de permeação em gel (GPC) 129 6.2.2.2 Espectroscopia na região do Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR) 132 6.2.2.3 6.3 Difração de Raios-X (DRX) 134 Conclusões Parciais 137 VII CATALISADORES PREPARADOS COM SAIS DE Cr2+ 138 7.1 Polimerização com catalisadores organo-cromo 138 7.2 Metodologia, Resultados e Discussão 145 7.3 7.2.1 Síntese e Caracterização dos catalisadores 145 7.2.2 Polimerização de Etileno 147 7.2.3 Caracterização dos Polímeros 148 Conclusões Parciais 149 VIII CONCLUSÕES FINAIS 151 A APÊNDICE A 153 B APÊNDICE B 156 C APÊNDICE C 159 D APÊNDICE D 162 E APÊNDICE E 166 F APÊNDICE F 167 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 202 viii ÍNDICE DE FIGURAS Figura II-1 - Diagrama esquemático dos estágios envolvidos na preparação de sílica......... 8 Figura II-2 – Grupos de silanóis na superfície da sílica gel [7] ............................................. 9 Figura II-3 - Grupos de hidroxilas superficiais da sílica em função da temperatura [7] ......10 Figura II-4 – Termograma ATG/ATD de sílica Kieselgel 60 (N2, 150ml/min, 10 K/min) [7] ..............................................................................................................................................11 Figura II-5 - Processo Phillips em suspensão [14] ...............................................................13 Figura II-6 - Processo Unipol em fase gás [14] ....................................................................14 Figura II-7 - Distribuição da produção mundial de polietileno [16] ....................................16 Figura III-1 - Esquema simplificado de preparação dos catalisadores .................................19 Figura III-2 - Esquema de preparo do Cromato de bis(trifenilsilila) ....................................21 Figura III-3 - Espectros de XPS de um catalisador e da sílica na região do Cr 2p...............26 Figura III-4 - Unidade de pré-tratamento / polimerização dos catalisadores .......................30 Figura III-5 - Unidade de polimerização na OPP Petroquímica S.A. (Reator Büchi) ..........31 Figura III-6 - Foto da unidade de polimerização com reator Büchi .....................................31 Figura IV-1 - Espectros de FTIR da região de hidroxilas de catalisadores Cr/SiO2 [31] .....36 Figura IV-2 - Espectros de FTIR de amostras calcinadas a várias temperaturas: (a) SiO2 calcinada a 1023K e catalisador 1%Cr/SiO 2 calcinado a (b) 823K, (c) 923K, (d) 1023K e (e) 1123K [33] ......................................................................................................................37 Figura IV-3 - Formas do cromo incorporado à superfície da sílica [13] ..............................38 Figura IV-4 - Ocupação da superfície da sílica Aerosil (300 m2/g) por CrO 3......................39 Figura IV-5 – Variação da porcentagem das espécie s de cromo em função da ...................41 Figura IV-6 – Espectro de Raman de catalisadores..............................................................42 Figura IV-7 – Análise de XPS do catalisador 3% Cr/SiO2 ...................................................44 Figura IV-8 – Razão (Cr 6+/Cr 6++Cr3+) versus tempo de exposição para as amostras [48] ...45 Figura IV-9 - Espectros de IV da sílica tratada (A) sob vácuo in situ nas temperaturas de 298 a 673 K e (B) Integração das áreas sob a banda a 3745cm-1 ( : sílica calcinada a 773K) ..............................................................................................................................................46 Figura IV-10 - Espectros de IV da sílica calcinada a 773K tratada a vácuo ........................47 Figura IV-11 - Termograma ATG/ATD da Sílica 955.........................................................48 Figura IV-12 - Análise de Difração de raios-X do cromato de silila e do trifenilsilanol.....49 Figura IV-13 - Configuração molecular do cromato de bis(trifenilsilila) [50].....................49 ix Figura IV-14 - Análise de infravermelho do cromato de silila e trifenilsilanol ...................50 Figura IV-15 – Estruturas do Trifenilsilanol e do Cromato de silila ....................................51 Figura IV-16 - Análise de ATG/ATD do catalisador 1CrA seco .........................................52 Figura IV-17 - Análise de ATG/ATD do catalisador 1CrB seco .........................................53 Figura IV-18 - Análise de ATG/ATD do cromato de bis(trifenilsilila)................................53 Figura IV-19 - Espectros de DRX do α-Cr 2O3 mássico, do cromato de silila calcinado .....54 Figura IV-20 - Análise termogravimétrica dos catalisadores 1CrA, 1CrB e 1CrC calcinados ..............................................................................................................................................55 Figura IV-21 - Espectros de IV dos catalisadores calcinados ..............................................56 Figura IV-22 - Análises de DRIFTS dos catalisadores e da MFCrO3 a 298 K ....................57 Figura IV-23 - Espectros de XPS dos catalisadores calcinados ...........................................58 Figura IV-24 - Estruturas de Cr3+ estabilizado na superfície da sílica .................................59 Figura IV-25 - Espectros de DRS dos padrões de CrO3 (MFCrO3 ), Cr2O 3 (MFCr 2O3),......61 Figura IV-26 - Espectros de DRS dos catalisadores 1CrA e 1CrD ......................................61 Figura IV-27 - Espectros de DRS dos catalisadores 1CrB e 1CrC.......................................62 Figura IV-28 - Perfis de TPR dos catalisadores 1CrA e 1CrD.............................................64 Figura IV-29 - Perfis de TPR dos catalisadores 1CrB e 1CrC .............................................65 Figura IV-30 - Espectros de DRX dos catalisadores 1CrB e 1CrC calcinados e MFCr2O3 .66 Figura V-1 - Evolução de CO2 na redução de catalisadores Cr/SiO 2 por CO [68] ..............72 Figura V-2 – Adsorção de CO contra temperatura de redução [32] .....................................73 Figura V-3 - Componentes puros de (A) cromato e dicromato, ...........................................75 Figura V-4 - Distribuição de espécies de cromo após redução a diferentes temperaturas ...76 Figura V-5 - Cinética de redução com CO do catalisador 0,5% Cr/SiO2 a 723K [72] ........77 Figura V-6 - Isotermas de adsorção de CO. (A) temperatura ambiente: linha cheia, experimental; linha tracejada, referência para Cr:CO=1:1 (B) Temperatura 191K: curva 1, primeira isoterma; curva 2, segunda isoterma e curva 3, fisissorção no suporte [76] ..........79 Figura V-7 - Espécies de Cr2 + após redução com CO a 623 K [33].....................................80 Figura V-8 - Espectros de IV de amostras após redução (I) e após quimissorção de CO (II) ..............................................................................................................................................81 Figura V-9 - Adsorção de CO em Cr(1%)/SiO2: (a) a 623 K sob 1bar de CO (fase gás subtraída), (b) a 298 K sob 1bar de CO (fase gás subtraída), (c) a 298 K após fluxo de He, (d) a 373K sob 1bar de He, (e) a 423 K sob 1bar de He.......................................................83 Figura V-10 - Estruturas de adsorção de CO em cromo: (A) linear e (B) ponte ..................84 Figura V-11 – Análise de TPR de CO do catalisador 1CrA.................................................86 x Figura V-12 - Análise de TPR de CO do catalisador 1CrB..................................................87 Figura V-13 - Análise de TPR de CO do catalisador 1CrC..................................................87 Figura V-14 - Análise de TPR de CO do catalisador 1CrD .................................................88 Figura V-15 - Análise de TPR de CO da mistura física MFCrO3 ........................................89 Figura V-16 - Análise de TPR de CO da mistura física MFCr2 O3 .......................................89 Figura V-17 - Análise de TPR de CO da sílica calcinada ....................................................90 Figura V-18 – Análise de TPD de CO do catalisador 1CrA.................................................93 Figura V-19 – Análise de TPD de CO do catalisador 1CrB.................................................94 Figura V-20 - Análise de TPD de CO do catalisador 1CrC .................................................94 Figura V-21 – Análise de TPD de CO do catalisador 1CrD .................................................95 Figura V-22 – Análise de TPD de CO da mistura física MFCrO3 .......................................95 Figura V-23 - Análise de TPD de CO da mistura física MFCr2O3 .......................................96 Figura V-24 - Espectros de DRS dos catalisadores reduzidos .............................................97 Figura V-25 - Decomposição gaussiana dos espectros dos catalisadores reduzidos ............98 Figura V-26 - Espectros de DRS do catalisador 1CrD reduzido..........................................99 Figura V-27 - Análise de XPS do catalisador 1CrD reduzido (A) .....................................100 Figura V-28 – Espectros de DRIFTS dos catalisadores reduzidos .....................................103 Figura V-29 - Espectro de infraverme lho de CO no catalisador 1Cr/Ac ...........................106 Figura VI-1 - Perfis cinéticos na polimerização de etileno com várias famílias de catalisadores A) cromoceno, B) Philips, C) Ziegler -Natta e D) Unipol [3] .......................109 Figura VI-2 - Espectro de infravermelho de CO e interpretação esquemática da interação entre C2H4 e CO em amostras (a) do experimento I, (b) do experimento II e (c) do experimento I Curvas (1): P CO=4 torr, (2): PCO+(P etileno< 1 torr), (3): P CO+(P etileno=4 torr) e (4) P CO+(P etileno=15 torr) Curvas (1´): PCO=40 torr sem polímero. Após polimerização: P etileno=15 torr/5min: (2´): Petileno+ P CO=40 torr, (3´) Petileno+ P CO=0,4 torr e (4´) Petileno+ P CO=0,2 torr ........................................................................................................................ 110 Figura VI-3 - Perfis de taxa de polimerização em catalisadores Cr/SiO2 ...........................112 Figura VI-4 - Efeito da produtividade do catalisador no peso molecular ponderal médio (Mw , A) e no índice de polidispersão (PDI, B) [87] ...........................................................114 Figura VI-5 - Influência da temperatura de calcinação em ................................................ 115 Figura VI-6 - Mecanismos de iniciação, propagação e terminação da polimerização, ......117 Figura VI-7 - Mecanismos de iniciação, propagação e terminação da polimerização, ......117 Figura VI-8 - Mecanismos de iniciação e propagação da polimerização,..........................119 xi Figura VI-9 - Mecanismos de iniciação e propagação da polimerização, Ghiotti e col. [86] ............................................................................................................................................ 120 Figura VI-10 - Perfis cinéticos de catalisadores Cr(VI)/sílica com e sem adição de .........121 Figura VI-11 - Atividade na polimerização versus fração de CO adicionado [82] ............ 122 Figura VI-12 - Atividade na polimerização e quimissorção de CO versus fração de Cr 6+ .123 Figura VI-13 - Efeito do teor de cromo na atividade para polimerização..........................125 Figura VI-14 - Análise de FTIR da polimerização de etileno com o catalisador 1Cr/Ac..128 Figura VI-15 - Integração das áreas referentes às bandas a 2920 cm-1 (A) e 3745 cm-1 (B) ............................................................................................................................................ 129 Figura VI-16 - Análise de GPC do polietileno de alta densidade dos catalisadores testados ............................................................................................................................................ 131 Figura VI-17 - Distribuição de espécies Cr2+ e hidroxilas isoladas.................................... 132 Figura VI-18 - Espectros de FTIR dos polietilenos ............................................................ 133 Figura VI-19 - Análise de infravermelho dos polímeros na região de 670-770cm-1 ..........134 Figura VI-20 - Difração de Raios-X dos polímeros ...........................................................135 Figura VI-21 – Difratograma do polietileno do catalisador 1CrD .....................................136 Figura VI-22 - Difratogramas de DRX dos polímeros obtidos ..........................................136 Figura VII-1 - Esquema de deposição do cromato de bis(trifenilsilila) sobre sílica [88]...139 Figura VII-2 - Espectro de IV da regiã o de OH em (A) sílica pura tratada a 473 (a), 723 (b) e 1173 K (c); (B) após deposição de cromoceno e (C) ampliação da região......................142 Figura VII-3 - Configurações propostas de aglomerados de ciclopentadienil e cromo em sílica altamente desidroxilada (i) e parcialmente desidroxilada (ii) [4] .............................142 Figura VII-4 - Taxa de polimerização no catalisador Cp2Cr/SiO2 (723K) [110] ...............144 Figura VII-5 - Análise de DRX do PEAD dos catalisadores (A) 1CrCS e ........................ 149 Figura A-1 - Difratograma do cromato de bis(trifenilsilila)...............................................153 Figura D-1 – Espectro de infravermelho do polietileno [101] ...........................................164 Figura D-2 – Espectro de DRX de Polietileno [101]..........................................................164 xii ÍNDICE DE TABELAS Tabela II-1 - Distribuição de peso molecular em catalisadores à base de Cr e de Ti [3] ...... 6 Tabela II-2 - Modificações químicas de catalisadores CrO3 /SiO2 [3] ................................... 7 Tabela II-3 - Atribuições de bandas de infravermelho para grupos O-H [7] ........................ 9 Tabela II-4 – Concentração média de grupos hidroxila na superfície de sílica amorfa [7] ..10 Tabela II-5 - Fatores que influenciam o crescimento do polímero [3] .................................14 Tabela II-6 - Capacidade instalada para produção de PEAD (ano: 2000) [18] ....................16 Tabela II-7 - Suprimento e demanda de PEAD no Brasil 1994-1998, 2000 e 2001 [18, 19] ..............................................................................................................................................17 Tabela III-1 - Catalisadores Cr/SiO2 preparados ..................................................................19 Tabela III-2 – Misturas físicas preparadas ............................................................................22 Tabela III-3 - Procedimento nas análises de XPS dos catalisadores calcinados ..................25 Tabela IV-1 - Bandas de espectros de DRS de compostos de referência [38, , ] .................39 Tabela IV-2 – Picos a Tmáx de compostos padrão e dos catalisadores [41]..........................40 Tabela IV-3 – Cobertura máxima de catalisadores Cr(VI) em sílica ...................................43 Tabela IV-4 – Análise de XPS de padrões de óxidos de cromo [48] ...................................44 Tabela IV-5 - Resultados de análise textural da sílica 955 original e calcinada a 773 K.....46 Tabela IV-6 – Áreas integradas da banda a 3745 cm-1 ........................................................47 Tabela IV-7 - Dados de DRX para o cromato de bis(trifenilsilila) ......................................50 Tabela IV-8 - Teores de cromo nos catalisadores após calcinação......................................51 Tabela IV-9 - Intensidade normalizada da banda a 3745cm-1 das amostras.........................57 Tabela IV-10 - Resultados das análises de XPS nos catalisadores calcinados .....................60 Tabela IV-11 - Comprimentos de onda no DRS dos catalisadores e padrões ......................62 Tabela IV-12 - Resultados de TPR para os catalisadores.....................................................63 Tabela V-1 – Resultados de TPR de catalisadores calcinados a diferentes temperaturas [33] ..............................................................................................................................................70 Tabela V-2 - Estado de oxidação final médio e temperatura de máximo .............................74 Tabela V-3 - Posições de bandas de Cr 2+ e Cr3+ em superfícies desidratadas [38, 39] ........75 Tabela V-4 - Parâmetros do modelo e constantes da equação de taxa de reação [72] .........78 Tabela V-5 - Efeito da temperatura de calcinação nas espécies de cromo [33] ...................81 Tabela V-6 - Efeito de tratamentos térmicos na distribuição das espécies Cr 2+ [75, 78] .....82 Tabela V-7 - Atribuições de espécies superficiais carbonatadas observadas após...............84 xiii Tabela V-8 - Evolução de espécies adsorvidas em função da temperatura [72] ..................85 Tabela V-9 - Resultados das análises de TPR com CO ........................................................90 Tabela V-10 - Análises de quimissorção estática de CO a 298K .......................................101 Tabela V-11 – Distribuição de espécies de cromo e hidroxilas isoladas............................ 103 Tabela VI -1 - HLMI obtido para diferentes tratamentos de redução .................................112 Tabela VI -2 – Bandas de infravermelho na polimerização de etileno em Cr/SiO2 ............ 114 Tabela VI -3 - Dados de atividade na polimerização de etileno (reator Büchi) ..................122 Tabela VI-4 - Atividade na polimerização normalizada por massa de sítios ativos (reator Büchi) .................................................................................................................................124 Tabela VI -5 - Dados de atividade na polimerização de etileno (reator Parr) .....................127 Tabela VI -6 - Resultados de análises de GPC dos polímeros obtidos................................ 130 Tabela VI -7 - Cristalinidade dos polímeros........................................................................ 134 Tabela VI -8 - Cristalinidade dos polímeros por raios-X .................................................... 136 Tabela VI -9 – Cristalinidade estimada dos polímeros preparados no reator Parr ..............136 Tabela VII-1 - Efeito das propriedades do suporte na atividade catalítica [88] .................140 Tabela VII-2 – Catalisadores preparados em atmosfera inerte...........................................145 Tabela VII-3 – Análise textural dos catalisadores e do suporte .........................................146 Tabela VII-4 – Resultados de polimerização no reator Parr...............................................147 Tabela VII-5 - Estimação da cristalinidade dos polímeros do reator Parr..........................149 Tabela A-1 - Dados de DRX para o cromato de bis(trifenilsilila)......................................154 Tabela B-1 - Determinação do estado de oxidação médio do cromo (NOX) .....................156 Tabela B-2 - Cálculo do número de moles de CO consumidos no TPR ............................ 158 Tabela B-3 - Porcentagem de redução Cr 6+ a Cr2+ .............................................................158 Tabela C-1 - Determinação das áreas integradas das bandas de DRIFTS..........................159 Tabela C-2 - Resultados de quimissorção estática de CO ..................................................159 Tabela C-3 - Distribuição das espécies de cromo nos catalisadores reduzidos com CO ...160 Tabela C-4 - Determinação das áreas integradas das bandas de FTIR ...............................160 Tabela C-5 - Resultados de quimissorção estática de CO do catalisador 1Cr/Ac ..............160 Tabela C-6 - Distribuição das espécies de cromo nos catalisadores reduzidos com CO ...161 Tabela E-1 – Resultados de polimerização no reator Büchi...............................................166 Tabela E-2 - Resultados de polimerização no reator Parr ..................................................166 xiv ___________________________________________________ _______________________________Introdução I INTRODUÇÃO O desenvolvimento de sistemas ativos para polimerização é um dos ramos mais importantes da catálise. Sua importância é refletida pelo interesse das grandes indústrias neste setor e pelo interesse científico básico envolvido. No campo da pesquisa científica atua-se na melhor caracterização dos catalisadores existentes, com o objetivo de maximizar a atividade, bem como no desenvolvimento de novos sistemas catalíticos. A polimerização de etileno se enquadra seguramente nesta descrição. O polietileno foi descoberto em 1933. A experiência que conduziu à descoberta envolveu procedimentos onde foram submetidos materiais a pressões altas (até 2000 atmosferas), com a esperança de obter produtos novos e potencialmente úteis. Na sextafeira, 24 de março de 1933, uma equipe conduzida por Reginald Gibson executou uma experiência na qual uma mistura de etileno e benzaldeído foi aquecida a 443 K e na pressão de 1700 atmosferas, na expectativa de que as duas substâncias se combinassem. Na segunda-feira seguinte nenhuma evidência da reação foi encontrada. Entretanto, Gibson observou no interior do reator um sólido com aspecto de cera, caracterizado posteriormente pelo colega Eric Fawcett como um polímero de etileno que poderia ser fundido e extrudado numa forma conveniente. As condições utilizadas por Gibson em seu experimento eram extremamente severas para uso industrial. Assim, no início da década de 1950, os pesquisadores Karl Ziegler e Giullio Natta desenvolveram um catalisador para a polimerização de etileno baseado em metal de transição altamente ativo. Ziegler empregou um catalisador constituído de uma mistura de tetracloreto de titânio e um alquil derivado de alumínio. Giulio Natta estendeu o método para outras olefinas e variações adicionais foram desenvolvidas no catalisador de Ziegler, baseado nas suas descobertas acerca do mecanismo da reação de polimerização. Os catalisadores de Ziegler-Natta incluem muitas misturas de haletos de metais de transição, especialmente titânio, cromo, vanádio e zircônio, com derivado orgânicos de metais de não-transição, particularmente, combinações de alquil-alumínio. Nesta mesma época, pesquisadores da Phillips Petroleum Co., J. P. Hogan e R. L. Banks, desenvolveram um catalisador à base de óxido de cromo suportado em sílica- 1 ___________________________________________________ _______________________________Introdução alumina para a produção de polietileno de alta densidade (PEAD). A primeira planta comercial operando com catalisador Phillips começou a funcionar em dezembro de 1956. Mais tarde, a Union Carbide Co. também desenvolveu seu catalisador à base de cromo para a produção de PEAD, baseado em sais organo-cromo. O polietileno é atualmente o plástico de maior volume de produção no mundo. Do total produzido, cerca de 43% corresponde ao polietileno de alta densidade (PEAD). Cerca de 1/3 deste PEAD é produzido utilizando catalisadores à base de cromo. A importância comercial destes catalisadores tem se refletido em intensos estudos, tanto nos centros de pesquisa das empresas envolvidas, quanto em universidades. Apesar destes estudos, alguns parâmetros fundamentais para a caracterização do catalisador são motivo de discussão na literatura disponível. Os resultados divergentes obtidos têm sido atribuídos ao uso de diferentes condições de preparo e pré-tratamentos dos catalisadores. Dentre esses parâmetros pode-se citar: a) a forma de incorporação do cromo à sílica, partindo de uma solução aquosa de sais inorgânicos, cromato/dicromato, ou partindo de sais organo-cromo; b) realização de pré-tratamentos (calcinação, ativação): função do tipo de preparação do catalisador; c) o estado de valência do sítio ativo de cromo: Cr2+ ou Cr3+; d) o mecanismo de polimerização. Dentre as publicações mais completas a respeito destes catalisadores se destacam as de M. P. McDaniel em 1985 (Advances in Catalysis 33, 47-98, 1985), e, mais recentemente, B. M. Weckhuysen e R. A. Schoonheydt em 1999 (Catalysis Today, 51, 215-219, 1999). Apesar dos 14 anos que separam estes dois trabalhos e do grande número de referências encontradas na literatura neste período, questões comuns sobre a caracterização deste sistema catalítico seguem reportadas: a) Qual o estado de oxidação do sítio ativo? b) Qual o mecanismo de polimerização? c) Qual a estrutura molecular do catalisador? Em relação ao estado de valência do sítio ativo de cromo as pesquisas mais recentes têm convergido para o Cr2+. Além disso, observou-se que o Cr2+ se sub-divide nas espécies Cr A, CrB e CrC em ordem crescente de interação com a sílica e decrescente de atividade. Entretanto, a larga distribuição de peso molecular do PEAD obtido com esse catalisador permite supor que mais de uma espécie seja ativa na reação. A falta de resultados 2 ___________________________________________________ _______________________________Introdução conclusivos da literatura na caracterização de alguns parâmetros deste sistema catalítico também justifica o interesse neste tema de pesquisa. Este estudo de tese foi motivado pelos resultados obtidos no Projeto “Síntese e Caracterização de Catalisadores à Base de Cromo” realizado no Núcleo de Catálise no período de 1995 a 1997. Nesta Tese de Doutorado serão preparados catalisadores Cr/SiO 2 com 1% (p/p) em cromo, utilizando diferentes precursores inorgânicos e organo-metálicos. Esses catalisadores serão submetidos a técnicas de análise e à reação de polimerização de etileno, com caracterização do polímero. Os objetivos do trabalho são: a) pesquisar a existência de Cr2O3 ou CrO3 no catalisador calcinado e relacionar com a espécie ativa de Cr2+. b) estudar a distribuição das espécies ativas de Cr2+ (CrA + CrB) variando o precursor e relacionar com a atividade na polimerização. c) medir a atividade e acompanhar variações nas características do polímero formado, com enfoque na produtividade, em função da distribuição de espécies de cromo. A contribuição geral pretendida neste estudo situa-se na melhor caracterização do catalisador Cr/SiO2 em relação às espécies de cromo presentes, tanto no sistema calcinado quanto no reduzido. A atividade catalítica na polimerização de etileno e propriedades do polímero formado serão avaliadas e associadas às espécies de cromo presentes. O estudo relatado nesta tese será divido por capítulos, de modo a organizar os resultados em tópicos afins: - Capítulo 2: Estado da Arte: Neste capítulo será feita uma breve revisão dos catalisadores empregados em polimerização e das características dos polietilenos obtidos com estes sistemas. Também é apresentado um panorama da produção nacional de polietileno e suas aplicações. - Capítulo 3: Preparo dos Catalisadores e Metodologias de Caracterização e Polimerização: No Capítulo 3 será apresentada a metodologia de pré-tratamento do suporte e a síntese do cromato de bis(trifenilsilila), usado no preparo de um dos catalisadores e que não é disponível comercialmente. Serão empregados sais orgânicos (acetato de cromo e cromato de bis(trifenilsilila)) e inorgânicos (cloreto de cromo e CrO3). Outros dois catalisadores serão preparados em câmara seca, uma vez que seus precursores de cromo (cloreto de cromo e bis(ciclopentadienil)cromo) apresentam-se originalmente no estado reduzido (Cr 2+). Também serão relacionadas as técnicas de caracterização empregadas e o objetivo do emprego de cada uma. 3 ___________________________________________________ _______________________________Introdução - Capítulo 4: Caracterização dos Precursores Secos e Calcinados: Neste capítulo serão relatados os resultados de caracterização da sílica, do cromato de bis(trifenilsilila), dos precursores secos (catalisadores sem calcinação) e dos catalisadores após calcinação. Serão investigados o comportamento de decomposição dos sais orgânicos de cromo quando impregnados na sílica e a interação do cromo com a superfície do suporte. Estes dados serão relacionados com a distribuição de espécies Cr 6+/Cr3+ determinada. - Capítulo 5: Caracterização dos Catalisadores Reduzidos: Neste capítulo serão abordados resultados caracterizados quanto à distribuição das espécies de Cr dos 2+ catalisadores reduzidos e presentes (A, B e C). Essa distribuição será relacionada com as espécies de cromo caracterizadas nos catalisadores calcinados. Também serão estudadas a quimissorção de CO nos catalisadores reduzidos, para quantificação dos sítios Cr2+ e a dessorção de CO, visto que esta molécula é um inibidor das reações de polimerização. - Capítulo 6: Polimerização de Etileno: No capítulo 6 serão apresentados os resultados de atividade dos catalisadores na polimerização de etileno em duas condições de reação. O polietileno será caracterizado quanto à cristalinidade, peso molecular e distribuição de peso molecular. A atividade e características do polímero serão relacionadas à distribuição de espécies de Cr2+. - Capítulo 7: Catalisadores Preparados em Atmosfera Inerte: Neste capítulo serão apresentados os resultados de caracterização de catalisadores preparados em câmara seca com sais de cromo (II). Também são apresentados resultados de polimerização e caracterização do polímero com estes catalisadores comparados com o resultados de um catalisador calcinado. - Capítulo 8: Conclusões: No capítulo 8 serão destacadas as principais conclusões do estudo e sugestões para trabalhos futuros. 4 ______________________________________________________________________________ Estado da Arte II ESTADO DA ARTE 2.1 Catalisadores para polimerização Os catalisadores empregados na produção de poliolefinas podem ser classificados em três categorias [1]: a) Catalisadores Phillips: compostos de óxido de cromo suportado em material amorfo como sílica (ex. Cr/SiO2). Responsáveis pela produção de aproximadamente 15% de todo polietileno de alta densidade comercializado no mundo; b) Catalisadores Ziegler-Natta: consistem de uma combinação de cloreto de titânio e um cloreto de alquilalumínio, suportado em MgCl2 (ex: TiCl3-Al(C2H5)3/MgCl2); c) Catalisadores metalocênicos: derivados de bis-ciclopendadienil de Zr, Hf ou Ti, em combinação com metilaluminoxano (ex: Cp2ZrCl2-[MeAlO]n). 2.2 Catalisadores à base de cromo Os catalisadores à base de cromo encontram aplicação em várias reações da indústria petroquímica como a desidrogenação/hidrogenação de hidrocarbonetos (Cr/Al2O3) e a polimerização de etileno (Cr/SiO2) [2]. Os catalisadores à base de cromo/sílica para polimerização se dividem em três categorias: a) Catalisadores Phillips - CrO3/SiO2 b) Catalisadores Unipol - (φ3SiO) 2CrO2/SiO2 c) Catalisadores Cromoceno - (C5H5) 2Cr/SiO2 A diferenciação observada entre estes sistemas catalíticos, no que se refere às características do polietileno formado, se dá na distribuição de peso molecular. Esse parâmetro determina as propriedades do polímero, como viscosidade, elasticidade e resistência ao impacto [1]. A processabilidade dos polímeros é facilitada pelo alargamento da distribuição de peso molecular. Assim, polímeros com larga distribuição são mais apropriados para a fabricação de itens por filmes de sopro e tubos, enquanto polímeros com estreita distribuição de peso molecular são apropriados para os processos de injeção, monofilamentos orientados e fitas. Notadamente, Tabela II-1, tais sistemas se distinguem do catalisador de Ziegler-Natta para produção de polietileno de alta densidade (PEAD). 5 ______________________________________________________________________________ Estado da Arte Sob condições de polimerização comparáveis, na temperatura de 363 K, muitos catalisadores de alta atividade baseados em titânio produzem polietilenos com distribuição de peso molecular relativamente estreita (Mw/Mn=2,5 a 4,5). Por outro lado, catalisadores à base de cromo produzem polietilenos com distribuição de peso molecular de intermediária a larga. Esse comportamento depende do sal de cromo usado e da forma de preparação [3]. Tabela II-1 - Distribuição de peso molecular em catalisadores à base de Cr e de Ti [3] Categoria Catalisador Co-catalisador Distribuição Mw/Mn de peso molecular típico Ziegler-Natta MgCl2/TiCl4 trialquil alumínio Estreita 2,5 - 4,5 Cromoceno (C5H5)2Cr/SiO2 - Intermediária 4 - 10 Phillips CrO3/SiO2 - Intermediária 8 - 12 Union Carbide (φ3SiO) 2CrO2/SiO2 alcóxido de dialquil alumínio Larga 10 - > 20 Os catalisadores tipo Phillips são produzidos por deposição de um sal inorgânico de cromo na superfície da sílica, resultando em 1% Cr como teor típico. Antes da polimerização o catalisador deve ser calcinado para estabilização do cromo na superfície do suporte como espécies cromato, dicromato ou simplesmente CrO3, precursores do sítio ativo. Após essa etapa, o catalisador é reduzido para obtenção da espécie ativa, onde os seguintes agentes redutores podem ser utilizados: monóxido de carbono, reagentes alquilalumínio ou alcóxi-alumínio e etileno ("in situ"). No entanto, apesar de intensa pesquisa desde a década de 50 [1], quando foi descoberto, não há uma descrição completa de suas características devido a: a) Apenas uma pequena fração dos sítios de cromo pode ser considerada ativa. Como conseqüência, quase todos os resultados de caracterização não são diretamente relacionados aos sítios ativos do catalisador; b) A estrutura de catalisadores tipo Phillips é extremamente sensível a diferentes preparações e condições de tratamento, tornando difícil a comparação entre resultados de diferentes grupos de pesquisa; c) Muitos estudos de polimerização tem sido conduzidos a 298K e pressão em torno de 1atm, afastados de condições industriais. Tais estudos não são fiéis indicadores da performance catalítica. 6 ______________________________________________________________________________ Estado da Arte 2.2.1 Modificações no catalisador de cromo tipo Phillips O catalisador Phillips tradicional, CrO3/SiO2, apresenta alta produtividade na polimerização de etileno. No entanto, o controle do peso molecular (PM) ou índice de fusão (IF ou “Melt Index” - MI) e a distribuição de peso molecular (DPM) são dificultados pelo pouco ou nenhum efeito do hidrogênio como agente de transferência de cadeia. Assim, variações dos catalisadores CrO3/SiO2 ou a introdução de aditivos foram pesquisadas [3]. Por exemplo, os catalisadores baseados em cromoceno - bis(ciclopentadienil)cromo - permitem o controle da distribuição de peso molecular do polietileno por transferência de cadeia induzida pela adição de hidrogênio [4]. Deste modo, a adição de organo-titanatos ao sistema cromo/sílica permite elevar o peso molecular médio. A adição de fluoretos inorgânicos, como sílico-fluoreto de amônio [(NH4)2SiF6], ao catalisador de óxido de cromo permite a produção de polietileno com uma distribuição de peso molecular mais estreita. O uso de compostos organo-alumínio como o etóxido de dietilalumínio (Et2AlOEt) com o CrO3 serve para alargar a distribuição de peso molecular. Todas essas modificações para o controle do peso molecular ou distribuição de peso molecular são efetivas porque permitem a modificação química da superfície da sílica na vizinhança do sítio ativo de cromo, ou alteram a densidade eletrônica do sítio ativo, Tabela II-2. Um método distinto com o objetivo de aumentar o peso molecular do polímero inclui a redução e reoxidação do catalisador com monóxido de carbono ou sulfeto de carbonila ou ainda pirólise de sais de cromo de baixa valência [3]. Tabela II-2 - Modificações químicas de catalisadores CrO3/SiO2 [3] Aditivo Composto típico Efeito Compostos de flúor (NH4)2SiF6 Estreita PM Titanatos orgânicos (i-PrO) 4Ti Diminui IF Compostos organo-alumínio Et2AlOEt Alarga PM Redução/oxidação do cromo CO, COS Diminui IF 2.3 O Suporte O suporte empregado nos catalisadores comerciais à base de cromo é uma sílica gel de alta superfície específica (~300m2/g). As sílicas utilizadas em catalisadores para polimerização são derivadas do processo gel, iniciado pela reação de silicato de sódio com 7 ______________________________________________________________________________ Estado da Arte ácido sulfúrico, Figura II-1 [5]. Os dois reagentes são adicionados até pH = 7,0 para produzir um hidrosol de sílica. A neutralização acarreta na polimerização das espécies de silicatos, formando partículas que se agregam dando lugar a cadeias e, finalmente à estrutura tridimensional de hidrogel. Por esse processo torna-se mais fácil controlar o tamanho de partícula e parâmetros texturais. Dessa forma se obtém um suporte de alta área específica e volume de poros, com valores típicos de 300 m2/g e 1,6 cm3/g, respectivamente. As sílicas utilizadas nos processos de polimerização em fase gás e em suspensão tem tamanho de partícula de 20 - 90 µm e de 50 - 180 µm, respectivamente. Além disso, a sílica deve ter estabilidade térmica para suportar as altas temperaturas de pré-tratamento para ativação do catalisador no processo Phillips, entre 773 e 1273K por 510h [6]. SILICATO DE SÓDIO ÁCIDO SULFÚRICO agitação vigorosa HIDROSOL gelação HIDROGEL remoção do sulfato de sódio e rearranjo estrutural remoção de água / secagem XEROGEL moagem e classificação de tamanho SUPORTE SÍLICA (50 - 180 µ) Figura II-1 - Diagrama esquemático dos estágios envolvidos na preparação de sílica pela rota gel para catalisadores Cr/SiO2 [5] Na superfície, a estrutura da sílica pode apresentar grupos siloxanos (≡Si-O-Si≡) com o oxigênio na superfície, ou uma das formas de grupos silanóis (≡Si-OH) [7]. Os silanóis podem ser divididos em grupos isolados (ou silanóis livres), onde o átomo de silício da superfície tem três ligações na estrutura e a quarta num grupo hidroxila, e silanóis vicinais (ou silanóis em ponte), onde dois grupos silanóis simples, ligados a átomos de 8 ______________________________________________________________________________ Estado da Arte silício diferentes, são unidos por ponte de hidrogênio. Um terceiro grupo, de silanóis geminados, consiste de dois grupos de hidroxilas cada qual ligado a um átomo de silício, Figura II-2. H H H H O O O Si Si Si silanol isolado silanol vicinal H O O Si silanol geminado Figura II-2 – Grupos de silanóis na superfície da sílica gel [7] A análise de espectroscopia de infravermelho tem sido largamente aplicada ao estudo da superfície da sílica. Os grupos de hidroxilas assim caracterizados são apresentados na Tabela II-3. As vibrações a 3730-3720 e 3520 cm-1 foram assinaladas à interação do oxigênio do grupo hidroxila com o hidrogênio do grupo hidroxila vizinho. Assim, essas bandas podem ser atribuídas aos grupos silanóis vicinais (em ponte), enquanto a banda a 3746 cm-1 é associada a grupos silanóis isolados. Tabela II-3 - Atribuições de bandas de infravermelho para grupos O-H [7] Freqüência (cm-1) espécie 3746 OH isoladas 3742 OH geminadas 3730-3720 OH vicinais (H) 3520 OH vicinais (O) 3400-3500 moléculas de água adsorvida Medidas quantitativas permitem obter o número de grupos silanóis numa sílica completamente hidroxilada e o seu comportamento em função de aquecimento sob vácuo. Na Tabela II-4 é apresentado o comportamento dos grupos hidroxila em função de aquecimento sob vácuo [7]. Zhuravlev [8] obteve 4,6 ± 0,5 OH/nm2 para um conjunto de cem amostras de sílicas amorfas com superfície específica variando de 9,5 a 950 m2/g. O valor encontrado é independente das características texturais do material. Verifica-se uma queda considerável na quantidade de hidroxilas entre 473 e 773 K, atribuída à condensação de grupos silanóis em ponte. A partir dessa temperatura ocorre a condensação de grupos silanóis isolados. 9 ______________________________________________________________________________ Estado da Arte Tabela II-4 – Concentração média de grupos hidroxila na superfície de sílica amorfa [7] Temperatura de tratamento (K) Hidroxilas (grupos OH/nm2) θ (cobertura da superfície) 453-473 4,60 1,0 573 3,55 0,77 673 2,35 0,50 773 1,80 0,40 873 1,50 0,33 973 1,15 0,25 1073 0,70 0,15 1173 0,40 0,09 1273 0,25 0,05 1373 <0,15 <0,03 A quantificação dos diferentes grupos de hidroxilas da superfície da sílica em função da temperatura pode ser feita utilizando métodos de espectroscopia (IV, RMN) ou de dessorção à temperatura programada (TPD). A Figura II-3 apresenta a distribuição das espécies de grupos silanóis da sílica em função da temperatura sob vácuo. Verifica-se um aumento dos silanóis isolados até 673K devido ao processo de desidroxilação dos silanóis em ponte, representada pela Equação II-1. 5 hidroxilas totais Número de grupos silanol (OH/nm2 ) silanóis geminados silanóis vicinais 4 silanóis isolados 3 2 1 0 500 600 700 800 900 1000 1100 Temperatura (K) Figura II-3 - Grupos de hidroxilas superficiais da sílica em função da temperatura [7] 10 ______________________________________________________________________________ Estado da Arte Em temperaturas maiores (> 673 K) os silanóis isolados começam a condensar num processo relativamente lento. Os silanóis em ponte condensam rapidamente e desaparecem completamente após tratamento sob vácuo a 673 K. Si O Si H Si O O + H2O Si H Si O Si H O H Equação II-1 - Desidroxilação dos silanóis em ponte para silanóis isolados [7] A Figura II-4 apresenta as análises termogravimétrica e termo-diferencial (ATG/ATD) da sílica comercial Kieselgel 60 [7]. O termograma mostra claramente um pico no ATD referente à perda de água fisissorvida dos poros do material até 393 K, acompanhada pela perda de massa no ATG. Essa região é seguida por outra em maior faixa de temperatura, relativa ao processo de desidroxilação. Figura II-4 – Termograma ATG/ATD de sílica Kieselgel 60 (N2, 150ml/min, 10 K/min) [7] As sílicas preparadas pelo processo gel, apresentado na Figura II-1, contém pequena quantidade de íons Na+ residual, em torno de 0,02 mmoles Na+/g sílica [9]. 11 ______________________________________________________________________________ Estado da Arte Entretanto, a adição de quantidades maiores de íons de metais alcalinos à sílica (> 0,1 mmol/g) tem o efeito prejudicial de reduzir a fração de espécies ativas de cromo no catalisador tipo Phillips, diminuindo sua atividade. Segundo alguns autores [10, 11, 12], a desidroxilação da sílica gel é acelerada pela presença de íons alcalinos abaixo de 1073 K e, acima deste valor, ocorre a formação de silicato metálico com evolução de ácido clorídrico, no caso de ser usado um cloreto de metal alcalino. 2.3.1 Influência da estrutura da sílica nas propriedades do polímero A sílica desempenha um papel importante no processo de polimerização, participando da formação dos sítios ativos por ancoragem do composto de cromo aos grupos silanóis da sua superfície. Também influencia a atividade do catalisador e o controle da estrutura do polímero em termos de peso molecular médio, distribuição de peso molecular e ramificações da cadeia [3]. Polietilenos são produzidos numa larga faixa de densidades, onde cada densidade produz larga faixa de índices de fusão (IF ou ”Melt Index”, relacionado inversamente ao peso molecular), resultando num vasto espectro de polímeros disponíveis para aplicações específicas. As propriedades dos polímeros são determinadas por: a) peso molecular, b) distribuição de peso molecular, c) grau de ramificação da cadeia e d) distribuição das ramificações da cadeia. Existe uma forte correlação entre a porosidade do catalisador e o peso molecular do polímero produzido. Quanto maior o diâmetro médio de poros, menor o peso molecular [13]. Mc Daniel sugere que exista maior proximidade de sítios ativos nos suportes com menor diâmetro médio de poros. Assim, uma cadeia polimérica terminal acoplada a um sítio pode ser incorporada à outra cadeia em crescimento num sítio vizinho, aumentando o peso molecular em catalisadores com menor diâmetro médio de poros. Uma tendência de redução do peso molecular com o aumento da temperatura de ativação do catalisador (773 a 1173 K) é observada [13]. Essa variação não pode ser atribuída a variações na estrutura de poros do catalisador, já que a distribuição do tamanho de poros se mantém relativamente inalterada nessas temperaturas, em sílicas que contenham baixa concentração de íons Na+. Dessa forma, esse efeito tem sido 12 ______________________________________________________________________________ Estado da Arte correlacionado com a desidroxilação da superfície da sílica. Hidroxilas residuais podem se coordenar a sítios ativos de cromo interferindo na polimerização ou então, a condensação de hidroxilas pode resultar em alteração na superfície da sílica modificando o sítio ativo. 2.4 Processos de polimerização Os dois processos mais utilizados para a produção de polietileno de alta densidade (PEAD) são: o processo Phillips, da Phillips Petroleum Co., em fase lama ("slurry phase") e o processo Unipol, da Union Carbide Corp., em fase gás [5, 14]. No processo Phillips, Figura II-5, a polimerização ocorre numa suspensão de isobutano usando catalisador altamente ativo num reator de circulação (“loop reactor”). O índice de fusão (IF) e a distribuição de peso molecular são controlados pelo catalisador, condições de operação e adição de hidrogênio, permitindo supor que o catalisador é do tipo Phillips modificado. A densidade é controlada pela incorporação de co-monômero. Etileno, isobutano, co-monômero e catalisador são alimentados continuamente no reator. Neste processo a temperatura de reação é de 373 K, pressão de aproximadamente 40 atm e o tempo de residência de aproximadamente uma hora. A conversão do etileno situa-se em torno de 97% por passo. Polietileno cristalino é formado como pequenas partículas livres na presença do diluente. Atualmente, em torno de oitenta unidades estão em operação ou em construção no mundo [14]. Figura II-5 - Processo Phillips em suspensão [14] No processo Unipol, em fase gás de leito fluidizado, Figura II-6, etileno, comonômero e catalisador são alimentados continuamente num reator de leito fluidizado de partículas de polímero e operando próximo a 25 atm de pressão e aproximadamente 373 K. Um compressor centrífugo, de estágio simples, promove a circulação do gás reagente que fluidifica o leito catalítico, introduz etileno no reator e remove calor de reação do leito. A 13 ______________________________________________________________________________ Estado da Arte conversão por passo no reator é de 2-3% e o tempo de residência do catalisador de 3 a 5 horas. Em ambos os processos cada partícula de catalisador cria uma partícula de polímero muitas vezes maior do que a original, de modo que a forma e distribuição de tamanho de partícula do polímero reflete a do catalisador. Figura II-6 - Processo Unipol em fase gás [14] Para ser aceito pelo mercado, o polietileno produzido precisa apresentar propriedades adequadas como distribuição do tamanho de partícula, forma da partícula e índice de fusão (IF), que permitam seu processamento. Esses parâmetros são diretamente influenciados pela atividade do catalisador, perfil cinético da reação e características do suporte, Tabela II-5. As condições de crescimento do polímero e a adaptação das partículas de polímero formado às forças de tensão geradas pelo crescimento, contribuem para a morfologia resultante [3]. Tabela II-5 - Fatores que influenciam o crescimento do polímero [3] Catalisador Atividade Distribuição da fase ativa no suporte Suporte Tamanho Forma Porosidade da partícula de sílica Perfil cinético da polimerização Viscosidade do polímero nascente 14 ______________________________________________________________________________ Estado da Arte 2.5 Polietileno O polietileno é o polímero composto por cadeias repetidas de -CH2-CH2- do monômero etileno (C2H4). É um sólido parcialmente cristalino, flexível e cujas propriedades são fortemente influenciadas pelas frações relativas de fase cristalina e amorfa [14]. No início da década de 1950, o pesquisador alemão Karl Ziegler e colaboradores descobriram, acidentalmente, que polietilenos com altas densidade (0,945-0,960 g/cm3) e cristalinidade poderiam ser sintetizados à pressão atmosférica e temperaturas entre 323-373 K na presença de um sistema catalítico baseado em haletos de titânio e compostos alquilalumínio (catalisador Ziegler). Aproximadamente na mesma época, pesquisadores da Phillips Petroleum Co., usando pressões moderadas desenvolveram um catalisador de trióxido de cromo suportado em sílica (catalisador Phillips) para a preparação de polietilenos na faixa de densidade 0,960-0,970 g/cm3. Estes dois sistemas catalíticos são empregados na síntese da maioria dos polietilenos de alta densidade atualmente. Os polietilenos são divididos em três grupos, principalmente em função de sua densidade, temperatura de fusão e existência de ramificações na cadeia principal: a) Polietileno de alta densidade (PEAD) Polímeros preparados com catalisadores à base de cromo (Phillips) ou Ziegler. Homopolímeros de densidade 0,960-0,970 g/cm3, abrangendo os polietilenos de alto peso molecular e copolímeros de α-olefinas de densidades 0,940-0,958 g/cm3, geralmente contendo 1-buteno ou 1-hexeno. b) Polietileno de Baixa Densidade (PEBD) Produtos sintetizados por polimerização via radicais livres. Homopolímeros de densidade 0,915-0,930 g/cm3 contendo substituintes alquil com 2-8 átomos de carbono bem como ramificações, formadas durante a síntese e copolímeros contendo grupos polares como resultado de copolimerização com acetato de vinila, acrilato de etila, etc. c) Polietileno de Baixa Densidade Linear (PEBDL) Copolímeros de α-olefinas de densidades 0,915-0,940 g/cm3, geralmente contendo 1-buteno, 1-hexeno ou 1-octeno. Sintetizados principalmente com catalisadores Ziegler, exceto para a fração de densidades 0,938-0,940 g/cm3 feita com catalisadores Phillips. O polietileno é o plástico de mais largo emprego no mundo. Seu consumo está estimado em 40 milhões de toneladas por ano [15]. Este total se distribui entre as formas 15 ______________________________________________________________________________ Estado da Arte de polietileno de alta densidade (PEAD), polietileno de baixa densidade (PEBD) e polietileno de baixa densidade linear (PEBDL) de acordo com a Figura II-7 [16]. 24% 43% PEAD PEBD PEBDL 33% Figura II-7 - Distribuição da produção mundial de polietileno [16] Entre os processos comerciais, os catalisadores à base de cromo respondem por um terço da produção de polietileno de alta densidade (PEAD), sendo que 23% dessa produção é proveniente de processos em suspensão ou fase gás utilizando catalisadores tipo Phillips (CrO3/SiO2) [5, 17]. O polietileno de alta densidade é o polímero com maior número de produtores no Brasil [18, 19]. A Ipiranga Petroquímica em Triunfo/RS fabrica PEAD usando tecnologia "slurry" (Hoechst), com capacidade ampliada em 1997. A OPP Polietilenos em Camaçari/BA começou sua produção em 1992 e opera uma planta "swing", dedicada à produção de PEAD (tecnologia da Unipol) e polietileno de baixa densidade linear (PEBDL). A Polialden Petroquímica fabrica PEAD (tecnologia da Du Pont Canadá) a partir de etileno provido pela COPENE em Camaçari. A Solvay em Santo André/SP fabrica PEAD a partir de etileno provido pela Petroquímica União de Capuava/SP. A Tabela II-6 apresenta a capacidade instalada para produção nos pólos petroquímicos do país. Pelos resultados de 2000, o consumo brasileiro de PEAD se distribuiu nas modalidades sopro (36,5%), filmes (32%), injeção (19,6%), extrusão (10,5%) e outros processos (1,4%). Tabela II-6 - Capacidade instalada para produção de PEAD (ano: 2000) [18] Pólo Empresa Produção (ton) Triunfo (RS) Ipiranga 500.000 Camaçarí (BA) São Paulo (SP) OPP 200.000 Politeno 180.000 Polialden 150.000 Solvay 82.000 Total 1.112.000 16 ______________________________________________________________________________ Estado da Arte O consumo estimado de PEAD no Brasil no ano de 1998 se distribuía nas aplicações abaixo, enquanto dados de suprimento e demanda de PEAD no período 19942001 são reportados na Tabela II-7 [19]: a) Higiene pessoal e doméstica 25% f) Embalagens de alimentos 3% b) Sacolas de supermercado 23% g) Fibras e filamentos 3% c) Aplicações domésticas 10% h) Caixas 3% d) Usos industriais 8% i) Outros 20% e) Tubos e conexões 3% Tabela II-7 - Suprimento e demanda de PEAD no Brasil 1994-1998, 2000 e 2001 [18, 19] Ano 1994 1995 1996 1997 1998 2000 2001* Capacidade nominal 422 422 422 582 582 Produção 479 495 517 643 687 sopro 189 278 279 233 265 filmes 100 116 125 167 190 injeção 62 65 65 133 151 Consumo total Comércio 891 852 629 597 Importação 26 72 81 49 70 58 81 Exportação 139 88 107 129 117 250 237 * 2001: Estimativas preliminares, Fonte: ABIQUIM - Depto. de Economia, milhões de ton. 17 ____________Preparo dos Catalisadores e Metodologias de Caracterização e Polimerização III PREPARO DOS CATALISADORES E METODOLOGIAS DE CARACTERIZAÇÃO E POLIMERIZAÇÃO Neste capítulo serão apresentadas as metodologias de preparo dos catalisadores, bem como as técnicas de caracterização empregadas e o objetivo de seu emprego. Os catalisadores foram preparados utilizando uma sílica comercial de alta superfície específica e volume de poros, variando-se o precursor de cromo empregado. É descrita também a preparação e caracterização do cromato de bis(trifenilsilila), sal usado no preparo de um dos catalisadores, não disponível comercialmente. Deste modo, quatro catalisadores foram preparados por impregnação de sais orgânicos ou inorgânicos à sílica e calcinados, seguindo o preparo de catalisadores Phillips. Outros dois catalisadores foram preparados em câmara seca, sob atmosfera inerte, utilizando sais de cromo com estado de oxidação 2+, sítio ativo para polimerização. 3.1 Pré-tratamento do suporte O suporte empregado no preparo dos catalisadores foi a Sílica-gel Davison Gracie 955, cedida pela OPP Química S.A. Foi procedido um tratamento térmico no material, visando estabilizar as características texturais e a fração de hidroxilas isoladas superficiais. O suporte foi aquecido da temperatura ambiente até 773 K (10 K/min) e mantido nesta temperatura por 1 hora sob fluxo de ar comprimido seco (30ml/min) em calcinador de vidro pyrex com placa sinterizada. 3.2 Preparo dos catalisadores Os catalisadores Cr/SiO2 foram preparados de acordo com o esquema apresentado na Figura III-1, e são relacionados na Tabela III-1 com os símbolos que os descreverão ao longo do trabalho. Na preparação em rota-vapor, após a impregnação, foi feita a secagem a vácuo e calcinação sob fluxo de ar comprimido a 773 K. O cromato de bis(trifenilsilila), usado nesta preparação e não disponível comercialmente, foi sintetizado e caracterizado em nosso laboratório, de acordo com o procedimento descrito no item a seguir (item 3.3). Este sal, insolúvel em água, foi diluído em tolueno para o preparo do catalisador 1CrB. Neste caso, a impregnação foi seguida de filtração à vácuo e lavagem com solvente, de 18 ____________Preparo dos Catalisadores e Metodologias de Caracterização e Polimerização acordo com a Figura III-1. Na outra forma de preparo, os catalisadores foram obtidos em câmara seca, com sais de Cr(II) diluídos em n-hexano seco e impregnados à sílica, previamente tratada, num recipiente com agitação magnética. Forma de preparo Tabela III-1 - Catalisadores Cr/SiO2 preparados Acetato de Cromato de Cloreto de Trióxido de Cromoceno cromo (II) silila (VI) cromo (II) cromo (VI) (II) Rota-vapor 1CrA 1CrB 1CrC 1CrD - Câmara seca - - 1CrCS - 1CrES Fabricante do Sal Aldrich Sintetizado Aldrich Aldrich Strem Pureza (%) 99 - 95 >= 98 95 A síntese em rota-vapor consistiu do preparo prévio de uma solução aquosa do precursor seguida de diluição apropriada para obtenção do teor de 1% Cr (p/p) no catalisador. Assim, ao balão do rota-vapor foram adicionadas a sílica pré-tratada e a solução de precursor. O volume de solução seguiu a proporção de 15 ml por grama de sílica. Este material foi posto sob agitação por 18 horas à temperatura ambiente e pressão atmosférica. Ao final deste período foi feita tratamento da sílica 773 K / 1 h impregnação (rota-vapor) 18 horas secagem à vácuo (rota-vapor) 353K / 1h secagem (estufa) 18 horas calcinação (calcinador) 773K / 1 h impregnação (câmara seca) filtração à vácuo/ lavagem c/ solvente secagem (estufa) 18 horas calcinação (calcinador) 773K / 1 h agitação 298 K / 1 h filtração para remoção do solvente 1CrCS 1CrES 1CrBCrB 1CrA 1CrC 1CrD Figura III-1 - Esquema simplificado de preparação dos catalisadores 19 ____________Preparo dos Catalisadores e Metodologias de Caracterização e Polimerização atmosférica. Ao final deste período foi feita secagem do excesso de água sob vácuo a 353 K por 1 hora. A secagem prosseguiu transferindo o catalisador para uma estufa onde foi deixado por 18 horas a 393 K. Finalmente, o material foi calcinado em calcinador a 773 K por 1 hora sob fluxo de ar comprimido seco. Foram preparados 10g de cada catalisador. Durante o período do Exame de Qualificação foi preparado um catalisador (símbolo 1Cr/Ac) com 0,85% Cr empregando acetato de cromo como precursor e utilizando a metodologia de preparo esquematizada na Figura III-1, estabelecida como padrão de preparação dos catalisadores da tese. A síntese dos catalisadores 1CrCS e 1CrES (4g de cada) em câmara seca MBraun, modelo MB 150M, foi realizada sob atmosfera de nitrogênio ultra puro (AGA, 99,999%). Inicialmente, a sílica foi tratada a 773K por 1hora sob fluxo de N2 ultra-puro num calcinador provido de torneiras abre-fecha, e transferida para a câmara seca sem contato com a atmosfera. O precursor, cloreto de cromo (II) ou bis(ciclopentadienil)cromo (cromoceno), foi pesado na câmara e solubilizado em 60mL de n-hexano seco (Aldrich, <0,5ppmH 2O), tratado previamente com 1mL de trietilalumínio 15% peso (Albermale). A solução (15ml/g suporte) foi transferida para um becker juntamente com a sílica tratada e agitados com agitador magnético por 1 hora à temperatura ambiente. Finalmente, foi procedida uma filtração, de acordo com a Figura III-1, seguida de duas lavagens com nhexano seco. Tendo sido observada coloração na solução do filtrado em ensaios preliminares, os catalisadores foram preparados com um teor de cromo nominal de 2% Cr, para compensar as perdas na filtração. 3.3 Preparo do Cromato de bis(trifenilsilila) O cromato de silila não é encontrado comercialmente e foi sintetizado. Sua preparação foi realizada conforme referências de Granchelli e Walker [20] e Baker e Carrick [21]. Este procedimento envolveu a solubilização de trifenilsilanol e trióxido de cromo em ácido acético glacial e reação a 323K por 10min com agitação. Em seguida, foi feita a filtração e secagem em estufa a 393K por 18h. Finalmente, foram feitas 2 purificações sucessivas por recristalização em tetracloreto de carbono. A Figura III-2 representa o esquema da preparação. O cromato de silila obtido é um sólido cristalino alaranjado e foi caracterizado por análises térmica (ATG/ATD), de espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier (FTIR) e de difração de raios-X (DRX). O ponto de fusão também foi determinado utilizando tubo capilar imerso num banho 20 ____________Preparo dos Catalisadores e Metodologias de Caracterização e Polimerização termostático com temperatura controlada, resultando na faixa 426 - 428 K, de acordo com o resultado de Granchelli e Walker [20]. T r i f e n i l s i S o l a l n u o b a F i l l i T l c é 3 2 t i z t 3 r a i a ç c K ç ã o g / ã 1 o r o i e m l a c i 0 m i n à v ó á x á a c i c d i o d d e c r o m o o l u o sólido secagem em estufa 18h/393K Solubilização em CCl4 e refluxo c/ agitação / 350K Filtração a quente solução Recristalização Filtração a frio Secagem em estufa 393K/18h Bis (trifenilsilil) cromato Figura III-2 - Esquema de preparo do Cromato de bis(trifenilsilila) 3.4 Preparo de misturas físicas Foram preparadas misturas físicas de CrO3, α-Cr2O3, K2CrO4 e K2Cr2O7 (Aldrich) com a sílica calcinada a fim de obter amostras com as espécies Cr 6+ e Cr3+ puras e compará-las com os catalisadores. As misturas físicas foram preparadas por homogeneização das massas necessárias do suporte e do sal em um almofariz de porcelana com pistilo com o teor de aproximadamente 3% Cr em peso. A Tabela III-2 apresenta as misturas físicas com os símbolos que as representam. As misturas foram utilizadas sem tratamento de calcinação. Os teores de cromo foram calculados pelas massas dos componentes utilizados, considerando desprezíveis as perdas durante o preparo. 21 ____________Preparo dos Catalisadores e Metodologias de Caracterização e Polimerização Tabela III-2 – Misturas físicas preparadas Mistura física Composto de cromo Teor de cromo (%Cr) MFCrO3 CrO3 3,0 MFCr2O3 Cr2O3 3,0 MFC K2CrO4 3,2 MFD K2Cr2O7 3,1 3.5 Ativação dos catalisadores Para obter o sítio ativo na polimerização, Cr2+, os catalisadores Cr/SiO2 calcinados foram submetidos a um procedimento padrão de redução. Inicialmente, as amostras foram submetidas a tratamento com fluxo de gás inerte (He ou N2 - AGA, ultra puros 99,999%) de 30mL/min da temperatura ambiente até 773K (10K/min) por 1 hora. Foi realizado o resfriamento até a temperatura ambiente em atmosfera inerte e, em seguida, foi feita a redução a 623K (10K/min) por 1 hora, com mistura 5% CO/He (AGA, <2ppm O2, <3ppm H2O e <1ppm CO2) a 30mL/min. Finalmente, foi feita a eliminação do CO residual com novo fluxo de gás inerte a 30mL/min na mesma temperatura de redução por 1 hora, resfriando até a temperatura ambiente após este período. Nas análises de quimissorção estática de CO e infravermelho com transformada de Fourier (FTIR) a etapa de eliminação do CO residual após redução foi feita com vácuo ao invés de fluxo de gás inerte. 3.6 Metodologias de Caracterização dos Precursores Secos e Calcinados 3.6.1 Análise textural A análise textural da sílica e dos catalisadores foi realizada por fisissorção de N2 num equipamento ASAP 2000 da Micromeritcs para determinação da superfície específica e volume de poros da sílica, antes e após tratamento térmico. Também foi efetuada a análise textural nos catalisadores preparados em câmara seca com cloreto de cromo (II) e cromoceno. As amostras (200 mg) foram submetidas a secagem sob vácuo (10-1 torr) a 573 K por 18 horas in situ. Nos catalisadores preparados em câmara seca o procedimento de secagem foi realizado a 353K para evitar a decomposição dos sais de cromo. Em seguida foram feitas as isotermas de adsorção e dessorção de N2 a 77 K, utilizando banho de N2 líquido. 22 ____________Preparo dos Catalisadores e Metodologias de Caracterização e Polimerização 3.6.2 Espectroscopia de Absorção Atômica (AAS) Para a determinação do teor real de cromo em todos os catalisadores foi feita a espectroscopia de absorção atômica. Nas misturas físicas considerou-se o teor de cromo nominal. Foi utilizado um espectrofotômetro da PERKIN ELMER, modelo AAS 1100B. O método de análise utilizado foi adição de padrão. Os parâmetros operacionais do equipamento foram: comprimento de onda (λ)=357,9 nm, fenda (SBW)=0,7 nm, corrente da lâmpada=20mA, gás da chama=ar/acetileno(redutor) e cheque de sensibilidade=10,0. A curva de calibração foi obtida com padrões de 1,25 e 3,75 ppm. A reprodutibilidade da análise permitiu determinar a incerteza nas medidas de teor em 7%. O procedimento, desenvolvido no NUCAT, era realizado pesando-se, inicialmente, 0,12g de amostra. Em seguida, adicionava-se 4ml de água destilada deionizada, submetendo a aquecimento brando. Posteriormente, adicionava-se 4ml de ácido fluorídrico concentrado, aquecendo a solução novamente. O procedimento de ataque com HF foi repetido mais uma vez. Logo após, adicionava-se 20 gotas de ácido perclórico concentrado, levando a um aquecimento enérgico até que a solução atingisse a temperatura de ebulição. Observava-se neste ponto, a mudança de coloração de verde para violeta. Esperava-se esfriar, retomando o volume com água destilada e deionizada. 3.6.3 Espectroscopia na região do Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR) As análises de infravermelho foram realizadas à temperatura ambiente num equipamento Perkin-Elmer 2000 FT-IR com uma resolução de 4 cm-1. As amostras foram prensadas formando pastilhas auto-suportadas com 18 mg/cm2. Nos casos em que foi realizado pré-tratamento in situ, as pastilhas foram fixadas a um porta-amostra de vidro pirex e introduzidas numa célula de pré-tratamento, segundo Monteiro [22]. A célula, dotada de janelas de CaF2, permitiu a realização da análise de infravermelho sem contato das amostras pré-tratadas com a atmosfera externa. A técnica de FTIR foi empregada em várias etapas de caracterização desta tese: - Para acompanhar o comportamento das hidroxilas superficiais da sílica com a temperatura: A sílica foi tratada nas temperaturas de 298, 373, 473, 573, 673 e 773 K por 30min sob vácuo, com taxa de aquecimento de 10K/min. As amostras eram resfriadas até a temperatura ambiente para cada análise de infravermelho. Também foi analisada a sílica 23 ____________Preparo dos Catalisadores e Metodologias de Caracterização e Polimerização após tratamento em calcinador sob fluxo de ar comprimido. Foram acompanhados os espectros na região de 4000 - 3200 cm-1, sendo observada a banda a 3745 cm-1, referente às hidroxilas isoladas da sílica. - Para caracterizar o cromato de bis(trifenilsilila): A pastilha auto-suportada do sal foi analisada sem pré-tratamento. Foram observadas bandas a 975 e 987 cm-1 atribuídas à ligação Cr-O, na região de 800-1050 cm-1. - Para caracterizar a interação do cromo com o suporte: Pastilhas auto-suportadas dos catalisadores foram analisadas sem tratamento. Foi observada a banda a 907 cm-1, referente à ligação Cr-O, na região de 800-1000 cm-1. 3.6.4 Análise Termogravimétrica e Termo-diferencial (ATG/ATD) A análise térmica foi realizada num equipamento Rigaku Thermal Analysis Station TAS100. As amostras foram submetidas a um aquecimento da temperatura ambiente até 1273K sob fluxo de mistura 17% O2/N2 ou apenas N2 (60ml/min). A análise foi realizada nas seguintes amostras: - sílica calcinada: para acompanhar o comportamento de desidroxilação, com N2 ; - cromato de bis(trifenilsilila): determinar o comportamento de decomposição do sal puro, com mistura 17% O2/N2; - precursores secos: para acompanhar a decomposição dos precursores orgânicos suportados na sílica, com mistura 17% O2/N2; - catalisadores calcinados à base de precursores orgânicos e de CrCl2: para verificar a decomposição completa do sal após a calcinação, com N2. 3.6.5 Difração de Raios-X (DRX) As análises foram realizadas num equipamento Rigaku Miniflex com radiação CuKα (30kV e 15mA). Os dados foram coletados na região de 2θ entre 100 e 700 com passo de 0.050 e 2s em cada passo. A análise foi realizada nos seguintes casos: - na caracterização do cromato de bis(trifenilsilila) sintetizado; - na caracterização do cromato de bis(trifenilsilila) decomposto por calcinação; - nos catalisadores 1CrB e 1CrC para investigar a presença de Cr 2O3 cristalino. Nestes casos, um padrão de α-Cr 2O3 (Aldrich, 99%), com raias principais a 33,80, 36,40 e 55,00 (2θ) foi empregado para comparação. 24 ____________Preparo dos Catalisadores e Metodologias de Caracterização e Polimerização 3.6.6 Espectroscopia Fotoeletrônica de Raios-X (XPS) As medidas de espectroscopia fotoeletrônica de raios-X (XPS) foram efetuadas num espectrômetro PHI modelo 1257. Os catalisadores calcinados, sem pré-tratamento, foram dispostos numa fita adesiva de dupla face sobre um porta-amostra e introduzidos numa ante-câmara, na qual foi feito vácuo da ordem de 10-6 torr. Padrões de CrO3 e Cr2O3 foram analisados como referência de energia de ligação. O padrão de CrO3 sofreu um prétratamento com solubilização em água destilada e aplicação de uma camada sobre o portaamostra do equipamento, procedimento necessário em função da natureza higroscópica do material puro. Após um tempo de degaseificação de 30min, as amostras foram transferidas para a câmara principal do instrumento, que operava com vácuo de 10-9 torr durante os experimentos. Utilizou-se, para excitação dos fotoelétrons, radiação MgKα produzida por um tubo de raios-X operando com tensão de 13kV e potência de 200w, sem monocromador. Um analisador hemisférico PHI modelo 10-360 foi utilizado para selecionar a energia de passagem dos elétrons (46,95 eV). Em função do baixo teor de cromo nos catalisadores, foram estabelecidas 1000 varreduras consecutivas na região do espectro Cr 2p, de 566 a 594 eV, com passos de 0,2 eV e tempo de contagem total de 240 min/1000 varreduras. Após a aquisição na região do Cr 2p, foram feitas as análises nas regiões de Si 2p, O 1s, C 1s e uma varredura completa na região de 0 a 1100 eV, nesta ordem, para todas as amostras. No catalisador 1CrC, preparado com cloreto de cromo (II), também foi feita análise na região do Cl 2p. As regiões e número de varreduras de cada elemento são apresentadas na Tabela III-3. Tabela III-3 - Procedimento nas análises de XPS dos catalisadores calcinados Etapas Elemento Região do espectro (eV) varreduras 1 Cr 2p 566,0 a 594,0 eV 1000 2 Si 2p 97,0 a 117,0 10 3 O 1s 529,0 a 542,0 10 4 C 1s 278,0 a 302,0 10 5 Cl 2p 193,0 a 217,0 100 6 todos 0,0 a 1100,0 1 Para a determinação da energia de ligação utilizou-se como referência o pico de C 1s, proveniente de hidrocarbonetos residuais, sempre presentes nas análises de XPS [23], 25 ____________Preparo dos Catalisadores e Metodologias de Caracterização e Polimerização estabelecido em 284,6 eV. No cálculo semi-quantitativo das relações atômicas Cr/Si foram utilizadas as áreas dos picos Cr 2p e Si 2p, separando-as das contribuições de elétrons inelásticos de acordo com o procedimento descrito por Shirley [24] e ponderando-as com os respectivos fatores de sensibilidade dos orbitais. Na região do espectro que contém a linha Cr 2p, verifica-se, superposta, a presença de uma banda devida a elétrons provenientes do orbital O 1s, Figura III-3, que foram espalhados inelasticamente e correspondem a picos de perda de energia [25]. Esta contribuição é mais sentida para amostras com teor baixo de cromo. Assim, a eliminação da contribuição do O 1s da sílica na região do Cr 2p resulta na determinação mais acurada da relação Cr/Si. Para as análises dos catalisadores reduzidos utilizou-se o procedimento descrito no item 3.5. Os tratamentos de secagem e redução foram executados numa pré-câmara acoplada ao equipamento. Após a redução, foi procedida a remoção do CO por fluxo de hélio por 1hora, seguido de vácuo (10-6 torr) até o resfriamento da amostra a temperatura ambiente, e introdução da mesma na câmara principal do equipamento. O procedimento Intensidade (U.A.) para a determinação da razão Cr/Si foi o mesmo adotado nas amostras calcinadas. O 1s Catalisador Sílica -620 Cr 2p 1/2 Cr 2p 3/2 O 1s inelástico -600 -580 -560 -540 -520 -500 Energia de Ligação (eV) Figura III-3 - Espectros de XPS de um catalisador e da sílica na região do Cr 2p 26 ____________Preparo dos Catalisadores e Metodologias de Caracterização e Polimerização 3.6.7 Espectroscopia de Reflectância Difusa na região do ultra-violeta (DRS) As análises foram realizadas utilizando um equipamento Varian Cary 5, com acessório de reflectância difusa Harrick de geometria Praying Mantis. Os resultados foram obtidos na faixa de 800 a 200 nm nas amostras calcinadas, identificando as espécies de Cr 6+ e Cr3+, e de 1600 a 200 nm nas amostras reduzidas, identificando as espécies de Cr3+ e Cr 2+. Para este estudo, os espectros das amostras sofreram decomposição gaussiana, usando como referência bandas dos espectros dos padrões de CrO 3, Cr2O3, K2CrO4 e K2Cr 2O7, em mistura física com a sílica, e referências da literatura. As amostras calcinadas foram analisadas sem pré-tratamento. Para as amostras reduzidas, seguiu-se o procedimento apresentado no item 3.5. Os espectros de DRS foram obtidos em absorbância e reportados na função de Kubelka-Munk F(R), através da Equação III-1. F(R ) = (1 − T) 2 1 onde T = Abs 2 *T 10 Equação III-1 - Equação para determinação dos espectros de DRS em F(R) As condições para o uso da Equação III-1 são: a) amostra de espessura infinitesimal, b) distribuição aleatória das partículas e que estas sejam muito menores que a espessura da amostra, c) irradiação difusa e 4) amostras com baixa absorção. 3.6.8 Redução a Temperatura Programada (TPR) de H2 e CO Análises de redução a temperatura programada com H2 e CO foram realizadas para determinação da redutibilidade das espécies de cromo nos catalisadores calcinados. As metodologias de cálculo do consumo de H2 e CO são apresentados no Apêndice B. Análises de redução com H2 e CO também foram realizadas nas misturas físicas de CrO3 e Cr 2O3 com sílica e no suporte puro. Em todas as análises, os procedimentos foram iniciados com tratamento até 773K com fluxo de gás inerte (30ml/min) e mantido nesta temperatura por 1 hora. O TPR de H2 foi realizado da temperatura ambiente até 1023 K (10K/min) com fluxo de mistura 1,6% H2/Ar (30ml/min). O equipamento de TPR utiliza um detetor de condutividade térmica com fluxo de argônio na linha de referência. O TPR com CO foi realizado em equipamento da Micromeritcs (Modelo 2900) acoplado a espectrômetro de massas com quadrupolo Balzers, utilizando mistura 5% 27 ____________Preparo dos Catalisadores e Metodologias de Caracterização e Polimerização CO/He (60ml/min) da temperatura ambiente até 623 K (10K/min), mantido nesta temperatura por 1 hora. Os sinais das massas CO, CO2, H2O e H2, respectivamente (m/e)=28, 44, 18 e 2, foram monitorados. O sinal da massa de cloreto (m/e=36) foi monitorada no catalisador à base de cloreto de cromo. A massa m/e=18, referente a água, foi monitorada no final da etapa de secagem nas análises de TPR de CO. Não foi observado sinal desta massa após 1 hora de fluxo de gás inerte a 773K, sugerindo que o tratamento com fluxo de Helio foi eficiente. 3.6.9 Dessorção a Temperatura Programada (TPD) de CO As análises de dessorção a temperatura programada de CO foram realizadas após as análises de TPR de CO, no mesmo equipamento. Após a redução, foi realizada limpeza do CO por passagem de fluxo de Helio (60ml/min) a 623K por 1hora, seguida de resfriamento até a temperatura ambiente. Logo após, foi feita adsorção de CO passando um fluxo da mistura 5% CO/He (60ml/min) por 30min. Finalmente, foi realizada a dessorção de CO com fluxo de Helio (60ml/min) da temperatura ambiente até 773K (5K/min), mantido nesta temperatura por 1hora. Foram monitorados os sinais das massas CO, CO2, H2O e H2, respectivamente (m/e)=28, 44, 18 e 2. 3.6.10 Quimissorção Estática de CO As análises de quimissorção estática de CO foram realizadas a 298K para quantificar as espécies de cromo Cr2+A e Cr2+B que adsorvem CO, de acordo com a Figura V-7. Foi utilizado um equipamento Micromeritcs (Modelo ASAP 2000-C) que permite a execução do procedimento de tratamento com gás inerte (30mL/min) até 773K (10K/min) por 1h, seguido de redução com fluxo de mistura 5% CO/He (30mL/min) até 623K (10K/min) por 1h. Após a redução, foi realizada a limpeza do CO residual com vácuo a 623K por 1h. Cerca de 0,5 g de amostra foram utilizados em cada experimento. 3.6.11 Espectroscopia de Reflectância Difusa na região do Infravermelho e Transformada de Fourier (DRIFTS) Os catalisadores calcinados foram submetidos à análise de DRIFTS, utilizando um equipamento NICOLET Magna IR 760 com acessório de reflectância difusa Spectratech e 28 ____________Preparo dos Catalisadores e Metodologias de Caracterização e Polimerização detector DTGS. Foram coletadas 64 varreduras com resolução de 4 cm-1. Aproximadamente 22mg da amostra em pó era acondicionada no porta-amostras. Foram obtidos espectros na região de hidroxilas, a 4000-2500 cm-1, das amostras originais sem tratamento, por subtração do espectro das amostras pelo do "background". Essa análise permitiu comparar as quantidades de hidroxilas isoladas por integração da região sob a banda a 3745 cm-1. Uma unidade de tratamento acoplada permitiu realizar a secagem, redução e limpeza, de acordo com o item 3.5, obtendo-se espectros dos catalisadores e da mistura física MFCrO3 à temperatura ambiente. Os espectros apresentados são resultantes da subtração do espectro da amostra reduzida pelo espectro da amostra seca a 773 K e são apresentados nas regiões de 4000-2500cm-1, região de hidroxilas. 3.7 Polimerização de Etileno 3.7.1 Polimerização no Reator Büchi A reação de polimerização de etileno foi realizada num reator Büchi glasuster de 2 litros com agitação mecânica de acionamento elétrico (com controle de rotação) e encamisado. Para aquecimento / resfriamento do reator foi utilizado um banho termostático Julabo com óleo de silicone. O reator foi montado no laboratório de polimerização da OPP Química S.A. no Pólo Petroquímico de Triunfo/R.S. O sistema pode operar numa faixa de temperatura da ambie nte até 433K e pressão total de até 35 bar. Para os testes experimentais foi estabelecida a temperatura de 353K e pressão total de 22 bar em condições semelhantes às industriais. Para a realização dos testes, as amostras foram pré-tratadas, segundo o procedimento descrito no item 3.5, transferidas para a câmara seca e transportadas para a OPP em Triunfo em frascos de vidro vedados. Um catalisador comercial pré-ativado foi testado nas mesmas condições de reação, mas sem a etapa de redução com CO. A Figura III-4 apresenta o esquema da unidade utilizada no pré-tratamento das amostras. Foram utilizados filtros de peneira molecular na linha de N2 UP, e de peneira molecular e de Pd/Al2O3 na linha de mistura 5% CO/He. A mesma unidade foi utilizada para polimerização com o reator Parr. 29 ____________Preparo dos Catalisadores e Metodologias de Caracterização e Polimerização Figura III-4 - Unidade de pré-tratamento / polimerização dos catalisadores A Figura III-5 apresenta um esquema da unidade de polimerização com reator Büchi. As linhas de N2 e etileno passam por colunas de purificação de peneira molecular e catalisador de cobre para remoção de umidade e oxigênio, respectivamente. Após passar por este sistema, o etileno apresenta a seguinte composição em impurezas, identificadas por análise cromatográfica: H2O: 4,13 ppm, O2: 2,2 ppm, CO2: 0,65 ppm e CO: 82 ppb. O procedimento de polimerização foi iniciado por uma purga no reator com N2 a 393K por 1 hora. Em seguida trocou-se o N2 por etileno e manteve-se por mais 1 hora a 393 K com agitação de 600 rpm. Então, o reator foi esfriado até 323 K e adicionado 1 litro de hexano seco em colunas de peneira molecular (2-3 ppm H2O). Em seguida foi adicionado trietil alumínio (TEA - 1% p/p) em solução de n-hexano para obter uma relação molar TEA/Cr = 6,0. Esta razão foi otimizada para maximizar a atividade dos catalisadores. Após adição da solução de TEA por seringa descartável, o reator foi fechado e agitado sob atmosfera de etileno por 30min. Neste período, o catalisador foi pesado em câmara seca (100mg) e transportado até o reator utilizando um dispositivo composto de um tubo de aço 1/4" e duas válvulas abre-fecha Whitey. Com este sistema o catalisador foi transferido para o reator, pela válvula de purga, em contra-fluxo de etileno. O reator foi fechado e aquecido até 353 K sob agitação de 600 rpm, sendo adicionado etileno até a pressão total de 22 bar. Após 1 hora de reação nestas condições o reator foi resfriado até a temperatura ambiente e despressurizado. O polietileno, com o formato de pequenas esferas brancas, foi separado do hexano e seco para pesagem. A atividade foi reportada 30 ____________Preparo dos Catalisadores e Metodologias de Caracterização e Polimerização inicialmente como massa de polietileno por massa de catalisador. Réplicas de análises permitiram avaliar a variação experimental da atividade em ± 10%. A foto da Figura III-6 mostra a unidade de reação utilizada. Podem ser observados o reator de polimerização, o banho de aquecimento e o vaso de hexano, além das linhas de entrada no reator. vaso de hexano HEXANO recheio peneira molecular recheio peneira molecular NITROGÊNIO válvula de purga ETILENO recheio peneira molecular termopar recheio cat. cobre Figura III-5 - Unidade de polimerização na OPP Petroquímica S.A. (Reator Büchi) Figura III-6 - Foto da unidade de polimerização com reator Büchi 31 ____________Preparo dos Catalisadores e Metodologias de Caracterização e Polimerização 3.7.2 Polimerização no Reator Parr A polimerização no reator Parr foi realizada com os catalisadores preparados em câmara seca 1CrCS e 1CrES à base de cloreto de cromo (II) e cromoceno, respectivamente, com o 1CrD, à base de CrO3, e com as misturas físicas MFCrO 3 e MFCr2O3, à base de CrO3 e Cr2O3, respectivamente. Estas últimas três amostras foram pré-tratadas segundo o procedimento de redução descrito no item 3.5 e transferidas para a câmara seca. A polimerização com o reator Parr foi realizada na mesma unidade de prétratamento, apresentada na Figura III-4. Além das linhas de N2 e CO, a unidade também possui linha de etileno (Air Liquide) purificada com colunas de peneira molecular e de catalisador Pd/Al2O3. O etileno possui os seguintes níveis de contaminantes, segundo o fabricante, antes da passagem pelos filtros: CO: < 10ppm e H2O: 5,6ppm. O reator Parr de 500 ml de capacidade possui agitação mecânica e aquecimento elétrico. O reator foi aquecido inicialmente até 423 K com fluxo de N2 para purga de umidade. Em seguida, o reator foi resfriado até a temperatura ambiente, fechado e transferido para a câmara seca. O reator foi carregado com 250ml de n-hexano (Acros, <20ppm H2O) e trietilalumínio (Ambermale, 15% em hexano, cedido pelo Instituto de Macromoléculas/UFRJ) em quantidade suficiente para obter a relação molar TEA/Cr de 90. A maior relação TEA/Cr em relação à utilizada no reator Büchi foi devida à maior concentração de contaminantes nas polimerizações no reator Parr. Esta razão molar TEA/Cr foi otimizada para maximizar a atividade dos catalisadores. O sistema foi agitado por 15 min e, em seguida, o catalisador (80 mg) era adicionado. O reator foi fechado e novamente transferido para a unidade de polimerização, Figura III-4, conectado e purgado por 15min com etileno sob agitação para remoção do N2 presente. Então, o sistema foi aquecido até 353 K com adição de etileno até a pressão total de 12 bar, mantido nesta condição por 1 hora. Após esse período, o reator foi resfriado, despressurizado e o polímero removido, seco e pesado para obtenção da atividade em gramas de polietileno por grama de amostra. 3.8 Caracterização do polímero As amostras de polietileno obtidas com os catalisadores foram caracterizadas quanto à distribuição de peso molecular, cristalinidade e estrutura da cadeia. Para a determinação do peso molecular médio e distribuição de peso molecular foi utilizada a cromatografia de permeação em gel (GPC) e para a determinação da cristalinidade e estrutura foram 32 ____________Preparo dos Catalisadores e Metodologias de Caracterização e Polimerização utilizados a difração de raios-X (DRX) e a espectroscopia de infravermelho (FTIR). A descrição das principais técnicas de caracterização de polímeros é apresentada no Apêndice D. Os métodos de análise utilizados nesta tese são apresentados a seguir. 3.8.1 Espectroscopia na região do Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR) A análise de infravermelho foi utilizada para avaliação das cadeias terminais do polietileno e da sua cristalinidade. Amostras de filmes de polímero foram obtidas por prensagem contra duas placas de metal a 443K por 3 min e recortadas de modo a adaptarse no equipamento. As análises foram realizadas à temperatura ambiente num -1 espectrômetro Perkin Elmer 2000 FT-IR com uma resolução de 4 cm . Foram observadas as bandas a 1471 e 719 cm-1 de grupos metileno (-CH2-) que compõem a estrutura do polietileno e bandas a 909 e 990 cm-1 referentes a insaturações vinílicas (R-CH=CH2) de término de cadeia. Na região entre 670 a 770 cm-1, foi avaliado o caráter cristalino das amostras pela razão entres as bandas a 719 e 730 cm-1. 3.8.2 Difração de Raios-X As análises foram realizadas para determinação da cristalinidade do polietileno num equipamento Rigaku Miniflex com radiação CuKα (30kV e 15mA). Os dados foram coletados na região de 2θ entre 100 e 700 com passo de 0,050 e 2s em cada passo. A cristalinidade dos polímeros foi obtida determinando-se as áreas referentes aos planos de orientação cristalográfica ortorrômbica nos planos (110) e (200) e monoclínica no plano (001), respectivamente em 21,70 e 24,10 e 19,40 (2θ), e da fase amorfa (halo), na região sob estas raias. 3.8.3 Cromatografia de permeação em gel (GPC) As análises foram realizadas para determinação do peso molecular (PM) e distribuição de peso molecular (DPM) utilizando 1,2,4-triclorobenzeno (TCB) como solvente a 408 K num equipamento de GPC Waters 150-CV plus, do Instituto de Macromoléculas da UFRJ, calibrado com padrão de poliestireno. O procedimento de solubilização dos polímeros foi realizado pesando 20mg de amostra e dissolvendo em 12,5 ml de TCB durante três horas em estufa a 433K, agitando de 15 em 15 minutos até 33 ____________Preparo dos Catalisadores e Metodologias de Caracterização e Polimerização solubilização completa. Foram analisados os polímeros dos catalisadores 1CrA, 1CrB, 1CrC, 1CrD e do catalisador comercial. 34 _______________________________________ Caracterização dos Precursores Secos e Calcinados IV CARACTERIZAÇÃO DOS PRECURSORES SECOS E CALCINADOS Dos trabalhos sobre catalisadores à base de cromo destacam-se, dentre outros, aqueles publicados por cientistas das duas empresas licenciadoras de tecnologia deste processo, Phillips e Union Carbide, em particular, M. P. McDaniel e F. J. Karol, respectivamente. McDaniel publicou, em 1985, uma revisão sobre catalisadores de cromo suportado para polimerização de etileno [13], que é utilizada como referência por muitos autores. Recentemente, em 1999, B. M. Weckhuysen e R. A. Schoonheydt [26] também apresentaram uma revisão, relatando os avanços na caracterização destes catalisadores e relacionando alguns parâmetros que permanecem sob investigação, como o sítio ativo para polimerização e a interação do cromo com a superfície do suporte. 4.1 Preparação e caracterização do precursor calcinado Os catalisadores à base de cromo, tipo Phillips, são preparados por impregnação de um precursor inorgânico sobre uma sílica de alta superfície específica e volume de poros (faixa de 300 m2/g e 1,6 cm3/g, respectivamente). O composto de cromo utilizado no catalisador Phillips tradicional é o CrO3 e a impregnação ocorre em meio aquoso. Na etapa seguinte de preparação é realizada a calcinação, convertendo o cromo do seu estado de oxidação original para Cr6+, predominantemente. McDaniel e Welch [27] utilizando CrO3, cromato e dicromato de amônio observaram que, independente do precursor utilizado, não se identificam diferenças no estado de oxidação do cromo no catalisador após calcinação, observando-se Cr6+. Em outro estudo mais abrangente, McDaniel [28] utilizou compostos de Cr6+ (CrO3, cromato e dicromato de amônio) e de Cr 3+ (nitrato e acetato de cromo (III)), observando novamente, após calcinação, o mesmo estado acetilacetonato de e oxidação acetato de final, Cr6+. Outros sais cromo (III), cromato de organo-metálicos bis(trifenilsilila) como (VI) e bis(ciclopentadienil)cromo (II) - cromoceno são utilizados em preparações em meio não-aquoso e não sofrem calcinação. Em geral já apresentam a espécie Cr2+ ou são 35 _______________________________________ Caracterização dos Precursores Secos e Calcinados ativados por agentes redutores como alquis alumínio ou alcóxidos de alumínio ou ainda reduzidos "in situ" no próprio reator de polimerização pelo etileno. O comportamento de sais organo-metálicos suportados em sílica frente à calcinação tem sido pesquisado [29, 30]. Os autores concluem que a decomposição de acetato de cromo (III) e acetilacetonado de cromo (III) em atmosfera de oxigênio gera CrO3 ancorado sobre a sílica. A decomposição de acetilacetonato se dá em duas etapas. Na primeira etapa ocorre a eliminação parcial de ligantes do acetilacetonato, formando uma estrutura semelhante à do acetato (a 485 K). Na etapa seguinte, a 583 K, ocorre a oxidação de Cr3+ a Cr6+. No acetato de cromo ocorre decomposição numa única temperatura, a 563 K, idêntica à temperatura de decomposição do sal mássico, sugerindo que a impregnação resulta em pequenos cristalitos dispersos sobre a superfície do suporte. Conforme relatado anteriormente (Figura II-2, Capítulo II), a sílica gel possui distintos grupos de hidroxilas na sua superfície [7]. Vuurman e col. [31] estudaram o comportamento das hidroxilas superficiais de uma sílica Cab-O-Sil (300 m2/g) impregnada com Cr(NO3)3.9H 2O nos teores de 0,5 e 1,5% Cr. A análise de infravermelho mostrou um consumo das hidroxilas isoladas, a 3740 cm-1, com o aumento do teor de cromo, Figura IV-1. Por sua vez, o grupo de hidroxilas vicinais, a 3685 cm-1, não sofreu variação. Os autores sugerem que as hidroxilas vicinais podem ser menos acessíveis ao cromo do que as isoladas ou mais fortemente ligadas à superfície, sendo mais difícil sua remoção. Figura IV-1 - Espectros de FTIR da região de hidroxilas de catalisadores Cr/SiO2 [31] 36 _______________________________________ Caracterização dos Precursores Secos e Calcinados A presença de óxido de cromo ligado à superfície da sílica causa ainda alteração no espectro de infravermelho na região entre 800 e 1000 cm-1. Zecchina e col. [32] e Kim e Woo [33], atribuem o aparecimento de uma banda a 907 cm-1 à ligação Cr=O na superfície do catalisador calcinado. Ainda segundo Kim e Woo, a intensidade desta banda diminui com a temperatura de calcinação, de acordo com a Figura IV-2, sendo máxima na temperatura de 823K. Os autores observaram um aumento na fração de Cr 2O3 com o aumento da temperatura de calcinação até 1123K, acompanhando a diminuição de intensidade da banda a 907cm-1. Figura IV-2 - Espectros de FTIR de amostras calcinadas a várias temperaturas: (a) SiO 2 calcinada a 1023K e catalisador 1%Cr/SiO2 calcinado a (b) 823K, (c) 923K, (d) 1023K e (e) 1123K [33] A forma com a qual o cromo se incorpora às hidroxilas isoladas da sílica foi estudada por muitos autores [13, 27-31, 34]. Embora CrO3 mássico comece a decompor em Cr2O3 e O2 em torno de 473 K, uma certa fração de Cr6+ é estabilizada na sílica até 1173 K. Isso é devido à formação de cromato ou policromatos (dicromato, tricromato, tetracromato, etc) através do qual o cromo está ligado diretamente ao suporte. A Figura IV-3 apresenta as formas de ancoragem do cromo na sílica. Nota-se que para a forma cromato a relação OH/Cr é de 2/1, enquanto para a forma dicromato a relação é de 1/1. Na literatura os autores divergem sobre a presença das espécies cromato, dicromato ou ambas, principalmente devido à ausência de padrões puros nos 37 _______________________________________ Caracterização dos Precursores Secos e Calcinados catalisadores suportados. Segundo McDaniel [13], o CrO3 se liga à superfície hidratada da sílica inicialmente como cromato. Nos menores teores, cromato é a principal espécie encontrada, mesmo após calcinação a 973-1173 K, mas com o aumento do teor, evidência de formação de dicromato também é obtida, particularmente a maiores temperaturas de calcinação. O Cr OH OH O O O O Cr O Cr CrO 3 O O CROMATO OU O O DICROMATO Figura IV-3 - Formas do cromo incorporado à superfície da sílica [13] Outros autores suportam a presença de dicromato, mesmo em baixos teores de cromo. Zecchina e col. [32] observaram que catalisadores preparados por impregnação de CrO3 em sílica Aerosil (300 m2/g) apresentavam principalmente dicromato, numa faixa de teores até 5% após calcinação a 873 K. Pela análise de espectroscopia de reflectância difusa (DRS) observaram bandas a 256, 351 e 461 nm e um pequeno sinal a 714 nm para uma amostra com 0,5% Cr/SiO2. A banda a 461 nm é típica de dicromato, enquanto as bandas a 256 e 351 nm são referentes a cromatos e dicromatos. A banda a 714 nm é referente a Cr3+ de α -Cr2O3 cristalino. Verifica-se uma diminuição linear no número de hidroxilas superficiais com o aumento do teor de cromo até o teor de 5% Cr, seguindo o comportamento esperado para dicromato, Figura IV-4. A partir desse ponto a incorporação de cromo se dá independente das hidroxilas, talvez por aglomeração de partículas e formação de Cr2O3. A observação de predomínio de espécies dicromato sobre cromato também foi reportada por Jehng e col. [35] e Weckhuysen e col. [36, 37], utilizando técnicas de análise de espectroscopia de reflectância difusa (DRS) e Raman (RS), entre outras, em catalisadores Cr/SiO2 preparados a partir de Cr(NO3)3 e CrO 3 sobre sílica Cab-O-Sil (300 m2/g). Os autores sugerem ainda que a observação da coloração do catalisador pode indicar a espécie predominante. Assim, a cor amarela é característica de cromato, a cor laranja de dicromato e a presença de Cr3+ (sob forma de Cr2O3) é caracterizada pela cor verde. Em outro artigo, Weckhuysen e col. [38] obtiveram uma relação cromato/dicromato = 0,56 por quantificação do espectro obtido da análise de DRS. Na 38 O _______________________________________ Caracterização dos Precursores Secos e Calcinados Figura IV-4 - Ocupação da superfície da sílica Aerosil (300 m2/g) por CrO3 (I - dicromato e II - cromato) [32] Tabela IV-1 são apresentadas as bandas relativas aos padrões de sólidos puros usados na identificação. Como pode ser visto na tabela, a existência de várias bandas comuns a mais de uma espécie dificulta a interpretação dos espectros. Do mesmo modo, observam-se variações na posição das bandas principais entre os autores, mesmo para as substâncias puras. Tabela IV-1 - Bandas de espectros de DRS de compostos de referência [38, 39, 40] Composto Bandas (nm) Cor K2CrO4 275, 370 Amarelo K2Cr2O7 275, 322, 445 Laranja Cr(NO 3)3.9H 2O 304, 410, 575 Verde Cr2O3 274, 351, 461, 595 Verde CrO3 278, 363 Amarelo Os resultados divergentes observados nos diferentes trabalhos se devem a um procedimento não uniformizado de preparo dos catalisadores, tanto em relação ao precursor como ao suporte e temperatura de calcinação. McDaniel [13, 27 e 28] utilizou diversos sais de cromo suportados em sílica Davison 952 (280 m2/g e 1,6 cm3/g), de acordo com os suportes empregados nos catalisadores comerciais. Os demais autores empregaram a sílica Aerosil, não porosa e teores de cromo de até 8% Cr, muito acima do valor comercial, na faixa de 1% peso Cr. 39 _______________________________________ Caracterização dos Precursores Secos e Calcinados A técnica de redução a temperatura programada (TPR) também tem sido utilizada na caracterização das espécies cromato e dicromato, em função das temperaturas correspondentes ao máximo consumo de H2 (Tmáx), Tabela IV-2. Ellison e col. [41, 42] prepararam catalisadores impregnando a sílica EP10 (300 m2/g e 1,8 cm3/g) com solução de CrO3 e calcinando em temperaturas entre 673 e 1273 K, resultando em amostras com 0,6; 0,96 e 2,55% Cr. Os padrões foram obtidos por mistura física com o suporte. Tabela IV-2 – Picos a Tmáx de compostos padrão e dos catalisadores [41] Amostra CrO3 Pico a Tmáx (K) 673-693 Na2CrO4 Na2Cr2O7 813-833 913-933 Cr1 Cr2 Cr3 Cr4 628-638 668-678 723-753 778-788 Os perfis de redução resultantes do TPR das amostras foram interpretados como a soma de picos sobrepostos e foram obtidos por decomposição gaussiana. Assim, foram geradas 4 faixas de redução mostradas na Tabela IV-2, identificados como Cr1, Cr 2, Cr3 e Cr4. Na Figura IV-5, é apresentada a variação da porcentagem das espécies em função da temperatura de calcinação do catalisador com 0,96% Cr. Em todas as amostras a espécie Cr 3 foi a mais abundante, independente da temperatura de calcinação. Os autores atribuíram as espécies observadas comparando suas faixas de temperatura com as dos padrões e utilizando outras técnicas de caracterização (Espectroscopia de reflectância difusa – DRS e Ressonância eletrônica de spin – ESR). Assim, foram definidos: Cr1, como agregados de CrO3 em baixa temperatura de calcinação; Cr2, agregados de CrO3 em alta temperatura de calcinação, Cr3, cromato e Cr 4, dicromato. Observou-se que as amostras contendo menos de 1% Cr apresentam principalmente a espécie cromato, acompanhada de 5% de espécie dicromato, após calcinação. Em temperaturas elevadas de calcinação formam-se agregados de cromo. A formação de agregados de cromo também se relaciona com o aumento do teor de cromo. Verificam-se, portanto, as mesmas conclusões de McDaniel [13]. A atribuição das espécies Cr 3 e Cr4 para cromato e dicromato, respectivamente, podem ser discutidas já que suas faixas de temperatura de redução não coincidem com os padrões (Tabela IV-2). Os autores reportaram que em catalisadores com até 1% Cr e calcinados a temperaturas menores que 973K aparecem apenas as espécies Cr3 e Cr4 e que nestas condições não se espera a presença de aglomerados de CrO 3. 40 _______________________________________ Caracterização dos Precursores Secos e Calcinados Figura IV-5 – Variação da porcentagem das espécies de cromo em função da temperatura de calcinação para catalisador 0,96% Cr ( Cr 2, Cr 3 e Cr 4) [41] Outro ponto de discussão na literatura é o teor de cromo correspondente à saturação da superfície da sílica. Segundo Merryfield e col. [43], o teor de cromo típico nos catalisadores tipo Phillips comerciais é de 0,4 Cr/nm2, equivalente a 1,0 % Cr num suporte de 300 m2/g. Vuurman e col. [31] e Hardcastle e Wachs [44], baseados em análise de espectroscopia de infravermelho e Raman, sugerem o teor de 3% em CrO3 (equivalente a ~1,5% Cr) como correspondente a uma monocamada completa de cromo sobre uma sílica de 300 m2/g de superfície específica. Este valor equivale a 0,58 átomos de Cr/nm2. O catalisador foi preparado por impregnação de Cr(NO3)3.9H 2O sobre sílica Cab-O-Sil e calcinado a 773 K por 16 horas, resultando em amostras com 0,2; 0,5; 1; 3 e 4% CrO 3. A Figura IV-6 apresenta os espectros Raman das amostras. Pode ser vista uma banda a 898 cm-1, referente a espécies de óxido de cromo (VI) que aumenta com o teor até 1% CrO 3. Também aparece uma banda a 543 cm-1 atribuída a cristalitos de Cr 2O3. Assim, teores maiores que a monocamada, em torno de 3% CrO3, são associados à presença de aglomerados de Cr2O3 cristalino. McDaniel [28] também determinou o teor de cromo relativo à monocamada utilizando vários sais de cromo em sílica Davison 952 (280 m2/g e 1,6 cm3/g). Os catalisadores foram calcinados a 698, 923 e 1143 K. Para a determinação do cromo hexavalente presente após a calcinação foi utilizado o método titrimétrico com sulfato ferroso amoniacal. Os resultados de cobertura máxima são apresentados na Tabela IV-3. Nas temperaturas de 923 e 1143 K os valores são semelhantes entre os diferentes sais, 41 _______________________________________ Caracterização dos Precursores Secos e Calcinados Figura IV-6 – Espectro de Raman de catalisadores com (a) 0,2 (b) 0,5 (c) 1,0 (d) 3,0 e (e) 4,0% CrO3/SiO2 [44] resultando em 1,0 e 0,55 átomos Cr/nm2 como valores médios, respectivamente. Entretanto, na menor temperatura de calcinação, 698 K, verifica-se um valor maior de cobertura para o CrO3, permitindo supor que a eliminação do excesso de Cr(VI) não foi completa. Os resultados também foram acompanhados por espectroscopia de reflectância difusa (DRS), sendo observada uma banda em 600 nm após ser ultrapassada a monocamada, referente ao Cr2O3 cristalino. Supondo que a variação da cobertura seja linear com a temperatura de calcinação e considerando apenas o Cr(NO3)3, obtemos 1,18 átomos Cr/nm2 (~2,85% Cr) na temperatura de 773 K no trabalho de McDaniel [28] e apenas 0,58 átomos Cr/nm2 (~1,5% Cr) no trabalho de Hardcastle e Wachs [44]. A explicação para essa diferença pode estar na utilização de suportes diferentes. McDaniel utilizou um suporte semelhante aos usados nos catalisadores comerciais, com volume de poros significativo, enquanto Hardcastle e Wachs usaram sílica Cab-O-Sil, não porosa. Esse fato deve ter propiciado a aglomeração de partículas de Cr2O3 cristalino, observada por espectroscopia Raman (Figura IV-6), em um teor de cromo menor do que ocorreria num suporte poroso. 42 _______________________________________ Caracterização dos Precursores Secos e Calcinados Tabela IV-3 – Cobertura máxima de catalisadores Cr(VI) em sílica calcinados a diferentes temperaturas [28] Composto Saturação de Cr(VI) (Cr/nm 2) 698 K 923 K 1143 K CrO3 2,3 1,1 0,55 (NH4)2CrO4 1,8 1,0 0,54 (NH4)2Cr2O7 1,9 1,1 0,59 Cr(NO3)3 1,8 0,8 0,53 Cr(OAc)3 1,9 1,1 0,55 Métodos de análise espectroscópica têm sido largamente empregados na caracterização de catalisadores Cr/SiO2. Além das análises de infravermelho, Raman e DRS já citadas, a técnica de espectroscopia fotoeletrônica de raios-X (XPS) [43, 45, 46] também é muito utilizada. A possibilidade de pré-tratamentos "in-situ" tem auxiliado na caracterização da espécie de cromo ativa na polimerização, Cr2+, que será abordado no item seguinte. A análise de XPS apresenta dificuldade na interpretação dos espectros em virtude da redução do Cr 6+ induzida pela radiação. Os pesquisadores procuram minimizar este efeito realizando a análise em tempo curto, o que insere erro na interpretação do resultado, já que catalisadores para polimerização possuem baixos teores de cromo (em torno de 1%), exigindo maior número de varreduras, e por conseguinte, de tempo de análise. Alguns autores [45] têm empregado catalisadores com teor de cromo muito elevado, em torno de 9% Cr, na tentativa de minimizar o tempo de análise e maximizar o sinal obtido. Em estudos mais recentes [25, 47], tem-se verificado maior enfoque na eliminação de contribuições do oxigênio 1s do suporte na banda do Cr 2p e na separação das espécies Cr6+ e Cr3+. Um método para determinar as frações de cromo na amostra original foi proposto por este laboratório [48] através da decomposição do espectro de XPS em Cr6+ e Cr 3+, com varreduras em tempos regulares. O resultado, obtido por extrapolação para tempo nulo, permite caracterizar as espécies na superfície de amostras de Cr/SiO2. Neste trabalho foram utilizados catalisadores Cr/SiO2 preparados a partir de Cr(NO3)3.9H 2O com teores de 1 e 3% Cr. Os espectros de XPS foram obtidos a partir de quatro conjuntos de 50 varreduras. A metodologia foi baseada na decomposição dos espectros 43 _______________________________________ Caracterização dos Precursores Secos e Calcinados das amostras utilizando os espectros dos padrões CrO 3 e Cr2O3 de alta pureza, para caracterização de Cr 6+ e Cr3+. A Tabela IV-4 apresenta os parâmetros obtidos para os padrões bem como resultados de outras referências. Tabela IV-4 – Análise de XPS de padrões de óxidos de cromo [48] Composto CrO3 Cr2O3 Referência ∆E (eV) Cr 2p3/2 E.L (eV) FWHM (eV) Gaspar e col. [48] 579,3 2,4 9,3 Rahman e col. [47] 579,9 - 9,0 Merryfield e col. [43] 579,1 2,9 9,1 Gaspar e col. [48] 576,3 2,4 9,7 Rahman e col. [47] 576,6 - 9,85 Merryfield e col. [43] 576,2 3,5 9,8 Foram obtidos os espectros para os quatro conjuntos de varreduras com tempos de exposição proporcionais de 12, 24, 36 e 48 minutos, apresentados na Figura IV-7. Cada conjunto é composto pelo espectro experimental, pelo espectro obtido pelo método O 1s 6+ (b) Intensidade (U.A.) Intensidade (U.A.) (a) Cr 3+ Cr Energia de Ligação (eV) Intensidade (U.A.) (c) O 1s 3+ Cr Intensidade (U.A.) Energia de Ligação (eV) Cr 3+ Cr -595 -590 -585 -580 -575 -570 -565 -595 -590 -585 -580 -575 -570 -565 6+ O 1s 6+ Cr -595 -590 -585 -580 -575 -570 -565 (d) O 1s 6+ Cr 3+ Cr -595 -590 -585 -580 -575 -570 -565 Energia de Ligação (eV) Energia de Ligação (eV) Figura IV-7 – Análise de XPS do catalisador 3% Cr/SiO2 com (a) 12, (b) 24, (c) 36 e (d) 48 minutos de exposição [48] 44 _______________________________________ Caracterização dos Precursores Secos e Calcinados método (em vermelho), pelo espectro do oxigênio 1s (em preto) e pelos espectros do Cr 3+ (em azul) e Cr6+ (em preto). Na Figura IV-7 é possível observar a mudança do espectro experimental com o tempo de exposição. Este fenômeno de fotoredução reflete o aumento da banda referente ao Cr3+ e diminuição da banda do Cr6+. Na Figura IV-8 é apresentada a razão Cr 6+/(Cr6++Cr3+) em função do tempo de exposição. Pode-se verificar que cada catalisador apresenta uma taxa diferenciada de fotorredução, o que inviabiliza o método comumente usado de padronização do tempo de exposição, minimizando o tempo de análise. É possível determinar a razão Cr6+/(Cr6++Cr3+) no catalisador original fazendo extrapolação para tempo nulo de análise. 1,0 1% Cr/SiO razão Cr6+ /(Cr6++Cr3+) 0,8 3% Cr/SiO 2 2 0,6 0,4 0,2 0 10 20 30 40 tempo de exposição (min) Figura IV-8 – Razão (Cr6+/Cr6++Cr3+) versus tempo de exposição para as amostras [48] 4.2 Metodologias, Resultados e Discussão 4.2.1 Caracterização do Suporte 4.2.1.1 Análise textural A análise textural foi realizada para determinação da superfície específica (SBET), volume de poros (vp) e diâmetro de poros (dp) da sílica antes e após tratamento térmico a 773 K. Pela Tabela IV-5 observa-se que o tratamento térmico não alterou as propr iedades texturais da sílica, a menos de diferenças atribuídas a erro experimental. Este resultado está de acordo com o reportado por Vansant e col. [7], que observaram queda na superfície específica apenas a partir de 873-973K em sílicas com características texturais semelhantes à usada nesta tese. 45 _______________________________________ Caracterização dos Precursores Secos e Calcinados Tabela IV-5 - Resultados de análise textural da sílica 955 original e calcinada a 773 K Sílica 955 SBET (m2/g) vp (cm3/g) dp (Å) Original 293 1,67 228 Calcinada 299 1,65 221 4.2.1.2 Espectroscopia na região do Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR) Para acompanhar o comportamento das hidroxilas superficiais com a temperatura, foram realizadas análises de espectroscopia de infravermelho de uma pastilha da sílica tratada nas temperaturas de 298, 373, 473, 573 e 673 K sob vácuo. Também foi analisada a sílica após tratamento em calcinador a 773 K sob fluxo de ar comprimido. Foram acompanhados os espectros na região de 4000 - 3000 cm-1. Os espectros da sílica em função do tratamento térmico são apresentados na Figura IV-9-A. Observou-se um aumento das hidroxilas isoladas com o aumento da temperatura, por integração da área no intervalo de 3730 a 3750 cm-1, relativo à banda a 3745 cm-1 (Figura IV-9-B). Essa tendência também foi verificada com a sílica calcinada a 773 K, com efeito comparável ao tratamento à vácuo a 673 K in situ. Estes resultados, de aumento da fração de hidroxilas isoladas com a temperatura, estão de acordo com Vansant e col. [7] apresentados no Capítulo II (Figura II-3) e correspondem à transformação de hidroxilas vicinais em isoladas com a elevação da temperatura. (A) (B) 0,25 Intensidade 3745 cm-1 (u.a.) 298 K Absorbância (U.A.) 423 K 473 K 573 K 673 K 4000 3800 3600 -1 3400 ν (cm ) 3200 3000 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 Temperatura (K) Figura IV-9 - Espectros de IV da sílica tratada (A) sob vácuo in situ nas temperaturas de 298 a 673 K e (B) Integração das áreas sob a banda a 3745cm-1 ( : sílica calcinada a 773K) A Figura IV-10 e a Tabela IV-6 apresentam os resultados das análises de infravermelho na sílica calcinada a 773K com tratamento de vácuo in situ a temperaturas 46 _______________________________________ Caracterização dos Precursores Secos e Calcinados na faixa de 298 a 773 K. A Tabela IV-6 apresenta as áreas integradas da banda a 3745 cm1 . Observou-se a estabilização das hidroxilas isoladas neste intervalo de temperatura em função da calcinação da sílica a 773K. Esta estabilização é importante já que, segundo vários autores, a incorporação do cromo à sílica ocorre através de interação com as hidroxilas isoladas. Tabela IV-6 – Áreas integradas da banda a 3745 cm-1 298 K 423 K 623 K Absorbância (U.A.) 673 K 3800 Temperatura Área integrada (K) 3745 cm-1 298 2,76 423 1,99 623 2,52 673 2,53 773 2,86 773 K 3700 3600 3500 -1 ν (cm ) 3400 3300 3200 Figura IV-10 - Espectros de IV da sílica calcinada a 773K tratada a vácuo 4.2.1.3 Análise Termogravimétrica e Termo-diferencial (ATG/ATD) A análise térmica foi realizada para determinar o comportamento da sílica na calcinação, submetendo-a a um aquecimento da temperatura ambiente até 1273K sob fluxo de mistura 17% O2/N2 (60ml/min). A Figura IV-11 apresenta o termograma ATG/ATD da sílica. Pelo perfil da análise termogravimétrica observam-se duas regiões distintas: entre 298 e 475 K, com eliminação de água fisissorvida, correspondente a um pico endotérmico no ATD e, entre 673 e 1024 K, referente à desidroxilação da sílica. Estes resultados estão de acordo com a literatura [7, 8, 49]. As variações de massa na análise termo-gravimétrica correspondem à perda de 2,7% entre 298 e 475 K e de 1,3% entre 673 e 1024 K. O aumento nas hidroxilas isoladas a partir de 473K, observado por infravermelho, não resulta em perda considerável de massa, já que esse aumento é decorrente da transformação das hidroxilas vicinais. 47 _______________________________________Caracterização dos Precursores Secos e Calcinados ATG 10 0,0 ATD 5 -0,1 -5 -0,2 -10 ATG (mg) ATD (µV) 0 -0,3 -15 -0,4 -20 400 600 800 1000 1200 Temperatura (K) Figura IV-11 - Termograma ATG/ATD da Sílica 955 4.2.2 Caracterização do Cromato de bis(trifenilsilila) O precursor cromato de bis(trifenilsilila) foi sintetizado em nosso laboratório, segundo metodologia descrita no Capítulo III (Item 3.3), e caracterizado utilizando as técnicas de Difração de Raios-X (DRX) e Espectroscopia de Infravermelho (FTIR). O sal sintetizado e purificado é um sólido cristalino alaranjado, devendo ser armazenado sob abrigo da luz, já que foi observado mudança de cor para castanho numa alíquota mantida sob iluminação. O cromato de bis(trifenilsilila) é solúvel em tetracloreto de carbono e tolueno, à temperatura ambiente, e insolúvel em água. Os resultados de caracterização do cromato de bis(trifenilsilila) permitiram identificar o sal sintetizado e avaliar qualitativamente sua pureza. 4.2.2.1 Difração de Raios-X (DRX) A Figura IV-12 mostra o espectro experimental de difração de raios-X do cromato de silila com as raias mais intensas assinaladas com os valores de 2θ. Estes valores foram comparados com dados publicados por Stensland e Kierkegaard [50], assinalados na abscissa do gráfico. Como pode ser observado na Figura e na Tabela IV-7, os valores de 2θ da referência estão de acordo com os experimentais. O cromato de bis(trifenilsilila) 48 _______________________________________Caracterização dos Precursores Secos e Calcinados sintetizado tem estrutura monoclínica e sua configuração molecular foi proposta por Cromato de silila Trifenilsilanol 10 15 28,9 27,3 24,7 14,7 11,7 23,5 Intensidade (u.a.) 13,5 25,3 20,0 19,9 Stensland e Kierkegaard, segundo a Figura IV-13. 20 25 30 35 2θ Figura IV-12 - Análise de Difração de raios-X do cromato de silila e do trifenilsilanol Figura IV-13 - Configuração molecular do cromato de bis(trifenilsilila) [50] As principais raias de difração do cromato de bis(trifenilsilila) e do trifenilsilanol, reagente da síntese, foram comparadas para identificar impurezas do reagente no sal sintetizado. Não foram verificadas raias correspondentes ao trifenilsilanol no difratograma do cromato de silila, notadamente a raia de maior intensidade a 2θ=25,30. Assim, a pureza do cromato de bis(trifenilsilila) sintetizado foi observada qualitativamente. 49 _______________________________________Caracterização dos Precursores Secos e Calcinados Tabela IV-7 - Dados de DRX para o cromato de bis(trifenilsilila) Índices (hkl) de Miller (002) (102) (132) (300) (034) (313) (116) referência 11,078 13,547 19,983 23,464 27,256 28,903 34,872 experimental 11,117 13,494 19,914 23,493 27,253 28,895 34,854 Através da equação de Scherrer [51], foi possível estimar o tamanho médio dos cristalitos de cromato de silila, utilizando a raia mais intensa, a 19,9830 (2θ) correspondente ao plano (hkl) (1 3 2). A determinação resultou num tamanho médio de cristalito de 483 Å, maior que o diâmetro de poros da sílica (221 Å) utilizada como suporte dos catalisadores Cr/SiO2. As fichas completas de difração de raios-X do cromato de bis(trifenilsilila) e do trifenilsilanol e o cálculo do tamanho de partícula são apresentados no Apêndice A. 4.2.2.2 Espectroscopia na região do Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR) A Figura IV-14 apresenta os espectros do cromato de bis(trifenilsilila) - cromato de silila - sintetizado e do trifenilsilanol, reagente da síntese, na região de 700-1200 cm-1. No intervalo do espectro de 950-1000cm-1 são observadas bandas características de ligações Cr-O, reportadas por Baker e Carrick [21], a 959, 976 e 987 cm-1, assinaladas na Figura. trifenilsilanol cromato de silila 750 959 976 987 Absorbância (u.a.) 0,3 800 850 900 950 1000 1050 1100 1150 1200 -1 ν (cm ) Figura IV-14 - Análise de infravermelho do cromato de silila e trifenilsilanol 50 _______________________________________Caracterização dos Precursores Secos e Calcinados De acordo com a Figura IV-14, outras bandas que aparecem nos dois espectros podem ser atribuídas a grupos de ligações comuns, conforme evidenciam as estruturas das duas moléculas na Figura IV-15. Em particular, as duas bandas de maior intensidade nas regiões de 860 e 1120 cm-1 são referentes ao estiramento da ligação Si-C e a grupos Si(C6H5), respectivamente [52]. O Si O H Si Trifenilsilanol O O Cr O Si Cromato de bis(trifenilsilila) Figura IV-15 – Estruturas do Trifenilsilanol e do Cromato de silila 4.2.3 Caracterização dos catalisadores A Tabela IV-8 apresenta os resultados de determinação do teor de cromo nos catalisadores após calcinação por absorção atômica. Observam-se valores próximos ao teor nominal de 1% Cr, com pequena variação entre os catalisadores, independente do precursor empregado. A diferença em relação ao teor nominal pode ser atribuída a pequenos erros experimentais no preparo. Não foi verificado desvio no teor de cromo no catalisador 1CrB, em comparação com os demais catalisadores, em função da preparação utilizando o cromato de bis(trifenilsilila) sintetizado. Tabela IV-8 - Teores de cromo nos catalisadores após calcinação Catalisador Precursor NOX do cromo* Teor nominal (% Cr) Teor real (% Cr) 1CrA Acetato 2+ 1,0 0,76 1CrB Cromato de silila 6+ 1,0 0,75 1CrC Cloreto 2+ 1,0 0,64 1CrD CrO3 6+ 1,0 0,80 * estado de oxidação do cromo no precursor 51 _______________________________________Caracterização dos Precursores Secos e Calcinados 4.2.3.1 Estudo da interação Cr-O-Si Para estudar os perfis de decomposição dos precursores orgânicos de cromo, os catalisadores 1CrA e 1CrB não calcinados foram avaliados por meio de Análises Termogravimétrica e Termo-diferencial (TG/DTA). Além disso, foram analisados a sílica calcinada a 773K e o cromato de bis(trifenilsilila) sintetizado. Todas as amostras foram submetidas a um aquecimento da temperatura ambiente até 1273K sob fluxo de mistura 17% O2/N2 (60ml/min). A sílica apresentou duas regiões de temperatura, conforme descrito no item 4.2.1.3 e de acordo com a literatura [7, 30, 53]: abaixo de 473 K, atribuída ao processo de desidratação (perda de massa=2,7%) e no intervalo 473-1024 K, atribuída ao processo de desidroxilação (perda de massa=1,3%). As Figuras IV-16 a IV-18 apresentam os resultados dos catalisadores secos e do cromato de bis(trifenilsilila). O catalisador 1CrA apresentou um pico exotérmico a 571 K. Ruddick e col. [30] observaram que a transformação térmica de acetato de cromo (III) suportado em silica ocorre a 563 K, resultando em CrO3 ancorado na superfície. O mesmo comportamento foi observado pelos autores para o acetato de cromo (III) mássico. Estes resultados indicam, de acordo com os autores, que a estrutura cristalina do acetato de cromo (III) é mantida durante impregnação aquosa sobre a sílica. No ATG/ATD, o pico exotérmico na região entre 523-623 K é atribuído à estabilização do cromo na forma CrO3 na superfície da sílica através da reação 10 571 0,00 8 6 -0,05 2 -0,10 0 -0,15 -2 -4 -0,20 -6 400 600 800 1000 1200 Temperatura (K) Figura IV-16 - Análise de ATG/ATD do catalisador 1CrA seco 52 ATG (mg) ATD (µV) 4 _______________________________________Caracterização 12 dos Precursores Secos e Calcinados 0,2 671 698 10 0,1 6 0,0 4 ATG (mg) ATD (µV) 8 -0,1 2 0 -0,2 -2 400 600 800 1000 1200 Temperatura (K) Figura IV-17 - Análise de ATG/ATD do catalisador 1CrB seco 0,2 643 25 0,0 703 20 -0,2 -0,4 10 -0,6 480 -0,8 5 ATG (mg) ATD (µV) 15 -1,0 0 -1,2 -5 -1,4 400 600 800 1000 Temperatura (K) Figura IV-18 - Análise de ATG/ATD do cromato de bis(trifenilsilila) de esterificação com grupos silanol superficiais [34, 54]. O catalisador 1CrB apresentou transformações a 671 e 698 K, cerca de 100 K mais alto que o 1CrA. O cromato de silila mássico também foi analisado, resultando um pico principal a 643 K e um ombro a 703 K. 53 _______________________________________Caracterização dos Precursores Secos e Calcinados A semelhança entre as temperaturas de decomposição do catalisador 1CrB e do precursor mássico sugere que durante a impregnação de cromato de silila sobre sílica, seja mantida a estrutura cristalina do sal. A perda de massa total do sal de cromato de silila foi de 71%. Este resultado é muito semelhante à perda de massa calculada de [(C6H5)3Si] 2CrO4 → Cr 2O3, ou seja 69%. Para identificar a espécie predominante no sal cromato de silila após a calcinação, foi realizada análise de difração de Raios-X (DRX) numa amostra do sal calcinado em mufla a 773K por 1 hora. A Figura IV-19 apresenta os espectros de difração do α-Cr2O3 em mistura física com a sílica (MFCr2O3), do cromato de silila calcinado e da sílica. Observam-se linhas de difração correspondentes ao Cr 2O3 cristalino no cromato de silila calcinado, assinaladas na Figura IV-19. Além disso, o espectro do sal calcinado difere sensivelmente do espectro do cromato de silila original, Figura IV-12. MFCr 2O3 Cromato de silila calcinado Sílica 955 calcinada 36,4 Intensidade (u.a.) 33,8 10 55,0 20 30 40 50 60 70 2θ Figura IV-19 - Espectros de DRX do α-Cr2O3 mássico, do cromato de silila calcinado e da sílica 955 calcinada Os catalisadores calcinados 1CrA, 1CrB e 1CrC foram submetidos à análise termogravimétricas, com fluxo de N2 da temperatura ambiente até 1273K, para identificar se a etapa de calcinação com ar comprimido a 773K por 1 hora foi eficiente na decomposição dos precursores em óxidos de cromo. A Figura IV-20 apresenta os termogramas das amostras subtraídos do termograma da sílica. A partir da temperatura de 435 K não são verificadas variações significativas de massa das amostras, resultando que 54 _______________________________________Caracterização dos Precursores Secos e Calcinados todo o cromo foi convertido aos óxidos durante a calcinação. A variação de massa observada entre a temperatura ambiente e 435 K é devida a maior remoção de água da sílica que dos catalisadores, possivelmente em função de maior exposição do suporte ao ambiente. 1CrA 1CrB ATG (u.a.) 1CrC 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200 Temperatura (K) Figura IV-20 - Análise termogravimétrica dos catalisadores 1CrA, 1CrB e 1CrC calcinados O comportamento da interação do cromo com a superfície da sílica foi estudado por análise de espectroscopia no infravermelho. As amostras dos catalisadores calcinados, prensadas formando pastilhas auto-suportadas, foram analisadas sem tratamento in situ. A Figura IV-21 apresenta os espectros na região de 800-1000 cm-1. Os catalisadores 1CrA, 1CrC e 1CrD apresentaram uma banda a 907 cm-1, atribuída à interação Cr=O com a superfície do suporte [32, 33]. Os espectros da sílica e do catalisador 1CrB não apresentaram essa banda. Os resultados dos catalisadores 1CrA e 1CrB estão de acordo com a análise térmica, verificando-se interação do cromo com a superfície do suporte no catalisador 1CrA. No catalisador 1CrB o precursor tem comportamento mássico, não apresentando a banda a 907 cm-1. Kim e Woo [33] submeteram um catalisador 1% Cr/SiO2 preparado com acetato de cromo à análise de infravermelho, variando a temperatura de calcinação entre 823 e 1223K. A banda a 907 cm-1 diminuiu de intensidade com o aumento da temperatura de calcinação devido à formação de partículas de Cr2O3 de menor interação 55 _______________________________________Caracterização dos Precursores Secos e Calcinados com o suporte do que o CrO3. Analogamente, a presença de Cr 2O3 no catalisador 1CrB reduz a interação do cromo com a superfície do suporte nesta amostra. -1 907 cm Transmitância (%) 5% 1CrA 1CrB 1CrC 1CrD SiO2 1000 960 920 -1 ν (cm ) 880 840 800 Figura IV-21 - Espectros de IV dos catalisadores calcinados Outra região indicativa da interação do cromo com a superfície do suporte se situa entre 4000-3000 cm-1, atribuída aos grupos de hidroxilas isoladas. A Figura IV-22 apresenta os espectros de DRIFTS dos catalisadores calcinados e da mistura física MFCrO3, subtraídos do espectro do "background", na região de 4000-3000 cm-1, com destaque para a banda a 3745 cm-1 referente às hidroxilas isoladas do suporte. O cálculo da intensidade dessa banda, normalizada pela intensidade da banda do catalisador 1CrA e ambas pela massa de cromo, é apresentado na Tabela IV-9. Quanto maior a razão de intensidades, menor a interação do cromo com as hidroxilas superficiais do suporte. Desta forma, o catalisador 1CrB apresentou a menor interação. De acordo com as análises termogravimétrica e de infravermelho, este catalisador apresenta o cromo com menor interação com o suporte, atribuída a agregados de Cr 2O3. Os catalisadores 1CrC e 1CrD apresentaram valores semelhantes ao 1CrA, enquanto a mistura física de CrO3 com sílica apresentou o menor valor de intensidade normalizada por massa de cromo. A maior interação com as hidroxilas superficiais nessa amostra pode ser devida ao caráter higroscópico do CrO3 que favorece o espalhamento do cromo à temperatura ambiente. 56 _______________________________________Caracterização dos Precursores Secos e Calcinados Absorbância (u.a.) 0,3 4000 1CrA 1CrB 1CrC 1CrD MFCrO3 3800 3600 ν (cm ) -1 3400 3200 3000 Figura IV-22 - Análises de DRIFTS dos catalisadores e da MFCrO 3 a 298 K Tabela IV-9 - Intensidade normalizada da banda a 3745cm-1 das amostras Catalisador I/I1CrA 1CrA 1,00 1CrB 1,56 1CrC 1,08 1CrD 1,27 MFCrO3 0,17 Análises de espectroscopia fotoeletrônica de raios-X (XPS) foram realizadas para investigar a razão Cr/Si superficial nos catalisadores calcinados. Os espectros de Cr 2p são mostrados na Figura IV-23 com 1000 varreduras na região de 600-570eV, subtraídos do espectro da sílica nas mesmas condições. Com este procedimento foi possível eliminar a contribuição do O 1s inelástico da sílica no espectro do Cr 2p, permitindo a determinação mais acurada da relação Cr/Si. Em função do baixo teor de cromo e da baixa relação sinal/ruído não foi realizado o procedimento de quatro conjuntos de varreduras com tempos de exposição proporcionais de 12, 24, 36 e 48 minutos, segundo descrito anteriormente. O procedimento utilizado de 1000 varreduras proporciona um aumento da relação sinal/ruído, permitindo analisar a razão superficial Cr 2p/ Si 2p. Não foi observada banda relativa ao Cl 2p na análise do catalisador 1CrC. 57 _______________________________________Caracterização dos Precursores Secos e Calcinados Os resultados, apresentados na Tabela IV-10 mostram o cálculo da razão Cr/Si por XPS e espectroscopia de absorção atômica (AA). Observam-se valores da razão XPS/AA semelhantes e acima da unidade para os catalisadores 1CrA, 1CrC e 1CrD, sugerindo que o cromo está preferencialmente na superfície do suporte. No entanto, o catalisador 1CrB apresentou razão XPS/AA de 5,1, bem acima do observado com as outras amostras (cerca de 3 vezes maior). Este resultado sugere um impedimento geométrico para a entrada da molécula de cromato de silila nos poros da sílica, mantendo-se uma concentração relativamente maior de cromo na superfície desta amostra do que nas outras. De fato, o tamanho médio dos cristalitos de cromato de silila (483 Å), estimado por DRX, resultou um valor aproximadamente duas vezes maior que o tamanho de poros do suporte (221 Å), respaldando esta hipótese. Cr 2p 3/2 Cr 2 O3 CrO3 Intensidade (Contagens) Cr 2p 1/2 (x5) 1CrA 1CrB 1CrC (x5) (x5) 1CrD 595 590 585 580 575 570 Energia de Ligação (eV) Figura IV-23 - Espectros de XPS dos catalisadores calcinados A Tabela IV-10 também apresenta a energia de ligação do Cr 2p3/2 nos catalisadores, após 1000 varreduras na região do Cr 2p. Em todos os catalisadores a energia de ligação é intermediária entre o CrO3 (579,3eV) e o Cr2O3 (576,3eV), como assinalado na Figura IV-23. No entanto, esta Figura mostra, para todas as amostras, um ombro na banda do Cr 2p3/2 na direção da energia de ligação do CrO3, evidenciando a fotorredução do cromo. A Tabela IV-10 também apresenta os resultados de largura a meia 58 _______________________________________Caracterização dos Precursores Secos e Calcinados altura (FWHM) referente à banda do Cr 2p3/2. Observa-se que os catalisadores 1CrA, 1CrC e 1CrD apresentaram os maiores valores, indicando a mistura de espécies Cr6+ e Cr3+. Estes catalisadores, que apresentaram predomínio de Cr6+ após calcinação, também são os mais suscetíveis à fotorredução. Este resultado está de acordo com Gaspar e col. [48], que observaram maior efeito da fotorredução num catalisador 1% Cr/SiO2 apenas com espécies Cr 6+ após calcinação, do que num catalisador 3% Cr/SiO2 com espécies Cr6+ e Cr3+, Figura IV-8. Neste trabalho também se observou que amostras padrão de CrO3 (sem suporte) e mistura física MFCr2O3 não sofrem fotorredução na condição de 4 conjuntos de 50 varreduras, num total de 240min de exposição aos raios-X. Estes resultados sugerem que a presença do suporte influencia na fotorredução e que o estado final de oxidação do cromo após a fotorredução é Cr 3+. Os valores de energia de ligação (E.L.) e largura a meia altura (F.W.H.M.) estão de acordo com os valores reportados por Liu e Terano [55] para espécies de Cr3+ estabilizadas na superfície do suporte e altamente dispersas. Os autores sugeriram algumas estruturas plausíveis de interação do Cr3+ com a superfície da sílica, mostradas na Figura IV-24. Liu e Terano obtiveram EL=577,21eV e FWHM=4,43eV para um catalisador Cr/SiO2 preparado a partir de CrO3 e calcinado em ar a 1073K por 20h. Menores valores de FWHM, como ocorre com o catalisador 1CrB, seriam decorrentes de espécies Cr 3+ com menor interação com a sílica e maior grau de aglomeração. Assim, a exposição prolongada dos catalisadores 1CrA, 1CrC e 1CrD predominantemente em espécies Cr 3+ aos raios-X na análise de XPS resultou com interação com o suporte. No catalisador 1CrB o cromo manteve-se no estado de oxidação Cr3+ e com pequena interação com o suporte. O conjunto de análises realizadas para investigar a incorporação do cromo na superfície do suporte nos catalisadores Cr/SiO2 permitiu identificar diferentes graus de interação Cr-O-Si em função do precursor. O catalisador 1CrB, preparado com cromato de bis(trifenilsilila), apresentoumenor interação do cromo do que os demais catalisadores (Tabela IV-9). O Figura IV-24 - Estruturas de Cr3+ estabilizado na superfície da sílica 59 _______________________________________Caracterização dos Precursores Secos e Calcinados Tabela IV-10 - Resultados das análises de XPS nos catalisadores calcinados e padrões de CrO3 e Cr2O3 Catalisador razão Cr 2p /Si 2p razão Cr/Si E.L. Cr 2p3/2 FWHM XPS (x102) AA (x102) XPS/AA (eV) (eV) 1CrA 1,37 0,82 1,7 578,0 4,2 1CrB 4,12 0,81 5,1 577,6 3,6 1CrC 1,26 0,69 1,8 577,3 4,2 1CrD 1,46 0,87 1,7 577,5 4,6 CrO3 - - - 579,3 2,4 MFCr2O3 - - - 576,3 2,4 (Tabela IV-9). O comportamento de decomposição dos sais de acetato de cromo e cromato de silila puros e impregnados na sílica foi semelhante. Porém, a decomposição em oxigênio destes dois sais resulta na formação de Cr2O3 e CrO3 para o cromato de silila e o acetato, respectivamente. A estabilização do CrO3 por interação com os grupos silanol do suporte é bastante reportado na literatura, resultando em espécies cromato ou dicromato [13, 27-31, 34]. Os catalisadores preparados com cloreto de cromo (1CrC) e CrO3 (1CrD) apresentaram comportamento semelhante ao do catalisador 1CrA, sugerindo que estes sais devem resultar no predomínio de CrO3 após a calcinação. Assim, mantendo os parâmetros importantes da preparação constantes, como o teor de cromo e a temperatura de calcinação, e variando o precursor foi possível obter catalisadores com distintas interações do cromo com o suporte. Esse efeito será investigado a seguir na redutibilidade por redução a temperatura programada (TPR) com H2 e na espectroscopia de reflectância difusa (DRS). 4.2.3.2 Espécies de cromo e redutibilidade com H2 Foram realizadas análises de espectroscopia de reflectância difusa (DRS) nos catalisadores calcinados. A Figura IV-25 apresenta os espectros de padrões de CrO3, αCr 2O3, K2CrO4 e K2Cr2O7 em mistura física com a sílica (em 3% Cr), MFCrO3, MFCr2O3, MFC e MFD, respectivamente, os quais foram utilizados para comparação com os catalisadores. Os espectros dos padrões estão de acordo com dados da literatura [38, 39, 56]. Os catalisadores foram agrupados nas Figuras IV-26 e IV-27 de acordo com a semelhança dos espectros. A Tabela IV-11 apresenta os comprimentos de onda das bandas 60 _______________________________________Caracterização dos Precursores Secos e Calcinados encontradas por decomposição gaussiana dos espectros, mostrado para os catalisadores 1CrB e 1CrC, Figura IV-27 A banda a 610 nm, atribuída a α-Cr2O3, foi usada para caracterizar a espécie Cr 3+ nos catalisadores. Porém, é difícil distinguir a presença de CrO3 ou cromato porque suas bandas características ocorrem em posições semelhantes (Tabela IV-11). Conseqüentemente, estas espécies serão representada como cromo no estado hexavalente (Cr 6+). 271 355 467 609 MFCr 2 O3 MFD MFC MFCrO3 331 450 F (R) 254 367 269 278 200 358 300 400 500 600 700 800 λ (nm) Figura IV-25 - Espectros de DRS dos padrões de CrO3 (MFCrO3), Cr2O3 (MFCr2O3), F(R) K2CrO4 (MFC) e K2Cr2O7 (MFD) 1CrA 1CrD 200 300 400 500 λ (nm) 600 700 800 Figura IV-26 - Espectros de DRS dos catalisadores 1CrA e 1CrD 61 dos Precursores Secos e Calcinados F(R) F (R) _______________________________________Caracterização 1CrB 1CrC 500 600 700 800 λ (nm) F(R) 1CrB 1CrC 200 300 400 500 λ (nm) 600 700 800 Figura IV-27 - Espectros de DRS dos catalisadores 1CrB e 1CrC Os catalisadores 1CrA e 1CrD apresentaram duas bandas na região de transferência de carga (CT), designadas como Cr6+, enquanto os catalisadores 1CrB e 1CrC mostraram, além das bandas na região de transferência de carga, a banda característica de Cr2O3, em torno de 610 nm. Assim, observa-se nos catalisadores 1CrA e 1CrD o predomínio da espécie Cr6+, enquanto para os catalisadores 1CrB e 1CrC não apenas Cr6+, mas também Cr 2O3 pode ser observado. Além disso, dois aspectos sugerem que o catalisador 1CrB tenha maior fração de Cr2O3 que o 1CrC: a maior magnitude da banda a 610 nm e a menor banda a 346 nm, comparando-os com os espectros dos padrões de Cr2O3 e CrO3. Tabela IV-11 - Comprimentos de onda no DRS dos catalisadores e padrões Catalisador Comprimento de onda (nm) Atribuição Cr6+ 1CrA 280 354 1CrB 273 346 426 598 Cr6+,Cr2O3 1CrC 278 353 432 605 Cr6+, Cr2O3 1CrD 281 355 Cr6+ MFCrO3 278 358 CrO3 MFC 269 367 K2CrO4 MFD 254 331 450 K2Cr2O7 MFCr2O3 271 355 467 62 609 Cr2O3 _______________________________________Caracterização dos Precursores Secos e Calcinados Os resultados de redução a temperatura programada (TPR) de H2 são apresentado na Tabela IV-12 e os perfis de redução nas Figuras IV-28 e IV-29. A equação utilizada para determinação do consumo de H2 é apresentada no Apêndice B. Vários autores [57, 58, 59] observaram que o estado de oxidação final do cromo em catalisadores Cr/SiO 2 após redução com H2 é o Cr3+. Nos resultados desta tese não foi observado consumo de H2 para o padrão de Cr2O3 em mistura física com a sílica. Essa observação sugere, a exemplo da literatura, que o estado de oxidação final do cromo na redução com o H2 é o Cr3+, nas condições de temperatura final elevada da análise de TPR (1023 K). A redução pode ser representada pela equação 2 CrO 3 + 3 H2 → Cr2O3 + 3 H2O, com um consumo estequiométrico de H2 de 28,85µmolsH2/mgCr. Além disso, as misturas físicas de CrO3, K2CrO4 e K2Cr2O7 apresentaram pico de redução a 714, 855 e 998 K, respectivamente, com um consumo de H2 correspondente a 29 µmolsH2/mgCr, aproximadamente. A redução estequiométrica dos compostos K2CrO4 e K2Cr2O7 para Cr2O3 apresenta o mesmo consumo de H2 reportado para o CrO3 (28,85µmolsH2/mgCr). Assim, nestas misturas físicas ocorre a redução completa do Cr6+ a Cr2O3. Os catalisadores 1CrA e 1CrD apresentaram consumo de H2 correspondente à redução total de Cr6+ a Cr2O3. No entanto, para os catalisadores 1CrB e 1CrC, o consumo de H2 foi menor que o estequiométrico, notavelmente no 1CrB. Comparando os resultados de consumo experimental e estequiométrico de H2 na redução e atribuindo a redução completa de Cr6+ a Cr2O3, como verificado para as misturas físicas, foi possível avaliar a fração de Cr 6+ nos catalisadores calcinados. Assim, foram observados 100% de Cr6+ nas amostras 1CrA e 1CrD, enquanto para os catalisadores 1CrB e 1CrC foram obtidos 24 e Catalisador Tabela IV-12 - Resultados de TPR para os catalisadores Consumo de H2 Temperatura de máximo NOXa 1CrA 30,16 1CrB 6,98 1CrC 21,73 1CrD 32,42 (%)b consumo de H2 (K) (µmols/mgCr) 703 644 671 771 6,0 100 780 3,7 24 5,3 75 6,0 100 720 779 a : estado de oxidação médio do cromo após calcinação : após calcinação b 63 Cr6+ _______________________________________Caracterização dos Precursores Secos e Calcinados 75% de Cr6+, respectivamente. A Tabela IV-12 também reporta o cálculo do estado de oxidação médio do cromo (NOX) nos catalisadores calcinados, considerando a redução completa de Cr6+ a Cr2O3. Assim, foi observado somente Cr6+ nos catalisadores 1CrA e 1CrD (NOX=6,0), predomínio de Cr6+ no 1CrC (NOX=5,3) e de Cr2O3 no 1CrB (NOX=3,7). Os perfis de redução do TPR com H2 são apresentados para todos os catalisadores nas Figuras IV-28 e IV-29. Os catalisadores 1CrA e 1CrD apresentaram apenas um pico de redução, com máximo consumo de H2 a 771 e 779 K, respectivamente, com temperatura entre os valores das misturas físicas de CrO3 (714 K) e K2CrO4 (855 K) com SiO2 (3% Cr). As amostras 1CrB e 1CrC apresentaram perfis de redução mais complexos, resolvidos por decomposição gaussiana. O catalisador 1CrB apresentou pico máximo de consumo de H2 a 780 K, semelhante aos catalisadores 1CrA e 1CrD. Porém, também apresentou um ombro proeminente a 703 K. O catalisador 1CrC apresentou picos de redução a temperaturas mais baixas, com consumo maior de H2 a 671K e dois ombros a 644 e 720 K. Estas temperaturas de redução distintas podem ser devido a espécies de Cr6+ com diferentes interações com o suporte. De acordo com Ellison e col. [41], picos de redução na região de 628-678 K em catalisadores Cr/SiO2 são atribuídos a grupos CrO3 com menor interação com o suporte. Cavani e col. [56] observaram a formação de duas espécies de Cr6+ em catalisadores 771 Consumo de H2 (u.a.) 779 1CrA 1CrD 300 400 500 600 700 800 900 1000 Temperatura (K) Figura IV-28 - Perfis de TPR dos catalisadores 1CrA e 1CrD 64 _______________________________________Caracterização dos Precursores Secos e Calcinados 780 703 Consumo de H2 (u.a.) 1CrB 671 644 720 1CrC 300 400 500 600 700 800 900 1000 Temperatura (K) Figura IV-29 - Perfis de TPR dos catalisadores 1CrB e 1CrC catalisadores Cr/Al2O3. Espécies de Cr 6+ solúvel e graftizado foram classificadas devido à interação com o suporte, sendo a forma solúvel classificada como de menor interação. Os resultados de TPR de H2 permitem sugerir a presença de espécies de Cr 6+ com menor interação com a sílica nos catalisadores 1CrB e 1CrC do que em 1CrA e 1CrD. Em função da presença de Cr2O3 nos catalisadores 1CrB e 1CrC, essas amostras foram submetidas à análise de DRX, embora o teor de cromo nestes catalisadores esteja abaixo do valor limite para a formação de cristalinidade (α -Cr2O3). De fato, McDaniel [28] observou que a monocamada de cromo sobre uma sílica comercial é de 2,85 %Cr (1,18 átomos Cr/nm2), com identificação de fase cristalina α-Cr2O3 apenas a partir desse teor. A Figura IV-30 apresenta os espectros dos dois catalisadores em comparação com o espectro de DRX do α-Cr2O3 em mistura física com a sílica (MFCr2O3). Não foram observados picos de difração nos catalisadores 1CrB ou 1CrC. O resultado sugere que o Cr2O3 presente nestes catalisadores tem caráter amorfo ou a fase cristalina está em quantidade menor que o mínimo detectável pela técnica. Zaki e col. [60] reportaram que a detecção de α-Cr2O3 em catalisadores Cr/SiO3 só é possível em teores de cromo acima de 3%. 65 _______________________________________Caracterização dos Precursores Secos e Calcinados 1CrB Intensidade (contagens) 1CrC MFCr2 O3 20 40 60 2θ Figura IV-30 - Espectros de DRX dos catalisadores 1CrB e 1CrC calcinados e MFCr2O3 Os resultados de DRS e TPR de H2 permitiram distinguir as espécies de cromo nos catalisadores calcinados. Nos catalisadores 1CrA e 1CrD foi observado somente Cr6+. Estes catalisadores apresentaram temperaturas de redução mais altas em relação aos catalisadores 1CrB e 1CrC. Este resultado sugere que a espécie Cr6+ adquira interação maior com o suporte em comparação às amostras que também contém Cr2O3. Nos catalisadores 1CrB e 1CrC, Cr6+ e Cr2O3 estão presentes. Estas duas amostras apresentaram o Cr 6+ com interações diferentes com o suporte, de acordo com dados de TPR. A espécie Cr 3+ observada nos catalisadores 1CrB e 1CrC pode ser designada como Cr 2O3 amorfo, visto que não foi observada a fase α-Cr2O3 através de análises de difração de Raios-X para estas amostras. Alguns autores [28, 31, 44] reportaram que a fase cristalina α-Cr2O3 suportada em SiO 2 começa a se formar com teores de 1,5-3,0% Cr, reforçando nossas observações. Os catalisadores calcinados, preparados com sais orgânicos e inorgânicos de cromo, apresentaram espécies superficiais distintas mesmo em baixos teores de cromo, resultado diferente do relatado na literatura [27-30], onde freqüentemente é mencionado apenas Cr6+. Realmente, óxido de cromo (VI) mássico se decompõe em Cr2O3 e O2 em torno de 473 K, mas o CrO3 é estabilizado em sílica a temperaturas mais altas [13]. Porém, a caracterização resultante do presente trabalho sugere que a distribuição de espécie de cromo depende do precursor, mas não de sua natureza orgânica ou inorgânica. As interações do Cr6+ com a superfície da sílica têm sido estudadas por muitos autores [28, 61, 62, 54, 63] e não foi alcançada concordância sobre quais espécie de cromo 66 _______________________________________Caracterização dos Precursores Secos e Calcinados são predominantes nos catalisadores Cr/SiO 2. Nesse contexto, os resultados desta tese não permitem atribuir a presença da espécie Cr6+ como CrO3 ou cromato, mas a espécie dicromato pode ser descartada. As observações seguintes sugerem a presença da espécie Cr 6+ como cromato ou CrO3: - Nos espectros de reflectância difusa dos catalisadores 1CrA e 1CrD calcinados a banda característica da espécie dicromato a 445 nm [39] não foi observada (Figura IV-26). Os catalisadores 1CrB e 1CrC apresentaram uma banda nesta posição, mas associada com a banda a 610 nm, atribuída a Cr2O3 (Tabela IV-11). - As análises de TPR dos catalisadores 1CrA e 1CrD mostraram picos de consumo de H2 a temperaturas na região entre as misturas físicas de CrO3/SiO2 e K2CrO4/SiO2 (3% Cr), abaixo da temperatura de redução da mistura física K2Cr 2O7/SiO2 (3% Cr), de acordo com Ellison e col. [41]. - A maioria dos resultados da literatura aponta para o predomínio da espécie cromato em relação à dicromato nos catalisadores Cr/SiO 2 [28, 35, 41, 44, 62, 64] com baixos teores de cromo. Assim, os diferentes precursores usados neste trabalho permitiram obter dois grupos distintos de catalisadores calcinados, em relação às espécies de cromo presentes, mesmo em baixo teor de Cr. Os catalisadores 1CrA e 1CrD apresentaram apenas Cr 6+ (cromato ou CrO3). Os catalisadores 1CrB e 1CrC apresentaram espécies Cr 6+ e Cr3+ (Cr2O3). O predomínio de cromo no estado trivalente no catalisador 1CrB é atribuído à baixa interação do sal cromato de silila com a superfície da sílica e à sua transformação em Cr 2O3 quando calcinado. A presença de Cr3+ alterou o perfil de redução da espécie Cr6+ com H2 e promoveu interações distintas com o suporte. Enquanto a presença de Cr3+ no catalisador 1CrB pode ser explicada como resultante da decomposição do sal cromato de silila, a presença desta espécie no catalisador 1CrC (25%) pode ser proveniente de dois mecanismos relatados na literatura, que podem ocorrer durante a calcinação, em atmosfera de O2: redução induzida pela calcinação de espécies de cromo hexavalente para menores estados de oxidação [34, 41, 43, 47] ou formação de agregados de Cr2O3 [13, 28, 44, 46, 62]. Merryfield e col. [43], seguindo um procedimento de Przhevalskaya e col. [65], prepararam catalisadores Cr/SiO 2 (1% Cr) utilizando CrCl3 como precursor em sílica Davison 952 (S=280m2/g e vp=1,6 cm3/g). As amostras foram calcinadas sob fluxo de N2 até 573 ou 973 K. Segundo os autores, esta metodologia resulta apenas em Cr3+ suportado, não tendo sido observado Cr6+ após o 67 _______________________________________Caracterização dos Precursores Secos e Calcinados tratamento nas duas temperaturas. No entanto, os autores observaram 15% de íons cloreto após o tratamento a 573K, mas nenhum cloreto foi observado na amostra tratada a 973 K. 4.3 Conclusões parciais Os estudos realizados nos catalisadores, precursores secos e misturas físicas de Cr/SiO2 permitiram verificar a influência do precursor de cromo na interação Cr-O-Si na superfície do suporte e na distinta distribuição de espécies Cr6+/Cr3+. No catalisador 1CrB, preparado com cromato de bis(trifenilsilila), o cromo apresentou a menor interação com o suporte e predomínio de Cr 3+ sobre o Cr6+. Entretanto, segundo análise de XPS, as partículas de cromo estão preferencialmente na superfície do suporte. Essa característica foi proporcionalmente maior neste catalisador que nos demais. A forma de interação do precursor com a sílica durante a impregnação é resultado da decomposição do sal sob oxigênio e temperatura, sendo parâmetros fundamentais na distribuição das espécies de cromo. Nos catalisadores 1CrA e 1CrD ocorre predomínio de Cr6+ e o grau de interação CrO-Si mostrou ser semelhante. No entanto, o catalisador 1CrC apresentou cerca de 25% de espécies Cr3+ e seu perfil de redução com H2 sugere a presença de espécies de cromo com distintas interações com o suporte. No capítulo seguinte, os catalisadores serão reduzidos com CO para obtenção de 2+ Cr , sítio ativo para a polimerização. A distribuição de espécies Cr2+ será determinada e analisada à luz das frações de Cr 6+/Cr3+ nos catalisadores calcinados. No Capítulo VI, os catalisadores reduzidos com CO serão utilizados na polimerização de etileno. A atividade de cada catalisador na polimerização e as propriedades do polietileno formado serão avaliadas em conjunto com os resultados de distribuição de espécies calcinadas e reduzidas. 68 _______________________________________________Caracterização dos Catalisadores Reduzidos V CARACTERIZAÇÃO DOS CATALISADORES REDUZIDOS 5.1 Ativação e Caracterização dos Sítios Ativos Cr2+ Após a preparação e calcinação, o catalisador Cr/SiO2 para polimerização apresenta principalmente Cr 6+ disperso na superfície da sílica, ancorado sob a forma de cromatos, dicromatos ou aglomerados de CrO3, segundo a literatura citada a seguir. Para obter a espécie ativa na polimerização é necessário ativá-lo utilizando tratamento com um gás redutor em condições isentas de umidade e oxigênio. Tanto nos catalisadores tipo Philips quanto nos Union Carbide [66] a atividade catalítica para polimerização está associada à presença de espécies de cromo divalente, Cr2+, de baixo número de coordenação (NC=2). Dos agentes redutores, os mais empregados neste caso são o hidrogênio, o monóxido de carbono e o etileno. Entretanto, o uso de H2 ou etileno como agentes redutores provoca a formação de água no meio reacional e pode reduzir a eficiência da redução [32]. Além disso, a Equação V-1 mostra que o hidrogênio é um agente redutor um pouco mais fraco que o monóxido de carbono [34]. H2O + CO → H2 + CO2 ← ∆GT 0 = -30+0,042.(T-298) kJ/mol Equação V-1 - reação de equilíbrio do gás d´água A análise de redução à temperatura programada (TPR) pode ser usada para determinar o estado de oxidação médio do cromo em catalisadores Cr/SiO2 após calcinação. Entretanto, é necessário estabelecer o estado de oxidação final, parâmetro discutido intensamente na literatura [33, 34, 58, 59, 67]. Groeneveld e col. [34] sugeriram que a valência final do cromo após redução com H2 é função da velocidade do gás e da taxa de aquecimento. A influência da água formada durante a redução se dá tanto pela reoxidação de Cr2+ a Cr3+ quanto pela hidrólise da ligação Si-O-Cr. Este último mecanismo pode resultar na mobilidade do cromo na superfície do suporte com aglomeração de partículas e formação de espécies de Cr 2O3. Estes autores observaram a presença de Cr 2+ e Cr 3+ num catalisador após redução com pulsos de H2 ou CO em correntes de gás inerte até 773K. As vazões das correntes de H2/Ar e CO/He eram de 50–100ml/min e 75ml/min, respectivamente, e as espécies de cromo presentes após redução foram determinadas pelos 69 _______________________________________________Caracterização dos Catalisadores Reduzidos consumos de H2 e CO. Hill e Öhlmann [58] e Parlitz e col. [59] reportaram o estado final de Cr3+, utilizando pequenas vazões de mistura redutora (H2/N2), com 3 e 14 ml/min até 973 K. Finch [67] e Kim e Woo [33] assumiram a espécie Cr2+ como valência final após redução. No estudo de Finch a redução foi feita em sistema fechado com H2 puro e controle da pressão total na temperatura de 923 K. Kim e Woo utilizaram fluxo de 5% H2/N2 com velocidade linear de 0,7 cm/seg. Considerando o reator com 1,5 cm de diâmetro, resulta aproximadamente em 300 ml/min. Neste caso, o estabelecimento da valência final Cr2+ parece mais razoável que no trabalho de Finch em função da alta vazão usada. Kim e Woo [33] acompanharam o estado de valência do cromo após calcinação a diferentes temperaturas. Foram utilizados catalisadores com 1% Cr a partir de acetato de cromo (III) suportado em sílica Davison 952 (280 m2/g e 1,6 cm3/g). A Tabela V-1 apresenta a temperatura correspondente ao máximo de redução, a valência inicial média do cromo e a fração de Cr (III) presente no catalisador e que não sofre redução. Com o aumento da temperatura de calcinação, verificou-se um aumento da temperatura do pico de redução, variando de 743 a 798 K, enquanto a valência inicial média do cromo variou de 6,0 a 3,7. Essa variação foi atribuída à decomposição do Cr6+ a Cr3+, que não é reduzido por hidrogênio. A calcinação do acetato de cromo suportado deve levar a Cr6+ e esta espécie pode ser decomposta em Cr3+ caso seja submetido à temperatura elevada de calcinação. De fato, o CrO3 mássico inicia sua decomposição a Cr2O3 e O2 em ar a 530 K [62]. Tabela V-1 – Resultados de TPR de catalisadores calcinados a diferentes temperaturas [33] Temperatura de Temperatura do Razão Valência Fração de Cr (III) calcinação (K) pico TPR (K) H2/Cr do Cr inativo (%) 823 743 2,00 6,0 0 923 745 1,72 5,4 20 1023 757 1,55 5,1 30 1123 766 1,10 4,2 60 1223 798 0,84 3,7 77 Hill e Öhlmann [58] observaram o estado de valência Cr 3+ após redução com mistura 5% H2/He até 973 K (10K/min). Foi obtido um consumo de 28,08 µmoles H2/mg 70 _______________________________________________Caracterização dos Catalisadores Reduzidos Cr para um catalisador 1% Cr suportado em sílica Aerosil 300 (300 m2/g), enquanto o consumo teórico de Cr6+ a Cr3+ é de 28,85 µmoles H2/mg Cr, segundo a Equação V-2. 2 CrO3 + 3 H2 Cr2O3 + 3 H 2O 28,85 µmoles H 2 /mg Cr CrO3 + 2 H2 CrO + 2 H2 O 38,46 µmoles H 2/mg Cr Equação V-2 - Consumo teórico de hidrogênio na redução de Cr6+ a Cr3+ e a Cr2+ Groeneveld e col. [34] utilizaram pulsos a intervalos de tempo regulares de H2 puro numa corrente de argônio de 50-100 ml/min. O estado de valência médio observado foi de 3,9, 2,9 e 2,3 para temperaturas de redução de 623, 683 e 723 K, respectivamente. A água formada durante a redução pode influenciar o catalisador, o que não ocorre com o CO2 formado na redução com CO, conforme a Equação V-3. Na redução com H2, o vapor d’água pode agir de duas formas: a) Oxidando o cromo (II) a cromo (III). Essa reação também pode ocorrer, em menor extensão, com os grupos de hidroxilas superficiais da sílica, uma vez que na temperatura de redução estes se tornam ativos. b) Hidrolisando a ligação Si-O-Cr, resultando óxido de cromo móvel sobre a superfície e na formação de grandes aglomerados de menor interação com o suporte que pode levar à redução a Cr2O3. A redução com monóxido de carbono também foi pesquisada por Groeneveld e col. [34]. A reação, Equação V-3, foi realizada com pulsos de CO (1,39 cm3) numa corrente de hélio (75 ml/min) até a temperatura de 743 K. Durante o processo, a cor do catalisador (com 2% Cr) varia de alaranjado para azul-esverdeado e, com a continuação, para azul. CrO 3 + 2CO ↔ CrO + 2CO 2 38,46 µmols H2/mg Cr Equação V-3 – Redução do CrO3 com monóxido de carbono Calculando o estado de valência médio final do cromo pela quantidade de CO2 produzida, e considerando que este é produto apenas da redução do cromo, obtém-se o valor 2,5 que cai até abaixo de 2,0 se o processo for prolongado [34]. Os autores sugerem que o estado de valência do cromo abaixo de 2,0 pode ser devido à reoxidação dos sítios de cromo durante os intervalos de pulsos de CO na corrente de hélio, acarretando um consumo maior de CO. A reoxidação deve ser realizada pelos grupos de hidroxilas superficiais existentes no suporte. Ruddick e Badyal [68] realizaram a redução de um catalisador 1% Cr de acetato de cromo (III) suportado em SiO2 com CO, fluxo de 25 ml/min, na faixa de temperatura de 373 a 773 K. Os catalisadores permaneceram 15 min na condição final de temperatura e a 71 _______________________________________________Caracterização dos Catalisadores Reduzidos evolução de CO2 foi monitorada por espectrômetro de massas. Segundo a Figura V-1, para temperaturas acima de 623 K a evolução de CO2 cessa em torno de 180 segundos de reação. Verificou-se que a liberação de CO2 em temperaturas a partir de 573 K é aproximadamente a mesma, ocorrendo redução completa a Cr(II). De acordo com Krauss e Stach [69], o catalisador de cromo hexavalente pode ser reduzido quantitativamente por CO a 623 K para Cr (II) com 98% de eficiência, restando 2% de aglomerados de cromo do tipo α-Cr2O3. Ruddick e Badyal [68] observaram ainda que o mecanismo de redução é do tipo Langmuir-Hinshelwood, Equação V-4, onde a molécula de monóxido de carbono é adsorvida reagindo com o oxigênio presente na superfície. O controle do consumo de CO por espectrometria de massas acusa uma leve queda inicial no sinal de CO referente à adsorção na superfície. COads + [O]sup CO2 Equação V-4 - Mecanismo de consumo de CO tipo Langmuir-Hinshelwood Figura V-1 - Evolução de CO2 na redução de catalisadores Cr/SiO 2 por CO [68] 72 _______________________________________________Caracterização dos Catalisadores Reduzidos Zecchina e col. [32] determinaram o estado de oxidação médio do cromo após redução com 40 torr de CO a várias temperaturas. O Cr2+ formado na redução foi quantificado pela integração das bandas de infravermelho de CO quimissorvido (ACO). Pela Figura V-2 os autores observaram que na temperatura de 623K o catalisador apresenta a maior quimissorção de CO. Com temperaturas acima de 623K verifica-se uma queda na quimissorção, devida à formação de espécies de Cr3+. Assim, a temperatura ótima para redução de catalisadores de cromo com CO é de 623K. Os autores obtiveram ainda o estado de oxidação médio do cromo após redução a 623K expondo as amostras à oxidação a 823K e medindo o consumo de O2. O valor encontrado foi de 2,05-2,15 para um catalisador com 0,5% Cr, concordando com o resultado de outros autores já citados [34, 68]. Finalmente, associando a presença de espécies cromato e Cr2+ a catalisadores com baixo teor de cromo e espécies dicromato e Cr3+ naqueles com teor de cromo mais elevado, os autores [32] sugerem que a redução de cromatos acarreta na formação de íons Cr 2+ isolados, enquanto a redução de dicromato resulta Cr2+ e Cr3+ em pares. Em baixos teores de cromo a menor formação de Cr3+ parece estar associada também à eficiência na remoção do CO2 resultante na redução com CO em fluxo [70]. Figura V-2 – Adsorção de CO contra temperatura de redução [32] Weckhuysen e col. [37] realizaram estudo de TPR com CO em catalisadores à base de CrO3 sobre sílica (735 m2/g e 0,8 cm3/g), com teores variando de 1,0 a 8,0% Cr, com mistura (1%) CO/N2 num sistema conectado a um detector de condutividade térmica. Os 73 _______________________________________________Caracterização dos Catalisadores Reduzidos autores observaram apenas um pico de redução que aumentou de intensidade e ficou mais fino com o aumento do teor de cromo. A temperatura de máximo consumo de CO também se deslocou para temperaturas menores com o aumento do teor, Tabela V-2. Tabela V-2 - Estado de oxidação final médio e temperatura de máximo consumo de CO em catalisadores Cr/SiO2 [37] Teor de cromo (% Cr) n em Crn+ Temperatura de consumo máximo (K) 1,0 1,5 627 2,0 2,1 600 4,0 2,2 572 8,0 2,8 561 Foi observado ainda que os perfis de TPR dos catalisadores com teores de 4,0 e 8,0% Cr apresentam um deslocamento da linha de base, referente a um consumo de CO em temperaturas maiores que 823 K. Os autores sugerem a reação do CO com as hidroxilas superficiais da sílica, Equação V-5. Isto dificulta o cálculo do estado de valência do cromo. Este efeito não foi observado por Groeneveld e col. [34] por terem usado uma temperatura máxima de redução de 743 K. CO + 2 Si-OH CO2 + H2 + Si-O-Si Equação V-5 - Consumo de CO pelas hidroxilas superficiais da sílica Para a caracterização dos catalisadores Cr/SiO2 em condição ativa para polimerização é necessário realizar a análise após um pré-tratamento de redução in situ. Das técnicas atualmente empregadas com esse fim a espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier (FTIR) e a espectroscopia de reflectância difusa (DRS) se destacam. Vários autores [34, 36 - 39, 71, 72, 73] têm utilizado a técnica de DRS para determinar as espécies de cromo presente no catalisador após redução in situ com monóxido de carbono. Embora existam pequenas divergências entre os autores, as principais bandas observadas no espectro de DRS após redução com CO são apresentadas na Tabela V-3. Estas bandas, somadas àquelas apresentadas na Tabela IV-1, permitem identificar as espécies de cromo presentes. 74 _______________________________________________Caracterização dos Catalisadores Reduzidos Weckhuysen e col. [38] realizaram a caracterização de catalisadores Cr/SiO2 com 0,1 a 0,8% Cr utilizando o DRS com redução com CO, fluxo de 30ml/min, a 473, 573, 673 e 873 K. A partir da temperatura de 573 K, aparecem bandas na região d-d a 833 e 1000 nm, referentes ao Cr2+em coordenação octaédrica e tetraédrica, respectivamente. Também aparecem bandas a 295, 465 e 625 nm referentes ao Cr3+ octaédrico. Finalmente, na região de transferência de carga aparecem bandas a 256 e 308 nm, atribuídas a transferências do oxigênio, O Cr3+ e O Cr2+, respectivamente. Tabela V-3 - Posições de bandas de Cr 2+ e Cr3+ em superfícies desidratadas [38, 39] Espécie Banda (nm) Atribuição Cr2+ 308 Transição O Cr2+ (Td) 833 Cr2+ pseudo-octaédrico 1000 Cr2+ pseudo-tetraédrico 256 Transição O Cr3+ 295, 465, 625 Cr3+ pseudo-octaédrico Cr3+ Além da determinação qualitativa, encontrada em várias referências, o grupo de B. M. Weckhuysen e R. A. Schoonheydt propôs a utilização de métodos matemáticos para a análise quantitativa dos espectros de DRS [36, 39]. Os métodos utilizam a decomposição dos espectros experimentais em componentes de acordo com os padrões de cromato, dicromato, Cr3+ e Cr2+, baseando-se na função de Kubelka-Munk, Equação V-6. Figura V-3 - Componentes puros de (A) cromato e dicromato, (B) Cr3+ octaédrico, Cr2+ octaédrico e suporte [39] As condições para o uso da Equação V-6 são: a) amostra de espessura infinitesimal, b) distribuição aleatória das partículas e que estas sejam muito menores 75 _______________________________________________Caracterização dos Catalisadores Reduzidos que a espessura da amostra, c) irradiação difusa e 4) amostras com baixa absorção. Essas condições são alcançadas utilizando-se amostras em pó e baixos teores de cromo. F (R∞ ) = (1 − R∞ ) 2 = K αCCr = = kCCr S S 2R ∞ Equação V-6 - Equação de Kubelka-Munk Assim, os autores obtiveram a distribuição das espécies em temperaturas de redução com CO entre 473 e 873 K para a amostra 0,1% Cr/SiO2. A Figura V-4 apresenta as porcentagens das espécies Cr 6+, Cr3+ e Cr2+. A fração de Cr 6+ é totalmente convertida a Cr2+ e Cr3+ após redução a 573 K. A fração de Cr2+ se mantém em 57% entre 573 e 673 K, mas aumenta para 74% após redução a 873 K. O método de quantificação é limitado para catalisadores Cr/SiO2 devido às diferentes espécies presentes. Os melhores resultados foram obtidos para catalisadores Cr/Al2O3 que apresentam apenas cromato e Cr 3+ nas amostras calcinadas. Neste sistema, a calibração das intensidades de Cr6+ e Cr3+ contra o teor é linear, enquanto, no sistema Cr/SiO2 observou-se um desvio da linearidade. Desse modo, pode ser explicada a redução incompleta para Cr2+ mesmo na maior temperatura, contrariando observações de outros autores [34, 68, 69]. Após recalcinação com O2 a 823K com fluxo de 60ml/min a distribuição de espécies é a mesma da calcinação inicial, resultando na relação Cr 6+/Cr3+ de 1,78. 100 90 80 70 50 n+ Cr (%) 60 40 30 20 10 0 calc. 473 573 673 873 recalc. Temperatura (K) Figura V-4 - Distribuição de espécies de cromo após redução a diferentes temperaturas ( - Cr6+, - Cr3+, - Cr2+) [36] 76 _______________________________________________Caracterização dos Catalisadores Reduzidos Finalmente, este grupo de pesquisadores propôs a determinação de um modelo cinético da redução do cromo pela análise de DRS [72], supondo que a reação pode ser representada pela Equação V-7 onde Crox e Crr são Cr6+ e uma mistura Cr2+/Cr3+, respectivamente. Foi utilizado um catalisador 0,5% Cr/SiO2 reduzido in situ com fluxo de monóxido de carbono a 30ml/min na temperatura de 723K. Crox + nCO ↔ Crr + nCO2 Equação V-7 - Equação representativa da redução do cromo por CO Assim, a taxa de redução correspondente é mostrada na Equação V-8 com a simplificação de pressão parcial constante de CO e k´=k.[CO]β. Também pode ser aplicada a esse problema a Equação V-6, ficando CCr como a concentração do cromo no estado oxidado (= Crox). d [Crox ] = k.[Crox ]α .[CO] β = k´.[Crox ]α dt Equação V-8 - Equação da taxa de redução do cromo Os parâmetros operacionais foram otimizados para minimizar influências de transferência de massa. A câmara de reação Praying Mantis foi considerada como um microreator de leito fixo e manteve-se uma pressão parcial constante de CO. Na faixa de 10-60mL/min não foi verificada influência do fluxo de gás na cinética de reação. Os parâmetros utilizados foram: espessura do leito catalítico: 3mm, tamanho de partícula de catalisador: 0,4-0,5 mm e vazão de gás: 30mL/min. Assim, a banda a 370 nm, relativa a cromato, foi acompanhada contra o tempo de redução, obtendo-se a Figura V-5. Observou-se uma queda exponencial da intensidade do Crox com o tempo, sugerindo uma equação do tipo: y(t)=A 1.e-t/x1 + A2.e-t/x2 . Figura V-5 - Cinética de redução com CO do catalisador 0,5% Cr/SiO2 a 723K [72] 77 _______________________________________________Caracterização dos Catalisadores Reduzidos O esquema global proposto para a reação seguiu a Equação V-9, sendo que o primeiro passo é a adsorção de CO pelo Crox seguida da redução ficando o CO2 resultante adsorvido como carboxilato. Então, ocorre a eliminação do CO2 e a espécie reduzida Crm+ sobre a superfície. k1 k3 k Crox + CO ↔ Crox (CO )ads → Cr m + (CO2 )ads ↔ Cr m + + CO2 (m < 6 ) 2 k −1 k−3 Equação V-9 - Esquema de redução do cromo Os valores obtidos para os parâmetros do modelo e constantes de taxa são apresentados na Tabela V-4. Observa-se que a constante de taxa k2 é, pelo menos, 100 vezes menor que as outras taxas, mostrando que a reação irreversível de primeira ordem é a etapa limitante no processo. Obteve-se o valor 1,4 ± 0,6 para a ordem da reação. A taxa é proporcional a cobertura de superfície tanto do cromo, quanto do CO. A primeira é constante mas a segunda é proporcional à pressão parcial de CO. Assim, a dependência de primeira ordem na pressão de CO é explicada. Tabela V-4 - Parâmetros do modelo e constantes da equação de taxa de reação [72] T(K) k-1. 102 k2 . 105 k1 . 102 (min) (min) (min) 411,8 6,0±1,2 43,2±8,6 44,0±8,8 358,6 293,6 14,6±2,9 129,7±25,9 64,2±12,8 19,95 311,8 97,41 9,5±1,9 76,0±15,2 78,6±15,7 2,43 11,57 112,0 48,07 35,9±7,1 401,8±80,3 128,2±25,6 1,21 7,625 1368 99,66 13,9±2,7 1105,9±221,1 309,2±61,8 x1 x2 A1 (min-1) (min-1) 673 5,84 24,22 544,8 698 3,85 17,55 723 4,07 748 773 A2 A utilização da adsorção de CO também tem se mostrado uma ferramenta poderosa para a caracterização das espécies de cromo presentes após redução. A análise de infravermelho com transformada de fourier (FTIR) de CO adsorvido tem sido amplamente empregada [33, 66, 74, 75], embora a simples quimissorção de CO por volumetria tenha poucas referências de aplicação [76, 77]. Zecchina e col. [76] utilizaram uma microbalança Sartorius na quimissorção de CO num catalisador Cr/SiO2, com 0,5% em peso de Cr, reduzido com CO num sistema fechado (40 torr CO) por 30 min. A Figura V-6(A) apresenta a isoterma de adsorção na amostra reduzida (curva 78 _______________________________________________Caracterização dos Catalisadores Reduzidos cheia) a 298K e a isoterma teórica considerando estequiometria CO:Cr = 1:1, observando-se uma boa aproximação entre as duas. Groeneveld e col. [34] observaram que um grama de catalisador Cr/SiO2 reduzido com CO pode adsorver 3 aproximadamente 9 cm de CO a 273 K e 1atm, resultando uma relação CO/Cr=0,97 baseado no cromo total presente. Figura V-6 - Isotermas de adsorção de CO. (A) temperatura ambiente: linha cheia, experimental; linha tracejada, referência para Cr:CO=1:1 (B) Temperatura 191K: curva 1, primeira isoterma; curva 2, segunda isoterma e curva 3, fisissorção no suporte [76] A Figura V-6 (B) apresenta isotermas de CO a 191K. Neste caso, as curvas 1, 2 e 3 representam a isoterma de adsorção do catalisador reduzido (total), a isoterma após vácuo a 191K (reversível) e a isoterma de fisissorção no suporte puro, respectivamente. Considerando-se as curvas 1 e 3, uma razão CO:Cr = 2 é obtida. Porém, considerandose a diferença entre as curvas 1 e 2 obtém-se uma razão Cr:CO de 1:1, igual aquela obtida à temperatura ambiente. A análise de infravermelho de CO quimissorvido apresenta maior número de referências na literatura [33, 66, 75]. No procedimento usual realiza-se a redução da amostra, previamente seca, com CO a 623 K seguida de tratamento sob vácuo a 623 K e quimissorção de CO a 298 K. Após a redução, resultam três espécies de Cr 2+ em função do grau de coordenação com grupos silanol do suporte. As referências reportam essas espécies como Cr2+A, Cr2+B e Cr2+C, com números de coordenação 2, 3 e 4, respectivamente, de acordo com a Figura V-7. Como será visto adiante, a espécie Cr 2+A é considerada a mais ativa na polimerização de etileno. 79 _______________________________________________Caracterização H Cr Cr O O O Si Si Si Si CrA IV OH (cm ) não IV CO (cm-1) 2179 -1 H O O dos Catalisadores Reduzidos H O Si CrB 3725 2188 Si Cr O O O Si Si Si CrC 3600 não Figura V-7 - Espécies de Cr2+ após redução com CO a 623 K [33] Kim e Woo [33] realizaram medidas de infravermelho de CO num catalisador 1% Cr/SiO 2 calcinado em ar seco por 2 h na faixa de temperatura entre 823 e 1123 K, utilizando o procedimento usual de redução e quimissorção de CO. O espectro de IV da amostra apenas reduzida, subtraído pelo espectro da amostra calcinada in situ, é mostrado na Figura V-8 (I). Na região de hidroxilas foram observadas bandas a 3745, 3725 e 3600 cm-1. As bandas a 3745 cm-1, referente a hidroxilas isoladas da sílica, e a 3600 cm-1 diminuem com o aumento da temperatura de calcinação, enquanto a banda a 3725 cm-1 não sofre alteração significativa. Na Figura V-8 (II) são apresentados os espectros após quimissorção de CO e vácuo a 298 K variando a temperatura de calcinação. Observam-se duas bandas a 2188 e 2179 cm-1 que aumentam de intensidade até 1023 K, sendo que a razão entre as intensidades integradas das bandas a 2179 / 2188cm-1 aumentou no mesmo sentido. As bandas da Figura V-8 (II) são atribuídas às espécies Cr2+A (2179 cm-1) e Cr2+B (2188 cm-1), Figura V-7, também de acordo com outros autores [66, 75]. As bandas a 3725 e 3600 cm-1 da Figura V-8 (I) são atribuídas a espécies de Cr2+ que interagem com um ou dois grupos de hidroxilas da superfície do suporte sendo identificados como Cr 2+B e Cr 2+C, respectivamente. O aumento da temperatura de calcinação reduz os grupos hidroxila presentes no suporte, afetando mais a espécie Cr2+C do que a espécie Cr 2+B, o que pode ser visto na Figura V-8 (I). Esse efeito também é notado, de modo inverso na Figura V-8 (II), onde a espécie Cr2+A aumenta, enquanto a espécie Cr2+B não varia com a temperatura. 80 _______________________________________________Caracterização dos Catalisadores Reduzidos Figura V-8 - Espectros de IV de amostras após redução (I) e após quimissorção de CO (II) calcinadas a (a) 823, (b) 923, (c) 1023, (d) 1123 e (e) 1223 K [33] Kim e Woo [33] determinaram a distribuição das três espécies pela integração das bandas, considerando todos os coeficientes de extinção iguais. Os resultados são apresentados na Tabela V-5, juntamente com a fração de Cr3+ obtida por TPR, da Tabela V-1, que aumenta com a temperatura de calcinação. Dois grupos distintos podem ser observados, já que a partir de 1023 K a desidroxilação da superfície do suporte passa a exercer grande influência. No tratamento até 1023K a fração de Cr2+B varia pouco, enquanto se observa um aumento na fração de Cr2+A e redução da fração de Cr 2+C. Ocorre também o aumento da fração de Cr3+ devido à aglomeração do cromo na superfície. Observa-se dessa forma a conversão de espécies Cr2+C em Cr2+A em função da temperatura de calcinação do catalisador. cromo Tabela V-5 - Efeito da temperatura de calcinação nas espécies de cromo [33] Temperatura de Cr2+A Cr2+B Cr2+C Fração de Cr (III) Calcinação (K) (%) (%) (%) inativo (%) 823 6,5 12,5 81,0 0 923 10,6 13,4 56,0 20 1023 14,1 13,9 42,0 30 1123 11,0 9,0 20,0 60 1223 7,4 5,6 7,0 77 81 _______________________________________________Caracterização dos Catalisadores Reduzidos Garrone e col. [75, 78] também estudaram as espécies de Cr 2+ utilizando a espectroscopia de reflectância difusa e variando a temperatura de tratamento sob vácuo após a redução com CO a 623K, num catalisador 0,5% Cr/SiO2 à base de CrO3. São observadas bandas principais de DRS em torno de 322 e 357 nm, na região de transferência de carga, e em torno de 820 e 1250 nm, na região d-d. Um tratamento térmico sob vácuo a 973 K reduz significativamente a banda em 357 nm, aumentando ligeiramente a banda a 322 nm. Os autores atribuem as bandas de DRS a Cr2+A: 357 e 870 nm, Cr2+B: 322 e 820 nm e Cr2+C: 250, 667 e 794 nm. O tratamento sob vácuo resulta na conversão de espécies Cr 2+A em Cr2+C, enquanto a espécie Cr2+B fica inalterada. Além disso, se for realizado um procedimento de reoxidação à temperatura ambiente nesta amostra, após o tratamento térmico, apenas a espécie Cr 2+C permanece inalterada. As outras espécies de Cr2+ são oxidadas. Para quantificar a distribuição das espécies, foi medida a razão O2/Cr resultante da reoxidação a 310 K das amostras após vácuo a 423 e 973 K. Análises de espectroscopia de infravermelho também foram empregadas nessa determinação [79]. Considerou-se que apenas a espécie Cr2+C não sofre oxidação nas condições empregadas. A Tabela V-6 apresenta a distribuição de espécies, mostrando uma queda de 45% para 17% na porcentagem de Cr2+A e estabilidade do Cr2+B. As diferenças observadas entre os estudos de Garrone e col. [75] e Kim e Woo [33] podem ser atribuídas aos diferentes parâmetros de preparação e pré-tratamento usados, bem como pelas aproximações realizadas na determinação das espécies Cr 2+. Tabela V-6 - Efeito de tratamentos térmicos na distribuição das espécies Cr2+ [75, 78] Experimento Tratamento I Vácuo 1073 K Redução 623 K Cr2+A (%) Cr2+B (%) Cr2+C (%) Cr3+ (%) 45 25 30 0 17 28 55 0 0 0 55 45 Vácuo 423 K II Redução 623 K Vácuo 973 K III Redução 623 K Vácuo 973 K O2 298 K 82 _______________________________________________Caracterização dos Catalisadores Reduzidos A quimissorção de CO na espécie Cr2+C somente ocorre em baixa temperatura. Garrone e col. [75] realizaram a adsorção de 40 torr de CO a 77 K em amostras de catalisador Cr/SiO2 que sofreram os três procedimentos descritos na Tabela V-6. Uma banda a 2200 cm-1 foi atribuída ao Cr2+C, que se mantém na amostra com o experimento III, de oxidação à temperatura ambiente, mostrado na Tabela. Outras bandas a 2157 e 2139 cm-1 também aparecem nessa temperatura, atribuídas a CO ligado a grupos SiOH superficiais e CO fisissorvido, respectivamente. A dessorção de CO, acompanhada por espectroscopia de infravermelho, tem sido estudada por alguns autores [72, 80, 81]. Parker e col. [81] estudaram a dessorção de monóxido de carbono adsorvido num catalisador Cr/SiO2 (0,95% Cr), previamente reduzido com CO. A Figura V-9 apresenta os espectros de infravermelho na região de adsorção de CO variando a temperatura de tratamento. Foram observadas as bandas a 2183 e 2097cm-1, atribuídas a CO ligado ao cromo linearmente (Cr2+A e Cr2+B) e em ponte, respectivamente. A atribuição dessas bandas também foi feita por Zecchina e col. [76]. Em particular, ambas referências relatam que a banda a 2097 cm-1 representa CO fracamente adsorvido ao sítio de cromo e pode ser facilmente removido com vácuo. De fato, segundo a Figura V-9, a dessorção do CO ligado em ponte é completa à temperatura ambiente, enquanto a dessorção das espécies lineares cessa em 473 K. A Figura V-10 representa as estruturas Figura V-9 - Adsorção de CO em Cr(1%)/SiO2: (a) a 623 K sob 1bar de CO (fase gás subtraída), (b) a 298 K sob 1bar de CO (fase gás subtraída), (c) a 298 K após fluxo de He, (d) a 373K sob 1bar de He, (e) a 423 K sob 1bar de He 83 _______________________________________________Caracterização dos Catalisadores Reduzidos estruturas sugeridas por Zecchina e col. para as duas bandas. Na estrutura em ponte (B), uma molécula de CO é compartilhada por dois átomos de cromo vizinhos. Nesta estrutura, a molécula de CO central possui um átomo de carbono com caráter sp2. Este comportamento de dessorção é distinto do observado na adsorção de CO sobre metais, como por exemplo, no paládio metálico [22]. Neste caso, a dessorção do CO adsorvido linearmente ocorre a menores temperaturas, evidenciando a maior estabilidade da adsorção CO-Pd em ponte. A B Figura V-10 - Estruturas de adsorção de CO em cromo: (A) linear e (B) ponte Bensalem e col. [72] e Zecchina e col. [80] observaram espécies carbonatos e carboxilatos em catalisadores Cr2O3/SiO2 e CrO 3/SiO2, respectivamente, após adsorção de CO e CO 2. A Tabela V-7 apresenta as atribuições de bandas de infravermelho de CO2 adsorvido em catalisadores α-Cr2O3/SiO2. A dessorção dessas espécies foi estudada por Bensalem e col. [72] em catalisadores CrO3/SiO2 após redução com CO, resultando em CO2. Os autores sugerem que em temperaturas moderadas (373-473 K) as espécies bicarbonato predominam, mas são rapidamente convertidas a carboxilatos, já que a 673 K não se observam mais carbonatos. A Tabela V-8 apresenta as temperaturas de evolução de espécies carbonato e carboxilato em função da temperatura. Tabela V-7 - Atribuições de espécies superficiais carbonatadas observadas após adsorção de CO2 em α-Cr2O3 [80] Comprimento de onda (cm-1) Atribuição 1560, 1340 carbonato bidentado 1590, 1305 carbonato bidentado 1635, 1285 carbonato bidentado 1490, 1365 carbonato monodentado 1620, 1430, 1225 bicarbonato 1630, 1440 carboxilato 84 _______________________________________________Caracterização dos Catalisadores Reduzidos Tabela V-8 - Evolução de espécies adsorvidas em função da temperatura [72] Temperatura (K) Após 4 min Após 30 min 373 bicarbonato bicarbonatos / carboxilatos 473 bicarbonato / carboxilato carboxilatos / carbonato monodentado 673 carboxilato carboxilatos / carbonato monodentado Em função dos dados apresentados, é possível supor que continuem presentes espécies carboxilatos ou carbonato monodentado em catalisadores Cr/SiO2, após o tratamento usual de limpeza da superfície e reduzidos com CO por fluxo de gás inerte ou vácuo a temperatura de redução. 5.2 Metodologias, Resultados e Discussão A seguir, serão apresentados os resultados de acompanhamento da redução dos catalisadores Cr/SiO2 com monóxido de carbono (CO). Também será caracterizada a dessorção do CO quimissorvido com a temperatura. Este parâmetro é importante no estudo de catalisadores de cromo para polimerização, uma vez que o CO é um importante contaminante na reação de polimerização, oriundo da corrente de etileno [82]. Os sítios Cr 2+, formados por redução com CO a 623K in situ, serão caracterizados por quimissorção de CO, infravermelho, e espectroscopias de reflectância difusa (DRS) e de raios-X (XPS). 5.2.1 Redução dos Catalisadores com CO A redução a temperatura programada foi realizada com mistura 5% CO/He até 623 K, mantendo-se nesta temperatura por 1 h, para os catalisadores 1CrA (precursor acetato), 1CrB (precursor cromato de silila), 1CrC (precursor cloreto) e 1CrD (precursor CrO 3). A redução foi precedida de secagem sob fluxo de hélio por 30min a 773 K. As massas CO, CO2, H2O e H2 foram monitoradas por um espectrômetro de massas (E.M.) em função da temperatura de redução (Figuras V-11 a V-17). O catalisador 1CrC não apresentou nenhum sinal da massa M/E=36, referente ao cloreto, oriundo do precursor. Todos os catalisadores apresentaram saída de água no intervalo de temperatura de 363 a 409 K, mesmo após a secagem prévia a 773 K com fluxo de helio. Segundo a análise termogravimétrica do suporte, esta ocorrência na região de temperatura observada se deve à eliminação de água fisissorvida na sílica, Figura IV-11. 85 _______________________________________________Caracterização dos Catalisadores Reduzidos A mistura física de Cr2O3/SiO2 (3% Cr), MFCr 2O3, e o suporte não apresentaram nenhum consumo de CO. Todos os catalisadores e a mistura física de CrO3/SiO2 (3% Cr), MFCrO3, apresentaram um pico de consumo de CO (M/E=28) e um pico correspondente de formação de CO2 (M/E=44), ambos com máximo em torno de 600 K, com exceção do catalisador 1CrB, atribuídos à redução de Cr6+ a Cr2+. A literatura [68, 69] reporta que o CO reduz quantitativamente Cr6+ a Cr2+ em 623 K com 98% de eficiência, sendo os restantes 2% referentes a partículas de α-Cr2O3 que não são reduzidas pelo CO. O catalisador 1CrB apresentou pico de consumo de CO deslocado em cerca de 100 K, em relação as outras amostras. A menor temperatura de redução neste caso pode ser atribuída a partículas de CrO3 de menor interação com a sílica. Conforme observado na caracterização dos catalisadores calcinados, esta amostra apresentou o menor grau de interação com as hidroxilas do suporte (Tabela IV-9, Capítulo IV). É possível supor que a grande proporção de Cr2O3 no catalisador 1CrB tenha influenciado o perfil de redução, interagindo com partículas de Cr6+. O catalisador 1CrC apresentou distinto comportamento de redutibilidade em função da presença de 25% de espécies Cr 3+, segundo o resultado de redução com H2 (TPR de H2), em relação às amostras 1CrA e 1CrD. No entanto, a redutibilidade frente ao CO foi semelhante à observada nos catalisadores 1CrA e 1CrD. Esse comportamento pode ser devido ao maior poder redutor do CO frente ao H2, dificultando a observação de diferenças de redutibilidade. CO Sinal do E. M. (u.a.) 598 378 597 H 2O CO2 H2 300 400 500 600 700 800 900 isotérmico 1000 Temperatura (K) Figura V-11 – Análise de TPR de CO do catalisador 1CrA 86 _______________________________________________Caracterização dos Catalisadores Reduzidos CO Sinal do E.M. (u.a.) 610 494 386 (x10) CO 2 H 2O H2 300 400 500 700 isotérmico 800 600 900 1000 Temperatura (K) Figura V-12 - Análise de TPR de CO do catalisador 1CrB CO Sinal do E.M. (u.a.) 624 409 C O2 626 H 2O H2 300 400 500 600 700 800 isotérmico 900 Temperatura (K) Figura V-13 - Análise de TPR de CO do catalisador 1CrC 87 1000 _______________________________________________Caracterização dos Catalisadores Reduzidos CO Sinal do E.M. (u.a.) 618 397 620 H 2O (x5) CO 2 H2 300 400 500 600 700 isotérmico 800 900 1000 Temperatura (K) Figura V-14 - Análise de TPR de CO do catalisador 1CrD A mistura física MFCrO3 apresentou um pico de CO a 602K, como os catalisadores 1CrA e 1CrD, e um outro, de menor consumo, a 536 K. Este pico é acompanhado por um ombro no perfil do CO2. O maior teor de cromo nesta amostra (3% Cr) pode ter favorecido a formação de partículas de CrO3 com comportamento mássico, resultando em menor interação com a sílica. Essas partículas de CrO3 teriam uma redutibilidade com CO em temperaturas menores, como observado no catalisador 1CrB. Não foi verificado consumo de CO no TPR da mistura física MFCr2O3 (Figura V-16), portanto, Cr3+ não se reduz a Cr 2+. No entanto, foi observada dessorção de CO 2, tanto na mistura física MFCr2O3 quanto na sílica calcinada, Figura V-17. Esta ocorrência pode estar associada à adsorção de CO2 da atmosfera nas amostras expostas ao ambiente. Embora uma parte deste CO2 deve ter sido removida durante a secagem a 773K, uma fração residual apenas foi eliminada durante a análise. No entanto, não foi observada alteração no sinal da massa correspondente ao CO2 nos catalisadores ou na mistura física MFCrO3 na região de 350 a 497 K, como verificado na sílica e na mistura física MFCr 2O3. 88 _______________________________________________Caracterização dos Catalisadores Reduzidos CO Sinal do E.M. (u.a.) 598 376 536 602 (x5) H 2O H2 CO2 300 400 500 600 700 isotérmico 800 900 1000 Temperatura (K) Figura V-15 - Análise de TPR de CO da mistura física MFCrO3 392 Sinal do E.M. (u.a.) 556 H 2O H2 497 CO2 CO 300 400 500 600 700 800 isotérmico900 1000 Temperatura (K) Figura V-16 - Análise de TPR de CO da mistura física MFCr2O3 89 _______________________________________________Caracterização dos Catalisadores Reduzidos Sinal do E.M. (u.a.) 363 347 H2 (x20) 594 H 2O CO 2 CO 300 400 500 600 700 800 isotérmico 900 1000 Temperatura (K) Figura V-17 - Análise de TPR de CO da sílica calcinada A Tabela V-9 apresenta os resultados de consumo de monóxido de carbono (em µmolsCO/mgCr), relativo à massa M/E=28, descontando a fração correspondente à fragmentação do CO2. Os cálculos completos de redução com CO são apresentados no Apêndice B. Os mesmos resultados de redução foram obtidos usando as áreas referentes à produção de CO2 ou ao consumo de CO. Os resultados de consumo de CO no TPR (CO experimental) foram comparados com os consumos de CO teórico, considerando que todo o Cr6+ presente nos catalisadores calcinados pode ser reduzido por CO, obtendo-se a porcentagem de redução Cr6+ → Cr2+. A porcentagem de cromo no estado hexavalente foi obtida por TPR de H2 e segue a hipótese de redução completa do Cr 6+ a Cr3+ com H2 (Tabela IV-12). Catalisador Tabela V-9 - Resultados das análises de TPR com CO Precursor Cr6+ CO teórico CO experimental Redução (%) (µmolsCO/mgCr) (µmolsCO/mgCr) Cr → Cr2+ (%) a 6+ 1CrA Acetato 100 38,46 41,41 100 1CrB Cromato de 24 9,23 9,17 99 silila 1CrC Cloreto 75 28,85 26,11 91 1CrD CrO3 100 38,46 38,14 99 MFCrO3 CrO3 100 38,46 34,38 89 a : após calcinação 90 _______________________________________________Caracterização dos Catalisadores Reduzidos As hipóteses do comportamento de redução do Cr6+ com monóxido de carbono e hidrogênio foram baseadas em nossos resultados experimentais relativos à mistura física de CrO3 com sílica e também em observações da literatura. Nossos resultados mostraram consumo de 28,13 µmolsH2/mgCr no TPR de H2 e 34,38 µmolsCO/mgCr no TPR de CO com uma mistura física de CrO3/SiO2 (3% Cr), MFCrO3. Estes resultados são semelhantes ao consumo estequiométrico de CrO3 a Cr3+ com H2 (28,85 µmolsH2/mgCr) e CrO3 a Cr2+ com CO (38,46 µmolsCO/mgCr). Os estudos da literatura mostram que a redução de CrO3 em Cr2+ a 623K ocorre quantitativamente [69]. O uso de H2 como agente redutor produz água no meio reacional, inibindo a redução para Cr 2+ [32]. Além disso, a reação de equilíbrio do gás d’água mostra que o H2 é um agente redutor mais fraco que monóxido de carbono [34]. H2O + CO → H2 + CO2 ← ∆GT 0 = -30+0.042.(T-298) kJ/mol Equação V-10 – Reação de equilíbrio do gás d’água 5.2.2 Caracterização dos Sítios Cr2+ Os catalisadores foram submetidos a análise de dessorção a temperatura programada (TPD) de CO da temperatura ambiente até 773K (5K/min), após redução com mistura 5% CO/He a 623K, com uma etapa intermediária de limpeza das amostras com fluxo de gás inerte na temperatura de redução. A quimissorção de CO foi feita por fluxo da mistura 5% CO/He (60ml/min) a temperatura ambiente por 30min. Os produtos da análise de TPD foram acompanhados por espectrômetro de massas monitorando os compostos CO, CO2, H2O e H2, com m/e igual a 28, 44, 18 e 2, respectivamente. As análises de TPD de CO foram realizadas na tentativa de distinguir os sítios de Cr2+A e Cr2+B por sua força de adsorção com a molécula sonda. Não existem dados na literatura sobre o uso desta técnica aplicada a catalisadores Cr/SiO2. Entretanto, verificam-se relatos sobre a adsorção e dessorção de CO com análise de infravermelho [33, 66, 74 e 75]. A dessorção, neste caso, é promovida por vácuo ou fluxo de gás inerte. As Figuras V-18 a V-22 apresentam os perfis de dessorção com a temperatura. A mistura física MFCr2O3 não apresentou dessorção de CO, consistente com a não formação de sítios Cr2+. Nos catalisadores 1CrA e 1CrD a dessorção de CO ocorreu num pico único e em temperaturas relativamente baixas, respectivamente a 379 e 360 K. Parker e col. [81] observaram, por análise de infravermelho, a dessorção completa de CO após fluxo de Helio a 473 K num catalisador Cr/SiO2 com 0,95% Cr. A característica de dessorção de 91 _______________________________________________Caracterização dos Catalisadores Reduzidos CO a baixa temperatura é importante do ponto de vista industrial, uma vez que o CO é um dos contaminantes principais da corrente de etileno e pode reduzir a atividade de polimerização, conforme será reportado no item 6.1. A temperatura de dessorção observada para o CO é semelhante à temperatura de polimerização com catalisadores tipo Phillips, em torno de 353 K. Na mistura física MFCrO3 a dessorção também ocorreu a baixa temperatura, mas dois picos foram observados, a 350 e 435 K. O primeiro pico ocorreu a temperatura semelhante a dos catalisadores 1CrA e 1CrD, os quais apresentaram apenas espécies Cr6+ após calcinação. O maior teor de cromo nesta mistura física (3% Cr) em relação aos catalisadores pode levar a uma maior concentração de sítios de Cr2+ na superfície do suporte, alterando a força de adsorção da molécula sonda. De fato, Zecchina e col. [76] reportam que a adsorção de CO em catalisadores Cr/SiO2 com maior teor de cromo resulta na formação de carbonatos e carboxilatos. A conjunção destes fatores pode resultar na dessorção a temperatura mais elevada. Nos catalisadores com presença de Cr 3+, 1CrB e 1CrC, a dessorção de CO ocorreu a temperaturas mais altas, a 603 e 495 K, respectivamente. Não foi verificada dessorção de H2 em toda a faixa de temperatura estudada. A formação de H2 em análises de TPD de CO tem sido observada e atribuída à reação do CO com água – reação de “shift” (Equação V-10) na caracterização de catalisadores metálicos [22, 83]. A água seria proveniente de hidroxilas superficiais ou água adsorvida. No entanto, durante o TPD de CO, concomitante a dessorção de CO, ocorreu evolução de CO2, exceto para o catalisador 1CrC. O catalisador 1CrA apresentou pico de dessorção de CO2 a 384 K, temperatura pr óxima à da dessorção de CO (379 K). O mesmo comportamento foi verificado nas análises das amostras 1CrB, 1CrD e na mistura física MFCrO3. No entanto, essas amostras também apresentaram dessorção de CO 2 a temperaturas mais elevadas, acima de 500 K. A ocorrência de dessorção de CO2 em temperatura próxima a da dessorção de CO pode ser devida à reação de desproporcionamento de CO, segundo a Equação V-11. 2 CO CO2 + C Equação V-11 - Reação de desproporcionamento de CO Os picos de dessorção de CO2 acima de 500 K nos catalisadores 1CrB, 1CrC, 1CrD e a mistura física MFCrO3 podem ser, ainda, referentes à decomposição de carbonatos ou 92 _______________________________________________Caracterização dos Catalisadores Reduzidos carboxilatos. Bensalem e col. [72] observaram que a dessorção dessas espécies pode ocorrer até 673 K. Foi verificada saída de água no TPD de CO a exemplo do observado nas análises de TPR de CO. Duas regiões de temperatura, aproximadamente a 450 e 750 K são observadas. A primeira, também observada no TPR de CO, é atribuída à saída de água fisissorvida na sílica. A segunda região pode ser atribuída, segundo a análise termogravimétrica da sílica, a desidroxilação de grupos hidroxila da superfície do suporte, sem interação com o cromo. Na análise do catalisador 1CrC, Figura V-20, a evolução de CO2 não coincide com o pico de dessorção de CO. No entanto, CO 2 aparece em maior temperatura, próxima das verificadas para os catalisadores 1CrB e 1CrD, sendo atribuídos à dessorção de espécies carbonato e carboxilato. A ausência de dessorção de CO e CO2 nesta amostra a baixa temperatura sugere que uma fração do monóxido de carbono adsorvido é transformado em carbonatos e dessorvido na forma de CO2. 577 Sinal do E. M. (u.a.) 379 777 CO 384 CO 2 H2O H2 300 400 500 600 700 800 isotérmico 900 Temperatura (K) Figura V-18 – Análise de TPD de CO do catalisador 1CrA 93 1000 _______________________________________________Caracterização dos Catalisadores Reduzidos 432 766 Sinal do E.M. (u.a.) H2 H2 O 337 CO2 (/10) CO 613 603 358 300 400 500 600 800 isotérmico 900 700 Temperatura (K) Figura V-19 – Análise de TPD de CO do catalisador 1CrB 414 620 Sinal do E.M. (u.a.) 765 495 H 2O (x20) CO 2 CO H2 300 400 500 600 700 800 isotérmico 900 Temperatura (K) Figura V-20 - Análise de TPD de CO do catalisador 1CrC Outra observação importante é que a dessorção de CO ocorreu a temperaturas mais elevadas nos catalisadores 1CrB e 1CrC, amostras que contém Cr2O3. Esse fato pode ser atribuído à presença de Cr3+, alterando a força de adsorção Cr2+-CO. 94 _______________________________________________Caracterização dos Catalisadores Reduzidos 755 606 360 Sinal do E.M. (u.a.) H2 O 525 H2 571 372 CO CO2 (x10) 300 400 500 600 700 800 isotérmico Temperatura (K) Figura V-21 – Análise de TPD de CO do catalisador 1CrD 483 350 Sinal do E.M. (u.a.) 435 751 CO H 2O 364 423 635 C O2 H2 300 400 500 600 Temperatura (K) 700 800 isotérmico Figura V-22 – Análise de TPD de CO da mistura física MFCrO3 95 Sinal do E.M. (u.a.) _______________________________________________Caracterização dos Catalisadores Reduzidos 350 CO 528 (/10) H2 O H2 CO 2 300 400 500 600 Temperatura (K) 700 800 isotérmico Figura V-23 - Análise de TPD de CO da mistura física MFCr2O3 Para avaliação dos sítios de Cr2+ foram realizadas análises de espectroscopia de reflectância difusa (DRS) e fotoeletrônica de raios-X (XPS) nos catalisadores reduzidos. Os catalisadores calcinados foram submetidos a análises de espectroscopia de refletância difusa (DRS), após redução in situ a 623K com uma mistura de 5% CO/He por 1 h. Para remoção de umidade da mistura redutora foi utilizado um "trap" com sílica-gel mergulhado num banho com N2 líquido + ácool isopropílico (77 K). A Figura V-24 mostra que os espectros dos catalisadores 1CrA e 1CrD reduzidos foram semelhantes. Na ampliação é destacada a região d-d com a banda a 800 nm, atribuída ao Cr2+ pseudo-octaédrico [39]. Esta banda é mais intensa para o catalisador 1CrD e menos proeminente para os catalisadores 1CrB e 1CrC. A banda a 1000 nm, atribuída a Cr2+ pseudo-tetraédrico, não foi observada. A decomposição gaussiana dos espectros dos catalisadores reduzidos é apresentada na Figura V-25. Os catalisadores 1CrA e 1CrD apresentaram duas bandas na região de transferência de carga (CT) , sendo a banda principal a 274-276 nm com um ombro a 354362 nm. Os catalisadores 1CrB e 1CrC mostraram espectros mais complexos com três bandas na região de CT, em torno de 274, 360 e 460 nm. Na literatura são encontradas atribuições divergentes para as bandas de DRS na região de transferência de carga de catalisadores Cr/SiO2 reduzidos com CO. Segundo Garrone e col. [75, 78], as bandas nesta 96 _______________________________________________Caracterização dos Catalisadores Reduzidos região podem ser atribuídas a espécies de Cr 2+, enquanto Wechkhuysen e col. [38, 39] sugerem que apenas a banda a 308 nm seja atribuída ao Cr2+ e as demais a Cr3+ (Tabela V-3). Nos catalisadores 1CrA e 1CrD foi observado apenas Cr2+ após a redução com CO, de acordo com os resultados de TPR. Assim, as bandas a 274-276 e 354-362 nm poderiam ser atribuídas a Cr2+C e Cr2+A, respectivamente, seguindo as observações de Garrone e col. Na região d-d, a literatura converge na atribuição da banda em torno de 800 nm ao Cr2+. Assim, a banda observada a 789-797 nm seria referente ao Cr2+C, novamente segundo F(R) Garrone e col. F(R) 1CrD 1CrA 1CrC 1CrB 600 200 400 600 800 800 1000 λ (nm) 1000 λ (nm) 1200 1200 1400 1CrD 1CrA 1CrB 1CrC 1400 1600 Figura V-24 - Espectros de DRS dos catalisadores reduzidos Os catalisadores 1CrB e 1CrC apresentaram Cr6+ e Cr3+ nas amostras calcinadas. De acordo com os resultados de TPR de CO, todo o Cr6+ é reduzido a Cr2+, mas o Cr3+ não. Assim, teríamos, após redução com CO, as espécies Cr 2+ e Cr3+ nestes catalisadores. A mistura de espécies torna difícil a sua distinção na interpretação de espectros de DRS, já que Cr2+ e Cr3+ possuem bandas em posições semelhantes na região de transferência de carga. Porém, foi possível identificar nessas amostras a presença de Cr 2+, pela banda em torno de 800nm, e Cr3+, pela banda em torno de 600 nm na região d-d. 97 _______________________________________________Caracterização dos Catalisadores Reduzidos 1CrA 1CrB B a n d a Centro (nm) 1 274 2 354 3 789 Banda Centro (nm) ------------------------ F(R) F (R) -------------------------- -------------------------- 1 275 2 365 3 464 4 602 5 786 ------------------------ 200 400 600 λ (nm) 800 1000 1200 200 400 600 800 λ (nm) 1000 1200 1CrC 1CrD Banda Centro (nm) 1 274 Bandas Centro (nm) 2 357 --------------------------- 3 469 1 276 4 587 2 362 5 809 4 797 F(R) F(R) ------------------------ --------------------------- ------------------------ 200 400 600 λ (nm) 800 1000 1200 200 400 600 λ (nm) 800 1000 1200 Figura V-25 - Decomposição gaussiana dos espectros dos catalisadores reduzidos A Figura V-26 ilustra a grande sensibilidade do sítio de Cr2+ à umidade. Na Figura são apresent ados os espectros de DRS do catalisador 1CrD reduzido com e sem o "trap" de N2 líquido + álcool isopropílico. Na redução sem "trap", o espectro não apresentou destacadamente a banda a 800 nm, referente à espécie Cr2+, encontrando-se um ombro nessa região. Após redução de nova amostra do catalisador 1CrD, com "trap" na linha de mistura redutora, o espectro mostra claramente a banda a 800 nm. Também é notável a modificação dos espectros na região de transferência de carga. A redução sem trap resulta num espectro bastante semelhante ao espectro do catalisador 1CrB calcinado, Figura IV-27. Esta semelhança pode ser decorrente da formação de Cr 3+ por reoxidação do Cr2+ com a água presente no experimento sem “trap”. O efeito da presença de vapor d’água foi observado, anteriormente, na redução com CO por método estático seguida de quimissorção de CO [40]. Uma secagem prévia com fluxo de gás inerte a 773K mostrou ser mais eficaz na remoção de água de catalisadores Cr/SiO 2 do que vácuo na mesma temperatura. O tratamento com fluxo reduziu a água presente no sistema, aumentando a quimissorção de CO, decorrente da maior quantidade de sítios Cr 2+ formados. Na análise 98 _______________________________________________Caracterização dos Catalisadores Reduzidos de DRS, com a mistura redutora seca, observam-se as bandas reportadas no parágrafo anterior, referentes ao Cr 2+. Ressalta-se que, segundo o fabricante (Air Liquide), a mistura redutora 5% CO/He possui como impurezas principais: < 2ppm O2, < 3ppm H2O e <1 ppm CO2. F (R) F (R) s/ trap c/ trap 600 200 400 600 800 800 1000 λ (nm) 1000 λ (nm) 1200 1200 1400 1400 1600 Figura V-26 - Espectros de DRS do catalisador 1CrD reduzido adição de trap de N 2 liq. à linha de CO Análises de espectroscopia fotoeletrônica de raios-X (XPS) também foram realizadas com o objetivo de caracterizar a espécie Cr2+. Em função da dificuldade de análise pelo baixo teor de cromo nos catalisadores, apenas o 1CrD (0,80% Cr) foi analisado. A amostra foi reduzida in situ com mistura 5% CO/He a 623 K. A energia de ligação do Cr 2p3/2 referente a Cr 2+ é relatada a 576,6 eV, em catalisadores Cr/SiO2 [43]. Outras referências para esta espécie são reportadas a 575,1 eV para o sal CrCl2 puro [25] e 576,0 eV para o Cr2+ presente numa superfície de filme óxido de Cr2O3 (111)/Cr (110) [84]. A Figura V-27-A apresenta o espectro de XPS do catalisador 1CrD reduzido, subtraído do espectro da sílica nas mesmas condições. A energia de ligação encontrada para o Cr 2p3/2 foi de 576,8 eV, corrigida pela energia do C 1s a 284,6 eV [24]. Esta energia de ligação pode ser atribuída a Cr 2+, estando de acordo com o valor obtido por Merryfield e col. [43]. No entanto, o espectro mostra um ombro em energia de ligação mais elevada. A Figura V-27-B apresenta a decomposição gaussiana do espectro na região do Cr 2p3/2. De fato, são obtidas duas bandas a 576,5 eV, referente ao Cr2+, e a 578,9 eV. O CrO3 padrão apresenta energia de ligação do Cr 2p3/2 em 579,3 eV [48]. A diferença entre estes valores está dentro do limite de erro da análise de XPS (± 0,4 eV). Assim, esta 99 _______________________________________________Caracterização dos Catalisadores Reduzidos segunda banda, correspondente a 40% da área total da banda do Cr 2p3/2, pode ser atribuída a uma fração do Cr6+ original, não reduzida com CO nas condições de análise de XPS. 576,5 (A) 576,8 (B) 565 Intensidade (cps) Intensidade (cps) 578,9 570 575 580 585 565 590 570 575 580 585 590 Energia de Ligação (eV) Energia de Ligação (eV) Figura V-27 - Análise de XPS do catalisador 1CrD reduzido (A) e decomposição gaussiana (B) na região Cr 2p3/2 A razão Cr/Si foi determinada por XPS sendo obtido o valor de 0,0091. Este valor dividido pela razão Cr/Si dado por espectroscopia de absorção atômica (AAS), Tabela IV-8, resulta Cr/Si XPS/AAS=1,0. Esta razão é inferior ao valor encontrado no catalisador 1CrD calcinado (Cr/Si XPS/AAS=1,7), Tabela IV-10, sugerindo uma migração do cromo para o interior do catalisador por efeito da redução com CO. Para a quantificação das espécies de Cr2+ foram realizadas análises de quimissorção de CO e espectroscopia de infravermelho. Os dados de quimissorção de monóxido de carbono das amostras reduzidas com mistura 5% CO/He a 623 K são apresentados na Tabela V-10. Amostras de mistura física de Cr 2O3/SiO2 (3% Cr) e a sílica não apresentaram nenhuma quimissorção relevante, como também a mistura física de CrO3/SiO2 sem redução prévia. Estes resultados sugerem que a técnica é seletiva para caracterizar Cr2+, já que as espécies Cr6+ e Cr3+ não quimissorvem o CO a 298 K. Apesar da controvérsia observada na literatura sobre a espécie de cromo ativa na polimerização de etileno [1, 28, 54, 66], atualmente, as espécies Cr2+ são designadas como o sítio ativo. Na literatura [33, 75 e 85], a quimissorção de CO é relatada em associação com a espectroscopia de infravermelho para caracterizar a espécie de Cr2+: Cr2+A e Cr2+B. A terceira espécie de Cr2+, Cr2+C, não quimissorve CO a 298 K e não é ativa na polimerização [66, 75, 86]. De acordo com a Tabela V-10, os catalisadores podem ser listados em ordem decrescente de espécies Cr 2+ (Cr 2+A e Cr2+B): 1CrD > 1CrA >> 1CrC > 1CrB. Estes resultados estão relacionados à porcentagem de Cr6+ em cada amostra depois da 100 _______________________________________________Caracterização dos Catalisadores Reduzidos calcinação, obtida nas análises de TPR de H2 e respaldada por DRS, e na redução completa do Cr6+ presente para Cr2+. Tabela V-10 - Análises de quimissorção estática de CO a 298K Catalisador Precursor Quimissorção de CO (µmols CO/gCr) 1CrA Acetato 2154 1CrB Cromato de 443 silila 1CrC Cloreto 623 1CrD CrO3 2929 MFCrO3 CrO3 325 MFCr2O3 Cr2O3 17 Os catalisadores 1CrA e 1CrD, que apresentaram somente Cr6+ depois da calcinação e redução completa para Cr 2+, mostraram os valores mais altos de quimissorção de CO, representando as maiores frações de espécies Cr2+. Os catalisadores 1CrB e 1CrC apresentaram 443 e 623 µmols CO/gCr, respectivamente, também de acordo com a menor porcentagem de Cr6+ no estado calcinado e, portanto, menor quantidade de Cr2+. A maior quimissorção de CO no catalisador 1CrD comparada ao 1CrA pode ser associada à maior fração de espécies ativas Cr 2+A+Cr2+B que Cr2+C, que não adsorve CO a 298 K e não é ativa na polimerização. Estes resultados permitem prever melhor atividade na polimerização para o catalisador 1CrD. Em um trabalho anterior [57], um catalisador 1% Cr/SiO2, à base de acetato de cromo, foi analisado através de espectroscopia de infravermelho, após redução estática com CO a 623K e limpeza com vácuo a 773 K, nas regiões de CO quimissorvido e de hidroxilas, apresentando 31% de espécies Cr2+A+Cr2+B contra 69% de Cr 2+C. Garrone e col. [75] observaram 70% de espécies Cr2+A+Cr2+B em um catalisador 0,5% Cr/SiO2 preparado com CrO3, mesmo precursor do catalisador 1CrD. As diferenças na distribuição de espécies de Cr2+ obtidas pelas duas referências podem ser atribuídas a: 1) Variação do precursor (acetato de cromo e CrO3). Nos catalisadores 1CrA e 1CrD, preparados com acetato e CrO 3, verificou-se por análise de espectroscopia fotoeletrônica de raios-X (XPS) a mesma razão Cr/Si XPS/AA, mostrando que a distribuição do cromo superficial é semelhante nas duas amostras (Tabela IV-10). No entanto, a análise de infravermelho na região de hidroxilas das amostras calcinadas (Tabela 101 _______________________________________________Caracterização dos Catalisadores Reduzidos IV-9) mostrou maior fração de hidroxilas isoladas sem interação com o cromo no catalisador 1CrD (I/I1CrA=1,27) que no 1CrA. Isto indica menor interação dos sítios de Cr 2+ com as hidroxilas no catalisador 1CrD, justificando a maior porcentagem de espécies de Cr 2+A e Cr 2+B nesta amostra preparada com CrO3. 2) Diferentes condições de tratamento da amostra após a redução para a remoção de CO: a 623K no trabalho de Garrone e col. [75] e 773K no trabalho anterior deste laboratório [57]. De acordo com Garrone e col. [75], o tratamento térmico na temperatura de 773K promove a conversão de espécies Cr2+A em Cr2+C [66, 75], e consequentemente reduz a fração de sítios Cr2+A+Cr2+B. A mistura física MFCrO3 (3% Cr) apresentou pequeno valor de quimissorção após redução com CO em relação ao catalisador 1CrD, que foi preparado com o CrO3. Entretanto, o valor foi da ordem de grandeza dos catalisadores 1CrB e 1CrC. A menor quimissorção na amostra MFCrO3 pode ser devida a formação de aglomerados do óxido. De fato, McDaniel [27] reportou um teor de cromo para obtenção de monocamada em 2,85% Cr. Em trabalho anterior [40], observamos uma diferença de quimissorção de 3 vezes, normalizada por massa de cromo, entre catalisadores Cr/SiO2 à base de aceta to de cromo com 1 e 3% Cr, atribuída à aglomeração das partículas. Para estimar a distribuição de espécies Cr2+ (Cr2+A, Cr2+B e Cr2+C) nos catalisadores Cr/SiO2 e na mistura física MFCrO3 foram realizadas análises de DRIFTS, após redução com mistura 5% CO/He a 623 K in situ. A Figura V-28 apresenta os espectros de infravermelho na região de 2500-4000 cm-1, correspondente à região de hidroxilas. Os espectros resultantes foram obtidos subtraindo os espectros das amostras reduzidas pelos espectros das amostras tratadas a 773 K. Além da banda a 3745 cm-1, referente às hidroxilas isoladas [7], foram observadas bandas a 3725 e 3600 cm-1, atribuídas por Kim e Woo [33] a sítios Cr 2+B e Cr2+C em interação com grupos de hidroxilas do suporte, segundo a Figura V-7. A banda referente às espécies Cr 2+C sofreu um deslocamento para valores em torno de 3400 cm-1. No entanto, a determinação precisa do máximo da banda é dificultada pela sua largura. A Tabela V-11 apresenta os resultados estimados da distribuição de espécies Cr2+, baseados nas análises de quimissorção estática de CO e infravermelho na região de hidroxilas. Os cálculos completos são apresentados no Apêndice C. Para este cálculo considera-se que os coeficientes de extinção das bandas referentes ao Cr 2+B e Cr2+C, a 3725 e 3600 cm-1 são iguais e que a estequiometria de adsorção Cr2+:CO é de 1:1, de acordo com Groeneveld e col. [34] e Zecchina e col. [76]. Obtém-se assim, através de dados de 102 _______________________________________________Caracterização dos Catalisadores Reduzidos quimissorção estática de CO, a fração de espécies Cr 2+A+Cr2+B. Por análise de infravermelho, calcula-se a razão entre as espécies Cr 2+B/Cr2+C integrando as áreas referentes às duas bandas, obtidas por decomposição gaussiana. Os cálculos levam em Si-OH 2+ Cr B 1CrA (x8) Intensidade (u.a.) 0,25 Cr 2+C conta ainda, a fração de espécies Cr 6+ nos catalisadores calcinados, obtidas por TPR de H2. 4000 1CrB (x8) 1CrC 1CrD MF CrO 3/SiO 2 3800 3600 3400 3200 3000 2800 2600 -1 ν (cm ) Figura V-28 – Espectros de DRIFTS dos catalisadores reduzidos Na Tabela V-11, a distribuição apresentada inclui as espécies Cr2+ e o Cr3+. Assim, os catalisadores 1CrA e 1CrD apresentaram as maiores frações de Cr 2+A+Cr2+B. Os catalisadores 1CrB e 1CrC apresentaram as espécies de Cr2+ além de frações de Cr3+, não reduzido por CO. Em todas as amostras, a fração de Cr2+A é maior que a de Cr2+B. Na mistura física MFCrO3 observou-se a menor fração de espécies Cr 2+A+Cr2+B, com 98,3% da espécie Cr2+C. Tabela V-11 – Distribuição de espécies de cromo e hidroxilas isoladas nos catalisadores reduzidos Cr2+ (%) Amostra Cr3+ (%) I/I1CrA A B C CrA+CrB 1CrA 7,1 4,1 88,8 11,2 0 1,0 1CrB 2,1 0,2 21,7 2,3 76,0 4,3 1CrC 2,5 0,7 71,8 3,2 25,0 11,6 1CrD 14,1 1,1 84,8 15,2 0 22,6 MFCrO3 1,1 0,6 98,3 1,7 0 2,5 103 _______________________________________________Caracterização dos Catalisadores Reduzidos A Tabela V-11 também apresenta as intensidades da banda de infravermelho de hidroxilas isoladas das amostras reduzidas, localizada em 3745 cm-1, normalizadas pela banda da amostra 1CrA e pela massa de cromo (I/I1CrA). Os catalisadores apresentaram interação com os grupos de hidroxilas isoladas na ordem 1CrA > 1CrB > 1CrC > 1CrD. Segundo reportado por Kim e Woo [33], a distinção entre as espécies Cr 2+, ocorre pela coordenação do cromo com grupos silanol vizinhos, Figura V-7. A classificação em ordem decrescente de interação com estes grupos resulta: Cr 2+A > Cr2+B > Cr2+C. A análise das distribuições de espécies de cromo presentes nas amostras reduzidas é bastante complexa, em função da presença de espécies Cr2+, oriundas da redução de Cr6+, e de espécies Cr3+, que não se reduzem com CO. A ausência de uma metodologia consagrada na literatura para quantificação das espécies Cr2+ é justificada pela ausência de amostras padrões, com apenas uma espécie presente, e pela variedade de métodos de preparação e caracterização empregados. A grande sensibilidade do Cr2+ à umidade e ao oxigênio também contribui para esse fato. Com base nestes pontos, a metodologia utilizada nesta tese permitiu estimar a distribuição das espécies de cromo nos catalisadores reduzidos e as interações das espécies com a superfície do suporte. Para a discussão sobre a distribuição de espécies Cr 2+, considerou-se que a razão I/I1CrA, de hidroxilas isoladas, extraída da integração da banda a 3745 cm-1 do espectro de infravermelho, reflete apenas os grupos de hidroxilas sem interação com o cromo. Assim, para esta relação, não contribuem as hidroxilas que interagem com as espécies Cr2+B e Cr2+C, segundo o trabalho de Kim e Woo [33]. Deste modo, nos catalisadores 1CrA e 1CrD, que não apresentaram Cr 3+, foram observadas porcentagens semelhantes de sítios ativos para polimerização, Cr2+A + Cr2+B. No entanto, o catalisador 1CrD apresentou menor interação com as hidroxilas isoladas na condição reduzida que o 1CrA e a maior fração de Cr 2+A, sem interação com os grupos hidroxila. O catalisador 1CrA apresentou a maior porcentagem de espécies Cr2+B em função da maior interação com os grupos hidroxila. Na mistura física MFCrO3, a intensidade das hidroxilas disponíveis foi menor que no catalisador 1CrD (I/I1CrA = 22,56 contra 2,54), a exemplo do ocorrido nas amostras calcinadas (Tabela IV-9 e Tabela V-11). Somando-se as espécies Cr 2+B e Cr2+C, que interagem com as hidroxilas isoladas, as amostras 1CrD e MFCrO3 apresentaram 85,9 e 98,9%, respectivamente. A aplicação desta metodologia aos catalisadores 1CrB e 1CrC mostra-se mais complexa pela presença da espécie Cr3+. No catalisador 1CrB, esta espécie predomina e é proveniente da decomposição do precursor e se encontra na superfície do suporte, mas com 104 _______________________________________________Caracterização dos Catalisadores Reduzidos menor interação com a superfície. No catalisador 1CrC, a espécie Cr 3+ corresponde a 25% de todo o cromo presente e também é proveniente da decomposição do precursor, mas possui maior interação com a superfície do suporte. A menor fração de hidroxilas isoladas livres no catalisador 1CrB que no 1CrC pode ser proveniente do recobrimento da superfície do suporte pelo cromo, observado pela maior razão Cr/Si na análise de XPS. A porcentagem de espécies Cr 2+A+Cr2+B, de menor interação com as hidroxilas isoladas, é de 2,3% e 3,2% nos catalisadores 1CrB e 1CrC, respectivamente. Reforçando este dado, o catalisador 1CrC possui maior fração de hidroxilas isoladas livres (I/I1CrA = 11,6 contra 4,3). No procedimento de análise de DRIFTS, os catalisadores foram ainda submetidos à adsorção de CO à temperatura ambiente por passagem de fluxo de mistura 5% CO/He. No entanto, não foram observadas as bandas referentes à adsorção de CO nas espécies de Cr2+. É possível supor que a fração de espécies de Cr2+ formada não tenha sido suficiente para detecção ou que, durante o procedimento de limpeza da superfície, tenha ocorrido contaminação das amostras por O2 ou umidade que oxidariam o sítio ativo. Em artigo publicado recentemente [57], foram relatados resultados de análise de infravermelho de CO adsorvido num catalisador 1% Cr/SiO2, preparado com acetato de cromo (1Cr/Ac). A Figura V-29 apresenta o espectro na região de 2200-2150 cm-1. A decomposição gaussiana do espectro permitiu obter a integração das áreas referentes às bandas de Cr2+A-CO e Cr2+B-CO. Com estes valores e os valores de integração das áreas referentes às bandas Cr 2+B-OH a 3725 e Cr2+C-OH a 3600 cm-1, foram obtidas as porcentagens de Cr 2+A, Cr2+B e Cr2+C iguais a 11,0, 19,5 e 69,5%, respectivamente. Esta metodologia de cálculo não levava em conta o valor de quimissorção estática de CO. No entanto, a distribuição de espécies obtida é bastante semelhante empregando o procedimento descrito nesta tese (Cr 2+A=14,5; Cr2+B=18,7 e Cr2+C=66,8%). O cálculo completo da distribuição de espécies de Cr2+ é apresentada no Apêndice C. A soma de espécies Cr2+A+Cr2+B no catalisador 1Cr/Ac foi maior que a obtida no catalisador 1CrA da tese (30,5% contra 11,2%) e a razão Cr2+A/Cr2+B também foi distinta (0,56 contra 1,71). O uso de redução com CO puro, em meio estático, contra redução com fluxo de mistura 5% CO/He (na tese) pode ter sido responsável pelas variações observadas. A escolha de uso de mistura redutora foi motivada pela uniformidade de procedimento de redução nos vários equipamentos em que foi realizada, já que a redução com CO puro não seria possível em alguns casos. 105 _______________________________________________Caracterização dos Catalisadores Reduzidos Absorbância (u.a.) 0.005 Cr Cr 2220 2+ B 2+ A 2200 2180 -1 2160 Comprimento de onda (cm ) Figura V-29 - Espectro de infravermelho de CO no catalisador 1Cr/Ac 5.3 Conclusões Parciais A metodologia empregada no estudo das espécies Cr2+ permitiu caracterizá-las qualitativa e quantitativamente. Foi estimada ainda a distribuição das espécies Cr2+A, Cr2+B e Cr 2+C. Os resultados obtidos permitem sugerir a ordem de atividade na polimerização de etileno, baseando-se na atribuição da literatura de maior atividade para as espécies Cr2+A e Cr 2+B. A redução de Cr6+ a Cr2+ foi completa com CO, considerando as frações de Cr6+ nos catalisadores calcinados obtidas no Capítulo IV. Este fato ressalta a grande importância da escolha do precursor para obtenção de catalisadores apenas com Cr 6+ após calcinação e, por conseqüência, de Cr 2+. Como observado nesta tese, os fenômenos de incorporação do sal ao suporte e decomposição do sal durante a calcinação desempenham um papel fundamental na quantidade de sítios Cr2+ e na distribuição das espécies de cromo. A redutibilidade do Cr6+ no catalisador 1CrB ilustra este fato. Apesar da redução completa do Cr6+ a Cr2+ com CO, o predomínio de Cr2O3 deslocou a temperatura de redução para um valor bem abaixo de 623 K. Esta observação deve ser fruto da pequena interação do cromo com o suporte, reportado na análise de infravermelho na região de hidroxilas dos catalisadores calcinados, Figura IV-21. No entanto, a maximização da fração de Cr2+ presente nos catalisadores Cr/SiO2 após redução com CO é requisito importante, mas não garante a atividade para polimerização de etileno. De fato, todos os catalisadores apresentaram maior fração da espécie Cr 2+C do que 106 _______________________________________________Caracterização dos Catalisadores Reduzidos as demais. Isto está de acordo com a literatura [1, 13, 62, 90], que relata apenas uma pequena fração de sítios ativos para polimerização, entre 1-10%, mesmo em catalisadores comerciais. Outro ponto relevante é a distribuição de espécies ativas Cr2+A+Cr2+B. Nos catalisadores 1CrA e 1CrD, estes valores são relativamente semelhantes e refletem a concordância nas características das amostras. Mas, nos catalisadores 1CrB e 1CrC, levando em conta o total de espécies de cromo, os sítios ativos correspondem a 2,3 e 3,2%, respectivamente. O catalisador 1CrB, embora tenha apresentado elevada fração de Cr 2O3, resultou em cromo predominantemente na superfície do suporte, segundo a análise de XPS, em comparação com as outras amostras. Isto deve reduzir a quantidade de hidroxilas isoladas disponíveis para a formação da espécie Cr 2+C, de acordo com a Figura V-7. No catalisador 1CrC, além da presença de 25% de Cr 3+, o cromo se apresenta bem disperso, aumentando a disponibilidade de hidroxilas vizinhas ao metal e, conseqüentemente, a formação de Cr2+C. De acordo com os objetivos desta tese, foi possível associar as características do catalisador calcinado com as espécies de cromo Cr 2+ ativas na polimerização. No capítulo seguinte serão realizados estudos de polimerização de etileno. A atividade catalítica será associada à distribuição de espécies Cr2+. 107 ___________________________________________________________________ Polimerização de Etileno VI POLIMERIZAÇÃO DE ETILENO 6.1 Polimerização de Etileno A polimerização de etileno em catalisadores Cr/SiO2 é realizada industrialmente a 373-393 K e pressão entre 25 e 40 atm [1]. Testes catalíticos em laboratório podem ser feitos num reator em lama ("slurry") com agitação mecânica utilizando como solvente o nhexano ou o isobutano. Assim, é possível estudar a atividade na formação do polietileno, bem como a influência de vários parâmetros nas propriedades do polímero formado em condições próximas às industriais [13, 21, 87, 88]. A técnica de infravermelho in situ com transformada de Fourier (FTIR) também tem sido usada na polimerização de etileno em catalisadores Cr/SiO2 [61, 85, 89, 90, 91]. O acompanhamento da polimerização é avaliado pelo crescimento de bandas associadas às estruturas -CH2-CH2- do polímero, permitindo avaliar o mecanismo e a cinética de reação. Os perfis cinéticos típicos de polimerização dos tipos de catalisadores para polietileno são mostrados na Figura VI-1 [3]. A taxa de polimerização com um catalisador Philips - CrO3/SiO2 (curva B) mostra um período de indução após o qual a taxa de polimerização é aproximadamente constante e com pouca perda de atividade, mesmo após várias horas de reação. O catalisador UNIPOL - (φ3SiO)2CrO2/SiO2 (curva D) mostra um perfil semelhante ao do catalisador Philips, embora não apresente período de indução. O perfil cinético do catalisador à base de cromoceno - (C5H5)2Cr/SiO2 (curva A) mostra atividade muito alta durante a primeira hora de reação, caindo rapidamente até uma atividade residual na segunda hora. A desativação é relacionada à decomposição do sítio ativo ou sua reação com hidroxilas do suporte, não estando associada à quantidade de polímero produzido. A curva C mostra o perfil cinético de polimerização de um catalisador Ziegler-Natta - MgCl2/TiCl4. Neste caso, não há período de indução e a atividade inicial é alta. Entretanto, a desativação se inicia antes da primeira hora de reação. Essa desativação é associada à decomposição do catalisador por processos como acoplamento bi-molecular MgCl2+TiCl4 ou reação com haletos de alquil-alumínio formados na polimerização. 108 ___________________________________________________________________ Polimerização de Etileno Figura VI-1 - Perfis cinéticos na polimerização de etileno com várias famílias de catalisadores A) cromoceno, B) Philips, C) Ziegler-Natta e D) Unipol [3] O cromo no estado de oxidação +2, na forma Cr2+A, é relatado como o sítio mais ativo para a polimerização [66, 75, 86, 92]. Garrone e col. [75] procuraram identificar a espécie ativa realizando experimentos de infravermelho com adsorção de CO seguida de adsorção de etileno a pressão parcial crescente, mantendo a pressão parcial de CO inicial. Nestas condições, a espécie Cr2+B adsorve apenas 1 molécula de CO, Cr 2+B(CO), enquanto a espécie Cr2+A adsorve 3, Cr2+A(CO)3. Foi utilizado um catalisador 0,5% Cr/SiO2 com tratamento à vácuo a 1073 K e redução com CO a 623 K (experimento I, Tabela V-6, Capítulo V) e também tratado sob vácuo a 973 K após a redução (experimento II, Tabela V-6). A Tabela V-6 apresenta as porcentagens de Cr2+A, Cr2+B e Cr2+C presentes após os dois procedimentos. Na Figura VI-2 (a), experimento I, observa-se uma diminuição gradual das bandas a 2192 cm-1, do Cr2+B-CO , 2184 e 2178 cm-1, do Cr2+A-CO, e o aparecimento de nova banda a 2176 cm-1, referente ao complexo Cr2+A(CO)(C2H4) com o aumento da pressão de etileno numa amostra com CO adsorvido. Os autores sugerem que no Cr2+B ocorre apenas a substituição de CO por etileno, enquanto no Cr2+A se dá a troca em duas etapas com formação do complexo intermediário, Equação VI-1. CrB (CO) + C2 H 4 → CrB (C2 H 4 ) + CO CrA (CO)3 + C2 H 4 → CrA (CO)(C2 H 4 ) + 2CO CrA (CO)(C2 H 4 ) + C2 H 4 → CrA (C 2 H 4 ) + CO + C2 H 4 Equação VI-1 - Sequência de reações de substituição do CO por etileno no CrA e CrB 109 ___________________________________________________________________ Polimerização de Etileno Na amostra do experimento II, Figura VI-2(b), a banda principal se deve ao CrB, a 2191cm-1. O tratamento de vácuo a 1073 K promove a conversão CrA → CrC. Entretanto, ainda aparece a banda a 2176 cm-1 do complexo CrA(CO)(C2H4), referente a 17% de CrA (Tabela V-6). Os autores mostraram ainda que a redução na fração da espécie Cr 2+A causou diminuição nas bandas referentes ao crescimento da cadeia polimérica do experimento I para o II. A interpretação desses resultados é dificultada pela ausência de padrões puros de Cr 2+A e Cr2+B suportados. Nas amostras obtidas com os experimentos I e II existem frações das duas espécies. De fato, Garrone e col. [86] realizaram a adsorção de CO a diferentes pressões numa amostra do experimento I após polimerização com 15 torr de etileno por 5 min. Os espectros são mostrados na Figura VI-2 (c). A polimerização diminui a capacidade de adsorção de CO (curva 1 contra 1´). O aparecimento de uma nova banda a 2173 cm-1 é atribuído à adsorção de CO em sítios de Cr 2+A ligados ao polímero. Entretanto, a presença de polímero também reduziu a adsorção de CO nos sítios Cr2+B, permitindo aos autores a suposição de que o Cr2+B também esteja envolvido nos sítios de polimerização. Figura VI-2 - Espectro de infravermelho de CO e interpretação esquemática da interação entre C2H4 e CO em amostras (a) do experimento I, (b) do experimento II e (c) do experimento I Curvas (1): PCO=4 torr, (2): PCO+(Petileno< 1 torr), (3): PCO+(P etileno=4 torr) e (4) PCO+(P etileno=15 torr) Curvas (1´): PCO=40 torr sem polímero. Após polimerização: Petileno=15 torr/5min: (2´): Petileno+ P CO=40 torr, (3´) Petileno+ P CO=0,4 torr e (4´) Petileno+ P CO=0,2 torr 110 ___________________________________________________________________ Polimerização de Etileno Garrone e col. [86] ressaltam que seus resultados foram obtidos com uma versão simplificada do catalisador Phillips: (i) teor de cromo de 0,5% contra 1% do comercial, (ii) redução com CO ao invés de etileno, (iii) preparo do catalisador com sílica Aerosil, não porosa e (iv) polimerização à 298 K e pressão de 1-20 torr. Embora a escolha de alguns desses parâmetros se deva a restrições experimentais (ii e iv), o preparo de catalisadores mais semelhantes ao industrial ajudará a caracterizar melhor o sítio ativo. Para obter a espécie ativa de cromo, o catalisador pode ser reduzido previamente com CO, com a adição de alquil-alumínio (AlR 3) ou ainda com etileno, in situ. A adição de alquis a catalisadores Cr/SiO2 tem sido reportada na literatura [93, 94, 95, 96]. Segundo Bade e Blom [93], alquis de metais são usados em catalisadores à base de cromato de silila como co-catalisadores (catalisador Union Carbide), de modo a obter suficiente atividade para polimerização e ajustar a distribuição de peso molecular (DPM). No catalisador tipo Phillips, que é pré-ativado com CO, os alquis metálicos são usados para aumentar indiretamente a atividade do catalisador, já que reagem com impurezas do meio reacional e provocam alterações nas propriedades dos polímeros obtidos. Esta última característica está ligada ao tempo de contato do catalisador reduzido com o alquil. Quando o alquil é adicionado ao meio previamente à adição de catalisador, as propriedades do polímero formado pouco são alteradas [95]. Bade e Blom [93] estudaram a modificação de um catalisador Cr/SiO2, à base de CrO3 (1% Cr) reduzido com CO, por adição de t-butil-lítio (t-BuLi) antes da polimerização, numa razão Li/Cr=3,0. Segundo os autores, a adição de t-butil-lítio resulta em maior atividade para polimerização e o polímero formado apresenta menor densidade e peso molecular. As mudanças nas características do polímero foram associadas à formação de dois tipos de sítios ativos: um que é ativo para oligomerização e outro para polimerização. O primeiro seria responsável pela formação de produtos de baixo peso molecular. O segundo tipo se comportaria como um sítio de catalisador Cr/SiO 2 não modificado, produzindo polietileno de alto peso molecular e com baixa sensibilidade ao hidrogênio. McDaniel e Johnson [95] estudaram catalisadores Cr/SiO 2 e Cr/AlPO4 preparados com nitrato de cromo (1% Cr). Os catalisadores foram submetidos à polimerização de etileno a 368 K e pressão de 37 bar, após serem tratados com CO a 623 K, etileno ou trietil-boro (TEB) a 368 K. A Tabela VI-1 apresenta o índice de fusão a alta carga (HLMI, high-load melt index) que varia inversamente com o peso molecular do polímero. A variação do índice de fusão, e, por conseqüência, do peso molecular do polímero é muito 111 ___________________________________________________________________ Polimerização de Etileno maior no suporte AlPO4 do que na sílica. Isto ocorre, segundo os autores, devido à diferença de grupos hidroxila onde os sítios de cromo estão incorporados nos dois suportes. Entretanto, no catalisador Cr/SiO2 observa-se um pequeno aumento no índice de fusão após tratamento com alquil (trietil-alumínio - TEA ou TEB), em relação ao catalisador reduzido com CO a 623 K, resultando em diminuição de peso molecular. A causa, segundo reportado por Bade e Blom, pode ser a formação de sítios de cromo para oligomerização. Tabela VI-1 - HLMI obtido para diferentes tratamentos de redução Tratamento Cr/AlPO4 Cr/SiO2 etileno a 368 K 0,95 6 TEB a 368 K 144,0 4 CO a 623 K 1,4 3 CO e TEB 47,5 TEA a 368 K 0,80 4 O comportamento de catalisadores com Cr(VI) e Cr(II) foi estudado na polimerização por Kim e col. [87] num reator autoclave de 2 litros, temperatura de 378 K e pressão de 39 atm. O catalisador Cr(VI)/SiO2 foi preparado com CrO3 sendo calcinado em ar a 1073 K por 2 horas. Uma fração do material foi reduzida com CO a 623 K por 30 min. A Figura VI-3 mostra os perfis de polimerização com o tempo. Enquanto o catalisador Cr(VI)/SiO2 apresentou um período de indução, referente à redução do cromo pelo etileno na formação do Cr2+, o catalisador Cr(II)/SiO2 mostrou atividade desde o início do teste, passando por um máximo seguido de queda após 10 min. O motivo da queda na atividade do catalisador Cr(II) está, segundo os autores, nas alterações químicas do sítio ativo ou no envenenamento durante a polimerização. Figura VI-3 - Perfis de taxa de polimerização em catalisadores Cr/SiO2 em função do tempo de reação [87] 112 ___________________________________________________________________ Polimerização de Etileno Os autores avaliaram o peso molecular e a polidispersão dos polímeros formados com os dois procedimentos de redução. A Figura VI-4 apresenta o efeito da produtividade no peso molecular ponderal médio (Mw) e no índice de polidispersão (PDI), definidos na Equação VI-2 (A, B e C). A polidispersão permite avaliar a distribuição de peso molecular. Quanto maior a polidispersão, maior a distribuição de peso molecular e mais heterogêneos são os sítios ativos do catalisador. ∑ Ni .M i2 e ∑ Ni .Mi ∑ Ni .Mi com N moléculas de peso molecular M Mn = ∑ Ni Mw = Polidispersão = Mw Mn (A) (B) (C) Equação VI-2 - Peso molecular ponderal médio (A), Peso molecular numérico médio (B) e índice de polidispersão (C) Na Figura VI-4A observa-se que o peso molecular não variou muito, em função da produtividade para os dois procedimentos de redução. Entretanto, o catalisador com Cr(II) inicial apresentou maior peso molecular. Na Figura VI-4B, a polidispersão do polietileno produzido com o catalisador Cr(II) é maior no início, caindo com o aumento na produtividade, devido, segundo os autores, a alterações químicas em alguns sítios ativos ou envenenamento, conforme já mencionado. No catalisador Cr(VI) há um pequeno aumento na polidispersão em função da formação de novos sítios de Cr2+ na redução do Cr6+ pelo etileno durante a polimerização. A maior variação na polidispersão inicial no catalisador Cr(II) pode indicar, segundo os autores, que a redução com CO promove formação de sítios Cr2+ mais heterogêneos que a redução com etileno. A polimerização de etileno com catalisador de cromo pode ser descrita, de maneira simplificada, pelas etapas de iniciação, propagação e terminação. Existe bastante discussão na literatura quanto aos mecanismos de polimerização, principalmente quanto à iniciação [61, 85, 89 e 90]. A técnica de espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier (FTIR) tem sido usada nessa determinação. A literatura utiliza as bandas de infravermelho referentes ao crescimento do mecanismos de reação. 113 polímero, Tabela VI-2, para sugerir ___________________________________________________________________ Polimerização de Etileno Figura VI-4 - Efeito da produtividade do catalisador no peso molecular ponderal médio (Mw, A) e no índice de polidispersão (PDI, B) [87] Vários autores têm sugerido mecanismos de iniciação da polimerização de etileno. A primeira etapa dessa iniciação, segundo a versão predominante, é a transferência de um hidrogênio para o primeiro monômero que se aproxima do sítio ativo. Entretanto, a fonte desse hidrogênio tem gerado diferentes interpretações. Jozwiak e col. [61] e Groeneveld e col. [91] sugeriram mecanismos de iniciação com a participação do hidrogênio de grupos silanol vizinhos não Tabela VI-2 – Bandas de infravermelho na polimerização de etileno em Cr/SiO2 Banda (cm-1) Atribuição Referência 2998 / 2980 Etileno π-coordenado ao cromo υs (CH2) 85, 92, 97 3079 e 3098 Etileno π-coordenado ao cromo υas (CH2) 85 3016 Cr=CH-R υ(CH) 90 1448 Etileno π-coordenado ao cromo δas (CH2) 85, 89, 92 2930 Grupos metileno do PE υas (CH2) 85, 89, 90, 92, 98 2858 Grupos metileno do PE υs (CH2) 85, 89, 90, 92, 98 1471 Inflexão de grupos -CH2- (fase cristalina do PEAD) 85, 89, 92 υs, υas: alongamento simétrico e assimétrico e δ as: deformação assimétrica no plano 114 ___________________________________________________________________ Polimerização de Etileno silanol vizinhos não coordenados aos sítios de Cr2+A. No entanto, um trabalho de McDaniel e Welch [27] reportou alta atividade na polimerização mesmo em catalisadores completamente desidroxilados, o que não invalida o mecanismo de Groeneveld e Jozwiak, mas sugere que diferentes mecanismos podem ocorrer em função do catalisador. De fato, McDaniel [13] reportou a influência da temperatura de calcinação em parâmetros da polimerização. Com o aumento da temperatura verificou uma desidroxilação gradual do suporte, mas com manutenção do cromo hexavalente e das características texturais do suporte. A Figura VI-5 apresenta os resultados nos quais a atividade é definida como o inverso do tempo necessário para produzir 5 quilos de polímero. Observa-se que a atividade e o índice de fusão aumentam até 1198 K e caem a partir dessa temperatura de calcinação devido à sinterização da sílica. Por outro lado, quanto mais desidratado o catalisador, menor o peso molecular obtido, até 1198 K. Assim, as hidroxilas do suporte parecem estar envolvidas no mecanismo de polimerização. Figura VI-5 - Influência da temperatura de calcinação em parâmetros da polimerização [13] Outros mecanismos, que não requerem a transferência de hidrogênio, têm sido propostos. Kantcheva e col. [90] propuseram um mecanismo via carbênio, atribuindo a banda de infravermelho a 3016 cm-1 a grupos Cr=CH-R. Ghiotti e col. [86] também propuseram um mecanismo via carbênio, onde essa espécie é formada pela abstração de um hidrogênio do etileno para o átomo de oxigênio onde o cromo está ancorado. Essa atribuição foi feita examinando a banda de infravermelho a 2750 cm-1, referente ao grupo υ(C-H) da espécie carbênio. Uma apresentação mais detalhada desses principais trabalhos 115 ___________________________________________________________________ Polimerização de Etileno será feita a seguir. No procedimento geralmente seguido faz-se secagem da amostra à vácuo, redução com CO, vácuo na temperatura de redução, introdução de etileno na célula de análise e novamente vácuo. Groeneveld e col. [91] realizaram a polimerização de etileno em catalisadores com 1,7% e 4,3% Cr em sílica com 600 m2/g de superfície e 0,4 cm3/g de volume de poros. A polimerização foi realizada a 273 ou 367 K após redução do catalisador com CO a 653 ou 743 K e vácuo. A adsorção de etileno foi acompanhada por espectroscopia de infravermelho. No início da polimerização os autores observaram uma banda no espectro de infravermelho a 2960 cm-1, referente à deformação assimétrica do grupo CH3. A intensidade desta banda fica relativamente menor que as bandas a 2904 e 2833 cm-1, referentes ao grupo CH2 da cadeia polimérica, com o prosseguimento da polimerização. Considerando a superfície específica do suporte dos catalisadores, o teor de cromo e a quantidade de grupos silanol, os autores postularam que após calcinação a 773 K, cada átomo de cromo possui um grupo silanol adjacente. Assim, foi proposto o mecanismo de polimerização da Figura VI-6. Etileno adsorve nos sítios de cromo ativos e se coordena à hidroxila adjacente para formar um grupo etila ligado ao cromo, permitindo observar a banda a 2960 cm-1 do grupo CH3, referente à segunda equação da Figura VI-6, no início da polimerização. Groeneveld e col. [91] também reportaram outros pontos importantes de seus experimentos: i) quando o CO não é removido por vácuo antes da introdução de etileno, as bandas na região de 2175 a 2205 cm-1 diminuem imediatamente após a introdução do etileno, embora as bandas de polímero apenas apareçam após algum tempo. Desse modo, o etileno é capaz de remover CO dos sítios ativos restaurando a atividade; ii) através de medidas de peso molecular do polímero, os autores observaram que a 273 K existem 0,3% de sítios de cromo ativos, enquanto a 368 K são 1,75% os sítios ativos; iii) aumentando o teor de cromo observa-se que a polimerização passa a ficar mais concentrada na superfície externa do catalisador. Isto deve ser devido ao pequeno volume de poros da sílica empregada. Jozwiak e col. [61] propuseram um mecanismo semelhante ao de Groeneveld e col. [91], por envolver o hidrogênio de grupo silanol próximo do sítio ativo, Figura VI-7. Entretanto, para Jozwiak, a migração do hidrogênio somente ocorre pela presença do etileno 116 ___________________________________________________________________ Polimerização de Etileno Iniciação OH- + Cr 2+ O2- + (H-Cr) 3+ H2C CH 2 H-Cr (H-Cr) 3+ + C 2 H4 3+ (C 2 H5-Cr) 3+ Propagação 3+ H2C CH2 H5C2-Cr (C 2H5 -Cr) 3+ + C 2H4 (C 4H9-Cr) 3+ Terminação (C nH 2n+1 -Cr) 3+ + O2- Cn H2n + OH - + Cr 2+ Figura VI-6 - Mecanismos de iniciação, propagação e terminação da polimerização, Groeneveld e col. [91] etileno, enquanto, no mecanismo de Groeneveld e col., existe o equilíbrio apresentado na Figura VI-6, mesmo na ausência de etileno. Iniciação H H C CH2 C H H2C H 2C H H Cr CH3 CH2 H H Cr CH2 Cr (-) O O O O O O Si Si Si Si Si Si Cr (-2) O O O Si Si Si O O Si Si Si Propagação R H 2C CH2 R CH2 CH2 H2 C H Cr R CH2 (-) O O O Si Si Si CH2 H2 C CH2 H Cr H Cr (-) O O O Si Si Si (-) O O O Si Si Si Terminação R CH CH2 H R CH2 CH2 R CH CH2 O H + H2O Cr O (-2) Si (-2) O O O Si Si Si H O O Cr (-2) Si H H Cr H (-) O O O (-2) O Si Si Si Si (-) O O O Si Si Si Figura VI-7 - Mecanismos de iniciação, propagação e terminação da polimerização, Jozwiak e col. [61] 117 (-2) O ___________________________________________________________________ Polimerização de Etileno Observando o espectro de infravermelho obtido durante a polimerização com um catalisador 0,5% Cr/SiO2, os autores reportaram que a adsorção de etileno ocorre tanto nos sítios ativos quanto na superfície da sílica. Verifica-se uma redução da banda de hidroxilas isoladas do suporte em 3748cm-1 e seu deslocamento para 3696 cm-1, relacionada à interação etileno-sílica. O mecanismo assume que a eliminação do átomo de hidrogênio ocorre, seguida de sua migração para o oxigênio ligado à sílica. A adsorção de água, proveniente da redução do cromo por etileno, resulta na formação de um grupo hidroxila ligado ao cromo e dois grupos silanol adjacentes, representando a etapa de terminação. Kantcheva e col. [90] realizaram a polimerização de etileno num catalisador 0,5% Cr/SiO2 reduzido com CO a 623 K e tratado à vácuo a 523 K in situ. A polimerização foi realizada a 298 K com adição contínua de quantidades determinadas de etileno. As bandas observadas são mostradas na Tabela VI-2. Após a adição da 11a dose de etileno aparece uma banda a 3016 cm-1, atribuída ao grupo =CH-. As bandas a 2927 e 2855 cm-1, relativas a υas (CH2) e υ (CH2) da cadeia polimérica, somente são observadas a partir da 15a adição de etileno. Com a continuação da análise, a banda a 3016 cm-1 alterna situações de maior e menor intensidade, mostrando segundo os autores, envolvimento do grupo =CH- com a polimerização. Assim, Kantcheva e col. propuseram o mecanismo de polimerização apresentado na Figura VI-8. A iniciação seria composta de duas etapas: adsorção de etileno nos sítios ativos de cromo e formação de grupos =CH- ligados aos sítios ativos de cromo, banda a 3016 cm-1. A variação de intensidade dessa banda durante a análise foi atribuída ao mecanismo proposto de propagação. A banda a 3016 cm-1 se forma no início da análise, antes mesmo das bandas referentes ao crescimento da cadeia polimérica, representado pelo mecanismo de iniciação. Em seguida, no início da propagação, essa banda diminui de intensidade pelo acoplamento de nova molécula de etileno. Com a continuação da polimerização, o grupo =CH- volta a aparecer e a intensidade da banda referente aumenta. Kantcheva e col. [90] observaram que a saturação dos sítios de cromo corresponde a 40% do total de cromo presente no catalisador 1% Cr/SiO2, sendo que apenas 1% do total se mantém ativo durante a polimerização. Ghiotti e col. [86] realizaram a polimerização de etileno num catalisador 0,5% Cr/SiO2 preparado com sílica não porosa de 330 m2/g. A amostra foi calcinada a 1023 K e reduzida com CO a 623 K, obtendo-se o estado de oxidação médio de 2,1. Os autores 118 ___________________________________________________________________ Polimerização de Etileno Iniciação H H C H H C H CH3 C C H H H Cr C H Cr Cr O O O O O O Si Si Si Si Si Si CH3 Propagação CH3 H H C CH2 CH3 H C CH3 C CH2 Cr CH2 CH2 CH3 H C CH2 CH Cr CH Cr CH2 Cr Cr O O Si Si C2 H 4 O O Si Si H C 2H 4 CH2 O O O O O O Si Si Si Si Si Si Figura VI-8 - Mecanismos de iniciação e propagação da polimerização, segundo Kantcheva e col. [90] reduzida com CO a 623 K, obtendo-se o estado de oxidação médio de 2,1. Os autores realizaram análises de adsorção de CO e etileno usando a espectroscopia de infravermelho para a caracterização. Os autores observaram inicialmente que o etileno é capaz de remover CO dos sítios de Cr2+, conforme verificado por outros autores já mencionados [86, 91]. Durante a polimerização os autores observaram modificações no espectro de infravermelho em três regiões distintas: região de hidroxilas com redução da banda a 3750 cm-1 das hidroxilas isoladas e surgimento de banda a 3696cm-1; região de estiramento do grupo CH com bandas a 2926 e 2855 cm-1 do estiramento do grupo CH2 do polímero e região de 1500-1300 cm-1 com bandas a 1472 e 1465 cm-1 da deformação do CH2 do polietileno, referentes às fases cristalina e cristalina+amorfa, respectivamente. Os autores não observaram banda relativa ao grupo metila, CH3, como observado por Groeneveld e col. [91]. O polímero formado deve ser ligado ao sítio ativo pelas duas extremidades. Assim, Ghiotti e col. [86] sugeriram o mecanismo de polimerização apresentado na Figura VI-9. A produção de polietileno também é influenciada pela pureza do etileno utilizado. Vários contaminantes podem reduzir a atividade do catalisador ou até desativá-lo completamente, mesmo em concentrações em nível de partes por milhão. Os contaminantes mais citados são oxigênio, água, CO, CO2, trietilamina e compostos 119 ___________________________________________________________________ Polimerização de Etileno contendo enxofre. Todas essas substâncias quimissorvem no sítio ativo e inibem severamente a polimerização, mesmo em concentrações abaixo de 1 ppm na corrente de etileno. McDaniel e col. [82, 99] realizaram estudos de desativação de um catalisador 1% Cr/SiO2, preparado com acetato de cromo em sílica Davison Grace 952, utilizando monóxido de carbono, oxigênio, metanol, n-butil mercaptan e sulfeto de dietila. A polimerização foi realizada a 375 K e 32 atm num reator de 2,5 L e a taxa de reação foi monitorada pelo consumo de etileno. Não foi realizada redução prévia do catalisador, podendo ocorrer, desse modo, um período de indução referente à redução do cromo pelo etileno. A Figura VI-10 apresenta os perfis cinéticos da polimerização com e sem adição de oxigênio e monóxido de carbono. Na Figura VI-10-(A) observa-se um período de indução na taxa de polimerização sem oxigênio. No entanto, esse período Iniciação CH 2 CH 2 Cr H2 C CH 2 CH 2 C CH 2 CH 2 H Cr Cr H O O O O O O Si Si Si Si Si Si Propagação P P C CH 2 H Cr Cr H O O O O Si Si Si Si + C 2 H4 - C 2 H4 P P P HC CH 2 C CH 2 H Cr CH 2 H Cr Cr H O O O O O O Si Si Si Si Si Si Figura VI-9 - Mecanismos de iniciação e propagação da polimerização, Ghiotti e col. [86] 120 ___________________________________________________________________ Polimerização de Etileno indução na taxa de polimerização sem oxigênio. No entanto, esse período é bastante aumentado pela adição de oxigênio, sem alteração apreciável na forma do perfil com a continuação do experimento. Esse resultado sugere que o oxigênio reoxida as espécies de cromo reduzidas, que devem ser reduzidas novamente pelo etileno. Assim, venenos como oxigênio, metanol, acetileno e compostos de enxofre devem atuar segundo uma das seguintes rotas: inibição da redução do Cr(VI) ou inibição da alquilação do sítio ativo (iniciação). O envenenamento por CO pode ser verificado na Figura VI-10-(B). Ao contrário dos contaminantes anteriores, o CO não provoca alteração no tempo de indução, mostrando pouca interação com o Cr(VI) na concentração empregada. Entretanto, o CO adsorve fortemente nos sítios ativos e reduz a taxa de polimerização. Em outra série de experimentos, os mesmos autores realizaram um estudo aumentando a quantidade de CO adicionado ao catalisador antes de introduzi-lo no reator de polimerização. Foram adicionados de 0,10 a 0,25 mols CO/mol Cr, para um catalisador 1% Cr/sílica-titânia (2,5% Ti). Figura VI-10 - Perfis cinéticos de catalisadores Cr(VI)/sílica com e sem adição de (A) oxigênio e (B) CO [82] Não foi observada variação no período de indução, mas a atividade foi reduzida com a adição do CO. A Figura VI-11 mostra que a atividade caiu a metade após adição de apenas 0,025 CO : 1 Cr. Quantidades maiores de CO tiveram um menor efeito, se observarmos a curva tracejada da figura. Esse comportamento pode ser explicado se levarmos em conta a heterogeneidade dos sítios ativos de cromo. Assim, as primeiras quantidades de CO devem adsorver nos sítios de maior atividade. 121 ___________________________________________________________________ Polimerização de Etileno Figura VI-11 - Atividade na polimerização versus fração de CO adicionado [82] 6.2 Metodologias, Resultados e Discussão 6.2.1 Resultados de Polimerização Os catalisadores reduzidos com CO foram utilizados na polimerização de etileno num reator Büchi de 2L a 22 bar de pressão total e 353 K operando em batelada, com nhexano (1L) como solvente e adição de trietil-alumínio para remoção de umidade do sistema (razão molar TEA/Cr=6,0). Num segundo procedimento, o catalisador 1CrD (precursor CrO3) e as misturas físicas MFCrO3 e MFCr 2O3, reduzidos com CO, foram testados num reator Parr de 500mL a 12 bar de pressão total e 353 K. Os dados de atividade são apresentados na Tabela VI-3 e referem-se à quantidade de polietileno produzida após 1 hora de reação no reator Büchi. No Apêndice E são apresentados os dados completos da polimerização no reator Büchi. Os catalisadores 1CrA e 1CrD apresentaram atividade de 320 e 376 kgPE/gCr, respectivamente, enquanto os catalisadores 1CrB e 1CrC foram menos ativos com 30 e 114 kgPE/gCr, respectivamente. Considerando a fração total de sítios Cr2+, obtida pelo Cr6+ e levando em conta a redução total do Cr6+ presente para Cr2+, as atividades dos catalisadores 1CrB e 1CrC foram expressas por sítio ativo Tabela VI-3 - Dados de atividade na polimerização de etileno (reator Büchi) Quimissorção de Cr6+ (Cr2+A+Cr2+B)/Cr CO (µmols/gCr) (%) (%) (gPE/gcat) (kgPE/gCr) (kgPE/gCr2+) 1CrA 2154 0 11,2 2430 320 320 1CrB 443 76 2,3 225 30 125 1CrC 623 25 3,2 730 114 152 1CrD 2929 0 15,2 3007 376 376 Catalisador 122 Atividade ___________________________________________________________________ Polimerização de Etileno ativo, sendo de 125 e 152 kgPE/gCr2+, respectivamente. As diferenças de atividade entre os catalisadores podem ser atribuídas à distinta distribuição das espécies de Cr2+: Cr2+A, Cr2+B e Cr 2+C. Os catalisadores 1CrA e 1CrD, com mais espécies Cr2+A+Cr2+B, mostraram maior atividade que os catalisadores 1CrB e 1CrC. De acordo com a Tabela VI-3, os catalisadores apresentaram atividades relacionadas com os resultados de porcentagem inicial de Cr6+ e quantidade de sítios ativos Cr2+, obtidos por redução e quimissorção de CO. Na Figura VI-12 é possível observar a correspondência entre estes parâmetros, resultando em dois grupos de catalisadores, 1CrD/1CrA e 1CrB/1CrC, segundo suas atividades. O desvio da linearidade dos pontos da Figura pode ser atribuído à fração de Cr6+ que, depois da redução com CO, transforma-se em Cr2+C. Esta espécie não adsorve CO e não é ativa na polimerização. 400 350 2500 300 2000 250 200 1500 150 1000 100 Atividade (kgPE/gCr) Quimissorção de CO ( µ mols/gCr) 3000 500 50 0 10 20 30 40 50 60 Cr 6+ 70 80 90 100 0 110 (%) Figura VI-12 - Atividade na polimerização e quimissorção de CO versus fração de Cr6+ ( : Atividade e : Quimissorção) A atividade catalítica expressa em gramas de polietileno por grama de catalisador ou por grama de cromo é a forma mais usual encontrada na literatura [13, 62, 87, 93], devida à dificuldade em determinar as frações de espécies ativas e, porque permite comparar dados entre diferentes centros de pesquisa. Assim, as atividades desta tese podem ser comparadas com resultados da literatura expressos em gPE/gcat. As maiores atividades foram alcançadas pelos catalisadores 1CrA e 1CrD com 2430 e 3007 gPE/gcat (Tabela VI-3), respectivamente. Um catalisador comercial também foi testado, nas mesmas condições de reação, apresentando atividade de 2007 gPE/gcat, abaixo do obtido para os catalisadores 123 ___________________________________________________________________ Polimerização de Etileno 1CrA e 1CrD. A comparação com resultados da literatura é difícil por causa da variedade de parâmetros de reação utilizados. Bade e col. [85] obtiveram, com um catalisador de CrO3/SiO2 (1% Cr) reduzido com CO, 430 gPE/gcat numa reação a 363 K e pressão total de 30 bar, usando isobutano como solvente. Do ponto de vista das espécies ativas na polimerização, expressar em gramas de polietileno por grama de espécies Cr2+A+Cr2+B permite avaliar a atividade por sítio de cada catalisador e estudar seus efeitos. Considerando apenas a fração de espécies ativas na polimerização como Cr2+A+Cr2+B, estimada por análises de quimissorção e infravermelho de CO, e excluindo-se a fração de espécies Cr3+ e Cr2+C, as medidas de atividade de polimerização são reportadas na Tabela VI-4. Desta forma, por sítios ativos Cr2+A e Cr2+B, o catalisador 1CrC foi o mais ativo, seguido dos catalisadores 1CrA e 1CrD e o catalisador 1CrB foi o menos ativo. Neste caso, a diferença máxima de atividade por sítio é de 2,7 vezes. Tabela VI-4 - Atividade na polimerização normalizada por massa de sítios ativos (reator Büchi) Catalisador (Cr2+A+Cr2+B)/Cr2+ Cr2+A/Cr2+B Atividade kgPE/g(Cr2+A+Cr2+B) (%) 1CrA 11,2 1,7 2857 1CrB 9,6 10,5 1304 1CrC 4,3 3,6 3535 1CrD 15,2 12,8 2474 A literatura aponta que apenas uma pequena porcentagem do cromo corresponde a sítios ativos, entre 1-10%, participando efetivamente da polimerização [1, 13, 62 e 90]. Hogan [64] preparou catalisadores Cr/SiO2 com teores entre 0,01 e 6% Cr e realizou a polimerização de etileno num reator em batelada a 373K e pressão de 37 bar. A Figura VI-13 expressa a atividade catalítica em termos de massa de catalisador e de cromo, ambas em função do teor de Cr. Os resultados mostram que, enquanto a atividade por grama de catalisador cresce continuamente até 0,75% Cr, a atividade por grama de cromo cai com o teor. Hogan sugere que a queda na atividade por grama de cromo se dá pela maior competição pelo etileno com o aumento do teor, já que diminui a distância entre os sítios ativos. 124 10 10 1 10 0,1 0,01 10 0,1 1 4 3 Atividade (kg PE/g Cr) Atividade (kg PE/g catalisador) ___________________________________________________________________ Polimerização de Etileno 2 10 Cr (%) Figura VI-13 - Efeito do teor de cromo na atividade para polimerização por massa de catalisador e de cromo [64] Nesta tese, as baixas porcentagens de sítios ativos apresentadas pelos catalisadores (Tabela VI-3) estão de acordo com a literatura. O catalisador mais ativo, por grama de sítio ativo, foi o 1CrC, no entanto, apresentou a menor porcentagem de sítios ativos. Este resultado concorda com o conceito de acessibilidade do etileno reportado por Hogan [64]. Os catalisadores 1CrA, 1CrB e 1CrD apresentaram porcentagens de espécies Cr 2+A+Cr2+B semelhantes e os catalisadores 1CrA e 1CrD resultaram atividades comparáveis. Ainda assim, dentre estas duas amostras, apesar da menor porcentagem de espécies ativas no 1CrA, este catalisador apresentou atividade um pouco maior. No entanto, a atividade do catalisador 1CrB foi a menor, 1304 gPE/g(Cr2+A+Cr2+B). Nesta amostra, há uma maior concentração do cromo na superfície do suporte em comparação com as demais, de acordo com a análise de XPS, em função das dimensões do sal cromato de silila empregado na preparação. Por outro lado, existe uma grande fração de espécies Cr3+, oriunda da calcinação do precursor, não reduzida a Cr2+ por CO e de baixa interação com a superfície do suporte. Essas observações sugerem que a presença de espécies Cr3+ nas vizinhanças dos sítios ativos (Cr2+A+Cr2+B) reduziu a atividade para polimerização no catalisador 1CrB. A Tabela VI-4 mostra ainda a razão entre os sítios ativos, Cr2+A/Cr2+B. As variações observadas neste parâmetro não foram acompanhas por variações na atividade por sítio. 125 ___________________________________________________________________ Polimerização de Etileno Este resultado não permite distinguir maior atividade para uma espécie ou outra, conforme sugerido por Garrone e col. [75] para os sítios Cr2+A. As polimerizações em reator Parr foram realizadas na mesma temperatura que no Büchi (353 K), mas a pressão total foi menor, de 12 bar. A Tabela VI-5 apresenta os resultados de polimerização no reator Parr. No Apêndice E são apresentados os dados completos das reações de polimerização neste reator. Devido às concentrações mais elevadas de impurezas (O2 e H2O) neste sistema, utilizou-se uma razão TEA/Cr=90, adicionando maior quantidade de trietilalumínio para remoção de umidade. Esta razão foi determinada experimentalmente visando maximizar a atividade dos catalisadores. O catalisador 1CrD, testado nas duas condições de polimerização (Büchi e Parr), apresentou atividade de 1951gPE/gCr, bem inferior a obtida no reator Büchi (Tabela VI-3). A mistura física MFCrO3 apresentou atividade de 770 gPE/gCr, menor do que a obtida com o catalisador 1CrD, o qual foi preparado com o mesmo precursor. Esta mistura física apresentou redução praticamente completa de Cr6+ a Cr2+ com monóxido de carbono a 623 K (Tabela V-1). No entanto, essa amostra apresentou baixa concentração de espécies ativas Cr 2+A+Cr2+B, conforme a Tabela VI-5, justificando a menor atividade por grama de cromo desta amostra. Além disso, também foi observada baixa razão de hidroxilas isoladas em relação ao catalisador 1CrA (I/I1CrA) por análise de infravermelho (Tabela IV-1). Estes resultados respaldam a consideração de que as hidroxilas isoladas participam do mecanismo de polimerização [57]. Foi verificada pequena atividade para a mistura física MFCr2O3, de 110gPE/gCr. Esta amostra praticamente não apresentou quimissorção de CO, indicando ausência de espécies ativas para polimerização, Cr2+A+Cr2+B, após redução com CO. A atividade desta amostra poderia ser atribuída a pequena redução com CO ou alteração dos sítios de cromo Cr 3+ pela presença de trietilalumínio, gerando alguns sítios ativos para polimerização. Para estudar esta questão, foi realizado um experimento de polimerização com a mistura MFCr2O3 pré-tratada apenas com secagem, sem redução com CO. A atividade foi de 130 gPE/gCr (Tabela VI-5). Este resultado sugere que ocorre alguma modificação nos sítios de cromo pela adição de trietilalumínio, com formação de sítios ativos para polimerização. O efeito da adição de alquis de metais na reação de polimerização com catalisadores Cr/SiO2, reduzidos e não reduzidos com CO, foi relatado na literatura [9396]. Nestes casos, a ação do alquil foi estudada principalmente sobre sítios Cr6+ ou Cr2+. Nestas condições, pequeno efeito foi notado nas características do polímero obtido, mas nenhum efeito foi observado na atividade, exceto pela remoção de contaminantes do meio. 126 ___________________________________________________________________ Polimerização de Etileno Entretanto, o efeito dos alquis sobre a espécie Cr3+ não foi diretamente testada. Pelos resultados de atividade da mistura física MFCr2O3 é possível sugerir uma alteração, ainda que pequena, nas espécies Cr 3+ para a formação de sítios ativos de polimerização. Tabela VI-5 - Dados de atividade na polimerização de etileno (reator Parr) Massa de (Cr2+A+Cr2+B)/Cr Atividade Polímero (g) (%) (gPE/gcat) (gPE/gCr) 1CrD 1,2797 15,2 15,6 1951 MFCrO3 1,8698 1,7 23,1 770 MFCr2O3 0,2772 - 3,3 110 MFCr2O3* 0,3238 - 3,9 130 Amostra * amostra seca a 773K fluxo de helio, sem redução com CO Foram também realizados experimentos de infravermelho com transformada de Fourier (FTIR) de acompanhamento da polimerização de etileno com os catalisadores Cr/SiO2 reduzidos com CO a 623 K. Os catalisadores não apresentaram polimerização, possivelmente devido à pequena fração de espécies Cr2+ formada ou a contaminação das amostras por O2 ou umidade que oxidariam o sítio ativo, conforme relatado no capítulo anterior. Em estudo anterior, apresentado no Exame de Qualificação, foi detectada polimerização em experimentos de FTIR de etileno adsorvido no catalisador 1Cr/Ac após redução com CO, seguida de vácuo a 773 K, uma vez que o CO residual poderia inibir a polimerização de etileno [57]. Cada análise foi obtida com doze conjuntos de 5 varreduras, imediatamente após a adsorção de etileno, durante os primeiros 10 minutos. As 13a e 14a varreduras foram obtidas depois de 20 e 30 minutos, respectivamente. O catalisador 1Cr/Ac exibiu três bandas principais, como mostrado na Figura VI-14. A banda a 2988 cm1 pode ser atribuída a νs(CH2) de etileno π-adsorvido em sítios Cr2+ [85, 90, 92], embora Sheppard e Yates [97] tenham sugerido que esta banda ocorre em 2980 cm-1. Esta banda praticamente não mudou durante a análise. As outras duas bandas, em 2920 e 2852 cm-1, correspondem a νas(CH2) e νs(CH2) da cadeia de polímero e aumentam com o tempo. Foi realizada a integração das bandas a 2920 cm-1, referente ao crescimento da cadeia polimérica, e 3745 cm-1, referente ao grupo de hidroxilas isoladas. A Figura VI-15A apresenta o comportamento da banda de polietileno (-CH2 -) a 2920 cm-1 com o tempo 127 ___________________________________________________________________ Polimerização de Etileno 2920 conjuntos de 5 scans: 1o. 2o. 3o. Absorbância (U.A.) 0,01 4o. 2988 5o. 2852 6o. 7o. 8o. 9o. 10o. 11o. (10min) 12o. (20min) 13o. (30min) 3100 3000 2900 2800 2700 -1 ν (cm ) Figura VI-14 - Análise de FTIR da polimerização de etileno com o catalisador 1Cr/Ac de análise. Sem tempo de indução, o catalisador 1Cr/Ac mostrou baixa atividade inicial. A atividade estabiliza após 20 min de análise. Há duas sugestões principais que poderiam explicar este comportamento: a primeira é que a polimerização ocorre em sítios Cr2+ ativos no princípio da análise mas, depois de certo tempo, as cadeias de polímero bloqueiam o acesso para os outros sítios, cessando a reação. A segunda explicação é a possível presença de contaminantes no etileno, como oxigênio ou vapor d´água, que podem oxidar o sítio ativo. Finalmente, a Figura VI-15-B apresenta o comportamento do grupo de hidroxilas isoladas durante a reação de polimerização, por integração da área relativa à banda em 3745 cm-1. Esta banda não foi deslocada para 3696 cm-1, fenômeno atribuído por alguns autores à interação de hidroxilas superfíciais com as cadeias de polímero [27, 85]. A área da banda em 3745 cm-1 mostrou um comportamento aleatório, ao contrário de Jozwiak e col. [61] que observaram linearidade. Além disso, as áreas integradas de hidroxilas isoladas, sob a banda a 3745 cm-1, no início e ao final da polimerização foram semelhantes, sugerindo que as hidroxilas contribuem com o mecanismo de polimerização, de acordo com os mecanismos de reação propostos por Jozwiak e col. [61] e Groeneveld e col. [34], mas são restauradas ao final da reação. 128 ___________________________________________________________________ Polimerização de Etileno 4,5 2,50 (A) Área integrada (3745 cm / mg Cr) Área integrada (2920 cm / mg Cr) 4,0 3,5 2,25 2,00 -1 -1 3,0 (B) 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 1,75 1,50 1,25 1,00 0,75 0,0 0 5 10 15 20 25 30 35 0 5 10 15 20 25 30 35 tempo (min) tempo (min) Figura VI-15 - Integração das áreas referentes às bandas a 2920 cm-1 (A) e 3745 cm-1 (B) contra o tempo de polimerização 6.2.2 Caracterização do Polímero Os polietilenos obtidos com os catalisadores Cr/SiO2 no reator Büchi foram caracterizados quanto ao peso molecular médio, distribuição de peso molecular (DPM) e cristalinidade [100, 101]. Também foram realizadas análises de espectroscopia de infravermelho, para caracterização de grupos terminais vinílicos. O objetivo geral destas análises foi observar se a distribuição distinta dos sítios de cromo nos catalisadores reduzidos altera as propriedades dos polímeros obtidos. Ao final deste item serão apresentadas análises de difração de raios-X dos polímeros obtidos em testes no reator Parr. 6.2.2.1 Cromatografia de permeação em gel (GPC) O peso molecular e a distribuição de peso molecular (DPM) foram determinados em 1,2,4-triclorobenzeno por cromatografia de permeação em gel (GPC) a 408 K, calibrado com padrões de poliestireno. A Tabela VI-6 apresenta os pesos moleculares e a polidispersão. Também são reapresentados parâmetros que caracterizam as espécies ativas de cromo presentes e seu entorno. Os polietilenos obtidos com os catalisadores 1CrA, 1CrB, 1CrD e comercial apresentaram peso molecular (PM) semelhante. No entanto, o polímero obtido com o catalisador 1CrC apresentou peso molecular substancialmente menor que os demais. 129 ___________________________________________________________________ Polimerização de Etileno Tabela VI-6 - Resultados de análises de GPC dos polímeros obtidos e parâmetros de caracterização Catalisador PM Polidispersão (Cr2+A+Cr2+B)/Cr Cr2+A/Cr2+B (Daltons) (%) I/I1CrA Cr3+ (%) 1CrA 185947 4,6 11,2 1,7 1,0 0 1CrB 216198 6,9 2,3 10,5 4,3 76 1CrC 83460 16,3 3,2 3,6 11,6 25 1CrD 183343 20,7 15,2 12,8 22,6 0 Comercial 162955 7,3 - - - - A literatura reporta que a taxa de terminação das cadeias determina o peso molecular do polietileno [1, 28]. Assim, as diferenças no peso molecular dos polímeros obtidos podem ser analisadas à luz da porcentagem de sítios ativos Cr2+A+Cr2+B e dos grupos de hidroxilas isoladas, observadas por infravermelho (I/I1CrA), levando em conta os mecanismos de polimerização sugeridos por Jozwiak e col. [61] e Groeneveld e col. [34]. A adoção destes mecanismos pode ser justificada pela variação observada nos grupos de hidroxilas isoladas dur ante a polimerização com o catalisador 1Cr/Ac (precursor acetato, preparação inicial), Figura VI-15-A. O catalisador 1CrC apresentou baixa porcentagem de sítios ativos Cr2+A+Cr2+B e a segunda maior razão de hidroxilas isoladas livres I/I1CrA=11,6, sugerindo que os sítios ativos devem possuir grupos de hidroxilas vizinhos. Esta configuração deve favorecer a reação de terminação (Figuras VI-6 e VI-7). Este conjunto de parâmetros, portanto, pode ser responsável pela alta atividade por sítio e menor peso molecular, segundo os mecanismos de polimerização mencionados. A Figura VI-16 apresenta as curvas de GPC dos catalisadores testados. A distribuição de peso molecular mostrou-se distinta em função do precursor utilizado em cada catalisador, mantendo os outros parâmetros de preparo e polimerização constantes. A distribuição de peso molecular foi bimodal e com maior polidispersão para os polietilenos preparados com os catalisadores 1CrC e 1CrD. As demais curvas representam distribuição monomodal de peso molecular, com semelhança entre as curvas dos catalisadores 1CrA e comercial. 130 ___________________________________________________________________ Polimerização de Etileno Figura VI-16 - Análise de GPC do polietileno de alta densidade dos catalisadores testados A larga distribuição de peso molecular é uma característica de catalisadores Cr/SiO2, devido à diversidade de sítios ativos para a polimerização encontrados na sua superfície. Esta propriedade tem mantido o grande interesse na pesquisa deste sistema catalítico, a caracterização destes sítios e a vinculação da distribuição de sítios com as propriedades do polímero. Os valores encontrados de polidispersão estão de acordo com a literatura (ref. 3, Tabela II-1) para catalisadores Cr/SiO2, entre 4-20. Na Tabela VI-6 foram apresentados os parâmetros principais que caracterizam os sítios ativos na superfície dos catalisadores Cr/SiO2, que podem influenciar a distribuição 131 ___________________________________________________________________ Polimerização de Etileno de peso molecular. A Figura VI-17 apresenta a distribuição esquemática das frações de espécies Cr2+ nos catalisadores reduzidos, negligenciando a fração de Cr3+ presente nos catalisadores 1CrB e 1CrC. Os catalisadores que apresentaram maior polidispersão, 1CrC e 1CrD, possuem maior fração de hidroxilas isoladas na superfície. O catalisador 1CrD possui mais sítios ativos Cr2+A+Cr2+B, mas uma distribuição mais concentrada em sítios Cr 2+A que o 1CrC, de acordo com a maior fração de hidroxilas isoladas. Dentre os catalisadores que apresentaram menor polidispersão, 1CrA e 1CrB, observou-se porcentagem semelhante de sítios ativos Cr2+A+Cr2+B, porém distribuição mais concentrada em sítios Cr2+A no catalisador 1CrB. Novamente, ocorre também neste catalisador maior fração de hidroxilas isoladas. Os resultados obtidos sugerem que as hidroxilas isoladas da sílica possuem influência, não apenas na atividade catalítica, durante a polimerização, mas também no peso molecular médio e na distribuição do peso molecular. A larga polidispersão obtida nos catalisadores 1CrC e 1CrD, que apresentaram maiores frações de hidroxilas isoladas corroboram com este conceito. H Cr A Cr B H H Cr C H H O O O O O O O O O O O Si Si Si Si Si Si Si Si Si Si Si Cr2+A Cr2+B Cr2+C I/I 1CrA 1CrA 7,1 4,1 88,8 1,0 1CrB 8,6 1,0 90,4 4,3 1CrC 3,4 0,9 95,7 11,6 1CrD 14,1 1,1 84,8 22,6 2+ Figura VI-17 - Distribuição de espécies Cr e hidroxilas isoladas nos catalisadores reduzidos 6.2.2.2 Espectroscopia na região do Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR) Os polietilenos foram submetidos à análise de espectroscopia de infravermelho. Filmes dos polímeros foram preparados prensando partículas de polietileno contra duas placas de metal a 443K por 3 min. Segundo a Figura VI-18, são apresentadas as bandas a 1471 e 719 cm-1 de grupos metileno (-CH2-) que compõem a estrutura do polietileno e 132 ___________________________________________________________________ Polimerização de Etileno bandas a 909 e 990 cm-1 referentes a insaturações vinílicas (R-CH=CH2) de término de cadeia [85, 89, 92, 102]. Estas bandas foram observadas em todos os polímeros obtidos. Grupos metila podem se originar na inserção de etileno na ligação Cr-H, gerados por eliminação de β-hidreto. Grupos vinila terminais podem ser formados por transferência de β-hidreto de uma cadeia de polímero para o sítio de cromo ou para o monômero [103]. Como mostrado na Figura VI-18-B, não foram observadas bandas a 964 e 888 cm-1, relativas a grupos vinileno (R-CH2=CH2-R) e vinilideno [R-CH(=CH2)-R], relacionados com ramificações de cadeias curtas [93, 102]. Estes grupos podem ser observados em copolimerização de etileno com α-olefinas [13]. Nas condições empregadas nas reações de polimerização desta tese, cada cadeia de polietileno produzida com catalisador Cr/SiO 2 possui um grupo metila numa extremidade e um grupo vinila na outra. Não são esperados grupos vinileno e vinilideno, os quais denotariam a presença de cadeias laterais na homopolimerização de etileno. 1CrD 909 1CrD 990 1CrC 1CrB Transmitância (u.a.) Transmitância (u.a.) 1CrA 0,1 1CrC 1CrB 1CrA 0,05 719 1000 1471 1500 2000 -1 ν (cm ) 2500 3000 850 900 950 -1 ν (cm ) 1000 1050 Figura VI-18 - Espectros de FTIR dos polietilenos É possível estimar a cristalinidade do polietileno utilizando a análise de infravermelho [103, 104]. Na região entre 670 e 770 cm-1, uma banda a 730 cm-1 é referente a hidrocarbonetos alifáticos amorfos. Quando a amostra também possui domínios cristalinos, uma outra banda aparece em 719cm-1. Das intensidades relativas dessas duas bandas é estimada a cristalinidade de polietilenos. A Figura VI-19 apresenta a análise de infravermelho dos polímeros apresentando as bandas em destaque. Os valores estimados de cristalinidade são apresentados na Tabela VI-7, determinados pela intensidade das bandas a 719 e 730 cm-1, por decomposição gaussiana. As porcentagens de cristalinidade obtidas foram semelhantes em todos os catalisadores, em torno de 60%, e estão de acordo com valores observados para polietileno de alta densidade [105]. 133 ___________________________________________________________________ Polimerização de Etileno 719 730 Absorbância (u.a.) 0,5 1CrA 1CrB 1CrC 1CrD 770 760 750 740 730 720 ν (cm) -1 710 700 690 680 670 Figura VI-19 - Análise de infravermelho dos polímeros na região de 670-770cm-1 Tabela VI-7 - Cristalinidade dos polímeros estimada por infravermelho Catalisador Cristalinidade (%) 1CrA 60 1CrB 59 1CrC 59 1CrD 60 Comercial 64 6.2.2.3 Difração de Raios-X (DRX) Os polímeros foram submetidos à análise difração de raios-X para determinação do grau de cristalinidade nestes materiais. A Figura VI-20 apresenta os difratogramas obtidos no intervalo de 100 < 2θ < 700. A cristalinidade dos polímeros foi obtida determinando-se as áreas referentes aos planos de orientação cristalográfica (110) e (200), respectivamente em 21,70 e 24,10 (2θ), e da fase amorfa (halo), usando a Equação VI-3, com os fatores a=1,43 e b=0,69 [105]. Não foi considerada a contribuição da fase monoclínica, com 134 ___________________________________________________________________ Polimerização de Etileno orientação cristalográfica (001). A literatura reporta que esta fase é responsável por apenas 1% das fases cristalinas presentes [106]. X(%) = A(110) + a.A(200) .100 A(110) + a.A (200) + b.A (halo) Equação VI-3 - Determinação da cristalinidade (X) do polietileno de alta densidade por raios-X Os resultados são apresentados na Tabela VI-8, de acordo com a decomposição gaussiana exemplificada para o difratograma de DRX do polietileno do catalisador 1CrD, Figura VI-21. Não foram observadas variações na cristalinidade, mantendo-se na média de 68%. Os resultados são semelhantes aos obtidos por infravermelho, e estão de acordo com o reportado na literatura para polietileno de alta densidade [105]. Assim, a variação de precursor, com a correspondente variação das espécies de Cr2+ ativas não alterou a estrutura cristalina dos polímeros formados. A cristalinidade é fortemente influenciada por ramificações na cadeia principal do polímero [105], não observadas por infravermelho nos polímeros preparados no reator Büchi. 1CrA Intensidade (u.a.) 1CrB 1CrC 1CrD Comercial 10 20 30 40 50 2θ Figura VI-20 - Difração de Raios-X dos polímeros 135 60 70 ___________________________________________________________________ Polimerização de Etileno 21,7 Tabela VI-8 - Cristalinidade dos polímeros por raios-X Catalisador área área área X (110) (200) (halo) (%) 1CrA 7599 2519 7791 68 1CrB 6979 2291 7588 66 1CrC 6057 1988 6626 66 1CrD 7813 2251 7026 70 Comercial 8104 2853 7703 70 Intensidade (Contagens) 10000 8000 6000 4000 24,1 2000 0 10 15 20 2θ 25 30 Figura VI-21 – Difratograma do polietileno do catalisador 1CrD Os polímeros do catalisador 1CrD e das misturas físicas MFCrO3 e MFCr 2O3, obtidos no reator Parr, também foram caracterizados por DRX a fim de estimar sua cristalinidade. A Figura VI-22 apresenta os difratogramas dos polietilenos e a Tabela VI-9 apresenta a porcentagem de cristalinidade de acordo com o procedimento de decomposição gaussiana relatado para as amostras preparadas no reator Büchi. Não foram observadas variações de cristalinidade entre os polímeros preparados no reator Parr e, também entre os polímeros obtidos com o catalisador 1CrD nos reatores Büchi e Parr. Devido à baixa atividade da mistura física MFCr 2O3, o difratograma do polietileno com esta amostra apresenta, além das raias a 21,7 e 24,10 (2θ), raias referentes ao α-Cr2O3, assinaladas na Intensidade (u.a.) Intensidade (u.a.) Figura VI-22. MFCrO 3 36,4 Cr2O3 55,0 21,7 24,1 MFCr 2O3 1CrD 10 20 30 40 50 60 70 10 20 30 2θ 40 50 60 2θ Figura VI-22 - Difratogramas de DRX dos polímeros obtidos com as amostras 1CrD, MFCrO3 e MFCr2O3 no reator Parr Tabela VI-9 – Cristalinidade estimada dos polímeros preparados no reator Parr Amostra área (110) área (200) área (halo) X (%) 1CrD 2174,2 720,4 2677,1 63 MFCrO3 2774,5 929,7 3521,7 63 136 70 ___________________________________________________________________ Polimerização de Etileno 6.3 Conclusões Parciais A atividade na polimerização de etileno dos catalisadores Cr/SiO2 reduzidos com CO está relacionada com as espécies de Cr 2+, Cr2+A+Cr2+B. Verificou-se correspondência entre a porcentagem de sítios Cr2+, determinada por quimissorção de CO, e a atividade na polimerização normalizada por massa de cromo. Dois catalisadores, 1CrA e 1CrD, apresentaram atividade maior que um catalisador comercial testado nas mesmas condições. Nesta tese foram observados entre 2 e 15% de sítios ativos Cr2+A+Cr2+B, em relação ao total de cromo presente. No entanto, nem todos estes sítios permanecem ativos na polimerização, conforme sugerido na literatura. Deve haver, assim, uma distância mínima necessária entre os sítios para permitir o acesso de etileno e a iniciação da reação. O catalisador 1CrC, com menor porcentagem de sítios Cr 2+A+Cr2+B, apresentou maior atividade normalizada por sítios ativos. A atividade é fortemente influenciada pelas vizinhanças dos sítios ativos Cr 2+A+Cr2+B, mas não é alterada pela razão Cr2+A/Cr2+B, sugerindo que ambos têm atividade semelhante. Os grupos de hidroxilas isoladas do suporte são afetados durante a reação e possuem influência na atividade dos sítios Cr2+A+Cr2+B e no mecanismo de reação. Em particular, a influência da grande fração de Cr3+ no catalisador 1CrB também foi observada. A distribuição de sítios ativos Cr2+A/Cr2+B, influenciada pelos grupos de hidroxilas vizinhos, alterou o peso molecular e a distribuição de peso molecular obtido. Entretanto, não foram observadas variações na cristalinidade dos polímeros (em torno de 68%), de acordo com a ausência de ramificações nas cadeias de polietileno. 137 ________________________________________________Catalisadores Preparados com Sais de Cr 2+ VII CATALISADORES PREPARADOS COM SAIS DE Cr2+ 7.1 Polimerização com catalisadores organo-cromo Neste capítulo serão apresentados estudos de caracterização e polimerização de etileno com catalisadores preparados com sais organo-cromo e sal inorgânico de cromo (II). São agrupados como organo-cromo os catalisadores à base de cromoceno - bis (ciclopentadienil) cromo (II), cromato de silila - cromato de bis(trifenilsilila) (VI) e acetilacetonato de cromo (III). O procedimento de preparação destes catalisadores não envolve a calcinação após impregnação do precursor. Assim, não há decomposição da estrutura orgânica pelo aquecimento com conseqüente formação de água e CO2. Isto exclui os estudos com catalisadores à base de acetato de cromo (III) e cromato de silila, relatados no Capítulo IV, por terem sido preparados de forma semelhante aos catalisadores Phillips (CrO3/SiO2), com calcinação. Outra diferença se dá na redução das amostras. Alguns sais já apresentam o cromo na forma Cr2+ não necessitando redução, enquanto os demais são reduzidos por adição de alquis -alumínio ou alcóxidos de dialquil-alumínio à temperatura ambiente. Assim como nos catalisadores tipo Phillips, o comportamento de catalisadores organo-cromo para polimerização de etileno depende consideravelmente de fatores que afetam a deposição do cromo, estado de valência, vizinhança do cromo suportado e sensibilidade do catalisador a contaminantes. O uso de catalisadores à base de sais organocromo para polimerização de etileno tem sido reportado na literatura desde a década de 70 por um grupo de pesquisadores da Union Carbide Co. [21, 88]. Nestes trabalhos utilizou-se o cromato de bis(trifenilsilila) suportado em sílica ou sílica-alumina e ativado por alquisalumínio (R3Al) ou alcóxidos de dialquil alumínio (R2AlOR`). Na mesma época, outro grupo iniciou seus estudos com catalisador de bis (ciclopentadienil) cromo [107]. Atualmente, outros autores têm empregado bis (ciclopentadienil) cromo (CrCp2 - cromoceno) [108] na linha de pesquisa de metalocenos, bem como adição de alquil-lítio ao tradicional catalisador CrO3/SiO2 [4, 94]. Entretanto, nestes dois últimos exemplos, as cadeias de polímero obtidas contém considerável quantidade de ramificações. Os catalisadores à base de cromoceno, ao contrário de outros sistemas usados em processos 138 ________________________________________________Catalisadores Preparados com Sais de Cr comerciais, produzem polietileno com distribuição de peso molecular 2+ relativamente estreita. Outra característica única deste catalisador é sua resposta à transferência de cadeia para o hidrogênio permitindo controle do peso molecular do polímero por essa via. No início da década de 70, Carrick e col. [88] relataram um estudo com catalisador de cromato de silila , cromato de bis(trifenilsilila), suportado em sílica na polimerização de etileno. A síntese deste sal de cromo havia sido publicada por Baker e Carrick [21] e consiste da reação de trióxido de cromo com trifenilsilanol, a mesma usada nesta tese (Capítulo III). Carrick e col. prepararam o catalisador adicionando cromato de silila, a sílica desidratada e alcóxido de dialquil-alumínio (R'2AlOR), responsável pela redução de Cr(VI) → Cr(II), agitando-os por 15-30 min em hexano (atmosfera inerte). Esse sistema era introduzido imediatamente num reator de polimerização de 1 L. A reação era conduzida a 363 K e pressão total de 41 bar. Os autores relataram que a adsorção do cromato de silila na sílica é um processo relativamente lento que requer várias horas para se completar. No entanto, a redução do catalisador se dá rapidamente após a adição do composto de organo-alumínio numa razão TEA/Cr=7. Após 15 minutos da sua adição não são observadas espécies de Cr(VI). A Figura VII-1 apresenta a etapa de deposição do cromato de silila sobre a sílica. Figura VII-1 - Esquema de deposição do cromato de bis(trifenilsilila) sobre sílica [88] Diferentes alcóxidos, bem como alquis-alumínio, podem ser usados como agente redutor (ou co-catalisador). Dentre os reagentes mais usados estão o etóxido de dietilalumínio (DEAL) e o trietilalumínio (TEA). Em testes de polimerização realizados com os dois redutores, foram obtidas atividades de 44,7 e 120,7gPE/h adicionando TEA ou DEAL, respectivamente. A reação foi conduzida a 361-364 K e pressão total de 20 bar. Em cada teste foram usados 0,18 mmols de co-catalisador, 10 mg de cromato de silila e 0,4 g de 139 ________________________________________________Catalisadores Preparados com Sais de Cr 2+ sílica. O índice de fusão do polímero obtido, o qual é inversamente proporcional ao peso molecular médio, foi 3 vezes maior quando DEAL foi usado. Diversas sílicas comerciais Davison Grace foram utilizadas e submetidas a diferentes temperaturas de desidratação. A Tabela VII-1 apresenta o efeito das características do suporte na atividade para polimerização. A polimerização foi realizada a 363 K e 14 bar de pressão de etileno. O catalisador era composto de 10 mg de cromato de silila, 0,4 g de sílica e 0,24 mmols de DEAL. As maiores atividades foram obtidas utilizando as sílicas após desidratação a 553-603 K. Segundo os autores, a temperatura de 383 K não é suficiente para remover toda a água fisicamente adsorvida, que pode desativar o catalisador por oxidação do Cr(II). Vansant [7] relatou a temperatura de 393K como final para a remoção de água fisissorvida. É possível que alguma água permaneça no suporte e cause o efeito de oxidação relatado por Carrick e colaboradores [88]. Tabela VII-1 - Efeito das propriedades do suporte na atividade catalítica [88] Sílica Temperatura de Diâmetro de poros Superfície Atividade 2 desidratação (K) médio (Å) específica (m /g) (gPE/hr) 56 383 168 285 144 56 553 168 285 238 952 383 200 350 195 952 603 200 350 266 Carrick e col. [88] observaram também que a taxa de polimerização é linear com a pressão de etileno, mostrando cinética de primeira ordem em relação ao monômero, conforme já relatado para os catalisadores tipo Phillips. Os autores verificaram que hidrogênio age como agente de transferência de cadeia, permitindo variar o peso molecular. Os autores sugeriram o mecanismo de terminação por transferência de cadeia pelo hidrogênio, de acordo com a Equação VII-1. Equação VII-1 - Mecanismo da transferência por hidrogênio em catalisador cromato de silila/SiO2 [88] 140 ________________________________________________Catalisadores Preparados com Sais de Cr 2+ Dentre os catalisadores organo-cromo/SiO2 pesquisados na literatura, também é dado destaque para o cromoceno ou bis(ciclopentadienil)cromo. Vários autores têm estudado este sistema catalítico [4, 109, 110, 111]. Theopold [17] realizou uma revisão recente do assunto, segundo a qual, a reação de sílica parcialmente desidroxilada com cromoceno (Cp2Cr) resulta um catalisador altamente ativo para polimerização. As principais características deste sistema são: distribuição de peso molecular relativamente estreita e boa resposta ao controle de peso molecular por adição de hidrogênio. Evidências sugerem que um ligante ciclopentadienil é eliminado devido à protonação por um grupo hidroxila superficial durante a incorporação do cromoceno à sílica, enquanto o outro é mantido ligado ao cromo mesmo durante a polimerização, Equação VII-2. Entretanto, aumentando o grau de desidroxilação da sílica é possível que os dois grupos ciclopentadienil sejam eliminados [112]. Equação VII-2 - Incorporação do cromoceno à sílica [17] Fu e Lunsford [4, 109, 110] realizaram uma ampla pesquisa do sistema cromoceno/SiO2. Os catalisadores foram preparados de modo a avaliar a influência de parâmetros como o teor de cromo e temperatura de desidratação da sílica. O cromoceno foi incorporado à sílica por sublimação. A adsorção de CO e a polimerização de etileno também foram estudadas. O efeito da temperatura de desidratação pode ser observado na Figura VII-2. A análise de infravermelho mostra espectros da sílica desidroxilada a 473, 723 e 1173 K (A) e após deposição do cromoceno (B). Os espectros da sílica tratada a diferentes temperaturas mostram a banda a 3746 cm-1 das hidroxilas isoladas e uma banda larga das hidroxilas vicinais. Com o aumento da temperatura, apenas as hidroxilas isoladas permanecem. Mesmo após tratamento a 1173 K, restam hidroxilas isoladas. A intensidade da banda a 3746 cm-1 diminuiu após deposição do cromoceno nas sílicas tratadas a 473 e 723 K, mas na sílica tratada a 1173 K esse efeito não foi verificado. Provavelmente a alta temperatura usada tenha causado sinterização com diminuição dos poros maiores, de modo que os pequenos poros remanescentes não permitem a entrada da molécula de cromoceno. A banda em torno de 3099 cm-1 (Figura VII-2 C) é relativa ao grupo ciclopentadienil (Cp). 141 ________________________________________________Catalisadores Preparados com Sais de Cr 2+ Observam-se intensidades semelhantes nos catalisadores com sílicas tratadas a 473 e 723 K, embora a intensidade no catalisador com sílica tratada a 1173 K seja significativamente menor, refletindo a menor incorporação do cromoceno. Figura VII-2 - Espectro de IV da região de OH em (A) sílica pura tratada a 473 (a), 723 (b) e 1173 K (c); (B) após deposição de cromoceno e (C) ampliação da região de 2950-3200 cm-1 de (B) [4] Para caracterizar o teor máximo de cromo incorporado, várias amostras foram preparadas sobre sílica tratada a 723 K, alterando o tempo de sublimação. Em seguida, por análise de infravermelho a intensidade da banda a 3099 cm-1, relativa ao grupo ciclopentadienil (Cp), foi determinada. Observou-se uma relação linear do teor de cromo com a fração de grupos Cp. Esse comportamento sugere que o cromo e os grupos Cp se incorporam à sílica formando aglomerados, Figura VII-3. De fato, para uma sílica tratada a 723 K, deve-se encontrar uma concentração de hidroxilas de ~2,5 OH/nm2, refletindo um teor máximo de cromo de 5,2 a 6,5 % Cr. Entretanto, o teor máximo de cromo obtido experimentalmente foi de 10% Cr, o que respalda a observação de incorporação em aglomerados. (ii) (i) Cr Cr Cr Cr Cr Cr Cr Cr A B Cr Cr Cr Cr A C Cr B Figura VII-3 - Configurações propostas de aglomerados de ciclopentadienil e cromo em sílica altamente desidroxilada (i) e parcialmente desidroxilada (ii) [4] 142 Cr C ________________________________________________Catalisadores Preparados com Sais de Cr 2+ Dando prosseguimento à caracterização dos catalisadores Cp2Cr/SiO2, Fu e Lunsford [109] realizaram a espectroscopia de infravermelho de CO adsorvido à temperatura ambiente. O espectro obtido para o catalisador com sílica tratada a 723 K após vácuo apresentou três bandas distintas a 1920 cm-1, referente à carbonila terminal, a 1833 e 1633 cm-1, atribuídas a carbonilas em ponte. Variando o teor de cromo em 0,8; 4 e 9% Cr observam-se as mesmas bandas principais em todas as amostras, com variação das intensidades. Esse resultado indica que as mesmas espécies são formadas nos catalisadores de modo independente do teor. Verificou-se sempre o predomínio da banda a 1833 cm-1 sugerindo que a maior parte do cromo existe como complexos aglomerados. Os autores realizaram ainda a adição de oxigênio molecular a uma amostra de catalisador com CO adsorvido. Observou-se que o O2 substitui o CO e imediatamente oxida o cromo à temperatura ambiente. Completando o estudo, Fu e col. [110] realizaram a polimerização de etileno nos catalisadores Cp2Cr/SiO2 a 313 K com 100 ou 720 torr de etileno. A reação foi acompanhada por análise in situ de espectroscopia de infravermelho, monitorando as bandas a 1444 e 1472 cm-1 de etileno na fase gás e do grupo CH2 do polietileno, respectivamente. Os autores observaram que a polimerização era dependente da pressão de etileno, temperatura de desidroxilação da sílica e teor de cromo depositado. A taxa de polimerização foi proporcional à pressão de etileno. Entretanto, a taxa original não foi recuperada ao retornar a pressão de etileno ao seu valor inicial, mostrando que o catalisador sofre uma lenta desativação enquanto a reação se processa. A Figura VII-4 mostra que o tratamento da sílica a 723 K resulta no melhor catalisador para polimerização. Temperaturas menores resultam catalisadores menos ativos pela interação das hidroxilas adjacentes com o sítio ativo, enquanto temperaturas maiores favorecem à formação de aglomerados de espécies cromo-ciclopentadienil. Por outro lado, observou-se que o teor de cromo referente à maior taxa de reação foi de 4,0% Cr. Os autores observaram ainda que o monóxido de carbono desativa o catalisador. Deste teste foi obtida a fração de sítios ativos para polimerização, assumindo que 1 mol de CO desativa 1 mol de sítios ativos. Assim, a concentração de sítios ativos foi de 1,7.1018 sítios/g cat, correspondendo a 0,32% de sítios ativos no total de cromo incorporado. Esse valor é menor do que o obtido para catalisadores tipo Phillips [13, 90, 91]. O baixo valor encontrado para o catalisador Cp2Cr/SiO2 pode ser devido ao predomínio de aglomerados inativos, identificados por infravermelho de CO. Num último estudo, analisaram o comportamento da reação com a adição de hidrogênio. Foi 143 ________________________________________________Catalisadores Preparados com Sais de Cr 2+ observada uma queda na atividade catalítica, embora nenhuma alteração aparente nas características do polímero tenha sido notada. Figura VII-4 - Taxa de polimerização no catalisador Cp2Cr/SiO2 (723K) [110] Karol e col. [111] observaram que a temperatura ótima na polimerização de etileno se situa em torno de 333 K. Os autores sugeriram que o mecanismo de iniciação da polimerização siga a Equação VII-3. Por outro lado, a reação de propagação deve ocorrer com a inserção do monômero na ligação Cr-C. A transferência por hidrogênio é obtida por quebra de uma ligação Cr-C, Equação VII-4. Equação VII-3 – Reação de iniciação da polimerização com catalisador Cp2Cr/SiO2 Equação VII-4 - Reação de transferência de cadeia por hidrogênio com catalisador Cp2Cr/SiO2 144 ________________________________________________Catalisadores Preparados com Sais de Cr 2+ 7.2 Metodologia, Resultados e Discussão 7.2.1 Síntese e Caracterização dos catalisadores Catalisadores Cr/SiO2 foram preparados sob atmosfera inerte, em câmara seca, utilizando os precursores de acetato de cromo (II) monohidratado dímero, cloreto de cromo (II) e cromoceno. Os sais foram solubilizados em n-hexano (Aldrich) e impregnados sobre sílica 955, pré-tratada com N2 ultra-puro a 773K. Após agitação por 1hora, os catalisadores foram filtrados e armazenados na própria câmara. Na preparação foi utilizado trietil-alumínio com o objetivo de remover a umidade do n-hexano, segundo descrito no Capítulo III. Durante um incêndio em março de 2001 no laboratório de preparação de catalisadores do Núcleo de Catálise/PEQ/COPPE/UFRJ, todos estes catalisadores foram perdidos e tiveram que ser repreparados. O acetato de cromo (II) monohidratado dímero, também perdido no incêndio, não foi fornecido a tempo e o catalisador referente não foi repreparado. A Tabela VII-2 apresenta os teores de cromo e os códigos das amostras. Durante a primeira preparação, notou-se, pela cor da solução do filtrado, uma perda de cromo na filtração. Assim, os catalisadores foram preparados da segunda vez com o dobro do teor de cromo da primeira. Novamente, este efeito foi observado, sendo notável apenas no catalisador com cloreto de cromo (II). Tabela VII-2 – Catalisadores preparados em atmosfera inerte Catalisador Precursor Teor nominal Teor real Cr (%) Cr (%) 1CrCS Cloreto de cromo (II) 2,0 1,50 1CrES Cromoceno 2,0 2,10 Para a análise de superfície específica, as amostras foram secas a 353K por 18 horas a vácuo no equipamento ASAP 2000 da Micromeritcs. A menor temperatura de secagem teve por objetivo evitar a decomposição dos precursores de cloreto e, principalmente, o cromoceno. Fu e Lunsford [109] reportaram que a estrutura do bis(ciclopentadienil)cromo se mantém suportada sobre sílica até 373K sob vácuo. Acima desta temperatura, os anéis de ciclopentadienil se decompõem, resultando em perda de atividade na polimerização. Os resultados, apresentados na Tabela VII-3, 145 ________________________________________________Catalisadores Preparados com Sais de Cr 2+ mostram que não ocorreu perda de superfície específica (S BET) ou volume de poros (vp) pela impregnação dos precursores, em comparação com o suporte calcinado. Isto é provavelmente devido ao baixo teor de cromo utilizado. Tabela VII-3 – Análise textural dos catalisadores e do suporte Amostra SBET (m2/g) Vp (cm3/g) Dp (Å) Sílica 955 calcinada 299 1,65 221 1CrCS 294 1,71 233 1CrES 295 1,59 216 Medidas de quimissorção estática de CO foram realizadas num equipamento ASAP 2000-C da Micromeritics. As amostras foram transferidas para o reator de vidro do equipamento em câmara seca. As amostras foram pré-tratadas apenas com secagem sob vácuo a 353 K, uma vez que, em função do sal prercursor usado na preparação, o cromo está presente presumivelmente como Cr2+. Em seguida foi feita a análise à temperatura ambiente. Não foi observada quimissorção estática de CO nos catalisadores 1CrCS e 1CrES. No entanto, segundo Fu e Lunsford [109], a quimissorção de CO resulta na formação de complexos de carbonilas. A natureza destes complexos depende da pressão de CO, teor de cromo, tempo de adsorção e temperatura de desidratação da sílica. Estas espécies mantêm-se adsorvidas, mesmo quando a amostra é tratada sob vácuo a 343K, sendo removidas por tratamento com O2, que oxida os sítios de cromo. A metodologia de análise empregada nesta tese para quimissorção estática de CO à temperatura ambiente consiste de adsorção da molécula sonda (primeira isoterma), vácuo na mesma temperatura e readsorção do CO removido por vácuo (segunda isoterma). Nas análises dos catalisadores 1CrCS e 1CrES, verificou-se que o volume de CO adsorvido nas duas isotermas era o mesmo, resultando em CO adsorvido fracamente (fisissorção). A ausência de quimissorção irreversível de CO nas amostras 1CrCS e 1CrES indica quantidade desprezível de sítios Cr2+A e Cr2+B. Este resultado pode ser devido à predominância de sítios Cr2+C, que não quimissorvem CO [75], ou por oxidação dos sítios de Cr 2+, durante o transporte do reator, da câmara seca até o equipamento, ou durante a limpeza com vácuo na análise. 146 ________________________________________________Catalisadores Preparados com Sais de Cr 2+ 7.2.2 Polimerização de Etileno A polimerização foi realizada em reator Parr de 500mL a 353K e pressão total de 12 bar. O reator foi carregado seguindo a seqüência: n-hexano, trietil-alumínio (TEA) e catalisador. O reator foi sempre carregado em câmara seca. Foi utilizada a razão molar TEA/Cr de 90, para remoção de umidade do sistema, não tendo sido observada polimerização na ausência de TEA. O catalisador calcinado 1CrD (precursor CrO3), analisado para comparação, foi previamente reduzido com CO e armazenado em câmara seca. A Tabela VII-4 apresenta os resultados de polimerização. Os dois catalisadores preparados em câmara seca apresentaram atividade por grama de cromo menor que a do catalisador 1CrD reduzido com CO. Essa baixa atividade não pode ser relacionada ao procedimento em câmara seca, uma vez que os catalisadores calcinados e reduzidos com CO (apresentados no Capítulo VI) também foram manipulados nesta atmosfera. Tabela VII-4 – Resultados de polimerização no reator Parr Catalisador Atividade (gPE/gcat) (gPE/gCr) 1CrD 15,6 1951 1CrCS 1,4 93 1CrES 22,6 1075 Blom e col. [108] obtiveram atividade de 134kgPE/gCr para um catalisador 1%Cr de cromoceno suportado em sílica. A reação foi realizada num reator de 1L a 368K e 20 bar de pressão total. Os autores não utilizaram trietil-alumínio (TEA) na purificação do meio reacional ou na preparação. O catalisador 1CrD apresentou atividade de 1951 gPE/gCr. Na polimerização no reator Büchi, este mesmo catalisador apresentou atividade de 376 kgPE/gCr, portanto, cerca de 200 vezes maior. A diferença de atividade nos dois reatores deve estar relacionada com a variação de pressão utilizada [13, 88]. A atividade também pode ter sido influenciada pela maior quantidade de TEA utilizada no reator Parr, em relação ao reator Büchi. Nos catalisadores 1CrCS e 1CrES, o TEA foi utilizado na preparação dos mesmos e na polimerização. O TEA foi usado a fim de reduzir a contaminação de umidade do meio, principalmente proveniente do hexano. Conforme já relatado, a adição de alquis metálicos em catalisadores Cr/SiO 2, anterior à polimerização, é associada à ativação dos sítios de cromo para polimerização. Assim, alteram-se a atividade e as propriedades do polímero formado. No entanto, a 147 ________________________________________________Catalisadores Preparados com Sais de Cr 2+ adição de alquil em excesso é associada à queda na atividade, provocando a redução do cromo até estados de oxidação Cr 0 ou Cr1+, segundo citado na literatura [113]. Outra possibilidade é a reação do TEA com grupos de hidroxilas isoladas, de acordo com a Equação VII-5. Estes fenômenos dificultam a comparação entre os resultados dos catalisadores calcinados e dos preparados em câmara seca. Al(C2H5)3 + 3 H2O → Al(OH)3 + 3 C2H6 Equação VII-5 - Reação do trietil-alumínio com água A baixa atividade também pode estar relacionada ao acondicionamento usado pelos fornecedores dos sais. Os sais de cloreto de cromo e cromoceno foram fornecidos em frascos com tampa de rosca e não em ampolas, recipientes menos sujeitos a contaminação. A grande sensibilidade da espécie Cr 2+ à umidade e ao oxigênio sugere que os sais podem ter sido fornecidos parcialmente oxidados. Considerando a atividade expressa em gPE/gcat da Tabela VII-4, o catalisador 1CrES apresentou atividade maior que o catalisador 1CrD, de acordo com relatos da literatura de que os catalisadores metalocênicos são mais ativos, por grama de catalisador, que os catalisadores tipo Phillips [109]. Uma extrapolação dos resultados do reator Parr para o reator Bü chi, tomando por referência a atividade do catalisador 1CrD nos dois sistemas reacionais, permite estimar a atividade do catalisador 1CrES no reator Büchi em 4356gPE/gcat contra 3007gPE/gcat do 1CrD e 2430gPE/gcat do 1CrA. Esta estimativa permite situar estes três catalisadores em valores de atividade maiores que a de um catalisador comercial, que apresentou atividade de 2007gPE/gcat, no reator Büchi. 7.2.3 Caracterização dos Polímeros Os polímeros foram caracterizados apenas por difração de raios-X, em função da baixa produtividade obtida. Os difratogramas dos polímeros são apresentados na Figura VII-5. Devido a menor atividade do catalisador 1CrCS, o difratograma do polietileno apresentou grande ruído, mas foi possível identificar as raias características a 21,7 0 e 24,10, referentes aos planos (110) e (200) do polietileno. Os polímeros dos catalisadores 1CrD e 1CrES apresentaram espectros semelhantes aos observados para a série de catalisadores calcinados (Figura VI-20). 148 ________________________________________________Catalisadores Preparados com Sais de Cr (B) (A) 21,7 2+ Intensidade (u.a.) Intensidade (u.a.) 24,1 1CrES 1CrD 10 20 30 40 50 60 70 10 20 30 40 2θ 50 60 70 2θ Figura VII-5 - Análise de DRX do PEAD dos catalisadores (A) 1CrCS e (B) 1CrD e 1CrES Para determinação da cristalinidade dos polímeros dos catalisadores 1CrD e 1CrES foi utilizada a Equação VI-3. Os resultados estão apresentados na Tabela VII-5. A cristalinidade do polietileno do catalisador 1CrD praticamente não foi afetada pelas condições de polimerização nos reatores Büchi e Parr, tendo sido obtido 60 e 63%, respectivamente. Isto sugere que a adição de trietil-alumínio afetou a quantidade de sítios de Cr 2+ ativos, mas não a cristalinidade do polímero. O polietileno obtido com o catalisador 1CrES também apresentou cristalinidade semelhante (63%) a dos polímeros com os catalisadores calcinados, em torno de 60%. Tabela VII-5 - Estimação da cristalinidade dos polímeros do reator Parr Catalisador Área Área Área X (%) (110) (200) (halo) 1CrD 2174,2 720,4 2677,1 63 1CrES 3011,9 995,0 3704,1 63 7.3 Conclusões Parciais O catalisador 1CrES preparado em câmara seca com cromoceno apresentou atividade específica maior que o catalisador 1CrD, comparado nas mesmas condições de reação. No entanto, a atividade do catalisador 1CrD foi muito menor no reator Parr que no Büchi. A menor atividade foi atribuída à diferença de pressão e, possivelmente, à desativação dos catalisadores devido à maior adição de TEA no reator Parr (razão 149 ________________________________________________Catalisadores Preparados com Sais de Cr 2+ TEA/Cr 90 contra 6). Apesar da menor atividade, a cristalinidade resultante foi semelhante, sugerindo que os sítios ativos presentes mantêm a mesma distribuição de espécies Cr 2+ e interação com os grupos de hidroxilas vizinhas. 150 ___________________________________________________________________________ Conclusões Finais VIII CONCLUSÕES FINAIS Nesta tese foi estudada a distribuição de espécies de cromo em catalisadores Cr/SiO2 para a polimerização de etileno, variando-se o precursor de cromo. Os parâmetros que influenciam esta distribuição foram avaliados. Também foram estudados os parâmetros que afetam os catalisadores na polimerização, com foco nas características do polietileno, como o peso molecular, a distribuição de peso molecular e a cristalinidade. As principais conclusões do trabalho são: - Verificou-se a influência do precursor de cromo na interação Cr-O-Si na superfície do suporte e distinta distribuição de espécies Cr6+/Cr3+. A forma de interação do precursor com a sílica durante a impregnação é resultado da decomposição do sal sob oxigênio e temperatura, sendo parâmetros fundamentais na distribuição das espécies de cromo; - A redução de Cr 6+ a Cr2+ é completa com CO a 623K. Este fato releva a grande importância na escolha do precursor para obtenção de catalisadores com maior teor de Cr 6+ após calcinação e, por conseqüência, de Cr 2+. - A maximização da fração de Cr2+ presente nos catalisadores Cr/SiO2 após redução com CO é requisito importante, mas não garante a atividade para polimerização de etileno. A distribuição de espécies ativas Cr2+A+Cr2+B e a sua relação com as hidroxilas isoladas vizinhas são características importantes na atividade do catalisador Cr/SiO2 para polimerização. - A atividade dos catalisadores Cr/SiO2 reduzidos com CO foi avaliada na polimerização de etileno, em condições semelhantes às industriais. Verificou-se correspondência entre a porcentagem de sítios Cr2+, determinada por quimissorção de CO, e a atividade na polimerização normalizada por massa de cromo. - Nesta tese foram observados entre 4,3 e 15,2% de sítios ativos Cr2+A+Cr2+B. No entanto, nem todos estes sítios permanecem ativos na polimerização, conforme sugerido na literatura. Deve haver, assim, uma distância mínima necessária entre os sítios para permitir o acesso de etileno e a iniciação da reação. - A atividade foi fortemente influenciada pelas vizinhanças dos sítios ativos Cr 2+A+Cr2+B, mas não foi alterada pela razão Cr2+A/Cr2+B, sugerindo que ambos têm 151 ___________________________________________________________________________ Conclusões Finais atividade semelhante. Os grupos de hidroxilas isoladas do suporte são afetados durante a reação e possuem influência na atividade dos sítios Cr2+A+Cr2+B e no mecanismo de reação. Em particular, a influência da grande fração de Cr 3+ no catalisador 1CrB também foi observada. - A distribuição de sítios ativos Cr2+A/Cr2+B, influenciada pelos grupos de hidroxilas vizinhos, alterou o peso molecular e a distribuição de peso molecular obtido. - A razão Al/Cr, em função da quantidade de trietil-alumínio (TEA) usado na polimerização Büchi e Parr, alterou a atividade mas não as características dos polietilenos formados. Sugestões - Realização de análises de infravermelho (DRIFT) com os catalisadores reduzidos para adsorção de CO e polimerização de etileno; - Acompanhamento cinético da polimerização por meio de análises em microbalança e em reator Parr com controle de dosagem de etileno com o tempo; - Repreparação dos catalisadores em câmara seca e polimerização em reator Parr variando as condições de adição de trietil-alumínio; - Análises de RMN de 13 C nos polímeros buscando identificar ramificações, principalmente nos catalisadores preparados em câmara seca. 152 ________________________________________________________________________________ _Apêndice A A APÊNDICE A CÁLCULO DO TAMANHO DE PARTÍCULA E DADOS DE DIFRAÇÃO DE RAIOS-X DO CROMATO DE BIS(TRIFENILSILILA) E DO TRIFENILSILANOL - Caracterização do Cromato de bis(trifenilsilila) A Figura A-1 apresenta o difratograma do cromato de bis(trifenilsilila) na região de 2θ entre 20 e 900. As barras verticais no rodapé da Figura foram indicados de acordo com os dados de Stensland e Kierkegaardm [50]. Estes autores reportaram os seguintes valores para a célula unitária do cromato de bis(trifenilsilila): a = 11,536 ± 4 Å b = 17,394 ± 5 Å c = 16,113 ± 5 Å γ = 96,51 ± 2 Figura A-1 - Difratograma do cromato de bis(trifenilsilila) 153 ________________________________________________________________________________ _Apêndice A A Tabela A-1 apresenta os dados de 2θ observados experimentalmente e da referência 50, verificando-se excelente concordância entre eles. O sal tem estrutura monoclínica e a célula unitária, obtida a partir dos dados observados, foi determinada pelos parâmetros abaixo, constatando-se novamente a semelhança com os resultados de Stensland e Kierkegaardm. Estes resultados permitiram caracterizar o sal sintetizado como cromato de bis(trifenilsilila). a = 11,437 Å b = 17,215 Å c = 15,961 Å γ = 96,44 Tabela A-1 - Dados de DRX para o cromato de bis(trifenilsilila) hkl 101 020 002 021 012 102 112 022 200 201 -131 -132 212 -141 004 140 300 -114 -241 -124 232 302 043 034 -313 242 340 333 -116 -432 071 334 432 Intensidade (%) 2θ experimental 2θ referência [50] 36,2 9,602 9,546 18,8 10,339 10,334 36,3 11,117 11,078 23,9 11,749 11,729 2,1 12,243 12,228 93,2 13,494 13,547 5,2 14,834 14,816 7,9 15,150 15,172 0,5 15,550 15,582 20,4 16,548 16,546 22,4 17,468 17,491 100,0 19,914 19,983 84,8 20,249 20,311 8,3 22,003 22,066 4,6 22,195 22,261 11,0 22,983 23,008 16,3 23,493 23,464 5,6 24,022 23,993 4,9 25,104 25,222 4,0 25,459 25,472 12,2 25,796 25,855 4,4 26,052 26,016 7,7 26,695 26,723 22,1 27,253 27,256 21,5 28,895 28,903 12,5 29,749 29,683 4,0 33,292 33,281 3,4 34,241 34,253 6,4 34,854 34,872 4,6 35,483 35,482 2,9 37,196 37,190 5,2 37,449 37,444 2,3 38,579 38,609 154 ________________________________________________________________________________ _Apêndice A Conforme apresentado na Figura IV-12, não foram verificadas as raias correspondentes ao trifenilsilanol no difratograma do cromato de bis(trifenilsilila), permitindo caracterizar a pureza do sal sintetizado. - Estimação do tamanho de partícula do cromato de bis(trifenilsilila) A estimação do tamanho de partícula do cromato de bis(trifenilsilila) foi feito utilizando a Equação A-1, proposta por Scherrer [51], válida para cristalitos com dimensões de 30 a 500 Å. O tamanho encontrado de 483 Å é maior que o diâmetro de poros da sílica (221 Å). d ( 2Θ hkl ) = onde k.λ B1 / 2 .cos Θhkl d(2hkl ) = dimensão do cristal perpendicular ao plano hkl de difração (Å) κ = constante de Scherrer (0,89) λ = comprimento de onda da radiação Cu Kα (1,54050 Å) B1/2 = largura à meia altura da raia a 19,90 (0,16278 rad) θhkl = ângulo de Bragg (0,17366 rad) Equação A-1 – Equação de Scherrer para estimativa de tamanho de partícula 155 _________________________________________________________________________________Apêndice B B APÊNDICE B CÁLCULO DO CONSUMO DE H2 E DE CO E DA DISTRIBUIÇÃO DE ESPÉCIES DE CROMO NO TPR O consumo de hidrogênio na redução a temperatura programada de H2 foi obtido utilizando-se a Equação B-1, com os dados da Tabela B-1. nH 2 = A.Q.x .1000 h .mcat .Cr.82 ,05 .273 onde nH2: número de mols de H 2 (µmolsH2/mgCr) A: área integrada sob o pico (mV.min) Q: vazão da mistura H2/Ar (cm3/min) x: teor de H2 na mistura H2/Ar (1,65%) h: altura do pico de redução (mV) mcat: massa de catalisador (g) Cr: teor de cromo no catalisadores (%) Equação B-1 - Equação para o cálculo do consumo de H2 no TPR Tabela B-1 - Determinação do estado de oxidação médio do cromo (NOX) dos catalisadores calcinados A .105 Q h .103 massa Consumo de H2 (mV.min) (ml/min) (mV) (g) (µmolsH2/mgCr) 1CrA 3,14 26,49 53,5 0,4995 30,16 6,0 100 1CrB 0,66 28,88 54,0 0,4964 6,98 3,7 24 1CrC 1,75 28,44 52,8 0,4981 21,73 5,3 75 1CrD 3,26 28,74 52,9 0,5023 32,42 6,0 100 MFCrO3 10,51 29,02 53,5 0,4975 28,13 6,0 100 MFC 11,78 29,05 53,0 0,5055 29,41 6,0 100 10,65 29,57 53,6 0,4897 28,51 6,0 100 Amostra MFD a : estado de oxidação médio do cromo após calcinação b : após calcinação 156 NOXa Cr6+ (%)b _________________________________________________________________________________Apêndice B O cálculo do estado de oxidação médio do cromo (NOX) é determinado pela Equação B-2, considerando que o estado final na redução com H2 é Cr3+, nas condições de temperatura final elevada da análise de TPR (1023 K). Considera-se ainda que a redução pode ser representada por 2 CrO 3 + 3 H2 → Cr2O3 + 3 H2O, com um consumo estequiométrico de H2 de 28,85µmolsH2/mgCr. Exemplificando o cálculo para valores extremos de estado de oxidação: se não houver consumo de H2 na redução, apenas Cr3+ presente, o NOX será de 3, enquanto em amostras somente com Cr6+, a razão entre os consumos experimental e teórico será aproximadamente igual a 1, e o NOX será próximo de 6. NOX = 3 + 3 .nH 2 28,85 Equação B-2 - Equação para o cálculo do estado de oxidação médio do cromo após calcinação A determinação do consumo de CO no TPR é apresentada na Tabela B-2. O número de mols de CO (n CO) foi calculado de acordo com a Equação B-3. O valor de nCO apresentado na Tabela B-2 foi descontado da fração de fragmentação do CO2 a CO, determinada experimentalmente em 14,14%. A constante 44,64286 equivale ao volume de gás (N2) injetado no espectrômetro de massas para obtenção da variável ACO correspondente a 1mL. A conversão de área de N2 para área de CO se dá pela equação ACO=AN 2/0,9376, onde o fator de sensibilidade 0,9376 é função dos gases envolvidos, considerando como gás de arraste a mistur a 5% CO/He. nCO = onde: ACO exp .44 ,64286 .0,8586 ACO.m cat.Cr.10 nCO: número de mols de CO (µmolsCO/mgCr) ACOexp: área integrada sob o pico (u.a.) ACO: área de CO equivalente à área de N2 (u.a.) mcat: massa de catalisador (g) Cr: teor de cromo no catalisadores (%) Equação B-3 - Equação para o cálculo do consumo de H2 no TPR 157 _________________________________________________________________________________Apêndice B Tabela B-2 - Cálculo do número de moles de CO consumidos no TPR Amostra Área N2 Área CO a Área CO exp .10-9 (u.a.) .10-9 (u.a.) massa n CO .10-9(u.a.) (g) (µmolsCO2/mgCr) 1CrA 24,49 26,12 105,71 0,4930 41,41 1CrB 3,64 3,88 2,93 0,4219 9,17 1CrC 9,91 10,57 20,92 0,4540 26,11 1CrD 13,62 14,53 58,15 0,5028 38,14 MFCrO3 3,48 3,71 13,84 0,2316 34,38 a : ACO=AN2/0,9376 Com os valores de consumo de CO foi possível avaliar a porcentagem de redução de Cr6+ nos catalisadores calcinados que sofreram redução com CO. A porcentagem de Cr6+ presente foi obtida pelo resultado de redução com H2, Tabela B-1. Os resultados são apresentados na Tabela B-3, e mostraram que praticamente todo o Cr 6+ presente é reduzido a Cr 2+ por CO. Tabela B-3 - Porcentagem de redução Cr6+ a Cr2+ n CO experimental Cr6+ (µmolsCO2/mgCr) b 1CrA Amostra n CO teórico % redução (%) (µmolsCO2/mgCr) Cr6+ a Cr2+ 41,41 100 38,46 100 1CrB 9,17 24 9,31 99 1CrC 26,11 75 28,96 91 1CrD 38,14 100 38,46 99 MFCrO3 34,38 100 38,46 89 158 _________________________________________________________________________________Apêndice C C APÊNDICE C CÁLCULO DA DISTRIBUIÇÃO DE ESPÉCIES Cr2+ POR INFRAVERMELHO (DRIFTS) Na Tabela C-1 são apresentados os valores de área integrada sob as bandas a 3745, 3725 e 3600 cm-1, referentes às hidroxilas isoladas, e interações Cr 2+B-OH e Cr 2+C-OH, respectivamente, nos espectros de DRIFTS das amostras reduzidas com CO a 623K, na região de 4000-2500 cm-1. Assim, obtém-se a razão Cr 2+C/Cr2+B, considerando que os coeficientes de extinção das bandas a 3725 e 3600 cm-1 são iguais. Tabela C-1 - Determinação das áreas integradas das bandas de DRIFTS na região de hidroxilas OH isoladas Cr2+B-OH Cr 2+C-OH (u.a.) (u.a.) (u.a.) 1CrA 0,0922 1,0920 23,7513 21,7 1CrB 0,3901 0,3769 35,2852 93,6 1CrC 0,9250 2,6624 287,2426 107,9 1CrD 2,2108 1,9871 150,4225 75,7 MFCrO3 0,9229 2,0621 320,7981 155,6 Amostra Cr2+C/Cr2+B A Tabela C-2 apresenta os resultados de adsorção de CO e de átomos de cromo da análise de quimissorção estática de CO. Considerando a estequiometria Cr:CO de 1:1 e a porcentagem de Cr6+ das amostras, obtido por TPR de H2, foi possível calcular a porcentagem de espécies Cr 2+A+Cr2+B. Amostra Cr Tabela C-2 - Resultados de quimissorção estática de CO Massa amostra. átomos de Cr Cr6+ inicial1 Adsorção CO (Cr2+A+Cr2+B)2 (%) (g) . 10-19 (%) .10-18 (moléculas) (%) 1CrA 0,76 0,4369 3,84 100 4,31 11,2 1CrB 0,75 0,5031 4,37 24 1,01 9,6 1CrC 0,64 0,5099 3,78 75 1,22 4,3 1CrD 0,80 0,5000 4,63 100 7,05 15,2 MFCrO3 3,00 0,5228 18,16 100 3,07 1,7 1 2 por análise de TPR de H 2 considerando estequiometria de adsorção Cr:CO 1:1 159 _________________________________________________________________________________Apêndice C Assim, considerando que todo o Cr6+ presente nas amostras é reduzido a Cr2+ por CO e, considerando a soma Cr 2+A+Cr2+B+Cr2+C=1, foi obtida a distribuição das espécies presentes nas amostras reduzidas, de acordo com a Tabela C-3. Tabela C-3 - Distribuição das espécies de cromo nos catalisadores reduzidos com CO Cr2+ (%) Catalisador Cr3+ total A B C Cr A+CrB (%) 1CrA 100 7,1 4,1 88,8 11,2 0 1CrB 24 2,1 0,2 21,7 2,3 76 1CrC 75 2,5 0,7 71,8 3,2 25 1CrD 100 14,1 1,1 84,8 15,2 0 MFCrO3 100 1,1 0,6 98,3 1,7 0 Para respaldar esta metodologia de cálculo, que leva em conta resultados das análises de quimissorção estática de CO (espécies Cr2+A e Cr2+B) e DRIFTS (espécies Cr 2+B e Cr2+C) das amostras reduzidas, este procedimento foi aplicado aos dados anteriores obtidos com o catalisador 1Cr/Ac, apresentados no exame de qualificação e na referência 57. A distribuição de espécies Cr2+ assim obtida foi comparada com a distribuição reportada na referência, determinada utilizando apenas dados da análise de espectroscopia de infravermelho (FTIR) do catalisador reduzido, na região de hidroxilas (4000-2500 cm-1, Cr2+B e Cr2+C), e após adsorção de CO, na região de 2150-2200 cm-1 (Cr2+A e Cr2+B). As Tabela C-4 e Tabela C-5 apresentam os procedimentos de cálculo aplicados a este catalisador. Tabela C-4 - Determinação das áreas integradas das bandas de FTIR na região de hidroxilas do catalisador 1Cr/Ac Amostra 1Cr/Ac OH isoladas Cr2+B-OH Cr2+C-OH Cr2+C/Cr2+B (u.a.) (u.a.) (u.a.) 0,4711 1,0765 3,8408 3,6 Tabela C-5 - Resultados de quimissorção estática de CO do catalisador 1Cr/Ac Amostra 1Cr/Ac Cr Massa amostra. átomos de Cr Cr6+ inicial Adsorção CO (Cr2+A+Cr2+B) (%) (g) . 10-19 (%) .10-18 (moléculas) (%) 0,86 0,5001 4,98 100 16,54 33,2 160 _________________________________________________________________________________Apêndice C A Tabela C-6 apresenta os resultados da distribuição das espécies de Cr2+ no catalisador 1Cr/Ac pelos dois métodos. Observou-se uma variação de apenas 9% na soma das espécies Cr 2+A+Cr2+B (33,2 para 30,5%), respaldando a metodologia empregada na tese. A pequena variação na porcentagem de Cr2+A, compensada pela porcentagem de Cr2+C também pode ser devida à conversão da espécie Cr2+A em Cr2+C, na espectroscopia de infravermelho, em função da temperatura mais alta de remoção de CO após a redução (773 K). No procedimento de quimissorção de CO esta temperatura foi de 623 K. Como o procedimento (1) leva em conta dados de quimissorção e infravermelho, resultou em maior porcentagem de espécies Cr2+A. Tabela C-6 - Distribuição das espécies de cromo nos catalisadores reduzidos com CO Cr2+ (%) Catalisador Cr3+ total A B C Cr A+CrB (%) 1Cr/Ac (1) 100 14,5 18,7 66,8 33,2 0 1Cr/Ac (2) 100 11,0 19,5 69,5 30,5 0 (1) procedimento desta tese (Quimissorção de CO por volumetria + FTIR) (2) procedimento da ref. 57 (FTIR) 161 ______________________________________________________ ___________________________Apêndice D D APÊNDICE D TÉCNICAS DE CARACTERIZAÇÃO DE POLÍMEROS A caracterização de polímeros, em geral, pode ser dividida entre a caracterização de peso molecular e de estrutura de cadeia [100]. Dentre os métodos usados para a determinação do peso molecular podem ser citados: - Osmometria de membrana: soluções poliméricas exibem pressão osmótica devido à diferença entre os potenciais químicos do solvente puro e da solução. Com isso ocorre um fluxo de solvente no sentido da solução, que termina quando o equilíbrio é atingido e a atividade do solvente é a mesma nos dois lados da membrana. Dois compartimentos do osmômetro são separados por uma membrana semi-permeável pela qual somente as moléculas do solvente conseguem ultrapassar. No equilíbrio termodinâmico, aparece uma diferença de nível entre os dois lados. Como característica experimental, a membrana deve ser resistente ao solvente empregado. O método permite determinar pesos moleculares na faixa de 104 a 106. Valores de PM baixo reduzem a seletividade da membrana ao polímero e valores de PM alto reduzem a diferença de nível entre os dois lados (poucas moléculas de polímero em solução). - Viscosimetria: quando um polímero é dissolvido em um líquido, a interação dos dois componentes estimula um aumento nas dimensões do polímero além daquela no estado não-solvatado. A razão entre o tempo de escoamento de uma solução polimérica, t, e o tempo de escoamento do solvente puro, 0t, é igual à razão de suas viscosidades (η/η0), se as densidades são iguais (aproximação razoável para soluções diluídas), proporcionando uma medida de viscosidade relativa (ηr). Para um dado sistema polímero/solvente, a uma temperatura específica, η pode ser relacionado com o peso molecular, PM, através da equação de MarkHowvink (Equação D-1). Os parâmetros K e a podem ser determinados por calibração com frações de polímero de pesos moleculares conhecidos. ç = K.PM a Equação D-1 - Equação de Mark-Howvink para viscosimetria de polímero/solvente 162 ______________________________________________________ ___________________________Apêndice D - Cromatografia de permeação em gel (GPC): o GPC permite determinar a distribuição de pesos moleculares (DPM) ou índice de polidispersão (IP). A amostra de polímero é dissolvida em um solvente e a solução formada é injetada em um sistema de colunas pelo qual passa o solvente a um fluxo constante. O material de recheio das colunas normalmente é um gel de poliestireno reticulado. O fracionamento por peso molecular ocorre com base nas diferenças de volume que as diversas espécies que compõem a amostra ocupam em solução. As moléculas maiores saem do sistema antes das menores, já que não percolam pelos poros menores. Então, o processo de separação é uma função da dependência entre o volume de retenção (ou eluição), VR, e o peso molecular, PM. Muitas das propriedades de polímeros são conseqüência dos comprimentos longos da cadeia, refletidos nos pesos moleculares elevados dessas substâncias. As propriedades influenciadas pelo peso molecular são: solubilidade, elasticidade, capacidade de formação de fibras, resistência à ruptura e resistência ao impacto. Algumas dessas propriedades influenciam a processabilidade do polímero. Por outro lado, a caracterização da estrutura, como cristalinidade e existência de ramificações na cadeia principal, pode ser obtida através das seguintes técnicas principais: - Espectroscopia de infravermelho (IV): esta técnica é uma das mais empregadas na caracterização estrutural do polietileno. Permite o acompanhamento do crescimento da cadeia polimérica durante a reação. O espectro de absorção no infravermelho do polietileno apresenta um número de bandas de absorção associadas aos grupos -CH2 e -CH3 da molécula, Tabela VI-2. Permite também a avaliação da cristalinidade do polietileno, embora outras técnicas sejam mais consagradas para esse fim. Neste caso, a relação entre as bandas a 720 cm-1 (cristalino) e 730 cm-1 (amorfo), Figura D-1, indica o grau de cristalinidade do polímero [101]. - Difração de raio-X (DRX): este método se baseia no fato de que os comprimentos de onda dos raios-X serem comparáveis às distâncias interatômicas dos cristais e, desse modo é possível haver interações e conseqüentemente, efeitos de interferência. Quando a estrutura é ordenada, conseqüentemente, efeitos de interferência. Quando a estrutura é ordenada, possuindo 163 ______________________________________________________ ___________________________Apêndice D Figura D-1 – Espectro de infravermelho do polietileno [101] possuindo certa regularidade, as interferências são acentuadas, permitindo distinguir essas estruturas das desordenadas ou amorfas. Assim, é possível determinar o grau de cristalinidade do polímero calculando as áreas referentes aos planos cristalinos (110) e (200) e da região amorfa, de acordo com a Figura D-2 [101]. Figura D-2 – Espectro de DRX de Polietileno [101] 164 ______________________________________________________ ___________________________Apêndice D - Ressonância magnética nuclear (RMN): o polietileno tem três formas polimórficas. A mais comum é a ortorômbica, termodinamicamente estável. As formas monoclínica e triclínica podem ser obtidas sob condições específicas de processo. Além disso, domínios amorfos e interfaces cristalino-amorfo também podem ser observadas. O RMN de 13 C no estado sólido tem sido usado para investigar a estrutura do polietileno. Um espectro de RMN 13 C com polarização cruzada e rotação no ângulo mágico (CP/MAS) consiste tipicamente de um pico a 33,1 ppm devido a cadeias poliméricas de estrutura cristalina ortorômbica. Também se observa um pico largo a 31 ppm devido a domínios não-cristalinos, onde a cadeia polimérica se apresenta mais flexível. Os resultados de análises de RMN representam vantagens em relação a outras técnicas: é não-destrutiva, envolve picos bem definidos e resolvidos e é mais quantitativo que a difração de raios-X, a qual é muito dependente do tamanho e perfeição dos cristais e não detecta domínios menores que 50 Å. No entanto, a determinação quantitativa da cristalinidade do polietileno por RMN envolve tempos longos de análise em função do tempo de relaxação dos domínios cristalinos. O polietileno produzido com catalisador tipo Phillips tem estrutura praticamente linear, não apresentando ramificações de cadeias curtas em quantidade apreciável [100]. A densidade deste material varia de: 0,965 para polímeros com alto índice de fusão (baixo peso molecular); 0,960 para polímeros com índice de fusão (IF) na faixa de 0,30,5 e 0,94 para polímeros de peso molecular ultra alto. Moléculas muito longas formam grandes emaranhados que impedem a cristalização completa. Polímeros com distribuição de peso molecular (DPM) larga tendem a ter densidade ligeiramente maior que polímeros com baixa DPM, devido a que as moléculas mais curtas podem se alinhar com segmentos de moléculas longas para aumentar a cristalização. A distribuição de peso molecular do polietileno de alta densidade do catalisador Phillips é geralmente larga, mas pode ser aumentada ou diminuída por modificações no catalisador ou no processo. Razões típicas de peso molecular médio / numérico médio (Mw/MN) – polidispersão – variam de 3, para resinas com DPM estreito, a 20 para resinas com DPM largo. 165 _________________________________________________________________________________Apêndice E E APÊNDICE E ANÁLISES DE POLIMERIZAÇÃO A Tabela E-1 apresenta os parâmetros empregados na reação de polimerização de etileno no reator Büchi (OPP Química S.A.). Neste sistema a reação foi conduzida a 353 K e 22 bar de pressão total. As polimerizações foram feitas em duplicata e os resultados representam a média dos valores, com variação experimental de 10%. Na Tabela E-2 são apresentados os parâmetros para a polimerização no reator Parr (Núcleo de Catálise). Neste caso a reação foi conduzida a 353 K e 12 bar de pressão total. A variação experimental da atividade foi de 3%. Na determinação da razão molar TEA/Cr foram utilizados os seguintes dados do trietilalumínio: densidade = 0,835 g/ml e peso molecular = 114 g/gmol. Em ambos os reatores, a razão TEA/Cr foi otimizada para maximizar a atividade na polimerização. Cat. 1CrA massa teor Tabela E-1 – Resultados de polimerização no reator Büchi conc. vol. TEA TEA/Cr massa atividade pol. (g) (gPE/gcat) (kgPE/gCr) (kgPE/gCr2+) cat. (g) Cr(%) TEA (%) (mL) molar 0,1098 12,5 0,10 5,7 267,31 2430 320 320 13,0 0,18 12,0 195,43 2006 264 264 0,76 0,0974 1CrB 0,1153 0,75 12,0 0,10 5,3 26,25 225 30 125 1CrC 0,1377 0,64 12,0 0,10 5,2 100,66 730 114 152 1CrD 0,0889 0,80 11,2 0,10 6,0 266,90 3007 376 376 11,6 0,05 3,0 8,71 95 12 12 0,0913 Amostra Tabela E-2 - Resultados de polimerização no reator Parr massa teor vol. TEA TEA/Cr massa cat. (g) Cr (%) a 15% (mL) atividade molar pol. (g) (gPE/gcat) (gPE/gCr) 1CrD 0,082 0,8 1,0 87 1,2797 15,6 1951 1CrCS 0,112 1,5 2,5 85 0,1563 1,4 93 1CrES 0,080 2,1 2,5 85 1,8054 22,6 1075 MFCr2O3 0,085 3,0 3,0 92 0,2772 3,3 110 MFCrO3 0,081 3,0 3,5 82 1,8698 23,1 770 MFCr2O3 (1) 0,082 3,0 3,0 95 0,3238 3,9 130 (1) Amostra sem redução prévia com CO 166 __________________________________________________________________________________Apêndice F F APÊNDICE F PUBLICAÇÕES Durante o período de tese, entre março de 1998 e fevereiro de 2002, foram publicados artigos em periódicos internacionais e nos congressos Simpósio Iberoamericano de Catálise e Congresso Brasileiro de Catálise, segundo a relação a seguir. Publicações em periódicos internacionais: (1) Journal of Molecular Catalysis "Characterization of Cr2+ and ethylene polymerization on Cr/SiO2 catalysts", Gaspar, A B., Martins, R. L., Schmal, M. e Dieguez, L. C., 2001 (8 páginas). (2) Applied Catalysis (aceito, em fase de publicação) "The influence of Cr precursors in the ethylene polymerization on Cr/SiO2 catalysts", Gaspar, A. B. e Dieguez, L. C. (14 páginas). Publicação no Simpósio Ibero-americano de Catálise: (3) "Efeito das condições de preparo na formação de sítios ativos para polimerização de etileno em Cr/SiO2", Gaspar, A.,Schmal, M., Silveira, L. S., Forte, M. M. C. e Dieguez, L. C., Actas del XVI Simpósio Iberoamericano de Catálysis, Cartagena, Colômbia, 1998 (6 páginas). Publicação no Congresso Brasileiro de Catálise: (4) "Preparação e caracterização de catalisadores Cr/SiO2 para polimerização de etileno", Gaspar, A. B. e Dieguez, L. C.. Anais do XI Congresso Brasileiro de Catálise, Bento Gonçalves, RS, 2001 (6 páginas). 167 __________________________________________________________________________________Apêndice F 168 __________________________________________________________________________________Apêndice F 169 __________________________________________________________________________________Apêndice F 170 __________________________________________________________________________________Apêndice F 171 __________________________________________________________________________________Apêndice F 172 __________________________________________________________________________________Apêndice F 173 __________________________________________________________________________________Apêndice F 174 __________________________________________________________________________________Apêndice F 175 __________________________________________________________________________________Apêndice F 176 __________________________________________________________________________________Apêndice F 177 __________________________________________________________________________________Apêndice F 178 __________________________________________________________________________________Apêndice F 179 __________________________________________________________________________________Apêndice F 180 __________________________________________________________________________________Apêndice F 181 __________________________________________________________________________________Apêndice F 182 __________________________________________________________________________________Apêndice F 183 __________________________________________________________________________________Apêndice F 184 __________________________________________________________________________________Apêndice F 185 __________________________________________________________________________________Apêndice F 186 __________________________________________________________________________________Apêndice F 187 __________________________________________________________________________________Apêndice F 188 __________________________________________________________________________________Apêndice F 189 __________________________________________________________________________________Apêndice F EFEITO DAS CONDIÇÕES DE PREPARO NA FORMAÇÃO DE SÍTIOS ATIVOS PARA POLIMERIZAÇÃO DE ETILENO EM Cr/SiO2 Alexandre B. Gaspar1, Martin Schmal1, Leandro dos S. Silveira2, Maria Madalena de C. Forte2 e Lídia C. Dieguez1* 1 NUCAT-PEQ/COPPE/Universidade Federal do Rio de Janeiro Caixa Postal 68502, CEP 21945-970, Rio de Janeiro, Brasil - FAX (55-215907135) 2 OPP Petroquímica S.A./ III Pólo Petroquímico CEP 95853-000, Triunfo, Brasil - FAX (55-514571073) * e-mail: [email protected] RESUMO Catalisadores Cr/SiO2 foram preparados por impregnação com acetato de cromo ou bis (trifenilsilil) cromato e calcinados em mufla ou num calcinador sob fluxo de ar. A quimissorção de CO foi usada para estimar a atividade dos catalisadores para a polimerização de etileno pela identificação dos sítios ativos Cr2+. Antes da quimissorção as amostras foram secas sob vácuo ou fluxo de gás inerte. A influência da preparação e do pré-tratamento na quantidade dos sítios Cr2+ foi estudada. Os catalisadores calcinados sob corrente de ar e secos sob fluxo apresentaram maior quimissorção de CO, sugerindo a melhor atividade para a polimerização. A eficiente eliminação do vapor d’água residual tem importante papel nos resultados obtidos. 1. INTRODUÇÃO Os catalisadores Cr/SiO2 são utilizados na polimerização de etileno produzindo o Polietileno de Alta Densidade. Características como o teor de cromo, sal precursor utilizado na preparação e condições de calcinação influenciam o estado de oxidação do metal no precursor calcinado obtido. Apesar das pesquisas realizadas neste sistema, em função do seu interesse comercial, sua caracterização ainda apresenta alguns pontos de discussão. Assim, parâmetros como o mecanismo de fixação do metal no suporte [1], o estado de oxidação do cromo que resulta na melhor performance na reação [2] e o mecanismo da polimerização [3, 4] vem sendo estudados. Estudos recentes sugerem que a espécie ativa de cromo na polimerização de etileno seja o Cr 2+. Assim, a identificação e quantificação destas espécies no sistema Cr/SiO2 empregado na polimerização de etileno é o tópico mais importante para a caracterização destes materiais. A caracterização dos sítios Cr2+ deve levar em conta sua instabilidade na presença de oxigênio ou umidade do ar. Técnicas como a espectroscopia de infra-vermelho de CO quimissorvido (FTIR) [5], espectroscopia de reflectância difusa (DRS) [6], espectroscopia fotoeletrônica de raios-X (XPS) [7] e espectroscopia RAMAN [8] tem sido usadas para a caracterização de catalisadores Cr/SiO 2 por permitirem que a amostra seja mantida isolada do ar ou que a mesma possa ser reduzida in situ. Nosso grupo de pesquisa tem desenvolvido, de 190 __________________________________________________________________________________Apêndice F maneira bastante satisfatória, um método de análise de adsorção química de monóxido de carbono, permitindo a quantificação das espécies Cr2+, sítio ativo na polimerização. Alguns autores [5, 9, 10] detectaram por infra-vermelho a presença de três espécies de Cr 2+ em função do tipo de coordenação do cromo com as hidroxilas superficiais da sílica: Cr A2+, CrB2+ e CrC2+. Sugerem que a espécie Cr A2+ é a responsável pela polimerização de etileno, e apenas as duas primeiras quimissorvem CO. Assim, a quimissorção de CO permite obter uma estimativa da atividade do catalisador de acordo com a quantidade de moléculas de CO adsorvidas. Apresenta como vantagens em relação à espectroscopia de infra-vermelho, maior rapidez no procedimento de análise e facilidade na interpretação do resultado final. Assim, neste trabalho se pretende investigar a influência de parâmetros de preparo e prétratamento na formação de espécies Cr2+. Também será feita a caracterização das espécies de cromo nos catalisadores após calcinação por espectroscopia de reflectância difusa (DRS) e redução à temperatura programada (TPR). 2. PARTE EXPERIMENTAL Os catalisadores Cr/SiO2 foram preparados por impregnação de solução de acetato de cromo (Aldrich, 99,9%) ou bis (trifenilsilil) cromato numa sílica comercial em rota-vapor. O suporte foi previamente calcinado em mufla a 773K por 1 hora (299m2/g e 1,65cm3/g). O bis (trifenilsilil) cromato (BTC) foi sintetizado em laboratório [11] e purificado por recristalização com n-hexano. Após a impregnação os catalisadores foram secos a 353K à vácuo e calcinados a 773K em mufla ou em calcinador (tubo de vidro pirex em forma de “U” com placa porosa) sob fluxo de ar comprimido (30ml/min) por 1 hora. Análises de TPR foram realizadas num equipamento com detetor de condutividade térmica, com secagem sob fluxo de argônio até 473K e redução até 1023K (10K/min) com mistura 1,65% H2 em argônio. Também foram realizadas após a calcinação, análises de DRS, num equipamento Varian Cary 5, na faixa de 200 a 800nm, utilizando o próprio suporte como referência. Padrões de CrO 3 e Cr2O3 (Aldrich) também foram submetidos a essa análise. As análises de quimissorção de CO foram realizadas num equipamento ASAP 2000-C da Micromeritcs, sendo precedidas por secagem in situ a 773K com vácuo ou fluxo de hélio (30ml/min) por 30 min. Em seguida foi feita a redução das amostras a 623K com CO de modo estático por 1 hora. Após a redução, o CO residual foi eliminado submetendo as amostras a vácuo a 773K por 30 min. Finalmente foi realizada a quimissorção de CO a 298K pelo método estático. Os result ados obtidos representam a diferença entre as isotermas total e reversível. Cerca de 0,5g de amostra foi utilizada em cada experimento. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO A Tabela 1 apresenta os símbolos e teores dos catalisadores preparados e os resultados de TPR. Os catalisadores 0,5CrB e 1CrA apresentaram cor amarela e, os catalisadores 2CrA cor amarelo escura, independente da forma de calcinação. O controle de pureza do sal BTC foi feito por determinação do ponto de fusão (303-308K) e análise de infra-vermelho. As análises de TPR e DRS foram realizadas para observar a influência da forma de calcinação nas espécies de cromo presentes e sua redutibilidade. Nas condições utilizadas de TPR, a espécie Cr3+ é o menor estado de oxidação possível, correspondendo a um consumo de H2 máximo (Cr6+ → Cr3+) de 30µmoles H2/mgCr [1]. A Tabela 1 apresenta os resultados de TPR. Observa-se que os catalisadores à base de acetato de cromo apresentaram consumo de 191 __________________________________________________________________________________Apêndice F H2 correspondente à presença de Cr 6+ após a calcinação em mufla ou calcinador e independente do teor de cromo. O catalisador 0,5CrB apresentou, nas duas formas de calcinação, um consumo de H2 menor, sugerindo a presença de uma fração de Cr 3+, embora com predomínio de Cr6+. Tabela 1 – Catalisadores Cr/SiO2 preparados e resultados da análise de TPR Catalisador Sal precursor Calcinação Teor de Cr Consumo de H2 (%) (µmolH2/mgCr) 1CrA Acetato 0,86 30,1 2CrA Acetato Mufla 2,00 27,6 0,5CrB Bis (trifenilsilil) cromato 0,48 21,7 1CrAc Acetato 0,85 2CrAc Acetato Calcinador 3,02 26,3 0,5CrBc Bis (trifenilsilil) cromato 0,56 22,0 Tmáx (K) 756 746 (636) 731 (753) 769 649 (743) 752 2 Consumo de H (U.A.) Na Figura 1 são apresentados os perfis de TPR das amostras Cr/SiO2 enquanto na Tabela 1 são reportadas as temperaturas correspondentes ao consumo máximo de H2 (Tmáx). Nos catalisadores 1CrA e 1CrAc ocorre um pico único a 756 e 769K, respectivamente, associado à redução de Cr6+ a Cr 3+. No catalisador 2CrA, calcinado em mufla, verifica-se consumo máximo de H2 a 1CrA 746K, com um ombro a 636K. Na amostra 2CrAc, calcinada em calcinador, o consumo 1CrAc máximo ocorre a 649K e um pico menor, a 743K, também é observado. Assim, estes catalisadores apresentam sítios de Cr6+ com 2CrA redutibilidade distinta a Cr3+ em função da forma de calcinação. Vuurman et al. [8] reportaram que o teor de cromo necessário 2CrAc para a monocamada completa em SiO2 é de 1,5% Cr. Deste modo, nas amostras 2CrA e 0,5CrB 2CrAc as diferentes redutibilidades podem ser devido a interações entre as partículas maiores de Cr6+ ou entre estas partículas e as 0,5CrBc hidroxilas superficiais do suporte, influenciadas pela forma de calcinação. 300 400 500 600 700 800 900 1000 No catalisador 0,5CrB verificou-se Temperatura (K) redução máxima a 731K com um ombro a Figura 1 – Perfis de TPR dos 753K. Este deslocamento do pico principal catalisadores Cr/SiO2 de redução pode ser decorrente da decomposição incompleta do sal precursor na calcinação em mufla, alterando a redutibilidade do Cr6+. No catalisador 0,5CrBc nota-se apenas um pico de redução, de Cr6+ a Cr3+. Os resultados das análises de DRS dos catalisadores e padrões de CrO3 e Cr2O3 192 __________________________________________________________________________________Apêndice F Cr O 2 CrO aparecem na Figura 2. Os catalisadores 1CrA, 1CrAc, 2CrA e 2CrAc apresentaram espectros com bandas em posições características de CrO3, a 278 e 363nm. Os catalisadores 0,5CrB e 0,5CrBc apresentaram espectros que sugerem a presença de espécies Cr 6+ e Cr3+. No catalisador 0,5CrBc a banda a 363nm apresenta intensidade menor do que a banda a 278nm, enquanto no catalisador 0,5CrB apresenta-se como um ombro. Nas duas amostras observa-se um ombro na região de 400nm verificada por deconvolução, reportada num trabalho anterior [1] como sendo característica de K2CrO4. Isto sugere a presença de resíduos do sal precursor de cromato nas amostras. Os resultados de DRS e TPR apresentam concordância. Apontam para a presença de Cr 6+ nos catalisadores à base de acetato de cromo e Cr3+ e Cr6+ nos catalisadores à base de bis (trifenilsilil) cromato. A forma de calcinação não teve 3 3 F(R) 1CrA 1CrAc 2CrA 2CrAc 0,5CrB 0,5CrBc 200 300 400 500 λ (nm) 600 700 800 Figura 2 – Espectros de DRS dos catalisadores e dos padrões de Cr2O3 e CrO3 influência significativa na distribuição das espécies de cromo nas amostras analisadas. A Tabela 2 apresenta os resultados de análises de quimissorção de CO nos catalisadores calcinados em mufla, após secagem à vácuo ou com fluxo de hélio. Após secagem à vácuo, as amostras apresentaram valores semelhantes de quimissorção. Em todas as amostras verificam-se valores de quimissorção bem maiores após a secagem com fluxo de gás inerte. catalisador Tabela 2 – Quimissorção de CO em catalisadores calcinados em mufla Quimissorção CO (µmoles/gCr) Catalisador Secagem Vácuo Fluxo 1CrA 487 2652 2CrA 527 982 0,5CrB 407 1165 O catalisador 1CrA apresentou o maior valor de quimissorção, após secagem sob fluxo, e também, a maior variação em relação ao método de secagem. Os catalisadores 2CrA e 0,5CrB mostraram valores de quimissorção próximos também após secagem com fluxo. Na Tabela 3 são apresentados os resultados de quimissorção de CO nos catalisadores calcinados em calcinador. Verifica-se que, neste caso, apenas a amostra 193 __________________________________________________________________________________Apêndice F 1CrAc apresentou aumento significativo da quimissorção de CO com a variação no tratamento de secagem. Os catalisadores 2CrAc e 0,5CrBc apresentaram aproximadamente o mesmo valor de quimissorção. Comparando as Tabelas 2 e 3, em relação à forma de calcinação, verifica-se um grande aumento na quimissorção dos catalisadores calcinados em calcinador em relação à mufla, chegando ao máximo para o catalisador 1CrAc. Tabela 3 - Quimissorção de CO em catalisadores calcinados em calcinador Quimissorção CO (µmoles/gCr) Catalisador Secagem Vácuo Fluxo 1CrAc 4491 6394 2CrAc 1962 2101 0,5CrBc 1980 1687 Os resultados observados permitem supor que o vapor d’água presente nas amostras tem uma importante influência na formação de espécies Cr2+. Kim e Woo [5] reportaram que apenas com a eliminação eficiente de vapor d’água, formada durante a redução de catalisadores Cr/SiO2 por TPR, era possível obter Cr2+. A redução era feita com H2 puro numa vazão de 50 ml/min. Em nossos laboratórios verificamos apenas a espécie Cr 3+ após redução com mistura 1,6% H2/argônio numa vazão de 30 ml/min. A análise dos resultados obtidos sugere que a secagem sob fluxo de gás inerte é mais eficiente na remoção da umidade do catalisador do que o tratamento sob vácuo. A presença de umidade durante a redução com CO, realizada em sistema fechado, pode reoxidar espécies formadas Cr2+ a um estado de oxidação mais elevado (Crx+). As equações 1 e 2 ilustram este mecanismo proposto. Assim, na quimissorção de CO menor quantidade de espécies Cr2+ é observada. Cr n+ + CO → Cr2+ + CO2 Cr 2+ + OH- → Crx+ + H2O (1) (2) Deste modo, o método de passagem de um fluxo de gás pela amostra mostrou-se sempre o mais eficiente na obtenção de sítios Cr2+ por redução com CO. Esse efeito foi verificado tanto na calcinação quanto na secagem in situ, com a eliminação de umidade e a decomposição do sal precursor. Dentre todas as amostras analisadas, o 1CrAc apresentou o maior valor de quimissorção sugerindo a maior atividade na polimerização de etileno pela quantidade de sítios Cr2+ presentes. Entretanto, deve-se levar em conta que este valor de quimissorção é relativo às espécies Cr2+A e Cr2+B, sendo que apenas a espécie Cr2+A é considerada ativa [5]. O uso da análise de quimissorção de CO tem sido sempre associada, na literatura, à técnica de espectroscopia de infra-vermelho [5, 9, 10]. O procedimento padrão adotado utiliza secagem a 623K sob vácuo seguida de redução com CO a 623K, vácuo a 623K e quimissorção de CO a 298K. Porém, verificamos com resultados anteriores de secagem a 423, 623K [1] e com este trabalho que a quantidade de CO quimissorvido aumenta com o aumento da temperatura de secagem até 773K, sem modificação na estrutura do material. 194 __________________________________________________________________________________Apêndice F 4. CONCLUSÃO Catalisadores Cr/SiO2 à base de acetato apresentaram predominância de Cr6+ após calcinação em mufla ou calcinador, enquanto os catalisadores à base de bis (trifenilsilil) cromato apresentaram frações de Cr3+ e Cr6+. Os métodos de calcinação e prétratamento de secagem antes da redução tem grande influência na formação de espécies Cr 2+, ativas na polimerização de etileno. A calcinação e secagem sob fluxo de gás propiciam a decomposição do sal precursor e eliminação de umidade com maior eficiência em relação ao processo de calcinação em mufla e secagem à vácuo. No primeiro caso, foram observados os maiores valores de quimissorção de CO. O catalisador 1CrA mostrou-se o mais apto à polimerização de etileno. 5. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a Leila Maria Oliveira Coelho Merat e a Ricardo da Silva Aderne (NUCAT-PEQ/COPPE/UFRJ) pelas medidas de quimissorção e análises de DRS. 6. BIBLIOGRAFIA 1. Gaspar, A. B., Schmal, M., Silveira, L. S., Forte, M. M. C. e Dieguez, L. C., em “Anais do 90 Congresso Brasileiro de Catálise” Águas de Lindóia, Brasil, IBP, Vol. 1, p. 237 (1997). 2. McDaniel, M. P., Adv. Catal., 33, 47 (1985). 3. Zielinski, P. e Dalla Lana, I. G., J. Catal., 137, 368 (1992). 4. Kantcheva, M., Dalla Lana, I. G. e Szymura, J. A., J. Catal., 154, 329 (1995). 5. Kim, C. S. e Woo, S. I., J. Mol. Catal., 73, 249 (1992). 6. Weckhuysen, B. M., De Ridder, L. M. e Schoonheydt, R. A., J. Phys. Chem., 97, 4756 (1993). 7. Mikolaichuk, V., Stoch, J., Babich, I., Isarov, A., Plyuto, Y. e Chuiko, A., Surf. and Interf. Anal., 20, 99 (1993). 8. Vuurman, M. A., Wachs, I. E., Stufkens, D. J. e Oskam, A., J. Mol. Catal., 80, 209 (1993). 9. Zecchina, A., Spoto, G., Ghiotti, G. e Garrone, E., J. Mol. Catal., 86, 423 (1994). 10. Garrone, E., Ghiotti, G. e Zecchina, A., Olefin Metathesis and Polymerization Catalysts, (Y. Imamoglu Ed.), Kluwer Academic Publishers, 393 (1990). 11. Carrick, W. L., Turbett, R. J., Karol, F. J., Karapinka, G. L., Fox, A. S. e Johnson, R. N., J. Pol. Sci. A-1, 10, 2609 (1972). 195 __________________________________________________________________________________Apêndice F Preparação e Caracterização para Polimerização de Etileno de Catalisadores Cr/SiO 2 Alexandre B. Gaspar e Lídia C. Dieguez Núcleo de Catálise, Programa de Engenharia Química, COPPE/UFRJ, Caixa Postal 68502, CEP 21945-970, Rio de Janeiro/RJ, Brasil, e-mail: [email protected], FAX: (55-21-5628300) Resumo -Abstract Catalisadores Cr/SiO2 calcinados apresentaram distintas frações de espécies Cr6+ e Cr3+ em função do sal precursor orgânico ou inorgânico empregado na preparação. Nos catalisadores com presença de Cr3+ o perfil de redução das espécies de Cr6+ com H2 foi modificado, resultando em espécies de Cr6+ com distintas interações Cr-SiO2 . Após redução com CO, foi possível avaliar os sítios de Cr2+ , ativos na polimerização de etileno, por quimissorção de CO. A quantidade de sítios Cr2+ e a atividade na polimerização de etileno são correspondentes à fração de Cr 6+ observada. Não foi verificada alteração na cristalinidade do polietileno formado em função das distintas atividades dos catalisadores. Cr/SiO2 catalysts presented different fractions of Cr6+ and Cr3+ species after calcination in function of the organic or inorganic precursor salt used in the preparation. In the catalysts with presence of Cr3+ the reduction profile of the Cr6+ species with H2 was modified, resulting Cr6+ species with different Cr-SiO2 interactions. After reduction with CO, it was possible to evaluate the fraction of Cr2+ , active site in the ethylene polymerization, by CO chemisorption. The amount of Cr2+ sites and the activity in the ethylene polymerization are corresponding to the observed fraction of Cr6+ . The polyethylene crystallinity was not influenced by the different catalysts activities. Introdução Catalisadores de cromo suportado em sílica são empregados industrialmente na polimerização de etileno, resultando em polietileno de alta densidade (PEAD) com larga distribuição de peso molecular [1]. Esta característica difere o sistema Cr/SiO2 de outros, como catalisadores Ziegler-Natta e metalocenos. Apesar de vários estudos na literatura [2, 3, 4], alguns parâmetros que caracterizam os catalisadores Cr/SiO2 permanecem em discussão, como o estado de oxidação do cromo ativo na polimerização, o mecanismo da reação e qual a estrutura molecular do catalisador [5]. A característica distinta do polietileno formado e a discussão sobre parâmetros importantes de caracterização mantém o interesse pela pesquisa dos catalisadores Cr/SiO2 . Vários autores sugerem que catalisadores Cr/SiO2 , com teor em torno de 1% Cr, preparados com sais orgânicos ou inorgânicos, após calcinação, resultam unicamente em Cr6+ na superfície do suporte [6, 7, 8]. Esse Cr6+ pode ser totalmente reduzido com monóxido de carbono, gerando o sítio ativo na polimerização, Cr2+ [9] Os objetivos desse trabalho são a caracterização de catalisadores Cr/SiO2 preparados com diferentes sais precursores orgânicos e inorgânicos e seu emprego na polimerização de etileno. A atividade na polimerização foi correlacionada com a quantidade de sítios Cr2+ presentes. Os polímeros formados foram caracterizados quanto ao grau de cristalinidade. Experimental Os catalisadores foram preparados por impregnação de soluções aquosas de acetato de cromo (II), cloreto de cromo (II) ou óxido de cromo (VI) em SiO2 comercial (299m2 /g, 1,65cm3 /g). Outro sal orgânico, bis(trifenilsilil)cromato, foi preparado, segundo a metodologia de Granchelli e Walker [10], e caracterizado por análise de difração de raio-X. A preparação com este sal foi feito em meio de hexano. Os catalisadores foram secos em estufa a 393K por 18 horas e calcinados a 773K por 1 hora sob fluxo de ar comprimido, resultando teores próximos a 1% Cr. As amostras foram caracterizadas por espectroscopias de absorção atômica e refletância difusa (DRS), redução à temperatura programada (TPR) de H2 , com mistura 1,6% H2 /Ar até 1023K, e TPR de CO com mistura 5,0% CO/He até 623K e isotérmico a partir dessa temperatura por 1h. As reduções com H2 e CO foram Anais do 11o Congresso Brasileiro de Catálise e 1o Congresso de Catálise no Mercosul 196 __________________________________________________________________________________Apêndice F acompanhadas por detetor de condutividade térmica e espectrômetro de massas, respectivamente. Os sítios ativos de Cr2+ foram determinados por quimissorção de CO a 298K após redução com mistura 5,05% CO/He a 623K, seguindo metodologia desenvolvida neste laboratório [11]. A polimerização de etileno foi realizada num reator de aço Büchiglasuster de 2 l com agitação mecânica e banho termostático, mantendo a temperatura interna em 353K. Inicialmente eram adicionados 1 l de hexano purificado e seco, e trietil-alumínio (TEAL) em quantidade suficiente para eliminação de umidade residual do reator e da carga (razão molar TEAL/Cr=7,0). Em seguida, era feita a introdução de aproximadamente 0,1g de catalisador, pré-reduzido com CO a 623K e transferida para o reator em atmosfera inerte. Logo após, era admitido etileno até a pressão total de 22bar. Com 1h de reação, o polímero formado era retirado e, após eliminação do solvente, pesado para determinação da atividade. O grau de cristalinidade dos retirado polímeros obtidos foi avaliado por difração de raio-X, monitorando os picos da forma cristalina a 21,70 e 24,10 . As análises foram realizadas num equipamento Rigaku Miniflex (radiação CuKα, 30kV e 15mA). Os dados foram registrados com passo de 0.050 , 2s a cada passo. Resultados e Discussão Na Tabela I são apresentados os catalisadores preparados. O composto bis(trifenilsilil)cromato (BTC) foi caracterizado por análise de DRX, tendo sido constatadas sua pureza e cristalinidade, de acordo com os resultados de Stensland e Kierkegaard [12]. Análises termogravimétricas permitiram verificar que os catalisadores 1CrA e 1CrB, preparados com sais organometálicos, não apresentaram resíduos orgânicos após calcinação. Na Tabela I também são apresentados os resultados de análise química e de DRS para as amostras calcinadas. Os comprimentos de onda correspondentes aos máximos de intensidade foram obtidos por decomposição F(R) Tabela I. Resultados de análise química e DRS dos catalisadores e padrões Cat Sal precursor Cr (%) Comprimentos de onda (nm) Espécies 1CrA Acetato 0,76 280 354 1CrB BTC 0,75 273 346 426 598 CrO3,Cr2O3 1CrC Cloreto 0,64 278 353 432 605 CrO3, Cr2O3 1CrD CrO3 0,80 281 355 CrO3 CrO3 Padrão 3,00 278 363 CrO3 Cr2O3 Padrão 3,00 272 355 467 610 Cr2O3 CrO3 C r 2O 3 C r O3 200 300 400 500 600 700 800 λ (nm) Figura I – Espectros de DRS dos padrões de CrO3 e Cr2 O3 F(R) F (R) 1CrB 1CrA 1CrC 1CrD 200 300 400 500 λ (nm) 600 700 800 200 300 400 500 λ (nm) 600 700 800 Figura II – Espectros de DRS dos catalisadores calcinados Anais do 11o Congresso Brasileiro de Catálise e 1o Congresso de Catálise no Mercosul 197 __________________________________________________________________________________Apêndice F decomposição gaussiana dos espectros, exemplificados para os catalisadores 1CrB e 1CrC. As atribuições das espécies presentes foram baseadas nos espectros dos óxidos de cromo Cr2 O3 e CrO3 em mistura física com a sílica a 3% Cr, Figura I. Assim, observa-se nos catalisadores 1CrA e 1CrD o predomínio de CrO3 , enquanto nos catalisadores 1CrB e 1CrC foram observadas bandas referentes ao CrO3 e Cr2 O3 (Tabela I e Figura II). Comparando-se os espectros desses dois últimos catalisadores com os espectros dos padrões de CrO3 e Cr2 O3 , a amostra 1CrB parece apresentar maior fração de Cr2 O3 . Os resultados de redução com H2 são apresentados na Tabela II. Não foi observado consumo de H2 pelo Cr2 O3 padrão ou pelo suporte. A mistura física de CrO3 /SiO2 apresentou pico único de redução a 714K e consumo de 28,85µmolsH2 /mgCr, correspondente à reação 2 CrO 3 + 3 H2 → Cr2 O3 + 3 H2 O. Pelos resultados, os catalisadores 1CrA e 1CrD apresentaram consumo de H2 relativo à redução total de CrO3 a Cr2 O3 . Os valores ligeiramente maiores que o estequiométrico se devem à margem de erro experimental. Nos catalisadores 1CrB e 1CrC, o consumo de H2 foi menor que o estequiométrico, notadamente no 1CrB. Comparando os valores de consumo experimental e estequiométrico de H2 na redução e considerando redução completa do Cr6+ a Cr3+ nas condições de temperatura elevada do TPR com H2 , foi possível avaliar a fração de Cr6+ nos catalisadores calcinados. Assim, observou-se 100% de Cr6+ nas amostras 1CrA e 1CrD, enquanto nas amostras 1CrB e 1CrC foram verificados 24 e 75%, respectivamente. A Tabela II mostra ainda o cálculo do estado de oxidação médio do cromo (NOX) nos catalisadores calcinados, considerando a redução de CrO3 a Cr2 O3 . Assim, observou-se apenas CrO3 nos catalisadores 1CrA e 1CrD (NOX=6,0), predomínio de CrO3 no 1CrC (NOX=5,3) e predomínio de Cr2 O3 no 1CrB (NOX=3,7). Na Figura III são apresentados os perfis de redução no TPR com H2 para todas as amostras. Os catalisadores 1CrA e 1CrD apresentaram pico único de redução, semelhante à mistura física CrO 3 /SiO2 (3% Cr) embora em temperaturas maiores, em função da maior interação cromo-sílica nos catalisadores. As amostras 1CrB e 1CrC apresentaram perfis de redução mais complexos. O catalisador 1CrB apresentou consumo máximo de H2 a 780K, como os catalisadores 1CrA e 1CrD (Tabela II). Entretanto, também apresentou um ombro acentuado a 703K. O catalisador 1CrC apresentou redução em temperaturas mais baixas, com maior consumo de H2 a 671K e dois ombros a 644 e 720K. Essas diferentes temperaturas de redução podem ser devidas a espécies de Cr6+ com diferentes interações com o suporte. Segundo Ellison e col. [13], picos de redução a temperaturas na região de 628-678K em catalisadores Cr/SiO2 são devidos a aglomerados de CrO3 com menor interação com o suporte. Cavani e col. [14] observaram a formação de duas espécies de Cr6+ , em catalisadores Cr/Al2 O3 . As espécies de Cr6+ graftizada e solúvel foram classificadas em função da maior e menor interação com o suporte, respectivamente. Em função dos resultados de TPR, é possível sugerir a presença de espécies de Cr6+ de menor interação com a sílica nos catalisadores 1CrB e 1CrC. Os catalisadores calcinados, preparados com sais de cromo orgânicos e inorgânicos, apresentaram diferentes espécies Tabela II. Resultados de TPR de H2 dos catalisadores Cat Consumo H2 (µmols/mgCr) 1CrA 30,16 1CrB 6,98 1CrC 21,73 1CrD 32,42 NOX Cr6+ (%) 771 6,0 100 780 3,7 24 5,3 75 779 6,0 100 900 1000 Temperatura de consumo máximo de H2 (K) 703 644 671 720 Intensidade (u.a.) Intensidade (u.a.) 1CrB 1CrA 1CrD 1CrC CrO 3 300 400 500 600 700 800 900 1000 300 400 500 Temperatura (K) 600 700 800 Temperatura (K) Figura III. Perfis de TPR de H2 dos catalisadores Anais do 11o Congresso Brasileiro de Catálise e 1o Congresso de Catálise no Mercosul 198 __________________________________________________________________________________Apêndice F espécies superficiais, ao contrário do relatado na literatura [6], onde é citado preferencialmente Cr6+ . Industrialmente, os catalisadores de cromo tipo Philips são preparados a partir de CrO3 e calcinados [15], enquanto os catalisadores do processo UNIPOL se baseiam em bis(trifenilsilil)cromato, sem calcinação [1]. O uso de sais orgânicos de cromo neste trabalho, acetato de cromo (II) e bis(trifenilsilil)cromato, deve-se a experiências anteriores deste grupo de pesquisa com sais organo-metálicos de metais nobres na obtenção de catalisadores com alta dispersão de sítios ativos [16]. Catalisadores de metais nobres preparados com cloretos comportam-se do mesmo modo [17]. Os resultados de caracterização neste trabalho sugerem que, dependendo do sal precursor empregado, obtém-se diferente distribuição de espécies de cromo nos catalisadores com um mesmo método de preparo. Os resultados de DRS e TPR de H2 permitiram distinguir as espécies de cromo nos catalisadores calcinados. Nos catalisadores 1CrA e 1CrD foi observado apenas CrO3 , onde o Cr6+ possui maior interação com o suporte em relação às amostras que contém Cr 2 O3 . Nos catalisadores 1CrB e 1CrC são verificados CrO3 e Cr2 O3 , este mais abundante no 1CrB. Esses dois catalisadores apresentaram o Cr6+ com diferentes interações com o suporte, de acordo com o TPR. Segundo Vuurman e col. [18] a fase cristalina α-Cr2 O3 ocorre apenas a partir de 1,5%Cr, utilizando uma sílica com características texturais semelhantes à empregada neste trabalho. Assim, o Cr3+ observado nas amostras 1CrB e 1CrC deve ser referente ao Cr2 O3 amorfo. Os catalisadores calcinados também foram submetidos à redução com CO num equipamento de TPR com espectrômetro de massas acoplado. As amostras foram secas a 773K com fluxo de He, e reduzidas com uma mistura de 5,0% CO/He até 623K, mantendo-se nessa temp eratura por 1h. A Tabela III apresenta os resultados de consumo pela massa M/E=28 do CO, descontada a fração de massa M/E=28 da decomposição do CO2 . Todos os catalisadores apresentaram redução em torno de 623K, de acordo com a literatura [9]. Uma amostra padrão de mistura física CrO3 /SiO2 , com 3%Cr, apresentou redução praticamente completa segundo a equação CrO3 + 2 CO → CrO + 2 CO2 , cuja redução estequiométrica é de 38,46µmolsCO/mgCr. No padrão de CrO3 foi observado, por espectroscopia fotoeletrônica de raio-X (XPS), uma pequena fração de Cr3+ , não redutível pelo CO [19]. De fato, não foi observado consumo de CO no padrão de Cr2 O3 ou no suporte. Na Tabela III são apresentados os valores de consumo de CO máximo (CO teórico), considerando a porcentagem de Cr6+ inicial obtida pela análise de TPR de H2 (Tabela II), utilizando a hipótese de redução completa do Cr6+ a Cr3+ com H2 . Como se observa na Tabela III, todos os catalisadores apresentaram elevada porcentagem de redução de Cr6+ a Tabela III - Resultados do TPR de CO dos catalisadores e padrão Cat. CO teórico (µmolsCO/mgCr) CO experimental (µmolsCO/mgCr) Redução Cr6+ → Cr2+ (%) 1CrA 38,46 41,41 100 1CrB 9,23 9,17 99 1CrC 28,85 26,11 91 1CrD 38,46 38,14 99 CrO3 38,46 34,38 89 Cr2+ , acima de 90%. Ruddick e col. [8] observaram em torno de 95% de redução com CO a 623K, enquanto os 5% restantes seriam devidos a partículas aglomeradas com comportamento de α-Cr2 O3 . A Tabela IV apresenta os resultados de quimissorção de CO a 298K. Na literatura [2] esta técnica é citada em associação com a espectroscopia de infra-vermelho para discriminação de duas sub-espécies de Cr2+ : Cr2+ A e Cr2+ B . A metodologia de quimissorção de CO empregada neste estudo foi consolidada e reportada em trabalho anterior [11]. Não foi verificada quimissorção no suporte ou em mistura física de Cr2 O3 em sílica. Pelos valores obtidos, os catalisadores podem ser relacionados em ordem decrescente de espécies Cr2+ : 1CrD > 1CrA >> 1CrC > 1CrB. Esses resultados estão relacionados à porcentagem de Cr6+ em cada amostra, obtida na análise de TPR de H2 , e baseando-se na redução completa do Cr6+ presente a Cr2+ . Os catalisadores 1CrA e 1CrD, que apresentaram apenas Cr6+ após calcinação, resultaram nos maiores valores de quimissorção de CO, representando maior quantidade de espécies Cr2+ . Os catalisadores 1CrB e 1CrC apresentaram 443 e 623µmoles CO/gCr, respectivamente, também de acordo com a menor porcentagem de Cr6+ inicial nessas amostras. A maior quimissorção no catalisador 1CrD em relação ao 1CrA pode estar associada à maior fração de espécies ativas Cr2+ A +Cr2+ B do que Cr2+ C , a qual não adsorve CO à 298K e não é ativa na polimerização. Em trabalho anterior [20], o catalisador 1CrA reduzido e analisado por espectroscopia de infra-vermelho de CO quimissorvido, apresentou 31% de espécies Cr2+ A +Cr2+ B contra 69% de Cr2+ C . Esses resultados permitem prever uma maior atividade na polimerização para o catalisador 1CrD do que para o 1CrA. A Tabela IV também apresenta os resultados de atividade na polimerização de etileno. Todos os catalisadores apresentaram atividade para a polimerização de etileno, sendo o 1CrD o mais ativo. Um catalisador comercial, testado nas mesmas condições de Anais do 11o Congresso Brasileiro de Catálise e 1o Congresso de Catálise no Mercosul 199 __________________________________________________________________________________Apêndice F Catalisador Quimissorção de CO Atividade (µmoles CO/gCr) (gPE/gcat) (kgPE/gCr) 1CrA 2154 2430 320 1CrB 443 228 30 1CrC 623 731 114 1CrD 2929 3007 376 reação, apresentou atividade de 2007gPE/gcat, inferior aos catalisadores 1CrA e 1CrD. A comparação com resultados da literatura é difícil pela diversidade de parâmetros de reação empregados. Bade e col. [21] obtiveram, com um catalisador de CrO3 /SiO2 (1% Cr) reduzido com CO, 430gPE/gcat com reação a 363K e pressão total de 30bar, utilizando isobutano como solvente. Os catalisadores apresentaram atividade de acordo com os resultados de porcentagem inicial de Cr6+ e quantidade de sítios ativos Cr2+ , obtidos por redução e quimissorção de CO. Pela Figura IV é possível observar a correspondência entre estes parâmetros, embora não tenha sido verificada linearidade entre a porcentagem de Cr6+ e a quimissorção de CO e atividade. Esse fato pode ser devido a que uma fração do Cr6+ , após redução com CO, converte-se em Cr2+ C , que não quimissorve CO e não é ativo na polimerização. 400 3000 300 2000 250 200 1500 150 1000 Atividade (kgPE/gCr) Quimissorção de CO (µmoles/gCr) 350 2500 100 500 50 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0 110 6+ Cr (%) Figura IV - Fração de Cr 6+ versus Quimissorção de CO (l) e Atividade na polimerização (n) Finalmente, os polímeros foram identificados por difração de raio-X quanto à cristalinidade. Os espectros dos polímeros foram bastante semelhantes, independentemente do catalisador. A Figura V apresenta, para o polímero obtido com o catalisador 1CrD, a região do espectro de 2θ entre 100 e 300 onde se localizam os picos principais do polietileno a 21,70 e 24,10 . Para a determinação da cristalinidade é feita a decomposição gaussiana nesta região considerando os dois picos, referentes à fase cristalina, e a região sob os picos, referente à fase amorfa. Assim foram observados, para todos os catalisadores, em torno de 60% de fase cristalina, mesmo valor obtido para o polímero com o catalisador comercial. Intensidade (u.a.) Tabela IV - Resultados de Quimissorção de CO e Atividade na Polimerização 15 20 25 30 2θ Figura V - Espectro de DRX do polietileno de alta densidade (PEAD) para o catalisador 1CrD Conclusões Catalisadores Cr/SiO2 preparados com diferentes sais precursores apresentaram distintas distribuições de espécies Cr6+ e Cr3+ após calcinação, em função da origem do sal, orgânico ou inorgânico. Nos catalisadores com presença de Cr3+ observou-se partículas de Cr6+ com características de redutibilidade distintas. A quimissorção de CO, medida da fração de sítios ativos Cr2+ , e a polimerização de etileno estão relacionadas à porcentagem de Cr 6+ obtida na preparação. Os catalisadores com maior fração de Cr2+ , à base de trióxido e acetato de cromo, apresentaram-se os mais ativos na polimerização, inclusive em comparação a um catalisador comercial também avaliado. Os polímeros obtidos não apresentaram variação de cristalinidade, para os diferentes catalisadores avaliados. Agradecimentos Os autores agradecem à OPP Petroquímica S.A. pela utilização do reator de polimerização. Referências Bibliográficas 1. F. J. Karol, B. E. Wagner, I. J. Levine, G. L. Goeke e A. Noshay, in Advances in Polyolefins (Proc. ACS Anais do 11o Congresso Brasileiro de Catálise e 1o Congresso de Catálise no Mercosul 200 __________________________________________________________________________________Apêndice F Int. Symp.) , R. B. Seymour e T. Cheng, Eds., 1987 , 337-354. 2. C. S. Kim e Woo, S. I., J. Mol. 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