10 tendências para 2015

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10 tendências para 2015
ESPECIAL
TENDÊNCIAS
TENDÊNCIAS
PARA 2015
+ 50
OPORTUNIDADES
E PRÁTICAS
DE NEGÓCIO
MARKETING EM
TEMPO REAL
SOLUÇÕES
URBANAS
ECONOMIA DA
REPUTAÇÃO
AS TECNOLOGIAS,
ESTRATÉGIAS E FORMATOS
DE GESTÃO QUE ESTÃO
MUDANDO O JEITO DE
FAZER NEGÓCIOS
NO BRASIL E NO MUNDO
CUSTOMIZAÇÃO
RADICAL
BIG DATA
ONLINE = OFFLINE
FELICIDADE NO
TRABALHO
Bruna Martins Fontes,
Fabiana Pires e Thomaz Gomes
ESCRITÓRIO
FLEXÍVEL
CONSUMO SEM
CULPA
TECNOLOGIA DE
IMPACTO
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pequenas empresas & grandes negócios
www . revistapegn . com . br
OUTUBRO, 2014
FOTOS: FULANO DE TAL/Editora Globo
OUTUBRO, 2014
pequenas empresas & grandes negócios
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ESPECIAL
TENDÊNCIAS
MARKETING
EM TEMPO REAL
Com as pessoas conectadas 24 horas por dia, ganha
quem souber aproveitar um assunto em evidência
para atrair novos consumidores. Um evento popular
— pode ser desde uma competição esportiva até a
chegada de uma frente fria — é a deixa para fazer
propaganda de um lançamento, oferecer descontos
ou postar uma mensagem que reforce a marca.
“A publicidade imperativa não é mais tão eficiente.
Para passar seu recado, é melhor se aproximar do
que as pessoas já estão discutindo”, diz Vitor Elman,
sócio da agência Cappuccino Digital.
1. AUDIÊNCIA
CULPA DO FELIPÃO
Durante a última Copa, a editora
Lote42, de São Paulo (SP), anunciou
que daria descontos de 10% nos
livros a cada gol sofrido pelo Brasil. A
estratégia deu certo até as semifinais,
quando a seleção foi vazada sete
vezes pela Alemanha. Com quase
2 milhões de visualizações no
Facebook, o link de vendas derrubou
o site da empresa. “As coisas saíram
do controle e começamos a receber
mensagens ofensivas”, diz o fundador,
João Varella, 29 anos. Ele organizou
uma força-tarefa para responder
às críticas em tempo real, de forma
honesta e bem-humorada. O
posicionamento transparente trouxe
32 mil novos seguidores em três dias.
“É verdade que tivemos prejuízo”, diz
ele. “Mas quanto teríamos gastado
para conquistar essa base de fãs?”
2. REPERCUSSÃO
CARONA NA NEVASCA
No início do ano passado, quando
a previsão do tempo alertou para a
chegada de uma nevasca na costa
leste americana, a Starbucks decidiu
entrar na conversa. Como as pessoas
estavam falando sobre o fenômeno
nas redes sociais, a empresa criou
anúncios temáticos convidando o
público a se esquentar, provando um
novo café, oferecido com desconto.
A publicidade foi exibida em forma
de anúncios no Facebook e posts
patrocinados no Twitter.
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3. INTERAÇÃO
COM ÁGUA NA BOCA
O restaurante República da Saúde,
de Goiânia (GO), usa o Facebook para
fisgar o público na hora da fome. De
manhã, a empresa posta fotos da
fornada de pães. Mais tarde, é a vez de
mostrar o prato do dia. “Adaptamos
as publicações aos horários das
refeições”, diz o fundador, Mateus
Martins, 27 anos. “Vários clientes nos
disseram que vieram depois de ver os
posts.” A especialidade do restaurante,
fundado em 2008, são os alimentos
saudáveis. Por isso, alterna as fotos
com dicas sobre saúde e boa forma.
4. ENGAJAMENTO
PUBLICIDADE NO ESCURO
A Nabisco adotou uma tática original
para aproveitar um apagão de 34
minutos que aconteceu em fevereiro
de 2013. Enquanto milhões de pessoas
estavam assistindo ao Superbowl, a
final nacional de futebol americano,
a luz do estádio de repente caiu.
Percebendo o burburinho gerado
pelo incidente, a empresa publicou
no Twitter uma simples imagem
da bolacha Oreo, avisando que ela
poderia ser degustada mesmo no
escuro. O público gostou: a mensagem
teve 15 mil retuítes e 20 mil curtidas
no Facebook. Segundo a agência
360i, que cuida das mídias sociais da
marca, o anúncio foi bem-sucedido
porque a equipe agiu rápido para
transferir a atenção das pessoas,
da tevê para o celular ou o tablet.
OUTUBRO, 2014
5. CONSTRUÇÃO DE MARCA
FLORES NA
HORA CERTA
O fechamento do Cine Belas
Artes, em janeiro de 2011, causou
comoção em São Paulo (SP).
Localizado no bairro da Consolação, na zona central da capital
paulista, o cinema de rua havia
se consagrado como símbolo da
resistência aos blockbusters
exibidos nas salas de shopping.
Enquanto seus fãs faziam abaixo-assinados, o Belas Artes recebeu 800 rosas com mensagens
de frequentadores. Por trás da
homenagem estava a loja virtual
Flores Online. “Tiramos a ideia
do papel em uma semana. A ação
só faria sentido enquanto as
pessoas estivessem sensibilizadas”, afirma Eduardo Casarini,
38 anos, CEO da empresa.
As rosas, que custaram R$ 3.500
à Flores Online, renderam, em
uma semana, dezenas de menções na mídia, além de um aumento de 20% na base de fãs em redes
sociais. O índice de conversão de
vendas, porém, foi de apenas 15%.
“O objetivo era ganhar visibilidade e fortalecer a marca em um
determinado nicho de consumidores. O sucesso de uma ação
nem sempre está ligado ao faturamento”, diz Casarini.
Motivada pelos bons resultados, a empresa incorporou ferramentas de marketing em tempo
real ao planejamento publicitário.
Uma das ações foi construída com
base no Dia Mundial sem Carro,
celebrado em 22 de setembro.
Nessa data, a varejista online faz
entregas de bicicleta na capital
paulista. Os ciclistas percorrem
as ruas uniformizados com o logo
da empresa, reforçando o posicionamento sustentável da marca.
“O retorno de construção de
imagem é difícil de mensurar. O
maior desafio é estabelecer um
limite para investir em estratégias
que não geram receita direta.”
FOTO: ANA CAROLINA NEGRI/Editora Globo
EDUARDO
CASARINI,
38 ANOS, CEO
FLORES ONLINE
O que faz: e-commerce
de flores e presentes
Fundação: 1998
Sede: São Paulo (SP)
Funcionários: 110
Faturamento em
2013: R$ 30 milhões
ESPECIAL
TENDÊNCIAS
SOLUÇÕES
URBANAS
Encontrar respostas para as questões que afligem
as metrópoles deve ser uma das prioridades dos
empreendedores. Existem boas oportunidades
para empresas que consigam ajudar o público
a superar as dificuldades ligadas à mobilidade
– seja trabalhando com novas modalidades de
transporte, seja levando um produto ou serviço
direto para a porta do consumidor.
6. BICICLETA
ESTACIONAMENTOS VERDES
Cada vez mais pessoas
optam pelas bikes para
driblar o trânsito. Mas
muitos estabelecimentos
ainda não dispõem de
estrutura para receber
ciclistas. Fundada
em São Paulo (SP),
em 2012, a Ciclomídia
instala estacionamentos
para bicicletas em
restaurantes, lojas e
shoppings . Outros
serviços oferecidos
são valet em eventos e
instalação de canaletas
para descer escadas.
Entre seus clientes
estão os bancos Itaú e
Bradesco, e o hospital
Albert Einstein.
7. CARRO
MOTORISTAS NO VOLANTE
Em 2012, Rafael
Taube, 29 anos,
criou um serviço de
compartilhamento
de veículos chamado
Joycar. Com um cartão
de acesso, o usuário
destrava o carro, roda
pelo tempo necessário
e depois o devolve
— a startap banca o
combustível. O sistema
foi testado e aprovado
por cinco empresas de
São Paulo (SP), que já
substituíram parte de
sua frota corporativa.
No mês passado, Taube
lançou a solução para o
público, com uma oferta
inicial de oito veículos.
8. SKATE
TRANSPORTE NA MOCHILA
A startup baiana Movpak
criou uma mochila
diferente, integrada a
um skate elétrico guiado
por controle remoto,
ideal para quem precisa
percorrer pequenas
distâncias. A bolsa tem
um compartimento que
guarda a prancha — e
sobra espaço para levar
livros e notebooks. O
criador do projeto, Hugo
Dourado, 40 anos, lançou,
no mês passado, uma
campanha no Kickstarter
para começar a produzir
o apetrecho. Até a
conclusão desta edição,
eles haviam conseguido
arrecadar US$ 44 mil.
9. MOTO
MENSAGEIRO PELO APLICATIVO
Depois da febre dos apps
de táxi, agora já é possível
chamar um motoboy pelo
smartphone. O brasiliense
Jhonata Emerick, 32 anos,
criou em 2013 o aplicativo
99Motos, que localiza
o profissional que está
mais perto do usuário.
O cliente não paga para
usar o sistema, apenas
combina o preço do
serviço com o motoboy —
1.200 já se cadastraram
na plataforma. Em agosto
deste ano, o fundo de
investimento incube
comprou a 99Motos por
R$ 3 milhões. A solução
está disponível apenas
para a Grande São Paulo.
10. DELIVERY
JANTAR GOURMET
SEM SAIR DE CASA
MELISSA JULIANI
GARCIA, 36 ANOS,
FUNDADORA
LE BOX
O que faz: delivery de
kits com ingredientes
para preparar pratos
gourmet em casa
Fundação: 2013
Sede: São Paulo (SP)
Funcionários: 3
Previsão de
faturamento para
2014: R$ 1 milhão
A ideia para a criação da Le Box
veio de um curso de MBA. “Um dia,
meu marido, Carlos Eduardo, voltou
da aula comentando algumas ideias de
negócio desenvolvidas em classe”, diz
a engenheira de alimentação Melissa
Juliani Garcia, 36 anos. Ela logo se interessou por uma delas: entregar na
casa do cliente um kit de ingredientes
para preparar pratos gourmet. “Achei
que seria ideal para aquela mãe que
nunca consegue sair para jantar, ou
então para quem adora uma refeição
especial, mas não tem paciência para
enfrentar o trânsito”, conta.
Melissa passou dois anos estudando
o melhor modelo de negócio e testando
receitas diferentes. Até que, no ano
passado, fundou a Le Box. Para facilitar a vida de quem gosta de cozinhar,
a empresa entrega uma caixa com a
receita e todos os ingredientes, na
porção exata e já picados. As opções
vão da entrada à sobremesa — há
ainda um vinho para harmonizar, incluído no pacote. Para os mais preguiçosos, existe a opção de encomendar
pratos frescos embalados a vácuo, que
ficam prontos em dez minutos.
Neste ano, foi criado um clube de
assinaturas: os usuários cadastrados
recebem, algumas vezes por mês, a
refeição pronta ou a caixa com a receita e os ingredientes. “Incluir os dois
tipos de serviço no pacote é uma estratégia para fidelizar os clientes”,
afirma Melissa. Outra fonte de receita
da Le Box são as parcerias com marcas
para distribuir amostras de produtos
— como limpadores de fogão — entre
sua base de clientes. Agora, a empresa
quer expandir por meio de franquias.
A expectativa é de um faturamento de
R$ 1 milhão em 2014.
OUTUBRO, 2014
pequenas empresas & grandes negócios
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ESPECIAL
TENDÊNCIAS
ECONOMIA DA
REPUTAÇÃO
15. ATENDIMENTO
FOCO NO PÓS-VENDA
Dos 450 mil usuários que acessam o Reclame Aqui
todos os dias, apenas 5% se queixam de algum
serviço. Os outros 95% entram no site para conferir
a avaliação das empresas. “O consumidor está cada
vez mais preocupado com o histórico da companhia.
Ele não quer comprar de alguém que seja malvisto”,
diz Mauricio Vargas, presidente do Reclame Aqui.
Zelar pela imagem da empresa em todas as
plataformas é vital para a saúde do negócio. Saiba
o que os empreendedores estão fazendo para usar
a economia da reputação a seu favor.
11. AVALIAÇÃO
CONEXÕES SELECIONADAS
A opinião do cliente se tornou algo
tão essencial para os negócios que
passou a servir de base para novos
modelos. O caso mais notório é o
do Airbnb, plataforma que permite
aos usuários alugar sua casa ou
parte dela a estranhos. O maior
trunfo do site é um sistema de
avaliação que permite a hóspedes
e anfitriões darem notas para
itens como limpeza e organização.
Exemplo mais recente da tendência
é o aplicativo de caronas Lyft, que
virou febre nos Estados Unidos no
último ano. Quando o usuário faz
um comentário negativo sobre um
motorista, o software trata de criar
conexões para novas caronas.
12. RECOMENDAÇÃO
MEDALHA DE OURO
Quando Marcelo Nikaido, 64
anos, fundou a loja de peças
automotivas Ferkauto, em 1989,
mal imaginava que a maior parte
de suas vendas seria pela internet.
Há oito anos, o Mercado Livre é
responsável por 65% dos negócios
da empresa — são 700 envios de
mercadoria por dia para todo o
Brasil. 99% dos compradores do
site recomendam a empresa, o que
garantiu a ela a medalha Platinum
do Mercado Livre. “Pouca gente
entende de carro. Então, antes de
vender, queremos ter certeza de
que o cliente entendeu muito bem
o que está comprando”, diz Nikaido.
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13. SOLUÇÕES RÁPIDAS
TELEFONIA SEM CRISE
Ao pesquisar as queixas do site
Reclame Aqui, Daniel Hatkoff, de
31 anos, percebeu que as principais
reclamações eram referentes à
telefonia. “Decidi que esse seria
o meu ramo de atuação”, diz o
economista americano radicado
no Brasil. Fundado em 2012 com
ajuda do fundo Kaszek Ventures,
o Clube Pitzi é um serviço de
assinatura que garante o conserto
de smartphones danificados em
caso de quedas, problemas com
água ou falhas internas. “Em sites
de reclamação, as empresas
demoram até três dias para
atender. A nossa média para
solucionar um problema é de
uma hora”, diz Hatkoff.
14. RELAÇÕES PÚBLICAS
SOB OS HOLOFOTES
Não é apenas na internet que se
constrói a reputação da empresa.
O consumidor se importa
também com a mensagem
que a marca passa por meio
de sua política interna, ações
na sociedade ou presença na
mídia. Quem soube usar bem
a tendência foi o presidente do
Starbucks, Howard Schultz, em
2013. Ao declarar seu apoio ao
casamento homossexual, apesar
da oposição de alguns acionistas
da empresa, ele reforçou a
imagem de uma companhia
que preza pela diversidade.
OUTUBRO, 2014
WILSON
CIMINO, 29 ANOS,
FUNDADOR
TRICAE
O que faz:
e-commerce de
roupas infantojuvenis
Fundação: 2011
Sede: Jundiaí (SP)
Funcionários: 600
Faturamento em
2013: R$ 70 milhões
FOTO: ANA CAROLINA NEGRI/Editora Globo
O melhor momento para você
conquistar o cliente é quando tudo está dando errado. É o que diz
o engenheiro Wilson Cimino, 29
anos, fundador da Tricae, um dos
maiores e-commerces de artigos
infantis do Brasil. Para o empreendedor, a parte mais importante
da experiência de compra acontece depois que o negócio foi fechado. “Para que a empresa seja vitoriosa, não basta vender. Tem de
fidelizar. E isso só acontece quando
você consegue resolver um problema do cliente de maneira simples
e rápida”, afirma Cimino.
Para alcançar esse objetivo, é
preciso contar com uma equipe de
atendimento satisfeita. “Por isso, a
Tricae investe até R$ 500 mil por
mês em telemarketing”, diz. Os 120
funcionários do setor ficam em um
escritório espaçoso em Jundiaí, no
interior de São Paulo, e seus gestores são orientados a manter o ambiente de trabalho descontraído,
sem a pressão habitual de um call
center. Além disso, o sistema usado
pelos atendentes passa por atualizações constantes. “Eles ficam o
dia todo ouvindo os clientes. Com
um equipamento eficiente e uma
boa atmosfera de trabalho, sentem-se motivados a oferecer um
serviço de qualidade.”
Para avaliar o desempenho do time, Cimino usa dois indicadores:
quantas vezes o consumidor precisa
ligar para falar sobre um problema
e quanto tempo duram as ligações.
“O ideal é que seja necessária apenas
uma chamada de cinco minutos”,
afirma. A estratégia tem dado resultado: apenas 0,05% dos clientes da
loja (um a cada 2 mil) já se queixaram
ao Reclame Aqui. O desempenho
rendeu à empresa o prêmio Excelência em Qualidade Comércio Eletrônico B2X do E-bit, que mede a satisfação dos internautas.
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ESPECIAL
TENDÊNCIAS
CUSTOMIZAÇÃO
RADICAL
“No futuro, teremos produtos únicos para consumidores
únicos.” A frase, cunhada pelo consultor belga Peter Hinssen,
que estuda o efeito da tecnologia no comportamento
humano, resume uma das tendências mais fortes do varejo:
a customização de produtos e serviços. Com o poder
concedido pela tecnologia, o consumidor ganhou liberdade
para escolher o que quer comprar, em qual plataforma e
com qual frequência. Cabe ao empreendedor se adequar
a essa realidade. “As lojas online e offline devem ficar cada
vez mais customizadas, para atender diferentes nichos”, diz
Mario Rodrigues, diretor do Instituto Brasileiro de Vendas.
16. E-COMMERCE
PROVADOR VIRTUAL
O foco na individualidade do cliente é
uma das premissas da Shop2gether,
site que reúne grifes de vestuário e
decoração fundada pelos paulistanos
Eduardo Kyrillos, 40 anos, e Daniel
Guimarães, 32. “Todo e-commerce
precisa de padronização, mas o
consumidor de alta moda não quer
nada padrão. Por isso, desafiamos
essa premissa”, diz Kyrillos. Ao se
cadastrar no site, são solicitadas as
medidas do usuário — a partir daí,
consultoras de moda recomendam
peças para seu tipo de corpo. Também
é possível tirar dúvidas em um chat
com um personal stylist. Os clientes
aprovaram as novidades: o site faturou
R$ 14 milhões em 2013.
17. DELIVERY
CARDÁPIO COMPLETO
Personalizar o serviço de entrega é
a proposta da startup HelloFood,
fundada em 2013. Quem coloca seu
endereço no site fica sabendo quais
são os restaurantes que entregam em
sua casa. A partir daí, o consumidor
estabelece os filtros da sua busca,
dizendo que tipo de comida procura,
se quer preços em conta ou prefere
lugares com menor tempo de entrega.
“Colocar vários filtros facilita a decisão
do cliente. Assim, ele gasta menos
tempo e tem uma experiência melhor”,
afirma o fundador, Marcelo Ferreira, 28
anos. A empresa já recebeu mais de
R$ 200 milhões em aportes.
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18. ATENDIMENTO
SOMMELIER NO CELULAR
Quando fundou o e-commerce de
vinhos Sonoma, em 2011, o americano
radicado no Brasil Alykhan Karin, 28
anos, sabia que lidaria com um público
exigente. “No atendimento online, o
consumidor costuma resolver sozinho
suas dúvidas. Eu queria ajudá-lo mais”,
diz Karin. A solução foi o Sonoma
Concierge, lançado no final do ano
passado: sommeliers contratados pela
empresa dão dicas de harmonização,
adega e degustação para o usuário,
por celular, e-mail ou Skype. Dos
140 mil usuários cadastrados no
Sonoma, mil já assinam o serviço.
19. VENDAS
CLIENTES SENSORIAIS
Uma das estratégias para melhorar
a conversão no ponto de venda
é a divisão dos clientes por tipos
sensoriais. Segundo Roberto Madruga,
fundador da consultoria em vendas
ConQuist, o funcionário da loja
precisa observar atentamente o
comportamento do comprador. “Se
ele está mexendo em um produto, o
tato deve ser seu principal sentido.
Agora, se entrar na loja olhando para
todos os lados, é porque já escolheu,
só precisa tirar uma dúvida”, afirma
o especialista. O segredo é só reagir
depois de ver como o consumidor se
comporta. “Esse tipo de sensibilidade
é uma das características mais
valiosas do vendedor”, diz.
OUTUBRO, 2014
FLAVIA COUTO,
29 ANOS , SÓCIA
FUNDIÇÃO FILOMENA
O que faz: rede de lojas
de bijuteria
Fundação: 2008
Sede: Rio de Janeiro (RJ)
Funcionários: 130
Faturamento em 2013:
R$ 7 milhões
FOTO: MARCELO CORREA/Editora Globo
20. PRODUTO
MULTIPLICAÇÃO
DOS COLARES
Durante 13 anos, as amigas
Rosana Macedo, 50 anos, e Rita
Mascarenhas, 48, trabalharam
com atacado de bijuterias. As
duas compravam pingentes e
correntes de metal e, com a ajuda
de uma equipe de 15 pessoas,
montavam colares de todos os
tamanhos, cores e tipos. Quando
a concorrência dos produtos
chineses ameaçou a sobrevivência do negócio, elas decidiram
fechar a empresa antiga e migrar
para o varejo, abrindo unidades
em shopping centers do Rio. Mas
viram-se com um problema nas
mãos: a oferta de bijuterias
nesse tipo de estabelecimento
estava saturada.
Foi então que Flavia Couto, 29
anos, filha de Rosana, teve uma
ideia inovadora. “Quando elas
vendiam para o atacado, os
clientes pediam para mudar os
produtos de acordo com o gosto
e a linha das empresas. Por que
não dar essa mesma opção para
o consumidor final? Assim se­
ríamos diferentes da concorrência”, afirma Flavia, que se tornou
sócia na nova fase. Com esse
propósito, fundaram a Fundição
Filomena e abriram a primeira
loja no Barra Shopping, em 2008.
No novo formato, o cliente pode
criar mais de 3.900 combinações
de colares e pulseiras. “Na primeira semana, já tínhamos fila
no caixa”, afirma Flavia. Hoje, a
rede conta com 15 unidades no
Rio de Janeiro. Com o tempo, o
catálogo passou a incluir acessórios femininos, como carteiras e nécessaire. Mas as bijuterias customizadas são o carrochefe, representando 30% do
faturamento, que foi de R$ 7 milhões em 2013. “Nós triplicamos
de tamanho, desde a época em
que vendíamos para o atacado.”
OUTUBRO, 2014
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ESPECIAL
TENDÊNCIAS
BIG DATA
Até 2017, o mercado global de Big Data deverá
movimentar US$ 32,4 bilhões. O número é
da consultoria americana IDC, que prevê um
crescimento anual de 27% para o setor — índice
seis vezes maior do que a média geral da indústria
de tecnologia. Não faltam oportunidades para
empreendedores capazes de converter grandes
volumes de informação em soluções inovadoras
para governos e corporações. Sistemas de análise
preditiva e plataformas de cálculo de risco são
serviços que interessam tanto para agricultores
quanto para executivos do mercado financeiro.
21. PUBLICIDADE
AUDIÊNCIA SEGMENTADA
A partir da varredura de
15 mil páginas na internet, a
Tailtarget ajuda marcas como
Fiat, Toyota e Sadia a conhecer
melhor o seu público-alvo.
Fundada por Paulo Planet, 32
anos, Cristiano Nóbrega, 40,
e Fernando Babadopulos, 34,
a startup paulistana criou
um algoritmo que traduz
históricos de navegação em
perfis de consumo como
“geeks” e “decisoras do lar”.
As informações são cruzadas
com indicadores externos,
como temperatura e localização
geográfica, permitindo a
criação de ações específicas.
“Conseguimos determinar
qual é o melhor dia da semana
para divulgar uma sandália ou
uma bota, por exemplo. Com
o serviço, é possível encontrar
nichos de compradores em
tempo real”, diz Planet.
22. SEGURANÇA
TECNOLOGIA CONTRA O CRIME
No final de agosto, a polícia
de São Paulo começou a
usar o Detecta, sistema que
armazena informações de
fontes como câmeras de
segurança, leitores de placas
e telefones de emergência.
Desenvolvida em parceria com
a Microsoft, a ferramenta é
capaz de apresentar detalhes
sobre crimes em andamento
e gerar alarmes automáticos
para as viaturas em campo. Na
plataforma também é possível
integrar os dados de ocorrências
registradas na Polícia Militar,
na Civil ou no Detran.
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23. ENERGIA
VENTO A FAVOR
Com presença em oito
estados americanos, a Xcel é
uma distribuidora de energia
eólica que usa ferramentas de
análise preditiva para estudar
padrões de ventos no sul dos
Estados Unidos. Resultado
de uma parceria com o
centro nacional de pesquisa
atmosférica do país, o sistema
cruza indicadores atmosféricos
gerais com dados captados
pelos geradores da empresa.
O programa reduziu em
40% a margem de erro
das previsões tradicionais e
gerou uma economia anual
de US$ 22 milhões nos
combustíveis que mantêm
as estações funcionando.
24. FINANÇAS
ANÁLISE EM TEMPO REAL
Fundada em 1986 com
o objetivo de fornecer
estatísticas internas para
corporações, a Stone Age
começou a processar
informações bem antes do
Big Data virar tendência. Com
faturamento de R$ 20 milhões
no ano passado, a empresa
carioca é especializada em
tecnologias para a indústria
financeira, como sistemas
antifraude e análise de
crédito em tempo real. Todas
as soluções são baseadas
na mesma plataforma. “O
software pode ser calibrado de
acordo com as necessidades
de cada segmento”, afirma
o sócio Rodrigo Cordeiro, 47
anos. “A integração com o
banco de dados é feita pelo
próprio cliente.”
OUTUBRO, 2014
25. AGRONEGÓCIO
PREVISÕES PARA
A LAVOURA
À primeira vista, as estações
meteorológicas da Olearys não parecem ter nenhuma relação com Big
Data. Fabricadas a partir de uma
base simples de metal, as máquinas
se misturam facilmente às paisagens
das lavouras de milho, soja e tomate
onde estão instaladas. Mas, por trás
do visual espartano, está uma poderosa plataforma de dados, capaz de
antecipar a incidência de pragas e
reduzir a aplicação de agrotóxicos
em até 60%. “Oferecemos uma tecnologia complexa dentro de um pacote simples. Isso é fundamental
para conquistar clientes no meio
FOTO: ANA CAROLINA NEGRI/Editora Globo
rural”, afirma Tiarê Balbi (à dir. na
foto), 27 anos, que assumiu o comando da empresa familiar em 2009, ao
lado do primo Vitor Balbi, 26.
Batizado de Hemisphere, o sistema
coleta dados como nível de umidade
do solo, temperatura do ar e volume
de chuvas a cada 15 minutos. As informações são transmitidas por um
celular e processadas em um software
desenvolvido a partir de 60 mil linhas
de códigos. Com base no cruzamento dos números, o programa antecipa
a possibilidade de doenças como
ferrugem e requeima e determina se
é realmente necessário aplicar um
produto químico para proteger a
plantação. Os agricultores devem
acessar os resultados em tempo real,
em um painel que pode ser visualizado em computadores ou smartphones. “Produtores rurais costumam traçar estratégias a partir de
métodos empíricos”, diz Balbi. “A
ferramenta permite que eles se baseiem em dados concretos.” Atualmente, existem 17 estações espalhadas por fazendas no Mato Grosso do
Sul e no Triângulo Mineiro. Em 2012,
na última vez em que divulgou números de vendas, a empresa havia
faturado R$ 6 milhões.
VITOR, 26 ANOS, E
TIARÊ BALBI, 27
ANOS, SÓCIOS
OLEARYS
O que faz: análises
climáticas para
produtores rurais
Fundação: 1994
Sede: São José
dos Campos (SP)
Funcionários: 8
Faturamento em
2013: não revelado
OUTUBRO, 2014
pequenas empresas & grandes negócios
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ESPECIAL
TENDÊNCIAS
ONLINE = OFFLINE
No início de janeiro, o Google comprou por
US$ 3,2 bilhões os termostatos inteligentes
da Nest, que se adaptam ao comportamento
do usuário. Dois meses depois, o Facebook
desembolsou US$ 2 bilhões para adquirir o
Oculus Rift, dispositivo de realidade virtual para
fãs de jogos eletrônicos. Por trás das transações
bilionárias está o apetite de um mercado
ávido por soluções que aproximem o mundo
digital do cotidiano dos consumidores. Em
um cenário marcado pela integração entre os
universos online e offline, empreendedores que
apostam em nichos como tecnologias vestíveis
e realidade aumentada encontram um terreno
fértil para lançar projetos de escala global.
26. REALIDADE AUMENTADA
PUBLICIDADE EM MOVIMENTO
Criado pela Digital Illusions,
estúdio paulistano especializado
em plataformas de realidade
aumentada, o aplicativo Ar.On
dá vida digital às imagens de
livros e revistas. A solução é
baseada em um algoritmo que
reconhece fotografias e ilustrações,
transformando-as em animações
interativas nas telas de tablets e
smartphones. Para ativar, basta
apontar a câmera do aparelho
para um objeto cadastrado no
sistema. “Os brasileiros não estão
habituados a essa tecnologia. Por
isso, investimos em um formato
simples”, diz o fundador, Rodrigo
Rocha, 30 anos. Com projetos
customizados para marcas como
Honda e Christian Dior, a empresa
deve faturar R$ 500 mil em 2014.
27. IMERSÃO DIGITAL
A VOLTA DOS MORTOS-VIVOS
A realidade virtual, que andava
esquecida depois de algumas
tentativas fracassadas nos anos
1990, é a aposta da Survius,
empresa de São Francisco que
captou US$ 6,8 milhões no
capital de risco internacional
para desenvolver um visor 3D
de jogos de ação. Dos títulos em
fase experimental, o Zombies
on the Holodec, game no qual o
jogador atira em zumbis pelas
ruas de Chicago, é um dos mais
aguardados pelos americanos.
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pequenas empresas & grandes negócios
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28. OBJETOS INTELIGENTES
SE A MINHA CANECA FALASSE
Conectar qualquer tipo de objeto
à internet se transformou no
desafio de startups e corporações.
Exemplo dessa tendência é a
Vessyl, caneca inteligente que
identifica o tipo de bebida e a
quantidade de calorias consumida
pelo usuário. Para criar o produto,
com lançamento previsto para
2015, a empresa levantou
US$ 3 milhões em fundos de
venture capital americanos. Só
em pré-vendas, a startup de São
Francisco já faturou US$ 1 milhão.
29. CARTEIRA MÓVEL
TROCANDO DINHEIRO NA NUVEM
O avanço do celular como
mecanismo de pagamento é a
aposta da PicPay. No início de 2013,
a startup capixaba lançou um
aplicativo que permite aos usuários
pagar contas em lojas físicas
apenas com seus smartphones.
Integrado a bancos e operadoras
de cartões, o sistema também
possibilita a troca de créditos
entre os usuários. O modelo de
negócio é baseado na cobrança
de taxas de 3,5% a 4,5% dos
estabelecimentos cadastrados.
“Queremos levar as transações
digitais para o varejo tradicional.
A ideia é que as pessoas enviem
dinheiro com a mesma facilidade
com que mandam mensagens pelo
WhatsApp”, afirma o cofundador,
Diogo Roberte, 33 anos.
OUTUBRO, 2014
30. VESTÍVEIS
BEM-ESTAR QUE
CABE NO BOLSO
Dos óculos do Google aos relógios
inteligentes da Apple, empresas do
mundo inteiro estão em busca de um
produto que transforme as tecnologias vestíveis em um produto de
massa. É neste setor, disputado palmo a palmo por gigantes internacionais, que se encontra a Carenet,
startup paulistana especializada em
soluções de saúde e bem-estar.
Fundada pelo suíço Immo Oliver,
45 anos, a empresa é a responsável
pela criação do Klip, um pequeno
dispositivo eletrônico que monitora
atividades físicas em tempo real.
Resultado de um investimento de
R$ 1 milhão, o aparelho coleta dados
como o número de passos caminhados e a movimentação durante o sono.
O sistema é integrado a um aplicativo
para smartphones, que traduz os
números em indicadores sobre bemestar e sugere ações para melhorar a
qualidade de vida. “Os resultados são
apresentados de forma intuitiva. A
ideia é aproximar a tecnologia da
rotina do usuário, de forma que ele
não se lembre de que está usando o
acessório”, afirma Oliver.
O primeiro lote do Klip está à ven­
da no site da Carenet: o preço do
aparelho é R$ 199. “Cobrar mais do
que isso poderia desestimular as
pessoas a testar o gadget”, diz o
empreendedor. “Queremos popularizar esse tipo de produto.” Caso o
aparelho caia no gosto do público, o
próximo passo é explorar oportunidades ligadas à análise de comportamento. Nos próximos dois anos,
Oliver pretende fechar parcerias
com academias, profissionais de
fitness e órgãos públicos de saúde.
“O custo para investir no segmento
de vestíveis tornou-se acessível
para a maioria das startups. A inovação está na maneira como os dados
do consumidor são analisados.”
FOTO: ANA CAROLINA NEGRI/Editora Globo
IMMO OLIVER,
45 ANOS,
FUNDADOR
CARENET
O que faz: tecnologias
de monitoramento de
saúde e bem-estar
Fundação: 2013
Sede: São Paulo (SP)
Funcionários: 10
Previsão de
faturamento para
2014: R$ 300 mil
OUTUBRO, 2014
pequenas empresas & grandes negócios
73
ESPECIAL
TENDÊNCIAS
FELICIDADE
NO TRABALHO
Ambiente leve, gestão
horizontal, objetivos bem
definidos: essas são algumas
das características que
transformaram as startups em
verdadeiros ímãs de talentos.
Para os representantes da
geração Y, essas empresas
nascentes representam a
possibilidade de encontrar
prazer e propósito naquilo
que fazem. Para as gerações
anteriores, significam uma
alternativa à estagnação das
grandes corporações. “Essas
pessoas não querem um
emprego para ganhar dinheiro.
Elas precisam se identificar com
a empresa em que trabalham”,
diz a psicóloga Eline Kullock,
presidente da consultoria em
RH Grupo Foco. Nem que para
isso precisem fundar suas
próprias startups.
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pequenas empresas & grandes negócios
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OUTUBRO, 2014
31. DESCONTRAÇÃO
EQUIPE BEM CUIDADA
Toda manhã, a sede da
empresa de consultoria
de e-commerce Chaordic,
em Florianópolis (SC),
é invadida pelo cheiro
de pães quentinhos que
vêm direto da padaria. Ao
chegar, os funcionários
trocam seus sapatos por
pantufas e chinelos. Mais
tarde, as copeiras farão
bolos para o lanche dos
90 funcionários. Se for
quinta-feira, as equipes
poderão sair para tomar
uma cerveja por conta
da empresa. “Quem
cuida bem do time não
precisa se preocupar
com retenção de
talentos”, diz o fundador,
João Bernartt, 34 anos.
Foram esses atrativos
que fizeram Thiago
Machado, 36 anos, deixar
o seu cargo de diretor de
relacionamento com o
cliente no Google para se
juntar à Chaordic. “Venho
trabalhar todos os dias
feliz”, diz o ex-executivo.
32. SINTONIA
A VAGA CERTA PARA CADA UM
Ninguém melhor do que
os próprios millenials
para criar uma empresa
com foco em felicidade
no trabalho. Eduardo
Migliano, 25 anos,
Diego Ximenes, 24,
e Bárbara Telles, 29,
são os fundadores do
99Jobs, uma plataforma
online que encontra
os candidatos mais
adequados para cada
empresa. Fundada
em 2013, a startup já
tem 315 mil usuários
e 1.500 companhias
cadastradas, entre
elas Google e Unilever.
Para fazer o casamento
entre profissional
e contratante, eles
elaboram uma
avaliação das condições
de trabalho em cada
empresa. “Assim fica
mais fácil achar pessoas
que vão ser eficientes e
felizes naquela vaga”,
diz Migliano.
33. IMPACTO
EXPEDIENTE NA MADRUGADA
Até dois anos atrás,
o currículo de Carlos
Eduardo Sanvido, 31
anos, continha apenas
nomes de grandes
empresas: Bradesco, Itaú,
Citibank, Sulamérica. A
possibilidade de trabalhar
com objetivos claros foi
o que o fez se candidatar
a uma vaga em uma
startup, a agência digital
Ecommet. “Aqui, minhas
decisões aparecem de
um jeito muito mais
rápido e impactante”,
diz. Pesou também na
decisão a escala de
trabalho: Sanvido e toda
a equipe de TI fazem
seu próprio horário. “Eles
podem trabalhar de
madrugada, se quiserem”,
diz Frederico Flores,
27 anos, fundador
da Ecommet.
34. AUTONOMIA
COMO ELIMINAR SEU CHEFE
No início deste ano,
a Zappos começou a
implantar um regime de
holocracia: trata-se de
um sistema de gestão
baseado na eliminação
da hierarquia. A ideia é
que não existam mais
chefes na empresa — e
que os 1.500 funcionários
tomem decisões
completamente
autônomas. Os primeiros
pilotos do novo modelo
já estão rodando em
áreas como o call
center e departamentos
de marketing. Não
é a primeira vez que
a varejista online
americana surpreende:
em 2011, o fundador,
Tony Hsieh, investiu
US$ 350 milhões do
próprio bolso para
construir um polo de
inovação nos arredores
da sede, em Las
Vegas. Até hoje, o seu
Downtown Project já
criou 533 empregos.
ESPECIAL
TENDÊNCIAS
35. CRESCIMENTO
CARREIRA BEM
APARADA
Na área da beleza, encontrar
bons profissionais não é tarefa
fácil; mantê-los é mais difícil
ainda. Para suprir essa falta, a
rede carioca Walter’s Coiffeur
decidiu criar sua própria escola,
a Walter’s Academy, com um investimento inicial de R$ 500 mil.
Lá, aspirantes são treinados pela
equipe do salão em dez modalidades. Os dois alunos que mais se
destacam tornam-se assistentes
76
pequenas empresas & grandes negócios
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em uma das 14 unidades da empresa. “É a prova de fogo. Nesse
momento, dá para ver como os
profissionais tratam o cliente, se
são proativos e se têm o perfil que
procuramos”, diz Walter Cabral
Junior, 34 anos, filho do fundador
e atual CEO da empresa. Caso se
saiam bem, os candidatos podem
começar a atuar como cabeleireiros e entrar para o plano de carreira da rede, que inclui aulas de
inglês e cursos no exterior.
Foi o que aconteceu com Luiz
Carlos Ferreira, 31 anos. “Entrei
na academia aos 22 anos. Es­tudei
durante um ano e meio, até ser
efetivado como auxiliar. No ano
OUTUBRO, 2014
seguinte, me tornei cabeleireiro”,
diz. No início de 2015, Ferreira irá
para Buenos Aires, fazer um curso
na Escola Llogueras, uma das
mais respeitadas do mundo. Até
agora, 100 profissionais tiveram a
mesma experiência que Ferreira.
Para Cabral, a iniciativa traz duas
vantagens: faz com que a equipe
se sinta valorizada e garante que
a empresa tenha um banco de talentos à sua disposição. “Assim o
meu atendimento nunca sofre.
Caso alguém muito bom saia, tenho outra pessoa para colocar no
lugar”, afirma. “Além disso, ensino eles a fazer as coisas do meu
jeito, desde o começo.”
WALTER CABRAL
JUNIOR, 34 ANOS,
CEO DA
WALTER’S
COIFFEUR
O que faz: rede de
salões de cabeleireiro
Fundação: 1964
Sede: Rio de Janeiro
(RJ)
Funcionários: 430
Faturamento em
2013: R$ 3 milhões
FOTO: MARCELO CORREA/Editora Globo
ESPECIAL
TENDÊNCIAS
ESCRITÓRIO
FLEXÍVEL
Durante a conferência Growing
Together, States and Enterprises,
no Paraguai, no final de julho,
o mexicano Carlos Slim —
atualmente o homem mais rico
do mundo, segundo a Forbes
— sugeriu que as empresas
adotassem uma jornada de três
dias úteis. Em contrapartida, os
funcionários trabalhariam de 10 a
11 horas e se aposentariam mais
tarde, aos 75 anos. A sugestão do
bilionário não deve virar realidade
tão cedo. Mas sua proposta é
prova de que os novos formatos
AUBERT
de trabalho estão ganhando
ISSACHAR,
35 ANOS, CFO
força no mundo dos negócios.
Abaixo, alguns empreendedores OITARO
que faz: e-commerce
de pneus e autopeças
que estão redefinindo velhos
Fundação: 2012
paradigmas do escritório.
Sede: São Paulo (SP)
Funcionários: 40
Previsão de
faturamento para
2014: R$ 10 milhões
36. TRABALHO REMOTO
MESAS VAZIAS NA STARTUP
Trabalhar em casa é prática
comum entre negócios
iniciantes. Mas a Simbiose,
startup paulistana de análise
de dados para publicidade,
levou o conceito do homeoffice ao limite. Fundada
em 2013, a empresa tem
uma equipe de 14 pessoas
— e nenhuma delas fica no
escritório. Para manter os
colaboradores em sintonia,
são promovidos encontros
presenciais ao final de
cada mês. “É uma maneira
eficiente de reduzir gastos
operacionais e diminuir
a rotatividade. Algumas
pessoas mudaram de cidade
e continuam no nosso
time”, afirma o sócio-diretor
Cristian Gallegos, 39 anos.
78
37. SEDE ITINERANTE
EMPREENDEDORES NA ESTRADA
A proliferação de coworkings
e cafés com wi-fi deu
origem a uma nova geração
de empreendedores
nômades. A tendência é
particularmente útil para
negócios que não precisam
manter equipes operacionais
fixas. É o caso da Me
Launch Pretty One Day,
consultoria de Cingapura
focada no desenvolvimento
de projetos em mercados
asiáticos. Fundada por
Adrianna Tan, especialista
em redes sociais e
experiência do usuário, a
empresa muda de endereço
— e de funcionários — de
acordo com o local onde o
projeto será realizado.
pequenas empresas & grandes negócios
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OUTUBRO, 2014
38. COPWORKING
TRABALHO COLABORATIVO
Na Europa, o escritório
colaborativo foi substituído
pelo copworking, prática em
que uma companhia destina
um espaço para acomodar
parceiros externos. Um
estudo feito pela gigante
de TI Orange Business
Services mostrou que 74%
das empresas europeias
consideram esse tipo de
colaboração obrigatório.
Há ainda quem faça uma
espécie de intercâmbio:
é o caso da companhia
francesa de transportes
SNCF. Como realiza diversos
trabalhos com a ajuda de
outros negócios, fez questão
de criar um ambiente que
pode ser usado por seus
parceiros corporativos.
39. FÉRIAS SEM LIMITES
LIBERDADE COM RESPONSABILIDADE
Quem trabalha na Netflix,
serviço americano de
streaming de filmes e
seriados, não precisa
negociar a data de
férias com o chefe do
departamento. Também
não é necessário pedir
a autorização do RH ou
agendar o período de
descanso com 30 dias
de antecedência. Para
completar, não existe limite
de tempo para ficar fora
da empresa. Parece bom
demais para ser verdade.
E é: o sistema faz parte de
um código de conduta que
tem como objetivo estimular
o senso de responsabilidade
entre os funcionários.
FOTO: ANA CAROLINA NEGRI/Editora Globo
40. REDUÇÃO DA JORNADA
DE SEGUNDA A QUINTA
No escritório da Itaro, um e-commerce de pneus
e autopeças, a semana de trabalho pode ter apenas
quatro dias. No início de julho, a empresa adotou
um sistema de horário flexível, segundo o qual os
funcionários podem ficar um dia em casa para resolver assuntos pessoais. A única exigência: permanecer atento ao e-mail e ao celular. “As pessoas
precisam de tempo livre para cuidar dos filhos ou
esperar o técnico de televisão a cabo. Uma política
de horários abertos faz com que elas se comprometam com suas metas e trabalhem de maneira mais
produtiva”, diz o CFO Aubert Issachar, 35 anos.
O modelo, criado para coordenar equipes à
distância — a Itaro tem laboratórios em Florianópolis e Fortaleza — também contempla expedi-
entes em home-offices e cafés. Segundo Issachar,
a estratégia permite encontrar profissionais qualificados em qualquer região do país. “Em negócios
com orçamentos enxutos, isso abre o leque de
contratações”, afirma. Para acompanhar o desempenho dos colaboradores, a startup usa softwares
de gestão de projetos e promove reuniões de metas semanais, incluindo conferências via Skype. O
número de horas trabalhadas é registrado em um
sistema de ponto na nuvem.
Como os próprios sócios são adeptos do regime
flexível, era de se esperar que a maioria dos funcionários adotasse horários alternativos. Mas a
adaptação ao novo modelo tem sido lenta. Por isso,
a cultura de expediente aberto é constantemente
reforçada em comunicados internos. “Esse tipo de
mudança não acontece do dia para a noite. Trata-se
de um processo longo, que passa por aspectos culturais e psicológicos das equipes”, diz Issachar.
OUTUBRO, 2014
pequenas empresas & grandes negócios
79
ESPECIAL
TENDÊNCIAS
CONSUMO SEM CULPA
Com o aumento da renda, o brasileiro passou a adquirir
mais bens — mas nem sempre indiscriminadamente.
Bem informados, os consumidores sabem que algumas
empresas causam problemas sociais e ambientais.
“Eles se veem divididos entre o prazer de comprar e o
desejo de fazer o bem”, diz Luciana Stein, diretora da
consultoria Trendwatching na América do Sul e na
América Central. No mundo todo, o total de consumidores
conscientes chega a 2,5 bilhões de pessoas, segundo
estudo da BBMG, GlobeScan e SustainAbility. Para
conquistá-las, é essencial repensar processos e mostrar
como está colaborando para um mundo melhor.
41. ALIMENTAÇÃO
CHOCOLATE JUSTO
A engenheira Gislaine Gallette,
44 anos, sempre gostou de
testar diferentes texturas e
recheios de produtos feitos
com cacau. Em 2011, fundou
a Gallette Chocolates, com a
proposta de consumir a iguaria
sem dor na consciência.
Sua empresa só usa matériaprima orgânica ou com
selo de comércio justo, e as
embalagens são feitas com
material reciclado. “Gostaria
de influenciar o mercado a
adotar práticas melhores. Há
fazendas de cacau que não
pagam devidamente”, diz a
empreendedora, que fatura
R$ 45 mil por mês.
43. CERTIFICAÇÃO
IMPACTO POSITIVO
Neste mês, o Sistema B
completa o primeiro ano de
atuação no Brasil com 25
empresas aprovadas — o
plano é aumentar esse número
para 50 até dezembro. Desde
2009, o selo de certificação
concedido a empresas que
geram benefícios sociais e
ambientais foi aplicado a 1.110
negócios em 35 países. “São
companhias que não procuram
lucro a qualquer custo, e sim
ter um impacto positivo na
comunidade. Elas atendem
a um anseio das gerações
mais novas, que buscam um
propósito no trabalho”, afirma
Julia Maggion, diretora executiva
do Sistema B no Brasil.
42. MERCADO DE LUXO
MILIONÁRIOS ENGAJADOS
Para algumas empresas,
oferecer produtos com
propósito social e ambiental
é literalmente um luxo. Nos
Estados Unidos, duas marcas
têm se destacado nesse nicho.
Uma é a Tesla, fabricante de
carros elétricos (há modelos de
sedãs e esportivos) que custam
a partir de US$ 57 mil. Já a
Liberty United vende bijuterias
feitas de balas usadas em
conflitos. Boa parte do lucro
é doada a projetos sociais
focados na erradicação de
armas de fogo. Quem compra
uma abotoadura de US$ 11 mil,
por exemplo, ajuda a destruir
30 rifles na África.
44. MUNDO DIGITAL
COMPUTADOR DE SUCATA
A Recicladora Urbana, de
Jacareí (SP), faz parcerias
com ONGs e empresas para
reciclar computadores e
cedê-los em comodato a
projetos sociais. O negócio,
criado em 2013, processa de
30 a 40 toneladas de sucata
digital por mês. “Agora quero
capacitar os catadores, que
desconhecem os riscos de
contaminação por mercúrio,
cromo e lítio ao destruir
aparelhos eletrônicos”, diz
Ronaldo Stabile, 58 anos,
fundador da empresa, que
faturou R$ 1,7 milhão em 2013.
80
pequenas empresas & grandes negócios
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OUTUBRO, 2014
RAQUEL
DA CRUZ,
45 ANOS,
FUNDADORA
FEITIÇOS
AROMÁTICOS
O que faz: produtos
de beleza e bem-estar
sem ingredientes
nocivos à saúde
Fundação: 2002
Sede: São Paulo (SP)
Funcionários: 18
Faturamento em
2013: R$ 3,2 milhões
45. COSMÉTICOS
POR UMA FÓRMULA
SUSTENTÁVEL
No começo, era apenas um
hobby. Como gostava de aroma­
terapia, a paulistana Raquel da
Cruz, 45 anos, criou uma linha de
colônias para vender aos amigos.
Quando percebeu que os produtos teriam boa aceitação, decidiu
deixar o emprego e abrir a Feitiços Aromáticos.
Ao participar de feiras para
promover seu produto, Raquel
detectou uma forte demanda por
cosméticos relaxantes, como
óleos de massagem e espumas de
banho. Para investir nesse nicho,
FOTO: ANA CAROLINA NEGRI/Editora Globo
foi atrás de informações sobre
a formulação. Logo descobriu
que muitos desses itens continham matérias-primas que,
apesar de legalmente permitidas, eram nocivas à saúde —
caso dos parabenos, que podem
causar alergias e interferir no
funcionamento do sistema endócrino. Sua solução foi criar
uma linha livre desses ingredientes, que abolisse também os
corantes sintéticos. “Optei por
não usar nenhum elemento que
agredisse a pele ou causasse
alergia.” Os produtos relaxantes
se tornaram o carro-chefe da
empresa, que hoje também
vende hidratantes e xampus.
“Meu foco agora é na pesquisa
de princípios ativos naturais, de
origem vegetal ou mineral.”
Outra ação de impacto da
Feitiços Aromáticos foi oferecer
o primeiro emprego a jovens que
vivem perto da fábrica, em Itaquera, zona leste de São Paulo.
“Nasci aqui e sei como é difícil
ser contratado quando se mora
na periferia. Com a minha em-
presa, posso proporcionar essa
oportunidade”, diz Raquel, que
custeia cursos de aprimoramento e negociou com uma faculdade
local um desconto para seus
funcionários. A empresa adota
ainda programas de redução do
uso de água e de energia. Esse
tipo de atitude, ao contrário do
que muitos pensam, não aumenta o preço final dos produtos.
“Gasto menos com processos e
isso reduz o custo de produção.
A economia de energia, por exemplo, é da ordem de 30%.”
OUTUBRO, 2014
pequenas empresas & grandes negócios
81
ESPECIAL
TENDÊNCIAS
TECNOLOGIA
DE IMPACTO
Os fundos especializados
em negócios de impacto
social pretendem investir
US$ 127 milhões e dobrar o
número de empresas em
suas carteiras no país até
o final de 2014, segundo a
rede mundial Ande (Aspen
Network of Development
Entrepreneurs). “Empresas
digitais nas áreas de
educação e saúde
estão em evidência”,
diz Maure Pessanha,
diretora executiva da
Artemisia, que tem a maior
aceleradora do setor no
Brasil. O espaço está
aberto a quem souber
usar a tecnologia para
oferecer soluções sociais
em grande escala.“Há
boas oportunidades para
melhorar o desempenho
dos serviços públicos e
sua gestão pelos
governos”, afirma Julia
Dias, coordenadora
do projeto Visão de
Sucesso, da Endeavor.
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OUTUBRO, 2014
46. HABITAÇÃO
REFORMA SEM SUSTO
Uma área ainda
pouco explorada do
empreendedorismo
social é a da construção
civil. “Vale investir na
criação de soluções
digitais que auxiliem
quem vai construir
ou reformar”, diz Julia
Dias, coordenadora
do projeto Visão de
Sucesso, da Endeavor.
Ela cita como exemplo
o site ABCDObra,
desenvolvido no
ano passado pelo
paulistano Marcelo
Brigido, 47 anos. Voltada
à população de baixa
renda, a plataforma
traz ferramentas para
simular orçamentos,
financiar a casa própria
e encontrar os melhores
fornecedores. O produto
é o segundo do portfólio
da KMA2, fundada por
Brigido em 2007.
48. FINANÇAS
CRÉDITO CUSTOMIZADO
Investidores de impacto
estão de olho em
serviços financeiros
para brasileiros de
baixa renda. Uma das
pioneiras na área é
a startup Avante, de
São Paulo. Em 2012,
Bernardo Bonjean, 37
anos, criou um site
para ajudar quem
busca crédito para
comprar carro, imóvel
ou investir nos estudos.
Depois de se conectar
e fornecer seus
dados, o interessado
recebe sugestões
de financiamento
adequadas a seu perfil.
Em dois anos, a empresa
teve um faturamento de
R$ 1 milhão e viabilizou
2 mil negócios, no valor
de R$ 50 milhões. Neste
ano, vai abrir a primeira
loja física, na favela de
Paraisópolis, na zona
sul de São Paulo.
47. BEM-ESTAR
CONSULTA NO CELULAR
Oferecer serviços de
saúde para quem não
quer sair de casa é um
dos desafios do universo
digital. “As empresas
estão investindo na
ideia de que é possível
controlar seu estado
geral usando celular ou
computador”, afirma
Maure Pessanha, da
Artemisia. Um exemplo
dessa tendência é a
Meplis, fundada no Rio
de Janeiro por Oliver
Sergeant, 33 anos, em
2012. Ele criou uma rede
social na qual o usuário
compartilha dados de
saúde com médicos e
organizações — dessa
maneira, é possível
monitorar problemas e
tirar dúvidas. A solução
deve ser disponibilizada
ao público neste mês.
49. EDUCAÇÃO
DESAFIOS NA SALA DE AULA
Levar a tecnologia
para a escola não
significa deixar os
alunos grudados na
tela do computador.
A startup paulistana
Kidu desenvolveu uma
ferramenta digital que
sugere desafios para
a turma resolver em
classe, estimulando
a criatividade e a
cooperação. Depois
de terminar a tarefa, o
grupo se conecta para
registrar os resultados
na plataforma,
onde os professores
podem acompanhar a
evolução dos pupilos
e compartilhar boas
práticas. A solução,
criada em 2013 por José
Luiz Aliperti, 39 anos, é
usada por 2 mil alunos
de 15 escolas de São
Paulo (SP). Em 2014, a
empresa recebeu um
aporte da Vox Labs, de
valor não revelado.
ESPECIAL
TENDÊNCIAS
50. SAÚDE
SEM FILAS
NO HOSPITAL
Leonardo Carvalho até
LEONARDO
CARVALHO,
37 ANOS,
FUNDADOR
TOLIFE
O que faz: gestão de
classificação de risco de
pacientes e análise da
operação de unidades
de saúde
Fundação: 2009
Sede: Belo Horizonte
(MG)
Funcionários: 48
Faturamento em
2013: R$ 10 milhões
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OUTUBRO, 2014
pensou em fazer medicina. Mas,
como achava que não tinha o
perfil, o empreendedor de 37 anos
acabou se decidindo pela computação. Em 2008, participou de um
projeto para implantar redes integradas na área de emergência
de hospitais. Ao entrar em contato com o dia a dia de um prontosocorro, viu que a maior dificuldade era organizar a triagem
para que os casos urgentes fossem atendidos primeiro. “Mais
de 70% das pessoas têm problemas simples, que poderiam ser
resolvidos por um médico em um
posto de saúde próximo”, diz.
Em busca de uma solução, ele
decidiu fundar a ToLife no ano
seguinte. A partir de um investimento inicial de R$ 1,5 milhão,
levantado entre amigos, desenvolveu um aparelho que faz uma
classificação de risco, determinando a ordem de atendimento
de acordo com a gravidade do
caso. Depois de alguns testes,
percebeu que a simples aquisição
do dispositivo não melhorava a
gestão dos hospitais. “Em 2011,
passamos a oferecer um pacote
completo, que inclui uma análise
de dados para orientar gestores
sobre os gargalos do prontosocorro, a produtividade da equipe e as opções para melhorar o
atendimento”, afirma Carvalho.
Implantado em 5 mil unidades
de saúde — 70% delas na rede
pública —, o novo sistema impacta 4 milhões de pessoas por
mês. “O mercado de tecnologia
em saúde é enorme, mas o ciclo
de venda para o setor público é
bastante moroso”, diz o fundador
da ToLife, que faturou R$ 10 milhões no ano passado. Um recente aporte da Vox Capital, de valor
não revelado, deve ajudar a empresa a dobrar a receita neste ano.
FOTO: LEONARDO CARVALHO - AGENCIA NITRO/Editora Globo

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