«Aveiro à Conversa» a propósito da enguia

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«Aveiro à Conversa» a propósito da enguia
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«Aveiro à Conversa» a propósito da enguia
No ciclo de debates «Aveiro à Conversa» realiza-se a 13 de Outubro uma sessão com o tema «Os peixes da Ria de
Aveiro e a certificação das enguias». O objectivo é dar a conhecer as potencialidades do concelho e, no caso da
enguia, abordar a certificação que «pretende acautelar a origem e a genuinidade da confecção das enguias de
Aveiro».
Café Portugal/Lusa | quarta-feira, 12 de Outubro de 2011
A enguia da Ria de Aveiro, outrora abundante e integrante da dieta popular, é hoje um «petisco» caro e raro, mas mesmo assim há
restaurantes que a servem sem ter mãos a medir.
Dizem os entendidos que a enguia não é toda igual: a da Ria de Aveiro tem um sabor característico e forma própria de confeccionar,
sendo capturada sobretudo à noite, com artes próprias dos pescadores da região, que conhecem os seus esconderijos e hábitos nocturnos.
São saberes tradicionais que se juntam ao saber académico numa «conversa» promovida pela Assembleia Municipal de Aveiro, tendo no horizonte a possibilidade de certificação, para
evitar que «o povo ande enganado sem saber o que come», como disse Manuel, o marnoto da Gafanha que recolhe o sal nas marinhas, aludindo à enguia de piscicultura, alimentada com
rações.
O professor universitário José Eduardo Rebelo é o convidado do terceiro «Aveiro à conversa», marcado para 13 de Outubro às 21h00, no auditório da sede da Assembleia Municipal de
Aveiro.
Trata-se de um ciclo de debates destinado a dar a conhecer à comunidade a investigação da Universidade sobre temas que fazem parte da identidade de Aveiro e um espaço de diálogo
que tem dado resultados com impacto económico, nomeadamente com a certificação dos Ovos-moles e a promoção do sal de Aveiro, como explicou Miguel Capão Filipe, presidente da
Assembleia Municipal de Aveiro.
Desta feita, o tema prende-se com «Os peixes da Ria de Aveiro e a certificação das enguias», questão que está na ordem do dia por se pretender acautelar a origem e a genuinidade da
confecção das enguias de Aveiro, apreciadas em caldeirada ou ensopado, ou ainda fritas com molho de escabeche, e que são, para Capão Filipe, o primeiro prato da gastronomia local.
José Eduardo Rebelo vai dar conta de estudos feitos sobre a diversidade biológica da Ria, com especial ênfase na enguia, que reconhece ser «um ex-líbris da Ria de Aveiro, em termos
culturais e com impacto económico».
No Verão, como disse a peixeira Rosa Maria, que as vende no mercado da Costa Nova, o preço ao quilo chega aos 30 euros e quase não há para vender. O número de enguias na Ria
tem estado a diminuir, confirma-o o docente da Universidade de Aveiro.
Explicações empíricas não faltam entre quem anda às enguias nos lodos da Ria António Soares Branco vem de as apanhar para fazer uma caldeirada com os amigos e adiantou que o
assoreamento leva a enguia a aparecer menos, sobretudo ao sul, no canal de Mira.
Já Manuel, que correu mundo ao bacalhau e amanha uma marinha de sal às portas de Aveiro, disse que a decadência da salicultura é a principal causa. As salinas, que quando se
vazavam davam cestas de enguias, estão abandonadas e arruinadas e o peixe assim não se cria.
Sendo assim, que enguias são servidas? Uns dizem que «vêm de fora», de Marrocos e de outras paragens, outros que são criadas «artificialmente, à base de ração», concordando no
essencial: a enguia da Ria de Aveiro, apanhada nos canais ou nas marinhas, tem outro sabor, além do que lhe é dado pelos condimentos, também eles variáveis.
As explicações académicas ficam para «Aveiro à conversa».
http://www.cafeportugal.net/pages/noticias_artigo.aspx?id=4078
14-10-2011