A historia do CACOS - Universidade Federal do Paraná

Transcrição

A historia do CACOS - Universidade Federal do Paraná
Cacos de Papel
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^
Jornal do Centro Academico
de Comunicacao Social
Junho de 2009
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Sob nova direcao
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A historia do CACOS
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Hora de descer a serra
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CACOS DE PAPEL
Carta aos professores
Diretora de redação: Vivian Faria
C
omo todos sabem, acabei de me formar. Como todos sabem, sempre estive ligado a atividades da faculdade, como Fábrica, Cacos,
oficinas, palestras, congressos, entre outros. Por isto, tomo a liberdade
de falar em meu nome e em nome dos alunos de Comunicação Social.
De mostrar os nossos anseios. De mostrar o que realmente esperamos
deste curso, mas, principalmente, o que realmente esperamos de vocês,
professores.
Equipe de edição: Ana Claudia Cichon, Dalane
Santos e Phillipe Trindade
Com o passar dos anos, a empolgação pelo curso passa a se transformar em, simplesmente, falta de estímulo. Muitos alunos vêm até mim
para reclamar da qualidade das matérias e de diversas pequenas coisas
que dizem respeito ao curso. Vejo muitos alunos desistirem, trocarem
de curso e, na minha opinião o mais grave, vejo muitos alunos optarem
por levar a faculdade de maneira descomprometida porque sentem um
descomprometimento por parte de todos aqueles envolvidos no curso.
Colaboradores: Ana Claudia Cichon, Dalane
Santos, Fernanda Bomfati, Guilherme Sobota,
Jéssica Maes, Juliana Blume, Marcela Varasquim,
Phillipe Trindade
Começo falando das optativas.Todos temos que cumprir uma carga
exorbitante de matérias, em média 12 durante o curso. É uma carga
pesada, mas conseguimos levar, somos fortes. Porém o que desestimula
mesmo é ver que temos professores maravilhosos, com currículos
poderosos, mas que não conseguem oferecer matérias optativas em
quantidade e, principalmente, em qualidade. Porque não temos história
da arte, fotografias avançadas, manuseio de softwares da área, manuseio
de radio, tv, jornais? Estamos carentes de novas optativas, optativas de
interesse tanto dos alunos quanto dos professores, como marketing
político com a Panke ou oratória com a Desire ou ainda ênfases em administração com a Adriana. Isso tudo é bom, mas precisamos de muito
mais.
Sabemos que a UFPR ajuda e muito o crescimento acadêmico dos
nossos professores e sabemos que todos eles querem crescer neste
sentido. Mas nem sempre vemos os resultados desse crescimento. Esperamos que venham novas matérias, oficinas, palestras, mas nada disso
acontece. E ainda dentro das matérias vemos falta de vontade de ensinar. Precisamos de mais atuação de vocês, professores.
Posso estar exagerando, posso estar indignado. Mas quero que entendam que este é um sentimento coletivo. Os alunos precisam de
apoio para crescer, precisamos de professores mais próximos do Cacos
e das outras entidades estudantis. Não queremos apenas ter os professores em seus gabinetes esperando dúvidas. Mas queremos, sim, todos
os professores preocupados com os alunos, correndo atrás de novas
alternativas de tornar o curso ainda mais influente e com uma qualidade inimaginável. Temos o potencial, precisamos do direcionamento.
Professores, este é o meu pedido, este é o nosso pedido. Queremos mais interesse pelos alunos e não só por congressos e doutorados.
Queremos vocês criando oficinas, grupos de estudos e muitas outras
formas de nos transformar em excelentes profissionais. Queremos vêlos no intervalo conversando com os alunos, queremos criar projetos e
trabalhos que realmente sejam efetivos e não apenas uma ficção dentro
de sala de aula. Todos falam mal do método de ensino das pagas, mas
estou vendo que hoje quem está preparando melhor e com mais qualidade são elas. Podemos resolver essa situação professores. Precisamos
de vocês.
André Sabatke
Capa: Guilherme Biglia
Diagramação: Fábrica de Comunicação
Editorial
J
unho é um mês de términos.
Término do semestre.Término do mandato da chefia
do Decom. Término da atual gestão do Cacos.
Num clima de “balanço”, o Cacos de Papel deste mês
contará a história do Centro Acadêmico de Comunicação Social, o nosso Cacos. O espaço não permite que
isso seja feito de maneira tão completa e aprofundada
quanto deveria, no entanto, espera-se que a matéria reforce a idéia de que o Cacos foi construído pelos estudantes de comunicação e deve ser sempre reconstruído
e repensado pelos estudantes de comunicação. Cada um
de nós pode, de alguma forma, contribuir para isso, seja
ajudando a mantê-lo limpo ou participando de uma chapa para concorrer nas próximas eleições, que ocorrem
entre os dias 15 e 19 de maio.
Apesar de as eleições do Cacos ainda não terem
acontecido, as para a chefia do departamento ocorreram no dia 06 de maio. O CP tenta explicar porque o
desinteresse dos professores pelo cargo e apresenta,
através de entrevista, o novo chefe do Decom: João
Somma Neto.
E apesar dos términos e transições, a vida – dentro e fora da floresta – continua. Estão marcados para
esse e para o próximo mês, respectivamente, Putz (ou
“Putzão”, como também é chamado o festival pelos florestais) e 19º Festival de Inverno de Antonina; dois eventos que podem ser muito interessantes para todos nós.
Vale a pena conferir o que está programado para esses
eventos.
CACOS DE PAPEL
A
chefia do Departamento de Comunicação Social mudou a partir das eleições de seis de maio. Nada anormal
para um cargo rotativo, que a cada dois anos exige ou uma
nova direção, ou a aprovação popular para a continuidade
da anterior. As eleições deste ano, porém, foram marcadas
pela presença de apenas uma chapa e pelo desinteresse da
maioria dos professores na candidatura.
O publicitário e professor do departamento
Rubens Sprada Mazza afirma que sua ausência de iniciativa
para a formação de chapa ocorreu em função de sua aposentadoria estar iminente, além de não se sentir apto a enfrentar os desafios que o cargo exige. “Se tudo der certo
me aposento em maio do ano que vem. Estou cansado”,
confessa. “Tem muita luta pela frente e eu não tenho mais
saúde para isso”.
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Já o jornalista Mário Messagi Jr. conta que obteve
interesse na candidatura, mas foi impossibilitado por possuir cargo que proíbe a ocupação da chefia como tarefa
paralela. “Sou da assessoria de Comunicação Social, e, portanto, não posso assumir dois cargos. Se não fosse isso, me
candidataria”, diz.
O também professor do DECOM Jair Antonio de
Oliveira assume que não possui perfil adequado para ser
um chefe de departamento. “Não me dou bem com burocracia”, afirma. A ausência de sua participação nas eleições
foi, portanto, motivada pela sua declarada preferência por
outras áreas. “Não tenho habilidade para ser administrador,
e sim, para ser pesquisador”, conta.
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Por Marc
Espera-se que...
A ex-chefe do departamento e suplente da atual gestão
Glaucia da Silva Brito revela estar tranquila em relação aos
rumos que a chefia tomará nas mãos de João Somma Neto,
professor eleito. “O Somma vai trazer o estilo dele para a
chefia, o que será construtivo”, diz.
Entre os maiores feitos de sua gestão, Glaucia considera que entre eles está a reforma do auditório, a atualizada nos equipamentos e a luta para tornar o DECOM
visível. “Nós recuperamos nosso espaço no setor e na
UFPR”, alega.
Mazza também possui boas expectativas, principalmente com relação à TV. Apesar de Glaucia desconsiderar
que haja problemas com ela, Mazza conta que o ex-reitor
tomou equipamentos do curso para montar a TV UFPR, resultando em carência de material para os alunos. Segundo
Mazza, o atual chefe do departamento poderá auxiliar na
solução do caso. “O Somma foi aluno nosso, é uma pessoa
competente e conhece bastante a TV, que é um dos maiores
problemas nossos”, afirma.
O professor Jair considera a gestão da Glaucia uma das melhores que já presenciou no DECOM.
Para a gestão de Somma, entretanto, ele espera que mais
ainda seja feito. “Ainda temos elevado número de professores substitutos, temos a questão da TV e do mestrado, apesar de já estarem sendo solucionadas”, diz.
Com a palavra, o
eleito
Somma pretende, com a ocupação do cargo, dar continuidade à gestão de Glaucia. Entretanto, segundo ele, ainda
há aspectos a serem melhorados no DECOM. “A questão
do atendimento às necessidades do curso, como equipamentos laboratoriais e câmeras é algo que precisa ser alterado”, certifica.
O novo chefe do departamento ainda conta que
não tem intenção de privilegiar apenas uma área, como a TV,
mas sim, o conjunto das necessidades do DECOM. Entre
elas está a visibilidade do departamento. “Não somos muito
respeitados, prestigiados. Precisamos mudar o tratamento
que nossos cursos têm junto à administração superior”,
afirma.
Somma revela que o departamento tem que se fazer ouvir e, para isso, é necessária uma gestão forte e apta a
conquistar esse objetivo. “Nossa gestão será reivindicatória,
enfática e firme junto à administração”, finaliza.
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CACOS DE PAPEL
´
O diario dos
Por Dalane Santos
E
ntramos na Universidade com objetivo de nos tornarmos comunicadores, e uma das ferramentas utilizadas
em larga escala por nós, estudantes, são os blogs. Todos os
assuntos podem ser tratados dentro de um espaço ilimitado, e os florestais aproveitam esse espaço para falar sobre
a vida, as paixões e profissões.
Alguns blogs florestais tem um caráter mais profissional, como se fosse uma primeira experiência antes do
mercado de trabalho. É o caso de Guilherme Sobota, aluno
do primeiro ano de jornalismo, que possui um blog com
materiais de clipagem que ele faz. “Eu espero postar matérias minhas no blog, quando eu estiver melhor preparado,
enquanto isso, coloco assuntos que eu acho que possam
“
florestais na web
ramenta, Flávia não criou o hábito de ler blogs jornalísticos
e manteve o seu diário.
Falar dos sonhos, da profissão, das conversas que gostaria de ter tido com alguém é o intuito de Jean Michel,
aluno do segundo ano de publicidade e propaganda, em seu
blog.“Acho que os blogs oferecem um espaço que extremamente favorável a nós que amamos escrever”, declara. Segundo Jean, os blogueiros são livres e não há necessidade de
ter medo na hora de expor uma opinião, já que não existem
restrições.
Amanda Audi, aluna do quarto ano de jornalismo, tem
blog desde 2006, e até pensou em publicar matérias e crôni-
”
Criei o blog com intuito de testar as minhas habilidades
jornalísticas, mas decidi postar todas as matérias que
produzo, sobre temas variados
Phillipe Trindade
interessar as pessoas, como por exemplo, política e literatura”, comenta Sobota.
O Um Buds Man, blog de Phillipe Trindade, do segundo
ano de jornalismo, contém todas as matérias produzidas
por ele. “Criei o blog com intuito de testar as minhas habilidades jornalísticas, mas decidi postar todas as matérias
que produzo, sobre temas variados”, declara. Segundo ele,
além de não existir um chefe para se reportar, os blogs
são espaços para reportagens livres que devem ser melhor
aproveitados.
A quem prefira usar o blog para falar da vida pessoal,
usá-lo como diário virtual. Segundo Flávia Silveira, esse era
o formato mais popular de blog em 2002, quando ela criou o seu. Para ela, isso acontecia pela falta de outros sites
de relacionamento como orkut, twitter, facebook, então
o blog era usado para conhecer outras pessoas e saber o
que estava acontecendo na vida de um amigo, por exemplo. “No início, era um diariozinho mesmo, com fatos do
meu dia a dia, com o passar do tempo, começaram a surgir
blogs como fonte de informação, mas eu não consegui me
adaptar a esses novos blogs e continuo preferindo os mais
pessoais”, afirma. Apesar de saber que há quem critique
blogs pessoais, e considere desperdício do potencial da fer-
cas, mas resolveu usar o espaço para desabafar. “O blog foi a
solução que encontrei para guardar os meus textos e, além
disso, meus amigos podem entender um pouco mais sobre
mim”, diz. Iasa Monique, também é aluna do quarto ano de
jornalismo, retorna aos arquivos do blog, revê o que escrevia aos 16 anos e conta que é engraçado comparar com
os textos que escreve hoje. “Eu escrevo em fases, às vezes
fico um tempão sem atualizar e outras posto bastante coisa
nova, mas eu não me preocupo com uma periodicidade, o
blog é um cano de escape, só funciona quando preciso”,
explica.
Para Amanda, os blogs possibilitam que qualquer pessoa seja um comunicador, por isso são uma das ferramentas
mais exploradas na internet. Segundo ela, independente de
diploma e formação, qualquer um pode criar uma página e
colocar suas opiniões, críticas e resenhas. “Eu acompanho
vários blogs diariamente e acredito que eles me ofereçam
algo que os sites de notícia não têm, que é a informação
personalizada. Cada um desses blogs tem seu público-alvo
específico e oferecem informações mais opinativas, com
mais liberdade”, diz Amanda.
CACOS DE PAPEL
´
A Historia
do
Texto e fotos por Juliana Blume e Guilherme Sobota
N
os dias 15 a 19 de junho serão realizadas as eleições
do Centro Acadêmico de Comunicação Social. Todos
os alunos têm direito a voto, e até o fechamento desta
edição, somente uma chapa havia sido inscrita para disputar
as eleições. De qualquer forma, o debate de ideias e pensamentos é importante na medida em que o Cacos, espaço
de representação dos alunos, será conduzido pela chapa
vencedora durante um ano inteiro.
Em decorrência disso, o Cacos de Papel se propôs a
investigar e expor a história do Centro Acadêmico, desconhecida de muitos alunos. Além disso, a intenção é exibir os
êxitos e contratempos da gestão atual, a Cacos Que Interessa, e relacionar as propostas da nova gestão.
Passado
O escritório do Cacos não é apenas um depósito de
garrafas de vinho Campo Largo e malas do curso. No canto
mais remoto do centro acadêmico, o mais distante possível
da mesa de sinuca, um arquivo abriga a história do curso de
comunicação social da UFPR, com panfletos de movimentos
estudantis e políticos dos anos 90, como adesivos exigindo
o impeachment do Collor e cartas de protesto endereçadas
a ex-reitores.
Na primeiríssima gaveta metálica se encontram os
documentos e atas de presidências passadas, com escassos dados sobre o final da década de 70 e início da década
de 80. Até meados de 1980, a representação do Decomtur
(departamento de comunicação e turismo), ainda no prédio Dom Pedro I, na Reitoria, era por meio de um centro
acadêmico sem muita atividade. Com a mudança para o prédio histórico, em 1986, o novo Cacos foi fundado em oito
de agosto deste mesmo ano, às 09h30min, com aprovação
de um novo estatuto.
“Tudo aconteceu rapidamente; bastou que um grupo
de acadêmicos, cansados com o estado de apatia que dominava o conjunto de estudantes, resolveu tomar a frente e
colocar os anseios em prática.”, descreve uma carta aos alunos do final dos anos 80, e Paulino Motter, presidente da
chapa de 1986/87, completa “O regime militar tinha recém
terminado, era um período de efervescência política e o
movimento estudantil estava ressurgindo”. Assim, o Cacos
renasceu com a chapa Pós-abismo, para ser a única repre-
5
S
O
C
CA
sentação oficial dos alunos do Decom, com direito a votos
em decisões na UFPR e a uma soma anual que pode ser
requerida para organizar atividades culturais e criativas de
interesse dos alunos. Segundo o Artigo1.1 do estatuto do
Cacos, ele é uma entidade jurídica civil, de duração indeterminada, sem fins lucrativos, autônoma e livre.
Os anos foram passando e cada gestão do Cacos realizou conquistas diferentes, como o vídeo clube, nos anos
80, a semana de comunicação, oficinas e outras atividades.
A gestão de Ana Bendlin, em 2004, organizou o primeiro
Olimpicacos, e reuniu mais de 100 pessoas, entre alunos e
ex-alunos “acho que foi a única edição do evento que foi realizada dentro do próprio campus”, contou ela. Foi também
a chapa de Ana que comprou a adorada mesa de pebolim.
Nazen Carneiro, presidente em 2005, diz “ganhamos aquelas eleições para mudar o Cacos e trazer as pessoas novamente para interagir, debater e construir. Pensávamos que
as pessoas se envolveriam com o Cacos se tivessem espaço
e orgulho do dele”. Para isso, a sede do CA foi reformada
- janelas e lajotas foram instaladas, o escritório, o balcão e
o palco foram construídos-, foi criado o Cacos de Papel e a
gestão atraiu mais participantes conforme o ano passou. Já
o investimento em interação entre universidades da gestão
2006/07,”maCACOS novos”, resultou no I JUCS, em Apucarana, com participação da PUC-PR, UFPR e Facnopar.
Mas nem tudo é festa: as gestões também passaram por
dificuldades, como o fechamento da sala do CA por vandalismo e quando só se podia entrar no Cacos trocando a
carteirinha da UFPR pela chave na secretaria ou acompanhado de um integrante da chapa. Outro problema que parece ser frequente é o cancelamento de vinhadas por brigas
Atas e documentos do arquivo CACOS
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CACOS DE PAPEL
envolvendo estrangeiros “Que isso sirva de alerta para os
calouros e alunos de segundo ano que não passaram por
isso: não levem estrangeiros, coíbam todo tipo de briga e
cuidem muito para que nada seja danificado no campus.”, diz
Carolina Leal, presidente da gestão 2006/07.
Paulino fechou sua entrevista por telefone dizendo que
atribui muito das suas escolhas profissionais à participação
no Centro Acadêmico. “A vida acadêmica é muito enriquecida pelo que acontece fora da sala de aula, é importante se
engajar em ações coletivas”, diz ele.
Em tempo, a CQI realizou mudanças no Decom, a partir
dos anseios dos alunos. Por exemplo, a cantina, antes inexistente, foi tomada como responsabilidade pelo Cacos. No
campo intelectual, apesar de dispersas, as palestras promovidas pelo CA foram importantes: dentre as mais relevantes
está a do jornalista Laurentino Gomes, formado pela UFPR
e autor do best-seller 1808. Ainda, no ano passado, ano de
eleições municipais, o Cacos promoveu um debate inédito
e excepcional entre jovens candidatos a vereador na capital.
Os candidatos Kiko (PV), Kleber Wolf (PP), Rafael de Tarso
(PPS) e Bruno Vanhoni (PT) tiveram então a oportunidade
de apresentar suas idéias e mostrar, no ambiente acadêmico,
suas capacidades e disposição para concorrer a uma vaga de
tamanha importância.
Outra conquista importante da gestão está agora em
suas mãos, leitor. O Cacos de Papel foi revigorado pela
CQI, cumprindo a proposta de campanha. De publicação
esporádica e com pouco conteúdo, o jornal tornou-se peça
importante na informação e exposição de virtudes, necessidades e críticas dos alunos e do departamento. Além disso,
um balanço mensal financeiro também foi incluído no jornal, prática pouco comum antes da gestão, e que auxilia no
sentido da transparência do centro acadêmico, tornando-o
algo ainda mais próximo dos alunos.
Cartaz da chapa de Nazen, 2005/06- repare que o CACOS não
tinha janelas laterais, palco, lajotas ou escritório
As festas, claro, não foram menosprezadas. As Vinhadas,
anteriormente esporádicas (muito em função das dificuldades expostas), passaram a acontecer de maneira mais
frequente. Além disso, o churras dos calouros 2008 foi um
sucesso de público e crítica. E também nesse ano, a Semana
do Calouro, realizada para promover a integração entre
veteranos e calouros recém chegados na Floresta, ocorreu
sem problemas e cumpriu de fato, a tarefa que lhe pertence.
“O Cacos foi muito importante nessa chegada à faculdade:
principalmente na primeira semana, a integração promovida
entre calouros e veteranos me fez pensar: ‘estou no lugar
certo’”, revela Leda Samara, 1º período de Jornalismo.
Porém, nem tudo são flores. “Movimento estudantil foi
ausente na nossa gestão. O nosso diretor de ME nunca ajudou e nunca apareceu”, confessa Andrézão. Ele ainda afirma
Presente
A gestão atual, Cacos Que Interessa, que conta com o
pomposo André Sabatke, o Andrézão, como presidente, passou a existir num momento delicado do CA. Ela veio com a
proposta de uma gestão participativa, que atraísse o interesse dos alunos. Para isso, ela propôs que não só aqueles
que compunham a chapa colaborassem para o bom funcionamento do CA, mas todos que pudessem (ou quisessem)
participar assim o fariam. E foi isto que aconteceu, de fato.
Churrasco dos calouros 2008
CACOS DE PAPEL
que poderia ter trabalhado mais no assunto, mas se deu
conta que deveria retomar a integridade interna do Cacos
para que a próxima gestão pudesse levar adiante o projeto
de envolvimento com o movimento estudantil na universidade.
“Acho que o que mais marcou nos alunos foi a imagem
renovada do Cacos Que Interessa. Nós tentamos sempre
mostrar a eles que estamos sempre unidos e fortes, e nos
esforçando para representá-los e uni-los. Senti nesta gestão
que a conquista mais marcante foi uma velha honra e respeito que já não existiam mais”, diz o atual presidente do
Cacos. “Sempre trabalhei com o pensamento de que todos
estão certos, e que muitas vezes minhas ideias não eram as
melhores, e que deveria unir todas as cabeças para pensar
melhor. O Cacos sempre trabalhou livre e aberto. Eu espero que ele cresça e se fortaleça a cada dia. Espero que possa
ter contribuído para que os alunos entendam qual é o seu
papel e qual é a verdadeira luta!” Para concluir, Andrézão
fala: “Eu sempre me esforcei para que o Cacos não fosse
chato nem desgastante, e que fosse além de um orgulho,
um prazer trabalhar ali! Espero ter deixado a minha marca
dentro deste curso que tanto me ensinou!”
Futuro
Falando de futuro, alguns alunos já se movimentam
visando as próximas eleições. Até o fechamento desta
edição, havia apenas uma chapa estruturada para concorrer:
a Cacos Que Conquista, ou CQC, liderada por Phillipe Trindade (3º período de Jornalismo) e Guilherme Gomes Glir
(3º período de PP). “A CQC pretende não só continuar a
boa gestão do CQI, mas também incrementar, melhorar e,
principalmente, conquistar mais!” é o que afirma o próprio
Phillipe.
Dentre as propostas da nova gestão, está o retorno ao
movimento estudantil. Muito em função do isolamento do
campus, muitas vezes discutido pelo Cacos de Papel, o curso
de Comunicação Social, por ora, não tem uma vida ativa na
política da universidade. Porém, a partir deste mês de junho,
o Cacos (e vários alunos colaboradores), em conjunto com
o DCE, irá realizar um Coletivo de Jornalismo, com nome
ainda indefinido, com circulação por toda a UFPR. A CQC
ainda propõe uma participação estudantil em várias esferas,
como no Departamento, no Setor de Humanas, Letras e
Artes, e no DCE.
Além disso, a chapa CQC promete dar continuidade
e progredir na participação ativa dos alunos no centro
acadêmico, na transparência, no Cacos de Papel, e também
adquirir os itens de necessidades do Cacos.
A divulgação oficial do resultado das eleições se dará no
dia 19 de junho, a partir do meio-dia, e a transição e a posse
da nova chapa no dia 22 de junho.
Complementos e curiosidades
Artigos 2 e 3 do estatuto do CACOS
CAPITULO II
Art 2: O cacos norteará as suas atividades nos seguintes
princípios:
I - manter constante espírito de luta, sempre em defesa da
justiça social e dos direitos humanos;
II- zelar pela democracia, apoiando os órgãos legitimamente constituídos, quando coerentes com suas finalidades
democráticas, porém combatê-los de denunciá-los quando
se desviarem do bem comum;
III- manter luta constante pela liberdade de expressão, em
todas as formas, especialmente na liberdade de imprensa;
IV- lutar pela emancipação política e econômica do país;
Art 3- O cacos atuará segundo as seguintes finalidades:
I-defender e colaborar na elevação do nível de ensino do
curso, incentivando igualmente a ampliação do ensino para
toda a população, sempre com espírito de conquista do Ensino Público e Gratuito em todos os níveis;
II- coordenar e incentivar os acadêmicos em torno da
solução de seus problemas;
III- manter relações e cooperar com as demais entidades
congêneres, em consonância com os princípios estatuídos;
IV- promover atividades de cunho cultural, social, artístico
e desportivo, atendendo aos interesses de seus associados;
V- esclarecer os estudantes sobre as questões suscitadas que
envolvam seus interesses.
Ordem das chapas
1986: Chapa “Pós-abismo”. Presidente- Paulino Motter
1987: “Expressão”- Thomas Traumann
1988: “Quebra-gelo”- Marcelo Romaniewicz
1990: presidente: Rubens Berigo
1991: “Erectos-menos pausa, mais tesão”- Dirk Lopes
Mário Message Jr: tesoureiro
1992: “Orgasmo”- Marcos Ferraz
1993: “Ahh!” – Fábio Massali
1997: “Cacos meus botões”- Rodrigo Sais (Groo)
1998: “Cacos meus sofás”- Rodrigo sais
1999: “Cacos meus macacos”- Rachel Bragatto
2000: “Cacos me mordam” - Roberta Bernine e Inez
Schoemberger
2001: “Juntamos cacos” - André Moreira
2002: “Quem sabe faz a hora”- Ana Silvia Cruz
2003: “Cacos meus tacos”- Ana Bendlin
2005: “Cacos aberto”- Nazen Carneiro
2006: “MaCACOS Novos” – Carolina Leal
2007: “Cacolandia”- Fábio Pupo
2008: “CACOS que interessa”- André Sabatke
2009: ?
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CACOS DE PAPEL
Funcionamento dos cargos
Diretor(a)
Social
Presidente
Secretário(a)
Tesoureiro(a)
Diretor(a)
de Assuntos
Acadêmicos
Diretor de
Comunicação
Diretor de
Esportes
Diretor de
Jornalismo
Diretor de
Publicidade e
Propaganda
Diretor
de Relações
Públicas
Funções dos cargos
Diretor
de Movimento
Estudantil
Diretor de
Cultura
Secretário(a):
• Organizar agenda, promover debates, documentar reuniões, etc.
D. de Comunicação:
• Realizar o Cacos de Papel,
• Confecção de avisos e comunicados do Cacos para os
alunos,
• Comunicação externa do Cacos, etc.
Tesoureiro(a):
• Realizar e organizar o fluxo financeiro do Cacos e
atualizá-lo no CP.
D. de Cultura:
• Promover atividades culturais,
• Compor a parcela cultural do Cacos de Papel, etc.
Diretor de Assuntos Acadêmicos:
• Organizar eventos de extensão, trabalhar por melhorias
na grade curricular, comunicar eventuais problemas com
professores e técnicos, atuação na plenária departamental,
etc.
D. de Jornalismo, PP e RP:
• Direcionar uma ponte entre os alunos da habilitação e o
Cacos,
• Atuar no Cacos de Papel, na comunicação em geral, etc.
D. de Esportes:
• Promover eventos esportivos, como o Olimpicacos, Jucs,
etc,
• Campeonatos diversos.
D. Social:
• Promover eventos de integração, como as Vinhadas, e
outros eventos em conjunto a outras instituições, como a
Atlética, outros CAs, etc.
D. de Movimento Estudantil:
• Estabelecer contato com o DCE, e outras entidades do
movimento (UNE, Enecos, etc),
• Realizar eleição dos representantes discentes,
• Representar os estudantes do curso dentro e fora da
UFPR,
• Levar informações e debater o movimento estudantil na
Floresta, etc.
Semana do calouro de 1987
Segunda:
Aula trote
Debate “O movimento estudantil hoje”
Terça:
Filme “The killing fields”
Quarta:
Filme “Sob fogo cruzado”
Debate: “Universidade”
Quinta:
Filme: “Coca-cola kid”
Debate: “Comunicação e constituinte”
Sexta:
Vídeo “TV cubo e rádio livre”
Palestra
CACOS DE PAPEL
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Chega
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- sempre achei que a categoria Institucional, além de ter menos trabalhos inscritos, não tinha trabalhos que se destacassem”, cometa Solange. Ela venceu
a categoria Vídeo Institucional, em 2008,
com o curta ‘Ruído’.
Por Ana Claudia Cichon
O
evento que surgiu após o desejo dos alunos de Comunicação Social da UFPR em expor os trabalhos
produzidos em sala cresceu e ganhou dimensões nacionais.
Esse ano, com mais de 270 trabalhos inscritos, ele será realizado no Sesc da Esquina, de 11 a 14 de junho e terá, além
da mostra oficial, oficinas e debates entre realizadores e
interessados. O destaque entre os convidados deste ano
é o cineasta João Moreira Salles, que escreve para a revista
Piauí.
“O Putz é uma oportunidade de encontro entre pessoas com interesses comuns”, destaca Rafael Urban, um
dos organizadores do evento desde 2007 e responsável
pela comissão de seleção da banca julgadora e dos convidados. Ele afirma que a escolha de profissionais importantes
favorece uma ponte entre os participantes e o mercado de
trabalho. “A opção por representantes do Paraná é, além de
mais viável economicamente, uma forma de valorização”,
ressalta. Outro fator relevante, segundo Letícia Fontanella,
organizadora e idealizadora do projeto, é que os jurados
não tenham vínculo com a UFPR, mostrando a independência do festival.
As categorias concorrentes no festival são: Vídeo Publicitário (1’), Vídeo Institucional (10’), Vídeo Reportagem
Jornalística (5’), Documentário (20’), Ficção (20’), Experimental/ Arte (10’), Trash (10’) e Videoclipe (8’). A 91Rock,
parceira do PUTZ, está promovendo um prêmio especial
para filmes publicados na internet e o Curso de Cinema do
Centro Europeu irá premiar o ‘Destaque Paranaense’.
De acordo com Letícia, as categorias que mais recebem
inscrições são ficção e documentários. Esse foi um fator
que contribuiu para Solange Lingnau, formada em 2007 em
Relações Públicas na UFPR em 2007, inscrever seu filme no
evento. “Como acompanhei o PUTZ desde suas primeiras
edições - já fiz parte da equipe de organização, inclusive
Para Urban, a concepção de filmes
trashs, como a ideia inicial do projeto
na UFPR (PUTZ – Prêmio Universitário
Trash Zé do Caixão) propunha, acaba ficando mais no festival interno. “O PUTZ
tem o caráter um pouco mais sério”,
analisa, embora vários curtas sejam inscritos nessa categoria. Em relação à
participação da instituição no evento,
Solange admite que, pela experiência
que teve na organização, a UFPR não
era tão presente quanto outras universidades do país. “Espero sempre um envolvimento maior
dos alunos, mas mesmo assim sempre temos premiados da
UFPR”, confirma Urban.
Relevância e valorização
Como terceiro festival universitário de cinema mais
antigo do Brasil, o PUTZ vem recebendo reconhecimento.
“Somos referencia na questão gráfica e também no regulamento”, ressalta Urban. Ele destaca ainda a questão da
qualidade da produção e da maturidade que o projeto vem
apresentando, com uma escolha coerente de pessoas para a
organização, banca e convidados.
“A questão central é que todo o festival é feito sem
um apoio formal. São apenas parceiros, mas não contamos
com nenhuma Lei de Incentivo”, afirma Urban. Ele destaca
que se houvesse mais incentivo o PUTZ poderia ser mais
divulgado em todo o país, e certamente haveria uma grande
participação. Apesar disso, a intenção dos organizadores é
continuar com o evento. “O primeiro PUTZ foi feito em
apenas trinta dias. Hoje o planejamento é feito com vários
meses de antecedência, e a participação do público é cada
vez maior”, confirma Letícia.
O espírito do projeto de ser um espaço para exposição
das produções universitárias e também proporcionar uma
aproximação entre os universitários e os profissionais do
mercado de trabalho é muito importante. Para Solange, o
PUTZ tem crescido bastante e, mesmo assim, se mantido
jovem. “Como é feito por pessoas jovens que, ainda assim,
o levam muito a sério, ele se mantem sempre crescendo ao
mesmo tempo em que consegue dialogar com o público
que pretende atingir, através de seus palestrantes, seus materiais de divulgação e suas categorias” conclui.
10
CACOS DE PAPEL
nverno chegando e com ele o frio. Porém, desde 1991 o mês
de julho não se resume à lareira, filme e chocolate quente: é o
mês do Festival de Inverno da UFPR, que acontece em Antonina
e está na sua 19ª edição. O Festival tem duração de uma semana
e nesse ano vai de 11 a 18 de julho.
Durante esses oito dias serão apresentados 25 espetáculos
e ofertadas 40 oficinas. Os espetáculos vão do teatro infantil
até shows de acordeonistas. Já as oficinas são dividas em três
categorias: “Infantil”, “Acima de 15 anos”, “Educação e Arte” e
“Aprimoramento”.
A “Infantil” é destinada a crianças de 6 a 14 anos; a “Acima de
15 anos” a adolescentes e adultos com ou sem experiência na
área de conhecimento da oficina ofertada; a “Educação e Arte”
a professores do Ensino Fundamental e de Educação Artística; e
a “Aprimoramento” a estudantes do Ensino Superior e profissionais de várias áreas do conhecimento artístico.
Em três das quatro categorias há oficinas voltadas para a
Comunicação, são seis ao todo. Para o público principiante, a
Antonina em Revista, o Caranguejo e a Produção de Curta em
Vídeo (também oferecida na categoria “Aprimoramento”) e
para as crianças, o Caranguejinho e a Rádio Caranguejinho.
O Antonina em Revista nasceu de um projeto realizado pelos alunos de Jornalismo nas edições de 2007 e 2008, o TV Comunicação em Antonina, um telejornal diário exibido à noite
em um telão para o público. Em 2009, porém, o projeto virou
oficina e mudou o formato. Ao invés de sete telejornais durante
a semana, será exibido somente um programa, com duração
aproximada de 15 minutos, que deverá deixar um “balanço final”
do Festival, com entrevistas, enquetes, reportagens, entreteni-
O Caranguejo é um jornal impresso
produzido durante o Festival, de circulação diária. E tem um “caçula”, o Caranguejinho, que surgiu em 2005, e segue o
mesmo princípio do “irmão mais velho”:
proporcionar aos participantes a experiência da produção de pauta, redação,
edição e fechamento de um jornal diário.
Fernanda Trisotto, Bruna Bill e Michele
Torinelli serão as ministrantes da oficina
Caranguejo. A Caranguejinho será ministrada por Samantha Costa e Mariana
Domakoski, que afirma que, para ela, o
principal propósito da oficina é “fazer
com que as crianças vivam ainda mais o
Festival, que escrevam sobre aquilo que
estão vendo, com as palavras e com a
visão delas”.
A dupla formada por Luís Carlos dos
Santos e Carlos Rocha (o “Polaco”) vem,
pela sexta edição consecutiva, à frente da
oficina de Produção de Curta em Vídeo.
Essa oficina é dada em duas categorias,
tanto na de “Acima de 15 anos” quanto
na de ”Aprimoramento”. De período
integral, ela aborda conceitos básicos da
produção de um vídeo (análise de roteiro,
som, imagem, pré-produção, captação,
estética e edição) e prática de produção
feita com base em um roteiro pré-estabelecido.
E, por último, mas não menos importante, a Rádio Caranguejinho. Também
voltada para as crianças, a Rádio dá a
oportunidade de conhecer um pouco do
radiojornalismo, da rotina de um programa diário. Os repórteres mirins entrevistam e gravam as matérias no estúdio sob
a orientação da professora do DECOM,
Luciana Panke.
Todas essas oficinas voltadas para a
comunicação, somadas aos outros espetáculos e a toda festa que toma conta de
Antonina, são um prato cheio para todos
os alunos da Floresta. É hora de descer
a serra!
Hora de Descer a Serra
Antigos cartazes do festival
I
mento. “Quero que a oficina gere aprendizado técnico, diálogo entre as manifestações populares e tradições culturais e
uma experiência humana enriquecedora
para os participantes”, diz Ivan Sebben,
formado em Jornalismo, que participou
das duas edições do TV Comunicação
em Antonina, idealizador e ministrante da
oficina ao lado das colegas de faculdade
Aline Pavaneli e Mariana Skraba.
Por Jéssica Maes
CACOS DE PAPEL
11
12
CACOS DE PAPEL
CACOS de aulas
Uma crônica de Fernanda Bomfati
A
cho que todo mundo se decepciona de alguma forma
quando entra na faculdade. Aconteceu comigo e com
muitos dos meus amigos. É estranho definir, agora, o que
me passava pela cabeça quando eu idealizava o curso. Não
sei nem se eu pensava muito além do vestibular. Seja como
fosse, conheço muita gente que já ficou satisfeita só por se
livrar das exatas. Mas não sei se exatas – mesmo que capengas - não seriam um proveito melhor do nosso tempo e
da nossa inteligência.
Também não tenho muita certeza do que é pra ser um
curso de Comunicação. Será que se pode ensinar a comunicar? Assim como se ensina uma fórmula ou o nome de um
osso? Será que a idéia é sairmos sabendo identificar um lead
interrogativo ou um condensado?
Eu devia ter começado a escrever uma lista de inutilidades que eu aprendi em aulas desde que comecei o curso.
Com certeza ela super- aria a de coisas interessantes que
realmente contribuirão para a minha vida pessoal e profissional. É.
Aprendi, na aula de Técnicas Básicas de Meios Impressos, por exemplo, qual é o elemento químico usado para
dar cheiro ao gás de cozinha. Isso
vindo da boca do professor. Não
sei de cabeça nenhuma técnica
básica de fotografia. Sou da turma
dos que tiram dez para aproveitar
duas. O professor de Sociologia me
desafiou a “escrever a filosofia de
Durkheim”. Lógico que mesmo
tendo estudado me deu branco na hora. Como eu iria
prever a decoreba? Eu que
esperava algum tipo de
análise, de comparação,
de raciocínio diante de
algum conceito... Doce
ilusão.
Eu nunca ouvi um
programa jornalístico
ou sequer uma notícia de rádio na aula de Técnicas Básicas
de Rádio. Nunca. Foram duas aulas para “aprender” a diferenciar um roteiro de um script. Um roteiro é mais amplo,
o script é mais específico. Éééééé. No mínimo uma afronta
a minha capacidade de dedução. A única coisa que ouvimos
foi a professora ditando - ditando, mesmo – coisas como
“o rádio é um meio de comunicação”. Ah, sério? E desde
quando?
Em Redação Jornalística II, passamos uma aula inteira
lendo um texto datado de mais de dez anos sobre a internet. Sim, esqueça a possibilidade de conhecer a história da
internet acessando a Wikipédia. Gaste duas horas e R$ 4,00
da sua vida lendo um Xerox desatualizado e inútil. Porque
não, você não tem capacidade de ler o texto sozinho, em
casa. Tem que ser na sala de aula, em roda e em voz alta.
Sem brincadeira.
Faz-me rir. Redação Jornalística I era a aula em que se
perdia nota por começar o lead com o “quem”. E a aula em
que o professor não ia usar um manual. Ainda bem, porque
ouvimos o Manual da Folha de S. Paulo inteiro em Redação
II. Onde está a lógica universal de que manuais são para
serem consultados, jamais decorados? Ou, pior, lidos em
salas de aula?!
É para isso que estamos aqui? É para isso que estamos
discutindo a obrigatoriedade do diploma? Por que não estamos discutindo, pensando e refletindo? Por que estamos
fingindo que a técnica é um manual, um software, um xerox
ou um conteúdo ditado? Isso não é puro desperdício de
tempo diante de um mundo que muda tão rapidamente?
Parece que a nossa vida está tão impregnada de Comunicação que nós estamos tentando nos afastar dela. E nos
afastando com sucesso quando achamos que a produção
em rádio se resume a scripts e roteiros; quando escrever
um bom texto jornalístico é começar o lead com o “quê”;
quando fazer uma boa diagramação é não deixar a página
um “samba do crioulo doido”.
Acho que estamos fechando nossos olhos e ouvidos.
Desafio um exercício de Bháskara a estar mais fora do
mundo.
CACOS
CACOS DE PAPEL
13
MEUS
versos
Antônio morreu.
Se não morreu, partiu para o lugar onde vão parar canetas e guarda-chuvas.
Antônio, aquele doer-só que batizei, se foi esta manhã.
Durou um ano e vinte dias.
Chamei seu nome, não apareceu.
Não deixou bilhete.
Ficaram as heranças de Antônio: caio, barthes, jobim.
Ficaram o olho aberto,
a cautela, o preparo,
o saber-lidar, o saber-prever,
a pequena indiferença
o good-to-go.
O chá que eu fiz se foi com ele,
o maracujá,
a insônia.
A porta, que ficou aberta, convidou
o sol.
Noite de incêndios
O peso quente. E alívio.
Uma nova linha.
Minha.
Mais espessa, mas não menos bamba.
Um samba.
O buraco no estômago cicatriza aos poucos e procuro
um sorriso na claridade. Na luz.
Um Blues.
E se a tristeza da lembrança voltar - lamentos no papel,
um quarto de hotel – é certo que vou precisar de uma
dose maior.
Ou melhor, algo mais forte e veloz.
A sós.
Sair do nosso chão. Areia e cordas de aço. Mais um passo.
Passo.
O feriado vai ser bom.
Acima de tudo, espero que o gim dançando dentro de
mim desate o nó da garganta, e enxague o pó que ela
soprou pra dentro dos meus olhos tristes.
Dinheiro, não deixou nenhum.
Nem saudade.
Artur R.
Amar sem amor é foda
Iasa Monique
Heitor Humberto
Cris Castilho
Ilustrações de Bernardo Bento
14
CACOS DE PAPEL
A rosa
Um conto de Lucas Gandin
&a
A
manhecia e quase instintivamente Julian Gasmar, ainda sonolento,
enchia um jarro de água.
À janela, recebendo os
primeiros raios de sol
do dia, uma rosa. Murcha. Como que sedenta.
Mas Julian Gasmar a regava todas as manhãs.
Depois de regar, levava-a
para fora, num canteiro
à sombra e deixava ali,
recebendo a luz dia, mas
resguardada do sol. Durante o dia, a rosa retomava o viço, abria suas
pétalas, mas a aparência
e o vigor definhavam a
cada hora. Julian Gasmar
persistia. Primeiro levou
a rosa a um botânico,
que lhe sugeriu adubar a
terra com algumas vitaminas. Porém o botânico
alertou que as raízes
estavam enfraquecidas.
Depois criou o ritual de
regá-la toda manhã e deixá-la à sombra o resto
dia.
Num desses amanhecer, deparou-se com a
rosa quase ao chão. Uma
pétala havia se desprendido e a brisa guiava-a
rosa
longe. Às pressas, levou a rosa ao botânico. Enquanto
preparava a escora e prendia a rosa, o botânico disselhe: as flores não são eternas; por mais que você tente,
ela vai morrer; é o ciclo natural...
Julian Gasmar deixou a botânica contrariado. Haveria de lutar pela rosa o quanto pudesse. Mesmo que
tivesse de regá-la todos os dias. Mesmo que tivesse
de resguardá-la do sol. Mesmo sabendo que na manhã
seguinte ela estaria murcha.
O botânico realizava que a rosa não delongaria.
Parecia-lhe que ela suspirava, talvez desejando morrer... Numa das vezes em que Julian Gasmar foi à
botânica, cutucou-lhe: ainda tentando salvar a rosa?
Julian parcimonioso respondeu: se eu não regá-la, ela
amanhecerá morta. Então o botânico completou: há
um ciclo, Julian, um ciclo... é preciso que ela morra, é
preciso; vês que prolongas um fardo demasiado duro
à pobre rosa? Deixe-a viver...
Dias depois, Julian Gasmar entrou na botânica pálido. Trazia na face o olhar estático e em suas mãos o
vaso com a rosa. De longe o botânico avistou a flor
morta. Amarrado à escorra, o que havia sobrado da
rosa e sobre a terra algumas pétalas decaídas. Julian
Gasmar encarou o botânico, balbuciou os lábios como
se procurasse algumas palavras e por fim disse-lhe:
não consegui... não consegui...
O botânico entrou e, determinado, retirou a rosa
morta do vaso e a madeira de escora e cavoucou
naquela terra fofa. Depois, foi à torneira e deitou-lhe
um pouco d’água. Aproximou-se de Julian Gasmar e,
estendendo-lhe o vaso, falou: não há porque lamentar...
a rosa está morta, já fazia tempo, tu sabias disso. Julian
Gasmar o encarou, sentindo uma ponta de revolta ferir-lhe em dor. O botânico continuou: olha para o vaso
e me diga o que vês... Julian Gasmar encarou o vaso
e de soslaio fitou o botânico. Que completou: o vaso
está pronto para uma nova rosa e é desta rosa, viva e
cálida, deves cuidar.
CACOS DE PAPEL
15
Os tig
res na
cidade
Um conto
de Mário
Messag
i Jr.
S
ei que é verdade: quando cheguei ali não havia cidade alguma. Apenas tigres. Brancos, pretos, laranjas. Sempre os
via, caminhando devagar. Nunca corriam, mas também não
eram vistos por ninguém, além de mim. Ali, na beira do lago
onde os tigres bebiam água, construímos nossa casa. Trabalhava de sol a sol, com os tigres passeando. Mais de uma vez,
jurei que sorriam. E vivemos, dois ou três anos, em paz, nós,
os predadores, e os tigres.Vivemos felizes.
Um dia, tudo começou, do nada. Aninha chegou em casa,
machucada, com um arranhão. Jurou que tinha caído num
arbusto. Desconfiei. Os arranhões eram ferimentos de tigre,
tinha certeza. Saí na mesma tarde, para acertar contas. Nenhum felino apareceu. Dormi naquela noite furioso. Vivíamos em paz. Eles não podiam fazer isso.
Acordei cedo. Ana estranhou, mas acordou para me
fazer o café. Não disse nada. Não falei também. Só quando
peguei a foice ela perguntou onde iria. Nada respondi e saí.
Fui caçar tigres. Andei quilômetros, mas nada. Voltei no fim
do dia, cansado. Aninha quis saber onde fui. Nada respondi.
Naquele verão, nossos primeiros vizinhos mudaram
para perto de nós. Bem que alertei: “cuidado com os tigres”.
-Tigres?
É... Os tigres tinham ferido a Aninha e ido embora, expliquei. Mas podiam voltar. Meus vizinhos não me levaram a
sério. Tocaram a vida, plantando e colhendo.
Passaram-se meses, sem ver nenhum tigre. Foi no inverno quando encontrei o primeiro urso, preto, imenso. Num
dia de sol, ele passou calmo, ao longe, e foi beber água no
lago. Comecei a me aproximar dele. Até que bebi água a
menos de dois metros do urso. Ele então me olhou e, sem
nenhum assombro, virou e foi embora, saciada a sede.
Em casa, nada contei. Nos dias seguintes, eles apareciam
em bandos: pretos, brancos, marrons e até um preto e branco. Caminhavam devagar, até o lago, bebiam água e partiam.
E só. Me acostumei e mantive o segredo. Apenas cuidava
para Aninha não se afastar demais da casa.
Um dia, Ana apareceu com um enorme ferimento na
perna. Contou sobre o tombo, descuidada. Repliquei que
aquilo era uma pataca de urso. Fui até a cidade, comprei
uma arma e voltei. O dono da loja estranhou. Disse não haver animais perto do lago para um calibre tão grosso. Pensei
em como era ingênuo.
Em casa, Ana tentou me impedir de sair, de noite, sozinho. Em vão. Quase meia-noite, passei pelo vizinho e avisei sobre os ursos. Eles se espantaram, como era previsível.
Talvez comigo; talvez com os ursos. Rodei a noite toda, com
uma lamparina, mas nada de ursos. Concluí que eles sabiam,
sabiam muito bem que tinham feito algo errado, os urso
malditos e os tigres canalhas. Voltei de manhã e dormi, por
duas horas.
Quando acordei, Ana tinha partido com Aninha. Os vizinhos não viram nada. Nem Ana, nem Aninha, nem tigres,
nem ursos. Não chorei. Apenas botei o pé na estrada. Dois
quilômetros depois, vi as malas das duas, com as roupas
espalhadas pelo chão.
Temi o pior e me embrenhei no mato. Andei, me arranhei nos arbustos, escorreguei e machuquei a perna. Corri
tanto, cansei e, por fim, exausto, caí desmaiado. Era noite
quando acordei. Ouvi vozes antes de abrir os olhos. Na
penumbra, pude ver vultos humanos. Eram os vizinhos e
outros homens da cidade. Com eles, Ana e Aninha. Assustados, ninguém se aproximava. À minha volta, ursos e tigres
me protegiam. Do meu lado, o urso preto e branco.
Tentei explicar, mas todo arranhado e com pancadas
pelo corpo, não tiveram dúvida: eu era a presa dos animais.
Gritaram para que eu atirasse. Não atirei. Quando os ursos e tigres começaram a se retirar, segui com eles, até a
beira do lago, onde lavei as feridas e voltei para casa, sob
olhares impressionados. Os tigres partiram; os ursos também. Caminhavam devagar.
Desde então, o lugar não parou de crescer. Com a
história fantástica de um lago com tigres e ursos dóceis,
veio gente de todos os lugares, assustando os animais. Aos
poucos, foram sumindo. No verão, foram os ursos brancos,
depois o tigres brancos. No outono, foram-se os tigres negros e os ursos marrons. E, no inverno, partiram os tigres
amarelos e os ursos pretos. Só o urso preto e branco ficou
para a primavera triste que nos restou, escondido no quintal
de casa, que dá para o lago. Todo dia, ele brinca com Aninha.
Desde que essa gente veio para cá, todo dia eu olho
para a cidade na beira do lago, sinto remorso e choro de
saudades dos ursos e dos tigres.
16
CACOS DE PAPEL
Por Phillipe Trindade
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frequentam esse espaço. Acho que é simples assim: se cada
Jornalismo pela
um assumir suas responsabilidades, os problemas se reduzem.
Cacos de Papel: O que o levou a concorrer ao cargo de
Chefe de Departamento?
Somma: Essa eleição foi muito atípica. Até o último instante
não havia chapa inscrita, talvez porque os Professores do Decom estejam priorizando suas outras atividades, como o ensino, a pesquisa, a extensão. Durante o período de inscrição
das chapas alguns colegas me provocaram a participar, mas eu
tinha algumas dúvidas se deveria ou não.Alguns fatos ocorridos
a partir de fevereiro e a ausência de candidaturas trouxeram
uma conotação de necessidade imperiosa quanto à existência
de pelo menos uma chapa. Caso contrário, haveria uma forte
conotação de desinteresse na condução do Departamento e
abriria brechas para uma atuação direta das esferas administrativas da instituição, o que penso não ser desejável para o
Decom. Esses foram os principais motivos que me levaram à
formação da chapa junto com a professora Gláucia.
CP: Quais as propostas para sua gestão?
Somma: Basicamente as propostas são de continuidade ao
trabalho desenvolvido até aqui pela professora Gláucia, o qual
considero muito bom. Em síntese, trata-se de buscar sempre
a contínua melhora de qualidade do curso e sua valorização junto à administração superior da UFPR. [Pretendo] dar
prosseguimento também às ações de incentivo às atividades de
pesquisa, envolvendo preferencialmente os alunos que desejem se integrar a essas atividades, bem como à extensão. Junto
a isso, a busca pela efetivação de nossa proposta de abertura
do curso de mestrado, já em apreciação pela Capes, e a formação de um novo Setor na UFPR, congregando as áreas de
Comunicação, Design e Artes, pois assim há possibilidade de
maior autonomia para nosso Curso.
CP: Qual a sua posição a respeito de eventos de confraternização estudantis no Cacos?
Somma: Sou favorável à realização desses eventos sociais, em
geral, pois fazem parte de nosso convívio no cotidiano. Quem
não participa, de alguma forma, de festas e comemorações?
Apenas temos que considerar que o Cacos situa-se num espaço público. Esse espaço não é propriedade do Cacos e o
acesso deve ser livre aos cidadãos em geral, sem restrições.
Penso assim em relação a qualquer espaço público, incluindo
os “Palácios” sedes de governos. Portanto, o Cacos tem que
zelar e se responsabilizar por esse espaço e pelo comportamento das pessoas que, a seu convite ou por sua iniciativa,
CP: Política?
Somma: Atualmente tenho nojo da política em nosso País.
Basta olhar o que acontece indistintamente na área federal,
estadual, ou municipal: corrupção, impunidade, desprezo à
opinião pública, desrespeito às leis, castelos, farra aérea, carteiras de motoristas cassadas e muito mais que a gente não
fica sabendo. Não existe democracia no país. A tal democracia
representativa é uma farsa, pois em geral os “nossos” representantes atuam apenas em interesse próprio e/ou dos grupos
a que pertencem. São as oligarquias que sempre mandaram
e continuam mandando, não importa o partido ou coligação
que vença as eleições. Está aí agora o Lulinha paz e amor que
vai taxar impostos na poupança dos brasileiros, coisa que nem
o Collor ousou fazer, apesar de ter bloqueado as contas por
alguns dias. Mas cobrar imposto ele não teve coragem de fazer.
Defendo uma idéia polêmica, mas creio que necessária: deveríamos acabar com os políticos, com os partidos, com Senado, Câmaras de Deputados,Vereadores etc. Não precisamos
deles e poderíamos ter uma Democracia direta, ou seja, com
o avanço tecnológico atual nos disponibilizando dos meios,
podemos demitir toda essa corja e economizaríamos muita
grana que poderia ser aplicada em três áreas fundamentais:
educação, saúde e transporte. Seria assim: os segmentos que
realmente representam a sociedade civil, e as pessoas individualmente fariam suas propostas, projetos de leis, normas
e procedimentos sociais, e encaminhariam à apreciação da
população que usando somente um celular (hoje já temos no
Brasil mais celulares do que o total da população, segundo as
estatísticas mais recentes, além do que tem celular custando
muito barato e funcionando com cartão), ou ainda pela Internet, mandariam sua opção via SMS, a favor, ou contra, e tudo
se resolveria com rapidez, eficiência e quase sem custos para
o povo.
CP: Religião?
Somma: Resumo isso a uma simples frase que ouvi um dia
alguém pronunciar e acho genial: “Templo é dinheiro”.
CP: Futebol?
Somma: Eternamente COXA! O maior sempre, com certeza!
CP: Qual o autor com quem mais se identifica?
Somma: Maquiavel, atualíssimo sempre.

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