A historia do CACOS - Universidade Federal do Paraná
Transcrição
A historia do CACOS - Universidade Federal do Paraná
Cacos de Papel ~ ^ Jornal do Centro Academico de Comunicacao Social Junho de 2009 ~ Sob nova direcao Pagina 3 A historia do CACOS Pagina 5 Hora de descer a serra Pagina 13 2 CACOS DE PAPEL Carta aos professores Diretora de redação: Vivian Faria C omo todos sabem, acabei de me formar. Como todos sabem, sempre estive ligado a atividades da faculdade, como Fábrica, Cacos, oficinas, palestras, congressos, entre outros. Por isto, tomo a liberdade de falar em meu nome e em nome dos alunos de Comunicação Social. De mostrar os nossos anseios. De mostrar o que realmente esperamos deste curso, mas, principalmente, o que realmente esperamos de vocês, professores. Equipe de edição: Ana Claudia Cichon, Dalane Santos e Phillipe Trindade Com o passar dos anos, a empolgação pelo curso passa a se transformar em, simplesmente, falta de estímulo. Muitos alunos vêm até mim para reclamar da qualidade das matérias e de diversas pequenas coisas que dizem respeito ao curso. Vejo muitos alunos desistirem, trocarem de curso e, na minha opinião o mais grave, vejo muitos alunos optarem por levar a faculdade de maneira descomprometida porque sentem um descomprometimento por parte de todos aqueles envolvidos no curso. Colaboradores: Ana Claudia Cichon, Dalane Santos, Fernanda Bomfati, Guilherme Sobota, Jéssica Maes, Juliana Blume, Marcela Varasquim, Phillipe Trindade Começo falando das optativas.Todos temos que cumprir uma carga exorbitante de matérias, em média 12 durante o curso. É uma carga pesada, mas conseguimos levar, somos fortes. Porém o que desestimula mesmo é ver que temos professores maravilhosos, com currículos poderosos, mas que não conseguem oferecer matérias optativas em quantidade e, principalmente, em qualidade. Porque não temos história da arte, fotografias avançadas, manuseio de softwares da área, manuseio de radio, tv, jornais? Estamos carentes de novas optativas, optativas de interesse tanto dos alunos quanto dos professores, como marketing político com a Panke ou oratória com a Desire ou ainda ênfases em administração com a Adriana. Isso tudo é bom, mas precisamos de muito mais. Sabemos que a UFPR ajuda e muito o crescimento acadêmico dos nossos professores e sabemos que todos eles querem crescer neste sentido. Mas nem sempre vemos os resultados desse crescimento. Esperamos que venham novas matérias, oficinas, palestras, mas nada disso acontece. E ainda dentro das matérias vemos falta de vontade de ensinar. Precisamos de mais atuação de vocês, professores. Posso estar exagerando, posso estar indignado. Mas quero que entendam que este é um sentimento coletivo. Os alunos precisam de apoio para crescer, precisamos de professores mais próximos do Cacos e das outras entidades estudantis. Não queremos apenas ter os professores em seus gabinetes esperando dúvidas. Mas queremos, sim, todos os professores preocupados com os alunos, correndo atrás de novas alternativas de tornar o curso ainda mais influente e com uma qualidade inimaginável. Temos o potencial, precisamos do direcionamento. Professores, este é o meu pedido, este é o nosso pedido. Queremos mais interesse pelos alunos e não só por congressos e doutorados. Queremos vocês criando oficinas, grupos de estudos e muitas outras formas de nos transformar em excelentes profissionais. Queremos vêlos no intervalo conversando com os alunos, queremos criar projetos e trabalhos que realmente sejam efetivos e não apenas uma ficção dentro de sala de aula. Todos falam mal do método de ensino das pagas, mas estou vendo que hoje quem está preparando melhor e com mais qualidade são elas. Podemos resolver essa situação professores. Precisamos de vocês. André Sabatke Capa: Guilherme Biglia Diagramação: Fábrica de Comunicação Editorial J unho é um mês de términos. Término do semestre.Término do mandato da chefia do Decom. Término da atual gestão do Cacos. Num clima de “balanço”, o Cacos de Papel deste mês contará a história do Centro Acadêmico de Comunicação Social, o nosso Cacos. O espaço não permite que isso seja feito de maneira tão completa e aprofundada quanto deveria, no entanto, espera-se que a matéria reforce a idéia de que o Cacos foi construído pelos estudantes de comunicação e deve ser sempre reconstruído e repensado pelos estudantes de comunicação. Cada um de nós pode, de alguma forma, contribuir para isso, seja ajudando a mantê-lo limpo ou participando de uma chapa para concorrer nas próximas eleições, que ocorrem entre os dias 15 e 19 de maio. Apesar de as eleições do Cacos ainda não terem acontecido, as para a chefia do departamento ocorreram no dia 06 de maio. O CP tenta explicar porque o desinteresse dos professores pelo cargo e apresenta, através de entrevista, o novo chefe do Decom: João Somma Neto. E apesar dos términos e transições, a vida – dentro e fora da floresta – continua. Estão marcados para esse e para o próximo mês, respectivamente, Putz (ou “Putzão”, como também é chamado o festival pelos florestais) e 19º Festival de Inverno de Antonina; dois eventos que podem ser muito interessantes para todos nós. Vale a pena conferir o que está programado para esses eventos. CACOS DE PAPEL A chefia do Departamento de Comunicação Social mudou a partir das eleições de seis de maio. Nada anormal para um cargo rotativo, que a cada dois anos exige ou uma nova direção, ou a aprovação popular para a continuidade da anterior. As eleições deste ano, porém, foram marcadas pela presença de apenas uma chapa e pelo desinteresse da maioria dos professores na candidatura. O publicitário e professor do departamento Rubens Sprada Mazza afirma que sua ausência de iniciativa para a formação de chapa ocorreu em função de sua aposentadoria estar iminente, além de não se sentir apto a enfrentar os desafios que o cargo exige. “Se tudo der certo me aposento em maio do ano que vem. Estou cansado”, confessa. “Tem muita luta pela frente e eu não tenho mais saúde para isso”. 3 Já o jornalista Mário Messagi Jr. conta que obteve interesse na candidatura, mas foi impossibilitado por possuir cargo que proíbe a ocupação da chefia como tarefa paralela. “Sou da assessoria de Comunicação Social, e, portanto, não posso assumir dois cargos. Se não fosse isso, me candidataria”, diz. O também professor do DECOM Jair Antonio de Oliveira assume que não possui perfil adequado para ser um chefe de departamento. “Não me dou bem com burocracia”, afirma. A ausência de sua participação nas eleições foi, portanto, motivada pela sua declarada preferência por outras áreas. “Não tenho habilidade para ser administrador, e sim, para ser pesquisador”, conta. ~ o a c e r i d a v o n Sob quim la Varas e Por Marc Espera-se que... A ex-chefe do departamento e suplente da atual gestão Glaucia da Silva Brito revela estar tranquila em relação aos rumos que a chefia tomará nas mãos de João Somma Neto, professor eleito. “O Somma vai trazer o estilo dele para a chefia, o que será construtivo”, diz. Entre os maiores feitos de sua gestão, Glaucia considera que entre eles está a reforma do auditório, a atualizada nos equipamentos e a luta para tornar o DECOM visível. “Nós recuperamos nosso espaço no setor e na UFPR”, alega. Mazza também possui boas expectativas, principalmente com relação à TV. Apesar de Glaucia desconsiderar que haja problemas com ela, Mazza conta que o ex-reitor tomou equipamentos do curso para montar a TV UFPR, resultando em carência de material para os alunos. Segundo Mazza, o atual chefe do departamento poderá auxiliar na solução do caso. “O Somma foi aluno nosso, é uma pessoa competente e conhece bastante a TV, que é um dos maiores problemas nossos”, afirma. O professor Jair considera a gestão da Glaucia uma das melhores que já presenciou no DECOM. Para a gestão de Somma, entretanto, ele espera que mais ainda seja feito. “Ainda temos elevado número de professores substitutos, temos a questão da TV e do mestrado, apesar de já estarem sendo solucionadas”, diz. Com a palavra, o eleito Somma pretende, com a ocupação do cargo, dar continuidade à gestão de Glaucia. Entretanto, segundo ele, ainda há aspectos a serem melhorados no DECOM. “A questão do atendimento às necessidades do curso, como equipamentos laboratoriais e câmeras é algo que precisa ser alterado”, certifica. O novo chefe do departamento ainda conta que não tem intenção de privilegiar apenas uma área, como a TV, mas sim, o conjunto das necessidades do DECOM. Entre elas está a visibilidade do departamento. “Não somos muito respeitados, prestigiados. Precisamos mudar o tratamento que nossos cursos têm junto à administração superior”, afirma. Somma revela que o departamento tem que se fazer ouvir e, para isso, é necessária uma gestão forte e apta a conquistar esse objetivo. “Nossa gestão será reivindicatória, enfática e firme junto à administração”, finaliza. 4 CACOS DE PAPEL ´ O diario dos Por Dalane Santos E ntramos na Universidade com objetivo de nos tornarmos comunicadores, e uma das ferramentas utilizadas em larga escala por nós, estudantes, são os blogs. Todos os assuntos podem ser tratados dentro de um espaço ilimitado, e os florestais aproveitam esse espaço para falar sobre a vida, as paixões e profissões. Alguns blogs florestais tem um caráter mais profissional, como se fosse uma primeira experiência antes do mercado de trabalho. É o caso de Guilherme Sobota, aluno do primeiro ano de jornalismo, que possui um blog com materiais de clipagem que ele faz. “Eu espero postar matérias minhas no blog, quando eu estiver melhor preparado, enquanto isso, coloco assuntos que eu acho que possam “ florestais na web ramenta, Flávia não criou o hábito de ler blogs jornalísticos e manteve o seu diário. Falar dos sonhos, da profissão, das conversas que gostaria de ter tido com alguém é o intuito de Jean Michel, aluno do segundo ano de publicidade e propaganda, em seu blog.“Acho que os blogs oferecem um espaço que extremamente favorável a nós que amamos escrever”, declara. Segundo Jean, os blogueiros são livres e não há necessidade de ter medo na hora de expor uma opinião, já que não existem restrições. Amanda Audi, aluna do quarto ano de jornalismo, tem blog desde 2006, e até pensou em publicar matérias e crôni- ” Criei o blog com intuito de testar as minhas habilidades jornalísticas, mas decidi postar todas as matérias que produzo, sobre temas variados Phillipe Trindade interessar as pessoas, como por exemplo, política e literatura”, comenta Sobota. O Um Buds Man, blog de Phillipe Trindade, do segundo ano de jornalismo, contém todas as matérias produzidas por ele. “Criei o blog com intuito de testar as minhas habilidades jornalísticas, mas decidi postar todas as matérias que produzo, sobre temas variados”, declara. Segundo ele, além de não existir um chefe para se reportar, os blogs são espaços para reportagens livres que devem ser melhor aproveitados. A quem prefira usar o blog para falar da vida pessoal, usá-lo como diário virtual. Segundo Flávia Silveira, esse era o formato mais popular de blog em 2002, quando ela criou o seu. Para ela, isso acontecia pela falta de outros sites de relacionamento como orkut, twitter, facebook, então o blog era usado para conhecer outras pessoas e saber o que estava acontecendo na vida de um amigo, por exemplo. “No início, era um diariozinho mesmo, com fatos do meu dia a dia, com o passar do tempo, começaram a surgir blogs como fonte de informação, mas eu não consegui me adaptar a esses novos blogs e continuo preferindo os mais pessoais”, afirma. Apesar de saber que há quem critique blogs pessoais, e considere desperdício do potencial da fer- cas, mas resolveu usar o espaço para desabafar. “O blog foi a solução que encontrei para guardar os meus textos e, além disso, meus amigos podem entender um pouco mais sobre mim”, diz. Iasa Monique, também é aluna do quarto ano de jornalismo, retorna aos arquivos do blog, revê o que escrevia aos 16 anos e conta que é engraçado comparar com os textos que escreve hoje. “Eu escrevo em fases, às vezes fico um tempão sem atualizar e outras posto bastante coisa nova, mas eu não me preocupo com uma periodicidade, o blog é um cano de escape, só funciona quando preciso”, explica. Para Amanda, os blogs possibilitam que qualquer pessoa seja um comunicador, por isso são uma das ferramentas mais exploradas na internet. Segundo ela, independente de diploma e formação, qualquer um pode criar uma página e colocar suas opiniões, críticas e resenhas. “Eu acompanho vários blogs diariamente e acredito que eles me ofereçam algo que os sites de notícia não têm, que é a informação personalizada. Cada um desses blogs tem seu público-alvo específico e oferecem informações mais opinativas, com mais liberdade”, diz Amanda. CACOS DE PAPEL ´ A Historia do Texto e fotos por Juliana Blume e Guilherme Sobota N os dias 15 a 19 de junho serão realizadas as eleições do Centro Acadêmico de Comunicação Social. Todos os alunos têm direito a voto, e até o fechamento desta edição, somente uma chapa havia sido inscrita para disputar as eleições. De qualquer forma, o debate de ideias e pensamentos é importante na medida em que o Cacos, espaço de representação dos alunos, será conduzido pela chapa vencedora durante um ano inteiro. Em decorrência disso, o Cacos de Papel se propôs a investigar e expor a história do Centro Acadêmico, desconhecida de muitos alunos. Além disso, a intenção é exibir os êxitos e contratempos da gestão atual, a Cacos Que Interessa, e relacionar as propostas da nova gestão. Passado O escritório do Cacos não é apenas um depósito de garrafas de vinho Campo Largo e malas do curso. No canto mais remoto do centro acadêmico, o mais distante possível da mesa de sinuca, um arquivo abriga a história do curso de comunicação social da UFPR, com panfletos de movimentos estudantis e políticos dos anos 90, como adesivos exigindo o impeachment do Collor e cartas de protesto endereçadas a ex-reitores. Na primeiríssima gaveta metálica se encontram os documentos e atas de presidências passadas, com escassos dados sobre o final da década de 70 e início da década de 80. Até meados de 1980, a representação do Decomtur (departamento de comunicação e turismo), ainda no prédio Dom Pedro I, na Reitoria, era por meio de um centro acadêmico sem muita atividade. Com a mudança para o prédio histórico, em 1986, o novo Cacos foi fundado em oito de agosto deste mesmo ano, às 09h30min, com aprovação de um novo estatuto. “Tudo aconteceu rapidamente; bastou que um grupo de acadêmicos, cansados com o estado de apatia que dominava o conjunto de estudantes, resolveu tomar a frente e colocar os anseios em prática.”, descreve uma carta aos alunos do final dos anos 80, e Paulino Motter, presidente da chapa de 1986/87, completa “O regime militar tinha recém terminado, era um período de efervescência política e o movimento estudantil estava ressurgindo”. Assim, o Cacos renasceu com a chapa Pós-abismo, para ser a única repre- 5 S O C CA sentação oficial dos alunos do Decom, com direito a votos em decisões na UFPR e a uma soma anual que pode ser requerida para organizar atividades culturais e criativas de interesse dos alunos. Segundo o Artigo1.1 do estatuto do Cacos, ele é uma entidade jurídica civil, de duração indeterminada, sem fins lucrativos, autônoma e livre. Os anos foram passando e cada gestão do Cacos realizou conquistas diferentes, como o vídeo clube, nos anos 80, a semana de comunicação, oficinas e outras atividades. A gestão de Ana Bendlin, em 2004, organizou o primeiro Olimpicacos, e reuniu mais de 100 pessoas, entre alunos e ex-alunos “acho que foi a única edição do evento que foi realizada dentro do próprio campus”, contou ela. Foi também a chapa de Ana que comprou a adorada mesa de pebolim. Nazen Carneiro, presidente em 2005, diz “ganhamos aquelas eleições para mudar o Cacos e trazer as pessoas novamente para interagir, debater e construir. Pensávamos que as pessoas se envolveriam com o Cacos se tivessem espaço e orgulho do dele”. Para isso, a sede do CA foi reformada - janelas e lajotas foram instaladas, o escritório, o balcão e o palco foram construídos-, foi criado o Cacos de Papel e a gestão atraiu mais participantes conforme o ano passou. Já o investimento em interação entre universidades da gestão 2006/07,”maCACOS novos”, resultou no I JUCS, em Apucarana, com participação da PUC-PR, UFPR e Facnopar. Mas nem tudo é festa: as gestões também passaram por dificuldades, como o fechamento da sala do CA por vandalismo e quando só se podia entrar no Cacos trocando a carteirinha da UFPR pela chave na secretaria ou acompanhado de um integrante da chapa. Outro problema que parece ser frequente é o cancelamento de vinhadas por brigas Atas e documentos do arquivo CACOS 6 CACOS DE PAPEL envolvendo estrangeiros “Que isso sirva de alerta para os calouros e alunos de segundo ano que não passaram por isso: não levem estrangeiros, coíbam todo tipo de briga e cuidem muito para que nada seja danificado no campus.”, diz Carolina Leal, presidente da gestão 2006/07. Paulino fechou sua entrevista por telefone dizendo que atribui muito das suas escolhas profissionais à participação no Centro Acadêmico. “A vida acadêmica é muito enriquecida pelo que acontece fora da sala de aula, é importante se engajar em ações coletivas”, diz ele. Em tempo, a CQI realizou mudanças no Decom, a partir dos anseios dos alunos. Por exemplo, a cantina, antes inexistente, foi tomada como responsabilidade pelo Cacos. No campo intelectual, apesar de dispersas, as palestras promovidas pelo CA foram importantes: dentre as mais relevantes está a do jornalista Laurentino Gomes, formado pela UFPR e autor do best-seller 1808. Ainda, no ano passado, ano de eleições municipais, o Cacos promoveu um debate inédito e excepcional entre jovens candidatos a vereador na capital. Os candidatos Kiko (PV), Kleber Wolf (PP), Rafael de Tarso (PPS) e Bruno Vanhoni (PT) tiveram então a oportunidade de apresentar suas idéias e mostrar, no ambiente acadêmico, suas capacidades e disposição para concorrer a uma vaga de tamanha importância. Outra conquista importante da gestão está agora em suas mãos, leitor. O Cacos de Papel foi revigorado pela CQI, cumprindo a proposta de campanha. De publicação esporádica e com pouco conteúdo, o jornal tornou-se peça importante na informação e exposição de virtudes, necessidades e críticas dos alunos e do departamento. Além disso, um balanço mensal financeiro também foi incluído no jornal, prática pouco comum antes da gestão, e que auxilia no sentido da transparência do centro acadêmico, tornando-o algo ainda mais próximo dos alunos. Cartaz da chapa de Nazen, 2005/06- repare que o CACOS não tinha janelas laterais, palco, lajotas ou escritório As festas, claro, não foram menosprezadas. As Vinhadas, anteriormente esporádicas (muito em função das dificuldades expostas), passaram a acontecer de maneira mais frequente. Além disso, o churras dos calouros 2008 foi um sucesso de público e crítica. E também nesse ano, a Semana do Calouro, realizada para promover a integração entre veteranos e calouros recém chegados na Floresta, ocorreu sem problemas e cumpriu de fato, a tarefa que lhe pertence. “O Cacos foi muito importante nessa chegada à faculdade: principalmente na primeira semana, a integração promovida entre calouros e veteranos me fez pensar: ‘estou no lugar certo’”, revela Leda Samara, 1º período de Jornalismo. Porém, nem tudo são flores. “Movimento estudantil foi ausente na nossa gestão. O nosso diretor de ME nunca ajudou e nunca apareceu”, confessa Andrézão. Ele ainda afirma Presente A gestão atual, Cacos Que Interessa, que conta com o pomposo André Sabatke, o Andrézão, como presidente, passou a existir num momento delicado do CA. Ela veio com a proposta de uma gestão participativa, que atraísse o interesse dos alunos. Para isso, ela propôs que não só aqueles que compunham a chapa colaborassem para o bom funcionamento do CA, mas todos que pudessem (ou quisessem) participar assim o fariam. E foi isto que aconteceu, de fato. Churrasco dos calouros 2008 CACOS DE PAPEL que poderia ter trabalhado mais no assunto, mas se deu conta que deveria retomar a integridade interna do Cacos para que a próxima gestão pudesse levar adiante o projeto de envolvimento com o movimento estudantil na universidade. “Acho que o que mais marcou nos alunos foi a imagem renovada do Cacos Que Interessa. Nós tentamos sempre mostrar a eles que estamos sempre unidos e fortes, e nos esforçando para representá-los e uni-los. Senti nesta gestão que a conquista mais marcante foi uma velha honra e respeito que já não existiam mais”, diz o atual presidente do Cacos. “Sempre trabalhei com o pensamento de que todos estão certos, e que muitas vezes minhas ideias não eram as melhores, e que deveria unir todas as cabeças para pensar melhor. O Cacos sempre trabalhou livre e aberto. Eu espero que ele cresça e se fortaleça a cada dia. Espero que possa ter contribuído para que os alunos entendam qual é o seu papel e qual é a verdadeira luta!” Para concluir, Andrézão fala: “Eu sempre me esforcei para que o Cacos não fosse chato nem desgastante, e que fosse além de um orgulho, um prazer trabalhar ali! Espero ter deixado a minha marca dentro deste curso que tanto me ensinou!” Futuro Falando de futuro, alguns alunos já se movimentam visando as próximas eleições. Até o fechamento desta edição, havia apenas uma chapa estruturada para concorrer: a Cacos Que Conquista, ou CQC, liderada por Phillipe Trindade (3º período de Jornalismo) e Guilherme Gomes Glir (3º período de PP). “A CQC pretende não só continuar a boa gestão do CQI, mas também incrementar, melhorar e, principalmente, conquistar mais!” é o que afirma o próprio Phillipe. Dentre as propostas da nova gestão, está o retorno ao movimento estudantil. Muito em função do isolamento do campus, muitas vezes discutido pelo Cacos de Papel, o curso de Comunicação Social, por ora, não tem uma vida ativa na política da universidade. Porém, a partir deste mês de junho, o Cacos (e vários alunos colaboradores), em conjunto com o DCE, irá realizar um Coletivo de Jornalismo, com nome ainda indefinido, com circulação por toda a UFPR. A CQC ainda propõe uma participação estudantil em várias esferas, como no Departamento, no Setor de Humanas, Letras e Artes, e no DCE. Além disso, a chapa CQC promete dar continuidade e progredir na participação ativa dos alunos no centro acadêmico, na transparência, no Cacos de Papel, e também adquirir os itens de necessidades do Cacos. A divulgação oficial do resultado das eleições se dará no dia 19 de junho, a partir do meio-dia, e a transição e a posse da nova chapa no dia 22 de junho. Complementos e curiosidades Artigos 2 e 3 do estatuto do CACOS CAPITULO II Art 2: O cacos norteará as suas atividades nos seguintes princípios: I - manter constante espírito de luta, sempre em defesa da justiça social e dos direitos humanos; II- zelar pela democracia, apoiando os órgãos legitimamente constituídos, quando coerentes com suas finalidades democráticas, porém combatê-los de denunciá-los quando se desviarem do bem comum; III- manter luta constante pela liberdade de expressão, em todas as formas, especialmente na liberdade de imprensa; IV- lutar pela emancipação política e econômica do país; Art 3- O cacos atuará segundo as seguintes finalidades: I-defender e colaborar na elevação do nível de ensino do curso, incentivando igualmente a ampliação do ensino para toda a população, sempre com espírito de conquista do Ensino Público e Gratuito em todos os níveis; II- coordenar e incentivar os acadêmicos em torno da solução de seus problemas; III- manter relações e cooperar com as demais entidades congêneres, em consonância com os princípios estatuídos; IV- promover atividades de cunho cultural, social, artístico e desportivo, atendendo aos interesses de seus associados; V- esclarecer os estudantes sobre as questões suscitadas que envolvam seus interesses. Ordem das chapas 1986: Chapa “Pós-abismo”. Presidente- Paulino Motter 1987: “Expressão”- Thomas Traumann 1988: “Quebra-gelo”- Marcelo Romaniewicz 1990: presidente: Rubens Berigo 1991: “Erectos-menos pausa, mais tesão”- Dirk Lopes Mário Message Jr: tesoureiro 1992: “Orgasmo”- Marcos Ferraz 1993: “Ahh!” – Fábio Massali 1997: “Cacos meus botões”- Rodrigo Sais (Groo) 1998: “Cacos meus sofás”- Rodrigo sais 1999: “Cacos meus macacos”- Rachel Bragatto 2000: “Cacos me mordam” - Roberta Bernine e Inez Schoemberger 2001: “Juntamos cacos” - André Moreira 2002: “Quem sabe faz a hora”- Ana Silvia Cruz 2003: “Cacos meus tacos”- Ana Bendlin 2005: “Cacos aberto”- Nazen Carneiro 2006: “MaCACOS Novos” – Carolina Leal 2007: “Cacolandia”- Fábio Pupo 2008: “CACOS que interessa”- André Sabatke 2009: ? 7 8 CACOS DE PAPEL Funcionamento dos cargos Diretor(a) Social Presidente Secretário(a) Tesoureiro(a) Diretor(a) de Assuntos Acadêmicos Diretor de Comunicação Diretor de Esportes Diretor de Jornalismo Diretor de Publicidade e Propaganda Diretor de Relações Públicas Funções dos cargos Diretor de Movimento Estudantil Diretor de Cultura Secretário(a): • Organizar agenda, promover debates, documentar reuniões, etc. D. de Comunicação: • Realizar o Cacos de Papel, • Confecção de avisos e comunicados do Cacos para os alunos, • Comunicação externa do Cacos, etc. Tesoureiro(a): • Realizar e organizar o fluxo financeiro do Cacos e atualizá-lo no CP. D. de Cultura: • Promover atividades culturais, • Compor a parcela cultural do Cacos de Papel, etc. Diretor de Assuntos Acadêmicos: • Organizar eventos de extensão, trabalhar por melhorias na grade curricular, comunicar eventuais problemas com professores e técnicos, atuação na plenária departamental, etc. D. de Jornalismo, PP e RP: • Direcionar uma ponte entre os alunos da habilitação e o Cacos, • Atuar no Cacos de Papel, na comunicação em geral, etc. D. de Esportes: • Promover eventos esportivos, como o Olimpicacos, Jucs, etc, • Campeonatos diversos. D. Social: • Promover eventos de integração, como as Vinhadas, e outros eventos em conjunto a outras instituições, como a Atlética, outros CAs, etc. D. de Movimento Estudantil: • Estabelecer contato com o DCE, e outras entidades do movimento (UNE, Enecos, etc), • Realizar eleição dos representantes discentes, • Representar os estudantes do curso dentro e fora da UFPR, • Levar informações e debater o movimento estudantil na Floresta, etc. Semana do calouro de 1987 Segunda: Aula trote Debate “O movimento estudantil hoje” Terça: Filme “The killing fields” Quarta: Filme “Sob fogo cruzado” Debate: “Universidade” Quinta: Filme: “Coca-cola kid” Debate: “Comunicação e constituinte” Sexta: Vídeo “TV cubo e rádio livre” Palestra CACOS DE PAPEL ~o a c i d e ta x e s ua s a Chega 9 - sempre achei que a categoria Institucional, além de ter menos trabalhos inscritos, não tinha trabalhos que se destacassem”, cometa Solange. Ela venceu a categoria Vídeo Institucional, em 2008, com o curta ‘Ruído’. Por Ana Claudia Cichon O evento que surgiu após o desejo dos alunos de Comunicação Social da UFPR em expor os trabalhos produzidos em sala cresceu e ganhou dimensões nacionais. Esse ano, com mais de 270 trabalhos inscritos, ele será realizado no Sesc da Esquina, de 11 a 14 de junho e terá, além da mostra oficial, oficinas e debates entre realizadores e interessados. O destaque entre os convidados deste ano é o cineasta João Moreira Salles, que escreve para a revista Piauí. “O Putz é uma oportunidade de encontro entre pessoas com interesses comuns”, destaca Rafael Urban, um dos organizadores do evento desde 2007 e responsável pela comissão de seleção da banca julgadora e dos convidados. Ele afirma que a escolha de profissionais importantes favorece uma ponte entre os participantes e o mercado de trabalho. “A opção por representantes do Paraná é, além de mais viável economicamente, uma forma de valorização”, ressalta. Outro fator relevante, segundo Letícia Fontanella, organizadora e idealizadora do projeto, é que os jurados não tenham vínculo com a UFPR, mostrando a independência do festival. As categorias concorrentes no festival são: Vídeo Publicitário (1’), Vídeo Institucional (10’), Vídeo Reportagem Jornalística (5’), Documentário (20’), Ficção (20’), Experimental/ Arte (10’), Trash (10’) e Videoclipe (8’). A 91Rock, parceira do PUTZ, está promovendo um prêmio especial para filmes publicados na internet e o Curso de Cinema do Centro Europeu irá premiar o ‘Destaque Paranaense’. De acordo com Letícia, as categorias que mais recebem inscrições são ficção e documentários. Esse foi um fator que contribuiu para Solange Lingnau, formada em 2007 em Relações Públicas na UFPR em 2007, inscrever seu filme no evento. “Como acompanhei o PUTZ desde suas primeiras edições - já fiz parte da equipe de organização, inclusive Para Urban, a concepção de filmes trashs, como a ideia inicial do projeto na UFPR (PUTZ – Prêmio Universitário Trash Zé do Caixão) propunha, acaba ficando mais no festival interno. “O PUTZ tem o caráter um pouco mais sério”, analisa, embora vários curtas sejam inscritos nessa categoria. Em relação à participação da instituição no evento, Solange admite que, pela experiência que teve na organização, a UFPR não era tão presente quanto outras universidades do país. “Espero sempre um envolvimento maior dos alunos, mas mesmo assim sempre temos premiados da UFPR”, confirma Urban. Relevância e valorização Como terceiro festival universitário de cinema mais antigo do Brasil, o PUTZ vem recebendo reconhecimento. “Somos referencia na questão gráfica e também no regulamento”, ressalta Urban. Ele destaca ainda a questão da qualidade da produção e da maturidade que o projeto vem apresentando, com uma escolha coerente de pessoas para a organização, banca e convidados. “A questão central é que todo o festival é feito sem um apoio formal. São apenas parceiros, mas não contamos com nenhuma Lei de Incentivo”, afirma Urban. Ele destaca que se houvesse mais incentivo o PUTZ poderia ser mais divulgado em todo o país, e certamente haveria uma grande participação. Apesar disso, a intenção dos organizadores é continuar com o evento. “O primeiro PUTZ foi feito em apenas trinta dias. Hoje o planejamento é feito com vários meses de antecedência, e a participação do público é cada vez maior”, confirma Letícia. O espírito do projeto de ser um espaço para exposição das produções universitárias e também proporcionar uma aproximação entre os universitários e os profissionais do mercado de trabalho é muito importante. Para Solange, o PUTZ tem crescido bastante e, mesmo assim, se mantido jovem. “Como é feito por pessoas jovens que, ainda assim, o levam muito a sério, ele se mantem sempre crescendo ao mesmo tempo em que consegue dialogar com o público que pretende atingir, através de seus palestrantes, seus materiais de divulgação e suas categorias” conclui. 10 CACOS DE PAPEL nverno chegando e com ele o frio. Porém, desde 1991 o mês de julho não se resume à lareira, filme e chocolate quente: é o mês do Festival de Inverno da UFPR, que acontece em Antonina e está na sua 19ª edição. O Festival tem duração de uma semana e nesse ano vai de 11 a 18 de julho. Durante esses oito dias serão apresentados 25 espetáculos e ofertadas 40 oficinas. Os espetáculos vão do teatro infantil até shows de acordeonistas. Já as oficinas são dividas em três categorias: “Infantil”, “Acima de 15 anos”, “Educação e Arte” e “Aprimoramento”. A “Infantil” é destinada a crianças de 6 a 14 anos; a “Acima de 15 anos” a adolescentes e adultos com ou sem experiência na área de conhecimento da oficina ofertada; a “Educação e Arte” a professores do Ensino Fundamental e de Educação Artística; e a “Aprimoramento” a estudantes do Ensino Superior e profissionais de várias áreas do conhecimento artístico. Em três das quatro categorias há oficinas voltadas para a Comunicação, são seis ao todo. Para o público principiante, a Antonina em Revista, o Caranguejo e a Produção de Curta em Vídeo (também oferecida na categoria “Aprimoramento”) e para as crianças, o Caranguejinho e a Rádio Caranguejinho. O Antonina em Revista nasceu de um projeto realizado pelos alunos de Jornalismo nas edições de 2007 e 2008, o TV Comunicação em Antonina, um telejornal diário exibido à noite em um telão para o público. Em 2009, porém, o projeto virou oficina e mudou o formato. Ao invés de sete telejornais durante a semana, será exibido somente um programa, com duração aproximada de 15 minutos, que deverá deixar um “balanço final” do Festival, com entrevistas, enquetes, reportagens, entreteni- O Caranguejo é um jornal impresso produzido durante o Festival, de circulação diária. E tem um “caçula”, o Caranguejinho, que surgiu em 2005, e segue o mesmo princípio do “irmão mais velho”: proporcionar aos participantes a experiência da produção de pauta, redação, edição e fechamento de um jornal diário. Fernanda Trisotto, Bruna Bill e Michele Torinelli serão as ministrantes da oficina Caranguejo. A Caranguejinho será ministrada por Samantha Costa e Mariana Domakoski, que afirma que, para ela, o principal propósito da oficina é “fazer com que as crianças vivam ainda mais o Festival, que escrevam sobre aquilo que estão vendo, com as palavras e com a visão delas”. A dupla formada por Luís Carlos dos Santos e Carlos Rocha (o “Polaco”) vem, pela sexta edição consecutiva, à frente da oficina de Produção de Curta em Vídeo. Essa oficina é dada em duas categorias, tanto na de “Acima de 15 anos” quanto na de ”Aprimoramento”. De período integral, ela aborda conceitos básicos da produção de um vídeo (análise de roteiro, som, imagem, pré-produção, captação, estética e edição) e prática de produção feita com base em um roteiro pré-estabelecido. E, por último, mas não menos importante, a Rádio Caranguejinho. Também voltada para as crianças, a Rádio dá a oportunidade de conhecer um pouco do radiojornalismo, da rotina de um programa diário. Os repórteres mirins entrevistam e gravam as matérias no estúdio sob a orientação da professora do DECOM, Luciana Panke. Todas essas oficinas voltadas para a comunicação, somadas aos outros espetáculos e a toda festa que toma conta de Antonina, são um prato cheio para todos os alunos da Floresta. É hora de descer a serra! Hora de Descer a Serra Antigos cartazes do festival I mento. “Quero que a oficina gere aprendizado técnico, diálogo entre as manifestações populares e tradições culturais e uma experiência humana enriquecedora para os participantes”, diz Ivan Sebben, formado em Jornalismo, que participou das duas edições do TV Comunicação em Antonina, idealizador e ministrante da oficina ao lado das colegas de faculdade Aline Pavaneli e Mariana Skraba. Por Jéssica Maes CACOS DE PAPEL 11 12 CACOS DE PAPEL CACOS de aulas Uma crônica de Fernanda Bomfati A cho que todo mundo se decepciona de alguma forma quando entra na faculdade. Aconteceu comigo e com muitos dos meus amigos. É estranho definir, agora, o que me passava pela cabeça quando eu idealizava o curso. Não sei nem se eu pensava muito além do vestibular. Seja como fosse, conheço muita gente que já ficou satisfeita só por se livrar das exatas. Mas não sei se exatas – mesmo que capengas - não seriam um proveito melhor do nosso tempo e da nossa inteligência. Também não tenho muita certeza do que é pra ser um curso de Comunicação. Será que se pode ensinar a comunicar? Assim como se ensina uma fórmula ou o nome de um osso? Será que a idéia é sairmos sabendo identificar um lead interrogativo ou um condensado? Eu devia ter começado a escrever uma lista de inutilidades que eu aprendi em aulas desde que comecei o curso. Com certeza ela super- aria a de coisas interessantes que realmente contribuirão para a minha vida pessoal e profissional. É. Aprendi, na aula de Técnicas Básicas de Meios Impressos, por exemplo, qual é o elemento químico usado para dar cheiro ao gás de cozinha. Isso vindo da boca do professor. Não sei de cabeça nenhuma técnica básica de fotografia. Sou da turma dos que tiram dez para aproveitar duas. O professor de Sociologia me desafiou a “escrever a filosofia de Durkheim”. Lógico que mesmo tendo estudado me deu branco na hora. Como eu iria prever a decoreba? Eu que esperava algum tipo de análise, de comparação, de raciocínio diante de algum conceito... Doce ilusão. Eu nunca ouvi um programa jornalístico ou sequer uma notícia de rádio na aula de Técnicas Básicas de Rádio. Nunca. Foram duas aulas para “aprender” a diferenciar um roteiro de um script. Um roteiro é mais amplo, o script é mais específico. Éééééé. No mínimo uma afronta a minha capacidade de dedução. A única coisa que ouvimos foi a professora ditando - ditando, mesmo – coisas como “o rádio é um meio de comunicação”. Ah, sério? E desde quando? Em Redação Jornalística II, passamos uma aula inteira lendo um texto datado de mais de dez anos sobre a internet. Sim, esqueça a possibilidade de conhecer a história da internet acessando a Wikipédia. Gaste duas horas e R$ 4,00 da sua vida lendo um Xerox desatualizado e inútil. Porque não, você não tem capacidade de ler o texto sozinho, em casa. Tem que ser na sala de aula, em roda e em voz alta. Sem brincadeira. Faz-me rir. Redação Jornalística I era a aula em que se perdia nota por começar o lead com o “quem”. E a aula em que o professor não ia usar um manual. Ainda bem, porque ouvimos o Manual da Folha de S. Paulo inteiro em Redação II. Onde está a lógica universal de que manuais são para serem consultados, jamais decorados? Ou, pior, lidos em salas de aula?! É para isso que estamos aqui? É para isso que estamos discutindo a obrigatoriedade do diploma? Por que não estamos discutindo, pensando e refletindo? Por que estamos fingindo que a técnica é um manual, um software, um xerox ou um conteúdo ditado? Isso não é puro desperdício de tempo diante de um mundo que muda tão rapidamente? Parece que a nossa vida está tão impregnada de Comunicação que nós estamos tentando nos afastar dela. E nos afastando com sucesso quando achamos que a produção em rádio se resume a scripts e roteiros; quando escrever um bom texto jornalístico é começar o lead com o “quê”; quando fazer uma boa diagramação é não deixar a página um “samba do crioulo doido”. Acho que estamos fechando nossos olhos e ouvidos. Desafio um exercício de Bháskara a estar mais fora do mundo. CACOS CACOS DE PAPEL 13 MEUS versos Antônio morreu. Se não morreu, partiu para o lugar onde vão parar canetas e guarda-chuvas. Antônio, aquele doer-só que batizei, se foi esta manhã. Durou um ano e vinte dias. Chamei seu nome, não apareceu. Não deixou bilhete. Ficaram as heranças de Antônio: caio, barthes, jobim. Ficaram o olho aberto, a cautela, o preparo, o saber-lidar, o saber-prever, a pequena indiferença o good-to-go. O chá que eu fiz se foi com ele, o maracujá, a insônia. A porta, que ficou aberta, convidou o sol. Noite de incêndios O peso quente. E alívio. Uma nova linha. Minha. Mais espessa, mas não menos bamba. Um samba. O buraco no estômago cicatriza aos poucos e procuro um sorriso na claridade. Na luz. Um Blues. E se a tristeza da lembrança voltar - lamentos no papel, um quarto de hotel – é certo que vou precisar de uma dose maior. Ou melhor, algo mais forte e veloz. A sós. Sair do nosso chão. Areia e cordas de aço. Mais um passo. Passo. O feriado vai ser bom. Acima de tudo, espero que o gim dançando dentro de mim desate o nó da garganta, e enxague o pó que ela soprou pra dentro dos meus olhos tristes. Dinheiro, não deixou nenhum. Nem saudade. Artur R. Amar sem amor é foda Iasa Monique Heitor Humberto Cris Castilho Ilustrações de Bernardo Bento 14 CACOS DE PAPEL A rosa Um conto de Lucas Gandin &a A manhecia e quase instintivamente Julian Gasmar, ainda sonolento, enchia um jarro de água. À janela, recebendo os primeiros raios de sol do dia, uma rosa. Murcha. Como que sedenta. Mas Julian Gasmar a regava todas as manhãs. Depois de regar, levava-a para fora, num canteiro à sombra e deixava ali, recebendo a luz dia, mas resguardada do sol. Durante o dia, a rosa retomava o viço, abria suas pétalas, mas a aparência e o vigor definhavam a cada hora. Julian Gasmar persistia. Primeiro levou a rosa a um botânico, que lhe sugeriu adubar a terra com algumas vitaminas. Porém o botânico alertou que as raízes estavam enfraquecidas. Depois criou o ritual de regá-la toda manhã e deixá-la à sombra o resto dia. Num desses amanhecer, deparou-se com a rosa quase ao chão. Uma pétala havia se desprendido e a brisa guiava-a rosa longe. Às pressas, levou a rosa ao botânico. Enquanto preparava a escora e prendia a rosa, o botânico disselhe: as flores não são eternas; por mais que você tente, ela vai morrer; é o ciclo natural... Julian Gasmar deixou a botânica contrariado. Haveria de lutar pela rosa o quanto pudesse. Mesmo que tivesse de regá-la todos os dias. Mesmo que tivesse de resguardá-la do sol. Mesmo sabendo que na manhã seguinte ela estaria murcha. O botânico realizava que a rosa não delongaria. Parecia-lhe que ela suspirava, talvez desejando morrer... Numa das vezes em que Julian Gasmar foi à botânica, cutucou-lhe: ainda tentando salvar a rosa? Julian parcimonioso respondeu: se eu não regá-la, ela amanhecerá morta. Então o botânico completou: há um ciclo, Julian, um ciclo... é preciso que ela morra, é preciso; vês que prolongas um fardo demasiado duro à pobre rosa? Deixe-a viver... Dias depois, Julian Gasmar entrou na botânica pálido. Trazia na face o olhar estático e em suas mãos o vaso com a rosa. De longe o botânico avistou a flor morta. Amarrado à escorra, o que havia sobrado da rosa e sobre a terra algumas pétalas decaídas. Julian Gasmar encarou o botânico, balbuciou os lábios como se procurasse algumas palavras e por fim disse-lhe: não consegui... não consegui... O botânico entrou e, determinado, retirou a rosa morta do vaso e a madeira de escora e cavoucou naquela terra fofa. Depois, foi à torneira e deitou-lhe um pouco d’água. Aproximou-se de Julian Gasmar e, estendendo-lhe o vaso, falou: não há porque lamentar... a rosa está morta, já fazia tempo, tu sabias disso. Julian Gasmar o encarou, sentindo uma ponta de revolta ferir-lhe em dor. O botânico continuou: olha para o vaso e me diga o que vês... Julian Gasmar encarou o vaso e de soslaio fitou o botânico. Que completou: o vaso está pronto para uma nova rosa e é desta rosa, viva e cálida, deves cuidar. CACOS DE PAPEL 15 Os tig res na cidade Um conto de Mário Messag i Jr. S ei que é verdade: quando cheguei ali não havia cidade alguma. Apenas tigres. Brancos, pretos, laranjas. Sempre os via, caminhando devagar. Nunca corriam, mas também não eram vistos por ninguém, além de mim. Ali, na beira do lago onde os tigres bebiam água, construímos nossa casa. Trabalhava de sol a sol, com os tigres passeando. Mais de uma vez, jurei que sorriam. E vivemos, dois ou três anos, em paz, nós, os predadores, e os tigres.Vivemos felizes. Um dia, tudo começou, do nada. Aninha chegou em casa, machucada, com um arranhão. Jurou que tinha caído num arbusto. Desconfiei. Os arranhões eram ferimentos de tigre, tinha certeza. Saí na mesma tarde, para acertar contas. Nenhum felino apareceu. Dormi naquela noite furioso. Vivíamos em paz. Eles não podiam fazer isso. Acordei cedo. Ana estranhou, mas acordou para me fazer o café. Não disse nada. Não falei também. Só quando peguei a foice ela perguntou onde iria. Nada respondi e saí. Fui caçar tigres. Andei quilômetros, mas nada. Voltei no fim do dia, cansado. Aninha quis saber onde fui. Nada respondi. Naquele verão, nossos primeiros vizinhos mudaram para perto de nós. Bem que alertei: “cuidado com os tigres”. -Tigres? É... Os tigres tinham ferido a Aninha e ido embora, expliquei. Mas podiam voltar. Meus vizinhos não me levaram a sério. Tocaram a vida, plantando e colhendo. Passaram-se meses, sem ver nenhum tigre. Foi no inverno quando encontrei o primeiro urso, preto, imenso. Num dia de sol, ele passou calmo, ao longe, e foi beber água no lago. Comecei a me aproximar dele. Até que bebi água a menos de dois metros do urso. Ele então me olhou e, sem nenhum assombro, virou e foi embora, saciada a sede. Em casa, nada contei. Nos dias seguintes, eles apareciam em bandos: pretos, brancos, marrons e até um preto e branco. Caminhavam devagar, até o lago, bebiam água e partiam. E só. Me acostumei e mantive o segredo. Apenas cuidava para Aninha não se afastar demais da casa. Um dia, Ana apareceu com um enorme ferimento na perna. Contou sobre o tombo, descuidada. Repliquei que aquilo era uma pataca de urso. Fui até a cidade, comprei uma arma e voltei. O dono da loja estranhou. Disse não haver animais perto do lago para um calibre tão grosso. Pensei em como era ingênuo. Em casa, Ana tentou me impedir de sair, de noite, sozinho. Em vão. Quase meia-noite, passei pelo vizinho e avisei sobre os ursos. Eles se espantaram, como era previsível. Talvez comigo; talvez com os ursos. Rodei a noite toda, com uma lamparina, mas nada de ursos. Concluí que eles sabiam, sabiam muito bem que tinham feito algo errado, os urso malditos e os tigres canalhas. Voltei de manhã e dormi, por duas horas. Quando acordei, Ana tinha partido com Aninha. Os vizinhos não viram nada. Nem Ana, nem Aninha, nem tigres, nem ursos. Não chorei. Apenas botei o pé na estrada. Dois quilômetros depois, vi as malas das duas, com as roupas espalhadas pelo chão. Temi o pior e me embrenhei no mato. Andei, me arranhei nos arbustos, escorreguei e machuquei a perna. Corri tanto, cansei e, por fim, exausto, caí desmaiado. Era noite quando acordei. Ouvi vozes antes de abrir os olhos. Na penumbra, pude ver vultos humanos. Eram os vizinhos e outros homens da cidade. Com eles, Ana e Aninha. Assustados, ninguém se aproximava. À minha volta, ursos e tigres me protegiam. Do meu lado, o urso preto e branco. Tentei explicar, mas todo arranhado e com pancadas pelo corpo, não tiveram dúvida: eu era a presa dos animais. Gritaram para que eu atirasse. Não atirei. Quando os ursos e tigres começaram a se retirar, segui com eles, até a beira do lago, onde lavei as feridas e voltei para casa, sob olhares impressionados. Os tigres partiram; os ursos também. Caminhavam devagar. Desde então, o lugar não parou de crescer. Com a história fantástica de um lago com tigres e ursos dóceis, veio gente de todos os lugares, assustando os animais. Aos poucos, foram sumindo. No verão, foram os ursos brancos, depois o tigres brancos. No outono, foram-se os tigres negros e os ursos marrons. E, no inverno, partiram os tigres amarelos e os ursos pretos. Só o urso preto e branco ficou para a primavera triste que nos restou, escondido no quintal de casa, que dá para o lago. Todo dia, ele brinca com Aninha. Desde que essa gente veio para cá, todo dia eu olho para a cidade na beira do lago, sinto remorso e choro de saudades dos ursos e dos tigres. 16 CACOS DE PAPEL Por Phillipe Trindade o d n a d n Desve personalidade uma ada pelo tima hora. Form úl de e – u ve ação, re a chapa se insc debate e inform um de a as lt fa en la ap , pe o ai e, meço de m formado em u as eleições Decom, que é , realizada no co suplente, a chapa única ganho do m o e ef ec D ch vo do a no a chefi o sobre o Brito como Em eleição para revela um pouc ês o e por Gláucia m et e N st a m de l m pe So Cacos de Pa professor João e os alunos. O tr en a ic ão pela USP. m lê po causou em Comunicaç r o ut do e R UFP frequentam esse espaço. Acho que é simples assim: se cada Jornalismo pela um assumir suas responsabilidades, os problemas se reduzem. Cacos de Papel: O que o levou a concorrer ao cargo de Chefe de Departamento? Somma: Essa eleição foi muito atípica. Até o último instante não havia chapa inscrita, talvez porque os Professores do Decom estejam priorizando suas outras atividades, como o ensino, a pesquisa, a extensão. Durante o período de inscrição das chapas alguns colegas me provocaram a participar, mas eu tinha algumas dúvidas se deveria ou não.Alguns fatos ocorridos a partir de fevereiro e a ausência de candidaturas trouxeram uma conotação de necessidade imperiosa quanto à existência de pelo menos uma chapa. Caso contrário, haveria uma forte conotação de desinteresse na condução do Departamento e abriria brechas para uma atuação direta das esferas administrativas da instituição, o que penso não ser desejável para o Decom. Esses foram os principais motivos que me levaram à formação da chapa junto com a professora Gláucia. CP: Quais as propostas para sua gestão? Somma: Basicamente as propostas são de continuidade ao trabalho desenvolvido até aqui pela professora Gláucia, o qual considero muito bom. Em síntese, trata-se de buscar sempre a contínua melhora de qualidade do curso e sua valorização junto à administração superior da UFPR. [Pretendo] dar prosseguimento também às ações de incentivo às atividades de pesquisa, envolvendo preferencialmente os alunos que desejem se integrar a essas atividades, bem como à extensão. Junto a isso, a busca pela efetivação de nossa proposta de abertura do curso de mestrado, já em apreciação pela Capes, e a formação de um novo Setor na UFPR, congregando as áreas de Comunicação, Design e Artes, pois assim há possibilidade de maior autonomia para nosso Curso. CP: Qual a sua posição a respeito de eventos de confraternização estudantis no Cacos? Somma: Sou favorável à realização desses eventos sociais, em geral, pois fazem parte de nosso convívio no cotidiano. Quem não participa, de alguma forma, de festas e comemorações? Apenas temos que considerar que o Cacos situa-se num espaço público. Esse espaço não é propriedade do Cacos e o acesso deve ser livre aos cidadãos em geral, sem restrições. Penso assim em relação a qualquer espaço público, incluindo os “Palácios” sedes de governos. Portanto, o Cacos tem que zelar e se responsabilizar por esse espaço e pelo comportamento das pessoas que, a seu convite ou por sua iniciativa, CP: Política? Somma: Atualmente tenho nojo da política em nosso País. Basta olhar o que acontece indistintamente na área federal, estadual, ou municipal: corrupção, impunidade, desprezo à opinião pública, desrespeito às leis, castelos, farra aérea, carteiras de motoristas cassadas e muito mais que a gente não fica sabendo. Não existe democracia no país. A tal democracia representativa é uma farsa, pois em geral os “nossos” representantes atuam apenas em interesse próprio e/ou dos grupos a que pertencem. São as oligarquias que sempre mandaram e continuam mandando, não importa o partido ou coligação que vença as eleições. Está aí agora o Lulinha paz e amor que vai taxar impostos na poupança dos brasileiros, coisa que nem o Collor ousou fazer, apesar de ter bloqueado as contas por alguns dias. Mas cobrar imposto ele não teve coragem de fazer. Defendo uma idéia polêmica, mas creio que necessária: deveríamos acabar com os políticos, com os partidos, com Senado, Câmaras de Deputados,Vereadores etc. Não precisamos deles e poderíamos ter uma Democracia direta, ou seja, com o avanço tecnológico atual nos disponibilizando dos meios, podemos demitir toda essa corja e economizaríamos muita grana que poderia ser aplicada em três áreas fundamentais: educação, saúde e transporte. Seria assim: os segmentos que realmente representam a sociedade civil, e as pessoas individualmente fariam suas propostas, projetos de leis, normas e procedimentos sociais, e encaminhariam à apreciação da população que usando somente um celular (hoje já temos no Brasil mais celulares do que o total da população, segundo as estatísticas mais recentes, além do que tem celular custando muito barato e funcionando com cartão), ou ainda pela Internet, mandariam sua opção via SMS, a favor, ou contra, e tudo se resolveria com rapidez, eficiência e quase sem custos para o povo. CP: Religião? Somma: Resumo isso a uma simples frase que ouvi um dia alguém pronunciar e acho genial: “Templo é dinheiro”. CP: Futebol? Somma: Eternamente COXA! O maior sempre, com certeza! CP: Qual o autor com quem mais se identifica? Somma: Maquiavel, atualíssimo sempre.