Norman Geisler – Ron Rhodes – Resposta Às Seitas

Transcrição

Norman Geisler – Ron Rhodes – Resposta Às Seitas
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INTERPRETAÇÕES EQUIVOCADAS DAS SEITAS
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I N TERPRETAÇÕES E Q U I V O C A D A S DAS SEITAS j
“Seitas e novas religiões estão se expandindo em proporções
sem precedentes no horizonte americano”, escrevem N o rm a n
Geisler e R o n Rhodes. “C ada um a delas professa ser
detentora do mais recente cam inho para o esclarecimento,
declaram-se os profetas de nossos dias, ou ainda o caminho
seguro para o alcance da p a z universal. ”
C o m o prim eiro livro amplo desse tipo, dois notáveis
apologistas e especialistas no estudo das seitas identificam
e respondem ao m au uso das Escrituras po r adeptos de várias
religiões, que estão em busca da validação de suas próprias
doutrinas particulares. Percorrendo a Bíblia, livro po r livro,
Geisler e R h od es destacam textos proeminentes, que têm sido
tirados de seu própizio contexto e interpretados de m odo
errôneo por um a variedade de grupos, oterecendo sólidas
respostas às reivindicações destes.
“Está claro que os cristãos devem levar a sério a ameaça
das sekas e aprender a defender o cristianismo face às investidas
brutais destas” , escrevem os autores. Este livro o conduzirá
a uma profunda compreensão do autêntico cristianismo,
habilitando-o a m elhor reconhecer as fraudes.
Ele ajudará àqueles que foram abalados através da influência
de seitas e religiões desviadas da Verdade.
A utores
N o rm a n L . Geisler é o diretor
do Southern Evangelical Sem inary, e líder apologista cristão,
autor de mais de quarenta volumes.
R o n R hodes é o diretor executivo do M inistério R easoning
fro m tlie Scriptures, e tem escrito várias obras sobre seitas.
ISBN 8 5 - 2 6 3 - 0 2 9 7 - 3
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POPULAR
SOBRE AS
INTERPRETAÇÕES EQUIVOCADAS DAS SEITAS
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T o d o s os direitos reservados. C o p y r i g h t 2 0 0 0 para a lín g u a p o r tu g u e s a da
Casa P u b l ic a d o r a das Assem bléia s de D eu s.
T í tu l o o r ig i n a l e m inglês: W hen Cultists A s k
Baker Books
P r im e ir a e d iç ã o e m in g lê s:19 97
T radução: D e g m a r R ibas Jú n io r
Pr e p a r a ç ã o de o rig inais: A le x a n d re C o e l h o
R e v is ã o : G lá u c ia V ic te r
C a p a e p r o je t o gráfico: E d u a r d o So uza
E d i to r a ç ã o e le trô n ic a : O l g a R o c h a d o s San tos
C D D : 2 8 0 - Seitas
ISBN : 8 5 -2 6 3 -0 2 9 7 -3
As citações bíblicas f o ra m extraídas da versão A lm eid a R e v is ta e C o r r ig i d a , E d iç ão de 1995, da S o c ied a d e
Bíblic a d o Brasil, salvo in d ic a ç ã o e m c o n tr á r io .
C asa P u b lic a d o r a das A ssem b lé ia s d e D eu s
C a ix a Postal 331
2 0 0 0 1 -9 7 0 , R i o de faneiro, R J, Brasil
2a Edição 2001
•
SUMÁRIO
Agradecimentos .......................................................................................... 7
Introdução: Entendendo as Seitas............................................................ 9
1. G ênesis.................................................................................................. 27
2. Ê x o d o .....................................................................................................47
3. L evítico................................................................................................. 59
4. D e u te ro n ô m io .....................................................................................63
5. J o su é ....................................................................................................... 73
6. 1 S a m u e l ...................................................................................................... 75
7. 2 Samuel.......................................................................................... 81
8. I R eis...............................................................................................83
9. 2 R eis.............................................................................................. 87
10. 2 ('rônicas .......................................................................................91
11. ) 6 ...................................................................................................... 93
12. S alm os............................................................................... .................. 99
13. Provérbios........................................................................................... 117
14. Eclesiastes............................................................................................121
15. Isaías..................................................................................................... 125
16. Jeremias ...............................................................................................135
17. Ezequiel......................................................................................... 137
IS. A m ó s..............................................................................................143
19. (onas..................................................................................................... 145
2 0 . H a b a c u q u e .........................................................................................147
2 1 . Malaquias ........................................................................................... 149
2 2 . M ateu s................................................................................................. 153
2 3 . M arcos.................................................................................................219
2 4 . L u ca s................................................................................................... 233
2 5 . J o ã o ...................................................................................................... 261
2 6 . Atos dos apóstolos............................................................................ 317
2 7 . R o m a n o s ............................................................................................ 335
2 8 . 1 C o rín tio s ........................................................................................ 359
2 9 . 2 C o rín tio s ........................................................................................ 395
3 0 . Gálatas.................................................................................................403
31. E fésios.................................................................................................407
3 2 . Filipenses............................................................................................ 415
3 3 . Colossenses.........................................................................................421
3 4 . 1 Tessalonicenses...............................................................................433
3 5 . 2 Tessalonicenses...............................................................................437
3 6 . 1 T im ó te o ...........................................................................................447
3 7 . 2 T im ó te o ........................................................................................... 451
3 8 . T i t o ......................................................................................................457
3 9 . F ile m o m .............................................................................................459
4 0 . H e b reu s.............................................................................................. 463
4 1 . T ia g o ....................................................................................................471
4 2 . 1 P e d ro ................................................................................................479
4 3 . 2 P e d ro ................................................................................................489
4 4 . 1 J o ã o .................................................................................................. 491
4 5 . 2 J o ã o .................................................................................................. 497
4 6 . 3 J o ã o .................................................................................................. 501
47 . A pocalipse..........................................................................................503
Bibliografia................................................................................................. 517
índice das Escrituras................................................................................ 537
índice de T ó p ic o s.....................................................................................553
índice de Grupos Religiosos ................................................................. 571
AGRADECIMENTOS
Desejo expressar a minha gratidão a Kenny Hood,David
Johnson, Trevor Mander, Douglas Potter, Steve Puryear e
especialmente a minha esposa, Barbara, que me ajudou na
preparação deste manuscrito. Sem a hábil assistência dessas
pessoas, eu não teria sido capaz de produzir a parte que me
coube neste livro.
— Norman L. Geisler
Além das pessoas mencionadas acima, gostaria de agra­
decer a minha esposa, Kerri, cuja assistência e consolo aprecio
muito, e aos nossos dois filhos, Davi d e Kylie (meu pelotão
pessoal de encorajamento).
— R on Rhodes
INTRODUÇÃO
E N T E N D E N D O AS-SEITAS
Seitas e novas religiões estão se expandindo em pro­
porções sem precedentes no horizonte americano. A me-r
dida que a luz do cristianismo deixa de brilhar intensa­
mente, trevas de todas as partes passam a inundar o mundo.
Testemunhas de Jeová, mórmons e a abundância de religi­
ões da linha da Nova Era estão em busca das almas dos seres
humanos. Cada uma delas professa ser detentora do mais
recente caminho para o esclarecimento, declaram-se profetas de nossos dias, ou ainda o caminho seguro para o alcan­
ce da paz universal.
Alguns especialistas dizem que há cerca de 700 seitas,
enquanto outros declaram existir cerca de 3.000. D e algu­
ma forma, as seitas envolvem mais de vinte milhões de pes­
soas nos Estados Unidos, e estão se multiplicando a uma
razão alarmante. Existem hoje espalhados pelo m undo mais
de 5 milhões de Testemunhas de Jeová (que gastam mais de
um bilhão de horas-homempor ano no trabalho proselitista),
quase 9 milhões de mórmons (atualmente crescendo à ra/,io de 1.500 novos membros por dia), e dezenas de mi­
lhões de adeptos da Nova Era.
R E S P O S T A Á S S EI TA S
As religiões de alcance mundial que são diametralmente
opostas ao cristianismo também estão crescendo em pro­
porções assustadoras. Existe, por exemplo, cerca de um bi­
lhão de muçulmanos no mundo. Isso representa pratica­
mente uma entre cada cinco pessoas na terra! Somente na
América do N orte estima-se que vivam entre 4 a 8 mi­
lhões de muçulmanos, e que haja mais de 1.100 mesquitas
muçulmanas.
Está claro que os cristãos devem levar a sério a ameaça
das seitas, e aprender a resguardar o cristianismo face às suas
investidas brutais. Este livro o ajudará a alcançar esse obje­
tivo, mas é importante compreendermos primeiramente al­
gumas características comuns das seitas.
0 QUE É U M A SEITA?
Não há uma definição mundial de comum acordo a
respeito do que caracteriza uma seita; existem apenas algu­
mas características gerais que nos perm item reconhecê-las.
Há hoje três diferentes dimensões de seitas — doutrinárias,
sociológicas e morais.Vamos a seguir examinar brevemente
cada uma delas.Tenha em mente, contudo, que nem todas
as seitas manifestam cada uma das características que discu­
timos.
Características doutrinárias de uma seita
Existem várias características doutrinárias nas seitas.
Tipicamente dão ênfase a novas revelações “recebidas de
Deus”, negam a autoridade única da Bíblia, negam a Trin­
dade, possuem uma visão distorcida de Deus e de Jesus, ou
ainda rejeitam a salvação pela graça.
Nova revelação — Muitos líderes de seitas afirmam ter
um canal direto de comunicação com Deus. Os ensina­
mentos das seitas são freqüentemente mudados e, por isso,
precisam de novas “revelações” para justificar tais mudan­
10
IN T R O D U Ç ÃO
ças. Os m órm ons,por exemplo, certa vez excluíram os afro.imericanos do sacerdócio. Q uando a pressão social foi
exercida sobre a igreja m órm on por essa espalhafatosa for­
ma de racismo, o presidente dos mórmons recebeu uma
nova “revelação” , revertendo o decreto anterior. As Teste­
munhas de Jeová passaram pelo mesmo tipo de mudança
cm relação aos ensinos anteriores da Torre de Vigia, que
diziam que a vacinação e o transplante de órgãos eram proi­
bidos por Jeová.
A negação da autoridade única da Bíblia — Muitas seitas
negam a autoridade única da Bíblia. Os m órm ons, por
exemplo, acreditam que o Livro de M órm on é uma escritura superior à Bíblia. Jim Jones, fundador e líder de
Jonestown, colocou-se a si mesmo em posição de autori­
dade acima da Bíblia. Os cientistas cristãos elevam o livro
de Mary Baker Eddy, intitulado Science and health (Ciência
e saúde), à condição de autoridade suprema. O reverendo
M oon estabeleceu o seu livro The divine principie (O p rin ­
cípio divino) como autoridade sobre todos os seus segui­
dores. Os adeptos da Nova Era crêem em muitas formas
modernas de revelações impositivas, tais como O Evange­
lho aquariano de Jesus, o Cristo.
í Jtna visão distorcida de Deus e de Jesus — Muitas seitas
estabelecem uma visão distorcida de Deus e de Jesus. Os
da Unidade Pentecostal“ Somente Jesus”, por exem­
plo, negam a Trindade e aderem a uma forma de modalismo,
aleg and o que Jesus é Deus, e que “Pai” , “Filho” e “Espírito
S a n to ” são apenas nomes singulares de Jesus. As Testemu­
nhas de Jeová negam tanto a Trindade como a absoluta
d iv i n d a d e de Cristo, dizendo que Cristo é m enor do que o
I \ n (que é o Deus Todo-Poderoso). Os mórmons dizem
q ue )esus foi procriado (por um pai e uma mãe celestiais)
em determinada ocasião, sendo também o espírito-irmão
de I úi iíer. Os mórmons falam também de uma “trindade”,
|ioiém a redefinem em forma de triteísmo (ou seja, três
aileptos
11
R E S P O S T A À S S EI TA S
deuses). Os bahais dizem que Jesus foi apenas um dos m ui­
tos profetas de Deus. O Jesus dos espiritualistas (ou espíri­
tas) é apenas um médium avançado. O Jesus dos teosofistas
é uma mera reencarnação do chamado “Mestre do M un­
do” (do qual se diz que periodicamente reencarna no cor­
po de um discípulo humano). O JesuS do psíquico Edgar
Cayce é um ser que em sua primeira encarnação foi Adão,
e em sua trigésima reencarnação foi “o Cristo” .
Em relação ao exposto acima, seitas também negam a res­
surreição física de Jesus Cristo. As Testemunhas de Jeová, por
exemplo, dizem que Jesus foi levantado dentre os mortos como
uma criatura invisível, um espírito. Herbert W Armstrong, fun­
dador daWorldwide Church of God (Igreja Mundial de Deus),
também negou a ressurreição física de Cristo em corpo hu­
mano. (Observe que há poucos anos a Igreja Mundial de Deus
repudiou muitos dos ensinos de Armstrong e tem dado passos
significativos em direção à ortodoxia.)
Negar a salvação pela graça — As seitas geralmente negam
que a salvação é dada pela graça de Deus, distorcendo assim
a pureza do Evangelho. Os m órm ons, p o r exemplo,
enfatizam a necessidade de tornarem-se mais e mais perfei­
tos nesta vida. As Testemunhas de Jeová dão ênfase à distri­
buição de literatura da Torre de Vigia de porta em porta
como parte do trabalho para “alcançar” a sua salvação.
Herbert W. Armstrong disse que a idéia de que as obras não
são um requisito para que uma pessoa alcance a salvação
possui raízes em Satanás.
A partir do breve exame acima, fica claro que todas as
seitas negam uma ou mais das doutrinas básicas do cristia­
nismo.
Características sociológicas de uma seita
Além das características doutrinárias das seitas, muitas
delas (não todas) também possuem traços sociológicos que
incluem o autoritarismo, o exclusivismo, o dogmatismo, as
M
IN TRO DU ÇÃO
mentes fechadas, as susceptibilidades, a compartimentalização,
o isolamento e até mesmo o antagonismo.Vamos considerálos de forma breve.
Autoritarismo — O autoritarismo envolve a aceitação
de uma figura de autoridade, que freqüentemente utiliza
técnicas de controle mental sobre os membros do grupo.
Com o profeta e /o u fundador, a palavra desse líder é consi­
derada final. O falecido David Koresh, da seita Branch
Davidian (Ramificação Davidiana) emWaco, no estado do
Texas, é um exemplo trágico. Outras seitas que envolvem
autoritarismo incluem os Meninos de Deus (agora chama­
dos de A Família) e a Igreja da Unificação.
Os profetas/fundadores de seitas não devem ser con­
fundidos com M artinho Lutero e John Wesley. As diferen­
ças são significativas. U m reformador, em contraste com o
fundador de uma seita, lidera as pessoas através do amor, e
não do medo. Influencia por amor, não por ódio. Procura
motivar os corações mas não tenta controlar os pensamen­
tos. Lidera os seus seguidores como um pastor lidera ove­
lhas; não as conduz como bodes.
Exclusivismo — O utra característica das seitas é um
exclusivismo que declara:“Somente nós temos a verdade”.
Os mórmons acreditam que são a comunidade exclusiva
dos salvos na terra. As Testemunhas de Jeová acreditam que
são a comunidade exclusiva dos salvos.
Alguns grupos manifestam o exclusivismo através de
sua prática de vida em comunidades. Sob tais condições, é
mais fácil manter controle sobre os membros da seita. Exem­
plos desse tipo poderiam incluir os Meninos de Deus e a
Branch Davidian.
E importante observar que existem alguns grupos reli­
giosos que praticam a vida em comunidade, porém não são
seitas. O grupo The Jesus People USA (O povo de Jesus
nos EUA), em Chicago, constitui um exemplo de um bom
grupo cristão que vive em comunidade.
13
R E S P O S T A À S S EI TA S
Dogmatismo — Relacionadas de perto com o exposto
acima, muitas seitas são dogmáticas — e esse dogmatismo é
freqüentemente expresso de forma institucional. Por exem­
plo, os mórmons declaram ser a única igreja verdadeira na
terra. As Testemunhas de Jeová dizem que a Sociedade Tor­
re de Vigia é a única voz de Jeová na terra. David Koresh
declarou-se a única pessoa capaz de interpretar a Bíblia.
Muitas seitas acreditam ter a verdade dentro de uma pasta,
como se ela ali estivesse. Pensam que somente elas estão de
posse dos oráculos divinos.
Mentes fechadas — De mãos dadas com o dogmatismo
está a característica de possuir mentes fechadas. Essa indis­
posição de ao menos considerar qualquer outro ponto de
vista tem freqüentes manifestações radicais. U m m órm on
educado que encontramos nos disse que não lhe importa­
ria se pudesse ser provado que Joseph Smith foi um falso
profeta; ele ainda assim continuaria sendo um m órmon.
U m hom em testemunha-de-Jeová que certa vez encontra­
mos recusou-se a concluir a leitura de um artigo que pro­
vava a divindade de Cristo porque, disse ele:“Isso está inco­
modando a minha fé”.
Susceptibilidade — O perfil psicológico de muitas pes­
soas que são “sugadas” para dentro de seitas não é do tipo
bajulador. C om certa freqüência, as pessoas que se juntam a
uma seita são altamente incautas. Algumas vezes são até
mesmo psicologicamente vulneráveis. Mas, acima de tudo,
a m e n ta lid a d e nas seitas é c aracterizad a p o r um a
compartimentalização não saudável (isto é, elas “põem em
compartimentos” fatos conflitantes e ignoram qualquer coisa
que contradiga as suas afirmações). Muitos mórmons pos­
suem uma “chama em seu seio” que faz com que seja pra­
ticamente impossível argumentar com eles sobre a sua fé.
Membros de seitas freqüentemente aceitam ensinos con­
forme um tipo de fé cega, que é insensível à argumentação
sensata. U m missionário m órm on declarou que acreditaria
14
INTKODUÇÃO
no Livro de M órm on, ainda que o livro dissesse que exis­
tem círculos quadrados!
Isolamento — As seitas mais extremistas criam às vezes
fronteiras fortificadas, freqüentemente precipitando finais
trágicos, tais como o desastre emWaco, no estado do Texas,
com a seita Branch Davidian. Desertores são considerados
traidores, passando a correr risco de vida e sendo persegui­
dos pelos membros mais zelosos da seita. Em muitos casos,
diz-se aos membros da seita que se abandonarem o grupo
serão atacados e destruídos por Satanás. A construção de
tais barreiras, seja de caráter físico, seja de caráter psicológi­
co, criam um ambiente de isolamento que, por sua vez, leva
ao antagonismo.
Antagonismo — Em um contexto de isolamento, são
gerados tanto o m edo como o sentimento de hostilidade
em relação ao m undo exterior. Todos os outros grupos são
considerados apóstatas, “o inimigo” e “as ferramentas de
Satanás” . Em casos extremos, esse fato pode levar a confli­
tos armados, como aconteceu em Jonestow n e emWaco.
Características morais de uma seita
N o topo dos traços doutrinários e sociológicos das sei­
tas existem tam bém algumas dimensões morais a serem
consideradas. Em meio às seitas que brotam, estão muito
presentes o legalismo, a perversão sexual, a intolerância, abu­
sos psicológicos e até mesmo físicos.Vale lembrar que nem
todas as seitas manifestam cada uma dessas características.
Legalismo — Para muitas seitas, é comum o estabeleci­
mento de um rigoroso conjunto de regras que devem ser
obrigatoriamente vividas pelos devotos. Esses padrões são
usualmente extrabíblicos.
O
ensino m órm o n que proíbe o uso de café, chá, ou
qualquer bebida que contenha cafeína é um caso típico. O
requisito imposto pela Sociedade Torre deVigia para que as
lestemunhas de Jeová distribuam literatura de porta em
15
R E S P O S T A À S S EI TA S
porta é outro exemplo. O ascetismo do tipo monástico, com
sua rigorosa obrigatoriedade de cumprimento de regras, é
freqüentemente visto como um meio de se alcançar o fa­
vor de Deus. Com o tal, é a manifestação da rejeição co­
m um das seitas à graça de Deus.
Perversão sexual — Lado a lado com o legalismo, o vício
gêmeo da perversidade moral é bastante encontrado nas
seitas. Joseph Smith (e outros líderes mórmons) teve m ui­
tas esposas. David Koresh afirmou possuir todas as mulhe­
res em seu grupo, até mesmo as meninas mais novas. De
acordo com uma revelação através de uma reportagem em
1989, meninas da idade de dez anos estavam incluídas. A
seita Meninos de Deus tem utilizado, através de sua histó­
ria, técnicas de “pescaria através do flerte” , com a finalidade
de atrair pessoas para a seita, com apelos sexuais. Foi de­
nunciada a prática de sexo entre adultos e crianças dentro
dessa seita.
Abuso físico — De forma trágica, algumas seitas empe­
nham-se em aplicar diferentes formas de abuso físico. Exadeptos de seitas acusam com freqüência seus ex-líderes de
concentrarem-se em espancamentos, privação do sono, se­
vera privação de alimentos e agressões a crianças até que
estas ficassem queimadas ou sangrando. As vezes, há acusa­
ções de abusos ritualísticos satânicos, embora tais fatos rara­
mente sejam levados a conhecimento público.
Contudo, os abusos psicológicos como o medo, a inti­
midação e o isolamento são mais comuns. O abuso físico
em seu máximo grau é ilustrado na pessoa do líder Jim
Jones, que levou todos os membros de Jonestown a beber
ponche envenenado.
Intolerância para com as outras pessoas — Tolerância religi­
osa não é uma das virtudes da mentalidade das seitas. A
intolerância é freqüentemente manifestada através de hos­
tilidades, culminando algumas vezes com assassinatos. A his­
tória tanto dos mórmons como da seita Branch Davidian
16
IN T R O D U Ç ÃO
possuem exemplos desse tipo de intolerância violenta. Cer1.1 mente outros grupos religiosos, como os muçulmanos ra­
dicais, são conhecidos pelo mesmo tipo de com portam enlo.
Mais próximo ao lar, a Inquisição Hispânica é uma ma­
nifestação de zelo de seitas cristãs.
A M E T O D O L O G I A E M P R E Ú A D A PELAS SEITAS
As seitas são bem conhecidas pelo emprego de seus
métodos questionáveis. Por exemplo, as seitas se conceniiam em decepções morais e processos agressivos de prose­
litismo. Vamos analisar isso de forma resumida.
Decepção moral — Os seguidores da seita M oon são conhccidos por sua chamada decepção celestial. Duplicidade
e mentiras são usadas para ganhar adeptos ao movimento.
<) fundador da seita m órm on, Joseph Smith, também se
envolveu em táticas fraudulentas que, no devido tempo, o
levaram aos tribunais, onde foi uma vez declarado culpado'
e multado. Líderes modernos da Meditação Transcendental
i.imbém usaram de engano na tentativa de levar adiante sua
i .msa.
Muito mais com um é o emprego de termos cristãos
pelas seitas, porém infundidos com novos significados. Des>.i maneira, cristãos destreinados são enganados e conduzi­
dos a pensar que a seita é cristã. Por exemplo, seitas da Nova
Ir.i algumas vezes utilizam os termos “ressurreição” e “as<ensào” quando na realidade querem expressar a “ascensão”
d.i conscientização cristã no mundo. O tão familiar termo
( i istão “nascido de novo” é muito empregado pela Nova
1•i.i para dar suporte à doutrina da reencarnação. O termo
"o ( a isto” é utilizado pelos adeptos da Nova Era visando
o b t e r aprovação dos cristãos quando, para eles, o atual e
v e i d a d e ir o significado desse termo expressa o oficio oculto
desempenhado por vários gurus através da história.
Proselitismo agressivo — Existe, sem dúvida, uma boa peri epçào no tocante ao trabalho de proselitismo de cada reli­
17
R E S P O S T A À S S EI TA S
gião. O u seja, cada uma delas emprega esforços para trazer
outras pessoas para a sua fé. O cristianismo, o judaísmo, o
islamismo e até mesmo certas formas de hinduísmo e bu­
dismo procuram converter pessoas às suas crenças.
As seitas, contudo, levam as atividades proselitistas ao
extremo. Seu excessivo esforço proselitista constitui uma
tentativa de obtenção da aprovação de Deus.Trabalham para
a graça, ao invés de trabalhar a partir da graça, como a Bí­
blia ensina (2 Co 5.14). Algumas vezes os seus esforços são
empregados em favor da satisfação de seus próprios egos.
Muitas vezes seu proselitismo ultrazeloso envolve evangelismo impessoal ou pessoas escusas. Os membros da igreja
de Cristo em Boston são conhecidos por seus esforços
direcionados a tentativas ultrazelosas para conseguir a con­
versão de pessoas nas diversas escoías de segundo grau es­
palhadas pelos Estados Unidos.Tanto os mórmons como as
Testemunhas de Jeová possuem extensos programas de pro­
selitismo porta a porta, embora sejam usualmente menos
ofensivos em sua abordagem.
E importante notar que enquanto quase todas as seitas
são agressivam ente evangelizadoras, n em to d o s os
evangelizadores agressivos são de seitas. As organizações
intituladas Campus Crusade for Christ (no Brasil Cruzada
Estudantil e Profissional para Cristo) e Jews for Jesus (Ju­
deus para Jesus) são ministérios zelosos pelo evangelismo,
mas não são seitas. N a verdade, se a igreja cristã fosse mais
zelosa pelo verdadeiro evangelismo, o mundo teria menos
proselitismo praticado por seitas.
POR QUE AS SEITAS ESTÃO CRESCENDO?
U m pesquisador de importante reputação na área de
seitas observou que elas são “as contas não pagas da igreja”.
A igreja tem fracassado em oferecer o devido treinamento
doutrinário a seus membros e falhado em termos de fazer
uma verdadeira diferença moral na vida de seus discípulos;
18
IN T R O D U Ç Ã O
não tem ido ao encontro das mais profundas necessidades
il.is pessoas, e não tem oferecido a elas o sentimento de
"lazer parte”, de pertencer. A falha da igreja é ampla e prolunda, e isso tem facilitado o florescimento de seitas.
Porém, certamente o crescimento das seitas pode tamlu-in ser atribuído a muitos outros fatores. Dentre outras
i.i/ões, as seitas estão se multiplicando por causa do cresci­
mento do relativismo, do egocentrismo, do subjetivismo e
.Io misticismo. Além disso, a rebelião moral e o colapso de
Í.imílias têm contribuído para o aumento do número de
seitas em todo o mundo. Considere o seguinte:
Fracasso doutrinário — Walter M artin disse certa vez que
0 aumento das seitas é “diretamente proporcional à ênfase
oscilante que a igreja cristã colocou no ensino da doutrina
bíblica para os cristãos leigos. D e forma mais correta, alr.iins pastores, professores e evangelistas defendem adequa­
damente as suas crenças. Mas a maioria deles — bem como
.1 maioria dos cristãos leigos comuns — teria dificuldade de
confrontar e refutar adeptos bem treinados de praticamenie todos os tipos de seitas” (The rise o f the cults, pág.24). A
l.ilha da igreja no ensino da sã doutrina leva as pessoas à
•ii-citação de falsas doutrinas. U m a pessoa não é capaz de
1econhecer o errado a menos que primeiramente comprernda a verdade. Só se pode reconhecer as imitações através
>Ia comparação com aquilo que é genuíno.
Aumento do relativismo — O crescimento do relativismo
iin nossa cultura também tem contribuído para o cresci­
mento das seitas. As afirmações do tipo:“Isso pode ser váli­
do para você, mas não para m im ” e “Tudo depende da situ­
ação” são atualm ente quase proverbiais. Essa praga do
lelativismo tem quase inundado a terra. C om a mentalida­
de do “ Faça o que achar m elhor” tem vindo a síndrome do
‘ lenha a sua própria religião” . A negação feita pelo
humanismo secular em relação a toda a soberania dada por
I )eus tem conduzido a um vácuo do tamanho de Deus em
19
R E S P O S T A À S SEI TAS
nossa sociedade, e nesse vácuo o misticismo oriental tem se
movido rapidamente.
Volta ao misticismo oriental— The turn east (A volta para
o Leste) como Harvey Cox, da Universidade de Harvard,
intitulou o seu livro, tem sido tão natural quanto fenom e­
nal. A partir do m om ento em que a sociedade americana
rejeitou suas raízes judaico-cristãs, preferindo o humanismo
secular — que não é capaz de satisfazer os desejos do co­
ração das pessoas — , a única força significativa que restou
foi o misticismo oriental. O teísmo cristão afirma que
Deus criou tudo. O ateísmo secularista declara que Deus
não existe. Sendo ambas as afirmações tidas por alguns
como insatisfatórias, nossa cultura tem se voltado agora às
seitas orientais que proclamam que Deus é tudo, e tudo é
Deus.
O
ato de voltar-se para o Oriente tem sido acompa­
nhado de um retorno às coisa do íntimo. As seitas místicas,
salientando experiências subjetivas e sentimentos interio­
res, têm crescido rapidamente no despertamento do misti­
cismo. Passamos da condição de cultura que explora o uni­
verso lá fora para uma de exploradores do universo aqui
mesmo — dentro de nós. O foco não está tanto no espaço
externo como no espaço interno. Isso, com certeza, é o que
os místicos orientais sempre ensinaram, e se adapta como
luvas nas mãos das seitas da Nova Era.
Ênfase no próprio ego — O crescimento do amor pró­
prio em exagero tem também contribuído para a prolifera­
ção das seitas. A mentalidade do “ Faça o que achar melhor
para você m esmo” conduz naturalmente ao movimento
“Inicie a sua própria seita” . Cumpre-nos dizer que as seitas
são a liberdade religiosa espalhada como sementes. A filo­
sofia humanista “ Cada hom em por si mesmo” é o fertili­
zante perfeito para o crescimento de novas religiões que
supram as necessidades sentidas pelos indivíduos ao invés
de as reais necessidades deles.
20
IN T R O D U Ç Ã O
linfase nos sentimentos — O utro fator que conduz ao
aumento das seitas é o crescimento do subjetivismo e do
cxistencialismo. Tendo por certo o aparentemente insaciá­
vel apetite por religiões, a síndrome do “Se você se sente
I>t'in, faça-o” conduz naturalmente à busca de religiões que
l.içam a pessoa se sentir bem. Enquanto alguns ainda bus<.1111 o atalho psicodélico para o nirvana através de drogas
que ampliem o pensamento, outros buscam uma experiên( i.i mística subjetiva que transcenda as rotinas da vida coti­
diana. Isso explica em grande parte o crescimento de seitas
d.i Nova Era, tais como a meditação transcendental.
Rebelião moral — Sob todos os fatores sociais e psicoló­
gicos que dão ocasião ao crescimento das seitas, está a depravação moral. A Bíblia deixa muito claro que os seres
Ihimanos estão na condição de rebeldes diante de Deus
(Km 1.18).Um a das dimensões dessa rebelião é moral.Pes­
soas se voltam às religiões mais confortáveis quando o esti­
lo de vida que escolheram é contrário aos imperativos morais
di- um Deus incomparavelmente superior e soberano. A
perversão moral existente em várias seitas constitui-se em
.implo testemunho da depravação encontrada no mundo
delas. Os seguidores do líder hindu Rajneesh dedicaram-se
a orgias no estado de Oregon. A seita Os Meninos de Deus,
di- I )avid Berg, é bem conhecida por suas perversões sexu,us. De fato, a perversão moral é característica de muitas
.cilas. Essa rebelião moral foi manifestada no movimento
.mtiinstitucional, antigovernamental e antifamiliar surgido
nos anos 60, e a sua inércia tem levado tal movimento até
t >s anos 90.
Colapso social das famílias — Walter M artin disse certa
\rz: “ Vemos uma geração sem o senso de história — desli!',.ula do passado, alienada do presente e que possui um coni rito incompleto em relação ao futuro. A geração d e ‘agora’
c, na realidade,uma geração perdida” ( The new cults,píg.28).
Muitas seitas tiraram proveito do colapso de famílias em
21
R E S PO S TA ÀS SEITAS
nossa sociedade, tornando-se famílias substitutas para a “ge­
ração perdida” .
Não é à toa que muitos adeptos de seitas dirigem-se a
seus líderes com termos paternos ou maternos. Por exem­
plo, a profetisa da Nova Era, Elizabeth Clare, que dirige a
Igreja Universal eTriunfante, é carinhosamente conhecida
entre os seus seguidores com o “Mamãe g u ru ” . David
“Moisés” Berg, fundador da seita Os Meninos de Deus, era
freqüentemente chamado de “Pai David” pelos adeptos da
seita. Da mesma forma, o reverendo M oon é chamado de
“Pai M o o n ” por membros da Igreja da Unificação.
POR QUE AS SEITAS SÃO PERIGOSAS?
As seitas representam muitos perigos tanto para a Igreja
como para as pessoas. Esses perigos são espirituais, psicoló­
gicos e até mesmo físicos. Considere o seguinte:
O s perigos espirituais representados pelas seitas
As seitas estão envolvidas em sérios enganos, e os enga­
nos são sempre perigosos, pois desencaminham as pessoas.
A Bíblia declara que o diabo é o pai da mentira: “Ele foi
homicida desde o princípio e não se firmou na verdade,
porque não há verdade nele; quando ele profere mentira,
fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da
mentira” (Jo 8.44). Finalmente, todo engano é inspirado no
diabo. Conforme colocado pelo apóstolo Paulo: “Mas o
Espírito expressamente afirma que nos últimos dias alguns
apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e
a doutrinas de demônios” (1 T m 4.1).
Aqueles que dão crédito a mentiras já estão enganados.
E se agirem conforme essas mentiras, estarão em perigo.
Alguns exemplos do cotidiano esclarecem esse ponto. Se
alguém acreditar que o sinal de alerta de uma ferrovia está
piscando apenas por estar com algum defeito, estará cor­
rendo um sério risco de ser atropelado por um trem. Se
22
IN T R O D U Ç Ã O
uma pessoa acredita que o gelo que cobre um lago é grosso
0 bastante para que possa caminhar sobre ele, e na realidade
.1 camada de gelo for delgada, estará correndo o risco de
afogar-se. Se alguém acreditar que está transitando por uma
rua de mão única, quando na realidade tratar-se de uma rua
de mão dupla, estará sob o risco de uma horrível colisão
Irontal.
O perigo espiritual de acreditar em uma mentira é ain­
da mais sério — ele tem conseqüências eternas! M orrer
c rendo no Jesus das Testemunhas de Jeová ou no do
inormonismo é m orrer crendo em um Jesus falsificado, que
prega um Evangelho falsificado e que produz uma salvação
falsificada.
O s perigos psicológicos representados pelas seitas
Os danos psicológicos causados por seitas podem ser
imensos. Elas geralmente têm como presa pessoas vulnerá­
veis. Muitas seitas buscam as pessoas “solitárias” e generosa­
mente lhes dedicam afetos (algumas vezes chamados de
"bombardeios de am or”) até que sejam “fisgadas” . Os líde­
res das seitas se tornam as autoridades absolutas para os in­
divíduos fracos, que tiveram pouca ou nenhuma autorida­
de em sua formação familiar. Em alguns casos essa autori­
dade pode se estender a cada área da vida — quanto tempo
dormir, o que comer, que tipo de roupas usar e assim por
diante.Tais indivíduos se tornam psicologicamente escravi­
zados pelos caprichos do líder da seita.
( )s perigos físicos representados pelas seitas
Tendo em vista as recentes ocorrências, todas as seitas
deveriam ter um rótulo de advertência: “AVISO: Esta reli­
gião pode ser prejudicial à sua saúde e à sua vida”. Em
1‘>83, H obart Freeman, líder da Assembléia da Fé em Fort
Wayne, no estado de Indiana, m orreu após lançar fora os
seus remédios para o coração. Cerca de outros 52 membros
23
R E S P O S T A À S S EI T A S
de seu grupo morreram, sendo muitos deles bebês e crian­
ças. Jim Jones persuadiu 900 de seus seguidores a fazerem
um pacto de suicídio. D o mesmo modo, David Koresh con­
duziu cerca de 80 de seus seguidores a um suicídio im petu­
oso emWaco, no estado do Texas, em 1992.
Não é de admirar que a Bíblia constantemente previ­
na as pessoas contra as falsas doutrinas. Jesus disse:
“Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até
vós disfarçados em ovelhas, mas interiorm ente são lobos
devoradores” (Mt 7.15).
A D E T U R P A Ç Ã O DAS ESCRITURAS E AS SEITAS
Tendo em vista esse dilúvio de falsificações, os crentes
têm uma necessidade ímpar de compreender profundamente
o autêntico cristianismo. Isso porque é impossível reconhe­
cer uma fraude a menos que tenhamos o conhecimento do
genuíno. Os enganos só podem ser corretamente medidos
quando contrastados com a verdade da infalível Palavra de
Deus.
O
fato é que as seitas são notórias deturpadoras das
Escrituras. Q uando se estiver lidando com seitas, deve-se
ter em mente que elas são sempre edificadas não sobre aquilo
que a Bíblia ensina, mas sobre o que os fundadores ou líde­
res das respectivas seitas dizem que a Bíblia ensina.
O
presente livro foi escrito para ajudar você, leitor, a
virar a mesa com amor sobre os adeptos de seitas e “ desfa­
zer’^ que foi por eles torcido a respeito das Escrituras, para
que possam enxergar aquilo que as Escrituras realmente
ensinam. Jesus disse que as suas palavras conduzem à vida
eterna (Jo 6.63). Mas para que recebamos a vida eterna
através de suas palavras, essas devem ser recebidas como
Ele planejou que fossem recebidas. U m a reinterpretação
das Escrituras feita por uma seita, que tenha como resul­
tado um outro Jesus e um outro Evangelho (2 Co 11.3,4;
G1 1.6-9) trará apenas a morte eterna (Ap 20.11-15).
24
IN T R O D U Ç Ã O
Este livro também foi escrito para ajudá-lo a “desfazer”
as interpretações defeituosas de grupos que são verdadeiras
aberrações, difíceis de serem classificados até mesmo como
seitas. Ao ler este livro, você verá que ele o ajudará a res­
ponder às aberrações de tais grupos.
Devemos nos lembrar de que uma das maneiras de bri­
lharmos como luzes em nosso m undo (Mt 5.16) é dar pe­
rante as outras pessoas um consistente exemplo do signifi­
cado de manusear corretamente a Palavra da Verdade (2Tm
2.15). Fazendo isso, outras pessoas deverão nos imitar nessa
área. E à medida que outros aprendem a nos imitar quanto
à maneira correta de se manusear as Escrituras, também
poderão ser usados por Deus para dar exemplo diante de
outros.
O
processo começa com uma única pessoa — voce!
Juntos somos capazes de reprimir o crescimento de seitas e
grupos repletos de erros.
C A P ÍT U L O 1
GÊNESIS
( 1E N E S IS 1 .1 ,2 — O Espírito Santo é uma pessoa
ou é a “força ativa de D eu s?”
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : As Testemunhas de Jeová
pensam que esse versículo diz que o Espírito Santo não
é uma pessoa, e sim a força ativa de Deus. Deus utilizou
declaradamente essa “força” na criação do universo. Um a
vez que no hebraico o termo correspondente a “espíri­
to” pode também ser traduzido como “vento”, eles pen­
sam que estão justificados por traduzir o termo como
“força ativa” em Gênesis 1.2 (Should you believe in the
'Irinity?, 1989, pág. 20).
( O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : O ter
mo hebraico tuach pode ter uma variedade de signifi-
R E S P O S T A À S S EI T A S
cados — incluindo “fôlego” , “vento” e “Espírito” (isto
é, o Espírito Santo). Contudo, uma vez que as referên­
cias ao Espírito Santo, tanto nessa passagem como em
todas as demais ao longo das Escrituras, consistentemente provêem evidências acerca da personalidade desse
elemento da Trindade, a tradução “força ativa” deveria
ser excluída.
Em primeiro lugar, o Espírito Santo nessa passagem
está comprometido com o ato da criação, que envolve
uma ação inteligente no trabalho de formar o mundo. O
próprio ato de “mover-se” sobre as águas implica um
propósito inteligente.
Nas demais passagens do Antigo Testamento, o Espí­
rito Santo manifesta os atributos de uma personalidade.
Ele é capaz de ungir para um ministério de pregações (Is
61.1), e até mesmo se entristecer por causa de nossos
pecados (Is 63.10;E f4.30).D e fato,todas as característi­
cas essenciais de personalidade são atribuídas ao Espírito
Santo ao longo das Escrituras. Ele tem seus próprios pen­
samentos. E dotado de razão (R m 8.27; 1 Co 2.10; E f
1.17), emoções (Ef 4.30) e vontade (1 Co 12.11). Uma
mera “força” não possui esses atributos.
Além disso, o Espírito Santo pratica atos que somente
uma pessoa poderia praticar. Por exemplo, Ele ensina (Jo
14.26), dirige (R m 8.14), comanda (At 8.29), ora (Rm
8.26) e fala com as pessoas (Jo 15.26; 2 Pe 1.21).
Finalmente, o Espírito Santo é tratado como uma
pessoa. Por exemplo, é possível alguém tentar mentir para
Ele (At 5.3). Não se pode tentar mentir para uma força
(digamos, para a eletricidade) ou para qualquer outra coisa
impessoal. E possível mentir apenas para uma pessoa. Em
vista de tais fatos, não se pode traduzir o term o mach
como “força ativa” quando aplicado ao Espírito Santo,
porque está muito claro que Ele é uma pessoa.Veja mais
comentários em Atos 2.4.
28
GÊNESIS
G Ê N E S I S 1 .2 6 — E ste versículo indica que existe
mais de um Deus?
A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : Se existe um só Deus, por
que este versículo em Gênesis utiliza a palavra “nossa”
referindo-se a Deus? Os mórmons com freqüência ob­
servam que a palavra “Deus” usualmente traduzida do
hebraico, que é Elohim , está no plural, e o pronome “nossa”
é utilizado também no plural. Para eles isso indica que
existe mais do que um único Deus. “Logo no início a
Bíblia mostra, de uma maneira superior ao poder de re­
futação, que existe uma pluralidade de Deuses... O ter­
m o Elohim deve estar no plural daí por diante — D eu­
ses” (Smith, 1976, 372).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Várias
explicações sobre a utilização do pronome “nossa” fo­
ram oferecidas ao longo da história. Alguns comentaris­
tas alegaram que Deus estava se referindo aos anjos, mas
isso não tem sentido, uma vez que no verso 26 Deus diz:
“Façamos o hom em à nossa imagem”, enquanto o verso
27 deixa claro: “E criou Deus o hom em à sua imagem; à
imagem de Deus o criou” , e não à imagem dos anjos.
Alguns alegaram que o pronome no plural refere-se à
Trindade. Verdadeiramente o Novo Testamento — por
exemplo, em João 1.1 — ensina que o Filho estava en­
volvido na criação dos céus e da terra. Também Gênesis
1.2 indica que o Espírito Santo estava envolvido no pro­
cesso da criação. Contudo, a opinião de alguns estudan­
tes da gramática hebraica é que o pronome “nossa” , no
plural, é simplesmente requerido pelo substantivo Elohim,
que no hebraico está no plural e é traduzido como “Deus”
(“Então Deus [Elohim, plural] disse: Façamos [plural] o
hom em à nossa [plural] imagem”). Conseqüentemente,
esse grupo de estudantes alega que essa declaração não
29
R E S PO S TA ÀS SEITAS
deveria ser utilizada sozinha para provar a doutrina da
Trindade.
Outros ainda defenderam que o plural é utilizado
com o um a figura de linguagem cham ada “plural
majestático” . O Alcorão, por exemplo, que nega a exis­
tência de mais de uma pessoa em Deus, também utiliza
o plural quando se refere a Ele. Dizem que nesse caso,
Deus está falando a si mesmo, de uma maneira tal que
indique que todo o seu majestoso poder e sabedoria
estavam envolvidos na criação da humanidade. C om o
foi observado, o pronom e plural “nossa” corresponde à
palavra hebraica Elohim, que está no plural e é traduzida
como Deus. O fato de o nom e Deus estar no plural no
hebraico não indica a existência de mais de um Deus.
(A rainhaVitória utilizava a forma “plural majestático”
apenas quando se referia a si mesma. Certa vez com en­
tou: “Não estamos nos divertindo” .) Várias passagens
no Novo Testamento referem-se a Deus utilizando o
term o grego theos, que está no singular, e que também
é traduzido como “D eus” (por exemplo, Jo 1.1, Mc
13.19 e E f3 .9 ).D e acordo com a opinião desse grupo,
a natureza plural do term o no hebraico é designada
para dar um senso mais completo e um sentido mais
majestoso ao nom e de Deus.
Deve ser observado, contudo, que o Novo Testamen­
to ensina claramente que Deus é uma Trindade (Mt
3.16,17; 2 Co 13.13; 1 Pe 1.2) e, embora a doutrina da
Trindade não tenha sido completamente apresentada no
Antigo Testamento, ela foi nele anunciada (conferir Sl.
110.1; Pv 30.4 e is 63.7,9,10).
G Ê N E S I S 1 .2 6 — O fa to de termos sido criados à
imagem de D eu s significa que somos “pequenos
deuses”, como dizem os líderes da seita Palavra da
Fé?
30
GÊNESIS
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Os ensinadores da seita Pa­
lavra da Fé sugerem que o term o hebraico utilizado para
a palavra “semelhança” , nesse verso, significa literalmen­
te “uma exata duplicação da espécie” (Savelle, 1990,141).
Verdadeiramente — dizem eles — a humanidade “foi
criada em condições de igualdade com Deus, e poderia
permanecer na presença dEle sem qualquer sentimento
de inferioridade... Deus nos criou o mais semelhantes a
Ele possível... nos criou na mesma qualidade de seu pró­
prio ser” (Hagin, 1989, 35,36,41).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Tudo o
que está sendo ensinado em Gênesis 1.26,27 é que a
humanidade foi criada à imagem e semelhança de Deus,
no sentido de que um ser humano é uma reflexão finita
de Deus em sua essência racional (Cl 3.10), em sua es­
sência moral (Ef 4.24) e no domínio sobre a criação (Gn
1.27,28). D o mesmo modo que a lua reflete a brilhante
luz do sol, assim a humanidade finita (criada à imagem
de Deus) é uma reflexão limitada de Deus nesses aspec­
tos. Esse verso não tem nada a ver com seres humanos
tornando-se Deus ou estando na mesma “classe” de Deus.
Se fosse verdade que seres humanos são “pequenos
deuses” , então poderia se esperar que mostrassem qua­
lidades semelhantes àquelas que são conhecidas como
verdadeiramente dEle. Contudo, quando se comparam
os atributos da humanidade com os de Deus, encon­
tramos amplo testemunho da verdade da declaração de
Paulo em R om anos 3.23, que diz que os seres hum a­
nos “ destituídos estão da glória de D eus” . Considere o
seguinte:
1. Deus conhece todas as coisas (Is 40.13,14), mas o
ser humano é limitado em seu conhecimento (Jó 38.4).
2. Deus éTodo-Poderoso (Ap 19.6), mas o ser hum a­
no é fraco (Hb 4.15).
31
R E S P O S T A À S S EI T A S
3. Deus está presente em todos os lugares (SI 139.712), mas o ser humano é restrito a um único espaço por
vez (Jo 1.50).
4. Deus é santo (1 Jo 1.5), mas até mesmo as obras
“justas” dos seres humanos são como trapos de imundícia diante de Deus (Is 64.6).
5. Deus é eterno (SI 90.2), mas a humanidade foi cri­
ada em determinada ocasião (Gn 1.1, 26,27).
6. Deus é a verdade Qo 14.6), mas o coração humano
— a partir da queda — é mais enganoso do que todas as
coisas (Jr 17.9).
7. Deus é caracterizado por sua justiça (At 17.31),
mas a humanidade vive de maneira ilícita (1 Jo 3.4; veja
também R m 3.23).
8. Deus é amor (Ef 2.4,5), porém os relacionamentos
humanos sofrem a praga de numerosos vícios, como in­
veja e disputas (1 Co 3.3).
G Ê N E S I S 1 .2 6 ,2 7 — Esta passagem dá suporte à
idéia de que D eu s possui um corpo físico?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Os mórmons argumen­
tam que, pelo fato de os seres humanos terem sido cria­
dos com um corpo de carne e ossos, Deus, o Pai, deve
obrigatoriamente ter também um corpo físico, uma vez
que a humanidade foi criada à imagem de Deus (Smith,
1975, 1.3).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : U m
princípio fundamental de interpretação é que as Escri­
turas interpretam as Escrituras. Quando outras escrituras
a respeito da natureza de Deus são consultadas, o enten­
dimento m órm on sobre Gênesis 1.26,27 se torna im ­
possível. João 4.24 indica que Deus é Espírito. Lucas
24.39 nos diz que um espírito não possui carne e ossos.
32
GÊNESIS
Conclusão: como Deus é espírito, Ele não tem carne e
ossos. Além disso, de maneira contrária ao mormonismo,
Deus não é (e nunca foi) um hom em (Nm 23.19; Is
45.12; Os 11.9; R m 1.22,23).
G E N E S I S 1 .2 6 ,2 7 — O fato de que o ser humano
f o i criado à imagem de D eu s dá suporte à seita
Ciência C ristã afirmar que a humanidade é coeterna
com Deus?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Esses versos declaram que
Deus criou a humanidade conforme à sua própria ima­
gem. Mary Baker Eddy, a fundadora da seita Ciência
Cristã, procura insistentemente convencer que isso sig­
nifica que “h o m em e m u lh er — na condição de
coexistentes e eternos com Deus — para sempre refle­
tem, na qualidade de glorificados, o infinito Deus PaiM ãe” (Eddy, 516).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Eddy
distorce com pletam ente essa passagem das Escrituras.
C om entarem os vários erros de form a breve. Insistir
que a hum anidade é com o Deus em todos os aspectos
contraria o sentido dos term os “im agem ” e “ seme­
lhança” . M esm o o term o “im agem ” nesse contexto
não é o mesmo do original, com o fica claro pelo uso
desse mesmo term o hebraico ( tzehlem ) para um ídolo
(por exemplo N m 33.52; 2 C r 23.17; Ez 7.20) como
somente para a representação de u m deus, e não o
deus mesmo.
A palavra “criar” revela que o texto não está se refe­
rindo a algo eterno, mas a algo que passou a existir. Esse
termo (bará) nunca é utilizado no Antigo Testamento
referindo-se a algo que seja eterno. Nesse contexto, sig­
nifica algo que é trazido à existência. O mesmo é verda­
33
RE S PO S TA ÀS SEITAS
deiro quanto à utilização do termo “criar” no Novo Tes­
tamento (conferir Cl. 1.15,16; Ap 4.11).
E também um engano assumir, como faz Eddy, que
por sermos semelhantes a Deus, Ele mesmo seja obriga­
toriamente como nós. Por exemplo, ela fala a respeito de
Deus como macho e fêmea (“Deus Pai-Mãe”). N a lógi­
ca, essa atitude é conhecida como conversão ilícita. O
fato de todos os cavalos terem quatro patas não significa
que todos os animais que tenham quatro patas sejam
cavalos. D o mesmo modo, por ter Deus criado macho e
fêmea, não significa que Ele mesmo seja macho e fêmea.
“Deus é espírito” (Jo 4.24), contudo, Ele criou as pessoas
dotadas de corpos (Gn 2.7).Apenas o fato de termos um
corpo físico não significa que Deus também o tenha.
O
Antigo Testamento foi originalmente escrito como
um livro judaico, e o judaísmo é uma religião essencial­
mente monoteísta. A Ciência Cristã é panteísta, e Eddy
estava lendo esse docum ento judaico com sua visão
panteísta. O ser humano não é eterno como Deus e nem
idêntico a Ele. Cada pessoa é uma criatura finita, que foi
trazida à existência por um Deus infinito e que se asse­
melha a Ele moral e pessoalmente, mas não é igual a Ele
metafisicamente.
/y
G E N E S I S 2 .7 — Este versículo prova que os seres
humanos não possuem uma alma que sobrevive à
morte?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : As Testemunhas de Jeová
citam esse verso para tentar provar que o ser humano
não possui uma alma que seja distinta do corpo. “O uso
da Bíblia mostra a alma como uma pessoa ou animal, ou
ainda a vida que uma pessoa ou animal desfrutam”
(.M ankind's searchfor God, 1990, pág. 125). Daí as pessoas
são almas no sentido de que são seres viventes, não no
34
GÊNESIS
sentido de terem em si uma natureza não material que
sobrevive à morte.
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Em
Gênesis 2.7 o term o hebraico empregado para “alma”
(:nephesh) significa “ser vivente”. Contudo, esse term o
hebraico é rico, possuindo várias nuanças de significado
quando em diferentes contextos. U m erro fundamental
— cometido algumas vezes por estudantes iniciantes de
hebraico e grego — é assumir que se um termo hebraico
ou grego é utilizado de alguma forma particular em um
verso, deverá obrigatoriamente ter o mesmo significado
em todos os seus demais usos. Mas isso é simplesmente
errado. O fato é que termos hebraicos e gregos podem
ter diferentes nuanças de significado em diferentes con­
textos. O termo nephesh é um exemplo. Enquanto ele
significa “alma vivente” em Gênesis 2.7, o mesmo termo
se refere à alma ou espírito como sendo distintos do
corpo em Gênesis 35.18.
Além do mais, quando examinamos o que as Escritu­
ras em sua totalidade ensinam a respeito da alma, fica
evidente que a posição da Sociedade Torre de Vigia (Tes­
temunhas de Jeová) é errada. Por exemplo, Apocalipse
6.9,10 refere-se a almas desprovidas de corpos sob o al­
tar de Deus (não teria sentido interpretar a referência a
“alma” nesses versos como “ser vivente” — “Vi debaixo
do altar as almas dos que foram m ortos”). A primeira
Carta aos Tessalonicenses 4.13-17 diz que Cristo trará
consigo as almas e espíritos daqueles que estão agora
com Ele no céu, e unirá tais espíritos a corpos na ressur­
reição. Em Filipenses 1.21-23, Paulo diz que melhor é
partir e estar com Cristo. Em 2 Coríntios 5.6-8, Paulo
diz que estar ausente do corpo é estar no lar com o
Senhor. As Escrituras, como um todo, ensinam que cada
pessoa é possuidora de uma alma que sobrevive à morte.
35
RE S PO S TA ÀS SEITAS
G Ê N E S I S 2. 7 — A seita Ciência C ristã está correta
quando alega que D eu s não criou a matéria?
A M Á IN TER PRETA ÇÃ O : A seita Ciência Cristã ensi­
na que Deus não criou matéria alguma, e que a matéria
não é uma coisa real que tenha sido criada por alguém.
Embora Gênesis 2.7 diga que Deus “formou... o homem
do pó da terra”, os “cientistas cristãos” concluem que“deve
ser alguma mentira, porque Deus atualmente tem amaldi­
çoado a terra”, conforme Gênesis 3.17 (Eddy, 524).
C O R R IG IN D O A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : A Bí­
blia claramente afirma que Deus criou os seres humanos
com um corpo físico. R edigir qualquer conclusão con­
trária ao conteúdo de qualquer texto bíblico é contradi­
zer o correto ensino da Palavra de Deus.
A Bíblia declara: “E form ou o Senhor Deus o ho­
m em do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego
da vida; e o hom em foi feito alma vivente” (Gn 2.7). O
“pó da terra” é uma referência óbvia a elementos físicos,
materiais.
Mais adiante Deus disse a Adão e a Eva:“N o suor do
teu rosto, comerás o teu pão, até que te tornes à terra;
porque dela foste tomado, porquanto és pó e em pó te
tornarás” (Gn 3.19).Também aqui a referência é à “ter­
ra” física e ao “p ó ”. Adiante diz que retornaremos ao pó,
significando que viemos dele em nosso princípio, o que
a Bíblia diz nas demais passagens (conferir Ec 12.7).
s\
G E N E S I S 3 .7 — Este versículo marca o início da
liberdade maçônica, conforme os maçons algumas
vezes argumentam?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Em Gênesis 3.7 lemos so­
bre a condição de Adão e Eva após o seu pecado: “Então,
36
GÊNESIS
loram abertos os olhos de ambos, e conheceram que
rstavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para
si aventais” . Os maçons algumas vezes tentam argumeni.ir que a maçonaria remonta aos tempos de Adão e Eva,
uma vez que as folhas de figueira foram realmente os
primeiros “aventais” maçônicos (Mather e Nichols, 1993,
7). Na maçonaria, tais aventais são utilizados em vários
rituais de iniciação. Essa interpretação está correta?
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Os
maçons estão aqui praticando a eisegese (estão lendo um
significado forçando-o para dentro de um texto) ao in­
vés de praticar a exegese (que é extrair o significado de
dentro de um texto). Isso se torna evidente a partir do
contexto.
Os rituais maçônicos não são encontrados em ne­
nhuma parte do contexto de Gênesis 3 nem em qual­
quer outra parte da Bíblia. As folhas de figueira em Gê­
nesis 3 tiveram o único propósito de cobrir a nudez de
Adão e Eva e não serem utilizadas como objetos em
nenhum ritual ou cerimônia de iniciação.
Deve ser observado que a maçonaria é uma religião
incompatível com o cristianismo. Dentre outras coisas,
ela ensina que a Bíblia é um dentre os muitos “símbolos”
que representam a vontade de Deus (outros “símbolos”
da vontade de Deus incluem o Veda hindu e o Alcorão
muçulmano). Além disso,Jesus é considerado apenas um
dentre muitos santos homens que estabeleceram um ca­
minho para chegar a Deus.Também dizem que as várias
religiões no mundo conduzem à adoração ao mesmo
I )eus, só que com diferentes nomes (Jeová,Alá etc.).Acre­
ditam que a salvação não é baseada na fé em Cristo, mas
alcançada através de obras. Além disso, os maçons são
obrigados a prestar juramentos que os cristãos jamais
ousariam sequer pensar em pronunciar — por exemplo,
37
R E S P O S T A À S S EI T A S
que alguém estava em trevas espirituais e então veio à
maçonaria para encontrar a luz.
G Ê N E S I S 3 .1 5 a — Este versículo ensina que a vir­
gem M aria não tinha pecados?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Muitos eruditos católicos
alegam que “a semente da mulher foi entendida como
se referindo ao Redentor... e desse modo a mãe do R e ­
dentor passou a ser vista na m ulher” (Ott, 1960, 200).
Até mesmo o infalível pronunciamento da imaculada
c o n ce p çã o “ aprova essa in te rp re ta ç ã o m a ria n o messiânica” (Ibid.).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Esse
verso não contém qualquer referência a M aria ou à
sua dita imaculada concepção. U m a das melhores evi­
dências disso — fora do próprio texto — é o fato de
que mesmo autoridades católicas como O tt reconhe­
cem que o “sentido literal” desse texto significa que
“entre Satanás e seus seguidores p o r um lado, e Eva e
a sua posteridade por outro, haverá uma constante
guerra moral... A posteridade de Eva inclui o Messias,
em cujo poder a hum anidade ganhará a vitória sobre
Satanás” (Ibid.).
Mesmo que por extensão Maria pudesse ser conectada
de alguma maneira indireta a esse texto, isso ainda seria
um gigantesco salto até a sua imaculada concepção, que
não é exposta e nem sugerida em qualquer lugar dessa
passagem. O sentido literal é que Eva (e não Maria) e a
sua posteridade estariam em guerra moral contra Sata­
nás e a descendência dele, culminando com a vitória
esmagadora do Messias sobre Satanás e suas hostes. A
“mulher” é obviamente Eva, e a “semente da m ulher” é
claramente a descendência literal de Eva (Gn 4.1,25),
38
GÊNESIS
cm direção a e culminando com a vitória de Cristo
Satanás (conferir R m 16.20).
Os católicos alegam que, assim como o Messias é eni ontrado, por extensão, na frase “semente da m ulher”,
t.imbém está implícita Maria, a mãe do Messias. Mesmo
que isso fosse assim, não existe nenhum a conexão nei essária ou lógica entre Maria ser a mãe do Messias e ter
lido a sua concepção sem pecado.
m ilo
sobre
( . I N E S IS 9 .4 — E ste versículo proíbe transfusões
tlc sangue?
A MÁ IN T E R PR E T A Ç Ã O : As Testemunhas de Jeová
.icreditam que esse verso proíba as transfusões de sangue.
Alegam que uma transfusão sangüínea é o mesmo que
comer sangue, porque é algo muito semelhante ao pro­
cesso de alimentação intravenosa (Reasoning from the
Srriptures, 1989, pág.73).
( ( )R R IG IN D O A M Á IN TER PRETA ÇÃ O : Enquanlo é verdade que Gênesis 9.4 proíbe “com er” sangue,
uma transfusão não consiste em “com er” sangue. Apesar
de um médico, ao dar alimentação a um paciente de
modo intravenoso, chamar essa operação de “alimenta­
ção”, simplesmente não significa que o procedimento
de dar sangue de forma intravenosa se constitua em “ali­
mentação” . O sangue não é recebido pelo organismo
como “ comida” . Com er é o ato literal de colocar a co­
mida para dentro do organismo de modo normal, atra­
vés da boca, e conseqüentemente para o sistema digesti­
vo. E costume referir-se a injeções intravenosas como
“alimentação” pois o resultado final é que, através de
injeções intravenosas, o corpo recebe os nutrientes que
i lormalmente receberia através do ato de comer. Em vista
disso, Gênesis 9.4 e outras passagens relacionadas à proi­
39
RE S PO S TA ÀS SEITAS
bição de comer sangue não podem ser usadas como su­
porte à proibição de transfusões de sangue. U m a trans­
fusão simplesmente reabastece o corpo com um fluido
essencial, que dá sustento à vida.Veja também comentá­
rios em Levítico 7.26,27; 17.11,12.
G Ê N E S I S 1 4 .1 8 — Este versículo dá suporte ao
atual “sacerdócio de M elquisedeque” dos mórmons?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Gênesis 14.18 diz:“E M el­
quisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e este era
sacerdote do Deus Altíssimo” . Os mórmons acreditam
que o sacerdócio de Melquisedeque é um sacerdócio
eterno. Embora tenha se perdido nos séculos iniciais do
cristianismo, foi restaurado através de Joseph Smith
(Smith, 1835,107.2-4).
C O R R IG IN D O A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : M el­
quisedeque em Gênesis 14.18 é uma pessoa histórica
que tipificou Cristo. U m tipo é uma figura que aponta
para algo ou alguém vindouro. Por desígnio divino, anun­
cia algo ou alguém a ser revelado. Com o é que ele anun­
ciou a Cristo? O nom e Melquisedeque dá a resposta.
Essa palavra é composta de dois termos hebraicos signi­
ficando “rei” e “justo” . Melquisedeque era também um
sacerdote. Desse modo, ele pressagiou Cristo como um
justo rei-sacerdote. Essas características foram válidas para
Melquisedeque apenas em sentido finito, ao passo que
em Cristo elas são verdadeiras em sentido infinito.
Podem os m órmons participar do sacerdócio de M el­
quisedeque? Hebreus 7.23,24 diz:“E, na verdade, aque­
les foram feitos sacerdotes em grande número, porque,
pela morte, foram impedidos de permanecer, mas este
[Jesus], porque permanece eternamente, tem um sacerdó­
cio perpétuo” (ênfase adicionada pelo autor). O sacerdó­
40
GÊNESIS
cio de Cristo é eterno porque Ele é um ser eterno. D iIcrentemente de humanos que perecem e morrem, Cristo
existe eternamente. Portanto, o seu sacerdócio, por sua
própria natureza, é diferente de qualquer coisa que hu­
manos são capazes de oferecer. Ele é o nosso eterno Sumo
Sacerdote que vive para sempre.
O term o grego empregado para “perm anece” em
I lebreus 7.24, de acordo comJosephTayer, significa:“Sa­
cerdócio imutável e, portanto, não passível de transfe­
rência a um sucessor” (Tayer, 1985, 649). O Dicionário
Teológico do N ovo Testamento, de Gerhard Kittel,
semelhantemente nos diz: “N o Novo Testamento, a pas­
sagem de Hebreus 7.24 diz que Cristo possui um sacer­
dócio eterno e imperecível, não apenas no sentido de
que Ele não pode ser transferido para ninguém mais,
mas no sentido de ser‘imutável’” (Kittel, 1985,772). Por
isso não existe nenhum a justificativa bíblica para que os
mórmons pensem que possam participar do sacerdócio
de Melquisedeque. Esse sacerdócio pertence exclusiva­
mente a Cristo.
Esse fato é enfatizado mais adiante em Hebreus 7.26:
“ Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, ino­
cente, imaculado, separado dos pecadores e feito mais
sublime do que os céus”.
( ,1 'N E S IS 1 8 .2 — O costume oriental de curvar-se
diante de uma pessoa de posição mais elevada ju s ti­
fica a prática católica romana de prostrar-se diante
de imagens?
A MÁ IN TER PR ETA ÇÃ O : Gênesis 18.2 nos informa:
“ E levantou os olhos e olhou, e eis três varões estavam em
pé junto a ele. E, vendo-os, correu da porta da tenda ao
seu encontro, e inclinou-se à terra” . Isso justifica a prática
católica romana de prostrar-se diante de imagens?
41
RES P O S T A À S S E I T A S
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : O ar­
gumento católico diz que o ato de se prostrar religiosa­
mente diante de uma imagem não é errado, pois há
muitos casos na Bíblia onde tal ato é aprovado — como
em Gênesis 18.2. Isso mostra a confusão que fazem de
dois contextos muito diferentes.
Em primeiro lugar, eles se prostravam por respeito, e
não por reverência.
Em segundo lugar, o ato de se prostrar era entendido
como uma prática social, e não um rito religioso.
Em terceiro lugar, a Bíblia condena até mesmo o ato
de prostrar-se diante de um anjo, mesmo que com o
propósito de adoração a Deus (Ap 22.8,9).
Em quarto lugar, a Bíblia claramente condena o ato
de prostrar-se diante de qualquer imagem em veneração
religiosa (veja Ex 20.5).
Finalmente, Deus agiu em determinado momento para
evitar precisamente essa prática. Sabendo que os devotos
israelitas se sentiriam tentados a venerar os restos m or­
tais de Moisés, Deus o “enterrou” ninguém sabe onde
(Dt 34.6). Aparentemente, o intento de Deus era preve­
nir contra a idolatria que o diabo quer encorajar (Jd 9).
G Ê N E S I S 1 9 .8 — O pecado de Sodoma f o i o homossexualismo ou a falta de hospitalidade?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Algumas pessoas têm ar­
gumentado que o pecado de Sodoma e Gomorra foi a
falta de hospitalidade, e não o homossexualismo. Eles se
baseiam no costume cananeu de garantir proteção àque­
les que se hospedam sob o telhado de alguém. Alega-se
que Ló se referiu a isso quando disse: “Somente nada
façais a estes varões, porque por isso vieram à sombra do
meu telhado” (Gn 19.8b). Então Ló teria oferecido as
suas filhas para que satisfizessem à multidão enfurecida,
42
GÊNESIS
com a finalidade de proteger a vida dos visitantes que
vieram sob o seu telhado. E a solicitação dos homens da
cidade de “conhecer” significaria simplesmente “tornarse conhecido” (leia Gn 19.7), uma vez que o term o
hebraico utilizado para conhecer (yadha) geralmente não
tem conotações sexuais em parte alguma (conferir SI
139.1). E importante compreender o que as Escrituras
dizem a esse respeito, pois certos adeptos da Nova Era,
como Matthew Fox, acreditam que o homossexualismo
é tão aceito pelo “Cristo cósmico” quanto o heterossexualismo (conforme seu livro The coming o f the cosmic
Christ).
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : (Leia os
comentários sobre Ez 16.49). Ao mesmo tempo que é
verdade que o term o hebraico utilizado para conhecer
(yadha) não significa necessariamente “ter sexo com ” , o
termo possui claramente tal significado no contexto da
história que trata de Sodoma e Gomorra. Esse fato é
evidente por várias razões. Primeiramente, em dez das
doze vezes que essa palavra é empregada em Gênesis, ela
se refere a relações sexuais (por exemplo em Gn 4.1,25).
Em segundo lugar, ela é empregada referindo-se a
relações sexuais nesse capítulo, pois Ló se refere as suas
duas filhas virgens como não tendo “conhecido varão”
(19.8), que é obviamente o emprego do term o referin­
do-se à parte sexual.
Em terceiro lugar, o significado de uma palavra é des­
coberto pelo contexto no qual é utilizada. E o contexto
aqui é, sem dúvida, sexual, conforme é indicado pela
referência à maldade da cidade (18.20), e pela oferta das
virgens para a satisfação das paixões deles (19.8).
Em quarto lugar, “conhecer” não pode simplesmente
significar “tornar-se conhecido”, porque é equiparado a
uma atitude “perversa” (19.7).
43
R E S P O S T A À S S EI T A S
Em quinto lugar, por que oferecer as filhas virgens
para satisfazer às paixões se o intento deles não era sexu­
al? Se os homens tivessem pedido para “conhecer” as
filhas virgens, ninguém se enganaria quanto às intenções
sexuais deles.
G Ê N E S I S 3 2 .3 0 — É possível que a face de D eu s
seja vista?
A M Á IN TERPRETAÇ ÃO : Jacó disse: “Tenho visto a
Deus face a face, e a minha alma foi salva” (Gn 32.30). Os
mórmons alegam que Deus, o Pai, possui um corpo físico
com uma face que pode ser vista (Richards, 1978,16).
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : Em pri­
meiro lugar, é possível uma pessoa cega falar com al­
guém “face a face”, sem ver a face da outra pessoa. A
frase “face a face” utilizada em hebraico significa “pesso­
almente, diretamente ou intimamente”. Moisés teve este
tipo de relacionamento sem mediador com Deus. Po­
rém, como todos os demais mortais, ele nunca viu a “face”
(a essência) de Deus diretamente.
A Bíblia é clara ao dizer que “Deus é espírito” (Jo 4.24).
E “um espírito não tem carne nem ossos” (Lc 24.39).
Então, Deus não tem uma face física.
G Ê N E S I S 4 0 .2 0 -2 2 — Esta passagem indica que
não devemos comemorar aniversários?
A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : Essa passagem indica que
no aniversário de faraó, ele teve o padeiro-mor assassi­
nado. As Testemunhas de Jeová dizem que já que a Bíblia
apresenta os aniversários como uma luz desfavorável, os
cristãos devem evitar comemorá-los (Reasoning from the
Scriptures, 1989, págs.68,69).
44
GÊNESIS
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Isso é
“culpa por associação” . Gênesis 40.20-22 prova apenas
que aquele faraó era maligno, e não que os aniversários
são malignos.
Faraó também fez algo bom em seu aniversário —
declarou anistia ao copeiro-m or (Gn 40.21). Mas seria
igualmente tolo alegar que os aniversários são bons ba­
seando-se nos bons feitos de faraó, como seria tolo ale­
gar que são maus baseando-se nos feitos maus de faraó.
Além do mais, não existem nas Escrituras mandamen­
tos para comemorar aniversários e nem mandamentos
contra essa prática. Não há razão para que não sejam
comemorados, como todas as outras coisas, “para a gló­
ria de Deus” (1 Co 10.31).
Não há nada errado em dar a devida honra a outro
ser humano.A Bíblia diz:“Dai a cada um o que deveis...
a quem [é devida] honra, honra” (R m 13.7).Já que numa
festa típica de aniversário não se presta um culto a outro
ser humano, não há razão que nos impeça de honrar os
aniversariantes nessa ocasião.
45
C A P ÍT U L O 2
m': "t
í rY I
EXODO
l i X O D O 7.11 — Com o é que os sábios e encantado­
res de faraó foram capazes de realizar os mesmos
feitos poderosos que D eu s mandou que M oisés f i ­
zesse? Esse fato dá crédito ao ocultismo?
A MÁ IN TE R PR E T A Ç Ã O : Três passagens no livro de
Exodo (7.11,22; 8.7) parecem dizer que os sábios, os
encantadores e os magos de faraó fizeram, através de suas
“artes secretas” ou “encantamentos”, algumas das mes­
mas obras que Deus mandou Moisés e Arão fazerem.
Contudo, Moisés e Arão reivindicaram haverem sido
enviados por Deus. Com o é que esses homens foram
capazes de fazer as mesmas maravilhas que Moisés e Arão
fizeram pelo poder de Deus? Esse fato indica que os
ocultistas têm poderes sobrenaturais?
R E S P O S T A À S S EI T A S
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : A Bí­
blia indica que uma das táticas de Satanás em seu esforço
para enganar a humanidade é empregar falsos milagres
(leia 2 Ts 2.9 e comentários sobre Ap 16.14). Exodo
7.11 afirma: “E Faraó também chamou os sábios e en­
cantadores; e os magos do Egito fizeram também o mes­
mo com os seus encantamentos” . Cada um dos outros
versículos faz uma alegação similar. A passagem afirma
que os feitos dos magos de faraó foram alcançados por
“seus encantamentos [de magia]” .
Alguns comentaristas chegam a afirmar que os feitos
dos mágicos foram meros truques.Talvez os magos te­
nham lançado encantamentos sobre serpentes de m odo
que ficaram rijas, parecendo terem se tornado cajados.
Quando lançadas ao solo, saíram de seu transe, vol­
tando a moverem-se como serpentes. Alguns dizem ter
sido obra de Satanás o que teria transformado os cajados
dos mágicos em serpentes. Contudo, isso não é plausível,
tendo em vista o fato de que somente Deus é capaz de
criar vida, como os próprios magos reconheceram mais
tarde (Êx 8.18,19).
Seja qual for a explicação que alguém assuma refe­
rente à maneira como esses feitos foram realizados, exis­
te um ponto comum a todas as possíveis explicações en­
contrado no próprio texto. Seja qual for o poder pelo
qual alcançaram esses feitos, está claro que não foram
realizados através do poder de Deus. Pelo contrário, fo­
ram alcançados pelos “seus encantamentos” .
A finalidade desses atos foi convencer faraó de que os
seus mágicos possuíam tanto poder quanto Moisés e Arão,
e não era necessário que faraó se rendesse à sua exigên­
cia de deixar ir Israel. Funcionou, ao menos durante os
três primeiros encontros (a vara de Arão, a praga de san­
gue, e a praga das rãs). Contudo, quando Moisés e Arão,
pelo poder de Deus, trouxeram piolhos da areia, os má48
ÊXODO
gicos não foram capazes de imitar esse milagre. Apenas
foram capazes de exclamar: “Isto é o dedo de Deus” (Ex
8.19).
Existem vários pontos pelos quais é possível discernir
as diferenças entre um sinal satânico e um milagre divi­
no.
M ilagre divino
Sinal satânico
Sobrenatural
Ligado à verdade
Associado ao bem
Nunca associado
ao oculto
Sempre bem-sucedido
Acima do normal
Ligado ao erro
Associado ao mal
Freqüentemente associado
ao oculto
N em sempre bem-sucedido
Tais diferenças podem ser vistas nessas passagens no
livro de Exodo. Em bora os magos fossem capazes de
transformar as suas varas em serpentes, estas foram
engolidas pela vara de Arão, indicando superioridade.
Embora os magos fossem capazes de transformar água
em sangue, não eram capazes de reverter esse processo.
Embora pudessem trazer rãs, não podiam livrar-se de­
las. Os seus atos eram acima do normal, porém não
eram sobrenaturais.
Embora os magos fossem capazes de copiar alguns
dos milagres de Moisés e Arão, a sua mensagem era liga­
da ao erro. Eles basicamente tentaram copiar os milagres
dos homens escolhidos por Deus com a finalidade de
convencer faraó de que o Deus dos hebreus não era mais
poderoso do que o deus dos egípcios. Embora os magos
de faraó tenham sido capazes de simular os três primei­
ros milagres feitos por Deus através de Moisés e Arão,
chegou-se a um ponto em que os seus encantamentos
não mais foram capazes de imitar o poder de Deus.
49
R E S P O S T A À S S EI T A S
Ê X O D O 1 3 .1 9 — A preservação dos ossos de José
dá suporte à crença católica romana da veneração de
relíquias?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Em Êxodo 13.19 lemos:
“E tom ou Moisés os ossos de José [para fora do Egito]
consigo, porquanto havia este estreitamente ajuramentado
aos filhos de Israel” (leia Gn 50.25). Os estudiosos cató­
licos romanos utilizam esse verso para apoiar o seguinte
dogma: “E permissível e proveitoso venerar as relíquias
dos santos” (Ott, 1960, 319). O Concilio deTrento de­
clarou: “Também os santos corpos dos santos mártires e
daqueles que habitam com Cristo... devem ser honrados
pelos fiéis” (Denzinger, 1957, n° 985). O tt diz: “A razão
para a veneração das relíquias encontra-se nisto, em que
os corpos dos santos foram membros vivos de Cristo e
templos do Espírito Santo; que eles serão novamente
despertados e glorificados e através deles Deus concede
muitos benefícios à humanidade” (Ibid).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : O
dogma católico de veneração de relíquias e imagens não
tem fundamento nessa passagem das Escrituras e nem
em qualquer outra.
A passagem de Exodo mostra claramente o propósito
de levar os ossos de José para fora do Egito, e não o
propósito de venerá-los. Lemos: “E tom ou Moisés os
ossos de José consigo, porquanto havia esse estreitamen­
te ajuramentado aos filhos de Israel”. Ele havia dito:“Certamente Deus vos visitará; fazei, pois, subir daqui os meus
ossos convosco” (Ex 13.19).
Mesmo a notável autoridade católica Ludwig O tt
admite que “as Sagradas Escrituras não mencionam a
veneração de relíquias” (Ibid). E os chamados “prece­
dentes” nas Escrituras não provam o ponto de vista cató­
50
ÊXODO
lico — os ossos de José não foram venerados; foram sim­
plesmente preservados (Ex 13.19). Daí, usar esse episó­
dio como uma prova bíblica para venerar relíquias é ar­
rancar violentamente o versículo para fora do contexto.
Ainda mais, Deus condena a veneração de objetos sa­
grados. Quando a serpente de bronze, que Deus ordena­
ra para a salvação dos israelitas no deserto, foi posterior­
mente venerada, o ato foi considerado como idolatria (2
Rs 18.4).
Deus claramente ordenou ao seu povo que não fizes­
sem imagens de escultura e nem se curvassem diante
delas em um ato de devoção religiosa (Ex 20.4,5).Esse é
o mesmo erro dos pagãos que “honraram e serviram
mais a criatura do que o Criador” (R m 1.25). A Bíblia
nos proíbe, em qualquer tempo, fazer ou mesmo “nos
curvar” diante de uma “imagem” de qualquer criatura
em um ato de devoção religiosa. “Não farás para ti ima­
gem de escultura, nem alguma semelhança do que há em
cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas
debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás”
(Ex 20.4,5, ênfases adicionadas pelos autores).
A
__
l i X O D O 2 0 .4 ,5 — E ste texto proíbe as pessoas de
usarem uma cruz?
/Y M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : As Testemunhas de Jeová
crêem que a ordem expressa nesse verso, de não fazer
ídolos, proíbe as pessoas de usarem uma cruz (Let God be
true, 1946, pág. 146).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Os pa­
gãos de antigamente aderiam à idolatria prostrando-se
em adoração diante de objetos materiais. Em nossa opi­
nião, o uso de uma cruz não é idolatria porque a cruz
por si só não é adorada e nem venerada. Cristãos usam a
51
R E S P O S T A À S S EI T A S
cruz porque adoram e veneram a Cristo. É meramente
um símbolo exterior de uma atitude interior de adoração
em relação a Cristo. Se qualquer pessoa adorar uma cruz
(ou qualquer outro símbolo), ou curvar-se diante dela,
então se constitui em uma forma de idolatria (Ex 20.4).
E X O D O 2 0 .8 -1 1 — Por que os cristãos adoram aos
domingos quando o mandamento designa o sábado
como dia de adoração?
A M Á IN TERPRETAÇÃO : Esse mandamento ordena
que o sétimo dia da semana, o sábado, seja o dia do Se­
nhor, separado para repouso e adoração. Contudo, no Novo
Testamento, a igreja cristã começou a adorar e repousar
no primeiro dia da semana, que é o domingo. Os cristãos
estão violando o mandamento do sábado, adorando no
primeiro dia da semana ao invés de fazê-lo no sétimo dia?
Grupos como Adventistas do Sétimo Dia pensam assim.
C O R R IG IN D O A MÁ IN TE R PR E T A Ç Ã O : A base
para o mandamento de observar o sábado, conforme es­
crito em Exodo 20.11, é que Deus repousou no sétimo
dia após seis dias de trabalho, e que Deus abençoou e
santificou o sétimo dia. O dia de sábado foi instituído
como um dia de repouso e adoração. O povo de Deus
deveria seguir como exemplo o modelo de trabalho e
repouso de Deus. Contudo, Jesus — corrigindo a visão
distorcida dos fariseus — disse: “ O sábado foi feito por
causa do homem, e não o hom em por causa do sábado”
(Mc 2.27). O ponto destacado por Jesus foi que o sába­
do não foi instituído para escravizar pessoas, mas para
beneficiá-las. O espírito de observância ao sábado teve
continuidade no Novo Testamento mediante a obser­
vância do repouso e da adoração no primeiro dia da
semana (At 20.7; 1 Co 16.2).
52
ÊXODO
Deve ser lembrado que, de acordo com Colossenses
2.17, o sábado estava na condição de “sombras das coisas
futuras, mas o corpo é de Cristo. A observância ao sába­
do estava associada à redenção em Deuteronôm io 5.15,
onde Moisés declarou: “Porque te lembrarás que foste
servo na terra do Egito e que o Senhor, teu Deus, te
tirou dali com mão forte e braço estendido; pelo que o
Senhor, teu Deus, te ordenou que guardasses o dia de
sábado”. O sábado era uma sombra da redenção que se­
ria dada em Cristo. Simbolizava o descanso de nossos
trabalhos e a nossa entrada no repouso de Deus, dada
através da obra consumada por Ele.
Embora os princípios morais expressos nos manda­
mentos sejam reafirmados no Novo Testamento, o man­
damento de se separar o sábado como um dia de repou­
so e adoração é o único que não foi repetido. Existem
razões muito boas para isso. Aqueles que crêem no Novo
Testamento não estão sujeitos à lei do Antigo Testamen­
to (R m 6.14; 2 Co 3.7,11,13; G1 3.24,25; Hb 7.12). A
partir da ressurreição de Jesus no primeiro dia da semana
(Mt 28.1), suas contínuas aparições nos domingos que se
seguiram (Jo 20.26), e a descida do Espírito Santo em
um domingo (At 2.1), a Igreja Primitiva passou a ter
como modelo o domingo como dia dedicado à adora­
ção. Isso faziam regularmente. A adoração aos domingos
foi posteriormente consagrada por nosso Senhor, que
apareceu a João na última grande visão no “Dia do Se­
nhor” (Ap 1.10). E por essas razões que os cristãos ado­
ram aos domingos, ao invés de adorar no sábado judaico.
Sobre o mesmo assunto, veja neste livro os nossos co­
mentários acerca de Atos 17.1-3.
I . X O D O 2 0 .1 4 — C om o ainda f o i possível haver
poligamia entre o povo de D eu s após o mandamento
de se possuir apenas um cônjuge?
53
R E S P O S T A À S S EI T A S
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Os mandamentos dizem
de maneira explícita: “Não adulterarás” (Ex 20.14) e “Não
cobiçarás a mulher do teu próxim o” (Ex 20.17). Em bo­
ra seja possível perdoar a poligamia daqueles que vive­
ram antes que os Dez Mandamentos fossem dados, não
é o caso para o povo de Deus, que viveu após esse even­
to, como o rei Davi e o rei Salomão. Com o é que Deus
pôde abençoar esses homens quando, de acordo com
esses mandamentos, eles estavam vivendo em adultério?
Essa é uma importante questão, pois os mórmons ale­
gam que o profeta Joseph Smith recebeu uma “revela­
ção” do Senhor dizendo que a pluralidade no m atrimô­
nio era a vontade de Deus para os seus seguidores (Smith,
1835,132.61,62).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : A Bí­
blia fala enfaticamente contra a poligamia (leia com en­
tários sobre 1 R s 11.1). Jesus deixou claro em Mateus
19.9 que o plano original de Deus para o casamento
desde a criação foi a monogamia. Isso se mostra evi­
dente a partir do fato de Deus ter criado apenas uma
esposa para Adão. D euteronôm io 17.17 proíbe a poli­
gamia entre reis, que norm alm ente eram aqueles que a
praticavam em alianças internacionais.“Tampouco para
si multiplicará mulheres”. Em cada caso de poligamia
encontramos um fracasso em termos de viver de acor­
do com o plano divino. N ão faz parte do ideal de Deus
que um hom em se divorcie de sua esposa (Mt 19.9),
contudo, por causa da dureza do coração das pessoas,
Moisés perm itiu o divórcio sob determinadas condi­
ções. D e m odo semelhante, a poligamia no m atrim ô­
nio nunca foi o ideal de Deus para o casamento, mas
devido à dureza dos corações, foi tolerada. Porém, o
fato de Deus ter tolerado a poligamia não prova que
Ele a prescreveu ou a aprovou.
54
ÊXODO
A Bíblia registra muitas coisas que ela mesma não
aprova. Gênesis 3.4 registra a m entira de Satanás, mas
em nenhum a passagem essa mentira é aprovada. Não
existe nenhum exemplo nas Escrituras onde Deus aben­
çoe um hom em por ter muitas esposas. N a verdade,
encontramos que um polígamo pagou amargamente
por seu pecado. Em 1 Reis 11.4 está escrito que as
mulheres de Salomão “lhe perverteram o coração para
seguir outros deuses; e o seu coração não era perfeito
para com o Senhor seu D eus” . Deus abençoa seu povo,
a despeito do fato de que esse povo freqüentem ente se
encontra abaixo do seu ideal. Deus abençoou Davi e
Salomão, não por causa da poligamia deles, mas apesar
do pecado deles.
Í . X O D O 2 4 .9 -1 1 — Com o é que essas pessoas f o ­
ram capazes de ver Deus, uma v e z que D eu s disse
em E xodo 3 3 .2 0 : “H om em nenhum pode ver a
minha face e viver”?
A MÁ IN TER PR ET A Ç Ã O : Êxodo 24.9-11 registra que
Moisés, Arão, Nadabe, Abiú e setenta dos anciãos de Is­
rael subiram ao m onte de Deus e “viram o Deus de Isra­
el” . Os mórmons acreditam que Deus tem um corpo
físico e, por essa razão, é possível ser visto pelos homens
(McConkie, 1966, 278). As pessoas são realmente capa­
zes de ver Deus?
( O R R IG IN D O A M Á IN TERPRETAÇ ÃO : Deve ser
observado que Deus os convidou para “enxergá-lo”. Em
l’xodo 19.12,13, Deus disse a Moisés que colocasse limi­
tes ao redor do monte para que ninguém tocasse a base
ileste, pois caso a tocasse a punição seria a morte. C ontu­
do, Deus convidou especificamente essas pessoas para su­
bir o monte com a finalidade de consagrá-los ao serviço
55
R E S P O S T A À S S EI T A S
para o qual haviam sido designados, e para selar a aliança
que foi estabelecida entre Deus e a nação de Israel.
Está claro, a partir da descrição e de outras passagens
das Escrituras (Êx 33.19,20; N m 12.8), que aquilo que
essas pessoas viram não foi a essência de Deus, mas uma
representação visual da glória de Deus. Mesmo quando
Moisés pediu para ver a glória de Deus (Ex 33.18-23), o
que ele viu foi apenas uma semelhança de Deus (confe­
rir N m 12.8, onde é empregado o term o hebraico
temunah, que significa “forma, semelhança”) e não a pró­
pria essência de Deus.
A Bíblia é muito enfática quando diz que “ninguém
jamais viu a Deus” (Jo 1.18). Somente no céu “verão a
sua face; e nas suas frontes estará o seu nom e” (Ap 22.4).
“Agora, vemos por espelho em enigma; mas, então, ve­
remos face a face” (1 Co 13.12).
A.
E X O D O 2 5 .1 8 — O uso de querubins sobre a arca
justifica a visão católica de que as imagens podem
ser veneradas?
A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : De acordo com esse versí­
culo, Moisés recebeu de Deus a seguinte ordem: “Farás
dois querubins de ouro; de ouro batido os farás, nas duas
extremidades do propiciatório” . E óbvio que se trata de
uma imagem sagrada. Os estudiosos católicos argumen­
tam que esse verso justifica a veneração deles por ima­
gens sagradas.
C O R R IG IN D O A M Á IN TERPRETAÇÃO : Esse ver
so não justifica a veneração por imagens sagradas. Por
um detalhe, o contexto deixa claro que a imagem dos
querubins não deve ser venerada ou adorada de maneira
alguma. N a verdade, a posição dos querubins no lugar
mais santo, onde apenas o sumo sacerdote poderia en­
56
ÊXODO
trar, uma vez por ano no Dia da Expiação (Lv 16), tornou-os inacessíveis e, portanto, impossíveis de serem ado­
rados ou venerados pelo povo.
N ote também que esses querubins não foram dados a
Israel como imagens de Deus; eles são representações de
anjos. Não foram dados com o propósito de adoração
ou veneração; foram dados por motivos de decoração —
como arte religiosa. Os católicos romanos estão lendo
algo nesse versículo que na verdade não está lá.
H X O D O 3 2 .3 0 -3 2 — A mediação de M oisés a fa vo r
de Israel dá suporte à crença católica em um “tesou­
ro de méritos” do qual se pode f a z e r retiradas?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Nessa passagem, Moisés
fala a Israel:“Agora, porém, subirei ao Senhor; porventura,
farei propiciação por vosso pecado”. Então ele ora ao
Senhor: “Agora, pois, perdoa o seu pecado; se não, riscame, peço-te, do teu livro, que tens escrito” . Os estudio­
sos católicos citam essa passagem para dar substância a
seu argumento a favor da existência de um “tesouro da
igreja” , isto é, um “tesouro de méritos” guardado no céu,
do qual aqueles que estiverem em necessidades podem
fazer retiradas através de indulgências. Ludwig O tt rei­
vindica: “ C om o Cristo, o cabeça, em seu sofrimento
expiatório, tomou o lugar dos membros, então um mem­
bro pode tomar o lugar de outro. A doutrina de indul­
gências é baseada na possibilidade e na realidade da ex­
piação vicária” (Ott, 1960, 317).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : N ão
existe absolutamente nada nesse texto que se refira a qual­
quer depósito de méritos no céu — de maneira literal
ou figurativa — para o qual se possa contribuir por boas
obras, e desse depósito outros possam fazer retiradas. Na
57
R E S P O S T A À S S EI T A S
melhor hipótese, essa passagem apenas revela o louvável
desejo de uma pessoa disposta a sofrer por outra. Em
lugar algum a passagem diz que Deus aceitou a oferta de
Moisés — de ser riscado do livro de Deus em favor de
Israel. Na realidade, Deus não o riscou de seu livro. O
que Deus fez foi aceitar o desejo sacrificial de Moisés
como indicação da sinceridade de seu coração, como
fizera no caso de Abraão (conferir Gn 22). Mas Deus
não aceitou qualquer oferta de desistência de ser incluí­
do no livro divino. Deus não aceitou a vida de Moisés
como expiação em favor de Israel; Ele somente aceitou
a disposição de Moisés de ser sacrificado em favor deles.
Moisés nunca teve o seu nome retirado do livro de Deus,
sem falar de qualquer sofrimento temporal pelos peca­
dos de Israel. D o mesmo modo, o apóstolo Paulo ex­
pressou a disposição de ir para o inferno em favor da
salvação de Israel (Rm 9.3). Esse também foi um desejo
admirável, porém impossível de ser cumprido. Deus nunca
aceitou a oferta de Paulo. Foi uma oferta admirável, sem
dúvida indicativa da paixão de Paulo pelo seu povo, po­
rém realmente impossível.
O conceito de um tesouro de méritos, para o qual os
santos podem contribuir através de suas boas obras, é
contrário à completamente suficiente e meritória m orte
de Cristo a nosso favor (conferir Jo 19.30; H b 1.3;
2.14,15).
Ê X O D O 3 3 . 11 — O fato de M oisés ter falado com
D eu s “face a fa c e ” prova que D eu s possui um corpo
físico?
Ver os nossos comentários sobre Gênesis 32.30.
CAPÍTULO 3
LEVÍTICO
/ E V Í T I C O 7 .2 6 ,2 7 — Este versículo proíbe trans­
fusões de sangue?
A MÁ IN TE R PR E T A Ç Ã O : Levítico 7.26,27 diz: “E
nenhum sangue comereis em qualquer das vossas habi­
tações, quer de aves quer de gado. Toda pessoa que co­
mer algum sangue, aquela pessoa será extirpada dos seus
povos” . As Testemunhas de Jeová dizem que essa passa­
gem proíbe absolutamente transfusões de sangue (A id to
Bible understanding, 1971, pág.244).
( O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : Levítico
7.26,27 proíbe o ato de comer sangue. Isso não tem nada
a ver com transfusões de sangue. Mais especificamente, o
texto proíbe comer o sangue de animais, e não a trans­
R E S PO S TA ÀS SEITAS
fusão de sangue humano. (Para maiores informações
referentes a por que com er sangue é diferente de uma
transfusão de sangue, veja os comentários que fizemos
no capítulo 1 — referentes ao texto em Gn 9.4.) E
notório que mesmo os judeus ortodoxos — para quem
a lei foi originalmente dada e que cuidadosamente dre­
nam o sangue de sua comida kosher — aceitam transfu­
sões de sangue.
L E V Í T I C O 1 7 .1 1 ,1 2 — Esta passagem proíbe uma
pessoa de sofrer uma transfusão de sangue?
A M Á IN TERPRETAÇ ÃO : Levítico 17.11,12 diz:“ Por­
que a alma da carne está no sangue, pelo que vo-lo te­
nho dado sobre o altar, para fazer expiação pela vossa
alma, porquanto é o sangue que fará expiação pela alma.
Portanto, tenho dito aos filhos de Israel: N enhum a alma
dentre vós comerá sangue, nem o estrangeiro que pere­
grine entre vós comerá sangue”. As Testemunhas de Jeová
acreditam que esse é outro verso que proíbe transfusões
de sangue (Reasoningfrom the Scriptures, 1989, pág.70).
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : A proi­
bição aqui é primariamente dirigida ao ato de comer
carne que ainda estiver pulsando com vida, devido ao
sangue da vida ainda estar nela. A transfusão de sangue
não envolve o ato de comer carne que ainda contenha
em si o sangue que lhe confere vida. Daí, transfusões de
sangue não violam Levítico 17.
L E V Í T I C O 1 8 .2 2 -2 4 — A s leis contrárias ao homossexualismo não foram abolidas com as leis con­
trárias a comer carne de porcos? Essas leis não estavam de algum modo ligadas ao medo da maldição
da esterilidade?
60
LEVÍTICO
A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : A lei contra o homossexualismo é encontrada em Levítico 18.22, paralelamente às
leis cerimoniais e alimentares. Essas leis estão concluídas
(At 10.15). Sendo assim, pareceria lógico que as leis que
proíbem a atividade homossexual também não estives­
sem mais em vigor. Também de acordo com a crença
judaica, a esterilidade era uma maldição (Gn 16.1; 1 Sm
1.3-8). Crianças eram consideradas bênçãos de Deus (SI
127.3). A bênção da terra estava ligada aos filhos (Gn
15.5). Não seria então surpreendente que a lei do Anti­
go Testamento, em uma cultura como essa, reprovasse a
atividade homossexual, da qual nenhum a criança jamais
veio. Talvez o que esteja sendo condenado não seja a
atividade homossexual, mas a recusa quanto a ter filhos.
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : O sim­
ples fato da proibição mosaica contra o homossexualismo estar no livro de Levítico não a faz parte da lei ceri­
monial já finda. Se isso fosse verdade, o mesmo poderia
ser dito a respeito do estupro, do incesto e de outras
atitudes bestiais descritas no mesmo capítulo (Lv 18.614,22,23). E em nenhum lugar as leis relacionadas a prá­
ticas sexuais estão ligadas à procriação de filhos. Se ho­
mossexuais fossem levados à m orte por serem “estéreis” ,
isso dificilmente resolveria o problema de gerar mais cri­
anças. O casamento heterossexual seria uma punição mais
apropriada.
As leis contra o homossexualismo na nação de Israel
se estendem até os gentios, de qualquer maneira (Rm
1.26). Os gentios não possuíam a lei cerimonial (Rm
2.12-15), nem fizeram qualquer pacto para a formação
de uma nova geração. Foi precisamente por essa razão
que Deus trouxe juízo sobre os cananitas (Lv 18.13,24,25). U m judeu flagrado em um ato homossexual
era brutalmente destruído. N o entanto, aqueles que vio-
61
R E S P O S T A À 5 S EI T A S
lassem as leis alimentares eram considerados imundos e
obrigados a viver fora do arraial por um curto espaço de
tempo.
Se a esterilidade era uma maldição divina, então man­
ter-se solteiro seria pecaminoso. Mas tanto o nosso Se­
nhor (Mt 19.11,12) como o apóstolo Paulo (1 Co 7.8)
sancionaram a condição das pessoas permanecerem sol­
teiras por preceitos e prática. Contudo, proibições con­
tra a prática homossexual continuam a ser promulgadas
através de várias epístolas (Rm 1.26,27; 1 Co 6.9; 1 Tm
1.10; Jd 7).
62
CAPÍTULO 4
DEUTERO NÔ M IO
I ^ E U T E R O N Ô M I O 6 .4 — E s te versículo co n tra ­
d i z a d o u tr in a da T rind a de?
A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : D euteronôm io 6.4 é o
shemá hebraico: “Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o
único Senhor”. As Testemunhas de Jeová dizem que por­
que Deus é “único” , não é possível que seja trino. “O
shemá exclui a Trindade do credo cristão por ser uma
violação à unidade de Deus” (M ankind's search for God,
1990,pág.219). A seita Unidade Pentecostal também cita
esse verso contra a doutrina da Trindade. R obert Sabin,
líder da seita Unidade Pentecostal, diz que a doutrina da
Trindade “viola o shemá” e “nega... a exclusiva e supre­
ma divindade de Jesus” (Oneness News,vol. 4.4, e Irrefutable
reasons why theory o f the Trinity cannot stand, preparados
R E S P O S T A À S S EI TA S
pelo Ministério Oneness). Será que essa é a correta com­
preensão do texto?
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : D eute­
ronômio 6.4 não nega a Trindade, mas, pelo contrário,
estabelece um de seus pontos fundamentais: existe um
Deus. E importante compreender que as Escrituras in­
terpretam as próprias Escrituras. Interpretando D eute­
ronômio 6.4 em conjunto com outros versículos, apren­
demos que o único Deus verdadeiro é trino em sua perso­
nalidade (2 Co 13.13), isto é, existem três pessoas nessa
natureza única.
Cada uma das três pessoas da Trindade é chamada de
Deus nas Escrituras. O Pai (1 Pe 1.2), o Filho (Jo 20.28),
e o Espírito Santo (At 5.3,4).Além disso, todos possuem
atributos de divindade — incluindo a onipresença (SI
139.7; M t 28.20; Hb 4.13), a onisciência (Mt 9.4; R m
11.33; 1 Co 2.10) e a onipotência (Mt 28.18; R m 15.19;
1 Pe 1.5).
Pode-se observar claramente os três em unidade den­
tro da mente de Deus, em passagens como Mateus 28.19:
“Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em
nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. O termo
“nom e” no grego é singular, indicando que há um só
Deus. Porém, existem três pessoas diferentes em Deus,
conforme indicado pelos três artigos definidos no grego
— o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Essa tri-unidade
também é refletida em 2 Coríntios 13.13. Então existe
um só Deus, mas existe uma pluralidade dentro dessa
unidade — uma pluralidade de pessoas dentro da unida­
de da natureza.
D E U T E R O N Ô M I O 1 8 .1 0 -2 2 — Com o é que os
falsos profetas podem ser distinguidos dos verdadei­
ros profetas?
64
D E U TE R O N Ô M IO
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : A Bíblia contém muitas
profecias que nos foram dadas para que nelas creiamos,
porque vieram de Deus. Contudo, a Bíblia também
mostra a existência de falsos profetas (Mt 7.15). Na ver­
dade, muitas religiões e seitas — incluindo as Testemu­
nhas de Jeová e os mórmons, alegam ter profetas. Daí, a
Bíblia exorta os crentes a “provar” aqueles que se dizem
profetas (1 Jo 4.1a). Qual é a diferença entre um falso
profeta e um verdadeiro profeta de Deus, de acordo com
Deuteronôm io 18.10-22?
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Exis­
tem muitos testes para provar um falso profeta. Vários
deles estão listados na passagem bíblica em questão. C o­
locando-os em forma de perguntas, os testes são:
1. Eles sempre entregam falsas profecias? Cem por
cento de suas predições em relação ao futuro se cum­
prem? (Dt 18.21,22)
2. Contatam espíritos de mortos? (Dt 18.11)
3. Utilizam meios de adivinhação? (Dt 18.11)
4. Envolvem médiuns ou feiticeiras? (Dt 18.11)
5. Seguem a falsos deuses ou ídolos? (Ex 20.3,4;
Dt 13.1-3)
6. Negam a divindade de Jesus Cristo? (Cl 2.8,9)
7. Negam a humanidade de Jesus Cristo? (1 Jo 4.1,2)
8. As suas profecias desviam a atenção da pessoa de
Jesus Cristo? (Ap 19.10)
9. Defendem a abstenção de certos alimentos e car­
nes por razões espirituais? (1 T m 4.3,4)
10. Criticam ou negam a necessidade do casamento?
(1 T m 4.3)
11. Promovem a imoralidade? (Jd 4,7)
12. Encorajam a renúncia pessoal legalista? (Cl 2.
16-23)
65
R E S PO S TA ÀS SEITAS
Um a resposta positiva a qualquer das questões acima
é uma indicação de que o profeta não está falando por
parte de Deus. Deus não fala e nem encoraja qualquer
coisa que seja contrária ao seu próprio caráter e manda­
mentos conforme registrados nas Escrituras. E com ab­
soluta certeza, o Deus da verdade não dá falsas profecias
(Dt 18.21-23).
D E U T E R O N Ô M I O 1 8 .1 5 -1 8 — Esta é uma p ro­
fecia a respeito do profeta Maomé?
A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Deus aqui prom eteu a
Moisés: “Eis que lhes suscitarei um profeta do meio de
seus irmãos [Israel], como tu, e porei as minhas palavras
na sua boca, e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar”
(v. 18). Os muçulmanos acreditam que essa promessa se
cumpriu em Maomé, como diz o Alcorão, quando se
refere “ao profeta iletrado [Maomé] que eles encontram
mencionado em suas próprias escrituras, na Lei nos Evan­
gelhos” (Sura 7.157).
C O R R IG IN D O A MÁ IN TERPRETAÇÃO : Essa pro­
fecia não poderia se referir a Maomé. O termo “irmãos”
se refere a Israel, e não a seus antagonistas árabes. Por que
Deus levantaria para Israel um profeta dentre os seus ini­
migos? N o texto que está em torno desses versículos, o
term o “irmãos” significa “companheiros” ou “concida­
dãos israelitas” . Foi dito aos levitas que eles “não terão
herança no meio de seus irmãos” (v. 2).
Em todas as demais passagens de Deuteronôm io, o
te rm o “ irm ã o s ” tam b ém significa “ co n cid ad ão s
israelitas”, e não “estrangeiros”. Deus lhes disse que es­
colhessem um rei “dentre os seus irmãos”, e não um
“estrangeiro” . Israel nunca escolheu um rei que não
fosse judeu.
66
D E U TE R O N Ô M IO
Além disso, Maomé é descendente de Ismael, como os
próprios muçulmanos admitem, e os herdeiros do trono
judaico vieram de Isaque. Quando Abraão orou:“Tomara
que viva Ismael diante de teu rosto!”, Deus respondeu
cnfaticamente:“0 meu concerto,porém, estabelecerei com
Isaque” (Gn 17.18,21).Mais tarde Deus repetiu:“Em Isaque
será chamada a tua semente” (Gn 21.12).
O próprio Alcorão declara que a descendência proIética veio através de Isaque, e não de Ismael: “E con­
cedemos nele Isaque e Jacó, e estabelecemos o m inis­
tério profético e as Escrituras dentre a sua sem ente”
(Sura 29.27).
O
estudioso muçulmano Yusuf Ali adiciona o nome
Abraão, mudando o significado, como a seguir: “Demos
(Abraão) Isaque e Jacó, e ordenamos que dentre a sua
descendência estivesse o ministério profético e a revela­
ção” . Adicionando o nome Abraão, pai de Ismael, ele
passou a poder incluir Maomé, que é descendente de
Ismael, na descendência profética. Mas o nome de Abraão
não é encontrado no texto original.
Jesus cumpriu perfeitamente esse verso, uma vez que
l;.le era do meio de seus irmãos judeus (conferir G1 4.4).
I' 1e cumpriu perfeitamente Deuteronôm io 18.18:“E ele
llies falará tudo o que eu [Deus] lhe ordenar” . Jesus dis­
se: “Nada faço por m im mesmo; mas falo como o Pai me
ensinou” (Jo 8.28);“Porque eu não tenho falado de mim
mesmo, mas o Pai, que me enviou, ele me deu manda­
mento sobre o que hei de dizer e sobre o que hei de
I.ilar” (Jo 12.49). Ele chamou-se a si mesmo “profeta”
(I c 13.33), e o povo o considerava como profeta (Mt
1.11; Lc 7.16; 24.19; Jo 4.19; 6.14; 7.40; 9.17). Com o
I ilbo de Deus,Jesus foi Profeta (falando aos homens, da
parte de Deus), Sacerdote (Hb 7— 10, falando a Deus
cm favor dos homens) e R ei (reinando sobre os homens
i ou forme a vontade de Deus, Ap 19— 20).
67
R E S P O S T A Á S S EI T A S
Outras características de um “profeta” combinam ape­
nas com Jesus, e não com Maomé. Por exemplo, Jesus
falou com Deus “face a face” e fez “sinais e maravilhas”
(leia os comentário acerca de Deuteronôm io 34.10).
D E U T E R O N Ô M I O 2 3 .1 7 — A hom ossexualida­
de era condenada apenas p o r estar ligada à idola­
tria?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Algumas pessoas alegam
que as condenações bíblicas contra a homossexualidade
resultaram do fato de que a prostituição no serviço do
templo estava associada a essas práticas idólatras (Dt 23.17).
Elas insistem que a homossexualidade como tal não é
assim condenada, mas apenas os atos homossexuais que
estiverem associados ã idolatria, como os da prostituição
no santuário (conferir 1 Rs 14.24). (Segundo observado
nos comentários referentes a Gênesis 19.8, alguns adep­
tos da Nova Era acreditam que, para o “Cristo cósmico”,
a homossexualidade é tão aceitável quanto a heterossexualidade.)
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Práticas
homossexuais não são condenadas na Bíblia simplesmente
porque estavam ligadas à idolatria. Esse fato se torna evi­
dente devido a vários motivos. A condenação de práticas
homossexuais está separada das referências ligadas à prá­
tica de idolatria explícita (Lv 18.22; R m 1.26,27).
Q uando a homossexualidade é associada à idolatria
(como na prostituição no serviço do templo), essa cone­
xão não acontece em termos essenciais. São pecados
concomitantes, mas não equivalentes.
A infidelidade sexual é freqüentemente utilizada de
m odo metafórico em relação à idolatria (por exemplo
Os 3.1; 4.12), mas não possui necessariamente uma co­
68
D E U T E R O N Ô M IO
nexão com ela. A idolatria é uma forma espiritual de
imoralidade, mas a imoralidade não é errada apenas se
praticada em conjunto com a adoração a ídolos.
Também a idolatria leva à imoralidade (conferir R m
1.22-27), mas são pecados diferentes. Mesmo os Dez
Mandamentos fazem distinção entre idolatria na primeira
lábua da lei, conforme Exodo 20.3,4, e pecados de or­
dem sexual na segunda tábua, conforme Exodo 20.14,17.
I )/:U T E R O N Ô M I O 3 3 .2 — E sta é uma predição
d respeito do profeta M aomé?
A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : M u ito s estudio sos
islâmicos acreditam que esse verso prediz três visitações
distintas de Deus — uma a Moisés no Sinai, outra atra­
vés de Jesus em Seir (que é uma região próxima ao mar
Morto e ao deserto Árabe), e uma terceira em Parã
(Arábia) através de M aomé, que veio a M eca com um
exército de “dez m il” .
(:< )R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Essa ar­
gumentação pode ser facilmente respondida olhando para
um mapa bíblico. Parã fica próxima do Egito na penín­
sula do Sinai, e Seir no Antigo Testamento é Edom (conlerir Gn 14.6;N m 10.12; 12.16— 13.3;Dt 1.1).N enhum
desses está na Palestina, onde Jesus ministrou. N em Parã
era próxima a Meca, mas a centenas de milhas dali, mais
perto da região sul da Palestina, na parte noroeste do
Sinai.
Além do mais, esse verso está falando da vinda do
“ Senhor” (Yahweh, e não de M aomé). E a vinda dEle
é acompanhada de “dez mil santos”, e não dez mil
soldados, com o fez M aom é. N ão existe absolutam en­
te qualquer base nesse texto para a argumentação m u ­
çulmana.
69
R E S P O S T A À S S EI TA S
Finalmente, diz-se que essa profecia é aquela “com
que Moisés, hom em de Deus, abençoou os filhos de Is­
rael antes da sua m orte” (v. 1). Se fosse uma profecia a
respeito do Islã, que tem sido um constante inimigo de
Israel, dificilmente poderia ter sido uma bênção para Is­
rael. N a verdade, o capítulo segue para pronunciar uma
bênção sobre cada uma das tribos de Israel, para que
Deus “lance o inimigo de diante de ti” (v. 27).
D E U T E R O N Ô M I O 3 4 .1 0 — E ste versículo dá
suporte à alegação muçulmana de que Jesus não
poderia ter sido anunciado como profeta em D e u te ­
ronômio 18.18?
A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : Esse versículo diz:“E n u n ­
ca mais se levantou em Israel profeta algum com o
Moisés” . Os muçulmanos argumentam que isso prova
que o profeta predito não poderia ser um israelita, e que
teria sido, portanto, Maomé.
C O R R IG IN D O A MÁ INTERPRETAÇ ÃO : O “n u n ­
ca mais” significa desde a morte de Moisés até a ocasião
em que esse último capítulo foi escrito, provavelmente
por Josué. Mesmo que o livro de D euteronôm io ou essa
parte do livro tenham sido escritos m uito mais tarde,
como acreditam alguns críticos, ainda assim isso aconte­
ceu vários séculos antes da época de Cristo e, portanto,
não o eliminaria.
Observe que Jesus se constituiu o perfeito cum pri­
mento dessa predição referente ao profeta que havia de
vir, e não Maomé (leia os nossos comentários a respeito
de D t 18.15-18).
Essa passagem não poderia se referir a Maomé, um a
vez que o profeta vindouro seria como Moisés, que fez
“todos os sinais e maravilhas que o Senhor o enviou
70
D E U T E R O N Ô M IO
p.ira fazer” (Dt 34.11). Maomé, de acordo com a sua
própria confissão, não fez sinais e maravilhas como Moisés
e Jesus fizeram (ver Sura 17.90-93).
O
profeta vindouro seria como Moisés, que falou com
Deus face a face (Dt 34.10). M aomé jamais disse que
falou com Deus diretamente, mas obteve as suas revela­
ções através de anjos (conforme Sura 2.97). Jesus, por
outro lado, como Moisés, foi um mediador direto (1 T m
2.5; H b 9.15) que se comunicou diretamente com Deus
(conferir Jo 1.18; 12.49; 17).
CAPÍTULO 5
JOSUÉ
J O S U É 1 .8 — Este versículo é uma chave para a
p ro sp e rid a d e fin a n ce ira , conform e sugerem os
ensinadores da seita Palavra da Fé?
A M Á INTERPRETAÇÃO : Josué 1.8 diz:“Não se aparte
da tua boca o livro desta Lei; antes, medita nele dia e
noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme tudo
quanto nele está escrito; porque, então, farás prosperar o
teu caminho e, então, prudentemente te conduzirás”. Os
ensinadores da seita Palavra da Fé dizem que esse verso é
uma chave para a prosperidade financeira.
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Os
ensinadores da seita Palavra da Fé estão lendo um signi­
ficado dentro desse verso que na realidade não está lá. O
RE SPOSTA ÀS SEITAS
contexto desse verso é militar, e não financeiro. N a ver­
dade, finanças não estão à vista em lugar algum desse
capítulo inteiro de Josué.
N a conquista da terra prometida, Deus prometeu a
Josué que os seus esforços militares prosperariam se ele
mantivesse o seu compromisso de meditar sobre a Pala­
vra de Deus e obedecer-lhe. A prosperidade, sem dúvida,
inclui a completa fortificação das promessas da terra, que
foram dadas incondicionalmente por Deus no concerto
com Abraão (Gn 12.1-3). Mais tarde, um pouco antes de
sua morte,Josué aconselhou o povo insistentemente para
que continuassem a viver em submissão às Escrituras (Js
23.6).
CAPÍTULO 6
1 SAMUEL
I S A M U E L 1 8 .1 -4 — D a v i e Jônatas eram homos­
sexuais?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Essa passagem das Escritu­
ras registra o intenso amor que Davi e Jônatas tinham
um pelo outro. Alguns vêem esse fato como uma indica­
ção de que ambos eram homossexuais. Inferem isso a
partir do fato de que Jônatas “amava” Davi (18.3); que
Jônatas se despiu na presença de Davi (18.4); que “beija­
ram-se” um ao outro e “Davi chorou muito mais” ou,
como na versão em inglês, Davi chorou “extremamen­
te” (1 Sm 20.41) — um termo que essas pessoas enten­
dem como ejaculação. Apontam também para a falta de
sucesso de Davi em suas relações com mulheres, como
se fora uma indicação de suas tendências homossexuais.
RE S PO S TA ÀS SEITAS
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Não
existe nenhuma indicação nas Escrituras de que Davi e
Jônatas fossem homossexuais. Pelo contrário, existem
fortes evidências de que não o eram. A atração que Davi
sentiu por Bate-Seba (2 Sm 11) revela que a sua orienta­
ção sexual era heterossexual, e não homossexual. N a re­
alidade, a julgar pelo número de esposas que teve, parece
que Davi se entregava a desejos heterossexuais fortes de­
mais.
O amor de Davi por Jônatas não era sexual (eros), mas
o amor no sentido de amizade (jphileó). Nas culturas ori­
entais, é com um para homens heterossexuais expressa­
rem aberta e calorosamente amor e afeição uns pelos
outros.
O
“beijo” era, naquela época, uma saudação cultural­
m ente com um entre homens. Além do que, o beijo não
ocorreu até algum tempo depois de Jônatas dar a Davi as
suas roupas (1 Sm 20.41). A emoção que eles expressa­
ram foi pranto, não orgasmo. O texto diz:“e beijaram-se
um ao outro e choraram juntos, até que Davi chorou
muito mais” (1 Sm 20.41).
Também não é verdade que Jônatas tenha se despido
de todas as suas roupas na presença de Davi. Ele apenas
tirou o seu armamento e o seu manto real (1 Sm 18.4)
como símbolo de seu profundo respeito e compromisso
para com Davi (1 Sm 18.3).
1 S A M U E L 2 6 .1 9 — Este versículo d iz que deve­
mos odiar 0 5 nossos inimigos, como ensina a seita
M eninos de Deus?
A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : Moses David, líder da seita
Meninos de Deus, apelou para esse verso a fim de justi­
ficar o ódio que tem por seus inimigos. Ele escreveu:
“Sinto muito, mas acho que não sou tão amoroso quan-
1 SAMUEL
(o Jesus — sou mais parecido com o rei Davi (1 Sm
26.19). Jesus foi capaz de perdoar os seus inimigos, po­
rém eu amaldiçôo os meus inimigos. Mas Deus disse
ijue Davi era um hom em segundo o seu próprio cora­
ção, então talvez eu seja mais como Deus, ‘pois quero
amaldiçoá-los por ferirem aos meus pequeninos!’” (David,
1977, 577, pp. 1,2).
(:O R R IG IN D O A M Á IN TERPR ETAÇÃ O : Tal con­
clusão é forçada e demanda nada mais do que uma breve
resposta. Mesmo nessa passagem, Davi manifestou amor
por seu inimigo (Saul), deixando de matá-lo quando
poderia tê-lo feito. Davi não odiava os seus inimigos.
Mesmo nos assim chamados salmos “que amaldiçoam”,
ele fala de amor por seus inimigos e intercede em oração
a favor deles. Ele escreveu: “Em paga do meu amor, são
meus adversários; mas eu faço oração. Deram-me mal
pelo bem e ódio pelo m eu amor” (SI 109.4,5).
Ao invés de tomar vingança contra eles, Davi confiou
os seus inimigos ã justiça de Deus, que é quem retribui a
cada um conforme os seus feitos.
I S A M U E L 2 8 .7 - 2 0 — Com o é que D eu s pôde
permitir que a feiticeira de E n -D o r fizesse Samuel
voltar dos mortos, uma v e z que D eu s condena a
feitiçaria?
\ M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : A Bíblia condena severa­
mente a feitiçaria e a comunicação com os mortos (Ex
22.18; Lv 20.6,27; D t 18.9-12; Is 8.19). N o Antigo Tes­
tamento, aqueles que praticassem tais atos receberiam a
punição capital. O rei Saul conhecia esse fato e até mes­
mo havia expulsado todos os feiticeiros da terra (1 Sm
28.3). Contudo, em desobediência a Deus, dirigiu-se à
feiticeira em En-Dor, pedindo-lhe que contatasse o fi­
R E S P O S T A À S S EI TA S
nado profeta Samuel (1 Sm 28.11-19). O problema aqui
é que ela parece ter sido bem-sucedida na tentativa de
contatar Samuel, o que parece validar os poderes da fei­
tiçaria que a Bíblia tão severamente condena. Aqueles
que praticam a feitiçaria, como a Wicca, algumas vezes
citam esse versículo como suporte à sua religião (Mather
e Nichols, 1993, 313).
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Alguns
crêem que a feiticeira fez um milagre através de poderes
demoníacos, e realmente trouxe Samuel de volta dos
mortos. Em apoio a essa visão, citam passagens que indi­
cam que demônios têm poder para fazer milagres (Mt
7.22; 2 Co 11.14; 2 Ts 2.9,10; Ap 16.14). As objeções a
essa visão incluem o fato de que a morte é final (Hb
9.27). Os mortos não podem retornar (2 Sm 12.23) por­
que existe um enorme abismo fixado por Deus (Lc 16.2426), e demônios não são capazes de usurpar a autoridade
de Deus sobre a vida e a morte (Jó 1.10-12).
Outros têm sugerido que a feiticeira não fez realmente
que subisse Samuel dentre os mortos, mas simplesmente
fogou ter feito isso. Sustentam essa afirmação referindose a demônios que enganam pessoas que procuram con­
tato com os mortos (Lv 19.31; D t 18.11; 1 C r 10.13), e
também usando o argumento de que os demônios algu­
mas vezes declaram a verdade (conferir At 16.17). As
objeções a essa visão incluem o fato de que a passagem
parece dizer que Samuel retornou de entre os mortos,
que ele entregou uma profecia como sendo Samuel e
esta se cumpriu, e que não seria comum que demônios
tivessem declarado a verdade de Deus, uma vez que o
diabo é o pai da mentira (Jo 8.44).
U m outro ponto de vista é que a feiticeira não teria
trazido Samuel de entre os mortos, porém o próprio
Deus teria intervindo para repreender Saul por seus pe-
78
1 SAMUEL
cados: a) Samuel parecia ter realmente voltado de entre
os mortos (vv. 14,20), mas b) nem humanos nem dem ô­
nios possuem o poder de trazer alguém de volta de entre
os mortos (Lc 16.24-3l;H b 9.27); c) A própria feiticeira
pareceu ter ficado surpresa com a aparição de Samuel de
entre os mortos (v. 12); d) Existe uma condenação direta
à feitiçaria no verso 9 — é fora do comum que o mes­
mo texto desse crédito ã feitiçaria, divulgando que feiti­
ceiras são capazes de trazer pessoas de volta da morte; e)
Deus algumas vezes fala em lugares inesperados, através
de meios não usuais (vide o episódio envolvendo a j u ­
menta de Balaão no livro de Números 22).
As maiores objeções a essa forma de ver a descrição de 1
Samuel são que o texto não diz explicitamente que Deus
fez esse milagre, e que a moradia de uma feiticeira é um
lugar estranho para tê-lo feito. Deus é soberano para decidir
quando e onde Ele mesmo intervém, contudo, nem todos
os milagres são classificados como tais (Mt 3.17; 17.1-9).
U m ato miraculoso é capaz de falar por si próprio.
N .E .: A Palavra de Deus deixa bem claro que o ver­
dadeiro profeta seria medido pela veracidade. Não há
motivos para crer que o suposto “Samuel” fosse o profe­
ta e que teria retornado dentre os mortos, visto que sua
profecia não se cumpriu quando:
• Disse a Saul que ele e seus filhos estariam com
Samuel (mortos). N em todos os filhos de Saul m orre­
ram no combate.
• Disse que seriam entregues nas mãos dos filisteus. Saul
não foi apanhado vivo pelos filisteus, mas suicidou-se.
Dessa forma, percebe-se pela profecia do suposto
“Samuel” que ele não pôde falar a verdade, sendo, por­
tanto, um demônio, e não o espírito do profeta.
Além do mais, a Bíblia não diz que Saul viu o “profe­
ta”, e sim que a feiticeira o viu. Satanás, e não o profeta,
falou através da feiticeira.
79
CAPÍTULO 7
2 S A M U E L 6 .7 — ■ A reverência pela arca do concer­
to dá suporte à visão católica romana de venerar as
relíquias?
A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : D e acordo com esse verso:
“Então, a ira do Senhor se acendeu contra Uzá, e Deus o
feriu ali por esta imprudência; e morreu ali junto à arca
de Deus”, este fato dá crédito ao dogma católico de ve­
nerar relíquias religiosas?
C O R R IG IN D O A MÁ INTERPRETAÇÃO : Uzá não
foi ferido por fracassar em termos de veneração à arca,
mas por desobediência à lei de Deus, que proibia qual­
quer pessoa de tocar a arca, exceto o sacerdote (Nm 4.15;
conferir 2 Sm 6.7).
R E S P O S T A À S S EI T A S
Mostrar respeito pela arca, na qual a própria presença
de Deus e sua glória eram manifestas, é muito diferente
de venerar as relíquias de criaturas humanas. A arca era
um símbolo divinamente designado, e não meras ruínas
e adornos humanos. Além disso, a arca era um símbolo
especial em uma teocracia única, na qual Deus pessoal­
mente e de maneira visível (na nuvem de sua glória)
habitava entre o seu povo especialmente escolhido, Isra­
el. Finalmente, mesmo mantendo o lugar especial que a
arca possuía, o povo não deveria venerá-la (Ex 20.4,5)
mas deveriam simplesmente obedecer às leis de Deus
em relação à sua utilização.
Deus claramente ordenou ao seu povo que não fizes­
se imagens de escultura, e nem se prostrassem diante delas
em um ato de devoção religiosa. Esse é o mesmo erro
dos pagãos que “honraram e serviram mais a criatura do
que o Criador” (Rm 1.25). A Bíblia nos proíbe tanto o
“fazer” como o “prostrar-se” diante de uma “imagem”
de qualquer que seja a criatura, em um ato de devoção
religiosa: “Não farás para ti imagem de escultura, nem
alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem
em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não
te encurvarás a elas nem as servirás” (Ex 20.4,5).
82
CAPÍTULO 8
1 REIS
l R E I S 11.1 — A s Escrituras aprovam a poligamia?
A M Á IN TERPR ETA Ç Ã O : Os mórmons dizem que o
profeta Joseph Smith alegou ter recebido uma “revelação”
do Senhor, de acordo com a qual o matrimônio plural era
a vontade de Deus para os seus seguidores (Doctrine and
covenants, 132.61,62).As Escrituras, todavia, repetidamen­
te advertem contra a prática de possuir várias esposas (Dt
17.17) e a violação da monogamia — que significa um
hom em para uma esposa (conferir 1 Co 7.2). Que atitu­
de teremos então diante de 1 Reis 11.3, onde a Palavra
nos conta que Salomão teve 700 esposas e 300 concubinas?
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : A
monogamia é o padrão de Deus para a espécie humana.
R E S P O S T A À S S EI TA S
Isso se torna evidente uma vez que: 1) Desde o princí­
pio, Deus estabeleceu o modelo criando uma relação
matrimonial monogâmica entre um hom em e uma m u­
lher, que foram Adão e Eva (Gn 1.27; 2.21-25); 2) Esse
padrão estabelecido por Deus constituiu a prática geral
da espécie humana até ser interrompida pelo pecado (Gn
4.23); 3) A lei de Moisés claramente ordena até mesmo
aos reis: “Tampouco para si multiplicará mulheres” (Dt
17.17); 4) A advertência contra a poligamia é repetida na
própria passagem onde se enumeram as várias esposas de
Salomão (1 Rs 11.2): “Não entrareis a elas, e elas não
entrarão a vós”; 5) O nosso Senhor reafirmou a inten­
ção original de Deus citando a passagem de Mateus 19.4
e observando que Deus criou um “macho e [uma] fê­
m ea” e os ajuntou através do matrimônio; 6) O Novo
Testamento também reforça a idéia afirmando:“cada um
tenha a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu pró­
prio m arido” (1 Co 7.2); 7) Da mesma maneira, Paulo
insistiu que o líder da igreja deveria ser “marido de uma
mulher” (1 T m 3.2,12); 8) Verdadeiramente, o casamen­
to com base na monogamia representa o relacionamen­
to entre Cristo e a sua noiva, que é a Igreja (Ef 5.31,32).
A poligamia jamais foi estabelecida por Deus para
qualquer pessoa, e sob nenhuma circunstância. De fato, a
Bíblia revela que Deus puniu severamente aqueles que a
praticaram: 1) A poligamia é mencionada pela primeira
vez como parte do contexto de uma sociedade pecami­
nosa, que estava em uma condição de rebelião contra
Deus, onde o assassino Lameque tom ou “para si duas
mulheres” (Gn 4.19-23); 2) Deus, por repetidas vezes,
preveniu aqueles que viveram em poligamia a respeito
das conseqüências das ações deles — para que o seu co­
ração não se desvie” de Deus (Dt 17.17; conferir 1 Rs
11.2); 3) Deus nunca ordenou a poligamia — e nem o
divórcio; Ele apenas a perm itiu devido à dureza do cora­
84
1 REIS
ção deles (Dt 24.1; M t 19.8); 4) Todos aqueles que vive­
ram a poligamia, cujas vidas estão registradas na Bíblia,
incluindo Davi e Salomão (1 C r 14.3), pagaram muito
caro por seus pecados; 5) Deus odeia a poligamia, como
igualmente odeia o divórcio, uma vez que promovem a
destruição do seu ideal para a família (conferir Ml 2.16).
De forma resumida, a monogamia é ensinada na Bí­
blia: 1) Através de um precedente, uma vez que Deus
deu ao primeiro hom em apenas uma mulher; 2) Por pro­
porção, tendo em vista que o número de pessoas do sexo
masculino e feminino que Deus traz ao mundo é apro­
ximadamente igual; 3) Por preceito, já que tanto o Anti­
go como o Novo Testamento ordenam a monogamia; 4)
Por punição, uma vez que Deus puniu aqueles que vio­
laram o seu padrão (1 Rs 11.2); 5) Por tipo, tendo em
vista que o matrimônio tipifica Cristo e a sua noiva, a
Igreja (Ef 5.31,32). O simples fato de a Bíblia registrar o
pecado de poligamia cometido por Salomão não signifi­
ca que Deus aprovou essa prática.
CAPÍTULO 9
2
REIS
2 R E I S 13.21 — O fato de D eu s ter feito um milagre
através dos ossos de Eliseu justifica a veneração das
relíquias dos santos, conforme alegam os católicos
romanos?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : O texto diz: “E sucedeu
que, enterrando eles um h ò m e m , eis que viram um ban­
do e lançaram o hom em na sepultura de Eliseu; e, cain­
do nela o hom em e tocando os ossos de Eliseu, reviveu e
se levantou sobre os seus pés” (2 Rs 13.21). Os católicos
romanos citam esse verso para dar suporte à sua prática
de veneração de relíquias (Ott, 1960, 319).
( CORRIGINDO A MÁ INTERPRETAÇÃO: Essa pas­
sagem não justifica a veneração de relíquias, do mesmo
R E S P O S T A À S S EI T A S
m odo que não justifica a veneração de quaisquer outros
meios físicos que Deus tenha utilizado como veículo na
realização de milagres — tais como a vara de Moisés, a
serpente de bronze no deserto, o lodo que Jesus utilizou
para curar o hom em cego ou as mãos dos apóstolos usa­
das para curar enfermidades.
N a realidade, a Bíblia condenou a utilização da ser­
pente de bronze com a finalidade de idolatria. N a cam­
panha contra a idolatria de Judá, Ezequias “tirou os altos,
e quebrou as estátuas, e deitou abaixo os bosques, e fez
em pedaços a serpente de metal que Moisés fizera, por­
quanto até àquele dia os filhos de Israel lhe queimavam
incenso” (2 Rs 18.4).
Deus claramente ordenou ao seu povo que não fizes­
se imagens de escultura, e nem se prostrassem diante delas
em um ato de devoção religiosa. Esse é o mesmo erro
dos pagãos que “reverenciaram e adoraram à criatura em
lugar do Criador” (R m 1.25).
2 R E I S 1 4 .2 9 — O s mortos estão adormecidos ou
conscientes?
A M Á IN TERPRETAÇÃO : Com o nessa passagem, a Bí­
blia se refere à morte como um período de tempo em
que uma pessoa “dorme com os seus pais” (por exemplo,
em 1 Rs 2.10; 11.21,43; 14.20). Jesus disse: “Lázaro dor­
m e” (Jo 11.11) na ocasião em que Lázaro estava morto
(v. 14). Paulo fala de crentes que “dormiram” no Senhor
(lT s 4.13; conferir 1 Co 15.51). As Testemunhas de Jeová
acreditam que tais versos indicam que “quando uma pes­
soa está morta, está completamente fora da existência. Não
tem consciência de nada” (You can liveforever inparadise on
earth, 1982, pág.88). Contudo, em outras passagens a Bí­
blia fala de pessoas que morreram e estão conscientes na
presença de Deus (conferir 2 Co 5.8; Fp 1.23; Ap 6.9).
88
2 REIS
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : O pri­
meiro conjunto de versos refere-se ao corpo, e o segun­
do à alma. “D o rm ir” é uma figura de linguagem apro­
priada para o corpo, uma vez que a morte é apenas tem­
porária, aguardando apenas a ressurreição, ocasião em que
o corpo será “despertado” . Além disso, tanto o ato de
dorm ir quanto a m orte possuem a mesma postura — o
córpo permanece deitado.
A Bíblia é muito clara quando ensina que a alma do
crente (e o seu espírito) sobrevive à morte (Lc 12.4). Ela
está conscientemente presente com o Senhor (2 Co 5.8)
em um lugar melhor (Fp 1.23), onde outras almas estão
conversando (Mt 17.3). De um modo semelhante, a alma
do descrente está em um lugar de torm ento consciente
(Mt 25.41;Lc 16.22-26; Ap 19.20— 20.15;veja também
comentários sobre 2 Co 5.8).
89
CAPÍTULO 10
2
CRÔNICAS
2 C R Ô N I C A S 1 6 .1 2 — Este texto ensina que a
morte do rei A s a resultou do fato de ele haver busca­
do os médicos ao invés do Senhor?
A MÁ IN TER PR ET A Ç Ã O : De acordo com a seita Ci­
ência Cristã, essa passagem ensina que a morte do rei Asa
foi uma conseqüência da atitude que ele teve de buscar
o auxílio dos médicos, ao invés do auxílio do Senhor
(Eddy, 245). A partir disso, eles concluem que nós tam­
bém deveríamos nos abster do consumo de remédios e
assistência médica, mesmo em ocasiões de sérias enfer­
midades.
C O R R IG IN D O A MÁ IN TER PR ETA Ç Ã O : Tal
inferência não é necessária nesse contexto, e é contrária
R E S P O S T A À S S EI T A S
a outras passagens das Escrituras. Várias considerações
evidenciam esse fato.
O
versículo não diz ser errado buscar ajuda médica,
mas sim fazê-lo ao invés de buscar ao Senhor. Deus quer
ser colocado em primeiro lugar (conforme M t 6.33; Cl
1.18). Com o colocado por Jeremias, “Maldito o hom em
que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e
aparta o seu coração do Senhor!” (Jr 17.5).
Tanto o Antigo com o o N ovo Testamento reco­
m endam o uso de medicam entos. O profeta Isaías re­
cebeu ordens para “preparar uma pasta de figos” para
uma chaga.Tal pasta foi aplicada à chaga e o rei se recu­
perou (2 Rs 20.7). E Paulo disse a Tim óteo: “Não be­
bas mais água só, mas usa de um pouco de vinho, por
causa do teu estômago e das tuas freqüentes enferm i­
dades” (1 T m 5.23).
Finalmente, o fato de que o apóstolo Paulo foi afligi­
do por uma enfermidade (Cl 4.13; conferir 2 Co 12.7),
talvez tenha sido a razão de ter contado com a compa­
nhia freqüente do doutor Lucas em suas viagens. A Bí­
blia não condena em nenhum a passagem o ato de uma
pessoa se tratar com o auxílio de um médico, e também
não condena o ato de tomar a medicação necessária. O
próprio Senhor Jesus disse: “Não necessitam de médico
os sãos, mas sim, os doentes” (Mt 9.12). A Bíblia simples­
mente insiste que se deve primeiramente buscar a Deus,
para determinar se a enfermidade foi enviada por Ele.
92
CAPÍTULO 11
JÓ
f
J O 1 .5 — A prática de Jó de oferecer sacrifícios em
fa v o r de seus filh os dá suporte ao ensino católico
romano sobre as indulgências?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Jó 1.5 declara que Jó ofe­
recia sacrifícios em favor de seus filhos: “Porventura, pe­
caram meus filhos e blasfemaram de Deus no seu cora­
ção” . Os estudiosos católicos romanos citam essa passa­
gem para sustentar o ensino referente ao “tesouro de
méritos”, através do qual uma pessoa pode obter a expi­
ação dos pecados de outra, eliminando as conseqüências
temporais no purgatório (Ott, 1960, 317).
CORRIGINDO A MÁ INTERPRETAÇÃO: Essa pas­
sagem não apóia a doutrina católica do “tesouro de mé-
R E S P O S T A À S S EI T A S
ritos” no céu. Um a avaliação do contexto revela a razão
disso.
Não existe no texto qualquer menção a respeito de
tal tesouro. Em nenhum lugar a passagem diz que Deus
aceitou um ato tão solícito de Jó a favor de seus filhos. A
passagem é descritiva, e não prescritiva, informando-nos
o que Jó fez, e não se isso deveria ser feito. Podemos ver
essa verdade através do registro do que disseram os ami­
gos de Jó, que expressava uma situação meramente des­
critiva, e não exprimiam realmente o pensamento de
Deus (Jó 42.7).
U m estudo cuidadoso do contexto revela que o in­
tento da passagem é nos mostrar o quão justo era Jó
(conferir Jó 1.1), e não se é possível fazer qualquer expi­
ação por pecados de outras pessoas. Certamente Deus
ouve as orações de uma pessoa justa (Jó 42.8;Tg 5.16).
Mas isso de maneira alguma implica que possam ajudar a
expiar os pecados de outra pessoa. A virtude de um ser
humano não é transferível a outro. As Escrituras decla­
ram que “a justiça do justo ficará sobre ele” (Ez 18.20).
Mesmo que os atos de uma pessoa justa como Jó fos­
sem de algum modo eficazes em favor de sua família ou
amigos na terra, de maneira alguma dariam suporte à
crença católica de que o mesmo é eficaz para os que já
partiram. Jó o fez em favor dos vivos e não dos mortos!
Portanto, o apelo católico a esse texto como apoio à
idéia do “tesouro de méritos” é sem fundamento.
J Ó 1 .2 0 ,2 1 — Este versículo ensina a reencarnação?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : A Bíblia fala contra a cren­
ça na reencarnação (Jo 9.3; Hb 9.27). Mas aqui Jó fala de
uma pessoa retornando a Deus após a sua própria morte..
Alguns reencarnacionistas apelaram para esse versículo
buscando apoio para as suas doutrinas.
94
JÓ
( O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Jó não
está se referindo ao “retorno” da alma a outro corpo
(Din a finalidade de viver novamente, mas do retorno do
corpo à sepultura. Deus disse a Adão que ele “retornaria
,i terra” pois “porquanto és pó e em pó te tornarás” (Gn
3. i 9). O termo hebraico utilizado para “ventre” (shammah )
c usado de maneira figurativa na expressão poética de Jo
referindo-se à “terra”.As idéias de “terra” e “ventre” são
utilizadas no Salmo 139, referindo-se ao fato de Deus
nos ter criado: “Entreteceste-me no ventre de minha
mãe”, nas “profundezas da terra” (w.13,15). Na condi­
ção de antigo livro de sabedoria hebreu, Jó acreditava
que as pessoas trabalhavam “a partir do dia em que saíam
do ventre de sua mãe, até o dia em que retornavam à
mãe de todos [isto é, ao ventre da terra]” (Eclesiástico
40.1, a seguir). D o mesmo m o d o jó utilizava a expressão
poética “retornar para lá [isto é, para o ventre de minha
mãe]”, referindo-se à terra da qual todos nós viemos, e
para a qual todos voltaremos (conforme Ec 12.7). Mes­
mo que alguém insistisse na compreensão literal dessa
figura de linguagem, não provaria a reencarnação. Ape­
nas poderia mostrar que uma pessoa retorna ao ventre
de sua própria mãe após a sua morte, o que é um absur­
do. Finalmente, Jó não acreditava na reencarnação em
um outro corpo mortal. Ele cria na ressurreição em um
corpo imortal e declarou: “Porque eu sei que o meu
Kedentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra. E
depois de consumida a minha pele, ainda em minha carne
verei a Deus” (Jó 19.25,26; ênfase minha). Ele compre­
endia que esta carne corruptível seria revestida de um
corpo incorruptível (conferir 1 Co 15.42-44). A dou­
trina da reencarnação, em contraste, não diz que as pes­
soas serão ressuscitadas uma única vez e em um corpo
físico im ortal; ela é a crença de que a alma será
reencarnada muitas vezes em corpos mortais, que m or­
95
R E S P O S T A À S S EI T A S
rerão sucessivamente. Portanto, não existe qualquer base
para se alegar que Jó acreditava nessa doutrina.
JÓ
7.9 — E ste verso contradiz o ensino bíblico a
respeito da ressurreição?
A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : As Escrituras ensinam que
todo ser humano será ressuscitado de sua sepultura em
um corpo (conferir D n 12.2; 1 Co 15.22; Ap 20.4-6).
Verdadeiramente, Jesus disse que um dia “todos os que
estão nos sepulcros ouvirão a sua voz e... sairão” (Jo
5.28,29). Contudo,Jó aparentemente diz o oposto quan­
do escreve: “Aquele que desce à sepultura nunca tornará
a subir” (Jó 7.9; veja também Jó 14.12; Is 26.14; Am
8.14). A passagem em Jó 7.9 certamente vem à tona
quando se discute com as Testemunhas de Jeová.
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : C on­
forme o primeiro conjunto de passagens claramente re­
vela, haverá a ressurreição de todos os mortos, tanto dos
justos como dos injustos (At 24.15;Jo 5.28,29). O pró­
prio Jó expressou a sua crença na ressurreição declaran­
do:1^ depois de consumida a minha pele, ainda em mi­
nha carne verei a Deus” (Jó 19.26). O que ele quis dizer
quando falou sobre alguém que desce à sepultura e não
torna mais (7.9) é explicado no versículo seguinte:“N un­
ca mais tornará à sua casa” (v. 10). Em outras palavras,
aqueles que m orrem não retornam às suas vidas mortais
novamente. De fato, a ressurreição é para uma vida imortal
' (1 Co 15.53) e não para o mesmo tipo de vida mortal
que a pessoa tinha antes.
Jó 14.12 não nega que haverá qualquer ressurreição, mas
simplesmente que ela não ocorrerá até que “não haja mais
céus”, isto é, até o final dos tempos. E nessa ocasião precisa­
mente, “no fim do tempo”, que a ressurreição acontecerá
96
JÓ
(I )n 11.40; conferir 12.1,2; Jo 11.24). A passagem ensina
iralmente sobre a doutrina da ressurreição. Porque Jó sim­
plesmente se referia a ser escondido por Deus na sepultura
.11é um tempo determinado, quando o próprio Deus se
lembraria dele novamente (14.13) na ressurreição.
Nem tampouco Isaías 26.14 nega a ressurreição, mas
também reafirma tal doutrina. Os versos seguintes di­
zem claramente:“Os teus mortos viverão, os teus mortos
ressuscitarão... a terra lançará de si os m ortos” (Is 26.19).
lintão, o verso 14 significa que eles não viverão até que
aconteça a ressurreição.
A memória dos ímpios perecerá no cenário terrestre.
I ístes não serão novamente levantados até que o cenário
celestial alvoreça. Alguns textos que aparentam negar a
ressurreição (por exemplo Am 8.14) simplesmente se
referem à queda dos inimigos de Deus, que nunca mais
se levantarão para se oporem a Ele novamente. Jamais
retomarão a influência que tiveram sobre o povo de Deus.
I )eus os derrubou de uma forma irrecuperável.
/ ( ) Í 4 .1 2 — E sta passagem contraria o ensino bíblico
a respeito da ressurreição?
Ver os comentários feitos a respeito de Jó 7.9.
I<) 1 9 .2 6 — E ste versículo indica que as pessoas
terão um corpo físico na ressurreição?
A MÁ IN TE R PR E T A Ç Ã O : Satanás estava afligindo o
corpo de Jó, e por essa razão a carne dele estava apodre­
cendo. Contudo, Jó expressava a sua fé em Deus através
ilestas palavras:“Ainda em minha carne verei a Deus” (Jó
1(>.26). As seitas — incluindo os adeptos da Nova Era e
.is Testemunhas de Jeová — negam que na ressurreição
os ressuscitados terão corpos físicos.
97
R E S PO S TA ÀS SEITAS
C O R R IG IN D O A M Á IN TERPRETAÇ ÃO : A Bí­
blia freqüentemente se refere à ressurreição da carne (con­
fira em Lc 24.26,27;At 2.31). O fato de que Jó tenha se
apegado à mesma é claro por várias razões. Primeiro,
embora a preposição “em ” (no original min) possa trans­
mitir a idéia de “sem”, é uma característica dessa prepo­
sição que, quando utilizada juntam ente com o verbo
“enxergar”, signifique “a partir do melhor ponto de”.
Essa idéia é reforçada pelo paralelismo contrastante
que foi empregado nesse verso. A poesia hebraica fre­
qüentemente emprega duas linhas paralelas de expres­
sões poéticas, que algumas vezes expressam palavras ou
idéias contrastantes (chamado de paralelismo antitético).
Nesse caso, a perda da carne de Jó é contrastada com a
sua confiança em Deus como sendo capaz de restaurar o
seu corpo, já em decadência diante de seus próprios olhos,
de tal maneira que em sua própria carne ele veria a Deus.
Essa é a mais sublime expressão da fé de Jó em uma
ressurreição física literal.
A ressurreição física é afirmada em passagens do An­
tigo (Is 26.19;Dn 12.2) e do Novo Testamento (Lc 24.39;
Jo 5.28,29; At 2.31,32). Portanto, o entendimento de Jó
a respeito da ressurreição física está de acordo com o
restante das Escrituras.
CAPÍTULO 12
SALMOS
S A L M O S 1.2 — O s cristãos deveriam meditar ou
essa é uma prática budista e hindu?
A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : Davi declarou nessa passa­
gem que devemos “meditar de dia e de noite”. Contudo,
a meditação transcendental está associada às religiões
orientais, tais como o budismo, o hinduísmo e a filosofia
da Nova Era, que são contrárias ao cristianismo (Ferguson,
1980, 315,16). Os cristãos deveriam aderir à meditação?
C O R R IG IN D O A M Á IN TERPRETAÇÃO : Existe
uma diferença significativa entre a meditação cristã e a
meditação mística encontrada em muitas religiões orien­
tais, popularmente conhecidas como as religiões da Nova
Era. As diferenças são destacadas na seguinte comparação:
R E S P O S T A À S S EI T A S
CRISTIANISMO
RELIGIÕES
ORIENTAIS
Objeto
Alguém (Deus)
Nada (vazio)
Propósito
Adoração a Deus
Fusão com Deus
Meios
Revelação divina
Intuição humana
Campo
de ação
Através da razão
Além da razão
Poder
Pela graça de Deus
Pelo esforço
humano
Experiência Realidade objetiva
Puramente
subjetiva
Estado
imediato
Relaxamento
Concentração
(Veja Geisler e Amano, 135)
Observe a grande diferença: uma coisa é esvaziar a
mente de alguém para que medite em nada, e outra coi­
sa é preencher o pensamento de uma pessoa com a Pala­
vra de Deus, para que esta passe a meditar no Deus vivo.
Davi disse que meditava na “lei” de Deus — na Palavra,
e não no vazio. O propósito dele era uma comunhão
espiritual comYahweh, e não uma união mística com o
Brahma ou com o Tao das religiões orientais.
S A L M O S 2. 7 — Este versículo significa que Jesus
nasceu como um espírito gerado p o r p a is celestiais?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : O Salmo 2.7 diz:“Recita­
rei o decreto: O Senhor me disse: Tu és m eu Filho; eu
hoje te gerei”. Os mórmons pensam que esse verso dá
suporte à idéia de que Jesus nasceu como um espírito
100
SALMOS
ml ante (por procriação), como descendente de pais
celestiais (Gospel principies, 1986, pág.9).
( O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : A visão
que os mórmons têm sobre essa Escritura não tem o apoio
nem do próprio texto nem das demais passagens da Bí­
blia. Duas coisas precisam ser mantidas em mente: a pri­
meira é que o contexto aqui não está falando a respeito de
um espírito que está nascendo no mundo espiritual, mas
ilos “reis da terra” que “conspirariam” contra o “U ngido”
de Deus (o Messias) para livrarem-se dEle (isto é, para o
matarem). Daí o sentido mais natural de Ele ter sido “ge­
rado” por Deus para reinar sobre as nações (w.7,8) é que
Ele foi ressuscitado dentre os mortos.
A segunda é um princípio básico de interpretação
bíblica que ensina que o Antigo Testamento deve ser
interpretado de acordo com a luz maior do Novo Testa­
mento. Atos 13.33,34 indica que o ato de ressurreição
dentre os mortos que o Pai praticou para com Jesus é o
cumprimento da declaração feita em Salmos 2.7:“Tu és
meu Filho; eu hoje te gerei” . Dessa maneira o verso não
tem nada a ver com a suposta procriação de Cristo, con­
forme eles alegam.
Outras passagens das Escrituras deixam claro que Cris­
to jamais veio à existência em determinada ocasião no
tempo, mas que Ele verdadeiramente é um ser eterno.
Jesus é tão eterno quanto Deus o Pai (Jo 1.1) e sempre
existiu como o eterno “Eu Sou” (confira Ex 3.14), antes
mesmo de Abraão (Jo 8.58). Ele não foi “nascido” em
forma de espírito em determinado instante. Ele apenas
nasceu como hom em em Belém, mesmo sendo eterno
(confira M q 5.2).
S A L M O S 3 7 .9 ,3 4
Quando os ímpios forem ex­
terminados, serão aniquilados?
—
101
R E S P O S T A À S S EI TA S
A M Á INTERPRETAÇÃO : O salmista afirma que “Os
malfeitores serão desarraigados”.Em outras passagens (SI
73.27; Pv 21.28), as Escrituras dizem que eles perecerão
(veja comentários sobre 2 Ts 1.9). Será que “ser exter­
minado para sempre” significa que os malfeitores serão
aniquilados, como crêem muitas seitas (como por exem­
plo, as Testemunhas de Jeová) e outros grupos que se
constituem verdadeiras aberrações (Reasoning from the
Scriptures, 1989, pág. 162) ?
C O R R IG IN D O A M Á INTER PR ETA ÇÃ O : Ser “ex­
terminado” não significa ser aniquilado. Se significasse,
então o próprio Messias teria sido aniquilado quando
morreu, uma vez que o mesmo termo hebraico karath é
empregado referindo-se à morte do Messias (Dn 9.26).
Mas sabemos que Cristo não foi de maneira alguma ani­
quilado; Ele está vivo por todo o sempre após a sua m or­
te (Ap 1.18).Veja também 2 Tessalonicenses 1.9.
S A L M O S 3 7 .9 ,1 1 ,2 9 — Estes versos provam que
algumas pessoas que fa ze m parte do povo de D eus
não irão para o céu, mas viverão para sempre na
terra?
A M Á INTERPRETAÇ ÃO : Salmos 37.9 diz: “Porque
os malfeitores serão desarraigados; mas aqueles que es­
peram no Senhor herdarão a terra” . O verso 11 afirma:
“Mas os mansos herdarão a terra e se deleitarão na abun­
dância de paz”. O verso 29 declara: “Os justos herdarão
a terra e habitarão nela para sempre”. As Testemunhas de
Jeová pensam que esses versos dizem que nem todas as
boas pessoas irão para o céu. Pensam que algumas vive­
rão na terra por toda a eternidade (Reasoning from the
Scriptures, 1989, pág. 163).
102
SALMOS
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ETA ÇÃ O : Essa pas­
sagem das Escrituras não está tratando de um futuro
escatológico distante, no qual Deus destruirá os ímpios e
criará um paraíso na terra para os justos. Ao invés disso,
essa passagem está tratando de circunstâncias presentes e
de um futuro próximo envolvendo os israelitas que vivi­
am naquela ocasião na terra prometida.
Podemos observar que o term o hebraico traduzido
como “terra” é empregado freqüentemente no Antigo
Testamento quando se refere à terra prometida (veja D t
4.38).As evidências indicam que aqui se trata desse caso.
O termo hebraico empregado significando “para sem­
pre” possui uma ampla gama de representações, que vai
desde “um grande período de tem po” até “pela eterni­
dade” (Ec 3.11). Nesse contexto, esse term o parece car­
regar consigo o significado de “um futuro impossível de
ser previsto”. O salmista dá a entender que está se refe­
rindo às futuras gerações de israelitas justos, que conti­
nuariam a habitar na terra adentrando um futuro impos­
sível de ser previsto. Assim sendo, a essência dessa passa­
gem é que o povo ímpio que viveu nos dias do salmista
seria destruído, enquanto que os seus contemporâneos
justos experimentariam bênçãos.
Ainda que o texto estivesse se referindo à condição
eterna, a conclusão das Testemunhas de Jeová — de que
nem todas as boas pessoas irão para o céu — não seria de
modo algum justificável. Todos aqueles que crêem em
Jesus Cristo podem ter o anelo de seguir em direção ao
seu destino celestial, e não apenas um seleto grupo de
144.000 (veja E f 2.19; Fp 3.20; Cl 3.1; H b 3.1; 12.22; 2
Pe 1.10,11).Jesus afirmou que todos os que nEle crêem
estarão juntos em “um só rebanho” e terão “um só pas­
tor” (Jo 10.16). Não haverá dois “rebanhos” — um na
terra e outro céu.
103
R E S P O S T A À S S EI TA S
S A L M O S 3 7 .2 0 — O fato de que os ímpios perece­
rão significa que perderão a consciência, como rei­
vindicam os aniquilacionistas?
A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : O Antigo Testamento re­
petidamente m enciona o perecimento dos ímpios. O
salmista escreveu: “Mas os ímpios perecerão, e os ini­
migos do Senhor serão como a gordura dos cordeiros;
desaparecerão e em fumaça se desfarão” (SI 37.20; con­
fira 68.2; 112.10; Pv 11.10). Os aniquilacionistas insis­
tem que perecer implica alguém passar a um estado em
que não existe absolutamente nada. As Testemunhas de
Jeová acreditam nisso (.M ankind's search fo r God, 1990,
pág.128).
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Q uan­
do compreendida de forma correta em seu contexto, a
palavra “perecer” não dá suporte ao aniquilacionismo.
Em primeiro lugar, o mesmo termo utilizado para des­
crever o perecimento do ímpio no Antigo Testamento
(abad) é utilizado para descrever o perecimento do justo
(veja Is 57.1; M q 7.2). Mas os próprios aniquilacionistas
admitem que os justos não terão a sua existência apagada
como uma vela cujo pavio é cortado. Se esse fosse o caso,
não haveria razão para que concluíssem o mesmo a res­
peito do ímpio. O termo abad é utilizado para descrever
coisas que estão meramente perdidas, mas são encontradas
mais tarde (Dt 22.3). Esse fato prova que “perecer” não
significa “deixar completamente de existir”.
A Bíblia faz referências claras ao perdido que está, de
forma consciente, em tormentos e enfrentando a puni­
ção após a sua morte. Esse fato é verdadeiro tanto para
seres humanos (Lc 16.19-31; Ap 19.20) como para o
diabo (Ap 20.10).
104
SALMOS
S A L M O S 4 5 .3 -5 — Este texto é uma predição a
respeito de Maomé?
A M Á INTERPRETAÇÃO : Tendo em vista que esses
versos falam de alguém que vem com a “ espada” para
subjugar os seus inimigos, os muçulmanos às vezes ci­
tam-nos como uma predição a respeito de seu profeta,
Maomé, que era conhecido como “o profeta da espada”.
Eles insistem que esses versos não podem se referir a
Jesus, uma vez que Ele jamais veio com uma espada (Mt
26.52).
C O R R IG IN D O A MÁ IN TER PR ET A Ç Ã O : O pró­
prio verso seguinte (v. 6) identifica que a pessoa de quem
se está falando é Deus, que Jesus declarou ser (Jo 8.58;
10.30). Maomé negou que ele mesmo fosse Deus, di­
zendo que era apenas um profeta humano. O Novo Tes­
tamento afirma que essa passagem refere-se a Cristo (Hb
1.8). Embora Jesus não tenha vindo na primeira vez com
uma espada, Ele a trará em sua segunda vinda (confira
Ap 19.11-16).
S A L M O S 4 6 .1 0 — Este verso indica que seres hu­
manos são capazes de se tornarem Deus, como alega
M aharishi Mahesh Yogi?
A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : Em Salmos 46.10, Deus
diz: “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus”. Maharishi
Mahesh Yogi, fundador da seita Meditação Transcendental,
interpreta esse verso da seguinte maneira:‘“Aquietai-vos
e sabei que eu sou Deus’. Aquietem-se e saibam que
vocês são Deus, e quando tiverem consciência de que
são Deus, começarão a viver a Divindade, e vivendo a
Divindade não existe razão para sofrer” (Meditações de
105
R E S P O S T A À S S EI T A S
Maharishi MaheshYogi, pág. 178). É possível que esse ver­
so, compreendido de forma correta, signifique que os
seres humanos podem tornar-se Deus?
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Esse é
um salmo hebraico, e entre os judeus, a idéia de que um
ser humano possa tornar-se um deus é a mais alta blasfê­
mia. Tal idéia não se encontra em lugar algum desse sal­
mo, sem mencionar que tampouco em qualquer outra
passagem da Bíblia.
Mesmo um olhar de relance para o restante desse
salmo indica que um Deus verdadeiro está sendo retra­
tado como distinto e exaltado acima da terra criada (e
tam bém do homem). Por exemplo, nos versos 10 e 11
lemos: “Aquietai-vos e sabei q u e eu sou D eus; serei
exaltado entre as nações; serei exaltado sobre a terra. O
Senhor dos Exércitos está conosco; O Deus de Jacó é o
nosso refúgio” .
O consistente testemunho das Escrituras é que exis­
te apenas um único Deus verdadeiro, e que a hum ani­
dade não é no presente e jamais se tornará Deus (veja
D t 6.4; 32.39; 2 Sm 7.22; 1 Rs 8.60; SI 86.10; Is 44.6; Jl
2.27; 1 T m 2.5; Tg 2.19). Veja neste livro a discussão
referente a Gênesis 1.26 para argumentação bíblica con­
tra a idéia de que um ser hum ano é capaz de tornar-se
um deus.
S A L M O S 8 2 .6 — E ste verso quer dizer que seres
humanos são capazes de tornarem-se deuses?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Salmos 82.6 diz:“Eu disse:
Vós sois deuses, e vós outros sois todos filhos do
Altíssimo”. Os mórmons acreditam que esse verso dá
suporte à idéia de que os seres humanos podem se tor­
nar deuses (McConkie, 1966, 321).
106
SALMOS
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Não
existe qualquer evidência nesse verso que dê suporte à
crença politeísta m órm on de que homens são deuses.
Diferentemente do termo utilizado para Senhor (Yahweh)
que sempre significa Deus, o term o utilizado para “deu­
ses” (elohim ) pode ser utilizado para Deus (Gn 1.1), para
anjos (SI 8.4-6; H b 2.7), ou para seres humanos (como
nessa passagem).
Esse salmo tem como foco um grupo de juizes israelitas
que, pelo fato de tomarem decisões de vida ou m orte
sobre o povo, eram livremente chamados de “deuses”.
Mas tais juizes se tornaram corruptos e eram injustos.
Então Asafe, o autor desse salmo, disse que, mesmo sen­
do esses juizes popularm ente chamados de deuses, m or­
reriam como homens que realmente eram (v. 7).
Asafe provavelmente deve ter falado com ironia quan­
do chamou esses juizes malignos de “deuses”. Se assim
foi, então não existe qualquer justificativa para chamálos de “deuses” em qualquer sentido sério. Seja qual for
o caso, a reivindicação politeísta não se justifica, uma vez
que tal verso é expresso no contexto do judaísm o
monoteísta, no qual é uma blasfêmia qualquer ser hu­
mano comum ser chamado de Deus, no sentido divino
(veja os comentários referentes ajoão 10.34 neste livro).
Além disso/em Isaías 44.8, o próprio Deus pergunta:
“Há outro Deus além de mim? Não! Não há outra R o ­
cha que eu conheça”. D o mesmo modo, Isaías 43.10
retrata Deus dizendo: “Antes de mim Deus nenhum se
formou, e depois de m im nenhum haverá” . Está claro
que seres humanos não podem se tornar deuses.
S A L M O S 8 8 .1 1 — O s mortos possuem a lembrança
de algo?
Veja os comentários feitos a respeito de Eclesiastes 9.5
neste livro.
107
R E S P O S T A À S S EI TA S
S A L M O S 9 7 .7 — E ste verso não implica a existên­
cia de muitos deuses?
A MA INTERPRETAÇÃO: O salmista ordena: “Prostraivos diante dele todos os deuses”. Contudo, a Bíblia nas
demais passagens afirma que existe apenas um Deus (Dt
6.4). Salmos 97.7 indica que existe mais do que um Deus,
como acreditam os mórmons (Smith, 1977, 370)?
C O R R IG IN D O A MÁ IN T E R P R E T A Ç Ã O : N ão
existe outro Deus, mas existem muitos deuses. Existe
apenas um Deus verdadeiro, mas existem muitos falsos
deuses. Paulo declara que existem demônios por trás de
falsos deuses (1 Co 10.20). E um dia até mesmo os de­
mônios se prostrarão diante do Deus vivo e verdadeiro, e
confessarão que Ele é o Senhor (Fp 2.10).
Além do mais, anjos bons algumas vezes são chama­
dos de “deuses” (elohim) na Bíblia (SI 8.5; confira H b
2.7). Esse verso (SI 97.7) poderia ser um mandamento
dirigido a anjos para que adorem a Deus, assim como
lhes é ordenado em Salmos 148.2: “Louvai-o, todos os
seus anjos”.
S A L M O S 9 9 .1 0 — O fa to de que os ímpios perece­
rão significa que eles serão aniquilados?
Veja neste livro os nossos comentários a respeito de Sal­
mos 37.20 e 2 Tessalonicenses 1.9.
S A L M O S 1 0 3 .3 — Este verso ensina que todas as
terapias físicas são inúteis, como alega a seita C iên ­
cia Cristã?
A MÁ INTERPRETAÇÃO: Os cientistas cristãos apontam
para essa promessa do Senhor de “sarar todas as tuas enfermi­
108
SALMOS
dades”,para apoiar a crença deles de que “remédios, higiene
c tratamentos médicos” são inúteis (Eddy, 4).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Nada
está dito no texto que diga respeito à inutilidade da m e­
dicina. O texto simplesmente diz que Deus sara todas as
nossas enfermidades.
E literalmente verdadeiro que Deus é quem nos cura,
mesmo que utilizemos medicamentos. O m elhor que a
medicina é capaz de fazer é ajudar no processo natural
de cura que Deus criou no corpo humano. E nos casos
em que a cura se constitui um ato especial da providên­
cia de Deus ou no resultado de uma intervenção direta,
ela também vem de Deus. Até mesmo a cura de doenças
legitimamente psicossomáticas (nas quais as crenças e /
ou atitudes da pessoa afetam as funções de seu organis­
mo) são parte do maravilhoso processo que Deus criou.
Então, seja a cura natural, psicológica, providencial ou
sobrenatural, ela sempre pertence a Deus.
A Bíblia não declara que a medicina é inútil, mas re­
comenda a sua utilização (veja os comentários a respeito
de 2 C r 16.12).
S A L M O S 1 0 3 .2 0 ,2 1 — E sta ê uma oração dirigida
aos mortos, como alegam alguns estudiosos católicos
romanos?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Os católicos romanos ape­
lam para esse texto buscando argumento para o dogma
de orar aos mortos. O texto de Salmos 103.20,21 diz:
“Bendizei ao Senhor, anjos seus... Bendizei ao Senhor,
todos os seus exércitos”.
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Essa não
é uma oração para anjos e santos, mas um apelo poético
109
R E S P O S T A À S S EI T A S
semelhante à doxologia cantada pelos protestantes:
“Louvai-o nas alturas, vós hostes celestiais”.Tanto a na­
tureza poética do livro de Salmos, como o seu contexto,
indicam que o salmista está simplesmente utilizando um
recurso literário como apelo para que toda a criação louve
a Deus.
O objetivo dessa passagem é exaltar a Deus. A sua
utilização como um texto que prove a doutrina de orar
a anjos ou a santos já falecidos é totalmente estranha ao
sentido claramente expresso dessa passagem.
A Bíblia fala fortemente contra a prática de orar a
quaisquer criaturas, insistindo que Deus sozinho deve
ser o objeto de toda a devoção religiosa em oração (Ex
20.2-4; D t 6.13). Inquestionavelmente, não existe nas
Escrituras nem um exemplo sequer de oração que seja
dirigida a alguém, a não ser a Deus.
S A L M O S 1 0 5 .1 5 — E ste verso indica que certos
homens chamados p o r D eu s estão além do alcance
da censura e dos julgamentos, conforme sugerem os
ensinadores da seita Palavra da Fé?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Salmos 105.15 diz: “Não
toqueis nos meus ungidos, e não maltrateis os meus pro­
fetas” . Alguns ensinadores da seita Palavra da Fé citam
esse verso argumentando que eles foram especialmente
ungidos por Deus, e por isso não devem ser criticados
por seus ensinos. Indicam em suas palavras e atitudes que
0 ato de desafiar os seus ensinos significa desafiar o pró­
prio Deus.
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : A ex­
pressão “ungidos do Senhor” é utilizada nas Escrituras,
no Antigo Testamento, referindo-se aos reis de Israel (veja
1 Sm 12.3,5; 24.6,10; 26.9,11,16,23; 2 Sm 1.14,16; 19.21;
110
SALMOS
Sl 20.6; Lm 4.20). Nesse contexto, a Palavra não pode
ser interpretada como referindo-se aos atuais ensinadores
na igreja. Além disso, a palavra “profetas”, nesse contex­
to, pode se referir apenas a profetas do Antigo Testamen­
to, e não aos atuais líderes da igreja. N enhum a dessas
designações pode ser interpretada com referência aos
ensinadores da igreja da atualidade.
Mesmo que permitíssemos que esse verso pudesse se
referir livremente aos atuais líderes da igreja, a advertên­
cia seria acerca de danos físicos praticados contra eles.
Não teria nada a ver com o ato de colocar à prova os
seus ensinos. Nos tempos do Antigo Testamento, os pro­
fetas e reis corriam um risco muito grande de sofrer
danos físicos — e daí a advertência.
As próprias Escrituras nos instruem a provar todos os
ensinamentos pela Palavra de Deus (1 Ts 5.21). Com o os
antigos bereanos, devemos fazer das Escrituras o nosso
padrão de medida da verdade (At 17.11). A eles foi reco­
mendado que comparassem os ensinos do apóstolo Pau­
lo com as Escrituras. Paulo afirmou em outra passagem:
“Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para
ensinar, para redargüir, para corrigir,ipara. instruir em justiça,
para que o hom em de Deus seja perfeito e perfeitamen­
te instruído para toda boa obra” (2T m 3.16,17, as ênfa­
ses foram adicionadas) .Todos nós devemos estar em cons­
tante guarda co(ntra os falsos ensinos (R m 16.17,18; con­
fira 1 T m 1.3,4; 4.16; 2 T m 1.13,14;Tt 1.9; 2.1).
Existe uma opinião na qual cada crente em Cristo é
“ungido” (veja 1 Jo 2.20). Em vista disso, nenhum líder
cristão pode reivindicar para si uma posição especial,
acima de outros ou além da crítica doutrinária.
S A L M O S 110.1 — Este verso prova que todas as
p e s s o a s se rã o s a lv a s , c o n fo rm e a le g a m os
univers alistas?
111
R E S P O S T A À S S EI T A S
A M Á IN TERPR ETAÇÃ O : Davi disse (e Cristo repetiu
essas palavras): “Disse o Senhor ao meu Senhor: Assentate à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos
por escabelo dos teus pés” (SI 110.1; confira M t 22.44).
Alguns liberais e universalistas citam esse verso para dar
suporte à sua crença de que ao final todas as pessoas serão
salvas. Essa é a maneira apropriada de se utilizar esse verso?
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : As mes­
mas objeções feitas ao universalismo citadas na discussão
de 1 Coríntios 15.25-28 são aplicáveis a essa situação.
Além do mais, os indivíduos aqui sendo descritos como
“inimigos” que são “subjugados” (e não salvos) são cha­
mados de “escabelo dos pés” de Deus — dificilmente
uma descrição apropriada de santos que são co-herdeiros com Cristo e que possuem todas as bênçãos nos lu­
gares celestiais em Cristo (Rm 8.17; E f 1.3).
Nesse contexto, Davi não está falando a respeito da
salvação dos perdidos. Antes, está se referindo explicita­
mente à ira de Deus sobre os seus inimigos (SI 110.1-5),
e não às suas bênçãos sobre o seu povo.
S A L M O S 1 1 5 .1 6 — Este verso significa que muitas
pessoas que fa z e m parte do povo de D eu s viverão
para sempre em um paraíso na terra, e não no céu?
A M A IN TERPR ETAÇÃ O : Salmos 115.16 diz:“Os céus
são os céus do Senhor; mas a terra, deu-a ele aos filhos
dos homens”. As Testemunhas de Jeová acreditam que
esse versículo significa que as “outras ovelhas” de Deus
têm como destino viver para sempre em um paraíso na
terra (Let your name be sanctified, 1961, pág.34).
C O R R IG IN D O A M Á IN TERPRETAÇÃO : Esse ver­
so não indica que Deus tenha dado a terra a um limitado
111
SALMOS
grupo de “outras ovelhas”, mas que Deus deu a terra
para toda a humanidade. Deus criou a terra, e depois
criou pessoas para habitarem sobre ela e subjugarem-na
(veja Gn 1.28; confira SI 8.6-8).
Outras passagens da Escritura ensinam que todos os
verdadeiros crentes anseiam por um destino celestial, onde
viverão na própria presença de D eus. Verdadeiramente,
todos aqueles que crêem em Cristo são herdeiros do
reino eterno (Mt 5.5; G1 3.29; 4.28-31;Tt 3.7;Tg 2.5).
S A L M O S 1 1 5 .1 7 — O s mortos são capazes de lou­
var a D eu s ou estão inconscientes?
Veja os com entários sobre Eclesiastes 9.5 e 2 C o rin tios 5.8.
S A L M O S 1 3 2 .8 — Este verso pressagia a ascensão
corpórea de M aria, conforme reivindicam alguns es­
tudiosos católicos?
A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : Tem sido reivindicado por
alguns estudiosos católicos que passagens como essa re­
ferem-se “tipicamente ao mistério da ascensão do corpo
físico: ‘Levanta-te, Senhor, no teu repouso, tu e a arca da
tua força’”. Eles 'argumentam que “a arca do concerto
feita de madeira incorruptível, [era] ... u m tipo do
incorruptível corpo de M aria” (Ott, 1960,209; veja tam­
bém Madrid, 1991, 9f).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : A utili­
zação de passagens como essa para argumentar a favor da
ascensão corpórea de Maria apenas confirma a impres­
são de que os católicos romanos estão ávidos por textos
que provem as suas crenças.
113
RES PO S TA À S SEITAS
Em primeiro lugar, admitem que essa não é uma in­
terpretação literal do texto, mas apenas uma alegação
“típica” que, nesse caso, se torna um argumento inválido
para traçar qualquer analogia. Até mesmo os proponen­
tes dessa visão têm que admitir que nada disso “prova” a
imaculada ascensão (Madrid,12).
Em segundo lugar, a analogia entre a arca e Maria é
forçada. U m apologista católico refere-se a essa compa­
ração com o “a mais constrangedora tipificação da
imaculada concepção de M aria” (Ibid.). Mas só é cons­
tra n g e d o ra q u an d o alguém faz da a n tib íb lica e
injustificada hipótese uma analogia válida. O fato de ha­
ver algumas similaridades não prova nada. Existem mui­
tas similaridades entre o dinheiro caprichosamente falsi­
ficado e as notas genuínas. O absurdo desses tipos de
analogia vem à tona na pergunta de Madrid: “Se você
pudesse criar a sua própria mãe [como Deus fez com
Maria], não a teria feito a mais bonita, virtuosa, a mulher
mais perfeita possível?” (Ibid.). Sem dúvida, a maioria de
nós teria feito muitas coisas de maneira diferente das
que Deus fez. Se eu fosse Deus e pudesse ter criado o
mais bonito e perfeito lugar para que neste o meu filho
nascesse, então este lugar certamente não teria sido uma
malcheirosa e suja estrebaria de animais!
Em terceiro lugar, em lugar algum nas Escrituras tal
comparação está declarada ou implícita. A criação de
analogias como essa não prova nada, exceto que não se
tem suporte bíblico real para tal dogma.Verdadeiramen­
te, através do mesmo tipo de argumentos, é possível pro­
var praticamente qualquer coisa.
Em quarto lugar, o argumento está baseado em outra
cren ça sem base de que o c o rp o de M aria foi
incorruptível após a sua m orte e antes de sua suposta
ascensão. A Bíblia diz que esse fato foi verdadeiro em
relação a Cristo (At 2.30,31), mas nenhuma passagem
114
SALMOS
.ilinna o mesmo tratando-se de Maria. Mesmo se, como
argumentam alguns, esse texto (vide a expectativa de Davi
■i respeito de seu livramento em Salmos 16.10) incluísse
•I ressurreição do corpo de Maria, não seria contudo
.iplicável a ela em qualquer sentido mais especial do que
aquele empregado para a ressurreição de toda a raça h u ­
mana no tempo do fim (confira Jo 5.28,29; 11.24; 1 Co
15.20,21).
Finalmente, a Bíblia equipara a m orte à corrupção
de todos os seres humanos exceto Cristo (confira 1 Co
15.42,53). Contudo, a maioria dos sacerdotes e teólo­
gos da igreja católica acredita que “M aria sofreu uma
morte tem poral” (Ott, 1960,207) como os outros m or­
tais. Por que deveríamos então acreditar que ela foi isenta
da corrupção física, ou até, em maior medida, isenta da
morte física que foi acarretada pela queda do hom em
(Km 5.12)?
S A L M O S 1 4 6 .3 ,4 — Este verso prova que não há
uma existência consciente após a morte?
A MÁ IN TE R PR E T A Ç Ã O : Salmos 146.3,4 diz: “Não
confieis em príncipes nem em filhos de homens, em quem
não há salvação. Sai-lhes o espírito, e eles tornam para
sua terra; naquele mesmo dia, perecem os seus pensa­
mentos” . As Testemunhas de Jeová acreditam que o sig­
nificado dessa passagem\é de que não há uma existência
consciente após a morte (Reasoning from the Scríptures,
1989, pág.383).
CCORRIGINDO A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : Esse ver­
so não quer dizer que as pessoas não tenham mais pensa­
mentos após a morte. Antes, ele significa que os planos
das pessoas, as suas ambições, os seus propósitos e as suas
idéias para o futuro cessam, e passam a ser como nada no
115
R E S P O S T A À S S EI T A S
m om ento da morte. Esse é o significado que o term o
hebraico empregado para “pensamentos” comunica em
Salmos 146.3,4. Os planos e idéias de uma pessoa para o
futuro m orrem com ele ou ela. Daí, ao invés de confiar
em príncipes mortais, esse verso diz que a nossa confian­
ça deve estar em Deus.
116
CAPÍTULO 13
P R O V É R B IO S 8 .2 2 -3 1 — Jesus f o i criado p or Deus?
A MÁ IN T E R P R E T A Ç Ã O : As Testemunhas de Jeová
alegam que a pessoa identificada com o “sabedoria”
em Provérbios 8.22-31 é Jesus. U m a vez que foi dito
que a sabedoria foi criada (v. 24), isso significa que
Jesus teria sido um ser criado. “Ele era uma pessoa
m uito especial, pois foi criado p or Deus antes de to ­
das as outras coisas... Por incontáveis bilhões de anos,
.mtes mesmo que o universo físico fosse criado, Jesus
viveu com o um ser espiritual no céu, e desfrutou de
íntima com unhão com o seu Pai,Jeová Deus, o G ran­
de C riador — Provérbios 8.22” (Thegreatest M an who
v\’cr lived, 1991, pág.11).
R E S P O S T A À S S E i T AS
C O R R IG IN D O A MÁ INTERPRETAÇÃO : Essa pas
sagem tem sido o tema de muitas disputas tanto entre
amigos como entre inimigos da divindade de Cristo.
Parece melhor — em vista do contexto e da natureza
poética do livro de Provérbios — não tomar essa passa­
gem como uma referência direta a qualquer pessoa. Ex­
pressões poéticas freqüentemente falam de uma idéia
abstrata, como se esta fosse uma pessoa. Essa “personifi­
cação” é um modelo comum da literatura de sabedoria
hebraica. A sabedoria a que o texto se refere em Provér­
bios 8 não é Jesus. Antes, é a personificação da virtude
ou do caráter da sabedoria com o propósito de dar ênfa­
se e gerar impacto.
Além disso, os nove capítulos iniciais do livro de Pro­
vérbios personificam a sabedoria. E não faria muito sen­
tido dizer que qualquer desses capítulos se refere direta­
mente a Jesus. Depois de tudo, a sabedoria é retratada
como uma mulher que clama nas ruas (1.20,21), da qual
diz-se que “habita” com a prudência (8.12). E digno de
nota que nenhum dos escritores do Novo Testamento
aplica Provérbios 8 a Jesus Cristo.
A parte a questão do verso se referir ou não a Jesus,
o bom senso nos diz que a sabedoria deve obrigatoria­
m ente ser tão eterna quanto o próprio Deus, que é a
fonte suprema de toda a sabedoria. Nesse sentido, não
podem os perm itir que Provérbios 8 sequer dê supor­
te à idéia de que a sabedoria tenha sido criada. Mais
precisamente, o term o hebraico utilizado nessa passa­
gem indica que a sabedoria foi “trazida à luz” para
desem penhar um papel na criação do universo. C o n ­
form e Provérbios 3.19 posiciona: “O Senhor, com sa­
bedoria, fundou a terra; preparou os céus com inteli­
gência” . Desse modo, alguns comentaristas têm visto
apenas um paralelo entre essa passagem e Jesus, a sa­
bedoria de Deus (1 C o 1.24; Cl 2.3), que foi o instru­
118
PRO VÉRBIO S
m ento através de quem o universo foi criado (confira
Jo 1.3; Cl 1.16).
1’R O V E R B I O S 2 3 .7 — Este verso ensina que a
realidade pode ser modelada pelos nossos pensamentos,
como alegam os cientistas cristãos?
A MÁ IN TER PR ET A Ç Ã O : Salomão disse que um ho ­
mem, “como imaginou na sua alma, assim é”. Os adep­
tos da seita Ciência Cristã citam esse verso como argu­
mento à sua crença de que uma pessoa é capaz de m ol­
dar a realidade através de seus pensamentos (Eddy, 70).
Então, qualquer pessoa que esteja enferma pode ser cu­
rada simplesmente através da atitude de não dar crédito
à situação que está vivendo.
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Não
existe nada nesse texto que justifique as assim chamadas
“ciências mentais”. N a verdade, a Bíblia na versão N ew
International Version traduz essa frase como: “Ele é o
tipo de hom em que está sempre preocupado com os
custos” . O contexto geral dessa passagem (vv. 6-8) está
prevenindo sobre comer “o pão daquele que tem os olhos
malignos” (v. 6). Falando daquele que possui olhos ma­
lignos, o verso 7 diz: “Ele te dirá: Com e e bebe; mas o
seu coração não estará contigo”. Esse fato está de acordo
com a idéia de que o coração do avarento não está lá
porque “está sempre preocupado com os custos”, como
traduzido pela versão NIV
Mesmo sendo esse verso assimJtraiduzido:“Com o ima­
ginou na sua alma, assim é”, não se tem por conseqüên­
cia que ele dê base à visão da seita Ciência Cristã. O
verso não diz absolutamente nada sobre uma mudança
da realidade através de nossos pensamentos. O texto ape­
nas diz que somos da maneira como pensamos. Os nos-
119
R E S P O S T A À S S EI T A S
sos pensamentos representam o nosso verdadeiro modo
de ser.
Isso, é claro, não significa que haja algo errado com
uma boa e positiva atitude mental (confira Fp 4.8).Tam­
bém não significa que a nossa atitude não afete a nossa
saúde. “O coração alegre aformoseia o rosto, mas, pela
dor do coração, o espírito se abate” (Pv 15.13). Mas isso
é insuficiente para justificar a alegação da seita Ciência
Cristã de que podemos criar a nossa própria realidade
através do poder do pensamento. Por exemplo, uma pes­
soa não pode evitar a m orte apenas pela atitude de ex­
pulsar tal pensamento (Hb 9.27).
Além do mais, deve-se reconhecer que o ser humano,
incluindo o seu pensamento e a sua imaginação, está ca­
ído (Gn 6.5). Os cientistas cristãos estão cegos para a
realidade de que utilizam um equipamento danificado,
capaz de desviá-los da direção correta. Quão m elhor é
confiar nas seguras promessas do Deus de amor para as
provisões necessárias à vida, ao invés de ter que depen­
der das proezas de sua própria imaginação (Mt 6.30).
120
CAPÍTULO 14
ECLESIA5TES
l .( 'L E S IA S T E S 3 .1 9 — O destino humano é igual
dos animais?
<10
A MÁ IN TER PR ET A Ç Ã O : Salomão parece reivindi­
car aqui que não há diferença entre a m orte de seres
humanos e a de animais. “A mesma coisa lhes sucede:
como m orre um, assim m orre o outro”.As Testemunhas
de Jeová citam esse verso para provar que os seres hum a­
nos não têm uma natureza imaterial chamada de alma
ou espírito (Reasoningfrom the Scríptures ,19tt9, pág.378).
( O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : Existem
tanto similaridades como diferenças entre a m orte de
animais e a m orte de seres humanos. Em ambos os casos,
os seus corpos m orrem e retornam ao pó. A m orte de
RESPOSTA À S SEITAS
ambos é certa, e nenhum deles possui o poder necessá­
rio para impedi-la. Sob esses aspectos, os fenômenos físi­
cos são os mesmos, tanto para seres humanos como para
animais.
Por outro lado, seres humanos possuem almas im or­
tais (e espíritos), e os animais não (Ec 12.7; conferir 3.21).
A respeito de nenhum animal a Bíblia jamais diz: “E
desejamos, antes, deixar este corpo, para habitar com o
Senhor” (2 Co 5.8). Semelhantemente, em nenhuma pas­
sagem a Bíblia fala a respeito da ressurreição de animais,
como o faz a respeito dos seres humanos (confira Jo
5.28,29; Ap 20.4-6). Então existe uma grande diferença
entre os seres humanos e os animais na área espiritual.
Considere o seguinte resumo:
A M O RTE D E SERES H U M A N O S
E A M O RTE D E ANIM AIS
D IFER EN Ç A S
Espiritualmente
N a alma
Vida após a morte
A mortalidade do corpo A imortalidade do
indivíduo
O modo de
Quanto à transformação
do corpo
enfraquecimento do
corpo
A experiência da
Não há controle sobre
ressurreição
a morte
SEM ELHANÇAS
Fisicamente
N o corpo
Vida antes da morte
E C L E S I A S T E S 3 .2 0 ,2 1 — Se existe vida após a
morte, por que Salomão declara que o homem não
tem vantagens sohre os animais?
M2
E C LES IAS I ES
A MÁ IN T E R PR E T A Ç Ã O : A passagem em Eclesiastes
3.20,21 insiste que “Todos vão para um lugar; todos são
pó e»todos ao pó tornarão”. Daí “a vantagem dos ho­
mens sobre os animais não é nenhuma, porque todos são
vaidade” (v. 19). As Testemunhas de Jeová citam esse ver­
so tentando provar que os seres humanos não sobrevi­
vem conscientemente à morte. “Cada ser hum ano pos­
sui um espírito que continua vivendo como uma perso­
nalidade inteligente, depois que as funções do corpo ces­
sam? N ão” (Reasoningfrom the Scriptures, 1989, pág.383).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : A Bíblia ensina muito claramente que a alma sobrevive à morte
(2 Co 5.8; Fp 1.23; Ap 6.9).
A referência em Eclesiastes 3.20,21 está relacionada
ao corpo humano, e não à alma.Tanto os seres humanos
como os animais m orrem e seus corpos retornam ao pó.
Contudo, seres humanos são diferentes, pois “o fôlego
dos filhos dos homens sobe para cima” (v. 21). De fato,
Salomão fala da “eteínidade” do coração humano (Ec
3.11) e de sua imortalidade quando declara que na m or­
te “o hom em se vai à sua eterna casa” (12.5). Ele tam­
bém enfatizou que devemos temer a Deus porque have­
rá um dia quando “te trará Deus a juízo” após esta vida
(11.9). Então Eclesiastes não está negando a vida que
existe após a morte; está advertindo a respeito da futili­
dade de viver apenas para esta vida “debaixo do sol” (con­
fira 1.3,13; 2.18). Veja também os comentários referen­
tes a Eclesiastes 3.19.
^
I •( ’L E S I A S T E S 9 .5 — O fato de que os mortos não
se lembram de nada prova que não existe uma exis­
tência consciente após a morte?
123
R E S P O S T A À S SEI TAS
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : As Testemunhas de Jeová
argumentam que “em profundo sono, não estamos cons­
cientes de nada, o que está de acordo com a expressão
hebraica em Eclesiastes 9.5”. Interpretam a Bíblia di­
zendo que “o ser humano não possui uma alma, mas que
ele é uma alma”. Daí “não existe uma existência consci­
ente após a morte. Não existe felicidade, e não existe
qualquer sofrimento. Todas as complicações ilógicas do
‘depois desta vida’desaparecem” (M ankind’s searchfor God ,
1990, págs.128,249).
C O R R IG IN D O A MÁ IN TER PR ETA Ç Ã O : C on­
forme exposto acima, a Bíblia ensina que a alma sobre­
vive à morte em um estado de compreensão consciente
(veja 2 Co 5.8 e também os comentários referentes a 2
R s 14.29). As passagens que dizem não haver conheci­
m ento ou recordação após a morte estão se referindo a
não ter m em ória neste mundo, e não deste mundo.
Salomão claramente especificou o seu comentário di­
zendo que era “na sepultura” (Ec 9.10) que não haveria
“nem ciência nem sabedoria alguma”. Ele também afir­
m ou que os mortos não sabem o que está acontecendo
“debaixo do sol” (9.6). Os mortos não sabem nada do
que diz respeito ao que se passa no mundo, e nem de
seus próprios sentidos físicos. Mas enquanto eles não sa­
bem o que está se passando na terra, certamente conhe­
cem o que está se passando no céu (veja Ap 6.9). Esses
textos referem-se a seres humanos em relação à vida na
terra. Eles não dizem nada a respeito da vida imediata­
mente posterior a esta.
124
CAPÍTULO 15
ISAÍAS
IS A ÍA S 1 .1 8 — U m a pessoa deve desviar-se da ra­
zão para ser verdadeiramente espiritual, conforme
alguns ensinadores da seita Palavra da Fé parecem
sugerir?
A MÁ IN T E R P R E T A Ç Ã O : Alguns ensinadores da sei­
ta Palavra da Fé minimizam o papel desempenhado pela
razão na vida cristã (Hagin, 1966, 27).
CO R R IG IN D O A M Á IN TERPRETAÇÃO : Em Isaías
1.18 Deus nos convida: “Vinde, então, e\argüi-m e” . E
obvio que o próprio Deus pensa que argüir é im portan­
te para o cristão. O term o hebraico utilizado para “ar­
güir” (yakah ) nesse verso é um term o legal que foi utili­
zado em contextos nos quais havia um caso sendo argüi-
R E S P O S T A À S S EI T AS
do em um tribunal, ou fornecendo evidências convin­
centes para o caso de alguém. O termo traz consigo os
significados de “decidir”, “julgar” e “provar”. A utiliza­
ção desse termo é um forte argumento, contrário à idéia
de que o povo de Deus deveria desviar-se da razão.
Além disso, Deus criou o hom em à sua própria ima­
gem (Gn 1.26,27) — o que certamente incluiu a capa­
cidade de argiiir (Mc 12.30). Deus reivindica que o ho­
mem utilize a razão da qual foi dotado, conforme o con­
texto de Isaías 1. Veja a discussão acerca de Marcos 12.30
como uma discussão completa a respeito da importância
do ato de argüir.
I S A Í A S 9 .6 — Este verso indica que o Filho de
D eu s é também Deus, o Pai, mostrando assim que a
doutrina da Trindade é falsa, como acreditam os
adeptos da seita Unidade Pentecostal?
A M Á IN TERPR ETA Ç Ã O : A doutrina cristã ortodoxa
mantém a respeito da Trindade a idéia de que Deus é
um único Deus formado por três pessoas — o Pai, o
Filho, e o Espírito Santo. Contudo, Isaías 9.6 chama o
Messias de “Pai da eternidade”. Com o é que Jesus é ca­
paz de ser simultaneamente o Pai e o Filho? Os adeptos
da Unidade Pentecostal freqüentemente citam esse ver­
so na tentativa de provar que o Filho de Deus é também
Deus o Pai, e dessa maneira tentar contradizer a doutri­
na da Trindade (Sabin, veja Boyd, 1992, 32).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : É im ­
portante com preender que as Escrituras interpretam
as Escrituras. O Pai é considerado por Jesus, mais de
200 vezes no Novo Testamento, com o uma outra pes­
soa que não Ele mesmo. Mais de 50 vezes no Novo
Testamento, o Pai e o Filho são vistos como pessoas
126
ISAÍA S
distintas dentro do mesmo verso (veja R m 15.6; 2 C o
1.3,4; G1 1.3; Fp 2.10,11; 1 Jo 2.1 e 2 J o 3). U m a vez
que a Palavra de Deus não se contradiz, esses fatos
devem ser m antidos em mente quando se interpreta
Isaías 9.6.
Em segundo lugar, a frase em questão “Pai da eterni­
dade”, referindo-se a Jesus, pode significar várias coisas:
Alguns acreditam que a frase é utilizada aqui em con­
cordância com o pensamento hebraico que diz que aquele
que possui algo é o pai disso. Por exemplo, ser o pai do
saber significa ser “inteligente”, e ser o pai da glória sig­
nifica ser “glorioso” . De acordo com esse procedimento
habitual, o significado de ser o Pai da eternidade em
Isaías 9.6 é ser “eterno”. Cristo como “Pai da eternida­
de” é um ser eterno.
U m a outra visão sugere que a primeira parte do ver­
so 6 refere-se à encarnação de Jesus. A parte que lista os
nomes pelos quais Ele é chamado expressa o seu relaci­
onamento com o seu povo. Ele é para nós o Maravilho­
so, o Conselheiro, o Deus forte, o Pai da eternidade e o
Príncipe da paz.
Nesse sentido da palavra Pai, Jesus é o provedor da
vida eterna. Por sua morte, sepultamento e ressurreição,
Ele trouxe à luz a vida e a imortalidade (2 T m 1.10).
Verdadeiramente Ele é o Pai ou provedor da eternidade
para o seu povo.
I S A Í A S 9 .6 — A referência a Jesus como “D eus
forte” indica que Jesus é um D eu s menor do que
D eu s o Pai?
\
\
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : As Testemunhas de Jeová
concordam que Jesus é o “Deus forte” , conforme Isaías
9.6 indica, mas dizem que Ele não é DeusTodo-Poderoso como é Jeová. O fato de referir-se a Jesus como sendo
M7
RE SPOSTA ÀS SEITAS
o “Deus forte” indica que Ele é um Deus m enor do que
o Pai? (Reasoningfrom the Scriptures, 1989, 413, pág.14).
C O R R IG IN D O A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : O po­
sicionamento tolo da Torre de Vigia é evidenciado de
uma só vez pelo fato de Jeová ser chamado de “Deus
forte” no capítulo seguinte de Isaías (10.21).Tanto Jeová
como Jesus sendo chamados de “Deus forte” no mesmo
livro e dentro da mesma seção demonstra a igualdade
dos dois.
Um a boa referência cruzada é Isaías 40.3, onde Jesus
é profeticamente chamado tanto de “Deus forte” (Elohim )
eJeová (Yahweh) :“V oz do que clama no deserto: Preparai
o caminho do Senhor [Yahweh]; endireitai no erm o ve­
reda a nosso Deus | niohim]” (confira Jo 1.23).Jesus cla­
ramente não é um Deus m enor do que o Pai.
I S A Í A S 2 1 .7 — Esta passagem p re d iz a vinda de
Maomé?
A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : Alguns comentaristas m u­
çulmanos consideram Jesus como sendo o que vem
montado em “jum entos”, e Maomé, a quem consideram
aquele que suplantou a Jesus, montado em “camelos”.
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Tal es­
peculação não tem qualquer base, seja no texto ou no
contexto. Essa passagem está falando da queda de
Babilônia (v. 9) e as notícias dessa queda que se espalha­
riam através de vários meios, isto é, através dos que m on­
tavam cavalos, jum entos e camelos. Não existe aqui ab­
solutamente nada a respeito do profeta Maomé.
I S A Í A S 2 9 .1 -4 — E sta profecia fa la a respeito do
Livro de Mórmon?
128
ISAÍAS
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Os mórmons acreditam
que essa passagem está falando sobre a descoberta do
Livro de M órm on sob o solo americano. Argumentam
que a passagem se refere aos chamados nefitas, dos quais
se alega que vieram habitar na América do Norte. A fra­
se “de debaixo da terra” seria supostamente uma refe­
rência ao Livro de M órm on, que teria sido traduzido a
partir de placas de ouro extraídas do solo (Talmage, 1982,
278).
C O R R IG IN D O A M Á INTERPRETAÇÃO : Essa pas­
sagem não lida com os chamados “nefitas” , mas com o
julgamento de Deus contra os israelitas rebeldes. Jerusa­
lém é chamada de “Ariel” (confira Is 29.1,2; 2 Sm 5.69), que literalmente significa “coração de Deus” . O juízo
de Deus sobre Jerusalém seria tão horrível que o sangue
derramado e as chamas fariam com que a cidade se asse­
melhasse a um altar no qual os sacrifícios estariam sendo
consumidos. Esse julgamento teve o seu cumprimento
durante o cerco de Senaqueribe à cidade em 701 a. C.
Em seguida a esse cerco sangrento, Jerusalém se encon­
trou prostrada ao solo, enterrada sob as gigantescas ondas
do poderio assírio. Em lugar da orgulhosa ostentação
que os habitantes da cidade haviam previamente expres­
sado, eles agora cochichavam ou sussurravam do solo. A
excelente cidade havia sido humilhada. N o contexto, o
verso não tem nada a ver com o Livro de Mórmon saindo
da terra em solo americano.
I S A Í A S 4 0 .1 2 — Este verso indica que D eu s é um
ser de proporções humanas, como sugerem alguns
ensinadores da seita Palavra da Fé?
A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : Isaías 40.12 diz: “Q uem
mediu com o seu punho as águas, e tomou a medida dos
129
R E S P O S T A À S S EI T A S
céus aos palmos, e recolheu em uma medida o pó da
terra, e pesou os montes e os outeiros em balanças?” Os
ensinadores da seita Palavra da Fé dizem que uma vez
que Deus mediu as águas “com o seu punho”, Ele deve
ter proporções humanas. Deus é alguém “muito pareci­
do com você e comigo... um ser que deve ter cerca de
dois metros de altura, alguém cujo peso deve estar na
casa de centenas de quilos, um pouco melhor, [e] possui
um palmo [de mão] de cerca de 22,8 centím etros”
(Copeland, Espirito, alma e corpo I, 1985, fita de áudio).
C O R R IG IN D O A M Á INTERPRETAÇÃO : Esse ver­
so não indica que Deus é um ser de proporções huma­
nas. As Escrituras são claras ao dizer que Deus é espírito
(Jo 4.24), e um espírito não tem carne e ossos (Lc 24.39).
Um a vez que Deus não possui nem carne e nem ossos,
Ele não possui literalmente uma mão ou um palmo. Deus
não é um hom em (Os 11.9) e não possui uma forma
passível de ser vista pelo povo (Dt 4.12;Jo 1.18; Cl 1.15).
“O palmo” de Deus é simplesmente uma linguagem
antropomórfica — isto é, uma linguagem que, de modo
figurado, descreve Deus em termos semelhantes aos hu­
manos. As Escrituras freqüentemente utilizam tais lin­
guagens metafóricas para nos auxiliar a melhor compre­
ender a Deus.
I S A Í A S 5 3 .4 ,5 — Esta passagem indica que a cura
física durante o espaço de tempo da vida mortal ê
garantida através da expiação, como alegam os
ensinadores da seita Palavra da Fé?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Isaías 53.4,5 afirma: “Ver­
dadeiramente, ele tom ou sobre si as nossas enfermidades
e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputamos por
aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi ferido pe-
130
ISAÍAS
Ias nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades;
o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e, pelas suas
pisaduras, fomos sarados.” Os ensinadores da seita Pala­
vra da Fé crêem que essa passagem significa que a cura
física durante o espaço de tempo da vida mortal é garan­
tida através da expiação. Daí, um verdadeiro crente nun­
ca deveria ficar doente. E responsabilidade do crente to ­
m ar posse da cura que está garantida e que foi
disponibilizada na expiação. Se ao crente falta a fé, ou se
estiver em pecado, então essa cura que está disponível é
impedida (Hagin, Word offaith, agosto de 1977, pág.9).
C O R R IG IN D O A M Á INTERPRETAÇÃO : Enquan­
to a cura física suprema está incluída na expiação (a cura
que experimentaremos em nossos corpos ressurretos), a
cura de nossos corpos enquanto no estado mortal (que
antecede a nossa m orte e ressurreição) não é garantida
na expiação. Além disso, é importante notar que o ter­
mo hebraico empregado para “sarar” (napha) pode se re­
ferir não apenas à cura física mas também à cura espiri­
tual. O contexto de Isaías 53.4 indica que a cura espiri­
tual está em foco. O verso 5 nos diz claramente:“Mas ele
foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas
iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e,
pelas suas pisaduras, fomos sarados” (v. 5 — as ênfases
foram adicionadas). Devido ao fato de “transgressões” e
“iniqüidades” darem forma ao contexto, a cura espiritu­
al da miséria do pecado está em foco.
U m a quantidade numerosa de versos nas Escrituras
comprova a visão de que a cura física, durante o espaço
de tempo da vida mortal não é garantida através da esçpiação, e que nem sempre a vontade de Deus é curar. O 1
apóstolo Paulo não pôde curar o problema estomacal de
Tim óteo (1 T m 5.23), e também não pôde curarTrófimo
emM ileto (2Tm 4.20),ouEpafrodito (Fp 2.25-27).Paulo
131
R E S P O S T A À S S EI TA S
falou a respeito de uma “fraqueza da carne” que ele teve
(G14.13-15). Ele também sofreu “um espinho na carne”
o qual Deus permitiu que ele retivesse (2 Co 12.7-9).
Deus certamente permitiu que Jó passasse por um perí­
odo de sofrimento físico (Jó 1,2). Em nenhum desses
casos foi declarado que a enfermidade fora causada por
pecado ou falta de fé. N em Paulo ou qualquer das outras
pessoas mencionadas agiu como se pensassem que a sua
cura estivesse garantida pela expiação. Eles aceitaram a
sua situação e confiaram na graça de Deus para obter
sustento. Digno de nota é o fato de que Jesus, em duas
ocasiões, disse que as enfermidades seriam para a glória
de Deus (Jo 9.3; 11.4).
Outras passagens das Escrituras revelam que os nossos
corpos físicos estão continuamente submetidos à fadiga
e a várias indisposições. Diz-se que o corpo que cada
um de nós atualmente possui é perecível e fraco (1 Co
15.42-44). Paulo disse: “Ainda que o nosso hom em ex­
terior se corrompa” (2 Co 4.16). A morte e as enfermi­
dades serão parte da condição humana, até o tempo em
que recebamos os corpos da ressurreição, que são imu­
nes a tais fraquezas (1 Co 15.51-55).Veja neste livro os
comentários sobre Filipenses 2.25.
N.T.: Ler Mateus 8.Í6,Í7para enriquecimento de conhecimen­
tos e discussões a respeito do tema.
r
IS A IA S 5 3 .9 — Jesus morreu espiritualmente na cruz,
conforme argumentam os ensinadores da seita Pala­
vra da Fé?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Os ensinadores da seita Pa ­
lavra da Fé baseiam a sua visão de que Jesus morreu
espiritualmente na cruz no texto de Is 53.9:“E puseram
a sua sepultura com os ímpios e com o rico, na sua mor
132
ISAÍAS
te; porquanto nunca fez injustiça, nem houve engano na
su;i boca”. Eles tipicamente argumentam que o term o
lu-braico utilizado para m orte nesse verso é plural, o que
indicaria que Jesus m orreu duas vezes — espiritual e
lisicamente. Essa interpretação está correta?
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Os
ensinadores da seita Palavra da Fé compreenderam mal a
natureza do idioma hebraico em relação a esse verso.
I '.nquanto no hebraico o plural freqüentemente se refere
.1 pluralidade numérica, o plural também pode ser utili­
zado para intensificar o significado de uma única pala­
vra. O termo hebraico empregado para “m orte” em Isaías
53.9 é o que os gramáticos chamam de plural de inten­
sidade (ou plural exagerativo, como foi colocado por Keil
r Delitzsch, 7.329). Esse tipo de plural não indica que
haja mais de uma m orte em vista, antes, a m orte em
questão (que é uma m orte física) é particularmente in­
tensa em termos de violência — como tendo que m orivr aos poucos. Daí, os ensinadores da seita Palavra da Fé
estarem lendo um significado dentro desse verso que na
i ealidade não está lá. Esse verso não pode ser citado para
dar suporte à visão de que Jesus tenha m orrido duas
vezes — tanto física quanto espiritualmente — na cruz.
IS A ÍA S 5 6 .5 — Isaías predisse que haveria homos­
sexuais no Reino?
A MÁ IN T E R PR E T A Ç Ã O : De acordo com alguns inlérpretes pró-homossexualismo, Isaías 56.5 é uma prolecia de que os homossexuais serão trazidos para dentro
do Keino de Deus. O Senhor disse:“Também lhes darei
na minha casa de dentro dos meus muros um lugar e um
nome, melhor do que o de filhos e filhas; um nome eter­
no darei a cada um deles que nunca se apagará”. Essa
133
R E S P O S T A À S SEITAS
passagem deveria ser citada como argumento de que Isaías
profetizou a respeito do dia em que homossexuais serão
aceitos no R eino de Deus?
C O R R IG IN D O A M Á IN TERPRETAÇÃO : A Bí­
blia não tem nenhum a profecia a respeito da aceitação
de homossexuais no Reino de Deus. A profecia de Isaías
diz respeito a “eunucos”, e não a homossexuais.E eunucos
são assexuados, não homossexuais. Provavelmente, os
“eunucos” aos quais o texto se refere o sejam no sentido
espiritual e não material. Jesus falou de “eunucos” espi­
rituais, que desistiram da possibilidade do casamento por
causa do R eino de Deus (Mt 19.11,12).
Essa interpretação é um clássico exemplo de alguém
que lê as suas próprias crenças (eisegese). Eisegese é exa­
tamente o que homossexuais estão acusando heteros­
sexuais de fazerem com as Escrituras. Contudo, a Bíblia
diz enfaticam ente que “nem os devassos... nem os
efeminados, nem os sodomitas... herdarão o Reino de
Deus” (1 Co 6.10). As Escrituras repetida e consistentemente condenam as práticas homossexuais (veja neste
livro os comentários a respeito de Lv 18.22 e R m 1.26).
Deus ama a todas as pessoas, incluindo as homossexu­
ais. Porém, Ele odeia o homossexualismo, e aqueles que
o praticam permanecem sob o juízo da ira de Deus.
134
CAPÍTULO 16
JEREMIAS
jlíR E M I A S 1 .5 — Jeremias está ensinando a reencarnação nesse verso (Nova Era)? Jeremias está en­
sinando a preexistência das pessoas como espíritoscrianças an tes de receberem um corpo f ís ic o
(mórmons)?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Deus inform ou a Jeremias:
“Antes que eu te formasse no ventre, eu te conheci; e,
antes que saísses da madre, te santifiquei e às nações te
dei por profeta”. Os adeptos da Nova Era pensam que
esse verso dá suporte à doutrina da reencarnação, enten­
dendo que Jeremias preexistiu como uma alma antes de
ser encarnado em um corpo humano. Os mórmons pen­
sam que esse verso prova a sua doutrina da “preexistência”
R E S P O S T A À S S EI T AS
— que é a idéia de que todos nós já vivemos no mundo
espiritual antes de termos nascido em carne (Talmage,
1977,197).
C O R R IG IN D O A M Á IN TERPRETAÇÃO : Esse ver­
so não fala de reencarnação e nem da preexistência da
alma antes do nascimento. Antes, ele fala de Deus, cha­
mando e separando Jeremias para o ministério, muito
tempo antes de seu nascimento. “Eu te conheci” não se
refere a uma alma preexistente, mas à pessoa que nasce­
ria Jeremias foi conhecido por Deus “no ventre” (Jr 1.5;
confira Salmos 51.5; 139.13-16).
O termo hebraico empregado para “conhecer” (yada),
implica um relacionamento especial de compromisso
(confira Am 3.2).Tal idéia tem como base o uso de ter­
mos como “santifiquei” [separei] e “dei por profeta”, que
significam que Deus já tinha para Jeremias uma designa­
ção especial mesmo antes de seu nascimento. Conhecer
nesse contexto indica o ato de Deus de fazer de Jeremias
o objeto especial de sua soberana escolha. Portanto, esse
verso não implica a preexistência de Jeremias; antes, ele
afirma a preordenação de Jeremias para um ministério
especial.
CAPÍTULO 17
EZEQUIEL
I VAEQUIEL 1 .5 -2 8 — Esta é uma manifestação de
U F O s (objetos voadores não identificados) e de in­
teligências extraterrestres?
A MÁ IN T E R PR E T A Ç Ã O : Ezequiel fala aqui de “cri­
aturas viventes” cujas faces tinham “a semelhança de um
liomem”, que se moviam “à semelhança dos relâmpa­
gos” (v. 14). “Elevando-se eles da terra”, “elevavam-se
também as rodas defronte deles” (v. 21).Algumas pessoas
- incluindo muitos adeptos da Nova Era — têm tomailo esse verso como uma referência aos objetos voadores
não identificados (UFOs) e seres extraterrestres.
< O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ETA ÇÃ O : Esse texlo não descreve uma visita de UFOs*, mas uma visão da
R E S P O S T A À S S EI T AS
glória de Deus. O texto diz claramente que “Este era o
aspecto da semelhança da glória do Senhor” (Ez 1.28).
Aquilo que está sendo contado pelo texto foi chamado
de “visões” já no primeiro versículo. Visões estão usual­
mente em forma altamente simbólica (confira Ap 1.9-20).
Daí, a “semelhança” (v. 28) atribuída ao que foi mostrado
não deve ser tomado de forma literal, mas simbólica.
Nesse caso as “criaturas viventes” eram anjos, uma vez
que possuíam “asas” (v. 6) e voavam no meio do céu
(confira Ez 10). Eles são comparáveis aos anjos mencio­
nados em Isaías 6.2, e especialmente quando se referem
às “criaturas viventes” (anjos) que estavam ao redor do
trono de Deus em Apocalipse 4.6. A mensagem que os
acompanhava era do “Senhor Deus” de Israel, através do
profeta Ezequiel (confira 2.1-4), dirigida à “nação rebel­
de” (2.3,4; confira 3.4), e não uma mensagem de pretensos
seres extraterrestres.
Não há evidências reais de que existam criaturas extra­
terrestres semelhantes a seres humanos em qualquer parte
do universo, mas as Escrituras nos previnem contra o “es­
pírito da mentira” (1 Rs 22.22) e contra os “espíritos en­
ganadores” (1 T m 4.1). Esses demônios ou anjos malignos
enganam pessoas, levando-as a pensar que são seres extra­
terrestres. Mas podem ser reconhecidos através de seu fal­
so ensino e das práticas malignas que encorajam, tais como
a idolatria, a feitiçaria, a astrologia, a adivinhação, a carto­
mancia e a prática de tentar contatar os espíritos dos m or­
tos (confira D t 13.1-9; 18.9-22; 1 T m 4.1-5).
E Z E Q U I E L 1 6 .4 9 — O pecado de Sodoma f o i o
egoísmo, ao invés do homossexualismo?
A M Á IN TER PRETA ÇÃO : (Veja nossos comentários a
respeito de Gênesis 19.8). Ezequiel descreveu o pecado
de Sodoma como egoísmo:“Eis que esta foi a maldade de
138
E ZE Q U IE L
Sodoma, tua irmã: soberba, fartura de pão e abundância
de ociosidade teve ela e suas filhas; mas nunca esforçou a
mão do pobre e do necessitado” (16.49). Nenhum a men­
ção é feita sobre homossexualismo ou pecados relaciona­
dos à vida sexual das pessoas. De modo contrário à visão
tradicional, eles aparentemente foram condenados por se­
rem egoístas, e não por serem homossexuais.
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Além
dos comentários que já fizemos a respeito de Gênesis
19.8, o pecado de egoísmo relatado por Ezequiel não
exclui o pecado de homossexualismo. Pecados na vida
sexual são uma forma de egoísmo, pois são a satisfação
de paixões carnais.
O próprio verso seguinte (Ez 16.50) indica que o
pecado deles era sexual, chamando-o de “abominação” .
Esse é o mesmo term o utilizado para descrever os peca­
dos ligados ao homossexualismo em Levítico 18.22. Aqui,
como através de toda a Bíblia, o pecado de Sodoma está
relacionado à perversão sexual. Judas 7 chama o pecado
deles de “imoralidade sexual”.
11Z E Q U IE L 1 8 .4 — E ste versículo indica que o ser
humano não possui uma parte imaterial que sobre­
vive à morte?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Ezequiel 18.4 diz:“Eis que
todas as almas são minhas; como a alma do pai, também
a alma do filho é minha; a alma que pecar, essa morrerá”.
As Testemunhas de Jeová alegam que “a alma não é algo
que possui uma existência em separado. Ela pode m or­
rer, e m orre” (M ankind ’s searchfor God, 1990, pág.356).
Eles dizem que a palavra “alma” (do hebraico: nephesh)
não se refere à natureza imaterial do ser humano, mas a
uma pessoa viva.
139
R E S P O S T A À S S EI T A S
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : As pa­
lavras podem ter diferentes significados quando estão em
diferentes contextos. O term o utilizado para “alma”
(nephesh) é um exemplo disso. Em Ezequiel 18.4 a pala­
vra “alma” verdadeiramente é utilizada com o sentido de
“pessoa viva” ou simplesmente “pessoa” . Contudo, pelo
simples fato de essa palavra ser utilizada com esse sentido
em Ezequiel 18.4 não significa que ela terá o mesmo
significado em todos os outros versos.Em Gênesis 35.18,
“alma” aparentemente se refere à natureza imaterial do
ser humano:“E aconteceu que, saindo-se-lhe a alma (por­
que morreu), chamou o seu nome Benoni;mas seu pai o
chamou Benjamim” . Esse verso reconhece a alma como
sendo distinta do corpo físico mortal (veja também 2
Co 5.8-10; Fp 1.23; Ap 6.9-11).
E Z E Q U I E L 3 7 .1 6 ,1 7 — Esta passagem é uma pro ­
fecia a respeito do Livro de Mórmon?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Os mórmons pensam que
essa passagem aponta para o Livro de M órm on. Eles crê­
em que os pedaços de madeira mencionados em Ezequiel
37.16,17 são os pedaços de madeira em torno dos quais
o rolo de pergaminho era enrolado. “Nos tempos anti­
gos era costume escrever em pergaminhos e enrolá-los
em pedaços de madeira. Portanto, quando essa ordem
foi dada, era equivalente a um mandamento pelo qual
dois livros ou registros deveriam ser mantidos” (Richards,
1969, 67). U m dos pedaços de madeira (Judá) está se
referindo à Bíblia; o outro (José) refere-se (pretensamente)
ao Livro de M órm on.
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : O con­
texto claramente identifica os dois “pedaços de madei­
ra” . Ezequiel 37.22 diz:“E deles farei uma nação na terra,
E ZE Q U IE L
nos montes de Israel, e um rei será rei de todos eles; e
nunca mais serão duas nações; nunca mais para o futuro se
dividirão em dois r e in o s (As ênfases foram adicionadas.)
Os pedaços de madeira não são dois livros, e sim dois
reinos.
A realidade é que em seguida à m orte se Salomão,
Israel se dividiu em dois reinos menores (931 a.C.). O
reino do sul era chamado Judá; o reino do norte era
chamado Israel (ou algumas vezes Efraim). Israel foi le­
vado cativo pela Assíria (722 a. C.) Ju d á foi levado para o
exílio pela Babilônia (605, 597 e 586 a.C.). A divisão
entre os reinos, contudo, não haveria de durar para sem­
pre. A unificação dos “pedaços de madeira” retrata Deus
restaurando o seu povo, os filhos de Israel, como uma
única nação novamente (Ez 37.18-28).
*N .T.: A palavra UFO vem do inglês — Unidentified Flying
Objects e significa “Objetos voadores não identificados”.
CAPÍTULO 18
AM Ó S
A M Ó S 3 .7 — E ste verso significa que deve sempre
haver um profeta na terra — o presidente dos
mórmons?
/\ M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Amós 3.7 diz:“Certamen­
te o Senhor Jeová não fará coisa alguma sem ter revelado
o seu segredo aos seus servos, os profetas”. Os mórmons
dizem que esse verso prova que Deus, em todas as épo­
cas, tem um profeta na terra através do qual Ele revela as
suas instruções. Acreditam que o presidente de sua igreja
seia o profeta de Deus para os dias atuais (McConkie,
1977,606).
( O R R IG IN D O A M Á INTERPRETAÇÃO: Esse ver
so não deve ser interpretado com a idéia de que Deus
R E S P O S T A À S S EI T A S
terá sempre um profeta na terra. Em Amós 3.7 encon­
tramos Deus prestes a trazer juízo contra os israelitas por
causa da desobediência deles. Essa passagem afirma que
Deus já havia previamente advertido aos israelitas que o
julgamento se seguiria à desobediência, porém eles ig­
noraram os profetas (conferir 2.12). N o contexto, então,
Amós 3.7 simplesmente aponta para o padrão escolhido
por Deus de não levar adiante uma mais rigorosa atitude
para com os israelitas (tal como um julgamento) sem
primeiramente revelar a situação aos profetas.
E relevante para nossa discussão o fato de que nos
tempos do Antigo Testamento, o teste bíblico para um
profeta era a exigência de uma precisão total, cem por
cento (confira D t 18.20-22). Os profetas mórmons não
estão à altura do padrão bíblico. Joseph Smith, o profeta
m órm on (e fundador da seita), por exemplo, certa vez
profetizou que a Nova Jerusalém seria construída no es­
tado de Missouri, em sua geração (Smith, 1835, 84.3-5).
/
A M O S 8 .1 4 — Este verso afirma que não existe
uma ressurreição literal?
Veja nossos comentários a respeito de Jó 7.9.
CAPÍTULO 19
JONAS
J O N A S 3 .4 -1 0 ; 4 .1 ,2 — Este verso indica que pro­
fetas bíblicos algumas vezes cometem enganos?
A M Á IN TERPRETAÇ ÃO : A profecia de Jonas a res­
peito da destruição de Nínive não aconteceu Qn 3.4-10;
4.1,2). Nesse caso, um profeta bíblico cometeu um en­
gano. Alguns argumentam que se Jonas não foi conde­
nado, os “profetas” modernos (como a Sociedade Torre
deVigia) também não deveriam ser condenados por pro­
ferirem falsas profecias.
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Jonas
não cometeu um erro porque disse aos ninivitas precisa­
mente aquilo que Deus lhe ordenou que dissesse (Jn
3.1-4). Um a vez que Deus não pode errar (Hb 6.18;Tt
R E S P O S T A À S S EI T A S
1.2), essa não é uma falsa declaração. Antes, a mensagem
possuía uma condição implícita na exortação de Jonas
aos habitantes de Nínive — “A menos que vocês se ar­
rependam, Deus destruirá vocês”. Então o cumprimen­
to da ameaça de julgamento foi condicional, dependen­
do da intransigência dos habitantes de Nínive — fato
comprovado pelo arrependimento deles (confira 3.5).
Jonas, de maneira egoísta, admite que desde o princípio
teve o receio de que aquele povo se arrependesse e Deus
os salvasse (Jn 4.2).
A permissão de Deus para que haja o arrependimen­
to em face a situações de juízo é declarada como um
princípio em Jeremias 18.7,8: “N o mom ento em que eu
falar contra uma nação e contra um reino, para arrancar,
e para derribar, e para destruir, e a tal nação, contra a
qual falar, se converter da sua maldade, também eu me
arrependerei do mal que pensava fazer-lhe”. Esse prin­
cípio é ilustrado no caso de Nínive.
Desse modo, a profecia de Jonas não pode ser citada
com a finalidade de diminuir a culpa da Sociedade Torre
de Vigia por suas numerosas falsas previsões. Os profetas
bíblicos foram cem por cento precisos (Dt 18.22).
146
CAPÍTULO 2 0
HABAO JQ UE
H A B A C U Q U E 3 .3 — Essa é uma profecia a res­
peito do profeta Maomé?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Muitos estudiosos muçul­
manos acreditam que esse verso se refere ao profeta
Maomé vindo de Parã (Arábia), e o utilizam em cone­
xão com um texto similar em Deuteronôm io 33.2. Essa
é uma interpretação correta?
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : C on­
forme já observado (veja os comentários que fizemos
referentes a D t 33.2), Parã não é de forma alguma próxi­
mo a Meca, onde veio Maomé, mas está a centenas de
milhas de distância. Além do mais, esse verso fala da vin­
da de Deus, e não de outra pessoa. Finalmente, o “lou-
R E S P O S T A À S S EI TA S
vor” não poderia se referir a Maomé (cujo nome signi­
f i c a i louvado”), uma vez que o tema tanto do “louvor”
como da “glória” é Deus, e M aomé não é Deus.
CAPÍTULO 21
M A L A Q U IA S
M A L A Q U I A S 3 .6 — Este verso indica que D eu s
sempre se comunicará através de novas revelações e
novas Escrituras, como argumentam os mórmons?
\ MÁ IN TER PR ET A Ç Ã O : Em Malaquias 3.6, Deus
afirmou: “Porque eu, o Senhor, não mudo; por isso, vós,
ó filhos de Jacó, não sois consumidos” . Os mórmons
argumentam que pelo fato de Deus não mudar,Ele sem­
pre se comunicará com as pessoas através de novas reve­
lações e novas escrituras. Pelo fato de Deus uma vez ter
ilado Escrituras, Ele deverá sempre dar outras (Van
( iorden, 1995,25).
( O R R IG IN D O A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : Tudo o
<iue se tem a fazer é consultar o contexto imediato de
R E S P O S T A À S S EI T A S
Malaquias 3, e o amplo contexto das Escrituras como
um todo, para que se perceba que essa visão é errada.
Malaquias 3.6 mostra qu e D eus é im utável e m sua na­
tureza e em seus soberanos propósitos e promessas para
com o seu povo. Observe a segunda parte de Malaquias
3.6 que os mórmons tipicamente ignoram: “ ...por isso,
vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos”. N o contexto,
esse verso está simplesmente dizendo que os descenden­
tes de Jacó não seriam destruídos por causa das promessas
do concerto de Deus para com Israel. As imutáveis pro­
messas de Deus para com Israel são tão confiáveis e certas
quanto a sua imutável pessoa. As promessas de Deus, como
Ele próprio, são imutáveis. Claramente o verso não tem
nada a ver com o assunto da continuidade das revelações.
Outros versos nas Escrituras tratam do assunto. Por
exemplo, Judas 3 nos instrui: “Tive por necessidade es­
crever-vos e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez
foi dada aos santos”. N o texto escrito em grego, o term o
“pela” que precede a palavra “fé” aponta para uma e única
fé que foi passada à Igreja; não existe outra “fé” verda­
deira.
O termo traduzido como “uma vez” (do grego hapax)
refere-se a algo que foi feito para sempre, e nunca mais
necessita ser repetido. O processo de revelação foi con­
cluído após a entrega dessa fé. Portanto, não é mais ne­
cessária nenhuma revelação a respeito da natureza de
Deus, da pessoa de Cristo, do plano da salvação ou de
qualquer outra doutrina.
E significativo que a palavra “dada” (ou “entregue”)
nesse verso seja um particípio aoristo passivo, que indica
uma ação que foi concluída de uma vez por todas. Não
haveria nenhum a nova “fé” ou corpo da verdade com u­
nicado através de Joseph Smith ou qualquer outro presi­
dente m órmon, ou através de livros tais como A pérola de
grande valor.
150
M A L A Q U IAS
Mesmo que alguém hipoteticamente assegurasse que
I )eus gostaria de revelar verdades fundamentais adicio­
nais hoje, qualquer revelação nos dias atuais teria que ser
obrigatoriamente consistente com as revelações anteri­
ores. O apóstolo Paulo disse que: “Mas, ainda que nós
mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evange­
lho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema”
(Cíl 1.8). Qualquer ensino que contradiga o ensino pré­
vio e autoritário de Deus é anátema. Paulo falou da im­
portância de garantir que novos clamores a respeito da
verdade sejam medidos contra aquilo que através das
líscrituras sabemos ser verdadeiro (At 17.11;2Tm 3.16).
Utilizando esse critério único, as “revelações” mórmons
devem ser rejeitadas, pois apresentam um Jesus diferente,
um Deus diferente e um Evangelho diferente.
M A L A Q U I A S 4 .5 ,6 — Esta é uma profecia a res­
peito do batismo pelos mortos, como reivindicam os
mórmons?
A MÁ IN T E R PR E T A Ç Ã O : De acordo com o presi­
dente da seita m órm on, James Talmage (The vitality o f
///ormorasm,pág.71):“Para os mortos que viveram e m or­
reram em ignorância quanto aos requisitos para a salva­
ção, como, em outro sentido, para os desobedientes que
mais tarde vieram a arrepender-se, o plano de Deus pro­
vê os meios para a administração vicária das ordenanças
essenciais para a posteridade ainda viva, em favor de seus
progenitores já falecidos. A respeito desse trabalho de
salvação, Malaquias profetizou de forma solene e clara
(Ml 4.5,6); e o glorioso cumprimento dessa profecia tem
sido testemunhado nestes tempos m odernos” .
( ( )R R IG IN D O A M Á IN TER PRETA ÇÃO : Esse tex
lo não diz nada a respeito de batismo pelos mortos, como
151
R E S P O S T A À S S EI TAS
alegam os mórmons. Antes, é uma profecia a respeito da
vinda de “Elias” (confira M t 17.11) antes “do grande e
terrível dia do Senhor”. Isso é evidente por vários m oti­
vos. Primeiro, porque o texto não faz nenhuma referên­
cia a qualquer prática de batismo pelos mortos. Segun­
do, essa passagem deve ser tomada em parte como uma
referência a João Batista, cujo trabalho foi “converter o
coração dos pais aos filhos” (Lc 1.17), e porque Jesus se
referiu a ele como sendo “o Elias que havia de vir” (Mt
11.14). E claro que João não era literalm ente Elias
reencarnado, como ele mesmo disse (Jo 1.21-23). Mas
ele veio “no espírito e virtude de Elias” (Lc 1.17), e Jesus
chamou João de “o Elias que havia de vir” (Mt 11.14).
Mas quando João veio, batizou apenas os vivos (Mt 3.
1-6), e não os mortos, como os mórmons alegam que
deve ter sido.
E também importante notar que não há aqui nenhu­
ma referência e nem em parte alguma da Bíblia a qual­
quer “ordenança”, como batismo para os mortos. (Veja
nossos comentários referentes a 1 Co 15.29, para mais
detalhes a respeito desse tema).
Além disso, a salvação não é algo que se possa admi­
nistrar em nome de uma outra pessoa, seja através de um
batismo ou de qualquer outro modo. Cada pessoa arca
com a sua própria responsabilidade perante Deus (Ez
18.20; R m 14.12).
Finalmente, a salvação não é um “trabalho”, como
Talmage alegou. Ela é dada totalmente pela graça, à par­
te quaisquer obras que possam ser feitas pelo homem
(R m 4.5; 11.6; Ef2.8,9).
152
CAPÍTULO 22
MATEUS
M A T E U S 2 .2 — Por que a Bíblia recomenda aos
magos que sigam a estrela no nascimento de Cristo,
quando ela condena a astrologia?
A MÁ IN T E R PR E T A Ç Ã O : A Bíblia condena o uso da
.isirologia (veja Lv 19.26;D t 18.10,11; Is 8.19), contudo
1Vus abençoou os sábios (magos) por utilizarem uma
estrela para indicar o nascimento de Cristo. Esse verso
n.io dá suporte às reivindicações dos astrólogos?
CO R R IG IN D O A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : A asiiologia é a crença em que o estudo do arranjo e dos
movimentos das estrelas é capaz de habilitar alguém a
pirdizer a ocorrência de eventos — se estes serão bons
on maus. A estrela utilizada na passagem bíblica teve a
R E S P O S T A À S S EI T A S
finalidade de anunciar o nascimento de Cristo, e não de
predizer esse evento. Deus concedeu aos magos a estrela
como para lhes proclamar que a criança já havia nascido.
Sabemos que a criança já havia nascido, pois em Mateus
2.16 Herodes ordenou a matança de todos os meninos
em Belém e seus arredores, de dois anos de idade para
baixo, de acordo com “o tempo que diligentemente in­
quirira dos magos”.
Além disso, existem outros casos na Bíblia nos quais
as estrelas e os planetas são utilizados por Deus para re­
velar os seus desejos: Salmos 19.1-6 afirma que os céus
proclamam a glória de Deus, e Rom anos 1.18-20 ensina
que a criação revela a existência de Deus. Cristo faz re­
ferência ao que acontecerá ao sol, à lua e às estrelas em
conexão com a sua segunda vinda (Mt 24.29,30), como
fez o profeta Joel (2.31,32).
Portanto, não há contradição entre a Bíblia utilizar a
estrela para anunciar o nascimento de Cristo e a conde­
nação bíblica da prática da astrologia. A estrela guiando
os magos não foi utilizada para predizer, mas para pro­
clamar o nascimento de Cristo.
M A T E U S 3 . 1 6 , 1 7 — E sta p a ssa g em apóia o
poíiteísmo?
A M A IN TER PR ET A Ç Ã O : Essa passagem — que des­
creve o batismo de Jesus, a descida do Espírito Santo
sobre Ele como uma pomba, e o Pai o elogiando verbal­
mente — tem sido mal interpretada de vários modos.
As Testemunhas de Jeová dizem que o simples fato de
o Pai, o Filho e o Espírito Santo serem mencionados
juntos não significa que eles sejam “um ”, como argu­
m entam os defensores da doutrina da Trindade. Os
mórmons argumentam que essa passagem dá suporte à
sua visão de que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são três
154
MATEUS
personagens distintos de Deus (isto é, politeísmo). D i­
zem que os três não podem ser “um ” , como afirmam os
defensores da doutrina da Trindade (Talmage, 1977,
39,40).
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : Essa pas­
sagem não dá base ao politeísmo m órm on. Antes, sus­
tenta uma premissa crucial do triunitarismo — a verda­
de da existência de três pessoas distintas em Deus.
A passagem em Mateus 3.16,17 dá suporte à doutri­
na da Trindade, embora em si mesma não a prove. Os
defensores da doutrina da Trindade baseiam o seu en­
tendimento da natureza de Deus na evidência acumulativa
das Escrituras como um todo.Tomada isoladamente, tudo
o que essa passagem prova diretamente é que existem
três diferentes pessoas em Deus. Ela não mostra que to­
das essas três pessoas compartilham uma única e divina
essência.
Outros versos demonstram a unidade de Deus — o
fato de que Ele é um em sua essência. Deuteronôm io
6.4 declara:“Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o úni­
co Senhor”. Essa verdade da unidade essencial de Deus é
repetida no Novo Testamento (Mc 12.29). Paulo disse
explicitamente: “Sabemos que... não há outro Deus, se­
não um só” (1 Co 8.4).
Algumas passagens mostram tanto a unidade como a
pluralidade de Deus. Por exemplo, Mateus 28.19 decla­
ra: “Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as
em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. O
termo utilizado para “nom e” no grego é singular, indi­
cando que existe um só Deus. Mas existem três pessoas
distintas em Deus, cada uma delas acompanhada de um
artigo definido no grego — o Pai, o Filho e o Espírito
Santo. Esse fato desmente a visão das Testemunhas de
Jeová, uma vez que prova que o Pai, o Filho e o Espírito
155
R E S P O S T A À S S EI T A S
Santo estão resumidos sob um único nome, sendo por­
tanto verdadeiramente “u m ” (de m odo diferente de
Abraão, Isaque e Jacó). Esse fato desmente a visão
m órmon, uma vez que o Pai, o Filho e o Espírito Santo
não são três deuses ou três indivíduos separados, mas
antes, três pessoas em um único Deus.
Então as Escrituras, tomadas como um todo, forne­
cem a doutrina da Trindade, que é baseada em três linhas
de evidência bíblica: 1) A da existência de apenas um
Deus verdadeiro; 2) A da existência de três pessoas que
são reconhecidas como Deus; e 3) A da existência das
três pessoas em um único ser, que é Deus. As Escrituras
ensinam de modo uniforme que existe um só Deus (Dt
6.4; 32.39; 2 Sm 7.22; Sl 86.10; Is 44.6; Jo 5.44; 17.3;
R m 3.29,30; 16.27; 1 Co 8.4; G1 3.20;E f 4.6; 1 Ts 1.9; 1
T m 1.17; 2.5;Tg 2.19; 1 Jo 5.20,21;Jd 25). Contudo, as
Escrituras também chamam de Deus três pessoas — o
Pai (1 Pe 1.2), o Filho (Jo 20.28; H b 1.8) e o Espírito
Santo (At 5.3,4). As Escrituras também indicam a exis­
tência de três pessoas em unidade, em Deus (Mt 28.19; 2
Co 13.13). A evidência acumulativa das Escrituras em
sua inteireza indica que Deus é uma Trindade.
M A T E U S 5 .1 3 — E ste verso se refere às pessoas que
reconhecem a sua própria divindade e ajudam ou­
tras pessoas a reconhecer também a delas?
A M Á IN TER PR ETA ÇÃ O : Em Mateus 5.13 Jesus ins­
trui os seus seguidores: “Vós sois o sal da terra; e, se o sal
for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais
presta, senão para se lançar fora e ser pisado pelos ho­
mens”.Alguns adeptos da Nova Era acreditam que nesse
verso, Jesus tinha em mente indivíduos iluminados que
não apenas reconhecessem a sua própria divindade, como
também ajudassem outros a reconhecer a divindade de­
156
MATEUS
les.“0 que está buscando emergir é um corpo de pesso­
as que são capazes de cuidar de outros e alimentá-los,
que são literalmente o que Jesus chamou de ‘o sal da
terra’... aceitando a sua própria divindade sem se torna­
rem inflados por ela, e agindo dentro da esfera de sua
influência com a finalidade de fazer aflorar a mesma di­
vindade na vida de outras pessoas” (Spangler, 1981, 80).
C O R R IG IN D O A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : Essa in­
terpretação da Nova Era é contrária ao significado do
texto em seu co n texto . O sal é conhecido por suas qua­
lidades preservativas. Com o “sal da terra” (Mt 5.13), os
cristãos servem como uma prevenção contra os males da
sociedade. O sal também é conhecido por provocar a
sede. Os cristão são capazes então de influenciar outras
pessoas, causando nelas a sede por mais informações a
respeito de Cristo e do Evangelho. Para que os cristãos
sejam de fato “o sal da terra”, contudo, o sal deve obriga­
toriamente manter as suas características de pureza. Os
cristãos devem ser cuidadosos para, ao invés de serem
um preservativo contra o mal, também não acabam sen­
do tentados pelo maligno, comprometendo assim a in­
fluência que possuem no mundo. Eles não serão capazes
de influenciar o mundo a favor de Cristo se não retive­
rem a sua própria pureza como cristãos.
A idéia de que os seres humanos são os seus próprios
deuses ou que são capazes de se tornarem deuses é um
exemplo dos tipos de coisas contra as quais os cristãos
devem resistir como “o sal da terra”. Um a das maneiras
pelas quais agimos como conservantes neste mundo é
mantendo a pura doutrina (Jd 3). E uma das maneiras
através das quais fazemos com que as pessoas sintam sede
pelo verdadeiro Deus das Escrituras é argumentando
contra os falsos deuses — tais como o deus do panteísmo
da Nova Era.
157
R E S P O S T A À S S EI T AS
M A T E U S 5 .1 4 — Esse verso indica que o “Cristo
cósmico” habita em todos nós?
A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : Jesus disse: “Vós sois a luz
do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada
sobre um m onte” (Mt 5.14). Os adeptos da Nova Era
interpretam essa passagem em referência ao que o “Cristo
cósmico” é capaz de realizar em toda a humanidade. “Je­
sus acreditava que o Cristo nele podia salvar o mundo, e
nós acreditamos que o Cristo nele salvará o mundo. Mas
Jesus também acredita que o Cristo em cada um de nós
pode e salvará o mundo. Ele me disse isso. Ele disse cla­
ram ente:‘Vós sois a luz do mundo; não se pode escon­
der uma cidade [a cidadela da consciência de Cristo]
edificada sobre um monte [de capacidades]’ (Prophet, 1988,
pág.239).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Não
existe nenhuma indicação nesse texto de que o Cristo
cósmico do panteísmo da Nova Era esteja habitando em
nós.Várias considerações tornam esse fato evidente.
Em primeiro lugar, Jesus se apresentou como um
monoteísta judaico (confira Mc 12.29) que acreditava
que Deus criou o mundo e a humanidade (Mt 19.4), e
não que o mundo e a humanidade fossem Deus.
Em segundo lugar, Jesus é a suprema Luz do mundo
(Mt 4.16;Jo 8.12; 1 Jo 1.7). Aqueles que nEle crêem são
luzes apenas em um sentido derivativo, como se refletís­
semos a luz de Cristo.
Em terceiro lugar, os cristãos “resplandecem” através
de suas boas obras, de modo que as pessoas “glorifiquem
o vosso Pai, que está nos céus” (Mt 5.16). Em outras
palavras, o resultado de cristãos resplandecendo como a
luz é que pessoas se voltam ao verdadeiro Deus do cris­
tianismo, e não ao “Cristo que está dentro de nós”. A
158
MATEUS
função dos cristãos é radiar o seu compromisso com o
Deus da Bíblia, para que outros sejam encaminhados à
vereda direita.
A luz dissipa as trevas por sua própria natureza —
incluindo as trevas das falsas doutrinas. A idéia de que
podemos nos tornar deuses ou de que sejamos Cristo do
mesmo modo que Jesus era o Cristo é uma falsa doutri­
na (Gn 3.4,5) inspirada por demônios (1 Tm 4.1). A
medida que brilhamos como luzes no mundo, afastamos
as pessoas dos falsos deuses (tais como os do panteísmo e
das doutrinas que dizem que as próprias pessoas são deu­
ses), e as conduzimos ao único e verdadeiro Deus da
Bíblia.
M A T E U S 5 .1 7 ,1 8 — O s cristãos ainda perm ane­
cem sob a lei de Moisés?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Jesus disse muito explici­
tamente: “Não cuideis que vim destruir a lei ou os pro­
fetas; não vim abrogar, mas cum prir”. Esse é um tema
importante, pois certos líderes de seitas — tais como
Herbert W . Armstrong — têm enfatizado a necessidade
da observância da lei mosaica, incluindo a guarda do
sábado, dos dias das festas anuais e de regras alimentares.
Outros grupos aberrantes, como os Adventistas do Séti­
mo Dia, também acreditam que os cristãos ainda per­
manecem sob a lei mosaica.
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : N o to­
cante ao tema que discute se a lei de Moisés teve a sua
vigência finalizada através de Cristo, a confusão resulta
da falha ao distinguir entre vários tópicos.
Existe uma confusão em termos de tempo. Durante a sua
vida na terra, Jesus sempre guardou a lei de Moisés, in­
clusive oferecendo sacrifícios perante os sacerdotes ju ­
159
R E S P O S T A À 5 S EI T AS
daicos (Mt 8.4), participando de festividades judaicas (Jo
7.10), e comendo o cordeiro da páscoa (Mt 26.19). Em
determinada ocasião, Ele violou a tradição farisaica (e
falsa) que havia crescido em volta da lei (confira M t
5.43,44), esbravejando contra eles:“E assim invalidastes,
pela vossa tradição, o mandamento de Deus” (Mt 15.6).
Os versos que indicam que a lei foi cumprida referemse a depois da cruz, quando “não há judeu nem grego...
porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (G1 3.28).
Existe uma confusão em termos de aspectos. Pelo menos
algumas das referências (senão todas) em relação à lei ter
sido finalizada dentro do Novo Testamento falam de ce­
rimônias e tipos do Antigo Testamento. Esses aspectos
cerimoniais e tipológicos da lei de Moisés contida no
Antigo Testamento foram claramente finalizados quan­
do Jesus, o nosso cordeiro pascal (1 Co 5.7), cumpriu os
tipos e profecias da lei que diziam respeito à sua primei­
ra vinda (confira H b 7— 10). O próprio Senhor Jesus
aparentemente deu por encerrada a lei cerimonial quando
declarou todos os alimentos como limpos (Mc 7.19).
Nesse sentido, os crentes estão claramente isentos de
permanecer sob a lei de Moisés.
Existe uma confusão a respeito do contexto. Mesmo quan­
do as dimensões morais da lei são discutidas, existe uma
confusão. Por exemplo, Jesus não somente cumpriu os
mandamentos morais da lei por nós (Rm 8.2-4), mas
também os referentes ao contexto nacional e teocrático,
nos quais os princípios morais de Deus foram expressos
no Antigo Testamento, e que na nova aliança não se apli­
cam do mesmo modo aos cristãos hoje. Por exemplo,
não estamos sob os mandamentos conforme Moisés os
expressou a Israel, uma vez que, quando foram expressos
através dos Dez Mandamentos, tinham como recom­
pensa para os judeus o viver de maneira “que se prolon­
guem os teus dias na terra [da Palestina] que o Senhor,
160
MATEUS
teu Deus, te dá [aos israelitas]” (Êx 20.12). Q uando o
princípio moral expresso em seu mandamento no Anti­
go Testamento é reafirmado no Novo, ele é expresso em
um diferente contexto, a saber, um contexto que não
seja nacional ou teocrático, mas pessoal e universal. Para
todas as pessoas que honram os seus pais, Paulo declara
que viverão “muito tempo sobre a terra” (Ef 6.3). Seme­
lhantemente, os cristãos não estão mais sob o mandamento de Moisés para adorar aos sábados (Ex 20.8-11).
Desde a ressurreição, as aparições de Cristo — bem como
a ascensão — aconteceram aos domingos. Por isso os
cristãos adoram a Deus aos domingos, ao invés de fazêlo aos sábados (veja At 20.7; 1 Co 16.2). Paulo declarou
que a adoração aos sábados foi apenas uma “sombra”, no
Antigo Testamento, da real essência que foi inaugurada
por Cristo (Cl 2.16,17). U m a vez que mesmo os Dez
Mandamentos, como tais, foram expressos em uma es­
trutura judaica e teocrática, o Novo Testamento é capaz
de falar corretamente a respeito daquilo que estava “gra­
vado em pedras” e foi “por Cristo abolido” (2 Co
3.7,13,14).
Contudo, isso não significa que os princípios morais
incorporados aos mandamentos, que refletem precisa­
mente a natureza do Deus imutável, não estejam atados
aos crentes da atualidade. Cada um desses princípios con­
tidos nos Dez Mandamentos são reafirmados em um
outro contexto no Novo Testamento, exceto — é claro
— o mandamento que diz respeito ao repouso e adora­
ção aos sábados. Os cristãos hoje não estão mais sob os
Dez Mandamentos conforme dados por Moisés a Israel;
não estão sob o requisito da lei mosaica de serem circuncidados (veja At 15; G1 3), nem tampouco sob o re­
quisito de trazer um cordeiro ao templo em Jerusalém
para sacrifício. Hebreus capítulo 7 declara: “Porque,
mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz tamA
161
R E S P O S T A À S S EI T AS
bém mudança da lei” (v. 12) e “Porque o precedente
mandamento é abrogado por causa da sua fraqueza e
inutilidade” (v. 18). A lei era apenas uma “sombra”, e a
“essência” é encontrada em Cristo (Cl 2.17).
Os discípulos de Jesus rejeitaram muito da lei contida
no Antigo Testamento, incluindo a circuncisão (At 15; G1
5.6; 6.15). Paulo declarou:“Não estais debaixo da lei, mas
debaixo da graça” (Rm 6.14) e que a gravação em pedra
dos Dez Mandamentos tem sido “por Cristo abolido” (2
Co 3.14). O fato de estarmos ligados por leis morais simi­
lares que são contra o adultério, à mentira, o roubo e o
homicídio não prova que estejamos ainda sob os Dez
Mandamentos. Por exemplo, os estados da Carolina do
Norte e do Texas, nos Estados Unidos, possuem leis de
tráfego similares; isso não significa que um cidadão que
vive no Texas esteja sob as mesmas leis que regem o estado
da Carolina do Norte. O fato é que quando alguém viola
as leis de velocidade no Texas, não violou por isso uma lei
similar existente na Carolina do Norte, e também não
estará por isso condenado às penalidades das leis em vigor
no estado da Carolina do Norte. Do mesmo modo, em­
bora tanto o Antigo como o Novo Testamento falem contra
o adultério, porém, a pena é diferente nos dois casos —- a
punição capital no Antigo Testamento (Lv 20.10) e a
excomunhão da Igreja no Novo Testamento (1 Co 5),
com a esperança de restauração se houver arrependimen­
to (confira 2 Co 2.6-8).
M A T E U S 5 .2 6 — Esta parábola confirma a doutri­
na do purgatório, conforme os estudiosos católicos
romanos reivindicam?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Nessa parábola o juiz não
libertaria o seu prisioneiro até que este pagasse o último
centavo. Ludwig Ott, uma autoridade católica, crê que
162
MATEUS
essa passagem ajuda a dar suporte ã doutrina do purga­
tório, pois “através da interpretação da seqüência da pa­
rábola, uma condição de punição por tem po limitado
no outro mundo começou a ser vista, expressa pela pu­
nição de prisão por tempo limitado” (Ott, 1960, 484).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : O pur
gatório não é vislumbrado nesse texto.Tal interpretação
ultrapassa em muito o contexto.
Jesus não está falando a respeito de uma prisão espiri­
tual após a morte, mas de uma prisão física antes da morte.
O verso anterior torna claro o contexto. “Concilia-te
depressa com o teu adversário, enquanto estás no cami­
nho com ele, para que não aconteça que o adversário te
entregue ao juiz... e te encerrem na prisão” (v. 25). Para
ser exato, Jesus não estava aqui falando de meros temas
exteriores, mas de temas espirituais do coração (conf.vv.
21,22). Contudo, nada no contexto garante a conclusão
de que Ele tinha em mente o conceito de “prisão” refe­
rindo-se a um lugar (ou a uni processo) de purgação de
pecados na vida futura, que é o que alguém teria que
concluir, se essa passagem tivesse sido feita para falar a
respeito do purgatório. Mesmo os católicos ortodoxos,
como o cardeal Ratzinger, banem do purgatório a ima­
gem de prisão, alegando que não se trata de “algum tipo
de campo de concentração além-m undo” (Ratzinger,
1990,230).
Contudo, fazer da passagem uma analogia ou uma
ilustração de uma prisão espiritual pós-m orte (isto é, do
purgatório), é questionável, uma vez que se necessita as­
sumir que exista um purgatório onde “de maneira ne­
nhuma, sairás dali, enquanto não pagares o último ceitil”
(v. 26) antes que se possa dizer que uma coisa ilustra a
outra. Ilustrações não provam coisa alguma; elas apenas
ilustram algo que se acredita ser verdadeiro. Daí, tal pas­
163
R E S P O S T A À S S EI T A S
sagem não pode ser utilizada como uma prova da exis­
tência do purgatório.
Tomar esse texto como uma referência ao purgatório é
uma contradição ao claro ensino das Escrituras, que diz
que não há mais nada a pagar pelas conseqüências dos
nossos pecados, de forma temporal ou na eternidade. En­
quanto a teologia católica reconhece que a morte de Cristo
pagou a pena pela culpa e pelas conseqüências eternas de
nossos pecados, eles negam que isso não signifique que
não exista um purgatório no qual se paga temporalmente
pelas conseqüências dos pecados praticados. Mas a morte
de Cristo na cruz foi tanto completa como suficiente por
todos os nossos pecados, e por todas as suas conseqüênci­
as. Dizer que existe à nossa espera algum sofrimento por
pecados é insultar a “para sempre” e concluída obra de
Cristo (confira Hb 10.14,15).Jesus sofreu uma única vez
por nossos pecados, e não há mais nada reservado para
que soframos, pois “agora, nenhuma condenação há para
os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1). O profeta Isaías
disse claramente que Cristo morreu por nossas dores e
tristezas, bem como por nossos pecados (Is 53.4,5).
M A T E U S 5 .2 9 — O inferno é a sepultura ou um
lugar de tormento consciente?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Jesus se refere ao “corpo”
sendo “lançado no inferno”, e o salmista fala de “ossos”
sendo “espalhados à boca da sepultura [sheol]” (SI 141.7).
Jacó falou de suas “cãs” sendo descidas à sepultura (Gn
42.38; 44.29,31). Contudo, Jesus se referiu ao inferno
como sendo um lugar para onde vai a alma após a morte
da pessoa, e ali passa por tormentos de forma consciente
(Lc 16.22,23). O inferno é a própria sepultura, como
alegam as Testemunhas de Jeová e algumas outras seitas
(Reasoningfrom the Scriptures, 1989, pág. 173)?
164
MATEUS
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : O ter­
mo hebraico traduzido como “inferno” (sheol) é tam­
bém traduzido como “sepultura” ou “cova” . Ele sim­
plesmente significa “mundo invisível”, e pode se referir
tanto à sepultura, onde o corpo não é mais visto após o
enterro, ou ao mundo espiritual, que é invisível aos olhos
mortais.
Além do mais, no Antigo Testamento, o term o sheol
freqüentemente significa “sepultura”, como indicado pelo
fato de ser um lugar onde “ossos” (SI 141.7), “cãs” (Gn
42.38), e até mesmo armas (SI 76.3-5) vão quando os
homens morrem. Até mesmo na ressurreição de Jesus, “a
sua alma não foi deixada no Hades (isto é, na cova), nem
a sua carne viu corrupção” (At 2.30,31).
Devem existir alusões ao “inferno” no Antigo Testa­
mento, como sendo um m undo espiritual (Pv 9.18; Is
14.9); “inferno” (no grego, hades) é claramente descrito
no Novo Testamento como um lugar de espíritos (al­
mas) que partiram. Anjos caídos estão lá, e eles não pos­
suem corpos (2 Pe 2.4). Seres humanos que não se arre­
penderam estão lá em consciente torm ento após a sua
morte, e os seus corpos estão enterrados (Lc 16.22,23).
N o final, aqueles que estão no inferno serão lançados
dentro do lago de fogo com o demônio, onde “de dia e
de noite serão atormentados para todo o sempre” (Ap
20.10,14,15). Jesus muitas vezes se referiu ao inferno
como sendo um lugar de torm ento consciente e eterno
(confira M t 10.28; 18.9; Mc 9.43,45,47; Lc 12.5; 16.23).
M A T E U S 5 .4 8 — E ste verso indica que devemos
nos tornar mais e mais perfeitos nesta vida para
alcançar a exaltação na vida p o r vir?
A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : Mateus 5.48 diz:“Sede vós,
pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos
165
R E S P O S T A À S S EI T A S
céus”. D e acordo com os mórmons, requer-se das pes­
soas que façam todas as suas obrigações e guardem toda
a lei, e se esforcem para que possam ser perfeitas, assim
como o Pai é perfeito no que a Ele diz respeito. Cada
pessoa está a caminho da perfeição, em uma estrada que
culminará com o alcance da divindade (Smith, 1970,7).
C O R R IG IN D O A M Á IN TERPRETAÇÃO : Esse ver­
so não significa que os seres humanos sejam capazes de
se tornarem perfeitos nesta vida. Tal íato se torna evi­
dente a partir do contexto.
O contexto desse verso é que os líderes judaicos ha­
viam ensinado que deveríamos amar as pessoas próximas
e que nos fossem queridas (Lv 19.18), mas odiássemos os
nossos inimigos. Jesus, contudo, disse que devemos amar
os nossos inimigos. Finalmente, disse Jesus que o amor
de Deus se estende a todas as pessoas (Mt 5.45). Uma
vez que Deus é o nosso padrão de justiça, devemos pro­
curar ser como Ele em relação a esse assunto. Espera-se
que sejamos “perfeitos” (ou “completos”) ao amar as
outras pessoas, assim como Ele é perfeito.
Além do mais, a Bíblia certamente não oferece su­
porte à idéia de que sejamos capazes de alcançar, nesta
vida, uma perfeição tal que sejamos completamente isen­
tos de pecar, pois todos caímos e pecamos não volunta­
riamente, mas por falhas pessoais (1 Jo 1.8). As boas no­
vas são que, confiando em Jesus, a perfeição dEle se tor­
na nossa:“Porque, com uma só oblação, aperfeiçoou para
sempre os que são santificados” (Hb 10.14).
M A T E U S 6 .2 2 — E ste verso se refere a um místico
“terceiro olho ” que nos dota de percepção espiritual?
A MÁ IN TER PR ET A Ç Ã O : Jesus disse: “A candeia do
corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem
166
MATEUS
bons, todo o teu corpo terá luz” (Mt 6.22). Os adeptos
da Nova Era costumam interpretar esse verso em refe­
rência ao “terceiro olho” , que os devotos de religiões
orientais acreditam ser um instrumento místico ou um
órgão de visão espiritual, do qual se diz estar localizado
na testa diretamente entre os dois olhos físicos (Prophet,
1988, pág.143).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Abso
lutamente nada dessa interpretação esotérica dessa pas­
sagem é justificado pelo contexto. O pano de fundo des­
te verso é que os fariseus eram materialistas e ávidos por
riquezas. Os seus olhos espirituais não estavam focados
no Deus da Bíblia, mas no deus da ganância voraz. Eram
cegos para com a verdadeira espiritualidade. Estavam em
densas trevas. Em contraste, Jesus leva os seus seguidores
a colocar o seu foco em Deus e nos tesouros celestiais
(veja M t 6.16-33). Devemos manter uma perspectiva
eterna com foco no mundo vindouro, ao invés de uma
perspectiva temporal, fixada nas coisas passageiras deste
mundo (veja especificamente o v. 20).
Além disso, é fixando nas Escrituras os dois olhos que
nos foram dados por Deus que ganhamos percepção es­
piritual (Pv 7.2; SI 119). Ler a respeito de um “terceiro
olho” dentro do contexto de Mateus 6 é eisegese (ler
um significado inserindo-o dentro do texto), ao invés de
exegese (extrair um significado de dentro de um texto).
M A T E U S 6 .3 3 — Este verso quer dizer que deve­
mos f a z e r de nossa “divindade interior” a nossa
principal prioridade?
A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : Jesus disse:“Mas buscai pri­
meiro o R eino de Deus, e a sua justiça, e todas essas
coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33).
167
RESPO STA ÀS SEITAS
Os adeptos da Nova Era freqüentemente interpretam
esse verso como se ele se referisse à pretensa “divindade
interior” do ser humano. Jesus estava supostamente ensi­
nando os seus discípulos a buscar “o estado de identifi­
cação de uma pessoa com a sua verdadeira individuali­
dade, a fonte interior, o âmago Divino, que diz E U SO U
O QUE S O U ” (Spangler, 1983,23,24). Portanto, buscar
o reino celestial primeiramente na própria vida leva cada
um a fazer de sua divindade interior a mais alta priori­
dade. Depois que uma pessoa pratica esse ato singular,
“tudo mais será acrescentado”.
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Não
existe nenhuma indicação de que Jesus tenha se referido
a qualquer “divindade in te rio r” . C om o um ju d eu
monoteísta (Mc 12.29), e não um panteísta, a posição de
Jesus baseava-se no fato de que Deus era tão diferente
do mundo quanto o Criador (Mt 19.4) é diferente da
sua própria criação. Os adeptos da Nova Era crêem que
Deus é para o mundo o que um lago é para as gotas de
água que estão nele. Isto é, somos parte de Deus, e não
uma criação distinta de Deus.
Diferente dos pagãos, cujo foco é apenas a satisfação
de necessidades físicas externas, os seguidores de Cristo
são chamados a buscar em primeiro lugar a Deus e ao
seu Reino. “Buscar o R eino de Deus” certamente inclui
a busca do único Deus verdadeiro (1 T m 4.10) da Bíblia
(de maneira oposta ao panteísmo). Isso inclui a obediên­
cia à absoluta verdade contida na Palavra de Deus (SI
119) (de maneira oposta às “revelações” místicas da Nova
Era). E isso inclui a participação na divulgação das boas
novas do Evangelho de Jesus Cristo (1 Co 15.1-4), de
maneira oposta ao “Evangelho Aquariano” que diz que
somos Cristo. Daí, ao invés de apoiar à idéia de uma
“divindade interior”, que estaria dentro de cada pessoa,
168
MATEUS
esse verso se opõe a isso e a outras idéias que não são
uma parte legítima do R eino de Deus.
Em terceiro lugar, deve-se imaginar que se todos fôs­
semos deuses e tivéssemos uma “divindade interior”, por
que nos seria necessário ler os livros das próprias seitas
da Nova Era e a Bíblia para que nos déssemos conta
dessa divindade? O fato de virmos a “nos dar conta” de
que somos Deus prova que de fato não somos Deus. O
verdadeiro Deus nunca passaria de um estado de falta de
esclarecimento para um estado de esclarecimento. Colo­
cando esse tema de outra forma, Deus não floresce; Ele
está sempre em flor. Isto é, Deus é e sempre foi Deus.
Finalmente, numerosos versos nas Escrituras mos­
tram que Deus se posiciona perm anentem ente contra
os humanos pretendentes ao trono divino. Por exem­
plo, Deus instruiu a Moisés que dissesse a faraó: “Por­
que esta vez enviarei todas as minhas pragas sobre o teu
coração, e sobre os teus servos, e sobre o teu povo, para
que saibas que não há outro como eu em toda a terra” (Ex
9.14 — ênfase adicionada). Essas palavras foram faladas
a um hom em que era considerado um deus. Pensava-se
que o faraó era a encarnação do deus sol egípcio,AmonR a, e era, portanto, considerado um deus por direito.
Mas ele era im potente diante do Deus verdadeiro. Faraó
descobriu o que todos os adeptos da Nova Era preci­
sam vir a descobrir: como um ser humano, ele virtual­
m ente não possui nenhum poder divino.
M A T E U S 7 .2 0 — Este verso mostra que seita ou
grupo religioso se constituem na verdadeira religião?
A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : Jesus disse: “Portanto, pe­
los seus frutos os conhecereis”. Em outras palavras, bons
frutos são o sinal de uma religião verdadeira, e maus fru­
tos, o sinal de uma falsa. Algumas seitas usam essa afirma­
169
RESPOSTA ÀS SEITAS
ção para provar que são a verdadeira religião. Os cientis­
tas cristãos, por exemplo, apontam para o “poder de
enaltecimento” de sua religião como um bom fruto (Eddy,
10). A partir daí, eles concluem que a seita Ciência Cris­
tã é a verdadeira religião.
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Esse
verso não deveria ser utilizado para provar que qual­
quer organização religiosa (inclusive alguma que se diga
cristã) seja a única verdadeira religião. Jesus não está
falando, nessa passagem, a respeito de uma organização
religiosa. Antes, Ele está falando aos seus discípulos no
sermão da m ontanha — um sermão que tem início em
Mateus 5. Desse modo, o verso que diz respeito a bons
frutos aplica-se a qualquer pessoa que professa ser dis­
cípulo de Jesus, em qualquer lugar e em qualquer orga­
nização.
Jesus não está se referindo à paz interior ou a um
estado interior que não possa ser provado por outras
pessoas, mas, antes, a manifestações exteriores (“frutos”)
que podem ser vistos por outras pessoas.
O contexto parece indicar que Jesus não está sequer
se referindo aos “frutos” da vida espiritual de alguém,
como fez Paulo em Gl 5.22,23. Antes, Ele se refere ao
fruto do ensino de alguém pelo fato de começar a seção
falando a respeito de “falsos profetas” (v. 15) e dos “fru­
tos” deles (v. 16), um dos quais é a falsa profecia (confira
D t 18.22). Em seguida, observa que não é aquele que o
confessa falsamente (v. 21) que entra no céu, e nem aque­
les que mostram externamente poderes espirituais (v. 22).
Porém, ao contrário, aqueles que de coração falam a ver­
dade a respeito de Cristo (confira R m 10.9) é que são os
seus verdadeiros discípulos. Esses fazem a vontade dEle
(v. 21). Mas o fruto do ensino de um falso profeta é
produzir discípulos que não fazem “a vontade de meu
170
MATEUS
Pai, que está nos céus” mas que simplesmente dizem “Se­
Senhor” (v. 21).
nho r,
M A í E U S 7 .2 4 -2 9 — E ste verso ensina que somente
aqueles que reconhecem a sua “divindade interior”
são capazes de suportar as tempestades da vida?
A MÁ IN TERPRETAÇÃO : Alguns adeptos das seitas da
Nova Era crêem que quando Jesus ensinou a respeito da­
queles que edificam sobre um solo arenoso (Mt 7.26,27),
estava se referindo àqueles que não têm a habilidade de
reconhecer a divindade interna que possuem. “Quando
uma pessoa perde aquela habilidade de reconhecer a di­
vindade que está dentro de si, então perde a habilidade de
resistir, de transformar ou de lidar criativamente com as
forças da adversidade” (Spangler, 1981, 61). Assim, do
mesmo modo que uma casa construída sobre a areia não
se manterá em pé quando o vento veemente vier sobre
ela, também um indivíduo que fracasse em reconhecer a
sua própria divindade interior não se manterá em pé quan­
do a força da adversidade vier contra ele.
( :O RRIG INDO A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : Fica cla­
ro, através do contexto, que Jesus não está falando a res­
peito de qualquer habilidade de uma pessoa reconhecer
uma suposta divindade própria. Aqueles que edificam a
sua vida sobre as palavras de Cristo assemelham-se aos
que edificam sobre a rocha (Mt 7.24,25). Os que não
edificam a sua vida sobre as palavras de Cristo, são seme­
lhantes àqueles que edificaram uma casa em solo areno­
so (w. 26,27).
As “palavras de Cristo” incluem um compromisso de
submissão completa às Escrituras (Mt 5.17,18), um re­
conhecimento do único Deus verdadeiro (6.9) e a ad­
vertência contra os falsos profetas, cujo ensino é contrá­
171
R E S P O S T A À S S EI T A S
rio às Escrituras (7.15-23). Dessa forma, essa passagem é
decisivamente contrária aos escritos da Nova Era que
contradizem a Bíblia (tais como O Evangelho Aquariano
de Jesus Cristo), é contrária ao falso deus do panteísmo
da Nova Era, e contrária aos falsos profetas, pois pregam
um outro Jesus.
M A T E U S 8 .1 2 — O inferno é um lugar ãe trevas ou
existe lu z ali?
A M Á IN TERPRETAÇÃO : Jesus descreveu o inferno
como um lugar de “trevas exteriores” (Mt 8.12; 22.13;
25.30). Em contraste, a Bíblia diz em outras passagens
que o inferno é um lugar de “fogo” (Ap 20.14) e de fogo
que “nunca se apaga” (Mc 9.48). Mas o fogo e as chamas
dão luz. Como é que o inferno pode estar completa­
mente no escuro, quando existe luz ali? Os mórmons
freqüentemente fazem referência às “trevas exteriores”
como se tratando da habitação de Satanás, demônios e
filhos da perdição (Talmage, 1977,146,47). Isso está cor­
reto?
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PRETA ÇÃO : Tanto o
“fogo” como as “trevas” são poderosas figuras de lingua­
gem que descrevem apropriadamente a inimaginável re­
alidade do inferno. Ele é como fogo por ser um lugar de
destruição e tormento. Contudo, é como trevas exterio­
res porque as pessoas estão ali perdidas para sempre. En­
quanto o inferno é um lugar literal, nem. todas as descri­
ções a seu respeito devem ser tomadas literalmente. Al­
gumas poderosas figuras de linguagem são utilizadas para
retratar esse lugar literal. A sua horrível realidade, onde
corpo e alma sofrerão para sempre, vão muito além de
quaisquer meras figuras de linguagem que sejam utiliza­
das para descrevê-lo. Mas é um sério engano tomar lin­
172
MATEUS
guagem metafórica de forma literal. Assim fazendo, al­
guém é capaz de concluir que Deus tem penas, uma vez
que Ele é descrito como tendo asas (SI 91.4). Outras
figuras de linguagem, utilizadas para descrever o eterno
destino dos perdidos, se tomadas literalmente, contradizem-se umas às outras. Por exemplo, o inferno é repre­
sentado como um eterno depósito de lixo (Mc 9.4348), que possui um fundo. Mas ele também é representa­
do como um enorme abismo sem fundo (Ap 20.3). Cada
uma dessas figuras é uma nítida representação de um
lugar de infindável punição.
M A T E U S 8 .2 0 (confira M t 2 0 .1 8 e 2 4 .3 0 ) — Se
Jesus era o Filho de Deus, p o r que Ele se chamava
a si mesmo de “O Filho do H o m e m ”?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Jesus referia-se a si mesmo
na maioria das vezes como “O Filho do H om em ”. Esse
fato parece apontar mais para a sua natureza humana do
que para a sua divindade. Se Ele realmente era o Messias,
o Filho de Deus, porque utilizou como descrição pró­
pria “o Filho do H om em ”? Esse tema possui relevância
óbvia quando se trata de discussões com as Testemunhas
de Jeová.
C O R R IG IN D O A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : Mesmo
que a expressão “Filho do H om em ” seja uma referência
à humanidade de Jesus, ela não é uma negação de sua
divindade. Por tornar-se homem, Ele não deixou de ser
Deus. A encarnação de Cristo não envolveu a subtração
de sua divindade, mas a adição de humanidade. Jesus de­
clarou ser Deus em muitas ocasiões (Mt 16.16,17; Jo
8.58; 10.30). Mas adicionalmente ao fato de ser divino,
Ele também era humano (Fp 2.6-8); possuía duas natu­
rezas em uma única pessoa.
173
R E S P O S T A À S S EI TA S
Jesus não estava negando a sua própria divindade quan­
do referia-se a si mesmo como o Filho do Homem. De
fato, o termo “Filho do H om em ” é também utilizado
para descrever a divindade de Cristo. A Bíblia diz que
somente Deus é capaz de perdoar pecados (Is 43.25; Mc
2.7). Mas c o m o Filho do Homem, Jesus tinha o poder
para perdoar pecados (Mc 2.10). Do mesmo modo, Cristo
voltará à terra como o Filho do Hom em , em nuvens de
glória para reinar na terra (Mt 26.63,64). Nessa passa­
gem, Jesus está citando Daniel 7.13, onde o Messias é
descrito como o “ancião de dias”, uma frase utilizada
para indicar a sua divindade (confira D n 7.9).
Além do mais, quando Jesus foi questionado pelo sumo
sacerdote acerca de ser Ele o “Filho de Deus” (Mt 26.63),
respondeu afirmativamente, declarando-se ser o “Filho
do H om em ” que se assentaria ã mão direita de Deus e
voltaria nas nuvens (v. 64). Isso indica que o próprio
Jesus usou a frase “Filho do H om em ” para tornar evi­
dente sua divindade como o Filho de Deus.
Finalmente, a frase “Filho do H om em ” enfatiza quem
é Jesus em relação à sua encarnação e à sua obra de salva­
ção. N o Antigo Testamento (Lv 25.25,26,48,49; R t 2.20),
o resgatador era um parente próximo de alguém que
estava necessitado de redenção. Assim Jesus, como nosso
Resgatador, estava se identificando com a humanidade
como o Salvador e R edentor da espécie humana. Aque­
les que conheciam a verdade contida no Antigo Testa­
mento a respeito do fato de o Messias ser o Filho do
H om em com preenderam a declaração de divindade
implícita de Jesus. Aqueles que não possuíam esse co—nnecim ento não eram capazes de reconhecer esse fato.
Jesus pronunciou frases desse modo com a finalidade de
testar os seus ouvintes, e separar os crentes dos incrédu­
los (confira M t 13.10-17).
174
MATEUS
M A T E U S 1 1 . 1 4 — Jesus disse que João Batista era
Elias reencarnado?
A MÁ IN TER PR ET A Ç Ã O : Jesus refere-se aqui a João
Batista como “o Elias que havia de vir” (confira M t 17.12;
Mc 9.11-13). Mas uma vez que Elias havia m orrido há
muitos séculos antes dessa ocasião, alguns reencarnacionistas têm alegado que João deve ter sido uma reencarnação de Elias.
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : Existem
muitas razões pelas quais esse verso não oferece qual­
quer suporte à visão oriental, ou da Nova Era, sobre a
reencarnação.
Mesmo que fosse possível mostrar essa passagem como
uma referência a Elias ter reencarnado em João Batista,
ainda se trataria de uma reencarnação muito diferente
daquela que é pregada pelas seitas da Nova Era: 1) Se isso
fosse verdade, seria uma reencarnação única, e não se­
guiria o modelo de reencarnações infindáveis como pre­
gado pelas religiões orientais; 2) Se isso fosse verdade,
teria ocorrido no contexto teísta e não na visão panteísta
de mundo; 3) Não haveria o conceito de karma, através
do qual essas seitas dizem que uma pessoa se reencarna
para ser punida pelo que aconteceu em uma existência
prévia. Ora, dificilmente o fato de retornar como o mai­
or profeta que precedeu Tesus teria sido um castigo para
Elias (Mt 11.11).
Contudo, não é necessário entender essa passagem
como uma reencarnação literal de Elias. Existem várias
indicações no próprio texto de que ela significa simples­
mente que João ministrou no espírito e poder de Elias.
Em primeiro lugar, João e Elias não tiveram o mesmo
ser — eles tiveram a mesma função. Jesus não estava en­
sinando que João Batista fosse literalmente Elias, mas
175
R E S P O S T A À S S EI T AS
apenas que ele veio “no espírito e virtude de Elias” (Lc
1.17), com o fim de dar continuidade ao ministério pro­
fético de Elias.
Em segundo lugar, os discípulos de Jesus compreen­
deram que Ele estava falando a respeito de João Batista,
uma vez que Elias apareceu no m onte da transfiguração
(Mt 17.10-13). Com o o profeta nessa ocasião já havia
vivido e morrido, e uma vez que Elias ainda possuía o
mesmo nome e a sua própria consciência, é óbvio que
Elias não havia reencarnado em João Batista.
Em terceiro lugar, Elias não se enquadra no modelo
proposto pelos defensores da reencarnação, pois ele não
morreu. Ele foi tomado e levado ao céu do mesmo modo
que Enoque, que “não viu a m orte” (2 Rs 2.11; conf. Hb
11.5). De acordo com a crença tradicional das seitas a res­
peito da reencarnação, uma pessoa precisa primeiramente
morrer antes que possa ser reencarnada em outro corpo.
Em quarto lugar, essa passagem deve ser compreendi­
da à luz dos ensinos claros das Escrituras, que são contrá­
rios à reencarnação. Hebreus 9.27, por exemplo, declara:
“E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez,
vindo, depois disso, o juízo” (confira Jo 9.2).
M A T E U S 1 1 . 2 9 — Este verso apóia a prática da
yoga?
A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : Os adeptos da Nova Era
nos dizem que quando Jesus falou “Tomai sobre vós o
meu jugo, e aprendei de m im ” (Mt 11.29), Ele estava
ensimndo a seus discípulos: “Tomai sobre vós o meu
jugot yoga, e aprendei de mim [tomem a minha consciência^a respeito de meu sagrado trabalho, meu sacerdó­
cio como Cristo carregando o fardo do karma mundi­
al... e aprendam de meu Guru, o Ancião de Dias]; que
sou manso e humilde de coração, e encontrareis descan­
176
MATEUS
so para a vossa alma. Porque o meu jugo, yoga, é suave, e
o m eu fardo é leve” (Prophet, 1988, págs.273,274).
C O R R IG IN D O A M Á IN TERPRETAÇÃO : Esse ver­
so não tem nada a ver com yoga ou karma. Todas as
pessoas estão pesadamente sobrecarregadas com pecados
e suas conseqüências destrutivas. Somente vindo a Jesus,
é que as pessoas podem encontrar descanso para as suas
almas.Tomando sobre si o “ju g o ” de Jesus, elas se tornam
seus discípulos e trocam seus pesados fardos pelo seu
“fardo” leve. Certamente, servir a Jesus não é de modo
algum um incômodo, pois Ele é manso e humilde.
Também é importante reconhecer que quando Jesus
disse “aprendei de m im ” (v. 29), Ele estava essencialmen­
te dizendo: “Aprendei da revelação que somente eu sou
capaz de compartilhar” . E aquilo que Jesus diz tem pri­
oridade sobre aquilo que todos os outros dizem — in­
cluindo os falsos mestres como os gurus da Nova Era.
Dentre aquilo que “aprendemos” de Jesus está o conhe­
cimento de que somente Ele é o divino Messias. De fato,
Jesus sempre fez de sua identidade como o Cristo um
tema fundamental da fé (veja M t 16.13-20 e Jo 11.2527). E quando Jesus foi reconhecido como o Cristo, Ele
jamais disse às pessoas:“Vocês também possuem o Cristo
em seu próprio interior” . Pelo contrário, Ele os preve­
niu de que outros se apresentariam falsamente, dizendo
serem o Cristo (Mt 24.4,5,23-25).
M A T E U S 1 2 .3 2 — A declaração de J e s u s a respeito
da im p o s sib ilid a d e de p erd ã o n e ssa v id a p a r a o p e ­
cado m en cio n a d o n e ste verso dá s u p o r te à d o u trin a
católica r o m a n a do pu rg a tó rio ?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Nessa passagemjesus disse
que jamais haverá perdão para o pecado de blasfêmia
177
R E S P O S T A À S SEI TAS
contra o Espírito Santo. A partir desse verso, o famoso
erudito católico Ludwig O tt infere que “fica aberta a
possibilidade para que pecados sejam perdoados, não
apenas neste mundo, mas no mundo vindouro” (Ott,
1960,483).Esse verso realmente dá base à crença de que
os crentes serão punidos por conseqüências temporais
de seus pecados no purgatório?
C O R R IG IN D O A MÁ IN TER PR ETA Ç Ã O : A utili­
zação católica dessa passagem — como argumento ao
conceito de perdão das conseqüências temporais de nossos
pecados após a m orte — fracassa por várias razões. Em
primeiro lugar, esse texto não está falando a respeito da
obtenção de perdão na vida futura, após o sofrimento
por pecados praticados; antes, indica que não haverá per­
dão para esse pecado no mundo vindouro (Mt 12.32).
Como é possível que a afirmação de que esse pecado
jamais será perdoado, mesmo após a morte, seja a base
para a especulação de que pecados serão perdoados na
vida futura?
De acordo com o ensino católico, o purgatório en­
volve apenas pecados veniais, mas esse não é um pecado
venial; é mortal, sendo eterno e imperdoável. C om o é
possível que uma declaração, a respeito da impossibilida­
de de perdão para um pecado mortal na vida vindoura,
se constitua a base para um argumento que diz que pe­
cados não mortais serão posteriormente perdoados?
O mais agravante é que a passagem não está sequer
falando a respeito de punição, que os católicos afirmam
que ocorrerá no purgatório. Então como é que se pôde
utilizar essé texto para dar suporte ao conceito de puni­
ção purgàtorial?
Até mesmo J i Nova Enciclopédia Católica reconhece
abertamente que “a doutrina do purgatório não está ex­
plicitamente expressa na Bíblia” (11.1034). Verdadeira -
178
MATEUS
mente, ela também não foi implicitamente ensinada nas
Escrituras, uma vez que a utilização católica das Escritu­
ras para dar suporte à doutrina do purgatório faz violên­
cia aos contextos dos textos empregados.
Se essa passagem implicasse punição, tal punição não
seria para os que conseqüentemente serão salvos (como
acreditam os católicos que aconteça no caso daqueles
que vão para o purgatório), mas sim para aqueles que
jamais serão salvos. Mais uma vez, como é possível que
uma passagem que não fala a respeito de punição para os
salvos após a m orte seja utilizada como base para a cren­
ça no purgatório, a qual afirma existir punição para os
salvos?
Em vista dessas fortes discrepâncias, o fato desse verso
ser citado pelos estudiosos católicos romanos como su­
porte à doutrina do purgatório indica a falta de real ar­
gumento bíblico para essa doutrina.
M A T E U S 1 3 .1 0 ,1 1 — Jesus ensinou que devemos
buscar um significado oculto, secundário (esotérico),
nas Escrituras, como dizem os adeptos da N ova Era?
A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Alguns adeptos da Nova
Era apelam para o texto que está em Mateus 13.10,11,
esforçando-se para mostrar que deveríamos buscar sig­
nificados secretos e ocultos (esotéricos) nas Escrituras
(Spangler, em Earth’s answer, 1977, pág.203). Jesus é re­
tratado diante de uma multidão composta tanto por
pessoas crentes como por incrédulos. Ele não intentou
separar os crentes dos incrédulos, e então instruir ape­
nas os crentes. Antes, Ele construiu o seu ensino de
uma tal maneira que os crentes compreenderiam o que
Ele dissesse, mas os incrédulos não — através da utili­
zação de parábolas. Então, após o ensino de determ ina­
da parábola, um discípulo perguntou a Jesus: “Por que
179
R E S P O S T A À S S EI T AS
lhes falas por parábolas?” (Mt 13.10). Jesus respondeu:
“Porque a vós [crentes] é dado conhecer os mistérios
do R eino dos céus, mas a eles [incrédulos] não lhes é
dado” (v. 11, inserções adicionadas).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Q uan­
do essa passagem é analisada em seu devido contexto,
todo argumento para uma interpretação esotérica se
evapora. Considere o seguinte: o term o grego empre­
gado para “segredos” significa simplesmente “mistéri­
os”, e é traduzido dessa forma até mesmo na versão da
N ew American Standard Bible (*). U m mistério, no
sentido bíblico, é um a verdade que não pode ser
discernida simplesmente através da investigação hum a­
na, mas requer uma revelação especial dada por Deus.
Falando de um m odo geral, esse term o se refere a uma
verdade que era desconhecida para as pessoas que vivi­
am na época do Antigo Testamento, mas que agora é
revelada por Deus à humanidade (veja M t 13.17; E f
3.3,5; Cl 1.26). Em Mateus 13, Jesus fornece aos cren­
tes informações a respeito do reino dos céus, jamais
dantes reveladas.
Em segundo lugar, algumas pessoas têm imaginado
por que Jesus construiu o seu ensino tão engenhosa­
mente por meio de parábolas, de tal modo que os cren­
tes fossem capazes de compreendê-lo, mas os incrédulos
não. Os discípulos, tendo respondido favoravelmente aos
ensinamentos de Jesus e tendo nEle depositado a sua fé,
já sabiam muitas verdades a respeito do Messias. Refle­
xões cuidadosas a respeito das parábolas de Jesus lhes
proporcionariam esclarecimentos ainda maiores. C on­
tudo, incrédulos endurecidos, que espontânea e persis­
tentemente recusaram os ensinos prévios de Jesus —
como aqueles ministrados no sermão da montanha —
eram impedidos de compreender as parábolas. Parece-
180
MATEUS
nos que Jesus estava seguindo uma ordem que Ele mes­
mo havia dado um pouco antes, durante o sermão da
montanha:“Não deis aos cães as coisas santas,nem deiteis
aos porcos as vossas pérolas” (Mt 7.6). N o entanto, mes­
mo aqui existe a graça. E possível que Jesus tenha impe­
dido que os incrédulos compreendessem as parábolas por
não querer agregar-lhes mais responsabilidade já que,
compartilhando com eles novas verdades, eles se torna­
riam responsáveis por elas.
Em terceiro lugar,Jesus desejava que as suas parábolas
fossem claras para aqueles que se mostravam receptivos a
elas. Essa afirmação é evidente pelo fato de Ele ter cui­
dadosamente interpretado duas delas para os seus discí­
pulos — a parábola do semeador (Mt 13.3-9) e a pará­
bola do joio e do trigo (Mt 13.24,30). Ele fez isso não
apenas para que não houvesse incertezas quanto ao sig­
nificado das parábolas, mas para dirigir os crentes quanto
ao método correto a ser empregado na interpretação das
outras parábolas. O fato de Cristo não ter interpretado
as suas parábolas subseqüentes indica que Ele esperava
que os crentes compreendessem completamente os seus
ensinos, seguindo a metodologia que Ele lhes explicou.
Então, Mateus 13 não oferece suporte, e sim o oposto
argumenta contra o esoterismo.
Finalmente, fica claro que Jesus praticou um método
de interpretação literal (e não esotérico) das Escrituras
pelo fato de Ele mesmo ter interpretado literalmente a
passagem referente à criação de Adão e Eva (Mt 19.4,5;
Mc 10.6), a passagem relativa à arca de N oé e ao dilúvio
(Mt 24.38,39; Lc 17.26,27), a passagem de Jonas e a ba­
leia (Mt 12.39-41), a passagem referente a Sodoma e
Gomorra (Mt 10.15), e a passagem relativa a Ló e a sua
esposa (Lc 17.28,29).
(*) N .T .: E também na Bíblia de Estudo Pentecostal.
181
RESPO STA ÀS SEITAS
M A T E U S 1 4 .6 -1 0 — Esta passagem prova que as
comemorações de aniversários são malignas?
A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : Nessa passagem, durante a
sua festa de aniversário, Herodes sentenciou João Batista
à morte. As Testemunhas de Jeová atribuem a essa passa­
gem o significado de que as festas de aniversários são
malignas, e não devem ser celebradas pelo povo de Deus
(Reasoningfrom the Scriptures, 1989, págs.68,69).
CO RRIG INDO A M Á INTERPRETAÇÃO: Interpre­
tar essa passagem desse modo é “culpa por associação”.Tudo
o que esse verso prova é que Herodes era um homem ma­
ligno, e não que os aniversários sejam malignos.Veja neste
livro a discussão a respeito de Gênesis 40.20-22.
M A T E U S 1 5 .2 4 — A s “ovelhas perdidas da casa de
Israel” mencionadas neste verso emigraram para a
América?
A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : Os mórmons acreditam
que “as ovelhas perdidas da casa de Israel” mencionadas
nesse verso não se referem aos israelitas na região da Pa­
lestina, mas aos israelitas que emigraram para a América
(Smith, 1975,3.214).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : A com­
preensão m órm on não tem base no texto e nem no con­
texto dessa passagem. Jesus estava se referindo aos israelitas
espiritualmente perdidos — e não geograficamente per­
didos — ; mais especificamente aos israelitas que viviam
na região da Palestina e que estavam na condição de
perdidos diante de Deus.
Além do mais, recorçemos/que Jesus havia instruído
os discípulos: “Mas ide, antes, às ovelhas perdidas da casa
182
MATEUS
de Israel; e, indo, pregai, dizendo: É chegado o Reino
dos céus” (Mt 10.6,7). Os discípulos de Jesus cumpriram
essas instruções, não indo à América para pregar, mas
pregando aos israelitas que estavam na Palestina e em
seus arredores.
M A T E U S 1 6 .1 6 -1 8 — Esta passagem dá suporte à
infalibilidade papal, como reivindicam os católicos
romanos?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Os católicos romanos uti­
lizam essa declaração de Jesus a Pedro “sobre esta pedra
edificarei a minha igreja”, para sustentar sua doutrina da
infalibilidade papal. Jesus está dando a Pedro a autorida­
de suprema como cabeça da Igreja?
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Quan­
do corretamente entendido, esse texto está longe de dar
suporte ao dogma da infalibilidade papal.
Muitos protestantes insistem que Cristo não estava se
referindo a Pedro quando falou sobre “esta pedra” como
sendo o alicerce da Igreja. Eles observam que:
1. A passagem refere-se a Pedro como segunda pes­
soa (“tu ”), mas “esta pedra” refere-se à terceira pessoa.
2. “Pedro” (petros) é um term o masculino singular, e
“rocha” (petrá) é um term o feminino singular. Daí, não
se referem à mesma pessoa. Mesmo que Jesus tivesse pro­
nunciado essas palavras em aramaico (que não distingue
gênero), o original grego inspirado faz tais distinções.
3. A mesma autoridade que Jesus deu a Pedro em
Mateus 16.18 é dada a todos os apóstolos em Mateus
18.18.
4. N enhum comentarista católico confere a Pedro a
primazia em relação ao maligno, simplesmente porque
ele foi repreendido por Jesus de m odo ímpar, poucos
183
R E S P O S T A À S S EI T AS
versos adiante: “Para trás de mim, Satanás, que me serves
de escândalo; porque não compreendes as coisas que são
de Deus,mas só as que são dos homens” (Mt 16.23). Por
que é então que deveriam dar a primazia da autoridade
a Pedro, uma vez que Jesus o colocou à parte em respos­
ta à sua afirmação? Apenas faz sentido para Jesus respon­
der a Pedro porque esse foi o único que falou, mesmo
que ele estivesse representando o grupo.
5.
Autoridades, dentre as quais algumas católicas,
podem ser citadas como de opinião de que Pedro não é
a pessoa a quem o texto se refere. Dentre elas se incluem
João Crisóstomo e Santo Agostinho. Este último escre­
veu: “Sobre essa rocha, portanto, disse Ele, a qual tu confessaste, edificarei a minha igreja. Porque a rocha (petra) é
Cristo; e neste fundamento o próprio Pedro foi edificado”
(Agostinho, On thegospel ofjohn ,Tratado 12435, The Nicene
and Post-Nicene Fathers Series I, 7.450).
Mesmo que Pedro fosse a rocha à qual Cristo se re­
feriu, como crêem até mesmo alguns estudiosos não
católicos, ele não era a única pedra no alicerce da Igre­
ja. Conform e observado acima, Jesus deu a todos os
apóstolos o mesmo poder (“chaves”) para “ligar” e “des­
ligar” que Ele deu a Pedro (Mt 18.18). Essas eram frases
utilizadas pelos rabinos de maneira comum, emprega­
das com o significado de “proibir” e “perm itir” . Essas
“chaves” não representavam qualquer poder misterio­
so conferido exclusivamente a Pedro, mas o poder ga­
rantido por Cristo para a sua Igreja, pela qual, quando
se proclama o Evangelho, pode-se proclamar a todo
aquele que crê o perdão de Deus pelos pecados prati­
cados. Conform e João Calvino observou, “uma vez que
o céu está aberto para nós através da doutrina do
Evangelho, o term o ‘chaves’ representa uma metáfora
apropriada. As pessoas nãc( são libertas e soltas através
de outro meio, senão quando através da fé são reconci­
184
MATEUS
liadas com Deus, enquanto a sua própria falta de fé
coage ainda mais as outras pessoas” (Calvino, Institutes
o f the christian religion, 4.6.4).
Além do mais, as Escrituras afirmam no tocante à
edificação da Igreja:“Edificados sobre o fundamento dos
apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal
pedra da esquina” (Ef 2.20). Dois pontos ficam claros a
partir dessa afirmação: primeiro, todos os apóstolos, e
não apenas Pedro, formam o alicerce da Igreja; segundo,
o único a quem foi dado um lugar de eminência exclu­
siva foi Cristo, a pedra angular.Verdadeiramente, o pró­
prio Pedro se referiu a Cristo como a “pedra de esqui­
na” da Igreja (1 Pe 2.7), e aos demais crentes como “pe­
dras vivas” (v. 5) na superestrutura da Igreja. Não existe
qualquer indicação de que a Pedro tenha sido dado um
lugar especial de proeminência no alicerce eclesiástico,
acima dos demais apóstolos e abaixo de Cristo. Ele é
apenas uma das “pedras”,juntam ente com os outros onze
apóstolos (Ef2.20).
O papel de Pedro no Novo Testamento é insuficiente
diante do apelo católico de que a ele tenha sido conferida
uma autoridade única dentre os apóstolos. Enquanto
Pedro foi o pregador do sermão inicial no dia de Pentecostes, seu papel ao longo do livro de Atos dos Apóstolos
dificilmente é o de apóstolo-chefe, mas sim o de um dos
“mais excelentes apóstolos” (2 Co 12.11). Por inspiração
de Deus, o apóstolo Paulo revelou que nenhum dos ou­
tros apóstolos foi a ele superior, quando afirmou: “Visto
que em nada fui inferior aos mais excelentes apóstolos,
ainda que nada sou” (2 Co 12.11).
N enhum a pessoa que lê cuidadosamente a Epístola
aos Gálatas passa a ter a impressão de que qualquer outro
apóstolo seja superior ao apóstolo Paulo. Ele alegou ter
recebido suas revelações independentemente dos outros
apóstolos (G1 1.12; 2.2), estar no mesmo nível de Pedro
185
RE SPOSTA ÀS SEITAS
(G1 2.8) e até mesmo utilizou a sua revelação para repre­
ender a Pedro (G1 2.11-14).
Do mesmo modo, o fato de Pedro e João terem sido
enviados pelos apóstolos em uma missão a Samaria reve­
la que Pedro não era o apóstolo superior (At 8.14). Na
verdade, se Pedro fosse o apóstolo superior ordenado
por Deus, seria de estranhar que maior atenção tenha
sido dada ao ministério do apóstolo Paulo, do que ao do
apóstolo Pedro, no livro de Atos dos Apóstolos. Pedro
está em foco através de partes dos capítulos 1 a 12, mas
Paulo é a figura dominante nos capítulos 13 a 28.
Embora Pedro tenha dirigido o primeiro conselho
(At 15), ele não exercia nenhuma primazia sobre os ou­
tros apóstolos. A decisão veio dos “apóstolos e aos anciãos
[em acordo], com toda a igreja” (At 15.22; ver também
o v. 23).
M uitos estudiosos sentem que Tiago, e não Pedro,
presidia sobre o conselho uma vez que era ele quem
dava as palavras finais (confira vv. 13-21; veja Bruce,
86 f.).
Em qualquer evento, como admitido pelo próprio
Pedro, ele não era o pastor da igreja, mas apenas um
“presbítero [ancião] com eles” (1 Pe 5.1,2). E enquanto
ele reivindicava ser “um apóstolo” (1 Pe 1.1), em ne­
nhum lugar ele reivindicou ser “o apóstolo” ou o prin­
cipal dos apóstolos. Ele certamente era um líder apósto­
lo, mas mesmo assim ele era apenas uma das “colunas”
(plural) da igreja, juntam ente com Tiago e João, e não a
coluna (veja Gl 2.9).
Embora o papel de Pedro seja perfeitamente entendi­
do na Igreja Primitiva, não existe absolutamente nenhu­
ma referência a qualquer alegação de infalibilidade que
ele possuísse. Na verdade, o termo “infalível” nunca ocorre
no Novo Testamento. Q uando ocorrem termos parale­
los ou frases, são usados em feferêiy;ia às Escrituras isola­
186
MATEUS
damente, e não à habilidade de qualquer pessoa de
interpretá-las. Jesus disse, por exemplo, que “a Escritura
não pode ser anulada” (Jo 10.35). “Até que o céu e a
terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei
sem que tudo seja cum prido” (Mt 5.18).
Isso não é motivo para que se diga que Pedro não de­
sempenhou um papel significativo na Igreja Primitiva. Ele
parece ter sido o líder inicial da lista apostólica. Com o já
observado, ele foi uma das “colunas” da Igreja Primitiva,
juntamente com Tiago e João (G1 2.9). Foi Pedro quem
pregou o grande sermão no Pentecostes, quando o dom
do Espírito Santo foi dado, manifestando as boas vindas a
muitos judeus que vieram para o ambiente cristão. Tam­
bém foi enquanto Pedro discursava que o Espírito de Deus
caiu sobre os gentios em Atos 10. Contudo, a partir desse
ponto, Pedro tem seu destaque diminuído, passando a uma
posição de dar suporte, e Paulo se torna o apóstolo domi­
nante, levando o Evangelho até os confins da terra (At 1328), escrevendo cerca de metade do Novo Testamento
(quando comparado às duas Epístolas de Pedro), chegan­
do até mesmo a repreender Pedro por sua hipocrisia (G1
2.11-14). Em resumo, não existe nenhuma evidência em
Mateus 16 ou em qualquer outro texto que justifique o
dogma católico romano de superioridade, sem falar da
infalibilidade de Pedro.
Mais importante, sejam quais forem os poderes apos­
tólicos que Pedro e os demais apóstolos possuíam, é es­
clarecer que os mesmos não foram transmitidos a nin­
guém após a m orte deles. Para ser um apóstolo, era ne­
cessário que a pessoa tivesse sido uma testemunha ocular
do Cristo ressuscitado durante o primeiro século. Esse é
o critério mencionado repetidamente pelo Novo Testa­
mento (confira At 1.22; 1 Co 9.1; 15.5-8).Portanto,não
poderia haver nenhuma sucessão apostólica verdadeira
no bispado de R om a ou em qualquer outro.
187
R E S P O S T A À S S EI TA S
A esses indivíduos selecionados foram dados certos
inequívocos “sinais de verdadeiro apostolado” (2 Co
12.12). Os sinais que lhes foram dados incluíam a habi­
lidade de ressuscitar mortos através de ordens (Mt 10.8),
curar imediatamente enfermidades que eram naturalmen­
te incuráveis (Mt 10.8;Jo 9.1-7), expulsar demônios su­
cessivamente (Mt 10.8; At 16.16-18), entregar mensa­
gens em línguas que jamais estudaram (At 2.1-8; confira
10.44-46), e compartilhar dons sobrenaturais com ou­
tras pessoas, através da oração e imposição de mãos, de
forma que pudessem assisti-los em sua missão apostólica
de fundar a Igreja (At 6.6; confira 8.5,6; 2 Tm 1.6). Em
certa ocasião, os apóstolos pronunciaram uma sentença
sobrenatural de m orte sobre duas pessoas que tentaram
mentir “ao Espírito Santo”, e eias imediatamente caíram
mortas (At 5.1-11).
M A T E U S 1 6 .1 9 — Esse texto prova que Pedro, como
o primeiro papa, receheu de Cristo autoridade espe­
cial para perdoar pecados?
A M Á IN TERPRETAÇÃO : Após a confissão de Pedro
de que Jesus é o Filho de Deus, Jesus disse: “E eu te darei
as chaves do Reino dos céus, e tudo o que ligares na terra
será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será
desligado nos céus” (Mt 16.19). De acordo com o ensino
católico, a frase “as chaves do R eino dos céus” significa “a
suprema autoridade na terra sobre o império terreno de
Deus. A pessoa que possui o poder sobre as chaves possui
o poder absoluto de permitir que alguém adentre o im­
pério de Deus, ou o exclua dele [e]... o poder de perdoar
pecados deve também ser obrigatoriamente incluído no
poder das chaves” (Ott, 1960, 418).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : O falo
188
MATEUS
de os discípulos de Jesus terem recebido o poder para
pronunciar o perdão ou reter pecados por meio de Cris­
to não é questionado pelos protestantes. O que é ques­
tionado é se esse é um poder singular de propriedade
exclusiva daqueles que se encontram com a ordenação
adequada, tais como os sacerdotes católicos romanos.
Não existe absolutamente nada nesse texto que indi­
que que seja.
E importante observar que Jesus deu esse mesmo po­
der a todos os apóstolos (Mt 18.18), não somente a Pedro.
Então, fosse esse poder da maneira que fosse, ele não era
uma exclusividade de Pedro.
De fato, todos aqueles que proclamam o Evangelho
possuem o mesmo poder, porque o Evangelho “é o p o ­
der de Deus para salvação de todo aquele que crê” (Rm
1.16). Verdadeiramente, Paulo definiu o Evangelho em
termos de Cristo morrendo e ressuscitando “por nossos
pecados” (1 Co 15.1-4). Então cada pregador do Evan­
gelho — clérigo ou leigo — tem o poder de falar base­
ado no fato de uma pessoa aceitar a morte de Cristo e a
sua ressurreição em favor de si, que os pecados dessa
pessoa estão perdoados. Semelhantemente, todos aque­
les que evangelizam podem dizer àqueles que rejeitam o
Evangelho que os seus pecados estão retidos. Pois, como
disse o apóstolo Paulo, os mensageiros de Cristo são “o
bom cheiro de Cristo, nos que se salvam e nos que se
perdem. Para estes, certamente, cheiro de m orte para
morte” (2 Co 2.15,16).
Os católicos reivindicam que o sacerdócio do Antigo
I estamento é de algum m odo “traduzido” para um sa­
cerdócio neotestamentário, baseado em Hebreus 7.12, e
.issim perdem por completo o ponto central dessa passa­
gem. O escritor aos Hebreus está argumentando que tanto
■i lei como o sacerdócio do Antigo Testamento são encerrados por Cristo, que é o nosso grande Sumo Sacer­
189
R E S P O S T A À S S EI T A S
dote, pois ele escreve: “Mudando-se o sacerdócio, neces­
sariamente se faz também mudança da lei” (Hb 7.12).
Ele então prossegue para dizer que “o precedente man­
damento é abrogado” (v. 18). Cristo não traduziu o sa­
cerdócio de Arão, do Antigo Testamento, para um novo
sacerdócio neotestamentário com seus sacerdotes. O
objetivo central desta passagem em Hebreus é mostrar
que Cristo, cumprindo perfeitamente tudo o que o sa­
cerdócio do Antigo Testamento prefigurava (7.11,18,19),
o encerrou e o substituiu pelo seu próprio oficio sumo
sacerdotal, segundo a ordem de Melquisedeque, e não
segundo a ordem de Arão (7.17-28).
Verdadeiramente, um claro contraste é feito aqui en­
tre as ofertas repetitivas dos sacerdotes segundo a ordem
de Arão e o sacrifício único e para sempre válido de
Cristo, o nosso Sumo Sacerdote, o que deveria provocar
uma séria reflexão para os católicos romanos, que crêem
que os sacerdotes católicos oferecem continuamente o
sacrifício isento de sangue, isto é, a missa. O livro de
Hebreus declara: “E assim todo sacerdote aparece cada
dia, ministrando e oferecendo muitas vezes os mesmos
sacrifícios, que nunca podem tirar pecados; mas este, ha­
vendo oferecido um único sacrifício pelos pecados, está
assentado para sempre à destra de Deus... Porque, com
uma só oblação, aperfeiçoou para sempre os que são san­
tificados” (Hb 10.11,12,14). De modo contrário à ale­
gação católica de que Hebreus esteja se referindo a um
sacrifício feito uma vez por todas, sem derramamento
de sangue, nenhuma palavra que assegure essa interpre­
tação é mencionada no texto. Hebreus diz enfaticamen­
te o contrário daquilo que os católicos afirmam, isto é,
que a missa é um sacrifício repetido sucessivamente. A
Bíblia diz explicitamente que Cristo ofereceu um único
sacrifício pelos pecados praticados em todos os tempos.
E então Ele se assentou (estando a sua obra concluída
19 0
MATEUS
para todo o sempre) à destra de Deus (Hb 10.12). Esse
sacrifício é chamado d e“ablação...feita uma vez” no verso
l l , o que é diretamente contrário à visão católica.
Enquanto o catolicismo romano reconhece que “a
família cristã como um todo” é “um reino de sacerdo­
tes” , contudo nega na prática aquilo que o Novo Testa­
mento claramente afirma, isto é, que todos aqueles que
crêem são sacerdotes. Fazendo uma forte distinção entre
o sacerdócio comum ou universal, e o sacerdócio minis­
terial ou hierárquico, consideram ineficaz o ensino do
apóstolo Pedro de que todos os eleitos de Deus (1 Pe
1.1) são “o sacerdócio real, a nação santa, o povo adqui­
rido” (2.9).
De fato, no Novo Concerto, apenas um sacerdote é
necessário, o nosso grande Sumo Sacerdote Jesus Cristo
(confira H b 7,8). A tarefa deixada para todos os demais
sacerdotes (isto é, para todos aqueles que crêem) é m i­
nistrar o Evangelho (2 Co 3,4).
O apelo ao Antigo Testamento visando mostrar que
todos os israelitas eram chamados de sacerdotes (Ex
19.21-24) mesmo tendo Deus estabelecido o sacerdó­
cio da ordem de Arão, como sendo uma classe especial
de ministros, falha em relação ao significado central de
Hebreus (“ Q uick Q uestions” , This Rock [Setembro
1993], 30). O sacerdócio da ordem de Arão foi finaliza­
do — e cada crente tem acesso direto a um único Sumo
Sacerdote, Jesus Cristo, que vive sempre para interce­
der por nós!
O fato é que em nenhuma passagem do Novo Testa­
mento os líderes da igreja são chamados de “sacerdotes” .
São chamados de “presbíteros” (ou anciãos) ou “bispos”
(supervisores) que foram exortados pelo apóstolo Pedro
(1 Pe 5.2) do seguinte modo: “Apascentai o rebanho de
Deus que está entre vós, tendo cuidado dele, não por
força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas
191
R E S P O S T A À S S EI T AS
de ânimo p ro n to ” . Pedro continua, exortando aos
supervisores para que sejam o exemplo do rebanho: “ E,
quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorrup­
tível coroa de glória” (1 Pe 5.4).A instituição hierárqui­
ca do sacerdócio católico romano como um todo, como
uma classe especial de homens dotados de poderes sa­
cerdotais especiais para perdoar pecados e para transfor­
mar os elementos da comunhão de fato no corpo e no
sangue de Cristo, é contrária ao ensino desses versos.
Nesses versos: 1) nenhum a pessoa é descrita como sa­
cerdote, e nem possui poderes sacerdotais, exceto o Sumo
Pastor, que é o próprio Cristo; 2) Pedro refere-se a si
mesmo como “eu, que sou também presbítero com eles”
(v. 1);3) os líderes do rebanho são chamados de presbíteros,
e não sacerdotes; 4) estes são descritos como sub-pastores e não como senhores absolutos (v. 3) da Igreja; 5) eles
não possuem nenhum poder especial de ligação, mas
devem liderar através do bom exemplo, e não por cons­
trangimento (vv. 2,3). O espírito no qual todo esse ensi­
no está imbuído é contrário aos poderes sacerdotais rei­
vindicados pela Igreja Católica Romana.
M A T E U S 1 7 .4 — O encontro dos discípulos com
M oisés e Elias, no monte da transfiguração, indica
que devemos orar aos mortos?
A M Á INTERPRETAÇÃO : Para dar suporte à sua crença
de que se deve orar aos mortos, os eruditos católicos
romanos apelam para o fato de Moisés e Elias terem
aparecido e estado com Cristo no monte da transfigura­
ção.
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Os dis­
cípulos jamais falaram a Moisés ou Elias, e nem ao m e­
nos oraram a eles. Moisés e Elias estavam falando com
192
MATEUS
Jesus (Mt 17.3) e um com o outro, e não com os discí­
pulos.
O texto diz explicitamente: “E Pedro... disse a Jesus”
(Mt 17.4). Ele não falou com Moisés ou Elias. Esse foi
um contato miraculoso, não representando qualquer for­
ma normal de se ter contato com aqueles que já parti­
ram.
Além disso, não se segue que, simplesmente pelo fato
de devermos nos servir uns aos outros, devamos fazê-lo
orando aos mortos. Existem outras maneiras de servir
aos irmãos na fé sem falar com eles. Podemos fazer m ui­
tas coisas em honra àqueles que já morreram e de sua
memória sem tentarmos nos comunicar com eles. Os
mortos talvez estejam clamando por algo que coinci­
dentemente nos afete (Ap 6.9,10), mas não há nada na
Bíblia Sagrada que diga que devemos nos dirigir a eles
em oração.
Finalmente, existem boas razões pelas quais não de­
vemos nos dirigir aos mortos em oração. A mais básica é
que somente Deus é aquEle a quem devemos nos dirigir
em oração. Em nenhuma passagem das Escrituras existe
de fato uma oração endereçada a qualquer outro ser, se­
não a Deus. A oração é um ato de devoção religiosa, e
apenas Deus é o Ser a quem se deve essa devoção (Ap
4.11). Testemunhamos orações desde o Gênesis (4.26)
até Apocalipse (22.20), mas nem sequer uma delas é
dirigida a um santo, a um anjo, ou a qualquer outra cri­
atura. Jesus nos ensinou a orar: “Pai nosso, que estás nos
céus” (Mt 6.9). O Deus de Isaías, o profeta, declarou
enfaticamente: “Olhai para mim e sereis salvos, vós, to­
dos os termos da terra; porque eu sou Deus, e não há
outro” (Is 45.22).Verdadeiramente, não existe outro, se­
não unicamente Deus, a quem todas as pessoas, em todas
as partes das Sagradas Escrituras, se dirigiram em oração.
193
R E S P O S T A À S S EI T AS
M A T E U S 1 8 .1 5 -1 8 — Esta passagem proíbe que se
critique publicamente a doutrina ensinada pelo p a s ­
tor (ou professor), como alegam os ensinadores da
seita Palavra da Fé?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Alguns ensinadores da sei­
ta Palavra da Fé crêem que essa passagem proíbe os cris­
tãos de criticar em publico a doutrina ensinada por um
pastor ou por um professor. Mesmo que a doutrina seja
claramente falsa e o pastor a esteja ensinando publica­
mente em um púlpito ou através da televisão, tal pastor
não deve ser criticado publicamente, mas contatado par­
ticularmente a respeito do assunto. Em palestra sobre o
tema “Falar contra o ungido de Deus”, David Copeland
disse:“Existem pessoas hoje mesmo tentando assentar-se
em juízo contra o ministério pelo qual eu sou responsá­
vel, e o ministério pelo qual Kenneth E. Hagin é res­
ponsável... Sei que várias pessoas criticaram e classifica­
ram o grupo de fé de Tulsa como sendo uma seita. Al­
guns dos quais estão mortos hoje, prematuramente, por
causa disso, e mais de uma dessas pessoas passaram a so­
frer de câncer” (Copeland, “Por que nem todos são cu­
rados”, fita de áudio).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Essa
passagem trata de ética pessoal e moral, e não de dou­
trina bíblica. Se uma pessoa cristã pratica algo não éti­
co ou se peca, ela deve primeiram ente ser contatada
particularmente a respeito deste assunto. Se a pessoa
falha quanto à resposta a essa atitude, devem ser dados
passos confrontantes e gradativamente maiores (Mt
18.15-18).
Falsas doutrinas que são proclamadas publicam en­
te a partir de uma plataforma — com o de um púlpito,
de um programa de televisão, de um programa de rá-
194
MATEUS
dio — de acordo com o padrão do N ovo Testamento,
devem ser publicam ente confrontadas. O apóstolo
Paulo confrontou Pedro publicamente quando as ações
dele com prom eteram a liberdade do Evangelho (G1
2.11-14). Ele tratou publicamente com H im eneu e
Alexandre o assunto referente à blasfêmia que com e­
teram (1 T m 1.20). Ele tratou publicam ente com Ale­
xandre, o latoeiro, por suas atividades danosas (2 T m
4.14). O apóstolo João tratou publicam ente com
Diótrefes, que propagava falsas doutrinas e se recusava
a ouvir o que João e outros líderes cristãos tinham a
lhe dizer (3 Jo 9).
E m bora os ensinadores da seita Palavra da Fé fre­
qüentem ente citem Mateus 18 como um esforço para
m anter a unidade de sua igreja em um a atmosfera de
amor, é im portante com preender que a verdadeira
unidade da igreja tem as suas raízes não apenas no
amor, mas tam bém na verdade. C om o foi afirmado
p o r Paulo, a Igreja é “ a coluna e firmeza da verdade”
(1 T m 3.15). Os m em bros da Igreja são chamados a
“batalhar pela fé que um a vez foi dada aos santos”
(Jd 3 ).A n ó s é ordenado:“Examinai tu d o ” e “R etende
o b e m ” (1 Ts 5.21). D evem os seguir o exem plo dos
bereanos e confrontar com as Escrituras todos os
ensinos doutrinários (At 17.11). Sem um co m pro­
misso com a verdade não pode existir um a verdadei­
ra unidade na Igreja.
M A T E U S 1 8 .1 7 — E ste verso se refere à visível
autoridade da Igreja Católica Rom ana na terra?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Os católicos romanos rei­
vindicam que a autoridade que Jesus deu aos seus discí­
pulos está investida hoje na igreja católica, como a visí­
vel representante de Cristo na terra.
195
R E S P O S T A À S S EI T A S
C O R R IG IN D O A M Á INTERPRETAÇÃO : Jesus dis­
se em Mateus 18.17:“E, se [o que ofendeu] não as escu­
tar [à parte ofendida e às testemunhas — w . 15,16], dizeo à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-o
como um gentio e publicano”. Mas isso é insuficiente
para dar suporte à reivindicação católica, de que essa
passagem prova a visão de autoridade romana. “A igreja”
a que o texto se refere era uma assembléia local de pes­
soas crentes, como aquela que eles sem dúvida costuma­
vam ter em sua sinagoga local. Não existe nenhuma re­
ferência nesse texto a uma igreja universal (católica).
A Igreja do Novo Testamento, como uma igreja uni­
da, abençoada com dons e como um corpo de crentes
com poder, não tinha vindo à existência até o dia de
Pentecoste (At 1.8; 2.1-5; 42-47). Então, seja qual for o
significado de “igreja” no contexto de Mateus 18, ele
não se refere àquilo que para os católicos romanos signi­
fica uma igreja visível, que administra os sacramentos e
de modo infalível ensina e disciplina os fiéis.
Mateus 18 não fala de nenhuma autoridade apostóli­
ca universal capaz de regular todas as questões referentes
à fé e à vida prática cristã. A passagem se refere apenas a
casos que envolvam “pecados” e “faltas”, através dos quais
um “irmão” tenha ofendido a outro (18.15). Isso é insu­
ficiente para justificar o que os católicos alegam ser a
divina autoridade da visível igreja romana.
Mesmo que esse texto falasse a respeito da necessida­
de de submissão à autoridade ordenada por Deus, em
todas as questões relacionadas à doutrina e conduta (que
não é o caso), ele não sustentaria o argumento católico
de uma igreja visível. Porque essa passagem, sem dúvida,
não mostra que essa autoridade seja encontrada na visí­
vel igreja católica romana, de maneira oposta a outras
igrejas visíveis e que são até mesmo mais antigas, dentre
as quais a ortodoxia oriental.
196
MATEUS
M A T E U S 1 8 .2 3 -3 5 — O perdão que alguém rece­
beu pode ser cancelado, conforme alegam os adventistas
do sétimo dia?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Baseando-se na parábola
do servo que não foi misericordioso (Mt 18.23-35), os
adventistas do sétimo dia ensinam que o perdão que uma
pessoa recebeu pode ser cancelado após ter sido conce­
dido. Eles alegam que “a mancha existente devido ao
pecado, portanto, não poderia mais ter lugar quando um
pecado é perdoado porque os feitos e atitudes subse­
qüentes poderão afetar a decisão final. Ao invés disso, os
pecados permanecem registrados até que a vida se con­
clua — de fato, as Escrituras indicam que eles perm ane­
cem até o juízo” (Seventh-day adventists answer questions
on doctrine, 1957,pág.441).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Essa é
uma parábola, e parábolas não devem ser tomadas lite­
ralmente. Elas possuem um determinado ponto a elucidar,
e esse ponto é ilustrado na parábola da qual nem todos
os aspectos devem ser tomados literalmente. Por exem­
plo, Deus é ilustrado na mesma parábola de um “injusto
ju iz” (Lc 18.1-8), mas a finalidade dessa parábola não é
ensinar a respeito do atributo de justiça de Deus, mas
que Ele é misericordioso e responde a orações persis­
tentes.
A Bíblia mostra de maneira inequívoca que Deus não
renega as suas promessas. Paulo declarou que “ os dons e
a vocação de Deus são sem arrependimento” (Rm 11.29).
Deus não toma de volta aquilo que Ele dá em sua graça.
Muitas outras passagens nas Escrituras ensinam que a
salvação é um dom incondicional (Jo 10.26-29; R m 8.3639). E a Palavra de Deus não se contradiz.
197
R E S P O S T A À S S EI TA S
M A T E U S 1 9 .1 6 -3 0 (confira M c 10.17 -3 1; Lc 18.183 0 ) — Se Jesus era Deus, p o r que E le aparente­
mente repreendeu o jovem e rico príncipe p o r chamálo de bom?
A M Á IN TERPRETAÇÃO : Esse jovem e rico príncipe
chamou Jesus de “bom mestre”, e Jesus o repreendeu,
dizendo: “Por que me chamas bom? Não há bom, senão
um só que é Deus” . Será que Jesus estava negando ao
jovem príncipe que Ele fosse Deus? As Testemunhas de
Jeová pensam que sim. “Jesus estava dizendo que nin­
guém é tão bom quanto Deus, nem mesmo o próprio
Jesus. Deus é bom de uma tal maneira, que existe uma
separação entre Ele e Jesus” (Should you believe in the
Trinity? 1989, pág. 17).
C O R R IG IN D O A M Á INTERPRETAÇÃO: Jesus não
estava negando ao jovem príncipe que Ele fosse Deus.
Ele simplesmente pediu que o jovem examinasse as im­
plicações daquilo que estava dizendo. C om efeito, Jesus
estava dizendo a ele: “Você está consciente do que está
dizendo quando me chama de bom? Você compreende
que isso é algo que só se deve atribuir a Deus? Você está
declarando que eu sou Deus?”
O jovem não estava consciente das implicações da­
quilo que ele estava dizendo. Desse modo, Jesus o estava
forçando a um dilema muito desconfortável. O u Jesus
era bom e ao mesmo tempo era Deus, ou era mau e ao
mesmo tempo homem. U m Deus bom ou um homem
mau, mas não meramente um hom em bom. Essas são as
reais alternativas no que diz respeito a Cristo. Nenhum
hom em bom reivindicaria ser Deus se não o fosse.
M A T E U S 2 0 .1 - 1 6 — A s recompensas são as mes­
mas para todos, ou elas diferem em medida?
198
MATEUS
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Jesus contou a parábola de
seu Reino, no qual cada servo recebia o mesmo paga­
mento, mesmo que cada um tivesse trabalhado durante
um número diferente de horas. Contudo, em outras pas­
sagens, a Bíblia fala de diferentes medidas de recompen­
sa por se trabalhar a favor do R eino de Deus (confira 1
Co 3.11-15; 2 Co 5.10; Ap 22.12). Algumas vezes, os
mórmons fazem um boneco de palha para golpeá-lo,
alegando que os cristãos erroneamente crêem que “to­
dos aqueles que vão para o céu compartilham, e com­
partilham em partes iguais” (Richards, 1978, 253). Os
cristãos ensinam que na vida vindoura haverá diferentes
medidas de recompensa?
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Existem
diferentes medidas de recompensa no céu, dependendo
de nossa fidelidade a Cristo na terra. Jesus disse: “E eis
que cedo venho, e o m eu galardão está comigo para dar
a cada um segundo a sua obra” (Ap 22.12). Paulo disse
que o trabalho de cada um será provado pelo fogo e “Se
a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse
receberá galardão” (1 Co 3.14).Em 2 Coríntios 5.10, ele
diz que todos nós deveremos comparecer perante o tri­
bunal de Cristo “para que cada um receba segundo o
que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal” . O
foco da parábola em Mateus 20 não é que todas as re­
compensas serão as mesmas, mas que todas as recom­
pensas são pela graça. O objetivo é mostrar que Deus
recompensa baseado em oportunidade, e não simples­
m ente em realização. N em todos os servos tiveram a
oportunidade de trabalhar para o mestre durante a mes­
ma quantidade de tempo, mas a todos, contudo, foi dado
o mesmo pagamento. Deus olha para a nossa disposição
bem como para as nossas ações e julga de acordo com
elas.
199
R E S P O S T A À S S EI T AS
M A T E U S 2 2 .3 0 — Este verso dá suporte à visão de
“liberdade sex u a l” da seita O s Meninos de Deus?
A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : Em Mateus 22.30 nos é
dito: “Na ressurreição, nem casam, nem são dados em
casamento; mas serão como os anjos no céu”.A seita Os
Meninos de Deus (agora intitulada “A Família”) está
correta quando interpreta esse verso aplicando a idéia de
que nós hoje somos como anjos no céu, não sendo “da­
dos em casamento” — e praticando assim uma vida se­
xual livre, uns com os Outros, fora do relacionamento do
casamento?
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Esse é
um caso em que as Escrituras foram torcidas de uma
maneira absurda. Q uando entendido em seu próprio
contexto, esse verso vai fortemente de encontro às vi­
sões sexualmente pervertidas da seita Os Meninos de
Deus.
O contexto indica que uma vez que os crentes rece­
berem os seus corpos ressurretos glorificados, a necessi­
dade de procriação (que é um dos propósitos funda­
mentais do m atrimônio) não existirá mais. Seremos
“com o” os anjos no sentido de que não seremos mais
casados e também não mais procriaremos. Anjos não procriam nem se reproduzem. Antes todos os anjos no uni­
verso foram criados de uma só vez (veja Sl 148.2-5; con­
fira Cl 1.16). Daí, se os adeptos da seita Os Meninos de
Deus querem ser “como os anjos”, deverão todos evitar
a intimidade sexual, uma vez que os anjos não procriam
de forma alguma. A Bíblia afirma em todas as passagens
relacionadas a esse assunto que as relações sexuais devem
ser praticadas apenas dentro dos laços do matrimônio
(Ex 20.14; 1 Co 7.2).Veja também neste livro a discussão
em João 15.12 e Atos 2.44.
200
MATEUS
M A T E U S 2 2 .3 7 -3 9 — A obediência aos “maiores man­
damentos” traz consigo a unificação das religiões?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Em Mateus 22.37-39 Je­
sus descreveu o primeiro e o segundo maior manda­
mento como amar a Deus e amar ao próximo. De acor­
do com os adeptos das seitas da Nova Era, esses manda­
mentos “descrevem o processo por meio do qual a bar­
reira de separação é quebrada, e o microcosmo (o ho­
mem) e o macrocosmo (Deus) podem ser um só, e a
síntese e a unidade serem expressas dentro do universo
relativo do eu e tu, a m im e a você”. Sendo obedientes a
esses mandamentos, as pessoas “construirão as mais du­
radouras pontes entre os credos, as veredas, os ensinos e
as filosofias” (Spangler, 1981,30).
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Em pri­
meiro lugar, o mandamento sobre amar a Deus tem pri­
oridade sobre amar outras pessoas. Deve-se amar a Deus
de todo o coração; o próximo deve ser amado apenas
como uma pessoa ama-se a si mesma. A clara implicação
aqui é que Deus deve ser amado de m odo supremo, mas
a humanidade deve ser amada de um modo apenas finito.
A luz dessa distinção, fica claro que a primeira priorida­
de é expressar amor para com o único Deus verdadeiro
— e não para com Buda, nem para com Krishna, e nem
para com qualquer outro ídolo dos adeptos da Nova Era.
U m a séria falha no pensamento seguido pelas seitas
da Nova Era é assumir que, amando a Deus e amando
ao próximo, automaticamente toda a discriminação e
separação (entre religiões, por exemplo) são banidas.
Contudo, esse claramente não é o caso. Jesus reconhe­
ceu a importância do amor, exortando os seus segui­
dores da seguinte maneira:“Amai a vossos inimigos... e
orai pelos que... vos perseguem ” (Mt 5.43,44). C ontu-
20 1
R E S P O S T A ÀS S EI TAS
do, o próprio Jesus (no juízo) dirá aos incrédulos: “N u n ­
ca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a
iniqüidade” (Mt 7.23). Deus ama o m undo (Jo 3.16),
no entanto, um torm ento eterno aguarda aqueles que
rejeitam a sua provisão para salvação em Jesus Cristo
(Ap 20.14).
M A T E U S 2 2 .4 2 — Este verso dá suporte à doutrina
da reencarnação, conforme alega a Escola da Unida­
de Cristã?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Em Mateus 22.42, Jesus
perguntou aos fariseus: “Que pensais vós do Cristo? De
quem é filho?” Os fariseus responderam: “De Davi”. A
Escola da Unidade Cristã diz que esse verso indica que
Jesus era uma reencarnação de Davi.
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : N o
hebraico, a expressão “filho de” significa “descendente
de” (veja M t 1.1-17), e não “reencarnação de” . Esse ver­
so indica que Jesus veio da linhagem de Davi, e não que
Jesus foi uma reencarnação de Davi. O nascimento de
Jesus vindo da linhagem de Davi foi importante porque
as Escrituras, no Antigo Testamento, ensinaram que o
Messias teria que vir da linhagem de Davi (2 Sm 7.1216; Is 9.6,7; 11.1).
O ensino da reencarnação é contrário ao que é ensi­
nado pelas Escrituras como um todo. Por exemplo, en­
quanto a doutrina da reencarnação ensina que as pessoas
m orrem várias vezes até que alcancem a perfeição
(Nirvana), a Bíblia ensina que “aos homens está ordena­
do morrerem uma vez, vindo, depois disso, o juízo” (Hb
9.27). Cada ser humano vive uma só vez como um m or­
tal na terra, morre uma vez, e então enfrenta o julga­
mento. Jesus ensinou que as pessoas decidem o seu des­
202
MATEUS
tino eterno durante a sua única vida na terra (Mt 25.46).
Essa é precisamente a razão pela qual o apóstolo Paulo
enfatizou que “eis aqui agora o dia da salvação” (2 Co
6.2). As Escrituras indicam que no m om ento da morte
os crentes vão para a presença do Senhor (2 Co 5.8) e
que os incrédulos vão para um lugar de sofrimento (Lc
16.19-31), e não para outro corpo.
De uma perspectiva prática, se o propósito do karma
é livrar a humanidade de seus desejos egoístas, então por
que é que não tem acontecido uma notável melhoria na
natureza humana após todos os milhões de reencarnações? E como é que os reencarnacionistas explicam os
imensos e cada vez piores problemas sociais e econômi­
cos na índia (incluindo a pobreza generalizada, a inani­
ção, as doenças e o horrível sofrimento das pessoas), onde
a reencarnação tem sido sistematicamente ensinada ao
longo de toda a sua história?
M A T E U S 2 3 .2 ,3 — A declaração de Jesus justifica a
alegação da seita O s M eninos de D eu s de que as
igrejas da atualidade são hipócritas?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : De acordo com o finado
Moses David, líder da seita Os Meninos de Deus, “esta é
a diferença entre as igrejas e nós! Jesus disse para as pes­
soas em geral:‘N a cadeira de Moisés, estão assentados os
escribas e fariseus [os líderes das igrejas]. Observai, pois,
e praticai tudo o que vos disserem; mas não procedais
em conformidade com as suas obras, porque dizem e
não praticam’ e isso também se aplica às igrejas da atua­
lidade!” (David, 1974,1-3).
C O R R IG IN D O A M Á IN TERPRETAÇÃO : Jesus está
falando a respeito dos líderes do judaísmo daqueles dias
— daqueles que estavam assentados “na cadeira cie
203
R E S P O S T A À S S EI T AS
Moisés”. Ele não está falando a respeito de igrejas cristãs
de nossos dias. Alegar que essa passagem revela que todos
os líderes de igrejas são hipócritas é uma aplicação com­
pletamente errada do texto. Mesmo que todos os líderes
de igrejas fossem hipócritas, isso não provaria que os
ensinamentos e as práticas da seita Os Meninos de Deus
estariam corretos.
A vida de Moses David pode ser qualquer coisa, mas
nunca exemplar, especialmente em assuntos sexuais. Ele
declarou: “A salvação nos liberta da maldição do uso de
roupas e da vergonha da nudez! Somos tão livres quanto
Adão e Eva no jardim, antes de terem pecado! Se você
não é assim, não é completamente salvo!” (David, 1973,
2; veja também neste livro os comentários referentes a
At 2.44).
M A T E U S 2 4 .3 — Este verso dá suporte à idéia de
que Jesus voltou de maneira invisível em 1914?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Mateus 24.3 fala do “sinal
da tua vinda” referindo-se à segunda vinda de Cristo.
Por contraste, na tradução Novo M undo (das Testemu­
nhas de Jeová), está escrito “o sinal da tua presença”. As
Testemunhas de Jeová utilizam essa tradução distorcida
para sustentar a sua visão de que Jesus retornou de forma
invisível em 1914, e tem estado espiritualmente presente
na terra desde então (Thegreatest M an who everlived, 1991,
seção 111).
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : O ter­
mo grego parousia pode significar “presença”, mas com
freqüência significa “presença física”, “chegando a um
lugar” e “chegando fisicamente” . Por exemplo, em 2
Coríntios 7.6, lem os:“Mas Deus, que consola os abati­
dos, nos consolou com a vinda de T ito ” . Paulo diz aos
204
MATEUS
Filipenses:“De sorte que, meus amados, assim como sem­
pre obedecestes, não só na minha presença, mas muito
mais agora na minha ausência, assim também operai a
vossa salvação com tem or e trem or” (Fp 2.12). Esse ter­
mo é também utilizado com o mesmo sentido de “vinda
física” em Mateus 24.3. Jesus virá fisicamente, com um
corpo, e de forma visível em sua segunda vinda (confira
At 1.11).
Esse termo está de acordo com outros termos gregos
que são utilizados para descrever a segunda vinda de Je­
sus. Apokalupsis significa “revelação”,“divulgação visível”
e “retirada do véu”. Esse term o é utilizado em 1 Pedro
4.13, tratando da segunda vinda de Jesus. O term o
epiphaneia significa “aparecer” . E m T ito 2.13, Paulo diz
“aguardando a bem-aventurada esperança e o apareci­
mento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus
Cristo”. E interessante que a primeira vinda de Cristo
— que foi tanto em um corpo físico, como visível — foi
referida como epiphaneia (2T m 1.10).
M A T E U S 2 4 .2 3 ,2 4 — Estes versos servem de argu­
mento à idéia de que cada um de nós tem dentro de
si o “Cristo cósmico”?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Em Mateus 24.23,24, Je­
sus disse: “Então, se alguém vos disser: Eis que o Cristo
está aqui ou ali, não lhe deis crédito, porque surgirão
falsos cristos e falsos profetas e farão tão grandes sinais e
prodígios, que, se possível fora, enganariam até os esco­
lhidos” .
Os adeptos da Nova Era crêem que Jesus está nessa
passagem refutando a idéia de que Deus ou Cristo estão
separados da humanidade. Aqueles que sugerem tal se­
paração são falsos profetas. “Jesus preveniu que se levan­
tariam falsos Cristos e falsos profetas, proclamando um
205
R E S P O S T A À S S EI T AS
Messias de carne e sangue, que podia ser localizado no
tempo e no espaço, dizendo:‘Veja, aqui está o Cristo!’ ou
‘veja, Ele está lá!’ Mas o Mestre disse: ‘não acrediteis, não
vades, porque o reino de Deus está dentro de vós” ’
(.Prophet, 1988, pág.56).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Jesus
é o único Cristo (Lc 2.11,26). O term o grego em pre­
gado para Cristo ( Christos) significa “ o un g id o ” , e é
um paralelo direto para o term o hebraico empregado
para Messias; “Messias” e “C risto ” referem-se à mes­
ma pessoa. João 1.41 diz que André dirigiu-se a seu
irm ão Simão e disse-lhe: “Achamos o Messias (que,
traduzido, é o C risto)” .Todas as profecias messiânicas
no Antigo Testamento apontam para a vinda de uma
só pessoa, que é o Messias, ou o Cristo (por exemplo,
Gn 3.15; Is 7.14; M q 5.2).
Jesus sempre fez de sua identidade como o Cristo um
tema fundamental da fé (veja M t 16.13-20 e Jo 11.2527). E quando Ele foi reconhecido como o Cristo, ja­
mais disse às pessoas: “Vocês também possuem o Cristo
em seu próprio interior”. Pelo contrário, Ele os preve­
niu de que outros se apresentariam falsamente dizendo
ser o Cristo (Mt 24.4,5,23-25). Semelhantemente, quan­
do os líderes judaicos procuraram apedrejar Jesus para
matá-lo por ter Ele se identificado como o Messias pro­
metido e como Deus, Ele não lhes disse: “Oh, não, vocês
compreenderam mal.Vocês também são Cristos e vocês
também têm Deus dentro de si mesmos”. Mas ao invés
disso, Jesus continuam ente afirmava ser Ele o único
Messias, ou Cristo.
M A T E U S 2 4 .3 4 — E ste verso indica que a geração
do ano de 1 9 1 4 não morreria antes que todas as
outras profecias se cumprissem?
20 6
MATEUS
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Em Mateus 24.34, Jesus
diz: “Em verdade vos digo que não passará esta geração
sem que todas essas coisas aconteçam” . As Testemunhas
de Jeová crêem que “esta geração” é a geração de 1914.
Eles dizem que a geração de 1914 “não passará de modo
algum, até que todas essas coisas (incluindo o apocalipse)
aconteçam” (Torre de Vigia, 15, fevereiro de 1986, 5).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Não
existe nenhuma afirmação nas Escrituras de que 1914
seja um ano profético pivô, fundamental para o desdo­
bramento de todas as demais profecias. E com certeza
não existe nada no contexto de Mateus 24.34 indicando
que a “geração” a que o texto se refere seja a do ano de
1914.
Os cristãos evangélicos têm geralmente se posicionado
de acordo com uma das duas interpretações mais co­
muns para Mateus 24.34. U m a delas é que Cristo está
simplesmente dizendo que a geração que testemunhar
os sinais previamente declarados em Mateus 24, que se
refere ao futuro período de tribulação, verá a volta de
Jesus Cristo. A geração que estiver viva quando essas coi­
sas (a abominação da desolação [verso 15], a grande afli­
ção, como jamais dantes vista [verso 21], o sinal do Filho
do H om em no céu [verso 30], e eventos similares) co­
meçarem a acontecer, ainda estará viva quando esses ju l­
gamentos se concluírem.
U m a vez que usualmente se crê que a tribulação seja
um período de sete anos (Dn 9.27; confira Ap 11.2) no
final dos tempos, então Jesus estaria dizendo que “esta
geração” que estiver viva no princípio da tribulação ain­
da estará viva no final dela.
O utro grupo de evangélicos diz que o term o “gera­
ção” deve ser tomado em sua utilização básica como “raça,
parentela, família, estirpe, ou criação”. A declaração de
207
R E S P O S T A À S S EI TA S
Jesus poderia significar que a raça judaica não passaria
até que todas as coisas fossem cumpridas. Uma vez que
havia muitas promessas para Israel, inclusive a de herdar
eternamente a terra da Palestina (Gn 12; 14; 15; 17), e a
que diz respeito ao reino davídico (2 Sm 7), então Jesus
poderia estar se referindo ã preservação da nação de Is­
rael, por Deus, para cumprir as suas promessas para com
eles. N a verdade, Paulo fala de um tempo futuro da na­
ção de Israel, quando esta será “enxertada” e voltará a
fazer parte das promessas de concerto de Deus (Rm
11.11-26).
Em ambos os casos, o ano de 1914 não está relaciona­
do a esse verso, e nem a qualquer outro verso das Escri­
turas proféticas.
M A T E U S 2 4 .4 5 - 4 7 — O “servo fie l e pru den te”
mencionado nesses versos refere-se à organização Torre
de Vigia?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : As Testemunhas de Jeová
acreditam que as palavras de Cristo a respeito do “servo
fiel e prudente” referem-se aos ungidos seguidores de
Cristo, liderados pelo corpo diretivo da Sociedade Torre
de Vigia: “Jesus disse que Ele teria na terra um ‘servo fiel
e prudente’(que são os seus seguidores ungidos, vistos
como um grupo), e por intermédio dessa agência, Ele
proveria o alimento espiritual aos membros da família
da fé” (Reasoning from the Scriptures, 1989, pág.205). C)
“mau servo” mencionado nesses versos refere-se aos cris­
tãos apóstatas.
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : Esse ver­
so obviamente não se refere à Sociedade Torre de Vigia.
As Testemunhas de Jeová estão praticando a eisegese (ler
um significado inserindo-o dentro do texto) ao invés de
208
MATEUS
exegese (extrair um significado de dentro de um texto).
Nessa parábola, Jesus compara um seguidor (qualquer
um de seus seguidores) a um servo que foi colocado
como responsável por cuidar da família de seu Senhor.
Jesus coloca em contraste dois possíveis modos, como
cada um dos professos discípulos poderia desempenhar a
tarefa — fielmente ou infielmente. O servo que opta
por ser fiel faz todo o esforço possível e dirige todo o
seu vigor para o cumprimento de seu compromisso e de
suas obrigações durante a ausência de seu mestre. Em
contraste, o servo infiel calcula que o seu mestre estará
ausente por um período prolongado, e então decide
maltratar os seus conservos e “viver a vida” . A sua atitu­
de é a de um servo descuidado e insensível, completa­
mente fracassado em relação ao cumprimento de suas
obrigações. Através dessa parábola,Jesus exorta cada cris­
tão à fidelidade. Aqueles que forem fiéis serão recom­
pensados por ocasião da volta do Senhor.
M A T E U S 2 5 .4 6 — Este verso indica que não existe
uma punição eterna e consciente para os ímpios?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : As Testemunhas de Jeová
crêem que os termos gregos empregados para “punição
eterna” nessa frase seriam melhor traduzidos como “corte
eterno” (Thegreatest M an who everlived, 1991, seção 111).
Eles acreditam que isso indica que não existe uma puni­
ção eterna e consciente para os ímpios.
C O R R IG IN D O A MÁ INTERPRETAÇÃO: Enquanto
a raiz do termo kolasis (kolazo) originalmente significa
“poda”, não existe nenhuma justificativa para traduzi-lo
como “corte eterno” em Mateus 25.46. As autoridades no
idioma grego concordam que o significado aqui é de “pu­
nição”, e a punição é consciente e eterna em natureza.
209
R E S P O S T A À S S EI T A S
Vários indícios dão suporte à idéia de consciência eter­
na daqueles que forem punidos; em primeiro lugar, o
hom em rico que morreu e foi para o inferno estava cons­
ciente e em tormento (Lc 16.22-28), e não existe abso­
lutamente qualquer indicação no texto de que essa pu­
nição em algum m om ento cessaria.
Em segundo lugar, Jesus se referiu por várias vezes às
pessoas no inferno como em “pranto e ranger de den­
tes” (Mt 8.12; 22.13; 24.51; 25.30), o que indica que
essas pessoas estavam conscientes.
Em terceiro lugar, foi dito que o inferno possui a
mesma duração que o céu, ou seja, é “eterno” (Mt 25.41).
Em quarto lugar, o fato de a punição ser eterna in­
dica que os condenados também deverão ser eternos.
N ão é possível q u e algu ém sofra um a punição, a m e n o s
que exista para ser punido (2Ts 1.9). Se assim não fos­
se, na prática não faria sentido dizer que os malignos
sofrerão uma “aniquilação eterna” . Antes, os ímpios
sofrerão uma ruína que é infinita — e essa punição
jamais terá fim.
Em quinto lugar, a besta e o falso profeta serão lança­
dos “vivos” dentro do lago de fogo no início dos mil
anos (Ap 19.20), e permanecerão ali, conscientes e vivos,
mesmo após passarem-se os mil anos (Ap 20.10).
Em sexto lugar, as Escrituras afirmam que o diabo, a
besta e o falso profeta “de dia e de noite serão atorm en­
tados para todo o sempre” (Ap 20.10). Mas não é possí­
vel serem atormentados para todo o sempre sem que
estejam conscientes para todo o sempre.
Em sétimo lugar, Jesus repetidamente chamou o in­
ferno de um lugar onde “o fogo nunca se apaga” (Mc
9.43-48), onde os próprios corpos dos ímpios jamais
morrerão (confira Lc 12.4,5). Mas não faria sentido ter
chamas e corpos eternos sem almas nesses corpos para
sofrerem o tormento.
210
MATEUS
Em oitavo lugar, não existem graus de aniquilação,
mas as Escrituras revelam que haverá graus de sofrimen­
to entre os perdidos (veja M t 10.15; 11.21-24; 16.27;Lc
12.47,48; Hb 10.29;Ap 20.11-15; 22.12).
M A T E U S 2 7 .5 2 ,5 3 — A abertura dos túmulos nes­
te verso evidencia a ascensão corpórea de M aria,
como alegam alguns eruditos católicos?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : O erudito católico roma­
no Ludwig O tt argumenta que o fato de as sepulturas
terem sido abertas após a ressurreição de Jesus e muitos
santos terem sido ressuscitados mostra a “probabilidade”
da ascensão corpórea d e Maria. Porque se “os que foram
justificados na Antiga Aliança foram chamados à perfei­
ção da salvação, imediatamente após a conclusão da obra
redentora de Cristo, então é possível e provável que a
mãe do Senhor também tenha sido assim chamada” (Ott,
1960, 209).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : O fato
de alguns santos terem ressurgido imediatamente após a
ressurreição de Jesus de maneira nenhuma indica que
Maria (que ainda estava viva naquela ocasião) tenha sido
elevada ao céu em seu próprio corpo. O texto fala ape­
nas de ressurgir da sepultura, e não de ascensão de uma
pessoa viva ao céu. Muitos estudiosos acreditam que es­
ses santos — como Lázaro — foram ressuscitados apenas
em corpos mortais, e não permanentemente ressuscita­
dos em corpos imortais.
Maria não é mencionada entre o grupo daqueles que
foram ressuscitados, e também não existe nas Escrituras
qualquer referência que indique que ela tenha sido res­
suscitada em qualquer ocasião posterior. Então a crença
de que Maria tenha sido elevada viva aos céus em seu
211
R E S P O S T A À S S EI T A S
próprio corpo não possui nenhum embasamento real
nesse texto ou em qualquer outro texto das Escrituras.
U m fato significativo é que as autoridades católicas
admitem que “a idéia da ascensão de Maria, viva, em seu
próprio corpo, é expressa pela primeira vez em certas
passagens de narrativas dos séculosV eV I”. Eles mesmos
reconhecem que esses escritos são apócrifos (Ibid., 20910).
M A T E U S 2 8 .1 8 - 2 0 — C om o é possível que três
pessoas sejam D eus, quando existe apenas um Deus?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Mateus fala a respeito do
“Pai, do Filho e do Espírito Santo” como sendo todos
parte de um único “nom e” . As Testemunhas de Jeová
argumentam que esse verso não diz que “o Pai, o Filho,
e o Espírito Santo sejam semelhantes, ou igualmente eter­
nos, ou que todos sejam D eus” (Reasoning from the
Scriptures, 1989,pág.415). Portanto, esse verso não dá su­
porte à doutrina da Trindade.
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Deus é
único em sua essência, mas é formado por três pessoas.
Deus possui uma única natureza, mas três centros de
consciência. Isto é, existe apenas um “o que” em Deus,
mas três “quem ”; existe apenas um “Ele”, mas três “E ’ .
Isso é um mistério, mas não uma contradição. Seria con­
traditório dizer que Deus é uma só pessoa, mas que tam­
bém é três pessoas, ou ainda, dizer que Deus é apenas
uma natureza, mas que possui três naturezas. Mas decla
rar, como fazem os cristãos ortodoxos, que Deus é único
em sua essência, eternamente revelado em três distintas
pessoas, não é uma contradição.
U m a análise gramatical de Mateus 28.19 é altamente
reveladora. O verso diz: “Portanto, ide, ensinai todas as
212
MATEUS
nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espí­
rito Santo” (as ênfases foram adicionadas).
N o grego, o termo “nom e” em Mateus 28.19 está no
singular, indicando que existe apenas um Deus. Mas exis­
tem três pessoas em Deus, cada uma delas acompanhada
de um artigo definido (o que no idioma grego firme­
mente indica distinção) — o Pai, o Filho, e o Espírito
Santo. O verso não d iz “nos nomes [plural] do Pai, do
Filho, e do Espírito Santo” e nem tampouco diz “em o
nome do Pai, em o nome do Filho, e em o nome do
Espírito Santo” , e também não diz “em nome do Pai,
Filho e Espírito Santo” (omitindo os artigos definidos).
Mas o verso diz: “em nome [singular, afirmando a unida­
de de Deus] do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (cada
uma sendo distinta das outras, como pessoas). Esse verso
demonstra muito claramente a doutrina da Trindade.
M A T E U S 2 8 .1 9 — E ste verso indica que o Pai, o
Filho e o Espirito Santo são uma única pessoa —
Jesus Cristo — como crêem os adeptos da seita
Unidade Pentecostal?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Em Mateus 28.19, Jesus
instrui os seus seguidores que batizem “em nome do Pai,
e do Filho, e do Espírito Santo” . Mas em Atos 2.38, en­
contramos a referência a batizar “Em nome de Jesus Cris­
to ” . Colocando juntos esses versos, os adeptos da seita
Unidade Pentecostal acreditam que isso significa que “Je­
sus” é o “nom e” do Pai, do Filho, e do Espírito Santo.
Pelo fato de o termo “nom e” estar no singular em Mateus
28.19, isso deve significar que Pai, Filho e Espírito Santo
são uma única pessoa — a pessoa de Jesus Cristo.
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : N ão
existe absolutamente qualquer indicação nesse texto de
213
R E S P O S T A À S S EI T AS
que Jesus estivesse se referindo a si mesmo esotérica ou
ocultamente através das palavras “do Pai, do Filho, e do
Espírito Santo” . Os adeptos de seita Unidade Pentecostal estão lendo algo dentro do texto que simplesmente
não está lá. Conform e observado anteriormente, os eru­
ditos gregos reconhecem universalmente que o empre­
go de artigos definidos antes de cada substantivo (o Pai,
o Filho, e o Espírito Santo) em Mateus 28.19 apontam
para pessoas diferentes. U m estudo da forma singular do
termo “nom e” nas Escrituras prova que o termo não se
refere obrigatoriamente a uma só pessoa (por exemplo,
veja Gn 5.2; 11.4; 48.16). “N o m e” em Mateus 28.19
(singular, no grego) não se refere a três designações ou
títulos de uma única pessoa mas, antes, a três pessoas con­
tidas na unidade do único Deus.
As Escrituras são abundantemente claras e mostram
que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são pessoas distin­
tas. Por exemplo, está claro que Jesus não é o Pai, pois o
Pai enviou o Filho (Jo 3.16,17). O Pai e o Filho se amam
(Jo 3.35). O Pai e o Filho falam um com o outro (Jo
11.41,42). O Pai conhece o Filho, e o Filho conhece o
Pai (Mt 11.27). Jesus é o nosso advogado ju n to ao Pai (1
Jo 2.1). Além do mais, está claro que Jesus não é o Espí­
rito Santo, pois foi dito que o Espírito Santo é um outro
consolador (Jo 14.16). Jesus enviou o Espírito Santo (Jo
15.26). O Espírito Santo procura glorificar a Jesus (Jo
16.13,14). O Espírito Santo desceu sobre Jesus (Lc 3.22).
N em o Pai é o Espírito Santo, pois o Pai enviou o Espí­
rito Santo (Jo 14.16). E o Espírito Santo intercede por
nós junto ao Pai (R m 8.26,27). E impossível argumentar
que Jesus seja o Pai e o Espírito Santo.
Ao longo da história da Igreja, os teólogos têm con
sistentemente interpretado esse verso como referindo
se às três pessoas da Trindade, e não a três designações ou
títulos de uma única pessoa, Jesus Cristo. Seria o máxi
214
MATEUS
mo da arrogância humana sugerir que todos os teólogos
ao longo da história da igreja estiveram equivocados a
respeito desse verso, e que apenas os adeptos da seita
Unidade Pentecostal o compreenderam corretamente.
M A T E U S 2 8 .1 9 — E ste texto dá suporte à doutrina
da Trindade, de modo oposto à conclusão da seita O
Cam inho Internacional?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : De acordo comVictor Paul
Wierwille, fundador da seita O Caminho Internacional,
esse verso foi corrompido em relação à sua forma origi­
nal e não pode ser utilizado como suporte à doutrina
ortodoxa da Trindade. Ele aponta para o fato de que
Eusébio, um importante patriarca da Igreja Primitiva,
citou esse verso dezoito vezes sem mencionar a fórmula
triunitária anteriormente ao Conselho de Nicéia (em
325 d.C.) — que codificou formalmente a doutrina da
Trindade. Somente após o Conselho de Nicéia, Eusébio
passou a incluir a fórmula triunitária quando se referia a
esse verso. Desse modo, conclui Wierwille: “Não teria
sido difícil para os escribas incluírem ‘em nome do Pai, e
do Filho, e do Espírito Santo’, em lugar da frase original
‘em m eu n o m e ’. Isso é o que deve ter o c o rrid o ”
(Wierwille, 1981, 19,20).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : As evi­
dências sustentam a autenticidade desse verso, bem como
a sua utilização para dar base à doutrina da Trindade. A
autoridade divina repousa no próprio texto bíblico, e
não naquilo que qualquer patriarca tenha ou não tenha
dito a respeito. Somente a Bíblia é inspirada, e não os
patriarcas da Igreja. Contudo, mesmo Wierwille admite
que Eusébio utilizou esse verso como apoio à doutrina
da Trindade. E compreensível que ele o tenha utilizado
215
R E S P O S T A Á S S EI T AS
com esse propósito após a doutrina ter sido oficialmente
reconhecida como bíblica por um concilio geral da igreja
cristã.
N a melhor hipótese, o argumento de Wierwille re­
presenta a falácia lógica de argüir a partir do silêncio. A
partir do fato de que esse verso não tenha sido citado
como argumento à doutrina da Trindade antes de Nicéia,
nada se segue, exceto que Eusébio não teve ocasião de
citá-lo. Certamente, não existe nenhum manuscrito que
apóie a especulação de Wierwille — de que um escriba
o tenha alterado. Esse verso não consta apenas de nossos
mais antigos e melhores manuscritos, mas é apoiado por
milhares de manuscritos gregos.
Conform e observado acima, o próprio texto ensina a
doutrina da Trindade, uma vez que ele se refere ao “nom e”
(singular) do “Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (plu­
ral). Existem três pessoas contidas em “nom e” (ou essên­
cia), que é aquilo que a Trindade é.
M A T E U S 2 8 .1 9 — “F azer” discípulos justifica as
táticasproselitistas da Igreja Internacional ( “Boston”)
de Cristo?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Jesus disse aos seus segui­
dores que “fizessem” discípulos. De acordo com Al Baird,
um presbítero da cidade de Boston, “nós procuramos
fazer com que o discípulo faça, de preferência, algo que
o motive, ao invés de fazer qualquer coisa por causa de
seu amor a Deus, e de nosso amor para com ele” (Baird,
A new look at authority, pág. 18).
C O R R IG IN D O A M Á IN TERPRETAÇÃO :D e acor­
do com as Escrituras, a verdadeira motivação para servir
a Cristo é o amor, e não o medo. Paulo disse: “O amor
de Cristo nos constrange” (2 Co 5.14). João complementa
216
MATEUS
dizendo que “a perfeita caridade lança fora o tem or” (1
Jo 4.18).
N o contexto da ordem de Jesus expressa em Mateus,
“fazer discípulos” não implica em força. U m discípulo
é aquele que aprende de outra pessoa, é o hom em ou a
m ulher que se liga a um discipulador, tornando-se seu
seguidor em termos de doutrina e m odo de conduta
na vida. Aquele que discípula ajuda a m oldar comple­
tamente a vida de seu discípulo ou discípula, produzin­
do nessa pessoa a semelhança de Cristo. Porém, em parte
alguma Jesus deixa implícito — nem a Bíblia aprova —
o uso da força ou do medo como meio de promover
mudanças na vida do discípulo. As mudanças devem ser
promovidas através do cuidado e do desenvolvimento
(Hb 5.13,14; 1 Pe 2.2), e não do controle sobre a vida do
discípulo. E incorreto tentar orquestrar diretamente a
mudança na vida de outra pessoa; a abordagem correta é
aquela que procura facilitar o relacionamento da pessoa
com Jesus, para que o próprio Jesus possa produzir as
mudanças, em com um acordo com o seu discípulo.
C A P Í T U L O 23
MARCOS
M A R C O S 1 .1 0 — E ste verso indica que o Espirito
Santo não é uma pessoa, conforme argumentam as
Testemunhas de Jeová?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Em Marcos 1.10 lemos a
respeito do batismo de Jesus: “E, logo que saiu da água,
viu os céus abertos e o Espírito que como pomba, descia
sobre ele”. As Testemunhas de Jeová argumentam que o
Espírito Santo não é uma pessoa, uma vez que Ele veio
sobre Jesus em forma de uma pomba.
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Se nós
utilizássemos esse mesmo tipo de lógica, poderíamos con­
tradizer a personalidade do Pai e a de Jesus. Finalmente,
lemos em Exodo 3.2-4 que Jeová apareceu a Moisés em
R E S P O S T A À S S EI T AS
uma sarça ardente. E a nós foi dito que Jesus é o pão da
vida (Jo 6.48) e a porta (Jo 10.9). Por outro lado, num e­
rosas evidências através das Escrituras marcam a perso­
nalidade do Espírito Santo — inclusive o fato de que o
Espírito Santo possui atributos de pensamento (Rm 8.27),
de emoções (Ef4.30) e de vontade (1 Co 12.11).Veja a
discussão que mostramos neste livro referente a Gênesis
1.2 para conhecimento da argumentação bíblica com­
pleta e detalhada a respeito da personalidade do Espírito
Santo.
M A R C O S 6 .5 — Se Jesus é D eu s Todo-Poderoso,
p o r que E le não f o i capaz de realizar maravilhas em
N azaré?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : De acordo com esse verso,
enquanto esteve em Nazaré, Jesus “não podia fazer ali
obras maravilhosas” . Por que Ele não o podia fazer, se
Ele é Todo-Poderoso? As Testemunhas de Jeová alegam
que Jesus não é Deus Todo-Poderoso, mas que, antes, er;i
um Deus m enor do que Deus o Pai (Reasoning from ///<’
Scriptures, 1989, pág. 150).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Jesus é
Todo-Poderoso como Deus, mas não do mesmo modo
enquanto homem. Com o o Deus-homem, Jesus tiniu
em si tanto a natureza divina como a natureza humana.
O que Ele pode fazer em uma natureza, pode, não ne
cessariamente, fazer na outra. Por exemplo, como Deus,
Jesus jamais ficou cansado (SI 121.4), mas como homem,
sim (Jo 4.6).
O fato de Jesus possuir todo o poder não significa que
Ele sempre optou por exercê-lo. O “não podia” em Mar
cos 6.5 é moral, e não literal. Ele mesmo decidiu não fa/ei
milagres por causa “da incredulidade deles” (v. 6). Jesus
220
MARCOS
não era um entretenimento e não lançava pérolas aos por­
cos. Então a necessidade aqui é moral, e não metafísica.
Ele possuía a capacidade de fazer milagres ali, e de fato fez
alguns (v. 5). Ele apenas se recusou a fazer mais, porque
considerou um desperdício de esforços.
M A R C O S 1 0 .1 7 -3 1 — Jesus negou ser D eu s diante
do jovem e rico príncipe?
Veja os comentários que fizemos a respeito de Mateus
19.16-30.
M A R C O S 1 0 .3 0 — Jesus prometeu “cem vezes tan­
to ” como retorno p o r nossas ofertas financeiras e
materiais?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Os ensinadores da seita Pa­
lavra da Fé dizem que Jesus prometeu “cem vezes mais”
como retorno por todas as nossas ofertas financeiras e
materiais.
“Você oferta R$1 por amor ao Evangelho e R$100
passam a lhe pertencer; oferta R$10 e recebe R$1.000;
dá R$1.000 e recebe R$100.000... dá uma casa e recebe
cem casas, ou uma casa que valha cem vezes mais. Dá
um avião e recebe cem vezes o valor do avião. Dá um
carro, e o retorno o dotará de carros pela vida toda. Em
resumo, Marcos 10.30 é um negócio m uito b o m ”
[Copeland, 1978, 54].
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Esse ver­
so não tem nada a ver com dinheiro ou riquezas. Ele está
se referindo especificamente àqueles que deixaram o lar
e as pessoas amadas por amor a Jesus e ao Evangelho.
Esses indivíduos receberão como retorno “cem vezes
mais” no sentido de que eles se tornam parte da comu­
221
R E S P O S T A À S S EI T A S
nidade de crentes. É nessa nova comunidade que eles
encontram a multiplicação de relacionamentos — mui­
tos dos quais acabarão se tornando mais próximos e es­
piritualmente mais significativos do que as relações de
parentesco (confira Mc 3.31 -35; At 2.41 -47; 1 Tm 5.1,2).
Deus quer que tenhamos uma perspectiva equilibra­
da a respeito de dinheiro. A Bíblia não condena a posse
de propriedades ou riquezas. Ser rico não é um pecado;
a Bíblia mostra algumas pessoas bastante devotas a Deus
— Abraão eJacó,por exemplo — que eram muito abas­
tadas. Antes, Deus condena o amor às posses ou às ri­
quezas (Lc 1-6.13; 1 T m 6.10;Hb 13.5). O amor às coisas
materiais é um sinal de que uma pessoa está vivendo de
acordo com uma perspectiva temporal, e não eterna.
As Escrituras nos dizem que o amor ao dinheiro e às
riquezas é capaz de levar uma pessoa à destruição. O
apóstolo Paulo afirmou categoricamente que “os que
querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em
muitas concupiscências loucas e nocivas, que submer­
gem os homens na perdição e ruína” (1 T m 6.9). Paulo
também advertiu que “nos últimos dias sobrevirão tem ­
pos trabalhosos; porque haverá homens amantes de si
mesmos, avarentos... mais amigos dos deleites do que
amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas n e ­
gando a eficácia dela” (2Tm 3.1-5).
Também é compreensível que Jesus tenha prevenido
os seus seguidores: “Acautelai-vos e guardai-vos da avare­
za, porque a vida de qualquer não consiste na abundânci.i
do que possui” (Lc 12.15). Ele então instou com urgênci.i
que os seus seguidores tivessem uma perspectiva eterna,
exortando: “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça v
a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e
roubam. Mas ajuntai tesouros no céu” (Mt 6.19,20; Jo
6.27). Em vista do exposto,Jesus diz com urgência: “M.is
buscai primeiro o R eino de Deus, e a sua justiça, e tod.is
222
MARCOS
essas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33).Viver para
Deus de uma maneira justa deveria ser a nossa mais alta
prioridade. Quando fazemos isso, podemos descansar, es­
tando certos de que Deus nos proverá com relação às ne­
cessidades da vida. A nossa atitude deveria ser tal que,
quer sejamos ricos, quer sejamos pobres (ou que tenha­
mos uma condição entre essas duas), sejamos simples­
mente despenseiros daquilo que Deus nos tem dado. A
nossa atitude deveria espelhar aquela que teve o apósto­
lo Paulo, que disse: “Sei estar abatido e sei também ter
abundância; em toda a maneira e em todas as coisas, es­
tou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto
a ter abundância como a padecer necessidade. Posso to­
das as coisas naquele que me fortalece” (Fp 4.12,13).
M A R C O S 1 1 .2 3 ,2 4 — Jesus prometeu literalmente
dar-nos qualquer coisa que pedirm os com fé?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Em face disso, esse verso
parece estar dizendo que Deus garantirá literalmente qual­
quer pedido que a Ele façamos, desde que creiamos. Os
ensinadores da seita Palavra da Fé freqüentemente citam
esse verso como base às suas visões (Hagin, 1972,27,28).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Limita­
ções a respeito daquilo que Deus dará estão indicadas
tanto pelo contexto como por outros textos, bem como
pelas leis da própria natureza de Deus e do universo.
Deus não pode nos dar literalmente todas as coisas. Al­
gumas coisas são de fato impossíveis. Por exemplo, Deus
não pode garantir o pedido de uma criatura que quer
tornar-se Deus. N em tampouco poderá responder um
pedido de aprovação de nossos pecados. Deus não nos
dará uma pedra se lhe pedirmos pão, nem nos dará uma
serpente se lhe pedirmos um peixe (Mt 7.9,10).
223
R E S P O S T A À S S EI T A S
O contexto da promessa de Jesus em Marcos 11 indi­
ca que ela não foi uma promessa incondicional, pois o
próprio verso 25 diz:“Se tendes...perdoai” a seu irmão e
então Deus perdoará as suas ofensas. Desse modo, não
existe razão para acreditar que Jesus pretendia que nós
entendêssemos a sua promessa como se Ele nos desse
“quaisquer coisas” que a Ele pedíssemos, sem quaisquer
condições.
Todas as passagens que possam parecer de difícil en­
tendimento devem ser interpretadas em harmonia com
outras declarações claras das Escrituras. E está claro que
Deus não promete, por exemplo, curar a todas as pessoas
pelas quais orarmos com fé. Certa vez Paulo não foi cu­
rado, embora tivesse orado sinceramente e com fé (2 Co
12.8,9). Jesus ensinou que não foi a falta de fé por parte
do hom em cego que o impediu de ser curado até então.
Antes, ele nasceu cego: “Foi assim para que se manifes­
tem nele as obras de Deus” (Jo 9.3).A despeito da divina
habilidade que o apóstolo Paulo possuía para curar ou­
tras pessoas (At 28.9), mais tarde ele aparentemente não
pôde curar nem Epafrodito (Fp 2.25,26) e nemTrófimo
(2 T m 4.20). Está claro que não foi a falta de fé que
trouxe sobreJó a sua enfermidade (Jó 1.1).Além disso,se
a condição para receber um milagre fosse apenas a fé da
pessoa candidata a recebê-lo, então nenhum dos mortos
ressuscitados por Jesus teria voltado à vida, uma vez que
os mortos não são mais capazes de crer!Veja nossos co­
mentários a respeito da passagem em Isaías 53.4,5 o
Filipenses 2.25.
O restante das Escrituras coloca muitas condições para
que Deus responda orações, conforme a sua promessa, além
da necessidade de fé. Devemos “estar nEle” e permitir que
a sua Palavra “esteja em nós”(Jo 15.7). Não devemos “pe­
dir mal”, conforme o nosso próprio egoísmo (Tg 4.3).
Além do que, devemos pedir “segundo a sua vontade"
224
MARCOS
(1 Jo 5.14). O próprio Senhor Jesus orou: “M eu Pai, se é
possível, passa de mim este cálice [a sua morte]; todavia,
não seja como eu quero,mas como tu queres” (Mt 26.39).
Na verdade, em todas as promessas de Deus — exceto nas
incondicionais — a frase “se essa for a tua vontade” deve
sempre estar enunciada ou implícita. A oração não é um
meio através do qual Deus nos serve. Antes, é um meio
através do qual nós servimos a Deus. A oração não é um
meio pelo qual alcançamos o cumprimento da nossa von­
tade no céu, mas um meio pelo qual Deus faz com que a
sua vontade seja feita na terra.
M A R C O S 1 2 .3 0 — U m a pessoa deve ultrapassar
os limites da razão para que possa ser verdadeira­
m ente espiritual, como parecem sugerir alguns
ensinadores da seita Palavra da Fé?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Alguns ensinadores da sei­
ta Palavra da Fé parecem minimizar o papel desempe­
nhado pela razão com referência à verdadeira espiritua­
lidade. Kenneth Hagin, por exemplo, disse: “U m a pessoa
quase tem que se desviar do cérebro e funcionar a partir
do hom em interior (do coração ou do espírito) para
que realmente possa adentrar as coisas de Deus” (Hagin,
1966, 27).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Marcos
12.30 instrui os crentes do seguinte m odo:“Amarás,pois,
ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a
tua alma, e de todo o [literalmente ‘da totalidade do’] teu
entendimento [‘pensamento’, ‘intelecto’, ‘faculdades inte­
lectuais’], e de todas as tuas forças” . (A ênfase foi adicio­
nada.) U m a pessoa não será capaz de amar a Deus de
todo o seu entendimento sem utilizar uma capacidade
racional dada por Deus.
225
R E S P O S T A À S S EI TA S
Freqüentemente vemos a importância da razão ilustrada
nas Escrituras. O próprio Deus nos convida: “Vinde, então,
e argüi-me” (Is 1.18). Foi dito que a sabedoria de Deus é
“moderada” (Tg3.17).O apóstolo Paulo várias vezes“disputou com eles [os judeus] sobre as Escrituras” (At 17.2).
As Escrituras nos admoestam: “Pensai nas coisas que são de
cima e não nas que são da terra” (Cl 3.2). Além disso, os
cristãos são aconselhados a andar “cingindo os lombos do
vosso entendimento” (1 Pe 1.13). Embora os ensinadores
da seita Palavra da Fé coloquem uma forte ênfase no Espí­
rito Santo, é importante compreender que o trabalho do
Espírito Santo no tocante a iluminar as nossas mentes (1
Co 2.12) não implica que os intérpretes da Bíblia possam
ignorar a razão e a lógica. Uma vez que o Espírito Santo é
o “Espírito da verdade” (Jo 14.17; 15.26; 16.13), Ele não
ensinaria verdades que fracassassem ao se depararem com
os testes da verdade — testes que envolvem o uso da razão.
O Espírito Santo não conduz as pessoas a crenças que se
contradigam mutuamente, ou que fracassem quanto a pos­
suir consistência interna lógica. Uma informação adicionai:
Se for possível desviar-se da razão, como os ensinadores da
seita Palavra da Fé parecem sugerir, então por que é que
eles continuamente escrevem e vendem livros, que para se­
rem entendidos exigem o uso da razão? Além disso, os
ensinadores da seita Palavra da Fé parecem não se dar conl.i
de que devem utilizar a razão no próprio processo de ar
güição contra a necessidade da razão.
M A R C O S 1 3 .3 2 — Jesus ignorava a data precisa de
sua segunda vinda. Isso significa que E le não era o
D eu s Todo-Poderoso?
A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Jesus nesse verso negou
ter o conhecim ento de quando aconteceria a sua se
gunda vinda, dizendo: “Mas, daquele dia e hora, nm
226
MARCOS
guém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Fi­
lho, senão o Pai” . As Testemunhas de Jeová argum en­
tam: “Esse não seria o caso se Pai, Filho e Espírito San­
to fossem iguais, com preendidos em um só D eu s”
(Reasoning from the Scriptures, 1989, pág.409). A igno­
rância de Jesus nessa passagem prova que Ele não é o
Deus Todo-Poderoso.
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Deve­
mos ser capazes de distinguir entre aquilo que Jesus na
ocasião conhecia como Deus (absolutamente tudo), e
aquilo que Ele conhecia como homem. C om o Deus,
Jesus era onisciente (conhecedor de todas as coisas), po­
rém como hom em , era limitado em seu conhecimento.
A situação pode ser assim esquematizada:
JESUS CO M O D E U S
JESUS CO M O HOM EM
Possuidor de
conhecim ento ilimitado
Limitado
em conhecimento
Sem crescimento em
termos de conhecimento
Crescendo em
conhecimento
C onhecia precisam ente
a ocasião de sua segunda
vinda
Não conhecia a ocasião
de sua segunda vinda
Daí, em Marcos 13.32 Jesus estava falando a partir do
ponto de vista de seu lado humano. Em sua humanida­
de, Jesus não era onisciente, mas limitado em entendi­
mento, na mesma intensidade de todos os seres hum a­
nos. Se Jesus tivesse falado a partir da perspectiva de sua
divindade, não teria dito o mesmo.
N um erosos versos das Escrituras ilustram que Jesus,
como Deus, conhece todas as coisas. Por exemplo, Ele
117
R E S P O S T A À S S EI T AS
sabia precisamente onde estavam os peixes dentro da água
(Lc 5.4,6; Jo 21.6-11), e conhecia também exatamente
qual dos peixes continha a moeda (Mt 17.27). Ele sabia
que o seu amigo Lázaro havia morrido, mesmo não es­
tando em algum lugar próximo à vizinhança de Lázaro
(Jo 11.11).Ele conhecia também aqueles que o rejeitari­
am (Jo 6.64) e aqueles que o seguiriam (Jo 10.14). Ele
conhece o Pai, assim como o Pai o conhece, fato que
requer que Jesus tenha a mesma onisciência do Pai (Mt
11.27;Jo 7.29; 8.55; 10.15; 17.25).
M A R C O S 1 4 .2 1 — A declaração de J e s u s , de q u e
seria m e lh o r q u e J u d a s j a m a i s h o u v e s s e nascido, ser­
v e de a rg u m e n to à v isã o dos a n iq u ila cio n ista s?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Jesus disse a respeito de
Judas, que foi enviado à perdição, que “Bom seria para o
tal hom em não haver nascido” (Mc 14.21). Mas antes
que uma pessoa seja concebida, ela não existe. Desse
modo, os aniquilacionistas argumentam que se o inferno
será como a condição pré-natal, deverá ser um estado de
inexistência. Portanto, o aniquilacionismo deve estar certo.
Essa é uma conclusão correta?
C O R R IG IN D O A M Á IN TERPRETAÇÃO : Jesus não
está com parando a perdição de Judas com a sua
inexistência antes de seu nascim ento. Essa figura
hiperbólica de linguagem indica o quão severa é essa
punição, e não a superioridade de um ser que não existe
sobre um ser existente.
Além disso, o “nada” jamais pode ser melhor do que
algo, uma vez que não possuem qualquer coisa em c o ­
m u m para que se possa com pará-los. E ntão seres
inexistentes não podem ser melhores do que seres exis
tentes. Assumir que podem é um sério erro.
228
MARCOS
Em outra situação, condenando os fariseus Jesus disse
que Sodoma e Gomorra teriam se arrependido se tives­
sem visto os seus milagres (Mt 11.20,24). Isso não signi­
fica que eles teriam realmente se arrependido (a menos
que Deus com certeza lhes mostrasse esses milagres — 2
Pe 3.9). Essa é simplesmente uma poderosa figura de
linguagem, indicando que o pecado deles era tão grande
que “haverá menos rigor” (Mt 11.24) no dia do juízo
para Sodoma do que para eles. Então, mesmo nessa frase
a respeito de Judas, não há provas sobre a aniquilação dos
ímpios.
A Bíblia faz claras referências aos perdidos, na condi­
ção de conscientes em tormentos e punição após a sua
morte.Jesus disse que no lugar onde estão há “pranto e
ranger de dentes” (Mt 8.12; confira 22.13; 24.51; 25.30).
Mas aqueles que não estão conscientes não pranteiam.
Veja nossos comentários a respeito de Mateus 25.46.
M A R C O S 1 6 .1 2 — Jesus apareceu em diferentes
corpos após a sua ressurreição?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : De acordo com Marcos,
Jesus apareceu aqui em “outra forma” . A partir daí, al­
guns alegam que após a ressurreição, Jesus assumiu dife­
rentes corpos em diferentes ocasiões, mas não possuía
continuamente o mesmo corpo físico que tinha antes da
ressurreição. Mais especificamente as Testemunhas de
Jeová alegam que Jesus não ressuscitou dos mortos fisi­
camente, mas em um corpo espiritual, e que Ele apare­
ceu ou “se materializou” para os seus seguidores e m “cor­
pos” diferentes daquele que foi depositado no túmulo.
N a verdade, “os corpos nos quais Jesus se manifestou aos
seus discípulos após o seu retorno à vida não eram o
mesmo corpo no qual ele foi cravado no madeiro” (The
kingdom is at hand, 1944, pág.259).
22 9
R E S P O S T A À S S EI TA S
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Existem
sérios questionamentos a respeito da autenticidade do
texto envolvido. Marcos 16.9-20 não é encontrado em
alguns dos mais antigos e melhores manuscritos. E por
ocasião da reconstrução dos textos originais, a partir dos
manuscritos existentes, muitos estudiosos acreditam que
os textos mais antigos seriam mais confiáveis, uma vez
que estão mais próximos dos manuscritos originais. Mas
mesmo garantindo a sua autenticidade, o evento que ele
resume (veja Lc 24.13-32) simplesmente diz: “Mas os
olhos deles estavam como que fechados, para que o não
conhecessem” (v. 16).Esse fato esclarece que o elemento
miraculoso não estava no corpo de Jesus, mas nos olhos
dos discípulos (w. 16,31). R econhecer Jesus não lhes foi
concedido até que os olhos deles fossem abertos.
N a melhor hipótese, essa é uma referência obscura e
isolada. E nunca é prudente basear qualquer pronuncia­
mento doutrinário significativo em um único texto. Seja
qual for o significado de “em outra forma”, essa frase cer­
tamente não significa uma forma diferente de seu corpo
físico real e material. Mais adiante, nesse mesmo capítulo,
Ele aparece comendo, dando através disso uma prova de
que Ele estava em “carne e ossos”, e não como u m “espí
rito”, que é imaterial (w. 38-43).“Em outra forma” pro
vavelmente signifique outra além do jardineiro, com o qu.il
Maria o confundiu anteriormente (Jo 20.15).
Aqui, Jesus se apresentou em forma de um viajante’
(Lc 24.13,14).
M A R C O S 1 6 .1 6 — E ste verso significa que o batis­
mo é necessário para que uma pessoa seja salva?
A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : Marcos 16.16 diz: “Quem
crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será con
denado”. Seitas e grupos que se constituem aberrações
230
MARCOS
citam essa passagem como suporte à sua crença de que o
batismo é necessário para a salvação. Os mórmons utili­
zam esse verso como uma prova de que apenas a fé não é
o suficiente; dizem que a pessoa deve obrigatoriamente
ser batizada para que seja salva (Talmage, 1982,129).
C O R R IG IN D O A MÁ INTERPRETAÇÃO: U m prin­
cípio básico de interpretação da Bíblia é que passagens
difíceis devem ser interpretadas à luz de passagens fáceis,
de versos claros. Nunca se deve edificar uma doutrina te­
ológica sobre passagens de difícil compreensão.Versículos
de fácil compreensão indicam que as pessoas são salvas
através da fé em Cristo (por exemplo J o 3.16,17; At 16.31).
Em Marcos 16.16 está claro que é a falta de fé que
traz a condenação, e não a falta de ser batizado: “ ...mas
quem não crer será condenado” . Q uando uma pessoa
rejeita o Evangelho, recusando-se a dar-lhe crédito, essa
pessoa é condenada.
Outros versos nas Escrituras apóiam o pensamento
de que o batismo não é uma condição para a salvação:
1. Jesus disse ao ladrão arrependido: “Em verdade te
digo que hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23.43). O
ladrão foi salvo sem ser batizado.
2. Em Atos 10, Cornélio creu em Cristo e foi clara­
m ente salvo antes de ser batizado nas águas. N o m o­
m ento em que Cornélio creu em Cristo, o dom do Es­
pírito Santo foi derramado sobre ele (At 10.45).
3. Em 1 Coríntios 1.17 o apóstolo Paulo disse:“Porque C risto enviou-m e não para batizar, mas para
evangelizar” .Aqui uma distinção é feita entre o Evange­
lho e o ato do batismo. E-nos dito em outras passagens
que o Evangelho é que traz a salvação (1 Co 15.2). E
que o batismo não é parte do Evangelho como condi­
ção para a salvação (veja também os nossos comentários
a respeito de At 2.38).
231
C A P ÍT U L O 24
LUCAS
L U C A S 1 .2 8 — O fa to de M aria ter sido “agracia­
d a ” prova que ela f o i concebida deform a imaculada,
como dizem os católicos romanos?
A M Á IN TERPRETAÇÃO : Em 8 de dezembro de 1854,
o papa Pio IX, na bula papal intitulada Inefável, declarou
como infalível a doutrina que deveria ser crida por to­
dos os fiéis de modo firme e constante: “A Santíssima
Virgem Maria estava, no primeiro m om ento de sua con­
cepção, por meio de um singular dom da graça e bem aventurança do Deus Todo-Poderoso, em vista dos m é­
ritos de Jesus Cristo, o R edentor da humanidade, pre­
servada de toda mácula do pecado original” (Ott, 1960,
199). O tt argumenta que “a expressão ‘agraciada’... [Lc
1.28] na saudação do anjo, representa um nom e próprio,
R E S P O S T A À S S EI TAS
e deve, por conta disso, expressar uma qualidade caracte­
rística de Maria... Contudo, isto é perfeito somente se
for perfeito não apenas intensivamente mas também ex­
tensivamente, isto é, se estender-se por toda a vida, a
começar pela entrada de Maria no m u n d o ” (Ibid., 200).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Nada
nesse verso justifica a crença na concepção imaculada de
Maria. Não é de modo algum necessário tomar a ex­
pressão “agraciada” como um nome próprio. Mesmo as
versões católicas contemporâneas da Bíblia não o tradu­
zem como nom e próprio (por exemplo, a versão The
N ew American Bihle). O termo “agraciada” poderia referir-se simplesmente à condição de Maria com o alguém
que está recebendo o favor de Deus. M esm o que fosse
um nome próprio e que se referisse ao caráter essencial
de Maria, não seria necessário tom á-lo de forma ex­
tensiva, rem ontando ao tempo de seu nascimento. O
único m odo pelo qual se poderia tirar essa conclusão
seria através de fatores que fossem além do próprio
texto bíblico (pois este não ensina a d o u trin a da
imaculada conceição).
Certamente, os católicos acreditam que a tradição
complementa aquilo que as Escrituras não declaram. Mas,
se assim é, então por que apelar para o apoio das Escritu­
ras? Por que não admitir o que muitos católicos con­
temporâneos têm sido relutantes em reconhecer — que
este ensino não é encontrado nas Escrituras mas foi acres­
centado somente séculos mais tarde, por tradição?
Mesmo que o term o tivesse sido estendido ao princí­
pio da vida de Maria, não significaria necessariamente
que ela tivesse sido concebida de maneira imaculada.
Poderia referir-se simplesmente à presença da graça de
Deus sobre a sua vida, desde a sua concepção. E isso
verdadeiramente aconteceu na vida de outras pessoas,
234
LUCAS
incluindo Jeremias (Jr 1) e João Batista (Lc 1), que não
foram concebidos de maneira imaculada. Elliott Miller e
Kenneth Samples observam na obra The cult o f the virgin
(A seita da virgem), que o termo grego empregado para
“agraciada” é charitõ. Mas o term o charitõ é utilizado para
fazer alusão aos crentes em Efésios 1.6, sem implicar per­
feição isenta de pecado. Não há, por essa razão, nada em
Lucas 1.28 que estabeleça a doutrina da imaculada con­
cepção. “A única inferência necessária é que Maria foi
favorecida de maneira singular por ter sido a mãe de seu
próprio Senhor” (Miller e Samples, 34). Para encontrar
apoio para este dogma católico, é necessário apelar para
as tradições fora da Bíblia e posteriores a ela.
L U C A S 1.28h — O fa to de M aria ter sido “agraci­
ad a” prova que ela tenha vivido uma vida isenta de
pecados, como alegam os católicos romanos?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : De acordo com o ensino
católico romano, “A vida imaculada de Maria deve ser
deduzida a partir do texto encontrado em Lucas 1.28 —
‘Salve, agraciada’, uma vez que não é possível harm oni­
zar imperfeições pessoais morais com a plenitude da gra­
ça” (Ott, 1960).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Não é
possível sustentar o argumento católico que diz que Maria
permaneceu sem pecados durante toda a sua vida pelo
fato de ter sido “agraciada” na ocasião da anunciação. A
frase “cheia de graça” é uma interpretação imprecisa, ba­
seada naVulgata Latina, e que foi corrigida pela moder­
na Bíblia Católica na tradução N ew American Bible (NAB).
A Bíblia na versão NAB traduz a frase simplesmente
como “favorecida” . A falha na interpretação daVulgata
tornou-se a base para a idéia de que essa graça se esten­
235
R E S P O S T A À S S EI T AS
deu por toda a vida de Maria. Porém, mesmo que preci­
sa considerando-se o contexto, a saudação do anjo é
apenas uma referência ao estado de Maria naquele mo­
mento, e não ã sua vida por inteiro. A expressão não afir­
ma que ela tenha sempre sido cheia de graça, mas apenas
que foi agraciada por ter sido escolhida por Deus, na­
quela ocasião, para essa honra singular.
A graça concedida a Maria não foi apenas limitada em
tempo, mas o foi também em função. A graça que ela
recebeu foi-lhe dada para que cumprisse a tarefa de ser a
mãe do Messias. Nada indica que o propósito dessa graça
fosse o de impedir que ela cometesse qualquer pecado.
O excesso em relação à graça por ela recebida forne­
ce um direcionamento equivocado, uma vez que os pró­
prios eruditos católicos admitem que Maria também
estava sob a necessidade de redenção. Mas por que isso,
se ela não era uma pecadora? O tt diz claramente a res­
peito de Maria que “ela mesma requeria a redenção, e
foi redimida por Cristo” (Ibid., 212). E biblicamente in­
fundado sugerir que ela tenha sido meramente resguar­
dada de herdar tudo isso, ao invés de ter sido de fato
liberta do pecado através da salvação. A Bíblia também
não dá suporte à condição de imaculada que se atribui a
Maria em termos de pecado. Pelo contrário, a Bíblia afir
ma que ela também era pecadora. Falando como peca­
dora, Maria disse: “ O meu espírito se alegra em Deus
meu Salvador” (Lc 1.47). De modo oposto à explicação
de Duns Scotus de que Maria não precisaria ser salva do
pecado, ela mesma confessou a sua necessidade naquele
Momento (depois de seu nascimento) de um Salvador. Na
verdade, ela até mesmo apresentou uma oferta perante o
sacerdote judaico a partir de sua condição de pecadora
l c 2.22), conforme o que era requerido n o A ntigo! és
taniento (Lv 12.2). Isso não teria sido necessário se ela
na° ^ e s s e pecados em sua vida.
236
LU CAS
L U C A S 1 .4 2 — O fato de M aria ter sido chamada
de “bendita” mostra que ela tenha sido concebida
imaculadamente?
A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : O texto de Lucas 1.42 é
apresentado pelos católicos em defesa da doutrina da
imaculada concepção de Maria. Eles alegam que quan­
do Isabel disse: “Bendita és tu entre as m ulheres” , a
“bênção de Deus que repousa sobre M aria é colocada
com o um paralelo à bênção de Deus que repousa so­
bre Cristo em sua condição de hum ano. Este para­
lelismo sugere que Maria, assim como Cristo, foi, des­
de o princípio de sua existência, livre de todo pecado”
(O tt, 1960,201).
C O R R IG IN D O A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : A argu
mentação de O tt de que esta bênção seja um paralelo à
mesma bênção que havia em Cristo é forçada. Ela se
agarra a um desespero de causa pela falta de evidências
bíblicas que comprovem o dogma católico que foi pro­
clamado muitos anos após os próprios eventos. A passa­
gem não traça um paralelo entre Maria e Cristo, em
nenhum lugar. Ela simplesmente diz que à Maria que
concebeu o nosso Senhor foi dada graça para que cum ­
prisse a sua tarefa.
Mesmo que o paralelo pudesse de alguma maneira
ser feito, uma concepção imaculada não se seguiria ne­
cessariamente a partir daí. Jesus nasceu de uma virgem.
Maria não foi assim concebida, mas ela teve um pai e
uma mãe naturais. Através da falta de lógica das alega­
ções de Ott, alguém poderia fazer de Maria a redentora
de nossos pecados, algo que alguns católicos têm procu­
rado fazer, e outros chegam a abordar a idéia em sua
extrema veneração a Maria. A igreja, contudo, não pro­
clamou oficialmente tal heresia.
237
R E S P O S T A À S S EI TA S
Tomás de Aquino, um dos maiores teólogos católicos
de todos os tempos, declarou que a doutrina da imaculada
conceição de Maria é impossível (Aquino, SumaTeológica
3, 27, 2), uma vez que Maria, como todos os demais
humanos, exceto Cristo, herdou a natureza pecaminosa
de Adão (confira R m 5.12).
L U C A S 1 .4 2 ,4 8 — Estes versos mostram que M a ­
ria deveria ser venerada acima de todas as criaturas,
como reivindicam os católicos romanos?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : De acordo com os ensina­
mentos da igreja católica,“A Maria, a mãe de Deus, confere-se o direito de receber o culto de hiperdulia” (Ott,
1960, 215). Isso significa que Maria deve ser venerada e
honrada em um nível mais alto do que o de outras cria­
turas, sejam anjos ou santos. Contudo, “esta [veneração a
Maria] é substancialmente m enor do que a cultus latriae
(ou adoração) que é devida somente a Deus, mas maior
do que a cultus duliae (ou veneração) devida a anjos e
aos outros santos”.
A fonte da especial veneração devida à mãe de Deus é
encontrada nas Escrituras em Lucas 1, verso 28, que diz:
“Salve, agraciada; o Senhor é contigo” (a saudação de Isa­
bel, cheia do Espírito Santo). O verso 42 complementa:
“Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teu
ventre”. As palavras proféticas da mãe de Deus são en­
contradas no verso 48: “Pois eis que, desde agora, todas as
gerações me chamarão bem-aventurada” (Ibid., 215).
CO RR IG INDO A M Á INTERPRETAÇÃO: Nada ncs
ses versos oferece suporte à conclusão de que Maria deva
ser venerada acima de todas as criaturas e abaixo de I )eus.
Os textos não dizem nada a respeito de veneração ou
orações dirigidas a Maria. Eles simplesmente chamam
238
LU CAS
Maria de “abençoada” por Deus, coisa que ela realmente
foi. Contudo, de m odo contrário à praxe católica, Maria
não foi abençoada acima de todas as mulheres, mas sim­
plesmente foi a mais abençoada dentre todas as mulheres.
Até mesmo na Bíblia católica, lê-se: “A mais abençoada
és tu dentre [não acima] as mulheres” (Lc 1.42). Isso não
é uma distinção, mas uma diferenciação. E uma estranha
lógica argumentar que uma vez sendo ela a mais aben­
çoada dentre as mulheres, isso faça com que seja digna
de mais honra do que qualquer outra mulher. Eva foi a
mãe da humanidade (Gn 3.20), uma honra evidente, que
nenhum a outra pessoa possui, inclusive Maria, e, contu­
do, Eva não é venerada pelos católicos de acordo com a
sua abençoada posição.
Além do mais, mesmo grandes pecadores que alcan­
çam o perdão são tremendamente abençoados, mas não
necessitam ser tidos em mais alta estima do que outros
por causa disso (veja, por exemplo, 1 Co 15.9 e 1 T m
1.15). Abraão foi chamado de pai da fé, mesmo tendo
mentido a respeito de sua esposa (Gn 20.1-18). Foi dito
a respeito de Davi que o seu coração era completamente
devoto ao Senhor seu Deus (1 Rs 11.4), contudo ele
cometeu adultério e assassinato (2 Sm 11).
Não existe sequer um exemplo no Novo Testamento
em que qualquer veneração tenha sido oferecida a M a­
ria. Q uando os magos vieram à manjedoura por ocasião
da natividade para visitar a criança, a Bíblia declara que
eles o adoraram, e não a ela (Mt 2.11). Além disso, prostrar-se em ato de veneração diante de qualquer criatura,
mesmo que sejam anjos (confira Cl 2.18 e Ap 22.8,9), é
proibido pelas Escrituras. A Bíblia deixa claro que não
devemos fazer “imagens” de qualquer criatura ou mes­
mo “nos prostrar” diante delas em um ato de devoção
religiosa (Ex 20.4,5). Chamar Maria de “rainha do céu”,
sabendo que esta expressão foi tomada por empréstimo
239
R E S P O S T A À S S EI T A S
diretamente de uma seita pagã e idólatra da antigüidade,
condenada pela Bíblia (confiraJr 7.18), é apenas um con­
vite à acusação de mariolatria. E mariolatria é idolatria.
Além do mais, apesar das distinções teológicas a res­
peito do oposto, na prática, muitos católicos não distin­
guem entre a veneração dada a Maria e aquela que eles
dão a Cristo.
Existe clara diferença, tanto na teoria quanto na prá­
tica, na maneira como os católicos honram outros seres
humanos e na maneira como veneram Maria. Considere
o livro Novena de orações em honra a Nossa Mãe de Perpétuo
Auxílio, impresso como um livro católico (e sem qual­
quer declaração de censura) em si, o que garantiria que
não há nada de herético nele (publicado por Irmãs de
São Basil, 1968, págs. 16,19):
Venha em meu auxílio, caríssima mãe, pois me en­
comendo a ti. Em tuas mãos deposito a minha eterna
salvação, e a ti confio a minha alma. Conte-m e entre os
teus mais devotos servos; tome-me sob a tua proteção,
e isto será para mim o bastante. Porque se me protege­
res, querida mãe, nada temerei daquilo que me possa
sobrevir: nem mesmo dos meus pecados, pois obterás
para mim o perdão dos mesmos; nem mesmo da parte
dos demônios, porque és mais poderosa do que todo o
inferno junto; nem mesmo de Jesus, o meu juiz, pois
através de uma oração tua, Ele será apaziguado.
L U C A S 1.80; 2 .5 2 ; 4 .1 6 — Jesus f o i à ín dia quan­
do criança, durante os chamados “anos perdidos”,
com a finalidade de aprender a f a z e r milagres com
os gurus hindus?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : O escritor russo Nicolas
Notovitch, cujos escritos são populares entre os atuais
adeptos das seitas da Nova Era, mostra Lucas dizendo
240
LUCAS
que Jesus “esteve nos desertos até ao dia em que havia de
mostrar-se a Israel” (confira Lc 1.80). Isto, declarou
Notovitch, prova que ninguém sabia onde esteve o jo ­
vem Jesus por cerca de dezesseis anos. Ele disse ter en­
contrado documentos que comprovam que Jesus foi à
índia e aprendeu com os gurus hindus a ressuscitar pes­
soas dentre os mortos e a expulsar demônios (Prophet,
1987, 245fí; MacLaine, 1984, 233-34).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Lucas
1.80 refere-se a João Batista, e não a Jesus. Nesse ponto
da narrativa de Lucas, Jesus não havia sequer sido apre­
sentado. A pessoa a respeito de quem a profecia se refere
não é o Senhor, mas o profeta que “há de ir ante a face
do Senhor” (v. 76), que claramente era João Batista (con­
fira M t 3.1-4).
O ensino de Jesus não era panteísta, como é o dos
gurus da índia. Jesus jamais citou o Vedas hindu, mas
sempre o Antigo Testamento judaico, que proclamava o
Deus do judaísmo monoteísta (veja Mc 12.29) como
parte do mais importante mandamento. Não existe qual­
quer evidência de que Jesus tenha estudado na índia, e a
evidência alegada por Notovitch caiu em completo des­
crédito.
Embora os Evangelhos não tratem diretamente da
infancia de Jesus, existem evidências indiretas convin­
centes de que Jesus permaneceu na Palestina. Lucas 2.52
resume a vida de Jesus a partir dos 12 anos de idade: “E
crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para
com Deus e os hom ens” .
Jesus, sem dúvida, possuía em si mesmo a natureza de
Deus e a natureza humana. C om o Deus, Ele era onisci­
ente e possuidor de toda a sabedoria; Ele jamais poderia
“crescer em sabedoria” a partir da perspectiva divina. Em
sua humanidade, contudo, Ele provavelmente adquiriu
241
R E S P O S T A À S S EI T AS
sabedoria, como quaisquer outros moços judeus, através
do estudo das Escrituras do Antigo Testamento (SI 1.2) c
ouvindo a sabedoria dos anciãos. Em sua comunidade,
Ele era conhecido como o carpinteiro (Mc 6.3), e como
o filho do carpinteiro (Mt 13.55). Era costume entre os
judeus que o pai ensinasse a seus filhos um ofício. José
deveria ter ensinado a Jesus o oficio da carpintaria. Fica
claro que a carpintaria teve um papel significativo na
vida de Jesus, pois algumas de suas parábolas e ensinos se
baseiam nessa experiência. Ele falou, por exemplo, a res­
peito da diferença entre edificar uma casa sobre a rocha
e edificá-la sobre a areia (Mt 7.24-27).
Lucas 4.16 é um texto-chave para refutar a idéia de
que Jesus tenha ido à índia. N o princípio de seu minis­
tério de três anos, Jesus “chegando a Nazaré, onde foro
criado, entrou num dia de sábado, segundo o seu costume, na
sinagoga e levantou-se para ler” (as ênfases foram adici­
onadas pelos autores). Fica claro que Jesus foi criado em
Nazaré, e não na índia, e o seu costume era freqüentar a
sinagoga, e não os templos hindus.
Após a conclusão da leitura, na ocasião, “todos lhe
davam testemunho e se maravilhavam das palavras de
graça que saíam da sua boca, e diziam: Não é este o filho
de José?” (4.22). Os freqüentadores da sinagoga reco
nheciam Jesus como um habitante local.
E também notório que Jesus tenha lido uma passa
gem contida nas Escrituras, no Antigo Testamento. ()
Antigo Testamento, pelo qual Jesus freqüentemente do
monstrou reverência (por exemplo, em M t 5.18), previ
ne que as pessoas se mantenham afastadas dos falsos deu
ses e de práticas religiosas tais como o hinduísmo (vej.i
Êx 20.2,3; 34.14;D t 6.14; 13.10;2 Rs 17.35). O Antigo
Testamento faz claramente distinção entre a criação o o
Criador, diferentemente do panteísmo oriental, e ensin.i
a necessidade de redenção e não de iluminação. Não o
242
LUC AS
por mera coincidência que o Novo Testamento mostra
Jesus fazendo menção ao Antigo Testamento e não ao
Vedas.
L U C A S 6 .4 0 — E ste texto dá fundam ento à visão
da seita Igreja de C risto em Boston quanto ao dis­
cípulo perfeito?
A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : Jesus disse: “O discípulo
não é superior a seu mestre, mas todo o que for perfeito
será como o seu mestre” (Lc 6.40). De acordo com a
seita Igreja de Cristo em Boston, uma pessoa deve ser
perfeitamente instruída antes que possa ser um verda­
deiro discípulo de Cristo.
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : O bom
senso nos diz que uma pessoa não precisa ser perfeita­
mente instruída para que seja um “discípulo” de Cristo.
O aprendizado perfeito não é algo que alguém possa
alcançar durante um curso de imersão profunda, com
duração de três anos, sob a supervisão de algum outro
discípulo. Esse é um objetivo que deverá ter a duração
de toda uma vida de aprendizado com Cristo.
O ensinador, nesse contexto, é Cristo, e não um m em ­
bro da Igreja de Cristo em Boston, ou qualquer outro
ser humano. Isso traz um mundo de diferenças.
A Igreja de Cristo em Boston transforma o que, na
realidade, deve ser o objetivo, e m pré-requisitos. Muitos dis­
cípulos têm alcançado níveis mais altos de crescimento
do que a maioria dos cristãos, mas isso não significa que
eles já tenham sido “completamente instruídos” .
L U C A S 1 2 .3 2 — A referência ao “pequeno reba­
nho”, neste verso, indica a existência de uma “classe
24 3
R ESPO STA ÀS SEITAS
ungida” de crentes que habitarão com D eu s no céu,
de modo contrário a todos os demais crentes, que
habitarão eternamente na terra?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : A Sociedade Torre de Vi­
gia ensina que em Lucas 12.32 Jesus “então revela que
apenas um número relativamente menor [posteriormente
identificado como 144 mil] estará no reino celestial” (lh e
greatest M an who ever lived, 1991, seção 78). Esses indiví­
duos formam a “classe ungida”.
C O RRIG INDO A M Á INTERPRETAÇÃO: Esse verso
não se refere à chamada “classe ungida” das Testemunhas
de Jeová, mas aos discípulos de Jesus, c o m o é deixado ch~
ro no verso 22 (“E disse aos seus discípulos”...) O motivo
pelo qual Jesus utiliza uma metáfora a respeito de um “pe­
queno rebanho” é que seus discípulos eram um pequeno
grupo, vulnerável a se tornar “presa” de perigosos “lobos"
(confira M t 10.16). Jesus, o bom pastor, os admoestou ,i
que, apesar disso, não se preocupassem, pois cuidaria deles
e lhes proveria o alimento, as vestes, e supriria as demais
necessidades da vida (veja Lc 12.22-34).
Jesus nunca restringiu o R eino de Deus a meramente
144 mil pessoas. N a verdade, as Escrituras indicam que
todos aqueles q ue crêem e m Jesus Cristo p o d e m aguar
dar com grande expectativa o destino celestial, e nào
apenas algum seleto grupo de 144 mil (veja E f 2.19; l;|
3-20; Cl 3.1; H b 3.1; 12.22; 2 Pe 1.10,11). Veja neste
livro os nossos comentários sobre Apocalipse 7.4.
L U C A S 1 6 .2 2 -2 8 — A alma humana existe de for­
ma consciente após a morte da pessoa?
A M Á IN T E R PR ET A Ç Ã O : Devido ao fato dessa pas
sagem apoiar de m odo tão óbvio o plano de uma exis
244
LUCAS
tência consciente após a m orte — bem como o sofri­
mento consciente reservado aos ímpios em seguida a
essa experiência — as Testemunhas de Jeová estendemse sobremaneira na tentativa de reinterpretá-la. Eles ar­
gumentam que “o hom em rico representa os líderes re­
ligiosos que são favorecidos com privilégios espirituais e
oportunidades, e Lázaro representa as pessoas comuns,
famintas por serem espiritualmente alimentadas” . Elas
dizem que “uma vez que o hom em rico e Lázaro não
são literalmente pessoas, mas simbolizam classes de pes­
soas, logicamente as suas mortes são também simbóli­
cas” . A “m orte” deles simboliza m orrer para as circuns­
tâncias anteriores. N o plano de Deus,“a classe penitente
de Lázaro morre para a sua prévia condição espiritual de
privações, passando a ocupar uma outra posição que é
alcançada através do favor divino” . Em contraste,“aque­
les que formam a classe do hom em rico sofrem uma
situação desfavorável por parte de Deus devido à sua
persistente recusa em aceitar a mensagem do reino ensi­
nada por Jesus” . O “torm ento” a que esta passagem se
refere é a dor causada pela mensagem justa de Jesus e dos
seus discípulos nas pessoas ímpias (The greatest M an who
ever lived, 1991, seção 88).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Se as
pessoas, por ocasião da morte, simplesmente sofrem um
lapso, passando a um estado inconsciente, então os co­
mentários de Jesus nesta passagem perdem o seu signifi­
cado. A elaborada reinterpretação oferecida pela Socie­
dade Torre de Vigia ultrapassa completamente os limites
da credulidade.
Os eruditos têm observado que, sempre que Jesus
ensinava, dava exemplos de situações da vida real. Ele
falou, por exemplo, de um tesouro enterrado em um
campo, de uma festa de casamento, de um hom em tra­
245
R E S P O S T A À S S EI T A S
balhando em uma vinha, de uma mulher varrendo a sua
casa, de um pastor cuidando de suas ovelhas, e de um
filho voltando ao lar após haver desperdiçado o seu di­
nheiro. Jesus nunca ilustrou um ensino através de exem­
plos falsos. Sendo esse o caso, devemos obrigatoriamen­
te concluir que em Lucas 16 Jesus está dando um ensi ­
namento baseado em uma situação da “vida real” —
envolvendo a existência consciente após a morte. Certa ­
mente o verso está em perfeita harmonia com outros
versos que ensinam a respeito da existência consciente
na vida futura (veja Lc 23.46; At 7.59; 2 Co 5.6-8; l:l
1.21-23; 1 Te 4.13-17;Ap 6.9,10). Jesus nunca se referiu
a esta história real como se fora uma “parábola”, e, de
m odo diferente de parábolas, que nunca utilizam nomes
reais de pessoas, nesse episódio Jesus utilizou o nome
real (Lázaro) de uma pessoa.
L U C A S 1 7 .2 1 — A declaração de Jesus de que “<>
Reino de D eu s está entre v ó s” significa que qual­
quer reino humano seja irreal?
A MÁ IN TERPRETAÇÃO : Jesus disse em Mateus 4 .17:
“E chegado o R eino dos céus”, e em Lucas 17.21 qm*
ele está “em vosso m eio”, ou “entre vós”. De acordo
com a fundadora da seita Ciência Cristã, Mary Baker
Eddy, isso significa que “O reino de Deus está em todos
os lugares e é supremo, e por essa razão segue-se que o
reino humano não está em parte alguma, e certamente é
irreal” (Eddy, 35). Eddy conclui que qualquer coisa que
não seja divina é irreal.
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Não
existe qualquer justificativa para a pretensão da seita ( 'i
ência Cristã quando afirma que tudo aquilo que n.iti
seja divino seja irreal. Jesus, em Lucas 17.21, está afit
24 6
LUCAS
mando a presença do R eino de Deus, e não negando a
existência de qualquer coisa oposta a ele. N a realidade,
Jesus afirma nas demais passagens a existência de Satanás
e de seu reino (Mt 4.8), falando também da eterna sepa­
ração entre eles e o R eino de Deus (Mt 25.41). Este é
um exemplo óbvio de algo “real” mas não divino. A re­
alidade de Satanás é atestada em outra passagem — o
encontro pessoal entre ele e Jesus e a discussão entre
ambos durante a tentação no deserto (Mt 4.1-11).
L U C A S 17.21 — Este verso indica que a raça hu­
mana é divina, como argumentam os adeptos da
seita Ciência Cristã?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Em Lucas 17.21,Jesus dis­
se: “Porque eis que o R eino de Deus está entre vós” . Os
cientistas cristãos alegam algumas vezes que Jesus estava
aqui dizendo que o ser humano é divino, sendo portan­
to sem pecados e eterno (Eddy, págs. 475-77).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : O sig­
nificado do que Jesus disse não é que o R ein o de Deus
estivesse de fato “dentro de vós” , porque Jesus estava
falando diretamente aos fariseus, que eram os religio­
sos hipócritas daqueles dias. Certam ente Jesus não cria
que o santo R ein o de Deus estivesse “ no interior” des­
ses homens. Outras interpretações a respeito deste ver­
so são m uito mais plausíveis. Muitos eruditos crêem
que a frase traduzida como “ dentro de vós” na versão
King James (do grego entos hymon) é m elhor traduzida
com o “entre vós” (ou “em vosso m eio”). D e acordo
com esse raciocínio, Jesus estava simplesmente dizendo
que o R ein o de Deus está “ entre vós” porque Cristo, o
R ei, está “entre vós” . O R ein o está presente porque o
R e i está presente.
247
R E S P O S T A À S S EI T AS
Outros intérpretes crêem que a frase seria melhor
traduzida como “dentro de vossa possessão” ou ainda “a
vosso alcance”. D e acordo com esse entendimento,Jesus
estava dizendo que tudo o que os seus ouvintes deveri­
am fazer era reconhecer que Ele era o prometido Rei e
Messias, e, dessa forma, determinaria a entrada deles no
reino. Mas os fariseus a quem Jesus estava se dirigindo o
rejeitaram como R ei e Messias.
Seja qual for a interpretação correta Jesus, com toda a
certeza, não estava dizendo que os seres humanos po­
dem tornar-se divinos. Para conhecimento da argumen­
tação bíblica contrária à idéia de que seres humanos po
dem tornar-se deuses, veja neste livro a discussão a res
peito de Gênesis 1.26.
L U C A S 1 8 .1 8 -2 3 — Jesus estava ensinando ao j o ­
vem e rico príncipe que a salvação é alcançada atra­
vés das obras?
A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : Os católicos romanos crê
em que os trabalhos meritórios são uma condição para .1
salvação (veja nossos comentários a respeito de R 0111.1
nos 2.6,7). A passagem de Lucas 18.18-23 é algumas vc
zes citada como prova dessa idéia, uma vez que Jesus
respondeu à pergunta “Q ue hei de fazer para herdar .1
vida eterna?” , dizendo ao jovem e rico príncipe quv
guardasse os mandamentos (v. 20).
C O R R IG IN D O A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : N.io
existe nenhuma evidência nesta ou em qualquer ouii.i
passagem de que Jesus tenha ensinado que as boas ohr.is
sejam urna condição para a salvação. A resposta de Jesus
não deve ser vista como um intento de mostrar um pl.i
no de salvação, mas como uma prova da condenação do
jovem. A lei não salva (R m 3.28), mas ela condena (km
248
LU CAS
3.19). A “lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cris­
to, para que, pela fé, fôssemos justificados” (G1 3.24). Je­
sus estava procurando mostrar ao jovem que ele estava
condenado diante da lei. A indisposição em dar o seu
dinheiro aos pobres revelou que ele não havia sequer
guardado o primeiro grande mandamento — amar a
Deus mais do que ao seu dinheiro ou do que qualquer
outra coisa (confira M t 22.36,37).
Além do mais, Jesus estava mostrando que até mesmo
a pergunta do príncipe rico era confusa. N inguém “faz”
o que quer que seja para receber uma herança, de qual­
quer espécie, inclusive a vida eterna. U m a “herança” é
um presente. Na verdade, a vida eterna é apresentada ao
longo de toda a Bíblia como um presente (Jo 3.36; 5.24;
20.31; R m 6.23; 1 Jo 5.13). E não é possível que uma
pessoa trabalhe por um presente. Com o disse Paulo,“Ora,
àquele que faz qualquer obra, não lhe é imputado o
galardão segundo a graça, mas segundo a dívida. Mas,
àquele que não pratica, porém crê naquele que justifica
o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça” (Rm
4.4,5). A única “obra” através da qual alguém pode ser
salvo é a “fé” . Q uando foi perguntado a Jesus “Q ue fare­
mos para executarmos as obras de Deus?” ,Jesus respon­
deu:1^ obra de Deus é esta: que creiais naquele que ele
enviou” 0o 6.28,29).
L U C A S 2 3 .4 3 — E ste verso indica que não há uma
existência consciente após a morte?
A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Em Lucas 23.43 lê-se:“E
disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás
comigo no Paraíso” . Em contraste, a tradução Novo
M undo (das Testemunhas de Jeová) traz este verso do
seguinte modo: “E Ele lhe disse: verdadeiramente te
digo hoje, que estarás comigo no Paraíso” .As testemu­
249
R E S P O S T A À S S EI T AS
nhas de Jeová colocam a vírgula após a palavra “hoje”
para evitar que o ladrão estivesse com Jesus no paraíso
“h oje” — isto é, para evitar o ensino que mostra que
há uma existência consciente após a morte. Dizem que
essa promessa será cumprida quando Jesus “governar
como R ei no céu e ressuscitar o seu arrependido mal­
feitor para uma vida na terra, no paraíso que os sobre­
viventes do A rm agedom e seus companheiros terão o
privilégio de cultivar” (Thegreatest M an who ever lived,
1991, seção 125).
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Exis­
tem fortes evidências para que se rejeite essa interpreta­
ção. Não existe no texto grego nenhuma garantia de
que seja apropriado inserir a vírgula onde a tradução
Novo M undo a coloca. Das setenta e quatro vezes em
que aparece a frase “Em verdade te digo” nos Evange­
lhos traduzidos do grego, Lucas 23.43 é o único lugar
onde a tradução Novo M undo coloca a vírgula desse
modo — uma exceção que parece ter sido motivada
pelo desejo de evitar que se ensine a respeito da existên
cia da consciência após a morte.
Nesse contexto, o ladrão aparentemente pensou que
Jesus viria com poder, no escatológico fim do mundo. Hlo
pediu que Jesus se lembrasse dele naquela ocasião. Mas
Jesus prometeu ao ladrão algo muito melhor:“Hcye [e não
somente no final do m undo], estarás comigo no Paraíso",
Essa interpretação está de acordo com os ensinos re
petidos em outras passagens das Escrituras, que dizem
que a alma permanece consciente no intervalo entre a
m orte e a ressurreição (SI 16.10,11; M t 17.3; 2 Co 5.H;
F1 1.23; Hb 12.23; Ap 6.9).
L U C A S 2 4 .2 3 — A s aparições de Jesus, quando res­
suscitado, foram físicas ou meras visões?
250
LUCAS
A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Nesta passagem, Lucas pa­
rece dizer que o corpo da ressurreição de Jesus foi uma
“visão” . Isso implica que não tenha sido uma aparição
realmente física. As Testemunhas de Jeová negam que
Jesus tenha sido fisicamente ressuscitado dos mortos,
mas dizem que Ele foi ressuscitado com o um ser espi­
ritual e “materializado” em várias ocasiões para provar
que havia “ressuscitado” (Aid to Bible understandinç, Í 9 71,
pág. 1395).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : As apa­
rições após a ressurreição foram literais; foram aparições
físicas. A passagem citada, Lucas 24.23, não se refere a ver
Jesus. Refere-se às mulheres vendo anjos no túmulo, e
não a Cristo. Os Evangelhos jamais falam de uma apari­
ção do Cristo ressurreto como uma visão, e nem Paulo
em 1 Coríntios 15.
Os encontros posteriores à ressurreição de Cristo
são descritos por Paulo como “aparições” literais (1 Co
15.5-8), e não como visões.A diferença entre uma mera
visão e uma aparição física é significativa.Visões são rela­
cionadas a realidades espirituais, invisíveis, tais como Deus
e os anjos. Aparições, por outro lado, referem-se a obje­
tos físicos que podem ser vistos com os olhos. As visões
não possuem nenhuma manifestação física a elas associ­
adas, mas as aparições, sim.
As pessoas algumas vezes “vêem ” ou “ouvem ” algo
em suas visões (Lc l.ll- 2 0 ;A t 10.9-16), mas não através
dos seus sentidos físicos. Quando alguém viu anjos a olho
nu ou teve algum contato físico com eles (Gn 18.8; 32.24;
D n 8:18) não ocorreu uma visão, mas sim uma aparição
do anjo no mundo físico. Durante essas aparições, os anjos
assumiram temporariamente uma forma visível; depois
disso, retornaram ao seu estado normal e invisível. C on­
tudo, as aparições de Cristo já ressuscitado foram expe-
251
R E S P O S T A À S S EI T A S
riências nas quais se viu a Cristo com olhos físicos em
sua forma física contínua e visível.
VISÃO
APARIÇÃO
Trata de uma realidade
espiritual
Refere-se a um objeto
físico
Não há manifestações
físicas
Há manifestações físicas
Daniel 2, 7
1 Coríntios 15.5-8
2 Coríntios 12.1-5
Atos 9.1-8
Certamente, o m odo mais comum de se descrever
um encontro com o Cristo ressurreto é intitulá-lo como
uma “aparição”. Essas aparições foram acompanhadas de
manifestações físicas, tais como a voz audível de Jesus, o
seu corpo físico marcado com as cicatrizes da crucifica­
ção, sensações físicas (tais como toques), e o ato de co­
m er em três ocasiões. Esses fenômenos não são pura­
mente subjetivos ou internos — eles envolvem uma re­
alidade física, externa.
A discussão de que a experiência de Paulo deve ter se
tratado de uma visão pelo fato de não terem visto a Cristo
aqueles que o acompanhavam é infundada, uma vez que
eles, fisicamente, tanto ouviram o som como viram a luz,
do mesmo m odo que Paulo. Com a diferença de que
apenas Paulo olhou para dentro da luz; então somente
ele viu Jesus.Veja nossos comentários a respeito do texto
em Lucas 24.31,39.
L U C A S 2 4 .3 1 — Jesus se desmaterializou quando
subitamente desapareceu na presença dos discípulos?
252
LUCA S
A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Jesus foi capaz não apenas
de, repentinam ente, aparecer após a sua ressurreição
(veja, por exemplo, Jo 20.19), mas Ele tam bém era ca­
paz de desaparecer instantaneamente. Isso é uma evi­
dência, conform e alegam alguns críticos, de que Jesus
se desmaterializava nessas ocasiões? Esta é uma im por­
tante questão, pois as Testemunhas de Jeová dizem que
Cristo meramente se “materializava” em várias ocasi­
ões com a finalidade de provar a sua “ressurreição”, e
então se “desmaterializava” (A id to Bible understanding,
1971, pág. 1395).
C O R R IG IN D O A M Á INTERPRETAÇÃO : Jesus res­
suscitou no mesmo corpo físico, porém glorificado, com
o qual morreu. Tal corpo constitui uma importante di­
mensão de sua contínua humanidade tanto antes (confi­
ra Jo 1.14), como depois (Lc 24.39; 1 Jo 4.2) da sua res­
surreição. O fato de Ele ser capaz de, rapidamente, apa­
recer ou desaparecer não diminui a sua humanidade, mas
a realça. Esse fato revela que embora o corpo posterior à
ressurreição possuísse mais poderes do que o corpo an­
terior à ressurreição, ele não era menos físico. Isto é, ele
não deixou de ser um corpo material, mesmo que atra­
vés da ressurreição tenha ganho poderes que vão além
daqueles que possuem os corpos físicos normais.
E característica própria de um milagre o ser imediato,
de m odo oposto ao processo gradual natural. Quando
Jesus tocou a mão do homem, “logo [imediatamente]
ficou purificado da lepra” (Mt 8.3). Semelhantemente, à
ordem de Jesus o paralítico “levantou-se e, tomando logo
|imediatamente] o leito, saiu em presença de todos” (Mc
2.12a). Q uando Pedro proclamou que o hom em nasci­
do paralítico fosse curado,“logo [imediatamente] os seus
pés e tornozelos se firmaram. E, saltando ele, pôs-se em
pé, e andou” (At 3.7,8a).
253
R E S P O S T A À S S EI T AS
Filipe foi instantaneamente transportado da presença
do eunuco etíope em seu corpo físico pré-ressurreto. ()
texto diz que depois que Filipe batizou o eunuco, “o
Espírito do Senhor arrebatou a Filipe, e não o viu mais o
eunuco” (At 8.39). Em um momento, Filipe está com o
eu n u co ; no m o m e n to seg u in te, ele re p e n tin a c
miraculosamente desaparece e aparece mais tarde em uma
outra cidade (At 8.40). U m fenômeno como esse não
requer um corpo imaterial. Por isso, aparições e desapa­
recimentos repentinos não são provas do imaterial, mas
do sobrenatural.
L U C A S 2 4 .3 1 — Se Jesus tinha, após a sua ressur*
reição, o mesmo corpo físico, p o r que os seus discípu­
los não o reconheceram?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Dois discípulos caminha ­
ram com Jesus, conversaram com Ele, e ainda assim nao
o reconheceram. Outros discípulos tiveram a mesma ox
periência (veja os versos abaixo). Se Ele ressuscitou no
mesmo corpo físico (confira Lc 24.39 e Jo 20.27), então
por que é que eles não o reconheceram? As Testemunhas
de Jeová procuram explicar esse fato alegando que Jesus
se “materializava” para os seus discípulos em “corpos"
diferentes daquele que foi depositado no túmulo
(.Despertai], 22 de julho de 1973, pág. 4).
C O R R IG IN D O A M Á INTERPRETAÇÃO : Jesus irs
suscitou no mesmo corpo de carne e ossos no qual mor
reu (veja nossos comentários sobre 1 Co 15.37).Várias
razões são capazes de explicar por que Ele não foi imc
diatamente reconhecido pelos seus discípulos:
1. O embotamento — Lc 24.25,26
2. A incredulidade — Jo 20.24,25
3. A decepção— Jo 20.11-15
254
LUCA S
4. O pavor — Lc 24.36,37
5. O embaçamento da luz por ocasião da aurora —
Jo 20.1,14,15
6. A distância — Jo 21.4
7. As roupas diferentes — Jo 19.23,24 (confira 20.6-8)
Observe, contudo, que o problema era apenas tem­
porário, e antes que cada aparição se findasse, eles estavam absolutamente convencidos de que se tratava do
mesmo Jesus, no mesmo corpo físico de carne, ossos e
cicatrizes que Ele possuía antes da ressurreição. E eles
saíram de sua presença para virar o m undo de pontacabeça, enfrentando a m orte sem qualquer receio, por­
que não tinham sequer a m enor dúvida de que Ele
havia vencido a m orte no mesmo corpo físico no qual
a experimentara.
L U C A S 2 4 . 3 4 — J e s u s esta va in v is ív e l a n te s e após
as ocasiões e m q u e apareceu?
A MÁ IN TE R PR E T A Ç Ã O : As expressões “Depois foi
visto” e “Por derradeiro de todos me apareceu também a
mim” significam “Ele se fez visível” a eles (confira 1 Co
15.5-8), dizem as Testemunhas de Jeová, como argumento
de que o Jesus ressuscitado não era essencialmente ma­
terial (veja a argumentação a respeito de Lc 24.23,31).
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : Está cla­
ro que o corpo com o qual Jesus ressuscitou era essencial­
mente material. Era um corpo que podia ser visto pelas
pessoas através de seus olhos naturais durante as aparições.
Idas são descritas pelo termo horao (que significa “ver”).
I .nibora esse termo algumas vezes seja empregado quan­
do se trata de ver realidades invisíveis (confira Lc 1.22;
24.23), ele freqüentemente significa ver através dos olhos
lísicos.João emprega o mesmo termo horao para referir-se
255
R E S P O S T A À S S EI T AS
a ver Jesus em seu corpo terrestre antes da ressurreição
(6.36; 14.9; 19.35), e também quando se refere a vê-lo em
seu corpo ressuscitado (20.18,25,29). O mesmo termo
para corpo (soma) é utilizado para Jesus antes e depois da
ressurreição (confira 1 Co 15.44 e Fl 3.21).
Mesmo a frase “Depois foi visto” (no passivo aoristo,
ophthe) simplesmente significa que Jesus tom ou a inici­
ativa de mostrar-se aos discípulos, e não que Ele fosse
essencialmente invisível. A mesma forma (“se viram cara
a cara”) é utilizada no Antigo Testamento grego (2 C r
25.21), na versão apócrifa (1 Macabeus 4.6), e no Novo
Testamento (At 7.26), referindo-se a seres puramente
humanos, aparecendo em corpos físicos normais. N es­
ta forma passiva, o term o significa iniciar uma aparição
que seja vista publicamente, mover-se de um lugar em
que não se é visto para um lugar onde se é visto. Isto
significa, de m odo mais geral, “passar a ser visto”. Não
existe nenhum a razão para com preender esse term o
como se ele se referisse a algo que por natureza fosse
invisível e se tornasse visível, como alguns o compre­
endem. Nesse caso, isso significaria que esses seres h u ­
manos, em seus corpos normais, anteriores à ressurrei­
ção, seriam essencialmente invisíveis antes que fossem
vistos por outras pessoas.
O mesmo evento que é descrito como “Depois foi
visto” ou “me apareceu também a m im ” (aoristo passi­
vo), como na aparição de Jesus a Paulo (1 Co 15.8), tam­
bém é descrito no modo ativo nas demais passagens. Paulo
escreveu a respeito de tal experiência nesse mesmo livro:
“Não vi eu a Jesus Cristo, Senhor nosso?” (1 Co 9.1).
Mas se o corpo da ressurreição pode ser visto fisicamen­
te, então ele não é invisível até que se faça visível por
intermédio da “materialização” alegada.
Jesus também desapareceu da presença dos discípulos
em outras ocasiões (veja Lc 24.51;At 1.9). Mas se Ele era
256
LUCAS
capaz de repentinamente desaparecer, bem como do
mesmo modo aparecer, então a sua habilidade de apare­
cer não pode ser tomada como uma evidência de que o
seu corpo ressurreto fosse essencialmente invisível. Pelo
mesmo raciocínio, a sua habilidade de desaparecer re­
pentinamente poderia ser utilizada como evidência de
que o seu corpo era essencialmente material, podendo
repentinamente tornar-se imaterial.
Existem muito mais explicações razoáveis a respeito
das exaustivas discussões sobre as “aparições” iniciadas
pelo próprio Senhor Jesus. Primeiramente, elas eram a
prova de que Ele havia vencido a m orte (At 13.30,31;
17.31; R m 1.4). Jesus disse: “Eu sou... o que vivo e fui
morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém.
E tenho as chaves da m orte e do inferno” (Ap 1.17,18;
confira Jo 10.18). As traduções “Depois foi visto” e “me
apareceu” (1 Co 15.5-8) são uma maneira perfeita de
começar a expressar o seu próprio triunfo. Ele era sobe­
rano tanto sobre a m orte como sobre as suas aparições
após a ressurreição.
Além do mais, nenhum ser humano assistiu de fato ao
m om ento da ressurreição. Mas o fato de Jesus ter apare­
cido repetidamente, no mesmo corpo, por cerca de qua­
renta dias (At 1.3) a mais de quinhentas pessoas diferen­
tes (1 Co 15.6), em doze diferentes ocasiões, é uma evi­
dência incontestável de que Ele realmente ressuscitou
fisicamente dos mortos. De forma sucinta, a razão para
tanta ênfase a respeito das muitas aparições de Cristo
não se deve ao questionamento se o corpo da ressurrei­
ção era essencialmente invisível ou imaterial, mas para
mostrar que a ressurreição foi de fato material e imortal.
Sem um túmulo vazio e as repetidas aparições do mes­
mo corpo que uma vez foi nele sepultado não haveria
nenhuma prova da ressurreição. Então, não é de forma
alguma surpreendente que a Bíblia dê forte ênfase às
251
R E S P O S T A À S S EI T AS
muitas aparições de Cristo. Elas são a prova real da res­
surreição física.
L U C A S 2 4 .3 9 — Jesus se acomodou às idéias equi­
vocadas dos seus discípulos, que falaram da ressur­
reição do seu corpo como “carne e ossos”, como
mantém a seita Ciência Cristã?
A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : Em Lucas 24.39Jesus dis­
se aos discípulos: “Vede as minhas mãos e os meus pés,
que sou eu mesmo; apalpai-me e vede, pois um espírito
não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho”.
Os intérpretes da seita Ciência Cristã dizem que pelo
fato de a morte ser uma ilusão, Jesus não m orreu real­
mente na cruz. Não é possível existir uma ressurreição
física e literal, pois não existe algo como a morte. Os
discípulos estavam então equivocados quando pensaram
que Jesus tinha morrido. Quando Jesus falou a respeito
de seu “corpo ressuscitado” como “carne e ossos”, Ele
estava simplesmente acomodando-se às idéias imaturas
dos seus discípulos (Eddy, 593).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR ET A Ç Ã O : Existem numerosos problemas na visão da seita Ciência Cristã
a respeito desse verso. Em primeiro lugar, se Jesus referiu-se ao seu corpo ressuscitado como sendo um corpo
de “carne e ossos”, meramente para acomodar-se às idéias
imaturas dos seus discípulos, então Jesus estava enganan­
do-os escandalosamente, fazendo com que pensassem que
Ele possuía um corpo, quando na realidade Ele não o
possuía.Tal visão faz do Salvador um mentiroso — colo­
cando, dessa maneira, em questão, tudo aquilo que Ele
disse.
Certa ocasião, Jesus desafiou Tomé a que pusesse o
dedo na ferida que havia em sua mão e que tocasse a
258
LUCAS
chaga existente em seu lado, dizendo-lhe: “Não sejas in­
crédulo, mas crente” (Jo 20.27).Apresentando como sua
identidade as marcas das feridas,juntamente com o cor­
po que possuía antes da ressurreição, a única impressão
que estas palavras poderiam ter deixado nas mentes dos
discípulos era que Jesus estava reivindicando ter ressusci­
tado literalmente no mesmo corpo material em que
morrera. Contudo, se Ele não tivesse ressuscitado nesse
corpo físico, estaria intencionalmente conduzindo os seus
discípulos por um caminho errado. O u Jesus ressuscitou
no mesmo corpo material em que morreu, ou mentiu.
Em segundo lugar,.existem nas Escrituras numerosas
provas de que Jesus ressuscitou dos mortos em um cor­
po físico e material. Em Lucas 24.37-39, Jesus afirmou
enfaticamente que espíritos não possuem corpos mate­
riais (físicos), como Ele possuía. Numerosas testemunhas
oculares — incluindo mais de quinhentas de uma só vez
— viram o Cristo ressurreto (1 Co 15.6). Falando a res­
peito da ressurreição de Cristo, Pedro insistiu que “nem
a sua carne viu a corrupção” (At 2.31). Escrevendo após
a ressurreição, João declarou que Jesus “veio em carne”
(1 Jo 4.2; confira 2 Jo 7). O uso do particípio perfeito
[“veio”] em 1 João 4.2 implica que Jesus veio em carne
no passado e permaneceu em carne quando João redi­
giu estas palavras após a ressurreição. O corpo que dei­
xou a sepultura na manhã da Páscoa foi visto (Mt 28.17),
ouvido (Jo 20.15,16), e até mesmo tocado (Mt 28.9).
Jesus se alimentou com comida por pelo menos quatro
vezes após a ressurreição (Lc 24.30;24.42,43;Jo 21.1.2,13;
At 1.4), provando, desse modo, que Ele tinha um corpo
físico.
Em terceiro lugar, a partir de uma perspectiva históri­
ca, para que alguém abrace a interpretação da seita Ci­
ência Cristã, é preciso que acredite mais nas alegações de
uma mulher que viveu dezoito séculos após os dias de
259
R E S P O S T A À S S Et T AS
Cristo do que nas alegações de numerosas testemunhas
oculares que de fato viram o Cristo ressurreto (1 Co
15.5,6). E muitas dessas testemunhas oculares entrega­
ram a própria vida, defendendo a verdade daquilo que
conheciam e sabiam ser verdadeiro.
260
CAPÍTULO
25
JOÃO
J O Ã O 1.1 — Jesus é D eu s ou apenas um deus?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : A tradução Novo Mundo,
das Testemunhas de Jeová, mostra esse verso do seguinte
modo: “A Palavra [Cristo] era um deus” (a inserção foi
adicionada pelos autores). A revista Torre de Vigia afirma
que “pela ausência do artigo definido ‘o ’ (hó), isso signi­
fica que Cristo é apenas um deus, e não o D eus” (Revis­
ta Torre de Vigia, 7 de dezembro de 1995, pág.4). Eles
acreditam, de fato, que Jesus é apenas um ser criado,
Miguel o Arcanjo (Revista Torre de Vigia, 15 de maio de
1969, pág.307).
O texto grego de João 1.1 “não está dizendo que a
Palavra (Jesus) era como o Deus com quem Ele estava
mas, antes, que a Palavra era semelhante a um deus,
R E S P O S T A À S S EI TA S
divina, um deus” (Reasoning from the Scriptures, 1989,
pág.212).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Não é
correto traduzir esse verso como “A Palavra era um deus”,
e também não é correto negar a divindade de Cristo. A
completa divindade de Cristo é apoiada por outras refe­
rências em João (por exemplo, 8.58; 10.30; 20.28), bem
como ao longo de todo o Novo Testamento (por exem­
plo, Cl 1.15,16; 2.9;Tt 2.13; Hb 1.8). Além do mais, não
é necessário traduzir substantivos no grego que não es­
tejam acompanhados de artigos definidos como se esti­
vessem acompanhados por um artigo indefinido (pois
não existem artigos indefinidos no grego). Em outras
palavras, theos (“D eus”) sem estar acompanhado pelo ar­
tigo definido “o ” (hó), não deve ser traduzido como “um
deus” , como as Testemunhas de Jeová fizeram quando se
referiram a Cristo. E importante destacar que o termo
“theos” sem o artigo definido “'hó” é utilizado no Novo
Testamento referindo-se ao Deus Jeová. A falta do artigo
defmido em Lucas 20.38, referindo-se a Jeová, não sig­
nifica que Ele seja um Deus menor; assim como a falta
do artigo definido em João 1.1, referindo-se ajesus,tam
bém não significa que Ele seja um Deus menor. O fato é
que a presença ou a ausência do artigo definido não al
teram o significado fundamental do termo “theos”. Se
João tivesse a intenção de dar à frase um sentido adjetivo
(“que a Palavra era semelhante a um deus, ou divina
um deus”), ele teria à disposição um adjetivo (theios) pron
to, à mão, que poderia perfeitamente ter sido utilizado.
Ao contrário,João diz que a Palavra é Deus (theos).
De modo contrário às alegações da Sociedade l õ n v
de Vigia, alguns textos do Novo Testamento utilizam o
artigo definido referindo-se a Cristo como “o Deus” (hó
theos). U m exemplo disso é João 20.28, ondeTomé di/ ,i
262
JOÃO
Jesus: “Senhor meu, e Deus meu!” N o texto grego lê-se
literalmente “O M eu Senhor e o meu Deus [hó theos]”
(veja também M t 1.23 e H b 1.8). Então não importa se
João utilizou ou não o artigo definido, no capítulo 1 e
verso 1 — a Bíblia claramente ensina que Jesus é Deus, e
não apenas um deus.
Os eruditos gregos têm refutado completamente a
tradução da Torre de Vigia. O doutor Julius Mantey, fa­
lando a respeito da tradução das Testemunhas de Jeová,
referindo-se ao texto em João 1.1 diz: “99 por cento dos
estudiosos do mundo que conhecem o idioma grego e
ajudaram a traduzir a Bíblia estão em desacordo com as
Testemunhas de Jeová” (Mantey, 3.3, 5).
Q ue Jesus é Jeová (Yahweh) está claro, a partir do fato
de que o Novo Testamento aplica a Jesus, de m odo con­
sistente, passagens e atributos que no Antigo Testamento
eram aplicáveis apenas a Jeová (compare Ex 3.14 co m jo
8.58; Is 6.1-5 c o m jo 12.41; Is 44.24 com Cl 1.16; Ez
43.2 com Ap 1.15; Zc 12.10 com Ap 1.7).
f ( ) A O 1.1 — E ste verso ensina que D eu s é impesso­
al, como M a ry B aker E ddy alegou?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : A líder da seita Ciência
Cristã, Mary Baker Eddy, concluiu que a identificação
da Palavra com Deus nesse verso implica que Deus seja
uma divindade impessoal. Eddy disse: “Essa grande ver­
dade da impessoalidade e da individualidade de Deus... é
o fundamento da Ciência Cristã” (Eddy, 117).
C O R R IG IN D O A M Á IN TERPRETAÇÃO : A afir­
mação de que “o Verbo [logos] era Deus”, de maneira al­
guma implica em que Deus seja impessoal.“Deus” (theos)
é o mesmo termo grego utilizado para referir-se a Deus
ao longo de todo o Novo Testamento. E Deus é sempre
263
R E S P O S T A À S S EI TA S
apresentado como um ser pessoal, que possui uma mente
(Jo 10.15), que possui vontade (Jo 4.34; 7.17) e sentimen­
tos (Jo 4.23). Ele é um ser pessoal a quem os crentes po­
dem chamar “A ba”, um termo aramaico cujo significado
impreciso é “papai” (Mc 14.36; R m 8.15; G1 4.6).
Em segundo lugar, duas das três características de uma
personalidade podem ser encontradas nessa mesma pas­
sagem. Deus é manifesto como a Palavra (logos) que sig­
nifica um discurso racional, ou a razão. E Deus escolheu
por sua própria vontade criar (Jo 1.3). Finalmente, não
existe nada impessoal a respeito do Verbo (a Palavra),
porque Ele se fez carne (humano) e habitou entre nós
(Jo 1.14). Ele se dedicou às relações pessoais, com os
outros (humanos).
J O Ã O 1.1 — Jesus preexistia apenas na presciência
de D eus, como alegam algumas seitas, ou era Ele
realmente o D eu s eterno?
A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : D e acordo com Paul
Wierwille, fundador da seita O Caminho Internacional,
Jesus não era Deus.
“Com o é que Jesus estava com Deus no princípio?
D o mesmo m odo como a Palavra escrita estava com Ele,
isto é, na presciência de Deus... no Antigo Testamento,
Jesus Cristo fazia parte da presciência de Deus, e da pres­
ciência do povo de Deus, à medida que Deus revelou
esse conhecimento profético a eles. Q uando Jesus Cris­
to nasceu, Ele veio à existência. A presciência tornou-se
uma realidade [citado em Martin, 87].
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR ET A Ç Ã O : Todas
as evidências são contrárias à conclusão de Wierwille.
João afirma que o Verbo (logos) era uma pessoa (Jo 1.14),
e não uma mera idéia no pensamento de Deus, como
264
JOÃO
seria o conhecimento. O texto não diz, com o alega
Wierwille, que “a presciência” estava eternamente no
pensamento de Deus e que “a presciência” se fez carne e
habitou entre nós. Mas o texto diz que “oVerbo [Cristo]
era Deus” (Jo 1.1) por toda a eternidade — e que essa
mesma pessoa (e não a presciência de Deus a respeito
dela) “se fez carne e habitou entre nós” (1.14).
João, referindo-se a Cristo, diz: “oVerbo [logos]” estava
“com Deus” (1.1) eternamente. O conhecimento não
estaria “com ” Deus. Deus teria sabedoria, mas ela não
estaria com Ele. O term o “com ” implica o outro lado de
um relacionamento íntimo. Cristo é outra pessoa na Trin­
dade, e não a mesma pessoa que o Pai.
U m a quantidade numerosa de versos contidos no
Novo Testamento declaram a completa divindade de
Cristo (por exemplo, Jo 20.28; Cl 2.9;Tt 2.13; H b 1.8).
J O A O 1 .1 4 — Este verso quer dizer que quando
Jesus se tornou um ser humano, Ele perdeu a sua
divindade, como Herbert A rm strong argumentou?
A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : Em João 1.14 lemos:“E o
Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua
glória, como a glória do U nigênito do Pai, cheio de gra­
ça e de verdade” . Herbert Armstrong, fundador da seita
Igreja Mundial de Deus, tom ou a frase “oVerbo se fez
carne” e concluiu que ela significava “converteu-se em
carne”. Cristo, o Verbo, não assumiu meramente uma
natureza humana adicional; antes, Ele experimentou uma
metamorfose, tornando-se em carne humana. Ele pas­
sou a ser exclusivamente humano.
C O R R IG IN D O A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : Fazer
referência ao Antigo Testamento nos ajuda a compreen­
der o que João está dizendo nesse importante verso. As
265
R E S P O S T A À S S EI T A S
palavras escolhidas por João para descrever a encarnação
são altamente reveladoras. A frase “ [Jesus] habitou entre
nós” torna-se ainda mais precisa se traduzida como “fez
a sua habitação entre nós” ou “arm ou a sua tenda
[tabernáculo] entre nós”. Utilizando essa terminologia,
João estava extraindo a essência do Antigo Testamento
— [Jesus] “armou o seu tabernáculo” entre nós remete
diretamente ao tabernáculo das peregrinações de Israel
pelo deserto, no Antigo Testamento. O povo de Deus foi
instruído para que erigisse o tabernáculo com a finalida­
de de lembrá-los que o lugar da habitação de Deus esta­
va entre eles. Exodo 25.8 cita Deus declarando: “E me
farão um santuário, e habitarei no meio deles”. Daí, como
Deus anteriormente habitou entre o seu povo nos tem ­
pos do Antigo Testamento, no tabernáculo que foi erigido
por eles, então agora, em um sentido mais completo, Ele
tem estabelecido residência na terra em um tabernáculo
de carne humana.
Além do mais, o fato de João utilizar o termo grego
eskênôsen (“armou o seu tabernáculo”) torna-se ainda
mais significativo quando nos damos conta de que a gló­
ria que resultou da imediata presença do Senhor no
tabernáculo vem associada ao termo shekinah, que se re­
fere à radiante glória, ou radiante presença de Deus ha­
bitando no meio do seu povo.
Q uando Cristo se fez carne (Jo 1.14), a gloriosa pre­
sença de Deus estava completamente incorporada nEle,
pois Ele é o verdadeiro shekinah. A mesma glória que
Moisés contemplou no tabernáculo em Exodo 40.3.438 foi revelada na pessoa de Jesus Cristo no m onte da
transfiguração (Mt 17).
E ainda mais, é crucial reconhecer que Cristo, o logos,
não cessou de ser o logos quando “se fez carne” . Cristo
ainda tinha a plenitude da glória shekinah em si mesmo,
mas essa glória estava encoberta para que Ele pudesse
266
JOÃO
interagir no mundo da humanidade. O Verbo não cessou
de ser aquilo que foi anteriormente; mas assumiu uma
natureza adicional — uma natureza humana. Esse é o
mistério da encarnação. Cristo, o logos, era completamen­
te Deus e completamente humano. A glória shekinah ha­
bitou no tabernáculo de carne de Jesus. E evidente que
enquanto o corpo humano de Jesus foi, em um deter­
minado sentido, um “templo” no qual a glória shekinah
habitou, o seu corpo não foi um paralelo exato em rela­
ção ao tabernáculo no Antigo Testamento. N o Antigo Tes­
tamento, Deus permanecia sempre distinto do tabernáculo,
mesmo habitando no tabernáculo. N o Novo Testamento,
aprendemos que Jesus, na encarnação, tom ou permanen­
temente sobre si mesmo a natureza humana. Daí, o corpo
humano de Jesus não foi um mero templo que incorpo­
rou a glória, mas, antes, tornou-se uma parte muito real de
sua pessoa como o Deus-homem.
J O A O 2 .1 -1 1 — Esta passagem indica que Jesus se
casou, como ensinam os mórmons?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Os mórmons acreditam
que a descrição da cerimônia de casamento em Caná da
Galiléia, na verdade, é uma cerimônia na qual Jesus se
casou com uma noiva judia (Van Gorden, 1995, 49).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Os
mórmons estão lendo algo nessa passagem que simples­
mente não está lá. Basta um simples olhar para o contex­
to para que se veja que ele indica que Jesus e os seus
discípulos foram “convidados” para essa cerimônia e,
portanto, não seria possível que se tratasse de seu pró­
prio casamento (veja o v. 2).Jesus é retratado,bem como
<>s seus discípulos, como convidado nesse casamento, e
não como o noivo.
267
R E S P O S T A À S S EI TA S
Em nenhuma passagem do Novo Testamento existe
qualquer referência a que Jesus tivesse uma esposa, em­
bora Ele mencione os seus demais parentes (Mt 13.55,56).
Ao menos alguns de seus discípulos tinham uma esposa
(Mt 8.14). Os Evangelhos registram até mesmo o tempo
que Jesus passou com os seus amigos Lázaro, Maria e
Marta. Mas não existe sequer uma palavra a respeito de
qualquer tempo que Ele tenha passado com uma esposa.
N a verdade, Ele não possuía um lar próprio (Lc 9.58).
J O Ã O 3 .3 — O fa to de “nascer de novo ” indica que
Jesus ensinou a doutrina da reencarnação?
A M Á IN T E R PR ET A Ç Ã O : Alguns grupos sectários -—
incluindo as seitas da Nova Era — citam esse verso para
apoiar a visão de que Jesus ensinou que era necessário
ser reencarnado.
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR ET A Ç Ã O : O que
Jesus está ensinando nessa passagem não é a reencarna­
ção, mas sim a regeneração.
A doutrina da reencarnação ensina que, depois que
uma pessoa morre, ele ou ela entram em um outro cor­
po mortal para viverem novamente nesta terra. Esse pro­
cesso se repete sucessivamente, em um ciclo virtualmente
interminável de nascimento, morte e renascimento, con­
tudo em um outro corpo mortal. Se Jesus estivesse de­
fendendo a doutrina da reencarnação, Ele deveria ter
dito: “Aquele que não nascer de novo, e de novo, e de
novo, e de novo...”
A doutrina da reencarnação ensina que as pessoas
m orrem sucessivamente, até que alcancem a perfeição (o
Nirvana). Contudo, a Bíblia ensina claramente que “aos
homens está ordenado morrerem uma vez, vindo, de­
pois disso, o ju ízo ” (Hb 9.27). Cada ser humano vive
268
JOÃO
uma só vez como um mortal na terra, morre uma só vez,
e então enfrenta o juízo.
Nos versos seguintes, Jesus explica o que Ele quer
dizer quando se refere a nascer de novo. Jesus diz:“Aquele
que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no
R eino de D eus” (Jo 3.5). Embora existam divergências
entre comentaristas a respeito do significado exato dessa
“água” (veja nossos comentários a respeito de Jo 3.5),
todos estão de acordo que não é possível que essa passa­
gem se refira à doutrina da reencarnação. Ser nascido
novamente, então, é ser limpo de m eu pecado e receber
a vida de Deus, pelo Espírito de Deus (R m 3.21-26; E f
2.5; Cl 2.13).
Jesus ensinou que as pessoas decidem o seu eterno
destino em uma única vida (Mt 25.46). Essa é precisa­
mente a razão pela qual o apóstolo Paulo enfatizou que
“eis aqui agora o dia da salvação” (2 Co 6.2).
J O Ã O 3 .3 — O fa to de os cristãos serem “nascidos
de novo ” significa que D eu s divide a sua natureza
divina com o nosso espirito humano, como sugerem
alguns ensinadores da seita Palavra da Fé?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Alguns ensinadores da sei­
ta Palavra da Fé dizem que, no m om ento do novo nasci­
mento, Deus divide a sua natureza conosco. Quando so­
mos nascidos de novo, Deus divide “a sua própria natu­
reza, a sua essência e o seu ser com o nosso espírito hu­
m ano” (Hagin, Word offaith, janeiro de 1978,pág.3).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : A in­
terpretação desse texto pela seita Palavra da Fé é um
exemplo de eisegese ao invés de exegese. As Escrituras
claramente contemplam o novo nascimento (do grego,
anothen) como um nascimento espiritual. Ele não envol­
26 9
R E S P O S T A À S S EI T A S
ve uma mudança na essência ou na natureza (isto é, al­
guém tornar-se divino), mas antes, envolve o comparti­
lhar da vida para que se tenha um espírito humano sin­
gular, através de Deus (2 Co 5.17; T t 3.5). A sua trans­
formação espiritual transfere a pessoa do reino das trevas
para o R eino de Deus (Cl 1.13). Para pertencer ao R e i­
no de Deus, uma pessoa precisa “nascer” para ele.E crucial
compreender que, enquanto aqueles que são “nascidos
de novo” tornam-se “novas criaturas” (2 Co 5.17), com
toda a certeza continuam sendo criaturas.
Para estudar a argumentação oferecida pelas Escri­
turas contra a idéia de que seres humanos podem tornar-se Deus, veja neste livro a discussão a respeito de
Gênesis 1.26.
J O Ã O 3 .5 — Este verso indica que apenas a “classe
ungida ” será nascida de novo e viverá para sempre
com D eu s no céu?
A M Á IN T E R PR ET A Ç Ã O : As Testemunhas de Jeová
ensinam que somente a classe ungida é nascida de novo,
e não as “outras ovelhas”. O novo nascimento é necessá­
rio, dizem, para que se possa entrar no céu. “As ‘outras
ovelhas’não necessitam nenhum outro nascimento como
este, pois a sua meta é uma vida eterna no paraíso terres­
tre restaurado, como súditos do R e in o ” (Torre de Vigia,
15 de fevereiro de 1986, pág. 14).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR ET A Ç Ã O : A pri­
meira Epístola de João 5.1a afirma que “Todo aquele que
crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus” (ênfase adi ­
cionada pelos autores). Daí, ser nascido de novo não pode
ser meramente limitado a 144.000 pessoas.João 1.12 de­
clara: “Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o po­
der de serem feitos filhos de Deus”. Qualquer pessoa
270
JOÃO
que exerce a sua fé em Cristo é “nascida de novo” , e
passa imediatamente a fazer parte da família eterna de
Deus (1 Pe 1.23). O novo nascimento também confere
ao crente uma nova capacidade e desejo de agradar ao
Pai (2 Co 5.17). Todos aqueles que isso possuem dão
evidências de que são nascidos de novo (confira 1 Jo
2.29; 3.9).Veja também neste livro os nossos comentári­
os a respeito de Apocalipse 7.4.
J O A O 3 .5 — Este verso ensina que o batismo é uma
condição necessária para a salvação?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Jesus disse a Nicodemos
que “aquele que não nascer da água e do Espírito não
pode entrar no R eino de Deus” (Jo 3.5). Certos grupos,
tais como os mórmons, citam esse verso como uma evi­
dência de que uma pessoa deve obrigatoriamente ser
batizada para que seja salva (Talmage, 1977,129).
C O R R IG IN D O A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : O ba­
tismo não é necessário para a salvação (veja neste livro os
nossos comentários a respeito de Atos 2.38). A salvação é
dada pela graça, através da fé, e não através de obras de
justiça (Ef2.8,9; T t 3.5,6).Mas o batismo é uma obra de
justiça (Mt 3.15). O que é então que Jesus quis dizer
quando se referiu a ser “nascido da água”? Existem três
maneiras básicas para compreender isso, e nenhum a de­
las envolve a regeneração através do batismo.
Alguns acreditam que Jesus esteja falando da água do
ventre, uma vez que foi mencionado o “ventre m aterno”
no verso anterior. Se for assim, então é como se Ele esti­
vesse dizendo: “a menos que sejais uma vez nascidos da
água (em vosso nascimento físico), e então novamente
pelo ‘E spírito’ em vosso nascim ento espiritual, não
podereis ser salvos” .
271
R E S P O S T A À S S EI T AS
Outros tomam a expressão “nascido da água” referin­
do-se à “lavagem da água, pela palavra” (Ef 5.26). Eles
observam que Pedro se refere a ser nascido de novo atra­
vés da Palavra de Deus (1 Pe 1.23), que é exatamente ao
que João está se referindo nesses versos (confira Jo 3.3,7).
Outros ainda pensam que “nascer da água” refere-se
ao batismo de João mencionado em João 1.26. João dis­
se que batizava com água para o arrependimento, dizendo:“Arrependei-vos,porque é chegado o Reino dos céus”
(Mt 3.2). Mas Jesus batizaria com o Espírito Santo (Mt
3.11). Se esse é o significado, então quando Jesus disse
que eles deveriam “nascer da água e do Espírito” (Jo
3.5), Ele queria dizer que os judeus daqueles dias deve­
riam passar pelo batismo de arrependimento pregado
por João e também pelo batismo no Espírito Santo, an­
tes que pudessem “entrar no R eino de Deus” .
J O A O 3 . 1 6 — A expressão “Filho unigênito” indica
que Jesus Cristo é um ser criado?
A M Á IN T E R PR ET A Ç Ã O : Esse verso se refere a Jesus
como o “Filho unigênito” de Deus. As Testemunhas de
Jeová dizem que Jesus é o Filho unigênito de Deus no
sentido de que Ele tenha sido diretamente criado pela
mão de Deus (Aid to Bible understanding, 1971, pág.918).
Dizem que Ele é, por essa razão, um deus m enor do que
Deus o Pai.
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : As pala
vras “Filho unigênito” não significam que Cristo tenha
sido criado, mas, antes, significam “singular” ou “o único
da mesma espécie” (no grego, monogenês).
Jesus era o Filho de Deus, de forma singular, por na­
tureza — o que significa que Ele era a própria natureza
de Deus. E bastante expressivo o fato de que, diante da
212
JOÃO
reivindicação de Jesus, certa ocasião, como Filho de Deus,
seus contemporâneos judeus tenham interpretado que
Ele reivindicava sua própria divindade sem estar qualifi­
cado para isso, e procurado apedrejá-lo.“Nós temos uma
lei, e, segundo a nossa lei, [Jesus] deve morrer, porque se
fez Filho de Deus” (Jo 19.7; as inserções foram adiciona­
das pelos autores). Eles pensaram que Jesus estivesse co­
m etendo uma blasfêmia porque Ele mesmo reivindicava
para si a divindade.
Muitos evangélicos crêem que a filiação de Cristo é
eterna. A evidência para a filiação eterna de Cristo é
encontrada no fato de que Ele é representado já como o
Filho de Deus antes de seu nascimento humano em
Belém (Jo 3.16,17; confira Pv 30.4). Hebreus 1.2 diz
que Deus criou o universo através de seu “ Filho” — o
que implica dizer que Jesus era o Filho de Deus antes da
obra da criação. Além disso, fala-se de Cristo como o
Filho, que Ele existiu “antes de todas as coisas” (Cl 1.17;
confira com os w . 13,14). Do mesmo modo,Jesus,falan­
do com o Filho de Deus (Jo 8.54-56), afirma a sua
preexistência eterna antes da existência de Abraão (v. 58).
Vista sob essa luz, a identidade de Cristo como Filho de
Deus não designa inferioridade ou subordinação, seja de
essência ou de posição.
f O A O 4 .2 3 — Esse verso indica que somente E>eus,
o Pai — e não Jesus — deve ser adorado?
A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : João 4.23 diz:“Mas a hora
vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adora­
rão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procu­
ra a tais que assim o adorem” . As Testemunhas de Jeová
crêem que apenas o Pai deve ser adorado. Entendem
que a Cristo se deve “reverência” (Torre de Vigia, 15 de
fevereiro de 1983,18).
273
R E S P O S T A À S S EI TA S
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : O mes­
mo term o grego empregado quando se fala na adoração
devida ao Pai (proskuneo), é utilizado no Novo Testamento
quando se refere à adoração devida a Jesus. Jesus foi ado­
rado porTom é (Jo 20.28), por anjos (Hb 1.6), por sábios
(Mt 2.11), por um leproso (Mt 8.2), por um príncipe
(Mt 9.18), por um hom em cego (Jo 9.38), por uma
mulher (Mt 15.25),pelas mulheres no sepulcro (Mt 28.9)
e pelos discípulos (Mt 28.17). N o livro de Apocalipse, a
adoração que o Pai recebe (4.10) é exatamente igual
àquela adoração recebida por Jesus Cristo (5.11-14).
J O Ã O 5 .2 8 ,2 9 — Jesus está defendendo a doutrina
da salvação através das obras?
A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : Jesus diz no Evangelho de
João que vem a hora em que todos os que estão nos
sepulcros ouvirão a sua voz: “E os que fizeram o bem
sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal,
para a ressurreição da condenação” (w. 28,29). Essa pas­
sagem parece indicar que a salvação é alcançada através
das obras — uma característica comum às seitas, tais como
as Testemunhas de Jeová e os mórmons (por exemplo,
Smith, 1975,1.134).
C O R R IG IN D O A M Á INTERPRETAÇÃO : N o prin
cípio de seu Evangelho, João escreve: “Mas a todos
quantos o receberam deu-lhes o poder de serem foi (os
filhos de Deus, aos que crêem no seu nome, os quais nao
nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem tia
vontade do varão, mas de D eus” (Jo 1.12,13; a ênfase loi
adicionada pelos autores). Jesus diz em João 3 .1 6 -1H:
Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o
seu Filho unigênito, para que todo aquele que
n.m
pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o
n c l c
274
cr<)
JOÃO
seu Filho ao mundo não para que condenasse o mundo,
mas para que o mundo fosse salvo por ele. Q uem crê nele
não é condenado; mas quem não crê já está condenado,
porquanto não crê no nom e do unigênito Filho de Deus
[ênfases adicionadas pelos autores].
Além do mais, em João 5.24, Jesus diz: “N a verdade,
na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e
crê naquele que me enviou tem a vida eterna” . A partir
dessas passagens, fica claro que Jesus não defende a dou­
trina da salvação através das obras.
As boas obras a que Jesus se refere em João 5.28,29 são
aquelas que ocorrem após a salvação ter sido operada através
da fé. Para ser salva, uma pessoa necessita da graça de Deus
(Ef 2.8,9), mas a autêntica fé se expressa através das boas
obras (v. 10). O apóstolo Paulo, no livro de Romanos, diz
algo muito similar àquilo que Jesus proferiu em João
5.28,29. Em Romanos, Paulo diz que Deus “recompen­
sará cada um segundo as suas obras, a saber, a vida eterna
aos que, com perseverança em fazer bem, procuram gló­
ria, e honra, e incorrupção; mas indignação e ira aos que
são contenciosos e desobedientes à verdade e obedientes
à iniqüidade” (Rm 2.6-8). Mas Paulo também escreveu:
“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não
vem de vós; é dom de Deus” (Ef 2.8). N a passagem de
Komanos, Paulo não está se referindo à pessoa que alcan­
ça a vida eterna através de obras, mas do indivíduo que
mostra a sua vida através de suas boas obras. Em Efésios,
Paulo está dizendo que ninguém pode tentar se salvar atra­
vés das obras antes de receber a salvação pela graça.Veja
lambém os textos de Tiago 2.17,18 contidos em nossos
comentários a respeito de Tiago 2.21.
/ ( ) ÍO 5 .4 3 — Este verso indica que “Jesus"é o “nome
do Pai ” (ou que o próprio Jesus é o Pai), como acredifam os adeptos da seita Unidade Pentecostal?
215
R E S P O S T A A S S EI TA S
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Je sus afirmou: “Eu vim em
nom e de meu Pai, e não me aceitais” (Jo 5.43). Os adep­
tos da seita Unidade Pentecostal costumam interpretar a
passagem “ em nome de meu Pai” como se o nome de
Jesus fosse o próprio nom e do Pai (isto é, Jesus é o Pai)
(Campbell, 1975, 43).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR ET A Ç Ã O : A utili­
zação do termo “nom e” nesse verso está relacionada ao
tema da autoridade. Enquanto muitos vêm em seus pró­
prios nomes ou autoridade, Jesus vem não em sua pró­
pria autoridade, mas na autoridade do Pai. De modo
claro, então, esse verso, longe de indicar que Jesus seja o
Pai, de fato aponta para a distinção entre o Pai e Jesus.
U m vem na autoridade do outro.Veja também neste li­
vro as discussões a respeito de João 10.30 ejoão 14.6-11.
J O A O 6 .5 3 a — Jesus disse que “comessem a sua
carne”. E sta f o i a passagem que deu base ao ensino
que os católicos romanos mais tarde chamaram de
transubstanciação?
A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Jesus disse: “ Se não
comerdes a carne do Filho do H om em e não beberdes o
seu sangue, não tereis vida em vós mesmos”. Os católi­
cos romanos utilizam esse verso para justificar a sua crença
na transubstanciação — a visão de que os elementos da
comunhão tornam-se, de fato, o corpo físico e o sangue
de Cristo no m om ento da consagração. O Concilio de
Trento fez dessa doutrina parte oficial da fé católica —
“pela consagração do pão e do vinho, ocorre uma con­
versão completa das substâncias do pão nas substâncias
do corpo de Cristo, nosso Senhor, bem como uma con­
versão completa das substâncias do vinho nas substâncias
do seu sangue. Essa conversão é, de modo apropriado,
276
JOÃO
chamada de transubstanciação, pela igreja católica”
(Denzinger, no. 877,267,68).
Ludwig Ott, uma autoridade católica, resume a argu­
mentação como exposto a seguir:
A necessidade de aceitação de uma interpretação lite­
ral neste caso [de João 6.53] é, de qualquer modo, eviden­
te: a) A partir da natureza dos termos utilizados. Nota-se
especialmente as expressões realísticas alethes brosis = ver­
dadeiro, comida real (verso 55); alethes posis = verdadeiro,
bebida real (verso 55); trogon = morder, mastigar, comer
(verso 54 e seqüência); b) A partir das dificuldades criadas
por uma interpretação figurativa. Na linguagem bíblica,
comer a carne de uma pessoa e beber o seu sangue, no
sentido metafórico, significa perseguir a pessoa e destruíla de modo sangrento, conforme Salmos 26.2; Isaías 9.20;
49.26; Miquéias 3.3; c) A partir das reações dos ouvintes,
aos quais Jesus não corrigiu, do mesmo modo como se
comportara previamente em outros casos de mal-enten­
didos (confira Jo 3.3 e seq.; 4.32 e seq.; M t 16.6 e seq.).
Nesse caso, pelo contrário, Ele confirma a aceitação literal
por parte deles, das suas palavras, sob o risco de que os
seus discípulos e os seus apóstolos desertassem (v. 60 e
seq.) [Ott, 1960, 374].
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : N ão é
necessário entender essas frases no sentido material. As
palavras de Jesus não precisam ser consideradas com a
idéia de ingestão de seu corpo físico e do seu sangue.
Jesus freqüentemente falou através de metáforas e figu­
ras de linguagem. Ele chamou os fariseus de “conduto­
res cegos” (Mt 23.16), e Herodes de “raposa” (Lc 13.32).
Os estudiosos católicos romanos não tomam esses ter­
mos ao pé da letra. Também não acham que Jesus esti­
vesse falando literalmente quando disse: “Eu sou a por­
ta” (Jo 10.9). Não existe,portanto, a necessidade de con277
R E S P O S T A À S S EI TA S
siderar que Jesus estivesse falando em sentido literal e
físico quando disse: “Este é o meu corpo” ou “comer a
minha carne”.Jesus sempre falava por meio de parábolas
descritivas e figuras, como Ele mesmo mencionou (Mt
13.10,11). Com o veremos a seguir, tais expressões po­
dem ser bem compreendidas a partir do contexto.
Não é sequer plausível tomar as palavras de Jesus em
sua exata acepção. A vivacidade das frases não são prova
de sua literalidade.Jesus muitas vezes utilizou frases vivi­
das em ocasiões em que estava falando de modo figura­
do. Por exemplo, em João 15.1, Jesus disse: “Eu sou a
videira verdadeira”. A utilização de termos vividos não
é necessariamente prova de que o significado seja idên­
tico ao dos termos utilizados. Os salmos são repletos de
expressivas figuras de linguagem. Deus é retratado como
uma rocha (SI 18.2), como um pássaro (SI 63.7), como
uma torre (Pv 18.10), e de muitas outras maneiras. Além
disso, a Bíblia freqüentemente utiliza a linguagem refe­
rente ao ato de ingerir em sentido figurado. “Provai e
vede que o Senhor é b o m ” (SI 34.8) é um desses casos.
Ao próprio apóstolo João foi dito no Apocalipse que
comesse um rolo de pergaminho (representando a Pala­
vra de Deus). “Toma-o e com e-o” . João fez conforme
lhe foi mandado e disse:“ ... e, havendo-o comido, o meu
ventre ficou amargo” (Ap 10.9b, 10). O que poderia ser
mais significativo? Mas a passagem se refere a que ele
recebesse a Palavra de Deus (o rolo de pergaminho).
Mesmo o apóstolo Pedro diz aos novos crentes:“Desejai
afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o
leite racional,não falsificado” (1 Pe 2.2). E o escritor aos
Hebreus fala de “mantimento sólido” para os cristãos
maduros (5.14), e de outros que se desviaram depois que
“provaram o dom celestial” (6.4).
Também não é necessário, como sugerem os erudi
tos católicos, tom ar ao pé da letra “carne e sangue ,
278
JOÃO
porque essa frase foi utilizada do mesmo m odo em
muitos lugares, em outros contextos. C om o é de co­
nhecim ento de todos os estudiosos da Bíblia, termos
idênticos possuem diferentes significados quando em
diferentes contextos. O próprio term o “carne” (.sarks),
por exemplo, é utilizado no Novo Testamento em um
sentido não físico, espiritual, referindo-se à natureza
caída dos seres humanos, como quando Paulo disse:“ ...
eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita
bem algum” (R m 7.18; confira G1 5.17). Descobre-se
o significado de um texto através de seu contexto, e
não analisando se os mesmos termos ou se termos si­
milares são utilizados. Os mesmos termos são utiliza­
dos de maneiras m uito diferentes, em diferentes con­
textos. Até mesmo o term o “ corpo” (soma), que signifi­
ca corpo físico, quando utilizado com referência a um
ser hum ano individual, tem, em outros contextos, o sig­
nificado de corpo espiritual de Cristo, que é a Igreja
(confira E f 1.22, 23); e isso é reconhecido tanto por
católicos como por protestantes.
O fato de alguns dos ouvintes de Jesus terem enten­
dido o que Ele disse no sentido estrito de suas palavras,
sem a sua explícita e imediata repreensão, não é um bom
argumento por várias razões. Em primeiro lugar, Jesus
repreendeu o entendimento errado deles, ao menos de
forma implícita, quando disse mais tarde, no mesmo dis­
curso: “O espírito é o que vivifica, a carne para nada
aproveita; as palavras que eu vos disse são espírito e vida”
(Jo 6.63).Tomando emprestado uma frase do apóstolo
Paulo, as palavras de Jesus se “discernem espiritualmen­
te” (1 Co 2.14), e não em um sentido canibalístico gros­
seiro. Além do mais, Jesus não tinha que repreender ex­
plicitamente o entendimento errôneo para que este se
caracterizasse como tal. U m a percepção literal dessa pas­
sagem, nesse contexto, teria sido tão canibalesca que ne­
279
R E S P O S T A À S S EI T A S
nhum dos discípulos esperaria que o Senhor fizesse uma
declaração tão absurda.
N em tampouco se pode evocar a idéia de uma supos­
ta transformação miraculosa dentro desse contexto. O
único milagre relacionado a isso foi o ato de alimentar
5.000 pessoas (Jo 6.11), ocasião em que coube tal dis­
curso — a respeito do Pão da Vida (Jo 6.35). Apelar para
um milagre de transubstanciação nessa passagem é apli­
car a expressão latina Deus ex machina, isto é, fazer uma
tentativa fracassada de evocar Deus com a finalidade de
evitar o colapso da interpretação de alguém.
Não é possível assumir uma visão material nessa pas­
sagem. C om respeito a pelo menos um sentido muito
importante, não é física ou teologicamente possível para
um cristão ortodoxo fazer uma interpretação literal das
palavras — “Este é o meu corpo” — proferidas por Jesus
durante a última ceia. Porque quando Cristo disse “Este
é o meu corpo” referindo-se ao pão que tinha nas mãos,
nenhum dos apóstolos presentes poderia possivelmente
ter entendido que Ele quisesse dizer que o pão fosse de
fato o seu corpo palpável, uma vez que o Mestre ainda
estava com eles em seu corpo físico, cujas mãos estavam
segurando exatamente aquele pão. Caso contrário, tería­
mos que acreditar que Cristo estava segurando em suas
mãos o seu próprio corpo. Isso nos faz lembrar do mito
medieval do santo cuja cabeça foi cortada e, ainda assim,
ele a colocou em sua boca e nadou, atravessando o rio!
Jesus também não poderia estar falando a respeito de
seu corpo físico quando disse “Este é o meu corpo”,
pois desde a sua encarnação Ele sempre foi um ser hu­
mano e habitou continuamente em um corpo humano
(exceto durante os três dias que passou na sepultura).
Por isso, se o pão e o vinho que Ele segurava em suas
mãos na última ceia fossem literalmente o seu corpo e o
seu sangue, então Ele teria encarnado em dois lugares
280
JOÃO
diferentes ao mesmo tempo. Mas um corpo físico não
pode estar em dois lugares diferentes ao mesmo tempo.
São necessários dois corpos diferentes para que se possa
fazê-lo. Portanto, a despeito do protesto católico em fa­
vor do contrário, logicamente a transubstanciação en­
volveria dois corpos e duas encarnações de Cristo, o que
é contrário à doutrina ortodoxa da encarnação.
J O A O 6 .5 3 b — O s católicos romanos estão corretos
ao adorarem a “hóstia consagrada” durante a missa,
ou essa é uma form a de idolatria?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : U m a vez que os católicos
romanos acreditam que os elementos da comunhão são
de fato transformados no próprio corpo e no sangue de
Cristo, é apropriado adorar as hóstias consagradas. O Con­
cilio deTrento pronunciou enfaticamente que “não existe,
portanto, qualquer brecha para a dúvida de que todos os
fiéis em Cristo... ofereçam em veneração... a adoração
de latria que é devida ao verdadeiro Deus, e a esse
santíssimo sacramento” (Denzinger, n° 878, 268). O ar­
gumento para isso é que uma vez que Cristo, em sua
forma humana, é Deus e, portanto, apropriadamente ado­
rado (por exemplo, Jo 20.28), e uma vez que na missa o
pão e o vinho são de fato transformados no próprio cor­
po e sangue de Cristo, então não há razão para que esse
sacramento não devesse ser adorado como Deus.
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Muitos
protestantes crêem que essa é uma forma de idolatria.
Ela envolve a adoração de algo que os sentidos, dados
por Deus a cada ser humano normal, informam ser uma
criação finita de Deus, isto é, pão e vinho. Adorar a Deus
sob uma imagem física é uma forma de culto claramente
proibido nos Dez Mandamentos (Ex 20.4).
281
R E S P O S T A À S S EI TA S
Além do mais, apelar para algum tipo de presença
ubíqua do corpo ou da onipresença de Cristo — por ser
Deus — na hóstia não resolve o problema da acusação
por idolatria. Dizer que os elementos eucarísticos são
apenas as “vestes casuais” sob as quais Cristo está de al­
gum modo localizado é usar o mesmo tipo de argumen­
to pelo qual os pagãos tentaram justificar a sua prática de
adorar pedras ou estátuas. Alegam que Deus está presen­
te em todos os lugares, inclusive em seus objetos de ado­
ração. N enhum pagão animista realmente adora uma
pedra, mas o espírito que a anima.
Reivindicar que a hóstia consagrada não é uma cria­
ção finita é minar a própria base epistemológica através
da qual conhecemos algo no mundo empírico. Essa rei­
vindicação também mina, indiretamente, a base históri­
ca que apóia a verdade a respeito do Cristo encarnado,
sua morte e ressurreição. Se não se pode confiar nos sen­
timentos quando eles experimentam os elementos da
comunhão, então os apóstolos não poderiam ter verifi­
cado as reivindicações de Cristo quanto à sua ressurrei­
ção. Jesus disse: “ Vede as minhas mãos e os meus pés, que
sou eu mesmo; tocai-me e vede, pois um espírito não tem
carne nem ossos, como vedes que eu tenho” (Lc 24.39;
ênfases adicionadas. Confira Jo 20.27). João disse, falan­
do a respeito de Cristo, que Ele era “o que era desde o
princípio, o que vimos com os nossos olhos, o que temos
contemplado, e as nossas mãos tocaram” (1 Jo 1.1; ênfases
adicionadas).
Alega-se que um milagre acontece quando o sacer­
dote consagra a hóstia, mas a missa não mostra qualquer
evidência desse milagre. Alegar que a missa envolve fatos
miraculosos quando não há nenhuma evidência disso
faz com que o m odo normal e natural de observar os
fatos se torne irrelevante. Pelo mesmo tipo de raciocínio
que os católicos romanos costumam utilizar para justifi­
282
JOAO
car que uma substância invisível substitui m iraculosamente os sinais empiricamente óbvios de pão e vinho,
alguém poderia, por esse mesmo tipo de raciocínio, jus­
tificar a crença em Papai N oel no Natal, ou ainda que
um pequeno ser invisível move as suas mãos sobre o
relógio. Esse raciocínio é literariamente sem sentido. Não
é perceptível, mesmo que o seu objeto seja um corpo
perceptível (isto é, físico). Filosoficamente, esse é um
evento irreconhecível no mundo empírico. Teologica­
mente, é uma questão de crença. Um a pessoa deverá sim­
plesmente acreditar naquilo que diz o ensino magistral,
isto é, que a hóstia é realmente o corpo de Jesus, mesmo
que os sentidos humanos o revelem de outro modo.
Se a missa é um milagre, então virtualmente qualquer
evento empírico natural também poderia ser um mila­
gre. Mas se isso é verdadeiro, então nada mais é um m i­
lagre, uma vez que nada mais é singular. Por isso, a alega­
ção de que a missa é um milagre mina a própria nature­
za dos milagres, ao menos como eventos especiais que
possuem valor apologético.
O apelo dos apologistas católicos romanos a apari­
ções divinas especiais (theophanias), como uma tentativa
de evitar essas críticas, é fútil. Porque existe uma diferen­
ça muito importante da qual eles não tomam conheci­
mento: quando o próprio Deus aparece em uma forma
finita, isso é obviamente uma aparição miraculosa. Sabese claramente que não se trata de um evento normal.
Existem manifestações sobrenaturais, vozes, profecias oü
ocorrências não usuais cuja natureza está ligada ao so­
brenatural (confira Ex 3.1— 4.17).A missa não está asso­
ciada a esse tipo de eventos. N a verdade, em nenhuma
passagem do Novo Testamento, os termos normalmente
utilizados para milagres (sinais, prodígios ou poder) são
utilizados referindo-se à comunhão. Não existe absolu­
tamente qualquer evidência de que seja algo além de
283
R E S PO S T A ÀS SEITAS
um evento natural, com elementos naturais, sobre os quais
Cristo coloca bênçãos espirituais especiais nessa ocasião
em que sua m orte é “lembrada” (1 Co 11.25).
J O Ã O 8 .5 8 — Este verso indica que Jesus era mera­
mente preexistente (de modo oposto a ser eterna­
mente preexistente)?
A M Á IN T E R PR ET A Ç Ã O : Em João 8.58 lemos:“Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que, an­
tes que Abraão existisse, eu sou” . De modo diferente, na
tradução Novo Mundo, das Testemunhas de Jeová, lê-se:
“Disse-lhes Jesus: Verdadeiramente vos digo que, antes
que Abraão viesse a existir, eu já existia” . Isso indica que
Jesus era preexistente, mas não eternamente preexistente
(certamente não como “o grande Eu Sou” do Antigo
Testamento). “A questão dos judeus (v. 57) à qual Jesus
estava respondendo tinha a ver com idade, e não com
identidade. A resposta de Jesus logicamente referiu-se à
sua idade, à extensão de sua existência” (Reasoning from
the Scriptures, 1989, pág. 418).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Os eru­
ditos gregos concordam que a Torre de Vigia não tem
nenhuma justificativa para traduzir ego eimi em João 8.58
como “eu já existia” (uma tradução que mascara a cone­
xão desse texto com Êxodo 3.14, onde Deus revela que
o seu nome é “Eu Sou”). A Sociedade Torre de Vigia
tentou certa vez classificar o term o grego eimi como um
tempo indefinido perfeito para justificar essa tradução
— mas os eruditos gregos a contradisseram, responden­
do que não existe no grego algo como um tempo indc
finido perfeito.
Os termos ego eimi ocorrem muitas vezes no Evangv
lho de João. E interessante observar que a tradução Novo
284
JOÃO
M undo traduz corretamente ego eimi nas demais passa­
gens (com o em Jo 4.26; 6 .3 5 ,4 8 ,5 1 ; 8 .1 2 ,2 4 ,2 8 ;
10.7,11,14; 11.25; 14.6; 15.1,5; 18.5,6,8).Apenas em João
8.58 ocorre a tradução errada. A Sociedade Torre de Vi­
gia é motivada a traduzir esse verso de m odo diferente
para evitar que apareça que Jesus é “ o grande Eu Sou”
do Antigo Testamento. Em nome da consistência e da
integridade textual, a passagem de João 8.58 deveria ser
traduzida do mesmo m odo que todas as outras vezes em
que são empregados os termos ego eimi — que significa
Eu Sou .
Finalmente, como observado antes, “Eu Sou” foi o
nome revelado a Moisés em Exodo 3.14,15. O nome
traz consigo a idéia da eterna auto-existência de Deus.
Yahweh nunca veio a existir em certo ponto no tempo,
porque Ele sempre existiu. Conhecer a Yahweh é co­
nhecer o eterno. E, portanto, compreensível que quando
Jesus reivindicou ser o grande “Eu Sou” , os judeus ime­
diatamente pegaram em pedras com a intenção de matálo, porque reconheceram que Ele estava implicitamente
identificando-se comoYahweh.
í<T“>
C1
”
J O Ã O 8 .5 8 — E sse verso indica que todos os seres
humanos possuem a presença do “E u S o u ” dentro
de si mesmos?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Os profetas da Nova Era,
Mark e Elizabeth Clare, interpretam essas palavras de
Jesus de acordo com a visão distorcida da Nova Era, ele­
vando todos os seres humanos ao mesmo patamar de
Deus. Esses “profetas” dizem que “a presença ‘Eu Sou’ de
Jesus se parece com a sua. Esse é o denominador co­
mum. Esse é o termo de igualdade dos filhos e filhas de
Deus. Ele criou você igual, ou seja, deu-lhe uma presen­
ça Eu Sou — Ele deu a você uma Natureza Divina”
285
R E S P O S T A À S S EI T A S
(.Prophet, 1990, 83). De modo semelhante, a fundadora
da seita Ciência Cristã, Mary Baker Eddy, disse que “por
esses discursos Jesus não quis dizer que o Jesus humano
tenha sido ou seja eterno, mas que a divina idéia, ou
Cristo, era e é; portanto, antecedeu a Abraão; não que
Jesus pessoalmente fosse um com o Pai, mas que o plano
espiritual, Cristo, habita para sempre no seio do Pai” (Eddy,
Science anã health, págs. 333,334).Esse é o correto enten­
dimento da afirmação de Jesus nesse texto?
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : João
8.58 não pode ser interpretado no sentido de que todo
ser humano possui em si mesmo “a presença Eu Sou”.
Nesse verso,Jesus, de modo implícito e singular, atribuiu
a si mesmo o divino nomeYahweh. A base desse fato é
que “Eu Sou” e “Yahweh” são equiparados em Exodo
3.14,15.Jesus estava aqui se equiparando ao DeusTodoPoderoso, como o próprio Deus se revelou em Exodo 3.
Não que os judeus tenham entendido que Jesus esti­
vesse ensinando que eles também eram identificados
como “Eu Sou” . E nem que Jesus os tenha corrigido
dizendo: “O h , vocês entenderam mal, pois vocês tam­
bém são ‘Eu Sou’” .Jesus, única e exclusivamente, decla­
rou ser Ele “o grande Eu Sou” do Antigo Testamento.
A reação da audiência judaica demonstra que eles com­
preenderam que Jesus estava fazendo uma alegação úni­
ca de divindade. “Pegaram em pedras para lhe atirarem”
(v. 59) foi a reação própria contra alguém na seguinte
condição:“Sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo”
(confiraJo 10.32,33).Veja também nossos comentários a
respeito de Mateus 6.33; 24.23,24.
J O A O 9.1 — Este verso dá base à doutrina da reen­
carnação, como ensina a seita Escola da Unidade
Cristã?
2 86
JOÃO
A MÁ IN TER PR ET A Ç Ã O : Nessa passagem lemos que
|csus curou um hom em que havia nascido cego. A seita
I '.scola da Unidade Cristã ensina que esse hom em nasivu cego por causa dos pecados que cometeu em suas
previas encarnações (Ehrenborg, 77).
( O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : O caso
é exatamente o contrário. Os discípulos de Jesus lhe per­
guntaram: “Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para
que nascesse cego?” (Jo 9.2).Jesus respondeu:“N em ele
pecou, nem seus pais; mas foi assim para que se manifes­
tem nele as obras de Deus” (v. 3). Se Jesus cresse na lei do
karma, não teria dito isso; antes, teria dito que o hom em
nasceu cego por causa dos pecados cometidos em uma
vida anterior.
Os discípulos que fizeram a pergunta a Jesus também
não criam na doutrina da reencarnação. Os teólogos ju ­
deus daquela época davam duas razões para explicar de­
feitos de nascença: pecados pré-natais (antes do nasci­
mento, mas não antes da concepção) e pecados paternos.
Alegavam que quando uma mulher grávida adorava em
um templo pagão, o feto também estaria cometendo o
pecado de idolatria. Esses teólogos também criam que
os filhos eram castigados por causa dos pecados dos pais
(Ex 20.5; SI 109.14; Is 5.6,7). Por essa razão, quando os
discípulos viram esse hom em cego, a suposição deles foi
que ou os seus pais haviam cometido um horrível peca­
do, ou que talvez estando ele ainda no ventre materno, a
sua mãe tivesse visitado algum templo pagão.
O Novo Testamento fala claramente contra a doutri­
na da reencarnação, afirmando que “aos homens está or­
denado m orrerem uma vez, vindo, depois disso, o juízo”
(Hb 9.27). Para mais argumentos contra a doutrina da
reencarnação e do karma, veja as nossas discussões a res­
peito de Mateus 22.42 e João 3.3.
287
R E S P O S T A À S S EI T AS
J O A O 1 0 .1 6 — E ste verso se refere às “outras ove­
lh a s ” que viverão p ara sem pre em um a terra
paradisíaca?
A M Á IN T E R PR ET A Ç Ã O : As Testemunhas de Jeová
dizem que o povo de Deus é formado por dois reba­
nhos: “O ‘pequeno rebanho’ que reinará com Jesus no
aprisco do céu, e as ‘outras ovelhas’que viverão no aprisco
do paraíso terrestre” (Thegreatest M an who ever lived, 1991,
seção 80).
Os mórmons acreditam que as “outras ovelhas” m en­
cionadas nesse verso são os israelitas sem pátria que imigraram para a América (Smith, 1975, 3.214).
C O R R I G IN D O A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : As “ou­
tras ovelhas” em João 10.16 são os gentios crentes, e não
os crentes judeus. Os Evangelhos referem-se aos judeus
perdidos como “as ovelhas perdidas da casa de Israel”
(Mt 10.6; 15.24). Os judeus que seguiram a Cristo fo­
ram chamados de as suas “ovelhas” (Jo 10). Q uando Jesus
disse: “Ainda tenho outras ovelhas que não são desse
aprisco [judaico]” (o term o “judaico” foi inserido pelos
autores deste livro), Ele estava claramente se referindo
aos crentes não judaicos, os crentes gentios. Os crentes
gentios, juntam ente com os crentes judaicos, serão com
Jesus “um rebanho e um Pastor”, e não um rebanho na
terra e outro no céu (vejajo 10.16).
J O A O 1 0 .3 0 — Cristo era um com o Pai ou “um em
propósito ” com o Pai?
A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : Jesus disse: “Eu e o Pai so­
mos u m ”. As Testemunhas de Jeová não acreditam que
essa passagem signifique que Jesus e o Pai sejam um em
essência e tenham a mesma natureza divina. Eles apon-
288
JOÃO
i.nii para João 17.21,22, onde Jesus orou ao Pai para que
os discípulos “sejam todos um, assim como tu, Pai, está
rm união comigo e eu estou em união contigo” (tradu­
ção Novo Mundo, das Testemunhas de Jeová). “E óbvio
que os discípulos de Jesus não se tornarão todos partici­
pantes da Trindade. Mas eles vêm para compartilhar a
unidade de propósito com o Pai e com o Filho, o mes­
mo tipo de unidade que une Deus a Cristo” (Reasoning
Irom the Scriptures, 1989, pág. 424).
( lO R R IG IN D O A M Á IN T E R PR ET A Ç Ã O : Jesus era
um com o Pai em sua natureza, mas distinto dEle pesso­
almente. O Deus trino possui apenas uma essência, mas
três pessoas distintas (veja os nossos comentários a res­
peito de Jo 14.28). Então, Jesus tanto era o mesmo em
substância como também era um outro indivíduo além
do Pai.
O contexto deixa muito claro que Jesus não está ape­
nas se referindo a ser “um em propósito” com o Pai.
Sabemos que isso é verdadeiro porque assim que os ju ­
deus ouviram Jesus dizer que era “u m ” com o Pai, ime­
diatamente pegaram em pedras para matá-lo, acusandoo de ter blasfemado. Não é que eles tivessem entendido
que Jesus estivesse meramente dizendo que era “um em
propósito” com o Pai (pois, na verdade, eles se conside­
ravam a si mesmos como sendo “um em propósito” com
o Pai). Antes, indignaram-se por ter Jesus reivindicado
ser Deus sem ter, na opinião deles, qualificação para isso.
Os judeus compreenderam precisamente aquilo que Je­
sus pretendeu comunicar.
J O A O 1 0 .3 0 — Este verso prova que Jesus e o Pai
são a mesma pessoa, como crêem os adeptos da seita
Unidade Pentecostal?
289
R E S P O S T A À S S EI TA S
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Em João 10.30, Jesus afir­
mou: “Eu e o Pai somos u m ”. Os adeptos da seita U ni­
dade Pentecostal, que negam a doutrina da Trindade,
acreditam que o significado desse verso é que Jesus é
Deus, o Pai (Bernard, 1983, 67).
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Q uan­
do Jesus disse “Eu e o Pai somos u m ”, Ele utilizou a
primeira pessoa do plural, esmen (“nós somos”). Se Jesus
pretendesse dizer que Ele e o Pai eram uma única pes­
soa, certamente não teria utilizado a primeira pessoa do
plural, que implica duas pessoas. Além disso, o termo
grego utilizado para “u m ” (hen) nesse verso não se refere
à unidade pessoal (isto é, à idéia de que o Pai e o Filho
sejam uma pessoa), mas sim à unidade de essência ou
natureza (isto é, que o Pai e o Filho possuem a mesma
natureza divina). Isso é evidente pelo fato de que o gê­
nero do termo no grego é o neutro, e não masculino.
Contextualmente, os versos que precedem e sucedem
João 10.30 distinguem Jesus do Pai (por exemplo, Jo
10.25,29,36,38). Também o testemunho uniforme do
restante do Evangelho de João (sem falar da Bíblia como
um todo), é que o Pai e Jesus são pessoas distintas (den­
tro da unidade do único Deus). Por exemplo, o Pai en­
viou o Filho (Jo 3.16,17); o Pai e o Filho se amam (3.35);
o Pai e o Filho falam um com o outro (11.41,42); e o Pai
conhece o Filho, assim como o Filho conhece o Pai (7.29;
8.55; 10.15).
J O A O 1 0 ,3 4 — Jesus defendeu que as pessoas são
capazes de se tornar Deus?
A M Á IN T E R PR ET A Ç Ã O : Em resposta a um grupo
de judeus, Jesus disse: “Não está escrito na vossa lei: Eu
disse: sois deuses?” Isso significa que seres humanos po-
290
JOÃO
dem se tornar Deus? Os adeptos da Nova Era argumen­
tam: “Podemos ser o Deus que Jesus proclamou que so­
mos, quando disse ‘sois deuses’” (Spangler, 1978, 47).
Os mórmons também citam esse verso como argu­
mento à sua visão da pluralidade de deuses (McConkie,
1977, 24).
C O R R IG IN D O A MÁ IN TER PR ETA Ç Ã O : Esse tex­
to não deveria ser utilizado como suporte ã visão de que
sejamos (ou que possamos nos tornar) pequenos deuses,
pois tal interpretação é contrária ao contexto geral. Jesus
não está falando a panteístas (que acreditam que Deus é
tudo e que tudo é Deus), ou a politeístas (que são aque­
les que acreditam em muitos deuses). Antes, Ele está se
dirigindo estritamente a monoteístas judeus, que acredi­
tam em Deus como o único Criador do universo. Sendo
assim, a declaração de Jesus não deveria jamais ter sido
arrancada de seu contexto monoteísta e deturpada de
acordo com a crença panteísta ou politeísta.
A fala de Jesus deve ser compreendida como parte de
um raciocínio mais abrangente, mostrado aqui com um
argumento afortiori:“Se Deus chegou a chamar até mes­
m o juizes humanos de ‘deuses’, quanto mais Eu posso
chamar-me a mim mesmo de Filho de Deus” . Cristo
havia acabado de pronunciar-se um só com o Pai, dizen­
do: “Eu e o Pai somos u m ” (Jo 10.30). Os judeus queri­
am apedrejá-lo, pois pensaram que Cristo estivesse blas­
femando, fazendo-se igual a Deus (w. 31-33).Jesus res­
pondeu-lhes citando Salmos 82.6, que diz:“Eu disse:Vós
sois deuses”. Então raciocinou: se juizes humanos po­
dem ser chamados de “deuses”, por que o Filho de Deus
não pode ser chamado de “Deus”?
Observe que nem todos eram chamados de deuses,
mas som ente um a classe especial, isto é, juizes acerca de
q uem Jesus dissera que eram as pessoas “ a quem a pala­
291
R E S P O S T A À S S EI T A S
vra de Deus foi dirigida” (v. 35). Jesus estava mostrando
que se as passagens do Antigo Testamento podiam dar
uma posição divina àqueles que foram divinamente de­
signados como juizes, por que deveriam pensar ser tão
incrível que Ele se chamasse a si mesmo de Filho de
Deus?
Esses juizes eram chamados de “deuses” pelo fato de
ocuparem uma posição em que chegavam a, como Deus,
julgar causas e decidir sobre a vida ou a m orte das pesso­
as em suas sentenças. Eles não eram chamados de “deu­
ses” por serem seres divinos. Na verdade, na continuação
do texto citado por Jesus (SI 82), é dito que eles eram
“meros homens” e que “m orreriam ” (v. 7). Esse salmo
também afirma que eles eram “filhos do Altíssimo”, mas
não por serem parte da essência do próprio Deus.
E possível, como muitos estudiosos acreditam, que
quando o salmista Asafe disse aos injustos juizes “Sois
deuses” , estivesse falando com ironia. E possível que
estivesse dizendo:“Tenho-vos chamado d e ‘deuses’, mas
de fato morrereis como homens que realmente sois” .
Se essa interpretação for correta, então quando Jesus
fez alusão a esse salmo em João 10, estava dizendo que
Ele, sim, era verdadeiramente aquilo de que os juizes
israelitas eram chamados, ironicamente, e também por
causa de seus julgamentos. Jesus estava oferecendo uma
defesa à sua própria divindade, e não à divinização do
ser humano.
J O Ã O 1 1 .1 -3 3 — Jesus manteve relações sexuais
com M aria e M arta, como defende a seita O s M eni­
nos de Deus?
A M Á IN T E R PR ET A Ç Ã O : Em algumas seitas acredi­
ta-se que Jesus era casado, e em outras que Jesus vivia
sexualmente com Maria e Marta. Moses David, líder da
292
JOÃO
seita Os Meninos de Deus confessou: “Eu creio mesmo
que Ele [Jesus] viveu com Maria e Marta mais tarde, o
que não era para Ele pecado, pois não podia cometer
pecados.Tudo o que Ele fez, o fez em amor; e provavel­
mente o fez tanto por elas como por si próprio — pois
tinha necessidades físicas, assim como elas tam bém ”
(David, 1977,4).Ele ainda acrescenta quejesus“deve ter
contraído uma doença através de Maria Madalena, que
foi uma conhecida prostituta, e de várias outras prostitutas
que o seguiam, ou de Maria, ou de Marta. Assim sendo,
Ele certamente foi tentado em todos os sentidos, como
nós também somos, e tolerou isso por elas, pois precisa­
vam do seu amor! Se Ele nunca sofresse as enfermidades
sexuais delas,jamais poderia realmente compadecer-se de
seus sofrimentos, poderia? Estar disposto até mesmo a
contrair as enfermidades delas! — isso me parece demais.
Não é algo extraordinário?” [David, 1976, 2-5,7],
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : Essa é
uma especulação completamente fantasiosa, blasfema e sem
qualquer apoio das Escrituras. E contrária ao caráter im­
pecável de Cristo. Jesus desafiou o povo: “Q uem dentre
vós me convence de pecado?” (Jo 8.46). Ele “não conhe­
ceu pecado” (2 Co 5.21);era“sempecado” (Hb 4.15); era
o “cordeiro imaculado e incontaminado” (1 Pe 1.19).
N ão existe sequer uma ligeira insinuação nesse texto
de que Jesus foi romanticamente atraído por Maria ou
Marta. Ele esteve presente no lar delas como hóspede, e
não como um amante. Jesus não esteve sequer a sós com
essas mulheres no lar delas. Ambas tinham um irmão,
Lázaro, que estava sempre presente. Quando Lázaro m or­
reu, Jesus foi ao encontro de Maria e Marta do lado de
fora da casa (Jo 11.20,29).
O “am or” de Jesus por elas era no sentido de amizade,
não de romance. Isso é evidente pelo fato da passagem
293
R E S P O S T A À S S EI T AS
dizer que “Jesus amava a Marta, e a sua irmã, e a Lázaro”
— a família toda (Jo 11.5).
J O A O l i . 1 1 - 1 4 — E sta passagem prova não haver
uma existência consciente após a morte, como ensi­
nam as Testemunhas de Jeová?
A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Em João 11.11-14, Jesus
disse que Lázaro havia “d o rm id o ” — significando que
ele havia m orrido. As Testemunhas de Jeová alegam
que, uma vez que a m orte é descrita com o um “sono”,
isso prova que não há uma existência consciente da
alma após a m orte (M a n kin d 's search fo r God, 1990,
pág. 128).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : As Es­
crituras ensinam de m odo sólido que a alma, tanto das
pessoas crentes como a das pessoas incrédulas, perm ane­
ce consciente no período entre a m orte e a ressurreição.
Os incrédulos estão em consciente aflição (Mc 9.43-48;
Lc 16.22,23;Ap 19.20) e os crentes em consciente gozo
(2 Co 5.8; Fp 1.23).
Quando o termo “dorm ir” é utilizado nas Escrituras
em contextos que falam de morte, refere-se sempre ao
corpo, e não à alma. O sono é uma figura de linguagem
apropriada para a m orte do corpo, uma vez que o corpo
passa a ter a aparência de estar adormecido.
Para o estudo das fortes evidências de que a alma (ou
o espírito) está consciente no período entre a morte e a
ressurreição, veja neste livro a discussão a respeito da pas­
sagem em 1 Tessalonicenses 4.13.
J O Ã O 1 1 . 4 9 - 5 2 — E ste texto serve como fu n d a ­
mento para a reivindicação católica da infalibilidade
papal?
294
JOÃO
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Alguns estudiosos católi­
cos reivindicam que, uma vez que o sumo sacerdote no
Antigo Testamento possuía uma tarefa autorizada de re­
velação, ligada à posição que ocupava, é de se esperar
que haja uma posição equivalente no Novo Testamento,
que seria a do papa. Os católicos utilizam essa passagem
(o sumo sacerdote judeu exercendo a sua autoridade)
para comprovar tal reivindicação. Essa é uma interpreta­
ção correta?
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Os ca­
tólicos romanos estão criando um argumento a partir
de uma analogia que não é baseada em nenhum a afir­
mação contida no Novo Testamento. A visão católica
não pode ser derivada de nenhum a exegese correta do
texto. O Novo Testamento diz explicitamente que o
sacerdócio do Antigo Testamento foi abolido. O escri­
tor do livro de Hebreus declarou “m udando-se o sa­
cerdócio” referindo-se ao sacerdócio de Arão (Hb 7.12).
O sacerdócio levítico foi cum prido em Cristo, que é
um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquise­
deque (w. 15-17).
Até mesmo os católicos reconhecem que não há ne­
nhum a nova revelação posterior ao Novo Testamento.
Então ninguém, após o primeiro século (incluindo-se os
papas), pode ter uma tarefa ligada a novas revelações.Tal
função existe no Novo Testamento através dos apóstolos
e profetas (confira E f 2.20; 3.5), mas a revelação deles
cessou quando morreram. Assumir que essa função foi
passada adiante depois que se foram e reside no bispo de
R om a é suscitar questionamentos.
J O Ã O 1 4 .6 -1 1 — E sta passagem prova que Jesus é
Deus, o Pai, como acreditam os adeptos da seita
Unidade Pentecostal?
295
R E S P O S T A À S S EI T A S
A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : N o bojo dessa passagem,
Jesus diz: “ Se vós me conhecêsseis a mim, tam bém
conheceríeis a meu Pai... quem me vê a mim vê o Pai...
Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em
mim?... Crede-me que estou no Pai, e o Pai em m im ”
(Jo 14.6-11). Os adeptos da seita Unidade Pentecostal
acreditam que esses versos não deixam qualquer dúvida
de que Jesus é Deus Pai (Bernard, 1983, 68).
C O R R IG IN D O A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : Esses
versos provam apenas que o Pai e o Filho são um em
essência, e não que sejam uma só pessoa (veja a discussão
a respeito d e jo 10.30). Em João 14.6, Jesus claramente
distingue-se do Pai quando diz: “N inguém vem ao Pai
senão por m im ” (a ênfase foi adicionada). Os termos “ao”
e “p o r” não fariam qualquer sentido se Jesus e o Pai fos­
sem uma única e mesma pessoa. Esses termos somente
fazem sentido se o Pai e Jesus forem pessoas distintas,
sendo Jesus o mediador entre o Pai e a humanidade.
Quando Jesus disse: “Q uem me vê a mim vê o Pai” (Jo
14.9),Ele não estava dizendo que Ele era o Pai. Antes,Jesus
é a perfeita revelação do Pai (confira Jo 1.18). E a razão
pela qual Jesus é a perfeita revelação do Pai é que Jesus e o
Pai, com o Espírito Santo, são um único ser, indivisível e
divino (Jo 10.30). Isso está de acordo com a própria defi­
nição de Trindade: existe um único Deus, mas na unidade
de Deus existem três pessoas co-iguais e co-eternas, que
são idênticas em substância mas distintas em subsistência.
Jesus, a segunda pessoa da Trindade, é a perfeita revelação
do Pai, que é a primeira pessoa da Trindade.
Está claramente equivocada a crença da seita Unidade
Pentecostal de que a assertiva de Jesus “o Pai está em
m im ” significa que a divindade (“Pai”) habita na huma­
nidade (“Filho”) de Jesus. De acordo com essa lógica, a
declaração de Jesus quando disse “Eu estou no Pai” teria
296
JOÃO
que significar que a natureza humana de Jesus habita na
divindade (Deus Pai), na qual não acreditam os adeptos
da Unidade Pentecostal.
J O Ã O 1 4 . 8 ,9 —
panteísmo?
E sta p a ssa g em dá apoio ao
A MÁ IN T E R PR E T A Ç Ã O : Os adeptos das seitas da
Nova Era acreditam que certas palavras ditas por Jesus,
registradas na Bíblia, ensinam o panteísmo. Em João
14.8,9, por exemplo,Jesus disse a Filipe: “Q uem me vê a
mim vê o Pai... Não crês tu que eu estou no Pai e que o
Pai está em mim?”Jesus estava aqui ensinando que Deus
impregna todas as coisas (Besant, 1966, 30,35-37).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : João
14.8,9 prova apenas que Jesus é a perfeita revelação do
Pai. Jesus — como Deus eterno — revestiu-se de um
corpo humano, podendo então ser a plenitude da reve­
lação de Deus (Hb 1.2,3).Jesus era a revelação de Deus
não somente em sua pessoa (como Deus), mas também
em sua maneira de viver e em seus ensinamentos. O b ­
servando aquilo que Jesus fez e aquilo que Ele disse, po­
demos aprender muito a respeito de Deus.
Além do mais, o temível poder de Deus foi revelado
através de Jesus (Jo 3.2).A indescritível sabedoria de Deus
foi revelada em Jesus (1 Co 1.24). O amor ilimitado de
Deus foi revelado e demonstrado por Jesus (1 Jo 3.16). A
insondável graça de Deus foi revelada em Jesus (2 Ts
1.12) .Versículos como esses servem tanto como pano de
fundo quanto a razão pela qual Jesus disse a um grupo
de fariseus: “Q uem crê em m im crê não em mim, mas
naquele que me enviou” (Jo 12.44). Jesus, do mesmo
modo, disse a Filipe:“ ... quem me vê a mim vê o Pai” (Jo
14.9). Ele foi a revelação suprema do Pai.
297
R E S P O S T A À S S EI T A S
Jesus não ensinou sobre o deus panteísta e impessoal
das seitas da Nova Era, e sim a respeito do Deus Criador,
pessoal, com quem as pessoas podem estabelecer um re­
lacionamento (Mt 17.5;Mc 1.11; Lc 2.49;Jo 16.32; 17.5).
A perspectiva bíblica de Deus envolve um Pai amoroso
e pessoal, a quem os que nEle crêem podem clamar “A ba”
(termo livremente traduzido como “papai” — Mc 14.36;
R m 8.15; Gl 4.6). Além do mais, o Deus da Bíblia é
distinto de sua própria criação (Ec 5.2; confira Gn 1.1;
N e 9.6; SI 33.8,9; 148.5).
Se Jesus foi u m “ ensinador iluminado”, que instruiu
acerca do panteísmo, como dizem os adeptos da Nova
Era, então Ele foi um péssimo professor, pois todos aqueles
que o seguiram tornaram-se não panteístas, mas teístas,
que criam em um Deus Criador e pessoal.
J O Ã O 1 4 .1 6 — O s muçulmanos estão certos ao se
referirem a essa promessa da vinda do “Consolador”
como sendo este M aom é?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Os estudiosos muçulma­
nos vêem nessa referência ao “Consolador” (do grego
paracleto) uma profecia sobre a vinda de M aomé porque
o Alcorão (Sura 61.6) refere-se a ele como “Ahmad”
(periclytos), que os muçulmanos tomam como sendo a
correta tradução do termo paracleto.
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Não
existe absolutamente nenhuma base para concluir que o
Consolador (paracleto), aqui mencionado por Jesus, seja
Maomé. Dos 5.366 manuscritos gregos do Novo Testa­
mento, nem sequer um deles contém o term o periclytos
(“o louvado”), como os muçulmanos reivindicam que
esse termo deveria ser lido. Jesus claramente identifica o
Consolador como sendo o Espírito Santo, e não Maomé.
298
JOÃO
(cstis sc refere a “aquele Consolador, o Espírito Santo,
que o Pai enviará” (Jo 14.26).
() Consolador foi dado aos discípulos de Jesus (“vos”,
v. I (">), mas Maomé não. O Consolador iria habitar com
eles “para sempre” (v. 16), mas Maomé m orreu há treze
séculos.Jesus disse aos discípulos:“ ... vós o conheceis [o
Clonsolador]” (v. 17), mas eles não conheciam Maomé.
Me sequer nasceria durante os seis séculos seguintes.
Jesus disse aos seus apóstolos que o Consolador “esta­
rá em vós” (v. 17). M aomé não esteve “em ” nenhum dos
apóstolos de Jesus, em nenhum sentido. O Consolador
seria enviado “em m eu [Jesus] nom e” (Jo 14.26). Mas
nenhum muçulmano crê que Maomé tenha sido envia­
do por Jesus, em seu nome. O Consolador que Jesus
enviaria não falaria “de si mesmo” (Jo 16.13), ao passo
que M aomé constantemente testifica sobre si mesmo no
Alcorão (confira Sura 33.40). O Consolador glorificaria
Jesus (Jo 16.14), mas M aomé alega suplantar a Jesus na
condição de profeta mais recente.
Finalmente Jesus afirmou que o Consolador viria “não
muito depois destes dias” (At 1.5), ao passo que Maomé
veio 600 anos depois.
J O Ã O 1 4 .1 6 — E ste texto dá suporte à alegação dos
cientistas cristãos de que a passagem se refere à D ivina
Ciência?
A M Á INTERPRETAÇÃO : Mary Baker Eddy certa vez
ostentou: “Entendo que esse Consolador é a Divina Ciên­
cia [a seita Ciência Cristã]”, que ela fundou. Mary também
alegou que “quando a Ciência do cristianismo se manifes­
tar, ela vos conduzirá em toda a verdade” (Eddy, 55,271).
C O R R IG IN D O A M Á IN TERPR ETA Ç Ã O : Está cla­
ro, tanto pelas palavras de Jesus nessa passagem como
29 9
R E S P O S T A Â S S EI T A S
pelo contexto, que Ele não estava se referindo a Mary
Baker Eddy ou à Divina Ciência defendida por ela. Em
prim eiro lugar, Jesus refere-se ao C onfortador (ou
Consolador) como “Ele” — e não “ela” (no feminino,
como fez Mary Baker Eddy) ou “isto”, como é de fato a
Divina Ciência. Jesus identificou o Consolador como
“o Espírito da verdade”já no verso seguinte,João 14.17.
U m pouco mais adiante, o Consolador é chamado de “o
Espírito Santo” (v. 26), identificado com o Pai e o Filho
na Santa Trindade (Mt 28.19; 2 Co 13.13). Não existe
absolutamente nenhuma evidência de que o Consolador
seja qualquer outra pessoa senão Deus, o Espírito Santo.
J O Ã O 1 4 .1 8 — E ste verso prova que Jesus é Deus, o
Pai, como acreditam os adeptos da seita Unidade
Pentecostal?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Em João 14.18 Jesus afir­
m ou a seus discípulos: “Não vos deixarei órfãos; voltarei
para vós”. Os adeptos da seita Unidade Pentecostal ale­
gam que, uma vez que o próprio Jesus disse que não
deixaria os seus discípulos “órfãos”, Jesus deve ser o Pai
deles (veja Haywood, n.d., 17). Esse verso prova que Je­
sus é Deus Pai?
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : A in­
terpretação da seita Unidade Pentecostal em relação a
esse verso confunde ação com identidade. Cristo, em
termos de ação, exerce a função de um pai divino que
dirige, cuida, protege e lidera os seus discípulos. Mas
isso não significa que Cristo, em identidade, seja o Pai.
O apóstolo João se dirige àqueles que receberam a sua
primeira epístola nos seguintes termos:“Meus filhinhos”
(1 Jo 2.1), “Filhinhos” (v. 12) e, novamente, “Filhinhos”
(v. 18), mas isso não quer dizer que João estivesse reivin­
300
JOÃO
dicando a paternidade deles. N em tampouco Cristo é
“o Pai” simplesmente porque cuida dos seus discípulos e
não os deixa sem o seu Espírito.
O testemunho uniforme das Escrituras é que o Pai e
o Filho são pessoas distintas dentro da unidade do Deus
smgular.Veja a nossa discussão a respeito de Mateus 28.19.
J O Ã O 1 4 .2 8 — Jesus se considerava menor do que o
Pai?
A MÁ IN T E R PR E T A Ç Ã O : Jesus disse em João 14.28:
“ ... o Pai é maior do que eu” . As Testemunhas de Jeová
dizem que esse verso prova que Jesus é um deus menor
do que o Pai. Pelo fato de Jeová ser “maior” do que Jesus,
Jesus não pode ser o Deus Todo-Poderoso (Let Goâ be
tme, 1946,pág. 110).
De acordo com a seita Ciência Cristã, esse verso pro­
va que “Cristo não é Deus, mas uma subdivisão dEle”,
assim como “um raio de luz é luz e é um com a luz, mas
não é o completo globo solar” (Eddy, 1901, 8).
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : O Pai é
maior do que o Filho em ofício, mas não em natureza,
uma vez que ambos são Deus (veja Jo 1.1; 8.58; 10.30;
20.28). Do mesmo m odo que um pai terrestre é tão
humano quanto o seu próprio filho, mas possui um ofí­
cio mais elevado do que ele, do mesmo modo o Pai e o
Filho são iguais na Trindade em termos de essência, mas
possuem funções diferentes. Não existe qualquer con­
tradição ao se afirmar a igualdade ontológica e a hierar­
quia funcional entre ambos. De maneira semelhante, fa­
lamos do presidente de nosso país como sendo a figura
maior, não em virtude de seu caráter ou natureza, mas
em virtude de sua posição. Não se pode de modo algum
dizer que Jesus considerou-se m enor que Deus em ter301
R ESPO STA ÀS SEITAS
mos de natureza. O seguinte resumo auxilia na elucidação
das diferenças.
JESUS É IGUAL
AO PAI
JESUS É M E N O S D O
Q UE O PAI
Em essência
Em função
Em natureza
Em oficio
Em caráter
Em posição
Com o Deus
N a condição
de hom em
J O Ã O 1 5 .8 — G anhar almas é um sinal necessário
para provar que a pessoa está produzindo frutos,
con fo rm e e x ig e o a u to r itá r io m o v im e n to de
discipulado?
A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : “Nisto é glorificado meu
Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos”
(Jo 15.8). N o movimento intitulado Igreja de Cristo em
Boston, as pessoas são acusadas de serem infrutíferas a
menos que pessoalmente tragam outras pessoas a Cristo.
C O R R IG IN D O A M Á INTERPRETAÇ ÃO : Esse ver­
so não diz nada a respeito da tarefa de ganhar almas. O
tema deve estar incluído na produção de frutos, mas não
está claro que é a evidência da produção de frutos nessa
passagem ou em qualquer outra parte na Bíblia. Existem
muitos dons na Igreja, que é o corpo de Cristo (Rm
12.1; IC o 12;E f 4). O ministério de evangelismo é ape­
nas um deles, e apenas algumas pessoas o possuem na
qualidade de pregadores (Ef 4.11). Semelhantemente, o
termo “frutos” representa algo muito mais amplo do que
apenas o evangelismo. Conforme Gálatas 5.22,23: “Mas
302
JOÃO
o fruto do Espírito é: caridade, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança” . Na
verdade, o fruto espiritual é algo que traz a Deus glória
(confira 1 Co 10.31).
IO A O 1 5 .1 2 — O mandamento de D eu s “que vos
ameis uns aos outros” dá suporte à visão de “liber­
tinagem se x u a l” da seita O s M eninos de Deus?
A MÁ IN T E R PR E T A Ç Ã O : Em João 15.12 somos ins­
truídos: “O meu mandamento é este: Q ue vos ameis uns
aos outros, assim como eu vos amei”. A seita Os M eni­
nos de Deus, agora conhecida como “A Família”,já de­
clarou que tal mandamento dá base para que as pessoas
pratiquem sexo livremente umas com as outras, fora dos
laços do matrimônio.
C O R R IG IN D O A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : Essa é
uma deturpação absurda das Escrituras. O versículo nos
ensina a nos amarmos uns aos outros no sentido de ser­
mos atentos e cuidadosos uns com os outros. O padrão
para nos amarmos mutuamente é o próprio Senhor Je­
sus Cristo. Certamente, o amor que Jesus expressou para
com os seus seguidores não foi de natureza sexual, antes
envolveu atenção e cuidado. D o mesmo modo, nosso
amor para com os nossos irmãos e irmãs cristãos deve
ter esses mesmos parâmetros.
Deve-se observar que o term o grego empregado para
“am or” em João 15.12 é agapao. E um term o freqüente­
mente utilizado quando se trata do amor de Deus pelos
seres humanos. Esse tipo de amor benevolente, que se
dispõe ao sacrifício próprio, que busca o que há de me­
lhor e o máximo bem-estar da pessoa amada, encontra a
sua mais alta expressão em Jesus Cristo. O amor agapao
não tem nada a ver com sexualidade. Se Jesus tivesse a
303
R E S P O S T A À S S EI T AS
intenção de comunicar a idéia do amor sexual nesse ver­
so, um termo grego diferente — eros — teria sido utili­
zado. Ele propositalmente escolheu o termo agapao para
comunicar a idéia de preocupação e cuidado recíprocos.
As Escrituras são consistentes quando enfatizam que
as relações sexuais só devem ocorrer dentro dos limites
do casamento (1 Co 7.2). Os apóstolos admoestaram a
todos os cristãos, com sentido de urgência, de que se
abstivessem da fornicação (At 15.20). Paulo disse que o
corpo não é para a prostituição, e que o ser humano
deve fugir desse pecado (1 Co 6.13,18). Foi dito aos
Efésios que não se deveria sequer mencionar a prostitui­
ção entre eles (5.3). O adultério também é condenado
nas Escrituras: “Não adulterarás” (Ex 20.14). N o Antigo
Testamento, os adúlteros deveriam ser condenados à
m orte (Lv 20.10). O Novo Testamento é também enfá­
tico contra o adultério. Jesus declarou que a prática é
errada, ainda que aconteça no coração do ser humano
(Mt 5.27,28). Paulo classificou o adultério como malig­
no e obra da carne (Gl 5.19), e João pôde contemplar no
lago de fogo pessoas que incorreram nesse erro (Ap 21.8).
A expressão da intimidade sexual dentro do matrimô­
nio, contudo, é boa (veja Gn 2.24; M t 19.5; 1 Co 6.16; E f
5.31). A sexualidade foi parte da “boa” criação de Deus.
N a verdade, Deus criou a masculinidade e a feminilidade
nas mentes e nos corpos, e “toda a criação de Deus é boa”
(1 T m 4.4). Mas as relações sexuais são boas somente quan­
do praticadas dentro dos limites do casamento, conforme
ordenado pelo próprio Deus (veja Hb 13.4).
J O Ã O 1 6 .12,13 — Jesus predisse a vinda de Bahaulla,
como dizem os Bahais?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Os adeptos da Fé Bahai
acreditam que cada período histórico necessita de reve­
304
JOÃO
lações atualizadas da parte de Deus. Para eles, Jesus foi
um em meio a muitos profetas. Ele comunicou a revela­
ção de Deus especificamente para a sua época. Contudo,
para eles, o maior de todos os profetas foi Bahaulla (1817—
1892). E dizem que o texto em João 16.12,13 foi uma
profecia a seu respeito. Interpretam que Bahaulla seja “o
Espírito da verdade” que veio para nos guiar em toda a
verdade (Effendi, 1995, 93-96).
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ETA ÇÃ O : Jesus cia
ramente identifica o Espírito da verdade como sendo o
Espírito Santo (Jo 14.16,17,26), e não Bahaulla. Além
do mais, Jesus disse há quase 2.000 anos que a sua pro­
messa a respeito do Espírito Santo se cumpriria “não
muito depois destes dias” (At 1.5), e não 1.800 anos de­
pois (quando foi fundada a seita da Fé Bahai). N a verda­
de, o cumprimento da promessa aconteceu no dia de
Pentecostes, conforme descrito em Atos 2.
Jesus também disse que o Espírito Santo faria o seu
ensino conhecido, e não que o substituiria pelo ensino
de outro profeta (Jo 16.14). E que o Espírito Santo nos
seria dado “para que fique convosco para sempre” (Jo
14.16). Bahaulla viveu há menos de 110 anos. Isso difi­
cilmente constitui a promessa que diz “para sempre” .
J O Ã O 1 6 .2 4 — O significado deste verso é que p o ­
demos obter qualquer coisa que quisermos se a p e ­
dirm o s em nom e de J esu s, como sugerem os
ensinadores da seita Palavra da Fé?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Em João 16.24 Jesus disse:
“Até agora, nada pedistes em meu nome; pedi e recebereis,
para que a vossa alegria se cumpra”. Alguns ensinadores
da seita Palavra da Fé dizem que esse verso significa que
nós podemos obter praticamente qualquer coisa que qui­
305
RE S PO S T A ÀS SEITAS
sermos se a pedirmos em o nome de Jesus. Em seu livro
The name o f Jesus, Kenneth Hagin alegou: “Não fiz se­
quer uma oração em 45 anos... sem que obtivesse uma
resposta. Sempre tive uma resposta — e a resposta foi
sempre sim” (1981,16).
C O R R IG IN D O A M Á IN TERPR ETAÇÃ O : Hagin e
outros ensinadores da Palavra da Fé citam esse verso de
modo isolado de outros versos que esclarecem o real sig­
nificado do texto bíblico. Em João 15.7, por exemplo, Je­
sus disse: “Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras
estiverem em vós,pedireis tudo o que quiserdes, e vos será
feito”. Nesse texto, estar em Cristo é a condição clara para
que recebamos respostas às nossas orações. Também nos
foi dito:“E qualquer coisa que lhe pedirmos, dele a rece­
beremos, porque guardamos os seus mandamentos e faze­
mos o que é agradável à sua vista” (1 Jo 3.22). “E esta é a
confiança que temos nele, que se pedirmos alguma coisa,
segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que nos
ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as
petições que lhe fizemos” (1 Jo 5.14,15; ênfase adiciona­
da). Finalmente nos é dito que, se pedirmos algo por m o­
tivos errados, não receberemos aquilo que pedimos (Tg
4.3). Esses são importantes requisitos que devemos ter em
mente quando buscamos compreender o significado da­
quilo que Jesus disse em João 16.24. O verso certamente
não é uma fórmula mágica, como o retratam os ensinadores
da seita Palavra da Fé.
J O Ã O 1 7 .2 0 ,2 1 — A oração de Jesus “Para que
todos sejam u m ” tencionava a unidade hierárquica
visível expressa na igreja católica romana?
A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Os estudiosos católicos
acreditam que a unidade da fé “consiste no fato de que
306
JOÃO
todos os membros da igreja creiam, de coração, nas ver­
dades de fé propostas pelo ministério de ensino da igreja
[católica romana], ao menos de m odo implícito, e confessem-nas publicamente” . Essa unidade “consiste, por
um lado, na sujeição dos membros da igreja à autoridade
dos bispos e do papa (unidade de governo ou unidade
hierárquica); por outro lado, no comprometimento dos
membros entre si a buscar a unidade social através da
participação de uma mesma forma de culto e nos mes­
mos moldes de graça (unidade de culto ou unidade
litúrgica)” (Ott, 1960, 303).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Q uan­
do Jesus falou sobre todos os crentes serem “u m ” em
João 17, não estava discorrendo a respeito de unidade
organizacional mas de unidade orgânica. Ele não se refe­
ria a uma uniformidade externa, mas à manifestação vi­
sível de nossa unidade espiritual — por exemplo, em
nosso amor uns para com os outros, que Jesus disse po­
der ser detectado pelos não crentes (Jo 13.35). Pelo que
foi dito dos cristãos primitivos, fica evidente que a uni­
dade de que se está falando é, na verdade, espiritual: “Ve­
jam como se amam uns aos outros!” Os verdadeiros se­
guidores de Cristo são um em fé, esperança e amor, po­
rém não são um só em termos de denominação, con­
venção ou jurisdição.
Mesmo que o debate imediato nessa oração de Jesus
seja em torno de uma união visível da igreja, está claro
que Ele não a visualizava como uma unidade organiza­
cional, como aquela reivindicada pela visão romana.
N enhum a unidade governamental é sequer m enciona­
da em qualquer lugar nessa passagem. Jesus está falando
de todos os que tam bém “hão de crer” nEle futura­
mente, incluindo aqueles que ainda não podiam ser
vistos (v. 20), o que é uma descrição do completo corpo
307
R E S P O S T A À S S EI T AS
espiritual de crentes, e não simplesmente dos crentes que
estão reunidos em organizações sobre a terra. A unidade
pela qual Jesus orou é comparável àquela que existe en­
tre as pessoas na Trindade divina (“ como tu, ó Pai, o és
em mim, e eu, em ti” — v. 21); uma unidade claramente
espiritual e invisível, e não visível e organizacional. O
sentido primário pelo qual o mundo observaria a mani­
festação dessa unidade seria o “am or” (v. 23), uma liga­
ção espiritual, e não organizacional. Jesus disse: “Nisto
todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes
uns aos outros” (Jo 13.35). Portanto, fica claro que o tipo
de unidade visualizada aqui não passa pelo conceito de
organização visível, como alegam os católicos, mas de
uma verdadeira unidade espiritual.
J O Ã O 1 9 . 2 6 , 2 7 — A declaração feita p o r Cristo na
cruz acerca de M aria confere a ela o papel de “me­
diadora” no plano da redenção, como acreditam os
estudiosos católicos?
A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : N a cruz, Jesus disse à sua
mãe: “Mulher, eis aí o teu filho”, e ao discípulo: “Eis aí
tua m ãe” (Jo 19.26b, 27a). De modo ampliado e com
base nessa passagem, Maria tem ganho o papel de “m e­
diadora” ou “co-redentor” (ou “co-redentora”) (Ott,
1960, 212). Os católicos insistem que isso “não deve ser
concebido como se fora uma equação da eficácia de
Maria com a atividade redentora de Cristo, o único
R edentor da humanidade” (1 Tm 2.5). Pois “ela mesma
precisou de redenção e foi redimida por Cristo” (Ibid.).
Contudo, os estudiosos católicos destacam: “N o poder
da graça da Redenção, cujo mérito pertence a Cristo,
Maria, por sua entrada espiritual no sacrifício de seu di­
vino filho, em favor dos homens, fez expiação pelos pe­
cados da humanidade, e (de congruo), fez jus à aplicação
308
JOÃO
da graça redentora de Cristo. Desse modo, ela coopera
na redenção subjetiva da espécie hum ana” (Ibid., 213).
O papel de Maria como medianeira é descrito do
seguinte modo:
Os teólogos buscam um fundamento bíblico nas pala­
vras de Cristo em João 19.26 e seq.:“Mulher, eis aí o teu
filho, filho eis aí tua mãe” (...) A interpretação mística... vê
em João o representante de toda a raça humana. Nele,
Maria foi dada como a mãe espiritual de toda a humani­
dade remida para que ela, por sua poderosa intercessão,
pudesse obter para os seus filhos necessitados de auxílio
todas as graças por meio das quais eles possam alcançar a
salvação eterna [Ott, 214].
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Faltam,
por completo, as evidências necessárias nas Escrituras para
que se possa chamar Maria de mediadora ou de co-redentora. De um lado, o próprio contexto fornece o sig­
nificado da declaração de Jesus, quando complementa:
“E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa”
(Jo 19.27).Jesus, como o filho mais velho (e os católicos
o dizem “único”), estava morrendo, e recomendou sua
mãe aos cuidados de João, o único apóstolo presente e
junto à cruz no m om ento da crucificação.
Por outro lado, até mesmo uma clássica autoridade
católica romana nos dogmas católicos confessa: “Faltam
nas Escrituras provas expressas” . Ele meramente diz que
“os teólogos buscam fundamento bíblico” (Ibid., 214)
em uma interpretação mística de João 19.26. Tal inter­
pretação, porém, é removida para longe do verdadeiro
sentido do texto, e em virtude de sua natureza não plau­
sível, apenas enfraquece o caso no tocante à doutrina.
N a verdade, o claro significado de muitas passagens das
Escrituras declara que existe apenas “um só Deus e um
só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, ho­
309
R ESPO STA ÀS SEITAS
m em ” (1 Tm 2.5; confirajo 10.1,9-11; 14.6; Hb 1.2,3;
10 . 12).
A alegação dos católicos de que o term o “u m ” (mo­
nos) em 1 Tim óteo 2.5 não significa somente um (eis) é
uma falsa disjunção. E óbvio que o apóstolo Paulo pro­
curou nessa passagem comunicar que existe somente
um Deus e somente um mediador entre Deus e os
homens. Existem outros intercessores humanos para
com Deus na terra (1 T m 2.1-4), mas somente um
mediador entre os seres humanos e Deus. Pois se a pa­
lavra monos não significasse “somente um ”, então o após­
tolo teria deixado aberta a p o rta tam bém para o
politeísmo, uma vez que a mesma construção se aplica
igualm ente a Deus. Existe um dilema inerente na
mariologia católica. A teologia católica admite que p o ­
demos obter de Cristo tudo aquilo que precisamos
como crentes. Contudo, muitos teólogos católicos já
exaltaram o papel de Maria como aquela que pode dis­
pensar toda a graça. O u o papel de Maria é supérfluo,
ou a mediação desempenhada por Cristo é diminuída.
A única saída para o dilema é considerar, como fazem
os crentes protestantes, que Maria não “dispensa” ne­
nhum a graça. Maria, como a mãe terrena de Jesus, foi o
canal através de quem a graça de Deus entrou no m un­
do. Mas Maria não é agora no céu a despenseira da
graça de Deus a nosso favor.
J O A O 2 0 . 1 7 — E ste verso prova que Jesus não é
D eu s Todo-Poderoso?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : A passagem em João 20.17
cita Jesus dizendo a Maria: “Não me detenhas, porque
ainda não subi para m eu Pai, mas vai para meus irmãos e
dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu
Deus e vosso Deus”. As Testemunhas de Jeová dizem
310
JOÃO
que uma vez que Jesus tinha um Deus, o seu Pai, Ele não
poderia ao mesmo tempo ser esse Deus (Reasoningfrom
lhe Scriptures, 1989, págs. 212, 411).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Antes
de sua encarnação, Cristo possuía apenas uma natureza,
a divina (Jo 1.1). Mas na encarnação (Jo 1.14), Cristo se
revestiu de uma natureza humana. Em sua forma hum a­
na (Fp 2.6-8), seria próprio que Cristo reconhecesse o
Pai como “o meu D eus” . Afinal de contas, foi dito a
respeito de Jesus que “convinha que, em tudo, fosse se­
melhante aos irmãos” (Hb 2.17). C om o humano, Jesus
reconhece Deus do mesmo modo que o fazem todos os
outros humanos. Contudo Jesus, em sua divina natureza,
nunca se referiria ao Pai como “o meu Deus”, porque
Jesus era completamente idêntico ao Pai, de todas as
maneiras, no que se refere à sua natureza (Jo 10.30).
J O Ã O 2 0 .1 9 — Com o é que Jesus f o i capaz de
atravessar uma porta fechada, tendo E le um corpo
físico?
Veja neste livro nossos comentários a respeito das passa­
gens de Lucas 24.31,34 e 1 Coríntios 15.5-8.
J O A O 2 0 .2 2 ,2 3 — E ste texto dá suporte à alegação
católica de que os seus sacerdotes possuem poder
para perdoar pecados?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Baseados nesse texto, os
católicos romanos m antêm que “a igreja recebeu da par­
te de Cristo poder para perdoar pecados cometidos após
o batismo” (Ott, 1960, 417). E “com estas palavras,Jesus
transferiu aos apóstolos a missão que Ele mesmo rece­
beu do Pai... Do mesmo m odo que Ele mesmo perdoou
311
R ESPO STA ÀS SEITAS
pecados na terra (Mt 9.2 e seq.; Mc 2.5), agora investiu
também os apóstolos de poder para perdoar pecados”
(Ibid., 419). Os católicos acreditam que esse poder sin­
gular de perdoar pecados foi também concedido aos sa­
cerdotes católicos romanos da atualidade.
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Não se
discute que foi dado aos apóstolos o poder de pronunci­
ar o perdão e/o u reter os pecados. Contudo, a reivindi­
cação católica de que esse seja um poder especial, de
posse exclusiva daqueles que são ordenados sob a verda­
deira autoridade apostólica — como a que a igreja cató­
lica alega possuir, dizendo ser os verdadeiros sucessores
dos apóstolos — não encontra apoio nesse texto.
N enhum a reivindicação é encontrada, em qualquer
parte do texto, de que apenas sacerdotes devidamente
ordenados de acordo com a autoridade apostólica, con­
forme alegam os ministros católicos romanos (juntamente
com os cleros da igreja ortodoxa oriental e da antiga
Católica, e algumas comunidades anglicanas), devam so­
zinhos possuir esse poder.
Todos os crentes que viveram nos primórdios da igreja
cristã, incluindo pessoas leigas, anunciaram o Evangelho
através do qual os pecados são perdoados (R m 1.16; 1
Co 15.1-4). Esse ministério de perdão e reconciliação
não foi limitado a qualquer classe especial conhecida
como “sacerdotes” ou o “clero” (2 Co 3-5). Filipe, que
era um diácono (At 6.5), e não um presbítero ou sacer­
dote no sentido católico romano, pregou o Evangelho
aos samaritanos.Esse fato resultou na conversão de m ui­
tos deles (At 8.1-12), o que envolveu o perdão dos seus
pecados. Os apóstolos vieram mais tarde não para coo­
perar na conversão dessas pessoas, mas para compartilhar
com elas o especial “dom do Espírito Santo” (At 2.38;
8.18), com a evidente manifestação do falar em línguas
312
JOÃO
(c onfira At 2.1-4) que acompanhava esse dom especial
(confira At 1.5; 2.38; 10.44-46).
Essa passagem em João é paralela à da Grande Comis­
são, na qual Jesus instrui todos os seus discípulos a que
levem o Evangelho a todo o mundo e façam outros dis­
cípulos (Mt 28.18-20; Mc 16.15,16; Lc 24.46-49). Nes­
sa ordem para evangelização, Jesus promete, como faz na
passagem em questão, que a pregação do Evangelho (Mc
16.15) resultará na “remissão dos pecados” (Lc 24.47)
daqueles que cressem, e que pelo seu Espírito estará ju n ­
to deles até a consumação dos séculos (Mt 28.20).Todos
esses três aspectos têm um paralelo em João, onde en­
contramos Jesus dando o “Espírito Santo” aos discípulos
(Jo 20.22), mandando que proclamassem “o perdão dos
pecados” 0o 20.23), e comissionando-os para que de­
sempenhassem a sua missão na autoridade do Pai. “As­
sim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós”
(Jo 20.21). Então, examinando com mais cautela, não
existe um poder maior, dado na passagem que está em
João 20.22,23, do que aquele que todos os discípulos
possuíram como resultado do grande comissionamento,
tarefa esta reconhecida até mesmo pelo Vaticano II como
uma obrigação de todo cristão (The documents o f Vatican
II, seção 120).
Em resumo, de m odo contrário às reivindicações ca­
tólicas, não há nada em João 20.22,23 que apóie a pri­
mazia ou a infalibilidade do bispado de R om a, e nem de
qualquer poder sacerdotal exclusivo.Trata-se simplesmen­
te de uma afirmação na qual Jesus dá aos seus discípulos
a habilidade de ministrar o perdão de pecados a todos
aqueles que crêem na mensagem que os apóstolos foram
comissionados a proclamar.
J O Ã O 2 0 .2 8 — Este verso serve como argumento à
divindade de Cristo?
313
R E S P O S T A À S S EI T AS
A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : Quando o duvidoso Tomé
viu o Cristo ressurreto, disse:“Senhor meu, e Deus meu!”
As Testemunhas de Jeová reinterpretam esse verso de uma
maneira que busca evitar transparecer que Cristo é Deus.
Dizem que Tomé deve ter expressado sua grande sur­
presa ao ver Jesus com uma exclamação do tipo “M eu
Deus!” (Should you believe in the Tríníty?, 1989, pág. 29).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Tomé
não poderia estar expressando uma mera surpresa por
ver Jesus. Se Tomé tivesse dito “Senhor meu, e Deus
m eu” apenas como uma reação causada pela surpresa,
Jesus o teria repreendido por tom ar o nom e de Deus
em vão. Ao invés de repreender o apóstolo, Jesus co­
m entou que Tomé reconheceu a sua verdadeira identi­
dade como “Senhor” e “Deus” (v. 29). O reconheci­
m ento de Jesus como Deus é consistente com tudo
aquilo que nos é dito ao longo do Evangelho de João a
respeito dEle (vejajo 1.1; 8.58; 10.30). N a verdade, essa
é a culminação do próprio tema do Evangelho de João
(confiraJo 20.31).
J O A O 2 1 .1 5 -1 9 — Esta passagem dá base à alega­
ção católica de que Pedro tenha sido o primeiro papa?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Nesse texto Jesus diz três
vezes a Pedro: “Apascenta os meus cordeiros” (vv.
15,16,17). Os estudiosos católicos romanos acreditam que
essa passagem mostra que foi dada exclusivamente a Pedro
a infalível autoridade para que fosse o pastor de toda a
igreja cristã.
C O R R IG IN D O A M Á IN TERPRETAÇ ÃO : U m exa­
m e cuidadoso do contexto revela que os católicos fazem
uma séria e exagerada reivindicação a partir dessa passa-
314
JOÃO
em. Ainda que esse texto fosse aplicável exclusivamen­
te- a Pedro, ou a todos os discípulos, não existe absoluta­
mente nenhuma referência bíblica a qualquer autorida­
de humana infalível. A preocupação de Jesus aqui ex­
pressa é uma questão de cuidado pastoral. Alimentar é
uma função pastoral dada por Deus que até mesmo os
que não eram apóstolos possuíam no Novo Testamento
(confira At 20.28; E f 4.11,12; 1 Pe 5.1,2). U m a pessoa
não necessita obrigatoriamente ser um pastor infalível
para que seja capaz de alimentar as suas ovelhas adequa­
damente.
Se Pedro possuía a infalibilidade (a habilidade de não
falhar), então por que é que ele falhou ao conduzir os
crentes e, por isso, precisou ser repreendido pelo apósto­
lo Paulo (G1 2.11-21)? As Escrituras infalíveis, aceitas
pelos católicos romanos, declaram que Pedro, certa oca­
sião, agiu de m odo “repreensível” e com “dissimulação”
(G1 2.11,13). “E os outros judeus também dissimulavam
com ele [Pedro], de maneira que até Barnabé se deixou
levar pela sua dissimulação” (v. 13). A dissimulação aqui é
definida pela própria versão católica da Bíblia (New
American Bible — NAB) como “pretenso ato de falsi­
dade; falta de sinceridade moral” . Parece complicado
exonerar Pedro da acusação de ter conduzido crentes ao
desvio — algo difícil de conciliar com a reivindicação
católica de que Pedro tenha sido um pastor infalível da
igreja.
A resposta católica — de que Pedro não era infalível
em suas atitudes, mas apenas em suas palavras ex cathedra
— soa falso quando nos lembramos de que as atitudes
estão no domínio da moral, e de que o papa é tido como
infalível em fé e em moral. Em vista disso, até mesmo o
fato de que os católicos admitem o comportamento des­
prezível de alguns de seus papas é altamente esclarece­
dor. Em suma, Pedro não pode ser um guia infalível em
315
R E S P O S T A Á S S EI T AS
termos de fé e moral, e ao mesmo tempo conduzir ao
erro outros crentes, já que a epístola aos Gálatas trata
justamente de um importante assunto de fé e moral.
De modo contrário ao pensamento católico, o signi­
ficado geral dessa passagem refere-se mais às fraquezas
de Pedro, bem como à sua necessidade de restauração,
do que de seus poderes singulares. A razão pela qual Pedro
necessita de restauração como nenhum outro, tendo sido
questionado três vezes por Jesus — “amas-me mais do
que estes?” (do que os outros discípulos) — , era porque
somente Pedro havia negado ao Senhor por três vezes, e
por isso apenas Pedro precisava ser restaurado. Desse
modo, Jesus não estava nessa passagem exaltando Pedro
acima dos demais apóstolos, mas colocando-o no mes­
mo nível deles.
Observando-se os títulos atribuídos a Pedro ao longo
do Novo Testamento, fica claro que ele mesmo jamais
aceitaria os termos utilizados hoje para o papa católico
romano:“pai santo” (confira M t 23.9) ou “supremo pon­
tífice” e “vicário de Cristo”. O único vicário de Cristo
na terra hoje é o bendito Espírito Santo (Jo 14.16,26;
16.13,14). Conform e visto anteriormente, Pedro refe­
riu-se a si mesmo com termos muito mais humildes, tais
como “ura apóstolo”, e não o apóstolo (1 Pe 1.1; ênfase
adicionada), e “sou também presbítero [ancião] com eles”
(1 Pe 5.1; ênfase adicionada), e não o supremo bispo, o
papa, ou o santo padre.
316
CAPÍTULO
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26
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1
ATOS DOS APOSTO LOS
A T O S 1 .9 -1 1 — E ste verso prova que a segunda
vinda de Cristo será um evento invisível?
A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : N o episódio da ascensão,
vários discípulos testemunharam Cristo sendo elevado
às nuvens. Então alguns anjos disseram aos discípulos que
Cristo, em sua segunda vinda, “há de vir assim como
para o céu o vistes ir” (At 1.9-11) — isto é, Ele desapa­
receu e já não podia mais ser visto. As Testemunhas de
Jeová dizem que essa passagem indica que a segunda vinda
será um evento invisível (Reasoning from the Scriptures,
1989, pág.243).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Jesus as­
cendeu ao céu corporal e visivelmente, conforme teste­
R E S P O S T A À S S EI T AS
munhado pelos discípulos (v. 9). Ele não pôde mais ser
visto somente depois que havia ascendido ao céu cor­
poral e visivelmente (“e uma nuvem o recebeu, ocultan­
do-o a seus olhos” — verso 9). Do mesmo modo, Cristo
virá outra vez, (v. 11). O ensino consistente das Escritu­
ras é uma segunda vinda corpórea e visível. Por exem­
plo, Apocalipse 1.7 diz: “Eis que vem com as nuvens, e
todo olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e
todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim!
Amém!” Mateus 24.30 diz: “Então, aparecerá no céu o
sinal do Filho do Hom em ; e todas as tribos da terra se
lamentarão e verão o Filho do H om em vindo sobre as
nuvens do céu, com poder e grande glória” .
A T O S 2 .4 — O fato de o Espirito Santo ter “enchido”
os discípulos prova que Ele não é uma pessoa?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Esse verso diz que os dis­
cípulos foram cheios do Espírito Santo. As Testemunhas
de Jeová raciocinam do seguinte modo: “Um a compara­
ção de textos bíblicos que se referem ao espírito santo
mostra que eles o mencionam como ‘enchendo’ pesso­
as”. Essa expressão não seria “apropriada se o espírito
santo fosse uma pessoa” (Reasoningfrom the Scriptures, 1989,
pág.380).
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Efésios
3.19 faz referência a alguém ser cheio do próprio Deus.
Efésios 4.10 fala de Cristo enchendo todas as coisas. Uma
vez que esses versos não descaracterizam a personalida­
de de Deus e de Cristo, então Atos 2.4 também não
descaracteriza a personalidade do Espírito Santo.
A personalidade do Espírito Santo é o testemunho
das Escrituras. O Espírito Santo possui os atributos es­
senciais de personalidade — pensamento (1 Co 2.11),
318
ATOS DOS APÓSTOLOS
emoções (Ef4.30) e vontade (1 Co 12.11). Ele faz coisas
que somente uma pessoa é capaz de fazer — tais como
ensinar (Jo 14.26), testificar (Jo 15.26), dirigir (Rm 8.14),
comissionar (At 13.4), dar ordens (At 8.29), orar (R m
8.26) e falar às pessoas (2 Pe 1.21). Ele também é tratado
como uma pessoa. Por exemplo, pode-se tentar m entir a
Ele (At 5.3). Não se tenta mentir a um mero poder ou
força.
A T O S 2 .3 8 — Pedro declarou nesta passagem que o
batismo é uma condição necessária para a salvação?
A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Os m órm ons freqüen­
tem ente citam esse verso com o prova de que uma
pessoa deve obrigatoriam ente ser batizada para que
possa receber o perdão de seus pecados e ser salva
(Talmage, 1977, 122). Os adeptos da U nidade Pentecostal tam bém citam esse versículo com o suporte à
visão da seita a respeito da regeneração batism al
(Bernard, 1984,170-180).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : O que
Pedro quer dizer aqui torna-se claro quando considera­
mos o possível significado de ser batizado “para” a re­
missão dos pecados à luz do uso desta preposição, tanto
dentro do contexto quanto do restante das Escrituras.
Em primeiro lugar, o term o “para” (do grego eis)
pode tanto significar “ com vistas a” ou “por causa de” .
N o último sentido, o batismo nas águas aconteceria
porque essas pessoas foram salvas, e não para que elas
sejam salvas.
Em segundo lugar, pessoas são salvas quando recebem
a Palavra de Deus, e as pessoas que ouviram Pedro na­
quela ocasião “de bom grado receberam a sua palavra”
antes que fossem batizados (At 2.41).
319
R E S P O S T A À S S EI T A S
Em terceiro lugar, o verso 44 fala de “todos os que
criam” como aqueles que compunham a Igreja Primiti­
va, e não o conjunto de todos aqueles que eram batizados.
Em quarto lugar, mais tarde, aqueles que deram cré­
dito à mensagem de Pedro claramente receberam o Es­
pírito Santo antes de serem batizados. Pedro disse: “Pode
alguém, porventura, recusar a água, para que não sejam
batizados estes que também receberam, como nós, o Es­
pírito Santo?” (At 10.47).
Em quinto lugar, Paulo separa o batismo do Evange­
lho, dizendo: “Cristo enviou-me não para batizar, mas
para evangelizar” (1 Co 1.17a). Mas é o Evangelho que
nos salva (Rm 1.16). Portanto, o batismo não é parte da
condição de salvação.
Em sexto lugar, Jesus se referiu ao batismo como uma
obra de justiça (Mt 3.15). Mas a Bíblia declara que “não
pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segun­
do a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da rege­
neração e da renovação do Espírito Santo” (Tt 3.5).
Em sétimo lugar, nem sequer uma vez durante todo o
Evangelho de João, escrito explicitamente para que as
pessoas pudessem crer e ser salvas (Jo 20.31), o batismo é
mencionado como uma condição de salvação. Antes, esse
Evangelho instrui as pessoas a “crerem” para que sejam
salvas (confiraJo 3.16,18,36).
Parece melhor compreender a declaração de Pedro do
seguinte modo: “Arrependei-vos e sede batizados como
resultado do perdão de vossos pecados”. Fica claro, através
do contexto e do restante das Escrituras, que essa visão
olhava para o passado, para a ocasião em que os pecados
das pessoas foram perdoados, no momento em que elas
foram salvas. As etapas de crer, arrepender-se e ser batiza­
do são colocadas juntas, uma vez que o batismo deveria
naturalmente ocorrer em seguida ao ato de crer. Mas em
nenhuma passagem é dito que “aquele que não for batizado
320
ATO S DOS A PÓ S TO LO S
será condenado” (confira Mc 16.16). Contudo Jesus disse
enfaticamente que “quem não crê já está condenado” (Jo
3.18b; com ênfases adicionadas). As Escrituras não fazem
do batismo uma condição para a salvação.
A T O S 2 .3 8 — O único batismo legítimo é o batismo
“em nome de Jesus ”, como crêem os adeptos da
Unidade Pentecostal?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Em Atos 2.38 Pedro disse:
“Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em
nom e de Jesus C risto para perdão dos pecados, e
recebereis o dom do Espírito Santo”. Os adeptos da
Unidade Pentecostal acreditam que isso significa que o
único batismo cristão legítimo é o batismo em nom e de
Jesus (Bernard, 1984,170-80). U m “batismo triunitário”
(em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo) é visto
por essas pessoas como inválido. A frase “em nom e de
Jesus” deve obrigatoriamente ser pronunciada sobre a
pessoa que está sendo batizada. Essa visão é correta?
C O R R IG IN D O A M Á INTERPRETAÇÃO : A frase
“em nome de”, nos tempos bíblicos, freqüentemente trazia
consigo o significado “pela autoridade de” .Vista sob essa
luz, a frase em Atos 2.38 não pode ser interpretada como
algum tipo de fórmula batismal mágica. Esse verso simples­
mente indica que as pessoas devem ser batizadas de acordo
com a autoridade de Jesus Cristo. O verso não significa que
as palavras “em nome de Jesus” devam obrigatoriamente
ser pronunciadas sobre cada pessoa que estiver sendo bati­
zada. E, se houvesse alguma pretensão de que a passagem
em Atos 2.38 fosse uma fórmula batismal, então por que é
que essa fórmula não foi repetida mais vezes, exatamente
do mesmo modo, através do restante do livro de Atos ou do
Novo Testamento (confira M t 28.19)?
321
R ESPO STA ÀS SEITAS
Para utilizar de forma consistente a lógica empregada
pela seita Unidade Pentecostal, teríamos que pronunciar
as palavras “em nome de Jesus” sobre tudo aquilo que
fazemos, pois Colossenses 3.17 nos instrui: “E, quanto
fizerdes por palavras ou por obras, fazei tudo em nome
do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai”. Podese notar claramente que não se pretende que as palavras
“em nome de Jesus” sejam uma fórmula.
O batismo “em nome de Jesus” faz sentido no con­
texto de Atos 2 porque os judeus (“varões judeus”, v. 14;
“varões israelitas”, v. 22), para quem Pedro estava jpregando, haviam rejeitado a Cristo como o Messias. E ló­
gico que Pedro os chamaria ao arrependimento por sua
rejeição a Jesus, o Messias, e faria com que tornassem
público sua identificação com Ele através do batismo.
A partir de uma perspectiva histórica, o batismo
triunitário (Mt 28.19) foi certamente dominante a par­
tir do segundo século. Poderíamos concluir que todos
aqueles que foram batizados a partir do segundo século
até o século presente são, desse modo, pessoas não salvas?
Tal sugestão é ilógica. Além do mais, é bom esclarecer
que nenhum dos líderes da igreja utilizou-se de sofismas
em relação ao batismo triunitário nos primeiros séculos
do cristianismo. Se a salvação dependesse de uma pessoa
ser batizada em nome de Jesus, certamente teria havido
um grande debate quando o batismo triunitário passou
a ser largamente praticado. Mas a história da Igreja revela
que não houve sequer uma onda no oceano dos debates
teológicos a respeito desse tema. Fica claro que os cris­
tãos primitivos não consideravam como fórmulas rígi­
das o batismo “em nom e de Jesus” ou “em nome do Pai,
do Filho e do Espírito Santo”.
A T O S 2 .4 4 — A referência a ter “tudo em com um ”
neste verso dá suporte à prática de sexo livre?
322
A TO S DOS A PÓ S TO LO S
A MÁ INTERPRETAÇÃO : Os adeptos da seita Os M e­
ninos de Deus — agora conhecida como “A Família” —
acreditam que a injunção em Atos 2.44, no tocante a ter
tudo em comum, aplica-se também a maridos e esposas.
Acreditam que se pode exercer a liberdade sexual, em cum­
primento à lei divina: “Que vos ameis uns aos outros” (Jo
15.12) e começar ao menos a ser “como os anjos no céu”
que “nem casam, nem são dados em casamento” (Mt 22.30).
Pensam que finalmente alcançaram a “liberdade da glória
dos filhos de Deus” (Pan 8.21), e podem agora ser verda­
deiramente considerados Filhos de Deus (Lynch, 1990,17).
C O R R IG IN D O A M Á IN TERPRETAÇ ÃO : Esse ver
so descreve como os primeiros cristãos compartilhavam
as provisões materiais entre si, com a finalidade de dar
prosseguimento ao Evangelho naqueles dias iniciais e im­
portantes da igreja cristã.
Desde o princípio, Deus estabeleceu o modelo crian­
do um relacionamento matrimonial monogâmico entre
um hom em e uma mulher, Adão e Eva (Gn 1.27; 2.2125). Jesus reafirmou a intenção original de Deus. Em
Mateus 19.4, Ele ensina que Deus criou um “macho e
[umaj fêmea” e os uniu através do matrimônio. O Novo
Testamento enfatiza que “cada um tenha a sua própria
mulher, e cada uma tenha o seu próprio m arido” (1 Co
7.2).Veja neste livro as nossas discussões a respeito da
visão da seita Os Meninos de Deus em Mateus 22.30 e
João 15.12, e ainda a respeito da fidelidade monogâmica
na discussão referente a 1 Reis 11.1.
A T O S 2 .4 4 ,4 5 — O s cristãos prim itivos praticaram
o comunismo?
A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : Alguns têm inferido que
os cristãos na Igreja Primitiva praticaram uma forma de
323
RESPO STA ÀS SEITAS
comunismo, devido ao fato de que “vendiam suas pro­
priedades e fazendas” e tinham “tudo em com um ” . Al­
guns grupos sectários têm citado tais versos, forçando os
seus membros a entregar todas as suas posses materiais ao
grupo.
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Essas
passagens não são prescritivas, mas simplesmente descri­
tivas. Em parte alguma elas colocam esses fatos como
normativos. Essas passagens simplesmente descrevem o
que estavam fazendo as pessoas que criam. Até onde está
indicado pelo texto, tal sistema era um arranjo temporá­
rio. Aparentemente, ficaram juntos em Jerusalém, uma
vez que esse foi o lugar onde o Espírito Santo desceu
sobre eles e a primeira grande entrega de pessoas a Cris­
to aconteceu. As necessidades geradas pelo fato de esta­
rem vivendo juntos e fora de suas próprias casas ocasio­
naram esse tipo de arranjo comum.
Esse esquema comunitário acontecia espontaneamen­
te. Não existe absolutamente qualquer indicação no texto
de que fosse compulsório. E era também parcial. O tex­
to implica que vendiam propriedades e campos extras,
ou seja, que não vendiam o único domicílio residencial
que possuíssem. A maioria dessas pessoas acabou deixan­
do Jerusalém, para onde tinham vindo para a festa de
Pentecostes (At 2.1), e retornaram a seus próprios lares,
que estavam espalhados por todas as partes do mundo de
então (confira At 2.5-13).
A T O S 3 .2 1 — Todas as coisas serão restabelecidas
para Deus, ou apenas algumas coisas?
A M Á IN TER PR ETA ÇÃ O : A referência à “restauração
de tudo”, nesse verso, tem sido mal interpretada de vários
modos. Entre as seitas, por exemplo, os universalistas pen­
324
ATO S DOS A PÓ S TO LO S
sam que isso significa que todas as pessoas serão enfim
salvas. Os mórmons, por sua vez, dizem que essa passagem
aponta para a restauração da Igreja (através de Joseph Smith)
após uma total apostasia (Richards, 1958, 35).
C O R R IG IN D O A MÁ IN TER PR ET A Ç Ã O : Esse ver­
so não dá suporte à crença do universalismo. Deus deseja
que todos os homens se salvem (1 T m 2.4; 2 Pe 3.9).
Contudo, alguns não aceitarão a sua graça (confira M t
23.37).
Veja, neste livro, os nossos comentários a respeito de
Efésios 1.10. Atos 3.20,21 nem mesmo de forma rem o­
ta sugere que haverá uma apostasia através da igreja como
um todo. Outras passagens das Escrituras refutam total­
mente tal idéia. Jesus disse que as portas do inferno não
prevalecerão contra a Igreja (Mt 16.18). Ele também
prom eteu aos seus seguidores: “ ...e eis que eu estou
convosco todos os dias, até à consumação dos séculos”
(Mt 28.20b).Jesus não poderia estar com os seus segui­
dores até a consumação dos séculos se a igreja como um
todo passasse por uma completa apostasia, logo após a
sua fundação. Em Efésios 3.21, o apóstolo Paulo diz: “A
esse glória na igreja, por Jesus Cristo, em todas as gera­
ções, para todo o sempre. Amém!” C om o é que Deus
poderia ser glorificado em uma igreja apóstata através
de todas as gerações? Efésios 4.11-16 fala da igreja cres­
cendo em direção à maturidade espiritual, e não em di­
reção à degeneração espiritual.
O que significa, então, a “restauração de tudo”? Pedro
está falando aos judeus quando se refere “aos tempos da
restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de
todos os seus santos profetas, desde o princípio” (At 3.21).
O tema fica claro a partir de Atos 3.25, quando Pedro
fala “do concerto que Deus fez com nossos pais, dizendo
a Abraão: Na tua descendência serão benditas todas as
325
R E S P O S T A À S S EI T AS
famílias da terra” . Pedro está se referindo ao futuro cum­
primento desse concerto feito com Abraão. Trata-se da
restauração de todas as coisas para o povo de Deus.
A T O S 4 .1 2 — Cristo é o único caminho de salvação?
A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : Pedro declara em Atos 4.12
que “debaixo do céu nenhum outro nome há, dado en­
tre os homens, pelo qual devamos ser salvos” . Mas isso
não é um exclusivismo estreito? O que será dos pagãos
ou dos budistas sinceros? Os hindus, os bahais e os adep­
tos da Nova Era nos falam que existem muitos caminhos
que conduzem a Deus, como os aros em uma roda (veja
Spangler, 1978,46,47).
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : A sin­
ceridade não é um bom teste da verdade. As pessoas po­
dem e têm sido sinceramente erradas a respeito de m ui­
tas coisas (Pv 14.12). Mesmo que alguém creia no con­
trário, toda verdade é exclusiva. “Dois mais três são cin­
co” não permite qualquer outra conclusão. O mesmo é
verdadeiro quando se trata de declarações a respeito de
valores tais como: “O racismo é uma prática errada” e
“As pessoas deveriam ser tolerantes” . Essas visões não
admitem quaisquer alternativas.
Todas as reivindicações da verdade são exclusivas. Se
o humanismo é verdadeiro, então todos os não humanistas
são falsos. Se o ateísmo é verdadeiro, então todos aqueles
que crêem em Deus estão errados. Se Jesus é o único
caminho para se chegar a Deus, então não existem ou­
tros caminhos. Essa não é uma reivindicação mais exclu­
siva do que qualquer outra reivindicação da verdade. A
questão é se isso é verdade. Jesus e o Novo Testamento,
clara e repetidamente, enfatizam que Jesus é o único ca­
minho de salvação. Ele disse: “Eu sou o caminho, e a
326
ATO S DOS A PÓ S TO LO S
verdade, e a vida. N inguém vem ao Pai senão por m im ”
(Jo 14.6).Ele reivindicou ser aporta (Jo 10.9),insistindo
que “aquele que não entra pela porta no curral das ove­
lhas... é ladrão e salteador” (Jo 10.1). O apóstolo Pedro
complementou: “E em nenhum outro há salvação, por­
que também debaixo do céu nenhum outro nom e há,
dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” (At
4.12). E Paulo sustentou que:“...há um só Deus e um só
mediador entre Deus e os homens,Jesus Cristo, hom em ”
(1 T m 2.5).
A T O S 4 .3 4 ,3 5 — O s cristãos prim itivos praticaram
o comunismo?
Veja nossos comentários a respeito de Atos 2.44,45.
A l 'OS 1 5 .6 -2 9 — Foi Pedro o cabeça da igreja que
presidiu sobre o primeiro concilio da mesma?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Os católicos romanos acre­
ditam que Pedro foi o primeiro papa e que, como tal,
presidiu sobre o primeiro concilio da igreja descrito em
Atos 15.
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Não
existe nenhum a evidência de que Pedro exercesse qual­
quer autoridade especial como o divinamente designa­
do vicário de Cristo na terra, ao presidir sobre essa reu­
nião dos primeiros líderes da igreja. As indicações são de
que durante essa reunião apenas se confirmou a revela­
ção já concedida a um apóstolo (G1 1.11,12).
O questionamento a respeito da circuncisão dos gen­
tios partiu da igreja em Antioquia (At 15.1-3). Não ha­
via nenhum mandato apostólico convocando a reunião.
O evento foi mais como uma conferência do que pro­
327
R ESPO STA ÀS SEITAS
priamente um concilio de uma igreja, uma vez que par­
ticiparam não apenas os apóstolos e os presbíteros, mas
também os outros “irmãos” que tomaram a decisão (At
15.2,3).
Ao contrário da reivindicação católica, se alguém do­
minou a conferência, essa pessoa não foi Pedro, mas sim
Tiago, que foi quem deu a última palavra na discussão
(At 15.13-21).A conclusão foi moderada,utilizando fra­
ses como “pareceu-nos bem, reunidos concordemente”
(At 15.25a). Na verdade, o resultado da conferência foi
apenas uma “carta” (15.30), e não uma encíclica papal,
com o típico linguajar de proscrição.
A conferência reconheceu a sobrenatural confirma­
ção de Deus sobre a mensagem de Paulo (At 15.12), o
que foi o sinal divinamente designado de que ele falava
segundo revelações da parte de Deus (2 Co 12.12; H b
2.3,4). Pedro nunca foi chamado de apóstolo-chefe,
quanto mais de representante de Cristo. Ele era apenas
um dos “principais apóstolos” (2 Co 12.11; G1 1.18,19).
N a verdade, ele mesmo intitulou-se apenas como “um
apóstolo” (1 Pe 1.1) e “também presbítero com eles” (1
Pe 5.1), e referiu-se a Cristo como sendo o “Sumo
Pastor” (5.4).
Finalmente, Paulo, e não Pedro, desempenhou o pa­
pel dominante na maior parte de Novo Testamento. Paulo
escreveu treze ou catorze livros. Pedro escreveu apenas
dois. Pedro é a figura central apenas nos capítulos 1 a 8
do livro de Atos dos Apóstolos. Paulo é o principal per­
sonagem nos capítulos 9 a 28 desse mesmo livro. Pedro
teve sérias dificuldades nas questões entre judeus e gen­
tios, e foi necessário que Paulo o repreendesse por seu
erro (Gl 2.14-16).
A T O S 1 5 .2 0 — Esta passagem indica que receber
uma transfusão de sangue é pecado?
328
ATO S DOS APÓ STO LO S
A MÁ IN T E R PR E T A Ç Ã O : As Testemunhas de Jeová
dizem que esse verso prova que as transfusões de sangue
são co n trárias à v o n ta d e de D eus ( A id to Bible
understanding, 1971, pág.245).
C’O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : Essa pas­
sagem está falando sobre a restrição que havia no Antigo
Testamento contra comer ou beber sangue (Gn 9.3,4;
confira At 15.28,29). Contudo, uma transfusão de san­
gue não é “com er” ou “beber” sangue.Veja neste livro os
nossos comentários sobre Gênesis 9.4.
Está claro que essa passagem do Antigo Testamento
não está relacionada fundamentalmente ao ato de comer
sangue. Antes, ela está basicamente relacionada ao fato
de que a vida está no sangue. Levítico 17.10-12 eviden­
cia esse fato: “E qualquer hom em da casa de Israel ou
dos estrangeiros que peregrinam entre vós que comer
algum sangue, contra aquela alma que comer sangue eu
porei a minha face e a extirparei do seu povo. Porque a
alma da carne está no sangue, pelo que vo-lo tenho dado
sobre o altar, para fazer expiação pela vossa alma, por­
quanto é o sangue que fará expiação pela alma. Portanto,
tenho dito aos filhos de Israel: N enhum a alma dentre
vós comerá sangue, nem o estrangeiro que peregrine
entre vós comerá sangue” (as ênfases foram adicionadas;
veja também os nossos comentários acerca de Levítico
7.26,27 e 17.11,12).
As proibições em Gênesis 9.3,4 e Levítico 17.10-12
foram primeiramente direcionadas ao ato de comer car­
ne que ainda estivesse pulsando com a sua vida, pois o
sangue da vida ainda estaria nela. Mas a transfusão de
sangue não é o mesmo ato que comer carne que ainda
contenha em si o sangue da vida.
Finalmente, a proibição em Atos não foi dada como
uma lei através da qual os cristãos devessem viver, pois o
329
R E S P O S T A À S S EI T AS
Novo Testamento ensina claramente que não estamos
mais sob uma lei (R m 6.14; G1 4.8,31). Antes, o Conse­
lho de Jerusalém estava admoestando os cristãos gentios
a que respeitassem os seus irmãos judeus observando es­
sas práticas, e desse modo não causando escândalo “nem
aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus” (1 Co
10.32).
A T O S 1 7 .1 -3 — A s pregações de Paulo aos sábados,
nas sinagogas, dão suporte à ótica adventista de que
o mandamento de guardar o sábado ainda está em
vigor?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Os adventistas do sétimo
dia argumentam que Paulo sancionou para os cristãos tal
prática através de seu costume de freqüentar e ministrar
as suas pregações na sinagoga judaica aos sábados.
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : A práti­
ca de Paulo de discursar a judeus reunidos era mera­
mente parte de sua estratégia missionária visando o al­
cance dos judeus, onde quer que estivessem reunidos e a
partir das próprias Escrituras deles, que costumavam vir
para ler. Esse fato não sancionou a guarda do sábado
pelos cristãos, do mesmo modo que as reuniões de Pau­
lo com os filósofos pagãos também não trouxeram ne­
nhuma nova prática aos cristãos (At 17.22-34). Pelo con­
trário, Paulo disse aos Colossenses que o sábado foi ape­
nas uma “sombra” que se foi quando a “substância” veio
com Cristo (Cl 2.16,17). Paulo afirmou que a completa
tábua da lei mosaica “gravada com letras em pedras” (que
incluía a lei da guarda do sábado) “era transitória” (2 Co
3.7-10), e encontrou o seu “fim” em Cristo (v. 13). O
Novo Testamento, por diversas vezes, menciona que a lei
judaica contida no Antigo Testamento foi cumprida por
33 0
ATO S DOS APÓ STO LO S
Cristo (Rm 10.4). Por causa desse cum prim ento da lei
“se faz também mudança da lei” (Hb 7.12).
O
mandamento referente à guarda do sábado é o úni­
co dos Dez Mandamentos que não é enunciado de novo
no contexto da graça no Novo Testamento. Essa teria sido
uma significativa omissão, caso esse mandamento devesse
ser praticado pelos cristãos da atualidade. Antes, o Novo
Testamento sanciona o primeiro dia da semana para a ado­
ração cristã — como um costume do próprio Paulo. As
razões para tal são óbvias. E o dia em que Cristo ressusci­
tou, dando início, desse modo, ao primeiro dia da semana
como sendo separado para a comemoração cristã. As pri­
meiras aparições de Jesus, após ter ressuscitado, acontece­
ram aos domingos, o que estabeleceu, portanto, um pa­
drão de expectativa de sua presença no primeiro dia da
semana (confira Mc 16.2; Jo 20.19,26). O domingo tam­
bém foi o dia em que o Espírito Santo batizou os discípu­
los como corpo de Cristo (At 2.1-4; 1 Co 12.13) — for­
necendo o dia do aniversário da igreja cristã.
Assim, reunir-se no primeiro dia da semana tornouse a prática da igreja apostólica (At 20.7; 1 Co 16.2). No
último livro do Novo Testamento, o apóstolo João estava
meditando em um domingo, o “ dia do Senhor” , quando
recebeu uma visão de Cristo (Ap 1.10), mostrando que
a prática continuou por muitas décadas após os dias de
Jesus na terra. Na verdade, a igreja cristã tem dado con­
tinuidade a essa prática desde o primeiro século até o
presente.Veja neste livro os nossos comentários a respei­
to de Êxodo 20.8-11.
A T O S 1 7 .2 8 — A citação de Paulo dá base à crença
panteista de que D eu s está em todas as coisas?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : O apóstolo Paulo disse aos
filósofos na Colina de Marte: “ ...nele vivemos, e nos
331
R E S P O S T A À S S EI T AS
movemos, e existimos” . Os adeptos da seita Ciência Cristã
vêem nesse verso fundamento para a sua crença panteísta
de que “assim como uma gota de água é um só ser com
o oceano, assim como um raio de luz é um só ser com o
sol, do mesmo modo Deus e o homem, Pai e filho, são
um só ser” (Eddy, 361).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Não
existe aqui e nem em qualquer outra parte do Novo
Testamento qualquer razão para que se creia que o após­
tolo Paulo estivesse ensinando o panteísmo. Em primei­
ro lugar, ele era por formação e convicção um judeu
ortodoxo — um fariseu (Fp 3.4-6) — e como tal, um
estrito monoteísta (Dt 6.4; IC o 8.4,6). Em segundo lu­
gar, Paulo aqui se referia ao “Deus que fez o mundo e
tudo o que nele há” (At 17.24), enquanto os panteístas
acreditam que Deus seja o mundo e tudo o que nele há.
E m terceiro lugar, Paulo apenas afirmou assertivamente
que temos a nossa vida e o nosso ser “nEle” (Deus), e
não que sejamos Deus, como argumentam os panteístas.
Isso significa dizer que Deus é a causa da sustentação de
todas as coisas, bem como a causa originadora de todas
as coisas (Hb 1.3; Cl 1.17).
A T O S 1 7 .2 8 ,2 9 — E ste verso dá suporte à idéia de
que o Pai celestial e uma mãe celestial geraram espí­
ritos infantis na “preexistência”?
A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Esse verso se refere aos
crentes com o “geração de D eus” , fato que, de acordo
com os m órm ons, significa que nascemos com o espí­
ritos infantis antes de nosso nascimento físico na ter­
ra. “Os seres hum anos, como espíritos, foram gerados
e nascidos de pais celestiais, e criados até a m aturida­
de na eterna mansão do Pai antes de virem à terra em
332
A T O S DOS A P Ó S T O LO S
i orpos temporais [físicos]” ( Gospel principies, 1979,
p.ig.9).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Nesse
contexto, Paulo estava pregando a alguns homens em
Atenas que nem sequer criam em Deus. Sacando pin­
celadas de verdades nos escritos deles, Paulo afirmou
que somos todos “geração de D eus” no sentido de que
lomos todos criados por Ele. Paulo havia anteriorm en­
te afirmado que Deus “de um só fez toda a geração dos
homens para habitar sobre toda a face da terra, deter­
minando os tempos já dantes ordenados e os limites da
sua habitação” (At 17.26). Paulo provavelmente pen­
sou a respeito de Malaquias 2.10, que diz: “N ão temos
nós todos um mesmo Pai? N ão nos criou um mesmo
I )eus?”
E importante compreender que a humanidade não
existia previamente como espíritos, anteriormente ao nas­
cimento físico na terra. Gênesis 2.7 nos diz:“E form ou o
Senhor Deus o hom em do pó da terra e soprou em seus
narizes o fôlego da vida; e o hom em foi feito alma vivente”. Observe que nenhum espírito preexistente en­
trou em um tabernáculo físico de carne. Antes, Deus
criou o ser físico, e então “soprou em seus narizes o fô­
lego da vida”, e o hom em tornou-se um ser vivente
nesse exato momento. Parece que nessa ocasião Deus
criou tanto a parte material do ser humano como a
imaterial. Desde então, os seres humanos — tanto em
seus aspectos materiais como imateriais — nascem para
o mundo através da união natural de seus pais (confira
Gn 5.3).
A T O S 1 9 .1 2 — O s milagres que foram feitos através
das roupas dos apóstolos dão apoio ao dogma cató­
lico de venerar as relíquias religiosas?
333
R ESPO STA ÀS SEITAS
A M Á IN TERPRETAÇ ÃO : De acordo com Atos 19.12,
“até os lenços e aventais se levavam do seu corpo [do
apóstolo Paulo] aos enfermos, e as enfermidades fugiam
deles, e os espíritos malignos saíam” .
Essa ocorrência histórica dos tempos da Igreja Prim i­
tiva credenciam a veneração de relíquias praticada pela
igreja católica?
C O R R IG IN D O A M Á IN TERPRETAÇ ÃO : As curas
sobrenaturais alcançadas através das roupas do apóstolo
Paulo não provam que devamos venerar coisa alguma.
Aos apóstolos foram concedidos os especiais “sinais
do apostolado” (2 Co 12.12) com a finalidade de confir­
mar a revelação especial de Deus (que é o Novo Testa­
mento) através deles. Os sinais de um apóstolo já não são
mais necessários para esse propósito específico (Hb 2.3,4).
N o tocante às relíquias, nem nessa passagem e nem
em qualquer outra do Novo Testamento é dito que se
deve venerar artigos através dos quais foram feitos mila­
gres. N o Antigo Testamento, Deus proibiu esse tipo de
idolatria de m odo geral. Q uando qualquer objeto, como
a serpente de bronze, era venerado, o fato era considera­
do como idolatria (confira 2 Rs 18.4).
Deus mandou, de modo muito claro, que o seu povo
não fizesse imagens de escultura, e nem se prostrasse di­
ante delas em um ato de devoção religiosa. Esse é o
mesmo erro dos pagãos que adoraram a criatura ao invés
de adorar o Criador (Rm 1.25). A Bíblia nos proíbe de
fazer ou de nos “prostrar” diante de uma “imagem” de
qualquer criatura em um ato de devoção religiosa. “Não
farás para ti imagem de escultura, nem alguma seme­
lhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na
terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás
a elas nem as servirás” (Ex 20.4,5).
334
CAPÍTULO
11
■
R OM ANOS
R O M A N O S 1.5 — E ste verso apóia a visão católica
de que a verdadeira Igreja de Cristo seja visível na
terra hoje, e que é a igreja católica romana?
\ M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : O dogma católico ensina
que “a prova bíblica da visibilidade da igreja brota da
divina instituição da hierarquia”, e que “o ministério
de ensino [da igreja católica romana] demanda de seus
incumbentes o dever da obediência à fé (Rm 1.5)” (Ott,
1960, 301-2). Esse texto é uma prova de que a verda­
deira Igreja é uma igreja visível na terra hoje — isto é,
a igreja católica romana? Algumas outras seitas utilizam
a mesma argumentação, ou ainda uma argumentação
similar.
RESPOSTA ÀS SEITAS
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : A rei­
vindicação de que a igreja católica romana demanda
obediência como a verdadeira igreja visível não tem base
nesse texto. O texto declara: “Pelo qual [Cristo] recebe­
mos a graça e o apostolado, para a obediência da fé” .
Paulo está se referindo ao seu apostolado (v. 1), não ao
apostolado de Pedro, ou de seus supostos sucessores —
os papas católicos romanos.
Além do mais, para ser um apóstolo nesse sentido
impositivo, seria necessário ser uma testemunha ocular
do Cristo ressurreto (At 1.22; 1 Co 9.1; 15.5-8), o que
claramente desqualifica qualquer pessoa que tenha vivi­
do após o primeiro século. Esse fato por si só negaria a
alegação de que o “ministério de ensino” da igreja cató­
lica romana está, de algum modo, implícito nessa passa­
gem. O argumento desta igreja teria mais força se tives­
sem relacionado a sua autoridade a Paulo, ao invés de
Pedro. O requisito adicional de ser uma testemunha do
ministério terreno de Jesus (At 1.22) era pertinente ape­
nas no que dizia respeito a ser um dos doze apóstolos,
pois estes possuem um lugar especial no alicerce da igre­
ja (Ef 2.20), tendo os seus nomes escritos nos alicerces
da cidade eterna (Ap 21.14), e reinarão com Cristo as­
sentados em doze tronos quando Ele voltar (Mt 19.28).
Paulo não era um dos doze e, por essa razão, não preci­
sa cum prir esse requisito. Contudo, ele foi um apóstolo
(G1 1.1) que recebeu revelações diretamente de Deus
(G1 1.12). A sua autoridade apostólica era comparável à
dos doze apóstolos (Gl 1.17; 2.5-9), e ele demonstrava os
miraculosos “sinais do apostolado” (2 Co 12.12). Mas o
apostolado de Paulo também não era transferível. Paulo
incluiu explicitamente a aparição do Cristo ressurreto a
ele na lista dos pré-requisitos necessários para que se possa
ser um apóstolo. Ele escreveu: “Não sou eu apóstolo?...
Não vi eu a Jesus Cristo, Senhor nosso?” (1 Co 9.1). Do
336
ROMANOS
mesmo modo, listou a aparição de Jesus ressurreto a ele,
limtamente com a que havia acontecido aos outros após­
tolos, dizendo: “Depois, foi visto por Tiago, depois, por
iodos os apóstolos e, por derradeiro de todos, me aparec eu também a m im ” (1 Co 15.7,8). N ão houve mais
aparições de Cristo a alguém depois de Paulo, para con­
firmação de apostolado nesse sentido especial. N enhu­
ma foi relacionada na lista oficial contida em 1 Coríntios
15, e Paulo refere-se a si mesmo como o “derradeiro de
todos” entre aqueles que foram pessoalmente visitados e
comissionados. Por volta do ano 69 d.C., ocasião em
que o livro de Hebreus foi escrito, os sinais miraculosos
que confirmavam um apóstolo eram referidos como
eventos passados (Hb 2.3,4). O livro de Judas, que foi
escrito após a m orte de Paulo, refere-se aos apóstolos
como pessoas que viveram no passado (Jd 17). Judas
disse que a fé que ele pregava havia sido “uma vez” dada
aos santos, e chegou a eles através do trabalho dos após­
tolos (v. 3).
Os “sinais do apostolado” (2 Co 12.12) incluíam a
habilidade para curar imediatamente toda sorte de do­
enças (Mt 10.1), mesmo as incuráveis (confira At 3.7); o
poder de expulsar demônios mediante uma ordem (Mt
10.8; At 16.18); a autoridade para condenar à morte aque­
les que mentissem ao Espírito Santo (At 5.1-11); e até
mesmo a habilidade de ressuscitar pessoas dentre os m or­
tos (Mt 10.8; At 20.7-11). Essas características excluem
qualquer pessoa viva hoje, incluindo o papa. N inguém
hoje possui o poder para fazer todos estes tipos de sinais
apostólicos. Mas sem eles (Hb 2.3,4), não há prova de se
possuir a autoridade apostólica. A autoridade dos após­
tolos do Novo Testamento continuou existindo mesmo
após os seus milagres haverem cessado, somente porque
estes sinais apostólicos já haviam confirmado a sua auto­
ridade, explícita nos escritos apostólicos que seriam per-
337
R E S P O S T A À S S EI T AS
manentes. Mas, uma vez que esses apóstolos assim con­
firmados morreram, não houve mais nenhuma autori­
dade apostólica viva. A única autoridade apostólica pre­
sente hoje é o Novo Testamento. Somente os escritos do
Novo Testamento foram confirmados por sinais apostó­
licos, logo, apenas o Novo Testamento contém essa auto­
ridade apostólica.
R O M A N O S 1 .7 — Este verso prova que Jesus é
Deus, o Pai, como crêem os adeptos da Unidade
Pentecostal?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Em R om anos 1.7 lemos a
saudação: “Graça e paz de Deus, nosso Pai, e do Senhor
Jesus Cristo”. Os adeptos da Unidade Pentecostal argu­
mentam que o term o “e” (do grego kai), na frase “Deus,
nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo”, deveria ser traduzi­
do como “o mesmo” . Então se deveria ler:“Deus, nosso
Pai, o mesmo Senhor Jesus Cristo”. Se traduzido deste
modo, Jesus e o Pai seriam vistos como uma única e
mesma pessoa (Graves, 1977, 50,51; cf. Bernard, 1983,
207-11). Isto significa que Jesus é o Pai.
C O R R IG IN D O A M Á INTERPRETAÇÃO : Enquan­
to é verdade que o term o grego kai pode ser traduzido
em certos casos como “o mesmo”, o contexto é que
determina a tradução apropriada. Até mesmo o estudio­
so da seita Unidade Pentecostal, Brent Graves, admite
essa realidade (Graves, 52). O fato é que os estudiosos
gregos concordam universalmente que, no contexto de
Romanos 1.7, kai deve ser traduzido como “e” .A maio­
ria das ocorrências do termo kai no Novo Testamento é
traduzida como “e”, não como “o mesmo”. Isso significa
que o ônus da prova recai sobre os adeptos da Unidade
Pentecostal, que devem demonstrar que o termo deve
338
ROMANOS
sei traduzido com o seu significado secundário (“o mes­
m o”), e não com o significado principal (“e”) em R o ­
manos 1.7
Contudo kai é traduzido nos versos imediatamente
.interiores e posteriores a Rom anos 1.7, mostrando uma
distinção pessoal entre o Pai e Jesus Cristo. Por exemplo,
Jesus é chamado de “Filho” de Deus no verso 3 e, no
verso 8, Paulo agradece a Deus “por [através de] Jesus
Ca isto” pelos cristãos romanos. O testemunho uniforme
das Escrituras é que Jesus e o Pai são pessoas distintas
(dentro da unidade do único Deus).Veja neste livro a
discussão a respeito de Mateus 28.19.
R O M A N O S 1 .1 9 ,2 0 — Aqueles que nunca ouvi­
ram o Evangelho estão perdidos?
A MÁ IN T E R PR E T A Ç Ã O : Jesus disse: “Eu sou o ca­
minho, e a verdade, e a vida. N inguém vem ao Pai senão
por m im ” (Jo 14.6). Também At 4.12 diz a respeito de
( -risto: “E em nenhum outro há salvação, porque tam­
bém debaixo do céu nenhum outro nom e há, dado en­
tre os homens, pelo qual devamos ser salvos”. Alguém
que jamais ouviu o Evangelho de Cristo estará eterna­
mente perdido? Paulo parece responder a essa pergunta
afirmativamente. Mas é justo condenar pessoas que ja­
mais sequer ouviram falar a respeito de Cristo? Alguns
adeptos da Nova Era apontam para esse problema como
argumento à idéia de que todas as religiões do mundo
são caminhos que levam a Deus (veja Fox, 1989, 288).
( lO R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : A res
posta de Paulo é clara. Ele disse que os gentios são
“inescusáveis” (R m 1.20) porque “ ...o que de Deus se
pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho ma­
nifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação
339
R E S P O S T A À S S EI T A S
do mundo, tanto o seu eterno poder como a sua divin­
dade, se entendem e claramente se vêem pelas coisas que
estão criadas” (Rm 1.19,20). Então a condenação dos
gentios é justa. Romanos 2.12 declara: “Porque todos os
que sem lei pecaram sem lei também perecerão; e todos
os que sob a lei pecaram pela lei serão julgados”. Essa
passagem está ensinando que os judeus são julgados pela
lei (pelas Escrituras hebraicas),porém os gentios são con­
denados pela “lei escrita em seus corações” (v. 15). “Por­
que, quando os gentios, que não têm lei, fazem natural­
mente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si
mesmos são lei, os quais mostram a obra da lei escrita no seu
coração, testificando juntam ente a sua consciência e os
seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendoos” (Rm 2.14,15; ênfase adicionada).
A questão acerca da justiça de Deus quanto ao julga­
mento dos gentios admite a inocência por parte dos não
salvos que não ouviram as Boas Novas — o Evangelho.
Mas a Bíblia nos diz que “todos pecaram e destituídos
estão da glória de Deus” (Rm 3.23). Além disso, R o m a­
nos 1.18-20 diz que Deus claramente se revela através
daquilo que Ele criou,“para que eles fiquem inescusáveis”.
Os seres humanos não são inocentes no tocante à reve­
lação natural de Deus.
Se uma pessoa que não ouviu o Evangelho vive con­
forme o melhor que pode alcançar por sua própria ha­
bilidade, está simplesmente fazendo obras em uma ten­
tativa para alcançar a salvação. Mas a salvação é pela gra­
ça: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso
não vem de vós; é dom de Deus” (Ef 2.8). N inguém é
capaz de fazer algo para obter, como pagamento, o aces­
so ao céu. Se existisse desse m odo um caminho, então o
trabalho de Cristo na cruz teria sido em vão. A Bíblia
diz em sua essência:“ ...buscai e encontrareis” (Lc 11.9; Is
55.6). Isto é, aqueles que buscam a luz, cuja existência
340
ROMANOS
compreenderam através daquilo que foi criado, a qual
n.io é suficiente para a salvação, encontrarão a luz neces­
sária para que possam salvar-se. Hebreus 11.6 diz: “Ora,
sem fé é impossível agradar-lhe, porque é necessário que
.iquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e
que é galardoador dos que o buscam”. Atos 10.35 acres­
centa: “Mas que lhe é agradável aquele que, em qualquer
nação, o teme e faz o que é justo”. Deus possui muitas
maneiras de fazer com que a verdade a respeito da salva­
ção através de Cristo alcance aqueles que o buscam. Ele
pode enviar um missionário (At 10), uma transmissão
através do rádio, ou uma Bíblia (SI 119.130). Teorica­
mente, Deus poderia conceder uma visão (Dn 2,7), ou
um anjo (Ap 14), embora através deles Deus não dê mais
nenhuma nova revelação. Mas aqueles que dão as costas
,i luz que possuem (ignorando as obras criadas por Deus),
c se encontram perdidos em trevas, não terão ninguém a
quem atribuir a culpa, senão a si mesmos. Pois “os ho­
mens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas
obras eram más” (Jo 3.19).
/v’í ) M A N O S 1 .2 6 — Este verso significa que pesso­
as homossexuais não poderiam ser heterossexuais,
porque isso não seria o natural para elas?
A MÁ IN T E R P R E T A Ç Ã O : De acordo com alguns
homossexuais, quando Paulo falou contra aquilo que é
“contrário à natureza” em Rom anos 1.26, ele não estava
declarando que a homossexualidade fosse moralmente
errada, mas simplesmente que era “contrária à natureza”
para as pessoas heterossexuais. A expressão “contrário à
natureza” é utilizada no sentido sociológico, e não no
sentido biológico. Então, alega-se que esta passagem em
Romanos de fato aprova as práticas homossexuais, ao
invés de condená-las.
341
RESPO STA ÀS SEITAS
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Q uando a Bíblia declara que as práticas homossexuais são
“contrárias à natureza” (R m 1.26), está se referindo à
natureza biológica e não à natureza sociológica. Essa
passagem não pode ser utilizada para justificar o ho­
mossexualismo.
A sexualidade e a expressão sexual foram biologica­
mente definidas nas Escrituras desde o princípio da cri­
ação. Em Gênesis 1, Deus criou “macho e fêmea” e en­
tão disse-lhes “frutificai, e multiplicai-vos” (Gn 1.27,28).
Essa reprodução só seria possível se Ele estivesse se refe­
rindo de forma biológica a um macho e uma fêmea.
Quando Deus disse: “Portanto, deixará o varão o seu pai
e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos
uma carne” (Gn 2.24), a orientação sexual é entendida
biologicamente, e não sociologicamente. Somente um
pai e uma mãe biológicos são capazes de produzir filhos,
e a referência a “uma só carne” simplesmente não pode
ser entendida em qualquer relacionamento, exceto no
matrimônio físico heterossexual.
A passagem em Romanos diz: “ ...varão com varão,
cometendo torpeza”. Isso indica claramente que a clas­
sificação desse ato pecaminoso condenado era homosse­
xual em sua natureza (Rm 1.27). Aquilo que eles faziam
não era para eles natural, mas “mudaram” para o “con­
trário à natureza” (v. 26). Então os atos homossexuais
foram pronunciados contrários à natureza, também para
os homossexuais. Desejos homossexuais são também cha­
mados de “paixões infames” (v. 26). Portanto, é evidente
que Deus está condenando os pecados sexuais pratica­
dos entre pessoas de mesmo sexo biológico. Atos ho­
mossexuais são contrários à natureza humana como tal,
e não apenas contrários à orientação sexual de pessoas
heterossexuais.
342
ROMANOS
R( ) M A N O S 2 .6 ,7 — Esta passagem ensina que as
boas obras são uma condição para a salvação, como
reivindicam os estudiosos católicos romanos?
A MÁ IN TER PR ET A Ç Ã O : O Concilio católico ro­
mano de Trento declarou que para “aqueles que traba­
lharem bem ‘até o fim’ [Mt 10.22], e que confiarem em
1)eus, será proposta a vida eterna, bem como uma graça
misericordiosamente prometida aos filhos de Deus atra­
vés de Jesus Cristo,‘e como recompensa’ a qual é... para
fielmente ser concedida por suas boas obras e méritos”
(l)enzinger, 1957, n° 809,257). Acrescenta ainda que “se
alguém disser que as boas obras de uma pessoa justificada
são de algum modo uma dádiva de Deus, e que não são
lambém os bons méritos da pessoa que é justificada, ou
ainda que aquele que é justificado por suas boas obras ...
na verdade não merece um aumento da graça, a vida
eterna, e o alcance da vida eterna (se morrer na graça), e
lambém um aumento em glória; que aquele que disser
isso seja anátema” (Ibid., n° 842, 261). Além disso: “São
1'aulo, que tanto enfatiza a graça, também enfatizou, por
outro lado, a natureza meritória das boas obras realizadas
com graça, através do ensino que diz que a recompensa
c proporcional às obras:‘o qual [Deus] recompensará cada
um segundo as suas obras’ (Rm 2.6)” (Ibid., 265).
C O R R IG IN D O A MÁ IN T E R PR E T A Ç Ã O : N em
essa nem qualquer outra passagem nas Escrituras ensina
que as obras são uma condição necessária para que uma
pessoa receba a salvação. Paulo deixa muito claro que a
salvação é alcançada através da graça,independentemente
das obras, tanto em Romanos (3.28; 4.5) quanto em outras
passagens (Ef2.8,9;Tt 3.5).
Quando Paulo aqui (e nas demais passagens) fala das
obras vinculadas à salvação, elas são sempre o resultado da
343
R ESPO STA ÀS SEITAS
salvação, e não a condição: somos salvos pela graça através
da fé (Ef 2.8,9), mas “para as boas obras” (Ef 2.10).É-nos
dito:“ ...operai a vossa salvação” (Fp 2.12) porque “Deus
é o que opera em vós” (Fp 2.13). Da mesma forma, em
Tito nos é falado: “Não pelas obras de justiça que hou­
véssemos feito, mas, segundo a sua misericórdia, nos sal­
vou” (3.5). Então ele diz imediatamente que “os que
crêem em Deus procurem aplicar-se às boas obras” (v. 8).
Em todos os casos apresentados na Bíblia, somos salvos
pela graça, mas para praticarmos boas obras. Nós não
trabalhamos para alcançar a graça, mas a partir da graça
(2 Co 5.14;Tt 2.11,12).
Paulo, no capítulo seguinte de Romanos, diz: “C on­
cluímos, pois, que o hom em é justificado pela fé, sem as
obras da lei” (R m 3.28). E no capítulo seguinte ele acres­
centa: “Mas, àquele que não pratica, porém crê naquele
que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como jus­
tiça” (4.5). A menos que alguém assuma que o apóstolo
contradiz-se a si mesmo, então os bons “feitos” ou “obras”
de que se fala em Romanos 2.6,7 devem ser obrigatori­
amente entendidos como o resultado ou a manifestação
da salvação, e não a condição necessária para recebê-la.
Uma análise cuidadosa do contexto de Romanos 2.6,7
revela que as boas “obras” em questão são resultado da fé.
Paulo fala da necessidade de arrependimento (v. 4) e obe­
diência à verdade (v. 8) para obtê-la. E, como Tiago, está
enfatizando a necessidade das boas obras como uma evi­
dência de que uma pessoa possui a fé para a salvação ^‘Por­
que os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas
os que praticam a lei hão de ser justificados” (v. 13).
Com o qualquer passagem na Bíblia em que as obras
humanas são mencionadas (confira Ap 20.11-15), o con­
texto de Rom anos 2 está relacionado ao juízo que per­
tence a Deus (v. 3). E, quando o juízo é o sujeito, a ênfase
é freqüentemente colocada nas obras como uma mani-
344
ROMANOS
Iestação da fé de alguém (ou da falta desta), e não se dá
ênfase simplesmente à fé da qual essas obras se seguiram.
Portanto, é compreensível que nesse contexto Paulo
enfatize as obras que são a manifestação da fé, através da
qual se recebe a vida eterna (2.6,7).
A “vida eterna” na passagem em Romanos e nas de­
mais passagens no Novo Testamento é o resultado somen­
te da fé — sozinha (independentemente do tipo de fé que
produz as boas obras). Apenas alguns capítulos mais adi­
ante Paulo escreveu:“Porque o salário do pecado é a morte,
mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo
Jesus, nosso Senhor” (Rm 6.23). Se a vida eterna é um
dom, então não é algo pelo qual alguém trabalha (Rm
4.5). D o mesmo modo, em João lemos: “Aquele que crê
no Filho tem a vida eterna” Qo 3.36), e “quem ouve a
minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida
eterna e não entrará em condenação, mas passou da morle para a vida” (Jo 5.24). A partir desses versos fica claro
que a vida eterna é um bem presente daqueles que crêem,
baseada exclusivamente em sua fé.
R O M A N O S 2 .7 — A imortalidade é alcançada ou
possuída?
A MÁ IN TE R PR E T A Ç Ã O : Paulo fala da “busca” da
imortalidade, de revestir-se de, ou alcançar a imortalida­
de na ressurreição (1 Co 15.53). A existência pessoal
cessa, então, como insistem as Testemunhas de Jeová, no
período entre a morte e o dia da ressurreição, quando o
cristão recupera a consciência e é revestido com a vida
eterna? (Reasoningfrom the Scriptures, 1989,pág.377).
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : A Bí­
blia reserva o termo “imortalidade” para o dia da ressur­
reição final. As Escrituras insistem, contudo, que a pessoa
345
R E S P O S T A À S S EI T A S
crente desfruta a vida eterna como uma existência con­
tínua, que tem início no m om ento da salvação e conti­
nua mesmo após a morte do corpo. E necessário, então,
separar cuidadosamente aquilo que o crente tem em
Cristo daquilo que o crente terá no futuro. Uma possí­
vel maneira de resumir essa diferença é destacar que a
imortalidade é algo que os cristãos alcançaram, mas não
possuirão completamente até que tenham os corpos da
ressurreição. Antes da ressurreição final dos mortos, ape­
nas Cristo tem um corpo imortal. U m a vez que somen­
te Ele experimentou a sua ressurreição final em um cor­
po, 1 Coríntios 15.20-23 o descreve como as “primícias”
dos que dorm em (os mortos). De m odo diferente dEle,
nesse sentido nós ainda não somos “frutos” dos que dor­
mem, e então não somos imortais. Os versos 24 a 26
explicam que no desfecho da história Cristo colocará
um fim na maldição que veio através de Adão, destruin­
do apenas por último a maldição da m orte física do cor­
po. Até que Cristo coloque esse inimigo sob os seus pés,
a morte física permanecerá inevitável, com a sua conse­
qüente separação entre a alma e o corpo, e o perecimen­
to do corpo físico. Na ressurreição final, quando um corpo
glorificado for unido à alma, os crentes finalmente po­
derão dizer que possuem a imortalidade. O que é cor­
ruptível se revestirá da incorruptibilidade, e o que é mortal
se revestirá da imortalidade (1 Co 15.53).
Nesse meio tempo, a união física-espiritual final e a
vida eterna pertencem aos cristãos como uma promessa
assegurada. As almas dos crentes, agora justificados e san­
tificados através da morte e ressurreição de Cristo, se­
guirão para a m orte com uma existência consciente no
céu (2 Co 5.8; Fp 1.23). Os corpos “dorm irão”, aguar­
dando o m omento da transformação (1 Co 15.51,52)
quando poderemos dizer juntam ente com Paulo: “Tra­
gada foi a morte na vitória” (v. 54).
346
ROMANOS
R O M A N O S 3 .2 7 ,2 8 — Q uando Paulo fa la das
“obras" (feitos) como não sendo uma condição para
a salvação, ele se refere apenas às obras da lei mosaica
ou a quaisquer boas obras?
I\ MÁ IN T E R PR E T A Ç Ã O : Paulo declara que “o ho­
mem é justificado pela fé, sem as obras da lei” (Rm 3.28).
t )s católicos romanos alegam que Paulo não está falando
contra os bons “feitos”, ou contra as boas “obras” em
geral (as quais eles acreditam serem essenciais para a sal­
vação), mas apenas contra as “obras da lei” de Moisés
(como em R m 3.27,28).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Esse
entendimento é uma interpretação errada dos ensinos
elo apóstolo Paulo.
Ele freqüentemente se refere às “obras da lei” , uma
vez que eram o tipo particular de obras que os com po­
nentes de sua audiência — sendo judeus — eram pro­
pensos a praticar (confira At 15.5; R m 4; Gl 3). Contudo,
quando Paulo falava a igrejas em que havia um grande
número de gentios, utilizava algumas vezes o term o
“obras” sem limitá-lo às obras da lei de Moisés. Em
Hfésios, ele declara: “Porque pela graça sois salvos, por
meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus. Não
vem das obras, para que ninguém se glorie” (2.8,9). Se­
melhantemente, em T ito 3 (veja os versos 5 a 7) ele afir­
mou que “não pelas obras de justiça que houvéssemos
feito, mas, segundo a sua misericórdia, nos salvou...” En­
tão, não apenas as “obras da lei” de Moisés, mas quais­
quer “obras” ou “obras de justiça” são insuficientes para
a salvação.
Limitar todas as condenações de Paulo sobre as “obras”
apenas às obras da lei de Moisés é o mesmo que limitar
a condenação do homossexualismo por Deus no Antigo
347
R ESPO STA ÀS SEITAS
Testamento (Lv 18,20) somente aos judeus, uma vez que
essas passagens ocorrem apenas na lei mosaica que foi
escrita aos judeus. Garantir que a lei moral (por exem­
plo, a lei natural) existe fora da lei de Moisés é garantir o
ponto de vista protestante de que as “obras” a que se
refere essa passagem não se limitam às leis mosaicas. A
verdade é que as condenações são mais amplamente apli­
cáveis do que o contexto imediato nos quais elas se apre­
sentam. O mesmo é verdadeiro quanto à condenação
expressa por Paulo das “obras” meritórias como meios
de salvação. Restringir a condenação de Paulo às obras
de justiça própria em oposição às obras meritórias é ler
o texto trazendo para dentro deste uma distinção que
não está lá.
Além do mais, se as boas obras de qualquer tipo con­
tribuíssem, ainda que em pequena parte, para a obtenção
da salvação, então teríamos espaço para nos gloriarmos,
e, ainda assim cairíamos sob a condenação descrita por
Paulo (Ef 2.9).
Finalmente, o caráter moral básico de Deus expresso
nos Dez Mandamentos é o mesmo que aquele expresso
através da lei natural para toda a humanidade. O fato de
que alguém não esteja consciente ou deliberadamente
fazendo obras conforme a lei de Moisés não significa
que o padrão básico moral não seja o mesmo. Por essa
razão, em certo sentido, todas as “obras” morais são “obras
da lei” , naquilo que estão de acordo com os princípios
morais definidos na lei de Moisés. Essa é a razão pela
qual o apóstolo Paulo disse que “quando os gentios, que
não têm lei [de Moisés], fazem naturalmente as coisas
que são da lei [de Moisés],eles... mostram a obra da lei
escrita no seu coração” (R m 2.14,15a). Em análise final,
quando o assunto se refere às demandas morais da lei,
não existe uma diferença substancial entre “obras de jus­
tiça” e “obras da lei” .
348
R 0M AN05
Em resumo, o argumento católico de que Paulo se
referia às obras da lei, e não às obras de justiça, é uma
distinção sem diferenciação. A pura verdade é que ne­
nhuma obra de qualquer espécie traz com o mérito a
salvação. A vida eterna é um dom recebido somente atra­
vés da fé (Jo 3.16,36; 5.24; R m 6.23).
liO M A N O S 5 .1 8 ,1 9 — Paulo está ensinando o
universalismo quando afirma que “muitos [todos]
serão feitos ju stos ”?
A MÁ IN TER PR ETA Ç Ã O : Em Romanos 5.18,19 Paulo escreveu:
Pois assim com o p o r um a só ofensa veio o ju ízo sobre
todos os hom ens para condenação, assim tam bém por u m só
ato de justiça veio a graça sobre todos os hom ens para ju sti­
ficação de vida. Porque, com o pela desobediência de u m só
hom em , m uitos foram feitos pecadores, assim pela obediên­
cia de um, muitos serão feitos justos.
Muitos estudiosos liberais e alguns neo-ortodoxos, tais
como Karl Barth, insistem que essa passagem ensina que
todas as pessoas serão por fim salvas. Essa é a maneira
correta de entender o texto?
CCORRIGINDO A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : A partir
desses versos, os universalistas inferem que a m orte de
Cristo “por todos” garante salvação “para todos”. Essa
conclusão, contudo, é contrária ao contexto da passa­
gem, ao contexto do livro de Rom anos como um todo,
e ao contexto das Escrituras como um todo.
Mesmo nesse contexto, Paulo fala de sermos “justifi­
cados pela fé” (5.1), e não automaticamente pelo que
Cristo fez por nós. Ele também se refere à salvação como
um “dom ” (5.16) que deve ser recebido; em 5.17 ele
349
R E S P O S T A À S S EI T A S
declara que a salvação vem apenas para aqueles que re­
cebem o dom da justiça.
O restante do livro de Romanos deixa completamente
claro que nem todos serão salvos. Romanos 1,2 fala dos
gentios que são “inescusáveis” (R m 1.20), sobre os quais
é derramada a ira de Deus (Rm 1.18). Ele declara que
“todos os que sem lei pecaram sem lei também perece­
rão” (Rm 2.12).
N o âmago desse argumento, Paulo conclui que, à parte
a justificação pela fé, o mundo é condenável perante Deus
(Rm 3.19). Mais tarde,referindo-se ao destino tanto dos
salvos quanto dos perdidos, Paulo afirma: “Porque o sa­
lário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus
é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm
6.23). Semelhantemente, Paulo reconheceu que, a des­
peito de suas orações, nem todos aqueles de sua mesma
descendência seriam salvos (Rm 11.1-10),mas que m ui­
tos seriam “amaldiçoados” (Rm 9.3). De fato, o objetivo
central de Rom anos é mostrar que apenas aqueles que
crêem serão justificados (R m 1.17; 3.21-26).
Romanos 9 não poderia ser ainda mais claro quando
diz que somente os eleitos, e não qualquer pessoa, serão
salvos (confira 9.14-26). O restante Deus pacientemente
suportou, esperando que se arrependessem (2 Pe 3.9),
para que não fossem “vasos da ira, preparados para perdi­
ção” (Rm 9.22).
Numerosas passagens nas Escrituras falam do eterno
destino das pessoas perdidas, incluindo a expressiva pas­
sagem no final do livro de Apocalipse, quando João disse:
E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do
trono, e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da
vida; e os m ortos foram julgados pelas coisas que estavam es­
critas nos livros, segundo as suas obras. E deu o m ar os m ortos
que nele havia; e a m orte e o inferno deram os m ortos que
neles havia; e foram julgados cada u m segundo as suas obras. E
350
R O A A A N O S
a m orte e o inferno foram lançados no lago de fogo; esta é a
segunda morte. E aquele que não foi achado escrito no livro
da vida foi lançado no lago de fogo (Ap 20.12-15).
Não há simplesmente nenhuma evidência para o uni­
versalismo em Rom anos 5, e esse é contrário ao claro
ensino das demais passagens das Escrituras. Um a vez que
a Bíblia não se contradiz, os versos que podem ser inter­
pretados de mais de um m odo devem ser compreendi­
dos ã luz daqueles que não podem.
R O M A N O S 8. 7 — E ste verso dá base à idéia de
que se deve buscar um significado espiritual dos ver­
sos da Bíblia, ao invés de ler os textos literalmente?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Rom anos 8.7 diz: “Por­
quanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus,
pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode
ser”.Alguns defensores da seita Ciência Cristã acreditam
que uma leitura literal dos textos bíblicos é a leitura con­
forme a mente carnal ou humana, o que se constitui em
inimizade contra Deus (Eddy, Miscellaneous Writings,
págs.319-320). Deve-se portanto buscar o sentido espi­
ritual ou a interpretação esotérica dos textos bíblicos.
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Esse
verso, bem como todo o conteúdo do capítulo 8 de
Romanos, está colocando em contraste a vida não rege­
nerada, dominada pela carne ou pela natureza do peca­
do, com a vida controlada pelo Espírito Santo. O verso,
então, trata do tema santificação, e não do tema inter­
pretação bíblica. Os cientistas cristãos estão lendo e le­
vando para dentro do texto algo que não está lá.
U m a abordagem esotérica ou “espiritual” ao inter­
pretar as Escrituras elimina a possibilidade de haver teste
351
R E S P O S T A À S S EI T A S
destas interpretações e são, portanto, inúteis. De um modo
diferente da metodologia objetiva — na qual as inter­
pretações podem ser, dentro dos padrões da razão, avali­
adas e testadas através da comparação entre passagens das
Escrituras, e pesando as considerações históricas e gra­
maticais de m odo objetivo — não existe uma maneira
objetiva para se testar interpretações esotéricas das Es­
crituras. Interpretações são subjetivas e não verificáveis;
não há como provar que uma dada interpretação seja
certa ou errada, um a vez que “provar” pressupõe
racionalidade e objetividade. Isso produziria irreconciliáveis contradições. Na abordagem subjetiva do esoterismo,
a autoridade básica deixa de ser a Escritura e passa a ser
a mente do intérprete. Por essa razão, duas pessoas abor­
dando o mesmo verso podem ter interpretações radical­
mente contraditórias, e não existe um modo objetivo
para que se possa determinar qual delas é correta (se
alguma delas for correta).
Se o propósito fundamental de Deus, ao dar origem à
linguagem, foi o de tornar possível a sua comunicação
com os seres humanos, bem como habilitar os seres hu­
manos a comunicarem-se entre si, então deduz-se que
Ele deve geralmente fazer uso da linguagem e esperar
que o hom em também a utilize em seu sentido literal,
normal e pleno. Essa visão a respeito da linguagem é um
pré-requisito para que se compreenda não apenas a Pa­
lavra falada por Deus, mas também a sua Palavra escrita
(as Escrituras). A Bíblia, como um corpo de literatura,
existe porque os seres humanos precisam conhecer cer­
tas verdades espirituais que eles não são capazes de al­
cançar por si mesmos. Desse modo, essas verdades de­
vem vir para eles de seu exterior — através da objetiva e
especial revelação de Deus (Dt 29.29). E essa revelação
somente pode ser compreendida se a pessoa interpretar
as palavras das Escrituras conforme o padrão original de
352
ROMANOS
Deus para a linguagem — isto é, de acordo com o sen­
tido usual e evidente de cada termo. Isso não é sugerir
um “literalismo rígido”, que interpreta figuras de lin­
guagem ou metáforas literalmente. Mas o que deve ser
entendido como uma figura de linguagem e o que deve
ser tomado literalmente precisam estar baseados no pró­
prio texto bíblico — como quando Jesus utilizou pará­
bolas obviamente figurativas com a finalidade de com u­
nicar verdades espirituais.
Jesus jamais buscou um significado esotérico quando
interpretou as Escrituras do Antigo Testamento. Pelo con­
trário, Ele consistentemente interpretou de m odo literal
as passagens que retratam a criação de Adão e Eva (Mt
19.4; 13.35; 25.34; Mc 10.6), a arca de N oé e o dilúvio
(Mt 24.38,39;Lc 17.26,27),Jonas e a baleia (Mt 12.3941), Sodoma e Gomorra (Mt 10.15), e a história de Ló e
sua esposa (Lc 17.28-33). Jesus sempre interpretava o
Antigo Testamento de acordo com o significado grama­
tical e histórico.
Se Jesus teve como objetivo ensinar os seus discípulos
a utilizar um método esotérico de interpretação das Es­
crituras, Ele fracassou como professor, pois as suas pala­
vras conduziram os seus seguidores na direção exata­
mente oposta. N a verdade, os seus seguidores interpreta­
vam as suas palavras literalmente — acreditando na rea­
lidade do pecado, da morte, e da necessidade de salvação,
de m odo diferente da seita Ciência Cristã, que ensina
que o pecado e a morte são ilusões. Ao contrário do
significado espiritual atribuído aos textos bíblicos pela
seita Ciência Cristã, Jesus ensinou abertamente e com
clareza. Em seguida à sua prisão, Ele foi questionado pelo
sumo sacerdote a respeito de seus discípulos e de seu
ensino. Jesus respondeu: “Eu falei abertamente ao m un­
do; eu sempre ensinei na sinagoga e no templo, onde
todos os judeus se ajuntam, e nada disse em oculto” (Jo
353
R E S P O S T A À S S EI TA S
18.20). Não havia quaisquer significados ocultos sob as
suas palavras.
Seguindo o exemplo de Jesus e dos seus apóstolos, o
intérprete objetivo das Escrituras deve buscar o significa­
do pretendido pelo autor do texto bíblico. O significado é
determinado pelo autor; e é descoberto pelos leitores. O
nosso objetivo deve ser a exegese, e não a eisegese .
R O M A N O S 8 .1 6 — Este verso significa que antes
de nascermos fisicam ente na terra, j á havíamos nas­
cido como espíritos infantis gerados p o r nosso p a i e
nossa mãe celestiais?
A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O :E m Romanos 8.16, o após­
tolo Paulo diz:“ 0 mesmo Espírito testifica com o nosso
espírito que somos filhos de Deus” . Os mórmons acre­
ditam que somos “filhos de Deus” e entendem que já
havíamos nascido como “espíritos infantis” antes de nossa
existência terrena (McConkie, 1966, 589).
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : O con­
texto de Romanos 8 nos diz em que sentido os crentes
se tornam “filhos de Deus”. O verso 15 afirma que nos
tornam os filhos de Deus por adoção: “Porque não
recebestes o espírito de escravidão, para, outra vez, estardes
em temor, mas recebestes o espírito de adoção de filhos,
pelo qual clamamos: Aba, Pai”. Essa situação de adoção
se inicia no m om ento em que cremos em Jesus para a
salvação (Jo 1.12; veja também G1 4.5,6; E f 1.5).
R O M A N O S 8 .1 7 — Este verso indica que podemos
nos tornar exaltados como deuses?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Rom anos 8.17 diz: “E, se
nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdei­
354
ROMANOS
ros de Deus e co-herdeiros de Cristo; se é certo que
com ele padecemos, para que também com ele sejamos
glorificados” . Os m órm ons acreditam que esse verso
ensina que nós podemos finalmente nos tornar exalta­
dos como deuses (McConkie, 1966,237).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : C o n ­
forme observado na discussão sobre R om anos 8.16, os
crentes podem tornar-se filhos de Deus, não por nature­
za, mas por adoção no seio da família de Deus. Ser “coherdeiro” de Cristo envolve não receber a exaltação como
Deus, mas uma herança de todas as bênçãos espirituais
nesta vida (Ef 1.3) e todas as riquezas do glorioso reino
de Deus no porvir (1 Co 3.21-23).
Deus, ao longo das Escrituras, assume um forte posi­
cionamento contra humanos que são pretendentes ao
trono divino (At 12.22,23; confira Êx 9.14; At 14.1115). O único Deus verdadeiro declarou enfaticamente:
“Antes de m im deus nenhum se formou, e depois de
mim nenhum haverá” (Is 43.10). Esse verso elimina com­
pletamente a possibilidade de um ser humano tornar-se
um deus.
R O M A N O S 8.21 — E ste verso dá base às visões de
“sexo livre” da seita O s M eninos de E>eus?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Em Romanos 8.21 encon­
tramos uma referência à “liberdade da glória dos filhos
de Deus” . A “liberdade” a que se refere esse verso inclui
a liberdade de se praticar sexo livremente, fora do rela­
cionamento matrimonial, como alegam os adeptos da
seita Os Meninos de Deus?
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : U m a
análise do contexto de R om anos 8 ajuda-nos a com ­
355
RE S PO S TA ÀS SEITAS
preender o que realmente está acontecendo no verso
21. Paulo afirmou que “as aflições deste tem po pre­
sente não são para comparar com a glória que em nós
há de ser revelada” (v. 18). A glória perm anecerá para
sempre (2 Co 4.17); o sofrim ento terá um fim. Paulo
disse isso com a finalidade de fortalecer os seus leito­
res para que pudessem suportar os seus sofrimentos
presentes. A antecipação de uma glória por vir nos
ajuda a ter uma perspectiva eterna durante tempos
difíceis. Paulo, então, discutiu o relacionam ento entre
crentes e a criação —- tanto em seu estado presente de
trabalho penoso como em sua futura glória (R m 8.1921). Ele disse que toda a criação aguarda em ardente
expectação a manifestação dos filhos de Deus. A frase
“em ardente expectação” (v. 19) é utilizada sete vezes
no N ovo Testamento. Cada uma delas refere-se à se­
gunda vinda de Cristo (R m 8.19,23,25; 1 Co 1.7; Gl
5.5; Fp 3.20; H b 9.28). A “manifestação” (ou revela­
ção) dos filhos de Deus acontecerá por ocasião da se­
gunda vinda de Cristo.
Devido ao presente estado de espera, Paulo disse que
a criação ficou sujeita à vaidade (ou à frustração) (Rm
8.20). O term o “vaidade” (ou frustração) carrega consi­
go a idéia de “futilidade”, “fragilidade” e “falta de pro­
pósitos” . Com o parte de seu julgamento contra os peca­
dos da humanidade, Deus sujeitou a criação à vaidade
ou à frustração (v. 20). A espécie humana havia sido de­
signada a uma posição de autoridade sobre a criação como
representante de Deus (Gn 1.26-30; 2.8,15). Por essa ra­
zão, o julgamento de Deus devido à rebelião incluiu um
julgamento contra o domínio humano.
Tudo isso foi feito “na esperança” de que um dia a
criação seja libertada (v. 21). Há um tempo vindouro em
que a criação será livre do pecado, de Satanás e do declínio
físico. O nosso destino como crentes é habitar em “um
356
ROMANOS
n o v o céu e uma nova terra” (2 Pe 3.7-13;Ap 21.1). Essa
<■ .1 gloriosa independência e liberdade pela qual ansia­
mos. E óbvio que esse verso não tem nada a ver com
independência e liberdade sexual.
A Bíblia, como um todo, condena tais com portam enlos promíscuos (Êx 20.14; 1 Co 5.1; 6.18; 7.2). Veja a
nossa discussão sobre João 15.12 para argumentação bí­
blica a respeito da instrução de Deus de que a prática
sexual deve ter lugar somente dentro dos limites do ca­
samento.
K( )M A N O S 1 0 .1 3 — E ste verso indica que deve­
mos clamar pelo nome de “J e o vá ” para que sejamos
salvos?
A MÁ IN T E R PR E T A Ç Ã O : A tradução Novo M undo
da Bíblia Sagrada (das Testemunhas de Jeová) diz em
Komanos 10.13: “Todo aquele que invocar o nom e de
|cová será salvo”. As Testemunhas de Jeová citam esse
verso em favor da necessidade de se utilizar o nom e pró­
prio de Deus, Jeová, para que se alcance a salvação
(lieasoningfrom the Scriptures, 1989, pág. 149).
( O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : A tra­
dução Novo M undo traduz esse verso de maneira erra­
da. A tradução correta é:“Porque todo aquele que invo­
car o nom e do Senhor [do grego kuriou ] será salvo” . N o
contexto, o termo “Senhor” refere-se ajesus Cristo, como
lica claro no verso 9: “Se, com a tua boca, confessares ao
Senhor Jesus e, em teu coração, creres que Deus o res­
suscitou dos mortos, serás salvo” . Então, utilizando o seu
próprio argumento, se Senhor significa “Jeová” — e Se­
nhor refere-se ajesus nesse texto — então Jesus é o pró­
prio Jeová, doutrina que as Testemunhas de Jeová enfati­
camente rejeitam.
357
RE S P O S T A ÀS SEITAS
Semelhantemente, se “Senhor” (kurios) significa Jeová,
então as Testemunhas de Jeová deveriam aceitar a Jesus
como Jeová, uma vez que Filipenses 2.10,11 declara que:
“Para que ao nom e de Jesus se dobre todo joelho dos
que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda
língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor [kurios]”.
Por essa razão, se kurios significa Jeová, então Jesus é Jeová.
358
C A P ÍT U L O
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28
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1 CORÍNTIOS
I C O R Í N T I O S 1.3 — Este verso prova que Jesus ê
Deus, o Pai, como acreditam os adeptos da Unidade
Pentecostal?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Em 1 Coríntios 1.3 lemos
a seguinte saudação:“Graça e paz, da parte de Deus, nos­
so Pai, e do Senhor Jesus Cristo” . Os adeptos da U nida­
de Pentecostal argumentam que o termo grego “e” (do
grego kai) na frase “Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus
Cristo” deveria ser traduzido como “o mesmo” . Deveria
então se ler: “Deus, nosso Pai, o mesmo Senhor Jesus
Cristo” .Traduzido desse modo,Jesus e o Pai seriam vis­
tos como uma única e mesma pessoa (Graves, 1977,50,51;
ef. Bernard, 1983, 207-11).
R E S P O S T A À S S EI T A S
C O R R IG IN D O A M Á IN TERPRETAÇ ÃO : Veja os
nossos comentários a respeito de Romanos 1.7. Observe
que o verso imediatamente posterior a 1 Coríntios 1.3
aponta para a distinção entre o Pai e Jesus Cristo (v. 4).
1 C O R Í N T I O S 1 .1 7 — O batismo nas águas é
uma condição para a salvação?
A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Paulo declara que C ris­
to não o enviou a batizar. C ontudo Cristo comissionou
os seus discípulos do seguinte modo: “Portanto, ide,
ensinai todas as nações, batizando-as em nom e do Pai,
e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28.19). O batis­
m o é uma condição necessária para a salvação? Al­
guns grupos, com o os m órm ons, acreditam que sim
(Pratt, 1854, 255).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Pau­
lo não se opunha ao batismo, mas ele não acreditava
que isto fosse um a condição para que um a pessoa
tivesse a salvação (veja os nossos com entários a res­
peito da passagem em At 2.38). O p ró p rio Paulo foi
batizado nas águas (At 9.18; 22.16) e ensinou em
suas epístolas o significado e a im portância do batis­
m o (confira R m 6.3,4; Cl 2.12). N a verdade, nessa
mesma passagem (1 C o 1), Paulo adm ite ter batizado
várias pessoas (v. 14,16), com o o carcereiro de Filipos
recém -convertido (At 16.31-33). Paulo acreditava que
o batismo em águas fosse um símbolo de salvação, mas
não julgava que esse fosse parte do Evangelho com o
essencial para a salvação.
í C O R Í N T I O S 3 .1 5 — A menção de ser salvo pelo
fogo refere-se ao purgatório, como afirmam os estu­
diosos católicos romanos?
360
1 C O R ÍN T IO S
A MÁ IN T E R P R E T A Ç Ã O : Em 1 Coríntios 3.15 Pau­
lo declara: “Se a obra de alguém se queimar, sofrerá de­
trimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo” .
Os estudiosos católicos romanos argumentam que “os
padres latinos tomam essa passagem com o significado
de uma punição de purificação transitória no outro m un­
do” (Ott, 1960, 483).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Aqui,
Paulo, falando dos crentes a quem um dia será dada uma
“recompensa” por seu serviço a Cristo (v. 14), diz:“Se a
obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal
será salvo, todavia como pelo fogo” . O verso não diz
nada a respeito de um crente sofrendo as conseqüências
temporais de seus pecados no purgatório.
Em primeiro lugar, o crente não é queimado no fogo,
apenas as suas obras o são. O crente vê as suas obras
serem queimadas, porém ele mesmo escapa do fogo. As­
sim sendo, a passagem não está de m odo algum falando
daquilo que tem sido tradicionalmente chamado de pur­
gatório. Além do mais, a carta aos Coríntios é dirigida
àqueles que foram “santificados em Cristo Jesus” (1 Co
1.2). U m a vez que eles já estão na condição de santifica­
dos em Cristo, não necessitam mais de qualquer purifi­
cação posterior que lhes dê o direito de permanecerem
diante de Deus. Eles já estão “em Cristo” . Após listar
uma série de pecados, incluindo a fornicação, a idolatria
e a cobiça, Paulo acrescenta: “E o que alguns têm sido,
mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas
haveis sido justificados em nom e do Senhor Jesus” (1 Co
6.11).A partir desse fato e de outras passagens das Escri­
turas (2 Co 5.21), é evidente que os pecados deles já
foram tratados através do sofrimento de Cristo (confira
1 Pe 2.22-24; 3.18) e que eles estavam revestidos da jus­
tiça dEle, e em condição adequada diante de Deus. Eles
361
R E S PO S TA ÀS SEITAS
não necessitavam mais nenhum sofrimento por pecados
para que obtivessem tal posição e nem mesmo para leválos ao céu. E o fato de Deus desejar que eles melhoras­
sem a sua condição na terra não diminui sequer por um
m om ento a absoluta e perfeita permanência deles no
céu. N enhum a corrida repentina em busca de uma san­
tificação prática (no purgatório) é necessária para que se
vá ao céu.
O
contexto revela que essa passagem não está falando
a respeito da conseqüência do pecado, mas da recom­
pensa pelo serviço daqueles que já foram salvos. Paulo
afirma claramente: “Se a obra que alguém edificou [so­
bre o alicerce que é Cristo] nessa parte permanecer, esse
receberá galardão.” (1 Co 3.14). O termo grego (misthos)
aqui utilizado refere-se a um “pagamento por um traba­
lho realizado”, ou uma “recompensa”, ou uma “recom­
pensa dada (principalmente por Deus) pela qualidade
moral de uma ação” (confira 1 Co 9.17) (Arndt, Greekenglish lexicon, Mithos). Então, o tema aqui não é o peca­
do e a sua punição, mas o serviço e a sua recompensa.
Semelhantemente, como os próprios teólogos católicos
reconhecem, está claro que a perda não é da salvação,
uma vez que “o tal será salvo” (v. 15). Desse modo, a
perda aqui referida deve obrigatoriamente ser a perda
de recompensas por não se servir a Cristo fielmente.
Não existe absolutamente nada aqui sobre sofrer por
causa de nossos pecados após a morte. Cristo padeceu
por todos os nossos pecados através de sua m orte (1 Co
15.3; H b 2.9).
Além do mais, o “fogo” mencionado nessa passagem
não purga as nossas almas de pecados cometidos; antes,
ele “revelará” e “testará” as nossas “obras” . O verso 13 diz
claramente que “a obra de cada um se manifestará; na
verdade, o Dia a declarará, porque pelo fogo será desco­
berta; e o fogo [ele mesmo] provará qual seja a obra de
362
1 CO R ÍN TIO S
i .ula um ” (ênfase adicionada). Não existe de fato nada
nessa passagem relacionado à purgação de nossos peca­
dos. De m odo contrário ã reivindicação católica, o an­
seio da limpeza aqui não é ontológico, mas sim funcion.iI. O foco está nas “coroas” que aqueles que crêem rei cberão por seu serviço prestado (2 T m 4.8), e não no
modo como o seu caráter será limpo do pecado.Trata-se
simplesmente de revelar e recompensar o nosso trabalho
para Cristo (2 Co 5.10). Isso não significa que essa expe­
riência não terá impacto no caráter da pessoa crente. E
.ipenas para fazer sobressair que o propósito não é limpar
,i alma dos pecados praticados para adequá-la ao céu.
Iissa foi a obra que Jesus fez por nós na cruz de modo
objetivo, e foi subjetivamente aplicado ao crente no inslante da justificação inicial, quando ele foi revestido da
justiça de Cristo que nos era estrangeira (Jo 19.30; Hb
1.3; 2 Co 5.21).
Finalmente, quando Cristo m orreu na cruz, clamou:
“ Está consumado” (Jo 19.30). Falando de sua obra de
salvação na terra, Jesus disse ao Pai: “Eu glorifiquei-te na
terra, tendo consumado a obra que me deste a fazer” (Jo
17.4). O escritor aos Hebreus declarou enfaticamente
que a salvação através dos sofrimentos de Cristo na cruz
foi um fato realizado de uma vez por todas. “C om uma
só oblação, aperfeiçoou para sempre os que são santifica­
dos” (Hb 10.14). Afirmar que devemos sofrer por nossos
próprios pecados, como faz a doutrina do purgatório, é
o maior insulto possível à completa suficiência do sacri­
fício expiatório de Cristo! Existe um purgatório, mas
não após a nossa morte; ele já aconteceu na m orte de
Cristo. Porque “havendo feito por si mesmo a purificação
dos nossos pecados, assentou-se à destra da Majestade,
nas alturas” (Hb 1.3; a ênfase foi adicionada pelos auto­
res). A purificação ou a purgação de nossos pecados foi
realizada (no passado) na cruz. Graças a Deus por ser esse
363
R E S P O S T A À S S EI T A S
o único purgatório que foi enfrentado por causa dos
nossos pecados. Sem dúvida, existe o inferno, que é o
destino para aqueles que rejeitarem essa maravilhosa pro­
visão da graça de Deus (2Ts 1.8,9; Ap 20.11-15). Exis­
tem relações temporais de causa e efeito nesta vida pelo
fato de que uma pessoa colherá aquilo que semear (G1
6.8,9). Mas não há evidências de que teremos que pagar
pelos resultados de nossos pecados na vida futura, seja
em caráter eterno ou temporário. Conform e colocado
por Paulo: “Portanto, agora, nenhuma condenação há
para os que estão em Cristo Jesus” (R m 8.1).
1 C O R Í N T I O S 5 .9 — Se Paulo escreveu uma epís­
tola inspirada, como D eu s poderia ter perm itido que
ela fo sse perdida?
A M Á INTERPRETAÇÃO : Paulo está se referindo nesse
verso a uma epístola prévia que ele havia escrito aos
Coríntios, agora inexistente. Mas, uma vez que essa foi
escrita por um apóstolo a uma igreja e continha instru­
ções espirituais e impositivas, deve ser considerada inspi­
rada. Esse fato levanta a questão de como é que uma
epístola inspirada por Deus poderia ser perdida sob a
aprovação do próprio Deus. Os mórmons acreditam que
por haver livros da Bíblia perdidos, fica provado que a
Bíblia se tornou corrompida e, por essa razão, o Livro de
M órm on é necessário.
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Há três
possibilidades no tocante à carta perdida de Paulo. A pri­
meira é que talvez não se pretendesse que todas as epís­
tolas apostólicas estivessem no cânone das Escrituras.
Lucas se refere a “muitos” outros Evangelhos (1.1). João
escreve que Jesus fez muitos outros sinais que não foram
registrados (20.30; 21.25). Talvez essa epístola aos
364
1 C O R ÍN T IO S
Coríntios chamada de “perdida” não tenha sido designa­
da por Deus para que fizesse parte do cânone e fosse
preservada para a obediência por fé e prática das futuras
gerações, como foram os vinte e sete livros do Novo
Testamento e os trinta e nove do Antigo Testamento.
Conform e alguns acreditam, a segunda possibilidade é
que a carta a que se refere o texto em 1 Coríntios 5.9
não deva estar completamente perdida, mas incorporada
a algum dos livros existentes na Bíblia. Por exemplo,
poderiam ser os capítulos 10 a 13 da carta que conhece­
mos como 2 Coríntios, que alguns acreditam terem sido
mais tarde juntados aos capítulos 1 a 9. Os capítulos 1 a
9 possuem decididamente um tom diferente do restante
de 2 Coríntios. Esse fato pode indicar que o trecho te­
nha sido escrito em uma ocasião distinta. O term o “ago­
ra” em 5.11 deve contrastar com um implícito “então” ,
quando foi escrito o primeiro livro. Em 2 Coríntios 10.10,
Paulo se refere a “cartas” (plural) que ele havia escrito.
A terceira possibilidade é que Paulo poderia estar se
referindo à própria primeira epístola aos Coríntios, no
texto em 1 Coríntios 5.9, isto é, à própria epístola que
ele estava escrevendo naquele momento. A evidência para
essa possibilidade é que ele utiliza o tempo verbal aoristo
grego.
Mesmo que o tempo verbal aoristo “Eu escrevi” refi­
ra-se a uma carta no passado, poderia também referir-se
ao livro que naquele m om ento estivesse em mãos. Isso é
chamado de “aoristo epistolar” , pois refere-se ao pró­
prio livro no qual está sendo utilizado. O tempo verbal
aoristo não é um pretérito perfeito como tal. Ele identi­
fica uma ação já concluída que pode até mesmo ter leva­
do um longo tempo para ser concluída (como em Jo
2.20). O tempo verbal aoristo freqüentemente implica
em uma ação decisiva, e em tal caso, Paulo estaria dizen­
do algo como: “Estou agora decisivamente lhes escre-
365
R E S P O S T A À S S EI T A S
vendo...” Isso certamente se encaixa no contexto da pas­
sagem, na qual ele adverte com urgência que a igreja
tome uma atitude imediata de excomungar um m em ­
bro obstinado, alguém de fato intratável. U m “aoristo
epistolar” é utilizado por Paulo em 9.15 nessa própria
carta:“ ...não escrevi isso para que assim se faça comigo” .
Não existe absolutamente nenhum registro de uma
terceira carta de Paulo aos Coríntios na história da Igre­
ja Primitiva. A referência em 2 Coríntios 10.10 — “As
suas cartas, dizem, são graves e fortes” — pode significar
não mais do que “aquilo que ele diz são coisas pesadas” .
O termo “agora” em 1 Coríntios 5.11 não precisa ne­
cessariamente indicar uma carta anterior. Esse termo pode
ser traduzido como “antes” (como por exemplo na ver­
são RSV) ou ainda como “de fato” (como por exemplo
na versão NASB).
1 C O R Í N T I O S 6.9b — A condenação de Paulo a
respeito do homossexualismo partia meramente de
sua própria mente? E le era contra todos os atos ho­
mossexuais ou apenas contra aqueles mais ofensi­
vos?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Paulo disse aos coríntios
que os homossexuais não herdarão o reino de Deus. Mas
apenas um capítulo adiante ele faz uma distinção entre o
que não é propriamente dele — mas mandamento do
Senhor (7.10) — e aquilo que é sua própria opinião
(7.25). Ele não informa a fonte de seus comentários a
respeito do homossexualismo, então deve-se tratar de sua
própria opinião impensada a respeito do tema. Além disso,
a Nova Versão Internacional traduz 1 Coríntios 6.9 fa­
lando apenas contra “transgressores homossexuais”, e não
contra a homossexualidade. Várias seitas da Nova Era e
outros grupos têm utilizado o argumento de que Paulo
366
1 CO R ÍN TIO S
não era contra relacionamentos homossexuais fiéis e m o­
tivados pelo amor.
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : As pa
lavras de Paulo sobre a homossexualidade nesse texto
devem ser esclarecidas pelo que ele mesmo diz em ou­
tras passagens. A sua clara condenação a respeito da ho­
mossexualidade está em Rom anos 1.26,27. A autorida­
de divina daquele texto não é desafiada p o r nenhuma
pessoa que aceite as Escrituras como inspiradas em todas
as suas passagens.
Não podemos fazer muita distinção entre as declara­
ções que vieram do ofício apostólico divinamente esta­
belecido na vida de Paulo e as revelações diretas que ele
recebeu e compartilhou. Paulo afirmou em Gálatas 1.12
que nenhum a de suas palavras foi humanamente conce­
bida, mas todas recebidas por revelações.
Ele havia demonstrado o seu apostolado entre os
coríntios (2 Co 12.12) e exercido a autoridade apostólica
em seu ministério. Paulo encontrou fortes desafios à sua
autoridade conforme descrito em 1 Coríntios. Ele afirma
que as suas palavras foram“as que o Espírito Santo ensina”
(2.13). Ao final de seu livro, ele afirma que “as coisas que
vos escrevo são mandamentos do Senhor” (14.37). Mes­
mo no controverso capítulo 7, ele declara a sua autorida­
de como proveniente do Espírito Santo (v. 40).
Então quando Paulo fala de palavras que provêm dele
e não do Senhor, ele se refere a Jesus Cristo em seu
ministério terreno. Em alguns pontos, ele é capaz de
ancorar os seus argumentos nas palavras que foram ditas
pelo Senhor enquanto estava na terra. Nas demais passa­
gens, ele se estende a divinas revelações enviadas da parte
de Deus, a ele concedidas através do Espírito Santo Jesus
não falou diretamente desses assuntos enquanto esteve
na terra, mas quando prometeu o Espírito Santo, disse:
367
R E S P O S T A À S S EI T A S
“Ele vos guiará em toda a verdade,” (Jo 16.13). Paulo
cumpre aqui essa promessa.
Novamente a partir de R om anos 1, fica óbvio que
ele condena todo o com portam ento homossexual, e
não apenas um classe “ofensiva” de comportamentos.
N o grego, o term o “homossexual” qualifica transgres­
sores. Há outros tipos de transgressores que não estão
em questão aqui. Paulo estabelece uma categoria de
transgressores — os hom ossexuais. Esses não são
“transgressores homossexuais” , mas sim “homossexuais
transgressores” . Se apenas atos ofensivos fossem malig­
nos, o que seria dos adúlteros e dos idólatras que são
condenados na mesma passagem? Apenas os atos ofen­
sivos de adultério e idolatria são malignos? Existe sim­
plesmente uma quantidade considerável de passagens e
modos pelos quais as Escrituras condenam o homossexualismo.Veja nossos comentários a respeito das passa­
gens em Levítico 18.22 e R om anos 1.26,27 (veja tam ­
bém na Bíblia as passagens em 1 T m 1.10; Jd 7).
1 C O R Í N T I O S 6 .1 3 — Se D eu s destruirá os cor­
pos, como é que eles poderão ser ressuscitados?
A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Paulo disse: “Os manjares
são para o ventre, e o ventre, para os manjares; Deus,
porém, aniquilará tanto um como os outros” (1 Co 6.13).
Baseado nesse fato, algumas seitas — incluindo a Nova
Era e as Testemunhas de Jeová — argumentam que o
corpo da ressurreição não terá a mesma anatomia ou
fisiologia do corpo anterior (Things in which it is possible
for God to lie, 1965,pág.354).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : O cor­
po que vai para a sepultura é o mesmo corpo que sai
dela, agora imortalizado. Isso é comprovado pelo fato de
368
1 C O R ÍN T IO S
a sepultura de Jesus ter ficado vazia. Ele tinha em seu
corpo as cicatrizes dos ferimentos sofridos durante a cru­
cificação (Jo 20.27). O seu corpo era formado por “car­
ne e ossos” (Lc 24.39). As pessoas podiam tocar em Jesus,
e o fizeram (Mt 28.9); Ele era capaz de comer alimentos
físicos, e assim o fez (Lc 24.40-43).
Considerando a passagem em 1 Coríntios 6.13, um
cuidadoso estudo do contexto revela que quando Paulo
diz que Deus destruirá tanto os alimentos como os estô­
magos, ele está se referindo ao processo da morte, e não
à natureza do corpo após a morte. Além disso, enquanto
o corpo da ressurreição não tem a necessidade de ser
alimentado, tem, contudo, a capacidade de comer. O ato
de comer, no céu, será uma alegria sem ser de fato uma
necessidade. Então, o corpo que a m orte “destrói” (apo­
drece) é o mesmo que a ressurreição restaura. Argumen­
tar que não haverá um corpo da ressurreição porque o
estômago estará “destruído” é o mesmo que reivindicar
que o restante do corpo — cabeça, braços, pernas e tronco
— não será ressuscitado, pois o apodrecimento o trans­
formará em pó.
I C O R Í N T I O S 8 .4 — Se os ídolos não são nada,
por que D eu s condena a idolatria?
A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Muitas seitas e grupos
aberrantes procuram justificar a utilização de imagens.
Na verdade, a Igreja Católica Rom ana tem feito isso
desde os tempos medievais. Alguns apelam para a afir­
mação de Paulo, encontrada em 1 Coríntios 10.19,20,
de que um ídolo não é nada. Contudo, a Bíblia repetida­
mente condena a idolatria (Ex 20.4), e o mesmo Paulo
disse que há demônios por trás dos ídolos (1 Co 10.20).
Será que ele está aqui alegando que os demônios não são
nada?
369
R E S P O S T A À S S EI T A S
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Paul<>
não nega a existência dos ídolos, mas simplesmente a süa
habilidade de afetar crentes maduros que comerem ali"
mentos preparados (ou carnes abatidas) no contexto d^
adoração a ídolos, como acontecia com a maior parte
das carnes (confira 8.1). O que Paulo nega não é a reali^
dade dos ídolos, mas a divindade desses. O diabo engana
os idólatras, mas ele não pode contaminar o alimento
que Deus criou e declarou como bom (Gn 1.31; 1 Tm
4.4), mesmo que alguém o tenha oferecido a qualquer
ídolo.
Nas demais passagens e contextos, a Bíblia condena a
utilização de imagens para a prática da adoração, dizen­
do: “Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma
semelhança [qualquer que seja] do que há em cima nos
céus, nem [do que há] em baixo na terra, nem [do que
há] nas águas debaixo da terra” (Ex 20.4).
1 C O R Í N T I O S 8 .5 — Este verso sustenta a idéia
de que existem muitos deuses no universo?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : 1 Coríntios 8.5 diz: “Por­
que, ainda que haja também alguns que se chamem deu­
ses, quer no céu quer na terra (como há muitos deuses e
muitos senhores)” . Os mórmons acreditam que esse verso
apóia a sua visão de que existem muitos deuses no uuL
verso (McConkie, 1977, 579). Alegam que não se trata
de politeísmo, uma vez que os mórmons não adorar^
divindades pagãs.
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : O con.
texto de 1 Coríntios 8.5 é monoteísta. O verso anterk
or (v. 4) diz: “Sabemos que o ídolo nada é no m undo e
que não há outro Deus, senão um só” . O verso poste^
rior (v. 6) diz: “Todavia, para nós há um só Deus, o Pai5
370
1 C O R ÍN T IO S
ilc- quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só Se­
nhor,Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por
ele”. E óbvio, então, que Paulo no verso 5 está se referin­
do a falsas entidades pagãs que são chamadas de deuses
(como o caso dos Bahais no Antigo Testamento). Esses
são “deuses” apenas nominalmente, e não por natureza.
/
/ ( C O R Í N T I O S 8 .6 — E ste verso prova que Jesus
não é D eu s Todo-Poderoso como o Pai?
A MÁ IN T E R PR E T A Ç Ã O : 1 Coríntios 8.6 diz: “Para
nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem
nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são
todas as coisas, e nós por ele” . Algumas seitas reivindi­
cam que, uma vez que esse verso claramente apresenta
Deus, o Pai,“como estando em uma categoria diferente
de Jesus C risto” (Reasoning from the Scriptures, 1989,
pág.411), segue-se que Jesus não é Deus no mesmo sen­
tido que o Pai o é.
( CORRIGINDO A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Se a re­
ferência ao Pai como sendo “um só Deus” provasse que
Jesus não é Deus, então a referência a Jesus como “um só
Senhor” , do mesmo modo, provaria que o Pai não é
Senhor. Torna-se óbvio que esse raciocínio é desprovi­
do de lógica. As Escrituras chamam o Pai de Deus (1 Pe
1.2) e Senhor (Mt 11.25), e chamam Jesus de Deus (Jo
20.28; H b 1.8) e Senhor (R m 10.9). Fica claro que a
designação do Pai como Deus neste verso não tem a
intenção de excluir Jesus e o Espírito Santo (Mt 28.19; 2
Co 13.13). D o mesmo modo, a identificação de Jesus
como “Deus e nosso Senhor” em T ito 2.13 não exclui o
Pai e o Espírito Santo. Q uando o Espírito Santo é cha­
mado de Deus em Atos 5.4, não se está excluindo o Pai
e Jesus.
371
R E S P O S T A À S S EI T A S
1 C O R Í N T I O S 1 0 .1 4 — E ste verso indica que oS
cristãos não deveriam usar um crucifixo?
A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : As Testemunhas de Jeová
argumentam que o mandamento contra a idolatria nesse
verso é, por extensão, um mandamento contrário ao uso
de um crucifixo. O uso de um crucifixo — dizem eles
— é uma forma de idolatria (Reasoningfrom the Scriptures,
1989, pág.89).
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : O man­
damento de evitar a idolatria era relevante para os cren­
tes coríntios, pois Corinto era uma cidade idólatra. A
imoralidade sexual, a embriaguez, e as orgias eram pro­
blemas relacionados à idolatria. Paulo instruiu os crentes
coríntios a “fugir” (escapar) dela.
Em nossa opinião, usar uma cruz não constitui um
ato de idolatria, porque a cruz neste caso não é adorada
ou venerada. Muitos cristãos usam uma cruz porque ado­
ram e veneram a Cristo. Nesses casos, considera-se uma
expressão exterior de uma atitude interior de adoração a
Cristo. Se um cristão se prostrasse diante de uma cruz
em um ato de adoração ou veneração, ela se tornaria um
objeto proibido para adoração (confira Ex 20.4).
1 C O R Í N T I O S 11.11 — A declaração de Paulo
“Sede meus imitadores” justifica o autoritarismo,
como reivindicam alguns grupos sectários?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Paulo, em certas ocasiões,
conclama os seus seguidores a imitá-lo (veja também 1
Co 4.16). Algumas seitas, como a Igreja de Cristo em
B o sto n , usam estes tex to s para ju stific a r o seu
autoritarismo. Essa é uma inferência legítima a partir
desses versos?
372
1 C O R ÍN T IO S
C O R R IG IN D O A MÁ IN TER PR ET A Ç Ã O : O Novo
Testamento freqüentemente exorta os crentes a subme­
terem-se aos seus líderes (1 Co 16.16; H b 13.17; 1 Pe
5.5). Ele também exorta que cada esposa se sujeite ao
seu próprio marido, assim como os filhos aos pais (Cl
3.18-20), e os cidadãos aos seus governos (Tt 3.1). Mas
esse fato não deve ser torcido, em se tratando de
autoritarismo eclesiástico.
A submissão é limitada. Os filhos devem obedecer
aos pais apenas “no Senhor” (Ef 6.1), e não obedecer
literalmente a qualquer ordem dos mais velhos. O mes­
mo é válido para cidadãos em relação à submissão aos
seus respectivos governos. H á muitos exemplos de deso­
bediência justificável ao governo, tais como quando fa­
raó mandou que as parteiras matassem todos os recémnascidos do sexo masculino por ocasião dos partos (Ex
1.15-21), ou ainda quando os três jovens hebreus recebe­
ram ordens para prostrarem-se diante de um ídolo (Dn 3).
Devemos nos submeter às devidas autoridades somente
quando as ordens estiverem também sob Deus, e não
quando essas ordens tiverem o intuito de tomar o lugar
dEle.
Existe uma diferença importante entre a submissão
legítima e o autoritarismo ilegítimo. A submissão pró­
pria a um líder de uma igreja é voluntária, e não com­
pulsória. Ela envolve uma livre escolha de juntar-se a
uma organização, ou deixá-la, sem que existam atos de
intimidação ou represália. A submissão nesse caso tem
origem no amor e no respeito (confira H b 13.7), não no
medo. Enquanto a Bíblia fala de submissão voluntária
do membro para com o líder, em nenhuma de suas pas­
sagens aprecia a obediência obrigatória exigida pelo lí­
der para com o membro do grupo. Isto é, a Bíblia jamais
diz que os líderes devem mandar (ou demandar) que
haja obediência; mas diz apenas que os seguidores de­
373
R E S P O S T A À S S EI TA S
vem dá-la por espontânea vontade. A Bíblia lembra aos
próprios líderes da igreja que apascentem o rebanho não
“como tendo domínio sobre a herança de Deus”; antes,
devem ser os “exemplos” para o rebanho (1 Pe 5.2,3).
Devem liderar por seu exemplo de vida e não pelas or­
dens pronunciadas por seus lábios; por seu caráter, não
por suas ordens.
1 C O R Í N T I O S 1 1 .2 — Esta referência à tradição
apóia a visão católica de que só a Bíblia não é
suficiente para f é e prática?
Veja neste livro os nossos com entários a respeito de
2 Tessalonicenses 2.15.
1 C O R Í N T I O S 11 .3 — O fato de que D eu s é
chamado nesse verso de “a cabeça,>de Cristo é uma
indicação de que Jesus não seja Deus?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : As Testemunhas de Jeová
alegam que, devido ao fato de dizer-se que o Pai é a
cabeça de Cristo, então Cristo não pode ser Deus no
mesmo sentido que o Pai. Se Cristo fosse Deus, então
Ele seria a cabeça (Should you believe in theTrinity? 1989,
pág-20).
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Paulo
disse no mesmo verso que o hom em é a cabeça da m u­
lher, mesmo sendo o hom em e a mulher iguais em ter­
mos de natureza humana (Gn 1.26-28; confira G1 3.28).
E óbvio que a igualdade de natureza e a hierarquia fun­
cional não são mutuamente exclusivas. Cristo e o Pai são
absolutamente iguais em sua natureza divina (Jo 10.30),
mas Jesus está funcionalmente subordinado ao Pai no
tocante à obra da salvação.
374
1 C O R ÍN TIO S
/ C O R Í N T I O S 1 2 .2 8 — E ste verso indica que a
verdadeira igreja da atualidade deve obrigatoriamen­
te ter um apóstolo e /o u um profeta vivo?
A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : 1 Coríntios 12.28 diz:“E a
uns pôs Deus na igreja, primeiramente, apóstolos, em
segundo lugar, profetas, em terceiro, doutores, depois
milagres, depois dons de curar, socorros, governos, vari­
edades de línguas” . Os m órmons acreditam que a verda­
deira igreja deve obrigatoriamente ter apóstolos e pro­
fetas vivos (M cC onkie, 1977, 606). U m a vez que os
mórmons têm “profetas” e “apóstolos”, reivindicam ser
a única igreja verdadeira.
C O R R IG IN D O A M Á IN TERPR ETA Ç Ã O : De acor­
do com Efésios 2.20, os membros que formam a igreja
estão “edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos
profetas” . U m a vez que o alicerce está pronto, ele não é
jamais construído novamente. Constrói-se sobre ele. As
Escrituras descrevem o trabalho dos apóstolos e dos pro­
fetas, quanto à sua natureza, como um trabalho de base.
Os apóstolos do primeiro século compreenderam que
Deus estava provendo uma revelação singular por seu
intermédio (1 Co 2.13). O Senhor os “tom ou pela m ão”
(Mt 10.1,2; At 1.26); eles possuíam autoridade divina
(At 20.35; 1 Co 7.10). Os apóstolos bíblicos teriam que
ser testemunhas oculares do Cristo ressurreto (1 Co 9.1;
confira 1 Co 15.7,8).
O
livro de Atos dos Apóstolos claramente atesta a
unicidade e a autoridade dos apóstolos. Em Atos 2.42, a
Igreja Primitiva “perseverava na doutrina dos apóstolos,
e na com unhão” . Os pronunciamentos dos apóstolos
eram tidos como a palavra final (confira 15.2). Pela voz
deles a igreja nasceu (At 2); milagres foram feitos (At 3);
regras sofreram restrições (At 4); desobedientes foram
375
R E S P O S T A À S S EI TA S
julgados (At 5); o Espírito Santo foi dado aos samaritanos
(At 8) e aos gentios (At 10).
Os apóstolos bíblicos eram autenticados por incríveis
milagres (2 Co 12.12) — milagres como ressuscitar pes­
soas dentre os mortos (At 9.36-42). Qualquer pessoa que
reivindique ser um apóstolo deve obrigatoriamente ser
autenticado pelos sinais de um apóstolo. Os “apóstolos”
e os “profetas” m órm ons não possuem tal atestado
miraculoso.
Além do mais, a revelação oferecida pelos profetas e
apóstolos mórmons contradiz claramente a decisiva re­
velação (“uma vez por todas”) transmitida pelos apósto­
los do primeiro século (Jd 3). Os apóstolos mórmons
ensinam que Jesus é um ser criado, e que é o espírito
irmão de Lúcifer. Os apóstolos bíblicos ensinaram que
Jesus é Deus e o Criador (Cl 2.9; 1.16; confira Is 44.24).
Os apóstolos mórmons ensinam que Deus é um ho­
m em exaltado, de carne e ossos. Os apóstolos bíblicos
ensinaram que Deus é espírito (2 Co 3.17,18). Os após­
tolos mórmons ensinam que há muitos deuses no uni­
verso. Os apóstolos bíblicos ensinaram que existe apenas
um Deus (1 Tm 2.5). Os apóstolos mórmons ensinam
que os seres humanos podem tornar-se deuses. Os após­
tolos bíblicos ensinaram que os seres humanos jamais se
tornam Deus (veja At 14.14,15).
1 C O R Í N T I O S 1 4 .3 3 — O fato de D eu s não ser
um D eu s de desordem ou confusão prova que a
doutrina da Trindade não é verdadeira?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : As Testemunhas de Jeová
pensam que a doutrina da Trindade pode possivelmente
não ser verdadeira porque Deus não é um Deus de con­
fusão, e a doutrina da Trindade é, sem dúvida, confusa
(ShouldYou Believe in theTrinity, 1989,pág.4).
376
1 C O R ÍN T IO S
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : U m a in­
terpretação desse tipo tira o verso de seu contexto. Ele
não se refere à confusão doutrinária, mas a práticas
desordenadas na igreja. Esse verso é uma seção estendida
das Escrituras, na qual Paulo trata do exercício apropria­
do dos dons espirituais. Em 1 Coríntios 14.33, o tema
central de Paulo é que Deus não é um Deus de confu­
são, e por isso os coríntios deveriam fazer todos os esfor­
ços possíveis para acabar com as confusões que aconte­
ciam durante os cultos em suas igrejas, que eram o resul­
tado de muitas pessoas falando em línguas e entregando
profecias ao mesmo tempo (w. 27-30). Deus não move
o seu povo para que eles se conduzam de uma maneira
desordenada e tumultuada. Antes, Ele é u m Deus de paz
(harmonia e ordem), e daí segue-se que o seu povo deva
ser harmonioso e organizado em seus cultos.
Além disso, a doutrina da Trindade não é confusa; ela
é um mistério. Existe um só Deus, manifesto em três
pessoas. Isso é tão claro quanto afirmar que existe um
triângulo com três lados (uma analogia que não pode ser
levada muito longe, quando se trata de descrever a Trin­
dade); ou que o amor é um e, contudo, para que exista o
amor, é necessário que haja uma pessoa que ame outra
pessoa, e um espírito de amor entre elas.E possível apre­
ender a verdade a respeito da doutrina da Trindade mes­
mo não podendo compreendê-la completamente. ATrindade não é contrária à razão; ela simplesmente vai além
da nossa própria razão.
O
simples fato de uma doutrina ser de difícil com ­
preensão não a torna falsa doutrina. Até mesmo um con­
ceito monoteísta estrito de Deus, tal como o das Teste­
munhas de Jeová, não pode ser completamente compre­
endido. Para que pudéssemos compreender a natureza
de Deus completamente, precisaríamos ter a mente de
Deus. Mas as Escrituras indicam que não somos capazes
377
R E S P O S T A À S S EI TA S
de compreender tudo a respeito dEle. Rom anos 11.33
afirma: “Quão insondáveis são os seus juízos, e quão
inescrutáveis os seus caminhos!” Em Isaías 55.8,9, Deus
diz: “Assim como os céus são mais altos do que a terra,
assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos
caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os
vossos pensamentos” . Assim como uma criança pode não
ser capaz de entender tudo aquilo que o seu pai faz ou
diz, nós, como filhos finitos de Deus, não somos capazes
de compreender todas as coisas a respeito de nosso infi­
nito Pai celestial.
1 C O R Í N T I O S 1 5 .5 -8 — Jesus apareceu somente
àqueles que nEle creram?
A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : Algumas seitas e alguns crí­
ticos têm lançado dúvidas a respeito da validade da res­
surreição de Cristo, insistindo que Ele apareceu apenas
àqueles que nEle creram, mas nunca a incrédulos.
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : É in­
correto alegar que Jesus não apareceu a incrédulos. Para
mencionar um caso, Ele apareceu ao mais hostil de to­
dos os incrédulos — Saulo de Tarso (At 9,22,26).
Mesmo os discípulos não aceitaram a ressurreição
quando Jesus apareceu a eles pela primeira vez. Quando
Maria Madalena e outros relataram que Jesus havia res­
suscitado, “as suas palavras lhes pareciam como desvario,
e não as creram” (Lc 24.11). Mais tarde, Jesus teve que
repreender a dois discípulos no caminho de Emaús por
causa da falta de fé deles em sua ressurreição:“O néscios
e tardos de coração para crer tudo o que os profetas dis­
seram!” (Lc 24.25). Mesmo depois de Ele já ter apareci­
do às mulheres, a Pedro, aos dois discípulos no caminho
de Emaús e aos dez apóstolos,Tomé disse: “Se eu não vir
378
1 CO RÍNTIO S
o sinal dos cravos em suas mãos, e não puser o dedo no
lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado,
de maneira nenhuma o crerei” (Jo 20.25). Ele dificil­
mente era um daqueles que criam na ressurreição.
Além de aparecer aos seus discípulos que não estavam
crendo, Jesus também apareceu a algumas pessoas que
não eram seus discípulos de modo algum. Ele apareceu
ao seu irmão Tiago (1 Co 15.7) que, com os seus outros
irmãos, não era uma pessoa crente antes da ressurreição
(Jo 7.5). Além disso, as Escrituras não reivindicam a ela­
boração de uma lista exaustiva daqueles que viram o
Cristo ressurreto, mas relata apenas alguns encontros sig­
nificativos.
1 C O R Í N T I O S 1 5 .5 -8 — Por que Jesus apareceu
apenas a um pequeno e seleto grupo de pessoas?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Alguns críticos têm suge­
rido que o fato de apenas poucas pessoas terem visto
Jesus após a sua ressurreição indica que Ele era essencial­
mente invisível ao olho físico humano, e apenas se mate­
rializava para poucas pessoas em ocasiões selecionadas.
As Testemunhas de Jeová acreditam que Jesus “se mate­
rializava” nessas determinadas ocasiões em corpos de di­
ferentes formas para provar a sua “ressurreição” (A id to
Bíble understanding, 1971, pág. 1395).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Jesus
não apareceu apenas a um pequeno grupo de pessoas.
Ele apareceu a mais de 500 pessoas (1 Co 15.6), inclu­
indo muitas mulheres, seus próprios apóstolos, seu ir­
mão Tiago e Saulo de Tarso — o principal anticristão
de seus dias.Jesus não apareceu simplesmente em umas
poucas ocasiões. Ele apareceu em pelo menos doze
ocasiões diferentes. Essas foram distribuídas ao longo
379
R E S P O S T A À S S EI TA S
de um período de quarenta dias (At 1.3) em diferentes
localidades geográficas.
Jesus somente não permitiu que ninguém colocasse
as mãos nEle, mesmo antes da sua ressurreição. Certa
ocasião, uma multidão de incrédulos tentou prender Je­
sus e “o levaram até ao cume do monte em que a cidade
deles estava edificada, para dali o precipitarem. Ele, po­
rém, passando pelo meio deles, retirou-se” (Lc 4.29b, 30;
confira Jo 8.59; 10.39). Mesmo antes de sua ressurreição,
Jesus era seletivo quanto àqueles para quem Ele realizava
milagres. Ele se recusou a realizar milagres na região de
seu próprio lar por causa da incredulidade das pessoas
(Mt 13.58). Jesus até mesmo desapontou Herodes, que
esperava vê-lo realizar um milagre (Lc 23.8). A verdade
é que Jesus se recusou a lançar pérolas aos porcos (Mt
7.6). Em submissão à vontade do Pai (Jo 5.30), Ele era
soberano sobre a sua própria atividade tanto antes como
após a ressurreição. Mas isso de modo algum prova que
Ele era essencialmente invisível e imaterial.Veja também
os nossos comentários a respeito de Lucas 24.23, 31; 1
João 4.2.
1 C O R Í N T I O S 1 5 .2 3 — Este verso apóia o dogma
católico romano da ascensão do corpo de Maria?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : De acordo com o dogma
católico,“Maria foi levada ao céu em corpo e alma” (Ott,
1960,208). Em 1 de novembro de 1950, o pontífice ro­
mano discursou ex cathedra para proclamar de forma in­
falível que “do mesmo modo que a gloriosa ressurreição
de Cristo foi uma parte essencial, e uma evidência final
da vitória, assim a luta comum da bendita virgem junta­
mente com o seu filho, deveria ser concluída com a ‘glo­
rificação’ do corpo virginal dela” (Denzinger, 1957, n°
2331, 647). Alguns teólogos católicos apelam para 1 Co
380
1 CO R ÍN TIO S
15.23 como apoio a esse dogma, argumentando que
( !risto é as “primícias” da ressurreição, e “então, na vinda
d Fie, aqueles que pertencem a C risto” (Ott, 208).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Esse é
um uso forçado do texto que se encontra em 1 Coríntios
15.23 para apoiar o dogma da ascensão corporal. Mes­
mo notáveis defensores do dogma católico admitem que
“não se têm provas diretas e expressas nas Escrituras”
(Ibid.). Eles falam mais propriamente da “possibilidade”
estar implícita no texto. Mas há dificuldade até mesmo
de encontrar isso.
O
texto fala a respeito de Cristo como as “primícias”
tia ressurreição e não se refere de m odo algum a Maria.
I C O R Í N T I O S 1 5 .2 5 -2 8 — Paulo está ensinando
o universalismo quando afirma que “todas as coi­
s a s” serão colocadas sob Cristo?
A MÁ IN TER PR ET A Ç Ã O : Falando escatologicamente
ou a respeito do final dos tempos, Paulo afirmou em 1
Coríntios 15.24-28 que “Depois, virá o fim, quando ti­
ver entregado o R eino a Deus, ao Pai, e quando houver
aniquilado todo império e toda potestade e força. Por­
que convém que reine até que haja posto a todos os
inimigos debaixo de seus pés. Ora, o último inimigo que
há de ser aniquilado é a morte. Porque todas as coisas
sujeitou debaixo de seus pés. Mas, quando diz que todas
as coisas lhe estão sujeitas, claro que se excetua aquele
que sujeitou todas as coisas. E, quando todas as coisas lhe
estiverem sujeitas, então, também o mesmo Filho se su­
jeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que
Deus seja tudo em todos” . Orígenes, um ancião da Igre­
ja Primitiva, baseou o seu universalismo nesse texto
(Origen [2], 1.6.1), como fazem outros universalistas.
381
R E S P O S T A À S S EI TA S
C O R R IG IN D O A MÁ IN TERPRETAÇ ÃO : Para fa­
zer com que esse texto sustente a visão deles, os
universalistas ignoram tanto o conteúdo como o con­
texto da passagem. Paulo não está falando da salvação
dos perdidos, mas da condenação deles. Isso fica eviden­
te através de palavras e frases tais como “aniquilado” ,
“sujeitou debaixo de seus pés”, e “quando todas as coisas
lhe estiverem sujeitas” . O texto está falando a respeito da
sujeição dos perdidos (w. 24,27,28). Ele não fala nada a
respeito de salvação. Refere-se a esses indivíduos como
inimigos de Deus, e não como amigos ou filhos. Eles são
subjugados como inimigos, e não salvos como amigos.
O
fato de que Deus será “tudo em todos” (v. 28) não
significa que todos estarão em Deus. Isso significa que
Ele reinará de modo supremo em todo o universo. A
frase “todas as coisas” deve ser compreendida dentro de
seu próprio contexto. Ele não diz que todas as coisas
serão salvas. Antes, diz de modo assertivo:“quando todas
as coisas lhe estiverem sujeitas” (v. 28) — como “inimi­
gos” (v. 25). De fato, a frase “todas as coisas” é utilizada
em paralelo com o termo “inimigos” em sucessivos ver­
sos (w. 26,27).
O
céu não é um lugar onde Deus sobrepuja o poder
e vontade de seus inimigos, e os força a entrar em seu
aprisco. Isso é precisamente o que um Deus de amor
não pode fazer — forçar pessoas a amá-lo contra a von­
tade delas. Jesus disse isso (Mt 23.37). Então, não existe
sequer uma insinuação nessa passagem a respeito de uma
salvação para todos os incrédulos.
1 C O R Í N T I O S 1 5 .2 9 — Este verso apóia a doutri­
na mórmon do batismo pelos mortos?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Paulo disse nessa passagem
“que farão os que se batizam pelos mortos?” Os mórmons
382
1 CO RÍNTIO S
acreditam que isso significa que pessoas crentes vivas
deveriam ser batizadas em favor dos mortos (Talmage,
1982,149,50).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Essa é
uma passagem obscura e isolada. E im prudente basear
qualquer doutrina em uma passagem como esta. Antes,
deve-se sempre utilizar as passagens mais claras das Es­
crituras para interpretar as menos claras. Os textos cla­
ros são enfáticos ao dizer que o batismo não salva. Nós
somos salvos pela graça através da fé, e não pelas obras
(R m 4.5; E f 2.8,9; T t 3.5-7). N ão somos capazes de
fazer nada que resulte na salvação em favor de outra pes­
soa. Cada pessoa deve crer em favor de si mesma (Jo
1.12). Cada pessoa deve fazer a sua própria livre esco­
lha (Mt 23.37; 2 Pe 3.9).
Em relação a esse texto, os estudiosos diferem quanto
ao que Paulo quis dizer. Há várias possibilidades.
Paulo poderia estar se referindo sarcasticamente à prá­
tica das seitas que existiam entre os coríntios, que ti­
nham muitas falsas crenças (veja 1 Co 5). De fato, Paulo
estaria dizendo:“Se vocês não acreditam na ressurreição,
então por que aderem à prática de batizar pessoas pelos
mortos? Vocês são inconsistentes em suas próprias (fal­
sas) crenças”. Paulo encara a referida prática como tão
obviamente errada que nem precisa condená-la de for­
ma explícita. Paulo diz “eles” (os outros) batizam pelos
mortos (15.29), e não “nós” . Nas demais passagens em 1
Coríntios, Paulo enfatiza a sua intimidade com os cren­
tes em Corinto através do uso dos pronomes na primei­
ra pessoa. N o verso 29 ele muda para a terceira pessoa —
“eles” .
Paulo poderia também estar se referindo ao fato de
que o batismo de novos convertidos seria a reposição
dos lugares vazios na igreja devido à m orte de crentes.
383
R E S P O S T A À S S EI T A S
Se isso for correto, o sentido do que ele está dizendo
nessa passagem seria: “Por que vocês continuam a en­
cher a igreja com pessoas convertidas e batizadas que
substituem aquelas que morreram, se vocês não acredi­
tam realmente que exista qualquer esperança para elas
além -túm ulo?” O u ainda Paulo poderia estar relem­
brando que o batismo simboliza a m orte do crente com
Cristo (R m 6.3-5). O term o grego “pelos” (eis) pode
significar “com vistas a” . Nesse sentido, ele estaria di­
zendo: “Por que vocês são batizados com vistas à sua
m orte e ressurreição com Cristo, se vocês não acredi­
tam na ressurreição?”
Alguns estudiosos destacam que a preposição “pela”
no grego (eis) pode significar “por amor de”. Neste caso,
o batismo seria por amor daqueles que estão mortos.
Paulo diz: “Se absolutamente os mortos não ressuscitam;
qual é então a razão de haver novos convertidos que um
dia morrerão já batizados?” (v. 29). U m a vez que era
comum nos tempos do início do Novo Testamento que
as pessoas fossem batizadas assim que aceitassem o Evan­
gelho, esse era um sinal da fé que uma pessoa tinha em
Cristo. Mas por que ser batizado se não há ressurreição?
Mais tarde Paulo diz que se não há ressurreição, “coma­
mos e bebamos, que amanhã morreremos” (v. 32).
Seja qual for a correta interpretação, não existe ne­
nhum a razão para crer que Paulo estaria nessa passagem
contradizendo o seu próprio ensino, que é claro em to­
das as demais passagens; ou contradizendo o restante das
Escrituras, que insiste que cada pessoa deve livremente
aceitar ou rejeitar por si mesma o dom da salvação de
Deus. Paulo certamente não instou os seus ouvintes a
que praticassem o princípio do batismo pelos mortos, e
nem mesmo deu essa ordem. Ele simplesmente utilizou
o caso como uma ilustração. Não existe nenhuma m en­
ção de batismo pelos mortos em toda a Bíblia até os
384
1 CO R ÍN TIO S
escritos de Paulo — e tam bém nenhum a menção após
eles. Cristo não menciona isso, e nem qualquer um de
seus apóstolos.
/ C O R Í N T I O S 1 5 .3 3 — Pelo fato de citar um
poeta pagão, Paulo não está desse modo pronunci­
ando que os escritos deste pagão sejam parte das
Escrituras?
A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Alguns têm argumentado
que a utilização de fontes não cristãs por parte de Paulo
nessa passagem mostra que há outros escritos inspirados
e que não são encontrados na Bíblia.
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Paulo
não está citando essa fonte não cristã como se fosse ins­
pirada, mas simplesmente com o verdadeira. Toda a ver­
dade pertence a Deus, não im portando quem a tenha
dito. Caifás, o sumo sacerdote judeu, pronunciou uma
verdade a respeito de Cristo (Jo 11.49). A Bíblia fre­
qüentemente utiliza fontes não inspiradas (confira N m
21.14; Js 10.13; 1 Rs 15.31). Por três vezes, Paulo cita
pensadores não cristãos (At 17.28; 1 Co 15.33;Tt 1.12).
Judas faz alusão às verdades encontradas em dois livros
não canônicos (Jd 9,14). Porém, a Bíblia nunca os cita
como livros que possuem autoridade divina, mas sim­
plesmente mostra algumas verdades contidas neles. As
frases comuns tais com o:“Assim diz o Senhor” (Is 7.7;Jr
2.5), ou “está escrito” (Mt 4.4,7,10) jamais são encon­
tradas quando essas fontes não inspiradas são citadas.
Contudo, a verdade é a verdade onde quer que seja en­
contrada. E não existe qualquer razão, portanto, para que
um autor bíblico, na direção do Espírito Santo, não pos­
sa utilizar a verdade seja de qualquer fonte em que a
encontrar.
385
R E S PO S TA ÀS SEITAS
1 C O R Í N T I O S 1 5 .3 7 — Paulo está ensinando nesta
passagem, que o corpo da ressurreição é um corpo
diferente daquele que é semeado — um tipo de reen­
carnação?
A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Assim com o as sementes
m udam quando são semeadas, esse verso diz que o
corpo será mudado quando for ressuscitado. Alguns ba­
seiam-se nesse fato para afirmar que o corpo da ressur­
reição será um corpo diferente, um corpo “espiritual”
(v. 44), que não é essencialmente material. Isso prova que
nós não somos ressuscitados no mesmo corpo físico, de
carne e sangue no qual morremos?
Esse verso é relevante em discussões com as Testemu­
nhas de Jeová (A id to Bible understanding, 1971, pág. 1395).
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Há m u­
danças reais no corpo da ressurreição, mas ele não é
transformado em um corpo não físico — um corpo
que seja substancialmente diferente daquele que pos­
suímos agora. A semente que vai para o solo gera mais
sementes de mesmo tipo, e não sementes imateriais. E
nesse sentido que Paulo é capaz de dizer: “Não se se­
meia [fazer morrer] o corpo como ele será”, uma vez
que é imortal e não pode morrer. A diferença é que o
corpo que é ressuscitado é imortal (1 Co 15.53), e não
um corpo imaterial. Falando do corpo de sua própria
ressurreição,Jesus disse:“Vede as minhas mãos e os meus
pés, que sou eu mesmo; tocai-me e vede, pois um espí­
rito não tem carne nem ossos, como vedes que eu te­
n h o ” (Lc 24.39).
O
corpo ressuscitado de Jesus, embora transformado
e glorificado, é um corpo de mesma ordem de carne e
ossos que Jesus possuía antes da sua ressurreição. E, uma
vez que os nossos corpos após a nossa ressurreição serão
386
1 CO R ÍN TIO S
como o dEle (Fp 3.21), o mesmo é verdadeiro a respeito
do corpo da ressurreição dos crentes. Observe as seguin­
tes características do corpo da ressurreição de Jesus: 1)
Era o mesmo corpo que Ele possuía antes da ressurrei­
ção, e agora possuía as cicatrizes da crucificação (Lc 24.39;
Jo 20.27); 2) Era o mesmo corpo que deixou para trás o
túmulo vazio (Mt 28.6;Jo 20.5-7;Jo 5.28,29); 3) O cor­
po físico de Jesus não se corrompeu na sepultura (At
2.31); 4) Jesus disse que o seu corpo seria destruído e
construído novamente (Jo 2.19-22); 5) Era um corpo de
“carne e ossos” (Lc 24.39) que podia ser tocado (Mt
28.9; Jo 20.27), e era capaz de comer alimentos físicos
(Lc 24.41,42).
Além do mais, as Escrituras ensinam que o corpo
imortal “reveste” o corpo mortal, e não o substitui (1
Co 15.53). A planta que brota da semente é conectada
a ela tanto genética quanto fisicamente. Mas na ressur­
reição, o que é plantado não é igual àquilo que é colhi­
do (1 Co 15.37,38).
A “transformação” (1 Co 15.51) a que Paulo se refe­
riu quando falou da ressurreição é uma transformação
no corpo, e não uma mudança do corpo. As transforma­
ções que ocorrem no corpo por ocasião da ressurreição
são fortuitas, não substanciais. São transformações que
ocorrem das qualidades secundárias, e não das qualida­
des primárias. E a transformação de um corpo físico cor­
ruptível em um corpo físico incorruptível. Não é a trans­
formação de um corpo físico em um corpo não físico. E
a transformação de um corpo físico mortal em um cor­
po físico imortal. Não se trata da transformação de um
corpo físico material em um imaterial.
I C O R Í N T I O S 1 5 .4 0 -4 2 — E ste verso apóia a
idéia da existência de três reinos de glória que serão
habitados na vida futura?
387
RE S PO S TA À S SEITAS
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Os mórmons acreditam
que a referência a “corpos celestes” e a “corpos terres­
tres” nessa passagem sustenta a sua visão de que todas as
pessoas habitarão em um dos três reinos de glória na
vida futura — o reino celestial, o reino terrestre, ou o
reino chamado “telestia1” (McConkie, 1966, 420). A fi­
delidade de uma pessoa nesta vida determina a qual dos
reinos ela irá.
C O R R IG IN D O A M Á INTERPRETAÇÃO : Essa pas­
sagem não se refere a três reinos de glória. A passagem de
1 Coríntios 15.40-42 não faz sequer referência a um
mundo “telestial” . Esse fato por si mesmo já desqualifica
a passagem como um argumento à idéia da existência de
três reinos.
E muito claro que o contexto da passagem tem a ver
com os corpos da ressurreição (v. 35). Paulo está falando
nesse verso a respeito do corpo do céu (celestial) em
contraste com o corpo da terra (terrestre). Ele diz que o
corpo terrestre é caído, temporal, imperfeito, e fraco (w.
42-44), enquanto o corpo celestial será eterno, perfeito
e poderoso (confira 2 Co 5.1-4).
1 C O R Í N T I O S 1 5 .4 4 — O corpo da ressurreição é
material ou imaterial?
A MÁ IN TERPR ETAÇÃ O : Paulo declara que o corpo
da ressurreição é um corpo espiritual (1 Co 15.44). As
Testemunhas de Jeová acreditam que tais versos indicam
que Jesus foi ressuscitado dentre os mortos em um corpo
espiritual. Eles dizem: “E verdade que Jesus apareceu em
forma física aos seus discípulos após a sua ressurreição ...
Jesus evidentemente materializou corpos nessas ocasiões”
(Reasoningfrom the Scriptures, 1989,pág.215).Mas o corpo
com que Ele ressuscitou foi um corpo espiritual.
388
1 C O R ÍN TIO S
( CORRIGINDO A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : U m cor­
po “espiritual” denota um corpo imortal, e não um corpo
imaterial. U m corpo “espiritual” é um corpo dominado
pelo espírito, e não um corpo sem matéria. O termo gre­
go pneumatikos (traduzido aqui como “espiritual”) signifi­
ca um corpo dirigido pelo espírito, de m odo oposto a um
corpo que esteja sob o domínio da carne. Ele não segue
os regulamentos da carne que perece, mas do espírito que
permanece (1 Co 15.50-58).E ntão“corpo espiritual” não
significa imaterial e invisível, mas imortal e não perecível.
Observe os paralelos desenhados por Paulo.
C O R P O A N T E R IO R
À R E SSU R R E IÇ Ã O
C O R P O P O S T E R IO R
à R E SSU R R E IÇ Ã O
É terreno (v. 40)
É celestial
É perecível (v. 42)
É fraco (v. 43)
É imperecível
/
E poderoso
E natural (v. 44)
E sobrenatural
É mortal (v. 53)
É imortal
**
/
A avaliação completa do contexto mostra que o ter­
mo “espiritual” (pneumáticos) poderia ser traduzido
como “sobrenatural” em contraste com o term o “natu­
ral”, a partir dos paralelos com os termos “perecível” e
“imperecível” ,“corruptível” e “incorruptível” . Pneumá­
ticos é traduzido como “sobrenatural” em 1 Coríntios
10.4, quando fala “porque bebiam da pedra espiritual
[sobrenatural] que os seguia [no deserto]; e a pedra era
C r is to ” . E m sua tradução, o te rm o “ e sp iritu a l” ,
pneumatikos, refere-se a objetos físicos. Novamente vol­
tando a 1 Coríntios 10.4, Paulo falou da“pedra espiritu­
al” que seguia Israel no deserto de onde eles obtiveram
uma “bebida espiritual” (1 Co 10.4). Mas a história do
389
R E S P O S T A À S S EI TA S
A
Antigo Testamento (Ex 17; N m 20) revela que essa pe­
dra existia fisicamente, e dela eles literalmente obtive­
ram água para beber. Mas a água que eles de fato beberam daquela pedra material foi produzida de m odo so­
brenatural. Quando Jesus, de modo sobrenatural, fez pão
para os cinco mil homens (Jo 6*), Ele fez pão literal­
mente. Contudo, esse pão literal, material, poderia ter
sido chamado de “pão espiritual” por causa de sua ori­
gem sobrenatural, do mesmo modo que o maná dado a
Israel foi chamado de “manjar espiritual” (1 Co 10.3).
Além do mais, quando Paulo se referiu a um “homem
espiritual” (1 Co 2.15), ele obviamente não se referia a
um homem invisível, imaterial, desprovido de um corpo.
Ele estava, de fato, falando de um ser humano que possui
carne e sangue, cuja existência é vivida pelo poder sobre­
natural de Deus — uma pessoa literal cuja vida é dirigida
pelo Espírito. U m homem espiritual é aquele que é ensi­
nado pelo Espírito e recebe as coisas que vêm do Espírito
de Deus (1 Co 2.13,14). O corpo da ressurreição pode ser
chamado de “corpo espiritual”, do mesmo modo pelo
qual nos referimos à Bíblia como u m “livro espiritual”. A
despeito de sua fonte espiritual e poder, tanto o corpo da
ressurreição como a Bíblia são objetos materiais.
* N T .: cinco mil homens estavam presentes, além de m u­
lheres e crianças.
1 C O R Í N T I O S 1 5 .4 5 — Cristo f o i um espírito
doador de vida após a sua ressurreição, ou Ele p o s­
suía um corpo físico?
A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Paulo afirma assertivamente
nessa passagem que Cristo foi feito u m “espírito vivificante”
após a sua ressurreição. Alguns — incluindo as Testemu­
nhas de Jeová — têm citado esse versículo com a finalida-
390
1 C O R ÍN TIO S
de de provar que Jesus não teve um corpo físico ressurreto
(Aid to Bible understanding, 1971, pág. 1395).
C O R R IG IN D O A MÁ IN TERPRETAÇÃO : A frase
“espírito doador de vida” não se refere à natureza do corpo
da ressurreição de Cristo, mas à origem divina da ressurrei­
ção. O corpo físico de Jesus voltou à vida pelo poder de
Deus (confira R m 1.4). Então Paulo está se referindo à sua
origem, e não à sua substância flsica.Veja também os nossos
comentários a respeito da passagem em 1 Coríntios 15.44.
Se o term o “espírito” descreve a natureza do corpo
da ressurreição de Cristo, então Adão — com quem Ele
é contrastado — não deve ter tido uma alma, uma vez
que ele é descrito como “da terra... terreno” (v. 47) e,
portanto, feito do pó. Mas a BíbJía claramente diz que
Adão foi feito “alma vivente” (Gn 2.7).
O corpo da ressurreição de Cristo é chamado de “cor­
po espiritual” (1 Co 15.44) que, conforme discutido em
1 Coríntios 15.44, é o mesmo termo utilizado por Paulo
para descrever comida material e uma rocha literal (1
Co 10.4). Ele é chamado de “ corpo” (soma), que sempre
significa um corpo físico, quando se refere a um ser hu­
mano individual.
Em resumo, o corpo da ressurreição é chamado de
“espiritual” e “espírito vivificante” porque a sua origem
é o reino espiritual, e não porque a sua essência seria
imaterial. O corpo sobrenatural da ressurreição de Cris­
to é “do céu”, assim como o corpo natural de Adão era
“terreno” (v. 47). Mas assim como o “terreno” também
possuía uma alma imaterial, aquele que é “do céu” tam­
bém possui um corpo material.
1 C O R Í N T I O S 1 5 .5 0 — Se a carne e o sangue não
podem entrar no céu, então como é possível haver
uma ressurreição física?
391
RES P O S T A À S S EI TA S
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : De acordo com esse verso,
“A carne e sangue não podem herdar o R eino de Deus” .
Daí, Jesus deve ter tido uma ressurreição espiritual, uma
vez que corpos de carne e sangue não podem existir no
céu (Aid to Bible understanding, 1971, pág. 1395). A m or­
talidade e a corrupção pertencem ao corpo carnal. O
corpo da ressurreição é imortal e incorruptível porque
ele é por natureza uma corpo espiritual.
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : C on­
cluir a partir dessa frase que o corpo da ressurreição não
será um corpo de carne, físico, não possui justificativa
bíblica. A própria frase seguinte — que foi omitida nessa
citação — indica claramente que Paulo está se referindo
não à carne como tal, mas a uma carne incorruptível.
Ele acrescenta: “N em a corrupção herda a incorrupção”
(v. 50). Então, Paulo não está afirmando que o corpo da
ressurreição não terá carne, mas está dizendo que não
terá uma carne perecível.
Para convencer os discípulos atemorizados de que Ele
não era um espírito imaterial (Lc 24.37),Jesus lhes disse
enfaticamente: “Vede as minhas mãos e os meus pés, que
sou eu mesmo; tocai-me e vede, pois um espírito não
tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho” (Lc
24.39). Pedro declarou que o corpo da ressurreição seria
o mesmo corpo de carne que iria para a sepultura, sem
jamais ver a corrupção (At 2.31). Paulo também reafir­
m ou essa verdade em uma passagem paralela (At 13.35).
E João infere que negamos a Cristo quando negamos
que ele permanece “na carne” mesmo após a sua ressur­
reição (1 Jo 4.2; 2 Jo 7).
Essa conclusão não pode ser evitada através da reivin­
dicação de que o corpo da ressurreição de Jesus possuía
carne e ossos, mas não carne e sangue. Porque se Ele
tinha carne e ossos, então era um corpo literal e materi-
392
1 CO R ÍN TIO S
al, tendo ou não sangue. Carne e ossos reafirmam a soli­
dez do corpo físico pós-ressurreição de Jesus. Eles são
sinais mais óbvios da tangibilidade do que o próprio san­
gue, que não pode ser facilmente visto ou tocado. A ex­
pressão “carne e sangue” nesse contexto aparentemente
significa “carne e sangue mortais” , isto é, um mero ser
humano. Esse fato é confirmado pelos usos paralelos do
Novo Testamento. Q uando Jesus disse a Pedro: “Não foi
carne e sangue quem to revelou” (Mt 16.17), Ele não
poderia estar se referindo à mera substância do corpo
humano como tal, a qual, obviamente, não seria capaz
de revelar que Ele era o Filho de Deus. Portanto, a inter­
pretação mais natural de 1 Coríntios 15.50 parece ser tal
que um ser humano, como uma criatura perecível e li­
gada à terra, não pode ter um lugar no glorioso reino
celestial de Deus.
393
CAPÍTULO
2
29
CORÍNTIOS
2 C O R Í N T I O S 3 .1 7 — E ste verso prova que Jesus
é o Espirito Santo, dando assim suporte às visões
modalistas da seita Unidade Pentecostal?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Em 2 Coríntios 3.17, lemos:“Ora, o Senhor é Espírito; e onde está o Espírito do
Senhor, aí há liberdade” . Os adeptos da Unidade Pente­
costal dizem que Jesus é o Senhor nesse verso, e que Ele
é explicitamente identificado como o Espírito Santo que
abre o coração daqueles que crêem (Bernard, 1983,132).
Portanto, Jesus é o Espírito Santo.
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Muitos
preletores enxergam esse verso como se ele dissesse que
o Espírito Santo é Senhor não no sentido de ser Jesus,
R E S P O S T A À S S EI T A S
mas no sentido de serYahweh, o Senhor Deus (veja o
verso 16 que cita Êx 34.34,35).
U m outro problema com a interpretação da U nida­
de Pentecostal é que apenas um pouco antes dessa pas­
sagem, em 2 Coríntios 3.3-6, o apóstolo Paulo clara­
m ente faz distinção entre Jesus e o Espírito Santo. Em
sentido mais amplo, as Escrituras como um todo fazem
essa distinção. N a verdade, diz-se que Ele é um outro
consolador (Jo 14.16). Jesus enviou o Espírito Santo
(Jo 15.26; 16.7). O Espírito Santo procura glorificar a
Jesus (Jo 16.13,14) e desceu sobre Jesus por ocasião de
seu batismo (Lc 3.22). Jesus distingue de si mesmo a
pessoa do Espírito Santo quando fala sobre a Grande
Comissão (Mt 28.19).
A questão acima alude à posição defendida pela U ni­
dade Pentecostal chamada “modalismo” . Esse erro anti­
go ocasionou o início de um sério problema na igreja,
com a idéia de que Deus havia se revelado de três modos
sucessivos — como o Pai, o Filho, e o Espírito Santo —
mas que Ele mesmo não era capaz de ser as três pessoas
simultaneamente. A teologia da Unidade Pentecostal é
uma versão contemporânea dessa heresia.
2 C O R Í N T I O S 5 .1 9 — Paulo quer dizer que todas
as pessoas serão salvas quando fa la que o mundo
será reconciliado com Deus?
A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : Nessa passagem, Paulo diz
aos coríntios:“Deus estava em Cristo reconciliando con­
sigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados, e
pôs em nós a palavra da reconciliação” . Baseados nessa
palavra, os universalistas alegam que o “mundo inteiro”,
referindo-se à humanidade, foi reconciliado com Deus
através da obra de Cristo. Desse modo, todos são salvos
com base no trabalho de Jesus na cruz.
396
2 C O R ÍN T IO S
( X)R R IG IN D O A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : Essa passagem refere-se à reconciliação como a um processo que
está de acordo com o propósito de Deus, e não como a
um fato consumado para o m undo todo. E a vontade de
Deus salvar todas as pessoas (2 Pe 3.9), mas nem todas
serão salvas (Mt 7.13,14;Ap 20.11-15). O texto indica
que, de fato, a reconciliação é apenas para aqueles que
estão “em Cristo” , e não para todas as pessoas (v. 17).
Se todos já fossem salvos, então a exortação de Paulo
para que sejamos “embaixadores da parte de Cristo” e de
“rogar” ao mundo que “se reconcilie com Deus” seria
sem sentido. Não tem nexo pedir às pessoas que se recon­
ciliem com Deus se de fato elas já estão reconciliadas. As
Escrituras negam essa reconciliação, e interpretar essa pas­
sagem em favor do universalismo é dizer que as Escrituras
contradizem-se a si mesmas (veja M t 25.31-46).
2 C O R Í N T I O S 5 .2 1 — C om o é que Jesus pode ter
sido feito pecado, uma v e z que Ele não tinha peca­
dos?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Paulo afirma nessa passa­
gem que “àquele [Jesus] que não conheceu pecado, o fez
pecado por nós” . Muitas outras passagens das Escrituras
insistem que Jesus era “sem pecado” (Hb 4.15; confira 1
Pe 3.18). Com o é que Jesus poderia ser sem pecado, se
Ele foi feito pecado por nós? Essa é uma questão especi­
almente importante, em vista do fato de os ensinadores
da seita Palavra da Fé dizerem que quando Jesus foi “fei­
to pecado”, Ele revestiu-se a si mesmo da natureza de
Satanás (Copeland, W hat happened from the cross to the throne,
1990, fita de áudio).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Cristo
não se revestiu da natureza de Satanás, pois Ele, como
397
R E S P O S T A À S S EI T A S
Deus, é imutável (Hb 13.8; confira Ml 3.6). A sua natu­
reza divina não pode mudar. Em Hebreus 1.12b, o Pai
diz a respeito de Jesus: “Tu és o mesmo, e os teus anos
não acabarão”.
N o que diz respeito a Jesus ter sido feito pecado, Ele
foi, de fato, sempre sem pecado, mas foi feito pecado por
nós judicialmente, isto é, através de sua morte na cruz,
Ele pagou a pena por nossos pecados e, através disso,
cancelou o débito de pecados contra nós. Então, enquanto
Jesus jamais cometeu um pecado pessoalmente, Ele foi
feito pecado por nós de modo substitutivo. Esse assunto
pode ser assim resumido:
C R ISTO N Ã O
TEVE P E C A D O
CRISTO FOI
FEITO PEC A D O
Em si mesmo
Por nós
Pessoalmente
De modo substitutivo
De fato
Judicialmente
Deve-se também ter em mente que o Antigo Testam ento mostra o conceito de substituição. A vítima
sacrificial deveria ser “sem defeitos” (Lv 4.3,23,28,32). Uma
mão deveria ser colocada sobre o animal sacrificial sem
mácula, como uma maneira de simbolizar a transferência
da culpa (Lv 4.4,24,33). O animal a ser sacrificado não se
tornava, por meio dessa prática, de fato pecador em sua
natureza; antes, o pecado era imputado ao animal, e este
tomava parte naquele ato como um substituto sacrificial.
D o mesmo modo, Cristo, o Cordeiro de Deus, era com­
pletamente sem mácula (1 Pe 1.19), mas os nossos peca­
dos foram imputados a Ele, e Ele foi o nosso substituto
sacrificial na cruz. Simplesmente pelo fato de nossos pe­
cados terem sido imputados a Ele, não significa que Ele
398
2 CO R ÍN TIO S
tenha mudado a sua natureza. Cristo não foi feito pecado
pessoalmente, e sim de modo substitutivo.
2 C O R Í N T I O S 8 .9 — Este verso indica que a pros­
peridade financeira f a z parte da expiação, como ar­
gum entam os ensinadores da seita Palavra da Fé?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : O texto em 2 Coríntios
8.9 diz: “Porque já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus
Cristo, que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre,
para que,pela sua pobreza, enriquecêsseis” . Os ensinadores
da seita Palavra da Fé citam esse verso como base à visão
de que a prosperidade financeira está provida no sacrifí­
cio expiatório de Jesus Cristo.
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Se Pau­
lo pretendesse dizer que a prosperidade está incluída na
expiação, estaria oferecendo aos coríntios algo que ele
mesmo não possuía naquela ocasião. N a verdade, em 1
Coríntios 4.11, Paulo inform ou a esses mesmos indiví­
duos que ele sofria “fome e sede”, “nudez” e que “não
possuía morada certa”. Ele também exortou os coríntios
a que fossem imitadores de sua vida e ensino (1 Co 4.16).
Em 2 Coríntios 8.9, parece claro que Paulo estava se
referindo à prosperidade espiritual, e não à financeira.
Isso está em conformidade tanto com o contexto ime­
diato de 2 Coríntios, como também com o contexto
mais amplo dos outros escritos de Paulo. Se a prosperi­
dade financeira estivesse incluída na expiação, por exem­
plo, deveríamos imaginar por que Paulo informou aos
cristãos filipenses que ele havia aprendido a estar con­
tente mesmo tendo fome (Fp 4.11,12). Alguém poderia
pensar que ele pudesse, ao invés disso, reivindicar a pros­
peridade prometida na expiação para satisfazer todas as
suas necessidades.
399
R E S P O S T A À S S EI T A S
Para maiores detalhes a respeito da perspectiva bí­
blica quanto ao dinheiro, veja a nossa discussão sobre
Marcos 10.30.
2 C O R Í N T I O S 1 2 .2 — Este verso indica que exis­
tem três graus de glória na vida p o r vir, como os
mórmons acreditam?
A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : Em 2 Coríntios 12.2 le­
mos: “Conheço um hom em em Cristo que, há catorze
anos (se no corpo, não sei; se fora do corpo, não sei;
Deus o sabe), foi arrebatado até ao terceiro céu”. Os
mórmons dizem que esse verso prova a existência de
três céus ou de três graus de glória na vida futura — o
reino celestial para os mórmons fiéis, o reino terrestre
para mórmons menos valorosos e não-mórmons de bons
princípios morais, e o reino telestial para as pessoas do
mundo (Richards, 1978,255).
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : É ver­
dade que existem três “céus” mencionados na Bíblia, mas
esses não são o reino celestial, o reino terrestre e o reino
telestial. As Escrituras revelam que os três céus são o céu
atmosférico (Dt 11.11), o céu estelar (Gn 1.14), e o mais
alto céu onde Deus habita (Is 63.15). E a esse último céu
— o “terceiro céu” — aquele a que Paulo se refere em 2
Coríntios 12.2. Esse terceiro céu é o trono da divina
Majestade, a residência dos santos anjos e a morada para
onde a alma dos santos que partem vai imediatamente
após a morte.
2 C O R Í N T I O S 1 2 .1 5 — O desejo de Paulo de
“gastar-se” pelos coríntios dá suporte à doutrina
católica das indulgências?
400
2 C O R ÍN TIO S
A MÁ IN T E R PR E T A Ç Ã O : Nesse verso Paulo diz aos
coríntios: “Eu, de muito boa vontade, gastarei e me dei­
xarei gastar pelas vossas almas” . Os estudiosos católicos
têm citado essa passagem para sustentar a doutrina das
indulgências, pela qual os méritos de uma pessoa são
transferidos a outra.
C O R R IG IN D O A MÁ IN TER PR ET A Ç Ã O : Esse ad­
mirável desejo de servir a outros não serve como funda­
mento para a doutrina das indulgências. Existem vários
hiatos significativos entre essa passagem e o ensino cató­
lico romano que diz que os vivos são capazes de oferecer
orações e indulgências em favor daqueles que estão so­
frendo no purgatório.
Em primeiro lugar, essa passagem não diz absoluta­
mente nada a respeito do purgatório ou das indulgênci­
as. Em segundo lugar, as ações em favor de outras pesso­
as nesse texto são para os vivos, e não para os mortos. Em
terceiro lugar, o sofrimento de que fala a passagem não é
devido aos pecados ou às conseqüências temporais dos
pecados dessas pessoas, mas possui o objetivo de levar o
fardo delas ou ajudar a ministrar a elas a graça de Cristo.
Então não existe aqui nenhuma base para as doutrinas
do purgatório e das indulgências.
2 C O R Í N T I O S 1 3 .1 3 — E ste verso serve como
argumento para a doutrina da Trindade?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : O texto em 2 Coríntios
13.13 registra uma bênção do apóstolo Paulo: “A graça
do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a com u­
nhão do Espírito Santo sejam com vós todos. Amém!”
Embora os triunitaristas freqüentemente citem esse ver­
so, as Testemunhas de Jeová acreditam que ele seja “insu­
ficiente para provar a doutrina da Trindade” . Essa passa­
401
R E S P O S T A À S S EI TA S
gem não prova que “Pai, Filho e Espírito Santo sejam
iguais entre si ou coeternos, ou ainda que todos sejam
Deus” (Reasoningfrom the Scriptures, 1989, pág. 415).
C O R R IG IN D O A M Á IN TERPRETAÇÃO : Esse ver­
so provê evidências complementares — e não conclusi­
vas — da doutrina da Trindade. Os triunitaristas baseiam
o seu entendimento de Deus nas evidências acumulativas
das Escrituras como um todo, e não apenas em qualquer
verso isolado. Enquanto é verdadeiro que a passagem em
2 Coríntios 13.13 por si mesma não prove sozinha a
verdade da doutrina da Trindade, quando tomada junta­
mente com outras passagens das Escrituras, mostra sem
dúvida que a doutrina da Trindade é verdadeira.
As Escrituras declaram que existe somente um único
Deus verdadeiro (Dt 6.4). N a unidade de Deus, contu­
do, existem três pessoas distintas. Cada uma dessas três
pessoas é chamada de Deus nas Escrituras: o Pai (1 Pe
1.2), o Filho (Jo 20.28) e o Espírito Santo (At 5.3,4).
Além do mais, cada uma dessas pessoas possui os atribu­
tos de divindade. Por exemplo, cada uma das três pessoas
está presente em todos os lugares (SI 139.7; M t 19.26;
28.20), conhecem todas as coisas (Rm 11.33; M t 9.4; 1
Co 2.10) e possuem o poder de fazer todas as coisas (Mt
28.18; R m 15.19; 1 Pe 1.5). Finalmente, as três pessoas
existem sob a condição de unidade em Deus. U m pou­
co antes de sua ascensão, Jesus disse aos discípulos: “Por­
tanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome
do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28.19). O
term o “nom e” é singular no grego, indicando que existe
somente um Deus. Mas existem três pessoas distintas em
Deus — o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Essa triunidade
é refletida em 2 Coríntios 13.13.
402
CAPÍTULO 30
GÁ LATAS
G Á L A T A S 1.8 — Este verso significa que a Igreja
Prim itiva tornou-se apóstata, ocasionando a necessi­
dade de restauração através da igreja mórmon?
A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : A passagem em Gálatas
1.6-8 registra a advertência do apóstolo Paulo contra a
crença em um evangelho diferente. De acordo com os
mórmons, a Igreja Primitiva creu em um falso evange­
lho e terminou em uma total apostasia (McConkie, 1977,
334). Isso fez com que fosse necessário uma restauração
da igreja por Joseph Smith.
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : A passagem em Gálatas 1.8
não indica que haveria uma apostasia completa da Igreja
R E S P O S T A À S S EI TA S
em todo o mundo. Antes, a igreja local na Galácia era o
foco dessas declarações de Paulo.
Os gálatas haviam aparentemente sucumbido a um
evangelho que acrescentava a necessidade de obras à fé.
Alguns falsos mestres inclinados ao judaísmo haviam dei­
xado os gálatas em confusão (At 15.24; 20.29,30). Esses
ensinadores judaicos procuravam “judaizar” os crentes
gentios, dizendo-lhes que deveriam dar um passo com­
plementar, o de circuncidar-se. N o pensamento de Pau­
lo, essa atitude adicionou lei à graça (veja G1 3.1,2).
Paulo enfatizou que qualquer outro evangelho que
contradissesse o Evangelho já entregue a eles deveria ser
rejeitado com autoridade. O próprio Paulo fez-se res­
ponsável pelo Evangelho que com autoridade lhes fora
ministrado (G1 1.8; confira 1 Co 15.3). O evangelho do
mormonismo é, em si mesmo, um evangelho de obras,
que claramente contradiz o Evangelho da graça ensina­
do pelo apóstolo. O evangelho m órmon, então, se en­
quadra na categoria de “um outro evangelho” , e por essa
razão está sob a condenação expressa por Paulo.
G Á L A T A S 1 .1 5 ,1 6 — O apóstolo Paulo está ensi­
nando nesta passagem a doutrina da reencarnação?
Veja nossos comentários acerca de Jeremias 1.5.
/
G A L A T A S 6.2 — A idéia de levarmos os fardos uns
dos outros dá suporte à visão católica da existência
de um “tesouro de m éritos”, onde os méritos de um
santo podem ser transferidos a outro através de in­
dulgências?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : N a passagem de Gálatas
6.2, o apóstolo nos exorta do seguinte modo: “Levai as
cargas uns dos outros”. Os estudiosos católicos romanos
404
GÁLATAS
citam esse verso para sustentar a crença deles em indul­
gências baseadas nos méritos de outros santos, guardados
no chamado “tesouro de m éritos” (Ott, 1960, 317).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : O estu­
do desse texto mostra que o dogma católico que trata
sobre os méritos de um santo servirem de expiação em
favor de outra pessoa não se justifica.
A passagem não diz que podemos levar a punição
pelos pecados de outra pessoa. Existe aqui solidariedade,
não substituição. Devemos carregar nossa “própria car­
ga” (v. 5), e então ajudar a carregar as cargas de nosso
irmão. Mas que não podemos carregar os pecados de
outrem é deixado muito claro apenas dois versos mais
adiante, quando Paulo nos lembra que “tudo o que o
hom em semear, isto também ceifará” (v. 7).
O sacrifício de Cristo sozinho fez a expiação por to­
dos os nossos pecados e as suas conseqüências. Esse fato
é deixado claro em várias passagens das Escrituras (con­
fira Is 53.1-12;Jo 19.30; Hb 1.3; 10.14,15).
G Á L A T A S 6 .1 ,8 — Este verso apóia a doutrina da
reencarnação, como ensina a seita Escola da Unida­
de Cristã?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Em Gálatas 6.7,8 lemos:
“Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo
o que o hom em semear, isto também ceifará. Porque o
que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção;
mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida
eterna” . A seita Escola da Unidade Cristã ensina que
essa passagem refere-se à inflexível lei do karma, que diz
que se uma pessoa praticar obras boas nesta vida estará
construindo um bom karma, que os levará a uma m e­
lhor condição na vida futura. Se a pessoa fizer obras más
405
R E S PO S TA ÀS SEITAS
nesta vida, o mau karma fará com que ele ou ela sejam
nascidos debaixo de uma condição pior na próxima vida.
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : Os con­
ceitos de reencarnação e karma não são encontrados em
lugar algum no contexto de Gálatas 6, sem mencionar
que também não são encontrados em nenhuma outra
passagem bíblica.
Em seu contexto, esses versos estão lidando com o
julgamento imparcial de Deus para com os cristãos, es­
pecificamente em relação ao seu suporte financeiro a
obreiros (confira v. 6).
Além do mais, o que é ceifado não é uma outra vida
de punições, e sim uma “vida eterna” (v. 8). Mas isso é
contrário à doutrina do karma.
A Bíblia condena a doutrina da reencarnação, insis­
tindo que “aos homens está ordenado morrerem uma
vez, vindo, depois disso, o juízo” (Hb 9.27).
Para conhecer outros argumentos contrários à dou­
trina da reencarnação e ao karma, veja neste livro nossas
discussões a respeito de João 3.3 e Mateus 22.42.
C A P Í T U L O 31
EFÉSIOS
IIF É S IO S 1 .1 0 — Paulo está ensinando a doutrina
do universalismo quando d iz que D eu s congregará
“em Cristo todas as coisas”?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Paulo escreveu em Efésios
1.10 que Deus propusera em si mesmo “tornar a con­
gregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da ple­
nitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as
que estão na terra” . Os universalistas, os liberais e alguns
neo-ortodoxos utilizam esse verso para sustentar a cren­
ça de que todas as pessoas serão finalmente salvas.
C O R R IG IN D O A M Á IN TERPRETAÇÃO : U m cui­
dadoso exame desse verso revela que Paulo se refere aqui
somente a crentes; então não existe base para o universa­
RE S PO S TA À S SEITAS
lismo. O contexto como um todo fala a respeito daque­
les que são escolhidos em Cristo “ antes da fundação do
m undo” (Ef 1.4). A frase “em Cristo” jamais é utilizada
nas Escrituras para referir-se a alguém além dos crentes.
Está claro que os incrédulos ficarão excluídos a par­
tir do fato de que Paulo não se refere aos que estão
“debaixo da terra”, como faz nas demais passagens em
que fala acerca dos perdidos (Fp 2.10).Existe abundân­
cia de evidências nas demais passagens escritas por Paulo
(2Ts 1.7-9), e no restante das Escrituras, de que alguns
irão ao seu eterno destino sem Cristo (por exemplo,
M t 25.31-46).
E F É S I O S 4 .3 -6 — O apóstolo Paulo está falando,
nesta passagem, de uma unidade organizacional na
igreja católica romana?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : O apóstolo Paulo exorta
com urgência que os efésios lutem para “guardar a uni­
dade do Espírito” em “um só corpo”. As autoridades
católicas (veja Ott, 1960,303) acreditam que Paulo este­
ja falando sobre uma unidade manifesta na igreja católi­
ca romana, entendida por eles como divinamente desig­
nada.
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : A pas
sagem em Efésios 4.3-6 fala sobre lutar para “guardar a
unidade do Espírito” em “um só corpo” . Contudo, é
evidente que o apóstolo não tem em m ente uma unida­
de organizacional da igreja cristã, e certamente não o
tipo de organização reivindicada pela igreja católica ro­
mana.
Por um lado, de acordo com a tradução católica (NAB),
não se trata de unidade em termos institucionais, uma
vez que Paulo falou da “unidade do Espírito” (v. 3). Ain­
408
E F É 5I O S
da que a tradução seja dada como “a unidade do Espírito
|Santo]”, não existe qualquer indicação de que seja mais
do que uma unidade espiritual, obra da fonte de toda a
verdadeira unidade espiritual, o Espírito Santo.
Além disso, a unidade espiritual é operada por Deus,
e não por pessoas. Os cristãos são somente advertidos a
lutar com urgência para preservar essa unidade que Deus
realizou no corpo. Deve-se também levar em conta que
o “um só corpo” (confira 1 Co 12.13) é aquele no qual
os crentes são batizados em “um só Espírito” (Ef 4.4).
Mas o corpo espiritual de Cristo é o único corpo ao
qual todos os crentes pertencem, uma vez que muitos
crentes, aqueles que já estão mortos, não são parte da
Igreja visível.
Mais ainda: essa unidade espiritual nos conecta ao
corpo invisível (espiritual) de Cristo. O batismo nas águas,
que já é algo diferente (At 1.5; 10.47), nos une ao corpo
visível de Cristo na terra. Então a unidade da qual se fala
nessa passagem é a unidade da fé, não de comunhão,
uma vez que o apóstolo Paulo refere-se a “um só Se­
nhor, um a só fé, [e] um só batismo” (Ef 4.5), todos os
três uma questão de confissão. Não existe nada nesse
texto sobre unidade de governo ou organização em es­
cala universal, como acreditam os católicos romanos.
F F É S IO S 4 .9 — Jesus desceu ao inferno, como argu­
mentam alguns ensinadores da seita Palavra da Fé?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : O apóstolo Paulo reivin­
dica nessa passagem que Jesus “tinha descido às partes
mais baixas da terra”. E o credo apostólico declara que
Jesus, após a sua m orte, “ desceu ao in fe rn o ” . Os
ensinadores da seita Palavra da Fé citam esse verso numa
tentativa de provar que, na sua morte, Jesus esteve no
inferno por três dias (Copeland, 1991, 3).
409
R E S P O S T A À S S EI TA S
C O R R IG IN D O A M Á IN TERPRETAÇÃO : Exis­
tem duas visões que se referem ao suposto local onde
Jesus esteve durante os três dias em que o seu corpo se
encontrava na sepultura, antes da sua ressurreição.
A visão do Hades: U m a das posições alega que o espí­
rito de Cristo foi ao mundo espiritual, enquanto o seu
corpo estava na sepultura. Ali Ele teria talado aos “espí­
ritos em prisão” (1 Pe 3.19) que estavam em um lugar
de espera temporária até que Ele viesse e “levasse cativo
o cativeiro” , isto é, que os levasse ao céu. De acordo com
essa visão, existiam dois compartimentos no Hades (ou
sheot) — um para os salvos e outro para os não salvos.
Eles estavam separados por um “ grande abismo” (Lc
16.26) que não podia ser atravessado por ninguém.
A seção para os salvos seria chamada de “ o seio de
Abraão” (Lc 16.22). Quando Cristo, como as “primicias”
da ressurreição (1 Co 15.20), ascendeu aos céus, condu­
ziu esses santos do Antigo Testamento aos céus pela pri­
meira vez.
A visão celestial: Este ensino diz que.as almas das pes­
soas crentes que viveram no tempo do Antigo Testamento
foram diretamente ao céu no m omento em que m orre­
ram. Jesus afirmou que seu espírito iria diretamente ao
céu quando declarou: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu
espírito” (Lc 23.46b).Jesus prometeu ao ladrão que esta­
va crucificado ao seu lado:“Em verdade te digo que hoje
estarás comigo no Paraíso” (Lc 23.43). “O paraíso” é
definido como “o terceiro céu” em 2 Coríntios 12.2-4.
Quando os santos que viveram por ocasião do Antigo
Testamento partiram desta vida, eles foram diretamente
para o céu. Deus tom ou Enoque para que estivesse com
Ele (Gn 5.24; confira Hb 11.5), e Elias foi arrebatado
para o “céu” quando partiu (2 Rs 2.1).
“O seio de Abraão” (Lc 16.23) é uma descrição do
céu. Em nenhuma ocasião esse lugar jamais foi descrito
410
EFÉ SI OS
como o inferno. É o lugar para onde foi Abraão, que é o
reino dos céus mencionado em M t 8.11. Q uando os
santos que viveram no Antigo Testamento ressuscitaram,
“entraram na cidade santa e apareceram a muitos” (Mt
27.53), eles vieram do céu, assim como foi com Moisés
e Elias no m onte da transfiguração (Mt 17.3).
Os santos que viveram por ocasião do Antigo Testa­
mento precisaram esperar a ressurreição de Cristo antes
que os seus corpos pudessem ser ressuscitados (1 Co
15.20; confira M t 27.53), mas a alma de cada um deles
foi diretamente para o céu. Cristo estava na condição do
Cordeiro que foi m orto “desde a fundação do m undo”
(Ap 13.8), e os santos estavam ali pelos méritos daquilo
que Deus sabia que Cristo era capaz de realizar.
“Descer às profundezas da terra” não é uma referên­
cia ao inferno, mas à sepultura. Até mesmo o ventre
materno é descrito como “profundezas da terra” (SI
139.15). A frase simplesmente significa cavernas, sepul­
turas, ou áreas reservadas da terra, em sentido oposto às
partes mais altas, como as montanhas. Além disso, o pró­
prio inferno não está nas partes mais baixas da terra —
ele está “debaixo da terra” (Fp 2.10).
A frase “desceu ao inferno” não constava do credo
primitivo dos apóstolos. Ela não foi acrescentada até o
quarto século. Seja quando for que essa frase tenha sido
acrescentada, pode-se considerar o credo dos apóstolos
não como inspirado — mas, somente, como uma con­
fissão humana de fé.
Em nossa opinião, os “espíritos em prisão” eram seres
não salvos. N a verdade, devem ter sido anjos ao invés de
seres humanos.Veja nossos comentários a respeito de 1
1'edro 3.19.
Q uando Cristo “levou cativo o cativeiro”, Ele não
eslava conduzindo amigos ao céu, mas levando inimigos
■i prisão. Esta é uma referência ao seu triunfo sobre as
411
R E S PO S TA ÀS SEITAS
forças do maligno. Os cristãos não são “cativos” no céu.
Nós vamos para lá por nossa livre e espontânea escolha
(veja M t 23.37; 2 Pe 3.9).
Mesmo que pudesse ser mostrado que Jesus visitou o
mundo espiritual durante essa ocasião, a Bíblia é clara ao
mostrar que Ele não “nasceu novamente” enquanto es­
teve ali, e nem obteve a vitória que ganhou sobre o dia­
bo nessa ocasião. Jesus não era um pecador e, portanto,
não precisava nascer de novo (confira Jo 2.25; 3.3,6,7;
veja nossos comentários sobre a passagem em 2 Co 5.21).
O trabalho de Jesus pela nossa salvação foi consumado
na cruz, antes que Ele entrasse na sepultura (Jo 19.30;
H b 1.3; 10.14,15).
E F É S I O S 4. 11 — O s mórmons estão certos quando
dizem que a estrutura de sua igreja — com profetas
e apóstolos vivos — é a mesma estrutura da Igreja
Primitiva?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : N a passagem de Efésios
4.11, o apóstolo Paulo diz:“E ele mesmo deu uns para
apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas,
e outros para pastores e doutores”. Os mórmons acredi­
tam que a sua atual estrutura (com apóstolos e profetas)
é a mesma que a Igreja Primitiva possuía (McConkie,
1977, 607). Portanto, os mórmons pensam que formam
a única igreja verdadeira.
Os proponentes do movimento R eino Agora e ou­
tros grupos que alegam ter recebido novas revelações da
parte de Deus também utilizam esse verso para argu­
mentar que ainda existem apóstolos e profetas.
C O R R IG IN D O A MÁ IN TERPRETAÇÃO : De acor­
do com Efésios 2.20, a Igreja está edificada “sobre o fun­
damento dos apóstolos e dos profetas” . U m a vez que o
412
E FÉSI OS
alicerce está construído, ele jamais é construído nova­
mente. Constrói-se sobre esse alicerce. As Escrituras in­
dicam que os apóstolos e os profetas foram dádivas fun­
damentais.
Os apóstolos do primeiro século compreenderam que
Deus estava provendo através deles uma revelação única
(1 Co 2.13). O Senhor os tom ou pela mão (Mt 10.1,2;
At 1.26) e lhes deu autoridade divina (At 20.35; 1 Co
7.10). Os apóstolos bíblicos teriam que ter sido testemu­
nhas oculares do Cristo ressurreto como pré-requisito
(At 1.22; 1 Co 9.1; confira 1 Co 15.7,8). O livro de Atos
claramente atesta a unicidade e a autoridade dos apósto­
los. Em Atos 2.42, os participantes da Igreja Primitiva
“perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na com u­
nhão”. Ao longo do livro de Atos, os pronunciamentos
dos apóstolos eram finais (At 15). Através da voz deles, a
igreja cristã nasceu (At 2), milagres foram feitos (At 3),
regras foram restringidas (At 4), desobedientes foram
julgados (At 5), e o Espírito Santo foi dado aos samaritanos
(At 8) e aos gentios (At 10).
Os apóstolos bíblicos foram autenticados por mila­
gres incríveis (2 Co 12.12) — como levantar pessoas de
entre os mortos (At 9.36-42). Qualquer pessoa que rei­
vindique ser um apóstolo deve, obrigatoriamente, ser au­
tenticada pelos sinais de um apóstolo. Os apóstolos e
profetas mórmons não possuem tais atestados miraculosos.
Além do mais, a revelação dada pelos profetas e após­
tolos mórmons claramente contradiz a revelação final
(“que uma vez foi dada”) transmitida pelos apóstolos do
primeiro século (Jd 3). Os apóstolos mórmons ensinam
que Jesus é um ser criado, e que Ele é o espírito-irmão
de Lúcifer. Os apóstolos bíblicos ensinaram que Jesus é
Deus e o Criador (Cl 1.16; 2.9; confira Is 44.24). Os
apóstolos mórmons ensinam que Deus é um hom em
elevado, de carne e ossos. Os apóstolos bíblicos ensina­
413
R E S P O S T A À S S EI T A S
ram que Deus é espírito (2 Co 3.17,18). Os apóstolos
mórmons ensinam que existem muitos deuses no uni­
verso. Os apóstolos bíblicos ensinaram que existe somente
um Deus (1 T m 2.5). Os apóstolos mórmons ensinam
que os seres humanos devem se tornar deuses. Os após­
tolos bíblicos ensinaram que seres humanos jamais se
tornam Deus (veja At 14.14,15).
414
CAPÍTULO 32
F1 LI PENSES
IT L IP E N S E S 2 .7 — Se C risto se esvaziou de sua
divindade enquanto esteve na terra, então como Ele
poderia ser Deus?
A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : Paulo parece dizer que Je­
sus “esvaziou-se” de sua divindade ou de sua “igualdade
com Deus” (vv. 6,7) para tornar-se humano (v. 8). Com o
é que Jesus poderia ser Deus enquanto estava na terra, se
Ele deixou de lado a sua divindade para tornar-se ho­
mem? As Testemunhas de Jeová dizem que Ele não po­
deria fazê-lo (veja Reasoningfrom thc Scriptures, 1989,198,
pág.419).
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PRETA ÇÃ O :Jesus não
cessou de ser Deus enquanto esteve na terra. Pelo con­
R E S P O S T A À S S EI T A S
trário, além de ser Deus, Ele também se tornou homem.
A encarnação dEle não foi a subtração da sua divindade,
mas a adição de humanidade.
Esse texto não diz que Cristo renunciou à sua divin­
dade ou esvaziou a si mesmo desta, mas diz apenas que
Ele renunciou temporariamente aos seus direitos divi­
nos, assumindo a “forma de servo” (v. 7), a fim de ser um
exemplo para nós (v. 5). O texto declara que Jesus era
em “forma de Deus” ou “era a própria natureza de Deus”
(v. 6). Assim como “forma de servo” (v. 7) trata-se de um
servo por natureza, então “forma de Deus” (v. 6) trata-se
de Deus por natureza. Observe também que o termo
“sendo” (na frase “sendo em forma de Deus”) está no
tempo verbal chamado gerúndio. Isso transmite a idéia
de uma existência contínua como Deus. O pensamento
expresso no texto é que Cristo foi e é em forma de
Deus.
Essa mesma passagem também proclama que todo
joelho se dobrará ao confessar que Jesus é “Senhor”. Isso
fala de Isaías 45.23, que se refere aYahweh — um nome
utilizado exclusivamente para Deus.
F IL IP E N S E S 2 .1 0 — Paulo está ensinando nesta
passagem que todas as pessoas serão salvas p o r con­
fessar que Cristo é o Senhor?
A MÁ IN TER PR ET A Ç Ã O : Paulo faz, nessa passagem,
uma predição:“Para que ao nome de Jesus se dobre todo
joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da
terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor,
para glória de Deus Pai” (Fp 2.10,11). Nesse ponto, os
universalistas insistem em que os incrédulos estão clara­
mente contemplados na frase “debaixo da terra” . Isso
significa que todas as pessoas serão finalmente salvas?
416
Fl LI PEN SE S
C O R R IG IN D O A MÁ IN T E R PR E T A Ç Ã O : E m bo­
ra seja admitido por todos que os incrédulos finalmente
confessarão que Jesus é o Senhor, não há qualquer evi­
dência nessa ou em outra passagem de que eles serão
salvos.
Os incrédulos apenas confessarão “que” Jesus é o Se­
nhor. Não existe qualquer indício de que eles crerão
“nEle” — o que é necessário para a salvação. Até mes­
mo os demônios crêem“que”,mas não crêem “em ” Deus
(Tg 2.19). O simples fato de crer que Jesus é o Senhor
não salvará ninguém; somente crer em Cristo o fará (Tg
2.21-26). Q uanto aos que estiverem “debaixo da terra”
(os perdidos), eles professarão uma mera confissão com a
sua boca. Para que haja salvação, insistiu Paulo, há duas
condições: “Se, com a tua boca, confessares ao Senhor
Jesus e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou
dos mortos, serás salvo” (R m 10.9). Os incrédulos não
crêem em seu coração.
Várias outras passagens nas Escrituras ensinam que
muitos estarão perdidos para sempre. Isso inclui o diabo
e os seus anjos (Mt 25.41), a besta e o falso profeta (Ap
19.20), Judas Iscariotes (Jo 7.12), uma multidão de pes­
soas não salvas de várias nações (Mt 25.32,41), e todos
aqueles cujos nomes não estão escritos no livro da vida
(Ap 20.15).
F IL IP E N S E S 2 .1 2 — E ste verso indica que deve­
mos alcançar a nossa salvação como se fo sse um
“pagamento ”?
A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Füipenses 2.12 diz:
“Operai a vossa salvação com tem or e trem or” . U m
grande núm ero de seitas cita esse verso para apoiar uma
visão de salvação orientada pelas obras. As Testemunhas
de Jeová concluem a partir desse verso que a salvação
417
R E S P O S T A À S S EI T A S
não é garantida a qualquer pessoa (Reasoning from the
Scriptures, 1989, pág.358). Os m órm ons dizem que as
pessoas devem “trabalhar” pela sua salvação, através de
seu próprio esforço, para que alcancem a divindade
(McConkie, 1977,329).
C O R R IG IN D O A MÁ IN TER PR ET A Ç Ã O : As Es­
crituras como um todo enfatizam que as obras não têm
nada a ver com a salvação (por exemplo, R m 3.20,28; E f
2.8,9). Por essa razão, o verso não pode ser interpretado
com a idéia de que devemos acrescentar as obras para
podermos alcançar a salvação final. Muitos estudiosos
acreditam que esse verso não trata da certeza da salvação
final para os crentes individualmente, mas entendem que
se trata de salvação coletiva dos membros da igreja em
Filipos, em relação a alguns problemas temporais que a
igreja estava enfrentando. Essa igreja estava sofrendo sob
intensas rivalidades (Fp 2.3,4),perturbações causadas por
judaizantes (Fp 3.1-3) e libertinagens (Fp 3.18,19). Em
conseqüência desses problemas internos que severamente
obstruíam o crescimento espiritual, a igreja filipense como
um todo estava em uma situação de necessidade de “sal­
vação”, ou seja, ela precisava lidar com esses problemas e
vencê-los. Se esse tiver sido realmente o cenário, os
filipenses foram conclamados para “trabalhar” (ou “ope­
rar”) a sua salvação a respeito desses temas. O termo
grego empregado para “operar” (katergazomaí) indica “tra­
zer alguma coisa a uma conclu são ” . Paulo estava
conclamando os filipenses para pôr um fim nos seus pro­
blemas internos.
F IL IP E N S E S 2 .2 5 —Se Paulo tinha o dom de curar,
p o r que ele não f o i capaz de curar Epafrodito, seu
cooperador?
418
Fl LI P ENSES
A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O . Os ensinadores da seita Pa­
lavra da Fé dizem que a cura física completa nesta vida é
garantida através da expiação feita por Jesus Cristo, e que
a vontade de Deus para cada pessoa é que estas sejam
curadas de todas as suas aflições físicas (cf. Hagin, Word o f
Faith , agosto de 1977, pág.9). N o livro de Atos, Paulo
curou os enfermos e ressuscitou os mortos (20.9-10).
Em certa ocasião, ele até mesmo curou cada pessoa em
uma cidade inteira (28.9). Mas nesta passagem, ele apa­
rentemente não podia sequer curar um cooperador ne­
cessitado.
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR ET A Ç Ã O . Alguns
acreditam que possuir o dom de curas não garante que
uma pessoa possa sempre curar alguém. Em certa oca­
sião, os discípulos não puderam curar um jovem possesso de demônios (Mat. 17.16). Eles insistem que o dom
de curas não faz com que uma pessoa seja cem por cen­
to bem-sucedida, como também o dom de ensinar não
faz com que uma pessoa seja infalível.
Outros insistem que este dom sempre foi desempe­
nhado de forma eficaz, observando que Jesus curou o
jovem (Mat. 17.14-20) e repreendeu os discípulos por
não exercerem o poder que lhes fora dado para curar,
por causa de sua incredulidade (w. 17,18). Eles alegam
que o dom de curas foi cem por cento bem-sucedido,
do mesmo modo que alguém com o dom de profecia
jamais pronunciou uma falsa profecia, pois isto seria a
prova de que a pessoa não possuía o verdadeiro dom de
profetizar (confira D t 18.22).
A razão pela qual Epafrodito não foi curado não está
declarada no texto. Mas este também não diz que Paulo
procurou curá-lo e falhou. A partir de qualquer pers­
pectiva alegada pela seita Palavra da Fé, a completa cura
física (nesta vida) garantida na obra expiatória de Jesus
419
R E S P O S T A À S S EI T A S
Cristo estará incorreta. Nós seremos finalmente curados
quando recebermos os nossos corpos da ressurreição —
e isso está garantido na obra da expiação.
420
CAPÍTULO 33
COLOSSENSES
C O L O S S E N S E S 1 . 1 5 - 1 7 — S e J e s u s é “o
Prim ogênito”, então não f o i Ele o primeiro a ser
criado, e a seguir Ele mesmo criou todas as demais
coisas?
A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : Colossenses 1.15 diz: “O
qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a
criação” . As Testemunhas de Jeová dizem que essa passa­
gem prova que Jesus é uma criatura, a que foi “primeira­
mente criaida”. Alegam que Jesus é o mais velho na famí­
lia dos filhos de Jeová (Reasoning from the Scriptures, 1989,
pág.408).A tradução Novo M undo (dasTestemunhas de
Jeová) muda sutilmente a passagem de Colossenses 1.16,17,
de forma que Cristo apareça como o primeiro ser criado,
R E S P O S T A ÀS SEITAS
usado pelo Pai para criar todas as demais coisas no univer­
so: “porque nele foram criadas todas as [outras] coisas que
há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos,
sejam dominações, sejam principados, sejam potestades;
tudo [as outras coisas] foi criado por ele e para ele. E ele é
antes de todas as [outras] coisas, e todas as [outras] coisas
subsistem por ele.” (As palavras entre colchetes fazem par­
te da tradução Novo Mundo.)
“Assim, ele é mostrado como um ser criado, uma parte
da criação produzida p or D eus” (Reasoning from the
Scriptures, 1989, pág.409).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : O ter­
m o “prim ogênito” não contém o significado de “pri­
meiramente criado”. Nos tempos bíblicos, esse termo
significava “primeira posição” ou “preem inente”. O rei
Davi foi de fato o último filho nascido a Jessé, contudo
foi chamado de “prim ogênito” pelo fato de ser ele o
filho preeminente (Sl 89.27). Cristo é preeminente por­
que Ele é o Criador (Jo 1.3). Além do mais, Jesus não
poderia ser Miguel (considerado o primeiro anjo cria­
do) porque Ele mesmo criou todos os anjos (Cl 1.16) e
todos eles o adoram (Hb 1.6).
Também não se justifica a inserção do termo “outras”
no texto de Colossenses 1.16,17.0 fato é que Colossenses
1.16 ensina que Cristo criou “todas as coisas” e, sendo
assim, o próprio Cristo não pode ser alguém que foi
criado. Um a boa referência cruzada é Isaías 44.24, onde
o próprio Deus diz de modo assertivo: “Eu sou o Se­
nhor [Yahweh] que faço todas as coisas, que estendo os
céus e espraio a terra por mim mesmo ” (as ênfases foram
adicionadas pelos autores). Se Yahweh fez todas as coisas
por si mesmo e sozinho, é óbvio que Ele não criou pri­
meiramente ajesus e, então, todas as demais coisas foram
criadas através dEle. Se Yahweh é chamado de o Criador
422
COLOS SENSES
do universo e se Jesus também é chamado assim, as Es­
crituras igualam Jesus a Deus.
C O L O S S E N S E S 1. 18 — Jesus fo i “nascido de novo”
no inferno?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Os ensinadores da seita
Palavra da Fé argumentam que esse verso significa que
Jesus foi “nascido de novo” no inferno, após sofrer ali
durante três dias. “Jesus nasceu novamente — a Palavra
se refere a Ele como o primogênito dentre os mortos —e Ele açoitou o dem ônio em seu próprio território
(Copeland, The price o f it ali, 1991).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Cristo
é o “prim ogênito” no sentido de que Ele tem a preeminência sobre toda a criação. Ele não foi nascido nova­
m ente no inferno. N a verdade, Ele jamais precisou ou
precisaria ser nascido novamente por motivo algum (Jo
3.3,6,7).Além do mais, Cristo nunca foi ao inferno, con­
forme a nossa discussão a respeito de Efésios 4.9.
C O L O S S E N S E S 1 . 2 0 — Este verso ensina que
todas as pessoas serão salvas?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : O apóstolo Paulo escreveu
aos Colossenses: “Porque foi do agrado do Pai que toda
a plenitude nele [Cristo] habitasse e que, havendo por
ele [Cristo] feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio
dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto
as que estão na terra como as que estão nos céus” (Cl
1.19,20). Se Paulo diz que todas as coisas estão reconci­
liadas em Cristo através de sua morte e ressurreição, isso
parece implicar em que todas as pessoas são salvas. Essa
interpretação universalista é verdadeira?
42 3
RE S P O S T A ÀS SEITAS
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Paulo
não está falando a respeito de salvação universal, mas da
soberania universal de Jesus Cristo.Toda a autoridade foi
dada a Jesus Cristo nos céus e na terra (Mt 28.18). Pela
virtude de sua morte e ressurreição, Cristo como o últi­
mo Adão é Senhor sobre tudo aquilo que foi perdido
pelo primeiro Adão (confira 1 Co 15.45-49).
Observe o contraste entre duas passagens cruciais es­
critas pelo apóstolo Paulo.
TODAS AS COISAS
“EM” CRISTO
Efésios 1.3-10;
Colossenses 1.19,20
Quem: todos os salvos
N o céu
Na terra
Propósito: Reconciliação
de pecadores
TODOS SE
PROSTRARÃO
“DIANTE D E” CRISTO
Filipenses 2.9-11
Quem: todos em sujeição
N o céu
N a terra e debaixo da terra
Propósito: Exaltação
de Cristo
Quando Paulo se refere a estar “em Cristo” (os sal­
vos), não inclui “aqueles que estão debaixo da terra” (os
perdidos). Contudo, todas as pessoas, salvas e não-salvas,
um dia se prostrarão diante de Cristo e reconhecerão o
seu senhorio universal. Mas em nenhuma passagem as
Escrituras ensinam que todas as pessoas serão salvas.Jesus
dirá a muitos:“Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo
eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mt 25.41).
João falou do diabo, da besta e do falso profeta, e de
todos aqueles cujos nomes não estiverem escritos no li­
vro da vida, sendo lançados no lago de fogo para sempre
(Ap 20.10-15). Lucas fala de um grande abismo intrans-
424
COLOSSENSES
ponível entre o céu e o inferno, e no inferno estão vi­
vendo em torm ento aqueles que rejeitaram a Deus (Lc
16.19-31). Paulo, a respeito dos ímpios, diz que “pade­
cerão eterna perdição, ante a face do Senhor e a glória
do seu poder” (2Ts 1.9). Jesus declarou que Judas estava
perdido e referiu-se a ele como “filho da perdição” (Jo
17.12). Fica evidente a partir de todas essas passagens
que nem todos serão salvos.
C O L O S S E N S E S 1. 24 — E ste verso ensina que o
sofrimento de Cristo na cruz não f o i suficiente para
trazer o perdão aos nossos pecados?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : De acordo com o ensino
católico romano, aqueles que crêem terão que sofrer no
purgatório pelas conseqüências temporais de pecados
veniais que não forem pagos nesta vida.
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Em
Colossenses 1.24b, Paulo diz: “Padeço por vós e na mi­
nha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu
corpo, que é a igreja;” D e m odo algum essa passagem
defende o dogma católico do purgatório. Esse verso não
significa que o sofrimento expiatório de Cristo não te­
nha sido suficiente para liquidar os efeitos tanto eternos
quanto temporais de todos os nossos pecados. E se foi
suficiente, como os próprios católicos dizem acreditar,
então não podemos acrescentar nada à suficiência da
expiação. Se o pudéssemos, o trabalho de Deus não teria
sido necessariamente satisfatório para salvar, o que é uma
noção blasfema que contradiz muitas outras passagens
(por exemplo,Jo 17.4; 19.30; Hb 1.2; 10.14).
Em certo sentido, Cristo ainda sofre após a sua morte.
Jesus disse a Paulo:“ ...por que me persegues?” (At 9.4).
U m a vez que Cristo não estava literalmente na terra para
425
RE S P O S T A À S SEITAS
que fosse perseguido, essa deve ser uma referência ao seu
corpo (a igreja), o qual Paulo — sendo o fariseu Saulo
de Tarso — esteve perseguindo (confira 8.1; 9.1,2). Em
um sentido semelhante, nós também podemos sofrer por
Cristo: “a vós vos foi concedido, em relação a Cristo,
não somente crer nele, como também padecer por ele”
(Fp 1.29). Mas o nosso sofrimento por Cristo não é, em
nenhum sentido, um meio de se fazer expiação. Somen­
te Jesus sofreu por pecados. Nós sofremos por causà de
nossos pecados, porém jamais com o objetivo de satisfa­
zer ao juízo de Deus sobre os nossos pecados, ou de
qualquer outra pessoa. Cada pessoa deve levar a culpa
por seus próprios pecados (Ez 18.20), ou então aceitar o
fato de que Cristo sofreu por seus pecados (2 Co 5.21; 1
Pe 2.21; 3.18). Quando sofremos por Cristo,sofremos as
dores como parte de seu corpo espiritual — a igreja
(confira 1 Co 12.26); mas somente o sofrimento padeci­
do por Ele em seu corpo físico sobre a cruz é eficaz para
trazer perdão pelos nossos pecados. O nosso sofrimento
então é, a serviço de Cristo, um ato de amor, obediência
e gratidão, mas não tem nada a ver com méritos.
Mesmo em uni sentido que não seja o da salvação, no
qual esse verso declara que somos capazes de sofrer por
outras pessoas, não existe qualquer sugestão aqui ou em
outra passagem, no cânone das Sagradas Escrituras, de
que possamos fazer isso em favor daqueles que estão
mortos. A nossa vida sacrificial pode ser exercida apenas
em favor dos vivos.
C O L O S S E N S E S 2 .8 — Este verso significa que os
cristãos não deveriam estudar filosofia?
A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Paulo preveniu em
Colossenses 2.8: “Tende cuidado para que ninguém vos
faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas”. As
4 26
COLOS SENSES
Testemunhas de Jeová citam esse verso como prevenção
contra o estudo da filosofia (Reasoningfrom the Scriptures,
1989, pág.291).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : A Bí­
blia não é mais contrária à filosofia do que um corpo
de conhecimentos talvez seja contrário à religião. N es­
sa passagem, Paulo não está se referindo à filosofia, mas
à vã filosofia, quando a ela se refere como “vãs sutile­
zas” (v. 8). D e um m odo semelhante, a Bíblia não se opõe
à religião, mas à vã religião (confira T g 1.26,27).
Nesse contexto, Paulo não está falando a respeito da
filosofia em geral, mas a respeito de uma filosofia parti­
cular, geralmente entendida como uma forma primitiva
do gnosticismo. Isso é indicado pelo uso do artigo defi­
nido (do grego tês). Os termos gregos tês philosophias de­
veriam ser traduzidos como “a filosofia” ou “essa filoso­
fia” . Paulo estava se referindo a essa filosofia particular
(não a toda filosofia) que havia invadido a igreja em
Colossos, envolvendo o legalismo, o misticismo, e o
ascetismo (confira Cl 2).
O
próprio Paulo estava bem treinado nas filosofias
dos seus dias, até mesmo fazendo menção delas periodi­
camente (confira At 17.28; T t 1.12). Paulo foi bem sucedido na ocasião em que “argum entou” com os filó­
sofos na colina de Marte, chegando até mesmo a ganhar
alguns para Cristo (At 17.17,34). Em outra passagem,
ele disse que um bispo deveria ser apto “tanto para ad­
moestar com a sã doutrina como para convencer os
contradizentes” (Tt 1.9). Pedro exortou os crentes do
seguinte m odo:“Estai sempre preparados para responder
com mansidão e tem or a qualquer que vos pedir a razão
da esperança que há em vós” (1 Pe 3.15b). N a verdade,
Jesus disse que o maior mandamento é amar a Deus “de
todo o teu pensamento” (Mt 22.37). Em sua forma pura
4 27
R E S P O S T A À S S EI T A S
como o estudo da vida e da sabedoria, a filosofia estimu­
la uma afeição mais profunda para com Deus.
Deus não estabelece nenhum prêmio para a ignorân­
cia. D e fato, Ele conhece que não somos capazes de
“acautelarmo-nos da filosofia”, a menos que estejamos
atentos a ela. Ninguém visitaria um médico que não
tivesse estudado a respeito das doenças. Mas nesse ponto
repousa um perigo. O cristão deve aproximar-se das fal­
sas filosofias do mundo para estudá-las, do mesmo modo
que um pesquisador médico se aproxima do vírus HIV.
Ele deve estudá-las de modo objetivo e cuidadoso, com
a finalidade de descobrir o que há de errado com elas; e
não subjetiva e pessoalmente, para que ele mesmo não
contraia a “doença” .
C O L O S S E N S E S 2 .9 — E ste verso indica que Jesus
meramente possuía qualidades divinas, ou indica que
Ele é realmente Deus?
A MÁ IN TER PR ET A Ç Ã O : As Testemunhas de Jeová
traduzem Colossenses 2.9 do seguinte modo: “Porque é
nele que toda a plenitude da qualidade divina habita
corporalmente”. Eles dizem que esse verso não significa
que Jesus seja intrinsecamente o Deus Todo-Poderoso,
assim como o Pai o é, mas que Ele meramente possui
qualidades divinas (Reasoning from the Scriptures, 1989,
pág.421).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Esse
verso não diz que Jesus apenas possui qualidades divinas;
ao contrário, diz que a absoluta “plenitude [literalmente,
‘a medida completa’, ‘a perfeição’, ‘a totalidade’, ‘a soma
total’] da divindade” habita em Cristo de forma corpo­
ral. O verso significa que Cristo tem a própria natureza
de Deus, e é a própria essência da divindade.Tudo aqui­
428
COLOSSENSES
lo que Deus é tem a sua morada permanente no Senhor
Jesus Cristo, em forma corpórea. Este fato tem base em
num erosos outros versos, na p ró p ria epístola aos
Colossenses (confira 1.15-18), e em outras passagens (Jo
1.1; 8.58; 20.28; Fp 2.6-8;T t 2.13).
C O L O S S E N S E S 2 .9 — E ste verso prova que Jesus
é D eu s o Pai e o Espírito Santo, como acreditam os
adeptos da Unidade Pentecostal?
A M Á IN TER PRETA ÇÃO : Em Colossenses 2.9 o após­
tolo Paulo disse a respeito de Cristo:“Porque nele habita
corporalmente toda a plenitude da divindade” . Os adep­
tos da Unidade Pentecostal acreditam que esse verso seja
impossível de se enquadrar com o triunitarismo. N a ver­
dade, dizem eles: “O triunitarismo nega que a plenitude
de Deus esteja em Jesus, porque nega que Jesus seja Deus,
o Pai, e o Espírito Santo” (Bernard, 1983,289). U m a vez
que a plenitude da divindade habita em Cristo, isso deve
significar que Jesus é o Pai e o Espírito Santo.
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Nesse
verso, o term o “plenitude” significa simplesmente divin­
dade. A palavra indica que a plenitude da divindade —
que é a própria essência divina, incluindo todos os atri­
butos divinos — habita completamente em Jesus. Esse
verso indica, então, que Jesus é completamente Deus,
mas não diz que Jesus seja a única pessoa que é comple­
tamente Deus.
As Escrituras interpretam as próprias Escrituras. E as
Escrituras indicam que na unidade do Deus único (Dt
6.4) existem três pessoas distintas. Cada uma destas três
pessoas é chamada de Deus nas Escrituras. O Pai (1 Pe
1.2), o Filho (Jo 20.28), e o Espírito Santo (At 5.3,4).
Além do mais, cada uma dessas pessoas possui atributos
429
R E S P O S T A À S S EI T A S
de divindade. Por exemplo, cada uma das três pessoas
está presente em todos os lugares (SI 139.7; M t 28.18),
conhece todas as coisas (Mt 9.4; R m 11.33; 1 Co 2.10),
e tem poder para fazer todas as coisas (Mt 28.18; R m
15.19; 1 Pe 1.5). Finalmente, existe uma unidade das três
pessoas na plenitude de Deus. Com o um bom exemplo,
um pouco antes de sua ascensão, Jesus disse aos discípu­
los: “Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as
em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt
28.19). O termo “nom e” é singular no grego, indicando
que existe um só Deus. Mas há três pessoas distintas na
plenitude de Deus — o Pai, o Filho, e o Espírito Santo.
Essa triunidade também é refletida em 2 Coríntios 13.13.
Portanto, a passagem em Colossenses 2.9 simplesmente
não pode significar que Jesus é o Pai e o Espírito Santo.
Para mais detalhes a respeito da distinção entre o Pai,
o Filho, e o Espírito Santo como pessoas, veja a nossa
discussão sobre a passagem de Mateus 28.19.
C O L O S S E N S E S 2 . 1 6 — O s cristãos são obrigados
a guardar o sábado?
Veja os nossos comentários a respeito de Exodo 20.8-11
e Mateus 5.17,18.
C O L O S S E N S E 4 . 1 6 — O que aconteceu à E písto­
la aos laodicenses que f o i perdida?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Paulo se refere à “Epístola
de Laodicéia” como um livro escrito por ele que deveria
ser lido pela igreja em Colossos, assim como o livro ins­
pirado de Colossenses deveria ser lido pelos laodicenses.
C ontudo não existe nenhum a Epístola do primeiro sé­
culo endereçada aos laodicenses (embora exista uma frau­
dulenta do quarto século). Mas é muito estranho que
430
COLOSSENSES
um livro inspirado perecesse. Por que Deus inspiraria
um livro para a fé prática da igreja (2 T m 3.16,17) e,
então, permitiria que esse fosse destruído?
Alguns mórmons tentam fazer com que seja signifi­
cativo o fato de a Bíblia mencionar livros específicos
que não estejam nela contidos (veja A sure foundation.
Answers to difficult Gospel questions, 1988). Por essa razão,
eles alegam que a Bíblia é incompleta, e as pessoas tam ­
bém precisam do livro de M órm on.
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Em pri­
meiro lugar, é possível que Deus não quisesse que nem
todos os livros divinamente impositivos ou inspirados
fizessem parte da Bíblia. Lucas faz referência a outros
Evangelhos (Lc 1.1), e João afirmou que havia muitas
outras coisas que Jesus fez, e que não estavam registradas
em seu Evangelho (Jo 20.31; 21.25). Simplesmente por
ser um livro citado na Bíblia, não significa que esse per­
tença a ela.
Em segundo lugar, há algumas boas razões para acre­
ditar que a Epístola de Laodicéia não foi realmente per­
dida, mas apenas renomeada. Ela provavelmente é o livro
de Efésios. A passagem de Colossenses 4.16 não se refere
a ela como a Epístola dos Laodicenses, mas a “Epístola
[vinda] de Laodicéia”, seja qual for o nome que essa
carta recebeu. Além do mais, é sabido que Paulo escre­
veu a Epístola aos Efésios ao mesmo tempo cm que es­
creveu aos Colossenses, enviando-a a outra igreja locali­
zada na mesma área geral.
Em terceiro lugar, existem evidências de que o livro
de Efésios não tinha esse título originalmente, mas era
um tipo de carta cíclica enviada às igrejas da Ásia menor.
De fato, alguns manuscritos antigos não possuem a frase
“em Efeso” na passagem de Efésios 1.1. E certamente
estranho que Paulo, após passar três anos ministrando
431
RE S PO S TA ÀS SEITAS
aos Efésios (At 20.31), não tenha enviado saudações pes­
soais a eles, se o livro conhecido como “aos Efésios” fos­
se endereçado apenas a eles. Em contraste, Paulo não
tinha jamais visitado Roma, mas cumprimentou um gran­
de número de pessoas em sua carta a eles (Rm 16.1-16).
Em quarto lugar, nenhuma Epístola aos laodicenses é
citada por qualquer patriarca da Igreja Primitiva, embo­
ra tenham feito mais de 36.000 citações neotestamentárias a cada livro, e a quase cada um de todos os versos do
Novo Testamento. Uma Epístola aos laodicenses fraudu­
lenta apareceu no quarto século, mas nenhum dos estu­
diosos acredita que seja aquela a que Paulo se referiu. N a
verdade, essa é largamente uma coleção de citações das
Epístolas de Efésios e Colossenses que foi rejeitada pelo
Segundo Concilio de Nicéia (no ano 787 d. C.) como
uma “Epístola forjada”.
432
CAPÍTULO 34
1 TESSALONICENSES
I T E S S A L O N I C E N S E S 4 . 1 3 — Paulo ensinou a
doutrina do sono da alma?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Por várias vezes, a Bíblia se
refere aos mortos como estando adormecidos. Muitos
grupos, como os Adventistas do Sétimo Dia, acreditam
que isso significa que a alma não está consciente no pe­
ríodo entre a morte e a ressurreição (Seventh-day adventists
answer questions on doctríne, 1957, 515, pág.520).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : As al­
mas tanto dos crentes como dos incrédulos estão consci­
entes no período entre a morte e a ressurreição. Os in­
crédulos estão em torm ento consciente (veja Mc 9.43-
R E S P O S T A À S S EI T A S
48; Lc 16.22,23; Ap 19.20), e os crentes estão em gozo
consciente (Fp 1.23).“Dorm ir” é unia referência ao corpo
físico, e não à alma. O sono é uma figura de linguagem
apropriada para representar a m orte do corpo, uma vez
que a morte é temporária até a ressurreição — ocasião
em que o corpo “despertará”.Veja os nossos comentári­
os a respeito da passagem em Rom anos 2.7.
A evidência bíblica de que a alma (ou o espírito) per­
manece consciente no período entre a morte e a ressur­
reição é muito forte.
1. Enoque foi tomado para estar com Deus (Gn 5.24;
Hb 11.5).
2. Davi falou de alegria na presença de Deus após a
m orte (SI 16.10,11).
3. Elias foi arrebatado ao céu (2 Rs 2.1,11,12).
4. Moisés e Elias estavam conscientes no monte da trans­
figuração (Mt 17.3).
5. Jesus entregou o seu espírito ao Pai no dia em que
m orreu (Lc 23.46).
6. Jesus prometeu que o ladrão arrependido estaria com
Ele no paraíso no mesmo dia da morte (Lc 23.43).
7. Paulo disse que era muito melhor morrer e estar
com Cristo (Fp 1.23).
8. Paulo afirmou que, quando “deixamos este corpo”,
então “habitamos com o Senhor” (2 Co 5.8).
9. O escritor aos Hebreus refere-se ao céu como o lu­
gar dos “espíritos dos justos aperfeiçoados” (Hb
12.23).
10. As “almas” daqueles que foram martirizados durante
a tribulação estavam conscientes no céu, orando a
Deus (Ap 6.9).
11. Estevão, quando apedrejado até a morte, disse: “Se­
nhor Jesus, recebe o meu espírito” (At 7.59).
12. Jesus, em certa ocasião, falando a respeito dos santos
do Antigo Testamento — Abraão, Isaque e Jacó —
434
1 T E S SALON IC EN SES
disse que Deus “não é Deus de mortos, mas de vi­
vos” (Lc 20.38).Jesus estava dizendo:“Embora Abraão,
Isaque e Jacó tenham m orrido há muitos anos, de
fato estão vivos hoje. Pois Deus, que a si mesmo se
chama de ‘O Deus de Abraão, Isaque e Jacó’, não é o
Deus dos mortos, mas dos vivos” .
1 T E S S A L O N I C E N S E S 4 . 1 6 — E ste verso ensina
que Jesus é o arcanjo Miguel?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : As Testemunhas de Jeová
pensam que esse verso prova que Jesus é o arcanjo Miguel:
“A ordem de Jesus Cristo para a ressurreição do ser é
descrita como ‘com voz de arcanjo’, e Judas 9 diz que o
arcanjo é Miguel” (Reasoning from the Scriptures, 1989,
pág.218). Daí, concluem: Jesus e Miguel são uma só e a
mesma pessoa.
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PRETA ÇÃO : Esse ver­
so não relata que Jesus fala, mas que Ele descerá dos céus
quando o arcanjo falar. A vinda de Jesus no arrebatam ento será acompanhada pelo arcanjo Miguel, visto que
a voz do arcanjo (e não a voz de Jesus) é que profere o
brado. Isso não é diferente daquilo que acontecerá na
segunda vinda de Cristo, pois “a vós, que sois atribula­
dos, descanso conosco, quando se manifestar o Senhor
Jesus desde o céu, com os anjos do seu poder” (2Ts 1.7).
Dentre as numerosas razões pelas quais Jesus não é o
arcanjo Miguel está a de que Jesus é Deus (Jo 1.1; 8.58;
20.28; Cl 2.9) e o criador de todos os anjos (Jo 1.3; Cl
1.15,16). O anjo Miguel foi criado por Ele e, como to­
dos os demais anjos, ele adora a Jesus (Hb 1.6).
435
CAPÍTULO 35
2 TESSALONICENSES
2 T E S S A L O N I C E N S E S 1 .9 — O s homens ímpios
serão aniquilados, ou sofrerão uma punição consci­
ente para todo o sempre?
A MÁ IN TER PR ET A Ç Ã O : Esse verso diz que os ímpios
padecerão “eterna perdição” . As Testemunhas de Jeová
acreditam que versos como este indicam que a destrui­
ção dos ímpios é eterna, no sentido de que eles são ani­
quilados para sempre, deixando então de existir (Reasoning
from the Scriptures, 1989, págsJ.71-172).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : O ter
mo “destruição” aqui não significa aniquilação, doutra
sorte não seria uma destruição “eterna” . A aniquilação
dura apenas um instante e está terminada. Para que al­
RE SPO ST A ÀS SEITAS
guém sofra uma destruição eterna é necessário que pos­
sua também uma existência eterna. Assim como a vida
interminável pertence aos cristãos, a destruição interm i­
nável pertence àqueles que se opõe a Cristo. A “destrui­
ção” sofrida pelos ímpios não envolve o cessar da exis­
tência. Antes, ela envolve um contínuo e perpétuo esta­
do de ruína.
Além do mais, a definição de m orte nas Escrituras
jamais significa aniquilação, mas separação. Adão e Eva
morreram espiritualmente no m om ento em que peca­
ram, contudo eles ainda existiam e eram capazes de ou­
vir a voz de Deus (Gn 2.16,17; confira 3.10). Semelhan­
temente, antes que as pessoas sejam salvas, elas estão “m or­
tas em ofensas e pecados” (Ef 2.1) e, no entanto, essa
pessoa ainda é a imagem de Deus (Gn 1.27; confira Gn
9.6;T g 3.9); é conclamada a crer (At 16.31), a se arre­
pender (At 17.30) e a ser salva.
Quando se diz que os ímpios sofrerão a “perdição” (2
Pe 3.7), e Judas é chamado de “o filho da perdição” (Jo
17.12), isso não significa que eles serão aniquilados. O
term o “perdição” (apoleia) simplesmente significa “pere­
cer” ou “arruinar-se”. Sucatas de automóveis perecem
no mesmo sentido de serem arruinadas. Porém perm a­
necem sendo carros, arruinados como devem estar, e ainda
se encontram no depósito de sucatas. Nessa relação,Jesus
falou sobre o inferno como um depósito de sucatas ou
lixo, onde o fogo jamais cessa e o corpo ressuscitado de
uma pessoa jamais será consumido.
Outras evidências dão base à eterna consciência dos
perdidos. O hom em rico que morreu e foi para o infer­
no estava consciente em tormentos (Lc 6.22-28). Não
existe absolutamente qualquer indicação no texto de que
esse tormento haveria de cessar. Jesus falou repetidamente
a respeito das pessoas no inferno como em “prantos e
ranger de dentes” (Mt 8.12; 22.13; 24.51;25.30), o que
438
2 TESSALON IC ENSES
indica que estavam conscientes.
É dito que o inferno possui a mesma duração do céu,
ou seja,“é eterno” (Mt 25.41). O fato de a punição ser
eterna indica que as pessoas também devam ser eternas.
Não é possível que alguém sofra uma punição, a menos
que seja existente para ser punido (2Ts 1.9). Realm ente
não faz sentido dizer que os ímpios sofrerão uma “aniquilação eterna”. Em vez disso, os ímpios sofrerão uma
ruína que é eterna — e essa punição jamais terá fim.
A besta e o falso profeta foram lançados “vivos” den­
tro do lago de fogo por ocasião do início do milênio
(Ap 19.20), e ainda estavam ali, conscientes e vivos, de­
pois de terem-se passado mil anos (Ap 20.10). As Escri­
turas afirmam que o diabo, a besta, e o falso profeta “de
dia e de noite serão atormentados para todo o sempre”
(Ap 20.10). Mas não é possível experimentar um tor­
mento para sempre e eternamente, sem que se esteja vivo
para sempre e eternamente.
Jesus repetidamente chamou o inferno de um lugar
de “fogo inextinguível” (Mc 9.43-48), onde os corpos
dos ímpios nunca morrerão (Lc 12.4,5). Mas não faria
sentido ter chamas eternas e corpos sem almas para so­
frerem o tormento. O mesmo term o utilizado para des­
crever o perecimento dos ímpios no Antigo Testamento
(abad) é utilizado para descrever o perecimento dos jus­
tos (veja Is 57.1; M q 7.2). Esse term o também descreve
coisas que estejam meramente perdidas, mas que são en­
contradas mais tarde (Dt 22.3), o que prova que o term o
“perdido”, aqui, não significa inexistir. Portanto, se “pe­
recer” significasse “aniquilar” , então os salvos também
seriam aniquilados, porém sabemos que não o são.
Seria contrário à natureza criada dos seres humanos o
ato de aniquilá-los, dado que são criados conforme a
imagem e semelhança de Deus, que é eterna (Gn 1.27).
Porque se Deus aniquilasse a sua imagem no homem,
439
R E S P O S T A À S S EI T A S
seria o mesmo que destruir a reflexão de si mesmo. A
aniquilação seria um ato de diminuição tanto do amor
de Deus quanto da natureza dos seres humanos como
criaturas morais livres. Seria como se Deus lhes dissesse*:
“Eu permitirei que vocês sejam livres somente se fize­
rem aquilo que Eu digo! Caso contrário, apagarei a pró­
pria liberdade e existência de vocês”. Seria com o se um
pai dissesse a seu filho que deseja que ele se torne um
médico e, caso o filho escolhesse um a outra profissão, o
pai atirasse nele. O sofrimento eterno é um testemunho
eterno da liberdade e dignidade dos seres humanos, mes­
mo daqueles que não se arrependeram.
Não existem graus de aniquilação, mas as Escrituras
revelam que haverá graus de sofrimento entre os perdi­
dos (veja M t 10.15; 11.21-24;16.27;Lc 12.47,48;Jo 15.22;
H b 10.29; Ap 20.11-15; 22.12).
2 T E S S A L O N I C E N S E S 2 . 1 5 — 0 apóstolo P au ­
lo, nesta passagem , está negando a doutrina protes­
tante da sola Escriptura ( “somente a Bíblia ”), quan­
do afirma a necessidade de tradições verbalmente
transmitidas?
A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Paulo disse aos cristãos
tessalonicenses: “Então, irmãos, estai firmes e retende as
tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja
por epístola nossa”. Os católicos romanos argumentam
que essa passagem fundamenta a sua visão de autoridade
das tradições apostólicas que foram transmitidas verbal­
mente, bem como a autoridade da Bíblia Sagrada. Veja
também a passagem em 2 Tessalonicenses 3.6.
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : A Bí­
blia ensina que os apóstolos afirmaram que os seus ensi­
nos — mesmo os transmitidos verbalmente —- eram man-
440
2 TESSALONICENSES
(lamentos, e estavam no mesmo nível daqueles escritos
na Palavra de Deus. Entretanto, esse fato se deve à pre­
sença de apóstolos vivos que falavam com autoridade de
( 'risto através do Espírito Santo (Jo 14.26; 16.13). E im ­
portante notar vários aspectos nesse ponto.
Os ensinos verbais dos apóstolos eram o conteúdo
que se tornaria as próprias Escrituras. Um a vez que eles
ainda não haviam ordenado que todos os seus ensinos
lossem escritos, e visto que eles ainda não haviam morrido,
era necessário depender de seu ensinamento verbal. C on­
tudo, a partir do m om ento em que os apóstolos ordena­
ram que os seus ensinos fossem escritos e morreram, de
modo que não eram mais capazes de exercer a mesma
autoridade de uma pessoa viva, a Bíblia tornou-se S02Í n ha a nossa autoridade para fé e prática (2 T m 3.16,17).
As tradições reveladas (ensinos) dos apóstolos foram
escritas, são inspiradas e infalíveis. Elas incluem o Novo
Testamento. Posto que Deus considerou essencial para a
lé e a moral dos fiéis inspirar e escrever os 27 livros do
ensino apostólico, não é razoável supor que Ele tenha
deixado de fora algumas revelações importantes. Então,
mesmo que os apóstolos possuíssem autoridade em vir­
tude de seu ofício, somente as suas palavras nas Escritu­
ras são inspiradas e infalíveis (2 T m 3.16,17; confira Jo
10.35). Existem boas razões para acreditar que a Bíblia
sozinha é a autoridade completa e final para a prática da
lé de todos aqueles que crêem. Em primeiro lugar, a
Bíblia deixa claro que Deus desejou desde o princípio
que as suas revelações normativas fossem escritas e pre­
servadas para as gerações seguintes: “E Moisés escreveu
todas as palavras do Senhor” (Ex 24.4).Verdadeiramente,
Moisés disse no livro de Deuteronômio: “Estas são as
palavras do concerto que o Senhor ordenou a Moisés,
na terra de Moabe, que fizesse com os filhos de Israel”
(Dt 29.1).E o livro de Moisés foi preservado na arca (Dt
441
R E S P O S T A À S S EI T A S
31.26). “Assim, fez Josué concerto, naquele dia, com
povo e lho pôs por estatuto e direito em Siquém.EJosU1'
escreveu estas palavras no livro da Lei de D eus” (J*
24.25.26) juntam ente com os escritos de Moisés (confi"
rajs 1.7).
Semelhantemente, “Declarou Samuel ao povo o di'
reito do reino, e escreveu-o num livro, e pô-lo perante 0
Senhor” (1 Sm 10.25). Isaías recebeu do Senhor uni;1
ordem: “Toma um grande volume e escreve nele eü1
estilo de hom em ” (Is 8.1), e “escreve isto em uma tábvu>
perante eles e aponta-o em um livro; para que fique escrito para o tempo vindouro, para sempre e perpetua­
m ente” (Is 30.8). Daniel tinha uma coleção dos “livros''
de Moisés e dos profetas até o seu contemporâneo Jere­
mias (Dn 9.2).
Jesus e os escritores do Novo Testamento utilizaram a
frase “as Escrituras dizem” ou “está escrito” (confira Mt
4.4,7,10) mais de noventa vezes, reforçando a importân­
cia da Palavra de Deus escrita. Q uando Jesus repreendeu
os líderes judaicos, não foi porque eles não seguiam as
tradições, mas sim porque erravam “não conhecendo as
Escrituras” (Mt 22.29). Jesus disse aos apóstolos que o
Espírito Santo os guiaria a toda a verdade (Jo 16.13),
Mas Jesus disse no próprio capítulo seguinte: “A tua pa­
lavra é a verdade” (Jo 17.17), e os apóstolos reivindica­
ram que os seus escritos às igrejas eram Escrituras inspi­
radas por Deus (2 Pe 3.15,16; 2 T m 3.16,17). Deus cla­
ramente pretendeu desde o princípio que a sua revela­
ção fosse preservada nas Escrituras. N enhum intento si­
milar é demonstrado no sentido de preservar tradições
religiosas.
Em segundo lugar, a Bíblia declara que as Escritura^
inspiradas são competentes para preparar o crente par;|
toda a boa obra (2T m 3.16,17). Se a Bíblia é suficiente
para fazer isso, então nada mais é necessário. O fato de ^
442
2 TE S SA LO N IC EN S E 5
liscrituras, sem mencionar a tradição, serem ditas “inspi­
radas por Deus” (theopnestos) — e por essa razão, através
delas todo aquele que crê “seja perfeito e perfeitamente
instruído para toda boa obra” (2T in 3.16,17) — susten­
ta a doutrina protestante da “sola Escriptura”.
Em terceiro lugar, Jesus e os apóstolos constantemente apelaram ao Antigo Testamento (que era a Bíblia es­
crita e disponível em seus dias) como a corte final de
apelações. Jesus apelou para as Escrituras como a autori­
dade final em sua disputa com Satanás (Mt 4.4,7,10). E
claro que com o fato de Deus ainda estar dando novas
revelações,Jesus (Mt 5.22,28,31; 28.18) e os apóstolos (1
Co 5.3; 7.12) algumas vezes se referiam à sua própria
autoridade que havia sido dada por Deus. Mas, uma vez
que os próprios católicos concordam que as novas reve­
lações cessaram a partir da m orte dos últimos apóstolos,
não há razão para crer que exista qualquer revelação fora
tia Bíblia. Nenhuma revelação verbal nos tempos do Novo
Testamento pode ser citada como evidência de que a
autoridade não bíblica infalível exista hoje.
Em quarto lugar, Jesus deixou claro que a Bíblia exis­
tente pertencia a uma classe única, exaltada acima de to­
das as tradições.Ele repreendeu os fariseus por não aceita­
rem a “sola Escriptura”, e por negarem assim a autoridade
linal da Palavra de Deus pelas suas tradições religiosas:“Por
que transgredis vós também o mandamento de Deus pela
vossa tradição? ... invalidastes, pela vossa tradição, o man­
damento de Deus” (Mt 15.3,6b).Jesus aplicou essa decla­
ração especificamente às tradições das autoridades religi­
osas que interpretavam as Escrituras (usando as próprias
tradições) de modo equivocado.
Em quinto lugar, Salomão afirmou: “Toda palavra de
I )eus é pura ... Nada acrescentes às suas palavras para que
não te repreenda e sejas achado mentiroso” (Pv 30.5,6).
1i João encerrou o último capítulo de Apocalipse com a
443
R E S P O S T A À S S EI T A S
mesma exortação:“Porque eu testifico a todo aquele que
ouvir as palavras da profecia deste livro que, se alguém
lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as
pragas que estão escritas neste livro; e, se alguém tirar
quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará a
sua parte da árvore da vida e da Cidade Santa, que estão
escritas neste livro” (Ap 22.18,19). Enquanto João se re­
feria especificamente à revelação que teve, o princípio
desta, bem como a sua advertência, logicamente são ade­
quados à situação dos outros livros da Bíblia. Fica claro
que Deus não deseja que algo que reivindique autorida­
de divina, de origem verbal ou escrita, seja acrescentado
às suas palavras inspiradas.
Em sexto lugar, a Bíblia ensina a doutrina da sola
Escriptura reiterando a sua própria condição como reve­
lação de Deus (G11.12; 1 Co 2.11-13), como superior a
meras palavras de seres humanos. Uma revelação de Deus
é como uma descortinação divina, ou ainda como uma
divulgação de algo que estava oculto a alguém. O após­
tolo Paulo colocou esse contraste de modo vivo quando
escreveu: “Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho
que por mim foi anunciado não é segundo os homens,
porque não o recebi, nem aprendi de hom em algum,
mas pela revelação de Jesus Cristo” (G1 1.11,12). Obser­
ve que o termo “hom em ” inclui os outros apóstolos, a
respeito de quem Paulo acrescenta: “N em tornei a Jeru­
salém, a ter com os que já antes de mim eram apóstolos”
(Gl 1.17). Portanto, mesmo a pregação de um apóstolo
não estava no mesmo nível, como uma revelação direta
de Deus, nem as palavras de um apóstolo, nem as de um
anjo (Gl 1.8). Esses fatos expressam de um m odo vivo a
doutrina da sola Escriptura.
Em sétimo lugar, embora as revelações escritas fossem
progressivas, católicos e protestantes concordam que re­
velações normativas foram finalizadas por ocasião da con­
444
2 TESSALON IC ENSES
clusão do Novo Testamento. N a verdade, Jesus disse aos
apóstolos que Ele os conduziria a “toda a verdade” (Jo
14.26; 26.13). Para que alguém fosse um apóstolo deve­
ria ter obrigatoriamente vivido no primeiro século, para
que pudesse ser um a testem unha ocular do Cristo
ressurreto (confira At 1.22; 1 C o 9.1; 15.4-8). Mas o
único registro infalível que possuímos do ensino apos­
tólico é o Novo Testamento. Portanto, Jesus profetizou
que a Bíblia sozinha seria o resumo de “toda a verdade”.
Sendo esse o caso, visto que a revelação canônica cessou
no final do primeiro século, a doutrina da sola Escriptura
significa que nada mais, nada menos, e nada além do que
já está escrito na Bíblia possui autoridade infalível.
Em oitavo lugar, as “tradições” apostólicas ou os ensi­
namentos verbais tiveram autoridade naquela ocasião, mas
os apóstolos estão mortos, e todo o seu ensino essencial
é a própria Bíblia. O Novo Testamento faz menção so­
bre seguir as tradições e os ensinos dos apóstolos, sejam
verbais ou escritos, porque eles eram autoridades vivas
estabelecidas por Cristo (Mt 18.18; At 2.42; E f 2.20).
Todavia, quando eles morreram, não havia mais, a partir
de então, uma autoridade apostólica viva, já que somen­
te aqueles que foram testemunhas oculares do Cristo
ressurreto poderiam ter autoridade apostólica (At 1.22;
1 Co 9.1). Para que alguém tenha autoridade apostólica
deve ser capaz de fazer sinais apostólicos (2 Co 12.12).
Posto que aqueles sinais apostólicos tiveram como fina­
lidade credenciar os apóstolos que nos deixariam os úni­
cos escritos inspirados (Hb 2.3,4), e o Novo Testamento
é o único registro inspirado (e infalível) dos ensinos dos
apóstolos, segue-se então que, desde a morte dos após­
tolos, a única autoridade apostólica que possuímos hoje
é o registro inspirado dos seus ensinamentos no Novo
Testamento. Isso não significa necessariamente que tudo
aquilo que os apóstolos ensinaram esteja no NovoTesta-
4 45
R E S PO S TA ÀS SEITAS
mento, do mesmo modo que nem tudo que Jesus disse
está lá (confira Jo 20.30; 21.25) Jesus prometeu que “toda
a verdade” (Jo 14.26; 16.13) que Ele ensinou seria trazida
à lembrança deles, mas Ele sem dúvida expressou a mes­
ma verdade de diferentes modos e em diferentes ocasi­
ões. O contexto da declaração de Jesus refere-se a toda a
verdade necessária para a vida de fé e a vida moral (con­
fira 2 T m 3.15-17).
Em nono lugar, as tradições verbais são notoriamente
não confiáveis. Elas são coisas a partir das quais se fazem
lendas e mitos. Aquilo que está escrito é mais facilmente
apresentado em sua forma original. O teólogo holandês
Abraham Kuyper destaca quatro vantagens de uma re­
velação escrita: (1) Ela possui uma durabilidade pela qual
erros de memória ou corrupções acidentais que tenham
ocorrido, de forma deliberada ou não, sejam minimizadas;
(2) Podem ser universalmente disseminadas através de
traduções e reproduções; (3) Ela está fixada e pode ser
mantida pura; (4) Possui uma finalidade e características
normativas que outras formas de comunicação não são
capazes de alcançar (Milne, 28). Em contraste, aquilo que
não é escrito é mais facilmente poluído. Existe um exem­
plo disto no Novo Testamento. Havia um a“tradição apos­
tólica” não escrita (isto é, uma tradição proveniente dos
apóstolos) baseada em um mal-entendido de algumas
palavras ditas por Jesus. Eles erroneamente assumiram
que Jesus havia dito que o apóstolo João não morreria.
João, contudo, corrigiu essa falsa tradição em seu escrito
que foi registrado (Jo 21.22,23).
446
CAPÍTULO 36
1 T IM Ó TE O
1 T I M Ó T E O 2 . 1 , 2 — A exortação de Paulo de orar
p o r reis e outros inclui aqueles que j á morreram?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Alguns estudiosos católi­
cos apelam para 1 Tim óteo 2.1 para apoiar o seu dogma
de orar em favor dos mortos. Paulo disse: “Admoesto-te,
pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações,
intercessões e ações de graças por todos os homens”.
Isso inclui aqueles que estão mortos?
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Essa
passagem não contempla orações em favor dos mortos.
Paulo admoestou os crentes a que orassem pelos vivos,
isto é, “pelos reis e por todos os que estão em eminên­
R E S P O S T A À S S EI T A S
cia” (v. 2, a ênfase fo i adicionada) no te m p o presente.
Não existe absolutamente nada nessa passagem que im ­
plique em que ele tenha incluído os mortos. Em outras
passagens, a Bíblia condena a prática de orar em favor
dos mortos.Veja os nossos comentários sobre 2 T im ó­
teo 1.18.
1 T I M Ó T E O 2 .5 - 6 — O fa to de C risto ser o medi­
ador entre D eu s e a humanidade significa que Ele
próprio não seja Deus?
A MÁ IN TER PR ET A Ç Ã O : As Testemunhas de Jeová
dizem que, uma vez que Cristo é o mediador, Ele não
deve ser Deus porque o mediador deve obrigatoriamente
ser separado e distinto daqueles que necessitam a medi­
ação (Should you believe in theTrinity? 1989, pág. 16).
C O R R IG IN D O A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : Se Jesus
como mediador não pode ser Deus, então, pela mesma
lógica, Ele não pode ser homem. Esse raciocínio é clara­
mente equivocado. Da perspectiva bíblica,Jesus pode fazer
a mediação entre Deus e o hom em precisamente por­
que Ele é tanto Deus como homem. Foi somente como
um hom em que Cristo foi capaz de representar toda a
humanidade e m orrer como um homem. Contudo, vis­
to que Cristo também era Deus, a sua morte teve um
infinito valor, suficiente para prover a redenção pelos
pecados de toda a espécie humana (veja H b 2.14-16;
9.11-28). Desse modo, somente a m orte do perfeito
Deus-hom em é capaz de verdadeiramente fazer a medi­
ação entre Deus e a humanidade pecadora.
1 T I M Ó T E O 4 . 1 , 2 — Este verso indica que a Igreja
Prim itiva cairia em total apostasia, apontando as­
sim para a necessidade de uma restauração?
448
1 T IM Ó T E O
A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : Essa passagem diz que nos
últimos tempos “apostatarão alguns da fé, dando ouvidos
a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios”. Os
mórmons dizem que essa é uma profecia acerca de uma
apostasia da Igreja como um todo (McConkie, 1977,205).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Em bo­
ra esse verso fale de apostasia, não significa uma total
apostasia de toda a Igreja. Observe que o texto não diz,
“nos últimos tempos todos apostatarão da fé”.Antes diz:
“alguns apostatarão da fé”.
A apostasia a que se refere a passagem de 1 Tim óteo
4.1-3 é uma espécie particular de apostasia relativa ao
dualismo gnóstico. Essa escola de pensamento diz que o
espírito é bom e que a matéria é maligna. Aparentemen­
te, havia alguns falsos ensinadores que acreditavam que
todos os apetites relativos ao corpo (material) — inclu­
indo sexo e comida — eram malignos e deveriam ser
evitados. Por essa razão, esses falsos ensinadores proibiam
as pessoas de se casarem, e ordenavam que se abstivessem
de certas comidas. A apostasia a que Paulo se referiu acon­
teceu especificamente nos dias de Timóteo (observe o
uso do tempo presente nos vv. 2,3). A frase “últimos tem ­
pos” frequentemente significa o período que tem início
com a primeira vinda de Cristo (confira At 2.16,17; Hb
1.1,2), estendendo-se à sua segunda vinda (2 Pe 3.3,4)
ou a qualquer era nesse período.
Mesmo que essa fosse uma referência a uma apostasia
final de toda a igreja, não seria por isto justificável que os
m órmons reivindicassem que o texto da Bíblia tenha
sido corrompido, ou que o mormonismo seja a verda­
deira restauração da igreja do Novo Testamento.
í T I M Ó T E O 6 . 1 7 , 1 8 — A s riquezas deveriam ser
evitadas ou refreadas?
449
R E S P O S T A À S S EI T A S
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Jesus admoestou o prínci­
pe jovem e rico: “vende tudo o que tens, dá-o aos po­
bres” (Mt 19.21). Os primeiros discípulos vendiam as
suas propriedades e traziam o dinheiro, depositando-o
aos pés dos apóstolos (At 4.34,35).E Paulo preveniu que
“ ...o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males”
(1 T m 6.10). Alguns grupos de seitas que vivem em co­
munidades se referem a esses textos para justificar a sua
demanda de que os seus membros entreguem toda a sua
riqueza e posses materiais ao grupo.
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : A ins­
trução de Jesus: “Vende tudo o que tens, dá-o aos po­
bres” (Mt 19.21) foi dirigida a um jovem rico que havia
feito do dinheiro o seu deus. Não há nada errado em
possuir riquezas — mas é errado ser possuído pelas ri­
quezas. Deus abençoou Abraão e Jacó com grandes ri­
quezas, e o apóstolo Paulo não ensina aos ricos que doem
tudo aquilo que possuem, mas que utilizem e desfrutem
de suas bênçãos (1 T m 6.17,18).
Além do mais, não há qualquer indicação de que os
primeiros discípulos em Atos dos Apóstolos tenham sido
admoestados a vender tudo que possuíam, ou mesmo
que todos eles fizeram isto. As propriedades que eram
vendidas (At 4.34,35) devem ter sido propriedades ex­
tras. Deve-se observar que a narrativa não diz que eles
venderam as casas onde moravam.Veja neste livro a nos­
sa discussão a respeito de Atos 2.44,45.
Paulo não está dizendo que o dinheiro é maligno,
mas apenas que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os
tipos de males. A busca de riquezas para satisfazer a si
mesmo é errada, mas não há erro em procurar ter algo
para compartilhar com outros em necessidade. Deus
“abundantemente nos dá todas as coisas para delas go­
zarmos”, mas também nos adverte a não colocar a “es­
perança na incerteza das riquezas” (1 T m 6.17).
450
CAPÍTULO 37
2
T IM Ó T E O
2 T I M Ó T E O 1 . 18 — A oração de Paulo em fa v o r
de Onesíforo apóia a doutrina católica de orar a
fa vo r dos mortos?
A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : O apóstolo Paulo orou a
favor de 0nesíforo:“0 Senhor lhe conceda que, naque­
le dia, ache misericórdia diante do Senhor. E, quanto me
ajudou em Efeso, melhor o sabes tu ” . Alguns estudiosos
católicos citam esse verso para defenfer a doutrina de
orar em favor dos mortos. E a isso que Paulo se referiu
nessa passagem?
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : O fato
de Paulo ter orado para que Deus tivesse misericórdia de
Onesíforo no dia de sua recompensa não apóia de modo
R E 5 PO S TA ÀS S E I T A S
algum a prática de orar em favor dos mortos, precisa­
mente por uma razão fundamental: Onesiforo ainda es­
tava vivo quando Paulo orou por ele! Orar para que al­
guém vivo receba misericórdia no dia do juízo é muito
diferente de orar por alguém que já morreu.
Não existe nenhuma indicação na Bíblia de que al­
guém deva orar por outra pessoa que tenha morrido.
Lucas 16 fala a respeito de um “grande abismo” entre os
salvos e os perdidos (v. 26). Paulo se refere à morte como
a separação de pessoas amadas até que estas sejam reuni­
das na ressurreição (1 Ts 4.13-18). Quaisquer tentativas
de contatos com os mortos são não apenas fúteis, como
também proibidas (Dt 18.11) por causa da possibilidade
de enganos demoníacos (confira 1 T m 4.1).
Quando o filho recém-nascido de Davi estava vivo,
mas seriamente enfermo, Davi orou por ele fervorosa­
mente. Entretanto, quando o bebê morreu, Davi imedi­
atamente parou de orar por ele (2 Sm 12.22,23). Q uan­
do Jesus perdeu Lázaro, seu amigo chegado, não orou a
Deus por ele. Ele simplesmente o ressuscitou com a or­
dem: “Lázaro, vem para fora!” (João 11.43). Ao invés de
orar pelos mortos, Jesus orava em favor dos vivos.
Orar em favor dos mortos é uma atitude contrária à
completa suficiência do sacrifício de Cristo. A mediação
e intercessão de Cristo em favor deles (1 Jo 2.1,2) é mais
do que suficiente para satisfazer as necessidades daqueles
que morrem crendo nEle. Quando Jesus morreu e res­
suscitou, a obra da salvação foi consumada (Jo 19.30;
17.4; Hb 10.14). Q uando Ele tirou de nós os nossos pe­
cados, “sentou-se” à direita de Deus (Hb 1.3), uma vez
que não havia mais absolutamente nada a acrescentar
para a nossa salvação. Então o conceito completo de orar
em favor dos mortos para que sejam libertos de pecados
é um insulto à obra consumada por Cristo, que nos li­
bertou de nossos pecados através do derramamento de
452
2 T IM Ó T E O
seu próprio sangue (Ap 1.5).Jesus não somente obteve a
salvação de todos os nossos pecados de uma única vez,
mas também — como nosso grande Sumo Sacerdote
(Hb 7) — sozinho a implementou para todo o sempre.
A prática de orar em favor dos mortos pode ser con­
siderada uma prática idólatra. Quando se ora o rosário,
coloca-se o foco na intercessão de Maria, ou dos santos
que são invocados. E uma forma de adoração; e somente
Deus deve ser adorado (Ex 20.3). U m dos Dez Manda­
mentos declara: “Não terás outros deuses diante de mim.
Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma se­
melhança do que há em cima nos céus, nem em baixo
na terra, nem nas águas debaixo da terra. N ão te
encurvarás a elas nem as servirás” (Ex 20.3-5a). O ato de
orar a santos, esculpir imagens ou prostrar-se a elas, viola
esse mandamento.
Essa prática também insulta a intercessão feita pelo
Espírito Santo. M uito da justificativa católica por orar
aos santos é baseada no argumento aparentemente plau­
sível que leva em consideração a posição dos santos no
céu, alegando que por essa razão eles devem ser mais
capacitados a interceder a nosso favor. Essa é uma nega­
ção prática do ministério do Espírito Santo, que tem
como uma de suas tarefas fazer precisamente isso por
nós. E quem é a pessoa mais capacitada a fazer intercessões por nós do que uma outra pessoa da bendita Trin­
dade? A Bíblia diz: “Não sabemos o que havemos de
pedir como convém, mas o mesmo Hspírito intercede
por nós com gemidos inexprimíveis” (Rm 8.26b). Pau­
lo, escrevendo aos Efésios, acrescenta: “ Porque, por ele
[Jesus Cristo], ambos temos acesso ao Pai em um mesmo
Espírito” (Ef 2.18). U m a vez que, além de nossas orações
explícitas a Deus, o Espírito Santo intercede por nós
perfeitamente,“segundo |a vontade de] Deus” (Rm 8.27),
não há necessidade de clamar a ninguém mais no céu
453
R E S P O S T A À S S EI T A S
para fazer isso. Esperar que qualquer ser humano seja
mais eficaz junto a Deus o Pai do que Deus o Filho, e
Deus o Espírito Santo (1 Jo 2.1,2), é insultar o seu papel
divinamente designado.
2 T I M Ó T E O 2 .2 — Este verso sustenta o discipulado
hierárquico, como reivindicam alguns grupos?
A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : Paulo disse a Timóteo: “E
o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, con­
fia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também
ensinarem os outros” (2Tm 2.2). Essa passagem é muito
citada pelos defensores do discipulado hierárquico, tais
como os adeptos da Igreja de Cristo em Boston.
C O R R IG IN D O A M Á INTERPRETAÇÃO : Esse ver­
so certamente ensina que o Evangelho deve ser divulga­
do de pessoa para pessoa, e de ensinador para discípulo.
Mas esse fato não justifica um relacionamento hierár­
quico ou autoritário. A referência aqui é ao discipulado
pessoal, e não à autoridade eclesiástica. Ela fala de como
alcançar, e não de como exercer autoridade.
Mesmo nas passagens em que a Bíblia fala de submis­
são a líderes, o autoritarismo não é justificado (veja os
nossos comentários a respeito da passagem em 1 Coríntios
11.1). A Biblia fala de submissão por amor, e não por
medo. Ela é voluntária, e não compulsória ou subservi­
ente por medo.
2 T I M Ó T E O 4 .6 — Quando Paulo fa la de ser trans­
form ado em uma oferta, ele está falando a respeito
de indulgências para salvar pessoas do purgatório?
A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : Esse verso contribui como
apoio à doutrina católica do purgatório, ou à idéia de
454
2 T IM Ó T E O
que alguém pode fazer expiação pelos pecados de ou­
trem?
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Q uan­
do Paulo fala de ser “oferecido [como oferta] por aspersão de sacrifício”, ele está se referindo à sua m orte como
mártir. Não há nada nessa passagem a respeito do purga­
tório, indulgências, orações em favor dos mortos, ou
qualquer outra coisa que reforce a doutrina católica de
um tesouro de méritos, com o qual se contribui através
de boas obras, e do qual aqueles que estão no purgatório
podem se beneficiar.
Esse dogma católico é biblicamente infundado e con­
trário à doutrina bíblica da salvação pela graça através da
fé (R m 3.28; 4.5;E f2.8,9;T t 3.5,6). O conceito de seres
humanos ajudando a fazer a expiação por pecados de
outros seres humanos contradiz a completa suficiência
da m orte de Cristo. Em relação ao seu trabalho redentor
pela nossa salvação, Jesus disse na cruz: “Está consuma­
do” (Jo 19.30; 17.4). Porque “com uma só oblação, aper­
feiçoou para sempre os que são santificados” (Hb 10.14).
455
CAPÍTULO 38
TITO
T I T O 2 . 1 3 — E ste verso se refere a duas pessoas
(D eu s Todo-Poderoso e Jesus C risto), ou a apenas
um a pessoa (Jesus C risto que é D e u s Todo-Pode­
roso)?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : As Testemunhas de Jeová
traduzem esse verso de tal modo, que fazem parecer que
duas pessoas estão contempladas nesse verso — o “gran­
de D eus” (o Pai), e o “Salvador” (Jesus Cristo). Argu­
mentam que esse verso “claramente diferencia [Deus e]
Jesus Cristo, aquele através de quem Deus provê a salva­
ção” (Reasoningfrom the Scripturcs, 1989, pág.421).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Os
gramáticos gregos nos dizem que quando dois substan-
R E S P O S T A À S SEI TAS
tivos no mesmo caso estiverem conectados pela conjun­
ção “e” (do grego, kai) — sendo o primeiro substantivo
precedido pelo artigo definido (“o”) enquanto o segun­
do não — então o segundo substantivo refere-se à idên­
tica pessoa ou coisa a que também se refere o primeiro
substantivo. Esse é o caso em Tito 2.13. Dois substanti­
vos — Deus e Salvador — estão ligados por e, e o artigo
definido precede o primeiro substantivo (Deus) mas não
o segundo (Salvador). A sentença deve ser lida literal­
mente como: “o grande Deus e nosso Salvador”. Por
essa razão, os dois substantivos em questão — Deus e
Salvador— estão se referindo à mesma pessoa,Jesus Cristo.
O ensino em T ito 2.13 que diz que Deus (Jesus) é o
Salvador é consistente com as demais passagens que le­
mos nas Escrituras. Em Isaías 43.11, Deus diz de modo
assertivo:“Eu, eu sou o Senhor [Yahweh], e fora de mim
não há Salvador”. Esse verso indica que uma reivindica­
ção de ser o Salvador é uma reivindicação de divindade,
e existe somente um Salvador — Deus. Para prevenir
que alguém erre quanto a essa verdade é que o Novo
Testamento se refere a Jesus como o Salvador (Lc 2.11).
As verdades paralelas que mostram que somente Deus é
o Salvador (Is 43.11), e que Jesus é o próprio Salvador,
constituem uma poderosa evidência da divindade dc
Cristo.
CAPÍTULO 39
F ILEM O M
F I L E M O M 1 6 — O apóstolo Paulo aprova a insti­
tuição da escravatura?
A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : O apóstolo Paulo parece
ser favorável à instituição da escravatura humana pelo
fato de enviar de volta a seu proprietário um escravo
fugitivo chamado Onésimo. Mas a escravatura é uma
violação não ética dos princípios de liberdade e dignida­
de humana. Esse fato é relevante para o estudo das seitas,
pois movimentos ditos de identidade (grupos sectários
que aderem à supremacia da raça branca) citam tais ver­
sos como base às suas visões racistas.
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : A es­
cravatura não é nem ética e nem bíblica; e nem as ações
R E S PO S TA ÀS SEITAS
de Paulo nem os seus escritos aprovam essa forma humi­
lhante de tratamento. N a verdade, foi a aplicação dos
princípios bíblicos que finalmente conduziu à abolição
da escravatura.
Desde o princípio, Deus declarou que todos os seres
humanos possuem em si mesmos a imagem de Deus
(Gn 1.27). O apóstolo reafirmou essa verdade declaran­
do: “Sendo nós, pois, geração de Deus” (At 17.29), e Ele
“de um só fez toda a geração dos homens para habitar
sobre toda a face da terra” (At 17.26).
A despeito do fato de a escravatura ter sido aprovada
nas culturas semíticas da época, a lei mosaica demandava
que os escravos finalmente fossem libertados (Ex 21.2;
Lv 25.40). Nesse ínterim, os servos deveriam ser tratados
com respeito (Ex 21.20,26). Israel, que era uma nação
que havia sido escravizada no Egito, era constantemente
lembrada por Deus desse fato (Dt 5.15), e a sua emanci­
pação tornou-se o modelo para a libertação de todos os
escravos (confira Lv 25.40).
N o Novo Testamento, Paulo declarou que no Cristi­
anismo “não há judeu nem grego; não há servo nem
livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois
um em Cristo Jesus” (G1 3.28).
Todas as separações por classes sociais são desfeitas em
Cristo Jesus; somos todos iguais diante de Deus. O Novo
Testamento proíbe explicitamente o sistema maligno
desse mundo que negociava “corpos e almas de homens”
(Ap 18.13). O comércio de escravos é tão repugnante
para Deus que Ele pronuncia o seu julgamento final so­
bre o sistema maligno que cometeu esse crime (Ap 17,18).
Quando Paulo admoesta: “Vós, servos, obedecei a vosso
senhor segundo a carne” (Ef 6.5; confira Cl 3.22), ele
não está, por essa razão, aprovando a instituição da escra­
vatura, mas simplesmente fazendo alusão à situação de
fato em seus dias. Ele está instruindo os escravos para
460
Fí L E M O M
que sejam bons funcionários (assim como aqueles que
crêem devem ser hoj e), mas não estava desse m odo re­
comendando a escravatura. Paulo também ensinou aos
crentes que fossem obedientes aos governos opressores
da época por amor ao Senhor (R m 13.1; T t 3.1; 1 Pe
2.13). Mas isso de forma alguma serve como desculpa à
opressão e tirania que a Bíblia Sagrada repetidamente
condena (Ex 2.23-25; Is 10.1). A lei e a ordem são ne­
cessárias para a paz e a segurança (R m 13.2-5; 1 T m 2.2;
1 Pe 2.13,14).
U m a análise mais detalhada do livro de Filemom re­
vela que Paulo não colaborou para a perpetuação da es­
cravatura, mas verdadeiramente contribuiu para miná-la.
Ele aconselhou a Filemom, o dono do escravo Onésimo,
tratar o fugitivo como “irmão amado” (v. 16). Então,
enfatizando a igualdade inerente a todos os seres hum a­
nos, tanto pela criação como pela redenção, a Bíblia co­
locou os princípios morais que derrubaram a escravatu­
ra e ajudaram a restaurar a dignidade e a liberdade de
todas as pessoas, seja qual for a sua cor ou grupo étnico.
461
CAPÍTULO 4 0
HEBREUS
H E B R E U S 1.3 — Este verso indica que D eus, o Pai,
tem um corpo de carne e ossos?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : A passagem em Hebreus
1.3 diz a respeito de Jesus: “O qual, sendo o resplendor
da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, (...)
havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos
pecados, assentou-se à destra da Majestade, nas alturas”.
Os mórmons pensam que este verso indica que Deus, o
Pai, possui um corpo físico. Afinal de contas, Jesus (que
possui um corpo físico) é a “expressa imagem” do Pai.
Além do mais, Jesus sentou-se (literalmente) à “mão di­
reita” do Pai (Talmage, 1982,42).
RESPO STA ÀS SEITAS
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : O ensi­
no uniforme das Escrituras é que Deus é espírito (Jo
4.24).E um espírito não possui carne e ossos (Lc 24.39).
Portanto é errado pensar em Deus como um ser físico.
Mas se Deus é espírito, como é que devemos inter­
pretar as referências nas Escrituras a respeito da “mão
direita” de Deus? Isso não significa que o Pai tenha par­
tes físicas. Antes, de acordo com o pensamento judaico, a
“mão direita” refere-se metaforicamente a um lugar de
honra. Cristo teve a suprema honra como o Senhor triun­
fante que ressuscitou dos mortos.
O fato de Cristo ser a “expressa imagem” de Deus,
não significa que o Pai tenha um corpo físico. Antes,
significa que Cristo é completamente Deus — tanto
quanto o Pai o é. A glória de Deus se irradia a partir de
Jesus porque Ele é o Deus da glória. Pelo fato de Jesus
ser a exata representação de Deus, Ele pôde dizer: “Quem
me vê a mim vê o Pai” (Jo 14.9).
Finalmente, os mórmons falham em termos de reco­
nhecer que Jesus, em forma de carne humana, é uma pes­
soa com duas naturezas — uma natureza divina e uma na­
tureza humana. Jesus, em forma humana, é completamente
Deus 0o 1.1; 8.58; 20.28) e completamente homem (Jo
1.14;Rm 8.3; lT m 3.16; 1 Jo 4.2;2Jo 7).Em sua natureza
divina, Jesus era (e é) espírito (Jo 4.24). Em sua natureza
humana,Ele possuiu um corpo (Jo 1.14). O Pai — que em
sua natureza divina é espírito (como Jesus também o é em
sua natureza divina) — jamais assumiu a forma humana
(como Jesus fez), e portanto não possui um corpo humano
como Jesus possuiu. E, portanto, correto dizer que em rela­
ção à natureza divina de Jesus, Ele é a “expressa imagem” de
Deus, porque Ele é Deus tanto quanto o Pai.
H E B R E U S 1 .6 — Este verso indica que Cristo deve
ser somente honrado, ou Ele deve ser adorado?
464
HEBREUS
A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Em bora traduções legíti­
mas mostrem Cristo sendo adorado por anjos neste ver­
so, a tradução Novo M undo da Bíblia — que é utiliza­
da pelas Testemunhas de Jeová — mostra os anjos pres­
tando obediência a Cristo. As Testemunhas de Jeová
dizem que a adoração deve ser “endereçada som ente a
Deus”, e não a Jesus Cristo (Reasoninç from the Scriptures,
1989, pág. 215).
C O R R IG IN D O A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : Em pri­
meiro lugar, Jesus é sempre visto sendo adorado (e não
apenas tendo obediência a Ele demonstrada) nas Escri­
turas. Em Mateus 14.33, por exemplo Jesus aceita a ado­
ração dos seus discípulos no mar da Galiléia. Novam en­
te, em Marcos 14.3-9, Jesus aceita a adoração de uma
mulher que o unge com um perfume de alto preço. Devese observar que Jesus sempre aceitou tais atos de adora­
ção como perfeitamente apropriados (Mt 28.9;Jo 9.38).
Sabendo-se que somente Deus deve ser adorado (Ex
20.5), Jesus nem sequer uma vez corrigiu a qualquer
pessoa que se prostrou diante dEle em adoração.
Em segundo lugar, exatamente o mesmo term o gre­
go que é utilizado referindo-se à adoração ao Pai
(proskuneo,jo 4.24), é utilizado referindo-se à adoração a
Jesus (Mc 14.3-9).
N ão existe n en h u m a justificativa para tradu zir
proskuneo como “adoração” em contextos que se refe­
rem ao Pai, e traduzir proskuneo como “obediência” em
contextos que se referem a Jesus. Em ambos os casos, o
significado claro deste term o é adoração.
Em terceiro lugar, no livro de Apocalipse,Jesus é visto
recebendo exatamente o mesmo tipo de adoração que é
recebida pelo Pai (compare Ap 4.10 com A p 5.11-14).
Então, a referência em Hebreus 1.6 claramente aponta
para Cristo sendo adorado — e não recebendo uma de­
465
RE S PO S TA ÀS SEITAS
monstração de “obediência” — por parte dos anjos. E é
assim mesmo que deveria ser, uma vez que Cristo não é
somente Deus, mas é também o Criador dos anjos (Cl 1.16).
H E B R E U S 7.3 — E ste verso dá suporte à doutrina
da reencarnação?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Hebreus 7.3b nos diz que
Melquisedeque, “não tendo princípio de dias nem fim
de vida, mas, sendo feito semelhante ao Filho de Deus,
permanece sacerdote para sempre”. Uma vez que Jesus
assumiu o seu sacerdócio (v. 21),alguns reencarnacionistas
utilizam este verso tentando provar que Jesus é uma re­
encarnação de Melquisedeque.
C O R R IG IN D O A M Á IN TERPR ETAÇ ÃO : Esta pas­
sagem diz que Melquisedeque foi feito semelhante a je ­
sus, e não que Jesus foi Melquisedeque (Hb 7.3). Cristo
é um sacerdote “segundo a ordem de” Melquisedeque
(v. 21). Nesse caso, uma pessoa (Melquisedeque) simbo­
lizava Jesus — que é uma outra pessoa.
O fato de Melquisedeque ter tido tanto um nasci­
m ento como uma m orte misteriosos e não registrados
(Hb 7.3) não prova a doutrina da reencarnação. O mis­
tério por trás do hom em foi utilizado meramente como
uma analogia, pelo tipo de ofício cumprido pelo Messi­
as,Jesus Cristo.
H E B R E U S 11.1 — E ste verso indica que a f é é de
fa to o fundam ento (a essência) que D eu s utilizou
p a r a criar o u n iverso, como a rg u m en ta m os
ensinadores da seita Palavra da Fé?
A MÁ IN TER PR ETA ÇÃ O : A passagem em Hebreus
11.1 diz:“Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se
466
HEBREUS
esperam e a prova das coisas que se não v êem ” . Os
ensinadores da seita Palavra da Fé pensam que este verso
significa que a fé é de fato um fundamento (uma essência).
Kenneth Copeland diz que a fé é o fundamento (a essên­
cia) e “possui a capacidade de afetar o fundamento (a es­
sência) natural” (Forces o f the recreated human spirit, 1982,
pág. 8). Além do mais,“a fé foi a matéria prima essencial
que o Espírito de Deus utilizou para formar o universo”
(.Authority o f the believer II, 1987, fita de áudio).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : Este
verso não indica que a fé seja de fato a essência para a
criação do mundo. O termo grego empregado para “fun­
dam ento”, ou “essência”, na versão King James da Bíblia
(em inglês), é hypostasis, e literalmente significa “segu­
rança”,“confiança”,“expectativa confiante”, ou “ter cer­
teza”. Portanto, Hebreus 11.1 ensina que a fé é a certeza
ou a garantia de que Deus fará conforme as suas pro­
messas. A nossa esperança para essas coisas é a certeza na
pessoa de Deus com fé (2 Pe 1.4).
H E B R E U S 11. 3 — D eu s criou o universo conforme
a sua própria fé , como dizem os ensinadores da seita
Palavra da Fé?
A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : A passagem em Hebreus
11.3 diz:“Pela fé, entendemos que os mundos, pela pala­
vra de Deus, foram criados; de maneira que aquilo que
se vê não foi feito do que é aparente”. Os ensinadores da
seita Palavra da Fé dizem que este verso significa que
Deus criou o mundo por meio de sua própria fé. Por­
tanto Deus é um ser de fé (Copeland, Spirit, soul, and
body, 1985, fita de áudio). E os cristãos podem com cer­
teza ter esse mesmo tipo de fé que há em Deus para
realizar milagres hoje.
467
R E S P O S T A À S S EI T A S
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : C on­
forme o contexto claramente revela, tudo o que a passa­
gem em Hebreus 11.3 diz é que os seres humanos, atra­
vés da fé, compreendem que Deus criou o mundo. Em
outras palavras, não foi Deus que exerceu a fé com a
finalidade de criar o mundo. Antes, Deus criou o mundo
pelo seu soberano poder (Gn 1,2; Jo 1.3; Cl 1.16) e o
nosso entendimento desse fato repousa sobre a fé. O nosso
entendimento deve obrigatoriamente depender da fé,
porque nenhum de nós estava presente na ocasião para
testemunhar esse milagre.
H E B R E U S 1 1 . 3 5 — Esta passagem é uma citação
da Apócrifa, confirmando que esses livros são parte
do cânone, como alegam os católicos romanos?
A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : Os católicos romanos acei­
tam como autoridades menores onze livros extras no
cânone do Antigo Testamento, em adição aos trinta e
nove aceitos por protestantes e judeus. Esses livros inclu­
em 1 e 2 Macabeus. Uma das evidências que eles ofere­
cem para aceitarem esses livros como possuidores de
autoridade é que o Novo Testamento reflete o pensa­
mento da Apócrifa, e até mesmo se refere a eventos nela
registrados. Uma dessas referências é que “mulheres re­
ceberam, pela ressurreição, os seus m ortos” (Hb 11.35).
Alguns estudiosos católicos acreditam que esta seja uma
referência a 2 Macabeus 7.12. Os católicos romanos tam­
bém alegam que devido à Septuaginta (a tradução grega
do Antigo Testamento) estar contida na Apócrifa, esse
grupo de livros deve, portanto, fazer parte do cânone.
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Mes­
mo que este verso fizesse alusão à Apócrifa, não se tra­
taria de uma citação a ela. Não existem no NovoTesta-
468
HEBREUS
m ento citações claras a respeito de qualquer um dos
livros da Apócrifa. Meras citações de livros apócrifos
no Novo Testamento p or si só não provariam que esses
livros sejam inspirados. H á no Novo Testamento alu­
sões a livros pseudografados (que são falsos escritos)
que são rejeitados até mesmo por católicos romanos,
bem com o pelos protestantes, tais com o o Livro de
Enoque (Jd 14,15) e a Assunção Física de Moisés (Jd 9).
Existem tam bém citações a respeito de poetas e filóso­
fos pagãos (At 17.28;T t 1.12; 1 Co 15.33). Mas nem
católicos nem protestantes os aceitam como inspirados.
Por quê? Porque nenhum desses foi citado com o sen­
do uma Escritura. O Novo Testamento simplesmente
se refere a alguma verdade contida nesses livros, os quais,
por outro lado, devem trazer (e trazem) muitos erros.
N enh um livro apócrifo é citado como tendo divina
autoridade em nenhum a passagem das Escrituras. Por
exemplo, nenhum a das alusões começa com as frases
introdutórias “Assim diz o Senhor”, ou “C om o está
escrito” , ou “As Escrituras dizem ” . Tais frases são en­
contradas quando livros canônicos são citados.
O fato do Novo Testamento freqüentemente citar
passagens do Antigo Testamento grego (a Septuaginta),
não prova de modo algum que os livros apócrifos conti­
dos nos manuscritos gregos do Antigo Testamento sejam
inspirados. N ão se tem certeza de que o Antigo Testa­
m ento grego — a Septuaginta (LXX) — do primeiro
século contivesse a Apócrifa. Os mais antigos manuscri­
tos gregos encontrados até o momento, que incluem es­
tes livros, datam do quarto século depois de Cristo. Mes­
mo que eles estivessem nos setenta dos tempos apostóli­
cos, jamais se mencionou que Jesus e os apóstolos te­
nham citado estes livros sequer uma vez, embora supo­
nha-se que eles tenham sido incluídos no próprio texto
grego que os apóstolos habitualmente citaram. Mesmo
469
RE S P O S T A ÀS SEITAS
as notas que fazem parte da atual Bíblia católica romana
(versão NAB), adm item de m odo revelador que a
Apócrifa contém “livros religiosos utilizados tanto por
judeus como por cristãos, que não foram incluídos na
coleção de escritos inspirados” . Ao contrário, eles “fo­
ram incluídos posteriormente à coleção da Bíblia. Os
católicos os chamam de livros ‘deuterocanônicos’ (se­
gundo cânon)” (Edição Saint Joseph, da T he N ew
American Bible, 413).
CAPÍTULO 41
T IAG O
T I A G O 1.5 — E ste verso indica que deveríamos orar
a respeito do Livro de M órm on para sabermos se
esse é verdadeiro?
A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : Em Tiago 1 .5 lemos:“E,se
algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que
a todos dá liberalmente e não o lança em rosto; e serlhe-á dada” . Os mórmons apelam para este verso, pedin­
do às pessoas que orem a respeito do Livro de M órm on
para que saibam se ele é verdadeiro (veja M oroni 10.4,5,
O Livro de Mórmon ).
C O R R IG IN D O A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : A in­
terpretação m órm on “em purra” este verso para fora de
R E S P O S T A À S S EI TA S
seu próprio contexto. O significado de Tiago 1.5 está
ligado ao conteúdo dos versos precedentes, que falam
acerca de tentações (vv. 2-4). O texto antecipa que al­
guns de seus leitores dirão que não são capazes de des­
cobrir qualquer propósito divino em suas tribulações.
Nesse caso, essas pessoas devem pedir sabedoria a Deus.
Mesmo que Tiago não estivesse se referindo ao pro­
pósito das tentações, mas estivesse antes falando a respei­
to da sabedoria de modo geral, a “sabedoria” de Deus
em qualquer assunto jamais contradiz aquilo que Ele
registrou nas Escrituras. Por essa razão, não é necessário
orar a respeito de assuntos sobre os quais Deus já nos
deu o seu veredicto. Ninguém precisa orar para saber se
deve adorar a outro deus, porque o Deus verdadeiro já
disse que isso é errado (Ex 20.3). Ninguém precisa orar
para saber se deve participar do espiritismo. Deus já disse
que essa é uma prática errada (Dt 18.9-14). D o mesmo
m odo, não precisamos orar a respeito do Livro de
M órm on, porque Deus já condenou todos os evange­
lhos que contradizem aquilo que é encontrado na Bíblia
Sagrada (G11.6-9).
Deve ser enfatizado que a oração não é o teste ade­
quado para a comprovação de verdades religiosas. So­
mos instruídos pelo apóstolo Paulo em 1 Tessalonicenses
5.21 a “examinar tudo” de modo objetivo, e não a orar
para receber um sentimento subjetivo de que algo seja
verdadeiro. Embora os bereianos cressem no poder da
oração, o seu barômetro (ou medidor) da verdade eram
as Escrituras, e não a oração (At 17.10-12).
T I A G O 2 .2 1 — Abraão f o i justificado pelas obras?
A MÁ IN TER PR ET A Ç Ã O : Tiago declara: “Abraão, o
nosso pai, não foi justificado pelas obras (...)?” (2.21). Os
m órmons citam este verso quando argumentam a res­
472
T IA G O
peito da necessidade de obras para que se alcance a
salvação (McConkie, 1977, 330). Os católicos romanos
também utilizam este verso, procurando mostrar que a
nossa justificação final não será somente pela fé (veja
Ott, 1960,264).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Tiago
não está falando da justificação diante de Deus mas antes
da justificação diante das outras pessoas. Isso é indicado
pelo fato de Tiago ter enfatizado que devemos “mostrar”
a nossa fé (2.18). A nossa fé deve ser algo que possa ser
visto pelos outros em nossas “obras” (vv. 18-20). Além do
mais,Tiago reconheceu que Abraão foi justificado dian­
te de Deus pela fé, e não pelas obras, quando disse: “E
creu Abraão em Deus, e foi-lhe isso imputado com o
justiça” (v. 23). Q uando ele acrescenta que Abraão foi
“justificado pelas obras” (v. 21), ele está se referindo àquilo
que Abraão fez e que podia ser visto pelos homens, isto
é, oferecer o seu filho Isaque sobre o altar (w. 21,22).
Tiago escreveu com alguma extensão a respeito da
justificação diante de um m undo observador. O apósto­
lo Paulo sempre falou mais freqüentemente acerca da
justificação diante de Deus. Paulo declarou: “Mas, àque­
le que não pratica, porém crê naquele que justifica o
ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça” (R m 4.5). E
“não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas,
segundo a sua misericórdia, nos salvou” (Tt 3.5). “Por­
que pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem
de vós; é dom de Deus. N ão vem das obras, para que
ninguém se glorie” (Ef2.8,9).
Enquanto Paulo está enfatizando a raiz da justificação
(que é a fé),Tiago está enfatizando o fruto da justificação
(que são as obras). Mas tanto Paulo como Tiago reconhe­
cem os dois lados dessa questão. Imediatamente após afir­
mar que “pela graça sois salvos, por meio da fé” (Ef 2.8,9),
473
R E S P O S T A À S S E I TA S
Paulo rapidamente acrescenta: “Porque somos feitura sua,
criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus
preparou para que andássemos nelas” (v. 10). Logo após
declarar que “não pelas obras de justiça que houvéssemos
feito,mas, segundo a sua misericórdia,nos salvou” (Tt 3.5a),
Paulo admoesta com urgência que “os que crêem em Deus
procurem aplicar-se às boas obras” (v. 8).
Devemos ilustrar a relação entre Paulo e Tiago quan­
to ao tema da justificação do seguinte modo.
PAULO
Justificação diante
de Deus
A raiz da justificação
Justificação pela fé
A fé como produtora
das obras
TIAGO
Justificação diante
dos homens
O fruto da justificação
Justificação da fé
pelas obras
As obras como prova
da fé
T I A G O 3 .6 — A frase “o curso da natureza” referese à reencarnação?
A M A IN TER PR ETA Ç Ã O : Tiago se refere ao “curso
da natureza”, que tem sido traduzido como “a roda do
começo” . Alguns tomam essa frase como uma referên­
cia à reencarnação, uma vez que acreditam que a vida
gira em ciclos compostos por nascimento, m orte e
renascimento (em outro corpo), e assim por diante.
C O R R IG IN D O A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : O tema
sobre o qual Tiago está escrevendo nesta passagem é o
poder e persuasão da língua humana, com os seus conse­
474
TIA C O
qüentes efeitos de longo alcance. O “curso da natureza”
refere-se à continuidade da vida em geral, e não à
reciclagem individual de almas.
Além desse texto, Tiago afirmou que o perdão de
pecados (confira 5.20), e a efetividade da oração de peti­
ções (5.15-18),são ambos contrários à doutrina do karma,
que está por trás da doutrina da reencarnação, o qual
afirma que aquilo que for semeado nessa vida deve ser
colhido na próxima vida (sem exceções).
Finalmente, mesmo que houvesse questões acerca de
como este verso devesse ser interpretado, uma passa­
gem que não esteja bastante clara, deve sempre ser com ­
preendida à luz de uma passagem clara. E a Bíblia niti­
damente se opõe à doutrina da reencarnação (Jo 9.3;
H b 9.27).
T I A G O 5 .1 5 — A s declarações de Tiago a respeito
do tema da cura física dá suporte às reivindicações
das seitas ligadas às ciências da mente?
A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : Seitas ligadas às ciências da
mente, tais como a Ciência Cristã, citam este verso como
uma tentativa de mostrar que podemos moldar a reali­
dade através de nossos próprios pensamentos. Forque “um
mero pedido para que Deus cure um enfermo não tem
nenhum poder de alcançar mais da presença divina que
está sempre disponível. O efeito benéfico de tal oração
para o enfermo reside na mente humana, fazendo com
que essa trabalhe mais poderosamente no corpo hum a­
no através de uma fé cega em Deus” (Eddy, 12).Tiago,
nesta passagem, está referindo-se a curas através do po­
der da mente?
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : Tiago
não está dizendo nada sobre curas, da mesma maneira
475
R E S P O S T A À S S E I TA S
que reivindicam as seitas ligadas às ciências da mente.
Tiago não promete que todos serão curados. N a verda­
de, ele sugere este fato dizendo que a oração “pode mui­
to ” (5.16).Tiago diz que tal oração sempre tem grande
valor, mas ele não está dizendo que ela será sempre efe­
tiva na restauração da saúde.
Tiago declara que “a oração da fé” é efetiva, e não a
mente humana (5.15). Essa oração não é feita pelas pes­
soas que estão enfermas, mas pelos presbíteros que são
chamados a orar (5.14,15). Não é a mente do enfermo
que o cura, mas o Senhor em cujo nome os presbíteros
oram (v. 14).
Algumas vezes, a oração mais fervorosa e efetiva de um
homem ou de uma mulher justos não traz a cura, como
foi descoberto pelo apóstolo Paulo quando buscou a Deus
por causa de sua própria aflição (2 Co 12.7-10).
T I A G O 5 .1 6 — A instrução acerca de “confessar
pecados” neste verso justifica a prática extremista da
seita Igreja de Cristo em Boston para com os seus
membros?
A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : Os líderes da seita Igreja
de Cristo em Boston têm utilizado este verso para tentar
justificar a prática de solicitar aos membros de sua seita
que escrevam os seus pecados de modo detalhado, e essa
lista posteriormente poderá ser utilizada para colocá-los
em submissão através de intimidações. E esse o significado da passagem em Tiago?
C O R R IG IN D O A MÁ IN TER PR ETA Ç Ã O : Não há
nada nesta ou em qualquer outra passagem das Escritu
ras que justifique uma prática tão extremista. Por uma
razão, a nós é dito que confessemos os nossos pecados
uns aos outros e oremos uns em favor dos outros (Tg
476
TIA G O
5.16). Isso incluiria líderes bem como seguidores. Além
disso, não nos é dito que examinemo-nos uns aos outros.
Examinar outras pessoas no tocante a pecados é uma
prática contrária ao Espírito de Cristo. A nós é dito que
levemos as cargas uns dos outros, e não que coloquemos
cargas uns sobre os outros (G1 6.2). Q uando outras pes­
soas pecam, devemos restaurá-las no espírito de mansi­
dão (G1 6.1), e não inquirir acerca de seus pecados de
maneira autoritária.
477
CAPÍTULO 42
1 PEDRO
1 P E D R O 1 .1 8 ,1 9 — A nossa redenção está basea­
da no sofrimento de Cristo no inferno durante três
dias, como argumentam alguns ensinadores da seita
Palavra da Fé, e não no derramamento de seu san­
gu e na cruz?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Os ensinadores da seita Pa­
lavra da Fé dizem que o sangue que Jesus verteu na cruz
não fez a expiação p o r nossos pecados. K en neth
Copeland, por exemplo, diz: “Jesus foi ao inferno para
libertar a humanidade da penalidade, da grande desleal­
dade de Adão... Jesus passou três terríveis dias e noites
nas profundezas desta terra retomando para você e para
m im os nossos direitos para com Deus” (carta pessoal de
Kenneth Copeland, citada em McConnell, 1988,120).
R E S P O S T A À S S E I TA S
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : Nós fo­
mos redimidos, conforme diz a passagem em 1 Pedro
1.19: “Mas com o precioso sangue de Cristo, como de
um cordeiro imaculado e incontaminado”. Mantendo
essa doutrina, Efésios 1.7 declara: “Em quem temos a
redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segun­
do as riquezas da sua graça” . Apocalipse 1.5 afirma que
Cristo “em seu sangue nos lavou dos nossos pecados” .
Mesmo o Antigo Testamento apontava para um futuro
no qual o corpo de Cristo seria “m oído” (e portanto
sangraria) pelas nossas iniqüidades (Is 53.5). A nossa re­
denção está claramente baseada no sangue derramado
por Cristo.Veja neste livro a nossa discussão sobre a pas­
sagem em 2 Coríntios 5.21, para conhecer melhor o
assunto dos sacrifícios que envolviam sangue no Antigo
Testamento.
E altamente significativo que, um pouco antes de
morrer na cruz, Jesus tenha declarado: “Está consuma­
do” (do grego tetelestaí) (Jo 19.30). Esse termo também
pode ser traduzido como “completamente pago” . Esta
frase não foi um lamento de derrota e nem um suspiro
de paciente resignação. Antes, foi um reconhecimento
triunfante de que Jesus havia completamente realizado
aquilo que veio fazer no mundo. A obra da redenção foi
perfeitamente concluída na cruz. Não era mais necessá­
rio fazer nada além do que Ele fez. Jesus não precisou
concluir nenhuma obra de redenção no inferno. Ele pa­
gou completamente, na cruz, o preço da nossa ressurrei
ção (2 Co 5.21).
Para conhecer mais argumentos nas Escrituras que
refutam a idéia de Jesus ter ido ao inferno, veja a noss;i
discussão sobre a passagem em Efésios 4.9.
1 P E D R O 3 .1 5 — Será que devemos usar a razão
em assuntos relacionados à f é religiosa?
480
1 PEDRO
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Os adeptos das seitas da
Nova Era enfatizam a intuição e o misticismo. Os
mórmons falam de um “ardor no peito” que lhes garan­
te que o Livro de M órm on é verdadeiro. Contudo, Pedro,
nessa passagem, instrui aqueles que crêem a conduzir a
sua fé dentro da “razão” . Quão importante é a razão em
matéria de fé religiosa?
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : Um a
pessoa não deveria crer em algo sem primeiramente in­
quirir se trata-se de um objeto digno de fé. Por exemplo,
poucas pessoas se submeteriam a uma séria cirurgia m é­
dica, conduzida por uma pessoa totalmente desconheci­
da que elas não tivessem nenhum a razão para considerar
mais do que um charlatão. Semelhantemente, Deus tam­
bém não nos convida a exercer a nossa fé às cegas. U m a
vez que Deus é o Deus da razão (Is 1.18), e uma vez que
Ele nos criou como seres racionais à sua imagem (Gn
1.27; Cl 3.10),Ele quer que nós prestemos bastante aten­
ção antes de nos movermos. N enhum a pessoa racional
entraria em um elevador, sem primeiro olhar para ver se
existe ali um piso. Semelhantemente, Deus deseja que
possamos dar nossos passos de fé à luz das evidências,
mas não um salto de fé na escuridão.
A Bíblia está repleta de exortações do uso de nossa
razão. Jesus ordenou, “Amarás o Senhor, teu Deus, de
todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu
pensamento” (Mt 22.37). Paulo acrescentou: “Tudo o
que é verdadeiro, (...) nisso pensai” (Fp 4.8). Paulo tam­
bém “disputava” com os judeus (At 17.17), e com os
filósofos na colina de Marte (vv. 22,23), ganhando al­
guns para Cristo (v. 34). Os bispos foram instruídos a
serem poderosos para “convencer os contradizentes.” (Tt
1.9). Paulo declarou que ele foi “posto para defesa do
evangelho” (Fp 1.16). Judas nos admoestou a “batalhar
481
R E S P O S T A À S S E I TA S
pela fé que uma vez foi dada aos santos” (Jd 3). E Pedro
ordenou: “Estai sempre preparados para responder com
mansidão e tem or a qualquer que vos pedir a razão da
esperança que há em vós” (1 Pe 3.15).
1 P E D R O 3 .1 8 — Jesus f o i ressuscitado em um
corpo espiritual ou em um corpo físico?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Pedro declara que Cristo
foi “mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado pelo
Espírito” .As Testemunhas de Jeová argumentam a partir
deste verso que “em sua ressurreição dentre os mortos,
Jesus foi ressuscitado em um corpo espiritual” (Reasoning
from the Scriptures, 1989, pág. 334).
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : Inter­
pretar esta passagem como prova de uma ressurreição
espiritual, ao invés de uma ressurreição física, não é neni
necessário e nem consistente com o contexto desta pas­
sagem, e nem com o restante das Escrituras.
Esta passagem é melhor traduzida como “mortifica­
do, na verdade, na carne, mas vivificado pelo Espírito
[Santo]”. Esta passagem é traduzida de acordo com o
mesmo entendimento por várias versões da Bíblia, in­
clusive pela versão King James. Deus não ressuscitou a
Jesus como um espírito, mas pelo seu Espírito.
O
paralelo entre a morte e ser ressuscitado normal­
mente se refere, no Novo Testamento, à ressurreição do
corpo. Por exemplo, Paulo declarou que Cristo morreu
e ressuscitou dentre os mortos (Rm 14.9), e “Porque,
ainda que tenha sido crucificado por fraqueza, vive, con­
tudo, pelo poder de Deus” (2 Co 13.4a).
O
contexto de 1 Pedro 3.18 refere-se a esse evento
como a “ressurreição de Jesus Cristo” (3.21). Esse fato é
compreendido nas demais passagens do Novo Testamento
482
1 PEDRO
como uma ressurreição física (At 4.33; R m 1.4; 1 Co
15.21; 1 Pe 1.3;Ap 20.5). Mesmo que a palavra “espíri­
to ” se refira ao espírito humano de Jesus Cristo (e não
ao Espírito Santo), isso não poderia significar que Ele
não possuiu um corpo ressuscitado. De outro modo, a
referência ao seu “corpo” (carne) antes da ressurreição
significaria que Ele não possuía um espírito humano.
Parece melhor considerar o term o “carne” nesse con­
texto, como uma referência à sua completa condição de
humilhação antes da ressurreição, e “espírito” referindose ao seu poder ilimitado e à sua vida não perecível após
a ressurreição.
Devemos também ter em m ente que seja como for
que interpretemos o texto em 1 Pedro 3.18, essa inter­
pretação deve obrigatoriamente ser consistente com aqui­
lo que outros versos dizem a respeito do Cristo ressurreto.
Em Lucas 24.39 Jesus disse: “Vede as minhas mãos e os
meus pés, que sou eu mesmo; tocai-me e vede, pois um
espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu
tenho”. O Cristo ressurreto testifica nesse verso que Ele
não é um espírito, e que o seu corpo da ressurreição é
feito de carne e ossos.Veja os nossos comentários sobre
vários versos em Lucas 24 e 1 Coríntios 15.5-8.
O
Cristo ressurreto também se alimentou com ali­
mentos físicos em quatro diferentes ocasiões para provar
que Ele possuía um corpo físico (Lc 24.30; 24.42,43;Jo
21.12,13; At 10.41).Teria sido uma decepção por parte
de Jesus se Ele tivesse oferecido a sua habilidade de co­
mer comida material como prova de sua ressurreição
física, se Ele não houvesse ressuscitado em um corpo
físico.
1 P E D R O 3 .1 9 — Pedro, neste texto, dá suporte à
visão de que uma pessoa tem uma segunda chance
de ser salva após a morte?
483
R E S P O S T A À S S E I TA S
A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : O texto em 1 Pedro 3.19
diz que Cristo, após a sua morte, “foi e pregou aos espí­
ritos em prisão”. Os mórmons acreditam que este verso
indica que as pessoas têm uma segunda chance de serem
salvas depois que morrerem (Talmage, 1977, 148).
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : As pas­
sagens mais difíceis de serem compreendidas — como
esta — devem ser interpretadas de acordo com as passa­
gens mais claras das Escrituras. A Bíblia é clara quando
mostra que não existe uma segunda chance após a m or­
te (Hb 9.27). O livro de Apocalipse registra o julgam en­
to do grande trono branco, no qual aqueles cujos nomes
não forem encontrados no livro da vida serão enviados
para o lago de fogo (Ap 20.11-15). Lucas nos informa
que, uma vez que uma pessoa morre, ela vai para o céu
(para o seio de Abraão) ou para o inferno, e existe um
grande abismo entre esses, “de sorte que os que quises­
sem passar” de um lado para outro não poderiam fazê-lo
(Lc 16.26). A completa urgência em responder a Deus
nesta vida antes de morrermos dá suporte adicional ao
fato de não existir qualquer esperança após a sepultura
como segunda chance (confira Pv 29.1;Jo 3.36; 5.24).
Agora é o dia da salvação (2 Co 6.2).
Existem maneiras de compreender que esta passa­
gem não envolve uma segunda chance de salvação apos
a morte. Alguns reivindicam que Jesus não ofereceu
qualquer esperança de salvação a esses “espíritos cm
prisão” . O texto não diz que Cristo evangelizou, mas
simplesmente que Ele proclamou a eles a vitória da sua
ressurreição. Insistem não haver nada declarado nesta
passagem a respeito de pregar o Evangelho às pessoas
no inferno. Em resposta a essa visão, outros observam
que no próprio capítulo seguinte (4.6) Pedro, esten­
dendo esse assunto, diz:“Foi pregado o evangelho tam
484
1 PEDRO
bém aos m ortos” .Veja tam bém nossos comentários so­
bre 1 Pedro 4.6.
Outros reivihdicam que não é claro que a frase “espí­
ritos em prisão” até mesmo se refira a seres humanos.
Em nenhum a outra passagem, uma frase como essa é
usada referindo-se a seres humanos no inferno. Eles ale­
gam que esses espíritos são anjos caídos, uma vez que os
“filhos de Deus” (anjos caídos — veja Jó 1.6; 2.1; 38.7)
em outro tempo “foram rebeldes, (...) nos dias de Noé,”
(1 Pe 3.20; confira Gn 6.1-4). Pedro deveria estar se
referindo a isso em 2 Pedro 2.4, onde m enciona anjos
pecando imediatamente antes de referir-se ao dilúvio
(v. 5).Em resposta, é argumentado que anjos não podem
casar-se (Mt 22.30). Eles certamente não poderiam ca­
sar-se com seres humanos, uma vez que anjos, como es­
píritos, não possuem órgãos reprodutores.
O utra possibilidade é que esta passagem ensine que
Cristo pregou através da pessoa de N oé àqueles que, por
terem rejeitado a sua mensagem, são agora espíritos em
prisão. Aqueles que aceitam essa visão devem observar
que no mesmo livro nos é dito que o “Espírito de Cris­
to ” falou através dos profetas do Antigo Testamento (1
Pe 1.11). M antendo esse entendimento, 2 Pedro 2.5 nos
informa que N oé era u m “pregoeiro dajustiça” . Portan­
to, o Espírito de Cristo pregou através de N oé para aque­
les que não tinham Deus, e que agora aguardam o juízo
final.
U m a possível interpretação final é que este verso se
refira ao anúncio do triunfo da ressurreição de Cristo
aos espíritos daqueles que já partiram, declarando-lhes a
vitória que Ele alcançou através de sua m orte e ressur­
reição, conforme destacado no verso anterior (veja 1 Pe
3.18). Esta visão está de acordo com o contexto desta
passagem, e também está de acordo com as outras passa­
gens das Escrituras (Ef 4.8; Cl 2.15), e também evita a
48 5
R E S P O S T A À S S E I TA S
maioria dos problemas gerados pelas outras interpreta­
ções.
1 P E D R O 4 .6 — O Evangelho é pregado às pessoas
depois que elas morrem?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Pedro diz nessa passagem
que “foi pregado o evangelho também aos m ortos” . Os
mórmons acreditam que este verso mostre a existência
de uma segunda chance para ouvir o Evangelho no
mundo espiritual após a morte física (Talmage, 1977,147).
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : As Es
crituras não apresentam em nenhuma passagem uma es­
perança para uma segunda chance de salvação após a
morte. A m orte é final, existindo apenas dois destinos —céu e inferno, entre os quais existe um grande abismo
que ninguém é capaz de transpor (veja os nossos co
mentários a respeito da passagem em 1 Pe 3.19). Portai v
to, seja qual for o significado de pregar aos “m ortos” , ele
não implica em que uma pessoa possa ser salva depois de
morrer. Esta é uma passagem não muito clara, sujeita a
diferentes interpretações, e nenhuma doutrina deveria
ser baseada em uma passagem que pudesse gerar inter
pretações ambíguas. Os textos de difícil compreensão
deveriam ser interpretados à luz dos textos mais claros.
E possível que este verso se refira àqueles que agor.t
estão mortos, e que ouviram o Evangelho enquanto es
tiveram vivos. A favor desta visão, cita-se o fato que o
Evangelho “foi pregado” (no passado) àqueles que “es
tão m ortos” (agora, no presente). Alguns acreditam que
essa não deva ser uma referência a seres humanos, mas .i
“espíritos em prisão” (anjos), mencionados em 1 Pedro
3.19 (2 Pe 2.4 e Gn 6.2). Outros ainda reivindicam que,
486
1 PEDRO
embora os mortos sofram a destruição de sua carne (I
Pe 4.6), contudo eles ainda vivem com Deus, pela virtu­
de da obra que Cristo fez através de sua m orte e ressur­
reição. Essa mensagem vitoriosa foi anunciada ao m un­
do espiritual pelo próprio Cristo, após a sua ressurreição
(1 Pe 3.18,19).
48 7
CAPÍTULO 43
2
PEDRO
2 P E D R O 3. 7 — Ir à perdição refere-se à aniquila­
ção?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Os aniquilacionistas, que
são aqueles que negam a existência de uma punição eterna
e consciente, reivindicam que a referência de Pedro ã
“perdição” sustenta a sua visão. N a verdade Judas é cha­
mado de “filho da perdição” (Jo 17.12). U m a vez que o
term o “perdição” (apoleia) significa simplesmente pere­
cer, aniquilacionistas tais como as Testemunhas de Jeová
argumentam que os perdidos perecerão ou deixarão de
existir (por exemplo, You can liveforever inparadise on earth,
1982, pág. 83).
R E S P O S T A À S SEI TA S
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : O ter­
mo “perdição” (apoleia) significa simplesmente perecer
ou arruinar-se. N a passagem em 2 Pedro 3.7 ele é utili­
zado no contexto de julgamento, que é um term o que
implica em consciência. O fato de dizer-se que os ímpios
irão ã “perdição” (2 Pe 3.7) e Judas ser chamado de “fi­
lho da perdição” (Jo 17.12) não significa necessariamen­
te que eles serão aniquilados. Sucata de automóveis pe­
recem no mesmo sentido de terem sido arruinadas. Mas
eles continuam ainda sendo automóveis, estando arrui­
nados como estejam, permanecendo ainda no pátio do
ferro velho. Nessa conexão Jesus falou do inferno como
sendo um pátio de ferro velho ou um depósito de lixo,
onde o fogo jamais se apaga, e onde o corpo ressurreto
de uma pessoa jamais se consome (veja Mc 9.48).
Jesus falou várias vezes sobre as pessoas no inferno,
como estando em contínua agonia. Ele declarou que “os
filhos do R eino serão lançados nas trevas exteriores; ali,
haverá pranto e ranger de dentes” (Mt 8.12; confira 22.13;
24.51; 25.30).Mas um lugar de pranto é obviamente um
lugar de tristeza consciente. Aqueles que não estão cons­
cientes não pranteiam.Veja os nossos comentários a res­
peito de 2 Tessalonicenses 1.9.
CAPÍTULO 44
1 JOÃO
1J O A O 4 .2 ,3 — Este verso se refere a Jesus estando
em carne antes ou depois da sua ressurreição?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : João declara que aqueles
que negam “que Jesus Cristo veio em carne” são do
anticristo. Cristãos ortodoxos tom am esta passagem para
defender o pensamento de que Jesus era completamente
humano, com um corpo físico, de carne, antes de sua
ressurreição. Outros argumentam que Jesus não foi res­
suscitado no mesmo corpo de carne e ossos em que
morreu, mas em um corpo que não era essencialmente
material. As Testemunhas de Jeová, por exemplo, dizem
que Jesus foi ressuscitado espiritualmente (A id to Bible
understanding, 1971, pág. 1396).
R E S P O S T A À S S E I TA S
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : N o gre­
go Jo ã o utiliza o tempo verbal conhecido como pretéri­
to perfeito, o que significa uma ação passada com resul­
tados contínuos no presente. Desse modo, ele afirma que
Jesus veio em carne no passado, e continua em carne no
presente (isto é, na ocasião em que ele estava escrevendo,
após a ressurreição).
Dois outros textos contidos no Novo Testamento de­
claram explicitamente que o corpo da ressurreição de
Jesus era um corpo de carne. Referindo-se à ressurrei­
ção de Cristo, Pedro declarou: “nem a sua carne viu a
corrupção” (At 2.30,31). O próprio Senhor Jesus disse
aos seus discípulos em uma de suas aparições posterio­
res à ressurreição: “Vede as minhas mãos e os meus pés,
que sou eu mesmo; tocai-me e vede, pois um espírito
não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho”
(Lc 24.39b).
1 J O A O 5. 7 — A ausência deste verso nas traduções
modernas prova que a doutrina da Trindade não é
verdadeira?
A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : N a Bíblia Sagrada, na ver­
são King James* (em inglês), o texto em 1 João 5.7 diz:
“Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Pala­
vra e o Espírito Santo; e estes três são u m ”. Essa é a
declaração mais clara a respeito da Trindade, contida na
Bíblia. Contudo, a maioria das traduções modernas omi­
tem este verso. As Testemunhas de Jeová citam a falta de
evidências de manuscritos para este verso, alegando isso
como prova de que a doutrina da Trindade seja antibíblica
(Reasoning from the Scriptures, 1989, págs. 422-23).
★N .T .: N a Bíblia de Estudo Pentecostal, o texto é idêntico ao
da versão King James citada pelo autor.
492
1 JOÃO
C O R R IG IN D O A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : É ver­
dade que este verso praticamente não tem suporte entre
os manuscritos gregos iniciais, embora ele seja encontra­
do nos manuscritos em latim. A aparição deste verso nos
últimos manuscritos gregbs está baseada no fato de
Erasmo ter sido colocado sob forte pressão eclesiástica
para que o incluísse em seu Novo Testamento Grego,
datado de 1522, om itindo-o em suas duas edições ante­
riores, de 1516 e 1519, pois ele não pôde encontrar ne­
nhum manuscrito grego que o contivesse.
A inclusão deste verso na Bíblia em latim, provavel­
mente tenha se originado da incorporação de um co­
mentário adicional (uma nota explicativa) ao texto, por
um escriba, quando este copiava o manuscrito do livro
de 1 João. Mas o fato de incluí-lo no texto viola pratica­
mente todas as regras da censura textual. Mesmo a Nova
Versão King James, que geralmente costuma reter as mais
amplas leituras e as passagens mais disputadas (veja Mc
16.9-20 e Jo 7.53, 8.11), traz um comentário na mar­
gem que diz que esta é “um a passagem encontrada em
apenas quatro ou cinco manuscritos gregos muito re­
centes” .
Simplesmente pelo fato de esse único verso não ter o
embasamento dos manuscritos, não significa que a dou­
trina da Trindade não seja verdadeira. U m grande nú­
mero de outras passagens que possuem inegáveis lugares
nos manuscritos das Escrituras dão suporte a que se esta­
beleça que: 1) Existe somente um único Deus verdadei­
ro; 2) H á três Pessoas que são Deus, e 3) Existem três
Pessoas formando uma unidade em Deus, um único Deus.
Veja neste livro os nossos comentários sobre as passagens
em Isaías 9.6; Mateus 28.18-20; 2 Coríntios 13.13.
i J O Ã O 5 .6 -8 — Este verso prova que o Espírito
Santo não é uma pessoa?
493
R E S P O S T A À S S EI T A S
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Esta passagem indica que
o Espírito, a água e o sangue são “testemunhas” de Jesus
Cristo. Pelo fato de a água e o sangue não serem pessoas,
de acordo com as Testemunhas de Jeová, o Espírito San­
to também não é uma pessoa (Should you believe in the
Trinity? 1989, pág. 22). Outros líderes de seitas, tais como
H erbert W Armstrong, também negaram a personalida­
de do Espírito Santo.
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : É ób­
vio que água e sangue não são pessoas. São personifica­
dos como testemunhas. Mas isso não significa que o Es­
pírito Santo não seja uma pessoa.
N a ocasião em que o livro de 1 João foi escrito, um
grupo de gnósticos acreditava que aquilo que o movi­
m ento da Nova Era chama de “Cristo Cósmico” veio
sobre um Jesus humano logo após o seu batismo. Segun­
do eles, o Cristo partiu antes de sua crucificação. O tex­
to em 1 João 5.6-8, com as sua três “testemunhas”, prova
o contrário do que diz essa doutrina herética. Tanto a
água (representando o batismo de Jesus), como o sangue
(representando a sua crucificação), agem como testemu ­
nhas metafóricas do fato de que Jesus, o Cristo, experi ­
m entou tanto o batismo quanto a m orte por crucifica­
ção. O Espírito Santo é a terceira testemunha testificando
esse fato. De acordo com a lei judaica, três testemunhas
são necessárias para o estabelecimento da verdade em
relação a um tema (Dt 19.15).
O Espírito Santo é retratado como uma pessoa atra
vés das Escrituras como um todo. O Espírito Santo pos
sui atributos de personalidade — Ele tem a sua própria
m ente (1 Co 2.10,11), emoções (Ef 4.30) e vontade (I
Co 12.11). O Espírito Santo é visto realizando, nas lis
crituras, muitas coisas que somente uma pessoa é cap.i/
de realizar — Ele ensina àqueles que crêem (Jo H.2í>).
494
1 JOÃO
Ele testifica (Jo 15.26), dirige (R m 8.14), comissiona ;is
pessoas ao serviço do Mestre (At 13.4), dá ordens (At
8.29), ora por aqueles que crêem (Rm 8.26) e fala às
pessoas (2 Pe 1.21).
Além do mais, certos atos são realizados de modo di­
rigido ao Espírito Santo, que não fariam sentido se Ele
não possuísse uma jverdadeira personalidade. Por exem­
plo, é possível tentar m entir ao Espírito Santo (At 5.3).
N inguém tenta m entir a u m mero poder ou a uma mera
força.
CAPÍTULO 45
2 J O A O 10 — Este verso indica que não devemos
receber em nossa casa os adeptos de seitas?
A MÁ IN TER PR ETA ÇÃ O : D e acordo com João, não
devemos receber em nossa casa, e nem mesmo saudar a
qualquer pessoa que venha a nós e não creia que Cristo
veio em carne. Com o é que esta passagem se aplica aos
adeptos das seitas? Deveríamos evitá-los?
C O R R IG IN D O A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : A pas­
sagem em 2 João 10 não proíbe cristãos de receber em
sua casa adeptos de seitas, com a finalidade de testemu­
nhar a esses. Antes, essa é uma proibição contra o ato de
dar aos adeptos de seitas um palanque, a partir do qual
eles possam ensinar falsas doutrinas.
RE S PO S TA ÀS SEITAS
A razão disso é que nos primeiros anos do Cristianis­
mo não havia prédios dedicados à igreja, como um tem ­
plo central onde os crentes pudessem se congregar. An­
tes, pequenas casas utilizadas como igrejas estavam espa­
lhadas por toda a cidade.
Depois do Pentecostes, os cristãos primitivos eram
vistos “partindo o pão de casa em casa” (At 2.46; 5.42), e
reunindo-se para orar na casa de Maria, a mãe de Mar­
cos (At 12.12). As igrejas freqüentemente se reuniam
em casas (Rm 16.15; 1 Co 16.19; Cl 4.15; F1 2). O uso
de prédios especificamente dedicados a igrejas, não ocor­
reu antes do segundo século.
João está prevenindo nesta passagem os líderes dessas
igrejas (que se reuniam em casas) a não permitir a pre­
sença de falsos mestres na igreja, ou não dar a um falso
ensinador uma plataforma da qual ele possa ensinar às
pessoas.Vendo o fato desse modo, essa proibição resguar­
da a pureza da Igreja. Estender a hospitalidade a um falso
ensinador implicaria no fato da igreja aceitar ou aprovar
o falso ensino. Desse modo o falso ensinador seria enco­
rajado a permanecer em seu erro.
Por razões similares, João também estava-proibindo
que cristãos permitissem que falsos ensinadores se hos­
pedassem em suas casas. N a Igreja Primitiva, o ministé­
rio evangelístico e pastoral da igreja era conduzido ori­
ginalmente por indivíduos itinerantes que viajavam de
casa em casa, visitando as casas onde a igreja se reunia, e
dependiam da hospitalidade das pessoas. João, nesta pas­
sagem, esta orientando a igreja a não estender esse tipo
de hospitalidade aos ensinadores de falsas doutrinas. Os
cristãos não devem perm itir que adeptos de seitas utili­
zem os seus lares como base de operações a partir das
quais espalhem o seu veneno.
Nesse caso, o verso não proíbe cristãos de receberem
em suas casas os adeptos de seitas com o propósito do
498
2 JOÃO
ensinar a estes acerca do Evangelho verdadeiro. Quando
uma Testemunha de Jeová ou um m ó rm o n vierem dian
te da casa de um cristão, este deve sentir-se livre para, se
desejar, convidar a ele ou a ela para entrar em sua sala de
visitas com a finalidade de testemunhar a respeito do
Evangelho verdadeiro ao visitante.
499
CAPÍTULO 46
3 JOÃO
3 J O A O 2 — Este verso indica que D eu s deseja que
sejamos financeiramente prósperos, como argumen­
tam os ensinadores da seita Palavra da Fé?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : A passagem no livro de 3
João 2 diz:“Amado, desejo que [prosperes] te vá bem em
todas as coisas e que tenhas saúde, assim como [prospera]
bem vai a tua alma”. Os ensinadores da seita Palavra da
Fé citam este verso como suporte à doutrina do Evan­
gelho da prosperidade.
C O R R IG IN D O A MÁ IN T E R PR E T A Ç Ã O : O ter­
mo grego empregado para “prosperes” ou para a frase
“que te vá bem ”, nesse verso, não se refere à prosperida­
de financeira mas simplesmente significa “ir bem com
R E S P O S T A À S S E I TA S
alguém”. De fato, a tradução inglesa N IV reflete corre
tamente a idéia quando expressa o verso do seguiu te
modo: “Caro amigo, eu oro para que desfrutes de boa
saúde, e que tudo vá bem contigo, assim como bem vai a
tua alma”. Nos tempos bíblicos, os votos de “que as coi
sas vão bem ”,juntamente com o desejo de “boa saúde",
era uma forma padrão de saudação. A prosperidade li
nanceira é um assunto completamente estranho tanto à
antiga saudação, como ao texto em 3 João 2.
502
CAPÍTULO 47
APOCALIPSE
A P O C A L I P S E 1 .7 — A Segunda Vinda de Cristo
será um evento invisível?
A M Á IN T E R PR E T A Ç Ã O : A passagem em Apocalipse
1.7 diz:“Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá,
até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da
terra se lamentarão sobre ele. Sim! Amém!”. As Teste­
munhas de Jeová argumentam que assim como um avião
nas nuvens é invisível às pessoas que estão na terra, do
mesmo m odo a vinda de Cristo “com as nuvens” signi­
fica um evento que é invisível. Somente aqueles que pos­
suem “os olhos do entendim ento” perceberão que essa
vinda já teve lugar em 1914 (Reasoningfrom the Scriptures,
1989, pág. 343).
R E S P O S T A À S SEI TA S
C O R R IG IN D O A M Á IN TERPRETAÇÃO : A pas­
sagem em Apocalipse 1.7 declara explicitamente que todo
olho na terra de fato (e não apenas espiritualmente) verá
Cristo vindo em glória. O termo grego empregado para
“ver” (horao) significa literalmente “ver com os olhos,
uma visão física do corpo” . Não existe nenhuma possi­
bilidade de que o significado deste verso seja “alguém
enxergar com os olhos do entendimento” . Uma boa re­
ferência cruzada é Mateus 24.30, que diz: “Então, apare­
cerá no céu o sinal do Filho do Homem; e todas as tribos
da terra se lamentarão e verão o Filho do H om em vindo
sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória” (as
ênfases foram adicionadas). Assim como Cristo ascen­
deu ao céu corporal e visivelmente, do mesmo modo
Ele virá novamente (At 1.9-11).
A P O C A L I P S E 1 .8 — Jesus é o “Alfa e o Ô m eg a”
mencionados neste verso?
A M A INTERPRETAÇÃO : As Testemunhas de Jeová ar­
gumentam que todas as referências ao Alfa e ao Omega no
livro de Apocalipse referem-se ao Deus Todo-Poderoso, e
não ao Filho (Reasoningfrom the Scriptures, 1989,pág. 412).
C O R R IG IN D O A M Á INTERPRETAÇÃO : Existem
duas fortes razões para considerar essas passagens como
referências a Cristo e, por essa razão, como provas de sua
divindade. Em primeiro lugar, a passagem em Apocalip
se 1.7 fala de alguém que foi “traspassado” e que “vem” .
E obvio que esse que vem deve ser Jesus, uma vez que
Ele (e não o Pai) foi traspassado na ocasião em que lõi
pregado na cruz. O verso 8 então nos diz que Deus é
aquEle que “vem” . AquEle a quem os dois versos se re
ferem como “vindo” é Deus, e aquEle que foi traspassa
do só pode ser Jesus Cristo.
504
APOCALIPSE
Em segundo lugar, João faz uma declaração explícita
a respeito da divindade de Cristo em Apocalipse 22.12.13:
“E eis que cedo venho (...) Eu sou o Alfa e o Omega, o
Princípio e o Fim, o Primeiro e o Derradeiro” . Em Apo­
calipse 22.20 lemos:“Aquele que testifica estas coisas diz:
Certamente, cedo venho. Amém! Ora, vem, Senhor Je­
sus!”. AquEle que está vindo é Deus, a segunda pessoa
da Divindade, o “Princípio e o Fim”, Jesus Cristo.
A P O C A L I P S E 3 .1 4 — E ste verso indica que Jesus
f o i um ser criado?
A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : A passagem em Apocalipse
3.14 diz: “E ao anjo da igreja que está em Laodicéia
escreve. Isso diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira,
o princípio da criação de Deus”.As Testemunhas de Jeová
dizem que a conclusão lógica é que aquele de quem se
fala em Apocalipse 3.14 “é a criação, o princípio das cri­
ações de Deus, que teve um começo” (Reasoningfrom the
Scriptures, 1989, pág. 409).
C O R R IG IN D O A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : O ter­
mo grego archê, traduzido como “princípio” neste verso,
traz nesta passagem o sentido de “aquele que começa”,
“origem ”, “fonte”, ou “causa fundamental” . O termo
“arquiteto” é derivado de archê. Este verso diz que Jesus
é o arquiteto de toda a criação (vejajo 1.3; Cl 1.16; Hb
1.2; confira Is 44.24).
Além disso, o mesmo term o,“princípio”, é aplicado a
Deus, o Pai, em Apocalipse 21.4-6. Não é possível que
esse termo signifique um ser criado, pois nesse caso Deus,
o Pai, também seria uma criatura, o que as próprias Tes­
temunhas de Jeová rejeitam. Portanto, “princípio” deve
ser compreendido no sentido absoluto de “o iniciador”,
ou “a fonte de todas as coisas” .
505
R E S P O S T A À S S E I TA S
A P O C A L I P S E 5 .6 -1 4 — O ensino bíblico a respei­
to do Cordeiro dá suporte à crença maçônica da
salvação através das obras?
A M Á IN TE R PR E T A Ç Ã O : D e acordo com a Ordem
Maçônica,“Em todas as épocas o cordeiro tem sido con
siderado como um símbolo de inocência; aquele que,
portanto, usa a pele de cordeiro como o emblema da
maçonaria, é continuamente relembrado dessa pureza de
vida e conduta, a qual é necessária para que se obtenha a
admissão na Morada Celestial que está acima [o céu|,
onde o Grande Arquiteto do Universo [Deus] preside"
(Allen, etal., 1963, 17).
E novamente, permita que a pura e imaculada superfície
dele [do cordeiro] seja para você um memorial sempre pre
sente da pureza da vida e da retidão de conduta, um argu
mento inesgotável para que se realizem atos nobres, para
pensamentos elevados, para realizações maiores. E quando
aqueles pés cansados atingirem o final de sua trabalhos,i
jornada, e quando já sem forças as ferramentas da vida Ib
rem para sempre baixadas, que o registro de toda a sua vida
e de suas ações sejam tão puras e imaculadas quanto o justo
emblema que tenho colocado em suas mãos nessa noite, lí
quando no grande último dia, a sua pobre e trêmula alma
chegar nua e solitária diante do grande trono branco, seja a
sua porção ouvir daquEle que se assenta como o Juiz Su
premo as seguintes palavras de boas vindas: “Bem está, ser
vo bom e fiel, entra no gozo do teu senhor.” [Ibid., 60|.
O ensino a respeito do Cordeiro de Deus evidencia
que a salvação seja alcançada através das obras?
C O R R IG IN D O A M Á INTERPRETAÇÃO: Nada po
deria ser tão distante da verdade quanto este ensino a res
peito da “Morada Maçônica”. O Cordeiro a quem o livro
de Apocalipse refere-se é aquEle que foi morto em favor da
506
APOCALIPSE
nossa salvação (Ap 5.6), mesmo antes de nosso nascimento
(13.8). Ele sozinho é achado digno (5.12) e é adorado (5.8),
não por causa de nossas obras. De fato, os santos são vestidos
de vestes brancas de sua justiça (7.9). Na verdade, aqueles
que crêem são lavados no sangue do Cordeiro (7.14). E Ele
sozinho é o alicerce da salvação (7.17). Qualquer vitória
que os santos alcancem é através dos seus méritos (12.11).E
os salvos são o fruto do seu trabalho, e não do nosso (14.4).
Por essa razão somos os seus seguidores (Jo 10.27) e canta­
mos os seus louvores (5.8-10; 15.3).
Além do livro de Apocalipse, a Bíblia é enfática, dizen­
do: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso
não vem de vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para
que ninguém se glorie” (Ef 2.8,9). Pois “não pelas obras
de justiça que houvéssemos feito, mas, segundo a sua mi­
sericórdia, nos salvou” (Tt 3.5a; confira w . 3-6), e “Aquele
que não pratica, porém crê naquele que justifica o ímpio,
a sua fé lhe é imputada como justiça” (Rm 4.5).
A P O C A L I P S E 7 .2 -4 — E sta passagem profetiza a
vinda do reverendo M oon, como ensina a “Igreja da
Unificação ”?
A MÁ IN TER PR ETA Ç Ã O : A passagem em Apocalipse
7.2 faz referência a “outro anjo subir da banda do sol nas­
cente, e que tinha o selo do Deus vivo”. A “Igreja da
Unificação” ensina que este verso profetiza a vinda do
Senhor do Segundo Advento (o Messias), de um país do
leste. O reverendo Sun M yung M oon nasceu na Coréia,
sendo portanto o cumprimento deste verso (DP, 519-20).
C O R R IG IN D O A M Á IN TERPRETAÇÃO : Este tex­
to está se referindo a um anjo, e não ao Messias. Foi dito
que esse anjo viria da direção leste, e não de um país do
leste. Outras referências para delimitar pontos em A po­
507
R E S P O S T A À S S E I TA S
calipse tendem a se referir a direções, e não a áreas geo­
gráficas. Mesmo que esta referência fizesse menção geo­
graficamente ao leste, o país não seria a Coréia. O verda­
deiro Messias é judeu (veja M t 1).
As Escrituras testificam que, em sua segunda vinda, o
mesmo Jesus que ascendeu ao céu voltará fisicamente
(At 1.11). Não existirá jamais um segundo “Cristo” que
venha da Coréia, ou de qualquer outro lugar.
A P O C A L I P S E 7.4 — A s 1 4 4 .0 0 0 pessoas mencio­
nadas neste verso são a “classe ungida”, que está
destinada a viver no céu com D eus, de modo oposto
à “classe terrestre”, que viverá para sempre na terra?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : O texto em Apocalipse 7.4
diz: “E ouvi o núm ero dos assinalados, e eram cento e
quarenta e quatro mil assinalados, de todas as tribos dos
filhos de Israel” . As Testemunhas de Jeová dizem que o
número 144.000 refere-se à classe ungida de crentes que
possuem um destino celestial (confira Ap 14.1-3)
(Reasoning from the Scriptures, 1989, págs. 166-67). Esses
144.000 são aqueles a quem a passagem em Lucas 12.32
se refere como sendo o “pequeno rebanho”.
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : As I s
crituras ensinam que todos aqueles que crêem em Jesus
Cristo podem esperar com grande empolgação um des
tino celestial, e não apenas um seleto grupo de 144.000
pessoas (veja E f 2.19; Fp 3.20; Cl 3.1; H b 3.1; 12.22; 2 Pe
1.10,ll).Jesus afirmou que todos os crentes estarão jnn
tos em “um só rebanho” e sob os cuidados de “um sú
Pastor” (Jo 10.16). Não haverá dois “rebanhos” — um
na terra e outro no céu.
Em segundo lugar, existem muito boas razões p.iu
interpretar este verso literalmente — c o m o referii id<> se
508
APOCALIPSE
a 144.000 judeus, sendo 12.000 de cada tribo. Em ne­
nhum a outra passagem na Bíblia, uma referência às doze
tribos de Israel tem outro significado a não ser referir-Se
precisamente às doze tribos de Israel. O term o “tribo”
jamais é utilizado nas Escrituras com qualquer outro sig­
nificado, que não seja literalmente uma referência a um
grupo étnico. Com o base à interpretação1literal, existe o
fato de Jesus ter falado a respeito dos doze apóstolos (que
sabemos terem sido literalmente doze pessoas), sentan­
do-se “sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de
Israel” no último dia (Mt 19.28). Não existe nenhuma
razão para que se tome esta passagem como uma refe­
rência literal a doze tribos de israelitas.
Além disso, a última pergunta que Jesus respondeu
antes de sua ascensão implicava diretamente no fato de
que Ele voltaria e “restauraria o reino a Israel” (At 1.68). N a verdade, o apóstolo Paulo falou da restauração da
nação de Israel à sua privilegiada condição anterior em
Rom anos 11.11-26.
Muitos estudiosos da Bíblia crêem em uma restaura­
ção literal da nação de Israel pelo fato de Deus ter feito
prom essas à d escendência literal de A braão (Gn
12,14,15,17,26), e essas ainda não haverem se cumprido
“para sem pre” como foram prometidas (confira Gn
13.15), porém, na melhor hipótese, somente por um curto
período durante os dias de Josué Qs 11.23).
A P O C A L I P S E 1 0 .2 ,8 ,9 — O “livrinho” a que João
se refere, seria o “D ivin a C iência”, de autoria de
M a ry B aker Eddy, conforme afirmado em seu livro
sobre a seita Ciência Cristã?
A MA INTERPRETAÇÃO: Mary Baker Eddy reivindicou
que o “livrinho” que foi profetizado nesta passagem seja
de fato a Ciência Cristã (Science and health, 558, pág. 59).
509
RE S PO S TA ÀS SEITAS
C O R R IG IN D O A M Á IN TERPRETAÇÃO : Fica bas­
tante claro e evidente que estava longe do intento de
João escrever a respeito da Ciência Cristã, pela total falta
de alusão aos ensinos desta seita. O que João tem clara­
mente em seu pensamento é o livro ou o rolo do julga­
mento, que será revelado na terra no período da Grande
Tribulação (Ap 5.1).
Finalmente, a ingestão desse livro não trouxe uma cura
física; mas causou a João uma indisposição estomacal.
Ele disse: “E tomei o livrinho da mão do anjo e comio; e na minha boca era doce como mel; e, havendo-o
comido, o meu ventre ficou amargo” (Ap 10.10).
A P O C A L I P S E 1 2 .1 -6 — A “mulher” que é levada
ao céu nesta passagem representa a ascensão física
de Maria?
A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : Este texto fala de uma “mu­
lher” que deu à luz uma “criança do sexo masculino,
destinada a governar todas as nações” (isto é, Cristo), o
qual foi arrebatado para Deus e para o seu trono” . Al­
guns estudiosos católicos romanos reivindicam que esta
passagem refere-se à ascensão física (ou corpórea) de
Maria.“A teologia escolástica vê (...) a transfigurada mãe
de Cristo” (Ott, 1960, 209).
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : A “mu
lher” não representa Maria, mas antes a nação de Israel.
Para essa mulher existe um lugar preparado:“E a mulher
fugiu para o deserto, onde já tinha lugar preparado por
Deus para que ali fosse alimentada durante mil duzentos
e sessenta dias” (Ap 12.6), durante o período da tribula­
ção (confira Ap 11.2,3).
Cristo, e não a “m ulher”, foi “arrebatado para Deus e
para o seu trono” (Ap 12.5). E pura eisegese (ler um
510
APOCALIPSE
ponto de vista que a própria pessoa inseriu no texto) o
ato de defender que esta passagem trata da ascensão físi­
ca de Maria. Semelhantemente, argumentar que Maria,
embora não tomada para os céus nesta passagem, seja
retratada no céu como parte da visão, também é forçado.
Nada neste texto ocasionaria a crença de que a ascensão
física de Maria poderia ter ocorrido antes do restante
dos santos (1 Ts 4.13-18).
A P O C A L I P S E 1 4 .9 -1 2 — E sta passagem indica a
restauração da guarda do sábado?
A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : A lguns estu d io so s
adventistas acreditam que João predisse nesta passagem a
restauração da guarda do sábado. “N ós acreditamos qv\e
a restauração da guarda do sábado é indicada na profecia
bíblica que está em Apocalipse 14.9-12. Crendo sincera­
mente nisso, consideramos a observância ao sábado como
um teste da nossa lealdade a Cristo como Criador e R e ­
dentor” (Seventh-day adventists answer questions on doctrine,
1957, pág. 153; citada em Martin, 430). Porque “nos úl­
timos dias o teste do sábado será pleno. Q uando esse
tempo chegar, todo aquele que não guardar o sábado
receberá a marca da besta e será excluído do céu ” (W hite,
1911,449).
C O R R IG IN D O A MÁ IN T E R PR E T A Ç Ã O : N ão
existe nenhum a indicação de que se deva guardar o sá­
bado, neste ou em qualquer outro texto contido no Novo
Testamento (veja os nossos comentários a respeito de At
17.1-3). O termo “sábado” nem sequer ocorre no livro
de Apocalipse.
A referência a judeus fugindo no sábado em Mateus
24.20 é descritiva, e não prescritiva. Ela simplesmente
refere-se ao fato de que os judeus observarão o sábado
511
R E S P O S T A À S SEI TA S
durante o período da futura tribulação, e não que os
cristãos deveriam fazê-lo. O dia de adoração para os cris­
tãos é mencionado no livro de Apocalipse como o “dia
do Senhor” (Ap 1.10), que nos dias de João era o “pri­
meiro dia da semana” (1 Co 16.2), quando os cristãos
regularmente se reuniam (At 20.7). De acordo com Paulo,
a ordenança de se guardar o sábado passou com o res­
tante da lei de Moisés como uma “sombra” cumprida na
“essência” de Cristo (Cl 2.16,17; confira H b 7.12).
A P O C A L I P S E 1 6 .1 4 — O s demônios são capazes
de realizar milagres?
A M Á IN TER PR ETA Ç Ã O : A Bíblia emprega algumas
vezes os mesmos termos (sinais, maravilhas, poder) que
são empregados para descrever os milagres de Deus, para
descrever também o poder de demônios (2Ts 2.9; Ap
16.14). Os demônios são capazes de fazer milagres?
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : Embo­
ra Satanás tenha grandes poderes espirituais, existe uma
gigantesca diferença entre o poder do diabo e o poder
de Deus. Em primeiro lugar, Deus é infinito em poder
(onipotente); o diabo e os demônios são finitos e limita
dos. Em segundo lugar, somente Deus é capaz de criar
vida (Gn 1.1,21; D t 32.39); o diabo não é capaz disto
(confira Ex 8.19). Somente Deus é capaz de ressuscitar
os mortos (Jo 10.18;Ap 1.18); o diabo não é capaz disto,
embora tenha dado “fôlego” (animação) à imagem idó
latra do anticristo (Ap 13.15).
O diabo tem grande poder para enganar as pessoas
(Ap 12.9), para oprimir aqueles que se rendem a ele, c
até mesmo para os possuir (At 16.16). Ele é um mestre
em magia e um super cientista. E com o seu vasto co
nhecimento a respeito de Deus, do hom em e do univer
512
APOCALIPSE
so, ele é capaz de fazer “sinais de mentira” (2Ts 2.9; Ap
13.13,14). Mas os verdadeiros milagres somente podem
ser feitos p o r D eus. O diabo é capaz de fazer o
sobrenormal, mas não o sobrenatural. Somente Deus é
capaz de controlar as leis naturais que Ele mesmo esta­
beleceu, embora certa vez Ele mesmo tenha dado poder
a Satanás para que trouxesse um furacão sobre a família
de Jó (Jó 1.19). Além disso, todo o poder que o diabo
possui foi-lhe dado por Deus, e é cuidadosamente limi­
tado e monitorado (confira Jó 1.10-12). Cristo derrotou
o diabo e triunfou sobre ele e sobre todas as suas hostes
(Cl 2.15; Hb 2.14,15), dando desta maneira ao seu povo
o poder para que seja vitorioso sobre as forças demoní­
acas (Ef 6.10-18). Desse modo,João informou aos cren­
tes: “maior é o que está em vós do que o que está no
m undo” (1 Jo 4.4).
A P O C A L I P S E 1 9 .8 — A s vestes brancas dos san­
tos representam os “atos de justiça dos santos ” —
uma interpretação que os católicos romanos oferecem
como suporte à doutrina das indulgências?
A MÁ IN TERPR ETA Ç Ã O : Os estudiosos católicos ape­
lam ao texto em Apocalipse 19.8 como base para a idéia
de um depósito ou coleção de boas obras dos santos.
Esse tesouro de méritos (veja os nossos comentários a
respeito da passagem em Ex 32.30) é supostamente ba­
seado na idéia de que as vestes brancas dos santos signi­
ficam os “atos de justiça dos santos” .
C O R R IG IN D O A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : A utili­
zação desta passagem pelos católicos romanos para dar
suporte à sua doutrina das indulgências constitui uma
interpretação literal de uma figura simbólica. Isso é mos­
513
R E S P O S T A À S S E I TA S
trado pelo fato de o texto interpretar para o leitor o
simbolismo, e também pelo fato do próprio livro como
um todo anunciar-se como uma apresentação simbólica,
dizendo que seriam “significados” (do grego esêmanen),
isto é, feito conhecido através de símbolos (Ap 1.1). O
livro prossegue fornecendo e interpretando muitos des­
ses símbolos para o leitor (por exemplo, Ap 1.20;
17.9,15).
O texto não diz nada sobre a existência de uma tal
coleção de obras justas, mas simplesmente diz que as pró­
prias obras de cada pessoa seguem a ele ou a ela (Ap 22.12;
confira R m 14.12). As Escrituras nas demais passagens
deixam claro que “para que cada um receba [de Deus|
segundo o que tiver feito” por suas próprias obras (2 Co
5.10). Reivindicar que os santos são capazes de contribuir
para qualquer mérito, que seja garantido por Deus a favor
de nossa salvação, é um insulto à completa suficiência da
morte expiatória de Cristo na cruz por todos os nossos
pecados (vejajo 19.30; R m 8.1; H b 1.3; 10.14).
Nada nesta passagem sugere que os atos justos dos
santos estejam disponíveis para serem utilizados em fa­
vor da vida de outras pessoas, que é o que ensina o cato­
licismo romano.
A P O C A L I P S E 1 9 .2 0 — Todas as pessoas serão
salvas no fin al, conforme reivindica a seita O s M e­
ninos de Deus?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : O líder da seita Os M eni­
nos de Deus argumentou que nem todos os incrédulos
sofrerão a punição eterna.
Somente o mais maligno de todos, Satanás, o anticristo,
o seu falso profeta, os seus mais ardentes seguidores e aque­
les que receberam a marca da besta e adoraram a ele à sua
imagem, permanecerão no lago de fogo para que sejam
514
APOCALIPSE
punidos e purgados de sua rebelião diabólica, por tanio
tempo quanto Deus julgar necessário, mesmo que seja até
um tempo em que eles, também, aprendam a sua lição de
modo suficiente para que Deus os perdoe, e assim restaure
a sua criação por completo, à sua perfeição original, onde
tudo vai bem! [David, 1974,3].
C O R R IG IN D O A MÁ IN T E R PR E T A Ç Ã O : A pas­
sagem em Apocalipse 19.20, declara: “E a besta foi presa
e, com ela, o falso profeta, que, diante dela, fizera os sinais
com que enganou os que receberam o sinal da besta e
adoraram a sua imagem. Esses dois foram lançados vivos
no ardente lago de fogo e de enxofre”. E a passagem em
Apocalipse 20.10 acrescenta:“E o diabo, que os engana­
va, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde está a
besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atorm en­
tados para todo o sempre”. N ão existe qualquer evidên­
cia de que alguém será libertado da punição do lago de
fogo. De fato, existe embasamento claro nestas passagens
paia o ensino da punição eterna.
1 Apenas alguns versos adiante lemos que “aquele que
não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no
lago de fogo” (Ap 20.15). Não existe nem sequer uma
sugestão de que eles serão libertados desse eterno lago
de fogo.
A única ocasião para arrependimento é antes da m or­
te. A passagem em Hebreus 9.27 declara que “aos ho­
mens está ordenado morrerem uma vez, vindo, depois
disso, o juízo”. Lucas 16.26 fala que “está posto um grande
abismo” entre o céu e o inferno, de modo que ninguém
é capaz de passar de um lado para o outro.
A Bíblia diz que a punição de todos os incrédulos
será eterna. Paulo escreveu a respeito de “quando se
manifestar o Senhor Jesus desde o céu, com os anjos do
seu poder, como labareda de fogo, tomando vingança
515
R E S P O S T A À S SEI TA S
dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem
ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo; os quais, por
castigo, padecerão eterna perdição, ante a face do Se­
nhor e a glória do seu poder” (2Ts 1.7-9).
Finalmente, a duração do sofrimento no inferno será
igual à duração do gozo no céu. O mesmo termo “eter­
n o ” é utilizado tanto para o céu como para o inferno em
Mateus 25.46.
A P O C A L I P S E 2 2 .1 8 — E ste verso previne contra
novas revelações?
A M Á IN TER PR ET A Ç Ã O : O texto em Apocalipse
22.18 diz: “Porque eu testifico a todo aquele que ouvir
as palavras da profecia deste livro que, se alguém lhes
acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pra
gas que estão escritas neste livro”. Os mórmons argu
mentam que eles não acrescentaram nada nem ao livro
de Apocalipse e nem à Bíblia. Portanto este verso não se
aplica a eles (Richards, 1973, 56).
C O R R IG IN D O A M Á IN T E R P R E T A Ç Ã O : A
injunção contida em Apocalipse 22.18 refere-se ao
ato de acrescentar ou retirar algo do livro de Apoca
lipse. Joseph Smith violou espalhafatosamente ess.i
injunção, pois ele tanto adicionou como subtraiu do
livro de Apocalipse. Smith fez alterações no texto bí
blico, e produziu a chamada “Versão inspirada” da Bí
blia. U m exemplo é Apocalipse 5.6, onde Smith mu
dou a versão original, que diz: “E tinha sete pontas e
sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados
a toda a terra” , para a sua própria versão que diz: “ lí
tinha doze pontas e doze olhos, que são os doze ser
vos de Deus enviados a toda a terra” .
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206
18.8
251
1.1
107, 298
1 .1 ,2 6 ,2 7
1.1 ,2
27
1.1,21
1.2
32
512
27, 29, 220
1.14
3 .1 5 a 38
18.20 43
3 .17
36
1 9.7 43
3 .1 9
36, 95
19.8 4 2 , 4 3 , 6 8 , 1 3 8 ,
3 .2 0
239
4 .1 ,2 5
400
1 .26 2 9 , 3 0 , 1 0 6 , 2 4 8 ,
139
38, 43
4 .1 9 -2 3
4.23
270
19 .8b 42
84
2 0 .1 -1 8
84
21.1 2
4 .2 6 193
5.2 214
22
58
374
26
509
1 .2 6 -3 0
356
5 .24
3 2 .24
1.27 8 4 , 3 2 3 , 4 3 8 , 4 3 9 ,
460, 481
1 .2 7 ,2 8
31, 342
5.3
113
6.5
370
9 .3 ,4
391
2 .8 ,1 5
485
356
35.1 8
35, 140
4 0 .2 0 -2 2 44, 45, 182
120
329
9.4 39, 6 0 , 3 2 9
2 .7 34, 3 5 ,3 6 , 333,
251
3 2 .30 4 4 , 5 8
6.2 486
1.31
468
333
6 .1 -4
1.28
1,2
410, 434
239
67
1 .2 6 -2 8
1 .2 6 ,2 7 31, 32, 33, 126
67
í
40.21
45
4 2 .3 8
164, 165
4 4 .2 9 ,3 1
164
9 .6 438
4 8.16
214
11.4
50.25
50
214
1 2 ,1 4 ,1 5 ,1 7 2 0 8 ,5 0 9
2 .1 6 ,1 7
438
1 2 .1 -3
74
2 .2 1 -2 5
84, 323
13.15
509
ÊXODO
1.1 5-2 1
373
14.6 69
2 .2 3 -2 5
461
3 37
14.18
3 .1— 4 .17
3 .4
15.5
61
3 .2 -4
16.1
61
3 .14 101, 263, .’H4
2 .2 4
3 .4 ,5
305, 342
55
159
40
283
219
R E S P O S T A À S SEI TAS
3.1 4 ,1 5
285
7.11 4 7 , 4 8
7.1 1 ,2 2
8.7
4 0 .3 4 -3 8
6.4
266
429
L E V Í T IC O
8 .1 8 .1 9
48
8.19
49, 512
9.14
169, 355
50, 51
63, 6 4 , 1 0 6 ,1 0 8 ,
1 5 5 , 1 5 6 ,3 3 2 ,4 0 2 ,
47
47
13.19
3 4 .3 4,3 5 396
4 . 3 ,2 3 , 2 8 ,3 2
398
6.13
110
6 .14
242
4 .4 ,2 4 ,3 3 398
11.11
7 .2 6 .2 7 4 0 , 5 9 , 3 2 9
1 3 .1 -9
12.2
1 3.10 242
236
400
138
16 57
17.17 5 4 ,8 3 , 84
1 9.12,13
55
17 60
1 8 .9 -1 2
77
1 9 .2 1 -2 4
191
1 7.1 0 -1 2
1 8 .9 -1 4
472
1 8 .9 -2 2
138
17 390
329
20.2.3
242
17.1 1.1 2 4 0 , 6 0 , 3 2 9
2 0 .2 -4
110
18,20 348
20.3
453, 472
1 8.1 0 .1 1
1 8 . 1 -3 ,2 4 ,2 5
61
2 0 .3 .4 6 5 , 6 9
1 8 . 6 -1 4 ,2 2 ,2 3
2 0 .3 -5 a
18.22 61, 6 8 ,1 3 4 ,
20.4
453
5 2 , 2 8 1 ,3 6 9 , 3 7 0 ,
139, 368
1 8 .2 2 -2 4
372
19.18
20.5
19.26 153
42, 287, 465
331, 430
20.11
52
20.12
166
161
2 0 .1 0 304
2 0 .1 7
2 1 .2
69
54
NÚMEROS
12.8
1 2.16— 13.3
441
2 5 .1 8
2 5 .8
55
56
266
33.11
56
69
441
3 3.2 69, 147
2 1 .1 4 385
34.1 0 6 8 , 7 0 , 7 1
22 79
42
34.11
71
33
JO SUÉ
1.7 442
57
58
85
29.1
3 4 .6
3 3.52 33
3 2 .3 0 -3 2
24.1
20 390
2 3.19
3 2 .3 0 513
104, 439
32.3 9 106, 1 5 6 ,5 1 2
2 2 .1 8 77
2 4 .9 -1 1
22.3
3 1.26 441
69
2 1 .2 0 ,2 6 460
2 4 .4
D E U T E R O N Ô M IO
1.8 73
10.13 385
3 3 .1 8 -2 3
56
1.1
69
3 3 .1 9 .2 0
56
4.12
130
11.23
4 .3 8
103
2 3.6 74
33.2 0
55
34.1 4
242
66
146, 170, 419
2 9.29 352
81
10.12
65
2 3.17 68
2 5 .4 0 460
4. 15
460
144
1 8.2 1 .2 2
19.15 494
77
357
20 .1 4 .1 7
67, 70
1 8 .2 0 -2 2
18.22
2 5 .2 5 ,2 6 ,4 8 ,4 9 174
20.1 4 5 3 , 5 4 ,2 0 0 , 3 0 4 ,
65, 78, 452
1 8 .1 5 -1 8 6 6 , 7 0
1 8 .2 1-2 3
19.31 78
2 0 .6 .2 7
18.11
18.18
60
2 0 .4 .5 5 1 , 8 2 , 2 3 9 , 3 3 4
2 0 .8 -1 1 52, 161,
61
153
1 8 .1 0 -2 2 6 4 ,6 5
5.15 5 3 , 4 6 0
538
509
2 4 .2 5 .2 6
442
Í N D IC E DAS PASSAGENS DAS ESCRITURAS
RUTE
2 REIS
2.7
2 .2 0
2.1
8 .4 -6
174
410
2 .1 ,1 1 ,1 2
434
1 SAMUEL
2.11
1 .3 -8
61
13.21
10.25
442
1 4.29 88, 124
176
8.5
100, 101
107
108
8 .6 -8
87
113
16.1 0,1 1
250, 434
278
12.3,5
110
17.35
1 8 .1 -4
75
18.4
51, 88, 334
2 0 .6
111
2 0 .7
92
2 6 .2
277
18.3
76
242
18.2
1 9 .1 -6
18.4 76
2 0.41
3 3 .8 ,9
1 CR Ô N IC A S
75, 76
2 4 .6 ,1 0
110
2 6 .9 ,1 1 ,1 6 ,2 3
10.13
110
14.3
78
85
77
2 8 .7 -2 0
77
2 8 .1 1 -1 9
78
1 .14 ,1 6
6.7
110
129
37.9
102
3 7 .2 0
16.12 91, 109
4 5 .3 -5
2 3 .1 7
33
4 6 .1 0
2 5.21
256
51.5
136
NEEM IA S
63.7
68.2
278
104
9.6
7 3 .2 7
298
102
101
2 CR Ô N IC A S
1 0 4 ,1 0 8
105
105
102
7 6 .3 -5 165
82 292
81
7 208
278
3 7 .9 ,3 4
2 SAMUEL
5 . 6 -9
298
34.8
3 7 . 9 ,1 1 , 2 9
2 6 .1 9 7 6 , 7 7
28.3
154
202
Jó
1.1
94, 224
82.6
106, 156
1.5
93
8 6.10
106, 156
11 76, 239
1.6
485
88.11
107
12. 22,2 3
1 .1 0 -1 2
7 .1 2 - 1 6
7.22
452
12.23
78
1.19
19.21
110
1 .2 0,2 1
78, 513
513
8 9.27
422
90.2
32
91.4
173
1,2
132
97.7
108
1 R E IS
2.1
485
9 9.10
108
2.10
88
7.9 96, 97, 144
103.3
108
8 .6 0
106
14.12 9 6 , 9 7
1 03.2 0,2 1
1 9 .25 ,2 6
105.15
11.1 5 4 , 8 3 , 3 2 3
11.2
84, 85
19 .26
11.3
83
3 8.4
94
106, 291
95
109
110
1 09.4,5
77
31
109.14
287
96, 97
11.4 5 5 ,2 3 9
3 8.7
485
110.1 30, 111, 112
11.2 1,4 3
42 .7
94
1 1 0 .1-5
42 .8
94
112.10
104
14.20
88
88
112
115.16
112
15.31
385
SALM OS
1 15.1 7
113
2 2.22
138
1.2 9 9 , 2 4 2
119
1 4.24 68
539
167, 168
R E S P O S T A À S S EI TA S
119.130
341
IS A IA S
56.5
1 126
57.1
104, 439
127.3 61
1.18
61.1
28
132.8 113
139 95
5 .6 ,7
6 .1 -5
139.1
43
6.2
138
63.15
64, 402, 430
7.7
385
64.6
121.4
220
139.7
13 9.7 -1 2
32
1 3 9 .1 3 -1 6
136
125, 226, 481
8.1
63.7,'),1 0
287
263
7.14
63.10
77, 153
141.7
9.20
277
115, 116
9.6
148 .2-5
200
9 .6 ,7 202
10.1 461
PR O VÉRBIO S
3.19
7.2
118
167
8 118
8.22
117
8 .2 2 -3 1
9.18
117
165
11.10
104
14.12
326
15.13
120
18.10
278
2 1 .2 8 102
2 3 .7
119
29.1
484
3 0 .4
30, 273
3 0 . 5 ,6 443
126, 127, 493
11.1
202
17.9 32
165
18.7, íS 146
2 1.7
128
2 6.14 96, 97
LAM ENTAÇÕES
2 6.19 97, 98
29.1,2! 129
4.20
2 9 .1 -t
E ZE Q U IE L
128
111
30.8
442
1 .5 -2 8
40.3
128
1.28
4 0.12
129
40.13 ,14
31
7.20
10
137
138
33
138
4 3.10
355
16.49 43, 138
43.11
458
16.50
43.25
174
18.4
4 4.6
106, 156
44.2 4 263, 376, 413,
422 ,5 0 5
45.12
140
3 7.18 -28
141
43.2
3.11
49.2 6
277
3 .1 9 121, 123
5 3 .1 -1 2
3 .2 0 .2 1
53.4
405
131
94, 152, 426
18.20
3 7.16 ,17
37.22
194
139
139, 140
33
416
122
240
92
14.9
45.23
3.21
385
17.5
45.22
122, 123
2.5
7 .18
E C L E S IA S T E S
103, 123
1 235
1.5 135, 136, 404
1 46 .3.4
298
400
32
J E R E M IA S
8.19
148.5
140
263
D A N IE L
2 ,7 2 5 2 ,3 4 1
3 373
53.4,5í 130, 1 6 4 ,2 2 4
7 .9
174
5.2
298
53.5
480
7.13
174
9.5
107, 113, 123, 124
53.9
132, 133
8.18
251
55.6
340
9.2
9 .1 0
124
12.7 36, 95, 122
30
28
206
442
139.15 411
164, 165
133
55.8,9> 378
540
9.26
442
102
Í N D IC E DAS PASSAGENS DAS ESCRITURAS
M ATEUS
7.15
11.40 97
1 508
7. 20
169
12.2
1 .1 -1 7
7. 22
78
7.23
202
9.27
207
96, 98
1.23
202
263
O S É IA S
2 .2
68
4.12 68
2.11
239, 274
7 .2 4 -2 7
2 .16
154
7 .2 4 -2 9
171
11.9
3 .1 -4
7 .2 6 .2 7
171
3.1
33, 130
153
65
241
3 .1 -6
3.2
JOEL
2 .2 7
106
2 .3 1 ,3 2
154
152
272
3.2
3.7
8.14 96, 97, 144
JONAS
3 .1 -4
145
3 .4 -1 0
4 .1 .2
4.2
145
145
146
M IQ U É IA S
8.2
274
8.3
253
160
8.4
3.15
271, 320
8.11
79
4 .1 -1 1
143, 144
242
272
3 .1 7
136
171
3.11
3 .1 6 .1 7 30, 154, 155
AMÓS
7 .24,2 5
411
8.12 1 7 2 ,2 1 0 ,2 2 9 ,
438, 490
247
8.14
268
4 .4 .7 .1 0 3 8 5 , 4 4 2 , 4 4 3
8 .1 6,1 7
4.8
8.20
247
132
173
4 .1 6
158
9.2 312
4 .17
246
9.4
64, 402, 430
5 170
9.12
92
5.5
10.1 337
113
5.13
156, 157
10 .1.2
5 .14
158
10.6 288
375, 413
5 .16
158
10 .6,7 183
5 .1 7 .1 8 1 5 9 , 1 7 1 ,4 3 0
10.8
5.18
10.15 181, 2 1 1 ,3 5 3 ,
187, 242
3.3
277
5.2
101, 206
5.26
7 .2
104, 439
5 .2 7 ,2 8
5.2 2 ,2 8,3 1
443
162
5.29
304
188, 337
440
10.16
244
10.28
165
11.11 175
164
HABACUQUE
5 .4 3 ,4 4
3.3
5.45
166
11.20 .2 4 229
5.48
165
1 1 .2 1 -2 4 2 1 1 , 4 4 0
147
160, 201
11.14 152, 175
ZAC ARIAS
6.9
12.1 0
6 .1 6 -3 3
167
11.25
6 .1 9 ,2 0
222
263
11.24
193
229
371
11.27
214, 228
M ALA Q UIAS
6.22
166, 167
11.29
176
2 .1 0
333
6 .30
120
12.32 177, 178
2 .1 6 85
6.33
9 2 ,1 6 7 ,2 2 3 ,2 8 6
12 .39 -41
3 150
7 .6
3 .6
4 .5 .6
149, 1 5 0 ,3 9 8
151
181, 380
7 .9 .1 0
7 .1 3 .1 4
223
397
541
13
181, 353
180, 181
1 3.3 -9
181
13.10 180
R E S P O S T A ÀS SEÍ TAS
13 .10 .1 1
1 7 9 ,2 7 8
1 3 .1 0 -1 7
174
13.17
180
353
1 3.2 4 ,3 0
13.35
13.55
19.9
54
19.11,12 6 2 , 134
25.4 6
1 9 .1 6-3 0 198,221
19.21 450
26.1 9
160
26.3 9
225
19.26
19.28
26.5 2 105
19.8
182
443
15.25
2 0 .1 -1 6
274
199
26.63 174
2 6 .6 3 ,6 4 174
2 7.5 2 .5 3
198
173
27.53
1 6.6 277
1 6 .1 3 -2 0 177, 206
21.11
22.13
67
1 7 2 ,2 1 0 ,2 2 9 ,
28.1
1 6 .1 6 .1 7
438, 490
2 2.29 442
1 6 .1 6 -1 8 183
16.17
393
16.18 1 8 3 ,3 2 5
249
16.19
188
2 2.37
16.23
16.27
184
211, 440
2 2 .3 7 -3 9 201
2 2.42 202, 406
17 266
17 .1 -9 79
17.3 8 9 , 1 9 3 ,2 5 0 , 4 1 1 ,
434
427, 481
277
2 3 .3 7 325, 382, 383,
17.5 298
1 7 .1 0-1 3 176
412
24 207
17.11
17.12
24.3
1 7 .1 4 -2 0
419
204, 205
177, 206
511
17.16
419
2 4 .2 3 ,2 4 2 0 5 ,2 8 6
17.27
228
2 4 .2 9 .3 0
18
195, 196
18.9
18.15
165
196
1 8 .1 5 -1 8
18.17
194, 195
195 ,1 9 6
18.18 183,184, 189,
445
430, 443
2 8 .1 8 -2 0 2 1 2 , 3 1 3 ,4 9 3
28.1 9 6 4 , 1 5 5 ,1 5 6 ,
2 1 2 ,2 1 3 ,2 1 4 ,2 1 5 ,
2 1 6,300, 301,321,
322, 339, 360, 371,
2 8 .6
387
28.9
259, 274, 369,
387, 465
2 4 .4 .5 .2 3 -2 5
2 4 .2 0
259, 274
28.2 0 64, 3 1 3 ,4 0 2
2 8 .2 0 b 325
17.4 192, 193
152
175
53
28.1 7
396, 402, 430
2 2.44 112
2 3.2 .3 203
23 .9 316
2 3.16
211
411
28.1 8 64, 4 0 2 ,4 2 4 ,
2 2.30 200, 323, 485
2 2 .3 6 .3 7
203, 2 0 9 ,2 2 9 ,
2 6 9 , 5 16
2 0.18
173
353
8 9 , 2 1 0 ,2 4 7 ,
4 1 7 ,4 2 4 , 439
402
336, 509
20
187
25.3 4
25.41
85
15.6 160
15.24 1 8 2 ,2 8 8
16
417
268
465
1 5 .3 ,6 b
397, 408
2 5 .3 2 .4 1
19.5 305
19.4.5 181
13.58 380
1 4 .6 -1 0
438, 490
2 5 .3 1 -4 6
181
353
242
1 3.5 5 ,5 6
14.33
1 8 .2 3-3 5 197
19.4 84 ,1 5 8 , 168,323,
154
MARCOS
1.10 219
1.11 298
2 .1 0
174
2.1 2 a 253
2 4 .3 0
1 73,318, 504
2 4 .3 4 2 0 6 ,2 0 7
2.5
312
2.7
174
2 4 .3 8 ,3 9 181, 353
2 .2 7 52
2 4 .4 5 -4 7
3 .3 1 -3 5
208
2 4.51 2 1 0 , 2 2 9 ,4 3 8 ,
490
2 5.30 1 7 2 ,2 1 0 ,2 2 9 ,
542
6.3
242
6.5 220
7 .19 160
222
Í N D I C E DAS P AS SA GEN S DAS E SC RIT URA S
9 .1 1 -13 175
9 .43.45.47 165
9 .4 3 -4 8 1 7 3 ,2 1 0 ,2 9 4 ,
3 .22
433, 439
9.48 172, 490
5 .4 ,6
10.6
6.36
256
24
6.40
243
24.11
10.30 221, 400
7 .16
67
2 4 .1 3 ,1 4
230
11 224
9 .58
268
2 4 .1 3 -3 2
230
1 1.23,24 223
12.29 1 5 5 ,1 5 8 ,1 6 8 ,
11.9
340
2 4 .1 9
67
12.4
89
24.2 3
2 5 0 ,2 5 1 ,2 5 5
12.5
165
24 .2 3 ,3 1
181, 353
10.17-31
198,221
241
12.30
126, 225
214, 396
4 .1 6 2 4 0 , 2 4 2
4 .2 9b , 30
410, 434
380
228
6 .2 2 -2 8
12.4.5
23.43 231, 249, .'Mi,
23 .4 6
246, 434
2 3 .4 6 b
438
23.8
210, 439
410
380
483
24.25
378
255,38 0
378
13.19 30
12.15 222
13.32 2 2 6 ,2 2 7
1 2 .2 2 -3 4
1 4 .3 -9
12.32 2 4 3 ,2 4 4 , 508
24 .3 0 2 5 9 ,4 8 3
14.21 228
1 2 .4 7 ,4 8
24.3 1
1 4.36 264, 298
13.32
277
2 4 .3 1 .3 4
16.2
13.33
67
2 4 .3 1 .3 9
1 6 .9 -2 0 2 3 0 ,4 9 3
14.9
256
16.12 229
16
16.15 313
16.13 222
2 4 .37
1 6 .1 9-3 1 1 0 4 , 2 0 3 ,4 2 5
2 4 .3 7 -3 9
16.22
24.3 9
465
331
16 .15 .1 6
16.16
313
230, 2 3 1 ,3 2 1
244
211, 440
246, 452
410
294, 434
1 235
1.1
1 .1 1 -2 0
251
16.23
98
252, 254
165, 410
1 6 .2 4-3 1
311
252
255
2 4 .3 6 .3 7
255
392
259
32, 44, 9 8 ,1 3 0 ,
253, 254, 258, 282,
369, 386, 387,392,
1 6 .2 2 -2 8 8 9 , 2 1 0 , 2 4 4
364, 431
254
2 4 .2 6 .2 7
24.3 4
1 6.22.23 1 6 4 ,1 6 5 ,
LUCAS
2 4 .2 5 .2 6
79
464, 483
2 4 .3 9 b
492
2 4 .4 0 -4 3
369
16.26 410, 484, 515
2 4 .4 1 .4 2
387
1.22 255
17.21 246, 247
2 4 .4 2 .4 3
259, 483
1.28
2 3 3 , 2 3 5 ,2 3 8
1 7.2 6 ,2 7
181, 353
2 4 .4 6 -4 9
313
1.28b
235
17 .2 8.29
181
24.4 7
31^
1.42
2 3 7 ,2 3 9
1 7.2 8 -33
353
24.5 1
256
1.17
152, 176
1.4 2.48
238
1.47
1 8 .1 -8
197
236
1 8.1 8 -23
248
JO Ã O
1.80 2 4 0 ,2 4 1
1 8 .1 8 -3 0
198
1.1 2 9 , 3 0 , 1 0 1 , 2 6 1 ,
2.11
19.35 256
458
2 .1 1 ,2 6
206
2 0 .1 8 .2 5 .2 9
2 6 2 ,2 6 3 ,2 6 4 ,2 6 5 ,
256
2 .22
236
20 .3 0 364
2 .49
298
20.3 8 2 6 2 ,4 3 5
2.52 2 4 0 ,2 4 1
21.2 5 364
543
3 0 2 ,3 1 1 ,3 1 4 ,4 2 9 ,
4 3 5 ,4 6 4
1.3 1 1 9 , 2 6 4 ,4 2 2 , 4 3 5 ,
468, 505
R E S P O S T A À S S EI TA S
1 .12 2 7 0 ,3 5 4 , 383
5.43 2 7 5 ,2 7 6
10.9
1 .1 2 ,1 3
5.44
10.14 228
274
156
220, 277, 327
1 .14 253, 264, 265,
6 390
10.15 2 2 8 , 2 6 4 , 2 9 0
266, 311, 464
1 .18 56, 71, 130, 296
6.11
280
10.16
103, 288, 508
6.14
67
10.18
257, 512
1 .2 1 -2 3
6.27
222
1.23
152
6 .2 8 ,2 9
128
1 0 .2 5 ,2 9 ,3 6 ,3 8
249
6.35
1.41
206
6 .3 5,48 ,5 1
1.50
32
6.48
220
2 7 6 , 2 8 8 ,2 8 9 ,2 9 0 ,
6.53
277
2 9 1 , 2 9 6 ,3 0 2 ,3 1 1 ,
267
2 .1 9 -2 2
387
6.5 3 b
2 .20
365
6.63
2.25
412
7.5
10.27
290
197
1 .26 272
2 .1 -1 1
280
1 0 .2 6 -2 9
285
507
10.30 105, 173,262,
314, 374
281
279
1 0.32,33
10.34
379
286
1 0 7 ,2 9 0
3.2 297
7 .1 0
160
10.35
187, 441
3.3 268, 2 6 9 , 2 7 7 ,4 0 6
7.12
417
10.39
380
3 .3 ,6 ,7 4 1 2 ,4 2 3
7.17
264
3 .3 ,7 272
3.5 2 6 9 , 2 7 0 , 2 7 1 , 2 7 2
7.29 2 2 8 ,2 9 0
7.40
3 .1 6 2 0 2 ,2 7 2
7.53
3 .1 6 -1 8
274
3 .1 6 ,1 7 2 1 4 , 2 3 1 ,2 7 3 ,
3 .1 6 ,3 6
3.1 8b
320
349
321
341
3.35 2 1 4 , 2 9 0
292
132
67
11.5
294
493
11.11
8.11
493
1 1 .1 1 -1 4
294
8.12
158
1 1.2 0 ,2 9
293
8 .1 2 ,2 4 ,2 8
290
3 .1 6 ,1 8 ,3 6
3 .19
11 .1 -33
11.4
285
88, 228
11.24 97, 115
8.28 67
11.25
8.44 78
1 1 .2 5 -2 7 177, 206
11 .41 ,4 2 2 1 4 ,2 9 0
8 .5 4 -5 6
273
285
8.55 2 2 8 ,2 9 0
11.43
452
8.58 101, 1 05,173,
11.49
385
3 .36 2 4 9 , 3 4 5 , 4 8 4
262,263, 284,285,
1 1 .4 9-5 2
4.6
3 0 2 ,3 1 4 ,4 2 9 , 435,
12.41
464
12.44 297
4 .19
220
67
4.23 2 6 4 ,2 7 3
8 .59
4 .24 3 2 , 3 4 , 4 4 , 1 3 0 ,
9.1
464, 465
380
12.49 67 ,7 1
13.35
286
9 .1 -7
294
263
307, 308
14.6 32, 310, 327, 33')
188
4 .26 285
9.2
176, 287
14 .6-1 1 2 7 6 , 2 9 5 , 2 %
4 .34 264
9.3
94, 132,224, 475
1 4 .8 ,9 297
5.13
9 .17 67
14.9 296, 464
9 .38
14.16 214, 2 9 8 ,2 9 9 ,
249
5.24 2 4 9 , 2 7 5 ,3 4 5 ,
349, 484
5.2 8 ,2 9 96, 98, 115,
122, 2 7 4 , 2 7 5 ,3 8 7
5.30 380
465
10 2 8 8 ,2 9 2
10.1
306, 396
327
1 0 .1 ,9 -1 1
1 0 .7 ,1 1 ,1 4
1 4 .1 6 ,1 7 ,2 6
310
285
544
1 4 .1 6 ,2 6
305
316
14.17 2 2 6 ,3 0 0
Í N D I C E DAS P AS SA GEN S DAS ESC RI TU RA S
14.18 300
2 0 .6 -8
14.26 2 8 , 2 9 9 ,3 1 9 ,
2 0 .1 1 -1 5
4 4 1 ,4 4 6 , 4 4 5 ,4 9 4
255
2 305, 322, 3 /S , -II l
2.1
53, 324
230
2.1-4
313, 331
14.28 2 8 9 ,3 0 1
2 0 .1 5 ,1 6 259
2 . 1 -5
196
15.1
2 0 .17
310
2 . 1-8 188
15.7 2 2 4 ,3 0 6
2 0 .19
2 5 3 ,3 1 1
2 .4 28, 318
15.8
2 0 .1 9 ,2 6 331
2 .5 -1 3
20.21
313
2 .1 6 ,1 7
449
20.2 2
313
2 .3 0 .3 1
11 4 ,1 6 5 ,4 9 2
278
302
15.12 2 0 0 ,3 0 3 ,3 0 4 ,
323,
357
20.1 5
254
15.22 440
20 .2 2 .2 3
15.26 28, 214, 226,
20.23
319, 396,495
16.7
396
16.13
20 .2 4 .2 5
20.25
1 6.12.13
305
2 2 6 ,2 9 9 , 368,
4 4 1 ,4 4 2 ,4 4 6
16 .13 ,1 4 214, 3 1 6 , 3 9 6
311,3 13
313
20.2 6
254
379
53
369, 387
20.2 8 64, 156, 262,
265, 274, 281, 302,
3 1 3 ,3 7 1 , 402, 429,
435, 464
20.3 0
17.3
20.3 1 2 4 9 ,3 1 4 , 320,
156
17.5
298
17.12 425, 4 3 8 ,4 8 9 ,
490
17.17 442
17 .20 .2 1
307
17 .21 .2 2
289
1 7.25
228
431
319
222
2.42 375, 4 1 3 ,4 4 5
2 .4 4 200, 2 0 4 ,3 2 2 ,
323
255
323,450
498
3 375, 413
337
3 .7 ,8 a
253
21 .6-11 228
3 .2 0.2 1
2 1.1 2 .1 3
259, 483
3.21
2 1 .1 5 -1 9
314
3.25
325
3 2 4 ,3 2 5
325
2 1.2 2 ,2 3 446
4 375, 413
21.25 4 3 1 , 4 4 6
4.12
3 2 6 ,3 2 7 , 339
26.13
4.33
483
445
4 .34 ,3 5
273
ATOS
1 9 .2 3 ,2 4
255
1 9.26 309
1 9 .2 6 .2 7
2.41
3.7
1 8.20 353
19.7
213, 2 3 1 ,2 7 1 ,
2.46
446
2 1 .4
308
1.3
257, 380
5 .1 -1 1
188, 337
1.4 259
S.3Í 28, 319, 495
1.5 299, 3 0 5 , 3 1 3 , 4 0 9
5 .3 .4 6 4 , 1 5 6 , 4 0 2 , 4 2 9
1 .6 -8
1 9.27
1.8
196
5. 42
1.9
256
6.5
1 9.30 5 8 , 3 6 3 ,4 0 5 ,
3 2 7 ,4 5 0
5 376, 413
19.26b, 27a 308
309
509
5.4
371
498
312
6.6 188
4 1 2 ,4 2 5 ,4 5 2 , 455,
1 .9 -1 1
480, 514
1.11 205, 508
7. 26 256
2 0 .1 ,1 4 ,1 5 255
1.22 1 8 7 , 3 3 6 ,4 1 3 , 4 4 5
7. 59
2 0 .5 -7
1.26 375, 413
8 376, 413
387
392
3 1 2 , 3 1 3 ,3 1 9 , 3 2 1 ,
2 .4 4 ,4 5
17 7 1 , 3 0 7
17.4 3 6 3 , 4 2 5 , 4 5 2 , 4 5 5
2 .3 8
2 .4 1 -4 7
16.24
16.32 298
2.31
9 8 ,2 5 9 ,3 8 7 ,
2 .3 1 ,3 2 98
360
20.2 7 2 5 4 , 2 5 9 ,2 8 2 ,
16.1 4 299, 306
306, 307
324
317, 504
545
246, 434
R E S P O S T A À S SEI TAS
8 .1 -1 2
8 .5 ,6
312
188
8.1 4
186
1 5.25a 328
1.18
1 5 .2 8 .2 9
1 .1 8 -2 0
16.16
329
512
8 .18 312
1 6 .1 6 -1 8
8.29
16.17
28, 319, 495
350
154, 340
1 .1 9 .2 0 3 3 9 ,3 4 0
188
78
1 .20
339, 350
1.22.23
33
69
8.39
254
16.18 337
1 .2 2 -2 7
8.40
254
16.31 231, 438
1.25
1 6 .3 1-3 3
1.26 61, 134, 3 4 1 ,3 4 2
9 . 1 -8
9 .4
252
425
9 .1 8 360
17.2
226
9 .3 6 -4 2
376, 413
1 7 .10 -1 2
9,2 2 ,2 6
378
17.11
10 187, 2 3 1 ,3 4 1 ,3 7 6 ,
413
1 0 .9 -1 6
10.15
360
17 .1-3 5 3 , 3 3 0 ,5 1 1
251
61
51, 82, 88, 334
1.2 6 .2 7 62, 6 8 ,3 6 7 ,
368
472
111, 151, 195
1 7.17 481
1.27
342
2 344
2 .6
343
1 7 .1 7 ,3 4
427
2 .6 .7 248, 3 4 3 ,3 4 4
1 7 .2 2 -3 4
330
2 .6 -8
1 7.24 332
2 .7
275
3 4 5 ,4 3 4
10.35
341
17.26 333, 460
2.12 3 5 0 ,3 4 0
10.41
483
17.28 3 3 1 , 3 8 5 , 4 2 7 ,
2 .1 2 -1 5 61,340
10 .4 4 -4 6
1 8 8 ,3 1 3
469
2.1 4 ,1 5 a
10.45 231
1 7.2 8 .2 9
10.47 3 2 0 ,4 0 9
17.29
12.12
17.30
498
12.2 2,2 3
13.4
355
319, 495
332
460
438
3 .2 0 .2 8
17.31 3 2 ,2 5 7
19.12 3 3 3 ,3 3 4
3 .2 7 .2 8
257
20.7 52, 1 6 1 , 3 3 1 ,5 1 2
3 .28
1 3 .33 ,3 4
101
2 0 .7 -1 1
337
13.35
392
20 .2 8
13-28
186, 187
2 0 .2 9 ,3 0
315
404
355
20.31
14.1 4.1 5
376, 414
20.35 375, 413
1 5.1-3
15.2
327
432
2 2 .16
347
248, 3 4 3 ,3 4 4 ,
3 4 7 ,4 5 5
3 .2 9 ,3 0
14 .1 1 -1 5
413
418
3 .2 1 -2 6 2 6 9 ,3 5 0
3.23
3 1 , 3 2 , 340
13.30,3 1
15 1 6 1 , 1 6 2 ,1 8 6 , 3 2 7 ,
348
3 .1 9 248, 350
360
249
4 .4 .5
4.5
1 5 2 ,3 4 3 ,3 4 4 ,
383, 4 5 5 ,4 7 3 , 507
24.15 96
5 351
2 8.9
5.1
224
375
156
4 347
5.12
349
115, 238
15.2,3 328
ROMANOS
5 .16 349
15.5
1 249
5 .17
1.4
257, 391, 483
5 .1 8 .1 9
1.5
335
6 .3 ,4 360
1.7
338, 339, 360
6 .3 -5
347
1 5 .6 -2 9
15.12
327
328
15 .1 3 -2 1
328
349
349
384
15.20 3 0 4 ,3 2 8
1.2 350
6 .14
15.22 186
1.16
189, 312, 320
6.23 2 4 9 ,3 4 5 , 349,
15.24 404
1.17
350
546
350
53, 162, 330
Í N D I C E DAS P A S S A G E NS DAS E SC RIT URA S
7 .18 279
16.20
39
8 354, 355
16.27
156
8.1
164, 364, 514
160
8 .2 -4
8.3
464
1
C O R ÍN T IO S
1
360
8 .7 351
1.2 361
8 .14 28, 495
1.3 359, 360
8.15
264, 298
1.7 356
8 .16
354, 355
1.17 2 3 1 , 3 6 0
8 .17 1 1 2 ,3 5 4
8 .1 9 ,2 3 ,2 5
8 .1 9 -2 1
356
356
8 .20 356
28, 319, 495
8 .2 6 .2 7
320
1.24 118, 297
214
83, 84, 200, 304,
3 2 3 ,3 5 7
7.8
62
7.10
3 6 6 ,3 7 5 , 413
7.1 2
443
7.25
366
8.4 155, 1 5 6 ,3 6 9
8 .4 ,6 332
8.5
370
8.6 371
9.1 187, 2 5 6 , 3 3 6 ,3 7 5 ,
2.1 28
413, 445
2.10 64, 402, 430
8.21 3 2 3 ,3 5 5
8 .26
1.17a
7.2
2.1 0 .1 1 494
2.11
318
2.1 1 -1 3
444
9.17
362
10.3
390
10.4
389, 391
1 0.14 372
8.2 6b
453
2.12
8 .2 7
28, 220, 453
2.13 3 6 7 , 3 7 5 , 413
1 0 .19.20
2 .1 3 .1 4
10.20
8 .3 6 -3 9
197
9 350
2 .14
9.3
2.15
58, 350
9 .22
350
3.3
226
279
390
32
10.4 331
3 .1 1 -1 5
10.9
3 .14
170, 371, 417
10.13 357
1 1 .1 -1 0
1 1.6
350
152
390
199
199, 362
5 1 6 2 ,3 8 3
11.33 64, 3 7 8 ,4 0 2 ,
5.1
13.7
357
5.3
443
5.7
160
5.11
494
426
12.26
12.28 375
13.12
366
56
14.33 3 7 6 ,3 7 7
366
14.37 367
6.1 0
134
15
6.11
361
1 5 .1 -4
14.9 482
6 .9 b
14.12 152, 514
15.6
127
12.11 28, 220, 319,
12.13 331, 409
6 .9 6 2 , 3 6 6
45
374
12 303
5.9 3 6 4 ,3 6 5
461
374
11.3
372
1 1.29 197
461
454
11.2
284
372, 399
13 .2 -5
11.1
11.25
355
399
13.1
330
3 .2 1 -2 3
4.16
303
45, 303
10.32
11.11
4.11
430
10.31
3.15 3 6 0 ,3 6 1
1 1 .1 1 -2 6 2 0 8 , 5 0 9
12.1
369
108, 369
251, 337
168, 189, 312
15.19 64, 402, 430
6.13 3 6 8 ,3 6 9
15.2
231
1 6 .1 -1 6
6 .1 3 .1 8
15.3
362, 404
432
6 .16
16.15 498
16 .17 .1 8
111
6 .18
304
305
357
547
1 5 .4 -8
445
1 5.5 .6
260
R E S P O S T A À S SEI T A S
15.5 -8 18 7 ,2 5 1 , 252,
3.17
395
255, 2 5 7 ,3 1 1 ,3 3 6 ,
3.1 7 ,1 8
3 7 8 ,3 7 9 ,4 8 3
3 .3 -6
15.6
257, 259, 379
GÁLATAS
376, 414
396
1 .6 -8
3 .7 .1 1 .1 3
53
1 5.7 379
3 .7 .1 3 .1 4
161
1 5 .7.8
3 .7 -1 0
15.8
337, 375, 413
1.1 336
330
403
1 .6 -9 472
1.8 151, 4 0 3 , 4 0 4 ,4 4 4
1 .11.1 2
327, 444
256
3 -5
15.9 239
15.20 410, 411
4.16
132
444
4.17
356
1 .1 5,1 6
15 .20.21
115
5 .1 -4
346
5 .6 -8 3 5 , 2 4 6
1.17 336, 444
1 .18.1 9 328
5.8 88, 89, 113, 122,
2.2
1 5.2 0 -23
15.21
483
15.22 96
15.23 3 8 0 ,3 8 1
1 5 .2 4 -2 8
1 5 .2 5 -2 8
381
1 12,381
312
1.12
388
1 2 3 ,1 2 4 ,2 0 3 ,2 5 0 ,
294, 346, 434
5 .8 -1 0
5 .10
140
199, 363, 514
1 8 5 ,3 3 6 , 367,
404
185
2 . 5 -9
2.8
336
185
2.9 186, 187
2 .1 1.1 3 315
15.29 1 5 2 ,3 8 2 ,3 8 3
5 .14
15.33 385, 469
5.17
2 . 1 1 -2 1
315
15.37 2 5 4 ,3 8 6
5 .19 396
2 .1 4 -1 6
328
1 5.3 7 ,3 8
5.21
3 161, 347
387
1 5 .4 0 -4 2 3 8 7 ,3 8 8
1 5.42.53 115
1 5 .4 2 -4 4 95, 132
15.44 256, 388, 391
15.45
390
1 5 .4 5 -4 9 424
15.5 0 3 9 1 ,3 9 3
1 5 .5 0 -5 8 389
15.51 88, 387
15 .51 ,5 2
346
1 5.5 1 -55
132
15.53
96, 345, 346,
386, 387
16.2 52, 161, 3 3 1 ,5 1 2
16.16 373
16.19 498
216, 344
270, 271
293, 361, 363,
397,
6.2
412, 426 ,4 8 0
203, 269, 484
2 .1 1 -1 4 186, 187, 195
3 .1 .2
404
3 .2 0
156
7 .6 204
3 .2 4
249
8.9 399
3 .2 4 ,2 5
1 0.10
3 .2 8
160, 374, 460
11.14 78
3.29
113
12.11
4 .4 67
365, 366
185, 328
1 2.12 188, 3 2 8 ,3 3 4 ,
4 .5 .6
354
336,337, 367,376,
4.6
413 ,4 4 5
4 .8 ,3 1
12.1 -5
12.15
12.2
252
400
400
1 2 .2 -4
410
12.7 92
1 2 .7 -1 0
476
264, 298
330
4.13
92
4 .1 3 -1 5
132
4 .2 8 -3 1
113
5.5
356
5 .6
162
5.17
279
2 C O R ÍN T IO S
1 2 .7 -9
132
5 .1 9
1.3 .4 127
2 . 6 - 8 162
1 2.8.9
224
5 .22,2 3
2 .1 5 .1 6
3 .4
3 .1 4
.191
162
189
13.13 3 0 ,6 4 ,1 5 6 , 3 0 0 ,
53
304
1 7 0 ,3 0 3
6 406
3 7 1 ,4 0 1 ,4 0 2 ,4 3 0 ,
6.1 477
493
6.2 4 0 4 ,4 7 7
1 3.4a 482
548
6 .7,8 405
ín d ic e
6 .8 .9
364
6.15 162
das
passagens
4 .1 1 -1 6
4 .2 4
das
e s c r itu r a s
325
31
1 .1 5 -1 7
4 .3 0 2 8 , 2 2 0 , 3 1 9 , 4 9 4
EFÉSIOS
5.26
272
1.1
5.31
305
431
1.3 1 1 2 ,3 5 5
5 .3 1 ,3 2
1 .3 -1 0 424
6.1
1 .1 5 .1 6 34, 262, •
1.16
3 7 6 ,4 1 3 ,4 2 2 , 46f.,
468, 505
84, 85
373
1 .1 6 .1 7
1.17
1.4 408
6.3
161
1.5
354
6.5
460
1.6
235
6 .1 0 -1 8
421
119, 200, 263,
421, 422
273, 332
1.18 9 2 , 4 2 3
1 .1 9 .2 0 4 2 3 , 4 2 4
513
1.7 480
1.20
423
1.24
425
1.10 325, 407
F IL IP E N S E S
1.2 4b 425
1.17 28
1 .16
1.26
1.22,2 3
2.1
279
438
2.4 .5
481
2 427
1.23
2.3
88, 8 9 , 1 2 3 ,1 4 0 ,
250, 294, 346, 434
32
180
1 .2 1 -2 3 35, 246
426
2 .8 .9
65
2.5
269
1.29
2.8
275, 340
2 .3 ,4 418
2 .9
2 .6 - 8
2 .9 2 6 5 , 3 7 6 ,4 1 3 ,
2 .8 .9 152, 2 7 1 ,2 7 5 ,
426
118
2 .8
173, 311, 429
3 4 3 ,3 4 4 , 347, 383,
2 .7 415
4 1 8 ,4 5 5 ,4 7 3 ,5 0 7
2 .9 -1 1
2.9
348
424
2 .1 0 108, 408, 411,
2 .1 0
344
416
2 .1 8
453
2 .1 0 ,1 1
2 .1 9
103, 244, 508
2 .1 2 205, 3 4 4 , 4 1 7
2 .2 0 185, 2 9 5 ,3 3 6 ,
3 7 5 , 4 1 2 ,4 4 5
127, 3 5 8 , 4 1 6
262
428, 429, 4 3 0 ,4 3 5
2.1 2 360
2.13
269
2.15
485, 513
2.1 6
430
2 .1 6 .1 7 1 6 1 ,330,512.
2 .13
344
2 .1 6 -2 3
2 .25
132, 2 2 4 , 4 1 8
2 .1 7
65
53, 162
2 .2 5 .2 6
224
2 .1 8 239
3.5
295
2 .2 5 -2 7
131
3.1
103, 244, 508
3.9
30
3 .1 -3
418
3.2
226
3 .1 9 318
3 .4 -6
332
3 .1 0 31, 481
3.2 1
3 .1 8 ,1 9
3 .3 .5
180
325
4 303
4.3-6
418
3 .20 103, 2 4 4 ,3 5 6 ,
408
508
3 .17
322
3 .1 8 -2 0
3 .22
460
498
373
4.4
409
3.21 2 5 6 ,3 8 7
4.15
4.5
409
4.8
4 .1 6 4 3 0 ,4 3 1
4 .6
156
4 .1 1 .1 2
399
4 .8
485
4 .1 2 .1 3
223
120, 481
4 .1 0
318
1 T E SSA LO N IC EN SES
4 .9 409, 423, 480
COLOSSENSES
1.9
4.11 3 0 3 , 4 1 2
1.13
4.13 8 8 , 2 9 4 , 4 3 3
4 . 1 1 ,1 2
1.15
315
270
130,421
549
156
4 .1 3 -1 7 3 5 , 2 4 6
R E S P O S T A À S SEI TAS
4 .1 3 -1 8
452, 511
4 .1 0 168
F IL E M O M
4.16
435
4.16
111
16
459
5.21
111, 1 9 5 ,4 7 2
5.1.2
222
2
498
5.23 92, 131
2 TESSA LO N IC EN SES
1.7
435
1 .7 -9
408, 516
6.9 222
HEBREUS
6.10
222, 450
1.1.2
6.17
450
1.2
6.1 7 .1 8 4 4 9 ,4 5 0
1 .8 .9 364
1.9
102, 1 0 8 ,2 1 0 ,4 2 5 ,
437, 439, 490
1.12
297
2 .9
48, 512, 513
2 .9 .1 0
78
1.6
188
1.10
1 .1 3 .1 4
111
1.18
5 8 ,3 3 2 , 363,
4 0 5,412, 452,
4 6 3 ,5 1 4
127, 205
4 4 8 ,4 5 1
2.15 3 7 4 , 4 4 0
2.2
3.6 440
3 .1 -5
1 T IM Ó T E O
3 .1 6 151
454
1 .3.4
3.1 6 ,1 7
1.6 274, 422, 4 3 5 ,4 6 4 ,
465
1.8 105, 1 5 6 ,2 6 2 ,2 6 3 ,
26 5 ,3 7 1
222
3 .1 5 -1 7
111
1.2.3 2 9 7 , 3 1 0
1.3
2 T IM Ó T E O
449
2 7 3 , 4 2 5 ,5 0 5
446
2 .3 ,4 328, 3 3 4 ,3 3 7 ,
445
2 .7
111, 4 3 1 ,4 4 1 ,
1.10
62,368
1.15
239
4.6 454
2 .1 4 -1 6
1.17
156
4.8
2 .1 7
311
195
4 .1 4
3.1
1 0 3 , 2 4 4 ,5 0 8
1.20
2.1
447
2 .1 .2
447
2 .1 -4
310
442, 443
107, 108
2 .9 362
363
195
4.20 131, 224
2 .1 4 .1 5 5 8 , 5 1 3
4.13 64
4.15
T IT O
448
31, 293, 397
5 .1 3 ,1 4 217
2.2
461
1.2
2 .4
325
1.9 1 1 1 ,4 2 7 , 481
7 1 6 1 ,4 5 3
1.12
7.3
2.5 71, 106, 156,309,
3 1 0 , 3 2 7 ,3 7 6 , 4 1 4
2 .5 -6
448
3 .2 .1 2
84
145
6.18
385, 427, 469
111
2.1
2 .1 1 .1 2
7 .3 b
344
2.13 20 5 ,2 6 2 , 265,
466
466
7 .1 1 ,1 8 ,1 9
190
7.12 53, 1 8 9 ,1 9 0 ,2 9 5 ,
3 .15
195
3.1 6
464
3 347
7 .1 7 -2 8
190
4.1
138, 159, 452
3.1
373, 461
7 .2 3 .2 4
40
3.5
2 7 0 , 3 2 0 ,3 4 3 , 3 4 4 ,
7 .2 4
4 .1 .2
448
4 .1 -3
449
4 .1 -5
138
4.3
4 .3 .4
4 .4
65
65
305, 370
37 1 ,4 2 9 , 4 5 7 ,4 5 8
145
473
3 3 1 ,5 1 2
41
7 .2 6 41
3 .5 .6
271, 455
7.8
3 .5 -7
383
7— 10 67, 160
3.5a
3 .7
474, 507
113
9 .1 1 -2 8
9.15
550
191
71
448
Í N D IC E DAS PASSAGENS DAS ESCRITURAS
9 .27 79, 94, 1 20,176,
202, 287, 4 0 6 ,4 7 5 ,
1.3
4 8 4 ,5 1 5
9 .28 356
1.11
485
1 JO ÃO
1.13
226
1.1 282
1 0 .1 1 .1 2 .1 4 190
1 0.12 1 9 1 ,3 1 0
1 0.14
166, 363, 425,
452, 4 5 5 ,5 1 4
1 0 .1 4 .1 5 1 6 4 , 4 0 5 ,4 1 2
10.29 211, 440
11.1 466, 467
11.3 467, 468
1.1 8 .1 9 479
1.5
32
1 .19
1.7
158
11.5
1 1.6
176, 410, 434
341
11.35 468
1 2.22 103, 244, 508
1.5
3 .1 5 .1 6
483
442
64, 402, 430
293, 3 9 8 , 4 8 0
1.23 271, 272
1.8 166
2 .2
217, 278
2.1
2 .7
185
2 .1 .2
2 .9
191
2.20 111
2.13
127, 214, 301
452, 454
2 .29 271
461
2 .1 3 ,1 4 461
2.21 426
3.9
2 .2 2 -2 4
3. 22 306
361
271
3 .1 6
297
3.15 4 8 0 , 4 8 2
3 .4 32
12.23 250, 434
13.4 305
13.5 222
13.7 373
3 .1 5 b
4 .1 .2
1 3.8 398
1 3.17 373
3.1 9
427
3.1 8 3 6 1 ,3 9 7 , 426,
4 8 2 ,4 8 3 , 485
3 .1 8 .1 9
487
4 1 0 ,4 1 1 , 483,
484, 486
65
4. 18 217
4.1a
65
4.2
253, 259, 392, 464
4 .4
513
4 .2
259, 380
3 .2 0
485
4 .2 ,3 491
T IA G O
1.5 471, 472
3.21
482
5.1
1 .2 6 ,2 7 427
2.5 113
4.13
205
5.7 492
5.1
316, 328
5.14 225
2 .1 7 .1 8 275
2 .1 8
473
2 .1 9 106, 156, 417
2 .21 2 7 5 ,4 7 2
5 .1 .2
2 .2 1 -2 6 417
3 .6 474
3 .9 438
3 .1 7 226
4.3 224, 307
5 .1 4 .1 5 476
5 .15
4 7 5 ,4 7 6
5 .1 6 94, 476
4 .6 4 8 4 , 4 8 5 , 4 8 6 , 4 8 7
270
5 .6 -8 4 9 3 , 5 9 4
5 .1 4,1 5
307
5.2.3 374
5.4 192
5 .20,2 1
156
5.5
2 JO ÃO
186, 315
373
3
127
2 PEDRO
7 259, 392, 464
1.4 467
10
1.10 .1 1
1.21
497
103, 244, 508
28, 319, 495
3 JO Ã O
2 .4
165, 4 8 5 , 4 8 6
2 501, 502
2.5
485
9
195
3 .3 ,4 449
1 PEDRO
1.1 186, 191, 316, 328
1.2 3 0 ,6 4 , 156, 371,
402, 429
3.7 438, 4 8 9 , 4 9 0
JUD AS
3 .7 -1 3 357
3 .9 2 2 9 , 3 2 5 ,3 5 0 , 3 8 3 ,
3 1 5 0 , 1 5 7 ,1 9 5 , 3 7 6 ,
3 9 7 ,4 1 2
551
4 1 3 ,4 8 2
4.7 65
R E S P O S T A À S S EI TA S
7 62, 1 3 9 ,3 6 8
6 .9 .1 0 35, 193, 246
19.8
513
9
6.9 -1 1
19.10
65
42, 4 3 5 ,4 6 9
9,14 385
7.2
14.15
7 .2 -4
469
140
1 9 .1 1 -1 6
507
17 337
7 .4 2 4 4 ,2 7 1 , 508
25
7.9
156
19— 20
507
APO CALIPSE
7 17 507
1.1
1 0 .2 .8 .9
514
417,434,439,514,515
19.2 0— 20.15
507
7.14
105
19.20 104, 210, 294,
507
509
20.3 173
2 0 .4 -6 96, 122
1.5 4 5 3 ,4 8 0
10.9b, 10 278
2 0.5
1.7 2 6 3 ,3 1 8 , 5 0 3 ,5 0 4
10.10
2 0 .1 0
1.8 504
11.2
510
483
104, 210, 439,
515
207
11.2.3
510
2 0 .1 0 ,1 4 ,1 5
1.10 331, 512
1 2 .1 -6
510
2 0 .1 0 -1 5
1.15
12.5
510
12.6
510
1.9 -2 0
138
263
1 .1 7 .1 8
1.18
257
102, 512
1 .20 514
12.9
364, 397, 440, 484
2 0 .1 2 -1 5
2 0 .1 4
507
3 .1 4 505
13.8 4 1 1 ,5 0 7
20.1 5
4 .6
13 .1 3 .1 4
21.1
138
513
417, 515
357
2 1 .4 -6
505
13.15
4.11
14 341
14 .1 -3 508
2 1 .14 336
5.6 5 0 7 ,5 1 6
14.4
2 2 .4
5 .6 -1 4
1 4 .9 -1 2
5.1
510
506
5.8 507
5 .8 -1 0
15.3
507
512
507
511
507
16.14
48, 78, 512
2 1.8
305
56
2 2 .8 ,9 42, 239
2 2.12 199, 2 1 1 ,4 4 0 ,
514
2 2 .1 2 ,1 3
5 .1 1 -1 4 2 7 4 ,4 6 5
5 .12 507
17.9 .1 5
17,18 460
2 2 .1 8 516
6.9 8 8 , 1 2 3 , 1 2 4 , 2 5 0 ,
18.13 460
2 2 .1 8 ,1 9
19.6 31
2 2.20
434
514
552
351
172, 202
4.10 465
34, 193
165
424
2 0 .1 1 -1 5 2 1 1 ,3 4 4 ,
512
12.11
89
67
505
444
19 3 ,5 0 5
ÍN D I C E DE T Ó P IC O S
A d o r a ç ã o d e Jesus
A m o r agape
Hebreus 1.6 274, 422,435,464,465
João 15.12 200, 303, 304,323,357
A d o r a ç ã o d e q u er u b in s
A m o r d e D e u s versus B u d a ,
Êxodo 25.18 56
K rish na , N o v a Era
Mateus 22.37-39 201
A d o r a ç ã o e id o la tria
Êxodo 20.4,5 51,82,239,334
A n iq u ila ç ã o d o s p e r v e r so s
Salmos 37.9,34 101
A d o r a ç ã o e im a g e n s
Êxodo 25.18 56
A n iq u i l a c i o n i s m o
Salmos 37.20 104, 108
Salmos 99.10 108
A l c a n c e d e a lm a s e o s sinais
n e c e s s á r io s
Marcos 14.21 228
João 15.8 302
2 Tessalonicenses 1.9 102,108,
A lm a e consciên cia
1 Tessalonicenses 4.13 88, 294, 433
A l m a e o s o n o da a lm a
210, 425,437,439,490
2 Pedro 3.7 438, 489,490
A n iv e r sá r io s
1 Tessalonicenses 4.13 88,294,433
Gênesis 40.20-22 44, 45, 182
Mateus 14.6-10 182
A l m a , A e x is tê n c ia a p ó s a m o r t e
Lucas 16.22-28 89, 210, 244
A n jo s, O A rca n jo M ig u e l
1 Tessalonicenses 4.16 435
A l m a , A im o r t a l i d a d e da
Gênesis 2.7 34, 35, 36, 333, 391
A n jo s, O s anjos b o n s
Eclesiastes 3.19 121, 123
Eclesiastes 9.5 107, 113, 123,124
Salmos 97.7 108
A n jo s
A l m a , A n a tu re z a da
Gênesis 1.26 29, 30, 106, 248, .’ /0
Ezequiel 18.4 139, 140
Mateus 22.30 200, 323,485
553
R E S P O S T A À S S EI T A S
1 Pedro 3.19 4 1 0 , 4 1 1 , 4 8 3 ,
A s t r o lo g ia c o n d e n a d a
Mateus 2.2 153
484, 486
A p a r i ç õ e s versus v isõ e s
Lucas 24.23 250, 251,255
A u t o r id a d e (a p o stó lic a )
2 Tessalonicenses 2.15 374, 440
A p o s t ó l ic a , S u ce ssã o —
(veja catolicismo romano)
A u t o r id a d e das Escrituras
A p ó s t o l o s e as revelações
2 Tessalonicenses 2.15 374,440
A u t o r i t a r is m o versus su b m issã o
1 Coríntios 11.1 454
A p ó s t o l o s e e n sin a m e n t o s
b íb lic o s
A u t o r i t a r is m o
2 T im óteo 2.2 454
Efésios 4.11 303, 412
2 Tessalonicenses 2.15 374, 440
B a tism o
Atos 2.38 213, 231,271, 312,313,
319.321.360
A p ó s t o l o s , A u t e n t ic a ç ã o dos
Efésios 4.11 303,412
A p ó s t o l o s , A u t o r id a d e do s
2 Tessalonicenses 2.15 374,440
Mateus 16.16-18 183
A p ó s t o l o s , D o n s do s
Mateus 16.16-18 183
B a t i s m o de Jesus
Mateus 3.16,17 154
B a t i s m o d o s viv o s
Malaquias 4.5,6 151
B a t i s m o e a salvação
A p ó s t o l o s , E n s in o s dos
2 Tessalonicenses 2.15 374, 440
Marcos 16.16 230, 231,321
João 3.5 269,270,271, 272
A p ó s t o l o s , M ilagres d o s
Mateus 16.16-18 183
Atos 2.38 2 1 3 ,2 3 1 ,2 7 1 ,3 1 2 ,3 1 3 ,
319.321.360
1 Coríntios 1.17 231, 360
A p ó s t o l o s , Q u a lific a ç õ e s dos
Rom anos 1.5 335
A p ó s t o l o s , Sinais d e v erd a de dos
Mateus 16.16-18 183
B a t i s m o e o t r iu n ita r ism o
Atos 2.38 213, 231,271,312,313,
319.321.360
B a t i s m o para o s m o r t o s
Malaquias 4.5,6 151
1 Coríntios 15.29 152, 382, 383
A p óstolos
1 Coríntios 12.28 375
A rca d o c o n c e r t o c o m o u m
sím b olo
2 Samuel 6.7 81
A rca d o c o n c e r t o e im a g e n s
Êxodo 25.18 56
A rrep en dim en to e ju lg a m en to
Jonas 3.4-10 145
Jonas 4.1,2 145
B la sfê m ia co n tra o E sp írito Sa n to
Mateus 12.32 177, 178
B e ijo c o m o sa u d aç ão cultural
1 Samuel 18.1-4 75
B e m - e s ta r e r iq u e z a s , A m o r p o r
1 T im óteo 6.17,18 449,450
B e re ia n o s
Tiago 1.5 471, 472
554
Í N D I C E DE T Ó P I C O S
B íblia e a A p ó c r if a
C o n c e r t o c o m A b ra ã o
Hebreus 11.35 468
Josué 1.8 73
B íb lia e a S o la Scriptura
C o n c i l io de N i c é i a so b re a
2 Tessalonicenses 2.15 374,440
T r in d a d e
Mateus 28.19 64,155,156, 21',
B íb lia e as rev ela çõ es
2 Tessalonicenses 2.15 374,440
213,214,215,216,300, 301, 3.’ I.
339,
B íb lia e f o n t e s n ã o cristãs
C o n c ilio de T ren to
1 Coríntios 15.33 385, 469
Êxodo 13.19 50, 51
B íb lia e os livros “ p e r d id o s ”
1 Coríntios 5.9 364, 365
C o r p o m o r t a l versus i m o r t a l
Jó 1.20,21 94
Colossenses 2.16 430
C o r p o r essu scitad o
B íb lia , C a n o n
1 Coríntios 15.37 254, 386
Hebreus 11.35 468
1 Coríntios 15.44 256, 388, 391
B íb lic a — in te rp re ta çã o
Rom anos 8.7 351
B la sfê m ia d e h u m a n o s q u e
d e se ja m alcan çar a d ivin d ad e
Salmos 46.10 105
C alv in o , J o ã o
Mateus 16.16-18 183
Am ós 8.14 96, 97, 144
C o r p o , A n a tu re z a d o ressuscitado
Jó 19.26 96, 97
C o r p o , O seu r e t o r n o a o p ó
Jó 1.20,21 94
/
/
C rentes u n g id o s
Salmos 105.15 110
C é u e os sa n to s d o A n t ig o
T estam ento
Efésios 4.9 409, 423, 480
C rentes g e n tio s e Jud eu s
João 10.16 103, 288, 508
C é u , O se io d e A b ra ão
Efésios 4.9 409, 423, 480
Crentes, O d e stin o c elestial dos
C é u , O terceiro
2 Coríntios 12.2 400
C r ia çã o da h u m a n id a d e
C iê n c ia m é d i c a e curas
Salmos 103.3 108
C iê n c ia m é d i c a
2 Crônicas 16.12 91, 109
Salmos 115.16 112
Gênesis 1.26 29, 30, 106, 248, 27n
Gênesis 2.7 34, 35,36, 333, 3') I
C r ia çã o da m a té ria
Gênesis 2.7 34, 35,36, 333, 3>>!
C r ia çã o da v ida
Êxodo 7.11 47, 48
Com unhão
João 6.53b 281
C r ia çã o d o s c éu s e da terra
Gênesis 1.26 29, 30, 106, 248,
C om u n ism o
Atos 2.44,45 323, 450
Atos 4.34,35 327, 450
C rianças e esterilid ade
Levítico 18.22-24 60
555
R E S P O S T A ÀS SEI TAS
João 20.28 64, 156, 262,265, 274,
281,302, 313, 371, 402, 429, 435, 464
Filipenses 2.7 415
Apocalipse 1.8 504
C ristãos e a h o sp ita lid a d e aos
a d e p to s de seitas
2 João 10 497
C ristãos e falsas d o u trin as
2 João 10 497
C risto c o m o m e d ia d o r
João 19.26,27 308
C risto e a sua e n c a r n a ç ã o
João 1.14 253, 264, 265,266,311,
464
Filipenses 2.7 415
C risto e a sua obra de e x p ia ç ã o
Apocalipse 19.8 513
C r isto e a sua ressurreição
1 Pedro 3.18 361,397, 426,482,
483,485
C risto e a sua se g u n d a v in d a
Mateus 2.2 153
Atos 1.9-11 317, 504
Apocalipse 1.7 263, 318, 503,504
Apocalipse 1.8 504
C r isto e o in fe r n o
1 Pedro 1.18,19 479
C risto e o seu c o r p o físico
1 Pedro 3.18 361,397, 426,482,
483, 485
C r isto e o seu c o r p o p ó s ressurreição
1 Coríntios 15.45 390
C r isto, A n a tu re z a de
João 1.14 253, 264, 265,266,311,
464
João 20.17 310
Filipenses 2.7 415
1 T im óteo 2.5,6 448
Tito 2.13 205,262, 265, 371,429,
457,458
1 Pedro 3.18 361,397, 426,482,
483, 485
C risto , O s a c e r d ó c io de
Gênesis 14.18 40
C r u z , O u so da
Êxodo 20.4,5 51, 82, 239, 334
1 Coríntios 10.14 372
C r u z c o m o o b j e t o d e ido la tria
1 Coríntios 10.14 372
C ruz c o m o u m sím b olo
Êxodo 20.4,5 51, 82, 239,334
Cura
(veja também Ciências da Mente ou
do Pensamento)
Filipenses 2.25 132, 224, 418
Tiago 5.15 475, 476
C ura p o r D e u s
Salmos 103.3 108
C ura espiritu al versus física
Isaías 53.4,5 130, 164, 224
C risto e o seu s o f r i m e n t o
Colossenses 1.24 425
D e m ô n i o s e m ila g r e s
Apocalipse 16.14 48, 78, 512
C risto e sua m o r t e
D e m ô n i o s , O p o d e r dos
1 Samuel 28.7-20 77
Mateus 5.26
162
Cristo, A d iv in d a d e de
João 1.1 29,30,101,261, 262,263,
264,265, 302, 311, 314, 429, 435, 464
João 14
Desejos de D eus
Mateus 2.2 153
D e u s , D e s c e n d ê n c i a de
Atos 17.28,29 332
556
Í N D I C E DE T Ó P I C O S
D e u s , G ló r ia de
D e u s , Ver a
Êxodo 24.9-11 55
Êxodo 24.9-11
D e u s , Ira c o n tr a os i n i m ig o s de
D e u s , R e p r e s e n t a ç ã o versus
Salmos 110.1 30, 111, 112
essê n c ia de
Êxodo 24.9-11 55
D e u s , N a t u r e z a de
Gênesis 1.26 29, 30, 106, 248, 270
G ên esis 3 2 .3 0
D i a d e e x p ia ç ã o
Êxodo 25.18 56
4 4 ,5 8
D euteronôm io 6.4 63, 64,106,
108, 155,156,332, 402,429
Malaquias 3.6 149, 150, 398
Mateus 3.16,17
55
D if e r e n t e E v a n g e lh o e o
m o rm o n ism o
Gálatas 1.8 151, 403, 404, 444
154
Hebreus 1.3 58,332, 363,405,412,
452, 463, 514
D e u s , O b r a c o n s u m a d a de
Êxodo 20.8-11 52, 161,331,430
D is c ip u la d o
Mateus 28.19 60, 371, 396,402,4.1(1
2 Tim óteo 2.2 310
D ivind ade de h u m a n o s
Mateus 5.13 156, 157
D e u s , P e r so n a lid a d e de
D euteronôm io 6.4 63, 64,106,
108, 155,156,332, 402,429
D iv in d a d e e realidade
Lucas 17.21 246, 247
D e u s , P ro v isã o de
D iv in d a d e in te r io r
Mateus 6.33 92,167,223,286
Mateus 7.24-29/ 171
Provérbios 23.7 119
D e u s , U n id a d e de
João 14.18 300
D iv in d a d e , A tr ib u t o s da
D euteronôm io 6.4 63, 64,106,
108, 155,156,332, 402,429
D e u s , P r o m e ss a s de
Malaquias 3.16 149, 150, 398
D o u t r i n a , Falsa
D e u s , A tr ib u t o s de
Gênesis 1.26 29, 30, 106, 248, 270
Isaías 40.12 129
João 1.1 29,30,101,261,262,263,
264, 265,302,311,314, 429, 435, 464
Deus, Autoridade de
1 Samuel 28.7-20 77
Mateus 18.15-18 194, 195
D u a li s m o
1 T im óteo 4.1,2 448
Elias n o m o n t e da transfiguração
Mateus 17.4 192, 193
E llio t Miller, na c o n c e p ç ã o
i m a c u la d a de M aria
Lucas 1.28 233, 235, 238
D e u s , A m o r de
Mateus 5.48 165
D e u s , C o r p o físico de
Êxodo 33.11 58
E n c a r n a ç ã o , D o u t r i n a da
D e u s , N o m e de
E p ís to la à L a o d ic éia
João 6.53b 281
Mateus 3.16,17 30, 154, 155
Colossenses 4.16 430, 431
557
R E S P O S T A À S S E I TA S
E scra vid ão
Filem om 16 459
E x p ia ç ã o e p r o sp er id a d e
fin an ceira
2 Coríntios 8.9 399
E sp írito de V erdade, o E sp írito
S an to
João 16.12,13 305
E x p ia ç ã o n a c r u z
1 Pedro 1.18,19 479
E sp írito Sa n to , A tr ib u to s d o
Marcos 1.10
219
E x p ia ç ã o p e lo s p e c a d o s de
outrem
Jó 1.5 93
E sp írito S a n to , A tr ib u to s pesso ais
do
Gênesis 1.1,2 27
Atos 2.41 319
1 João 5.6-8 493, 594
E x p ia ç ã o v icária
Êxodo 32.30-32 57
E x p ia ç ã o
2 T im óteo 4.6 454
E sp írito Sa n to , B la sfê m ia c o n tr a o
Mateus 12.32 177,178
E sp írito San to , o E sp írito de
Verdade
João 16.12,13 305
Falta d e h o sp ita lid a d e e o p e c a d o
de S o d o m a
Gênesis 19.8 42, 43, 68, 138, 139
E sp írito Sa n to , In tercessão d o
2 T im óteo 1.18 448,451
Faraó c o m o e n c a r n a ç ã o d e D e u s
Mateus 6.33 92, 167, 223, 286
E sp írito S a n to
João 14.16 214, 298,299,306,396
Fé
E sp írito s infantis e os filh os
de D e u s
Rom anos 8.16 354, 355
Hebreus 11.3 467, 468
F eitiçaria e m ila g r e s (veja
feitiçaria )
Êxodo 7.11 47, 48
Estrelas, U s o das
Mateus 2.2 153
F eitiçaria
1 Samuel 28.7-20 77
E te rn a p u n iç ã o , C o n s c iê n c ia da
Mateus 25.46 203, 209, 229, 269,
516
F ilo so fia
Colossenses 2.8 426
E tica e m o r a l
Mateus 18.15-18 194,195
E u s é b io , A r esp e ito da T rin d a d e
Mateus 28.19 60, 371, 396,402,430
E v a n g e lh o , A c o n d e n a ç ã o d o
e v a n g e lh o diferente
Malaquias 3.6 149, 150, 398
E x p ia ç ã o a favor d e Israel
Êxodo 32.30-32 57
Falsos d eu ses versus o Verdadeiro
D eus
Salmos 97.7 108
F in a n ceira, P r o s p e rid a d e
Josué 1.8 73
Marcos 10.30 221, 400
3 João 2 501, 502
F ru to d o e n sin o
Mateus 7.20 169
F ruto, P r o d u ç ã o e o a lcan ce
de alm as
João 15.8
302
558
Í N D I C E DE T Ó P I C O S
G erhard K ittel
Gênesis 14.18 40
H u m a n a , P e r feiç ã o
Mateus 5.48 165
G n o s t i c is m o
Colossenses 2.8 426
1 T im óteo 4.1,2 448
1 João 5.6-8 493,594
Id e n tid a d e , M o v im e n t o s
F ilem om 16 459
H e r b e r t W. A r m s t r o n g
(veja a seita “A Igreja Mundial de
Deus”)
Id olatria e H o m o s s e x u a l i d a d e
D euteronôm io 23.17 68
Id olatria
1 Coríntios 8.4 155, 156,369
H o m e m , N a tu r e z a caída do
Provérbios 23.7 119
Id o la tr ia é o u s o d e u m cru cifix o
Êxodo 20.4,5 51, 82, 239, 334
1 Coríntios 10.14 372
H o m o s s e x u a lid a d e , C o n d e n a ç ã o à
Deuteronôm io 23.17 68
Igreja e a o r t o d o x ia o r ie n ta l
Mateus 18.17 195, 196
H o m o ssex u a lid a d e de D avi e
J ôn ata s — refu ta çã o
1 Samuel 18.1-4 75
Igreja, H ip o c r is ia
Mateus 23.2,3 203
H om o ssex u a lid a d e, S o d o m a e a
Gênesis 19.8 42, 43, 68, 138, 139
E z e q u ie l 16.49 43, 138
H o m o s s e x u a lid a d e , Leis
co n trária s à
Levítico 18.22-24 60
H o m o s s e x u a l i d a d e n o rein o
Isaías 56.5 133
H o m o ssex u a lid a d e
R om anos 1.26 61, 134, 341, 342
1 Coríntios 6.9b 366
H u m a n a , D i v in d a d e
Salmos 46.10 105
Salmos 82.6 106, 291
Mateus 5.13,14 156, 157, 158
Mateus 24.23,24 205, 286
Marcos 10.30 221, 400
Lucas 17.21 246, 247
João 3.3 268, 269,277,406
João 8.58 101, 105,173,262,263,
284, 285, 302, 314, 429, 435, 464
João 10.34 107,290
Rom anos 8.17 351
Igreja, U n id a d e e Palavra da F é
Mateus 18.15-18 194, 195
Igreja
1 Coríntios 12.28 375
Efésios 4.11 303,412
Igreja N e o - T e s t a m e n t á r ia e o D ia
de P en tecoste
Mateus 18.17 195, 196
/
Igreja, A p o sta sia
1 T im óteo 4.1,2 448
Igreja, A u t o r id a d e da Igreja
C a tó lica R o m a n a
(veja catolicismo romano)
Igrejas, h ip o c r is ia das
Mateus 23.2,3 203
I m a g e n s d e anjos
Êxodo 25.18 56
I m a g e n s e id olatria
1 Coríntios 8.4 155, 156, 369
I m a g e n s , C o n d e n a ç ã o de
2 Reis 13.21 87
Im agens de D eus
Êxodo 25.18 56
559
R E S P O S T A À S S EI TA S
Israel, O j u l g a m e n t o d e D e u s
sob re
Isaías 29.1-4 128
I m a g e n s d e fu n d iç ã o
Êxodo 13.19 50, 51
I m a g e n s , V e n eração a
Êxodo 13.19 50, 51
Êxodo 25.18
Israel, R e sta u r a ç ã o da n a ç ã o
Apocalipse 7.4 244, 271, 508
56
Jeová
Gênesis 3.7
I m a g e n s , P rostrar-se d ia n te de
Gênesis 18.2 41, 42
Êxodo 13.19 50, 51
2 Samuel 6.7 81
36
Jesus c o m o Jeová
Rom anos 10.13
357
Im o r t a lid a d e
Rom anos 2.7 345, 434
Jesus c o m o m e d i a d o r
Deuteronôm io 34.10
In cr é d u lo s e t o r m e n t o c o n s c ie n te
2 Reis 14.29 88, 124
Jesus c o m o o C o r d e iro Pascal
Mateus 5.17,18 159,171,430
Salmos 37.20 104, 108
Jesus c o m o p r i m o g ê n it o
Colossenses 1.15-17 421
In d u lg ê n c ia s
(veja catolicismo romano)
2 Coríntios 12.15 400
Jesus c o m o rev ela çã o de D e u s
João 2.1-11 267
João 14.8,9 297
In fa lib ilidade das Escrituras
João 21.15-19 314
Jesus c o m o S u m o S a c e r d o te
2 T im óteo 1.18 448,451
In falib ilida de de P ed ro
(veja catolicismo romano)
João 21.15-19 314
Jesus e a
Lucas
Lucas
Lucas
In falib ilida de d o Papa
(veja catolicismo romano)
João 21.15-19 314
Mateus 8.12 172, 210, 229, 438, 490
Jesus e D e u s
1 Coríntios 11.3
In fe r n o e Jesus
Efésios 4.9 409, 423, 480
374
Jesus e o arcanjo M ig u e l
1 Tessalonicenses 4.16 435
In fer n o , A n a tu reza do
Mateus 5.29 164
2 Tessalonicenses 1.9 102,108, 210,
425,437, 439, 490
Israel, O c o n c e r t o de D e u s c o m
Êxodo 24.9-11 55
ín d ia
1.80 240, 241
2.52 240,241
4.16 240, 242
J esus e a sua i d e n tific a ç ã o c o m
Deus
1 Coríntios 8.6 371
I n fe r n o d e sc r ito
Israel e o s d o is reinos
Ezequiel 37.16,17 140
68,70,71
Jesus e o C é u
Efésios 4.9 409, 423, 480
Jesus e o i n fe r n o
Efésios 4.9 409, 423, 480
Jesus e o Pai
João 10.30 1 05,173,262,276,288,
289, 290,291,296, 302, 311, 314, 374
560
Í N D I C E DE T Ó P I C O S
João 14.6-11
276,295,296
Rom anos 1.7
Jesus, H u m a n i d a d e de
Mateus 8.20 173
Mateus 20.18 173
Mateus 24.30 173, 318, 504
Marcos 13.32 226,227
338, 339, 360
Jesus e o p e c a d o
2 Coríntios 5.21 293, 361, 363,
397,412, 426, 480
Jesus e sua ig u a ld a d e c o m Jeová
Isaías 9.6 126, 127, 493
Jesus e o s gurus
Lucas 1.80 240, 241
Lucas 2.52
Jesus, In fância de
Lucas 1.80 240, 241
Lucas 2.52 240, 241
Lucas 4.16 240, 242
240, 241
Lucas 4.16 240, 242
Jesus e os seu s d isc íp u lo s
Lucas 12.32 243, 244, 508
Jesus, L in h a g e m de
Mateus 22.42 202, 406
Jesus, A d o r a ç ã o a
João 4.23
264,273
Jesus, M o r te de
Isaías 53.9 132, 133
Hebreus 1.6 274, 422, 435,464,
465,
Jesus, N a tu r e z a de
Isaías 9.6 126, 127, 493
Mateus 8.20 173
Mateus 20.18
173
Mateus 24.30 173, 318, 504
João 3.16 202,272
João 10.30 105, 173,262,276,288,
289, 290, 291, 296,302, 311,314, 374
João 14.6-11 276,295,296
Jesus e sua c o m u n i c a ç ã o c o m
D eus
D euteronôm io 34.10 68,70,71
Jesus, sua d iv in d a d e
Provérbios 8.22-31 117
Mateus 8.20 173
Mateus 19.16-30 198, 221
Mateus 20.18 173
Mateus 24.30 173, 318, 504
1 Coríntios 11.3 374
2 Coríntios 5.21 293, 361, 363,
397,412, 426, 480
1 João 4.2,3 491
Marcos 10.17-31 198,221
Marcos 13.32 226,227
João 1.1 29,30,101,261, 262,263,
264, 265, 302, 311, 314, 429, 435, 464
João 10.34 107,290
A p o c a lip s e 3.14
esu s, O n i p o t ê n c ia de
Marcos 6.5 220
Colossenses 2.9 262
Jesus, E n c a r n a ç ã o de
esus, R e ss u r r e iç ã o de
Salmos 2.7 100, 101
Isaías 9.6 126, 127, 493
Mateus 8.20 173
Mateus 20.18
esus, S e g u n d a V in d a de
Marcos 13.32 226, 227
173
Mateus 24.30 173, 318, 504
esus, Volta de
Mateus 24.3
Jesus, E te r n id a d e de
Salmos 2.7 100, 101
João 8.58
505
101,105,173,262,263,
204, 205
esus, A p a r iç õ e s p ó s -re ssu r re içã o
Mateus 5.17,18 159,171,430
284, 285,302,314, 429,435,464
56
R E S P O S T A À S S EI TA S
Julius M a n te y e a tr a d u ç ã o das
Lucas 24.23 250, 251, 255
1 Coríntios 15.5-8
t e ste m u n h a s d e J e o v á da
187, 251, 252,
p a s s a g e m e m J o ã o 1.1
255,257,311,336,378,379,483
João 1.1
Jesus, C r ia d o p o r Deus?
Provérbios 8.22-31
117
Justiça de D e u s
Jesus d istin to d o Pai
João 5.43
29,30,101,261,262,263,
264, 265, 302, 311,314, 429, 435, 464
1 Samuel 26.19
275,276
76,77
J u stific a çã o e as obras
Jesus, B a t i s m o de
Mateus 3.16,17 30, 154, 155
Tiago 2.21
275,472
Justifica ção , F ru to da
Jesus, Caráter de
Tiago 2.21 275, 472
João 11.1-33 292
Justifica ção , R a i z da
Jesus, C o r p o f ísic o de
Tiago 2.21 275, 472
João 20.19 253,311
J u sto s, P e r e c i m e n t o dos
Jesus, C o r p o r essuscita do de
Marcos 16.12 229
Salmos 37.20
K a rm a
Gálatas 6.7,8
Lucas 24.31,34 311
Lucas 24.39 32, 44, 98, 130, 253,
Tiago 3.6
254,258,282, 369, 386,387,392,464,
483
1 Coríntios 15.45
1 João 4.2,3
390
Salmos 2.7
Lucas 1.28 233, 235, 238
Lei e o s D e z M a n d a m e n t o s
100, 101
Jesus, N o m e de
Mateus 8.20 173
Mateus 20.18
Mateus 24.30
173
173, 318, 504
405
474
K e n n e th S a m p le s e a i m a c u la d a
C o n c e p ç ã o de M aria
491
Jesus, N a s c i m e n t o de
104, 108
Mateus 5.17,18 159,171,430
Lei alim e n ta r
Levítico 18.22-24
60
Lei c e r im o n ia l
Levítico 18.22-24 60
Mateus 5.17,18 159,171,430
Jesus, S itu a ç ã o m a t r im o n ia l de
João 2.1-11 267
Lei m o r a l
J o ã o Batista e a “ r e e n c a r n a ç ã o ”
Mateus 5.17,18 159,171,430
de Elias
Mateus 11.14
152,175
Lei m o s a ic a
Mateus 5.17,18 159,171,430
40
Lei sexual
J o se p h T ha yer
Gênesis 14.18
Levítico 18.22-24
60
J u lg a m e n t o e a r r e p e n d im e n t o
Jonas 3.4-10
Jonas 4.1,2
145
Lei, T i p o s de
Mateus 5.17,18 159,171,430
145
562
Í N D I C E DE T Ó P I C O S
L ó g ic a , C o n v er sã o ilícita
Gênesis 1.26,27 31, 32, 33, 126
M aria c o m o m e d ia d o r a
João 19.26,27 308
M aria e a im a c u la d a c o n c e p ç ã o
Gênesis 3.15a 38
Salmos 132.8 113
Lucas 1.28 233, 235, 238
Lucas 1.42 237, 239
M aria, A s c e n s ã o física de
Salmos 132.8 113
Mateus 27.52,53 211
1 Coríntios 15.23 380, 381
Apocalipse 12.1-6 510
M ilagres, D i v i n o s versus
s a t â n ic o s
Êxodo 7.11 47, 48
síiiíií*
M ilag res fa lsific a d o s
Êxodo 7.11 47, 48
M ilag res
Êxodo 7.11 47, 48
1 Samuel 28.7-20 77
Apocalipse 16.14 48, 78,512
M o d a lis m o
2 Coríntios 3.17
395
M o is é s n o m o n t e da
tran sfig u r a ç ã o
Mateus 17.4 192, 193
M aria s e m p e c a d o
Gênesis 3.15a 38
Lucas 1.28b 235
M o is e s , Sinais e m ara vilhas de
D euteronôm io 34.10 68,70,71
M aria, V e n e r a çã o a
Lucas 1.42,48 238
M o n o g a m ia
Atos 2.44 200, 204,322,323
M a t r i m ô n i o e p o l i g a m ia
1 Reis 11.1 54, 83, 323
M o n o t e í s m o versu s p o l i t e í s m o
Gênesis 1.26 29, 30, 106, 248, 270
M a trim ô n io
Levítico 18.22-24 60
M o n o t e ís m o
Gênesis 1.26,27 29, 30, 106,248, 270
M e d it a ç ã o e C r istia n ism o
Salmos 1.2 99, 242
M o n t e da tra n sfig u ra ção
Mateus 17.4 192, 193
M e d it a ç ã o m íst ic a
Salmos 1.2 99, 242
M o r te e a alm a
2 Reis 14.29 88, 124
M e lq u is e d e q u e , Jesus c o m o
re e n c a r n a ç ã o de
Hebreus 7.3 466
M o r t e e a salvação
1 Pedro 4.6
484,485, 486,487
M e lq u is e d e q u e , T i p o de C risto
Gênesis 14.18 40
M ilagres d o s a p ó s to lo s
Mateus 16.16-18 183
M ilag res e a j u m e n t a d e B a la ão
1 Samuel 28.7-20 77
M orte e o co rp o
2 Reis 14.29 88, 124
M o r t e e o p u r g a tó r io
Mateus 5.26 162
M o r t e a n im a l versus h u m a n a
Eclesiastes 3.19 121, 123
M o r te , D e f in iç ã o de
M ila gres e os o ss o s d e Elias
2 Reis 13.21 87
2 Tessalonicenses 1.9 102,108,
210,425, 437,439,490
563
R E S P O S T A À S S EI TA S
M o rte , E x ist ê n c ia c o n s c ie n t e ap ó s
Salmos 146.3,4 115, 116
Lucas 23.43 231, 249,250,410,434
João 11.11-14
294
M o r te , F in a lid ad e da
1 Samuel 28.7-20
77
O r a ç ã o d ir ig id a a a l g u é m a lém
d e D e u s é d e n u n c ia d a
Salmos 103.20,21 109
O ra ç ã o d ir ig id a a os m o r t o s
Salmos 103.20,21 109
Mateus 17.4 192, 193
O ra ç ã o p e lo s m o r t o s
1 T im óteo 2.1,2
447
2 T im óteo 1.18 448,451
M o r te , N a t u r e z a da
Salmos 132.8 113
M ortos e o louvor a D e u s
Salmos 115.17
113
M o r t o s , R e ss u r r e iç ã o d o s
1 Samuel 28.7-20 77
O ra ç ã o
Mateus 17.4 192,193
O rd en a n ç a s
Malaquias 4.5,6
151
M ortos, C o m u n ica çã o c o m
1 Samuel 28.7-20
77
M o r t o s , N a t u r e z a do s
2 Reis 14.29 88, 124
Salmos 88.11 107
M o r t o s , O r a ç ã o aos
Mateus 17.4
192, 193
M o r t o s , O r a ç ã o e m favor dos
2 T im óteo 1.18 448,451
N o v o n a s c i m e n t o d e fin id o
João 3.3 2 6 8 ,269,277,406
N o v o n a s c i m e n t o e Jesus
Colossenses 1.18 92, 423
N o v o nascim ento
João 3.5 2 6 9 ,2 7 0 ,2 7 1 ,2 7 2
O bras
Apocalipse 19.8
50, 51
O v elh a s perdidas
Mateus 15.24 182, 288
P a n t e ís m o
Gênesis 1.26,27 31, 32, 33, 126
Mateus 5.13 156, 157
Mateus 5.14 158
Mateus 6.33 92, 167, 223, 286
Mateus 7.24-29 171
Lucas 1.80 240, 241
Lucas 2.52 240, 241
Lucas 4.16 240, 242
João 10.34 107,290
João 14.8,9 297
Atos 17.28 331, 385, 427, 469
P ará b o la s e e n t e n d i m e n t o
Mateus 13.10,11 179, 278
513
O bras da lei m o s a i c a
Rom anos 3.27,28
O sso s d e J osé
Êxodo 13.19
347
O bras e a salvação
Rom anos 2.6,7 248, 343, 344
R om anos 3.27,28 347
O ra ç ã o d e u m a p e ss o a justa
Jó 1.5 93
P a rá cleto, E sp írito S a n to versus
M aom é
João 14.16 214, 298,299,306,396
Paradisíaca, Terra
Salmos 115.16 112
P e c a d o s e Jesus
2 Coríntios 5.21 293, 361, 363,
397,412, 426, 480
564
Í N D I C E DE T Ó P I C O S
Pecados e o sofrim en to
Colossenses 1.24 425
P o li g a m i a c o n d e n a d a
1 Reis 11.1 54, 83, 323
P e c a d o s , C o n fis sã o dos
Tiago 5.16 94, 476
P o lig a m ia , J o se p h S m i t h e a
Êxodo 20.14 53,54, 200, 304, 3S/
P e c a d o s , C o n s e q ü ê n c ia s dos
Mateus 5.26 162
P o lig a m ia , P r o ib iç ã o da
Êxodo 20.14 53, 54, 200, 304, 357
P e c a d o s , O sa c r ifíc io d e C risto
P o li t e ís m o e a c r e n ç a d e q u e
h o m e n s p o s s a m ser d eu ses
Salmos 82.6 106, 291
p e lo s
Mateus 16.19 188
P e c a d o s , P er d ã o dos
Mateus 12.32 177, 178
Mateus 16.19
188
P o li t e ís m o e tr iu n it a r is m o
Mateus 3.16,17 30, 154, 155
P o li t e ís m o
Salmos 97.7 108
João 10.34 107,290
1 Coríntios 8.5 370
Pedro
(veja catolicismo romano)
P e n s a m e n t o s e realidade
Provérbios 23.7 119
P o r c o , Lei c o n tr a c o m e r c a rn e de
Levítico 18.22-24 60
P er d ã o d o s p e c a d o s p e lo s
sa c e rd o tes
João 20.22,23 311,313
P r é - e x is t ê n c ia d e h u m a n o s
Jeremias 1.5 135,136,404
Atos 17.28,29
332
P er d ã o d o s p e c a d o s
Mateus 12.32
177, 178
Mateus 16.19
188
P er d ã o , C a n c e l a m e n t o d o
Mateus 18. 23-25
P e r d iç ã o
2 Pedro 3.7
P r e o r d e n a ç ã o versus p r e e x istê n c ia
Jeremias 1.5 135,136, 404
P r o fe c ia s, G uarda c o n tr a falsas
Salmos 105.15
197
438, 489, 490
P ro feta s e a p r e cisã o d e suas
pr o fe cia s
Jonas 3.4-10 145
Jonas 4.1,2 145
P oder de d em ôn ios
1 Samuel 28.7-20
77
P o d e r de D e u s
Êxodo 7.11
110
47, 48
P o d e r sob renatu ral
Êxodo 7.11 47, 48
P ro fe ta s, Falsos versus verd adeiros
D euteronôm io 18.10-22 64,65
Mateus 7.24-29 171
P ro fe ta s, F ru to d o s falsos
Mateus 7.20 169
P o e s ia h e b r a ica
Jó 19.26 96, 97
Profetas: s e m p r e na terra?
Am ós 3.7 143, 144
P o li g a m i a e reb elião
P rofe ta s, Testes para
Deuteronôm io 18.10-22
1 Reis 11.1 54, 83, 323
565
64,65
R E S P O S T A À S S E I TA S
R e d e n ç ã o basead a n o san gu e de
C risto q u e f o i d e r r a m a d o
1 Pedro 1.18,19 479
Salmos 105.15 110
Am ós 3.7 143, 144
P ro fetas
1 Coríntios 12.28
375
P ro stra r -se e m a d o r a ç ã o a o b je to s
Êxodo 20.4,5 51,82, 239,334
P rostrar-se
Gênesis 18.2 41, 42
P r ó x i m a v id a , E x a lta çã o na
Mateus 5.48 165
P u n iç ã o , E te rn a
Apocalipse 19.20 104, 210,294,
417, 434, 439,514,515
P u r ez a
Levítico 18.22-24
60
P u r g a t ó r io (veja t a m b é m
c a t o li c is m o r o m a n o )
1 Coríntios 3.15 360, 361
2 Coríntios 12.15 400
Q u e r u b i m e arca d o c o n c e r t o
Êxodo 25.18 56
R acism o
Filem om 16
459
R a in h a V i c t ó r ia
Gênesis 1.26 29, 30, 106, 248, 270
R a z ã o e crença
1 Pedro 3.15 480,482
R a z ã o , O p a p el da
Isaías 1.18 125, 226, 481
Marcos 12.30 126, 225
R e a lid a d e e d iv in d ad e
Lucas 17.21 246, 247
R e a lid a d e e p e n s a m e n t o s
Provérbios 23.7 119
R e c o m p e n s a s , Graus de
Mateus 20.1-16 198
R ecom pensas
1 Coríntios 3.15
360, 361
R eencarnação
(veja também Nova Era, religiões
orientais, seita Escola da Unidade
Cristã)
Jó 1.20,21 94
J erem ia s 1.5 135,136, 404
João 9.1 286
Gálatas 1.15,16 404
Hebreus 7.3 466
Tiago 3.6 474
R e e n c a r n a ç ã o de Elias
Mateus 11.14 152, 175
R e e n c a r n a ç ã o e a seita E sco la da
U n id a d e Cristã
Mateus 22.42 202, 406
Gálatas 6.7,8 405
R e e n c a r n a ç ã o , D o u t r i n a da
João 3.3 268, 269,277,406
R e g e n e r a ç ã o versus r e e n c a rn a çã o
João 3.3 268, 269,277,406
R e g e n e r a ç ã o , D o u t r i n a da
João 3.3 268, 269,277,406
R ein o s
1 Coríntios 15.40-42
387, 388
R e l ig i ã o , Verdadeira versus seitas
Mateus 7.20 169
R e líq u ia s, V enera çã o d e
Atos 19.12 333, 334
R e ss u r r e iç ã o
(veja também Jesus)
Jó 14.12 96, 97
Efésios 4.9 409, 423, 480
1 João 4.2,3 491
R e ss u r r e iç ã o d o c o r p o
1 Coríntios 15.40-42 387, 388
1 Coríntios 15.50 391,393
1 Coríntios 6.13 368, 369
566
Í N D I C E DE T Ó P I C O S
R e ssu r re içã o e a sepultura
Jó 7.9 96, 97, 144
Sábado
Apocalipse 14.9-12
R e ss u r re içã o e o c o r p o e sp ir itu a l
1 Coríntios 15.45 390
S a b a t is m o n a ressu r r eiçã o
Êxodo 20.8-11 52, 161, 331, 430
R e ss u r re içã o e o c o r p o físico
1 Pedro 3.18 361,397, 426,482,
483,485
S a b a tis m o
Êxodo 20.8-11 52, 161,331, 430
Atos 17.1-3 53,330,511
R e ssu r re içã o , A n atu re z a do
c o r p o r essu scita d o
1 Coríntios 15.37 254, 386
1 Coríntios 15.44 256, 388, 391
Amós 8.14 96, 97, 144
S a b e d o r ia , N a t u r e z a da
Provérbios 8.22-31 117
R e ss u r r e iç ã o literal
Jó 7.9 96, 97, 144
Jó 19.26 96, 97
511
S a c e r d ó c io da O r d e m de
M e l q u is e d e q u e
Mateus 16.19 188
S a c r ifíc io d e Jó
Jó 1.5 93
R e ss u r r e iç ã o , P rova da
Sa c r ifíc io
Lucas 24.34 255
Êxodo
Lucas 24.39 32, 44, 98, 130, 253,
254,
258, 282, 369,386, 387,392, 464,Sa c r ifíc io
Êxodo
483
e d is p o s iç ã o d e M o is és
32.30-32 57
e d is p o s iç ã o d e P au lo
32.30-32 57
R e v e la ç ã o
Apocalipse 22.18 516
Sa lva ção a p ós a m o r t e
1 Pedro 4.6 484,485, 486,487
R e v e la ç ã o , C o n tin u a ç ã o da
Malaquias 3.6 149, 150, 398
Salv açã o c o m o d o m
i n c o n d ic i o n a l
Mateus 18.23-35
197
R e v e la ç ã o , N o v a
Malaquias 3.6 149, 150, 398
João 11.49-52
294
Sa lva ção e as obras
Gênesis 3.7 36
Lucas 18.18-23 248
João 5.28,29 96, 98, 115,122,274,
R e v e la ç õ e s m ístic a s
Mateus 6.33 92, 167, 223, 286
275,387
Rom anos 2.6,7 248, 343, 344
Filipenses 2.12 205, 344, 417
S á b a d o e o r e p o u so
Êxodo 20.8-11 52, 161,331,430
Sábado e redenção
Êxodo 20.8-11 52, 161,331,430
Sábado, A d oração no
Mateus 5.17,18 159,171,430
Salv açã o e b a t is m o
Marcos 16.16 230, 231,321
João 3.5 269, 270,271, 272
Atos 2.38 213, 231, 271, 312, 313,
319,321,360
1 Coríntios 1.17
S á b a d o , E sp ír ito d o
Êxodo 20.8-11 52, 161,331,430
S á b a d o , G uarda d o
Colossenses 2.16 430
231,360
Salv açã o e o u n iv er sa lism o
2 Coríntios 5.19 396
567
R E S P O S T A À S S EI TA S
S alvação e r e p o n sa b ilid a d e
pe sso a l
Malaquias 4.5,6 151
S í m b o l o da c ru z
Êxodo 20.4,5 51, 82, 239, 334
S o d o m a e G om orra
Salv açã o p e la g raça
Malaquias 4.5,6 151
Gênesis 19.8 42, 43, 68, 138, 139
S o frim en to e o pecado
Salvação, S e g u n d a c h a n c e de
1 Pedro 3.19 410,411, 483,484,
486
Colossenses 1.24
S o f r im e n t o , Graus de
2 Tessalonicenses 1.9
210,425, 437,439,490
Salvação
Atos 4.12 326, 327, 339
Rom anos 1.19,20 339, 340
Rom anos 10.13 357
102,108,
S u b m iss ã o às E scrituras
Josué 1.8 73
S u b m iss ã o versus a u t o r it a r ism o
1 Coríntios 11.1 454
Sa n g u e , O ato d e c o m e r
Levítico 7.26,27 40, 59, 329
T e so u r o d e m é r it o s
(veja catolicismo romano)
Sa n g u e , T ransfu sões d e (e os
ju d eu s ortodoxos)
Levítico 7.26,27 40,59, 329
T r an su b stan c ia ç ã o
João 6.53b 281
S a n g u e , T ra nsfu sõ es de
Gênesis 9.4 39, 60, 329
Levítico 7.26,27 40, 59, 329
Atos 15.20 304, 328
S a n tific a çã o
Rom anos 8.7
425
T r ib u la çã o
Mateus 24.34 206, 207
T r in d a d e
(veja também Testemunhas de Jeová,
mormonismo)
Gênesis 1.26 29, 30, 106, 248, 270
Mateus 3.16,17 30, 154, 155
Colossenses 2.9 262
351
Sa n tos e o te so u r o d e m é r i t o s
(veja também catolicismo romano)
Êxodo 32.30-32 57
T r in d ad e e E u s é b io
Satanás, Falsos m ila g r e s
e p o d e r de
Apocalipse 16.14 48, 78, 512
Mateus 28.19 64, 155, 156, 212,
213.214.215.216.300, 301,321, 322,
339,360,371,396,402,430
S e g u n d a v in d a d e C risto
Atos 1.9-11 317, 504
Sexo e am or
João 15.12 200,303,304,323,
T r in d ad e e o C o n c ilio de N i c é i a
Mateus 28.19 64, 155,156, 212,
213.214.215.216.300, 301,321,
357
S e x o , p e c a d o s sexuais de
a d u lté r io e fo r n ic a ç ã o
João 15.12 200,303,304,323,357
Sexo
R om anos 8.21
322, 339, 360, 371,396,402,430
Trin da d e, D o u t r i n a da
Deuteronôm io 6.4 63, 64,106,
108, 155,156,332, 402, 429
Isaías 9.6 126, 127, 493
Mateus 3.16,17 30,154,155
323, 355
568
Í N D I C E DE T Ó P I C O S
V e n e r a çã o a q u a lq u e r criatura
Mateus 28.18-20 212, 313, 493
1 Coríntios 14.33 376, 377
2 Coríntios 13.13 30, 64, 156, 300,
371,401,402, 430, 493
1 João 5.7 492
Lucas 1.42-48
238
V erdade, Testes para a
Tiago 1.5 471, 472
V id a a p ó s a m o r t e
Eclesiastes 3.20,21
T r in d ad e, N a t u r e z a da
João 14.6-11 276,295,296
João 14.28 289,301
122, 123
V isã o espiritu a l
Mateus 6.22 166, 167
T r o n o j u d a ic o d e sd e Isaque
Deuteronôm io 18.15-18 66,70
V is õ e s versus a p a r iç õ e s
Lucas 24.23 250,251,255
UFOs
Ezequiel 1.5-28
138
V i s õ e s , N a t u r e z a das
Ezequiel 1.5-28 137
Ú l t i m o s dias
1 T im ó teo 4.1,2
448
Y oga
Mateus 11.29
176
U n id a d e d e r elig iõ e s ( N o v a Era)
Mateus 22.37-39 201
TERM OS GREGOS
U n id a d e espiritu al
João 17.20,21 307
agapao
João 15.12
U n id a d e
Efésios 4.3-6 408
anothen
João 3.3
U n iv e r s a lis m o e Karl B a r th
R om an os 5.18,19 349
268, 269,277, 406
c h a r ito
Lucas 1.28 233, 235, 238
U n iv e r s a lis m o e o r i g e m
1 Coríntios 15.5-8 187, 251, 252,
255, 257,311,336,378,379,483
C h risto s
Mateus 24.23,24 ,205, 286
U n iv e r s a lis m o
Salmos 110.1 30, 111,112
Atos 3.21 324, 325
Rom anos 5.18,19 349
1 Coríntios 15.25-28 112,381
2 Coríntios 5.19
396
Efésios 1.10 325, 407
Filipenses 2.10 108, 408, 411, 416
Colossenses 1.20 423
Apocalipse 19.20 104, 210, 294,
417,434, 439,514,515
V e n e r a çã o a M aria
(veja também catolicismo romano)
Lucas 1.42-48 238
200, 303, 304,323,357
e g o e im i
João 8.58 101, 105,173,262,263,
284,285,302,314,429,435,464
e im i
João 8.58 101, 105,173,262,263,
284, 285, 302, 314, 429, 435, 464
hapax
Malaquias 3.6
149, 150, 398
k o la z o
Mateus 25.46 203, 209,229,269,
516
k u r io u
Rom anos 10.13
569
357
[ U . S P O S T A À S S EI TA S
m is t h o s
1 Coríntios 3.15 360, 361
M e lq u is e d e q u e
Gênesis 14.18
p a r a c le to n
nephesh
João 14.16
214, 298,299,306, 396
40
Gênesis 2.7 34, 35, 36, 333, 391
th e io s
ruach
João 1.1 29,30,101,261, 262,
263, 264, 265, 302,311,314, 429, 435,
464
Gênesis 1.1,2
27
Shem a
D euteronôm io 6.4 63, 64,106,
th e o s
108, 155,156,332, 402, 429
Gênesis 1.26 29,30,106, 248, 270
João 1.1 29,30,101,261, 262,263,
264, 265,302, 311,314, 429, 435, 464
tem unah
Êxodo 24.9-11 55
t z e h le m
Gênesis 1.26,27 31, 32,33,126
TERM O S HEBRAICO S
yada
abad
Jeremias 1.5 135,136,404
Salmos 37.20 104, 108
bara
Gênesis 1.26,27 31, 32, 33, 126
ya dh a
E lo h im
Y ah w eh
Gênesis 19.8 42, 43, 68, 138, 139
Salmos 82.6 106, 291
Gênesis 1.26 29, 30, 106, 248, 270
e lo h im
yakah
Isaías 1.18
Salmos 82.6 106, 291
57 0
125, 226, 481
Í N D I C E DE G R U P O S RELIGIOSOS
A FAMÍLIA
(Veja os Meninos de Deus)
CATOLICISMO RO M ANO
A Apócrifa
Hebreus 11.35 468
ADVENTISM O D O SÉTIMO DIA
O perdão
Mateus 18.23-35 197
A lei mosaica
Mateus 5.17,18 159,171,430
O sabatismo
Êxodo 20.8-11 52, 161,331, 430
Atos 17.1-3 53, 330, 511
Apocalipse 14.9-12 511
O sono da alma
1 Tessalonicenses 4.13 88, 294, 433
A sucessão apostólica
Mateus 16.16-18 183
Sobre Aquino
Lucas 1.42 237, 239
A Arca do Concerto
2 Samuel 6.7 81
Salmos 132.8 ljl3
Levar as cargas Uns dos outros
Gálatas 6.2 404, 477
Sobre a Bíblia
1 Coríntios 11.2 374
O bispado de R om a
BAHAI
O “Espírito de Verdade”
João 16.12,13 305
A salvação
Atos 4.12 326, 327, 339
Mateus 16.16-18 183
Sobre o ato de prostrar-se diante
de imagens
Gênesis 18.2 41, 42
O cânone
Hebreus 11.35 468
BUDISM O
A meditação
Salmos 1.2 99, 242
A salvação
Atos 4.12 326, 327, 339
João Crisóstomo
Mateus 16.16-18 183
Sobre a Igreja
Mateus 18.17 195, 196
Romanos 1.5 335
R E S P O S T A À S S E I TA S
João 21.15-19 314
Sobre a autoridade da Igreja
Atos 15.6-29 327
O poder de perdoar pecados
Mateus 18.17 195, 196
A unidade da Igreja
Mateus 16.19 188
Efésios 4.3-6 408
João 17.20,21 307
João 20.22,23 311,313
A “ hóstia consagrada”
Orar em favor dos mortos
João 6.53b 281
Os ídolos
1 Timóteo 2.1,2 447
2 Timóteo 1.18 448,451
2 Timóteo 4.6 454
1 Coríntios 8.4 155, 156, 369
As indulgências
Orar aos mortos
Êxodo 32.30-32 57
Jó 1.5 93
Salmos 103.20,21 109
Mateus 17.4 192, 193
2 Coríntios 12.15 400
Orar aos santos
Gálatas 6.2 404, 477
2 Timóteo 1.18 448,451
Sobre o sacerdócio
2 Timóteo 4.6 454
Apocalipse 19.8 513
Mateus 16.19 177, 178
Sobre o purgatório
A justificação
Tiago 2.21 275, 472
Mateus 5.26 162
Sobre Maria
Mateus 12.32 177, 178
(veja “Maria” no índice de tópi­
cos)
Sobre a missa
2 Coríntios 12.15 400
Colossenses 1.24 425
1 Coríntios 3.15 360, 361
Mateus 16.19 188
2 Timóteo 4.6 454
Cardeal Ratzinger
Novas revelações
Mateus 5.26 162
João 11.49-52 294
Sobre o sacrifício
Mateus 16.19 177, 178
Tradição apostólica verbal
2 Tessalonicenses 2.15 374,440
Ludwig Ott
Santo Agostinho
Gênesis 3.15a 38
Mateus 16.16-18 183
Êxodo 32.30-32 57
A salvação e as obras
Mateus 5.26 162
Lucas 18.18-23 248
Mateus 12.32 177, 178
Romanos 2.6,7 248, 343, 344
Mateus 27.52,53 211
Lucas 1.28b 235
Romanos 3.27,28 347
Duns Scotus
Lucas 1.42 237, 239
Lucas 1.28b 235
João 6.53 277
A transubstanciação
1 Coríntios 3.15 360, 361
João 6.53 277
A infalibilidade Papal
O tesouro de méritos
Mateus 16.16-18 183
Êxodo 32.30-32 57
João 11.49-52 294
João 21.15-19 314
Sobre Pedro
Jó 1.5 93
Gálatas 6.2 404, 477
2 Timóteo 4.6 454
Apocalipse 19.8 513
Mateus 16.16-18 183
572
Í N D I C E DE G R U P O S R E L I G I O S O S
I
A veneração de imagens
Êxodo 13.19 50, 51
Lucas 17.21 246, 247
Apocalipse 10.2,8,9 509
Êxodo 25.18 56
Sobre terapias físicas e médicas
2 Reis 13.21 87
Salmos 103.3 108
2 Samuel 6.7 81
Sobre a natureza humana
Atos 19.12 333, 334
Gênesis 1.26,27 31, 32, 33, 126
O panteísmo
CIÊNCIA CRISTÃ
2 Crônicas 16.12 91, 109
Gênesis 1.26,27 31, 32, 33, 126
Atos 17.28 331, 385, 427, 469
Sobre a m orte e ressurreição de
A realidade
Cristo
Lucas 24.39 32, 44, 98, 130, 253,
254,
Provérbios 23.7 119
Lucas 17.21 246, 247
258, 282, 369, 386, 387, 392,
Sobre a “verdadeira” religião
464, 483
A divindade de Cristo
Mateus 7.20 169
João 14.28 300
CIÊNCIAS DA M ENTE (O U D O
A criação da matéria
PENSAMENTO)
Gênesis 2.7 34, 35, 36, 333, 391
Sobre curas
A “ divina ciência”
Provérbios 23.7 119
João 14.16 214, 298, 299, 306, 396
Os atributos de Deus
João 1.1 2 9 ,3 0 ,1 0 1 ,2 6 1 , 262,
Tiago 5.15 475, 476
ESCOLA DA UN IDA DE CRISTÃ
263, 2 6 4 ,2 6 5 ,3 0 2 ,3 1 1 ,3 1 4 ,4 2 9 ,
Sobre o karma
435, 464
Sobre curas
Gálatas 6.7,8 405
Sobre a reencarnação
Provérbios 23.7 119
Tiago 5.15 475, 476
Sobre a divindade humana
Gálatas 6.7*8 405
João 9.1 286
Mateus 22.42 202, 40 6
Lucas 17.21 246, 247
João 8.58 101, 1 0 5 ,17 3,26 2,263 ,
284, 285, 302, 314, 429, 435, 464
HINDUÍSM O
A interpretação de textos bíblicos
Meditação
Romanos 8.7 351
Sobre o “livrinho”
Apocalipse 10.2,8,9 509
Milagres
Salmos 1.2 99, 242
Lucas 1.80 240, 241
Lucas 2.52 240, 241
Mary Baker Eddy
Lucas 4.16 240,242
Gênesis 1.26,27 31, 32, 33, 126
Panteísmo
João 1.1 2 9 ,3 0 ,1 0 1 ,2 6 1 , 262,
263, 2 6 4 ,2 6 5 ,3 0 2 ,3 1 1 ,3 1 4 ,4 2 9 ,
Lucas 1.80 240, 241
435, 464
João 14.16 214, 2 9 8 ,2 9 9 ,3 0 6 , 396
João 8.58 101, 1 0 5 ,1 73,2 62,26 3,
284, 285, 302, 314, 429, 435, 464
Lucas 2.52 240, 241
Lucas 4.16 240, 242
Salvação
Atos 4.12 326, 327, 339
573
R E S P O S T A À S S E I TA S
Vedas
Gênesis 3.7 36
Lucas 1.80 240, 241
Lucas 2.52 240, 241
Lucas 4.16 240, 242
João 1.14 253, 264, 265 ,266,311,
464
1 João 5.6-8 493, 594
Sobre o Espírito Santo — a sua
natureza
1 João 5.6-8 493,594
Sobre a divindade de Jesus
IGREJA DA UNIFICAÇÃO
Sobre a segunda vinda de Cristo
Apocalipse 7.2-4 507
A profecia acerca do reverendo
Moon
Apocalipse 7.2-4 507
João 1.14 253, 264, 265,266, 311,
464
O CAMINHO INTERNACIONAL
Sobre a divindade de Jesus
João 1.1 2 9 ,3 0 ,1 0 1 ,2 6 1 , 262,
IGREJA DE CRISTO EM BO ST O N
Al Baird
Mateus 28.19 64, 155, 156, 212,
263, 2 6 4 ,2 6 5 ,3 0 2 ,3 1 1 ,3 1 4 ,4 2 9 ,
435.464
Sobre a Trindade
213, 214,215, 216,300, 301,321,
322, 339, 360, 371, 396, 402, 430
Mateus 28.19 64, 155, 156, 212,
213, 214, 215, 216, 300, 301, 321,
Sobre o autoritarismo
1 Coríntios 11.1 454
2 Timóteo 2.2 454
A confissão de pecados
32 2,3 3 9 ,3 6 0 , 371, 396, 402, 430
Victor Paul Wierwille
Mateus 28.19 64, 155, 156, 212,
2 1 3 ,2 1 4 ,2 1 5 ,2 1 6 ,3 0 0 , 301,321,
322, 3 3 9 ,3 6 0 ,3 7 1 ,3 9 6 ,4 0 2 , 430
Tiago 5.16 94, 476
O discipulado
Lucas 6.40 243
João 1.1 2 9 ,3 0 ,1 0 1 ,2 6 1 , 262,
263, 2 6 4 ,2 6 5 ,3 0 2 ,3 1 1 ,3 1 4 ,4 2 9 ,
435.464
O discipulado hierárquico
2 Timóteo 2.2 454
O proselitismo
Mateus 28.19 64, 155, 156, 212,
2 1 3 ,2 1 4 ,2 1 5 ,2 1 6 ,3 0 0 , 301,321,
322, 339, 360, 371, 396, 402, 430
O alcance de almas
João 15.8 302
ISLAMISMO
A submissão
Tiago 5.16 94, 476
Alá
Gênesis 3.7
36
Ismael
Deuteronômio 18.15-18 66, 70
Meca e Parã
Habacuque 3.3 147
Sobre Maomé
João 14.16 214, 298, 299, 306, 396
IGREJA INTERNACIONAL DE
CRISTO EM BO ST O N
(Veja IGREJA DE CRISTO EM
BOSTON)
Deuteronômio 18.15-18 66,70
Deuteronômio 33.2 69, 147
Maomé nega a sua própria
divindade
Salinos 45.3-5
A IGREJA M UNDIAL DE DEUS
Herbert Armstrong
105
Sobre M aomé e Deus
Mateus 5.17,18 159, 171, 430
Habacuque 3.3 147
574
Í N D I C E DE G R U P O S R E L I G I O S O S
Maomé recebendo revelações
Deuteronômio 34.10 68, 70, 71
M aomé — sinais e maravilhas
Deuteronômio 34.10 6 8 ,7 0 , 71
A vinda de M aomé profetizada
Deuteronômio 34.10 68, 70, 71
Salmos 45.3-5 105
Isaías 21.7 128
Habacuque 3.3 147
O Corão
Gênesis 1.26 29, 30, 106, 248, 270
Gênesis 3.7 36
Deuteronômio 18.15-18 66,70
Visitações de Deus
Deuteronômio 33.2 69, 147
Sobre a “liberdade sexual”
Mateus 22.30 200, 323,485
João 15.12 200, 303, 304, 323,
IV7
Atos 2.44 200, 204, 322, 323
Romanos 8.21 323, 355
O universalismo
Apocalipse 19.20
104, 210, 294, 417, 434, 439,514,
515
MORMONISM O
Apóstolos
1 Coríntios 12.28 375
O alcance da perfeição
Mateus 5.48 165
O batismo
JUDAÍSMO
Sobre o m onoteísm o
Gênesis 1.26,27 31, 32, 33, 126
Marcos 16.16 230, 231,321
O batismo e a salvação
Atos 2.38 213, 231 ,271 , 312,313,
319, 321, 360
M AÇONARIA
O seu inicio
Gênesis 3.7 36
Sobre a crença na salvação através
das obras
Apocalipse 5.6-14 506
1 Coríntios 1.17 231, 360
O batismo em favor dos mortos
Malaquias 4.5,6 151
1 Coríntios 15.29 152, 382, 383
Sobre o “Livro de M órm on ”
Isaías 29.1-4 128
Ezequiel 37.16,17 140
MEDITAÇÃO TRA NSC ENDEN TAL
Salmos 1.2 99, 242
Sobre humanos tornando-se Deus
Salmos 46.10 105
Maharishi MaheshYogi
Salmos 46.10 105
1 Coríntios 5.9 364, 365
Colossenses 4.16 430, 431
Tiago 1.5 471, 472
Sobre a apostasia e restauração da
Igreja
Atos 2.31 98, 259, 387, 392
M ENINOS D E DEUS
Sobre a acusação de hipocrisia da
igreja
Gálatas 1.8 151, 403, 404, 444
1 Timóteo 4.1,2 448
Sobre a estrutura da Igreja
Mateus 23.2,3 203
Odiar os inimigos
1 Samuel 26.19 76, 77
Sobre o caráter de Jesus
João 11.1-33 292
Moses David
João 11.1-33 292
Efésios 4.11 303,412
A reivindicação de possuir profetas
Deuteronômio 18.10-22 64, 65
A criação da humanidade
Gênesis 1.26 29, 30, 106, 248, 270
Os graus de glória
2 Coríntios 12.2 400
Mateus 23.2,3 203
575
R E S P O S T A À S SEI TAS
A natureza de Deus
As trevas exteriores
Hebreus 1.3 58, 332, 363, 405, 412,
Mateus 8.12 172, 210, 229, 438, 490
A pérola de grande valor
452, 463, 514
Malaquias 3.6 149, 150, 398
Sobre o corpo físico de Deus
Gênesis 1.26 29, 30, 106, 248, 270
Poligamia
Êxodo 20.14 53, 54, 200, 304, 357
Gênesis 32.30 44, 58
1 Reis 11.1 54, 83, 323
Êxodo 24.9-11 55
Hebreus 1.3 58,332, 363, 405,412,
Politeísmo
Gênesis 1.26 29, 30, 106, 248, 270
452, 463,514
Sobre o (falso) evangelho
Salmos 82.6 106, 291
Gálatas 1.8 151, 403,404, 444
Salmos 97.7 108
Sobre humanos alcançando a
João 10.34 107, 290
divindade
1 Coríntios 8.5 370
Salmos 82.6 106, 291
Efésios 4.11 303,412
Sobre oração
Mateus 5.48 165
Romanos 8.17 112, 354
Tiago 1.5 471, 472
Sobre o sacerdócio (eterno)
Efésios 4.11 303,412
Sobre a Bíblia “incom pleta”
Gênesis 14.18 40
Colossenses 4.16 430, 431
Sobre os profetas
Sobre Jesus
Amós 3.7 143, 144
1 Coríntios 12.28 375
Efésios 4.11 303, 412
Sobre o uso da razão
Sobre o nascimento de Jesus
1 Pedro 3.15 480, 482
Salmos 2.7 100, 101
Sobre as recompensas
Sobre o casamento de Jesus
Mateus 20.1-16 198
João 2.1-11 267
Sobre a salvação
Sobre reinos de glória
Marcos 16.16 230, 231, 321
1 Coríntios 15.40-42 387, 388
Filipenses 2.12 205, 344, 417
Sobre livros perdidos
Tiago 2.21 275, 472
1 Coríntios 5.9 364, 365
Sobre a salvação após a morte
Sobre as “ ovelhas perdidas da casa
1
de Israel”
Mateus 15.24 182, 288
Pedro 3.19 410,411, 483,
484, 486
Sobre o sacerdócio de
1 Pedro 4.6 484, 485, 486, 487
Melquisedeque
Salvação e batismo
João 3.5 269, 270,271, 272
Gênesis 14.18 40
Salvação através de obras
Sobre novas revelações
João 5.28,29 96, 98, 115, 122, 274,
Malaquias 3.6 149, 150, 398
275, 387
Apocalipse 22.18 516
Sobre Satanás
Sobre a vida futura
Mateus 5.48 165
Mateus 8.12 172, 210, 229, 438, 490
As “ outras ovelhas”
Joseph Smith
João 10.16 103, 288, 508
Gênesis 14.18 40
576
Í N D I C E DE C R U P O S R E L I G I O S O S
Exodo 20.14 5 3 ,5 4 , 200, 304, 357
1 Reis 11.1 54, 83, 323
Amós 3.7 143, 144
Malaquias 3.6 149, 150, 398
Gálatas 1.8 151, 403, 404, 444
Apocalipse 22.18 516
Sobre a prosperidade financeira
Josué 1.8 73
3 João 2 501, 502
2
Coríntios 8.9 399
Sobre dar
Marcos 10.30 221, 400
Sobre os “ espíritos-infantis”
Jeremias 1.5 135, 136, 404
Atos 17.28,29 332
Romanos 8.16 354, 355
James Talmage
Malaquias 4.5,6 151
Sobre o ensino dos apóstolos
m órm ons
Efésios 4.11 303, 412
Sobre a Trindade
Mateus 3.16,17 30, 154, 155
Sobre a “verdadeira igreja”
1 Coríntios 12.28 375
Sobre as obras
Tiago 2.21 275, 472
Sobre Deus
Isaías 40.12 129
Kenneth E. Hagin
Mateus 18.15-18 194, 195
Marcos 12.30 126, 225
João 16.24 306, 307
Sobre a m orte de Jesus
Isaías 53.9 132, 133
A descida de Jesus ao inferno
Efésios 4.9 409, 423, 480
A natureza de Jesus
2 Coríntios 5.21 293, 361, 363, 397,
412, 426, 480
O “renascimento de Jesus”
Colossenses 1.18 92, 423
MOVIMENTO PALAVRA DA FÉ
Pedir c o m fé
Sobre os “pequenos deuses”
Marcos 11.23,24 223
A expiação
1 Pedro 1.18,19 479
Cristo e o pecado
Gênesis 1.26 2 9 ,3 0 ,1 0 6 , 248, 270
Sobre milagres
Hebreus 11.3 467, 468
Sobre a doutrina “nom eie,
2 Coríntios 5.21 293, 361, 363, 397,
412, 426, 480
A unidade da Igreja
Mateus 18.15-18 194, 195
reivindique”
João 16.24 306, 307
O novo nascimento
João 3.3 268, 2 6 9 ,2 7 7 ,4 0 6
Kenneth Copeland
Mateus 18.15-18 194, 195
Hebreus 11.1 466, 467
1 Pedro 1.18,19 479
Sobre a criação
Cura física
Isaías 53.4,5 130, 164, 224
Filipenses 2.25 132, 224, 418
Sobre discussões
Isaías 1.18 125, 226, 481
Hebreus 11.3 467, 468
Críticas e responsabilidade
Salmos 105.15 110
Mateus 18.15-18 194, 195
Sobre a Fé
Hebreus 11.1 466, 467
Hebreus 11.3 467, 468
Marcos 12.30 126, 225
Sobre testar as profecias
Salmos 105.15 110
MOVIM ENTO REINO AGORA
Efésios 4.11 303, 412
577
R E S P O S T A À S S EI TA S
Mateus 6.33 92, 167, 223, 286
NOVA ERA
O Evangelho Aquariano
Mateus 7.24-29 171
Mateus 6.33 92, 167, 223, 286
João 14.8,9 297
Mateus 7.24-29 171
Os profetas Mark e Elizabeth Clare
O Cristo cósm ico
João 8.58 101, 105, 173, 262, 263,
Gênesis 19.8 42, 43, 68, 138, 139
284, 285, 302, 314, 429, 435, 464
Deuteronômio 23.17 68
Sobre o uso da razão
Mateus 5.14 158
1 Pedro 3.15' 480,482
Mateus 24.23,24 205, 286
Sobre a reencarnação
Falsos profetas
Jeremias 1.5 135, 136, 404
Mateus 7.24-29 171
João 3.3 268, 2 6 9 ,277 ,406
Matthew Fox
Sobre o corpo ressuscitado
Gênesis 19.8 42, 43, 68, 138, 139
Jó 19.26 96, 97
Sobre significados ocultos na
1 Coríntios 6.13 368, 369
Biblia
Sobre a ressurreição
Mateus 13.10,11 179, 278
Mãteus 11.14 152, 175
Sobre a homossexualidade
A salvação
Gênesis 19.8 42, 43, 68, 138, 139
Atos 4.12 326, 327, 339
1 Coríntios 6.9b 366
Romanos 1.19,20 339, 340
A divindade da espécie humana
Sobre a visão espiritual
Mateus 5.13 156, 157
Mateus 6.22 166, 167
João 8.58 101, 105, 173, 262, 263,
O terceiro olho
284, 285, 302, 314, 429, 435, 464
Mateus 6.22 166, 167
João 10.34 107, 290
Sobre UFOs
Sobre a divindade interior
Ezequiel 1.5-28 137
Mateus 6.33 92, 167, 223, 286
Sobre a unidade das religiões
Mateus 7.24-29 171
Mateus 22.37-39 201
O karma
Sobre yoga
Mateus 11.29 176
Mateus 11.29 176
Sobre amar a Deus
Mateus 22.37-39 201
Meditação
OCULTISMO
Sobre milagres
Salmos 1.2 99, 242
Êxodo 7.11 4 7 ,4 8
Revelações místicas
Poderes sobrenaturais
Mateus 6.33 92, 167, 223, 286
Êxodo 7.11 4 7 ,4 8
Nicolas Notovitch
Lucas 1.80 240, 241
Lucas 2.52 240, 241
RELIGIÃO ORIENTAL
Sobre o Brâmane
Lucas 4.16 240,242
Salmos 1.2 99, 242
Sobre o panteísmo
Mateus 5.13 156, 157
O karma
Mateus 5.14 158
João 9.1 286
578
Í N D I C E DE G R U P O S R E L I G I O S O S
Meditação
Salmos 1.2
A criação
99,242
Gênesis 1.1,2 27
Reencarnação
A morte
Mateus 11.14 152, 175
2
Visão espiritual
Reis 14.29 88, 124
Existência consciente após a morte
Mateus 6.22 166, 167
Salmos 146.3,4 115, 116
Sobre o Tao
Eclesiastes 3.20,21 122, 123
Salmos 1.2 99, 242
Eclesiastes 9.5 107, 113, 123, 124
O terceiro olho
Lucas 16.22-28 89, 210, 244
Mateus 6.22 166, 167
Lucas 23.43 231, 249, 250, 410, 434
João 11.11-14 294
TESTEM UNHAS DE JEOVÁ
A punição eterna
O Alfa e o Omega
Mateus 25.46 203, 20 9,22 9, 269,
Apocalipse 1.8 504
516
Sobre o aniquilacionismo
As “ outras ovelhas” de Deus
Salmos 37.9,34 101
Salmos 115.16 112
Salmos 37.20 104, 108
A adoração a Deus
2 Tessalonicenses 1.9 102, 108,
João 4.23 264,273
210, 425, 4 3 7 ,4 3 9 ,4 9 0
O inferno
2 Pedro 3.7 438, 489, 490
Mateus 5.29 164
Sobre a “ classe ungida”
O Espírito Santo
Lucas 12.32 243, 244, 508
Marcos 1.10 219
João 3.5 269, 270,271, 272
Atos 2.4 28, 318
Apocalipse 7.4 244, 271, 508
1
Aniversários
João 5.6-8 493, 594
A alma humana
Gênesis 40.20-22 44, 45, 182
Gênesis 2.7 34, 35, 36, 333, 391
Mateus 14.6-10 182
Eclesiastes 3.19 121, 123
Transfusões de sangue
Ezequiel 18.4 139, 140
Gênesis 9.4 39, 60, 329
A idolatria
Levítico 7.26,27 40, 59, 329
1
Levítico 17.11,12 4 0 ,6 0 ,3 2 9
Coríntios 10.14 372
A imortalidade
Atos 15.20 304, 328
Romanos 2.7 345, 434
Cristo c om o Deus
Sobre Jesus
João 20.28 64, 156, 262, 265, 274,
Marcos 6.5 220
281, 302, 313, 371, 402, 429, 435,
Mateus 8.20 173
464
Mateus 20.18 173
Cristo — sua segunda vinda
Mateus 24.30 173, 3 (8, 504
Atos 1.9-11 317, 504
A “ criação” de Jesus
Apocalipse 1.7 263, 318, 503, 504
Provérbios 8.22-31
Apocalipse 1.8 504
Colossenses 1.15-17 421
A reivindicação de possuir profetas
117
A divindade de Jesus
Isaías 9.6 126, 127,
Deuteronômio 18.10-22 64, 65
579
l'M
R E S P O S T A À S S EI TA S
Mateus 19.16-30 198, 221
Sobre Miguel
João 1.1 2 9 ,3 0 ,1 0 1 ,2 6 1 , 262,
1 Tessalonicenses 4.16 435
263, 2 6 4,26 5,3 02, 31 1,31 4,4 29,
Sobre o fato de nem todas as
pessoas boas irem para o céu
435, 464
João 3.16 202,272
Salmos 37.9,11,29 102
João 14.28 289,301
Sobre o paraíso na terra
João 20.17 310
Salmos 115.16 112
1 Coríntios 11.3 374
Sobre a filosofia
Filipenses 2.7 415
Colossenses 2.8 426
Colossenses 2.9 262
Profecias
1 Timóteo 2.5,6 448
Jonas 3.4-10 145
Sobre Jesus e o Pai
Jonas 4.1,2 145
João 10.30 105, 1 7 3 ,26 2,2 76,28 8,
289, 290, 291, 296, 302, 311, 314,
Sobre a geração de 1914
Mateus 24.34 206, 207
374
Sobre as “outras ovelhas”
Sobre a volta “invisível” de Jesus
João 10.16 103, 288, 508
Mateus 24.3 204, 205
Sobre os corpos ressuscitados
A natureza de Jesus
1 Coríntios 6.13 368, 369
Marcos 13.32 226, 227
1 Coríntios 15.37 254, 386
1 Tessalonicenses 4.16 435
Tito 2.13 205, 262, 265, 371,429,
457, 458
1 Pedro 3.18 361,397, 426,482,
1 Coríntios 15.44 256, 388, 391
Sobre a ressurreição
Jó 7.9 96, 97, 144
Jó 19.26 96, 97
483, 485
1 Pedro 3.18 361,397, 426,482,
1 João 4.2,3 491
483,485
Apocalipse 3.14 505
Sobre a ressurreição — o corpo
Sobre as aparições de Jesus após a
de Jesus
sua ressurreição
Marcos 16.12 229
Lucas 24.31 252, 254
1 Coríntios 15.5-8 187, 251, 252,
Lucas 24.31 252, 254
255,
Lucas 24.34 255
257, 3 1 1 ,3 3 6 ,3 7 8 ,3 7 9 ,4 8 3
1 Coríntios 15.45 390
A pré-existência de Jesus
Sobre a salvação
João 8.58 101, 1 0 5 ,173 ,26 2,26 3,
Romanos 10.13 357
284, 285, 302, 314, 429, 435, 464
Filipenses 2.12 205, 344, 417
A ressurreição de Jesus
A salvação através das obras
Lucas 24.23 250, 251, 255
João 5.28,29 96, 98, 115,122, 274,
1 João 4.2,3 491
275,387
A adoração a Jesus
João 4.23 264, 273
A Trindade
Hebreus 1.6 274, 422, 435, 464,465
O pequeno rebanho
Deuteronômio 6.4 63, 64,106,
108, 155, 156, 332, 402, 429
joão 10.16 103, 288, 508
Mateus 3.16,17 30, 154, 155
580
Í N D I C E DE G R U P O S R E L I G I O S O S
Mateus 28.18-20 212, 313, 493
João 10.30 105, 17 3,26 2 ,2 7 6 ,2 8 8 ,
Sobre Jesus e o Pai
João 5.43 275, 276
289, 290, 291, 296, 302, 311, 314,
João 10.30 105, 173, 262,276, 2S8,
374
289, 290, 291, 296, 302, 311, 314,
1 Coríntios 14.33 376, 377
374
2 Coríntios 13.13
João 14.18 300
30, 64, 156,
300, 3 7 1 ,4 0 1 ,4 0 2 , 430, 493
João 14.6-11 27 6 ,2 9 5 ,2 9 6
1 João 5.7 492
Romanos 1.7 338, 339, 360
O uso de crucifixos
1 Coríntios 1.3 359, 360
Êxodo 20.4,5 51, 82, 239, 334
Jesus e o Espírito Santo
1 Coríntios 10.14 372
2 Coríntios 3.17 395
A Sociedade Torre de Vigia
Sobre o m odalism o
Gênesis 2.7 34, 35, 36, 333, 391
2 Coríntios 3.17 395
Mateus 24.45-47 208
Robert Sabin
Deuteronômio 6.4 63, 64, 106, ,
U N ID A D E PENTECOSTAL
108, 1 5 5 ,1 5 6 ,3 3 2 , 402, 429
Sobre o batismo
Sobre a Trindade
Atos 2.38 213, 231, 271, 312, 313,
Deuteronômio 6.4 63, 64, 106,
319, 321, 360
108, 155, 156, 332, 402, 429
Sobre a regeneração batismal
Isaías 9.6 126, 127, 493
Atos 2.38 213, 231, 271, 312, 313,
Colossenses 2.9 262
319, 321, 360
Sobre Jesus
UNITARIANISMO
Mateus 28.19 64, 155, 156,
Sobre o universalismo
2 1 2 ,2 1 3 ,2 1 4 ,2 1 5 ,2 1 6 ,3 0 0 , 301,
321,322, 3 3 9 ,3 6 0 ,3 7 1 ,3 9 6 ,4 0 2 ,
430
Efésios 1.10 325, 407
WICCA
1 Samuel 28.7-20 77
Colossenses 2.9 262
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kf -. SPOSTA ÀS SEI TAS
N o rm an L. Geisler é o diretor do Southern Evangelical
Seminary, e líder apologista cristão, autor de mais de qua­
renta volumes. Obteve o seu título de Ph.D. na Loyola
University.
R o n R hodes é o diretor executivo da Reasoning from
the Scriptures, e escreveu várias obras a respeito do tema
seitas.
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