Farmacovigilância

Transcrição

Farmacovigilância
Farmacovigilância
Pós-registro
Farmacovigilância
“Ciência relativa à
–
Detecção
–
Avaliação
–
Compreensão
–
e prevenção
dos efeitos adversos ou quaisquer problemas relacionados a
medicamentos, quer seja antes ou após a autorização de
comercialização do produto” (OMS, 2002)
(THE IMPORTANCE OF PHARMACOVIGILANCE, 2002)
Farmacovigilância
Promoção do uso seguro de medicamentos
–
detecção precoce de reações adversas desconhecidas ou
interações medicamentosas
–
detecção de aumentos na frequência de ocorrência de
reações adversas conhecidas.
(The WHO International Drug Monitoring Program)
Reação Adversa X Evento Adverso
REAÇÃO ADVERSA : é qualquer
reação nociva, indesejável e não
intencional que ocorre durante ou após
EVENTOS ADVERSOS:
qualquer ocorrência médica não
desejável, que pode estar presente
durante um tratamento com um
produto farmacêutico, sem
o uso de um medicamento nas suas
necessariamente possui uma
doses terapêuticas habituais, e que tem
relação causal com o tratamento.
Todo evento adverso pode ser
relação causal com o medicamento
considerado como uma suspeita de
(EDWARDS & BIRIELL, 2001).
reação adversa a um medicamento
(COBERT & BIRON, 2002).
Reação Adversa X Evento Adverso
O que se quer
identificar são as
Reações Adversas,
mas para isso,
coletamos Eventos
Adversos
História da Farmacovigilância
950 a.c.
História da Farmacovigilância
1937 - o primeiro registro de uma reação
indesejável a determinado medicamento
Morreram cerca de 100 pessoas devido à
ingestão de dietilenoglicol, um excipiente
utilizado em um xarope de sulfanilamida
GEILING, EMK & CANNON, PR. Pathologic effects of elixir of sulfanilamide (diethylene glycol) poisoning. JAMA, 1938; 111(10): 919-926.
História da Farmacovigilância
Caso Talidomida
–
Caso trágico que levou ao
surgimento da
farmacovigilância
–
1961 – pediatra alemão
associou casos mal-formação
congênita ao consumo por
gestantes da talidomida
TAUSSIG, HB. A study of the german outbreak of phocomelia . JAMA, 1962; 180(13): 80-88
História da Farmacovigilância
Caso Talidomida
–
cerca de 10000 casos e 500
mortes provocadas por uma
rara mal-formação congênita
–
focomelia = crianças com
braços e pernas em forma de
nadadeiras de foca
TAUSSIG, HB. A study of the german outbreak of phocomelia . JAMA, 1962; 180(13): 80-88
História da Farmacovigilância
No ano seguinte foi aprovada nos EUA uma emenda que
ampliou o poder do FDA, e tornou mais rigorosas as exigências
legais para comprovação da segurança dos fármacos.
Coelho HL. Pharmacovigilance: a necessary tool . Opinion 1998; 14(4): 871-875
História da Farmacovigilância
Caso Practolol
–
–
1970
-bloqueador
–
Passou por todos os
estudos clínicos durante
sua período de
desenvolvimento
–
Após a comercialização:
Reação de pele severa
cegueira
História da Farmacovigilância
Caso VIOXX® (rofecoxibe)
–
foi lançado nos Estados Unidos
em 1999 e foi comercializado
em mais de 80 países.
–
A retirada do mercado no
mundo inteiro em 2004 devido
a um risco maior de eventos
cardiovasculares (IAM/AVC)
após 18 meses de uso
História da Farmacovigilância
Caso VIOXX® (rofecoxibe)
–
O APPROVe (Adenomatous Polyp
Prevention on VIOXX)
estudo multicêntrico, duplocego, randomizado, controlado
por placebo
N = 2600 pctes
Duração 156 semanas (três
anos)
efeito do tratamento sobre a
recorrência de pólipos
neoplásicos do intestino
grosso
Rofecoxibe 25 mg versus
placebo.
História da Farmacovigilância
Caso VIOXX® (rofecoxibe)
–
Este não foi o primeiro ensaio
mostrando o risco cardiovascular
desta droga.
Em Junho de 2000, o
fabricante comunicou este
risco ao órgão regulador
americano (FDA).
A recomendação do FDA foi
determinar modificações na
rotulagem do medicamento.
Em agosto/2004 outro estudo
envolvendo 40.500 indivíduos
demonstrou que com o uso do
medicamento triplicou o risco
de morte cardíaca quando
comparado a outro inibidor de
cox-2.
História da Farmacovigilância
Caso VIOXX® (rofecoxibe)
–
Embora o risco individual seja
pequeno, era o uso crônico da
droga que levava ao aumento
do risco cardiovascular
–
Sob o ponto de vista
populacional é pouco provável
que um indivíduo seja atingido.
História da Farmacovigilância
"a história da regulação de medicamentos
corre paralela à história dos maiores
desastres envolvendo reações adversas."
Strom
História da Farmacovigilância
Caso da identificação da AIDS
–
Junho de 1981
–
h
–
Oito meses anteriores – 5 casos de pneumonia por P.
Carinii
–
Tratamento com isocianato de pentamicina – dispensado
através de solicitação especial para o CDC
–
1967 – 1979 – medicamento solicitado somente 2 vezes
–
Posteriormente a AIDS foi descoberta
Gomes & Reis, 2001
História da Farmacovigilância
Caso Finasterida
–
Medicamento originalmente
utilizado para o tratamento do
aumento da próstata (5mg).
–
Aumento do relato de casos de
melhora da calvície em
pacientes usuários do produto.
http://www.dermatologia.net/neo/base/noticias/art_finast.htm
História da Farmacovigilância
Caso Finasterida
–
Laboratório avaliou o efeito,
reduziu a concentração
para 1mg:
Praticamente eliminou a
incidência de efeitos
colaterais
Manteve o efeito em
relação a calvície
Interrompe a evolução em
86%
Efeito de repilação em
48% no 1°ano e de 66%
no 2°ano de uso
http://www.dermatologia.net/neo/base/noticias/art_finast.htm
Processo de desenvolvimento de um
medicamento
Durante o desenvolvimento
de um medicamento são
realizadas inúmeras
pesquisas:
–
Pré-clínica
–
Fases I, II e III.
Intuíto de se obter um
produto de qualidade que
seja seguro e eficaz.
Por meio dos ensaios
clínicos obtem-se
informações sobre:
–
Segurança
–
Reações adversas
–
Interação medicamentosa
As informações coletadas
nem sempre vão relatar as
condições reais de
utilização
Limitações inerentes a um ensaio
clínico
Devido ao número de indivíduos estudados, efeitos raros podem não ser
detectados
–
Estudos clínicos de pré-mkt normalmente identificam EAs com uma incidência >
1/1000
Em função do tempo de duração do ensaio, efeitos decorrentes do uso
prolongado do medicamento podem não ser revelados.
Por força do próprio controle experimental cria-se um “ambiente ideal” de uso
da medicação
–
Forma adequada de prescrição pelo médico
–
Uso adequado por parte dos pacientes
–
Exclusão dos riscos – critérios de exclusão (população de risco, outras patologias
associadas, uso concomitante de outras drogas, etc)
Não consegue-se avaliar toxicidade crônica, grupos especiais (crianças,
idosos, grávidas) e interações medicamentosas
Vigilância Pós-registro
Sinônimo de farmacovigilância ou estudos fase IV
É um estudo do uso e dos efeitos dos medicamentos após a liberação de
comercialização
Permite durante uso comercial em larga escala
–
Uma observação da segurança real do medicamento
–
Identificar efeitos adversos não detectados nas etapas prévias
Auxilia na segurança dos produtos comercializados
–
Detectando precocemente reações adversas desconhecidas
–
Mal uso dos mesmos e interações medicamentosas, assim como seus aumentos de frequência
–
Além de identificar fatores de risco.
–
Detecta populações especiais
(STROM, 2000)
LAST, JM. Dicionário de Epidemiologia. Barcelona, Salvat Editores, 1989
Programa Internacional de Monitorização de
Medicamentos da OMS
The WHO International Drug Monitoring Programme
O principal objetivo do
programa tem sido, desde o
seu início, estabelecer e manter
um método efetivo de detectar
reações adversas não
reveladas nos ensaios clínicos
(WHO,1968)
Exemplos de reações adversas importantes, identificadas ou
confirmadas com a ajuda de notificações espontâneas
Reação adversa
Droga
Anemia Aplástica
Tromboembolismo
Hemorragia gástrica
Toxicidade hepática
Hipersensibilidade aguda
Fibrose
Fenilbutazona
Contraceptivos orais
AINH
Isoniazida
Acetaminofen
Ergotamina
Fonte: Wiholm et al. (1994); Venning (1983); Capellà & Laporte (1993).
Retirada do mercado por motivo de
segurança
Mais de 130 produtos farmacêuticos
retirados do mercado nos últimos 40 anos
–
1/3 nos primeiros 02 anos
–
½ até 05 anos
Principais motivos
–
RAMs hepáticas, hematológicas e
cardiovasculares
Fonte: Management of safety information from clinical trials.
Report of CIOMS working group VI
Vantagens da Farmacovigilância
Detecção precoce de um evento adverso
Boa relação custo-benefício, em termos potenciais, na detecção de
RAMs desconhecidas e raras
Ajuda no desenvolvimento de uma política de medicamentos
adequada, do ponto de vista da saúde pública.
Reflete a seriedade com que uma empresa/país trata a questão do
medicamento no bojo de suas políticas de saúde
Atividade pouco custosa e de implementação gradativa cujos
desdobramentos potencializam, sobremaneira, a eficácia de uma
política de medicamentos.
Ferramenta de marketing
Sistema de Farmacovigilância
Industria Farmacêutica
• Cria os sistemas de FV
• Registra e avalia os EA
• Prepara CIOMS / PSUR
• Avaliação contínua da risco/benefício
• Patrocinadora dos EC fase IV
Profissionais de saúde
• Relata os EAs suspeitos
• Fornece avaliação clínica
Autoridades de Saúde
• Mantém os arquivos dos EAs
• Compartilha as informações
• Avalia a segurança
• Audita os sistemas de FV
Farmacovigilância:
Por que muitos casos não são relatados?
Ciência relativa à
–
–
–
–
detecção,
avaliação,
compreensão
prevenção
dos efeitos adversos ou quaisquer problemas
relacionados a medicamentos
Problemas na detecção
Médico pode se sentir inseguro em relação a prescrição
correta da medicação
Cultura de Relato dos EAs
Paciente pode considerar um reação normal da
medicação e não relatar
Falta de organização na coleta e relato de um EA
Problemas na avaliação
Determinar se um EA é inesperado e sério
Toda uma estrutura deve ser montada para avaliar
os dados dentro de uma companhia
Uma investigação deve ser sempre conduzida e
concluída
Problemas na compreensão
Experts em farmacovigilância devem determinar:
–
Relação entre o EA e a farmacologia do medicamento
–
Comparar a incidência com e sem o uso da medicação
–
Fazer avaliação e recomendações
PERIODIC SAFETY UPDATE REPORT (PSUR)
Documento sobre a segurança de um medicamento
comercializado
De responsabilidade do fabricante
Deve ser submetido periodicamente à autoridade
regulatória
–
avaliar o perfil da relação benefício/risco
Foi estabelecido pela International Conference on
Harmonization (ICH).
Conclusões
Farmacovigilância é um instrumento fundamental
para complementar os dados de segurança clínica
Mas depende:
–
Cultura de relato dos casos de eventos adversos
Treinamento de todos os envolvidos no processo
–
Normas e fluxos bem estabelecidos
Identificadas as fontes de informação
estabelecidos a periodicidade dos informes
elaborados os instrumentos para o funcionamento do sistema
Conclusões – cont.
Farmacovigilância, como um sistema de vigilância
epidemiológica:
–
Deverá integrar a coleta sistemática e contínua de dados
–
Análise de dados
–
Gerar de informações, recomendações e decisões técnicas
e políticas
–
Executar de maneira oportuna as medidas de controle e
intervenção no curso dos eventos
–
Distribuir as informações aos participantes do sistema e
demais interessados
Conclusões – cont.
O repasse permanente de informações aos notificadores é
instrumento fundamental para o funcionamento de todo
sistema de vigilância epidemiológica e farmacovigilância.
Sem a retroalimentação contínua do sistema os participantes
perdem o interesse pelo trabalho porque julgam seu esforço
inútil, já que não têm conhecimento sobre o aproveitamento
dos dados que coletaram.
Contatos
Tel.: 11 3568-3404
[email protected]
www.biogenidec.com.br

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