FRutos quE oRIgInAM bEbIDAs - Frutas, Legumes e Flores – a

Frutos que originam bebidas
Medronho, ginja, citrinos, alfarroba. Estes
são alguns dos frutos que têm inspirado
empreendedores portugueses. Com eles
já se fazem cerveja, aguardente e licor.
Sara Pelicano
Nesta edição da Frutas, Legumes e Flores não visitamos um
espaço físico. Fazemos um périplo por alguns frutos portugueses e descobrimos como inspiraram diferentes bebidas.
A ginja é, possivelmente, a fruta mais conhecida por originar
um licor com tradição em muitas cidades, sobretudo Lisboa,
Óbidos e Alcobaça. Actualmente, muitas outras bebidas se preparam com frutos e a oferta vai além do licor que adoça a boca.
A alfarroba e a laranja nascem com grande expressão no Algarve. É nesta região a Sul do País que foi criada a primeira cerveja
de alfarroba. Sebastião Afonso e Ivânia Lourenço lançaram, em
Maio de 2015, o primeiro lote de 50 litros de um total de 3.000
litros já produzidos da cerveja Moura. Fabricada e armazenada na zona industrial de Tavira, a cerveja é feita de alfarroba,
porque os dois cervejeiros queriam ter «uma especialidade que
nos identificasse como produtores algarvios e a alfarroba surgiu como produto ideal, por vir de uma planta mediterrânica
e pelas suas propriedades na fermentação», afirma Sebastião.
A Moura surge no mercado com três variedades: a branca,
designada Carob Ale; a preta, conhecida por Carob Stout; e a
ruiva, baptizada como Carob Red Ale. As garrafas têm 0,33
centilitros.
Sebastião e Ivânia já testaram cerveja com outros produtos
regionais. No final do ano passado, o figo-da-índia deu origem
à Sabra, uma edição limitada (100
garrafas) de 0,75 centilitros.
Os citrinos são também “filhos”
do Algarve e inspiraram um gin.
Laranja, tangerina, limão, semente de coentro, pimenta, alcaçuz e
zimbro são algumas das 14 espécies botânicas que dão origem
ao gin de cor alaranjada produzido por Luís Sequeira, em Silves.
Chama-se Tangerine e tem ainda
associado outro produto muito
regional: a amêndoa. Em 2015,
foram produzidas 2.000 garrafas, distribuídas entre Portugal e
o estrangeiro. A maioria (60%) foi
comercializada no Algarve, Lisboa
e Porto. Os restantes 40% viajaram
até Reino Unido, França, Bélgica
› O gin inspirado nos citrinos algarvios
e Angola.
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frutas, legumes e flores | Março 2016
› Ivânia Lourenço e Sebastião Afonso iniciaram a produção de cerveja como um
passatempo, hoje assumem-se como cervejeiros profissionais
As ideias não param e, desde 2008, Luís Sequeira faz aguardente a partir de batata-doce. Todos os anos nos alambiques
do produtor fazem-se 1.000 litros desta bebida conseguida
através do tubérculo produzido em terra vizinha, nomeadamente em Aljezur. Estas são as novidades do produtor, mas
tudo começou há 25 anos com produção de medronho e de
aguardente através deste fruto.
O medronho está muito presente em terras algarvias e alentejanas. Ambas as regiões aproveitam o fruto silvestre para
produção de aguardente.
› Aguardente de medronho feita no museu localizado em Alqueva
Em Alqueva, Alentejo, a Herdade de Montes Santos tem 400
hectares plantados com medronheiros. De cada árvore retiramse entre quatro a cinco quilos de medronho, um trabalho feito
manualmente, porque a delicadeza do fruto assim o exige.
Junto à localidade de Alqueva existe desde o ano passado um
Museu do Medronho, inserido na propriedade onde nascem as
árvores. Além de conhecer a história do medronho, no museu
também se produz aguardente. A destilaria faz parte da visita.
Uma cuba de inox leva até 1.000 quilogramas de fruto que, ao
final de oito horas, origina 100 litros de aguardente.
Na loja é possível provar, e comprar, a aguardente. Uma bebida
forte, em que o sabor adocicado do medronho se sente levemente, vencendo no paladar o álcool obtido da fermentação
do fruto. Existe a versão mais suave, em que à aguardente se
juntou um pouco de mel, também produzido na região. Não
sendo um licor como o de ginja, onde esta história começa,
esta aguardente consegue também adocicar a boca.