2016: 50 ANOS

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2016: 50 ANOS
2016: 50 ANOS
Obrigatoriedade do uso do
Cinto de Segurança
I
nglaterra e demais países do Reino Unido celebram durante o ano de 2016 os 50
anos da introdução da Lei que obriga o uso do cinto de segurança nos países da comunidade britânica. A ênfase que as autoridades britânicas dão ao fato não está no
uso da força para obrigar motoristas e passageiros a usar o equipamento mas, antes,
para comemorar o número de vidas salvas no trânsito graças à utilização do cinto e reforçar
sua importância às minorias que ainda resistem à regra. A simples mudança de hábito de
começar a usar o cinto revolucionou a maneira como motoristas e passageiros passaram
a perceber sua própria segurança no trânsito.
O cinto, na verdade, havia sido lançado pela Volvo na Suécia em 1959 sem que
fosse imediatamente adotado como equipamento obrigatório, o que no Reino Unido
aconteceu em 1966 (a Austrália foi o primeiro país a obrigar o cinto nos bancos da
frente e de trás). A maneira como foi bem recebido nos mercados mundiais fez com
que fosse reconhecido como o acessório de segurança mais importante da história da
indústria automotiva até hoje.
Em razão da eficácia da sua invenção, o cinto, a Volvo acredita que “milhões de
vida já foram salvas no mundo todo”, embora admita que é impossível dar um número
absoluto, dada a inexistência de estatísticas confiáveis em inúmeros países, incluindo o
Brasil. Em alguns (poucos) países, onde as estatísticas permitem, os órgãos responsáveis pelo trânsito comparam os números de colisões e de fatalidades de um ano com
outro e estimam o número de vidas salvas naquele específico ano. É mais uma forma
de evidenciar a sua eficácia e de convencer definitivamente os não convencidos.
Nos Estados Unidos um estudo de 2012 feito pelo Centro de Controle e Prevenção de doenças do Departamento de Saúde (CDC) do governo americano afirmou
que de 1975 até 2008 o simples uso do cinto de segurança salvou 225.000 vidas humanas pelo país afora.
A utilização do cinto continua crescendo ao redor do mundo, notadamente nos
países mais desenvolvidos. Naqueles, de menor nível de desenvolvimento, e em razão
do menor uso do equipamento, o número de vítimas fatais ou de graves lesões no trânsito, é consideravelmente maior.
O Relatório da Organização Mundial de Saúde, de 2015, sobre a evolução da
Década Mundial de Ações de Segurança no Trânsito informa sobre o progresso do
uso do cinto em praticamente 196 países. Por meio dele se sabe que dos 161 países
que possuem legislação sobre o cinto de segurança, apenas 105 apresentam boas
práticas, como o uso do equipamento no banco traseiro. Nestas nações vivem 4.8 bilhões de pessoas, o que significa mais da metade da população do planeta.
A OMS chama a atenção para a situação nos 10 países mais populosos do
mundo onde a legislação de trânsito ainda apresenta falhas e, assim, expõe a riscos
de fatalidades no trânsito. Estes países juntos representam 4.2 bilhões de pessoas e
concentram 56% das mortes no trânsito (703.000). Segundo a OMS nenhum destes
países, por exemplo, possui lei sobre todos os cinco fatores de risco no trânsito em
linha com as melhores práticas recomendadas.
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No Brasil, a adesão ao uso do cinto aconteceu efetivamente a partir do Código
de Trânsito Brasileiro (CTB) de 1997, implementado a partir de 1998, muito mais pelo
valor da multa a quem não o usasse. A multa provocou grande reação na sociedade
que passou a adotar o equipamento. Bares e restaurantes se viram na contingência
de contratar serviços de transporte aos seus clientes para transportá-los em segurança
para casa.
Obrigatoriedade do uso do cinto
Países que aprovaram
n
n
n
n
n
Para todos os ocupantes do carro
Só passageiros do banco dianteiro
Sem lei do cinto ou só para motoristas
Não aplicável
Sem estatísticas
Fonte: OMS - Global Status Report on Road Safety, 2015
Cinco principais fatores de risco no trânsito:
1.
2.
3.
4.
5.
Dirigir sob o efeito de álcool
Excesso de velocidade
Não usar capacete
Não usar o cinto de segurança
Não usar as cadeirinhas para crianças
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NO BRASIL
F
oi com a introdução do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) de 1998
que a sociedade pode avaliar a importância e a eficiência do uso do cinto
de segurança. O peso da multa para quem não o usasse fez com que o
brasileiro passasse a adotar o cinto, superando os 90% dos motoristas e
passageiros do banco da frente, dependendo do estado onde o levantamento estivesse
sendo feito.
A eficácia do cinto, ao lado de outras medidas punitivas preconizadas pelo Código, provocou uma redução inusitada de fatalidades e feridos graves pelo país afora.
Em 1997, no ano em que o CTB foi promulgado, o número de mortos no trânsito brasileiro, segundo o banco de dados do Ministério da Saúde, foi de 35.620. No ano 2000,
dois anos depois de implantado, graças à uma fiscalização poucas vezes vista na história do País e com intensa repercussão nos meios de comunicação, o número de vítimas fatais havia baixado para 28.995. A obrigatoriedade do uso do cinto contribuiu
para salvar a vida de, pelo menos, 6.625 brasileiros.
De lá para cá, com o afrouxamento da fiscalização, o índice de uso do cinto caiu
consideravelmente e atualmente se situa próximo a 80%, segundo levantamento feito
pelo IBGE numa grande Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) feita em 1.600 municípios
de todo o País entre agosto de 2013 e fevereiro de 20141. Nesta pesquisa, 79,4%
dos brasileiros ouvidos afirmaram usar o cinto principalmente no banco dianteiro. Com
relação ao banco traseiro, foram menos, 50,2%.
Na zona rural o uso do cinto no banco de trás é ainda menor: 44,8% disseram
ter o hábito de colocar o cinto. Norte e Nordeste do País registraram os menores índices, 36,7% e 39,5%, respectivamente, enquanto a região Sul liderou, com 65,1% dos
brasileiros com mais de 18 anos afirmando sempre usar cinto no banco traseiro.
O estudo do Ministério da Saúde e IBGE serve para dar uma ideia do desafio
brasileiro para conter o alarmante índice de mortalidade no trânsito brasileiro. Todos
os órgãos de trânsito, notadamente as entidades ligadas a medicina, enfatizam a importância de melhorar a fiscalização, com ênfase no uso do cinto como um dos fatores
de risco mais importantes para redução de vítimas. A Abramet, Associação Brasileira
de Medicina de Tráfego, afirma que o cinto de segurança no banco da frente reduz o
risco de morte em 45% e, no banco traseiro, em até 75%.
1. (http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv94074.pdf - pgs. 55-57)
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Proporção de pessoas que afirmaram usar cinto de segurança
no banco da frente e no banco de trás (em %)
86,5
86,2
81,5
79,4
67,2
66,0
65,1
61,7
52,3
50,2
36,7
Brasil
Banco da frente
Norte
39,5
Nordeste
Sudeste
Sul
Centro-Oeste
Banco da trás
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Nacional de Saúde 2013
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5 TIPOS DE PROTEÇÃO
QUE O CINTO OFERECE
M
uitos ignoram os inúmeros benefícios do uso do cinto de segurança
e por isto o usam apenas para não serem multados caso sejam surpreendidos sem ele no trânsito por um policial. As autoridades ligadas
à prevenção de mortes e danos físicos no trânsito apontam pelo menos
cinco razões para que motoristas e passageiros de veículos usem sempre o equipamento tanto no banco dianteiro quanto no traseiro. São elas:
1. Mantém os ocupantes do veículos dentro dele. Faz parte do mito afirmar que,
numa colisão, as pessoas terão mais chances de escapar se forem jogadas para
fora do carro do que se ficarem presas lá dentro. Pesquisas mostram que as
chances de morte de uma pessoa ejetada do veículo num choque é quatro vezes
maior do que se permanecer dentro dele.
2. O cinto segura as partes mais importantes do corpo. O cinto de segurança foi
projetado para reter o corpo do ocupante junto ao banco ou, dito de outra forma,
para evitar que a pessoa seja projetada à frente com violência. Para um adulto,
ter quadris e ombros seguros pelo cinto representa pontos importantes para evitar
danos maiores.
3. Distribui a força de uma colisão. Cintos que seguram dos ombros ao colo distribuem a força de um choque por uma área bem maior do corpo, evitando que o
impacto se concentre numa só área. Um cinto de três pontos ajuda a reter a cabeça e a parte superior do corpo distante do painel, volante e outras partes duras
do interior do veículo caso seja atingido por outro veículo ou pare de repente.
4. Ajuda o corpo a reduzir a velocidade do impacto. Segundo os especialistas da
medicina o que causa ferimentos é a mudança brusca na velocidade. O cinto
ajuda a aumentar o tempo de deslocamento do ocupante do carro no caso de
um choque.
5. Protege a cabeça e a coluna espinhal. O cinto de segurança foi projetado para
proteger estas duas áreas críticas. Ferimentos na cabeça podem ser difíceis de
serem vistos imediatamente mas podem ser mortais, mais à frente. Da mesma
forma, as consequências à coluna podem representar consequências muito sérias.
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A EFICÁCIA DO
CINTO DE SEGURANÇA
L
ançado pela Volvo em 1959, na Suécia, a partir do ano seguinte as instituições ligadas ao trânsito e à saúde pública começaram a estudar a eficácia
do equipamento. As conclusões iniciais davam conta de que ele reduzia o
risco de ferimentos nos motoristas na ordem de 57% em baixas velocidades
e 48% nas altas comparado com motoristas sem cinto. Para os demais ocupantes, a
redução no risco de ferimentos é de 63% e 55% em baixa e alta velocidade, respectivamente.
Nos Estados Unidos inúmeros estudos por prestigiosas instituições de pesquisas
no ano 2000 estimaram que ocupantes de carros que usavam cinto tiveram redução
de fatalidade da ordem de 45% nos carros e de 60% nos veículos maiores comparados
com os que não usavam o acessório. Já estudos desenvolvidos em 2007 por institutos
de pesquisas europeus como o TRL(UK) e o Swov (Holanda) afirmam que passageiros
do banco traseiro usando o cinto de segurança tem aproximadamente 60% menos de
risco de morte numa colisão.
Depois de ter lançado o cinto de três pontas, a Volvo liberou a patente aos demais
fabricantes automotivos num gesto que marcou a visão da empresa e seu compromisso
com a segurança. O cinto de segurança ainda é reconhecido hoje em dia como uma
das maiores invenções a serviço da humanidade. Numa das últimas vezes em que esteve em Nova Iorque para receber condecoração pelo desenvolvimento do cinto de segurança de três pontas, Nils Bohlin disse ao The New York Times sobre seu feito: “Foi
uma questão de desenvolver uma solução que fosse simples, eficaz e que pudesse
convenientemente ser realizada apenas com uma mão”.
Reputados institutos de pesquisas científicas na Holanda, Reino Unido, Japão,
Austrália mostram resultados muito próximos aos de Suécia e estados Unidos, consagrando o reconhecimento da eficácia e da importância do uso do cinto. Ao reduzir consideravelmente o número de vítimas, a simples utilização do cinto acaba provocando
benefícios enormes à economia dos países graças aos menores custos com hospitalizações que tanto oneram os orçamentos da saúde pública. Cabe, assim, a cada governo fazer a sua parte no esforço de convencimento da sociedade pelo maior uso do
cinto de segurança.
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CINTO DE SEGURANÇA:
HISTÓRIA ANTIGA
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Metade do século 19:
engenheiro inglês George Cayley inventa o primeiro cinto;
10 de fevereiro de 1885:
Edward J. Claghorn de Nova Iorque, patenteia o primeiro cinto;
1911:
Benjamin Foulois, general do exército dos Estados Unidos desenvolve o
cinto de segurança para as primeiras aeronaves (Irmãos Wright, tido nos EUA
como inventores do avião);
1930:
Médicos americanos equipam seus carros cintos abdominais e exigem
que indústria automotiva instalem em todos seus modelos;
1949:
American Car Manufacturers (Nash) disponibiliza cintos de segurança como
opcional;
1950:
neuro-cirurgião Dr. C. Hunter Shelden, de Pasadena, Califórnia, EUA,
sugere no Journal of the American Medical Association (JAMA) o
cinto retrátil, juntamente com outras melhorias para a segurança nos
automóveis. Algumas delas se tornaram leis nos Estados Unidos, aprovadas
pelo Congresso em 1959;
1954:
Sport Car Club of America impõe o cinto como obrigatório nas competições
de velocidade;
1956:
Volvo, Ford, Crysler ofertam o cinto como opcional;
1958:
Saab apresenta o cinto como equipamento padrão;
1959:
Volvo introduz o cinto de três pontos que é reconhecido como um dos maiores
avanços da história mundial da indústria automotiva;
Década de 1960:
cinto passa a ser equipamento padrão nos automóveis e adotado praticamente
em todo o mundo;
1970:
A Austrália é o primeiro país do mundo a tornar obrigatório o uso do cinto nos
bancos dianteiro e traseiro, começando pelo estado de Victoria.
Fontes: Wikipedia, Volvo, Think, etc.
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