A IMPLEMENTAÇÃO DO TREINAMENTO MENTAL NOS
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A IMPLEMENTAÇÃO DO TREINAMENTO MENTAL NOS
Revista Científica Faculdades do Saber P á g i n a |35 A IMPLEMENTAÇÃO DO TREINAMENTO MENTAL NOS ESPORTES IMPLEMENTATION OF MENTAL TRAINING IN SPORTS Lucas Flores MARQUES1, Alaércio PEROTTI JÚNIOR2 Resumo Todo treinador/professor de Educação Física tem o papel de ensinar, ou mesmo aprimorar as habilidades motoras e capacidades físicas de seus alunos. Também tem a necessidade de buscar novas metodologias e técnicas para tornarem esse processo mais fácil, menos massivo e estressante, objetivando melhores resultados para a aquisição de tais habilidades. O treinamento e aprendizagem de habilidades motoras ocorrem normalmente por meio de técnicas repetitivas e extremamente tecnicistas. O treino mental consiste na simulação mental de repetidos movimentos, ou mesmo a formação de uma imagem mental do gesto técnico com a intenção de promover mudanças e aprendizagem de uma habilidade motora específica. A finalidade e meta da implantação do treino mental é: aquisição de habilidades motoras, diminuição da carga física, sem a exigência de esforço físico, maior chance de concentração, sem obrigatoriedade de local adequado, reabilitação, relaxamento, menor exigência de tempo, controle de níveis de ansiedade, aumento significativo de concentração, eliminação de risco de lesões, entre outros benefícios. Assim, o objetivo desse estudo foi verificar prováveis benefícios do treinamento mental em aspectos referentes a técnicas e a aprendizagem de habilidades motoras em diferentes modalidades esportivas. Foi verificado que o treinamento mental pode sim contribuir para a aprendizagem de habilidades motoras, e que o mesmo pode ser utilizado como uma importante ferramenta no treinamento de atletas, tanto para melhoria do desempenho como na aquisição e aperfeiçoamento de habilidades motoras. Essa pesquisa teve caráter de revisão, baseada em periódicos, livros, artigos e sítios acadêmicos. Palavras-Chave: Aprendizagem motora, Treino Mental, Habilidades Motoras. Abstract Every coach / physical education teacher's role is to teach, or even enhance the motor skills of their students. Also has the need to seek new methods and techniques to make this less massive and stressful process easier, aiming to better results for skill acquisition. The training and learning motor skills occur through repetitive and extremely technicists techniques. The mental training is the mental simulation of repeated movements or even the formation of a mental image of technical movements with the intention of promoting change and learning of motor skills. The purpose and goal of deploying metal workout is: acquisition of motor skills, decrease in physical load, without requiring physical exertion, increased chance of concentration, with no obligation to proper location, rehabilitation, relaxation, lower requirement for time control anxiety levels, a significant increase in concentration, elimination of risk of injury, among other benefits.. The objective of this study was to verify the anticipated benefits of mental training in aspects related to technical, and learning of motor skills in different sports. Mental training can indeed contribute to the learning of motor skills through literature can be concluded that mental training can be used as an important tool in training athletes, both for improved performance as the acquisition of motor skills. This research has a review character, based on free journals, academic articles and academics websites. Keywords: Motor Learning, Mental Training, Motor Skills. 1 Docente na Faculdade Mogiana do Estado de São Paulo. Mestrando em Ciências Biomédicas em FHOUniararas. E-mail: [email protected] 2 Doutorado em Educação Física pela Universidade de São Paulo. Docente do Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; Universidade Paulista - UNIP, Limeira, SP; Faculdades Einstein de Limeiras - FIEL, Limeira, SP. E-mail: [email protected] Revista Científica Faculdades do Saber Introdução P á g i n a |36 é um conjunto de processos associativos com Ao longo dos anos observa-se aumento significativo científica sobre na experiência, que direcionam as mudanças relativamente permanentes nas capacidades para uma execução habilidosa. A aprendizagem de pedagogias para que alunos e praticantes habilidades motoras é um dos objetivos de atividade física consigam um melhor do TM que tem origem da Psicologia aprendizado, e diante disso a necessidade cognitivista. Segundo Rúbio (2000) a de se procurar meios mais eficientes para Psicologia do Esporte Americana foi um aprendizado ou refinamento de marcada nos anos 80 por uma produção habilidades que sejam eficazes e seguro. voltada para o enfoque cognitivista, com No meio esportivo uma área que tem atenção para as questões relacionadas evoluído muito nos últimos anos é a com representações mentais, como eles Psicologia do Esporte e dentre as mentalizam e qual sua influência no variáveis estudadas, um tema que tem desempenho. o técnicas ou e despertado novas produção prática interesse dos Magill (2000) descreve o TM como pesquisadores, é o Treinamento Mental uma recapitulação cognitiva de uma (TM) (TESTA, 2011). habilidade física na ausência dos O objetivo desse estudo foi de movimentos físicos e explícitos. Samulski verificar os efeitos do treinamento (2002) reconhece o TM como: Imaginação mental na melhora das técnicas e da de aprendizagem de habilidades motoras em consciente das habilidades motoras e diferentes modalidades esportivas. O técnicas esportivas. Segundo Machado treinamento mental é uma alternativa (2006): a prática mental é um método para que a prática, não se torne maçante adotado pela psicologia do Esporte, para e com isso estressante, e que pode efetuar mudanças no comportamento e muitas promover aprendizagem. devido vezes ocasiona traumas, desistências resultantes forma planejada, repetida e de O TM pode ser implantado tanto movimentos extremamente tecnicistas, na aquisição de habilidades como para a repetitivos e específicos à prática. melhoria de desempenho, objetivando Aprendizagem ou aquisição de controlar níveis de comportamento. Para habilidades motoras para Schmidt (1993) Weinberg e Gould (1999): “um atleta Revista Científica Faculdades do Saber P á g i n a |37 pode reconstruir, através da imaginação, (2011) existem teorias registradas sobre experiências positivas do passado ou este assunto no ano de 1934, mas é na visualizar eventos futuros com o fim de Alemanha que a pratica mental começou preparar-se a a ser usada no meio esportivo, por volta performance”. Segundo Samulski (2011) o de 1958. Sendo que no Brasil ela chegou TM é orientado para dois objetivos no há pouco tempo. mentalmente para esporte: para os movimentos e para as Esse trabalho foi realizado por situações. Como movimentos entendem- meio de revisão de literatura e foi se as habilidades motoras especificas desenvolvido (técnicas), e como situações, as ações primeiramente apresentando pesquisas táticas esportivas sobre a implantação do TM em diferentes contexto modalidades, após isso será apresentado e inseridas as estratégias dentro de um específico. da seguinte forma: como é a implantação do TM e como se A utilização da prática mental dá a interação dos sistemas sensoriais no segundo Tzachou-Alexandri citado por mesmo, os riscos das pedagogias Becker (1996) já ocorria no período extremamente tecnicistas nos esportes e clássico, cinco séculos AC, em Atenas, nos o TM na aprendizagem de habilidades ginásios existiam zonas com todas as motoras. facilidades para que treinadores e atletas realizassem "o treinamento, tanto do Desenvolvimento corpo quanto da mente” e segundo Santos citado por Becker (1996) os Na literatura existem diversos filósofos Platão e Descartes davam relatos mostrando os efeitos positivos do grande de TM. Devido às suas características, serão técnicas mentais, como recursos de mostrados ao longo desse trabalho aprendizagem e memorização. pesquisas as quais evidenciam que a importância à utilização O início do estudo científico das implantação desse método pode ser uma práticas mentais segundo Becker citado alternativa para aprendizagem ou por Schú e Scalon (2004) foi em 1892 com melhora de um determinado gesto Jastrow que estudou os movimentos técnico. O TM apresenta duas linhas de involuntários produzidos durante várias explicação para a sua aplicação: a operações mentais. De acordo com Testa primeira linha é de nível comportamental Revista Científica Faculdades do Saber P á g i n a |38 (psicológico), e a segunda a de nível aprendizagem: a) Prática Mental (PM); b) motor. O TM quando implantado em Prática Física (PF) e c) Combinação de níveis psicológicos visa controlar níveis de Prática Mental e Física (PMF). Os ansiedade, ativação e motivação. A resultados os explicação métodos para a melhoria da indicaram que propiciaram todos melhoras motricidade é encontrada na fisiologia, significativas, mas o grupo (PF) e (PFM) Franco (2000) afirma que um movimento tiveram resultados mais efetivos que o imaginado e exercitado mentalmente grupo (PM). Observou que o grupo (PFM) produz e obteve um rendimento superior, ainda na que não significativo estaticamente sobre micro contrações consequentemente uma melhora coordenação neuromuscular. o grupo (PF). Um estudo realizado por Bonuzzi e Um estudo realizado por Marques Perotti Jr. (2010) teve como objetivo e Perotti Jr. (2013) investigou o lance livre investigar no no basquete, participaram desse estudo habilidade 18 adultos jovens na faixa etária entre 19 motora aberta em uma situação de e 27 anos de idade de ambos os sexos, envolvimento cognitivo. Participaram do distribuídos igualmente em três grupos estudo dois levantadores de voleibol. Os experimentais: grupo prática física (GF), objetivos específicos foram: a) analisar a grupo prática física e mental em bloco estratégia cognitiva (Eficiência Tática) (GFMB) e grupo prática física e mental utilizada por levantadores de voleibol e b) intercalada (GFMI). A tarefa constituiu em o no realizar o lance livre do basquetebol. O levantamento (Eficiência Técnica). Os delineamento experimental constou das resultados indicaram que houve melhora seguintes fases: pré-teste, aquisição, pós- significativa para um dos levantadores no teste e adaptabilidade. Os três grupos que se refere à Eficiência Tática e no que praticaram a tarefa durante a sessão de se refere à eficiência Técnica os dois aquisição com a execução de 150 levantadores mostraram melhoras. tentativas divididas em 15 blocos de 10 os efeitos aperfeiçoamento padrão de do uma motor TM utilizado Um estudo realizado por Leite tentativas cada, o pré-teste o pós-teste (1981) investigou o efeito do TM sobre a foram realizados na mesma condição e a aquisição do lance livre do basquetebol adaptabilidade com 1m a mais de no distância. Todos os testes envolveram a qual aplicou três métodos de Revista Científica Faculdades do Saber P á g i n a |39 execução de 10 tentativas cada. O grupo parte dos atletas assimilou o treinamento GF realizou somente a prática física, o mental. Os resultados indicaram que o grupo GFMB realizou a prática mental treinamento mental é uma importante após cada bloco de 10 tentativas e o GPFI ferramenta realizou a prática mental após cada dois aprendizagem. para a facilitação de blocos de 10 tentativas. A variável Para verificar os efeitos da prática dependente foi a pontuação obtida com a mental na aquisição de habilidades cesta. Observou-se que no pós-teste motoras em sujeitos novatos (GOMES et tanto o al. 2012), a tarefa constitui no transporte grupo apresentaram GFMB uma e GFMI média de desempenho superior ao grupo GF. de bolas de tênis (posicionamento manual) em sequenciamento e tempo Em um estudo realizado por alvo pré-determinados utilizando a mão Pinheiro e Cardenás (2010) procurou-se não preferencial. A tarefa envolveu investigar a influência do treinamento precisão mental no aperfeiçoamento da técnica do temporal. Participaram do estudo 25 saque do voleibol, usando o modelo de universitários que praticaram uma tarefa treinamento de oito passos desenvolvido seriada de posicionamento e foram por Eberspacher (1995), nessa amostra distribuídos em cinco grupos conforme o que foi constituída por 17 adolescentes, tipo de prática: física, mental, física- de ambos os sexos, nesse estudo, constou mental, mental-física e grupo controle. Os da um resultados mostraram superioridade dos experimento/treinamento destinado ao grupos prática física, física-mental e melhoramento do saque tipo tênis, com mental-física. Os resultados sugerem que duração de cinco semanas. Para a coleta a prática mental em sujeitos novatos de da depende da prática física para ser efetiva. representação motora do saque expressa O TM segundo estudiosos da área de forma oral e de imagem para notação pode tanto auxiliar na aprendizagem, da Os aperfeiçoamento e também no controle resultados foram avaliados através do de níveis emocionais. Segundo Testa pré-teste dados (2011), experiências vividas pelos atletas levantados sugerem que a representação durante competições e a busca pelo motora oral do saque indicou que boa domínio da técnica e das emoções fazem avaliação dados fizeram execução e do de um registro movimento. pós-teste. Os espacial como a precisão Revista Científica Faculdades do Saber P á g i n a |40 do TM uma etapa de grande importância relaxamento do esportista é necessário nos de para a implantação do treinamento, e é grandes atletas de alto rendimento, como importantíssimo que o esportista esteja também de iniciantes. muito relaxado, pois ele precisa estar programas de treinamento com Implantação do Treino Mental a mente livre de outros pensamentos que o possam atrapalhar. No segundo estágio, o aluno ou atleta Para por tem que ter uma experiência prévia na Samulski (2002), existem três fases para o habilidade ou tarefa, por que só assim ele desenvolvimento do TM: Ideomotor, pode entender o movimento e também Autoverbalização e a Auto-observação. O repeti-lo treinamento Ideomotor, quando o aluno, perspectiva, é que o movimento tem que através de suas sensações internas sobre estar inserido e capaz de ser feito pelos o movimento, reorganiza-os e transfere alunos ou dentro de suas capacidades para Na motoras. No último estágio o papel do Autoverbalização o aluno terá que repetir professor é de estimular que aluno se mentalmente o que ele tem por sua atente a todos os detalhes da prática ou percepção do movimento. E na Auto- do movimento. o Eberspächer movimento citado físico. mentalmente. Na própria observação,o executante terá de assistir alguém fazendo o movimento, que ele Programa de Treinamento Mental terá que repetir imaginando que está realizando o movimento, pensando em Em relação aos procedimentos todas as variáveis da pratica e suas que devem ser tomados para a sensações. implantação do TM, segundo Eberspacher citado por Samulski (2002), acontece em Requisitos para o Treinamento Mental oito passos. O primeiro é a escolha da técnica que deseja treinar mentalmente. Os requisitos para o TM, segundo Segundo, detalhar de forma escrita do Eberspacher citado por Samulski (2002) que é necessário no movimento, mas são: o estado de relaxamento, própria também escrever o que se tem de experiência, e percepção do movimento. No terceiro vivencia de forma profunda. O estado de passo, nos três dias seguintes, durante própria perspectiva Revista Científica Faculdades do Saber P á g i n a |41 meia hora por dia, ler e analisar várias perceptivo para obtermos informações vezes o que escreveu sobre o movimento, relevantes do ambiente para controle das procurar memorizar o movimento de ações motoras (TEIXEIRA, 2006). Para forma procurar Becker (1996) na dimensão visual o atleta imaginar o movimento de forma muito imagina-se realizando a ação desportiva e intensa durante 15 dias. No quarto passo, pode produzir diferenças na perspectiva, quando a percepção do movimento é isto significa que além das informações feita de forma sólida, pode-se incluir externas, a imaginação visual pela sua novos pontos-chave para o treino. No característica de colocar a atenção em quinto passo, descrever e classificar os todos os detalhes possíveis da ação. intensa. Na leitura pontos-chave, e procurar se adaptar ao ritmo do movimento. Sexto Dimensão cinestésica - Segundo passo, Suinn (1981) citado por Becker (1996) exercitar esse exercício duas ou três esta dimensão trata da imaginação da vezes, e se encontrar dificuldades pode percepção interna que o atleta vivencia, regredir dois ou três passos. Sétimo antes, durante e depois da ação motora, passo, combinar o TM com a execução e que juntamente com a dimensão visual física. E o último passo, treinar de forma é a mais utilizada pelos atletas. mental as fases de pré e pós-preparação, Dimensão auditiva – A audição nas pausas ou nas interrupções curtas de costuma ser desprezada como fonte de uma competição ou jogo. informação para as nossa ações motoras, mas é uma fonte importante para Os sistemas sensoriais e o treinamento orientação de direção, distância e mental reconhecimento do ritmo, por exemplo, como atividades com música (TEIXEIRA, Segundo Suinn citado por Becker 2006). Durante a execução física, segundo (1996) cita que durante uma sessão de Becker (1996), os atletas registram ruídos TM é possível atuar sobre os sistemas que ocorrem tanto em si mesmo, como sensoriais, dimensões no objeto ou objetos que maneja e no distintas: visual, cinestésica, auditiva e ambiente desportivo que o rodeia. emocional. Somada a dimensão visual e cinestésica em Dimensão quatro visual – A visão representa o principal sistema sensório contribui para um melhor rendimento dos atletas. Revista Científica Faculdades do Saber P á g i n a |42 Dimensão emocional - Conforme física e sim mental, podendo ser utilizada Becker (1996) por mais que um atleta em casos de lesões ou mesmo na esteja preparado para uma competição, é reabilitação. impossível deixar de sentir a emoção Muitas vezes, e até passado relacionada ao movimento. A visualização despercebido, por treinadores e pais que das pedem o máximo de seus alunos e filhos emoções é uma técnica de imaginação, que pode levar a um melhor em algumas controle destes fatores pelo atleta. Desde treinamentos, com isso pressionam para antever um gesto motor, até ter um que tenham uma performance perfeita, momento antes do jogo ou competição, não levando em consideração maturação que possa relaxar, pensar ou repetir biológica muito menos estrutura física, mentalmente o gesto ou habilidades que chamado de especialização precoce. No será exigido na competição, jogo ou caso disputa. Entendem-se por treinamento intensivo de competições especialização ou precoce: precoce, ou especialização esportiva Os Riscos de Pedagogias Extremamente precoce é o período onde se adotam Tecnicistas nos Esportes programas e métodos de treinamento especializados (SANTANA, 2001). Para Ao longo dos anos cada vez mais crianças que não possuem estruturas se é discutido sobre a importância da físicas adequadas para o desporto ou busca mesmo de pedagogias novas para metodologias a aquisição e de não oferecer atividades diversificadas. habilidades ou mesmo na melhoria do O número elevado de repetições rendimento. Para que a aprendizagem que normalmente se é encontrado em não apresente riscos como especialização alto precoce, lesões, ansiedade, desmotivação extremamente tecnicistas que podem e de ocorrer na aprendizagem ou na aquisição desempenho não apresente um grau tão de habilidades podem apresentar riscos alto de stress, que é muito mais ligado ao de lesões, por estressar demasiadamente alto rendimento por se ter um número a musculatura. também para que melhoria rendimento ou em técnicas elevado de repetições, além da repetição A implementação do TM também que não precisa necessariamente ser visa o controle das emoções, e com isso Revista Científica Faculdades do Saber P á g i n a |43 controlando também níveis de ansiedade prática e com isso motivando o aluno. Para frequente Samulski (2002) a motivação depende de instabilidade física, psicológica e social. fatores Desta forma, sugere-se cautela em intrínsecos (pessoais) ou extrínsecos (ambientais) e se diferencia esportiva entre devido a jovens uma é maior processos de inciaçãoo esportiva. em técnicas de ativação e técnicas de O profissional de Educação Física estabelecimentos de metas. Todos esses tem de saber que seu papel é de temas podem levar ao abandono do estimular seus alunos por uso de técnicas desporto e também podem estar ligados que motivem e atraiam seus educandos e ao êxito da pratica quando se é atletas, as técnicas tem de ser lúdicas e encontrado o inverso desses temas. prazerosas para que mantenham eles O professor tem a sempre inseridos nessas atividades e para responsabilidade de entender que as que isso ocorra eles sempre tem de estar crianças ou mesmo atletas, passam por motivados. etapas as quais devem ser respeitadas e O esporte para a criança precisa jamais serem desvalorizadas. A atividade de um clima menos suscetível de que o treinador propõe tem de ser confronto, menos rivalizável, que gere estimulante, e menos expectativa, quanto mais novo for diversificada, para que saia de moldes o indivíduos (SANTANA, 2004). E com isso tradicionais e tecnicistas dos esportes. O diminuindo possíveis traumas ligados a professor tem de pensar em todas essas busca variáveis antes de montar um treino ou extremo clima de disputa e concorrência. divertida, lúdica da melhoria do rendimento, atividade, e pensar com muito mais Em um estudo realizado por Bara seriedade de como será a formação e Garcia (2008), no qual o objetivo foi de esportiva de seus alunos. A formação avaliar os motivos do abandono no esportiva é um processo longo, e assim o esporte imediatismo ou supressão de qualquer compreendidas entre 10 e 20 anos, uma de suas fases terá consequências comparando (NUNOMURA, CARRARA e TSUKAMOTO, gênero e faixas etárias. A amostra foi 2010). Diante dessas realidades pode-se composta por 332 jovens (179 meninos e ocorrer o abandono do esporte. Segundo 153 meninas) que haviam abandonado Bara e Garcia (2008), o abandono da seus em jovens com modalidades respectivos esportes idades esportivas, (Futebol, Revista Científica Faculdades do Saber P á g i n a |44 basquete, natação, ginástica artística e uma gama de fatores que podem definir a handebol). Aos sujeitos do estudo foi permanência ou não permanência de aplicado um questionário aberto sobre os nossos alunos na pratica de atividade motivos física ou exercício físico. do abandono da prática esportiva. A pergunta principal consistia E que o conhecimento dos em quais motivos o levaram a abandonar motivos para o abandono precoce pode o esporte. Após receber todos os auxiliar questionários, passou-se a categorizar os competitivo a minimizar a incidência motivos para deste fenômeno no esporte infanto- quantificar as respostas. Os principais juvenil. Diante desses objetivos podemos motivos gerais do abandono foram: ver que existem três motivos que estão estudos (34% dos ex-atletas), falta de ao nosso alcance, para mudarmos ou tempo para amigos/namoro/ lazer (17%), alterarmos conforme nossos objetivos, outros interesses fora do esporte (16%). que Diferenças ocorreram na comparação de treinamento e a figura do treinador. citados pelos atletas os são: envolvidos métodos, no esporte estrutura do ex-atletas de modalidades coletivas e Segundo Nunomura et al. (2010), individuais, com maior incidência dos os técnicos e demais envolvidos no motivos outros interesses, monotonia dos esporte não devem poupar esforços para treinos, desmotivação, esgotamento e proteger os atletas, para prolongar sua excessivo tempo de dedicação como mais participação significativos para proporcionar-lhes experiências positivas modalidades individuais problemas ex-atletas de saúde companheirismo nas coletivas. e e das lesões/ falta e, principalmente, para no esporte. de O profissional tem a necessidade modalidades de pesquisar novas técnicas e pedagogias Observou-se uma para implantar em suas aulas, e não ficar multiplicidade de motivos do abandono retido do esporte, denotando a importância de ultrapassadas. Educadores, treinadores, a conhecê-los todo o momento tem de estimular seus estratégias para para se evitar desenvolver que este à pedagogias arcaicas e atletas ou educandos, para que esse fenômeno ocorra sistematicamente no primeiro contato ou mesmo no esporte. Esse estudo tem real relevância aprimoramento da habilidade, seja de para a Educação Física, pois nos mostra uma maneira não tão agressiva, tão Revista Científica Faculdades do Saber tradicional, e que seja de uma maneira P á g i n a |45 Estágio cognitivo agradável. O estágio cognitivo é aquele em O Treinamento Mental na Aprendizagem que o executante, principiante, concentra Motora nos problemas de natureza cognitiva. É marcado por erros. Faltando consistência O TM tem sua implantação na aquisição de aprendizagem habilidades motora. ou entre uma tentativa e outra. Os na principiantes saibam que estão fazendo Aprendizagem algo de errado, eles não sabem o que é motora para Schmidt (1993) é um necessário fazer para melhorar. conjunto de processos associativos com prática ou experiência, que direcionam as Estágio associativo mudanças relativamente permanentes nas capacidades para uma execução O segundo estágio, o associativo, habilidosa, ou seja, processos que visam a também é denominado de refinamento. melhoria ou mudança de desempenho. Neste momento a pessoa aprende a Segundo (2000) associar certas informações fornecidas desempenho é um ato comportamental pelo ambiente, com o movimento que é de As necessário para se alcançar a meta da como habilidade. A quantidade de erros é executar habilidades operações Magill uma são habilidade. entendidas mentais, nas quais as menor, em relação ao estágio anterior e informações são processadas e, após um os erros menos grosseiros desde que se período de prática, são armazenadas para tenham serem utilizadas em situações posteriores básicos ou mecânicos da habilidade (MAGILL, 2000). embora precisem ser refinados. A pessoa adquirido os fundamentos Segundo os autores Fitts e Posner, concentra no desempenho bem sucedido citados por Schimidt (2001): apresentam da habilidade e procura se tornar a mais um modelo clássico de estágios de consistente possível de uma tentativa aprendizagem motora. São definidos para como: variabilidade do desempenho. As pessoas cognitivo, autônomo. associativo e o outra, diminuindo, assim, a adquirem, também, a capacidade de Revista Científica Faculdades do Saber P á g i n a |46 detectar e identificar alguns de seus aprendizagem o aluno está de frente a próprios erros de execução. novas experiências, assim o treinamento mental pode ajudar ao processo de Estágio autônomo evolução do aprendizado, assim como na correção de erros nas etapas finais da O último estágio é o autônomo, aprendizagem, que seriam as fases para se chegar a esse estágio, observasse associativas e autônomas. O TM ajuda na que e primeira etapa da aprendizagem porque experiências como a qualidade das é um instrumento que pode ajudar na instruções, a qualidade e quantidade de aprendizagem de habilidades, porque práticas e que podem levar anos. A auxilia na assimilação de elementos habilidade cognitivos simbólicos, ou elementos que a habitual. acumulação se das torna Enquanto práticas automática ou desempenham a são relevantes para a prática. habilidade, as pessoas não pensam O TM pode tanto auxiliar na conscientemente no que estão fazendo, aprendizagem, pois, já não precisam de instruções também prévias. emocionais. Frequentemente conseguem aperfeiçoamento no controle Segundo de Testa e níveis (2011): realizar outras tarefas são mesmo tempo experiências vividas pelos atletas durante e, a variabilidade no desempenho é muito competições e a busca pelo domínio da pequena, ou seja, as pessoas bem técnica capacitadas desempenham a habilidade treinamento mental uma etapa de grande com boa consistência entre as tentativas importância subsequentes, quando comparada ao dos treinamento de grandes atletas de alto estágios rendimento, como também de iniciantes. anteriores. Os praticantes e das emoções nos fazem programas do de experientes conseguem detectar os seus próprios erros e fazer os ajustes Conclusão necessários para corrigi-los. Segundo Magill (2000) a primeira Através dos estudos apresentados, etapa da aprendizagem motora envolve pode-se concluir que o TM pode ser um alto grau de atividade cognitiva. Por utilizado como importante ferramenta no isso a importância da implementação do treinamento treino mental. A primeira etapa da processo de contribuindo aprendizagem para o e o Revista Científica Faculdades do Saber P á g i n a |47 aperfeiçoamento de habilidades motoras. São Paulo. São Paulo, v.22, n.4, p.293- Na 300, 2008. maioria dos estudos foram encontradas melhorias significativas em BECKER, Benno. El efecto de grupos que faziam a pratica física junto tecnicas de imaginacion sobre patrones com electroencefalograficos, a prática mental (prática combinada), somente a pratica mental cardiaca não apresentou tantos benefícios quanto practicantes o grupo que foi implantado o treino puntuaciones altas e bajas en el tiro libre. mental e a prática física. Barcelona: Universidade de Barcelona, Conclui-se que o TM pode ser uma ferramenta importante para treinos y en el frecuencia de rendimento baloncesto de con 1996. BONUZZI, Giordano; PEROTTI; mediados por técnicos, treinadores e Alaércio. Efeitos do treinamento mental professores. Por diminuir o número de na eficiência tática e no padrão de repetições do treino e por reduzir a movimento de levantadores de voleibol. ansiedade e estressar menos nossos Revista Brasileira de Psicologia Aplicada alunos e atletas. Contudo, o TM é muito ao Esporte e à Motricidade Humana, v.2, pouco trabalhado e disseminado, e n.1, p. 109-118, 2010. também, temos a necessidade de uma maior pesquisa da Treinamento mental na aprendizagem do diversas elemento reversão simples por crianças modalidades e situações do jogo ou de iniciantes na ginástica artística de solo. atividades físicas. Monografia (Graduação em Educação implantação do do resultado TM nas CASTRO, Girlaine; COSTA, Flávia. Física). Revista Digital de Educação Física, Referências Ipatinga, v.2, n. 2, 2007. CEDRA, Cristiano; SERIO, Tereza. O BARA, Mauricio; GARCIA, Félix. Motivos do abandono do treinamento do lance livre no esporte basquetebol. Monografia (Graduação em competitivo: um estudo retrospectivo. Educação Física). Revista Brasileira de Monografia (Graduação em Educação Psicologia Física). 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