Untitled - Academia de Letras de Teófilo Otoni

Transcrição

Untitled - Academia de Letras de Teófilo Otoni
ACADEMIA DE LETRAS DE TEÓFILO OTONI
Com a palavra
Discursos Acadêmicos
Vol.I
2006-2013
Teófilo Otoni - 2014
ACADEMIA DE LETRAS DE TEÓFILO OTONI
Fundada em 20 de dezembro de 2002
DIRETORIA EXECUTIVA
Presidente: Amenaide Bandeira Rodrigues (Licenciada)
Vice-Presidente: Elisa Augusta de Andrade Farina (Presidente em exercício)
Secretário Geral: Wilson Colares da Costa
Tesoureiro Geral: Leuson Francisco da Cruz
Publicações Especiais: Pronunciamentos
Coleção Prof. Albert Schirmer
N.03/2014
Produção editorial
Prof. Wilson Colares da Costa
Digitação de textos
Eduardo Amorim Silva
Revisão
Smirna Cavalheiro
Capa
Matheus Serôa
Editoração eletrônica
Roberto Achtschin
Impressão e acabamento
Gráfica Exclusiva
Com a palavra:
Discursos acadêmicos
Sede: Rua Dr. João Antônio, 57, fundos
Centro - 39800-016
Teófilo Otoni - Minas Gerais
www.letrasto.com
[email protected] - [email protected]
Sumário
Prefácio......................................................................................................................8
Tributo a Teófilo Otoni..............................................................................................10
Academia de Letras de Teófilo Otoni........................................................................ 11
Discursos: proferidos nas sessões especiais e solenes
Discurso da Srª Elisa Augusta de Andrade Farina...................................................14
Discurso do Sr. Luiz Lyrio.........................................................................................15
Discurso da Srª Clevane Pessoa de Araújo Lopes..................................................17
Discurso da Srª Íris Soriano Nunes Míglio...............................................................19
Discurso do Sr. Altamir de Freitas Braga.................................................................20
Discurso do Sr. Arnaldo Gomes Pinto Junior...........................................................22
Discurso do Sr. Wilson Pires Neves.........................................................................24
Discurso da Srª Elisa Augusta de Andrade Farina...................................................26
Discurso do Sr. Olegário Alfredo da Silva................................................................27
Discurso da Srª Marlene Campos Vieira..................................................................32
Discurso do Sr. Wilson Ribeiro.................................................................................34
Discurso do Sr. Emerson Maciel Santos..................................................................36
Discurso da Srª Elisa Augusta de Andrade Farina...................................................38
Discurso da Srª Hilda Ottoni Porto Ramos...............................................................41
Discurso do Sr. Gilberto Ottoni Porto.......................................................................42
Discurso do Sr. José Carlos Pimenta.......................................................................43
Discurso da Srª Lizia Maria Porto Ramos................................................................48
Discurso da Srª Elisa Augusta de Andrade Farina...................................................50
Discurso do Sr. Humberto Luiz Salustiano Costa....................................................51
Discurso do Sr. Valdivino Pereira Ferreira................................................................54
Discurso da Srª Hilda Haueisen Freire.....................................................................57
Discurso da Srª Maria Norma Lopes de Macedo.....................................................58
Discurso da Srª Janeuce Maciel Cordeiro................................................................59
Discurso do Sr. José Salvador Pereira Araújo.........................................................62
Discurso da Srª Sandra Ramalho de Oliveira..........................................................64
Discurso do Sr. Leandro Bertold da Silva.................................................................66
Discurso do Sr. Humberto Luiz Salustiano Costa....................................................68
Discurso da Srª Hilda Ottoni Porto Ramos...............................................................71
Discurso do Sr. Gilberto Ottoni Porto.......................................................................72
Discurso da Srª Maria da Glória Oliveira Brandão Marques....................................73
Discurso da Srª Elisa Augusta de Andrade Farina...................................................75
Discurso do Sr. Marcos Miguel da Silva...................................................................77
Discurso do Sr. Leônidas Conceição Barroso..........................................................79
Discurso da Srª Elisa Augusta de Andrade Farina...................................................80
Discurso da Srª Hilda Ottoni Porto Ramos...............................................................81
Discurso do Sr. Antônio Jorge Lima Gomes.............................................................82
Discurso do Sr. Wilson Ribeiro.................................................................................85
Discurso do Sr. Elmo Notélio....................................................................................87
Discurso da Srª Vânia Rodrigues Calmon................................................................88
Discurso da Srª Maria Magali Barroso.....................................................................90
Discurso da Srª Ivonette Santiago de Almeida.........................................................91
Discurso do Sr. Cláudio Hermínio............................................................................95
Discurso da Srª Fátima Cristina Sampaio Luiz.........................................................96
Discurso do Sr. Humberto Luiz Salustiano Costa....................................................97
Discurso do Sr. Arnaldo Gomes Pinto Junior.........................................................101
Discurso do Sr. Leônidas Conceição Barroso........................................................103
Discurso da Srª Else Dorotéia Lopes.....................................................................105
Mensagens: lidas nas sessões solenes e especiais
Mensagem da acadêmica Isaura Caminhas Fasciani............................................108
Mensagem da acadêmica Terezinha de Melo Urbano de Carvalho.......................108
Mensagem da acadêmica Elisa Augusta de Andrade Farina.................................109
Mensagem do acadêmico Wilson Colares da Costa..............................................109
Mensagem da acadêmica Elisa Augusta de Andrade Farina................................. 111
Mensagem encaminhada pelo Sr. Walter Teófilo Rocha Garrocho........................ 111
Mensagem encaminhada pela Srª Ieda Cunha Cavalheiro.................................... 112
Mensagem encaminhada pela Srª Ilda Maria Costa Brasil.................................... 113
Mensagem lida pela Srª Lígia Marta do Reis......................................................... 113
Mensagem lida pelo Sr. Theomar Sampaio Paraguassu....................................... 114
Mensagem lida pelo Sr. Gilson de Castro Pires..................................................... 115
Academia de Letras: Histórico e Quadro Social..................................................... 117
“Com a palavra criaram-se e destruíram-se mundos, selaram-se
destinos, elaboraram-se ideologias, proferiram-se maldições e
blasfêmias, expressaram-se ódios, mas também com ela – e só
com ela –, em tantos e tão desvairados povos, falou-se de amor,
consolaram-se aflições e elevaram-se preces ao seu Deus. Ela
tem sido, através do tempo, a mensageira do bem e do mal, da
alegria e da dor...”
Celso Ferreira da Cunha: 1917-1989
Patrono da Cultura no Município de Teófilo Otoni, conforme Lei 5.522, de 27 de dezembro de
2005 e Patrono Oficial da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
Prefácio
Agradeço à Academia de Letras de Teófilo Otoni, na pessoa do acadêmico
honorário e jornalista Humberto Luiz Salustiano Costa, a honrosa deferência a mim
concedida para prefaciar este livro. Humberto Luiz, amigo, sempre procurando me
elevar e fazer-me presente em espaços de grandeza, mesmo sabendo da simplicidade de meus textos. Ele, que faz parte desta obra, deixa vislumbrar em sua escritura
traços do nobre caráter: gratidão pelos apreços recebidos, homenagem a pessoas
merecedoras e lembranças da terra que o viu nascer. Pode-se antever, também, o
menino que ainda existe nele, estudioso, sempre pronto a discursar e, por esse dom,
foi escolhido como orador de sua turma de escola. O tempo passou e, por um lance do
destino, veio morar em Caratinga para engrandecer a cidade com o trabalho, com a
construção da família à luz das palmeiras, com realizações no jornalismo e nas diversas instituições das quais faz parte, incluindo a Academia Caratinguense de Letras. E
mais: conquistou amigos que bendizem a importância dos acasos.
Parabenizo os participantes. O brilhantismo com que se expressaram fez do
conteúdo da obra um profundo celeiro de ideias, ensinamentos e beleza. Com isso, a
Academia de Letras de Teófilo Otoni cumpre seus objetivos, quais sejam os de divulgar a literatura, zelar pelo idioma, fomentar a cultura e imortalizar trabalhos escritos
pelos afiliados. Louvável iniciativa de compilar discursos proferidos pelos acadêmicos
em momentos especiais. É justamente em instantes significativos que a pena desliza
a mando do coração porque carregada de sentimento. Ao ler atentamente cada texto
e cada mensagem, pude verificar, no aspecto literário, o estilo por meio do qual cada
um se consagrou único, a forma direta de transmitir as ideias e as peculiaridades de
todos na força da imaginação. A intertextualidade, bem marcada nos textos, fez-me
voltar a outras leituras, enquanto as citações de grandes escritores serviram de enriquecimento ao argumento e amparo à criatividade. Em arroubos de emoção, uns
poetaram, outros capturaram adjetivos, outros ainda buscaram o superlativo das hipérboles, tão usadas em ocasiões em que o encantamento se extrapola no espaço de
dentro. Mas todos em prosa poética deixaram marcas das sutilezas da alma.
Li em uma só empreitada. Deixei-me levar pela mesma emoção que percebi
inundar cada frase dos discursos, imaginando o ritmo acelerado de cada peito ao
demonstrar reconhecimento, louvor, saudação. Ler é isso. É refletir-se no espelho
das páginas. Eu e os autores nos juntamos em uma conversa subjetiva e construímos
uma terceira obra que jamais será editada. São milagres que a leitura nos oferece:
inspiração e um mergulho na essência de nós mesmos.
A literatura é a arte da palavra. Palavra-construtora do universo – é um dom
dado por Deus somente ao ser humano para se expressar e se comunicar. A palavra é
um endereçamento. É nosso laço com o outro. Tão importante, ela pode construir ou
destruir. Como vimos no texto do escritor Elias José, “a palavra é cheia de mistérios,
azedume e doçura, liberdade e prisão, verdade e mentira, alegria e tristeza, voo livre
e perigo. A palavra vive na pena dos poetas, nas conversas dos namorados, nas mesquinhas disputas, nas lutas pela verdade, nas mentiras infames, nas combinações
com o diabo e nos monólogos com Deus.” Depende da intenção de quem a usa para
fazê-la bela, útil e causa de alegrias. O grande escritor Bartolomeu de Queiroz cravou:
“Sou frágil o suficiente para uma palavra me machucar, como sou forte o bastante
para uma palavra me ressuscitar.”
A Academia de Letras de Teófilo Otoni, sendo ninho da palavra boa, fez a
união de muitas palavras boas e transformou-as neste livro, em cujas páginas os
escritores registram tão bem o contentamento de participar como um troféu de recompensa e conquista.
Não posso deixar de enaltecer a Academia de Letras de Teófilo Otoni pelos
anos de funcionamento. Os ecos que nos chegam dão conta de uma instituição
promotora de trabalhos valorosos em prol da literatura e cultura regionais. Ativos
e conscientes de seu importante papel, os acadêmicos têm sido arautos do bem
através da palavra. Que, a exemplo das pedras preciosas que borbulham na riqueza
deste solo, possam garimpar preciosidades literárias rumo ao condão imorredouro
da sabedoria. Parabéns!
Marilene Godinho
Membro da Academia Feminina Mineira de Letras e da Academia Caratinguense de Letras.
Autora de 33 livros dedicados ao público infanto-juvenil.
Tributo a Teófilo Otoni
Marrippe Faul Abeilice
A cada despertar de novo dia
Somos todos forçados a pensar
Essa terra é muito abençoada
E nela queremos sempre estar
Nesta terra onde tudo brota
Sementes, gigantes, esperanças
Brotam até pedras reluzentes
Que inspiram sonhos às nossas crianças
Terra rica em homens nobres
De pecuária e agricultura que enfeitiçam
Escolas formando nossos jovens
Para uma vida no trabalho e na justiça
Suas portas foram sempre abertas
A todas as colônias estrangeiras
E o seu comércio nos ligam ao mundo
Teófilo Otoni é uma terra hospitaleira
Pedras preciosas são troféus
De um povo de grande paixão
São como estrelas lá do céu
Espalhadas pelo nosso chão.
Professor, fisioterapeuta, parapsicólogo e artista plástico, tendo sido o responsável pela arte
do brasão do município de Teófilo Otoni, encomendado na década de 60 pelo então vereador
Humberto Luiz Salustiano Costa, autor da Lei 1.067, de 02 de maio de 1966, que institui o
Brasão e o Pavilhão/Bandeira oficial do município de Teófilo Otoni.
10
Academia de Letras de Teófilo Otoni
Hilda Ottoni Porto Ramos
A luta não foi em vão
Cada passo seguirá nosso desejo,
Vamos, avante! Superando dificuldades,
Faremos desaparecer o temor.
Enquanto a bandeira do ideal viver!
Muita força terá nosso querer
Indiferentes aos obstáculos
A luta não foi nem será em vão!
De Deus o auxílio merecemos
E sempre o melhor queiramos.
Longe deixemos o desamor
É e será sempre desejo nosso
Tenhamos fé e confiança na certeza
Reteremos nas mãos desfraldadas
A beleza da bandeira conquistada
Sim! Viver e lutar!
De Deus o auxílio mereceremos
Enquanto o melhor fizermos.
Tenhamos coragem, determinação
E na alegria esperemos vencer
Seguindo o clarão do sublime – Querer a luz!
Façamos a cultura brilhar
Irradiando a beleza da vitória!
Lutemos: o caminho é este à glória conduz
O que unidos vamos conseguindo!
O ideal não pode nem deve morrer
Tenhamos fé no porvir
Tudo que fizermos ficará
O amanhã dirá a verdade
Nossa vontade presente estará
Idealistas, seremos vencedores!
Poema da primeira versão da letra para o Hino Oficial da Academia de
Letras de Teófilo Otoni, elaborado em 13 de novembro de 2002.
11
Discursos
Proferidos nas sessões especiais e solenes
13
Discurso da Srª Elisa Augusta de Andrade Farina, proferido em 25 de setembro
de 2009, na sessão especial de recepção e posse de membros correspondentes
e abertura da Noite do Café-com-Letras.
Hoje estamos em festa, estamos realizando mais uma Noite do Café-com-Letras
com o lançamento da nossa revista, que é o marco de nossa efetiva concretização literária.
Mas o que nos move a intensificar este prazer é ter a oportunidade de agradecer a uma pessoa muito especial, que desde o início de nossa jornada nos surpreende
com ideias arrojadas e inovadoras.
O pequeno e grande homem, Prof. Wilson Colares da Costa, que, como águia,
alça voos enormes e certeiros em busca do crescimento e intensificação de ações.
Valeu, Wilson, entre os gregos, Sócrates gostava de comparar a atividade do pensamento com o movimento dos ventos: ao mesmo tempo invisível mas capaz de mostrar-se a nós que o sentimos a cada vez que ele se aproxima.
Por conta desse voo em busca de realizações, estamos agregando mais acadêmicos que hoje tomarão posse. São os membros correspondentes, a quem quero
saudar e externar nosso apreço, dizer-lhes da nossa satisfação de tê-los como aliados
nessa luta prazerosa das letras.
Só a título de entendimento, quero explicar que eles não têm uma cadeira na
Academia com número e patrono. Trata-se de uma homenagem honorífica a personalidades que residem fora do município de Teófilo Otoni e que se dedicam à atividade
literária, cultural ou científica.
Entre os convidados que serão homenageados e que já confirmaram presença,
quero ressaltar: Altamir Freitas Braga, do Rio de Janeiro/RJ; Clevane Pessoa de Araújo, de
Belo Horizonte/MG; Gessimar Gomes de Oliveira, de Montes Claros/MG; João Marques de
Oliveira Neto, de Pirapora do Bom Jesus/SP; João Santos Gomes, de Medeiros Neto/BA;
José Moutinho dos Santos, de Belo Horizonte/MG; Francisco Soriano, do Rio de Janeiro/RJ;
Luiz Paulo Lírio de Araújo, de Aracaju/SE; Helena Colen, de Ladainha/MG; Walter Teófilo
Rocha Garrocho, de Barbacena/MG.
Sintam-se à vontade em nosso meio e sejam como os ventos que se movimentam e se agitam sem desejar a estabilidade, pois a atividade do pensamento se propaga no cotidiano, o conjunto ativo de sua cultura. A imaginação confere ao homem
vigor, paixão, e capacidade de transformação.
Não poderia deixar de destacar os membros beneméritos, ressaltando a importância do apoio que no decorrer de nossa caminhada nos dispensam. O nosso obrigado a Detsi Gazzineli Júnior; Gilberto Ottoni Porto e Theomar Sampaio Paraguassu,
contamos com a sua aprovação ilimitada.
14
Discurso do Sr. Luiz Lyrio, proferido em 25 de setembro de 2009, na sessão
especial de posse como membro correspondente.
Eu tive um sonho. E que ninguém se espante com isso, caros confrades e confreiras, autoridades presentes e ilustres convidados. Gente comum também pode ter
sonhos. Eles não são propriedade exclusiva de grandes personalidades da história.
Assim, também eu tenho meus sonhos. E sempre que acordo de manhã e me lembro
deles, reflito sobre seus conteúdos, já que, por mais absurdo que possam parecer à
primeira vista, nossos sonhos sempre contêm alguma mensagem importante.
Mas voltando ao sonho de algumas noites atrás, nele eu vivia em um país onde
o livro, mais que a bola, era um objeto de veneração, ao qual todos prestavam respeito e reverência. Desde cedo, mal a criança aprendia a falar, seus pais lhes davam
livros que pudessem folhear. E esses livros não continham apenas gravuras. Todo
pai queria que seu filho se interessasse também pelas letras. É bom que se diga que,
nesse país, não se estipulava uma idade mínima para as crianças aprenderem a ler.
Só não se admitia que o ritmo de cada ser humano em formação fosse desrespeitado.
Cada pequeno deveria aprender a ler quando chegasse o momento certo. E cada pai
e cada mãe sabia qual era esse momento. É certo que, nesse país, os pais, de vez
em quando erravam. Na ansiedade de tornar seu filho um craque da leitura, muito pai
colocava o carro na frente dos bois e, por isso, era advertido pelas autoridades que
trabalhavam para o Ministério dos Livros.
Nessa terra maravilhosa eram construídos, em cada cidade, prédios em formato circular, denominados “estádios”, que eram imensas bibliotecas. Cada cidade
tinha um maravilhoso estádio-biblioteca, que era o orgulho de seus cidadãos. Nos
bairros, prédios menores, chamados ginásios, abrigavam bibliotecas e livrarias. E por
falar em livrarias, não é preciso dizer que essas lojas eram mais frequentadas que os
shopping centers. Aliás, para não falirem, os shoppings faziam grandes promoções
em que eram sorteadas valiosas obras literárias. E como isso não bastasse, para
evitar que ficassem às moscas, todos tinham mais livrarias que lojas de roupas e de
eletrodomésticos. No Natal, os presentes preferidos das crianças eram livros, mas os
pais, orientados por educadores renomados, costumavam contrariar os pequeninos,
dando-lhes brinquedos, bicicletas e balas para estimulá-los à prática de exercícios.
Como tudo que é demais faz mal, também os professores, nas escolas, tentavam estimular o interesse das crianças pelos esportes. Os pequenos, a princípio, resistiam.
Não entendiam que graça havia em um monte deles correndo atrás de uma bola ou
pedalando em uma bicicleta para chegar a lugar nenhum. Mas, depois, sentindo os
efeitos benéficos da prática esportiva, eles acabavam gostando de praticar esportes,
apesar de terem certa resistência a um esporte chamado futebol.
Não é preciso dizer que no país do meu sonho, que foi aperfeiçoado em um
longo devaneio em que eu estava com os olhos bem abertos, não havia mais guerras,
nem fome, nem miséria. A desigualdade entre os homens se dava na exata medida
daquilo com que cada um era aquinhoado pela natureza ou conquistava com seu próprio esforço. E o telefone tocava. Eu disse que o telefone tocava? Sim, meus caros,
ele tocou e interrompeu meu devaneio. Atendi. Era engano. Um cobrador procurava
um sujeito chamado Roberto Dinamite dos Santos Silva.
Após responder, irritado, alguma coisa ao cobrador enganado, tentei retomar
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meu devaneio, mas em vão. Caí de novo na realidade do meu país pentacampeão
mundial de futebol, onde cada criancinha é presenteada pelo pai com uma bola, antes
mesmo de aprender a andar, e onde muitos milhões de pessoas torcem o nariz para
o livro e dizem sem nenhum pudor que “não gostam de ler”.
Sentia-me deprimido com a volta ao mundo real quando me lembrei da carta
que recebera na véspera. Era um convite para me tornar membro correspondente da
Academia de Letras de Teófilo Otoni (ALTO). Fui então ao computador, entrei em vários sites de literatura e melhorei meu ânimo. Ainda havia esperança, ainda existia em
meu país muita gente que lutava e esperneava com todas as suas forças para mudar
a nossa triste realidade. Lembrei-me, enquanto me rejubilava por ter sido lembrado
por uma instituição tão séria quanto a ALTO, de que há muita gente se empenhando
para tornar o Brasil um país, se não tão amante dos livros quanto o país do meu sonho, pelo menos um que tenha mais consideração pela literatura.
Como bem disse o escritor Luiz de Aquino, em e-mail que me enviou, “as academias – especialmente as de âmbito municipal – têm papel importante no feitio literário e no congraçamento das artes e dos autores”. Eu, humildemente, complementaria
o ilustre escritor, dizendo que, ao cumprir este papel, as academias de letras também
contribuem para manter vivo o amor pela literatura e pelos livros. Quem sabe, um dia,
esse amor contagie as novas gerações e torne próximo de todos nós o meu sonho,
que sei ser também o de todos aqui presentes?
À Academia de Letras de Teófilo Otoni meu agradecimento pela honra de me
fazer seu membro correspondente. Tal honraria, mais do que encher de orgulho, contribui para incentivar-me a continuar firme na luta por um Brasil no qual a literatura
ocupe, no coração e na mente das pessoas, o lugar que merece.
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Discurso da Srª Clevane Pessoa de Araújo Lopes, proferido em 25 de setembro
de 2009, na sessão especial de posse como membro correspondente.
Com prazer estou hoje entre vós para a posse na Academia de Letras de
Teófilo Otoni (ALTO), na qualidade de membro correspondente. Uma das características das pessoas que mais fortalece é o espírito gregário, a afiliação uma das
respostas prazerosas do comportamento humano.
Ao receber o convite para ser acadêmica correspondente desta Casa, senti-me
honrada e feliz. Sou uma pessoa que gosta de pessoas, do coletivo, da divulgação,
que permite aos escritores e poetas serem melhor conhecidos. E é o que faço em
meus blogs, continuamente. Quero, então, desde agora, colocar esses espaços à
disposição dos autores desta Academia. Agradeço-vos penhoradamente por haverem
corrido o risco de chamar à filiação alguém a quem somente conhecem de referência
ou pela internet.
Desde pequena sou apaixonada por leitura, neta de poeta/jornalista e de um
maestro, tive por avós e mãe, contadoras de história – o que me encantava e, sem
dúvida, contribuiu de maneira decisiva para que eu me tornasse uma escritora. Venho
de lançar na Bienal do Rio dois polos de minha literatura: um livro de poesia erótica,
chamado Erotíssima, e um de literatura fantástica, infanto-juvenil, O Sono das Fadas.
Isso mostra a alma do poeta, que não tem idade e sim identidade. E, ademais, o
segundo é para crianças até cem anos. Além do mais, já completei seis décadas de
existir, mais dois. Na qualidade de Embaixadora Universal da Paz do Cercle de les
Ambassadeurs Universais de La Paix, cuja sede é em Genebra, na Suíça, venho, com
alguns pares, lutando pela paz no mundo e vou ter muito prazer em indicar pessoas
de bem que me apontarem aqui, à presidente, atualmente francesa, que mora em
Orange, desta Casa de Letras. Presente aqui o Professor Luiz Lyrio, também um dos
Embaixadores da Paz. Aos poucos, quero conhecer a obra de cada um dos confrades
e confreiras, porque uma Academia é isso: colmeia, teia, agregação de pensadores,
pensamentos e modificadores de opinião.
Também aqui representarei outras afiliações, por exemplo, o Movimento Cultural aBrace, cuja diretora no Brasil é filha de Teófilo Otoni: falo de Nina Reis, poeta
premiada cujo nome de batismo é Rosângela Alves Domingos, que dirige coedições
internacionais, a revista aBrace e outros projetos internacionais com Roberto Bianchi,
o diretor uruguaio. O Instituto Brasileiro de Culturas Internacionais (InBrasCi), do qual
sou diretora regional em Belo Horizonte. O Instituto Imersão Latina (IMEL), do qual
sou vice-presidente, presidido pela jornalista Brenda Marques Pena; o Museu Nacional da Poesia (MUNAP), do qual sou pesquisadora; e as Academias de Letras do
Brasil (patrona Laís Corrêa de Araújo) e Academia Feminina Municipalista de Letras
cadeira Cecília Meireles, para a qual fui votada em 2008 e tomarei posse no dia 4 de
novembro. Não citarei demais, tão caras quanto as primeiras à minha vida, para não
cansá-los. Acredito na força do homem, enquanto parte ativa e solidária de um todo.
Sei que todos aqueles que olham para a frente e para o Alto, podem alcançar estrelas,
águias e nuvens. A sigla desta Academia tem a sorte de formar esse belo nome. Escritores e poetas nascem para as coisas do Alto, têm uma ligação infinita e energética
com o Cosmo, com o terreno do imaginário, de onde brotam, conjugadas ao real, as
mais belas histórias e poemas, pois o ato de criar acontece quando o conteúdo do self
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é rico e o conhecimento pode entretecer enredos e poemas.
O poder da palavra é tão forte que, a partir dela, com peso matemático e preciso, o mundo foi criado. Nós, que escrevemos, devemos ter cuidado com o que colocamos ao alcance dos leitores. Uma palavra pode destruir ou construir, modificar
o status quo ou cristalizar uma situação, educar ou deseducar, conquistar um país
ou uma pessoa e até afastar outras do nosso convívio. Então, o acadêmico tem uma
grande responsabilidade na sua força de expressão e deve ser um agente da paz,
progresso, harmonia, beleza, cultura, educação, assim como deve denunciar, modificar, militar por uma sociedade mais cordifraternal, ao ter a consciência plena de
que é fazedor de opinião, modificando ou mantendo estados de ser, fazer ou estar.
Louvo e mais uma vez agradeço a esta Academia pela bela atitude de convidar
pessoas de Estados diferentes para serem seus correspondentes. Somar é benéfico,
quando todos se unem, dão-se as mãos e erguem vozes em uníssono. As dificuldades
e obstáculos são contornados ou derrubados, e todos se fortalecem pelo bem comum.
É disso que nosso país precisa, é o que as almas festejam, o que os conscientes
desejam. Os que escrevem têm a missão do encontro e da revelação, da solidariedade e da criação. Devemos lutar para que sejamos profissionais da palavra viva,
respeitados e profissionalizados, para que a ecologia alcance cada vez mais parâmetros de conscientização, para que as crianças tenham um futuro melhor, nosso país
seja respeitado e encontre espaço para uma expansão efetiva, onde cada um de nós
possa ser agente desse crescimento real. Para tal, é necessário que a profissão de
poeta e escritor seja reconhecida legalmente, para que escrever não pareça apenas
o que realmente é, um prazer. É muito mais: missão de fé, disponibilidade, prova de
conhecimento, talento e magia.
Obrigada.
18
Discurso da Srª Íris Soriano Nunes Míglio, proferido em 25 de setembro
de 2009, na sessão especial como representante de homenageados pela
Academia de Letras.
Entenderam o Dr. Gilberto Ottoni Porto e Francisco Soriano distinguir-me
com a nomeação para representá-los nesta solenidade, em que, por motivos imperiosos, não puderam se fazer presentes para receberem os diplomas honrosos
desta Academia de Letras.
Na oportunidade, tenho, também, a satisfação de receber da Câmara Municipal de Teófilo Otoni uma Moção de Honra, dirigida ao Instituto Histórico e Geográfico
do Mucuri, pelos seus trabalhos, sobretudo, em seu 3º Simpósio comemorativo do
aniversário da Estrada Santa Clara-Filadélfia, a primeira rodovia do Brasil.
Recebo e agradeço, em nome de todos os companheiros do Instituto Histórico
e Geográfico do Mucuri que trabalharam para propiciar, sobretudo à nossa juventude,
palestras voltadas para a realidade e problemas da região, pois o estudo do pretérito
deve ser feito sem esquecer a história que construímos.
A história deve ser a “Mestra da Vida”, a mestra da humanidade, do homem
que quer evoluir, como já dizia Cícero na antiga Roma. E como mestra ela tem uma
função pedagógica, de ensinar a construir o presente.
Tanto os membros da Academia de Letras de Teófilo Otoni como os do Instituto
Histórico e Geográfico do Mucuri têm a noção clara de que nosso desenvolvimento,
para ser sustentável, carece de um lastro cultural, sem o qual a coesão social e a
afirmação dos valores essenciais da pessoa humana ficarão em risco. As ações de
ambas as entidades, voltadas para a cultura da nossa comunidade estão contribuindo
para o despertar e o resgate de nossos valores culturais.
Os dois homenageados desta noite, Gilberto Ottoni Porto e Francisco Soriano
Nunes, reconhecendo o gesto da Academia de Letras em prol do bem público, com
seus concursos literários e projetos de solidariedade humana para entidades carentes, tornam esta distinção para ambos uma emoção feliz, que ficará sempre entre as
melhores de suas vidas.
19
Discurso do Sr. Altamir de Freitas Braga, proferido em 25 de setembro de 2009,
na sessão especial de posse como membro correspondente.
Na realidade, se o início de tudo é o mais difícil, eu falaria da dúvida do
início, “dúvida constante”, de que cuidou o poeta baiano, a “quanta indecisão”, de
que tratou o vate mineiro. Vacilo, procuro, entre os nomes, um nome ou nomes
encontro: TEÓFILO OTONI e a nossa ACADEMIA DE LETRAS – ALTO.
Nasci em Peçanha, nesta mesma região do nordeste mineiro. Não tão longe
daqui, mas também não tão perto em face do vastíssimo território de nosso Estado.
Coincidentemente, Peçanha foi elevada à categoria de cidade no mesmo ano de
Teófilo Otoni, em 1881.
Não venho por méritos maiores. Não busco lauréis. Espero, como membro
correspondente desta magna Academia, atualizar meus conhecimentos, beber na
fonte de novos valores literários, abrir minha alma e meu coração para novos e importantes amigos, vivenciar de perto este chão milagroso da “CAPITAL MUNDIAL DAS
PEDRAS PRECIOSAS”. E faço tardiamente quase no ocaso da minha existência.
Contudo, o que o homem não pode realizar nesta vida quem sabe Deus o permitirá
fazê-lo na eternidade...
A minha indicação para participar desta Academia, a qual prometo honrar
e divulgar aos cantos de todos os cantos, se deve a uma aceitação ao reconhecimento de iniciantes na arte literária. Portanto, uma oportunidade para que eu possa,
humildemente, participar daquilo que me é oferecido, fazendo-o com emoção, agradecimento e honra.
Peço-vos vênia para esclarecer um fato importante. Uma coincidência talvez
da minha presença aqui... Uma memória de então. Explico: ali, na Avenida Getúlio
Vargas, antiga Rua Direita, na ainda Filadélfia, meu avó paterno arranchou por várias
vezes. Assim como Teófilo Benedito Otoni e seus companheiros, que enfrentaram as
matas e os índios do Mucuri – meu avô e outros bravos peçanhenses – pelos idos
tempos do século passado, partiam de Peçanha com rumo certo: o porto de Ilhéus na
Bahia. Meu pai também deu seguimento a este trabalho e sempre tinha como ponto
de rancho as margens do Rio Mucuri.
Na Bahia, recebia um bom rebanho de gado da raça GIR, vinda da Índia, e
o trazia de volta. Era uma viagem para meses onde enfrentava grandes obstáculos. Mas alguém havia de contribuir para o desenvolvimento da nossa pecuária. Ouvi
quando criança esta palavra mágica: FILADÉLFIA. Um nome de sonoridade e poesia.
E meu pai sempre falava sobre o convívio de alemães, suíços, brasileiros e índios.
Uma comunidade já naquela época miscigenada, definindo as bases da nossa etnia
de que nos fala Darci Ribeiro.
Bom, mas a história não pode deixar de ressaltar e homenagear os seus heróis. Naquele momento da abertura da “Rua Direita” levada a cabo pelo engenheiro
Sholobach, o nome Filadélfia caiu muito bem. Era a chama democrática que brotava
do peito de um grande idealista conforme história registra:
“E Teófilo B. Otoni, de fisionomia aberta, designando aos companheiros as
margens férteis do rio, com uma exclamação que deveria perpetuar-se no tempo, diz:
Aqui farei a minha Filadélfia! (nome que ocorreu a Teófilo Benedito Otoni em virtude da
grande e rápida prosperidade alcançada pela cidade norte-americana que leva ainda
20
hoje o mesmo nome). No aniversário da Independência, a 7 de setembro de 1853,
Teófilo Otoni faz a inauguração de Filadélfia como centro das colônias do Mucuri.”
Com o devido respeito ao historiador, permitam-me os presentes fazer uma
interpretação da escolha do nome. Penso que, Teófilo Otoni batizou o local com o
nome de Filadélfia tendo em vista o grande acontecimento: A Convenção de Filadélfia (também conhecida como a Convenção Constitucional, a Convenção Federal
e a Grande Convenção de Filadélfia) foi uma reunião entre os dias 25 de maio e 17
de setembro de 1787, para resolver os problemas dos Estados Unidos da América,
após a independência do Reino Unido da Grã-Bretanha. Ainda que a ideia fosse
somente rever os Artigos da Confederação, a intenção de muito proponentes da
Convenção, principalmente James Madison e Alexander Hamilton, era a de criar
um novo governo em lugar de “arranjar” o que já existia. Os delegados elegeram
George Washington para que presidisse a convenção. O resultado da Convenção
foi a Constituição dos Estados Unidos da América, um dos eventos centrais na história dos Estados Unidos que refletiu em outros países. Este acontecimento semeou
pelas Américas o ideal democrático, haja vista que dela participaram as minorias:
negros e até índios.
Registre-se, por último, que o grande ideal de Teófilo Otoni e que talvez tenha
falecido um pouco frustrado era levar Minas para o mar. Tentou. Os obstáculos naquela época o impediram. Não foi por falta de um hercúleo esforço.
Daí a sua história resignada e forte expressão: “O MAR CHORA E GEME POR
ESTAR LONGE DE MINAS”.
Como Figueira do Rio Doce, hoje Governador Valadares. O povo de
Filadélfia fez justiça ao seu fundador: TEÓFILO BENEDITO OTONI. O povo
de Figueira do Rio Doce agradeceu o seu emancipador: BENEDITO VALADARES, que, aliás, foi emancipada do município de Peçanha. Esta segunda
colocação é apenas um dado qualquer...
21
Discurso do Sr. Arnaldo Gomes Pinto Junior, proferido em 15 de outubro de
2010, na sessão especial de posse como membro benemérito.
Tem razão Roberto Carlos, realmente são tantas emoções... É uma emoção
que não consigo mensurar quando recebo, aqui nesta sessão solene, o importante
título de MEMBRO BENEMÉRITO da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
A princípio, considerei que se tratava apenas de uma gentileza que a amizade e o carinho que os professores Amenaide e Wilson, com os quais tenho maior
afinidade nesta Casa, pretendiam me oferecer, pelo valor que eu sempre distingui
à nossa Academia. Mas, pesquisando seus anais, pude notar que os acadêmicos
procuram realmente filtrar as honrarias que concedem às pessoas da comunidade.
Assim é que, fundada em 20 de dezembro de 2002, ou seja, chegando agora ao
seu oitavo ano de vida, foram apenas três as pessoas referenciadas com o diploma
de MEMBRO BENEMÉRITO: a professora e atual prefeita municipal, Maria José
Haueisen Freire, o engenheiro e historiador, Gilberto Ottoni Porto, e o empresário e
produtor rural, Theomar Sampaio Paraguassu. São pessoas respeitadas pela honradez com que norteiam suas vidas e também possuidoras de sublime cultura, cuja
presença no quadro da Academia só dignifica a Instituição.
E eu me vejo agora, com muita honra, o quarto MEMBRO BENEMÉRITO da
Academia de Letras de Teófilo Otoni. Não podem os presentes medir a felicidade que
me envolve a alma. Sinto que a vida me é muito gratificante. Aos 69 anos de idade,
a elite da cultura da minha terra me presenteia com uma honraria das mais significativas. Repasso em minha memória as atividades que exerci durante o meu tempo
de vida útil, quando fui bancário, professor e jornalista, colaborando com a imprensa
escrita e falada da cidade. Em todas elas empenhei-me para demonstrar que sempre
almejei dar o melhor de mim, mostrando uma folha de serviços que pudesse merecer
elogios daqueles a quem eu tinha oportunidade de servir.
Não obstante ter abraçado a carreira bancária com desusado carinho, não
posso negar minha paixão pelo período que trabalhava com a juventude enquanto
professor de Matemática no ensino médio do Colégio Estadual Alfredo Sá. Que alegria me proporcionava a notícia de que algum dos meus alunos conseguira aprovação no vestibular de uma escola federal, ou, mais tarde, quando recebia o convite
para a graduação do curso superior. Até hoje, fico cheio de orgulho quando encontro
com algum dos meus alunos atuando como professor graduado em escolas de nível
médio ou superior, ou em profissões distintas como engenheiros, médicos, dentistas, administradores, etc.
Ao receber o título de MEMBRO BENEMÉRITO, passo a pertencer com muita
honra, à excelsa Academia de Letras de Teófilo Otoni, uma instituição que, desde
a sua fundação, tem propugnado pela história do município de Teófilo Otoni, principalmente pelo reconhecimento que proporcionou a três ícones da educação e da
cultura da cidade que foram Pedro de Paula Ottoni, cadeira número 1 da Academia;
Ruy Campos, cadeira número 2; e Ione Lewicki da Cunha Melo, a cadeira número
25. Todos os outros 27 patronos, obviamente, também perpetuaram suas vidas em
benefício da cultura da cidade, mas citei apenas o nome daqueles três em função
do tempo, mas também porque foram pessoas com as quais convivi de forma mais
próxima. Um adendo deve ser feito: se receber o título de MEMBRO BENEMÉRITO já
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me envaidece bastante, mais envaidecido fico quando noto que a homenagem a mim
prestada pela Academia ocorre na mesma noite em que são homenageadas pessoas
de invejável envergadura como o querido amigo e humanitário médico ortopedista
Wilson Pires Neves, o professor Celso Ferreira da Cunha, que pertenceu à Academia
Brasileira de Letras, e a professora Isaura Caminha Fasciani, patronesse do Núcleo
de Documentação de Literatura da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
A minha gratidão eterna aos acadêmicos teófilo-otonenses por tão importante
honraria. Quero, porém, aproveitar a oportunidade para destacar que se a caminhada
chega até aqui para receber tamanha distinção, não posso deixar de enaltecer o amor
que os meus familiares sempre me proporcionaram: minha esposa Geralda, amor
sem comparação, ela que consegue suportar as minhas impaciências; meus filhos
Luciano, Paulo Sérgio e Miriam, que por razões profissionais não podem estar presentes, mas tenho certeza de que estão, em Belo Horizonte, tão emocionados quanto
eu estou aqui agora; e os meus sete netos, Larissa, Liliane, Juninho, Paulo Vítor,
Letícia, Marina e Mateus, grandes amores de minha vida. E não posso me esquecer
de meu pai, Arnaldo, e da minha mãe, Lourdes, especialmente da minha segunda
mãe, dona Alayde, que nos deixou em março último e, com certeza, estaria cheia de
emoção se aqui estivesse nesta noite sublime. Dona Alayde está aqui representada
pelos filhos Antônio Carlos, Alfredo e Maria do Rosário, aos quais rendo o meu apreço,
o meu carinho pela boa amizade que abrange nossa convivência. Quero expressar a
minha afeição pelos amigos que estão me prestigiando, fazendo-o nominalmente na
pessoa da minha cunhada, Vera, e de meu concunhado, Joel, do meu amigo e irmão,
Humberto Luiz, que se abalaram de Belo Horizonte e Caratinga para participar desta
solenidade tão significativa.
Meus amigos, a alegria quem nos dá é Deus e a tristeza é a gente que faz.
Minha praia não é a da tristeza, Deus é muito bom para comigo: deu-me a alegria de,
agora, fazer parte da Academia de Letras de Teófilo Otoni como seu membro benemérito. É como eu digo nos meus comentários de futebol: “Beleza pura, minha gente”.
23
Discurso do Sr. Wilson Pires Neves, proferido em 15 de outubro de 2010, na
sessão especial de posse como membro honorário.
Em primeiro lugar, permitam-me que eu tenha a honra e o prazer de exprimir,
em palavras singelas, os meus agradecimentos a todos os senhores que tiveram a
generosidade de favorecer com o seu voto expressivo a realização do meu ideal: o de
ingressar nesta conceituada Academia de Letras com o título de membro honorário.
Desejo ainda confessar que me sinto orgulhoso de haver podido conquistar
uma posição dentro da nossa comunidade capaz de justificar a outorga desta invejável comenda. Se é justa a sensação de orgulho ao receber essa comenda, ela se
tornaria vã e desprezível se não despertar em mim a humildade do reconhecimento
de minhas limitações e a insatisfação constante na busca do melhor, embora sem
atingir a perfeição.
Senhora Presidente, senhoras e senhores acadêmicos, no exercício da profissão pude realizar todas as minhas limitadas aspirações, mas é inegável a influência
exercida no destino do homem pelos anos de sua formação moral e intelectual.
É neles que se modela e se estrutura a personalidade, que se entreabrem
os horizontes e as perspectivas da vida; é quando os sonhos da adolescência, e as
ilusões ou antevisões da juventude são, muitas vezes, apenas os precursores das
realizações da idade madura. É nesse período de formação do caráter e do desenvolver do entendimento que, em última análise, aprofundam suas raízes todas as
desigualdades e injustiças sociais.
E sob esse ponto de vista serão, indubitavelmente, privilegiados aqueles cuja
tradição de cultura aprimorada em grandes centros possam utilizá-la como ensinamentos para a sua comunidade, batendo-se pela crescente evolução moral, intelectual dos
seus componentes, orientando aos mais jovens, aos patrões, aos empregados e ao
povo em geral acerca de seus direitos e deveres e de sua importância social, demonstrando que quem semeia para o futuro torna-se útil em todas as circunstâncias.
Desde a minha mocidade tive a felicidade de conviver e absorver conhecimentos e demonstrações de afeto dos meus conterrâneos teófilo-otonenses, aprendendo
a trilhar os caminhos da vida. Porque os caminhos da vida são como a estrada, o
caminhante a percorre caminhando, mas sempre orientado pelos mais capazes, por
aqueles que tiveram o privilégio de se prepararem melhor. Por isso quero declarar que
esta homenagem não me pertence sozinho, mas aos que se mostraram tão magnânimos para comigo, exclusivamente levados pelos impulsos de seus corações. Que
esta homenagem demonstre a nobreza dos sentimentos de solidariedade daqueles
que me ajudaram chegar até aqui, pois, conforme Bersot, “a vida pode não passar de
um instante, mas nesse instante pode se produzir coisas eternas”.
Se hoje temos essa grande onda de progresso não é por que nascemos mais
inteligentes ou mais saudáveis que nossos antepassados, mas porque nascemos
com uma herança mais rica. A geração que seguir a nossa, vai nos cobrar o que lhes
deixarmos como herança, pelo que tivermos feito sabido ou falado.
Neste momento desta solenidade, em que falamos de diálogo, se não fizermos
um acordo sobre o sentido das palavras, do lado da franqueza e da honestidade de
propósitos, não passaremos de um diálogo de surdos, pois não é possível o entendimento sem um acordo prévio sobre a significação das palavras; tendo em vista que o
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poder das palavras é a força mais conservadora que atua em nossa vida. A diferença
do significado de uma mesma palavra pode deturpar o pensamento, seja em assuntos
vulgares ou de média ou elevada cultura da sociedade. Essa distorção no sentido das
palavras pode concorrer para o desentendimento, incompreensão ou divisionismo.
Senhora Presidente, senhoras e senhores acadêmicos, há um deus egípcio
cujo nome quer dizer palavra, que se reveste assim de uma personalidade semelhante à humana, e crer-se que a formação do mundo resultou da tradução, por meio
de palavras, da vontade divina. Deus disse: “Faça-se o mundo”, e o mundo se fez.
Portanto, nada escapa ao poder da palavra.
A significação das palavras não é uma constante, experimenta mutações de sentido, muitas vezes em profundidade tal que chega a levar ao mais remoto esquecimento.
Surgem e desaparecem como os sábios do tempo, como a moda. As palavras têm um
sentido dogmático em certas épocas, para se tornarem obsoletas e ridículas depois.
Ninguém mais que o cidadão de cultura da comunidade há de sentir a responsabilidade que lhe pesa ao usar as palavras no exercício da sua profissão. Às
palavras devemos dar o peso no sentido exato e reconhecer a nossa ignorância. Só
podemos dizer o que for certo, e, se não sabemos, temos que perguntar. Lembremos
Confúcio: “Quem pergunta alguma coisa que não sabe, pode aparentar um tolo por
cinco minutos, quem não pergunta fica sendo a vida inteira”.
Senhores acadêmicos, doravante passo a ter o alto privilégio de sentar-me junto a vós que integrais, com tanta sabedoria, esta douta academia, e eu como neófito,
tudo farei para manter-me atento em receber os vossos sábios ensinamentos, ouvir
vossos judiciosos conselhos e usar toda a vossa notória e sedimentada experiência,
como faz o muro que serve de abrigo e amparo à hera, quando ainda muito tenra, e
que mais tarde ela própria é mantida de pé pelos seus vigorosos braços que, entrelaçados, impedem sua queda. É como lemos no poema de Thomaz Ribeiro:
Que a hera robustecida
De lembrada e generosa
Dá vida a quem lhe deu vida,
Força a quem lhe deu vigor,
São como a hera viçosa
Os filhos do nosso amor.
Quase todos vós já sois meus diletos amigos, e me esforçarei para conquistar
a simpatia dos demais, pelos quais já nutro grande admiração. Para concluir e não
possuindo o doto literário para traduzir tudo que no momento me vai n’alma, valho-me
da inesquecível lira do imortal Adelmar Tavares para dizer-lhes a seguinte quadra:
Dizem que há mundos lá fora
Que eu nem sonho... Nunca vi.
Mais que importa todo o mundo
Se o meu mundo é todo aqui?!
O meu muito obrigado!
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Discurso da Srª Elisa Augusta de Andrade Farina, proferido em 11 de dezembro de 2010, na abertura da sessão solene de recepção e posse de membros
titulares e correspondentes.
Os homens com suas ideias e elaborações visionárias irrompem os paradigmas petrificados, mudam os rumos, propiciam o encontro de diversas áreas
do conhecimento.
“Muros e casas, tudo parado! Acreditou que o Sol e as estrelas do céu giram
em torno delas. O tempo antigo acabou e agora é um novo tempo. “E a terra rola alegremente em volta do Sol, e os mercadores de peixes, os comerciantes, os príncipes,
e mesmo o papa rolam com ela.” Foi com essa frase, dita mais ou menos assim, que
há quase quinhentos anos, Galileu Galilei mudou a história da ciência, anunciando
que a Terra não era o centro do universo, expondo a Teoria Heliocêntrica e desferindo
a primeira ferida narcísica na humanidade que, estupefata, assistia atônita aos novos
rumos da ciência.
É o advento da era moderna na história da civilização ocidental. Aproveitando
o momento, quero ressaltar os quatrocentos anos do aprimoramento do telescópio por
Galileu e os quarenta anos da chegada do homem à Lua, comemorações de marcas
importantes, formando os eixos epistemológicos que subsidiaram o desenvolvimento
da ciência, libertando o homem dos esquemas religiosos medievais.
Tempo, compositor inexorável, que assiste tudo impassível e indiferente! Incessantemente surgem momentos como fomentação de efeitos esperados – que interagem com efeitos inesperados criando o comportamento histórico social do homem
dando-lhe um enfoque todo especial.
A especificidade desta noite é a inserção de mais membros titulares e correspondentes que vêm somar e abrilhantar a Academia de Letras de Teófilo Otoni. Estamos honrados e orgulhosos de receber Olegário Alfredo da Silva e Marlene Campos
Vieira como membros titulares e os vinte e três membros correspondentes que, movidos pela curiosidade e inquietação humana, “emprestam” as suas ideologias, através
das suas criações literárias inovando a arte de escrever.
O registro deste momento na mente dos que aqui se encontram será reverenciado em um momento futurista, fazendo deste tempo presente lembranças de um
passado glorioso, misturando passado, presente e futuro num turbilhão de sonhos e
esperanças.
Muito obrigada!
26
Discurso do Sr. Olegário Alfredo da Silva, proferido em 11 de dezembro de 2010,
na sessão solene de posse como membro titular da cadeira número 18.
AMOR VINCIT OMNIA
(O amor conquista tudo)
“Toda Cidade parece pequena se comparada a um país.
Mas é na minha, na sua cidade que se começa a ser feliz.”
Mário Lago
Para quem passa o ano inteiro lidando com a palavra escrita, criando versos,
procurando rimas, garimpando temas, formulando textos, editando livros, torna-se fácil escrever, mas nesta noite solene as palavras desaparecem de minha mente; então,
vasculhando os recônditos da inteligência descobri que a melhor palavra para definir
meu discurso é “agradecimento”.
Agradecer é o meu dever de ofício, dever de acadêmico, dever de cidadão. Agradeço em primeiro lugar a Deus, nosso Pai Eterno. Agradeço a todos presentes, meus
irmãos, primos, primas, amigos, meus filhos, Fausto e Carlos, minha esposa, Maria
Regina, mulher amada e amiga em todos os momentos. Agradeço à minha primeira
professora, dona Antônia Fortunata, a “Dona Tão” da Escola Reunida do São Jacinto,
aos professores do Colégio Estadual Alfredo Sá, onde estudei por pouco tempo, logo em
seguida, por questões de doença na família, tivemos de mudar para Belo Horizonte.
O gosto pela leitura, principalmente a poesia, veio desta época. Dessa forma,
sinto a forte lembrança do início de tudo, a origem, a motivação que me fez chegar
até este importante momento que, com toda certeza, deveu-se aos professores e professoras que me ensinaram muito mais que ler, escrever e fazer conta. Mas tudo isso
ainda seria pouco se não tivesse a base sólida da família e dos amigos de onde tirei
forças para continuar nos momentos de dificuldade e onde compartilhei vitórias.
É essa rede de sentimentos e ações que faz com que nossos objetivos sejam
alcançados. Nunca, em tempo algum, imaginei que esse longo caminho me levasse a
ocupar essa cadeira de número 18 na Academia de Letras de Teófilo Otoni, como também não imaginei que um dia iria ocupar a cadeira de número 9 na Academia Brasileira
de Literatura de Cordel. Em decorrência dos fatos, este ano na Cidade histórica de
Sabará, foi criada uma cordelteca (biblioteca de cordel) na Casa das Artes que faz parte
da Borrachalioteca e que recebeu o nome de Cordelteca Olegáno Alfredo em minha
homenagem.
Caros amigos, por onde passo sempre menciono o nome da minha cidade
na fala oral ou nos versos em que escrevo como no cordel “O Último Apito”, que
fala toda trajetória da Estrada de Ferro e sua triste extinção, citando todas as Estações pelas quais o trem passava, onde meu avô, meu pai e meus tios trabalharam
e Teófilo Otoni era como a capital do Vale do Mucuri, aliás já tentaram separar o
Vale do Mucuri de Minas Gerais e criariam assim um outro Estado, cuja capital se
chamaria Filadélfia. Mas isto não aconteceu e não acontecerá. Como dizia Drummond: “Minas não se divide.”
Assuntemos um trecho do cordel da Baiminas:
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Eis que um dia sem porquê
Anunciaram o fim da estrada
A maioria da população
Ficando desesperada
Sem saber o que fazer
Com a notícia nunciada.
Profissões como estas:
Guardaceiro e foguista
Telegrafista de Morse,
Guarda-chave mais fundista
Com o fim da estrada de ferro
Ficaram fora da lista.
Famílias inteirinhas
Com toda sua tradição
Como árvores que não prestam
Tiraram da região
Levaram para um lugar
Sofreram desolação.
Pois era da Baiminas
Que toda população
Ao longo trecho do trem
Tiravam sustentação
Vendendo quitandarias
No patamar da estação.
A plataforma vazia
Olhares sem esperanças
Esta foi a situação
Das famílias interioranas
Com o fim da estrada
E o futuro das crianças.
Citando outros versos do cordel “A Peleja entre os irmãos Cebolinha e Cantador” no qual aparece o nome da cidade de Teófilo Otoni. Estes cordéis por mim
escritos vão parar em vários Estados do Brasil e em alguns países correspondentes
como Portugal e Espanha:
A peleja começou
Rodeada de muita gente
Todos lá querendo ver
Quem será mais competente
Cebolinha é ligeiro
Cantador é mandingueiro
Quando pega no repente:
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Cantador:
– Cebolinha me responda
Como é que se chamava
O antigo nome da cidade
Onde a riqueza jorrava
Que Teófilo Otoni hoje é
Me responda mesmo em pé
Sobre o rio que lá banhava.
Cebolinha:
– Filadélfia se chamava
Teójilo Otoni antigamente
Quando o Rio Todos Santos
Tinha água clara corrente
Meu mano você notou
Na resposta que te dou
Que sou muito competente.
Cantador:
– Quero ver me responder
Veja bem se ocê não erra
Quem foi o maior gramático
Natural de nossa terra
Me responda no gogó
Sem na língua dá um nó
Seu cuca de motosserra.
Cebolinha:
– O nome deste gramático
Digo que rima com alcunha
Sua gramática nos estudos
O meu pai também dispunha
Foi com ela que aprendemos
O que ensinou o Celso Cunha.
Portanto, vindo de escolas públicas, neste sentido nunca encontrei estradas
largas, mas aprendi a abrir caminhos e seguir em frente e com essa persistência
tenaz, chegar a tal momento. Estou muito emocionado, mas agora devo recomporme e retomar o protocolo.
Bom, não estou aqui para falar de minha própria pessoa, é praxe que cada
acadêmico ao tomar posse, recorde seu antecessor. O ilustre patrono da cadeira número 18, a qual doravante passo a ocupar pertenceu ao eminente intelectual Rubem
Somerlate Tomich. Prometo zelar por ela pela minha honra e para o bem da humanidade, cultivar as belas letras e produzir trabalhos literários, ser assíduo às reuniões da
Academia e tudo fazer para o seu fortalecimento.
Rubem Somelarte Tomich nasceu dia 15 de dezembro de 1921, na cidade de
Bias Fortes, o mais versátil intelectual teófilo-otonense de todos os tempos, casou29
se com Yvette Domenici, em 1949, em Belo Horizonte, onde moravam. Em Belo
Horizonte ele tinha muitos amigos intelectuais, entre eles o Fernando Sabino, José
Aparecido de Oliveira (ex-ministro da cultura), Milton Campos e Juscelino Kubitschek. Formou-se em Direito pela UFMG em 1953. Era cronista e apresentador do
Repórter Esso, da Rádio Inconfidência, escrevia poemas, roteiro de novelas, fazia
parte de intelectuais liderados por Milton Campos, seu amigo e professor. Foi fundador e presidente do Lions, Diretor da FRIMUSA, do Automóvel Clube e o primeiro
diretor da Penitenciária Agrícola de Teófilo Otoni. Advogado de renome, professor
na Faculdade de Direito (FENORD). Era ético em tudo que fazia. Era notável como
contador de histórias. Conhecia músicas clássicas, cinema, etc. Compôs várias músicas, entre elas “Açucena”, que foi gravada por Gonzagão. Fez textos primorosos e
discursos a pedido de amigos políticos que os apresentavam com brilho.
Curiosidades:
“1) Rubem e Yvete se casaram em 1949, em BH, onde moravam. Ele tinha 28
anos e ela 16. Na primeira semana de núpcias, o primeiro susto. Rubem desaparecera. Chegou um dia depois, já tarde. Passava a noite nos botequins. As companhias
até que não eram más: Fernando Sabino, José Aparecido, Murilo Rubião, Vicente
Prates, Ulpiano Chaves, Wilson Ângelo, Milton Campos, Juscelino Kubitschek. Com o
tempo a bela Yvete se acostumaria ao espírito libertário do marido – e como acontece
às mulheres dos aventureiros – dele faria o seu ídolo. Era incapaz de ofender alguém,
mesmo levemente, nunca disse um palavrão, jamais demonstrou indelicadeza ou cólera. Era um sonhador. Rubem Tomich foi um dos homens mais notáveis que por esta
cidade e por muitas gerações será lembrado como exemplo de culturas, competência,
bondade e honradez.
2) Rubem Tomich gostava de cozinhar. Apreciava pratos exóticos para a
época. Salada de pétalas de rosas, folha de parreiras, cactos, bife de carne de
cavalo. De madrugada, quando lhe batia a fome, preparava caldo verde. Bebia
uísque ou vinho tinto. Lia muito. Escrevia à mão. Na faculdade de Direito, a vasta
cultura encantava os alunos. Tinha uma ironia sutil, inteligente, elegante. À sofisticação sobrevinham gestos extravagantes. Costumava deitar-se no chão com a
cabeça apoiada sobre os sapatos. Outras vezes, usava dois tijolos como travesseiro. Dormia nessa posição e se levantava disposto. Tinha imenso prazer em
fumar cigarro de palha, que fazia lentamente. Dentro de casa, andava calçado só
de meias. Nunca dirigiu automóvel. Era excessivamente humilde. Recusou emprego público oferecido por Juscelino no Rio. Optou pela vida provinciana e a carreira
de profissional do direito.”
Terminando, agradeço pela honra em pertencer a esta Casa e peço permissão
para algumas homenagens pessoais. Para meu pai, Augusto Gomes da Silva (o Pimpa Caio), que trabalhou como Pagador na Estrada de Ferro Baiminas e foi maçom em
nossa querida terra, e que hoje não vive entre nós para ver este momento, mas que
mesmo com pouca educação formal, me legou seu amor ao caráter e à cidadania,
sem a qual não estaria hoje aqui. Para minha mãe, Thereza Rodrigues Faria, que partiu para o assento celestial em setembro deste corrente ano, senão estaria aqui para
ver este momento na existência do filho.
Como dizia Sócrates, se o destino das almas corresponde às similitudes do
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que se pratica durante a vida; se as letras proporcionam o êxtase da percepção, na
fragilidade e contingência do meu fadário, se eu ficar encantado, irei feliz para o local
de destino das almas, descrito por Platão, o mentor das academias.
“O amor conquista tudo.”
Obrigado.
31
Discurso da Srª Marlene Campos Vieira, proferido em 10 de dezembro de 2010,
na sessão solene de posse como membro titular da cadeira número 29.
Este momento para mim é de extrema satisfação, alegria e renovado entusiasmo. Satisfação ao presenciar uma festa em nome da cultura, motivo sempre altaneiro
para se brindar com cálice da sabedoria e do conhecimento. A minha alegria é pela
presença de pessoas queridas, amigos preciosos que a vida me deu, que me trazem
motivos especiais para eu contar um pouco da minha modesta vida, em meus escritos. E o meu entusiasmo, antes falado, é pela celebração à literatura, pois ela vem
resgatando a minha vida dia após dia. Escrever tornou-se vital para mim, pois sou
do país de ícones da literatura mundial como Machado de Assis, Euclides da Cunha,
Olavo Bilac, Mario Quintana.
Gênios de várias épocas e estilos, irmanados pela magistral arte da viagem
mágica e misteriosa que a leitura nos proporciona. Eu posso dizer que sempre fui movida pela literatura, pois minha vida esteve sempre ligada à educação. Sou educadora
por formação. Tenho a pedagogia não apenas como uma profissão que escolhi fazer,
mas também fiz dos seus preceitos a minha vida profissional. Estudei e me qualifiquei
profissionalmente aqui nesta tão querida cidade de Teófilo Otoni, lugar escolhido por
mim para viver. Mas, antes disso, cheguei ao Vale do Jequitinhonha nos anos 1960 e,
ao chegar, a minha missão foi a de ensinar. E ensinando, como aprendi! A partir daí,
ocupei cargos de professora e diretora por diversos anos. O recheio desta minha vida
de educadora é permeado de histórias interessantes, casos inacreditáveis, diálogos
inesquecíveis que estou procurando agora eternizar através da literatura.
Algumas delas estão no meu livro “Histórias da Vovó Marlene”. São histórias
curtas, mas ao mesmo tempo densas, mostrando em primeiro plano o respeito, o
amor verdadeiro, a família e a amizade como grandes catalisadores das emoções
humanas. Na realidade, é um livro para as crianças de 10 a 100 anos. Inspirei-me
em minha própria história, assim como tudo o que venho escrevendo. Cada pessoa
tem um enredo riquíssimo de vida à sua disposição e eu estou querendo aproveitar
o meu ao máximo.
Ler e escrever são hábitos naturais de minha vida. Quando a humanidade
descobrir a riqueza que está nos livros a paz reinará, pois as obras edificantes que já
foram escritas, todas elas, ensinam como se construir um mundo melhor, que cultue a
verdade, a paz a alegria e a família. O primeiro passo para se tomar um escritor é se
tornando leitor. Ler é um hábito que se cultiva, assim como quase tudo na vida. Meus
pais não tinham o costume da leitura, mas fizeram empenho para nos levar às melhores escolas; dos seis irmãos, três são grandes leitores por natureza e com inteireza.
Nunca fui “proprietária” de livros, pois sempre fiz questão de emprestá-los, assim fazia
uma corrente cultural e sempre tinha à mão algum bom livro que recebia no melhor
estilo “é dando que se recebe”. Não imagino um livro guardado, pois sua função é
seguir em frente, executando funções nobres de ensinar a viver. Sou agradecida aos
grandes escritores, que me ensinaram a ver o mundo pelas mágicas letras dos livros.
Épicos, poemas, crônicas, prosas. Todos eles merecem minha sincera reverência!
Em especial, quero fazer um reconhecimento ao patrono da cadeira número
29, o grande “Poeta do Serro”, João Salomé de Queiroga, que viveu no século 19,
época de ouro da literatura brasileira. Foi um homem vitorioso, poeta romântico e participante ativo, como juiz de Direito e deputado, de fatos marcantes da época em que
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viveu. Um grande mineiro, um emérito brasileiro.
A história de Queiroga está ligada a esta cidade, pois ele narrou a brava e
incansável luta de Theophilo Ottoni com a divulgação de toda a saga em prol da
construção das colônias do Mucuri. Foi um líder, um escritor talentoso, um admirador
e estudioso da forma simples da vida do sertão brasileiro, do folclore, dos costumes
que fizeram de nosso povo o que ele é, a nossa maior riqueza. Pré-romântico, deixou
inúmeros poemas referenciando a personagens e acontecimentos do Serro. Em suas
obras estão “Canhenho de Poesias Brasileiras”, “Arremedos ou Lendas e Cantigas
Populares”, “Lendas do Rio São Francisco”, entre outros.
Muito me honra ter uma ligação com este grande homem, com esta cidade,
com este momento, pois hoje estou aqui sendo agraciada com este título tão honroso,
que é o de pertencer à Academia de Letras de Teófilo Otoni.
O que mais poderia desejar da vida senão agradecer e agradecer! A Deus,
por tudo o que vem me proporcionando na vida, por morar nesta cidade querida, por
ter amigos valiosos, pela minha história como educadora. Deus é a Luz que vem me
ensinando a compor o poema da minha vida dia após dia e a ele agradeço as minhas
vitórias. E minhas vitórias também posso dizer que são meus filhos e netos que me
dão ânimo e sentido à vida. Agradeço a Padre Paraíso, cidade que está em meu coração e que sempre vou amar. A Raimundo, sobrinho querido, incentivador e sempre
presente. Aos meus amigos, aqui presentes e também os que não puderam vir, em
número bem maior! Que Deus nos abençoe a todos!
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Discurso do Sr. Wilson Ribeiro, proferido em 11 de dezembro de 2010, na sessão
solene de posse como membro correspondente.
Sinto-me feliz e honrado ao fazer parte deste Órgão Cultural como membro
correspondente. Órgão que representa a elite intelectual de Teófilo Otoni e região,
sendo seus membros verdadeiros guardiães do saber acadêmico e científico.
Nosso objetivo é realizar estudos e pesquisas nas diversas áreas, ressaltando
a literatura, apoiando, valorizando e difundindo todos os tipos de manifestações artísticas, culturais e muito mais.
Nossa postura no trabalho deve ser embasada na busca constante de aperfeiçoamento para estarmos qualificados para sermos multiplicadores do saber adquirido
com nossas experiências cotidianas; numa atitude de acolhimento, tendo o diálogo
como eixo norteador das relações interpessoais, pois, acredito eu, que a postura profissional é viver a unidade na adversidade, assumindo atitude crítica e criativa, para
que o trabalho seja coletivo e cooperativo.
Na sociedade, acredito que a essência da função social do homem seja preparar indivíduos capazes de exercer a cidadania com honradez, firmeza de caráter e
boas atitudes no contexto de uma sociedade complexa onde vivemos. Que o nosso
falar seja a exemplificação de nossos atos.
Na educação, seus princípios norteadores deverão ser constituídos a partir dos
quatro pilares básicos, os quais são:
1. Aprender a conhecer, o que supõe aprender a aprender, através da exercitação das habilidades cognitivas;
2. Aprender a fazer é estar qualificado profissionalmente para que o indivíduo
enfrente as várias situações e trabalhe bem em equipe;
3. Aprender a conviver é a diretriz da descoberta do outro e da outra e da interdependência entre pessoas quanto à participação em projetos sociais comuns;
4. Aprender a ser consiste no desenvolvimento total do ser: espírito e
corpo, inteligência, responsabilidade, capacidade para elaborar pensamentos e
se comunicar, formular juízo de valor, não negligenciando nenhuma de suas potencialidades individuais.
Perante nós mesmos, valores, etc, não se julgando indispensável ou autossuficiente, tendo como lema a modéstia, que é a força motriz para transformação do
indivíduo. Que nossa atitude seja de respeito diante do “pensar” e do “ser” de cada
um, porque somos seres únicos, absolutamente insubstituíveis para Deus.
Perante a natureza, protegendo quanto possível todos os seres, respeitando
todo o seu habitat natural e os múltiplos ecossistemas, que a natureza consubstancia o santuário em que a sabedoria divina se torna visível aos olhos dos homens. É
imprescindível lutar contra a destruição das riquezas naturais do planeta em explorações abusivas, como: queima de florestas nativas, uso de explosivos na extração do
minério, pesca em época de reprodução, etc. Devemos respeitar toda criação divina
que, ao meu entender, constitui um dever.
Perante o livro, consagrar diariamente um tempo para leitura de obras que nos
edificam como pessoas pensantes, capazes de fazer críticas construtivas e dotados
de discernimento para tirarmos proveito de uma boa leitura e aplicarmos no nosso
viver cotidiano.
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Para sermos felizes devemos cultivar a serenidade e a paz nos ambientes
onde convivemos; para que isso aconteça faz se necessário sermos vigilantes ativos de nós mesmos, sempre revendo nossos valores e atitudes para com os outros.
Devemos deixar de lado os preconceitos já estabelecidos para formarmos os nossos
próprios conceitos perante a vida.
Agradeço a Deus pela oportunidade de hoje estar aqui; também à minha
família, que sempre me apoiou e em todos os momentos estiveram ao meu lado.
Finalizando, informo a todos os presentes que, segundo o acadêmico Tadeu
Laert, em relato de seus muitos brilhantes trabalhos, afirmou: “É nossa missão viver
em paz e harmonia, agradecendo a Deus, por mais este dia”.
A todos, o meu muito obrigado.
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Discurso do Sr. Emerson Maciel Santos, proferido em 11 de dezembro de 2010,
na sessão solene de posse como membro correspondente.
Devo reconhecer que Deus concedeu-me o dom da oratória, mas falar em
momentos especiais é um tanto quanto complicado, porque podemos deixar de inserir
algo que julgamos necessário. Coube-me preparar um discurso digno e análogo à
noite de hoje.
Recorro à sabedoria de Santo Agostinho “Sedis animi est in memoria”, isto é,
“a sede da alma está na memória”.
Permitam-me começar saudando e agradecendo aos acadêmicos, confrades
da Academia de Letras de Teófilo Otoni. A sede que sentia na alma foi substituída pela
emoção da memória. Permito-me agradecer a todos na pessoa do Acadêmico Wilson
Colares – expresso aqui meu respeito e admiração no que há de sublime, imponderável e indizível neste amor pelas letras.
O que esta solenidade representa é muito importante para todos, mas principalmente para mim, que aqui represento a terra do maior intelectual sergipano, o ilustre João Ribeiro, natural de Laranjeiras e patrono da cadeira número 1 da Academia
Sergipana de Letras.
Dedico esta homenagem a Deus, aos meus pais, José e Marivalda, que junto
com minha irmã, Crislene, me ensinaram a sabedoria de ignorar o que não leva a
nada e o desejo de saber sempre.
À minha amada professora, Luciana Novais, que aqui está presente, pelo carinho, pela força, pelas renúncias vindouras, pela luta e pelas palavras tão espontâneas
que muito me engrandecem.
À amiga Luciana Celi, Edla Aragão, Adel Ítalo, Carlos Conrado, Joselito
Franco, Maria Clara, Marcos Soares e a todos que contribuíram na minha vinda
a Teófilo Otoni.
Querida amiga professora Amenaide Bandeira, Presidente da Academia de
Letras de Teófilo Otoni, entendo que uma solenidade de posse marca tanto o fim de
um ciclo como o começo de uma nova perspectiva. Vendo por esse sentido, é uma
forma de despedida que, com a atitude adequada, fica sendo uma porta entre dois
mundos: o que foi e o que virá. Refiro-me à despedida do mundo da mortalidade,
pois estou ciente que de agora em diante, ao término deste meu discurso, já serei
um imortal desta prolífica Academia de Letras.
Quanto ao futuro, não nos apressemos. Não nos apressemos nunca, pois é no
futuro que passaremos o resto de nossas vidas. Olhemos então com o olhar aquilino,
assim visualizemos o futuro, cantemos poesia, sonhemos com um mundo mais florido,
mais igualitário e mais poético. Ter um sonho faz toda a diferença!
A poesia ao longo dos tempos tem se apagado, as pessoas esquecem o real
valor desta perspectiva de luta social. Mas nós, poetas, imortais, comprometidos com
o bem e com o social, nunca poderemos deixar de sonhar, não podemos deixar calar
a voz de um poeta, o mundo ficaria em silêncio!
No dia em que todas as crianças pobres deste país esquecerem-se do pão que
os homens roubaram, aí sim eu deixarei de escrever poesia.
No dia que todas as crianças pobres do Brasil tiverem um teto para morar, aí
sim deixarei de escrever poesias.
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Enquanto isso, não desanimemos, sigamos firmes em nosso propósito de propagar os problemas sociais, o amor, a justiça social para o mundo.
Eu sei, meus amigos, que a caminhada é longa, mas para chegar lá temos que
dar os primeiros passos.
Eu sei, meus amigos, que não hei de participar da colheita, faço questão de
estar ao lado de quem lança, ainda que em terra seca, ainda que em terra árida, as
sementes de um futuro melhor para nossa juventude.
Quero aqui quebrar o protocolo e recitar uma poesia social de nossa autoria,
chamada:
Roda Viva
Sintonizo meu pensamento ao mundo... Vejo que não existe ninguém
mais dessemelhante de mim do que eu.
A vida segue em sentido clonado vivificando as consequências dos atos.
Na praça está José, pensando no passado recente
lamentando o que não viveu...
Do outro lado está Francisco,
papeando de bem com o mundo:
Cantarolando a vida sem pensar...
Maria inocentemente conta estórias,
a petizada solta risos,
vibra e curte o momento.
Da janela o poeta observa
abismado com a vida
que continua pateticamente bela!
Esse poema deixa claro que a nossa maior arma é a escrita. Mas não nos
esqueçamos de buscar inspiração em Deus. Só há justiça onde Deus está presente.
Que o Deus ecumênico, isto é, o Deus de todas as religiões, nos abençoe e continue
nos orientando ontem, hoje e sempre.
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Discurso da Srª Elisa Augusta de Andrade Farina, proferido em 30 de abril de
2011, na abertura da sessão solene de recepção e posse de membros titulares e
homenageados com a Medalha de Mérito Cultural Dª Didinha.
Enquanto os ponteiros do relógio giram e o tempo se esvai segundo a
segundo, minuto a minuto, hora a hora, anos... séculos... milênios... Deus é eterno e continua o mesmo, ontem, hoje e sempre, Senhor e doador da vida. A Ele
agradeço pelos momentos felizes e pela oportunidade de multiplicar alegrias.
A Academia de Letras de Teófilo Otoni tem a honra de acolher em seu seio
mais dois ilustres filhos deste rincão como membros titulares, emprestando mais brilho e notabilidade a esta sessão solene.
Estamos orgulhosos de receber Lízia Maria Porto Ramos, filha da nossa querida acadêmica Dª Didinha, que ocupará a cadeira número 3 da ALTO. Será mais um
raio de luz a espargir conhecimento, sensibilidade e compromisso, elevando o nome
da ALTO e da nossa Teófilo Otoni. Sinta-se à vontade no nosso meio.
Quero também registrar a nossa satisfação em receber como um dos nossos,
José Carlos Pimenta, que num passado não muito longínquo dividiu sonhos de realizações no futuro comigo na Escola Estadual Alfredo Sá. Ocupará a cadeira número
16 da ALTO.
Rememorando acontecimentos da década de 1970, tive oportunidade de constatar um fato muito importante para a nossa cidade: Teófilo Otoni participou do programa televisivo em rede nacional, intitulado “Mineiros frente a frente”. Na etapa final,
disputando o 1° lugar este jovem com a sua já então prodigiosa inteligência, memória
e dever cívico ganhou da cidade oponente, trouxe o prêmio para nossa cidade. Teófilo
Otoni teve seu apogeu cultural, levantou uma bandeira de progresso. Filho desta estirpe nos deixam orgulhosos e cônscios de que tudo fará para a valorização e engrandecimento de sua terra natal com a sua contribuição intelectual e compromisso social.
Parafraseando Drummond em seu poema “Mundo Grande”, que revela a constatação de que seu coração não é mais vasto que o mundo, como ele imaginara:
“Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito,
por isso frequento os jornais, me exponho
cruamente nas livrarias: preciso de todos.”
O meu coração é tão pequeno e frágil para as tantas emoções desta noite,
mas, imbuída da certeza, anuncio que a Academia de Letras de Teófilo Otoni, pautada no art. 58 do seu Regimento Interno, criou a concessão da “Medalha de Mérito
Cultural Dª Didinha” destinada a homenagear pessoas físicas e jurídicas que se destacaram através de atividades pertinentes às contribuições literárias, culturais, artísticas, religiosas e pesquisas em favor do desenvolvimento da pessoa humana e da
sociedade teófilo-otonense, ou pelo estabelecimento de políticas e projetos para o
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desenvolvimento da educação, o ensino e o civismo no município e região.
Hoje serão agraciados com a “Medalha de Mérito Cultural Dª Didinha”:
Gilberto Ottoni Porto, filho da terra, sempre apoiou a ALTO, quer seja emprestando o seu carisma e apoio cultural, ou pelo seu modo despojado e simples de
um mecenas, que sente a necessidade premente dos órgãos culturais. A ele o
nosso apreço e votos de realização.
A União Estudantil de Teófilo Otoni (UETO) com representabilidade de mais de
quarenta mil estudantes inseridos no contexto político, social, cultural e educacional
da nossa cidade. Parceira inconteste da Academia de Letras de Teófilo Otoni em participação literocultural e hospedeira afável, sempre somando, estimulando a cultura da
nossa cidade. O nosso obrigado pelo companheirismo a nós dedicado.
A Associação dos Filhos e Amigos de Teófilo Otoni (AFATO), que tem o firme
propósito de amparar os teófilo-otonense em suas necessidades, reunir os conterrâneos para momentos prazerosos de confraternização e lazer. O jornal Afato um
informativo mensal para divulgação das atividades da entidade e dos principais acontecimentos que envolvem pessoas e a cidade de Teófilo Otoni.
Através da Afato, Teófilo Otoni sempre será valorizada, contada e decantada
nos artigos que veiculam por todo o Estado.
Se um possível existe e se temos o poder para torná-lo real, a uma felicidade
que, enfim, esteja onde nós estivermos, este momento é ímpar e com certeza será
rememorado na mente de cada um que aqui se encontra nesta noite.
Muito obrigada!
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Discurso da Srª Hilda Ottoni Porto Ramos – Dª Didinha, proferido em 30 de abril de
2011, na sessão solene de concessão da Medalha de Mérito Cultural Dª Didinha.
Amigos acadêmicos, aqui me encontro após ser brindada com mais um ano
de vida. Não preparei um discurso, no qual a preocupação com a retórica não me
deixaria livre para me expressar, deixar extravasar o sentimento que me invade a
alma neste momento. É maravilhoso! Sinto-me agraciada de forma inusitada. Meu
vocabulário não dispunha de palavras mais belas e expressivas para expressar o que
verdadeiramente me invade.
Permitam-me primeiramente agradecer a Deus. Mas o que falar? Dizem os
filósofos que, com o avançar dos anos, nos tornamos crianças. Realmente! Quando
olhei esta medalha que a Academia instituiu em minha homenagem, senti-me generosamente agraciada por vocês para atingir esse honroso status, condição que jamais
tive a pretensão de alcançar. Subindo os noventa e quatro degraus vividos, aqui estou. Feliz! Encontrei o que já estava escrito sobre o meu sentir. A felicidade não é fruto
do acaso, ou destino. É o poder da conquista com grande esforço, vencendo obstáculos e aceitando renúncias. Para o poeta, a felicidade e a vida encerram uma grande
pergunta e cada um tem uma resposta que brota dentro de si, que não é imposta.
Talvez seja a gema preciosa que se procura no garimpo da existência: escola da vida,
somente ensina a quem se submete a ser humilde aprendiz. Agradeço a vocês, da
Academia, e aos presentes que tanto me honraram com suas presenças.
Certa manhã abandonei provisoriamente tintas e pincéis. Minha teia seria
meu velho piano Pieyel. Dos sons do seu teclado, extraí o que meu pensamento
ditava uma canção cujas palavras acompanharam o que senti, e sinto tão minhas
para este momento:
Meditação
No jardim da existência
Semeei lembranças
Não sei, não sei por quê,
despindo sonhos
vestimos saudades
tantas saudades.
No jardim da existência
Semeei saudades
nasceram lembranças
que o passado para mim guardou.
Este momento
Viverá em mim
Para eu nunca esquecer.
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Discurso do Sr. Felipe Ribeiro Lemos, proferido em 30 de abril de 2011, ao
receber, em nome da União Estudantil de Teófilo Otoni (UETO), a Medalha de
Mérito Cultural Dª Didinha.
Não tenho palavras para quantificar ou qualificar o sentimento que tenho neste
momento. Receber uma homenagem em nome da União Estudantil de Teófilo Otoni
é sempre uma honra, mas quando esta homenagem representa uma lenda viva, uma
mulher, que doou a sua vida em prol da cultura, da música, das letras, é algo inexplicável. Certo dia, viajando nas palavras da Sra. Hilda Ottoni Porto Ramos, ou melhor,
a nossa querida Dona Dindinha, no seu livro: “Memória Vivas, Vivas Memórias”, me
deparei com um texto que dizia:
“Onde há silêncios vagueiam sentimentos!... Na fina brisa do horizonte se
perde o olhar. Êxtase de sonhos, magia de luz: momentos em que o Sol vai se escondendo sobre o mar!...”.
É... de fato a vida da Dona Didinha foi uma aquarela, cheia de cores. Dentre
tantas cores, as palavras se destacam, pois a Dona Dindinha é uma pescadora, “pescadora de sonhos, pescadoras de letras”, e essas letras nos emocionam sempre que
as lemos ou ouvimos.
Celso Cunha dizia: “Com a palavra criaram-se e destruíram-se mundos,
selaram-se destinos, elaboraram-se ideologias, proferiram-se maldições e blasfêmias, expressaram-se ódios, mas também com ela – e só com ela, em tantos e
tão desvairados povos, falou-se de amor, consolaram-se aflições e elevaram-se
preces ao seu Deus. Ela tem sido, através do tempo, a mensageira do bem e do
mal, da alegria e da dor...”
De fato, Celso Cunha tinha razão, pois as palavras de Dona Didinha retratam
uma vida e nela encontramos a história da nossa cidade e a razão de tudo o que nós
conhecemos. Recomendo a todos a conhecerem o mundo desta mulher, através de
suas palavras.
Quando soube desta homenagem logo pensei em uma forma de retribuí-la e
certamente não poderia encontrado melhor maneira, pois hoje assinarei um termo no
qual estabelece que o tradicional Concurso de Textos e Frases da União Estudantil,
em parceria com a Academia de Letras receberá, na edição do ano de 2011, o nome
de Hilda Ottoni Porto Ramos e, ainda, terá como tema a MULHER. Sinto que com isso
estarei retribuindo em parte esta homenagem e contribuindo para levar a todos os
cantos e recantos a história desta mulher.
Como presidente da UETO e representante legítimo de todos os estudantes
deste município, agradeço imensamente esta homenagem e me coloco à inteira
disposição naquilo que for necessário para a manutenção da cultura em nossa
amada Philadelphia.
Obrigado!
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Discurso do Sr. Gilberto Ottoni Porto, proferido em 30 de abril de 2011, ao
receber a Medalha de Mérito Cultural Dª Didinha.
O que é Cultura?
Resumindo: Cultura é a alma de um povo.
E o que é alma? É o que dá vida ao corpo.
Assim, a cultura dá vida ao povo, à família, à sociedade, à nossa cidade e ao
nosso país.
Sinto-me imensamente honrado com esta medalha que recebo agora, e a estendo ao Instituto Histórico e Geográfico do Mucurí, que vem trabalhando nossas
raízes para explicitar melhor a nossa identidade. Ao analisar a vida dos nossos antepassados e absorver suas experiências, contribui para que possamos evitar erros em
nossa caminhada.
Estendo também a todos aqueles que, ao longo da vida, me ajudaram a conhecer o mundo e a mim mesmo: às minhas professoras e professores, aos meus pais
e familiares, à querida prima-irmã, Didinha, e, em especial, àqueles que, por pensar
diferente, enriqueceram o meu modo de ver o mundo.
Cultura se adquire; ninguém nasce com ela; por isso é tão importante na formação de uma sociedade.
Cultura e valores temos de vários tipos. Precisamos exorcizar a cultura do
medo, da falsidade, da violência, da exclusão, do conformismo e da alienação.
Precisamos valorizar e investir na cultura, da liberdade, da verdade, da paz
e da inclusão com participação; em suma: a cultura da cidadania, que não aceita a
inatividade, ser espectador da história, ficar na janela vendo a banda passar, ou na
arquibancada vendo o jogo de longe.
Precisamos de uma cultura que construa uma cidadania plena, que nos transforme em agentes da história, em instrumentos de Deus, para realizar aqui e agora
uma sempre nova sociedade de fraternidade e amor.
É um processo contínuo, doloroso muitas vezes, mas que, por exigir consciência trabalho e suor, nos fortalece e engrandece.
A Academia de Letras de Teófilo Otoni está de parabéns por mais este evento
que reconhece a cultura da nossa terra, que tem e teve pessoas maravilhosas que,
muito mais que este homenageado, merecem ser valorizadas, para que o seu exemplo reconhecido, frutifique.
Tenho certeza de que valorizando e reconhecendo cada vez mais a boa cultura
e educação, certamente estamos no melhor caminho para a construção da sociedade
que sonhamos, cada vez mais justa, verdadeira e feliz.
Muito obrigado.
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Discurso do Sr. José Carlos Pimenta, proferido em 30 de abril de 2011, na sessão solene de posse como membro titular da cadeira número 16.
Senhoras e senhores:
A Academia, em Atenas, era a Escola em que Platão ensinava filosofia, no
ginásio e jardim de Akádemus, figura da mitologia grega.
Mas a Academia Francesa de Letras, fundada em 1635 pelo Cardeal de Richelieu,
ministro do rei Luís XIII, constitui o protótipo de todos os grêmios literários.
Em 1897, por iniciativa de Lúcio de Mendonça, um grupo de literatos criou
a Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro. Machado de Assis foi seu
primeiro presidente.
Juiz de Fora foi o cenário em que a Academia Mineira de Letras despontou, em
1909. Sua sede foi transferida para Belo Horizonte, em 1915.
Em feliz iniciativa, a 20 de dezembro de 2002 surge a Academia de Letras
de Teófilo Otoni (ALTO), com trinta cadeiras para membros titulares, sete das quais
reservadas a pessoas aqui nascidas, radicadas em Belo Horizonte, atendidos todos os demais requisitos exigidos, com o objetivo de congregar, pela dedicação às
atividades literárias e artísticas nas mais diversas formas de expressão, realizar
estudos, pesquisas, promover e incentivar a cultura, entre outros fins descritos no
art. 3º de seu Estatuto.
Vocações e manifestações para as letras, para a música, para as artes e para a
cultura nunca faltaram nesta terra, de ontem e de hoje. Tardava, pois, a instituição que
pudesse reunir representantes desses mais variados ramos do conhecimento, finalmente concretizada no limiar do ano comemorativo do sesquicentenário de fundação
do burgo que se tornaria mais tarde cidade e sede do município.
Teófilo Otoni passou, então, a ombrear-se com tantas outras comunas mineiras,
sedes de academias literárias – a Arcádia nas mais antigas e históricas – altamente
representativas do espírito de Minas – expressão de Carlos Drummond de Andrade –,
pilares da voz de Minas, a que aludiu Alceu Amoroso Lima.
E Celso Ferreira da Cunha é escolhido patrono da entidade. Nascido em
Teófilo Otoni a 10 de maio de 1917, a notável biografia e profícua obra intelectual de
Celso, no Brasil e no exterior, credenciaram-no ao galardão. Membro da Academia
Brasileira de Letras, nela ocupou a cadeira número 35, de que é patrono Tavares
Bastos, em sucessão a José Honório Rodrigues. Na solenidade de posse, em 4 de
dezembro de 1987, saudou-o o acadêmico Abgar Renault, com estas palavras:
“Afirmo que esta instituição [...] vos acolhe [...], com orgulho e carinho, que lhe
brotam simultaneamente do espírito e do coração, mas não saberei dizer-vos o
que em vossa personalidade mais nos seduz – o gramático, o filólogo, o crítico
literário, notadamente de poesia, o medievalista, o professor ou o escritor que
compõem rara estatura intelectual a surpreender e exaltar este país estranho,
capaz de, lado a lado com o mais vivo culto ao analfabetismo de todos os
graus, permitir que germine, floreje e fruteça em seu solo figura da vossa categoria. [...] É a Academia Brasileira de Letras que enobrece os seus títulos ao
receber-vos...”
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Entre tantos títulos universitários e acadêmicos, o primeiro deles, obtido por
Celso, em 1938, foi o de bacharel em Direito pela Faculdade Nacional de Direito da
Universidade do Brasil, a Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ). Depois conquistou a licença, em 1940, e o título de doutor em Letras,
em 1947, pela Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, a Faculdade de Filosofia da UFRJ.
Destaco que, tendo bebido nas fontes do Direito e da língua pátria, a ele coube a
missão de efetuar a revisão gramatical e ortográfica do projeto de Constituição aprovado
em segundo turno pela Assembleia Nacional Constituinte, texto que, com as modificações
introduzidas após, pela Comissão de Redação, submetido à votação final em plenário, foi
promulgado em 5 de outubro de 1988 como Constituição da República. Faleceu no ano
seguinte, no Rio de Janeiro, em 14 de abril de 1989.
A Lei nº 5.522, de 27 de dezembro de 2005, erigiu-o em Patrono da Cultura no
município de Teófilo Otoni.
A cadeira número 16, para a qual fui eleito em 21 de outubro de 2010, e na
qual me encontro agora empossado, como primeiro ocupante, tem como patrono o
teófilo-otonense José Alfredo de Oliveira Baracho. José, porque aqui nascido no dia
dedicado a São José, 19 de março, no ano de 1928. Alfredo, o nome de seu pai, Alfredo de Seixas Baracho, baiano de Águas de Salvador, que durante muitos anos militou
na advocacia, neste histórico prédio da Câmara Municipal, outrora sede do fórum da
comarca. A família provém do Espírito Santo, com ramificações no Rio de Janeiro.
Após o curso primário particular, ingressou no Ginásio Mineiro, inaugurado em
Teófilo Otoni no ano em que nascera, 1928, onde meu pai, Camillo de Lellis Pimenta, foi inspetor de alunos, e cuja construção muito deve ao médico, professor e seu
primeiro reitor, Teodolindo Antônio da Silva Pereira. Em 1941 e em 1942 Baracho lá
esteve, aprovado na primeira e na segunda séries do Curso Ginasial. Com o lamentável fechamento do educandário, foi transferido para o Colégio Arnaldo, em Belo
Horizonte, onde deu prosseguimento ao Curso Ginasial para depois chegar ao Curso Científico naquele tradicional educandário dos padres missionários alemães da
Congregação do Verbo Divino. Tive acesso à pasta com seus registros escolares, no
arquivo do Colégio Arnaldo. Entre eles, a guia de transferência, datada de 11 de maio
de 1943, e o atestado de ótimo comportamento, no Ginásio Mineiro, datado de 12 de
março de 1943, documentos assinados pelo então reitor Lothar Rudolph.
Em 1955 recebe o grau de bacharel em Direito pela Casa de Afonso Pena, a
Faculdade de Direito da Universidade de Minas Gerais, mais tarde Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Exerce a advocacia, constitui família e, paralelamente,
desponta também sua vocação para o magistério, tendo ele inicialmente lecionado na
capital mineira em estabelecimento de Ensino Médio.
Nosso relacionamento teve início e desenvolveu-se naquela Escola, onde, em
1970, eu passei a cursar a graduação em Direito, após aprovação em pioneiro, complexo e árduo vestibular unificado. E ele retornava à Casa no mesmo ano, nomeado
que fora, mediante aprovação em concurso público, auxiliar de ensino da cátedra de
Direito Constitucional, da qual fui monitor, posteriormente.
Já em 1971, eis-me aluno de Baracho, em aulas práticas da disciplina. A partir
de então estabeleceu-se entre nós uma viva empatia. Ainda me recordo do dia em
que, no ano de 1972, ao nos encontramos defronte à Faculdade, presenteou-me com
um exemplar da monografia intitulada Participação nos Lucros e Integração Social, a
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primeira, de sua autoria, com atenciosa dedicatória.
Naquela Escola conquistou o título de livre-docente e, em 1981, o título de
doutor em Direito.
Publicou ainda pelo menos mais 12 outros livros, monografias e ensaios, entre os quais Regimes Políticos, Teoria da Constituição, Teoria Geral do Federalismo,
Processo Constitucional – com o qual foi agraciado com a Medalha Mérito Pontes de
Miranda, concedida pela Academia Brasileira de Letras Jurídicas –, Teoria Geral da
Cidadania, O Princípio de Subsidiariedade e, finalmente, Direito Processual Constitucional – Aspectos Contemporâneos. E uma pletora de artigos em revistas especializadas e em periódicos.
Paralelamente, progrediu sua carreira no magistério, de professor assistente a
professor adjunto e a professor titular naquela Faculdade. Prestigiado conferencista,
aqui esteve para falar a alunos de Direito, a professores e a advogados, em rara visita
à terra natal. Orientador de inúmeros discentes da pós-graduação, membro de bancas
examinadoras, inclusive em concursos públicos para o magistério superior em Direito,
exerceu o cargo de diretor da Faculdade de Direito da UFMG, em dois mandatos, e
também, posteriormente, o cargo de coordenador de seus cursos de mestrado e de
doutorado. Exerceu ainda o cargo de procurador-geral da UFMG e foi conselheiro da
Ordem dos Advogados do Brasil-Seção de Minas Gerais. Membro de várias instituições acadêmicas e científicas, entre elas a Academia Mineira de Letras Jurídicas, e
nela primeiro secretário.
Em 1975, Baracho lecionou novamente para mim, no Curso de Doutorado em
Direito, na mesma Escola, a disciplina Direito Político. Defrontamo-nos algumas vezes
nas lides forenses, desde então. Até que considerei natural procurá-lo, em agosto de
1999, a fim de convidá-lo para orientador de minha tese de doutoramento, que teve
como tema o controle jurisdicional no processo eleitoral brasileiro. Aceitou, de bom grado, o encargo. Exigente, mais quanto ao conteúdo que quanto à forma, emprestou-me
livros de sua biblioteca, editados no exterior, para maior enriquecimento de meu trabalho. Prestou-me valiosa orientação nos meses que se seguiram, até à sessão pública
de defesa e aprovação da tese, em 5 de abril de 2000, com nota máxima da banca
examinadora por ele presidida e integrada por mais seis outros docentes. Gratificante
foi para mim.
Nossos contatos tornaram-se mais estreitos, posteriormente, em muitos congressos, simpósios e bancas examinadoras de que participamos.
Na análise de sua vasta obra, sobreleva a temática dos direitos e garantias
fundamentais, da cidadania, da jurisdição constitucional, da efetividade dos princípios
e normas constitucionais, do processo constitucional.
Em quase todos os domingos eu o via ainda na missa dominical das 10:00 horas, na Paróquia de São Mateus, no bairro Anchieta, em Belo Horizonte, de cujas atividades tanto ele como eu, e nossas famílias, participamos há anos. Cumprimentávamo-nos e conversávamo-nos sempre. No ocaso de sua vida, já debilitado fisicamente,
aproximou-se mais do altar, naquele templo, em cujas celebrações, na Semana Santa, fazia-se presente. Faleceu, em Belo Horizonte, em 11 de setembro de 2007.
Justificadas, deste modo, as razões de minha preferência por ocupar esta cadeira,
homenagem merecida ao cidadão, professor e jurista José Alfredo de Oliveira Baracho,
que de Teófilo Otoni alcançou projeção no Brasil e no exterior, mercê de sua inteligência,
de seus conhecimentos, de sua dedicação, de seu carisma e de sua bondade.
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Senhores acadêmicos, senhoras acadêmicas. Meus pares:
Radicado em Belo Horizonte há 42 anos, a mim fostes buscar para o convívio
convosco nesta instituição.
Ao externar-vos meu reconhecimento, meu agradecimento pela nímia deferência do convite para postular minha candidatura e por minha eleição, permiti que
rememore estar aqui o ex-aluno do Jardim da Infância, da irmã Tereza, na Escola
Normal e Ginásio São Francisco, da secretária acadêmica e prima Júlia Haueisen
Freire; do Grupo Escolar Teófilo Otoni, da diretora e prima Hilda Haueisen Freire,
da diretora Zilá Freire Durães, da professora Terezinha Melo Urbano de Carvalho,
embora brevemente, – que também é acadêmica titular –, da professora e irmã,
Maria Stella Pimenta, no terceiro ano do Curso Primário, das professoras Maria da
Glória Figueiredo de Miranda, Niracema Pereira dos Santos e Ceny Figueiredo de
Medeiros. Todas elas muito competentes.
Atendeu ao vosso chamamento o ex-aluno do Colégio Estadual Alfredo Sá,
tanto no velho casarão do antigo Ginásio Mineiro, na Praça Germânica, como no
mais moderno prédio edificado na avenida à beira do rio Todos os Santos. Do Curso Ginasial e do Curso Clássico, este último restaurado em 1967, com mestres e
mestras de escol, entre as quais a professora de História e prima, prefeita municipal
Maria José Haueisen Freire, benemérita desta Academia, cuja presença confere
especial destaque à solenidade, e a cujas mãos, firmes e probas, o povo de Teófilo
Otoni confiou dois mandatos consecutivos na chefia do Poder Executivo. A professora de Canto, Hilda Ottoni Porto Ramos, Dona Didinha, também acadêmica titular.
O professor de Educação Moral e Cívica, Adherbal de Oliveira Baracho, irmão do
patrono da cadeira que ocupo, ex-vereador à Câmara Municipal. Nesta Academia
reencontro agora a acadêmica titular e colega daquele tempo, Elisa Augusta de Andrade Farina, cujas generosas palavras de saudação agradeço, sensibilizado.
Premiastes não só o operador do Direito, especialmente no Ministério Público
Federal, e o professor de ensino superior jurídico, que teve sempre em mira a luta
pelo Direito, meio de que este se serve para atingir a paz, fim a que tem em vista,
segundo Ihering. Consciente da proclamação de Isaías, de que a paz é obra da justiça
(IS,32-17).
Fostes mais longe. Reconhecestes o gosto do menino e do jovem pela palavra,
pela escrita e pela arte de escrever, pelo estudo das ciências humanas e sociais, apreciador da boa música, especialmente da música clássica, da música vocal e lírica – e, neste
campo, à minha irmã, professora Maria Alice Pimenta, devo fundamental estímulo –, na
bucólica Teófilo Otoni dos anos 1950 e 1960. Na busca do conhecimento que quis e quero
sempre aprimorar na idade adulta.
Sem a pretensão de estabelecer comparações, volto ao patrono desta Academia, para tomar de empréstimo o fecho de seu discurso de posse na Academia
Brasileira de Letras, na solenidade já referida. Concluiu ele: “Conhecendo minhas
limitações, o desejo de acertar é preocupação constante em minha vida.”
Meus cumprimentos, meu apreço à dedicada presidente da Casa, acadêmica Amenaide Bandeira Rodrigues, ao eficiente Secretário Geral, acadêmico Wilson
Colares da Costa, a todos os acadêmicos e acadêmicas.
Caros parentes, amigos e amigas, cuja presença nesta hora agradeço:
Não posso deixar esta tribuna sem que traga à lembrança, com saudade e
gratidão, meus pais, Camillo de Lellis Pimenta e Eugênia Haueisen Pimenta. Ele
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que prestou honrado serviço público também neste edifício, requisitado como auxiliar do Cartório da Justiça Eleitoral, sob a batuta do então juiz de Direito e juiz
Eleitoral Affonso Teixeira Lages, e como jurado, no Tribunal do Júri.
Beijo, com carinho, a Sandra, minha esposa, e a nossos encantadores filhos,
Larissa, Luiz Camillo e Lídice, que constituem o tesouro de nosso lar. O amor tudo
vence! É a divisa desta Academia.
Senhoras e senhores:
Esta a glória que fica, eleva, honra e consola!
Longe de invocar ou ter em mente esta exaltação de autoria de Machado de Assis, extraída dos Versos a Corina, contido em seu primeiro livro de poesias, Crisálidas,
publicado em 1864. E que está ao pé da estátua do fundador, à frente da Academia
Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro.
Soli Deo! Neste mundo, glória, somente de e para Deus.
Mas é compreensível admitir que esta honrosa investidura alegra e conforta.
E com redobrado significado, porque acontece no aconchego do plenário em que
se reúnem os representantes do povo, onde exerceram a vereança, em diferentes
épocas, antepassados maternos, meu bisavô, Fernando Schroeder, meu avô Júlio
Alberto Haueisen. O tio Otaviano Haueisen. O parente e médico Manoel Pimenta de
Figueiredo, que presidiu seus pares e, como edil mais votado pelo povo, foi eleito e
empossado prefeito pela Câmara Municipal, para mandato que exerceu com dinamismo e espírito progressista. O médico José Carlos Gomes da Silva, de quem herdei o
nome, presidente do legislativo teófilo-otonense e agente executivo, amigo dileto de
meu avô e padrinho de minha mãe.
Não obstante suas imperfeições, a serem corrigidas em uma reforma política
satisfatória e eficaz, o sistema representativo é ingrediente necessário à construção
do Estado Democrático de Direito.
Oh! Salve terra nordestina.
Do Mucuri joia mimosa.
Deste sertão flor peregrina!
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Discurso da Srª Lizia Maria Porto Ramos, proferido em 30 de abril de 2011, na
sessão solene de posse como membro titular da cadeira número 3.
Saudação às autoridades presentes, em especial, D. Maria José, D. Didinha,
os agraciados com a Medalha de Mérito Cultural e os membros da Academia de Letras de Teófilo Otoni aqui presentes.
Estar entre os ilustres acadêmicos que compõem a Academia de Letras de
Teófilo Otoni, tendo escolhido como patrono Dr. Lourenço Ottoni Porto, para mim
é motivo de orgulho e lisonja. Dr. Lourenço Ottoni Porto entra na minha história
de vida desde o meu nascimento, pois foi por suas mãos que aqui cheguei, há 63
anos, meses após a morte de seu querido mano e meu avô materno, Dr. Reinaldo
Ottoni Porto, este patrono da cadeira ocupada por minha mãe – Hilda Ottoni Porto
Ramos – a nossa querida D. Didinha.
Ainda me lembro, nos idos de 1950, quando chegava ao consultório médico
do meu saudoso tio Lourenço para uma das intermináveis injeções para combater
mais uma das crises constantes de amigdalite que me acompanharam durante toda
a minha infância. Ao bater na porta, ele já sabia quem estava chegando. Olhava-me
por cima dos óculos, preparava o medicamento e deitava-me sobre os seus joelhos
dizendo: você é corajosa, veio sozinha, apenas uma picadinha de formiga e estará
liberada. Com aquele seu jeito manso e carinhoso, não podia fazer feio: engolia o
choro e saía do consultório como gente grande.
Médico conhecido por todos, o seu consultório na Vila Gevsa, onde também
residia, estava sempre cheio. A todos atendia com o mesmo carinho, competência e
dedicação. Dr. Lourenço não foi somente médico, foi também, como outras figuras
ilustres de sua época, professor do então Ginásio Mineiro, situado na Praça Duque de
Caxias, onde hoje funciona a CEMIG, lecionando a disciplina História Natural.
Portanto, a escolha do meu patrono está relacionada à admiração e respeito a
uma das grandes figuras do passado da nossa cidade, bem como aos laços familiares
que nos unem.
Em dezembro de 1966, concluído o Magistério na Escola Normal e Colégio
São Francisco, desloquei-me rumo a Belo Horizonte onde, após exame de vestibular,
ingressei no Curso de Pedagogia da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras – Santa
Maria, atual PUC-MG. Concluído o curso, pretendia retomar a Teófilo Otoni, onde
abriria uma escola de educação infantil. Mas a vida tomou novos rumos, e assim permaneci em Belo Horizonte, abandonando a ideia de abrir a sonhada escola. Mesmo
antes de me graduar, passei a lecionar para o curso de Magistério, iniciando assim
minha trajetória profissional.
Em 1973, casei-me e tive quatro filhos: Celine, Renato, Daniel e Ana Luisa. Em 1983, tomei-me professora da Universidade Federal de Minas Gerais,
assumindo o cargo de professora de 1o e 2o graus na unidade do Centro Pedagógico – Escola de Ensino Fundamental, ali trabalhando por 20 anos, com
atividades de ensino, pesquisa e extensão.
Final da década de 1980, início de 1990, começo os meus primeiros ensaios
literários. Brincando com as palavras, verbos e provérbios, nascem “A barriga do Rei”,
“No reino da boca fechada”, “O menino e a avó do menino”. Este último, uma homenagem à minha mãe Didinha, mestra das letras e da música, avó pescadora com quem
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o neto Renato queria conhecer os segredos pesqueiros.
Do meu pai, Lauro Joaquim Ramos, odontólogo e professor, herdei a paixão pelas Ciências da Natureza, pelo filosofar e pelo questionamento em busca
da verdade.
A combinação genética de uma poetisa nata e de um inveterado questionador
fez desabrochar em mim o espírito investigativo sobre as ciências, principalmente
sobre o ensinar ciências da natureza para as crianças.
Hoje, trilhando os caminhos da literatura e da ciência, aqui cheguei, assumindo, com grande honra, uma cadeira na Academia de Letras de Teófilo Otoni, assentando lado a lado com a minha mãe, titular emérita desta academia, cujo patrono da
sua cadeira é o meu admirável avô, Dr. Reinaldo Ottoni Porto, com quem tenho ainda
muito que aprender.
Agradeço a todos que me ajudaram nessa caminhada e, de modo especial, aos
membros desta Instituição que me julgaram apta a partilhar com eles este espaço de
destaque em nossa cidade. Assumo aqui o compromisso de tudo fazer para me tornar
digna de tão grande honraria, contribuindo para o engrandecimento do patrimônio
cultural de nossa terra.
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Discurso proferido pela Srª Elisa Augusta de Andrade Farina, 1° de outubro de
2011, na abertura da sessão solene de recepção e posse de membros honorários,
correspondentes e homenageadas com o Diploma “Você, Mulher!”.
Quero externar a satisfação de tê-los conosco nesta magnânima Casa para
mais uma solenidade da Academia de Letras de Teófilo Otoni. Nos seus quase nove
anos de existência, a ALTO tematiza a sua revista literária, Noite do Café com Letras,
e hoje estaremos homenageando em verso e prosa a mulher.
A mulher, como nós a vemos, sentimos e julgamos, é construção da sociedade
patriarcal, uma sociedade em que os valores são masculinos, o poder é masculino, o
modo de pensar e agir são definidos pelos homens. “Ser homem” e “ser mulher” são
padrões estabelecidos ao longo dos séculos e introjetados em toda a sociedade.
A luta da mulher para alcançar o reconhecimento de sua situação de igualdade
é ainda incipiente. Os movimentos feministas que lutam por uma sociedade justa em
que homens e mulheres sejam tratados com igualdade de direitos, deveres e oportunidades, são considerados por muitos como uma sinalização maior que uma mudança
está acontecendo.
A mulher se encontra hoje em pleno processo revolucionário. Questionou seu
papel na sociedade, seu histórico sexual, saiu da passividade, direcionou seu próprio
destino. Ela sempre marcou presença na parte educativa de um ser, desde os seus
primeiros contatos, pois a mãe começa educar o seu filho desde o momento em que ele
é concebido. Revela-se como educadora por sua intuição e dedicação, seja no lar, na
escola ou na sociedade em que está inserida. A mulher é educadora por natureza.
Nesta noite, a Academia de Letras de Teófilo Otoni sente-se honrada em homenagear mulheres que contribuíram, direta ou indiretamente, no processo de ensino/aprendizagem e engrandecimento sociocultural da nossa cidade.
Queremos enfatizar o espaço que essas mulheres maravilhosas ocupam no
nosso coração repleto de amor e reconhecimento. Recebam com uma salva de
palmas as educadoras Maria Eny Leal Fernandes da Silva, Hilda Haueisen Freire,.
Gelcira Rodrigues dos Santos, Iris Soriano Nunes Miglio, Neusa Guedes Carneiro,
Maria José Haueisen Freire, Enelcina de Oliveira Leite, Mercês Shade, Maria de
Lourdes Senna Prates, Niracema Maria dos Anjos Pereira dos Santos, Dalva Neumann Keim. A historiadora Fany Moreira e a artista plástica Sônia De Lafuente Paraguassu.
Quero também registrar a nossa satisfação em receber como membro honorário
o jornalista Humberto Luiz Salustiano Costa, filho desta cidade radicado na cidade de
Caratinga e o membro correspondente, o historiador Valdivino Pereira Ferreira, da cidade
de Turmalina/MG. Ainda nesta noite faremos uma homenagem póstuma à educadora
Ione Lewick da Cunha Mello e lançaremos a nossa revista Café-com-Letras, cujo tema é
você, mulher!
“Mulher,
O teu corpo é uma flor que, entre pétalas, cores e perfumes, guarda no centro
as sementes da vida, os frutos da esperança, a fecundante seiva do futuro, pomares
e jardins da eternidade.”
Maria Aparecida C. Milagres
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Discurso do Sr. Humberto Luiz Salustiano Costa, proferido em 1° de outubro de
2011, na sessão solene de posse como membro honorário.
Senhora Presidente, Senhores acadêmicos, autoridades. Senhores e senhoras,
meus diletos conterrâneos de Teófilo Otoni e de Caratinga, aqui presentes.
À guisa de preâmbulo peço vênia para fazer a apresentação dos meus amigos
e conterrâneos de Caratinga que me distinguem aqui comparecendo, associando-me
à alegria que me invade a alma, fazendo pulsar mais forte o meu coração.
Meu agradecimento, que faço de público, vai para minha esposa, Vanda Lelis
Costa, Doutor Almério Pereira de Matos e esposa, professora Lígia Maria dos Reis Matos;.
jornalista Fabiane Arêdes de Oliveira Casagrande, professora Neyde Rihan, Doutor José
Moisés Nacif Júnior, ex-deputado estadual e líder ruralista e esposa, IIahene Maria Batista;
escritora e artista plástica, Sandra Ramalho de Oliveira; professora Beatriz Gomes Batista
Alves de Souza, diretora da Escola Estadual Princesa Isabel; Doutor Paulo Sérgio da Silveira, Presidente da CDL de Caratinga; jornalista Carlos Alberto Fontainha, editor do jornal
Diário de Caratinga; radialista Graziele Flores, repórter da Rádio Cidade FM; jornalista Sérgio Ferreira, da TV Super Canal de Caratinga; cinegrafista Waldeir Simão, professoras Alzira
Maria Ligeiro e Maria José Ligeiro Marques, Annalzira de Assis Ligeiro, funcionária pública
federal; Arlenir Bastos Pereira, funcionário público municipal e esposa, Julita Bastos Bitencourt e os seus filhos Sandra Bitencourt Bastos e Magno Maurício Bitencourt Bastos.
Também em minhas considerações preliminares, não posso nem devo deixar
de dirigir a minha saudação àqueles que hoje recebem as homenagens da Academia
de Letras de Teófilo Otoni, no rol das quais jubilosamente eu me incluo. De modo particular e especial quero saudar a mulher na pessoa das homenageadas desta noite,
com a expressão maior do meu carinho e do meu respeito, rendendo graças a Deus
por ela existir em nossas vidas. Para ela dedico um dos poemas que mais atingem a
nossa sensibilidade, de filho e esposo.
Você, Mulher!
Eternamente, mas não
tão somente mulher.
Ainda que rainha do lar – soberana
achou no mundo o seu lugar
Mulher pessoa, mulher cidadã
cuja particularidade rima
com eternidade.
Nela, vejo a poética da existência
pois traz a vida na sua essência.
Ousou sonhar
seus direitos reclamar
e feminino e masculino
pôs num mesmo patamar.
E, em tom maior,
Fez-se grande o “ser – menor”.
Tornou-se ágil o sexo frágil.
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Esta solenidade, em todo o seu esplendor, realmente me enche de júbilo e de
entusiasmo em dela sendo um dos partícipes, também com delegação expressa para
representar a Academia Caratinguense de Letras, na qual ocupo a cadeira número 7,
que tem como patrono Teófilo Benedito Otoni.
E com a mais viva emoção que aqui compareço com alegria incontida pelo
memorável momento que nos contagia a todos. E neste clima da mais calorosa das
celebrações quero dizer o quanto sou grato pela bondosa iniciativa com que estou
sendo distinguido para este evento dos mais auspiciosos, para os homenageados e
também para aqueles que dele participam.
Esta é uma noite superlativamente importante, de modo particular e especial
para mim que jamais imaginei merecer tão honroso e dignificante título de membro
honorário da Academia de Letras de Teófilo Otoni, brilhante entidade literária que tem
como patrono oficial aquele que em vida foi um dos expoentes máximos da intelectualidade nacional, mercê de sua vastíssima cultura e da sua inteligência fulgurante neste
país, o imortal Celso Ferreira da Cunha, também patrono da Cultura em nosso município, título este instituído pela Lei Municipal n° 5.522, de 27 de dezembro de 2005.
De inteira justiça, ele sempre será um dos orgulhos maiores dos seus conterrâneos teófilo-otonenses. Na menção do seu respeitabilíssimo nome, faço, com justificado orgulho e honra, referência a uma das suas luminares sentenças, em alusão
à palavra: “Com a palavra criaram-se e destruíram-se mundos, selaram-se destinos,
elaboraram-se ideologias, proferiram-se maldições e blasfêmias, expressaram-se
ódios, mas também com ela – e só com ela –, em tantos e tão desvairados povos,
falou-se de amor, consolaram-se aflições e elevaram-se preces ao seu Deus. Ela tem
sido, através do tempo, a mensageira do bem e do mal, da alegria e da dor...”
Sempre atento aos grandes vultos que marcaram a sua passagem nas letras,
nas artes e na política, não podemos deixar de admitir que Teófilo Otoni é uma cidade
pródiga em nomes famosos que sempre souberam defender com ardor e entusiasmo
as mais caras tradições da cidade do amor fraterno, a começar pelo imortal fundador
Teófilo Benedito Otoni, indiscutivelmente, o grande tribuno dos tribunos, e que no
dizer eloquente da prefeita Maria José Haueisen Freire, ele foi intrépido e ardoroso
defensor dos direitos individuais. Considerava pilares da política quatro princípios: o
direito à liberdade, à segurança, à propriedade e à resistência à opressão. E foi coerente defendendo estes princípios.
Esta é uma ocasião, para mim, muitíssimo grata, além das mais oportunas,
para dizer do meu acendrado amor a esta cidade que me viu nascer, e a qual jamais
deixei de dedicar profundo respeito, procurando sempre honrá-la e dignificá-la no que
de mais importante ela representa para todos nós.
Participar do seleto grupo de intelectuais desta Academia de Letras, na qualidade de detentor de um título honorífico, constitui para mim honra das mais insignes,
sendo eterna a minha gratidão aos acadêmicos por essa que é, sem sombra de dúvida, a homenagem que verdadeiramente cala fundo em meu coração. E na pessoa
da nossa presidente Amenaide Bandeira Rodrigues, agradeço, penhoradamente, a
todos os demais acadêmicos que subscreveram a proposta de minha admissão como
membro honorário da entidade maior da cultura e da inteligência de Teófilo Otoni.
E meu melhor reconhecimento devo, também, esta cidade onde pude alicerçar
os princípios básicos da minha formação moral e cívica.
Por muitos motivos, Teófilo Otoni pode ser considerada a maior cidade do
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país, levando-se em conta o universo de pessoas que têm o ideal do progresso
registrado em sua postura, e que sabem lutar em defesa das justas e nobres
causas humanitárias.
Temos os lavradores que com o suor do rosto molham a terra-mãe para que
nela germine bons frutos. Temos os lixeiros que no dia a dia labutam pela melhoria da
qualidade de vida de todos nós.
Temos as donas de casa e mães de família, com seu zelo constante, com
um sorriso nos lábios, dando o suporte emocional e efetivo aos seus companheiros
e aos seus filhos.
Temos os motoristas, os funcionários públicos, os professores, os estudantes,
os carroceiros, os comerciários, os profissionais liberais, os comerciantes, as lavadeiras, os empresários, os mecânicos, os religiosos, as empregadas domésticas, os
padeiros, as faxineiras, os porteiros, os pedreiros, enfim, temos nossa gente simples
que na sua grandiosidade busca no trabalho e no estudo cumprir o seu papel como
ser humano e como cidadão brasileiro, mineiro e teófilo-otonense.
Por tudo isso é sempre bom voltar a esta cidade, é sempre bom rever os amigos que aqui deixamos a partir do instante em que tivemos de buscar novos rumos,
numa época de incertezas e incompreensões que marcaram, profundamente, a nossa
vida de filho desta terra altaneira.
Hoje, os tempos são outros, com o prevalecimento de uma nova mentalidade,
tornando esta cidade mais humana e mais feliz, mais fraterna, mais justa e igualitária, porque feliz, humana, fraterna, justa e igualitária é toda aquela cidade que sabe
valorizar as suas mais caras tradições sem se descuidar das nobres e edificantes
causas que, permanentemente, exigem esforço, participação e a tenacidade de todos,
em nome de uma cidadania plena, sendo esses valores autênticas características da
laboriosa gente teófilo-otonense.
Berço de um povo de extraordinária bravura cívica, esta cidade onde construímos os nossos ideais maiores, experimentando alegrias e tristezas, sempre foi motivo
de orgulho para todos nós que tanto a queremos bem. Nossa paixão por esta cidade
não é uma coisa rara, nem um fato excepcional. Por um mistério qualquer, esteja onde
estiver, o filho desta terra dadivosa não a esquece.
Este prêmio que hoje recebo, pela nímia bondade dos Acadêmicos da ALTO,
de verdade representa muito não só para mim, mas, com a mesma intensidade, para
a minha família, minha esposa e meus filhos, lembrando carinhosamente de Seu Nô e
dona Conceição meus diletos e saudosos pais, que das vias etéreas do infinito onde
se encontram, estão espargindo fluidos altamente positivos, alegrando-se com a alegria de que estamos contagiados.
Este momento será eterno em minha lembrança e a minha gratidão será,
igualmente, perene em meu coração que está exultante e na minha alma que
está em festa.
E é de pé, porém com a alma ajoelhada que me ponho neste instante memorável, possuído do mais vivo contentamento pelo significativo título a mim conferido,
para manifestar a todos que me ajudaram a conquistá-lo, a expressão maior do meu
respeito, da minha amizade e da minha admiração.
Que Deus me ajude a ser digno desta homenagem, nunc et semper, hoje
e sempre.
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Discurso do Sr. Valdivino Pereira Ferreira, proferido em 1° de outubro de 2011,
na solenidade de posse como membro correspondente.
“A grandeza não consiste
em receber honras,
mas em merecê-las.”
(Aristóteles)
Meu caro e digno colega empossando, senhor Humberto Luiz Salustiano
Costa, que volta ao ninho na frase bela da canção poética...
Caros confrades e confreiras, cujo talento corre de parelha com a caridade
intelectual (franciscana e claretiana, sic);
Seleto público que nos dá a honra da sua atenção, o privilégio da presença e
a distinção do seu respeito.
Foi longa a caminhada e penosa a espera. Não me importam os ferimentos da
luta nem os arranhões dos espinhos pelos caminhos percorridos, mas sim a alegria
do encontro e o prazer da etapa cumprida. Por essas convergências do destino, um
espírito lúcido, humilde e sábio, a quem nós todos devotamos verdadeira amizade e
veneração – a amiga e distinta poeta Clevane Pessoa de Araújo Lopes – venho hoje
unir-vos a vós. Sei que não sou igual a vós, nem em distinção ou sabedoria, mas sei
também que a humildade e a bondade espiritual inerente a todos vocês os fizeram
aceitar-me como um dos vossos.
Não foi por acaso ter sido empossado na ALTO, essa egrégia Casa de letras
que brilha no vale do Mucuri, sediada na princesa desse vale. Busco e aspiro as
coisas do alto, e Teófilo, palavra de raiz grega, quer dizer “Amigo de Deus”, na bela
junção dos termos THÉOS = DEUS + PHILO = AMIGO.
A princípio, o que são os nomes? Nada mais que a soma de consoantes e
vogais, que entre uma e outra dão forma e som. Sua importância, entretanto, está
naquilo que eles significam. Posso e devo citar alguns, para regalo do espírito e a
breve compreensão dos senhores:
Maria – do aramaico do tempo de Cristo, significa: Filha do mar.
Vera Lúcia – do latim medieval – significa Luz verdadeira ou a verdade
que luz ou brilha.
Valdivino – palavra teuto-saxônica – quer dizer amigo audacioso.
Emanuel, do hebraico pré e pós-Cristo – O Senhor é convosco.
Isaque – nome comuníssimo na Israel do tempo de Cristo, quer dizer “risada”.
Amenaide – nome aportuguesado vindo do hebraico, traz a ideia de pessoa
amena, tranquila e serena.
Thales, esse jovem vereador que abrilhanta a Câmara de Teófilo Otoni com
sua juventude e impetuosidade, nos lembra a figura impoluta e inteligente do filósofo
grego de reconhecida fama.
Maria José – a prefeita brilhante de Teófilo Otoni – traz no nome a junção do
melhor modelo de mulher junto com o mais compreensivo dos homens.
“Porque ao sol deu por morada Deus: Quia sol in habitaculum Dei”, dizia uma
antiga inscrição encontrada em território greco-latino. A Ele, sou grato pela dádiva da
amizade de todos vós e pela bondade do nosso ingresso na vossa Casa, a Casa de
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Celso Cunha. A Deus também sou grato pelo ingresso no seio de vosso grêmio.
Sou grato às letras porque elas me deram as maiores alegrias da minha vida,
inclusive um reconhecimento do qual não sou merecedor. Minha gratidão a todos.
Os tempos modernos se caracterizam pelo conhecimento e a aglutinação dos
homens de letras e de ciências em grêmios culturais. A Academia de Letras de Teófilo
Otoni, cuja sigla ALTO lhe cai tão bem, está entre as mais respeitáveis e nobres entre
as suas congêneres, razão pela qual eu sou grato à inspirada poeta norte-rio-grandense, Clevane Pessoa de Araújo Lopes, a minha generosa indicação ao sodalício e
o vosso beneplácito em aceitar-me como um dos vossos.
É bom que se fale de Clevane. É mineira porque seu coração está em Minas e os frutos do seu ventre foram gerados em Minas. Juiz de Fora foi o pórtico
de entrada em nosso Estado montanhês, onde exerceu com brilho a profissão de
jornalista, naquela que é chamada de “Manchester Mineira”. Psicóloga de rara
sensibilidade e competência, ela vem dando mostras de um amor acendrado ao
povo e às letras mineiras.
Faz parte de várias instituições culturais e de letras, além de ser embaixadora
da paz e recordista em participação em antologias de poesias. Apenas entristeço-me
não tendo a sua luminosa presença nesta augusta ocasião de celebração espiritual a
Deus, à Cultura e às Letras.
Relembro aqui Teófilo Otoni, o “Tribuno do Povo” que com seu lenço branco
e seu liberalismo avançado, por pura razões do destino fez na selva do vale Mucuri
uma cidade das mais distintas de Minas, plantando ali a semente da civilização e do
progresso econômico e social, com grande desforço pessoal e dispêndio de sua bolsa
pessoal. Seu nome é um símbolo que orgulha as velhas serranias do Serro e as nossas “Minas Gerais”, tão altaneiro quanto o pico do Itambé que espia sobranceiro as
nascentes do Rio Jequitinhonha.
Razões outras me fazem aludir a minha posse nessa terra. Aqui veio residir
a velha matriarca, D. Benedita Valentina de Souza Rocha, após enviuvar do major
Antônio Augusto de Souza Rocha, um dos chefes políticos de Piedade de Minas
Novas, hoje a cidade de Turmalina. Veio trazendo cinco filhos, um dos quais o capitão
da Guarda Nacional, Germano Augusto de Souza, que aqui casando nas melhores
famílias da terra, gerou outro Germano Augusto de Souza, “o Maninho”, que entre as
funções nobilitantes que exerceu na vida, está a de ter sido prefeito de Teófilo Otoni,
entre 1951 e 1955. D. Benedita, sua avó, era madrinha de batismo de meu bisavô
José Godinho da Rocha – batizado a 12 de maio de 1881.
Minha hexavó materna, D. Ana Francisca da Conceição Esteves, casada com
o capitão Martinho Nunes Pereira, tronco das melhores famílias de Minas, era irmã
da senhora Maria Rosa do Nascimento Esteves, esposa do poeta José Eloy Otoni,
este tio paterno do inesquecível Teófilo Otoni. Ambas eram tias paternas da ilustre
matrona Rita Esteves de Lima, que tem a gloria de ter entre os seus descendentes o
governador Aécio Neves.
Filhos de Turmalina que foram recebidos com galanteria e amizade pelo povo
dessa terra, foram: tenente-coronel Patrício Alves da Costa1, membro da intendência
de 1890 até 1892; major Fortunato Gonçalves Mendes, ex-vereador na Câmara dessa comuna entre 1892 e 1895; coronel Antônio José da Costa Ramos, subdelegado
de Polícia e seu irmão João José da Costa Ramos, agente dos Correios; Francisco
Cordeiro da Luz, ex-secretário da Câmara, no final da década de 1920, era filho do ca55
pitão Carlos Cordeiro de Oliveira e de dona Ambrosina de Matos Cordeiro, ele nascido
na fazenda Estaquinha, no córrego do Fanha (divisa de Turmalina com Minas Novas)
e ela de Minas Novas.
A vocês devo a minha vontade de viver mais intensamente a vida intelectual. E
a Deus devo a vida que tento viver com dignidade e verdade, componentes do amor
ágape, cristalino, sem jaça, oriundo de Deus. Com Deus, que é o princípio, termino
estes agradecimentos porque ele é o sabor do meu espírito, o apetite da minha alma
e o deleite da minha existência.
Muito obrigado a todos.
Paz e bem.
O coronel Patrício Alves da Costa (1834 - 1909?), era irmão germano de minha tetravó materna, dona Maria da Costa Lima (*1839 - 1899), ambos filhos do coronel Joaquim da Costa
Lima (*1796- 1872) e de sua esposa dona Tereza de Jesus Gomes de Lima (*1812 - 1859),
esta filha do capitão Martinho Nunes Pereira e de sua esposa Dona Ana Francisca da Conceição
Esteves, irmã de dona Maria Rosa do Nascimento Esteves Ottoni, que era esposa do literato
José Eloy Ottoni. O coronel Patrício Alves da Costa casou-se em 10 de maio de 1855 com dona
Maria Altina de Souza e Silva (1840 - ?) filha da matriarca Altina Maria de Castro (conforme
livro 3º de casamentos da Paróquia de Nossa Senhora da Piedade de Minas Novas, folha 31).
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Discurso da Srª Hilda Haueisen Freire, proferido em 1° de outubro de 2011, na
sessão solene em homenagem a diversas personalidades femininas com a
outorga do diploma “Você, Mulher!”.
Depois de ouvir um discurso tão profundo, conto a meu favor o que aprendi
com minha professora de Filosofia, D. Maria Luiza Almeida Cunha: Simplicidade e
franqueza em relação à vida.
Vocês, Amenaide, Prof Wilson e demais membros da Academia de Letras de
Teófilo Otoni, fizeram muito bem em conferir-me este Diploma “Você Mulher”. Peçolhes licença para estender esta homenagem à minha mãe, Dolores Haueisen Freire,
que junto a meu pai, José Caldeira Freire, souberam educar os oitos filhos. Minha
homenagem ainda à minha Tia Fanny Hausein, que foi uma 2ª mãe para tantos sobrinhos. Passo agora a citar outras mulheres que tiveram influência em minha vida de
estudante.
Irmã Lambertina, que me ensinou leitura e demais áreas da Linguagem.
D. Maria Luiza Almeida Cunha, professora de Filosofia, mais que teoria, ensinava pelo
exemplo de “Mulher Forte”; D. Lucia Monteiro Casasanta, pioneira no Brasil no ensino
globalizado de Linguagem, especialmente a gramática funcional. D. Helena Antipoff,
que nunca teve tempo de escrever um livro sequer apesar de sua grande bagagem de
conhecimento de Psicologia e afins. Não lhe sobrava tempo: absorvida em pesquisas
estudos de casos particulares e em grupo de criança e adolescentes excepcionais,
conferências, palestras nos grandes centros e em zonas rurais de Minas Gerais. A
criação das APAEs no Brasil deve-se a D. Helena.
Cito mais duas mulheres nossas conterrâneas. Vanda Knupfer de Paiva, exímia em didática de matemática; Isaura Caminhas Fasciani, eu a conheci quando
criança e, para surpresa minha, ao cursar a 1º série primária do Colégio São Francisco, ela fazia o curso de Aplicação e frequentemente vinha à nossa classe dar “aula
prática”. Não parou por aí. Tive a felicidade, ao voltar de Belo Horizonte, encontrei-a
como professora do Grupo Escolar “Teófilo Otoni” do qual fui diretora. Isaura ajudoume demais: puxava minhas “orelhas às escondidas” quando me dizia: “Hilda, não se
conserta o erro de uma vez, vá devagar!”.
Para encerrar, quero agradecer-lhes esta homenagem; o Diploma será
guardado com todo carinho. Digo-lhes mais: Tenho muito orgulho de ser irmã de
Maria José.
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Discurso da Srª Maria Norma Lopes de Macedo, proferido em 17 de dezembro de
2011, na sessão solene de posse como membro correspondente.
“Entusiasmo é uma palavra de origem grega
que significa: um pedaço de amor no coração.”
Quis a vontade de Deus que eu, simples professora aposentada do Vale do
Jequitinhonha, estivesse, hoje, aqui presente. Primeiramente, meus agradecimentos
à Academia de Letras de Teófilo Otoni. Sei que aqui estou não, unicamente, por merecimento, mas principalmente pela grandeza desta grande Instituição.
Agradeço também ao meu amigo Valdivino, que se lembrou de indicar meu
nome para tão alto posto. Aceitei esta honraria. Obrigada, Valdivino.
Quero esclarecer a todos os presentes que escrever para mim foi uma questão
de necessidade. Quando diretora da Escola Estadual Badaró Júnior, escola recémcriada na minha cidade, eu teria que fornecer dados reais para as minhas professoras,
quase todas vindas de Capelinha, para que elas pudessem, com seus alunos, estudar
o nosso município. Não havia fontes de pesquisas. Que fazer? Reportei-me ao passado, à minha memória privilegiada, às cidades vizinhas, principalmente Minas Novas,
cidade à qual Turmalina pertencera.
Assim começa a minha luta. Comecei a escrever. Recorri aos mais velhos e foram surgindo casos e causos interessantes que nos mostravam como
o turmalinense é inteligente. Tomei gosto, continuei escrevendo e assim foram
surgindo os meus livros.
Deus é grande, meus prezados ouvintes. Tudo que a gente faz, visando
ao bem de alguém acaba dando certo. Isto aconteceu comigo. Por isto estou
aqui, prazerosamente.
Não é a primeira vez que eu venho a Teófilo Otoni. Lembro-me bem. Quando
Inspetora Escolar, as dificuldades caíam sempre nas minhas costas. Que bom! Sinto
saudades daquele tempo. Eu aqui estive à procura de um professor de matemática
para a 1a escola de 2a grau, criada em nosso município. Não foi só isso não, quando
criança ainda bem pequena, meu Pai, Leopoldo Lopes de Macedo, era tropeiro desta
região, levava e trazia as novidades que naquele tempo a gente não conhecia. Esta
cidade, segundo meu pai, já se destacava dentre as demais dessa região e estava
brevemente destinada a ser uma das maiores cidades da nossa Minas Gerais. Sua
profecia deu certo! Agora, mesmo longe, quero agradecer ao povo de minha terra,
principalmente aos jovens que receberam bem as coisas que eu escrevi. Tanto que,
anos depois, ainda utilizam os meus “livros” como fonte de pesquisa para as suas
tarefas escolares. Os meus modestos conhecimentos são ainda bem utilizados.
E agora uma pergunta, meus caros ouvinte: Você já foi a Turmalina? Então
vá até lá. A cidade é calma, agradável, a comida é boa e gostosa. Muitos escritores
despontam. Certamente, você vai gostar.
Agora, finalizando a minha fala, quero abraçar a todos que me ouvem, agradecendo pela acolhida e desejando um Feliz Natal e um 2012 repletos de saúde, amor,
paz e prosperidade.
Deus os abençoe!
Muito obrigada.
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Discurso da Srª Janeuce Maciel Cordeiro, proferido em 17 de dezembro de 2011,
na sessão solene de posse como membro correspondente.
Foi de olhos mansos e coração puro que recebi a proposta de adentrar a
ALTO – Academia de Letras de Teófilo Otoni.
Desde então, pus-me a pensar nesse tanto de gente que nasceu e vem criando
asas dentro de mim, há 44 anos. Sinto-me, a cada dia, uma mulher de múltiplas facetas, abrigando uma criança que insiste em aprender a andar um pouco mais. Ainda
que caia e tropece, ela não desiste. Ao se levantar, virou um pouco mais mulher e
avista horizontes que parecem inalcançáveis. Mas a mulher abriga olhos de infinito,
atravessa a menina e vê um oceano de possibilidades: mudar o mundo, acordar corações endurecidos com toques sutis e delicados. Há nela tanta fome de transcendência
que as asas ocultas, como de um anjo, vão traçando o movimento.
Então ela vai e volta. Volta e vai. Lembra lá onde nasceu: a roça. A família numerosa, pois é a 15ª filha, de 16 irmãos. Lembra-se do pai e da mãe na labuta diária de
um trabalho quase artesanal, de tantas mãos e braços e olhos envolvidos. Lembra-se
do berço simples, os brinquedos inventados para abrigarem uma imaginação tão fértil.
Lembra-se do começo do seu tempo de escola, de como acolhia as histórias como se
parte delas fosse. Sofria gasturas quando os caçadores abriam a barriga do lobo para
retirarem a vovozinha. E sofria ainda mais querendo mudar o rumo da história, que
Chapeuzinho Vermelho deveria ter desconfiado do lobo, na ocasião do diálogo entre
os dois, afinal ele lhe adiantara: “Eu sou o anjo da floresta.” Mas não concebera a ideia
da desobediência de Chapeuzinho à mãe, que avisara: “Siga o caminho do rio, pois o
caminho da floresta é perigoso, o lobo mau anda por lá devorando as criancinhas.”
Chapeuzinho era imaginativa demais para ouvir conselhos de “Siga-me”. Ela
tinha de fazer o próprio caminho. Sim, o caminho da floresta é perigoso, mas era ele,
com tantas árvores e sombras espetaculares, com a sinfonia desafinada de pássaros
mil, com tantos perigos e sensações de superação, com tantos mistérios oclusos, com
tantos segredos de pássaros e cores e bichos mais, que podia sustentar a imaginação
de Chapeuzinho Vermelho. Assim meu espelho me seduz. Uma mulher que livrou sua
criança do lobo, mas que teme pela vovozinha. Desviando caminhos retos para seguir
trilhas sinuosas. Inventando, a cada momento, motivos de sentir melhor. Tentando
novas formas de se portar na vida a fim de não ser prostrada por ela.
Foi de olhos mansos e coração puro que recebi a proposta de adentrar a ALTO.
Ao contrário de comemorar a conquista como privilégio, senti mais uma responsabilidade gratificante. Foi então que voltei outra vez. Porque sou dessas que seguem voltando, fazendo curvas, desbravando os caminhos sem máquinas truculentas, antes
tentando mecanismos nascidos da própria ciência. Numa bifurcação em Y, vi meus
irmãos. Todos. Pois que não caminho sem levar minha família por onde quer que
eu ande. Eu seria um rio sem mar. Assim, todos estavam sempre comigo. Dividindo
a cama de dormir, a toalha de enxugar, os sabores da comida de mamãe, as responsabilidades a nós confiadas por papai, os terços repetidos em cima do fogão a
lenha, com a proteção das vigas do santo Rosário. Vi meus irmãos buscando um lugar
de alongarem-se no mundo, de forma a nos estender das raízes, ao mesmo tempo
preservando-as, pois quanto mais o tempo corre, mais autenticamos a preciosidade
desse tesouro arranchado no nosso coração.
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Em seguida a isso, olhei-me outra vez. Olhei-me a fundo, no espelho da alma.
E pensei que se pertencesse à flora, seria da família dos tubérculos, crescendo adentro, até não caber mais. Então vi os filhos que a vida me confiou, frutos do mel que
fabriquei das próprias entranhas. São quatro: Sofia, Emílio, Vinícius e Bei. Para eles,
tenho dom de estrela guia. Talvez essa seja a minha “generosíssima tarefa”, pois que
de tanta poesia embutida, entrei em estado de graça. Assim, conheci a graça de ser
mãe, pela primeira vez, aos 18 anos. Desde então, sigo com eles. E eles me ajudam
a dar visibilidade a alguns caminhos diversos. De mim para meus filhos não há guia.
Trocamos estradas. Por vezes sou a mãe por vezes sou a filha, e vamos nos dividindo, como gente que conta sem se dar conta.
Enfim, sou esse tanto e esse nada tanto. Amarrotada, passada, feito o milagre
das cobras deixando atrás de si o que não mais as renova, a fim de exercer a travessia. Quem sabe seja esse o motivo de eu ter tanto medo delas. Quem sabe por me
assustar a própria capacidade de vestir uma pele nova.
Enfim, foi de olhos mansos e coração puro que recebi a proposta de adentrar a ALTO – Academia de Letras de Teófilo Otoni. Se alguém quis ouvir de mim
formalidades, acabou cheio de trivialidades rotineiras, nada novo, sendo o único
diferente um jeito bem meu, próprio de narrar e descrever, esse o meu estilo. Será
por isso estou aqui? Deve ser esse jeito atravessado de contar a mesma coisa.
Um jeito que alivia aquilo que é de todo dia. Não, todo dia me engole a essência.
Gosto de portas escancaradas para a vida entrar. Tenho de bandear, inventar todo
dia para viver cada dia. É assim que sigo. Como diz meu amigo amado: “rumando”.
Assim é que sou. Sem limpar gavetas, ao contrário, viro as roupas pelo avesso
para elas me caberem melhor.
Agora vocês me trouxeram para corresponder nesta Academia de Letras. Mas
antes preciso contar que meu estilo literário é transgressor. Tenho o vício de escarafunchar palavras, dissecando-as, cedo ainda, na lida da terra. Então saibam: eu
vim lá do Fanha, da roça, nascida numa família de 16 irmãos. Meu pai, agricultor,
trabalhou na enxada e nos criou assim, diversos casos de bem. As mãos de mamãe
eram fábrica de derivados do leite. Além disso, ela transformava migalhas em campos
de fartura. Eu posso chorar um rio só de pensar em contar para vocês os assuntos
de minha família. Tantas alegrias e compensações de todas as vertentes. Eu viro o
mar de águas doces quando conto de meus filhos. Eles são 4, minha linha no tempo,
o novo que me põe a caminho, fonte perene de poesia. Sou capaz de inventar uma
chuva se contar minhas experiências de vida: como caio! Que vergonha. Como me
levanto! Sem vergonha.
Pois é, sou esse tanto de nada tanto. Uma mulher de várias facetas, abrigando
o infinito na alma, bem alimentada na sede de transcendência. A ALTO – Academia
de Letras de Teófilo Otoni – acaba de entrar em mim. Em contrapartida, sinto que
estou saindo dela para além. Enlargueci. É um sonho que não sonhei sabendo, mas
aconteceu.
Agradeço, de coração puro e sereno:
‘
Ao Cristo, doce Senhor de minha vida, facho de Luz misteriosa ao alcance dos
meus sentimentos;
Ao meu amigo Valdivino, ilustríssimo conhecedor da angústia e do êxtase de
atuar como síndico no condomínio das palavras;
A D. Norma e D. Neick, minhas conterrâneas aqui presentes, que tanto valor
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deram à minha formação para que, como elas, eu estivesse aqui, trazendo e elevando
Turmalina;
Ao ilustre professor, Wilson Colares, Secretário-Geral desta Academia de
Letras;
À prefeita de Teófilo Otoni, Srª Maria José Haueisen Freire, aqui representada,
companheira na arte flexível de acreditar que um novo mundo é possível, que “a terra
é boa” e em assim plantando, “tudo dá”;
À presidente da Academia de Letras de Teófilo Otoni – Srª Amenaide Bandeira
Rodrigues, em nome de quem cumprimento os demais componentes da mesa, pela
ousadia de acreditar que as palavras movem corações e que corações movidos pelas
palavras transformam o mundo;
Enfim, cumprimento todos vocês aqui presentes, sem formalidades, pois se me
convidaram, já estou em família. Dessa forma, apresento-lhes, meu irmão Homero,
Lico para nós, que saiu lá da roça para me acompanhar e prestigiar, e meu filho Vinícius que, de pé, me representa, de valores e de amores.
Muito agradecida, na voz do tesouro mais fundo que abrigo em meu coração!
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Discurso do Sr. José Salvador Pereira Araújo, proferido em 15 de dezembro de
2012, na sessão solene de posse como membro titular da cadeira número 28.
Berço de poetas
Salve, bonita videira
Intumescida de amores
Como um canteiro de flores
Feito pelas mãos de Deus
Sobrepujas altaneira
Qual mundo olente da rosa
Hás de ser vitoriosa
Pra honra dos filhos teus
Belas matronas te viram
Menina frágil, singela
Formosa, meiga e donzela
Livre de toda maldade
Desses bons ventres saíram
As mãos que te lapidaram
E no teu corpo plantaram
As ramas da liberdade.
Nossos irmãos de outras terras
Nos honram em te habitar
Congratula-te em lhes dar
Os teus ósculos maternos
Pois eles venceram guerras
Lutando por teu sossego
Acolhe-os no aconchego
Dos teus abraços fraternos
A massa teófilo-otonense
Bravo povo opulento
Tem no peito um mandamento
Pugnar por teu cabedal
Tua história me pertence
Filadélfia do passado
Feliz teu nome é louvado
No cenário mundial
Ao cumprimentar a presidente desta egrégia Academia de Letras, Professora
Elisa Augusta de Andrade Farina, o Secretário-Geral da Instituição, Professor Wilson
Colares da Costa, os demais componentes da Mesa, as autoridades aqui presentes,
membros da imprensa e esse povo que sempre apoiou a cultura desta terra, vem-me
à mente toda a minha história de teófilo-otonense. Aqui nesta cidade eu fui o menino,
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o aprendiz e o professor. Provavelmente, diante de mim, compondo essa legião de
amigos que eu tenho aqui, estão alguns dos meus primeiros alunos, vários dos meus
primeiros colegas de trabalho e, enfim, tantos dos meus primeiros leitores.
Depois de muitas linhas lidas e escritas, o escritor é chamado a fazer parte
de um grupo de artistas das letras; mal sabe o literato que, junto ao prestígio de
acadêmico, chega a certeza de que está ficando velho. Mas, se isso é verdade, eu
quero proclamar ao mundo que é maravilhoso envelhecer ao som das palavras!
Tornando-me um dos membros desta agremiação de insignes, estou ciente de
que, assim, escrevo para sempre o meu nome na história deste povo, o que representa um passo para a eternidade.
Quanto ao patrono escolhido, sinto-me duplamente honrado: com o Dr. Noé
Rodrigues, eu conheci as páginas da revista Confronto, fonte de informações sobre a
história da cidade para minhas crônicas e romances; com a saudosa Dona Neusa, esposa do Dr. Noé e uma de minhas primeiras professoras, no Colégio Estadual Alfredo
Sá, eu aprendi muito da beleza desta nossa língua portuguesa. Dona Neusa até me
doava livros didáticos quando eu não os podia comprar. Rogo aos céus que os dois
estejam bem confortáveis no santo abrigo de Deus!
Enfim, a meus parentes, minha cunhada Janete e minhas sobrinhas Jane Christian, Jackeline e Christine. aos acadêmicos e amigos aqui presentes, eu quero dizer:
a obra mais nobre de um escritor não é nenhuma das que ele escreveu, é sua própria
vida; pois é com ela que ele pode demonstrar, na prática, o que é ser honesto, o que
significa respeitar o semelhante, o que é amar o mundo e suas criaturas! Porque viver é
colorir a arte com o matiz da realidade.
Muito obrigado a todos!
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Discurso da Srª Sandra Ramalho de Oliveira, proferido em 15 de dezembro de
2012, na sessão solene de posse como membro correspondente.
Estar presente aqui hoje, e ser convidada para participar dessa academia, é
uma honra e tem um significado profundo para mim. Além de contar com a carinhosa
presença dos meus familiares e amigos caratinguenses, aos quais serei eternamente
grata pela acolhida que recebi naquela grandiosa cidade. Obrigada!
Há anos que procuro, com persistência, refletir e analisar cada fato que acontece, isso orientada por um pensamento: “A sabedoria não se acha em livros e sim na
arte da observação de cada detalhe da vida.”
Deus me concedeu a graça de descobrir caminhos, muitas vezes interrompidos por fatos trágicos e retomá-los pela força da esperança e do otimismo. Reconstruir minha vida e perseverar na busca do propósito para que fui criada, foi sempre
meu objetivo principal.
Nada acontece por acaso.
Hoje, especialmente, é um dia extraordinário, uma vez que essa terra maravilhosa me acolhe como membro da Academia de Letras.
A minha história iniciou aqui. Terra abençoada, cujos ensinamentos contribuíram muito para minha formação: moral, emocional, espiritual e intelectual.
É prazeroso relembrar cada detalhe de minha vida: a adorada casa paterna,
meus irmãos queridos, parentes e amigos, colegas e professores, a cidade aconchegante e hospitaleira, e isso eu faço com frequência e muita saudade.
Não poderia, nesta oportunidade, deixar de agradecer a homenagem feita
ao meu pai, pela Cooperativa de Laticínios de Teófilo Otoni ao completar 35 anos
de existência.
Para inteirar minha alegria, aqui também nasceu meu primeiro filho e moram
dois irmãos e família que muito amo.
É gostoso recordar a infância tranquila e feliz, cujas festas tradicionais eram
intensamente comemoradas, como a Páscoa, a noite de Natal, a Festa da Colheita
na Igreja Luterana, a fogueira de São João na Vila Barreiro, além das outras datas do
Colégio São Francisco, local onde me formei no Curso Normal.
Sem dúvida, esse curso era administrado com competência e as disciplinas
específicas nos habilitavam para a preparação real da criança rumo ao curso ginasial.
Lamentei profundamente quando esse curso foi extinto, como também a aprovação
de alunos sem uma avaliação eficaz. Professores competentes e responsáveis deram-nos a oportunidade de crescer, preparando nosso futuro rumo ao sucesso.
Tenho a felicidade de encontrar-me com algumas, para agradecê-las e dizer a
elas como foram importantes para nós: D. Mercês, D. Didinha, D. Maria José e Irmã
Aloísia, entre outras.
A formação de nossa mente é de um valor incalculável, pois é ela a lanterna
que ilumina nosso caminho. Mais do que nunca posso constatar isso e ter a oportunidade de agradecê-las de coração pela contribuição efetiva em minha trajetória.
Recordações perfilam minha mente e me trazem uma felicidade profunda,
acompanhada da gratidão por ter nascido nessa terra abençoada. Carrego no peito a
saudade da minha rua querida e posso lhes afirmar que me lembro de cada detalhe,
pois ali foi o meu paraíso particular.
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As amigas: Edna, Mila, Mércia, Dilene, Zazá, Nazaré, Vânia, fizeram parte de
minha história e alegraram meus inesquecíveis dias. Num ambiente gostoso, promovíamos festinhas no quartão da minha casa, onde o Fazinho tocava acordeom nos
domingos à tarde.
Os ensinamentos do Colégio São Francisco nortearam minha vida e despertou em mim o amor pela leitura, cuja prática até hoje me seduz. Sou uma eterna apaixonada pelo conhecimento o que me obriga a estar sempre procurando
alguma coisa diferente.
Um grande escritor me chamou atenção para essa prática. Lacodaire diz:
“Três elementos reunidos fazem um homem feliz; as bênçãos de Deus, a boa leitura
e um bom amigo.”
Mas ao mesmo tempo advertia: a leitura má como Werther de Goethe arrastou
ao suicídio dezenas de jovens. A Nova Heloísa, de Rosseau, levou uma moça a estourar os miolos na Praça em Genebra, Os Sete Enforcados, de Leonidas Andreiev,
foi causa de suicídio de vários estudantes em Moscou.
Devemos, portanto, ter cuidado com leitura de livros, pois alguns têm mensagens patológicas. Mas a vida é dinâmica e nós podemos ampliar nossos ensinamentos, escolher nossa trajetória e traçar nosso destino.
As nossas crenças se traduzem nas nossas realidades e o nosso poder é incalculável, assim também como a nossa responsabilidade perante o mundo.
Acredito que, baseado nesse pensamento altruísta, a Academia de Letras de
Teófilo Otoni procura incentivar a cultura. Um leque de promoções enriquece a Academia e a torna conhecida em todo o Estado de Minas Gerais.
Gentilmente convidaram-me a participar por três vezes da revista literária:
Café-com-Letras.
No ano de 2008 lancei o meu primeiro livro, A Mágica do Amor, que reúne
crônicas da vida real.
Em breve lançarei o segundo: Sonhos de Primavera, que tem um artigo
sobre Teófilo Otoni.
É uma honra ser convidada para participar desse seleto grupo que enaltece
nossa cidade, nesta noite majestosa em que a revista Café-com-Letras comemora os
10 anos da Academia de Letras.
Parabenizo pelos trabalhos literários como a entrega de prêmios ao Jovem
Escritor, atitude que certamente vem incentivar o amor pela leitura, e a Medalha de
Mérito Cultural D. Didinha.
O patrono oficial, Professor Celso Ferreira da Cunha, que merecidamente recebeu este título, com certeza se rejubila com esta grandiosa festa.
À atual presidente da ALTO, professora Elisa Augusta de Andrade Farina, meus
votos de felicitação pelo auspicioso cargo que, indubitavelmente, por merecimento,
lhe foi outorgado. Aos demais representantes da Academia meu abraço fraterno.
Quero lhes agradecer de coração e dizer-lhes que mais uma vez o povo desta
grandiosa cidade demonstra um carinho especial com seus filhos, permitindo-os ingressar nesse rico patrimônio cultural que é a Academia de Letras de Teófilo Otoni.
Obrigada!
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Discurso do Sr. Leandro Bertold da Silva, proferido em 15 de dezembro de 2012,
na sessão solene de posse como membro correspondente.
Inicialmente, quero agradecer a Deus, razão maior de todas as conquistas.
Quero saudar e agradecer aos acadêmicos e confrades da ALTO – Academia de Letras
de Teófilo Otoni, na pessoa do Acadêmico e professor Wilson Colares da Costa e Professora Elisa Augusta de Andrade Farina, presidente desta tão importante instituição.
Quero externar minha mais alta gratidão à escritora e também acadêmica e amiga,
Marlene Campos Vieira, de onde partiu minha indicação para ser agraciado com este
título que muito me responsabiliza, e também à Acadêmica e amiga Neuza Ferreira
Sena, que fortaleceu e consolidou esta indicação tornando-a realidade. Agradeço aqui
a presença de Jussara Pinheiro Paiva, diretora da Escola Orlando Tavares e a Patrícia
Jardim Costa, Secretária Municipal de Educação da cidade de Padre Paraíso, a qual
passo a representar humilde e orgulhosamente na condição agora também de escritor
e na qual trabalho como professor de Língua Portuguesa e Literatura. Agradeço, também, a todos os professores e alunos que aqui se encontram e que hoje se tornaram,
mais do que colegas e companheiros de trabalho, mas verdadeiros amigos. Amigos
como Aldeany Moreira Santos Dias e Carlos Mascarenhas, aqui presentes, mostrando
que Padre Paraíso não é apenas o Portal do Vale do Jequitinhonha, mas um portal de
grandes pessoas e talentos iluminados que engrandecem muito a nossa vida.
À minha querida esposa, Geane Matos, e minha filha, Yasmin Bertoldo Silva
Matos, pelo amor, pelo carinho, pela força, pelas renúncias e compreensão de meu
trabalho e amor pelas letras.
Por fim, agradeço a todos os meus familiares, presentes e ausentes. Mas quero agradecer especialmente e dedicar esta conquista a duas pessoas de extrema
importância em minha vida. Pessoas que foram responsáveis por eu estar aqui neste
lugar de honra tão abençoado. Pessoas que se doaram, literalmente, e não mediram
esforços para que eu me tornasse um ser humano digno e um homem de bem; que
me ensinaram o valor do estudo, do esforço, da fé em Deus e na vida. Pessoas que,
por mais que eu agradecesse, ainda ficaria em débito e que por isso, e muito mais, os
tenho como heróis: meus pais – Aniel Rocha da Silva e Maria Elena Bertoldo da Silva.
Pai, mãe, muito obrigado do fundo da minha alma.
Estar aqui hoje é como um sonho acordado. Esses são os melhores, pois
não acabam, permanecem. Ser um acadêmico é ter o seu nome registrado para a
eternidade. Olavo Bilac, quando perguntado por que os acadêmicos são chamados de imortais, em resposta ele disse “porque eles não têm onde cair mortos”,
mostrando a irreverência de um grande poeta. De qualquer forma, esta condição
traz a responsabilidade perene desta honraria. Talvez eu devesse proferir belos
poemas ou frases memoráveis, referindo-me a alguns gigantes da literatura que
me encantam tanto. Mas creio ser mais sincero e autêntico comigo mesmo e com
todos se em vez de belas citações abrir meu coração e deixar transbordar meus
mais sublimes sentimentos de emoção.
Falar de literatura é falar de histórias. Histórias que se transformam em nossas.
E eu sempre gostei de histórias. Os primeiros livros que li foram os clássicos “Cinderela” e “O Caso da Borboleta Atíria”, da antiga coleção Vaga-Lume. Hoje as coleções
são mais modernas, melhoradas... Mas aqueles livros transformaram a minha vida.
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Lia-os de cima de um pé de ameixa da casa de minha avó, e lá passava a maior parte
do meu tempo sempre na companhia de outros livros que, com o passar dos anos,
foram ficando mais “robustos”. A partir de José Lins do Rego e seu “Menino de Engenho” fui descobrindo Graciliano Ramos, Machado de Assis, Carlos Drummond de
Andrade, João Cabral de Melo Neto, Clarice Lispector, Dostoiévski, Fernando Pessoa,
Henriqueta Lisboa, Fernando Sabino, Murilo Rubião... A lista é imensa. E ainda hoje
continuo descobrindo escritores, muitos se tornando amigos, outros pelas páginas de
seus livros. Porém, já naquela época, sabia o que queria ser. Não tinha uma formulação clara, mas sabia que queria fazer parte do mundo das histórias, dos poemas,
dos romances e das crônicas, pois aquilo tudo me encantava, me tirava o chão, me
fazia voar. Hoje sou formado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Minas
Gerais e sou um homem das palavras.
Neste momento em que passo a integrar esta Instituição como um de seus
membros correspondentes, explode em mim a vontade de transformar meus escritos, artigos, contos e publicações em algo mais substancial, pois, afinal, encontro-me
na presença de ilustres acadêmicos e personalidades, em sua grande maioria, com
obras já consolidadas e devidamente reconhecidas como parte da história literária e
cultural de Teófilo Otoni. De tudo uma certeza: venho para somar. Mas certamente
ganho o presente da aprendizagem e bênção de fazer parte deste seleto mundo dos
escritores que tem, nesta Casa, grandes representantes. Este é o sonho realizado e
a oportunidade que me é dada, a qual devo honrar como um de seus filhos. É bem
verdade que as oportunidades não acontecem por acaso ou de uma hora para outra.
Tenho consciência que elas foram sendo construídas ao longo de muitos anos à base
de muito esforço e trabalho. Essa condição, inclusive, nunca acaba; continua sendo
necessário o empenho diário. E é bom que seja assim. É o lado positivo da insatisfação, do querer ir além, do não acomodar, do querer aprender por saber que, assim,
podemos nos doar mais, com mais qualidade.
Muitas coisas ainda eu poderia dizer, muitas pessoas eu poderia citar, mas
como se trata de um espaço predominantemente literário, deixarei que as palavras
falem por mim de agora em diante.
Escrever... Dizer o que está por dentro, juntando sentimentos em palavras
alucinadas, loucas, desvairadas que, quando encontradas, se acalmam. Será?
Não sei... O que sei é que assim, minha vida, como a de um livro, vai se escrevendo – páginas ao vento, palavras ao ar.
Obrigado a todos de coração e está dito o necessário.
Muito obrigado.
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Discurso do Sr. Humberto Luiz Salustiano Costa, proferido em 15 de dezembro
de 2012, na sessão solene de concessão do Prêmio Academia de Letras: Troféu
Isaura Caminhas Fasciani.
Sejam as minhas primeiras palavras de saudação, das mais sinceras e calorosas, a todos aqueles que comigo são distinguidos pela Academia de Letras de Teófilo
Otoni, com títulos de distinção e honoríficos, e que passam a integrar os seus quadros
com seus nomes imortalizados em seus anais.
A minha saudação inicial se faz extensiva a todos os preclaros membros
dessa entidade maior da cultura da altaneira cidade do amor fraterno. É sempre
uma alegria incontida o retorno da gente à terra da gente, à terra que nos viu nascer.
Rever os amigos, os parentes, num instante de matar saudade. É neste clima que
me encontro, aqui e agora.
Mais uma vez somos lembrados, pela extrema bondade da Academia de
Letras para um acontecimento festivo, que em verdade nos enche de júbilo.
Confesso-me profundamente agradecido por mais esta lembrança dos nobres integrantes dessa confraria da intelectualidade da nossa querida Teófilo Otoni,
nossa terra-mãe cujas tradições mais significativas tenho procurado honrar e dignificar em todas as minhas atividades profissionais, de jornalista, de radialista e de
homem público, ligado à militância na vida parlamentar, como Vereador nesta Casa,
que fui há 50 anos, e também com passagem como assessor de câmaras municipais, dentre outras, das cidades de Umburatiba e Frei Gaspar, no Vale do Mucuri;
Caratinga, Vargem Alegre, Piedade de Caratinga, Entre Folhas, Ubaporanga e Santa Bárbara do Leste, no Vale do Rio Doce.
No âmbito parlamentar estou completando este ano meio século de uma atuação ininterrupta, sempre procurando, modéstia à parte, contribuir na construção da
verdadeira cidadania, e para isso dedicando-me e tornando-me defensor intransigente
das justas e nobres causas comunitárias.
E foi aqui, desde a tenra idade, que aprendi as lições do bem e da justiça, procurando forjar o meu caráter no cadinho do respeito e da ordem, sempre em defesa
da verdade e dos legítimos postulados da democracia.
De verdade faz um bem muito grande para o nosso ego saber que, embora
trilhando caminhos distantes, mourejando noutras plagas, continuamos sempre vivos
na memória da gente da terra da gente. E quando esta nossa dadivosa terra, berço
de grandes vultos da literatura, das artes e da política, pela sua Academia de Letras,
acha por bem, num gesto sobremodo magnânimo, conceder-me um título honorífico,
que leva o nome dessa mulher extraordinária, educadora, poetisa e escritora, que foi
a Senhora Isaura Caminhas Fasciani, de saudosa memória, é natural que me sinta
muitíssimo gratificado, no reconhecimento que generosamente me confere os meus
conterrâneos, o que igualmente muito me sensibiliza.
Desde a minha infância, pelos laços fraternos que uniam minha família aos
irmãos dona Isaura e Doutor Lauro Ferreira Caminhas, aprendi a respeitá-los e admirá-los. Eles sempre estiveram ligados às causas humanitárias, muito queridos
também pela laboriosa classe dos trabalhadores ligada à União Operária Beneficente Deus, União e Trabalho. Foi por iniciativa do doutor Lauro Ferreira Caminhas que
funcionou nos idos de 1954 até 1964, na Rua Concórdia, a Casa de Saúde Nossa
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Senhora da Penha, com atuação das mais destacadas no atendimento médico hospitalar. Ali sempre se fez sentir a presença benfazeja da dona Isaura, sempre solícita
e prestativa em apoio à meritória missão do seu irmão, que foi nesta cidade, sem
favor algum, uma das expressões maiores da medicina do seu tempo.
Na menção que com inteira justiça faço à dona Isaura Caminhas Fasciani,
dizendo-me sumamente feliz e honrado por possuir uma comenda que leva o seu
nome, de todos respeitado e admirado, não posso e nem devo negar-lhe o enaltecimento que lhe é devido.
Casada com o senhor João Gentilini Fasciani, dessa feliz união nasceram os
filhos Thales, Hober, Antônio, Neila, Marcos, Túlio, Lauro, Rosane, Vilma e Jória, que
se tornaram fiéis seguidores das sábias lições dos seus pais e como continuadores
da sua obra que se faz sempre presente na lembrança e na gratidão dos corações
que não se cansam de pulsar em sua homenagem, a exemplo do que fazemos neste
momento memorável.
Por isso mesmo esta comenda que hoje recebo tem um significado muito grande na minha vida e que por isso mesmo a recolho para fazer parte do sentimento
maior de um coração agradecido. Nesse sentido reporto-me a uma eloquente citação
da patronesse do título que estou tendo a insigne honra de receber, neste ensejo dos
mais significativos: “Um dia o bom senso nos faz ver que as vitórias fáceis são efêmeras enquanto as conquistas difíceis – os frutos em plena maturidade – têm melhor
sabor, durando muito mais... vale a pena esperar.”
Esta é uma conquista que jamais imaginei pudesse alcançá-la. Ela, no entanto,
se dá muito mais pela benevolência dos doadores que propriamente pelo meu merecimento. Mas prometo que tudo farei no sentido de honrá-la e dignificá-la.
É superlativamente gratificante a constatação de que o meu exercício de memória, buscando resgatar um pouco do passado da nossa querida cidade do amor
fraterno, tenha me possibilitado tamanha honraria, uma das maiores conferidas pela
Academia de Letras.
Através do jornal da Associação dos Filhos e Amigos de Teófilo Otoni (AFATO),
tenho procurado retratar fatos e acontecimentos que marcaram de modo indelével os
meus 30 anos aqui vividos. São lembranças de infância e de juventude que, através
dos tempos, tenho mantido bem vivas em minha memória. A narração sucinta desses
fatos e acontecimentos vem constituindo para mim a mais salutar das terapias. E fico
muitíssimo agradecido em saber que estou podendo contar com o reconhecimento
dos meus diletos leitores, dos quais tenho tido sempre uma palavra de incentivo para
prosseguir nessa linha editorial que me é sumamente grata. Tanto é assim que já fiz
encaminhar ao editor do jornal Afato, meu dileto amigo Arnaldo Gomes Pinto Júnior,
material para as próximas 12 edições daquela publicação mensal, que há 16 anos
tem cumprido com altivez o seu desiderato de verdadeiro porta-voz dos filhos e dos
amigos de Teófilo Otoni.
Já se aproxima o término de mais um ano. Virou lugar comum dizer que as
esperanças são renovadas com a chegada de um novo ano. Pelo menos desde que o
mundo é mundo, tem sido assim. Neste particular é a imagem ilusória que reflete mais
intensamente na nossa mente, fazendo-nos indiferentes a tudo aquilo que vai ficando
para trás como se não devêssemos cultuar a lembrança daquilo que aos poucos vai
virando pretérito.
Se atentarmos bem para o fato da mudança do ano, veremos, sem muito esfor69
ço mental, tão claro quanto a mais cristalina das águas que se bebe, que o tempo não
muda. A mutação ocorre exatamente em relação a nós mesmos, pela própria natureza
da espécie humana, que nasce, cresce e se apaga. Enquanto vida tivermos, cumprenos, por desígnios de um Ser Superior, vivê-la intensamente, chorando com os que
choram, alegrando-nos com os que se alegram.
E neste clima de festa e confraternização nos permitimos saudar a todos,
augurando-lhes bom Natal e venturoso Ano-Novo.
Com esses augúrios rendemos mais uma vez o nosso preito de profunda gratidão pela lembrança da Academia de Letras de Teófilo Otoni, da qual muito me honro
em fazer parte dos seus quadros como membro honorário, concedendo-me agora
esta alta distinção da comenda Isaura Caminhas Fasciani, nome que por si só demonstra o grau da importância da honraria. Que Deus me ajude a ser sempre digno
desta homenagem ao ponto de poder sempre valorizá-la em tudo aquilo de que de
mais altruístico ela encerra.
Caríssimos acadêmicos, meus diletos conterrâneos e conterrâneas, de
Caratinga e de Teófilo Otoni, agradeço-lhes, enfaticamente pela prestigiosa presença
e pela generosidade desta homenagem, porque este momento, vivido em meio a tantas emoções, encontra-se escrito por Deus desde a Eternidade. Por derradeiro rogo
àquele ser Supremo, que em sua infinita graça e misericórdia, os abençoe a todos rica
e copiosamente, por este gesto tão nobre e engrandecedor.
Muitíssimo obrigado!
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Discurso da Srª Hilda Ottoni Porto Ramos – Dª Didinha, proferido em 15 de
dezembro de 2012, ao receber o Prêmio Academia de Letras: Troféu Isaura
Caminhas Fasciani, na modalidade Escritora do Ano.
Neste momento, um dos mais importantes na minha vida, aos 95 anos, minha
sensibilidade perde os limites. Permitam-me levantar os olhos, juntar as mãos para
louvar e bendizer “Aquele” que fez brotar água no deserto, vestiu os lírios do campo
e fez brotar a mais pura água cristalina das pedras. Sinto pairar no ar sussurros do
passado! Quero reverenciar a memória de quantos que por aqui passaram, nos acontecimentos deixou história.
Diz Rubem Alves: “A história é a criatura do tempo, da eternidade: revela verdades!” Jesus Cristo nas Escrituras Sagradas foi o maior contador de histórias da
humanidade. Embora contadas no passado, estão vivas e nos emocionam. Tudo
depende do coração (nosso tesouro) como disse Jesus: “O homem bom tira do seu
tesouro, enquanto vive coisas boas e bonitas.”
Milan Kundera comparou a vida a uma partitura musical, que pode ser feita
com as 12 notas da escola cromática, dependendo do artista.
Enquanto faço música, escrevo, ou pinto, agradeço a Deus o que me deu
através de meus pais!
À direção da Academia de Letras, de minha terra, agradeço a generosidade
dessa premiação. Sinto-me tocada no mais profundo desse velho coração!
Aos acadêmicos, meus colegas, dedico mais algumas palavras:
Os que escrevem encontram na vida um ritmo diferente se ser feliz!
Não havia beleza antes da poesia!
Rubem Alves escreveu sobre o Evangelho de João:
“No princípio, antes que qualquer coisa existisse.
Antes que houvesse o Universo,
O que havia era a Poesia
Deus era a poesia.
A poesia era Deus!
Deus e Poesia eram a mesma coisa!
E Deus criou as Estrelas para com elas
escrever seus Poemas nos Céus!”
Mais umas palavrinhas, finalizando:
Não havia beleza antes da poesia
Os poetas sabem unir as letras nas palavras
Nas palavras começa a poesia
E na poesia,
às vezes da alma do Poeta
são capazes de criar asas
atingir o além.
Se perder no infinito!
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Discurso do Sr. Gilberto Ottoni Porto, proferido em 15 de dezembro de 2012, na
sessão solene comemorativa do Jubileu de Estanho: 10 anos de fundação da
Academia de Letras.
Saudações!
É com muita honra e humildade que recebo este Diploma e Placa de Reconhecimento, na comemoração dos 10 anos de fundação da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
Recebo esta homenagem consciente de que não fiz mais que o dever de um cidadão
que valoriza a cultura e a história da terra onde nasceu.
Sem cultura e sem história não temos identidade e sem ela a vida perde todo o sabor.
O Vale do Mucuri faz cultura, desde as tribos dos Botocudos que aqui lutavam para sobreviver,
antes da chegada do homem branco.
A vida humana é impossível sem cultura, mas é importante que a mesma seja sempre
uma cultura de participação e libertação. Uma cultura que valorize a pessoa humana, sem
preconceitos de qualquer espécie, sejam econômicos, sociais, políticos, raciais ou religiosos.
A nossa cidade nasceu da confraternização das quatro raças formadoras da humanidade: parda (nativa), negra (africana), branca (europeia) e amarela (asiática). Deste grande
canteiro, brotou miscigenado um povo lutador, que não tem medo de encarar o futuro, com a
força de seu braço e a fé no porvir.
A Academia de Letras de Teófilo Otoni e o Instituto Histórico e Geográfico do Mucuri
dão exemplo de trabalho e união em prol da valorização da nossa cultura e da nossa história.
Estas duas entidades culturais, que trabalham irmanadas no mesmo ideal de servir a cidade
e a região, dão exemplo de uma cultura que não se fecha em si mesma e, longe de se elitizar,
interage com o povo, construindo um intercâmbio que enriquece os dois lados. Os intelectuais
da nossa Academia e do nosso Instituto se alimentam da cultura do nosso povo e, ao mesmo
tempo, são catalisadores de um processo que dinamiza valores e incentiva as pessoas a cada
vez mais produzirem cultura e saber.
Hoje, efetivamos mais um passo desta parceria, entregando ao professor Wilson Colares, membro efetivo das duas entidades, as cópias digitais da coleção completa do jornal O
Norte de Minas, que circulou em Teófilo Otoni de 1929 a 1956.
O Dr. Hércules Antônio Míglio do Rosário, filho de Paulo Vasconcelos do Rosário,
diretor proprietário do O Norte de Minas, franqueou-me a coleção encadernada do jornal
para que eu digitalizasse a mesma na Copiadora Exata do nosso conterrâneo Roberto
Lorentz em Belo Horizonte.
Foi um trabalho gratificante, pois, a partir dessas cópias, poderemos resgatar
verdadeiras obras literárias de várias personagens que residiram em Teófilo Otoni,
quando circulou o jornal, as quais escreverem crônicas, artigos e poesias que integram nosso patrimônio cultural.
A partir deste acervo será possível aos interessados, estudantes, universitários, acadêmicos ou não, realizar trabalhos de história e literatura, utilizando fonte primária confiável
para seus estudos.
Que Deus continue a abençoar estes abnegados voluntários destas duas instituições, neste maravilhoso trabalho de construção de uma sociedade cada vez mais
consciente e capaz de dar sustentação a uma vida de qualidade para todos, preservando a natureza e o planeta.
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Discurso da Srª Maria da Glória Oliveira Brandão Marques, proferido em 15 de
dezembro de 2012, na sessão solene de posse como membro correspondente.
Toda honra e toda glória para Deus, o Mestre dos Mestres! O maior Professor de toda a humanidade! O maior Escritor! O maior Poeta! O Maior dos
Médicos! O Criador Universal! O Nosso Pai Eterno e Celestial. Deus seja louvado
por um todo e sempre!
Foi com grande emoção que recebi o convite para ser membro correspondente desta conceituada Academia de Letras de Teófilo Otoni. É uma honra fazer parte
desta linhagem de cultura, e é com o meu coração jubiloso, com os meus olhos derramando alegria e com minhas mãos perfumadas em suaves essências primaveris,
imagináveis que profiro esse discurso.
Expresso minha gratidão à pessoa ou às pessoas que me indicaram para
esta incumbência.
Baiana de Ituberá/Bahia, nascida no então distrito de Piraí do Norte, mas que
há muito se emancipou, tornando-se agora cidade. Trago nas páginas do livro da
minha vida e nos arquivos da minha memória, lembranças ditosas da minha infância.
Ainda menina, usando trança, encantei-me pelo balé poético das borboletas
multicores, e pela luz fantástica dos pirilampos da minha terra, precisamente, meu
Piraí do Norte. Não há lembrança mais adorável, mais rica, mais doce que a lembrança de mamãe. Nem mamãe nem papai frequentarem uma escola, mas a sabedoria
da minha saudosa mãe é responsável pelo que sou hoje. Ela soube incutir em mim
grandes valores. Respeito, direitos, deveres, amor aos animais, aos livros... Mamãe
aprendeu a ler com recortes de jornais que vinham das feiras livres embrulhando mantimentos. Minha melhor e mais competente professora foi a minha mãe, dona Zezé.
Com ela aprendi a respeitar, louvar e amor o Pai Eterno.
Nessa noite sinto a falta da presença da minha amada filha Raysa Brandão
Marques e do meu esposo, Raimundo Marques dos Santos, ambos, por motivos do
trabalho não puderam me acompanhar para essa memorável noite.
A poesia, as crônicas, os contos, os provérbios e máximas fazem parte da
minha vida. Ainda menina, sem ter conhecimento de clássicos escritores, já escrevia
meus infantes versos que mamãe guardava com zelo e carinho. Com o passar dos
anos, com meus estudos, tornei-me leitora e admiradora de grandes vultos da literatura, como Fernando Pessoa, Cecília Meireles, Castro Alves, Olavo Bilac, Manoel Bandeira, Florbela Espanca, Machado de Assis, Clarice Lispector, Kahlil Gibran, Mercê
Rodoreda, Jorge Amado, filho da minha terra, e muitos outros que no momento não
possível fazer extensiva citação.
A poesia é como sangue na minha veia. As palavras são como o ar que respiro. Sou membro efetivo da Academia Grapiuna de Letra. Sou compromissada em
aumentar o número de leitores em nosso país. Busco leitores. Declamo poemas, leio
conselhos do meu livro “Felicidade” e presenteio livros aos menos favorecidos e desencantados com a vida. Escrever é presente de Deus na minha vida e escrever livros
é o meu compromisso com o universo e minha parcela de colaboração com a cultura
brasileira. Faço recitais em muitos eventos e em datas comemorativas, faço palestras
em escolas, igrejas... Sou solidária aos menores de rua e consterna muito presenciar
a sociedade como mãe madrasta desses inocentes, infantes e futuros marginais, já
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que vivem inseridos na marginalidade. Como diz o imortal poeta da minha Itabuna,
Firmino Rocha, no poema que encontra-se gravado em placa de bronze na sede da
ONU. Deram um fuzil ao Menino:
Adeus luares de Maio.
Adeus tranças de Maria.
Nunca mais a inocência,
nunca mais a alegria,
nunca mais a grande música
no coração do menino.
Agora é o tambor da morte
rufando nos campos negros.
Agora são os pés violentos
ferindo a terra bendita.
A cantiga, onde ficou a cantiga?
No caderno de números,
o verso ficou sozinho.
Adeus ribeirinhos dourados.
Adeus estrelas tangíveis,
Adeus tudo que é de Deus.
DERAM UM FUZIL AO MENINO.
Ser membro dessa Academia de Letras muito me honra e é para mim o compromisso reafirmado em colaborar, divulgar e buscar dia a dia a evolução e o respeito
entre os humanos. A literatura e toda mostra de ciências e artes só enaltece os poetas, escritores, leitores e apreciadores. Esse momento e mais essa oportunidade que
recebo me são inesquecíveis, um eterno e lindo presente de Natal, mesmo porque o
Natal está muito próximo.
Agradeço com profunda emoção a homenagem e a calorosa acolhida que recebo de todos os confrades, confreiras e demais presentes, tornando-me membro
correspondente dessa Academia de Letras de Teófilo Otoni.
74
Discurso da Srª Elisa Augusta de Andrade Farina, proferido em 27 de abril de
2013, na abertura da sessão solene de outorga da Medalha de Mérito Cultural
Dª Didinha e posse de membros correspondentes.
A Academia de Letras de Teófilo Otoni reverencia a todos os presentes, autoridades, acadêmicos, amigos e familiares dos homenageados da noite.
Aqui nesta Casa convive a tradição da nossa história, as inquietudes do nosso
presente e as indagações sobre o nosso futuro. Ela representa, portanto, uma síntese
de uma importante dimensão da nossa Teófilo Otoni.
Reunimo-nos aqui, hoje em especial, para prestarmos o nosso profundo reconhecimento pela singular contribuição que vem dando, com invulgar talento e sensibilidade a nossa querida Dona Didinha, que no dia 24 do corrente mês completou 96
anos de vida. Ela como ninguém soube marcar com nitidez a que veio, sinalizando
com simplicidade o aprimoramento da inteligência tanto na arte de tramar a vida como
os liames de suas especialidades intelectuais. Como bem o afirmou no seu poema
“Ontem”: “Ao passado entregar momentos, acontecimentos, sentimentos. Não deixar
seguir levando tudo. Ao esquecimento, inconveniências. Devemos, até podemos fechar portas! Para seguir, abramos janelas! Ao hoje: lembranças d’alma abrir caminho,
qual beija-flor. Sugar doce néctar de carinho. Na intimidade beijos. Verdades, sonhar,
colher, alimentar saudades! Saber viver. Ao verbo amar se entregar. Eternizar!....”
Na oportunidade faremos a outorga da Medalha Mérito Cultural “Dona Didinha”, destinada a homenagear pessoas físicas e jurídicas que tenham se destacado
na criação e promoção literocultural, através de atividades pertinentes às contribuições literárias, culturais artísticas, religiosas e pesquisas em favor do desenvolvimento da pessoa humana e da sociedade teófilo-otonense ou pelo estabelecimento da
educação, do ensino e civismo do município e Vale do Mucuri.
Nesta noite estaremos entregando essa outorga às seguintes personalidades: o benemérito cidadão teófilo-otonense, Doutor Júlio Arnoldo Laender, a
acadêmica e professora de língua portuguesa, Amenaide Bandeira Rodrigues, e à
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Foi de suma
importância para nossa cidade e região a implantação de uma universidade pública federal, para agregar valores e oportunizar àqueles que se empenham em uma
qualificação acadêmica e profissional.
Saúdo os neoacadêmicos correspondentes: Professor Leônidas Conceição
Barroso, residente em Belo Horizonte, e o advogado e historiador Marcos Miguel da
Silva, da cidade de Itaipé. Ambos são filhos de Teófilo Otoni e vêm agregar valores
à nossa Academia de Letras, sintam-se bem em nosso meio, nessa doce tarefa de
preencher as páginas brancas rompendo-lhes o silêncio, abrindo-lhes portas e janelas
para as suas criações literárias.
Nesta mesma sessão será outorgado o Prêmio Isaura Caminhas Fasciani à
Viação Vale do Mucuri, na modalidade pessoa jurídica incentivadora da arte e cultura
no município de Teófilo Otoni. Com os trabalhos desta sessão solene, a Academia de
Letras está oficialmente abrindo o ano acadêmico de 2013.
Quero externar a todos a minha satisfação de ter presidido a ALTO durante o
ano de 2012, foi edificante e espero ter contribuído de qualquer forma para o engrandecimento e divulgação das letras e da cultura em nossa cidade.
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Ao final desta sessão, a presidente Amenaide Bandeira Rodrigues reassumirá
formalmente o cargo de presidente, da qual estava licenciada para tratar de interesses
particulares. Sinta-se acolhida e ciente do nosso apreço, vontade de renovação frente
às transformações que se processam a cada instante.
Despeço-me compartilhando com todos a máxima de Mario Quintana: “Que
tristes os caminhos se não fora a mágica presença das estrelas.”
Muito obrigada.
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Discurso do Sr. Marcos Miguel da Silva, proferido em 27 de abril de 2013, na
sessão solene de posse como membro correspondente.
Excelentíssima Senhora Presidenta da Academia de Letras de Teófilo Otoni,
Excelentíssimo Secretário-Geral, Professor Wilson Colares, amigo de longas décadas
e através do qual eu cumprimento os demais diretores desta conceituada Academia,
demais autoridades que compõem a mesa, ilustres acadêmicos, ilustres personalidades
aqui hoje homenageadas, autoridades presentes.
Quero cumprimentar também o prefeito de Itaipé, Gilmar Teixeira Nery, o presidente da Câmara Municipal de Itaipé, vereador Dimas Ramos Pereira, através de
quem eu cumprimento os demais vereadores e itaipeenses aqui presentes.
Cumprimento também os representantes da Faculdade de Tecnologia
Egídio José da Silva (FATEGÍDIO), em cuja instituição eu tenho a honra de fazer
a assessoria jurídica.
Cumprimento ainda meus familiares e amigos que aqui vieram nos brindar com
suas presenças. Meus senhores, minhas senhoras...
É impossível mensurar a emoção que me envolve nesse momento tão significativo da minha vida, quando tenho a honra e o privilégio de estar, doravante, fazendo
parte desta tão importante Entidade, que é a Academia de Letras de Teófilo Otoni.
E chego revestido de todo orgulho possível, porém de maneira um tanto humilde me integro e me torno parte dessa família, que efetivamente oferta a devida
sustentação a quem, como nós, brinca com as letras, bem ou mal, para delas construir
peças capazes de nutrir o imaginário do público leitor.
Este momento é único. Galgar patamares tão significativos nem sempre
faz parte daquilo que imaginamos possível para nossas vidas, especialmente
para quem possui origens um tanto simples, por isso é que a emoção aflora com
tamanha veemência.
Meus senhores, minhas senhoras...
O sonho de escrever e publicar obras é algo de uma grandeza inexplicável e
envolvente, que, às vezes, foge do nosso entendimento, tornando-se de fato surreal.
Um trabalho publicado se equipara a um filho que nasceu saudável para trilhar sua
missão aqui na Terra. E por aí se dimensiona a valia da literatura. E digo mais: se
as obras se equiparam a filhos, a literatura seria a família e as Academias de Letras,
indubitavelmente, seriam os lares. Locais de acolhimento dessas famílias. E pensando assim hoje eu me sinto acolhido nesse meu novo lar chamado ACADEMIA DE
LETRAS DE TEÓFILO OTONI.
Gratifica-me mais ainda ser convidado para fazer parte da Academia de Letras
de minha terra natal, pois foi aqui, em Teófilo Otoni, onde nasci e vivi boa parte da minha vida e que tudo começou. Lá pelos idos de 1978 escrevi meus primeiros trabalhos
e já no final da década de 1980 passei a escrever para jornais, a exemplo do Tribuna
do Mucuri, Tribuna Popular. Mas publicar um livro parecia utópico para aquela época,
sobretudo para quem não tinha posses.
Recordo-me de uma colocação feita pelo escritor e amigo Roberto Marcos
de Jesus no interior do ônibus do Veneta, salvo engano no ano de 1979, em um
dos retornos da Escola Polivalente, onde cursava o Ensino Fundamental. Roberto
me disse: “Nosso sonho de escrever é muito difícil de tornar realidade, pois não
temos dinheiro e nem mesmo nome de escritor nós temos. Ele brincava: nome de
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escritor é Rubem Braga, Fernando Sabino, Vinícius de Morais, Carlos Drummond
de Andrade, Eça de Queiroz, Machado de Assis, Monteiro Lobato, etc. E ele dizia:
agora, veja eu – Roberto Marcos de Jesus, e você Marcos Miguel da Silva...” E nós
rimos muito dessa situação.
Já em 1985 participei do 1º Livro Coletivo de Novo Cruzeiro, com o poema “Enlevos
e Lamentos”, depois me transferi para Itaipé, em 1992, onde criamos o jornal O Pioneiro,
para o qual fazia toda a edição. Envolvi-me na política, fui secretário de Administração e
Planejamento por duas vezes, fui vereador e hoje me sinto teófilo-otonense por nascimento
e itaipeense por opção. Ou seja: sou filho natural de Teófilo Otoni e adotivo de Itaipé, até
porque o município me acolheu e me adotou oficialmente quando me outorgou a cidadania
honorária em 2006, através do Decreto Legislativo n° 069/2006.
Mas acreditar nos sonhos faz com que se tornem realidade. E tanto o Roberto
como eu, mesmo sem termos nome de escritor, como brincava ele, tivemos a sorte de
publicar nossos trabalhos.
E para coroar de êxito essa minha modesta trajetória de vida, tive a grata satisfação
de, em 2012, justamente no ano do cinquentenário de emancipação política de Itaipé, lançar
o livro Rio das Pedras – Itaipé 50 Anos, onde contamos toda a sua história, do surgimento,
da emancipação até os dias atuais, cuja obra teve uma surpreendente aceitação. Também
em 2012 tive a felicidade de, na qualidade de assessor jurídico da Câmara Municipal de
Itaipé, me ser delegada a honrosa missão de escrever o prefácio do livro da Lei Orgânica
de Itaipé, eis que se tratava de uma edição completamente revisada e atualizada, que teve
cunho comemorativo ao cinquentenário do município. E tudo isso me enche de orgulho e
satisfação, pois são sonhos remotos que, aos poucos, foram se traduzindo em realidade.
Deus tem sido muito complacente comigo, pois com menos de quatro meses de
lançamento do livro Rio das Pedras estou com outro trabalho em fase de análise em uma
editora em São Paulo, além de outros dois em pleno andamento, os quais pretendo concluir
até final deste ano.
Gosto muito de escrever história, pois entendo que, como historiador, consigo perpetuar situações que, se não forem documentadas, acabam por se perder no tempo. No
entanto, não desprezo a emocionante viagem ao mundo da ficção, adoro o borbulhar da
mente na suavidade fantasiosa dos versos de uma boa poesia e, enfim, admiro um bom
texto, independentemente do seu gênero.
Acredito muito no valor literário como forma de nutrir a emoção, o romantismo e
muitos outros sentimentos, que aos poucos parecem se perder nesse mundo globalizado
em que se consegue conversar com os dedos, sem olhar nos olhos. Nada de aversão às
tecnologias da modernidade, mas é preciso democratizar formas valorizadoras e estimuladoras da leitura, pois é evidente o distanciamento da nossa juventude do mundo literário. E
isto é preocupante e entristecedor.
Finalizando, meus senhores, minhas senhoras, só me resta externar os meus agradecimentos a Deus e a todos aqueles que de alguma forma contribuíram para que eu conseguisse chegar até aqui. E confesso que estou lisonjeado em passar a fazer parte dessa
nova família que ora me acolhe tão bem.
Muito obrigado, Academia de Letras de Teófilo Otoni, por me receber como
membro correspondente.
Estou muito orgulhoso por estar vivendo este momento tão especial.
Muito obrigado a todos!
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Discurso do Sr. Leônidas Conceição Barroso, proferido em 27 de abril de 2013,
na sessão solene de posse como membro correspondente.
Hoje é um dos dias mais felizes de minha vida. Agradeço a acolhida. Agradeço a
presença de todos: acadêmicos, familiares e amigos; são testemunhas desta data, marco
significativo na minha trajetória de vida. Pertencer ao quadro de membros correspondentes
da Academia de Letras de Teófilo Otoni e pisar neste solo sagrado, onde nasci e vivi até
meus 16 anos, é honra, orgulho, felicidade.
Hoje, senhoras e senhores, em mim a sensibilidade prevalecerá sobre a razão...
Permitam-me um passeio... no tempo e no espaço.
Década de 1950. Lembro-me do primeiro dia em que entrei num prédio escolar, conduzido pela mão de minha mãe, Vercília Verônica Barroso, hoje com 90 anos, vivendo sua
lucidez e serenidade para alegria de todos que a cercam de cuidados e mimos. Era o início
do mês de março de 1951. Jardim de Infância do Colégio São Francisco. Acolheu-me irmã
Tereza, uma freira muito carinhosa. Em 1953, tive como professora primária Maria Ângela
Machado, só no primeiro semestre, pois no segundo ela foi coroada Rainha do Centenário!
Privilégio de poucos teófilo-otonenses ter uma rainha como professora! De 1954 a 1956 frequentei a escola do professor Joaquim Alves Portugal, patrono de uma das cadeiras desta
Casa. De 1957 a 1960 frequentei o Ginásio São José.
Os primeiros amigos de infância, as cantigas de roda, depois brincadeiras de
cowboy, bolinhas de gude, tão populares entre os meninos, as pescarias e os banhos no
rio Todos os Santos, as matinês nos cines Vitória, Metrópole e Império (o popular poeira!),
os seriados, os circos, as festas juninas em Pedro Versiani, o time do coração, Ferroviário
Esporte Clube, campeão de 1958, as primeiras paixões... são lembranças agradáveis de
tempos felizes, vividos em Teófilo Otoni.
A partir de 1961, Belo Horizonte me acolheu e com o correr dos anos fui
presenteado com dois belorizontinos que tanto amo: minha esposa, Magali Maria de Araújo Barroso, e meu filho, João Luís de Araújo Barroso, aqui presentes.
Desde 2004, tenho observado a nossa cidade e Vale do Mucuri com os
olhos da ciência, na companhia de colegas professores e de meus queridos alunos. Com isso, novas amizades ganhei, aqui e fora daqui, ora filhos, ora amigos
de Teófilo Otoni, como na querida AFATO.
Hoje, ao passear pelas ruas e avenidas de Teófilo Otoni, deparo-me com o nome
de pessoas que me foram muito próximas na infância e adolescência. Só para citar alguns:
Antônio de Salles Guimarães, meu padrinho de batismo; Luís Boali Porto Salman, meu
pediatra; Wenefredo Bacelar Portela, diretor da Estrada de Ferro Bahia e Minas na qual
meu pai, Joaquim Barroso, trabalhou; Sidônio Epaminondas Otoni, médico que cuidou de
uma das minhas irmãs; Renato Simões, narrador de partidas de futebol e animador de programas de auditório nas manhãs de domingo na Rádio Teófilo Otoni... Outros são nomes
de escolas como a irmã Maria Amália, minha diretora no Colégio São Francisco; Patrício
Ferreira Gomes, meu professor de português no Ginásio São José; Frei Braz Berten que
ministrou a minha primeira comunhão, em 22 de maio de 1952.
Senhoras acadêmicas, senhores acadêmicos, pertencer ao quadro de membros
correspondentes da Academia de Letras de Teófilo Otoni deixa-me ainda mais próximo das
pessoas de minha terra. É um grande privilégio compartilhar ideais comuns com tão ilustres
e talentosos membros desta Academia. Contem comigo! Muito obrigado.
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Discurso da Srª Elisa Augusta de Andrade Farina, proferido em 26 de outubro de
2013, na abertura da sessão solene de recepção e posse de membros titulares
e correspondentes.
Permitam-me reiterar a minha mais profunda honra de poder participar de mais
um importante evento da Academia de Letras de Teófilo Otoni, reverencio a todos presentes: autoridades, acadêmicos, amigos e familiares dos homenageados da noite.
Queria, em primeiro lugar, saudá-los, dizer da alegria de tê-los todos aqui. E
quanto mais unidos estivermos, mais fortes estaremos, mais a nossa voz será ouvida,
mais teremos influência nas decisões e, portanto, mais seremos capazes de beneficiar os nossos iguais.
E vivemos momentos de enormes dificuldades, mas a minha mais profunda
convicção, que talvez à exceção de momentos que realmente duram pouco, é de que
sempre há algo a fazer, sempre há algo a contribuir para melhorar a nossa convivência, torná-la mais voltada para a paz e a justiça.
Estamos em festa, compartilhamos valores e objetivos. Em seus dez anos de
existência, a Academia de Letras de Teófilo Otoni tem a certeza de que tem se esforçado em busca de abrir novos trilhos e influir nos processos litero-culturais da nossa
cidade, acolhendo aqueles que têm o compromisso e o desejo de contribuir para a
sua efetiva realização.
Nesta noite estamos orgulhosos e honrados em receber como membros titulares o engenheiro civil e professor Antônio Jorge de Lima Gomes, que passa a
ocupar a cadeira número 5; o escritor Wilson Ribeiro, que ocupará a cadeira número
30. Membros correspondentes o professor e escritor Cláudio de Almeida Hermínio,
de Belo Horizonte; escritor Elmo Notélio, da cidade de Frei Inocêncio; a professora
e escritora Magali Maria de Araújo Barroso, de Belo Horizonte; Fátima Cristina Sampaio Luiz, escritora, professora e educadora ambiental, de Belo Horizonte; Ivonete
Santiago de Almeida, professora e médica de Brasília/DF; Vânia Rodrigues Calmon,
escritora, professora, atualmente cursa Direito pela Universidade de Vila Velha onde
fixou residência; como membro honorário o jornalista, bacharel em Direito e escritor
Sebastião José Lobo, da cidade de Almenara/MG. Sintam-se bem em nosso meio
nessa doce tarefa de poetar e alçar voos rumo aos sonhos.
No limiar de um novo capítulo em suas vidas, finalizo tomando de empréstimo
as palavras benfazejas do escritor e poeta Fernando Pessoa: “Tenho pensamentos
que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às
estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens.”
Gostaria de agradecer a todos e dizer que este, sem dúvida, é o início de um
momento histórico. Muito obrigada!
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Discurso da Srª Hilda Ottoni Porto Ramos – Dª Didinha, proferido em 27 de abril
de 2013, por ocasião da outorga da Medalha de Mérito Cultural.
Autoridades presentes, membros da Academia de Letras, familiares e convidados presentes. Minhas palavras iniciais aos 96 anos completados na corrida contra o
relógio do tempo.
Em seu livro Para sempre, escreveu Alyson Noel: “Todo mundo tem uma aura.
Todos os seres vivos têm espirais de cores que emanam do corpo: Um corpo energético, multicolorido, do qual às vezes não se dá conta. Os que escrevem encontram
na vida um ritmo diferente: Sua história, uma novela. Em cada novo capítulo algo
que consiga prender o interesse de quem assiste. O poeta caminha pisando a terra,
olhando o céu, procura alguma estrela que consiga tocar sua sensibilidade escondida
na alma. O poeta sorri, se regozija cheio de amor e respeito para as coisas da vida:
Sua áurea! Seus olhos veem o que só ele vê, seus ouvidos ouvem música nas vozes
da natureza e no soprar da brisa.”
Mais esse ano vivido, somado às dezenas por divina graça de Deus. Minha
conclusão: Esquecer o que deva ser esquecido, encontrar as belezas nas quais Deus
nos agracia, como poder mais uma vez subir esta escada, me encontrar com quantos
se fazem presentes, ter mais uma vez nas mãos a Medalha com a qual fui agraciada
por nossa Academia e entregá-la a alguém de minha escolha, o que não foi difícil para
mim, pois seria você, Amenaide! Você que procurou descobrir em mim o que jamais
pensei ser merecedora. Hoje, quero que encontrem nesta medalha através de
Amenaide, minha gratidão, extensiva a toda a direção da nossa Academia de Letras
e aos nossos colegas aos quais dirijo mais algumas palavras.
Cada dia vivido descobrimos certezas onde estão presentes incertezas e interrogações, entre as quais compreendemos a presença de Deus!
Basta acreditar que Ele (Ser supremo) criou o mundo para sermos felizes,
tantas são as belezas que deixamos fugir, escapar, porque não conseguimos sentir
Sua presença em nós!
Permitam-me um parêntese e falar sobre Amenaide. Seu carinho por mim como
aluna; sua dedicação e dinamismo viabilizaram a criação da Academia de Letras de
Teófilo Otoni para valorizar os que escrevem. Amenaide não poupou sacrifícios, os
quais não foram pequenos e inúmeros. A Academia cresce a cada dia, graças à sua
coragem, reconhecida por todos que a conhecem e admiram!
Muito obrigado!
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Discurso do Sr. Antônio Jorge Lima Gomes, proferido em 26 de outubro de 2013,
na sessão solene de posse como membro titular da cadeira número 5.
Excelentíssima Senhora Amenaide Bandeira Rodrigues, Presidente da Academia de Letras de Teófilo Otoni; Sr. Secretário, Professor Wilson Colares da Costa,
demais membros da Academia aqui presentes, autoridades, amigos da imprensa,
comunidade acadêmica da UFVJM, meus queridos familiares, senhoras e senhores,
a todos o meu cordial boa-noite.
Foi com muita honra e júbilo que recebi e aceitei o convite para me tornar
membro da Academia de Letras de Teófilo Otoni (ALTO), na qual irei ocupar a cadeira
número 5 do imortal patrono Max Rothe, escritor e historiador que com seu estilo e
emoção, nos apresenta em seu livro intitulado Memórias de um Prisioneiro de Guerra
que nenhuma guerra é vitoriosa, e que nas guerras todas as sociedades são perdedoras. No livro 100 anos de Colonização Alemã em Teófilo Otoni Minas Gerais 18561956, Max Rothe nos mostra como é difícil imigrar para um novo país e de lá começar
a vida de novo, expondo que Teófilo Otoni era para os imigrantes mais que um sonho.
A colonização alemã, mesmo sem conhecer a Philadélfia idealizada por Theophilo
Benedicto Ottoni, encontrou aqui o seu novo Eldorado.
Cumpre-me lembrar dos muitos imigrantes de outros países, principalmente
Alemanha, Portugal, Espanha, Itália e Líbano, das comunidades quilombolas e indígenas – principalmente os Maxakali (Tikmu’ún) que aqui habitavam – no qual, todos
contribuíram para a construção da Filadélfia.
Agradeço primeiramente a Deus por esta conquista, principalmente a meus
pais, Armando (aqui presente) e Agostinha (in memoriam), que me educaram no
caminho do bem, da justiça e do crescimento. Estes sempre esmeraram pela minha
educação, o que me levou à formação em Engenharia Civil, no ano de l981, na Fundação Técnico Educacional Souza Marques, no Rio de Janeiro. Agradeço também
à minha querida esposa, Maria Elusiene, que ao meu lado, além de grande mulher,
foi sempre uma mãe esmerada na educação de nossos filhos Jorge Luiz e Priscilla,
firme na luta e na conquista do pão nosso de cada dia, sempre me apoiando nos momentos mais difíceis. Agradeço também à minha irmã, Fernanda, e meu cunhado,
Jalteir, assim como aos tios Pedro e Zélia, que nos auxiliaram em momentos muito
conturbados de nossas vidas.
Nasci na cidade de Viseu, em Portugal, no dia 25 de novembro de 1955, e fui
criado em uma aldeia chamada Moselos, que era uma zona rural onde se sobrevivia
da agricultura familiar. Vivi minha infância sobre a forte ditadura portuguesa de Salazar. Lembro-me ainda que eram tempos muito difíceis e que só fui ter luz na minha
casa aos 8 anos e televisão aos 10 anos de idade. Alfabetizei-me e fiz muitos exercícios da escola à luz de candeeiros, que iluminavam através de querosene.
Vim para o Brasil em 1966, aos 10 anos de idade, impulsionado por meu pai
que tinha passado três anos servindo ao exército português obrigado e forçado, e eu
vim, sobretudo, fugindo da guerra de Angola e Moçambique, que matou milhares de
portugueses e africanos, tornando-se mais uma guerra inútil e sem vitórias.
Terminei meu ginásio em 1970, no Rio de Janeiro, ano do tricampeonato de
futebol da seleção brasileira. Vivia-se a ditadura e o Ato Institucional n° 5, momentos difíceis que a sociedade brasileira jamais esquecerá. Era proibido falar, pensar e
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criar. Todos os rebeldes eram chamados irracionalmente de comunistas. A festa do
tricampeonato durou muitas semanas, ecoou como um grito de liberdade, por isso é
lembrada até hoje por grande parte da população, e considerada a melhor seleção de
futebol todos os tempos. As razões são fáceis de encontrar e de entender.
Aos 15 anos comecei a trabalhar de dia e estudar à noite, e desde então nunca
parei. Nesse período fui monitor do Mobral no Alto da Boa Vista, na Escola Madalena
Sofia, onde tinha um movimento para se acabar com o analfabetismo.
De 1971 a 1974 trabalhei na Silva Areal Mármores e Granitos, serviço este
que me deu a base profissional para a Engenharia. Formei-me em Técnico de Contabilidade em 1973 e na mesma época fiz concurso para as Usinas Nacionais, onde
permaneci de 1974 a 1987, tendo chegado ao cargo de Gerente de Refinaria, em
1982. Formei-me em Engenharia Civil no ano de 1981 e colei grau no dia 6 de janeiro
de 1982. No ano de 1999 concluí a Licenciatura em Matemática e a de Física em
2000. Tenho também pós-graduação em Docência Superior (1996) e Gestão Ambiental
(2000). No ano de 2003 concluí o Mestrado e em 2009 o Doutorado, ambos em Geofísica,
Observatório Nacional, no Rio de Janeiro.
Sinto-me realizado como engenheiro e professor. Lecionei para todos os segmentos, alfabetização, Ensino Fundamental, Ensino Médio, graduação e pós-graduação.
Leciono desde 1982, ano em que comecei a ensinar à noite na SUSE e na Escola
Técnica Atlas, e mais tarde na Charles de Gaulle, Silva e Souza, Unigranrio, Geraldo
de Biasi, Gama Filho e, atualmente, na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), tendo orientado e formado centenas de alunos, muitos destes
trabalhando fora do Brasil em todos os cinco continentes.
Na UFVJM, desde a minha chegada, senti a necessidade de levar o conhecimento da universidade para a cidade, fazendo o elo entre a formação e sociabilização.
Precisamos de engenheiros que não sejam apenas técnicos, mas, sobretudo, sociais.
O engenheiro do século XXI não deve ser um mero aplicador de fórmulas, mas deve
saber formular soluções em busca do bem-estar social e ambiental.
Na UFVJM, além de professor, ocupei o primeiro cargo de Coordenador
pro-tempore da Engenharia Civil, fui também o primeiro vice-diretor eleito pela comunidade acadêmica para o período 2011-2015, orientei mais de 50 alunos, escrevi e
publiquei vários artigos e produzi com meus alunos dezenas de resumos científicos,
muitos de caráter inédito sobre a região, dentre os quais destaco: “A importância da
Geologia nos projetos de Engenharia e Urbanismo a serem implementados na cidade
de Teófilo Otoni” (2011), “Energia solar: uma fonte alternativa nos Vales do Jequitinhonha e Mucuri” (2011), “Gradiente Geotérmico do Município de Teófilo Otoni no Vale
do Mucuri” (2012), “Identificação de área de recarga com vistas à sustentabilidade
ambiental com base em medidas geotérmicas em Teófilo Otoni” (2012), “Mapeamento
do fluxo geotérmico da cidade de Teófilo Otoni” (2013), e “Risco de Explosão de Gás
no Aterro Controlado do Município de Teófilo Otoni” (2013). Esses trabalhos apontam
para a necessidade de um novo Código de Obras Municipal, Código de Posturas,
Plano Diretor, Empresa de Obras Municipais e de Transportes, que conduzam um
novo modelo de crescimento econômico e social em Teófilo Otoni, incluindo-se os
municípios vizinhos. Tenho participado ativamente de movimentos a favor do desenvolvimento, me induzindo a atitudes técnicas e políticas.
Além de ensinar, conduzo os alunos a questionarem a cidade e a sua região,
observando as coisas boas e ruins, aplicando os conhecimentos na transformação e
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melhoria de toda a sociedade. Miro-me na frase de Fernando Pessoa, que diz: “Tudo
vale a pena se a alma não é pequena.” Ele acreditava que se arriscar é viver. Nossos
ancestrais já diziam que “quem não arrisca, não petisca”.
Ingresso na academia no sentido de contribuir com a educação, arte e cultura,
sobretudo no sentido de propagar a ciência como mola sustentadora do progresso e
da inovação, principalmente para as gerações vindouras.
Lembro novamente Fernando Pessoa ao afirmar que “Deus quer, o homem
sonha, a obra nasce”. Para realizar, precisamos sonhar.
Agradeço pelo afeto e confiança a mim depositados e tenham certeza de que
tudo farei para honrar o título de Membro da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
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Discurso do Sr. Wilson Ribeiro, proferido em 26 de outubro de 2013, na sessão
solene de posse como membro titular da cadeira número 30.
Senhora Presidente da Academia de Letras, professora Amenaide Bandeira
Rodrigues, Senhoras e senhores acadêmicos, meus familiares, amigos e demais convidados, peço a permissão, inicialmente, para dividir minhas palavras com todos os
acadêmicos e convidados que me concedem, neste momento, o prazer da companhia
e a honra do comparecimento a esta solenidade de posse.
Senhora Presidente,
Ao cumprir o rito de entrada, passo a desfrutar da honra de sentar-me entre vós. Esta Casa da Cultura desde o seu nascimento mantém-se fiel aos elevados
propósitos de “guardar a cultura da língua e da literatura nacional”, conservando a
tradição sem abandonar-se a rotina, viver imersa na história das transformações que
se operam no Brasil e no mundo.
Expresso, por razões, a gratidão, testemunho pleno de minha consciência
e cálido sentimento de meu coração, pela generosa acolhida que me dispensastes, estimados acadêmicos, ao incorporar-me, de maneira tão desvanecedora,
do vosso convívio.
Estou muito feliz com esta investidura acadêmica, como membro titular, ocupando a cadeira número 30, que tem como patrono José Gonçalves Sollero, grande
personalidade de nossa cidade, que prestou relevantes serviços. Foi professor, jornalista, músico, maestro, compositor e agente político. Nasceu em 16 de abril de 1882,
em Santa Margarida, Minas Gerais e faleceu na cidade de Ubá, Minas Gerais em 22
de abril de 1967, é autor do Hino do Município de Teófilo Otoni. Em 1923, foi nomeado
Coletor Estadual no Município de Ubá e em 23 de janeiro de 1933, foi transferido para
a cidade de Teófilo Otoni, aqui permanecendo até aposentar-se.
Devemos sempre, apreciar a firmeza das convicções, mesmo quando não são
nossas convicções, pressupõe acreditar no poder das ideias que, antes de ser empecilho, devem concorrer para melhorar o convívio humano.
Para galgar importantes objetivos, devemos estar cientes, das obrigações
que impõe a sociedade, exercendo a cidadania com honradez, firmeza de caráter
e boas atitudes.
Devemos ser nós mesmos verdadeiros cidadãos, jogando para fora as ilusões que
distorcem a realidade da vida, encarando a verdade e caminhando sempre adiante.
Muitas vezes nos disfarçamos com máscaras de superioridade, mas no íntimo,
carregamos uma série de conflitos, dificuldades e frustrações.
Jamais podemos dizer a uma criança que seus sonhos são impossíveis, pois
seria uma tragédia para o mundo, se conseguíssemos convencê-la disso.
Diplomas na parede são importantes, mas não faz o homem mais respeitável ou mais sábio.
Há dentro de nós, uma ânsia inquestionável de sair dos domínios da escuridão
e da ignorância de nós mesmos e de entrar no mundo da claridade e da sabedoria.
Os sábios se comunicam com sabedoria e simplicidade, são realistas, determinados e decididos. Os pseudo sábios falam com ostentação e pedantismo, são
tediosos, repetitivos e difusos. Querem parecer importantes aos olhos dos outros para
preencherem o vazio que sente no íntimo, ou para compensarem seu complexo de
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inferioridade ou determinados desejos ou frustrações.
Quero aqui, agora, agradecer de coração aos acadêmicos que escolheram
votar em meu nome para ocupar esta prestigiosa cadeira número 30.
Agradeço aos leitores que me prestigiaram lendo meus livros, o jornal Leste de
Minas, na pessoa do dileto irmão José Máspoli de Castro, que fez várias publicações,
bem como à Rádio Teófilo Otoni, no horário nobre das 21 horas, nas sextas-feiras,
lendo para seus ouvintes parte do meu último livro publicado, A busca do caminho
perfeito, que me deixou muito feliz para continuar escrevendo, o que eles verdadeiramente prestigiaram é a obra e não o autor. Agradeço ainda à minha família, aos
irmãos maçons, conhecidos e seres humanos que a gente se encontra e desencontra
pelas esquinas e pelos cantos do universo.
Senhoras e senhores, assumo todas as responsabilidades desta honorária investidura e coloco-me desde já a serviço das letras, da cultura e desta conceituada
Academia de Letras.
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Discurso do Sr. Elmo Notélio, proferido em 26 de outubro de 2013, na sessão
solene de posse como membro correspondente.
Reconhecido pela Grécia e pelo mundo inteiro como pai da oratória, o pensador Demóstenes costumava dizer que uma boa retórica não se evidencia pela riqueza
do vocábulo, mas sim pela forma simples e objetiva com que a mensagem chega ao
subconsciente de cada um. Quando a emoção começa a tomar conta do nosso peito,
quando a nossa voz começa a ser embargada na garganta, nenhum gramático do
mundo seria capaz de nos facilitar o vocábulo, temos que tão somente, pura e simplesmente, deixar que as palavras fluam de nossos lábios com naturalidade, para que
elas possam atingir o subconsciente de cada um, não como um amontoado de frases
feitas, mas sim com um unido e real sentido.
Neste momento solene da minha vida, faço minhas as palavras de Demóstenes
para, de forma mais simples possível, externar profundos agradecimentos à Academia
de Letras de Teófilo Otoni, desde o seu Diretor-mor, ao mais simples de seus servidores.
Agradeço especialmente ao mui digno Secretário-Geral, Professor Wilson Colares da
Costa, ele, que de forma simpática e educada, foi o elo entre esta douta Academia e
este que ora recebe tão nobre homenagem. Não podendo me estender muito, quero
apenas dedicar este diploma a mim outorgado a três pessoas exponenciais em minha
vida: à professora de Língua Portuguesa e Literatura, Marta Borges, minha assessora e,
por coincidência, minha esposa, sempre companheira nas horas normais e fiel cúmplice
em momentos difíceis. Dedico também aos meus filhos Marlene Notélio Borges e Elmo
Martinelly Notélio Borges, os primordiais motivos do meu orgulho de pai. Ela, que com
apenas 22 anos já estará recebendo em 19 de dezembro próximo, o seu diploma de
Engenheira Civil, outorgado pela Univale. Ele, que com apenas 16 anos, já está concluindo o segundo ano do Ensino Médio e também um curso técnico, ministrado pelo
Senai de Governador Valadares. A vocês três, o meu muito obrigado por existirem e,
principalmente, por serem como são. E para encerrar, admirador que sou da sabedoria
oriental me curvo diante desta Academia, me curvo diante de todos que aqui estão.
Muito obrigado!
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Discurso da Srª Vânia Rodrigues Calmon, proferido em 26 de outubro de 2013,
na sessão solene de posse como membro correspondente.
“A gratidão é consequência da fé”. Estou aqui como aquele, apenas um dos
dez leprosos que retornaram para agradecer. Também como os outros nove. Quem
sabe houvessem esses pensado que a cura teria sido uma bênção imensamente
grandiosa de Deus. Daí acreditarem talvez que estar diante do próprio Messias seria
transcender à própria cura.
Ora como o um, ora como os outros nove leprosos, dirijo-me às senhoras, aos
senhores, guardiãs e guardiões da produção literária desses rincões que procederam
ao julgamento do livro Hora de sair e voar para agradecer a honraria concedida à
obra. Minha maior emoção é crer no valor da identificação catártica do leitor em suas
páginas, ora valorizada por esta Academia.
Sobre a obra, Riobaldo diria: “mentira é pouca quando se diz toda a verdade.”
Mentira de dúvida que é própria dos de Minas, até nos sucessos. Se Jesus questionasse o merecimento, de antemão já sabendo que apenas um voltaria, curaria somente
um? Ilustres anfitriões, esta é a condição de imagem e semelhança dos senhores. Ou
simplesmente marcas de sua inegável mineiridade? Criar a obra que me trouxe a este
ambiente diverso, acolhedor e ameno era estar com um pé atrás, mas ainda assim
seguir o arremesso do pensamento, que só pensa para a frente e arremete-me.
Comecei a escrever. Gostei daqueles estalos, insights passados para o papel.
Seis meses levei escrevinhando as histórias de Zé, mas escrever era reescrever; o
processo de autoria era compartilhado com Vânias, sujeitos que surgiam dentro de
mim pela linguagem, assim o universo da obra trazia em si imagens de mim e do
outro, o leitor.
Um ano em negociação, edição, revisão e coragem para esperar acontecer o
livro, o sonho, mas ele só chegaria a ser nas mãos do leitor. Estar pronto era estória,
ser lido é a lenda que a obra persegue incansável.
Hoje, mais de mil leitores recriam as histórias do livro Hora de sair e voar. Roberto Civitas disse bem: “Não deixem de soar insistentemente na defesa de uma boa
ideia.” Um eco que os lançamentos multiplicam: o avant-première em Vitória/ES, os
lançamentos em Teófilo Otoni, em Ferros/MG, em Linhares/ES, em Manhuaçu/MG.
Emocionante noite de autógrafos em Cordisburgo, participação na Bienal de Vitória/ES. A obra segue a sua saga rumo a Visconde do Rio Branco. Disponibilizado na
internet, o livro Hora de sair e voar ganha espaços planejados e outros não dimensionados. O meu projeto futuro de vê-lo voar, grata aos céus, realiza-se no presente.
Dante Alighieri há 800 anos disse: “É impossível que seja sábio aquele que não
é bom.” O princípio do “bom, fácil e possível” é o norte do Hora de sair e voar. Se é
bom, há que ser fácil a uma índole persistente-otimista para quem uma única chance
torna tudo possível. Índole sem princípios não se realiza. Agradeço os meus princípios à minha mãe, Amely, cuja voz ouvi tamborilar suave, mas firmemente, “acima do
medo, a coragem”. Essa voz se mistura em mim com a de Clarice Lispector: “Atitude
é uma pequena coisa que faz uma grande diferença.”
Em mim, em Calmon ressoam essas vozes, embora de forma diversa. Para
ele, a obra é um chamado ao trabalho de divulgação, por isso lhe agradeço a demonstração de confiança que torna a nossa cumplicidade ainda mais densa e o meu amor
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e admiração maiores. Aos nossos filhos, representados por Paulo Enzo, todo o meu
carinho. A Áurea Rodrigues Timo, prefaciadora do meu livro, especialista em Literatura
Brasileira e em Língua Portuguesa, agradeço a honrosa presença na obra.
A esta Casa, retorno, pois, como aquele único leproso para agradecer à
Senhora Presidente da Academia de Letras de Teófilo Otoni, a Professora Amenaide
Bandeira Rodrigues, e aos acadêmicos, a homenagem que me prestaram. Ser membro correspondente desta ilustre Casa, cuja missão é reverenciar a cultura, transcende as minhas melhores expectativas.
Sigo como os outros nove leprosos, algo desacreditada de ter encontrado Mecenas que patrocinaram aqui a cura do meu anonimato.
Permanentemente volvo os olhos para esta terra. Teófilo Otoni, minha terra,
nosso torrão, eternizada pela sim, imortal, D. Didinha, em versos e música:
Sob as bênçãos do céu crescerás
Crescerás, Teófilo Otoni,
Teófilo Otoni, cidade princesa
Todo amor dos teus filhos terás
Na batalha de tua grandeza...
Muito obrigada.
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Discurso da Srª Maria Magali Barroso, proferido em 26 de outubro de 2013, na
sessão solene de posse como membro correspondente.
Para mim, é motivo de muita alegria ser recebida hoje pela Academia de Letras de
Teófilo Otoni como membro correspondente. Não imaginava ter essa honraria. Quando bem
pequena, fui acordada pelo meu pai – o dia ainda escuro – com a mão firme em meu braço,
dizendo: “Até a volta.” Aquela foi a primeira vez em que ele andou de avião e veio a esta
cidade, a serviço. Ao retornar, contou-nos passar um entardecer na Praça Tiradentes vendo
as preguiças. Levou-nos de presente delicadas pedras, que eu teria até hoje – se não fosse
surpreendida pela falta delas ao chegar em casa, numa tarde de domingo.
Também não vislumbrei a possibilidade de estar aqui hoje com vocês, quando me
enamorei de um teófilo-otonense, Leônidas Barroso, também membro dessa Academia e
aqui presente, tão gentil e amoroso, com quem vivo há quase 40 anos. Temos um filho
querido, João Luís de Araújo Barroso, que me motiva e inspira. Juntos temos muita história
para contar.
E, por falar em história, acredito que todos nós gostamos de ouvi-las, trouxe uma
para vocês. Participei em Belo Horizonte de uma Oficina de Literatura de Dagmar Braga,
em que aprendi que a nossa escrita nasce da observação, memória, imaginação e do entrecruzamento com outras leituras. A história que vou contar foi motivada por um texto de uma
colega, Cleide Fernandes, no qual a personagem, aos trinta anos, aconselha a si própria,
quando era ainda adolescente, num encontro furtivo. Resolvi, então, escrever sobre o encontro às avessas, de uma adolescente se vendo aos trinta anos. Eis o texto:
Uma frestinha de futuro no final da tarde
Que loucura estar me vendo agora, bem na minha frente. Pareço ter uns trinta anos.
Como consegui crescer tanto? Mas olha o tamanho do meu salto! Achei que jamais iria me
cansar de usar tênis. Estou muito bonita. Fico tão animada. A pele lisinha. O cabelo mudou
de cor, mas continua anelado – se bem que os cachos estão mais comportados. Meu corpo
agora tem curvas. Que maravilha, os ossos sumiram! Estou muito elegante. O meu vestido
é lindo, ainda mais com essas sandálias, mas a bolsa é enorme. Será que estou saindo do
serviço? Que homem é esse que me encontra com um beijo? É meu marido ou namorado?
Não percebi se uso aliança. Parece muito carinhoso. Ainda não vi o rosto dele. Que charme;
os cabelos são grisalhos. De terno bege, sapatos e pasta marrons, tudo combinando. Qual
será a profissão dele? Entramos no shopping. Ah! Um encontro após o trabalho, o jantar
num restaurante francês e depois é só pegar o carro no estacionamento. Como sonho ter
meu próprio carro. Agora subimos a escada rolante. Olha, ele está virando para trás. Meu
Deus, não acredito, estou reconhecendo aquele sorriso: é o chato do Guto da 5ª série!
Bem, esse conto acaba tendo uma pincelada de cada elemento que dá suporte ao
processo criativo. A gente observa, lembra, imagina, se inspira em outras histórias, e escreve, reescreve, corrige, enxuga, passa a limpo. E como disse Jorge Luis Borges, para parar
de corrigir rascunhos, publicamos.
Agradeço profundamente à Academia de Letras de Teófilo Otoni por este presente,
à Cidade de Teófilo Otoni, pela acolhida tão carinhosa e a todos vocês, em especial a Márcia, minha irmã, por compartilharem comigo este momento.
Obrigada!
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Discurso da Srª Ivonette Santiago de Almeida, proferido em 26 de outubro de
2013, na sessão solene de posse como membro correspondente.
Tenho a honra de estar presente a esta cerimônia da Academia de Letras de
Teófilo Otoni e na pessoa da Senhora Presidente, Professora Amenaide Bandeira
Rodrigues, e do Secretário-Geral, Professor Wilson Colares Costas, com alegria,
cumprimento as autoridades, os membros titulares, beneméritos, honorários e
correspondentes da Academia, aos senhores, senhoras e jovens presentes a esta
solenidade de posse e recepção de novos membros.
Aceitei o convite para participar como membro correspondente desta Academia
pelo amor à cidade onde nasci, vivi a infância e início da juventude. Aceitei pelo simples fato de gostar de escrever, pois ainda não me considero escritora. Adquiri o hábito de escrever como um tipo de lazer ainda jovem nos bancos escolares.
Costumo dizer que o ser humano é cabeça, mãos, pés e coração, ou seja, ele
é aquilo que pensa, decide e age, nos caminhos que percorre e no que ele afaga e
ama no ato de viver. Viver e amar são atos do presente, vive-se e se ama agora e
não no futuro. Ambos exigem liberdade para ganharem concretude na sensibilidade
de exaltação da vivência do presente e da esperança do futuro. Sensibilidade e percepção crítica do viver a vida é que liberta o ser humano. Só se ama no presente e na
vívida percepção de si e do outro. Por opção, discorrerei sobre o currículo de afeto à
vida e à cidade natal, em singela reminiscência. Nesta cidade, tenho raízes fortes que
alimentaram minhas caminhadas no Planalto Central, para onde migrei aos 23 anos e
me domiciliei. Refiro-me a raízes de convívios familiares, escolares e dos movimentos
de jovens da cidade, à época; dos estímulos à leitura e do despertar para as letras, as
ciências e as artes, na vivência do hoje, como participação social.
O incentivo à leitura nas trilhas da vida adquiri do meu pai e reconheço-lhe o
mérito do Chefe de Trem, Romualdo Fernandes de Almeida (in memoriam), ferroviário
em construção, que lia com frequência vários autores, entre eles livros de Machado
de Assis.
Recebi lições de liberdade responsável com Maria Isabel Santiago de Almeida,
minha mãe, (in memoriam), maestrina da vida e da família. Ela viveu de forma sábia à
frente de seu tempo, existência digna e árdua, sem abdicar de liberdades.
Guardo lembranças de rodas infantis de vivências de leituras em grupo de
crianças vizinhas (Rua Padre Virgolino) onde residia e, na pessoa de minha colega e
amiga de infância, Maria Macedo, homenageio todas as crianças com quem convivi
nessas rodas do viver.
Tenho raízes primárias que marcaram presenças, em antevisão de futuro
de convívios com a leitura no Grupo Escolar Teófilo Otoni e na pessoa de Francisca Salvino Otoni (D. Chiquinha – in memoriam), saúdo professoras e professores deste educandário.
As raízes secundárias de extensão foram fundamentais na minha iniciação e formação em literatura, ciências e artes. Tive chances desses inícios na
Escola Normal e Ginásio São Francisco que faço questão de enfatizar e reconhecer méritos nas experiências vivenciadas, homenageando grandes mestras,
como Irmã Lambertina, Ione Lewick, Maria José, Hilda Haueisen e Hilda Otoni
Porto Ramos (D. Didinha), nessas pessoas reverencio professoras e professores
91
que partilharam da trajetória de minha formação.
Somaram-se ainda a essas experiências as oficinas de artes manuais para
filhos de ferroviários da Estrada de Ferro Bahia e Minas, os movimentos de estudantes da União Estudantil de Teófilo Otoni, da Juventude Estudantil Católica (JEC) e do
Clube da Amizade.
Aos 16 anos escrevi a primeira crônica intitulada “Personagem Discreta” para um
concurso destinado a estudantes do curso ginasial, organizado pelo Grêmio Estudantil
da cidade. Foi classificada em primeiro lugar a crônica dedicada à preguiça do jardim da
Praça Tiradentes, lembrança permanente de infância.
Iniciei o magistério na Escola Normal e Ginásio São Francisco que cumpriu seu
ciclo histórico de ensino e, na Escola Nossa Senhora dos Pobres, atualmente colégio de
ensino médio, de memorável experiência. Também faço questão de enfatizar o Movimento de Educação de Base (MEB), onde atuei como supervisora de escolas radiofônicas e
tive oportunidade de conhecer o método de alfabetização e educação revolucionária do
mestre Paulo Freire, de 1963 a 1965.
Época de experiências inéditas, tornei-me até locutora na rádio ZYX7, rádio
Teófilo Otoni, a pedido de. D. Quirino, quando de suas ausências para participar do
Concílio Vaticano II que prolongava-se no tempo. Ele precisava preservar seu espaço
de horário radiofônico.
Por exigência da ditadura civil militar de 1964, o MEB foi extinto em 1965. Motivada
a continuar os estudos, migrei para Brasília/DF, em 1966. Exercia o magistério e me dedicava à formação profissional no curso de Medicina, especialização em Pediatria e mestre
em Medicina Tropical, na Universidade de Brasília (UnB).
Tive o raro privilégio de ver uma cidade nascer e crescer e, junto com ela, também
vi nascer e crescer a Universidade de Brasília. Poucas pessoas no mundo tiveram tão
grande privilégio. Adotei Brasília e a UnB com amor e paixão incuráveis. Tive grande
alegria de ver meu filho, Hélio Marcos ingressar na UnB, onde fez seu curso profissional.
Elegi a temática de saúde e educação para militância profissional e cidadã. As
ciências contribuem para melhoria da qualidade e tempo de vida dos seres humanos com
novos conhecimentos científicos e tecnologias, podendo aliviar dores e sofrimentos. Contudo, são a educação e as artes que os libertam ao proporcionar em extensão sentimentos e inteligências emocionais para o exercício de liberdades e de direitos de cidadanias,
eliminando exclusões e preconceitos.
Muito me honra a condição de ser educadora. No dia 17 de março de 2013, completei 52 anos de prestação de serviços em saúde e educação com predominância em
instituições públicas.
Para finalizar, agradeço e recebo de coração, como filha desta terra, a distinção
de posse na Academia de Letras de Teófilo Otoni, na esperança de poder contribuir com
a Academia, em que pesem distâncias de sítios e estágios distintos. Congratulo-me com
os membros titulares e correspondentes também agraciados.
Aproveito o ensejo para apresentar os poemas “Para Não Esquecer” e “Vitrais e
Catedrais”. Os vitrais da catedral desta cidade sempre foram motivos de minha admiração
desde infância, nos devaneios que distraíam minha atenção quando me sentia fatigada
nas preleções religiosas. Ambos os poemas constarão do próximo livro de minha autoria:
Amor Cortês em Tempos de Ditaduras. Espero não ter esgotado os seis minutos de fala
que me foram concedidos. Caso seja possível os lerei; do contrário, deixarei a cópia
anexada ao meu pronunciamento na Academia de Letras de Teófilo Otoni. Grata,
92
Para não Esquecer
Vez por outra...
Gostaria de não pensar.
Ver o vazio de frente
e meditar no nada.
Ficar bem zen,
assim inerte.
Vez por outra, tento.
Contudo, a inquietação,
sorrateira surge.
Põe à distância o zen.
Embaraça-me
nas teias do pensar.
Se paro, penso.
Se penso, falo.
Se penso e falo, escrevo.
Viver é também lembrar
que nada se apaga
nem se esquece.
Se penso e falo,
escrevo para não esquecer.
Que parei no vazio.
Que pensei no nada.
Que falei de quase tudo
e também quase nada.
Contudo sei que também amei.
Para não dizer que esqueci
deparo-me com o deserto.
Penso de novo no nada,
falo de tudo e de quase nada.
Volto a escrever
para não esquecer
que sonhei, amei e vivi.
Reconheço-me no amor e nele me rendo.
Ventos de sonhos, afagos e medos.
Golpes de silêncios em segredos de sutileza.
Sóis desvanecem e luzes ofuscam.
Estrelas perdem-se em si mesmas.
Precipícios de frágeis coragens e audácias.
Portas abertas ao amor e à vida.
93
Vitrais e Catedrais
Vitrais e devaneios de infância
perdida na imaginação.
A catedral da cidade onde nasci.
Estímulos óticos de belos vitrais.
Verves aplaudidas na meditação.
Silêncio difuso e penetrante.
Fascinação de tenra idade.
Vagar sem compromisso,
apreciar formatos, cores e luzes.
Vitrais de igrejas, museus,
cafés e restaurantes.
Caleidoscópios de paixões.
Vitrais modernos e antigos.
Patrimônios da imaginação.
Magníficas galerias de sonhos.
Notre Dame em olhares
perdidos na rosácea parisiense.
Catedral de Brasília em contraste.
Ah! Os vitrais são por excelência
estímulos à meditação.
Aos sonhos e devaneios
de mentes inquietas e criativas.
Rodopiam de início ao fim
sem pressa de vagabundear.
Cores, formatos e luzes,
figuras imaginárias virtuais e reais.
Olhares perambulam e vagam
de ponto a ponto pelos vitrais.
Encontros de natureza e consciência.
Harmonia de viver.
Assim sobreviver à morte.
94
Discurso do Sr. Cláudio Hermínio, proferido em 26 de outubro de 2013, na
sessão solene de posse como membro correspondente.
Excelentíssima Senhora Amenaide Bandeira Rodrigues, Presidente da Academia de Letras de Teófilo Otoni, Professor Wilson Colares da Costa, Secretário-Geral
desta Academia, acadêmicos, senhoras, senhores, meus ilustres amigos e meus familiares, boa noite!
É uma honra ser convidado para integrar a Academia de Letras de Teófilo Otoni
na condição de membro correspondente, da qual fazem parte escritores de grande
valor e mérito dentro da nossa sociedade.
Neste momento tão especial vem-me à memória a irmã de minha avó materna,
uma mulata brejeira habituada a se vestir com chita, um tecido de algodão estampado
em cores. Vejo-a vindo em minha direção com passos delicados e um objetivo: ensinar-me as primeiras letras. Fecho os olhos e ainda escuto sua voz mansa acalmandome quando me perdia ao soletrar as vogais e as consoantes. Uma pena que numa
bela manhã de abril alçou voo e nunca mais foi vista, a não ser em meus sonhos, em
minha memória e na memória dos meus familiares queridos.
Muitos anos se passaram e eu hoje um homem feito carrego em mim
aquele menino que ensaiava os primeiros passos para o mundo das letras; aquele mesmo menino que se apaixonou pelos livros e passava horas a folheá-los
na expectativa de desvendá-los. Com eles criei meu mundo habitado por amigos
imaginários e confidentes.
Agradeço a Deus e dedico esta conquista a meus familiares e amigos, em especial às amigas Ângela Maria Goulart Santos e Cláudia Resende Pace, que sempre
vibraram com as minhas conquistas literárias e me incentivaram a ir em frente.
Tenho consciência de que ao término deste meu sincero discurso serei um
imortal desta prestigiada Academia de Letras, emoção não me falta, tampouco
alegria. Sei que a vida prosseguirá e com ela sonhos, desde os mais simples,
aos mais inusitados.
Tomo a liberdade de mencionar a seguinte afirmação de Riobaldo, personagem de Guimarães Rosa em Grande sertão veredas: “Mire veja: o mais importante e
bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram
terminadas – mas que elas vão sempre mudando.”
Agradeço pelo carinho e confiança com que me recebem nesta Academia,
muito obrigado.
95
Discurso da Srª Fátima Cristina Sampaio Luiz, proferido em 26 de outubro de
2013, na sessão solene de posse como membro correspondente.
Saúdo e cumprimento a todos, externando a alegria de estar aqui hoje nesta
Casa, tornando-me membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
Inicio minha fala com palavras do mestre imortal Guimarães Rosa:
“Eu ando febril, repleto, com [...] um enxame de personagens a pedirem pouso em
papel. Estou apontando os lápis, para começar a tarefa. [...] Depois de certo ponto, um
livro tem que ser escrito, ou fica coagulado na gente, como um trombo numa veia [...]”
Tal como o poeta, quem adentra e se envolve no caminho das letras, não consegue voltar a ser o mesmo de outrora, não consegue olhar o mundo com a mesma
visão. Rememora-se nessa oportunidade a lição do andarilho: caminhar... caminhar...
sempre em frente!!!
As letras, tal como joias raras, são preciosas nas formas de expressão e possibilitam o homem a escrever sua história própria e singular. Através delas, conseguimos penetrar no coração do outro ser para atingir seu âmago e assim permitir, simultaneamente, o conhecimento do nosso interior. Dessa forma inicia-se uma relação de
cumplicidade, envolvendo alma e coração. E nessa cumplicidade o diálogo acontece
sempre de maneira peculiar e relevante, no qual os fenômenos do mundo se unem de
uma única vez e não divergem os seus sentidos.
O mundo das letras descortina o universo do conhecimento nos fazendo sentir
edificados, possibilitando a coragem de abrirmos as portas que nunca tivemos a coragem de abrir, vivenciarmos primaveras em meio a rigorosos invernos.
Nesse momento, leveza e reflexão se entrelaçam, emocionam e nos fazem
refletir. Mergulhamos no transcendente, no universo do sagrado e reproduzimos a
beleza na terra.
Que as palavras pousadas em papéis pela ponta do meu lápis, como luzeiros
de esperança, façam-me protagonista da construção de um mundo melhor.
E, para finalizar, cito novamente o insuperável mestre, que tal como a incerteza
intrínseca dos filósofos, questiona e conclui:
“Vivendo, se aprende, mas o que se aprende mais é só a fazer outras
maiores perguntas.”
96
Discurso do Sr. Humberto Luiz Salustiano Costa, proferido em 15 de dezembro
de 2013, na sessão especial como representante do Sr. Luiz Gonzaga Soares
Leal, agraciado com o título de convidado de honra.
Como não poderia deixar de ser, a minha palavra inicial devo direcioná-la
à Academia de Letras da cidade que me viu nascer, da qual muito me orgulho
em sendo um dos seus membros honorários. É, também, nesta condição que
me apresso em dirigir a minha saudação especialíssima a este evento que nos
alegra e nos entusiasma a todos.
É sabido que esta entidade, sem sombra de dúvidas, constitui a expressão maior da cultura e da inteligência de uma cidade que sabe preservar a sua
tradição, no reconhecimento dos seus verdadeiros valores. É em nome desses
valores que a Academia de Letras de Teófilo Otoni tem forjado as suas ações,
todas elas voltadas para o engrandecimento da sua história, sabidamente rica e
fecunda em sua essência.
É nesse sentido que me permito louvar e bendizer este acontecimento que
aqui nos reúne em noite memorável, tendo como pano de fundo esta Casa de Leis,
que no verdor de minha mocidade, há 51 anos, tive o privilégio e a honra de pertencer,
na condição de vereador.
Na lembrança daquele tempo, peço vênia para render a minha cálida homenagem àqueles bravos colegas vereadores que comigo dividiram este mesmo plenário onde nos encontramos, referindo-me a Dalton Figueiredo de Oliveira (contabilista), Clemente Nunes Maria (construtor), Francisco Onofre Pereira (empresário),
Dr. Antônio Guimarães Lins (advogado), Oswaldo Soares Leal (produtor rural), Olien
Bonfim Guimarães (ferroviário), Geraldo Otoni Porto (produtor rural), Libório Zimmer
(professor), Dr. Jonathas Carlos de Oliveira (advogado), Rachid Salomão Jamel Edim
(comerciante), Bráulio Lopes da Silva (ferroviário), Franklin Tatuhy Sardinha Pinto
(ferroviário), Hélio Costa Viana (chofer de praça) e Epaminondas Otoni (industrial).
Foi um tempo de grande aprendizado em minha vida. Também de grandes
decepções, que foram fundamentais para que encerrasse a minha carreira política,
que por isso mesmo teve vida efêmera. Tudo isso faz parte do passado.
Hoje o que nos traz a esta tribuna é a alegria e o entusiasmo de um momento
deveras marcante na vida da Academia de Letras de Teófilo Otoni, que de inteira justiça presta significativas homenagens àqueles que têm relevantes serviços prestados
em diferentes setores de atividades.
Aqui me apresento com delegação expressa do Dr. Luiz Gonzaga Soares Leal,
para representá-lo nesta solenidade na qual é um dos homenageados.
Em contato telefônico mantido com aquele ínclito homem público, de todos
muito querido e admirado, notadamente pela sua postura ética com que soube governar o nosso município, num tempo de grandes e memoráveis feitos, dele recebi a
honrosa incumbência desta representação. É certo que a minha fala em nada corresponderá a eloquência daquele grande tribuno, contudo não me faltará a emoção de
que ele estaria experimentando se aqui estivesse.
Recomendou-me o Dr. Luiz Leal que em seu nome também me associasse às
homenagens desta noite, em sendo todas elas justas e merecidas. E por isso mesmo
quero louvar e aplaudir a feliz iniciativa desta solenidade, na robustez do meu enal97
tecimento aos homenageados Dr. Gilson de Castro Pires e Dom Aloísio Jorge Pena
Vitral, nosso bispo diocesano que, com Dr. Luiz Leal, dividem as homenagens como
convidados de honra.
Dr. Gilson de Castro Pires é esta legenda viva da Medicina, destacado pela sua
alta competência profissional pelos muitos anos cuidando dos corações dos teófilootonenses, seus conterrâneos. De tradicional família, Dr. Gilson tem em seu currículo
uma vasta folha de bons serviços prestados a esta cidade, também como médico dos
mais humanitários, sendo daqueles que jamais deixaram de prestar assistência a todos quantos recorrem aos seus préstimos, exercendo a sua profissão com inexcedível
zelo e dedicação.
Como um dos decanos da Medicina em toda uma vasta região compreendida
pelos vales do Mucuri, São Mateus e Jequitinhonha, Dr. Gilson de Castro Pires sempre primou pela sua lhaneza de trato, sabendo acima de tudo honrar e dignificar a sua
nobilitante profissão.
Dom Aloísio Jorge Pena Vitral, nosso bispo diocesano, também é dessas figuras exponenciais, defensor das justas e nobres causas em nome dos verdadeiros
ensinamentos cristãos. A igreja que dirige na Diocese de Teófilo Otoni tem a marca
de sua irreprimível vocação para a prática do bem. É o grande líder dos católicos da
jurisdição de uma diocese de vasta dimensão. Sob sua liderança os seus seguidores
encontram firmeza e coragem para os grandes embates nas questões sociais, que a
igreja sempre tem como uma de suas prioridades.
Sobre os homenageados aqui por mim citados, muito ainda se poderia
dizer, sendo todos dignos dos maiores encômios em tudo aquilo que de mais
precioso eles representam para todos seus fiéis admiradores, no rol dos quais
eu, prazerosamente, me incluo.
Rendo também as minhas homenagens à escritora Else Doroteia Lopes, pelo
seu ingresso como membro correspondente desta Academia. Do mesmo modo,
felicito a todos os agraciados com o troféu Isaura Caminhas Fasciani.
E, para encerrar, gostaria também em nome do Dr. Luiz Leal, recitar um poema
que fala muito de perto aos nossos corações agradecidos a Deus, neste tempo em
que já nos preparamos para a data magna do nascimento do Deus Menino:
OBRIGADO, SENHOR!
Obrigado, Senhor,
pelos milhões de anos que decorreram até 2013,
nos quais o homem venceu e venceu-se,
e firmou-se como criatura eleita pelo CRIADOR!
Obrigado, Senhor, porque deste amor aos homens,
porque, depois da tempestade, vem a bonança,
porque as guerras terminaram
e a paz é um alto e uma perene esperança
e um legado e um bem que cumpre preservar e manter!
98
Obrigado, Senhor,
porque existem os moços
e, com eles, a flama, o porvir, o amanhã!
Obrigado, Senhor,
porque deste aos velhos a saudade e a relembrança
e a certeza de que a vida continua
naqueles que geraram pelo amor e pela ternura!
Obrigado, Senhor,
porque permitiste que a terra desse frutos
e esse fruto tivesse mais sabor,
quando regado pelo sal do suor,
pelo tempero incomparável da fome que se sacia!
Obrigado, Senhor,
pelo que vemos de bom
e por aquilo que deixamos de ver por sermos pequenos!
Obrigado, Senhor,
pelo descanso das noites,
pela falha dos dias,
pela poesia da luz e pelo calor do Sol!
Obrigado, porque fizeste
que a morte não fosse o fim, mas o começo,
a que o homem fosse eterno,
quanto mais se convencesse de que é finito!
Obrigado, Senhor,
porque para esquecer as ofensas, criaste o perdão,
para a lágrima criaste o consolo,
para a dor, fizeste o bálsamo,
para a doença, deixaste o remédio,
para as trevas fizeste a Lua!
Obrigado, Senhor,
porque, para sempre e um dia,
haverá esperança!
Obrigado, Senhor, pela reconciliação, pelas luas-de-mel e pelas bodas de
ouro, pelas histórias que existem tanto nas fraldas quanto nas rugas e nos
cabelos brancos!
Obrigado, Senhor, porque estás presente em todas as raças e em todos os
poemas e em todos os pensamentos!
99
Obrigado, Senhor, pelos dias que passamos e pelos dias que ficam, por te
haveres dado por inteiro a nós e como brasileiros, Senhor!
Obrigado, especialmente por haveres criado este país,
essa gente, esta terra,
este povo, este céu, este mar,
esta música, esta vida.
Obrigado, Senhor,
pelo trabalho realizado este ano, pelo ambiente amigo e acolhedor que temos.
Obrigado, Senhor,
pelo mundo, pelo céu, pela Pátria
e obrigado porque sendo tão infinitamente grande,
estás em cada um de nós,
OBRIGADO, SENHOR!
100
Discurso do Sr. Arnaldo Gomes Pinto Junior, proferido em 15 de dezembro
de 2013, na sessão especial de concessão do Prêmio Academia de Letras:
Troféu Isaura Caminhas Fasciani ao Jornal da Associação dos Filhos e Amigos
de Teófilo Otoni.
Excelentíssima Presidente da Academia de Letras de Teófilo Otoni, Professora
Amenaide Bandeira Rodrigues.
Digníssimo Mestre de Cerimônias e Secretário-Geral desta Academia, professor
Wilson Colares, cuja dedicação à cultura teófilo-otonense nunca poderá ser esquecida.
Prezados membros titulares, correspondentes, convidados de honra, beneméritos,
meu querido irmão Humberto Luiz, membro honorário da nossa Academia.
Gente legal da plateia.
Com certeza, esta é mais uma noite gloriosa da nossa querida Academia de Letras. Pessoas e entidades, pelos múltiplos serviços prestados à comunidade
teófilo-otonense estão sendo referenciadas pela Academia. Para mim, a honra é muita
grande. Graças à gentileza e o carinho dos acadêmicos efetivos desta Casa, está sendo
homenageado o jornal Afato, o humilde mensário criado para divulgar as atividades da
Associação dos Filhos e Amigos de Teófilo Otoni, uma entidade criada em Belo Horizonte
há exatos 21 anos, em novembro de 1992, para aglutinar os conterrâneos residentes na
capital do Estado e, por extensão, a outros tantos residentes em outras plagas, mas que
mantêm um vínculo, principalmente de amor com esta que é a Cidade do Amor Fraterno.
O jornal Afato, que está tendo a honra de receber o Prêmio Academia de Letras,
Troféu Isaura Caminhas Fasciani, foi criado em julho de 1996, e ao longo desses 17 anos
tem se esmerado em destacar tudo de bom que acontece com a cidade de Teófilo Otoni
e com os teófilo-otonenses. Os associados da Afato já foram muitos. Quando foi criada a
Afato, chegava a quatrocentos o número de filhos e amigos de Teófilo Otoni vinculados à
entidade. O tempo passa e como a renovação do quadro de associados não tem correspondido à necessidade, hoje temos cerca de apenas 200 associados adimplentes e para
os quais o jornal Afato é enviado, via correio, mensalmente. Ocorre que as gráficas nas
quais o jornal Afato é impresso não aceitam um agendamento inferior a mil exemplares. O
que fazer? Confiantes que a qualidade dos textos inseridos em suas páginas agrada aos
teófilo-otonenses, optou a diretoria da Afato pela remessa dos exemplares excedentes
para distribuição em alguns pontos importantes na cidade. Foram escolhidos três locais
básicos: a Prefeitura Municipal, para oportunizar a leitura pelos funcionários municipais;
para o Sicoob Credivale, nosso parceiro com longos anos de publicidade no jornal e,
finalmente, na Banca do Gaitan, no centro da cidade, quando, a custo zero, o jornal é
distribuído para quem por ele se interesse. Como a Afato não possui um operador de marketing tampouco um capacitado captador de publicidade, o jornal Afato é deficitário, fato
que se comprova com o passar dos olhos pelo balancete da Associação, mensalmente
reproduzido na página 6. Mas, se persiste o déficit financeiro, gratificações outras existem
que justificam a existência do jornal. São muitos os elogios que chegam à secretaria da
Afato, comentando os textos apresentados em suas páginas. É óbvio que alguns fazem,
vez por outra, observações ponderando sobre assuntos veiculados. Crítica perfeitamente
aceitável, pois demonstra que o jornal está sendo lido com boa atenção e uma crítica sempre é importante para que possamos fazer ainda melhor o nosso informativo. Entretanto,
nada é tão gratificante quanto estar aqui agora e receber esta homenagem da Academia
101
de Letras de Teófilo Otoni na modalidade Veículo de Comunicação. Para mim, jornalista
responsável pelo jornal Afato, sinto-me, sobremaneira envaidecido em receber esta homenagem. Muito obrigado, imortais da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
Mas eu quero falar mais. Esta é uma oportunidade única em que são homenageadas
três personalidades do mais alto patamar, não apenas da cultura teófilo-otonense, mas
principalmente pela extensa folha de prestação de serviços que as mesmas têm em benefício da nossa comunidade nas mais diversas atividades.
Refiro-me àquelas pessoas que estão ingressando hoje nesta Casa com o título
de Convidados de Honra da Academia. Se individualmente a homenagem é por demais
merecida, melhor ainda que seja de forma conjunta para representar um somatório de
grande porte, dignificando ainda mais as virtudes que esses homenageados possuem,
virtudes essas bem definidas pela vontade que sempre expressaram para servir ao povo
da nossa terra.
Gilson de Castro Pires é a expressão maior da medicina regional. A exemplo do
saudoso Dr. Luiz de Almeida Cruz, o Dr. Gilson personifica o seu amor à Medicina com
a existência do Hospital Santa Rosália, para o qual se doou, atendendo ricos e pobres,
poderosos e humildes com a mesma dedicação e paciência, na determinação para encontrar a melhor e mais rápida solução para aqueles que, em um momento difícil da vida,
confiam nos poderes que ele possui para a pretendida cura.
Outro homenageado é o nosso bispo Dom Aloísio Vitral. Ele é carioca, mas foi
em Belo Horizonte que sua vida sacerdotal se delineou. Com presença marcante nas
paróquias de Santa Efigênia dos Militares, durante 12 anos, e Nossa Senhora das Dores,
por três anos, em Belo Horizonte, foi sagrado bispo auxiliar da arquidiocese da capital. Foi
indicado para assumir a diocese de Teófilo Otoni em um momento indispensavelmente
necessário para substituir o quase aposentado Dom Diogo. Com muita serenidade e lucidez ele conquistou a comunidade católica teófilo-otonense, ao mesmo tempo em que, de
forma abrangente, conquistou a simpatia e confiabilidade de todos os cristãos pelo que
a Câmara Municipal, reconhecendo a sua total integração à cidade, já o homenageou,
outorgando-lhe o título de cidadão honorário de Teófilo Otoni, o que se tornou motivo de
orgulho de todos nós, por termos um conterrâneo tão ilustre.
E para o outro convidado de honra seria o caso de até aproveitarmos o chavão
propício: DISPENSA COMENTÁRIOS. Quem não tem um elogio para Luiz Gonzaga
Soares Leal, o incomparável Luiz Leal? Para todos, ele é o sempre jovem amigo. O seu
documento de identidade não traz a sua idade cronológica: ele permanece sempre jovem,
amigo de todos, sempre sabendo referenciar aqueles que estão ao seu redor, com mensagens das mais bonitas, com palavras que envaidecem a qualquer ego para as quais
são destinadas. Professor emérito, advogado eficiente, político sem máculas, legislador
competente e administrador de uma cidade, cujo progresso ficou evidenciado durante os
quatro anos de sua presença à frente da prefeitura. O Dr. Luiz Leal não está presente,
mas ele é tão magnânimo que, tendo dificuldade em comparecer para esta homenagem,
nomeou para representá-lo o sócio honorário desta Academia, ex-vereador da Câmara
Municipal de Teófilo Otoni, Humberto Luiz Salustiano Costa, cuja postura também é
sempre elogiada pelos que já tiveram oportunidade da convivência com ele.
Pois é minha gente, nesta noite de convidados de honra com tanta honra, todos
mais que demais, não posso encerrar sem dizer, como sempre faço em meus comentários
pelo rádio: esta é uma noite BELEZA PURA.
102
Discurso do Sr. Leônidas Conceição Barroso, proferido em 15 de dezembro
de 2013, na sessão especial de concessão do Prêmio Academia de Letras:
Troféu Isaura Caminhas Fasciani ao Laboratório de Estudos do Vale do
Mucuri da PUC Minas.
Professora Amenaide Bandeira Rodrigues, Presidente da Academia de Letras
de Teófilo Otoni; Professor Wilson Colares da Costa, Secretário Geral da Academia
de Letras de Teófilo Otoni; Convidados de Honra Dom Aloísio Jorge Pena Vitral,
Dr. Gilson de Castro Pires e Dr. Luiz Gonzaga Soares Leal, agraciados, familiares,
amigos, confreiras e confrades.
É uma honra comparecer a esta sessão solene da Academia de Letras de
Teófilo Otoni. Alegria e emoção se renovam. Desta vez, para receber o prêmio
Academia de Letras: Troféu Isaura Caminhas Fasciani, na modalidade produção
técnico-científica, em nome do Laboratório de Estudos do Vale do Mucuri da PUC
Minas, o qual coordeno.
Os afazeres de final de ano na Universidade impediu-me examinar em profundidade a biografia da educadora e escritora celebrada Isaura Caminhas Fasciani.
Entretanto, tive acesso a uma crônica da Rádio Teófilo Otoni e pude sentir a dimensão
intelectual e humana de seus 92 anos de vida, suscitando, de imediato, o respeito à
sua memória, fundamentado na admiração de sua vida exemplar. Receber o troféu,
que ostenta seu nome, torna o prêmio ainda mais significativo.
Senhoras e senhores, o Laboratório teve sua origem há 10 anos, aqui mesmo,
em Teófilo Otoni. Foi no dia 7 de setembro de 2003. O local: Praça Tiradentes. Misturado à multidão, assistia ao desfile em comemoração ao sesquicentenário da cidade
e do dia da Pátria; reconheci, a meu lado, um jovem estudante de pós-graduação da
PUC Minas. Tomado pelo espírito cívico e o de pertencimento a essa terra, recomendei
que sua pesquisa fosse sobre a região de Teófilo Otoni. Em 2006, sua dissertação
de mestrado “Contextualização Histórica e Análise do Desenvolvimento do Vale do
Mucuri” torna-se o produto inaugural do Laboratório.
Desde então, novos estudantes de mestrado, de doutorado e de iniciação científica deixaram sua marca nos estudos sobre Teófilo Otoni e região. Na pessoa de
Christiano Ottoni Carvalho, autor dessa primeira dissertação, agradeço a meus orientados e orientandos com os quais compartilho a felicidade deste momento.
Outro acontecimento marcante se deu em 2007, durante as comemorações
do bicentenário de nascimento do fundador de nossa cidade. Com o apoio da Prefeitura Municipal, realizamos aqui, nas dependências do SESC, o Seminário “Bacia do
Mucuri: Diagnósticos e Perspectivas”. A partir daí novos atores entraram em cena:
o Movimento Pró Rios Todos os Santos e Mucuri, a Agência de Desenvolvimento do
Mucuri e o Instituto Histórico e Geográfico do Mucuri. Nas pessoas de Maria José
Haueisen Freire, Iesser Lauar e Iris Soriano Miglio, sou grato a todos que se engajaram nesse trabalho.
Um marco importante na trajetória do Laboratório é a Expedição Mucuri, que
tive a honra de participar, sob o comando de Alice Lorentz de Faria Godinho, companheira de ideais e grande amiga. Dona Alice, agradeço sua valiosa colaboração.
Na PUC Minas, em Belo Horizonte, vários colegas do Programa de.
Pós-Graduação em Geografia -Tratamento da Informação Espacial deram sua contri103
buição. Em especial, os professores Oswaldo Bueno Amorim Filho e João Francisco
de Abreu, em cujas pessoas agradeço a todos os meus colegas. O meu muito obrigado aos pesquisadores associados, professoras Márcia Maria Duarte dos Santos,
da UFMG, Magali Maria de Araújo Barroso, do UniBH e Márcio Achtschin, professor
universitário, aqui de Teófilo Otoni.
À Associação dos Filhos e Amigos de Teófilo Otoni (AFATO), que, em Belo
Horizonte, mantém acesa a chama que nos liga à nossa terra, meu agradecimento
pelo apoio incondicional.
Senhoras e senhores, o tempo regimental não permite que eu cite, como gostaria, todos, que em Teófilo Otoni e Belo Horizonte, ajudaram na consolidação do
Projeto TOR. E foram muitos... Na pessoa de Igor Sorel Tavares, companheiro de
primeira hora, agradeço àqueles que nos têm acompanhado nos trabalhos de campo,
desde o primeiro, na Estrada Santa Clara-Filadélfia.
Para finalizar, aproveito o ensejo para oferecer a Dom Aloísio Jorge Pena
Vitral, bispo diocesano, convidado de honra desta Academia, um dos produtos mais
recentes do nosso Laboratório: a dissertação de mestrado de autoria de Mariana da
Silva Ferreira intitulada “Atlas Geográfico Digital da Diocese de Teófilo Otoni”.
À Academia de Letras de Teófilo Otoni, parceira mais recente, a gratidão pela
outorga do Troféu Isaura Caminhas Fasciani, prêmio que nos deixa orgulhosos e muito honrados.
Muito obrigado!
104
Discurso da Srª Else Dorotéia Lopes, proferido em 15 de dezembro de 2013, na
sessão especial de posse como membro correspondente.
Senhora Professora Amenaide Bandeira Rodrigues, Presidente desta Academia, Senhor Professor Wilson Colares da Costa, Secretário-Geral, Confrades, Confreiras, Senhoras e Senhores. Inicio o meu discurso citando as palavras de Antônio Augusto de Lima do dia 7
de dezembro de 1918, na sua primeira crônica para o jornal A Noite:
“A emoção da estreia... Nunca esperei que a sentisse de novo, depois de tantas vezes mal estreado. Assim o quis A Noite, instituindo esta ceia literária, e distribuindo-me o sábado para o meu serviço. De todas as fatias de imortalidade, em que
o malicioso vespertino está oferecendo a Academia de Letras ao paladar dos leitores,
é esta a mais difícil de temperar.
O sábado carioca é um dia de vadiação elegante, além de ser, como o de toda
parte, o fecho da semana.”
Antônio Augusto de Lima nasceu em 1859, em Congonhas de Sabará. Esse
era o nome do meu município, que em 1923 foi elevado a cidade e recebeu o nome
de Nova Lima, uma homenagem à sua família.
Ele foi juiz, deputado, professor de Direito, diretor do Arquivo Público Mineiro
e Presidente da Academia Brasileira de Letras. Deixou livros de Poesias e Crônicas.
Augusto de Lima foi o governador que sugeriu a construção da capital de Minas
Gerais no planalto denominado Belo Horizonte, no Alto Rio das Velhas.
O ano de 2013 foi para mim um ano de estreias. Foi a minha posse na
Sociedade Brasileira de Poetas Aldravianistas (SBPA), na Academia de Letras,
Artes e Ciências – Brasil (ALACIB), e hoje, com muito orgulho, tomo posse nesta
Academia. Neste ano também começaram as minhas publicações em livros: Poetas En/cena; Poeta, Mostra a Tua Cara; O Livro II das Aldravias; na Revista do
IHGARV – Instituto Histórico e Geográfico do Alto Rio das Velhas e tive um conto
selecionado para uma Antologia.
Em todos os meus projetos estreei bem. Quando concluí uma pós-graduação
em Literatura Brasileira, meu trabalho de conclusão de curso foi: “Produção Literária
de Autores Nova-Limenses dos Séculos XVIII, XIX e XX”. Quis mostrar o que aprendi
com as minhas pesquisas. No ano de 2011, elaborei o projeto “Mina de Cultura” e
apresentei para o Secretário de Cultura, Leci Alves Campos e para a Secretária de
Educação, Maria Ângela Dias Lima Pereira e eles me deram todo o apoio para que o
projeto fosse desenvolvido. São apresentações mensais onde divulgamos os escritores de Nova Lima e região. Além disso, já organizamos dois concursos de poesias e
participamos do Festival Internacional de Poesias “Palavra no Mundo”. Esses secretários hoje são vereadores e continuam apoiando a continuidade das apresentações.
Aos sábados a minha “vadiação elegante” é ir ao teatro, quando não estou
lendo ou escrevendo. Nova Lima tem um belo e imponente teatro. Depois da leitura, o
teatro é minha atividade preferida.
São meus planos para o próximo ano: organizar uma Antologia de Prosas e
Versos de Escritores Nova-limenses e integrar o teatro, a dança e a música nas atividades do Projeto “Mina de Cultura”.
Minas é um dos principais polos culturais deste país. As montanhas alterosas
105
são fontes de inspiração e de efervescência cultural, incentivando a cultura e criando
fortes laços de integração entre as várias regiões mineiras. Trago hoje o abraço da
região metropolitana e da capital a todo o Vale do Mucuri, que tem nesta cidade o seu
grande centro cultural e literário. Trago o abraço simbólico de Augusto de Lima, jornalista, poeta e político ao igualmente jornalista e político Teófilo Otoni, dois nomes que
honram a história de Minas Gerais na luta pela liberdade e integridade.
Nossas cidades, embora distantes, têm tantas semelhanças que são quase irmãs, na vocação econômica da mineração, que une a terra nova-limense
do ouro, com as pedras preciosas que fizeram a fama e a riqueza desta região.
Compartilhamos ainda a importante presença europeia em nossa formação. Os
ingleses em Nova Lima, os alemães aqui. Somos semelhantes nos sonhos de
liberdade e republicanismo, na nossa vontade de lutar pelo progresso, pela valorização regional e pelo reconhecimento do talento e da capacidade de nossos
literatos, poetas e animadores culturais.
É nessa identidade histórica e de princípios que me sinto em casa aqui, compartilhando com vocês o amor às artes e às palavras, à academia e à beleza, desejando ser mais uma voz a somar nesta grande instituição, da forma como puder ajudar.
Agradecida pelo convite, pelo reconhecimento e pela acolhida.
106
Mensagens diversas
Lidas nas sessões solenes e especiais
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Mensagem da acadêmica Isaura Caminhas Fasciani, encaminhada em 9 de
novembro de 2006, por ocasião das comemorações do terceiro
aniversário de fundação da Academia de Letras.
Minha cara Amenaide,
Fiquei muito lisonjeada com o seu convite para participar das comemorações referentes ao terceiro ano de nossa Academia. Como – por motivo de saúde
– não poderei estar aí presente, por meio desta, venho agradecer de coração o
amável convite.
Na oportunidade, quero parabenizar a você e equipe responsável pelo êxito
desta realidade. Afinal de contas, três anos de existência enchemos de esperança
e certeza de continuidade. Para você Amenaide os meus aplausos de pé extensivos
aos nossos valorosos companheiros de ideias comuns e a todos que de uma forma ou
doutra, contribuíram para o engrandecimento de nossa Entidade.
Com o inspirado poema de nosso Castro Alves complemento as minhas palavras:
“Ò! Bendito o que semeia
Livros às mão cheias,
E mande o povo pensar,
O livro caindo N’ Alma,
E chuva que faz a palma,
E chuva que faz o mar!”
Mais uma vez agradeço a atenção, a amiga e admiradora.
Mensagem encaminhada pela acadêmica Terezinha de Melo Urbano de Carvalho, em 7 de maio de 2008, por ocasião da inauguração
do Espaço Cultural Café-com-Letras.
Parabéns, Academia de Letras de Teófilo Otoni!
No Eclesiastes buscamos sentimentos e emoções para, no tempo certo, falar,
rir, dançar e dar abraços, construir, guardar e dividir amor e paz.
Sem dúvida, hoje estamos dividindo tudo isto e comemorando uma vitória significativa para a Academia de Letras de T. Otoni.
Vai longe o tempo e nem lembramos mais, as grandes dificuldades enfrentadas e superadas por esta agremiação. Muitos convidados pararam à beira do caminho. Outros não valorizavam a presença de pessoas que não mais queriam que o
destaque necessário à literatura para o desenvolvimento cultural desta terra.
Em muito boa hora, em uma atitude elogiosa, o Automóvel Clube convocou
pessoas ligadas às letras, para fundar a Academia de Letras de Teófilo Otoni como
um marco que perdurasse e desse frutos, marcando com ações duradouras e de valor
crescente o aniversário do Clube.
Acertadamente escolheram a presidente para liderar a fundação da Academia.
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Baiana que hoje é uma mineira atuante “UAI”, Amenaide Bandeira Rodrigues soube
desfraldar esta bandeira com mãos firmes e sempre presente.
Quantas desilusões, quanta descrença... e Amenaide tirando sempre as pedras do caminho.
Seria injusto não registrar que muitos acadêmicos acreditaram e participaram.
Não vou citar nomes para não correr o risco de esquecer alguém. Quero deixar
uma mensagem tirada de uma poesia de Carlos Drummond de Andrade:
“Vamos de mãos dadas, não nos dispersemos.”
Queridos colegas caminhemos...
Mensagem lida pela Srª Acadêmica Elisa Augusta de Andrade Farina, em 24 de
abril de 2009, por ocasião do lançamento do livro Memórias Viva...
Vivas Memórias , de Hilda Ototni Porto Ramos – Dª Didinha.
O tempo que tudo sabe, pois é senhor absoluto, realiza os planos traçados dos
sonhos entrelaçados das tramas que a vida revela como troféu desejado.
Estamos aqui nesta noite para uma vez mais colher as dádivas do Criador que
oportuniza à nossa querida Dona Didinha a alegria de compartilhar com a família e
amigos mais um ano de existência.
São 92 anos bem vividos e traduzidos por uma vida plena de conhecimentos e amor.
São memórias... Vivas memórias...
Planos traçados... Troféus sonhados...
Os segredos desvendados de uma vida que sobreviverá ao embalo do tempo
que, inexoravelmente, assiste as malhas tecidas que encobrem o deslindar de uma
vida.
Parabéns em dose dupla: pela constatação de uma vida bem vivida e pelas
memórias... vivas memórias... Que o Senhor continue derramando ricas bênçãos na
sua vida e familiares, tendo-a sempre acolhida em seus braços amorosos.
Assim seja!...
Mensagem do acadêmico Wilson Colares da Costa, lida no cerimonial de lançamento do livro: Alguma Poesia Ainda que Tardia, do Deputado Estadual
Getúlio Neiva, em 13 de fevereiro de 2009.
Getúlio Neiva, um contestador, um sonhador... A partir de hoje, passamos a
conhecer a veia poética do nosso homenageado, por meio do seu primeiro trabalho
literário: Alguma Poesia Ainda que Tardia – coletânea com textos que refletem a sua
trajetória de um autêntico “menestrel do amor/paixão”, revelado nos poemas:
“O vento fala sobre nós”: Escuta... o vento fala sobre nós quando roça nas folhas;
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“Teus cachos”: Menina, doce menina, os cachos do teu cabelo povoam como neblina
a imagem que tenho zelo.
O seu puro sentimento de amor também está explicitado em outros textos
como: “Só versos te posso dar”: Não me peça mais que versos. Já não posso retornar.
Não me peça mais que versos. Só versos posso dar... ou das lembranças doloridas,
chorosas em: “Teu nome dói”: Teu nome percorre os espaços, cruza os mares, até a
montanha de ferro. Teu nome tem a delícia do mistério, a fascinação do delírio, o efeito
estonteante do sonho. Ou seu sentimento de forma mais lascivo como em “Desejo”:
Quero teu corpo endemoniado com a fúria de mil ódios guardados...
Assim, o autor passeia por desejos, sentimentos, afetos, lembranças, alegrias,
angústias, sonhos etc.
Como não poderia deixar de ser, Getúlio Neiva, também apresenta para deleite dos seus eleitores e leitores, as letras de algumas canções inéditas, a exemplo
de “Sílvia”: Sílvia, a gente nunca sabe quando o amor acaba o que fazer da dor, ou
em “Súplicas”: À noite quisera eu que em teu travesseiro se insinuassem os meus
sonhos, minhas súplicas de amor... e assim, vai o poeta e compositor Getúlio Neiva,
construindo o seu itinerário literário e passa a mostrar/guiar este caminho, sobremodo,
excelente, ou seja, através da dicotomia: Amor/Paixão.
É este amor que ao longo da história universal foi cantado, declamado, chorado, lamentado, suplicado, reivindicado, desejado e tantas outras formas possíveis de
possuí-lo ou de externar sua ausência.
Que os seus versos, como bem frisou, em nota introdutório do livro, sejam
de fato transcritos em diários de adolescentes, declamados em festas, sussurrados por enamorados, declamados por boêmios ou mesmo gritados como palavras
de ordem – como forma de sempre e por toda a vida, eternizarmos o amor.
Ainda lembrando o homenageado desta noite, em:
Os versos não podem murchar
“Toma estas flores, são versos.
Versos que hão de ficar,
Já que cedo murcharam as flores.
E versos não podem murchar.”
......................
Permitam ainda afirmar, assim como os versos, o amor não pode jamais acabar.
“O amor vence tudo” – É a divisa da Academia de Letras de Teófilo Otoni,
evidentemente esta expressão é tomada de empréstimo ao poeta latino Virgilio (7019 a.C.) – Que enfatiza o AMOR como essência, quer vencendo barreiras, quer no
relacionamento entre as pessoas, como nos desafios que são apresentados no dia a
dia na busca incansável pela paz...
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Mensagem de saudação proferida pela Srª acadêmica Elisa Augusta de Andrade
Farina, em 13 de fevereiro de 2009, por ocasião do lançamento do livro Alguma
poesia ainda que tardia do Deputado Estadual
Getúlio Afonso Porto Neiva.
Chamo a todos bem-vindos a esta noite maravilhosa, em que mais uma vez
poderemos compartilhar alegrias e momentos exitosos e inesquecíveis.
Reconhecemos a poesia não apenas como um modo de expressão literária,
mas como um estado de ser que advém da participação, fervor, admiração, comunhão, embriaguez, exaltação e, obviamente, o amor.
A poesia é liberada do mito e da razão, mas contém em si a sua união. O amor
faz parte da poesia da vida, a poesia faz parte do amor da vida. Amor e poesia geramse mutuamente e podem identificar-se um com o outro em uma cumplicidade que
nos transporta a um estado poético que mescla loucura e sabedoria. A sua cadência
evocativa nos transporta a mundos ignotos.
O nosso poeta tem a alma povoada de sonhos que o alimenta no percurso de
sua vida somando aos tergiversos históricos de nossa cidade. Amor e poesia quando
concebidos como fins e meios de viver, dão plenitude de sentido ao “viver por viver”,
ao viver em estado poético.
Mensagem encaminhada pelo Sr. Walter Teófilo Rocha Garrocho, lida em 25 de
setembro de 2009, por ocasião de sua admissão como
membro correspondente1.
Meus senhores e minhas senhoras,
Quando eu era menino em Teófilo Otoni, eu queria mesmo era ser palhaço.
Nos meus sonhos de criança, pensava que seria feliz e faria as pessoas felizes.
Mais tarde, já na minha juventude, eu pensava em ser jornalista. Levaria conhecimento às pessoas.
Os anos passaram e houve um tempo na nossa pátria em que me fizeram
de palhaço. Um palhaço triste que não conseguia fazer as pessoas felizes e se
tivesse sido jornalista, ficaria impedido de levar conhecimento às pessoas e de
expressar minhas ideias de liberdade. Um tempo que me fazia lembrar Dante:
“Entrai, eis aqui o inferno.”
Minhas senhoras e meus senhores, este meu ingresso na Academia de Letras
de Teófilo Otoni tem um significado muito grande na minha vida. Abro meu coração e
relembro os tempos de repressão na minha pátria. Confesso a todos vocês que muitas vezes estive caído nas sarjetas de becos e ruas da minha querida Teófilo Otoni.
A falta de lucidez mental oriunda de sequelas da repressão não permitia naqueles
1
Mensagem lida pelo seu pai, Sr. Walter de Oliveira Tim Garrocho.
111
momentos difíceis que eu enxergasse ou tivesse esperança em novos horizontes.
Abatido, voltava para casa e ali sempre encontrava a mão amiga dos meus
queridos pais Laura Júlia e Tim Garrocho. Apesar da tristeza no olhar dos meus pais,
eu sentia que o coração deles me dizia: “Amanhã será um novo dia, meu filho, Deus
é justo e perfeito.” É verdade. Acreditei no amanhã, acreditei na resistência, acreditei
nas palavras de Rui Barbosa que disse: “A pátria somos todos nós.” Acreditei na liberdade, ainda que vinte anos tardia.
Assim dedico meu ingresso como membro correspondente da Academia de
Letras de Teófilo Otoni aos meus queridos pais e irmãos. Estendo aos meus amigos
de infância e juventude, aos meus bons e antigos professores, aos poetas e escritores, aos jornalistas e radialistas, aos historiadores, aos músicos, aos intelectuais e a
todos os amantes da liberdade em minha querida Teófilo Otoni, nossa terra natal.
Muito obrigado a todos.
Mensagem encaminhada em 2 de dezembro de 2010, pela Srª Ieda Cunha
Cavalheiro quando da sua admissão como membro correspondente.
Concordamos com Éxupêry, em O Pequeno Príncipe, quando diz que nos tornamos eternamente responsáveis por quem cativamos, e sentimo-nos por aí, responsável
por haver conquistado o coração carinhoso de Minas Gerais através dessa maravilhosa
pessoa de incansáveis carinhos conosco, nossa já amada confreira em letras, Clevane
Pessoa, depois, pelos confrades envolvidos nesta solenidade, sempre presentes e solícitos, com quem hoje também me sinto comprometida e por quem estou tão feliz: nosso
orgulho por os havermos encontrado pelas curvas e retas de nosso Brasil. Com Ruy
(Barbosa, nosso grande Águia de Haia) e tantos discursos, aprendemos, que as nulidades não deveriam nunca estar presentes em uma história tão bela e tão rica quanto a de
nosso imenso país, aumentando, então, nossa responsabilidade com essa Academia que
a nós, confia sua representação em nosso grande e amado Rio Grande do Sul e nossa
capital, Porto Alegre, e nos faz sentir uma vontade louca de crescer muito mais para bem
podermos representá-los aqui e por onde formos ou forem notícias nossas e da nossa
ainda tão parca vivência das letras e do ativismo cultural. Muito Obrigada!
E cá estamos nós, meros mortais, buscando em nossa simplicidade, o sonho
de realizarmos cada dia um pouco mais para sermos úteis e fazermos jus ao carinho
e confiança de cada um dos que acreditaram em nós e creditaram em unanimidade
seu voto e confiança a nosso nome. Muito Obrigada!
Que mais dizer-lhes, a não ser que conte conosco, Minas Gerais, especialmente,
Teófilo Otoni, e nossa também, hoje Academia de Letras de Teófilo Otoni, que haja
vida longa e luz pelos caminhos, por nossos anseios universais, por onde formos. E
não estando de corpo presente, involuntária, nossa ausência à posse, enviamos nosso
coração inteiro e vibrante em uníssono aos seus, para que o dividam irmamente entre
os confrades e o povo mineiro, irmãos todos em pátria e alma brasileira.
A honra e glória do Grande Arquiteto do Universo, e que Ele nos faça mais que
irmãos, iluminando-nos e tomando-nos a todos, grandes e imortais, em nossos laços
de Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
Muito Obrigada, Clevane! Obrigada, Minas Gerais! Obrigada, Teófilo Otoni!
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Obrigada, confrades e confreiras da ALTO! Muito obrigada, mui digna presidente!
Deus abençoe a todos!
Fraterno abraço e beijos.
Mensagem enviada pela Srª Ilda Maria Costa Brasil, em 10 de dezembro de
2010, quando da sua admissão como membro correspondente.
“Poeta é um cara que percebe aquilo que escapa aos
comuns. Os outros olham e não veem: o poeta vê.”
Mario Quintana
Impossibilitada de comparecer a este cerimonial e por sentir-me lisonjeada
e agradecida com o convite para integrar o quadro de membro correspondente da
academia de Letras de Teófilo Otoni; senda literária que pauta os valores lícitos e adequados pelos quais o desenvolvimento literário e intelectual se constitui, tendo como
referência: a historicidade, a simplicidade e a originalidade expressiva de seu patrono,
professor Celso Ferreira da Cunha.
A Academia de Letras de Teófilo Otoni é fruto de emoções, amor, dignidade,
respeito e fraternidade. Seu quadro acadêmico é composto de renomados escritores
líricos e articulados, assim como de escritores objetivos e formalistas que transpassam ligações com as tendências que se formaram na segunda metade do século XX,
demonstrando engajamento social e mistura de tendências estéticas.
Ao encerrar minhas palavras, agradeço-lhes por estarem me recebendo em
vosso meio. Espero corresponder às vossas expectativas, assim como contribuir, positivamente, na divulgação dos ideais da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
[...] “Que o ideal seja um hino de glória/Sempre juntos, sigamos lutando!” [...]
Hilda Ottoni Porto Ramos
Obrigada!
Mensagem lida pela Srª Lígia Marta do Reis, em 1° de outubro de 2011, por
ocasião da posse do jornalista Humberto Luiz Salustiano
Costa como membro honorário.
Ser amigos”, afirma Valério Albisetti, não é um estado afetivo, mas uma
verdadeira e própria opção de vida; a escolha de fundamentar a própria existência
sobre a abertura verdadeira dessa afirmação de Albisetti se justifica na intenção
primeira de definir, ou mais preciosamente, conceituar Humberto, e, por conseguinte, chamá-lo AMIGO.
A amizade é coisa séria e, para dizer que temos amigos, é necessário
sabermos sermos amigos. E como você sabe. Ser amigo é, pois, uma opção. E uma
opção que nem é fácil nem cômoda. É uma opção de pessoas conscientes, dispostas
a se desinstalarem, a saírem de si mesmas, do seu comodismo, para o acolhimento
113
dos outros com suas fragilidades, suas carências e suas especificidades, enfim. O
relacionamento da verdadeira amizade é, portanto, um lugar de extrema confiança e
de acolhimento total. É o lugar onde se procuram e se encontram as próprias forças.
Não as forças dos que dominam, dos que controlam e decidem sempre segundo seus
próprios e inflexíveis conceitos e interesses.
Refiro-me às forças dos verdadeiros fortes, que são os que enfrentam
derrotas, perdas e sofrimentos; os que procuram que experimentam que se expõe
que se arriscam que vão além.
Partindo assim, de tais conceitos, podemos dizer que amigo é um ser corajoso
e gentil, que abre o próprio coração para dividi-lo com os outros, que não para diante
das dificuldades; permanece fiei aos amigos, sempre.
E, ao fim da vida, o que fará diferença será ter vívido na bondade e na amizade, agradecidos à vida que vivemos e aos outros (a quem acolhemos e por quem
fomos acolhidos).
É, pois, na qualidade de amigos, Humberto, que estamos aqui, hoje, na
terra das suas origens, de aventuras e desventuras, delícias e amarguras, fantasias e
desilusões, de amores e desamores, das saudades “daquele tempo”, de lembranças
e de esperanças, para a colheita de sua boa semeadura, na justa homenagem que
lhe prestam os seus conterrâneos, outorgando-lhe a merecida e honrosa distinção
como membro honorário da Academia de Letras de Teófilo Otoni, concessão que, no
nosso entendimento, tanto o enobrece, quanto faz mais valorosa e respeitada a própria Academia, por este nobre gesto de reconhecimento do seu merecimento. Gesto
que vem tocar fundo no coração de cada um desses seus amigos e conterrâneos
caratinguenses, do Movimento Amigos de Caratinga (MAC), da nossa imprensa, aqui
representada pelo jornal Diário de Caratinga, jornal A Semana, pela Rádio Cidade e
TV Super Canal, e de seus familiares.
Parabéns, amigo, por esta conquista! Parabéns, senhores imortais da ALTO,
pelo nobre gesto
Muito Obrigada!
Mensagem lida pelo Sr. Theomar Sampaio Paraguassu, em 15 de dezembro
de 2012, na sessão solene comemorativa do Jubileu de Estanho: 10 anos de
fundação da Academia de Letras.
Inicialmente, quero cumprimentar a todos os presentes neste evento e expressar o meu agradecimento por esta deferência a mim prestada, pela Academia de
Letras de Teófilo Otoni, ao me outorgar a comenda que recebi há poucos instantes
também falar da satisfação que estou sentindo, ao participar da comemoração dos
seus dez anos de vida ativa, quando sempre trabalhou para valorizar e difundir a cultura e os demais valores da nossa querida Teófilo Otoni.
Há dez anos, muitas pessoas importantes, não só para nossa Cidade, para
nosso Estado e até para nossos país, que aqui viveram, não eram conhecidas por
114
grande parte da nossa população. Hoje é diferente; através da literatura escrita pelos
acadêmicos e alicerçada pelas diretorias da Academia de Letras de Teófilo Otoni, a
nossa cidade se tornou mais conhecida e valorizada, não só em nossa região, mais
em vários Estados. Quero aproveitar a oportunidade e parabenizar aos componentes
desta Instituição e incentivar a todas as pessoas que, de um modo geral, colaboraram
com a nossa Academia, que continuem; a fim de que, a cada ano, tenhamos os mesmos motivos alegres que estamos vivendo neste momento.
Mensagem lida pelo Sr. Gilson de Castro Pires, em 15 de dezembro de 2013, ao
receber o título de convidado de honra da Academia de Letras.
Meus cumprimentos à presidente da Academia de Letras de Teófilo Otoni, professora Amenaide Bandeira Rodrigues, juntamente com o Secretário, professor
Wilson Colares da Costa e demais membros, bem como, a todos aqui presentes.
Aos 90 anos de idade recebendo um convite de tal relevância, em minha terra
natal, é fácil de se compreender o meu estado de espírito, minha alegria e gratidão
aos promotores deste evento.
Com certeza, a cidade de Teófilo Otoni se sente orgulhosa do mérito dos membros desta Academia de Letras, que, com a riqueza de conhecimentos e troca de
experiência entre os mesmos, faz crescer o nível de credibilidade desta entidade, pois
se destacam como exemplos pela participação na esfera do crescimento mental e
intelectual do ser humano.
115
Academia de Letras de Teófilo Otoni
Histórico e Quadro Social
117
Fundada oficialmente em 20 de dezembro de 2002, é composta por 30
membros titulares e efetivos; cada cadeira é desginada numericamente e tem um
patrono, imutável, em homenagem a personalidades que tenham se notabilizado
nas letras, nas ciências, nas artes, na política, na educação e na imprensa.; conta
ainda com um quadro social de membros honorários, beneméritos, convidados de
honra e corespondentes. A entidade tem por objetivos: congregar pessoas que se
dediquem às atividades literárias e artísticas nas mais diversas formas de expressão; realizar estudos e pesquisas na área da literatura local e regional; promover e
incentivar a cultura através da realização de conferências, exposições, concursos,
cursos e outras atividades de natureza cultural; propagar o culto, o estudo, a exaltação e a divulgação da vida e obra de personagens históricas e figuras literárias que
ajudaram a construir a grandeza do município e região; coletar, pesquisar, elaborar
e divulgar estudos e informações de cunho cultural, relacionados aos interesses da
entidade, e, por fim, promover o aprimoramente da língua pátria nos seus aspectos
científico, histórico e artístico.
Realiza, anualmente, a tradicional Noite do Café-com-Letras, com recital, lançamento da Revista Literária Café-com-Letras, com trabalhos dos acadêmicos e convidados especiais e, ocasionamente, posse de novos membros. Mantém a Biblioteca
Dª Didinha - espaço para difusão da cultura e incentivo ao hábito da leitura junto à comunidade e o Núcleo de Documentação de Literatura Isaura Caminhas Fasciani - destinado
ao resgate, guarda e conservação de livros, documentos (manuscritos e iconográficos) e
demais objetos de valor histórico e cultural com referência à literatura no município de
Teófilo Otoni e região do Vale do Mucuri.
Desenvolve em parceria com a União Estudantil de Teófilo Otoni e Conselho Municipal da Juventude, atividades de estímulo à leitura e escrita por meio da
realização anual do Prêmio Literário Jovem Escritor: Troféu Cultural Prof. Fábio
Pereira para os alunos na faixa etária dos 14 aos 29 anos, matriculados na educação básica e superior.
Outorga, anualmente, o Prêmio Academia de Letras de Teófilo Otoni: Troféu
Isaura Caminhas Fasciani - com o objetivo de reconhecer iniciativas de pessoas
físicas ou jurídicas, na área lítero-cultural quer como promotores, incentivadores ou
de produção do conhecimento com ações voltadas especificamente para o município
de Teófilo Otoni ou do Vale do Mucuri.O prêmio é distribuído nas seguintes modalidades: conjunto de obra literária; produção técnico científica e intelectual: dissertação,
ensaio, artigo científico, jornalístico ou monografia; expressiva atividade elevadora da
cultura teófilo-otonense: pessoas físicas, jurídicas ou veículos de comunicação social; livro do ano: por obra poética ou em prosa lançada no decorrer do ano; pessoas
jurídicas incentivadoras ou promotoras da arte e cultura no município e escritor ou
personalidade do ano.
Outrossim, concede a cada ano a Medalha de Mérito Cultural Dª Didinha destinada a homenagear pessoas físicas e jurídicas que tenham se destacado na
criação e promoção lítero cultural, através de atividades pertinentes às contribuições
literárias, culturais, artísticas, religiosas e pesquisas em favor do desenvolvimento da
pessoa humana e da sociedade teófilo-otonense ou pelo estabelecimento de políticas
e projetos para o desenvolvimento da educação, o ensino e civismo no município e
região do Vale do Mucuri.
118
Membros Titulares
Amenaide Bandeira Rodrigues
Antônio Sérgio Torres Ferreira
Antonio Jorge de Lima Gomes
Elisa Augusta de Andrade Farina
Hilda Ottoni Porto Ramos
Maria Laura Pereira da Silva Couy
Marlene Campos Vieira
Neuza Ferreira Sena
João Batista Vieira de Souza
José Geraldo Silva
José Carlos Pimenta
José Salvador Pereira Araújo
Leuson Francisco da Cruz
Leônidas Conceição Barroso
Lizia Maria Porto Ramos
Llewellyn Davies Antonio Medina
Marcos Miguel da Silva
Olegário Alfredo da Silva
Raquel Melo Urbano de Carvalho
Sérgio Abrahão Aspahan
Tadeu Raimundo Laert
Therezinha Melo Urbano de Carvalho
Wilson Colares da Costa
Wilson Ribeiro
Convidados de Honra
Dom Aloísio Jorge Pena Vitral
Gilson de Castro Pires
Guiomar Sant’Anna Murta
Hilda Ottoni Porto Ramos
Isaura Caminhas Fasciani – In memoriam
Luiz Gonzaga Soares Leal
Maria Laura Pereira da Silva Couy
Membros Honorários
Humberto Luiz Salustiano Costa
Ivan Claret Marques Fonseca (In Memoriam)
Sebastião José Lobo
Wilson Pires Neves
Membros Beneméritos
Arnaldo Gomes Pinto Júnior
Detsi Gazzinelli Jr.
Gilberto Ottoni Porto
Maria José Haueisen Freire
Theomar Sampaio Paraguassu
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Membros Correspondentes
Adão Alves de Oliveira Filho – Uberlândia/MG
Alberto Slomp – Araraquara/SP
Alcione Sortica – Porto Alegre/RS
Alexandra Vieira de Almeida – Rio de Janeiro/RJ
Alexandre Cezar da Silva – Ocara/CE
Almir Fernandes de Souza – Nanuque/MG
Altamir Freitas Braga – Rio de Janeiro/RJ
Angelica Maria Villela Rebello Santos – Taubaté/SP
Antonia Aleixo Fernandes – São Paulo/SP
Arahilda Gomes Alves – Uberaba/MG
Benvinda da Conceição de Melo Lopo – Lisboa/Portugal
Bruno Resende Ramos – Teixeiras/MG
Carlos Henrique Pereira Maia – Niterói/RJ
Carlos Lúcio Gontijo – Santo Antonio do Monte/MG
Carmem Lúcia Hussein – São Paulo/SP
Carmem Terezinha Rodrigues Moraes – Porto Alegre/RS
Celso Gonzaga Porto – Cachoeirinha/RS
Charlene dos Santos França – Rio de Janeiro/RJ
Cícero Barbosa Teixeira – Inhapi/AL
Cláudio de Almeida – São Paulo/SP
Cláudio de Almeida Hermínio– Belo Horizonte/MG
Clevane Pessoa de Araújo Lopes – Belo Horizonte/MG
Cosme Custódio da Silva – Salvador/BA
Daniel Antunes Júnior – Belo Horizonte/MG
Darlan Alberto Tupinabá Araújo Padilha – São Paulo/SP
Décio de Moura Mallmith – Porto Alegre/RS
Dilercy Aragão Adler – São Luiz/MA
Elba Gomes de Andrade – Paranaguá/PR
Eliane Silvestre da Costa – Brasília/DF
Elizabeth Abreu Caldeira Brito – Goiânia/GO
Elmo Notélio – Frei Inocêncio/MG
Eloisa Antunes Maciel – São Martinho da Serra/RS
Else Dorotéia Lopes – Nova Lima/MG
Emerson Maciel Santos – Laranjeiras/SE
Fátima Cristina Sampaio Luiz – Belo Horizonte/MG
Fernando Catelan – Mogi das Cruzes/SP
Fernando da Matta Machado – Rio de Janeiro/RJ
Flávia Assaife Campos Almeida – Rio de Janeiro/RJ
Flaviana Tavares Vieira – Diamantina/MG
Flávio Sátiro Fernandes – João Pessoa/PB
Francisco Alves Bezerra – São Bernardo do Campo/SP
Francisco de Assis Dantas – João Pessoa/PB
Francisco José da Silva – Bom Jesus do Galho/MG
Francisco Martins Silva – Uruçui/PI
Francisco Soriano de Souza Nunes – Rio de Janeiro/RJ
Geraldo José Sant’Anna – São José do Rio Preto/SP
Gessimar Gomes de Oliveira – Montes Claros/MG
Gilmar da Silva Cabral – Rio de Janeiro/RJ
Gilmar Ferraz da Silva – Teixeira de Freitas/BA
120
Gleidston César Rodrigues Dias – Lagoa da Confusão/TO
Helena Selma Colen – Ladainha/MG
Helenice Maria Reis Rocha – Belo Horizonte/MG
Hélio Pedro Souza – Natal/RN
Hélio Pereira dos Santos – Contagem/MG
Ieda Cunha Cavalheiro – Porto Alegre/RS
Ilda Maria Costa Brasil – Porto Alegre/RS
Irineu Barone Costa – Belo Horizonte/MG
Isabel Cristina Silva Vargas – Pelotas/RS
Ivonette Santiago de Almeida – Brasília/DF
Jacqueline Bulos Aisenman – Genebra/Suiça
Jader Moreira Rafael – Nanuque/MG
Jane Guilherme da Silva Rossi – Guarulhos/SP
Janeuce Maciel Cordeiro – Turmalina/MG
Jean Albuquerque – Nova Viçosa/BA
Jelvisson dos Santos Nascimento – Salvador/BA
João Carlos de Oliveira Tórtora – Petrópolis/RJ
João de Souza Neres – Mata Verde/MG
João Marques de Oliveira Neto – Osasco/SP
João Santos Gomes – Medeiros Neto/BA
Johnathan Felipe Bertsch – Jaguará/SC
Joilson Maia dos Santos – Una/BA
Jorge Fregadolli – Maringá/PR
Jorge Henrique Vieira Santos – Nossa Senhora da Glória/SE
José Amalri do Nascimento – Rio de Janeiro/RJ
José Aparecido Araújo – São Paulo/SP
José Feldaman – Maringá/PR
José Geraldo Tavares – In Memoriam
José Moutinho dos Santos – Belo Horizonte/MG
Júlio César Bridon dos Santos – Gaspar/SC
Leandro Bertoldo da Silva – Padre Paraíso/MG
Lenival Nunes de Andrade – Catolé do Rocha /PB
Lilian de Sousa Farias – Aracaju/SE
Lucas Menck – Curitiba/PR
Lúcia Helena Pereira – Natal/RN
Luciana Tannus de Andrade – Aracaju/SE
Luciene Barros Lima – Salvador/BA
Lucilene Ianino Lima Peçanha – Belo Horizonte/MG
Lucivalter Almeida dos Santos – Nazaré/BA
Luiz Gonzaga Marcelino – Belo Horizonte/MG
Luiz Paulo Lírio de Araújo – In memoriam
Magali Maria de Araújo Barroso – Belo Horizonte/MG
Mamede Gilford de Meneses – Itapipoca/CE
Marcelo Allgayer Canto – Cachoeirinha/RS
Marcelo de Oliveira Souza – Salvador/BA
Márcia de Jesus Souza – Ribeirão das Neves/MG
Márcia Devincenzi Reis Terra – Águas Claras/DF
Marco Aurélio de Freitas Lisboa – Belo Horizonte/MG
Marcos Coelho Cardoso – Dourados/MS
Marcos Pereira dos Santos – Ponta Grossa/PR
121
Marcus Vinícius Bertolini Rios – Iúna/ES
Maria Aparecida Araújo Moreira Alves – Guarulhos/SP
Maria Cristina Carone Murta – Belo Horizonte/MG
Maria da Conceição Rodrigues Moreira – Belo Horizonte/MG
Maria da Glória Oliveira Brandão Marques – Itabuna/BA
Maria Helena Sleutjes – Juiz de Fora/MG
Maria José Alves Coelho – Brasilândia de Minas/MG
Maria Norma Lopes de Macedo – Turmalina/MG
Maria Telma Barbosa de Lima – São Paulo/SP
Marlene Bernardo Cerviglieri – Ribeirão Preto/SP
Marisa Fátima Andreatta – Dourados/MS
Marly Rondam Pinto – São Paulo/SP
Márson Alquati – Nova Roma do Sul/RS
Mauro Marques de Carvalho – Manaus/AM
Mônica Yvonne Rosemberg – São Paulo/SP
Nelci Veiga Mello – Campo Mourão/PR
Neri França Fornari Bocchese – Pato Branco/PR
Norma Disney Soares de Freitas – Fortaleza/CE
Nylton Gomes Batista – Cachoeira do Campos/MG
Odyla Pinto de Paiva – Rio de Janeiro/RJ
Ormuz Barbalho Simonetti – Natal/RN
Paulo André Gazzinelli – Belo Horizonte/MG
Paulo Cesar de Almeida – Andrelândia/MG
Paulo Dias Neme – São Paulo/SP
Paulo Murilo Carneiro Valença – Recife/PE
Paulo Roberto de Oliveira Caruso – Rio de Janeiro/RJ
Regina Batista Magalhães Silva – Bebedouro/SP
Renata Rimet Ramos Silva – Salvador/BA
Roberto de Piratininga Ferrari – Carapicuiba/SP
Roberto Prado Barbosa Junior – São Vicente/SP
Rodrigo Marinho Starling – Belo Horizonte/MG
Rogério Ferreira de Araújo – São Gonçalo/RJ
Rogessi de Araújo Mendes – Recife/PE
Rossana Monteiro Cruz – Aracajú/SE
Rossidê Rodrigues Machado – São Vicente/SP
Rozelene Furtado de Lima – Teresópolis/RJ
Sandra Avelino da Silva – São Paulo/SP
Sandra Helena Barroso – Santa Luizia/MG
Sandra Ramalho de Oliveira – Caratinga/MG
Stefany Nayara Santanna Alves – Guarulhos/SP
Teresa Cristina Carvalho Mércuri Azevedo – Campinas/SP
Valdeck Almeida de Jesus – Salvador/BA
Valdivino Pereira Ferreira – Turmalina/MG
Valter Bitencurt Júnior – Salvador/BA
Vânia Rodrigues Calmom – Vila Velha/ES
Vanina Miranda da Cruz – Salvador/BA
Varenka de Fátima Araújo Garrido – Salvado/BA
Vilson Barbosa Costa – Belo Horizonte/MG
Walter Teófilo Rocha Garrocho – Barbacena/MG
Weder Ferreira da Silva – Rio de Janeiro/RJ
122
Wilson de Oliveira Jasa – São Paulo/SP
Yara Regina Franco – Araraquara/SP
Zenir Izaguirre Carvalho – São Jerônimo/RS
Voluntários da Secretaria Geral
Eduardo Amorim Silva
Egmon Schaper Filho
Última atualização do Quadro Social: 30/08/2014
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