Dezembro
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Dezembro
Ano XV Nº 152 DEZEMBRO 2007 R$ 2,00 www.uruatapera.com Em clima de Natal e de virada do ano, a Praça do Centenário e a Praça de Santo Antonio, principais logradouros da cidade, se enfeitaram para a tripla comemoração. ANIVERSÁRIO DE ORIXIMINÁ A cidade respira festa, em meio a inaugurações de obras e intensa programação que inclui shows, festivais de teatro e de música, apresentações natalinas e de reveillon. Mirante, passeios e o orquidário iluminados criam o clima de festa, realçado pela árvore de Natal estilizada. A última semana é curta para tanto que há para festejar na cidade. INTERAÇÃO ESTRATÉGIA MÚSICA Projeto cria Argemiro já Secult lança estímulos aos vê futuro sem CD pelo Selo novos leitores a mineração Paranatinga A Caravana da Biblioteca em Ação leva diversão educativa a crianças,jovens e adultos. Enquanto luta para aumentar royalties, o prefeito de Oriximiná planeja alternativas. Grupo Canto de Várzea, de Santarém, foi aquinhoado com a estréia do projeto. POLÍTICA | PÁG 4. CIDADES | PÁG 3. REGIONAL| PÁG 5. Raízes afro-indígenas na coleta de castanha Quilombolas se dizem castanheiros em Oriximiná, primeira a titular terras de comunidades negras no País. VARIEDADES | PÁG 7. HIDROVIA Rio Trombetas é exemplo de barateamento Ousodomodalsignificacusto baixo e alto lucro, sem agressão ao meio-ambiente. Embarque de bauxita em Porto Trombetas: eficiência no transporte. POLÍTICA | PÁG 4. Ouriço de castanha, matéria-prima para artesanato e tradição . 2 SERVIÇO DEZEMBRO - 2007 Reserva Biológica monitora tartarugas A Reserva Biológica do rio Trombetas (Rebio), em Oriximiná, santuário ecológico com diversidade ambiental espantosa, abriga muitos projetos científicos, como o desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), de Manaus, em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a Mineração Rio do Norte (MRN). O Projeto Ecologia de Comunidades de Quelônios da Amazônia é um instrumento eficaz para descobrir as rotas de migração da tartaruga amazônica, que começa com sua desova, feita em tabuleiros nas prais da reserva. Pouco se conhece sobre as tartarugas de água doce, daí o pioneirismo do projeto. As primeiras tentativas de monitoramento, realizadas em 1989 e em 2002, resultaram em algumas descobertas importantes sobre o modo de vida da espécie. Por exemplo, as tartarugas da Amazônia, após a desova, não permanecem no local, e resta saber para onde elas migram. Já foi constatado que, em dois dias, elas chegam a percorrer 65 quilômetros, o que sugere a possibilidade de que haja intercâmbio entre o Trombetas com outros rios, como o Tapajós”, deduz o doutor Richard Vogt, pesquisador do Inpa e coordenador do projeto. Há 14 espécies de tartaruga na região amazônica. Elas sempre retornam ao local onde nasceram para desovar, entretanto o tempo que elas Além do projeto científico, o Pé de Pincha preserva os quelônios e educa os ribeirinhos levam para chegar à fase adulta e o nível de sobrevivência dos filhotes após a desova ainda é desconhecido. Um dos objetivos das reservas biológicas é justamente a proteção dos animais que vivem nesse habitat, mas como as tartarugas da Amazônia não permanecem na reserva após a desova e migram para outras áreas, é preciso criar formas eficientes de proteção desses animais, uma vez que não adianta proteger apenas o local de desova, alertam os pequisadores. Outra informação relevante é a quantidade de tartarugas que sobe o rio Trombetas para desovar. Na década de 40 havia cerca de 30 mil tartarugas da Amazônia; nos anos 70, o número caiu para 8 mil; em 80, eram 800 e, atualmente, não chega a 200 tartarugas. Um outro desafio é saber por que esse número vem caindo. No início dos estudos, 20 tartarugas da Amazônia receberam dois tipos de transmissores de localização: um por satélite e outro por ondas de rádio VHF. Além do monitoramento, o projeto inclui ainda divulgação e orientação às comunidades localizadas nas rotas de migração mais prováveis das tartarugas. Destinação sustentável da madeira No início da operação do Projeto Trombetas, em 1979 , pela Mineração Milhares de metros cúbicos de madeira eram jogados fora. O município lutou e ganhou. Rio do Norte – MRN, a madeira não considerada de lei era utilizada na secagem do minério. Depois de muita perda econô- mica e, principalmente, ambiental, a atividade mineradora em Oriximiná passou a cuidar desses recursos naturais e a implantar projetos de manejo adequados às características locais. Atualmente os resíduos da biomassa, removidos para facilitar a mineração, são aproveitados para o reflorestamento. É importante notar que hoje os efeitos diretos da mineração não são grandes, assim como não são tão observáveis no mapa os efeitos indiretos. Jovens oriximinaenses têm oportunidade de cursar nível superior Um sonho antigo há muito virou realidade em Oriximiná, onde os jovens não precisam mais sair de sua terra natal para continuar os estudos. A conquista foi possível graças à instalação do núcleo da Universidade Federal do Pará na cidade, em parceria com o município. O prefeito Argemiro Diniz destaca que os jovens de Oriximiná são privilegiados em ter uma oportunidade que é muito rara.”Segundo estudos realizados pelo Dr. Cristóvão Diniz, quando reitor da UFPA, de cada turma que terminava o ensino médio na região Amazônica, apenas um estudante entrava na universidade, devido às dificuldades, principalmente para as pessoas dos municípios do interior, que tinham que se deslocar para os grandes centros urbanos e ainda concorrer com alunos da capital que podem fazer cursinhos especializados e tudo mais” relata. Argemiro diz que o município vêm investindo na ampliação do acesso à educação superior, por acreditar que é através do conhecimento que a qualidade de vida da população pode melhorar. A prefeitura ainda investe mais de R$ 11 mil todos os meses em pessoal nos quadros ad- ministrativos, serviços gerais e manutenção do prédio. “Esse esforço que estamos fazendo tem custo elevado, mas é um investimento que está sendo feito para a melhoria da qualidade de vida da população”, observa o prefeito. Os cursos hoje oferecidos, além de atender os jovens de Oriximiná, também acolhem alunos de municípios vizinhos como Juruti, após ser firmada uma parceria entre as prefeituras. “É por isso que consideramos muito importante esse esforço, não só para o nosso município, mas toda a população desta região”, finaliza Argemiro. Cerâmica quilombola oriximinaense tem características especiais A produção ceramista em Oriximiná é voltada principalmente para a fabricação de utensílios domésticos como panelas, pratos, tigelas, potes e alguidares. A maior parte dos artesãos utiliza a técnica do morrão ou rolinho, além de um tipo específico de barro limpo, encontrado em barreiros localizados em igarapés e cabeceiras de rios e que só pode ser retirado na maré baixa. Para avolumar e dar mais resistência ao barro, os artistas utilizam como “fermento” a casca do cariapé, espécie de madeira nativa da Diretora-Editora responsável Franssinete Florenzano Colaborador especial Emanuel Nassar Editoração eletrônica Calazans Fotolito e impressão Rua Gaspar Viana, 778 Tel. 0xx91.32300777 região, ou o cauixi, esponja de água doce que fica grudada nas árvores. Já a jutaicica (resina de jatobá) é utilizada na vedação interna das peças antes da queima, que também obedece um ritual todo especial, para garantir que a peça fique mais resistente e escurecida. A exploração sem replantio dessas espécies já resulta em certa dificuldade para encontrar os materiais utilizados na fabricação das peças. “A técnica de produção de cerâmicas quilombolas é elaborada, surpreendente mesmo”, garante Heliana Henriques, formada em Ar- Artesã em processo de secagem de suas peças tes Industriais e que há cinco anos acompanha o trabalho das ceramistas como bolsista do Museu Paraense Emílio Goeldi. O bonito artesanato local foi descoberto por acaso, quando começou o trabalho de educação junto às crianças da região. “A atividade de ceramista sofria muito preconceito por parte dos mais jovens e despertava pouco interesse nas crianças”, lembra Heliana que, na época, participava de um projeto de educação ambiental e patrimonial realizado no município pelo Museu Goeldi e Mineração Rio do Norte. “No início as crianças chamavam as cerâmicas de ‘coisa de velho ou de índio’, mas hoje a situação já se inverteu”, revela. Depois de um intenso trabalho de valorização das cerâmicas quilombolas, a téc- nica preservada pela memória de dona Zuleide, a decana das artesãs na comunidade remascente dos antigos quilombos da Boa Vista, passou a despertar o interesse de toda a comunidade, inclusive das crianças. Hoje, consciente da importância deste trabalho para a preservação cultural e histórica do seu povo, Zuleide ensina a técnica a todos aqueles que a procuram, na sua humilde casa.Ao lado da cerâmica Konduri, de influência dos indígenas que habitavam a região, a quilombola tem características marcantes. PREFEITURA MUNICIPAL DE ORIXIMINÁ ÀS SUAS ORDENS TELEFONES ÚTEIS Gabinete do Prefeito – (93) 3544 1319 Secretaria Municipal de Cultura – (93) 3544 2681 Secretaria Municipal de Turismo –(93) 3544 2072 Hospital - Maternidade São Domingos Sávio – (93) 3544 1371 Secretaria Municipal de Educação – (93) 3544 1224 Hospital Municipal – (93) 3544 1370 www.uruatapera.com [email protected] Secretaria Municipal de Bem-Estar e Assistência Social – (93) 3544 1169 Av. Independência, 1857 Oriximiná-PA. CEP 68270-000 Tel/Fax. 0xx91.32221440 CNPJ 23.060.825/0001-05 Secretaria Municipal de Saúde – (93) 3544 1587 Fórum – (93) 3544 1299 Secretaria Municipal de Infra-Estrutura – (93) 3544 1119 Polícia Civil – (93) 3544 1219 Defensoria Pública – (93) 3544 4000 CIDADES DEZEMBRO - 2007 3 Oriximiná planeja futuro informes sem mineração de bauxita O Uruá-Tapera completa, nesta edição, 16 anos. Um sonho real, uma ferramen- PAULO LEANDRO LEAL ESPECIAL A cidade de Oriximiná, no oeste do Pará, se diferencia das demais cidades ribeirinhas localizadas na margem do Rio Amazonas. Há mais de dez anos, é um canteiro de obras permanente. Quase 100% das ruas são asfaltadas. Os prédios públicos são limpos e bem cuidados. A população tem acesso a uma série de programas sociais que não existem em outros lugares. As crianças têm escolas mais estruturadas. O Índice de Desenvolvimento Humano está entre os melhores da região. Localizado na margem esquerda do Rio Amazonas, o município de Oriximiná tem uma grande reserva de bauxita (matéria-prima do alumínio) em seu território, explorada pela Mineração Rio do Norte (MRN). A exploração mineral garante ao município recursos de mais de R$ 50 milhões por ano, através do repasse da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem) e impostos municipais. Este dinheiro garante a execução das obras e a manutenção dos programas sociais. Mas até quando? E quando o minério acabar? A expectativa é que o minério localizado naquela região seja explorado por pelo menos mais 30 anos. Mas o município já deve começar a perder receita em 2009, quando a MRN vai abrir o Platô Bela Cruz, encravado entre Oriximiná e o município de Terra Santa. A Cfem terá que ser dividida com o município vizinho. Depois, vai haver divisão de recursos também com o município de Faro. Como manter o padrão da cidade, os programas sociais e qualidade de vida da população sem o dinheiro e os empregos da atividade mineral? Há três anos o prefeito Argemiro Picanço Diniz se faz a mesma pergunta, em busca de projetos que garantam o futuro de seu município sem a atividade mineral. “Um dia o minério vai acabar e temos que Argemiro Diniz: é preciso planejar o futuro desde já estar preparados para isso, com uma diversificação econômica que garanta a sustentabilidade de nossa economia e a qualidade de vida de nosso povo”, diz o prefeito, apostando na agricultura para garantir um futuro tão rico quando o presente. “A agricultura é um dos grandes potenciais do nosso município”, diz. Uma visita à cidade mostra que a preocupação relatada pelo prefeito não é apenas discurso de político. O parque de exposições agropecuárias de Oriximiná é o mais bem estruturado de todo o oeste paraense. Lá também está uma experiência única na região: uma estufa que tem capacidade para simular diversas situações de clima e solo, para plantio experimental de diferentes culturas. O objetivo é identificar as culturas que mais se identificam com a região para que possam ser plantadas em larga escala. O projeto já vem ajudando a melhorar a qualidade de hortas comunitárias localizadas no entorno da cidade, mas o objetivo mesmo é expandir a tecnologia para todo o município. Com os recursos da mineração, pretende-se disseminar o uso de tecnologias de ponta no campo. A mecanização agrícola, por exemplo, vem se expandido em Oriximiná. A prefeitura mantém um programa que atende pequenos agricultores. Mais de mil hectares de terras foram mecanizadas nos últimos anos, atendendo mais de 500 produtores de todo o município. Cada agricultor tem um pequeno pedaço de terra mecanizado, onde planta arroz, milho, feijão, melancia e outras culturas. O município ainda garante assistência técnica e o calcário para fazer a correção do solo. “Mas se o agricultor não plantar é retirado do programa”, explica o Secretário de Agricultura e Abastecimento, Alfeu Santos Carpeggiani. Segundo Argemiro Diniz, o programa tem um mecanismo para evitar a dependência e incentivar o agricultor a trabalhar sem a ajuda do governo municipal. A cada ano a prefeitura retira um pouco o apoio. No segundo ano, por exemplo, o produtor já é obrigado a arcar com os custos do combustível utilizado na mecanização. “Eles compram o combustível antecipado”, comemora Argemiro Diniz. Segundo ele, em três anos a produção agrícola no município cresceu mais de 300%. “É uma atividade que gera uma cadeia produtiva muito grande, com grande capacidade de geração de emprego e renda”, explica. A geração de emprego e renda também será possível com incentivos à criação de uma cadeia produtiva da piscicultura e avicultura. Atualmente, são poucos os criadores de peixe em cativeiro no município. Mas esta realidade pode mudar. Um antigo galpão abandonado que servia de depósito de Castanha do Pará vai dar lugar a uma fábrica de ração. A prefeitura está investindo mais de R$ 300 mil no projeto. A matéria-prima será adquirida dos agricultores do próprio município e a ração vai fomentar a criação de peixe em cativeiro e a avicultura, com o uso de tecnologias que garantam aumento da produtividade. A busca por novas tecnologias para a agricultura levou uma equipe da prefeitura até Israel, país que detém tecnologias agrícolas que estão entre e as mais avançadas do mundo. Lá, o prefeito e sua equipe conheceram técnicas de irrigação que podem transformar áreas arenosas em terrenos férteis para a agricultura. “Eles tem uma área lá muito parecida com uma que temos aqui em Oriximiná, no estuário do Rio Amazonas”, disse Argemiro. Escola resgata sua história O projeto “Memórias do Professor Assunção”, coordenado pelas professoras Adriana Marinho Pimentel e Eldra Carvalho da Silva, envolveu toda a comunidade escolar e resultou em avanços na qualidade do ensino. As pesquisas revelaram que o educandário foi fundado dia 08 de setembro de 1953, com a denominação de Escola Rural, na administração do prefeito Antônio Machado Imbiriba. O resgate da história não apenas determinou nomes, datas ou instrumentos jurídicos. Também aumentou a auto-estima de alunos e ex-alunos, professores e funcionários, e das pioneiras na direção da escola, as senhoras Maria Rosi Calderaro (1ª diretora), Neide Souza, Ieda Wanzeller, Raimunda Batista, Ormezinda Souza, Célia Via- na, Carmem da Gama Carvalho, Fátima Aragão e Lílian dos Anjos Seixas, que, com todas as dificuldades enfrentadas, ao longo do tempo contribuíram com a trajetória educacional, social e política da instituição. O nome Escola Rural adveio do fato da escola ter sido construída com verbas destinadas às escolas da zona rural, porque sua localização era fora do perímetro urbano da época. Após alguns anos, passou a ser “Escolas Reunidas Professor Assunção” e, mais tarde, “Escola Estadual de 1º grau Professor Assunção”. Municipalizada através do Decreto n. º 20/2000, passou a se chamar “Escola Municipal de Ensino Fundamental “Professor Assunção”. A escola hoje é liderada por Eldra Carvalho da Silva (diretora), Heraldina Moitinho Bentes e Rosana Diniz (vice-diretoras) e Socorro Calderaro Andrade (secretária). Há uma equipe de 51 profissionais, entre funcionários e professores, e 812 alunos, todos envolvidos no desenvolvimento um processo de ensino-aprendizagem de qualidade. Os pilares da educação “saber ser”, “saber fazer” e “saber conhecer”, inspiram a escola. A idéia é que o conhecimento pode ser construído, e o ser humano precisa ser formado e se firmar dentro de três dimensões imprescindíveis: técnica, política e humanista, de modo que fique apto e se torne capaz de influenciar e transformar, com respeito e cidadania, a realidade em que vive. A direção da escola Professor Assunção enfatiza que almeja um ensino-aprendizagem de qualidade, além de formar cidadãos conscientes de seus direitos e deveres, por isso adaptou o Regimento Escolar à sua realidade. Há um atuante serviço de Coordenação Educacional, compromissado com o Projeto Político-Pedagógico da escola e com a qualidade da formação de seus alunos, que busca estratégias para aprimoramento contínuo da qualidade da educação. Nesse sentido, a gestão Escolar e a equipe são articuladas e centradas no aluno. A transversalidade, a interdisciplinaridade e a contextualização são pilares em que se assenta a proposta pedagógica da “Professor Assunção”. A qualidade de todos os trabalhos da Escola, tanto pedagógicos quanto administrativos, são debatidos em palestras e encontros pedagógicos. A instituição é referência em Oriximiná. ta eficaz, um espaço genuinamente regional, fruto de enorme esforço que gratifica pelo seu alcance. Aproveitamos para agradecer aos leitores, colaboradores e anunciantes a confiança e o estímulo que nos impulsionam a continuar na luta por fazer cada vez mais e melhor, de modo a oferecer informação séria e comprometida com os interesses do nosso Estado. A todos, um belo e abençoado Natal; e que no Ano Novo sigamos construindo uma sociedade mais justa e igualitária. 16 anos do Uruá-Tapera “Uma data em que um projeto sonhado merece aplausos pela sua e concretização com muita garra e competência acima de tudo. Parabéns pelo nobre Uruá-Tapera que muito bem retrata nosso Oeste paraense. Em nome de meus conterrâneos oriximinaenses, felicito a jornalista Franssinete Florenzano pelo empreendimento”. (Mensagem do Deputado Júnior Ferrari, que agradecemos, sensibilizados.) Letras & Música Foi emocionante o Concerto de Final de Ano, na Casa de Cultura Historiador João Santos, executado pela Filarmônica Municipal Professor José Agostinho. Na ocasião, foi lançada a 5ª edição da obra “Santarém, Momentos Históricos”, de autoria do maestro Wilde Fonseca. 1° ano já passou Teve passeata e ato público de indignação pelo 1º aniversário de inauguração e não funcionamento do hospital regional de Santarém. União de Entidades Comunitárias de Santarém, Pastoral da Criança, Famcos, Associação de Mulheres Domésticas de Santarém, profissionais liberais e lideranças políticas engrossaram o protesto. Um manifesto foi distribuído à população. Cura natural As propriedades medicinais dos ungüentos e ervas usados pelos remanescentes quilombolas em Oriximiná servirão de base para a tese do doutorando Danilo de Oliveira. A proposta é revelar substâncias possíveis de serem usadas na fabricação de remédios para o sistema respiratório e nervos. O estudo poderá trazer aproveitamento econômico para as comunidades negras. Oriximiná tem 33 comunidades remanescentes de quilombos, onde vivem cerca de 6 mil pessoas. O prazo para a conclusão da tese de doutorado é até o início de 2009. Bom desempenho A secretária de Pesca, Socorro Pena, está fazendo um bom trabalho. Alia profissionalismo a simpatia, o que não é pouco e nem comum. Itaituba reivindica “Temos 200 Km de malha viária dentro da cidade, dos quais 120 Km são asfaltados, mas 60% estão danificados. Esperamos que o Asfalto Participativo possa atender nossa demanda. Além disso, nossa cidade não tem um ginásio de esportes e um estádio. Itaituba tem 120 mil habitantes, e a economia é baseada na extração da madeira e do ouro, pecuária e agricultura. Estamos buscando alternativas para ampliar a economia do município. Temos uma usina de cimento em nossa cidade, acredito que a verticalização dos diversos setores dará resultado na geração de emprego e renda” (prefeito Roselito Soares, de Itaituba, reivindicando à governadora Ana Júlia). Asfalto em Almeirim A Seplan celebrou convênio com a prefeitura de Almeirim para pavimentação asfáltica de 23 mil metros quadrados em vias urbanas nos bairros de Intermediário e Vila Nacional. A obra deve ficar pronta em junho de 2008, data final de vigência do convênio. 4 POLÍTICA DEZEMBRO - 2007 Espera pela energia ganha novo alento Os municípios da Calha Norte esperam ansiosos a execução do projeto de transmissão de energia da hidrelétrica de Tucuruí através da transposição do rio Amazonas. O prefeito de Oriximiná, Argemiro Diniz, lidera o movimento há vários anos. O projeto para atender os municípios da margem esquerda do rio Amazonas está pronto e prevê um trecho de quatro quilômetros de transmissão do linhão sob o leito do rio, com uso de tecnologia dinamarquesa e, segundo ele, com riscos ambientais mínimos. Esse trecho de transmissão subaquática seria entre os municípios de Santarém e Alenquer. Depois de implantada, a linha de transmissão deverá se estender a Almeirim, Prainha, Monte Alegre, Curuá, Alenquer, Óbidos, Oriximiná, Faro e Terra Santa. O secretário de Planejamento de Oriximiná, Francisco Florenzano, enfatiza que os municípios não podem abrir mão da grande chance de desenvolvimento que se apresenta com a energia farta, que certamente abrirá novas fronteiras produtivas e alavancará as oportunidades de negócios em toda a região, gerando emprego e renda para a população. Proposta de Fundo mineral baseado em seqüestro de carbono O Ibram – Instituto Brasileiro de Mineração vem discutindo com empresas mineradoras Argemiro Diniz tem reivindicado há anos energia do linhão a viabilidade de criar um fundo mineral, com abordagem conceitual inovadora, utilizando ferramentas previstas no Protocolo de Kyoto. A idéia, explica o prefeito de Oriximiná, Argemiro Diniz, é viabilizar o fundo a partir de ativos que já existem nas empresas ou que podem vir a existir, a um custo baixo de capitalização. “Um exemplo disso é a geração de receitas a partir de projetos de créditos de seqüestro de carbono”, revela. De acordo com Argemiro, o fundo mineral traz em sua construção vários desafios, a começar pelo mecanismo de capitalização via venda de certificados de CO2. Outro ponto pioneiro é a possibilidade de utilizar recursos do fundo para fazer frente a contingências ambientais que possam surgir, o que vem atender demanda concreta das mineradoras. Oriximiná é modelo com o desempenho da Hidrovia do Trombetas Anualmente passam pelo porto do rio Trombetas cerca de 365 navios, que fazem o transporte de minério de bauxita, a custos baixíssimos e de forma segura. A eficiência do modal hidroviário é atestada pelos lucros da Mineração Rio do Norte, que para desfrutar da navegabilidade do rio o ano inteiro precisa se preocupar apenas em manter a sinalização e o monitoramento. O trabalho é executado em duas regiões distintas, uma a jusante (rio abaixo) e outra de mesma extensão, a montante (rio acima), cada uma com cerca de 35 km de extensão, com a cidade de Porto Trombetas sendo o centro. Já foram realizadas várias excursões de pesquisa para a região, uma na época da enchente, outra na cheia e uma na vazante. O objetivo é obter diferentes amostras para informações mais precisas sobre o real impacto da passagem dos navios. Após essas verificações, é possível identificar as espécies existentes, as semelhanças na composição da ictiofauna ao longo do rio, além de detalhes sobre a alimentação e reprodução dos peixes. As maioria das pessoas pensa que não é importante saber o que o peixe come, como ele se reproduz, conta o prefeito de Oriximiná, Argemiro Diniz. No entanto, o que se observa é o contrário, porque esses estudos terão impactos econômicos, sociais e ambientais para a Amazônia, garante, destacando que não há desenvolvimento sem a exploração dos recursos naturais. Segundo o prefeito, sempre há um preço a ser pago. No caso do transporte da bauxita, o produto gera divisas para o país e promove o crescimento econômico da região. Conhecer os eventuais problemas ambientais decorrentes da atividade e tentar amenizar seus efeitos são atividades necessárias. Argemiro frisa que esses estudos de impacto são fundamentais para a credibilidade dos projetos junto às comunidades, o que não ocorreu, por exemplo, quando da construção da Usina Hidrelétrica de Balbina, no município de Presidente Figueiredo. Na época foram tomadas decisões políticas que determinaram que a saída para o problema da falta de energia elétrica na região seria a construção da usina. Houve um preço alto. Com a obra, parte da reserva Com cuidados permanentes, o Trombetas contribui para viabilizar empreendimentos locais. indígena Waimiri-Atroari teve que ser inundada para dar lugar ao lago, além da perda de espécies de árvores nativas. O rio Trombetas é afluente da margem esquerda do rio Amazonas. No início da década de 90, o prefeito Argemiro Diniz lembra que o Trombetas era o segundo em quantidade de espécies de peixes conhecidas para um único rio (342 espécies), atrás apenas do rio Negro, com 450. Além disso, o Trombetas também apresentava um elevado rendimento pesqueiro potencial, com captura por unidade de esforço de até 100g de peixe por metro quadrado de malhadeira armada, por dia. Estudos mais recentes já apontam o Trombetas em terceiro lugar na quantidade de peixe por metro quadrado por dia, com 120g, conta. Entre os locais estudados, o primeiro é Lago do Inácio, localizado no muni- cípio de Manacapuru, com 190g/m2/dia, depois o rio Araguaia no Parque Estadual do Cantão, com 181g/m2/dia. Isso ocorre porque em rios de águas brancas a quantidade de nutrientes é maior, uma vez que os solos são mais férteis. Nos rios Uatumã, Jaú e Negro (Arquipélago das Anavilhanas) são encontrados apenas 72g, 46g e 41g de peixe por m2/dia, respectivamente, porque as águas pretas são bem menos produtivas. Em relação à área de Porto Trombetas, outras variáveis também influenciam na diversidade de espécies e na quantidade de peixes, como por exemplo, a circulação de embarcações entre Oriximiná e porto de Trombetas, além das comunidades que moram próximas da região. Outro fator é a Reserva Biológica (Rebio) de Trombetas, que fica próxima a Porto Trombetas e protege a área de impactos ambientais mais intensos. Biblioteca Municipal incentiva gosto pela leitura Diversos programas são oferecidos pela prefeitura de Oriximiná para incentivar o gosto pela leitura. A Caravana da Biblioteca em Ação leva a estudantes diversão educativa. A cada mês, um grupo de artistas escolhe uma lenda regional para ser contada, encenada e até cantada nas escolas, por um músico da terra. A Sessão de Filmes de Literatura Infantil atrai um bom público toda sexta-feira para a sala de vídeo da biblioteca municipal. O projeto Biblioteca Itinerante leva obras do acervo da biblioteca para que crianças que não podem ir ou moram em locais distantes tenham acesso à literatura. Os resultados têm sido gratificantes. Trata-se de uma ótima oportunidade para que os alunos pratiquem o exercício da leitura. O Consórcio da Biblioteca é um interessante convênio que permite o registro e o controle da freqüência com que os estudantes de dez escolas da rede municipal e estadual vão até a biblioteca pública do município. Há, ainda, um Concurso de Poemas para os Visitantes da Biblioteca Municipal. A iniciativa descobre e incentiva talentos emergentes, além de divulgar a arte literária do município. Através do projeto Resgate do Acervo, livros que foram emprestados e não devolvidos retornam à biblioteca. Número significativo de obras já foi recuperado. O projeto Permuta ou Acervo Excedente proporciona a troca, entre outras bibliotecas públicas e professores, de obras repetidas, de modo a ampliar a oferta de títulos aos freqüentadores da Biblioteca Municipal, que assim fica permanentemente atualizada. Cursos de capacitação são oferecidos aos funcionários, como forma de qualificar, reciclar e aperfeiçoar os recursos humanos. Os cursos envolvem atendimento, catalogação de obras e até restauração adequada. O prédio novo da Biblioteca Municipal , confortável e adequado, facilita as consultas e visitas guiadas de estudantes. REGIONAL DEZEMBRO - 2007 5 Deputados aprovam emendas à LOA A Assembléia Legislativa do Estado do Pará aprovou, com emendas, o Projeto de Lei Orçamentária do Estado do Pará para o exercício de 2008, no último dia 18. O deputado Alexandre Von (PSDB-PA) conseguiu aprovar a destina- ção de recursos orçamentários para a construção de ponte em concreto sobre o rio Mojuí, na rodovia estadual PA445, dentro da Vila de Mojuí dos Campos, no valor de R$ 504.426,00. • Além disso, obteve a ampliação do Grupamento de Cavalaria do 3º Batalhão da Polícia Militar – BPM em Santarém, no valor de R$ 250.000,00, e a implantação de Grupamento do Corpo de Bombeiros em Alenquer, no valor de R$ 275.000,00. Numa iniciativa conjunta de Alexandre Von, Antonio Rocha e Carlos Martins, foram assegurados dois milhões de reais no Orçamento Geral do Estado/2008 para recapeamento asfáltico de parte da rodovia Everaldo Martins, que liga a cidade de Santarém à Vila de Alter do Chão. Também foram assegurados recursos adicionais para manutenção das atividades do Corpo de Bombeiros em Santarém, para os próximos 4 anos (2008 – 2011), dentro do Plano Plurianual do Governo do Estado do Pará, da ordem de R$ 750.000,00/ano. Von declarou que ficará vigilante no sentido de que, tanto os recursos propostos pelos parlamentares quanto os recursos orçamentários de iniciativa do Governo do Estado sejam efetivamente liberados e aplicados em benefício da população do Oeste do Pará. Alepa concede títulos honoríficos a personalidades da região Várias personalidades de Santarém foram agraciadas com títulos de Cidadão do Pará e Honra ao Mérito, por terem se destacado ao longo de 2007 em diferentes ramos de atividades e relevantes serviços prestados à população do Pará. Dentre os homenageados indicados pelo deputado estadual Alexandre Von, merecedores do respeito, da gratidão e da importância do trabalho que prestam à população do Oeste do Pará, no ramo da educação e da cultura, figuram o Irmão José Ricardo Kinsman, diretor do Colégio Dom Amando, a quem foi outorgado o título honorífico de “Cidadão do Pará”. O Irmão Ronaldo David Hein, coordenador da Pastoral do Menor no município de Santarém, também recebeu o título de “Cidadão do Pará”. O maestro José Agostinho da Fonseca Neto, coordenador da Escola de Música e da Orquestra Jovem Wilson Fonseca, foi agraciado com o título de “Honra ao Mérito”, assim como o maestro Wilde Secult lança CD Canto de Várzea em Santarém O governo do Estado, em parceria com a Prefeitura Municipal de Santarém, lança, nesta sexta-feira (21), o primeiro CD do grupo “Canto de Várzea”. Será a estréia do mais recente projeto da Secretaria de Estado de Cultura, o Selo Paranatinga, criado para divulgar e promover o registro da obra de grupos musicais tradicionais do Pará. O Selo é uma homenagem ao poeta Ruy “Paranatinga” Barata. O Canto de Várzea completou 25 anos de história e por ele já passaram vários músicos, intérpretes e compositores santarenos. O grupo é formado atualmente pelos músicos Emir Bemerguy Filho, Beto Paixão, Antônio Álvaro, Nicolau Paixão, João Otaviano, Everaldo Martins Filho, Sebastião Oliveira e Samuel Lima. O estilo adotado pelos oito músicos é tipicamente regional, com canções que falam da Amazônia, desde as lendas até as questões ambientais. Everaldo Martins Filho destaca o pioneirismo da produção. “O Canto de Várzea é o primeiro grupo com trabalho registrado pelo novo selo. É importante a valorização dos músicos do interior, somos um dos poucos grupos que tratam de questões culturais e ambientais da nossa região dentro do nosso trabalho”, explica. O lançamento terá show do grupo no Iate Clube de Santarém, a partir das 22 horas, com entrada franca. Dias da Fonseca, que obteve reconhecimento de suas ações de valorização da educação e das artes, bem como do resgate do passado histórico de Santarém, por indicação do deputado Carlos Martins. Wilde Fonseca é autor do livro “Santarém: Logradouros Públicos”, lançado este ano, com a impressão patrocinada pela Prefeitura de Santearém. Nas 44 páginas do livro, aborda a história de praças, avenidas, ruas e travessas do município. Na sessão solene, o maestro foi representado por Benedito Fonseca, seu filho. Títulos de “Cidadão do Pará” também foram concedidos a personalidades nascidas em outros estados brasileiros ou em outros países, mas radicados no Pará, e empenhadas no desenvolvimento do Estado, como o bispo da Diocese de Santarém, Dom Esmeraldo Barreto de Farias, que recebeu homenagem em reconhecimento aos serviços de caráter social e religioso prestados ao município. Ferrari cobra investimentos para o Oeste Ao discutir a proposta do Executivo para empréstimo, o deputado Júnior Ferrari chamou a atenção ao declarar que é favorável desde que melhore a qualidade de vida dos que moram no Pará. Ferrari referiu-se aos R$ 150 milhões que, segundo o governo do Estado, serão aplicados em recuperação de vicinais. “É preciso ter responsabilidade na gestão dessa verba. Todos os municípios paraenses têm que ser contemplados com essa verba e o projeto do Executivo não especifica”, sentenciou. Ferrari exemplificou que a Bolsa Trabalho não chegou até a região Oeste, onde atua, e sentiu o impacto da cobrança. “Tem muita gente que pergunta: deputado, o que o senhor está fazendo lá que não pede por nós?”, relatou o parlamentar, que prefere mostrar trabalho através de projetos, emendas, requerimentos e moções. “São muitos os pedidos feitos pelos deputados estaduais, mas poucos os contemplados”, justificou, salientando que sua maior preocupação é que “a partir do momento em que aprovamos um montante de R$ 150 milhões, a mídia informa à população do fato e o povo fala, olha lá, os deputados aprovaram todo esse dinheiro, aí nosso municípios vão querer saber: o que vem para nós? Entende? Nós queremos o detalhamento dessas obras, onde serão executadas e quanto será gasto em cada município”, cobrou. A PA-254, por exemplo, não recebeu até hoje nenhum investimento em asfalto. “É um trecho crítico e muito importante para o Oeste do Pará, ligando Prainha a Faro, concluiu. 6 OPINIÃO DEZEMBRO - 2007 JOSÉ WILSON MALHEIROS www.wilsonmalheiros.mus.br Consciência negra Alô, Franssi, Recentemente tivemos as merecidas celebrações do dia da consciência negra. Muitas cidades do país, diversas entidades, o povo puderam, mais uma vez, rememorar a saga de Zumbi dos Palmares um dos maiores, talvez o maior vulto nacional na luta pela libertação dos escravos. Resgato, agora, para a história, a saga de um perso- nagem praticamente esquecido e que merecia, pelo menos na região do Baixo Amazonas, ser reverenciado. Refiro-me a Pai Antônio. Escravo na região do Cacoal Grande, na fazenda pertencente ao Dr. Gama Abreu, promoveu uma campanha sistemática para livrar seus irmãos do cativeiro. Tramava fugas, arranjava remo e canoa, expunha- WALCYR MONTEIRO [email protected] A Despedida Manhã bem cedo de 24 de novembro de 1999. Saio de carro de Santarém acompanhando meu amigo João Miléo, proprietário da Loja Regional Muiraquitã, naquela cidade, com destino a Alter do Chão. Afinal, Miléo, além de vender artesanato da Região, faz também a divulgação de “Visagens, Assombrações e Encantamentos da Amazônia” e tem me dado um apoio muito grande, o que mais uma vez está acon- tecendo, pois prometeu me apresentar a diversas pessoas que conhecem as histórias desta parte da Amazônia. E chegando à localidade que tornou conhecido nacionalmente o ÇAIRÉ, uma das mais belas manifestações folclóricas do Norte, apresenta-me a D. Neca, como é mais conhecida Ludinéa Gonçalves Marinho, 42 anos, artesã de arranjos florais e naturezas mortas e uma das incentivadoras do folclore ADEMAR AYRES DO AMARAL [email protected] O Solar Do Barão (I) Era 1836, no período da Regência, o Grão Pará estava sendo sacudido pela violenta Revolução Cabana, que deixou muita dor e um rastro sanguinolento de 30 mil mortos. Próximo à povoação de Almerim, em uma grande canoa, equipada com mantimentos para viagem longa, navegavam, no caudaloso Rio Amazonas, um senhor, seus dois filhos, já homens feitos, um prático e alguns escravos remadores. Os três viajantes, descendentes de portugueses e perseguidos pelos cabanos, estavam fugindo de Belém no rumo incerto do BaixoAmazonas. O senhor idoso era um rico proprietário de terras, dono de engenhos de açúcar, no município de Bujaru, e morava com a família numa confortável casa da Cidade Velha. Sendo mais explícito, esse senhor idoso, de nome Joaquim Gomes do Amaral, era meu trisavô. Sobre seus filhos, o mais velho, também Joaquim Gomes do Amaral, que foi o meu bisavô, trabalhava com o pai no engenho e no comércio. O segundo filho, Antônio Joaquim Gomes do Amaral, era um homem culto e médico formado na conceituada Universidade de Coimbra. Mas, durante a viagem, o meu trisavô acabou contraindo malária no estreito de Breves e estava muito mal de saúde. Com muito desvelo, o filho médico fez o que pôde para salvá-lo, porém ele acabou vindo a falecer, tendo sido sepultado lá mesmo no povoado de Almerim. Os dois irmãos conversaram e resolveram prosseguir viagem. Voltar para Belém era muito arriscado, pois estavam sendo se ao tronco, aos “anjinhos”, aos baraços e outras torturas, simplesmente pelo amor à liberdade. Com a sua colaboração logística e estratégica surgiram os quilombos do Trombetas, do Curuá e outros mais que em tamanho e importância para a região e para os nossos irmãos negros que ali se refugiavam rivalizava até mesmo com Palmares. Até hoje ainda existem na região os remanescentes desses quilombos, sentinelas na luta pela liberdade. Paulo Rodrigues dos Santos (Tupaiulândia), Vicente Salles (O negro no Pará), Éfrem Galvão (Romanceiro Mocorongo), Nazareno Tourinho (peça Teatral Pai Antônio) nos legaram informações valiosíssimas sobre aqueles heróis. Atanásio, Belisário, Balduíno, Nego Cirilo, Nego Felix, Maria Felipa, José Sapateiro entre outros são os heróis hoje praticamente esquecidos de nós todos, mas que tiveram importância fundamental na luta de nossos irmãos afro-descendentes pela justa liberdade. Hoje é fácil ser oposição. Mas já imaginaram que as punições para um escravo rebelde poderiam chegar à castração, à imersão num tacho de azeite fervente, à amputação de membros ou a deformação da formosura se fosse uma bela escrava a despertar ciúmes na sinhá? Pai Antônio, após um julgamento forjado, um verdadeiro simulacro, uma aberração jurídica, foi condenado á forca. Esse mártir da liberdade, como disse antes, está totalmente esquecido pela história. Merece ser resgatado e lembrado. Mas os tempos vão passando e ainda existem neste nosso amado país muitos casos de escravatura. Não mais aqueles que vinham em navios negreiros, mas os irmãos que nascem nos guetos, nas baixadas, morrem na porta dos hospitais públicos, não encontram escola para estudar nem trabalho condigno. Em homenagem a Pai Antônio e sua plêiade de heróis, terminei de compor há poucos dias uma ÓPERA que se chama PAI ANTÔNIO, baseada na saga heróica, nos fatos reais contados na bibliografia que acima mencionei. Se me faltam méritos como compositor, pois me considero apenas um mero escrivinhador de pobres melodias, essa ópera, se encenada, tem uma finalidade didática de valorizar nossa história e despertar nas gerações atuais o amor libertário. Dediquei-a ao meu avô José Agostinho, um mulato, filho de pai lusitano e mãe negra. É o mínimo que eu poderia fazer para homenagear essa raça tão bonita, que nos legou, por exemplo, o samba, o chorinho, o jazz e tantas outras coisas boas da vida. Em Tempo: Terminei, também, a orquestração da ópera VITÓRIA-RÉGIA, onde sou parceiro de meu pai, Maestro Izoca, por escolha dele, em vida. É a versão oficial. Feliz Natal e um Ano Novo venturoso a todos aqueles me honram com a leitura e com o apelido carinhoso de Pimpão (os meus reais amigos). local, fazendo mil e uma recomendações para que narrasse as histórias que conhecia, bem como me levasse às demais pessoas que tinham vivenciado ou ouvido falar de encontros com os seres fantásticos. Muito simpática e bem falante, D. Neca não se fez de rogada. E, após tomarmos um excelente café, perguntou: - Conheceu o Dr. Fernando Guilhon? - Sim, conheci. Exerceu várias funções importantes no Estado do Pará, tendo sido governador de 1971 a 1975. - Pois é ele mesmo! O Dr. Fernando Guilhon era muito querido aqui em Alter do Chão. A comunidade gostava demais dele porque, quando ele vinha aqui, parava na casa de seu Ernestino, de apelido Neco, e de D. Deodora, que a gente chama de Doca, e daí o Dr. Guilhon saía andando com o povo todo atrás. Ele se dava com todo mundo e foi muito bom com todos nós. O senhor viu esta estrada bonita que lhe permitiu chegar até aqui? - Claro que vi, pois foi por ela que vim... - Pois foi ele que mandou abrir para nós esta estrada, que tanto agradecemos e devemos a ele. Mas não foi só a estrada, o doutor, como nós chamávamos ele, fez muitas coisas boas por Alter do Chão e por todos nós. E o doutor chegava aqui e se misturava com a gente, com o povo, conversava com um, brincava com outro, tomava café na casa de outro. Quando ele vinha, Alter do Chão parava pra ficar com ele... Ainda não tinha visto um governador assim. Se ficasse um dia, dois dias, o povo tava lá com ele... É bem verdade que depois veio o Jader Barbalho! Mas o primeiro foi o Dr. Guilhon a se misturar com a comunidade... A esta altura da conversa eu já estava um pouco im- paciente. Claro que sabia do prestígio do Dr. Fernando Guilhon não só em Alter do Chão, mas também em Santarém. Sua esposa, Dra. Norma Guilhon, também é muito querida e inclusive escreveu o livro “Confederados em Santarém”, que fala das famílias de americanos sulistas que para ali haviam emigrado após a Guerra da Secessão, nos Estado Unidos. Mas – perguntava de mim para comigo – o que é que o ex-governador Guilhon tem a ver com as histórias que estou pesquisando? Como se adivinhasse meu pensamento, D. Neca continuou: - Como lhe disse, o Dr. Guilhon visitava a todos e não se estranhava quando se via ele dentro das casas. E numa manhã, quando D. Doca estava preparando o café na cozinha da casa dela e arrumando a mesa da varanda pra trazer o café, ela, lá naquele entra-e-sai da cozinha pra a varanda, viu o vulto do doutor passando assim de uma porta pra outra da varanda... Aí ela parou, olhou na direção da porta, e perguntou pra ela mesma: - Mas será que o doutor tá aqui? E voltou pra cuidar do café. Mal terminou de botar a mesa, quando sentaram pra tomar o café, bateu o sino da igreja, sino anunciando que alguém tinha morrido...! Quando isto acontece, todo mundo sai pro meio da rua pra saber quem morreu. E ela correu também... Ao chegar defronte da igreja, fica sabendo que o Dr. Guilhon tinha falecido em Belém! D. Doca até hoje diz que o Dr. Guilhon veio se despedir do seu povo de Alter do Chão, veio avisar que já tinha ido do meio de nós, que já tinha ido deste mundo, que já tinha abandonado a gente aqui...! caçados pelos revoltosos e marcados para morrer. O episódio brutal que os fez tomar a atitude de fugir, aconteceu numa madrugada chuvosa de Belém, quando a casa deles, na Cidade Velha, foi invadida por dois cabanos. Diante da desgraça iminente, meu bisavô reagiu para defender o pai e a família, e matou os dois invasores a bordunadas, usando para isso a primeira arma que lhe veio às mãos: uma pesada tranca de porta. Os dois irmãos continuaram seguindo contra a correnteza do rio, a partir de Almerim, e só pararam na cidade de Santarém, com a finalidade de comprar mantimentos. Nunca tinham visto nada tão encantador e belo como o encontro das águas do Tapajós com o Amazonas. O médico, meu tio-bisavô Antônio, de cara simpatizou com a cidade e viu que ali poderia se estabelecer como profissional no ramo da medicina, visto que não havia médico no lugar. Já o irmão mais velho, meu bisavô Joaquim, de espírito pra lá de aventureiro, resolveu prosseguir sozinho, subindo o Amazonas em busca do seu horizonte. Passou por Óbidos, entrou no Trombetas, parou na Vila de UruáTapera(Oriximiná) e depois mais alguns dias em Terra Santa. Resolveu, finalmente, se estabelecer no humilde vilarejo de Faro, onde, anos depois, se tornou homem reconhecido e conceituado no ramo do comércio. Em Faro ele conheceu e se apaixonou pela jovem Maria Emília de Souza Paes de Andrade, a minha bisavó. Ela era filha do coronel Romualdo Paes de Andrade e, pelo lado materno, descendia dos Souza, sem nenhuma comprovação que tivesse algum parentesco com a família do escritor Inglês de Souza, o que também não deixa de ser uma possibilidade. Afinal, as terras do Coronel Romualdo abrangiam diversas glebas que eram vizinhas das terras dos Souza, fosse no Curumucuri, onde nasceu o meu avô, que mais tarde se tornou o poderoso coronel Joaquim Gomes do Amaral(o terceiro Joaquim da linhagem), fosse no Paraná da D. Rosa, para onde depois a minha família se mudou. O irmão do meu bisavô, Antônio Joaquim Gomes do Amaral, se estabeleceu como o primeiro médico de Santarém. Teve sucesso na profissão e acabou figura muito conceituada naquela região. E até mesmo pela sua atividade, houve uma natural aproximação com as pessoas mais importantes do lugar. Entre essas, a personalidade mais famosa e carismática era a do senhor Miguel Antônio Pinto Guimarães, dono de um lindo e luxuoso solar de três andares, num lugar privilegiado da primeira rua, e com vistas para o encontro das águas do belo Tapajós. Como homem abastado e prestigiado chefe político, não demorou para se tornar íntimo da corte imperial, no Rio de Janeiro, para onde sempre viajava, tendo recebido, em 1871, o título de Barão de Santarém das mãos da princesa Isabel. Um dia, não tenho idéia como, meu pai conseguiu e guardou por muitos anos, uma preciosa receita do Dr. Antônio Amaral, mas essa relíquia, que eu cheguei a ver, acabou se perdendo no tempo. Como médico, meu tio-bisavô devia freqüentar profissionalmente, ou até mesmo como visitante, o lindo solar do importante Barão de Santarém, de quem acabou se tornando grande amigo e, mais tarde, genro, tendo casado com senhorita Maria Francisca Pinto Guimarães, a filha mais velha do Barão. E em 1872, aproveitando o prestígio e na base de um “quem indica” do poderoso sogro, meu tio-bisavô foi nomeado Deputado Provincial, em 1877, Deputado Geral e, em 1885, recebeu do Imperador Pedro II, a nomeação para Senador Vitalício do Império do Brasil. Historiador amador de rara vocação e um curioso na busca das nossas origens, meu pai também pesquisou e encontrou, no cemitério de Santarém, a sepultura desse meu tio-bisavô que, segundo ele, ficava bem próxima do imponente jazigo do Barão que, ainda hoje, é o que mais chama a atenção de qualquer visitante que adentre naquele campo santo. Bom, em 1958 e por uma dessas estranhas coincidências da vida, eu, com meus 10 anos de idade e sem saber absolutamente nada a respeito desse passado familiar que eu acabo de narrar aqui, cheguei para estudar no Ginásio D. Amando, em Santarém, e fui morar com meus tios Zeca, o famoso BBC, e minha tia Maria Ayres, exatamente, adivinhem, no segundo andar do grande solar do Barão de Santarém onde, provavelmente, o meu tio-bisavô também morou em alguma época. Naquela altura, o Solar do Barão não mostrava mais a opulência dos seus dias de glória e já havia se tornado uma casa cheia de lendas, mistérios e assombrações. Um desses casos de assombração eu presenciei lá e quase morri de susto, mas sobre isso eu conto com mais detalhes numa outra crônica do próximo mês. ATUALIDADES Raiz afro-indígena pulsa em Oriximiná São 33 comunidades - cerca de seis mil pessoas com relação de parentesco - ocupando uma área de seis mil quilômetros quadrados. Oriximiná equivale à metade do Estado de São Paulo. O cotidiano, as cerimônias, a cultura dos remanescentes dos antigos quilombos que vivem da pesca e da agricultura de subsistência, as raízes afro-indígenas chamam a atenção. Uma das aiuê (festa em kimbundo, dialeto africano) mais importantes é a de São Benedito, que no candomblé é Ossaim, orixá da floresta, dono das ervas, o médico de todo o panteão afro. Ela é celebrada no dia 6 de janeiro na comunidade de Jauari, quando os quilombolas saúdam o padroeiro e as riquezas obtidas durante o ano. O prefeito Argemiro Diniz gosta de relatar que os quilombos de Oriximiná são preservados até hoje. Para chegar nesses lugares antes inacessíveis, só de avião ou viajando dias de barco. Para uma comunidade quilombola visitar outra, por exemplo, às vezes são necessárias 12 horas de navegação. O extrativismo da castanha determinou uma ocupação peculiar do território pelos quilombolas no município. Os principais mocambos ficavam nos altos dos rios, em trechos navegáveis, acima das cachoeiras dos rios Curuá, Trombetas e Erepecuru. As áreas das residências e dos roçados - habitualmente localizados nas margens dos rios e dos lagos - são ocupadas no verão (para nós a seca), período em que os comunitários se dedicam mais intensamente às atividades agrícolas e à pesca. Já na época das chuvas, muitos quilombolas (às vezes famílias inteiras) vão para as matas a fim de coletar a castanha. Os quilombolas de Oriximiná têm conseguido na titulação de seus territórios fazer valer o direito de propriedade das áreas de extrativismo. Há quatro áreas tituladas: Boa Vista, Água Fria, Trombetas e Erepecuru, além do Alto Trombetas, parcialmente titulado (31% da área total). A castanha, que eles coletam e comercializam desde o século XIX, representa para eles importante fonte de renda e é um dos elos que os une aos ancestrais. O conhecimento dos castanhais é considerado uma herança deixada pelos antepassados. Dizem as comunidades remanescentes que foram os negros fugitivos que “descobriram” os castanhais. Até hoje, os conhecimentos sobre a atividade de extração da castanha são transmitidos de geração para geração. Não por acaso a coleta da castanha-do-pará é forte elemento da identidade étnica dos quilombolas de Oriximiná, onde os setores da população rural da região se dedicam preferencialmente à agricultura e à pecuária, a ponto de muito comumente se auto-definirem como “castanheiros”. Os territórios quilombolas em Oriximiná ainda registram grandes ocorrências de castanhais que - como as demais áreas de extrativismo, as zonas de caça, rios e os lagos onde se pratica a pesca - são considerados bens de uso comum. Isso significa que qualquer integrante das comunidades tem o direito de explorar os recursos naturais dessas áreas. Os quilombolas sempre enfrentaram muitas dificuldades na atividade da castanha. Havia uma carência enorme de meios de transporte e de condições para armazenar a produção. Acabavam dependendo de intermediários, conhecidos como regatões, que compravam o produto por preços irrisórios e vendiam a preços abusivos. Hoje os quilombolas contam com uma estrutura de transporte, comunicação e armazenamento que possibilita a venda da castanha direto às usinas de beneficiamento em Oriximiná, Óbidos e Belém. DEZEMBRO - 2007 VICENTE MALHEIROS DA FONSECA [email protected] Ária, bandola e violão Há muito eu havia prometido ao violonista paraense Maurício Gomes, que mora em Barcelona (Escola Superior de Música da Catalunha), escrever novas composições para violão, instrumento que andei arranhando, na juventude. Meu instrumento básico é o piano, que toco desde criança. Mas o violão me despertou caminhos para a composição popular, pois eu vinha de uma formação erudita, no Conservatório de Rachel Peluso, em S. Paulo. Com meu pai, aprendi a flexibilizar a divisão que puristas fazem entre música popular e a chamada erudita. Enviei ao Maurício a minha Ave Maria (Duo de Violão e Flauta), que ele repassou aos professores Xavier Coll (violão) e Montserrat Gascón (flauta); o arranjo, para Violão, de Lua Branca (Wilson Fonseca e Paulo Rodrigues dos Santos); e a minha Valsa Santarena nº 1 (Violão). Ainda vinha surpresa por aí. Maurício está formando um duo de canto e violão com a soprano Patrícia Endo, gaúcha, que mora em Milão. E me solicitou obras para o repertório do novo duo. Ele reside na Espanha e ela, na Itália, mas pretendem divulgar a música nacional. Da conversa virtual entre o Brasil e a Europa, compus a Ária para Patrícia (Duo para Soprano e Violão), que dediquei à notável soprano brasileira. Dela recebi esta mensagem: “Caríssimo Vicente: adorei a ‘nossa’ ária. Realmente gostei muitíssimo e agora estou já me perguntando como devo resolver a questão do acento paraense. Você a concebeu com todos os acentos regionais? Parabéns e estou muito emocionada. Obrigada, Patrícia”. Respondi-lhe: “meu pai costumava dizer que a partitura é apenas um projeto arquitetado pelo compositor; mas a música se realiza, se completa, com a interpretação. Assim, deixo a seu critério o modo como a ênfase rítmica ou musical será aplicada, na execução da peça. A meu ver, o intérprete tem que ser livre diante das idéias sugeridas pelo compositor. Mário de Andrade dizia que o compositor oferece a síntese essencial, deixando as sutilezas para a invenção do executor da obra. Não tenho dúvida de que a sua experiência e o seu talento saberão aproveitar e enriquecer os valores prosódicos da alma brasileira para extrair os 7 elementos essenciais e imprescindíveis que a música possa oferecer. Na verdade, nem sei lhe dizer bem se eu concebi a peça com acentos regionais. O ato de compor me parece tão espontâneo, intuitivo e até vital, que nem me dou conta do que acontece. Quando mais do que de repente... a música está feita. Tudo vem de uma fagulha de inspiração. Depois, é claro, a paciência, os mínimos detalhes e o acabamento final, que demandam uma tarefa de muita dedicação, mas bastante prazerosa. É isso aí... Mas é claro que me sinto, aqui na minha ‘aldeia’, um músico amazônico-brasileiro, talvez com pretensões (veja só a ousadia) de ser universal.” Outra surpresa. A pedido da soprano Carla Maffioletti, brasileira, que mora na Holanda e integra o corpo de cantores da Orquestra de André Rieu, compus peças para o Mandoline-Ensemble The Strings (onde ela toca violão), dirigido por Annemie Hermans, dedicando-lhe o chorinho Irurá (Quarteto de Bandolim, Bandola e Violões). Ela gostou da peça e vai gravá-la. Incentivado com a idéia, escrevi arranjos para violão (18, até agora), sobre músicas de meu avô José Agostinho da Fonseca, enquanto aguardo a realização de um projeto concebido pelo violonista Salomão Habib: a edição de uma coletânea de transcrições de minhas músicas para violão. Termino com o fecho da letra da ária, um acróstico: “E no acalanto que vem da canção/Nesta modinha que é ária também/Dou meu recado com muito fervor/O mistério da vida bem diz: faço tudo com amor”. 8 VARIEDADES DEZEMBRO - 2007 Escola de Música de Óbidos ganhou patrocínio da MRN A Prefeitura de Óbidos assinou convênio com a Mineração Rio do Norte, no valor de 55 mil reais, destinados à compra de 205 instrumentos para equipar a Escola de Música Manoel Rodrigues, criada em 2005 para trabalhar o desenvolvimento educacional e social das crianças, adolescentes e jovens em situação de risco. O projeto vem alcançando cada vez mais seus objetivos e, hoje, a escola já conta com 475 alunos, sendo que os cursos estão disponíveis para toda a população de Óbidos. Para José Haroldo de Paula, a proposta da empresa é sempre apoiar projetos que possam gerar melhorias sociais constante, sustentado em quatro pilares: desenvolvimento social, educação, saúde e segurança e meio ambiente. “O projeto Escola de Música sensibilizou a MRN e casa perfeitamente com a nossa política de responsabilidade social. Para a MRN, é um orgulho poder contribuir com um projeto tão relevante para o município de Óbidos”, afirma. A Sra. Aldanete dos Santos Faria diz que, com essa doação, será possível concretizar o plano de formar uma orquestra na cidade. Integrantes da Escola de Música de Óbidos recentemente ganharam curso de capacitação de monitores para formação de coral e bandas, em Belém, através de parceria da Fundação Carlos Gomes com a Prefeitura Municipal. No ano passado, a Escola de Música, que funciona no prédio do antigo Quartel, promoveu um curso com 30 alunos, quando se formaram 7 e, desses, foram selecionados 3 como instrutores da escola. Hoje, quatro músicos compõem a equipe: José Salomão, contrabaixista, responsável pela musicalização infantil; Joelson Araújo, violonista; Ivair Tavares, tecladista, responsável pela turma de jovens e Genilton Sousa, flautista, responsável pelas turmas da terceira idade e coordenador do projeto. O professor Genilton salienta que a região é muito carente e até certo ponto esquecida pelo Estado, e somente agora está tendo oportunidade, através do novo governo, de participar de cursos de aperfeiçoamento musical, o que vai contribuir bastante e aprimorar a qualidade de seus instrutores’. Para o professor Salomão, “cursos como esse precisam ser realizados com mais freqüência”. O professor Joelson destacou as dificuldades de patrocínio. ‘O município e as instituições obidenses precisam olhar com mais carinho para esse projeto e o esforço dos músicos que fazem parte da equipe quanto ao apoio financeiro que permita viagens a Belém para a realização de cursos. "Isso é bom para todos, instrutores, alunos e, principalmente para o município, que terá bons músicos formados’. A Escola de Música Manoel Rodrigues atende 334 crianças de 7 a 12 anos, 107 adultos e uma turma de 40 idosos. Museu de Arte Sacra de Santarém conta 250 anos da Catedral Criado em 2003, o Museu já é um dos pontos turísticos da cidade e a expectativa é de que a visitação aumente. Cerca de 350 peças integram o museu santareno. O sino, de 1895, por exemplo, badalou em muitos Círios. Por 10 anos uma berlinda estilo Luiz XV conduziu a imagem da padroeira pelas ruas. O fato de que a maioria das cidades da região amazônica foi fundada por missões jesuítas resultou em uma coleção significativa de peças que remetem à religiosidade e compõem importante acervo histórico. Localizado no centro da cidade, anexo à Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, o museu é climatizado, tem música ambiente o dispõe de imagens, indumentárias e quadros. A igreja de Nossa Senhora da Conceição, um dos monumentos históricos mais importantes de Santarém, completou 250 anos de existência. Fundada em 1757, sua história come- çou ainda no século XVIII com as missões religiosas. A chegada de missionários jesuítas estabeleceu a missão Tapajós, comandada pelo padre João Felipe Bettendorf. No dia 22 de abril de 1757, o então bispo do Pará, Dom Miguel de Bulhões e Sousa, extinguiu a missão dos jesuítas entre os índios Tupaius e criou a paróquia ou freguesia de Nossa Senhora da Conceição em Santarém. Assim começou um novo período na história do povo católico que morava às margens da foz do rio Tapajós. A primeira capela foi construída em 1661, onde é hoje a Praça Rodrigues do Santos e somente em 1757 foi lançada a pedra fundamental da Catedral. O museu de arte sacra registra a evolução da Igreja. De acordo com a historiadora Terezinha Amorim, a Catedral apresentava traços completamente diferentes do que tem hoje. “As torres eram mais baixas, havia vários altares laterais, os confessionários, os couros aí na entrada”, conta a historiadora. A primeira imagem da Virgem da Conceição foi esculpida em carvalho, pintada pelo padre Felipe Bettendorf e pelos índios. “Essa imagem veio de Portugal e foi durante anos considerada a imagem principal aqui da Catedral. Era a mais venerada pelos santarenos. Só que por ela ser de madeira muito pesada, era difícil a remoção, por isso foi esculpida a imagem que hoje é peregrina”, informa a historiadora. XIV Mostra de Teatro inicia comemoração dos 130 anos de Oriximiná Com o clima de festa pelo Natal, Ano Novo e, principalmente, pelo aniversário da cidade, A XIV Mostra de Teatro Amador deu início à programação comemorativa. Na abertura, a Secretária de Cultura, Desporto e Lazer, Hilda Viana deu boas vindas a todos dizendo ser grande sua satisfação na abertura das festividades do aniversário da cidade. O auditório da Casa de Cultura ficou lotado com a apresentação do divertido grupo “Os Espocas”, coordenado por Cleones Batista. O espetáculo “Encantos de Natal” foi aplaudido de pé pelo público. A autora da peça, Aniely, disse que se sentiu gratificada com a sintonia da platéia e prometeu caprichar ainda mais no ano que vem. No encerramento do evento, houve formatura da turma de Música e ainda escolha da Rainha do Festival, título disputado por estudantes da rede pública de ensino.
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