Dezembro

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Dezembro
Ano XV Nº 152
DEZEMBRO 2007
R$ 2,00
www.uruatapera.com
Em clima de Natal e de virada do ano, a Praça do Centenário e a Praça de Santo Antonio, principais logradouros da cidade, se enfeitaram para a tripla comemoração.
ANIVERSÁRIO DE ORIXIMINÁ
A cidade respira festa, em meio a inaugurações de obras e intensa programação que
inclui shows, festivais de teatro e de música, apresentações natalinas e de reveillon.
Mirante, passeios e o orquidário iluminados criam o clima de festa, realçado pela árvore de Natal estilizada. A última semana é curta para tanto que há para festejar na cidade.
INTERAÇÃO
ESTRATÉGIA
MÚSICA
Projeto cria
Argemiro já Secult lança
estímulos aos vê futuro sem CD pelo Selo
novos leitores a mineração Paranatinga
A Caravana da Biblioteca em
Ação leva diversão educativa
a crianças,jovens e adultos.
Enquanto luta para aumentar royalties, o prefeito de Oriximiná planeja alternativas.
Grupo Canto de Várzea, de
Santarém, foi aquinhoado
com a estréia do projeto.
POLÍTICA | PÁG 4.
CIDADES | PÁG 3.
REGIONAL| PÁG 5.
Raízes afro-indígenas
na coleta de castanha
Quilombolas se dizem castanheiros em Oriximiná, primeira a titular terras de comunidades negras no País.
VARIEDADES | PÁG 7.
HIDROVIA
Rio Trombetas
é exemplo de
barateamento
Ousodomodalsignificacusto
baixo e alto lucro, sem agressão ao meio-ambiente.
Embarque de bauxita em Porto Trombetas: eficiência no transporte.
POLÍTICA | PÁG 4.
Ouriço de castanha, matéria-prima para artesanato e tradição .
2
SERVIÇO
DEZEMBRO - 2007
Reserva Biológica monitora tartarugas
A Reserva Biológica do
rio Trombetas (Rebio),
em Oriximiná, santuário ecológico com
diversidade ambiental espantosa, abriga muitos projetos
científicos, como o desenvolvido pelo Instituto Nacional
de Pesquisas da Amazônia
(Inpa), de Manaus, em parceria com o Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) e a Mineração Rio
do Norte (MRN). O Projeto
Ecologia de Comunidades de
Quelônios da Amazônia é
um instrumento eficaz para
descobrir as rotas de migração
da tartaruga amazônica, que
começa com sua desova, feita
em tabuleiros nas prais da reserva. Pouco se conhece sobre
as tartarugas de água doce, daí
o pioneirismo do projeto. As
primeiras tentativas de monitoramento, realizadas em 1989
e em 2002, resultaram em
algumas descobertas importantes sobre o modo de vida
da espécie. Por exemplo, as
tartarugas da Amazônia, após
a desova, não permanecem no
local, e resta saber para onde
elas migram.
Já foi constatado que,
em dois dias, elas chegam a
percorrer 65 quilômetros, o
que sugere a possibilidade de
que haja intercâmbio entre o
Trombetas com outros rios,
como o Tapajós”, deduz o
doutor Richard Vogt, pesquisador do Inpa e coordenador
do projeto.
Há 14 espécies de tartaruga na região amazônica.
Elas sempre retornam ao local
onde nasceram para desovar,
entretanto o tempo que elas
Além do projeto científico, o Pé de Pincha preserva os quelônios e educa os ribeirinhos
levam para chegar à fase adulta
e o nível de sobrevivência dos
filhotes após a desova ainda é
desconhecido.
Um dos objetivos das
reservas biológicas é justamente a proteção dos animais
que vivem nesse habitat, mas
como as tartarugas da Amazônia não permanecem na
reserva após a desova e migram para outras áreas, é preciso criar formas eficientes de
proteção desses animais, uma
vez que não adianta proteger
apenas o local de desova, alertam os pequisadores.
Outra informação relevante é a quantidade de tartarugas que sobe o rio Trombetas para desovar. Na década
de 40 havia cerca de 30 mil
tartarugas da Amazônia; nos
anos 70, o número caiu para
8 mil; em 80, eram 800 e,
atualmente, não chega a 200
tartarugas. Um outro desafio
é saber por que esse número
vem caindo.
No início dos estudos,
20 tartarugas da Amazônia
receberam dois tipos de transmissores de localização: um
por satélite e outro por ondas
de rádio VHF. Além do monitoramento, o projeto inclui
ainda divulgação e orientação
às comunidades localizadas
nas rotas de migração mais
prováveis das tartarugas.
Destinação sustentável da madeira
No início da operação
do Projeto Trombetas,
em 1979 , pela Mineração
Milhares de metros cúbicos de madeira eram jogados fora. O município lutou e ganhou.
Rio do Norte – MRN, a
madeira não considerada de
lei era utilizada na secagem
do minério.
Depois de muita perda econô-
mica e, principalmente, ambiental, a atividade mineradora
em Oriximiná passou a cuidar
desses recursos naturais e a
implantar projetos de manejo
adequados às características
locais. Atualmente os resíduos da biomassa, removidos
para facilitar a mineração, são
aproveitados para o reflorestamento. É importante notar
que hoje os efeitos diretos da
mineração não são grandes,
assim como não são tão observáveis no mapa os efeitos
indiretos.
Jovens oriximinaenses têm oportunidade de cursar nível superior
Um sonho antigo há
muito virou realidade
em Oriximiná, onde os
jovens não precisam mais
sair de sua terra natal para continuar os estudos. A conquista
foi possível graças à instalação
do núcleo da Universidade
Federal do Pará na cidade, em
parceria com o município.
O prefeito Argemiro
Diniz destaca que os jovens
de Oriximiná são privilegiados
em ter uma oportunidade que
é muito rara.”Segundo estudos realizados pelo Dr. Cristóvão Diniz, quando reitor
da UFPA, de cada turma que
terminava o ensino médio na
região Amazônica, apenas um
estudante entrava na universidade, devido às dificuldades,
principalmente para as pessoas
dos municípios do interior,
que tinham que se deslocar
para os grandes centros urbanos e ainda concorrer com
alunos da capital que podem
fazer cursinhos especializados
e tudo mais” relata.
Argemiro diz que o município vêm investindo na ampliação do acesso à educação
superior, por acreditar que
é através do conhecimento
que a qualidade de vida da
população pode melhorar. A
prefeitura ainda investe mais
de R$ 11 mil todos os meses
em pessoal nos quadros ad-
ministrativos, serviços gerais e
manutenção do prédio. “Esse
esforço que estamos fazendo
tem custo elevado, mas é um
investimento que está sendo
feito para a melhoria da qualidade de vida da população”,
observa o prefeito.
Os cursos hoje oferecidos, além de atender os
jovens de Oriximiná, também
acolhem alunos de municípios
vizinhos como Juruti, após ser
firmada uma parceria entre as
prefeituras. “É por isso que
consideramos muito importante esse esforço, não só para
o nosso município, mas toda
a população desta região”,
finaliza Argemiro.
Cerâmica quilombola oriximinaense tem características especiais
A produção ceramista
em Oriximiná é voltada
principalmente para a
fabricação de utensílios
domésticos como panelas,
pratos, tigelas, potes e alguidares. A maior parte dos artesãos
utiliza a técnica do morrão
ou rolinho, além de um tipo
específico de barro limpo,
encontrado em barreiros localizados em igarapés e cabeceiras de rios e que só pode ser
retirado na maré baixa.
Para avolumar e dar
mais resistência ao barro, os
artistas utilizam como “fermento” a casca do cariapé,
espécie de madeira nativa da
Diretora-Editora responsável
Franssinete Florenzano
Colaborador especial
Emanuel Nassar
Editoração eletrônica
Calazans
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Rua Gaspar Viana, 778
Tel. 0xx91.32300777
região, ou o cauixi, esponja de
água doce que fica grudada nas
árvores. Já a jutaicica (resina de
jatobá) é utilizada na vedação
interna das peças antes da
queima, que também obedece um ritual todo especial,
para garantir que a peça fique
mais resistente e escurecida.
A exploração sem replantio
dessas espécies já resulta em
certa dificuldade para encontrar os materiais utilizados na
fabricação das peças.
“A técnica de produção
de cerâmicas quilombolas
é elaborada, surpreendente
mesmo”, garante Heliana
Henriques, formada em Ar-
Artesã em processo de secagem de suas peças
tes Industriais e que há cinco
anos acompanha o trabalho
das ceramistas como bolsista
do Museu Paraense Emílio
Goeldi. O bonito artesanato local foi descoberto por
acaso, quando começou o
trabalho de educação junto
às crianças da região. “A
atividade de ceramista sofria
muito preconceito por parte
dos mais jovens e despertava
pouco interesse nas crianças”, lembra Heliana que,
na época, participava de um
projeto de educação ambiental e patrimonial realizado
no município pelo Museu
Goeldi e Mineração Rio do
Norte. “No início as crianças
chamavam as cerâmicas de
‘coisa de velho ou de índio’,
mas hoje a situação já se inverteu”, revela.
Depois de um intenso
trabalho de valorização das
cerâmicas quilombolas, a téc-
nica preservada pela memória
de dona Zuleide, a decana
das artesãs na comunidade
remascente dos antigos quilombos da Boa Vista, passou
a despertar o interesse de toda
a comunidade, inclusive das
crianças.
Hoje, consciente da importância deste trabalho para a
preservação cultural e histórica
do seu povo, Zuleide ensina
a técnica a todos aqueles que
a procuram, na sua humilde
casa.Ao lado da cerâmica Konduri, de influência dos indígenas que habitavam a região, a
quilombola tem características
marcantes.
PREFEITURA MUNICIPAL DE ORIXIMINÁ ÀS SUAS ORDENS
TELEFONES ÚTEIS
Gabinete do Prefeito – (93) 3544 1319
Secretaria Municipal de Cultura – (93) 3544 2681
Secretaria Municipal de Turismo –(93) 3544 2072
Hospital - Maternidade São Domingos Sávio – (93) 3544 1371
Secretaria Municipal de Educação – (93) 3544 1224
Hospital Municipal – (93) 3544 1370
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Secretaria Municipal de Bem-Estar e Assistência Social – (93) 3544 1169
Av. Independência, 1857
Oriximiná-PA. CEP 68270-000
Tel/Fax. 0xx91.32221440
CNPJ 23.060.825/0001-05
Secretaria Municipal de Saúde – (93) 3544 1587
Fórum – (93) 3544 1299
Secretaria Municipal de Infra-Estrutura – (93) 3544 1119
Polícia Civil – (93) 3544 1219
Defensoria Pública – (93) 3544 4000
CIDADES
DEZEMBRO - 2007 3
Oriximiná planeja futuro informes
sem mineração de bauxita O
Uruá-Tapera completa,
nesta edição, 16 anos. Um
sonho real, uma ferramen-
PAULO LEANDRO LEAL
ESPECIAL
A cidade de Oriximiná,
no oeste do Pará, se
diferencia das demais
cidades ribeirinhas
localizadas na margem do Rio
Amazonas. Há mais de dez
anos, é um canteiro de obras
permanente. Quase 100% das
ruas são asfaltadas. Os prédios
públicos são limpos e bem
cuidados. A população tem
acesso a uma série de programas sociais que não existem
em outros lugares. As crianças
têm escolas mais estruturadas.
O Índice de Desenvolvimento
Humano está entre os melhores da região.
Localizado na margem
esquerda do Rio Amazonas, o
município de Oriximiná tem
uma grande reserva de bauxita
(matéria-prima do alumínio)
em seu território, explorada
pela Mineração Rio do Norte
(MRN). A exploração mineral
garante ao município recursos
de mais de R$ 50 milhões
por ano, através do repasse da
Compensação Financeira pela
Exploração Mineral (Cfem)
e impostos municipais. Este
dinheiro garante a execução
das obras e a manutenção dos
programas sociais. Mas até
quando? E quando o minério
acabar?
A expectativa é que o
minério localizado naquela
região seja explorado por pelo
menos mais 30 anos. Mas o
município já deve começar a
perder receita em 2009, quando a MRN vai abrir o Platô
Bela Cruz, encravado entre
Oriximiná e o município de
Terra Santa. A Cfem terá que
ser dividida com o município
vizinho. Depois, vai haver
divisão de recursos também
com o município de Faro.
Como manter o padrão da
cidade, os programas sociais e
qualidade de vida da população
sem o dinheiro e os empregos
da atividade mineral?
Há três anos o prefeito
Argemiro Picanço Diniz se faz
a mesma pergunta, em busca
de projetos que garantam o
futuro de seu município sem
a atividade mineral. “Um dia o
minério vai acabar e temos que
Argemiro Diniz: é preciso planejar o futuro desde já
estar preparados para isso, com
uma diversificação econômica
que garanta a sustentabilidade
de nossa economia e a qualidade de vida de nosso povo”,
diz o prefeito, apostando na
agricultura para garantir um
futuro tão rico quando o presente. “A agricultura é um dos
grandes potenciais do nosso
município”, diz.
Uma visita à cidade
mostra que a preocupação
relatada pelo prefeito não é
apenas discurso de político. O
parque de exposições agropecuárias de Oriximiná é o mais
bem estruturado de todo o
oeste paraense. Lá também
está uma experiência única
na região: uma estufa que
tem capacidade para simular
diversas situações de clima e
solo, para plantio experimental de diferentes culturas. O
objetivo é identificar as culturas que mais se identificam
com a região para que possam
ser plantadas em larga escala.
O projeto já vem ajudando a
melhorar a qualidade de hortas comunitárias localizadas
no entorno da cidade, mas
o objetivo mesmo é expandir a tecnologia para todo o
município.
Com os recursos da
mineração, pretende-se disseminar o uso de tecnologias de ponta no campo. A
mecanização agrícola, por
exemplo, vem se expandido
em Oriximiná. A prefeitura
mantém um programa que
atende pequenos agricultores. Mais de mil hectares de
terras foram mecanizadas nos
últimos anos, atendendo mais
de 500 produtores de todo o
município. Cada agricultor
tem um pequeno pedaço de
terra mecanizado, onde planta
arroz, milho, feijão, melancia
e outras culturas. O município ainda garante assistência
técnica e o calcário para fazer
a correção do solo. “Mas se
o agricultor não plantar é retirado do programa”, explica
o Secretário de Agricultura e
Abastecimento, Alfeu Santos
Carpeggiani.
Segundo Argemiro
Diniz, o programa tem um
mecanismo para evitar a dependência e incentivar o agricultor a trabalhar sem a ajuda
do governo municipal. A cada
ano a prefeitura retira um pouco o apoio. No segundo ano,
por exemplo, o produtor já é
obrigado a arcar com os custos
do combustível utilizado na
mecanização. “Eles compram
o combustível antecipado”,
comemora Argemiro Diniz.
Segundo ele, em três anos a
produção agrícola no município cresceu mais de 300%. “É
uma atividade que gera uma
cadeia produtiva muito grande, com grande capacidade de
geração de emprego e renda”,
explica.
A geração de emprego
e renda também será possível com incentivos à criação
de uma cadeia produtiva da
piscicultura e avicultura. Atualmente, são poucos os criadores de peixe em cativeiro no
município. Mas esta realidade
pode mudar. Um antigo galpão abandonado que servia de
depósito de Castanha do Pará
vai dar lugar a uma fábrica de
ração. A prefeitura está investindo mais de R$ 300 mil no
projeto. A matéria-prima será
adquirida dos agricultores do
próprio município e a ração
vai fomentar a criação de
peixe em cativeiro e a avicultura, com o uso de tecnologias
que garantam aumento da
produtividade.
A busca por novas tecnologias para a agricultura
levou uma equipe da prefeitura até Israel, país que detém
tecnologias agrícolas que estão
entre e as mais avançadas do
mundo. Lá, o prefeito e sua
equipe conheceram técnicas de irrigação que podem
transformar áreas arenosas em
terrenos férteis para a agricultura. “Eles tem uma área lá
muito parecida com uma que
temos aqui em Oriximiná, no
estuário do Rio Amazonas”,
disse Argemiro.
Escola resgata sua história
O projeto “Memórias
do Professor Assunção”, coordenado pelas professoras Adriana
Marinho Pimentel e Eldra
Carvalho da Silva, envolveu
toda a comunidade escolar
e resultou em avanços na
qualidade do ensino. As pesquisas revelaram que o educandário foi fundado dia 08
de setembro de 1953, com a
denominação de Escola Rural,
na administração do prefeito
Antônio Machado Imbiriba.
O resgate da história
não apenas determinou nomes, datas ou instrumentos
jurídicos. Também aumentou
a auto-estima de alunos e
ex-alunos, professores e funcionários, e das pioneiras na
direção da escola, as senhoras
Maria Rosi Calderaro (1ª
diretora), Neide Souza, Ieda
Wanzeller, Raimunda Batista,
Ormezinda Souza, Célia Via-
na, Carmem da Gama Carvalho, Fátima Aragão e Lílian dos
Anjos Seixas, que, com todas
as dificuldades enfrentadas, ao
longo do tempo contribuíram
com a trajetória educacional,
social e política da instituição.
O nome Escola Rural
adveio do fato da escola ter
sido construída com verbas
destinadas às escolas da zona
rural, porque sua localização
era fora do perímetro urbano
da época. Após alguns anos,
passou a ser “Escolas Reunidas
Professor Assunção” e, mais
tarde, “Escola Estadual de 1º
grau Professor Assunção”.
Municipalizada através do
Decreto n. º 20/2000, passou
a se chamar “Escola Municipal
de Ensino Fundamental “Professor Assunção”.
A escola hoje é liderada
por Eldra Carvalho da Silva
(diretora), Heraldina Moitinho Bentes e Rosana Diniz
(vice-diretoras) e Socorro
Calderaro Andrade (secretária). Há uma equipe de 51
profissionais, entre funcionários e professores, e 812
alunos, todos envolvidos no
desenvolvimento um processo de ensino-aprendizagem de
qualidade.
Os pilares da educação
“saber ser”, “saber fazer” e
“saber conhecer”, inspiram a
escola. A idéia é que o conhecimento pode ser construído,
e o ser humano precisa ser formado e se firmar dentro de três
dimensões imprescindíveis:
técnica, política e humanista, de
modo que fique apto e se torne
capaz de influenciar e transformar, com respeito e cidadania,
a realidade em que vive.
A direção da escola Professor Assunção enfatiza que
almeja um ensino-aprendizagem de qualidade, além de
formar cidadãos conscientes
de seus direitos e deveres, por
isso adaptou o Regimento
Escolar à sua realidade.
Há um atuante serviço
de Coordenação Educacional, compromissado com o
Projeto Político-Pedagógico
da escola e com a qualidade
da formação de seus alunos,
que busca estratégias para
aprimoramento contínuo da
qualidade da educação. Nesse
sentido, a gestão Escolar e a
equipe são articuladas e centradas no aluno.
A transversalidade, a
interdisciplinaridade e a contextualização são pilares em
que se assenta a proposta
pedagógica da “Professor Assunção”. A qualidade de todos
os trabalhos da Escola, tanto
pedagógicos quanto administrativos, são debatidos em
palestras e encontros pedagógicos. A instituição é referência
em Oriximiná.
ta eficaz, um espaço genuinamente
regional, fruto de enorme esforço
que gratifica pelo seu alcance.
Aproveitamos para agradecer aos
leitores, colaboradores e anunciantes a confiança e o estímulo
que nos impulsionam a continuar
na luta por fazer cada vez mais e
melhor, de modo a oferecer informação séria e comprometida com
os interesses do nosso Estado. A
todos, um belo e abençoado Natal;
e que no Ano Novo sigamos construindo uma sociedade mais justa
e igualitária.
16 anos do Uruá-Tapera
“Uma data em que um projeto sonhado merece
aplausos pela sua e concretização com muita garra
e competência acima de tudo. Parabéns pelo nobre
Uruá-Tapera que muito bem retrata nosso Oeste
paraense. Em nome de meus conterrâneos oriximinaenses, felicito a jornalista Franssinete Florenzano pelo
empreendimento”. (Mensagem do Deputado Júnior
Ferrari, que agradecemos, sensibilizados.)
Letras & Música
Foi emocionante o Concerto de Final de Ano, na Casa
de Cultura Historiador João Santos, executado pela
Filarmônica Municipal Professor José Agostinho. Na
ocasião, foi lançada a 5ª edição da obra “Santarém,
Momentos Históricos”, de autoria do maestro Wilde
Fonseca.
1° ano já passou
Teve passeata e ato público de indignação pelo 1º
aniversário de inauguração e não funcionamento
do hospital regional de Santarém. União de Entidades Comunitárias de Santarém, Pastoral da Criança,
Famcos, Associação de Mulheres Domésticas de
Santarém, profissionais liberais e lideranças políticas
engrossaram o protesto. Um manifesto foi distribuído
à população.
Cura natural
As propriedades medicinais dos ungüentos e ervas
usados pelos remanescentes quilombolas em Oriximiná servirão de base para a tese do doutorando
Danilo de Oliveira. A proposta é revelar substâncias
possíveis de serem usadas na fabricação de remédios
para o sistema respiratório e nervos.
O estudo poderá trazer aproveitamento econômico
para as comunidades negras. Oriximiná tem 33 comunidades remanescentes de quilombos, onde vivem cerca de 6 mil pessoas. O prazo para a conclusão
da tese de doutorado é até o início de 2009.
Bom desempenho
A secretária de Pesca, Socorro Pena, está fazendo um
bom trabalho. Alia profissionalismo a simpatia, o que
não é pouco e nem comum.
Itaituba reivindica
“Temos 200 Km de malha viária dentro da cidade, dos
quais 120 Km são asfaltados, mas 60% estão danificados. Esperamos que o Asfalto Participativo possa
atender nossa demanda. Além disso, nossa cidade
não tem um ginásio de esportes e um estádio. Itaituba
tem 120 mil habitantes, e a economia é baseada na
extração da madeira e do ouro, pecuária e agricultura.
Estamos buscando alternativas para ampliar a economia do município. Temos uma usina de cimento
em nossa cidade, acredito que a verticalização dos
diversos setores dará resultado na geração de emprego e renda” (prefeito Roselito Soares, de Itaituba,
reivindicando à governadora Ana Júlia).
Asfalto em Almeirim
A Seplan celebrou convênio com a prefeitura de Almeirim para pavimentação asfáltica de 23 mil metros
quadrados em vias urbanas nos bairros de Intermediário e Vila Nacional. A obra deve ficar pronta em junho
de 2008, data final de vigência do convênio.
4
POLÍTICA
DEZEMBRO - 2007
Espera pela energia ganha novo alento
Os municípios da Calha
Norte esperam ansiosos
a execução do projeto
de transmissão de energia
da hidrelétrica de Tucuruí
através da transposição do
rio Amazonas. O prefeito de
Oriximiná, Argemiro Diniz,
lidera o movimento há vários
anos.
O projeto para atender
os municípios da margem esquerda do rio Amazonas está
pronto e prevê um trecho de
quatro quilômetros de transmissão do linhão sob o leito
do rio, com uso de tecnologia
dinamarquesa e, segundo
ele, com riscos ambientais
mínimos. Esse trecho de
transmissão subaquática seria
entre os municípios de Santarém e Alenquer. Depois de
implantada, a linha de transmissão deverá se estender a
Almeirim, Prainha, Monte
Alegre, Curuá, Alenquer,
Óbidos, Oriximiná, Faro e
Terra Santa.
O secretário de Planejamento de Oriximiná, Francisco Florenzano, enfatiza que
os municípios não podem
abrir mão da grande chance de desenvolvimento que
se apresenta com a energia
farta, que certamente abrirá
novas fronteiras produtivas e
alavancará as oportunidades
de negócios em toda a região,
gerando emprego e renda para
a população.
Proposta de Fundo mineral
baseado em seqüestro de carbono
O Ibram – Instituto Brasileiro de Mineração
vem discutindo com
empresas mineradoras
Argemiro Diniz tem reivindicado há anos energia do linhão
a viabilidade de criar um fundo mineral, com abordagem
conceitual inovadora, utilizando ferramentas previstas
no Protocolo de Kyoto. A
idéia, explica o prefeito de
Oriximiná, Argemiro Diniz,
é viabilizar o fundo a partir
de ativos que já existem nas
empresas ou que podem vir
a existir, a um custo baixo de
capitalização.
“Um exemplo disso é
a geração de receitas a partir
de projetos de créditos de
seqüestro de carbono”, revela.
De acordo com Argemiro,
o fundo mineral traz em sua
construção vários desafios, a
começar pelo mecanismo de
capitalização via venda de certificados de CO2. Outro ponto pioneiro é a possibilidade de
utilizar recursos do fundo para
fazer frente a contingências
ambientais que possam surgir,
o que vem atender demanda
concreta das mineradoras.
Oriximiná é modelo com o desempenho da Hidrovia do Trombetas
Anualmente passam
pelo porto do rio Trombetas cerca de 365 navios, que fazem o transporte de minério de bauxita, a
custos baixíssimos e de forma
segura. A eficiência do modal
hidroviário é atestada pelos
lucros da Mineração Rio do
Norte, que para desfrutar da
navegabilidade do rio o ano
inteiro precisa se preocupar
apenas em manter a sinalização e o monitoramento. O
trabalho é executado em duas
regiões distintas, uma a jusante
(rio abaixo) e outra de mesma
extensão, a montante (rio
acima), cada uma com cerca
de 35 km de extensão, com
a cidade de Porto Trombetas
sendo o centro.
Já foram realizadas várias
excursões de pesquisa para a
região, uma na época da enchente, outra na cheia e uma
na vazante. O objetivo é obter
diferentes amostras para informações mais precisas sobre o
real impacto da passagem dos
navios. Após essas verificações,
é possível identificar as espécies existentes, as semelhanças
na composição da ictiofauna
ao longo do rio, além de detalhes sobre a alimentação e
reprodução dos peixes.
As maioria das pessoas
pensa que não é importante
saber o que o peixe come,
como ele se reproduz, conta
o prefeito de Oriximiná, Argemiro Diniz. No entanto, o
que se observa é o contrário,
porque esses estudos terão
impactos econômicos, sociais
e ambientais para a Amazônia,
garante, destacando que não
há desenvolvimento sem a exploração dos recursos naturais.
Segundo o prefeito, sempre há
um preço a ser pago.
No caso do transporte da
bauxita, o produto gera divisas
para o país e promove o crescimento econômico da região.
Conhecer os eventuais problemas ambientais decorrentes
da atividade e tentar amenizar
seus efeitos são atividades necessárias. Argemiro frisa que
esses estudos de impacto são
fundamentais para a credibilidade dos projetos junto às
comunidades, o que não ocorreu, por exemplo, quando da
construção da Usina Hidrelétrica de Balbina, no município
de Presidente Figueiredo. Na
época foram tomadas decisões
políticas que determinaram
que a saída para o problema
da falta de energia elétrica na
região seria a construção da
usina. Houve um preço alto.
Com a obra, parte da reserva
Com cuidados permanentes, o Trombetas contribui para viabilizar empreendimentos locais.
indígena Waimiri-Atroari teve
que ser inundada para dar lugar
ao lago, além da perda de espécies de árvores nativas.
O rio Trombetas é
afluente da margem esquerda
do rio Amazonas.
No início da década de
90, o prefeito Argemiro Diniz
lembra que o Trombetas era
o segundo em quantidade de
espécies de peixes conhecidas para um único rio (342
espécies), atrás apenas do
rio Negro, com 450. Além
disso, o Trombetas também
apresentava um elevado rendimento pesqueiro potencial,
com captura por unidade
de esforço de até 100g de
peixe por metro quadrado de
malhadeira armada, por dia.
Estudos mais recentes já apontam o Trombetas em terceiro
lugar na quantidade de peixe
por metro quadrado por dia,
com 120g, conta.
Entre os locais estudados, o primeiro é Lago do
Inácio, localizado no muni-
cípio de Manacapuru, com
190g/m2/dia, depois o rio
Araguaia no Parque Estadual
do Cantão, com 181g/m2/dia.
Isso ocorre porque em rios de
águas brancas a quantidade
de nutrientes é maior, uma
vez que os solos são mais
férteis. Nos rios Uatumã, Jaú
e Negro (Arquipélago das
Anavilhanas) são encontrados
apenas 72g, 46g e 41g de peixe
por m2/dia, respectivamente,
porque as águas pretas são
bem menos produtivas.
Em relação à área de
Porto Trombetas, outras variáveis também influenciam
na diversidade de espécies e
na quantidade de peixes, como
por exemplo, a circulação de
embarcações entre Oriximiná
e porto de Trombetas, além
das comunidades que moram
próximas da região. Outro
fator é a Reserva Biológica
(Rebio) de Trombetas, que
fica próxima a Porto Trombetas e protege a área de impactos
ambientais mais intensos.
Biblioteca Municipal incentiva gosto pela leitura
Diversos programas
são oferecidos pela prefeitura de Oriximiná
para incentivar o gosto
pela leitura. A Caravana da
Biblioteca em Ação leva a estudantes diversão educativa. A
cada mês, um grupo de artistas
escolhe uma lenda regional
para ser contada, encenada e
até cantada nas escolas, por um
músico da terra. A Sessão de
Filmes de Literatura Infantil
atrai um bom público toda
sexta-feira para a sala de vídeo
da biblioteca municipal. O
projeto Biblioteca Itinerante
leva obras do acervo da biblioteca para que crianças que
não podem ir ou moram em
locais distantes tenham acesso
à literatura. Os resultados têm
sido gratificantes. Trata-se de
uma ótima oportunidade para
que os alunos pratiquem o
exercício da leitura.
O Consórcio da Biblioteca é um interessante convênio que permite
o registro e o controle da
freqüência com que os estudantes de dez escolas da
rede municipal e estadual
vão até a biblioteca pública
do município.
Há, ainda, um Concurso de Poemas para os Visitantes da Biblioteca Municipal. A
iniciativa descobre e incentiva
talentos emergentes, além de
divulgar a arte literária do
município. Através do projeto
Resgate do Acervo, livros que
foram emprestados e não devolvidos retornam à biblioteca.
Número significativo de obras
já foi recuperado. O projeto
Permuta ou Acervo Excedente
proporciona a troca, entre
outras bibliotecas públicas e
professores, de obras repetidas, de modo a ampliar a oferta
de títulos aos freqüentadores
da Biblioteca Municipal, que
assim fica permanentemente
atualizada.
Cursos de capacitação
são oferecidos aos funcionários, como forma de qualificar, reciclar e aperfeiçoar os
recursos humanos. Os cursos
envolvem atendimento, catalogação de obras e até restauração adequada.
O prédio novo da Biblioteca Municipal , confortável e adequado, facilita as consultas e visitas guiadas de estudantes.
REGIONAL
DEZEMBRO - 2007 5
Deputados aprovam emendas à LOA
A Assembléia Legislativa do Estado do Pará
aprovou, com emendas, o Projeto de Lei
Orçamentária do Estado do
Pará para o exercício de 2008,
no último dia 18. O deputado
Alexandre Von (PSDB-PA)
conseguiu aprovar a destina-
ção de recursos orçamentários
para a construção de ponte
em concreto sobre o rio Mojuí, na rodovia estadual PA445, dentro da Vila de Mojuí
dos Campos, no valor de R$
504.426,00.
• Além disso, obteve a ampliação do Grupamento de
Cavalaria do 3º Batalhão da
Polícia Militar – BPM em
Santarém, no valor de R$
250.000,00, e a implantação
de Grupamento do Corpo de
Bombeiros em Alenquer, no
valor de R$ 275.000,00.
Numa iniciativa conjunta de Alexandre Von,
Antonio Rocha e Carlos
Martins, foram assegurados
dois milhões de reais no
Orçamento Geral do Estado/2008 para recapeamento
asfáltico de parte da rodovia
Everaldo Martins, que liga
a cidade de Santarém à Vila
de Alter do Chão. Também
foram assegurados recursos
adicionais para manutenção
das atividades do Corpo de
Bombeiros em Santarém,
para os próximos 4 anos
(2008 – 2011), dentro do
Plano Plurianual do Governo
do Estado do Pará, da ordem
de R$ 750.000,00/ano.
Von declarou que ficará
vigilante no sentido de que,
tanto os recursos propostos
pelos parlamentares quanto os
recursos orçamentários de iniciativa do Governo do Estado
sejam efetivamente liberados
e aplicados em benefício da
população do Oeste do Pará.
Alepa concede títulos honoríficos a personalidades da região
Várias personalidades
de Santarém foram
agraciadas com títulos
de Cidadão do Pará e Honra
ao Mérito, por terem se destacado ao longo de 2007 em diferentes ramos de atividades e
relevantes serviços prestados à
população do Pará. Dentre os
homenageados indicados pelo
deputado estadual Alexandre
Von, merecedores do respeito,
da gratidão e da importância
do trabalho que prestam à população do Oeste do Pará, no
ramo da educação e da cultura,
figuram o Irmão José Ricardo
Kinsman, diretor do Colégio
Dom Amando, a quem foi
outorgado o título honorífico
de “Cidadão do Pará”.
O Irmão Ronaldo David
Hein, coordenador da Pastoral
do Menor no município de
Santarém, também recebeu o
título de “Cidadão do Pará”.
O maestro José Agostinho da Fonseca Neto, coordenador da Escola de Música
e da Orquestra Jovem Wilson
Fonseca, foi agraciado com o
título de “Honra ao Mérito”,
assim como o maestro Wilde
Secult lança CD Canto de Várzea em Santarém
O governo do Estado,
em parceria com a
Prefeitura Municipal
de Santarém, lança,
nesta sexta-feira (21), o
primeiro CD do grupo
“Canto de Várzea”. Será a
estréia do mais recente projeto da Secretaria de Estado
de Cultura, o Selo Paranatinga, criado para divulgar e
promover o registro da obra
de grupos musicais tradicionais do Pará. O Selo é
uma homenagem ao poeta
Ruy “Paranatinga” Barata.
O Canto de Várzea
completou 25 anos de história e por ele já passaram
vários músicos, intérpretes
e compositores santarenos. O grupo é formado
atualmente pelos músicos
Emir Bemerguy Filho,
Beto Paixão, Antônio Álvaro, Nicolau Paixão, João
Otaviano, Everaldo Martins Filho, Sebastião Oliveira e Samuel Lima. O estilo
adotado pelos oito músicos
é tipicamente regional, com
canções que falam da Amazônia, desde as lendas até as
questões ambientais.
Everaldo Martins Filho destaca o pioneirismo
da produção. “O Canto de
Várzea é o primeiro grupo
com trabalho registrado
pelo novo selo. É importante a valorização dos músicos
do interior, somos um dos
poucos grupos que tratam de questões culturais e
ambientais da nossa região
dentro do nosso trabalho”,
explica. O lançamento terá
show do grupo no Iate
Clube de Santarém, a partir
das 22 horas, com entrada
franca.
Dias da Fonseca, que obteve
reconhecimento de suas ações
de valorização da educação e
das artes, bem como do resgate do passado histórico de
Santarém, por indicação do
deputado Carlos Martins.
Wilde Fonseca é autor
do livro “Santarém: Logradouros Públicos”, lançado
este ano, com a impressão
patrocinada pela Prefeitura
de Santearém. Nas 44 páginas do livro, aborda a história
de praças, avenidas, ruas e
travessas do município. Na
sessão solene, o maestro foi
representado por Benedito
Fonseca, seu filho.
Títulos de “Cidadão do
Pará” também foram concedidos a personalidades nascidas
em outros estados brasileiros
ou em outros países, mas
radicados no Pará, e empenhadas no desenvolvimento
do Estado, como o bispo da
Diocese de Santarém, Dom
Esmeraldo Barreto de Farias,
que recebeu homenagem em
reconhecimento aos serviços
de caráter social e religioso
prestados ao município.
Ferrari cobra investimentos para o Oeste
Ao discutir a proposta
do Executivo para empréstimo, o deputado Júnior Ferrari
chamou a atenção ao declarar
que é favorável desde que melhore a qualidade de vida dos
que moram no Pará. Ferrari
referiu-se aos R$ 150 milhões
que, segundo o governo do
Estado, serão aplicados em
recuperação de vicinais. “É
preciso ter responsabilidade
na gestão dessa verba. Todos
os municípios paraenses têm
que ser contemplados com
essa verba e o projeto do
Executivo não especifica”,
sentenciou.
Ferrari exemplificou
que a Bolsa Trabalho não
chegou até a região Oeste,
onde atua, e sentiu o impacto da cobrança. “Tem
muita gente que pergunta:
deputado, o que o senhor está
fazendo lá que não pede por
nós?”, relatou o parlamentar,
que prefere mostrar trabalho
através de projetos, emendas,
requerimentos e moções.
“São muitos os pedidos feitos
pelos deputados estaduais,
mas poucos os contemplados”, justificou, salientando
que sua maior preocupação é
que “a partir do momento em
que aprovamos um montante
de R$ 150 milhões, a mídia
informa à população do fato
e o povo fala, olha lá, os deputados aprovaram todo esse
dinheiro, aí nosso municípios
vão querer saber: o que vem
para nós? Entende? Nós queremos o detalhamento dessas
obras, onde serão executadas e
quanto será gasto em cada município”, cobrou. A PA-254,
por exemplo, não recebeu até
hoje nenhum investimento
em asfalto. “É um trecho
crítico e muito importante
para o Oeste do Pará, ligando
Prainha a Faro, concluiu.
6
OPINIÃO
DEZEMBRO - 2007
JOSÉ
WILSON
MALHEIROS
www.wilsonmalheiros.mus.br
Consciência negra
Alô, Franssi,
Recentemente tivemos
as merecidas celebrações do
dia da consciência negra.
Muitas cidades do país,
diversas entidades, o povo
puderam, mais uma vez,
rememorar a saga de Zumbi
dos Palmares um dos maiores, talvez o maior vulto nacional na luta pela libertação
dos escravos.
Resgato, agora, para a
história, a saga de um perso-
nagem praticamente esquecido e que merecia, pelo menos na região do Baixo Amazonas, ser reverenciado.
Refiro-me a Pai Antônio. Escravo na região
do Cacoal Grande, na fazenda pertencente ao Dr.
Gama Abreu, promoveu
uma campanha sistemática
para livrar seus irmãos do
cativeiro.
Tramava fugas, arranjava remo e canoa, expunha-
WALCYR
MONTEIRO
[email protected]
A Despedida
Manhã bem cedo de 24
de novembro de 1999. Saio
de carro de Santarém
acompanhando meu amigo João Miléo, proprietário
da Loja Regional Muiraquitã,
naquela cidade, com destino a
Alter do Chão. Afinal, Miléo,
além de vender artesanato
da Região, faz também a
divulgação de “Visagens, Assombrações e Encantamentos
da Amazônia” e tem me dado
um apoio muito grande, o
que mais uma vez está acon-
tecendo, pois prometeu me
apresentar a diversas pessoas
que conhecem as histórias
desta parte da Amazônia.
E chegando à localidade
que tornou conhecido nacionalmente o ÇAIRÉ, uma
das mais belas manifestações
folclóricas do Norte, apresenta-me a D. Neca, como
é mais conhecida Ludinéa
Gonçalves Marinho, 42 anos,
artesã de arranjos florais e
naturezas mortas e uma das
incentivadoras do folclore
ADEMAR
AYRES DO
AMARAL
[email protected]
O Solar Do Barão (I)
Era 1836, no período da
Regência, o Grão Pará estava sendo sacudido pela
violenta Revolução Cabana,
que deixou muita dor e um
rastro sanguinolento de 30
mil mortos.
Próximo à povoação de
Almerim, em uma grande
canoa, equipada com mantimentos para viagem longa,
navegavam, no caudaloso Rio
Amazonas, um senhor, seus
dois filhos, já homens feitos,
um prático e alguns escravos
remadores. Os três viajantes,
descendentes de portugueses
e perseguidos pelos cabanos,
estavam fugindo de Belém
no rumo incerto do BaixoAmazonas. O senhor idoso
era um rico proprietário de
terras, dono de engenhos de
açúcar, no município de Bujaru, e morava com a família
numa confortável casa da
Cidade Velha.
Sendo mais explícito,
esse senhor idoso, de nome
Joaquim Gomes do Amaral,
era meu trisavô. Sobre seus
filhos, o mais velho, também
Joaquim Gomes do Amaral,
que foi o meu bisavô, trabalhava com o pai no engenho
e no comércio. O segundo filho, Antônio Joaquim Gomes
do Amaral, era um homem
culto e médico formado na
conceituada Universidade de
Coimbra.
Mas, durante a viagem,
o meu trisavô acabou contraindo malária no estreito
de Breves e estava muito
mal de saúde. Com muito
desvelo, o filho médico fez
o que pôde para salvá-lo,
porém ele acabou vindo a
falecer, tendo sido sepultado
lá mesmo no povoado de
Almerim. Os dois irmãos
conversaram e resolveram
prosseguir viagem. Voltar
para Belém era muito arriscado, pois estavam sendo
se ao tronco, aos “anjinhos”,
aos baraços e outras torturas,
simplesmente pelo amor à
liberdade.
Com a sua colaboração logística e estratégica
surgiram os quilombos do
Trombetas, do Curuá e outros mais que em tamanho
e importância para a região
e para os nossos irmãos negros que ali se refugiavam
rivalizava até mesmo com
Palmares.
Até hoje ainda existem
na região os remanescentes
desses quilombos, sentinelas
na luta pela liberdade.
Paulo Rodrigues dos
Santos (Tupaiulândia), Vicente Salles (O negro no
Pará), Éfrem Galvão (Romanceiro Mocorongo), Nazareno Tourinho (peça Teatral Pai Antônio) nos legaram
informações valiosíssimas
sobre aqueles heróis.
Atanásio, Belisário,
Balduíno, Nego Cirilo,
Nego Felix, Maria Felipa,
José Sapateiro entre outros
são os heróis hoje praticamente esquecidos de nós
todos, mas que tiveram
importância fundamental
na luta de nossos irmãos
afro-descendentes pela justa
liberdade.
Hoje é fácil ser oposição. Mas já imaginaram que
as punições para um escravo
rebelde poderiam chegar à
castração, à imersão num
tacho de azeite fervente, à
amputação de membros ou
a deformação da formosura
se fosse uma bela escrava a
despertar ciúmes na sinhá?
Pai Antônio, após um
julgamento forjado, um
verdadeiro simulacro, uma
aberração jurídica, foi condenado á forca.
Esse mártir da liberdade, como disse antes, está
totalmente esquecido pela
história. Merece ser resgatado e lembrado.
Mas os tempos vão passando e ainda existem neste
nosso amado país muitos
casos de escravatura. Não
mais aqueles que vinham
em navios negreiros, mas os
irmãos que nascem nos guetos, nas baixadas, morrem
na porta dos hospitais públicos, não encontram escola
para estudar nem trabalho
condigno.
Em homenagem a Pai
Antônio e sua plêiade de
heróis, terminei de compor há poucos dias uma
ÓPERA que se chama PAI
ANTÔNIO, baseada na
saga heróica, nos fatos reais
contados na bibliografia
que acima mencionei.
Se me faltam méritos como compositor, pois
me considero apenas um
mero escrivinhador de pobres melodias, essa ópera,
se encenada, tem uma finalidade didática de valorizar
nossa história e despertar
nas gerações atuais o amor
libertário.
Dediquei-a ao meu avô
José Agostinho, um mulato,
filho de pai lusitano e mãe
negra. É o mínimo que eu
poderia fazer para homenagear essa raça tão bonita,
que nos legou, por exemplo,
o samba, o chorinho, o jazz
e tantas outras coisas boas
da vida.
Em Tempo: Terminei,
também, a orquestração da
ópera VITÓRIA-RÉGIA,
onde sou parceiro de meu
pai, Maestro Izoca, por escolha dele, em vida. É a versão
oficial.
Feliz Natal e um Ano
Novo venturoso a todos
aqueles me honram com a
leitura e com o apelido carinhoso de Pimpão (os meus
reais amigos).
local, fazendo mil e uma
recomendações para que
narrasse as histórias que conhecia, bem como me levasse
às demais pessoas que tinham
vivenciado ou ouvido falar
de encontros com os seres
fantásticos.
Muito simpática e bem
falante, D. Neca não se fez de
rogada. E, após tomarmos um
excelente café, perguntou:
- Conheceu o Dr. Fernando Guilhon?
- Sim, conheci. Exerceu
várias funções importantes
no Estado do Pará, tendo sido
governador de 1971 a 1975.
- Pois é ele mesmo! O Dr.
Fernando Guilhon era muito
querido aqui em Alter do
Chão. A comunidade gostava
demais dele porque, quando
ele vinha aqui, parava na casa
de seu Ernestino, de apelido
Neco, e de D. Deodora, que a
gente chama de Doca, e daí o
Dr. Guilhon saía andando com
o povo todo atrás. Ele se dava
com todo mundo e foi muito
bom com todos nós. O senhor
viu esta estrada bonita que lhe
permitiu chegar até aqui?
- Claro que vi, pois foi por
ela que vim...
- Pois foi ele que mandou
abrir para nós esta estrada,
que tanto agradecemos e devemos a ele. Mas não foi só a
estrada, o doutor, como nós
chamávamos ele, fez muitas
coisas boas por Alter do Chão
e por todos nós. E o doutor
chegava aqui e se misturava
com a gente, com o povo,
conversava com um, brincava
com outro, tomava café na
casa de outro. Quando ele
vinha, Alter do Chão parava
pra ficar com ele... Ainda não
tinha visto um governador
assim. Se ficasse um dia, dois
dias, o povo tava lá com ele...
É bem verdade que depois
veio o Jader Barbalho! Mas
o primeiro foi o Dr. Guilhon a se misturar com a
comunidade...
A esta altura da conversa
eu já estava um pouco im-
paciente. Claro que sabia do
prestígio do Dr. Fernando
Guilhon não só em Alter
do Chão, mas também em
Santarém. Sua esposa, Dra.
Norma Guilhon, também
é muito querida e inclusive
escreveu o livro “Confederados em Santarém”, que fala
das famílias de americanos
sulistas que para ali haviam
emigrado após a Guerra da
Secessão, nos Estado Unidos.
Mas – perguntava de mim
para comigo – o que é que o
ex-governador Guilhon tem
a ver com as histórias que
estou pesquisando?
Como se adivinhasse
meu pensamento, D. Neca
continuou:
- Como lhe disse, o Dr.
Guilhon visitava a todos e
não se estranhava quando
se via ele dentro das casas.
E numa manhã, quando
D. Doca estava preparando
o café na cozinha da casa
dela e arrumando a mesa
da varanda pra trazer o café,
ela, lá naquele entra-e-sai da
cozinha pra a varanda, viu
o vulto do doutor passando
assim de uma porta pra outra
da varanda...
Aí ela parou, olhou na
direção da porta, e perguntou pra ela mesma: - Mas
será que o doutor tá aqui? E
voltou pra cuidar do café. Mal
terminou de botar a mesa,
quando sentaram pra tomar
o café, bateu o sino da igreja,
sino anunciando que alguém
tinha morrido...! Quando
isto acontece, todo mundo
sai pro meio da rua pra saber
quem morreu. E ela correu
também...
Ao chegar defronte da
igreja, fica sabendo que o
Dr. Guilhon tinha falecido
em Belém!
D. Doca até hoje diz que o
Dr. Guilhon veio se despedir
do seu povo de Alter do Chão,
veio avisar que já tinha ido do
meio de nós, que já tinha ido
deste mundo, que já tinha
abandonado a gente aqui...!
caçados pelos revoltosos e
marcados para morrer.
O episódio brutal que os
fez tomar a atitude de fugir,
aconteceu numa madrugada
chuvosa de Belém, quando a
casa deles, na Cidade Velha,
foi invadida por dois cabanos.
Diante da desgraça iminente, meu bisavô reagiu para
defender o pai e a família,
e matou os dois invasores a
bordunadas, usando para isso
a primeira arma que lhe veio
às mãos: uma pesada tranca
de porta.
Os dois irmãos continuaram seguindo contra a
correnteza do rio, a partir de
Almerim, e só pararam na
cidade de Santarém, com a
finalidade de comprar mantimentos. Nunca tinham visto
nada tão encantador e belo
como o encontro das águas
do Tapajós com o Amazonas.
O médico, meu tio-bisavô
Antônio, de cara simpatizou com a cidade e viu que
ali poderia se estabelecer
como profissional no ramo
da medicina, visto que não
havia médico no lugar. Já o
irmão mais velho, meu bisavô Joaquim, de espírito pra
lá de aventureiro, resolveu
prosseguir sozinho, subindo
o Amazonas em busca do
seu horizonte. Passou por
Óbidos, entrou no Trombetas, parou na Vila de UruáTapera(Oriximiná) e depois
mais alguns dias em Terra
Santa. Resolveu, finalmente,
se estabelecer no humilde
vilarejo de Faro, onde, anos
depois, se tornou homem reconhecido e conceituado no
ramo do comércio. Em Faro
ele conheceu e se apaixonou
pela jovem Maria Emília de
Souza Paes de Andrade, a
minha bisavó. Ela era filha do
coronel Romualdo Paes de
Andrade e, pelo lado materno, descendia dos Souza, sem
nenhuma comprovação que
tivesse algum parentesco com
a família do escritor Inglês de
Souza, o que também não
deixa de ser uma possibilidade. Afinal, as terras do Coronel Romualdo abrangiam
diversas glebas que eram
vizinhas das terras dos Souza,
fosse no Curumucuri, onde
nasceu o meu avô, que mais
tarde se tornou o poderoso
coronel Joaquim Gomes do
Amaral(o terceiro Joaquim da
linhagem), fosse no Paraná da
D. Rosa, para onde depois a
minha família se mudou.
O irmão do meu bisavô,
Antônio Joaquim Gomes
do Amaral, se estabeleceu
como o primeiro médico
de Santarém. Teve sucesso
na profissão e acabou figura
muito conceituada naquela
região. E até mesmo pela sua
atividade, houve uma natural
aproximação com as pessoas
mais importantes do lugar.
Entre essas, a personalidade
mais famosa e carismática era
a do senhor Miguel Antônio
Pinto Guimarães, dono de
um lindo e luxuoso solar
de três andares, num lugar
privilegiado da primeira rua,
e com vistas para o encontro
das águas do belo Tapajós.
Como homem abastado e
prestigiado chefe político,
não demorou para se tornar
íntimo da corte imperial, no
Rio de Janeiro, para onde
sempre viajava, tendo recebido, em 1871, o título de
Barão de Santarém das mãos
da princesa Isabel.
Um dia, não tenho idéia
como, meu pai conseguiu
e guardou por muitos anos,
uma preciosa receita do Dr.
Antônio Amaral, mas essa
relíquia, que eu cheguei a
ver, acabou se perdendo no
tempo. Como médico, meu
tio-bisavô devia freqüentar
profissionalmente, ou até
mesmo como visitante, o lindo solar do importante Barão
de Santarém, de quem acabou se tornando grande amigo e, mais tarde, genro, tendo
casado com senhorita Maria
Francisca Pinto Guimarães,
a filha mais velha do Barão.
E em 1872, aproveitando o
prestígio e na base de um
“quem indica” do poderoso
sogro, meu tio-bisavô foi nomeado Deputado Provincial,
em 1877, Deputado Geral e,
em 1885, recebeu do Imperador Pedro II, a nomeação para
Senador Vitalício do Império
do Brasil.
Historiador amador de
rara vocação e um curioso
na busca das nossas origens,
meu pai também pesquisou
e encontrou, no cemitério de
Santarém, a sepultura desse
meu tio-bisavô que, segundo
ele, ficava bem próxima do
imponente jazigo do Barão
que, ainda hoje, é o que mais
chama a atenção de qualquer
visitante que adentre naquele
campo santo.
Bom, em 1958 e por
uma dessas estranhas coincidências da vida, eu, com
meus 10 anos de idade e sem
saber absolutamente nada a
respeito desse passado familiar que eu acabo de narrar
aqui, cheguei para estudar no
Ginásio D. Amando, em Santarém, e fui morar com meus
tios Zeca, o famoso BBC,
e minha tia Maria Ayres,
exatamente, adivinhem, no
segundo andar do grande
solar do Barão de Santarém
onde, provavelmente, o meu
tio-bisavô também morou
em alguma época. Naquela
altura, o Solar do Barão não
mostrava mais a opulência
dos seus dias de glória e já havia se tornado uma casa cheia
de lendas, mistérios e assombrações. Um desses casos de
assombração eu presenciei lá
e quase morri de susto, mas
sobre isso eu conto com mais
detalhes numa outra crônica
do próximo mês.
ATUALIDADES
Raiz afro-indígena
pulsa em Oriximiná
São 33 comunidades
- cerca de seis mil pessoas com relação de
parentesco - ocupando
uma área de seis mil
quilômetros quadrados. Oriximiná equivale à metade do
Estado de São Paulo. O cotidiano, as cerimônias, a cultura
dos remanescentes dos antigos
quilombos que vivem da pesca
e da agricultura de subsistência, as raízes afro-indígenas
chamam a atenção. Uma das
aiuê (festa em kimbundo,
dialeto africano) mais importantes é a de São Benedito, que
no candomblé é Ossaim, orixá
da floresta, dono das ervas,
o médico de todo o panteão
afro. Ela é celebrada no dia 6
de janeiro na comunidade de
Jauari, quando os quilombolas
saúdam o padroeiro e as riquezas obtidas durante o ano.
O prefeito Argemiro
Diniz gosta de relatar que os
quilombos de Oriximiná são
preservados até hoje. Para
chegar nesses lugares antes
inacessíveis, só de avião ou
viajando dias de barco. Para
uma comunidade quilombola
visitar outra, por exemplo, às
vezes são necessárias 12 horas
de navegação.
O extrativismo da castanha determinou uma ocupação peculiar do território pelos
quilombolas no município.
Os principais mocambos ficavam nos altos dos rios, em
trechos navegáveis, acima das
cachoeiras dos rios Curuá,
Trombetas e Erepecuru. As
áreas das residências e dos
roçados - habitualmente localizados nas margens dos rios
e dos lagos - são ocupadas no
verão (para nós a seca), período em que os comunitários se
dedicam mais intensamente às
atividades agrícolas e à pesca. Já
na época das chuvas, muitos
quilombolas (às vezes famílias
inteiras) vão para as matas a
fim de coletar a castanha.
Os quilombolas de Oriximiná têm conseguido na titulação de seus territórios fazer
valer o direito de propriedade
das áreas de extrativismo. Há
quatro áreas tituladas: Boa
Vista, Água Fria, Trombetas
e Erepecuru, além do Alto
Trombetas, parcialmente titulado (31% da área total).
A castanha, que eles coletam e comercializam desde
o século XIX, representa para
eles importante fonte de renda
e é um dos elos que os une aos
ancestrais. O conhecimento
dos castanhais é considerado
uma herança deixada pelos antepassados. Dizem as comunidades remanescentes que
foram os negros fugitivos que
“descobriram” os castanhais.
Até hoje, os conhecimentos
sobre a atividade de extração
da castanha são transmitidos
de geração para geração.
Não por acaso a coleta
da castanha-do-pará é forte elemento da identidade
étnica dos quilombolas de
Oriximiná, onde os setores
da população rural da região
se dedicam preferencialmente
à agricultura e à pecuária, a
ponto de muito comumente se auto-definirem como
“castanheiros”.
Os territórios quilombolas em Oriximiná ainda
registram grandes ocorrências
de castanhais que - como as
demais áreas de extrativismo,
as zonas de caça, rios e os
lagos onde se pratica a pesca
- são considerados bens de
uso comum. Isso significa
que qualquer integrante das
comunidades tem o direito de
explorar os recursos naturais
dessas áreas.
Os quilombolas sempre
enfrentaram muitas dificuldades na atividade da castanha.
Havia uma carência enorme
de meios de transporte e de
condições para armazenar
a produção. Acabavam dependendo de intermediários,
conhecidos como regatões,
que compravam o produto
por preços irrisórios e vendiam a preços abusivos. Hoje
os quilombolas contam com
uma estrutura de transporte,
comunicação e armazenamento que possibilita a venda
da castanha direto às usinas de
beneficiamento em Oriximiná, Óbidos e Belém.
DEZEMBRO - 2007 VICENTE
MALHEIROS
DA FONSECA
[email protected]
Ária, bandola e violão
Há muito eu havia prometido ao violonista paraense
Maurício Gomes, que mora
em Barcelona (Escola Superior
de Música da Catalunha), escrever novas composições para
violão, instrumento que andei
arranhando, na juventude.
Meu instrumento básico é o
piano, que toco desde criança.
Mas o violão me despertou
caminhos para a composição
popular, pois eu vinha de uma
formação erudita, no Conservatório de Rachel Peluso, em S.
Paulo. Com meu pai, aprendi a
flexibilizar a divisão que puristas fazem entre música popular
e a chamada erudita.
Enviei ao Maurício a minha Ave Maria (Duo de Violão
e Flauta), que ele repassou
aos professores Xavier Coll
(violão) e Montserrat Gascón
(flauta); o arranjo, para Violão,
de Lua Branca (Wilson Fonseca
e Paulo Rodrigues dos Santos);
e a minha Valsa Santarena nº 1
(Violão).
Ainda vinha surpresa por
aí. Maurício está formando um
duo de canto e violão com a
soprano Patrícia Endo, gaúcha,
que mora em Milão. E me solicitou obras para o repertório
do novo duo. Ele reside na
Espanha e ela, na Itália, mas
pretendem divulgar a música
nacional.
Da conversa virtual entre
o Brasil e a Europa, compus a Ária para Patrícia (Duo
para Soprano e Violão), que
dediquei à notável soprano
brasileira.
Dela recebi esta mensagem: “Caríssimo Vicente:
adorei a ‘nossa’ ária. Realmente
gostei muitíssimo e agora estou
já me perguntando como devo
resolver a questão do acento
paraense. Você a concebeu com
todos os acentos regionais?
Parabéns e estou muito emocionada. Obrigada, Patrícia”.
Respondi-lhe: “meu pai
costumava dizer que a partitura
é apenas um projeto arquitetado pelo compositor; mas a música se realiza, se completa, com
a interpretação. Assim, deixo a
seu critério o modo como a
ênfase rítmica ou musical será
aplicada, na execução da peça.
A meu ver, o intérprete tem
que ser livre diante das idéias
sugeridas pelo compositor.
Mário de Andrade dizia que
o compositor oferece a síntese
essencial, deixando as sutilezas
para a invenção do executor da
obra. Não tenho dúvida de que
a sua experiência e o seu talento
saberão aproveitar e enriquecer os valores prosódicos da
alma brasileira para extrair os
7
elementos essenciais e imprescindíveis que a música possa
oferecer. Na verdade, nem sei
lhe dizer bem se eu concebi
a peça com acentos regionais.
O ato de compor me parece
tão espontâneo, intuitivo e até
vital, que nem me dou conta
do que acontece. Quando mais
do que de repente... a música
está feita. Tudo vem de uma
fagulha de inspiração. Depois,
é claro, a paciência, os mínimos
detalhes e o acabamento final,
que demandam uma tarefa de
muita dedicação, mas bastante
prazerosa. É isso aí... Mas é
claro que me sinto, aqui na
minha ‘aldeia’, um músico
amazônico-brasileiro, talvez
com pretensões (veja só a ousadia) de ser universal.”
Outra surpresa. A pedido
da soprano Carla Maffioletti,
brasileira, que mora na Holanda e integra o corpo de cantores
da Orquestra de André Rieu,
compus peças para o Mandoline-Ensemble The Strings
(onde ela toca violão), dirigido por Annemie Hermans,
dedicando-lhe o chorinho
Irurá (Quarteto de Bandolim,
Bandola e Violões). Ela gostou
da peça e vai gravá-la.
Incentivado com a idéia,
escrevi arranjos para violão
(18, até agora), sobre músicas
de meu avô José Agostinho da
Fonseca, enquanto aguardo a
realização de um projeto concebido pelo violonista Salomão
Habib: a edição de uma coletânea de transcrições de minhas
músicas para violão.
Termino com o fecho da
letra da ária, um acróstico:
“E no acalanto que vem da
canção/Nesta modinha que é
ária também/Dou meu recado
com muito fervor/O mistério
da vida bem diz: faço tudo com
amor”.
8
VARIEDADES
DEZEMBRO - 2007
Escola de Música de Óbidos
ganhou patrocínio da MRN
A Prefeitura de Óbidos
assinou convênio com a
Mineração Rio do Norte, no valor de 55 mil
reais, destinados à compra
de 205 instrumentos para
equipar a Escola de Música
Manoel Rodrigues, criada
em 2005 para trabalhar o
desenvolvimento educacional e social das crianças,
adolescentes e jovens em
situação de risco. O projeto
vem alcançando cada vez
mais seus objetivos e, hoje,
a escola já conta com 475
alunos, sendo que os cursos
estão disponíveis para toda a
população de Óbidos.
Para José Haroldo de
Paula, a proposta da empresa é sempre apoiar projetos
que possam gerar melhorias
sociais constante, sustentado
em quatro pilares: desenvolvimento social, educação, saúde
e segurança e meio ambiente.
“O projeto Escola de Música
sensibilizou a MRN e casa
perfeitamente com a nossa
política de responsabilidade
social. Para a MRN, é um
orgulho poder contribuir
com um projeto tão relevante
para o município de Óbidos”,
afirma. A Sra. Aldanete dos
Santos Faria diz que, com essa
doação, será possível concretizar o plano de formar uma
orquestra na cidade.
Integrantes da Escola
de Música de Óbidos recentemente ganharam curso de
capacitação de monitores para
formação de coral e bandas,
em Belém, através de parceria
da Fundação Carlos Gomes
com a Prefeitura Municipal.
No ano passado, a Escola de
Música, que funciona no
prédio do antigo Quartel,
promoveu um curso com
30 alunos, quando se formaram 7 e, desses, foram
selecionados 3 como instrutores da escola. Hoje, quatro
músicos compõem a equipe:
José Salomão, contrabaixista,
responsável pela musicalização infantil; Joelson Araújo,
violonista; Ivair Tavares,
tecladista, responsável pela
turma de jovens e Genilton
Sousa, flautista, responsável
pelas turmas da terceira idade
e coordenador do projeto.
O professor Genilton
salienta que a região é muito
carente e até certo ponto
esquecida pelo Estado, e somente agora está tendo oportunidade, através do novo governo, de participar de cursos
de aperfeiçoamento musical,
o que vai contribuir bastante e
aprimorar a qualidade de seus
instrutores’. Para o professor
Salomão, “cursos como esse
precisam ser realizados com
mais freqüência”.
O professor Joelson
destacou as dificuldades de
patrocínio. ‘O município
e as instituições obidenses
precisam olhar com mais
carinho para esse projeto e
o esforço dos músicos que
fazem parte da equipe quanto
ao apoio financeiro que permita viagens a Belém para a
realização de cursos. "Isso é
bom para todos, instrutores,
alunos e, principalmente para
o município, que terá bons
músicos formados’.
A Escola de Música Manoel Rodrigues atende 334
crianças de 7 a 12 anos, 107
adultos e uma turma de 40
idosos.
Museu de Arte Sacra de Santarém conta 250 anos da Catedral
Criado em 2003, o Museu já é um dos pontos
turísticos da cidade e a
expectativa é de que a
visitação aumente. Cerca de
350 peças integram o museu
santareno. O sino, de 1895,
por exemplo, badalou em
muitos Círios. Por 10 anos
uma berlinda estilo Luiz XV
conduziu a imagem da padroeira pelas ruas. O fato de que
a maioria das cidades da região
amazônica foi fundada por
missões jesuítas resultou em
uma coleção significativa de
peças que remetem à religiosidade e compõem importante
acervo histórico.
Localizado no centro da
cidade, anexo à Igreja Matriz
de Nossa Senhora da Conceição, o museu é climatizado,
tem música ambiente o dispõe
de imagens, indumentárias e
quadros.
A igreja de Nossa Senhora da
Conceição, um dos monumentos históricos mais importantes de Santarém, completou
250 anos de existência. Fundada em 1757, sua história come-
çou ainda no século XVIII com
as missões religiosas. A chegada
de missionários jesuítas estabeleceu a missão Tapajós,
comandada pelo padre João
Felipe Bettendorf.
No dia 22 de abril de
1757, o então bispo do Pará,
Dom Miguel de Bulhões e
Sousa, extinguiu a missão
dos jesuítas entre os índios
Tupaius e criou a paróquia ou
freguesia de Nossa Senhora da
Conceição em Santarém. Assim começou um novo período na história do povo católico
que morava às margens da foz
do rio Tapajós.
A primeira capela foi
construída em 1661, onde é
hoje a Praça Rodrigues do
Santos e somente em 1757 foi
lançada a pedra fundamental
da Catedral. O museu de arte
sacra registra a evolução da
Igreja. De acordo com a historiadora Terezinha Amorim,
a Catedral apresentava traços
completamente diferentes do
que tem hoje. “As torres eram
mais baixas, havia vários altares
laterais, os confessionários, os
couros aí na entrada”, conta a
historiadora. A primeira imagem da Virgem da Conceição
foi esculpida em carvalho,
pintada pelo padre Felipe Bettendorf e pelos índios. “Essa
imagem veio de Portugal e
foi durante anos considerada
a imagem principal aqui da
Catedral. Era a mais venerada
pelos santarenos. Só que por
ela ser de madeira muito pesada, era difícil a remoção, por
isso foi esculpida a imagem
que hoje é peregrina”, informa
a historiadora.
XIV Mostra de
Teatro inicia
comemoração
dos 130 anos de
Oriximiná
Com o clima de festa
pelo Natal, Ano Novo
e, principalmente, pelo
aniversário da cidade, A
XIV Mostra de Teatro Amador deu início à programação
comemorativa. Na abertura,
a Secretária de Cultura, Desporto e Lazer, Hilda Viana deu
boas vindas a todos dizendo
ser grande sua satisfação na
abertura das festividades do
aniversário da cidade. O auditório da Casa de Cultura ficou
lotado com a apresentação do
divertido grupo “Os Espocas”, coordenado por Cleones
Batista.
O espetáculo “Encantos
de Natal” foi aplaudido de pé
pelo público. A autora da peça,
Aniely, disse que se sentiu
gratificada com a sintonia da
platéia e prometeu caprichar
ainda mais no ano que vem.
No encerramento do evento,
houve formatura da turma
de Música e ainda escolha
da Rainha do Festival, título
disputado por estudantes da
rede pública de ensino.

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