Anais • V FAVE • volume 1

Transcrição

Anais • V FAVE • volume 1
FACULDADE VÉRTICE – UNIVÉRTIX
SOCIEDADE EDUCACIONAL GARDINGO LTDA. – SOEGAR
III Semana de Iniciação Científica
III Semana de Medicina Veterinária
II Encontro de Professores do Ensino Fundamental e Médio –
EPE.
IV Feira de Negócios, Integração Social e Cultura.
VOLUME 1
2012
APRESENTAÇÃO
É com grande orgulho que, entre os dias 25 a 29 de setembro de 2012, a Faculdade
Vértice – UNIVÉRTIX, através da comissão organizadora, realizou o V FAVE (Fórum
Acadêmico) da Faculdade Vértice – Univértix, que inclui a III Semana de Iniciação
Científica, III Semana de Medicina Veterinária, IV Feira de Negócios e Integração
Social e II Encontro de Professores do Ensino Fundamental e Médio (EPE).
O evento teve como objetivos: (1) promover intercâmbio entre acadêmicos e
professores da Univértix e de outras instituições; (2) valorizar a produção do
conhecimento científico; (3) divulgar as produções científicas dos diversos cursos de
graduação da Univértix e (4) integrar-se à sociedade, valorizando o comércio, a
cultura e as demais manifestações artísticas e culturais do município e região.
Ao longo dos dias de evento, mais de 40 profissionais de renome de várias
instituições de Minas Gerais e de outros estados do Brasil ministraram palestras e
cursos. Mais de 150 trabalhos científicos foram recebidos pelo comitê e
apresentados no evento em forma de comunicação oral e pôster. As empresas
apoiadoras do V FAVE se multiplicam a cada ano e a exposição de máquinas e
equipamentos foi mais um diferencial. Recebemos também, no evento, professores
e acadêmicos de outras instituições.
Além disso, o V FAVE é um evento que contou com a participação da sociedade,
principalmente através de produtores rurais. Isso se deve ao fato de a Instituição
acreditar que o cumprimento de sua especificidade apenas se concretizará se ela
caminhar ao lado da sociedade.
Engajada em seu compromisso de oferecer ensino de qualidade, a Univértix, com
seus quase cinco anos de existência, almejou, com o V FAVE, marcar sua história
de produção científica, já que entendemos que a pesquisa é interface do ensino.
Não podemos deixar de mencionar ainda a satisfação que a Univértix tem no V
FAVE, de estar contando novamente com o apoio da Fundação de Amparo à
Pesquisa de Minas Gerais – FAPEMIG.
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Diante do exposto, reiteramos que com o V FAVE esperamos contribuir para a
sensibilização quanto à necessidade das habilidades de pesquisa como instrumento
para o desenvolvimento profissional permanente.
Considerando o número de trabalhos recebidos pelo evento optamos por dividir o
anais em dois volumes. Assim, o volume 1 integra os trabalhos do GT (Grupo de
Trabalhos) 1 aos artigos do GT 4 e o volume 2 inclui os resumos do GT 4 ao GT 8.
M.Sc. Kelly Aparecida do Nascimento - Coordenadora do V FAVE
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A PALAVRA DO DIRETOR
É com grande honra que recebi a incumbência de redigir um texto para essa
publicação. A Iniciação Científica tem grande importância e envolvimento com o
desenvolvimento do Ensino Superior por ambos possuírem como principio e missão
a fecundação e proliferação do conhecimento, utilizando a pesquisa para atingir
esse objetivo. Atividades como o V Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice –
UNIVÉRTIX amadurecem o estudante, contribuindo para que este possa se tornar
um formando com habilidades mais refinadas.
Nesta “cápsula de conhecimento” não incluímos apenas a nossa Faculdade e
estudantes puramente, pois a Univértix é mais que uma Instituição de ensino e o
estudante é mais que um aluno dedicado. Ambos consistem em agentes
modificadores da comunidade que os circunda. A comunidade, portanto, também
está inserida na cadeia de conhecimento e participa ativamente desse processo. Na
edição deste ano, o V FAVE nos brindou com um conjunto de palestras de altíssimo
nível coroadas pela presença e apoio fundamental da FAPEMIG. Através da difusão
do conhecimento gerado nos bancos acadêmicos, sendo devidamente aplicado e
bem aproveitado por todos os envolvidos, damos nossa contribuição para a
construção de um País melhor e mais justo, com condições de competir num futuro
próximo com grandes potências mundiais, mas de sobremaneira, criando melhores
condições para nossa própria população que poderá ter acesso a tecnologias mais
baratas e tratamentos eficazes.
É na prática da Iniciação Científica que o estudante pode testar técnicas e teorias
aprendidas em sala de aula, ampliar e experimentar seu cabedal de conhecimentos.
Defrontar-se com o problema “vivo”, real, fora de um ambiente restritamente
controlado e teórico de uma sala de aula da faculdade, ao mesmo tempo em que
está seguro de que os erros cometidos também compõem o processo de
aprendizado e evolução. Este estudante estará então melhor qualificado e melhor
adequado para as situações a serem encaradas fora da faculdade.
D.Sc. Lucio Flavio Sleutjes - Diretor Geral da Univértix
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SOEGAR - SOCIEDADE EDUCACIONAL GARDINGO LTDA.
João Batista Gardingo
Diretor Presidente
Sebastião Gardingo
Diretor Executivo
FACULDADE VÉRTICE – UNIVÉRTIX
Prof. D.Sc. Lúcio Flávio Sleutjes
Diretor geral
Profº D.Sc. Orismário Lúcio Rodrigues
Coordenador do curso de Agronomia
Profª M.Sc. Juliene Rocha Borges Fonseca
Coordenadora do curso de Administração
Profº M.Sc. Sérgio Luiz Agostinho Gonçalves
Ciências Contábeis
Prof. M.Sc. Márcio Lopes de Oliveira
Coordenador do curso de Educação Física
Profª Esp. Ana Lígia de Souza Pereira
Coordenadora do curso de Enfermagem
Profº Alcino Costa Neto
Coordenador do curso de Engenharia Civil
Profª M.Sc. Fernanda Cristina Ferrari
Coordenadora do curso de Farmácia
Prof. D.Sc. Gilberto Valente Machado
Coordenador do curso de Medicina Veterinária
Prof. Esp. Adriana Montes Justino Gardingo
Coordenadora das atividades complementares de Graduação
Prof. M.Sc. Kelly Aparecida do Nascimento
Coordenadora de Extensão
Prof. D.Sc. Rogério Oliva Carvalho
Coordenador de Pesquisa
Prof. Esp. Daniel Vieira Ferreira
Diretor da Escola Técnica Vértix
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SOEGAR - SOCIEDADE EDUCACIONAL GARDINGO LTDA.
João Batista Gardingo
Diretor Presidente
Sebastião Gardingo
Diretor Executivo
FACULDADE VÉRTICE – UNIVÉRTIX
Prof. D.Sc. Lúcio Flávio Sleutjes
Diretor geral
Profº D.Sc. Orismário Lúcio Rodrigues
Coordenador do curso de Agronomia
Profª M.Sc. Juliene Rocha Borges Fonseca
Coordenadora do curso de Administração
Profº M.Sc. Sérgio Luiz Agostinho Gonçalves
Ciências Contábeis
Prof. M.Sc. Márcio Lopes de Oliveira
Coordenador do curso de Educação Física
Profª Esp. Ana Lígia de Souza Pereira
Coordenadora do curso de Enfermagem
Profº Esp. Alcino Costa Neto
Coordenador do curso de Engenharia Civil
Profª M.Sc. Fernanda Cristina Ferrari
Coordenadora do curso de Farmácia
Prof. D.Sc. Gilberto Valente Machado
Coordenador do curso de Medicina Veterinária
Prof. Esp. Adriana Montes Justino Gardingo
Coordenadora das atividades complementares de Graduação
Prof. M.Sc. Kelly Aparecida do Nascimento
Coordenadora de Extensão
Prof. D.Sc. Rogério Oliva Carvalho
Coordenador de Pesquisa
Prof. Esp. Daniel Vieira Ferreira
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Diretor da Escola Técnica Vértix
COMITÊ ORGANIZADOR
Coordenação geral
M.Sc. Kelly Aparecida do Nascimento
Coordenação Setorial
Esp. Ana Lígia de Souza Pereira
M.Sc. Fernanda Cristina Ferrari
D.Sc. Lúcio Flávio Sleutjes
M.Sc. Mariana de Faria Gardingo Diniz
M.Sc. Patrícia Luísa de Araújo Mendes
M.Sc. Renata Aparecida Fontes
Estagiários
Aline Mendes Mageste
Bruno Gonçalvez Freitas
Danilo Aguiar Batista
Darlene de Fátima Garcia
Elias Barbosa Rodrigues
Fernanda Oliveira Vieira
Gláucia Camila Pimenta
Larissa Condé Matos
Marcelo de Souza César
Marynna Kelly Pinto Campos
Rafael Fialho Assanuma da Silva
Ronnys Muller da Silva Freitas
Tassyane Ferreira Silva
COMITÊ CIENTÍFICO
Coordenação
M.Sc. Renata Aparecida Fontes
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Comitê científico
D.Sc. Gilberto Valente Machado
D.sc. Júlio Cláudio Martins
D.Sc. Lucio Flavio Sleutjes
D.Sc. Rogério Oliva Carvalho
M.Sc. Cínthia Mara De Oliveira Lobato Schuengue
M.Sc. Daniel Vieira Ferreira
M.Sc. Érika Stoupa Martins
M.Sc. Fernanda Cristina Ferrari
M.Sc. Gleiciely Santos Silveira
M.Sc. Igor Surian de Sousa Brito
M.Sc. Kelly Aparecida do Nascimento
M.Sc. Leililene antunes soares
M.Sc Alberto Yukio Chaya
M.Sc. Paloma Sayegh Arreguy Silva
M.Sc. Flávio Coutinho Longui
M.Sc. Mariana de Faria Gardingo Diniz
M.Sc. Patrícia Luísa de Araújo Mendes
M.Sc. Renata Aparecida Fontes
M.Sc. Rodrigo Ataíde Dos Santos
Esp. Ana Lígia de Souza Pereira
Esp. Elder Machado Dutra
Esp. Janine Lopes de Carvalho
Esp. Joyce Perígolo Breder
Esp. Luciano Montes Justino
Esp. Marcelo de Carvalho Mendes
Esp. Renata de Abreu e Silva
Esp. Viviane Gorete Silveira Mouro
Esp. Renata Pessoa Bifano
Grd. Cristiano Oliveira Ferrari
Grd.Leonardo da Silva Gonçalves
Grd. Pedro Henrique Queiroz de Souza
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Grd. Suellen Magalhães Ferrari
Revisão de Língua Portuguesa
Esp. Renata de Abreu e Silva
CORPO DOCENTE DA GRADUAÇÃO
D.Sc. Alexandre Sadri Capucho
D.Sc. Gilberto Machado Valente
D.Sc. Irlane Bastos Costa
D.Sc. Júlio Cláudio Martins
D.Sc. Lúcio Flávio Sleutjes
D.Sc. Orismário Lúcio Rodrigues
D.Sc. Rogério Oliva Carvalho
M.Sc Alberto Yukio Chaya
M.Sc Cinthia M. Lobato
M.Sc Daniel M. Leite
M.Sc Flávia Batista Barbosa de Sá
M.Sc Flávio Coutinho Longui
M.Sc Leililene Antunes Soares
M.Sc Rodrigo Ataíde dos Santos
M.Sc Welerson Viana
M.Sc. Andréia Almeida Mendes
M.Sc. Bruna Waddington de Freitas
M.Sc. Bruno Santos C. de Andrade
M.Sc. Daniel Vieira Ferreira
M.Sc. Érica Stoupa Martins
M.Sc. Fernanda Cristina Ferrari
M.Sc. Flávio Coutinho Longui
M.Sc. Gabriela Chaves Mendes Justino
M.Sc. Gleiciely Santos Silveira
M.Sc. Guanayr Jabour Amorim
M.Sc. Igor Surian de Sousa Brito
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M.Sc. Jefferson Souza Fraga
M.Sc. José Carlos Nolasco da Cunha
M.Sc. Juliene Rocha Borges Fonseca
M.Sc. Kelly Aparecida do Nascimento
M.Sc. Marcelo Silva dos Santos
M.Sc. Márcio Lopes de Oliveira
M.Sc. Marcus Vinícius Coutinho Cossi
M.Sc. Maria Aparecida Salles Franco
M.Sc. Mariana de Faria Gardingo Diniz
M.Sc. Pablo Herthel de Carvalho
M.Sc. Paloma Sayegh Arreguy Silva
M.Sc. Patrícia Luísa de Araújo Mendes
M.Sc. Renata Aparecida Fontes
Esp. Alcino de Oliveira Costa Neto
Esp. Ailton Moreira Magalhães
Esp. Ana Lígia de Souza Pereira
Esp. Carlos Eduardo Toledo
Esp. Celso Abreu de Araújo
Esp. Clésio Gomes de Jesus
Esp. Cristina Maria Lobato Pires
Esp. Débora Spatini Bernardo
Esp. Deisy Mendes Silva
Esp. Elder Machado Dutra
Esp. Érica Estanislau Muniz
Esp. Fábio Florindo Soares
Esp. Ivonaldo Aristeu Gardingo
Esp. Janine Lopes de Carvalho
Esp. José Célio Klen
Esp. Joyce Perígolo Breder
Esp. Luciano Montes Justino
Esp. Kátia Imaculada Moreira de Oliveira
Esp. Luciano Aguiar Otoni
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Esp. Marcelo de Carvalho Mendes
Esp. Maria Aparecida Schröder Dutra
Esp. Renata de Abreu e Silva
Esp. Renata Pessoa Bifano
Esp. Ricardo Ker Elias
Esp. Rosélio Marcos Santana
Esp. Tadeu Hipólito da Silva
Esp. Tatiane de Cássia Fernandes Martins
CORPO DOCENTE DOS CURSOS TÉCNICOS
Carlos Coelho
Cristiano Oliveira Ferrari
Leonardo da Silva Gonçalves
Max de Andrade Coelho
Pedro Henrique Queiroz de Souza
Suellen Magalhães Ferrari
Marcos Paulo de Oliveira
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SUMÁRIO
CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
18
ARTIGO
19
EXPLICAÇÃO DO “PIÃO MAGNÉTICO” COMO OCORRE A LEVITAÇÃO
MAGNÉTICA?
20
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
29
RESUMOS
30
A ARTÉRIA AXILAR E SEUS RAMOS, DIRETOS E INDIRETOS, NA IRARA
(Eira barbara Linnaeus, 1758 – Carnivora: Mustelidae)
31
CARACTERIZAÇÃO ANATÔMICA DO PLEXO BRAQUIAL NA JAGUATIRICA
(Leopardus pardalis Linnaeus, 1758 – Carnivora: Felidae)
ORIGEM E
ORDENAÇÃO
DOS
RAMOS
DA
34
ARTÉRIA AXILAR NO
CACHORRO-DO-MATO (Cerdocyon thous Linnaeus, 1766 – Carnivora:
Canidae)
37
ORDENAÇÃO DOS RAMOS ORIGINÁRIOS DA ARTÉRIA AXILAR NA
JAGUATIRICA (Leopardus pardalis Linnaeus, 1758 – Carnivora: Felidae)
40
ORDENAÇÃO DOS RAMOS ORIUNDOS DA ARTÉRIA AXILAR NO GATO
MOURISCO (Puma yagouaroundi Geoffroy, 1803 – Carnivora: Felidae)
43
CONFIGURAÇÃO ANATÔMICA DO PLEXO BRAQUIAL NA IRARA (Eira
barbara Linnaeus, 1758 – Carnivora: Mustelidae)
46
CARACTERIZAÇÃO ANATÔMICA DO PLEXO BRAQUIAL NO CACHORRODO-MATO (Cerdocyon thous Linnaeus, 1766 – Carnivora: Canidae)
49
ORIGEM E CONFIGURAÇÃO ANATÔMICA DOS COMPONENTES DO PLEXO
BRAQUIAL NO GATO MOURISCO (Puma yagouaroundi Geoffroy, 1803 –
Carnivora: Felidae)
52
EFEITO DO EXTRATO AQUOSO DE SEMENTES DE MAMÃO (Carica papaya
L.) E DE ABÓBORA (Cucurbita pepo L.) SOBRE OVOS DE Oesophagostomum
sp., HELMINTO GASTRINTESTINAL DE BOVINOS
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55
AÇÃO DAS SEMENTES DE MAMÃO (Carica papaya L.) E DE ABÓBORA
(Cucurbita
pepo
L.) SOBRE
LARVAS DE
TERCEIRO
ESTÁDIO
DE
Oesophagostomum sp., HELMINTO GASTRINTESTINAL DE BOVINOS
59
EFEITO DE INSETICIDAS BOTÂNICOS À BROCA PEQUENA DO FRUTO DO
TOMATEIRO
63
INFLUÊNCIA DE DIFERENTES DENSIDADES DE LAGARTAS DE BROCA
PEQUENA DO FRUTO DO TOMATEIRO
67
DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E CONTROLE DE HYPOTHENEMUS HAMPEI EM
CAFEEIROS DE MONTANHA USANDO ARMADILHAS COM CAIROMÔNIO 70
ENGENHARIAS
72
ARTIGO
73
GESTÃO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL DA CIDADE DE
MATIPÓ/MG
74
CIÊNCIAS DA SAÚDE
84
ARTIGOS
85
VISÃO DA EQUIPE DE SAÚDE SOBRE AS RESPONSABILIDADES DO
PROGNÓSTICO DO PACIENTE DEPENDENTE DE ÁLCOOL
86
A CONTAMINAÇÃO DO TRABALHADOR RURAL COM AGROTÓXICOS E O
DESENVOLVIMENTO DE NEOPLASIAS
97
INCIDÊNCIA DE CÂNCER NO MUNICÍPIO DE SERICITA
107
ATENÇÃO A CRISE NO CAPS I DE SANTA MARGARIDA
117
PRIMEIROS SOCORROS NA AULA DE EDUCAÇÃO FÍSICA: ATUAÇÃO DO
PROFESSOR
129
PERFIL DOS FREQUENTADORES DA ACADEMIA DO ITALOGARD CLUB DE
MATIPÓ-MG
140
PERFIL DAS PRATICANTES DE HIDROGINÁSTICA DA CIDADE DE MATIPÓMG
152
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AVALIAÇÃO DO USO DE MEDICAMENTOS NA REDE PÚBLICA MUNICIPAL
DE SAÚDE DE MATIPÓ/MG
164
RELAÇÃO DO PESO CORPORAL E PESO DA MOCHILA DE ALUNOS DO 6º
ANO UMA ESCOLA DE ABRE CAMPO - MG
171
PERFIL SÓCIO-DEMOGRÁFICO DE IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS DA
CIDADE DE ABRE CAMPO – MG
180
ÍNDICE DE PARASITOSES INTESTINAIS EM CRIANÇAS DE UMA CRECHE
EM UM MUNICIPIO DA ZONA DA MATA MINEIRA
190
TABAGISMO ENTRE ACADÊMICOS DOS CURSOS DA ÁREA DE SAÚDE DA
FACULDADE VÉRTICÉ - UNIVÉRTIX
PREVALÊNCIA
DA
200
AUTOMEDICAÇÃO
ENTRE
OS
PACIENTES
DA
ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA DO BAIRRO BOA VISTA MUNICÍPIO DE
MATIPÓ – MG
ÍNDICES
DE
209
PARTOS
NORMAL
E
CESARIANO
DE
MULHERES
RESIDENTES NA CIDADE DE MATIPÓ MG
220
PREVALÊNCIA DE SOBREPESO E OBESIDADE INFANTIL EM CRIANÇAS
DE 05 A 10 ANOS DE UMA ESCOLA MUNICIPAL DA CIDADE DE RIO CASCA
- MG
O
USO
233
DE
EQUIPAMENTOS
DE
PROTEÇÃO
INDIVIDUAL
PARA
PROFISSIONAIS DA ENFERMAGEM EM UM HOSPITAL DA ZONA DA MATA
MINEIRA
243
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEMFRENTE AO PORTADOR DE SÍNDROME
DE DOWN E SUA FAMÍLIA
257
COMPLICAÇÕES RELACIONADAS AO DESCONTROLE PRESSÓRICO DE
PACIENTES DA ESF DO BAIRRO BOA VISTA DA CIDADE DE MATIPÓ-MG.
269
ESTRESSE EM PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DE UM HOSPITAL DE
PEQUENO PORTE DE UM MUNICÍPIO DA ZONA DA MATA DE MINAS
GERAIS
279
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ABORDAGEM SOBRE A SÍNDROME DE BURNOUT EM PROFISSIONAIS DE
SAÚDE DE UMA INSTITUIÇÃO HOSPITALAR DO LESTE MINEIRO
289
PERFIL ANTROPOMÉTRICO DE ALUNOS DA ESCOLA DE FUTEBOL
“CHUTE CERTO” DO DISTRITO DE PADRE FIALHO, MUNICÍPIO DE MATIPÓ
- MG
301
CONHECIMENTO SOBRE DST/AIDS ENTRE ADOLESCENTES DE UMA
ESCOLA DE ENSINO MÉDIO DA CIDADE DE MATIPÓ-MG
311
BENEFÍCIOS DE UM PROGRAMA DE ATIVIDADES FÍSICAS PARA A
TERCEIRA IDADE EM UMA CIDADE DA ZONA DA MATA MINEIRA
320
ATIVIDADE FÍSICA PARA O DIABETES MELLITUS: IMPLICAÇÕES PARA O
GRUPO DE DIABÉTICOS DA ESTRATÉGIA DA SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF) DE
ABRE CAMPO-MG
ÍNDICE
DE
334
ENTEROPARASITOSES
EM
UMA
INSTITUIÇÃO
DE
ASSISTÊNCIA A CRIANÇAS DE UMA CIDADE DA ZONA DA MATA MINEIRA
347
AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DOS CUIDADORES DE IDOSOS COM
MAL DE ALZHEIMER
359
ESTUDO DESCRITIVO DO CONSUMO DE PSICOFÁRMACOS PELA EQUIPE
DE ENFERMAGEM DE UMA UNIDADE HOSPITALAR DO LESTE MINEIRO
375
FATORES
QUE
DIFICULTAM
A
ADESÃO
AO
TRATAMENTO
ANTI-
HIPERTENSIVO ENTRE PACIENTES HIPERTENSOS DE UMA ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA DA CIDADE DE PEDRA BONITA-MG
383
PERFIL DE ADULTOS HIPERTENSOS EM UNIDADE BASICA DE SAÚDE ESF
KELÉ DO MUNICÍPIO DE MATIPÓ-MG.
ESTUDO
DESCRIVO
DE
FATORES
399
RELACIONADOS
AO
DESENVOLVIMENTO DO CÂNCER DE MAMA EM MULHERES PÓSTRATAMENTO
411
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A INFLUÊNCIA DO PROFISSIONAL DE SAÚDE TREINADO FRENTE AO
SUCESSO DO ALEITAMENTO MATERNO PRECOCE E EXCLUSIVIDADE
ATÉ OS SEIS MESES DE IDADE DO LACTANTE
426
A IMPORTÂNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO RELACIONADO COM
POSSÍVEL DESMAME PRECOCE EM MULHERES RESIDENTES EM UMA
CIDADE DA ZONA DA MATA MINEIRA
438
FATORES DE RISCO PARA DESENVOLVIMENTO DA HIPERTENSÃO
ARTERIAL EM FUNCIONARIOS DE UMA DISTRIBUIDORA ALIMENTÍCIA DA
ZONA DA MATA MINEIRA
452
A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO E DA FAMÍLIA NO ACOMPANHAMENTO
DOMICILIAR DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DIABETES MELLITUS
TIPO 1
466
ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DO CÂNCER DE COLO
UTERINO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE DO MUNICÍPIO DE MATIPÓ MG
480
DESCRIÇÃO DOS FATORES DE RISCO PARA DESENVOLVIMENTO DA
HIPERTENSÃO ARTERIAL EM FUNCIONÁRIOS DE UMA INSTITUIÇÃO DE
ENSINO
494
ATUAÇÃO DOS ENFERMEIROS DA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA
DIANTE DA SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA DA CIDADE DE
MATIPÓ-MG.
507
AVALIAÇÃO DA ADESÃO À DIETA DE PACIENTES COM Diabetes Mellitus DE
UMA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA DE UMA CIDADE DA ZONA DA
MATA MINEIRA
518
A PREVENÇÃO DO CÂNCER DE MAMA SOB A ÓTICA DAS MULHERES
ATENDIDAS PELA ATENÇÃO PRIMÁRIA
529
FATORES CAUSADORES DE ESTRESSE OCUPACIONAL NA FUNÇÃO
GERENCIAL DE PROFISSIONAIS QUE TRABALHAM EM UMA EMPRESA
MULTINACIONAL DE UM MUNICIPIO DA ZONA DA MATA MINEIRA
539
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ANÁLISE SOBRE O NÍVEL DE CONHECIMENTO DAS MÃES SOBRE O
ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO ATÉ O 6º MÊS: UM ESTUDO
REALIZADO NA CIDADE DE RIO CASCA-MG
RISCOS
OCUPACIONAIS
AOS
QUAIS
552
ESTÃO
EXPOSTOS
OS
TRABALHADORES DA CONSTRUÇÃO DE UMA SUBESTAÇÃO DE ENERGIA
EM UMA CIDADE DA ZONA DA MATA MINEIRA
562
COMPREENSÃO DO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE SOBRE A VISITA
DOMICILIAR NO MUNICIPIO DE MATIPÓ-MG
574
RELATO DE CASO - Diabetes mellitus GESTACIONAL
586
RELATO DE CASO – ESCABIOSE EM UMA ADOLESCENTE
594
RELATO DE CASO - DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO EM UMA
CRIANÇA
599
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GT 01
CIÊNCIAS EXATAS E DA
TERRA
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ARTIGO
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EXPLICAÇÃO DO “PIÃO MAGNÉTICO” COMO OCORRE A LEVITAÇÃO
MAGNÉTICA?
Rodrigo Salgado Gomes de Oliveira, Leonardo Noberto de Oliveira, Felipe
Coelho Clemente Cardoso. Graduandos em Engenharia Civil da Faculdade Vértice
– UNIVERTIX.
Erica Estanislau Muniz Faustino. Graduada em Física. Especialista em Ensino de
Física. Professora da Faculdade Vértice - UNIVERTIX.
Débora Spatini Bernado. Graduada em Arquitetura e Urbanismo. Especialista em
Iluminação e Design de Interiores. Professora da Faculdade Vértice - UNIVERTIX.
Mariana de Faria Gardingo Diniz. Graduada em Biologia. Especialista em Gestão
Ambiental. Mestre em Engenharia dos Materiais Processos Químicos e
Metalúrgicos. Doutoranda em Engenharia Ambiental. Professora da Faculdade
Vértice - UNIVERTIX.
[email protected]
RESUMO
O trabalho tem como base os fundamentos do eletromagnetismo, no que se refere
ao estudo de campo magnético, seus reflexos na aplicação tecnológica e no
aprendizado dos efeitos magnéticos ao nível colegial. Efeitos esses que vão desde o
conceito de campo magnético, passando por forças magnéticas sobre espiras de
corrente, até a lei de Faraday e suas aplicações. O projeto, em questão, tem a
finalidade de fazer levitar um disco de Newton através de seu eixo central com o
auxílio de campos magnéticos criados com ímãs permanentes. Esses ímãs farão
partes em um dispositivo onde será mostrada a levitação do disco por efeito
magnético. Ainda, utilizando-se deste dispositivo com alguns complementos será
demonstrado experimentalmente o torque sobre espira de corrente e a Lei de
Faraday, comumente chamada lei da indução magnética.
PALAVRAS-CHAVE: Eletromagnetismo, Imã, Supercondutividade.
INTRODUÇÃO
Uma fascinante demonstração sobre eletromagnetismo é a “levitação
magnética” de um imã. De acordo com Walker ET al., (2003) essa demonstração
vem da primeira referência que temos sobre magnetismo de Tales de Mileto. Para
Tales Mileto, os habitantes da Magnésia, região da Grécia conhecia um mineral que
tinha a propriedade de atrair pedaços de ferro ou do mesmo mineral. Documentos
chineses sugerem que o magnetismo já era conhecido por volta de 2000 a.C. Os
gregos antigos observaram fenômenos elétricos e magnéticos possivelmente por
volta de 700 a.C. À existência de forças magnéticas foi conhecida a partir das
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observações de que as partes de uma pedra natural chamada magnetita eram
atraídas pelo ferro.
Em 1600 o inglês William Gilbert descobriu que a eletrificação não estava
limitada ao âmbar, mas era um fenômeno geral. Apenas na primeira parte do século
XIX os cientistas estabeleceram que a eletricidade e o magnetismo fossem
fenômenos relacionados. Em 1820, Hans Oersted descobriu que uma agulha de
bússola, que é magnética, é desviada quando é colocada perto de uma corrente
elétrica (MARION E THORNTON, 2002).
Segundo Walker et al., (2003), em 1831, Michael Faraday na Inglaterra e
quase simultaneamente, Joseph Henry nos Estados Unidos mostraram que, quando
se move um fio condutor perto de um imã (ou, de maneira equivalente, quando o imã
é movido perto de um fio condutor), uma corrente elétrica é observada no fio. Em
1873, James Clerk Maxwell baseou-se nessas observações e em outros fatos
experimentais para formular as leis do eletromagnetismo do ponto de vista
matemático como as conhecemos hoje as chamadas equações de Maxwell.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
De acordo com Serway e Jewett (2000), o ímã, também conhecido como
magneto, é uma substância que possui a capacidade de atrair substâncias
magnéticas (ferro ou outros metais). Os ímãs podem ser classificados a partir da
duração de seu campo magnético, como permanente ou temporal, e de acordo com
a sua natureza, natural ou artificial (WALKER, et al, 2003).
O Ímã natural é encontrado na natureza e composto por minério de ferro
(óxido de ferro). Este tipo de ferro magnético é denominado magnetita. O Ímã
artificial é um ferromagnético que é submetido a um intenso campo magnético. Ao
atritá-lo com um imã natural ou pela ação de corrente (eletroímã) adquire
propriedade magnética. A capacidade magnética deste imã pode superar a do imã
natural. (HALLIDAY, et al, 2004)
O Ímã temporal, temporariamente magnetizado por uma fonte de ondas
eletromagnéticas. O ímã temporário se comporta como um ímã permanente quando
está dentro de um campo magnético forte. Esses ímãs são feitos com materiais
paramagnéticos (normalmente ferro com baixo teor de carbono); por isso que,
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quando o campo magnético é removido, o imã perde rapidamente o magnetismo. O
Ímã permanente é formado por aço, a fim de manter permanentemente seu poder
magnético. Em alguns casos, pode ser utilizado para sua composição o alnico (liga
de ferro, alumínio, níquel e cobalto) ou ferrite (cerâmica). No entanto, uma forte
descarga elétrica, um impacto de grande magnitude, ou uma aplicação de uma
elevada quantidade de calor pode causar perda da magnetização do ímã. A alta
temperatura,
o
ímã
permanente
perde
seu
magnetismo
temporariamente,
readquirindo quando resfriado.(HALLIDAY, et al, 2004)
Já que o campo elétrico entre os ímãs é produzido por cargas elétricas, seria
natural que o campo magnético fosse produzido por cargas magnéticas. Para Rocha
(2002), entretanto, embora a existência de cargas magnéticas seja prevista em
algumas teorias, essas cargas até hoje não foram observadas experimentalmente.
Como são produzidos então os campos magnéticos? Os campos magnéticos podem
ser produzidos de duas formas.
A primeira forma é usar partículas eletricamente carregadas em movimento,
como uma corrente elétrica em um fio, para fabricar um eletroímã. A corrente produz
um campo magnético que pode ser usado, por exemplo, para controlar o disco rígido
de um computador ou para transportar sucata de um lugar para outro
(NUSSENZVEIG, 1998).
A outra forma de produzir campos magnéticos é usar partículas elementares,
como os elétrons, que possuem um campo magnético intrínseco. De acordo com
Walker, et al (2003), o campo magnético é uma propriedade básica de muitas
partículas elementares, do mesmo modo como a massa e a carga elétrica são
propriedades básicas. Em certos materiais os campos magnéticos dos elétrons se
combinam para produzir um campo magnético nas vizinhanças do material. Esta
combinação é o motivo pelo qual um ímã permanente, usado no experimento em
questão, possui um campo magnético permanente.
A existência de um campo magnético em uma dada região pode ser
demonstrada com uma agulha de bússola, a qual se alinhará na direção do campo.
Por outro lado, segundo Serway e Jewett (2000), quando uma partícula carregada
com carga q e velocidade v entra em uma região onde existe um campo magnético
B, ela é desviada transversalmente de sua trajetória sob a ação de uma força
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magnética que é proporcional à carga da partícula, à sua velocidade, à intensidade
do campo magnético e ao seno do ângulo entre a direção da velocidade da partícula
e a direção do campo. Surpreendente ainda é o fato de que esta força, chamada de
Força de Lorentz, é perpendicular tanto à velocidade quanto ao campo magnético:
(1)
(2)
Onde θ é o ângulo entre as direções da velocidade v e do campo magnético B. Para
determinar o sentido da força F, utiliza-se a regra da mão direita, como mostrado na
Figura 1. Se a partícula q é positiva, a força F tem o mesmo sentido de v x B. Se a
partícula é negativa, a força F tem o sentido oposto ao de v x B.
Figura1: Regra da mão direita para campo magnético (Fonte: centro de referência virtual do
professor)
A partir da equação (1), define-se o vetor Indução Magnética B, como
mostrado na equação abaixo:
(3)
Como no caso do campo elétrico, o campo magnético pode ser representado
através de linhas de campo. As regras são: a direção da tangente a uma linha de
campo magnético em qualquer ponto fornece a direção de B, quanto mais intenso o
campo, mais próximas estão as linhas, e vice-versa (ROCHA, 2002).
Na Figura 2, estão representadas as linhas de campo magnético nas
proximidades de um ímã em forma de barra. Todas as linhas passam pelo interior do
ímã e formam curvas fechadas. O campo magnético externo é mais intenso perto
das extremidades do ímã, o que se reflete em um menor espaçamento das linhas.
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Figura 2: Linhas de campo em um ímã. (Fonte: Halliday, et al, 2004)
As linhas de campo entram no ímã por uma das extremidades e saem pela
outra. A extremidade pela qual as linhas saem é chamada de polo norte do ímã; a
outra extremidade, pela qual as linhas entram, recebe o nome de polo sul. Conforme
Walker et al., (2003), como o ímã tem dois pólos, dizemos que possui um dipolo
magnético. Seja qual for à forma dos ímãs, quando colocamos dois ímãs próximos
um do outro, observa-se que: Pólos magnéticos de nomes diferentes se atraem e
pólos magnéticos do mesmo nome se repelem.
Suponha que um ímã em forma de barra seja partido em vários pedaços,
como mostrado na Figura 3. É natural esperar que, com isso fossem produzidos
pólos magnéticos isolados, ou seja, monopólios magnéticos. Entretanto, isso jamais
acontece, mesmo que o ímã seja separado em fragmentos do tamanho de átomos e
os átomos sejam separados em núcleos e elétrons.
Figura 3: Divisão de um ímã. (Fonte: Sant’Anna, et al, 2010)
Na verdade, todos os fragmentos assim obtidos possuem um polo norte e um
polo sul. De acordo com Nussenzveig (1998), a lei de Gauss para campos
magnéticos é um modo formal de afirmar que os monopolos magnéticos não
existem. De acordo com essa lei, o fluxo magnético φ através de qualquer superfície
gaussiana fechada é zero:
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(4)
A superfície não pode envolver uma “carga magnética”, já que essa entidade
não existe. A estrutura magnética que pode existir e, portanto, pode ser envolvida
por uma superfície gaussiana é o dipolo magnético, que contém tanto uma fonte
como um dreno para as linhas de campo (WALKER et al., 2003). Assim, o fluxo para
fora da superfície é necessariamente igual ao fluxo para dentro da superfície, e o
fluxo total é sempre zero.
A lei de Faraday-Lenz relaciona a forca eletromotriz induzida, e não a corrente
induzida, com a taxa de variação do fluxo magnético no tempo (ROCHA, 2002). Esta
lei afirma que a forca eletromotriz induzida tem valor igual ao modulo da derivada
temporal do fluxo magnético
e sinal contrario ao da taxa de variação do fluxo.
A expressão matemática da lei e a seguinte:
Nessa equação, o sinal negativo expressa o fato de a forca eletromotriz
induzida se opor a taxa de variação do fluxo magnético. Em tal procedimento esta
implícito que a corrente induzida tem o mesmo sinal da forca eletromotriz induzida.
Se isto sempre fosse verdade, o pião não levitaria, como provaremos adiante.
A Figura 4 representa uma espira que, ao conduzir uma corrente
variável
no tempo, produz ao seu redor uma indução magnética variável. Em outra espira,
que se encontra próxima, ocorrera uma variação temporal do fluxo magnético.
Segundo Marion e Thornton (2002), a taxa de variação no tempo do fluxo magnético
que a corrente variável
da primeira espira produz sobre a segunda, tem o mesmo
sinal da taxa de variação no tempo da corrente
. Desta forma, de acordo com a lei
de Faraday-Lenz, na segunda espira há uma forca eletromotriz induzida
sinal contrário ao da taxa de variação no tempo da corrente
, com
. O sentido da forca
eletromotriz induzida esta indicado na Figura 4. Quando a corrente
portanto sua taxa de variação e negativa), a forca eletromotriz induzida
decresce (e,
e positiva
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(tem o mesmo sentido de
). Quando a corrente
aumenta (e, portanto sua taxa de
variação e positiva), a forca eletromotriz induzida
contrario ao de
e negativa (tem sentido
).
Figura 4. Sentido da força eletromotriz. (Fonte: Halliday, 2004)
METODOLOGIA
O experimento foi desenvolvido pelos alunos e professores do curso de
Engenharia Civil da Faculdade Vértice de Matipó/MG. Para a realização foram
utilizados os seguintes materiais:
- Imãs de Neodímio de 10 mm de diâmetro por 4 mm de espessura;
- Imãs de auto falante de carro;
- suporte para CD;
- cola;
- tesoura;
- fita adesiva dupla face;
- transferidor.
O Pião Magnético é composto por duas partes distintas: uma base (que é
colocada sobre a mesa de trabalhos) e um pião com eixo alongado. A base e o pião
são essencialmente dois ímãs, porém, colocados de tal forma que os pólos de
mesmo nome se repelem.
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Figura 5. Polaridade do imã. (Fonte: Sant’Anna, et al, 2010)
RESULTADO E DISCUSSÃO
De acordo com os dados observados, o princípio de funcionamento é similar
ao de um pião comum. É quase impossível que um pião comum, sem girar, fique
equilibrado sobre sua ponta metálica e não caia. Entretanto, enquanto está
girando, o equilíbrio se mantém. Ao diminuir a velocidade esse pião comum
começa 'a balançar a cabeça' até que, finalmente, cai. Exatamente isso é o que
ocorre com o Pião Magnético.
Surgem, quatro forças magnéticas sobre os pólos magnéticos do pião, duas
de repulsão e duas de atração, com respeito aos pólos dos ímãs da base e uma
força gravitacional (seu peso), com respeito á Terra.
A dependência com a distância dessas forças magnéticas faz com que
(devido ao modo como os ímãs são dispostos) a resultante delas se oponha á força
gravitacional e, assim, o pião levita sobre a base.
Entretanto, qualquer que seja a mínima inclinação em relação á vertical (e
isso é impossível de evitar), tais pares de forças magnéticas criam momentos
(binários, torques) que tendem a tombar o pião, levando-o para baixo. É impossível
mantê-lo levitando 'estaticamente'.
Para evitar que isso ocorra o pião deve estar descrevendo um movimento de
rotação, já que, nessa condição, o momento atua de forma giroscópica e o eixo do
pião não tomba, mantendo-se mais ou menos na mesma direção que aquela do
campo magnético resultante.
O aspecto da estabilidade é muito delicado no pião. Definitivamente, o
sistema apenas funciona dentro de limitada faixa de alturas, algo entre 3 e 4 cm
contados desde o centro da base. A altura final para o equilíbrio depende
principalmente do peso do pião e das forças de campo devidas á base.
Existem outros fatores, como a temperatura (que afeta a magnetização dos
ímãs) que podem alterar a estabilidade de equilíbrio. Relativamente á frequência
de rotação, a faixa estável encontra-se entre 20 e 26 Hz (rps), ficando
completamente instável abaixo dos 18 Hz e acima dos 30 Hz.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir de um aparato experimental simples, sem a necessidade de um
laboratório específico, é fácil demonstrar que o peso do ímã fica equilibrado pela
força magnética. Através da exclusão do campo magnético, que não pode penetrar
no supercondutor, produz-se a levitação. A demonstração deste fenômeno pode ser
usada como ponto inicial para posteriores aprofundamentos dos conceitos físicos
envolvidos no eletromagnetismo.
Esta abordagem de ensino experimental propicia ao professor o inicio de uma
troca de conhecimentos com os alunos, estimulando os processos de ensino e
aprendizagem. A introdução do tema supercondutividade servirá para melhorar a
divulgação
de
tópicos
de
Física
contemporânea
nos
currículos
atuais,
proporcionando ao aluno contato com tecnologias consideradas de fronteira do
conhecimento humano.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HALLIDAY, David, RESNICK, Robert, KRANE, Kenneth. Física 3. 5º ed., Rio de
Janeiro, LTC, 2004.
MARION, Jaine, THORNTON, Sehton. Classical Dynamics of particles and
systems. 4ª ed., 2002.
NUSSENZVEIG, Hich Maike. Eletromagnetismo, vol. 3, 1ª ed., Blucher. 1998.
ROCHA, Fabio Souza. Estudo Experimental e Teórico das Propriedades
Magnéticas e Supercondutoras dos Compostos Borocarbetos da Série Y(Ni1xMnx)2B2C. Tese de Doutorado, Instituto de Física, UFRGS, 2002.
SANT’ANNA, Blaidi, MARTINI, Gloria, REIS, Hugo Carneiro, SPINELLI, Walter.
Conexões com a Física. Vol. 3, 1º edição, Moderna, 2010.
SERWAY, Roy, JEWETT, Jhon Wilson. Princípios de Física, Eletromagnetismo,
vol. 3, 5ª edição, Thomson. 2000.
SYMON, Kerhi Roy, Mecânica, 5º edição, Campus. 2001.
WALKER Jhonn, HALLIDAY David, RESNICK Robert, Fundamentos da Física,
Eletromagnetismo, vol. 3, 8ª edição, LTC. 2003.
WALKER Jhonn, HALLIDAY David, RESNICK Robert. Fundamentos da Física,
Mecânica, vol. 1, 7ª edição, LTC. 1993.
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GT 02
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
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RESUMOS
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A ARTÉRIA AXILAR E SEUS RAMOS, DIRETOS E INDIRETOS, NA IRARA (Eira
barbara Linnaeus, 1758 – Carnivora: Mustelidae)
Pedro Augusto Mendes Junior, Fábio Gardingo Heleno de Oliveira e Josinéia
Souza Silva – Graduandos em Medicina Veterinária - Faculdade Vértice UNIVÉRTIX.
Gilberto Valente Machado – Graduado em Medicina Veterinária. Mestre e Doutor
em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres. Professor e Coordenador do
curso de Medicina Veterinária da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
Flavio Sleutjes – graduado em Fisioterapia. Mestre em Motricidade. Doutor em
Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
[email protected]
PALAVRAS-CHAVE: Artérias; Membro torácico; Eira barbara.
INTRODUÇÃO
A irara (Eira barbara), também conhecida no Brasil pelo nome de “papa-mel”, é
um mamífero carnívoro, da família dos mustelídeos, sendo a única espécie
representante do gênero Eira. Apresenta pelagem cinza escuro e suas orelhas são
curtas e arredondadas. Seu corpo é esguio, o pescoço alongado e as pernas
compridas. Habita as florestas e campos abertos e, apesar de se alimentarem de
frutos e mel, são principalmente carnívoras: caçam roedores e aves, além de ovos.
Considerando a importância da anatomia comparativa e, em especial, da
necessidade de se acrescentarem dados relacionados à morfologia de animais
silvestres da fauna brasileira, o presente trabalho tem por objetivo a descrição do
padrão vascular arterial no membro torácico da espécie em apreço, a partir da
artéria axilar até a região da articulação úmero-rádio-ulnar. Diferentes autores se
reportam ao tema, em carnívoros domésticos (EVANS e CHRISTENSEN, 1979;
GETTY, 1986; ANDERSON e ANDERSON, 1994).
METODOLOGIA
Foi utilizado um exemplar adulto, fêmea, de irara (Eira Barbara) encontrado em
óbito às margens da rodovia BR 282, e disponibilizado pela Polícia Militar Ambiental
para pesquisas no Laboratório de Anatomia Animal da Faculdade Vértice / Matipó /
MG. Para a obtenção dos resultados que ora se expõem, o espécime teve a sua
artéria carótida comum esquerda canulada, sendo essa via injetada com solução de
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látex corado em vermelho, utilizando-se seringas e pressão moderada, até que, pela
observação do preenchimento das artérias sublinguais, constatou-se a satisfatória
ocupação do sistema vascular arterial. Em seguida, ainda com o uso de seringas e
agulhas, promoveu-se a infiltração, por injeção, de solução aquosa de formol a 15%,
de todos os tecidos moles e cavidades corporais, visando a fixação e consequente
conservação do espécime. Após os procedimentos descritos, o exemplar foi
submerso em solução aquosa de formol a 10% e ali mantido até a sua dissecação.
Esta última pautou-se pela incisão mediana e afastamento da pele nas regiões
torácica e dos membros torácicos, incisão transversal dos músculos peitorais,
superficial e profundo, e seu recuo, expondo-se assim a artéria axilar e, mediante
sua dissecação e de seus ramos, observou-se o padrão vascular arterial na região
de interesse. A partir de então, mediante a elaboração de desenhos esquemáticos e
registros fotográficos, documentou-se o padrão anatômico das artérias em apreço,
com vistas à exposição dos resultados. Ressalte-se que a nomenclatura anatômica
adotada é a referente aos carnívoros domésticos, conforme Schaller (1992).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após a dissecação realizada em um exemplar adulto, fêmea, de irara (Eira
barbara), objetivando registrar o padrão vascular arterial nas regiões axilar e braquial
da espécie, verificou-se que a artéria axilar, após cruzar a margem cranial da
primeira costela envia, como primeiro ramo, no sentido cranial, a artéria torácica
externa. Em seguida, no sentido caudal, emite a artéria toracodorsal, destinada ao
músculo grande dorsal. Distal a esta última, agora no sentido lateral, envia uma
grossa artéria subescapular e, neste mesmo nível, porém no sentido cranial, a
artéria circunflexa umeral cranial. Distalmente a esta, já no terço médio do braço, a
agora denominada artéria braquial emite, no sentido cranial, a artéria braquial
profunda e, antes de atingir a região da articulação úmeo-rádio-ulnar, envia a artéria
bicepital e, em seguida, porém no sentido caudal, a artéria ulnar colateral. Após o
envio desta última, a artéria braquial cruza a articulação, tornando-se artéria
mediana, destinada ao antebraço e mão. Considerando os relatos de Evans e
Christensen (1979), relativos ao cão doméstico (Canis familiaris), e de Getty (1986) e
Anderson e Anderson (1994), referindo-se ao cão e ao gato doméstico (Felix catus),
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o presente relato coaduna-se apenas em parte, quando se consideram a ordenação
e orientação territorial dos ramos, diretos e indiretos, da artéria axilar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nos registros realizados, após dissecação de um exemplar adulto,
fêmea, de irara (Eira barbara), e em atenção ao interesse da anatomia comparativa,
julga-se poder afirmar que a ordenação, assim como a direção de alguns dos ramos
da artéria axilar, não permitem correlação morfológica com as descrições relativas
aos carnívoros domésticos.
REFERÊNCIAS
ANDERSON, Wesley D.; ANDERSON, Bettina G. Atlas of canine anatomy.
Philadelphia: Lea & Febiger, p. 907-910,1994.
EVANS, Howard E.; CHRISTENSEN, George C. Miller’s Anatomy of the Dog. 2.ed.
Philadelphia: W. B. Saunders, p. 699-704, 1979.
GETTY, Robert. Sisson/Grossman anatomia dos animais domésticos. 5.ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan. p. 1521-1523, 1986.
SCHALLER, Oskar. Illustrated Veterinary Anatomical Nomenclature. Stuttgart:
Enke.p. 284-287, 1992.
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CARACTERIZAÇÃO ANATÔMICA DO PLEXO BRAQUIAL NA JAGUATIRICA
(Leopardus pardalis Linnaeus, 1758 – Carnivora: Felidae)
Daiana Dutra Alves, Cátia Domingos Pires e Joyce Fialho Lopes – Graduandos
em Medicina Veterinária Faculdade Vértice- UNIVÉRTIX.
Gilberto Valente Machado – Graduado em Medicina Veterinária. Mestre e Doutor
em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres. Professor e Coordenador do
curso de Medicina Veterinária da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
Lucio Flavio Sleutjes – graduado em Fisioterapia. Mestre em Motricidade. Doutor
em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
[email protected]
PALAVRAS-CHAVE: Nervos; Plexo braquial; Leopardus pardalis.
INTRODUÇÃO
A jaguatirica (Leopardus pardalis) é um felino de porte médio e hábitos
noturnos, se alimenta basicamente de aves e roedores, sendo encontrada em toda a
América do Sul. Do ponto de vista de sua morfologia, é um dos animais mais
desconhecidos da fauna brasileira, apesar da importância desse conhecimento para
o incremento de pesquisas que busquem a sua preservação na natureza.
Considerando a importância crescente da medicina veterinária de animais silvestres,
e a escassez de dados disponíveis na literatura especializada relativos à morfologia
de animais da fauna brasileira, concomitante ao interesse da anatomia comparativa,
o presente trabalho visa oferecer dados sobre a origem e organização anatômica
dos componentes do plexo braquial da jaguatirica, o que virá subsidiar
procedimentos de anestesia, bem como a interpretação de quadros que envolvam
lesões, dos membros torácicos. Segundo Evans e Christensen (1979), o plexo
braquial é formado pelas raízes ventrais dos últimos nervos cervicais e primeiro
torácico, em proporções variáveis tanto entre indivíduos como dentre as espécies, e
distribuído de diferentes maneiras. Tal afirmativa é compartilhada por diferentes
autores (GETTY, 1986; ANDERSON e ANDERSON, 1994; KÖNIG e LIEBICH,
2004).
METODOLOGIA
Foi utilizado um espécime adulto, macho, de jaguatirica (Leopardus pardalis),
encontrado em óbito às margens da rodovia BR 282, e disponibilizado pela Polícia
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Militar Ambiental para pesquisas no Laboratório de Anatomia Animal da Faculdade
Vértice / Matipó / MG. Para a obtenção dos resultados que ora se expõem, o
exemplar foi injetado com solução aquosa de formol a 10%, pelo método de
infiltração, com o uso de seringas e agulhas, em todos os tecidos moles e cavidades
corporais, em seguida submerso em solução semelhante, em recipiente compatível,
por um período de 72 horas antes do início da dissecação. A dissecação foi pautada
pela incisão mediana ventral das regiões cervical e torácica, seguida do afastamento
da pele e incisão transversal e afastamento dos músculos peitorais. Desta maneira,
o acesso ao plexo braquial foi concretizado, procedendo-se a identificação dos seus
componentes, assim como as conexões e distribuição dos mesmos. Após a
dissecação de ambos os plexos braquiais, direito e esquerdo, elaboraram-se
desenhos esquemáticos elucidativos, bem como registros fotográficos, com vistas à
exposição e publicação dos resultados. Ressalte-se que a nomenclatura anatômica
adotada é a referente aos carnívoros domésticos, conforme Schaller (1992).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após a dissecação realizada em um espécime adulto, macho, de jaguatirica
(Leopardus pardalis), com vistas a registrar a configuração anatômica do plexo
braquial, observou-se que as raízes ventrais dos nervos C6, C7 e C8 foram as
únicas responsáveis pela formação daquele plexo; o nervo C6 fornece ramo para o
músculo braquiocefálico e, em seguida, origina o nervo supraescapular; o nervo
musculocutâneo tem origem exclusiva do C7. Este último, entretanto, envia uma
espessa conexão, que se une à raiz C8, constituindo um grande tronco, do qual
surgem os nervos subescapulares (duplo), axilar, radial e toracodorsal, assim como
um tronco que se subdivide em nervos ulnar, mediano e cutâneo caudal do
antebraço. Em comparação com os relatos de Evans e Christensen (1979) e Getty
(1986), relativos aos carnívoros domésticos, e de Anderson e Anderson (1994) e
König e Liebich (2004), voltados para o cão (Canis familiaris), o presente relato não
se coaduna, em nenhum aspecto, culminando com a não participação da raiz T1
naquele contexto.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nos registros realizados, após dissecação de um exemplar adulto,
macho, de jaguatirica (Leopardus pardalis), e em atenção ao interesse da anatomia
comparativa, julga-se poder afirmar que a constituição do plexo braquial tem
características próprias, não guardando semelhança aos relatos referentes aos
carnívoros domésticos, até mesmo por não apresentar participação da raiz T1
naquela formação.
REFERÊNCIAS
ANDERSON, Wesley D.; ANDERSON, Bettina G. Atlas of canine anatomy.
Philadelphia: Lea & Febiger, p. 907-910,1994.
EVANS, Howard E.; CHRISTENSEN, George C. Miller’s Anatomy of the Dog. 2.ed.
Philadelphia: W. B. Saunders, p. 699-704, 1979.
GETTY, Robert. Sisson/Grossman anatomia dos animais domésticos. 5.ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan. p. 1521-1523, 1986.
KÖNIG, Horst Erich; LIEBICH, Hans-Georg. Anatomia dos animais domésticos.
Texto e Atlas Colorido. Porto Alegre: Artmed, 2004.
SCHALLER, Oskar. Illustrated Veterinary Anatomical Nomenclature. Stuttgart:
Enke.p. 284-287, 1992.
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ORIGEM E ORDENAÇÃO DOS RAMOS DA ARTÉRIA AXILAR NO CACHORRODO-MATO (Cerdocyon thous Linnaeus, 1766 – Carnivora: Canidae)
Joyce Fialho Lopes, Hélio Augusto Chicareli Gomes e Daiana Dutra Alves –
graduandos em Medicina Veterinária - Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
Gilberto Valente Machado – Graduado em Medicina Veterinária. Mestre e Doutor
em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres. Professor e Coordenador do
curso de Medicina Veterinária da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
Lucio Flávio Sleutjes – graduado em Fisioterapia. Mestre em Motricidade. Doutor
em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
[email protected]
PALAVRAS-CHAVE: Artérias; Membros torácicos; Cerdocyon thous.
INTRODUÇÃO
O cachorro-do-mato (Cerdocyon thous) é um mamífero da família dos
canídeos, amplamente distribuído pela América do Sul. Tais animais, noctívagos,
medem cerca de 65 cm de comprimento, com pelagem cinza-clara de base
amarelada e faixa dorsal negra, que se estende da nuca à ponta da cauda. São
onívoros e oportunistas e sua dieta consiste de frutas, ovos, artrópodes, répteis,
pequenos mamíferos e carcaças de animais mortos. Também são conhecidos pelos
nomes de aguaraxaim, graxaim, graxaim-do-mato e lobinho. Considerando o
interesse da anatomia comparativa, assim como a busca de informações, de cunho
morfológico, que possam subsidiar discussões de interesse funcional, o presente
trabalho tem por objetivo apresentar dados relativos ao padrão de origem e
ordenação dos ramos arteriais oriundos, direta ou indiretamente, da artéria axilar.
Dados semelhantes, referentes aos carnívoros silvestres estão ausentes na
literatura especializada, porém, são encontrados quando relativos ao cão doméstico
(Canis familiaris) (EVANS e CHRISTENSEN, 1979), ou reportando-se aos
carnívoros domésticos em geral (ANDERSON e ANDERSON, 1984; GETTY, 1986).
METODOLOGIA
Para a realização do presente trabalho, utilizou-se um exemplar adulto, macho,
de cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), encontrado em óbito às margens da
rodovia BR 262, e disponibilizado pela Polícia Militar Ambiental, para utilização
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exclusiva em pesquisas no Laboratório de Anatomia Animal da Faculdade Vértice /
Matipó / MG. O espécime teve o seu sistema vascular arterial injetado, a partir da
artéria carótida comum, com solução corada de Neoprene látex, buscando
evidenciar desta forma o comportamento anatômico das artérias, em especial a
origem, ordenação e distribuição de seus ramos. A seguir, procedeu-se a fixação do
espécime, mediante injeções de solução aquosa de formol a 10% e imersão em
tanque contendo a mesma solução. As observações foram realizadas após
dissecação da região axilar e, seguindo distalmente pelo membro torácico, até a
região do cotovelo (articulação úmero-rádio-ulnar). Após os procedimentos de
dissecação, foram elaborados desenhos esquemáticos, representativos das artérias
de interesse, assim como registros fotográficos. Vale ressaltar que a nomenclatura
anatômica adotada é a referente aos carnívoros domésticos, conforme Schaller
(1992).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após os procedimentos de preparo e fixação de um exemplar, macho adulto,
de cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), com vistas ao registro do padrão vascular
arterial nas regiões axilar e braquial da espécie, observou-se que a artéria axilar,
após cruzar a margem cranial da primeira costela envia, como primeiro ramo e no
sentido cranial, a artéria torácica externa. Imediatamente distal àquela, porém no
sentido caudal, envia a artéria toracodorsal, destinada ao músculo grande dorsal.
Após um curto percurso distal, a artéria axilar se bifurca, originando as artérias
braquial e subescapular; esta última envia, como primeiro ramo e no sentido cranial,
a artéria circunflexa umeral cranial. A artéria braquial, nas imediações do terço
médio do braço envia, no sentido caudal, a artéria braquial profunda; antes de atingir
a região da articulação úmeo-rádio-ulnar, a artéria braquial emite, em um tronco
comum, as artérias bicepital e braquial superficial. Imediatamente distal àquele
tronco, verificaram-se, numa origem bem próxima e no sentido caudal, as artérias
ulnar colateral e cubital transversa. Em seguida, já como artéria mediana, cruza a
articulação, destinando-se ao antebraço e mão. Considerando os relatos de Evans e
Christensen (1979), referindo-se ao cão doméstico (Canis familiaris), e de Getty
(1986) e Anderson e Anderson (1994), referindo-se ao cão e ao gato doméstico
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(Felix catus), o presente registro apresenta grande semelhança, quanto à ordenação
dos ramos arteriais, às descrições exaradas para o cão doméstico, e destoando no
que se refere ao gato.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O padrão vascular arterial, no que se refere aos ramos colaterais, diretos e
indiretos, oriundos da artéria axilar do cachorro-do-mato (Cerdocyon thous) se
assemelha, em boa parte, àqueles dados relativos ao cão doméstico (Canis
familiaris), porém diverge, visivelmente, das descrições referentes ao gato (Felis
catus).
REFERÊNCIAS
ANDERSON, Wesley D.; ANDERSON, Bettina G. Atlas of canine anatomy.
Philadelphia: Lea & Febiger, p. 907-910,1994.
EVANS, Howard E.; CHRISTENSEN, George C. Miller’s Anatomy of the Dog. 2.ed.
Philadelphia: W. B. Saunders, p. 699-704, 1979.
GETTY, Robert. Sisson/Grossman anatomia dos animais domésticos. 5.ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan. p. 1521-1523, 1986.
SCHALLER, Oskar. Illustrated Veterinary Anatomical Nomenclature. Stuttgart:
Enke.p. 284-287, 1992.
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ORDENAÇÃO DOS RAMOS ORIGINÁRIOS DA ARTÉRIA AXILAR NA
JAGUATIRICA (Leopardus pardalis Linnaeus, 1758 – Carnivora: Felidae)
Daiana Dutra Alves, Cátia Domingos Pires e Hélio Augusto Chicareli Gomes –
Graduandos em Medicina Veterinária - Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
Gilberto Valente Machado – Graduado em Medicina Veterinária. Mestre e Doutor
em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres. Professor e Coordenador do
curso de Medicina Veterinária da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
Lucio Flavio Sleutjes – graduado em Fisioterapia. Mestre em Motricidade. Doutor
em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
[email protected]
PALAVRAS-CHAVE: Artérias; Membro torácico; Leopardus pardalis.
INTRODUÇÃO
A jaguatirica (Leopardus pardalis) é um felino de porte médio e hábitos
noturnos, se alimenta basicamente de aves e roedores, sendo encontrada em toda a
América do Sul. Do ponto de vista de sua morfologia, é um dos animais mais
desconhecidos da fauna brasileira, apesar da importância desse conhecimento para
o incremento de pesquisas que busquem a sua preservação na natureza.
Considerando a importância de se atrelar o conhecimento da anatomia à sua
aplicação prática e, neste caso, em atenção à premência das informações sobre a
anatomia dos animais silvestres, da fauna brasileira, o presente trabalho tem por
objetivo o registro do padrão de ramificação das artérias oriundas da artéria axilar da
jaguatirica, com vistas à análise comparativa com os carnívoros domésticos.
Diversos autores descrevem o padrão vascular arterial em carnívoros domésticos,
como Evans e Christensen (1979), Getty (1986) e Anderson e Anderson (1994).
METODOLOGIA
Foi utilizado um exemplar adulto, macho, encontrado em óbito às margens da
rodovia BR 116, no km 672, e disponibilizado pela Polícia Militar Ambiental para
pesquisas no Laboratório de Anatomia Animal da Faculdade Vértice / Matipó / MG.
No laboratório, o espécime teve o seu sistema vascular arterial injetado, via artéria
carótida comum esquerda, com solução corada de neoprene látex, visando facilitar
tanto a dissecação quanto o reconhecimento das artérias e seus territórios de
distribuição. Em seguida promoveu-se a sua fixação em solução aquosa de formol a
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15%, pelo método de injeção nos tecidos moles corporais, e imersão em tanque
contendo solução aquosa de formol a 10%, por período mínimo de 72 horas. Para a
obtenção dos resultados que ora se expõem, promoveram-se o afastamento da pele
das regiões torácica ventral e dos membros torácicos, assim como foram afastados,
após incisão, os músculos peitorais. Tais procedimentos permitiram a visualização
da artéria axilar, em ambos os membros torácicos, seguida da dissecação e
reconhecimento dos seus ramos, diretos e indiretos, assim como identificada a
orientação territorial dos mesmos. O registro dos aspectos anatômicos de interesse
pautou-se pela elaboração de desenhos esquemáticos, assim como pela tomada de
fotografias, visando à documentação e exposição dos resultados. Vale ressaltar que
a nomenclatura anatômica adotada é a referente aos carnívoros domésticos,
conforme Schaller (1992).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após a dissecação realizada em um espécime adulto, macho, de jaguatirica
(Leopardus pardalis), visando identificar o padrão de ramificação adotado pelos
ramos das artérias axilar e braquial, observou-se que a artéria axilar, após cruzar a
margem cranial da primeira costela envia, como primeiro ramo, no sentido cranial, a
artéria torácica externa. A seguir, no sentido lateral, bifurca-se em artéria
subescapular e braquial. A artéria subescapular emite, como primeiro de seus
ramos, a artéria circunflexa umeral cranial. Por sua vez, a artéria braquial envia, no
sentido caudal, a artéria toracodorsal, endereçada ao músculo grande dorsal. Distal
a esta, já no terço médio do braço, a artéria braquial emite, no sentido lateral, a
artéria braquial profunda e, antes de atingir a região da articulação úmeo-rádio-ulnar,
envia a artéria bicepital e, em seguida, agora no sentido caudal, a artéria ulnar
colateral. Após o envio desta última, a artéria braquial cruza a articulação, tornandose artéria mediana, destinada ao antebraço e mão. Cotejando os presentes registros
com as descrições de Evans e Christensen (1979), relativos ao cão doméstico
(Canis familiaris), e de Getty (1986) e Anderson e Anderson (1994), referindo-se ao
cão e ao gato doméstico (Felix catus), nota-se forte semelhança no que se refere ao
gato, porém, destoando em grande parte das descrições relativas ao cão, em
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especial quando se consideram a ordenação e orientação territorial dos ramos,
diretos e indiretos, da artéria axilar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nos registros realizados, após dissecação de um exemplar adulto,
macho, de jaguatirica (Leopardus pardalis), e em atenção ao interesse da anatomia
comparativa, julga-se poder afirmar que a ordenação, assim como a direção de
alguns dos ramos da artéria axilar, permite, em parte, uma correlação morfológica
com as descrições relativas ao gato doméstico (Felix catus), diferindo, no entanto,
no referente ao cão (Canis familiaris).
REFERÊNCIAS
ANDERSON, Wesley D.; ANDERSON, Bettina G. Atlas of canine anatomy.
Philadelphia: Lea & Febiger, p. 907-910,1994.
EVANS, Howard E.; CHRISTENSEN, George C. Miller’s Anatomy of the Dog. 2.ed.
Philadelphia: W. B. Saunders, p. 699-704, 1979.
GETTY, Robert. Sisson/Grossman anatomia dos animais domésticos. 5.ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan. p. 1521-1523, 1986.
SCHALLER, Oskar. Illustrated Veterinary Anatomical Nomenclature. Stuttgart:
Enke.p. 284-287, 1992.
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ORDENAÇÃO DOS RAMOS ORIUNDOS DA ARTÉRIA AXILAR NO GATO
MOURISCO (Puma yagouaroundi Geoffroy, 1803 – Carnivora: Felidae)
Douglas de Ornelas Silva, Gabriela Moreira Pinto e Cleverson Tavares Peron –
Graduandos em Medicina Veterinária - Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
Gilberto Valente Machado – Graduado em Medicina Veterinária. Mestre e Doutor
em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres. Professor e Coordenador do
curso de Medicina Veterinária da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
Lucio Flavio Sleutjes – graduado em Fisioterapia. Mestre em Motricidade. Doutor
em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
[email protected]
PALAVRAS-CHAVE: Artérias; Membros torácicos; Puma yagouaroundi.
INTRODUÇÃO
O gato-mourisco (Puma yagouaroundi) é um mamífero da família dos felídeos,
encontrado nas Américas desde os Estados Unidos até a Argentina. Um macho
adulto mede em torno de 60 cm de comprimento corporal, 45 cm de cauda e pesa
em torno de seis quilos. Tem orelhas e pernas curtas e sua pelagem tem aspecto
cinza escuro, com eventuais pontos claros. É conhecido em diversas regiões do
Brasil como gato-maracajá, gato-preto ou maracajá-preto. Tem hábitos noturnos,
porém prefere áreas abertas, como beiras de rios e lagos, onde se alimenta de aves,
mamíferos e ovos. Tendo em vista o interesse da anatomia comparativa, assim
como a busca de informações, de cunho morfológico, que possam subsidiar
discussões de interesse funcional, o presente relato pretende esclarecer o padrão
adotado pelas artérias originárias, direta ou indiretamente, da artéria axilar.
Informações semelhantes relativas aos carnívoros domésticos são encontrados na
literatura, como em Evans e Christensen (1979), Getty (1986), reportando-se aos
carnívoros domésticos, e Anderson e Anderson (1984), referindo-se ao cão.
METODOLOGIA
Para a realização do presente trabalho, utilizou-se um exemplar adulto, macho,
encontrado em óbito às margens da rodovia BR 262, e disponibilizado pela Polícia
Militar Ambiental, para utilização exclusiva em pesquisas no Laboratório de
Anatomia Animal da Faculdade Vértice / Matipó / MG.
O espécime teve o seu
sistema cardiovascular injetado com solução corada de Neoprene látex, buscando
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evidenciar assim o padrão de distribuição, irrigação e drenagem dos seus vasos
sanguíneos; em seguida procedeu-se a sua fixação, mediante injeções de solução
aquosa de formol a 10% e imersão em tanque contendo a mesma solução. As
observações foram realizadas após dissecação da região axilar e, seguindo
distalmente pelo membro torácico, até a região do cotovelo (articulação úmero-rádioulnar). Após os procedimentos de dissecação, foram elaborados desenhos
esquemáticos, representativos das artérias de interesse, assim como registros
fotográficos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após a dissecação realizada em um exemplar adulto, macho, de gato
mourisco (Puma yagouaroundi), com vistas ao registro do padrão vascular arterial
nas regiões axilar e braquial da espécie, observou-se que a artéria axilar, após
cruzar a margem cranial da primeira costela emite, como primeiro ramo, no sentido
caudal, a artéria torácica externa. Distalmente, porém no sentido lateral, bifurca-se,
resultando as artérias braquial e subescapular; esta última envia, como primeiro
ramo e no sentido caudal, a artéria toracodorsal, destinada ao músculo grande
dorsal. A artéria braquial, emite, como primeiro ramo cranial, a artéria circunflexa
umeral cranial e, imediatamente distal, a artéria braquial profunda, esta no sentido
lateral. Antes de atingir a região da articulação úmeo-rádio-ulnar, a artéria braquial
envia a artéria bicepital e, no mesmo nível desta, porém em sentido caudal, a artéria
ulnar colateral. Em seguida, já como artéria mediana, cruza a articulação,
destinando-se ao antebraço e mão. Considerando os relatos de Evans e Christensen
(1979), referindo-se ao cão doméstico (Canis familiaris), e de Getty (1986) e
Anderson e Anderson (1994), referindo-se ao cão e ao gato doméstico (Felix catus),
o presente registro apresenta grande semelhança, quanto à ordenação dos ramos
arteriais, às descrições exaradas para o gato doméstico, e destoando no que se
refere ao cão.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O padrão vascular arterial, no que se refere aos ramos colaterais, diretos e
indiretos, oriundos da artéria axilar do gato-mourisco (Puma yagouaroundi) se
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assemelha, em parte, àqueles dados relativos ao gato doméstico (Felis catus),
porém diverge, visivelmente, das descrições referentes ao cão (Canis familiaris).
REFERÊNCIAS
ANDERSON, Wesley D.; ANDERSON, Bettina G. Atlas of canine anatomy.
Philadelphia: Lea & Febiger, p. 907-910,1994.
EVANS, Howard E.; CHRISTENSEN, George C. Miller’s Anatomy of the Dog. 2.ed.
Philadelphia: W. B. Saunders, p. 699-704, 1979.
GETTY, Robert. Sisson/Grossman anatomia dos animais domésticos. 5.ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan. p. 1521-1523, 1986.
SCHALLER, Oskar. Illustrated Veterinary Anatomical Nomenclature. Stuttgart:
Enke.p. 284-287, 1992.
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CONFIGURAÇÃO ANATÔMICA DO PLEXO BRAQUIAL NA IRARA (Eira barbara
Linnaeus, 1758 – Carnivora: Mustelidae)
Pedro Augusto Mendes Junior, Josinéia Souza Silva e Fábio Gardingo Heleno
de Oliveira – Graduandos em Medicina Veterinária Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
Gilberto Valente Machado – Graduado em Medicina Veterinária. Mestre e Doutor
em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres. Professor e Coordenador do
curso de Medicina Veterinária da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
Lucio Flavio Sleutjes – graduado em Fisioterapia. Mestre em Motricidade. Doutor
em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
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PALAVRAS-CHAVE: Nervos; Plexo braquial; Eira barbara.
INTRODUÇÃO
A irara (Eira barbara) é um mamífero carnívoro, da família dos mustelídeos,
sendo a única espécie representante do gênero Eira. Apresenta pelagem cinza
escuro e suas orelhas são curtas e arredondadas. Seu corpo é esguio, o pescoço
alongado e as pernas compridas. Habita as florestas e campos abertos e, apesar de
se alimentarem de frutos e mel, são principalmente carnívoras: caçam roedores e
aves, além de ovos. Considerando a importância crescente da medicina veterinária
de animais silvestres, e a escassez de dados disponíveis na literatura especializada
relativos à morfologia de animais da fauna brasileira, concomitante ao interesse da
anatomia comparativa, o presente trabalho tem por objetivo a oferta de informações
sobre a configuração anatômica dos componentes do plexo braquial da irara, o que
poderá subsidiar procedimentos de anestesia, bem como a interpretação de quadros
que envolvam lesão dos membros torácicos. Segundo Evans e Christensen (1979),
o plexo braquial é formado pelas raízes ventrais dos últimos nervos cervicais e
primeiro torácico, em proporções variáveis tanto entre indivíduos como dentre as
espécies, e distribuído de diferentes maneiras. Tal afirmativa é corroborada por
diferentes autores (GETTY, 1986; ANDERSON e ANDERSON, 1994; KÖNIG e
LIEBICH, 2004).
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METODOLOGIA
Foi utilizado um exemplar adulto, fêmea, de irara (Eira Barbara), encontrado
em óbito às margens da rodovia BR 282, e disponibilizado pela Polícia Militar
Ambiental para pesquisas no Laboratório de Anatomia Animal da Faculdade Vértice /
Matipó / MG. Para a obtenção dos resultados que ora se expõem, o espécime foi
injetado com solução aquosa de formol a 10%, pelo método de infiltração, com o uso
de seringas e agulhas, em todos os tecidos moles e cavidades corporais, em
seguida submerso em solução semelhante, em recipiente compatível, por um
período de 72 horas antes do início da dissecação. A dissecação foi pautada pela
incisão mediana ventral das regiões cervical e torácica, seguida do afastamento da
pele e incisão transversal e afastamento dos músculos peitorais. Desta maneira, o
acesso ao plexo braquial foi concretizado, procedendo-se a identificação dos seus
componentes, assim como as conexões e distribuição dos mesmos. Após a
dissecação de ambos os plexos braquiais, direito e esquerdo, elaboraram-se
desenhos esquemáticos elucidativos, bem como registros fotográficos, com vistas à
exposição e publicação dos resultados. Ressalte-se que a nomenclatura anatômica
adotada é a referente aos carnívoros domésticos, conforme Schaller (1992).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após a dissecação realizada em um exemplar adulto, fêmea, de irara (Eira
barbara), objetivando registrar a configuração anatômica do plexo braquial,
observou-se que as raízes ventrais dos nervos C6, C7, C8 e T1 foram as
responsáveis pela formação daquele plexo; o nervo C6, após fornecer conexões
para o C7 e ramo para o músculo braquiocefálico, origina dois nervos
supraescapulares, que penetram entre os músculos supraespinhoso e subescapular.
O nervo subescapular, único, é formado a partir da raiz C7, que também patrocina
os nervos axilar e musculocutâneo. A raiz C8, após oferecer conexões para as
raízes vizinhas, origina um espesso nervo radial; da contribuição de C8 e T1 surge
um tronco que, inicialmente, origina o nervo toracodorsal, em seguida os nervos
cutâneo caudal do antebraço, o nervo ulnar e o nervo mediano. Em comparação
com os relatos de Evans e Christensen (1979), Getty (1986) e Anderson e Anderson
(1994), relativos ao cão doméstico (Canis familiaris), o presente trabalho coaduna-se
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apenas em parte, quando se consideram a origem, ordenação e conexões, em
ambos os antímeros, dos componentes formadores do plexo braquial na irara.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nos registros realizados, após dissecação de um exemplar adulto,
fêmea, de irara (Eira barbara), com vistas ao interesse da medicina de animais
silvestres da fauna brasileira, e à importância da anatomia comparativa, julga-se
poder afirmar que a constituição, ordenação e conexões observadas no plexo
braquial se assemelham apenas em parte às descrições feitas, na literatura
especializada, para o cão doméstico.
REFERÊNCIAS
ANDERSON, Wesley D.; ANDERSON, Bettina G. Atlas of canine anatomy.
Philadelphia: Lea & Febiger, p. 907-910,1994.
EVANS, Howard E.; CHRISTENSEN, George C. Miller’s Anatomy of the Dog. 2.ed.
Philadelphia: W. B. Saunders, p. 699-704, 1979.
GETTY, Robert. Sisson/Grossman anatomia dos animais domésticos. 5.ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan. p. 1521-1523, 1986.
KÖNIG, Horst Erich; LIEBICH, Hans-Georg. Anatomia dos animais domésticos.
Texto e Atlas Colorido. Porto Alegre: Artmed, 2004.
SCHALLER, Oskar. Illustrated Veterinary Anatomical Nomenclature. Stuttgart:
Enke.p. 284-287, 1992.
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CARACTERIZAÇÃO ANATÔMICA DO PLEXO BRAQUIAL NO CACHORRO-DOMATO (Cerdocyon thous Linnaeus, 1766 – Carnivora: Canidae)
Caíque Celofe F. S. Melo, Amarildo Monteiro Esperança Jr e Daiana Dutra Alves
– Graduandos em Medicina Veterinária Faculdade Vértice- UNIVÉRTIX.
Gilberto Valente Machado – Graduado em Medicina Veterinária. Mestre e Doutor
em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres. Professor e Coordenador do
curso de Medicina Veterinária da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
Lucio Flavio Sleutjes – graduado em Fisioterapia. Mestre em Motricidade. Doutor
em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
[email protected]
PALAVRAS-CHAVE: Nervos; Plexo braquial; Cerdocyon thous.
INTRODUÇÃO
O cachorro-do-mato (Cerdocyon thous) é um mamífero da família dos
canídeos, amplamente distribuído pela América do Sul. Tais animais, noctívagos,
medem cerca de 65 cm de comprimento, com pelagem cinza-clara de base
amarelada e faixa dorsal negra, que se estende da nuca à ponta da cauda. São
onívoros e oportunistas e sua dieta consiste de frutas, ovos, artrópodes, répteis,
pequenos mamíferos e carcaças de animais mortos. Também são conhecidos pelos
nomes de aguaraxaim, graxaim, graxaim-do-mato e lobinho. Considerando a
importância crescente da medicina veterinária de animais silvestres, e a escassez de
dados disponíveis na literatura especializada relativos à morfologia de animais da
fauna brasileira, concomitante ao interesse da anatomia comparativa, o presente
trabalho tem por objetivo a oferta de informações sobre a configuração anatômica
dos componentes do plexo braquial do cachorro-do-mato, o que poderá subsidiar
procedimentos de anestesia, bem como a interpretação de quadros que envolvam
lesão dos membros torácicos. Segundo Evans e Christensen (1979), o plexo
braquial é formado pelas raízes ventrais dos últimos nervos cervicais e primeiro
torácico, em proporções variáveis tanto entre indivíduos como dentre as espécies, e
distribuído de diferentes maneiras. Tal afirmativa é corroborada por diferentes
autores (GETTY, 1986; ANDERSON e ANDERSON, 1994; KÖNIG e LIEBICH,
2004).
Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG
25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301
METODOLOGIA
Para a realização do presente trabalho, utilizou-se um exemplar adulto, macho,
de cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), encontrado em óbito às margens da
rodovia BR 262, e disponibilizado pela Polícia Militar Ambiental, para utilização
exclusiva em pesquisas no Laboratório de Anatomia Animal da Faculdade Vértice /
Matipó / MG. Para a obtenção dos atuais resultados, o exemplar foi injetado com
solução aquosa de formol a 10%, pelo método de infiltração, com o uso de seringas
e agulhas, em todos os tecidos moles e cavidades corporais, em seguida submerso
em solução semelhante, em recipiente compatível, por um período de 72 horas
antes do início da dissecação. A dissecação foi pautada pela incisão mediana
ventral das regiões cervical e torácica, seguida do afastamento da pele e incisão
transversal e afastamento dos músculos peitorais. Desta maneira, o acesso ao plexo
braquial foi facilitado, procedendo-se a identificação dos seus componentes, assim
como as conexões e distribuição dos mesmos. Após a dissecação de ambos os
plexos braquiais, direito e esquerdo, elaboraram-se desenhos esquemáticos
elucidativos, bem como registros fotográficos foram realizados, com vistas à
exposição e publicação dos resultados. Ressalte-se que a nomenclatura anatômica
adotada é a referente aos carnívoros domésticos, conforme Schaller (1992).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após os procedimentos de preparo e fixação de um exemplar, macho adulto,
de cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), objetivando registrar a configuração
anatômica do plexo braquial, observou-se que as raízes ventrais dos nervos C6, C7,
C8 e T1 foram responsáveis pela formação daquele plexo; o nervo C6 envia um
pequeno ramo para o músculo braquiocefálico e, em seguida, um nervo
supraescapular, que penetra entre os músculos supraespinhoso e subescapular. O
nervo subescapular, duplo, é formado pela raiz C7, que também contribui para a
formação dos nervos axilar e musculocutâneo. A raiz C8 envia conexões para as
raízes vizinhas e origina o nervo radial; as raízes C8 e T1, após trocarem conexões,
originam os nervos toracodorsal, cutâneo caudal do antebraço, o nervo ulnar e o
nervo mediano. Quando comparados às descrições de Evans e Christensen (1979),
Getty (1986) e Anderson e Anderson (1994), relativos ao cão doméstico (Canis
familiaris), o presente relato coaduna-se em boa parte, quando se consideram a
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origem, ordenação e conexões, em ambos os antímeros, dos componentes
formadores do plexo braquial no cachorro-do-mato.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após realizados estudos em um exemplar adulto, macho, de cachorro-do-mato
(Cerdocyon thous), com vistas ao interesse da anestesia de animais silvestres da
fauna brasileira, sem descuidar do interesse da anatomia comparativa, julga-se
poder afirmar que a constituição, ordenação e conexões observadas no plexo
braquial da espécie em apreço se assemelham em parte considerável às descrições
exaradas, na literatura especializada, relativas ao cão doméstico.
REFERÊNCIAS
ANDERSON, Wesley D.; ANDERSON, Bettina G. Atlas of canine anatomy.
Philadelphia: Lea & Febiger, p. 907-910,1994.
EVANS, Howard E.; CHRISTENSEN, George C. Miller’s Anatomy of the Dog. 2.ed.
Philadelphia: W. B. Saunders, p. 699-704, 1979.
GETTY, Robert. Sisson/Grossman anatomia dos animais domésticos. 5.ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan. p. 1521-1523, 1986.
KÖNIG, Horst Erich; LIEBICH, Hans-Georg. Anatomia dos animais domésticos.
Texto e Atlas Colorido. Porto Alegre: Artmed, 2004.
SCHALLER, Oskar. Illustrated Veterinary Anatomical Nomenclature. Stuttgart:
Enke.p. 284-287, 1992.
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ORIGEM E CONFIGURAÇÃO ANATÔMICA DOS COMPONENTES DO PLEXO
BRAQUIAL NO GATO MOURISCO (Puma yagouaroundi Geoffroy, 1803 –
Carnivora: Felidae)
Cleverson Tavares Peron, Caíque Celofe F. S. Melo e Amarildo Monteiro
Esperança Jr - Graduandos em Medicina Veterinária Faculdade VérticeUNIVÉRTIX.
Gilberto Valente Machado – Graduado em Medicina Veterinária. Mestre e Doutor
em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres. Professor e Coordenador do
curso de Medicina Veterinária da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
Lucio Flavio Sleutjes – graduado em Fisioterapia. Mestre em Motricidade. Doutor
em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX
[email protected]
PALAVRAS-CHAVE: Nervos; Plexo braquial; Puma yagouaroundi.
INTRODUÇÃO
O gato-mourisco (Puma yagouaroundi) é um mamífero da família dos
felídeos, encontrado nas Américas desde os Estados Unidos até a Argentina. Um
macho adulto mede em torno de 60 cm de comprimento corporal, 45 cm de cauda e
pesa em torno de seis quilos. Tem orelhas e pernas curtas e sua pelagem tem
aspecto cinza escuro, com eventuais pontos claros. É conhecido em diversas
regiões do Brasil como gato-maracajá, gato-preto ou maracajá-preto. Tem hábitos
noturnos, porém prefere áreas abertas, como beiras de rios e lagos, onde se
alimenta de aves, mamíferos e ovos. Tendo em vista o interesse da anatomia
comparativa, assim como a busca de informações, de cunho morfológico, que
possam subsidiar discussões de interesse funcional, o presente trabalho visa
oferecer dados sobre a origem e organização anatômica dos componentes do plexo
braquial do gato-mourisco, o que poderá subsidiar procedimentos de anestesia, bem
como a interpretação de quadros que envolvam lesões dos membros torácicos
desses animais. Segundo Evans e Christensen (1979), o plexo braquial é formado
pelas raízes ventrais dos últimos nervos cervicais e primeiro torácico, em proporções
variáveis tanto entre indivíduos como dentre as espécies, e distribuído de diferentes
maneiras. Tal afirmativa é compartilhada por diferentes autores (GETTY, 1986;
ANDERSON e ANDERSON, 1994; KÖNIG e LIEBICH, 2004).
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METODOLOGIA
Para a realização do presente trabalho, utilizou-se um espécime adulto, macho,
de gato-mourisco (Puma yagouaroundi), encontrado em óbito às margens da rodovia
BR 262, e disponibilizado pela Polícia Militar Ambiental, para utilização exclusiva em
pesquisas no Laboratório de Anatomia Animal da Faculdade Vértice / Matipó / MG.
O exemplar foi injetado com solução aquosa de formol a 10%, pelo método de
infiltração, com o uso de seringas e agulhas, em todos os tecidos moles e cavidades
corporais. Após aquele procedimento, o animal foi submerso em solução
semelhante, em recipiente compatível, por um período de 72 horas antes do início
da dissecação. A dissecação foi realizada mediante incisão mediana ventral das
regiões cervical e torácica, seguindo-se o afastamento da pele e incisão transversal
e recuo dos músculos peitorais. Desta forma, o acesso ao plexo braquial foi
facilitado, permitindo a identificação dos seus componentes, assim como as
conexões e distribuição dos mesmos. Após a dissecação de ambos os plexos
braquiais, direito e esquerdo, elaboraram-se desenhos esquemáticos elucidativos,
bem como foram realizados registros fotográficos, com vistas à exposição e
publicação dos resultados. É oportuno ressaltar que a nomenclatura anatômica
adotada é a referente aos carnívoros domésticos, conforme Schaller (1992).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após a dissecação realizada em um exemplar adulto, macho, de gato
mourisco (Puma yagouaroundi), visando registrar a configuração anatômica do plexo
braquial, observou-se que as raízes ventrais dos nervos C6, C7, C8 e T1 foram as
responsáveis pela formação daquele plexo; o nervo C6 fornece ramo para o músculo
braquiocefálico e, na sequência, constitui o nervo supraescapular; o nervo
musculocutâneo tem origem exclusiva do C7. Este último, por sua vez, apresenta
conexões com as raízes vizinhas (C6 e C8) e emite, separadamente, dois nervos
subescapulares; em seguida, constitui os nervos axilar e radial. Da raiz C8, que
apresenta conexões com C7 e T1, emite os nervos ulnar, mediano e cutâneo caudal
do antebraço; a raiz T1 emite o nervo toracodorsal. Quando comparados com os
registros de Evans e Christensen (1979) e Getty (1986), relativos aos carnívoros
domésticos, e de Anderson e Anderson (1994) e König e Liebich (2004), voltados
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para o cão (Canis familiaris), o presente relato se assemelha, em grande parte, às
descrições relativas ao gato doméstico.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os achados consignados após dissecação de um exemplar adulto, macho, de
gato-mourisco
(Puma
yagouaroundi),
voltados
ao
interesse
da
anatomia
comparativa, permitem afirmar que a constituição do plexo braquial tem
características semelhantes às descrições, encontradas na literatura especializada,
referentes ao gato doméstico (Felix catus), o que aponta para a possibilidade de
uniformização de procedimentos, quando for o caso, entre as duas espécies.
REFERÊNCIAS
ANDERSON, Wesley D.; ANDERSON, Bettina G. Atlas of canine anatomy.
Philadelphia: Lea & Febiger, p. 907-910,1994.
EVANS, Howard E.; CHRISTENSEN, George C. Miller’s Anatomy of the Dog. 2.ed.
Philadelphia: W. B. Saunders, p. 699-704, 1979.
GETTY, Robert. Sisson/Grossman anatomia dos animais domésticos. 5.ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan. p. 1521-1523, 1986.
KÖNIG, Horst Erich; LIEBICH, Hans-Georg. Anatomia dos animais domésticos.
Texto e Atlas Colorido. Porto Alegre: Artmed, 2004.
SCHALLER, Oskar. Illustrated Veterinary Anatomical Nomenclature. Stuttgart:
Enke.p. 284-287, 1992.
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EFEITO DO EXTRATO AQUOSO DE SEMENTES DE MAMÃO (Carica papaya L.)
E DE ABÓBORA (Cucurbita pepo L.) SOBRE OVOS DE Oesophagostomum sp.,
HELMINTO GASTRINTESTINAL DE BOVINOS
Tassyane Ferreira Silva - Graduanda em Medicina Veterinária, Bolsista da
FAPEMIG – Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Rogério Oliva Carvalho – Graduado em Medicina Veterinária, mestre e Doutor em
Medicina Veterinária. Professor e Coordenador de pesquisa da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX
Guilherme Pereira de Souza e Nívia de Assis Dias - Graduandos em Medicina
Veterinária– Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
[email protected]
PALAVRAS-CHAVE: Mamão; abóbora; ovos; Oesophagostomum; bovinos.
INTRODUÇÃO
A criação de bovinos é um dos principais destaques do agronegócio brasileiro
no cenário mundial. Segundo IBGE (2012), o rebanho nacional atingiu a marca de
209 milhões de cabeças em 2010, passando a ter o segundo maior rebanho de
bovinos do mundo. Além disso, desde 2004, assumiu a liderança nas exportações,
com um quinto da carne comercializada internacionalmente, vendendo para mais de
180 países (BRASIL, 2012). Em saúde animal, umas das principais causas do baixo
desempenho e perda de peso são as endoparasitoses (ARAÚJO E SAMPAIO,
2000). O combate as verminoses é um dos grandes problemas encontrados na
bovinocultura, sendo atualmente realizado por meio do uso de anti-helmínticos
sintéticos. Porém, esse procedimento apresenta algumas dificuldades, como altos
custos, perigo de contaminação ambiental e preocupação do consumidor com
relação aos resíduos das drogas nos produtos de origem animal, tais como carne e
leite (CHAGAS, 2004). Bovinos criados em pastagem natural estão mais suscetíveis
à contaminação desses endoparasitas principalmente pela ingestão de ovos
presentes no ambiente (ARAÚJO E SAMPAIO, 2000). Com base nessas
dificuldades vem crescendo os estudos que buscam alternativas para o controle dos
helmintos, uma delas é a utilização de plantas com atividade anti-helmíntica
(FURTADO, 2005). O uso de plantas representa uma alternativa sustentável à
quimioterapia convencional, e os interesses em suas propriedades antiparasitárias
têm aumentado (CHAGAS, 2004; FURTADO, 2005, 2006; GITHIORI et al.,2006;
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ATHANASIADOU et al., 2007). Este trabalho teve por objetivo pesquisar in vitro o
efeito do extrato de sementes de mamão e de abóbora sobre ovos de
Oesophagostomum sp. de bovinos.
METODOLOGIA
As sementes de abóbora e mamão foram colocadas em estufas durante 36
horas, trituradas em multiprocessador e armazenadas em frascos âmbar a
temperatura ambiente. Para obtenção do extrato aquoso, foram utilizadas 1g de
sementes secas e trituradas, e sobre estas foram vertidas 10mL de água fervente.
Após uma hora de infusão, foi feita a filtração obtendo um extrato na concentração
de 100mg/mL. O extrato inicial foi diluído para obter uma solução na concentração
de 10mg/mL. Os ovos foram obtidos através de fezes de bovinos naturalmente
infectados utilizando uma técnica de flutuação em solução salina (NaCl)
hipersaturada, o sobrenadante foi filtrado (malhas de 250mn/μm), o material retido
foi submetido a três lavagens consecutivas com água destilada sob centrifugação
(2.000rpm/2min). Na última lavagem o sedimento foi mantido com um pequeno
volume de líquido e diluído para atingir a concentração de 2,5x103 ovos/mL. No teste
foram utilizados três tubos de ensaio para cada tratamento e para o controle. Nos
tubos de grupos tratados foram adicionados 200µL da suspensão de ovos e 200µL
de extrato aquoso das sementes de abóbora e de mamão nas concentrações de
10mg/mL e 100mg/mL. No grupo controle os tubos receberam 200µL suspensão de
ovos e 200µL água destilada. Os tubos de ensaio foram incubados em estufa à
26°C, no escuro, durante 72h. Após este período, o conteúdo dos tubos, dos grupos
de tratamento e do grupo controle, foram dispostos em lâminas de vidro e analisados
em microscópio óptico para determinar a quantidade de ovos larvados. Para a
análise estatística, os dados foram submetidos à análise e variância (ANOVA)
seguido do teste de comparação de médias de Tukey a nível de significância de 1%
e 5%. A avaliação da eficácia dos tratamentos sobre a redução do desenvolvimento
de larvas no interior dos ovos foi feita pela seguinte fórmula:- % eficácia = [(Média de
ovos larvados do grupo controle – Média de ovos larvados do grupo tratado)/ Média
de ovos larvados do grupo controle] x100.
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Esta pesquisa em andamento se constitui em um dos trabalhos aprovados
pelo Programa de Incentivo Básico a Iniciação Científica (PIBIC) da Faculdade
Vértice – Univértix, em 2012, fomentado pela Fundação de Amparo à Pesquisa de
Minas Gerais – FAPEMIG.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados mostraram média de 12 ovos contendo larva no grupo tratado
com extrato aquoso de sementes de abóbora na concentração de 100mg/mL, 84
ovos no grupo tratado com extrato aquoso de sementes de abóbora na concentração
de 10mg/mL, 3 ovos no grupo tratado com extrato aquoso de sementes de mamão
na concentração 100mg/mL, 10 ovos no grupo tratado com extrato aquoso de
sementes de mamão na concentração 100mg/m e 260 ovos no grupo controle (água
destilada). A média de ovos larvados em todos os grupos tratados foi
significativamente menor que no grupo controle (P>0,01), não havendo diferença
entre os grupos tratados com extrato aquoso de sementes de abobora na
concentração de 100mg/mL e os grupos tratados com extrato aquoso de sementes
de mamão nas duas concentrações (100 e 10mg/mL) (P>0,05). Os grupos tratados
com extrato aquoso de sementes de abóbora na concentração 100mg/mL e 10mg/ml
apresentaram percentuais de eficácia de 90,51% e 67,56%, respectivamente. Para
os grupos tratados com extrato aquoso de sementes de mamão na concentração
100mg/mL e 10mg/mL, as eficácias foram de 98,72% e 96,15%, respectivamente.
Este foi o primeiro relato da utilização de extratos de aquoso de sementes de
abobora e de mamão sobre ovos de Oesophagostomum sp. de bovinos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os extratos aquosos de abóbora e mamão nas concentrações testadas, foram
capazes de reduzir o desenvolvimento embrionário nos ovos de Oesophagostomum
sp. de bovinos. Podendo ser uma alternativa no controle deste nematóide de
bovinos.
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REFERÊNCIAS:
ARAÚJO, J.V.; SAMPAIO, W.M. Effects of temperature, mineral salt and passage
through gastrointestinal tract of calves on alginate formulation of
Arthrobotrysrobusta-a nematode – trapping fungus. Revista Brasileira de
Parasitologia Veterinária, v.9, n.1, p.55-60, 2000.
ATHANASIADOU, S.; GITHIORI J.; KYRIAZAKIS, I. Medicinal plants for helminth
parasite control: facts and fiction. Animal. v.1, n.9, p.1392–1400, 2007.
BRASIL.
Ministério
da
Agricultura,
2012.
Bovinos.
Disponível
http://www.agricultura.gov.br/animal/especies/bovinos-e-bubalinos.
Acesso
09.ago.2012.
em:
em:
CHAGAS, A.C.S. Controle de parasitas utilizando extratos vegetais. Revista
Brasileira de Parasitologia Veterinária, v.13, supl.1, p.156-160, 2004.
FURTADO, S.K., Negrelle, R.B., Miguel, O.G., Zaniolo, S.R., Kapronezai, J., Ramos
S.J., Sotello, A. Efeito de Carica papaya L. (caricaceae) e Musa paradisiaca linn.
(musaceae) sobre o desenvolvimento de ovos de nematódeos gastrintestinais de
ovinos. Arquivos do Instituto Biológico, v.72, p.191-197, 2005.
GITHIORI, J.B.; ATHANASIADOU, S.; THAMSBORG, S.M.Use of plants in novel
approaches for control of gastrointestinal helminths in livestock with emphasis on
small ruminants.Veterinary Parasitology, v.139, n.4, p.308-320, 2006.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE), 2012.
Produção
pecuária
municipal
2010.
Disponível
em:
http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=20
02&id_pagina=1 Acesso em: 10.ago.2012.
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AÇÃO DAS SEMENTES DE MAMÃO (Carica papaya L.) E DE ABÓBORA
(Cucurbita pepo L.) SOBRE LARVAS DE TERCEIRO ESTÁDIO DE
Oesophagostomum sp., HELMINTO GASTRINTESTINAL DE BOVINOS
Tassyane Ferreira Silva - Graduanda em Medicina Veterinária, Bolsista da
FAPEMIG – Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Rogério Oliva Carvalho – Graduado em Medicina Veterinária, mestre e Doutor em
Medicina Veterinária. Professor e Coordenador de pesquisa da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX
Guilherme Pereira de Souza e Nívia de Assis Dias - Graduandos em Medicina
Veterinária– Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
[email protected]
PALAVRAS-CHAVE: Mamão; abóbora; Oesophagostomum; larvas; bovinos.
INTRODUÇÃO
O Brasil tem o segundo maior rebanho de bovinos do mundo, sendo o país que
mais exporta carne, comercializando para mais de 180 países (IBGE, 2012; BRASIL,
2012). Porem, a pecuária brasileira sofre com os prejuízos causados pelas doenças
parasitárias que provocam diminuição na produção, altos custos com tratamentos
profiláticos e curativos e, em casos extremos, por causar a morte dos animais
(ARAÚJO et al., 2006). Os animais se infectam ao ingerirem larvas de terceiro
estádio (L3) presentes na pastagem. Os animais infectados funcionam como fontes
de contaminação ambiental, pois eliminam nas fezes os ovos dos nematóides, que
irão se desenvolver até a forma infectante (L3) (OLIVEIRA-SEQUEIRA e
AMARANTE, 2001). Atualmente, o controle das parasitoses é realizada com a
utilização de anti-helmínticos sintéticos que apresenta algumas desvantagens como
altos custos, perigo de contaminação ambiental, e preocupação do consumidor com
os resíduos das drogas nos produtos de origem animal, tais como carne e leite
(CHAGAS, 2004; CAMURÇA-VASCONCELOS, 2006). Novas alternativas vêm
sendo estudadas no controle dos helmintos sendo a utilização de plantas com
atividade anti-helmíntica uma alternativa promissora, que pode contribuir para
aumentar os lucros da criação, uma vez que reduz o uso de anti-helmínticos
convencionais, além de estender a vida útil dos produtos químicos disponíveis
(VIEIRA et al., 1999; FURTADO, 2005). O presente trabalho teve por objetivo
pesquisar in vitro a atividades anti-helmíntica das sementes de mamão e de abóbora
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sobre as larvas infectantes (L3) de Oesophagostomum sp. de bovinos.
METODOLOGIA
As sementes de abóbora e mamão foram colocadas em estufas durante 36
horas, trituradas e armazenadas em frascos âmbar a temperatura ambiente. Para
obtenção do extrato aquoso, foi utilizada 1 g de sementes secas e trituradas, e sobre
estas foram vertidos 10 ml de água fervente. Após 1 hora de infusão, foi feita a
filtração formando-se um extrato na concentração de 100 mg/mL. O extrato inicial foi
diluído para obter uma solução na concentração de 10 mg/mL. No teste foram
utilizados extratos na concentração de 10mg/mL e 100mg/mL. Para obtenção das
larvas de terceiro estádio (L3) foram feitas coprocultura de fezes de animais
naturalmente infectados a 25ºC por 15 dias, seguido da utilização do funil de
Baermann, colocando água aquecida a 45°C e aguardando 12h. Após este período
foi preparada uma solução contendo 500 larvas (L3) por mL. Para observar a
inibição das larvas de terceiro estádio foram adicionados 1mL de solução contendo
500 L3/mL em placas de petri, de 5 mm de diâmetro, sendo três placas para cada
grupo. Nas placas dos grupos de tratamento foram adicionados 1mL do extrato
aquoso das sementes de abóbora e de mamão nas concentrações de 10mg/mL e
100mg/mL, e nas placas do grupo controle foram adicionadas 1 mL de água
destilada. As placas foram encubadas a 25°C por 3 horas e posteriormente foram
analisadas no microscópio óptico para determinar a quantidade de larvas imóveis.
Para a análise estatística, os dados foram submetidos a análise e variância
(ANOVA) seguido do teste de comparação de médias de Tukey a nível de
significância de 1% e 5%.
Esta pesquisa em andamento se constitui em um dos trabalhos aprovados
pelo Programa de Incentivo Básico a Iniciação Científica (PIBIC) da Faculdade
Vértice – Univértix, em 2012, fomentado pela Fundação de Amparo à Pesquisa de
Minas Gerais – FAPEMIG.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados mostraram média de 82,22 larvas imóveis no grupo tratado com
extrato aquoso de sementes de abóbora na concentração de 100mg/mL, 16,67 no
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grupo tratado com extrato aquoso de sementes de abóbora na concentração de
10mg/mL, 67,78 larvas no grupo tratado com extrato aquoso de sementes de
mamão na concentração 100mg/mL, 33,89 larvas no grupo tratado com extrato
aquoso de sementes de mamão na concentração 10mg/mL e 5,00 larvas no grupo
controle (água destilada). O grupo tratado com extrato aquoso de sementes de
abóbora na concentração de 10mg/mL não diferiu do controle (P>0,05), os demais
grupos diferiram do grupo controle (P<0,01). Entre os grupos tratados não houve
diferença entre os grupos tratados com extrato aquoso de sementes de abobora e
de mamão na concentração de 100mg/ml sendo igualmente eficazes. Este foi o
primeiro relato a ação de sementes de abobra e de mamão sobre larvas infectantes
de Oesophagostomum sp. de bovinos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A utilização da sementes de abobora na concentração de 100mg/mL e da
sementes de mamão nas concentração testadas (10mg/mL e 100mg/mL) foram
eficazes no controle das larvas infectantes (L3) de Oesophagostomum sp. de
bovinos. Podendo ser uma alternativa promissora no controle desta helmintose em
bovinos.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, J.V.; ASSIS, R.C.L.; CAMPOS, A.K.; MOTA, M.A. Efeito antagônico de
fungos predadores dos gêneros Monacrosporium, Arthrobotrys e Duddingtonia sobre
larvas infectantes de Cooperia sp. e Oesophagostomum sp., Arquivo Brasileiro de
Medicina Veterinária e Zootecnia, v.58, n.3, p.373-380, 2006.
BRASIL. Ministério da Agricultura, 2012.
Bovinos. Disponível
http://www.agricultura.gov.br/animal/especies/bovinos-e-bubalinos.
Acesso
09.ago.2012.
em:
em:
CAMURÇA-VASCONCELOS, A.L.F. Avaliação da atividade anti-helmíntica dos
óleos essenciais de Lippia sidoides e Croton zehntneri sobre nematóides
gastrintestinais de ovinos. 2006. 83f. Tese (Doutorado em Ciências Veterinárias) –
Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias, Universidade Estadual do
Ceará.
CHAGAS, A.C.S. Controle de parasitas utilizando extratos vegetais. Revista
Brasileira de Parasitologia Veterinária, v.13, supl.1, p.156-160, 2004.
Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG
25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE), 2012.
Produção
pecuária
municipal
2010.
Disponível
em:
http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=20
02&id_pagina=1 Acesso em: 10.ago.2012.
OLIVEIRA-SEQUEIRA, T. C. G.; AMARANTE, A. F. T. Parasitologia Animal:
Animais de Produção. Rio de Janeiro: EPUB, 148 p., 2001.
VIEIRA, L. S.; CAVALCANTE, A. C. R.; PEREIRA, M. F; DANTAS, L. B.; XIMENES,
L. J. F. Evaluation of anthelmintic efficacy of plants available in Ceará State, North–
East Brazil, for the control of goat gastrointestinal nematodes. Revue de Médecine
Vétérinaire, Toulouse, v.150, n.5, p. 447-452. 1999.
Anais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG
25 a 29 de setembro de 2012 –ISSN – 2178-7301
EFEITO DE INSETICIDAS BOTÂNICOS À BROCA PEQUENA DO FRUTO DO
TOMATEIRO
Dalton de Oliveira Ferreira, Rodrigo Soares Ramos, Thadeu Carlos de Souza e
Lucas de Paulo Arcanjo- Graduandos em Agronomia. Universidade Federal de
Viçosa.
Marcelo Coutinho Picanço – Graduado em Agronomia, mestre em Fitotecnia,
doutor em Entomologia e Professor e Coordenador da disciplina Entomologia
Agrícola da Universidade Federal de Viçosa.
Pablo da Costa Gontijo – Graduado em Agronomia, mestre em Entomologia e
doutorando em Entomologia na Universidade Federal de Lavras.
Nilson Rodrigues Silva – Graduado em Agronomia, mestre em Fitotecnia e
doutorando em Entomologia na Universidade Federal de Viçosa.
[email protected]
PALAVRAS-CHAVE:
esculentum.
Neoleucinodes
elegantalis,Solanaceas,
Lycopersicon
INTRODUÇÃO
A broca pequena do fruto Neoleucinodes elegantalis Guenée (Lepidoptera:
Crambidae) é uma das principais pragas de Solanáceas, tais como: tomate
(Lycopersicon esculentum), berinjela (Solanum melongena) e jiló (Solanum gilo)
(ZUCCHI et al., 1993). Suas larvas broqueiam os frutos podendo causar perdas de
45 a 90% da produção (LEIDERMAN & SAUER, 1953; PICANÇO et al., 2007).
Atualmente uma das táticas mais utilizadas é o controle químico através de
pulverização de inseticidas organo-sintéticos. Esses produtos são os mais utilizados
por apresentarem normalmente alta eficiência, facilidade de obtenção e simplicidade
de aplicação no campo (XAVIER, 2009). O uso intenso destes inseticidas tem
causado efeitos adversos a saúde humana e ao meio ambiente. Tais problemas
causaram um aumento na procura por inseticidas botânicos. Estes apresentam
como uma alternativa viável por apresentarem rápida degradação biológica, menor
persistência no ambiente o que pode reduzir o impacto desses produtos a
organismos benéficos, ao homem e ambiente. O registro é a principal dificuldade de
comercialização dos inseticidas botânicos no mercado, por não se tratar de uma
única substância e sim de um complexo de origem vegetal (MENEZES, 2005). O
objetivo deste trabalho foi avaliar a mortalidade de larvas de N.elegantalis expostas
a seis inseticidas botânicos e seus efeitos na formação de pupas.
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METODOLOGIA
O trabalho foi realizado na Universidade Federal de Viçosa, no laboratório de
Manejo Integrado de Pragas. Nos bioensaios foram utilizadas larvas de N.
elegantalis provenientes de criação massal mantidas em laboratório. Foram
utilizados frutos de jiló previamente vistoriados, para evitar contaminações de
insetos do campo. Estes frutos estavam isentos de tratamento químico, adquiridos
no comércio local, com peso médio de 24 gramas cada. Na condução dos
bioensaios foram utilizadas lagartas N.elegantalis de primeiro instar (recém eclodias
dos ovos). Os tratamentos foram compostos por seis repetições, com 20 jilós
tratados por repetição, acondicionados em bacias plásticas (38 x 24 x 7 cm) forradas
com papel toalha. Estas bacias foram mantidas em ambiente com temperatura
controlada em 25±1°C e umidade a 70±10% e colocadas a cinco centímetros de
distância, como forma de evitar interferências entre as parcelas. Para confecção dos
bioensaios, frutos de jilós utilizados foram imersos em calda inseticida nos seguintes
tratamentos: Natualho (30mL/100L), Rotenat (0,5mL/100mL), Óleo de Andiroba
(1mL/100mL), Óleo de Citronela (1mL/100mL), Natuneem (0,2mL/100mL), Eucaliptol
(1mL/100mL) e na testemunha usou-se apenas água destilada. Após secagem dos
frutos, foram transferidas quatro lagartas por fruto. A transferência foi realizada com
auxílio de um pincel com cerdas. A avaliação das pupas foi realizada 20 dias após a
transferência. Estas foram sexadas e o peso de machos e fêmeas foi quantificado
separadamente. Os frutos doentes foram avaliados e descartados eliminando-se
assim a repetição. Após a coleta dos dados, estes foram submetidos ao teste de
Scott-Knott a 5% de probabilidade. Usando o programa estatístico SAEG (Fundação
Arthur Bernardes - UFV - Viçosa, 2007).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Verificou-se diferentes índices de mortalidade de larvas N. elegantales nos
tratamentos. As maiores mortalidades foram encontradas para óleo de eucalipto e
rotenona, seguidos por extrato de alho e óleo de andiroba. E as menores
mortalidades foram observadas para óleo de citronela e nem, embora estes tenham
se diferido da testemunha. Uma das causas de mortalidade pode ser devido aos
Metabólitos secundários de plantas. Estes podem ter efeitos sobre insetos como
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inibidores de alimentação ou de quitina ou perturbadores de crescimento,
desenvolvimento, reprodução, dia pausa e comportamento (MENEZES, 2005). Não
houve diferença significativa entre o peso de pupas para os diferentes inseticidas
testados. Embora haja variação entre o peso de pupas de machos e fêmeas, estas
diferenças não foram significativas a p<0,05. Parte desta variação de peso das
pupas pode ser explicada por alterações no metabolismo fisiológico destas lagartas.
Pupas menores apresentam menor tecido de reserva (FREITAS, 2008) o que pode
comprometer a capacidade de reprodução destes indivíduos na fase reprodutiva, tal
alteração pode comprometer o valor adaptativo desta espécie atingindo gerações
futuras de N. elegantalis. Este é um aspecto importante no manejo de pragas, pois
estas alterações podem, além de diminuir o número de descendentes, deixá-los
mais susceptíveis as defesas da planta e aos inimigos naturais. Todos os produtos
testados são comercializados como inseticidas botânicos, mas não foram testados
para N.elegantalis. Todos os produtos obtiveram mortalidade superior a 50% para a
praga. Embora os pesos das pupas não apresentem diferenças significativas,
verificou-se uma alteração fisiológica referente aos tratamentos, que poderiam ser
analisados em trabalhos posteriores. Concluiu-se que todos os inseticidas causaram
mortalidade em N.elegantalis. Os mais eficientes no controle do inseto foram
rotenona e óleo de eucalipto.
REFERÊNCIAS
FREITAS, SRQ de. Bioatividade de extratos aquosos de Eucalyptus sp. L´Hér.
(Myrtaceae) Melia azedarach L.(Meliaceae) sobre Musca domestica L.(Díptera,
Muscidae). Pelotas, RS. 2008.
LEIDERMAN, L. E H.F.G. SAUER A broca pequena do fruto do tomateiro
Neoleucinodes elegantalis (Guenee, 1854 ). Biológico, 19:182-186. 1953.
MENEZES, E. L. A.; Inseticidas botânicos: seus princípios ativos, modo de ação e
uso agrícola. Seropédica, RJ. Embrapa/Documento 205/p.19-20, 49-50. 2005
PICANÇO, M.C.; BACCI, L.; SILVA, E.M.; MORAIS, E.G.F.; G.A.; N.R. Manejo
integrado das pragas do tomateiro no Brasil. In: D.J.H.; VALE, F.X.R. (Ed.).Tomate:
tecnologia de produção. Viçosa: UFV. p355. 2007.
SAEG Sistema para Análises Estatísticas, Versão 9.1: Fundação Arthur Bernardes UFV - Viçosa, 2007.
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XAVIER, MV. Impactos de inseticidas botânicos sobre Apis mellifera, Nannotrigona
testaceicornis e Tetragonisca angustula (Hymenoptera:Apidae) Viçosa, MG: , (Tese
doutorado). 2009.
ZUCCHI, R.A.; SILVEIRA NETO, S.; NAKANO, O. Guia de Identificação de Pragas
Agrícolas. Piracicaba: FEALQ. 139p. 1993
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INFLUÊNCIA DE DIFERENTES DENSIDADES DE LAGARTAS DE BROCA
PEQUENA DO FRUTO DO TOMATEIRO
Dalton de Oliveira Ferreira, Rodrigo Soares Ramos, Reginaldo de Castro Souza
Junior e Geverson Aelton Resende Silva- Graduandos em Agronômia na
Universidade Federal de Viçosa.
Marcelo Coutinho Picanço – Graduado em Agronômia, mestre em Fitotecnia,
doutor em Entomologia e Professor e Coordenador da disciplina Entomologia
Agrícola da Universidade Federal de Viçosa.
Pablo da Costa Gontijo – Graduado em Agronômia, mestre em Entomologia e
doutorando em Entomologia na Universidade Federal de Lavras.
Nilson Rodrigues Silva – Graduado em Agronomia, mestre em Fitotecnia e
doutorando em Entomologia na Universidade Federal de Viçosa.
[email protected]
PALAVRAS-CHAVE: Neoleucinodes elegantalis, Competição, Canibalismo.
INTRODUÇÃO
A broca pequena do fruto, Neoleucinodes elegantalis, (Guenée, 1854)
(Lepidoptera:Crambidae), é uma importante praga de solanáceas. Ela causa danos
expressivos a essas culturas broqueando frutos e consequentemente reduzindo sua
qualidade comercial. As fêmeas colocam seus ovos nas bases dos frutos. Quando
os ovos eclodem, as larvas imediatamente perfuram o fruto, deixando uma cicatriz,
identificando que o mesmo está sendo atacado (FERNÁNDEZ & SALAS, 1985).
Apesar da N. elegantalis ovipositar um número superior a 50 ovos por fruto de jiló,
em laboratório, foi observado que o número de pupas que se originam de cada fruto
é muito inferior. Assim o nosso objetivo foi investigar porque o numero de pupas N.
elegantalis que se origina de cada fruto de jiló é reduzido, trabalhando com as
hipóteses de canibalismo, dentro e fora do fruto.
METODOLOGIA
Este bioensaio foi realizado no Laboratório de Manejo Integrado de Pragas da
Universidade Federal de Viçosa. Para confecção deste trabalho foram utilizadas
larvas provenientes de criação massal. Foram utilizados frutos de jiló isentos de
tratamento químico, adquiridos no comércio local, com peso médio de 24 gramas
cada. Colocou-se oito frutos em bandejas plásticas de 30 x 23,5 cm. Estas foram
mantidas à temperatura de 25±1°C, umidade relativa de 70±10% e fotoperíodo de 14
horas. Para evitar interferência de lagartas provenientes do campo, os frutos foram
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vistoriados e as amostras contaminadas foram descartadas. Frutos com sintomas de
doenças fúngicas também foram descartados. Os tratamentos foram pelas
densidades de: 1, 2, 3, 6, 12 e 24 lagartas/fruto. A transferência foi realizada com
auxilio de um pincel com cerdas. Foram infestados 16 frutos por tratamento onde
cada um constituiu uma repetição em delineamento inteiramente casualizado. Após
24 horas foram contados o número de furos de entrada deixados pelas lagartas para
verificação da mortalidade das larvas. Em seguida esses foram individualizados em
potes plásticos forrados com papel toalha. Foi então contado o número de pupas
viáveis, pupas não viáveis (pupas deformadas) e lagartas mortas. Os frutos doentes
foram descartados eliminando-se assim a repetição. Determinou-se também a
massa das pupas viáveis. Os dados de furos de entrada e número de pupas
emergidas de cada fruto foram submetidos à análise de regressão. O peso das
pupas viáveis foram submetidos à ANOVA e comparadas pelo teste Scott-Knott a
p<0,05.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Observou-se que o incremento do número de furos de entrada por fruto foi
proporcional ao aumento do número de lagartas transferidas por fruto. Como a
mortalidade de larvas ocorreu na mesma proporção em todos os tratamentos, pode
ser descartada a hipótese de canibalismo, pois tratamentos com apenas uma larva
por fruto também apresentaram mortalidade. Possivelmente parte dessa mortalidade
pode ser causada pelo stress mecânico da transferência. Observa-se que o número
de pupas originadas por fruto apresenta um pico de crescimento em função do
aumento da densidade de lagartas por fruto, mas após atingir o ápice, este valor
decresce em função do aumento desta densidade. O ponto máximo de crescimento
desta curva pode ser um indicativo de que a população atingiu a capacidade suporte
do fruto quanto ao fornecimento de alimento (BEGON et al., 2006). Tal fato pode ter
influência direta no número de pupas formadas, pois a diminuição ou a falta de
alimento pode causar a mortalidade de lagartas, logo o aumento de sua densidade
por fruto pode ter aumentado a competição intra-específica. Houve diferença entre
as médias das massas das pupas viáveis. Os tratamentos com maior peso médio
foram os infestados com um, dois, três e seis larvas por frutos, não diferindo entre si.
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Já os tratamentos com 12 e 24 larvas por fruto apresentaram menores médias. A
presença de canibalismo dentro do fruto é descartada pela menor média das
massas das pupas. Essa menor massa é um indicativo de falta de alimento que fez
com que as larvas não conseguiram alimento suficiente para alcançar seu
desenvolvimento pleno. Se o canibalismo tivesse ocorrido essas larvas não teriam
deficiência de nutrientes e conseguiriam atingir seu peso normal. Trabalhando com
Chrysomya megacephala (Fabricius) (Diptera, Calliphoridae) Von Zuben (2000)
julgou essa redução do peso das pupas como um dos principais efeitos da
competição intra-específica. Logo podemos concluir que o canibalismo pode até
existir em N. elegantalis, porém não é o principal fator que regula a população
desses insetos em frutos. A principal causa de mortalidade foi a falta de alimento
para as larvas, mostrando que há competição intra-específica por alimento.
REFERÊNCIAS.
BEGON, M., TOWNSEND, C.R. & HARPER. J.L. Ecology: from individuals
toecosystems. 4 ed. Blackwell Publishing: Oxford. 2006.
FERNÁNDEZ, S.; SALAS, A.J. Estudios sobre la biologia del perforador del fruto Del
tomate Neoleucinodes elegantalis Guenee (Lepidoptera: Pyraustidae). Agronomía
Tropical. 35(1-3):77-82. 1985.
PRICE, P.W.; BOUTON, C.E.; GROSS, P.; MCPHERON, B.A.; THOMPSON, J.N.;
WEIS, A.E. Interactions among three trophic levels: Influence of plants on
interactions between insect herbivores and natural enemies. Annu. Rev. Ecol. Syst.
11: 41–65. 1980.
VON ZUBEN C.J.V., STANGENHAUS G., GODOY W.A.C. Competição larval em
Chrysomya megacephala (F) (Diptera: CaLIiphoridae): efeitos de diferentes níveis de
agregação larval sobre estimativas de peso, fecundidade e investimento reprodutivo.
Rev Bras Biol 60: 195-203. 2000.
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DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E CONTROLE DE HYPOTHENEMUS HAMPEI EM
CAFEEIROS DE MONTANHA USANDO ARMADILHAS COM CAIROMÔNIO
Ronaldo Chiles Barcelos Júnior – Graduando do 7º período do curso de
Agronomia, Bolsista da FAPEMIG – Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
Orismário Lúcio Rodrigues – Graduado em Agronomia, Doutor em
Fitotecnia, Professor da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
[email protected]
PALAVRAS-CHAVE: A Broca do café, H. hampei, armadilhas, cairomônio
RESUMO
A Broca do café, H. hampei (Coleoptera: Scolytidae), constitui praga-chave da
cultura do cafeeiro, tanto pelos prejuízos causados, como também pela dificuldade
de controle, uma vez que esta praga é um broqueador. O controle tem sido,
tradicionalmente, feito pelo uso de inseticidas. Apesar deste sistema ser
predominante, no Brasil, sua adoção acarreta problemas econômicos, sociais e
ambientais. Uma forma de reduzir esses problemas é investir na implementação de
programas de manejo integrado de pragas (MIP), onde a decisão de controle leva
em consideração a densidade populacional da praga, confrontando-a com os índices
de tomada de decisão. Dentro dos programas de manejo o uso de armadilhas é a
maneira mais fácil e menos onerosa para levantamento da maioria das pragas. O
seu uso para o monitoramento de H. hampei tem sido recomendado, porém falta
embasamento cientifico para comprovar a sua eficácia. Dentre os fatores que podem
afetar a eficiência do uso de armadilhas, tem se a distância entre armadilhas e a
distribuição espacial dos insetos. Com a determinação da distância entre armadilhas
será possível estabelecer o plano amostral, tanto o plano convencional, quanto o
plano de amostragem seqüencial. Como a eficiência de captura das armadilhas com
cairomônio, é fortemente afetada pela distância entre armadilhas e pela distribuição
espacial dos insetos é preciso que essa relação seja conhecida. Várias
metodologias experimentais foram tradicionalmente usadas para se determinar a
distância ótima entre armadilhas com cairomônio, todas com a limitação de
desconsiderar a interação entre o inseto, seu habitat e a dependência espacial entre
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as amostras. Nesse contexto o uso da geoestatística, como metodologia de análise,
possibilita determinar a distribuição espacial e a distância entre armadilhas com
maior precisão que os métodos até então utilizados por incorporar o fator espaço e a
interações entre o inseto e seu habitat nessa determinação.
Esta pesquisa esta sendo conduzida em cultivos comerciais de cafeeiros
(Coffea arabica) no município de Matipó, MG. É monitorada a intensidade de ataque
da broca ao café com o uso de armadilhas de cairomônio contendo Etanol /
methanol 1:3 + benzaldeido conforme metodologia descrita por Fernandes et al.
(2009). As armadilhas estao instaladas a 60 cm do solo. As armadilhas, contendo o
cairomônio, são trocados a cada 15 dias de exposição. Semanalmente, são
capturados os insetos e recolhidos para posterior contagem em laboratório conforme
metodologia descrita por (VILLACORTA et al., 2002).
REFERÊNCIAS
VILLACORTA, A; POSSAGNOLO, A. F.; SILVA, R.Z.; RODRIGUES, P.S. Um
modelo de armadilha com semioquímico para o manejo integrado da broca do café
Hypothenemus hampei (Ferrari) no Paraná. In: Simpósio de pesquisa dos cafés
do brasil, 2., 2002.
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GT 03
ENGENHARIAS
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ARTIGO
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GESTÃO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL DA CIDADE DE MATIPÓ/MG
Bruno Gonçalves de Freitas, Tiago Dias Amorim. Graduando em Engenharia
Civil da Faculdade Vértice – UNIVERTIX.
Mariana de Faria Gardingo Diniz. Graduada em Biologia. Especialista em Gestão
Ambiental. Mestre em Engenharia dos Materiais Processos Químicos e
Metalúrgicos. Doutoranda em Engenharia Ambiental. Professora da Faculdade
Vértice - UNIVERTIX.
[email protected]
RESUMO
A cadeia produtiva da construção civil é responsável por uma quantidade
considerável de resíduos, depositados em encostas de rios, logradouros públicos,
criando locais de deposições irregulares. Esses resíduos comprometem a paisagem
urbana, dificultam o tráfego e a drenagem urbana, além de causar a multiplicação de
vetores de doenças e degradação de áreas urbanas, o que afeta a qualidade de vida
da sociedade como um todo. Mediante ao problema apresentado a proposta de
pesquisa teve como objetivo principal elaborar uma proposta de gestão de resíduo
de construção civil para o município de Matipó/MG, baseada no diagnóstico e
legislação pertinente. Identificamos na cidade oito obras sendo executadas na área
central e uma obra na saída da cidade, totalizando nove obras principais de grande
impacto da cidade. Foram identificadas cinco áreas centrais como locais de
disposição irregular. De acordo com os dados coletados foi elaborado um prémodelo de gestão para o município.
PALAVRAS-CHAVE: Resíduos, Construção Civil, Gestão Ambiental.
INTRODUÇÃO
Um grande problema relacionado à construção civil é a geração de resíduos.
Os resíduos de construção e demolição (RCD) ocupam grande volume para
disposição final. Considerando que 13% das cidades brasileiras pesquisadas no
censo de saneamento possuem aterros sanitários, 7% possuem aterros especiais e
que, apenas, 5% possuem usinas de reciclagem, deve-se propor e programar
métodos de tratamento de resíduos (IBGE, 2010).
Nos últimos anos, o interesse por políticas públicas para os resíduos gerados
pelo setor da construção civil tem se acirrado com a discussão de questões
ambientais.
Desperdiçar materiais, seja na forma de resíduo, seja sob outra
natureza, significa desperdiçar recursos naturais, o que coloca a indústria da
construção civil no centro das discussões na busca pelo desenvolvimento
sustentável nas suas diversas dimensões (SOUZA et al., 2004).
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A cidade de Matipó/MG se encontra em plena expansão mobiliária, resultado
de alguns fatores, como o desenvolvimento da cafeicultura nas últimas décadas,
com consequente crescimento do comércio local e mais recentemente a implantação
da Faculdade Vértice – UNIVERTIX – a partir de 2007. Todo esse desenvolvimento
vivido ainda hoje vem contribuindo a ampliação do setor construção civil.
A gestão ambiental de resíduos da construção no município não vem
acompanhada esse crescimento, é muito comum encontrar por toda a cidade
depósitos deste material em calçadas e loteamentos vagos a espera de um destino.
Na cidade ainda não existe nenhuma empresa que recolha e reaproveite este
resíduo gerado nas construções, atualmente essa tarefa é realizada pela prefeitura,
que o encaminha a área destinada ao descarte dos resíduos domésticos do
município.
Mediante ao problema apresentado a proposta de pesquisa tem como objetivo
geral realizar um diagnóstico da situação do município e elaborar um modelo de
proposta de gestão de resíduo de construção civil para o município de Matipó/MG,
baseada no diagnóstico e legislação pertinente.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A sustentabilidade ambiental e social na gestão dos resíduos sólidos constróise por meio de modelos e sistemas integrados que possibilitem a redução dos
resíduos gerados pela população.
Esta redução dá-se com a implantação de
programas que permitem também a reutilização desse material e, por fim, a
reciclagem, para que possam servir de matéria-prima para a indústria, diminuindo o
desperdício e gerando renda (GALBIATI, 2005).
A literatura indica que uma parte fundamental da discussão sobre
sustentabilidade refere-se ao ambiente construído e à atuação da indústria da
construção civil. A atividade da construção civil tem grande impacto sobre o meio
ambiente em razão do consumo de recursos naturais; da geração de resíduos
decorrentes de perdas, desperdício e demolições, bem como do desmatamento e de
alterações no relevo. De acordo com análise de Brasil (2005), sobre as
características das "cidades sustentáveis" brasileiras, a indústria da construção foi
indicada como um setor a ser aperfeiçoado.
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Conforme Donat et al. (2008) o governo brasileiro criou uma série de medidas
como uma tentativa de amenizar a situação decorrente dos grandes volumes de
entulhos. Como instrumento legal, em janeiro de 2002 foi criado pelo CONAMA,
Conselho Nacional do Meio Ambiente, a Resolução nº 307, estabelecendo assim,
critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos provenientes da construção
civil. Na cidade de São Paulo, até o ano indicado, a legislação municipal limitava-se
a proibir a disposição de RCD em vias e logradouros públicos, atribuindo ao gerador
a responsabilidade pela sua remoção e destinação (SCHEIDER & PHILIPPI, 2004).
No âmbito municipal foi introduzida uma nova regulamentação para o setor da
construção civil, por meio da resolução do Conama 307/02 (Conselho Nacional de
Meio Ambiente) (Brasil, 2002), a qual disciplina a destinação dos resíduos de
construção. A orientação principal desta resolução é disciplinar o segmento de forma
a estimular a não geração de resíduos, inicialmente classificando os geradores de
resíduos
em
"grandes
geradores"
(construtoras)
e
"pequenos
geradores"
(particulares).
Uma questão importante refere-se aos locais onde serão depositados esses
resíduos, principalmente nos grandes centros urbanos, onde as áreas são escassas
e o volume gerado é considerável; o que consequentemente, acaba ocasionando
transtornos à população, além de requerer investimentos elevados para adequar o
processo à legislação.
Conforme a resolução nº. 307/02 do Conama (BRASIL, 2002), define-se
gerenciamento de resíduos como o sistema de gestão que visa reduzir, reutilizar ou
reciclar
resíduos,
incluindo
planejamento,
responsabilidades,
práticas,
procedimentos e recursos para desenvolver e implantar as ações necessárias ao
cumprimento das etapas previstas em programas e planos.
O gerenciamento dos resíduos oriundos da construção não deve ter ação
corretiva, mas sim uma ação educativa, criando condições para que as empresas
envolvidas na cadeia produtiva possam exercer suas responsabilidades sem
produzir impactos socialmente negativos (SCHEIDER, 2000).
É de responsabilidade dos municípios a solução para os pequenos volumes de
RC, que geralmente são dispostos em locais inapropriados. Quanto aos grandes
volumes, devem ser definidas e licenciadas áreas para o manejo dos resíduos, em
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conformidade com a resolução nº. 307/02 (BRASIL, 2002), cadastrando e
formalizando a presença dos transportadores dos resíduos e fiscalizando as
responsabilidades dos geradores, inclusive quanto ao desenvolvimento de projetos
de gerenciamento.
METODOLOGIA
A presente proposta trata-se de uma pesquisa de natureza descritiva,
(RODRIGUES, 2007) nesse tipo de pesquisa são utilizadas técnicas padronizadas
de coleta de dados, onde fatos são observados, computados, analisados, divididos
em classe e interpretados, sem que haja interferência do pesquisador.
A área de referência escolhida para o presente estudo foi à cidade de Matipó MG, um município considerado de pequeno porte, situado na região sudeste do
estado das Minas Gerais, que se encontra em plena expansão mobiliária, resultado
de alguns fatores, como o desenvolvimento da cafeicultura nas últimas décadas,
com consequente crescimento do comércio local.
Estrutura metodológica desenvolvida
1º Etapa - Coleta de dados sobre os principais aspectos das obras que estão sendo
executadas no município.
Para coleta de dados foi aplicado um questionário com o objetivo principal de
coletar informações básicas sobre cada obra.
2º Etapa - Estrutura de um pré-modelo de gestão para resíduos de construção.
Nessa etapa foi montada uma estrutura de um pré-modelo de gestão para
Resíduos da Construção na cidade de Matipó/MG.
Foram adotadas as diretrizes previstas na resolução nº. 307/02 (BRASIL, 2002)
para a formulação do modelo de gestão RC, as quais serão descritas e analisadas
separadamente com uma visão de gerenciamento de sistemas integrados.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram identificadas na cidade oito obras sendo executadas na área central e
uma obra na saída da cidade, totalizando nove obras principais de grande impacto
da cidade.
Foram identificadas cinco áreas centrais como locais de disposição irregular de
resíduos da construção no município de Matipó-MG. Dos cincos locais identificados,
um é o “lixão” do município onde boa parte ou quase todos os resíduos da cidade
são destinados irregularmente, os outro quatro destinos são pontos localizados no
meio da via urbana.
Durante a coleta de dados foi observado que na grande maioria das obras os
materiais são descartados de forma irregular, isso se da pela falta de estrutura da
cidade por não ter nenhum tipo de serviço especializado em relação à reciclagem de
materiais da construção civil, e também pelo baixo conhecimento dos funcionários e
descaso dos proprietários que não vêem importância no descarte adequado desses
entulhos gerados.
Junto com os dados coletados, foi analisado o Plano Integrado de
Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil de dois municípios vizinhos de
Matipó-MG, pois a cidade ainda não tem nenhum modelo proposto que poderia ser
utilizado para análise.
Os agentes envolvidos na gestão municipal dos RCD são os geradores de
resíduos, prestadores de serviços, como os transportadores, os proprietários de
áreas que as cedem para o recebimento de RCD e o poder público, onde cada um
tem suas responsabilidades previstas pela legislação.
Após análise dos resultados e dos planos vizinhos juntamente coma legislação
vigente, foi elaborado um pré-modelo de gestão de RCD, o qual segue os mesmos
passos da proposta, com maior nível de detalhamento visando seguir as diretrizes
da legislação vigente.
Os passos do pré-modelo de gestão de resíduos da construção e demolição
são os seguintes:
1) Construir os procedimentos do Programa Municipal de Gerenciamento de
Resíduos da Construção Civil
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O poder público municipal deverá criar um departamento responsável pelo
resíduo de construção civil do município, com o número de funcionários proporcional
ao número de habitantes e à densidade demográfica do município.
2) Realizar os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil
Os grandes geradores e transportadores de RCD são as empresas que
necessitam realizar os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil
(PGRCC). Essas devem apresentar ao órgão responsável pelo RCD da Prefeitura
Municipal de Matipó-MG, os procedimentos necessários para transporte, manejo,
transformação e destinação do Resíduo de Construção e Demolição. (ANDRADE,
et al, 2000).
3) Licenciamento das áreas de beneficiamento e de disposição final de resíduos
O licenciamento, nas áreas de beneficiamento e de disposição final de RCD,
tem o objetivo de avaliar os impactos ambientais causados pelo empreendimento,
estabelecendo-se condições para que tal atividade cause o menor impacto possível
ao meio ambiente. (POLETO, 2010)
Deverão ser indicadas as unidades de destinação para cada classe/tipo de
resíduo e o responsável pela sua destinação. Todas as unidades devem ser
autorizadas pelo poder público para essa finalidade, auxiliando a empresa, na forma
de informações, para promover o licenciamento para áreas de beneficiamento e
disposição final dos resíduos. (CONAMA, 2002)
4) Proibir a disposição dos resíduos de construção em áreas não licenciadas
O poder público poderá formular uma lei municipal proibindo a disposição dos
resíduos de construção em áreas não licenciadas. Esta lei deverá prever multas às
empresas que não a cumprirem, como também ao proprietário do terreno.
5) Cadastrar áreas possíveis de recebimento, triagem e armazenamento, para
destinação posterior dos resíduos de pequenos geradores às áreas de
beneficiamento
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As áreas possíveis de recebimento, triagem e armazenamento dos Resíduos
de Construção e Demolição podem ser cadastradas pela pessoa interessada,
proprietária da área, a receber material de resíduo de construção e demolição para
um aterramento, um jardim, ou qualquer uso de interesse do proprietário do imóvel.
A entrega da carga será acompanhada pela fiscalização e pelo setor municipal. A
pessoa interessada deverá registrar o cadastro de sua área, juntamente com seu
pedido no departamento municipal de RCD, sem nenhum custo. Quem estiver em
busca da reutilização dos Resíduos de Construção e Demolição poderá usar como
instrumentos de registro para cadastrá-las, informações como, por exemplo: área,
data, endereço e bairro. (CONAMA, 2002)
6) Incentivar a reinserção dos resíduos reutilizáveis ou reciclados no ciclo produtivo
Realizar ações no tratamento e destinação dos resíduos da construção civil
com o objetivo de minimização da geração dos RCD. (CONAMA, 2002).
Disponibilizando novamente esse material no ciclo produtivo, primeiramente no
próprio canteiro de obra, sendo encaminhado depois para um reaproveitamento
através de uma maquina recicladora, onde deverá ser criado um local destinado a
receber materiais de construção em condições de uso, os quais são vendidos a um
valor irrisório.
7) Definir critérios para o cadastramento de empresas coletoras
Alguns critérios foram definidos para o cadastramento das empresas coletoras,
dentre eles: empresa, endereço, telefone, veículos utilizados, equipamentos
utilizados, hora e frequência da coleta. (BERNARDES, 2003)
8) Ações de orientação e educação ambiental para os agentes envolvidos
Sugere-se a adoção de algumas atividades, como por exemplo: montar grupos
de trabalho, orientar agentes envolvidos, realizar reuniões e desenvolver atividades
de educação ambiental. (ANDRADE, et al, 2000)
9) Ações de fiscalização, atividades de fiscalização e de controle dos agentes
envolvidos
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Depois de realizado o processo de gestão dos RCD por parte da administração
pública e dos agentes privados, deve-se implantar um programa de fiscalização.
Este deve garantir o funcionamento das ações propostas, sendo um importante
instrumento de gestão e mobilização social. (BERNARDES, 2003)
10) Programar atividades educativas com o objetivo de reduzir a geração de RCD e
possibilitar a sua segregação
Descrever atividades de sensibilização, mobilização e educação ambiental
para os trabalhadores da construção civil e comunidade, visando atingir as metas de
minimização, reutilização e segregação dos resíduos sólidos na origem, bem como
seus corretos acondicionamentos, armazenamento e transporte, sendo dessa forma,
montado o Plano de Comunicação e Educação Ambiental. (POLETO, 2010)
11) Implantar áreas de manejo de RCD
Nessas áreas os espaços devem ser diferenciados, para a recepção dos
resíduos que tenham de ser triados como os resíduos: de construção, volumosos e
os secos provenientes da coleta seletiva. Sua remoção realizar-se-á por circuitos de
coleta, com equipamentos adequados a cada tipo de resíduo. (CONAMA, 2002)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As informações apresentadas demonstram que no setor da construção civil
existe uma acentuada geração de Resíduos de Construção e Demolição (RCD); por
outro lado, faltam políticas municipais e estaduais que possam atuar juntamente com
políticas federais e que criem estruturas de apoio, adequadas às empresas coletoras
e transportadoras de RCD. A falta de informação da população também é um fator
relevante que pode intervir no correto descarte dos RCD gerando impacto ambiental.
Constata-se que a cidade de Matipó-MG ainda não obedece às características
mencionadas na resolução n°. 307/02 do Conama, sobre o gerenciamento dos
resíduos, reciclagem ou reaproveitamento, tendo o prazo vencido.
Quando se comparam os dados obtidos na aplicação do questionário, constatase que as pessoas envolvidas nos processos estão despreparadas, precisando de
algum tipo de capacitação.
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Diariamente são depositados um volume não calculado de resíduos da
construção em um terreno chamado de “lixão”, além de outros quatros pontos
identificados como destino inadequados dos resíduos, sendo que este volume de
resíduo poderia ser administrado nos processos e diretrizes apresentados neste
artigo, que visam à minimização do descarte em locais inadequados e à redução do
volume de aterros pela reciclagem do maior número possível dos resíduos,
contribuindo para a redução do impacto ambiental gerado pela atividade de
construção e demolição de obras.
Para isso acontecer é necessário o poder público municipal criar um setor
responsável pela geração do resíduo de construção civil do município. Este setor
será responsável por apresentar e explicar o Plano Integrado de Gerenciamento de
Resíduos da Construção Civil, em sua íntegra, conforme os trâmites legais, para
todas as empresas de transporte e coleta de resíduos existentes no município.
REFERÊNCIAS
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Barreiros. Gestão Ambiental. Makron Books do Brasil Editora. 2000.
BERNARDES, Mateus Martins de Souza. Planejamento e controle da produção
para empresas de construção civil. Rio de Janeiro, LTC, 190 p. 2003.
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construção e demolição na cidade de Passo Fundo. Passo Fundo, RS.
Dissertação de Mestrado. Universidade de Passo Fundo, 92 p. 2006.
BRASIL. 2002. Ministério do Meio Ambiente, Conselho Nacional do Meio Ambiente.
Resolução nº. 307. Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a
gestão dos resíduos da construção civil. Diário Oficial da República Federativa do
Brasil, Brasília, DF, nº. 136, 17/07/2002. Seção 1, p. 95-96. 2002.
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Sustentáveis.
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2002.
Disponível
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http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=20
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CARNEIRO, Felipe Pereira. Diagnóstico e ações da atual situação dos resíduos
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de Mestrado. Universidade Federal da Paraíba, 131 p. 2005.
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Construção e Demolição do Município de Foz do Iguaçu. In: I Encontro Latino
Americano de Universidades Sustentáveis (ELAUS), Passo Fundo, 2008.
GALBIATI, Antony Frisy. O gerenciamento integrado de resíduos sólidos e a
reciclagem. Educação ambiental para o Pantanal. 2005 Disponível em
http://www.redeaguape.org.br/artigo.php?id=87 Acessado em: 06/03/2012.
GONZALEZ, Merieles Sechi, RAMIRES, Vitor. Análise da Gestão de Resíduos
Gerados dentro dos Canteiros de Obras. In: IV Simpósio Brasileiro de Gestão e
Economia da Construção (SIBRAGEC), Porto Alegre. Anais. Porto Alegre, ANTAC,
1:1-9. 2005.
POLETO Cristiano. Introdução ao Gerenciamento Ambiental. Rio de Janeiro.
Editora Interciência. 2010.
RODRIGUES, William Costa. Metodologia Científica. 2007. Disponível em:
http://professor.ucg.br/siteDocente/admin/arquivosUpload/3922/material/Willian%20
Costa%20Rodrigues_metodologia_cientifica.pdf. Acesso 08 março de 2012.
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GT 04
CIÊNCIAS DA SAÚDE
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ARTIGOS
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VISÃO DA EQUIPE DE SAÚDE SOBRE AS RESPONSABILIDADES DO
PROGNÓSTICO DO PACIENTE DEPENDENTE DE ÁLCOOL
Jaqueline Dias e Magalhães e Wagner Pereira Machado de Andrade Graduados em Enfermagem, Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX.
Kelly Aparecida do Nascimento - Graduada em Pedagogia e Educação Física.
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e coordenadora de
Extensão na Faculdade UNIVÉRTIX.
Ana Lígia de Souza Pereira – Graduada em Enfermagem, Especialista em
Estomaterapia. Professora e coordenadora do curso de Enfermagem da Faculdade
Vértice – UNIVÉRTIX
Neiler Soares Vieira de Oliveira - Graduado em Enfermagem, Especialista em
Saúde Mental. Professor da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Renata Aparecida Fontes – Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências
Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
[email protected]
RESUMO
Atualmente o uso abusivo de álcool constitui um grande problema de saúde
pública. O uso de álcool é um fenômeno muito complexo e é determinado por fatores
genéticos, psicológicos e sociais. Sendo assim o objetivo do presente estudo foi
verificar a visão da equipe de saúde sobre as responsabilidades do prognóstico do
paciente dependente de álcool. Trata-se de uma pesquisa descritiva, realizada com
uma equipe de Estratégia Saúde da Família (ESF) da cidade de Rio Casca, na Zona
da Mata Mineira. Verificou-se certo despreparo dos profissionais de saúde frente ao
paciente dependente de álcool, além do despreparo, receio em atender esse
paciente. Considera-se que a capacitação de profissionais de saúde para atuar junto
a esta clientela deva ocorrer de forma abrangente.
PALAVRAS-CHAVE: Alcoolismo; Enfermagem; Saúde.
INTRODUÇÃO
Atualmente o uso abusivo de álcool constitui um grande problema de saúde
pública. Estima-se que 185 milhões de pessoas acima de quinze anos já
consumiram drogas ilícitas, ou seja, 4,75% da população mundial. Além disso, cerca
de 10% da população dos centros urbanos de todo o mundo consomem
abusivamente substâncias psicoativas, independente da idade, sexo, nível de
instrução e poder aquisitivo (GONÇALVES e TAVARES, 2007).
Segundo Bressan e Stamm (2007) o uso abusivo de álcool é um fenômeno
muito complexo e é determinado por fatores genéticos, psicológicos e sociais.
Estudos demonstram que entre a população jovem e os adolescente o índice de
consumo de álcool é alarmante. Com isso a Organização Mundial de Saúde (OMS)
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considera há muitos anos, o consumo abusivo de álcool como doença (SOUZA et
al., 2005).
Levantamentos revelam que o alcoolismo é responsável por 50% das
internações psiquiátricas, 20% em unidade de gastrenterologia e 90% das
internações por dependência de drogas em hospitais psiquiátricos brasileiros.
Pessoas com problemas relacionados ao álcool são hospitalizadas quatro vezes
mais que a população em geral (PILLON e LUIZ, 2004).
Como o álcool está associado a momentos de lazer e recreação, as pessoas
tendem a aumentar a quantidade do uso no intuito de tornar esses momentos ainda
mais prazerosos. Nesse sentido, o abuso dessa droga tornou-se um dos principais
problemas de saúde pública no mundo (RONZANI e FURTADO, 2010). É destacado
que os jovens, principalmente durante o ensino médio e o superior, estão ainda mais
expostos aos problemas relacionados ao álcool (BRESSAN e STAMM, 2007).
O relacionamento entre profissional e cliente deve ajudar a construir um
ambiente que possa facilitar o tratamento. A percepção que o enfermeiro tem do
paciente é o principal determinante da qualidade e da quantidade do cuidado de
enfermagem que será prestado. Quando o enfermeiro possui uma atitude negativa,
o paciente pode, em contrapartida, desenvolver uma postura hostil ou contraterapêutica (VARGAS e LABATE, 2006).
Sendo assim, diante da atuação do enfermeiro em relação ao paciente
dependente de álcool é importante e necessário analisar as atitudes do profissional
de enfermagem com o mesmo.
Dessa forma, a questão norteadora deste trabalho foi qual a visão da equipe de
saúde sobre as responsabilidades do prognóstico do paciente dependente de álcool.
Com o objetivo de verificar a visão da equipe de saúde sobre as responsabilidades
do prognóstico desse paciente dependente de álcool.
A partir dos resultados obtidos será possível então contribuir para que os
profissionais de enfermagem ao lidarem com o paciente alcoólatra entendam que
suas atitudes poderão interferir no relacionamento e tratamento do alcoolista.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Enfermagem e o paciente alcoolista
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É importante ressaltar a diferença entre paciente alcoolista e paciente
alcoólatra. Andrade e Espinheira (2011) apontam o paciente alcoólatra como:
O alcoólatra não é a bebida em si, mas aquela pessoa que bebe mal,
isto é, de modo abusivo, desregrado, que a leva à condição de ser
socialmente identificada popularmente como "alcoólatra", ou seja, quem
"idolatra", "adora" e se tornou dependente do álcool (p.3).
Os mesmos autores apontam o paciente alcoolista como:
Este termo foi proposto por alguns pesquisadores como uma
alternativa menos carregada de valoração, isto é, de estigma. Segundo
eles, isto não reduziria a pessoa a uma condição, como a de alcoólatra, mas
o identificaria como uma pessoa que tem como característica uma afinidade
com alguma coisa, com alguma idéia (p.3)
Os termos "alcoólatra" e "alcoolista" continuam a serem usados, quase que
indistintamente, por diferentes autores, mas sempre equivalendo a "dependente de
álcool". Esta seria a expressão mais adequada cientificamente (ANDRADE e
ESPINHEIRA, 2011).
O enfermeiro é um dos profissionais mais adequados para acompanhar o
tratamento do alcoolista, pois é ele que acolhe o paciente dentro do estabelecimento
de saúde. Assim, o relacionamento entre as partes deve favorecer a construção de
um ambiente que possa influenciar a decisão do paciente, suas atitudes e ainda
gerar grande impacto na relação com o paciente e consequentemente nos
resultados do tratamento. Contudo, uma análise das atitudes desses profissionais é
necessária, uma vez que estas poderão interferir no relacionamento e tratamento do
alcoolista (VARGAS e LABATE, 2006).
O enfermeiro nos serviços de saúde deverá estar atento às possibilidades de
detectar precocemente o uso de álcool e outras drogas, a fim de reduzir os possíveis
danos, devendo sensibilizar o usuário a buscar alternativas de tratamento, conforme
preconiza a política de saúde definida para o campo em questão (GONCALVES e
TAVARES, 2007).
Gonçalves e Tavares (2004) ainda ressaltam que é papel da rede extrahospitalar acolher as demandas dos usuários de álcool e outras drogas, posto que a
internação psiquiátrica deva funcionar como último recurso. É indispensável que as
equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF) esteja preparadas para acolher a
demanda desta clientela.
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O paciente deve ser entendido e abordado, isso é a chave da intervenção
terapêutica que tem como foco principal o ser humano na compreensão e tratamento
do problema ou desconforto. Nessa visão, o uso da substância química é visto como
o agente gerador de malefícios, que precisa ser tratado de alguma maneira, mas,
inegavelmente, o indivíduo deve receber os aportes necessários para alcançar o seu
equilíbrio. Nesse sentido, o enfermeiro pode auxiliar nessa instrumentalização,
incentivando e apoiando os usuários a assumirem a responsabilidade pela melhora
na qualidade de sua vida em todos os níveis (PILLON e LUIZ, 2004).
O mecanismo de negação, muitas vezes, apresenta-se sob a forma de recusa
do cuidado, bem como do tratamento, pois, o dependente de álcool não se considera
um doente, é provável que o alcoolista não aceite o cuidado oferecido. Além disso, o
mecanismo de racionalização que consiste em minimizar os problemas ocasionados
pelo álcool e a projeção da responsabilidade pelo comportamento abusivo,
mecanismos comuns neste tipo de paciente, podem levar o enfermeiro a interpretar
tais comportamentos como recusa da ajuda e, conseqüentemente, independência
em relação ao profissional (VARGAS e LABATE, 2005).
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa descritiva, este tipo de trabalho possui como objetivo
a descrição das características de uma população, fenômeno ou de uma experiência
(GIL, 2008).
A pesquisa foi realizada com uma equipe de Estratégia Saúde da Família
(ESF) no bairro Bela Vista da cidade de Rio Casca, na Zona da Mata Mineira. Este
município possui 14.197 habitantes e sua principal fonte de renda é oriunda da
plantação de cana de açúcar IBGE (2010). A população do estudo foi constituída de
todos os profissionais de Saúde, ou seja, os enfermeiros, médicos, dentistas, técnico
e auxiliares de enfermagem cadastrados na ESF, o município possui quatro
unidades de ESF.
Para a coleta de dados foi realizado um agendamento prévio com os
participantes para interferir o mínimo possível na rotina de trabalho. Essa
participação foi voluntariamente mediante assinatura do Termo de Consentimento
Livre Esclarecido (TCLE).
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O instrumento de coleta de dados constituiu-se de um questionário
padronizado já testado por Silveira (2010). Os dados foram coletados no mês de
setembro de 2011.
A partir dos dados coletados utilizou-se o programa Microsoft Office Excel
2007, para discutir os resultados obtidos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Participaram desta pesquisa 12 funcionários de um ESF que residem na cidade
de Rio Casca/MG. Em relação à faixa etária 58% têm entre 25 e 30 anos e os
demais 42% possuem entre 31 e 50 anos, quanto ao gênero 58% do sexo feminino
e 42% do sexo masculino.
Tabela 1: Características sócio-demográficas referidas pela população investigada, 2011.
Característica
N= 12
%
Gênero
Feminino
7
58
Masculino
5
42
Faixa Etária
20 – 39 anos
10
83
40 – 59 anos
2
17
Estado Civil
Solteiro
8
67
Casado
3
25
Viúvo
0
0
Divorciado
1
8
Formação profissional
Auxiliar de
5
41
Enfermagem
Enfermeiro
5
42
Médico
1
8,5
Dentista
1
8,5
Em relação à profissão desses participantes, 42% são enfermeiros, 41%
auxiliar de enfermagem e 17% médico (TABELA 1). Desses entrevistados, 83% já
tiveram convívio com usuário de álcool e drogas e 17% não tiveram esse convívio
com o usuário.
Apenas 38% da população do estudo referiam sentir-se motivados a trabalhar
com pacientes que fazem uso nocivo de álcool. O paciente alcoolizado possui
características que, geralmente, irritam e afastam o profissional. Além disso, são
pacientes considerados de difícil manejo (VARGAS e LABATE, 2004). É difícil para
os profissionais de saúde compreender em a mescla de fatores que se fazem
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presentes no alcoolismo como doença e assim sentirem-se motivados a lidar com
pacientes nesta situação é um desafio (VARGAS e LABATE, 2005).
A população investigada referiu sobre a aprovação ou não de alguns
comportamentos dos pacientes. Dos resultados encontrados 91,6% dos investigados
desaprovam totalmente o consumo de bebidas alcoólicas e 100% o ato beber e
dirigir.
Os profissionais de saúde têm um importante papel na detecção precoce do
abuso de substâncias psicoativas. É importante fornecer aos profissionais de saúde
treinamento e instrumentos adequados para que eles possam, de fato, atuar na
prevenção primária e secundária do uso abusivo de álcool e outras drogas. A
modificação de comportamentos alcançada com medidas de prevenção pode trazer
benefícios não só para a saúde das pessoas, mas também economizar gastos do
setor de saúde (HENRIQUE et al., 2004).
Os investigados referiram também sobre sua impressão em relação à
responsabilidade dos pacientes quanto ao aparecimento e evolução de diversos
problemas de saúde. Os entrevistados acreditam que o paciente é totalmente
responsável pelo aparecimento/evolução do alcoolismo em 91,6% das vezes.
Parte considerável dos entrevistados considera que o paciente é totalmente
responsável pela solução dos problemas de saúde, inclusive o alcoolismo (91,6%).
Especificamente em relação ao alcoolismo, 66,6% da população referiu não
acreditar que o paciente dependente de álcool possui alguma doença mental e 75%
destes acreditam que este tipo de paciente pode ser perigoso ou cometer algum ato
violento contra outra pessoa.
Um estudo feito por Vargas e Labate (2005) realizado com profissionais de
enfermagem de um hospital geral mostra que, para esses profissionais, na maioria
das vezes, o paciente dependente de álcool não é visto como um doente igual aos
demais. A visão que se tem desse indivíduo é a de um indivíduo aproveitador e sem
caráter, que, quando chega à emergência o dependente de álcool, tem consciência
dos seus atos. Sendo assim, não merece ser atendido naquele espaço.
A percepção sobre o problema do uso de álcool está muito associado à como a
sociedade encara o mesmo. Portanto, quando um paciente recebe o diagnóstico de
dependente de álcool, além dos aspectos médicos ou psicológicos que caracteriza
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tal diagnóstico, a percepção social sobre esse problema influência como o paciente
vai ser visto a partir de então pela sociedade. Portanto, numa sociedade em que o
alcoolismo ou uso de drogas apresenta uma forte conotação moralizante, o estigma
social se torna um grande problema para o usuário (RONZANI e FURTADO, 2010).
Ronzani e Furtado (2010) ressaltam ainda que muitas vezes os profissionais de
saúde possuem a mentalidade de que o vício está associado a uma fraqueza de
caráter. Com isso, a forma da abordagem dos usuários é influenciada por esta visão.
Tal tipo de abordagem pode acabar por reforçar a perspectiva moralizante e a
internalização de alguns estereótipos e estigmas atribuídos aos usuários de drogas.
Em relação às reações emocionais que o paciente alcoólatra pode provocar
nos participantes a maioria possui medo (83,3%), irritação (75%), vontade de se
afastar (75%) e 50% dos profissionais referem-se indiferentes a este tipo de
paciente. Em um estudo feito por Gil (1985) citado por Vargas e Labate (2005)
realizado com alunos de Enfermagem levantou que, os principais motivos que levam
o aluno do último ano do curso de Enfermagem a aceitar ou rejeitar o paciente
dependente de álcool, foi encontrado que, na concepção da maioria dos estudantes,
os dependentes de álcool são chatos, irritantes, nojentos, enganadores, falsos e
mentirosos. Além disso, não desejam realmente se recuperar, são inconsequentes e
irresponsáveis, são covardes, não lutam por si, não assumem o tratamento e exigem
mais que os outros pacientes.
Para os profissionais investigados o alcoolismo ocorre devido a algum
problema genético (50%), fatores estressantes na vida (50%) e por algum
desequilíbrio químico no cérebro (33,3%). Além disso, eles não acreditam que esta
doença ocorre devido à fraqueza do caráter (41,6%), a maneira que a pessoa foi
criada (50%) e pela vontade de Deus (91,6%).
Em relação à motivação destes profissionais em tratar o problema do paciente
dependente de álcool, 91,6% sentem-se motivados a participar do processo de
cuidado (FIGURA 1). Além disso, a maioria da equipe de saúde investigada acredita
tanto na recuperação (66,6%) quanto na adesão ao tratamento do paciente
dependente de álcool (66,6%) (FIGURA 2). É importante evidenciar a complexidade
do trabalho do Enfermeiro junto a usuários de álcool e outras drogas. De fato,
realizar um atendimento aberto não é tarefa fácil, exigem alternativas e propostas
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inovadoras, e, principalmente, sensibilidade para que o gesto de cuidar aproxime, ao
invés de afastar (GONÇALVES e TAVARES, 2007).
Figura 1: Motivação da população referida quanto ao tratamento de pacientes alcoólatras .
Figura 2: Proposições sobre a recuperação e adesão ao tratamento pelo paciente alcoólatra.
De acordo com Vargas e Labate (2005) a tarefa mais difícil, no manejo com o
alcoolista, é fazê-lo entender e reconhecer-se como uma pessoa doente, que
necessita de ajuda para parar de beber. Outra razão que pode ser apontada é
relacionada ao preconceito que envolve o alcoolismo e suas complicações. Talvez
seja esse o motivo da desmotivação de alguns entrevistados.
De acordo com Gonçalves e Tavares (2007) ao se aproximar do dependente
de álcool para oferecer ajuda, o enfermeiro pode ter consigo a expectativa de
alcançar seus objetivos, principalmente no que se refere à adesão ao tratamento e à
colaboração com a equipe. Uma vez que isso não ocorra de imediato, essa atitude
pode ser interpretada por esse profissional como uma resistência à ajuda e isso
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levaria, além do distanciamento, à insatisfação do enfermeiro ao realizar esse
trabalho.
Nos serviços de saúde, os profissionais da área devem estar atentos às
possibilidades de detectar precocemente o uso de álcool, a fim de reduzir os
possíveis danos, devendo sensibilizar o usuário a buscar alternativas de tratamento,
conforme preconiza a política de saúde definida para o campo em questão
(GONCALVES e TAVARES, 2007).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sabe-se da relevância do problema de álcool na saúde pública, sendo assim
considera-se que o preparo de profissionais de saúde para atuar junto a esta
clientela deva ocorrer de forma abrangente.
Muitos programas tradicionais de tratamento do alcoolismo têm como foco
fatores motivacionais, explicando ao paciente porque ele deveria se abster do
consumo de álcool. Entretanto, eles não fornecem as habilidades necessárias, uma
vez que não mostram ao paciente como não beber, como deixar um velho hábito e
controlar sua ocorrência no futuro.
Observou-se que mesmo o usuário deixando de ser dependente, a visão que
os demais possuem quanto ao seu estado alcoólatra não muda. Pois esse usuário
foi rotulado com essa dependência, perdendo o respeito e o perfil de ser humano
qualquer.
Verificou-se despreparo dos profissionais de saúde frente ao paciente
alcoolizado, além do despreparo, e um receio desse profissionais em atender tal
paciente, o que não pode acontecer na área, pois é através dos profissionais de
saúde que esse paciente deve encontrar atenção, tratamento e acolhimento. É
necessário, sobretudo que esses profissionais estejam preparados para atender
esses pacientes.
O CAPS - AD (Centro de Atenção Psicossocial) pode ser um alternativo na
recuperação do paciente dependente de álcool.
REFERÊNCIAS
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A CONTAMINAÇÃO DO TRABALHADOR RURAL COM AGROTÓXICOS E O
DESENVOLVIMENTO DE NEOPLASIAS
Maria Helena de Oliveira Soares Filha – Graduada em
Enfermagem, Mestranda em Educação.
Adriana Acipreste Souza – Graduada em Enfermagem.
Irlane Bastos Costa- Graduada em Agronomia. Mestre e Doutora em
Genética e Melhoramento de Plantas. Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
[email protected]
.
RESUMO
Este trabalho se propõe a discutir o tema da eficiência e da adequação dos
equipamentos de proteção individual (EPI) utilizados na aplicação de agrotóxicos,
bem como os efeitos maléficos dos agrotóxicos para a saúde humana. Realizou-se
um estudo bibliográfico onde se constatou, nos estudos realizados por diversos
autores, forte relação entre os agrotóxicos e desenvolvimento de neoplasias
malignas – câncer. As pesquisas também apontam como principal causa da
contaminação por agrotóxicos o desrespeito às normas de aplicação do produto e a
não utilização adequada do EPI. Outro ponto importante que foi questionado nos
trabalho foi à ineficiência dos EPI em proteger o trabalhador rural mesmo quando
utilizado corretamente.
PALAVRAS-CHAVE: Câncer; Agrotóxicos; Trabalhador Rural; EPI.
INTRODUÇÃO
Agrotóxicos são produtos químicos usados na lavoura, na pecuária e mesmo
no ambiente doméstico: inseticidas, fungicidas, acaricidas, nematicidas, herbicidas,
bactericidas, vermífugos, entre outros. Na agricultura são utilizados desde o preparo
do solo e das sementes para o plantio até as etapas de armazenamento e
beneficiamento dos produtos agrícolas. Contribuem no controle de pragas,
nematóides, fungos, bactérias, plantas daninhas; ou atuam como desfolhantes,
dessecantes, estimuladores ou inibidores de crescimento.
Para aumentar a produção e não perder safras de frutas, grãos e hortaliças,
muitos agricultores têm sido induzidos a utilizar grande variedade de agrotóxicos.
Levando ao uso indiscriminado de produtos agrícolas, os chamados agrotóxicos,
colocando em risco a saúde dos produtores e consumidores, além de ocasionar
sérios danos ao meio ambiente (ARAÚJO et al., 2000).
O Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Agrícola
(SINDAG) constatou que no ano de 2005 existia no mundo cerca de 20 grandes
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indústrias com um volume de vendas da ordem de 20 bilhões de dólares por ano e
uma produção de 2,5 milhões de toneladas de agrotóxicos, sendo 39% de
herbicidas, 33% de inseticidas, 22% de fungicidas e 6% de outros grupos químicos.
No Brasil, o volume de vendas era de 2,5 bilhões de dólares por ano, com uma
produção de 250 mil toneladas de agrotóxicos.
De acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa
Agrícola (SINDAG) no ano de 2001 o Brasil foi o oitavo país consumidor destes
produtos, com 3,2 kg/ha de agrotóxicos. À sua frente estavam à Holanda, Bélgica,
Itália, Grécia, Alemanha, França e Inglaterra. Ainda de acordo com o SINDAG, em
2003, existiam no Brasil 648 produtos em linha de comercialização, sendo 34,4% de
inseticidas, 30,8% de herbicidas, 22,8% de fungicidas, 4,9% de acaricidas e 7,1% de
outros grupos químicos.
Diante do exposto, o objetivo deste estudo foi realizar um estudo bibliográfico
visando
avaliar
os
efeitos
danosos
dos
agrotóxicos
na
saúde
humana,
principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento de neoplasias malignascâncer.
METODOLOGIA
Para
o
desenvolvimento
deste
trabalho
realizou-se
uma
pesquisa
bibliográfica.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
É fato que os trabalhadores rurais não fazem uso adequado do
equipamento de proteção individual conforme exigência da lei.
A legislação brasileira sobre EPI é a Norma Regulamentadora nº 6 (NR-6)5. A
NR-6 considera EPI todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo
trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a
saúde no trabalho. A NR-6 condiciona o uso e a comercialização de EPI à obtenção
de um Certificado de Aprovação (CA) expedido pelo Ministério do Trabalho e
Emprego e define os procedimentos para o fabricante interessado em comercializar
EPI.
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Embora muitos trabalhadores rurais utilizem o equipamento de proteção
individual (EPI), estes nem sempre são utilizados de forma correta. Muitos utilizam
apenas botas e chapéus (SILVA, 2001). A utilização do Equipamento de proteção de
forma inadequada é frequente, pois é tido pelos agricultores como incômodo e
inadequado para o clima quente (LEVIGARD, 2001 e PERES e MOREIRA, 2003).
Outra importante questão que tem sido levantada quanto aos EPI é que os
Estudos sobre EPIs, de modo geral, não enfatizam os problemas de projeto destes
produtos. São estudadas, sobretudo as contaminações sofridas pelos trabalhadores
e pelo meio ambientes (VEIGA et. al, 2007).
O estudo realizado por Veiga et al, (2007) evidenciaram que os equipamentos
utilizados na agricultura, além de não protegerem integralmente o trabalhador, ainda
agravaram os riscos e perigos, pois, nos casos estudados, tornaram-se fontes de
contaminação por agrotóxicos. Os métodos de limpeza expuseram os trabalhadores
rurais a contaminações imediatas, para aqueles que fizeram a limpeza, e para
aqueles que tiveram contato com a área onde foi realizada a limpeza. O trabalhador
ainda se contaminou ao vestir e despir um EPI contaminado. Sendo assim, os
autores recomendam que a metodologia e a concepção utilizadas no projeto de EPIs
devem ser reavaliadas, devendo ser estimulados estudos sobre desenvolvimento
tecnológico nesses equipamentos. A possibilidade de contaminação do trabalhador
rural dependerá da qualidade do EPI.
Segundo Peres e Moreira (2003) alguns cuidados básicos não são realizados
durante a pulverização, como não fumar, tomar café ou beber água, o que dá maior
dimensão ao problema. Tais negligências são responsáveis pela intoxicação por via
oral (PERES e MOREIRA, 2003).
Peres e Moreira, (2003), apresentaram oito fatores importantes relacionados
com a intoxicação por agrotóxicos: falta de treinamento, o não uso da roupa
protetora, o descumprimento da obrigatoriedade da apresentação do receituário
agronômico, o uso excessivo de agrotóxicos, a utilização de produtos proibidos, a
presença de crianças e adolescentes no campo, a não fiscalização da aviação
agrícola e a ausência de articulação institucional.
Embora os estudos indiquem que a maioria dos casos de intoxicação
por agrotóxicos ocorra principalmente, devido ao descumprimento das normas de
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segurança para a sua aplicação, há também irregularidades no armazenamento e
distribuição dos produtos, consequentemente a ausência de políticas públicas de
controle que também favorecem o aparecimento de casos de intoxicação
(LEVIGARD, 2001).
Um fator que dificulta e camufla os riscos causados pela exposição aos
agrotóxicos é que muitos sintomas como dor de cabeça e problemas estomacais são
encarados como processos naturais, independente da atividade exercida. Por isso,
muitos trabalhadores não relacionam agrotóxico com os sintomas. A cefaléia,
vertigem, fadiga, insônia, náusea, vômitos, ruídos crepitantes respiratórios e
dispnéia; assim como sintomatologia sugestiva de distúrbios cognitivos (dificuldade
de concentração, esquecimento, confusão mental etc.); motores (fraqueza, tremores,
cãibras, miofasciculação); e disfunção neurossensorial (formigamento, parestesia,
visão turva e outros distúrbios visuais) também podem facilmente serem confundidos
(SOARES, 2003).
Alguns tipos de agrotóxicos tem se tornado ilegais e seu uso proibido no
exterior e também no Brasil. A Convenção de Estocolmo, assinada por cerca de 120
países, estabeleceu o banimento de doze substâncias cloradas. No Brasil, com a
entrada em vigor da Lei No. 7.802 de 11/07/1989 – Lei dos Agrotóxicos – os
produtos contendo substâncias carcinogênicas, teratogênicas ou mutagênicas
passaram a ter seus registros proibidos (ARAÚJO et al , 2000).
Não somente as pessoas que manipulam os agrotóxicos estão sujeitas a
adquirir doenças causadas por estes produtos químicos, mas, também, a população
como um todo. Um exemplo clássico é que muitos produtores rurais não seguem
corretamente a dosagem recomendada na embalagem ou pelo técnico responsável,
expondo a lavoura ao excesso de produto que poderá contaminar o fruto que será
comercializado, ou, até mesmo o solo; sendo lixiviado e alcançando o lençol freático.
Outras formas de contaminações indiretas por agrotóxicos dizem respeito às
pulverizações em dias de ventos fortes o que ocasionará o deslocamento do produto
a longas distancias atingindo pessoas e casas ao derredor (BUENO,2000) e o
período de carência a que os alimentos precisam ser submetidos antes de serem
disponibilizados ao mercado. Quase não é possível notar a existência de resíduos
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irregulares de defensivos agrícolas pela aparência ou sabor dos alimentos. Outro
agravante é o uso de agrotóxicos não autorizados pela legislação brasileira.
Um fator que contribui para agravar os males provocados pelos agrotóxicos à
saúde humana é a precocidade com que os agricultores iniciam suas atividades no
campo. Uma pesquisa realizada por Araújo et al., (2007) verificou que os
agricultores iniciavam no campo em torno dos 13 anos, porém em alguns casos,
mais precocemente, entre sete e oito anos de idade. A média de exposição ficou em
torno de vinte anos, deixando claro que a maior parte da amostra era constituída,
por um grupo de agricultores jovens.
Os trabalhadores atuam no plantio, controle das pragas e na colheita,
participando em todas as fases do processo de produção sem interrupção sazonal.
As atividades de mistura, aplicação e transporte dos agrotóxicos envolvem a
todos, incluindo mulheres e crianças, que no decorrer das aplicações ajudam o
aplicador, ficando expostas na mesma intensidade e na maioria das vezes sem
qualquer tipo de proteção (LEVIGARD, 2001).
Quanto à orientação para aplicação dos pesticidas, muitos lavradores preferem
estabelecer os próprios métodos de formular e aplicar, isso significa, na maioria dos
casos, uso menos criterioso destes produtos (BUENO 2002).
AÇÃO DOS AGROTÓXICOS NO CORPO HUMANO
As principais vias de penetração no corpo do ser humano são: por ingestão,
pela respiração e por absorção dérmica. A penetração pela pele vai variar com a
formulação empregada, temperatura, umidade relativa do ar, regiões do corpo (verso
das mãos, pulsos, nuca, pés, axilas e virilhas absorvem mais), tempo de contato,
existência de feridas, etc. (GARCIA, 2001).
A ação dos agrotóxicos no ser humano é devastadora e fatal, provocando
desde náuseas, tonteiras, dores de cabeça ou alergias a lesões renais e hepáticas,
cânceres, alterações cromossômicas, e outras patologias (WILSON e OTSUKI,
2004). Essa ação pode ser imediatamente após o contato com o produto (efeitos
agudos) ou depois de algum tempo, semanas ou anos, denominados efeitos
crônicos (KOIFMAN e HATAGIMA, 2003).
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Estudo desenvolvido em Minas Gerais pela Fundação Jorge Duprat Figueiredo,
de Segurança e Medicina do Trabalho, Fundacentro, constatou que no ano de 2003,
50,3% dos indivíduos analisados se encontravam ao menos moderadamente
intoxicados e, ainda relatou o aparecimento de cânceres como de mama, pâncreas,
rim ou mesmo de pele (BUENO, 2004).
No Brasil, Silva (2001) relata a ocorrência de taxas elevadas de infertilidade e
câncer de testículo em municípios com alta produção agrícola nos Estados de São
Paulo e Rio Grande do Sul; avaliou também alterações nas características do
esperma de adolescentes saudáveis e alto índice de mortalidade por câncer de
pâncreas, fígado, laringe, bexiga e tumores hematológicos em homens e mulheres
de uma população residente nos arredores de uma antiga fábrica de agrotóxicos em
Duque de Caxias, Rio de Janeiro.
Pela amplitude da utilização dos defensivos agrícolas no modelo de produção
de alimentos, há estimativas de associação entre exposição e o desenvolvimento de
câncer. Nos Estados Unidos da América estima-se que anualmente ocorram cerca
de 6.000 a 10.000 casos de câncer associados com agrotóxicos. Essa associação
está mais bem caracterizada nos cânceres de pulmão, de mama, dos testículos, da
tireóide, da próstata, do ovário, e do sistema hematopoiético (PIMENTEL, 2006).
No Brasil, Meyer et al. (2003) mostraram uma alta taxa de mortalidade para
câncer de estômago, esôfago, laringe, câncer oral e leucemias em agricultores
expostos a agrotóxicos na região Serrana do Rio de Janeiro. Já Koifman e Meyer
(2002) também verificam alta taxa de mortalidade para o câncer de mama, ovário e
próstata, em amostra de grupos populacionais expostos a agrotóxicos no período de
1985 a 1990.
O crescimento do índice de câncer por exposição aos agrotóxicos pode estar
relacionado ao uso inapropriado desses produtos nas lavouras. É fato que os
trabalhadores rurais em sua grande maioria não fazem uso correto do EPI
(equipamento de proteção individual). Muitos trabalhadores rurais manipulam os
agrotóxicos indevidamente, ou seja, sem luvas, máscaras ou roupas apropriadas.
Tal fato expõe o trabalhador ao contato direto com os produtos químicos, seja por
via cutânea ou mucosa como: narinas, olhos, boca e feridas.
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Estudos têm sido realizados em Belo Horizonte visando determinar a
associação entre a exposição de trabalhadores rurais a agrotóxicos e o
desenvolvimento do câncer tumor de Wilms (SHARPE et al., 1995 apud KOIFMAN;
HATAGIMA, 2003).
Matos, Vilensky e Boffetta (1998) analisaram os riscos de câncer de pulmão
associados às exposições ocupacionais em países em desenvolvimento. Estas
pessoas desenvolviam atividades diversas ligadas às indústrias de bebidas,
plásticos, químicos, couro, vidro, agricultura, entre outras. O resultado foi que os
agricultores apresentaram chance 2,4 vezes maior de adquirir câncer de pulmão do
que os não expostos a este fator.
PROIBIÇAO DOS ORGANOFOSFORADOS E SEUS EFEITOS NOCIVOS À
SAÚDE HUMANA
No ano de 2009 foi sancionada a Lei nº 11.936 de 15/05/2009, que proíbe a
fabricação, importação, exportação, manutenção em estoque, comercialização e o
uso do diclorofeniltricloroetano – DDT (herbicida organoclorado amplamente
utilizado no mundo após a segunda guerra mundial).
No Brasil, o DDT teve sua retirada do mercado em duas etapas: em 1985, teve
sua autorização cancelada para uso agrícola; e em 1998, foi proibido para uso em
campanhas de saúde pública.
O DDT é hoje parte integrante de quase todos os ecossistemas. Das plantas
passa para os animais que as comem, dos animais herbívoros passa para os
animais carnívoros que se alimentam dos herbívoros e assim por diante. Das algas
passa para os peixes que delas se alimentam e desses para outros peixes, inclusive
para pássaros que se alimentam de peixes. Toda essa seqüência de acúmulo de
DDT está relacionada com o fato de ser uma substância praticamente não
biodegradável.
A resistência de insetos à biodegradação dos organoclorados promove o
acúmulo no meio ambiente. Experimentos realizados com animais mostraram a
carcinogenicidade do DDT (SMITH e GANGOLLI, 2002). Assim, diversos governos
ao invés de fazer uso de agrotóxicos organoclorados passaram a utilizar os
organofosfatados e carbamatos (SUNGUR e GUVEN, 2001; MILESON et al., 1998).
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No caso de contaminação humana, o DDT e outros organoclorados agem
como neurotóxicos, e também na função endócrina. Constatou-se que indivíduos
que contêm altas concentrações de Dieldrin (organoclorado) no sangue possuem
maior quantidade do hormônio estimulador da tireóide – TSH, apresentando quadro
de hipotireoidismo (RATHORE et al., 2003).
Estudos epidemiológicos de exposição ao DDT verificaram um aumento de
câncer de mama em mulheres com altas taxas plasmáticas de DDE, um metabólito
do DDT. Essa ação está relacionada com a ligação deste componente a receptores
de estrógeno, mimetizando a ação deste hormônio (JAGA et al., 2000).
Outras ações causadas pelo efeito estrogênico de organoclorados incluem:
diminuição da quantidade de sêmen e câncer de testículo nos homens; indução de
anormalidades no ciclo menstrual e aborto espontâneo em mulheres; diminuição do
peso ao nascer e alteração no amadurecimento sexual (CARLSEN et al.
apud MEYER et al., 1999; TOFT et al., 2004).
Certas substâncias que agem sobre o sistema endócrino, com larga
distribuição no ambiente através dos agrotóxicos, estão contidas em herbicidas
como o 2,4-D e a Atrazina; fungicidas como o Hexaclorobenzeno e o Maneb; e
inseticidas como o Dieldrin, Mirex e Paration, possíveis disruptores endócrinos, ao
passo que suas moléculas poderiam mimetizar hormônios humanos, assumindo o
papel que seria desempenhado por estes (MEYER et al. 1999).
Diversos casos de contaminação ocupacional por organofosfatados têm sido
relatados, sendo o envenenamento bastante letal (SUNGUR e GUVEN, 2001). Foi
constatada a morte de crianças prematuras, quando mulheres foram expostas em
longo prazo aos inibidores da acetilcolinesterase (HEEREN et al., 2003).
CONSIDERAÇOES FINAIS
Nos estudos realizados por diversos autores verificou-se forte relação entre os
agrotóxicos e desenvolvimento de neoplasias malignas – câncer. As pesquisas
também apontam como principal causa da contaminação por agrotóxicos o
desrespeito às normas de aplicação do produto e a não utilização adequada do EPI.
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Outro ponto importante que tem sido questionado é a ineficiência dos
equipamentos de proteção individual em proteger o trabalhador rural mesmo quando
utilizados corretamente.
Verifica-se a necessidade de políticas públicas que possam atuar de forma
eficiente em toda cadeia de produção dos agrotóxicos e dos equipamentos de
proteção individual fiscalizando, criando e ou aprimorando as normas de fabricação,
comercialização,
transporte,
armazenamento
e
utilização
daqueles
pelos
agricultores.
Há necessidade de mobilização das prefeituras, órgão públicos de saúde,
escolas, etc, no que diz respeito à conscientização dos agricultores (patrão e
empregados) da importância de se cumprir corretamente as instruções técnicas
apresentadas
pelos
fabricantes
de
agrotóxicos
e
EPIs;
alertando-os
das
consequências do não cumprimento das mesmas.
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INCIDÊNCIA DE CÂNCER NO MUNICÍPIO DE SERICITA
Maria Helena de Oliveira Soares Filha – Graduada em Enfermagem,
Mestranda em Educação.
Adriana Acipreste Souza – Graduada em Enfermagem.
Irlane Bastos Costa- Graduada em Agronomia. Mestre e Doutora em
Genética e Melhoramento de Plantas. Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
[email protected]
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo avaliar a incidência de câncer no município
de Sericita - MG. A coleta dos dados foi realizada no mês de outubro de 2011 junto a
Secretaria de Saúde do Município. Somente foi possível obter os dados referentes
aos anos de 2007 a 2010. Os dados coletados foram: tipos de câncer incidentes em
cada ano, número de pacientes registrados para cada tipo de câncer e classificação
do câncer em maligno ou benigno. De posse dos dados fez-se uma análise
estatística descritiva utilizando gráfico de colunas. Os resultados obtidos foram: há
grande oscilação nos tipos de câncer registrados no Município de um ano para
outro; o ano que registrou maior variedade de câncer foi o ano de 2008, com 25
tipos diferentes de câncer registrados; e o ano com menor variedade de câncer
registrados foi o ano de 2009, com apenas 9 tipos diferentes de câncer registrados.
PALAVRAS-CHAVE: Incidência de câncer; Fatores carcinogênicos; Sericita.
INTRODUÇÃO
Neoplasia ou câncer é o conjunto de manifestações clínicas patológicas
caracterizadas pela perda do controle do crescimento celular e o ganho de
capacidade de invadir tecidos adjacentes ou de espalhar-se (metástase) para outras
regiões do corpo (RIBEIRO; SALVADORI; MARQUES, 2003). O grau de
malignidade do câncer baseia-se na extensão destas células à invasão e
disseminação distante (TADOKORO, 2008).
As neoplasias malignas são classificadas geneticamente como uma doença
multicausal ou multifatorial, isso quer dizer que sua determinação depende tanto de
condicionantes biológicos quanto psico-sócio-ambientais.
Dentre os carcinógenos químicos estão os agrotóxicos, hidrocarbonetos
aromáticos policíclicos, entre outros que podem induzir o câncer por mecanismos
variados como genotoxicidade e promoção de tumores envolvendo mediadores
hormonais; imunológicos e a produção de moléculas oxidantes (peróxidos)
(RODVALL; DICH; WIKLUND, 2003).
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Meyer et al. (2003) mostraram uma alta taxa de mortalidade para câncer de
estômago, esôfago, laringe, câncer oral e leucemias em agricultores expostos a
agrotóxicos na região Serrana do Rio de Janeiro.
Em 2004, o Brasil registrou 141 mil óbitos por câncer.Devido aos atuais
padrões de vida adotados em relação ao trabalho, nutrição e consumo em geral
expõem os indivíduos a fatores ambientais mais agressivos, relacionados a agentes
químicos, físicos e biológicos resultantes de um processo de industrialização cada
vez mais evoluído (INCA,2006).
O processo de carcinogênese, de modo geral, ocorre lentamente. Em certos
casos, o período para o surgimento das manifestações clínicas de uma neoplasia
maligna pode ser computado em anos.
Segundo Silva, (INCA, 2011) estima-se que a incidência de câncer no Brasil
para o ano de 2012 será de 520 mil novos casos, sendo os mais incidentes: câncer
de pele não melanoma, próstata, mama e pulmão.
O Ministério da Saúde vai fechar o ano de 2011 com investimento de R$ 2,2
bilhões para a área de atenção oncológica. Este aumento de recursos serviu para
ampliar e melhorar a assistência aos pacientes atendidos nos hospitais públicos e
privados que compõe o SUS, sobretudo para os tipos de câncer como fígado,
mama, linfoma e leucemia aguda (INCA,2011).
A principal motivação para desenvolver o estudo deste tema foi à constatação
do elevado índice de câncer registrado na cidade de Sericita.
Diante do exposto, o objetivo deste estudo é avaliar a incidência de câncer no
município de Sericita.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Importante causa de doença e morte no Brasil, desde 2003, os cânceres se
encontram na segunda causa de morte na população, representando quase 17%
dos óbitos de causa conhecida, notificados em 2007 no Sistema de Informações
sobre Mortalidade. Sendo que a grande maioria de estados e municípios brasileiros,
não realizam notificação ao sistema de vigilância epidemiológica (DATASUS, 2011).
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Os tipos mais comuns de câncer no Brasil são: câncer do intestino, câncer de
mama, câncer do colo do útero, câncer do pulmão, câncer de pele, câncer de
estômago, câncer de próstata e esôfago (INCA 2005).
O câncer de esôfago que é uma neoplasia com uma incidência crescente
chama a atenção pela alta taxa de mortalidade; estando esta próxima às taxas de
incidência (MONTEIRO et al., 2008).
O tabagismo, etilismo e a história familiar contribuem para o aparecimento de
câncer de esôfago (MONTEIRO, et al.2009). O diagnóstico do CE é tardio, uma vez
que o principal sintoma como disfagia, não ocorre até que o tumor tenha crescido o
suficiente para causar sintomas obstrutivos.
Nos próximos 30 anos, o aumento do número de casos de câncer estima-se
que será de 20% nos países desenvolvidos e de 100% nos países em
desenvolvimento. (PIMENTA, et al. 1997). Devido à falta de acesso da população à
informação e a carência de recursos na área da saúde nesses países, resulta no
atraso do diagnóstico da neoplasia.
A primeira observação de que a produção de tumor maligno era influenciada
por substâncias exógenas foi feita por Percival Pott, médico inglês, em 1775, quando
relacionou o câncer de bolsa escrotal ao contato freqüente dos limpadores de
chaminé com a fuligem. Devido a suas observações foram introduzidas, medidas
preventivas, como proteção contra fuligem, mudança de arquitetura das casas e
proibição de utilizar crianças para essa atividade.
Matos, Vilensky e Boffetta (1998) analisaram os riscos de câncer de pulmão
associados às exposições ocupacionais em países em desenvolvimento, envolvendo
200 homens como casos e 397 controles de vias hospitalares. Estas pessoas
desenvolviam atividades diversas ligadas às indústrias de bebidas, plásticos,
químicos, couro, vidro, agricultura, entre outras. O resultado foi que os agricultores
apresentaram chance 2,4 vezes maior de adquirir câncer de pulmão do que os não
expostos a este fator.
Estudo desenvolvido em Minas Gerais pela Fundação Jorge Duprat Figueiredo,
de Segurança e Medicina do Trabalho, Fundacentro, constatou que no ano de 2003,
50,3% dos indivíduos analisados que manipulavam defensivos agrícolas se
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encontravam ao menos moderadamente intoxicados e, ainda relatou o aparecimento
de cânceres como de mama, pâncreas, rim ou mesmo de pele BUENO, (2000).
Alguns tipos de agrotóxicos tem se tornado ilegais e seu uso proibido no
exterior e também no Brasil. A Convenção de Estocolmo, assinada por cerca de 120
países, estabeleceu o banimento de doze substâncias cloradas. No Brasil, com a
entrada em vigor da Lei No. 7.802 de 11/07/1989 – Lei dos Agrotóxicos – os
produtos contendo substâncias carcinogênicas, teratogênicas ou mutagênicas
passaram a ter seus registros proibidos (ARAÚJO et al., 2000).
A Lei No. 7.802 de 11/07/1989 trata da pesquisa, a produção, a embalagem e
rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a utilização, a
importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a
classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus
componentes e afins, e dá outras providências (ARAÚJO, et al. 2000).
No Brasil, dados que comprovam as relações ocupacionais nem sempre são
possíveis devido à precariedade dos sistemas de informatização no setor de saúde
pública dos Municípios, principalmente, aqueles localizados longe dos grandes
centros.
Outro fator que atrapalha as pesquisas sobre a incidência de câncer na
população é a falta de conhecimento da duração do tempo à exposição e dos
produtos utilizados, bem como, a ausência de um registro de base populacional rural
nacional e situações outras, como as migrações e exposições ambientais ao sol e à
fumaça de queimadas.
METODOLOGIA
A coleta dos dados, visando avaliar a incidência de câncer no Município de
Sericita, foi realizada no mês de outubro junto ao Posto de Saúde do Município. Os
dados foram fornecidos mediante a permissão do responsável pela Unidade de
Saúde e do “Termo de Consentimento”, devidamente assinado. Foi possível obter os
dados referentes aos anos de 2007 a 2010. Com as seguintes informações: tipos de
câncer incidentes, número de pacientes registrados para cada tipo de câncer e
classificação do câncer em maligno ou benigno.
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Foi garantido o anominato às pessoas participantes da pesquisa como: nome,
endereço, local de trabalho, tempo de trabalho e outros. O foco central da pesquisa
foi os tipos de câncer desenvolvidos na população num período de 4 anos e o
número de indivíduos acometidos dessas neoplasias.
A população estimada para o ano de 2010 é de 7.128 habitantes e a economia
está fundamentada, principalmente, na agropecuária com destaque para a
cafeicultura.
De posse dos dados realizou-se uma análise quantitativa exploratória
utilizando-se como instrumento a representação gráfica conforme Bussab e Morettin
(2006). Através da análise gráfica avaliou-se como os diferentes tipos de câncer,
incidentes na população de Sericita, vem se comportado ao longo dos anos.
DISCUSSÃO E RESULTADOS
Verifica-se na Figura 1 que no ano de 2007 foram registrados pelo Sistema
Único de Saúde, do Município de Sericita, 53 novos pacientes diagnosticados com
câncer. A maioria desses pacientes foi diagnosticada como portadora de neoplasias
malignas (45 pacientes) apresentando 18 tipos diferentes de câncer. A neoplasia
mais incidente no ano de 2007 foi a de esôfago.
Figura 1: Incidência de Câncer no Município de Sericita de acordo com os registros do Sistema Único
de Saúde (SUS) para o ano de 2007.
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No ano de 2008, o número de novos pacientes registrados pelo SUS do
Município de Sericita, com algum tipo de câncer foi 43% superior ao ano de 2007 (76
novos casos). A maioria destes novos cânceres foi diagnosticada como malignos
(66). Verifica-se na Figura 2 incidência de um número maior de diferentes tipos de
câncer, comparativamente ao ano de 2007, totalizando 25 tipos diferentes de
neoplasias. Verifica-se que os cânceres de esôfago, laringe e colo, que estavam
entre os mais incidentes em 2007, permaneceram entre os de maior incidência em
2008.
Figura 2: Incidência de Câncer no Município de Sericita de acordo com os registros do Sistema Único
de Saúde (SUS) para o ano de 2008.
Figura 3: Incidência de Câncer no Município de Sericita de acordo com os registros do Sistema Único
de Saúde (SUS) para o ano de 2009.
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Para o ano de 2009 verifica-se que houve queda acentuada no numero de
novos casos de câncer registrados pelo SUS. No total foram contabilizados apenas
24 novos casos de câncer no Município.
A Figura 4 apresenta a incidência de câncer no Município de Sericita no ano de
2010, de acordo com os dados do Sistema Único de Saúde. Verifica-se que os
casos de câncer voltaram a aumentar no município.
Figura 4: Incidência de Câncer no Município de Sericita de acordo com os registros do Sistema Único
de Saúde (SUS) para o ano de 2010.
Foram registrados 59 novos casos, número 2,46 vezes superior ao ano
anterior. E, como era de se esperar, os tipos diferentes de câncer registrados no
município também aumentou passando de nove em 2009 para 16 em 2010. Fato
inédito aconteceu no ano de 2010, dos 59 pacientes, 38 ou 64% foram acometidos
ou por câncer de esôfago (20), ou colo (10), ou estômago (8).
No Brasil, o câncer de esôfago figura entre os dez mais incidentes (6º entre os
homens e 9º entre as mulheres). O tipo de câncer de esôfago mais freqüente é o
carcinoma epidermoide escamoso, responsável por 96% dos casos. Outro tipo, o
adenocarcinoma, vem aumentando significativamente.
Os fatores que levam à iniciação, promoção e progressão da doença, estão
relacionados a alguns hábitos adquiridos, mutações genéticas adquiridas ou
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hereditárias, influências ambientais e comportamentais com a evolução da
malignidade, ou seja, fatores internos e externos x evolução do câncer (INCA, 2007).
De acordo com o Instituto Nacional de Combate ao Câncer (INCA, 2007) o
câncer de mama pode ser rastreado através do autoexame das mamas em
mulheres a partir dos 40 anos. A mamografia permite detectar tumores de poucos
milímetros, e deve ser realizada em mulheres entre 50 e 69 anos, ou em idade mais
precoce, segundo recomendação médica.
Para o ano de 2007 registrou-se dez pacientes, em 2008 registrou-se 11 e em
2010, 12 pacientes, indicando que esta neoplasia vem apresentando crescimento
gradual de um ano para o outro.
Segundo Caetano et al (2006) o carcinoma de colo uterino é uma das
neoplasias mais comuns em mulheres em todo mundo. Mendonça et al. (2008)
afirmam que o câncer de colo do útero quando diagnosticado e tratado
precocemente, constitui uma causa de morte evitável.
Segundo o INCA (Instituto Nacional de Combate ao Câncer), o câncer do colo
do útero pode ser rastreado através do exame de Papanicolau, um exame simples,
rápido e indolor, que consiste em descamar células do colo do útero para posterior
análise (INCA 2007).
Os tumores malignos de cólon e reto encontram-se entre as cinco primeiras
causas de morte por câncer na população brasileira. A distribuição percentual de
tumores malignos de cólon e reto aproxima-se dos registros encontrados nos países
altamente industrializados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos resultados conclui-se que: há grande oscilação nos tipos de câncer
registrados pelo sistema Único de Saúde do Município de Sericita de um ano para
outro; verifica-se que o ano que registrou maior variedade de câncer foi o ano de
2008, com 27 tipos diferentes de câncer registrados; e o ano com menor variedade
de câncer registrados foi o ano de 2009, com apenas 9 tipos diferentes de câncer
registrados; a maioria dos cânceres registrados no Município de Sericita entre os
anos de 2007 e 2010 foram diagnósticos como sendo malignos.
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Existe a necessidade de uma mobilização, por parte dos profissionais da área
de saúde, em incentivar o maior detalhamento dos dados de pacientes acometidos
de câncer, para que, futuramente, estes dados sejam utilizados como fonte de
pesquisa detalhada sobre os principais agentes ambientais que possam estar
contribuindo com a elevada incidência de câncer no Município.
É papel fundamental dos enfermeiros do Sistema Único de Saúde (SUS),
orientar, capacitar, acompanhar e fiscalizar o trabalho de registro de diagnósticos de
cânceres, possibilitando ao Município, identificar de forma eficiente, os fatores
ambientais que possam estar contribuindo com o desenvolvimento de câncer na
população; e, assim, estabelecer políticas de prevenção, eficientes, no combate ao
câncer.
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ATENÇÃO A CRISE NO CAPS I DE SANTA MARGARIDA
Rodrigo Samuel Pereira Dutra – Graduado em Enfermagem na Faculdade Vértice
– Univértix.
Janine Lopes de Carvalho – Graduada em Psicologia, Especialista em Saúde
Mental e MBA em Gestão Estratégica de Pessoas. Professora Faculdade Vértice UNIVÉRTIX.
Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Pedagogia e Educação Física.
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e coordenadora de Extensão
na Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Ana Ligia de Souza Pereira. Graduada em Enfermagem, Especialista em
Estomaterapia. Professora e Coordenadora do curso de enfermagem UNIVÉRTIX.
Lucio Flavio Sleutjes - Graduado em Fisioterapia, Mestre em Motricidade, Doutor
em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Univértix.
[email protected]
RESUMO
Tendo a crise como um momento de desestabilização do paciente como um
todo, o este estudo tem como objetivo compreender o trabalho dos profissionais do
Centro de Atenção Psicossocial (CAPS I) de Santa Margarida, no tratamento das
crises de usuários portadores de transtornos mentais severos e persistentes. Tratase de uma pesquisa qualitativa, realizada através de entrevista semi-estruturada,
desenvolvida com todos os profissionais de nível superior do CAPS I. Conclui-se que
através de todas as ações realizadas no CAPS I, a equipe se encontra apta a
atender, acolher, reabilitar e tratar, fazendo toda a diferença no desdobramento do
paciente em crise.
PALAVRAS-CHAVE: CAPS I; Crise; Reabilitação Psicossocial.
INTRODUÇÃO
“O pior Caps é melhor que o melhor hospital psiquiátrico”.
Marta Elizabeth de Souza
O Centro de Atenção Psicossocial surgiu para redefinir o tratamento dos
usuários de serviços de saúde mental no Brasil e é considerado o mais importante
dispositivo de saúde mental da Reforma Psiquiátrica. É regulamentada pela Portaria
GM 336/02 do Ministério da Saúde e é referência para o atendimento de pessoas
com transtornos mentais severos e persistentes (SOUZA, 2007).
O termo “crise”, em geral, pode ser definido como:
Uma experiência durante a qual um indivíduo enfrenta um agente de
estresse considerado intransponível, apesar do uso de abordagens
características para a resolução de problemas. (FREEMAN e DI
TOMASSO, em DI TOMASSO E KOVNAT, 1995 citado por COSTA, 2011).
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No atual cenário da Reforma Psiquiátrica ficou-se definido que as crises serão
atendidas em serviços de saúde local e saúde mental – tipo CAPS – estes serviços
têm a responsabilidade de construir novos projetos e possibilidades que,
confrontando o abandono e as diferentes formas de assistência prescindam da
internação no hospital psiquiátrico, ou melhor, que decodifiquem e transformem a
“demanda de hospital psiquiátrico”, produzindo novas formas de cuidado e de
interação com as pessoas com a experiência do sofrimento psíquico pautadas na
liberdade, na autonomia, no acesso e exercício de direitos, propiciadoras de
itinerários de invenção de um novo lugar social para a experiência da loucura
(NICÁCIO e CAMPOS, 2004).
O objetivo deste estudo foi compreender o trabalho dos profissionais do CAPS I
de Santa Margarida, no tratamento às primeiras crises de usuários portadores de
transtornos mentais severos e persistentes.
A questão norteadora deste trabalho foi: Como os profissionais de nível
superior do CAPS I de Santa Margarida entendem e tratam à crise.
Com este estudo, pretendo contribuir para que as pessoas e os profissionais de
Enfermagem entendam melhor como ocorre o atendimento às crises no CAPS, e a
importância de se ter o serviço de Saúde Mental nas redes de Saúde Pública, uma
vez que a área é carente de profissionais qualificados.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Segundo Vecchia e Martins (2006) o movimento da Reforma Psiquiátrica no
Brasil ganhou visibilidade a partir da década de 1980, com a divulgação do trabalho
de Franco Basaglia e do sucesso da sua experiência na Itália, com uma radical
critica as consequências do tratamento ao sujeito portador de transtornos mentais
(PTM).
A 1°Conferência Nacional de Saúde Mental marca o fim da trajetória da saúde
mental com o movimento sanitarista e o inicio de outra era (o movimento da
desinstitucionalização), é nessa direção que acontecem os seguintes eventos: a
criação do primeiro Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) em São Paulo
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denominado Professor Luiz da Rocha Cerqueira (VECCHIA e MARTINS, 2006).
Essa trajetória começa a construir um novo projeto de saúde mental para o país.
Segundo Souza (2007) o processo é bem diferente, quando se propõe a
superação
do
hospital
psiquiátrico:
não
se
trata
simplesmente
de
uma
desospitalização, mas de uma desinstitucionalização. Ou seja, busca-se intervir nas
relações de poder que segregaram a loucura, estando em jogo uma questão de
conquista de cidadania. Tratados como cidadãos, os portadores de sofrimento
mental consideram humilhante e arbitrária a sua permanência, mesmo passageira,
num serviço isolado do espaço social; passam a conhecer e a apreciar outras
formas de cuidado, cuja lógica é incompatível com aquela dos hospitais.
A produção de serviços de atenção psicossocial é uma significativa expressão
da reforma psiquiátrica. Atualmente, os centros de atenção psicossocial (CAPS) são
regulamentados pela Portaria GM 336/02 do Ministério da Saúde que, para o
atendimento de pessoas com transtornos mentais severos e persistentes,
estabeleceu três modalidades de serviços de acordo com a complexidade e a
abrangência populacional: CAPS I, II e III. A Portaria apresenta o CAPS como
serviço ambulatorial de atenção diária, com atendimento de tratamento intensivo,
semi-intensivo e não intensivo (NICÁCIO e CAMPOS, 2004).
A portaria GM 336/2002 traz alguns critérios mínimos para definir um CAPS.
Seu tempo de funcionamento mínimo é de 8 às 18horas, em dois turnos, durante os
5 dias uteis da semana (os CAPS I e os CAPS II); contudo, há aqueles que
funcionam 24horas, de segunda a segunda (os CAPS III). Funcionam em área física
e independente de qualquer estrutura hospitalar, com equipes interdisciplinares
próprias. Oferecem ainda outros recursos terapêuticos: atendimentos individuais, em
grupo, atendimento à família, atividade de suporte social e inserção comunitária,
oficinas terapêuticas e visitas domiciliares (SOUZA, 2007).
Segundo Souza (2007) há duas funções possíveis para um CAPS, que
dependem do lugar que ocupa no Projeto de Saúde Mental. A primeira função
consiste em atuar como um espaço intermediário entre o nível básico e o hospital
psiquiátrico, atendendo os casos de relativa gravidade, porém preferindo
encaminhar os mais difíceis e graves: nesse caso, o CAPS funciona como um
serviço complementar ao hospital. A segunda função é quando integra um conjunto
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de ações e serviços que dispensam esta retaguarda, ou seja: quando se integra
numa rede de serviços substitutivos ao hospital psiquiátrico.
DellÁcqua e Mezzina (1991) citado por Nicácio e Campos (2004) consideram
que é difícil uma conceituação única de crise em psiquiatria, o tema requer
compreender que o ingresso de “pessoas em crise” no circuito psiquiátrico remete as
respostas da organização sanitária e psiquiátrica a um certo valor-limite construído
socialmente, de acordo com os sistemas de reconhecimento e de percepção sobre
normalidade/anormalidade, sofrimento, periculosidade, miséria, ruptura das relações
familiares, sociais e/ou de trabalho.
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, realizada através de entrevista semi –
estruturada, desenvolvida no CAPS I (Centro de Atenção Psicossocial I) de Santa
Margarida – MG.
O CAPS I de Santa Margarida foi fundado em junho de 2002 e credenciado
junto ao ministério da saúde em setembro de 2004. É responsável por prestar
assistência em saúde mental aos seguintes municípios: Abre Campo, Matipó e
Sericita, totalizando uma população de 53.089. O serviço possui sede própria desde
março de 2008 e funciona de 07:30 às 17:00, de segunda a sexta-feira.
A equipe é composta por: um psiquiatra, um psicólogo, um enfermeiro, um
assistente social, um farmacêutico, um pedagogo, um técnico administrativo, um
secretário, cinco auxiliares de serviços gerais, um oficineiro, um técnico de
enfermagem, um motorista, um segurança; sendo que o psiquiatra, farmacêutico,
pedagogo e oficineiro perfazem uma carga horária de 20 horas semanais, e, os
demais, 40 horas semanais. O coordenador do serviço também exerce função
técnica e trabalha oito horas por dia. A unidade possui a equipe mínima de técnicos
de nível superior descrita pela portaria GM 336. De acordo com Minayo (2008, p.
57):
O método qualitativo é o que se aplica ao estudo da história, das
relações, das representações, das crenças, das percepções e das
opiniões, produtos das interpretações que os humanos fazem a
respeito de como vivem, constroem seus artefatos e a si mesmos,
sentem e pensam.
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A entrevista semi-estruturada obedece a um roteiro apropriado que é utilizado
pelo pesquisador, onde nenhuma questão se coloca de forma totalmente aberta ou
totalmente fechada. Por ter um apoio claro na seqüência das questões, a entrevista
semi-estruturada facilita a abordagem e assegura sobretudo aos investigadores
menos experientes, que suas hipóteses ou seus pressupostos serão cobertos na
conversa (MINAYO, 2008).
Para que seja realizada a entrevista em qualquer situação de interação
empírica, alguns passos devem ser seguidos, sendo eles: apresentação, menção do
interesse da pesquisa, apresentação de credencial, explicação dos motivos da
pesquisa, justificativa da escolha do entrevistado, garantia de anonimato e sigilo e
apresentação do Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE).
As entrevistas semi-estruturadas foram realizadas com todos os profissionais
que possuem nível superior do CAPS I. Considera-se que os especialistas são
diretamente responsáveis pela elaboração do projeto terapêutico do paciente em
crise.
Os dados foram coletados nos meses de agosto a setembro de 2011. As
entrevistas foram gravadas com autorização do pesquisado e transcritas, sendo
armazenada em arquivo Word versão 2007.
CATEGORIAS EMERGENTES DA COLETA DE DADOS
Para fins de análise foram entrevistados, no CAPS I, seis profissionais que
possuem nível superior. Das respostas obtidas, apropria-se daquelas consideradas
relevantes ao objetivo da pesquisa.
Na primeira questão perguntei ao entrevistado se ele acredita que o CAPS seja
um serviço alternativo ao hospital psiquiátrico. Ele respondeu sim ou não e justificou.
Sobre essa questão obtivemos as seguintes respostas:
O CAPS surgiu exatamente pra ser um serviço alternativo ao hospital
psiquiátrico, a Reforma Psiquiátrica ela veio e ela trouxe através da política
nacional de saúde mental esses serviços abertos como uma alternativa de
tratamento as pessoas com transtorno mental para que elas não frequentem
da forma que elas frequentavam o hospital psiquiátrico. (Entrevistado 5)
Sim, o CAPS é totalmente alternativo ao hospital psiquiátrico e plagiando a
Marta Elizabeth de Souza que é a ex coordenadora Estadual de Saúde
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Mental “o pior CAPS é melhor que o melhor hospital psiquiátrico” mesmo que
os CAPS às vezes não consigam trabalhar totalmente dentro da linha da
reforma psiquiátrica que não consigam deixar de ser ambulatórios pra
realmente ta fazendo uma clinica de CAPS mesmo assim eles são melhores
do que qualquer hospital psiquiátrico existente no Brasil. (Entrevistado 6)
Observou-se que todos os profissionais entrevistados reconhecem tamanha
importância da Instituição e tem uma concepção da mesma dentro da Reforma
Psiquiátrica. Em relação às respostas obtidas, Campos e Furtado (2006) apontam:
A aprovação da Lei n.10.216 da Reforma Psiquiátrica, a publicação da
Portaria n.336/02 e da Portaria n.189/02 – que atualizam a Portaria n.224/92
e incorporam os avanços ocorridos na condução dos equipamentos
substitutivos. A realização da III Conferência Nacional de Saúde Mental,
que, entre outras coisas, consolidou o novo modelo assistencial dos CAPS
e, finalmente, a experiência acumulada nos mais de dez anos de existência
desses serviços como fatores decisivos na história recente para um
substancial incremento dos CAPS no Brasil e para a relativização do papel
(ainda) hegemônico dos hospitais psiquiátricos na atenção em saúde
mental.
Souza (2007) ressalta que o CAPS surgiu para redefinir o tratamento dos
usuários de serviços de saúde mental, no Brasil e é considerado o mais importante
dispositivo de saúde mental da Reforma Psiquiátrica.
A próxima pergunta questiona o entrevistado se ele possui uma concepção
própria sobre a crise, a esse respeito observe o que disseram:
Eu vejo a crise como um momento de muito sofrimento do paciente e não só
o sofrimento do paciente, mas pra quem está ao redor também, a família sofre
muito, é um momento de desestabilização. (Entrevistado 1)
Eu tenho a concepção de crise que é um momento pelo qual a pessoa passa,
em que há algum desajuste qualquer, seja cerebral, seja social, familiar, que
faz com que essa pessoa se desestabilize no sentido de produzir alguns
fenômenos que são fenômenos naturais daquela doença e que a gente
chama de crise. (Entrevistado 5)
Eu vejo a crise psiquiátrica como uma vivência de sofrimento intenso pelos
usuários, onde naquele momento eles precisam ser entendidos, cuidados,
protegidos, isso por todos os profissionais da unidade. (Entrevistado 6)
Diante das respostas obtidas percebe-se que a crise é um momento de plena
desestabilização por parte do paciente como um todo, tornando-se plenamente
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necessária a contribuição de outra pessoa, seja ela um profissional de nível superior
e ou um trabalhador de saúde mental.
Di Tomasso e Kovnat (1995) citado por Carvalho e Costa (2008) definiram crise
como uma experiência durante a qual o indivíduo enfrenta um agente de estresse
considerado intransponível, mesmo com o uso de abordagens características para a
resolução de problemas.
No contexto da saúde mental e atenção psicossocial, a crise é entendida como
resultados de uma série de fatores que envolvem terceiros sejam estes familiares,
vizinhos, amigos ou mesmo desconhecidos. Um momento que pode ser resultado de
uma diminuição do limiar de solidariedade ou tolerância de uns para com outros, de
uma situação de precariedade de recursos para tratar a pessoa em sua residência,
enfim, uma situação mais social que puramente biológica ou psicológica. Também
por este motivo trata-se de um processo social (AMARANTE, 2007). Nesse sentido,
a próxima questão se remete: de que forma o modo como vemos a crise e os
recursos que temos para lidar com a pessoa em crise interferem na maneira como
este momento é vivido e nos desdobramento do mesmo. Observe algumas
respostas dos entrevistados:
Considerando que uma crise é totalmente diferente da outra você precisa
avaliar aquele caso especifico porque de repente o motivo que faz com que
ela tenha aquela crise naquele momento é totalmente diferente do motivo que
faz com que outra pessoa tenha uma crise, então você precisa avaliar aquela
crise muito além daqueles sintomas, a crise não é o sintoma, o sintoma é a
consequência de algum fato ou alguma coisa que aconteceu na vida dela ou
na própria função cerebral mesmo, então a maneira como você vê aquela
crise é o que vai definir aquele tratamento e se a pessoa vai realmente sair
dela. (Entrevistado 5)
A gente já vê a crise de uma forma diferente, a gente tem recursos pra tratar
essa crise, a gente sabe como lidar e realmente vai fazer uma diferença muito
grande no desdobramento, principalmente se for uma primeira crise. Com
todo o suporte dos profissionais do CAPS o paciente não precisa passar por
uma internação psiquiátrica, isso é fundamental, isso faz uma diferença muito
grande, quem teve uma crise e nunca pisou num hospital psiquiátrico é um
paciente totalmente diferente daquele que teve a crise e foi encaminhado para
o hospital psiquiátrico. (Entrevistado 6)
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Tendo a crise como um momento de desestabilização. O CAPS tem
condições consideráveis para tratá-la em seus âmbitos de gravidade. O
desdobramento da mesma é realizado individualmente e isso é feito a partir do modo
em que ela é assistida, definindo os possíveis recursos que a unidade oferece para
o serviço de saúde mental tratar esta crise.
O atendimento terapêutico é entendido como ato de acolher, escutando
atentamente a pessoa que procura o serviço para prestar cuidados relativos à
demanda, referente à sua problemática sócio-existencial e de saúde mental. No
cotidiano, a variabilidade dos atendimentos como psicoterapia, visita domiciliar,
atividades de apoio social, etc. dependem então da demanda de cuidados à saúde
mental
do
usuário,
das
condições
concretas
de
intervenção
da
equipe
multiprofissional e dos recursos terapêuticos disponíveis (FILHO e NÓBREGA,
2004).
Acreditando nos desafios em atender uma paciente em crise, questiono o
entrevistado se o CAPS atende o paciente em crise e como ele se sente ao atendêlo.
O CAPS faz atendimento de crise, eu acho que a crise é própria nossa aqui e
não traz nenhuma dificuldade para mim, tendo a equipe do CAPS é tranquilo
receber a crise se for necessário medicação injetável ou conter o paciente, é
totalmente tranquilo receber uma crise no ambiente CAPS justamente porque
a gente tem equipe preparada pra receber. (Entrevistado 1)
Sim, nós fazemos atendimento aos usuários em crise, o que eu sinto é que
estou fazendo meu serviço, a crise ela me traz a sensação, quando eu trato
uma crise e quando esse paciente sai da crise eu tenho a sensação de
serviço bem feito, de estar realmente fazendo o que sou paga pra fazer.
(Entrevistado 6)
O CAPS tem como objetivo atender a crise. Os funcionários se sentem
valorizados no atendimento de episódios de crise, uma vez que esses têm a
sensação de contribuição na estabilidade do paciente.
Ferigato et al., (2007) apontam que para um atendimento do paciente em crise,
além da necessidade de uma equipe interdisciplinar que envolve todos os
funcionários desde de o administrativo até o setor de limpeza, é importante ainda
que estes profissionais sejam capacitados e treinados para exercerem esta função,
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uma vez que já foi apontado a complexidade que ele envolve. É importante também
valorizar o paciente em crise, isso implica levar em consideração a sua condição de
ser humano, e não apenas de doente e como sujeito em crise, significa respeitar seu
tempo, sua individualidade e singularidade, que nem sempre vão ao encontro com a
expectativa da equipe.
Uma nova questão surge ao entrevistado, sobre o que é clínica e se existe
diferença na clínica realizada dentro do CAPS, sobre isso observe as respostas:
Eu acho que a clínica é esse dia a dia com o paciente, ajudar restabelecer a
crise, deixar a pessoa mais estável é lidar com o paciente mesmo e às vezes
com o familiar também. Existe, a clínica do CAPS é uma ajuda muito
específica, muito apropriada justamente pelo trabalho em equipe.
(Entrevistado 1)
A clinica da psicologia é uma clinica voltada pra atenções mentais,
emocionais, problemas graves que a pessoa tem que estar tratando naquele
momento. Mas dentro de um CAPS você meio que tem que saber se despir
do seu saber original, mesmo que eu faça acompanhamento de alguns
pacientes aqui porque a equipe acredita que só o olhar psicológico que vai
fazer um diferencial maior pra aquela pessoa ali eu como psicóloga eu faço
esse atendimento dessa pessoa, eu não acredito nisso não, eu acho que
todos os profissionais do CAPS são profissionais de saúde mental e todos
profissionais do CAPS tem que estar aptos a acompanhar qualquer tipo de
paciente. (Entrevistado 6)
A clínica do CAPS é diferente de todas as clínicas existentes, ela é voltada
para a reabilitação psicossocial do paciente, logo todas as pessoas que têm contato
com esses pacientes diretamente e ou indiretamente são responsáveis pela inserção
do mesmo na comunidade.
Amarante (2003) considera que no cenário da Reforma Psiquiátrica, se a
doença é questionada, é colocada entre parênteses, a clínica também deve ser
desconstruída, transformada em sua estrutura, pois a relação a ser estabelecida não
é com a doença, mas com o sujeito da experiência. A reconstrução do conceito e da
prática clínica tem sido um aspecto fundamental da reforma psiquiátrica.
Ao colocar a doença entre parênteses e lidar com os sujeitos, a clínica deve
ser radicalmente transformada. Parece estranho ter que dizer que a clínica não
deveria ficar restrita a dimensão clínica. Por isso fala-se em clínica ampliada, em
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clínica antimanicomial ou em uma articulação de um eixo político com o eixo clínico
(AMARANTE, 2003).
A última questão da entrevista interroga os entrevistados se eles acreditam na
possibilidade de reabilitação psicossocial para todos os usuários
Eu acho que a reabilitação é possível para todos, mas com limites, tem
pacientes que vão precisar ficar frequentando o CAPS, aonde os pacientes
mesmo estáveis vêm praticamente todos os dias e aqui os pacientes se
alimentam, fazem atividades ocupacionais. (Entrevistado 1)
Se eu disser Sim para todos os usuários eu estaria mentindo, aqui a gente
trabalha com pessoas que além do transtorno mental elas têm um déficit
cognitivo muito importante e imaginar que essas pessoas amanhã ou depois
serão pessoas absolutamente reabilitadas psicossocialmente eu acho que é
meio tópico isso, essas pessoas serão dependentes, elas terão limitações o
resto da vida. (Entrevistado 5)
Acredito. Mesmo o paciente muito grave se você consegue fazer alguma
coisa pra esse paciente se você consegue modificar a vida dele de alguma
forma inserir ele mais na família, perto dos vizinhos, fazer com que a família
entenda porque que ele é daquele jeito qual que é o tratamento, eu acho que
já é um caminho. Claro que nem todos são um sucesso total, mas tem
paciente que esse pequeno sucesso você tem que comemorar, o pouco que
você consegue com ele já é muito, dentro de toda a dificuldade que ele tem,
dentro do quadro, agora tem pacientes que a reabilitação é total, tem
pacientes que você vê isso. (Entrevistado 6)
Pode se notar através das respostas obtidas que houve uma adversidade, no
entanto observa-se que a reabilitação psicossocial é possível para todos os
pacientes, porém deve se considerar as limitações de cada um.
A reabilitação psicossocial deve priorizar além dos pacientes, a reabilitação dos
profissionais que atuam na promoção da saúde mental, pois à medida que eles
trabalham com o olhar voltado para o sujeito em toda sua complexidade e se
familiarizam com o sofrimento e a fragilidade do ser humano, não devem duvidar da
reabilitação psicossocial que diariamente estão implementando na prática (JORGE
et al., 2006)
Saraceno (2001) esclarece que a cidadania dos doentes mentais não significa
apenas a devolução de seus direitos formais, e sim a construção de seus direitos
substanciais, e é dentro de tal construção (afetiva, relacional, material, habitacional,
produtiva) que se encontra a única Reabilitação possível.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em relação à atenção crise no CAPS I de Santa Margarida, considera – se que
os profissionais de saúde mental têm tamanha importância assim como os demais.
Sendo todos nomeados como trabalhadores de saúde mental, desde o faxineiro ao
psiquiatra, o acolhimento do paciente em crise é feito pela equipe, destacando a
contribuição de cada profissional para a reintegração e reabilitação deste.
A atenção à crise do paciente requer capacitação dos trabalhadores de saúde
mental frente ao caráter dinâmico e concreto das necessidades do usuário para
superar o momento e recuperar a estabilidade perdida. Mesmo com algumas
deficiências presentes no CAPS I de Santa Margarida os profissionais de saúde
mental reconhecem os déficits da instituição e procuram solucioná-los.
Conclui-se que através de todas as ações realizadas no CAPS I, a equipe se
encontra apta a atender, acolher, reabilitar e tratar, fazendo toda a diferença no
desdobramento da atenção ao paciente em crise atendido por ela.
REFERÊNCIAS
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Janeiro. Ed. Nau, 2003.
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JORGE, Maria Salete Bessa; RANDEMARK, Norma Faustino Rocha; QUEIROZ,
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VECCHIA, Marcelo Dalla; MARTINS, Sueli Terezinha Ferreira. O cuidado de
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PRIMEIROS SOCORROS NA AULA DE EDUCAÇÃO FÍSICA: ATUAÇÃO DO
PROFESSOR
Glenda Silva de Siqueira - Graduada em Educação Física.
Leililene Antunes Soares - Graduada em Economia Doméstica, Especialista em
Psicopedagogia e Mestre em Educação. Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX.
Rodrigo Ataíde dos Santos - Graduado em Enfermagem e Obstetrícia, Mestre em
Biologia Celular e Estrutural. Professor da Faculdade Vértice- UNIVÉRTIX.
[email protected]
RESUMO
As escolas, juntamente com os professores, têm um papel importante na
promoção da saúde e da prevenção de doenças e de acidentes entre crianças e
adolescentes. Em muitas situações, a falta de conhecimento da população acarreta
inúmeros problemas, como o estado de pânico ao ver o acidentado, a manipulação
incorreta da vítima e ainda a solicitação desnecessária do socorro especializado em
emergência. Nesse contexto, torna-se importante identificar o conhecimento do
professor de Educação Física das escolas públicas estaduais do ensino fundamental
(6° ao 9° ano) de Ubá para atuar em situações de primeiros socorros. Para tanto,
optou-se pela abordagem qualitativa, com amostra composta por 10 professores,
sendo elaborado e utilizando, como instrumento de coleta de dados, um questionário
semiestruturado. Verificou-se que 70% dos professores estão preparados para agir
diante de situações de primeiros socorros e que a maioria conhece ou já levou seus
alunos aos locais de pronto atendimento na cidade. Para os sujeitos da pesquisa, o
mais importante em uma situação emergencial é ter em mãos o telefone de um
socorro ou um resgate. Constatou-se que os professores de Educação Física estão
capacitados para agirem em situações mais simples de primeiros socorros.
PALAVRAS-CHAVE: Primeiros socorros, emergência, educação física.
INTRODUÇÃO
A resolução do Conselho Nacional de Educação, por intermédio da Câmara de
Educação Superior, na Resolução nº 7, de 31 de março de 2004, que institui as
Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Educação Física,
em nível superior de graduação plena, dispõe em seu artigo 3º:
Art. 3º A Educação Física é uma área de conhecimento e de intervenção
acadêmico-profissional que tem como objeto de estudo e de aplicação o
movimento humano, com foco nas diferentes formas e modalidades do
exercício físico, da ginástica, do jogo, do esporte, da luta/arte marcial, da
dança, nas perspectivas da prevenção de problemas de agravo da saúde,
promoção, proteção e reabilitação da saúde, da formação cultural, da
educação e da reeducação motora, do rendimento físico-esportivo, do lazer,
da gestão de empreendimentos relacionados às atividades físicas,
recreativas e esportivas, além de outros campos que oportunizem ou
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venham a oportunizar a prática de atividades físicas, recreativas e
esportivas.
Sabendo que a Educação Física, na sua intervenção profissional, trabalha com
diversas práticas corporais e suas manifestações, pode-se afirmar que o professor
dessa disciplina está suscetível a vivenciar, durante as suas aulas, situações em que
os alunos necessitem de atendimento de emergência, em virtude de lesões
causadas pelo movimento do corpo. Como provavelmente, em algumas situações, o
professor não terá de imediato esse atendimento proporcionado por socorristas, há
de se supor que, por ser a pessoa mais próxima da vítima, naquele momento, o
professor acaba sendo o responsável pela prestação de primeiros socorros (SIEBRA
e OLIVEIRA, 2010).
Os primeiros socorros são definidos como uma série de procedimentos simples
que têm como objetivo resolver situações de emergência, feitas por pessoas
detentoras desses conhecimentos, até a chegada de atendimento médico
especializado. Os primeiros socorros são habitualmente mencionados em situações
graves de emergência, embora sejam igualmente relevantes em casos como
escoriações, lesões, hemorragias, etc. (PORTAL SAÚDE, 2010).
De acordo com o artigo 135 do Código Penal Brasileiro, deixar de prestar
assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, a pessoa inválida ou ferida,
ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir o socorro da autoridade
pública é crime. A penalidade pode ser pagamento de multa ou detenção. Esta varia
de um a seis meses, podendo ser aumentada em metade caso haja omissão e esta
resulte em lesão corporal grave; e triplicada, se resultar morte.
O profissional pode ser acusado de negligente se o indivíduo lesionado sofrer
um agravo na sua condição, motivado indiretamente por uma ação indevida no
atendimento e a abrangência do dano que pode ser de ordem física, emocional ou
psicológica.
Considerando que podem ocorrer acidentes nas aulas de Educação Física,
promovendo risco de vida ou levando às situações desastrosas, com consequentes
sequelas e até invalidez permanente, devemos ter atenção especial em relação aos
primeiros socorros. Magee (2002) afirma haver uma constante preocupação dos
especialistas da área da saúde com o alto índice de lesões sofridas por alunos nas
escolas, já que uma demora ou um atendimento inadequado pode vir a causar
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maiores danos que venham interferir na recuperação do aluno ou mesmo no tempo
de recuperação do mesmo.
Segundo o Conselho Federal de Educação Física - CONFEF (2008):
As responsabilidades com os alunos e beneficiários das atividades físicas
perpassam os direitos constitucionais, civis, penais e, sobretudo, a ética
profissional. Sendo assim, é de suma importância que os Profissionais de
Educação Física estejam treinados, atualizados e preparados para os
acidentes e fatalidades que venham a acontecer em seu trabalho e criem
uma rotina de atendimento de socorros de urgência que envolva toda a
equipe de trabalho.
Sendo assim, as escolas, juntamente com os professores, têm um papel
relevante na promoção da saúde, prevenção de doenças e, inclusive, de acidentes
entre crianças e adolescentes.
Nesse contexto, torna-se importante identificar o conhecimento e as ações do
professor de Educação Física das escolas públicas estaduais do ensino fundamental
(6° ao 9° ano) de Ubá mediante situações de primeiros socorros.
METODOLOGIA
Optou-se, neste estudo, pela abordagem qualitativa, por se tratar de um nível
da realidade que não pode ser quantificado, não requerendo o uso de métodos e
técnicas estatísticas. De acordo com Thomas et al. (2007), a pesquisa qualitativa
tem como objetivos a descrição, a compreensão e o significado, buscando
desenvolver hipóteses a partir de observações.
A amostra deste estudo foi composta por 10 professores de Educação Física
que atuam no Ensino Fundamental em 3 escolas públicas do município de Ubá/MG.
Com o objetivo de identificar o conhecimento do professor de Educação Física
do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental para atuar em situações de emergências, foi
elaborado e utilizado, como instrumento de coleta de dados, um questionário
semiestruturado contendo treze questões, no qual os professores puderam marcar
mais de uma opção.
Finalmente, os dados foram analisados e discutidos com base em referenciais
teóricos sobre situações de emergências nas aulas de Educação Física.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
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Primeiramente, buscou-se constatar se os professores se sentem preparados
para atuar em situações que exijam o uso de primeiros socorros. A maior parte da
amostra – ou seja, 70% – respondeu positivamente e 30%, negativamente.
As justificativas dadas para essas respostas foram agrupadas para melhor
visibilidade e compreensão, no Quadro 1.
Quadro 1: Justificativas apresentadas
Justificativas
associadas
à Frequência Justificativas
associadas
à
resposta “sim”
resposta “não”
4

Realização de curso de

Aprendizado limitado à
primeiros socorros, sentindo-se
teoria, sem aplicação prática,
capacitado
acreditando
ser
de
grande
1
responsabilidade para o professor

Ter cursado a disciplina na
Faculdade

Não pratica o uso dos
1
primeiros socorros diariamente

Apresentar conhecimentos
básicos para agir em situações

Ausência de formação
emergenciais
adequada
1

Não justificou
Total
7
Fonte: dados da pesquisa.
Frequência
1
1
1
3
Os profissionais da área de saúde, especificamente o professor de Educação
Física, precisam ter conhecimentos quanto à abordagem das noções básicas de
primeiros socorros no ambiente escolar, para agir de maneira adequada sempre que
for necessário. Os dados obtidos são preocupantes, pois 30%, não se sentem
preparados para agir em situação de emergência, sendo esta parcela da amostra
muito significativa. Em consonância com esses resultados, Rabuske et al. (2002)
afirmam que os professores não estão capacitados para o pronto atendimento ou
agem de forma inadequada.
O ideal, de acordo com Fioruc et al. (2008), é que todos os professores sintamse capacitados acerca da prevenção, avaliação e condutas em situação de
emergência, tendo informações específicas sobre o que fazer frente a um acidente o
qual envolva atitudes simples relacionadas à prática de primeiros socorros e,
também, aos agravos que este pode causar. Em muitas situações, essa falta de
conhecimento por parte de professores acarreta inúmeros problemas, como: o
estado de pânico ao ver o acidentado, a manipulação incorreta da vítima e, ainda, a
solicitação excessiva e às vezes desnecessária do socorro especializado em
emergência.
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Profissionais com pouco conhecimento em primeiros socorros optam por não
tomarem nenhuma atitude, a não ser que sejam obrigados a isso. Basicamente, não
se sente competentes para prestar os primeiros socorros, o que, infelizmente, é
bastante comum nessa situação. Confirmando essa afirmação, alguns estudos
constataram que, nos Estados Unidos, apenas metade dos profissionais de
Educação Física têm treinamentos de primeiros socorros (ROWE; ROBERTSON,
1986; WEIDNER, 1989 citado por FLEGEL, 2002).
Verificou-se também que, dentre os 7 professores que afirmaram estar
preparados para atuar em situações que exijam conhecimento de primeiros
socorros, 58% realizaram cursos a fim de capacitar-se; dos demais, 14%
comentaram ter conhecimentos básicos para agir em situações de emergências;
14% consideram que a disciplina cursada na graduação já os capacitou, e 14% não
justificaram.
Ressalta-se que, embora 30% tenham mencionado que não se sentem
qualificados para agir diante situações de emergências, os professores juntaram-se
aos demais e apontaram as situações nas quais se sentem preparados para agir,
por exemplo, em cortes superficiais (34%), em fraturas (26%), em desmaios (22%),
em hemorragia (11%), e em outras situações (7%), dentre elas: epilepsia (13%) e
sangramento nasal (13%).
Em relação às situações emergenciais em que os professores não se
consideram preparados para atuar, 44% mencionaram casos de hemorragia; 31%,
desmaios (ou mal-súbito); 19%, fraturas; e 6%, cortes superficiais.
De acordo com Flegel (2002), o professor de Educação Física é, na escola, o
responsável pela prestação dos primeiros socorros e atendimentos, por ser um
profissional da área da saúde com capacitação para tal. Da mesma forma, Lins
(1992) acrescenta que o atendimento deve proporcionar conforto e aliviar a tensão
psicológica. Para tanto, esses profissionais devem estar preparados para atuar nas
mais diversas circunstâncias.
Segundo Novaes (1994), os pais irão procurar a orientação do profissional de
Educação Física caso os filhos sofram alguma lesão. Nessa situação, espera-se que
o profissional saiba responder às perguntas dos pais assim como de tomar as
devidas atitudes.
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Ao averiguar os conhecimentos teórico-práticos que o professor de Educação
Física precisa ter em caso de acidente na escola, os resultados foram: ter em mãos
o telefone de um socorro ou resgate (33%); saber identificar o tipo de ferimento para
prestar o socorro adequado (29%); ter prática de estancar hemorragias (21%); e
saber fazer curativos (17%).
A classificação em grau de importância desses procedimentos para os
professores: 50% marcaram como 1ª opção “identificar o tipo de ferimento para
prestar o socorro adequado”; essa opção destacou-se ainda em 2º lugar, com 40%
dos votos. A opção “ter em mãos o telefone de um socorro ou resgate” foi escolhida
como 1ª e 2ª opção por 4 professores (40%). Em 3º lugar, 70% dos professores
escolheram a opção “estancar hemorragia”, e em 4º lugar 70% optaram por “fazer
curativo” (Quadro 2).
Quadro 2: Conhecimentos teórico-práticos para agir diante de situações emergenciais em grau de
importância
Frequência 1º Frequência 2º Frequência 3º Frequência 4º Frequência 5º
Opções
lugar
Estancar hemorragias
Identificar o tipo de ferimento
para prestar atendimento
adequado
Fazer curativos
Ter em mãos o telefone de
um socorro / resgate
Fonte: Dados da Pesquisa
lugar
lugar
lugar
2
1
7
5
4
1
1
4
2
4
lugar
7
1
1
Esses resultados reforçam a opinião de Sardinha e Carvalho (2006), para os
quais o ato de utilizar os primeiros socorros envolve duas importantes tarefas: em
primeiro lugar, ter o telefone dos pais e de um resgate; e, em segundo, prestar o
atendimento adequado, para minimizar danos ao aluno.
É importante destacar que qualquer pessoa que for realizar o atendimento préhospitalar (APH), mais conhecido como primeiros socorros, devem, antes de tudo,
atentar para a sua própria segurança (SILVEIRA e MOULIN, 2008).
Segundo Flegel (2002), o profissional deverá atuar nos limites de seu
treinamento, preservando a sua segurança e buscando orientação em caso de
dúvidas. A maioria dos professores, ao contrário, respondeu que, ao prestar
atendimento, a primeira preocupação é com a segurança da vítima (46%); em
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seguida, a vida da vítima (27%); em terceiro lugar (18%), a sua própria segurança; e,
por último, a preocupação com o circundante (9%).
Os professores foram questionados com relação às situações de emergências
mais comuns em suas aulas. De acordo com os resultados apresentados pela
pesquisa de Sardinha (2006), observa-se que as escoriações foram relatadas por
78% (1º lugar), constituindo, portanto, as situações mais comuns nas aulas de
Educação Física. Já no presente estudo, observa-se que a ocorrência de cortes
superficiais encontra-se em primeiro lugar, com 57%, seguida de desmaios (malsúbito) com 29% e, por último, com 14%.
Ao verificar como o professor reagiu diante das situações relatadas
anteriormente, 64% responderam que prestaram socorro imediato, encaminhando a
vítima a um pronto socorro; 18% fizeram atendimento no próprio local e 18%
solicitaram que outra pessoa prestasse o atendimento.
Segundo Dib (1978), um profissional de Educação Física treinado em primeiros
socorros pode auxiliar, prestando alguns cuidados antes da chegada de outro
profissional mais qualificado para tal.
Nesse sentido, Magee (2002) acrescenta que o profissional de Educação
Física não foi treinado para elaborar um diagnóstico médico ou para realizar as
condições de estabilidade do indivíduo lesionado; é necessário acompanhá-lo até a
chegada de um profissional com um nível de treinamento mais adequado.
Entretanto, faz-se necessário conhecer os locais de pronto atendimento na
cidade. Todos os professores da amostra (100%) sabem identificar tais locais.
Os avaliados identificaram os locais de pronto atendimento que eles conhecem
em sua cidade. Diante da possibilidade de marcar mais de uma opção, as respostas
foram agrupadas para melhor visibilidade e compreensão, no Quadro 3.
Quadro 3: Locais de pronto atendimento citados
Locais citados pelos professores
Hospital São Vicente e/ou Santa Isabel
Frequência
9
Corpo de Bombeiros
2
Posto de Saúde
5
Clínica São Januário
1
Fonte: dados da pesquisa
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Verificou-se que todos os avaliados já passaram por situação em que tiveram
que encaminhar ou transportar algum aluno até os locais de pronto atendimento. Os
locais por eles procurados foram: Hospital Santa Isabel (57%); Hospital São Vicente
(29%); posto de saúde próximo à escola (7%); e outro posto de saúde (7%).
A maioria dos professores (80%) atuação a fim de que a escola mantenha uma
listagem com telefones atualizados dos pais e responsáveis, para o caso de o aluno
se envolver em um acidente, os demais (20%) não se preocupam.
Esses aspectos são abordados por Flegel (2002) ao comentar que os primeiros
socorros no esporte não promovem a ideia de que os profissionais devem
diagnosticar e tratar a vítima; entretanto, é necessário que eles se certifiquem de
que o aluno lesionado seja examinado e liberado por um médico antes de voltar à
atividade. Além disso, envolvem importantes tarefas, como: entrar em contato com
os pais e informá-los da lesão; prestar os primeiros socorros de maneira adequada;
chamar a equipe de resgate para transportar o aluno lesionado, se necessário;
ajudar no transporte seguro do aluno até o estabelecimento de saúde; e incentivá-lo
durante o processo de reabilitação.
Com o intuito de conhecer a preocupação e a responsabilidade da escola em
auxiliar o professor em situações de primeiros socorros, os profissionais foram
questionados se a escola onde trabalham possui uma maleta de primeiros socorros.
A essa indagação, 70% responderam positivamente.
Segundo Silveira e Moulin (2008), é imprescindível que a escola tenha um kit
de
primeiros
socorros
com
ataduras,
cobertor
térmico,
colar
cervical,
esfignomanômetro, esparadrapo, estetoscópio, gaze esterilizada, lenço triangular,
luva de procedimentos, máscaras, maca rígida, óculos de proteção, pinças
hemostáticas, sacos de gelo (duas partes de água e uma parte de álcool de uso
doméstico para gelo floculado), talas variadas, tesoura, soro fisiológico, válvula para
RCP, entre outros materiais necessários aos atendimentos, de acordo com as
modalidades praticadas e os riscos de lesões.
Todos os professores (100%), durante a graduação tiveram alguma disciplina
sobre técnicas de primeiros socorros. Os comentários são apresentado no Quadro 4.
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Quadro 4: Comentários sobre a formação na graduação
Justificativas dos professores
Presença da matéria de Primeiros Socorros na graduação
Frequência
9
Presença de técnicas de primeiros socorros durante as aulas de Natação, Futsal e
Voleibol e na própria disciplina de Primeiros Socorros
1
Total
Fonte: Dados da pesquisa
10
Importa destacar que 70% dos professores afirmaram que o conteúdo
ministrado durante a graduação não foi suficiente para lhes assegurarem formação
adequada para agirem diante de situações de primeiros socorros. As justificativas
foram agrupadas para melhor visibilidade e compreensão, no Quadro 5.
Quadro 5: Justificativas apresentadas
Justificativas
dos
que Frequência
responderam “sim”
1
 Metodologia interessante e
disciplina bem elaborada
 Sem justificativa
Total
2
Justificativa
dos
responderam “não
 Poucas aulas
 Falta de recursos
 Falta de aprofundamento no
conteúdo
 Incompetência do professor
 Sem justificativa
3
que
Frequência
1
1
1
1
3
7
Um estudo realizado por Siebra e Oliveira (2010) demonstra a necessidade de
o professor de Educação Física dominar os conhecimentos de atendimento de
primeiros socorros, na medida em que as diretrizes que regulamentam os cursos
consideram que esse profissional deverá também proteger a saúde do seu
aluno/cliente e também por este estar constantemente em situações que podem
chegar a ocasionar lesões no grupo ao qual atende.
Os autores supracitados acrescentam ser necessário incluir na grade curricular
dos cursos de Educação Física uma disciplina que trabalhe os conteúdos relativos
aos primeiros socorros de forma ampla e eficaz para que ao final dessa disciplina, os
alunos sairiam realmente confiantes a reagir de forma diligente diante de uma
situação de emergência, passando ainda confiança para o seu aluno no momento do
atendimento, sendo esse fato de extrema importância. Consequentemente, esse
professor realizaria o seu trabalho de uma forma mais segura.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os professores de Educação Física que participaram desse estudo estão
capacitados para agirem em situações mais simples de primeiros socorros. Todos os
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professores confirmaram a presença da disciplina de primeiros socorros em sua
graduação, mas apenas 30% consideraram o conteúdo suficiente para uma atuação
adequada. Diante de uma situação emergencial, a maioria dos professores prestou
socorro imediato ou encaminhou o aluno ao pronto socorro.
Assim, aconselha-se que os profissionais de Educação Física participem,
periodicamente, de treinamentos de primeiros socorros, para se capacitarem
adequadamente, no sentido de melhorar sua atuação psicológica, emocional e
tecnicamente. Recomenda-se, também, que outros estudos sejam realizados, com
amostras mais extensas e distintas, para futuras comparações.
REFERÊNCIAS
CÓDIGO PENAL BRASILEIRO. Disponível em: http://www.codigopenal.adv.br/#
a135. Acesso: 08.dez.2010.
CONFEF. Socorros de urgência em atividades físicas. 2008. Disponível em:
http://www.confef.org.br. Acesso em: 23.fev.2010.
FIORUC, Bianca Elizabete et al. Educação em saúde: abordando primeiros socorros
em escolas públicas no interior de São Paulo. Revista Eletrônica em Enfermagem.
v. 10, 2008. Disponível em: http://www.fen.ufg.br/revista. Acesso em: 24.mai.2010.
FLEGEL, Melina. Primeiros socorros no esporte. São Paulo: Manole, 2002.
LINS, Aldo. Curso de primeiros socorros. Rio de Janeiro: Editora Vip, 1992.
MAGEE, David. Avaliação músculoesquelética. São Paulo: Manole, 2002.
NOVAES, Jeferson. Manual de primeiros socorros para a Educação Física. Rio
de Janeiro: Sprint, 1994.
PORTAL SAÚDE. Manual de primeiros socorros. Disponível
http://www.oportalsaude.com/manualsos. Acesso em: 10.nov.2010.
em;
RABUSKE, Marilene et al. Pedagogia e educação e saúde na infância: noções
básicas de primeiros socorros na escola. Paraná: Tuiuti, 2002.
Resolução nº. 7, 31 de março de 2004. Diretrizes Curriculares Nacionais para
os cursos de graduação em Educação Física, em nível superior de graduação
plena. Disponível em: http//www.cmconsultoria.com.br. Acesso em: 23 out. 2009.
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SARDINHA, Luis; CARVALHO, Ana. Análise do nível de capacitação dos
profissionais de Educação Física atuantes no ensino médio da rede pública estadual
da cidade de Ipatinga-MG para a execução dos primeiros socorros. Movimentum
Revista Digital de Educação Física. v.1, n.1, ago-dez. 2006.
SIEBRA, Paula; OLIVEIRA, José. A disciplina primeiros socorros no mapa
curricular do curso de educação física da universidade regional do Cariri: uma
proposta de inclusão. Disponível em: http://www.webartigos.com/articles/3539.
Acesso em: 12.nov.2010.
SILVEIRA, Ester; MOULIN, Fabiana. Socorros de urgência em atividades física
curso teórico-prático. Disponível em: http://www.socorrosdeurgencia. Acesso em:
29.mar.2008.
THOMAS, Jerry et al. Métodos de pesquisa em atividade física. 5. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2007.
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PERFIL DOS FREQUENTADORES DA ACADEMIA DO ITALOGARD CLUB DE
MATIPÓ-MG
Fábio Florindo Soares – Bacharel e Licenciada em Educação Física, Especialista
em Atividades Motoras em Academias, Atividades Aquáticas e Personal TrainingESFM, Professor da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX
Aline Moreira Costa e Lohaine Analú de Sá Almeida – Licenciadas em
Educação Física
Márcia Paula de Miranda Florindo – Bacharel e Licenciada em Educação Física,
Especialista em Atividades Motoras em Academias, Atividades Aquáticas e Personal
Training- ESFM
Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Pedagogia e Educação Física.
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e coordenadora de Extensão
na Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Márcio Lopes de Oliveira – Graduado em Educação Física. Mestre Ciência da
Educação Física, Esporte e Recreação. Professor e Coordenador do curso de
Educação Física da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX.
[email protected]
RESUMO
Nos últimos anos, de acordo com Guiseline (2001), tem sido cada vez maior o
número de pessoas que procuram as academias em busca da prática de exercícios
físicos, essa prática provou não ser um modismo passageiro e sim uma maneira de
melhorar a saúde e a qualidade de vida. O estudo apresentado tem como objetivo
identificar o perfil dos frequentadores de uma academia em uma cidade de pequeno
porte da Zona da Mata Mineira. O instrumento de coleta de dados consistiu em
questionário fechado tendo como base a anamnese da academia, aplicado a 100
frequentadores antes de iniciarem suas aulas. Os resultados dessa pesquisa
indicam que as pessoas estão em busca da melhoria da qualidade de vida,
principalmente o público do gênero feminino com faixa etária maior que 20 anos. O
principal objetivo foi a estética corporal, optando por academias diferenciadas que
oferecem profissionais qualificados e também bons aparelhos como instrumentos de
trabalho.
PALAVRAS-CHAVE: Administração, Qualidade de vida, Exercício físico, Academia
de ginástica.
INTRODUÇÃO
A origem do nome academia está relacionada ao Filósofo Platão (427-347
a.C.), que se utilizou de um bosque para fundar sua escola de filosofia a qual levava
o nome de um legendário herói grego, Academos. Neste período, a academia era
um local de ensino e aprimoramento de Filosofia, Matemática e Ginástica
(GAARDER, 1995, p. 53).
O aparecimento das academias no Brasil deu-se por volta de 1970,
fundamentada em atividades calistênicas, no que se refere aos exercícios
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estacionários. A partir dos estudos realizados pelo Dr. Kenneth Cooper, citado por
Pereira (1996), modificou-se a estrutura das atividades ministradas nas academias,
dando maior importância às atividades chamadas de aeróbicas, fundamentada nos
exercícios cardiorrespiratórios. Somente na década de 1980, houve aumento
gradativo das academias por parte de empresários, tornando-as um negócio
lucrativo. Em consequência de grandes investimentos, atualmente, de acordo com
Pereira (1996), existem mais de 18.000 academias espalhadas por todo o território
brasileiro.
Nos últimos anos, de acordo com Pereira (1996) e Guiselini (2001), tem sido
cada vez maior o número de pessoas que procuram as academias em busca da
prática de exercícios físicos. Com o tempo essa prática provou não ser apenas um
modismo passageiro e sim uma maneira real de melhorar a saúde e a qualidade de
vida dos praticantes.
Assim, dentro das perspectivas da melhoria da saúde, do bem estar e do
condicionamento físico, as academias de ginástica passam a ser a alternativa mais
viável para grande parte da população, cada um com suas necessidades e
interesses.
Devido à grande procura por academias de ginásticas, a concorrência aumenta
dia após dia, porém aquelas que não apresentam qualidades em seus serviços
estão sendo fechadas. Tornando-se a competência de uma equipe essencial para
obter um diferencial, visando que os consumidores estão cada vez mais críticos
quanto à qualidade do serviço, equipamentos tecnológicos, atendimento e também
aos preços (ALBRECHT e BRADFORD, 1992, p. 89).
Cientes de vivermos em um mercado competitivo são essenciais e
indispensáveis esforços de uma equipe envolvida no processo de prestação de
serviços direcionados à qualidade, na busca da sobrevivência e diferencial
profissional e comercial. Assim, para atingir a qualidade de um serviço é preciso
atender as perspectivas do cliente de forma confiável e segura as suas
necessidades.
Considerando essas argumentações a questão norteadora dessa pesquisa foi
identificar o perfil dos frequentadores de uma academia de ginástica.
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A partir de tal questão surgiram outras adjacentes: Quais são os objetivos das
pessoas que frequentam a academia? Quais são os exercícios mais praticados
pelos frequentadores da academia? Com que frequência essas pessoas fazem
exercício físico na academia? Além dos exercícios, esses sujeitos usam algum tipo
de suplementação?
Diante do exposto, o objetivo desse estudo é identificar o perfil dos
frequentadores da academia Italogard Club na cidade de Matipó-MG.
A relevância do estudo esta na viabilidade de demonstrar às academias de
ginástica a necessidade de investigarem o perfil dos frequentadores visando
melhorar principalmente a qualidade do atendimento.
REFERENCIAL TEÓRICO
Segundo Pereira (1996) e Guiselini (2001) é grande a busca de pessoas pela
melhoria da saúde, pelo bem estar físico e mental, além do condicionamento físico.
Assim, as academias passam a ser a alternativa mais procurada pela população,
devido a interesses particulares de cada um. Fazendo assim com que a
concorrência seja aumentada dia-a-dia. Em consonância com tal pressuposto,
Toscana (2001, p. 63) afirma que:
O profissional de Educação Física tem o papel de supervisionar diretamente os
serviços e orientar os clientes quanto às práticas de exercícios físicos nos centros de
atividades físicas, para que esse serviço seja de qualidade e esse centro seja um
referencial em serviço de saúde primário.
Na concepção de Soares (2000) a qualidade em seus serviços, aparelhos,
atendimentos e preços, são alvos visados pelos consumidores sempre quando vão à
procura de alguma delas, portanto, as ações profissionais devem estar pautadas
principalmente na busca da qualidade, o que se alcança através do controle das
atividades desenvolvidas, destacando que o efetivo uso de controle promove à
evolução das metodologias e técnicas que possam significar a melhoria da
qualificação dos profissionais diretamente ligados à área, sendo eles professores,
administradores e proprietários. O cliente avalia a academia de acordo com o
atendimento que lhe foi oferecido, nota-se que muitas vezes os clientes trocam de
academia simplesmente por não ter sido bem recepcionado. O atendimento dentro
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de uma academia de ginástica envolve todos os processos diretamente ligados aos
seus serviços, todas as pessoas ligadas a cada setor de contato com o público
devem realizá-lo com o mais alto grau de qualidade, uma vez que um bom
atendimento torna-se um grande veículo de divulgação da instituição. O porte das
instalações é um fator determinante do número de clientes e das variedades de
atividades oferecidas simultaneamente, assim como os recursos disponíveis para o
investimento nestas instalações. Para fins elucidativos, uma academia que visa à
busca da qualidade total de serviços deve-se estruturar para oferecer uma melhor
relação entre espaço físico e alunos, visando o maior conforto de seus clientes. Para
assegurar a boa qualidade das instalações físicas, é preciso sua manutenção, assim
como sua atualização, com o intuito de oferecer maior qualidade dos serviços aos
clientes.
METODOLOGIA
Para traçar o perfil dos frequentadores da academia Italogard Club da cidade
de Matipó – MG foi elaborado um questionário fechado que teve como base a
anamnese da academia, contendo 15 questões, que foram aplicados a 100
frequentadores da academia investigada antes de iniciarem seus exercícios físicos.
Vale ressaltar que os alunos participantes assinaram o Termo de Consentimento
Livre Esclarecido (TCLE).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados e discussões desse estudo apresentam uma etapa descritiva e
outra etapa quantitativa, organizada em forma de gráficos.
O questionário foi respondido por 100 frequentadores da Academia Italogard
Club de Matipó, sendo que 58% pertencentes ao gênero feminino e 42% ao
masculino. A faixa etária predominante é de adultos, sendo 31% de 21 a 30 anos,
18% de 31 a 40 anos, 8% de 41 a 50 anos, totalizando 57% da população
investigada.
Segundo Vesentini (1998) a estrutura etária de uma população costuma ser
dividida em três faixas: os jovens, que são do nascimento até 19 anos; os adultos,
dos 20 anos até 59 anos e os idosos, que vai dos 60 anos em diante.
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O número de pessoas que procuram por academias para alcançar qualidade
de vida está aumentando, como também aumenta a média de faixa etária entre os
seus frequentadores, com pessoas cada vez mais velhas praticando seus exercícios
nesses centros, (NOVAES, 1999).
Verificando-se o nível de escolaridade das pessoas que responderam ao
questionário, observamos que a maior parte dos frequentadores encontra-se no
minímo no ensino médio incompleto com 26% e ensino médio completo com 28%.
Portanto a maioria dos frequentadores da academia apresentam uma média de
escolaridade superior a média nacional,ainda encontramos 18% com ensino superior
completo.
De acordo com o censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística - IBGE (2010), a situação da educação no Brasil apresentou melhorias
significativas na última década do século XX: houve queda substancial da taxa de
analfabetismo e, ao mesmo tempo, aumento regular da escolaridade média e da
frequência escolar (taxa de escolarização). No entanto, a situação da educação no
Brasil ainda não é satisfatória. Em 2002, considerando-se as pessoas com 10 anos
ou mais de idade, a população do país tinha uma média de 6,2 anos de estudo. Em
comparação a 1992, houve um aumento de 1,3 anos de estudo na média nacional.
Ao procurar a prática de exercício físico em uma academia, o indivíduo têm um
objetivo pessoal que pode variar de uma pessoa para outra. Isso é ilustrado na
figura 1 apresentada a seguir:
Figura 1 – Qual o seu principal objetivo?
Observa-se na academia investigada um número alto de participantes que tem
como objetivo principal a estética corporal, tendo uma maior ênfase a hipertrofia
muscular e o emagrecimento.
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Para Saba (2001) afirma que com o advento de corpo criado pela sociedade,
motivo de status para muitos, fez com que a busca desse padrão estético viesse a
multiplicar o número de alunos nas academias. A estética padronizada pela
sociedade não apenas transmite uma boa impressão visual como também mostra
um pouco da personalidade do indivíduo, já que para manter a forma temos que ter
uma vida regrada, com boa alimentação, exercício físico, disposição, o que acaba
associando a pessoa a um padrão de organização, controle e determinação.
Segundo Guiselini (2004) o bem – estar físico é, sem dúvida, o primeiro
objetivo pelo qual a grande maioria das pessoas inicia um programa de exercícios.
Cuidar do corpo cada vez mais se torna prioritário, seja por questões estéticas,
melhoria da aptidão física, recomendação médica, emagrecimento ou outros
objetivos.
Pereira (1996) afirma que os indivíduos procuram as academias com objetivos
estéticos. Além disso existem indivíduos que buscam objetivos específicos, é o caso
dos atletas que vão em busca de treinamento e objetivos terapêuticos, pessoas que
são recomendadas por médicos. Uma outra parcela procura a obtenção e
manutenção de fitness.
Conforme Pollock et al. (1986) um número crescente de evidências está
começando a demonstrar sem dúvidas que a inatividade física e o aumento do
sedentarismo de hábitos diários de vida, provoca uma séria ameaça ao corpo,
causando um distúrbio bem maior do que se pensa em funcionamento corporal.
Assim, problemas comuns e sérios como a doença arterial, coronariana,
hipertensão, obesidade, ansiedade, depressão e problemas da coluna tem sido
relacionados, direta ou indiretamente, com a falta de exercício físico. No entanto
apenas 7% da população investigada referiu possuir algum tipo de doença.
Os frequentadores da academia foram questionados sobre a ultilização de
medicamentos e apenas 8% referiram fazer uso dessas substãncias.
Guiselini (2004) afirma que a meta mínima de saúde para todos nós é obter um
diagnóstico médico de que estamos livres de doenças (de que somos
“aparentemente saudavéis”). Tentamos previnir males, enfermidades e doenças
conhecidas através da percepção de avaliações de saúde e hábitos saudavéis.
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Ainda em consonância com Guiselini (2004) pessoas que possuem uma famÍlia
com um histórico de doenças estão mais propenças a desenvolver algum tipo de
doença congênita como por exemplo, doenças do coração, coluna, hipertensão,
úlseras, obesidade, altas taxas de colesterol, entre outras, quando comparadas
àquelas que não tem histórico familiar.No entanto 70% da população investigada
referiu não ter história familiar de doenças
Para obter-se bons resultados nos exercícios físicos é necessário ser
assíduo. Assim, direcionamos a questão para obter informações sobre a frequência
e comprometimento dos alunos relacionados à academia.
Verificamos que a frequência semanal de 79% dos frequentadores oscila entre três
ou mais vezes por semana.
Para Barros (2002), o ideal é que se faça exercícios físicos no mínimo três
vezes por semana. E isso vale até mesmo para quem está apenas começando, pois
os músculos necessitam ser trabalhados frequentemente, para evitar a sobrecarga
na musculatura, os desgastes e as lesões. Para entrar em forma, o ideal é iniciar
com exercícios leves em dias alternados em vez de duas horas em um dia só.
Indagou-se no questionário o tempo que os alunos frequentam a academia:
Verificou-se que mais de 48% dos clientes apresentaram uma fidelização de
mais de 3 anos de aderência as atividades da academia em questão, demonstrando
confiança nos profissionais e na qualidade de serviços prestados.
Segundo Saba (2008), metade das pessoas que iniciam programas de
exercício físico abandona a sua prática após um período de seis meses a um ano.
Issodemonstra que começar não é o mais difícil, esses alunos precisam ser
estimulados a continuar, independente do motivo que os levou a se matricular em
uma academia de ginástica e musculação. A alta rotatividade de alunos é um
problema por elas enfrentado porque muitos de seus frequentadores abandonam a
prática antes mesmo de alcançar os resultados almejados.
Outra questão levantada no estudo foi sobre o uso de algum tipo de
suplemento alimentar,e apenas 12% referiram ultilizar algum tipo de suplementação.
Conforme Toscano (2001), a relação entre exercício físico e saúde se justifica
pelas muitas evidências de que níveis apropriados de aptidão física, mantidos
durante toda a vida por meio de exercícios regulares, exercem efeitos benéficos nas
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funções dos órgãos em geral, tendo como consequência o prolongamento da vida e
a vida com qualidade. E mesmo sabendo que o meio mais natural para a melhoria
da qualidade de vida é a prática de exercícios físicos, a maioria das pessoas estão
preocupadas com a estética corporal, muitas vezes fazendo uso inadequado de
suplementos alimentares, constituindo um problema grave para a saúde si próprio.
Buscando saber o que influencia os alunos a optar por uma academia,
questionou-se o que determina a escolha do usuário por determinada academia de
ginástica. Obtendo os seguintes resultados:
54% clientes responderam que a habilitação e qualificação dos profissionais
são determinantes em sua escolha, enquanto 27% opinaram pela qualidade dos
equipamentos, 10% consideraram o ambiente agradável como fator determinante.
Observa-se que a habilitação e qualificação dos profissionais, seguidos da
qualidade dos aparelhos,são determinantesfatores que levaram a maioria dos
frequentadores na escolha da academia.
Leite (2000) afirma que, uma pessoa geralmente procura uma academia atrás
de satisfação e terminará por escolher a academia que atenda às suas
necessidades, na totalidade ou que mais se aproxime de fazê-lo. Todo ser humano
inteligente procura adaptar-se continuamente. Praticamente todo mundo quer
estabilidade, conforto e segurança. Assim, Pereira (1996), aborda que os processos
de fundamental importância para o funcionamento de uma academia, estão
relacionados a qualidade do atendimento, as instalações físicas, aos aparelhos de
ginásticas, as aulas, aos professores, as avaliações físicas e cardiorrespiratórias e
aos demais funcionários da instituição.
Segundo a Lei Federal 9696/98 de 01 de setembro de 1998,a qual regulariza a
profissão de Educação Física, como enfatiza o art. 3o, compete ao Profissional de
Educação Física coordenar, planejar, programar, supervisionar, dinamizar, dirigir,
organizar, avaliar e executar trabalhos, programas, planos e projetos, bem como
prestar serviços de auditoria, consultoria e assessoria, realizar treinamentos
especializados, participar de equipes multidisciplinares e interdisciplinares e elaborar
informes técnicos, científicos e pedagógicos, todos nas áreas de atividades físicas e
do desporto.
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Investigou-se ainda na presente pesquisa, quais são os aparelhos de maior
preferência pelo público da academia:
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
26%
22%
17%
17%
5%
3%
5%
1%
1%
3%
Figura 2– Equipamentos de maior preferência dos frequentadores da academia?
Percebe-se pelo apresentado,que os aparelhos de maior preferência dos
frequentadores são de predominantimente aeróbicos.
Para Barros (2002), exercícios aeróbicos são exercícios moderados, ou seja,
de baixa intensidade e longa duração, a energia vai ser obtida principalmente pela
utilização do oxigênio, tais como: andar, pedalar, nadar, dançar e correr em
velocidade moderada, já as atividades anaeróbicas, são exercícios de alta
intensidade e curta duração, a energia é obtida principalmente pelo primeiro sistema,
ou seja, sem a participação do oxigênio. Compreendem atividades como levantar
peso, subir escadas rapidamente ou correr em alta velocidade.
Quando se busca por uma academia, os alunos sempre priorizam uma parte do
corpo na hora de executar sua sequência de exercícios físicos. Assim, investigou-se
qual seria a parte do corpo de maior preferência a ser trabalhada atráves dos
exercícios.
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Figura 3 – Qual parte do seu corpo você prioriza ao realizar exercícios físicos?
Observou-se na figura acima, que maior porcentagem encontra-se em pessoas
que priorizam em seus exercícios o abdômen, que não desejam gordura localizada
nessa parte do corpo, evidenciando mais uma vez a grande preocupação com os
fatores estéticos.
Guiselini (2004) afirma que, muitas pessoas tem o hábito de treinar aquele
componente que é prioritário, não se importando nas consequências para saúde, se
o excesso acaba sendo prejudicial. A estética, aparência física ou a performance
estão muito acima da saúde e bem – estar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o surgimento do fenômeno academia, onde os praticantes da mesma
visam praticar exercícios físicos em busca da sua melhora na qualidade de vida,
compreendemos que o perfil da maioria dos frequentadores da referida academia
baseia-se no gênero feminino, tendo uma escolaridade mínima o ensino médio,
compreendida em uma faixa etária adulta, visando principalmente à estética como
objetivo principal, não apresentando doenças preexistentes e não possuindo o
hábito de consumir bebidas alcoólicas, suplementos alimentares, assim como não
faz ouso do tabagismo.
Identificamos que a presença de profissionais habilitados e a qualidade dos
aparelhos tornam-se determinantes na escolha de uma academia.
Podemos também observar que a aderência dos clientes é, na maioria das
vezes, superior a seis meses e que os mesmos apresentam uma frequência
semanal superior a três vezes.
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A preferência por exercícios e aparelhos aeróbicos e a metabolização de
gorduras é coerente com o principal objetivo que é a estética.
A análise e compreensão do perfil de frequentadores de academias tornam-se
cada vez mais relevante no processo de captação de novos clientes, tanto quanto a
manutenção e aumento das taxas de fidelização e aderência dos já existentes.
Com este estudo pretendemos contribuir para que profissionais de Educação
Física e proprietários das academias percebam a necessidade de conhecer o perfil
dos frequentadores para melhorar, principalmente, a qualidade do atendimento e
dos serviços prestados, assim como traçar mecanismos, ações administrativos e de
marketing a fim de minimizar os esforços e maximizar os rendimentos.
Recomenda-se a realização de estudos periódicos, devido aos índices
flutuantes e a sazonalidades dos clientes matriculados e que conte com diferentes
instrumentos de coleta de dados, especificamente de natureza qualitativa, a fim de
que se possa compreender melhor o fenômeno: perfil de frequentadores de
academias.
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PERFIL DAS PRATICANTES DE HIDROGINÁSTICA DA CIDADE DE MATIPÓ-MG
Márcia Paula de Miranda Florindo – Bacharel e Licenciada em Educação Física,
Especialista em Atividades Motoras em Academias, Atividades Aquáticas e Personal
Training- ESFM
Maura Carolina de Souza Santos e Mírian Aparecida Brandão. Graduandas em
Educação Física - Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX
Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Pedagogia e Educação Física.
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e coordenadora de Extensão
na Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Fábio Florindo Soares – Bacharel e Licenciada em Educação Física, Especialista
em Atividades Motoras em Academias, Atividades Aquáticas e Personal TrainingESFM, Professor da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX
Márcio Lopes de Oliveira – Graduado em Educação Física. Mestre Ciência da
Educação Física, Esporte e Recreação. Professor e Coordenador do curso de
Educação Física da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX.
[email protected]
RESUMO
A hidroginástica vem revolucionando o mercado de fitness com sua eficiência
e técnica variada, sofrendo grandes avanços quanto à sua especificidade. Segundo
Paulo (1994), os benefícios e a necessidade do exercício físico em todas as idades,
tanto para a saúde no aspecto físico e mental, surgem o interesse por atividades
onde os impactos e as dores possam ser diminuídas. O objetivo deste estudo foi
identificar o perfil das praticantes de hidroginástica da cidade de Matipó - MG. Tratase de uma pesquisa de ordem exploratória, tendo como objetivo proporcionar uma
visão geral de um determinado fato. O instrumento de coleta de dados foi um
questionário semiaberto, aplicado a 20 praticantes de hidroginástica da cidade de
Matipó - MG. Os resultados mostram que as praticantes de hidroginástica são
mulheres que necessitam da prática regular desta atividade com fins de melhorar a
saúde e com isso ter uma melhor qualidade de vida, conscientes da necessidade e
dos benefícios proporcionados pela prática.
PALAVRAS-CHAVE: Hidroginástica; Praticantes; Perfil.
INTRODUÇÃO
Segundo Paulo (1994), a hidroginástica é uma forma de exercício físico que se
trabalha na água, visando trabalhar o indivíduo de forma geral, aproveitando os
benefícios e recursos que a água oferece, respeitando limites e metas de cada um e
também do grupo. Quem procura a ginástica aquática são adultos, na maioria das
vezes mulheres, que necessitam de um exercício físico e não podem fazer
exercícios em seco (tais como pessoas com problema de coluna, articulações), além
daqueles que precisam de uma motivação diferente para continuar seu programa de
condicionamento físico e manter a forma, pessoas que procuram segurança antes
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de aprender a nadar, que necessitam de relaxamento e compensação do trabalho
diário. Para Rocha (1994) citado por Ribeiro (1998, p.14):
quando uma pessoa inicia na hidroginástica, ela adquire inúmeros
benefícios, independente da idade, biótipo, performance ou sexo, fazendo
com que ela sinta mais firmeza em sua estrutura ósteomuscular e
regularidade em suas funções orgânicas, tornando-se mais saudável a cada
dia. Desse modo, a hidroginástica está revolucionando o mercado de fitness
com sua eficiência e técnica variada.
Para o mesmo autor, durante a aula de hidroginástica o corpo humano passa
por uma série de alterações fisiológicas, diferente em cada situação de esforço ou
contato com o meio líquido. Essas reações são devido a: temperatura da água,
tempo e intensidade dos exercícios, contato com o meio líquido, saída do corpo da
piscina e repouso.
De acordo com Krasevec e Grimes (1990), após as aulas de hidroginástica o
praticante não vai sentir as dores musculares que são habituais de um exercício
físico, porque a hidroginástica possui uma sessão leve de aquecimento onde torna
os músculos mais flexíveis, evitando assim que fiquem doloridos.
Os romanos na época já utilizavam a água com objetivos recreacionais e
curativas, eram os famosos banhos romanos em quatro temperaturas diferentes de
acordo com as metas dos usuários (PAULO, 1994).
Levando em consideração os benefícios e a necessidade do exercício físico em
todas as idades tanto para a saúde no aspecto físico e mental, destacando as
atividades para recuperação e condicionamento físico, surge o interesse por
atividades onde os impactos e as dores são diminuídas. Diante da convivência com
algumas pessoas que praticam a hidroginástica e a curiosidade de conhecermos
mais sobre este tipo de exercício físico, decidimos fazer uma pesquisa científica na
área para analisar o perfil das praticantes de hidroginástica da cidade de Matipó-MG.
Diante do exposto, a questão eixo deste estudo é: qual o perfil das praticantes
de hidroginástica? Dessa questão, surgiram as periféricas como: qual ou quais os
motivos a levaram a praticar hidroginástica? O que já alcançaram com esse tipo de
exercício físico? Qual ou quais são os resultados almejados? Dentre outros.
A realização deste estudo teve como objetivo identificar o perfil das praticantes
de hidroginástica na cidade de Matipó - MG.
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Pretendemos, com este estudo, descrever o perfil das praticantes desse
exercício físico para que possa servir como base para outros futuros praticantes,
mostrando para aqueles que buscam um exercício físico e que às vezes não
conseguem realizar exercício em seco que a hidroginástica é uma excelente
alternativa; contribuindo também com os futuros professores de hidroginástica, que
poderão ministrar exercícios de acordo com as necessidades e os objetivos da
turma.
REFERENCIAL TEÓRICO
Segundo Filho et al. (2009), o emprego da água como agente terapêutico é
conhecido desde a antiguidade por diferentes civilizações. Os exercícios são
realizados com ou sem material em piscina, proporcionando um ambiente alegre,
descontraído e prazeroso, utilizando a resistência da água como sobrecarga,
visando uma melhor qualidade de vida e bem estar de seus praticantes.
Assim o trabalho de hidroginástica, segundo Rocha (1994), pode buscar o
condicionamento físico, o emagrecimento, a reabilitação, etc., dependendo das
necessidades e/ou objetivos dos alunos desde que o planejamento esteja voltado
para tal.
De acordo com Krasevec e Grimes (1990), os exercícios físicos apresentam
vários benefícios, como: aliviar o estresse, melhorar a autoimagem, dormir melhor,
retardar o envelhecimento, fazer amigos, diminuir o risco de dores nas costas, entre
outros. Para Nahas (2001) citado por Tahara, Santiago e Tahara (2006, p.01):
No atual contexto das sociedades contemporâneas o estilo de vida ativo,
hábitos saudáveis e atividade física, podem representar cada vez mais,
fatores decisivos de qualidade de vida e sensação de bem-estar. Parece ser
fato consumado a idéia de que a vida moderna tende a ser pouco saudável,
uma vez que provoca stress, alimentação inadequada e a não regularidade
na prática de exercícios físicos, fazendo por sua vez, com que a qualidade
de vida da população fique abalada, tanto em nível físico quanto
psicológico. A água é um meio maravilhoso para os exercícios e oferece
oportunidades estimulantes para os movimentos que não estão dentro dos
programas de exercícios em solo.
Para Caspersen et al. (1985), citado por Guiselini (2004) “exercício físico é toda
atividade física planejada, estruturada e repetitiva, que tem por objetivo a melhoria e
manutenção de um ou mais componentes da aptidão física”.
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De acordo com Paulo (1994), há um melhor aproveitamento dos exercícios por
serem realizados na água, devido à ação da gravidade que é menor, há um
distencionamento da coluna, livramento das articulações e a sensação da
diminuição do peso corpóreo. Há também uma melhor irrigação ativando veias,
artérias, vasos capilares; maior estabilidade sanguínea, retardo dos sintomas de
desgaste que favorecem a velhice precoce, evita ou retarda o aparecimento de
varizes, sem deixar de falar que o exercício na água produz certa sobrecarga,
fazendo com que o gasto de energia seja ainda maior, lembrando que a atividade na
água estimula a produção de calor, daí mais consumo de energia ocasionando então
a transformação do peso gordura em peso-muscular real.
Para Caspersen et al. (1985), citado por Guiselini (2004) “atividade física como
qualquer movimento corporal, produzidos pelos músculos esqueléticos, sendo,
voluntário e resultando em gasto energético maior do que os níveis de repouso”.
Como nos mostra Krasevec e Grimes (1990) a hidroginástica insiste em um
programa
de
exercícios
aeróbicos,
incluindo
exercícios
que
desenvolvem
flexibilidade, força muscular e resistência, sendo uma forma versátil, vista por muitos
como um programa ideal de condicionamento físico, por ser diferente de muitos
programas tradicionais de ginástica, que exigem que a pessoa desenvolva
componentes de preparo físico individualmente e em diferentes lugares, sendo que a
hidroginástica desenvolve todos os componentes em um mesmo lugar.
METODOLOGIA
O presente estudo é uma pesquisa de ordem exploratória. Segundo Gil (2007)
esse tipo de pesquisa tem como principal finalidade desenvolver, esclarecer,
modificar conceitos e idéias, tendo em vista, a formulação de problemas mais
precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores, tendo como objetivo
proporcionar uma visão geral de um determinado fato.
Para se traçar o perfil das praticantes de hidroginástica da cidade de MatipóMG foi elaborado um questionário semiaberto, contendo 13 questões, sendo 6
fechadas, 5 abertas e 2 contendo questões fechadas e abertas, que foram aplicados
às sujeitas praticantes desse exercício, em sua residência, local preferido pelas
mesmas. As aulas de hidroginástica são ministradas por uma profissional de
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Educação Física, duas vezes por semana durante 1 hora, em uma residência da
cidade de Matipó com piscina, que mede 6 metros por 9 metros, profundidade entre
1 metro a 1 metro e 80 centímetros, com 120 mil litros de água.
Os dados foram coletados através de um questionário, cujo objetivo foi o de
obter as informações que seguem: nome data de nascimento, idade, sexo, tempo de
prática nesta atividade, os objetivos para procurar a prática, patologias possuídas
pelas mesmas, domínio do nado, hábito ao meio líquido, sensação após o primeiro
contato com a água, o que mais gostam nas aulas de hidroginástica, objetivos
alcançados e ainda almejados, sensação após as aulas, diferenças nas tarefas
diárias após a prática, se praticam a hidroginástica o ano todo e se praticam outros
exercícios.
Quanto à seleção dos sujeitos, ao final de uma das aulas foi realizado um
encontro com todas as 34 praticantes que se voluntariaram a responder o
instrumento de coleta de dados. Em um segundo momento elas foram visitadas
individualmente em suas residências para responder o questionário, período em que
tivemos dificuldades de encontrar algumas delas, por isso a pesquisa se restringiu a
20 pesquisadas. Antes de responderem o instrumento de coleta de dados foi
apresentado o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE) e elucidado a elas
os benefícios advindos da participação da pesquisa. A amostra do estudo foi
composta por 20 sujeitos praticantes de hidroginástica na cidade de Matipó-MG,
nascidos entre 1930 a 1987 (24 a 81 anos de idade) do sexo feminino. Para a
aplicação dos questionários, foi composta uma dupla de pesquisadoras, acadêmicas
do curso de Educação Física – Univértix que foram à casa de cada participante,
após pegar o endereço com a Profissional de Educação Física no seu ambiente de
trabalho, juntamente com as voluntárias. Convém salientar que o local das
entrevistas foi escolhido pelas entrevistadas devido ao pouco tempo disponível por
elas antes e após as aulas.
A coleta de dados foi realizada no mês de junho e agosto de 2011.
Os dados colhidos pelos questionários aplicados foram agrupados por
questões e tabulados pelo programa Excel versão 2010. Tendo os dados da
pesquisa quantitativa, organizada em forma de gráficos.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados e discussão desse estudo apresentam uma etapa quantitativa,
organizada através de gráficos e outra descritiva, estabelecida com respostas das
entrevistadas.
As 20 entrevistadas apresentam as seguintes características: nascidas entre
1930 a 1987, com idade entre 24 a 81 anos, sendo todas do gênero feminino,
participando desse exercício físico duas vezes por semana durante uma hora e o
tempo que pratica esta atividade é variável.
A primeira pergunta do questionário aborda os objetivos que as levaram a participar
da hidroginástica.
Figura 1: Enumere em ordem crescente, de 1 a 10, os objetivos que levaram você a participar da
hidroginástica?
Na figura 1, o maior percentual apresentado nos resultados foram o de
emagrecimento e as dores nas articulações como os principais fatores que levam as
praticantes a procurar a hidroginástica. Os demais fatores como a busca por
condicionamento físico, a orientação médica e a necessidade de um exercício físico
fazem parte de um grande percentual. Notou-se ainda um percentual bem menor de
praticantes que procuram devido à socialização e/ou lazer. É importante ressaltar
que controlar e evitar doenças, adaptação ao meio líquido e outros, não foram
apontados como principais objetivos.
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De acordo com Florindo (2000), a hidroginástica evolui quanto aos seus
objetivos sendo ainda necessários estudos que pavimentem o seu controle e
entendimento, principalmente ao que diz respeito aos objetivos relacionados à
obesidade e a melhora do condicionamento físico - duas das principais razões que
tem levado as pessoas a procurar essa atividade. Os objetivos que as levam à
prática desta modalidade estão relacionados com as patologias apresentadas pelas
praticantes podendo ser observados na segunda questão, onde um alto percentual
das mesmas possui problemas osteomusculares, quando percebemos que
dores/desvios na coluna, artrite e artrose quando observados e somados são
consideravelmente influenciadores da busca pela prática desta modalidade. Quando
se trata de dores/ desvios na coluna e a busca pela boa postura, o exercício na água
é indicado.
Gonçalves (1996), afirma que a hidroginástica quando bem explorada traz
grandes benefícios para seus praticantes dentre eles: auxilia na correção postural,
no retorno venoso, na reeducação respiratória, melhora a qualidade e a capacidade
física, bem como o condicionamento físico geral, aeróbico e muscular.
Figura 2: Atualmente, você apresenta algum tipo de patologia?
A Figura 2 aponta também os problemas cardiovasculares, sendo mencionados os
problemas de pressão arterial. Segundo Bonachela (1994), exercícios aeróbicos
originam o fortalecimento e amplia a eficiência do sistema cardiovascular, tendo
como finalidade aumentar a capacidade aeróbica do coração e dos pulmões.
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Gonçalves (1996) relata que a hidroginástica proporciona também maior resistência
ao estresse relacionado à depressão que também é uma patologia apresentada por
algumas praticantes. Encontramos ainda praticantes que não possuem nenhum tipo
de patologia.
Os objetivos alcançados com a prática da hidroginástica foram à melhora no
condicionamento físico e o emagrecimento, coincidindo com os objetivos mais
procurados, seguidos de alívio das dores nas articulações e uma melhor disposição.
Quando falamos em objetivos ainda almejados, encontram-se a melhora do
condicionamento físico. Outros aspectos ligados a melhor qualidade de vida e aos
fatores de emagrecimento, também são relatados como objetivos ainda a serem
atingidos.
Para Paulo (1994), a hidroginástica não é um método de treinamento e sim um meio
de se atingir certos métodos e, utilizar-se de outros para alcançar objetivos tanto os
imediatos, quanto aos em longo prazo.
As praticantes tiveram a oportunidade de apresentar suas sensações após as
aulas de hidroginástica.
Figura 3: Sua sensação após as aulas de hidroginástica.
A sensação de estar bem disposta e relaxada foram às respostas
encontradas quase que na sua totalidade consideravelmente bem maior em relação
à ligeiramente cansada. Krasevec e Grimes (1990) afirmam que após a prática
constante da hidroginástica a sensação de cansaço vai mudar para relaxamento e
renovação de energia. As pessoas que se exercitam regularmente gera energia
física e alivia as tensões da vida cotidiana.
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Na Figura 4, em que perguntamos se elas notaram alguma diferença em suas
tarefas diárias após a prática da hidroginástica, a figura revelou que a quantidade
que notou uma diferença é consideravelmente maior que a quantidade que não
notou nenhuma diferença, conforme pode ser observado:
Figura 4: Notou alguma diferença em suas tarefas diárias após a prática da hidroginástica?
Paulo (1994) afirma que a hidroginástica auxilia no relaxamento e no trabalho
de compensação do trabalho diário.
Em relação às diferenças que sentiram em suas tarefas diárias, as respostas
mais relacionadas foram quanto à boa disposição, melhora de desempenho nas
atividades diárias, melhor condicionamento físico, alívio das dores e bom humor.
Na Figura 5, procuramos saber se as praticantes enquadram em seu programa
de atividades diárias, outro tipo de exercício físico, a saber:
Figura 5: Já praticou ou pratica outro exercício físico?
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A figura nos mostra que as praticantes, em sua maioria, além da hidroginástica
praticaram outro tipo de exercício físico. Notamos que a caminhada é o principal
exercício associado, seguido de aeróbica, natação e academia, onde na academia
pratica capoeira, musculação e ginástica localizada.
A duração de cada modalidade oscila de 30 minutos a 1 hora e entre 2 a 5
vezes por semana.
Para Barros (2002), o ideal é que se faça exercícios físicos no mínimo três
vezes por semana. E isso vale até mesmo para quem está apenas começando, pois
os músculos necessitam ser trabalhados frequentemente, para evitar a sobrecarga
na musculatura, os desgastes e as lesões. Para entrar em forma, o ideal é iniciar
com exercícios leves em dias alternados em vez de duas horas em um dia só.
Questionamos ainda se as pesquisadas pararam o exercício físico e há quanto
tempo. Obtivemos respostas que algumas pararam e outras não; e quanto ao tempo
de interrupção variou de 9 meses a 1 ano.
Percebemos de forma geral que as praticantes de hidroginástica, encontraram
nesse exercício uma forma prazerosa de se exercitar, utilizando-se dos benefícios
que a água pode proporcionar-lhes, fazendo com que desta forma possam alcançar
os objetivos por elas almejados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A hidroginástica é uma modalidade onde os exercícios são realizados na água
usufruindo dos benefícios da mesma, respeitando-se os limites e objetivos de cada
um e do grupo.
Diante dos resultados podemos concluir que as praticantes de hidroginástica
procuram esta modalidade devido a vários objetivos, aos quais estão direta ou
indiretamente relacionados à suas patologias. Conscientes que esta prática as ajuda
a alcançar seus objetivos e ainda trazendo muitos benefícios para a sua qualidade
de vida onde ao se auto avaliarem notam a diminuição de dores e proporcionando
maior disposição para suas atividades diárias bem como se sentindo mais relaxadas
após a sua prática.
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É importante ressaltar que as mesmas não fazem parte de um grupo específico
de faixa etária, onde o grupo a qual estão inseridas possui uma grande diferença
entre as idades e com objetivos distintos.
Através deste estudo, futuros profissionais de Educação Física poderão se
orientar quanto ao perfil dos praticantes de hidroginástica, se preocupando em
analisar o público que ele atenderá, pois sempre as aulas deverão estar de acordo
com o público que se tem, para que as aulas estejam de acordo com os objetivos
pretendidos por cada aluno ou pelo grupo.
REFERÊNCIAS
BARROS, Turibio Leite. O programa das 10 semanas: Uma proposta para trocar
gordura por músculos e saúde. São Paulo: Manole, 2002.
BONACHELLA, Vicente. Manual básico de hidroginástica. Rio de Janeiro: Sprint,
1994.
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hidroginástica no desempenho das atividades da vida diária em indivíduos
idosos. Disponível em: http://www.efdeportes.com. Acesso em: 16.mar.2011.
FLORINDO, Márcia Paula Miranda. Revista Mineira de Educação Física. In:
LOBATO, Paulo Lanes. Verificação do comportamento da frequência cardíaca
em aulas de hidroginástica. nº 1. 8 ed. Viçosa: Departamento de Educação Física,
2000.
GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo:
Atlas, 2007.
GONÇALVES, Vera Lúcia. Treinamento em hidroginástica. São Paulo: Icone,
1996.
GUISELINI, Mauro; Aptidão Física Saúde e Bem Estar: fundamentos teóricos e
exercícios práticos. São Paulo: Phorte Editora, 2004.
KRASEVEC, Joseph A.; GRIMES, Diane C. Hidroginástica: um programa de
exercícios aquáticos para pessoas de todas as idades e todos os níveis de preparo
físico. São Paulo: hemus, 1990.
PAULO, Mercês Nogueira. Ginástica aquática. Rio de Janeiro: Sprint, 1994.
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RIBEIRO, Daisy Beatriz Moreira. O planejamento na hidroginástica: uma
perspectiva. Viçosa, 1998, 33p. Monografia, Educação física, Universidade Federal
de Viçosa.
ROCHA, Júlio César Chaves. Hidroginástica: teoria e prática. Rio de Janeiro:
Sprint, 1994.
TAHARA, Alexander Klein; SANTIAGO, Danilo Roberto Pereira; TAHARA, Ariany
Klein. As atividades aquáticas associadas ao processo de bem-estar e
qualidade de vida. Disponível em: http://www.efdeportes.com. Acesso em: 16 de
mar.2011.
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AVALIAÇÃO DO USO DE MEDICAMENTOS NA REDE PÚBLICA MUNICIPAL DE
SAÚDE DE MATIPÓ/MG
Neimar de Paula Silva – Graduando em Farmácia, Bolsista da FAPEMIG,
Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Renata Aparecida Fontes – Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises
Clínicas, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX
[email protected]
RESUMO
Neste trabalho, objetivou-se avaliar o padrão de consumo de medicamentos
na Rede Pública Municipal de Saúde de Matipó-MG, empregando formulários
testados e padronizados, desenvolvidos com base em estudos análogos. Os dados
foram coletados em duas unidades de saúde de Matipó-MG. Os resultados obtidos
corroboram com os expostos em estudos semelhantes. A avaliação do tempo de
dispensação evidenciou valores superiores aos exibidos por outros autores,
enquanto que a atenção médica deve ser melhorada. A coleta de dados ainda
encontra-se em andamento, portanto, torna-se necessário a conclusão deste, para
que seja possível dar respaldo técnico-científico às autoridades de saúde e à
população.
PALAVRAS-CHAVE:
Farmacoepidemiologia;
medicamentos, Uso racional de medicamentos
Estudo
de
utilização
de
INTRODUÇÃO
O medicamento é ferramenta fundamental à recuperação e manutenção da
saúde e é de grande valia no controle e combate às doenças. Com isso torna-se
ferramenta importantíssima na melhoria das condições e expectativa de vida dos
indivíduos. Em contrapartida, a má utilização dos medicamentos submete o paciente
a riscos evitáveis associados a seu uso (ARRAIS et al., 2005).
A Organização Mundial da Saúde (OMS), segundo o Conselho Nacional de
Saúde (CNS, 2005) divulgou que cerca de 50% dos usuários de medicamentos o faz
de forma incorreta. A crença de que os medicamentos são capazes de resolver
qualquer problema gera potenciais fatores de riscos (ARRAIS, 1997). Contudo, o
consumo facilitado pelo acesso pode conduzir ao uso indiscriminado de substâncias
nocivas ao organismo (SEBASTIÃO, 1998).
Dados mais recentes, publicados pelo Sistema Nacional de Informações
Tóxico Farmacológicas (SINITOX), evidenciaram que 30,7% de todos os casos
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registrados de intoxicação e/ou envenenamento, foram decorrentes da utilização de
medicamentos, sendo que 7% destes evoluíram para o óbito (SINITOX, 2010).
Esses Problemas Relacionados a Medicamentos (PRM´s) fizeram com que a
utilização destes se tornasse alvo da preocupação de profissionais de saúde do
mundo inteiro nas últimas cinco décadas. Este fato forçou organizações e entidades
responsáveis pelo uso de medicamentos a explorar ações e programas que
regulamentassem novos agentes farmacológicos, antes de serem disponibilizados
no mercado consumidor, visando à segurança da saúde dos usuários (CUNHA,
ZORZATTO e CASTRO, 2002).
Frente ao exposto, a farmacoepidemiologia que é definida pelos estudos de
utilização de medicamentos e dos determinantes da saúde e doença das
populações, possui fundamental importância. Esta ciência tem como objetivo
conhecer o impacto e os riscos que os medicamentos oferecem a saúde da
população.
Realiza
contribuições,
principalmente
quanto à segurança
dos
medicamentos através do seu complemento essencial, a farmacovigilância (ROSA et
al., 2002).
O perfil do uso de medicamentos em determinada população, um dos objetos
de trabalho da farmacoepidemiologia, é tido pela Organização Mundial de Saúde
(OMS) como um indicador sanitário importante. Este auxilia na identificação das
suas principais patologias e permite caracterizar as respectivas prevalências, assim
como conhecer a configuração da utilização dos recursos terapêuticos pela
população (CABRITA et al., 2001).
Portanto, o objetivo deste estudo foi avaliar o uso de medicamentos na Rede
Pública Municipal de Saúde de Matipó-MG.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
No contexto atual, de elevados gastos com a saúde pública, com doenças de
causas facilmente preveníveis, elevados índices de automedicação, indicações
irracionais por pessoas sem formação adequada e empurroterapia (SEBASTIÃO,
2005), a contribuição da farmacoepidemiologia repercute favoravelmente para a
melhoria da situação caótica que vive este país, pois permite formular estratégias
congruentes, que fomentem o uso racional desta ferramenta tecnológica, tão
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poderosa para a promoção, recuperação e manutenção da saúde (MELO, RIBEIRO
e STORPIRTIS, 2006).
A Organização Mundial de Saúde define os Estudos de Utilização de
Medicamentos (EUM) como aqueles que abrangem a comercialização, distribuição,
prescrição, dispensação e uso de medicamentos em determinada sociedade,
ostentando suas consequências sanitárias, sociais e econômicas (CUNHA,
ZORZATTO e CASTRO, 2002).
Apesar da importância e necessidade dos EUM, como mencionam
ROZENFELD e VALENTE (2004), no Brasil são precários os bancos de dados sobre
consumo de medicamentos, apropriados a pesquisas farmacoepidemiológicas
abrangentes (LEITE, 2007).
Loyola-Filho, Uchoa e Costa (2006) desenvolveram estudo epidemiológico de
base populacional sobre uso de medicamentos entre idosos na Região
Metropolitana de Belo Horizonte. O objetivo desse estudo foi investigar o consumo
de medicamentos e fatores associados em uma amostra representativa de pessoas
com 60 anos ou mais, residentes na Região Metropolitana de Belo Horizonte-MG. A
prevalência do uso de medicamentos foi de 72,1% e a média de medicamentos
consumidos igual a 2,18. As mulheres mostram-se como maiores consumidoras. Os
medicamentos foram agrupados segundo classificação ATC, e assim possibilitou a
constatação que o maior consumo é dos medicamentos relacionados com o sistema
cardiovascular (52%) seguidos do sistema nervoso (14,2%).
Cunha, Zorzatto e Castro (2002) avaliaram o uso de medicamentos na rede
pública municipal de saúde de Campo Grande/MS, empregando a metodologia
preconizada pela OMS, através de Indicadores Selecionados de Uso de
Medicamentos e evidenciaram a disparidade entre as equipes no uso de antibióticos
e injetáveis, além disso, relataram que o atendimento aos usuários deve ser
aprimorado e a Lista Local de Medicamentos Essenciais carece de estar sempre
atualizada e propalada entre os prescritores.
Assim, a problemática tratada nos estudos referidos serviu como motivador
para a proposta farmacoepidemiológica de estudo descritivo da avaliação do uso de
medicamentos na rede pública municipal de saúde de Matipó, para propiciar
relacioná-lo com fatores sócio-demográficos e sanitários, além de comparar com os
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resultados citados pela literatura. Esses tipos de estudos são de grande utilidade
nas definições de políticas de saúde efetivas e contribuem para a implantação de
artifícios específicos que visem à necessidade da população e a constante
colaboração ao paciente.
Nenhum dos trabalhos supracitados aborda diretamente o mesmo objetivo
deste, o que mais se aproxima é o de Cunha, Zorzatto e Castro (2002), este que
avaliam o uso de medicamentos numa determinada população sem distinguir os
componentes desta por qualquer que seja o diferencial, porém ele não avalia este
parâmetro numa cidade da Zona da Mata Mineira, como é o caso deste trabalho.
METODOLOGIA
Este é estudo descritivo com abordagem quantitativa com os usuários de
duas unidades de saúde da cidade de Matipó-MG. A seleção das unidades de
saúde, dos dias e horários de coleta de dados, considerou informações da
Secretaria Municipal de Saúde (SMS) da referida cidade, que indicou estes locais e
períodos como sendo os de maior movimento, em número de usuários atendidos.
Ainda segundo a SMS, foram incluídas apenas as unidades que possuíam estoque e
dispensação de medicamentos.
A pesquisa foi realizada na cidade de Matipó estado de Minas Gerais, cidade
da Zona da Mata Mineira, cuja população é de aproximadamente 17.639 habitantes
(IBGE, 2010).
Os formulários utilizados para a coleta de dados foram desenvolvidos com
base no trabalho de Cunha, Zorzatto e Castro (2002). Na avaliação do conhecimento
do uso de medicamentos os pacientes, selecionados aleatoriamente, foram
abordados. Os que concordaram em participar da pesquisa assinaram e receberam
uma cópia do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os dados foram
analisados por estatística descritiva, utilizando o Microsoft Office Excel®. A coleta de
dados ainda encontra-se em andamento.
Esta pesquisa em andamento se constitui em um dos trabalhos aprovados
pelo Programa de Incentivo Básico a Iniciação Científica (PIBIC) da Faculdade
Vértice – Univértix, em 2012, fomentado pela Fundação de Amparo à Pesquisa de
Minas Gerais – FAPEMIG.
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RESULTADOS PRELIMINARES
Até o presente momento, apenas a unidade central está sendo avaliada e
esta dispõe de dois farmacêuticos em todo o período de funcionamento. As
consultas de médicas avaliadas tiveram tempo médio 5,60 minutos, valor
semelhante ao averiguado por outros autores (CUNHA, ZORZATTO e CASTRO,
2002). Já a dispensação farmacêutica obteve tempo médio de 1,50 minutos, valor
superior ao verificado por alguns autores (CUNHA, ZORZATTO e CASTRO, 2002).
Segundo a OMS o tempo mínimo para a realização de uma consulta médica é de 15
minutos e a Internacional Network on Racional Use of Drug (INRUD) não indica um
valor ótimo. Tal organização atem-se a comentar que tempos baixos para consulta e
dispensação farmacêutica sugerem a existência de algum problema, enquanto que
tempos
muito
elevados
não
acrescentam
informações
precisas
(CUNHA,
ZORZATTO e CASTRO, 2002).
As prescrições averiguadas revelaram uma média de 2,60 medicamentos por
prescrição, destes 70% foram prescritos pelo nome genérico, 2,20% são
medicamentos injetáveis, 8,20% são antibióticos, 66,92% dos medicamentos
prescritos figuram na lista local de medicamentos essenciais e 72,70% foram
realmente dispensados. Os valores obtidos até agora corroboram com dados
existentes em outros trabalhos mencionados por Cunha, Zorzatto e Castro (2002).
Com relação aos pacientes que adquiriram medicamentos na farmácia da unidade
de saúde avaliada, a maioria (83,33%) é do sexo feminino, (50%) com idade entre
20 e 39 anos, (60%) relataram ter renda mensal familiar menor que um salário
mínimo.
CONSIDERAÇOES FINAIS
O principal objetivo dos estudos de utilização de medicamentos é promover o
uso racional de medicamentos em populações. Portanto, é fundamental o arremate
da coleta e análise destes dados, os quais permitirão que conclusões possam ser
alcançadas para servir de respaldo técnico-científico para adoção de medidas para a
melhoria dos serviços de saúde prestados à população da cidade alvo das análises.
Este trabalho serve ainda como fomento e direcionamento ao desenvolvimento de
mais pesquisas nesta área.
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REFERÊNCIAS
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medicamentos no município de Fortaleza, Ceará, Brasil. Caderno de Saúde
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CABRITA, José; FERREIRA, Humberto; IGLÉSIAS, Paula; BAPTISTA, Telmo;
ROCHA, Evangelista; SILVA, Adelina Lopes; MIGUEL, José Pereira. Estudo do
padrão de consumo de medicamentos pelos estudantes da Universidade de Lisboa.
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Saúde de Campo Grande/MS. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas,
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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. IBGE cidades.
Disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm. Acesso em: 22.
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Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, p. 4-9, 2007.
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MELO, Daniela Oliveira de; RIBEIRO, Eliane; STORPIRTIS, Sílvia. A importância e a
história dos estudos de utilização de medicamentos. Revista Brasileira de Ciências
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ABAJO, De Iglesias F.J. El Proyecto BIFAP: Base de datos para la Investigación
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ROZENFELD, Suely; VALENTE, Joaquim; Estudos de utilização de medicamentos –
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SEBASTIÃO, Elza Conceição de Oliveira. Intervenção farmacêutica na qualidade
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ambulatoriais do Sistema Único de Saúde de Ribeirão Preto (SP). 2005. 170 f. Tese
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de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
SINITOX- Sistema Nacional de Informações Toxico Farmacológicas - Casos
registrados de intoxicação e/ou envenenamento Brasil 2008. Publicada em
08/06/2010.Disponívelem:http://www.fiocruz.br/sinitox_novo/cgi/cgilua.exe/sys/start.h
tm?sid=319. Acesso em 22/03/2012.
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RELAÇÃO DO PESO CORPORAL E PESO DA MOCHILA DE ALUNOS DO 6º
ANO UMA ESCOLA DE ABRE CAMPO - MG
Carlos Eduardo R. Vanrandorave e Izabela da Silva e Sousa – Graduandos em
Educação Física Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Igor Surian de Sousa Brito – Graduado em Educação Física pela UFV, Mestre em
Ciência da Nutrição. Professor da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Pedagogia e Educação Física.
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e coordenadora de Extensão
na Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Márcio Lopes de Oliveira – Graduado em Educação Física. Mestre Ciência da
Educação Física, Esporte e Recreação. Professor e Coordenador do curso de
Educação Física da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX.
[email protected]
RESUMO
Esta pesquisa está voltada para a compreensão de problemas posturais em
relação a pesos de materiais em escolares acondicionados nas mochilas em todos
os alunos do 6º ano do ensino fundamental. O objetivo foi verificar a relação entre o
peso corporal e o peso da mochila de escolares do 6º ano de uma escola pública
estadual da cidade de Abre Campo-MG. Foi utilizado para coleta de dados:
questionários elaborados pelos próprios autores e uma balança calibrada. Foi
entregue aos alunos e aos professores na sala o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido apresentando informações sobre a pesquisa, seu objetivo e sua
importância. Foi verificado o peso corporal dos escolares e de suas mochilas com
uma balança digital DITALLYS PLUS, graduação de peso de 100g aferida pelo
INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), Os dados
colhidos foram tabulados no programa Microsoft Office Excel 2007.
Aproximadamente metade dos escolares apresentou a massa da mochila abaixo de
10% em relação à massa corporal.
PALAVRAS-CHAVE: Peso corporal, Peso da mochila, Alunos.
INTRODUÇÃO
Os desvios posturais têm sido considerados como um problema sério de saúde
pública, tendo em vista a sua grande incidência sobre a população, incapacitando-a
definitivamente ou temporariamente (SILVA et al., 2001). O excesso de peso e o
transporte inadequado do material escolar, a ausência de atividade física específica
e posturas incorretas adotadas durante as aulas e em período extraescolar, são
fatores que contribuem ou até mesmo agravam desvios posturais nos escolares
(RITTER e SILVA, 2006).
A maior ocorrência de dores na coluna vertebral tornou-se um assunto
preocupante em relação a crianças na idade escolar devido ao aumento da
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utilização das mochilas escolares. Em um estudo realizado por (SANTOS et al.,
2009), com 247 escolares, foi verificado que metade dos alunos avaliados
apresentavam a alteração postural desnível dos ombros, 40,5% apresentava
escápula alada, 39,7% com protusão de ombro, 26,3% com hiperlordose lombar, e
15,4% com inclinação cervical. Dos doze problemas posturais avaliados no estudo
de Santos e colaboradores (2009) citado anteriormente, o de maior incidência
(desnível dos ombros) pode ser atribuído principalmente ao uso inadequado da
mochila (SACCO et al., 2003).
Preocupados com a saúde dos alunos, governantes do ministério público do
estado de Santa Catarina elaboram a Lei de nº 10759 (Lei nº 10759:
Regulamentação do peso da mochila de escolares, 1998), a qual prevê que o peso
máximo do material escolar transportado por alunos em mochilas, dependendo da
série, não poderá ultrapassar 5 ou 10% do seu peso corporal. Uma enquete com
101 ortopedistas mostra que 70% deles acreditam que a mochila é um problema
clínico para as crianças (LEMOS et al., 2005).
Com isso buscaremos uma forma de compreensão de problemas
relacionados a postura, ou seja, o porquê que uma mochila pesada pode afetar e
gerar algum problema para a coluna vertebral? Quais os tipos de desvios na coluna
mais registrados entre os alunos? Estas são as dúvidas que mostrarão este estudo.
As alterações na coluna vertebral vêm sendo consideradas por estudiosos
como responsáveis pelas dores na coluna após o carregamento de peso (LEMOS et
al., 2005).
Esta pesquisa tem como objetivo foi verificar a relação entre o peso corporal e
o peso da mochila de escolares do 6º ano de uma escola pública estadual da cidade
de Abre Campo-MG. Acreditamos que esta investigação á um caráter de grande
relevância para a cidade supracitada, principalmente no âmbito escolar ao qual foi
instrumento de pesquisa.
Com essa pesquisa pretendemos contribuir para a conscientização dos
professores, alunos, e demais funcionários da escola sobre o excesso de peso nas
mochilas, que podem e devem ser evitados para que não causem problemas
futuros.
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Existe uma grande preocupação de professores, profissionais da saúde e pais
com relação a dores na coluna vertebral, pois os escolares carregam peso excessivo
na mochila, e isto ocasiona dores na coluna.
Brackley e Stevenson citado por Rodrigues, Montebelo e Teodori (2008):
Apontam que, apesar de a literatura justificar, com base em dados
epidemiológicos, fisiológicos e biomecânicos, o transporte de carga nas
mochilas entre 10 e 15% da massa corporal, este limite pode não ser
suficiente para prevenir desordens musculoesqueléticas, lesões teciduais
ou dor lombar, sugerindo a necessidade de estudos que investiguem os
diferentes fatores que podem influenciar a estrutura da coluna vertebral de
estudantes.
Lemos et al (2005) realizou um estudo com o objetivo de verificar a existência
ou não de diferenças significantes entre as medidas relativas de três porcentagens
de peso
(10% , 15% e 20%) das mochilas , para a coluna vertebral usando a
analise biofotogramétrica. No seu trabalho a amostra foi composta por 21 alunos, do
sexo masculino, compreendendo a idade de 8 a 15 anos. Segundo os resultados,
concluiu-se que as maiores alterações posturais em crianças com a utilização da
mochila ocorrem com o aumento da carga, promove alterações na postura da
cabeça em extensão e protusão, e dorsiflexão dos tornozelos, deslocando o tronco
anteriormente.
Rodrigues, Montebelo e Teodori, (2008), realizaram um estudo para investigar
a influência da carga e posicionamento do material escolar sobre a distribuição da
força plantar (DFP) e trajetória do centro de pressão (COP) em estudantes.
Participaram 30 voluntários de ambos os gêneros, sem alteração postural. Dados
baropodométricos foram coletados em sistema de baropodometria computadorizada:
sem carga (controle); com carga (mochila) de 5, 10 e 15% da massa corporal. Sem
carga, a DFP foi maior no calcâneo esquerdo comparado ao direito (p< 0,05). Com
carga de 10% no ombro esquerdo, a DFP foi maior à direita e menor à esquerda,
comparado ao controle (p< 0,05). Com 5% na região posterior do tronco, a DFP foi
menor no médio-pé direito e antepé esquerdo.
Já Ritter e Silva (2006), realizou um estudo para verificar a prevalência do
peso e a maneira de transportar o material escolar e a dor auto referida de um grupo
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de escolares do ensino fundamental de Porto Alegre. Compuseram a amostra 86
sujeitos (27 - 4ª série; 28 - 8ª série, ambas de uma escola pública de Porto alegre; e
31 - 8ª série de uma escola privada de Porto Alegre). Verificou-se que: os alunos da
escola privada transportam carga superior aos alunos da escola pública, bem como
se queixam mais de dor. Não houve variação entre os três grupos pesquisados no
que diz respeito à intensidade e frequência da dor. Verificou-se também que o tipo
de equipamento mais utilizado pelos três grupos para o transporte de seus materiais
foi a mochila com apoio duplo nas costas.
Fernandes, Casarotto e João (2008), trabalharam em seu estudo com objetivo
de avaliar a modificação na quantidade de carga transportada, o modelo e o modo
de transportar mochilas escolares após sessões educativas. Estudo de uma série de
casos, com 99 crianças de 7 a 11 anos do ensino fundamental, em escola particular
da cidade São Paulo, SP. Foram avaliadas a massa corporal (kg) e estatura dos
alunos (cm), quantidade de carga transportada nas mochilas (kg). O modelo de
mochila modificou para duas alças de 46,5% para 60,6% (p=0,046), modo de
transporte para ombro bilateral de 41,4% para 55,6% (p=0,047). A carga
transportada nas mochilas diminuiu 2,66kg (p<0,001) e a relação massa corporal do
sujeito e carga transportada nas mochilas diminuiu 7%.
Já Leite et al. (2010) realizaram um estudo com o objetivo de verificar a
existência de excesso de peso nas mochilas dos alunos de primeira à quarta série
da Escola Estadual Matta Machado, em Diamantina, MG. Foram selecionados
aleatoriamente dez alunos de cada turma, da 1º à 4º série da Escola Estadual Matta
Machado no município de Diamantina, MG. A média de idade foi de compreendida
entre 6,0 anos (mínimo) e 10,0 (máximo). Dentre as quarenta mochilas mensuradas,
observou-se que 52,2% (21) apresentaram excesso de peso, sendo que mochilas
que não apresentaram excesso de peso somaram-se 47,5% (19).
Esta pesquisa está voltada para a compreensão de problemas posturais em
relação a pesos de materiais em escolares acondicionados nas mochilas em todos
os alunos do 6º ano do ensino fundamental. Com isso apresentar meios para que a
escola possa buscar prevenir e minimizar tais problemas. Professores e escolares
sendo sabedores das informações colhidas neste estudo pode vir a utilizá-las em
prol de todos e no combate a possíveis intercorrências posturais.
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METODOLOGIA
O estudo foi realizado em uma escola pública estadual existente no município
de Abre Campo/MG, com alunos do 6º ano do Ensino Fundamental. A assistência de
orientação dos professores para esta situação. A mesma realizada na cidade de
Abre Campo – MG. Abre Campo é um município brasileiro do estado de Minas
Gerais. De acordo com o censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE, 2012), sua população é de 13.311 habitantes. Está localizado na
região II da Zona da Mata do estado de Minas Gerais e pertence à microrregião de
Manhuaçu. Sua principal fonte de renda é a agropecuária com maior destaque para
cafeicultura e possui três escolas publicas estaduais.
A pesquisa foi de caráter descritivo (GIL, 2008). Foi coletado o nome, idade,
gênero, massa corporal total, estatura da amostra, e massa total da mochila. Para
aferir a massa corporal e da mochila em quilogramas, foi utilizada uma balança
digital calibrada pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia –
INMETRO. Para obter a estatura em metros, foi utilizada uma trena afixiada a uma
parede.
Os dados serão colhidos entre os meses de junho e julho do ano de 2012, e
serão tabulados no programa Microsoft Office Excel 2010, onde foi feita a análise
descritiva dos dados.
1. Procedimentos utilizados na coleta de dados
No primeiro dia da pesquisa explicamos aos alunos a importância e objetivos
deste estudo, e entregamos a eles um termo de consentimento livre e esclarecido
(TCLE), expondo os objetivos da pesquisa e de sua importância, para que os alunos
entregassem aos responsáveis.
Após a entrega do TCLE, fomos à primeira etapa da coleta de dados, foram
colhidos os dados pessoais, logo após foi solicitado a todos os alunos que
colocassem todo seu material na mochila, ficassem descalços, tirassem todo o
agasalho, permanecendo só com o uniforme escolar (calça e blusa de algodão do
uniforme).
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As mensurações foram realizadas com cada aluno posicionado de forma
ereta, olhar paralelo ao solo, braços estendidos e ao lado do corpo e pés juntos
sobre a balança. No primeiro momento, mensurou-se a massa corporal dos alunos,
a estatura e em seguida as mochilas.
A partir da massa corporal do aluno e de sua respectiva mochila, obtidos nas
mensurações, seguiu-se o cálculo do excesso de peso. Do peso corporal do aluno
calculou-se 10%. Em seguida, subtraiu-se o valor obtido anteriormente (10% do
peso corporal do aluno, P1[10%]) do peso da mochila (PM) obtendo-se o valor,
quando existente, do excesso de peso (EP) nas mochilas. EP=PM-P1(10%).
Os dados foram colhidos nos primeiros horários de funcionamento da escola
no turno vespertino, entre 12h30min e 15h00min.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A amostra foi composta por 79 alunos do 6º ano do ensino fundamental, com
idade de 11,73 ± 1,03 anos, massa corporal de 44,04 ± 11,32 kg, estatura de 1,49 ±
0,09 m, e Índice de Massa Corporal de 23,94 ± 4,54.
Dentre as 79 mochilas mensuradas, observou-se que 40,5 % apresentaram
excesso de peso. Elas tinham em média 3,96 ± 1,17 kg. Dados complementares
podem ser observados na Tabela 1.
Tabela 1: Comparação dos valores da massa total das mochilas da amostra com a massa ideal das
mesmas.
Massa da
Massa Ideal da
Excesso de Massa na
Mochila
Mochila
Mochila
3,96 kg
4,40 kg
0,41 kg
± 1,17 kg
± 1,13 kg
± 1,66 kg
Mediana
4,00 kg
4,2 kg
0,00 kg
Máximo
7,40 kg
8,10 kg
5,10 kg
Mínimo
1,20 kg
2,6 kg
-2,30 kg
Média
Desvio Padrão
O excesso de peso nas mochilas encontrado nesse estudo foi obtido
através de cálculo de 10% do peso corporal dos sujeitos investigados. Segundo a
OMS, o valor obtido desse cálculo seria o máximo que poderia ser suportado por
crianças sem que essas sofram malefícios que seriam causados pelo peso das
mochilas como, por exemplo, alterações na postura corporal.
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Como visto nos gráficos, a maioria das crianças não apresentavam excesso
de peso na mochila de acordo com o máximo que podem suportar, mais ainda são
dados que preocupam, pois, uma parte destas crianças carrega excesso de peso
nas mochilas e esses dados também preocupam, pois elas poderão ter problemas
futuros, se não mudarem essa rotina.
Estudos que investigam a postura corporal bem como a coluna vertebral têm
mostrado uma clara associação entre a carga das mochilas e a resposta corporal.
Crianças, especialmente as mais jovens, adquirem mecanismos compensatórios em
relação à postura corporal com cargas acima de 10 a 15% do seu peso corporal
correspondente. Sugere-se que cargas menores que 10% a 15% do peso corporal
são requeridas para a manutenção ideal do alinhamento da postura corporal. Porém
pesquisas adicionais são necessárias para confirmar esses achados, principalmente
no que se refere à relação de dor lombar e excesso de peso das mochilas (LEITE et
al., 2010).
Embora as mochilas pesadas não estejam claramente associadas às causas
de dores nas costas das crianças, as evidências sugerem que a redução da carga
para 10% do peso corporal manteria a postural normal, bem como a função
pulmonar em crianças (LEITE et al., 2010). Desse modo, seria de suma importância
a prevenção de futuros sintomas associados ao uso das mochilas, tendo como ponto
de partida a redução das cargas (LEITE et al., 2010).
Isto serve de alerta aos pais e professores e ate para o governo do estado
para começar mudanças no ambiente escolar, o bom seria que houvesse armários
nas escolas onde as crianças pudessem guardar um pouco do material e levar só o
necessário para casa, isto reduziria muito o peso carregado pelas crianças na
mochila.
Nosso estudo só evidenciou o problema do excesso de peso na mochila dos
alunos do 6° ano , pois estão começando agora o ensino fundamental , e com os
resultados , servira de alerta para escola , não só de problemas futuros destes
alunos , mais sim de todos alunos desta escola , pois de acordo com Foujuoh et al.,
(2003) citado por Leite et al., (2010), observa-se que o peso das mochilas eleva-se
com o aumento das séries escolares. E estes alunos do 6° ano estão entrando no
processo da puberdade, crescimento e hábitos incorretos nesta idade também
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poderão ser agravados mais tarde. Diante de todo esse dado vale apenas entender
que entre sete a 14 anos de idade, a postura da criança sofre grande transformação
na busca do equilíbrio compatível com as novas proporções de seu corpo. Nessa
idade, em que sua mobilidade é extrema, associada ao surgimento dos hormônios
sexuais, a postura se adapta às atividades que ela está desenvolvendo (MOURA et
al., 2009).
Os hábitos posturais incorretos, adotados desde o ensino fundamental, são
motivos de preocupação. Pelo fato de serem crianças, o esqueleto está em fase de
formação, sendo mais suscetível a processos de deformação e às estruturas
musculoesqueléticas, suportando assim, menos carga
(INGELMARK, 1953;
CLARKE, 1975; BRIGHETTI e BANKOFF, 1986). É Fundamental lembrar que as
estruturas que compõem a unidade vertebral (ligamentos e disco intervertebral)
sofrem um processo de degeneração ao longo da vida e não possuem mecanismos
de regeneração. Sendo assim, o conjunto de alterações de prejuízos significativos
ao sistema musculoesquelético aos escolares, particularmente as estruturas que
compõem a coluna vertebral (MOURA et al., 2009).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados permitem concluir que mais da metade dos escolares avaliados
necessitam ter o seu peso de materiais escolares diminuído com a finalidade de
evitar posteriores problemas posturais.
Sugere-se a realização de campanhas periódicas de conscientização sobre
esta temática com os escolares e seus responsáveis, além da conscientização dos
professores acerca deste problema.
Uma limitação deste estudo, foi não ter sido realizado uma avaliação postural
da amostra, o que possibilitaria observar se o excesso de peso constatado estaria já
resultando em possíveis desvios posturais já relatados na literatura como
consequentes do excesso de peso na mochila.
REFERÊNCIAS
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and fallen sholders in students from 1st to 4th levels. Rev Bras Ciên Esporte, v. 7, n.
5, p. 93, 1986.
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CLARKE, H. H. Joint and body range of movement. Phys Fitness Res Dig, v. 5, p.
23, 1975.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
IBGE.
v.
2012.
n.
30
de
Agosto.
http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel.php?codmun=310030:
Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística, 2012.
INGELMARK, B. E. The Influence of different forms of physical education upon the
posture in childhood. FIEP Bull, v. 3, p. 9, 1953.
Lei nº 10759: Regulamentação do peso da mochila de escolares. Lei nº 10759:
Regulamentação do peso da mochila de escolares. Diário Oficial da União, 1998.
LEITE, H. R.; BUENO, D. A. D. Á.; NOVAES, R. D.; CARDOSO, E. S.; COTA, P. G.;
BATISTA, A. C.; RIUL, T. Estudo do excesso de peso das mochilas de crianças em
idade escolar. Efdeportes, v. 15, n. 145, 2010.
LEMOS, T. V.; PEREIRA, G. P.; CANTO, R. S. T.; COLETA, J. A. D.; BARAÚNA, M.
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crianças. Anais do XI Congresso Brasileiro de Biomecânica, 2005.
MOURA, B. M. D.; FONSECA, C. D. O.; PAIXÃO, T. F. Relação quantitativa entre o
peso da mochila escolar x peso da criança e suas possíveis alterações posturais e
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Monografia (Graduação) - Departamento de Fisioterapia,
Universidade da Amazônia, Belém, 2009.
RITTER, A. L.; SILVA, R. R. O peso e o transporte do material escolar e a
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Grande do Sul, 2006.
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FERNANDES, SMS; CASAROTTO, RA; JOÃO, SMA. Efeitos de sessões educativas
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PERFIL SÓCIO-DEMOGRÁFICO DE IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS DA
CIDADE DE ABRE CAMPO – MG
Aline Pereira Oliveira; Luciany Aparecida Amorim e Silva - Graduandas em
Enfermagem. Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Roberta Mendes von Randow – Graduada em Enfermagem, Mestre em
Enfermagem. Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Pedagogia e Educação Física.
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e coordenadora de Extensão
na Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
[email protected]
RESUMO
O objetivo deste estudo foi determinar o perfil sócio-demográfico de idosos
institucionalizados do município de Abre Campo - MG. Os dados foram coletados
através de questionário fechado com 38 idosos institucionalizados. Dentre eles, mais
de 50% eram do sexo feminino, com faixa etária de 60 a 70 anos, solteiros, sem
filhos. Quanto ao tempo de permanência na instituição, 39,5% residiam a mais de
cinco anos. A respeito das morbidades: 47% são hipertensos. Diante dos resultados
apresentados, considera-se a necessidade da implantação de medidas de controle e
prevenção de doenças e/ou complicações.
PALAVRAS-CHAVE: Idosos; Instituições de longa permanência; perfil sóciodemográfico.
INTRODUÇÃO
Durante o processo de envelhecimento existem ganhos e perdas de ordem
fisiológica, psicológica e social. Assim o idoso pode ser considerado uma biblioteca
viva, quanto mais avançada, à idade mais acumulam conhecimentos, vivências e
são considerados uma fonte de sabedoria, sabedoria está adquirida por meio da
grande experiência de vida psicológica, profissional e social, que agrega aos idosos
um nível considerável de informações adquirido com as experiências vividas.
De acordo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o idoso é todo indivíduo
que tem 60 anos ou mais de idade, nos países em desenvolvimento, ou com 65
anos em países desenvolvidos (KAWAMOTO, 2009). Para Jeckel-Neto e Cunha
(2002, p. 32):
Envelhecimento é um processo dinâmico e progressivo, com modificações
morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas que determinam perda
da capacidade de adaptação do individuo ao meio ambiente ocasionando
maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos que
terminam por levá-lo a morte.
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A assistência ao idoso deve ser realizada prioritariamente pela sua própria
família de acordo com Estatuto do Idoso (BRASIL, 2006). No entanto, nem todos os
idosos e nem todas as famílias reúnem as condições necessárias para manter o
idoso em casa, sendo então preconizada a assistência em instituições de longa
permanência.
De acordo com o artigo 18 do estatuto do idoso, as instituições devem atender
aos critérios mínimos para o atendimento às necessidades do idoso, promovendo o
treinamento e a capacitação dos profissionais, assim como orientação aos
cuidadores, familiares e grupos de auto-ajuda (BRASIL, 2006). Para Freire e
Tavares (2005, p.147):
O idoso institucionalizado forma, quase sempre um grupo privado de seus
projetos, pois encontra afastado da família, da casa dos amigos, das
relações, onde a sua história de vida foi construída. Pode-se unir a essa
exclusão social as marcas e seqüelas das doenças crônicas não
transmissíveis, que são os motivos principais de sua internação, inclusive
nas Instituições de Longa Permanência (ILP).
Este estudo tem como objetivo identificar o perfil sócio-demográfico dos idosos
institucionalizados numa Instituição de Longa Permanência (ILP) de uma cidade da
zona da mata mineira.
Neste sentido, a relevância deste estudo encontra-se na agregação
informações para subsidiar o desenvolvimento de estratégias para o aprimoramento
da assistência aos idosos.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
De acordo com a Lei 8.842 de 1994, no Brasil, a pessoa idosa é considerada
aquela que tem sessenta anos ou mais. A Política Nacional do Idoso assegura os
direitos sociais do mesmo, criando condições para promover sua autonomia,
integração e participação efetiva na sociedade (BRASIL, 2006).
O idoso agarra-se muitas vezes ao passado como um mecanismo de
compensação, pois o futuro lhe é incerto e o presente é marcado por conflitos e pela
ausência de atividades que permitam seu engajamento nas relações e no mundo
atual (KAWAMOTO, 2009). Para Hoffmann (2002, p.1):
O envelhecimento é causado por alterações das moléculas e das células,
podendo resultar em perdas das funções progressivas dos órgãos e do
organismo em geral. Esse processo, geralmente ocorre ao final da fase
reprodutiva, porém as perdas funcionais do organismo podem começar a
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ocorrer muito antes. O sistema respiratório e o tecido muscular, por
exemplo, começam a decair funcionalmente já a partir dos 30 anos .
Segundo Papaléo Netto (2002, p.2), “envelhecer é o ritual de passagem da vida
para a morte e quando a mesma é prematura, essa passagem é curta, não dando
tempo para o envelhecimento; quando a passagem é longa, há possibilidade de
viver, ver e sentir o envelhecer ”.
Atualmente, encontra-se o preconceito a respeito dos idosos sendo muitas
vezes considerado um encargo social, excluído do mercado de trabalho e de uma
vida social produtiva. No contexto familiar cabe considerar que os idosos às vezes
são tratados como encargo para seus familiares, pela demanda de cuidadores e
assistência em alguns casos. Assim, as ILP acabam se tornando o destino de muitos
idosos. Para Ferreira (2004, p.207):
As ILP são casas de assistência social onde são recolhidas para sustento
ou também para educação pessoas de baixo nível social, desamparadas,
como mendigos, crianças abandonadas, órfãos, idosos, etc. São também,
lugares onde ficam isentos da execução das leis os que a eles se recolhem.
Para Danilow (2007, p.11), o funcionamento das ILP foi normatizado pela
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) através da Resolução – RDC
283/20055, seguindo diretrizes da Política Nacional do Idoso.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo de abordagem quantitativa do tipo descritivo, realizado
em um lar de longa permanência que encontra-se num município da zona da mata
mineira.
Esta instituição possui 64 residentes. Foi utilizada neste estudo como critério
de inclusão dos sujeitos entrevistados a idade igual ou superior a 60. Sendo assim,
foram sujeitos deste estudo 38 idosos.
Para coleta de dados foi elaborado questionário fechado que aborda dados
sócio-demográficos e questões relacionadas à atividade como gênero, estado civil,
condições de vida, estilo de vida, qualidade de saúde, uso de serviços e consumo de
medicamentos, entre outros. Essa é uma ferramenta que servirá para identificar o
perfil sócio-demográfico dos idosos institucionalizados.
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Os dados coletados serão tabulados por meio de análise estatística descritivos,
sendo posteriormente confrontados com a literatura.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A Tabela 1 apresenta as características sócio-demográficas da população
investigada. Esta população foi composta por 38 idosos institucionalizados, sendo
encontrado o maior número do sexo feminino, ou seja, a freqüência relativa de 55%
e a freqüência absoluta de (n=21). A prevalência de idosos do sexo feminino
também foi evidenciada em estudo realizado por Danilow et al. (2007), com idosos
residentes em quatro instituições de longa permanência do Distrito Federal, sendo
que 57,7% (86 idosos) foram do sexo feminino e 63 idosos eram do sexo masculino
(42,3%).
Segundo estudos, a maioria dos participantes era de idosos jovens, com
idade de 60 a 70 anos, (52,5%, n=20) (VELLOSO e BANHATO, 2011).
Tabela 1: Características sócio-demográficas referidas pela população investigada, 2012.
Característica
Frequência absoluta (N)
Frequência relativa
(%)
Gênero
Feminino
21
55
Masculino
17
45
Faixa etária
60-70 anos
20
52,5
71-80 anos
11
29
81-99 anos
6
16
100 anos ou mais
1
2,5
Etnia
Branco
22
58
Negro
7
18,5
Pardo
9
23,5
Estado Civil
Solteiro
21
55
8
15,5
Viúvo
Divorciado
Filhos
Sim
Não
Escolaridade
Analfabeto
Até a 4ª série
Até a 8ª série
2° grau completo
Ensino superior
Naturalidade
Abre Campo
3
21,5
8
14
24
37
63
16
20
1
1
0
42,5
52,5
2,5
2,5
0
18
47,5
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Sericita
Jequeri
Sto. Antônio do
9
3
3
23,5
8
8
Ubá
Pedra Bonita
Matipó
1
2
2
2,5
5,25
5,25
Grama
Quanto à etnia, a grande maioria foi declarada cor branca, 58%. A situação civil
predominou solteira (55%) e sem filhos (63%). Segundo Converso e Lartelli (2007), a
maior parte dos idosos institucionalizados, não possuem nenhum responsável
conhecido, boa parte deles são abandonados pela família e ficam sem recursos
financeiros.
Quanto à escolaridade, a maioria dos entrevistados não concluiu o ensino
fundamental e apenas um idoso concluiu o ensino médio (2,5%). O percentual de
analfabetos também foi muito grande, 40,5%, ou seja, 16 idosos enquanto nenhum
deles tem ensino superior.
Situação semelhante foi verificada em estudo de Velloso e Banhato (2011) em
Juiz de Fora, quando foi encontrado um percentual de 1,9%, ou seja, apenas um
idoso da instituição conseguiu terminar o ensino médio. Sobre a naturalidade, a
cidade na qual foi realizada a pesquisa predominou, representando 47,5% dos
idosos e logo em seguida, a cidade vizinha, com 23,5%.
Os entrevistados foram questionados se eram tabagistas e 37% disseram que
sim. Foram questionados também, se os entrevistados eram alcoólatras, mas não
houve incidência, devido à proibição da instituição. Situações semelhantes à
pesquisa de Rolim, et al (2011), que na instituição de idosos “Santa Luzia”, em
Governador Valadares - MG encontraram um resultado de 35% de idosos fumantes,
sendo que também o álcool era proibido pela instituição.
O convívio social também foi questionado aos idosos, sendo que a maior parte
deles tem uma boa interação com a sociedade, sendo a frequência relativa de
89,5%. Segundo Carvalho e Dias (2011), as relações dos idosos institucionalizados
são muito boas, 42,5%, boas para 40% em más para apenas 1,7%.
Um grande número de idosos tem a capacidade de reconhecer as pessoas,
sendo 89,5%, enquanto 5,25% reconhecem ocasionalmente e apenas 5,25% não
reconhecem. Em outros estudos, houve também uma grande porcentagem de
idosos institucionalizados que reconhecem não só as pessoas, como também o
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dinheiro e por serem capazes de responderem corretamente os questionários.
(DANILOW MZ et al, 2007).
A figura 1 refere-se ao tempo de permanência dos idosos institucionalizados.
Dos entrevistados, 39,5% responderam que residem a mais de 5 anos no local. As
relações positivas com os colaboradores e moradores da instituição podem ser ou
não contribuintes para a melhor adaptação dos idosos. (CARVALHO e DIAS, 2011).
Figura1: Tempo de Permanência da população investigada na instituição.
A tabela 2 representa as comorbidades presentes na instituição. Dentre elas, a
que mais prevalece é a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), sendo 47% dos
idosos, (N =18). 13% dos mesmos, ou seja, (N=5), não declararam nenhum tipo de
doença. Estudo semelhante ao de Rolim et al 2011, onde 46% dos idosos eram
hipertensos e 37% não apresentaram nenhuma patologia citada.
Segundo estudos, a HAS é a doença crônica mais ocorrente entre os idosos.
Quanto maior a idade, mais chances de adquiri-la. É também considerado o maior
fator de risco para o Acidente Vascular Cerebral (AVC) (MENEZES, BACHION,
2008).
Tabela 2: Comorbidades presentes nos sujeitos deste estudo.
Característica
Comorbidades
HAS
DM
Doenças neurológicas
HAS e DM
Nada a declarar
Total
Freqüência absoluta(N)
N
18
2
11
2
5
38
Freqüência relativa(%)
%
47
5,50
29
5,50
13
100
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De acordo com os dados, pode-se observar que é fundamental a atuação do
enfermeiro junto com a equipe, pois no lar, a maioria dos residentes usa acima de
dois tipos de medicamentos, ou seja, 52%. Com apoio dos enfermeiros, os
medicamentos são ministrados na hora certa e ficam registrados no prontuário os
horários de cada medicação, tornando fácil controle. Segundo Danilow, MZ et al,
2007, o perfil semelhante foi observado em distintas regiões do Brasil. A partir das
médias de medicamentos utilizados por idosos, pôde-se constatar a utilização
concomitante de mais de três medicamentos.
Tabela 3: Quantidade de medicamentos usados pelos sujeitos deste estudo.
Características
Freqüência absoluta(N)
Freqüência relativa (%)
Medicamentos
N
%
Não utiliza medicamentos
1
4%
Apenas 1 medicamento
3
7%
2 ou 3 medicamentos
20
52%
4 ou 5 medicamentos
13
33%
Acima de 5 medicamentos
1
4%
Total
38
100%
Foi constatado que 31,5% dos idosos não recebem visitas das suas famílias.
Fato esse, que pode estar relacionado com o grande número de idosos solteiros no
local.
Apesar de não receberem tantas visitas de seus familiares, os idosos da
pesquisa sentem-se felizes em sua casa de permanência, pois existem amigos e
pessoas conhecidas da cidade que dão o maior apoio e carinho a eles. Este
resultado é semelhante ao estudo de Danilow, MZ et al, 2007, onde os participantes
da pesquisa não se sentiam tristes, sendo que a maior parte deles recebia visitas de
familiares ou amigos mensalmente.
Quanto à consulta médica de cada idoso da instituição, de acordo com os
resultados obtidos, 89% dos residentes são consultados mensalmente. O restante
consulta trimestralmente, pois não há necessidade, devido à ausência de doença.
Foi evidenciado, por meio de entrevista com a Coordenadora da Instituição em
estudo, que a grande maioria dos idosos (acima de 90%) é acompanhada por uma
equipe multiprofissional, incluindo médico clinico e psiquiatra, nutricionista,
enfermeiro, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, farmacêutico e psicólogo. Alguns destes
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profissionais estão vinculados à instituição e outros são vinculados à Estratégia de
Saúde da Família e/ou serviços da rede de atenção à saúde do município.
A respeito das atividades físicas, praticadas pelos moradores da instituição:
34,21% (13) disseram que praticam atividades físicas duas vezes por semana,
28,94% (11) praticam três vezes, 23,70% (9) somente uma vez na semana e os
outros 13,15% (5) não fazem atividades físicas, alguns são por serem acamados,
outros por serem cadeirantes, com isso, fazem fisioterapia.
A grande maioria dos idosos tem envolvimento com atividades religiosas,
atividades educacionais, sempre quando tem oportunidades são levados para algum
lazer, com intuito de distração. Sendo assim 44,73% (17) fazem atividades duas
vezes na semana, 26,32% (10) fazem três vezes por semana assim como a mesma
porcentagem pratica uma vez e somente 2,63% não praticam nenhum tipo de
atividade sócio educativa. As atividades educativas e de recreação são importantes
na prevenção da saúde, pois possibilitam a aprendizagem e o desenvolvimento de
novas estratégias para melhorar a qualidade a qualidade de vida de idosos
(VELOSO, 2011).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados desta pesquisa contribuíram para a determinação do perfil sóciodemográfico dos idosos residentes em uma instituição de longa permanência de um
município da Zona da Mata Mineira.
Segundo os dados obtidos, o sexo feminino predominou na instituição, com
idade média de 60 a 70 anos. O tabagismo é frequente na instituição, corresponde a
37% da população estudada. Quanto ao tempo de permanência, a grande maioria
está há 5 anos ou mais na instituição. Dentre as comorbidades, foi encontrado um
alto índice de hipertensos.
Na instituição, os idosos são incentivados a praticar atividades físicas e
socioeducativas. Tais atividades são consideradas, meios de socialização, além de
contribuir para uma melhor qualidade de vida.
É fundamental o papel do enfermeiro, juntamente com a equipe que atua na
instituição no processo de cuidar, assim como a melhoria de vida no
envelhecimento.
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Mediante os dados apresentados, salienta-se a importância da identificação do
perfil sócio-demográfico dos idosos. Sendo que esta possibilita uma avaliação,
capaz de gerar dados para subsidiar a elaboração de medidas de prevenção,
controle e promoção da saúde embasada nas necessidades reais da população
estudada.
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ÍNDICE DE PARASITOSES INTESTINAIS EM CRIANÇAS DE UMA CRECHE EM
UM MUNICIPIO DA ZONA DA MATA MINEIRA
Cecília Aparecida de Souza e Janaina Aparecida Brandão – Graduandas em
Enfermagem. Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Patrícia Luísa de Araújo Mendes – Graduada em Biologia, Mestre em Botânica,
Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Pedagogia e Educação Física.
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e coordenadora de Extensão
na Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX
Lucio Flavio Sleutjes - Graduado em Fisioterapia, Mestre em Motricidade, Doutor
em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Univértix.
[email protected]
RESUMO
As parasitoses intestinais constituem-se em grave problema de saúde pública
especialmente nos países em desenvolvimento, contribuindo para problemas
econômicos e sociais. O presente estudo consiste em verificar o índice de
parasitoses intestinais nas crianças da creche de um Município da Zona da Mata
Mineira. Trata-se de uma pesquisa quantitativa com abordagem descritiva que foi
realizado em uma creche localizada no município de Abre Campo/MG. A pesquisa
utilizou o método da sedimentação espontânea, exame coproparasitológico, através
de coleta de material para análise com 20 crianças presentes na creche. O estudo
mostra que a maioria das crianças presentes na Instituição não possuem
parasitoses intestinais, mesmo assim recomenda-se que os profissionais de saúde
realizem rotineiramente os exames parasitológicos de fezes dessas crianças,
contribuindo assim na prevenção e tratamento.
PALAVRAS-CHAVE: Parasitoses intestinais; Crianças; Creche.
INTRODUÇÃO
As parasitoses intestinais constituem-se em grave problema de saúde pública
especialmente nos países em desenvolvimento, contribuindo para problemas
econômicos
e
sociais.
No
Brasil,
as
enteroparasitoses
são
frequentes,
especialmente entre as crianças e as principais consequências são: diarreia crônica,
má absorção, anemia, baixa capacidade de concentração e dificuldades no
aprendizado (KUNZ et al., 2008).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 980 milhões de
pessoas estão parasitadas pelo Ascaris lumbricoides; 200 milhões pelo Schistosoma
mansoni e 16 milhões pelo Trypanosoma cruzi. O último levantamento multicêntrico
das parasitoses intestinais no Brasil revelou 55,3% de crianças parasitadas, sendo
51% poliparasitadas (CIMERMAN e CIMERMAN, 2005).
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Existem alguns fatores que contribuem para altas taxas de prevalência de
parasitoses intestinais, são eles: a falta de políticas de educação sanitária e de
políticas sócio assistencial, sem falar nos devidos cuidados com o ambiente natural
e a atenção aos sistemas ecológicos. Em geral, as parasitoses acontecem em
bairros pobres de grandes centros urbanos que têm uma infraestrutura deficitária
(ACOSTA, HOSHI e FERRETO, 2012).
Macedo (2005) considera que as doenças de natureza parasitária vêm
diminuindo ou desaparecendo em países industrializados e com alto nível de
desenvolvimento econômico, em função da criação de programas de controle que
incluem, além dos avanços da medicina, ações de natureza sócio-econômica e
comportamental, como saneamento básico, abastecimento e tratamento adequado
de água para consumo, higiene pessoal e educação sanitária.
Gurgel et al. (2005) considera que em função da maior urbanização e maior
participação feminina no mercado de trabalho, as creches passaram a ser o primeiro
ambiente externo ao doméstico que a criança frequenta, tornando-se potenciais
ambientes de contaminação.
A creche, historicamente era vinculada ao atendimento de crianças de baixa
renda, porém, hoje essa realidade está mudada com as transformações sociais, as
mulheres estão cada vez mais ingressando no mercado de trabalho, sendo esse o
motivo pelo qual a situação tenha mudado. Mas um grande número de creches
públicas e filantrópicas apresenta problemas em suas instalações, pois dispõem de
poucos brinquedos e materiais pedagógicos, profissionais sem carreira definida e
baixos salários (LIMA et al., 2010).
Lima et al. (2010) considera que o grau de escolaridade das mães, aumento
da renda familiar e a melhoria das condições de moradia podem ser considerados
fatores que contribuem para a prevalência de parasitoses intestinais.
O problema da pesquisa é delimitado pela seguinte questão: As crianças que
frequentam a creche de um Município da Zona da Mata Mineira possuem
parasitoses intestinais?
Este estudo tem como objetivo verificar o índice de parasitoses intestinais nas
crianças da creche de um Município da Zona da Mata Mineira.
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REFERENCIAL TEÓRICO
As parasitoses intestinais constituem num grave problema de saúde pública e
contribuem para problemas socioeconômicos. As doenças parasitárias têm parte nos
índices de mortalidade infantil, resultantes da frequência com que produzem déficits
orgânicos, sendo um dos principais fatores debilitantes da população, associandose, frequentemente, a quadros de diarreia crônica e desnutrição (LIMA et al., 2010).
Para se instalar e desenvolver-se, o parasito deve vencer as dificuldades que
lhe são opostas pelos mecanismos de defesa. O melhor exemplo de resistência
natural encontra-se na impossibilidade de certos parasitos de animais conseguirem
colonizar-se no homem, pois não encontram neste hospedeiro condições fisiológicas
adequadas. Entre estas condições podem-se citar a pele, os sucos digestivos e a
alimentação (CIMERMAN e CIMERMAN, 2005).
Para Andrade et al. (2010) a prevalência de parasitoses é alta em locais nos
quais as condições de vida e de saneamento básico são insatisfatórias ou
inexistentes. O desconhecimento de princípios de higiene pessoal e de cuidados na
preparação dos alimentos facilita a infecção e predispõe a reinfecção em áreas
endêmicas.
No Brasil, de um modo geral, os helmintos são de ampla distribuição
geográfica, sendo encontrados em zonas rurais ou urbanas de vários estados, com
intensidade variável, segundo o ambiente e espécie parasitária, prevalecendo
geralmente, em altos níveis onde são mais precárias as condições socioeconômicas
da população (SILVA e SANTOS, 2001).
Segundo Kunz et al. (2008) a transmissão das parasitoses intestinais se dá
pela via fecal-oral ou penetração pela pele. O que mais dificulta a implementação de
ações de controle, além do custo financeiro e das medidas técnicas, é a falta de
projetos de educação sanitária com a integração da comunidade.
Os sintomas das parasitoses intestinais são inespecíficos, tais como anorexia,
irritabilidade, distúrbios do sono, náuseas, vômitos ocasionais, dor abdominal e
diarreia. Os quadros graves ocorrem em doentes com maior carga parasitária,
imunodeprimidos e desnutridos. O aparecimento ou agravamento da desnutrição
ocorre através de vários mecanismos, tais como lesão de mucosa (Giardia
intestinalis, Necator americanus, Strongyloides stercoralis, coccídios), alteração do
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metabolismo de sais biliares (Giardia intestinalis), competição alimentar (Ascaris
lumbricoides), exsudação intestinal (Giardia intestinalis, Strongyloides stercoralis,
Necator americanus, Trichuris trichiura), favorecimento de proliferação bacteriana
(Entamoeba histolytica) e hemorragias (Necator americanus, Trichuris trichiura)
(ANDRADE et al., 2010).
Lima et al. (2010) considera que a creche é um ambiente que têm sido cada
vez mais estudado, por aumentar a susceptibilidade de crianças a infecções
parasitárias.
Em creches de boa qualidade, embora sejam possíveis, teoricamente, a
transmissão via alimentos e água, os cuidados com a compra, pré-preparo e
distribuição das refeições evitam este risco. Entretanto, um aspecto muitas vezes
esquecido pelos profissionais de saúde e educadores é que a transmissão pessoapessoa é a mais relevante na creche e mais difícil de ser controlada. As crianças
interagem entre si, manipulam brinquedos comuns, brincam na areia e usam
instalações sanitárias sem necessariamente serem acompanhadas para que façam
uma higiene pessoal adequada (CASTRO e BEYRODT, 2003).
Para Chieffi e Amato (2003) a maioria das doenças parasitárias intestinais
pode ser tratada, inclusive por meio de doses únicas ou de medicamentos com
amplo espectro de atividade. Em relação às mais graves, também são possíveis
sucessos terapêuticos, condutas para abranger expressivos grupos populacionais,
após caracterizações epidemiológicas adequadas, ficaram viáveis.
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa quantitativa com abordagem descritiva que foi
realizado em uma creche localizada no município de Abre Campo/MG. A pesquisa
utilizou o método da sedimentação espontânea, exame coproparasitológico, através
de coleta de material para análise com 20 crianças presentes na creche. Após a
coleta do material o mesmo foi encaminhado para um Laboratório do município com
o objetivo de verificar as parasitoses intestinais nas crianças.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A coleta de material para análise foi realizada com 18 crianças presentes na
Creche. A idade das crianças variou de 2 a 4 anos. Nessa amostra tivemos 50% de
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crianças do gênero masculino e 50% do sexo feminino. Em relação à faixa etária das
crianças 50% possuem 4 anos, 40% 8 anos e 10% 2 anos.
Figura 1 – Verminoses encontrados nas crianças.
Observa-se que 70% das crianças presentes na Instituição não possui
nenhum tipo de verminose, 20% possui Ascaris lumbricoides e 10% Enterobius
vermiculares.
No ano de 2000 fez-se uma estimativa da infecção do A. lumbricoides no
mundo, sendo observada prevalência de 73% na Ásia, 12% na África e 8% na
América Latina. A ascaridíase em humanos é cosmopolita, ocorrendo tanto em clima
temperado como em clima tropical. Sua contaminação normalmente está
relacionada com as condições socioeconômicas do local, práticas de agricultura, tipo
de moradia, eliminação de dejetos fecais, hábitos culturais e alimentares e higiene
dos alimentos. A ocorrência da doença dependerá não apenas do número de
parasitos encontrados no hospedeiro, como também do tempo de infecção e o
estado de saúde do hospedeiro (NEVES et al., 2003).
Neves et al. (2005) aborda que o A. lumbricoides é encontrada em quase
todos os países do mundo e sua transmissão ocorre através da ingestão de água ou
alimentos contaminados com ovos. Os ovos do A. lumbricoides têm uma grande
capacidade de aderência a superfícies, o que representa um fator importante na
transmissão da parasitose.
Outra parasitose que foi encontrada nas crianças pesquisadas foi a
enterobiose, causada pelo Enterobius vermiculares, parasitose que possui sintoma
mais frequente o prurido anal. As crianças em idade pré-escolar e escolar são as
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mais atingidas e pelo seu modo de transmissão é comum em ambientes de creches,
orfanatos e instituições que abrigam um grande numero de crianças, levando a alta
carga parasitária (CASTRO e BEYRODT, 2003).
Um estudo feito por Ferreira et al. (2002) mostrou vários fatores ambientais
facilitadores da infecção enteroparasitária dentre eles a ausência de água de boa
qualidade, solo úmido, altas temperaturas, grande proliferação de insetos e
dificuldade de acesso aos serviços públicos de saúde. A prevalência de
enteroparasitoses foi superior a 83%, sendo que as crianças com mais de dois anos
de idade eram quase todas parasitadas.
Em um estudo feito por Silva e Santos (2012) no Centro de Saúde Cícero
Idelfonso da Regional Oeste da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, Minas
gerais. Os enteroparasitos Ascaris lumbricoides e Giardia lamblia foram às espécies
mais frequentes e responsáveis pelo parasitismo de 36,0% das crianças. Estes
parasitos são os mais fáceis de se transmitir (via oral ) e os mais encontrados nas
investigações de populações urbanas residentes em áreas faveladas.
Monteiro et al. (2009) no estudo Parasito intestinais em crianças de creche
públicas localizadas em bairros periféricos do Município de Coari, Amazonas, Brasil,
mostra que dentre os enteroparasitos mais frequentes, prevaleceram os helmintos,
destacando-se Ascaris lumbricoides (37%), seguido por Trichuris trichiura (21,6%).
Dos protozoários, Entamoeba histolytica/E.dispar apresentaram maior frequência
(14%), seguidas por Entamoeba coli (11%). Vários estudos têm mostrado que a
frequência à creche é um fator de risco importante para o parasitismo, uma vez que
aumenta a exposição e a transmissão de agentes que causam agravos à saúde,
dentre eles os parasitos intestinais.
No estudo de Barreto (2006) analisando a incidência de enteroparasitos nas
crianças carentes da cidade de Guaçuí/ES relata que das 35 amostras 31 (88,6%)
estavam positivas, onde o parasito mais frequente, entre os protozoários foi
Entamoeba coli (25,7%), Entamoeba histolytica (17,1%) e entre os helmintos o mais
frequente foi Ascaris lumbricoides (62,9%), seguido por Trichuris trichiura (48,6%). A
alta frequência encontrada originou-se tanto de uma transmissão interpessoal entre
as crianças quanto de contaminações de alimento e água, uma vez que a
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comunidade carece de rede de saneamento básico e abastecimento de água potável
em grande número de residências.
Figura 2 – Relação de parasitoses intestinais com a idade das crianças.
As crianças de 2 anos 2% possui Ascaris lumbricoides e 2% possui
Enterobius vermiculares. As crianças de 4 anos são as que menos possuem
verminoses.
Há uma estimativa de que 1,5 milhões de pessoas estejam contaminadas por
A. lumbricoides, com sua prevalência nas Américas Central e do Sul chegando a
8%. Estudos realizados no Brasil com crianças em idade pré-escolar e escolar,
também indicam alta prevalência desses enteroparasitos (RAMOS, 2006).
A prevalência de parasitose intestinal em crianças menores de 5 anos de
idade em todo Brasil foi relacionado por vários autores com a situação
socioeconômica mais baixa da população e com as condições precárias de
saneamento básico. Embora os determinantes sociais sejam relevantes e na maioria
das parasitoses os autores refiram que a forma de transmissão é por meio de
alimentos, água, solo, o tipo de cuidado que a criança recebe também é significativo.
Crianças cuidadas em creche têm um risco de adquirir estas parasitoses pela
transmissão interpessoal. (CASTRO e BEYRODT, 2003).
De acordo com Ferreira e Cruz (1995) à medida que a criança adquire
maturidade motora que permita maior locomoção, aumenta a possibilidade de
contato com o solo e com objetos contaminados. O aumento de parasitismo
encontrado a partir do nono mês de idade, com o início do contato da criança com o
solo, parece confirmar essa provável fonte de infecção. Todas as crianças
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parasitadas por ancilostomídeos já tinham contato com o solo sendo que apenas
uma delas ainda não engatinhava na época do diagnóstico.
A higiene pessoal, como tomar banho todos os dias, lavar as mãos antes das
refeições e após a defecação, cortar as unhas, andar calçado, dentre outras
medidas básicas, são necessárias para uma boa saúde. Esses fatores são
importantes na redução dos riscos de infestação por parasitos entre as crianças
(ZAIDEN et al., 2008).
Os cuidados com a preparação e a forma de consumo de alimentos também
são fatores que podem proteger ou propiciar a ocorrência das parasitoses
intestinais, uma vez que a manipulação incorreta dos alimentos pode estar
diretamente relacionada à contaminação (ZAIDEN et al., 2008).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo mostra que a maioria das crianças presentes na Instituição não
possuem parasitoses intestinais. Ao visitar a instituição observamos o bom
funcionamento da instituição, a higiene das crianças e a preocupação dos
funcionários com as mesmas.
No inicio do trabalho, as mães ficaram inseguras em relação à divulgação dos
nomes das crianças, mas foi explicado o objetivo e esclarecido garantindo o rigor
exigido em pesquisas com crianças.
Mesmo com um resultado pequeno de crianças com índice de parasitoses,
recomenda-se que os profissionais de saúde realizem rotineiramente os exames
parasitológicos de fezes dessas crianças, contribuindo assim na prevenção e
tratamento.
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TABAGISMO ENTRE ACADÊMICOS DOS CURSOS DA ÁREA DE SAÚDE DA
FACULDADE VÉRTICÉ - UNIVÉRTIX
Elaine Aparecida De Oliveira; José Ezequiel Sampaio - Graduandos em
Enfermagem. Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Roberta Mendes von Randow – Graduada em Enfermagem, Mestre em
Enfermagem. Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Pedagogia e Educação Física.
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e coordenadora de
Extensão na Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
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RESUMO
No Brasil o tabagismo ainda é considerado um grave problema de saúde
pública, tendo em vista os malefícios causados pelo uso do tabaco. Neste sentido,
este estudo objetivou identificar o perfil de acadêmicos que fazem uso do tabaco em
uma faculdade localizada em um município da Zona da Mata Mineira. Para análise
dos resultados foi utilizada a estatística descritiva. Evidenciou-se por meio deste
estudo o número de acadêmicos que fazem o uso de tabaco, assim como o perfil
destes acadêmicos. A partir dos dados encontrados pretende-se contribuir para uma
melhor conscientização dos acadêmicos a respeito do uso do tabaco e seus
malefícios.
PALAVRAS-CHAVE: Tabagismo, Acadêmicos Da Área Da Saúde, Prevenção.
INTRODUÇÃO
Segundo Andrade et al.(2006) o tabagismo é considerado uma pandemia
silenciosa, a cada ano morre cerca de quatro milhões de pessoas em todo o mundo
com doenças relacionadas ao tabaco, sendo assim, considerado um sério problema
de saúde pública, acredita-se que se não forem tomadas medidas suficientes para o
controle dessa pandemia, próximo ao ano de 2020 o tabagismo será responsável
por 10 milhões de mortes por ano.
No Brasil apesar de todo conhecimento científico acumulado sobre os riscos do
tabaco as tendências são muito grandes e com isso observa-se o aumento da
prevalência do uso de cigarros entre a população de adolescentes e adultos jovens.
Nesta faixa etária específica a grande suscetibilidade de envolvimento com o tabaco
entre estudantes universitários (ANDRADE et al., 2006).
Segundo Magliari et al.,(2008) a equipe da área de saúde tem um papel muito
importante nos programas antitabagismo para uma atuação preventiva, educativa de
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modo que a população deve atuar junto na diminuição do numero de estudantes que
se iniciam o tabagismo.
É importante o desenvolvimento de estudos voltados para essa temática,
considerando que resultados poderão contribuir para conscientização sobre o
problema do uso de tabaco e os fatores associados por meio da criação de
programas de prevenção voltados a população (MADERGAN et al 2007).
Segundo Wagner (2008) citado por Peuker et al., (2006) o ingresso na
universidade, ainda que traga sentimentos positivos de alcance de uma meta
programada, por estudantes do ensino médio pode-se tornar período crítico, de
maior vulnerabilidade para o início e manutenção de uso de tabaco e outras drogas.
Segundo Halty et al. (2002) o Brasil é o quarto país produtor de tabaco no
mundo e o maior exportador de suas folhas, no estado do Rio Grande do Sul
encontram-se as maiores plantações de fumo no país. Nos últimos trinta anos foram
consumidos no país, quase três milhões de toneladas de folhas de tabaco para a
fabricação de mais de 3,5 milhões de cigarros, produzindo 4.000 milhões de
toneladas métricas de nicotina.
Em 1988 foi publicado nos Estados Unidos estudos que comprovam a
capacidade do tabaco de causar dependências, estes fundamentaram a comunidade
científica mundial a reconhecer o tabagismo como uma dependência química
(SILVA, 2008).
O tabagismo é a principal causa de morte evitável, sendo seu controle
considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um dos maiores
desafios de saúde publica na atualidade. Estima-se que de 2025 a 2030 nos países
em desenvolvimento sete milhões de pessoas morrerão em razão do uso de tabaco
(GARCIA et al., 2009).
O consumo de substâncias psicoativas tem aumentado significativamente nos
últimos anos, sendo o início do uso cada vez mais precoce. Neste contexto, existe
atualmente uma preocupação deste uso entre os estudantes universitários
(MAGLIARI et al., 2008).
Segundo Halty et al.,( 2002) dados estatísticos mostram poucos estudos sobre
a prevalência do tabagismo no Brasil. De acordo com a Pesquisa Nacional em
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Saúde e Nutrição (PNSN) de 1989, cerca de 40% dos homens e 26% das mulheres
acima de 15 anos são fumantes.
Neste contexto, o objetivo deste estudo foi identificar o número de acadêmicos
que fazem uso do tabaco em uma faculdade localizada em um município da Zona da
Mata Mineira. Com este estudo pretendemos contribuir para uma melhor
conscientização dos acadêmicos que fazem uso tabaco.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O tabagismo é uma doença crônica de dependência a nicotina, com períodos
de remissão e exacerbação. Existem recursos eficazes para tratar o tabagismo,
desenvolvidos por meio de ensaios clínicos que objetivam pesquisar intervenções
terapêuticas efetivas para controle do tabagismo (SILVA, 2010).
Segundo Matsumoto (2005) o tabaco, cujo nome científico é Nicotina Tabacum,
surgiu 1000 anos a.C e começou a ser utilizado nas sociedades indígenas da
América Central, em rituais mágicos religiosos que tinha como objetivo contemplar,
proteger, purificar e fortalecer os guerreiros.
Segundo Garcia et al., ( 2002) o tabagismo é identificado como um fator de
risco para o desenvolvimento de doenças, entre elas: câncer de pulmão,
enfermidades cardíacas, coronarianas e doenças respiratórias. O uso do tabaco tem
sido relacionado ao câncer bucal, a doença periodontal e uma pobre saúde bucal
encontram-se relacionado também a queda de rendimento intelectual e a falta de
atividades físicas.
Decidir parar de fumar significa voltar a valorizar a vida, querer mudar, querer
melhorar, querer ter mais saúde e ter um grande objetivo a alcançar e estar disposto
a enfrentar dificuldades de lutar contra o tabagismo (SILVA, 2010).
A fim de controlar as conseqüências decorrentes do tabagismo estratégias
internacionais e nacionais tem sido elaborado, englobando as diferentes fases do
problema que compreendem basicamente a produção do tabaco, o consumo de
seus derivados os efeitos nocivos no organismo, as medidas de prevenção da
iniciação do uso e o tratamento dos tabagistas (SILVA, 2008).
Segundo Garcia et al (2009), o tabagismo é a principal causa de morte evitável,
sendo seu controle considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como
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um dos maiores desafios de saúde publica na atualidade. Estima-se que de 2025 a
2030 nos países em desenvolvimento sete milhões de pessoas morrerão em razão
do uso de tabaco.
O combate a epidemia do tabagismo, depende de ações desenvolvidas em
rede, envolvendo instituições e lideranças, em que cada um faça sua parte. Para
isso, no nível mundial, a OMS instituiu a convenção quadro, primeiro tratado
internacional de saúde pública para controle do tabagismo, que já congrega mais de
170 nações (SILVA, 2010).
Segundo Silva, (2010) o contexto e a formação de multiplicadores, ou seja,
pessoas envolvidas com as ações necessárias para que os programas contra o
tabagismo sejam permanentes e de fundamental importância para o combate ao
tabagismo.
O profissional de saúde tem um papel muito importante nos programas para
controle do tabagismo, devendo ser mobilizados para uma atuação principalmente
preventiva, com ações educativas junto a população de modo a influir na diminuição
do número de pessoas que se iniciam o tabagismo. Além disso, os profissionais de
saúde podem agir, individualmente junto aos fumantes para que abandone o cigarro
(MIRRA, 1997).
Segundo Mirra, (1997) o profissional de saúde que fuma destrói toda a
credibilidade da mensagem de que fumar é lesivo a saúde e apressa a morte,
desacreditando a luta contra o tabagismo. Na maioria dos países desenvolvidos a
proporção de médicos, enfermeiros, farmacêuticos fumantes, diminui sensivelmente
após a tomada de conhecimentos sobre os malefícios do tabagismo, divulgados
pelas organizações de saúde nacional e internacional.
Considerando o tabagismo no meio acadêmico estudos demonstram que o
aumento do tabagismo ocorre no decorrer da faculdade e cabe considerar que 80 a
90% dos tabagistas atuais iniciaram o consumo de tabaco ao redor dos 18 anos,
idade compatível com o ingresso na faculdade (MAGLIARI et al., 2008).
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METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa de natureza quantitativa. Segundo Ribeiro (1999),
neste tipo de pesquisa são utilizadas técnicas padronizadas para a coleta de dados
e posteriormente os dados são analisados e interpretados a luz da literatura.
O contexto escolhido para realização deste estudo foi uma instituição de ensino
superior localizada em município da Zona da Mata Mineira. A população deste
município é de aproximadamente de 17.639 habitantes e a principal fonte de renda
da população de Matipó é a cultura de café (IBGE, 2010).
Os sujeitos deste estudo foram 187 discentes dos cursos da área de saúde
(Enfermagem, Educação Física e Farmácia). Os dados foram coletados por meio de
roteiro estruturado sendo este previamente testado. A coleta de dados ocorreu no
período de Abril a Maio de 2012.
A pesquisa foi realizada durante o período de aula. Os sujeitos da pesquisa
foram informados dos objetivos do estudo e a participação foi concretizada mediante
a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE). Este seguiu as
especificações da Lei 196 ∕96 do Conselho Nacional de Saúde.
Para análise dos resultados foi utilizada analise estatística descritiva por meio
do programa Microsoft Excel. Foram gerados gráficos a fim de orientar a escrita da
parte de resultados e discussão deste estudo por meio da confrontação com a
literatura.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Em relação às características gerais da população estudada, foram
pesquisados 187 acadêmicos da área de saúde durante o mês de maio de 2012.
Segundo Organização Mundial de Saúde (OMS) citado por Magliari (2008) para os
próximos 30 a 40 anos, o tabagismo será responsável por 10 milhões de mortes por
ano, sendo que 70% dessas mortes ocorrerão nos países em desenvolvimento.
Anualmente, cerca de cinco milhões de pessoas morrem em todo o mundo devido
ao uso do tabaco.
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Tabela 1: Características sócio-demográficas referidas pela população investigada, 2012
Característica
Gênero
Feminino
Masculino
Faixa etária
17-25 anos
26-30 anos
31-40 anos
41-50 anos
Acima de 50 anos
Curso Superior
Educação Física
Enfermagem
Farmácia
Período
10°
Frequência absoluta (N)
Frequência relativa (%)
122
65
65,5
34,5
130
33
17
4
3
69,5
17,5
9
2,5
1,5
68
62
57
36,5
33
30,5
1°
48
25,5
2°
3°
4°
5°
6°
7°
8°
9°
13
29
11
35
9
41
1
0
7
15,5
6
18,5
5
22
0,5
0
0
0
Na tabela 1 evidenciam-se características sócias demográficas referidas pela
população investigada, 2012. Neste estudo verificou-se que dos 187 acadêmicos da
área de saúde que foram sujeitos desta pesquisa, 122 (65,5%) foram do sexo
feminino e 65 do sexo masculino (34,5%). Em estudo realizado por Magliari et al.
(2008), sobre a prevalência do tabagismo em estudantes de uma Faculdade de
Medicina, foram encontrados dados aproximados, sendo que dos 241 estudantes
pesquisados: foram do sexo feminino (68,8%) e 77 do sexo masculino (31,2%).
Em relação à faixa etária verificou-se que dos 187 acadêmicos pesquisados,
130 estavam entre 17 a 25 anos (69,5%). Em estudo realizado por Mardegan et al
(2007), houve um predomínio entre a idade de 20 a 22 (47,5%). Em relação o
numero de acadêmicos pesquisados acima de 50 anos apenas 3 sujeitos da
pesquisa (1,5%). Em relação aos cursos superiores: 68 sujeitos encontram-se
matriculados no curso de Educação Física (36,5%), no curso de farmácia 57
acadêmicos (30,5%) e no curso de Enfermagem 62 sujeitos (33%).
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Em relação ao curso superior que o sujeito da pesquisa estava vinculado,
verificou-se que o curso de Educação Física obteve o maior número de participantes
neste estudo, sendo 68 acadêmicos, que correspondem a (36,5%). Em relação aos
períodos, o primeiro teve um número maior em relação aos outros períodos, que foi
de 48 alunos no total de (25,5%).
A respeito do uso de tabaco pelos pais, dos 187 acadêmicos da área de saúde
entrevistados, 43 que correspondem a (23%) afirmaram que seus pais são
fumantes.
Mediante o apresentado é importante destacar que parece haver associação
do tabagismo dos pais com o tabagismo dos filhos, considerando que o uso do
cigarro pelos pais pode aumentar as probabilidades dos adolescentes de iniciar o
hábito (NETO E CRUZ, 2003).
Segundo Almeida e Mussi, (2006) o crescimento do uso do cigarro por jovens é
fomentado pela aceitação social, legalização comercial e precocidade no início do
hábito de fumar, culminando com o desenvolvimento de doenças tabaco relacionado
entre pessoas jovens e adultas, economicamente ativas.
A respeito do número de cigarros consumidos por dia, os sujeitos desta
pesquisa que declararam fazer o uso de tabaco, confirmaram em sua maioria
(100%) que consomem diariamente de 1 a 10 cigarros.
Foi evidenciado neste estudo que 8,3% (N=1) dos sujeitos que fazem o uso do
tabaco consideram difícil não fumar em lugares proibidos como: igrejas, cinemas,
ônibus, biblioteca, entre outros. No entanto, 91,7% (N=11) não consideram este
habito difícil de ser realizado.
A respeito da tentativa de interrupção do uso do tabaco, 12,5% (N=2) dos
entrevistados referem nunca ter realizado nenhuma tentativa para interrupção. Já
87,5% (N=10), declaram ter feito tentativas para interrupção do tabagismo porém,
sem sucesso.
Ao analisar a pratica de esportes entre os acadêmicos que se consideram
tabagistas, evidenciou que 25% (N=3) referem praticar esportes e 75% (N=9)
mencionam não praticar nenhuma atividade física regular.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Evidenciou-se por meio deste estudo uma baixa prevalência do uso do tabaco
entre os sujeitos entrevistados. Porém, aqueles que se consideram fumantes
evidencia-se que a maioria deles já fazem o uso do tabaco a mais de um ano.
Ao considerar os profissionais de saúde como responsáveis diretos pela
prevenção e promoção da saúde da população e do papel informativo e de
conscientização que estes desempenham, nota-se que o uso do tabaco entre este
público além de trazer malefícios individuais ainda contribui para disseminação de
uma prática inadequada a saúde.
Cabe ainda destacar, que a informação a respeito dos malefícios e
complicações decorrentes do uso do tabaco não deve ser a única estratégia para
prevenção e controle do tabagismo, pois estratégias individuais, de apoio e
sensibilização possuem extrema importância para o combate à dependência
química, psicológica e emocional provocadas pelo tabaco.
O estudo apresentou algumas limitações relacionadas à amostra de
acadêmicos apenas de três cursos. Sendo necessários estudos com uma amostra
abrangendo os demais cursos para visando uma amostra mais representativa da
população quanto ao uso do tabaco.
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PREVALÊNCIA DA AUTOMEDICAÇÃO ENTRE OS PACIENTES DA
ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA DO BAIRRO BOA VISTA MUNICÍPIO DE
MATIPÓ – MG
Marynna Kelly Pinto Campos -Graduanda em Enfermagem. Faculdade Vértice –
UNIVÉRTIX.
Gleiciely Santos Silveira – Graduada em Farmácia Bioquímica Industrial, Mestre
em Ciências Farmacêuticas. Professora da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX
Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Pedagogia e Educação Física.
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e coordenadora de
Extensão na Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
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RESUMO
Trata-se de estudo descritivo com abordagem quantitativa que teve o objetivo
de identificar a prevalência da automedicação entre atendidos pela ESF do bairro
Boa Vista município de Matipó/MG. Participaram deste estudo 100 indivíduos que
procuraram atendimento na ESF em questão entre 6 e 10 de agosto de 2012,
portando ou não prescrição. A prevalência de automedicação na amostra foi de
82%. As motivações relatadas pelos entrevistados foram aconselhamento
(solicitado/ ou não) recebido na farmácia 31%, utilização de medicamentos por
aconselhamento de terceiros (parentes, amigos e/ou vizinhos) 23%, já perda ou
esquecimento da prescrição responderam por apenas 1% das aquisições sem
receita.
PALAVRAS-CHAVE: Automedicação; Medicamentos; Prevalência.
INTRODUÇÃO
O grande número de medicamentos de venda livre, assim como a
disponibilidade desses medicamentos em estabelecimentos não farmacêuticos,
contribui para o alto índice de automedicação. De acordo com a Associação
Brasileira das Indústrias Farmacêuticas (ABIFARMA), citado por Arrais et al. (1997)
no Brasil cerca de 80 milhões de pessoas são adeptas à automedicação. Segundo
Silva et al. (2011) a má qualidade da oferta de medicamentos, o não cumprimento
da obrigatoriedade da apresentação da receita médica e a carência de informação e
instrução da população em geral justificam a preocupação com a qualidade da
automedicação praticada no Brasil.
Ao avaliarem 68 estudos, Beijer et al. (2002) citado por Mastroianni et al.
(2009), observaram que a proporção de internação hospitalar por reações adversas
a medicamentos (RAM) variam 6,6% a 41,3% para a população idosa e de 2,4% a
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35,1% para a população não idosa. Mastroianni et al. (2009), também referencia
trabalho desenvolvido por Zargarzadeh et al. (2007) onde identificaram que 11,5%
das internações eram por problemas relacionados a medicamentos (PRMs), sendo
que 81% dos problemas eram ineficácia terapêutica e apenas 19% eram RAM.
PRMs
são
farmacoterapia,
entendidos
podendo
ter
como
origem
problemas
no
de
sistema
saúde
de
relacionados
saúde,
em
à
fatores
biopsicossociais, no atendimento prestado por profissionais de saúde e na utilização
de medicamentos, interferindo nos resultados terapêuticos e na qualidade de vida do
usuário (BORTOLON et al., 2008).
Como fator de risco para os PRMs, encontra-se a automedicação que de
acordo com Musial, Dutra e Becker (2007) pode ser definida como:
ato de administrar remédio sem prescrição médica, sendo que a seleção e o
uso de medicamentos são realizados por indivíduos inaptos para tal, com o
objetivo de curar patologias ou a diminuir seus sintomas. A reutilização de
receitas médicas antigas, também pode ser considerada como
automedicação (p. 5).
O ato de se automedicar é um fenômeno potencialmente prejudicial à saúde,
pois, nenhum medicamento é inócuo a saúde. O uso inadequado de substâncias e
até mesmo medicamentos considerados simples pela população como os de venda
livre, tais como analgésicos, podem acarretar diversas consequências como:
reações de hipersensibilidade, resistência bacteriana, estímulo para a produção de
anticorpos sem a devida necessidade, dependência do medicamento sem a
prescrição real, hemorragias digestivas, dentre outros (MUSIAL, DUTRA e BECKER,
2007).
Várias são as maneiras de praticar a automedicação: adquirir o medicamento
sem receita, compartilhar remédios com outros membros da família ou do círculo
social, utilizar sobras de prescrições, reutilizar antigas receitas e descumprir a
prescrição profissional, prolongando ou interrompendo precocemente a terapia
medicamentosa prescrita (LOYOLA FILHO et al., 2002).
Arrais et al. (1997) acreditam que o risco da prática da automedicação está
correlacionado com o grau de instrução e informação dos usuários sobre
medicamentos, bem como com a acessibilidade dos mesmos ao sistema de saúde.
Certamente a qualidade da oferta de medicamentos e a eficiência do trabalho das
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várias instâncias que controlam este mercado também exercem papel de grande
relevância nos riscos implícitos na automedicação.
Para Loyola Filho et al. (2002) os fatores econômicos, políticos e culturais têm
contribuído para o crescimento e a difusão da automedicação no mundo, tornando-a
um problema de saúde púbica. Diante do exposto surge o interesse pela presente
pesquisa, pois, a população estudada trata-se de uma comunidade de baixo nível
socioeconômico, onde as pessoas possuem poucas informações quanto ao risco da
automedicação.
As questões norteadoras dessa pesquisa são: com que freqüência os
pacientes de uma Estratégia Saúde da Família (ESF) do bairro Boa Vista município
de Matipó - MG fazem a automedicação e em que elas se baseiam? Quais são os
medicamentos mais utilizados?
O objetivo do estudo é identificar a prevalência da automedicação na
população atendida pela ESF do bairro Boa Vista município de Matipó - MG.
Estudos podem servir de base para ações relacionadas à promoção do uso
racional de medicamentos, possibilitando melhora no quadro de saúde dos clientes
devido à diminuição dos PRMs relacionados à automedicação, diminuindo assim os
gastos com a saúde.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde não apenas como
ausência de doença, mas como situação de perfeito bem-estar físico e mental. Já
segundo Damo (2006) as condições de saúde de uma população estão ligadas as
suas condições econômicas e sociais.
A OMS estabelece que:
o uso de medicamentos requer que os pacientes recebam a medicação
apropriada para sua situação clínica, nas doses que satisfaçam as
necessidades individuais, por um período adequado, e ao menor custo
possível para ele e sua comunidade. (Sociedade, 2001, p. 50).
Para atender recomendações da OMS, foi elaborada a Política Nacional de
medicamentos, Portaria GM nº 3.916/98, que define prescrição como ato de
determinar o medicamento a ser consumido pelo paciente, com a respectiva
posologia, ato este, no qual se apoia a dispensação (DAMO, 2006).
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Porém existe o discurso da saúde/doença, fortemente veiculado na mídia. Os
medicamentos além de agente terapêutico assumem então, a dimensão de uma
mercadoria responsável pelo desenvolvimento e manutenção de um dos segmentos
econômicos mais lucrativos a nível mundial. A publicidade destinada ao aumento da
demanda por medicamentos, de maneira geral, é direcionada tanto para os
profissionais da área da saúde, quanto à população de maneira geral (DAMO, 2006;
FERRAZA, 2009).
Assim a publicidade, de certa forma, incentiva a automedicação, ou seja, o
uso de medicamentos sem prescrição médica, na qual o próprio paciente decide o
que irá utilizar.
Já que o consumo de medicamentos não-prescritos é um ato muito frequente
no Brasil e como não existem substâncias químicas completamente inócuas,
considera-se que esta prática seja um processo potencialmente maléfico à saúde
individual e coletiva (VOSGERAU, SOARES e SOUZA, 2008).
O uso indevido de medicamentos considerados algumas vezes banais pela
população pode ter como consequência efeitos indesejáveis como: resistência
bacteriana, reações de hipersensibilidade, dependência, sangramento digestivo,
enfermidades iatrogênicas e mascaramento de doenças evolutivas, representando,
portanto, problema a ser prevenido (VITOR et al., 2008; ARRAIS et al., 1997). Além
disso, Musial, Dutra e Becker (2007) relataram que a intoxicação por medicamentos,
que na maioria dos casos, é consequência da automedicação, é responsável por
29% das mortes no Brasil.
Apesar disso, a automedicação racional é possível, e é definida pela OMS
como a prática pela qual indivíduos tratam seus problemas de saúde com
medicamentos aprovados e disponíveis para serem adquiridos sem prescrição, e
que sejam seguros e efetivos quando utilizados como indicado (VOSGERAU,
SOARES e SOUZA, 2008).
O ideal é utilizar o medicamento apenas quando imprescindível e
recomendado por um profissional especializado. O Ministério da Saúde, por meio do
Departamento de Assistência Farmacêutica, e a Anvisa trabalham em parceria com
entidades da sociedade civil para mudar o paradigma do país em relação ao uso
correto de medicamentos, e ressaltam que os medicamentos salvam vidas e
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melhoram a condição de saúde das pessoas, mas não devem ser tratados como
mercadorias e usados indiscriminadamente (ANVISA, 2005).
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa do tipo descritiva com abordagem quantitativa. A
estimativa populacional do município de Matipó é de 17.639 habitantes em 2010. E
sua principal atividade econômica é a produção de café (IBGE, 2012).
O serviço de saúde de Matipó, na atenção primária, é formado por 07
unidades da ESF e um centro de saúde onde é realizado o atendimento das
especialidades médicas. Destas, 06 estão localizadas em área urbana e contam
com 07 equipes da saúde da família. Todas possuem atendimento de várias
especialidades médicas, além da equipe multiprofissional composta também por
enfermeiro, nutricionista, técnicos e auxiliares de enfermagem, fisioterapeuta e
psicólogo.
A coleta de dados foi realizada no período de 06 a 10 de agosto de 2012, na
própria unidade de atendimento onde foi aplicado um questionário semi-aberto, a
todos os pacientes adultos que procuraram atendimento na unidade ESF do bairro
Boa Vista neste período, portando ou não a prescrição médica. Os sujeitos da
pesquisa foram informados dos objetivos do estudo e a participação foi concretizada
mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Este
segue as especificações da Lei 196/96, que trata de pesquisa envolvendo seres
humanos, resguardando-lhe o anonimato e autonomia de recusar-se ou desistir de
fazer parte da amostra do estudo (CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE, 1996). Os
resultados foram tabulados através do Microsoft Office Excel® versão 2007 e
tratados através da estatística descritiva.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Participaram deste estudo 100 indivíduos, sendo 82% do sexo feminino e 18%
do sexo masculino, Bush e Osterweis (1978) citado por Loyola et al. (2002) atribuem
esse achado a maior utilização dos serviços de saúde pelas mulheres. A população
do estudo se concentrou na faixa etária de 18 a 28 anos (34%) e de 28 a 38 anos
(29%) e o estado civil que predominou foi o casado (a) com 58%.
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Quanto à escolaridade dos participantes do estudo, o ensino fundamental
incompleto e o ensino médio cada um com respectivamente 58% e 25% foram os
mais frequentes, sendo que nenhum destes possuía ensino superior.
82% da população pesquisada faz uso de automedicação, valores superiores
aos encontrados nos estudos de Piotto et al. (2009) e de Musial, Dutra e Becker
(2007). Quando perguntados sobre o destino dos medicamentos sem prescrição
adquiridos, 51% admitiram que seriam para uso próprio, 44% para uso próprio e
também da família, dados semelhantes aos encontrados pelo estudo de Arrais et
al. (1997).
Perda ou esquecimento da
prescrição
1%
Aconselhamento solicitado na
farmácia
23%
31%
Aconselhamento não
solicitado recebido em
farmácia
Aquisição baseada na
indicação de terceiros
8%
13%
24%
Aquisição baseada nos meios
de comunicação
Presença de sobras de
medicamentos na residência
Figura 1: Motivações para automedicação.
Em relação às motivações para automedicação foi percebido que a perda ou
o esquecimento da prescrição responde por apenas 1% das aquisições sem receita,
31 % relataram que já fizeram aquisições através de aconselhamento (solicitado/ ou
não) recebido na farmácia, 23% dos entrevistados relataram que já tomaram
medicamentos por aconselhamento de terceiros (parentes, amigos e/ou vizinhos).
Apenas 37% disseram se basear em prescrições médicas antigas para embasar
automedicação (FIGURA 1).
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Figura 2: Última consulta médica referida pelo entrevistado.
A respeito da última consulta médica pode ser percebido com que 45% dos
participantes da pesquisa tinham se consultado há menos de 01 mês (FIGURA 2).
Analgésicos/Antitérmicos
Anti-inflamatórios
10%
Xaropes para tosse
1% 1%
24%
Antibióticos
16%
Antialérgicos/anti-histamínicos
Gotas otológicas
3%
Colírios
1%
15%
Medicamentos para
resfriados/gripes
8%
7%
14%
Hormônios, inclusive
anticoncepcionais
Descongestionantes nasais
Vitaminas
Figura 3: Grupos de medicamentos mais frequentemente utilizados para automedicação
Na Figura 3 são mostrados os grupos terapêuticos mais frequentemente
utilizados para fins de automedicação pelos entrevistados, sendo o grupo mais
citado foi o dos analgésicos e antitérmicos (24%), seguidos dos medicamentos para
resfriado e ou gripe (16%), anti-inflamatórios (15%) e xaropes para tosse (14%),
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medicamentos que na sua grande maioria são de venda livre ou necessitam de
receita, mas não da retenção desta.
Existem relatos na literatura de que os analgésicos, anti-inflamatórios e
antitérmicos, assim como no presente estudo, sejam os medicamentos mais
frequentemente utilizados para automedicação (LOYOLA et al., 2002).
Dor de cabeça
Dores musculares
Insônia
3%
Depressão
1%
4%
2%
5%
1%
24%
Nervosismo/estresse
Resfriado/gripe
13%
Infecções/ inflamações de
garganta ou ouvido
Úlcera, gastrite ou
queimação
21%
21%
2%
Sinusite
2%
1%
Alergias
Lesões orais
Lesões de pele
Outras
Figura 4: Queixas motivadoras da automedicação.
Já dentre as queixas que levaram os colaboradores a se automedicar, as mais
representativas foram dores de cabeça e musculares (45%), resfriado e ou gripe
(21%) e as infecções e inflamações (24%), como pode ser observado na Figura 4.
Resultados semelhantes quanto às motivações para automedicação foram
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encontrados em outras fontes que relataram as dores de cabeça e sintomas
respiratórios
de
gripe
e
resfriados
como
principais
agentes
causais
da
automedicação (LOYOLA et al., 2002; VILARINO et al., 1998).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados apresentados sugerem uma alta prevalência de automedicação
na população da ESF do bairro Boa Vista. Isto é preocupante visto que se trata de
uma população de alta vulnerabilidade social com baixa escolaridade na sua grande
maioria. Este último fator ainda dificulta a interpretação de bulas, receitas médicas e
orientações quanto ao uso de medicamentos. Tornando ainda mais preocupante a
presença de automedicação nesse grupo, já que mesmo os medicamentos de venda
livre podem causar danos à saúde se administrados inadequadamente (doses ou
posologias inapropriadas ou devido a interações devido ao uso concomitante com
outros medicamentos), além da possibilidade do uso destes medicamentos
mascararem sintomas de patologias graves.
Sendo assim é preciso que as políticas de saúde tenham mais atenção para o
uso indiscriminado de medicamentos, pois além de representar um custo financeiro
muito alto para os cofres públicos, representa grande risco a saúde da população
que faz uso abusivo e que podem aumentar ainda mais estes custos devido aos
problemas
relacionados
a
medicamentos
que
podem
ser
causados
pela
automedicação inadequada.
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ÍNDICES DE PARTOS NORMAL E CESARIANO DE MULHERES RESIDENTES
NA CIDADE DE MATIPÓ MG
Vanessa Alves da Rocha – Graduanda em Enfermagem Faculdade Vértice –
UNIVÉRTIX.
Roberta Mendes von Randow – Graduada em Enfermagem, Mestre em
Enfermagem. Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Pedagogia e Educação Física.
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e coordenadora de
Extensão na Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Daniel Vieira Ferreira – Graduado em Matemática. Mestre em Educação. Diretor da
Escola Técnica Vértix e Professor da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
[email protected]
RESUMO
O objetivo deste estudo foi identificar a distribuição do parto vaginal e da
cesariana em um Município da Zona da Mata de Minas Gerais. Trata-se de um
estudo quantitativo do tipo descritivo. A coleta de dados foi realizada na Base
Nacional do DATASUS referentes às estatísticas vitais de Nascidos Vivos. Foi
possível evidenciar por meio deste estudo os índices de parto normais e cesarianas
e as características sóciodemográficas da população estudada. Conclui-se que o
índice elevado de cesarianas no município está sendo influenciado pela tendência
mundial. Esta realidade leva a supor que as cesarianas não estão sendo
precisamente indicadas, seja por convivência médica ou pela má orientação da
Gestante.
PALAVRAS-CHAVE: Saúde da mulher, sistemas de informação, índices.
INTRODUÇÃO
Diversos estudos sobre a via de parto e a Assistência a Saúde da Mulher
durante o Pré-Natal vem identificando altos índices de cesarianas contrariando o
índice preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) de 15% (BRASIL,
2001).
No período que antecede o parto, a mulher passa na maioria das vezes, pela
ansiedade da chegada do filho. Neste sentido a aflição referente ao parto tem
relação com a experiência única que se traduz esse acontecimento na vida de cada
mulher. Durante toda a gestação a mulher passa por alterações fisiológicas,
psicológicas e emocionais até a chegada do trabalhado de parto que embora
marcado muitas vezes pela dor e desconforto traz também as alegrias do
nascimento do filho (MOURA 2009).
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Neste contexto, o planejamento do parto constitui-se em uma importante
estratégia para assegurar cuidado e conforto para mãe e filho. Assim, considera-se
fundamental a realização do planejamento do parto por meio da avaliação do estado
gestacional que objetiva indicar a via de parto mais saudável para a mãe e para o
filho. Os profissionais de enfermagem têm um papel fundamental no período
gravídico devendo estimular a participação ativa da gestante durante todo o trabalho
de parto (CRUZ, 2007).
Uma das propostas do Plano Diretor da Atenção Primária à Saúde (PDAPS),
oferecido pela Regional de Saúde é capacitar, por meio de oficinas, enfermeiros
vinculados a saúde da família e profissionais de saúde sobre a atenção a saúde da
mulher. Nestas oficinas são discutidos temas relacionados a orientação adequada
sobre planejamento familiar, pré-parto, parto e puerpério, via de parto, amamentação
entre outros (ESP/MG, 2008).
Uma atenção qualificada a saúde da mulher, prevê a atuação da Estratégia de
Saúde da Família (ESF) junto as gestantes durante as consultas de Pré-Natal a fim
de esclarecer e propiciar conhecimentos as gestantes a respeito dos diferentes tipos
de parto e do preparo e cuidados puerperais para cada via de parto (BRASIL, 2006).
A Agência Nacional de Saúde (ANS) vem discutindo desde 2004 a elevada
taxa de partos cirúrgicos no Brasil, comparado aos partos normais e ainda
apresentando propostas de ação para redução das cesarianas desnecessárias.
Segundo dados do Departamento de Informática do SUS (DATASUS), o Brasil
apresenta taxas de cesarianas expressivas, chegando a mais de 40% dos partos
realizados e permanecendo em estado crescente, divergente do recomendado pela
OMS que preconiza uma taxa máxima de 15% de cesarianas para qualquer país
(ANS, 2008).
O Ministério da Saúde (MS) como meio de modificar esta realidade, utilizou do
modelo internacional da OMS e da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e
lançou no Brasil a Campanha de Incentivo ao parto natural, através de folders,
cartaz, panfletos, divulgação em mídia nacional como medida educativa. Foi também
estabelecida pelo MS a glosa1 do pagamento de cesarianas que ultrapassem o teto
limite definido. Foi observado um resultado positivo no serviço público de saúde ao
1
Anular ou recusar (orçamento, conta, declaração de renda etc.)
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contrário do analisado no setor privado que prevaleceu com índices altíssimos de
cesarianas (ANS, 2008, p. 32).
Neste contexto, a problemática deste estudo encontra-se na verificação dos
índices partos normais e cesarianas de mulheres residentes na cidade de
Matipó/MG.
Assim, a questão norteadora deste estudo é: Quais os índices de partos
normais e de cesarianas de mulheres residentes na cidade de Matipó/MG no
período compreendido entre Janeiro de 2005 a Dezembro de 2010.
A relevância deste estudo consiste na identificação de dados que possibilitem
um planejamento de ações de intervenção pela equipe de saúde da família e da
Secretaria da Saúde para executar ações de promoção da saúde que fortaleçam o
vínculo entre mãe e filho durante e após o parto. Este trabalho também aponte
dados nunca estudados que podem ser trabalhados em campanhas de orientação e
educação continuada em Grupo de Gestantes na consulta de Pré-natal feitas pela
equipe multiprofissional e mostrar quais são os fatores que realmente indicam uma
cesariana.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Osava (2011) realizou um estudo com o objetivo de estimar a prevalência de
cesariana em um centro de parto normal e identificar os fatores associados. Trata-se
de uma pesquisa que utilizou como método a revisão manual dos prontuários de
2.441 entre março e abril de 2005 de parturientes e seus Recém Nascidos. Os
resultados deste estudo apontaram que dos partos ocorridos na instituição durante o
período
do
estudo, foram
registradas 14,9%.
As gestantes adolescentes
corresponderam a, aproximadamente, 11% da amostra. A cesariana foi mais
prevalente entre mulheres com idade mais avançada. O estudo realizado concluiu
que a taxa de cesariana (14,9%) esteve dentro do limite de 15% proposto pela OMS
em 1985.
Queiroz (2005) realizou um estudo com o objetivo de descrever as
características da população como estado civil, ocupação e número de consultas de
pré-natal; verificou a incidência de cesárea e de parto normal em clientes atendidas
em uma instituição e comparou essas incidências no período pesquisado. Através
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de estudo do tipo descritivo, retrospectivo e documental, a partir da informação de
prontuários. O estudo identificou um elevado percentual de parto cesariana com alta
incidência em adolescentes. Constatou-se que as principais indicações de cesárea
foram ter história de cesárea anterior e doença hipertensiva específica da gravidez.
Registrou-se predomínio de gestantes com 4 a 7 consultas de pré-natal. Mudanças
na assistência pré-natal podem ter impacto na taxa de cesárea, preparando a mãe
para o trabalho de parto, aspecto intimamente relacionado à capacitação de
parteiras, enfermeiras obstetras e médicos, como também substituição da
assistência individual por uma assistência de equipe.
A ANS (2008) realizou um estudo com o objetivo de analisar o perfil dos
nascimentos ocorridos na cidade do Rio de Janeiro (RJ), segundo via de parto
(cesáreo ou vaginal) nos serviços públicos e privados de saúde. Para identificar o
perfil dos nascidos vivos foi realizada uma análise dos dados obtidos no Sistema de
Informação de Nascidos Vivos (SINASC), que tem origem nas Declarações de
Nascidos Vivos (DNV). O resultado foi negativo já que apresentou um aumento das
taxas de cesariana no município do RJ atingindo cerca de 80% dos partos em
instituições privadas. Esta taxa é o dobro da taxa máxima de 15% preconizada pela
OMS nas unidades SUS (WHO, 1985).
Patah (2011) realizou uma revisão bibliográfica onde descreve as taxas de
cesárea praticadas em diferentes países e uma descrição dos modelos assistenciais
praticados. Utilizou como método o levantamento bibliográfico de literatura nacional
e internacional selecionando as principais publicações relacionadas ao assunto no
período de 1999 a 2010. Foram utilizados 44 artigos dos 64 encontrados. A elevação
das taxas é um fenômeno mundial desde o século XX. Embora relatado em alguns
trabalhos de maneira simples que as altas taxas são responsabilidade médica
ignorando aspectos do relacionamento médico-paciente, contexto social entre
outros. Não existe uma proporção adequada de partos por cesariana embora haja
25 anos a OMS preconize 15%. Vale ressaltar que o bom parto é aquele que
garanta a saúde e o bem estar da mãe e do bebê.
Reis (2009) realizou um estudo no ano de 2007 que objetivou traçar o perfil
epidemiológico dos partos realizados em dois hospitais de Pelotas sendo um
Filantrópico e o outro Universitário e compará-los com as informações obtidas em
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1994. Através de um estudo descritivo, retrospectivo, com fonte secundária de
dados teve como população alvo recém-nascidos nas maternidades da Santa Casa
de Misericórdia de Pelotas (SCMP). Foram coletados dados nos arquivos dos
hospitais ambos filantrópicos e analisados estatisticamente. O autor identificou que
em ambas as instituições apresentavam índice elevado de cesarianas mais por
tendência do que por necessidade, já que analisando o peso dos recém-nascidos a
maioria apresentava peso dentro dos parâmetros da normalidade para um parto
vaginal. Porém o estudo não tem nenhum elemento a fim de identificar os motivos
que levaram a intervenção cirúrgica.
Mediante os estudos apresentados a relevância desta pesquisa encontra-se na
identificação dos índices de cesarianas e partos normais de mulheres residentes na
cidade de Matipó/MG entre os anos de 2005 a 2010, sendo que esses dados
consistem em fonte de pesquisa capaz de contribuir para o planejamento de ações
de saúde para a redução do índice cesarianas desnecessárias conforme
preconizado pela OMS e ainda contribuir na redução da morbi-mortalidade maternoinfantil devido a complicações cirúrgicas.
Segundo Freitas (2001), o parto normal é aquele que ocorre fisiologicamente
entre 37 semanas completas e 42 semanas incompletas e a mulher tem participação
ativa durante todo o parto sofrendo a menor intervenção possível dos profissionais
de saúde. Durante este período surgem as contrações progressivas e ritmadas e
dilatação do colo do útero, bebês nascidos neste período regular são classificados
como “nascidos a termo”.
A cesariana consiste na retirada do concepto do útero materno através de uma
intervenção cirúrgica mediante incisões nas paredes abdominais (Laporatomia) e
uterina (histerectomia). É um recurso usado geralmente para evitar uma morbidade
materna e/ou fetal buscando a preservação das condições vitais quando a via de
parto vaginal não é possível seja por fatores fetais ou maternos (ANS, 2008).
A via de parto depende das condições clínicas maternas e fetais, sendo
necessária avaliação da dilatação do colo, estrutura óssea materna, além da
ausculta dos batimentos cardíacos fetais, indicando a via vaginal ou uma cesariana.
Todo o processo do parto envolve a evolução da gestante, das condições fetais e da
equipe que oferece o suporte ao período gravídico. O parto normal proporciona mais
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viabilidade, bem estar e saúde ao binômio mãe-filho. O parto, cuja evolução prénatal foi normal permite à natureza seguir seu rumo, deixando o bebê nascer no
tempo certo (MOURA, 2009).
Dentre as vantagens do parto normal podemos citar que durante a passagem
do bebê pelo canal pélvico, a compressão favorece a expulsão dos líquidos
pulmonares do bebê, havendo menor risco de desconforto pulmonar após o parto e
complicações respiratórias no decorrer do seu crescimento. Estudos indicam que os
riscos de infecções puerperais no parto normal são menores quando comparados a
cesariana além de anatomicamente a regressão do útero é rapidamente observada
nas próximas horas após parto, retornando ao tamanho dentro dos limites da
normalidade mais rapidamente do que em um procedimento cirúrgico. (MARTINS,
2002)
A indicação clínica para a cesariana deve ser avaliada criteriosamente pelo
médico especialista. Dentre as principais causas de indicação de cesariana destacase: prematuridade e/ou baixo peso, apresentação pélvica (sentado), Sofrimento
Fetal Agudo, Gestação Gemelar, Macrossomia, situação transversa, placenta prévia,
descolamento prematuro de placenta com feto vivo, Herpes Genital ativa, prolapso,
anormalidade do tamanho ou circular de cordão, Infecção pelo HIV, malformação
congênita, o risco de contaminação por Doenças Sexualmente Transmissíveis,
Desproporção céfalo-pélvica, Placenta Prévia, Doença Hipertensiva Especifica da
Gestação (DHEG), Diabetes gestacional, ou qualquer fator externo ligado ao feto ou
a mãe que coloque em risco a vida dos mesmos (MARTINS, 2002).
A gestante deve compreender que a incisão cirúrgica irá expor toda a sua
cavidade abdominal, estando sujeita a deiscência de sutura que se trata da abertura
do corte cirúrgico por movimentos bruscos no período de puerpério, são mais
suscetíveis as infecções quando comparadas as infecções dos partos normais e
possui recuperação mais lenta que no parto normal (BRASIL, 2006).
As influências da gestante na análise da melhor via de parto passa por vários
aspectos, culturais, físicos e pessoais como a própria tolerância a dor, ansiedade,
medo, experiências anteriores, padrão social, escolaridade, entre outros (ANS, 2008,
p. 13)
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A equipe de saúde da família por meio de seus conhecimentos e experiência
deve identificar a tentativa momentânea de desviar da dor do parto, e apontar
através das orientações, das consultas de pré-natal que o parto normal favorece a
expulsão dos líquidos pulmonares durante a passagem pelo canal de parto e
diminuem o risco de desconforto pulmonar após o parto e de patologias respiratórias
(BRASIL, 2006).
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo de abordagem quantitativa e de natureza descritiva.
Este tipo de método permite descrever a ocorrência de fatos e fenômenos relativos à
realidade através da observação, análise, descrições objetivas e padronização de
técnicas e validação de conteúdo. Assim, a pesquisa descritiva tem por finalidade
(DIAS, 2007, p. 12):
Observar, registrar e analisar os fenômenos sem,
entretanto, entrar no mérito de seu conteúdo. Na
pesquisa descritiva não há interferência do investigador,
que apenas procura perceber, com o necessário
cuidado, a frequência com que o fenômeno acontece. É
importante que se faça uma análise completa desses
questionários para que se chegue a uma conclusão.
A coleta de dados foi realizada na Base Nacional do DATASUS referentes às
estatísticas vitais de Nascidos Vivos. O processamento dos dados e o mapeamento
foram feitos através do TabNet. O TabNet é um programa aberto desenvolvido pelo
Datasus, que tem por finalidade permitir o fornecimento rápidos de dados e criar
relações entre variáreis disponível online2 que constituem os componentes básicos
dos Sistemas de Informações do SUS dentro de suas Intranets ou em seus sites
Internet no período compreendido entre Janeiro de 2005 a Dezembro de 2010.
Incluiu-se no estudo a análise do parto vaginal e da cesariana segundo as
variáveis: Raça Mãe (Branca, Preta, Amarela, Parda, Ignorado), Sexo Filho
(Masculino e Feminino), Idade da mãe (10 a 14, 15 a 19 anos, 20 a 24 anos, 25 a 29
anos, 30 a 34 anos, 35 a 34 anos, 35 a 39 anos, 40 a 44 anos), Instrução (nenhuma,
1 a 3 anos, 4 a 7 anos, 8 a 11 anos, 12 e mais e ignorado), Estado civil (solteira,
casada, viúva, separada judicialmente e ignorada), Duração da gestação (22ª a 27ª
2
www.datasus.gov.br
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semanas, 28ª a 31ª semanas, 32ª a 36ª semanas, 37ª a 41ª semanas), Tipo de
gravidez (única, dupla), Nº de consultas durante o pré-natal (nenhuma, 1 a 3 vezes,
4 a 6 vezes, 7 consultas ou mais), Apgar no 1º minuto (0 a 2, 3 a 5, 6 a 7, 8 a 10,
ignorado), Apgar no 5º minuto (3 a 5, 6 a 7, 8 a 10, ignorado), Peso ao nascer
(menos de 500g, de 500 a 999g, 1000 a 1499g, 1500 a 2499g, 2500 a 2999g, 3000
a 3999g, 4000 e mais) e Ano do nascimento de 2005 a 2010.
A área de estudo é o município de Matipó/MG localizado na região II da Zona
da Mata no Estado de Minas Gerais e pertence à microrregião homogênea Vertente
Ocidental do Caparaó cuja população é de 17.639 habitantes, tendo como sua
principal fonte de renda a agropecuária com destaque na cafeicultura (IBGE, 2010).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
O SINASC registrou 1.828 nascimentos de mulheres residentes em Matipó no
período analisado, dos quais 41,41% correspondem a cesarianas.
Tabela 1: Características sócio-demográficas da população investigada, 2005 a 2010.
Característica
Gênero
Feminino
Masculino
Ignorado
Etnia
Branca
Preta
Amarela
Parda
Ignorado
Idade
10 a 14
15 a 19
20 a 24
25 a 29
30 a 34
35 a 39
40 a 44
45 a 49
50 a 54
Instrução Da Mãe
Nenhuma
1 a 3 Anos
VAGINAL
%
N= 1.828
CESARIANA
IGNORADO
549
518
0
384
372
1
2
2
0
343
33
1
676
14
369
17
4
348
19
2
0
0
2
0
5
230
383
250
107
70
21
1
0
1
115
219
210
143
50
14
4
1
0
0
1
2
1
0
0
0
0
50
230
26
113
0
1
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4 a 7 Anos
8 a 11 Anos
12 Anos e Mais
Ignorado
Estado Civil
Solteira
Casada
Viúva
Separada Judicialmente
União Consensual
Ignorado
Duração da Gestação
22 -27
28-31
32-36
37-41
42 ou Mais
Ignorado
Tipo de Gravidez
Única
Dupla
Ignorada
Nº de Consultas
Nenhuma
1 a3
4a6
7 ou Mais
Ignorado
Apgar no 1º minuto
0a2
3a5
6a7
8 a 10
Ignorado
Apgar no 5º minuto
0a2
3a5
6a7
8 a 10
Ignorado
Peso ao nascer
Menos de 500 g
500 A 999
1000 a 1499
1500 a 2499
2500 a 2999
3000 a 3999
4000g e Mais
446
245
61
35
248
215
124
31
0
2
1
0
504
527
15
11
8
2
264
468
5
9
9
2
1
3
0
0
0
0
10
6
27
1020
4
0
2
12
44
692
6
1
0
0
1
3
0
0
1057
10
0
721
34
2
4
0
0
28
124
336
568
11
6
26
145
567
13
1
0
2
1
0
3
18
37
186
823
4
5
26
219
503
0
0
0
2
2
0
6
10
229
822
1
2
4
246
504
0
0
0
2
2
1
9
7
89
328
596
37
0
4
5
75
196
455
22
0
0
0
0
0
4
0
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Ano do Nascimento
Ano 2005
Ano 2006
Ano 2007
Ano 2008
Ano 2009
Ano 2010
221
202
188
171
155
130
103
107
127
133
155
132
1
1
0
0
2
0
FONTE: MS/SVS/DASIS - SISTEMA DE INFORMAÇÃO SOBRE NASCIDOS VIVOS – SINASC
Dos 1828 partos de mulheres residentes em Matipó/MG, realizados no período
estudado, 18,7% dos partos vaginais eram de mulheres brancas e 20,1% eram
cesarianas. As mulheres de cor parda 36,9% eram vaginais e 19% eram cesarianas.
As mulheres de cor preta 1,8% eram vaginais e 0,9% eram cesarianas. De acordo
com outros estudos, houve predomínio da taxa de cesariana na etnia branca e os
partos vaginais as maiores taxas foram observadas em mulheres pardas e pretas
(KNUPP, VIRGÍNIA, MELO 2008).
No que se refere ao sexo do bebê quanto ao tipo de parto 30,03% de parto
vaginal eram de bebes do sexo feminino e 28,33% do sexo masculino. E na
cesariana 21% eram do sexo feminino e 20,35% do sexo masculino.
A distribuição por faixa etária revela que a maior ocorrência de partos ocorreu
entre 20-29 anos, 24,62% de partos vaginais e 23,4% de cesarianas. Segundo
estudo de Queiroz et al, chama a atenção o alto percentual de mulheres submetidas
ao parto por via alta com idade inferior a 20 anos e um índice de cesarianas.
Enquanto as mulheres casadas 28,82% eram vaginais, 25,60% cesarianas.
Para Knupp (2008) quanto ao estado civil, a maior taxa de cesariana foi observada
entre mulheres casadas, em união consensual (59,5%), enquanto a do parto vaginal
foi maior entre mulheres solteiras (61,2%).
Gestação com 32 a 36 semanas, prevaleceu a cesariana e acima de 42
semanas também. Para Osava RH et al idade gestacional maior que 40 semanas
também estiveram associadas com maior prevalência de cesárias.
Em gestação dupla prevaleceu a cesariana. Knupp (2008) ao analisar o nº de
consultas de pré-natal, verificou que o total de mulheres que não foram a nenhuma
consulta, 80,2% foram submetidas ao parto vaginal.
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Bebês nascidos de cesariana apresentaram apgar menor (8 a 10) quando
comparados ao parto normal. Para Knupp (2008), não se observou comportamento
definido na distribuição dos partos vaginais e cesarianos.
O peso ao nascer também esteve associado a via de parto. RN com peso
inferior a 2500g e superior a 3500g teve maior probabilidade de nascer por
cesariana quando comparado ao parto vaginal. De acordo com o ano houve o
crescimento de cesarianas com consequente redução do nº de partos vaginais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que o índice elevado de cesarianas no município está sendo
influenciado pela tendência mundial. Esta realidade leva a supor que as cesarianas
não estão sendo precisamente indicadas, seja por convivência médica ou pela má
orientação da Gestante.
Acredita-se que mudança na assistência pré-natal e no pagamento efetuado
pelo governo pode ter influência na taxa de cesárea no ambiente SUS, devendo esta
sofrer maior fiscalização, mas não devendo deixar de lado o exagero em entidades
particulares já que se trata de saúde da população. Aspecto este que está
relacionado com treinamento de médicos e profissionais de saúde e incentivo não só
da assistência individual, mas de uma estratégia que envolva toda a equipe de
saúde e a população. (ANS, 2008)
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PREVALÊNCIA DE SOBREPESO E OBESIDADE INFANTIL EM CRIANÇAS DE
05 A 10 ANOS DE UMA ESCOLA MUNICIPAL DA CIDADE DE RIO CASCA - MG
Ederlaine Auxiliadora Santana e Júlia Miorini Brum Pereira – Graduandas em
Enfermagem Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX.
Tatiane de Cássia Fernandes Martins – Graduada em Nutrição, Especialista em
Saúde Pública. Professora da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX ]
Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Pedagogia e Educação Física.
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e coordenadora de
Extensão na Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Ana Ligia de Souza Pereira - Graduada em Enfermagem, Especialista em
Estomaterapia. Professora e Coordenadora do curso de enfermagem UNIVÉRTIX.
[email protected]
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo identificar a prevalência de obesidade e
sobrepeso infantil em crianças de 05 a 10 anos em uma escola municipal da cidade
de Rio Casca – MG. O presente estudo trata de uma pesquisa de campo descritiva
com abordagem quantitativa e foi realizado em uma escola municipal de Rio Casca,
localizado na zona da mata do Estado de Minas Gerais. Participaram deste estudo
60 alunos do sexo feminino e masculino de faixa etário de 05 a 10 anos matriculado
entre 2° período da educação infantil ao 5° ano do ensino fundamental. Ao contrário
da grande preocupação a respeito da obesidade, constatou-se através dos dados
coletados que há um alto índice de magreza. Verificou-se que 60% dos alunos estão
na faixa de magreza, uma parte significativa dos alunos 37% encontram-se
eutróficos, ou seja, com seu peso normal e somente 3% encontram-se com
sobrepeso e nenhum aluno foi classificado com obesidade.
PALAVRAS-CHAVE: Obesidade; Sobrepeso; Magreza e Criança.
INTRODUÇÃO
Nos países desenvolvidos uma preocupação constante está ligada a saúde
pública, a obesidade é considerada uma epidemia pela Organização Mundial da
Saúde. Ao reportarmos aos países em desenvolvimento, especialmente na América
Latina, os dados da OMS indicam um aumento de 1% na prevalência da obesidade
gerando 20 milhões de novos casos (IBGE, 2010).
A vida está corrida, com isto, alimentos industrializados vêm se tornando
mais atrativos pela facilidade e comodidade, contribuindo assim para cada vez este
problema de saúde pública cresça (BASSOUL, BRUNO e KRITZ, 2009).
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Na segunda metade do século XX, o Brasil passou por uma impressionante
transformação, e em 1974 quando foi realizada pela primeira vez uma pesquisa
familiar, tendo como objetivo registrar a altura e peso da população constatou-se
que a população tornou-se mais alta. O déficit de altura entre crianças declinou da
faixa dos 30% para menos de 10%. Nesse mesmo período, o brasileiro ganhou
peso.
Bassoul, Bruno e Kritz (2009), arfimam que vários aspectos influenciam na
escolha dos alimentos e através destas escolhas são adquiridos o estado nutricional
de cada um.
O comportamento alimentar pode ser influenciado por fatores externos como
atitudes dos pais e amigos, valores sociais e culturais, manias alimentares, e fatores
internos como necessidades e características psicológicas imagem corporal, autoestima e preferências alimentares (MELLO, LUFT e MEYER, 2004).
Bassoul, Bruno e Kritz (2009 p 10), para tal relatam que:
Os hábitos alimentares se formam a partir do momento em que o bebê
começa a receber os alimentos que a mãe lhe oferece. Nessa fase, a
influência da família é primordial, porque, de certa forma, ela impõe seus
hábitos ao bebê. A medida que a criança cresce, seu círculo social se
amplia e novos hábitos vão se incorporando aos já existentes.
Os hábitos alimentares devem ser adquiridos de forma positiva, quando as
crianças aprendem se alimentar corretamente, elas aprendem também a cuidar da
sua própria saúde, evitando assim sobrepeso e obesidade.
Segundo Bassoul, Bruno e Kritz (2009), “nada influência tanto a saúde física
de uma pessoa quanto os tipos e quantidade de alimentos ingeridos”.
O sobrepeso caracteriza não só problemas físicos, mas afeta o sistema
fisiológico causando várias doenças como a diabetes mellitus do tipo II, osteoartrite
de grandes e pequenas articulações, devido ao sobrepeso, que dificulta os
movimentos, complicações respiratórias e coronarianas, aumento de incidência de
câncer (KOPELMAN, 2000 e BRAY, 2004).
Deve-se atentar para o fato de que parte dos problemas e discussões
existentes ao redor do tema obesidade e sobrepeso são muito pesquisados,
principalmente em crianças onde muitas vezes a alimentação começa inadequada
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desde seus horários até os alimentos pobres em nutrientes. Isso faz com que,
muitas vezes quando se chega à fase adulta, o peso está tão descontrolado que as
doenças coronarianas e crônicas já estão presentes, acarretando problemas que
podem custar à vida.
Muitas questões estão ao redor do estudo como: Como podemos minimizar a
incidência de sobrepeso e obesidade em crianças? Como podemos melhorar a
qualidade de vida das crianças? O que fazer para que ao chegar à fase adulta as
crianças estejam com um estado nutricional adequados, para assim minimizar os
riscos de doenças crônicas e coronarianas?
O objetivo do estudo é verificar a prevalência da obesidade e sobrepeso em
crianças de 5 a 10 anos de idade em uma escola pública municipal da cidade de Rio
Casca, situada na zona da mata mineira.
Com a implementação desta investigação pretendemos apontar caminhos
para que os pais, alunos, professores e funcionários da escola percebam como é
importante o incentivo de hábitos alimentares saudáveis em casa e na escola para
que assim todos possam aprender a cuidar da saúde garantindo uma melhor
qualidade de vida.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Hodiernamente, se tornou fundamental as pessoas aprenderem sobre
nutrição adequada, podendo assim adquirir hábitos alimentares saudáveis,
proporcionando uma melhor qualidade de vida e diminuindo os riscos de obesidade
(TRICHES e GIUGLIANI, 2005, p. 542).
Nas instituições de ensino a alimentação deve ser exemplo do que é correto
e por isso é aconselhável que as mesmas tenham o acompanhamento de um
nutricionista para montar um cardápio adequado a realidade da instituição e que seja
considerado saudável, seja na alimentação fornecida pela instituição ou as vendidas
em suas cantinas. Se a instituição não se dispor de nutricionista que faça todo o
acompanhamento, é necessário que faça no mínimo consultoria com um profissional
da área (ZANELLA, 2006).
De acordo com Damiani, Carvalho e Oliveira (2000), estudos comprovam
que a obesidade pode ter início em qualquer época da vida, mas seu aparecimento
é mais comum especialmente no primeiro ano de vida, entre 05 e 06 anos de idade
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e na adolescência, mas deve-se considerar que em qualquer fase da vida a
obesidade exige uma atenção especial.
“A obesidade vem-se tornando tema de crescente preocupação, dado o
importante aumento em sua prevalência e a sua associação com diversas condições
mórbidas” (BALABAN e SILVA, 2001, p.96).
Uma preocupação que vem aumentando é o contínuo e frequente aumento na
obesidade infantil nos últimos anos, à medida que se tem assistido ao aumento da
prevalência em grupos etários cada vez mais jovens e, ao início cada vez mais
precoce das complicações relacionadas com excesso de peso (BAKER, 2007).
Lemos et al.(2009) citado por Kopelman e Bray (2000-2004):
A obesidade não afeta apenas as características físicas externas dos
indivíduos, mas tem uma grande influência com relação a fatores
fisiológicos associados ao desenvolvimento de diversas patologias como
diabetes mellitus tipo ll, doença coronária, aumento da incidência de certas
formas de câncer, complicações respiratórias e osteoartrite de grandes e
pequenas articulações.
O estudo anterior foi efetuado para chamar a atenção dos pais, professores e
até mesmo dos alunos para conscientizar melhor sobre obesidade e sobrepeso e a
necessidade de implantar programas de Saúde nas Escolas. Foi utilizados métodos
de medidas de massa corporal e estatura para cálculos de IMC, interpretada em
gráficos de percentil referenciado na OMS para comparar o IMC entre meninos e
meninas com idade de 05 a 10 anos.
Balaban e Silva (2001) realizaram estudo com objetivo de determinar a
prevalência de sobrepeso e obesidade em estudante de uma rede privada de Recife,
para comparar sobrepeso e obesidade entre os sexos e entre os grupos etários
(crianças e adolescentes) e verificar a correlação entre IMC e espessura da prega
tricipital, nessa população. Usando de corte transversal com 762 estudantes de uma
escola de classe média alta de Recife no ano de 1999. Os resultados indicaram que
o sobrepeso mostrou-se tão freqüente na nossa amostra quanto nos países
desenvolvidos, à obesidade, com tudo foi menos frequente.
Em nenhum dos estudos apresentados até aqui os autores conseguiram obter
resultados concretos na classificação do estado nutricional das crianças, precisando
de mais estudos para maiores comprovações. As investigações que apresentam
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alguma relação com a proposta desse projeto, são os estudos de Balaban e Silva
(2001), Gomes et al. (2009), que se fundamentaram a partir do cálculo do IMC de
crianças do sexo feminino e masculino para obter seus resultados.
METODOLOGIA
O presente estudo trata de uma pesquisa de campo descritiva com
abordagem quantitativa e foi realizado em uma escola municipal de Rio Casca,
localizado na zona da mata do Estado de Minas Gerais. Participaram deste estudo
60 alunos do sexo feminino e masculino de faixa etária de 05 a 10 anos matriculado
entre 2° período da educação infantil ao 5° ano do ensino fundamental.
A pesquisa foi realizada no mês de abril de 2012. Para coleta de dados, foi
encaminhado Pedido de Autorização para as escolas em nome do Diretor (Anexo I),
Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo II) e Autorização dos pais (Anexo III),
explicando a importância do presente estudo e solicitando apoio e autorização para
a realização.
O índice antropométrico utilizado para avaliação do excesso de peso das
crianças será o Índice de Massa Corporal para idade de 5 a 19 anos (OMS, 2007),
classificados pelos gráficos das curvas de IMC por idade de meninos (Anexo IV), e
meninas (Anexo V). Ressaltamos que o IMC para idade de crianças, não tem os
parâmetros de peso para estatura na referência da OMS (2007).
As crianças foram pesadas e medidas. O peso foi coletado através de
balança digital com capacidade de 150 Kg com precisão de 100 g e a estatura foi
medida por estadiômetro tipo trena de 200 cm, com precisão de 0,1cm.
Ao fazer a análise, foi realizado o cálculo de índice de massa corporal – IMC
onde o valor encontrando será avaliado no gráfico das curvas femininas e
masculinas de 0 a 19 anos juntamente com o peso. A classificação foi feita de
acordo com a idade que está na reta horizontal e valor do IMC que se encontra na
linha vertical, analisando os dois, chegamos ao valor do percentil que é onde
classificamos o estado nutricional da criança.
Os percentis para classificação do IMC nos gráficos das curvas de meninos e
meninas de 5 a 10 anos são:
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Tabela 1 – Percentis para classificação de IMC para idade de meninas e meninas de 5 a 10 anos
VALORES CRÍTICOS
DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL
< Percentil 0,1
< Escore-z -3
Magreza acentuada
> Percentil 0,1 e <Percentil 3
> Percentil 3 e <Percentil 85
> Percentil 85 e <Percentil 97
> Percentil 97 e <Percentil 99,9
> Percentil 99,9
Fonte: OMS (2007)
> Escore-z -3 e <Escore-z -2
Magreza
> Escore-z -2 e <Escore-z +1
> Escore-z +1 e <Escore-z +2
> Escore-z +2 e <Escore-z +3
> Escore-z +3
Eutrofia
Sobrepeso
Obesidade
Obesidade grave
Os dados foram processados no Microsoft Office Excel e analisados através
de estatística descritiva.
Para apoio à pesquisa, foram utilizadas fontes como, livros, artigos e
internet.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Foram avaliados (pesados e medidos) 60 alunos no total com faixa etária
entre 05 a 10 anos da Escola Municipal do Município de Rio Casca. Dentre as
crianças havia 29 meninas e 31 meninos.
Os resultados obtidos, de acordo com a metodologia apresentada, estão
dispostos em tabelas e gráficos.
A Tabela 2 apresenta os resultados de todos os alunos participantes de
acordo com estado nutricional e sexo em números e percentual.
Tabela 2- Número de Alunos de acordo com o estado nutricional e percentual
Estado nutricional Feminino Masculino Total Porcentagem (%)
Magreza
17
19
36
60%
Eutrofia
11
11
22
36,7%
Sobrepeso
1
1
2
3,3%
Obesidade
0
0
0
0%
Como pode ser visto através dos dados apresentados a maior parte dos
alunos 36 (60%) está na faixa de magreza (≥ percentil 0,1 e < percentil 3) de acordo
com o parâmetro utilizado OMS ( 2007), IMC para idade de 5 a 10 anos. Entretanto,
uma parte significativa dos alunos 22 (36,7%) encontram-se eutróficos, ou seja, com
seu peso normal. Ao observamos o total de alunos pesquisados, somente 2 (3,3%)
encontram-se com sobrepeso e nenhum aluno foi classificado com obesidade.
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Os dados da pesquisa foram comparados com resultados de outros autores
cujo estudo observou crianças. Não foram encontrados estudos com a mesma faixa
etária deste.
De acordo com, Oliveira, Cerqueira e Oliveira (2003), em estudo realizado em
escolas da rede pública de Feira Santana – BA com 699 alunos de 5 a 9 anos,
verificam que 6,5% de sobrepeso e 2,7% de obesidade sem diferenciação por sexo.
Essa diferença pode ser explicada pelo fato de que, historicamente, à região
Nordeste apresentar índices maiores de desnutrição do que as regiões Sul, Sudeste,
e Centro-Oeste, assim como menos índices de sobrepeso e obesidade.
Ao contrário da grande preocupação a respeito da obesidade constatou-se
através dos dados coletados que há um alto índice de magreza o que também é
preocupante.
De acordo com Pádua (2011), especialista em alimentação na infância e
adolescência, é importante distinguir magreza de desnutrição, pois, nem todo magro
é necessariamente desnutrido:
Uma criança pode ser considerada magra quando seu peso é inferior ao da
maioria das crianças da mesma idade e/ou altura. Porém, isso pode ser
uma conseqüência de seu material genético, o que não acarreta em
nenhum prejuízo para a saúde em geral”, explica a especialista. Antes de
afirmar que uma criança precisa ganhar peso, porque não está na faixa
esperada em comparação com os amiguinhos da mesma idade, é preciso
analisar seu tipo físico e o de sua família (PÁDUA, p.10 ,2011)
É importante deixar claro que não há caso de desnutrição das crianças
participantes, o que pudemos perceber é que são crianças com baixo peso devido a
fatores genéticos e fatores socioeconômicos uma vez que município de Rio Casca
apresenta regiões carentes.
Alunos de escolas públicas são alunos mais carentes, os mesmos se
alimentam da merenda servida na escola, que é acompanhada por nutricionistas e
alimentação em casa onde na maioria das vezes são alimentos básicos como arroz
e feijão. Alunos de escolas privadas possuem uma situação socioeconômica melhor
onde os mesmos levam lanches classificados como não saudáveis como
refrigerantes e salgadinhos, ou compram alimentos na venda da escola, que na
maioria das vezes não são saudáveis, além de em casa terem uma alimentação
variada, porém não equilibrada por possuírem condições de consumirem produtos
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enlatados, embutidos e com conservantes com maior frequência. Um dos fatores
que podem explicar a maior incidência de magreza em nosso estudo.
Fernandes (p.95, 2007) em seu estudo diz que estudantes desnutridos estão
em maior quantidade em escolas públicas. Um fato relevante para o estudo
realizado, pois, os alunos pesquisados são oriundos de uma escola pública, o que
através de outros estudos realizados, podemos perceber que seja uma explicação
para que os alunos estudados tenham apresentado magreza e não obesidade e
sobrepeso como era esperado.
Segundo estudo de Fernandes (p.82, 2007) “mostrou que os alunos com IMC
abaixo do percentil 5 são mais frequentes nas escolas públicas”, essa citação vem
reafirmar o que acima descrevemos. Os alunos de escolas públicas possuem com
mais frequência alunos que ao serem observado o estado nutricional, são
classificados entre eutróficos e magreza.
Vale ressaltar ainda que os programas de saúde pública aumentam os
conhecimentos dos pais sobre os riscos de sobrepeso na infância. Hodiernamente
há uma preocupação grande com a obesidade em crianças devido há problemas
futuros, e o grande incentivador para hábitos saudáveis na alimentação é a mídia
onde a mesma através da saúde pública vem encorajando pais, crianças,
adolescentes e adultos a cuidarem mais da alimentação e qualidade de vida. Este é
um ponto positivo que pode estar contribuindo para a diminuição de sobrepeso e
obesidade infantil (FERNANDES, p.102, 2007).
O presente estudo identificou a prevalência da magreza tanto em meninos
como em meninas, quase que na mesma proporção, o que nos permite verificar que
o problema é geral, pois ocorre nas famílias devido à possível carência de
nutrientes, ou seja, a falta de alimentos variados e saudáveis na mesa diariamente.
As escolas públicas tentam se adequar para evitar o aumento desse índice de
magreza no estado nutricional das crianças, prova disso é que elas seguem-se um
padrão nutricional mais rigoroso, com confecção de cardápios criados e
acompanhados por um nutricionista.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Este estudo mostra que ouve maior prevalência de magreza do que
obesidade e sobrepeso em crianças de 5 a 10 anos na escola Municipal de Rio
Casca.
Apesar de a obesidade ser um agravante no desenvolvimento infantil nos
dias atuais, ainda sim verificou-se que o índice de magreza também e preocupante
devido
a
hábitos
alimentares
incorretos
muitas
vezes
devido
ao
fator
socioeconômico da família.
Com estes dados podemos afirmar que existem necessidade de um
programa de intervenção nutricional envolvendo pais, educadores e crianças com
intuito de se conter o avanço de índice de magreza por meio da educação
nutricional, evitando dessa forma prejuízo à saúde das crianças dos adolescentes e
adultos.
Procuraremos dar conhecimento dos resultados globais à escola e os pais
participantes como forma de sensibilizar par um problema que lhes diz diretamente
respeito.
REFERÊNCIAS
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Janeiro: Senac Nacional, 2009, 112p.
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Bray G,A. Medical consequences of obesity. J Clin Endocrinol Metab. 2004;
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DAMIANI, D; CARVALHO, DP; OLIVEIRA RG. Obesidade na infância: um grande
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FERNANDES, Ana Elisa Ribeiro. Avaliação da Imagem Corporal, Hábitos de vida e
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Belo Horizonte. Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Medicina,
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Disponível
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de
sobrepeso e obesidade infantil na cidade de feira de Santana-BA: detecção x
diagnostico clínico.J.Pediat.Rio de Janeiro v.79,mn.4,p.325-328.Jul./Ago.2003.
PÁDUA, Elaine de. Magreza infantil é sinônimo de má alimentação? Redação
Sempre Materna (2011). Disponível em: <http://semprematerna.uol.com.br/manualbebe/magreza-infantil-e-sinonimo-de-ma-alimentacaor>. Acesso em: 07 jun.2012.
TRICHES, Rozane Márcia; GIUGLIANI, Elsa Regina Justo. Obesidade, práticas
alimentares e conhecimentos de nutrição em escolares. Revista Saúde Pública
(2005). Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rsp/v39n4/25523.pdf.> Acesso em:
15 mar.2012.
ZANELLA, Maria Tereza; Tratamento Obesidade: Sintomas, cuidados, tratamentos,
hábitos saúdaveis. Alaúde.Editorial,2006. Disponível em <projeto.unematnet.br/revistas_eletronicas/endex.php/eventos...174>. Acesso em: 04 abril. 2012.
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O USO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL PARA
PROFISSIONAIS DA ENFERMAGEM EM UM HOSPITAL DA ZONA DA MATA
MINEIRA
Fernanda de Fátima Campos Freitas e Leda Gomes da Costa Souza –
Graduandas em Enfermagem. Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX
Deisy Mendes Silva - Graduada em Enfermagem. Especialista em Atenção Básica
em Saúde da Família. Professora da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX.
Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Pedagogia e Educação Física.
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e coordenadora de
Extensão na Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
[email protected]
RESUMO
O objetivo deste estudo foi verificar o uso dos equipamentos de proteção
individual para os profissionais da Enfermagem e como agem para se prevenir
contra acidentes ocasionados no seu ambiente de trabalho. Este estudo foi realizado
através de um questionário fechado, quantitativo, com 19 profissionais da
Enfermagem de diferentes setores de um Hospital localizado na Zona da Mata do
Estado de Minas Gerais. Os resultados apontam que a maior parte dos
entrevistados, 63,16%, entendem o que é Equipamento de Proteção Individual e
fazem uso correto do mesmo, Mais infelizmente em sua maioria os profissionais da
Enfermagem não fazem o uso correto dos EPI’s, quando questionados 47,38%,
responderam que às vezes fazem o uso correto e 26,31% não usam, infelizmente
isto é uma realidade vivida hoje pelos profissionais da Enfermagem.
PALAVRAS-CHAVE: EPI’s; Enfermagem; Segurança.
INTRODUÇÃO
O uso de equipamentos de proteção individual (EPI) se tornou hoje em dia
uma grande preocupação para os profissionais da área da Enfermagem, devido ao
grande número de atendimento a pacientes em unidades hospitalares e postos de
atendimento.
Nós como profissionais da área de enfermagem notamos que muitos
profissionais não fazem o uso correto desses equipamentos de proteção individual,
fazendo assim certos tipos de procedimentos sem o uso correto deles, estando
expostos ao risco de se contaminar por alguns tipos de vírus ou bactérias. Para
Talhaferro, Barboza e Oliveira (2008, p.158 e 159):
Os trabalhadores da área da saúde, principalmente a
hospitalar, estão expostos a múltiplos riscos no seu
ambiente de trabalho, de natureza química, física, biológica,
psicossocial e ergonômica. Os riscos biológicos são os
principais geradores de periculosidade e insalubridade para
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esses profissionais, pois eles têm contato direto com
sangue e outros fluidos corpóreos, além de manipulação
rotineira de materiais perfurocortantes.
Os profissionais da Enfermagem constituem a maior parte dos profissionais
atuantes na área hospitalar, estando assim em contato com vários tipos de pessoas
e outros colegas de profissão tais como: os médicos, auxiliares de limpeza, entre
outros. Assim, o uso do EPI é fundamental para a sua proteção e dos demais
indivíduos atuantes ou não na área hospitalar.
Segundo Vasconcelos, Reis e vieira (2008, p.99), os Equipamentos de
Proteção Individual permitem aos profissionais da equipe de Enfermagem exercer os
cuidados aos pacientes de forma segura, não colocando em risco a saúde do
paciente e zelando pela integridade física dos mesmos. Sobre isso, Rapparini
(2007); citado por Santos et. al. (2008, p. 02) afirmam que:
A equipe de enfermagem, envolvida na dinâmica da assistência ao paciente,
focados no “fazer” em saúde, muitas vezes no intuito de preservarem a vida dos
pacientes com risco eminente de morte, se esquecem da manutenção da sua
integridade se expondo aos riscos pertinentes desse atendimento. Por esse motivo,
se tornam mais susceptíveis a acidentes do trabalho e doenças ocupacionais
(SPAGNUOLO; BALDO; GUERRINE, 2008, citado por Batistoni et. al. 2010, p. 59).
Baseado nessa fundamentação temos como questão eixo: os profissionais da
enfermagem estão fazendo o uso correto dos equipamentos de proteção individual?
E as periféricas: Qual a importância do profissional como colaborador nesse
processo de proteção? O ambiente onde atua o profissional da enfermagem trabalha
a prevenção de acidentes no seu cotidiano?
O objetivo deste estudo é verificar o uso dos equipamentos de proteção
individual para os profissionais da Enfermagem e como agem para se prevenir
contra acidentes ocasionados no seu ambiente de trabalho.
Sendo assim, torna-se necessário despertar nos
trabalhadores a consciência da importância do uso correto
dos EPI’s, para que eles possam atender as exigências de
trabalho em um setor emergencial e esse mesmo trabalho
não ser para o trabalhador fonte de riscos e de doenças
ocupacionais e sim fonte de prazer e realização profissional.
(BATISTONI et. al. 2010, p. 59).
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Segundo Sêcco, Gutierrez e Matsuo (2002) citado por Vasconcelos, Reis e
Vieira, (2008, p.100), os profissionais da equipe de Enfermagem são responsáveis
por prestarem os cuidados adequados aos pacientes e por promoverem e
preservarem a saúde.
Com este estudo pretendemos contribuir para que fiquem claras a importância
do uso de equipamentos de proteção individual para profissionais da enfermagem e
como estes devem agir no seu cotidiano para que não aconteça acidentes
indesejáveis no seu ambiente de trabalho.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Os autores que compuseram a revisão bibliográfica dessa pesquisa foram: Batistoni
et. al. (2010), Mafra et. al. (2008), Marziale e Rodrigues, (2002), NR6, Pinel et. al. (2010),
Portela (2010), Santos et. al. (2012), Talhaferro et. al. (2008), Vasconcelos et. al. (2008).
Todos os estudos abordaram o uso correto do EPI, como deve ser utilizado, as precauções
a serem tomadas, a adesão dos mesmos, o fornecimento pelas unidades de trabalho, a
precaução durante o atendimento ao paciente. No entanto, nenhum deles investiram na
informação junto ao profissional da Enfermagem, fazendo orientações e exigindo que os
profissionais façam o uso dos mesmos, portanto é em um estudo desta natureza que
pretendemos investir.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Para uma boa compreensão dessa pesquisa é necessário um breve estudo sobre os
conceitos: Importância do EPI: Percepção da Equipe de Enfermagem na Sala de
Emergência. Percepção dos Enfermeiros sobre a importância do uso dos Equipamentos de
Proteção Individual para Riscos Biológicos em um Serviço de Atendimento Móvel de
Urgência. Percepção dos Enfermeiros sobre a importância do uso dos Equipamentos de
Proteção Individual para Riscos Biológicos em um Serviço de Atendimento Móvel de
Urgência. Importância do uso de EPI durante manipulação de pacientes em precaução de
contato. Prevalência do uso de EPI no serviço de Enfermagem na Secretaria de Saúde do
Município de Alegre – ES. (2007-2008). Adesão ao uso de Equipamentos de Proteção.
Individual pela Enfermagem. Uso de Equipamentos de Proteção Individual pela equipe de
Enfermagem de um Hospital do Município de Coronel Fabriciano.
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A Norma Regulamentadora nº 6 (NR-6) considera “Equipamento de Proteção
Individual - EPI, todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo
trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a
saúde no trabalho”.
Segundo Oliveira, Murofuse (2001); citado por Batistoni et. al. (2010, p. 64).
No Brasil, os trabalhadores de enfermagem, através de uma concepção idealizada
da profissão, submetem-se aos riscos ocupacionais, sofrem acidentes do trabalho e
adoecem não atribuindo esses problemas ás condições insalubres e aos riscos
oriundos do trabalho. Em estudo realizado para verificar o conhecimento dos
trabalhadores de saúde hospitalar no desenvolvimento de suas atividades,
constatou-se que eles conhecem os riscos de forma genérica e que esse
conhecimento não se transforma numa ação segura de prevenção de acidentes e
doenças ocupacionais, apontando para a necessidade de uma ação que venha
modificar essa situação.
De acordo com a NR-6, “a empresa é obrigada a fornecer
aos empregados, gratuitamente, EPI adequado ao risco, em
perfeito estado de conservação e funcionamento”, o que
ocorre na instituição estudada, conforme constatado. O
empregado deve utilizá-lo apenas para a finalidade a que se
destina responsabilizar-se pela guarda e conservação,
comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne
impróprio para o uso e cumprir as determinações do
empregador sobre o uso correto.
Enquanto isso, Talhaferro et. al. (2008, p. 159) afirma, embora o profissional
de Enfermagem promova o cuidado ao indivíduo doente, pouco sabe a respeito de
cuidar de sua saúde profissional, visto que a preocupação destes trabalhadores na
relação saúde-trabalho-doença é genérica. Um exemplo desta relação está no
acidente de trabalho, que se “caracteriza por uma interação direta, repentina e
involuntária entre a pessoa e o agente agressor em curto espaço de tempo. Esse
tipo de acidente está relacionado aos riscos ocupacionais, ou seja, aos elementos
presentes no ambiente de trabalho que podem causar danos ao corpo do
trabalhador, ocasionando doenças ocupacionais adquiridas em longo prazo”. Uma
das formas de evitar acidentes com maiores proporções é o uso de equipamento de
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proteção individual (EPI), que constitui uma barreira protetora para o trabalhador,
pois reduz efetivamente (embora não elimine) os riscos.
Diante dos dados extraídos, constatamos o grande desafio com o qual o
profissional de enfermagem tem de lidar cotidianamente, pois sua saúde, e até
mesmo sua própria vida, estão em risco. Da mesma maneira, encontram-se os
pacientes. Nesse sentido, Pinel et. al. (2010, p. 02) relata que: As medidas de
precaução de contato a serem tomadas pelos profissionais de saúde são
fundamentais a fim de evitar a infecção cruzada em pacientes internados.
Ferreira et.al. (2006), citado por Pinel et. al. (2010, p. 02) constatou que os
profissionais de saúde utilizam parcialmente as medidas de precaução de contato,
de forma que nem sempre são aplicadas medidas básicas, como a lavagem correta
das mãos, o uso de luvas e de capote. Tais acessórios fazem parte do Equipamento
de Proteção Individual - EPI, definido pela Norma Regulamentadora nº6 como sendo
todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à
proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho.
Sobre isso Mafra, et. al. (2008, p. 33) afirma o seguinte;
Percebe-se que os equipamentos de proteção individual, em
conjunto, formam um recurso primordial para prevenir a
exposição a riscos biológicos. O risco a este tipo de
exposição é inerente à atividade desempenhada e, no que
se refere ao atendimento pré-hospitalar, pode tornar-se
aumentado devido à característica da assistência prestada,
muitas vezes em situações extremamente complexas, como
a cinemática do trauma, os locais de difícil acesso, o
estresse no manejo rápido de atendimento e outros.
Pinel et. al. (2010, p. 02) Sendo assim, para profissionais atuantes na área de
saúde, seu uso deve ser indispensável, pois além de prevenir a contaminação de
pacientes através da infecção cruzada, garante a própria segurança. Quando a
atenção é direcionada à equipe de enfermagem, que está a maior parte do tempo
prestando assistência e realizando cuidados, torna-se de suma importância a
realização de cursos e atividades de educação continuada, visando sempre ressaltar
a seriedade do tema.
É da formação do profissional da Enfermagem que provém, não
exclusivamente, mas grande parte da prática de prevenção que será desenvolvida
durante e posteriormente ao atendimento do paciente. Enquanto isto, Feijó; Goulart,
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(2005) citado por Batistoni et.al. (2010, p. 66). Afirmam que: uma situação de
emergência visa á preservação imediata da vida. Uma avaliação incompleta ou em
tempo inadequado pode resultar em fatalidade ou dano orgânico permanente. Como
o atendimento de emergência representa um trabalho em equipe, a Enfermagem do
trabalho desempenha um papel importante na identificação das atividades que
representam riscos a sua saúde. É necessário lembrar-se das precauções universais
e adotar medidas de biosegurança que visam á prevenção, minimização ou
eliminação de riscos inerentes a saúde do trabalhador.
Daí a importância da orientação e educação dos profissionais de enfermagem
em controlar os agentes de risco, utilizar os EPI´s e participar dos controles
administrativos, programas de exames médicos e sempre adotar medidas de
segurança (FUNDEN apud NISHIDE; BENATTI, 2004; GIR et. al. 2004). Citado por
VASCONCELOS (2008, P. 101).
Marziale e Rodrigues (2002, p. 572) relatam a extensão da carga horária do
profissional da Enfermagem em decorrência das doenças ocupacionais do trabalho.
O contingente de trabalhadores de enfermagem,
particularmente o que está inserido no contexto hospitalar,
permanece 24 horas junto ao paciente, em sua grande
maioria executa o “cuidar” dentro da perspectiva do “fazer”
e, conseqüente, expõe-se a vários riscos, podendo adquirir
doenças ocupacionais e do trabalho, além de lesões em
decorrência dos acidentes de trabalho.
Marziale e Rodrigues (2002, p. 572) ainda relatam que o maior risco para os
trabalhadores da área da saúde é o acidente com material perfurocortante, que
expõe os profissionais a microorganismos patogênicos, sendo a hepatite B a doença
de maior incidência entre esses trabalhadores.
Sobre isto Smeltzer (2005), citado por Santos et. al. (2007, p. 02) relatam;
Os agentes químicos ou biológicos e a radiação são
assassinos silenciosos e, em geral, são incolores e
inodoros. A finalidade do EPI é proteger os indivíduos contra
os perigos químicos, físicos e biológicos que possam existir
quando cuidam de pacientes contaminados. Como já foi dito
antes, vale a pena reprisar, os profissionais da área da
saúde, que eles devem sempre utilizar o EPI, evitando
assim danos a sua saúde e a de seus pacientes.
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Com este conceito entendemos que a cultura do alto cuidado pode ser
empreendida em uma determinada equipe para que esta mesma equipe passe a
diante os cuidados a serem tomados e a sua importância.
Sendo assim Batistoni et. al. (2010, p. 59) ainda afirma que torna-se
necessário despertar nos trabalhadores a consciência da importância do uso dos
EPI’s, para que eles possam atender as exigências de trabalho em um setor
emergencial e esse mesmo trabalho não ser para o trabalhador fonte de riscos de
doenças ocupacionais e sim fonte de prazer e realização profissional.
METODOLOGIA
Este estudo foi realizado através de um questionário fechado, quantitativo,
com 19 profissionais da Enfermagem de diferentes setores de um Hospital
localizado na Zona da Mata do Estado de Minas Gerais.
A pesquisa quantitativa é um método de pesquisa social que utiliza técnicas
estatísticas. Normalmente implica a construção de inquéritos por questionário.
Normalmente são contactadas muitas pessoas. (SEM AUTOR, 2004, p.01)
E para Portela (2004, p. 03), Nesse tipo de abordagem quantitativo, os
pesquisadores buscam exprimir as relações de dependência funcional entre
variáveis para tratarem do como dos fenômenos. Eles procuram identificar os
elementos constituintes do objeto estudado, estabelecendo a estrutura e a evolução
das
relações
entre
os
elementos.
Seus
dados
são
métricos
(medidas,
comparação/padrão/metro) e as abordagens são experimental, hipotético-dedutiva,
verificatória. Eles têm como base as metateorias formalizantes e descritivas.
Vantagens: automaticidade e precisão. Limites: determinação prévia de resultados.
Segundo o Instituto de Geografia e Estatística (IBGE), (2010) essa Cidade
possui 15.011habitantes contando com Distrito e Córregos, tendo como sua principal
atividade econômica a cafeicultura e agropecuária.
Foi realizado um questionário com 13 perguntas que abordam a proteção
individual de cada profissional da Enfermagem do hospital referido.
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RESULTADOS E DISCUSSÕES
Após a coleta de dados os resultados foram organizados de acordo com as
respostas do questionário:
Abaixo a tabela 1 com a característica sócio-demografica da população
investigada e os resultados das perguntas do questionário.
Tabela 1. Característica sócio-demografica da população investigada.
Característica
Nº
Gênero
Masculino
01
Feminino
18
Total
19
Faixa etária
20 a 30
09
31 a 4
05
41 a 50
05
Total
19
Formação profissional
Técnico de enfermagem
11
Auxiliar de enfermagem
03
Enfermeiros
05
Total
19
%
5,26%
94,74%
100%
47,38%
26,31%
26,31%
100%
57,89%
15,80%
26,31%
100%
Constatou-se nesta tabela, que a população do sexo feminino é de 94,74%,
Isso mostra que, no serviço estudado, a Enfermagem ainda é uma profissão
exercida na sua maioria por mulheres. Como afirma Santos et. al. (2008, p. 03), a
Enfermagem ainda é uma profissão com predominância das mulheres.
Tabela 2. O que você entende sobre Equipamentos de Proteção Individual (EPI)?
Variáveis
Nº
Pouca coisa
01
Entendo e faço uso correto
12
Entendo, mas não faço uso correto
06
Não sei
00
Total
19
%
5,26%
63,16%
31,58%
00
100%
Podemos observar na tabela 2 a maior parte dos entrevistados, entendem o
que é Equipamento de Proteção Individual e fazem uso correto do mesmo, mas
infelizmente ainda existe uma grande quantidade de profissionais que sabem dos
riscos de acidente e não fazem o uso corretos dos EPI’s. Talhaferro et. al. (2008, p.
162 e 163) afirma que a adesão ao uso do EPI está relacionada à percepção que os
profissionais têm dos riscos a que estão expostos e da suscetibilidade a estes
riscos. Os profissionais, muitas vezes, banalizam os riscos ocupacionais e não
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sabem, na sua maioria, identificar as conseqüências decorrentes da inobservância
do uso de medidas de prevenção
Tabela 3. Qual a importância do uso de Equipamentos de Proteção Individual para os profissionais da
Enfermagem nesta instituição?
Variáveis
Nº
%
É importante
Previne contra acidentes
Não é importante
É de grande importância
Total
00
06
00
13
19
00
31,58%
00
68,42%
100%
O uso dos EPI’s é de grande importância para os profissionais da
Enfermagem e verificamos isso, uma vez que 68,42% dos profissionais
questionados responderam que é de grande importância o uso dos mesmos. Mafra
et. al. (2008, p. 32); relata que os profissionais da saúde são uma população
potencialmente vulnerável à exposição aos agentes microbiológicos devido ao
contato direto e constante com o paciente, em especial a equipe de enfermagem,
sendo que, o enfermeiro tem papel fundamental como orientador e educador perante
sua equipe. Acredita-se que este enfermeiro conheça os fatores de risco a que se
expõe, as medidas protetoras para evitar acidentes ou enfermidades profissionais,
ainda que isto não implique diretamente a adoção por parte dele de medidas de
precauções.
Tabela 4. Os profissionais da enfermagem estão fazendo o uso correto dos equipamentos de
proteção individual?
Variáveis
Nº
%
Sim
Não
Ás vezes
Total
05
05
09
19
26,31%
26,31%
47,38%
100%
Infelizmente em sua maioria os profissionais da Enfermagem não fazem o uso
correto dos EPI’s, quando questionados 47,38%, responderam que às vezes fazem
o uso correto, infelizmente isto é uma realidade vivida hoje pelos profissionais da
Enfermagem. Batistoni et. al. (2010, p. 66) relatam a importância da orientação
desses profissionais, quanto ao uso de Equipamentos de Proteção Individual. Tornase necessário refletir sobre as orientações mais frequentes, já que concluir-se que
os trabalhadores fazem sim o uso dos equipamentos de proteção individual, porem
com certa resistência devido o ritmo acelerado desses profissionais que atuam no
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campo emergencial e a preocupação destes profissionais na manutenção da vida
desses pacientes, alem destes acharem que estes acidentes de trabalho nunca irão
acontecer, talvez por terem certa experiência na sua atividade diária e destreza
manual, devido, na maioria das vezes, por tempo de serviço.
Tabela 5. Você já sofreu algum tipo de acidente em seu local de trabalho?
Variáveis
Nº
Sim
Não
Total
13
06
19
%
68,42%
31,58%
100%
Devido ao uso incorreto dos EPI’s 68,42% dos profissionais da enfermagem já
sofreram algum tipo de acidente em seu local de trabalho. Xavier (2003) apud
Barboza; Soler e Ciorlia (2004), citado por Vasconcelos et. al. (2008, p. 104) relatam
que é comum haver acidentes com instrumentos perfurocortantes em hospitais e
suas causas é a imperícia, o desrespeito às normas de segurança, insuficiência de
orientação, falha de supervisão ou de orientação, condições inadequadas e
estressantes de trabalho e uso inadequado ou insuficiente dos equipamentos de
proteção.
Tabela 6. Quais os principais riscos de acidentes de trabalho que o hospital enfrenta?
Variáveis
Nº
%
Contaminação química
00
00
Perfurações
19
100%
Inalações
00
00
Total
19
100%
O principal risco de acidente de trabalho que acontece no ambiente hospitalar
é a perfuração, seja ela com materiais perfuro cortantes ou com materiais injetáveis,
100% dos profissionais da Enfermagem questionados já sofreram algum tipo de
perfuração. Marziale e Rodrigues (2002, p. 575), afirmam que a ocorrência desse
tipo de acidentes não está relacionada apenas ao nível de formação, mas também
ao treinamento, capacitação, recursos materiais disponíveis e cultura local.
Tabela 7. Qual o lugar do profissional como colaborador nesse processo de proteção individual?
Variáveis
Nº
%
Principal
08
42,10%
Participativo
11
57,90%
Não ajuda em nada
00
00
Total
19
100%
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Marziale e Rodrigues (2002, p. 576) relatam que o sucesso de qualquer
programa educativo está diretamente ligado à participação e reconhecimento por
parte dos trabalhadores e apoio da instituição. E podemos verificar no estudo que
57,90% dos profissionais questionados responderam que o lugar do profissional
como colaborador no processo de proteção é apenas participativo, e 42,10%,
responderam que o papel do profissional é o principal, pois é o mesmo que tem por
obrigação cuidar da sua proteção e a do paciente.
Tabela 8. Seu ambiente de trabalho desenvolve atividades de prevenção de acidentes?
Variáveis
Nº
%
Sim
Não
Às vezes
Total
04
15
00
19
21,05%
78,95%
00
100%
Talhaferro et. al. (2008, p. 164) afirmam que a identificação dos problemas é
imprescindível para a elaboração de estratégias de ação, pois a realidade das
instituições não é freqüentemente a mesma, e a abordagem dos problemas locais
deve estar relacionada à eficiência do programa a ser executado na instituição.
Tabela 9. Há treinamento dos funcionários quanto ao uso correto dos EPI’s?
Variáveis
Nº
Sim
05
Não
14
Total
19
%
26,31%
73,69%
100%
A elaboração de estratégias de intervenção capazes de aprimorar a conduta
dos profissionais de enfermagem, ou seja, de aumentar a adesão destes
profissionais aos EPI, requer quesitos como o treinamento em reunião informal, a
ser executada pela (o) enfermeira (o) no próprio local de trabalho, direcionado aos
profissionais da unidade a fim de discutir o assunto e esclarecer dúvidas, bem como
treinamentos de atualização. Tais medidas visam proporcionar uma maior adesão ao
uso de EPI e, conseqüentemente, a proteção e segurança destes trabalhadores
(TALHFERRO 2008). Entretanto o resultado encontrado em nosso estudo verificou
que a maioria dos trabalhadores entrevistados afirma que não há treinamento.
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Tabela 10. Quem oferece para a Equipe de enfermagem esses EPI’s?
Variáveis
Nº
O próprio hospital
19
Ninguém fornece os EPI’S
00
Nós mesmos compramos
00
Total
19
%
100%
00
00
100%
É garantido pela NR-6, que “a empresa é obrigada a fornecer aos
empregados, gratuitamente, EPI adequado ao risco, em perfeito estado de
conservação e funcionamento”, o que ocorre na instituição estudada, conforme
constatar na tabela 10.
Tabela 11. Em que freqüência são utilizados os EPI’s?
Variáveis
Nº
Sempre
10
Às vezes
08
Raramente
01
Nunca
00
Total
19
%
52,64%
42,10%
5,26%
00
100%
Mas os EPI’S ainda não são utilizados com frequência pelos profissionais da
Enfermagem, sobre isto podemos perceber na tabela acima que apenas 52,64%
sempre utilizam os EPI’s. Santos et. al. (2007, p. 05) afirmam que os EPIs são
equipamentos imprescindíveis para a proteção dos profissionais que trabalham com
a saúde do povo nos diversos setores de tratamento. Em entrevista com vários
colaboradores da enfermagem, percebemos que mesmo sabendo que a falta do uso
dos EPIs coloca em risco sua própria saúde, ainda assim, existem alguns que não
fazem utilização dos mesmos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do presente estudo, é possível concluir que os Equipamentos de
Proteção Individual são de uso obrigatório em todo o ambiente Hospitalar e todos os
profissionais da Enfermagem devem obrigatoriamente fazer o uso adequado dos
mesmos. Os Equipamentos de Proteção Individual tem uso regulamentado por
legislação própria e devem ser usados de maneira correta para não prejudicar a
saúde dos profissionais da Enfermagem.
O trabalho foi muito gratificante, com ele pudemos obter mais conhecimento
sobre EPI’S e esperamos com este estudo despertar nos profissionais um interesse
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maior no uso dos mesmos, garantindo assim a sua segurança no ambiente de
trabalho.
Não podemos deixar de frisar que o profissional da enfermagem deve buscar
junto ao seu ambiente de trabalho um treinamento especifico para o uso dos EPI’s,
facilitando assim a sua rotina de trabalho no dia a dia, pois apesar de os
profissionais saberem da importância da proteção ainda há muitos que não utilizam
corretamente os EPI’s.
REFERÊNCIAS
BATISTONI Emanuelle de Andrade; BARBOSA Danillo; SANTOS Luiz Henrique
Gomes e ANDREAZZI Diego. Importância do EPI: Percepção da Equipe de
Enfermagem na Sala de Emergência. Revista Eletrônica Acervo Saúde. 2010. Vol.
2,
55-69.
[email protected].
[email protected].
[email protected].
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. IBGE cidades.
Disponível em http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm Acesso em: 08 de
março de 2012.
MAFRA Denise Aparecida Lopes; FONSECA Isabela Cristiane; VIANA Juliana
Xavier; SANTANA Júlio César Batista e SILVA Mariana Pereira. Percepção dos
Enfermeiros sobre a importância do uso dos Equipamentos de Proteção
Individual para Riscos Biológicos em um Serviço de Atendimento Móvel de
Urgência.
O Mundo Da Saúde são Paulo: 2008: jan/mar 32 (1): 31-38.
[email protected].
MARZIALE Maria Helena Palicci e RODRIGUES Christiane Mariane. Percepção
dos Enfermeiros sobre a importância do uso dos Equipamentos de Proteção
Individual para Riscos Biológicos em um Serviço de Atendimento Móvel de
Urgência.
Rev Latino-am Enfermagem 2002 julho-agosto; 10(4): 571-7.
www.eerp.usp.br/rlaenf.
NR 6 - EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (206.000-0/I0), Aprovada pela
Portaria nº 25/2001, Alterada pela Portaria nº 194/2006, Alterada pela Portaria nº
191/2006, acesso em 13/04/2012.
PESQUISA QUANTITATIVA. http://www.pesquisaquantitativa.com.br/pesquisaquantitativa.htm, Acesso em: 16/05/2012.
PINEL Jacqueline Silveira; GONÇALVES Juliana Botelho de Andrade e CRUZ Ana
Carolina da Silva. Educação Continuada: importância do uso de EPI durante
manipulação de pacientes em precaução de contato. Revista de pesquisa:
Cuidado é fundamental online. (2010). [email protected].
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PORTELA Girlaine Lima. (2004) Abordagens teórico-metodológicas. Projeto de
Pesquisa no ensino de Letras para o Curso de Formação de Professores da UEFS.
Acesso em 20/04/2012.
SANTOS André Vargas dos; LACERDA Eliane da Silva; GONÇALVES Ligia Coelho;
MENDES Thamara Nágime; PAULINO Ivan. Prevalência do uso de EPI no serviço
de Enfermagem na Secretaria de Saúde do Município de Alegre – ES. (20072008). Acesso em 24/02/2012.
TALHAFERRO Belisa; BARBOSA Denise Beretta e OLIVEIRA Andrea Ranucci de.
Adesão ao uso de Equipamentos de Proteção Individual pela Enfermagem.
Rev.
Ciênc.
Méd.,
Campinas,
17(3-6):
157-166
maio/dez.,
2008.
[email protected].
VASCONCELOS Bruno Moraes; REIS Ana Luiza Rafael de Miranda e VIEIRA
Márcia Seixas. Uso de Equipamentos de Proteção Individual pela equipe de
Enfermagem de um Hospital do Município de Coronel Fabriciano. Revista
Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG-V.1-N.1-Nov./Dez. 2008.
[email protected]
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ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEMFRENTE AO PORTADOR DE SÍNDROME DE
DOWN E SUA FAMÍLIA
Mônica Gomes Machado Oliveira e Priscila Gomes Dutra– Graduadas em
Enfermagem. Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX.
Janine Lopes de Carvalho – Graduada em Psicologia, Especialista em Saúde
Mental e MBA em Gestão Estratégica de Pessoas. Professora Faculdade Vértice UNIVÉRTIX.
Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Pedagogia e Educação Física.
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e coordenadora de Extensão
na Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Ana Ligia de Souza Pereira. Graduada em Enfermagem, Especialista em
Estomaterapia. Professora e Coordenadora do curso de enfermagem UNIVÉRTIX.
Lucio Flavio Sleutjes - Graduado em Fisioterapia, Mestre em Motricidade, Doutor
em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Univértix.
[email protected]
RESUMO
Este estudo teve como objetivo identificar os benefícios da assistência de
Enfermagem para a família e o portador de Síndrome de Down. A Enfermagem
contribui para minimizar as dificuldades encontradas pela a família para lidar com
este portador e poderá contribuir para sua qualidade de vida. Para este trabalho,
adotamos a pesquisa qualitativa, em que os dados foram coletados através de
entrevista semi-estruturada com cinco mães de pessoas que apresentam a
Síndrome. Os resultados indicam que há uma grande deficiência no que diz respeito
ao conhecimento das famílias sobre a Síndrome de Down, sendo de fundamental
importância a assistência do enfermeiro junto a esses portadores e seus familiares.
PALAVRAS-CHAVE: Assistência de Enfermagem; Síndrome de Down; família.
INTRODUÇÃO
O presente estudo aborda sobre a assistência do enfermeiro junto ao portador
de Síndrome de Down (SD) e sua família. Foi o médico inglês Langdon Down, que,
pela primeira vez, identificou, em 1866, as características de uma criança com a
Síndrome sendo reconhecido com atraso no desenvolvimento das funções motoras
do corpo e das funções mentais, o bebê é pouco ativo e apresenta dificuldade para
sugar, engolir, sustentar a cabeça e os membros; o que se denomina hipotonia.
(DAMASCENO, 2005)
Para Figueiredo (2005), o enfermeiro lida com todas as questões relacionadas
à educação, trabalho, lazer, moradia, transporte, cidadania. Eles trabalham todos os
fatores relacionados à saúde, de todo ou qualquer indivíduo, onde assim são
capazes de compreender a pessoa com SD e seus familiares considerando suas
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vivências, singularidades, suas relações sociais, as formas de discriminações que
enfrentam, buscando qualidade de assistência a essa clientela.
A escolha do tema foi após o contato com portadores de SD em uma visita à
APAE da cidade de Matipó, onde nos despertou a curiosidade de saber como
acontece à assistência de Enfermagem a esses portadores e suas famílias.
Diante do exposto, a questão que motiva este trabalho é: Como ocorre a
Assistência de Enfermagem para o portador de SD e sua família?
O estudo teve como objetivo identificar os benefícios da assistência de
Enfermagem para a família e o portador de SD.
Este estudo é relevante devido à contribuição que pode dar aos enfermeiros
que trabalham com a pessoa com Síndrome de Down e sua família.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Uma Síndrome é um conjunto de sinais e de sintomas que distinguem um
determinado quadro clínico. A SD é uma anomalia cromossômica conhecida
também como trissomia do cromossomo 21, anomalia esta que não é progressiva
nem contagiosa (FIGUEIREDO,2005; ALVES, 2011)
Segundo Gomes (2007, p.63) as características físicas do portador de SD são:
Olhos oblíquos, fácies achatadas, baixa estatura, língua protusa, orelhas
pequenas, ponte do nariz achatada, pescoço curto, prega palmar
transversa única, pele seca e sensível com pouca elasticidade, membros
curtos com mãos e pés largos, planos e quadrados, crânio,
desenvolvimento de reflexos prejudicados, entre outros (GOMES, 2007, p.
63).
Segundo Nettina (2007) a SD é um distúrbio associado a várias anomalias,
como: malformações cardíacas e gastrointestinais, hipotiroidismo, problemas visuais
e auditivos, anormalidades na marcha, baixa estatura, obesidade, más oclusões,
comprometimento do desenvolvimento, retardo mental variando de leve a moderado,
doença de Alzheimer após os 40 anos, convulsões e outros problemas.
A expectativa de vida de um portador de SD dependerá da presença de
complicações médicas, mesmo quando não houver complicações essa perspectiva é
ligeiramente mais curta do que a média (NETTINA, 2007).
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O cuidado ético e humano são características do profissional de enfermagem.
Para Lillis et al, (2007 p. 49) “O enfermeiro é a pessoa que se prepara para cuidar
dos doentes, feridos e idosos”.
Alves (2011) aponta que o enfermeiro deve realizar intervenções junto a
pessoa com SD visando uma melhor qualidade de vida desses clientes, em todas
suas faixas etárias, pois cada uma delas exige um direcionamento. O
acompanhamento é muito importante, pois tem a finalidade de perceber ou mesmo
evitar possíveis situações de risco a saúde dessas pessoas.
É na relação com a família que a criança se desenvolve, aprendendo a se
relacionar com o outro. Quanto à criança com SD sabe-se que esta condição não
muda, e os pais devem proporcionar amor e um ambiente necessário para que a
criança possa desenvolver seu potencial. Quando nasce uma criança com SD é
comum que a família sinta angústia em relação ao futuro desta criança, como
também m sentimento de culpa e a procura de motivos e justificativas (CARSWELL,
1993; BARROS et al; 2009).
METODOLOGIA
Para este trabalho, adotamos a pesquisa qualitativa, em que os dados
foram coletados através de entrevista semi-estruturada. Minayo (2008, p. 57)
assinala que a pesquisa qualitativa:
É o que se aplica ao estudo da história, das relações, das
representações, das crenças, das percepções e das opiniões,
produtos das interpretações que os humanos fazem a respeito de
como vivem, constroem seus artefatos e a si mesmos, sentem e
pensam.
Para saber quantas pessoas com SD existem no município de Matipó, foi
realizado um levantamento junto aos alunos matriculados na
APAE
(Associação de Pais e Amigos Excepcionais) localizada na Rua Coronel Abelha
nº 260, centro, Matipó-MG, tendo como resultado o número de 7 pessoas com
Síndrome de Down.
Nas famílias foram entrevistas as mães de pessoas com SD, totalizando 5
mães. Um dos alunos não participou da pesquisa por morar na Zona Rural onde era
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difícil o acesso para as entrevistadoras, visto que a APAE não soube informar o
endereço do mesmo, e o outro foi excluído devido à pesquisa ter sido realizada com
as mães de pessoas com SD, e a mãe deste aluno não pôde ser entrevistada por
ser uma senhora muito idosa que não possuía condições de responder com clareza
as perguntas, embora tenhamos feito essa tentativa.
Minayo (2008) aponta que a entrevista é a estratégia mais utilizada no trabalho
de campo, sendo ela acima de tudo uma conversa a dois ou entre vários
interlocutores, realizada por iniciativa do entrevistador, destinada a construir
informações pertinentes para um objeto de pesquisa.
A entrevista semi-estruturada obedece a um roteiro apropriado e utilizado pelo
investigador pra chegar a seus objetivos. Contudo, nenhuma questão se coloca de
forma totalmente aberta ou totalmente fechada. Antes de iniciar a aplicação do
instrumento apresentamos o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Para preservar as identidades dos portadores de SD e de suas mães foram
usados nomes fictícios para classificá-los, os dados foram coletados no mês de
setembro de 2011, as entrevistas foram realizadas pelas próprias autoras da
pesquisa e gravadas em um gravador, sendo transcritas e armazenadas em
programa Word versão 2007.
CATEGORIAS EMERGENTES DA COLETA DE DADOS
As mães investigadas nesta pesquisa foram chamadas de Margarida (58),
Azaléia (29), Rosa (64), Jasmim (58) e Hortência (38) representadas por nomes
fictícios para resguardar suas identidades.
As famílias entrevistadas são constituídas de três a seis pessoas. Quatro
dessas famílias é de baixo nível socioeconômico e não tem estudos, apenas duas
mães cursaram até o 5º ano do ensino fundamental. Quanto à moradia, todos têm
água potável, rede de esgoto; duas dessas famílias moram de aluguel e as outras
em casa própria. Têm uma renda entre um a quatro salários mínimos. Três das
famílias apenas o pai trabalha, dessa forma sobrevivem do salário do pai e a
aposentadoria do filho.
As entrevistadas encontram-se na faixa etária entre 29 e 64 anos. É relevante
observar que 3 das mães entrevistadas tiveram seus filhos depois dos 35 anos,
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dado esse importante visto que um dos fatores predisponentes para SD é a idade
avançada das mães.
De acordo com Dessen e Silva (2002), as mulheres nascem com uma
quantidade de óvulos que vão envelhecendo a medida que elas também
envelhecem. Sendo assim, quanto mais velha a mãe, maior será a probabilidade de
incidência da SD.
Arruda et al; (2007) mostra que o momento e a forma como o diagnóstico é
comunicado para as famílias constitui aspecto essencial para o processo de
adaptação familiar. A ausência de diálogo é responsável pela angústia da família.
Uma questão colocada foi sobre a reação diante do diagnóstico, ao saber que seu
filho tinha SD:
Fazê o quê né, aceitei, tô muito satisfeita com ela, graças a Deus, peço Deus
pra tomar conta dela. (Margarida, 58 anos, aposentada).
Eu fiquei triste, imaginei um monte de coisas, que as pessoas iam abusar dele
depois que ele crescesse. (Azaléia, 29 anos, doméstica).
Eu fiquei assim amolada com aquilo, porque a gente coitado fica pra cá na
roça e num fez o pré-natal. (Rosa, 64 anos, aposentada).
Ahhh, depois eles foi falano comigo, ahhh, num tem nada não, tem que tratá
ele mio que os zotros ainda, mais num tem nada naum, aí eu conformei Deus
quis assim uai. (Jasmin, 58 anos, doméstica).
Eu reagi desesperadamente, fiquei meia assim, mais depois que ela era
totalmente diferente do que a primeira médica me falou (Hortência, 38 anos,
doméstica).
Tomar conhecimento do diagnóstico de SD não é fácil para os pais em especial
para as mães, que se mostram decepcionadas ao mesmo tempo em que lutam para
elaborar a perda do filho imaginário (ARRUDA, 2007). Nesse sentido, Figueiredo
(2005, p.238) coloca que “Os pais se preparam para gerar filhos perfeitos dos quais
possam se orgulhar e exibí-los para a sociedade”.
O pré-natal tem como objetivo promover o acolhimento da mulher desde o
início de sua gravidez até o nascimento de uma criança, garantindo o bem estar
materno neonatal (KAWAMOTO et al. 2009). Perguntamos as entrevistadas se elas
fizeram pré-natal. Elas responderam:
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Num vou fala mentira não, dos zotro eu num fiz não mais dela eu fiz
(Margarida, 58 anos, aposentada).
Não, nunca fiz (Azaléia, 29 anos, doméstica).
Esse negócio de pré-natal que eu nunca fiz (Rosa, 64 anos, aposentada).
Não, num tive a instrução naum. (Jasmin, 58 anos, doméstica).
Fiz, mas nada constou. (Hortência, 38 anos, doméstica).
Quando a gestante é acompanhada durante a gravidez ela realiza exames que
podem diagnosticar a SD, sendo possível prestar a devida assistência a estas mães
preparando-as
para
o
nascimento
do
bebê.
Das mães entrevistadas 3 não realizaram o acompanhamento pré-natal, devemos
ressaltar que uma das mães teve seu filho no ano de 2002, onde já havia sido
instituído o Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento do Ministério da
Saúde, através da Portaria/GM nº 569, de 01/06/2000, ficando estabelecido que toda
gestante têm o direito a atendimento digno e de qualidade no decorrer da gestação,
parto e puerpério (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2000).
Sobre as orientações que foram passadas quando descobriram que os filhos
tinham Síndrome de Down, as mães disseram:
Eu levei ela num médico, e ele falô que ela ia andar ia falar, que isso era uma
coisinha atoa. (Margarida, 58 anos, aposentada).
O médico explicou que ele não ia andar que ele não ia falar que ele ia ficar só
babando. (Azaléia, 29 anos, doméstica).
Foi memo quando levou ela (a filha) no médico, ai que ele falou o pobrema
dela, que agente é bobo né minha fia, ele falô que ele tinha que fica na APAE
(Rosa, 64 anos, aposentada).
Falô que ele era defeituoso e tinha pobrema, que ele num era normal iguali os
zotro e tinha que tratá ele mio que os zotro. (Jasmin, 58 anos, doméstica).
A pediatra falou pra mim, que a minha filha não ia andar, não ia falar que ela
ia ficar vegetando numa cama, e foi despejando tudo na minha cara, uma
menina de dezoito anos com um bebê no colo vai fazer o quê, entrei em
desespero. (Hortência, 38 anos, doméstica).
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As falas das mães demonstram como é importante ter um profissional
qualificado para orientá-las após o diagnóstico, demonstrando as possibilidades
positivas de uma pessoa com SD e não somente as negativas. Mesmo que caiba ao
médico comunicar o diagnóstico, o enfermeiro é o profissional que tem maior contato
com esses pais, podendo, dessa forma, trabalhar tentando minimizar o impacto após
a notícia.
A deficiência mental tem sido considerada uma das características mais
constantes da SD. Segundo Schwartzman (1999) citado por Voivodic e Storer
(2002), há um inevitável atraso em todas as áreas do desenvolvimento e um estado
permanente de deficiência mental. Porém segundo o mesmo autor, não há como
prever o desenvolvimento em todas as crianças afetadas, sendo que o
desenvolvimento e a inteligência dependem não só das alterações cromossômicas,
mas de todo potencial genético e as influências do meio em que a criança vive.
Segundo Bowlby (1997) citado por Voivodic e Storer (2002), a ajuda
especializada aos pais, é extremamente importante para auxiliá-los, desenvolvendo
relações afetivas e compreensivas. Uma questão discutida foi se hoje os
profissionais da área de saúde as orientam.
Há, eles faz só visita mesmo. (Margarida, 58 anos, aposentada)
Não (Azaléia, 29 anos, doméstica).
Não, num fala não, só fala assim foi bom cês pô a menina na APAE, porque
ela precisava. (Rosa, 64 anos, aposentada).
Não, tem naum.(Jasmin, 58 anos, doméstica)
Não (Hortência, 38 anos, doméstica).
É importante, observar que essas mães não são orientadas por nenhum
profissional da área da saúde. É papel de o enfermeiro realizar mudanças,
desenvolver atividades que esses pais possam participar, trabalhando com eles, o
cuidado com seus filhos e as suas limitações. O enfermeiro deve realizar um
atendimento holístico, visando o bem estar de toda a família.
A visita do enfermeiro no domicílio possibilita a formação de vínculos com as
famílias, melhorando a qualidade das informações e consequentemente a
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Assistência de Enfermagem(KAWAMOTO et al; 2009). Sabendo-se da importância
da visita domiciliar do profissional enfermeiro uma nova questão colocada as mãe
foi: O enfermeiro visita sua casa?
A enfermeira não. Vem uma menina da cara pintadinha assim (Margarida, 58
anos, aposentada).
Nunca veio aqui. (Azaléia, 29 anos, doméstica).
Tem muito tempo que veio aqui, foi dois, eles estudava. Depois num veio
mais não. (Rosa, 64 anos, aposentada).
A enfermeira nunca teve, eu naum conheço, nunca veio aqui em casa.
(Jasmin, 58 anos, doméstica).
Às vezes sim (Hortência, 38 anos, doméstica).
Segundo Labronice (2003), o enfermeiro em sua prática profissional,
desenvolve várias atividades através de consultas de Enfermagemem ambulatórios,
domicílios, centros de saúde, maternidades e instituições hospitalares. Esse
profissional participa de processos educativos em escolas, universidades e
empresas, são preconizadas que o enfermeiro utilize desses diferentes espaços
para
efetivar
a
implementação
do
cuidado
de
Enfermagemaos
clientes
diferenciados.
Durante a entrevista uma das mães relatou que sua filha, tem problemas
cardíacos e passou por uma cirurgia quando tinha 4 anos. Ela nos informou também
que a filha tinha crise convulsiva, mais há 2 anos, desde que começou o tratamento
a crise não se repetiu .Essa mesma mãe é a única das entrevistadas que recebe a
vista domiciliar do enfermeiro. Perguntamos a ela como é essa visita, se faz alguma
orientação?
Não. Ela pergunta como ta a minha filha, como ta a família. (Hortência, 38
anos, doméstica).
Pelo relato da mãe é possível perceber a necessidade do acompanhamento do
enfermeiro junto a essa família visto que a filha faz uso de remédios para crise
convulsiva, tem problemas cardíacos, e necessita de orientações que cabem ao
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profissional de enfermagem, o enfermeiro é o profissional que está mais próximo
dessa família.
O profissional de Enfermagem deve mostrar todas as possibilidades que o
portador de SD e outros portadores de problemas mentais possuem. Devendo
estimular os pais, a conversarem com outros que também tem filhos com os
mesmos problemas, promovendo encontros para haver trocas de experiências, e a
conscientização desses pais que eles não estão sozinhos.
Segundo Barros et al; (2009) a assistência deve ser ilimitada e inespecífica a
todos os membros da família, visando informações a todos. A falta de informação
pode conduzir os pais ao preconceito e a inexperiência tornando mais difícil os
cuidados com a criança com SD. É dentro desse âmbito que o enfermeiro deve ser
qualificado visando assim responder as demandas. É pertinente saber se essas
mães conhecem o enfermeiro da ESF da sua micro-área, diante disso levantamos a
questão: Você conhece o enfermeiro que trabalha no posto?
Eu num conheço não (Margarida, 58 anos, aposentada).
Conheço é a (...) (Azaléia, 29 anos, doméstica).
Isso aí eu num sei não. (Rosa, 64 anos, aposentada).
Sei não. (Jasmin, 58 anos, doméstica).
Conheço, ela é a coordenadora do posto (Hortência, 38 anos, doméstica).
As respostas demonstram que 3 das mães entrevistadas não conhece o
enfermeiro responsável pela ESF a qual pertence. O profissional enfermeiro é o
coordenador dessas unidades básicas de saúde, onde trabalham diariamente na
assistência à população.
Barros et al, (2009) afirma que, o enfermeiro é capaz de integrar as pessoas
com SD, a socialização. Uma assistência adequada e de qualidade, faz toda
diferença para o portador da síndrome e sua família, que mesmo apesar das
dificuldades que enfrentam podem ter uma vida social ativa e independente.
A conduta dos enfermeiros diante do portador de SD deve ser específica e de
qualidade, visando à assistência constante a todos os membros da família,
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promovendo se necessária, intervenção sistematizada junto à família. (BARROS, et
al, 2009). O que você acha da visita do enfermeiro, você acha que seria importante?
É bão, num é? (Margarida, 58 anos, aposentada).
Seria bom né, falta pessoas pra esclarecer as coisas pra gente, as vezes a
gente tem dificuldades.(Azaléia, 29 anos, doméstica).
Eu acho bão, ai a gente pudia expricar ele as coisas, e ele ensinar agente,
ele é mió pra expricar a gente (Rosa, 64 anos, aposentada).
Há isso eu num sei responder não (Jasmin, 58 anos, doméstica).
Eles tão preocupado com a população, se ta tendo algum problema com a
pressão, mas eu acho mais que eles querem saber disso né, como ta a
alimentação tudo isso. (Hortência, 38 anos, doméstica).
É importante que o enfermeiro converse com os pais, reconhecendo as fases
que a família está vivenciando para saber como intervir. Muitas vezes, o simples fato
de ouvir e esclarecer dúvida pode fazer toda diferença para a família de uma pessoa
com síndrome de Down.
De acordo com Atkinson e Murray (1989), o enfermeiro tem como sua função
principal à prestação de cuidados aos pacientes e aos seus familiares. Nesse
sentido devem estar sempre melhorando a qualidade de sua assistência,
investigando problemas e apontado soluções alternativas para uma melhor
qualidade de vida pra seus clientes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode- se constatar durante a pesquisa que os pais ainda têm muitas dúvidas
quanto à Síndrome de Down e a forma de lidar com seus filhos. Considerando-se
todos os aspectos relacionados à SD observamos que as pessoas com a síndrome
requerem cuidados tanto por parte da família como de profissionais competentes.
Nesse sentido o profissional de Enfermagem exerce função primordial no
atendimento, pois podem orientar os pais sobre os cuidados, medicamentos quando
usados e à forma de cuidar de seus filhos. O enfermeiro pode também promover
grupos de pais de pessoas com Síndrome de Down para que eles troquem
experiências.
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COMPLICAÇÕES RELACIONADAS AO DESCONTROLE PRESSÓRICO DE
PACIENTES DA ESF DO BAIRRO BOA VISTA DA CIDADE DE MATIPÓ-MG.
André Henrique Neto e Wanderson Adão Dias - Graduandos em Enfermagem
Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX
Deisy Mendes Silva - Graduada em Enfermagem. Especialista em Atenção Básica
em Saúde da Família. Professora da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX.
Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Pedagogia e Educação Física.
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e coordenadora de
Extensão na Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Ana Ligia de Souza Pereira - Graduada em Enfermagem, Especialista em
Estomaterapia. Professora e Coordenadora do curso de enfermagem UNIVÉRTIX.
[email protected]
RESUMO
Este estudo teve como objetivo identificar os fatores que podem levar as
complicações da HAS aos pacientes (Grupo dos Hipertensos) da ESF do Bairro Boa
Vista da cidade de Matipó/MG. A pesquisa foi realizada com 25 integrantes de um
grupo de hipertensos do Bairro Boa Vista em MATIPÓ-MG, que responderam a um
questionário abordando aspectos sócio demográficos e fatores de riscos da HAS. Os
principais resultados mostraram a prevalência de HA em mulheres da cor parda e
negra, sendo a pratica de exercícios físicos um dos principais fatores para
prevenção de complicações. Com este estudo pretendemos contribuir para uma
melhor conscientização dos pacientes com HAS e suas famílias sobre a
necessidade dos cuidados e controle relacionados à doença.
PALAVRAS-CHAVE: Hipertensão Arterial; Fatores de Risco; Exercício Físico.
INTRODUÇÃO
A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é definida como o aumento da pressão
arterial sistólica ou diastólica continuamente acima dos valores de referência 140 x
90 mmHg (KOOGAN, 2008).
Segundo Molina et al.(2003), a pressão alta é um problema de Saúde Pública,
com taxa de prevalência de 20% a 45% da população adulta, e estão relacionadas
às complicações como Acidente Vascular Encefálico (AVE), Infarto Agudo do
Miocárdio (IAM) entre outros.
A HAS é um fator predisponente de doenças cardíacas que acometem o
cérebro e os sistemas cardíaco, vascular periférico e renal. Este excesso de
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consequências faz com que a pressão alta seja um dos principais fatores na
diminuição da expectativa de vida (PASSOS, 2006).
Para Reis (2001) estima-se que 15% a 20% da população brasileira, podem ser
consideradas hipertensa conforme III Consenso Brasileiro de HAS. A longo prazo, as
equipes de atenção básica vivenciaram a dificuldade de adesão ao tratamento, já
que depende do usuário aderir ao tratamento para controlar a hipertensão.
É relevante a relação dos profissionais e os pacientes portadores de HA para a
eficácia da terapêutica, já que sofreram influência de fatores externos (LIMA, 2004).
Segundo Cesarino, et al.(2008). Os fatores que contribuem para o
desenvolvimento da hipertensão se dividem em: ambientais (ingestão de sal, álcool,
drogas, gorduras, tabagismo, estresse e sedentarismo) e constitucionais (idade,
sexo, fatores genéticos como raça, história familiar e obesidade).
Estima-se que a hipertensão arterial atinja aproximadamente 22% da
população brasileira acima de vinte anos, sendo responsável por 80% dos casos de
acidente cérebro vascular, 60% dos casos de infarto agudo do miocárdio (IAM) e
40% das aposentadorias precoces, além de significar um custo de 475 milhões de
reais gastos com 1,1 milhão de internações por ano (MOLINA, 2003).
Para a VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão (2010), no Brasil, a hipertensão
afeta mais de 30 milhões de brasileiros (36% dos homens adultos e 30% das
mulheres) e é o mais importante fator de risco para o desenvolvimento das Doenças
Cardiovasculares (DCV), com destaque para o AVC e o IAM, as duas maiores
causas isoladas de mortes no país. Mas a percepção da população é outra.
Dados da pesquisa Datafolha, de novembro de 2009, revelam a percepção
errônea, na população, de que o câncer é a principal causa de óbitos no Brasil.
Quanto à prevenção de doenças, a mesma pesquisa revela que, embora 90%
identifiquem os fatores de risco (hipertensão, tabagismo, colesterol e estresse),
apenas 3% temem sofrer uma DCV (VI DIRETRIZES BRASILEIRAS DE
HIPERTENSÃO, 2010).
Em campo de estágio no Bairro Boa Vista detectamos a alta prevalência de
Hipertensão Arterial Sistêmica com controle inadequado dos pacientes com quadro
de complicações relacionadas à HAS.
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Diante das nossas constatações identificamos como questão norteadora do
estudo: Quais são as complicações que estão relacionadas à hipertensão arterial
dos pacientes da Estratégia da Saúde da Família (ESF) do Bairro Boa Vista?
O objetivo da pesquisa é identificar os fatores que podem levar as
complicações da HAS aos pacientes (Grupo dos Hipertensos) da ESF do Bairro Boa
Vista da cidade de Matipó/MG.
Com este estudo pretendemos contribuir para uma melhor conscientização dos
pacientes com HAS e suas famílias sobre a necessidade dos cuidados e controle
relacionados à doença.
METODOLOGIA
Trata-se um estudo de natureza descritiva, com abordagem quantitativa.
Segundo Gil (2002) a pesquisa descritiva tem por característica a utilização de
técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como questionário com observação e
análise da amostra. Esta contém variáveis estatísticas que tem como objetivo
fundamental expor características de uma determinada população (grupo), ou seja, o
sexo, a idade, entre outros fatores.
A pesquisa foi realizada com 25 integrantes do grupo de Hipertensos da ESF
do Bairro Boa Vista, situado no município de Matipó, área da zona da mata, Minas
Gerais. Nesse contexto, buscamos identificar os principais fatores de risco
relacionados a Hipertensão.
A escolha da população do Bairro Vista, ocorreu devido ao fato de ser um
grupo em situação de vulnerabilidade social, grande densidade populacional no
território da unidade de atenção primária e um elevado número de hipertensos
cadastrados na ESF.
A pesquisa foi realizada no mês de maio de 2012, para obtenção dos dados foi
aplicado um questionário contendo oito questões fechadas, abordando aspectos
sócio-demográficos, fatores de risco para a hipertensão e algumas possíveis
complicações. A coleta de dados foi realizada na ESF do Bairro Boa Vista com os
participantes do grupo de hipertensos. Os participantes da pesquisa foram
informados sobre o real objetivo da pesquisa, os quais tiveram a participação
oficializada através da assinatura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido
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(TCLE). Os dados foram tabulados no Microsoft Excel gerando representações
gráficas que iluminaram a discussão de dados.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Em relação às características gerais da população estudada, foram
pesquisadas 25 pessoas durante o mês de maio de 2012. Foram selecionados todos
os presentes durante a atividade de exercícios físicos do grupo de hipertensos da
Estratégia de Saúde da Família – ESF do Bairro Boa Vista, sendo que esta atividade
acontece duas vezes por semana, supervisionada pela a fisioterapeuta da unidade.
Tabela 1: Características sócio-demográficas referidas pela população investigada, 2012
Números
(%)
Característica
Gênero
Feminino
21
84%
Masculino
4
16%
Etnia
Branco
3
12%
Negra
4
16%
Parda
15
60%
Amarela
2
8%
Outra
1
4%
Idade
37 a 44 anos
2
8%
45 a 52 anos
5
20%
53 a 60 anos
8
32%
61 a 68 anos
4
16%
69 a 76 anos
2
8%
77 a 81 anos
4
16%
Nível de Escolaridade
Analfabeto
6
24%
Ensino Fundamental Incompleto
18
72%
Ensino Médio Completo
1
4%
O baixo índice de homens observado no grupo deve-se, a pouca procura por
serviço de saúde por partes dos homens, os quais seguem um modelo hegemônico
de masculinidade. Para Gomes (2007), outra questão que reforça a ausência dos
homens ao serviço de saúde seria o medo da descoberta de uma doença grave;
assim não saber pode ser considerado um fator de “proteção” para os homens
estudados.
Segundo Brandão et.al (2006) a prevalência da HA na população negra é mais
elevada bem como, é maior sua gravidade, em particular a incidência da doença.
Como pode-se observar acima, obtivemos um grande número de indivíduos de cor
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parda e negra, comparados com a literatura estudada este resultado esta
relacionado as características brasileiras, pois o Brasil é um país marcado por um
forte cruzamento racial.
Segundo a Zaslavsky (2002), a pressão arterial se eleva na medida em que
são acrescidos anos de vida a população. Considerando que no Brasil os dados
demográficos
apontam
para
um
envelhecimento populacional que
avança
rapidamente, pode-se avistar uma tendência para o futuro de um número elevado de
hipertensos.
Reis (2001) observou em sua pesquisa relacionada ao nível de escolaridade
que o maior percentual da população não tinha completado se quer o ensino
fundamental, correlacionando com o presente estudo, o qual apresentou um grande
número de indivíduos com menos de oito anos de estudo.
Com relação ao estado civil, a maioria dos entrevistados são casados, o que
correlaciona com o estudo de Reis (2001), o qual apresentou um maior percentual
de indivíduos com companheiros, o que mostrou-se um ponto positivo, pois esses
pacientes, apresentaram uma melhor percepção da gravidade da doença.
Quanto ao tempo de hipertensão constatamos que 92% dos estudados
possuem o descontrole pressórico a mais de 5 anos, visto a população estudada
apresenta-se em sua maioria mulheres acima de 50 anos, o que segundo Lessa (
1998) o sexo feminino tem uma maior prevalência a HA devido aos fatores
hormonais da menopausa.
Com relação ao histórico familiar, identificamos que a genética é um
importante fator de risco para a HAS e DCV, como observamos no presente estudo,
88% dos entrevistados relataram histórico familiar dessas doenças. Assim Piccini
(1994), afirma que a história familiar mostra-se um fator significativamente presente
nos casos de hipertensão arterial.
Para Mascarenhas (2006), o tratamento desta patologia envolve uma terapia
adequada associada a mudanças de hábitos de vida, o que nos ajudou a
encontrarmos bons resultados em relação ao tratamento da hipertensão arterial nos
entrevistados, sendo que 92% dos estudados afirmaram realizar corretamente o uso
dos medicamentos, para assim obterem o controle adequado da PA.
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Assim identificamos que o maior percentual de indivíduos utiliza de dois a cinco
medicamentos diariamente, segundo Rosenfeld (2003), a prevalência de uso de
medicamentos está relacionada com a idade, pois a chance de usar medicamentos
aumenta desde a quarta década de vida, outro fator foi à classe ou da subclasse
terapêutica considerada, influenciando a quantidade.
Ao ressaltarmos o tema automedicação constatamos que 56% dos indivíduos
afirmaram se automedicarem, para Bortolon (2008) o uso de medicamentos
aumenta com o inicio da meia idade, ou seja, a partir da quarta década de vida, o
que esta diretamente relacionado ao grande número de estudados, os quais
apresentam idade acima dos 50 anos.
Figura 2: Classificação do IMC.
Segundo Rosa (2005), os níveis pressóricos exacerbam-se com o aumento de
peso, particularmente com a deposição de gordura, a qual interfere diretamente na
pressão arterial, com isso observamos que um menor percentual dos indivíduos
apresentou um Índice de massa corporal acima do normal, o que segundo Pierin
(2004) indicam uma forte associação aos riscos de doenças cardiovasculares.
Para Molina (2003), uma alimentação pobre em frutas e hortaliças e baseada
em alimentos industrializados, rica em gordura e sal, é preditora de agravos a saúde,
como o consumo de sal que está associado com o aumento dos níveis pressóricos.
No presente estudo constatamos que 80% dos entrevistados realizam o controle de
sal na dieta.
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De acordo com os resultados apenas 4% dos individuo afirmaram realizar a
ingestão de bebidas alcoólicas em seu dia-a-dia, em sua pesquisa Lima (2004)
afirma que os prejuízos causados pelo álcool estão diretamente relacionados à
forma e a freqüência do seu consumo.
Para Silva (2004) o tabagismo é um fator de risco modificável mais aceito em
relação à mudança de hábitos saudáveis para os hipertensos, de acordo com os
pesquisados acima, observamos uma grande adesão, pois a maior porcentagem
confirmou a não utilização do fumo em seu cotidiano.
Já Lima (2004) apresenta que a prática de exercícios físicos proporciona aos
indivíduos uma melhor condição de vida. Pois ativa a circulação sanguínea através
dos movimentos, melhorando o funcionamento cardiovascular, proporcionando
relaxamento muscular, diminuindo assim o estresse do dia-a-dia
Figura 3: Prática de exercício físico, avaliando frequência.
De acordo com gráfico (fig3), identificamos que a maioria dos indivíduos pratica
exercícios físicos pelo menos uma vez por semana, outros até três vezes por
semana. Segundo Forjaz et.al (2006), a prática de atividades físicas se configura
como tratamento não-medicamentoso bastante relevante, auxiliando na diminuição
do peso corporal e apresenta efeitos hipotensores em indivíduos hipertensos.
Contribuindo, ainda, para a redução do risco de indivíduos normotensos
desenvolveram hipertensão futuramente.
Segundo Silva (2004), a pratica de exercícios físicos diário é muito importante,
pois aumenta o consumo de glicose, diminui a massa total de gordura e aumenta a
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massa muscular. Em nosso estudo observamos que 88% dos entrevistados não são
diabéticos, devido a pratica de exercício físico constantemente.
De acordo com Pitanga (2002), a prática de exercícios físicos regular tem
benefício para a saúde, com os objetivos a maximização do gasto energético, o
desenvolvimento
da
aptidão
cardiorrespiratória,
da
aptidão
muscular
e
prevenção/eliminação dos fatores de risco como IAM E AVE, o que se prevaleceu no
presente estudo o qual não apresentou nenhum individuo com as complicações
citadas, devido a pratica de exercício físico constante.
Quanto a Angina, 64% dos indivíduos afirmaram que já sentiram esta forte dor
no peito, a qual segundo Araújo (2007) quando não tratada adequadamente poderá
evoluir para um ataque cardíaco.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através da nossa pesquisa, foi possível identificar os perfis sócio-demográficos
e epidemiológicos, bem como a utilização de tratamento farmacológico e não
farmacológico adotado pelo grupo. Também verificamos que o fator genético é um
dos principais fatores de risco a possíveis complicações a partir do não controle da
PA.
Encontramos que as idosas foram à maioria e que boa parte do grupo tinha de
um a oito anos de estudo. Vale dizer que seis dos entrevistados não sabiam ler nem
escrever. A associação entre idade e escolaridade é significativa: As pessoas mais
jovens estão estudando mais e com o aumento da escolaridade, diminui a
freqüência de hipertensão.
Boa parte dos integrantes foram não-brancos, sendo, entre estes, os pardos o
grande número. Aqueles que viviam com companheiros, foram à categoria mais
freqüente. Os fatores de risco modificáveis foram quase a totalidade, portanto
podemos concluir que as melhorias nos hábitos de vida são importantes no controle
da pressão arterial, bem como a pratica de exercícios físicos, pois estes agregam
vários benefícios para prevenção e promoção da saúde.
REFERÊNCIAS
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ESTRESSE EM PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DE UM HOSPITAL DE
PEQUENO PORTE DE UM MUNICÍPIO DA ZONA DA MATA DE MINAS GERAIS
Flaviano Martins da Silva e Lidiane Mendes Santana Franklin – Graduandos em
Enfermagem Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX.
Janine Lopes de Carvalho – Graduada em Psicologia, Especialista em Saúde
Mental e MBA em Gestão Estratégica de Pessoas. Professora Faculdade Vértice UNIVÉRTIX.
Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Pedagogia e Educação Física.
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e coordenadora de Extensão
na Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Ana Ligia de Souza Pereira. Graduada em Enfermagem, Especialista em
Estomaterapia. Professora e Coordenadora do curso de enfermagem UNIVÉRTIX.
Daniel Vieira Ferreira – Graduado em Matemática. Mestre em Educação. Diretor da
Escola Técnica Vértix e Professor da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
Lucio Flavio Sleutjes - Graduado em Fisioterapia, Mestre em Motricidade, Doutor
em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Univértix.
[email protected]
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo identificar o nível de estresse em
profissionais de Enfermagem que atuam em um hospital de pequeno porte de um
município da Zona da Mata de Minas Gerais. Através de estudo descritivo com
abordagem quantitativa, foram aplicados dois questionários a 17 profissionais de
Enfermagem, no período de abril e maio de 2012. Cujos resultados apontam a
inexistência de estresse junto aos mesmos devido à ocorrência de elevada demanda
psicológica, poder de controle e apoio social, pois demanda e controle elevado pode
levar a aprendizagem e crescimento do mesmo modo que o alto apoio social traz
influências positivas à saúde dos trabalhadores. Percebe-se a importância de se
utilizar ações de prevenção ao estresse para que a qualidade de vida da equipe de
Enfermagem influa positivamente no ambiente hospitalar.
PALAVRAS-CHAVE: Estresse; Enfermagem; Saúde.
INTRODUÇÃO
A vida moderna aponta a fragilidade das relações humanas, seja no âmbito
familiar, social ou profissional. São inúmeras as dificuldades e desafios enfrentados
cotidianamente, o que facilita o surgimento e a manutenção do estresse profissional.
As limitações impostas pelos salários que não atendem aos anseios do trabalhador,
a falta de material adequado e orientação e apoio no desenvolvimento das tarefas
do dia-a-dia influenciam sobremaneira a vida da população mundial.
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que 90% da
população do mundo sofrem de estresse o que configura a existência de uma
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epidemia global. Os fatores responsáveis por esta situação compreendem o excesso
de trabalho, conseqüência da necessidade de se trabalhar em jornadas duplas, o
que leva à falta de tempo para desenvolver relações saudáveis com a família e os
amigos e conquistar a qualidade de vida necessária à saúde (BAMPI et al. 2010).
Nos variados campos de atuação profissional têm sido desenvolvidos estudos
relacionados ao estresse ocupacional. Os profissionais de saúde têm recebido uma
atenção especial, tendo em vista que estes vivenciam situações estressantes que
afetam sobremaneira a relação da pessoa com a doença, com os profissionais e
com a instituição de saúde onde trabalham (MALAGRIS e FIORITO, 2006).
Diante do exposto, a questão norteadora do presente trabalho é: Qual o nível
de estresse percebido nos profissionais de Enfermagem de um hospital de pequeno
porte localizado em um município da Zona da Mata mineira?
O estudo tem como objetivo identificar o nível de estresse em profissionais de
Enfermagem que atuam em um hospital de pequeno porte de um município da Zona
da Mata de Minas Gerais.
Esse estudo visa contribuir para que os profissionais de Enfermagem que
atuam em um hospital de pequeno porte da Zona da Mata de Minas Gerais possam
desenvolver meios para lidar com situações que provocam estresse.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Em 1936, Selye percebeu que várias doenças eram representadas pelos
mesmos sintomas e, depois de análise criteriosa, apresentou o conceito de estresse
relacionado à área de saúde. De acordo com a definição de Selye (1936) o estresse
é “um conjunto de reações que o organismo desenvolve ao ser submetido a uma
situação que exige esforço para adaptação”, e estressor “é todo agente ou demanda
que evoca reação de estresse, seja de natureza física, mental ou emocional”
(CARVALHO e SERAFIM, 2002 citado por SEGANTIN e MAIA, 2007, p.16).
Malagris e Fiorito (2006) consideram o estresse como reação orgânica dos
componentes físicos e psicológicos causados por alterações psicofisiológicas que
ocorrem quando a pessoa encontra-se em situação que a irrite, amedronte, excite ou
confunda, ou ainda que a faça imensamente feliz.
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As reações provocadas pelo estresse permitem sua classificação em estresse
e distresse. Quando acontece adaptação positiva ao estímulo cujas conseqüências
são vitalidade, otimismo, vigor físico, mental e capacidade do indivíduo de lutar
contra os fatores estressores ocorre o que se denomina de eutresse ou estresse
positivo (RUIZ, 2009; SILVA et al., 2009).
Se o estresse alcança níveis excessivos provocando debilidade física e
psicológica, incapacitando o organismo a responder satisfatoriamente aos estímulos
surge o distresse, ou estresse negativo. O distresse representa a fase negativa do
estresse e promove, normalmente, o surgimento de irritabilidade, fadiga, depressão,
pessimismo, baixa produtividade e falta de vitalidade, dentre outros sintomas (RUIZ,
2009; SILVA et al., 2009).
A Organização Internacional do Trabalho (OIT), ao conceituar o estresse no
trabalho, destaca a relação entre a organização estrutural, forma de trabalho e
qualidade nas relações e os fenômenos orgânicos que afetam a saúde do
trabalhador (COSTA, LIMA e ALMEIDA, 2003).
Paschoal e Tamayo (2005) conceituam o estresse ocupacional como um
processo no qual o indivíduo considera as demandas trabalhistas como estressoras,
principalmente quando as mesmas excedem sua habilidade de enfrentamento
provocando reações negativas.
De acordo com Murta e Tróccoli (2004) o trabalhador protege sua saúde
quando desenvolve comportamentos de enfrentamento capazes de amenizar o
impacto psicológico e somático do estresse.
Salomé, Martins e Esposito (2009) explicam como principais estressores dos
profissionais de Enfermagem os amontoados de deveres, trabalhos burocráticos e
assistenciais, assim como o tempo determinado para realização destes.
A privação do sono devido às múltiplas jornadas de trabalho, pressão sofrida
no desempenho de funções, insuficiência de recursos técnicos e materiais, bem
como a superlotação de doentes, aliados à atuação baseada em um fazer acelerado
e rotinizado dificultam que sejam identificadas e definidas as necessidades do
profissional de Enfermagem e de seu serviço o que remete ao surgimento dos
efeitos nocivos promotores do estresse ocupacional junto a estes profissionais
(SALOMÉ, MARTINS, ESPÓSITO, 2009).
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METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo com abordagem quantitativa, realizado com
profissionais de Enfermagem que atuam em um hospital de pequeno porte de um
município da Zona da Mata de Minas Gerais. A população de estudo foi composta
por 17 profissionais da Enfermagem sendo 6 enfermeiros, 8 técnicos e 3 auxiliares
de Enfermagem dos 23 que compõem a equipe da instituição pesquisada. Dos
profissionais que não participaram 2 estavam cumprindo aviso prévio, 2 estavam em
licença, 1 estava de férias e 1 não quis responder os questionários. Os dados foram
coletados no período de abril e maio de 2012.
Na aplicação do questionário houve esclarecimento do objetivo da pesquisa,
garantia de anonimato dos informantes, explicação detalhada dos mesmos e do
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) a ser assinado por todos os
participantes.
Foram utilizados dois questionários, um com o objetivo de conhecer a situação
sóciodemográfica e socioeconômica dos participantes, composto por 12 questões
relacionadas a gênero, escolaridade, atividade laboral, uso de bebidas alcoólicas e
relacionamento interpessoal. O Job Scale Stress, adaptado para o português por
Alves et al. (2004) citado por Silva e Yamada (2008), com o nome de Escala de
Estresse no Trabalho representa o segundo questionário onde são apresentadas 17
questões que avaliarão a demanda psicológica (questões de 1 a 5), controle
(discernimento intelectual – questões 6 a 9, e autoridade – questões 10 e 11) e
apoio social (questões 12 a 17). A cada questão foi atribuído escore de 1 a 4. Nas
questões 1, 2, 3 e 5 o escore 4 representa muita demanda e 1 pouca demanda, a
questão 4 apresenta pontuação inversa.
Nas questões 6, 7 e 8 relacionadas ao discernimento intelectual o escore 1
representa pouco discernimento e o 4 muito discernimento, enquanto que na
questão 9 os valores são inversos. As questões 10 e 11 referem-se à autoridade
sobre decisões e a presença de muita autoridade está relacionada ao escore 4
enquanto que pouca autoridade ao escore 1.
No último bloco encontram-se as questões 12 a 17 onde é determinado o apoio
social cujo escore 4 determina muito apoio e 1 pouco apoio.
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Para a tabulação dos dados e criação dos gráficos e tabelas foram utilizados os
programas Word 2007, Excel 2007 e Bioestatic 5.0.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Participaram da pesquisa 17 funcionários da equipe de Enfermagem, sendo 6
enfermeiros, 8 técnicos e 3 auxiliares de Enfermagem, representando 74% dos
profissionais do setor de um hospital de pequeno porte de um município da Zona da
Mata Mineira.
Os resultados obtidos com a aplicação do questionário para conhecimento da
situação sociodemográfica e socioeconômica dos entrevistados apontam que as
mulheres foram maioria (71%) contra (29%) homens, a idade média foi inferior a 40
anos (58%), com prevalência de ensino médio completo (47%), renda salarial
mensal até 6 salários mínimos (94%), uso de bebidas alcoólicas em momentos
festivos (59%).
Quanto às atividades no tempo livre assistir televisão e vídeo (82%) e dormir
(18%) foram as escolhidas. No que se refere ao relacionamento entre os
profissionais houve equilíbrio nas respostas dos entrevistados: apenas profissional
(35%), profissional (35%) e coleguismo (24%). O nível de relacionamento variou
entre bom (47%) e ótimo (29%). O trabalho foi avaliado em gratificante (82%),
repetitivo (12%) e monótono (6%).
Em pesquisa realizada para investigar o absenteísmo em equipe de
Enfermagem Silva e Marziale (2000) encontraram predominância do sexo feminino e
idade inferior a 40 anos, o que corrobora os resultados encontrados. Neste sentido,
Silva e Yamada (2008) destacam que a Enfermagem se mantém como ocupação
predominantemente feminina.
Malagris e Fiorito (2006) ressaltam que a porcentagem maior de pessoas do
sexo feminino pode ter relação com a existência de uma procura maior por parte das
mulheres para serviços na área de saúde. Quanto à formação acadêmica recordam
que o exercício das atividades de técnico e auxiliar de Enfermagem não exigem
nível superior, mas curso técnico no caso dos primeiros e segundo grau no caso dos
auxiliares.
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Lentine, Sonoda e Biazin (2007) enfatizam que as estatísticas apontam grande
maioria de profissionais do sexo feminino nas equipes de Enfermagem brasileira.
Ainda segundo os autores, a renda mensal dos enfermeiros e auxiliares de
Enfermagem localiza-se entre 4 e 6 salários mínimos.
Os resultados das análises da Escala de Estresse no Trabalho são
apresentados em quatro gráficos, separados em demanda psicológica, controle
sobre discernimento intelectual, controle de autoridade sobre decisões e avaliação
de apoio social.
Em relação às questões de 1 a 5 o escore encontrado aponta alta demanda
psicológica, conforme se observa na figura 1.
Figura 1 – Demanda psicológica segundo Escala de Estresse no Trabalho.
Silva e Yamada (2008) esclarecem que as demandas são representadas pelas
pressões de origem psicológica que podem classificar-se em quantitativas (tempo e
velocidade na realização do trabalho) e qualitativas (conflitos entre demandas
contraditórias).
Estudos analisados por Guimarães e Grubits (2004), apontam que a variável
alta demanda encontra-se associada a um menor risco para adoecimento,
contrariamente ao que se esperava.
Silva e Yamada (2008) apontam que quando o trabalhador pode planejar seu
trabalho seguindo seu ritmo biológico, criando estratégias próprias que consideram
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adequadas para vencer suas dificuldades, mesmo que ocorra um excesso de
demandas, estas não trarão maiores conseqüências à saúde do trabalhador.
O controle representado pelas figuras 2 (discernimento intelectual) e 3
(autoridade sobre decisões), demonstra elevado poder de controle.
Figura 2 – Discernimento intelectual segundo Escala de Estresse no Trabalho
Figura 3 – Autoridade sobre decisões segundo Escala de Estresse no Trabalho
Guimarães e Grubits (2004) consideram que a combinação de altas demandas
psicológicas e baixo controle levam a grave risco de adoecimento como
conseqüência do estresse.
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Para Araújo et al (2003) e Silva e Yamada (2008), quando existe alta demanda
e baixo controle podem ocorrer reações adversas como conseqüência das
exigências psicológicas, quais sejam fadiga, ansiedade e até mesmo doença física.
Os resultados encontrados, no entanto, apresentam alta demanda e elevado
controle o que aponta a existência de um ambiente de trabalho ativo.
De acordo com Guimarães e Grubits (2004), quando controle e demanda são
elevados, mas não incômodos, produzem aprendizagem e crescimento. Dentro
desta perspectiva os desafios do trabalho se tornam motivação que leva à solução
eficaz dos problemas percebidos.
A figura 4 traz os resultados relativos ao apoio social, apontando a existência
de excelência nas relações interpessoais traduzida por alto apoio social, o que
influencia positivamente a saúde dos trabalhadores.
Figura 4 – Apoio social de acordo com a Escala de Estresse no Trabalho
A existência de um bom relacionamento no ambiente de trabalho é
indispensável para a redução do estresse ocupacional e suas conseqüências. O
cuidado que se tem com as relações interpessoais nas instituições afetam
positivamente a realização das atividades profissionais de cada membro da equipe
(SILVA; YAMADA, 2008).
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Karasek (1998) citado por Guimarães e Grubits (2004), destaca que o apoio
social pode diminuir a tensão psicológica de acordo com o grau de integração social,
emocional e de confiança existente entre a chefia e os funcionários. Quando ocorre
ausência de apoio social percebe-se intensificação do estresse.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Não foram percebidos sinais que configurassem a presença de estresse junto
aos profissionais entrevistados. Dentro deste contexto, merece destaque a presença
de elevado apoio social, situação que pode estar relacionada ao perfil da instituição,
ou seja, hospital de pequeno porte onde os funcionários acabam desenvolvendo
uma relação mais próxima.
Entretanto, considera-se sumamente importante o desenvolvimento de ações
de prevenção ao estresse para que a qualidade de vida da equipe continue a
influenciar positivamente o ambiente hospitalar e melhore continuamente a
qualidade do cuidado oferecido aos pacientes.
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ABORDAGEM SOBRE A SÍNDROME DE BURNOUT EM PROFISSIONAIS DE
SAÚDE DE UMA INSTITUIÇÃO HOSPITALAR DO LESTE MINEIRO
Rafael Henrique dos Reis e Wilton da Luz Neves – Graduados em
Enfermagem Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Renata Aparecida Fontes – Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises
Clínicas, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX
Janine Lopes de Carvalho – Graduada em Psicologia, Especialista em Saúde
Mental e MBA em Gestão Estratégica de Pessoas. Professora Faculdade Vértice UNIVÉRTIX.
Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Pedagogia e Educação Física.
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e coordenadora de Extensão
na Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Ana Ligia de Souza Pereira. Graduada em Enfermagem, Especialista em
Estomaterapia. Professora e Coordenadora do curso de enfermagem UNIVÉRTIX
Lucio Flavio Sleutjes - Graduado em Fisioterapia, Mestre em Motricidade, Doutor
em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Univértix.
[email protected]
RESUMO
A Síndrome de Burnout é um transtorno adaptativo crônico que ocorre em
trabalhadores. Este estudo tem como objetivo avaliar a incidência do desgaste
identificado pelos sintomas da Síndrome de Burnout nos profissionais da área de
enfermagem que trabalham em uma unidade hospitalar da porção leste do estado
de Minas Gerais. Por meio de um estudo descritivo quantitativo, foram aplicados
questionários com dados sócio-demográficos e o Maslach Burnout Inventory em 109
trabalhadores do serviço de enfermagem, correspondendo a 71,2% dessa categoria
profissional naquela instituição hospitalar. Neste estudo, foi constatado através da
pesquisa que há uma alta incidência de Síndrome de Burnout na instituição
hospitalar entre os profissionais de enfermagem.
PALAVRAS-CHAVE: Síndrome de Burnout, serviços de Enfermagem, saúde do
trabalhador.
INTRODUÇÃO
Os processos laborais, assim como várias alterações quanto à tecnologia em
curso no mundo do trabalho, reúnem grandes fontes geradoras de tensão e fadiga
para uma dada coletividade, como é o caso da teoria do estresse e do esgotamento
profissional: a Síndrome de Burnout (NEVES, SELIGMANN-SILVA e ATHAYDE,
2004).
Para Codo e Vasques-Menezes (1999), Burnout é uma síndrome que
acomete o trabalhador e faz com que ele perca o sentido da sua relação com o
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trabalho, de forma que as coisas já não o importam, qualquer esforço lhe parece ser
inútil. Os profissionais mais afetados por essa síndrome são aqueles que estão em
contato direto com seus clientes/pacientes. Os profissionais de educação e saúde,
policiais e agentes penitenciários, entre outros são apontados como clientela de
risco para desenvolvimento da síndrome.
Entre estudos feitos com diversos profissionais sobre a Síndrome de Burnout,
os enfermeiros estão entre os profissionais que merecem maior atenção (PEREIRA,
2008). Baixas remunerações, frustrações, horas infindáveis de trabalho e
diversidade de atividades são fatores que levam este profissional a uma
predisposição à síndrome (BARBOSA, 2007; PASCOAL, 2008).
Diante do exposto até aqui, a questão que motiva este trabalho é identificar se
a Síndrome de Burnout ocorre em profissionais da Enfermagem de uma instituição
hospitalar da porção leste do estado de Minas Gerais. O objetivo do estudo foi
avaliar a incidência do desgaste, identificado pelos sintomas da Síndrome de
Burnout, nos profissionais da área de enfermagem que trabalham em uma unidade
hospitalar da porção leste do estado de Minas Gerais.
Com este trabalho pretendemos contribuir com os estudos sobre o bem-estar
do indivíduo em seu local de trabalho. Esses estudos são fundamentais para que se
compreenda de que maneira alguns trabalhadores conseguem lidar com o estresse
e as doenças laborais, mantendo o equilíbrio psíquico, a saúde mental e o bem-estar
subjetivo.
REFERENCIAL TEÓRICO
Diversas características e condições específicas do trabalho são potenciais
causadores de estresse. Estão entre os desenvolvedores de estresse causado pelo
trabalho tanto as condições ambientais (ruídos, temperaturas, vibração, iluminação,
poluição, dentre outros) quantas exigências físicas e mentais Atividades repetitivas,
monótonas e feitas em partes fragmentadas (CODO, SORATTO e VASQUESMENEZES, 2004).
A relação entre saúde mental e trabalho projeta a uma área para estudo. A
abordagem de aspectos mentais e emocionais subjacentes ao comportamento
humano estuda os processos psíquicos e intersubjetivos relacionados ao prazer e
sofrimento no trabalho e o modelo de desgaste mental no trabalho. É o caso da
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teoria do estresse e do esgotamento profissional, a Síndrome de Burnout
(CHANLAT, 1990; PÉRILLEUX, 1992; SELIGMANN-SILVA, 1992 citado por NEVES,
SELIGMANN-SILVA e ATHAYDE, 2004).
O Burnout é a resposta a um estado prolongado de estresse, ocorre pela
cronificação deste, quando os métodos de enfrentamento falharam ou foram
insuficientes. Enquanto o estresse pode apresentar aspectos positivos ou
negativos, o Burnout tem sempre um caráter negativo. Por outro lado, o
Burnout está relacionado com o mundo do trabalho, com o tipo de
atividades laborais do indivíduo (PEREIRA, 2008, p. 45).
Segundo Maslach e Jackson (1977), citados por Pereira (2008, p. 35), as
condições de trabalho colaboram para a formação de um grupo de fatores
multidimensionais da síndrome, tais como:
A Exaustão Emocional: (EE) se refere à sensação de esgotamento tanto
físico como mental, ao sentimento de não dispor de energia para
absolutamente nada. De haver chegado ao limite das possibilidades. A
Despersonalização (DE) não significa que o indivíduo deixou de ter sua
personalidade, mas que esta sofreu ou vem sofrendo alterações, levando o
profissional a um contato frio e impessoal com o usuário de seus serviços
(alunos, pacientes, clientes, etc.) passando a denotar atitudes de cinismo e
ironia em relação às pessoas e indiferença ao que pode vir a acontecer aos
demais. A reduzida Realização Profissional evidencia o sentimento de
insatisfação com as atividades laborais que vem realizando, sentimento de
insuficiência, baixa auto-estima, fracasso profissional, desmotivação,
revelando baixa eficiência no trabalho. Por vezes o profissional apresenta
ímpetos de abandonar o emprego.
A Enfermagem encontra-se classificada como a quarta profissão mais
estressante do setor público. Porém, as pesquisas que investigam os problemas que
levam a equipe de enfermagem a desenvolver tal estresse são mínimas (FARIAS et
al., 2011). No Brasil, ainda são poucos os estudos sobre estresse ocupacional dos
trabalhadores da saúde, mesmo tais profissionais estando sujeitos a uma dinâmica
de trabalho rígida (PEREIRA et al., 2009).
Em uma tentativa de resgate das dimensões de afetividade contidas no dia-adia do cuidador, surge a proposta da existência de uma nova enfermidade, a
síndrome de Burnout, que certamente nos leva a alcançar novos horizontes abrindo
novas perspectivas para as possibilidades de entendimento do processo de trabalho
da enfermagem (MUROFUSE, ABRANCHES e NAPOLEÃO, 2005).
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo, realizado com profissionais que pertencem
a uma unidade hospitalar de grande porte de um município da região leste do estado
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de Minas Gerais. O universo da pesquisa constitui-se de 198 profissionais da área
de enfermagem, sendo estes auxiliares de enfermagem, técnicos de enfermagem e
enfermeiros. A unidade hospitalar onde foi feita a pesquisa é constituída de 153
auxiliares de enfermagem, 27 técnicos de enfermagem e 18 enfermeiros. O
município onde a Unidade Hospitalar está inserida, segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) (2010) possuem uma população de 79.574 habitantes
e sua principal fonte econômica é a indústria e o comércio.
Para Gil (2007, p. 44) a pesquisa descritiva é definida como:
As pesquisas deste tipo têm como objetivo primordial a descrição das
características de determinada população ou fenômeno ou o
estabelecimento de relações entre variáveis. São inúmeros os estudos que
podem ser classificados sob este título e uma das características mais
significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de
dados.
Para este trabalho, adotou-se a pesquisa quantitativa, na qual os dados serão
coletados através de questionário fechado que se subdivide em duas partes: a
primeira sobre dados sociodemográficos, socioeconômicos, e questões relacionadas
à atividade laboral, tais como, gênero, estado civil, tempo de serviço prestado na
unidade, trabalho em outro local, entre outras; a segunda parte do questionário
como objetivo da avaliação da Síndrome de Burnout, na qual será utilizado o
questionário Maslach Burnout Inventory (MBI-HSS), voltado aos profissionais de
saúde e serviços, versão original do MBI. Esse instrumento foi criado por Cristina
Maslach e Susan Jackson, citado por Pascoal (2008), ao qual não foi feito qualquer
adaptação ou alteração para sua aplicação e tem como objetivo investigar os
sentimentos pessoais e postura do profissional em seu ambiente laboral. Essa é
uma ferramenta que servirá para identificar o grau de esgotamento profissional,
composto por questões objetivas e de múltiplas escolhas. Trata-se de um
questionário de 22 perguntas com seis opções de resposta e limita-se a três
dimensões: exaustão emocional, despersonalização e a realização profissional no
trabalho. Os detalhes da organização do MBI estão descritos na Tabela 1.
Tabela 1: Escala de classificação dos níveis das dimensões do Burnout pelo Maslach Burnout
Inventory (MBI-HSS)
Dimensões
Questões
Exaustão emocional
1, 2, 3, 6, 8, 13,
Dimensões do Burnout
Alto
Médio
> 25
7 – 24
Baixo
0-6
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Despersonalização
Realização profissional
14, 16 e 20
5, 10, 11, 15 e
22
4, 7, 9, 12, 17,
18 e 19
6 - 23
1 -5
0
46 - 50
35 - 45
0 - 34
Para a aplicação do questionário, houve uma apresentação com credencial,
menção do interesse da pesquisa, explicação dos motivos da pesquisa, justificativa
da escolha do entrevistado, garantia de anonimato e sigilo e por fim será
apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecimento.
Após a coleta de dados, estes foram tabulados no Microsoft Excel, através de
estatística descritiva e dessa tabulação serão gerados gráficos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O questionário foi aplicado a 109 trabalhadores do serviço de enfermagem, o
que corresponde a 71,2% desta categoria profissional, naquela instituição hospitalar,
de Julho a Agosto/2011, haja vista que parte dos profissionais não quiseram
colaborar com o estudo.
A partir dos dados obtidos, após a avaliação dos questionários, pôde-se
verificar que a maior parte dos entrevistados, 86,2% é do sexo feminino. No que diz
respeito à faixa etária, a maioria dos participantes da pesquisa tinham entre 26 e 35
anos, o que corresponde a 39,4% dos entrevistados (Tabela 2).
Verificou-se também, após análise dos dados, que, em relação à variável ao
estado civil, 44% são casados. Em relação à variável filho, grande parte dos
entrevistados tem filhos, o que corresponde a 68,8% da população. Em se tratando
de renda familiar, 65,1% possuem renda familiar de 1 a 3 salários mínimos (Tabela
2).
Tabela 2 – Dados sócio-demográficos dos trabalhadores entrevistados.
Variáveis
N=
%
Masculino
15
12,9
Feminino
93
86,2
SR(1)
1
0,9
15 – 25
15
13,8
26 – 35
43
39,4
Gênero
Faixa etária
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36 – 45
24
22,0
46 – 55
18
16,5
55 ou mais
5
4,6
SR(1)
4
3,7
Casado
48
44,0
Solteiro
31
28,4
União Consensual
9
8,4
Viúvo
6
5,5
Divorciado
13
11,9
Outros
1
0,9
SR(1)
1
0,9
0
33
30,3
1
37
33,9
2
25
22,9
3
10
9,2
4 ou mais
3
2,8
SR(1)
1
0,9
< 1 salário mínimo
0
0
1 a 3 salários mínimos
71
65,1
4 a 6 salários mínimos
20
18,3
7 a 11 salários mínimos
5
4,6
> 11 salários mínimos
1
0,9
SR(1)
12
11,1
Estado civil
Filhos
Renda Familiar
(1)Dados
sem resposta.
Com relação aos dados ocupacionais, 35,8% dos entrevistados estão entre 1 e
5 anos no exercício da profissão. Na variável tempo de atuação no Hospital, 41,3%
atuam entre 1 e 5 anos nesta instituição. Ao referir a trabalhar em outro local, 37,6%
exercem atividade em outra instituição (Tabela 3).
Tabela 3 – Dados ocupacionais dos trabalhadores entrevistados.
Variáveis
N=
Tempo
de
profissão
exercício
%
da
Menos de 1 ano
7
6,4
Entre 1 e 5 anos
39
35,8
Entre 5 e 10 anos
22
20,2
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Entre 10 e 15 anos
11
10,1
Entre 15 e 20 anos
11
10,1
Entre 20 e 25 anos
5
4,6
Entre 25 e 30 anos
6
5,5
Mais de 30 anos
3
2,8
SR(1)
5
4,5
Menos de 1 ano
14
12,8
Entre 1 e 5 anos
45
41,3
Entre 5 e 10 anos
13
11,9
Entre 10 e 15 anos
11
10,1
Entre 15 e 20 anos
9
8,3
Entre 20 e 25 anos
5
4,6
Entre 25 e 30 anos
3
2,8
Mais de 30 anos
3
2,8
SR(1)
6
5,4
Sim
41
37,6
Não
63
57
SR(1)
5
5,4
Tempo de atuação no Hospital
Trabalha em outro local
(1)Dados
sem resposta.
O instrumento utilizado em nosso estudo, o MBI, é o meio mais utilizado para
fazer a relações entre as variáveis e a Síndrome de Burnout.
De acordo com o instrumento 97% da população entrevistada apresenta alto e
médio grau de Exaustão Emocional (Figura 1).
Figura 1 – Dimensão Exaustão Emocional do Questionário MBI.
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A exaustão emocional expressa o sofrimento que os trabalhadores apresentam
quando não conseguem dar mais de si mesmos sob o ponto de vista afetivo.
Energia, recursos emocionais próprios são esgotados emocionalmente. Sentimentos
como esses, fazem com que o trabalhador sinta que os problemas que são
apresentados a si mesmos são maiores que os recursos que tem para resolvê-los
(VASQUES-MENEZES, CODO e MEDEIROS, 1999).
A maioria dos entrevistados (89%) também apresenta nível alto e médio de
Despersonalização (Figura 2).
Figura 2 – Dimensão Despersonalização do Questionário MBI
Os profissionais, nesse estágio de Burnout, apresentam comportamentos
negativos, reações frias diante de sua atividade laboral e, em consequência disso,
um tratamento frio e impessoal com os usuários do serviço. Tal dimensão traz um
sentimento de amargura e distanciamento emocional, esfriamento da relação de
trabalho, assim, a exaustão emocional já existente é reforçada (CODO e VASQUESMENEZES, 1999).
Em se tratando de Baixa Realização Profissional, foi observado, em nosso
estudo, que a grande maioria dos entrevistados, 54%, situam-se em níveis médios
desta dimensão (Figura 3).
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Figura 3 – Dimensão baixa Realização Profissional do Questionário MBI
Na dimensão baixa realização profissional, nota-se um sentimento de
diminuição da competência e do alcance ao sucesso no trabalho. Sentimentos de
inadequação pessoal e profissional no trabalho resultam em respostas negativas
para o próprio trabalhador e para com sua atividade laboral. Isso pode criar um
resultado de depressão, baixa produtividade, baixa-estima e redução da capacidade
de interagir com outros (CARLOTO, 2003; BORGES; et al., 2002; CAMPOS, 2005
citados por PASCOAL, 2008).
A partir dessas variáveis, detecta-se uma alta prevalência da Síndrome de
Burnout naquela instituição hospitalar entre os profissionais de enfermagem.
O aumento do nível de exaustão emocional em mulheres poderia ser
ocasionado por sua jornada de trabalho dupla (a profissional e do lar) na qual a
maioria está sujeita (PEREIRA, 2008; MASLACH, 2010). Tais resultados podem
estar vinculados aos estereótipos de papel do gênero (por ex., existem mais policiais
do sexo masculino, mais enfermeiros do sexo feminino) (MASLACH, 2010).
Na pesquisa, verificou-se que 48,4% do sexo feminino apresentaram
percentual de exaustão emocional que é considerado médio e 53,3% no sexo
masculino apresentaram nível alto de exaustão emocional. Na dimensão
despersonalização, 48,4% das mulheres apresentaram níveis altos desta dimensão
e 46,7% dos homens apresentaram também níveis altos de despersonalização. No
que diz respeito à baixa realização profissional, tanto o sexo feminino, 51,6%,
quanto no masculino, 66,7%, apresentaram nível médio nessa dimensão.
A faixa etária é uma variável que tende a indicar que os trabalhadores mais
jovens têm o nível relatado de Burnout maior que os que têm mais de 30 ou 40 anos
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de idade. Há uma maior incidência da síndrome em indivíduos que não alcançaram
os 30 anos e idade (MASLACH, 2010; PASCOAL, 2008).
Ao analisar a faixa etária de 26 a 45 anos, 49,2% apresentaram percentual de
exaustão emocional que faz referência ao nível alto desta dimensão. No que faz
referência à despersonalização, 52,2% dos entrevistados mostraram nível alto da
mesma. No caso de baixa realização profissional, 34% dos entrevistados
apresentaram níveis médios dessa dimensão.
Freudenberger (1974) citado por Pereira (2008) afirma que o Burnout começa a
se manifestar a partir do primeiro ano na instituição. Quanto ao tempo de profissão,
não há concordância nesse aspecto, muitos descrevem a síndrome como um
desgaste que aumenta com o tempo.
Trabalhadores, na maioria dos casos, são levados à busca por outro emprego,
pela necessidade de sobrevivência do indivíduo, pelo retorno financeiro almejado.
Para que isso aconteça, tais trabalhadores acabam por ser obrigados a vender sua
força de trabalho em mais de um local e exercer uma jornada de mais de 40 horas
semanais (PASCOAL, 2008).
No caso dos profissionais que trabalham em outro local, em nosso estudo, 56%
apresentaram altos índices de exaustão emocional. No que se refere à
despersonalização, 53,6% apresentaram níveis elevados desta dimensão. Ao falar
sobre baixa realização profissional, 65,8% dos profissionais que trabalham em outro
local apresentaram níveis médios desta dimensão.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Observa-se um número reduzido de pesquisas sobre a Síndrome de Burnout
no Brasil, fator este que aparenta estar se modificando, uma vez que o tema adquiriu
certa visibilidade no meio acadêmico.
Para identificação de Burnout, pôde-se verificar uma alta incidência da
síndrome em trabalhadores daquela instituição hospitalar.
A presença marcante das mulheres na população estudada confirma o
estereótipo da profissão de enfermagem como a ocupação predominantemente
feminina.
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Este trabalho sugere que as condições de trabalho como um todo, além das
características dos profissionais e de seu ambiente de trabalho, podem ser
responsáveis pela situação em que os mesmos se encontram. Algumas associações
encontradas afrontam os padrões indicados pela literatura consultada. Sendo assim,
sugerem-se novos estudos para confirmação dos padrões nos quais a síndrome se
insere.
A comprovação e o controle dos fatores geradores de um possível
desenvolvimento da Síndrome de Burnout podem colaborar para a promoção da
saúde da equipe de enfermagem, o que poderia melhorar a qualidade do serviço
prestado. Considerando que a Síndrome de Burnout é uma doença ocupacional,
faz-se
necessário
o
desenvolvimento
de
estratégias
coletivas
no
âmbito
organizacional.
As condições de trabalho devem ser investigas de forma mais sólida em busca
de respostas a possíveis questionamentos que este estudo pode provocar,
contribuindo para a prevenção de casos da síndrome e da recuperação de
profissionais que possam estar acometidos.
É preciso promover uma reflexão sobre a participação e importância da equipe
de enfermagem, compreendendo esse trabalhador como protagonista no seu
ambiente de trabalho, tornando-se possível o trabalho menos estressante e mais
prazeroso para o profissional.
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Hospital
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PERFIL ANTROPOMÉTRICO DE ALUNOS DA ESCOLA DE FUTEBOL “CHUTE
CERTO” DO DISTRITO DE PADRE FIALHO, MUNICÍPIO DE MATIPÓ - MG
Eurizia Barroso de Oliveira e Alexander Souza Moreira – Graduandos em
Educação Física, Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Márcio Lopes de Oliveira – Graduado em Educação Física. Mestre Ciência da
Educação Física, Esporte e Recreação. Professor e Coordenador do curso de
Educação Física da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX.
Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Pedagogia e Educação Física.
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e coordenadora de Extensão
na Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Kátia Imaculada Moreira de Oliveira – Bacharel e Licenciada em Dança ,
Especialista em Metodologia da Pesquisa. Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX
[email protected]
RESUMO
Atualmente no Brasil, a questão da obesidade infantil tem sido muito
discutida, bem como sido fonte de preocupação dos órgãos do governo federal. O
objetivo deste estudo foi verificar a prevalência de sobrepeso e obesidade em jovens
da escolinha do projeto “Chute Certo” do distrito de Padre Fialho, Matipó-MG. Tratase de um estudo descritivo através de coleta de perfil antropométrico de 21 alunos
do projeto da escolinha de futebol. Conclui-se que os jovens participantes dessa
pesquisa 10-11 anos encontram-se abaixo do peso, e com o percentual de gordura
abaixo da média. Em relação ao IMC dos jovens encontram-se com um valor
considerável normal para a idade. É necessário que haja um acompanhamento
nutricional especializado no sentido de estimular a escolha saudável dos alimentos
pelas jovens atletas.
PALAVRAS-CHAVE: Estado nutricional; Futebol; Perfil Antropométrico.
INTRODUÇÃO
Atualmente no Brasil, a questão da obesidade infantil tem sido muito
discutida, bem como sido fonte de preocupação dos órgãos do governo federal. A
mesma ocorre em diferentes classes sociais e muitas pesquisas sobre o tema vêm
alertando a sociedade para este tipo de problema. A prevenção da obesidade é
relativamente simples e consiste em equilibrar a ingestão calórica com o dispêndio
energético (ANEZ e PETROSKY, 2002).
Tanto a desnutrição como a obesidade, em especial na infância pode trazer
sérios danos à saúde, sendo que no Brasil, vivemos um momento de transição
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nutricional, ou seja, estão ocorrendo mudanças nos padrões alimentares dos
indivíduos em consequência de modificações em sua dieta decorrente de mudanças
sócias, econômicas e influencia da mídia. (MONTEIRO et al., 1995).
O estudo das variáveis antropométricas e da composição corporal serve
como um valioso aspecto diferenciador entre atletas e outros grupos, por diversas
razões faz-se necessário o estudo da composição corporal com um instrumento para
avaliar aptidão física e com uma maneira para acompanhar atletas que estão se
preparado ou competindo, jovens regularmente envolvidos em programas de
atividades físicas demonstram apresentar proporções de massa magra e menor
quantidade de gordura relativa, com flutuações diretamente relacionadas com o
estimulo do esforço a que são submetidos (FILARDO et al., 2000).
A composição corporal é uma área importante da antropometria. Através da
análise da composição corporal pode-se determinar os componentes do corpo
humano de forma quantitativa e utilizar os dados desta análise para detectar o grau
de desenvolvimento e crescimento de crianças e jovens, o estado dos componentes
corporais de adultos e idosos, bem como, prescrever exercícios (FERNANDES,
2003).
Neste sentido, o objetivo deste estudo foi verificar a prevalência de sobrepeso
e obesidade em jovens da escolinha do projeto “Chute Certo” do distrito de Padre
Fialho, Matipó-MG.
Foi através de um projeto de escola de futebol, onde são realizadas diversas
atividades físicas que nós, acadêmicos-pesquisadores, tivemos despertado o
interesse em realizar um estudo sobre a avaliação de medidas de cada aluno para
ver se cada um deles se encaixam nos padrões para as idades que eles possuem e
através das atividades melhorar o seu perfil caso necessário.
Com este estudo pretendemos contribuir para que a proposta dos professores
de Educação Física integre uma nova postura frente à estrutura educacional,
procurando adotar em sua prática, não mais uma visão de exclusividade à prática de
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atividades esportivas e recreativas, mas, fundamentalmente, alcançarem metas
voltadas à educação para a saúde.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Muitos estudiosos têm utilizado a avaliação da composição corporal como um
método de classificação e quantificação do condicionamento físico relacionado à
saúde, e nesse sentido, Loham (1992) citado por Cáceres et al. (2010) indica as
dobras cutâneas como um dos métodos mais indicados.
Bortoloso (2012) aponta que os dados que fornece o diagnostico da
obesidade é o Índice de Massa Corporal (IMC= peso Kg / altura x altura (em m)
calculado, dividindo-se o peso (em Kg) do indivíduo por sua altura elevada ao
quadrado, adultos com IMC igual ou superior a 30kg/m 2 devem ser classificados
como obesos. As doenças cardiovasculares associadas à obesidade estão
intimamente ligadas à gordura intra-abdominal, e é a medida da circunferência
abdominal que fornece à informação sobre essa gordura. A partir desse parâmetro,
obesidade é a medida da circunferência abdominal maior que 102cm para homens e
88cm para mulheres, e o sobrepeso medida maior que 94cm para homens e 80cm
para mulheres.
Segundo Charro et al. (2010) a utilização do IMC é a variação encontrada
entre crianças e adolescentes, tendo em vista o fato de estarem em constantes
alterações morfológicas e funcionais; assim, a maneira mais adequada de calcular o
IMC para essa população é relacionando os porcentis das curvas de crescimento de
estatura e de peso corporal, tanto para o gênero masculino quanto para o feminino.
A antropometria é um ramo das ciências biológicas que tem como objetivo o
estudo dos caracteres mensuráveis da morfologia humana. Para isso, são utilizados
as medidas de circunferências, espessuras de dobras cutâneas, diâmetros ósseos e
comprimento. Os pressupostos e os princípios assumidos neste método preconizam
que essas medidas estão relacionadas à massa óssea, livre de gordura e muscular
(SANTOS e FUJÃO, 2003).
Na literatura científica podemos encontrar diversas equações para predizer a
gordura corporal pelo método de dobras cutâneas. Para Petroski (1995) citado por
Cáceres et al. (2010) no método de dobras cutâneas existem equações específicas
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e generalizadas. As equações específicas devem ser utilizada em indivíduos
semelhantes aos que deram origem a equação, por outro lado, as equações
generalizadas podem ser utilizadas para uma parcela maior da população.
METODOLOGIA
Essa pesquisa trata-se de um estudo descritivo através de coleta de perfil
antropométrico de alunos do projeto da escolinha de futebol “Chute Certo” do Distrito
de Padre Fialho em Matipó-MG.
Segundo Gil (2008) tais pesquisas descritivas são aquelas que têm por objetivo
estudar as características de um grupo, estabelecendo as relações entre as
variáveis mostrando a realidade sem nela interferir.
Esse estudo foi realizado no Distrito de Padre Fialho, município de MatipóMG, popularmente conhecido de “Garimpo” Matipó-MG e um município Brasileiro do
estado de Minas Gerais. De acordo com o censo realizado pelo IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2010, sua população é de 17.639
habitantes. Está localizada na região II da Zona da Mata do Estado de Minas Gerais
e pertence à microrregião Vertente Ocidental do Caparão (IBGE, 2012). Sua
principal fonte de rende é a agropecuária, com o maior destaque para a agricultura,
e possui cinco escolas e estaduais.
A amostra foi composta por jovens do sexo masculino com idade de 10 a 12
anos, sendo um total de 21 jovens. Serão coletadas as medidas de peso, estatura,
circunferência abdominal e cintura e ver o protocolo de 2 dobras cutâneas para tanto
serão utilizados os instrumentos para coleta de dados: Balança supermedy max
=180kg D =100g compasso, fita cescorf 2m, estadiômetro para a execução da
pesquisa, utilizou-se o método antropométrico, avaliando as medidas.

Massa Corporal: medida com auxilio de uma balança mecânica, com precisão de
100g.

Estatura: medida em metros, com auxilio de uma fita métrica fixada a uma parede
sem rodapé nem desnível.

Perimetria: circunferências medidas em centímetros, com uma fita métrica com 2
metros de comprimento, de material flexível e rebubinação automática.
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
Dobras cutâneas: medida com um adipômetro, com precisão de 0,1mm e
pressão constante de 10g/cm² em qualquer abertura.

Para o cálculo do índice de massa corporal (IMC), utilizará a equação:
IMC=Massa corporal em Kg divido por (Estatura em m)².

Para cálculo do percentual de gordura corporal, utilizou-se as medidas de dobras
cutânea do tríceps e subescapular, conforme equação de LOHMAN (1992) citado
por Cáceres et al.(2010).
A coleta de dados foi processada sem identificação pessoal dos alunos onde
se utilizará um Termo de Consentimentos Livre Esclarecida que foi assinado pelo pai
e/ou responsável, autorizando a participação do aluno.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Para fins de análise dos dados foram coletados amostra de 21 jovens do sexo
masculino com idade de 10 a 12 anos.
Em relação ao percentual de gordura dos jovens participantes dessa
pesquisa, observe na Figura 1.
Figura 1 – Média de Percentual de gordura por idade.
Observa-se que a média do percentual de gordura dos jovens de 10-11 anos
consiste em 13,03% e dos jovens de 12 anos 15,72%. Analisando a média de
gordura dos jovens de acordo com a tabela de Lohman (1992, p.80) apud Cáceres
et al.(2010) os participantes de 10-11 anos se encontram abaixo da média, e os
participantes de 12 anos na média.
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O percentual de gordura dos jovens foi analisado a partir da somatória de
quatro pregas cutâneas (tricipital e subescapular). Para Glaner (2005) quando o
propósito for verificar a quantidade de gordura corporal em relação à saúde, a forma
de avaliação adequada é a por critério de referência, uma vez que estudos mostram
que pessoas que apresentam gordura corporal dentro de certos padrões apresentam
menor incidência e risco de doenças crônicas não transmissíveis, do que pessoas
que apresentam gordura mais elevada em relação às anteriores.
Em um estudo feito por Peres (1996) citado por Silva, Visconti e Roldan
(1997) onde foram comparados a porcentagem de gordura de jogadores brasileiros
e japoneses foi encontrado valores médios de 11,08% e 11,92%, respectivamente.
No estudo de Schandler e Navarro (2007) avaliando também jogadores de futebol, a
porcentagem encontrada foi média de 5,9%±1,9%, variando de 3,3% a 11%.
A determinação da porcentagem de gordura corporal, junto com as medidas
de dobras e circunferências corporais, é de imprescindível importância ao atleta para
identificar níveis altos ou baixos de gordura corporal total, que podem avaliar riscos
à saúde ou ao pleno rendimento atlético; monitorar as alterações corporais impostas
pelo treinamento ou nutrição; estimar o peso mínimo ou ideal em diversas
modalidades esportivas; acompanhar o crescimento, desenvolvimento, maturação e
as alterações na composição corporal; entre outras (MOROLI et al., 2008).
A intensidade, a frequência e a duração de uma atividade física influenciam
na massa gorda, massa óssea e muscular. A preparação de um atleta para a
competição, no que se refere á composição corporal, significa diminuir ao mínimo
(dentro de padrões saudáveis) sua massa de gordura e potencializar ao máximo sua
massa muscular. Nas atividades em que o atleta transporta o seu peso, o acréscimo
de gordura exigirá maior consumo de energia. Estimar a composição corporal tem
fundamental importância não apenas na determinação do estado nutricional do
indivíduo como também na influência da performance esportiva que varia entre
modalidades e até mesmo dentro das modalidades (GAGLIARDI, MANSOLDO e
KISS, 2003).
Em relação ao IMC, os mesmos foram calculados e analisados de acordo
com a idade dos jovens, observa a Figura 2.
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Figura 2 – Média de Índice de Massa Corporal por idade.
Observamos que o IMC dos jovens participantes dessa pesquisa encontramse entre 16,5 a 16,75, sendo este considerável um IMC abaixo do normal, seguindo
os critérios de referência para definição de baixo peso, excesso de peso e
obesidade para sexo masculino da idade 11 anos (GONÇALVES e ROCHA, 2012)
observado no quadro 1 (ANEXO 1) o grupo apresenta peso normal.
Em um estudo realizado por Vieira et al., (2006) os valores de IMC com maior
sensibilidade e especificidade da amostra estudada foram, de um modo geral,
inferiores aos pontos de corte médios das demais referências e variaram de
21,70kg/m2 a 24,15kg/m2 para os meninos. Esses pontos de corte conseguiram
identificar, corretamente, de 76% a 95% dos adolescentes com excesso de gordura
corporal.
A obesidade é uma preocupação em qualquer fase da vida. Existe uma
grande probabilidade que crianças obesas permanecerão obesas na idade adulta, e
a obesidade tende-se estabilizar durante o início da idade adulta, a meia a idade e a
terceira idade (GONÇALVES e ROCHA, 2012). O IMC tem sido recomendado pela
Organização Mundial de Saúde como um indicador da gordura corporal por ser
obtido de forma rápida e praticamente sem custo nenhum. No entanto, estudos têm
questionado seu uso com propósitos de diagnosticar a gordura corporal em
diferentes faixas etárias (GLANER, 2005).
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Em relação a média de peso por idade observe na Tabela 3.
Figura 3 – Média de peso por idade.
Observa-se que a média de peso dos jovens participantes dessa pesquisa
consiste em 10-11 anos 31,48 kg e 12 anos 35 kg. A análise dos dados do peso dos
jovens teve como referência a tabela de percentis do National Center for Health
Statistics (NCHS, 2000 citado por Assis et al., 2007), adotando-se como critério os
seguintes valores:

10 anos: 25,7 baixo peso; 32,6 eutrofico; 45,3 obesidade.

12 anos: 30,4 baixo peso; 38,2 eutrófico; 56,3 obesidade.
A prevalência de sobrepeso e obesidade entre os adolescentes no Brasil,
segundo dados do IBGE (2002-2003), foram de 12,3% de sobrepeso, 16,7% de
excesso de peso e 2,3% de obesidade, sendo que na região sul observou-se 13,6%
de sobrepeso, 22,6% de excesso de peso e 3,1% de obesidade. Os resultados do
IBGE apontaram que, nesse período, havia um obeso para cada 10 meninos com
excesso de peso e uma obesa para cada 5 meninas com excesso de peso
(ROSSET e SILVA, 2012).
Em um estudo feito por Assis et al. (2007) entre os indivíduos do sexo
masculino, observou-se no grupo dos eutróficos 32,84% praticam atividades e
13,43% não praticam, e no grupo dos com excesso de peso 44,78% praticam e
8,96% não praticam atividade física.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que os jovens participantes dessa pesquisa 10-11 anos
encontram-se abaixo do peso, e com o percentual de gordura abaixo da média. Em
relação ao IMC dos jovens encontra-se com um valor considerável normal para a
idade.
É necessário relatar que os jovens pesquisados constituem-se de famílias
carentes, onde a renda familiar é baixa e as condições econômicas de se ter
acompanhamento de um nutricionista junto à atividade física não é possível.
Consideramos
necessário,
que
estudos
mais
aprofundados
sejam
desenvolvidos com jovens atletas e que haja um acompanhamento nutricional
especializado no sentido de estimular a escolha saudável dos alimentos pelos
jovens atletas e a manutenção de uma composição corporal adequada.
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CONHECIMENTO SOBRE DST/AIDS ENTRE ADOLESCENTES DE UMA
ESCOLA DE ENSINO MÉDIO DA CIDADE DE MATIPÓ-MG
Marynna Kelly Pinto Campos - Graduanda em Enfermagem, Bolsista da
FAPEMIG. Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX.
Ana Lígia de Souza Pereira – Graduada em Enfermagem, Especialista em
Estomaterapia. Professora e Coordenadora do Curso de Enfermagem.
[email protected]
RESUMO
O estudo teve como objetivo avaliar o conhecimento de adolescentes de uma
escola de ensino médio da cidade de Matipó, residentes em um bairro em situação
de vulnerabilidade social a respeito: da fisiologia do aparelho reprodutor; fatores de
risco para a infecção por DST/HIV; e a frequência do uso rotineiro de preservativo.
Trata-se de um estudo do tipo descritivo com abordagem quantitativa. Participaram
deste estudo 26 alunos do ensino médio, sendo 17 meninas e 09 meninos, com
faixa etária variando entre 15 a 21 anos todos pertencentes ao 2º ano do ensino
médio. Este estudo teve sua tabulação feita através de cores que foram divididas em
três grupos verde (pouco vulnerável), amarelo (vulnerável) e azul (muito vulnerável),
sendo que cada cor representa o grau de vulnerabilidade e de conhecimento dos
alunos, foi encontrado o maior percentual no grupo verde com 78,05%, o amarelo
19,16% e o azul respectivamente com 2,79%.
PALAVRAS-CHAVE: Adolescentes; Conhecimento; DST/AIDS.
INTRODUÇÃO
A definição do conceito e a delimitação do período cronológico que
caracteriza a adolescência abrangem três níveis de maturação e desenvolvimento: a
puberdade, a adolescência propriamente dita que se estende do período dos 15 aos
17 anos que tem como sua característica marcante as mudanças psicológicas e a
adolescência tardia, que vai dos 18 aos 21 anos (OSÓRIO, 1992).
A análise do próprio termo, adolescente que significa ad= para frente e
dolescere= crescer com a dor, período de mutação, de crise, sinaliza um processo
importante de amadurecimento, passagem por mudanças corporais, intelectuais e
sociais (SOUZA, 2004).
É nessa fase, cheia de transformações que surge a exposição a fatores de
risco, aumentando a vulnerabilidade as Doenças Sexualmente Transmissíveis
(DST). No contexto de vulnerabilidade, a Organização Mundial de Saúde divulgou
um relatório sobre a juventude, no qual consta que os jovens já representam 18% da
população mundial e estão em risco aumentado, sobretudo pela vulnerabilidade à
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epidemia HIV/AIDS. O documento mostra que 10 milhões de jovens entre 15 a 24
anos estão infectados pelo HIV. Além disso, as doenças infecciosas como a AIDS
seriam responsáveis por um número duas vezes maior de mortes em 2005 quando
comparadas com 2004 (BRETAS, 2009). Diante, desse quadro torna-se óbvio o
desenvolvimento de medidas preventivas com enfoque na orientação sexual,
principalmente em áreas mais carentes, onde o índice de infecção é maior entre os
adolescentes, mostrando para esses jovens que a prevenção é o melhor caminho
para uma vida sexual saudável, para si e o parceiro.
A adolescência é a etapa da vida marcada por complexo processo de
desenvolvimento biológico, psíquico e social. É principalmente nesta fase que as
influências contextuais, externas à família, tomam maior magnitude, pois vão
implicar na tomada de decisões, de condutas e contribuir para a definição de estilos
de vida (RUZANY, 1999).
No Brasil, a Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde (PNDS) revelou
igualmente que jovens com baixo nível de instrução são os que demonstram maior
atividade sexual, iniciação à vida sexual mais precoce e menor percentual de uso de
preservativo masculino na última relação sexual (BEMFAM, 1997).
Em 1998, um estudo realizado pela Coordenação Nacional de DST/AIDS do
Ministério da Saúde mostrou que entre os indivíduos que afirmaram que eram
sexualmente ativos aproximadamente 76% não utilizam o preservativo nas suas
relações sexuais. Para jovens entre 16 e 25 anos, de ambos os sexos, esse
percentual desce para 56%, porém ainda considerado preocupante. Dentre os
entrevistados, 31,3% são desinformados quanto ao uso de camisinha e 21,5%
quanto ao sexo oral. Com relação ao tipo de relacionamento sexual, mais de 25%
são desinformados quanto aos riscos de casais homossexuais e 46% quanto aos
casais heterossexuais (MINISTERIO DA SAÚDE, 2000).
Estes dados epidemiológicos demonstram a necessidade de desenvolvimento
de trabalhos educativos com adolescentes em bairros carentes, haja vista que o
índice de infecção por DST/AIDS é maior nessa população. E que os meios de
informações em campanhas não estão sendo efetivos.
O interesse pela temática surgiu após experiência com atividades educativas
realizadas através de projetos de Estágio Supervisionado no curso de Enfermagem
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no contexto da educação em saúde, especialmente na prevenção de DST entre
adolescentes.
Diante disso se delineia a questão norteadora: qual o conhecimento dos
adolescentes de uma escola de ensino médio da cidade de Matipó sobre
DST/AIDS?
Este estudo tem como objetivo avaliar o conhecimento de adolescentes de
uma escola de ensino médio da cidade de Matipó, residentes em um bairro de baixa
renda, a respeito: da fisiologia do aparelho reprodutor; fatores de risco para a
infecção por DST/HIV; e a frequência do uso rotineiro de preservativo.
Assim, o conhecimento acerca da prática sexual desempenhada por essa
população, os métodos preventivos utilizados, o conhecimento específico sobre os
métodos de transmissão e onde a população adquire tais informações é de extrema
importância para guiar as ações desse estudo em prol do desenvolvimento de
estratégias que controlem o avanço desta grande epidemia que assola
principalmente os adolescentes.
REFERENCIAL TEÓRICO
A adolescência é vista como uma fase da vida onde todos passam por
transformações biológicas, físicas, psicológicas e sociais. São considerados também
o desenvolvimento da adolescência e da sexualidade como pontos marcantes da
vida e do comportamento dos jovens, assim como seu relacionamento na escola, na
família e a sua percepção em relação às drogas, DST e HIV/AIDS. A sexualidade é
uma das capacidades do ser humano que aborda gênero, identidade e orientação
sexual, envolvimento emocional, amor e reprodução, e são expressadas ou
experimentadas através de fantasias, desejos, pensamentos, crenças, atitudes,
valores, papéis e relacionamentos (GEOVANINI, 2010).
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura (UNESCO), 32,8% dos jovens brasileiros entre 12 e 17 anos já iniciaram a
sua vida sexual, sendo que destes, 61% são rapazes e 39% são moças. Ponto
marcante nesse estudo é a relação da primeira relação sexual com a escolaridade, o
estudo mostra que quanto menor a escolaridade, mais cedo os adolescentes iniciam
a atividade sexual. Aumentando assim, o risco de uma gravidez não planejada e/ou
uma DST (VILELLA e DORETO, 2006).
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Nesse contexto de vulnerabilidade dos adolescentes surgem às doenças
sexualmente transmissíveis que são transmitidas, principalmente, por contato sexual
sem o uso de camisinha com uma pessoa que esteja infectada, e geralmente se
manifestam por meio de feridas, corrimentos, bolhas ou verrugas (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2012).
Associado as DST está à infecção do HIV, causador da AIDS, vírus que ataca
o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças. As
células mais atingidas são os linfócitos T. e é alterando o DNA dessa célula que o
HIV faz cópias de si mesmo. Depois de se multiplicar, rompe os linfócitos em busca
de outros para continuar a infecção. Ter o HIV não é a mesma coisa que ter a AIDS.
Há muitos soropositivos que vivem anos sem apresentar sintomas e sem
desenvolver a doença. Mas, podem transmitir o vírus a outros pelas relações
sexuais desprotegidas, pelo compartilhamento seringas contaminadas ou de mãe
para filho durante a gravidez e a amamentação. Por isso, é importante orientar os
adolescentes a sempre fazerem o teste e se protegerem em todas as situações
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012).
A AIDS representa hoje mais do que uma doença. Trata-se de um fenômeno
social que trouxe à tona um profundo debate sobre valores ligados à sexualidade, às
relações de gênero, à moral, aos direitos humanos e à vida (CRUZ, 2007).
Depois da revolução sexual de 1960 e 1970, sem dúvida, o advento da AIDS
entre as DST, vem mobilizando novas posturas e diálogos entre diferentes áreas do
conhecimento, mas principalmente entre profissionais da saúde, faz-se necessário o
debate desse tema, para que novas estratégias sejam lançadas, haja vista que os
meios de educação em saúde como, televisão, rádio, revistas, jornais, folder, não
têm sido eficazes no combate ao avanço dessa pandemia que assola principalmente
os adolescentes e jovens. Dados da UNESCO do ano de 2002 reforçam essa
constatação. Neste ano a organização estimava que um terço da população mundial
se encontrasse na faixa etária de 10 a 24 anos de idade. E é nessa faixa etária que
se concentrava metade das infecções pelo HIV (LUZ e FERNANDES, 2008).
Faz-se necessário compreender o comportamento dos adolescentes no
contexto de sua sexualidade, para que estratégias sejam lançadas no âmbito saúdeeducação. A população jovem deve ser colocada prioritariamente nas discussões
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sobre políticas de saúde e educação, haja vista que a DST/AIDS é uma problema de
saúde pública.
METODOLOGIA
Essa pesquisa integra um estudo mais abrangente aprovado no Programa de
Incentivo Básico à Iniciação Científica (PIBIC) da Faculdade Vértice – Univértix,
fomentado pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG).
Trata-se de um estudo do tipo descritivo, com abordagem quantitativa.
Segundo Gressler (2004), a pesquisa descritiva é utilizada para descrever certos
fenômenos existentes, situações e eventos presentes, identificando problemas e
justificando condições a fim de comparar e avaliar o que os outros estão
desenvolvendo em situações para futuros planos e decisões.
O estudo está sendo realizado em uma escola pública situada no município
de Matipó que possui a estimativa populacional de 17.639 habitantes em 2010. E as
principais atividades econômicas são a produção de café, o comércio e empresas no
ramo de minerioduto (IBGE, 2010).
A escola onde está sendo realizada a pesquisa está inserida em um bairro,
cuja população é carente, onde uma grande parcela dos adolescentes não possui
ocupação para o tempo ocioso que possuem, os pais em sua maioria trabalham o
dia todo e em um contexto geral todos tem pouco acesso a informação, isso afirma o
que alguns autores dizem a respeito das DST/AIDS estarem ligadas a falta de
informação.
A escola selecionada atende em média 800 alunos que se dividem entre o
turno da manhã, tarde e noite, o horário basicamente de atendimento a adolescentes
e jovens é manhã e noite. Portanto, os questionários serão aplicados no turno da
manhã e noite, a todas as turmas de ensino médio, que totalizam 6 turmas com uma
média de 30 alunos em cada.
A coleta de dados foi iniciada no mês de agosto de 2012, na própria escola.
Onde foi utilizado um questionário auto-aplicativo, com questões que abordam vida
sexual, formas de transmissão de DST, uso de preservativos, entre outros. O
questionário utilizado foi retirado de um projeto do Ministério da saúde intitulado: Eu
preciso fazer o teste do HIV/AIDS. A tabulação dos dados foi feita através de cores
que foram divididas em três grupos: verde (pouco vulnerável), amarelo (vulnerável) e
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azul (muito vulnerável), sendo que cada cor representa o grau de vulnerabilidade e
de conhecimento dos alunos, tabulação essa que já é feita no momento da resposta
ao questionário, pois o mesmo é colorido e permite ao aluno saber em qual grupo se
encaixa.
Os sujeitos da pesquisa serão informados dos objetivos do estudo e a
participação será concretizada mediante assinatura do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido. Este seguirá as especificações da Lei 196/96, que trata de
pesquisa envolvendo seres humanos, resguardando-lhe o anonimato e autonomia
de recusar-se ou desistir de fazer parte da amostra do estudo (CONSELHO
NACIONAL DE SAÚDE, 1996).
Os dados estão sendo processados no Microsoft Excel e analisados através
de estatística descritiva. Os resultados serão expressos em tabelas de frequência e
gráficos, que orientarão a discussão dos resultados.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Foram avaliados até agora apenas 14,13% dos alunos do ensino médio,
sendo 17 meninas e 09 meninos, com faixa etária entre 15 a 21 anos todos
pertencentes ao 2º ano do ensino médio.
Em razão de o questionário ser auto-aplicativo tem-se a possibilidade de parte
dos alunos terem faltado com a verdade, segundo Façanha et al.(2004) questões
como relações sexuais anteriores, DST, são passíveis de serem negadas
principalmente pelas meninas e os rapazes ao contrário podem aumentar a
frequência de relações sexuais e o início dessa atividade.
Segundo Villela e Doreto (2006) a vulnerabilidade pode ser vista como o
produto da interação entre características do indivíduo como cognição, afeto,
psiquismo e estruturas sociais de desigualdade como gênero, classe e raça,
determinando acessos, oportunidades e produzindo sentidos para o sujeito sobre ele
mesmo e o mundo.
Como mostra a figura 1 foi encontrado o maior percentual no grupo verde com
78,05%, o amarelo 19,16% e o azul respectivamente com 2,79%. A alta
porcentagem do grupo verde representa que o grau de conhecimento e
vulnerabilidade dos alunos é baixo, mostrando que na sociedade contemporânea a
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escola tem sido o espaço privilegiado para a aquisição de habilidades cognitivas e
sociais, onde crianças e jovens podem recriar a si e ao mundo, reduzindo assim a
sua vulnerabilidade social e física (VILLELA E DORETO, 2006).
Figura 1: Grau de vulnerabilidade dos adolescentes as DSTs.
O exercício da sexualidade na adolescência ou na juventude poderá constituir
risco de grau variável para o comprometimento do projeto de vida e até da própria
vida, bastando para isto lembrar consequências como a gravidez precoce, o aborto,
as DST/AIDS, por isso os 19,16% que representam a cor amarela ainda deixam
preocupação quanto as escolhas dos adolescentes e jovens que estão vivendo
novas experiências, tendo pouco conhecimento quanto a prática do sexo seguro.
Segundo Luz e Fernandes Júnior, 2008 a sexualidade é a dimensão do ser
humano que envolve gênero, identidade, orientação, fantasia, desejo, erotismo,
envolvimento emocional, crenças, atitudes, valores, atividades, práticas, papéis,
relacionamentos, contracepção e, notadamente, saúde sexual e reprodutiva por isso
é tão importante que ao longo dessa descoberta os adolescentes e jovens tenham
uma ajuda tanto da escola quanto do sistema de saúde para que não esbarrem
em
situações indesejadas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante os dados colhidos até o momento foi percebido que a maior parte do
grupo dos entrevistados se enquadra no grupo verde (Pouco Vulnerável), que não
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possuem condutas que podem expor os mesmos a uma DST/AIDS, mas como foi
dito ao início do estudo, sendo o questionário auto-aplicativo corre-se risco de que
os adolescentes tenham faltado com a verdade. Mas diante do alto grau de
conhecimento dos mesmos coloca a todos os profissionais mais tranqüilos, pois se
eles se enquadram no pouco vulnerável quer dizer que os trabalhos realizados tem
dado resultado positivo.
Pode ser percebido que ainda existe uma pequena porcentagem que está
alocado no grupo amarelo que quer dizer comportamento vulnerável e é esse grupo
que tem a necessidade de ser alcançado, pois mesmo sabendo do risco que correm
ainda tem comportamento pouco aceitável.
Portanto com os dados parciais encontrados no trabalho é possível ver como
é de grande importância os trabalhos de educação em saúde realizado pelos
profissionais de saúde e pelos educadores e que o bate-papo é ponto chave para a
abordagem dessa faixa etária.
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Doenças Sexualmente Transmissíveis: subsídios para prevenção. Acta Paul
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Humanos. Disponível em: http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/reso_96.htm.
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FAÇANHA, Mônica C., et al. Conhecimento sobre reprodução e sexo seguro de
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– CE, v.16, 02, p.5-9, 2004.
GRESSLER, Lori Alice. Introdução à pesquisa: projetos e relatórios. Revista Atual,
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VILLELA, Wilza Vieira, DORETO, Daniella Tech. Sobre a experiência sexual dos
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BENEFÍCIOS DE UM PROGRAMA DE ATIVIDADES FÍSICAS PARA A TERCEIRA
IDADE EM UMA CIDADE DA ZONA DA MATA MINEIRA
Fabrício Ferreira de Abreu e José Cyro dos Santos Miranda - Licenciados em
Educação Física. Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Pedagogia e Educação Física.
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e coordenadora de Extensão
na Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Ana Ligia de Souza Pereira. Graduada em Enfermagem, Especialista em
Estomaterapia. Professora e Coordenadora do curso de enfermagem da Faculdade
Vértice UNIVÉRTIX.
Fernanda Cristina Ferrari - Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências
Farmacêuticas Professora e Coordenadora do curso de Farmácia da Faculdade
Vértice UNIVÉRTIX
Renata Aparecida Fontes – Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises
Clínicas, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX
[email protected]
RESUMO
A terceira idade inicia-se aos 60 anos, como estabelecido pela Organização
Mundial de Saúde (OMS). Existem fatores que podem preconizar a velhice,
acelerando ou retardando as doenças e os sintomas da idade madura. Com isso, a
relação entre atividade física, saúde e envelhecimento vem sendo cada vez mais
discutida. Atualmente existe um consenso entre os profissionais de saúde de que a
atividade física é um fator determinante no processo de envelhecimento saudável.
Dessa forma, o objetivo desta pesquisa foi avaliar os benefícios de um programa de
atividade física na terceira idade, e assim, contribuir para aumentar o incentivo à
criação e apoio a programas de atividades físicas para grupos especiais como os
hipertensos. Tratou-se de uma pesquisa descritiva com abordagem quantitativa
realizada com um grupo da terceira idade da cidade de Abre Campo – MG, que
pratica atividade física. Os participantes foram abordados quanto ao estilo de vida,
dados socioeconômicos, aspectos relacionados à hipertensão e a prática de
atividade física. Os resultados revelaram que 76,6% dos participantes possuíam um
nível de PA acima de 120/80 mm/Hg antes de começar participar do programa.
Quando estes resultados foram comparados com os níveis de PA atuais observouse que apenas 36,7% dos investigados apresentavam PA superior a 120/80 mm/Hg.
Assim, é possível referir que atividades físicas influenciam no controle da pressão
arterial e consequentemente para uma melhor qualidade de vida.
PALAVRAS-CHAVE: Atividade física, Hipertensão arterial, Envelhecimento.
INTRODUÇÃO
Atualmente é possível perceber inúmeras mudanças que ocorreram quanto à
incidência e à prevalência das doenças no Brasil. O alto índice de mortalidade
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historicamente relacionado a diversas doenças tem decrescido, enquanto a
expectativa de vida dos brasileiros aumentada (DELL’ACQUA et al. 1997).
Entre as doenças mais prevalentes da atualidade está a Hipertensão Arterial
Sistêmica (HAS). Esta, atualmente corresponde a um dos principais problemas de
saúde pública mundial, por isso, tem sido alvo de pesquisa por diversos
estudiosos. (SILVA e FARIAS JÚNIOR, 2007).
A HAS atualmente representa uma das principais patologias responsáveis
pela alta morbidade cardiovascular no Brasil. Pesquisas demonstram que,
dependendo da região do Brasil, de 22% a 44% da população urbana adulta é
portadora dessa doença (MION et al., 2004).Além disso, a alta prevalência desta
doença contribui para diminuição da expectativa de vida, pois ocasiona diversas
alterações morfofuncionais, sendo as mais importantes a insuficiência cardíaca,
comprometimento cerebral e renal (DELL’ACQUA et al. 1997).
Segundo Hernandes e Barros (2004) o envelhecimento populacional é outro
fenômeno mundial, assim, torna-se um grande desafio deste processo a
conservação das atividades fisiológicas em bom funcionamento.
A terceira idade é estabelecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS)
como iniciando aos 60 anos. No entanto, esta é uma idade instituída para efeito
de pesquisa, já que o processo de envelhecimento depende principalmente de
três fatores principais: biológico, psíquico e social. São estes fatores que podem
preconizar a velhice, acelerando ou retardando as doenças e os sintomas da
idade madura.Com isso, a relação entre atividade física, saúde e envelhecimento
vem sendo cada vez mais discutida e analisada cientificamente (HERNANDES e
BARROS 2004). Contudo, atualmente já existe um consenso entre os
profissionais de saúde de que a atividade física é um fator determinante no
processo de envelhecimento saudável. (MATSUDO; MATSUDO e NETO, citado
por TAKAHASHI (2004).
A prática de exercícios prescritos de maneira correta e orientada
desempenha importante papel na prevenção, conservação e recuperação da
capacidade funcional dos indivíduos, repercutindo positivamente na saúde e
retardando o aparecimento de complicações e melhorando seu bem estar
(GUEDES e GUEDES, 1995)
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Diversos autores têm procurado apontar alterações decorrentes do processo
de envelhecimento, bem como as implicações dessas alterações, na elaboração e
supervisão dos programas de exercícios físicos. Esta programação deve ser
adaptada de modo subjetivo visando atingir anseios, necessidades, condições
físicas, trocas de informações e conhecimentos, fatores estes que favorecem o
alcance dos objetivos propostos e a melhor condução das atividades.
(HERNANDES e BARROS, 2004).
O tratamento da HAS consiste em terapia medicamentosa adequada, terapia
não-farmacológico (FUCHS et al., 1993). Pesquisas recentes evidenciam que as
práticas não-medicamentosas, como os exercícios físicos e dieta, devem ser a
estratégia inicial para o tratamento de indivíduos com sobrepeso e hipertensão
leve a moderada. Além disso, demonstram que mudanças nos hábitos de
repercutem diretamente na redução significativa da pressão arterial em indivíduos
(ARROL et al., 1992; GRASSI et al., 1994; DÓREA EL e LOTUFO et al., 2004).
As pesquisas demonstram ainda que a atividade física constante traz
benefícios incontestáveis para o prolongamento dos anos de vida com melhor
qualidade. Fisiologicamente, o idoso tem perda de até 5% da capacidade física a
cada dez anos e pode recuperar 10% através de atividades físicas adequadas.
Estas atividades também atuam como antidepressivos, sendo benéficos para
todas as idades e sexo (IRIGOYEN et al, 2003). Desse modo Marques citado por
Takahashi (2004) ressalta, que mesmo com uma redução da capacidade de
desenvolvimento das atividades diárias com o avanço da idade, a atividade física
e o treino podem contrabalançar estas alterações.
Com isso, o presente estudo teve como objetivo avaliar os benefícios da
atividade física, na qualidade de vida e na pressão arterial de pacientes
participantes de um programa de atividade física da cidade Abre Campo MG.
Desta forma, será possível uma melhor elaboração de programas de atividade
física a essa faixa etária, além de contribuir para aumentar o incentivo para a
criação e apoio a programas de atividades físicas para grupos especiais como os
hipertensos.
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A HAS é uma doença crônica que pode ser influenciada por fatores
inerentes ao indivíduo, como por exemplo, sua aceitação da doença, controle e
conhecimento desta. Um paciente hipertenso é aquele que possui pressão arterial
sistólica maior que 160mmHg e diastólica maior que 96mmHg. No entanto, existem
pacientes com valores limítrofes, ou seja, possuem a pressão arterial sistólica entre
140 e 160mmHg e diastólico entre 90 e 95mmHg (PESSUTO e CARVALHO, 2008).
Segundo Dell’acqua et al,(1997), existem fatores determinantes para o
desenvolvimento desta doença: genética, idade, raça e gênero, obesidade,
alimentação rica em sal e gorduras, estresse, utilização de anticoncepcionais, álcool.
A HAS não possui cura e o seu controle é indispensável para diminuição da
mobi-mortalidade por doenças relacionadas à manutenção dos níveis pressóricos
elevados. (BISI MOLINA et al, 2003).
Sendo a HAS uma doença multifatorial que atinge diversos grupos
populacionais torna-se imprescindível identificar fatores de risco associados e os
resultados das intervenções realizadas no controle dos níveis pressóricos
(PESSUTO e CARVALHO, 2008).
A realização de exercícios físicos é uma das principais terapias não
medicamentosas utilizadas para manutenção da normalidade dos níveis pressóricos
(ARROL et al., 1992; GRASSI et al., 1994; DÓREA EL e LOTUFO et al., 2004). A
prática regular ocasiona diversas adaptações do organismo, entre elas as
hemodinâmicas,
que
influenciam
diretamente
o
sistema
cardiovascular
e
conseqüentemente a pressão arterial (RONDON e BRUM, 2003). Durante o
exercício físico o organismo sofre adaptações com o objetivo de atender às
demandas aumentadas. Com o decorrer do tempo essas adaptações vão evoluindo
permitindo assim que o organismo melhore seu desempenho. Contudo, os
processos fisiológicos e metabólicos tornam-se cada vez mais otimizados e assim,
os mecanismo que controlam a pressão arterial pós-treino físico, que se relacionam
a fatores hemodinâmicos, humorais e neurais conseguem controlar a pressão em
um patamar mais baixo. (WILMORE e COSTILL, 2003; NEGRÃO et al. 2001)
Nesse sentido, Stella, Corazza e Costa (2002), realizaram um estudo para
demonstrar administração pública a importância da atividade física para a terceira
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idade. Os autores conseguiram explicitar através de uma revisão bibliográfica as
alterações sofridas com o processo de envelhecimento e os benefícios que a
atividade física pode trazer para esta população. Os resultados reforçam que o
exercício físico é um importante fator e deve ser incentivado e apoiado pelas
entidades públicas.
Chaimowics
(1997)
também
realizou
um
estudo
para
analisar
as
características atuais e as perspectivas dos processos de transição demográfica e
epidemiológica no Brasil. Foram utilizados os dados do censo demográfico de 1991
e 1996 e de recentes estudos sobre o perfil sócio econômico e de saúde do idoso de
três grandes capitais brasileiras. Os resultados demonstraram que é imprescindível o
investimento em ações preventivas, e que devem ser coordenadas dentro das
Unidades Básicas de Saúde (UBS) priorizando as necessidades locais e visando o
bem estar psicológico físico e social.
Irigoyen et al. (2003) realizou uma análise sobre os efeitos do exercício agudo
e crônico em diferentes disfunções fisiológicas da população. Os autores
demonstraram que é possível o controle e redução do risco de diabetes mellitus
(DM) e da hipertensão arterial sistêmica (HAS) através de dieta e exercícios físicos,
assim como reduzir os riscos de complicações micro e macro vasculares em
pacientes com DM e HAS através do controle glicêmico e redução dos níveis
pressóricos.
Krinski et al.(2006), procurou mostrar os efeitos causados pela prática regular
da atividade física em portadores de hipertensão arterial sistêmica. Os resultados
demonstraram que um programa regular de exercícios físicos de intensidade leve e
moderada possui efeitos positivos na redução da pressão arterial, diminuição do
débito cardíaco e da resistência vascular periférica, aumentando o metabolismo
basal, ajudando na perda de peso, além do controle, auxiliando no tratamento e na
redução do risco de desenvolver a hipertensão arterial sistêmica.
Mota et al (2006), comparando a qualidade de vida entre participantes e de
não participantes de programas de atividades físicas observaram que a participação
em programas de atividades físicas contribui indiscutivelmente para uma melhora na
qualidade de vida relacionado com a saúde.
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Portanto, os diversos trabalhos verificados demonstram os benefícios que a
atividade física pode trazer as pessoas da terceira idade. Estes estudos apontam
que a atividade física deve ser usada no tratamento e manutenção da saúde dos
indivíduos desta faixa etária. No entanto, antes de iniciar qualquer a atividade é
recomendado uma avaliação clínica para que o exercício seja realizado de forma
segura (MATSUDO; MATSUDO e NETO; 2001). Este fato revela a necessidade de
atualização constante dos profissionais de Educação Física para a prescrição de
exercícios para esta população, que pode ser considerada especial devido às
limitações geradas pela idade.
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa de natureza descritiva, com abordagem
quantitativa. Segundo Rodrigues (2007), nesse tipo de pesquisa existe padronização
quanto à coleta de dados e análise sem ocorrer interferência do pesquisador. São
utilizados métodos estatísticos que revelam em números os resultados obtidos.
O estudo foi realizado na cidade de Abre Campo, localizada na Zona da Mata
do Estado de Minas Gerais. Com cerca de 470 quilômetros quadrados de área
possui população de 13.311 habitantes e tem como principal fonte de renda a
cafeicultura e a agropecuária (IBGE, 2011).
A população do estudo constitui-se de um grupo de pacientes hipertensos da
referida cidade que participam de um grupo que estimula a prática atividades físicas.
A pesquisa foi realizada no mês de setembro de 2011. Para obtenção dos
dados foi aplicado um questionário padronizado (ANEXO), abordando o estilo de
vida, dados socioeconômicos, aspectos relacionados à hipertensão e a prática de
atividade física, valores de pressão arterial (PA) de quando entraram no grupo e
aferição atual da PA e medidas de peso que altura que permitem o cálculo do Índice
de Massa Corpórea (IMC) dos investigados.
Os sujeitos da pesquisa foram informados dos objetivos do estudo e a
participação foi concretizada mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido (TCLE). Este seguiu as especificações da Lei 196/96, que trata de
pesquisa envolvendo seres humanos, resguardando-lhe o anonimato e autonomia
de recusar-se ou desistir de fazer parte da amostra do estudo.
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Após a coleta de dados, estes foram processados no Microsoft Excel, através
de estatística descritiva.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Caracterizações da população em Estudo
A Tabela 1 apresenta a descrição das características sócio-demográficas da
população referida. Foram coletadas informações de 30 idosos os resultados obtidos
mostram que 96,7% pertencem ao gênero feminino e 3,3% ao masculino.
A faixa etária predominante é considerada a terceira idade, segundo a
Organização Mundial de Saúde (OMS), sendo 70 anos ou mais (46,7%), seguida de
60 a 69 anos (36,7%). A grande maioria dos idosos entrevistados, cerca de 70%,
não possui relação conjugal, ou seja, são viúvos (56,7%), solteiros (3,3%) ou
divorciados (10%) (Tabela 1).
Tabela 1: Características sócio demográficas referidas pela população investigada Abre Campo,
2011.
Característica
Gênero
Masculino
Feminino
Faixa etária
40 – 59
60 – 79
70 ou mais
Estado Civil
Solteiro
Casado
Viúvo
Divorciado
N=30
%
1
29
3,3
96,7
5
11
14
16,7
36,7
46,7
1
9
17
3
3,3
30
56,7
10
Atividades físicas
A atividade física regular traz benefícios diversos à saúde, existem evidências
cientificas que comprovam os benefícios dos exercícios na população idosa, entre
eles estão: melhoria do seu bem-estar geral, melhoria na saúde física e psicológica,
contribuição no controle e condições especificas como obesidade e hipertensão
(GOBBI, 1997).
De acordo com a Figura 1, cerca de 60% dos idosos que praticam atividade
física fazem 2 vezes por semana o que pode ser considerado aquém do desejado
para o condicionamento físico.
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Em homens e mulheres de 50 a 69 anos de idade, encontraram que os níveis
atualmente recomendados de atividade física (cinco ou mais vezes e 3,5 horas ou
mais por semana) foram associados com menor prevalência de fatores de risco para
doenças cardiovasculares como hipertensão arterial e aumento do índice de massa
corporal (MATSUDO, 2001).
Figura 1:Freqüência de Atividade Física referida pelos idosos,Abre Campo 2011.
A população investigada referiu que após ter iniciado o programa notaram
melhorias em suas vidas, com destaque para a percepção de melhor disposição
para as atividades diárias (36,5%) (Figura 2). Participar de um programa efetivo de
atividade física aumenta e melhora a capacidade funcional, a função cognitiva, alivia
os sintomas de depressão como também estimula à auto-imagem e a
auto−eficiência. (ARAGÃO, 2002).
Figura 2:Melhorias na qualidade de vida referidas pelos idosos,Abre Campo 2011.
Níveis de IMC (Índice de Massa Corporal)
A avaliação do IMC da população investigada demonstrou que 56,6%, 17 dos
30 participantes estão na faixa de sobrepeso com um IMC entre 25 a 29,9 conforme
a tabela do OMS (Organização Mundial de Saúde) (FIGURA 3). A prevalência de
obesidade e de sobrepeso crescente entre indivíduos acima de 60 anos produz
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conseqüências adversas para a saúde, como aumento do risco de doenças crônicas
não transmissíveis e o aumento da mortalidade. (FERREIRA et.al.2003).
Figura 3: IMC calculado da população referida,Abre Campo 2011.
Níveis de pressão arterial (PA)
O tratamento da Hipertensão Arterial Sistêmica consiste em terapia
medicamentosa adequada, terapia não-medicamentosa (FUCHS et al., 1993).
Pesquisas recentes evidenciam que as práticas não-medicamentosas, como os
exercícios físicos e a dieta,devem ser a estratégia inicial para o tratamento de
indivíduos com sobre peso e hipertensão leve e moderada. (ARROL et al., 1992;
GRASSI et al., 1994; DÓREA EL e LOTUFO et al., 2004).
Para análise da PA, esta foi aferida no dia da coleta de dados e comparadas
com os dados obtidos de cada participante no início do programa há três anos. Com
o objetivo de facilitar a avaliação estas foram agrupadas em acima de 120/80
mm/Hg e abaixo de 120/80 mm/Hg, onde a Tabela 2 nos demonstra melhorias nos
níveis da PA.
Observou-se que 76,6% dos participantes possuem um nível de PA acima de
120/80 mm/Hg antes de começar participar do programa. Quando estes resultados
foram comparados com os níveis de PA atuais observou-se que apenas 36,7% dos
investigados apresentavam PA superior a 120/80 mm/Hg.
Tabela 2: Níveis de PA da população investigada a 3 anos atrás e atual, Abre Campo 2011.
Antes
Depois
Pressão Arterial
N=30
%
N=30
%
Abaixo de 120/80mmHg
7
23,3
19
63,3
Acima de 120/80mmHg
23
76,6
11
36,7
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De fato a literatura tem demonstrado o efeito hipotensor do exercício em
pacientes hipertensos e que o treinamento físico é capaz de diminuir a pressão
arterial em pacientes hipertensos. (TAYLOR-TOLBERT, DENGEL e BROWN,
2000).
Se por um lado existem poucas dúvidas sobre o efeito hipotensor do exercício
físico, por outro os mecanismos responsáveis por essa queda da pressão arterial
ainda são bastante discutidos e alvo de investigações. Um dos mecanismos
possíveis para explicar a diminuição na pressão arterial com o treinamento físico é a
diminuição da resistência vascular periférica, a qual está relacionada à diminuição
na atividade nervosa simpática (RONDON e BRUM, 2003).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através deste estudo pode-se perceber a importância da atividade física na
qualidade de vida. A prática regular juntamente com a adoção de um estilo de vida
saudável é necessária para a promoção da saúde principalmente durante o
processo de envelhecimento. Com isso, deve ser estimulada não somente no idoso,
mas também em todas as faixas etárias.
Os resultados encontrados contribuem para o fortalecimento da relação
positiva entre a prática de atividade física e a melhoria em capacidades físicas e
funcionais, contribuindo de maneira fundamental na manutenção da independência
que constitui num dos mais importantes fatores de qualidade de vida na terceira
idade. Contudo, os dados observados neste trabalho são apenas indícios da
contribuição da atividade física para o controle da PA. Estudos mais conclusivos
devem ser realizados para efetivar esta comprovação, levando em consideração a
heterogeneidade de fatores que influenciam na PA.
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ATIVIDADE FÍSICA PARA O DIABETES MELLITUS: IMPLICAÇÕES PARA O
GRUPO DE DIABÉTICOS DA ESTRATÉGIA DA SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF) DE
ABRE CAMPO-MG
Rita de Cássia dos Santos Miranda- Licenciada em Educação Física. Faculdade
Vértice - UNIVÉRTIX
Kelly Aparecida do Nascimento – Graduada em Pedagogia e Educação Física.
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Professora e coordenadora de Extensão
na Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Ana Ligia de Souza Pereira. Graduada em Enfermagem, Especialista em
Estomaterapia. Professora e Coordenadora do curso de enfermagem da Faculdade
Vértice UNIVÉRTIX.
Fernanda Cristina Ferrari - Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências
Farmacêuticas Professora e Coordenadora do curso de Farmácia da Faculdade
Vértice UNIVÉRTIX
Renata Aparecida Fontes – Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises
Clínicas, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX
[email protected]
RESUMO
O Diabetes Mellitus (DM) é um distúrbio do metabolismo de carboidratos que
apresenta, entre outras manifestações, a hiperglicemia contínua ou intermitente. O
DM tipo 1 tem como causa primária a destruição auto-imune das células beta
pancreáticas, responsáveis pela produção de insulina, ao passo que a causa do DM
tipo 2 é a resistência das células alvo à insulina.O tratamento não-medicamentoso
com dieta e exercícios físicos tem sido amplamente recomendado para que o
diabético mantenha valores glicêmicos normais. O objetivo deste trabalho foi
verificar o nível de atividade física dos diabéticos da Estratégia Saúde da Família
(ESF) de Abre Campo -MG. O estudo foi realizado por pesquisa descritiva, com 32
participantes cadastrados no programa de Estratégia da Família da cidade de Abre
Campo, que responderam a um questionário previamente padronizado.
Os
resultados indicaram que 31,3% (10) dos diabéticos são do tipo 1 e 62,5% (20) do
tipo 2 e a maior parte deles referiram fazer uso de hipoglicemiantes. O conjunto de
dados obtidos nesta investigação aponta que, 62,5% portadores de DM avaliados
são pouco ativos. Este é um dado preocupante diante da importância da prática de
exercícios físicos pelo paciente diabético.
PALAVRAS-CHAVE: Diabetes
Estratégia Saúde da Família
mellitus;
exercícios
físicos;
atividade
física;
INTRODUÇÃO
O Diabetes Mellitus (DM) é um distúrbio do metabolismo de carboidratos que
apresenta, entre outras manifestações, a hiperglicemia contínua ou intermitente. O
DM tipo 1 tem como causa primária a destruição auto-imune das células beta
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pancreáticas, responsáveis pela produção de insulina, ao passo que a causa do DM
tipo 2 é a resistência das células alvo à insulina (GAYTON e HALL, 2002).
Cerca de 5% da população total do mundo é diabética, e este número vem
crescendo assustadoramente com o decorrer do tempo. Estima-se que em 2025
existirão cerca de 200 milhões de portadores de DM, com isso, esta doença já está
sendo considerada a epidemia do século (IDF, 2000; MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2001, WHO-WRP, 2001 citado por DULLIUS e LOPEZ, 2003). O tratamento mais
comum
para
consiste
hipoglicemiantes orais.
na
utilização
de
medicamentos,
como
insulina
e
Dessa forma, os pacientes podem manter os níveis
glicêmicos em valores próximos à normalidade e assim, reduzir as complicações
advindas da hiperglicemia contínua (DULLIUS e LOPEZ, 2003).
Irigoyen et al. (2003), sugere que o exercício físico juntamente com o
tratamento farmacológico, tem sido considerado como uma das principais
abordagens no tratamento do DM. A atividade física orientada é parte essencial do
tratamento da DM e traz inúmeros benefícios ao praticante, contudo deve ser
prescrita e acompanhada por profissional qualificado com conhecimento sobre
fisiopatologia da diabetes, além de entender bem sobre a fisiologia do exercício em
grupos especiais (DULLIUS e LOPEZ, 2003). Com isso, o tratamento nãomedicamentoso, com dieta e exercícios físicos, tem sido amplamente recomendado,
já que associado ao tratamento medicamentoso contribui para que o diabético
consiga manter os valores glicêmicos normais.
Para Mercuri e Arrecha (2001), o ajuste na prescrição do exercício é muito
mais eficaz se os esforços forem bem coordenados pelo paciente, família, médico e
sua equipe de colaboradores. Com isso, a educação em diabetes permite ao
paciente combinar corretamente dieta dosagem de insulina e hipoglicemiantes e
assim, minimizar os riscos de hipoglicemia e ou hiperglicemia pós-exercício.
Além desses fatores, o exercício físico, quando bem orientado e ajustado,
torna-se um tratamento mais econômico que os convencionais, e ainda são práticas
saudáveis, sem efeitos colaterais negativos. Ainda oferecem o benefício de diminuir
o consumo de medicamentos e minimizar complicações como cardiomiopatia
diabética durante o desenvolvimento da doença, melhorando o quadro clínico do
paciente (DULLIUS e LOPEZ, 2003).
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As melhorias desencadeadas pelo exercício físico regular devem-se
principalmente pelo aumento a captação de glicose pela musculatura esquelética o
que sugere redução dos níveis glicêmicos e melhora no controle metabólico da
doença (HAYASHI et al. 1997). Essa prática, além dos inúmeros benefícios em
relação à doença, proporciona aumento da força e da resistência física interferindo
diretamente na capacidade de desenvolver tarefas diárias (CREPALDI, SAVALL e
FIAMONCINI, 2005)
Diante do exposto, a questão norteadora da pesquisa é: qual o nível de
atividade física dos diabéticos da Estratégia Saúde da Família (ESF) de Abre
Campo-MG? Assim, objetivo será verificar o nível de atividade física dos diabéticos
da Estratégia Saúde da Família (ESF) de Abre Campo-MG.
Trabalhos como este permitem a conscientização e envolvimento cada vez
maior dos profissionais de educação Física na prescrição de exercícios adequados
para os portadores do DM e desta forma colaborar para melhoria qualidade de vida
deste grupo de pacientes. Assim, estes profissionais tornar-se-ão cada dia mais,
agentes fundamentais do cuidado.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A atividade física pode ser entendida como qualquer movimento corporal
produzido pelos músculos esqueléticos que resulta em gasto energético maior que
os níveis de repouso, esta pode ser alcançada com movimentos corporais da vida
diária, como caminhar para o trabalho, subir escada, dançar e bem como atividades
de lazer e não é necessário o acompanhamento de um Educador Físico para a
realização das mesmas (BARRETTA, 2005).
Já o exercício físico é definido como toda atividade física planejada
estruturada e repetitiva que tem como objetivo a melhoria e a manutenção da
aptidão física, atividades em que seja estabelecida frequências, duração,
intensidade de atividade a ser realizada e que tenha como objetivo a melhora ou a
manutenção da aptidão física (BARRETA, 2005). Sendo assim este trabalho
considerou tanto a prática de atividades físicas quanto a de exercícios físicos para o
controle do DM.
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O DM é um distúrbio do metabolismo de carboidratos que apresenta entre
outras manifestações a hiperglicemia, contínua ou intermitente. O DM tipo I tem
como causa primária a destruição auto-imune das células beta pancreáticas,
responsáveis pela produção de insulina, ao passo que a causa do DM tipo II tem
como causa a resistência das células alvo à insulina (AIRES, 2008). Os principais
sintomas apresentados pelos indivíduos são: polifagia, poliúria, polidpsia e
emagrecimento rápido. O diagnóstico é confirmado laboratorialmente, através de
análise da glicemia de jejum, teste oral de tolerância à glicose, quantificação da
hemoglobina glicosilada, glicemia pós-parndial entre outros (AIRES, 2004).
A hiperglicemia crônica advinda dessa patologia causa alterações funcionais,
estruturais e metabólicas em diferentes órgãos. O tratamento medicamentoso com
insulina (DM tipo 1 e algumas situações da DM tipo2) e hipoglicemiantes orais (DM
tipo 2) tem sido amplamente utilizado a fim de promover o controle glicêmico e
minimizar as disfunções causadas pela hiperglicemia. Por outro lado, lado,
intervenções não-medicamentosas como exercício físico e dietas tem sido indicados
como
procedimentos
decorrentes
do
capazes
diabetes
e
de
minimizar
reduzir
a
as
complicações
progressão
da
metabólicas
doença,
além
da
morbimortalidade em pacientes portadores de tal patologia (AIRES, 2008).
Assim, a atividade física tem sido recomendada como tratamento não
farmacológico no controle do DM visando minimizar as alterações estruturais e
funcionais nos órgãos afetados pela doença. Assim, sugere-se que a atividade física
regular seja prescrita de forma a promover benefícios fisiológicos nos indivíduos
diabéticos. Os benefícios da atividade física na função cardíaca de diabéticos
incluem maior oxidação de glicose, aumento do volume de ejeção, do débito
cardíaco e da extração de oxigênio, redução da pressão arterial e da viscosidade
sanguínea, melhora na sensibilidade dos baroreflexos, na variabilidade da
freqüência cardíaca, na extensibilidade e desempenho do miocárdio, dentre outros
(ALBRIGHT et al.; 2000; LOGANATHAN et al.; 2007). Os benefícios ocasionados
pela prática de atividades físicas que geram a diminuição da glicose circulante
advêm de uma maior captação da glicose pelo músculo ( CREPALDI, SAVALL e
FIAMONCINI, 2005).
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Com relação a programas de exercícios físicos para diabéticos, Savall e
Fiamoncini (2005) descrevem que antes de serem iniciados, os portadores da
doença devem passar por uma avaliação médica detalhada com métodos de
diagnósticos adequados. Considerar estava avaliação geral é fundamental, pois a
resposta aos exercícios é influenciada pelo estado metabólico dos indivíduos. Outro
fator importante é a terapia medicamentosa utilizada, pois indivíduos que utilizam
insulina ou hipoglicemiantes orais necessitam de orientação quanto à hora de
administração dos medicamentos e o momento de realização da atividade física (
CREPALDI, SAVALL e FIAMONCINI, 2005).
Para Vancini e Lira (2004), devem ser observados também os objetivos de
cada paciente, pois o tipo de atividade física é importante para motivar os indivíduos
diabéticos a iniciarem um programa de atividade física e permanecer nele por toda
vida. Programas de atividade física para indivíduos com DM sem complicações ou
limitações significativas devem incluir exercícios aeróbios e resistidos para
desenvolver e manter a aptidão cardiorrespiratória a composição corporal, a força
muscular e a resistência muscular. Assim, o melhor tipo de exercício a ser
recomendado é aquele que permita um bom controle da intensidade, ser facilmente
mantido e requerer pouca habilidade. Ainda dentro deste contexto é importante ser
determinado um tipo de atividade que efetivamente consiga maximizar o gasto
energético já que a obesidade e os diabetes estão frequentemente associados.
A caminhada é o tipo de atividade mais comumente desempenhada pelos os
indivíduos com diabetes já que é a mais conveniente para a maioria das pessoas,
além de ser de baixo impacto. Entretanto, por causa das complicações ou condições
coexistentes tais como neuropatia periférica ou artrite degenerativa os indivíduos
com DM podem requerer tipos alternativos de atividades que não exijam
sustentação do peso corporal tais como, a natação e as atividades aquáticas em
geral ou alternar atividades que exijam sustentação do peso corporal com aqueles
que não exijam (VANCINI e LIRA, 2004).
A progressão da atividade física nestes pacientes é dependente de uma série
de fatores incluindo: a idade, a capacidade funcional, a condição clínica e médica as
preferências pessoais e os objetivos. Além do mais, mudanças na progressão
devem estar focadas sobre a frequência e duração da atividade física mais do que
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na intensidade, com o objetivo de proporcionar um nível de atividade seguro que
possa ser desempenhado sem um esforço inadequado para assim aumentar a
probabilidade de aderência ao programa de exercício e redução nas complicações
decorrentes da doença (VANCINI e LIRA, 2004).
METODOLOGIA
A presente pesquisa foi realizada na cidade de Abre Campo. Esta cidade está
localizada na Zona da Mata Mineira, possui cerca de 470 quilômetros quadrados de
área, tem como principal fonte de renda a cafeicultura e a agropecuária e apresenta
uma população de aproximadamente 13.311 habitantes sendo, 6.665 do sexo
masculino e 6.646 do sexo feminino (IBGE,2010).
O estudo foi feito através de pesquisa descritiva. Segundo Silva e Menezes
(2001), esse tipo de pesquisa visa descrever as características de determinada
população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o
uso de técnicas padronizadas de coleta de dados: questionário e observação
sistemática. Assume, em geral, a forma de levantamento.
De maneira semelhante, Cervo, Bervian e Silva (2007) acreditam que a
pesquisa descritiva favorece um estudo mais amplo e completo, em que as tarefas
de formulação clara do problema e da hipótese são tentativas de solução. Dessa
forma, primeiramente serão analisados prontuários médicos do ESF da cidade de
Abre
Campo/
MG
a
fim
de
identificar
os
pacientes
diabéticos.
A população do estudo consistiu de pacientes diabéticos cadastrados em uma
Estratégia de Saúde da Família (ESF). Estes foram informados sobre o objetivo da
pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE).
Para coleta de dados, foi utilizado um questionário que com perguntas sobre
a DM, o conhecimento do paciente sobre a doença, nível de atividade física
apresentado pelo grupo, além de informações sóciodemográficas (ANEXO 1).
Os dados coletados foram processados no programa Microsoft Office Excel
para apresentação e discussão dos resultados.
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RESULTADOS E DISCUSSÕES
O questionário foi respondido por 32 pacientes cadastrados no programa de
Estratégia da Família da cidade de Abre Campo, sendo 78% pertencentes ao gênero
feminino e 22% ao masculino. A faixa etária predominante é a de 60 a 79 anos
(40,6%). Quanto à ocupação de cada um podemos observar na Tabela1 que a
grande maioria (40,6%) refere ser domésticas.
Tabela 1: Características sócio-demográfica referidas pela população investigada, Abre Campo,
2011.
Característica
N=32
%
Gênero
Masculino
7
21,9
Feminino
25
78,1
Menos de 40 anos
2
6,3
40 – 59
10
31,3
60 – 79
13
40,6
70 ou mais
7
21,9
Aposentado
12
34,3
Doméstica
13
40,6
Outros
7
25,1
Faixa Etária
Ocupação
Em relação ao tipo de DM apresentado pela população investigada, 31,3%
declararam apresentar a DM tipo I e 62,5% a DM tipo II e a maior parte dos
investigados referiram ser portadores da doença a mais de três anos (59,3%)
(Tabela 2). O resultado encontrado é semelhante ao que se observa na
freqüentemente na literatura, Souza et. al (1997), encontrou que 78,3% dos
pacientes apresentavam DM tipo 2 e Brasileiro
et.al (2005) encontrou uma
prevalência de 94,6%.
Tabela (2): Descrição do tipo de DM e o tratamento medicamentoso utilizado pela população
investigada, Abre Campo, 2011.
Característica
N=32
%
Diabetes Mellitus
DMI
DMII
IND(1)
(1)Dados indefinidos/Sem informação
10
20
2
31,3
62,5
6,3
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Para o tratamento da DM mais de 50% da população referida (Tabela 2)
declarou fazer uso de hipoglicemiantes orais. O hipoglicemiantes orais atuam de
várias formas para contribuir para manutenção dos níveis glicêmicos (GERALDO
et.al, 2008) e estão entre as substâncias mais utilizadas no controle do DM, como
demonstrado por Araújo et.al (1999) que encontrou um frequência de utilização de
70% dessas substâncias.
Apenas 21,8% dos investigados disseram realizar uma alimentação saudável
para ajudar no controle da doença. Segundo Picinini e Frizon (2005), uma
alimentação saudável e individualizada, segundo o estilo de vida de cada um, de
alimentos diversificados é capaz de fornecer todos os nutrientes necessários ao
organismo e juntamente com o uso de medicamentos mais exercício físico é
possível manter os níveis glicêmicos e contribuir para qualidade de vida ao paciente
diabético. (FIGURA 1).
Figura 1: Medidas referidas como utilizadas pela população investigada para o controle do DM, Abre
Campo 2011.
A população referida foi questionada sobre fatores de risco, como a presença
de obesidade, existência de casos na família de DM e a não prática de atividade
física e 50% destes referiram apresentam as três características. Dentre os fatores
de risco mais importantes para o desenvolvimento e progressão do DM tipo 2
destacam-se a obesidade, e esta relaciona-se a forte evidência de resistência à
ação da insulina. Além disso, a inatividade física, fatores hereditários também
influenciam diretamente o desenvolvimento do DM tipo 2. Todos estes fatores,
exceto o componente hereditário, podem ser prevenidos com programas educativos
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de alimentação e exercício físico (ZANELLA et.al citado por ORTIZ e ZANETTI,
2000).
A partir dos dados coletados foi possível calcular o IMC do grupo investigado
e mais de 70% (FIGURA 2) apresentam sobrepeso e obesidade, sendo que 43,7%
estão com sobrepeso.
Figura 2: IMC da população investigada, Abre Campo, 2011.
Este dado é de extrema relevância, pois reflete a prática de hábitos não
saudáveis que influenciam diretamente no tratamento e controle do DM e
conseqüentemente na sobrevida dos pacientes. Um bom estilo de vida proporciona
uma qualidade de vida melhor promovendo saúde (ROQUAYROL e ALMEIDA
FILHO, 1999). Uma das principais características para levar um estilo de vida
saudável, é a prática regular de atividade física, pois esta pode contribuir para a
melhoria da qualidade de vida dos indivíduos, em razão de prevenir e diminuir
doenças, assim como algumas seqüelas deixadas por elas (ARAÚJO, 2001). Além
disso, o sobrepeso tem sido apontado como um fator que favorece a manifestação
do diabetes tipo 2, além de influenciar fatores biológicos, psicológicos e
socioeconômicos (GERALDO et. al; 2008; OLIVEIRA et.al, 2003). Atualmente existe
um consenso de que um comportamento saudável em relação ao estilo de vida deve
começar precocemente, pois só assim será possível retardar ou evitar doenças e
enfermidades que têm impedido muitas pessoas de chegar a uma idade avançada
em bom estado de saúde (CORRÊA et. al; 2003).
Os participantes foram investigados também quanto ao nível de atividade
física. Sabe-se que a atividade física é fundamental para o controle e tratamento do
DM (DULLIUS e LOPES; 2003). Desta forma, a partir de uma escala para determinar
o nível de atividade física, a população investigada foi caracterizada como
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sedentário, pouco ativo, ativo e muito ativo. Os resultados são preocupantes, pois,
mais de 90% da população investigada (FIGURA 3) estão classificados como pouco
ativos e sedentários. Este resultado é muito preocupante, pois a atividade física
deve ser estimulada a todas as pessoas, principalmente àquelas que apresentam o
DM, pois a prática contribui com diversos benefícios fisiológicos que favorecem o
controle da doença e assim, uma melhor na qualidade de vida (CIOLAC,
GUIMARÃES citado por JÚNIOR E SAYDEL, 2008).
Figura 3: Nível de atividade física da população referida Abre Campo 2011.
Ainda em relação à atividade física, Júnior e Saydel (2008) fundamentam esta
idéia reforçando que a prática regular do exercício físico por pacientes com esta
doença crônica tem a finalidade de ajudar na prevenção de complicações e no
tratamento da doença, pois contribui para o controle da glicemia, aumentando a
sensibilidade de resposta à insulina e desta forma sua ação, além de ajudar na
manutenção e perda de peso que é fator indispensável ao paciente diabético.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O conjunto de dados obtidos nesta investigação aponta que, 62,5%
portadores de DM avaliados são pouco ativos. Este é um dado preocupante diante
da importância da prática de exercícios físicos pelo paciente diabético como exposto
neste trabalho e neste sentido, a participação do Profissional de Educação Física é
fundamental, pois este possui formação e treinamento adequados para realizar uma
prescrição personalizada e atenciosa.
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Assim, conhecer o nível de atividade física nos diferentes contextos da vida
das pessoas com DM tem uma implicação importante na definição de políticas
públicas de saúde do município e no trabalho do educador físico, podendo assim,
estes parâmetros serem cuidadosamente considerados em futuros estudos. Assim,
tornam-se necessárias a realização de pesquisas sobre os motivos que influenciam
a prática ou a não prática de exercícios físicos por este grupo de pacientes para que
intervenções mais sérias sejam realizadas (PICININI e FRIZON, 2005).
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ÍNDICE DE ENTEROPARASITOSES EM UMA INSTITUIÇÃO DE ASSISTÊNCIA A
CRIANÇAS DE UMA CIDADE DA ZONA DA MATA MINEIRA
Cláudia de Fátima Fidelis e Juciara Coelho Oliveira Ângelo Queiroz –
Graduadas em Enfermagem.
Kelly Aparecida do Nascimento - Graduada em Pedagogia e Educação Física.
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Coordenadora de Extensão e
Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Renata Aparecida Fontes - Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises Clínicas,
Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice –UNIVÉRTIX
Patrícia Luísa de Araújo Mendes - Graduada em Biologia, Mestre em Botânica,
Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
[email protected]
RESUMO
As parasitoses intestinais constituem-se num grave problema de saúde
pública, sobretudo nos países do terceiro mundo, sendo um dos principais fatores
debilitantes da população. Com isso, o objetivo do presente trabalho foi verificar o
índice e predominância de parasitose em crianças de uma Instituição Assistencial de
uma cidade da Zona da Mata Mineira. Trata-se de uma pesquisa descritiva,
realizada através de coleta de material para análise com as crianças presentes na
Instituição. O presente estudo apresentou um alto índice de verminoses encontradas
nas crianças presentes na Instituição, uma vez que 87% das crianças encontram-se
contaminadas. A predominância da parasitose intestinal Entamoeba histolytica é de
50% em seguida com 31% Ascaris lumbricóides e com 19% Entamoeba coli.
PALAVRAS-CHAVE: Enteroparasitoses; crianças; saúde pública.
INTRODUÇÃO
A doença parasitária ocorre em consequência de um desequilíbrio entre
hospedeiro e parasito. O grau de intensidade da doença depende de vários fatores,
entre eles: a idade, o estado nutricional do hospedeiro, o número de formas
infectantes presentes, a virulência da cepa, a associação de um parasito com outras
espécies e o grau da resposta imune ou inflamatória desencadeada (NEVES et al.,
2005).
De acordo com Cimerman e Cimerman (2005), as doenças parasitárias são
frequentes na população mundial. Segundo a OMS, cerca de 980 milhões de
pessoas estão parasitadas pelo Ascaris lumbricoides; 200 milhões pelo Schistosoma
mansoni e 16 milhões pelo Trypanosoma cruzi. No Brasil, o último levantamento
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multicêntrico das parasitoses intestinais revelou 55,3% de crianças parasitadas,
sendo 51% poliparasitadas.
A falta de políticas de educação sanitária e de políticas sócio-assistenciais no
Brasil, sem falar nos devidos cuidados com o ambiente natural e a atenção aos
sistemas ecológicos, contribui para altas taxas de predomínio das parasitoses
intestinais, detectadas, em bairros pobres de grandes centros urbanos que têm uma
infra-estrutura deficitária (ACOSTA et al., 2011).
A prevenção, a qualidade e a manutenção da saúde da população precisam
ser mais observadas pelos governantes brasileiros, até porque as parasitoses
intestinais como endemias não podem ser desconsideradas. Exemplos sucedidos na
abordagem das doenças de massa têm evidenciado que muitas delas foram
controladas em diversas regiões e em diferentes países, em especial, naqueles
territórios que conseguiram distribuir de forma socialmente mais justa os benefícios
propiciados pelo desenvolvimento econômico e científico (ACOSTA et al., 2011).
A questão norteadora deste trabalho é: Qual o índice de parasitose nas
crianças de uma Instituição Assistencial a crianças de uma cidade da Zona da Mata
Mineira e qual tipo de verminose prevalecem?
O objetivo do presente trabalho foi verificar o índice e predominância de
parasitose em crianças de uma Instituição Assistencial de uma cidade da Zona da
Mata Mineira.
Conhecemos a realidade dessa Instituição, sabemos que se trata de crianças
carentes, destituídas de seus lares. Além do mais, as crianças chegam à Instituição
com essas doenças que se agravam devido à convivência com outras e talvez por
falta de higiene.
O presente trabalho se propôs a diagnosticar as verminoses
presentes nas crianças e após esse diagnóstico pretende-se orientar e ajudar as
crianças na prevenção das parasitoses humanas, com informações que reduzam os
casos de enteroparasitoses nessa Instituição.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O parasitismo é a associação entre os seres vivos, na qual existe
unilateralidade de benefícios, ou seja, o hospedeiro é espoliado pelo parasito, pois
fornece alimento e abrigo para este. De modo geral, essa associação tende para o
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equilíbrio, pois a morte do hospedeiro é prejudicial para o parasito. Assim, nas
espécies em que essa associação vem sendo mantida há milhares de anos,
raramente o parasito leva o hospedeiro à morte (NEVES, et al., 2005).
Assim é possível entender por que apesar de, no parasitismo de um modo
geral, haver um equilíbrio entre parasito e hospedeiro, frequentemente ocorrem
casos graves ou epidemias de parasitoses. Com a alteração do meio ambiente,
concentração populacional e baixas condições higiênicas e alimentares, passam a
existir condições propícias para a multiplicação do parasito ou do vetor junto a uma
população suscetível (NEVES, et al., 2005).
O mesmo autor ressalta que, para existir doença parasitária, há necessidade
de alguns fatores que são inerentes ao parasito: número de exemplares, tamanho,
localização, virulência, metabolismo etc; ou inerentes ao hospedeiro: idade, nutrição,
nível de resposta imune, intercorrência de outras doenças, hábitos, uso de
medicamentos.
Em decorrência dos efeitos deletérios à saúde dos indivíduos e, sobretudo,
das repercussões econômicas, vários programas têm sido dirigidos para o controle
das parasitoses intestinais em diferentes países, mas, infelizmente, constata-se um
descompasso entre o êxito alcançado nos países mais desenvolvidos em relação
àquele verificado nas economias mais pobres (LUIDWIG et al., 1999).
Segundo Luidwig et al. (1999), as parasitoses intestinais são mais frequentes
em regiões menos desenvolvidas, considerando o sentido mais amplo da palavra.
Nos países subdesenvolvidos, as parasitoses intestinais atingem até 90%,
ocorrendo um aumento significativo da frequência à medida que piora o nível
socioeconômico.
Pesquisas
populacionais
sobre
parasitos
intestinais foram
realizadas em diversas regiões do Brasil e mostram frequências diferentes, de
acordo com as condições locais de saneamento e características da amostra
analisada.
Atualmente, a maioria das doenças parasitárias intestinais pode ser tratada,
inclusive por meio de doses únicas ou de medicamentos com amplo espectro de
atividade. Em relação às mais graves, também são possíveis sucessos terapêuticos,
condutas para abranger expressivos grupos populacionais, após caracterizações
epidemiológicas adequadas, ficaram viáveis (CHIEFFI e AMATO, 2003).
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EXAMES PARASITOLÓGICOS
O exame parasitológico de fezes tem como objetivo diagnosticar os parasitos
intestinais, por meio da pesquisa das diferentes formas parasitárias que são
eliminadas nas fezes (NEVES, et al., 2005).
Segundo Melo (2009) a investigação da presença de parasitos nas fezes é
realizada pela pesquisa de ovos ou larvas de helmintos e nas infecções por
protozoários, ao se encontrarem cistos ou oocistos nas fezes.
METODOLOGIA
Quanto à abordagem, trata-se de uma pesquisa descritiva, a qual, de acordo
com Gil (2006), tem como objetivo a descrição das características e fenômenos
relativos a uma determinada população, ou fenômeno. Uma das características
dessa modalidade está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados.
O presente trabalho foi realizado em uma Instituição de Assistência a
Crianças carentes de uma Cidade da Zona da Mata Mineira.
A instituição além de atender crianças do próprio município atende crianças
de cidades vizinhas. A Instituição possui no total de dezesseis crianças, onze
meninos e cinco meninas, em uma faixa etária entre 2 a 17anos. A Instituição
funciona em uma casa residencial com três dormitórios, onde as crianças são
divididas de acordo com a faixa etária, as crianças de 2 a 5 anos dormem na sala da
casa.
A pesquisa foi realizada através de coleta de material para análise com as
crianças presentes na Instituição, com o objetivo de verificar o índice e qual o tipo de
verminose acomete, com maior relevância, as crianças. A participação dessas
crianças foi precedida do encaminhamento de Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE) aos responsáveis pela instituição, garantindo o rigor exigido em
pesquisas com crianças.
O método utilizado foi a sedimentação espontânea, no qual levamos até a
Instituição um pote adequado para a coleta do material, que foi coletado pelas
funcionarias que cuidam das crianças. Após a realização dessa coleta, o material foi
levado ao Laboratório Análises Clinicas e Citopatológicas, na cidade de Matipó/MG,
para a verificação da verminose existente. Foram coletados materiais em 15
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crianças, considerando que a Instituição possui no total de dezesseis crianças, mas
uma optou por não realizar o exame.
A instituição possui para o consumo diário água tratada pela COPASA, e a
água que consomem para beber é filtrada e contam com cobertura de rede sanitária.
Sobrevivem de doações feitas pela comunidade e atenção realizada pelo conselho
tutelar.
Os dados foram coletados nos meses de agosto e setembro de 2011. A partir
dos dados coletados utilizou-se o programa Microsoft Office Excel 2007, para
calcular a médias obtidas. Foi realizada análise estatística e montagem de gráficos.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Foi feita coleta de material para análise com 15 crianças presentes na
Instituição. Considerando que a Instituição possui no total de dezesseis crianças,
apenas uma optou por não realizar o exame. A idade dos participantes varia de dois
a dezesseis anos. Nessa amostra tivemos 67% de crianças do gênero masculino e
33% do sexo feminino.
Em relação ao índice de verminoses existente nas crianças, a prevalência é
de 87% de crianças contaminadas e 13% das crianças não possuem nenhum tipo de
verminose.
A predominância da parasitose intestinal Entamoeba histolytica é de 50%
seguida com 31% Ascaris lumbricoides e com 19% Entamoeba coli como pode ser
observado na FIGURA 1.
Figura 1 – Tipos de verminoses encontrados em crianças de uma instituição de assistência a crianças
de uma cidade da Zona da Mata mineira.
As enteroparasitoses estão presentes em todas as regiões do planeta,
atingindo alta prevalência nos países pobres e constituindo-se em importante fator
de
morbimortalidade.
No
Brasil,
embora
inexistam
dados
epidemiológicos
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representativos,
informações
estatísticas
setoriais
demonstram
diminuição
significativa desse tipo de infecção, sendo que a melhoria nas condições de vida,
saneamento e escolaridade do brasileiro têm sido imputadas como co-responsáveis
por este cenário (ALVES e SANTOS, 2011).
A FIGURA 2 mostra que o maior índice de parasitoses intestinais prevaleceu
em crianças de 2 a 6 anos.
Figura 2 – Relação de parasitoses intestinais com a idade das crianças de uma instituição de
assistência a crianças de uma cidade da Zona da Mata mineira.
As crianças de 2 e 6 anos apresentaram 2% de Entamoeba histolytica,
Entamoeba coli, 4% apresentaram Ascaris lumbricoides e 1% não apresentou
nenhum parasita.
Após identificação de peso e estatura das crianças pesquisadas, foram feitos
os cálculos do IMC (Índice de Massa Corporal) pela fórmula peso (em kg) dividido
pelo quadrado da altura (em metros). Observou-se que 80% das crianças
encontram-se abaixo do peso adequado, como mostra a FIGURA 3.
Figura 3 – Índice de Massa Corporal (IMC) das crianças de uma instituição de assistência a crianças
de uma cidade da Zona da Mata mineira.
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Um estudo feito por Lima et al. (2004), Enteroparasitoses em crianças de
idade pré-escolar e escolar, mostrou que a deficiência nutricional em crianças tem
sido relacionada como importante fator às infecções intestinais por helmintos.
Um estudo feito por Ferreira et al. (2002) mostrou vários fatores ambientais
facilitadores da infecção enteroparasitária, dentre eles a ausência de água de boa
qualidade, solo úmido, altas temperaturas, grande proliferação de insetos e
dificuldade de acesso aos serviços públicos de saúde. A prevalência de
enteroparasitoses foi superior a 83%, sendo que as crianças com mais de dois anos
de idade eram quase todas parasitadas.
Um estudo feito em Belo Horizonte por Silva e Santos (2001), mostra que
crianças menores de 12 anos, atendidas em rede pública de saúde, apresentam os
maiores índices de prevalência de parasitoses intestinais. O enteropasitoses de
maior prevalência foi o Ascaris lumbricoides.
Diferentes estudos sobre a frequência de enteroparasitoses em diferentes
faixas etárias, determinam que a faixa com índices mais elevados é a de 5 a 12
anos. As crianças estão mais suscetíveis à contaminação em função do
desconhecimento dos princípios básicos de higiene e da maior exposição aos
agentes etiológicos a partir do intenso contato com o solo, que funciona como um
referencial lúdico em torno do qual desenvolvem uma série de brincadeiras. Estimase, para uma série de parasitas, particularmente Ascaris lumbricoides, que o
decréscimo na ocorrência com o passar da idade, ou seja, as baixas taxas de
incidência e prevalência em adultos estariam condicionadas não só à mudança de
hábitos de higiene, mas também, ao desenvolvimento de imunidade progressiva e
duradoura contra tais parasitos (BAPTISTA, et al., 2006).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta existir, em todo o mundo,
cerca de um milhão de indivíduos infectados por Ascaris lumbricoides, sendo apenas
pouco menor o contingente infestado por Trichuris trichiura e pelos ancilostomídeos.
Entre duzentos e quinhentos (200 e 500) milhões respectivamente, Giardia lamblia e
Entamoeba hystolitica. Estudos multidisciplinares realizados no Brasil têm apontado
frequências pontuais em diferentes populações de diferentes parasitos intestinais
entre a população infanto-juvenil, com prevalência das parasitoses intestinais em
índices muito altos (ACOSTA, et al., 2011).
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A prevalência das parasitoses intestinais depende essencialmente do grau de
exposição da criança às formas infectantes dos parasitos (cistos, ovos e larvas).
Entretanto, outros fatores ditos determinantes intermediários, como as condições de
moradia e de saneamento (abastecimento de água e esgoto sanitário), cuidados de
higiene e de saúde e determinantes distais, como poder aquisitivo, educação
materna, são também condicionantes dessa situação. As práticas educativas,
quando bem aplicadas, levam as pessoas a adquirirem os conhecimentos para a
prevenção e a redução das enteroparasitoses (BASSO et al., 2008).
Barreto (2006), no estudo Detecção da incidência de enteroparasitos nas
crianças carentes da cidade de Guaçuí/ES, relata que das 35 amostras 31 (88,6%)
estavam positivas, no qual o parasito mais frequente, entre os protozoários, foi
Entamoeba coli (25,7%), Entamoeba histolytica (17,1%) e entre os helmintos o mais
frequente foi Ascaris lumbricoides (62,9%), seguido por Trichuris trichiura (48,6%). A
alta frequência encontrada originou-se tanto de uma transmissão interpessoal entre
as crianças quanto de contaminações de alimento e água, uma vez que a
comunidade carece de rede de saneamento básico e abastecimento de água potável
em grande número de residências.
Monteiro et al. (2009), no estudo Parasito intestinais em crianças de creche
públicas localizadas em bairros periféricos do Município de Coari, Amazonas, Brasil,
mostra que dentre os enteroparasitos mais frequentes, prevaleceram os helmintos,
destacando-se Ascaris lumbricoides (37%), seguido por Trichuris trichiura (21,6%).
Dos protozoários, Entamoeba histolytica/E.dispar apresentaram maior frequência
(14%), seguidas por Entamoeba coli (11%). Vários estudos têm mostrado que a
frequência à creche é um fator de risco importante para o parasitismo, uma vez que
aumenta a exposição e a transmissão de agentes que causam agravos à saúde,
dentre eles os parasitos intestinais.
No estudo feito por Araujo e Fernandez (2005), sobre
a incidência de
enteroparasitoses em localidades atendidas pelo comando da aeronáutica no estado
da Amazonas, mostra uma prevalência da Ascaris lumbricoides, Entamoeba
histolytica e Entamoeba coli. O estudo relata que a elevada presença do Ascaris
lumbricoides não chega a ser uma surpresa já que este é considerado um dos
helmintos mais comuns do Brasil.
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A Entamoeba histolytica é um agente etiológico da amebíase, normalmente
vive na luz no intestino grosso podendo, penetrar na mucosa e produzir ulcerações
intestinais ou em outras regiões do organismo, como fígado, pulmão, rim e mais
raramente no cérebro. A transmissão ocorre através da ingestão de cistos maduros,
com alimentos sólidos e líquidos. O uso de água sem tratamento, contaminada por
dejetos humanos, é também um modo frequente de contaminação (NEVES et al.,
2005).
Quanto à presença da Entamoeba histolytica a incidência encontrada nesse
estudo está compatível com os dados da OMS (Organização Mundial de Saúde) que
estima em torno de 10% da população mundial é portadora de amebíase, sendo as
mais acometidas nas regiões tropicais e subtropicais. Além da má nutrição, fatores
que produzem imunodepressão tendem a provocar ou agravar as manifestações
clínicas da amebíase. A incidência da Entamoeba coli funciona como alerta das
condições sanitárias da população.
Nas fezes humanas, pode-se encontrar tanto os cistos quanto os trofozoítos
da Entamoeba coli. Na falta de saneamento básico, em geral, ou de higiene, em
particular, insetos, ao se alimentarem de material infectado, passam a ser vetores e
a transmitem facilmente para água, alimentos, utensílios, etc. Também pode ocorrer
a transmissão pela ingestão de frutas e verduras cruas, que foram irrigadas com
águas contaminadas ou adubadas com terra misturada a fezes humanas infectadas.
A Entamoeba coli pode ficar agarrada às verduras durante três semanas, mesmo
exposta à chuva, ao frio ou ao calor. Muito frequente é a contaminação pelas mãos e
unhas de pessoas que manipulam alimentos com poucas condições de higiene
ambiental ou pessoal (MELO et al., 2004).
Acosta et al. (2011) ressaltam que devido à semelhança entre os cistos de
Entamoeba hystolitica e os de Entamoeba coli, é preciso fazer o diagnóstico
diferencial através da morfologia e do número de núcleos do organismo.
Neves et al. (2005) abordam que o Ascaris lumbricoides é encontrada em
quase todos os países do mundo e ocorre com frequência variada em virtude das
condições climáticas, ambientais e, principalmente, do grau de desenvolvimento
socioeconômico da população. A transmissão ocorre através da ingestão de água ou
alimentos contaminados com ovos. Os ovos da Ascaris lumbricoides têm uma
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grande capacidade de aderência a superfícies, o que representa um fator importante
na transmissão da parasitose.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Verificou-se que os fatores que favorecem a presença desses parasitas
podem ser a contaminação pela ingestão de água, hortaliças e verduras
contaminadas, o clima, as condições sociais e econômicas da população, convívio
em ambientes de poucos hábitos higiênicos e também as características próprias de
crianças em idade escolar.
Visto que a Instituição é composta por crianças carentes, destituídas de seus
lares e que sobrevivem de doações, medidas de prevenção às verminoses devem
ser tomadas visando o tratamento, através dos medicamentos administrados por
recomendação médica após a análise dos exames. Foi realizada uma palestra na
Instituição para conscientizar as crianças e os funcionários da importância da
prevenção e tratamento das enteroparasitoses.
Para garantir a manutenção da saúde das crianças recomenda-se ainda que
os profissionais da secretaria municipal de saúde realizem rotineiramente os exames
parasitológicos de fezes dessas crianças, contribuindo assim na prevenção e
tratamento, orientando ainda essas crianças e funcionários com informações que
reduzem os casos de enteroparasitoses nessa Instituição.
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AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DOS CUIDADORES DE IDOSOS COM MAL
DE ALZHEIMER
Eliane Aparecida Costa de Abreu e Queila Cristina F. Campos Martins –
Graduadas em Enfermagem
Ana Lígia Souza Pereira - Graduada em Enfermagem, Especialista em
Estomaterapia. Professora e Coordenadora do Curso de Enfermagem.
Kelly Aparecida do Nascimento - Graduada em Pedagogia e Educação Física.
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Coordenadora de Extensão e
Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Renata Aparecida Fontes - Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises
Clínicas,Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice –
UNIVÉRTIX
Emanuelle Ferreira de Souza - Graduada em Enfermagem /especialista em Gestão
do Programa Saúde da Família.
Lucio Flavio Sleutjes – graduado em Fisioterapia. Mestre em Motricidade. Doutor
em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX.
[email protected]
RESUMO
Este estudo tem como objetivo descrever e avaliar o conhecimento que os
cuidadores de idosos têm sobre os portadores do mal de Alzheimer sobre os quais a
importância do cuidar e o conhecimento se fazem necessários visando uma
qualidade de vida e bem estar do paciente. A abordagem foi um estudo descritivo,
quantitativo, que contou com nove investigados. Os resultados mostraram que os
cuidadores dos portadores do mal de Alzheimer limitam-se apenas ao conhecimento
dos sinais e sintomas da doença. Diante disso, observa-se a grande importância do
profissional de saúde, enfermeiro e psicólogo em prestar esclarecimentos,
estratégias de intervenção para melhoria na qualidade de vida do doente. Assim, se
faz necessário fornecer orientações ao cuidador para que ele não seja acometido de
doenças como o stress, devido à sobrecarga do cuidado com o doente.
PALAVRA CHAVE: Idoso; mal de Alzheimer; cuidador; profissional de saúde.
INTRODUÇÃO
Segundo Pavarini et al. (2005) a população brasileira de idosos está
crescendo de maneira bastante acelerada com expectativa de vida acima dos 60
anos. O Brasil, em 2025, irá compreender a sexta maior comunidade de pessoas
idosas do mundo, ou seja, idoso com mais de 60 anos. Esse crescimento pode ser
entendido através da taxa de natalidade ter decrescido, assim ampliando
relativamente à proporção de idosos, visto que, isso influenciará na busca por uma
qualidade de vida melhor.
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Com esse crescente aumento da população idosa, em todo o mundo, os
profissionais da saúde e a sociedade em geral tomaram conhecimento das
implicações do fenômeno do envelhecimento e de sua importância, pois, traz
consigo alterações biopsicossociais (ARGIMON, 2002).
Bare e Smeltzer (2006) apontam o mal de Alzheimer ou doença de
Alzheimer (DA) como a causa mais comum de respostas cognitivas desadaptadas.
Ela afeta, inicialmente, a formação hipocampal, o centro de memória de curto prazo,
com posterior comprometimento de áreas corticais associativas. Além de
comprometer a memória, ela afeta a orientação, atenção, linguagem, capacidade
para resolver problemas e habilidades para desempenhar as atividades da vida
diária. A degeneração é progressiva e variável, sendo possível caracterizar os
estágios do processo em demência leve, moderado e severo, mesmo considerando
as diferenças individuais que possam existir.
O mal de Alzheimer é considerado uma doença neurológica, irreversível
manifestando-se de forma insidiosa e, em resposta a essas manifestações, ocorrem
lesões neuronais acarretando em uma perda da autonomia fazendo com que esses
idosos dependam cada vez mais de um cuidador ao seu lado. A demanda produzida
por essa doença gera uma sobrecarga para o cuidador e através disto pode-se ter
uma idéia de quão grande são os problemas enfrentados tanto por parte dos
cuidadores, quanto por parte dos idosos com essa patologia (SENA e GONÇALVES,
2008; LUZARDO; GORINI; SILVA, 2006).
A partir de Inouye et al. (2008), para que um indivíduo possa ser um
cuidador, ele precisa ter tempo, energia, paciência, esforço e boa vontade, pois, os
idosos que possuem o mal de Alzheimer, apresentam perdas cognitivas e
emocionais, que exige desse cuidador uma capacidade avançada de adaptação
para que possa se ter um convívio satisfatório de ambas as partes.
A presença do cuidador é importante, porém revela que deve haver uma
melhor contribuição dos profissionais de saúde. É necessário auxílio para que
tenham capacidade de suprir as necessidades desses idosos, pois, a desinformação
ou a incapacidade de alguns desses prestadores de cuidados podem acabar se
transformando em um fator de risco para a qualidade de vida (SANTANA, et al.
2008).
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A pesquisa tem como objetivo avaliar o conhecimento dos cuidadores sobre
os idosos que apresentam mal Alzheimer.
Este estudo busca contribuir com informações que sirvam para melhorar a
qualidade de vida dos idosos bem como aprimorar a qualidade da assistência
prestada pelos cuidadores. O que pretende não apenas alcançar maior longevidade,
mas também proporcionar condições para que as últimas etapas sejam
acompanhadas de satisfação e boa qualidade de vida tanto para os idosos quanto
para as pessoas que o cercam.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Segundo Vono (2009), o mal de Alzheimer foi descrito pela primeira vez,
em 1901, pelo médico alemão Alois Alzheimer. Naquela época, a doença era
considerada como rara, própria de idades pré-senis, como se ocorresse um
envelhecimento cerebral acelerado. Porém, distinto das demais demências,
mesmo com vários estudos a respeito da patologia, o diagnóstico da mesma
ainda continua sendo o que Alois Alzheimer descreveu em 1906.
Devido ao ser humano apresentar um aumento da longevidade ao longo
do ultimo século, fez-se com que várias pessoas atingissem uma idade crítica
para
desenvolverem
doenças
neurodegenerativas.
Dentre
as
patologias
neurológicas, o mal de Alzheimer foi a que se apresentou com mais importância
entre as demências, o que representa 60% de todas elas alcançando proporções
de grande importância quando se fala em saúde pública (FORLENZA; GALLUCCI
NETO; TAMELINI, 2005).
Bare e Smeltzer (2006) apontam que o mal de Alzheimer é uma doença
neurológica degenerativa, progressiva e irreversível, frequentemente associada à
idade, se apresentando de forma insidiosa, que acarreta a perda da memória
recente, e se caracteriza através de manifestações cognitivas e neuropsiquiátricas
resultando em uma deficiência progressiva. Essa demência não é encontrada
exclusivamente em idosos, cerca de 1 a 10% dos casos, acontecem na meia
idade, 30 a 65 anos sendo considerada o início precoce.
De acordo com Sereniki e Vital (2008), alguns estudos ressaltam a
questão genética como fator de risco para desenvolvimento da demência,
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demonstrando que em famílias com pelo menos um portador do mal de
Alzheimer, há 50% de chances de outro familiar também desenvolver a doença.
Outros fatores de risco, segundo Vono (2009), são sedentarismo, hábitos
alimentares inadequados como consumo excessivo de carnes gordurosas,
embutidos, conservantes, refrigerantes e adoçantes a base de ciclamato,
distúrbios de sono, uso e abuso de drogas e álcool levando a desorganização das
células nervosas. Existem também os fatores protetores, os quais retardam os
riscos de desenvolvimento do mal de Alzheimer, tais como o conhecimento, a
escolaridade e as atividades intelectuais como xadrez, dama, quebra cabeça,
proporcionam novas conexões entre os neurônios chamadas de sinapses e ainda
aumentam a reserva intelectual.
Os cuidadores, segundo Born (2008), buscam proporcionar melhor
qualidade de vida aos idosos. A atitude e a forma de atuar dos cuidadores podem
contribuir para que pessoas idosas, mesmo que sejam muito dependentes,
mantenham a autoconfiança e dignidade como pessoa.
Vono (2009) destaca que com o próprio envelhecimento ocorre uma
perda de aproximadamente 28% da densidade de algumas células cerebrais que
são responsáveis pela memória e outras funções, o que ocorrem de forma lenta,
no entanto, em pessoas com o mal de Alzheimer todo esse processo se faz de
forma rápida e um dos grandes obstáculos para o diagnóstico precoce do mal de
Alzheimer é a falta de conhecimento dos familiares e cuidadores. Para realização
de um diagnóstico correto é avaliado o histórico de cada pessoa e as alterações
no estilo de vida que cada um apresenta.
Antes que a doença chegue a suas fases avançadas, o idoso tem uma
preservação do seu funcionamento motor e sensorial. Porém, as alterações
cognitivas e comportamentais são facilmente identificadas através de avaliações.
O principal sintoma que ocorre é a perda da memória, observa-se também uma
desorientação espacial, pode-se apresentar idéias delirantes e alucinações.
Quando a doença ocorre na fase pré-senil (antes dos 60 anos), a manifestação
predominante é o distúrbio de linguagem; no caso de a demência se encontrar
mais avançada, os sinais evoluem passando a apresentar irritabilidade,
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agressividade e déficit de deambulação (CARAMELLI e BARBOSA, 2011;
FORLENZA; GALLUCCI NETO; TAMELINI, 2005).
Segundo Nitrini et al. (2005), não se trata de uma simples falha na memória,
mas sim de uma progressiva incapacidade para o trabalho e convívio social, devido
a dificuldades para reconhecer pessoas próximas e objetos. Essa patologia é
dividida em três fases: fase inicial, em que a pessoa está consciente, percebendo
que algo está errado, existe perda da memória recente, dificuldade de aprender e de
reter informações; a fase intermediária, na qual o paciente é completamente incapaz
de aprender e de reter novas informações e na fase final, em que o paciente é
totalmente incapaz de andar, apresenta incontinência, está restrito ao leito e não fala
mais.
Embora o mal de Alzheimer não tenha cura e ainda haja uma progressão
inexorável, a eficácia do tratamento medicamentoso é maior quando iniciada nas
fases precoces. O tratamento não medicamentoso se baseia nas orientações e
cuidados
fornecidos
por
enfermeiros,
médicos,
psicólogos,
fonoaudiólogos,
fisioterapeutas e nutricionistas, levando ao entendimento da doença de uma forma
mais ampla e holística (VONO, 2009).
Sereniki e Vital (2008) afirmam que o tratamento farmacológico do mal de
Alzheimer pode ser definido em quatro níveis e o tratamento não farmacológico, se
baseia nas medidas psicossociais.
O cuidador do paciente é a pessoa ideal para descrever o seu
comportamento. Quando o cuidador é o cônjuge ou outro membro da família, a
carga emocional propicia um grande número de transtornos, devido ao grau
aumentado de stress tais como: as doenças físicas, depressão, insônia, perda de
peso, abuso de álcool e de medicamentos psicotrópicos, abuso físico e verbal do
paciente. Portanto, é de grande importância o cuidado com essas pessoas, para que
também elas não adoeçam física e emocionalmente. Outros membros da família,
amigos, pessoas contratadas e grupos de apoio devem estar envolvidos (VONO,
2009).
Sena e Gonçalves (2008) destacam que as alterações fisiológicas e
biológicas no idoso exigem participação e ajuda dos familiares e/ou cuidadores,
através da proximidade física e dos vínculos emocionais. Neste momento, familiares
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e/ou cuidadores se encontram profundamente abalados, passam a impor privações
e modificações no estilo de vida da família, buscando atender as necessidades de
seu membro doente. A família se vê envolvida por sentimentos intensos e
conflitantes, difíceis de manejar que acabam por lhe impor certo isolamento, o
cuidado dispensado a esse idoso torna-se muito complexo.
Segundo Freitas et al. (2008) ocorre uma profunda mudança nos hábitos
familiares, pois acompanhar a progressiva involução intelectual, afetiva e mais tarde
física de uma pessoa _que se conviveu por vários anos e que se tem afeto_ gera
sentimentos diversos que por sua vez podem ser causados pelo acompanhamento
da evolução da patologia, levando esses cuidadores a apresentarem certo
abatimento, desespero, sobrecarga física e emocional. Portanto, a família também
tem que ser assistida igualmente ao próprio doente, visto que passada a fase inicial
da doença os idosos não têm mais noção de suas perdas tornando-se assim a
família sua principal provedora de todos os cuidados que o mesmo necessita.
A assistência profissional a família/e ao paciente do portador do mal de
Alzheimer é de suma importância, pois o enfermeiro é capaz de oferecer
informações sobre potenciais alternativas, apoiar, promover o bem estar, realizar as
atividades cotidianas da melhor forma possível (TIMBY, 2007).
Nesse sentido Lemone, Lillis e Taylor (2007) abordam que o enfermeiro, ao
prestar cuidados, promove um ambiente no qual os valores, os costumes e as
crenças dos pacientes são respeitados.
METODOLOGIA
Esta pesquisa trata-se de um estudo descritivo com abordagem quantitativa.
Segundo Rodrigues (2007), na pesquisa descritiva são utilizadas técnicas
padronizadas de coleta de dados, onde fatos são observados, computados,
analisados, divididos em classe e interpretados, sem que haja interferência do
pesquisador. Na pesquisa quantitativa são utilizados métodos estatísticos, nos
quais são traduzidas em números as opiniões e informações para serem divididos
em classe e analisados.
O estudo foi realizado no município de Matipó, localizado na Zona da Mata do
Estado de Minas Gerais, com uma população de aproximadamente 17.639
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habitantes IBGE (2010), tendo como a principal fonte de renda e emprego a cultura
de café e as empresas dos Irmãos Gardingo Ltda.
A população do estudo constitui-se de um grupo de nove cuidadores de
pacientes idosos portadores do mal de Alzheimer. Para a seleção dos
colaboradores, foi adotado, como critério de inclusão, possuir o diagnóstico da
referida patologia, fazer uso de medicamentos específicos para Alzheimer e residir
no município de Matipó.
A pesquisa foi realizada no mês de setembro de 2011, sendo que a
identificação dos três primeiros portadores de Alzheimer foi através da Unidade
Básica de Saúde de Matipó. Fizemos a visita aos cuidadores desses três pacientes
e, a partir daí, estes indicavam outros portadores da doença, totalizando os nove
investigados. Paramos a busca por novos pacientes quando os anteriores
passaram a não identificar novas pessoas com a doença.
Os investigados foram chamados de A1, A2, A3, A4, A5, A6, A7, A8 e A9.
Para obtenção dos dados foi aplicado um questionário contendo oito questões
fechadas e uma questão discursiva. O instrumento de coleta foi construído para
conter questões sobre o conhecimento dos cuidadores diante da patologia, dados
socioeconômicos e aspectos relacionados ao tratamento.
Os investigados foram informados dos objetivos da pesquisa e a participação
ocorreu mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE), este seguiu as especificações da Lei 196/86 que trata de pesquisa
envolvendo seres humanos, e garante o anonimato e autonomia para recusar-se ou
desistir de fazer parte da amostra do estudo.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Segundo a Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAZ) (2008), a função do
cuidador é bastante complexa, assim deve ser realizada com dedicação, carinho,
respeito e amor, exigindo preparo emocional. O paciente não poderá viver só,
exigindo constante observação, visando manter a dignidade da vida, aumentar a
auto-estima, reduzir a dependência, aliviar o sofrimento. O cuidador deve ter uma
atenção especial com a dor e as alucinações, quando presentes, procurando
manter o paciente em um ambiente confortável e agradável.
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Pavarini et al. (2005) afirmam que o cuidador do idoso portador do mal de
Alzheimer é geralmente um familiar, visto que as famílias constituem-se o primeiro
recurso, do qual se vale a sociedade, para dar um atendimento e acolher seus
integrantes idosos, inclusive nos casos que demandam cuidados prolongados
decorrentes de processos mórbidos incapacitantes.
A primeira pergunta do questionário foi em relação à faixa etária dos idosos
portadores do mal de Alzheimer, na resposta, 100% estavam com 70 anos ou mais.
Um estudo realizado por Caramelli e Barbosa (2011) trata do surgimento da
doença na idade senil, ou seja, a partir dos 70 anos ou mais. Segundo o autor,
100% dos idosos apresentam os sinais e sintomas de acordo com os dados
levantados a partir dos 70 anos de idade.
Outra pergunta realizada referiu-se ao gênero dos idosos com o mal de
Alzheimer. A pesquisa constatou que 66,67% são mulheres e 33,33%, são homens.
Constatação que vem ao encontro do estudo de Vono (2009) no qual se afirma ser
maior o índice do surgimento de Alzheimer em mulheres, em função da perda de
estrogênio no período pós-menopausa.
Amorim, Gerelli e Soares (2004) afirmam que a doença de Alzheimer ocorre
com maior frequência em no sexo feminino.
Observamos que, com relação aos cuidadores, 100% são mulheres. Desses,
66,67% são da família (cônjuges e filhas) e outros 33,33% são cuidadores
contratados sem nenhum vínculo familiar.
Vono (2009) ressalta que dos cuidadores de idosos com o mal de Alzheimer a
maioria são mulheres. Cruz e Hamdan (2008) discutem sobre isso, afirmando que o
número de cuidadores ainda reflete um padrão cultural em que o ato de cuidar
continua sendo visto como uma função feminina.
Perguntamos quanto à situação sócio-econômica dos idosos. Os resultados
demonstraram que a renda mensal dos idosos varia entre 01 a 04 salários mínimos.
Dos entrevistados, 66,67% têm uma renda mensal de 01 a 02 salários, o que está
dentro do padrão da maioria das famílias da cidade de Matipó, segundo fonte do
IBGE (2010). O restante fica distribuído igualmente em 11,11% para os idosos com
renda mensal de 02 a 03 salários, 03 a 04 salários e mais de 04 salários.
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Mattos e Parentte (2006) destacam que, com avanço da doença, os cuidados
aos idosos tornam-se crescentes e na maioria das vezes o responsável pelo doente
é um familiar, que responde pela alimentação, medicação, saúde, higiene, entre
outros.
Nesse sentido Bare e Smeltzer (2006) destacam que existem situações nas
quais a família não tem condições de cuidar do paciente e recorre à ajuda de um
profissional, que será remunerado para exercer a função.
Outra questão abordada foi sobre o conhecimento do mal de Alzheimer, na
qual 100% dos investigados afirmaram conhecerem a doença.
O mal de Alzheimer caracteriza-se pela perda progressiva da memória, essa
perda causa a esses pacientes um grande desconforto em sua fase inicial e
intermediária (NITRINI et al. 2005).
Conforme a classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da
CID 10 (2008), a doença de Alzheimer é uma doença cerebral degenerativa
primária de etiologia desconhecida e desenvolve-se lenta, mas continuamente por
anos.
A próxima pergunta expõe as falas dos investigados para assim melhor
esclarecer se eles sabem o que é a doença. Para a pergunta: “Como definiria o mal
de Alzheimer?”, as respostas obtidas foram às seguintes;
Falta de memória, perda dos sentidos, agressividade. (A1)
Um atrofiamento de uma parte do cérebro. (A2)
É uma doença que afeta a mente. (A3)
Que a pessoa esquece o presente e vive o passado. (A4)
Uma doença que afeta o idoso fazendo com que ele tenha lembranças
antigas e esquece o presente. (A5)
Paciente vive mais do passado do que do presente. ( A6)
Paciente lembra mais do passado e esquece o presente (. A7)
É uma doença em que a pessoa lembra mais do passado e esquece o
presente. ( A8)
Com o tempo a pessoa perde toda a memória esquecendo até dos
filhos. (A9)
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Zirmenan (2007) destaca que o cuidador de idoso precisa entender a doença
e seus estágios evolutivos para poder atender às necessidades dos idosos
portadores do mal de Alzheimer. O profissional de enfermagem com seu
conhecimento pode contribuir muito para esclarecimentos ao cuidador de idoso e
sua família.
O cuidador de idosos dependentes precisa de orientação sobre como
proceder nas situações mais difíceis. Há necessidade de receber em casa visitas
periódicas de profissionais, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos (LUZARDO e
GORINI, 2006).
Sobre os cuidados básicos com idoso, percebemos que 100% dos
investigados consideram-se conhecedores desses cuidados. Também acreditam
que a administração dos medicamentos, de acordo com as orientações médicas,
seja o principal procedimento a ser seguido, para que se possa haver uma melhora
no quadro do idoso com o mal de Alzheimer.
“Cuidar, todavia envolve apego, preocupação, e uma íntima relação entre
dois seres humanos” (TIMBY, 2007).
Nesse sentido, Zimernan (2007) destaca que, para facilitar a vida do
portador de Alzheimer, a família deve evitar qualquer tipo de mudança na estrutura
da casa, hábitos, comida. Outro fator importante é o ambiente que o cerca, que deve
ser tranquilo, mantendo-o longe de discussões fazendo com que este se sinta
seguro. É importante também o respeito a seus hábitos e propor-lhe tarefas fáceis
que o ajudem a se sentirem bem em vez de confundi-lo ainda mais.
Perguntamos aos investigados sobre alguns dos cuidados básicos com os
idosos.
Nas respostas, 77,78% referem-se à retirada dos tapetes. No que diz
respeito ao auxílio na higiene pessoal, 66,67% relatam sobre a importância desses
cuidados com o idoso. Quanto aos passeios, 33,33% dos investigados afirmam
realizarem essa prática. Com relação à administração dos medicamentos 100%
acreditam que seja o principal procedimento a ser seguido para amenizar a
demência.
Segundo Pavarini et al. (2005) o banho pode ser causa de momentos
estressantes e perigosos para o idoso com demência. Já na fase inicial da doença,
pode persistir uma resistência ao ato de tomar banho ou de ser banhado.
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Ainda a mesma autora trata das adaptações a serem feitas para que o idoso
possa ter uma maior independência, além do ambiente, as roupas e os calçados que
devem ser adaptados para que ele mantenha a máxima autonomia e a mínima
dependência.
Segundo Dourado (2010) primeiramente é importante saber qual o problema de
saúde do idoso, que cuidados ele precisa e como resolvê-los. Os cuidados
dependem do estágio da doença e vão desde a higiene pessoal e das roupas, a
alimentação, o controle e administração de medicamentos, o acompanhamento dos
procedimentos médicos, fisioterápicos, até a pequenos passeios ou momentos de
lazer dentro de casa. Os horários devem ser respeitados tanto para a higiene,
alimentação quanto para administração de medicamentos.
A última pergunta trazia novas investigações sobre outros idosos com mal
de Alzheimer. Dos entrevistados, 66,67% afirmam conhecer outros portadores e
33,33% conhecem apenas o doente que fica sob seus cuidados. A busca terminou
quando os anteriores passaram a não identificar novas pessoas com a demência.
O que se observa é que o cuidador de idoso com mal de Alzheimer dedica
seu tempo exclusivamente aos cuidados e bem estar deste.
Santana et al. (2008) relatam que a presença do cuidador, como importante
representante do cuidado leigo, mostra a necessidade de uma melhor articulação
dos profissionais de saúde, na qual estes contribuam para o bem estar direta e
indiretamente do portador de Alzheimer.
Os resultados da pesquisa demonstram que existe uma grande necessidade
de novos trabalhos no âmbito da saúde pública, pois os investigados relatam ter
pouca assistência da equipe de saúde, principalmente nas orientações básicas,
dificultando os cuidados prestados.
Constatamos que os cuidadores são integrantes da família e não
remunerados pelos cuidados prestados, além do fato de muitas vezes se vêem
obrigados a assumir os cuidados atribuídos aos idosos em detrimento de seus
empregos e outras ocupações. Além da necessidade do apoio de outros familiares,
o que ajuda a aliviar o desgaste biopsicossocial e o impacto provocado pela
sobrecarga das tarefas.
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À medida que a doença vai evoluindo, a dependência do idoso também
aumenta progressivamente. As alterações de comportamento dos pacientes com
demência como agitação, agressividade, delírios e alucinações, trazem um enorme
desgaste para o cuidador (PAVARINI et al. 2005).
Percebe-se a importância de um apoio psicológico, visto que a psicologia
pode ser uma grande aliada para os idosos com a demência e seus familiares
(VONO, 2009).
Para Mattos e Parentte (2006) o profissional da área de saúde é
indispensável para auxiliar o cuidador familiar, o qual muitas das vezes desconhece
as necessidades da demência ficando sobrecarregado, podendo desenvolver o
stress.
Devido à doença, as pessoas próximas são as que mais sofrem. O
enfermeiro em específico irá ajudá-los a aceitarem a patologia e buscar novas
alternativas, visando melhorar a qualidade de vida de ambos.
Pavarine et al. (2005) ressaltam que as necessidades de cuidado
extrapolam, muitas vezes, as capacidades das famílias, nas quais crescem a
necessidade de um profissional que tenha conhecimento para cuidar do idoso.
Os problemas dos cuidadores constituem um dos aspectos mais importantes
do mal de Alzheimer. Devido a isso, a avaliação dos mesmos deveria fazer parte do
tratamento da demência, uma vez que o suporte aos familiares e cuidadores é
fundamental.
A evolução da doença de Alzheimer pode ser retardada e várias estratégias
de intervenção podem melhorar a qualidade de vida do paciente e de seus
familiares. As terapias não farmacológicas têm a finalidade de diminuir o prejuízo
que a demência causa (MATTOS e PARENTE, 2006).
É necessária, a implantação e ampliação de intervenções efetivas, uma boa
formação de profissionais da saúde especializados nessa área e investimentos em
pesquisas no âmbito da prevenção e do impacto sobre cuidador.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando-se todos os aspectos relacionados ao conhecimento dos
cuidadores sobre os idosos que apresentam mal de Alzheimer, a maioria limita-se
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apenas ao conhecimento dos sinais e sintomas da doença. Também não conhecem
aspectos importantes, ou seja, como proceder nas situações mais difíceis. Além
disso, acreditam que a administração dos medicamentos seja o único caminho a ser
seguido na melhora do quadro do idoso com o mal de Alzheimer.
Para maiores esclarecimentos aos cuidadores de idosos com mal de
Alzheimer, a orientação de um profissional de saúde é de suma importância. Esse
tipo de demência acomete pessoas mais idosas, sendo degenerativa, o que requer
uma atenção especial do cuidador.
Torna-se necessário ao cuidador um conhecimento mais amplo sobre a
doença para que esta possa ser retardada. Assim é importante a orientação de
profissionais de saúde, entre eles, enfermeiro e psicólogo.
Nesse sentido, cabe à enfermagem desempenhar um papel relevante na
geriatria, por meio de suas atribuições e competências profissionais. O que pode
ocorrer através da orientação aos familiares e cuidadores em visitas domiciliares e
grupos de auto-ajuda, buscando amenizar a sobrecarga do cuidador e capacitá-lo
para prestação de uma assistência de qualidade aos idosos com mal de Alzheimer.
A melhor ajuda para o paciente portador do mal de Alzheimer é ajudar o
cuidador.
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ESTUDO DESCRITIVO DO CONSUMO DE PSICOFÁRMACOS PELA EQUIPE DE
ENFERMAGEM DE UMA UNIDADE HOSPITALAR DO LESTE MINEIRO
Izanara Karla Ventura – Graduada em Enfermagem
Fernanda Cristina Ferrari – Graduada em Farmácia, Mestre em Ciências
Farmacêuticas, Professora e Coordenadora do curso de Farmácia da Faculdade
Vértice - UNIVÉRTIX
Ana Lígia Souza Pereira - Graduada em Enfermagem, Especialista em
Estomaterapia. Professora e Coordenadora do Curso de Enfermagem.
Kelly Aparecida do Nascimento - Graduada em Pedagogia e Educação Física.
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Coordenadora de Extensão e
Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Lucio Flavio Sleutjes – graduado em Fisioterapia. Mestre em Motricidade. Doutor
em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Renata Aparecida Fontes - Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises Clínicas,
Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice –UNIVÉRTIX
[email protected]
RESUMO
O medicamento é um adjuvante importante para melhoria da qualidade de
vida. Entretanto, seu mau emprego pode ocasionar danos indesejáveis. Nos últimos
anos, vem ocorrendo um aumento alarmante no consumo de psicofármacos.
Conhecidos por “remédios controlados”, cada vez mais o consumo encontra-se
ligado à vida produtiva, principalmente entre profissionais de Enfermagem. Dessa
forma, o presente estudo tem como objetivo caracterizar e identificar o consumo de
psicofármacos por profissionais de Enfermagem em uma unidade hospitalar. Tratase de um estudo descritivo com abordagem quantitativa envolvendo 193
profissionais de Enfermagem de um hospital do leste mineiro, no período de
setembro a outubro de 2011. Foi utilizado como instrumento de coleta de dados um
questionário autopreenchivel, padronizado, de fácil entendimento. Dos 193
investigados apenas 80 participaram da pesquisa. O consumo de psicofármacos foi
referido por 36% dos investigados. A fluoxetina foi o medicamento mais consumido.
Entre os motivos que levaram ao consumo, os mais citados foram: dificuldade para
dormir (28,3%), estresse/ agitação (26,4%) e ansiedade (24,5%). Com relação às
condições de trabalho, 34% tinham dupla jornada de trabalho e 26% tinham outro
emprego na área da Enfermagem. Pelo exposto tornam-se necessárias ações de
prevenção ao uso destas substâncias.
PALAVRAS- CHAVE: Equipe de enfermagem, psicofármacos, utilização, condições
de trabalho.
INTRODUÇÃO
Os medicamentos fazem parte da história da humanidade, evoluíram
juntamente com as civilizações e desempenham papel importante no processo de
cura de enfermidades. Em uma análise retrospectiva da história, percebe-se que o
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homem tem buscado alternativas para alívio de seus sofrimentos utilizando essas
substâncias (MARTINS et al., 2009).
Atualmente, o medicamento é um adjuvante importante para melhoria da
qualidade de vida, pois é uma ferramenta terapêutica valiosa que contribui para a
recuperação da saúde do indivíduo. No entanto, seu mau emprego pode contribuir
para ocorrência de consequências indesejáveis sendo, portanto, um grande
problema a ser discutido (ARRAIS et al., 2005 citado por FONTES, 2009).
Segundo o Sistema de Informação Tóxico Farmacológico (SINITOX), no
Brasil, no ano de 2009, os medicamentos lideraram a lista de agentes causadores
de intoxicação em seres humanos, representando 26,4% desses casos e uma
relação de 17,6% com óbitos (SINITOX, 2010).
Outra prática comumente relacionada é a prática de automedicação. Essa é
uma forma comum de promoção individual de saúde, independentemente de
prescrição profissional para aliviar sintomas ou tratar alguma doença. Fatores
econômicos, políticos e culturais têm contribuído para crescimento e a difusão da
automedicação no mundo, tornando-a um problema de saúde coletiva (LOYOLA
FILHO et al., 2006). Ainda segundo SINITOX, no Brasil, no ano de 2009, foram
registrados 2,7% de casos de intoxicação por automedicação, destes, 2,8%
corresponderam somente à região sudeste, que representou maior número de casos
em relação às demais regiões do país.
Entre os medicamentos mais utilizados estão o grupo dos chamados
psicofármacos (SOUZA, 2007). Os psicofármacos popularmente conhecidos por
“remédios controlados” são conceituados como aqueles que agem afetando o humor
e o comportamento do individuo (RANG, DALE e RITTER, 1995 citados por SOUZA,
2007). São modificadores do Sistema Nervoso Central e segundo a Organização
Mundial de Saúde (OMS) podem ser classificados em: ansiolíticos e sedativos;
antipsicóticos
(neurolépticos);
antidepressivos;
estimulantes
psicomotores;
psicomiméticos e potencializadores da cognição (RANG, DALE e RITTER, 2001
citados por ANDRADE, ANDRADE e SANTOS, 2004).
Nos últimos anos vem ocorrido um aumento alarmante do consumo de
psicofármacos, e
isto
se
deu
principalmente
nos países industrializados,
representando graves consequências às populações (SOUZA, 2007). No Brasil, o
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consumo de substâncias psicoativas tem sido analisado, havendo uma enorme
preocupação com os hábitos de consumo e seus impactos sociais, econômicos e
principalmente na saúde da população (LUCAS et al., 2006). Tal hábito é refletido
rotineiramente em manchetes e destaque nos meios de comunicação (PIZZOL et al,
2006).
O consumo de psicofármacos encontra-se cada vez mais relacionado a
fatores sociais, entre esses, os interligados à vida produtiva (RODRIGUES, 2004).
Com isso, diversas alterações são descritas principalmente aquelas relacionadas à
vida do individuo em níveis interpessoais, laborais, familiares e de saúde (MARTINS
et al., 2009).
Segundo Tomasi et al, (2007), a área de saúde pública ainda é um local
pouco estudado em relação ao consumo de medicamentos, principalmente no que
diz respeito aos cuidadores. Esses profissionais apresentam um processo de
trabalho bastante peculiar no qual incidem grandes desafios e responsabilidades.
Dessa forma o consumo de psicofármacos faz parte do cotidiano dos profissionais
de Enfermagem e de outros membros da equipe de saúde.
Segundo Zeferino et al, (2006), médicos e enfermeiros são os profissionais
mais suscetíveis a se tornarem dependentes de medicamentos. Em países como
Estados Unidos e Inglaterra a dependência química já se tornou um grave problema,
uma vez que o impacto do uso da substância psicoativa é progressivo e fatal. No
Brasil, a situação não é diferente. Com relação ao trabalhador de Enfermagem,
pesquisas também demonstram que esses profissionais têm consumido substâncias
psicoativas, porém ainda são deficientes e escassas as pesquisas nessa área, daí a
relevância de estudos que abordem esse tema (MARTINS e CORREA, 2004).
Dessa forma, o presente estudo tem como objetivo caracterizar e identificar
o consumo de psicofármacos por profissionais de Enfermagem em uma unidade
hospitalar.
Para
tanto,
torna-se
necessário
caracterizar
qualitativa
e
quantitativamente o consumo; descrever a frequência da utilização e descrever os
grupos terapêuticos e fármacos mais utilizados pela população em estudo.
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A história mais recente do consumo de psicofármacos na sociedade iniciouse no final da década de 40, quando foram utilizados os primeiros fármacos com a
finalidade de tratar alguns transtornos psiquiátricos (GORESTEIN e SCAVONE,
1999). Segundo Rodrigues (2001) citado por Kimura (2005), os psicofármacos foram
uma alternativa para tratamento dos pacientes considerados loucos. Esses
medicamentos foram um avanço na terapêutica psíquica, possibilitando, no lugar
dos manicômios e tratamentos de choque, uma diminuição dos sofrimentos e a uma
adaptação e inserção desses doentes na sociedade.
A partir de então, a utilização desses fármacos disseminou-se. Através do
avanço da indústria farmacêutica foram fabricados novos medicamentos, mais
eficazes e com menos efeitos colaterais para tratar transtornos psíquicos
(GORESTEIN e SCAVONE, 1999). Aliado a esse fato, juntamente com a crença
excessiva no poder do medicamento para tratar as dores psíquicas, os
psicofármacos tornaram-se opção para um novo modo de vida e se popularizaram
até mesmo entre pessoas sãs (KIMURA, 2005).
Segundo Andrade, Andrade e Santos (2004), os psicofármacos são
medicamentos necessários e seguros, mas seu uso excessivo e inadequado causa
dependência física e psíquica.
A utilização indiscriminada de psicofármacos é um problema que pode
iniciar, já no meio acadêmico, e há uma grande preocupação desse uso entre
universitários, principalmente da área da saúde (MADERGAIN et al ,2007).
Existem estudos que confirmam o consumo de medicamentos não só entre
estudantes, mas também entre diversas profissões na área da saúde. Tomasi et al.
(2007), pesquisaram as condições de trabalho e a morbidade dos profissionais de
saúde da atenção básica na cidade de Pelotas (Rio Grande do Sul). Dentre os 329
profissionais pesquisados, 67% faziam uso de medicamentos, 25% tinham costume
de automedicar-se e, além disso, 40% relataram apresentar problemas de saúde.
Segundo Martins et al. (2009), o trabalho interfere diretamente na saúde do
indivíduo. Por isso, é necessário conhecer o uso de certos fármacos e sua influência
no trabalho e qualidade de vida das pessoas. As profissões consideradas de maior
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risco são aquelas exercidas em ambientes de stresse, carga horária excessiva e
trabalhos noturnos.
Cada vez mais o consumo de psicofármacos está sendo associado à vida
produtiva, trazendo consequências que incluem a diminuição da produtividade e
alterações refletidas em outros âmbitos da vida social (MARTINS et al., 2009).
Portanto, é necessário que além de estudos de abrangência nacional, sejam
realizados estudos regionais, identificando peculiaridades que possam estar
influenciando o consumo dessas substâncias (TEIXEIRA et al., 2009).
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo do tipo descritivo com abordagem quantitativa. O
universo de estudo foi uma instituição hospitalar de grande porte, geograficamente
localizada na porção leste do Estado de Minas Gerais, correspondente à porção
leste da Zona da Mata Mineira, de caráter filantrópico, sem fins lucrativos. Possui 30
especialidades médicas, 204 leitos e um quadro de 435 funcionários, sendo 18
enfermeiros, 27 técnicos de enfermagem e 153 auxiliares de enfermagem.
A população do estudo foi constituída de profissionais de enfermagem de
todos os setores de atuação do referido hospital (enfermeiros, técnicos e auxiliares).
A coleta de dados ocorreu entre os meses de setembro e outubro de 2011.
Foi utilizado como instrumento de coleta de dados um questionário padronizado de
fácil entendimento.
Os dados foram processados no Microsoft Office Excel e analisados através
de estatística descritiva. Os resultados foram expressos em tabelas de frequência e
gráficos, que orientaram a discussão dos resultados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A população do estudo inicialmente constituir-se-ia de 193 profissionais de
enfermagem (entre enfermeiros, técnicos de enfermagem e auxiliares de
enfermagem). No entanto, apenas 80 profissionais participaram desta pesquisa, os
demais devolveram os questionários em branco (41,5%).
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Dos pesquisados, a maior representação foi de casados (46%), do sexo
feminino (85%), da faixa etária de 20 a 39 anos (70%). No que diz respeito à
profissão/ocupação a maioria (51%) era representada por técnicos de Enfermagem.
Além disso, metade trabalha em períodos diurnos e (42,5%) revezam em
plantões diurnos e noturnos. Verificou-se ainda que 34% dos entrevistados tinham
dupla jornada de trabalho sendo que 26% tinham outro emprego na área da
Enfermagem.
Dessa forma, determinar as condições de trabalho torna-se necessário para
adaptação desses profissionais e assim tentar evitar danos no trabalho e prejuízos à
própria saúde física e mental (ROYAS e MARZIALE, 2001).
Em relação ao consumo de psicofármacos, 36% dos profissionais disseram
que utilizam ou já utilizaram em algum momento da vida esses medicamentos. Essa
prevalência de consumo foi superior ao encontrado por alguns autores em outras
populações: Fontes (2009), 4,2% em Ouro Preto (MG); Correia et al. (2010) 11,9%.
Esse fato indica a necessidade de estudos adicionais para conhecer as
particularidades dessa população.
Com relação aos medicamentos referidos como mais consumidos estão
Fluoxetina (32,7%), Clonazepam (19,7%), Diazepam (6,6%), Amitripitilina (6,6%) e
Carbamazepina (6,6%).
Segundo Zeferino et al. (2006), os profissionais de saúde que consomem
psicofármacos de maneira desordenada, têm consciência, pela sua formação
acadêmica, que estão infringindo o código de ética profissional. No entanto, não
conseguem controlar a dependência nem suas ações. A maioria detém
conhecimento a respeito desses fármacos, porém a convivência com muitas destas
substâncias e o fácil acesso, aliada a condições estressantes de trabalho, o que
torna esse grupo cada vez mais vulnerável (LUCAS et al.,2006). Sendo assim, o uso
de certas drogas por esses profissionais pode interferir diretamente no seu próprio
cuidado e, ainda, na assistência e cuidado ao outro (ZEFERINO et al., 2006).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir deste estudo percebeu-se certo grau de vulnerabilidade dos
profissionais de enfermagem ao consumo de psicofármacos.
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Portanto, observa-se pelo estudo realizado que a problemática do consumo
de psicofármacos está a cada dia se tornando um problema ocupacional e social,
que pode ocasionar sérios danos ao trabalhador, principalmente os de enfermagem.
Por isso a questão deve ser visto e julgado pelos conselhos, pela própria política
nacional do trabalhador e pelo sistema de Vigilância Sanitária.
Espera-se ainda que as instituições que acolhem esses trabalhadores,
principalmente as hospitalares, onde as condições de trabalho em alguns casos são
deficitárias, diante da enorme e conflitante situação dos profissionais de
Enfermagem, possam pensar em seus cuidadores agindo na implementação de
soluções que possam facilitar, e, talvez, diminuir a incidência do consumo de
psicofármacos e de outros problemas decorrentes.
REFERÊNCIAS
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FATORES QUE DIFICULTAM A ADESÃO AO TRATAMENTO ANTIHIPERTENSIVO ENTRE PACIENTES HIPERTENSOS DE UMA ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA DA CIDADE DE PEDRA BONITA-MG
Juvanir Antonio de Oliveira e Simone Fernandes de Souza - Graduadas em
Enfermagem
Ana Lígia Souza Pereira - Graduada em Enfermagem, Especialista em
Estomaterapia. Professora e Coordenadora do Curso de Enfermagem.
Kelly Aparecida do Nascimento - Graduada em Pedagogia e Educação Física.
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Coordenadora de Extensão e
Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Renata Aparecida Fontes - Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises Clínicas,
Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice –UNIVÉRTIX
Emanuelle Ferreira de Souza - Graduada em Enfermagem /especialista em Gestão
do Programa Saúde da Família.
Lucio Flavio Sleutjes – graduado em Fisioterapia. Mestre em Motricidade. Doutor
em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
[email protected]
RESUMO
A hipertensão arterial Sistêmica é considerada o principal fator de risco
para o desenvolvimento de doenças do aparelho cardiovascular e insuficiência renal
( ANDRADE, et al. 2001). O objetivo deste estudo foi identificar os fatores que
dificultam a adesão ao tratamento anti-hipertensivo em um grupo de hipertensos de
uma Estratégia Saúde da Família, do Município de Pedra Bonita-MG. Os dados
foram coletados através de um questionário contendo quinze questões fechadas por
meio de entrevistas com 31 pacientes hipertensos. Dentre os 31 pacientes
hipertensos, 67,7 % eram do sexo feminino, com idade entre 31 e 83 anos, 68 %
tinham o ensino fundamental incompleto, 80,6 % não faziam atividade física, 22,6 %
relataram que sua alimentação era rica em sal e gordura, 12,9 % eram fumantes,
19,4 % tinha excesso e peso ou obesidade, 12,9 % faziam uso de bebida alcoólica.
A partir desses resultados, podemos concluir que existe necessidade de politicas
públicas em Educação em Saúde para a conscientização do paciente sobre a
importância de modificar seu estilo de vida, além de entender e conhecer o
tratamento.
PALAVRAS-CHAVE: Hipertensão Arterial; Enfermagem; Adesão à Terapêutica.
INTRODUÇÃO
As intensas transformações que vem passando o Brasil nas últimas décadas,
como a longevidade da população, hábitos de vida pouco saudáveis e urbanização
crescente, são os grandes responsáveis pelo aumento da incidência e prevalência de
patologias crônicas não transmissíveis. Entre elas destaca-se a hipertensão arterial
sistêmica (HAS), caracterizada como “doença silenciosa” por apresentar um curso
lento e assintomático (BRASIL, 2009). A HAS é considerada o principal fator de risco
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para o desenvolvimento de doença do aparelho cardiovascular e insuficiência renal
(ANDRADE, et al. 2001).
A Sociedade Brasileira de Hipertensão (2011) estima que a HAS, acomete um
em cada quatro indivíduos adultos no Brasil, aproximadamente 25% da população
nacional adulta e 5% das crianças e adolescentes. Também é responsável por 40%
dos infartos agudo do miocárdio, 80% dos acidentes vasculares encefálicos e 25% dos
casos de insuficiência renal crônica. Calcula-se que no Brasil existem mais de 30
milhões de hipertensos. Devido a esse fato é considerado um dos principais problemas
da saúde pública brasileira (MOUSINHO; MORA, 2008).
A HAS atinge cerca de um terço dos indivíduos em todo o mundo. Pela sua alta
ocorrência tem um expressivo impacto nas taxas de morbimortalidades por doenças
cardiovasculares
que
acometem
tanto
países
em
desenvolvimento
quanto
desenvolvidos. É também responsável por uma elevada frequência de internações
hospitalares
gerando
custos
bastante
elevados
para
o
sistema
de
saúde
(MAGALHÃES et al. 2010).
Segundo Wilber e Barrow (1970), citado por Nogueira et al. (2010) foi realizado
um estudo no qual constataram que somente 50% dos hipertensos são diagnosticados
e destes somente a metade faz o tratamento e dos que fazem o tratamento apenas 50
% são controlados.
A adesão à terapêutica anti-hipertensiva merece atenção. Calcula-se que existam
cerca de 600 milhões de portadores de hipertensão arterial em todo o mundo, sendo a
causa primária de 7,1 milhões de óbitos, aproximadamente 13% do total de morte
(VERAS; OLIVEIRA, 2009). Um dos grandes motivos desses dados alarmantes de
óbitos é a dificuldade que os hipertensos apresentam em seguir as recomendações
preconizadas para o tratamento (FIGUEIREDO; ASAKURA, 2010).
Deste modo, o objetivo geral do presente estudo foi identificar os fatores que
dificultam a adesão ao tratamento anti-hipertensivo em um grupo de hipertensos de
uma Estratégia Saúde da Família, do Município de Pedra Bonita.
Este estudo justifica a necessidade de descrever e tentar entender o que leva os
pacientes a abandonar ou não seguirem o tratamento prescrito para o controle da
HAS. Diante dessas considerações, busca-se responder aos questionamentos: A
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dificuldade em aderir ao tratamento anti-hipertensivo pode estar relacionada à doença?
Ao cliente? Ao profissional de saúde? Ao tratamento?
Portanto, tornam-se relevantes estudos que visem identificar os fatores
associados à adesão e não-adesão ao tratamento para hipertensão. A partir do
conhecimento desses fatores será possível traçar estratégias mais eficazes no sentido
de ajudar os pacientes hipertensos encontrar uma melhor forma de controlar a doença
e consequentemente uma melhor qualidade de vida.
FUNDAMETAÇÃO TEÓRICA
Segundo Nogueira et al. (2010), no Brasil, de 2000 a 2009, as doenças
cardiovasculares foram responsáveis por 40% das aposentadorias precoces e 65% de
mortalidade na população adulta em plena fase laboral (30 a 69 anos).
A partir do momento em que a pessoa vai envelhecendo o risco de desenvolver a
HAS aumenta, podendo atingir 65 % dos idosos com mais de 60 anos e entre as
mulheres acima de 75 anos sua prevalência pode chegar a 80% (BORIM;
GUARIENTO; ALMEIDA, 2011).
Dados da VI Diretrizes Brasileira de Hipertensão (2010) mostram que no Brasil,
em 2007, ocorreram 308.466 mortes em decorrência de patologias cardiovasculares,
no mesmo ano foram contabilizados 1.457.509 internações no SUS, por doenças
cardiovasculares. Em 2009, registrou-se 91.970 internações em decorrência de
patologias do aparelho circulatório com um custo de R$ 165.461.644,33 (DATASUS).
Patologia renal terminal relacionada à HAS, responsável pela inclusão de 94.282
pessoas em programa de diálise no sistema único de saúde, contabilizando-se 9.486
mortes em 2007.
Em 2001, aproximadamente 7,6 milhões de mortes no mundo foram em
decorrência da HAS, (47% doença isquêmica do coração e acidente vascular
encefálico responderam por 54% das mortes).
A pressão arterial normal é a pressão exercida pelo fluxo sanguíneo através do
coração e dos vasos sanguíneos. Ela é determinada pelo volume de sangue ejetado
pelos ventrículos por unidade de tempo (débito cardíaco), multiplicado pela resistência
vascular periférica (resistência que o fluxo sanguíneo encontra para circular pelos
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vasos). O débito cardíaco é o resultado da frequência cardíaca vezes o volume
sistólico (SMELTZER; BARE, 2006).
De acordo com a VI Diretrizes Brasileira de Hipertensão (2010), a HAS é
caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial, sendo uma
condição clínica que envolve vários fatores. Associa-se frequentemente tanto com
alterações metabólicas quanto alterações funcionais e/ou estruturais dos órgãos-alvo
(coração, vasos sanguíneos, encéfalo e rins), elevando o risco de eventos
cardiovasculares fatais e não-fatais. O individuo é considerado hipertenso quando o
valor da pressão arterial sistólica for maior ou igual a 140 mmHg e a pressão arterial
diastólica for maior ou igual a 90 mmHg em medidas de consultório.
Classificação da pressão arterial de acordo com a medida casual no consultório,
em indivíduos acima de 18 anos, segundo a VI Diretrizes brasileira de Hipertensão
(2010), apresentado na Tabela 1.
Tabela 1 - Classificação da pressão arterial em adultos (> 18 anos).
Classificação
Pressão sistólica
(mmHg)
Ótima
<120
Normal
<130
Limítrofe
130-139
Hipertensão estágio 1
140-159
Hipertensão estágio 2
160-179
Hipertensão estágio 3
≥180
Hipertensão sistólica isolada
≥140
Fonte: VI Diretrizes Brasileira de Hipertensão (2010)
Pressão diastólica
(mmHg)
<80
<85
85-89
90-99
100-109
≥110
<90
Para Laterza et al. (2008), qualquer alteração entre o débito cardíaco, resistência
vascular periférica ou ambos interfere nos níveis pressóricos. Os níveis pressóricos
são controlados por mecanismos que estão envolvidos tanto na manutenção como na
variação, momento a momento, da pressão arterial, regulando a reatividade vascular, o
calibre dos vasos, a distribuição de fluido dentro e fora dos vasos e o débito cardíaco.
Na HAS estabelecida, deve haver uma alteração em um ou mais fatores que
afetam a resistência periférica ou débito cardíaco, sendo difícil definir quais os
mecanismos responsáveis no desencadeamento e a manutenção da pressão arterial
elevada. Existem várias evidências de que alteração no sistema nervoso central
juntamente com as alterações no controle reflexo da pressão arterial levam a uma
progressão e permanência da HAS (Laterza et al. 2008).
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A HAS pode ser classificada em primária e secundária. Apenas 5 a 10% dos
pacientes hipertensos são considerados portadores de hipertensão secundária, ou
seja, tem sua causa conhecida. Na hipertensão primária que atinge 90 a 95 % dos
casos é de origem idiopática, na maioria dos casos a hipertensão é do tipo multifatorial
(PEDROSA; DRAGER, 2008).
Para Smeltzer e Bare (2006), a hipertensão pode ter uma ou mais das seguintes
causas: sistema nervoso simpático com atividade aumentada relacionada com a
função anormal do sistema nervoso autônomo, aumento da reabsorção renal de sódio,
cloreto e água associada com uma variação genética pelo modo que os rins
manuseiam o sódio, aumento da atividade do sistema renina-angiostensinaaldosterona acarretando aumento do volume do líquido extracelular e resistência
vascular aumentada, vasodilatação das arteríolas diminuídas relacionada com a
função anormal do endotélio vascular, resistência a ação da insulina que pode ser um
fator comum relacionado à pressão alta, diabetes mellitus do tipo II, aumento do
triglicérides, obesidade e intolerância a glicose. Além disso, a partir do momento em
que a pessoa vai envelhecendo ocorrem alterações funcionais e estruturais no coração
e vasos sanguíneos, contribuindo para o aumento da pressão arterial.
Portanto a HAS é considerada uma doença multifatorial e, dessa forma, o
conhecimento dos fatores de risco se torna necessário para o controle adequado desta
patologia (FERREIRA FILHO, et al. 2007).
Os principais fatores de risco para HAS segundo dados da VI Diretrizes
Brasileira de Hipertensão (2010) são:

Idade: À medida que a pessoa vai envelhecendo aumenta o risco de
desenvolver hipertensão arterial, sendo-se que a prevalência de indivíduos com
mais de 65 anos com HAS é superior a 60%.

Gênero e etnia: Existe um perfil semelhante de prevalência da HAS entre
homens e mulheres e está presente duas vezes mais em indivíduos da raça negra.

Excesso de peso e obesidade: Indivíduos com excesso de peso têm maior
risco de desenvolver HAS. Entre 20% a 30% dos hipertensos estão relacionados
diretamente ao excesso de peso, atingindo 65% das mulheres e 75% dos homens
(BRASIL, 2011).
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
Consumo de sal: A população do Brasil consome bastante sal, este fato tem
sido relacionado com o aumento da pressão arterial. Populações que consomem
pouco sal, como os índios brasileiros Ianomâmis não desenvolvem hipertensão.

Consumo de bebida alcoólica: O uso prologando de bebidas alcoólicas pode
elevar os níveis da pressão arterial.

Sedentarismo: Indivíduos sedentários possuem o risco de 30% a mais de
desenvolver hipertensão, em relação aos que praticam atividade física. Portanto os
exercícios físicos diminuem o risco de desenvolver hipertensão arterial (BRASIL
2011).

Fatores socioeconômicos: Em nível mundial não existe uma correlação entre
condição socioeconômica e a Hipertensão Arterial Sistêmica.
No Brasil há
prevalência HAS em indivíduos com baixo nível escolar.

Genética: A colaboração de fatores genéticos para a origem da hipertensão
está bem determinada na população. Em 90% dos casos essa patologia é herdada
dos pais (BRASIL, 2011).

Tabagismo: Aumenta gradualmente os níveis pressóricos e contribui para o
desenvolvimento e complicações de arteriosclerose (KAWAMOTO; SANTOS;
MATTOS, 2009).

Estresse: O excesso de produção de adrenalina resulta em elevação dos
batimentos cardíacos e pressão arterial (KAWAMOTO; SANTOS; MATTOS, 2009).

Anticoncepcionais orais: Mulheres em uso deste tipo de medicação têm duas
a três vezes maior risco de ter pressão alta (PEDROSA; DRAGER, 2008).
A HAS conhecida é popularmente como “doença silenciosa”, porque as pessoas
hipertensas geralmente não apresentam sintomas. Inicialmente pode provocar:
cefaleia unilateral, edema, pulso periférico cheio, palpitação, irritabilidade, ansiedade,
sudorese excessiva, dificuldade de concentração, fadiga, nictúria (FIGUEIREDO;
VIANA; MACHADO, 2008).
A pressão arterial elevada por longo período pode causar lesões nos vasos
sanguíneos em várias partes do corpo, principalmente no coração, cérebro, olhos, rins
(SMELTZE; BARE, 2006,). Para Kawamoto, Santos e Mattos (2009), as complicações
mais frequentes são: hipertrofia ventricular esquerda, angina, insuficiência cardíaca,
revascularização miocárdica prévia, infarto agudo do miocárdio, doença vascular
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arterial de extremidades, retinopatia hipertensiva, acidente vascular encefálico
(hemorrágico ou isquêmico), isquemia cerebral transitória, alterações cognitivas ou
demência vascular, nefropatias relacionadas á hipertensão.
Dessa forma, um diagnóstico precoce é fundamental para evitar possíveis
complicações. Este é realizado mediante a aferição da pressão arterial sistólica e
diastólica, utilizando-se o estetoscópio e esfigmomanômetro, tendo como base o nível
acima da normalidade (KAWAMOTO; SANTOS; MATOS, 2009). Segundo Figueiredo
et al. (2008), para o diagnóstico da HAS, é necessário a realização do exame físico
completo do cliente e registro da história na anamnese. Deverá ser realizado
eletrocardiograma, dosagem de proteína na urina, exame das retinas e análise de
outros fatores de risco. O diagnóstico deverá ser confirmado por medidas repetidas,
em condições ideais em pelo menos três ocasiões.
Os índices de controle da HAS são baixos apesar de ser uma patologia passível
de controle por meio de tratamento medicamentoso e não-medicamentoso. O objetivo
primordial do tratamento é a redução da morbidade e mortalidade cardiovascular e
renal (JESUS, et al. 2007). O que é feito através da utilização de medicamentos
prescritos de acordo com a gravidade do quadro. As principais medidas que devem ser
instituídas para o tratamento não medicamentoso são aquelas que modificam o estilo
de vida, tais como: controle do peso, alimentação saudável, redução do consumo de
sal, prática de atividade física regular, diminuição do consumo de bebida alcoólica,
abandono do tabaco e controle do estresse (FIGUEIREDO; ASAKURA, 2010).
A adesão ao tratamento refere-se à observação do comportamento do paciente,
no tocante ao uso de medicamento, comparecimento às consultas agendadas,
realização mudanças ao estilo de vida, Tudo isso corresponde às recomendações do
profissional que lhe prestou atendimento (JESUS et.al. 2007).
Estudos têm apontados grandes dificuldades as quais pessoas com hipertensão
encontram em seguir as orientações médicas, gerando altas taxas de abandono ao
tratamento. Estima-se que aproximadamente dois terços dos pacientes em tratamento
anti-hipertensivo não têm pressão arterial controlada, em decorrência do uso incorreto
do tratamento medicamentoso (DUARTE et al. 2010).
Para reduzir os eventos cardiovasculares, é fundamental tanto o diagnóstico,
quanto o tratamento e o controle da HAS. Nos últimos 15 anos, foram analisados 14
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estudos no Brasil com 14.783 indivíduos hipertensos, apenas 19,6% apresentaram
níveis pressórico menor que 140/90 mmHg (VI DIRETRIZES BRASILEIRA DE
HIPERTENSÃO, 2010).
Em 2008, foi realizada uma pesquisa com 54 pacientes hipertensos em um
Centro de Saúde, localizado na cidade de São Paulo. O objetivo do estudo era
identificar as principais dificuldades desses pacientes em aderir o tratamento antihipertensivo. Os principais resultados foram: 64,8% tinham excesso de peso, 51,8%
relataram que fazem atividade física, 94,4% não fumavam e 83,3% não consumiam
bebida alcoólica. Dos 49 pacientes que receberam orientações para adoção de uma
dieta hipossódica, a metade relatou que tem dificuldade em segui-la. Em relação à
atividade física, 36 pacientes mencionaram ter recebido esse tipo de orientação, mas
apenas 16 disseram fazer caminhada. Quanto ao tratamento medicamentoso, 12
pacientes relataram ter dificuldades em fazê-lo pelo fato de esquecer o horário de
tomar a medicação. Apenas 44,4% foram orientados a fazer atividade física e 22,2%
não receberam orientação para adotar uma dieta hipossódica. Em relação à
escolaridade 46,3% não tinham completado o ensino fundamental (FIGUEIREDO,
ASAKURA, 2010).
Outro estudo foi realizado com 401 pacientes no Estado da Bahia no intuito de
descrever as razões pelas quais interromperam o tratamento farmacológico da HAS.
Dentre os resultados, observou-se que 83% relataram normalização da pressão
arterial, 56,5 % efeitos colaterais das medicações, 45,3% esquecimento do uso da
medicação, 41,7% mencionaram o custo da medicação, 27,2% tinham receio de
misturar com álcool, 27,2% medo de misturar com outras drogas, 21,6% medo de
hipotensão, 22% medo de intoxicação, 28,5% uso de tratamento alternativo, 36,8%
desconhecimento da necessidade de continuar com o tratamento (ANDRADE, et al.
2002).
Os principais fatores relacionados à não adesão ao tratamento anti-hipertensivo
são: mudanças na qualidade de vida após o inicio do tratamento, medicamentos com
custos altos e ocorrência de efeitos colaterais, dificuldade para agendar consultas,
tempo de atendimento prolongado, falta de contato com os pacientes faltosos e com
aqueles que abandonam o serviço, dificuldade em relacionar-se com a equipe de
saúde, nível socioeconômico baixo, baixa autoestima, crenças e aspecto culturais
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errados adquiridos com os familiares, falta de conhecimento do paciente sobre a
patologia ou de interesse para tratar uma doença crônica e sem sintomas. (VI
DIRETRIZES BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO, 2010)
Em indivíduos com a pressão arterial limítrofe mudanças no estilo de vida são as
principais indicações para evitar a evolução do quadro, no entanto, desde a infância
devem ser adotados hábitos de vida saudáveis, respeitando-se as características
regionais, socioeconômicas e culturais. Em indivíduos com pressão arterial limítrofe é
indicado o tratamento medicamentoso apenas em condições de alto ou muito alto risco
cardiovascular. De maneira geral, as formas mais efetivas de evitar a doença são a
prevenção primária e o diagnóstico precoce, as quais representam as metas
prioritárias
dos
profissionais
de
saúde
(VI
DIRETRIZES
BRASILEIRA
DE
HIPERTENSÃO, 2010).
Portanto, torna-se necessário seguir a terapêutica anti-hipertensiva proposta pela
equipe de saúde, por se tratar de uma doença crônica, que pode ser controlada com
uso medicamento e medidas simples. O paciente quando segue o plano terapêutico
corretamente está prevenindo as possíveis complicações da hipertensão arterial
sistêmica (LAZARINI, et al. 2009).
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa de natureza descritiva, com abordagem quantitativa.
Segundo Rodrigues (2007), nesse tipo de pesquisa são utilizadas técnicas
padronizadas de coleta de dados, onde fatos são observados, computados,
analisados, divididos em classe e interpretados, sem que haja interferência do
pesquisador. Na pesquisa quantitativa são utilizados métodos estatísticos, em que são
traduzidas em números as opiniões e informações, para serem divididos em classe e
analisados.
O estudo foi realizado em uma das ESF´s (Estratégia Saúde da família), no
município de Pedra Bonita, que conta atualmente com três equipes de ESF. Pedra
Bonita está localizada na Zona da Mata do Estado de Minas Gerais com uma
população de aproximadamente 6.5581 habitantes e onde a principal fonte de
emprego e renda é a cultura de café (IBGE, 2011).
A população deste estudo constitui-se de um grupo de hipertensos, da referida
ESF. Para a seleção dos colaboradores da pesquisa foram adotados os critérios de
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inclusão: possuir o diagnóstico de hipertensão arterial, participar do grupo de
hipertensos, serem cadastrado no programa HIPERDIA e residir no município de
Pedra Bonita.
Para obtenção dos dados foi aplicado um questionário contendo 15 questões
fechadas que abordava o estilo de vida, dados socioeconômicos, aspectos
relacionados à hipertensão e seu tratamento, além de fatores de risco.
A pesquisa foi realizada no dia 01 de setembro de 2011, ocasião em que
aconteciam as reuniões do grupo de hipertensos e também o convite aos pacientes
para participarem do estudo. Os sujeitos da pesquisa foram informados sobre o
objetivo do estudo e a participação foi concretizada mediante assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Este seguiu as especificações da Lei
196/96, que trata de pesquisa envolvendo seres humanos, resguardando-lhe o
anonimato e autonomia em recusar-se ou desistir de fazer parte da amostra do estudo.
Após a coleta de dados, estes foram tabulados no Microsoft Office Excel, através
da analise de estatística descritiva. Os dados foram gerados gráficos que orientaram
na parte escrita dos resultados e discussões deste estudo.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A Tabela 2 apresenta a descrição das características sócio-demográficas da
população estudada. A população referida foi composta por 31 pacientes hipertensos,
dentre os quais 67,7 % eram do sexo feminino. De acordo com outros estudos, as
mulheres têm por hábito procurar os serviços de saúde, assim como, observar e relatar
seus problemas nessa área, enquanto os homens sempre apresentam piores
indicadores de acesso ao serviço de saúde do SUS (MOUSINHO; MORA, 2008). No
que se refere à idade dos entrevistados, houve uma variação entre 31 e 83 anos. Entre
eles 51,6% possuem idade entre 50 e 69 anos, tendo como a média de 56 anos. De
acordo com o Ministério da Saúde, a HAS torna-se mais comum com a idade
alcançando cerca de 50% dos indivíduos na faixa etária de 55 anos ou mais ( BRASIL,
2011).
Quanto à escolaridade, a maioria dos entrevistados não concluiu o ensino
fundamental, representando 68%, o que nos mostra baixo índice de escolaridade da
população estudada. Esse percentual é semelhante ao de 64% encontrado por Duarte
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et al. (1995). De acordo com o VI Diretrizes de Hipertensão (2010), no Brasil há
prevalência de HAS em indivíduos com baixo nível escolar. Quanto mais baixo o nível
de escolaridade mais difícil aceitação da patologia, dos esquemas medicamentosos e
da necessidade de mudanças no estilo de vida. Assim, o nível de escolaridade
influencia diretamente na adesão ao tratamento (VERAS; OLIVEIRA, 2009). Sobre a
renda familiar, mais da metade dos indivíduos (52%), possuem renda familiar na faixa
de um a dois salários mínimos.
Tabela 2 - Características sócio-demográficas da população investigada, em uma ESF, no Município de
Pedra Bonita, setembro de 2011.
Característica
N=31
%
Gênero
Masculino
10
32,3
Feminino
21
67,7
Faixa Etária
30 – 49
10
32,3
50 – 69
16
51,6
70 ou mais
05
16,1
Escolaridade
Analfabeto
06
19,4
1°grau incompleto
21
68
1°grau completo
01
3,2
2°grau completo
02
6,5
Ensino superior
01
3,2
Renda Familiar em Salário Mínimo
< 01
12
38,7
01 a 02
16
52
02 a 04
03
9,7
A Figura 1 refere-se à ocasião em que população referida descobriu ser
portadora de HAS. Dos entrevistados, 29% responderam que descobriram ser
portadores de HAS entre 01 e 03 anos. O diagnóstico precoce da HAS é fundamental
para evitar possíveis complicações (KAWAMOTO; SANTOS; MATOS, 2009).
Figura 1: Representa a ocasião em que população referida descobriu ser portadora de HAS, em um
ESF, no Município de Pedra Bonita-MG, 2011.
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Quanto à medicação, observa-se que 58% da população investigada disse
utilizar de 2 a 3
medicamentos por dia ( figura 2). Dados semelhantes de uma
pesquisa realizada por Borim; Guariento; Almeida (2011), quando encontraram os
resultados de 59 %. Deste modo, observa-se que múltiplas medicações e doses
frequentes podem dificultar a adesão ao tratamento (LAZARINI, et al. 2009).
Figura 2: Representa quantos medicamentos para controlar a pressão arterial os hipertensos tomam
diariamente, em uma ESF, Município de Pedra Bonita- MG (2011).
Quando o paciente utiliza mais de um medicamento o mesmo tempo tem
dificuldade em identificar cada medicamento, isso pode ser agravado pelo padrão de
embalagem dos laboratórios, que não permitem a identificação diferenciada de seus
medicamentos. Outro agravante é o fator idade que tem influencia na função cognitiva
do idoso, dificultando em lembrar-se de ingerir medicamentos em horários e dosagem
certa (ARAÚJO; SILVA, 2010).
Ao serem questionados sobre a dificuldade de tomar os medicamentos de
acordo com a posologia indicada pelo médico, 87,1% disseram não ter dificuldade e
12,9 % disseram que esquecem. Dados semelhantes em uma pesquisa realizada por
LAZARINI, et al. (2009), 83 % responderam não e 17 % sim.
Os investigados foram questionados se eram portadores de diabetes
mellitus além da HAS, 12,9 % responderam sim. Segundo Cotta et al. (2008) tanto a
HAS quanto o diabetes mellitus são patologias que têm vários aspectos em comum: a
cronicidade, as complicações crônicas e a difícil adesão ao tratamento. A HAS é uma
comorbidade particularmente comum no diabético representando um risco adicional
para o desencadeamento de doenças do sistema cardiovascular, caracterizando como
um dos motivos de agravo de saúde pública.
Do total dos entrevistados, 19,4 % apresentam excesso de peso/obesidade,
há uma correlação negativa com dados do Ministério da Saúde (2011) que mostram
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que em 2010, 48,1 % da população adulta nas capitais Brasileiras têm excesso de
peso (BRASIL, 2011). Segundo Magalhães et al. (2010) o excesso de peso está
correlacionado com a elevação da pressão arterial, ao contrário, a redução do peso
corporal e essencial para reduzir a PA, além de reduzir outros fatores associados com
a elevação da pressão arterial. Uma perda de peso de 10% é capaz de reduzir a
pressão arterial em 08 a 12 mmHg.
Quanto à prática de atividade física 80,6 % dos entrevistados disseram não
fazer atividade física. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia, 83 % da
população são sedentários e o sedentarismo é um fator de risco essencial para
desencadeamento de doenças crônicas. Estudos mostram que a inatividade física é
prevalente em idosos, pessoas de baixo nível social e mulheres (BRASIL, 2011).
Estudos têm consistentemente demonstrado que a atividade física regular, de baixa e
moderada intensidade, realizada de três a cinco vezes por semana, com duração de
no mínimo trinta minutos, reduz os níveis da pressão arterial em pacientes com HAS
(LATERZA, et al. 2008).
Quando perguntados sobre o hábito de fumar, 12,9 % afirmaram fumar.
Esses dados são semelhantes aos do Ministério da Saúde que mostram que a
prevalência de fumantes no Brasil em 2008 era de 17,2 %, índice que vem reduzindo
progressivamente (BRASIL, 2011).
Em relação à bebida alcoólica, 12,9 % mencionaram fazer uso. Estudos
mostram que a ingestão de álcool por períodos prolongados eleva a PA, para quem é
hipertenso restringir a ingestão de bebida alcoólica é essencial para reduzir a pressão
arterial (MAGALHÃES, et al. 2010).
Ao questionarmos sobre a alimentação, se as mesmas são ricas em sal e
gordura, 22,6 % relataram que sim. Outros pesquisadores observaram que 24% dos
hipertensos entrevistados ainda consumiam regularmente alimentos com alto teor de
sódio (FIGUEIREDO; ASAKURA, 2010). O consumo de alimentos com baixo teor de
gordura e sal reduz significativamente a pressão arterial (MAGALHÃES, et al. 2010).
Ao perguntarmos se, com a participação das reuniões de hipertensos
realizada na ESF, os mesmos passaram a usar os medicamentos corretamente, 93,5
% mencionarem que sim. Quando questionamos por que eles afirmaram se sentirem
bem ao participar do grupo disseram que o mesmo esclareceu todas suas dúvidas. As
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ações em grupo auxiliam as pessoas a conhecerem, entenderem e aceitarem melhor a
sua doença; orientam sobre os benefícios do tratamento; esclarecem quais as formas
de prevenção e complicações e reconhecem comportamentos de riscos (KAWAMOTO;
SANTOS; MATOS, 2009).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No presente estudo, foi observado que as modificações no estilo de vida, ou
seja, a realização regular de atividade física, a adoção de dieta com baixo teor de sal e
gordura, a manutenção do peso corporal, configuram-se como os principais fatores
que dificultam a adesão ao tratamento anti-hipertensivo. Apenas a distribuição gratuita
da medicação não é suficiente para garantir a adesão ao tratamento, considerando as
dificuldades relatadas.
Contudo existe a necessidade de políticas públicas em Educação em Saúde
para a conscientização do paciente para a necessidade de modificar o estilo de vida,
além de entender e conhecer o tratamento. Nesse sentido, a equipe de saúde deve ser
ampliada contando com a participação de educadores físicos, entre outros
profissionais a fim de elaborar alternativas, com os pacientes e os familiares para as
dificuldades apontadas.
Há poucos estudos sobre adesão ao tratamento anti-hipertensivo no Brasil,
considera-se também necessário, a realização de outros estudos dessa natureza em
outros locais, com populações diferentes para fazer uma comparação dos dados, a fim
de observar as semelhanças e peculiaridades das populações estudadas.
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PERFIL DE ADULTOS HIPERTENSOS EM UNIDADE BASICA DE SAÚDE ESF
KELÉ DO MUNICÍPIO DE MATIPÓ-MG.
Fabrício Paulo da Silva e Luciana Rosa - Graduadas em Enfermagem
Ana Lígia Souza Pereira - Graduada em Enfermagem, Especialista em
Estomaterapia. Professora e Coordenadora do Curso de Enfermagem.
Kelly Aparecida do Nascimento - Graduada em Pedagogia e Educação Física.
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Coordenadora de Extensão e
Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Renata Aparecida Fontes - Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises
Clínicas,Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice –
UNIVÉRTIX
Cristina Maria Lobato Pires - Graduada em Enfermagem. Especialista em Saúde
Pública. Professora da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX
Lucio Flavio Sleutjes – graduado em Fisioterapia. Mestre em Motricidade. Doutor
em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX.
[email protected]
RESUMO
A hipertensão arterial (HAS) é uma doença altamente prevalente em indivíduos
idosos, tornando-se um dos mais importantes fatores na morbidade e mortalidade da
população. O presente trabalho identificou o conhecimento dos pacientes
hipertensos do ESF KELÉ, da cidade de Matipó sobre fatores que favorecem a
progressão da doença. Em estudo descritivo com abordagem quantitativa, a
pesquisa foi realizada na ESF (Estratégia de Saúde da Família) KELÉ, com uma
população de pacientes hipertensos cadastrados que participaram do encontro do
dia 28/09/2011. Foram realizadas entrevistas utilizando como instrumento de coleta
de dados um questionário e posteriormente os dados foram analisados por
estatística descritiva. Os resultados ressaltam a necessidade de se conhecer com
propriedade a realidade vivida da população circunscrita na área de abrangência da
ESF. Entendendo-se que através do estabelecimento de vínculo equipe-cliente se
configuram perspectivas no sentido de minimizar o desconhecimento por parte do
paciente. Verifica-se de forma conclusiva a importância de os profissionais das ESF
realizarem uma busca ativa dos indivíduos que abandonam o acompanhamento e
identificar os elementos causadores de tal dificuldade, buscando a reinserção dos
mesmos ao programa.
PALAVRAS-CHAVE:
acompanhamento.
Hipertensão
arterial,
progressão
da
doença,
INTRODUÇÃO
O Ministério da Saúde, Brasil (2001), através da Secretaria de Políticas de
Saúde e o Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, entende ser a
Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), uma doença crônica, não transmissível, de
natureza multifatorial, na maioria dos casos assintomática e que compromete
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fundamentalmente o equilíbrio dos mecanismos vasodilatadores e vasoconstritores,
levando a um aumento da tensão sanguínea nos vasos, capaz de provocar danos
aos órgãos por eles irrigados.
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma doença altamente prevalente em
indivíduos idosos, tornando-se um dos mais importantes fatores na morbidade e
mortalidade da população. O aumento da população idosa, da sobrevida de
portadores dessas doenças, da urbanização e industrialização, da inatividade física
e da obesidade contribui para o crescimento da prevalência e incidência destas
enfermidades (BRANDÃO et al., 2006; FREITAS, 2006).
A prevalência estimada de hipertensão no Brasil atualmente é de 35% da
população acima de 40 anos. Isso representa, em números absolutos, um total de
17 milhões de portadores da doença, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de
Geografia Estatística (IBGE, 2004), cerca de 75% dessas pessoas recorrem ao
Sistema Único de Saúde (SUS) para receber atendimento na Atenção Básica.
Para atender os portadores de hipertensão, o Ministério da Saúde possui o
Programa Nacional de Atenção a Hipertensão Arterial. O programa compreende um
conjunto de ações de promoção de saúde, prevenção, diagnóstico e tratamento dos
agravos da hipertensão. O objetivo é reduzir o número de internações, a procura por
pronto-atendimento, os gastos com tratamentos de complicações, aposentadorias
precoces e mortalidade cardiovascular, com a consequente melhoria da qualidade
de vida dos portadores. (BRASIL, 2001).
Outra importante constatação feita pelo Departamento de Atenção Básica da
Secretaria de Políticas de Saúde (Brasil, 2001), através do Programa Saúde da
Família, é que prevalência estimada na população brasileira adulta gira em torno de
15 a 20%, sendo que, entre a população idosa, essa cifra chega a 65%. Entre os
hipertensos, cerca de 30% desconhecem serem portadores da doença. Além disso,
destaca-se que a HAS é uma doença que apresenta alto custo social, sendo
responsável por cerca de 40% dos casos de aposentadoria precoce e de
absenteísmo no trabalho.
Conforme Meira et al. (2006) a hipertensão arterial é um dos maiores
problemas de saúde pública no Brasil e no mundo. Segundo a Sociedade Brasileira
de Hipertensão (2006), esta é uma doença crônica, não transmissível, e possui
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vários fatores que compromete o equilíbrio dos mecanismos vasodilatadores
essencialmente vasoconstritores, levando a elevação da pressão arterial para
números acima dos valores normais (140/90 mm Hg).
A identificação de muitos fatores de riscos para pressão alta tais como a
hereditariedade, a idade, o gênero, o grupo étnico, o grau de escolaridade, o status
sócio econômico, a obesidade, o alcoolismo, o tabagismo e o uso de
anticoncepcionais orais foram citados para avanços na epidemiologia de doenças
cardiovasculares, e influenciando nas medidas preventivas as terapêuticas dos altos
índices
pressóricos
que
abordam
os
tratamentos
farmacológicos
e
não
farmacológicos.
Para Pinheiro (2009) um dos grandes problemas da hipertensão arterial
(pressão alta) é o fato de esta ser assintomática até fases avançadas. Achar que a
pressão está alta ou normal baseado em sintomas como dor de cabeça, cansaço,
dor no pescoço ou nos olhos, sensação de peso nas pernas ou palpitações, é um
erro muito comum entre os hipertensos. A pressão alta não causa sintomas na
imensa maioria das vezes. Quem é hipertenso deve aferi-la com frequência. Quem
não é hipertenso, mas tem história familiar forte, deve conferir sua pressão arterial
periodicamente. Deve-se ter cautela no uso de anticoncepcionais orais e
determinados fármacos.
A
hipertensão
arterial
sistêmica
(HAS)
vem
se
transformando
progressivamente num dos mais graves problemas de Saúde Pública no Brasil. O
objetivo deste estudo foi definir perfis de hipertensos considerando-se a relação
entre as variáveis faixas etária, sexos, número de medicamentos utilizados para
controle de pressão arterial (PA), participação em grupo educativo, qualidade de
vida (QV), e atividade física. Estima-se que no Brasil 30% da população em geral,
com mais de 40 anos, possa ter pressão arterial elevada.
Um desafio no diagnostico e controle da HAS é conhecer o impacto da
doença e seu tratamento sobre a vida do individuo. Assim a relevância do estudo
encontra-se em demonstrar, a essa clientela e aos profissionais envolvidos em
estratégias de saúde pública, que a partir do conhecimento do diagnostico de HAS
os pacientes conquistam mudanças sobre sua qualidade de vida.
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O presente estudo buscou identificar o conhecimento dos pacientes
hipertensos do ESF KELÉ, da cidade de Matipó sobre fatores que favorecem a
progressão da doença.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Conforme Araújo (2007), a hipertensão arterial é fator de risco para doença
coronariana, doença cerebrovascular, doença vascular periférica, insuficiência
cardíaca e doença renal terminal. Avaliando ainda que esses agravos sejam
importantes causas de morbidade e mortalidade, com elevado custo social.
Lima e Costa et al. (2000), revelam através de seus estudos que no Brasil, as
doenças cardiovasculares são responsáveis por 33% dos óbitos com causas
conhecidas. Além disso, essas doenças foram a primeira causa de hospitalização no
setor público, entre 1996 e 1999, e responderam por 17% das internações de
pessoas com idade entre 40 e 59 anos e 29% daquelas com 60 ou mais anos.
Alguns fatores de risco para a hipertensão arterial
incluem: idade elevada; excesso de massa corpórea,
podendo ser responsável por 20% a 30% dos casos de
hipertensão arterial; o consumo elevado de bebidas
alcoólicas e sódio (sal); nível socioeconômico mais baixo
e o sedentarismo. Indivíduos sedentários apresentam
risco aproximadamente 30% maior de desenvolver
hipertensão do que os ativos (MION JUNIOR, 2007).
Passos e Barreto (2006) reconhecem ser de fundamental importância os
estudos epidemiológicos de base populacional, a fim de se conhecer a distribuição
da exposição e do adoecimento por hipertensão e os fatores e condições que
influenciam a dinâmica desses padrões de risco na comunidade. Segundo os
autores, a identificação dos maiores fatores de risco para doenças cardiovasculares
e de estratégias de controle efetivas, combinadas com educação comunitária e
monitoramento-alvo dos indivíduos de alto risco contribuíram para uma queda
substancial na mortalidade, em quase todos os países desenvolvidos.
Simonetti (2002) revela que provavelmente, apenas cerca de 30% dos casos
de hipertensão arterial identificados e tratados estão controlados. E esse controle
inadequado das cifras tensoriais, na maioria das vezes, relaciona-se à falta de
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adesão ao tratamento, por diversos motivos. Dentre essas razões podemos
destacar: a característica assintomática da doença, tratamento prolongado, custo
alto dos medicamentos e seus efeitos colaterais, relação equipe de saúde-paciente
insatisfatória e a falta de motivação, podendo estar associada, principalmente, a
fatores externos, como carência de sistema de apoio, dificuldades financeiras e de
acesso ao sistema de saúde.
Nesse contexto ações que visem o controle efetivo da hipertensão devem ser
prioridade no combate à crescente prevalência e incidência de doenças
cardiovasculares no país. Visto que as doenças cardiovasculares constituem o
principal grupo de causas de morte da população adulta no Brasil (NOGUEIRA,
2003).
Conforme o Departamento de Atenção Básica da Secretaria de Políticas de
Saúde, (BRASIL, 2001), o controle da HA no início de seu desenvolvimento constitui
o passo primordial para a redução de suas complicações. Dessa forma todas as
estratégias utilizadas visam manter os níveis de pressão arterial tanto quanto
possível abaixo dos limites definidos pela OMS, respeitando-se as características individuais, co-morbidades e a qualidade de vida.
Sousa, Souza e Scochi (2006) descrevem que, na Norma Operacional da
Assistência à Saúde do Sistema Único de Saúde (NOAS/SUS), entre as ações
estratégicas mínimas de responsabilidade dos municípios estão: o controle da
hipertensão arterial, a ser desenvolvido por meio do diagnóstico de casos, o
cadastramento de portadores, a busca ativa, o tratamento e as ações educativas,
figura como destaque na atenção básica.
Uma avaliação inicial do hipertenso objetiva além de
confirmar a elevação da PA, também identificar as
causas da pressão sanguínea elevada, avaliar a
extensão da patologia, a presença de danos aos órgãosalvo bem como de doença cardiovascular e a
identificação de fatores de risco da patologia (BRASIL,
2001).
Em consonância com tais premissas Toledo, Rodrigues e Chiesa (2007),
revelam que doenças crônicas merecem mais atenção dos órgãos públicos,
alertando ser necessário que os PSFs tenham maior conhecimento sobre a
população hipertensa, cadastrando-os, levantando fatores de risco, complicações
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existentes, nível de pressão arterial sistólica e diastólica, índice de massa corpórea
(IMC), circunferência abdominal e outros dados que possam levar à implantação de
estratégias focadas nos reais problemas daquela população.
Conforme a Secretaria de Saúde do Estado do Ceará (2002), atualmente
naquele estado, os profissionais de saúde, em especial os de enfermagem, contam
com um sistema conhecido como HIPERDIA. Trata-se de um mecanismo de
informação
do
acompanhamento
Ministério
de
da
Saúde
portadores,
além
que
permite
o
cadastramento
da
garantia
do
recebimento
e
dos
medicamentos prescritos. Ao mesmo tempo, o sistema permite, em médio prazo,
definir o perfil epidemiológico dessa população e o consequente desencadeamento
de estratégias de saúde pública que levarão à modificação do quadro atual, melhoria
da qualidade de vida e redução do custo social.
METODOLOGIA
A presente pesquisa constitui de um estudo descritivo com abordagem
quantitativa, por ser este um método que permite descrever fatos e fenômenos
relativos à realidade através da observação, descrição e categorização. As
pesquisas descritivas são, conforme Gil (1991), juntamente com as exploratórias, as
que os pesquisadores sociais habitualmente realizam preocupados com a atuação
prática.
O estudo foi realizado na ESF (Estratégia de Saúde da Família) KELÉ. Com
uma população de pacientes hipertensos cadastrados que participaram do encontro
do dia 28/09/2011.
O município de Matipó está localizado na região II da Zona da Mata do estado
de Minas Gerais e pertence à microrregião homogênea Vertente Ocidental do
Caparaó (ICA/CETEC 1997).Sua população estimada em 17.639 habitantes (IBGE,
2011).
Foram realizadas entrevistas utilizando como instrumento de coleta de dados
um questionário composto de perguntas onde se investigou gênero e questões
relacionadas à hipertensão, idade, estado civil, escolaridade, etilismo, tabagismo,
prática de exercício físico, antecedentes familiares com hipertensão arterial entre
outros.
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Posteriormente os dados foram analisados por estatística descritiva, no
programa Microsoft Excel. Através dos dados obtidos foram criados gráficos e
tabelas que orientaram as discussões em torno dos resultados do presente estudo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Tabela 1 apresenta a descrição das características sócio demográficas da
população em estudo.
A população do estudo constituiu-se de 28 pacientes hipertensos. Destes
85.7% (n=24) corresponderam ao gênero feminino e 14.3% (n=4) ao masculino.
Esse grupo participou de uma reunião no dia 28/09/2011 sobre hipertensão e
estão entre os duzentos e oitenta e seis hipertensos cadastrados no ESF. A
população do bairro é carente e em sua maioria trabalhadores nas lavouras
cafeeiras da região.
Quanto ao estado civil, a grande maioria (46.4%) se declaram viúvos e 39.3%
casados. (Tabela 1)
No que diz respeito à escolaridade 53.6% declarou possuir o Ensino
Fundamental incompleto (tabela 1), seguidos de 32.14% de analfabetos, sendo que
uma pequena faixa relata algum grau de escolaridade e apenas 3.57%, ou seja, 1
indivíduo informa grau superior de estudos.
Os entrevistados referiram ser da cor branca (28.6%) e negra (28.6%) em sua
grande maioria (Tabela1). Conforme Lessa (1998), encontram-se maiores
prevalências entre negros em todos os estudos brasileiros sobre HAS que incluíram
a variável raça.
Tabela 1: Características sócio demográficas referidas pela população investigada, Matipó, 2011.
Característica
N=28
%
4
24
14.3
85.7
8
8
12
28.6
28.6
42.8
1
11
13
2
1
3.6
39.3
46.4
7.1
3.6
Gênero
Masculino
Feminino
Faixa Etária
40 – 59
60 – 69
70 ou mais
Estado Civil
Solteiro
Casado
Viúvo
Separado
Outro
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Escolaridade
Analfabeto
E. Fundamental completo
E. Fundamental incompleto
E. Médio Completo
E. Médio Incompleto
Superior
9
2
15
1
0
1
32.14
7.15
53.57
3.57
0.0
3.57
8
8
8
3
1
28.6
28.6
28.6
10.7
3.5
Cor
Branca
Negra
Mulata
Amarela
Outros
A população investigada foi questionada quanto aos fatores que eles
consideram de risco para o desenvolvimento da HAS (Tabela 2), seguindo o
agrupamento: uso de sal, estresse, bebidas alcoólicas, fumo, alimentos gordurosos,
falta de atividade física, uso de anticoncepcionais, hereditariedadee raça.
Tabela 2: Fatores relacionados referidos pela população investigada, Matipó 2011.
Característica
N=28
%
Sal
Sim
26
92.9
Não
2
7.1
Estresse
Sim
25
89.3
Não
3
70.7
Bebidas alcoólicas
Sim
23
82.1
Não
5
17.9
Fumo
Sim
21
75.0
Não
7
25.0
Alimentos Gordurosos
Sim
19
67.9
Não
9
32.1
Falta de Atividade física
Sim
26
92.3
Não
2
7.1
Uso de anticoncepcionais
Sim
11
39.3
Não
17
60.7
Hereditariedade
Sim
23
82.1
Não
5
17.9
Raça
Sim
13
46.4
15
Não
53.6
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Quanto ao questionamento sobre a terapia não medicamentosa que é
praticada pelos indivíduos do grupo de estudo, verifica-se que a maioria, 56.0%
referiram praticar atividade fisica devido a pressão alta (Figura 1).
Conforme observado na tabela 2, a maioria dos entrevistados, 60.7%
acreditam que o uso de anticoncepcionais não influencia na hipertensão arterial, o
que não está de acordo com a literatura. O mesmo acontecendo com a variável
raça, 53.6% acredita que a raça não influencia na HAS, porém a literatura diz ser
mais difícil o controle da pressão arterial na população negra se comparada com a
branca (SPRITZER, 1996).
De acordo com BLOCH; RODRIGUES e FISZMAN conhecer a distribuição
dos fatores de risco (FR) para HA em grupos populacionais é uma das estratégias
para a redução desse importante problema de saúde pública. O que reitera as
afirmativas de Zaitune (2006) de que:
A identificação de vários fatores de risco para hipertensão arterial, tais como:
a hereditariedade, a idade, o gênero, o grupo étnico, o nível de escolaridade, o
status socioeconômico, a obesidade, o etilismo, o tabagismo e o uso de
anticoncepcionais orais muito colaboraram para os avanços na epidemiologia
cardiovascular e, consequentemente, nas medidas preventivas e terapêuticas dos
altos índices pressóricos, que abarcam os tratamentos farmacológicos e nãofarmacológicos. (ZAITUNE MPA et al.2006, p. 135).
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3%
24%
56%
17%
Exercicio fisico
Dieta
Nenhum
Outros
Figura 1 - Terapia nao medicamentosa referida pela populacao
investigada
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir do perfil estabelecido, percebe-se a necessidade de se conhecer mais
a realidade vivida da população circunscrita na área de abrangência da ESF.
Entende-se que através do estabelecimento de vínculo equipe-cliente se
configuram perspectivas, tanto no sentido de minimizar o desconhecimento por parte
do paciente sobre os problemas que acometem sua saúde, quanto permite ao
profissional ali inserido uma maior compreensão das particularidades dessa
complexa rede de cuidado e suporte que envolve cada família.
As constatações traçadas no estudo revelam que o profissional de
enfermagem deve ter por meta desenvolver um trabalho articulado com diversos
profissionais que atuam na atenção básica à saúde, além de estimular uma efetiva
participação da família na construção de melhor qualidade de vida dos idosos.
No que diz respeito à detecção de fatores de risco e controle, evidencia-se
que os mesmos devem se embasar na programação de ações de efetivo controle da
pressão arterial. A presente pesquisa pôde evidenciar a importância de se conhecer
o perfil dos hipertensos em cada situação concreta, a fim de orientar estratégias
educativas adequadas às especificidades do contexto em estudo.
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Dentro das perspectivas apontadas no estudo, para que haja um
acompanhamento e controle adequado da hipertensão arterial, não bastam medidas
de orientação. Faz-se necessário o desenvolvimento de estratégias que auxiliem o
indivíduo na mudança de atitudes contributivas ao controle efetivo da doença.
Portanto, verifica-se a importância de os profissionais das ESF realizarem
uma busca ativa dos indivíduos que abandonaram o acompanhamento e identificar
os elementos causadores de tal atitude. E, então, buscar a reinserção dos mesmos
no programa. Entende-se ainda que novos estudos devam ser propostos no mesmo
sentido de elucidar as complexas relações entre os fatores pesquisados e a
efetividade dos programas de controle da hipertensão arterial.
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ESTUDO DESCRIVO DE FATORES RELACIONADOS AO DESENVOLVIMENTO
DO CÂNCER DE MAMA EM MULHERES PÓS-TRATAMENTO
Belovine Angelo Ferreira Monteiro e Simone Chaves da Costa Graduadas em Enfermagem
Ana Lígia Souza Pereira - Graduada em Enfermagem, Especialista em
Estomaterapia. Professora e Coordenadora do Curso de Enfermagem da
Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
Kelly Aparecida do Nascimento - Graduada em Pedagogia e Educação Física.
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Coordenadora de Extensão e
Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Renata Aparecida Fontes - Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises Clínicas,
Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice –UNIVÉRTIX
Deisy Mendes Silva - Graduada em Enfermagem, Especialista em Atenção Básica em
Saúde da Família. Professora da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX
Lucio Flavio Sleutjes – graduado em Fisioterapia. Mestre em Motricidade. Doutor em
Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
[email protected]
RESUMO
O câncer é um assunto polêmico e desafiador para a medicina e
amedrontador para a população. Um dos principais tipos de cânceres que afetam as
mulheres é o câncer de mama. Esse provavelmente é o mais temido devido à sua
alta freqüência e, sobretudo, pelos seus efeitos psicológicos que afetam a percepção
da sexualidade e a própria imagem pessoal. Provavelmente, uma série de fatores
colabora para o aumento do número de casos da doença. Estabeleceu-se como
objetivo, no estudo de caso descritivo qualitativo, discutir os fatores relacionados ao
desenvolvimento de câncer de mama em mulheres pós-tratamento. O estudo foi
realizado na Estratégia de Saúde da Família, em Abre Campo - MG (sede), com
nove mulheres após tratamento de câncer de mama. Os resultados obtidos foram:
33,3% das mulheres realizavam o auto-exame uma vez ao mês; 66,7% mamografia
uma vez ao ano; 33,3% acompanhamento a cada seis meses. Os resultados do
trabalho puderam nos mostrar a importância da assistência de enfermagem na
comunidade através da realização de atividades de prevenção primária. O estudo foi
de grande valia para a compreensão do processo de adoecimento do câncer de
mama e o comportamento das portadoras da patologia.
PALAVRAS-CHAVES: câncer de mama, diagnóstico, incidência, prevenção
INTRODUÇÃO
O câncer é um assunto polêmico e desafiador para a medicina e
amedrontador para a população (INCA 2005).
O tema é de grande importância para a área de saúde, principalmente para os
profissionais que trabalham com pacientes oncológicos, uma vez que pouco se
discute a respeito no dia-a-dia. Conhecer quem efetivamente é o sujeito do cuidado
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é de grande relevância para que a assistência possa ser oferecida de forma eficaz e
satisfatória (PASQUOTE, et al., 2005).
O câncer pode levar anos para se manifestar, e é uma doença de uma
evolução duradoura (INCA 2009). Existe hoje mais de cem tipos de câncer descritos,
a maioria deles tem cura, mas, para isso, precisam ser identificados no seu estágio
inicial (INCA, 1996). Geralmente, os tumores aparecem no organismo quando há um
crescimento desordenado de determinada célula e esse crescimento é provocado
por um problema de ordem genética (CALIL, 2009).
Os genes são peças fundamentais da hereditariedade. Controlam todo o
organismo, principalmente, a estrutura e as funções metabólicas das células. Com
isso, qualquer alteração qualitativa ou quantitativa dos cromossomos, pode resultar
em mutações genéticas como, por exemplo, certos tipos de câncer (AMABIS, 2004).
Cada tipo de câncer pode ser desencadeado por maneiras diferentes, seja
influência genética e/ou exposição a agentes químicos, físicos ou biológicos (IBCC,
2009).
Um dos principais tipos de cânceres que afetam as mulheres é o câncer de
mama. Este provavelmente é o mais temido devido à sua alta frequência e,
sobretudo, pelos seus efeitos psicológicos, que afetam a percepção da sexualidade
e a própria imagem pessoal. Ele é relativamente raro antes dos trinta e cinco anos
de idade, mas acima desta faixa etária sua incidência cresce rápida e
progressivamente (INCA, 2009).
Na tentativa de amenizar a elevada taxas de mortalidade por câncer de
mama, os órgãos governamentais vêm aplicando em campanhas de conscientização
da mulher, estabelecendo que as políticas de saúde em detecção precoce é a
melhor solução. Quando percebe o diagnóstico no início, o índice de sucesso com o
tratamento é superior a 90% e, na maioria das vezes, não é preciso retirar toda a
mama, apenas parte dela (PORTO, 2010).
A doença do câncer precoce tem diversas etapas. Para os homens não há
nenhuma recomendação especial. Mas para as mulheres acima de 30 anos é que
elas façam o auto-exame das mamas mensalmente e o exame clínico das mamas
uma vez por ano. Já as mulheres acima de 40 anos devem fazer a mamografia
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regulamente ou caso seja encontrado alguma anormalidade ou nódulo em suas
mamas (PORTO, 2010).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2007), nas décadas de 60
e 70 registrou-se um aumento de dez vezes nas taxas de incidência ajustadas por
idade em diversos continentes, de acordo com dados obtidos nos Registros de
Câncer de Base Populacional.
O médico Kawata (2009), do Instituto Brasileiro do Câncer, diz que apesar de
os cientistas e pesquisadores ainda não terem desvendado o câncer por completo,
este pode ser prevenindo através de hábitos saudáveis, ou seja, qualidade de vida.
A psico-oncologia é um exemplo dessa necessidade de união de âmbitos, e
que surge como uma nova área de estudo e atua junto às pessoas com câncer. Tem
como objetivo abordar aspectos psicológicos envolvidos no adoecimento e no
tratamento, lidando também com o contexto familiar e social. (VELOSO, 2001).
Portanto o objetivo deste estudo é discutir os fatores relacionados ao
desenvolvimento do câncer de mama em mulheres pós - tratamento.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Segundo o Ministério da Saúde (2008), a avaliação de incidência de câncer
de mama no país, que se refere às mulheres, está em torno de 49.400 sendo 400
novos casos a cada ano, ou seja, uma taxa bruta de 53,93%, perdendo para o
câncer de pele não-melanoma. De acordo com as estatísticas, o câncer de mama
continua na frente como causa de morte em mulheres, seguido pelo câncer de
pulmão, cólon e reto, colo do útero e estômago, e constitui a segunda neoplasia
maligna que incide no mundo atual.
De acordo com dados obtidos através do Instituto Nacional do Câncer (INCA,
1996), o câncer da mama é a primeira causa de morte em mulheres no Brasil. Na
maioria das vezes, o diagnóstico é tardio, devido à ineficiência de controle e
rastreamento da doença, que tem na mamografia, aliada ao exame clínico das
mamas ao autoexame, seus instrumentos fundamentais.
No decorrer de sua vida, a mulher tem 10% de risco para evoluir um câncer
de mama. Risco que é ainda maior se já houver casos na família, principalmente
com parentesco de primeiro grau (BENVENISTE, 2008).
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Provavelmente, uma série de fatores colabora para o aumento do número de
casos da doença. Entre os fatores destaca-se a dieta moderna com alto teor de
gordura, a vida sedentária e a obesidade, a menarca precoce (idade do primeiro
fluxo menstrual), a nuliparidade (ou seja, a ausência de gestação que chega ao
término), o uso de hormônio sexual feminino (estrógeno e progesterona), a
menopausa tardia ou geneticamente herdada. As mulheres que fazem exercícios
físicos têm níveis hormonais mais baixos do que as obesas. Portanto, exercícios
físicos e dieta com menos gorduras podem ser fatores protetores contra o câncer de
mama. (BENVENISTE, 2008)
Benveniste (2008) diz que:
(...) hoje, não é raro encontrar meninas que iniciam os ciclos menstruais aos
11 ou 12 anos, a menopausa é cada vez mais tardia e o número de filhos,
muito menor. Isso torna as mulheres mais vulneráveis à ação dos
hormônios femininos – o estrógeno e a progesterona – que exercem
impacto importante no aparecimento do câncer de mama, doença
diagnosticada atualmente em mulheres cada vez mais jovens e cuja
incidência, ou seja, o número de novos casos da doença tem aumentado
nas últimas décadas significativamente.
Ainda segundo Benveniste (2008), além desses fatores, a idade continua
sendo um dos mais importantes fatores de risco para a doença. A incidência de
novos casos é maior em mulheres abaixo de 50 anos e menor nas faixas etárias,
superiores. Alguns estudos apontam para dois tipos de câncer de mama: o primeiro
ocorre na pré-menopausa é o mais agressivo, o segundo ocorre na pós-menopausa
e está associado a um comportamento mais sensível.
Para Araújo (2008), a justificativa para a situação das mulheres com câncer
de mama seria uma educação individualizada em relação aos fatores de riscos e a
demora para procurar o atendimento, seja por falta de acesso, medo ou negação da
doença. Esta revelação não é apenas o problema patológico em si, mas também
uma fragilidade da mulher que se vê diante de uma doença gravíssima e mortal.
O diagnóstico de câncer de mama é feito basicamente através de anamnese,
exame físico, autoexame e da propedêutica subsidiária por meio da mamografia,
ultra-sonografia e biópsia da lesão (INCA, 2000).
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Trata-se de um período que pode ser traumático, principalmente se demorar
ou terminar com a confirmação da doença, o que é assustador à vida. A insegurança
sobre a duração ou qualidade de vida no futuro requer da mulher um aprendizado,
através da experiência, e também a percepção do significado do diagnóstico em sua
vida. Tudo isso aliado ao pensamento sobre o que precisa fazer para manter algum
controle sobre a doença (BRAGAMASCO; ANGELO, 2001).
Durante o diagnóstico, a mulher passa por uma fase difícil de instabilidade,
medo, frustrações, conflitos e insegurança. No entanto, os sentimentos e reações da
mulher podem variar. O tempo de espera, para que os exames sejam analisados e
confirmados, é manifestado em sinais de ansiedade, angústia e desamparo e pode
ser preenchido com pensamentos de morte e pânico, induzindo a mulher a interrogar
se realmente é câncer maligno ou benigno (BRAGAMASCO; ANGELO, 2001).
Para BENVENISTE (2008), é de grande importância que os médicos que
cuidam das famílias saibam diagnosticar essa doença e orientá-las quanto à
prevenção e aos cuidados, principalmente para aquelas mulheres que ainda não
foram acometidas pelo câncer de acordo com a genética.
O momento em que a pessoa recebe o diagnostico, na maioria das vezes é
decisivo, porque a partir daí há possibilidade de reformular aspectos importantes de
sua vida (OMS).
Diante dessa assertiva, a Organização Mundial de Saúde (OMS), define
qualidade de vida como: “a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no
contexto da cultura, sistemas de valores nos quais ele vive, em relação a seus
objetivos, expectativas, padrões e preocupações”.
Atualmente, apesar das dificuldades no diagnóstico tardio e na efetividade do
tratamento, a maior parte das mulheres acometidas com o câncer irá viver por
muitos anos. Nesse sentido, melhorar a qualidade de vida significa um desafio tanto
para elas quanto para a enfermagem (INCA 2001).
O tratamento para pacientes com câncer está direcionado para aumentar as
possibilidades de cura e sobrevida, assim como melhorar a qualidade de vida dos
pacientes (INCA 2001).
Com relação às reações emocionais que as doenças oncológicas produzem
nos doentes, isso irá depender do órgão que é afetado. O diagnóstico de câncer de
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mama provoca reações psicológicas específicas, associadas às mudanças e aos
aspectos da feminilidade, sexualidade, gravidez, imagem corporal, o medo dos
tratamentos, às dúvidas e à ansiedade (REBELO 2007).
O câncer de mama causa alterações físicas, sociais e emocionais gerando
um grande impacto na vida das mulheres. Esse impacto acontece quando se pensa
na doença, independente do órgão acometido e dos efeitos causados no organismo.
Assim existe um conjunto de sentimentos que se encontram diretamente associados
(MAKLUF, 2005).
Segre e Ferraz (1997) entendem que qualidade de vida seja: “algo
inseparável, é uma construção individual, só possível de ser analisada pelo próprio
sujeito”.
“Padrão de vida” e “qualidade de vida”, ultimamente, são conceitos
amplamente debatidos e compartilhados por cientistas sociais e filósofos, pois o
crescente progresso tecnológico dentro da área de saúde trouxe como
consequência condições crônico e aumento de sobrevida dos pacientes (MAKLUF et
al., 2006).
Na área de saúde, o interesse pelo conceito qualidade de vida é recente e
tem sido mais evidente nas últimas décadas. Essa expressão qualidade de vida é
usada em duas vertentes: na linguagem cotidiana, por cidadãos comuns e
profissionais de várias áreas, e no contexto da pesquisa científica, na área de
economia, sociologia e diversas especialidades da área de saúde. Há um crescente
interesse em qualidade de vida como um indicador nos julgamentos clínicos de
doenças específicas, tanto para analisar impacto físico, psicossocial e disfunções
quanto para analisar incapacidades (BOWLING, 2004).
Nesta expectativa, Milene (2001) _ partindo de uma conclusão de que todo
indivíduo influencia no processo de seu estado de saúde através de reações
psíquicas, crenças cognitivas e respostas comportamentais particulares_ defende
que o ato de o individuo se preparar para sua doença é essencial para obter uma
participação ativa, positiva e permanente durante o tratamento da doença.
É importante compreender que nesse momento é fundamental que a mulher
sinta a importância de sua sobrevivência diante de vários transtornos e incertezas
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manifestados através do medo, da insegurança e morte em relação à doença (INCA
2001).
Embora vários aspectos sobre os efeitos psicossociais do câncer sejam
conhecidos, compreendemos que a experiência do câncer de mama é ampla e
envolve diferentes momentos com significados distintos e com implicações na vida
diária e nas relações entre a mulher e as pessoas do seu contexto social
(BOWLING, 2004).
Cada vez mais se torna indispensável que haja políticas voltadas para a
orientação, como por exemplo: o incentivo ao autoexame, a prevenção e detecção
precoce de câncer de mama com um objetivo maior de proporcionar a chance de
cura ou sobrevida mais longa à mulher. Geralmente, na rede pública de saúde, o
atendimento deixa muito a desejar, além do agravante de as mulheres serem
tímidas e sofrerem preconceitos durante a realização do autoexame de mama
(DAVIM et al., 2003).
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo de natureza descritiva, com abordagem quantitativa.
Como mencionado anteriormente, a opção por trabalhar com esse tipo de pesquisa
foi devido à mesma possibilitar a identificação de quantas pessoas, de uma
determinada população, compartilham uma característica ou um grupo de
características, como garante Luna (2002) ao tratar da questão.
A pesquisa quantitativa é especialmente projetada para gerar medidas
precisas e confiáveis que permitam uma análise estatística, gerando dados
percentuais, que são apresentados de forma a proporcionar a compreensão ágil ao
leitor (LUNA, 2002).
O estudo foi realizado em uma unidade de Estratégia Saúde da Família
(ESF), no município de Abre Campo, localizado na Zona da Mata do Estado de
Minas Gerais. A população é de aproximadamente 13.311 habitantes e a principal
fonte de emprego e renda populacional é a agricultura e pecuária (IBGE, 2011).
A população da pesquisa é composta por um grupo de mulheres que
pertencem a 1.140 famílias cadastradas como integrantes da ESF-Sede. Para a
escolha dessas mulheres, contamos com a colaboração do enfermeiro da ESF-Sede
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que nos forneceu os dados do livro de registro SISMAMA (DATASUS), assim,
totalizando 16 mulheres pesquisadas. Foram utilizados como critérios para seleção,
mulheres que receberam o diagnóstico de Câncer de mama e realizaram o
tratamento, inseridas na população da ESF - Sede do município de Abre Campo.
A pesquisa foi realizada no mês de setembro de 2011. Para o levantamento
dos dados, foi aplicado um questionário contendo questões fechadas, as quais
abordam sobre dados pessoais, conhecimento sobre a doença, fatores de risco e
prevenção.
Os sujeitos da pesquisa foram informados dos objetivos do estudo e a
participação concretizada através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE). Este seguiu as especificações da Lei 196/96, que trata de
pesquisa envolvendo seres humanos, resguardando-lhes o anonimato e autonomia
de recusar-se ou desistir de fazer parte da amostra do estudo.
Após a coleta de dados, estes foram tabulados no Microsoft Excel, através de
estatística descritiva. Desses dados foram gerados gráficos que orientaram a escrita
da parte de resultados e discussões desse estudo.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A população do estudo seria composta de 16 mulheres. No entanto, apenas 9
aceitaram participar da entrevista. A perda de 44% ocorreu, pois algumas não foram
encontradas ou não quiseram participar da pesquisa.
A Tabela 1 caracteriza a
população deste estudo.
Tabela 1: Faixa etária, escolaridade, estado civil.
CARACTERÍSTICA
N=9
%
CARACTERÍSTICA
N=9
%
>30 anos
0
0
ANALFABETO
1
11,1
CARACTERÍSTICA
N=9
%
CASADA
5
55,6
FAIXA ETÁRIA
30 - 40 anos
40-50 anos
> 50 anos
1
0
8
11,1
0
88,9
ESCOLARIDADE
1º GRAU
1º GRAU
ENSINO
INCOMPLETO
COMPLETO
SUPERIOR
5
1
2
55,6
11,1
22,2
ESTADO CIVIL
VIÚVA
SOLTEIRA
SEPARADA
OUTRO
1
0
2
1
11,1
0
22,2
11,1
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Podemos observar nos dados obtidos que 88,9% das entrevistadas tinham
mais de 50 anos. Pinho et al (2009), afirmam que esse tipo de câncer é mais
comum em mulheres com idade acima de 50 anos, quanto mais avançada a idade,
maior é a probabilidade de a doença aparecer.
Segundo Machado (2009), o fator de maior importância e consideração,
vivenciado por mulheres que enfrentaram a doença do câncer de mama, é a busca
do tratamento que a leve a cura.
Das mulheres com câncer de mama 55,6% são de pele parda, 44,5% de pele
branca; 88,9% têm mais de um filho, 11,1% nuliparidade; 88,9% aleitamento
materno; 55,6% amamentaram até o 6 meses, 11,1% menos de 1 mês, 22,2% mais
de 6 meses. Estudos confirmaram que o aleitamento materno pode ser responsável
por até 2/3 da redução de câncer de mama (Zerger et al,2008)
Quanto ao uso de cigarros 55,6% faziam uso, 44,5% não fumavam. Das que
faziam uso do cigarro 44,5% fumavam 1 a 5 cigarros por dia, 11,1% fumavam de 6 a
10 cigarros por dia. Assim, o tabagismo é um fator de risco, embora ainda mais
relevante
em
alguns tipos de
câncer, além de
doenças pulmonares e
cardiovasculares (Zerger et al , 2008)
Para Rebello (2007), caminhada é considerada um fator importante para
manutenção do condicionamento físico. Entre as mulheres entrevistadas 33,3%
praticavam atividade física de 3 a 4 vezes por semana, ao passo que 66,7% não a
realizavam .
Quanto ao histórico familiar de câncer 88,9% das mulheres relataram fator
genético. Desse número, 77,8% possuem casos de câncer de mama e 11,1% outros
tipos da doença.
Existem vários fatores relacionados ao aparecimento de neoplasias
mamárias, entre eles: o histórico familiar; ausência de gestação; primeira gestação
após os 30; uso de tratamentos hormonais; histórico de exposição à radiação
(ZERGER, et al., 2008).
Durante a doença do câncer de mama 44,5% das mulheres relataram
receberam apoio familiar, 33,3% da família e do médico, 11,1% da família e de
amigos, 11,1% da família, dos amigos e do médico.
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Quando a mulher recebe o diagnóstico fica assustada. O apoio de familiares,
amigos, e pessoas próximas é muito importante para lidar com a doença. O suporte
da família a essas mulheres as ajuda a se sentir melhor, superar o medo e vencer as
dificuldades (INCA 2009).
Das mulheres entrevistadas, 66,7% tinham conhecimento sobre o câncer de
mama e 33,3% ficaram surpreendidas com o diagnóstico, pois não tinham nenhum
conhecimento sobre o assunto.
A dificuldade de aceitação frente à descoberta do tumor provocou uma reação
emocional intensa.
A ideia de que esse “nódulo” poderia ser câncer, levam as
mulheres a imaginarem a perda do seio e a negarem o aparecimento do nódulo
(GIANINI, 2004).
Em todo o tratamento é importante avaliar periodicamente o estado de saúde
do paciente, mesmo quando se considera que está curado, pois existe a
possibilidade de recidiva (SOARES, 2007).
Figura1 - Auto-exame realizado em mulheres diagnosticadas com câncer de mama.
Ressalta-se que 44,5% das entrevistadas faziam o auto-exame somente
quando iam ao médico, 33,3% uma vez ao mês e 22,2 % nunca tinham realizado o
auto-exame.
A inspeção e palpação das mamas são métodos utilizados para o diagnóstico
precoce do câncer. De acordo com ministério da saúde é recomendado que esse
exame seja realizado no sétimo dia do ciclo menstrual. Mulher em menopausa à
palpação deve ser feita sempre no mesmo dia do mês. O conhecimento sobre as
técnicas de realização do auto-exame pode colaborar para alertar os riscos
potenciais às mulheres sobre o câncer de mama. A detecção do câncer no estágio
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inicial aumenta as chances de cura e possibilita usar tratamento menos agressivo ao
paciente. (ALVARENGA et al, 2001).
Sabe-se que aproximadamente 80% dos tumores são descobertos pela
própria mulher ao palpar suas mamas (ALVARENGA, et al., 2001).
Figura-2: Freqüência com que as mulheres entrevistadas realizavam a mamografia antes do câncer
de mama.
Das mulheres entrevistadas 66,7% realizavam mamografia 1 (uma) vez por
ano, 33,3% nunca haviam feito.
As mortes por câncer de mama podem ser diminuídas quando o tumor é
descoberto precocemente. A mamografia é considerada o exame mais seguro para
detecção do câncer de mama (KOCH et al 2004).
Segundo Frasson et al (1998) diversos ensaios clínicos comprovaram uma
diminuição da mortalidade em mulheres acima de 50 anos de idade que realizavam
a mamografia anualmente.
Sabe-se que as mulheres brasileiras estão morrendo devido ao câncer de
mama, pois insistem em escondê-lo por medo ou vergonha. A comunidade científica,
em relação à patologia, defende a idéia que todas as mulheres deveriam realizar
uma mamografia anual (exame capaz de detectar lesões não palpáveis), a partir dos
50 anos de idade ou, mais precocemente, em caso da existência de um caso de
câncer de mama em mãe ou irmã_ antecedente familiar de primeiro grau (KOCH, et
al., 2004).
Segundo o INCA (2002), O câncer de mama atinge principalmente mulheres
em idade em torno da menopausa (entre 45 e 55 anos), mas podem aparecer
nódulos benignos em outras faixas etárias que precisam ser tratados.
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Figura 3 – Frequência de acompanhamento após o tratamento do câncer de mama.
Nos dados analisados com as mulheres que fizeram tratamento de
câncer de mama, 33,3% fazem acompanhamento uma vez ao ano, 33,3% a cada 6
meses, 11,1% de 2 em 2 anos, 11,1% 4 vezes ao ano e 11,1% não fazem mais
acompanhamento.
Após o tratamento do câncer de mama a paciente necessita realizar exames
periódicos a fim de monitorar sua condição clínica. O acompanhamento médico se
mantém com o objetivo de rastrear eventual recidiva da doença. Após cinco anos
deve-se realizar exames anualmente (SANTOS et al, 2010).
Segundo Araújo (2009), a mulher portadora do câncer de mama busca uma
nova aceitação e reorganiza suas experiências, e se submete ao tratamento, pois
almeja obter a cura.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O câncer de mama é uma doença grave, tem mais chance de cura quando
diagnosticada precocemente. A mulher quando descobre que é portadora de câncer
de mama fica apreensiva, passa por situações conflitantes e necessita de apoio da
família e dos amigos. Tanto elas quanto a família precisam de apoio emocional,
especializado e psíquico. Os resultados do trabalho puderam nos mostrar a
importância de a assistência de enfermagem realizar atividades de prevenção
primária na comunidade, tais como redução do uso do tabaco, estímulo à prática de
exercícios físicos e o hábito de realizar o auto-exame todos os meses.
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O estudo foi de grande valia para a compreensão do processo de
adoecimento do câncer de mama e o comportamento das portadoras da doença em
questão.
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A INFLUÊNCIA DO PROFISSIONAL DE SAÚDE TREINADO FRENTE AO
SUCESSO DO ALEITAMENTO MATERNO PRECOCE E EXCLUSIVIDADE ATÉ
OS SEIS MESES DE IDADE DO LACTANTE
Marina Polesca Boseja e Roseli Silveira Moreira - Graduadas em Enfermagem
Ana Lígia Souza Pereira - Graduada em Enfermagem, Especialista em
Estomaterapia. Professora e Coordenadora do Curso de Enfermagem.
Kelly Aparecida do Nascimento - Graduada em Pedagogia e Educação
Física. Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Coordenadora de
Extensão e Professora da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX
Renata Aparecida Fontes - Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises
Clínicas,Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice
–UNIVÉRTIX.
Margareth Knupp Toledo de Carvalho – Graduada em Enfermagem,
Especialista em Unidade de Terapia Intensiva do Adulto e Neonato.
Lucio Flavio Sleutjes – graduado em Fisioterapia. Mestre em Motricidade.
Doutor em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX
[email protected]
RESUMO
Este trabalho retrata a importância da atuação dos profissionais de saúde, a
favor do aleitamento materno. Sendo de suma importância a introdução precoce do
aleitamento materno pós-parto, fortalecendo o vínculo afetivo entre mãe e filho. O
objetivo deste trabalho foi verificar a influência dos profissionais de saúde no
aleitamento materno exclusivo. Trata-se de uma pesquisa de natureza descritiva
com abordagem quantitativa. O trabalho foi realizado em duas cidades distintas da
zona da mata mineira, sendo as duas cidades de pequeno porte. Foi utilizado um
questionário como instrumentos de coleta de dados, aplicado para vinte puérperas,
as quais foram escolhidas devido a data de nascimento de seus filhos serem no mês
de março do referido ano, estando, portanto, com seis meses de idade no período
da coleta de dados. Foi observado que as puérperas incentivadas, apoiadas e
esclarecidas, tendem a ter uma melhor tomada de decisão a favor da amamentação
exclusiva.
PALAVRAS-CHAVE: aleitamento materno, amamentação exclusiva, atuação da
enfermagem.
INTRODUÇÃO
Amamentar é muito mais que nutrir a criança. É um processo que envolve
interação profunda entre mãe e filho, com repercussões no estado nutricional da
criança, em sua habilidade de se defender de infecções, na sua fisiologia e no seu
desenvolvimento cognitivo e emocional. São vários os argumentos em favor do
aleitamento materno, tanto para criança quanto para a mãe, família e sociedade.
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Essa prática evita mortes infantis, diarréia, infecção respiratória, diminui o risco de
alergias, hipertensão, colesterol alto e diabetes, entre outros, promovendo o vinculo
afetivo mãe-filho e melhorando a qualidade de vida do recém-nato (BRASIL, 2009).
Em meados de 1850 e 1970, iniciou-se a substituição do leite materno por
outros, principalmente em populações desprivilegiadas. Em resposta ao crescente
abandono da prática de amamentar, seria necessária uma conscientização,
provando que os outros leites usados em substituição do leite materno, poderiam
aumentar o risco de agravo à saúde das crianças (GIUGLIANI e LAMOUNIER,
2004).
Em 1990 o Brasil foi um dos países participantes de um encontro realizado
em Florença, Itália, promovido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e o
Fundo das Nações Unidas para a Infância - UNICEF. No referido encontro foi
idealizado a “Iniciativa Hospital Amigo da Criança” com a finalidade de apoiar,
proteger e promover o aleitamento materno, visando prevenir o desmame precoce.
Propôs-se um conjunto de medidas para atingir as metas contidas da “Declaração
de Inocente”.
Para Giugliani e Lamounier (2004), não basta a mãe estar informada a
respeito das vantagens do aleitamento materno e optar pelo mesmo, ela precisa de
apoio e estar inserida em um ambiente favorável para que o profissional habilitado
possa ajudá-la caso seja necessário.
O relacionamento mãe/profissional é fortalecido quando a empatia é
praticada, a mãe é escutada com atenção e é elogiada no que faz certo. Desta
forma é importante que o profissional faça a mãe se sentir confiante e bem consigo
mesma. No entanto, a troca de conhecimento entre profissional e parturiente, se
torna uma tarefa árdua a ser vencida. O profissional deve estar sempre alerta e
preparado para modificações na sua rotina e postura. Mudar para uma abordagem
diferenciada e singular, ajuda no aconselhamento em amamentação. É um desafio
que deve ser enfrentado e vencido, para assim poder propiciar a promoção da
amamentação (BUENO e TERUYA, 2004).
Segundo Marinho e Leal (2004), os profissionais de saúde, por meio de suas
atitudes e práticas, podem influenciar positiva ou negativamente o início da
amamentação e sua duração. Em particular, as enfermeiras e os obstetras podem
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incentivar a amamentação e apoiar as mães durante o período pré-natal, o pediatra
e a equipe de enfermagem, no período neonatal, ajudando-as a iniciá-la
precocemente e a adquirir autoconfiança em sua capacidade de amamentar. A
alimentação que a criança recebe, desde o nascimento e nos próximos anos,
repercute por toda sua vida (MONTE e GIUGLIANI, 2004).
Portanto, este trabalho tem como objetivo verificar a influência dos
profissionais de saúde no aleitamento materno exclusivo.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O ATO DE AMAMENTAR
Para o Ministério da Saúde (2001), a prática do aleitamento materno,
evidencia inúmeros benefícios, tanto para a mãe quanto para a criança. No pósparto, previne contra hemorragias, favorece a regressão uterina, aumenta o vinculo
afetivo mãe/filho, além de proporcionar o retorno mais rápido ao peso de antes da
gestação; isso quando a criança está em aleitamento materno exclusivo em livre
demanda nos seis primeiros meses. Quanto aos benefícios para a criança, o
aleitamento diminui a taxa de desnutrição protéico-calórica e consequentemente
reduz os índices de mortalidade infantil. O leite materno também é, tanto no aspecto
nutricional quanto no digestivo, o alimento mais completo para o lactente menor de
seis meses. O outro benefício à criança é a melhora nas respostas vacinais,
combatendo às doenças mais rapidamente e diminuindo consideravelmente a
possibilidade de desencadear processos alérgicos. Isso promove mais segurança ao
bebê, protegendo-o contra infecções (especialmente diarréia e pneumonia), devido à
presença de anticorpos, de fatores anti-infecciosos e pela ausência de fatores de
risco de contaminação do leite materno.
Além disso, o ato de amamentar gera benefícios para sociedade, pois o leite
materno já vem pronto e na temperatura exata; não custa nada; diminui a ausência
dos pais ao trabalho, uma vez que a criança se mantém mais saudável; diminui os
custos de internações por problemas respiratórios, gastrointestinais e outras
doenças; como não precisa ser preparado o leite, existe a economia do gás de
cozinha. Entretanto, apenas em 2002 começou a existir o consenso mundial de que
não existe nenhum alimento complementar, que possa ser introduzido na
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alimentação antes de 180 dias de vida, que possa trazer mais vantagens que
desvantagens para o bebê (MONTE e GIUGLIANI, 2004).
Contudo, Silva e Souza (2005) detectaram que ainda morrem, a cada dia,
cerca de 1,5 milhões de crianças no mundo porque são inapropriadamente
alimentadas.
Práticas
de
alimentação
complementar
são
frequentemente
inapropriadas e perigosas e menos de 35% das crianças do mundo são
exclusivamente alimentadas ao seio pelos primeiros quatro meses de vida.
De acordo com Brasil (2009), os bicos artificiais para amamentação além de
ser uma importante fonte de contaminação, podem influenciar negativamente na
amamentação. Observa-se que algumas crianças, depois de experimentarem a
mamadeira, passam a apresentar dificuldade quando vão mamar no peito,
denominando-se como “confusão de bicos”, gerada pela diferença marcante entre a
maneira de sugar na mama e na mamadeira. Dessa mesma forma o uso das
chupetas também é prejudicial, pois podem ocorrer: candidíase oral (sapinho), otite
média, alterações no posicionamento dos dentes, prejuízo à respiração (respiração
pela boca), alterações da fala, dentre outros.
O aconselhamento para a amamentação é uma ferramenta indispensável. É
o ato de acolher ou processo de orientação educativa que parte do profissional para
a mãe, favorecendo para que ela possa planejar e tomar suas próprias decisões
(BUENO e TERUYA, 2004).
Quando as mães são encorajadas a amamentar na primeira hora, tende a
amamentar por mais tempo do que quando o processo é iniciado tardiamente. A
sucção que o recém-nascido proporciona faz com que aconteça a contração uterina,
evitando assim hemorragias e desta forma torna-se desnecessário a utilização de
outras medidas para evitar esta complicação (Brasil, 1993).
O apoio do marido do companheiro ou até mesmo de outra pessoa, parece
ajudar positivamente na duração do aleitamento materno. O apoio social e
econômico, emocional e o educacional parecem ser importante sendo o
companheiro a pessoa de maior peso nesses diferentes tipos de apoio (FALEIROS;
TREZZA e CARANDINA, 2006).
Na sala de parto existe a recomendação de que a mãe e o filho não devem
ser separados após o nascimento, a não ser que exista uma razão médica
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necessária (UNICEF, 1998). O profissional da saúde ao assistir o recém nascido
(RN) na sala de parto, poderá estar frente a duas situações quanto ao apoio à
amamentação: parturiente preparada durante o acompanhamento pré-natal e a não
preparada. Cabe ao profissional de saúde sempre orientar. Para isso, recomenda-se
uma fala prévia sobre a importância do contato precoce, pele a pele, olhos nos
olhos, sendo uma linguagem direta e simples. O profissional nunca deve dar ordens
e sim sugerir. Deve ser oferecido todo apoio e ajuda prática para que se estabeleça
o contato e aumente a autoconfiança da mãe, abrindo espaço para que a mesma
tome suas próprias decisões sobre amamentação naturalmente (BUENO e
TERUYA, 2004).
Algumas mães, principalmente as primíparas, precisam de ajuda para
iniciar, com sucesso, a amamentação. A técnica da amamentação necessita
ser aprendida. Muitas mães passam por períodos de separação de seus
filhos por motivos de doenças ou mesmo de trabalho. É preciso ensinar e
demonstrar a todas as mães, como ordenhar o leite materno quando
necessário, orientando-as a oferecer esse leite aos bebês, em copinho,
visando assim manter a lactação (OMS, 2001).
Segundo Marques e Melo (2008), o alojamento conjunto pode ser definido
como uma determinada área hospitalar em que a mãe permanece durante toda sua
hospitalização pós-parto com seu RN, local este onde serão prestados todos os
cuidados e assistência necessária à saúde de ambos. Dentro do alojamento
conjunto, é essencial que haja empatia não podendo nunca ser confundida com
simpatia, sendo a empatia o ato de se colocar no lugar do outro, é o trabalho de
identificação e compreensão entre pessoas. O relacionamento mãe/profissional é
fortalecido quando a empatia é praticada, a mãe é escutada com atenção e é
elogiada no que faz certo (BUENO e TERUYA, 2004).
De acordo com Lunarde e Bulhosa (2004), é considerado que o
compromisso da equipe com a IHAC requer sua permanente mobilização e
envolvimento com a efetividade do AM, o que significa um olhar atento para esse
processo, uma relação de disponibilidade para interagir com o binômio mãe-filho,
perceber facilidades e dificuldades, trocar informações, demonstrar interesse e
desejo de ajudar. O acontecimento de possíveis dificuldades enfrentadas pela
mulher poderia ser diminuído ou prevenido, buscando confortá-la e orientá-la sobre
o manejo com seu filho durante a apojadura do leite, além de garantir o respaldo do
hospital para o esclarecimento de qualquer dúvida ou intercorrência.
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A qualidade dos cuidados prestados às mães e aos recém-natos demonstra
o permanente e contínuo comprometimento com a promoção e manutenção do AM,
o que abrange tanto a prevenção como o enfrentamento de conflitos e dificuldades
vivenciadas pela mulher antes e durante a prática do AM (LUNARDE e BULHOSA,
2004).
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa de natureza descritiva com abordagem
quantitativa. A pesquisa quantitativa procura estabelecer uma regra, um princípio,
algo que reflita a uniformidade do fenômeno (ou parte dele), preocupando-se com o
que é comum à maioria das situações. A pesquisa quantitativa é adequada para a
regularidade de um fenômeno e não as suas possíveis exceções (FONSECA, 2007).
O trabalho foi realizado em duas cidades distintas da zona da mata mineira,
sendo as duas cidades de pequeno porte. Uma delas possui um hospital titulado
como “Amigo da Criança” que apóia, promove e protege o aleitamento materno. A
outra possui um hospital com atendimento convencional onde não existe esse
incentivo.
A coleta de dados ocorreu a partir de um questionário, o qual foi aplicado
através de visita domiciliar para vinte puérperas que tiveram filhos no mês de março
de 2011, estando os mesmos com seis meses de idade no período da coleta de
dados. As referidas mães foram identificadas através dos registros das entidades
citadas. O critério de inclusão utilizado foi por residirem nos Municípios sede dos
hospitais. Nas entrevistas, foram abordadas questões sobre a influência e incentivo
do aleitamento materno por parte dos profissionais. As mães foram entrevistadas
logo após serem orientadas sobre a pesquisa e assinarem o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Os dados coletados foram processados e analisados por estatística
descritiva quantitativa utilizando programa Microsoft Office Excel.
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RESULTADOS E DISCUSSÕES
Foi realizado um levantamento em dois hospitais distintos e, para facilitar a
apresentação e discussão dos dados, foi estabelecido que o Hospital Amigo da
Criança denomina-se como “A” e o Hospital Convencional, como “B”.
O levantamento inicial revelou que a população de A seria de 13 mães e a
população de B 10 mães. No entanto, existiu uma perda em ambos os casos. Foram
encontradas apenas 11 mães em A e 9 mães em B.
A faixa etária predominante em ambas as população foi a de 20 a 30 anos,
sendo 63,6% em A e 55,6% em B (TABELA 1). A escolaridade mais referida foi
Ensino Fundamental Incompleto (45,4%) e Ensino Médio Completo (45,4%) em A e
em Ensino Médio em B (44,55). Com relação ao estado civil 54,5% das mães de A
declararam ser solteiras e 66,7% de B referiram ser casadas (TABELA 1).
Tabela 1: Características demográficas da população referida.
Característica
Faixa Etária
Menos de 20 anos
20 – 30 anos
30 a 40 anos
Escolaridade
Ensino Fundamental Incompleto
Ensino Fundamental Completo
Ensino Médio Completo
Ensino Superior Incompleto
Estado Civil
Casada
Solteira
União Estável
A
B
N = 11
%
N=9
%
0
7
4
0
63,6
36,4
2
5
2
22,2
55,6
22,2
5
0
5
1
45.4
0
45.4
9.2
3
1
4
1
33.3
11.1
44.5
11.1
4
6
1
36.4
54.5
9.1
6
3
0
66.7
33.3
0
Em relação à primeira amamentação, as mães que estiveram em A referiram
que alimentaram seus recém-nascidos nas primeiras horas, enquanto as mães que
estiveram em B só amamentaram seus bebês após 12 horas do nascimento
(FIGURA 1).
Segundo Brasil (2003), os laços afetivos entre mãe e filho serão
intensificados dentre a primeira e segunda hora, principalmente se houver contato
pele a pele. Dessa forma, mães que amamentam na sala de parto, tendem a
amamentar por mais tempo, pois quanto maior a demora para iniciar a
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amamentação, maiores serão as barreiras enfrentadas para uma amamentação
exclusiva.
Figura 1: Primeira amamentação nos dois hospitais.
Ainda em relação à primeira amamentação, 90,9% das mães em A referiram
ter recebido apoio de algum profissional de saúde na primeira amamentação e os
profissionais mais envolvidos nesse processo foram os profissionais de enfermagem
(99%). No hospital B receberam 55,6% das mães declararam ter recebido auxílio e
todas de profissionais de enfermagem.
Para um início bem sucedido de uma amamentação, é primordial verificar
qual grupo de mães/recém-nascidos apresentam necessidades de orientações e
apoio de um profissional de saúde treinado para fazer avaliação da primeira
mamada e identificar problemas iniciais (SHANCHES, 2004).
Em relação à forma correta de amamentar, as mães de A declararam que
foram orientadas principalmente por técnicos de enfermagem, 73,3% por
enfermeiros e médicos, 13,3 % por ambos e 9,1% referiram não ter recebido
nenhum tipo de orientação. Já as mães de B apenas 55,6% disseram terem sido
instruídas e todas pelos técnicos de enfermagem e as outras 44,4% referiram não
ter recebido ajuda nenhuma sobre a amamentação. Outro fator relevante é que as
mães de A foram orientadas e incentivadas quanto a amamentação exclusiva em
100% dos casos enquanto as mães de B foram orientadas em 55,6% das vezes e
incentivadas em 33,3% à amamentação exclusiva.
Segundo Moreira e Fabbro (2005), por meio de atitudes e práticas de um
profissional de saúde, existe influência positiva ou negativa na amamentação,
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evidenciando que capacitar e treinar esses profissionais em hospitais promove o
aleitamento materno resultando no aumento do tempo de amamentar.
Um dado de extrema importância é que as mães atendidas em A relataram
que em nenhum momento houve utilização de mamadeira, chuca ou bico, enquanto
no hospital B o uso desses utensílios ocorreu em 44,4% dos casos.
Na tabela 2 segue os resultados finais da pesquisa, demonstrando quantas
crianças ainda amamentam e que tipo de amamentação recebem. Nota-se que em
A 81.8% ainda amamentam e 22.2 % são exclusivo, já em B apenas 55.6%
amamentam e 20% são exclusivo. Foi observado que varias crianças já haviam
iniciado uma alimentação complementar.
Tabela 2:
Característica
Continua amamentando
Sim
Não
Tipo de amamentação
Exclusiva
Complementar
A
B
N = 11
%
N=9
%
9
2
n=9
81.8
18.2
%
5
4
n=5
55.6
44.4
%
2
7
22.2
77.8
1
4
20.0
80.0
Segundo Bueno e Teruya (2004), o alojamento conjunto (AC) é a chave do
processo para o sucesso do aleitamento materno. Pode-se observar nos dados
colhidos a discrepância entre uma entidade e outra. No hospital A 90,9%
mantiveram em AC, contra 9,1% relatados devido a intercorrências no parto. Já no
hospital B, 44,4% mantiveram em AC e 55,6% relataram que só após 12 horas
obtiveram contato com seu filho. Enfim o AC mostrou ser crucial no quesito vínculo
afetivo mãe/filho e demonstrando que as crianças que estiveram em AC por mais
tempo mantiveram amamentação prolongada.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho revelou que algumas atitudes e práticas dos
profissionais de saúde influenciam na tomada de decisão das puérperas sobre a
amamentação exclusiva ou não. O apoio do profissional em uma hora de medo não
conseguir amamentar seu filho recém chegado, de fragilidade e de insegurança,
torna esse momento único e talvez e decisivo para a escolha da mãe.
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Baseado na coleta de dados e nos 10 passos do aleitamento materno
observou que o alojamento conjunto, o ato de amamentar na primeira hora após o
parto, o não uso de outros alimentos, o apoio dos profissionais nas primeiras
amamentações, o encorajamento à amamentação sobre livre demanda, tudo isso
exerce influência quanto ao ato de amamentar. Portanto percebemos que a
orientação do profissional de saúde treinado e humanizado é capaz de proporcionar
uma tomada de decisão a favor da amamentação exclusiva.
Não basta o profissional receber um treinamento e o hospital ter uma
titulação para o incentivo acontecer, é preciso, além disso, de empenho da equipe
de enfermagem, mostrando comprometimento com o que faz. Somente dessa forma,
haverá um efetivo trabalho em prol da amamentação exclusiva.
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A IMPORTÂNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO RELACIONADO COM
POSSÍVEL DESMAME PRECOCE EM MULHERES RESIDENTES EM UMA
CIDADE DA ZONA DA MATA MINEIRA
Ana Cristina Alves Vieira e Karine Bifano de Sá – Graduadas em Enfermagem
Ana Lígia Souza Pereira - Graduada em Enfermagem, Especialista em
Estomaterapia. Professora e Coordenadora do Curso de Enfermagem.
Kelly Aparecida do Nascimento - Graduada em Pedagogia e Educação Física.
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Coordenadora de Extensão e
Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Renata Aparecida Fontes - Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises
Clínicas,Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice –
UNIVÉRTIX
Margareth Knupp Toledo de Carvalho – Graduada em Enfermagem, Especialista
em Unidade de Terapia Intensiva do Adulto e Neonato
Lucio Flavio Sleutjes – graduado em Fisioterapia. Mestre em Motricidade. Doutor
em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
[email protected]
RESUMO
A amamentação é a melhor maneira de proporcionar o alimento ideal para o
crescimento saudável e o desenvolvimento dos recém-nascidos, além de ser parte
integral do processo reprodutivo, com importantes implicações para a saúde
materna e do lactente. Trata-se de uma pesquisa quantitativa do tipo descritiva, que
se realizou em uma cidade da Zona da Mata Mineira. A coleta de dados foi através
da aplicação de um questionário estruturado repassado às mães de lactentes de
seis meses a um ano de idade, cadastradas na Estratégia da Saúde da Família. A
presente pesquisa contou com 47 puérperas com idade entre 15 a 49 anos, na qual
100% das entrevistadas afirmaram saber da importância e benefícios do leite
materno, porém, de todas as entrevistadas, 6% realizaram o desmame precoce
com menos de um mês, e outros 19% com no máximo 3 meses. Pode-se concluir
que as mães possuem conhecimento sobre as vantagens do aleitamento materno
para o seu filho, uma vez que em seus discursos relatam que a amamentação é
importante, principalmente, para promover o desenvolvimento saudável da criança,
porém esse conhecimento é de forma simplória e limitada.
PALAVRAS CHAVE: Importância do aleitamento materno, desmame precoce,
amamentação exclusiva.
INTRODUÇÃO
A amamentação é a melhor maneira de proporcionar o alimento ideal para o
crescimento saudável e o desenvolvimento dos recém-nascidos. É também parte
integral do processo reprodutivo, com importantes implicações para a saúde
materna, visto que o aleitamento materno é a estratégia isolada que mais previne
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mortes infantis, promovendo a saúde física, mental e psíquica da criança e da
mulher que amamenta (BOCCOLINI, 2011).
Segundo Santos, Soleri e Azoubeli (2005), o leite materno apresenta em
sua composição água, vitaminas, sais minerais, imunoglobinas, algumas enzimas
e lisozimas e muitos outros fatores que ajudam a proteger a criança contra
infecções. Nele há também a presença de anticorpos, hormônios e outros
componentes que não estão presentes em outras fórmulas infantis de leite, assim
se fazendo desnecessária a complementação da alimentação.
Segundo Niquini (2010), essa complementação desnecessária se torna um
fator de risco para morbimortalidades por diarréia, contudo recomenda-se para a
população em geral, que os bebês recebam exclusivamente leite materno durante
os primeiros seis meses de vida. Depois dessa idade, com o objetivo de suprir
suas necessidades nutricionais, a criança deve começar a receber alimentação
complementar segura e adequada, juntamente com a amamentação, até os dois
anos de idade.
A importância de uma nutrição adequada nos primeiros anos de vida é de
extrema relevância para que a criança desenvolva plenamente seu potencial
humano, proporcionando a prevenção de doenças e possibilitando um
crescimento físico e mental adequados. Estudos comprovam que nenhuma outra
estratégia isolada alcança o impacto que a amamentação tem na redução das
mortes de crianças menores de cinco anos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).
Vários são os fatores que influenciam a prática do aleitamento materno.
Entre o mais importantes está a falta de conhecimento das puérperas em relação
às vantagens do leito materno, e isto leva essas nutrizes a realizarem o uso de
chupetas, bicos e outros complementos alimentares (TEIXEIRA, 2006).
Segundo Almeida; Fernandes e Araújo (2004), o enfermeiro deve
identificar, durante o pré-natal, os conhecimentos, as experiências práticas, as
crenças e a vivência social e familiar da gestante com intuito de promover
educação continuada incentivando o aleitamento materno. Por isso, devem munirse de conhecimentos técnico-científicos atualizados.
A equipe de enfermagem deve sempre estar preparada para prestar
assistência adequada às puérperas, visto que, esse despreparo dos profissionais
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agrava ainda mais o risco para um desmame. Desta forma é de extrema
importância o conhecimento desses enfermeiros no incentivo ao aleitamento
materno exclusivo, visando minimizar as taxas de desmame precoce (ORIÁ;
GLICK E ALVES, 2005).
O hábito alimentar e a amamentação estão intrinsecamente ligados ao
desenvolvimento e aos padrões culturais de uma determinada população. Esse
fato justifica a necessidade de estudos e estratégias regionais que permitam
atuação mais eficaz de medidas de intervenção, a partir do conhecimento da
realidade local (NIQUINI, 2010).
O objetivo principal do trabalho, portanto, é avaliar o conhecimento de
puérperas sobre a amamentação e seus benefícios.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Vantagens do aleitamento materno
O aleitamento materno, de forma incontestável, contribui com a saúde
biológica e emocional tanto da mãe quanto do filho e também traz benefícios para a
família e sociedade em geral (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).
De acordo com o Ministério da Saúde (2009), a proteção do leite materno
contra mortes infantis é maior quanto menor é a criança. Assim, a mortalidade por
doenças infecciosas é seis vezes maior em crianças menores de 2 meses não
amamentadas, diminuindo à medida que a criança cresce, porém, ainda é o dobro
no segundo ano de vida.
A proteção do leite materno contra infecções respiratórias foi demonstrada em
vários estudos realizados em diferentes partes do mundo, inclusive no Brasil,
principalmente em relação a otites. Essa proteção é maior quando a amamentação
é exclusiva no primeiro semestre de vida. Além disso, a amamentação diminui a
gravidade dos episódios de infecção respiratória (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010).
Marcondes et al. (2003), afirmam que também há fator de proteção contra
outras doenças infecciosas. Estudos comprovam que o leite materno protege
contra sepse, enterocolite necrosante e infecção urinária. A criança que continua
em aleitamento materno durante uma infecção se recupera mais rapidamente. O
leite materno continua ajudando a evitar doenças e facilitando a recuperação
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durante o segundo e terceiro anos de vida. Crianças amamentadas naturalmente
têm menos quadros infecciosos porque o leite materno é estéril, isento de
bactérias e contém fatores anti-infecciosos.
Além disso, as lactantes apresentam uma menor probabilidade de
desenvolverem osteoporose e obesidade no futuro. Também é comprovado que
as mulheres que amamentam retornam mais rapidamente ao seu peso prégestacional, pois propicia o fornecimento de nutrientes da mãe para o bebê, com
dispêndio de cerca de 500 calorias por dia (MARCONDES et al., 2003).
Desmame precoce
De acordo com o Ministério da Saúde (2009), o termo desmame precoce
se dá através de um processo gradual se iniciando com qualquer alimento na
dieta de qualquer criança e este não sendo o leite materno, ou seja, é o uso de
complementos como chás, sucos e a água, levando a suspensão completa do
leite materno.
A mulher é capaz de vivenciar a amamentação com sucesso, se estiver
preparada para exercê-la a partir do conhecimento dos aspectos básicos e
práticos desse processo. Os fatores causais do desmame precoce residem, em
sua maioria, no desconhecimento desse conteúdo. A maioria dos programas
desenvolvem ações educativas para gestantes e nutrizes, enfocando os aspectos
técnicos e biológicos da amamentação (SILVA, 2000).
Porém, nos últimos anos, apesar dos avanços conseguidos na adesão das
mulheres
à
prática
da
amamentação,
dos
esforços
dos
programas,
governamentais e não governamentais, do incentivo ao aleitamento materno e
das vantagens da amamentação serem apresentadas com contundência pela
comunidade científica, o desmame precoce ainda é uma tendência latente que
vem causando preocupações e frequentemente, sendo alvo de pesquisas
cientificas (ALMEIDA e NOVAK, 2004; SILVA, 2000).
O desmame precoce é também decorrente da insuficiência dos serviços de
saúde em prestarem um apoio às lactantes de forma que consigam resolver seus
problemas referentes à amamentação, satisfazendo o lactente. Essa insuficiência
leva as nutrizes a realizarem o desmame precoce, diminuindo consideravelmente
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as taxas do uso exclusivo do leite materno nos primeiros seis meses de vida
(CALDEIRA, 2008).
Vários são os fatores que contribuem para o desmame precoce, porém,
nunca assumidos pelas mães. Os problemas podem ser o leite fraco, em pouca
quantidade, mamilo invertido e ou doloridos, choro intenso do bebê, recusa o
peito, e a possível falta de apoio dos profissionais de saúde contribuindo para o
agravamento dos problemas decorrentes dessas interrupções da amamentação
(TEIXEIRA, 2008).
A decisão que a nutriz toma de desmamar seu filho não deve ser
considerado como sendo resultado de fatores isolados e dependentes
exclusivamente dos conhecimentos e habilidades no manejo da amamentação,
mas, sim, relação de fatores associados entre a mãe, o recém-nascido e o
contexto em que eles se encontram em uma dada dimensão espaço-temporal
(SILVA, 2000; REA e CUKIER, 1988).
Para Kawamoto; Santos e Mattos (1995), a prática do desmame precoce
teve aumento com o início da urbanização, o avanço tecnológico da medicina e a
industrialização que causaram mudanças nos valores sociais, que acarretaram no
uso indevido de substitutos do leite materno.
Além disso, várias outras razões são apontadas como causas do desmame
precoce, entre elas, podemos citar: a falta de informações e segurança da mãe
sobre as vantagens do leite materno para a mulher, bebê, família e sociedade; o
despreparo dos profissionais de saúde para resolução dos problemas mais
comuns da amamentação; a propaganda dos leites industrializados; a fraca
atuação dos serviços de saúde no apoio à mãe nutriz; a família para que
consigam resolver os principais problemas decorrentes da amamentação e a volta
da mulher ao trabalho fora do lar (TEIXEIRA e NITSCHKE, 2008; OLIVEIRA e
SILVA, 2003).
O desmame precoce é prejudicial à mãe e ao bebê, visto que os mesmos
perdem os benefícios oferecidos pelo aleitamento materno, em especial, o
exclusivo. Dessa forma, coloca-se em risco, principalmente, a saúde da criança,
aumentando os índices de morbi-mortalidade infantil (ICHISATO e SHIMO, 2002;
NAKANO et al., 2007).
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METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa quantitativa do tipo descritiva, que se realizou em
uma cidade da Zona da Mata Mineira. A coleta de dados foi feita através da
aplicação de um questionário estruturado repassado às mães de lactentes de seis
meses a um ano de idade. Foi utilizado esse critério de exclusão, visto que se o
recém nascido estivesse com menos de seis meses e o ato da amamentação não
estivesse sendo realizado as puérperas poderiam ficar receosas em acabar
respondendo que não realizaram desmame precoce, assim alterando os dados da
pesquisa.
De acordo com Marconi e Lakatos (2008), o método quantitativo caracterizase pelo emprego da quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações
quanto no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas.
A população da presente pesquisa foi constituída por puérperas que possuem
bebês de 6 meses a 1 ano de idade, acompanhadas pela equipe de Estratégia da
Saúde da Família e residem em uma cidade da Zona da Mata Mineira, cuja
população é de aproximadamente 17.639 habitantes (IBGE, 2010).
A população total de puérperas é constituída de 125 mulheres, sendo utilizado
como critério de inclusão as que residem na área urbana da descrita cidade que
somam um total de 93 puérperas.
A aplicação dos questionários foi realizada através de visita domiciliar com as
mães selecionadas e ocorreu nos meses de outubro e novembro de 2011.
O questionário aplicado é de fácil entendimento contendo quatro perguntas
fechadas correlacionadas ao perfil sócio-demográfico e mais sete perguntas
também fechadas relacionadas ao conhecimento das puérperas quanto ao
aleitamento.
Foram obedecidas, nesta pesquisa, as orientações contidas na Resolução
196/96 do Ministério da Saúde, tanto nos aspectos éticos com a Instituição que
autorizou a realização da pesquisa, quanto com os sujeitos que cederam as
entrevistas após leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE). Aos participantes do estudo foram informados sobre os
objetivos da pesquisa e as possíveis utilizações das informações obtidas para
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estudos posteriores, adotando-se o anonimato dos informantes (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 1996).
Após a coleta dos dados, os mesmos foram agrupados, analisados
quantitativamente e tabulados no Microsoft Excel. Essa análise foi realizada por
meio da estatística descritiva e os dados demonstrados através de gráficos, que
permitiram a verificação da frequência total e relativa das respostas que explicam a
parte escrita dos resultados e discussões do trabalho.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A presente pesquisa conta com 125 puérperas, porém, devido a contratempos
como desencontros foi possível avaliar uma amostra de 47 puérperas com
lactentes de seis meses a um ano idade. Dentre as mulheres entrevistadas a idade
entre elas varia de 15 a 49 anos com idade média de 25,5 anos. Com relação ao
estado civil das mesmas 72% são casadas, 24% solteiras e mais 4% são
divorciadas. Já em relação à escolaridade 8,5% tem ensino superior completo,
4,5% cursam a graduação, 8,5% tem o 2º grau incompleto, 36% possuem 2º grau
completo, 19% tem até a 8º série, 17% tem até a 4º série, 4,5% dizem apenas
saberem ler e escrever e ainda 2% são analfabetas.
Faleiros, Trezza e Carandina (2006) mostram que quanto maior o nível de
escolaridade materna, maior a probabilidade de a criança estar em amamentação
exclusiva, sendo que as mulheres com até quatro anos de escolaridade têm 2,2
vezes mais chances de realizar o desmame precoce de seus filhos nos primeiros
meses de vida quando comparadas às mulheres com 13 anos e mais de
escolaridade.
Em conformidade com o exposto, Araújo et al. (2008), afirmam que no que se
refere ao grau de instrução materna, muitos estudos têm demonstrado que esse
fator afeta a motivação para o amamentar. Em muitos países desenvolvidos, mães
com maior grau de instrução tendem a amamentar por mais tempo, talvez pela
possibilidade de uma maior acessibilidade a informações sobre as vantagens do
aleitamento materno. Já em países em desenvolvimento, as mães de classes
menos favorecidas, também menos instruídas, frequentemente não casadas,
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começam o pré-natal mais tarde e, consequentemente, se preocupam em decidir
sobre a forma do aleitamento também mais tarde.
Em contrapartida, Venâncio et al. (2002), ao analisar os fatores associados ao
aleitamento materno em menores de um ano mostraram que o nível de
escolaridade materna não tem influencia significativa no desmame precoce.
Com relação ao número de filhos, nota-se que 59% das investigadas têm
apenas um filho, outras 24% têm dois e mais 17% têm três filhos. As púerperas
também foram questionadas quanto ao vínculo empregatício, onde 76%
responderam não exercer nenhum tipo de trabalho fora do lar, e outros 24% tomam
conta da casa e ainda trabalham fora.
Quanto ao conhecimento sobre aleitamento materno 100% das entrevistadas
afirmam saber da importância e benefícios do leite materno. A Figura 1 demonstra
que das entrevistadas, 56% referiram que o leite materno ajuda no combate a
prevenção de doenças.
Figura 1: Importância do aleitamento materno.
As puérperas foram questionadas até quantos meses seus filhos foram
amamentados exclusivamente no peito, ou seja, se essas mães realizaram ou não
o desmame precoce. Nota-se que 6% das entrevistadas realizaram o desmame
precoce com menos de um mês e outros 19% com no máximo 3 meses. Esse fato
comprova que o conhecimento em relação ao aleitamento materno é insuficiente
para que possa evitar o desmame precoce.
Souza e Bispo (2007) encontraram em sua pesquisa valor semelhante, na
qual constataram que o aleitamento materno exclusivo foi de 120 dias. Com isso é
possível afirmar que os valores encontrados no presente trabalho estão equiparados
a outras literaturas.
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O aleitamento materno exclusivo deve ocorrer até os seis meses de vida,
porém, o Ministério da Saúde (2009), através de um estudo, estabelece uma
estimativa de 54,11 dias de amamentação exclusiva, ou seja, o desmame acontece
por volta de 1,8 meses. Fato este que também foi apresentado na presente
pesquisa.
Figura 2: Amamentaram exclusivamente seus filhos no peito.
Mesmo com 85% das entrevistadas afirmando ter recebido alguma
informação sobre as vantagens da amamentação exclusiva até os seis meses,
ainda percebe-se (Figura 2) que 36% das mulheres realizaram o ato do desmame
precoce até o quinto mês de vida do bebê.
Segundo Lowdermilk; Perry e Bobak (2002) as intervenções efetivas dos
profissionais de saúde nos primeiros dias após o parto enfocam na ajuda à mãe e ao
bebê no início do aleitamento materno, visando atingir algum grau de sucesso e
satisfação antes da alta hospitalar, para que, quando no retorno ao lar, a mãe se
sinta segura na manutenção dessa prática.
Para Almeida; Fernandes e Araújo (2004) no período puerperal_ em que o
processo de lactação se torna concreto e a capacidade de amamentar da puérpera
se torna alvo de críticas desencorajadoras e diante de dificuldades com o bebê_ é
colocada a dúvida da quantidade e qualidade do leite materno. A mãe pode entender
essa atitude como incapacidade de cuidar de seu filho e como consequência disso
poderá inibir a lactação, devido à sua ansiedade.
Assim também Carvalho e Tamez (2005) apontam que, nas primeiras semanas
do puerpério, é de extrema necessidade que haja visitas domiciliares por parte dos
profissionais de saúde. Durante esses primeiros dias críticos, as mães podem sentirAnais do V FAVE – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX – Matipó/MG
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se desencorajadas, sem apoio e suporte, uma vez que várias dúvidas e problemas
em relação à amamentação podem surgir e tornar a mulher vulnerável e insegura,
causando uma possível descontinuação do aleitamento materno.
Dentre as investigadas 74% relatam que receberam algum suporte para
amamentar logo após o parto. A partir destes dados foi criado um gráfico
demonstrando quais profissionais estão interagindo com essas púerperas para
orientá-las com relação à amamentação. A figura 3 apresenta esses dados
distribuídos em porcentagens para enfermeiros, médicos e outros.
Figura 3: Profissionais que dao suporte para as puérperas logo após o parto.
Pode-se notar que a equipe de Enfermagem é a que mais auxilia e presta
serviços sobre o aleitamento materno.
Carvalho e Tamez (2005) afirmam que é de extrema necessidade o
investimento no preparo e aperfeiçoamento da equipe de enfermagem, pois essa, se
bem preparada e treinada para dar suporte no processo da amamentação, pode
influenciar grandemente na incidência do mesmo na comunidade em que atua.
Em relação a se as puérperas apresentaram alguma dificuldade durante
amamentação 57% afirmam que não encontraram nenhum empecilho no ato de
amamentar.
Para Almeida; Fernandes e Araújo (2004), como as atividades de prevenção e
promoção para a saúde fazem parte do papel do enfermeiro, ele deve investir em
atividades como visitas domiciliares, palestras, grupos de apoio e aconselhamento
para incentivo e manutenção do aleitamento exclusivo, a fim de intensificar as ações
promovidas durante o período de pré-natal e pós-parto.
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E quanto ao papel do profissional enfermeiro no incentivo ao aleitamento
materno apenas 4% relataram que os enfermeiros não apresentam papel
importante em relação ao incentivo da amamentação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode-se concluir que as mães possuem conhecimento sobre a importância do
aleitamento materno para seu filho, uma vez que em seus discursos elas relatam
que a amamentação é importante, principalmente, para promover o desenvolvimento
saudável da criança, porém, esse conhecimento é de forma simplória e limitada.
As mães devem ser acompanhadas e educadas em relação ao aleitamento
materno porque o ato de amamentar, embora pareça natural e instintivo, está
envolvido em crenças, mitos, culturas e experiências concretas que envolvem as
nutrizes. As mães que são bem informadas sobre a amamentação, dependendo do
grau de compreensão, passam a conhecer bem sua importância, mas se não
tiverem um acompanhamento e o apoio dos profissionais de saúde e da família
normalmente não conseguem superar as dificuldades, ocorrendo o desmame
precoce e, assim, desfavorecendo o desenvolvimento do bebê.
Contudo, existe uma grande necessidade de treinamentos específicos em
aleitamento materno para toda equipe de saúde, envolvendo tanto a rede básica de
saúde quanto a hospitalar, para que assim os profissionais de todas as áreas
estejam engajados e bem informados, proporcionando então não somente
informações técnicas e científicas às mães, mas também apoio psicológico,
incentivando-as para a realização do aleitamento materno, proporcionando assim
melhor qualidade de vida para o binômio mãe-filho, a família e a comunidade.
Diante de tudo que foi exposto ao longo do trabalho, pode-se concluir que o
desmame precoce não é determinado por fatores isolados, mas sim por um
emaranhado de situações que levam ao baixo índice da prática de amamentação em
nossa comunidade. Sendo determinados por um conjunto de fatores sócio-culturais,
mas principalmente pelo perfil psicológico da mãe que amamenta, pois a
determinação e a vontade de amamentar podem ser consideradas como os fatores
decisivos para a manutenção do aleitamento materno.
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FATORES DE RISCO PARA DESENVOLVIMENTO DA HIPERTENSÃO
ARTERIAL EM FUNCIONARIOS DE UMA DISTRIBUIDORA ALIMENTÍCIA DA
ZONA DA MATA MINEIRA
Joana D´arque Mendes – Graduada em Enfermagem
Ana Lígia Souza Pereira - Graduada em Enfermagem, Especialista em
Estomaterapia. Professora e Coordenadora do Curso de Enfermagem da
Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
Kelly Aparecida do Nascimento - Graduada em Pedagogia e Educação Física.
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Coordenadora de Extensão e
Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Renata Aparecida Fontes - Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises Clínicas,
Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice –UNIVÉRTIX
Lucio Flavio Sleutjes – graduado em Fisioterapia. Mestre em Motricidade. Doutor
em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX
[email protected]
RESUMO
A hipertensão arterial pode ser entendida como uma síndrome multifatorial,
pouco conhecida, onde interações complexas entre fatores genéticos e ambientais
causam o aumento desordenado da pressão arterial. Trata-se de uma pesquisa de
natureza descritiva, com abordagem quantitativa que se realizou em uma
distribuidora alimentícia, localizada na cidade de Matipó-MG, Zona da Mata Mineira.
Foram pesquisadas 58 pessoas, sendo que 60% são do sexo masculino. De todos
os pesquisados, 79% afirmam não fumarem, 58% usam bebidas alcoólicas e 52%
desses investigados possuem na família alguém que tenha hipertensão arterial.
Pode-se concluir com a presente pesquisa que a maior parte desses trabalhadores
estão expostos ao desenvolvimento da hipertensão arterial devido ao uso de
bebidas, cigarros, ou seja, o estilo de vida desses trabalhadores influencia
totalmente na qualidade de vida e saúde dos mesmos.
PALAVRAS-CHAVE: Hipertensão arterial, Fatores de risco, Trabalhadores.
INTRODUÇÃO
No âmbito de saúde do trabalhador, os processos de trabalho, nos seus
diversos aspectos, tendem a se transformar e, assim se fazendo, eliminar os
riscos e buscando novas formas de inserção dos trabalhadores no seu campo de
trabalho, propiciando a saúde e a qualidade de vida dos mesmos (PENTEADO et
al, 2008).
Para Smeltzer (2006) a pressão arterial é classificada como a força com a
qual o coração ejeta o sangue através dos vasos sanguíneos, determinada pelo
volume de sangue e a resistência vascular. A pressão pode ser modificada devido
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ao aumento ou diminuição do volume sérico ou simplesmente pelo ritmo cardíaco,
porém os fatores extrínsecos podem afetar e alterar seu ritmo.
Quando ocorre uma alteração dessa pressão arterial, surge então a
Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS). Uma patologia caracterizada por uma
síndrome clínica onde se tem a elevação da HAS a níveis iguais ou superiores a
140 mm Hg de pressão sistólica e 90 mm Hg de diastólica. Isso em pelo menos
duas ou três aferições subsequentes obtidas em dias diferentes ou em condições
de repouso e ambiente tranquilo. As lesões nos órgãos alvos como rins, cérebro e
coração quase sempre acompanham o desenvolvimento da HAS, pois é uma
doença que na maioria das vezes se apresenta de forma silenciosa sem
sintomas, entretanto ela pode matar (SILVA e SOUZA, 2004).
A preocupação com a HAS intensificou-se a partir da década de 50,
quando ela passou a ser vista como um problema da área de saúde. Hoje a HAS
é dada como um grave problema de saúde pública devida sua magnitude, riscos e
dificuldades de controle. Isso acontece muitas vezes por falta de adesão ao
tratamento ou baixo grau de conhecimento a respeito da doença. Além disso,
essa doença é conhecida como um dos mais importantes fatores de risco para
desenvolvimento de acidente vascular cerebral e infarto agudo do miocárdio. As
causas para desenvolvimento da HAS, na maioria das vezes, não são bem
conhecidas.
Porém,
vários
são
os
fatores
que
podem
favorecer
o
desenvolvimento da doença (sedentarismo, estresse, tabagismo, etilismo,
histórico familiar, raça, e fatores dietéticos) (BISI MOLINA, 2003; DELL’ACQUA et
al, 1997; COLTRO, 2009).
Quando diagnosticado precocemente, os portadores de hipertensão têm
uma grande probabilidade de redução de serem atingido por eventos mórbidos
cardiovasculares, cerebrais e renais (SOUZA, 1994).
Pesquisa do Ministério da Saúde (2006) “mostra que a proporção de
brasileiros diagnosticados com hipertensão arterial aumentou nos últimos cinco
anos, passando de 21,6%, em 2006, para 23,3%, em 2010”.
Sendo assim, o objetivo deste estudo é realizar um levantamento dos
principais fatores de risco para Hipertensão Arterial em funcionários de uma
distribuidora alimentícia da Zona da Mata Mineira.
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FUDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A HAS pode ser entendida como uma síndrome multifatorial, pouco
conhecida, onde interações complexas entre fatores genéticos e ambientais
causem o aumento desordenado da pressão arterial. Em aproximadamente 90%
a 95% dos casos não existe etiologia conhecida, tornando-se uma doença
crônica, porém o controle da patologia pode ser obtido por mudanças no estilo de
vida e tratamento farmacológico (SILVA e SOUZA, 2004).
Segundo Car, Egry (1996), a partir da década de 50, começou existir uma
preocupação com a HAS, como um problema da área de saúde. Isso aconteceu
principalmente devido à sua frequente associação com o risco de mortalidade por
doenças cardiovasculares.
A HAS tem sido apresentada em diversos estudos como a principal causa
de morbi-mortalidade e distúrbios cardíacos, porém o difícil diagnóstico acarreta
um grande desafio na prevenção e tratamento. Para que se possa ter uma melhor
qualidade de vida as equipes de saúde devem realizar uma busca com o intuito
de realizar a aferição da pressão arterial dos indivíduos, pois esse simples
procedimento poderá identificar níveis pressóricos elevados em pessoas
aparentemente saudáveis. Com essa detecção precoce, pode-se começar um
tratamento farmacológico ou um não farmacológico melhorando assim a
qualidade de vida desses indivíduos (CONCEIÇÃO et al. 2006).
Essas considerações são importantes, pois a HAS é um fator de risco para
doenças decorrentes de aterosclerose e trombose, que se exteriorizam,
predominantemente, por acometimento cardíaco, cerebral, renal e vascular
periférico. Doenças cardiovasculares são consideradas como primeira causa de
hospitalização no setor público, entre meados dos anos 1996 e 1999, chegando
há atingir cerca de 10% da população adulta, e é responsável por 33% dos óbitos
com causas conhecidas (DELL’ACQUA et al. 1997).
Vários são os fatores de risco para desenvolvimento e agravamento da HAS
e suas malignidades, os quais podemos citar: o consumo excessivo de bebidas
alcoólicas, uso de tabaco, a obesidade, uso de anticoncepcionais, etnia, a não
realização de atividades físicas regulares e fatores genéticos (BISI MOLINA, 2003
e CARNEIRO et al. 2003).
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Os mesmos autores acima falam que apesar de consolidada a relação
entre HAS e os fatores nutricionais, ainda não são bem esclarecidos os
mecanismos de atuação destes sobre a elevação da pressão arterial.
Analisando os fatores de risco pode-se perceber que (Carneiro et al. 2003), a
prevalência de obesidade tem aumentado em todo o mundo e vem se tornando o
maior problema de saúde na sociedade moderna na maioria dos países
desenvolvidos e em desenvolvimento. Quando comparados aos indivíduos com
peso normal, aqueles com sobrepeso possuem maior risco de desenvolver
diabetes mellitus (DM), dislipidemia e HAS, condições que favorecem o
desenvolvimento de doenças cardiovasculares (DCV).
Assim como a obesidade a raça também é um fator de risco para o
desenvolvimento da HAS, estudos de prevalência feitos nos Estados Unidos
mostram que os negros têm maior tendência em desenvolver a doença do que os
brancos (LOLIO et al. 1993).
Tratando-se de hereditariedade, Silva e Souza (2004) afirmam que 1/3 da
população que desenvolve a HAS, está diretamente relacionada ao traço
genético.
As condições de trabalho também são importantes, pois geram impacto à
saúde do trabalhador, uma vez que grande parte da sua vida se passa no
ambiente laboral. Além disso, o trabalho pode influenciar comportamentos e
oferecer condições de risco que podem afetar o processo saúde-doença,
conduzindo a pessoa à doença (SANTOS e LIMA, 2008).
Pessuto e Carvalho (1998) concordam com os autores citados acima,
mostrando que a profissão está diretamente relacionada à elevação da pressão
arterial. Os mesmos mostram que os índices mais baixos de pressão arterial
ocorrem nos grupos socialmente mais privilegiados, ou seja, aqueles que têm
empregos mais leves, que trabalham menos horas por dia.
Já os autores Lolio et al. (1993) não relacionam a hipertensão somente à
ocupação, mas também à renda familiar e escolaridade. Esses são considerados
indicadores de classe social, pois a patologia tem se mostrado mais frequente em
trabalhadores situados nas classes mais desfavorecidas e com menor
escolaridade.
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Quanto ao tratamento, Smeltzer (2006) apresentam dois tipos: o tratamento
não farmacológico e o tratamento farmacológico. O tratamento não farmacológico
se baseia no estilo de vida que cada pessoa leva, a pessoa deve sempre manter
o peso corporal adequado para sua estatura, realizar de forma constante
atividades físicas, evitar uso de tabaco, evitar a ingestão de bebidas alcoólicas,
reduzir a quantidade de sal no preparo dos alimentos, evitar o uso continuo das
fontes industrializadas com temperos prontos, dar preferência aos alimentos
naturais e substituir alimentos fritos por grelhados ou assados (SMELTZER,
2006).
Os agentes anti-hipertensivos exercem ações distintas interferindo na
fisiopatologia da hipertensão arterial (SMELTZER, 2006; RANG e DALE, 1993).
Segundo Rang e Dale (1993) o tratamento farmacológico baseia-se no uso dos
fármacos
diuréticos,
beta
bloqueadores,
antagonista
do
sistema
renina
angiotensina, vasodilatadores diretos, inibidores adrenérgicos, bloqueadores do
canal de cálcio, entre outros.
O Ministério da Saúde (2006) apresenta esquemas terapêuticos para o
tratamento dos pacientes hipertensos.
FONTE: MINISTÉRIO DA SAÚDE (2006).
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Dessa forma, Bisi Molina et al. (2003) comprovam que o conhecimento da
prevalência da hipertensão arterial sistêmica HAS e de seus fatores de risco pode
ser de grande valor para orientar o planejamento das políticas de saúde.
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa de natureza descritiva, com abordagem
quantitativa, que se realizou em uma distribuidora alimentícia, localizada na
cidade de Matipó-MG, Zona da Mata Mineira, onde foram avaliados os
funcionários quanto a questões relacionadas à saúde.
Quando se realiza uma pesquisa quantitativa, busca-se analisar o
comportamento das variáveis individualmente ou na sua relação de associação ou
de dependência com outras variáveis (quando há causalidade). São elaborados
diversos gráficos ou tabelas de frequências uni variadas (uma variável), com
cruzamentos de duas variáveis ou mais, no intuito de identificar características ou
fatores explicativos dos fenômenos em estudo (SANTOS 2009).
A coleta de dados ocorreu no mês de novembro do ano de 2011, o
questionário aplicado aos entrevistados se encontra no anexo I.
A pesquisa foi realizada através de um questionário estruturado que aborda
as questões relacionadas aos fatores de risco para o desenvolvimento da HAS.
A pesquisa respeitou as orientações contidas na Resolução 196/96 do
Ministério da Saúde, tanto nos aspectos éticos com a Instituição que autorizou a
realização da pesquisa, quanto com os sujeitos que cederam as entrevistas após
leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
(BRASIL, 1996).
Após a aplicação dos questionários, os mesmo foram tabulados no Microsoft
Excel e analisados através de estatística descritiva. Desses dados, foram gerados
gráficos que orientaram a escrita e discussão dos resultados.
RESSULTADOS E DISCUSSÃO
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Foram pesquisadas 58 pessoas, sendo 60% do gênero masculino, 35% do
feminino, 5% não responderam essa opção. Quanto ao estado civil, 35% dos
pesquisados são casados 44% são solteiros 3% viúvos, 3% separados e o
restante não respondeu à questão.
A tabela abaixo apresenta o grau de escolaridade dos pesquisados.
TABELA 1. Caracterização sociodemográfica da amostra (n = 58)
Característica
N= 58
%
Escolaridade
Analfabetos
1º grau incompleto
1º grau completo
2º grau completo
2º grau incompleto
Superior incompleto
Superior complete
Sem resposta
1
13
9
12
6
11
3
3
2
22
16
21
10
19
5
5
Para Pessuto e Carvalho (1998), quanto maior a escolaridade menor o índice
de desenvolvimento de HAS. Isso porque se considera o nível de escolaridade um
fator essencial para o melhor entendimento da patologia em questão, o que
resulta em uma melhor adesão ao tratamento e a uma menor exposição aos
fatores de risco para desenvolvimento da HAS.
A população referiu sobre a presença de HAS em familiares e 52%
declararam ter parentes com a patologia.
Os traços genéticos podem ser considerados como fator de risco para o
surgimento da HAS, visto que, a cada 100 indivíduos que desenvolvam a
hipertensão, 33,3% destes foram devido aos traços genéticos (SILVA E SOUZA,
2004).
Já em relação ao uso de bebidas alcoólicas, 58% afirmam consumirem a
bebida alcoólica. A Figura 1 refere-se à frequência de utilização dessas
substâncias por aqueles que declararam utilizá-las.
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Figura 1: Frequência de consumo semanal de bebidas alcoólicas.
Como se pode observar, 15% dizem utilizar de 3 a 4 vezes na semana. O
que representa um fato preocupante, visto que a ingestão de bebidas alcoólicas
gera alterações na pressão arterial, deixando a pessoa predisposta ao surgimento
da HAS (SMELTZER, 2006).
Para Castro, Rolim e Mauricio (2005), a redução da ingestão de bebidas
alcoólicas e também a diminuição na ingestão de alimentos gordurosos
minimizam o risco para desenvolver a HAS.
Quando questionados em relação ao uso de cigarros, apenas 21% referiram
fazer o uso dessa substância. A Figura 2 refere-se à quantidade de cigarros
consumidos diariamente por aqueles que afirmaram utilizá-lo.
Figura 2: Frequência de consumo diária de cigarros.
Nota-se que 8% fazem uso de mais de 20 cigarros por dia. Segundo
Smeltzer (2006), a nicotina é uma substância que aumenta o risco de desenvolver
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um enfisema pulmonar, devido o uso excessivo dessa substância. Isso porque a
mesma se acumula nos espaços alveolares e por difusão entra na artéria e acaba
se depositando na parede das artérias tornando a circulação sanguínea
dificultada, assim aumentado o risco de patologias posteriores ao surgimento da
HAS.
Das
mulheres
participantes
deste
estudo,
18%
referiram
utilizar
anticoncepcionais. Mulheres que fazem uso de anticoncepcionais apresentam
duas a três vezes mais chances de desenvolver HAS e essa expectativa ainda
aumentam entre as que são obesas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).
Quanto às atividades físicas, 50% afirmam não praticar nenhum tipo de
atividade, porém 48% dizem praticar exercícios regularmente e 2% não
responderam essa questão. A Figura 3 refere-se à frequência semanal de
realização de atividade física referida pela população investigada.
Figura 3: Freqüência de realização de atividades físicas.
Smeltzer (2006) apresenta a prática da atividade física como meio de
tratamento não farmacológico da hipertensão. Descreve também que essa prática
exercícios pode minimizar os riscos de desenvolvimento da patologia.
Pitanga (2002) fala que a prática de exercícios físicos pode levar à
minimização do surgimento de doenças como a hipertensão. Isso ocorre porque o
exercício aumenta a imunidade do indivíduo, assim como a circulação corpórea,
minimizando os riscos de desenvolvimento da HAS.
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Os investigados foram questionados sobre fatores que consideram como
favoráveis ao desenvolvimento da HAS (Figura 4) e o consumo de sal foi um dos
resultados mais expressivos com um total de 14%.
Figura 4: Fatores de risco cosiderado como favoráveis para o desenvolvimento da HAS pela
população investigada..
Segundo Castro, Rolim e Mauricio (2005) o consumo de sal tem sido
considerado um importante fator no desenvolvimento da HAS, assim como a
condição sócio-econômica que também está ligada ao desenvolvimento da
patologia. Por outro lado, os autores afirmam também que o índice do surgimento
da hipertensão está ligado à ocupação, o que ocorre principalmente nos
trabalhadores não especializados, ou seja, aqueles que ganham salários mais
baixos.
A figura 5 refere-se aos fatores que a população investigada não
considera como importantes para o desenvolvimento da HAS. Os alimentos
gordurosos receberam destaque nesse item, com um total de 22%.
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Figura 5: Fatores que não são considerados de risco para os entrevistados.
A condição sócio-econômica também pode ter influência multifatorial na
hipertensão. No mundo do trabalho, a HAS é mais encontrada entre os
trabalhadores não especializados que ganham menores salários, dos setores
secundários e terciários da economia. As pessoas menos favorecidas não
possuem acesso a informações, não tendo, portanto, conhecimento sobre a
hipertensão (CASTRO, ROLIM e MAURICIO, 2005).
Quando questionados a respeito da cura da HAS, 39% referem que esta
não possui cura e 98% da população investigada acreditam que a HAS pode
trazer complicações. Além disso, 57% referem que é uma doença para vida toda
e outros 84% falam que é uma doença grave.
Segundo Castro, Rolim e Mauricio (2005), a HAS é uma doença crônicodegenerativa, cujo controle tem se tornado um desafio para os profissionais. Isso
porque o tratamento exige a participação ativa do hipertenso, no sentido de
modificar alguns hábitos de vida prejudiciais à saúde e assimilar outros que
beneficiem sua condição de vida.
Segundo Reis e Glashan (2001), a gravidade da doença pode ser avaliada
tanto pelo grau de perturbação emocional, criada ao pensar na doença, quanto
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pelos tipos de consequências que a doença pode acarretar (dor, morte, gasto
material, interrupção de atividades, perturbação nas relações familiares e sociais).
Ela pode também pode levar ao surgimento de insuficiência renal, angina
pectoris, infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral.
Contudo, diante do exposto, percebe-se a necessidade de ações da
Enfermagem, visando esclarecer e melhorar o conhecimento da população, em
especial dos trabalhadores. Dessa forma, aumentando o conhecimento desse
grupo sobre os fatores de risco que podem desencadear a doença e, assim,
minimizar os riscos de desenvolvimento da hipertensão arterial.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente pesquisa demonstra indícios de que os trabalhadores da
distribuidora alimentícia em questão são pessoas vulneráveis ao desenvolvimento
da HAS.
Nota-se também, com relação ao conhecimento dos fatores de risco da
doença, que menos da metade não os conhece e muitos ainda consideram que
esses fatores não podem ser considerados como de risco para desenvolvimento
da doença. Além disso, observa-se falta de conhecimento a respeito da doença
ao se obter metade das respostas dos entrevistados indicando acreditar ser uma
HAS uma doença curável.
O trabalho educativo em grupos consiste numa valiosa alternativa para se
buscar a promoção da saúde. Ele permite o aprofundamento de discussões e a
ampliação de conhecimento, de modo que as pessoas superem suas dificuldades
e obtenham maior autonomia, melhores condições de saúde e qualidade de vida.
Mudar o estilo de vida é uma tarefa difícil e, quase sempre, é
acompanhada de muita resistência. Por isso, a maioria das pessoas não
consegue fazer modificações e, especialmente, mantê-las por muito tempo.
Sendo assim, a educação em saúde é uma alternativa fundamental para conduzir
a essas mudanças, para fins de prevenção e controle dos fatores de risco da HAS
através de hábitos e atitude saudáveis.
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A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO E DA FAMÍLIA NO ACOMPANHAMENTO
DOMICILIAR DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DIABETES MELLITUS
TIPO 1
Poliana da Silva Marcolino e Shélida Muratori Vieira de Assis – Graduadas em
Enfermagem
Ana Lígia Souza Pereira - Graduada em Enfermagem, Especialista em
Estomaterapia. Professora e Coordenadora do Curso de Enfermagem.
Kelly Aparecida do Nascimento - Graduada em Pedagogia e Educação Física.
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Coordenadora de Extensão e
Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Renata Aparecida Fontes - Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises
Clínicas,Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice –
UNIVÉRTIX
Margareth Knupp Toledo de Carvalho – Graduada em Enfermagem, Especialista
em Unidade de Terapia Intensiva do Adulto e Neonato.
Lucio Flavio Sleutjes – graduado em Fisioterapia. Mestre em Motricidade. Doutor
em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX
[email protected]
RESUMO
O Diabetes Mellitus Tipo 1 (DM1) é uma doença crônica devida à deficiência
absoluta ou relativa de insulina, podendo ocorrer na infância ou em qualquer idade.
Apresenta um índice que vem aumentando continuamente afetando 1 em cada 500
crianças. O presente estudo teve como objetivo verificar a atuação do enfermeiro e
da família no acompanhamento da criança e adolescente com Diabetes Mellitus.
Nossa população compreendeu 8 crianças e adolescentes com idade de 9 a 18 anos
durante o mês de novembro de 2011, em duas cidades da região da Zona da Mata
Mineira. Tal população foi selecionada de acordo com diagnóstico de DM1 e por
estarem cadastrados no programa HiperDia. Os dados foram coletados por meio de
um questionário estruturado, o qual foi repassado aos cuidadores da referida
amostra em seu domicílio. O presente estudo nos proporcionou o conhecimento
quanto aos hábitos alimentares, a automonitorização da glicemia e a utilização do
glicosímetro, comprovando, portanto a necessidade da presença frequente do
enfermeiro nesses domicílios para realizar a educação continuada, de forma a
orientar quanto às dúvidas e interesses do cuidador.
PALAVRAS-CHAVE: Diabetes Mellitus tipo 1; Criança; Adolescente; Família;
Enfermagem.
INTRODUÇÃO
Diabetes Mellitus é uma doença crônica devida á deficiência absoluta ou
relativa de insulina, caracterizada por distúrbios do metabolismo dos carboidratos,
das proteínas e dos lipídios, existindo duas formas principais da doença, o tipo 1 e
tipo 2 (BOUCHER, 2008).
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O Ministério da Saúde define o Diabetes Mellitus como um grupo de
doenças metabólicas caracterizadas por hiperglicemia e associadas a
complicações, disfunções e insuficiência de vários órgãos, especialmente
olhos, rins, nervos, cérebro e vasos sanguíneos. Pode resultar de defeitos
de secreção e/ou ação da insulina que envolvem processos patogênicos
específicos, por exemplo, destruição das células beta do pâncreas
(produtoras de insulina), resistência à ação da insulina, distúrbios da
secreção da insulina, entre outros (SALES, 2009, p.564).
O Diabetes Mellitus tipo1 (DM1) é caracterizado por insuficiência absoluta de
insulina podendo ocorrer na infância ou em qualquer idade. Já o diabetes Tipo 2,
caracteriza-se por uma disfunção do pâncreas em secretar insulina, podendo
desenvolver principalmente em adultos obesos depois dos 40 anos de idade,
embora possa surgir também na juventude. Assim, a pessoa que tem DM1, tem
maior probabilidade de ser acometido por doenças crônicas sistêmicas como
doenças cardiovasculares e vasculares periféricas, retinopatias, nefropatias,
dermopatia diabética e neuropatias (BOUCHER, 2008).
Segundo Silva Neto (2010) o DM1 é uma das mais importantes doenças
crônicas na infância na esfera mundial.
Diante disso, vale ressaltar a importância do controle domiciliar. De acordo
com Zanetti, Mendes, Ribeiro (2001), cabe ao enfermeiro desenvolver programas
educativos em relação aos cuidados em domicílio da pessoa diabética, juntamente
com a equipe multiprofissional (médico, enfermeiro, nutricionista, assistente social,
psicólogo e educadores em saúde). Dentro dessa perspectiva, os autores ressalvam
que somente o enfermeiro terá capacidade para desenvolver ações realistas,
levando em conta os aspectos como idade, nível de compreensão da criança e
necessidade da família.
Fatores sociais, psicológicos e doenças associadas, podem influenciar na
decisão do paciente ou do familiar em optar por um controle mais rígido, o
profissional de saúde deve estar adequadamente capacitado para orientá-lo (SILVA
NETO, 2010).
O papel dos profissionais de saúde não deve ficar limitado somente à
avaliação do déficit de conhecimento sobre a doença, das condições para o
controle e do treinamento e, sim, ampliado no sentido de adotar estratégias
de mudança de comportamento, visando o melhor controle metabólico
possível a fim de minimizar as complicações advindas em longo prazo.
(PARO, PARO e VIEIRA, 2006, p.62).
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O profissional enfermeiro da Estratégia Saúde da Família (ESF) é
responsável por atividades administrativas e assistencialistas, porém, é digno de
menção salientar que, na educação continuada, realiza cuidados voltados à
prevenção e controle de patologias de forma a minimizar seus danos (OLIVEIRA,
2008).
Partindo desse pressuposto o presente estudo teve por objetivo verificar a
atuação do enfermeiro e da família no acompanhamento de crianças e adolescentes
com Diabetes Mellitus tipo 1. È relevante enfocar o enfermeiro no controle domiciliar,
visando o envolvimento da família contribuindo para o planejamento de ações de
saúde voltadas para a assistência integral.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Segundo Sales (2009), desde a época dos Egípcios (1500 a.c), o Diabetes
Mellitus já era conhecido e caracterizado com grande quantidade de urina. Para
Celsus (30 a 50 a.d.c), tal condição passou a ser considerada como uma patologia,
após dois séculos foi denominada como Diabetes de acordo com Aretaus da
Capadócia.
A condição doce da urina surge registrada nos Vedas, livros sagrados da
Índia e, somente em 1674, Willis a descreve como “se a urina fosse
embebida com mel e açúcar”, estabelecendo assim o nome de Diabetes
Mellitus (mellitus significa mel) (SALES et al; 2009, p. 564).
Uma das mais importantes doenças na infância é o DM1, caracterizado pelo
longo tempo de tratamento onde atinge não só o portador, mas a família também,
cujos costumes do lar vão se adequando fazendo com que as organizações
habituais e funcionais familiares sejam modificadas. No entanto é necessário que a
enfermagem tenha conhecimento científico e, além disso, é preciso proporcionar um
ambiente equilibrado entre os fatores modificáveis tais como: alimentação, estilo de
vida entre outros, para o controle da doença a fim de gerar conforto ao paciente
(SILVA NETO, 2010).
O diabetes é uma doença crônica de grande relevância, constituindo-se um
dos maiores problemas de saúde pública, pois há um aumento acentuado na sua
prevalência, por consequência o estilo de vida e alimentação (ANDRADE,
LICHESKI, MASSAROLI, 2006). De acordo com o estudo de Nettina (2007), o DM1
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apresenta um índice que vem aumentando continuamente afetando 1 em cada 500
crianças.
O estudo de Marcelino e Carvalho (2005) relata que o DM1 possui diversas
causas como: estresse, alimentação rica em carboidratos, concentrados como balas,
doces, açúcar e certos medicamentos. Seus principais sintomas são: muita sede
(polidipsia), excesso de urina (poliúria), fome (polifagia), e emagrecimento. E ainda
sintomas de sonolência, dores por todo corpo, formigamentos, dormências, cansaço,
câimbras, nervosismo, desânimo, turvação da visão, cansaço físico e mental.
Conforme Oliveira (2008), o estudo de o controle domiciliar das crianças e
adolescentes com DM1, surgiu como um tema que poderia contribuir para a
promoção da saúde das famílias, já que a partir do momento em que são levantados
os seus questionamentos e dificuldades ao lidar com crianças diabéticas, novas
perspectivas poderiam ser construídas para o cuidado.
A partir do diagnóstico tem que haver uma automonitorização contínua da
glicemia, de modo a garantir mudança de comportamento e participação do paciente
no seu tratamento (SILVA NETO, 2010). Assim, Paro, Paro e Vieira (2006) também
afirmam e reforçam a questão da automonitorização para um controle da glicemia
mais eficaz, incluindo a reeducação alimentar, realização de atividade física
programada, resultando no controle dos níveis glicêmicos, gerando mudanças de
hábitos do paciente, familiares e profissionais de saúde. Com isso, Oliveira (2010,
p.43) especifica que “o autocuidado é a prática de atividades que as pessoas
desempenham em seu próprio benefício” a fim de evitar complicações.
A hipertensão e o diabetes são cadastrados no sistema chamado HiperDia
na Rede Básica do Sistema único de Saúde (SUS). Dessa maneira, possibilitando o
registro e acompanhamento dos portadores de DM1, fundamental para garantir
alguns benefícios tais como: disponibilização dos medicamentos prescritos;
equipamentos para monitorização que possibilitam ainda definir a longo prazo o
perfil epidemiológico da população; favorecimento das estratégias de vida desses
diabéticos planejadas pelo enfermeiro e, com isso, redução, do custo social
relacionado com a doença, uma vez que possibilita o controle evitando complicações
(Carmello et al. 2009).
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Segundo Pascali (2009) a monitorização da glicemia capilar é realizada
através de um aparelho chamado glicosímetro que tem por finalidade demonstrar a
variabilidade glicêmica através da punção digital, contribuindo para direcionamento
da terapêutica a ser adotada para melhor monitoramento. O aparelho também
contribui para manter a normalidade a criança e adolescente assegurando sua rotina
diária, permitindo avaliar a interação entre atividade física, alimentação e
variabilidade
glicêmica
para
prever
decorrentes
sinais
de
hipoglicemia
e
hiperglicemia. Quanto à higienização para a punção, é utilizada água, sabão, álcool
70% devendo esperar a secagem, pois a não realização da higienização resultará
em alteração do resultado. Utiliza-se a lateral do dedo na extremidade para a
punção, porém, existem locais alternativos tais como: antebraço, palma da mão e
panturrilha de preferência em horários pré-prandiais. A amostra de sangue para
coleta deverá ser aspirada, colocada na fita reagente ou área de teste para análise
da amostra, devendo ser feita com agulha no lancetador para garantir a integridade
da amostra, pois a mesma não poderá ser ordenhada ou escorrida.
De acordo com Pascali (2009), o perfil glicêmico no quadro abaixo:
CRIANÇAS E ADOLESCENTES
IDADE (anos)
PRÉ-PRANDIAL
AO DEITAR/MADRUGADA
<6a
100-180mg/dl
110-200mg/dl
6 a 12 a
90-180mg/dl
100-150mg/dl
13 a 19 a
90-130mg/dl
90-150mg/dl
Assim, Goés, Vieira, Liberatore Júnior (2007), ressaltam que a criança e o
adolescente demonstram resistência em aderir ao tratamento e ao novo estilo de
vida em conseqüência do seu convívio social e núcleo familiar, no qual a dieta se
torna um dos fatores da não adesão ao tratamento.
Ainda, Zanetti et al. (2001) afirmam que essa patologia em crianças e
adolescentes exige uma atenção maior por parte dos pais devido à mudança desses
fatores. É preciso que as equipes multidisciplinares ofereçam apoio a estes para um
bom controle metabólico.
Para Oliveira (2010), a assistência de Enfermagem prestada ao paciente
diabético tem como principal foco:
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Minimizar as complicações através do tratamento, controle, diagnóstico
precoce e prevenção do diabetes Mellitus o ministério da saúde possui
estratégias efetivas que se fundamentam nos princípios do Sistema Único
de Saúde (SUS) no qual possui um conjunto de ações de promoção,
prevenção, detecção pela vigilância epidemiológica e recuperação da saúde
todas estas, pactuadas, articuladas e executadas pelas três esferas de
governo: federal, estadual e municipal, alem de outras responsabilidades
que compete ao Sistema único de Saúde e se encontra disposta na Lei
8080 de 19 de setembro de 1990 (OLIVEIRA, 2010.p. 41).
Segundo Santos et al. (2003), com a educação continuada é importante
resgatar os conhecimentos que o diabético possui, de forma a contribuir para a
formação de um novo conhecimento juntamente com os educadores.
Para Fagulha e Santos (2004), o controle domiciliar em adolescentes
apresenta dificuldades, tais como: alterações hormonais que surgem na puberdade
e provocam insulonorresistência e também a rebeldia característica própria do
adolescente dificultando ainda mais a adesão ao tratamento. Além disso, com o
pâncreas já apresentando uma baixa considerável de insulina, torna-se de suma
importância a presença do endocrinologista na equipe multiprofissional, voltado à
problemática com intuito de trabalhar para que o adolescente tenha uma boa
qualidade de vida a curto e longo prazo.
Diante disso, Gil (2008) coloca que a equipe multiprofissional deve agir
persistentemente de forma contínua, juntamente com os pacientes e familiares para
minimizar as possíveis complicações provindas da falta de cuidados.
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), é considerada
criança o indivíduo até 12 anos, e adolescente entre 12 e 18 anos de idade
(MINANNI, et al., 2010).
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa de natureza descritiva com abordagem
quantitativa. Nessa pesquisa foi utilizado, como instrumentos de coleta de dados, um
questionário contendo 15 questões abordando dados socioeconômicos, estilo de
vida, aspectos relacionados à DM1 e seu tratamento, além de fatores de risco.
Segundo Rauph e Beuren (2002), a pesquisa descritiva preocupa-se em
observar os fatos e registrá-los de forma a interpretá-los facilmente para análise.
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Ainda para Rauph e Beuren (2002), a abordagem quantitativa é
caracterizada por empregar instrumentos estatísticos, muito utilizados em estudos
descritivos para coleta ou processamento de dados.
Para a seleção dos colaboradores foi adotado, como critério de inclusão,
possuir idade de 0 a 18 anos, terem o diagnóstico de DM1, estarem cadastrados no
programa Hiperdia e residirem em dois municípios da Zona da Mata Mineira.
Tivemos conhecimento de 11 crianças e adolescentes com DM1
cadastradas no programa Hiperdia, identificados através das policlínicas dos
municípios pesquisados, sendo pesquisados somente 8, já que 3 deles foram
excluídos da pesquisa, pelo fato de não terem sido tabulados e arquivados.
Foram informados aos responsáveis os objetivos da pesquisa e a
participação foi concretizada mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre
Esclarecido (TCLE), informando-os que a identidade dos indivíduos será mantida em
sigilo.
A pesquisa foi realizada no mês de novembro de 2011 no domicílio das
crianças e adolescentes com DM1.
Após a coleta, os dados foram tabulados em programa Microsoft Excel e
organizados em forma de tabelas.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A pesquisa foi realizada com os responsáveis pela criança e adolescente,
sendo exclusivamente a mãe responsável pelos cuidados, todas alfabetizadas.
Segundo o estudo de Dall’Antonia e Zanetti (2000) as mães são as
responsáveis pelo monitoramento diário e controle dos valores glicêmicos
apresentados pela criança e adolescente com DM1. São elas que fazem anotações
de índice glicêmico, agendam consultas com endocrinologista, seguem as dietas
prescritas. Logo, essas mães precisam ser orientadas e ter suporte quanto ao
cuidado diário com o filho diabético.
Afirmam Zanetti, Mendes e Ribeiro (2001) que as mães vivenciam o
problema da doença do filho mais que os pais, reforçando a importância da inclusão
delas nos programas de educação continuada a fim de orientá-las no cuidado diário
do filho diabético.
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Fagulha e Santos (2004) abordam que o controle do DM1 no adolescente
apresenta maior complexidade devido à fase de transformações nessa faixa etária.
No entanto, o profissional de saúde deve dispor tempo para desenvolver ações
voltadas para uma melhor adesão
terapêutica.
Para
isso,
é
necessário
conhecimento relacionado ao assunto. De acordo com o questionário, obtivemos os
seguintes dados:
Tabela 1- Quanto ao pesquisado, idade, gênero, cor e escolaridade.
Característica
Pesquisado
Responsável
Idade
06 a 12 anos
12 a 18 anos
Gênero
Feminino
Masculino
Cor
Branca
Negra
Parda
Escolaridade do responsável
Ensino Fundamental
Ensino Médiol
N=8
%
8
100%
4
4
50%
50%
3
5
38%
62%
6
1
1
75%
12%
13%
7
1
87%
13%
Os resultados apontam que todos os pesquisados possuem o aparelho de
glicemia. Diante disso, Minanni (2010) coloca que, geralmente, o diagnóstico de
DM1 ocorre em crianças e adolescentes com faixa etária entre 5 e 6 anos e entre 11
e 13 anos. Muitos deles não são diagnosticados há tempo ou antes dos 10 primeiros
anos e acabam evoluindo para o óbito.
Segundo Carmello (2009) existe um pico de incidência na ocorrência de
Diabetes Mellitus tipo1, no qual o número de portadores está entre 10 e 14 anos de
idade.
O estudo de Dall´Antonia e Zanetti (2000) demonstrou uma maior prevalência
de crianças e adolescentes com DM1 do sexo feminino e cor branca, contradizendo
os resultados de nossa pesquisa.
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Tabela 2- Quanto a visita domiciliar realizada pelo enfermeiro, o conhecimento sobre a doença, busca
por atendimento, frequência com que afere a glicemia e se houve mudança do estilo de vida.
Característica
N=8
%
Visita do enfermeiro
Sim
3
37%
Não
4
50%
Às vezes
1
13%
Conhecimento sobre a doença
Pouco
2
25%
Bastante
6
75%
Busca por atendimento
Hospital/ Pronto socorro
6
75%
Outros
2
25%
Frequência de aferição da glicemia
Uma vez ao dia
2
25%
Várias vezes ao dia
6
75%
Houve mudança no estilo de vida
Sim
7
87%
Não
1
13%
Através desses dados, percebemos o quanto se faz necessário a presença do
enfermeiro no domicílio das famílias com crianças e adolescentes com DM1, pois
com as visitas trabalha-se a educação continuada de forma a minimizar as
complicações. Para Oliveira (2008), cabe ao enfermeiro desenvolver grupos de DM1
enfocando a participação da familia, juntamente com a criança e adolescente, a fim
de contribuir na adesão do tratamento, visando o controle dos níveis glicêmicos e a
prevenção de complicações.
De acordo com o estudo, 75% relataram saber o bastante para cuidar de
seus filhos. Enfatiza Oliveira (2008) que os familiares necessitam de orientações
quanto ao controle da doença, pois a família sente-se mais segura quando começam
a lidar com a doença do filho e quando há melhora no quadro clínico. Dessa forma
eles sentem que estão realizando o cuidado adequado.
Os resultados demonstram que os cuidadores procuram o Hospital/Pronto
Socorro, ou seja, serviços ambulatoriais. Segundo Tschiedel (2008) os cuidados que
uma criança e adolescente com DM1 devem receber em situações de (hipoglicemia
e hiperglicemia) são prestados em instituições que asseguram cuidados médicos
especializados, preferencialmente em regime ambulatorial para melhor atendimento.
Oliveira (2010) ressalta que o Ministério da Saúde tem por responsabilidade
prestar assistência aos pacientes diabéticos na atenção primária de saúde, pois, ela
dispõe de estratégias para atendê-los com prioridade.
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A automonitorização da glicemia é peça fundamental para o controle de
DM1, gerando benefícios como redução dos riscos de nefropatias, retinopatias e
neuropatias. Devido ao avanço tecnológico, o uso do glicosímetro facilitou muito a
realização da glicemia capilar pelo próprio paciente, contribuindo com a facilidade do
procedimento menos doloroso e resultados fidedignos. Alguns fatores podem
influenciar na eficácia desses aparelhos como o manuseio incorreto e o volume da
amostra de sangue inapropriada, pois muitos aprendem a utilizar o aparelho apenas
pelo manual de intruções. Diante disso, cabe ressaltar que a automonitorização seja
orientada pelo enfermeiro a fim de evitar problemas causados pelo mau manuseio
do glicosímetro e garantir o controle adequado (MIRA, CANDIDO, YALES, 2006).
Para Dall'antonia e Zanetti (2000) é necessário que a família possa ter uma
participação no tratamento buscando aprender a manusear os aparelhos para
praticar o controle domiciliar diário do diabetes. Portanto é imprescindível a presença
da equipe multidisciplinar durante o processo educativo atuando no ensino e
utilização do equipamento para melhor autocuidado.
Os resultados demonstram que 75% aferem a glicemia várias vezes ao dia
da forma correta. Para Pascali (2009), a frequência dos testes em pacientes com
DM1 deve ser realizada de 3-4 vezes ao dia, principalmente aqueles sob o uso de
múltiplas doses de insulina.
Pode-se observar, na tabela 1, que houve mudança no estilo de vida de 87%
das famílias. De acordo com Oliveira (2008) para que ocorra mudança de
comportamento na alimentação da criança e adolescente DM1, é preciso que as
mães sejam bem orientadas pelo enfermeiro sobre a alimentação. A mesma deverá
ser fracionada em desjejum, colação, almoço, merenda, jantar e ceia para melhor
eficácia na adequação a insulina. Pois, como se sabe, a doença crônica na criança
gera várias transformações modificando o contexto social e familiar.
Os resultados demonstram que 62% se alimentam corretamente, 13% não se
alimentam corretamente e 12% quando querem. Bruno (2006) reforça que o
paciente com DM1 especificamente deve escolher, mediante seu médico ou
nutricionista, uma dieta seguindo os horários pré-estabelecidos, mantendo-se
consciente de comer sempre na quantidade correta e no horário determinado.
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Podem também ser feito ajustes em virtude de quantidade de carboidratos a serem
ingeridos, evitando assim episódios de hipoglicemia e hiperglicemia.
Para Milech et al., (2006) é necessário adotar um plano de alimentação
saudável na prevenção a complicações advindas do descontrole glicêmico do DM1.
A terapia nutricional existente estabelece passos de acordo com cada pessoa para
medir e definir esse controle de acordo com índice de massa corpórea (IMC),
circunferência abdominal (CA) e perfil metabólico.
Quanto à orientação, no uso do glicosímetro 75% dos cuidadores foram
orientados pelo enfermeiro e 25% pelo médico pessoal. Segundo Paro, Paro e Vieira
(2006), a educação em saúde não acontece somente em procedimentos mas
também em um relacionamento diário com o ser humano, estabelecendo um vínculo
comprometido com a vida do portador de DM1. Dessa forma, vivenciamos as
experiências vividas antes somente pelo diabético, a fim de contribuir para uma
melhor qualidade de vida dessas crianças e adolescentes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho nos proporcionou verificar a atuação do enfermeiro e da
família no acompanhamento domiciliar de crianças e adolescentes com DM1.
Diabetes Mellitus tipo 1 é uma doença crônica. Para que se tenha uma eficácia
em sua terapêutica é necessária a adesão do paciente e o envolvimento entre
família e equipe de profissionais de saúde. Isso porque o enfermeiro tem papel
fundamental nas ações de educação, promoção e prevenção das complicações da
doença, práticas que serão desenvolvidas nas visitas domiciliares desses
profissionais.
A criança e o adolescente com DM1, a partir do diagnóstico, são cadastrados
no programa HiperDia para a garantia de benefícios como medicamentos e
equipamentos. O enfermeiro deve desenvolver grupos de educação continuada,
atuando na orientação à família, à criança e ao adolescente diabético de forma a
estabelecer um vínculo para que ocorra efetivamente o acompanhamento domiciliar.
Tudo isso através de visitas frequentes do enfermeiro orientando às famílias nas
mudanças necessárias para o controle glicêmico.
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As mães, como esclusivas responsáveis pelo diabético, realizam o controle de
forma correta, pois demonstraram ter conhecimento acerca da doença e receberam
orientações do enfermeiro quanto ao uso do glicosímetro para o monitoramento
diário desses índices glicêmicos.
Portanto é de grande importância que o enfermeiro e a família atuem no
acompanhamento da criança e adolescente DM1 minimizando complicações e
riscos, afim de proporcionar uma melhor qualidade de vida.
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ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DO CÂNCER DE COLO
UTERINO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE DO MUNICÍPIO DE MATIPÓ - MG
Silvana da Silva Marques e Maria das Dores da Silva - Graduadas em
Enfermagem
Ana Lígia Souza Pereira - Graduada em Enfermagem, Especialista em
Estomaterapia. Professora e Coordenadora do Curso de Enfermagem.
Kelly Aparecida do Nascimento - Graduada em Pedagogia e Educação Física.
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Coordenadora de Extensão e
Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Renata Aparecida Fontes - Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises Clínicas,
Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice –UNIVÉRTIX
Ivonaldo Aristeu Gardingo - Graduado em Farmácia, Especialista em Citologia do
Colo do Útero. Professor da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Deisy Mendes Silva - Graduada em Enfermagem, Especialista em Atenção Básica
em Saúde da Família. Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
[email protected]
RESUMO
O câncer de colo uterino está em segundo lugar entre as doenças
oncológicas que afetam as mulheres. Este estudo tem como objetivo identificar os
principais instrumentos utilizados pela Enfermagem, para prevenção do câncer de
colo uterino, na atenção primária à saúde do município de Matipó – MG. Foi feita
uma pesquisa descritiva, com abordagem quantitativa, na referida cidade de Matipó,
localizada na Zona da Mata, com a participação de nove enfermeiros. Nota-se que a
maioria dos enfermeiros afirmam que a consulta de Enfermagem é a melhor forma
de despertar interesse nas mulheres quanto à realização do exame papanicolaou, e
que a maior parte das mulheres não impõe resistência para realizar tal exame.
Observou-se também que grande parte dos enfermeiros realizam orientações quanto
aos fatores de risco. Os investigados afirmam também que uma pequena parte das
gestantes não têm interesse em realizar o exame preventivo. A pesquisa verificou
que os entrevistados desempenham um papel muito importante perante a
sociedade, visto que seu trabalho auxilia na prevenção do câncer do colo uterino.
Entretanto, ainda há a necessidade de se implantar novas medidas para uma melhor
atuação dos mesmos visando sempre melhorar a qualidade de vida das mulheres
em questão.
PALAVRAS-CHAVE: Câncer do colo uterino, Exame preventivo, Enfermeiro.
INTRODUÇÃO
Atualmente, o câncer de colo uterino está em segundo lugar entre as
doenças oncológicas que afetam as mulheres e é considerado como a maior
causa de morbi-mortalidade, com cerca de 470 mil novos casos em todo o
mundo. Esse fato ocorre com maior intensidade em países desenvolvidos e em
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populações com piores condições socioeconômicas. Já no Brasil, dentre todas as
neoplasias malignas, o câncer de colo uterino está em quinto lugar em
mortalidade, com mais de 20.000 casos por ano (MULLER et al. 2011).
Entiauspe et al. (2010) apresentam estudos moleculares evidenciando que
o surgimento do câncer cervical tem uma relação muito íntima com o
Papilomavírus Humano (HPV). Assim, pode-se deduzir que essas malignidades
possam
ser
causadas
pela
presença
do
vírus,
visto
que
o
Ácido
Desoxirribonucléico (DNA) do HPV tem sido encontrado em até 99,7% dos
cânceres cervicais em todo o mundo.
O melhor método de prevenção para detecção do câncer de colo do útero é
o exame Papanicolaou. Trata-se de um método seguro, de baixo custo e de
rastreamento sensível, capaz de detectar lesões em fase inicial e garante 100%
de cura. Devem se submeter ao exame mulheres com vida sexual ativa,
principalmente com idade superior a 25 anos. Grávidas também podem se
submeter ao exame. A mulher deve ter os seguintes cuidados antes da realização
do exame: não estar menstruada, evitar relações sexuais dois dias anteriores à
coleta, não usar duchas ou medicamentos vaginais. Os dois primeiros exames
devem ser realizados com intervalo de um ano (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).
Os fatores de risco que influenciam as alterações celulares desse câncer
estão atribuídos ao baixo nível socioeconômico, parceiro que já teve várias
parceiras sexuais, precocidade do início da vida sexual, imunidade baixa,
multiplicidade de parceiros, história de infecções por doenças sexualmente
transmissíveis (DST’s), tabagismo, partos múltiplos, uso de anticoncepcionais
orais, os quais podem influenciar a não utilização de outros métodos de barreira
aumentado o risco de contaminação pelo HPV, presença de um tipo de HPV
associado ao câncer, detecção persistente de um tipo de HPV de alto risco com
grande concentração de carga viral (KUMAR, ABBAS, FAUSTO, 2005).
O objetivo da pesquisa foi verificar a atuação dos profissionais de
Enfermagem na prevenção do câncer do colo uterino, na atenção primária à
saúde do município de Matipó – MG.
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É uma pesquisa de grande relevância para população feminina da cidade
de Matipó, que irá apresentar métodos mais utilizados para a prevenção e
diagnóstico do câncer do colo uterino por parte da equipe de Enfermagem.
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FUDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Métodos de rastreamento do câncer do colo de útero
O Instituto Nacional do Câncer (INCA) (2011) apresenta novos métodos de
rastreamento do câncer uterino. Segundo o órgão, ocorre a mudança da faixa
etária que antes era dos 25 aos 59 anos, agora passando a ser até os 64 anos de
idade.
O método de rastreamento do câncer do colo do útero e de suas lesões
precursoras é o exame de Papanicolaou, popularmente conhecido como
preventivo. O procedimento identifica lesões que antecedem o câncer, permitindo
o tratamento antes que a doença se desenvolva. As novas diretrizes recomendam
que o intervalo entre os exames deverá ser de três anos, após dois exames
negativos, com intervalo anual (INCA, 2011).
A coleta de material deverá ser feita a partir dos 25 anos de idade. Os
exames preventivos devem seguir até os 64 anos e serem interrompidos quando,
após essa idade, as mulheres tiverem pelo menos dois exames negativos
consecutivos, nos últimos cinco anos. Em casos de mulheres, com mais de 64
anos e que nunca realizaram o exame, devem ser feitos dois preventivos com
intervalo de um a três anos. Se os dois resultados forem negativos, essas
mulheres poderão ser dispensadas de exames adicionais, (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2002).
Ainda de acordo com o Ministério da Saúde (2002), o câncer do colo do
útero é o segundo tumor mais frequente na população feminina, atrás apenas do
câncer de mama.
O Papiloma Vírus Humano (HPV)
Acredita-se que a infecção viral mais frequentemente transmitida por via
sexual seja aquela provocada pelo HPV, originando também uma das mais
prevalentes entre todas as doenças sexualmente transmissíveis, (CRUZ e
LOUREIRO, 2008).
A importância que assume hoje a nível mundial o estudo dos HPVs vem de
sua nítida correlação com os processos malígnos e lesões precursoras em
cérvice uterina, (NORONHA et al. 1999).
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O HPV apresenta mais de 100 variações de vírus e a maioria das infecções
regride espontaneamente. Na forma latente e subclínica não pode ser detectado
clinicamente sendo necessários exames específicos de diagnóstico através de
citopatologia, histologia, colposcopia, entre outros. Na forma clínica há a presença
de condiloma acuminado, lesão visível, assim não sendo necessário o uso de
instrumentos de rastreamento. Cerca de 20 variações desse vírus possuem
tropismo pelo trato genital inferior, ou seja, capacidade de infectar somente certo
tipo de células. Alguns estudos revelam que 99% dos casos de câncer do colo
uterino podem ser relacionados a algum tipo de HPV (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2002).
As infecções podem se apresentar de várias formas. A latente, que é uma
infecção assintomática, só é detectada através de teste de hibridização com DNA
por HPV. Tem a forma subclínica que se apresenta somente após aplicação de
acido acético seguida por inspeção sob ampliação e, por fim, a forma clínica na
qual se tem o surgimento de condilomas acuminados visíveis (INCA, 2011).
O HPV pode ficar no organismo por muitos anos, na forma sintomática ou
assintomática e o homem apresenta-se como elemento chave para que ocorra a
disseminação desse vírus (TEIXEIRA, 1999).
Noronha et al. (1999) afirmam que a forma de pesquisa de infecção do
HPV no homem é realizada mediante:
Peniscopia com o auxílio do ácido acético a 5%. É um exame pouco
específico e as imagens identificadas apresentam pouca correlação com o
achado histopatológico. Desta forma, diagnosticam-se lesões induzidas
por HPV em tecido de biópsia, entre 30 e 55% dos parceiros de mulheres
com lesões induzidas por HPV, taxa esta menor que a esperada. Mesmo
assim, acredita-se que o diagnóstico e o tratamento das lesões pelo HPV
no homem poderiam diminuir o risco de reinfecção ou de recidivas na
mulher.
Segundo Smeltzer (2006) precisa-se saber muito ainda sobre o HPV e
suas fases, a subclínica e a latente, pois com frequência varias mulheres são
expostas a esse vírus por parceiros que não sabem serem portadores da doença.
O preservativo pode evitar a contaminação, porém essa transmissão pode ocorrer
através do contato pele a pele nas áreas não cobertas pelo preservativo. Além
disso, pelo fato de o período de incubação ser longo, muito dos parceiros ficam
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irritados por não saberem quem os infectou, visto que os mesmos podem não
apresentar sintomas.
A Enfermagem e a prevenção
A Enfermagem está diretamente envolvida no processo de mudança de
comportamento, atuando junto da mulher, da família e da comunidade visando
sempre à promoção da saúde e prevenção de doenças que possam ser de
caráter individual ou coletivo. O profissional de Enfermagem tem sua assistência
voltada ao tratamento e a ações preventivas, sendo que sua atuação está
intimamente ligada à educação em saúde (FREITAS, ARANTES e BARROS,
1998).
A prevenção primária ocorre quando se diminui a exposição a fatores de
risco que predispõem o câncer. A detecção das mulheres em situações de risco
pode ocorrer através de uma consulta ginecológica usando da anamnese para
investigar: a data de realização do último exame, o uso de anticoncepcionais, os
tratamentos hormonais, a ocorrência de sangramento após relação sexual ou fora
do período menstrual, o uso de preservativo no ato sexual e a importância da
realização anual do exame preventivo com intuito de detectar alterações em fase
inicial (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).
Vale ressaltar que o uso de preservativo durante o coito apenas minimiza o
risco de contaminação pelo HPV, mas não o impede. A melhor forma de
prevenção é a abstinência de qualquer prática sexual (INCA 2011).
A equipe de Enfermagem tem um importante papel na prevenção do
câncer de colo uterino. E, segundo Dezem e Sampar (2006), apresenta cinco
princípios preventivos: primeiro é a verificação da população de alto risco, isto é
identificar os fatores de risco para desenvolvimento da determinada patologia; o
segundo é o rastreamento, ou seja, a realização de busca ativa de possíveis
pessoas sadias que possam ter a doença ou não, deve-se realizar o exame
preventivo buscando assim as formas assintomáticas da doença; o terceiro é
detecção cuja finalidade é o diagnóstico precoce da doença; o quarto é o
tratamento e, finalmente, o quinto baseado na educação continuada.
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METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa do tipo descritiva, com abordagem quantitativa,
que se realizou na cidade de Matipó – MG, Zona da Mata. A coleta dos dados
ocorreu no mês de setembro do ano de 2011.
De acordo com Marconi e Lakatos (2008) na pesquisa quantitativa são
utilizados métodos estatísticos, na qual são convertidas em números as opiniões
e informações, para serem divididos em classe e analisados.
A pesquisa ocorreu nas seis Unidades Básicas de Saúde e na Unidade
Móvel que atende a Zona Rural de Matipó, totalizando sete unidades. A coleta
dos dados foi realizada através de um questionário fechado com nove questões
sobre as estratégias utilizadas pelos enfermeiros (as) para esclarecimentos e
orientações das clientes que utilizam os serviços referentes ao exame
Papanicolaou.
A pesquisa se realizou com o total de nove enfermeiros, sendo sete
responsáveis pelas Unidades Básicas de Saúde Urbanas (UBS), um responsável
pela zona rural e uma coordenadora da Atenção Primária a Saúde (APS).
Foram obedecidas, nesta pesquisa, as orientações contidas na Resolução
196/96 do Ministério da Saúde, tanto nos aspectos éticos, com a Instituição que
autorizou a realização da pesquisa, quanto com os sujeitos que cederam as
entrevistas após leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE). Aos participantes do estudo foram informados os objetivos da
pesquisa e as possíveis utilizações das informações obtidas para estudos
posteriores, adotando-se o anonimato dos informantes. Os dados foram
apresentados e discutidos em forma de texto e porcentagens.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Segundo o Ministério da Saúde (2002), através do Instituto Nacional do
Câncer (INCA), têm sido realizadas diversas campanhas educativas, voltadas
para a população e para os profissionais da saúde, para incentivar o exame
preventivo. Entretanto, existe no Brasil uma alta taxa de mortalidade por câncer
que poderia ser evitada, já que, entre os tipos de câncer, esse é o que apresenta
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sua evolução de forma lenta, facilitando o diagnóstico precoce e tratamento com
altos potenciais de cura.
Para o INCA (2011), faz-se necessário a realização do exame
Papanicolaou entre os 25 e os 64 anos de vida. Sendo assim, foi questionado aos
enfermeiros se há alguma rotina na ESF que desperte o interesse das mulheres
em estarem fazendo o exame Papanicolaou. E 100% dos enfermeiros afirmaram
que existem práticas com esse objetivo.
Aos enfermeiros, também foi perguntado sobre quais as práticas
desenvolvidas para despertar o interesse das mulheres pela realização do exame.
A pesquisa obteve os seguintes resultados: dos entrevistados 38% afirmam que a
consulta de Enfermagem é a que gera maior interesse nas mulheres, outros 31%
já falam que as palestras é que despertam mais animação para realização do
preventivo. E ainda, 8% dos enfermeiros relataram que a visita domiciliar também
é de grande valia e outros 23% relataram outras ações, porém sem nenhuma
especificação.
Segundo Cruz e Loureiro (2008) os profissionais de saúde devem atuar de
maneira diferenciada com as mulheres. Ou seja, há necessidade de que a
organização e o planejamento da prevenção não aconteçam isoladamente, nem
ignorem a individualidade e a dignidade dos sujeitos, mas, sim, que sejam
vinculados ao contexto social destes, cabendo aos profissionais uma atuação de
envolvimento, respeitando a intimidade, a privacidade e o direito da mulher de
falar e conhecer sobre sua doença e saúde.
Devido ao pouco conhecimento por parte das mulheres com relação à
realização do exame Papanicolaou, foi questionado aos enfermeiros se há
resistência das mulheres com mais de 50 anos quanto à realização do exame.
A partir das respostas, 56% dos enfermeiros afirmam que não há nenhum
tipo de resistência por parte das pacientes. Por outro lado, 22% ressaltam que às
vezes algumas dessas mulheres têm ou apresentam alguma resistência em
realizar o Papanicolaou e mais 22% afirmaram que as mulheres com mais de
cinquenta anos sempre apresentam resistência com relação à realização do
exame Papanicolaou.
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Os profissionais precisam de conhecimento e cuidado ao realizar o exame
preventivo porque aos olhos de um profissional o exame é considerado simples,
rotineiro, rápido e indolor. Porém, pode ser visto pela mulher com um ato
agressivo levando até a desenvolver problemas psicológicos, visto que ela possui
seus princípios, sua crença e está inserida em um meio sócio-cultural (MERIGHI,
HAMANO e CAVALCANTE, 2002).
Segundo INCA (2011) o exame preventivo se estendeu dos 59 para os 64
anos. Contudo fazem-se necessárias novas práticas para que essas mulheres
tenham o interesse em realizar o exame. Por isso, foi questionado aos
enfermeiros se há resistência por parte das mulheres com mais de 50 anos
quanto à realização do preventivo. E na sequência deste assunto surgiu o
questionamento quanto à existência da busca ativa de mulheres nessa faixa
etária para a realização do exame.
Em relação a essa busca em especial às mulheres, 89% dos entrevistados
afirmaram que essas buscas são realizadas nas áreas abrangidas pela ESF.
Outros 11% alegaram não terem nenhuma atividade especifica para realizá-las.
Quanto à orientação às mulheres com baixo grau de escolaridade, 100%
dos enfermeiros afirmam realizarem algum tipo de atividade em um nível de
entendimento adequado para cada paciente, assim realizando as orientações
necessárias com relação ao exame Papanicolaou.
Segundo Duavy et al. (2007), os maiores índices de surgimento do HPV e,
consequentemente o câncer do colo do útero, aparecem em mulheres residentes
em locais de baixo nível socioeconômico. Isso ocorre devido, muitas vezes, a
fatores econômicos e geográficos, à falta de serviços e, até mesmo, questões
culturais, medo e preconceito dos companheiros.
Os enfermeiros forma também questionados sobre a existência de algum
tipo de orientação em relação aos fatores de risco. Dentre as resposta, 67% dos
entrevistados afirmaram sempre realizar orientações com as mulheres sobre os
fatores de risco para o desenvolvimento do câncer do colo uterino e outros 33%
relataram que às vezes realizam essas atividades de orientação.
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Kumar, Abbas e Fausto (2005) apontam os fatores de risco: vários
parceiros, tabagismo e uso de anticoncepcionais, o qual leva a não utilização de
outros métodos preventivos.
A partir do que é preconizado pelo INCA foi questionado se as gestantes
têm o interesse em realizarem o exame Papanicolaou. Dos entrevistados, 33%
relatam que as gestantes não têm interesse em realizarem o exame preventivo,
33% afirmaram que às vezes procuram a ESF para realizarem o exame e o
restante, outros 34%, disseram que as gestantes procuram as ESF’s para
realização do referido exame.
Para o Ministério da Saúde (2002), gestantes também devem realizar o
exame preventivo Papanicolaou, visando minimizar os riscos de desenvolvimento
do câncer.
O INCA (2011) informa que devem realizar o exame preventivo mulheres
com vida sexual ativa a partir dos 25 anos de idade. Foi questionado aos
enfermeiros entrevistados se as mulheres com menos de 25 anos tem interesse
em realizar o exame preventivo. Dos entrevistados, 78% afirmam que as
mulheres com vida sexual ativa com menos de 25 anos procuram a rede publica
de saúde para realizarem seus exames preventivos regularmente. Outros 11%
relatam que às vezes elas procuram os postos de saúde e mais 11% dizem que
elas não têm interesse nenhum em realizarem o exame preventivo.
Halbe (2000) relata que mulheres que começam a vida sexual
precocemente
ficam
mais
susceptíveis
ao
acometimento
do
HPV
e
consequentemente o surgimento do câncer do colo uterino. Esse fato se dá com
mais intensidade quando a atividade sexual começa a partir dos 16 anos ou, até
mesmo antes, seguido de multiparidade e assim agravando os fatores de risco.
Segundo os investigados, nota-se que as mulheres com vida sexual ativa
têm o interesse em procurar realizar o exame preventivo Papanicolaou, o que é
um fato de grande relevância, pois demonstra que as mulheres estão informadas
a respeito do exame preventivo e seus benefícios. A partir dessa constatação, foi
questionado se as mulheres com mais de 25 anos têm o interesse em realizar o
exame anualmente.
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Com relação às mulheres com mais de vinte e cinco anos, com vida sexual
ativa, 67% dos enfermeiros dizem que elas procuram os postos de saúde para
realizarem o exame preventivo anualmente. Outros 33% falam que às vezes elas
procuram as ESF’s para se submeterem ao exame Papanicolaou.
O INCA (2011) apresenta que o exame preventivo deve ser realizado
anualmente e após dois resultados negativos pode ser realizado a cada três anos.
Os entrevistados da presente pesquisa também foram abordados quanto
ao surgimento ou manifestações clínicas dos HPVs, como verrugas ou
condilomas, nas pacientes em período de vida reprodutiva.
A maioria dos enfermeiros, 45% afirmaram que as mulheres não
apresentam alterações ou algum tipo de manifestações clínicas nessa idade.
Outros 33% disseram que às vezes elas apresentam algum tipo de alteração e os
22% restantes disseram que é comum elas apresentarem essas alterações nessa
época da vida.
Segundo o Ministério da Saúde (2011) na forma clínica do Papiloma Vírus
Humano tem-se a presença do condiloma acuminado que é uma lesão visível.
Portanto, se faz necessário o uso de instrumentos de rastreamento nessas
mulheres em específico. Ainda cita que 99% dos casos de câncer do colo uterino
são causados por algum tipo de HPV.
O câncer de colo uterino se dá de forma lenta e silenciosa, passando por
fases detectáveis e curáveis, dentre todas as neoplasias malignas é o que
apresenta maiores chances de prevenção e cura. Os métodos de rastreamento
possuem efetividade plena na redução de mortalidade quando os exames
citopatológicos são conhecidos e aceitos pela população, sua detecção precoce
depende da mais ampla cobertura possível (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através da pesquisa, constatou-se que os enfermeiros desempenham um
papel de extrema importância perante a sociedade, visando melhorar a qualidade
de vida das mulheres expostas ao aparecimento do HPV e possível câncer de colo
uterino. Contudo ainda se vê quanto são necessários mais serviços correlacionados
ao rastreamento das mulheres em questão.
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Muitas mulheres ainda apresentam receio em se expor aos exames. Isso
não deve ser identificado pelos profissionais apenas para que eles sejam realizados
em ambientes físicos de privacidade. A mulher, quando submetida ao exame, leva
consigo mais do que um corpo. Ela leva sua história, seus valores, seus
sentimentos, suas angústias, suas vivências, suas carências, seus medos, seus
conhecimentos e o seu desconhecimento.
Portanto, a experiência do procedimento, que parece simples e comum para
os profissionais, pode ser uma difícil e constrangedora para muitas mulheres.
Sendo assim, o profissional deve falar a mesma linguagem dessas mulheres, pois a
diversidade cultural e econômica do Brasil é enorme e necessita de mais
conhecimentos por parte dos profissionais da área da saúde. Dessa maneira, eles
poderão prestar uma assistência livre de qualquer dano ao caráter e dignidade das
mulheres submetidas ao exame preventivo.
Por fim, sugere-se também uma atenção especial às mulheres com idade
inferior a 25 anos que já iniciaram a vida sexual. Isso porque a iniciação precoce da
vida sexual e a multiplicidade de parceiros são consideradas um fator de risco, pois
há maior probabilidade de contrair o vírus do HPV e possível surgimento do câncer
uterino.
REFERÊNCIAS
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Instituto Nacional do Câncer. Coordenação de Prevenção e Vigilância (Conprev).
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DESCRIÇÃO DOS FATORES DE RISCO PARA DESENVOLVIMENTO DA
HIPERTENSÃO ARTERIAL EM FUNCIONÁRIOS DE UMA INSTITUIÇÃO DE
ENSINO
Iara Cristina de Souza Paula e Tatiane Santana Silva – Graduadas em
Enfermagem
Ana Lígia Souza Pereira - Graduada em Enfermagem, Especialista em
Estomaterapia. Professora e Coordenadora do Curso de Enfermagem da
Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX.
Kelly Aparecida do Nascimento - Graduada em Pedagogia e Educação Física.
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Coordenadora de Extensão e
Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Renata Aparecida Fontes - Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises Clínicas,
Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice –UNIVÉRTIX
Deisy Mendes Silva - Graduada em Enfermagem, Especialista em
Atenção Básica em Saúde da Família. Professora da Faculdade Vértice UNIVÉRTIX.
Lucio Flavio Sleutjes – graduado em Fisioterapia. Mestre em
Motricidade. Doutor em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da
Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX
[email protected]
RESUMO
A Hipertensão Arterial corresponde, entre as doenças crônicas, a um dos
principais problemas de saúde pública, tanto em países desenvolvidos quanto
naqueles em desenvolvimento. O presente estudo buscou avaliar os fatores de risco
para desenvolvimento da hipertensão arterial dos funcionários de uma instituição de
ensino superior da zona da mata mineira. Trata-se de uma pesquisa de natureza
descritiva, com abordagem quantitativa, que se realizou na Faculdade Univertix,
localizada na cidade de Matipó – MG, Zona da Mata Mineira. A metade dos
entrevistados acredita que a hipertensão arterial tem cura, fato este que demonstra
a falta de conheciento correlacionado à doença. Porém, todos os investigados
afirmam que hipertensão é uma doença grave. Conclui-se que os investigados não
têm conhecimento adequado sobre a hipertensão arterial, visto que é uma doença
crônica, mas passível de controle. Contudo, nota-se a necessidade de novas ações
no campo da saúde pública, visando informar à população sobre a doença.
PALAVRAS-CHAVE: Hipertensão arterial, Fatores de risco, Tratamento para
hipertensão
INTRODUÇÃO
Com o passar dos tempos e com a realização de novas pesquisas no campo
da saúde, hoje podemos observar as mudanças que ocorreram quanto à
incidência e à prevalência de doenças, no Brasil. Um exemplo são os altos
índices de óbitos, por causa da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS),
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Infarto Agudo do Miocárdio, Acidente Vascular Cerebral (AVC), dentre outras
doenças crônicas, as quais decrescem enquanto a expectativa de vida dos
brasileiros aumenta (DELL’ACQUA, et al., 1997).
No Brasil, ainda há um número expressivo no surgimento de novos casos de
doenças crônicas. Dentre eles, os mais comuns são a Hipertensão Arterial
Sistêmica (HAS), cujo principal tratamento requer alterações de comportamento,
dieta, uso de medicamento e o estilo de vida que cada portador leva. Contudo,
pode ocorrer um comprometimento da qualidade de vida devido a uma baixa
qualidade de atendimento no tocante às orientações adequadas sobre o
tratamento, ou mesmo no reconhecimento da importância das complicações que
essas patologias podem acarretar (MIRANZI, et al., 2008).
A HAS corresponde, dentre as doenças crônicas, a um dos principais
problemas de saúde pública tanto em países desenvolvidos quanto naqueles em
desenvolvimento. Vários pesquisadores demonstram interesse em investigar a
prevalência da pressão arterial elevada na infância e adolescência, visto que esse
é um fator associável, pois apresenta forte relação entre a hipertensão nas fases
inicias da vida com prolongamento para fase adulta (SILVA e FARIAS 2007).
Doenças cardiovasculares são consideradas a primeira causa de óbito no
país, chegando a atingir cerca de 10% da população adulta e, assim, diminuindo a
expectativa de vida dos mesmos, devido às possíveis alterações morfofuncionais,
como insuficiência cardíaca vascular cerebral e renal (DELL’ACQUA, et al., 1997).
Quando diagnosticados precocemente, os portadores de HAS têm uma
grande probabilidade de não sofrerem alterações cardiovasculares, cerebrais e
renais (SOUZA, 1994).
Portanto, a pesquisa tem como objetivo avaliar os funcionários de uma
instituição de ensino superior da zona da mata mineira quanto aos fatores de risco
para desenvolvimento da HAS.
O presente estudo poderá contribuir para uma melhora na qualidade de
vida dos profissionais trabalhadores após avaliação dos fatores de risco aos quais
eles estão expostos.
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FUDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Hipertensão Arterial
Pessuto e Carvalho (1998, p.02) falam que:
[...] a HAS é uma doença crônica, pode ser influenciada pelo grau de
participação do indivíduo portador de tal patologia, dependendo de fatores
como a aceitação da doença, controle e conhecimento da mesma e
aparecimento de complicações. É definida como tendo valores de pressão
arterial sistólica > 160 mm Hg e diastólica > 95 mm Hg. A hipertensão
limítrofe é aquela com valores sistólicos de 140 a 160 mm Hg e diastólicos
de 90 a 95 mm Hg. A normotensão é a pressão arterial sistólica < 140 mm
Hg e diastólica < 90 mm Hg.
A
importância
do
controle
da
hipertensão
para
redução
das
morbimortalidades cardiovasculares está cada vez mais evidenciada através de
estudos junto à população. Pesquisas realizadas no Brasil mostram uma elevada
prevalência de hipertensos entre os adultos chegando ao patamar de 20 a 45%.
E, na maioria das vezes, as causas são desconhecidas (BISI MOLINA et al.,
2003).
Ao considerar a pressão arterial (PA) elevada como um problema
multifatorial que atinge diversos grupos populacionais, torna-se imprescindível
identificar fatores de risco associados a níveis pressóricos elevados nos jovens e
adultos de ambos os sexos, com intuito de intervir precocemente sobre os
mesmos e minimizar possíveis problemas cardiovasculares na adolescência, na
fase adulta e velhice (PESSUTO e CARVALHO, 1998).
Smeltzer (2006) fala que a HAS não tem cura, mas possui tratamento e pode
ser controlada. Além dos medicamentos disponíveis atualmente, é imprescindível
adotar um estilo de vida saudável: manter o peso adequado, hábitos alimentares
saudáveis, não abusar do sal, utilizando outros temperos que ressaltam o sabor
dos alimentos, praticar atividade física regular, aproveitar momentos de lazer,
abandonar o fumo, moderar o consumo de álcool, evitar alimentos gordurosos.
Fatores de risco para hipertensão arterial
Identificar os fatores de risco associados à elevação dos níveis pressóricos
de um indivíduo é imprescindível, isso por ser considerado um problema
multifatorial que atinge diversos grupos populacionais (SILVA e FARIAS 2007).
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Segundo Dell’acqua et al., (1997) existem vários fatores de risco, os quais
são divididos em dois grupos. Os congênitos, que são: hereditariedade, idade,
raça e sexo. E os adquiridos: obesidade, alimentação rica em sal e gorduras,
estresse, uso de anticoncepcionais, álcool e tabaco. E, conforme Silva e Farias
(2007), podemos acrescentar ainda como fatores de risco para hipertensão
arterial as doenças cardiovasculares e o sedentarismo.
As mulheres com mais de 30 anos que fumam e fazem o uso de
anticoncepcionais estão mais sujeitas a se tornarem hipertensas. Em ambos os
sexos a frequência da hipertensão aumenta com idade, considerada como fator
de risco, devido às alterações que ocorrem na musculatura lisa e no tecido
conjuntivo dos vasos, devido ao processo de envelhecimento. Porém, quando se
associa idade e sexo, a prevalência da HAS é no sexo masculino. Entretanto,
devido à mudança de estilo de vida das mulheres essa situação está sofrendo
mudanças (PESSUTO e CARVALHO, 1998).
Tratamento da Hipertensão Arterial Sistêmica
É de extrema importância a avaliação da equipe multiprofissional para assim
propor um tratamento mais adequado, visando minimizar os riscos do surgimento
das complicações crônicas (CAR, EGRY, 1996).
Segundo
Pessuto
e Carvalho
(1998), o
tratamento
pode ser não
farmacológico, no qual se inclui o controle de peso, uma vez esse excesso é
considerado um fator predisponente para desenvolvimento da hipertensão arterial.
Para o Ministério da Saúde (2006), 20% a 30% da prevalência da doença podem
ser explicadas pela presença do excesso de peso, porém uma redução de 5% a
10% da massa corporal pode levar a diminuição da pressão arterial.
Car e Egry (1996) relatam que o abandono do tabagismo, do etilismo, a
adesão à pratica de exercícios físicos, a mudança de hábitos alimentares, na qual
se passa a utilizar alimentos mais saudáveis como frutas, cereais, legumes e o
consumo reduzido de gorduras saturadas são capazes de reduzir a pressão
arterial em hipertensos.
Segundo dados do Ministério da Saúde (2006), o tratamento farmacológico
visa reduzir não só os níveis tensionais como também reduzir os eventos
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cardiovasculares fatais e não fatais. Os agentes anti-hipertensivos agem de
distintas formas de ação terapêuticas, assim alterando na fisiopatologia da
hipertensão arterial. Esses agentes anti-hipertensivos são classificados como
diuréticos, inibidores adrenérgicos, vasodilatadores diretos, antagonista do
sistema renina-angiotensina e os bloqueadores do canal de cálcio.
O Ministério da Saúde (2006) apresenta quais os medicamentos mais
utilizados pela população hipertensa e que o Sistema Único de Saúde (SUS)
disponibiliza para a população através da rede pública de saúde. Que são os
Diuréticos como a hidroclorotiazida e furosemida. Há também os beta
bloqueadores como propranolol e os inibidores da Enzima Conversora de
angiotensina (iECA) que são captopril e enalapril.
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa de natureza descritiva, com abordagem
quantitativa, que se realizou em uma Instituição de Ensino Superior, localizada na
cidade de Matipó – MG, Zona da Mata Mineira. Aos funcionários, foram aplicados
32 questionários, relacionados à saúde, assim se fazendo uma busca de
possíveis hipertensos.
O publico da presente pesquisa são os funcionários de uma Instituição de
Ensino Superior da Zona da Mata Mineira com exceção dos professores e
coordenadores da presente instituição.
A coleta de dados ocorreu no mês de setembro do ano de 2011 e o
instrumento para coleta dos dados foi um questionário o qual se encontra no
Anexo I.
A pesquisa foi realizada através da aplicação de um questionário
padronizado aos trabalhadores da Faculdade Vértice. O mesmo é composto por
26 questões fechadas, nas quais três são de perfil sócio-demográfico, dez de
relacionadas ao estilo de vida, outras nove avaliando o conhecimento quanto aos
fatores de risco e mais quatro que avaliam o conhecimento da doença.
Quando se realiza uma pesquisa quantitativa, busca-se analisar o
comportamento das variáveis individualmente ou na sua relação de associação ou
de dependência a outras variáveis (quando há causalidade). São elaborados
diversos gráficos ou tabelas de frequências uni variadas (uma variável), com
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cruzamentos de duas variáveis ou mais, no intuito de identificar características ou
fatores explicativos dos fenômenos em estudo (SANTOS, 2009).
A pesquisa respeitou as orientações contidas na Resolução 196/96 do
Ministério da Saúde, tanto nos aspectos éticos com a Instituição que autorizou a
realização da pesquisa, quanto em relação aos sujeitos entrevistados que
realizaram leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(BRASIL, 1996).
Após a aplicação dos questionários e coleta de dados, os mesmos foram
tabulados no Microsoft Excel. Desses dados, foram gerados gráficos que
orientaram a escrita e discussão dos resultados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A pesquisa contou com 32 funcionários pesquisados, sendo que 31% são do
sexo masculino e 69% do sexo feminino, a idade entre eles varia entre 18 e 46
anos com idade média de 23 anos.
Entre os funcionários, 13% possuem 1º grau incompleto, 3% o 2º grau
incompleto, 16% afirmam possuir o 2º grau completo, 44% estão cursando o nível
superior, outros 18% são graduados e, ainda, 6% que não responderam conforme
podemos analisar na Figura 1.
Pessuto e Carvalho (1998) apresentam que quanto à variável nível de
escolaridade, ficou evidenciado que se tem uma queda na média da pressão
arterial sistêmica, conforme aumenta o grau de educação. O autor também afirma
que há uma menor prevalência da doença com o aumento do nível de
escolaridade, dado esse muito relevante, já que irá interferir diretamente na
assimilação das orientações necessárias para a prevenção adequada e a adesão
ao tratamento.
Com relação ao estado civil, 60% dos pesquisados são solteiros, 34%
casados e 6% não responderam.
A partir de um estudo realizado por Sarquis et al., (1998), para minimizar a
não adesão ao tratamento da hipertensão devemos iniciar com a identificação dos
fatores que interferem nessa adesão. Esses fatores são identificados como: idade
avançada, o sexo, raça, escolaridade, nível socioeconômico, ocupação, estado
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civil. Outro fator que interfere é tratar-se de uma doença silenciosa, o que impede
na percepção do se sentir doente.
Os participantes da pesquisa foram questionados quanto à questão da
hereditariedade, verificando se possuem familiares com hipertensão. Dentre as
respostas que obtivemos 69% alegando possuir algum hipertenso na família,
outros 28% disseram não possuir nenhum e 3% não responderam.
Segundo Silva e Souza (2004), os traços genéticos estão diretamente
relacionados ao surgimento da hipertensão arterial. Considera-se também a
estimativa de que 1/3 da população que desenvolve a hipertensão é devido aos
fatores de hereditariedade.
Dos entrevistados, 53% afirmam fazer uso de bebidas alcoólicas e 47% não
fazem consumo. Dentre os que relataram fazer uso questionou-se quantas vezes
por semana realiza o consumo dessas bebidas.
Na Figura 1 podemos observa quanto ao uso de bebidas alcoólicas que.
Figura 1: Número de vezes por semana que fazem uso de bebeidas alcoolicas.
Castro, Rolim e Mauricio (2005) apresentam que com a redução da ingestão
de bebidas alcoólicas e a diminuição na ingestão de outras substâncias, como
nicotina e alimentos gordurosos, pode se minimizar o risco para desenvolver a
hipertensão arterial sistêmica.
A Sociedade Brasileira de Cardiologia, através da VI Diretrizes Brasileiras de
Hipertensão (2010), estabelece que a ingestão de álcool por longos períodos de
tempo pode acarretar em um aumento da pressão arterial e consequentemente
morbidades cardiovasculares.
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Quanto ao uso do tabaco, 87,5% afirmam que não fazem uso de tal
substância e 12,5% relatam fazerem uso do cigarro. Para aqueles que
responderam sim, questionou-se quantos cigarros eram consumidos por dia. A
figura 2 apresenta quantos cigarros/dia são consumidos pelos pesquisados.
6,5%
3%
3%
0%
Fig 2: Quantidade de cigarros consumidos por dia.
A nicotina é prejudicial ao organismo, pois promove a liberação de
catecolaminas, que aumentam a frequência cardíaca, a pressão arterial e a
resistência periférica (PESSUTO e CARVALHO,1998).
O Instituto Nacional do Câncer (2010) estabelece que 25% dos óbitos
ocorridos por motivo de infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral
são devido ao uso excessivo de tabaco.
Quanto às questões pertinentes ao uso de medicamentos para hipertensão
arterial e o uso de anticocepcional, 97% dos entrevistados responderam as
perguntas. Quanto ao controle da hipertensão 90% afirmam não fazerem o uso do
medicamento anti hipertensivo (porque não são hipertensos), apenas 10%
relatam usar. Já em relação ao anticoncepcional, 74% das mulheres não fazem
uso do medicamento e os 26% restantes afirmam usar o o método contraceptivo.
Segundo o Ministério da Saúde (2006) “a hipertensão é duas a três vezes
mais comuns em usuárias de anticoncepcionais orais, especialmente entre as
mais idosas e obesas. O aparecimento da hipertensão arterial durante o uso do
anticoncepcional oral impõe a interrupção imediata do medicamento”.
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Quanto a atividade fisica, 90% dos investigados responderam a essa
questão. Uma vez que 45% realizam atividade fisica e 55% não pratica. O gráfico
da Figura 3 demonstra quantas vezes por semana esses entrevistados fazem
atividades físicas.
21%
21%
3%
Figura 3: Número de vezes por semana são realizadas atividades fisicas.
Em um estudo realizado por Monteiro e Sobral Filho (2004) eles apresentam
que o sedentarismo também constitui importante fator de risco. Isso porque já
está bem estabelecida a ocorrência de maior taxa de eventos cardiovasculares e
maior taxa de mortalidade em indivíduos com baixo nível de condicionamento
físico. Estima-se que a prevalência do sedentarismo seja de até 56% nas
mulheres e 37% nos homens, na população urbana brasileira.
A prática do exercício físico ajuda na redução da incidência de
desenvolvimento da HAS, mesmo em indivíduos pré-hipertensos (DIRETRIZES
2010).
Os entrevistados também foram questionados sobre quais poderiam ser os
fatores relacionados ao desenvolvimento da hipertensão arterial. O consumo de
sal foi o fator mais expressivo, 97% dos pesquisados afirmaram que esse pode
ser um fator para desenvolvimento HAS.
A figura 4 apresenta os fatores de risco para desenvolvimento da HAS a
partir do apresentado pelos pesquisados.
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Figura 4: Fatores relacionados com a hipertensão arterial que foram referidos na pesquisa.
Para Bisi Molina (2003) e Carneiro et al., (2003), os fatores de risco para
desenvolvimento e agravamento da HAS e suas malignidades podem ser
classificados como: o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, uso de tabaco, a
obesidade, uso de anticoncepcionais, etnia, a não realização de atividades físicas
regulares e fatores genéticos.
Segundo Monteiro e Sobral Filho (2004) a HAS representa uma das maiores
causas de morbidade cardiovascular no Brasil e acomete 15% a 20% da
população adulta. A HAS também é considerada um dos principais fatores de
risco para desenvolvimento de doenças cardiovasculares e representa alto custo
social, uma vez que é responsável por cerca de 40% dos casos de aposentadoria
precoce e absenteísmo no trabalho em nosso meio.
Quando se trata de profissão percebe-se o impacto causado no cotidiano do
trabalhador, uma vez que parte de sua vida ele passa no local de trabalho. Essa
situação pode influenciar alguns comportamentos levando o indivíduo a se
deparar com condições que o deixe susceptível ao desenvolvimento de doenças
como a hipertensão arterial (SANTOS e LIMA, 2008).
Sobre os riscos que a pressão arterial elevada pode trazer à vida da pessoa,
100% dos investigados falaram que a HAS pode trazer complicações para a
saúde.
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Entre os entrevistados, 50% acreditam que a HAS tem cura, o que comprova
o desconhecimento sobre a doença. Entretanto, 100% dos investigados afirmam
que a HAS é uma doença grave.
Para Smeltzer (2006) a HAS é uma doença que não tem cura, porém pode e
deve ser controlada por apresentar consequências graves, como acidente
vascular cerebral, infarto agudo do miocardio e insuficiencia renal crônica.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com o verificado no presente trabalho, entende-se que há
necessidade de organizar um atendimento a esses clientes portadores de HAS;
no sentido de fortalecer a importância de mudanças de comportamentos, já que
foram levantados aspectos falhos quanto à atividade física, uso de tabaco, e
também dados questionáveis em relação à alimentação.
Diante do exposto e considerando que essa doença gera um custo muito
alto para a saúde no Brasil, nota-se que há a necessidade de novas políticas de
saúde visando às especificidades da população.
Além disso, observamos indícios da falta de conhecimento dos pesquisados
em relação à doença, mesmo em se tratando de uma patologia tão comum entres
os brasileiros e, ao mesmo tempo, desconhecida por uma boa parte da
população.
Dessa maneira, percebe-se a necessidade de se criar novas alternativas
para que se possa buscar a promoção da saúde, levando a essa população um
conhecimento sobre a hipertensão. Assim, esses indivíduos serão motivados a ter
qualidade de vida e melhores condições de saúde.
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ATUAÇÃO DOS ENFERMEIROS DA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA
DIANTE DA SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA DA CIDADE DE
MATIPÓ-MG.
Maria Aparecida Rodrigues de Freitas – Graduada em Enfermagem
Ana Lígia Souza Pereira - Graduada em Enfermagem, Especialista em
Estomaterapia. Professora e Coordenadora do Curso de Enfermagem.
Kelly Aparecida do Nascimento - Graduada em Pedagogia e Educação Física.
Mestre em Meio Ambiente e Sustentabilidade. Coordenadora de Extensão e
Professora da Faculdade Vértice - UNIVÉRTIX
Neiler Soares Vieira de Oliveira – Graduado em Enfermagem, Especialista em
Saúde Mental.
Renata Aparecida Fontes - Graduada em Farmácia Bioquímica – Análises Clínicas,
Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX
Lucio Flavio Sleutjes – graduado em Fisioterapia. Mestre em Motricidade. Doutor
em Cinesiologia. Professor e Diretor Geral da Faculdade Vértice – UNIVÉRTIX
[email protected]
RESUMO
A inclusão das questões de saúde mental nas equipes de Saúde da Família
era uma forma de inibir a fragmentação do cuidado, apontando para a necessidade
de criação de novas alternativas de cuidado na atenção básica. O objetivo deste
trabalho foi descrever ações e orientações dos enfermeiros da ESF da Cidade de
Matipó-MG, diante da sua equipe atuante na saúde mental na rede primária. Para
isso foi realizada uma pesquisa descritiva de caráter qualitativo junto às Equipes de
Saúde da Família da cidade de Matipó. A população do estudo é caracterizada por
um grupo de 7 enfermeiros que fazem parte das equipes das ESF sendo 57% do
gênero feminino. Quatro são pós-graduados. Todos os profissionais afirmam não ter
participado de nenhum tipo de capacitação em saúde mental nos últimos seis meses
e apesar disso, 57% deles promoveram um trabalho de educação continuada com
sua equipe. Entende-se que mais do que ofertar um serviço em Saúde Mental na
Estratégia Saúde da Família, se faz urgente à oferta de uma atenção mais
abrangente e integral, com vistas à realidade social e as necessidades gerais de
saúde do sujeito portador de sofrimento mental dentro da família e comunidade.
PALAVRAS-CHAVE: Saúde Mental, Equipes de Saúde da Família, Enfermagem.
INTRODUÇÃO
No que tange à saúde mental verifica-se que de acordo com a Organização
Mundial de Saúde (OMS), 450 milhões de pessoas sofrem de transtornos mentais,
resultantes de uma complexa interação de fatores genéticos e ambientais (OMS,
2001).
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Desde a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1990, o Brasil
vem sofrendo transformações significativas na assistência à saúde em seu território,
redefinindo através de leis e portarias as responsabilidades e as competências de
todos os níveis de gestão e atribuindo aos municípios um papel central na gestão do
sistema local de saúde. Neste contexto, a participação da população é uma
importante estratégia para garantir princípios como a descentralização e
municipalização da saúde (BRASIL, 2006).
A ESF apresenta-se como uma proposta de reestruturação da atenção
primária, centrada na família, entendida e percebida em seu ambiente físico e social,
e prevê a participação de toda a comunidade, em parceria com a Equipe de Saúde
da Família, na identificação das causas dos problemas de saúde, na definição de
prioridades, no acompanhamento da avaliação de todo trabalho (BRASIL, 2006).
Conforme uma pesquisa do Ministério da Saúde, Brasil (2007), feita em 2003
verifica-se que 56% das equipes de Saúde da Família referiam realizar “alguma
ação de saúde mental” e, dentre os problemas de maior prevalência, estavam o
alcoolismo, a depressão, as tentativas de suicídio e o uso indiscriminado de
fármacos (BREDA; AUGUSTO citado por VECCHIA, 2006).
Deste modo, a inclusão das questões de saúde mental nas equipes de Saúde
da Família era uma forma de inibir a fragmentação do cuidado, apontando para a
necessidade de criação de novas alternativas de cuidado na atenção básica
(DIMENSTEIN, 2004).
Nos últimos anos, o Ministério da Saúde vem estimulando a inclusão de
políticas de expansão, formulação, formação e avaliação da Atenção Básica
direcionadas aos problemas de saúde mental e aos usuários, enfatizando a criação
de equipes nessa rede de atenção com fortes vínculos com profissionais da saúde
mental. A implementação dessas políticas tem se fundamentado em três planos:
administrativo, com o processo de descentralização; assistencial, através da
Estratégia de Saúde da Família e os Agentes Comunitários; e político, por meio do
controle social (BRASIL, 2007).
Todos os trabalhadores de Saúde devem conhecer o modelo de assistência
em Saúde Mental, e os serviços existentes no município: equipes de Saúde Mental
nas unidades básicas, Centros de atenção Psicossocial (CAPS), Centros de
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Convivência, leitos em hospital geral, etc. Dessa forma, saberão para onde
encaminhar o usuário, quando seu caso não puder receber o atendimento adequado
no serviço de Saúde em que foi feito o acolhimento (MINAS GERAIS, 2006).
Portanto, o objetivo deste trabalho foi descrever ações e orientações dos
enfermeiros da ESF da Cidade de Matipó-MG, diante da sua equipe atuante na
saúde mental na rede primária.
Assim, o enfermeiro envolvido nesse serviço deve orientar os demais
profissionais ali inseridos através de uma metodologia problematizadora que busque
articular os saberes produzidos no cotidiano dos serviços e o conhecimento
científico. Constituindo-se uma Atenção Básica em um espaço de acolhimento e da
integralidade das ações visando à ampliação da rede de cuidados com o objetivo de
promoção da saúde como forma de produção de vida.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Segundo Donnangelo (1979), a definição de saúde possui implicações legais,
sociais e econômicas dos estados de saúde e doença. Afirma a autora que a OMS
define saúde não apenas como a ausência de doença, mas como a situação de
perfeito bem-estar físico, mental e social.
Conforme a OMS, os conceitos de saúde mental abrangem, entre outras
coisas, o bem-estar subjetivo, a auto eficácia percebida, a autonomia, a
competência, a dependência Inter geracional e a auto realização do potencial
intelectual e emocional da pessoa. Numa perspectiva transcultural, é quase
impossível definir saúde mental de uma forma completa. De um modo geral, porém,
concorda-se quanto ao fato de que a saúde mental é algo mais do que a ausência
de perturbações mentais (OMS, 2001).
Scóz e Fenili (2003) ressaltam que o SUS, desde sua implantação,vem
criando alternativas para inserção do paciente com transtorno mental na
comunidade e que a inclusão das ações de saúde mental no PSF depende da
política de saúde a níveis federal, estadual e municipal com o intuito de integralizar
as estratégias de promoção, prevenção, tratamento e reinserção social. Vale lembrar
que:
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No que diz respeito à articulação entre saúde mental e a ESF, denota-se que
“o foco do trabalho está na sensibilização das equipes do PSF para a compreensão
das múltiplas características dos sujeitos e as diversas causas de seus sofrimentos,
desmistificando a doença mental no trabalho cotidiano” (CASÉ, 2000, p. 132).
Araújo (2003) afirma que a ESF segue princípios que colocam como
prioridade o vínculo e o compromisso profissional para com a comunidade. No que
tange à importância da integralidade das ações para a reorientação do modelo
assistencial vigente, Alves (2005) destaca que:
O princípio da integralidade implica em integração das
ações preventivas, promocionais e assistenciais, além da
integração
dos
profissionais
em
equipes
interdisciplinares e multiprofissionais que possam
compreender de forma mais abrangente os problemas
de saúde intervinda mais efetivamente, integrando assim
as partes do organismo vivo, reconhecendo nele um
sujeito (ALVES, 2005. p. 43).
Sobre o trabalho do enfermeiro em Saúde Mental na ESF, Kantorski et al.
(2006) afirmam que aconteceu uma mudança de paradigma. Assim o novo modelo
envolve práticas coletivas como o incentivo da participação da família e do usuário
no tratamento, a reabilitação psicossocial e ações de reinserção social. O cuidado a
essa clientela deve considerar a singularidade do sujeito e a premissa de que o
tratamento deve ser resultado de um conjunto de intervenções que visem tratar a
pessoa nos estados de crise, acolhendo-a de maneira humanizada.
Oliveira e Loyola (2006) revelam que outro aspecto de relevância no trabalho
do enfermeiro, nesse contexto, são as visitas domiciliares com o intuito de fazer
busca ativa dos usuários desses serviços. Verificando que através da visita
domiciliar o profissional de Enfermagem tem oportunidade de interagir com a família
orientando quanto aos procedimentos cotidianos, o que estende a responsabilidade
da família no cuidado do cliente. Assim, “O Enfermeiro deve orientar a família em
relação aos cuidados adequados e, ao mesmo tempo, ficar atento quanto à
sobrecarga da família” (COIMBRA et al., 2005).
Ao enfermeiro cabe também apoiar e supervisionar o trabalho dos agentes
comunitários de saúde (ACS) na realização das ações do atendimento (COSTA e
CARBONE, 2009). Conforme Drummond (2009), aos ACS cabem três ações em
Saúde Mental: identificação de casos novos, supervisão de casos conhecidos (uso
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da medicação e flutuações dos quadros) e encaminhamento aos profissionais de
nível superior da equipe daqueles não tratados ou desestabilizados. Dedicando,
portanto, aos casos de Saúde Mental a mesma atenção dispensada a qualquer outro
doente (ou em vias de adoecimento) em sua área de atuação. Barros et al. (2009),
reafirmam papel ativo dos ACS no estabelecimento e manutenção de vínculos com
usuários e familiares.
Outra concepção de trabalho onde o enfermeiro pode atuar segundo Guanaes
e Japur (2001) é o grupo que constitui um dos principais recursos terapêuticos nos
diversos contextos de atendimento.
Outro aspecto importante do trabalho do enfermeiro em saúde mental na ESF
segundo Toledo (2004) é a consulta de enfermagem que auxilia na identificação de
sinais de afecções e de necessidades biopsicossociais que muitas vezes não são
relatadas pelo usuário do serviço. Para o autor essa proposta tem sido considerada
como uma ferramenta útil e relevante para a construção de uma práxis mais eficaz
na enfermagem psiquiátrica no que se refere à reabilitação psicossocial aplicada em
serviços de saúde mental.
Soalheiro (2003) entende que a educação permanente dos trabalhadores em
saúde, e a avaliação sistemática das novas práticas, além da inclusão da
perspectiva dos usuários no processo dentre outras, são vias importantes e
necessárias ao estabelecimento dos novos referenciais na prática cotidiana de
atenção em saúde mental.
METODOLOGIA
Esta é uma pesquisa de caráter quantitativo, que conforme Gil (1991) se
caracteriza pela aplicação da quantificação tanto no que se refere à coleta de
informações quanto no tratamento dos dados, representando assim, a intenção de
garantir resultados precisos.
O estudo foi realizado nas (7) sete Estratégias Saúde da Família, da cidade
de Matipó, localizada na Zona da Mata do Estado de Minas Gerais, com cada
enfermeiro responsável por cada uma delas, totalizando 7 profissionais. O município
conta com uma população de 17.639 mil habitantes e a principal fonte de emprego e
renda da população é a cultura de café (IBGE, 2011).
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Os profissionais de saúde implicados no estudo fazem parte de um grupo de
Enfermeiros, das referidas ESF. Os critérios de inclusão utilizados foram:
enfermeiros que atuam na rede básica e que trabalham nas ESF em questão a pelo
menos 6 meses.
A pesquisa foi realizada do mês de dezembro de 2011. Para obtenção dos
dados foi aplicado um questionário semiaberto contendo 16 questões, abordando a
atuação do enfermeiro, dados socioeconômicos, aspectos relacionados ao seu
trabalho na rede básica com os portadores de Saúde Mental e sua família.
Os sujeitos da pesquisa foram informados dos objetivos do estudo e a
participação foi concretizada mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido (TCLE). Este seguiu as especificações da Lei 196/96, que trata de
pesquisa envolvendo seres humanos, resguardando-lhe o anonimato e autonomia
de recusar-se ou desistir de fazer parte da amostra do estudo.
Após aplicação do instrumento de coletas de dados, os mesmos foram
reunidos e agrupados para análise em programa Microsoft Excel, gerando gráficos
que iluminaram as discussões dos dados.
RESULTADOS E DISCUSSÂO
A população do estudo é caracterizada por um grupo de 7 enfermeiros que
fazem parte das equipes das ESF do Município de Matipó-MG. Sendo 57% do
gênero feminino e 43% do gênero masculino. Quatro são pós-graduados, a saber,
em saúde da família, língua portuguesa, gestão microrregional em saúde e docência
no ensino superior.
Além do exposto, todos os profissionais afirmam não ter participado de
nenhum tipo de capacitação em saúde mental nos últimos seis meses e apesar
disso, 57% deles promoveram um trabalho de educação continuada com sua equipe
principalmente através de palestras.
Em relação à identificação do paciente em saúde mental 41,6% da
população do estudo revela que é feita através da classificação de risco, seguida de
busca ativa em 33,4% dos casos e finalmente 25% por demanda espontânea.
Segundo Alves (2005) em se tratando de saúde mental, a equipe de saúde
da ESF deve estar preparada para executar ações que vão desde a busca ativa de
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casos na comunidade atendida, até acompanhamento ambulatorial e ações de
melhoria de saúde geral, e dessa forma atender a toda a demanda.
Os dados revelam que existe uma preocupação entre a população alvo
quanto à capacitação na atuação multiprofissional, envolvendo todos os atores da
equipe. Conforme Lemos, Lemos e Souza (2007), se faz necessário aperfeiçoar o
profissional de enfermagem em saúde mental para uma qualificação na atenção
básica junto a ESF, e o desenvolvimento de ações conjuntas, qualificadas e
multiprofissionais, com suporte familiar, atividades em grupo, disponibilidade de
serviços
de
referência
e
contra-referência,
para
que
se
alcance
uma
desinstitucionalização do portador de transtorno mental e sua reinserção na
sociedade.
Verifica-se que todas as unidades mantém vínculo com o CAPS, sendo mais
comum o contato via telefone. E quando se trata do encaminhamento do paciente
aos serviços especializados observa-se que em 33,4% dos casos, ele é feito de
forma simples pelo médico, apenas detalhando o caso. Os casos restantes
encontram-se divididos de forma equivalente a 22,2% são encaminhados após
discussão da equipe de saúde através da Secretaria de Saúde e pelo próprio
enfermeiro. Entre os entrevistados, a maioria, ou seja, 89,3% já encaminharam
pessoalmente algum paciente ao dispositivo especializado.
O estudo revela que a maior parte dos envolvidos na pesquisa, 85,7% afirma
que os usuários portadores de transtorno mental são convidados a participar do
cotidiano da unidade de saúde em algum tipo de atividade.
Entendendo a importância do Enfermeiro em saúde mental na ESF, Coimbra
et al. (2005) afirmam que a ajuda oferecida pela equipe de saúde da família com
suporte da equipe de saúde mental, poderia se dar através de visitas domiciliares,
atendimento individual e familiar, assim como reunião de grupos na própria
comunidade assistida.
Questionados sobre qual a dificuldade que a equipe encontra ao atender o
paciente com transtorno mental, 57,1% referem ser a falta de capacitação um
complicador no atendimento. Já 28,2% afirmam não encontrar nenhuma dificuldade
quanto ao atendimento ao paciente com transtorno mental e 14,3% referem-se à
falta de interação equipe-família quanto à maior dificuldade nesse atendimento.
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Os resultados aqui encontrados apontam que a falta de capacitação é a maior
dificuldade encontrada pelos Enfermeiros no atendimento em Saúde Mental e
Pereira (2000) afirma que para que haja uma responsabilidade compartilhada entre
as equipes de saúde mental e do PSF e para atender a população, a elaboração de
um projeto terapêutico-pedagógico para a pessoa e a família são balizadores do
programa.
Além disso, conforme a publicação do Ministério da Saúde - Saúde da família:
é uma estratégia para a reorientação do modelo assistencial (1997) verifica-se que é
necessário que essa equipe de atendimento seja capacitada para assistência
integral e contínua às famílias da área atendida, identificando situações de risco à
saúde na comunidade assistida, enfrentando em parceria com a comunidade os
determinantes do processo saúde-doença, desenvolvendo processos educativos
para a saúde, voltados à melhoria do autocuidado dos indivíduos.
Mais especificamente sobre o trabalho do enfermeiro em saúde mental, Vilela
e Moraes (2008) entendem que a atuação desse profissional de saúde se baseia
atualmente no modelo humanista, existencial, entre outros, e suas funções são
norteadas pela promoção da saúde mental, a prevenção da enfermidade mental,
ajuda ao doente a enfrentar as pressões e dificuldades do cotidiano, além da
capacidade de assistência ao paciente, à família e à comunidade, ajudando-os a
encontrarem o verdadeiro sentido para o sofrimento mental.
Sobre a função do Enfermeiro na ESF em relação ao usuário em saúde
mental, 41,2% entendem que sua função está ligada à orientação e à continuidade
do tratamento, e 29,4% reconhece ser a sua função nesse contexto a de orientar
quanto à medicação e implementar a interação paciente-família. Todos os
Enfermeiros entrevistados no estudo entendem ser de sua responsabilidade a saúde
geral do paciente. Assim como observado por Paim (2002) a necessidade da
transformação da relação profissional-usuário para a construção de um modelo
assistencial alternativo, capaz de acumular experiências contra-hegemônicas.
Investigando sobre a criação de métodos próprios de atendimento aos
usuários da Saúde Mental, 82,1% criaram uma metodologia diferenciada para esse
atendimento, contra 17,9% que relatam não haver criado nenhum método diferente
para tal serviço.
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Vilela (2008) afirma que a reabilitação psicossocial abarca medidas
terapêuticas que garantam as atitudes básicas em relação à comunidade, aos
membros da equipe e em relação aos usuários dos serviços de saúde mental. O que
encontra respaldo nas afirmações de Vilela e Scatena (2004) que entendem que a
enfermagem deve rever seus antigos paradigmas, repensar a sua prática e o saber
que a embasam, e reestruturá-los de maneira a compor o desenvolvimento de seus
papéis, ampliando os instrumentos de cuidar/assistir/trocar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pelo exposto no estudo verifica-se que há cada vez mais uma necessidade da
inserção das questões de saúde mental no cotidiano da Estratégia da Saúde da
Família. Visto que a política nacional de saúde mental tem exigido cada vez mais a
observação integral a essa população. Assim, tanto o Enfermeiro da ESF quanto a
equipe devem estar preparados a ofertar maior resolutibilidade aos problemas
desses usuários.
No que tange à dinâmica e procedimentos terapêuticos, como atendimento
grupal, relação de ajuda para o enfrentamento de crise, estímulo ao relacionamento
interpessoal e comunicação, verifica-se que não são atividades constantes e
sistematizadas. Fato esse que pode estar associado à falta de um modelo
assistencial que valorize o cliente em suas dimensões psicobiologicas, sociais e
espirituais e melhor fundamentar as atividades.
Verifica-se ainda a importância da educação continuada em serviço e a
necessidade de propor aperfeiçoamento específico para o grupo objeto de pesquisa.
A fim de uma melhor instrumentalização na promoção da saúde mental, na
prevenção da enfermidade mental, e na assistência ao paciente, família e
comunidade.
Conclusivamente entende-se que mais do que ofertar um serviço em Saúde
Mental na Estratégia Saúde da Família, se faz urgente a oferta de uma atenção mais
abrangente e integral, com vistas à realidade social e as necessidades gerais de
saúde do sujeito portador de sofrimento mental dentro da família e comunidade.
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