Baixar o arquivo - Pastor Alemão Holambra

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ESTUDO DE LOTHAR QUOLL SOBRE DISPLASIA
Com importantes comentários do juiz Carlos Vianna Neto (30/10)
Segue anexo comentários que fiz sobre artigo publicado no SV-Zeitung de setembro de 2013
pelo Diretor de Criação (Vereinszuchtwart) Sr. Lothar Quoll relativo a estudo sobre as principais
doenças que afetam o pastor alemão, de modo especial a displasia coxo femoral e de cotovelos.
Aproveitei o período de recuperação da cirurgia a que fui submetido para, entre outras coisas,
dentro das minhas limitações, tentar contribuir de alguma forma para o aprimoramento e
desenvolvimento de nossa atividade.
A minha intenção deve-se, tão somente, a chamar a atenção para o fato de não se perder o foco
do controle de tais doenças e mostrar a constante preocupação da SV, através de seus dirigentes
e técnicos em minimizar os problemas que atingem a raça, no sentido de que cada vez mais, um
número cada vez maior de exemplares sejam plenamente saudáveis.
Um forte abraço a todos,
Carlos Vianna Neto
DISPLASIA COXO FEMORAL (HD-HUFTGELENKDYSPLASIE) E DISPLASIA DE COTOVELOS (EDELENBOGENDYSPLASIE). CONSIDERAÇÕES SOBRE NÚMEROS PUBLICADOS NO SV-ZEITUNG – SET
2013.
Em artigo publicado no SV-ZEITUNG de setembro de 2013, o diretor de criação da SV (SV
Vereinszuchtwart), Sr. Lothar Quoll, descreve a evolução de doenças articulares que afetam os
cães, mais precisamente o cão Pastor Alemão. O estudo visa mostrar como essas doenças
evoluíram no âmbito da raça desde o início de seu controle efetivo com vistas à erradicação das
mesmas.
Através de quadros gráficos e fotografias de RX das regiões descritas, mostrando claramente as
diferenças entre aquelas sadias e as afetadas pela doença, o artigo fornece subsídios para os
criadores no sentido de mostrar caminhos que levem à erradicação completa da displasia, seja
de cotovelos ou coxo femoral.
Os números ali apresentados nos mostram não só, que ao longo dos anos houve uma evolução
dos controles, bem como, uma substancial melhora dos índices de incidência da doença no
contexto da raça.
Vale ressaltar que o controle da displasia coxo femoral iniciou-se oficialmente no âmbito da SV
(Verein für Deutsche Schäfferhund) no final dos anos 1960 e que este controle não foi iniciado
de forma abrupta. Primeiramente as exigências se deram nos machos candidatos à qualificação
VA (Vorzuglich Auslese) e depois nas fêmeas.
Se, conforme os números publicados, analisarmos o comportamento da evolução da doença no
decorrer dos anos veremos que houve um declínio da incidência da mesma, notadamente nos
casos mais graves e aqueles considerados como displasia média. Consequentemente um grande
crescimento daqueles considerados “Normais”.
Dos quadros publicados podemos destacar:
1- Que em 1968 os “Normais” correspondiam a
9,9% dos cães radiografados até atingir 79,9% em 2011.
2- Que de 2011 para 2012 houve uma queda de 8,1%, o que representa, portanto que em 2012
71,8% dos cães radiografados têm laudo HD- “Normal”.
3- Que dos cães radiografados em 1968, 20,6% eram considerados “Quase Normais” (HD-Fast
Normal) e que no decorrer dos anos houve pequenas oscilações mas tendendo à redução dos
números inicialmente constatados, embora na década de 1970 essas oscilações tenham sido
mais significativas, talvez explicadas pelo maior número de animais radiografados a partir dali,
época em que iniciou-se a efetiva conscientização de que o problema teria que ser combatido
de forma sistemática. Em 2011 esse percentual atingiu o seu nível mais baixo, 14,1% “QN”, para
novamente em 2012 subir para 20,6%, um crescimento portanto de 6,5%.
4- Quanto aos considerados ‘Ainda permitidos” (HD-Noch Zugelassen), que em 1968
representavam 41,7% do universo radiografado no âmbito da SV, mantendo-se até 1977 neste
patamar, o estudo mostra um decréscimo constante ao longo dos anos, atingindo o patamar de
3,9% em 2010 e 2011, para em seguida se elevar a 5,3% em 2012, o que representa um
crescimento de 1,4%.
5- Para os considerados portadores de displasia média (Mittlere HD), a tendência dequeda se
mostra mais significativa, já que em 1968 26,3% eram considerados afetados no grau de
displasia média. Porém, no decorrer dos anos é evidente a redução da incidência da doença no
nível de displasia média, com exceção ao ano de 1974 quando houve um pico de crescimento
para 20,9%, algo que parece atípico, uma vez que nos anos de 1969, 1970, 1971 e 1972, os
percentuais foram de 18,5%, 16,1%, 11,5% e 10,7%, respectivamente, para apresentar um
crescimento em 1973, quando atingiu 13,0%. A partir daí a tendência de queda nos percentuais
se mostram constantes, para em 2010 atingir seu menor percentual, 1,2%, com 2011
apresentando discreta elevação para 1,4% e em 2012 1,6%, o que representa um crescimento
de 2011 para 2012 da ordem de 0,2%.
6- Os índices dos diagnosticados como “Displásicos Graves” (Schwere HD), ao longo do período,
mostra percentuais de valores que podem ser considerados relativamente baixos, se
considerarmos que a fama que se atribuiu à raça de “Displásica por natureza” fez muitos
acreditarem que o pastor alemão era a raça portadora de displasia coxo femoral por excelência.
Muitos poderão alegar que o universo radiografado é muito pequeno, se comparado à
população de pastores alemães existente. É verdade, mas também deve-se levar em conta que
os controlados oficialmente são justamente aqueles formadores da raça, são os que perpetuam
todas as características que se deseja, previstas no Standard da raça. E sendo os controlados, os
que efetivamente são utilizados na criação, a tendência de redução da doença a números
próximos de zero é uma realidade.
Os números encontrados ao longo dos anos mostram que a “displasia Grave” no pastor alemão,
que em 1968 situava-se em 1,5%, com redução para 1,0% em 1971, mostrou oscilações
significativas em 1972 e 1974, chegando a superar os 3,0%, para, a partir de 1976 variar entre
0,9% e 0,6% em 2011 e 2012, com uma queda para 0,3% em 2009.
A implantação do sistema de controle da displasia coxo femoral através do HDZuchtwert,HDZW, (valor para a criação em relação à Displasia Coxo Femoral), em 1999, com
vistas a erradicação completa da doença, permitiu uma evolução significativa no controle da
doença, embora até o momento não a tenha erradicado.
Os números publicados, relativos ao comportamento da doença, evidenciam que este sistema,
mesmo após quatorze anos de sua implementação, contribui de forma significativa para a
conscientização por parte dos criadores, não só da Alemanha, no sentido de procurarem utilizar
reprodutores, machos e fêmeas, não apenas de boa saúde articular, mas aqueles que, no que
se refere a esta condição, possuam valores o mais baixo possível do HDZW, o que propicia uma
cada vez menor propagação da displasia Coxo Femoral, já que a essência do HDZW é mostrar
que quanto menor o índice atribuído a um determinado cão, significa que este não seja um
propagador da doença. O que não quer dizer que o mesmo esteja imune a eventualmente
produzir filhos displásicos. Ele apenas, e tão somente, é um não propagador, ou seja, contribui
para produzir um maior número de descendentes sem displasia coxo Femoral.
Os números publicados mostram a seguinte evolução:
1- Para os cães de laudo de Displasia Coxo femoral “NORMAL” a média do HDZW mostra valores
decrescentes, o que significa dizer que o valor do HDZW em 1999, dos exemplares considerados
“NORMAS’ era de 97,1, correspondendo a 67,33% dos animais radiografados, e que em 2012 o
HDZW médio dos “NORMAIS” era de 78,8, sendo 71,80% do universo radiografado,
“NORMAIS”.
Vale ressaltar que entre 2005 e 2008 houve um crescimento do número de exemplares
“NORMAIS”, de 62,82% para 75,17%, permanecendo estacionado até 2009, com discreta queda,
para um novo crescimento entre 2009 e 2011, de 74,76% para 79,87% e uma nova queda entre
2011 e 2012 para 71,80%.
2- Nos de laudo considerados “QUASE NOMAL” (Fast normal), Também a média do HDZW
mostrou-se decrescente ao longo dos anos, com o valor de 97,1 em 1999 e 18,79% dos cães
radiografados considerados “Quase Normal” (Fast Normal), para em 2012, mostrar um índice
de HDZW da ordem de 84,8 com 20,63% dos radiografados com laudo “Quase Normal” (Fast
Normal).
3- Os de laudo “Ainda Permitido” (Noch Zugelassen), mostram também tendência de queda no
HDZW, tendo apresentado no início do controle, em 1999, o valor médio de 102,3 para este
laudo, com 9,39% dos animais radiografados e 98,7 com 1,62% dos radiografados em 2012. A
tendência de queda dos valores para este laudo se mostra de forma mais constante, tendo
apresentado em 2010 e 2011 os menores percentuais de animais com este laudo, 1,27 e 1,38%,
respectivamente, para crescer novamente entre 2011 e 2012 para 1,62%.
4- Os animais que receberam laudo de “Displasia Média” (Mittlere HD), que quando da
implantação do controle via HDZW em 1999 representavam 3,68% dos animais radiografados
tinham um valor médio de HDZW de 106,8. Também, como nos de laudo “Ainda permitido”
(Noch Zugelassen), os considerados displásicos em nível médio obtiveram, ao longo dos anos,
um decréscimo constante, tanto no números de animais afetados em relação ao universo
radiografado, como no valor obtido no HDZW, que em 2012 atingiu o valor de 97,6, com 1,62%
dos animais radiografados afetados no nível de “Displasia Média” (Mittlere HD).
5- Já os de laudo “Displasia Grave” (Schwere HD) apresentaram um número praticamente
constante de animais afetados desde a implantação do controle pelo HDZW, que em 1999 eram
0,79% dos radiografados e em 2012 representavam 0,61%, apresentando porém, oscilações no
índice do HDZW no período, quando se verifica que no início do controle o índice situava-se em
113, chegou a 106,6 em 2001, elevou-se para 109,4 em 2002, caiu novamente em 2003 para
101,1, manteve-se em queda até 2006 quando registrou um índice de 100, para no ano seguinte
subir a 106,6, cair novamente nos anos de 2008 e 2009 para 99,7 e 98,1 respectivamente e
retomar o crescimento em 2010, 2011 e 2012, com índices de 100,8, 104,5 e 105,1.
O estudo mostra também o comportamento de reprodutores de destaque, considerando estes
como legítimos representantes de suas linhas e suas influências na produção de animais com
laudo “NORMAL” em descendentes participantes de Bundessiegerzuchtschau (BSZS), bem como
apresenta um quadro de reprodutores de diversas linhas, cujos descendentes participaram de
Bundessiegerprüfung (BSP).
Assim, temos o comportamento, tanto do próprio chefe da linhagem, como de seus
descendentes por via paterna, relacionando o percentual de filhos com laudo “NORMAL” com a
média da raça para este tipo de laudo, o número de filhos produzidos que obtiveram este laudo
e o percentual destes em relação ao número de filhos radiografados.
Os quadros mostram estudos com Ursus von Batu, Visum von Arminius, Zamb von der Wienerau,
Cello von der Römerau e Uran vom Wildsteiger Land para os descendentes que participaram de
BSZS. Mostra também estudos com reprodutores cujos descendentes participaram de BSP,
como é o caso de Javir Talka Marda, Watz Alten Felsenkeller, Asko v.d. Lutter e outros.
O estudo apresenta ainda um comparativo entre os cães de criação (Zuchthunde) e os cães de
trabalho (Leistungshunde) em relação ao percentual médio de animais considerados
“NORMAIS” no conjunto da raça. Desta forma os números evidenciam que os cães ditos de
trabalho (Leistungshunde) estão 7,5% acima da média da raça (68,3% de “NORMAIS”), enquanto
os cães de criação (Zuchthunde) situam-se a 1%, aproximadamente, abaixo da média da raça
para este tipo de laudo.
Há que se considerar que o período observado neste comparativo é o compreendido entre os
anos de 1999 e 2013 e que neste espaço de tempo foram radiografados 5.280 cães de trabalho
(Leistungshunde) e 9.822 cães de criação (Zuchthunde).
A publicação contempla também estudos em relação à Displasia de cotovelos
(Ellenbogengelenkdysplasie), no qual demonstra que a situação dos considerados “Normais” (ED
Normal) mantem-se constante, em torno de 80% do universo radiografado.
Vale ressaltar que este controle teve início em 2002 e que diversos reprodutores que
influenciaram a criação nos últimos dez anos produziram um número de filhos de laudo
“NORMAL” em níveis percentuais muito próximos da média da raça para o laudo “NORMAL”.
Alguns um pouco acima, outros exatamente na média e outros algo abaixo.
A publicação relata também estudos feitos sobre outras doenças que afetam o Pastor Alemão,
como a Mielopatia degenerativa e a Cauda Equina, sem contudo apresentar dados estatísticos.
Fica evidente que apesar de se noticiar, comentar e acusar a excessiva atividade mercantilista
que envolve a raça Pastor Alemão, de forma marcante para o continente asiático e por cifras
cada vez mais exorbitantes, a SV demonstra, especialmente na pessoa de seu diretor de Criação
(Vereinszuchtwart), Sr. Lothar Quoll, uma constante preocupação em manter as qualidades que
fizeram do cão Pastor Alemão a raça mais conhecida e admirada em todo o mundo, ao publicar
estudos e estatísticas de controle de tudo que envolve o Pastor Alemão de forma transparente
e visando oferecer aos criadores, ferramentas que possibilitem um aprimoramento constante.
Carlos Martins Vianna Neto

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