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II Simpósio Brasileiro de Geomática V Colóquio Brasileiro de Ciências Geodésicas Presidente Prudente - SP, 24-27 de julho de 2007 ISSN 1981-6251, p. 483-489 ANÁLISE DE MÉTODOS MISTOS DE ATUALIZAÇÃO DE CARTOGRAFIA URBANA ANGELA MARIA BARBOSA DE SOUZA1 ANDREA FLÁVIA TENÓRIO CARNEIRO 3 DANIEL CARNEIRO DA SILVA 2 Universidade Federal de Pernambuco UFPE - Departamento de Engenharia Cartográfica [email protected] [email protected] [email protected] RESUMO - Na maioria dos países, os mapas da cartografia urbana em grande escala são componentes importantes na administração territorial e tem usos multi-finalitários. A aquisição e a manutenção das informações devem garantir um mapa de qualidade e com menor custo para os municípios. A atualização cartográfica inclui a aquisição de dados, o lançamento ou alteração dos dados e seus atributos sobre o mapa existente ou sobre um novo mapa. A qualidade geométrica e de conteúdo, as especificações dos equipamentos utilizados, o tempo de execução e capacitação profissional são fatores determinados a partir da disponibilidade de recursos e influem diretamente na definição de normas e métodos a serem usados na atualização cadastral. Este artigo descreve a necessidade da atualização cartografia em geral e da urbana em particular, os métodos de aquisição de dados e as várias tecnologias que podem ser usadas de forma combinada na atualização cartográfica. Neste contexto, serão apresentadas as alternativas adotadas em diversos paises para atualização contínua de mapas urbanos, baseadas nos métodos de levantamentos diretos e indiretos, que permitem a extração de informações de campo, mapas existentes, fotografias aéreas e imagens de satélites de alta resolução. ABSTRACT - In the majority of the countries, the maps of cartography urban are component important in the land administration and have multi purposes uses. The acquisition and the maintenance of the information must guarantee a map of quality and with lesser cost for the cities. The cartographic update includes the acquisition of data, the launching or alteration of the data and its attributes on the existing map or on a new map. The geometric quality and content, the specifications of the used equipment, the time of execution and professional qualification are factors determined from the availability of resources and directly influence in the definition of norms and methods to be used in the map update. This article in general describes the necessity of the update maps and the urban one in particular, the methods of acquisition of data and the some technologies that can be used together for the map update. In this context, the alternatives adopted in diverse countries for continuous update of urban maps, based in direct and indirect survey methods, and that allow the extraction of information of field surveys, existing maps, air photographs and satellites images of high resolution, will be presented. 1 INTRODUÇÃO A disponibilidade de mapas topográficos em diferentes escalas é um importante pré-requisito para a utilização ótima de recursos naturais, desenvolvimento de infra-estrutura e controle ambiental. Na maioria dos países a cartografia urbana é componente importante da administração do território e ao mesmo tempo a aquisição das informações cartográficas deve garantir um mapa de qualidade e com custo mínimo para os municípios. No caso do Brasil é comum que prefeituras de grandes cidades contratem vôos fotogramétricos e bases cartográficas inteiras novas que com poucos anos estão completamente absoletos e muitas vezes se tornam praticamente impossíveis de serem atualizadas. Muitas A.M.B.Souza; A.F.T. C arneiro;D.C.Silva vezes todas as fotografias aéreas e os produtos cartográficos ficam sem uso por falta de pessoal qualificado ou mesmo por pouca divulgação de métodos mais econômicos e fáceis de serem implementados. Por outro lado existem também prefeituras e agências estaduais de planejamento que já implementaram ou estão implantando projetos de atualização contínua, como é o caso da Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco CONDEPE/FIDEM para a Região Metropolitana do Recife. O Projeto tem a finalidade de validar a utilização de métodos de atualização cartográfica usando documentos cartográficos distintos, objetivando a implementação de um Sistema de Informações Geográficas para aplicação no Cadastro de Áreas Comprometidas com Intervenções (CACI). II Simpósio Brasileiro de Geomática V Colóquio Brasileiro de Ciências Geodésicas Portanto o estudo de alternativas de atualização cartográfica em escalas grandes, apropriadas para detalhar os diversos elementos urbanos é uma necessidade essencial para o poder público e para os cidadãos em geral. Neste artigo serão discutidos os procedimentos correntes adotados em outros paises, e também no Brasil, para a atualização ou revisão de mapas em escalas grandes, que usam informações cartográficas dos mais diversos tipos como mapas antigos escaneados, imagens de satélite, ortofotos aéreas, modelo digital do terreno e levantamentos de campo e os compatibiliza entre si de forma a manter um ótimo padrão de precisão e qualidade do conteúdo. 2 PLANEJAMENTO DA ATUALIZAÇÃO O mapa urbano deve representar os serviços de infra-estrutura básica, os loteamentos e as áreas irregulares, estabelecer os limites da área urbana e rural de forma a permitir a análise do uso do solo, definir os logradouros e o que for essencial à gestão do espaço urbano. Tem diferentes finalidades, devendo ser multifinalitário (Luz et al. 2006). Em outros países também é a base legal para determinação de mudanças dos limites registrados e dos direitos de propriedade (Carneiro, 2003). A atualização de um mapa urbano deveria ser realizada sempre que houvesse alguma mudança no espaço físico, mas ela tem que atender também aos recursoso financeiros e humanos disponíveis e pode ser: • Contínua: As mudanças no espaço físico são detectadas assim que acontecem e o mapa cadastral é imediatamente atualizado; • Cíclica: Determina-se um intervalo de tempo prédefinido para se realizar a atualização; • Seletiva: São definidas prioridades para atualização associadas com a demanda e precisão necessária para cada finalidade. Uma atualização completa com levantamentos novos, desde a aquisição dos dados até o mapa novo, é cara mesmo para os paises ricos (Moore et al, 1999). Frequentemente são utilizados produtos cartográficos existentes que são atualizados com levantamentos topográficos e/ou GPS, novas fotografias aéreas e imagens de satélites. Esses dados novos também podem ser fornecidos parcialmente por outros órgãos públicos ou concessionárias de serviços, como por exemplo uma prefeitura que pode fornecer fotografias mais recentes, ou a concessionária de águas fornecer o levantamento topográfico de uma rua. A atualização cartográfica inclui a aquisição de dados, o lançamento ou alteração dos dados e seus atributos sobre um mapa existente. A figura 1 mostra o processo de decisão em atualização cartográfica cadastral baseado em proposta de Luz et al. (2006). As diversas referências bibliográficas trazem mais detalhes sobre os diversos métodos apresentados e discutidos para atualização cartográfica, inclusive existe todo um tutorial da ISPRS: Tutorial Map Updating, no CD-ROM do XX A.M.B.Souza; A.F.T. C arneiro;D.C.Silva Presidente Prudente - SP, 24-27 de julho de 2007 Congresso Brasileiro de Cartografia, 2001) com vários artigos e apresentações. Figura 1 – Processo decisório para atualização cartográfica cadastral baseada em Luz et al. (2006). Os métodos de levantamentos a serem empregados dependem da escala e do tamanho da área. A figura 2 mostra um gráfico que relaciona as resoluções com o mapeamento de grande a pequena escala, no qual se pode ver o mapeamento urbano tanto pode ser atendido pelo mapeamento topográfico como pelo sensoriamento remoto, onde se inclue a aerofotogrametria, numa faixa de centímetros a poucos metros (Mcglone, 2004). Figura 2. Resolução Espacial em função da finalidade do mapeamento (Baseado em Mcglone, 2004) Os metodos de levantamentos usados em processos de atualização serão discutidos segundo a classificação de diretos (topografia, geodésia, GPS) e indiretos (imagens de satélites e aerofotogrametria). II Simpósio Brasileiro de Geomática V Colóquio Brasileiro de Ciências Geodésicas 3 MÉTODOS DIRETOS Nos Métodos Diretos as informações são levantadas em campo usando as técnicas de Topografia e Geodésia. Os equipamentos variam dos básicos, como trenas, balizas, níveis e teodolitos aos mais modernos, como estações totais comuns e robotizadas, trenas a laser, níveis digitais e os receptores GPS. A alta qualidade geométrica atingida por estes métodos permite a sua representação em qualquer escala de mapeamento, fornecem dados com grande precisão e é econômico para pequenas áreas (Konecny, 1979). No levantamento de limites de parcelas territoriais é indispensável, pois não é possível identificar e distinguir todas as feições através dos métodos indiretos (Gonçalves, 2006). 3.1 Levantamentos com Topografia Os modernos equipamentos topográficos podem acelerar muito a produtividade em campo das equipes. Os levantamentos taqueométricos eletrônicos cadastrais permitem que sejam resgitrados os dados planimétricos e ao mesmo tempo as cotas das feições e gerar MDT (Modelto Digital do Terreno), além de poder fornecer rapidamente dados para apoio a georreferenciamento ou registro de imagens e fotografias aéreas. A existência de rede geodésica local adensada e de grande precisão facilita este tipo de aplicação. As trenas eletrônicas a laser, ou comuns, e sistemas CAD em computadores de mão já são usados para coleta e atualização de dados de imóveis diretamente em campo sobre um recorte do mapa digital da área, como o MT Coleta® mostrado na figura 1 (Alezi Teodolini, 2006). Figura 3. Levantamento de campo atualizado diretamente sobre base cartográfica com o MT Coleta®. 3.2 Levantamentos com GPS Os modernos receptores GPS (Global Positioning System) ligados a computadores portáteis possibilitam a aquisição de atributos para bancos de dados além de apresentar o posicionamento das feições levantadas, permitindo a integração com um SIG (Sistema de Informações Geográficas) (Monico et al, 1998, Patynen, 1998). Esses sistemas permitem que o operador atualize a base cartográfica existente diretamente no campo e posteriormente ou em tempo real envie as alterações para o computador central (Patynen, 1998). Com isto as equipes de campo e o tempo de execução são menores e os resultados têm qualidade compatível aos realizados com estação total. A.M.B.Souza; A.F.T. C arneiro;D.C.Silva Presidente Prudente - SP, 24-27 de julho de 2007 Geralmente usa-se o posicionamento relativo estático para levantamentos de pontos de apoio para georreferenciamento de imagens de satélites ou aerofotogrametria e os métodos rápidos com estáticorápido e Stop-And-Go para coleta de feições. Alguns cuidados devem ser tomados nos levantamentos com GPS como (Monico et al, 1998): • • Aquisição de posições extras de algumas feições já existentes no mapa a atualizar para permitir o controle do levantamento e ajuste de qualquer erro sistemático entre os dois levantamentos; Evitar e prever problemas de recepção de sinais em áreas com muita obstrução que podem prejudicar a precisão de pontos e distorcer a geometria das feições 4 MÉTODOS INDIRETOS Nos métodos indiretos incluem-se a aerofotogrametria, o sensoriamento remoto com imagens de alta resolução e os sistemas ativos com radar e laser scanner aerotransportado. Sendo que apenas os dois primeiros serão discutidos aqui tendo em vista que os demais não têm sido aplicado sistematicamente em atualização. 4.1 Fotografias Aéreas As fotografias aéreas destacam-se dentre os produtos mas usados para mapeamento e atualização (Konecny, 1979). Os seus usos do mais simples para o mais sofisticado relacionados por Weele (1974) são: • Fotografias originais • Ampliação para uma escala aproximada • Retificação • Mosaicos • MDT • Ortofotocartas • Mapa restituido Os seus usos mais simples já foram sugerido para uso em paises em desenvolvimento por Weele (1974). As fotografias originais podem ser usadas em pares estereoscópicos para atualização seletiva (Patynen, 1998); ou isoladas para retificação e ampliação (Weele, 1974). As fotografias aéreas digitais podem ser processadas para geração de MDT (Modelo Digital do Terreno). O MDT pode ser utilizado para a geração de ortofotos, visualização 3D da área a ser atualizada e monorestituição. A figura 4 mostra exemplos de processamento da fotografias aéreas e de integrações com mapas e até imagens de satélites. A geração de ortofotocartas novas (Pertele, 1991; Patynen, 1998; Moore et al, 1999), é o processo preferencialmente mais adotado em muitos sistemas de atualização em vários paises, por ser mais econômico que a restituição. A restituição para mapeamento novo e completo em forma vetorial é a forma mais usual adotada no Brasil, embora a de maior custo e que sem a devida atualização rapidamente se torna absoleto. II Simpósio Brasileiro de Geomática V Colóquio Brasileiro de Ciências Geodésicas Figura 4 – Exemplos de usos de fotografias aéreas novas em processos de atualizações [baseado em AlRuzouq e Dimitrova (2006)]. Os atuais sistemas computacionais fotogramétricos, e vários de sensoriamento remoto e GIS, podem fazer a orto-retificação de fotografias com bastante facilidade, o que permite que essa operação possa ser realizada por pessoal não especializado em fotogrametria e com pouco treinamento. Com as fotografias ortoretificadas e em escala é fácil compilar as feições desejadas ou alteradas ou preparar mosaicos de áreas maiores. O possível motivo de não serem usados os métodos mais baratos de atualização com fotografias aéreas, podem ser as restrições da legislação brasileira em vigor, que só permite operações de restituição em empresas especializadas e inibe soluções mais econômicas; a necessidade de algum investimento em equipamentos e softwares necessários; e uma evidente falta de mão de obra qualificada em todo o pais. 4.1.1 Mono-Restituição e compilação em tela A mono-restituição é uma alternativa econômica para atualização de base cartográfica planimétrica a partir de fotografias aéreas isoladas, pois não utiliza equipamentos de custo elevado e basta um sistema CAD. A mono-restituição é composta pela transformação das coordenadas de pontos fotogramétricos (xp, yp) da fotografia aérea para o referencial geodésico tridimensional local (XL, YL, ZL) usando-se as equações de colinearidade inversa e um MDT (Makarovic, 1973; Mitishita e Olivas, 2001; Schimalski, 2001). As coordenadas planimétricas XL, YL são convertidas para a escala do mapa e desta forma os pontos fotogramétricos se transformam em pontos livres da distorção devido ao relevo. Uma forma mais simplificada de monorestituição consiste na compilação vetorial direta de feições de ortofotos digitais aéreas ou de imagens de satélites ortoretificadas, sobre a tela do computador. A.M.B.Souza; A.F.T. C arneiro;D.C.Silva Presidente Prudente - SP, 24-27 de julho de 2007 4.2 Imagens de Satélites de Alta Resolução Os avanços tecnológicos com as imagens de alta resolução, mostram que podem competir com a aerofotogrametria (Silva, 1995; Amorim, 2004) e serem usadas para atualização em grande escala (Fraser et al., 2001). Uma vantagem para as imagens de alta resolução é a grande cobertura de área que pode ser solicitada e preços mais baixos que a aerofotogrametria. Uma desvantagem é que elas estão igualmente sujeitas à nebulosidade e em certas regiões não se consegue imagens em um período de tempo curto (Silva, 2006). Embora as empresas distribuidoras das imagens de satélites de alta resolução como o QuickBird e Ikonos não forneçam os produtos que têm a mais alta precisão para todos os paises, rapidamente estão sendo desenvolvidos procedimentos alternativos que usam as imagens com o processamento básico e com adequada coleta de pontos em campo permitem obtenção de precisão compatíveis até com escalas 1:2000, como nos experimentos de Fraser et al (2001). 5. INTEGRAÇÃO DE TECNOLOGIAS NA ATUALIZAÇÃO A atualização de mapas urbanos em grande escala pode utilizar diferentes métodos de aquisição e combinação de dados para produzir informações de boa qualidade posicional. 5.1 Questões Gerais De modo bem geral os sistemas de atualização usam em maior ou menor ênfase e se deparam com as seguintes questões: • • • • Transformação de mapas antigos analógicos em digitais via rasterização, seguida por vetorização, ou por digitalização via mesa digitalizadora. Atualização da rede geodésica existente, seja com densificação ou novo ajustamento ou implantação de uma rede nova, quase sempre com uso de GPS. Transformação dos sistemas de referências dos mapas antigos para um outro sistema novo, como agora no Brasil, é necessário transformar para o SIRGAS. Fusão de grande variedade de dados e escalas diferentes usando transformações tipo Helmert, afim, polinomial ou rubber-sheet. A transformação de mapas antigos analógicos em digitais pode ser para o formato raster (com um scanner de grande formato) ou vetorial, dependendo da aplicação pretendida. O formato vetorial pode ser conseguido por rasterização seguida por vetorização automática com apoio de software específico, ou por digitalização manual em mesa digitalizadora. O formato digital facilita o uso de mapas em diversos sistemas computacionais muito II Simpósio Brasileiro de Geomática V Colóquio Brasileiro de Ciências Geodésicas difundidos como CAD e SIG, além dos específicos para mapeamento. Em qualquer projeto de atualização o sistema de referência geodésico é fundamental para a garantia de precisão dos novos levantamentos e para integração com os antigos. Atualmente os projetos de atualização no Brasil devem prever o uso do sistema SIRGAS em vigor desde início de 2005. A materializacào desta nova Rede Geodésica Brasileira foi baseada em rastreio GPS e tem precisão muito superior ao antigo sistema SAD. Também é muito importante analisar o sistema de projeção para serem conhecidas as distorções máximas admissíveis, seja na determinação dos limites das propriedades (Al-Ruzouq e Dimitrova 2006) ou para projetos de engenharia. Para o Brasil a Norma NB 14166 recomenda o uso do plano topográfico local, mas muitos municípios usam o sistema UTM que é muito difundido, embora já se tenha demonstrado que não é o mais adequado para escalas grandes (Phillips, 1997). Um dos grandes problemas da atualização parcial é a grande quantidade de dados de fontes diversas que precisam ser integrados e que se assegure uma qualidade para o produto final. Procedimentos sistemáticos de atualização como no USGS (U. S. Geological Survey) usam mapas vetoriais antigos para serem atualizados com ortofotocartas ou fotointerpretação com fotografias mais recentes (Moore et al, 1999); O NLS (National Land Survey of Finland) também usa para atualização ortofotocartas e fotografias aéreas além de imagens de satélites, cartografia produzida por outras fontes e levantamentos de campo com GPS (Patynen, 1998). O RJGC (Real Jordanian Geographic Center) usa mapas antigos analógicos, fotografias aéreas, imagens de satélites, modelo digital do terreno, levantamento de campo com GPS. (Al-Ruzouq e Dimitrova, 2006). A figura 5 mostra um esquema de fontes de dados típicos diversos utilizados em processo de atualização baseado em (Al-Ruzouq e Dimitrova, 2006). Presidente Prudente - SP, 24-27 de julho de 2007 produtos dois levantamentos nunca coincidem totalmente. A figuras 6 ilustra o problema para a superposição de dados vetoriais, em que a rua de um mapa (em preto) não coincide com os limites das edificações e lotes no outro (em vermelho e azul). Na figura 7 está um exemplo da superposição de mapa vetorial em fotografia aérea na qual a rua no lado esquerdo e várias edificações não estão coincidindo. Figura 6. exemplo de discrepância entre bases cartográficas vetoriais Figura 7. Exemplo de discrepâncias entre base cartográficas vetorial e fotografia aérea Figura 5 – Exemplo de diversos dados utilizados para atualização [baseado em Al-Ruzouq e Dimitrova (2006)] A fusão e integração de dados de origens e escalas diferentes não é uma tarefa fácil e normalmente os A.M.B.Souza; A.F.T. C arneiro;D.C.Silva O procedimento geral é fazer uma superposição dos dados mais novos sobre a base cartográfica mais desatualizada e efetuar uma transformação para ajuste. Isto é feito normalmente numa tela de computador, numa operação chamada algumas vezes de registro mapa-mapa, registro mapa-pontos, ou warping, na qual alguns pontos do mapa antigo os pontos equivalentes no levantamento novo devem ficar coincidindo no final da operação. As diferenças entre os dois mapas são analisadas pelo operador que compila as feições não existentes do mapa II Simpósio Brasileiro de Geomática V Colóquio Brasileiro de Ciências Geodésicas novo para o antigo ou apaga as que não existem mais. Um método alternativo é formar anaglifos com as duas imagens e assim as feições que não coincidem aparecem nitidamente em azul ou vermelho como usado por exemplo por Ricchetti et al (2004) e Amorim (2000). A figura 8 mostra um exemplo de uso de pontos coletados com GPS para diversos fins: registro de mapas escaneados; pontos de apoio fotogrametria e geração de novas ortofotocartas; registro de imagens de satélites; e levantamentos diretos de feições. Presidente Prudente - SP, 24-27 de julho de 2007 com Helmert (que permite translações, rotação e escala). Quando existe diferenças de escala e rotação entre os eixos X e Y é necessário usar a afim. Para a retificação de fotografias aéreas e torná-las verticais a mais adequada é a projetiva. Para imagens, como as de satélites, que têm distorções internas mais complexas são usadas as transformações polinomiais com graus variados. Ainda no caso de mapas antigos as distorções podem ser diferentes em cada sub-área e neste caso alguns programas executam uma transformação completa como se a folha do mapa fosse totalmente de borracha (rubber-sheet) (Moore et al, 1999). Os pontos são escolhidos manualmente e devem ser bem distribuídos sobre as imagens raster e/ou vetoriais. Normalmente os programas informam os resíduos e outras estatísticas que dão indicações sobre a qualidade da transformação e podem ser comparados com as discrepâncias permitidas para a escala do mapa, segundo as normas cartográficas. A definição de metodologia para analisar a propagação de erros e validar as precisões dos dados originais e do produto atualizado são tópicos de pesquisa em andamento. 6. CONCLUSÕES Figura 8 – Técnicas GPS que são usadas na atualização cadastral [baseado em Al-Ruzouq e Dimitrova (2006)] A integração das imagens de satélites de alta resolução nos processos de atualização pode ser feita com o registro da imagem diretamente com o mapa antigo ou novo; para o próprio georreferenciamento com pontos levantados por GPS e também com ortofotos. 5.2 Análise da Precisão do Produto Atualizado Ao realizar a fusão, comparação e superposição de dados é necessário resolver as seguintes questões: 1) Se o dado novo tem precisão melhor que o antigo 2) Se o dado novo tem precisão pior Estas questões não são bem discutidas na literatura a respeito do assunto. No primeiro caso se os pontos antigos forem considerados fixos então se estará deteriorando os dados de melhor qualidade. Este é o procedimento usado pelo USGS que procurar manter uma precisão relativa melhor que a absoluta e os limites de cada folha. No segundo caso ao aceitar o dado novo se corre o risco de estar baixando a classificação de precisão da carta original e quase sempre isto não é desejável ou não é permitido. As transformações necessárias para tornar compatíveis dados diferentes podem variar de simples translações, para áreas pequenas, a complexas em áreas grandes. As transformações entre dados de sistemas de projeção e geodésicos diferentes podem ser realizadas A.M.B.Souza; A.F.T. C arneiro;D.C.Silva Existem várias combinações possíveis entre produtos cartográficos de origens e escalas diversas que podem ser usadas para atualização de bases cartográficas em escala grande como na cartografia urbana, desde que sejam integrados numa atividade sistemática, contínua e com métodos que garantam uma boa qualidade em conteudo e precisão. Existem também alternativas mais econômicas de atualização e novas tecnologias que facilitam muitas das tarefas antes altamente especializadas, como levantamentos de pontos geodésicos com GPS ou a ortoretificação de fotografias e imagens de satélites de alta resolução. Estes procedimentos já são usados correntemente em muitos paises, mas no Brasil ainda não é procedimento comum. Um problema ainda não muito bem esclarecido é a validação da precisão do produto resultante da atualização em função da qualidade do original, dos dados novos e da transformação efetuada, mas que está sendo objeto de trabalho em andamento. REFERÊNCIAS ALEZI TEODOLINI. MT Coleta. Disponivel em : http://www.hezolinem.com/outros/mt_coleta03.htm. Acesso em 24.04.2006. AL-RUZOUQ, R; DIMITROVA, P. Photogrammetric Techniques for Cadastral Map Renewal, XXIII FIG II Simpósio Brasileiro de Geomática V Colóquio Brasileiro de Ciências Geodésicas Congress Munich, Germany, October 8-13, 2006. CDROM AMORIM, A. 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