Cidades Pensadas - Faculdade de Arquitectura da Universidade de
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Cidades Pensadas - Faculdade de Arquitectura da Universidade de
Departamento de Projecto Optativa Cidades Pensadas Mestrado Integrado em Arquitectura Ano lectivo 2010/2011 Docente responsável: Prof. Doutora Catarina Teles Ferreira Camarinhas Universidade Técnica de Lisboa Faculdade de Arquitectura Departamento de Urbanismo [Sala 6.2.3.] Rua Sá Nogueira 1349-055 Lisboa Portugal Telefone: (+351)213615067 Extensão: 5067 Fax: (+351)213625138 Correio electrónico: [email protected] Homepage: http://www.fa.utl.pt/~camarinhas 1. Introdução A acção do arquitecto é hoje exercida sobre territórios complexos, dinâmicos e muitas vezes em conflito, para os quais é necessária uma compreensão do fenómeno urbano e uma visão alargada sobre um conjunto de temas de um meio em constante mutação. A disciplina Cidades Pensadas pretende oferecer bases críticas para o aprofundamento do estudo do fenómeno urbano e pretende envolver os estudantes na compreensão das ideologias e pensamento urbanístico associado às formas e funções do espaço urbano. Um dos maiores desafios actuais para as cidades europeias é lidar com os resultados dos processos de contracção económica, demográfica e física e planear um futuro de cidades consideravelmente menores, equilibradas do ponto de vista social, económico e ambiental. Para tal, é necessário um conhecimento aprofundado dos processos de constituição e evolução dos territórios físicos e sociais. A disciplina permitirá estudar aspectos conceptuais da urbanização, em territórios históricos a preservar e em áreas críticas a qualificar, desde uma perspectiva integrada, abordando diferentes escalas e perspectivas de análise, incluindo aspectos associados à história e memória da cidade, funções socio-económicas que estruturam a forma urbana, a importância do lugar na definição da identidade social, a natureza da comunidade, mobilidade e elementos estruturantes da paisagem, centrando-se na escala local. Serão Departamento de Projecto analisados diversos estudos de caso para ilustrar os conceitos a estudar, incluindo Barcelona, Brasília, Curitiba, Lisboa, Londres, Lyon, Macau, Maputo, Paris, Porto, Porto Alegre, Programa Polis, Ruhr, Salvador, etc.. 2. Objectivos Preparar os estudantes para a avaliação da teoria e prática do planeamento urbano em vários contextos sócio-territoriais. Estudo de modelos urbanos e evolução do pensamento urbanístico contemporâneo. Desenvolver capacidades conceptuais de análise das práticas de planeamento urbano, determinando possibilidades de transferência de experiências urbanísticas ou políticas urbanas, interpretando modelos de planeamento e comparando experiências internacionais. Estudo dos desafios colocados pela internacionalização, avaliação das políticas e elementos transversais colocados à prática urbanística contemporânea, nomeadamente no domínio do planeamento democrático, sustentabilidade ambiental e novas políticas territoriais para a coesão social. 3. Metodologia A disciplina possui duas componentes: uma teórica que apresenta e debate um conjunto de conceitos e noções urbanísticas, recolha e tratamento da informação no âmbito do urbanismo e da arquitectura; e uma componente prática que faz a aplicação interpretativa e crítica dos conhecimentos teóricos do ponto de vista metodológico, programático e de conteúdos, visando explicitar uma metodologia de leitura do espaço urbano nas suas múltiplas componentes. A dimensão teórica decorrerá em paralelo com a vertente prática da disciplina, facilitadora do envolvimento dos participantes. A interacção dos estudantes entre si e com investigadores e técnicos com experiência na área será estimulada. Será ainda privilegiado o trabalho prático integrado, sempre que possível, com outras disciplinas. O desenvolvimento da disciplina conhece três fases distintas: i. Delimitação do quadro global de referência da temática abordada, apoiado pela componente de investigação; ii. Introdução de temas específicos, ilustrados em casos práticos; iii. Interacção entre os estudantes tendo por base resultados dos seus trabalhos de investigação. 2/6 Departamento de Projecto 4. Avaliação Os estudantes deverão proceder à leitura crítica de um território, incluindo avaliação de políticas e instrumentos de planeamento nele aplicados. O trabalho final consiste na elaboração de um relatório síntese. Os parâmetros da avaliação geral são: capacidade de análise e síntese crítica; rigor na utilização dos conceitos teóricos e técnicos; precisão e eficácia nos meios de comunicação utilizados. 5. Conteúdo A disciplina visa discutir as ideologias do planeamento, contextualizadas no processo de globalização e integração europeia que, cada vez mais, influencia a forma como os territórios são pensados, estruturados e desenhados. Analisaremos diferentes processos de planeamento, integrando a dimensão teórica e prática da experiência urbana, em contextos sócio-territoriais distintos. Apesar da experiência urbana ser regida por interesses e recomendações de carácter internacional, verifica-se ainda muita diversidade na forma de adopção das políticas urbanas pelos diferentes países, regiões e cidades. Muitos dos temas abordados têm importantes variantes históricas e físicas, resultantes da aplicação de conceitos e modelos urbanos a contextos geográficos e culturais muito diversos. O contexto institucional do planeamento espacial, ambiental e do ordenamento do território está intimamente relacionado com as tradições jurídicas e com as formas constitucionais impostas pelo Estado. Os ideais urbanísticos e o pensamento e reflexão de escala urbana podem ser, ou não, apoiados pela política à escala nacional, regional ou local. A disciplina debaterá as diferentes práticas e suporte institucional, envolvendo as políticas urbanas pela defesa do planeamento sustentável e pelo planeamento para o desenvolvimento. Serão abordados, entre outros, os seguintes temas: 5.1. O Contexto Actual de Intervenção. Tendências de Evolução e Transformação do Espaço Urbano. 5.2. (des)industrialização. Transformação de Áreas Ribeirinhas e Portuárias. 5.3. A Terciarização da Sociedade. Urbanismo comercial e indústria do lazer. 5.4. Espaço Público e Cidadania. Modelos urbanos para a inserção social, unidades de vizinhança, a escala do bairro. Governação e participação democrática. 5.5. Cidades resistentes. O contexto pós-industrial. Avaliação ambiental estratégica. 3/6 Departamento de Projecto 5.6. Metodologias de Análise urbana e Monitorização. Critérios de Qualidade, Padrões de Intervenção. Medir a capacidade de concretização. 5.7. Para uma (nova) Estética Urbana. A invenção da cidade. Modelos ideais e realidades projectuais. O desenho como actividade programática para o desenvolvimento urbano. 6. Trabalho prático O exercício prático de fundo visa a recolha e estudo de propostas de planeamento urbano para uma das cidades seguintes: Brasília, Coimbra, Curitiba, Macau, Maputo, Porto Alegre, Porto ou Salvador. A zona de análise pode ser delimitada a várias escalas, correspondendo à região, área urbanizada, metrópole, cidade ou sectores específicos de estudo que possam ilustrar a evolução das ideias urbanas no contexto em estudo. Deve ser analisada a matriz de desenvolvimento urbano proposto e políticas urbanas e de planeamento contemporâneo. Podem ainda abordar-se temáticas específicas como o desafio da permanência das memórias na cidade histórica, a intervenção na esfera ambiental, as políticas urbanas para a centralidade, ou a modernização de sectores habitacionais, de transportes, de equipamentos públicos, mas a base de reflexão para o exercício é a constituição de ideais urbanísticos e do pensamento urbano na cidade como um todo. O trabalho deverá integrar os seguintes elementos: Relatório Preliminar : Delimitação da área de estudo (região, área metropolitana, área urbanizada, cidade central); Recolha de planos e projectos para a cidade escolhida. Relatório Final: Avaliação crítica das ideias urbanas para a cidade escolhida; Diagramas interpretativos das situações estudadas. O estudo analítico iniciar-se-á por uma análise do tecido urbano existente; e englobará o seu desenvolvimento físico, morfológico, histórico, socioeconómico, arquitectónico e urbanístico. Deve ser desenvolvida uma metodologia de análise e estruturação da avaliação crítica, integrada nos fundamentos dos planos de escala superior e procurando estabelecer elos entre os actores e agentes participantes no processo de transformação urbana estudada e nas estruturas socioeconómicas, culturais e políticas que lhes estavam subjacentes. Poderá ser feita uma periodização ou avaliação de modelos específicos aplicados, influências internacionais e discurso urbanístico dos autores e intervenientes no processo de planeamento. Temas de análise: 1. Representação das zonas através da realização de bases cartográficas actualizadas; ortofotomapas; maquetas; interpretação morfológica (estrutura urbana, cheios/vazios, etc.). 4/6 Departamento de Projecto 2. Evolução histórico-urbana: estudo analítico das zonas; cartografia histórica; análise de crescimento das zonas em estudo - compreensão da cidade no seu processo de evolução histórica e física. 3. Recolha de planos e processos de planeamento, influências internacionais, redes de urbanistas estabelecidas no século XX e sua relação com o contexto cultural e político. 4. Estudo dos Instrumentos de gestão territorial actuais: Planos regionais, Planos municipais, Planos estratégicos de escala regional e local. Avaliação de propostas existentes. Estudo de programas de financiamento. Relatório Preliminar: Definição da área de estudo, representação gráfica e recolha de planos e processos de planeamento. Data de entrega: 14 de Abril, com apresentação e discussão em grupo. Relatório Final O relatório final será um relatório síntese do trabalho desenvolvido, contendo uma avaliação da evolução das ideias urbanas desenvolvidas para o sector de estudo e uma reflexão crítica centrada na abordagem contemporânea ao planeamento urbano. Na fase de relatório final devem ser apresentados os seguintes elementos: Relatório Síntese, em formato A4, contendo uma parte escrita e uma parte desenhada; CD-Rom, contendo os elementos escritos e desenhados da análise, incluindo apresentação powerpoint. Data de entrega: 12 de Maio, apresentações finais a 26 de Maio e 2 de Junho. 7. Bibliografia Bibliografia Principal CALTHORPE, Peter, Urbanism in the age of climate change, Washington/Covelo/London, Island Press, 2011 GEHL, Jan, Cities for people, Washington/Covelo/London, Island Press, 2010 HALL, Peter, Cities of tomorrow, Chichester, Wiley-Blackwell, 2007 (1ª ed. 1988) [edição em português: Editora Perspectiva] NEWMAN, Peter, BEATLEY, Timothy e Heather BOYER, Resilient cities: responding to peak oil and climate change, Washington/Covelo/London, Island Press, 2008 SECCHI, Bernardo, La città del ventesimo seccolo, Roma-Bari, Laterza, 2005 [edição em português: Editora Perspectiva] TAYLOR, Nigel, Urban planning theory since 1945, Londres, Sage, 2007 (1ª ed. 1998) YUDELSON, Jerry, Green building trends: Europe, Washington/Covelo/London, Island Press, 2009 5/6 Departamento de Projecto Bibliografia Secundária BRIDGE, Gary e Sophie Watson (Eds.), City Reader, Londres, Wiley-Blackwell, 2010 ELLIOT, Donald L., A better way to zone: Ten principles to create more liveable cities, Washington/Covelo/London, Island Press, 2009 FAINSTEIN, Susan e Scott CAMPBELL, Readings in Planning Theory, Londres, WileyBlackwell, 2003 FARR, Douglas, Sustainable urbanism, Chichester, Wiley-Blackwell, 2007 FOGELSON, Robert M., Downtown: Its Rise and Fall, 1880-1950, New Haven e Londres, Yale University Press, 2001 GOSPODINI, Aspa, “Portraying, classifying and understanding the emerging landscapes in the post-industrial city”, Cities, 23 (5), 2006, pp. 311-330 ICLEI, The local agenda planning guide, Toronto, ICLEI, 1996 KOOLHAS, Rem et al., Mutations, Barcelona, Actar, 2000 LANDRY, Charles, The art of city making, Londres, Earthscan, 2006 NEWMAN, Peter e Isabella JENNINGS, Cities as Sustainable Ecosystems: Principles and Practices, Washington/Covelo/London, Island Press, 2008 ROBERTS, Peter e Hugh SYKES, Urban Regeneration, Londres, Sage, 2000 SANYAL, Bishwapriya (Ed.), Comparative planning cultures, Londres e Nova Iorque, Routledgle, 2005 SATTERHWAITE, David, Sustainable cities, Londres, Earthscan, 2004 (1ª ed. 1999) SHAFTOE, Henry, Convivial urban spaces, Londres, Earthscan, 2008 SHANE, David Grahame e Brian MCGRATH (Eds.), Sensing the 21st Century City, Nº especial AD (178), Chichester, Wiley-Blackwell, 2005 SHANE, David Grahame, Recombinant urbanism, Chichester, Wiley, 2005 TAMAMES, Ramón, A reconquista do paraíso, Lisboa, Editorial Notícias, 1997 WHEELER, Stephen, Planning for sustainability: creating livable, equitable, and ecological communities, Londres e Nova Iorque, Routledgle, 2006 (1ª ed. 2004) 6/6