Confluências - Escola Secundária de Camões

Transcrição

Confluências - Escola Secundária de Camões
B OLE TI M E S COLAR
Confluências
Confluências
(2ª Série)
setembro / novembro
2014
P e l o Te j o v a i - s e p a r a o m u n d o
Abertura
do ano
letivo
2014-2015
Na sequência da atividade “Passeio pela História e Cultura da Água”, integrada na Semana do Ambiente e realizada em 31 de maio passado, decorreu
no dia 13 de setembro, como é tradição de início
de ano letivo um encontro/convívio
entre funcionários e professores, este ano com o
tema
Um
“Nos pass(ç)os do Lumiar”
convívio
As duas atividades tiveram a colaboração do Insticom
tuto Superior Técnico na pessoa de Luís Ribeiro, Professor Associado com
visitas
agregação (IST) e Ex-aluno do Liceu Camões entre 1965 e 1972.
marcadas!
(cont. pp. 8-9)
Dias da Memória
A Escola Secundária de Camões em destaque!
Gabriela Fragoso (pres. do Conselho Geral), João Jaime Pires (diretor,
à esqª na foto), Cecília Cunha (profª de História), Madalena Contente
(Conselho Geral) e grupo de alunos foram os “eleitos” para abrirem a sessão solene dos Dias da Memória, na Assembleia da República, na tarde
do dia 17 de outubro - tendo sido acolhidos pela presidente deste órgão de
soberania, Dr.ª Assunção Esteves.
De sublinhar que os alunos mobilizados para este ato simbólico participaram ainda como voluntários durante o fim de semana imediato,
dias 18 e 19, nas tarefas inerentes à recolha de objetos e documentos
facultados por cidadãos diversos, numa iniciativa pioneira em Portugal que abriu as portas da Assembleia da República aos familiares de
quantos passaram pelas trincheiras…
(Ver pp. 7 e 13)
A Escola Secundária de Camões
estabeleceu um protocolo com o
Instituto Espanhol de Lisboa,
«Giner de los Ríos»,
cujo projeto,
sob a égide do rio Tejo,
serve de base ao lema do
Plano Anual de Atividades deste ano:
“Pelo Tejo vai-se para o mundo”.
Envia trabalhos para: [email protected]
Nesta edição:
Scriptomanias
Oficina de retórica…
Recensão [filme]
Memórias da I Guerra
As águas subterrâneas
Biologia e Geologia
Sciencecalifragilistic
Biologia e Geologia
Alunos de Artes
Iniciativas
(Ainda) D. Olinda
Breves
pp. 2-5
p. 6
p. 7
pp. 8-9
pp. 10-11
p. 12
p. 13-14
p. 15
p. 16
Página 2
Confluências
SCRIPTOMANIAS
A importância da imagem
Há bens de transporte inelutável. Ainda que a intenção os queira guardar ou, simplesmente,
atirar para a sarjeta, não há meio de o fazer. A imagem figura entre os eleitos a essa condição.
Incrustada, como uma armadura demasiado pesada para se poder remover, a imagem é companheira perpétua das nossas viagens. Das plácidas e das atribuladas; dos passeios e das
batalhas; da paz e da guerra. Nela desaguam os nossos atos, que a moldam para oferecer a
quem partilha da mesma estrada e, com intriga a esporear a língua, pergunta: “como és?”.
Então a imagem principia a falar sem ponderar cessar. Brada tudo sem pedir permissão ou
autorização. Quando satisfeito, o curioso parte sem, necessariamente, nos ter colocado alguma
questão; e nós, os verdadeiros conhecedores do nosso interior, trememos sempre que conjeturamos o que poderá ter dito aquele espectro.
Nem os deuses controlam a fala à sua própria imagem. Se numa estância as divinas forças
não detêm poder, quem somos nós para exigir uma porção da terra? Resta à divindade e ao
mortal, aquando dos seus atos, deliberar o que deseja que a imagem revele; e aproveitar, no
entretanto, para fruir da sua natureza: para cada incumbência, serena ou belicosa, há uma
abordagem a ser feita, e para toda a jornada seleciona-se o pertinente e pretere-se o imprestável; quaisquer que sejam os apetrechos que se atire para o fundo da mala, será a imagem que
determinará as condições da sua primeira aplicação. Será ela que nos introduzirá aos destinatários da missão. É sensato servirmo-nos dela com astúcia.
Todo o viajante, todo aquele que ousa mais do que cingir-se à condição inicial, deverá munirse dos dotes da imagem, independentemente da natureza das suas pretensões. Quer para
induzir subestimação, quer para criar uma diversão, a imagem nunca deve ser menosprezada.
Quem vence opera com a sua imagem.
Dinis Tomás, 12ºA
Lê-me
Título: Confluências
Iniciativa: Departamento
de Estudos Portugueses
Coordenação de edição:
António Souto, Manuel
Gomes e Lurdes Fernandes
Periodicidade: Trimestral
Impressão: GDCBP
Tiragem: 250 exemplares
Depósito Legal: 323233/11
Propriedade: Escola
Secundária de Camões
Praça José Fontana
1050-129 Lisboa
Telefs. 21 319 03 80
21 319 03 87/88
Fax. 21 319 03 81
tudo corre
corre tão velozmente
e tudo passa por
mim
assim
e aqui estou
uma vez mais
sozinha
e as pessoas não param
continuo
à chuva
molhada
em mágoa profunda
e as pessoas falam-me
abraçam-me
sorriem
mas não estão
estou sozinha
sozinha num mundo prenhe
abandonada no meio do
tudo
tristeza não é
nem raiva
talvez cansaço
do que sou
do que era
de ti
ignorada
como se nem pessoa, nem coisa fosse
de que serve a vida
se ela me não sorri
preciso de um momento
sou fraca
não me desprezes
olha para mim
apenas
por um momento
somente.
Mª Madalena Oliveira, 11º I
Página 3
Confluências
SCRIPTOMANIAS
Contradições
É falso. Lembra-te, acima de tudo, que é falso. Tic-Tac, Tic-Tac, não há Tic sem Tac. Não há relógio.
Mas tu baloiças e descais-te, ora para um lado, ora para o outro. Não há elixir que me retire do estado
em que me induzes. Tic-Tac, Tic-Tac. Não para, não para, NÃO PARA.
O corpo anda, deforma, constrói, molda, marca. O corpo marca-te e marca-me e é lindo. É uma arte. A
arte que levas contigo e em ti.
Consola-te e desconsola-te. Ontem fez.me amar-te, hoje faz-me morrer. Eu sinto-te. Sinto-te a mover,
a correr, a corroer-me. És tudo DENTRO de mim.
Vamos falar. Senta-te aí. Sim, aí mesmo. Não feches os olhos, esconderes o rosto não desvia o meu
olhar de ti, continuo a ver-te.
Corres.
Pulsas
o
meu
sangue
enquanto
o
meu
sangue corre
e pulsa
por
ti.
És tão falso. Queres ficar comigo para sempre? Contraria-te. Contraria-me.
Anda. Andei. Andei até aqui para me sentar à tua frente e continuas a fechar os olhos à minha pessoa.
Tic-Tac. Tic-Tac. Foi demasiado pouco, dura demasiado tempo. Foges de mim sem me levares violentamente contigo.
Sempre tão subtil.
Fazes-me bem tão bem. És deliciosamente psicológico e fisicamente não me ressinto.
Choro. Choro por ti que me abandonas, e deixas-te andar, por aí, à mercê de quem te apanhe e sorria
mais que os últimos.
Choro mais. És tão psicológico.
Choro menos.
Dás-me força para suportar o medo, dás-me o à-vontade para sentir e amar, para andar de olhos
fechados. Não há abismo.
Andas de mãos dadas, com muitos. Por uma vez ou outra, as mãos são dadas por mim, para mim.
Dás-me mãos para sorrir enquanto me prendes.
Tic-Tac. Tic-Tac. O tempo parou.
Não. O tempo não parou. Fui eu que parei e me perdi nesse mesmo tempo que te traz e leva e prossegue, não regride. De maneira estranha, continua aqui.
Mas o tempo passa. Um século.
Rua do Século.
Sobe. Lágrima ressequida no canto do olho.
Perco-me nos meus pensamentos. És pouco, um pouco tão GRANDE e definitivamente FORTE. Corrói-me mais depressa e deixa-me sofrer por ti. Sou inútil. Não te rezo mas bebo-te como os cristãos
bebem o sangue de Cristo.
És tão forte que o cenário que crio e a cena que nele se desenrola, que por momentos É A MINHA
REALIDADE, torna-se tão essencial quanto tu. Não!
És tão forte que, quando te idealizo a deixares-me feliz, sou invadida por essa mesma sensação, e
penso. Sorrio, falo, sozinha na rua. Falo e sorrio mais, até ri-o um pouco. Dura. Dura até descer da tua
falsa realidade e aterra na minha.
És ideal.
És um sofrimento quando me abandonas e até esse sofrimento é tristemente delicioso.
Tornas-me tão contraditória.
Choro por ti.
Marta Lontrão, 11º L
Página 4
Confluências
SCRIPTOMANIAS
Inês de Portugal
João Aguiar (1943-2010)
João Aguiar frequentou o Liceu Camões
entre 1957-1961. Visitou-nos, pela última vez, no dia 13 de abril de 2007, tendo, perante uma plateia de 200 alunos e
professores, falado sobre a sua extensa
obra e a sua vivência como aluno nesta
instituição onde, entre outros, destacou
a ação pedagógica e instrutiva dos professores Maria da Conceição Caimoto
e Mário Dionísio.
Inês de Portugal é um romance e
não um ensaio de reconstituição histórica. Apesar de o autor se ter socorrido das crónicas de Fernão Lopes e
Rui de Pina, há algumas “invenções”
indispensáveis à construção do drama.
No primeiro capítulo De profundis
clamo ad te, Domine (Das profunde-
Os doces
anos
Nasci nas montanhas. Nasci numa
casa de pedra no
alto das montanhas. Não era uma casa grande e muito
menos requintada mas aguentava os
invernos rigorosos e era suficiente para
mim e para a minha simples família.
Além disso, o meu lar não estava limitado àquelas quatro paredes, o meu lar
era e para sempre será a serra.
Tinha, na altura, nove anos e sentiame a pessoa mais feliz do mundo, embora não compreendesse o significado de
felicidade. Os meus dias eram passados
a correr entre os prados floridos, a
nadar nos rios gelados, a guardar ovelhas e a tomar conta dos meus irmãos
ainda pequenos. O meu avô era pastor e
foi ele que me ensinou a viver em sintonia com a natureza, a amá-la e a respeitá-la. À noite, em frente à lareira, contava-me histórias e ensinava-me a pensar nas "coisas da vida", como ele costumava dizer.
Depois havia os fins de semana! Aos
sábados à tarde vinham as vizinhas.
Sentava-me no baloiço de madeira e
esperava pacientemente a sua chegada,
isto porque elas traziam sempre bolo de
noz ou tartes de maçã ainda quentes. As
mulheres juntavam-se na cozinha, todas
zas clamo a Ti, ó Senhor), é-nos apresentado o desespero de D. Pedro, ao
querer vingar a única mulher que
amou, Inês de Castro. Nesta parte são
enumeradas por um dos conselheiros
do Rei, Álvaro Pais, as razões pelas
quais foi “necessário” cometer tal
“brutalidade”, entre elas a garantia
da independência do Reino de Portugal. Assistimos também à chegada de
dois dos carrascos de Inês: Pero Coelho e Álvaro Gonçalves.
No segundo capítulo Misereatur tui
omnipotens
Deus
(Deus
TodoPoderoso tenha misericórdia de ti), o
autor narra-nos a ida do Rei e da corte para Alcanede, onde eram julgados
todos os que cometiam crimes no Reino. Mais adiante, é-nos apresentado o
julgamento dos assassinos de Inês,
cuja sentença foi: para um, o coração
arrancado pelas costas, para o outro,
arrancado pelo peito.
Per omnia saecula saeculorum (Para
todo o sempre), título do terceiro capítulo, onde nos é relatada a ida do Rei
ao Convento de Santa Clara, buscar o
corpo de Inês, para o levar para o
Mosteiro de Alcobaça. Já no Mosteiro,
é revelado que Pedro e Inês casaram
em segredo, e por isso, esta é, agora,
Rainha de Portugal. Este capítulo
mostra como o amor destes dois subsistiu para além do tempo e da morte,
assegurando-lhes a imortalidade.
Esta é uma obra em que os sentimentos ocupam o lugar principal: o
amor de Pedro e Inês e o sentido de
justiça de D. Pedro, um rei que injustiçado se tornou justiceiro em nome
de um amor eterno.
com a sua caneca de chá e fatia de bolo.
Eu observava-as no fundo do corredor.
Sussurravam segredos e falavam das
outras sempre com grande desaprovação, depois falavam das colheitas ou do
tempo e, por fim, quando a noite caía,
cantavam canções e bordavam com a
pouca luz da lareira até os maridos as
virem buscar, depois de passarem uma
alegre noite na taberna Estrela. Aos
domingos era a missa. Se tivesse sorte o
Sr. Manuel levava-me no seu burro teimoso, mas, a maior parte das vezes, ia a
pé, de mãos dadas aos meus irmãos,
caminhando pelos trilhos de terra
durante mais de uma hora até chegar à
igreja no cimo da montanha. A missa
era uma tortura, estava sempre ansiosa
pelas tardes de domingo, pois era quando podia brincar livremente e por isso a
missa parecia demorar horas intermináveis e a espera era terrível. Quanto o
padre Afonso desejava um bom domingo, todas as crianças começavam a correr desalmadamente pela encosta a baixo até ao riacho. Mas eu não. Nunca
gostei muito daquela confusão toda.
Preferia ir ter com o António, o meu
amigo do coração. Passávamos a tarde
juntos, percorríamos a serra ao mesmo
tempo que imaginávamos ser grandes
heróis. Ao final da tarde, sentávamo-nos
na barragem a atirar pedras para a
água. No caminho para casa, passávamos por uma grande encosta que era
composta por diferentes camadas de
rochas, com variadas cores e texturas.
Nada sabíamos sobre estratos ou sobre
os diferentes tipos de rochas, mas quando olhávamos para a temível encosta
sentíamos a idade da terra. Como era
tão antigo o nosso planeta! Sentíamonos muito pequenos e jovens. Para o
António aquele sentimento era horrível,
ele queria ter valor, queria fazer algo
importante, mas quando olhava para
aquela sobreposição de rochas sentia-se
demasiado pequeno e frágil para fazer
fosse o que fosse, mas, para mim, aquela encosta significava a minha juventude, sentia-me leve, imaginava os longos
anos que ainda tinha pela frente e pensava na quantidade de coisas que ainda
podia fazer...
Continuávamos a saltar por entre as
pedras e a correr pelas ervas altas até
chegarmos a casa. Quando passava pela
porta de madeira cheirava a "sopa da
velha" que fervia na panela. Na sala, o
meu pai ensinava os meus irmãos a
darem nós bem dados, a minha mãe
torrava o pão do dia anterior e o cão
pachorrento aninhava-se perto da lareira. Lembro-me perfeitamente de pensar
"Espero que toda a gente possa, pelo
menos uma vez na vida, sentir-se tão
feliz como eu estou agora!" e entrei na
sala a cantarolar alegremente.
Madalena Lourenço, 12º A
Beatriz Santos, 10º C
Página 5
Confluências
SCRIPTOMANIAS
«Porque essas honras vãs, esse ouro puro,
Verdadeiro valor não dão à gente.
Milhor é merecê-los sem os ter,
Que possuí-los sem os merecer.»
(Canto IX, estância 94)
Os Valores presentes nas Reflexões do
Poeta d’Os Lusíadas
Durante a época em que Camões escreveu Os
Lusíadas, Portugal atravessava um período de
decadência pelo que o poeta inseriu na sua obra
um conjunto de críticas ao modelo de vida dos
seus contemporâneos e realçou a importância de certos
valores. A obra tem assim
uma função didática e procura exaltar a glória dos
antepassados para que os
portugueses os tomem como
exemplo e tracem um futuro
promissor e com feitos ainda mais heroicos.
Analisando as três primeiras reflexões de Camões, é
notável a importância de
valores como a humildade, a
ambição moderada, a gratidão, o conhecimento e o
esforço. O Homem deve ser
humilde para não permitir
que o seu sucesso, orgulho
ou vaidade se apoderem dele, reconhecendo sempre a fraqueza da condição humana e a fragilidade da vida na qual nada é certo.
Além deste valor, Camões recomenda a existência de uma ambição moderada, pois é esta que
move os Homens a superarem-se tanto a si próprios como aos outros heróis, levando-os a reali-
zar feitos superiores de modo a serem imortalizados e relembrados na História. No entanto, a
ambição deve ser moderada para não ser confundida com a cobiça.
Outro valor de extrema importância é a gratidão. O poeta considera que o Homem deve reconhecer e valorizar quem lhe faz bem. A estirpe de
Gama é criticada por não se conduzir por este
valor, dado que esta ‘família’ ignorou o poeta que
lhes deu fama e os imortalizou.
Também o conhecimento é um valor essencial, e
este visa a procura da sabedoria através do estudo da arte, da ciência e da
eloquência. O Poeta considera que os heróis portugueses
são ignorantes e não seguem
o modelo de Homem renascentista que preza tanto as
armas como as letras, tal
como os heróis da Antiguidade. Neste domínio, a ‘família’
Gama é novamente criticada, bem como o povo português, pelo desinteresse que
revelava pela arte e pelos
seus poetas.
Por último, Camões salienta
a importância do esforço e do
mérito como meio para atingir a fama e a glória, censurando aqueles que a obtêm
através da herança ou da linhagem.
Em suma, ao apresentar este sistema de valores, Camões tem como objetivo uma mudança de
mentalidade dos indivíduos através da censura de
costumes e da exaltação de princípios corretos e
ideais.
Liliya Umanets, 12º B
Exercício de Evacuação
11 de dezembro de 2014 (quinta-feira), 11h15m
11h00 ‒ tomar conhecimento dos procedimentos de evacuação afixados na sala de aula;
11h15 ‒ após ouvir o sinal sonoro de evacuação (três toques de aproximadamente 3s cada com
intervalo de 2s de campainha ou buzina) executar as instruções de evacuação;
11h25 ‒ regresso à sala de aula após sinal sonoro emitido por buzina.
N.B. Os professores que não se encontrem em aula, ao sinal de evacuação devem dirigir-se ao ponto de encontro mais
próximo (1 ‒ parque de estacionamento junto à ala norte do edifício Camões; 2 ‒ espaço entre a vedação e a ala sul do
edifício Camões).
Página 6
Confluências
OFICINA DE RETÓRICA – TRABALHO DE CASA
UM OUTRO «PRO DOMO»*
(a ser apresentado na sessão da OFICINA DE
RETÓRICA de 12 de Novembro p.p. em que foi
palestrante o Prof. Luís Cerqueira)
1. Prezados concidadãos desta nossa «respublica» académica secundária.
A todos me dirijo mas especialmente a vós, jovens, porque sois sensíveis às boas causas e porque acredito
nos meus muitos anos de participação pessoal activa
na preservação e divulgação do nosso património institucional, quer o histórico quer o contemporâneo; além
disto, sinto que serei ouvido com atenção (quiçá com
compreensão e até agrado) sem medo de reacções carregadas de melindres e susceptibilidades.
2. LER PARA VIVER é o lema de um excelente projecto de complemento curricular que desde há algum tempo nos vem enriquecendo biobibliograficamente, sobretudo quanto a obras e autores mais recentes. Porém,
quanto à divulgação e preservação dos mais antigos
(ficção, ensaio, História, Ciência) que enchem as estantes das duas salas da Biblioteca da escola, o desinteresse, a indiferença, o abandono a que os livros estão
sujeitos escandalizam qualquer um… Assim, as gigantescas letras que compõem a epígrafe LER PARA
VIVER, ostensivamente penduradas na portas da
estantaria da sala grande da Biblioteca, são uma
manifesta e espantosa contradição com o estado semiarrumado, desarrumado, sujo, «aleijado», «ferido», des-
prezado, distante, ignorado, em que se encontra a
maioria do referido e vasto espólio… LIVROS NÃO
PARA VIVER MAS PARA DEIXAR MORRER? Até
quando, ó cidadãos, suportaremos tal estado de coisas?
3. Amigos: – Temos de reagir, vamos desejar, vamos
querer, vamos agir, vamos pedir, vamos exigir, vamos
principalmente ajudar a inverter este dramático
«status quo»: há «tesouros» escondidos atrás das grades, atrás das portas e nas gavetas dos «baixos» das
estantes das salas da Biblioteca, como os há nos múltiplos espaços do Arquivo da Secretaria – e que têm vindo a ser sistematicamente publicitados… Venham descobrir esses livros, venham cuidar deles, venham
conhecê-los, lê-los, mostrá-los nas vitrinas (há tanto
tempo vazias), nos armários (sempre escuros e há tanto tempo vazios) do átrio do 1º andar… – não deixemos
emudecer esses livros, petrificar, apodrecer, não viver
mas morrer, morrer, morrer de pé, silenciosamente!
*«PRO DOMO» (ou «PRO DOMO SUA AD PONTIFICES») foi o discurso pronunciado por Cícero em 57 a.C. contra o seu inimigo e tribuno da plebe Clódio Pulcher que não só conseguira exilá-lo mas
também lhe danificara as suas «villae rusticae» (em Formies e Frescati) e arrasara a «villa urbana» situada no Palatino para no seu
terreno («consagrado») erguer um templo à Liberdade. Cícero convenceu os pontífices das irregularidades e iniquidades praticadas
por Clódio e obteve da «Respublica» o restauro do património e uma
generosa indemnização.
(Este texto não segue o Acordo Ortográfico)
Prof. José Luís Vasconcellos
RECENSÃO Dallas Buyers Club
Dez anos demorou a ser realizado este projeto, até que chegou às mãos de Matthew McConaughey. Decidido a que o projeto visse a luz do dia, recrutou Jean-Marc Vallée que, maravilhado pelo guião, decidiu realizá-lo. Este é o filme que passou de um pequeno filme independente a ser nomeado e galardoado nos Óscares.
Situado no Texas, na década de oitenta, o filme foca o preconceito existente na altura para
com os doentes de SIDA e os clubes de compradores formados pelos mesmos. Ron Woodroof é um eletricista que
ao descobrir que é seropositivo e com apenas 30 dias de vida se recusa a morrer. Enquanto está internado,
conhece Rayon, interpretada por Jared Leto, também infetada e que está num programa de medicação que se
mostra ineficaz. Woodroof cria então um clube de compradores onde vende cotas em troca de medicamentos eficazes mas não aprovados pela FDA (Food and Drug Administration).
Apesar de longo, o filme, baseado numa história verídica, nunca cansa os espetadores; existem reviravoltas
inesperadas, mas o realizador consegue um equilíbrio entre o tema sério do filme e momentos cómicos muito bem
conseguidos que aligeiram o ambiente pesado da película.
O guião fantástico, juntamente com improvisos por parte dos atores, permite momentos e diálogos fluidos. A
luta de Woodroof para se manter vivo, a si e a outros, enquanto a FDA tenta tudo para o impedir de fazê-lo, apesar de os medicamentos por ele utilizados serem eficazes e seguros, prende o auditório no seu lugar.
As interpretações de Matthew e Jared são fenomenais, e os Óscares e outros prémios atribuídos mais que
merecidos após o seu esforço e dedicação ao filme, em que perderam mais de 30kg cada um.
Este é um filme obrigatório para amantes de cinema independente, realizado em apenas 25 dias, e que mostra
como, para fazer um bom filme, não são necessários efeitos especiais e milhões de dólares.
Leonor Alves, 11º A
Página 7
Confluências
MEMÓRIAS DA I GUERRA MUNDIAL
O ano de 2014 marca o início das
Comemorações do Centenário do conflito mundial de 1914-1918
A Escola Secundária de Camões associando-se a
estas comemorações, empenhou-se na pesquisa e coligiu um conjunto de documentação que a liga ao quotidiano da Guerra.
No passado mês de julho, a Professora Fernanda Rollo (presidente do Instituto de História Contemporânea
da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa – IHC-FCSH) esteve reunida, na escola,
com o diretor
João
Jaime
Pires e os
profs. Cecília
Cunha, Lino
das Neves e
José Luís Vasconcellos, com
os seguintes
objetivos:
“1º - apresentar
as
linhas gerais
de um protocolo de cooperação, entre o
IHC e a escola, tendo em
vista receber
os seus investigadores, e,
simultaneamente, fomentar, junto de alunos e professores, ações e
estudos que aprofundem o conhecimento histórico e do
património arquivístico da Esc. Sec. de Camões;
“2º - obter, desde já, testemunhos relativos ao Lyceu
durante a Grande Guerra cujo significado justifique a
sua possível integração numa grande exposição temática sobre Portugal, 1914-1918 que abrirá no próximo
Outono.”
Entretanto, em outubro, alunos da nossa escola estiveram na Sessão Solene dos «Dias da Memória», na
Assembleia da República, e durante três dias, de 17 a
19, mais de seis dezenas participaram, como voluntários, na recolha de memórias do confronto que levou
100 mil soldados portugueses à frente de batalha.
Esta iniciativa justificou a vinda da TSF à escola,
tendo a jornalista Cristina Santos realizado uma
reportagem com o título “Foi ontem a guerra”, na qual
entrevistou alunos e professores que têm coleções par-
ticulares e/ou objetos sobre a 1.ª Guerra. [ouvir em:
http://www.tsf.pt/PaginaInicial/Vida/
Interior.aspx?content_id=4210073]
Nesta reportagem, a Professora Fernanda Rollo refere-se ao Arquivo do Camões como uma referência para
essa época, pois passou por aqui muita gente relacionada com a guerra, sob vários pontos de vista, quer
aqueles que foram para a guerra (professores como
Aquilino
Ribeiro,
por
exemplo) quer
ainda, porque
o
Liceu
Camões sofreu
o impacto do
fim da guerra,
reintroduzindo
aqueles
que
vieram,
os
filhos
dos
mutilados, os
filhos dos soldados. Diz ainda que o Liceu
Camões
nos
ajuda a contar
os vários lados
da
guerra,
sobretudo
a
guerra que se
vive dentro de
portas, que é
tão dura do ponto de vista social.
O nosso Arquivo ainda hoje mantém documentos históricos da época, tais como: pedidos do Ministério da
Guerra ao Reitor (lista de todos os professores e funcionários e respetiva situação militar, por ex.); registos
sobre a transformação do Ginásio em Hospital, devido
à proliferação da gripe espanhola ou gripe pneumónica; Acta do Conselho Escolar a saudar o Armistício e a
vitória dos Aliados; Documentos vários com alusões a
mutilados, inválidos, viúvas e órfãos de guerra.
Com este projeto, pretende-se lançar um convite à
comunidade escolar para suscitar a pesquisa e a descoberta, junto de familiares, amigos e conhecidos, de testemunhos, de peças e de toda a espécie de documentos
relacionados com a I Grande Guerra. O objetivo é reunir um conjunto de objetos que serão depois fotografados e/ou digitalizados. O resultado ficará acessível ao
Mundo através da Internet, nos sites europeana19141918.eu e http://portugal1914.org/.
Página 8
Confluências
AS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DE LISBOA Lumiar e Alfama
Por Luís Ribeiro niram-se dois núcleos populacionais originando
Professor Associado com agregação (IST) um incremento da construção de edifícios laicos e
Ex-aluno do Liceu Camões (1965-1972) religiosos. Surgiram a Quinta das Conchas e a
1 Introdução
A água subterrânea sempre esteve presente no
imaginário popular de Lisboa refletida, quer nos
inúmeros chafarizes, bicas, poços e cisternas que
aí existem, quer em locais que já desapareceram,
mas que deixaram a sua marca indelével na toponímia local. A urbanização intensiva, tem impactos significativos nas componentes do ciclo hidrológico natural nomeadamente na recarga dos
aquíferos urbanos. Se é certo que a impermeabilização dos solos originada pela construção de edifícios, estradas e infraestruturas reduz a infiltração da água da chuva, também é verdade que
outros tipos de água, podem entrar nos aquíferos
a partir das ruturas das redes de condutas de
abastecimento urbano de água, das redes de coletores de esgotos e da rede de águas pluviais.
Outro tipo de recarga, mais diminuta, mas também importante, é a proveniente da rega de jardins e de outros espaços verdes, que existem em
muitas zonas urbanas. Por sua vez a malha urbana tem vindo a aumentar a grande ritmo nas últimas décadas. Aquilo que era uma área rural na
primeira metade do século XX, transformou-se
nos nossos dias numa zona de grande densidade
urbana com infraestruturas associadas tais como
jardins e outros espaços verdes artificiais, uma
rede viária muito desenvolvida, redes subterrâneas de distribuição de água, saneamento básico e
de coletores pluviais. É pois previsível que, numa
região com estas características, o impacto provocado pela impermeabilização dos solos e pela
eventual rutura da rede de distribuição de água e
dos coletores de esgotos e de águas pluviais nas
águas subterrâneas seja significativo.
Quinta dos Marqueses de Angeja, a par de outras
edificações mais modestas, de que ainda subsistem vestígios. No início do séc. XVIII, era definido
o Lumiar, como "um sítio de nobres quintas, olivais e vinhas", sendo incorporado no território da
Cidade de Lisboa a 18 de Julho de 1885. Por volta
de 1860, Telheiras consistia em menos de quatro
dezenas de casas térreas, albergando, ao todo,
cerca de 150 pessoas. O núcleo histórico atualmente designado por “Telheiras Velha” inclui ainda algumas das casas desse tempo, assim como
vestígios das muitas quintas contíguas. A antiga
aldeia do Lumiar perdeu quase definitivamente
as suas características nas últimas décadas, especialmente depois da construção da via rápida Avenida Padre Cruz. Esta freguesia é uma das mais
populosas de Lisboa, com cerca de 45.000 habitantes. Os espaços verdes são escassos e estão
praticamente limitados a pequenos jardins, ao
Parque das Quintas das Conchas e dos Lilases e
ao Parque Monteiro-Mor. Os poços na zona do
Luminar captam formações sedimentares holocénicas e miocénicas, de origem marinha, de grande
complexidade litológica, as quais apresentam
grande variabilidade de características hidrodinâmicas. Em alguns espaços como o Parque do Monteiro-Mor e a Quinta das Conchas e Lilazes a
água subterrânea captada em poços e galerias de
mina continua a ser utilizada para rega.
2 Lumiar
O território onde atualmente está delimitada a
freguesia do Lumiar, conheceu ocupação humana
desde os alvores da pré-história. No séc. XVI defi-
Fig. 1 – Edifício no Parque das Conchas e dos Lilazes onde se localiza uma
galeria de mina
Página 9
Confluências
AS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DE LISBOA Lumiar e Alfama
(cont. página anterior)
3 Alfama
Sendo possuidora das águas mais mineralizadas
da cidade de Lisboa, Alfama foi durante séculos,
referência obrigatória em cartas, relatos de viagem ou estudos. À sua qualidade, abundância e
temperatura não foi estranho o povo árabe que aí
viveu, ao atribuir à zona o único nome possível –
Al-hama, sinónimo de fonte de água quente ou
nascente termal. As termas mais antigas da cidade remontam ao domínio romano, no entanto
estas nascentes aproveitadas para banhos atingiram notoriedade a partir do século XVIII, quando
a terapêutica das águas motivou o interesse de
estudiosos e médicos, o que conduziu a uma renovação de todas as alcaçarias, cada vez mais transformadas em banhos de acordo com as novas tendências da medicina da época. As águas que brotavam em Lisboa e suas imediações apresentavam origens diversas: Aluviais, Terciárias, Artesianas, Basálticas e Cretácicas. Assim estas
águas fizeram surgir as alcaçarias ligadas inicialmente ao curtimento das peles, às lavagens de
roupa e à ingestão. Acciaiuoli faz referência ao
capítulo XII do livro de 1610, escrito por Duarte
Nunes de Leão, “Descrição do Reino de Portugal”,
que dizia que as Alcaçarias “serviam às mulheres
de serviço para ensaboarem a roupa, por escusarem aquentar a água, a qual se bebessem, parecia
que faria bom efeito”. Segundo parece, esta é a
primeira referência quer à termalidade das
águas, quer a efeitos benéficos que estas produziam. Alfama sempre foi autossustentada do ponto de vista do abastecimento de água, pois ali brotavam inúmeras nascentes cujas águas eram conduzidas até aos chafarizes onde a população se ia
abastecer. Apenas a partir da primeira metade do
século XX é que Alfama deixou de ser abastecida
pela água dos seus chafarizes, pois esta começou
a apresentar sinais de má qualidade passando o
seu abastecimento a ser assegurado pela Companhia de Águas de Lisboa. Em Alfama existia uma
linha de nascentes que viria desde o Cais da Fundição (ou até antes da Bica do Sapato) até ao Chafariz de El-Rei. Dessa linha, faziam parte: o
Boqueirão da Praia da Galé, o Jardim do Tabaco,
o Beco do Penabuquel, o Chafariz da Praia, o
Chafariz de Dentro, os Banhos do Doutor Fernando, os de Dona Clara e do Baptista. Vindas de
uma profundidade que se calcula superior a 450
metros, estas nascentes de temperatura elevada,
de caudal interdependente e de composição química semelhante brotam no sopé da encosta de
Alfama. Tal como já foi referido, estas águas possuíam propriedades terapêuticas, referenciadas
muitas vezes em diversas literaturas. Henriques
(1726), no seu Aquilégio Medicinal, refere no capítulo que diz respeito às Caldas de Lisboa Oriental
que estas águas são “...de muita utilidade em
curar as intemperanças quentes das entranhas, do
sangue, do útero, dos rins e das mais partes do
corpo; e os estupores e parlesias espurios; a debilidade de estomâgo; a fraquesa e queixas das juntas
que ficam das gotas artéticas, e reumatismos; as
convulsões, os acidentes do útero (...), os vómitos
dos hipocôndriacos; as diarreias (…). Para os
achaques a que chamam figado, são prodigiosos,
porque curam as pústulas, sarnas, impingens,
lepra e todos os achaques e defedações cutâneas…”
Devido à existência de todas estas emergências, a
toponímia da zona tem uma grande ligação com
atividades ligadas à água. Exemplos disso são o
Beco dos Curtumes (ou Beco das Alcaçarias), Beco
das Barrelas (ou Beco de Alfama) e o Tanque das
Lavadeiras. O próprio Terreiro do Trigo denominava-se Campo da Lã, por ser o local onde esta
secava após ser lavada no Beco dos Curtumes.
Fig. 2 – Chafariz de El-Rei em Alfama
Página 10
Confluências
Biologia e Geologia ‒ Uma Reportagem
SCIENCECALIFRAGILISTIC 2013 / 2014
CNP, professores, colegas e familiares.
11 de maio de 2014
Simpósio Sciencecalifragilistic «O Sciencecalifragilistic é um projeto de
educação e ciência, desenvolvido por um
(Fundação Champalimaud)
grupo de alunos de doutoramento e pósDas escolas selecionadas, a Escola
Secundária de Camões esteve representada pelas alunas Ana Catarina Sousa
e Beatriz Suyomov (12º ano de Biologia)
e pela professora Idalina Simões.
O programa deste ano incluiu uma palestra sobre o método científico, proferida
pelo Professor Doutor António Coutinho;
duas apresentações sobre projetos de
investigação, pelo neurocientista Rui Costa e pelo aluno de doutoramento Gil Costa
e uma sessão de posters, durante a qual os
alunos que participaram no projeto apresentaram os seus trabalhos e discutiram
os resultados com os investigadores do
doutoramento do Programa de Neurociências da Fundação Champalimaud (CNP) e
financiado pelo Programa “Escolher Ciência” promovido pela Ciência Viva - Agência Nacional para a Cultura Científica e
Tecnológica. Este projeto inovador, lançado em janeiro de 2013, tem como objetivo
principal fomentar o pensamento crítico e
criativo de alunos do secundário, num
ambiente laboratorial, envolvendo a comunidade escolar e
investigadores
do
Programa Champalimaud de Neurociências.»
Página 11
Confluências
Biologia e Geologia ‒ Uma Reportagem (cont. 2)
SCIENCECALIFRAGILISTIC 2013 / 2014
Página 12
Confluências
Biologia e Geologia ‒ Uma Reportagem (cont. 3)
ALUNOS DE ARTES EXPÕEM COM REGULARIDADE NO HALL DA BIBLIOTECA
Página 13
Confluências
INICIATIVAS
Memórias da I Guerra chegam à Assembleia
TSF, 07 OUT 14
No ano em que passam 100 anos sobre o início da I Guerra Mundial, a iniciativa Dias da
Memória reúne recordações do confronto que levou 100 mil soldados portugueses à frente de batalha.
Durante três dias, de 17 a 19 de outubro, a Assembleia da República abre as portas a todos os cidadãos que queiram partilhar histórias de família, postais, cartas, objetos ou quaisquer registos que
ajudem a perpetuar a memória da Grande Guerra. O resultado será digitalizado e ficará acessível ao
Mundo através da Internet, nos sites europeana1914-1918.eu e http://portugal1914.org/. Para sempre.
Exemplo dessa recolha de memórias é o envolvimento do Liceu Camões que ainda hoje mantém
no arquivo documentos históricos da época e que vai participar nos «Dias da Memória» com a presença de muitos alunos que, voluntariamente, vão estar a receber os portugueses que tenham memórias
e queiram partilhá-las.
As memórias da I Guerra não se ficam pelo Liceu Camões. Rosarinho Rodrigues teve um familiar
que esteve na Guerra durante oito meses e que nesse espaço de tempo escreveu 527 postais para a
mãe. Esses postais são a única memória deste jovem tenente.
Alguns desses postais vão estar disponíveis para ser vistos na exposição "Portugal e a Grande
Guerra". Uma exposição inaugurada dia 7 de Outubro às 18h30 e que explora os factos mais marcantes da participação portuguesa na I Guerra Mundial (1914-1918) e o impacto na vida política,
social e artística em Portugal.
http://www.tsf.pt/paginainicial/AudioeVideo.aspx?content_id=4165887
maldisseram o homem por condizer
catorze mil e seiscentas madrugadas e o
homem disse-se
A Associação Portuguesa de
Escritores apresentou no dia 20
de maio, na Livraria Ferin
(Lisboa), a coletânea de textos
Abril  40 Anos.
Uma forma simbólica de celebrar Abril pela palavra de noventa associados da APE.
muitas e muitas as sombras para uma
cerrada e alva madrugada
catorze mil e seiscentas madrugadas e o
homem dito de resistência inscrita rejeita a
impostura que medra nas malhas da grei
(Ao lado, um poema de
António Souto inserto na antologia.)
(para abril de 2014)
catorze mil e seiscentas madrugadas
Muitas e muitas foram as noites negras que
encaneceram o homem por fazer-se
catorze mil e seiscentas madrugadas e o
homem fez-se
muitas e muitas as noites para uma
longa e breve madrugada
catorze mil e seiscentas madrugadas e o
homem feito de sonhos havidos disfarça a
bruma que sobra nas sobras do luar
muitas e muitas foram as sombras cegas que
muitas e muitas foram as palavras mudas que
cercearam o homem por apartar-se
catorze mil e seiscentas madrugadas e o
homem libertou-se
muitas e muitas as palavras para uma
quista e encetada madrugada
catorze mil e seiscentas madrugadas e o
homem livre de privação revolta mantém a
chama que mingua a cada dia que passa
muitas e muitas foram as vontades que
abraçaram o homem amanhecido e
e catorze mil e seiscentas madrugadas que
entardecem o homem novo por vingar
Abril
António Souto
Página 14
Confluências
INICIATIVAS
OFICINA
DE
RETÓRICA
Começou dia 8 deste
mês de outubro a
esperada Oficina de
Retórica. Para aqueles que pretendem aprender a arte de bem falar e da persuasão, participar em debates discursivos ou, simplesmente, adquirir alguma cultura, a Biblioteca
Velha deste nosso Camões estará aberta a
estudantes e professores às quartas-feiras,
entre as 17h00 e as 18h30.
Na primeira sessão, tivemos o prazer de
receber o Professor Miguel Tamen que assoberbou o público com a sua entusiástica eloquência a par de uma distinta cultura histórica, filosófica e linguística. A preleção do
docente da Universidade de Lisboa incidiu
sobre a definição e a origem da retórica, aludindo às perspetivas dos maiores filósofos da
Antiguidade Clássica relativamente a esta
disciplina. Desta forma, foi geral a sensação
de que a oficina contou com um prólogo oportuno e adequado.
Como não podia deixar de ser, e confirman-
do todas as expetativas, a qualidade acompanhou a quantidade. Com efeito, a aula do Professor Luís Cerqueira, também da Faculdade
de Letras, proporcionou um vínculo harmonioso entre os temas anteriormente discutidos e as novas questões em análise. Nesta
sessão, os participantes tiveram oportunidade
de aprender a fórmula de construção de um
discurso, numa abordagem mais prática.
Porém, não descurando a componente histórica, alunos e docentes têm agora um novo
conhecimento sobre o elo entre a Literatura e
a Retórica ou até a visão Romana da Oratória.
Para além destes exemplos, surgirão muitos mais ao longo desta Oficina que se estenderá até dezembro.
Uma iniciativa do Movimento Camoniano
que visa a aprendizagem e o conhecimento
como fonte de prazer, a fim de proporcionar
um leque mais vasto de oportunidades académicas.
A todos os interessados, deixamos esta
mensagem para que aproveitem os privilégios
deste grande ‘liceu’!
Ana Maria Begonha, 11º L
The Playwright
(reposição da comédia burlesca escrita pelos ‘nossos atores’)
Grupo de teatro de inglês da ESC
Espetáculo dia 15 de novembro de 2014 (sábado), 21h00, Auditório.
Durante o ano letivo haverá ainda lugar à apresentação de outros espetáculos
diferentes: em Dezembro, na Flul; em Fevereiro, no festival de peças de um
minuto, com outras escolas; no 3º período, uma adaptação do filme de Bunurl,
O Anjo Exterminador (em preparação).
Em busca das águas invisíveis
31 de maio de 2014 (sábado)
Foi ainda no ano letivo transato, mas vale a pena o registo.
Um belo "Passeio pela história da água no bairro de
Alfama" (com a orientação e o saber de Catarina Silva
(FCUL) e de Luís Ribeiro (IST).
Página 15
Confluências
(AINDA) D. OLINDA
Agradecimento os que ficam!”. Calei-me. Estava perante um exemplo
É com profundo desconsolo,
mágoa
e
pesar, ao mesmo tempo que com alguma
satisfação (a que nos
resignamos por saber
sabê-la justa, merecida e devida), que
damos conta da aposentação de Dona Olinda, que cessa assim uma dedicação de 40 anos, iniciada, note-se,
em 1974, a uma Casa que conta, entretanto, 105 anos.
No outro dia, tentava eu, ingenuamente, enaltecerlhe os feitos, agradecendo-lhe o afeto, a devoção e o
sacrífico com que se nos entregou desde sempre, primando pela harmonia, profissionalismo e ordem, bem
como o sorriso rasgado com que sempre nos acolheu,
nunca cobrando ou amarelando. Por essa altura imaginava-a em flashbacks, revendo 40 anos de momentos,
situações, alunos e professores com que privou, atingindo a excelência na proposta de trabalho a que se
apresentou e lhe foi confiada, tomando exata consciência do tamanho que a sua contribuição teve na edificação da sociedade, fazendo um balanço da quantidade
de pessoas que estiveram sob a sua responsabilidade e
do peso que a sua postura e disposição para as atender
teve nas suas vidas.
Não. Refletindo e admitindo, como é seu hábito,
devolveu-me prontamente “eh, pá, quem importa são
Uma pequena lembrança
A esta altura, já a D. Olinda deve
estar intrigada com o facto de ter
um espaço para si neste boletim que
viu nascer e crescer…
No meu entender, a D. Olinda,
mais do que ninguém, merece esta
pequena lembrança, embora nem a
quantidade exorbitante de livros
que tem a nossa biblioteca (e que a
D. Olinda tão bem conhece) chegue
para descrever o quão essencial foi /
é esta senhora na vida do Camões e
nas vidas de cada um de nós.
Alguns podem achar estranho
quando me veem a chorar desalmadamente porque, ao fim de 40 anos,
esta senhora vai tirar as tão merecidas férias, mesmo estando eu apenas presente nestes três últimos
anos. Contudo, para mim, é normal.
No início do meu 10º ano, não dei
do melhor que a Natureza humana tem para oferecer,
um modelo de humildade, honestidade e diálogo.
Exemplos destes escasseiam cada vez mais. A Escola
Secundária de Camões desanima e empobrece com
esta saída.
Perdoem-me o excesso da frase anterior, gostaria de
descrever com exatidão tudo quanto merece Dona
Olinda, de lhe conseguir despertar os mesmos sentimentos que despertou, com certeza, em muitos de nós.
Mais uma vez perdoem-me, por ter tentado. Não deixa
de ser curioso como as mais simples e genuínas pessoas são também as mais complexas de descrever.
Esta mensagem não pretendia ser mais do que uma
ligeira homenagem de agradecimento público ao invejável cumprimento de 40 anos de carreira ao serviço de
uma causa, particularmente da Educação democrática
e da formação de verdadeiros jovens cidadãos portugueses.
Assim, renovo-lhe os meus mais sinceros agradecimentos e um enorme Respeito, desejando-lhe, D. Olinda, as maiores felicidades, e que viva esta nova fase da
sua vida com a qualidade e dignidade que tanto merece, nunca esquecendo que ninguém se aposenta dos
amigos, nem tão pouco da profissão que abraçou.
Muito obrigado e até sempre!
Pel’ Associação de Estudantes da Escola Secundária
de Camões,
Alexandre de Albuquerque Cabral
logo por si, talvez pela sua maneira
simples de ser. Até que perguntei a
alguém quem era a “chefe” e me
disseram que era aquela senhora
pequenina que, por vezes, estava na
entrada. Aí, percebi que, afinal, já a
conhecia de vista (porque é impossível alguém não conhecer a D. Olinda). Mas o melhor estava para vir:
conhecê-la pessoalmente.
Tal como aconteceu a milhares de
pessoas, ao longo destes anos, desde
sempre que fui acarinhado por si.
Quando andei perdido na imensidão
de salas e recantos que tem a nossa
Escola, foi a D. Olinda que me ajudou. Quando não sabia como fazer
isto ou aquilo, foi a D. Olinda que
me ajudou. Sempre que precisei de
algo, foi a D. Olinda que me ajudou.
Quando me senti desorientado,
também a D. Olinda me ajudou.
Continuo com a convicção de que se
lhe derem as chaves de todas as
portas desta Escola, saberá com que
chave deve abrir todas e cada uma
dessas portas.
A vida é feita de mudança. Ao longo destes anos, vimos em si uma
grande paixão pela Escola. Paixão
essa feita de gestos repletos de
amor e de ternura.
Eu gosto muito de gostar. E fiquei
a gostar muito de si! Acho que os 40
anos que passou neste liceu lhe
valeram de muito e valeu para nós
tê-la conhecido!
A D. Olinda fará, para sempre,
parte do nosso Camões!
Obrigado por
tudo!
Com
carinho,
João Silva
ESCOLA SECUNDÁRIA DE CAMÕES
http://www.escamoes.pt
BE/CRE
Página 16
Confluências
http://esccamoes.blogspot.com/
B
R
E
V
E
S
ALGUMAS DAS MUITAS ATIVIDADES QUE VÃO TENDO LUGAR NA ESCOLA SECUNDÁRIA DE CAMÕES
(O PROFESSOR LINO DAS NEVES REGISTA-AS EM CARTAZES)
APOSENTAÇÕES
Maria Teresa
Carvalhal
(11º Gr. B)
Maria Jessé
Chaveiro (6º/7º
Gr., rescisão)
Maria João Conde
(6º/7º Gr., rescisão)
José Manuel
Oliveira Rodrigues
(6º/7º Gr.)
Maria do Carmo
Lopes
(assistente operacional, transitou
para a P. J.)
www.escamoes.pt
A todos quantos colaboraram com a cedência de fotos e trabalhos para este Boletim,
uma palavra de agradecimento.
Com o generoso apoio do
Grupo Desportivo e Cultural do Banco de Portugal

Documentos relacionados

Confluências Nº 17 - Jan/Fev 2012

Confluências Nº 17 - Jan/Fev 2012 entrar pelo mês de março, razão por que damos aqui nota de algumas iniciativas entretanto realizadas ou programadas para breve, sem prejuízo de voltarmos a elas no próximo número.

Leia mais

Confluências - Escola Secundária de Camões

Confluências - Escola Secundária de Camões acompanham pelos meios de comunicação social, agradeço desde já a atribuição deste prémio, reconhecimento de um trabalho por mim desenvolvido ao longo de alguns anos. Considero, no entanto, que nad...

Leia mais

Confluências Nº 20

Confluências Nº 20 eram as atrações principais. Mas, ao longo dos anos, fui perdendo esse hábito. Não sei se foi por causa do crescimento ou da crise. Não sei. Só sei que, mesmo sem praia, passei verões muito diverti...

Leia mais