Televizinhos - Editora Melhoramentos
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Televizinhos - Editora Melhoramentos
O autor PROJETO P ROJETO D DE E LLEITURA EITURA Toni Brandão, 1 autor já consagrado na ficção juvenil, pertence à linhagem dos que, atentos ao real concreto e aos temas contemporâneos ou atraídos pelo registro realista da aventura humana, vão além do imediato. De espírito inquieto e criador, Toni Brandão tem marcado presença na literatura com obras publicadas pela Editora Melhoramentos – Televizinhos, Foi Ela/Ele Que Começou, Falando Sozinha, Guerra na Casa do João, A Preferida do Rei, Como as Cabras Foram Domesticadas e Nzuá e a Cabeça, entre outros (alguns adaptados para CD-ROM e audiolivros). Além disso, ele está presente, de maneira dinâmica, na área artística, desenvolvendo atividades correlatas como roteiros para TV e adaptações de textos para CD-ROM e escrevendo espetáculos para teatro, que já lhe renderam prêmios como APCA e Mambembe. É autor também de duas novelas de suspense e de mistério para a internet, ambas veiculadas pelo site Terra: Crimes no Parque e Táxi. Resenha Seu Raí é porteiro de prédio. Certo dia, é flagrado por dona Margarida, a síndica, assistindo à TV na portaria em companhia de alguns pré-adolescentes que moram no edifício. Esse acontecimento é suficiente para dona Margarida querer demiti-lo. Os amigos Kiko, Clara, Rita e Tuto entram em ação para convencer os moradores a impedir a demissão. Com isso, acabam conhecendo melhor seus vizinhos e, nas conversas, entram em contato com assuntos muito importantes: paz, guerra, drogas, ética, sexo, meios de comunicação, migração e outros. Televizinhos – Toni Brandão Ficha Autor: Toni Brandão Título: Televizinhos Ilustrador: Adão Iturrusgarai Formato: 13,5 x 20,5 cm No de páginas:: 128 Gênero: novela Conversa com o professor Elaboração: A fragmentação da formação do cidadão preocupa educadores há algum tempo. Recentes apelos para reforma educacional focalizam a necessidade de se desenvolverem currículos que enfatizem não só a aprendizagem conceitual, como também a prática social. A convicção entre os educadores é de que as experiências educacionais são mais autênticas e de maior valor para os alunos quando as leituras refletem a vida real, que é multifacetada – e não organizada em pacotes de assuntos arrumados. Na proposta a ser apresentada a seguir, a leitura é a atividade que propi- Shirley Bragança >> Quadro sinóptico Palavras-chave: vizinhos, adolescentes, solidariedade, respeito mútuo Temas transversais: pluralidade cultural; ética; orientação sexual. Interdisciplinaridade: Língua Portuguesa, Filosofia, Geografia, História, Artes, Matemática, Ciências, Educação Física e Língua Estrangeira INDICAÇÃO: leitor crítico: a partir de 12 anos ensino fundamental >> ciará a integração de novas informações aos conhecimentos e experiências anteriores na construção de significados. A boa escrita e o pensamento cuidadoso e criativo andam juntos. Todo leitor que foi tocado por um texto conhece o prazer de uma nova realização, que faz com que ele reorganize, enriqueça ou reconstrua um conceito anterior. Ler e escrever sobre determinado tema são atividades que permitem puxar os fios, que um tratamento do tema pode deixar escapar, e tecer os pontos ou nós, necessários para entrelaçar novos fios, ou seja, outros temas, a ser interligados à rede em construção. Este suplemento oferece sugestões de projetos pedagógicos interdisciplinares para o livro Televizinhos, de Toni Brandão, unindo diversas áreas do conhecimento e formando uma grande rede por meio da conexão temática. Os projetos propostos têm como base os temas apresentados no livro e são dirigidos a alunos do 6o ao 9o ano. Fica a critério do professor aproveitar as atividades para outros projetos ou adaptá-las ao perfil da turma. Preparando a leitura Acreditamos que o novo papel que a escola deve assumir para minimizar a fragmentação dos saberes, reduzir o 2 distanciamento entre eles e fortalecer sua prática social tem suscitado, em todos os que se preocupam com a educação, uma mudança de postura em busca de uma aprendizagem significativa. Nesse contexto, o papel do professor passa a ser o de mediar a construção de redes de conhecimentos. Para isso, ele precisa valorizar a experiência prévia dos alunos, incentivá-los a descobrir novos fatos, a relacioná-los, a servir-se dos conhecimentos já estruturados como ponto de partida para novos conhecimentos, possibilitando o desenvolvimento das diferentes habilidades – conceituais, atitudinais e procedimentais. Propomos, então, um trabalho de leitura do livro Televizinhos, de Toni Brandão, pois, com essa obra, é possível engajar o aluno em diversas práticas sociais de leitura, segundo as perspectivas das diferentes disciplinas, numa proposta interdisciplinar. Assim, a valorização da leitura será mais facilmente incorporada ao conjunto de atitudes do aluno, se todo professor valorizar essa atividade, tornando-a parte central da aula. Objetivos j – Integrar várias áreas do conhecimento humano por meio da obra Televizinhos, de Toni Brandão (Melhoramentos). – Desenvolver atividades de práticas de leitura e escrita por meio de projetos interdisciplinares. Trabalhando a leitura Sugere-se que as questões propostas sejam trabalhadas em sala de aula, comentando-se as respostas, já que, muitas vezes, questões interpretativas admitem respostas divergentes. Estas, aliás, são bastante proveitosas em relação à análise e à avaliação. Para tanto, é necessário que seja instaurado em sala de aula um clima de cooperação e interação. O professor poderá fazer a atividade de “Compreensão e Expressão” com todos os capítulos, ou simplesmente escolher os que abordam temas pertinentes ao que ele quer trabalhar. Portaria a) O título do primeiro capítulo é “Por taria”. • Chame a atenção dos alunos para os títulos dos outros capítulos. De que forma a associação dos nomes dos capítulos aos lugares onde residem os moradores do Edifício XXI facilita a compreensão/organização do texto? >> >> >> • Há alguma relação entre a estrutura da obra e o enredo do livro Televizinhos? Discuta com a classe a opção do autor. b) ...reparem no garoto de camiseta vermelha listrada, no canto esquerdo do seu vídeo. Mesmo sendo um pouco gordo, ele consegue pular igual às outras crianças! (p. 10) • Pergunte aos alunos se eles perceberam/entenderam a razão pela qual foi empregada diferente tipologia de letra (outra fonte) em alguns trechos deste capítulo. • Traga algumas histórias em quadrinhos para a sala de aula e trabalhe os recursos gráficos e o formato dos balões utilizados pelos artistas gráficos. • Em seguida, incentive os alunos a estabelecer conexão entre as diferentes formas gráfico-visuais usadas nos quadrinhos e no texto Televizinhos. c) Muitas expressões utilizadas pelos personagens são do registro coloquial, ou seja, são expressões com vocabulário e sintaxe muito próximos da linguagem cotidiana. Com os alunos, localize no texto algumas frases em que gírias e expres3 sões coloquiais são utilizadas pelos personagens, por exemplo: “– Já tá no máximo que a síndica do prédio deixa! Se aumentar mais, vai sujar pro Seu Raí.” (p. 8) “– Se liga, Kiko! O que tá atrapalhando é essa sua voz de taquara rachada!” (p. 9) Após a identificação dessas expressões, proponha (individualmente ou em dupla) as seguintes questões: • Por que, em sua opinião, alguns personagens, em determinadas situações, utilizam essas expressões? • Você(s) acha(m) que essas expressões coloquiais poderiam ser utilizadas em qualquer situação? Comente. • Faça(m) um levantamento de algumas gírias e expressões coloquiais que aparecem no texto. Em seguida, procure substituir essas expressões por outras de linguagem formal, sem alterar o sentido. Apartamento 53 a) “Começamos tocando a campainha do apartamento 53, onde o Fernando, um jornalista que escreve sobre esporte, mora sozinho.” (p. 17) • Peça aos alunos que, em grupo, releiam trechos do livro e analisem: – o ângulo de visão utilizado pelo autor para dispor a ação e os personagens na narrativa; – a pessoa do discurso que conduz a história. Em seguida, incentive os grupos a apresentar suas conclusões. b) O fato de o autor Toni Brandão enfocar a diversidade dos temas com linguagem acessível estimula a participação mais afetiva do estudante. • Como um dos personagens do livro é jornalista esportivo, procure explorar, com os alunos, a produção desse profissional. Incentive-os a trazer “cadernos de esporte” de diversos jornais e observar a estrutura de uma notícia esportiva. Peça que comparem a redação da notícia nos vários jornais e, em seguida, proponha que, em grupo, elaborem notícias esportivas da escola ou do bairro. • Convide os alunos para assistirem a um espetáculo esportivo pela TV e a comparar a estrutura da notícia esportiva impressa com a da televisiva. • Segundo a maioria dos críticos, as novas tecnologias de comunicação espetacularizaram ainda mais o futebol. Eliminou-se a necessidade de deslocamento ao estádio; estes foram trans- >> >> portados para todos os pontos do planeta por meio de imensos telões. As tecnologias, portanto, construíram um novo olhar, uma nova forma de apreciar o espetáculo. Tornou-se indispensável uma quantidade imensa de estatísticas para descrever cada partida: – Quantos chutes a gol? – Quantas faltas? – Qual a velocidade média dos jogadores de cada equipe? – Qual a velocidade atingida pela bola em certa cobrança de falta? Essa descrição do futebol em suas partes estatísticas corresponde também a uma simplificação do ato de apreciar o esporte, em vários sentidos: – Como fica a arte do jogador, aquilo que há de mais subjetivo, mais individual, menos apto ao enquadramento numa classificação tecnicista? – Os critérios comparativos utilizados pelos técnicos da mídia, baseando-se no confronto entre os objetivos pretendidos e os resultados alcançados, desencadeiam ou não turbulência emocional e afetiva nos jogadores? 4 • Leia para os alunos a opinião abaixo sobre o assunto. Pergunte se eles concordam com o argumento de Ciro Marcondes Filho. Por quê? A espetacularização do jogo de futebol cria outro jogo, quase que montado nos estúdios da emissora de televisão, ao qual o telespectador jamais assistirá no campo. O futebol no campo torna-se algo menos interessante, e isso, associado a outros fatores de desestímulo da ida aos estádios – o aumento da violência, o declinante hábito de concentrações públicas, as dificuldades de estacionamento, o preço dos ingressos, estádios lotados, trânsito engarrafado –, faz com que a assistência tradicional ao esporte, a plateia, deixe de ser algo necessário. O jogo existe independentemente do público, e este, encerrado em sua casa, assiste a um espetáculo construído só para câmeras de TV, como um jogo imaginário, realizado nas gramas de plástico dos cenários televisivos. (FILHO, Ciro Marcondes. Televisão. São Paulo: Scipione. p. 70.) c) “... Não estava muito alta, mas parecia que era de Cássia Eller”. • Pergunte aos alunos se eles conhecem alguma música de Cássia Eller. • Faça uma sessão de música dessa cantora e estimule uma conversa sobre o estilo musical da artista. Explique o que é estilo musical. Observação: Caso exista interesse em saber mais sobre a artista Cássia Eller, os alunos podem acessar o site www.cliquemusic.uol.com.br/artistas/ cassia-eller.asp. Apartamento 121 “– A senhora acha que o problema é porque o Cris é o único gay do prédio? De novo, sem aparecer, o Cris falou: – O único gay assumido, você quer dizer, né?” (p. 31) • Observar como o autor conduziu o assunto homossexualismo: – E os meios de comunicação, como conduzem o assunto? – De acordo com o personagem Cris, a televisão mostra gays cheios de trejeitos, com voz fina, sempre ridicularizando-os, ou seja, apresenta seres estereotipados (superficiais e equivocados). Você(s) concorda(m) com essa opinião? – Que outros estereótipos são apresentados pelos meios de comunicação? • Proponha a produção de um painel fotográfico de personagens estereotipados na mídia impressa e televisiva. • Leia, no boxe ao lado, a opinião do professor Ciro Marcondes Filho sobre os estereótipos na TV. Depois, analise: você concorda com o ponto de vista dele? Incentive a turma a criar um programa de humor nos moldes contemporâneos. 5 Na TV da era eletrônica, os modelos da primeira fase tornaram-se inviáveis para a estrutura do humor, principalmente porque eram marcados pela noção de diferença: o rico e o pobre, o feio e o bonito, o bom e o mau, o baixo e o alto, o gordo e o magro, o caipira e o urbano, o culto e o ignorante. Em suma, os contrastes compunham o lado irônico dos fatos, exatamente porque partiam de um certo modelo de sociedade em que determinadas características destacavam-se como desejadas ou preferenciais, e outras, como negativas, que deveriam ser excluídas ou, no mínimo, ridicularizadas. O branco, alto, heterossexual, magro, moreno ou loiro, rico, culto, compunha uma espécie de modelo ideal de indivíduo, em relação ao qual todos os destoantes funcionavam como objetos da pilhéria e do humor. O negro, o homossexual, vez por outra a mulher, o pobre, o estrangeiro sempre foram objetos preferenciais dos programas humorísticos. Ocorre que nesse meio-tempo aconteceram alterações na forma como a sociedade estrutura seus valores e seus graus de prestígio, de tal maneira que essas dualidades não conseguem mais provocar o mesmo tipo de gargalhada. (...) O humor atual difere do antigo exatamente pela ausência do negativo, do indivíduo estereotipadamente ridicularizado e pela colocação de situações absolutamente corriqueiras, normais, cotidianas de vida como fatos humorísticos. Sob o rótulo de humor aparecem cenas que fazem parte do nosso dia a dia, da nossa política, e das quais rimos diante da televisão. Nesse sentido, a política, a economia, o esporte, a vida no trabalho, no lazer são fatos a ser humorizados – talvez por vivermos, sem o sentirmos nitidamente, em meio a um mundo, em essência, absurdo – devido ao desaparecimento da fronteira entre o que é seriedade e o que é humor. (FILHO, Ciro Marcondes. Televisão. São Paulo: Scipione. p. 72-74.) >> >> Apartamentos 32 e 141 Por dentro das opiniões... “– Os garotos e garotas da idade de vocês estão crescendo, graças à televisão, só com banalidades na cabeça. Os programas da moda, esses reality shows, que dizem imitar a vida real, mas só mostram o que a vida tem de banal, não valorizam nunca as atividades que precisam de cérebro (...).” (p. 55) “– ...A televisão mudou a humanidade para melhor! O século passado, o século XX, foi, sem dúvida, o século da informação... Há quem ache a televisão um meio de comunicação alienante, erotizante, que só estimula o consumo e a superficialidade...“ (p. 66) “– O telejornal é um outro exemplo! Em um país como o Brasil, onde quem tem dinheiro pra comprar jornais e revistas é uma parte muito pequena da população, como é que as pessoas vão se informar, senão pelos telejornais?” (p. 67) • Reúna-se com seus colegas para discutir as afirmações abaixo: – Em sua primeira fase, a televisão era caracterizada como um meio de comunicação em que as pessoas viam o mundo. Usava-se a metáfora da janela: a televisão era uma janela aberta para o mundo. 6 Explorando a leitura – O que marca a segunda fase da televisão é o fato de sua transparência desaparecer. Ela se torna opaca. Aquela janela que nos possibilitava ver os mundos lá fora, de repente, é encoberta; surge em seu lugar todo um conjunto de programas que passa a simular o mundo. • Observe que o autor do livro aponta divergências sobre a TV por meio dos argumentos da professora Teresa e do publicitário Eduardo, mostrando que o tema gera opiniões e sentimentos ambivalentes e contraditórios. – Após o debate do tema, proponha que todos se envolvam num Júri Simulado: “TV, janela aberta para o mundo ou uma grande fábrica de produção de fantasias?” A metáfora da teia de aranha pode ser usada para ilustrar a obra Televizinhos, de Toni Brandão, pois, nessa obra, as conexões são inúmeras, criando-se no processo um emaranhado de linhas cuja organização criativa do autor conduz o leitor por toda a trama do enredo. O objetivo desta proposta é mostrar alguns exemplos de projetos interdisciplinares que respondem a problemas locais e tentam manter a integridade do conteúdo das disciplinas, estabelecendo, ao mesmo tempo, conexões significativas entre elas. Orientações gerais O processo de construção do projeto pedagógico é fruto do trabalho coletivo que, ao mesmo tempo, organiza, articula e valoriza o trabalho individual. “Portanto, a proposta pedagógica da escola deve ser um esforço de construção coletiva envolvendo equipe de direção, professores, funcionários, alunos e pais; deve também favorecer a realização dos projetos individuais dos seus membros junto ao projeto coletivo da escola; deve ser construído num clima de diálogo e abertura e deve ser flexível o suficiente para favorecer sua própria renovação.” (Kleiman, Ângela B.) É importante que os alunos participem da discussão de questões relativas à or- >> >> ganização e implementação do projeto. Fazem parte dessas questões: – decidir em quanto tempo, aproximadamente, cada etapa do projeto se desenvolverá e destinar certo tempo por semana para seu desenvolvimento; – determinar o formato do produto final (relatório de pesquisa, pinturas ou cartazes, maquetes, campanha de mobilização da escola, feira, livro etc.) e as formas de divulgação dos resultados (artigos no mural ou no jornal da escola, palestras, cartas à comunidade, notícia no rádio ou TV local etc.); – elaborar um plano para atingir os resultados e um cronograma aproximado para a realização; – discutir os critérios que serão utilizados na avaliação. Levando em consideração as questões abordadas no livro Televizinhos, apresentaremos duas sugestões de organização temática: 1. Pluralidade cultural O livro de Toni Brandão apresenta ao leitor referências culturais voltadas para a pluralidade, característica do Brasil como forma da ampliação de horizontes, valorizando o convívio pacífico e criativo dos diferentes componentes da diversidade cultural. No apartamento 151, Dona Sarah, judia, ouve Ofra Haza; a moradora do 101, Dona Azize, é libanesa; no 81, Sr. Rodrigo, de família negra, ouve Bob Marley; e a Sra. Robson, da cobertura 2, sonha em voltar para a América. Vivências socioculturais – brincadeiras, festas, celebrações sociais. Expressões culturais diversas. Música popular brasileira. Artes aplicadas, em sua expressão e em seu uso indumentário, utensílios, decoração de moradias. Diferentes formas de habitação/organização espacial. Educação Física Diferentes formas de organização político-social e econômica; Grupos sociais brasileiros. História Educação Artística Filosofia PLURALIDADE CULTURAL Geografia Ciências A existência de centenas de línguas diferentes no Brasil. Língua Estrangeira Língua Portuguesa Relação e cuidados com o corpo em diferentes culturas: princípios alimentares, o que é bom de comer, o que se come, tradições culinárias, preparação do corpo para práticas socioculturais. 7 Diferentes culturas; Declaração do Direito da Pessoa Humana. Papel unificador da Língua Portuguesa. 2. Migração A relevância do tema para a construção de uma identidade coletiva em relação ao mundo e à globalização das relações é proporcional à sua relevância para a manutenção de valores e para o respeito mútuo de grupos diferentes numa sociedade em que grandes levas de indivíduos veem-se constantemente forçadas a migrar de uma região para outra no país ou para longe de sua terra natal. A obra Televizinhos aborda o tema migração com o personagem “Seu Raí”. Sua vida é desestruturada, em suas redes sociais, seus valores, suas formas de trabalho e de comportamento; por isso, seu “sonho” é retornar a sua cidadezinha, “lá no sertão da Bahia”. História Educação Física Ciências Migração/Imigração Educação Artística Geografia 8 Matemática Língua Portuguesa 1. Geografia – De onde vêm e para onde vão as populações que migram? Onde se estabelecem? Quais fatores influenciaram a migração: ambientais, políticos, religiosos etc.? Leitura cartográfica (mapa e atlas): localizar as regiões brasileiras que mais enviam força de trabalho para fora do país ou mesmo para outros Estados brasileiros. Como vive essa população nos grandes centros urbanos? 2. Língua Portuguesa – Qual a língua falada no Brasil? Em sua opinião, há uma língua brasileira? Existem variações entre o português falado no Sul do país e o falado no Nordeste? A língua portuguesa, assim como qualquer língua, está sujeita a modificações, por causa de influências que podem ser linguísticas, ambientais, culturais e socioeconômicas. Na sua comunidade, ocorrem variações linguísticas entre os falantes? Há predomínio de qual norma: culta ou popular? E os migrantes, utilizam as variedades regionais? 3. Literatura – Trabalhe textos poéticos e narrativos sobre o tema. Por exemplo, fragmentos de Vidas Secas, de Graciliano Ramos. 4. História – Quais os motivos do êxodo no Brasil e no mundo? Quais os problemas das minorias no Brasil? Como >> >> a migração afeta costumes e religiões? Que povos imigraram para o Brasil? Por quê? O livro faz referência a Abraão. A que povo ele pertence? Por que razão eles precisaram migrar? Narre a história de Abraão e seu povo. 5. Educação Artística – Músicas (sugestão: Brejo da Cruz, de Chico Buarque); fotos de Sebastião Salgado, que retratam as migrações pelo mundo todo; pinturas (sugestão: A série Os Retirantes, de Portinari). 6. Ciências – Quais são as causas (alimentares, climáticas) das grandes migrações? Quais os fatores ambientais que propiciam a migração? Por que razão os nordestinos deixam sua região? Fome? Falta de alimentos? Se a energia dos alimentos vem do sol, por que é que no Nordeste faltam alimentos? 7. Matemática – Realizar um censo para verificar taxas de imigração, representação gráfica do número de imigrantes em cada ano no país. 8. Educação Física – O professor Nicolau Sevcenko, ao enfocar os grandes deslocamentos do início do século XX, afirma: “Populações eram deslocadas rumo aos novos centros de produção, fazendo brotar cidades imensas da 9 noite para o dia. Nessas cidades, ninguém tinha raízes ou tradições, todos vinham de diferentes partes do país ou do mundo. Na busca de novos traços de identidade e de solidariedade, de novas bases emocionais de coesão que substituíssem as comunidades que cada um deixou, essas pessoas se veem dragadas para a paixão futebolística, que irmana estranhos, os faz comungar sonhos, consolida gigantescas famílias vestindo as mesmas cores”. Qual o papel do futebol na vida dos imigrantes que vieram para o Brasil? Quais times eles fundaram? Faça uma pesquisa sobre a origem de alguns times, seus hinos e escudos (por exemplo, Palmeiras – Palestra Itália). QUER SABER MAIS? Para um trabalho mais aprofundado sobre “Projeto interdisciplinar” e os temas abordados na obra Televizinhos, de Toni Brandão, consulte as obras: ARBEX, José. O Poder da TV. São Paulo: Scipione, 1995. CHAUÍ, M. Conformismo e Resistência. – Aspectos da cultura popular no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1986. FILHO, Ciro M. Televisão. São Paulo: Scipione, 1994. KLEIMAN, Ângela B. Leitura e Interdisciplinaridade: – Tecendo redes nos projetos da escola. Campinas: Mercado de Letras, 1999. MORAN, J. M. Como Ver Televisão: – Leitura crítica dos meios de comunicação. São Paulo: Paulinas, 1991. ANEXO A NEXO TTEÓRICO EÓRICO Metodologia da Interpretação Vivemos em uma sociedade grafocêntrica, embora se saiba que essa posição conferida à palavra escrita não significa exclusividade; não só porque há culturas que dela prescindem, mas também porque, na atualidade, confere-se à imagem uma nova dimensão. Mas isso não impede que nos aproximemos da escrita informativa ou poética – com certo respeito. Com o objetivo de possibilitar a construção contextualizada, no qual o aluno deverá da compreensão de diferentes textos, que interpretar o texto narrativo. abordam dos fatos mais simples aos mais O terceiro momento, o da aplicação, forcomplexos, dos mais concretos aos mais mado pelos dois precedentes, é o da reabstratos, valemo-nos da metodologia dos cepção efetiva do texto, quando há formatrês olhares – Metodologia da Interpreta- ção de julgamento estético e, com ele, a ção – para auxiliar o ato da leitura. Essa atualização do texto. Esse momento abarmetodologia tem sido vista como uma uni- ca dois níveis de leitura: o nível da leitura dade tripartida em compreensão, interpre- crítica, no qual o aluno deverá apreender tação e aplicação. o discurso temático e ampliar o seu horiAssim, o primeiro momento, o da compreensão, quando se faz o primeiro contato com o texto e a apreensão dos seus referenciais, corresponderia ao nosso nível de leitura literal, no qual o aluno deverá reconhecer os elementos da superfície do texto, como personagens, espaço, tempo. Para isso, faz-se necessário, evidentemente, ter domínio do código da língua portuguesa. zonte de expectativa, dialogando com outros textos, formadores de sua história de leituras e que abordem o mesmo tema, e o nível da metaleitura, no qual o aluno deverá ter o domínio do conhecimento, pela apropriação do discurso metalinguístico. Conceitos e teoria dessa metodologia podem ser aplicados à leitura do texto verbal e não verbal, uma vez que ela admite a interO segundo momento, o da interpretação, textualidade e a interdisciplinaridade; enfim, quando o aluno, pelo exercício da herme- o dialogismo entre textos de áreas diferennêutica, dialoga com o texto, dá-se pela tes, mas de conteúdos complementares. concretização de uma leitura mais apurada, tendo por base o horizonte de expectativa da primeira leitura. Esse momento corresponde, para nós, ao nível da leitura 10 Método dos três olhares à luz da estética da recepção apresentado no quadro a seguir: 1o MOMENTO Olhar receptivo 2o MOMENTO Olhar mediador 3o MOMENTO Olhar ativo Encontro do leitor com um mundo que não conhece Encontro do leitor com o mundo significativo Encontro do leitor com o mundo novo que agora conhece Uma leitura que apanha os elementos significativos, sinais, referentes Uma leitura de diálogo com o texto, por meio da pergunta e da resposta Uma leitura de cruzamento do ver e do sentir, do exterior e do interior, ou seja, cruzar experiências Olha e vê Olha, vê, interroga e busca Olha, encontra, associa, reúne, interioriza, vê e lê O que importa Reconhecer os elementos significativos, sinais, referentes O exame da realidade representada, por meio do questionamento da busca dos porquês, causas e motivos A integração do novo que se vê e do antigo que é a experiência do já visto, fusão de horizontes, ampliação de conhecimento O que resulta Compreensão VER-POR-CONHECER Interpretação VER-E-PENSAR Aplicação VER-PENSAR-LER MOMENTOS DO OLHAR O que acontece O que faz Como faz 11 Bibliografia JAUSS, H. R. A História da Literatura como Provocação à Teoria Literária. São Paulo: Ática, 1994. LONTRA, Hilda Orquídea Hartmann (org.) Leitura e Literatura Infantil - Questão do ser, do fazer e do sentir. Oficina Editorial do Instituto de Letras da UnB: FINATEC, 2000. ZILBERMAN, Regina (org.). Leitura - Perspectivas Interdisciplinares. São Paulo: Ática, 1988. Este projeto de leitura está com a Nova Ortografia conforme o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
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