Guerra de Alto Nível

Transcrição

Guerra de Alto Nível
Ana Mendez Ferrell
Guerra de Alto Nível
Título Original: High Level Warfare
Copyright © por Voice of The Light Ministries
Publicado de acordo com Voice of The Light Ministries
ISBN: 978-85-99664-48-3
Todos os direitos reservados © à Editora Valente
Categoria: Batalha Espiritual
Diagramação e editoração: Editora Valente
Tradução: Daniela Sá
Revisão de Texto: Juliana Oliveira
Capa: Editora Valente
Todos os direitos são reservados. Deverá ser pedida a permissão por escrito à
Editora Propósito Eterno para usar ou reproduzir qualquer parte deste livro, exceto
por breves citações, críticas, revistas ou artigos.
Ferrell, Ana Méndez
Guerra de Alto Nível/ Ana Mendez Ferrell / Rio de Janeiro: Editora Valente /
Propósito Eterno, 2011
ISBN: 978-85-99664-48-3
1. Ataques Espirituais 2. Guerra Espiritual 3. Vida Cristã 4. Treinamento 5. Ana
Mendez 6. I.Título
SUMÁRIO
Prefácio ....................................................................................................................................4
Introdução ................................................................................................................................5
Capítulo 1
O exército de Deus está paralisado pelo medo .......................................................................7
Capítulo 2
Quem é Ana Mendez? ...........................................................................................................12
Capítulo 3
O enfoque correto na guerra espiritual...................................................................................23
Capítulo 4
Os diferentes tipos de guerra .................................................................................................41
Capítulo 5
Quem são os chamados para a guerra?................................................................................51
Capítulo 6
Os percalços da guerra ..........................................................................................................64
Capítulo 7
Ataques do diabo ou obra de Deus?......................................................................................81
Treinamento ...........................................................................................................................91
DEDICATÓRIA
Dedico este livro, primeiramente, a meu Pai Celestial, a Jesus
Cristo e ao Espírito Santo. Em seguida, a meus pais espirituais na Terra,
Dr. Morris Cerullo e sua esposa Teresa, os quais me deram “a luz” no
ministério de guerra espiritual, treinando-me e ungindo-me para que
Deus me desenvolvesse e me tornasse o que agora sou.
Dedico também à minha equipe de combate, a qual tem dado a vida
a meu lado nas poderosas batalhas que temos travado: Flory Gonzáles,
Liliana Torres, Mary Corona e meu esposo, Emerson Ferrell.
PREFÁCIO
A Igreja está sendo chamada para guerra em níveis raramente
experimentados em seus dois mil anos de história. Entretanto, um
movimento contra a guerra também está se levantando, proclamando
que Jesus Cristo não nos deu de fato toda a autoridade contra o inimigo.
Não conheço ninguém tão qualificado para abordar essa questão quanto
Ana Mendez Ferrell.
Isso com bastante profundidade bíblica, moldada por intensas
experiências pessoais no mundo espiritual, tanto do lado das trevas como
da luz. Ana nos mostra claramente o caminho pelo qual devemos andar.
Este livro é essencial para todo obreiro cristão que leva a guerra
espiritual a sério.
Dr. C. Peter Wagner
Chanceler de The Wagner Leadership institute
INTRODUÇÃO
“Eu mesmo ordenei aos meus santos; para executarem a minha ira
já convoquei os meus guerreiros, os que se regozijam com o meu
triunfo. Escutem! Há um barulho nos montes como o de uma grande
multidão! Escutem! E uma gritaria entre os reinos, como nações
formando uma imensa multidão! O SENHOR dos Exércitos está
reunindo um exército para a guerra. ”
Isaías 13:3-4
Deus está recrutando um poderoso exército para lutar a batalha do
fim dos tempos, revestindo-o de poder para conquistar uma grande
colheita de almas. Por essa razão, Ele tem trazido à Sua Igreja um
entendimento mais claro de como travar a guerra espiritual contra o
império das trevas nas regiões celestiais.
Para lutar nesses níveis, precisamos conhecer os fundamentos e os
princípios da guerra espiritual que nos permitirão sair ilesos do combate,
sem sofrermos retaliações ou contra-ataques. Este livro está baseado em
profundas revelações e extensas experiências pessoais na esfera da
guerra espiritual. Creio que somente a teologia não basta, mas também
precisamos conhecer a experiência de pioneiros que têm pago um alto
preço para cumprir o chamado de Deus. Além disso, com esses
entendimentos, iremos adquirir uma base sólida que nos ajudará a sair
vitoriosos do combate.
Acredito que aqueles que já vivenciaram os perigos, os erros e as
estratégias de guerra e saíram vitoriosos são os mais qualificados para
nos trazer luz sobre o assunto. Em todos os grandes moveres do Espírito
Santo, o diabo sempre levanta resistência por parte dos que nunca
receberam uma revelação profunda a cerca do que Deus está fazendo e é
por isso que esses opositores têm “opiniões tão fortes”.
O rei Saul tinha “uma opinião forte” de como vencer Golias com sua
pesada armadura, mas a verdadeira sabedoria e a unção para realizar isso
foram experimentadas pelo pequeno Davi. Isso não é exceção no contexto
da guerra espiritual e tem causado grandes estragos ao reino das trevas.
Por essa razão, considero estratégico escrever e instruir sobre a
guerra de alto nível nas regiões celestiais com o objetivo de trazer
segurança e coragem aos que precisam levar essa guerra adiante.
É possível sair vitorioso e sem sofrer graves retaliações do inimigo,
mas, para isso, há algumas estratégias de guerra que precisamos observar
e compreender.
Nestas páginas, você encontrará revelações que não costumam ser
ouvidas nas igrejas, fruto de uma vida de consagração a Deus com o
propósito de destruir as obras do diabo. Também apresentaremos os
erros cometidos durante os anos de aprendizado, necessários para
treinar o exército de Deus, além de reflexões mais profundas sobre a
guerra espiritual, obtidas exclusivamente após inúmeras batalhas e
vitórias.
Creio que Deus inspirou este livro para que Sua luz possa esclarecer
muitas das dúvidas levantadas por Seus corajosos guerreiros, as quais os
livros de teologia em geral não conseguem responder; perguntas válidas
que surgem em meio a vozes de confusão lançadas pelo diabo para
desanimar os verdadeiros guerreiros de Cristo.
Que Deus ilumine os olhos do seu entendimento ao ler estas
páginas e o inspire a se alistar no exército terreno do Deus vivo!
CAPÍTULO 1
O EXÉRCITO DE DEUS ESTÁ PARALISADO PELO
MEDO
“Pois Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor
e de equilíbrio."
II Timóteo 1:7
Desde o início da década de 90, começamos a ver, conforme Deus
nos revelava, um crescente desenvolvimento e maior entendimento sobre
a guerra espiritual. Deus começou remover os véus das Escrituras,
permitindo que vários profetas começassem a entender como as
potestades e principados demoníacos estão estruturados e como operam
no mundo espiritual. Além disso, o Senhor continuou a trazer
conhecimento sobre como derrubar essas fortalezas no reino espiritual e
proporcionou uma abertura nos céus que transformará lares, cidades e
nações. Tudo isso deu à luz um poderoso exército por todo o mundo, o
qual começou a abalar o reino das trevas, trazendo tremendos avanços
para o Reino de Deus.
Pela graça do Senhor, faço parte desse exército como um dos seus
generais. Graças ao indescritível poder de Deus, tenho podido vencer
gloriosas batalhas em alguns dos lugares mais obscuros da Terra. Temos
lutado inúmeras guerras nas regiões celestiais contra poderosas
fortalezas espirituais demoníacas, levando libertação a milhões de
pessoas que se encontravam sem esperança, aprisionadas sob o terrível
jugo da opressão demoníaca. Temos visto maravilhosos avivamentos em
lugares onde era praticamente impossível o Evangelho penetrar; regiões
antes condenadas a ser cemitérios de pastores, onde as forças ocultas do
inimigo mantinham as igrejas em um enorme estado de letargia e quase
sem esperança.
Na grande maioria das nações governadas intensamente por forças
demoníacas, muitas das igrejas não sabem como se defender contra os
ataques do diabo. O inimigo as tem subjugado constantemente, enquanto
milhões de pessoas são arrastadas ao inferno todos os dias.
Em Sua infinita misericórdia, Deus começou a levantar um exército
de pessoas corajosas e firmadas, dispostas a entregar a vida pelo Senhor,
até mesmo a morrer por Ele. São guerreiros que têm tido a ousadia de
confrontar as forças da iniquidade para que o Evangelho possa penetrar e
salvar milhares de almas perdidas. Ao ver os poderosos resultados de
guerras genuínas dirigidas por Deus através de verdadeiros profetas,
muitos foram inspirados a seguir nossos passos. Alguns conseguiram
com grande êxito; outros, infelizmente, foram vitimas de graves
infortúnios.
A razão desses ataques é que nem todo cristão é chamado para
lutar na linha de frente, enquanto que os que recebem tal chamado ainda
precisam aprender a se manter a salvo dos ataques do diabo. Também há
irmãos motivados por suas próprias emoções que agem sem comando de
autoridade e que têm travado suas próprias batalhas contra esses
espíritos territoriais e saído terrivelmente feridos dos campos de
combate.
O resultado dessa iniciativa ignorante de confronto tem
proporcionado ainda mais contra-ataques do diabo, produzindo mais
desastres que bênçãos. Mas a maior de todas as desvantagens é que o
inimigo usa tais erros para derramar uma forte onda de medo sobre a
Igreja e levantes contra a guerra espiritual. A estratégia do diabo é
paralisar o verdadeiro exército de Deus e impedir o avanço do Evangelho
pelas nações para que nunca alcancem total libertação.
Infelizmente, vários profetas, pastores e líderes - bombardeados
pelas consequências negativas causadas por esses guerreiros
despreparados — têm fechado as portas para o levantar do exército de
Deus. Isso é até compreensível, no entanto, a confusão, a ignorância e o
medo não provêm de Deus, mas do diabo, que tem uma estratégia muito
bem elaborada para vencer a guerra.
Há uma multidão de pastores se levantando para impedir a
destruição das fortalezas demoníacas no Segundo Céu e que não param
para pensar que essa guerra nunca cessará se o exército de Deus
continuar acuado. O diabo não vai cruzar os braços nem ignorar a Igreja
só porque ela não quer lutar. Não temos ouvido milhares de vezes que ele
vem somente para roubar, matar e destruir? É muito mais fácil atacar
uma casa que mantém a porta desprotegida do que uma com vigias
equipados com poderosas armas, escudos e exércitos.
Sob o pretexto de que “é melhor ser prudente c conservador” (no
qual fui doutrinada), o diabo tem infiltrado no meio do exército de Deus
poderosos espíritos de terror com o objetivo de paralisá-lo e dissolvê-lo.
Se essa onda começar a diminuir, é porque o inimigo tem sofrido danos
irreparáveis e tentado nos impedir com todas as táticas necessárias e
meios a seu dispor.
Novas teologias estão emergindo em muitos lugares, ensinando ao
povo de Deus que o Senhor não nos deu poder para lutar contra
principados e potestades nas regiões celestiais, e afirmando que, se
tentarmos fazê-lo, seremos vítima de enormes tragédias.
A teologia deve estar baseada na Palavra de Deus, não nas
experiências negativas dos que agiram por ignorância e sem ordem de
comando.
Deus tem me dado a graça e a oportunidade de viajar para uma
grande quantidade de países em todo o mundo e de ouvir as vozes de
muitos maravilhosos intercessores que Deus tem usado com o propósito
de desfazer as obras do diabo, estabelecendo o Reino do nosso Senhor
pelas nações. Infelizmente, os rumores e os livros contendo esses novos
conceitos e teologias têm incutido medo, deixando os intercessores
intimidados e confusos. A glória do Senhor não está sendo levada às
regiões menos evangelizadas do mundo porque o exército de Deus está
paralisado pelo medo, temendo sofrer grandes desgraças e tragédias caso
se engajem nessa guerra. A grande colheita não está avançando, nem as
doutrinas sobre o governo de Deus sendo levadas aos lugares mais
obscuros da Terra.
É muito fácil dizer às pessoas: “Não se envolvam com guerra
espiritual” nos lugares que já foram evangelizados há séculos. Porém,
enquanto cantamos “aleluia” em nossos lindos templos, há gente sendo
despedaçada pelo diabo na África, na América Latina, na Ásia e na
Europa; os Estados Unidos estão ruindo por causa das fortalezas de
Satanás. Poderosos espíritos territoriais de bruxaria estão destruindo
nossos irmãos e a única coisa que ouvem é “Não se envolvam com
guerra”. São vidas preciosas que vivem sem poder, sem esperança e
expostas aos desejos e vontades do diabo.
Há pastores que vêm a mim dizendo “Minha igreja é muito
pequena e estamos em uma região cheia de bruxos. Os espíritos malignos
adentram minha casa, levantam meu filho e o arremessam contra a
parede. Ele é uma criança consagrada a Deus e não temos idéia de como
nos defender”. Visitei igrejas estabelecidas bem no meio de linhas de
poder (chamadas de linhas-lei) nas quais tais espíritos territoriais as
deixam em frangalhos. Estão repletas de enfermidades, adultérios e
podridão porque ninguém sabe como confrontar o diabo.
Em certa ocasião, uma igreja poderosa em Colorado Springs me
ligou dizendo: “Estamos sendo invadidos pela morte. Todos os anciãos
morreram e houve visões e sonhos nos quais nosso pastor sênior também
morria. Não sabemos o que fazer”.
Essa igreja havia sido construída sobre um antigo cemitério
indígena e os espíritos territoriais exigiam vidas com pagamento por
terem profanado seu santuário. Se não tivéssemos guerreado nas regiões
celestiais contra esse principado territorial, hoje aquele pastor estaria
morto.
Em outra ocasião, tivemos uma experiência em Uganda, que me
encheu de ira divina e foi a gota d’água para escrever este livro.
Chegamos à cidade de Masaka, que estava sob o controle de um feiticeiro
que governava a localidade de uma montanha próxima.
Ao encontrarmos o pastor que nos convidara, vimos que algo estava
seriamente errado. Seu rosto estava bem abatido e sua voz denotava um
fardo terrível. Ele começou a nos contar como o feiticeiro, juntamente
com sua gente, estava matando um irmão da igreja por mês. “Estamos
desesperados e apavorados”, ele nos disse com lágrimas nos olhos. “Não
sabemos o que fazer e sofremos pensando em quem será a próxima
vítima”.
Então, ele nos mostrou um livro popular escrito por um profeta do
nosso tempo: “A pior coisa é que nós já não temos esperança e
aprendemos que é muito perigoso realizar guerra espiritual, então nos
enviaram este livro sobre as desgraças que acontecem aos guerreiros que
tentam fazer isso. Você, irmã, o que acha? Temos que aceitar morrer sem
fazer nada? É verdade que não temos autoridade nas regiões celestiais?”
“E claro que temos”, contestei furiosa e indignada com tal doutrina.
“Vamos dar um fim a esse problema. Nossa equipe enfrentará esse
feiticeiro e todos conhecerão quem é o verdadeiro Deus”. Realizamos
uma guerra poderosa que culminou em um encontro como o de Elias
com os sacerdotes de Baal no Monte Carmelo. Deus Se manifestou
poderosamente derrotando o bruxo e metade de sua gente se converteu a
Cristo. O resultado dessa batalha acabou com as mortes e mudou a
atmosfera espiritual de toda a cidade. Foi o fim da violência nas ruas e o
governo restaurou e revitalizou a localidade.
O desânimo e o medo de se envolver com guerra espiritual
estratégica, sob a ameaça de sofrer contra-ataques táticos, a confusão dos
guerreiros e as armas no chão não são fruto de uma doutrina proveniente
de Deus. Por outro lado, e nisso me alegro, tais doutrinas estão afastando
da linha de frente aqueles que nunca deviam ter estado ali. E é muito
melhor que permaneçam sob a proteção e a vontade de Deus, fazendo a
obra que o Senhor lhes determinou no Corpo de Cristo.
Isso não significa que o diabo não irá atacá-los. Todo cristão deve
estar armado e ciente das estratégias do inimigo. Ninguém está isento de
um desses ataques do Segundo Céu. E quando eles acontecerem, não
creio que alguém possa dizer a Satanás: “Sinto muito, mas não lutamos
contra principados do Segundo Céu”. Irmãos, nesses momentos, é muito
melhor você estar preparado porque não somos nós — os cristãos —
quem estamos iniciando os fogos de ataque. O diabo está em nossos
territórios disparando em todas as direções, destruindo nossa sociedade,
arrastando milhões ao inferno (incluindo sua família, se você não lutar
por ela), muito antes de sequer alguém começar a falar sobre guerra
espiritual.
Estou sendo inspirada por Deus a escrever este livro, sem qualquer
intenção de atacar ninguém, mas sim de desfazer essa onda de medo e
confusão lançada sobre o verdadeiro exército de Deus. Meu desejo é abrir
seus olhos para a verdade que Deus quer que você conheça, gerando
ousadia, coragem e uma autêntica unção de guerra nos que foram
chamados para lutar juntos com Cristo.
Abençoo os que já tentaram, com um coração sincero e com as
melhores intenções, proteger o povo de Deus de erros desnecessários. No
entanto, temos de nos lembrar sempre: “Pois a nossa luta não é contra
seres humanos, mas contra os poderes e autoridades, contra os
dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal
nas regiões celestiais” (Efésios 6:12).
Este é o testemunho que quero que você conheça, de um general de
Deus que tem lutado contra principados, potestades e dominadores das
trevas no nível mais alto nas regiões celestiais, vencendo sem sofrer as
perdas da guerra.
Pretendo fazer uma análise incisiva e, ao mesmo tempo, trazer um
poderoso entendimento de como travar intensas guerras espirituais no
Segundo Céu e ilustrar como vencer na autoridade e no poder de Cristo,
evitando erros desnecessários. Este livro não é baseado nas experiências
de outros, mas em uma vasta experiência e entendimento do mundo
espiritual que tenho adquirido pela graça e favor de Deus.
Minha oração sincera e profunda é para que seja levantado um
exército de Deus corajoso de grande valor e capacitado para combater na
sabedoria do Altíssimo até o dia em que o mundo esteja repleto do
conhecimento da glória de Deus.
CAPÍTULO 2
QUEM É ANA MENDEZ?
‘“Se podes?', disse Jesus. ‘Tudo é possível àquele que crê.”
Marcos 9:23
Este é o testemunho de como Deus me resgatou do sacerdócio vodu
quando me chamou para servi-lO.
Eu tinha 18 anos quando Jesus Cristo apareceu em meu quarto. Era
noite e o céu estava nublado devido à temporada de chuvas. Eu estava me
preparando para um exame final quando algo me tirou a concentração
dos estudos. Comecei a ter a impressão de que alguma força
extremamente poderosa sumamente me atraía para a janela. Levanteime curiosa para ver o que era aquela força que me seduzia.
Como foi grande minha surpresa ao ver uma luz maravilhosa
brilhando em meio às nuvens! Era como uma estrela gigantesca, algo que
nunca havia visto em toda minha vida. Fiquei uns momentos tentando
descobrir o que aquilo poderia ser quando, de repente, uma luz bastante
intensa se desprendeu da estrela e entrou pela janela, enchendo meu
quarto com um brilho extremo.
Caí no chão como se estivesse morta, incapaz de levantar o rosto
nem mover nenhuma parte do corpo. Não conseguia conter as lágrimas
que fluíam dos meus olhos, meu coração mal suportava estar na presença
de tamanho amor e bondade indescritíveis. Uma estranha combinação de
sentimentos surgia em mim. Sentia-me suja e, ao mesmo tempo, a
mulher mais privilegiada do universo.
De repente, deixei de perceber o que me rodeava e me encontrei em
um êxtase maravilhoso. Não sabia o que estava acontecendo, mas meus
olhos viram o Senhor Jesus em toda Sua majestade. Eu estava submersa
na sabedoria e no conhecimento de Deus que, durante toda aquela
experiência, tudo me era revelado. O que antes me era oculto agora
estava na luz.
O Senhor falou e, com dificuldade, eu escrevia tudo em um pedaço
de papel. Não me lembro quantas horas se passaram até que, aos poucos,
a visão foi desvanecendo e eu me encontrei deitada no chão, banhada em
lágrimas e com um papel na mão que dizia: “Eu sou Jesus Cristo, teu
Senhor. Vim para dizer a você que, no seu devido tempo, Eu me tornarei
conhecido para você, pois será Minha serva. Virei a você através de um
homem de olhos azuis”.
A partir daquele momento, senti-me profundamente inundada com
o amor de Jesus e então comecei a mais desesperada das buscas por
encontrá-lO outra vez e servi- ÍO. Naquele tempo, praticamente não
existiam igrejas cristãs no México (não onde eu cresci, pelo menos), pois
não se f alava disso no meio em que eu vivia. Recebi uma criação católica,
então o único lugar que me ocorreu foi a instituição Romana.
Pouco depois daquele encontro com Jesus, em 1974, fui morar na
França, onde me dediquei a assistir à missa e a tomar a hóstia todos os
dias. Passaram-se dois anos sem que eu sentisse novamente a
manifestação da presença de Jesus.
Lembro-me de ir aos parques e dizer às pessoas como é importante
buscar a Jesus porque Ele é nosso Salvador. Fui insultada e humilhada
muitas vezes, mas sabia que aquilo era verdade e que o mundo precisava
conhecê-la. Não tinha consciência de que precisava ler a Bíblia, pois isso
era proibido pela Igreja Católica nos países da América Latina; somente
os sacerdotes podiam lê-la. A perseguição dos parisienses que não me
entendiam, a frieza e a mentalidade restrita da igreja romana foram
extinguindo a chama dentro de mim até que concluí que Jesus não podia
ser encontrado naqueles lugares. Deixei de ir à missa e passei a procurálO em outras religiões. Foi então que decidi ingressar nas religiões
orientais, que apresentavam um “avatar” chamado Jesus. Eu queria
encontrá-lO onde quer que Ele estivesse. Após dois anos de meditações e
yôga, percebi que esse maravilhoso Jesus não estava nessas filosofias.
Foi então que alguém me disse que um encontro assim somente se
sucede através dos iluminados. Essa era uma experiência que poucos
tinham o privilégio de conhecer e, se eu fosse escolhida, eles poderiam
me ajudar. Apresentaram-me informações a respeito de um homem que,
aparentemente, tinha tais qualidades. Foi assim que cheguei a conhecer
um poderoso mago de uma elevada ordem esotérica. Ele era um grande
intelectual, muito bem instruído no conhecimento das mais profundas
correntes do ocultismo.
Seu discurso parecia tão fascinante para mim. Ele falava de Deus,
do universo, de poderes místicos e de mundos que me deixavam sem fala.
Compartilhei com ele minha busca por Jesus e Seu Reino, do meu desejo
de conhecer a Jesus de maneira poderosa e sobrenatural; não o Jesus
morto em uma cruz e continuamente exposto nos altares católicos. Ele
sorriu de maneira encantadora e me disse que certamente era a pessoa
certa para me ajudar.
Ele apanhou uma Bíblia e a abriu em João capítulo três, onde Jesus
fala com Nicodemos sobre o novo nascimento. Ele disse: “E necessário
que você nasça de novo para entrar no Reino de Deus, que é o reino do
sobrenatural e da magia. Para isso, temos que entregar seu espírito à
morte, já que ninguém pode nascer de novo sem primeiro morrer para as
coisas fúteis e materiais deste mundo. E através do entendimento da
morte que se consegue penetrar na vida maravilhosa de Jesus”. A Bíblia
aberta e a esperança de encontrar Jesus foram suficientes para me levar
ao engano. Devido à minha ignorância, caí na armadilha mais terrível e
diabólica da minha vida.
Então planejamos minha cerimônia de iniciação, em grande parte
baseada nos sacrifícios de animais mencionados no livro de Levítico. Era
necessário que o iniciado se cobrisse com o sangue do animal, o qual,
segundo ele, representava o sangue da expiação. Quando cheguei à casa
do feiticeiro, vestida com minhas vestes cerimoniais brancas, encontrei-o
usando uma longa túnica negra de gola vermelha. Sua assistente também
se vestia da mesma forma.
No meio da sala pude ver uma mesa comprida coberta com um
manto negro e uma vela em cada canto. Uma estátua de Santa Terezinha,
padroeira da morte, encontrava- se em uma das cabeceiras. De um lado
da mesa estava preparada uma lareira com duas varas e “govies” (potes
de cerâmica com tampas nos quais “habitavam” espíritos auxiliadores).
As varas eram o meio pelo qual o espírito da morte se comunicava, como
me explicou o feiticeiro. No outro lado da mesa havia muitas estátuas de
santos e virgens posicionadas como observadores da cerimônia, as quais
não me causaram nenhuma estranheza porque eram as mesmas que eu
via na igreja romana. Acompanhando-me estavam minhas três
assistentes virgens, com a atribuição de me ajudar e me acompanhar
durante toda a cerimônia.
O momento chegou e uma bela sinfonia de Wagner começou a
tocar. Esse tipo de musica é parte de uma sedução mística. O lado
obscuro do mundo espiritual não só tem sons estridentes de rock and
roll, mas também o tipo de música que fascina os sentidos, conduzindo a
uma sublime fascinação na qual todas as fibras da alma são tocadas.
Tratam-se de estratégias do diabo, elaboradas para nos fazer baixar a
guarda a fim de sutilmente penetrar e possuir a alma desprotegida. Havia
uma expectativa no ar, algo poderoso que nos cativava e nos impelia a
agir.
O mago começou a invocar as forças espirituais para que entrassem
em ação. Depois, após uma série de encantamentos, ele pegou o pão e o
vinho e me deu como símbolo do pacto. Aos poucos, ele começou a se
transformar em uma presença diferente que agora falava através dele,
mantendo o mesmo tom fascinante.
Ele ergueu os pássaros que trouxeram para o sacrifício: dois galos e
duas pombas brancas. Com o sangue dos galos, começou a dar banho nas
imagens dos santos e das virgens, invocando sobre elas os nomes dos
deuses africanos representados por cada uma delas. Em seguida, ele
degolou as pombas e escorreu o líquido de suas entranhas sobre mim,
indicando às minhas virgens que me ajudassem a tirar a roupa em outro
quarto, depois me cobrindo como múmia para uma celebração fúnebre.
Fui envolta com faixas de sepultamento, carregaram-me e me colocaram
sobre a mesa com o manto negro, representando meu sepulcro.
O bruxo prosseguiu lendo a liturgia católica para os mortos,
invocando o espírito da morte para que viesse sobre mim e terminou
dizendo: “Ana Mendez, descanse em paz!”. Então ele apagou as luzes,
deixando acesas somente as quatro velas em torno do meu sepulcro.
Fiquei sozinha no quarto com minhas donzelas, sem poder me mexer por
causa das faixas. Estava igualmente cheia de medo e tomada por uma
estranha emoção que nunca sentira antes.
Por um longo momento, tudo o que ouvíamos era o “tic-tac” do
relógio. De repente, senti uma força se apoderando de mim e, naquele
instante, encontrei-me fora do corpo, flutuando em meio ao recinto.
Naquele momento, as varas inclinadas sobre a fogueira se ergueram
sozinhas, suavemente batendo no chão em um ritmo de marcha. Eu
observa tudo aquilo atônita de cima quando, de repente, uma figura de
fumaça negra com compridas mãos cadavéricas começou a emergir da
imagem de Santa Terezinha. Ela tinha um rosto cadavérico e seu cabelo
era longo e desarrumado. Com suas unhas afiadas, ela começou a se
dirigir até onde estava meu corpo, que se encontrava sobre a mesa. Eu
queria gritar para que ela parasse, mas do lugar onde flutuava, não
conseguia fazer isso. Em questão de segundos, ela entrou em meu corpo e
não pude mais vê-la. Depois, outras figuras saíram da fogueira,
compostas de uma fumaça esverdeada e também entraram em meu
corpo.
Naquele instante, voltei à minha carne e pude sentir um poder
muito forte em todas as células do meu corpo. Sentia-me como uma
bateria carregada em uma rede elétrica de alta tensão. A força magnética
em mim atraiu as varas em forma de cruz sobre meu peito e duas garras
invisíveis de ave se apoderaram do meu cérebro. Uma das virgens deu
um longo e profundo grito, dizendo: “Estão arrancando a minha alma,
estão me levando”. O mago adentrou de repente o recinto e realizou a
iniciação do novo nascimento enquanto outra assistente ajudava a
companheira. Em um gesto simbólico, ele fez a mímica de uma parteira
tirando um bebe do ventre de sua mãe e assim me retirou de cima da
mesa, dizendo: “Agora você nasceu de novo; nasceu nos poderes do
misticismo”, e prosseguiu dando-me um nome de iniciação.
Saímos daquela cerimônia, mas eu não era a mesma, estava agora
totalmente possuída por uma força que controlava todos os meus passos
no mundo do ocultismo. Sob terrível engano, minha alma havia feito um
pacto com o diabo. Certamente ninguém nunca havia me dito que eu
havia entrado em uma aliança com Satanás, pois criam que praticavam
uma magia branca inofensiva, não a magia negra praticada pelos
seguidores de Lúcifer. O Feiticeiro declarou: “Temos aliança com
espíritos de luz, provenientes de nossos falecidos irmãos santos e virgens,
cuja missão é nos ajudar em nosso caminhar na Terra”. Aos poucos fui
percebendo que aquilo não era verdade. Uma frase ressoava dentro de
mim: “Uma vez que você entre nesse caminho, não há saída”.
Comecei a trabalhar com o mago fazendo trabalhos de feitiçaria,
fetichismos, leitura de cartas e atraindo para a bruxaria quantas pessoas
pudesse.
As vozes dos espíritos que me possuíam se tornavam cada vez mais
claras. Eles eram muito poderosos, tinham a faculdade de curar doenças
e de realizar exorcismos, os quais não passavam de mentira porque
tirávamos o demônio de alguém e colocávamos muitos outros no lugar,
fazendo a pessoa ir embora feliz achando que havia sido liberta. Além
disso, efetuavam vinganças terríveis contra quem quiséssemos.
Em pouco tempo, o bruxo percebeu minhas fortes habilidades
místicas e me convidou para uma forma de triângulo de poder junto com
outra bruxa amiga nossa. As cerimônias se tornaram mais poderosas,
sempre realizando sacrifícios com animais cada vez maiores. Os feitiços e
os demônios que nos possuíam se tornavam cada vez mais fortes
conforme adquiríamos mais poder.
Entrávamos nos cemitérios à meia-noite, sob a lua cheia, e
convocávamos os mortos para que se tornassem nossos aliados. O acesso
ao mundo espiritual e as visitações de mensageiros disfarçados de anjos
de luz eram o nosso pão de cada dia. E o poder que saía de mim (dos
meus demônios) tornava-se cada vez mais forte.
Minha personalidade havia se transformado notoriamente e meu
coração estava cheio de ódio por todo o mundo. Eu havia me tornado
uma pessoa extremamente violenta, com uma força capaz de surpreender
até mesmo homens musculosos. Estava cheia de arrogância e desprezava
a todos. Desenvolvi uma sede por matar. Nunca matei um ser humano,
graças a Deus, mas gostava de sacrificar animais. Eu tinha a mesma
sensação de um usuário de drogas quando sentia o poder vital dos
demônios sendo passado para mim nos espasmos da morte.
À medida que crescia no conhecimento e subia nos diferentes graus
do ocultismo, o diabo começou a se manifestar para mim. O que começou
com visitações de um ser incrivelmente belo que vinha me instruir e me
seduzir para que fosse sua esposa, depois se transformou no ser real, feio
e horrendo que na verdade ele é. Sua gentileza, no começo encantadora e
fascinante, tornou-se uma tirania, e eu tinha de obedecer a todas as suas
ordens.
Qualquer recusa resultava em um imediato tormento por demônios
que vinham me açoitar. Minha casa era completamente assombrada.
Fantasmas entravam, saíam e viviam continuamente ali. Passava noites
inteiras aterrorizada por espíritos com a missão de me torturar até me
deixar esgotada.
Por outro lado, os demônios me favoreciam com fama, dinheiro e
amigos influentes. No entanto, comecei a notar algo que não se encaixava
com tudo o que Satanás dizia sobre si. Eu havia sido iniciada no
sacerdócio da magia vodu, algo parecido com Paio Mayombe (alto nível
da santeria cubana), o que me permitiu alcançar as altas hierarquias
satânicas, inclusive o próprio diabo, para pedir o que necessitasse para
realizar meus trabalhos de magia. Entretanto, descobri que,
independente do tamanho dos sacrifícios e das cerimônias que fizesse,
simplesmente havia coisas que o diabo não podia realizar.
Isso começou a acontecer com frequência. Passei a perceber que
todo o poder do qual ele se gabava na verdade era limitado, pois havia
lugares em que ele simplesmente não podia entrar e pessoas que não
podia tocar. Aquilo me deixava com muita raiva dele porque, de diversas
maneiras, ele ostentava mais do que seu poder realmente podia realizar.
Quando ele finalmente se deu conta de que eu desconfiava dele como
ninguém mais, decidiu me matar.
Certa tarde, quando eu e o feiticeiro fomos ao mercado dos bruxos
no México para adquirir alguns acessórios para uma cerimônia, ele me
disse: “Quero apresentar o ‘Patrono da Miséria, que é o nome do
principado que governa este
Entramos em vários becos e ruelas daquele mercado; no entanto, o
lugar com um nicho de cristal estava vazio quando chegamos.
Com ar de frustração, ele soltou um suspiro e depois acrescentou:
“Que pena, devem ter levado ele para comer” (o que significa que o
removeram para fazer sacrifícios de sangue). “Queria que você o visse
porque ele é muito impressionante. Tem a figura de uma criança, mas
sem olhos, com as cavidades ocas, e sangue que escorre delas pelo rosto”.
Saímos do mercado e nos dirigimos ao local onde nosso carro
estava estacionado, mas o mago começou a gritar para mim: “Veja, veja,
ali ao lado do carro, perto de você!” Não vi nada junto ao carro, mas me
virei outra vez para ver o que estava ali e, para minha surpresa, vi um
mendigo estirado no chão próximo à porta onde antes não havia nada. O
mago continuou a levantar a voz com grande excitação: “Veja os olhos
dele! É ele mesmo! É o padroeiro! Ouça!”. Então continuou: “Ele quer
nos dizer algo”.
Eu estava paralisada de terror, mas não era capaz de tirar os olhos
dele. Então uma voz saiu dele, falando de espírito a espírito: “Vim até
vocês para reclamar o que me pertence”, e então desapareceu.
Ficamos sem fala, pois ambos sabíamos que ele queria nossas
almas no inferno, mas nenhum de nós se atrevia a confessar isso um ao
outro. Depois daquele dia, a morte nos sobreveio, como algo preso em
nossos ombros, e todos os dias repetia a cada um de nós “Vim atrás de
você. Chegou a sua hora”.
Durante todo aquele ano, testemunhei os mais horrendos e mortais
ataques de morte. Primeiro, ao visitar El Salvador, onde reside parte da
minha família, caí doente com uma terrível pneumonia e tive de ser
internada. Havia uma guerra civil ocorrendo em El Salvador e, certa
noite, a cidade foi bombardeada e uma das bombas foi lançada perto do
hospital em que eu estava internada.
Pouco depois, em Los Angeles, Califórnia, dois homens armados
me assaltaram com intenções de me violentar e me matar, mas sei que a
mão de Deus interveio. Os homens me abandonaram na rua depois de
me darem uma surra, mas não passou disso. Dois meses depois, eles
foram presos e descobriram que um deles havia matado sete pessoas na
mesma vizinhança.
Então um botijão de gás se incendiou em meu apartamento. Tive
que apagá-lo com um cobertor e com meu próprio corpo, enquanto o
diabo gritava: Você vai morrer!”
Logo depois disso, um terrível terremoto de oito pontos na escala
Richter ocorreu na cidade do México e mais de 300.000 pessoas
morreram. Meu apartamento ficava localizado na área do desastre
juntamente com centenas de outros edifícios que foram totalmente
destruídos. Saí para tentar resgatar as pessoas ainda vivas presas nos
escombros quando o prédio explodiu e, mais uma vez, a mão de Deus fez
com que meu corpo fosse expelido, mas o fogo não tocou em mim.
A voz do diabo soava cada vez mais audível e frequente: “Vou pegar
você. Você me pertence, e vai morrer”. A tensão era cada vez mais forte.
Meus nervos, junto com todos os demônios que residiam dentro de mim,
estavam me destruindo. Minha saúde começou a ser afetada e passei a
sofrer de fortes crises nervosas.
Decidi voar para Porto Rico para descansar quando uma
tempestade torrencial causou um deslizamento de uma montanha perto
de onde eu me encontrava. Mais uma vez houve muitos mortos a meu
redor e pessoas ficaram debaixo de escombros. Foi então que sofri uma
paralisia parcial do rosto, devido à minha condição psicológica
deteriorada e extrema tensão.
Vivi naquele ano as formas mais intensas de dor e aprendi que a
alma pode se anestesiar quando o sofrimento chega a um ponto que você
sente que não pode mais suportar. Trata-se de um ponto de ruptura, de
rasgaduras interiores; e uso a palavra “rasgadura” porque, literalmente,
sentia como se garras me rasgassem por dentro. Nessas ocasiões, eu
entrava em um estado de letargia, incapaz de sentir qualquer coisa por
longos períodos de tempo, até que a dor voltava outra vez, ainda mais
forte que antes.
O diabo me levou às câmaras mais profundas do inferno, onde
pude ver almas perdidas sendo queimadas e açoitadas para a alegria
maligna de seus atormentadores. Certa vez entrei por um dos túneis de
morte e vi corpos estirados por muitos quilômetros em diferentes estados
de decomposição e rostos contorcidos de desespero e impotência, que
tentaram me segurar naquele lugar de trevas eternas. Sei muito bem o
que a palavra “trevas” significa: quando a vida parece não ter nem
mesmo um raio de esperança e não se consegue escapar da angustia, da
solidão e da tristeza.
Retornei ao México tentando encontrar uma maneira de dar fim a
esse tormento, no entanto, além de tudo o que já sofria, passei a receber
violentos ataques nos quais todos os demônios que habitavam em mim
emergiam para me matar simultaneamente. Era uma luta ferrenha
travada em meu interior e, quando não suportava mais, tentei tirar
minha vida cortando os pulsos.
Eu já havia perdido muito sangue quando minha irmã gêmea
chegou ao meu apartamento e me levou ao hospital. Ali, na sala de
emergência, entre a vida e a morte, o inesperado aconteceu. Uma gloriosa
presença começou a descer sobre mim e ouvi uma voz audível me
dizendo: “Seu Pai Celestial não abandonará você”. Era a mesma luz que
vi naquela primeira visitação em que Jesus veio a mim. Fui inundada de
uma paz indescritível e, por causa dos sedativos que me deram,
permaneci inconsciente por 48 horas.
Acordei em um quarto da ala psiquiátrica do hospital, em um
prédio separado, protegido com grades de segurança, onde eu estava
rodeada por muitos pacientes doentes mentais. Eu náo era a exceção,
mas apenas um deles, e em condição muito pior. Lembro-me de que
minha mãe estava em pé ao lado da cama quando abri os olhos. A
primeira coisa que lhe disse foi: “Mãe, haverá uma manifestação de Deus
tão forte aqui neste lugar que mudará a vida de todos nós”. Minha mãe
era uma atéia assumida, seguidora de Nietzche, e pensou que aquilo
devia ser parte da minha alucinação e não me deu crédito.
Após vários exames, o médico diagnosticou que meu caso era muito
grave e concluiu que a melhor solução seria me deixar confinada por um
longo tempo, mas Deus tinha outros planos. Alguns dias depois, uma
querida tia chamada Glória Capriles, que eu não via há muitos anos, veio
me visitar; uma senhora doce e muito bonita, cheia de amor e de
compaixão, e me falou sobre um homem que havia mudado sua vida e
queria trazê-lo ao hospital para que eu o conhecesse. Eu disse que sim,
mais por curiosidade que por fé.
No dia seguinte, ela chegou acompanhada de um pastor de olhos
azuis (nesse momento, esse detalhe da visão que tive estava enterrado no
abismo de minha loucura). Ele me apresentou a mensagem de salvação e
eu o escutei com atenção. Alguma coisa dentro de mim confirmava que
cada palavra que aquele homem dizia era verdade.
No entanto, minha reação foi chorar com profunda tristeza e lhe
dizer: “Que coisa horrível! O senhor está pregando para que minha alma
seja salva. Sei que tudo o que diz é verdade, mas, apesar disso, não posso
recorrer a Jesus porque fiz pactos com Satanás que não podem ser
quebrados e qualquer tentativa de fazer isso poderá incitar toda a fúria
do diabo sobre minha vida”.
Naquele momento de profundo sofrimento, o pastor me
interrompeu dizendo “Isso não é verdade! A Palavra de Deus diz: ‘Se
confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os
pecados e nos purificar de toda a injustiça’. O sangue de Jesus quebra
qualquer pacto! O Senhor Jesus morreu para que você fosse livre das
amarras do diabo”.
Suas palavras causaram um terremoto dentro de mim. Sem
dúvidas, o Espírito Santo estava presente ali operando profundamente
em minha alma. “O que preciso fazer para receber Jesus em meu
coração?”, eu lhe perguntei com lágrimas nos olhos. Eu desejava
ardentemente que meu amado Jesus Cristo desse fim ao meu
interminável pesadelo. “Arrependa-se e peça que Ele venha morar em
seu coração e que seja seu Senhor e seu Salvador”, ele disse.
Foi muito difícil quando ouvi as palavras “arrependa- se”; pois isso
era uma das coisas mais complicadas de se fazer. O Espírito Santo veio
sobre mim naquele instante para me convencer fortemente do meu
pecado, causando em mim uma mistura de dor e vergonha. Esse era o
verdadeiro arrependimento, purificando instantaneamente minha
consciência.
Minha alma literalmente se derramou diante de Deus, clamando
por Sua misericórdia. Foi com essa oração profunda e verdadeira que o
Espírito Santo removeu os véus dos meus olhos e vi com clareza todo o
engano ao qual o diabo havia me conduzido. “Me perdoa, Senhor, me
perdoa...”, eu disse com a voz fraca. Era assustador pensar que Ele, com
Sua esplendorosa pureza, estava observando a pessoa horrível que eu me
tornara. Eu me sentia a pessoa mais imunda e infeliz do mundo naquele
momento, desejando alcançar com todo fervor Sua impecável bondade e
ser restituída de tudo o que perdi quando me separei de Sua luz.
Demônios de raiva e destruição começaram a se agitar em mim, em
uma batalha ferrenha que envolvia todo o meu ser. “Me livra, Senhor,
desses vermes que me consomem!”, clamei em desespero com toda a
força. Prossegui confessando meus pecados, sem fingimento. Podia ver
exatamente como havia servido ao diabo e pregado Jesus na cruz com
cada uma das minhas atitudes. Ainda assim, Ele me amou e entregou a
vida por mim. Ninguém era menos merecedor de Sua graça, misericórdia
e perdão do que eu.
A presença de Deus era esmagadora, fazendo eu me sentir um
verme perante Sua divindade. Enquanto confessava, sentia um fogo em
meu ser que me consumia. Eu merecia passar por tortura e morrer em
vez de receber a indulgência que tanto ansiava. “Senhor!” gritei. “Não sou
sequer digna de ser ouvida, mas quem mais pode ter misericórdia de
mim, a não ser o Senhor? Estou morrendo, Pai, em todos os sentidos
estou arrasada e com o coração em frangalhos!”
Naquele instante, senti Seu amor começar a me encher e pude
claramente perceber que Ele estava me perdoando. Não podia acreditar
que houvesse um amor com tanta compaixão por mim. De mim! Uma
serva de Satanás! Mas Ele tinha. Então eu Lhe disse com toda minha
força e com todo meu ser: “Obrigada, Senhor Jesus! Entre em meu
coração agora e pegue minha mão para que eu nunca mais me afaste de
Ti outra vez. Seja meu Senhor e meu Salvador!”
Quando terminei de falar, o pastor colocou as mãos sobre minha
cabeça e disse: “Senhor, imploro que purifique Tua filha Ana de toda
iniquidade, quebrando todos os pactos dela com o diabo”. Tive a
impressão de ver Jesus naquele momento cravado na cruz, me dizendo
que havia feito aquilo por amor a mim, para que eu fosse redimida. Era
tão real que quase podia tocá-lo. Podia ver Seu sangue escorrendo pelo
corpo, levando com ele o fardo de todos os pecados do mundo. Ele
derramou Seu sangue para me dar vida, enquanto eu havia vendido a
minha para a destruição.
Christian, o pastor, continuou orando: “Peço ao Senhor, agora,
neste momento, que expulse todos os espíritos malignos de Ana e
convido o Espírito Santo a vir sobre ela”. Não podia haver palavras mais
simples. Naquele exato momento, senti como se um raio caísse do céu e
rompesse as amarras que me prendiam. Senti como se ele despedaçasse
em um milhão de pedacinhos toda a dor, sofrimento e angústia do meu
coração usados para me oprimir. O quarto ficou cheio de uma luz
lindamente indescritível e novamente senti a mesma bondade
maravilhosa de quando Jesus havia me visitado pela primeira vez.
Sentia-me como um passarinho que podia voar livremente. Meu coração
se encheu de paz e alegria. De uma coisa eu tinha certeza: Cristo me
havia libertado por completo.
Durante os dias que passei no hospital, a presença de Deus foi
muito forte em minha vida. A primeira coisa que o Espírito Santo me
disse foi para não voltar atrás por nada, pois o inimigo estava furioso
comigo por causa da minha decisão de seguir a Cristo. Em vez de sentir
medo, fui cheia de um desejo divino de declarar guerra contra o diabo até
o fim. Eu queria resgatar de suas garras todas as almas que pudesse.
Queria libertar os cativos e servir a Deus de todo coração.
Eu estava imensamente grata por minha salvação. As seguintes
palavras de Jesus se tornaram verdade em minha vida: “Ao que mais
perdoou, foi quem mais amou” (Lucas 7:42-47). Contudo, havia algo que
não saía da minha cabeça e que não conseguia entender. Eu questionava
em meu espírito: “Jesus, o Senhor veio até mim quando eu tinha 18 anos
e sabia que eu estava cheia de amor por Ti na época. Fui insultada por
causa do Teu nome quando tentei ser Tua mensageira. Eu poderia ter
passado a vida servindo a Ti, então, por que em 11 anos o Senhor não me
enviou ninguém para me indicar o Teu caminho? Por que o Senhor me
deixou cair nas mãos do diabo em um engano tão profundo como o que
ocorreu? Por que tive de passar por todos esses terríveis horrores nas
mãos de Satanás quando o Senhor sabia que eu O amava e buscava?”.
Seu amor me envolveu outra vez e Ele respondeu ao meu coração:
“Era necessário que você vivesse os mais profundos horrores do diabo
para cumprir o propósito para o qual a chamei. Nunca a deixei ou
abandonei, nem permiti que ele matasse você como tanto quis fazer. Eu
queria que você conhecesse as fraquezas do diabo e suas limitações para
que deixasse de ter medo dele e compreendesse os pontos fracos do
coração humano e as mentiras de seus ministros. Usarei você de forma
grandiosa para libertar cidades e nações das obras destruidoras do
diabo”.
Esse testemunho é muito maior, longo e dramático do que pude
escrever neste capítulo. Porém, posso declarar que desde o dia da minha
salvação, o reino das trevas tem sido abalado e derrotado muitas vezes.
Vi o diabo diversas vezes desde então e ele sabe que sei que ele não tem
poder, pois somos nós quem temos poder em Cristo Jesus. Quando o
diabo se dá conta de que você realmente sabe que ele está derrotado, você
se torna um inimigo a quem ele teme bastante.
CAPÍTULO 3
O ENFOQUE CORRETO NA GUERRA ESPIRITUAL
“Finalmente, fortaleçam-se no Senhor e no seu forte poder. Vistam
toda a armadura de Deus, para poderem ficar firmes contra as ciladas
do Diabo, pois a nossa luta não é contra seres humanos, mas contra os
poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas,
contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais."
Efésios 6:10-12
UMA GUERRA JUSTA
Já ouvi muitos servos de Deus falando que a Igreja não tem por que
lutar contra o diabo e seus demônios já que “a batalha pertence ao
Senhor” e que Ele é o único que pode combater essas hierarquias das
trevas. Também dizem que a luta dos filhos de Deus nesse tipo de guerra
de alto nível não provém do Senhor. Nada poderia ser mais mentira ou
equívoco do que isso, e você entenderá claramente o porquê.
A primeira coisa que precisamos entender é que o diabo, apesar de
todo o suposto poder que algumas pessoas lhe creditam, não passa de
uma criatura; mais ainda de uma criatura caída. Em comparação a Deus,
ele não é maior que uma mosca que pode ser desintegrada facilmente
com apenas um sopro do Senhor. Se o plano de Deus fosse lutar sozinho,
o diabo já teria sido dissipado há bastante tempo.
Pense por um momento o quanto Deus é infinitamente poderoso. A
Terra e todo o seu esplendor são apenas um estrado sob Seus pés. Com
Sua palavra Ele criou todo o universo e nem mesmo todo o céu pode
contê-lO. As Escrituras, falando sobre Ele e todas as Suas maravilhas,
diz:
“O SENHOR reina! Vestiu-se de majestade; de majestade vestiu-se o
SENHOR e armou-se de poder! O mundo está firme e não se abalará.
O teu trono está firme desde a antiguidade; tu existes desde a
eternidade. Mais poderoso do que o estrondo das águas impetuosas,
mais poderoso do que as ondas do mar é o SENHOR nas alturas.”
Salmos 93:1 -2,4
“Os montes se derretem como cera diante do SENHOR, diante do
Soberano de toda a terra.”
Salmos 97:5
Nada pode se comparar a Seu poder e glória. Uma das qualidades
que O tornam infinitamente grande é Sua infinita justiça.
Ele não pode agir com injustiça. Por isso, é impossível Deus
combater de igual para igual o diabo, pois seria uma guerra muito injusta
o Deus Todo-Poderoso lutar contra um ser caído tão insignificante. Já
que isso era impossível, Deus planejou como destruí-lo e, ainda assim,
receber toda a glória por isso.
Deus resolveu ter alguém um pouco inferior aos anjos para derrotálo. Por isso, Jesus, Seu único Filho, humilhou- Se, fez-Se homem e veio
“para destruir as obras do diabo” (I João 3.8).
“Tu o fizeste um pouco menor do que os anjos e o coroaste de glória
e de honra; tudo sujeitaste debaixo dos seus pés. Ao lhe sujeitar todas
as coisas, nada deixou que não lhe estivesse sujeito. Agora, porém,
ainda não vemos que todas as coisas lhe estejam sujeitas.”
Hebreus 2:7-8
Que plano grande e glorioso, destruir o diabo com uma criatura um
pouco inferior aos anjos! Por Jesus, Deus fez com que o homem
derrotasse o diabo na cruz do Calvário, não momentaneamente, mas
destruindo de forma categórica e absoluta todo o seu império. Da maior
posição de autoridade às regiões mais baixas e tenebrosas do reino do
diabo, ele foi derrotado, mas isso não significa, como alguns pensam, que
isso é o fim de tudo, que o caso está encerrado e que não precisamos mais
lutar.
“Mas quando este sacerdote acabou de oferecer, para sempre, um
único sacrifício pelos pecados, assentou-se à direita de Deus. Daí em
diante, ele está esperando até que os seus inimigos sejam colocados
como estrado dos seus pés.”
Hebreus 10:12-13
Sim, Ele está aguardando e esperando que Seus inimigos sejam
colocados sob Seus pés, o que pode ser claramente compreendido que
outro alguém deve colocar Seus inimigos nessa posição, e esse alguém é a
Igreja. Paulo disse o seguinte sobre esse assunto:
“E esclarecer a todos a administração deste mistério que, durante as
épocas passadas, foi mantido oculto em Deus, que criou todas as
coisas. A intenção dessa graça era que agora, mediante a igreja, a
multiforme sabedoria de Deus se tornasse conhecida dos poderes e
autoridades nas regiões celestiais.”
Efésios 3:9-10
Precisamos entender que todas as vitórias da cruz são perfeitas e
absolutas, porém, Deus delegou ao Corpo de Cristo, Sua Igreja, cumprir
essa missão na Terra. O raciocínio é o seguinte: “Jesus morreu para
salvar todos os homens! Isso ocorreu na cruz e é irrevogável, mas não
significa que todos os homens estejam automaticamente salvos. A Igreja
ainda deve pregar o Evangelho e os ímpios ainda precisam aceitá-lo”.
Outra vitória da cruz foi Jesus levar todas as nossas enfermidades e
dores sobre Si. Isso é absoluto e verdadeiro. No entanto, a Igreja precisa
orar e receber a cura por fé; caso contrário, nada acontece.
Essa mesma verdade se aplica quanto a Jesus derrotar todo o poder
do diabo, mas não significa que o diabo não exista mais e que a Igreja não
precise mais se preocupar com ele. Como acabamos de ler, o Corpo de
Cristo tem de anunciar aos principados e potestades nas regiões celestiais
que Jesus venceu o diabo na cruz e que exerce autoridade sobre eles.
Certamente é Cristo em nós que luta nossas batalhas e, dessa
maneira, o poder de Deus é liberado contra o diabo. Deus age em favor
do justo segundo suas orações. Quanto mais autoridade, unção e
entendimento o guerreiro de oração tiver em suas orações, maior será a
intervenção de Deus. Ele simplesmente usa o homem como o canal pelo
qual Ele envia Seu poder.
No Antigo Testamento, a maior guerra na qual Deus manifestou
Seu poder por meio de um homem foi na libertação de Israel do seu
cativeiro no Egito. Nessa guerra, Jeová não fez nada sem Moisés. A
coragem e a obediência desse grande servo que confrontou Faraó e os
deuses egípcios foram determinantes para a libertação de Israel.
“Certamente o SENHOR, o Soberano, não faz coisa alguma sem
revelar o seu plano aos seus servos, os profetas.”
Amós 3:7
“Pois Minha é a batalha”. Isso significa que o Espírito Santo revela
a Seus servos e profetas as estratégias e a Palavra que deve ser declarada
para se alcançar a vitória. Não cabe a nós declarar: “Deus, deixamos tudo
com o Senhor. Não queremos combater as forças das trevas no Segundo
Céu”.
A GUERRA É NAS REGIÕES CELESTIAIS
1. Como é o mundo espiritual?
Quando falamos em guerra espiritual, não só devemos conhecer as
estratégias do nosso inimigo mas também o território em que a batalha
deve ser travada.
A Bíblia nos fala claramente desse campo de batalha:
“Finalmente, fortaleçam-se no Senhor e no seu forte poder. Vistam
toda a armadura de Deus, para poderem ficar firmes contra as ciladas
do Diabo, pois a nossa luta não é contra seres humanos, mas contra os
poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas,
contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais.”
Efésios 6:10-12
Há atualmente um conceito circulando no Corpo de Cristo que
afirma que Jesus, a quem foi dada toda autoridade e poder no Céu e na
Terra, deu a Sua Igreja autoridade apenas sobre o que é conhecido como
Segundo Céu, o mundo espiritual no qual o diabo opera, uma vez que
somente Deus pode batalhar nessas regiões. Isso pode ser verdade em
um certo sentido, mas Ele não agirá a menos que haja uma oração
correspondente na Terra.
A verdade nesse conceito, inspirado por sonhos e presunções, não
passa de um espírito de engano que tem se infiltrado na Igreja, sem
possuir qualquer fundamento bíblico.
Analisemos tais conceitos do ponto de vista bíblico. Vejamos a
tradução de Efésios 6.12 em diferentes versões:
 “... Hostes espirituais de maldade nas regiões celestes.” (American
Standard)
 “... Espíritos de maldade nas alturas.’’(Twenty Century New
Testament)
 “... Hostes espirituais levantadas contra nós na guerra celeste.”
(New Testament Weymouth)
 "... Contra influências malignas em hierarquias mais altas que
nós.” (knox)
 "... E agentes espirituais dos próprios quartéis do mal.” (novo
testamento em Inglês Moderno - Phillis)
 “... Contra grande número de espíritos de maldade no mundo
espiritual.” (Bíblia parafraseada - Taylor)
 “... Hoste espiritual de maldade no mundo espiritual.” (Bíblia
Amplificada)
Em todas essas diferentes traduções, vemos uma visão coerente de
que a guerra ocorre no mundo espiritual, onde o diabo se move e opera.
Em nenhum lugar nas Escrituras vemos Deus fazendo diferença entre um
mundo espiritual “terreno” e um mundo espiritual “celestial” demoníaco,
como se houvesse uma linha invisível que os separasse. No princípio,
quando Deus criou o homem, é afirmado de forma clara que tanto o Céu
quanto a Terra pertenciam a Deus. (Não havia guerra espiritual nem
mesmo no Jardim do Éden na ocasião). Quando Adão entregou o
domínio da Terra ao diabo, todo o Segundo Céu invadiu a Terra e passou
a governá-la.
O mundo terreno é o mundo material e o mundo espiritual é o
mundo invisível. Um demônio pode habitar em um corpo físico, mas isso
não o torna uma criatura terrena, uma vez que ele ainda pertence ao
mundo invisível e deve ser combatido espiritualmente.
Quando o apóstolo Paulo se referiu às hostes espirituais da
maldade nas regiões celestiais, falava precisamente de espíritos que
habitam ou operam através de hostes humanas. Entretanto, disse que
eles precisam ser combatidos no mundo espiritual, ou nas esferas
celestiais. Não há diferença fundamental entre os níveis “superiores” e
“inferiores” nos quais os poderes das trevas operam, pois, na realidade,
esses poderes operam na mesma esfera.
Muitos pensam que um crente tem o direito de lutar contra uma
força das trevas que se apresente a ele na Terra. No entanto, acham que o
crente não possui autoridade para lutar quando essa força das trevas está
no Segundo Céu. Declaro que esse conceito demonstra um entendimento
pobre a cerca do mundo invisível. A esfera celestial não possui fronteiras
delimitadoras entre as seções superiores e as inferiores. Trata-se sim de
uma dimensão diferente da nossa, mas que opera em nosso meio.
Como profeta de Deus e general de guerra e libertação, vi esse
mundo espiritual diversas vezes e, em muitas delas, fiz parte do exército
do inimigo. E uma dimensão com diversas regiões de cativeiro e de
tormento, fortalezas de governo demoníaco, poços de aprisionamento,
desertos e lugares de densas trevas. Os poderes das trevas podem se
mover em todas as direções: para cima e para baixo e para os lados. Tudo
isso acontece em meio à nossa Terra e se tentarmos compreender com
nossa mente natural, questionando como podem existir juntos um
Segundo Céu (acima) e um outro no mundo (abaixo), inevitavelmente
ficaremos confusos. As coisas espirituais precisam ser discernidas
espiritualmente.
Um dos domínios mais poderosos que governam a Terra é a
“Grande Prostituta” do Apocalipse, também conhecida como “a rainha do
céu”. A Palavra diz: “E a grande cidade que governa sobre os reis da
Terra” (Apocalipse 17-18). E onde fica essa grande cidade? Abaixo, na
Terra, ou acima, no Segundo Céu?
A Palavra de Deus diz que está sobre muitas águas, que são as
cidades e nações. Mas isso é acima ou abaixo? A Bíblia também diz que
fica deserto. Apocalipse 17:3 afirma:
“Então o anjo me levou no Espírito para um deserto. Ali vi uma
mulher montada numa besta vermelha, que estava coberta de nomes
blasfemos e que tinha sete cabeças e dez chifres.”
Apocalipse 17:3
João subiu ao Segundo Céu ou a mulher estava na Terra? Ele nos
diz: “Todos os reis terrenos têm fornicado com ela e os habitantes da
Terra têm se embriagado com o vinho de sua fornicação” (Apocalipse
17.2). Onde fornicaram e beberam vinho? No Segundo Céu? Ou seria na
cidade que governa o mundo encontrada na Terra e não no Céu?
Se não temos autoridade no mundo espiritual, como dizem alguns,
então temos onde? Deus declara:
“Retribuam-lhe na mesma moeda; paguem-lhe em dobro pelo que
fez; misturem para ela uma porção dupla no seu próprio cálice.
Façam-lhe sofrer tanto tormento e tanta aflição como a glória e o luxo
a que ela se entregou. Em seu coração ela se vangloriava: ‘Estou
sentada como rainha; não sou viúva e jamais terei tristeza’.”
Apocalipse 18:6-7
Ela descerá do Segundo Céu para que possamos atormentá-la ou
vamos precisar subir até ela?
Não complique a vida tentando elucidar algo que não faz sentido. A
verdade é que não existe um Segundo Céu lá em cima, Deus sabe onde,
no qual operam demônios terríveis e inalcançáveis. O diabo opera no
mundo espiritual sem qualquer divisão intermediária. Trata-se do
mundo invisível ao qual o apóstolo Paulo se referiu quando falou sobre as
regiões celestiais ou mundo espiritual. Você pode chamar o segundo Céu
se quiser, mas é importante saber que ele não está acima, trata-se de uma
dimensão diferente.
A tese sustentada por alguns pregadores — e que acredito
seriamente que o diabo está usando para trazer grande confusão — é:
Deus deu autoridade à Igreja para expulsar demônios na Terra, mas não
temos poder para combatê-los nas regiões celestiais. Se isso fosse
verdade, e houvesse realmente uma linha divisória entre a Terra e um
segundo Céu, vejamos o que aconteceria.
Todos podemos definitivamente concordar que o reino das trevas é
bem coordenado e estruturado. As forças demoníacas cooperam de forma
coesa para sobreviver. Agora, imaginemos a seguinte situação: suponha
que uma terrível potestade territorial no Segundo Céu governe sobre uma
determinada região. Ela se considera intocável — uma vez que
supostamente os cristãos não possuem poder contra ela - e envia
tranquilamente seu exército sobre a Terra para espalhar toda sorte de
maldade. Então essa potestade descobre que os cristãos ficam
empolgados para exercer autoridade sobre esse exército, amarrando-os e
expulsando-os.
Você realmente acha que essa potestade das trevas vai ficar de
braços cruzados deixando isso acontecer? De maneira nenhuma. Muitas
igrejas têm deixado de entender esse princípio fundamental, tendo até
um início promissor, mas se tornando complacentes com o tempo. Como
resultado, essas igrejas são divididas por causa de conflitos internos ou
destruídas pelo pecado, pois não têm a menor idéia de como se defender,
justificando: “A batalha pertence a Deus, que Ele guerreie por nós”.
Porém, de Deus também recebemos a salvação e nem por isso dizemos:
“Oh, Deus! Pregue o evangelho a esses povos”. Uma atitude é tão sem
sentido quanto a outra!
Em muitas partes das Escrituras se menciona que Satanás foi
expulso do Céu para a Terra, o que não significa que ele também tenha
sido expulso do Segundo Céu, ou das regiões celestiais, e que agora
apenas tem autoridade na Terra, indicando que seus direitos e posição no
Reino de Deus foram removidos.
Algumas passagens em Isaías capítulo 14 e Ezequiel 28.11-19
relatam a queda de Lúcifer, o querubim ungindo. Ele servia entre as
hostes de Deus e foi banido de sua posição celestial no Terceiro Céu:
“Por meio dos seus muitos pecados e do seu comércio desonesto você
profanou os seus santuários. Por isso fiz sair de você um fogo, que o
consumiu, e reduzi você a cinzas no chão, à vista de todos os que
estavam observando.”
Ezequiel 28:18
Sabemos que isso aconteceu antes da criação de Adão, quando
todos os mundos espirituais já existiam e parte dele passou a ser
governada pelo diabo. Apocalipse 12:9- 11 é outro trecho da Palavra que
fala de quando Satanás foi expulso do Céu:
“O grande dragão foi lançado fora. Ele é a antiga serpente chamada
Diabo ou Satanás, que engana o mundo todo. Ele e os seus anjos foram
lançados à terra. Então ouvi uma forte voz dos céus que dizia: ‘Agora
veio a salvação, o poder e o Reino do nosso Deus, e a autoridade do seu
Cristo, pois foi lançado fora o acusador dos nossos irmãos, que os
acusa diante do nosso Deus, dia e noite’.”
Apocalipse 12:9-11
Lemos nessa passagem e também em Ezequiel como Satanás
perdeu sua posição no Terceiro Céu. Ao cair, antes do mundo ser criado,
ele perdeu sua posição como líder da adoração celestial e “promotor
público”. E como um executivo sendo demitido de uma empresa. Lúcifer
perdeu sua posição no Reino celeste de Deus, mas ainda pode agir no
mundo espiritual.
2. Jesus destruiu todo o império do Diabo e nos deu toda autoridade
A vitória da cruz foi parcial. Jesus derrotou Satanás e toda sua
organização governamental de uma vez por todas e a autoridade
conquistada por Ele não foi somente sobre os demônios que habitam nas
pessoas, mas também sobre que operam fora delas.
Quando Jesus expulsou demônios sobre a Terra, Ele ainda não
havia derrotado por completo o diabo, porém, após Sua ressurreição, Ele
disse “Foi me dado todo poder no céu e na Terra ’ (Mateus 28.18). Em
seguida, Ele entregou aos discípulos a grande comissão de avançar e
estabelecer o Reino de Deus.
Estabelecer o Reino implica entrar em lugares completamente
ocupados pelas forças das trevas, nas quais o poder de Deus precisa
primeiro derrotar os principados que reinam sobre tais territórios para
que o Evangelho possa avançar com êxito. Do contrário, os resultados
serão fracos e por vezes devastadores para os envolvidos. Jesus disse:
"Ou, como alguém pode entrar na casa do homem forte e levar dali
seus bens, sem antes amarrá-lo? Só então poderá roubar a casa dele.”
Mateus 12:29
Por muitos anos, o México, meu país de origem, foi um dos lugares
com o maior número de mártires sobre a Terra, com os céus parecendo
de bronze e houve muitas ocasiões em que preciosos servos de Deus
precisaram morrer para que o Reino pudesse avançar. Antes de eu
aprender a fazer guerra espiritual, vi muitos pastores caírem nos pecados
mais abomináveis e igrejas se destruindo, outras sendo engolidas pela
maçonaria, enquanto seus pastores nem sequer sabiam no que estavam
se metendo. Outras igrejas se estabeleciam em regiões governadas por
potestades de morte e seus membros eram atingidos com enfermidades,
ataques cardíacos, acidentes ou, simplesmente, morte espiritual.
Milhares de pastores estão caindo no desânimo por todos os cantos,
igrejas estão se engajando em uma rotina religiosa sem vida e perdendo
seus membros um por um. Isso não está acontecendo apenas no México,
mas por todo o mundo. A razão disso é dita com bastante clareza por
Jesus: “Não podemos saquear a casa sem primeiro amarrar o homem
forte”.
Começamos a fazer guerra espiritual em nível estratégico no
México em 1994, levantando um exército de Deus por toda a nação.
Vimos mudanças radicais no país, com igrejas emergindo em poder e
avivamento em muitas regiões.
A abertura dos céus era evidente. Um poderoso mover do Espírito
Santo adentrou a nação, com Deus levantando homens e mulheres
dentro e fora do país porque estávamos exercendo autoridade em Cristo
Jesus e tomando de volta a terra.
No Antigo Testamento, que é uma sombra do que viria no Novo,
Deus entregou a terra prometida a Josué, mas ela estava ocupada por
gigantes que precisavam ser derrotados. E o mesmo que acontece com as
nações nos dias de hoje. Nosso país faz parte da herança que Deus tem
para nós, mas precisamos expulsar os espíritos territoriais que o ocupam.
“Pede-me, e te darei as nações como herança e os confins da terra
como tua propriedade.”
Salmos 2:8
Deus nos deu toda autoridade de Cristo porque somos o próprio
Corpo do Senhor, que pode ser tão poderoso quanto Sua Cabeça. Do
contrário, não estamos conectados à verdadeira autoridade.
Pode o corpo dizer à cabeça: “Eu não combato esses demônios; lute,
você, sozinha”? Ou por acaso não é a cabeça que dá poder ao corpo para
executar tudo o que ele precisa fazer? Que Deus ilumine os olhos do
nosso entendimento para que possamos ver Suas riquezas em glória!
Como dizem as Escrituras:
“E a incomparável grandeza do seu poder para conosco, os que
cremos, conforme a atuação da sua poderosa força. Esse poder ele
exerceu em Cristo, ressuscitando-o dos mortos e fazendo-o assentar-se
à sua direita, nas regiões celestiais, muito acima de todo governo e
autoridade, poder e domínio, e de todo nome que se possa mencionar,
não apenas nesta era, mas também na que há de vir. Deus colocou
todas as coisas debaixo de seus pés e o designou cabeça de todas as
coisas para a igreja, que é o seu corpo, a plenitude daquele que enche
todas as coisas, em toda e qualquer circunstância.”
Efésios 1:19-23
Se somos a plenitude de Cristo, como podemos dizer que Ele tem
toda autoridade e nós apenas uma autoridade limitada? O corpo e a
cabeça possuem o mesmo poder, se estão conectados um ao outro.
Jesus não está separado de Sua Igreja, podemos dizer, sentado em
Seu trono celestial e nos deixando limitados em autoridade aqui na
Terra, à mercê do que queiram fazer os espíritos territoriais. Jesus está
no meio de nós. “Pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos” (Atos
17.28). Em Jesus não há separação entre o Céu e a Terra. A Bíblia diz:
“E nos revelou o mistério da sua vontade, de acordo com o seu bom
propósito que ele estabeleceu em Cristo, isto é, de fazer convergir em
Cristo todas as coisas, celestiais ou terrenas, na dispensação da
plenitude dos tempos.”
Efésios 1:9-10
Em minha opinião, é um enorme erro teológico dizer que Jesus tem
toda autoridade no Céu e que somente temos autoridade na Terra.
Repito: Jesus não está separado de Seus verdadeiros santos.
“O fato de haver litígios entre vocês já significa um;» completa
derrota. Por que não preferem sofrer a injustiça? Por que não
preferem sofrer o prejuízo?”
I Coríntios 6:17
Essa é a comunhão íntima com o Espírito do Senhor. “Para que
todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles
também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.”
João 17:21
Todo aquele que se une a Jesus, sob Seu senhorio e santificação, é
verdadeiramente um com Ele. “Um” não significa Jesus em cima no Céu
e nós aqui na Terra. Um significa “um”. Jesus disse: “O Reino de Deus
está no meio de vocês”, ou seja, em nosso espírito. O Reino de Deus tem
em si mesmo toda a autoridade do seu Rei.
Jesus disse a Pedro como exemplo da autoridade apostólica da
Igreja:
“E eu lhe digo que você é Pedro, e sobre esta pedra edificarei a
minha igreja, e as portas do Hades não poderão vencê-la. Eu lhe darei
as chaves do Reino dos céus; o que você ligar na terra terá sido ligado
nos céus, e o que você desligar na terra terá sido desligado nos céus.”
Mateus 16:18-19
Essas chaves não são outra coisa a não ser a autoridade de Deus,
capaz de afetar tanto a Terra quanto o Céu. As portas do inferno
representam o governo do império satânico que deve ser derrubado pela
Igreja. O Senhor também disse:
Eu lhes dei autoridade para pisarem sobre cobras e escorpiões, e
sobre todo o poder do inimigo; nada lhes fará dano.”
Lucas 10:19
Esse trecho se refere a todo tipo de serpente, não só as que se
arrastam, mas também as antigas serpentes (Gênesis 3:14), o dragão
serpente em Apocalipse 12:9, as serpentes voadoras em Isaías 30:6 e as
serpentes das águas (Isaías 27:1).
Há pessoas que continuam vendo o Leviatã, a terrível serpente das
águas, como um monstro do qual ninguém pode se aproximar e muito
menos destruir, conforme declarado no livro de Jó. A verdade é que
Jesus derrotou todo demônio e monstro do inferno na cruz do Calvário e
agora podemos pisar em todas as serpentes na autoridade de Jesus, como
disse o Senhor.
A verdade é que, quando experimentamos o poder de Deus na
guerra territorial, os mais terríveis demônios são como brinquedinhos se
comparados à temível majestade e autoridade do nosso Deus. Quando
lutamos (refiro-me aos chamados por Deus para as linhas de frente da
batalha, falarei sobre isso mais à frente), não somos como soldadinhos
romanos, com uma espadinha ou um escudinho, como ilustrado nos
manuais de escola dominical. Somos extremamente poderosos nEle e
nosso espírito se torna um gigante quando está unido a Jesus. Nossa
armadura é a mesma armadura de Deus, impenetrável e indescritível,
cheia de chamas de fogo e faíscas de poder emanando dela.
“As armas com as quais lutamos não são humanas; ao contrário,
são poderosas em Deus para destruir fortalezas.”
II Coríntios 10:4
Deus investiu Seu grande poder em nós e nossa compreensão disso
deixará o exército do diabo morrendo de medo. A Palavra diz que os
demônios creem e estremecem diante de Deus. Nós estamos revestidos
nEle e nossa vida está escondida em Cristo Jesus.
Algumas pessoas consideram o diabo, o Leviatã e os poderes
territoriais como se tivessem poder absoluto, e isso é exatamente o que
Satanás quer: intimidar o exército de Deus para deixá-lo fazer o que
quiser em paz. É isso o que ele quer que as pessoas acreditem, pois assim
poderá intimidar o exército de Deus e continuar a causar seus estragos,
governando como quiser.
Mas não estamos nem no tempo de Jó nem no de Isaías para ver o
grande dragão, a antiga serpente, como indestrutível. Jesus já o derrotou
e está assentado com toda autoridade à direita do Pai e, desde então, está
esperando que todos os Seus inimigos sejam colocados debaixo de Seus
pés.
3. A autoridade dos anjos e da Igreja
a. Textos mal interpretados
Já li muitos livros nos quais os autores dizem que a Igreja não tem
poder para repreender Satanás e fundamentam sua teologia em uma
passagem no livro de Judas e em outra na carta de Pedro. Vimos que
Deus nos deu toda autoridade para pisar serpentes e escorpiões e que
nada nos faria dano.
Pisar significa “colocar debaixo de nossos pés, humilhar, fazer em
pedaços”. Esses termos são mais enfáticos que a palavra “repreender”,
que no grego é “epitimao” e significa admoestar. Além disso, ela também
tem uma conotação legal, implicando “censurar, restringir ou acusar
alguém no tribunal da lei”.
Em sua epístola, o apóstolo Judas adverte em relação aos falsos
mestres que têm surgido no meio do povo de Deus. Sua carta é uma
advertência contra homens cheios de iniquidade que se infiltram na
Igreja. O apóstolo claramente mostra como identificar esses falsos
mestres, mas a carta de Judas não aborda a autoridade dos verdadeiros
crentes sobre Satanás. Observar o contexto escrito dessa doutrina é
importante para manter sua validade. Se queremos articular e manter a
doutrina sã, é importante analisar todo o contexto dos versículos
especificamente envolvidos.
“Pois certos homens, cuja condenação já estava sentenciada há
muito tempo, infiltraram-se dissimuladamente no meio de vocês. Estes
são ímpios, e transformam a graça de nosso Deus em libertinagem e
negam Jesus Cristo, nosso único Soberano e Senhor.”
Judas v.4
“Da mesma forma, estes sonhadores contaminam o próprio corpo,
rejeitam as autoridades e difamam os seres celestiais. Contudo, nem
mesmo o arcanjo Miguel, quando estava disputando com o Diabo
acerca do corpo de Moisés, ousou fazer acusação injuriosa contra ele,
mas disse: ‘O Senhor o repreenda!’ Todavia, esses tais difamam tudo o
que não entendem; e as coisas que entendem por instinto, como
animais irracionais, nessas mesmas coisas se corrompem.”
Judas v. 8-10
(A passagem de II Pedro 2.9-22 é análoga à de Judas)
Está bastante claro nessas passagens que acabamos de ler que ela
não se refere ao exército de Deus na Terra, mas aos não cristãos. A
maioria conhece pessoas nesse tipo de engano, que se consideram santas
e zombam do diabo e de suas hostes; na realidade, ateus sem nenhum
temor de Deus.
A pergunta é: O cristão nascido de novo tem autoridade para
repreender o diabo? Acredito que o único que pode submeter Satanás a
juízo divino é a Trindade Divina, mas, em Sua soberania, Ela delega tal
autoridade, principalmente porque somos um só espírito com o Espírito
do Senhor e é Jesus em nós que repreende o diabo com toda a autoridade
soberana e o submete à justiça divina. Jesus sentado à direta do Pai
espera que todos “os seus inimigos sejam colocados como estrados dos
seus pés” (Hebreus 10:13).
Também creio que faz parte da missão do Espírito Santo na Terra
usar a Igreja para lembrar ao diabo que ele foi julgado e derrotado e é
isso que significa “repreender”.
“Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do
juízo. Do pecado, porque os homens não crêem em mim; da justiça,
porque vou para o Pai, e vocês não me verão mais; e do juízo, porque o
príncipe deste mundo já está condenado.”
João 16:8-11
Logo, não é a Igreja que independente de Deus toma a iniciativa de
julgar o diabo e sim o Espírito Santo no crente que lembra a Satanás o
que Deus já fez. Não se trata de sair gritando com o diabo, mas de dar a
Jesus o direito legal de submetê-lo ao juízo divino através de nossas
orações. O crente que verdadeiramente une sua vida a Jesus se torna Seu
Corpo e bem mais superior que os anjos.
“O Filho é o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu
ser, sustentando todas as coisas por sua palavra poderosa. Depois de
ter realizado a purificação dos pecados, ele se assentou à direita da
Majestade nas alturas, tornando-se tão superior aos anjos quanto o
nome que herdou é superior ao deles.”
Hebreus 1:3-4
Precisamos entender, antes de tudo, que os crentes são coherdeiros com Cristo, não à parte de Cristo. Certamente é verdade que
Miguel não se atreveu a proferir juízo contra o diabo. Primeiramente
porque Satanás ainda não havia sido julgado pela morte de Cristo.
Segundo, porque nenhum dos anjos são co-herdeiros com Cristo nem
parte de Seu Corpo. E, por fim, Jesus deu somente à Igreja total
autoridade sobre o adversário, a qual os anjos não possuem.
b. O motivo da guerra é a Compaixão de Jesus
A guerra espiritual não é somente um assunto da moda ou uma
opção dada pelo Espírito para decidirmos se nos envolvemos com ela ou
não. Deus chamou todos nós para sermos soldados em diferentes níveis,
com uma posição específica para cada um. Somos o exército de Deus na
Terra, o qual Ele usa para destruir as obras do inimigo c estabelecer Seu
Reino.
Por outro lado, o diabo também declarou guerra e ruge como um
leão, buscando a quem devorar. Ele está matando, roubando e
destruindo quem puder e seus exércitos estão espalhados para conduzir
as nações a uma das eras mais tenebrosas, violentas e infernais da
História, gerando terrível dor no coração de Deus. O chamado para a
guerra é um dos pontos centrais do Evangelho, pois, devido ao imenso
amor de Deus, Ele resgatou a humanidade das garras destruidoras do
diabo e, para isso, abriu mão de Seu Filho mais amado e precioso.
Deus me resgatou de terríveis tormentos e Satanás havia colocado
um jugo muito pesado sobre mim, oprimindo- me dia e noite. Eu vivia
em desespero e nem ao menos sabia que havia uma saída, simplesmente
aceitando meu destino e vivendo em profundo sofrimento. Lembro-me
de quando eu chorava os 365 dias do ano. Eram dias de trevas, medo e
constante angústia quanto a desgraças e injustiças inesperadas; um
tempo em que essas severas aflições rasgavam minha alma. A Palavra
diz:
“Dá atenção à tua aliança, porque de antros de violência se enchem
os lugares sombrios do país.”
Salmos 74:20
O diabo não é encontrado apenas em regiões dominadas por bruxas
e magos, mas ele percorre toda a terra espalhando agressões e violência:
homicídios, maridos bêbados espancando a esposa até a morte,
assassinatos de crianças em escolas, pais que abusam das filhas
sexualmente, jovens mortos por overdose, milhares de criminosos presos
e pessoas que vivem em um nível de miséria subumana.
Outras pessoas caem vítimas de doenças incuráveis esperando que
um ídolo de madeira lhes salve. Milhares de crianças fogem de casa
porque já não aguentam as agressões dos pais ou vivem com medo
porque sofreram abandono. Há as encontradas sozinhas nas ruas com
apenas dois ou três anos de idade, às vezes cuidadas somente por um
irmão mais velho de cinco ou seis anos. Vivem nas sarjetas e se tornam
presas fáceis para satanistas que precisam de crianças em algum
sacrifício e cujo desaparecimento não é percebido por ninguém. Certa
vez, vi duas crianças sentadas em uma rua, uma delas segurando em
silêncio a irmãzinha que havia acabado de morrer atropelada. Não dizia
nada porque tinha medo de morrer também. Isso não é exagero, há
países onde crianças são mortas que nem ratos porque o governo não
sabe o que fazer com elas. A Bíblia diz que:
“Sabemos que toda a natureza criada geme até agora, como em
dores de parto.”
Romanos 8:22
No coração de todo homem, mulher ou criança há um clamor
interior, inaudível para nós, mas estridente para o coração de Deus. E um
grito ensurdecedor que por vezes só conseguimos ouvir em profunda
intercessão e, quando o ouvimos, não conseguimos evitar de chorar.
Deus ouve o clamor de milhões e milhões de embriões pedindo para viver
e que, apesar disso, morrem assassinados.
Você consegue imaginar, querido leitor, a magnitude dos clamores
que vêm de esposas e mães que carregam fardos insuportáveis? São
mulheres deixadas sozinhas para cuidar da família enquanto os maridos
saem para beber, chegam em casa cobertos de vômito e exigindo ter seus
apetites carnais saciados.
Deus me permite experimentar de maneira pessoal e diversificada o
que é viver em meio à angústia humana quando saio para ajudar os
necessitados. Tenho pastoreado áreas de tantas trevas que é
praticamente impossível descrever o nível de iniquidade e de opressão
que existem nesses lugares. Tenho visitado locais em que o mal existe de
forma tão predominante que rasga a alma. E preciso ter coração de pedra
para não sentir a dor ao se caminhar pelas ruas da índia ou da África.
Literalmente vemos cadáveres de pessoas que morreram de fome
estirados nas ruas. Crianças são devoradas por ratos por viverem em um
local com tanta falta de higiene que mal se consegue respirar tamanho o
mau cheiro. Quando passamos pelos átrios dos templos hinduístas,
vemos rios de sangue de animais que correm pelos pátios enquanto bebês
são consagrados às potestades do inferno.
É doloroso ver como estão destruídas a vida das mulheres que
vivem nos países mulçumanos, privadas de tudo e tratadas pior que
animais, sem ninguém para resgatá-las da crueldade de seus maridos.
Em lugares como o Haiti e em países budistas, as pessoas caminham
como zumbis, com a alma completamente possuída por demônios.
O reino das trevas é muito cruel e impiedoso, não perdoando
ninguém e causando destruição como uma goteira incessante ou uma
praga que nunca acaba.
“Se você vir o pobre oprimido numa província e vir que lhe são
negados o direito e a justiça, não fique surpreso; pois todo oficial está
subordinado a alguém que ocupa posição superior, e sobre os dois há
outros em posição ainda mais alta.”
Eclesiastes 5:8
Jesus ouve á dor do mundo torturado e Se comove até a ultima
fibra de Seu coração. Será que nem assim percebemos o quanto Deus
ama profundamente o mundo? Talvez alguns não se sintam tocados com
a revelação de que milhões estão indo para o inferno porque desfrutam
de conforto, dando ofertas enquanto outros fazem a obra. Possuem tanta
certeza do seu lugar no Céu que isso lhes dá uma sensação de paz, mas,
no coração, não é assim.
Quando a Palavra de Deus diz que Jesus levou nossas dores e
sofrimentos, isso significa que o Pai sente a dor de cada ser vivente sobre
a Terra. O homem é o mais amado de Deus; tanto que deu Seu Filho para
sofrer o pior dos tormentos até a morte.
Querido leitor, tome ciência disso. Cada um de nós - humanos —
somos o ser mais amado por Deus, que todos os dias vê aqueles que ama
sendo violentados, ultrajados, assassinados e atormentados pelas
crueldades mais impensáveis, tudo bem diante de Seus olhos, dia e noite.
Imagine como você se sentiria ao ver a pessoa que mais ama sendo
torturada bem na sua frente. E assim que Deus Se sente todos os dias ao
ver a dor dos perdidos. Jesus está no Céu intercedendo a nosso favor,
procurando os que se unirão a Ele para desfazer as obras do diabo. Você
realmente acha que Jesus deseja que se levante um exército revestido de
Sua autoridade e motivado pela mais profunda compaixão?
O diabo está roubando a compaixão da Igreja. Somente uma Igreja
que entende a dor de Deus e sente na pele o sofrimento vivido por todos
os oprimidos pelo diabo se envolverá nesta guerra, custe o que custar.
Lembro-me de uma ocasião em que guerreei da montanha mais
alta do Peru contra uma intensa força causadora de derramamentos de
sangue, constantemente promovendo massacres. O diabo me lançou um
violento ataque sobre meu coração físico. Achei que fosse morrer, não
podia dar dez passos sem sentir que meu coração poderia explodir a
qualquer instante. Orava com toda força até sentir que podia dar outro
passo. Dizia ao Senhor: “Não sei como orar. De onde posso conseguir a
força que preciso para vencer?” Naquele momento, a montanha se
encheu com a glória de Deus e um manto de luz desceu do alto, cobrindonos por completo. Então, ouvi a voz de Deus me dizer de maneira bem
ressoante: “É Meu amor, filha, Meu amor é a maior força de todas do
universo. Com o amor, você realizará o que não pode ser feito de outra
maneira!”. Então Sua glória encheu o rosto de todos os peruanos e Ele
acrescentou: “Veja o quanto eu os amo!”. Todo meu ser se encheu de um
amor indescritível, de uma energia que me revigorou por completo,
curando no mesmo instante meu coração. Subimos até o topo do
Huascarán e a história tem provado que algo enorme foi removido dos
céus do Peru.
E o amor e a compaixão interior pelos que sofrem que criam um
coração ardente por lutar contra todos os principados e potestades que
arrastam milhões para o inferno. Se não sentimos sua dor, se a
compaixão não inflamar nossa alma, se nosso desejo for viver no conforto
em uma linda casa com um belo carro na garagem, então não
compreendemos ainda o Evangelho de Jesus. Se nossas orações são
dirigidas por nossas necessidades e as de quem amamos, e vivemos
preocupados com o que o diabo nos fará, então ainda precisamos de
muito mais luz. Se um livro ou um ensino cai em nossas mãos e o diabo o
usa para nos intimidar e nos fazer abandonar nosso posto como soldados
enquanto tentamos salvar a nós e a tudo que temos, certamente não
aprendemos até então a amar como Jesus amou.
“O meu mandamento é este: Amem-se uns aos outros como eu os
amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos
seus amigos.”
João 15:12-13
A guerra tem seus riscos, ainda mais quando realizada fora de
ordem (discutirei sobre isso depois), mas Deus guarda e protege os que
oferecem a vida pelos outros. “Quem tentar conservar a sua vida a
perderá, e quem perder a sua vida a preservará.”
Lucas 17:33
O verdadeiro amor de Cristo pelas almas perdidas tem custado a
vida de muitos missionários e de suas famílias, e nem por isso eles
deixam de orar. O grande intercessor e pregador Hudson Taylor foi à
China e perdeu sua mulher no campo missionário. Wesley perdeu a
esposa quando esta foi invadida por demônios que queriam destruí-la e a
seu ministério. Mary Woodworth-Etter perdeu quatro de seus filhos para
ser usada e levantada no poder milagroso de Deus sobre ela. Quantos
filhos nunca voltaram a ver a mãe ou o pai depois que partiram para o
campo missionário na África ou que morreram de alguma doença
terrível? A história do verdadeiro evangelismo está cheia de mártires,
homens e mulheres que negaram a si mesmos até a morte para que o
Reino de Deus pudesse ser estabelecido. Como é dito nas Escrituras:
“Eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do
testemunho que deram; diante da morte, não amaram a própria vida.”
Apocalipse 12:11
Enfrentar as trevas de seus dias custou a vida de Estevão, Pedro e
Tiago, incluindo a de grande parte dos outros apóstolos e milhares de
mártires. Eu poderia escrever diversos livros com os nomes de filhos de
Deus que amaram mais o mundo perdido que a própria vida, seus bens e
tudo o que mais estimavam.
A guerra espiritual é a expressão externa o coração misericordioso
de Deus que não poderá descansar enquanto houver dor e maldade no
mundo. É isso o que nos impulsiona às mais ferrenhas batalhas e
combates contra todo tipo de força demoníaca.
Tenho declarado em meu país e em todas as nações em que Deus
me permitiu entrar para guerrear que o diabo e eu não podemos ocupar o
mesmo espaço no mesmo intervalo de tempo. Se Deus me entregou uma
determinada nação, não deixarei seus demônios e outros deuses em paz
ou sossegados. Não consigo ouvir os clamores de uma nação desesperada
e o coração de Deus sofrendo por Seu povo sem dedicar minha vida a
essa causa até a morte. Há tanta compaixão e amor em meu coração
pelos que sofrem que não posso deixar de sair e guerrear por eles, dando
tudo de mim.
Sei que há muitos que não serão tocados pela intimidação do diabo
porque fazem parte do verdadeiro exército de Deus.
CAPÍTULO 4
OS DIFERENTES TIPOS DE GUERRA
A PURIFICAÇÃO DA TERRA
Em todos os territórios que nos dispusemos a conquistar,
descobrimos que a terra havia sido contaminada pelo pecado dos homens
e consagrada por vários pactos ao inimigo. Por essa razão, a primeira
coisa que fazemos é purificar a terra e cancelar os pactos feitos sobre ela.
“Não! No coração vocês tramam a injustiça, e na terra as suas mãos
espalham a violência.”
Salmo 58.2
Para isso, é importante entender o que aconteceu na história
daquele território. Como exemplo, posso citar os derramamentos de
sangue, a consagração a deuses pagãos feitas por diferentes culturas,
pecados coletivos (massacres, inquisição, abusos a indígenas ou
minorias), depravação sexual para outorgar poder a uma potestade das
trevas, sacrifícios de crianças, dentre outras coisas semelhantes.
Tudo o que está se manifestando hoje em uma cidade tem sua
origem no passado histórico do lugar. Por exemplo, locais onde houve
sacrifícios de inocentes têm como resultado uma forte tendência ao
aborto. Lugares em que houve bastante bruxaria abundam o ocultismo e
as drogas. Segundo Oséias 4, a prostituição, o adultério e a fornicação são
provenientes da idolatria.
“Eles pedem conselhos a um ídolo de madeira, e de um pedaço de
pau recebem resposta. Um espírito de prostituição os leva a desviarse; eles são infiéis ao seu Deus. Sacrificam no alto dos montes e
queimam incenso nas colinas, debaixo de um carvalho, de um
estoraque ou de um terebinto, onde a sombra é agradável. Por isso as
suas filhas se prostituem e as suas noras adulteram. Não castigarei
suas filhas por se prostituírem, nem suas noras por adulterarem,
porque os próprios homens se associam a meretrizes e participam dos
sacrifícios oferecidos pelas prostitutas cultuais um povo sem
entendimento será transtornado.
Oséias 4:12-14
Então a primeira coisa que temos de fazer é identificar e confessar
os pecados e a iniquidades de nossos antepassados ou dos habitantes
dessa terra. O profeta Daniel se humilhou dessa maneira, identificando-
se com o pecado do povo, o que resultou na libertação de Israel do
cativeiro babilônico.
“No primeiro ano do seu reinado, eu, Daniel, compreendi pelas
Escrituras, conforme a palavra do SENHOR dada ao profeta
Jeremias, que a desolação de Jerusalém iria durar setenta anos. Por
isso me voltei para o Senhor Deus com orações e súplicas, em jejum,
em pano de saco e coberto de cinza. Orei ao SENHOR, o meu Deus, e
confessei:Ó Senhor, Deus grande e remível, que manténs a tua aliança
de amor com todos aqueles que te amam e obedecem aos teus
mandamentos, nós temos cometido pecado e somos culpados. Temos
sido ímpios e rebeldes, e nos afastamos dos teus mandamentos e das
tuas leis. Ouve, nosso Deus, as orações e as súplicas do teu servo. Por
amor de ti, Senhor, olha com bondade para o teu santuário
abandonado.”
Daniel 9:2-5 e 9:17
É importante lembrar que toda guerra tem de ser conduzida pelo
Espírito Santo. E através de Seus gemidos inexprimíveis e das línguas do
Espírito que oramos como convém.
“Da mesma forma o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não
sabemos como orar, mas o próprio Espírito intercede por nós com
gemidos inexprimíveis.”
Romanos 8.26
Os biógrafos do grande evangelista Charles Finney contam que ele
ficava recluso em bosques ou lugares afastados e podia ser ouvido
gemendo como um urso, chorando pela salvação de uma cidade. Aprendi
isso com ele e muitas vezes nos afastamos para algum bosque a fim de
chorar por um determinado lugar até que Deus vire o rosto e estenda seu
favor sobre a terra.
Quando, em 1989, vi o México desolado, quase sem igrejas,
governado pela rainha do céu e sob o jugo de um inquisidor do clero,
estava determinada a fazer o que fosse preciso para libertar a nação.
Deus me disse para reunir 70 pastores e intercessores para orar de forma
dramática. Uma noite, gememos por três horas sem parar, até sair
sangue de nossas gargantas e cairmos desmaiados; então nos
levantamos. Os mais fortes transmitiam forças para os foram ficando
debilitados até que voltassem a levantar. Nada nos deteve até que vimos
o céu de bronze se partir e a luz começar a brilhar.
Eu sei que aquela noite mudou a história do meu país e foi o início
de uma guerra que durou sete anos até poder ser visto o avivamento.
Fizemos muitas campanhas de arrependimento público. Em uma
delas, na praça central, o Zócalo da Cidade do México, milhares de
pessoas trouxeram seus ídolos e os quebraram publicamente, pedindo
perdão a Deus pela idolatria no México. Em muitas outras cidades, um
grande número de pessoas se reuniu nas ruas para publicamente
confessar seus pecados e logo depois os da cidade. A autoridade para
pedir perdão pelos pecados dos outros vem quando nos atrevemos a
confessar os nossos próprios pecados.
Posteriormente, falarei com detalhes sobre isso. Às vezes, Deus faz
milagres e maravilhas para purificar a terra do pecado. Quando tomamos
os campos de concentração de Hitler na Polônia, aconteceu algo
maravilhoso. Era o mês de maio, época de seca nessa nação. O Senhor
nos deu a instrução de penetrar no campo de Auschwitz-Birkenau, às três
da manhã. Infiltramo-nos clandestinidade por uma floresta até nos
depararmos com os mesmos fornos crematórios que assassinaram mais
de 4 milhões de pessoas.
A terra fora amaldiçoada e entregue ao diabo por meio de pactos
envolvendo atos de ocultismo do Füher alemão.
Gememos no Espírito por um longo tempo, pedindo perdão e
clamando pela redenção do povo alemão e da Polônia. De repente, o céu
começou a rugir literalmente, com o estrondo dos trovões estremecendo
até mesmo os mais corajosos. Nós estávamos diante da indignação do
Leão de Judá. Então houve um estrondo forte em todo o céu e do nada
uma tempestade começou. Torrentes de água desceram do céu e ouvimos
a voz do Altíssimo dizer: “Eu estou limpando a terra do sangue
derramado”. Quando a chuva começou a diminuir, o sol apareceu no
horizonte e um arco-íris duplo se estendeu sobre o campo de
concentração de ponta a ponta. Estava amanhecendo e um novo dia
cheio de esperança chegava à Europa.
O ESTABELECIMENTO DO TERRITÓRIO
Após a purificação da terra devem ser estabelecidas as fronteiras,
uma vez que Deus entrega os territórios por limites. Isso faz parte da lei
da territorialidade. Quando Deus deu a terra prometida a Israel, Ele
determinou os limites de sua propriedade e jurisdição.
“Como prometi a Moisés, todo lugar onde puserem os pés eu darei a
vocês. Seu território se estenderá do deserto ao Líbano, e do grande
rio, o Eufrates, toda a terra dos hititas, até o mar Grande, no oeste.”
Josué 1:3-4
Uma vez que a terra tenha sido demarcada, ela deve ser consagrada
ao Senhor. A primeira coisa que Josué fez antes de tomar a terra
prometida foi estabelecer um altar ao Senhor.
“Escolha doze homens dentre o povo, um de cada tribo, e mande que
apanhem doze pedras do meio do Jordão, do lugar onde os sacerdotes
ficaram parados. Levem- nas com vocês para o local onde forem
passar a noite.”
Josué 4.2-3
Esse mesmo princípio é transmitido por Deus a Jacó, para que ele
pudesse estabelecer Sua presença na terra.
“A terra que dei a Abraão e a Isaque, dou a você; e também aos seus
futuros descendentes darei esta terra. A seguir, Deus elevou-se do
lugar onde estivera falando com Jacó.”
Gênesis 35:12-13
Deus precisa de um direito territorial legal para entregar a posse da
terra. O estabelecimento de altares é como assinar um contrato de
compra-e-venda que atesta sua transferência aos novos proprietários.
“Façam-me um altar de terra e nele sacrifiquem-me os seus
holocaustos e as suas ofertas de comunhão, as suas ovelhas e os seus
bois. Onde quer que eu faça celebrar o meu nome, virei a vocês e os
abençoarei.”
Êxodo 20:24
No Antigo Testamento, vemos grandes homens de Deus seguindo
esse princípio de construção de altares na terra, como no caso de Noé,
Moisés, Abraão, Jeremias, Davi e muitos outros.
A lei de propriedade territorial é válida não apenas espiritualmente,
mas também se trata de um requisito conhecido no natural. Quando
compramos uma propriedade, ela tem limites que a circundam e temos
de assinar o contrato de compra-e-venda para nos tornarmos os
proprietários legítimos.
Lembre-se, o inimigo entende muito bem dessas questões regionais
e, por isso, edifica altares em todas as culturas e realizar pactos que lhe
deem o direito legal de estabelecer seus principados e governadores.
“Você tem tantos deuses quantas são as suas cidades, ó Judá; e os
altares que você construiu para queimar incenso àquela coisa
vergonhosa chamada Baal são tantos quantas são as ruas de
Jerusalém.”
Jeremias 11:13
Xamãs e sacerdotes de todas as civilizações têm sido contratados
para fazer sacrifícios em vales, lagos, rios, montanhas, etc., além de
construir monumentos para demarcam o território de cada potestade.
Quando erguemos um altar a Deus, ou vários, dependendo da direção do
Espírito Santo, estamos selando a terra com um pacto muito maior do
que qualquer uma feito pelo diabo. As vezes, Deus dá a instrução de
colocarmos estacas ungidas em diversos pontos-chave de uma cidade,
como suas portas. Outras vezes, o Senhor mandar colocar Bíblias e
altares de doze pedras.
Nosso ministério produz as menores Bíblias do mundo, incluindo
os 66 livros completos em um microfilme transparente de 2 x 3
centímetros. Também fazemos santuários minúsculos de doze pedrinhas
ungidas, colocadas em bolsas bem pequenas. Então elas são depositadas
juntamente com as Bíblias em locais estratégicos nos quais jamais
poderia ser colocado algo de tamanho maior. Temos também delimitado
os territórios colocando incontáveis pedras pintadas de branco com
versículos bíblicos em torno de uma cidade.
Quando tomamos as fontes do rio Reno, na Suíça, colocamos lã de
cordeiro borrifada de óleo e dos elementos da Santa Ceia, simbolizando
Jesus entronizado nos Alpes. No Monte Everest, colocamos uma
bandeira com todos os nomes de Deus, juntamente com uma menorá
(cande¬labro de sete braços), uma réplica da Arca da Aliança, e uma
vara, que simbolizava a vara de Aarão. Em cada lugar onde tomávamos o
território, Deus nos instruía como queria delimitá-lo.
Não é uma questão de fórmulas, mas de ouvir o Espírito Santo. Em
meu livro “Os Céus Serão Abalados” (Editora Valente), explico em
detalhes os símbolos da guerra, seu significado e seu uso adequado. Eu
também falo sobre as estratégicas e as diferentes armas de guerra, que
sem dúvida trazem bênção para sua vida. E importante, quando possível,
rodear todo o território, ungindo-o e consagrando-o ao Senhor. Realizar
caravanas de oração, adoração e guerra espiritual fornecem um resultado
muito eficaz também.
A GUERRA ESTRATÉGICA A NÍVEL DE ATOS PROFÉTICOS
O próximo nível são os atos proféticos. Como o próprio nome
indica, são atos que liberam o poder do Reino de Deus sobre um
determinado lugar. Também são utilizados para confrontar os poderes
das trevas e trazer juízos sobre eles. Alguns exemplos de atos proféticos
na Bíblia são:
a) Josué rodeando Jericó.
Então o SENHOR disse a Josué: ‘Saiba que entreguei nas suas mãos
Jericó, seu rei e seus homens de guerra. Marche uma vez ao redor da
cidade, com todos os homens armados. Faça isso durante seis dias.
Sete sacerdotes levarão cada um uma trombeta de chifre de carneiro à
frente da arca. No sétimo dia, marchem todos sete vezes ao redor da
cidade, e os sacerdotes toquem as trombetas. Quando as trombetas
soarem um longo toque, todo o povo dará um forte grito; o muro da
cidade cairá e o povo atacará, cada um do lugar onde estiver’.”
Josué 6:2-5
b) Gideão usando tochas e jarros.
“Dividiu os trezentos homens em três companhias e pôs nas mãos de
todos eles trombetas e jarros vazios, com tochas dentro. E ele lhes
disse: ‘Observem-me. Façam o que eu fizer. Quando eu chegar à
extremidade do acampamento, façam o que eu fizer. Quando eu e
todos os que estiverem comigo tocarmos as nossas trombetas ao redor
do acampamento, toquem as suas, e gritem: Pelo SENHOR e por
Gideão!’”
Juízes 7:16-18
c) Jeremias diz para colocar pavimentação da casa de Faraó.
“Pegue algumas pedras grandes e, à vista dos homens de Judá,
enterre-as no barro do pavimento à entrada do palácio do faraó, em
Tafnes. Então diga-lhes: Assim diz o SENHOR dos Exércitos, Deus de
Israel: Mandarei chamar meu servo Nabucodonosor, rei da Babilônia,
e ele colocará o seu trono sobre essas pedras que enterrei, e estenderá
a sua tenda real sobre elas.”
Jeremias 43:9-10
d) Isaías profetizando que se colocasse uma bandeira no topo de uma
colina.
“Levantem uma bandeira no topo de uma colina desnuda, gritem a
eles; chamem-nos com um aceno, para que entrem pelas portas dos
nobres. Eu mesmo ordenei aos meus santos; para executarem a minha
ira já convoquei os meus guerreiros, os que se regozijam com o meu
triunfo.”
Isaías 13:2-3
Exemplos como esses vemos em toda a Bíblia, mas não são
fórmulas e sim instruções provenientes de Deus indicando como Ele quer
realizar a guerra e quais são os atos proféticos que devem ser feitos. Em
nível solo, devem apenas participar profetas, ministérios pastorais e de
intercessão profética testados; pessoas qualificadas a nível de autoridade
e de confrontação demoníaca.
Josias destruiu fisicamente todos os altares nos lugares altos para
que Deus pudesse trazer Sua presença à terra; mas ele tinha a autoridade
e a ordem do Senhor para fazê-lo. Toda sua reforma é narrada no
capítulo 23 do segundo livro de Reis.
“Também mandou levar o poste sagrado do templo do SENHOR
para o vale de Cedrom, fora de Jerusalém, para ser queimado e
reduzido a cinzas, que foram espalhadas sobre os túmulos de um
cemitério público. Também derrubou as acomodações dos prostitutos
cultuais, que ficavam no templo do SENHOR, onde as mulheres teciam
para Aserá.”
II Reis 23:6-7
Nesse tipo de confronto, Deus pode dar a ordem de ungir um
território fazendo guerra a partir de aviões ou helicópteros ou até mesmo
a de entrar em um lugar perigoso tomado por satanistas. O Senhor
instrui como tomar os montes ou lugares altos do governo do diabo,
assim como as portas do inferno; ou como chegar até as cavernas ou ao
fundo do oceano.
Em 2009, Deus nos levou a fazer uma guerra submarina e pela
primeira vez uma equipe de 16 guerreiros de alto nível mergulhadores
desceu a um dos cantos do Triângulo das Bermudas. Ali havia uma
poderosa porta do abismo que afetava uma grande parte das Américas e
Deus nos mostrou como derrubá-la. E importante ouvir as instruções do
Espírito Santo e não agir apenas seguindo o exemplo de alguém que
escreveu um livro a cerca deste assunto.
Para esse tipo de confronto, devemos considerar como, quando,
onde e quem. O tempo para agir é determinante e o claro estudo
espiritual do território é indispensável.
Aqui é onde considero que haja mais percalços e desventuras na
guerra uma vez que muitos deixam de levar em conta que a maioria das
áreas não opera isoladamente. Os principados e potestades das trevas
possuem linhas de comunicação e estações de reforços organizados.
Acaso você é melhor do que Tebas, situada junto ao Nilo, rodeada de
águas? O rio era a sua defesa; as águas, o seu muro. A Etiópia e o
Egito eram a sua força ilimitada; Pute e a Líbia estavam entre os seus
aliados.”
Naum 3:8-9
Nesse tipo de guerra é importante ter a retaguarda de intercessores
proféticos que possam cuidar de ataques inesperados ou ciladas do
inimigo. Esse tipo de exército deve ser capaz de discernir as astutas
ciladas do diabo para proteger os guerreiros da linha de frente.
Nem todas as guerras necessitam de um confronto frontal com o
inimigo. Sitiar uma cidade fortificada e cortar seu abastecimento de água
e de entrega às vezes é uma estratégia melhor. Foi dessa forma que a
Pérsia conquistou a Babilônia. A cidade foi sitiada e o rio que fornecia
água à cidade desviado; em seguida, fez os seus exércitos entrarem no rio
e assim tomaram a cidade. A força espiritual se abastece de
derramamentos de sangue e de fornicações e imoralidades sexuais. O
sangue e o sexo ilícito são as duas fontes de vida que o diabo usa para
ganhar força.
Eles são como rios de iniquidade que a sustentam e que devem ser
cortados. Outra provisão a ser cortada são os recursos que financiam as
estruturas do mal.
Uma fortaleza possui vias de abastecimento demoníaco; celestiais,
terrestres, marítimos e através do submundo. Eles devem ser cortados e
secados antes de se iniciar a peleja.
AS GUERRAS NA DIMENSÃO DO ESPÍRITO.
Esse tipo de guerra é inteiramente profético e realizado nas esferas
do Espírito. Essa é a forma mais eficiente e segura de se organizar um
ataque. Para realizá-lo, são necessários guerreiros altamente
qualificados. As pessoas que conseguem enxergar o mundo espiritual
veem como são formadas as estruturas de trevas sobre a cidade.
Quando guerreamos para libertar um território, levamos guerreiros
desse nível. Também convidamos pastores e intercessores em
treinamento, mas que pelo menos tenham experiência em guerra
estratégica a nível de atos proféticos.
Então formamos um grupo central com não mais do que doze
guerreiros e posicionamos os demais à nossa volta. No entanto, os únicos
que têm liberdade de falar o que veem e ouvem no mundo espiritual são
os doze. Os outros formam uma barreira de apoio e geralmente Deus
inclui a maioria deles para ver e ouvir tudo o que está acontecendo. Sua
função é nos cobrir e estarem preparados para o ataque quando Deus der
a ordem.
Então oramos a Deus e entramos no Espírito para que o Senhor nos
revele como está estruturado o mundo invisível sobre a cidade ou região
que fomos enviados para libertar. Jesus disse:
“Eu lhes digo verdadeiramente que o Filho não pode fazer nada de si
mesmo; só pode fazer o que vê o Pai fazer, porque o que o Pai faz o
Filho também faz”.
João 5:19
Esse é um dos princípios mais importantes do Reino de Deus. Não
faça nada sem primeiro ver o Pai fazer. Jesus nos enviou o mesmo poder
em que Ele fora enviado pelo Pai.
“Assim como me enviaste ao mundo, eu os enviei ao mundo.”.
João 17:18
Para isso, precisamos estar cheios do Espírito Santo e experientes
no dom da profecia e do conhecimento do âmbito profético. O profético
não se trata de apenas dizer “Assim diz o Senhor”, mas de adentrarmos o
Reino de Deus e Sua sabedoria. A Palavra diz que o testemunho de Jesus
é o Espírito de profecia (Apocalipse 19:10). Isso foi o que o anjo disse ao
apóstolo João quando ele se encontrava imerso nas regiões celestiais,
dando a entender que tudo o que via e ouvia nessa esfera estava sendo
testemunhado e revelado por Jesus.
É nessa atmosfera do Espírito que João vê as estruturas da grande
Babilônia e de sua sentença, assim como as da besta, do falso profeta e de
Abaddon. Entramos nesse nível de guerra seguindo o modelo
desenvolvido no livro de Apocalipse.
Primeiro, João entrou no Espírito e então ouviu e viu o mundo
espiritual.
“No dia do Senhor achei-me no Espírito e ouvi por trás de mim uma
voz forte, como de trombeta...”
Apocalipse 1:10
Em segundo lugar, foi levado a uma dimensão mais profunda,
depois de passar por uma porta no Céu, onde ele se encontrava diante do
Trono de Deus para ver e ouvir coisas que estavam para acontecer.
Terceiro, Deus lhe mostra como opera o Céu e como executar os
juízos e as sentenças do Altíssimo. Em nosso caso, Deus tem que nos
conceder esse nível de guerra. O caminho para o Céu e para o Trono de
Deus já foi aberto pelo Sangue de Cristo no momento em que se rasgou o
véu do templo.
Deus está levantando guerreiros que têm acesso e autoridade
nessas esferas. É aí que Deus nos mostra todas as estruturas das trevas e
nos dá instruções de como confrontá-las. Se nos são atribuídos anjos
para pelejarem juntamente conosco e as armas para o confronto, então
certamente será uma batalha é extremamente poderosa.
“Escutem! Há um barulho nos montes como o de uma grande
multidão! Escutem! É uma gritaria entre os reinos, como nações
formando uma imensa multidão! O SENHOR dos Exércitos está
reunindo um exército para a guerra. Eles vêm de terras distantes, lá
dos confins dos céus; o SENHOR e as armas da sua ira, para
destruírem todo o país.”
Isaías 13:4-5
Mais tarde neste livro, veremos a interação dos anjos nas batalha
dos santos. Uma vez travada a batalha no mundo espiritual,
executaremos na terra as ações proféticas que vivemos no espírito. Ao
fazer isso, estamos unindo os Céus e a Terra e estabelecendo o que
aconteceu no mundo no invisível sobre o visível.
A bênção desse tipo de guerra ocorre quando realizamos atos e
declarações proféticas no território já estando vencidas as potestades no
mundo espiritual e assim evitamos qualquer contra-ataque.
No capítulo um, mencionei a cerca de uma guerra que travamos em
Uganda contra um dos bruxos mais temidos da África. O sucesso dessa
batalha se deve primeiro por termos lutado no mundo espiritual contra
todos os espíritos ancestrais que auxiliavam o tal bruxo. Foi uma grande
batalha na qual os anjos levaram em cativeiro todos esses espíritos. Isso
foi feito em uma casa no sopé da montanha onde morava o feiticeiro.
Então, quando subimos para enfrentar o bruxo, somente fomos ver o
efeito do que já tínhamos realizado.
O homem ficou furioso, atirando em nós todo tipo de poeira de
morte e feitiçaria. Ele gritava aos espíritos dos ancestrais para que nos
aprisionassem e que toda sorte de malignidade nos sobreviesse. Para sua
surpresa, eles não respondiam por mais que ele realizasse suas artes de
magia e feitiços, pois os anjos já os haviam levado embora.
Desesperado por sua falta de poder de nos fazer mal, ele chamou a
polícia. Quando os policiais chegaram, muita gente subiu ao monte para
ver o que estava acontecendo, o que o Senhor usou para o seu Reino. O
fogo do Espírito Santo estava sobre nós, e havia anjos com espadas
flamejantes em torno da cabana do bruxo. Ele, quando viu os anjos,
correu até a polícia nos acusando de querer queimar sua casa. Mas as
autoridades somente viram os irmãos e a gente do povo e o consideraram
louco, ordenando que se calasse.
O pastor, então entusiasmado com tudo o que estava acontecendo,
tomou a palavra e corajosamente pregou o evangelho a todos os que se
encontravam ali. Metade das pessoas caiu no chão entregando a vida a
Jesus Cristo. Glória a Deus!
Essa guerra poderia ter tido outro resultado se não ti¬véssemos
lutado de maneira correta antes no mundo espiritual.
CAPÍTULO 5
QUEM SÃO OS CHAMADOS PARA A GUERRA?
“Mas o SENHOR tornou a dizer a Gideão: ‘Ainda há gente demais.
Desça com eles à beira d’água, e eu separarei os que ficarão com você.
Se eu disser: Este irá com você, ele irá; mas, se eu disser: Este não irá
com você, ele não irá’."
Juízes 7:4
UM EXÉRCITO ESCOLHIDO POR DEUS
Apesar de todos estarmos no exército de Deus e termos uma parte
na batalha, nem todos são chamados para guerrear nas linhas de frente
contra principados e potestades territoriais. Deus escolheu em meio a
Seu povo aqueles que quer usar especificamente para libertar nações e
lhes deu uma unção de guerra particular para vencer nesses níveis.
No Antigo Testamento, Deus Se revela como um Deus de guerra,
sendo um dos Seus nomes £to Senhor dos Exércitos”. Depois de observar
e ler como Jeová interveio para libertar Seu povo tantas vezes por meio
de batalhas, podemos concluir que Ele continua atuando nesse sentido.
Sempre que Deus ordenava uma guerra, o Altíssimo escolhia uma
pessoa e lhe ungia com a vitória. O melhor exemplo disso foi o rei Davi.
Desde sua juventude, o Senhor colocou uma poderosa unção de
combate sobre Davi, a qual são poucos que possuem. Quando Davi lutou
contra Golias, o restante do exército de Israel estava disperso e à mercê
dos filisteus e do gigante. Nesse exemplo, Deus usou um único homem
para mudar o destino de Israel. Qualquer outro que tentasse desafiar o
gigante seria morto, mas Deus estava se movendo por trás de seus
escolhidos.
Muito depois, essa mesma unção veio sobre o exército de valentes
de Davi. Primeiramente, os homens ficaram esgotados e bateram em
retirada, escondidos em uma caverna chamada Adulão. No entanto,
quando viram a unção fluindo do seu comandante, transformaram-se em
poderosos homens de guerra. E a dor gera revolucionários.
Hoje Deus continua tendo seus generais de guerra, ungidos e
chamados para libertar cidades e países, sob uma cobertura genuína,
com a vida provada em grande fogo, capazes de transmitir a unção e
liderar exércitos à vitória. Infelizmente, há aqueles que, agindo por
impulso com um real desejo de ver as cidades libertas, lançam-se em
guerras sem um chamado de Deus e sem a unção divina, o que resulta em
acidentes e desgraças sobre esses guerreiros imprudentes. Ainda pior,
tais erros se tornam a arma que o diabo usa para intimidar o exército de
Deus.
A guerra espiritual não é um assunto que deve ser levado na
brincadeira ou sem preparo, pois se trata de uma batalha contra um
inimigo real, enganador e astuto. Ela exige preparação e tem regras
bastante rígidas. Entrar nesse tipo de guerra apenas por empolgação e
sem nenhum entendimento ou chamado do alto e sem a unção
necessária, sem dúvida, terá sérias consequências.
Uma experiência que pode trazer luz a esse assunto pode ser usada
como analogia. Deus chamou Gideão para a guerra e a primeira coisa que
vemos nessa história foi o povo de Israel devastado por Midiã, com suas
colheitas roubadas e grande angústia sobre a nação. Eles clamaram a
Deus, que Se manifestou em um homem: Gideão. Deus o chamou, deulhe autoridade para vencer e foi Ele quem decidiu quem lideraria e faria
parte de Seu exército.
“Então o Anjo do SENHOR veio e sentou-se sob a grande árvore de
Ofra, que pertencia ao abiezrita Joás. Gideão, filho de Joás, estava
malhando o trigo num tanque de prensar uvas, para escondê-lo dos
midianitas. Então o Anjo do SENHOR apareceu a Gideão e lhe disse:
‘O SENHOR está com você, poderoso guerreiro’.”
Juízes 6:11-12
Gideão reune todo o exército de Israel, mas Deus disse:
“E o SENHOR disse a Gideão: ‘Você tem gente demais, para eu
entregar Midiã nas suas mãos. A fim de que Israel não se orgulhe
contra mim, dizendo que a sua própria força o libertou, anuncie, pois,
ao povo que todo aquele que estiver tremendo de medo poderá ir
embora do monte Gileade’. Então vinte e dois mil homens partiram, e
ficaram apenas dez mil. Mas o SENHOR tornou a dizer a Gideão:
Ainda há gente demais. Desça com eles à beira d’água, e eu separarei
os que ficarão com você. Se eu disser: Este irá com você, ele irá; mas,
se eu disser: Este não irá com você, ele não ira. Assim Gideão levou os
homens à beira d’água, e o SENHOR lhe disse: ‘Separe os que beberem
a água lambendo-a como faz o cachorro, daqueles que se ajoelharem
para beber’. O número dos que lamberam a água levando-a com as
mãos à boca foi de trezentos homens. Todos os demais se ajoelharam
para beber.”
Juízes 7:2-6
Vemos aqui como Deus seleciona Seu exército. Os 300 eram
homens que estavam em alerta, levavam a água à boca, mas seus olhos
estavam atentos a tudo que acontecia ao seu redor, demonstrando serem
soldados inteligentes e fáceis de liderar. Os que atiraram a boca na água,
sem nenhuma precaução, simbolizavam os que fazem as coisas de
qualquer maneira: querem ir à guerra, mas não tiram tempo para
aprender os requisitos básicos. Agem com fé, mas sem nenhuma direção
do Espírito Santo.
A guerra espiritual não é um assunto que se possa tomar às pressa
nem algo para se realizar sem conhecimento de causa e sem o preparo
devido. Fazer as coisas simplesmente por entusiasmo, sem pleno
entendimento, sem chamado do alto e sem a unção necessária, sem
dúvida, tem consequências sérias.
Hoje temos magníficos autores que têm escrito sobre guerra
espiritual, mapeamento espiritual, estratégias de batalha, dentre outros
temas. Porém, isso não passa de material de apoio, trazendo mais luz
sobre um assunto que Deus já tem falado ao coração do verdadeiro
guerreiro.
Problemas surgem quando as experiências de outros são estudadas
e aplicadas como se fossem um manual de operações, criando fórmulas a
partir de estratégias instruídas para um lugar específico, com condições e
demônios que pertenciam àquela guerra em particular. Ler livros e
discutir sobre guerra não tornam ninguém preparado para confrontar
um inimigo mais do que bem fortalecido e pronto para o combate.
QUEM NÁO PODE PARTICIPAR DA GUERRA?
“Por fim os oficiais acrescentarão: Alguém está com medo e não tem
coragem? Volte ele para sua casa, para que os seus irmãos israelitas
também não fiquem desanimados’.”
Deuteronômio 20:8
É um erro envolver pessoas medrosas e imaturas em uma batalha,
que nem sequer possuem entendimento claro da grandeza de Deus em
relação ao diabo. Pessoas cuja alma precisa ser curada e, em muitos
casos, liberta por causa de seus temores não resolvidos, tornam-se alvos
fáceis do diabo. Agora mesmo estou colocando meu foco na seleção
divina, apesar de mencionar mais à frente outras características
importantes de quem não deve participar da batalha.
QUEM ESTÁ QUALIFICADO PARA A GUERRA DE ALTO
NÍVEL?
A. Autoridade profética e apostólica
A guerra espiritual pertence especificamente à esfera profética e
apostólica. Cada ministério tem um nível de unção e autoridade que lhe
dá a capacidade divina de operar naquilo para que Deus o chamou.
Todos são chamados e ungidos, mas nem todo« recebem a mesma
função ou propósito. Confundir os limites de ação de um ministério trará
graves consequências que afetarão o Corpo de Cristo como um todo e de
forma irremediável.
Por exemplo, quando um profeta é também pastor de uma igreja,
mas não tem um ministério pastoral, a igreja recebe uma palavra de Deus
que costuma ser contundente, profunda e possivelmente bastante
confrontadora. Mas isso fará com que os fiéis recebam pouco cuidado em
relação a suas necessidades, principalmente quanto a seus problemas
pessoais. Quando um evangelista quer exercer a função de pastor,
tenderá a ter uma grande motivação para evangelizar com manifestações
de poder; mas, em muitos casos, terá poucas revelações profundas da
Palavra. O mesmo acontece quando pastores, mestres e evangelistas
querem penetrar nas esferas da profecia e da autoridade apostólica. Em
geral, causarão muita confusão, direcionamentos pouco claros e
problemas.
Quem então tem permissão de mover no mundo espiritual?
Somente aqueles que podem discernir os poderes das trevas e as
estratégias para derrotá-los. Apenas os profetas ou outros com unção
profética (pastores-profetas, mestres- profetas, apóstolos-profetas)
podem fazer isso de forma correta, assim como os apóstolos.
Todo exército precisa ter autoridade e ordem, que é uma regra
crucial que não pode ser alterada, assim como na guerra natural. Não
seria imensamente perigoso se um capitão das Forças Armadas dos
Estados Unidos decidisse por contra própria bombardear o Iraque? Claro
que sim.
Devemos nos engajar na guerra espiritual contra potestades
territoriais como qualquer outra organização militar, ou seja, com
estratégias claras, armas adequadas e em perfeita ordem e harmonia,
desde os generais até a infantaria.
B. A seleção celestial
A Bíblia diz em Provérbios 24.6: “Quem sai à guerra precisa de
orientação, e com muitos conselheiros se obtém a vitoria .
Em 1989, Deus me mostrou uma visão que me abalou de horror. Vi
a força devastadora do reino das trevas, com exércitos bem organizados,
seus generais coordenados com as linhas de frente, posicionando-as
estrategicamente por todo o mundo, e todos lutavam pelo mesmo
objetivo. Seus principados e governadores estavam com perfeição unidos
e estruturados para executar os planos de Satanás nas esferas políticas,
econômicas e religiosas sobre toda a face do planeta.
Imponentes hierarcas das trevas foram posicionadas sob a forma
de sociedades secretas, as quais governavam apenas o mundo visível,
mas também protegiam os planos diabólicos, mantidos em oculto
poderes subterrâneos que os tornavam indetectáveis na superfície e, por
tanto, quase indestrutíveis.
Possuíam redes de provisão e abastecimento que os fortaleciam de
todas as partes do mundo. Milhões de demônios saíam por toda a Terra
incitando as pessoas a pecar e a derramar sangue, fortalecendo os muros
de suas fortalezas, tornando-os mais resistentes. Além disso,
controlavam as riquezas das pessoas mais poderosas do planeta.
Vi seus exércitos obedecerem, enviados para destruir igrejas e
eliminar ministros de Deus, atacando principalmente os que se
encontravam sozinhos. Vi esses exércitos adentrando as igrejas
praticamente sem resistência, injetando espíritos de soberba,
independência, fofoca, divisão, impureza sexual, cobiça e poder. Vi a
Igreja como pequenas luzes dispersas pelas nações, desejando lutar
contra um governo bem organizado e altamente macabro.
Enquanto meu coração se angustiava com essa visão, Deus me
confortava dizendo: “Não desanime seu coração com tal visão, pois
chegou o tempo em que descerei para governar o mundo. Neste tempo, o
Céu e a Terra se tornarão um e escolherei os que reinarão comigo a Meu
lado”. Enquanto o Senhor falava comigo, a Palavra penetrava em meu
espírito como um raio, conforme está escrito:
“Guerrearão contra o Cordeiro, mas o Cordeiro os vencerá, pois é o
Senhor dos senhores e o Rei dos reis; e vencerão com ele os seus
chamados, escolhidos e fiéis.”
Apocalipse 17:14
Aqui vemos que nem todo mundo deve guerrear contra as
hierarquias demoníacas ao lado do Cordeiro. Deus escolheu Seu exército
segundo a fidelidade dos soldados, servos fiéis até mesmo nos níveis mais
profundos da cruz: negação do “eu” e valentia. São pessoas que andarão
em obediência mesmo se as consequências não forem a seu favor. A
prioridade dos soldados de Deus é seguir ao Senhor mesmo que isso lhes
custe a vida. Esses são os que têm poder para lutar até mesmo contra
Satanás.
“Eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do
testemunho que deram; diante da morte, não amaram a própria vida.”
Apocalipse 12:11
Há um grau de obediência a Deus que todos devem cumprir, o qual
abrange o cumprimento de Seus mandamentos, de nossas atividades
cristãs e tempo com o Senhor. No entanto, há níveis mais altos de
obediência, os quais determinarão se seremos selecionados por Deus
para Seus mais elevados propósitos ou ficaremos fora deles.
A guerra nas regiões celestiais exige que os guerreiros não tenham
medo. Precisam ser soldados eficazes a quem Deus possa liderar com um
simples olhar. Devem ser como um vento que pode ser soprado por Deus
para onde Ele quiser, sem qualquer apego a este mundo. Não são o seu
valor e sua ousadia que os qualificam, mas o quanto estão mortos para o
“eu”. Há ordens divinas que determinam a diferença entre os que
seguirão e os que ficarão para trás.
Lembro-me das perguntas que Deus me fez quando me deu a
missão de subir o monte mais alto do mundo, o Everest. A primeira foi:
“O quanto você deseja a libertação da janela 10/40, se Eu não garantir
que você volte com vida?” (A janela 10/40 compreendia as nações menos
libertas, ou as regiões menos evangelizadas do mundo nos anos 90).
Poucos sabem o que é dizer adeus aos filhos quando eles lhe
perguntam: “Mamãe, Deus lhe disse que vai voltar, não é verdade?”. E
bem no seu íntimo você sabe a resposta. Outra pergunta que Deus me fez
foi: “E se Eu lhe pedisse para pagar o alto preço de levar a pessoa que
você mais ama em sua família para libertar a fortaleza sobre o Everest?”.
Nada é mais assustador do que colocar em uma balança a vida de um
ente querido e milhões de almas sendo arrastadas para o inferno, um em
cada lado da balança.
Outra pergunta foi: “Você estaria disposta a ficar presa no Nepal
para que Eu pudesse quebrar as cadeias e cativeiros?”. Essa foi de longe a
mais fácil. Todas essas situações estavam prestes a acontecer, porém,
Deus mudou Seu decreto quando respondi “Sim” e obedeci em tudo,
assim como Deus livrou Abraão de matar seu filho mesmo depois de
pedir que ele o sacrificasse.
Deus precisa nos por à prova para que possa nos escolher, pois
devemos vencer todos os níveis de medo, confusão e dor antes de nos
envolvermos com a guerra espiritual.
C. Os guerreiros de luz
Os escolhidos são guerreiros treinados na luz, pois somente a luz de
Deus pode dissipar as trevas. A Palavra diz:
“As armas com as quais lutamos não são humanas; ao contrário,
são poderosas em Deus para destruir fortalezas.”
II Coríntios 10:4
“A noite está quase acabando; o dia logo vem. Portanto, deixemos
de lado as obras das trevas e revistamo-nos da armadura da luz.”
Romanos 13:12
A luz é a arma mais poderosa que existe e nenhum demônio pode
resistir a ela. A luz é o próprio Deus. Na guerra espiritual, não nos
consideramos da luz meramente por uma questão teológica, mas porque
agimos como tochas humanas, reproduzindo a luz do Altíssimo.
O verdadeiro conflito é o confronto entre a luz e as trevas, como
disse o apóstolo João:
“Nele estava a vida, e esta era a luz dos homens. A luz brilha nas
trevas, e as trevas não a derrotaram.”
João 1:4-5
De acordo com um princípio bíblico, a luz dissipa as trevas. Não
precisamos ficar três horas gritando para que as trevas saiam sempre que
ligamos uma lâmpada em casa. No momento em que a luz se manifesta,
as trevas automaticamente se dissipam. Mas se Jesus é a luz que habita
em nós, por que as trevas não se dissipam imediatamente ao nosso
redor? A resposta é que a luz ainda está encoberta por estruturas reais e
substanciais que o diabo construiu em torno dos homens. São véus de
trevas que atuam como um bloqueador sólido em volta do centro da luz.
A luz existe, ela é real, habita no crente, mas as fortalezas de iniquidade a
encobrem. (Meu livro “A Iniquidade [Editora Valente] esclarece este
assunto).
A presença da luz na vida dos filhos de Deus é uma coisa, mas sua
visível manifestação na vida do crente é outra completamente diferente.
Há uma diferença significativa entre a presença de virtudes divinas e sua
plena manifestação em nós. Uma pessoa recém-convertida tem
imediatamente, por fé, a presença da virtude e do poder divinos, mas eles
não se manifestarão na mesma hora, somente depois que o velho “eu” for
destruído e ela começar a obter entendimento sobre os princípios da
manifestação da luz e do reino de Deus.
A cruz tem produzido luz desde quando a morte de Jesus liberou o
poder para derrotar o diabo. Satanás sabe que essa é a única arma com a
qual ele não pode lutar e o reino das trevas pode distinguir perfeitamente
os que estão pregados na cruz dos que apenas falam sobre a cruz.
A função da luz é expor todas as coisas e torná-las visíveis aos olhos
de todos. Na cruz, Jesus trouxe todos os nossos pecados à luz. Ele não
somente morreu por toda a humanidade, mas fez isso de maneira
pública, entre os pecadores. Sua nudez ter sido exposta na cruz do
Calvário representou a exposição pública de todas as nossas
transgressões. Por isso, aquele que vem à luz faz o que fez Jesus: expõese por meio da confissão de pecados.
Há pecados de ignorância e determinadas atitudes que podemos
confessar a nosso Pai Celestial, mas precisamos nos arrepender e
confessar os pecados que cometemos de forma consciente. A Bíblia diz:
“Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns
pelos outros para serem curados. A oração de um justo é poderosa e
eficaz.”
Tiago 5:16
Hoje praticamente ninguém confessa pecado nas igrejas, mas isso é
bíblico e nos conduz a profundos níveis de luz. A palavra “confessar”
significa “expressar publicamente os pecados de alguém”. Essa é a
mesma palavra que usamos quando dizemos:
“Pois com o coração se crê para justiça, e com a boca se confessa
para salvação.”
Romanos 10:10
Sabemos que isso não significa entrar no quarto e dizer ao Senhor
em secreto que Ele é seu salvador. Vejamos o que dizem as Escrituras:
“Esta é a mensagem que dele ouvimos e transmitimos a vocês: Deus
é luz; nele não há treva alguma. Se afirmarmos que temos comunhão
com ele, mas andamos nas trevas, mentimos e não praticamos a
verdade. Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, temos
comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos
purifica de todo pecado.”
II João 1:5-7
Perceba que a consequência de andar na luz é termos comunhão
uns com os outros. E incrível que a Igreja declare estar na luz, mesmo
comungando com membros que não demonstram nada disso. Se as
pessoas não confessarem seus pecados e não os trouxerem à luz, andarão
encobertas, ou seja, em trevas. Esse tipo de condição espiritual é a razão
pela qual deixamos de ter o poder para lutar contra o diabo. Quando
andamos encobertos, estamos andando no terreno do inimigo, onde ele
tem toda a autoridade para A nos atacar.
Expor os pecados é andar na luz; trata-se de uma manifestação de
grande humildade. Significa penetrar na cruz completamente nu, como
fez o Senhor Jesus. A verdade é que quando todos conhecerem nossos
pecados, o diabos não terá mais armas para nos atacar.
Confessar os pecados com um coração sincero e contrito é doloroso,
mas ao mesmo tempo libertador, levando-nos ao verdadeiro
arrependimento. Jamais iremos querer cometer a mesma transgressão
outra vez.
Uma das funções do Espírito Santo é remir o pecado confessado. A
Igreja também deixou de cumprir essa função, extremamente importante
na guerra espiritual, pois não podemos entrar nas áreas de trevas do
inimigo sem recebermos a remissão dos nossos pecados.
“E com isso, soprou sobre eles e disse: ‘Recebam o Espírito Santo. Se
perdoarem os pecados de alguém, estarão perdoados; se não os
perdoarem, não estarão perdoados’.”
João 20:22-23
Esse é talvez o maior problema que tem causado danos no
acampamento de Deus quando nos envolvemos com batalha espiritual.
Sair para guerrear sem a confissão e a remissão de nossos pecados nos
torna alvos fáceis do inimigo. E a mesma coisa que sair em uma missão à
noite com uma lanterna acesa e fazendo barulhos altos, anunciando
nossa posição.
Minha equipe de guerra e eu temos lutado poderosas batalhas
contra grandes poderes das trevas no Segundo Céu e uma das coisas que
sempre fazemos é passar muitos dias em algum local isolado do mundo,
confessando todos nossos pecados, o que inclui atitudes, pensamentos e
sonhos. Entendemos que isso é vital na batalha e nos dá uma poderosa
proteção da parte de Deus.
O nível de confissão determina o nível em que somos expostos, e o
nível de exposição determina o nível em que a luz brilha através de nós. O
Senhor requer nossa confissão diante de um outro crente cheio do
Espírito Santo, que a submete a Deus para que Ele perdoe e nos purifique
de nossas transgressões. No entanto, há um poder tremendo segundo o
nível em que nos humilhamos e nos expomos diante dos outros.
A confissão pública diante da congregação demonstra um
impressionante nível de cruz, que é, certamente, a prerrogativa de cada
um de nós, mas aqueles que morrem para a carne em completa
humildade receberão de Deus uma enorme recompensa e alcançarão um
poderoso nível de luz na batalha contra o mal.
Esse é um dos atos de obediência de alto nível que Deus me pediu.
Por três anos consecutivos, Ele me pediu para confessar meus pecados e
falhas diante de cada congregação à qual eu era convidada ao redor do
mundo. Sempre que o diabo tentava me atacar, ele era imediatamente
desarmado. Mesmo assim, era horrível. Eu sofria muito sempre que tinha
de fazer isso, principalmente em lugares cheios de religiosidade e
legalismo. No entanto, sempre que o fazia, via Satanás cair como um raio.
Antes, quando eu entrava em batalha, e até mesmo hoje ainda, a luz
de Deus resplandecia em minha vida à distância e eu podia ver os
demônios caírem como pássaros atingidos por um raio. A Deus seja toda
a glória!
Temos conduzido cruzadas de arrependimento público de pecado e
ouvido os céus literalmente ressoarem com um trovão sobrenatural
quando os pastores e as pessoas começam a se humilhar e a confessar
seus pecados. Torna- se muito mais fácil entrar em guerra espiritual
quando toda uma comunidade está literalmente imersa no sangue de
Cristo e em Seu perdão. Aleluia!
D. Os Céus guerreiam juntamente com os escolhidos
Deus tem dois tipos de exército, os celestiais e os terrenos, Com
ambos interagindo quando o Senhor chama à batalha.
Em muitas partes da Bíblia, vemos os dois operando juntos. Para
Eliseu isso era tão óbvio que quando ele se viu rodeado por seus
inimigos, permaneceu em perfeita paz, sabendo que estava muito bem
protegido em meio ao ataque.
“Ele enviou para lá uma grande tropa com cavalos e carros de
guerra. Eles chegaram de noite e cercaram a cidade. O servo do
homem de Deus levantou-se bem cedo pela manhã e, quando saía, viu
que uma tropa com cavalos e carros de guerra havia cercado a cidade.
Então ele exclamou: ‘Ah, meu senhor! O que faremos?’ O profeta
respondeu: ‘Não tenha medo. Aqueles que estão conosco são mais
numerosos do que eles’. E Eliseu orou: ‘SENHOR, abre os olhos dele
para que veja. Então o SENHOR abriu os olhos do rapaz, que olhou e
viu as colinas cheias de cavalos e carros de fogo ao redor de Eliseu.”
II Reis 6:14-17
Outra maravilhosa passagem fala do julgamento do monte da
Babilônia:
“Eu mesmo ordenei aos meus santos; para executarem a minha ira
já convoquei os meus guerreiros, os que se regozijam com o meu
triunfo. Escutem! Há um barulho nos montes como o de uma grande
multidão! Escutem! E uma gritaria entre os reinos, como nações
formando uma imensa multidão! O SENHOR dos Exércitos está
reunindo um exército para a guerra. Eles vêm de terras distantes,lá
dos confins dos céus; o SENHOR e as armas da sua ira, para
destruírem todo o país.”
Isaías 13:3-5
Mais uma vez, vemos que Deus escolhe Seus soldados, pessoas
consagradas e valentes para a guerra. Eu me refiro a um nível muito alto
de combate, o qual afeta o mundo inteiro.
Quando confrontamos principados demoníacos de alto nível, Deus
sempre envia Suas tropas celestiais para executar a parte mais difícil da
batalha. Na grande maioria delas, o Senhor nos permite enfrentar o
perigo até certo ponto, e então, por Sua graça, Ele envia Seus anjos para
fazer o que não podemos.
Quando um guerreiro humano sobe de patente, Deus lhe dá a
grande honra de guerrear frente a frente contra o diabo em algumas
ocasiões, com o auxílio dos anjos.
Somente Deus pode conceder tal privilégio e são poucos os que na
Terra o têm recebido. A fim de receber tamanha atribuição do Senhor,
precisamos vencer muitas batalhas e adquirir experiência e coragem por
meio do Espírito Santo para que o Senhor nos outorgue esse maravilhosa
assinatura.
Em Apocalipse 12:7-10, Deus nos mostra uma batalha na qual
claramente vemos a interação entre esses dois tipos de exércitos em ação.
“Houve então uma guerra nos céus. Miguel e seus anjos lutaram
contra o dragão, e o dragão e os seus anjos revidaram. Mas estes não
foram suficientemente fortes, e assim perderam o seu lugar nos céus. O
grande dragão foi lançado fora. Ele é a antiga serpente chamada
Diabo ou Satanás, que engana o mundo todo. Ele e os seus anjos foram
lançados à terra. Então ouvi uma forte voz dos céus que dizia: Agora
veio a salvação, o poder e o Reino do nosso Deus, e a autoridade do seu
Cristo, pois foi lançado fora o acusador dos nossos irmãos, que os
acusa diante do nosso Deus, dia e noite .”
Apocalipse 12:7-10
Perceba que a mesma voz celestial declara quem são os que
venceram, o que não quer dizer que tenham sido Miguel e seus anjos,
mas:
“Eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do
testemunho que deram; diante da morte, não amaram a própria vida.”
Apocalipse 12:11
Obviamente são os santos escolhidos de Deus.
A voz no Céu declara que o diabo foi derrotado pelos guerreiros na
Terra. Alguns pensam que os filhos de Deus não podem confrontar o
diabo diretamente nem travar guerra contra ele aqui na Terra, muito
menos nas regiões celestiais. Ainda assim, vemos nessa enorme batalha
que os vencedores são justamente os filhos do Altíssimo.
A voz declarou que o diabo foi derrotado nessa batalha. No entanto,
ele continua atuando contra a Igreja no mundo (como mostra o resto do
capítulo). Os poderes das trevas foram derrubados e expulsos do Céu,
mas isso não implica que estão totalmente aniquilados. Porém, é
evidente que, por terem sido expulsos, perderam grande parte de sua
força operacional quando Deus os declarou derrotados.
E. Nossas armas são poderosas em Deus
A guerra espiritual vem do Espírito. A unção para travar guerra e
receber a graça de Deus para a vitória são resultados de uma vida plena
em Deus.
Porém, há pessoas que querem guerrear mas que ignoram as leis
básicas da proteção pessoal e o entendimento necessário para a guerra,
trazendo graves consequências sobre sua vida. As armas que Deus nos dá
são poderosas para destruir fortalezas.
A armadura com a qual nos revestimos não é uma armadura
qualquer. A Bíblia diz que se trata da armadura de Deus e não é um
assunto para ser tratado levianamente, mas de grande importância para
a maioria dos guerreiros que, infelizmente, não sabem como se revestir
dessa armadura nem como usá-la.
Esse tipo de ignorância leva as pessoas a lutar a batalha na carne.
Há algum tempo, li, de um autor cujo nome agora não lembro, o
seguinte: “Declare todas manhãs que você está revestindo da armadura
de Deus e assim estará protegido pelo resto do dia”.
Infelizmente, a armadura de Deus não nos cobrirá simplesmente
porque fazemos uma declaração profética. Essa armadura celestial
implica que estamos estabelecidos em uma posição celestial
inconquistável, tal como a verdade, a salvação, a justiça, o amor, a fé, a
pregação do evangelho e a íntima comunhão com a Palavra revelada de
Deus, os rhemas de Sua Palavra; e, dessas posições, estamos prontos
para guerrear no mundo espiritual. Essa armadura não cobre os
hipócritas, cheios de falsidade e mentira, que declaram usar o cinturão da
verdade; nem os injustos, os rebeldes, os caluniadores cuja língua está
contaminada com veneno, nem os que somente declaram ter um coração
justo ou amoroso. Também estão excluídos os que não têm fé nem para
as próprias finanças e os que vivem a vida com todo tipo de medo, mas
que, mesmo assim, declaram profeticamente que seguram o escudo da fé.
Pessoas assim estão na mais completa ignorância e somente usam armas
carnais, o que é ridículo. Lutar na carne é como arremessar machados à
lua ou pedras ao sol.
A armadura de nosso Deus é perfeita, indestrutível e extremamente
poderosa, mas somente se encaixará em nós conforme amadurecemos
nela. Um guerreiro que luta pelo Espírito do Deus vivo é um homem (ou
uma mulher) cheio da verdade, que detesta a falsidade e a mentira. Ele
também é cheio de justiça e de amor, continuando a amar mesmo nas
condições mais adversas e hostis. É uma pessoa cheia de salvação em seu
ser interior, santa em todos os seus caminhos, que detesta todo tipo de
impureza e iniquidade. Também é um homem cheio da fé de Deus
porque conhece o Senhor e o Senhor a ele. Possui um relacionamento
íntimo com o Altíssimo e é cheio de bondade para com os irmãos, cheio
de compaixão e pronto para orar sob qualquer circunstância.
Esse é o homem a quem Deus depositará Sua autoridade e cujas
armas não são feitas por mãos humanas, mas espadas de fogo e bombas
atômicas no mundo espiritual. Ele é um soldado que age em perfeita
ordem e sincronizado à sua estrutura de autoridade, treinado em
princípios, valores e submissão. Um guerreiro revestido de mansidão e
humildade, fácil de ser comandando tanto por Deus quanto por seus
superiores humanos. Uma pessoa que não se vangloria de si, mas que
reconhece que toda a glória pertence somente a Deus. Esses são os
escolhidos de Deus, os que são revestidos nEle e armados por Seu
Espírito. Eles são invencíveis.
CAPÍTULO 6
OS PERCALÇOS DA GUERRA
“Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não está no
pecado; aquele que nasceu de Deus o protege, e o Maligno não o
atinge. Sabemos que somos de Deus e que o mundo todo está sob o
poder do Maligno."
I João 5:18-19
QUEM PODE SOFRER TAIS RETALIAÇÕES?
Todos nós no corpo de Cristo experimentamos dores,
enfermidades, desgraças e acidentes. Ainda que alguns não queiram
admitir isso e preguem que, como o diabo está derrotado, ele não pode
fazer nada contra nós; a verdade é que a Igreja, em todos os lugares, está
cheia de doenças.
Pessoas em todas as denominações e grupos cristãos estão sendo
atacadas pelo diabo dia e noite. Creio que é injusto dizer que as doenças e
adversidades são consequências da guerra espiritual. Tragédias
acontecem em todos os lugares, mesmo que ninguém faça qualquer
oposição estratégica de guerra. Será que os cristãos mais conservadores
nunca ficam doentes nem podem ser vítimas de alguma calamidade ou
acidente inesperado?
Desde que o diabo tomou o controle da Terra e estabeleceu seu
império de morte, dor e maldade, a humanidade tem vivido em grande
sofrimento. O reino de trevas opera levando sofrimento a cristãos e
incrédulos.
“O vento sopra onde quer. Você o escuta, mas não pode dizer de
onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todos os nascidos do
Espírito.”
E não importa o que Satanás e seus demônios digam, há sobre ele
um governo maior que o derrotou e a quem ele tem de se sujeitar. Nosso
inimigo comum certamente anda rondando para ver a quem devorar (I
Pedro 5:8,9), mas não tem liberdade incondicional para fazer o que
quiser.
A religião é um lugar inseguro. Habitar em Deus é o que nos
protege de todo perigo.
“Aquele que habita no abrigo do Altíssimo e descansa à sombra do
Todo-poderoso pode dizer ao SENHOR: ‘Tu és o meu refugio e a minha
fortaleza, o meu Deus, em quem confio’. Ele o livrará do laço do
caçador e do veneno mortal. Ele o cobrirá com as suas penas, e sob as
suas asas você encontrará refugio; a fidelidade dele será o seu escudo
protetor. Você não temerá o pavor da noite, nem a flecha que voa de
dia, nem a peste que se move sorrateira nas trevas, nem a praga que
devasta ao meio-dia. Mil poderão cair ao seu lado, dez mil à sua
direita, mas nada o atingirá. Você simplesmente olhará, e verá o
castigo dos ímpios. Se você fizer do Altíssimo o seu abrigo, do SENHOR
o seu refúgio, nenhum mal o atingirá, desgraça alguma chegará à sua
tenda. Porque a seus anjos ele dará ordens a seu respeito, para que o
protejam em todos os seus caminhos; com as mãos eles o segurarão,
para que você não tropece em alguma pedra. Você pisará o leão e a
cobra; pisoteará o leão forte e a serpente. ‘Porque ele me ama, eu o
resgatarei; eu o protegerei, pois conhece o meu nome. Ele clamará a
mim, e eu lhe darei resposta, e na adversidade estarei com ele; vou
livrá-lo e cobri-lo de honra. Vida longa eu lhe darei, e lhe mostrarei a
minha salvação.
Salmo 91
Para algumas pessoas, ainda que sejam cristãs devotas, sua
realidade espiritual não passa de mera religião, crendo com a mente e
não com o coração. Estão cheias de mecanismos e fórmulas que lhes
fazem parecer piedosas, mas falta-lhes a vida e a eficácia de uma
comunhão íntima com Deus.
Estar “Em Deus” é um estado do Espírito em que o Senhor está
sempre nos transformando, orientando e conversando. É nesse estado
espiritual no qual toda nossa confiança é depositada em Deus porque nós
O conhecemos e ouvimos. (Recomendo a leitura do maravilhoso livro
“Imerso em Deus” do meu esposo Emerson Ferrell para se aprofundar
nesse assunto).
O DIABO PODE TOCAR EM UM UNGIDO DE DEUS?
Na cruz Jesus conquistou toda a vitória que precisamos para viver
uma vida 100% protegida por Deus. A Palavra diz:
“Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não está no
pecado; aquele que nasceu de Deus o protege, e o maligno não o
atinge.”
I João 5:18
“Finalmente, fortaleçam-se no Senhor e no seu forte poder. Vistam
toda a armadura de Deus, para poderem ficar firmes contra as ciladas
do Diabo.”
Efésios 6:10-11
Segundo essas passagens das Escrituras, é possível manter-se
permanentemente firme em meio aos ataques malignos sem ser tocado
pelo diabo.
O problema que encontramos nesse contexto é o fato de que a
grande maioria da Igreja não caminha com o Senhor como deveria e, por
isso, ainda não possui por completo a armadura de Deus na prática.
Geralmente as pessoas pensam que não vivem no pecado porque
não praticam adultério, não bebem nem frequentam festas pagãs, porém,
vivem na religiosidade, sem compaixão, cheias de críticas, sem controle
sobre a língua. São fofoqueiras e competem entre si, vivendo segundo
seus próprios padrões em vez de depender do Espírito Santo. Em muitos
casos, tais pessoas acabam se envolvendo com guerra espiritual e,
logicamente, sem qualquer proteção.
Qualquer tipo de pecado cria uma aliança com o diabo e dá a ele e a
seus demônios o direito legal de tocar no filho de Deus.
A. Discernindo nossas possíveis alianças com o inimigo
A primeira coisa que fazemos quando entramos em guerra
espiritual é estudar as características do “valente” que iremos combater.
Listamos todas elas em uma lousa e as analisamos com cuidado e assim
obtemos claro entendimento sobre vários aspectos do caráter desse
“valente” e começamos a ver quais deles estão presentes em nossa vida;
formas pelas quais encontramos identificação com o caráter desse
espírito.
Acredito que um dos erros de Paulo que quase o levou a uma
derrota total foi quando ele pregou o evangelho em Atenas, devido à
estratégia com que ele entrou nessa capital.
O “valente” (o espírito governador) era o espírito da Grécia e suas
características, dentre muitas outras, são o intelectualismo, o
humanismo, o culto da razão sobre o espírito, a eloquência, a arrogância,
o hábito de sempre demonstrar que se sabe mais que os outros e as
discussões intermináveis que tentam provar tudo pela lógica.
Sem perceber, Paulo caiu em uma armadilha desse espírito e se
deixou envolver por ele. Sua pregação foi intelectual e sem manifestação
de poder, com resultados quase nulos.
“Enquanto esperava por eles em Atenas, Paulo ficou profundamente
indignado ao ver que a cidade estava cheia de ídolos. Por isso, discutia
na sinagoga com judeus e com gregos tementes a Deus, bem como na
praça principal, todos os dias, com aqueles que por ali se
encontravam. Alguns filósofos epicureus e estóicos começaram a
discutir com ele. Alguns perguntavam: ‘O que está tentando dizer esse
tagarela?’ Outros diziam: ‘Parece que ele está anunciando deuses
estrangeiros’, pois Paulo estava pregando as boas novas a respeito de
Jesus e da ressurreição.”
Atos 17:16-18
Perceba que Paulo já começava a ceder a esse espírito de discussão
e caminhava em direção à armadilha do inimigo, caindo em uma
argumentação intelectual:
“Enquanto esperava por eles em Atenas, Paulo ficou profundamente
indignado ao ver que a cidade estava cheia de ídolos. Por isso, discutia
na sinagoga com judeus e com gregos tementes a Deus, bem como na
praça principal, todos os dias, com aqueles que por ali se
encontravam. Alguns filósofos epicureus e estóicos começaram a
discutir com ele. Alguns perguntavam: ‘O que está tentando dizer esse
tagarela?’ Outros diziam: ‘Parece que ele está anunciando deuses
estrangeiros’, pois Paulo estava pregando as boas novas a respeito de
Jesus e da ressurreição.”
Atos 17:19-21
Os gregos não buscavam a Deus, nem seu coração era sensível o
suficiente para receber a salvação. Sua mente estava cativa pelo espírito
territorial e conseguiram enlaçar Paulo em seu jogo.
O apóstolo, depois de um eloquente discurso sobre o “Deus
desconhecido”, terminou ridicularizado e zombado pelos atenienses e
com somente um pequeno grupinho de crentes naquela cidade.
A reação de Paulo a essa derrota, da qual ele se deu conta
claramente, foi entrar em Corinto com um espírito totalmente diferente.
E evidente para mim que a maneira como ele se reportou ao coríntios se
deve a ter tido um forte encontro com o Espírito Santo entre a visita de
Atenas e a de Corinto. Observe a mudança radical em a sua pregação:
“Eu mesmo, irmãos, quando estive entre vocês, não fui com discurso
eloqüente, nem com muita sabedoria para lhes proclamar o mistério
de Deus. Pois decidi nada saber entre vocês, a não ser Jesus Cristo, e
este, crucificado. E foi com fraqueza, temor e com muito tremor que
estive entre vocês. Minha mensagem e minha pregação não
consistiram em palavras persuasivas de sabedoria, mas consistiram
de demonstração do poder do Espírito.”
I Coríntios 2:1-4
O que ele fez foi agir com um espírito contrário ao espírito da
Grécia, rompendo toda a aliança com a mentalidade e a personalidade
associadas a esse espírito. Diferentemente da sabedoria dos gregos, ele
decidiu reconhecer que de nada sabe, a não ser de Jesus Cristo. Em vez
de uma atitude arrogante, ele se apresentou temeroso e vacilante. Em vez
de discussões, ele demonstrou simplicidade e o poder de Deus. O
resultado foi que muitos foram atraídos para a igreja e ele pôde levantar
discípulos fortes naquela região.
Em nosso caso, quando lutamos contra forças territoriais, o mais
importante é estudar como elas atuam. Depois, romper todas as alianças
em nossa alma associadas às características de tais forças e, então, operar
exatamente no espírito oposto.
Por exemplo, se vamos lutar contra “a rainha do céu”, ou a grande
Babilônia, a primeira coisa que as Escrituras nos dizem é:
“Então ouvi outra voz dos céus que dizia: “Saiam dela, vocês, povo
meu, para que vocês não participem dos seus pecados, para que as
pragas que vão cair sobre ela não os atinjam!”
Apocalipse 18:4
O que fazemos em seguida é extrair, da Bíblia e da história, todas as
possíveis características de cada uma dessas rainhas que as Escrituras
mencionam. Sem elaborar uma lista exaustiva, eis a seguir algumas
delas:
 Rainha Vasti (Ester 1:9-22). Era vaidosa e não respeitava
autoridade. Seu ego estava acima da vontade do marido e
considerava mais fácil desobedecer e ser rebelde. Seus interesses
eram mais importantes do que os de qualquer um, para
mencionar apenas alguns traços do seu caráter.
 Rainha Jezabel (I Reis 18,19 e 21; Apocalipse 2:20, 21). Era
manipuladora e controlava o marido. Opunha- se à voz profética,
não tinha temor de Deus, era idólatra e se considerava profetiza.
Seduzia os servos de Deus para fornicar e consumia as coisas
sacrificadas aos ídolos. Fazia os servos de Deus acreditarem que
fornicar e desrespeitar a Palavra do Senhor eram coisas
aceitáveis, fazendo-os se sentirem confortáveis com o pecado. Era
traiçoeira e impunha sua vontade a qualquer custo, mesmo que
significasse destruir outras pessoas. Estava profundamente
envolvida com a idolatria e associada a Píton, um espírito em
forma de serpente que estrangula e sufoca suas vítimas até que
façam o que ele manda.
 Rainha de Sabá (I Reis 10:13). Compra a graça com presentes.
Sedutora, sensual, aduladora, busca posições de grandeza através
de favores, serviços e presentes.
 Rainha Atalia (II Reis 11). Buscava posição, poder e senhorio,
mesmo destruindo a quem precisasse (tanto espiritual quanto
naturalmente). Agia com arrogância com todos e não havia quem
se opunha a ela.
Existem outras, mas não pretendo fazer um estudo profundo sobre
a “rainha do céu” aqui, somente estabelecer um princípio que tem servido
para nos tornar intocáveis nas batalhas.
A grande maioria dos guerreiros e intercessores é extremamente
dedicada a Deus, esforçada na oração, passa noites sem dormir, busca
revelação e é testemunha fiel. Eles amam imensamente a Deus e farão
qualquer coisa por Ele. Tudo isso, no entanto, não os livra do perigo. Se o
apóstolo Paulo foi enlaçado por um espírito que o fez tropeçar, a mesma
coisa pode acontecer conosco.
Em minha experiência com milhares de intercessores e soldados do
Deus Altíssimo, tenho visto muitos que acreditam que basta manter o
foco nas qualidades e dons espirituais que Deus lhes deu e realizar com
coração humildade tudo o que Ele venha a lhes pedir.
Quando o diabo vê pessoas com essas características tão
maravilhosas, procura pequenas brechas nelas para que possa ter o
direito legal de atacá-las. Por essa razão Deus tem nos mostrado o quanto
é importante analisarmos e avaliarmos a nós mesmos para identificar
algumas das características dos mesmos espíritos territoriais em nós.
É fácil dizer: “Eu sou uma serva de Deus, não tenho nada a ver com
Jezabel.” No entanto, Deus quer que analisemos com profundidade nossa
natureza humana. Se formos sinceros o suficiente para admitir, veremos
que todos temos algumas características de controle, manipulação,
rebelião e vaidade, dentre muitas outras. A simples razão disso é porque
viemos de uma raça caída que moldou nosso caráter e nossa alma.
Do momento em que uma criança nasce, ela começa manipular. A
primeira palavra que a grande maioria das crianças aprende - depois de
“mamãe” e “papai” - é: NÃO! O bebê não sabe nem como se chama, mas
sabe impor sua vontade. Aos poucos, a criança descobrirá os níveis de
tolerância dos pais e aprenderá a manipulá-los para fazerem o que ela
quer.
Se alguém quer saber como a “rainha do céu” opera em sua vida,
precisa observar como reage quando há oposições àquilo que mais
deseja. Alguns reagem com raiva e vingança, outros com tristeza e
depressão, e alguns até mesmo com esperteza. O objetivo de todas essas
variadas reações é manipular e controlar. É preciso reconhecer isso e
pedir perdão para que o diabo não nos toque mais.
Essa é, na verdade, a primeira manifestação da rainha do céu em
nós, pois a natureza do homem também é rebelde, desobediente,
controladora e cheia de maldade. A grande maioria dos intercessores e
guerreiros é guiada pelo Espírito Santo e santificada de muitas maneiras,
pode acreditar em mim, e nem começamos a arranhar a superfície da
alma. Pode haver muitos aspectos que pensemos já estar perdoados e
sem qualquer influência sobre nós, mas são áreas que ainda não foram
verdadeiramente confessadas nem perdoadas.
Quando nossa equipe de guerra busca identificar em nós essas
alianças com as características do espírito contra o qual estamos prestes
a lutar, separamos um tempo considerável para abrir o coração e trazer à
luz qualquer atitude anterior relacionada a essa característica. Fazemos
um retrospecto até o passado mais distante, analisando os pensamentos
que passaram por nossa mente, os filmes ou programas de televisão a
que assistimos e nos quais admiramos o herói que tinha tais
características. As vezes, Deus nos faz lembrar de piadas que contamos
ou ouvimos e que criaram uma aliança com esse espírito em particular.
Não estou sugerindo que você deva desligar sua televisão para o resto da
vida e nem mesmo deixar de contar ou ouvir qualquer piada. Apenas
estou dizendo que precisamos reconhecer a fraqueza da nossa natureza
humana, que ainda está na estrada do aperfeiçoamento.
Recordo-me de uma querida guerreira que se pôs de pé durante
nossa preparação para uma guerra no campo de concentração de
Awshwitz, enquanto analisávamos as características do espírito de Hitler.
Ela disse: “Definitivamente não me identifico com nada do espírito de
antissemitismo de Hitler”. Então houve um silêncio que foi quebrado por
outra companheira que lhe disse: “Lembra-se de como ríamos na escola
daquelas piadas sobre Awshwitz?”. Então ela se arrependeu e vimos
claramente como podemos facilmente desenvolver pontos sutis de
identificação com a obra do diabo.
Além disso, até onde reconhecermos essas alianças, que antes
pareciam tão insignificantes, será a extensão da posição de autoridade
espiritual que conquistarmos e com a qual poderemos guerrear fora de
perigo. Talvez isso não seja muito relevante para o cristão comum, que
limita-se a somente frequentar a igreja, mas com certeza é vital para o
guerreiro que luta contra forças demoníacas territoriais.
B. O diabo pode nos tocar se agirmos sem comando?
A guerra territorial é um assunto delicado, comparado com os mais
avançados serviços de inteligência em todo o mundo operando em
conjunto. Em um conflito militar no mundo natural, a vitória ou a
derrota de cada oponente depende daquele que possuir:
a) A melhor estratégia;
b) O maior conhecimento das forças e fraquezas do oponente;
c) O exército mais organizado;
d) As armas mais poderosas.
Essa ordem é certamente muito importante, pois, como filhos de
Deus, possuímos as armas mais poderosas. No entanto, muitas batalhas
têm sido perdidas por causa de uma estratégia errada ou por se deixar de
conhecer a origem do ataque do inimigo.
Podemos comparar isso a um jogo de xadrez, no qual temos de
antecipar as jogadas enganosas do inimigo e permanecer alertas e
vigilantes para impedi-las antes mesmo que ele as execute.
A guerra espiritual exige inteligência divina, astúcia, intuição e
revelação. Precisamos saber precisamente quando e onde atacar. Não se
trata de lançar bombas para todos os lados quando se deparar com uma
fortaleza, porque nem todos os alvos de ataque são combatidos e
destruídos da mesma maneira; e cometer esse tipo de erro pode ter um
preço alto.
É importante, em toda guerra que travamos, contar com exércitos
organizados, com generais e capitães em harmonia e em concordância.
Cada pelotão do exército deve estar preparado e santificado, e
suficientemente coberto com jejum e oração antes e depois da batalha. O
mapeamento espiritual e as palavras proféticas devem trazer luz quanto à
estratégia de batalha correta. Os participantes devem ser pessoas que
reconhecem e aceitam a autoridade em total submissão.
Os guerreiros que agem por iniciativa própria, e que anseiam se
tornar heróis, colocam em perigo todo o exército. Se existem pessoas
nesse combate envolvidas em pecado, isso abrirá portas para que todo o
exército seja derrotado, como aconteceu na batalha contra Ai, quando os
guerreiros de Josué perderam a batalha por causa da transgressão de Acã
(ver Josué 8).
Esse é um princípio básico para a guerra, o qual determina nosso
nível de ataque contra o diabo, diretamente relacionado ao nosso nível de
autoridade e de relacionamento com o Senhor. Quanto mais profundo for
nosso relacionamento com Deus, maior será o nível no qual poderemos
guerrear contra os principados.
Um guerreiro que quer lutar contra forças territoriais, mas que não
tem poder e autoridade para libertar alguém endemoninhado,
logicamente, não terá o poder necessário para lutar uma guerra de alto
nível.
Alguém que deseja fazer guerra de alto nível mas que não consegue
vencer suas falhas de caráter ou suas dificuldades financeiras também
está desprovido de poder e poderá ser facilmente derrotado.
Para confrontar as potestades nos altos níveis, precisamos de uma
autoridade provada pelo fogo e de um relacionamento extremamente
forte com Deus.
As forças de muitos guerreiros poderosos combinadas atuam como
uma fortaleza, protegendo os membros mais fracos do grupo. Não tente
eliminar um guerreiro por causa de uma fraqueza não muito grave; em
vezes disso, procure ajudá-lo, protegê-lo e apoiá-lo para que cresça com a
experiência compartilhada pelo resto do grupo.
Não alcançamos as patentes no exército de Deus segundo a
quantidade de revelação que recebemos, mas sim com base nas vitórias
que tivemos contra o inimigo. A queda de um poderoso principado
promove o guerreiro em uma esfera maior de influência no mundo
espiritual.
Nossa autoridade, como parte do exército de Deus, está também
intimamente relacionada ao nível em que nos submetemos às
autoridades terrenas. As vezes, alguém é chamado para a guerra
espiritual, mas faz parte de uma igreja em que a questão da autoridade
não é familiar ou, até mesmo, um conceito rejeitado. Na primeira
oportunidade que tiver, o guerreiro deve informar a seu pastor sobre seu
chamado para poder fazer parte de qualquer exército espiritual de Deus.
Se o pastor estiver aberto, explorará mais o assunto e permitirá que o
soldado seja preparado por outros para que obtenha mais experiência e
desempenhe um ministério aprovado nessa área.
No segundo caso, o soldado terá que decidir se abandonará a
guerra e continuará servindo a seu pastor ou se deixará a igreja para
buscar um lugar em que possa amadurecer como um guerreiro espiritual.
Seguir o chamado sem respeitar a autoridade dos pastores é
extremamente perigoso e, na verdade, tem causado a destruição de
muitos guerreiros que entram na guerra sem compreender o governo que
o Senhor colocou nas mãos da Igreja. Isso é errado e certamente não é a
vontade de Deus.
Nosso Deus é um Deus de ordem e Ele mesmo se sujeita ao que
planejou. Quando o Senhor levanta alguém para a guerra territorial é
porque essa pessoa já foi previamente treinada. Deus a conecta a
generais e a coloca sob seus cuidados para que a receba ajuda necessária.
Apesar de haver oposições, muitas portas de oportunidade serão abertas
e os planos de Deus prosperarão segundo Sua vontade.
Em meu ministério, há guerreiros membros de diferentes igrejas
nas quais a guerra espiritual não é praticada. No entanto, seus pastores
concordam que eu lhes dê cobertura na prática da guerra espiritual para
que possam amadurecer em seu chamado. Para ter essa cobertura, o
soldado precisa estar em perfeita sujeição à autoridade pastoral ou
apostólica. Quando ele se envolver em um combate, deverá submeter
suas estratégicas a mim e nós o cobriremos com nossa rede de
intercessores.
O nível de cobertura precisa corresponder ao nível da guerra que
estamos travando. Por exemplo, não podemos guerrear contra um
principado nacional sob a cobertura de uma pequena igreja
independente. Da mesma forma, não podemos combater uma força das
trevas de proporção mundial quando nossa cobertura de intercessão é de
nível somente nacional. E necessário e indispensável que esse tipo de
ação de guerra seja coberta por um ministério mundial.
Particularmente, estou sujeita ao apóstolo Rony Chaves, da Costa
Rica, mas em matéria de guerra nos Estados Unidos e na Europa, quem
me cobre é o apóstolo C. Peter Wagner. Em geral, dou satisfação a eles
tanto da minha vida pessoal e das minhas ações ministeriais.
Desde minha conversão, fui chamada para a guerra espiritual, o
que exigiu um treinamento rígido e um sério tratamento da parte de
Deus, permitindo-me lutar contra principados e potestade de alto nível.
Posso ver que, desde o princípio, Deus planejou tudo para o meu
amadurecimento. Nasci em uma igreja que atuava fortemente com
libertação na época e extremamente radical na abordagem do pecado e
da carne. Desde meus primeiros passos na vida cristã, essa igreja me
ensinou a viver uma vida pregada na cruz, mas também me treinou no
poder de Deus e na área da fé.
O
próprio Deus foi me colocando ao lado de cada um dos Seus
servos que eram indispensáveis para meu desenvolvimento espiritual.
Tive grandes mestres, começando por meu pai no ministério, Dr. Morris
Cerrulo, que acreditou em mim e me treinou extensamente em seu
ministério. Além dele, Deus me enviou outros, todos uma parte
necessária em minha formação.
Com toda certeza posso afirmar que todo guerreiro de alto nível é
forjado como uma espada de aço, sob intenso fogo, recebendo diversos
“golpes de martelo” até que sua lâmina fique afiada e resplandecente.
Esse negócio de guerreiro “preparado no microondas” não existe.
Ninguém que simplesmente participa de um poderoso seminário de fim
de semana estará pronto para sair e realizar proezas dessa magnitude.
AS RETALIAÇÕES OU SOFRIMENTOS DE GUERRA SÃO DA
PARTE DE DEUS?
Uma retaliação de guerra é considerada um percalço, uma
fatalidade, um evento infeliz ou um ataque do diabo.
Como já vimos anteriormente, é possível contar com a garantia da
proteção de Deus para que os ataques do diabo não prosperem em nossa
vida.
Acredito que nossa ênfase não deve estar no que Satanás pode fazer
como consequência de uma guerra, mas, em vez disso, devemos olhar as
situações da perspectiva correta. Não podemos simplesmente declarar
que tudo que nos acontece é “uma retaliação do inimigo”. O apóstolo
João escreveu:
“Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não está no
pecado; aquele que nasceu de Deus o protege, e o Maligno não o
atinge.”
I João 5:18
Segundo a história, esse mesmo apóstolo foi submerso em azeite
fervente e preso na Ilha de Patmos, sofrendo de diversas maneiras. No
entanto, nunca lhe passou pela cabeça que o diabo tivesse recebido
permissão para tocá-lo.
“Eu lhes dei autoridade para pisarem sobre cobras e escorpiões, e
sobre todo o poder do inimigo; nada lhes fará dano.”
Lucas 10:19
Ele sabia que a Igreja seria torturada, perseguida e martirizada e,
mesmo assim, não atribuiu isso às obras de retaliação do diabo.
Quando Paulo sofreu diversas tribulações, Deus lhe revelou que ele
não deveria ver as coisas com os olhos naturais, mas com o foco do que
estava acontecendo no mundo invisível. Dessa perspectiva, cada aflição
presente produz em nós uma glória eterna que pesa mais que todas as
tribulações (paráfrase de II Coríntios 4:16-18).
O que aconteceu durante a maior batalha que já foi travada,
culminando na cruz do Calvário? Aos olhos do homem natural, quando
Jesus morreu, Satanás havia vencido a guerra. Ou seja, aparentemente,
ele havia obtido êxito em seus planos de torturar, humilhar, espancar
cruelmente e, por fim, matar Jesus.
Se considerarmos isso apenas do ponto de vista natural, e pelas
circunstâncias aparentes, pode parecer que esse terrível ataque do
maligno derrotara Jesus, somente isso. Mas o que acontecera no mundo
invisível, que somente podia ser percebido pela mente de Deus, era, que
através da morte de Jesus, Ele havia vencido a morte e o pecado. Através
da dor, Ele venceu a dor; através do espancamento, Ele o venceu; através
da humilhação, Ele venceu a soberba e, através de todo aquele terrível
sofrimento, Ele aniquilou o império do diabo.
O que pareceu uma derrota absoluta (porque naquele momento
ninguém acreditava que Jesus ressuscitaria) e pôs fim à esperança de
todos foi, na realidade, a maior vitória de todo o universo. O que parecia
um ataque surpresa de Satanás contra o Filho de Deus era, na verdade,
um plano do Pai elaborado antes mesmo da criação do mundo.
Ver somente a aparência das coisas e analisar tudo com nossa
lógica inevitavelmente nos conduzirá a erros espirituais.
É possível que Deus esteja fazendo a obra mais maravilhosa em
nossa vida através do que consideramos uma grande tragédia e não
percebemos isso porque estamos sempre culpando o diabo e enfatizando
o lado negativo das coisas. Isso é exatamente o que o maligno quer que
façamos para manter o povo de Deus sob o jugo do medo.
O problema começou quando o ponto de vista de Deus e o da Igreja
dos séculos 20 e 21 se tornaram totalmente opostos. O mundo moderno,
incluindo a maioria da Igreja, vive sob um sistema orientado ao conforto,
bem-estar e satisfação imediata da alma. As pessoas no mundo são
bombardeadas diariamente por milhares de anúncios com mensagens
subliminares que as impulsionam a um consumismo descontrolado. E,
queiramos ou não, todo esse sistema afeta a forma de pensar da Igreja
atual. Tudo ao nosso redor tem origem nesse sistema, que grita para nós:
“Evite o sofrimento a todo custo!”. O mundo fará qualquer coisa para
evitar o sofrimento ou sofrer o mínimo possível.
Entretanto, Deus vê nossas tribulações de forma completamente
diferente. Ele sabe que nosso principal inimigo não é o diabo, pois este já
está derrotado. Nossos principais inimigos são nossa carne, nosso ego e
nossa amizade com o mundo, os quais nos tornam inimigos de Deus. Ele
sabe que o melhor que podemos fazer é morrer para todas essas coisas o
mais rápido possível.
A partir da perspectiva divina, o melhor que pode nos acontecer é
morrer para tudo o que nos separa de Deus ou de Seu propósito para nós.
Para Deus, o sofrimento é tão somente uma leve e momentânea
tribulação através da qual Ele nos conduzirá ao amadurecimento,
revelando níveis cada vez mais elevados da glória do Seu Reino e
permitindo que os adentremos. “É necessário passarmos por grandes
tribulações para que entremos no Reino de Deus”.
O diabo não tem autoridade para fazer o que quiser contra um filho
de Deus, nem mesmo em meio a uma guerra espiritual. Ele está sujeito
ao serviço do Altíssimo e Jesus o fez recordar disso no deserto:
“Está escrito: Adore o Senhor, o seu Deus, e só a ele preste culto’.”
Lucas 4:8
Jó sofreu tremendas tribulações por causa dos ataques de Satanás.
No entanto, todo esse terrível sofrimento não foi originado pelo diabo
nem se tratou de uma retaliação por causa de guerra espiritual. Foi algo
pensado por Deus.
“O SENHOR disse a Satanás: ‘De onde você veio?’ Satanás
respondeu ao SENHOR: ‘De perambular pela terra e andar por ela’.
Disse então o SENHOR a Satanás: ‘Reparou em meu servo Jó? Não há
ninguém na terra como ele, irrepreensível, íntegro, homem que teme a
Deus e evita o mal’. ‘Será que Jó não tem razões para temer a Deus?’,
respondeu Satanás. “Acaso não puseste uma cerca em volta dele, da
família dele e de tudo o que ele possui? Tu mesmo tens abençoado tudo
o que ele faz, de modo que os seus rebanhos estão espalhados por toda
a terra. Mas estende a tua mão e fere tudo o que ele tem, e com certeza
ele te amaldiçoará na tua face’. O SENHOR disse a Satanás: ‘Pois bem,
tudo o que ele possui está nas suas mãos; apenas não toque nele .
Então Satanás saiu da presença do SENHOR.”
Jó 1:7-12
O livro de Jó nos fala de como ele perdeu tudo (família, bens,
saúde) e também de como Deus operou poderosamente em sua vida. O
Senhor tinha um plano glorioso para Jó, mas sabia que ele alcançaria o
nível de conhecimento que o Senhor havia planejado para ele, algo
possível de ser alcançado somente através de uma profunda tribulação.
Deus estava no controle de tudo o tempo inteiro. Satanás nunca
estivera do lado vencedor dessa batalha, nem mesmo durante o pior
sofrimento de Jó. Deus esteve com a bandeira de triunfo erguida a todo
momento no mundo espiritual, até que a vitória foi manifesta através da
transformação total de Jó e de sua prosperidade. A intenção de Deus
sempre foi o melhor para Jó e Seu foco estava no maravilhoso propósito
que queria alcançar na vida de Seu servo.
Vemos um caso similar quando Satanás pediu a Jesus que lhe
entregasse Pedro para ser esmagado como trigo. Certamente, Satanás
não podia dar ordens a Jesus, que tinha outros planos gloriosos para Seu
discípulo e que somente poderiam ser alcançados chacoalhando
fortemente sua alma. Então, Jesus intercedeu por Pedro, para que sua fé
não desfalecesse.
Por algum tempo, Pedro passou por momentos de inferno, em total
desespero, pois negou a Jesus. Como consequência dessa tribulação, seu
homem interior foi purificado para que ele pudesse, depois, fortalecer
seus irmãos. Está escrito:
“Se perseveramos, com ele também reinaremos. Se o negamos, ele
também nos negará.”
I Timóteo 2:12
“O próprio Espírito testemunha ao nosso espírito que somos filhos
de Deus. Se somos filhos, então somos herdeiros; herdeiros de Deus e
co-herdeiros com Cristo, se de fato participamos dos seus sofrimentos,
para que também participemos da sua glória.”
Romanos 8:16-17
O sofrimento era o estilo de vida da Igreja primitiva, adotado pelos
apóstolos para que a mensagem da cruz chegasse até os confins da Terra.
Eles não procuravam evitar a dor, mas entendiam o profundo nível de
glória que o sofrimento traz.
Perceba como o entendimento do apóstolo Paulo é totalmente
diferente se comparado ao de nossas igrejas cristãs neste final dos
tempos:
“Mais do que isso, considero tudo como perda, comparado com a
suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por
quem perdi todas as coisas. Eu as considero como esterco para poder
ganhar Cristo e ser encontrado nele, não tendo a minha própria
justiça que procede da Lei, mas a que vem mediante a fé em Cristo, a
justiça que procede de Deus e se baseia na fé. Quero conhecer Cristo, o
poder da sua ressurreição e a participação em seus sofrimentos,
tornando-me como ele em sua morte.”
“Mas temos esse tesouro em vasos de barro, para mostrar que este
poder que a tudo excede provém de Deus, e não de nós. De todos os
lados somos pressionados, mas não desanimados; ficamos perplexos,
mas não desesperados; somos perseguidos, mas não abandonados;
abatidos, mas não destruídos. Trazemos sempre em nosso corpo o
morrer de Jesus, para que a vida de Jesus também seja revelada em
nosso corpo. Pois nós, que estamos vivos, somos sempre entregues à
morte por amor a Jesus, para que a sua vida também se manifeste em
nosso corpo mortal.”
I Coríntios 4:7-11
Que entendimento elevado, que enfoque sublime! Aqui vemos
alguém que sabia o que buscava, cujas metas eram celestiais. Seu objetivo
era manifestar o poder e a ressurreição de Jesus em sua vida, para que o
mundo literalmente pudesse vê-Lo nele.
Paulo não estava preocupado se o diabo iria roubar seu carro ou
quebrar seus ossos. Seus valores não incluíam perder a liberdade ou a
vida. Ele alcançou esse ponto por causa do que Deus lhe dissera:
“Mas ele me disse: ‘Minha graça é suficiente para você, pois o meu
poder se aperfeiçoa na fraqueza. Portanto, eu me gloriarei ainda mais
alegremente em minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse
em mim. Por isso, por amor de Cristo, regozijo-me nas fraquezas, nos
insultos, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias. Pois,
quando sou fraco é que sou forte.”
II Coríntios 12:9-10
Para ele, tudo era lucro. A morte era a vitória tão desejada, a qual o
colocaria no mesmo nível de poder do seu amado Jesus. Ele estava
disposto a sofrer e a perder tudo para evangelizar os perdidos. Ele era um
verdadeiro soldado do Senhor, um general cujo exemplo nos inspira e
nos enche de ousadia e de compaixão para lutar pelas nações.
Paulo sabia, como os demais discípulos, que o avanço do Reino de
Deus cobrava um alto preço. O simples fato de resgatar uma alma do
diabo podia — e ainda pode - transformar uma sociedade — e até mesmo
toda uma nação — sob o domínio do reino das trevas!
Quando João e Pedro curaram um coxo na porta do templo
(chamada de Formosa), isso produziu um enorme alvoroço em Jerusalém
e os dois acabaram presos. A pregação de Paulo na cidade de Éfeso
causou um levante em toda a cidade contra ele. Estevão pregou somente
uma vez e isso lhe custou a vida.
Não somente a guerra espiritual no nível territorial perturba o
reino do diabo, mas também o avanço da verdadeira luz rumo às trevas.
Há desígnios de Deus que podem incluir sofrimentos nos afligindo,
como a perda de um ente querido ou de alguma posse. Nunca, em tempo
algum, essas perdas significam que o diabo esteja vencendo com suas
retaliações.
Vejamos como exemplo a forma maravilhosa com que Jesus
estabeleceu Sua Igreja durante o primeiro século. O Evangelho se
expandia, mas Seus seguidores eram martirizados, lançados aos leões,
crucificados, queimados e torturados. O pensamento desses mártires não
estava centrado em: “Vamos parar de frequentar essas reuniões com
esses crentes porque, senão, o diabo acabará nos atacando e matando”.
Pelo contrário, quanto mais os crentes eram submetidos a execuções,
mais a Igreja crescia e mais poderosa se tornava.
Segundo os planos de Deus, que são infinitamente mais sábios que
os nossos, o derramamento de sangue aconteceu no tempo necessário. O
poder do sangue desses mártires estabeleceu um fundamento tão forte
que fez com que a Igreja sobrevivesse até nossos dias.
Por meio do sacrifício de cada mártir, o poder do Império Romano
foi se tornando cada vez mais fraco, até sua total ruína. Isso certamente
foi uma guerra espiritual de alto nível. Na mente do homem natural, a
perda da vida é uma grande tragédia, mas, para Deus, é a forma mais alta
de promoção de primeira ordem.
Travo guerras espirituais desde 1989 anos e tenho sofrido perdas
de todo tipo: bens e entes queridos que o Senhor chamou à Sua presença.
Entre eles, está a pessoa mais próxima da minha família: minha irmã
gêmea. Mas sei, sem dúvida, que nada disso aconteceu devido às
retaliações de um diabo enfurecido, uma vez que Deus pode detê-lo.
Tudo aconteceu por causa dos gloriosos planos de Deus para a minha
vida.
Lembro-me de quando minha irmã Mercedes partiu para a glória.
Deus falou claramente comigo: “Estou formando um exército poderoso
para os últimos tempos que operará junto com meus anjos e é necessário
que uma de vocês guerreie dos Céus e outra da Terra”. Ela foi a felizarda!
E quando chegar a minha vez de deixar este mundo, saberei todas as
coisas maravilhosas que o Senhor havia preparado para ela desde então!
Em Jesus, os Céus e a Terra são a mesma coisa e Mercedes está
cheia de glória, esperando-me com os braços abertos. Certamente ela
intercede por mim em todas as minhas bataJhas. Não perdi nada, nem o
diabo roubou nada de mim. Mercedes simplesmente mudou de endereço
e, em poucos anos, voltarei a vê-la outra vez.
Minha irmã compõe a grande nuvem de testemunhas de que fala o
livro de Hebreus (capítulo 12:1). O corpo de Cristo no Céu está ativo,
como quando João vê que os mártires no Livro do Apocalipse não estão
adormecidos ou mortos, mas vivos e clamando por justiça.
“Quando ele abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas
daqueles que haviam sido mortos por causa da palavra de Deus e do
testemunho que deram. Eles clamavam em alta voz: Até quando, ó
Soberano, santo e verdadeiro, esperarás para julgar os habitantes da
terra e vingar o nosso sangue?’”.
Apocalipse 6:9-10
Jesus disse:
“Quanto à ressurreição dos mortos, vocês não leram no livro de
Moisés, no relato da sarça, como Deus lhe disse: ‘Eu sou o Deus de
Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó’? Ele não é Deus de mortos,
mas de vivos. Vocês estão muito enganados!”
Marcos 12:26-27
Nunca devemos invocar os que já partiram, mas eles continuam
vivos, adorando e fazendo grandes coisas no Céu, isso é certeza. O diabo
não pode contra-atacar uma batalha travada por Deus!
Mais adiante neste livro, falarei sobre uma das lições mais
profundas que Deus me deu na área da guerra espiritual e que tem a ver
com essa premissa.
Volto a repetir, o problema está em nossa tendência de enfocar
algumas questões divinas a partir da perspectiva humana. Vivemos em
uma era tecnológica, em que quase tudo se soluciona com um simples
apertar de botão. Isso é bem mais evidente nos países com alto
desenvolvimento, e acabamos querendo implementar soluções similares
quando tentamos estabelecer o Reino de Deus na Terra. Queremos um
evangelho tecnológico no qual a Terra se torne cheia da glória de Deus
apenas virando-se uma chave ou apertando um botão. Queremos um
evangelho de bênçãos e prosperidade e propagamos tudo que tenha a ver
com o sucesso segundo padrão do mundo e que soe agradável aos nossos
ouvidos. O que mais nos importa hoje é ter paz, segurança e riquezas
neste mundo.
Infelizmente, esse tipo de igreja é como aquela revelada a João no
livro do Apocalipse, quando se refere à Igreja de Laodicéia. Ele lhe
mostrou que essa igreja se sentia rica e que não precisava de mais nada.
Ainda assim, aos olhos de Deus, sua verdadeira condição era
caracterizada por pobreza, miséria, cegueira, desventuras e nudez.
É algo terrível uma igreja se ver encaixada nessa condição, pois se
torna alvo fácil para um diabo mentiroso e intimidador que quer enchê-la
de medo, e muitas vezes tem êxito nisso. Essa igreja se torna facilmente
assustada e egocêntrica, perdendo sua sensibilidade e sua compaixão
genuína.
Por favor, perdoe-me para ser tão direta, mas Deus quer levar Sua
igreja a dimensões mais altas e aprimorar nosso entendimento e poder;
para isso, é necessário encarar a realidade e realizar mudanças radicais.
CAPÍTULO 7
ATAQUES DO DIABO OU OBRA DE DEUS?
“Portanto, submetam-se a Deus. Resistam ao Diabo, e ele fugirá de
vocês. Aproximem-se de Deus, e ele se aproximará de vocês!
Pecadores, limpem as mãos, e vocês, que têm a mente dividida,
purifiquem o coração. ”
Tiago 4:7-8
A GUERRA NOS EXPÕE À GLÓRIA E A JUSTIÇA DE DEUS
Não podemos começar a discutir sobre a guerra de alto nível sem
reconhecer que toda batalha começa no trono de Deus. E Deus quem
determina o tempo de cada conflito militar nas regiões celestiais. Não
cabe a nós definir os tempos ou as estações, isso é com Deus. Esses
tempos estão intimamente relacionados com o estabelecimento da justiça
de Deus e de Seus juízos. Toda guerra é um juízo que Deus permite para
trazer:
1. Libertação aos oprimidos;
2. Castigo ou destruição aos opressores;
3. Estabelecimento de Sua justiça.
Para o juízo ser executado, toda uma estrutura legal é exigida. O
principal objetivo de Deus é estabelecer Sua justiça em um determinado
território para que toda a bondade do Seu Reino possa se manifestar.
“O SENHOR reina! Exulte a terra e alegrem-se as regiões costeiras
distantes. Nuvens escuras e espessas o cercam; retidão e justiça são a
base do seu trono. Fogo vai adiante dele e devora os adversários ao
redor. Os céus proclamam a sua justiça, e todos os povos contemplam
a sua glória.”
Salmos 97:1-3,6
Encontramos nesse salmo um princípio fundamental que nos faz
entender que Deus toma a iniciativa na guerra contra Seus inimigos.
Nosso papel ao se iniciar uma batalha é abrir espaço para a manifestação
do trono de Deus em um determinado lugar. Para isso, os santos
precisam orar, jejuar e clamar ao Senhor. Quando Deus ouve um clamor
genuíno e eficaz, Ele revelará Seu trono aos profetas, o que será o sinal de
que podemos nos aproximar do trono para pedir que Ele julgue nossos
inimigos.
No caso da libertação de Israel das mãos do faraó do Egito, Deus
esperou até que as abominações dos amorreus chegassem a seu ponto
máximo. Foi então que Ele determinou trazer juízo e ouviu o clamor de
400 anos de opressão e, então, manifestou-Se a Moisés na sarça ardente:
“Então o SENHOR lhe disse: ‘Saiba que os seus descendentes serão
estrangeiros numa terra que não lhes pertencerá, onde também serão
escravizados e oprimidos por quatrocentos anos. Mas eu castigarei a
nação a quem servirão como escravos e, depois de tudo, sairão com
muitos bens. Na quarta geração, os seus descendentes voltarão para
cá, porque a maldade dos amorreus ainda não atingiu a medida
completa’.”
Gênesis 15:13-14,16
É extremamente importante entender que, antes de travarmos uma
batalha, precisamos de um encontro com a glória de Deus, com Seu
trono, ou da manifestação de um anjo do Senhor. Aprendi que é
necessário entrar em guerra com temor e tremor diante de Deus.
Muitas vezes, quando sentimos uma extrema necessidade ou
quando discernimos horríveis forças demoníacas sobre um determinar
lugar, isso nos dá um desejo impetuoso de entrar logo em combate. No
entanto, é preciso esperar nEle. Quando Sua glória é revelada, sabemos
que é seguro entrar na batalha.
Deus quer nos entregar as nações hoje e esse é o tempo da grande
colheita e da grande libertação dos povos da Terra. Mas, ainda assim, Ele
continua sendo o Rei e o Supremo Comandante das Suas tropas.
Josué teve um encontro maravilhoso com o príncipe dos exércitos
de Jehová quando estava prestes a adentrar a terra prometida.
“Estando Josué já perto de Jericó, olhou para cima e viu um homem
em pé, empunhando uma espada. Aproximou-se dele e perguntou-lhe:
‘Você é por nós, ou por nossos inimigos?’ ‘Nem uma coisa nem outra,
respondeu ele. ‘Venho na qualidade de comandante do exército do
SENHOR.” Então Josué prostrou-se, rosto em terra, em sinal de
respeito, e lhe perguntou: ‘Que mensagem o meu senhor tem para o
seu servo?” O comandante do exército do SENHOR respondeu: “Tire as
sandálias dos pés, pois o lugar em que você está é santo’. E Josué as
tirou.”
Josué 5:13-15
Não somente a aparição desse príncipe foi relevante, que não era
outro senão Jesus Cristo em uma aparição anterior à Sua encarnação,
mas também a certeza do “não” de sua resposta.
A respeito deste diálogo, o profeta Rick Joyner escreve em seu livro,
“A Batalha Final”, o que Jesus lhe falou:
“Quando Eu julgo, não estou buscando condenar ou justificar, mas o
que quero é trazer minha justiça. A justiça somente é encontrada em
união comigo. Este é o justo juízo: Trazer os homens em unidade
comigo.
Quando apareci a Josué como o Príncipe do Exército de Deus,
declarei a ele que não estava a favor nem deles nem de seus inimigos.
Eu não tomo partido. Quando venho, é para dominar toda circunstância
e não para tomar partido de alguém. Eu apareci como Príncipe do
Exército de Deus quando Israel ia entrar na Terra Prometida. A Igreja
agora está para entrar em sua "Terra Prometida", e outra vez me
revelarei como Príncipe de Exército de Deus. Quando o fizer, tirarei do
meio meu povo todos os que forçam-no a tomar partido uns contra os
outros. Minha justiça não toma partido em conflitos humanos, nem
mesmo entre meu próprio povo. Que estava fazendo por Israel, estava
fazendo também por seus inimigos, não contra estes. Você vê as coisas
sob uma perspectiva temporal e terrena, que não lhe permite
reconhecer minha justiça. É necessário que você veja a minha justiça
para que caminhe em minha autoridade, porque a justiça e o juízo são a
base do meu trono.”
Por essa razão, era de vital importância que todos que participaram
de uma batalha fossem circuncidados e santificados.
Observe como Deus disse as mesmas palavras tanto a Moisés
quanto a Josué antes do grande juízo que viria sobre seus inimigos: "Tira
as sandálias dos pés, pois o lugar em que estás é terra santa”. É como se o
próprio Deus envolvesse Seus escolhidos em Sua gloriosa santidade para
que levassem destruição a Seus inimigos.
Essa é precisamente a manifestação do Seu trono, do Seu lugar de
governo de onde saem os comandos para a execução dos Seus juízos.
Depois veremos como a glória de Deus e Sua justiça estão intimamente
envolvidas na destruição do opressor. Podemos ver esse mesmo princípio
operando no julgamento da grande Babilônia no livro de Apocalipse.
“Depois disso vi outro anjo que descia dos céus. Tinha grande
autoridade, e a terra foi iluminada por seu esplendor. E ele bradou
com voz poderosa: ‘Caiu! Caiu a grande Babilônia! Ela se tornou
habitação de demônios e antro de todo espírito imundo a, antro de
toda ave impura e detestável. Por isso num só dia as suas pragas a
alcançarão: morte, tristeza e fome; e o fogo a consumirá, pois
poderoso é o Senhor Deus que a julga.”
Apocalipse 18:1-2,8
Aqui vemos o anjo da glória anunciando o poderoso juízo contra a
grande prostituta.
O princípio que devemos compreender é que não podemos pedir
vingança contra nossos inimigos sem entender como a glória, a justiça e o
juízo operam. Deus não esmagará nossos inimigos sem primeiro nos
expor à Sua justiça e glória. No momento da guerra, é a manifestação da
glória de Deus que destrói o poder do diabo.
A glória de Deus é tão impressionantemente santa que queimará
tudo que for impuro e o despedaçará em milhões de pedaços. Não ache
que o diabo consegue se aproximar com facilidade da glória radiante de
Deus. E por isso que o Senhor está preparando um exército
verdadeiramente imerso no magnificente esplendor de Sua presença.
Quando Deus nos levantou para guerrear no nível territorial
estratégico, praticamente não havia precursores nessa área. Fomos os
pioneiros em coisas que “olho nenhum viu, ouvido nenhum ouviu, mente
nenhuma imaginou o que Deus preparou para aqueles que o amam”.
No começo, esse chamado exigiu enormes passos de obediência e,
às vezes, foram verdadeiros saltos no vazio, com a esperança de que Deus
estivesse de braços abertos para não nos deixar cair. Compreendo agora
que cometemos muitos erros, mas Sua graça e Sua misericórdia nos
sustentavam, enquanto aprendíamos a ser as pontas das lanças de um
poderoso exército que Ele queria levantar.
Quanto mais avançávamos em Seu treinamento divino, mais
experimentávamos Deus exigindo de nós. Ele sempre exigia mais e
tolerava menos. Aos poucos, Ele começou a corrigir os erros que
cometemos no início e os submeteu à disciplina, para que no fim de
nosso treinamento pudéssemos treinar outros.
Comecei a perceber algo sistematicamente acontecendo após cada
batalha. Durante o combate, estávamos revestidos de uma luz muito
poderosa, que era o poder de Deus nos capacitando para a vitória. No
entanto, ao terminar cada batalha, essa mesma luz se voltava para nós e
expunha revelando todas as atitudes erradas ou pecados que os
guerreiros ainda possuíam. Nada permanecia em secreto. Depois de
retornarmos de cada batalha, passávamos a viver sob a luz de Deus e foi
se tornando cada vez mais evidente para nós que entrávamos no nível de
santificação exigido para ser parte do exército de Deus.
Também comecei a compreender que quanto mais difícil era a
operação, e maior o nível das forças territoriais que combatíamos, mais
elevado era o nível da manifestação da glória de Deus.
Passou a ficar claro para mim que a glória não somente atacava os
inimigos de Deus, mas estávamos sujeitos ao mesmo nível de glória com
a qual Deus lutava a nosso favor. A luz expunha, mas a glória queimava.
Deus estava nos santificando de maneira maravilhosa, mas também
bastante dolorosa. Um encontro com o “refletor” de Deus (como eu o
chamo) expunha os defeitos e atitudes mais difíceis de serem vistos. Isso
nos permitia confessar e nos arrepender de nossos pecados. Sua glória
era uma intensa experiência de fogo. Se por um lado Deus julgava nossos
inimigos, por outro, submetia-nos a intensas provas de purificação no
fogo. O preço da guerra passou a ser muito alto, mas também passamos a
experimentar Sua glória e Sua maravilhosa majestade.
Muitas vezes vimos Deus face a face. Fomos levados ao Céu
inúmeras vezes. A glória nos tornava um com Ele. As conversas que agora
mantenho com meu amado Mestre e Rei são prazerosas e plenas. Não
trocaria esses tesouros celestiais por nada.
Deus tem me enchido de sabedoria e entendimento para saber que,
quando Ele luta uma guerra, o diabo não pode contra-atacar ou trazer
retaliações. Quando a glória magnificente do Altíssimo é liberada sobre
os territórios do mal, acredite, Satanás não ousará enfrentar Sua
presença devastadora. Como dizem as Escrituras:
“Portanto, submetam-se a Deus. Resistam ao Diabo, e ele fugirá de
vocês. Aproximem-se de Deus, e ele se aproximará de vocês!
Pecadores, limpem as mãos, e vocês, que têm a mente dividida,
purifiquem o coração.”
Tiago 4:7-8
Se ele foge somente porque o resistimos, imagine o que ele fará
quando for julgado pela glória de Deus! Digo a você, com toda verdade,
que a última coisa que ele vai querer é contra-atacar.
Quando guerreamos na carne, é melhor ter muito cuidado!
Certamente você experimentará muita retaliação. Não se trata do que o
diabo vai fazer depois de uma batalha, mas do que Deus irá fazer. Pode
haver muitos caminhos tortos que nós desconhecemos e, às vezes,
seremos obrigados a sofrer a perda de posses e de pessoas que amamos
para que a bênção total de Sua justiça se manifeste em nossa vida.
Lembro-me que, depois de travar uma guerra, meu melhor amigo
morreu, o que me deixou bastante abalada por muitos meses até que o
Senhor foi me mostrando, aos poucos, como aquela amizade afetava, de
forma negativa, meu destino com Deus. Ele agora está com o Senhor e eu
estou muito melhor do que antes. Alguns diriam: “Foi uma retaliação de
guerra, um ataque do maligno”, mas a verdade é que foi a obra
libertadora de Deus e Sua forma de aperfeiçoar minha vida.
Como seres humanos, estamos ligados aos confortos desta vida e às
coisas tangíveis deste mundo. Há muita gente que, literalmente, idolatra
seus bens ou familiares. Seus filhos ou cônjuges se tornam o fundamento
de sua felicidade e lhes dão um lugar superior a Deus em sua vida. O
Senhor precisa abalar essas fundações para que elas cumpram seus
destinos e para levá-las a níveis mais elevados de Sua glória. Essa obra
não vem do diabo, mas de Deus, por amor a nós.
Em certa ocasião, voltando de uma grande batalha, uma de minhas
principais guerreiras foi diagnosticada com câncer no útero. Ela tinha um
marido que a traía e isso feriu profundamente seu coração. Apesar de ela
o ter perdoado no nível da consciência, a doença fez com que ela
avaliasse novamente seu coração de maneira profunda a fim de vencer o
câncer. Durante seu processo de cura, Deus a levou a níveis de
profundidade inimagináveis de sua alma, e ela pôde perdoar desde a raiz,
o que curou toda a dor interior causada por seu marido, enraizada na
vida sexual, afetando seu útero. Ela não somente venceu o câncer, mas
também saiu com um coração poderoso capaz de enfrentar grandes
batalhas.
Hoje ela tem um poderoso ministério que ajuda centenas de
pessoas aprisionadas pelas drogas, pela feitiçaria e pelo vandalismo. Ela é
uma mulher de grande coragem, que foi exposta à glória e saiu
resplandecente.
Graças a essa horrível e ao mesmo tempo maravilhosa purificação,
alcançamos a patente necessária para lutar nas regiões celestiais. A
autoridade não é apenas uma posição teológica da vitória de Cristo, mas é
forjada e obtida através do fogo. Nenhum momento é mais glorioso do
que quando Deus nos toma pela mão e diz:
“Ao vencedor darei o direito de sentar-se comigo em meu trono,
assim como eu também venci e sentei-me com meu Pai em seu trono.”
Apocalipse 3:21
Deus concede essa recompensa a todos os que vencem, aos que
emergem dos estados da indiferença, da mornidão e do conformismo que
caracterizava a igreja de Laodicéia.
A Igreja está clamando por uma manifestação de Deus, por Sua
justiça e pela destruição de Seus inimigos. Certamente Ele virá e
estabelecerá Sua justiça nas nações. Mas, antes que isso aconteça,
primeiro devemos nos submeter ao fogo de Sua glória.
“‘Vejam, eu enviarei o meu mensageiro, que preparará o caminho
diante de mim. E então, de repente, o Senhor que vocês buscam virá
para o seu templo; o mensageiro da aliança, aquele que vocês desejam,
virá’, diz o SENHOR dos Exércitos. Mas quem suportará o dia da sua
vinda? Quem ficará em pé quando ele aparecer? Porque ele será como
o fogo do ourives e como o sabão do lavandeiro. Ele se assentará como
um refinador e purificador de prata; purificará os levitas e os refinará
como ouro e prata. Assim trarão ao SENHOR ofertas com justiça.”
Malaquias 3:1-5
O DIABO PODE CONTRA-ATACAR EM UMA BATALHA
VENCIDA POR DEUS?
Nos parágrafos anteriores, estabeleci a premissa de que o diabo não
pode contra-atacar uma batalha já vencida por Deus. Por onde vou, as
pessoas sempre me perguntam: “Se entrarmos na guerra, como podemos
nos defender dos contra-ataques ou das retaliações?”
Quando estudamos esse assunto com profundidade na Bíblia, a
qual é a ancora de nossos fundamentos, vemos que não há uma só
batalha na qual Deus tenha obtido vitória sobre Seus inimigos e então o
adversário tenha se levantado e contra-atacado. A vitória sempre era
alcançada quando:
1. Deus falava a Seus profetas que Ele entregaria Seus inimigos nas
mãos do Seu exército;
2. O povo estava em santidade e em obediência a Deus.
Sempre que Deus vencia uma guerra, o inimigo era derrotado e
aniquilado. Não era como nos filmes de terror de hoje, em que matam o
assassino inúmeras vezes e ele sempre volta à vida como se nada tivesse
acontecido.
Infelizmente, é assim que as coisas acontecem segundo as mentiras
de Hollywood, porém, no mundo espiritual, elas são bem diferentes.
Quando Deus vence uma batalha, a vitória é completa.
O mesmo acontece no mundo natural. Quando uma guerra é ganha,
o exército perdedor é capturado ou completamente destruído. Analise os
fatos históricos. Isso não significa que no futuro não haverá novas
guerras. Os conflitos militares serão diferentes, com novas condições e
outras pessoas envolvidas. Na Bíblia, o exército de Israel perdeu a guerra
por causa dos seguintes motivos:
1. Guerreou na própria força, ou seja, sem consultar a Deus;
2. Deus anunciou antecipadamente a derrota, que eram juízos
contra Israel;
3. Houve desobediência em meio à guerra, e Deus abandonou o
exército de Israel;
4. Em um caso em particular, o inimigo sacrificou seu primogênito
e Israel simplesmente se retirou da batalha sem sofrer qualquer perda em
seu exército (II Reis 3).
ATAQUES DURANTE O CONFLITO
Definitivamente, creio que o diabo não pode contra-atacar quando
lutamos imersos na glória de Deus e alcançamos a vitória. No entanto, as
coisas são diferentes durante a batalha ou quando ainda estamos nos
preparando.
Em minha experiência em inumeráveis batalhas, tenho visto que o
diabo ataca antes da guerra. Ele fará qualquer coisa para nos persuadir a
não confrontá-lo na batalha. Enquanto a glória ainda não houver se
manifestado, tudo ainda está em um estágio preparatório e é nesse
momento que o diabo começa a lançar seus dardos.
A partir de uma perspectiva humana, o conflito antes da guerra é
na verdade a parte mais difícil. Uma vez que Deus e Seus anjos entrem no
combate, a guerra se torna uma experiência maravilhosa. Claro que é
exaustivo às vezes, é necessário tenacidade e coragem impressionantes,
mas é sempre algo glorioso.
É possível estar sob intenso ataque no momento em que a batalha
se iniciar até o seu fim, mas acredito que não seremos tocados se
permanecermos imersos em Jesus e no esplendor de Sua glória. Em
algumas batalhas, a glória se manifesta de maneira tão poderosa que os
inimigos se viram uns contra os outros e não fazemos nada a não ser
glorificar a Deus.
A primeira batalha que temos de vencer é a da fé e a da resistência.
Nesse estágio é quando Deus de fato preparará Seu exército e nos tratará
de forma direta. Ele nos molda e nos coloca em posições de autoridade a
fim de vencermos a guerra, o que requer que tenhamos toda a armadura
e todo o poder de Deus.
É como se Deus nos colocasse em um acampamento de alto nível de
treinamento militar e aqueles que não passarem nesse treinamento não
serão considerados prontos para a batalha.
Quando estávamos treinando para subir o Monte Everest, não
estávamos meramente enfatizando a prática do alpinismo e as boas
condições físicas, mas sendo preparados para uma batalha exaustiva.
Além disso, tínhamos de manter a fé de que Deus nos daria os recursos
financeiros necessários para a expedição, a qual custaria centenas de
milhares de dólares.
E fácil receber ajuda das pessoas se você está provendo alguma
campanha evangelística, mas subir uma montanha não causava a mesma
reação. Isso exigia uma fé muito grande. Além disso, eu sofria de uma
doença do coração que o diabo havia colocado em mim e com a qual tive
de lutar enquanto escalava as 13 montanhas durante o treinamento. Todo
tipo de espírito me perturbava e tentava me fazer desistir. Dentro do
corpo de Cristo uma grande oposição se levantou contra mim.
Felizmente, Deus a aplacou.
A verdade é que quando finalmente chegamos ao Nepal e demos
início à batalha, estávamos preparados para crer em qualquer milagre.
Nossa fé era inabalável e foi por isso que pudemos enfrentar todas as
lutas dessa guerra.
Os “Chods”, os feiticeiros mais terríveis do mundo segundo as
investigações do Dr. George Otis Jr., apareceram várias vezes nas geleiras
onde acampávamos, tentando nos matar, mas não conseguiram nos
tocar.
Um dos nossos guerreiros foi vítima de um edema cerebral
(coágulo no cérebro) quando chegamos ao acampamento base, a 17.400
metros acima do nível do mar. Todas as noites lutávamos para salvar sua
vida enquanto ele permanecia em uma câmara hiperbárica de elevada
altitude. O poder de Deus se manifestou e ele foi curado, mesmo tendo de
descer imediatamente ao acampamento dos intercessores, dirigido por
Dóris Wagner e que estava a 4.000 metros de altitude.
Antes de alcançarmos nosso objetivo, onde se localizava o trono das
trevas, o diabo lançou um terrível ataque de morte contra nós na forma
de uma avalanche que veio diretamente em nossa direção e trouxe abaixo
metade da montanha com ele. Mas a mão de Deus se manifestou de
forma tremenda, abrindo uma fenda no solo, antes de nós, e tragando a
avalanche, sem que ela tocasse um fio de nossos cabelos. Louvado seja o
Senhor! Para narrar todos os ataques do maligno e como Jesus
neutralizou cada um deles, eu precisaria escrever um outro livro inteiro!
O que quero dizer é que a guerra espiritual requer fé, resistência,
entendimento, santidade, muita coragem e prontidão para entregar a
vida. Quando analisamos os resultados, que nem sempre são imediatos,
vemos cidades inteiras recebendo o evangelho e a glória de Deus se
manifestando nos lugares mais sombrios da Terra. Não há nada mais
gratificante que isso!]
TEMOS GUERREADO NAS REGIÕES CELESTES E VENCIDO
Definitivamente, Deus está chamando Seus escolhidos e fiéis para
guerrear com Ele nas grandes batalhas do fim dos tempos para libertar as
nações. Temos guerreado e vencido. A guerra é real, é perigosa; mas vale
a pena lutá-la para libertar os cativos.
Para fazer parte desse exército, não é necessário ser perfeito nem
extremamente maduro no conhecimento da guerra espiritual. Para
participarmos de uma batalha desse nível, é necessário lutarmos segundo
a ordem e os requisitos que apresentei neste livro. Com a cobertura e
estratégia corretas, a graça de Deus suprirá nossas necessidades e
continuará nos aperfeiçoando até que nos tornemos grandes guerreiros.
Os verdadeiros valentes do Senhor, os consagrados para Sua glória,
como Ele os chama em Isaías 13, são pessoas muito especiais para o
coração de Deus. Guerrear para a Suprema Majestade do universo é um
dos maiores privilégios que podemos desejar.
Os soldados de Deus, aqueles a quem Ele pode pedir qualquer coisa
a qualquer preço, são a verdadeira noiva do Cordeiro e há grandes
recompensas preparadas para eles. Nossa comunhão íntima com Ele em
adoração é bastante relevante para nossa formação e desenvolvimento
como o exército de Deus.
Quero encorajar todos os valentes de Deus, aqueles cujas
prioridades não são mais os confortos e os bens deste mundo, mas
somente o Senhor. Levantemos juntos a bandeira do Seu exército e
ajudemos a treinar milhares de soldados que esperam por nós.
Por todo o globo existem guerreiros verdadeiros que pode estar
despercebidos no meio de sua igreja, mas cujo coração bate pela
libertação das cidades. Eles esperam ouvir e ver pessoas cheias de
coragem e de verdade que sejam modelos a seguir, para que possam
também se levantar... Precisamos interromper as ondas de medo que
intimidam os filhos do Altíssimo e mostrar à Igreja o verdadeiro poder do
nosso Deus infalível.
“Pois Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor
e de equilíbrio.”
II Timóteo 1:7
TREINAMENTO
Recomendo para seu treinamento espiritual que estude os livros de
autores com grande entendimento neste assunto. Eu mesma escrevi um
livro que é usado por muitos institutos bíblicos para ensinar guerra
espiritual chamado “Os Céus Serão Abalados” (Editora Valente).
Também recomendo meus livros “Regiões de Cativeiro" e “Iniquidade” e
“Os Segredos Obscuros do G.A.D.U.” (todos publicados pela Editora
Valente). Temos também realizado documentários sobre guerras
espirituais e territoriais que serão de grande ajuda para se aprender
como executar a guerra espiritual na prática. (Como, por exemplo, o DVD
“Amsterdã, cidade de glória" — Editora Valente). Além disso, temos
lançado diversos ensinos em vídeo e áudio para servir de formação nesta
área.
Para incentivá-lo nesta jornada,
sobre guerra espiritual escritos por C.
Cindy Jacobs, em especial “Possuindo
Valente). Além disso, recomendo os
“Destruindo Fortalezas”.
***
recomendo a leitura dos livros
Peter Wagner, bem como os de
as Portas do Inimigo” (Editora
livros de Héctor Torres, como

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