Empreendedorismo no - Bem-vindo(a), efetue o login

Transcrição

Empreendedorismo no - Bem-vindo(a), efetue o login
Para Max Gehringer,
é preciso preparar-se
para ser empreendedor
nos dias atuais
Revista trimestral
nº11 Ano3 Mai/11
A revista da pequena empresa no Paraná
84
Empreendedorismo
no “sangue”
“Crise” do
crescimento
Pequenas,
mas centenárias
Ideias simples viram
modelos de negócios
Os desafios na hora
de ampliar a empresa
Segredo de sobreviver é
envelhecer com vigor
MERCADO
CAPACITAÇÃO
Associativismo
COMPORTAMENTO
Feiras e Eventos
TENDÊNCIA
SERVIÇO
Giro pelo Paraná
85
PÁG. 6 – ENTREVISTA
“O Espírito Empreendedor”
PÁG. 46 – CAPACITAÇÃO
PÁG. 26 - COMPORTAMENTO
Lições de Harvard
Empreendedorismo no “sangue”
Diretor-superintendente do Sebrae/PR fala sobre o papel do
empresário, o valor para o cliente e o lucro como consequência.
Três histórias de empreendedores natos, de
origem humilde, que apostaram numa ideia e
hoje colhem os frutos do sucesso.
Foto: La Imagen
Administrador, escritor e autor sobre
carreira e gestão empresarial,
Max Gehringer dá aula sobre
empreendedorismo, em Curitiba.
Foto: La Imagen
Foto: La Imagen
Índice
Max Gehringer
Fhabyo Matesick
PÁG. 66 – TENDÊNCIA
Josias Fernandes
Ambientes empresariais inovadores
Cada vez mais as empresas investem em soluções criativas
para manter os funcionários - e o trabalho - constantemente
estimulados.
PÁG. 30 - COMPORTAMENTO
“Crise” do crescimento
São muitos os desafios na hora de ampliar os negócios;
saiba como empresários de pequenas empresas
podem superar barreiras.
Padaria América
PÁG. 70 – TENDÊNCIA
Empreendedorismo inovador
PÁG. 50 – CAPACITAÇÃO
Experiência no sudoeste do Paraná
cria sistema de inovação, para ofertar
soluções tecnológicas para pequenas
empresas e atrair investimentos.
Foto: Studio Alfa
Pequenas, mas centenárias
Empresários de pequenas empresas precisam estar
preparados para atender bem o novo consumidor, ligado
à tecnologia e às mídias.
Missão contratar
Mais do que o próprio currículo,
o comportamento do futuro
funcionário é fundamental para o
desempenho profissional.
PÁG. 14 – MERCADO
Planejamento, criatividade, vocação e ambição são
fundamentais para quem quer abrir uma pequena
empresa, com pouco capital inicial.
PÁG. 37 – ARTIGO
Isa Todt
Eloi Zanetti, especialista em Marketing, Comunicação
Corporativa e Vendas, fala, em seu primeiro artigo na
Revista Soluções, sobre a importância de os empresários
se comunicarem – bem – com os clientes.
PÁG. 57 - ARTIGO
Confira artigo da consultora do Sebrae/PR, Rosângela Angonse,
sobre a pressão ambiental na indústria de cosméticos.
Pesquisas realizadas em Curitiba e
Maringá, com base no consumo dos
bairros, revelam uma infinita lista de
negócios para pequenos.
Foto: La Imagen
Curitiba
Empreender ideias, em lugares de uso
comum, ajuda a reduzir custos, aumenta a
rede de contatos e gera negócios e
interação social.
PÁG. 38 – FEIRAS E EVENTOS
Feira do Empreendedor
Marcado pelo conhecimento,
inovação e oportunidades, maior
evento de empreendedorismo do
Paraná reúne 15 mil empresários,
em Curitiba.
Ercílio Santinoni
PÁG. 76 – PERSONALIDADE
Um incansável defensor
das micro e pequenas empresas
Presidente da Conampi e Fampepar diz que Lei Geral foi um dos
principais avanços para os pequenos negócios no Brasil.
Foto: La Imagen
O “mapa” das oportunidades
Espaços colaborativos,
ganhos coletivos
Empreendedor
número 1 milhão
Isa Todt formalizou-se pela internet,
em março deste ano, e agora pode
emitir notas fiscais para melhor
atender seus clientes.
PÁG. 18 - MERCADO
PÁG. 22 - ASSOCIATIVISMO
PÁG. 54 – CAPACITAÇÃO
Zuleide Francisco
Bons negócios com pouco dinheiro
Foto: La Imagen
PÁG. 34 – SERVIÇO
Foto: La Imagen
Geração Y: o X da questão
Foto: La Imagen
PÁG. 08 – CAPA
O segredo de sobreviver às gerações é envelhecer
sem perder o vigor, a motivação e a identidade.
PÁG. 78 – GIRO PELO PARANÁ
Um apanhado dos principais acontecimentos
e eventos envolvendo o Sebrae/PR no Estado.
Juliana Almeida e Alessandra Brito
PÁG. 82 – ARTIGO
PÁG. 58 – TENDÊNCIA
Cresce empreendedorismo por oportunidade
Para cada empresário que abre um negócio por necessidade, 2,1
abrem por oportunidade; entre jovens, número é ainda maior.
O artigo “Revolução silenciosa”, de Allan Marcelo de
Campos Costa, diretor-superintendente do Sebrae/PR,
mostra, nesta edição, experiências empreendedoras
que têm feito a diferença no Paraná.
Não perca!
Raisa Terra
2
3
Editorial
SEBRAE/PR – Serviço Brasileiro
de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas no Paraná
Jefferson Nogaroli
Presidente do Conselho Deliberativo
Allan Marcelo de Campos Costa
Diretor Superintendente
Julio Cezar Agostini
Diretor de Operações
Vitor Roberto Tioqueta
Diretor de Gestão e Produção
Expediente
Coordenação
Renata Todescato
Gerente de Marketing e Comunicação
Edição/Jornalista Responsável
Leandro Donatti
Registro Profissional– 2874/11/57-PR
Adriana Schiavon Gonçalves
Especialista em Marketing
ATÉ ONDE SUA EMPRESA
PODE CHEGAR?
PARA SABER, COMECE INDO
ATÉ O SEBRAE.
Reportagens: Adriana Bonn, Adriana De Cunto, Adriano Oltramari,
Andréa Bordinhão, Cleide de Paula,
Giselle Ritzmann Loures, Graziela
Castilho, Jaqueline Gluck, Juliana Dotto, Katia Michelle Bezerra,
Leandro Donatti, Maigue Gueths e
Mirian Gasparin.
Fotos: Cristiane Shinde, Luiz Costa,
Valdecir Schimidt, Wilson Vieira e
Rodolfo Buhrer.
Colaboraram:
Danieli
Doneda,
Erica Sanches, Fernanda Pesarini,
Juliana Schvenger e Simone
Shavarski.
SOLUÇÕES SOB MEDIDA PARA SUA EMPRESA SEGUIR EM FRENTE.
[email protected]
http://asn.sebraepr.com.br
Sua empresa cresceu e se estruturou no mercado, agora vem o maior desafio: continuar avançando.
Foi pensando nisso que o SEBRAE lançou o Programa SEBRAE MAIS, um conjunto de soluções estratégicas
para a sua empresa enfrentar esse novo ciclo com êxito e continuar evoluindo.
Críticas e comentários,
mande um e-mail para
[email protected]
CONHEÇA AS SOLUÇÕES DIFERENCIADAS QUE VÃO TORNAR SUA EMPRESA MAIS
PREPARADA PARA AVANÇAR:
Estratégias Empresariais • Planejando para Internacionalizar • Gestão Financeira • Gestão da Inovação
• PSGQ - Programa Sebrae de Gestão da Qualidade • Encontros Empresariais • Empretec • FGA - Ferramentas
de Gestão Avançada.
Anuncie na Revista Soluções:
publicidade.revistasolucoes@
pr.sebrae.com.br
Impressão
Artes Gráficas Renascer Ltda.
(Mult-graphic)
Design Gráfico e Diagramação
Ingrupo//chp Propaganda
Tiragem
20 mil exemplares
Periodicidade
Trimestral
PROCURE O SEBRAE E SOLICITE UMA VISITA.
WWW.SEBRAEPR.COM.BR | 0800
4
Nesta edição da Soluções Sebrae – A Revista da Pequena Empresa no Paraná,
você confere uma série de reportagens especiais, de apoio, e com informações para
empreendedores e empresários de micro e
pequenas empresas, formais e informais.
Max Gehringer, que esteve em Curitiba em
março, a convite do Sebrae/PR, como conferencista da Feira do Empreendedor 2011
– Paraná, dá uma “aula” sobre o que ele chama de “Espírito empreendedor”, durante um
bate-papo, reproduzido na seção Entrevista.
Em pauta, também, assuntos do momento
como a Geração Y, tema da Capa. Na seção
Associativismo, matéria sobre coworking,
também chamados de espaços colaborativos, que têm sido cada vez mais comuns.
A “crise” do crescimento, frequente em
pequenas empresas avançadas, também
é tema desta edição da Revista Soluções.
Confira reportagem, na seção Comportamento, e saiba como planejar, de forma inteligente, o crescimento da sua empresa e
o momento de avançar.
E mais: Pesquisa GEM, Empreendedor Individual, como lucrar com pouco capital inicial,
ambientes empresariais inovadores, competências e habilidades, pequenas empresas
com quase 100 anos e lições aprendidas
em Harvard e que têm tudo a ver com os
pequenos negócios.
Destaque especial para a reportagem Empreendedorismo no “sangue”, também na
seção Comportamento e que conta três belas histórias de empreendedores que começaram bem pequenos e que hoje são referência em suas atividades, modelos a serem
seguidos.
Marly, a cabeleireira; Valdir, o pipoqueiro;
e Josias, o vendedor de cachorro-quente.
Marly apostou no preço mais baixo como diferencial competitivo. Valdir, na higiene para
seus clientes. E Josias, na diversidade de
seu cardápio. O resultado foi um só: sucesso nos negócios.
Boa leitura!
Leandro Donatti, o editor
Sucesso de público e de crítica
A Feira do Empreendedor 2011 – Paraná,
realizada em março deste ano, em Curitiba,
foi sucesso de público e de crítica. O maior
evento de empreendedorismo do Estado, organizado pelo Sebrae/PR, lotou o Expo Unimed, na capital paranaense.
Aproximadamente 15 mil empreendedores e
empresários de micro e pequenas empresas
marcaram presença. E o mais emocionante
foi o interesse manifestado pelos visitantes,
que se mostraram interessados na busca
por informações sobre pequenos negócios.
Os empreendedores e empresários de micro
e pequenas empresas, vindos de todo o Estado, alguns por meio de caravanas e outros
por conta própria, ficaram satisfeitos com
a diversidade de oportunidades de negócios,
inovação e conhecimento oferecidos.
O Sebrae/PR, como realizador do evento,
fruto de planejamento e de um trabalho coletivo, consolidou ainda mais sua imagem
institucional, figurando como uma agência
que promove o desenvolvimento econômico
e social, a partir dos pequenos negócios.
A edição paranaense da Feira do Empreendedor deixa como legado a organização,
pluralidade, informações, orientações e auxílio aos empreendedores, interessados em
abrir o próprio negócio e aos empresários,
de olho no fortalecimento de seus empreendimentos.
Você, empreendedor e empresário paranaense, teve uma importante parcela
de participação no sucesso obtido pelo
Sebrae/PR, durante a Feira do Empreendedor. Se não fosse o seu envolvimento,
o evento não teria tido tal repercussão e
alcance.
Nesta edição, você confere detalhes sobre
o evento, seus principais resultados e as
imagens que marcaram o maior evento de
empreendedorismo do Estado.
Renata Todescato,
gerente de Marketing e
Comunicação do Sebrae/PR
ISSN 1984-7343
570 0800
5
Max Gehringer
ça, poder de comando, tomava as decisões
e corria riscos. O que acontece é que entre
aqueles anos de escola e o início da vida
profissional, muitas coisas acontecem...
O espírito empreendedor
Autor de livros sobre carreira e gestão dá “aula” sobre
empreendedorismo, durante passagem por Curitiba
Por Adriano Oltramari
Max Gehringer dispensa apresentações.
Bem humorado, com conteúdo e opinião
formada, o administrador de empresas, escritor e autor de livros sobre carreira e gestão empresarial deu uma aula de empreendedorismo, na sua passagem por Curitiba,
em março deste ano.
Convidado pelo Sebrae/PR, para ser um
dos conferencistas durante a Feira do Empreendedor 2011 – Paraná, conseguiu mobilizar, em pleno sábado à noite, uma multidão de mais de 3,5 mil empreendedores e
empresários de micro e pequenas empresas de várias regiões do Paraná.
Todos saíram satisfeitos com o que ouviram. Gehringer falou da importância e dos
desafios do empreendedorismo hoje no Brasil, bem como de questões mais complexas
como a ascensão econômica e social do
brasileiro por meio do empreendedorismo e
dos pequenos negócios.
Em sua palestra, com o título “O Espírito
Empreendedor”, traçou ainda um paralelo
entre o desenvolvimento da cultura empreendedora, carreiras, educação e relações
humanas. Para ele, o espírito empreendedor é algo que é percebido nas pessoas ainda quando crianças.
A Revista Soluções ouviu Max Gehringer e
traz a seguir os principais trechos de um
bate-papo com o especialista. Confira.
Foto: Luiz Costa / La Imagen
Revista Soluções - O que é o espírito empreendedor? Como podemos perceber seus efeitos?
Max Gehringer, consultor
6
Max Gehringer - É algo que a gente enxerga em outras pessoas ou em nós mesmos
quando somos crianças. Eu me lembro do
pessoal com quem estudava nos primeiros
anos de escola. Aquele sujeito que colocava
a bola embaixo do braço e escolhia o time e
os que conduziam os trabalhos. Quer dizer,
gente que já demonstrava iniciativa, lideran-
Revista Soluções – O senhor pode dar um
exemplo?
Max Gehringer - Existe a pressão ou vontade da família... Eu quero que o meu filho
seja médico e assim por diante... Talvez, a
centelha que brotou muito cedo vai desaparecendo. A pessoa arruma emprego, procura um concurso público – o que está na
moda pela estabilidade, mas aquilo não desaparece, porque em algum momento vai
ter que tomar uma decisão, que remete ao
seu empreendedorismo. Ela já teve a experiência do trabalho, já estudou, já conversou com muita gente que trabalha e decide
tomar conta do seu caminho. Nessa hora,
percebe que isso era o que sempre buscou.
O espírito empreendedor é algo que a pessoa
traz dentro dela. Não acho que seja DNA.
Revista Soluções - Ser empreendedor e ter
o espírito empreendedor, qual a diferença?
Max Gehringer - A diferença entre ter o espírito empreendedor e empreender está em
aprender um monte de coisas no meio do
caminho. É preciso se preparar para ser
um empreendedor.
Revista Soluções - A melhoria na condição
econômica e social do brasileiro passa pelo
empreendedorismo?
Max Gehringer - Todos os países que foram
grandes e dominaram o mundo são países
que formaram grandes empreendedores.
Nenhum se destacou por ter formado grandes empregados. Se não tivermos os grandes empreendedores, não seremos uma
potência mundial. Ao incentivar o empreendedorismo, quero dizer, acabar com essa
barreira de burocracia, impostos, enfim, facilitar a vida de quem deseja empreender,
estaremos gerando o capital de inteligência
brasileiro. Mais gente tendo mais ideias,
criando mais coisas e fazendo o Brasil crescer. Temos que ter isso, senão o Brasil não
vai ser grande. Vamos passar a vida apenas exportando café.
Revista Soluções - Qual a contribuição do
empreendedor para o País?
Max Gehringer - Nove de cada dez empregos no Brasil, na iniciativa privada, vêm da
pequena empresa. Então, se não fossem as
micro e pequenas empresas, o contingente
de desempregados seria monstruosamente
grande. Quanto mais gente se aventura a
abrir negócios, mais empregos teremos no
País. Se a gente pensar financeiramente,
ainda são as grandes empresas que estão
gerando a riqueza do Brasil. Se pensarmos
no ponto de vista social, em quem está trabalhando e está ganhando suficiente para
ter uma vida digna, quem está fazendo isso
é o pequeno empreendedor.
Revista Soluções - Quais os desafios do empreendedorismo hoje no Brasil?
Max Gehringer - Eu vi desafios muito maiores do que existe hoje há 20 anos. Nós temos revistas, rádios, enfim, temos informações básicas, temos o Sebrae, especialista
no assunto. Lembro que quando era criança não tinha nenhum empreendedor na vizinhança, nenhum parente sequer era empresário. A gente nascia num ambiente
desse e, na faculdade, aprendia o ambiente
de uma grande empresa, marketing na
grande empresa, a venda na grande empresa. Hoje, é diferente. Muita gente já entra
na faculdade pensando em empreender. Então esse passo nós já demos. A gente precisava criar na cabeça do jovem que ele tem
uma opção válida se ele quiser ser um empresário. Se Deus quiser ele vai ter mais
apoio governamental. Mas, são passos que
estamos dando e, felizmente, fazendo coisas
porque todo mundo já percebeu que o caminho é esse.
Revista Soluções - Pode-se fazer uma analogia entre uma carreira profissional e uma
trajetória empreendedora?
Max Gehringer - Até pode, se olharmos
como ponto final o sucesso. Entrei numa
empresa, comecei por baixo, recebi elogio,
recebi aumento, fui promovido, cheguei a
presidente da empresa. De outra forma,
abri uma empresinha na garagem da casa
da minha mãe. Passa um ano, mudei para
um imóvel que aluguei, contratei dois empregos, abro uma filial, em algum momento
sou uma pessoa que está dando emprego
para 100 pessoas e vendendo franquia da
empresa que abri na casa da mãe. Então o
que nós perseguimos, seja empregado ou
empresário, é sempre a melhoria constante.
Revista Soluções - Na opinião do senhor,
eventos como a Feira do Empreendedor incentivam o empreendedorismo?
Max Gehringer - A importância está estampada na plateia, na quantidade de gente que
participou (ao todo, foram cerca de 15 mil
visitantes na Feira do Empreendedor 2011
– Paraná, realizada em Curitiba). Se tivéssemos feito esse evento em 1983, teríamos
que ter pago para o pessoal participar.
Quer dizer, já criamos uma sementinha na
cabeça da coletividade, de que isso é uma
coisa que eu posso fazer. É nisso que um
evento de empreendedorismo como esse aju-
Entrevista
Mercado
Associativismo
Comportamento
Serviço
Feiras e eventos
Capacitação
Tendência
Personalidade
Giro pelo Paraná
Os países que
dominaram o mundo
formaram grandes
empreendedores,
e não grandes
empregados
da. Dar informações, orientar, responder e
dar subsídios. O interesse existe. Talvez, o
que faltava era encontrar a maneira e o local.
Revista Soluções - O senhor falou em espírito empreendedor, sua manifestação e característica. Qual a perspectiva para quem
não tem espírito empreendedor?
Max Gehringer - Deve trabalhar. Arrumar
um emprego, fazer um concurso público. O
que mudou no mercado de trabalho como
um todo é aquela ideia mágica de que eu
preciso me preparar para ser um empregado. Se eu não conseguir o que eu faço? Talvez, posso ser um empreendedor. Isso acabou. O empreendedorismo é uma opção,
muitas vezes a primeira. Hoje existe uma
possibilidade de escolha.
7
Novo consumidor
Geração Y:
o X da questão
Empresários de pequenas empresas precisam estar preparados para
atender bem o novo consumidor, ligado à tecnologia e às mídias
Por Adriana De Cunto
Com um ‘pé’ no presente e outro no futuro.
Encontrar o equilíbrio entre os dois tempos
significa a sobrevivência e o sucesso de uma
marca nas próximas décadas. O empresário
de hoje, independente do porte de sua empresa, se encontra em uma posição peculiar.
Seu principal consumidor é o típico representante da Geração X (nascido entre os
anos 1960 e 1980), mas é preciso ficar de
olho e se preparar para o cliente que está
vindo por aí, a chamada Geração Y (pessoa
nascida após a década de 1980). Embora
X e Y estarem lado a lado no alfabeto, um
abismo no comportamento e na cultura separam as duas gerações.
A mudança de uma geração para outra é
marcada por uma ruptura no modelo mental, explica uma das maiores especialistas
brasileiras em Geração Y, Eline Kullock,
presidente do Grupo Foco, empresa de consultoria em Recursos Humanos. “É a geração do iPod. I pode tudo (sic)”, brinca.
É, segundo Eline Kullock, a chamada Geração da Internet, muito ligada à tecnologia e
novas mídias. “As pessoas nascidas nessa
época realizam várias tarefas ao mesmo
tempo e anseiam por constantes feedbacks,
buscam informações instantâneas, vivem
alternando as formas de comunicação e sonham em conciliar lazer e trabalho.”
Maria Fernanda Deneli Vicente, especialista
em comércio digital e eletrônico, explica
que, segundo pesquisas, os jovens dessa
faixa etária são capazes de realizar entre
quatro e sete coisas ao mesmo tempo. Podem, por exemplo, assistir à televisão, conectados na internet, ligados ao MP4, trocando mensagens por MSN e, no meio
tudo isso, atenderem ao telefone celular.
quenos negócios não podem ficar parados,
acompanhando a distância essa transformação no comportamento de consumo.
“Pelo contrário, os empreendedores precisam buscar ferramentas e tecnologias,
principalmente através das mídias e redes
sociais, que os ajudem a conhecer melhor
esse novo consumidor e definir novas estratégias, como produtos que apresentam
uma alta relação custo-benefício e formas
diferenciadas de atendimento”, avalia.
Mas como conhecer melhor esse tão comentado representante da Geração Y?
Em primeiro lugar, olhe ao seu redor,
aconselha a consultora do Sebrae/PR. “O
filho, sobrinho ou primo que prefere enviar
mensagens de texto pelo celular a falar
pelo telefone é o seu cliente em potencial”,
avisa Carla Werkhauser.
“As micro e pequenas empresas representam 99% dos estabelecimentos formais
hoje no Brasil e, para atenderem bem ao
novo público, bastante exigente e que exerce uma forte influência nas decisões de
compras da família, é imprescindível investir em inovação.”
Eline Kullock dá algumas dicas e lembra
que normalmente os Y são a “autoridade
tecnológica” da casa, dando aulas de informática e computação para os mais velhos.
Entrevista
Mercado
Associativismo
Comportamento
Serviço
Feiras e eventos
Capacitação
Tendência
Personalidade
Giro pelo Paraná
Os Y realizam várias
tarefas ao mesmo
tempo, anseiam por
feedbacks, buscam
informações
instantâneas e
alternam as formas
de comunicação
A influência da Geração Y sobre as compras e
os gastos da família, segundo o livro Gen BuY.
Na opinião da especialista, os empresários
que não ficarem atentos a esse público terão dificuldades no futuro. “É uma geração
que não tem medo de comprar pela web,
porque as pessoas que fazem parte dela nasceram conectadas e têm um comportamento de consumo prático e ousado, mas que
também buscam a comodidade”, analisa.
Maria Fernanda explica que o primeiro passo para se preparar para esse futuro é
planejar-se, conhecer o ambiente virtual,
desenvolver um site interessante, conseguir um bom posicionamento dentro do
Google e fazer ações de relacionamento
nas redes sociais.
A regra também vale para as micro e pequenas empresas, pois conhecer os hábitos
e preferências da Geração Y pode ser uma
ótima oportunidade para ampliar ou consolidar mercados. A opinião é da consultora do
Sebrae/PR, Carla Werkhauser. De acordo
com a consultora, os empresários de pe-
8
Fonte: blog.grupofoco.com.br
9
Esse jovem está muito mais preparado
para tomar decisões rápidas, porém ele
tem mais tendência à superficialidade,
afirma. São pessoas autoconfiantes, sentimento que foi crescendo dentro da família, ao ser tratado pelos pais de igual para
igual e considerados como membros centrais da casa. A percepção de hierarquia
é diferente daquela visão que os avós deles tinham. “Em casa, na escola e no trabalho eles lidam com os pais, professores
e chefes em um mesmo nível”, constata
Eline Kullock.
As autoras Kit Yarrow e Jayne O`Donnell
mostram no livro “Gen BuY” (ainda sem tradução para o português) as razões psicológicas e sociais que levam os integrantes da
Geração Y a comprarem. A obra ajuda a
compreender a melhor forma de envolver
esses jovens.
É preciso buscar
alternativas
inteligentes e criativas
para se comunicar
tanto com a Geração
Y, quanto com os seus
pais e avós
Eline Kullock recomenda a leitura de Gen
BuY e colocou no blog do Grupo Foco a
tradução dos pontos principais (veja no final da reportagem). Uma das principais dicas das pesquisadoras é que os consumidores de hoje não aceitam que alguma
coisa seja simplesmente vendida para eles,
pois querem ser vistos, conhecidos e respeitados. “Portanto, somente as pessoas
que investirem no relacionamento pela empatia, pela profunda compreensão e pelos
insights irão atrair esses jovens”, colocam
as autoras.
As pesquisadoras Yarrow e Jayne também alertam sobre esse aspecto. “Essa
geração tem uma atitude de prova que é
a mesma para empregadores, marcas e
lojas. E eles são capazes de fazer viver e
morrer restaurantes e empresas pelos
seus comentários não de experts, mas de
consumidores.” Os vídeos e mensagens
com reclamações, postados diariamente
na web, são prova disso.
Efeito positivo
Maximyllian Regis de Souza Alves, 24 anos,
e a mulher, Talise Lambert Ziober, 23
anos, gostam de se vestir com um estilo
alternativo, com roupas e acessórios diferentes dos padrões das vitrines de
shoppings e grandes magazines. Como era
difícil encontrar as peças desejadas fora de
São Paulo, resolveram abrir um espaço de
moda diferenciada em Umuarama, onde o
casal mora. Foi assim que nasceu, em
2007, a Loja Efeito, um espaço para vendas de roupas, acessórios, cafeteria, tabacaria e estúdio de tatuagem e piercing.
“A ideia inicial era uma loja que buscasse os
produtos que a gente gostava de usar para
vender em Umuarama”, conta Maximyllian.
Mas o negócio tomou outro rumo quando
ele resolveu divulgar algumas fotos da mercadoria no Orkut. “Os próprios clientes foram divulgando com seus amigos pelo
Foto: Rodolfo Buhrer / La Imagen
Um erro pode ser fatal, avisa Maria Fernan-
Orkut e as encomendas foram crescendo”,
comemora o empresário. E aumentou tanto que o casal buscou orientação no Sebrae/PR para expandir. Há sete meses, a
Loja Efeito criou um site de vendas que
atende todo o Brasil e entrega pelos Correios. “Só não comercializamos ainda para
Sergipe”, constata. A empresa tem quase
7 mil seguidores no Twitter.
Por enquanto, as vendas do site representam 10% do movimento da loja. A internet
funciona, segundo o comerciante, como uma
vitrine. “Tem gente de fora que vê os nossos
produtos no site e vem visitar a loja quando
passam por Umuarama.” Muito do que sabe
sobre a web e os negócios, Maximyllian Alves
aprendeu com o Sebrae/PR. “Eu já fiz muitas
consultorias, oficinas e cursos de Finanças,
de RH, E-commerce e Marketing.”
Luiz Antonio Monteiro Junior, 39 anos, diretor geral da empresa Digital Security do Brasil, observa que os indivíduos que cresceram
com influência direta da internet, agora ganham mais um novo aliado, o smartphone,
tecnologia que vem ficando mais próxima do
bolso dessa nova geração.
“A internet trouxe a facilidade da comunicação global, com mais maturidade, trouxe as
redes sociais formando grupos afins e, com
o smartphone plugado na rede virtual, veio
a interatividade em tempo real, aliada à mobilidade. Tudo que uma Geração Y em constante evolução poderia desejar”, comenta.
Monteiro Junior concorda que uma empresa está destinada a ficar fora do mercado,
caso a mesma não atualize suas ferramentas de trabalho diante desse novo perfil de
consumidor e tecnologias. A Digital Security
adotou uma série de medidas para não ficar para trás, investindo primeiramente em
treinamento com a equipe de trabalho e na
contratação de colaboradores que tenham
experiência com internet, também investiu
em tecnologia de sistemas de CRM integrados com os aplicativos de loja virtual e chat.
Talise Lambert Ziober e Maximyllian Regis de Souza Alves, empresários
O empresário avisa: “A Geração Y não gosta
de usar o telefone, tem preferência por email, chat, MSN, Skype, e outros aplicativos
que permitam a conversa em tempo real
com a empresa. Estar presente nos sites de
redes sociais também é imprescindível,
como Facebook, Twitter, Blog e outros.
Carla Werkhauser, consultora
10
Foto: Divulgação
da Vicente. Essa geração pode trazer muita
dor de cabeça às empresas, não com uma
reclamação nos órgãos de defesa dos consumidores, mas com críticas postadas nas
redes sociais, que serão compartilhadas à
exaustão pelas centenas de amigos distribuídos pelo Orkut, Facebook ou Twitter.
Foto: Divulgação
Mais uma característica: o raciocínio desse indivíduo não é linear. “Ele começa a ler
um texto, conecta outra coisa, abre mais
janelas e depois volta para terminar de ler o
que começou, se aquilo lhe interessou.”
Monteiro Júnior concorda que, nos dias atuais, é preciso buscar alternativas inteligentes
e criativas para se comunicar tanto com a
Geração Y, quanto com os seus pais e avós,
todos grandes consumidores. Para isso, a
empresa conta com uma agência de comunicação. “O importante é atender bem os dois
públicos e oferecer os recursos de acordo
com o perfil de cada consumidor.”
Luiz Antonio Monteiro Junior, empresário
11
Geração Y, como conquistá-la
A seguir, acompanhe um resumo dos principais tópicos do livro Gen BuY, das
autoras Kit Yarrow e Jayne O`Donnell, traduzido por Eline Kullock.
- Os jovens são fiéis às suas marcas, enquanto elas atendem às suas expectativas. Procuram as marcas, fazem comparações de preços, da rapidez das conexões e das entregas.
- Essa é uma sociedade muito mais visual em função da rapidez em que a gente
vive. O que a gente veste é uma maneira de nos conectarmos com o outro, de
socializar e assumir papéis.
- A Geração Y influencia também nas compras de seus pais. A juventude nunca
foi tão definidora de tendências quanto essa. O impacto econômico dessa geração vai muito além do que eles possuem como dinheiro porque estão influenciando outras gerações.
- Ela é múltipla, adaptativa e confiante.
- Os integrantes dessa geração têm facilidade em se adaptar às mudanças tecnológicas e não têm ansiedade em lidar com a tecnologia - ao contrário, sentem
alegria - gostam de brincar, fazem o aprendizado muito mais simples do que é
para os seus pais.
C
M
Y
- Velocidade, poder e confiança. Eles querem o que eles querem quando querem
e vivem em um mundo muito mais rápido do que as gerações anteriores.
CM
MY
CY
- Essa geração abraçou o trabalho em grupo para facilitar a sua compreensão sobre
tecnologia. Eles podem estar unidos fisicamente ou não pelo mundo para descobrir
coisas, lutar por causas, passear por sites de mídia social, de análise de produtos
e lugares, restaurantes, hotéis ou mesmo para conhecer um novo site ou filme.
CMY
K
- As quatro grandes características da Geração Y são narcisistas, poderosos,
arrogantes e otimistas.
- Se você vai dar um presente a essa geração, não há nada melhor do que um gift
card. Eles querem tomar as suas próprias decisões, não importam quais sejam.
- Para conquistar o coração de um Y, quem trabalha com Marketing precisa
investir em relacionamento. Treine-se para ir a fundo e entender o que está
atrás das aparências.
Fonte: blog.grupofoco.com.br
Sugestão de livros e sites para conhecer mais sobre o assunto:
“Gen BuY - Tweens, Teens and Twenty-Somethings are Revolutionizing Retail”, de Kit
Yarrow e Jayne O `Donnell. Editora Jossey-Bass;
“Geração Y - O nascimento de uma nova versão de líderes”, por Sidney Oliveira, Editora
Integrare; blog.grupofoco.com.br; e www.grupofoco.com.br.
12
13
Baixo investimento
Bons negócios
com pouco dinheiro
Planejamento, criatividade, vocação e ambição são fundamentais para
quem quer abrir uma pequena empresa, com pouco capital inicial
Por Andréa Bordinhão
Quando Paulo dos Santos começou a pensar
em abrir uma empresa, estava analisando
áreas diferentes do ramo em que já atuava
como empregado há 13 anos – controle de
pragas e limpeza de caixas d’água. No entanto, seguindo o conselho de um amigo, resolveu continuar no mesmo segmento, mas
como dono do próprio negócio.
O aporte inicial foi R$ 6 mil e Paulo dos Santos trabalhou sozinho por um ano. Hoje, com
a empresa aberta há quatro anos, o empresário já tem cerca de R$ 70 mil investidos e
dez empregados.
“Quando decidi sobre o ramo de atuação,
‘montei’ a empresa no papel e fiz um curso
do Sebrae/PR, pois eu só tinha conhecimento da parte técnica”, conta. O empreendedor
lembra que o investimento inicial foi para
abrir a empresa, alugar o imóvel, comprar
móveis e equipamentos básicos e investir
em capacitação para gestão. “No início, não
comprei os equipamentos mais caros. Só o
essencial para fazer o trabalho.”
to, ter recursos não é garantia de sucesso.
Segundo o professor de Administração de Empresas e consultor de negócios, Ian James
Vieira, é preciso observar cuidadosamente alguns aspectos antes de se empreender.
“O receituário vale para todos os empresários. Mas para quem tem pouco dinheiro,
como os pequenos, esses pontos são ainda
mais relevantes. Quem tem mais dinheiro
para investir pode dar-se ao luxo de pecar
em alguns pontos, pois pode superar falhas
mais facilmente”, explica. Já os pequenos
não errar sob o risco de perderem economias de uma vida toda.
Entrevista
Mercado
Associativismo
Comportamento
Serviço
Feiras e eventos
Capacitação
Tendência
Personalidade
Giro pelo Paraná
Levando isso em conta, a Revista Soluções,
com base em dicas e orientações do professor Ian James Vieira, levantou os pontos
mais importantes que os empreendedores
que têm pouco capital inicial precisam levar
em consideração antes de abrir seus negócios. Quatro aspectos que merecem reflexão
por aqueles que querem lucrar com pouco
dinheiro. Confira na página a seguir.
Foto: Rodolfo Buhrer / La Imagen
Paulo dos Santos destaca que, com planejamento, trabalho bem feito e passos moderados, a empresa cresceu e está caminhando
bem. “Hoje nem podemos aceitar todos os
trabalhos que aparecem porque ainda não
temos tamanho para fazer tudo”, comenta.
E os planos do empresário agora são expandir, inclusive entrando no segmento de limpeza e conservação.
Assim como Paulo dos Santos, é alto o percentual de empreendedores que lucram, a
partir de negócios abertos com pouco dinheiro. Para começar um empreendimento não
é preciso, necessariamente, grande aporte
de capital inicial. É o que mostra a mais recente sondagem Global Entrepreunership
Monitor, Pesquisa GEM 2010, que avaliou a
atividade empreendedora em 59 países e
considerou a média dos investimentos iniciais feitos pelos pequenos empresários entre 2002 e 2010 no Brasil.
De acordo com a sondagem, 58,1% dos
empreendedores desembolsaram até R$ 10
mil para dar início a sua empresa. A pesquisa aponta ainda que o principal motivo para
esse comportamento é evitar financiamentos ou empréstimos, já que desse total que
investiu até R$ 10 mil para abrir o negócio,
71,6% já tinham todo o dinheiro disponível
para empreender.
Os números parecem animadores, já que
mostram que não é preciso muito dinheiro
para se começar um novo negócio. No entan-
14
Paulo dos Santos, empresário
15
Criatividade
Segundo o professor Ian James Vieira, um dos pontos principais que o empreendedor
deve explorar é a criatividade. “O candidato a empresário precisa lembrar que vai
entrar em um mercado onde já tem empreendedores posicionados. Então, de alguma
forma, ele vai ter que tirar clientes dos concorrentes”, afirma. Talvez, a palavra ‘tirar’
pareça pesada, observa o professor, mas, segundo ele, é a realidade do mercado.
Planejamento
“É muito importante planejar. Não faz parte da cultura do brasileiro planejar e, para
aquele que tem pouco dinheiro, deixar de planejar é um risco gigantesco”, explica o
professor. Segundo Ian James Vieira, os empresários devem correr riscos calculados.
“E, para isso, é preciso ter planejamento.” É importante saber planejar. O consultor
salienta que o planejamento consistente e de sucesso é feito de trás para frente.
Definir os “objetivos e metas” do negócio
Em primeiro lugar, é preciso definir objetivos, metas, ou seja, aonde se quer chegar. “E tem que ser uma definição bem clara. Não adianta dizer apenas ‘quero ficar
rico’ ou ‘quero lucrar’ como objetivo. São expressões genéricas. O que é ficar rico?
É ter quanto? É preciso perguntar exatamente o que se quer atingir”, explica.
Definir “tempo” para as realizações do negócio
É preciso saber,
de antemão, o que se
deve fazer para atingir
as metas estabelecidas
no prazo estabelecido
“Quem tem pouco dinheiro precisa definir o que quer, aonde quer chegar e estabelecer datas, prazos. Sem isso, nunca vai conseguir chegar lá, pois é mais ou menos
como receber uma conta sem data de vencimento. Quando vai pagar? Nunca, pois
uma hora não tem dinheiro, uma hora não tem tempo para ir ao banco. Quer dizer,
sempre vai ter um percalço”, exemplifica.
Definir “como” vai fazer o negócio
O professor explica também que, quando se fala em planejamento, é preciso visualizar antecipadamente como vai fazer o negócio, como vai colocá-lo em prática. “É
preciso saber de antemão o que se deve fazer para atingir as metas estabelecidas
no prazo estabelecido. Mesmo que a pessoa tenha poucos recursos, tem que se
fazer essa pergunta”, conclui.
Vocação
“Muita gente me pergunta o que está ‘dando dinheiro’. Isso não é objetivo, é
consequência. ‘Dar dinheiro’ na maior parte das vezes é consequência da vocação.
Um restaurante, por exemplo, pode ser um bom negócio desde que o empreendedor
entenda do assunto. A vocação pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso”,
ressalta. Ian James Vieira salienta que é importante que cada um busque o que é
melhor para si de uma “forma consciente e verdadeira”. “O empreendedor deve se
espelhar em outros empreendimentos, mas tem que dar o toque pessoal.” A questão
da capacitação também está intimamente ligada à vocação, explica o professor. “Se
o empreendedor trabalhar em uma área que não gosta pode não ser um bom profissional. E também é importante ter conhecimento técnico associado a sua vocação.”
Ambição
Para saber mais, acesse o site:
www.130pn.com, que traz 150 ideias
de negócios com pouco investimento inicial.
16
“O empreendedor tem que ser ambicioso. Eu sei que, pela cultura brasileira, quando
se fala em ambição as pessoas torcem o nariz. Mas isso é fundamental. A pessoa
tem que querer crescer, progredir, lucrar. É como na cultura norte-americana, que
trabalha muito a questão do lucro. Aqui não. E um empresário, especialmente o
com poucos recursos, tem que ser uma pessoa ambiciosa”, explica. No entanto,
segundo o professor, é preciso saber administrar bem “a fronteira entre a ambição
e a ganância”. “Tanto um quanto o outro têm um único ponto em comum: os dois
querem crescer, progredir, lucrar. Mas as semelhanças terminam aí. Daí começa
a entrar na seara das diferenças. Em primeiro lugar, o ambicioso deve saber compartilhar seus ganhos, suas vitórias e isso envolve os clientes. É uma relação de
ganha-ganha. Ganha o empresário, ganha o cliente.” De acordo com Ian James
Vieira, é preciso que, inclusive, os funcionários ganhem, já que são os clientes internos. “É preciso investir na satisfação do cliente interno. Se o funcionário está satisfeito, ele vai transmitir essa satisfação para o cliente externo.”
17
Pesquisas
das oportunidades
Pesquisas realizadas em Curitiba e Maringá, com base em consumo
de bairros, revelam uma infinita lista de negócios para pequenos
Por Mirian Gasparin
Foi pensando em auxiliar os empreendedores
e candidatos a empresários de micro e pequenas empresas de Curitiba e Maringá que o
Sebrae/PR realizou, recentemente, duas pesquisas, investigando os bairros das duas cidades. Constatou-se que os bairros são “terreno
fértil” para o empreendedorismo. E os resultados ajudam aqueles que buscam novos nichos.
“As pesquisas não só apontam as oportunidades de negócios, como também, com base
nos dados, os empresários podem projetar novos negócios para os próximos dez anos, desde, é claro, que as condições de crescimento
sejam mantidas”, destaca o consultor do Sebrae/PR, Gilberto Keserle, responsável pela
análise dos dados pesquisados em Curitiba.
Para o consultor do Sebrae/PR em Maringá,
João Luis de Moura, as pesquisas são importantes não só porque contribuem com informações técnicas sobre as oportunidades de negócios em potencial, como também podem
municiar os empreendedores e empresários no
momento de abrir uma empresa ou de mudar
o perfil de um empreendimento já instalado.
A Pesquisa de Carências de Comércio e Serviços,
realizada em fevereiro, em 22 regiões de Curitiba, abrangendo 25 bairros, que representam
64% da população da cidade, apresentou dados
interessantes, destaca Keserle. A localização,
conveniência, qualidade do atendimento, qualidade do produto, preço e variedade de produtos
são fatores que influenciam o uso do comércio e
serviços localizados nos bairros da Capital.
As padarias, mercados e lojas de materiais de
construção são os serviços mais utilizados
nos bairros de Curitiba com índice superior a
70%. Pizzarias, salões de beleza e lojas de
presentes registraram entre 51% e 70% de
utilização. Já os empreendimentos, como sorveterias, sacolões de frutas, verduras e legumes, lojas de roupas, lojas de cosméticos e
perfumaria, centros automotivos e restaurantes registraram procura entre 31% a 50%.
Batel, Bigorrilho, Bacacheri e Mercês apresentaram o maior percentual de carência de
atividades. De acordo com o levantamento do
Sebrae/PR, o Bairro Boa Vista foi o que apresentou maior carência de atividades empresariais, principalmente padarias. O centro da cidade e o Bairro Rebouças apontaram o
menor índice de necessidade de novos negócios. Já os moradores do Uberaba se queixam da falta de mercearias.
De acordo com a pesquisa, os bairros de
Curitiba com maior carência de mercados e
comércio de alimentos são Bairro Alto (27%)
e Mossunguê (25%). Sobre a necessidade de
padarias, Jardim das Américas (15%) e Fazendinha (10%) foram os locais que mais indicaram essa deficiência.
Os bairros nos quais mais faltam lojas de roupas são Batel (5%) e Água Verde (4%). Em
Curitiba, 74% dos entrevistados acreditam
que falta algo no seu bairro. Serviços ligados
ao bem-estar, como academias, cabeleireiros
e pet shops foram serviços que cresceram
acima de 40%, entre 2006 e 2009.
De acordo com Gilberto Keserle, a localização
de um negócio é fundamental para que ele seja
bem sucedido. A conveniência está atrelada ao
estacionamento e facilidades de acesso ao local.
“O curioso é que o preço não foi relacionado pelos consumidores curitibanos como um dos
itens que mais pesa na hora da compra. Esse
fator aparece em quinto lugar”, observa Keserle.
Com informações
técnicas em mãos,
empreendedores e
empresários passam
a ter melhor noção
de como e aonde
devem investir
O estudo também analisou características sociodemográficas e econômicas de Curitiba, comparando os dados da cidade com os municípios de
Belo Horizonte, Campinas e Porto Alegre. Entre
2005 e 2010, a frota de veículos em Curitiba
teve aumento de 35%. Atualmente há um veículo para cada 1,5 habitante. Esse também foi o
percentual de evolução do número de domicílios
da capital paranaense, de 2000 a 2010.
Foto: Wilson Vieira / Videographic
O “mapa”
Tão importantes quanto os planos de negócios, as pesquisas de mercado são hoje uma
importante ferramenta de informação para
os empresários que estão começando um negócio ou que querem expandir suas atividades, trocar de segmento ou de local.
Entrevista
Mercado
Associativismo
Comportamento
Serviço
Feiras e eventos
Capacitação
Tendência
Personalidade
Giro pelo Paraná
Foto: Prefeitura de Curitiba
Empresas de serviço de limpeza e jardinagem, informática, segurança, clínicas, serviço
de manutenção doméstica, bufês e agências
de turismo e viagem apareceram com até
uma média de 30% de uso.
Curitiba, "terreno fértil" para empreender
18
A pesquisa aponta ainda os bairros onde as
atividades são mais e menos utilizadas e quais
itens pesam mais na escolha dos serviços pelos consumidores curitibanos. Lazer (62%),
comércio alimentício (29%), prestação de serviços (24%) e comércio varejista (21%) são as
principais carências dos bairros em geral.
Gilberto Keserle, consultor
19
Foto: André Renato / Prefeitura de Maringá
Diante das conclusões apresentadas nesse
estudo, as empresas de Maringá poderão
melhorar ou mesmo rever a sua localização.
“Farmácia é um exemplo. Esses estabelecimentos estão agrupados no centro da cidade.
Uma alternativa interessante é o empresário
rever a localização do seu ponto comercial,
pois existem bairros mais afastados do centro
que estão em crescimento e que demandam
esse tipo de comércio”, explica Moura.
Classes A e B
O estudo revela ainda que 63% dos habitantes da Cidade Canção são das classes
A e B. Esse dado, somado a outros fatores, aponta para um ambiente favorável à
abertura de restaurantes de alta gastronomia. Uma das regiões com potencial é a
Zona 20 (Jardim Itália I e II, Cidade Monções e imediações), na qual os moradores
também sentem falta de minimercados sofisticados, com importados e orgânicos.
O consultor do Sebrae/PR chama a atenção, porém, para a importância de os
empreendedores candidatos a empresários de micro e pequenas empresas estarem atentos ao comportamento dos consumidores maringaenses, que ainda
apresentam características mais conservadoras e, por isso, exigem cuidados
com a localização da empresa e com o
atendimento oferecido.
João Luis de Moura também destaca que
a Zona 20 é a região da cidade com mais
carências, já que a pesquisa aponta que
pelo menos 80% dos moradores manifes-
taram sentir a falta de produtos e serviços. “Isso ocorre por ser uma das áreas
mais afastadas e com o crescimento de
condomínios horizontais fechados e de alto
padrão”, analisa o consultor.
O estudo do Sebrae/PR também dá destaque para o setor de construção civil e indústria têxtil, que são dois segmentos muito expressivos em Maringá. Somados às
empresas de alimentos, se constituem nas
áreas que mais empregam na cidade, com
22 mil funcionários. Todas tendem a continuar em crescimento e, por isso, também são
consideradas oportunidades.
O setor do vestuário conta com 508 indústrias. “A força de produção no município gera
a necessidade de aumentar o número de facções para atender a demanda”, completa
Moura. Destaque ainda para a frota de motocicletas, que aumentou em 52% no município, favorecendo negócios de produtos e
serviços voltados aos motoqueiros.
Em Curitiba e
Maringá, uma
realidade em comum:
bairros são “terreno
fértil” para se
apostar em novas
oportunidades
de negócios
Abrangência
A Pesquisa Ambiente de Negócios em Maringá entrevistou pessoas e empresas das seguintes regiões: Zona 20, próximo à Rua
Nildo Ribeiro; Zonas 6 e 5, Maringá Velho;
Zona 14 – Avenida Mandacaru e Rua Paranaguá e suas imediações; Novo Centro; Jardim Alvorada, incluindo a Avenida Pedro Taques; Região entre Zona 24 e Zona 46,
abrangendo a Avenida Morangueira; e a Região das Zonas 30 e 31, abrangendo a Avenida Kakogawa.
Os dados completos das pesquisas estão
disponíveis no Sebrae/PR, bastando que
o empresário marque um horário para
ser atendido por um consultor.
Projeções de crescimento
Maringá empreendedora
A pesquisa do Sebrae/PR também aponta projeções de crescimento até 2020. O
segmento que mais deve crescer em Curitiba nos próximos dez anos é o de pet
shop (128%), passando de aproximadamente 900 estabelecimentos em 2010
para mais de 2 mil em 2020.
A Pesquisa Ambiente de Negócios em Maringá, concluída pelo Sebrae/PR no final
do ano passado, apontou 30 tipos de
oportunidades de negócios para os empreendedores, em sete regiões da cidade.
Foram ouvidas 1.100 pessoas que trabalham ou moram na região de Maringá,
bem como empresários de 385 empresas
foram consultados.
Em segundo lugar estão os salões de beleza, que devem aumentar 106%, saindo
de quase 950 para quase 2 mil estabelecimentos daqui dez anos. Em seguida,
aparecem as padarias com aumento de
34% (de 1,6 mil em média para mais de
2,2 mil); lojas de roupas com incremento
de 25% (de quase 10 mil para mais de
12 mil) e mercados com +20% (de 5,3
mil para 6,4 mil).
Gilberto Keserle chama a atenção dos empreendedores e empresários para o fato de
que diante desses dados eles poderão projetar novos negócios.
20
João Luis de Moura, do Sebrae/PR, diz que
das oportunidades de negócios que apareceram na pesquisa, foram criadas “fichas de
oportunidades” que ajudam o empreendedor
a entender melhor as oportunidades como
negócios. Algumas das oportunidades identificadas em Maringá foram os serviços de
chaveiro, butique de motos e escola de cursos profissionalizantes. Moura destaca que
a cidade do noroeste do Paraná tem um ambiente propício para negócios, pois 63% da
população pertencem às classes A e B. “Ma-
ringá é uma cidade de 350 mil habitantes
em franca expansão”, acrescenta.
Outros tipos de negócios em ascensão são
supermercados, lojas de calçados, livrarias
com papelarias, clínicas médicas, panificadoras, açougues e restaurantes. O estudo
também identificou a falta de fornecedores
de materiais de construção e produtos têxteis na cidade. Alguns serviços, levantados
pelo estudo como tipos de negócios com potencial para empreender, têm demanda em
toda a cidade, como os de manutenção para
o lar, prestados por pedreiros, eletricistas,
pintores, encanadores e jardineiros.
De acordo com Moura, a pesquisa está dando resultados, pois algumas oportunidades
demonstradas no estudo já começam a surgir na cidade. “A pesquisa também apresenta estratégias para as empresas que estão
no mercado, dando oportunidade para que
os empreendedores percebam onde o consumidor está insatisfeito”, destaca.
Foto: Luiz Costa/La Imagen
Maringá, cidade empreendedora
Confira as atividades mais utilizadas nos bairros de Curitiba:
Atividades
Pet shop são opções
em bairros de Curitiba
Porcentual médio
em Curitiba
Bairro onde a
atividade é mais
utilizada
Bairro onde a
atividade é menos
utilizada
Padaria
87%
Cajuru 98%
Boqueirão 68%
Mercado
85%
CIC 99%
Mossunguê e Campina
do Siqueira 68%
Materiais de
construção
70%
Boa Vista 86%
Água Verde 68%
Pizzaria
65%
Pilarzinho 77%
Pinheirinho 38%
Fonte: blog.grupofoco.com.br
21
Espaços colaborativos,
ganhos coletivos
Empreender ideias, em lugares de uso comum, ajuda a reduzir custos,
aumenta a rede de contatos e gera negócios e interação social
Foto: Rodolfo Buhrer / La Imagen
Por Maigue Gueths
Ricardo Dória, empreendedor
Trabalhar com outras pessoas num lugar
comum, com redução de gastos com impostos, despesas com água, telefone,
energia elétrica e funcionários, e, ainda,
ter a oportunidade de encontrar novos parceiros, o que pode gerar futuros negócios.
Essa é a filosofia de trabalho dos espaços
colaborativos, um lugar para empreender
ideias, construído tanto para quem compra quanto para quem vende.
Curitiba ganhou dois desses espaços no
ano passado e outras iniciativas estão surgindo pelo Estado.
A loja Endossa, voltada ao comércio, aluga
espaços na capital paranaense, para empreendedores que buscam um lugar para vender seus produtos com baixo custo. E a Al-
22
deia Coworking, também em Curitiba, é um
escritório colaborativo, onde profissionais de
diversas áreas dividem o mesmo espaço de
trabalho, cada um com seus objetivos próprios. O local disponibiliza toda estrutura de
uma grande empresa, mas como paga-se
apenas pelo tempo de utilização, os custos
tornam-se bem mais reduzidos.
O principal argumento em favor dessa nova
modalidade de trabalho vem de uma pesquisa do próprio Sebrae, que aponta que um
empreendedor gasta em média R$
1.600,00 por mês para ter seu próprio escritório. No coworking de Curitiba, ele gastará, no máximo, R$ 600,00 para ter direito
a usar suas instalações em tempo integral.
Outros dois novos escritórios colaborativos
estão sendo articulados e abrem suas portas nos próximos dias. O jornalista André
Pegorer pretende abrir em junho o NexCoworking, também em Curitiba.
Em Maringá, o designer gráfico Thiago Gomes de Oliveira, 23 anos, está tentando
definir a melhor forma de obter investimentos para a iniciativa. A ideia, segundo
ele, surgiu da própria experiência. “Como
todo frila (free lancer), trabalho em meu
escritório em casa (home-office), e já passei por várias situações constrangedoras,
como meia no chão, cachorro, campainha. Foram vários momentos desses que
implicaram em uma busca por algo novo,
que solucionasse meus problemas, e fosse
principalmente barato”, diz ele, sem medo
de ser um dos primeiros a abrir o negócio
fora de uma capital.
Relacionamentos
O coworking é um sistema de trabalho relativamente novo no Brasil. Aqui, as primeiras
iniciativas começaram a aparecer em
2009. Hoje, segundo a Comunidade Coworking Brasil, há cerca de 20 escritórios no
País. Em todo mundo, no entanto, existem cerca de 600 espaços desse tipo, em especial
nos Estados Unidos, onde a ideia começou.
em casa. Outra vantagem é a localização
central do escritório, o que lhe permite ganhar tempo nos deslocamentos necessários. “O que mais gosto é a pluralidade das
pessoas que vêm aqui, o que não existe
em uma empresa fechada. Isso é bom porque você troca experiências. Às vezes,
uma solução de engenharia pode ajudar
outra pessoa”, afirma.
O negócio
Em 2005, o americano Brad Neuberg usou
o termo para designar um espaço criado
por ele na cidade de São Francisco. Tratavase de um apartamento onde trabalhavam
três profissionais de tecnologia e que abria
suas portas durante o dia para “avulsos”,
que precisavam de um lugar para trabalhar
e queriam compartilhar experiência.
Ricardo Dória conta que, antes de abrir o
escritório, criou um blog e uma conta no
twitter, onde propôs a criação do espaço e
sondou o interesse do público pelo coworking. A resposta foi positiva. Em seis
meses, o blog teve 6 mil acessos, outras
300 pessoas responderam uma pesquisa
que definiu o perfil para o escritório, arquitetos se prontificaram a fazer o projeto e 200
pessoas de diversos ramos de atividade se
cadastraram para trabalhar no espaço.
Ou seja, o co-trabalho, em sua tradução ao
pé da letra, nada mais é que um lugar aonde
profissionais de diversas áreas, geralmente
autônomos, dividem o mesmo espaço de trabalho. Nesse espaço, cada um tem finalidade própria, com objetivo de reduzir custos,
aumentar a rede contatos e gerar negócios
e interação social. De um lado, o profissional
paga um valor, calculado por hora, para utilizar o espaço. De outro, cabe ao proprietário
pagar aluguel, internet, telefonia, manutenção do espaço e outras taxas.
Assim, em novembro de 2010, Ricardo, 26
anos e ex-funcionário de uma grande agência da cidade, abriu as portas da Aldeia. O
investimento veio de economias próprias e
recursos de alguns investidores, que terão
retorno quando o negócio começar a dar
lucro. Segundo ele, os custos não foram altos, pois quase todo escritório foi feito com
material reciclado. O local escolhido foi dica
de um amigo, que sabia que a sobreloja da
Galeria Suissa, bem no centro da cidade,
não era usada.
Há quem diga que o coworking é uma solução que está entre o home-office e o escritório tradicional. Nem tão liberal como o
primeiro e nem tão formal como o segundo. Uma das vantagens sobre o trabalho
em casa, segundo o idealizador da Aldeia,
o publicitário Ricardo Dória, é que no escritório colaborativo o profissional não fica
isolado. Ao contrário, a tendência é que os
contatos aconteçam e novos negócios e
parcerias se estabeleçam.
Hoje, o imóvel, de 240 metros, está equipado. O espaço oferece acesso à internet sem
fio, telefone por VOIP, impressoras, fax, salas para reuniões, videoconferências, espaço para palestras e eventos, recepção com
telefonista, copa, cozinha e banheiros. Para
Entrevista
Mercado
Associativismo
Comportamento
Serviço
Feiras e eventos
Capacitação
Tendência
Personalidade
Giro pelo Paraná
O coworking está
entre o home-office e
o escritório tradicional,
nem tão liberal como
o primeiro e nem tão
formal como o segundo
Foto: Rodolfo Buhrer / La Imagen
Coworking
Foi o que aconteceu com os designers gráficos Hamilton Longo Paglia, Daniel Imaeda
e Alexandre Correa, sócios da Contramão,
empresa de webdesign, membros da Aldeia
desde a sua criação, em dezembro de
2010. “Tive escritório em casa, mas resolvi
mudar porque ficava muito isolado e porque
queria fazer contatos. Mas não imaginava
que teria tantos aqui”, diz Hamilton.
Um desses contatos foi com o desenvolvedor de sites, João Netto. “Eu tinha escritório, mas há dois meses me tornei membro
da Aldeia, e hoje não preciso mais correr
atrás de trabalho”, concorda João. Outro
benefício do coworking, para Daniel, foi livrar-se da administração de um escritório.
“Nós somos desorganizados com finanças,
administração e aqui não precisamos nos
preocupar com isso”, assinala.
Para o engenheiro eletrônico Fábio Miguel
da Costa, a experiência também tem sido
positiva. Na sua avaliação, o local garante
mais profissionalismo do que o trabalho
Raisa Terra, empreendedora
23
participar da Aldeia, o profissional faz um
cadastro e paga uma mensalidade, que
pode variar de R$ 55,20 a R$ 596,00,
conforme o número de horas e serviços.
Endossa
Quem entra na loja Endossa, na Rua Vicente Machado, no centro de Curitiba, nota
que se trata de uma loja diferente. Nas paredes, uma série de quadrados, de vários
tamanhos, serve de vitrine para marcas e
produtos. A loja, que tem 300 metros quadrados e 140 quadrados, aluga esses espaços para empreendedores interessados
em vender seus produtos no local.
Qualquer pessoa pode alugar os espaços,
uma vez que os proprietários não fazem nenhuma seleção prévia do que será comercializado. Mas as mercadorias só permanecem no local se atingirem uma cota mínima
de vendas a cada mês. Ou seja, quem vai
decidir se o empreendedor fica ou não no
espaço, é o consumidor, que vai “endossar”
ou não sua permanência no local.
É esse o modelo de loja colaborativa, uma
criação dos publicitários Gustavo Ferriolli,
Rafael Pato e Carlos Margarido, que, em
março de 2008, abriram a primeira loja
Endossa, na Rua Augusta, em São Paulo.
Além dessa, há mais uma franquia na capital paulista. O modelo foi inspirado no
conceito da Web 2.0, um marco no mundo da internet, por transformar o conteúdo dos sites, antes estáticos, em espaços
que permitem a interatividade.
“A loja incorpora esse conceito, já que seu
conteúdo é definido pelos usuários, ou melhor, por quem aluga e pelo consumidor”,
explica Raisa Terra, que, junto com Nathalia Anring e Francisco Del Rio, abriu, em junho do ano passado, a franquia curitibana.
Foto: Rodolfo Buhrer / La Imagen
Raisa conta que a meta é estabelecida em
Fábio Miguel da Costa, empreendedor
24
três vezes o valor do aluguel, o que deve ser
atingido no prazo de três meses. Isso significa que o empreendedor que alugar um espaço de R$ 140,00, por exemplo, terá três
meses para vender, no mínimo, R$ 420,00,
caso contrário terá que sair do local. Com
isso, diz Raisa, a loja serve também como
uma incubadora para as marcas, que podem testar, ali, a aceitação do público.
Em Curitiba, o aluguel varia de R$ 140,00
para quadrados de 21cm x 65 cm até R$
550,00 para os maiores espaços, de
1m30cm x 1m70cm. Todos têm 50 cm de
profundidade. Além do aluguel, ele paga Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e
Serviços (ICMS) sobre o valor das vendas e
taxas de administração de cartão de crédito.
As notas fiscais são feitas pela Endossa, a
quem cabe toda a administração da loja, o
que inclui pagamento de funcionários, fornecimento de embalagens e sacolas. O locatário recebe, além da exposição no varejo, serviços como um software para
acompanhamento das vendas e estoques
e um perfil da marca no site da empresa.
Também cabe ao locatário decorar o seu
espaço, conforme a sua preferência.
A filial curitibana é a maior das três lojas.
Os 300 metros quadrados dividem-se em
três andares, sendo dois com espaços de
locação. O último abriga uma galeria de
arte. Na loja em Curitiba, segundo Raisa,
não há lista de espera para a ocupação
dos quadrados. Em maio, dos 140 espaços, 118 estavam locados.
O profissional
paga um valor,
calculado por hora,
para utilizar o espaço,
já o proprietário
paga aluguel,
internet, telefonia
e demais taxas
C
M
Y
CM
MY
“Pesquisamos para definir onde faríamos a
franquia. Escolhemos Curitiba porque a cidade é usada para testes de marcas, tem um
público bem exigente e também pela qualidade de vida”, diz Raisa. A aceitação pelo público curitibano, segundo ela, cresce, no entanto, em ritmo mais lento que em São Paulo.
CY
CMY
K
Para saber mais sobre o tema, acesse
conteúdos sobre a comunidade destinada à
discussão sobre coworking no Brasil coworkingbrasil.ning.com/;
e a página do Coworking Visa wiki.coworking.info/w/page/16583744/
CoworkingVisa. Acesse ainda:
www.aldeiacoworking.com.br;
coworkingmaringa.wordpress.com;
www.nexcoworking.com.br;
cwb.endossa.com.
25
Casos de sucesso
Empreendedorismo
no“sangue”
Marly, a cabeleireira; Valdir, o pipoqueiro; e
Josias, o vendedor de cachorro-quente.
Três empreendedores, cujas histórias têm
muito em comum. De origem humilde e
pouco estudo, os três começaram “do zero”.
Em algum momento de suas vidas, tiveram
a coragem de ousar, seja aumentando seus
empreendimentos, seja buscando algo novo
que os diferenciasse da concorrência.
Marly apostou no preço mais baixo. Valdir,
na preocupação com a higiene. E Josias, na
diversidade de seu cardápio. O resultado foi
um só: sucesso nos negócios. Acompanhe
agora as histórias.
Josias, o vendedor
de cachorro-quente
Empreendedores natos apostam em
ideias simples, mas de sucesso
Por Maigue Gueths
Josias Fernandes Filho, 33 anos, dono do
Josias Hot Dog, é o caçula entre os três empreendedores destacados pela Revista Soluções. Seu primeiro carrinho de cachorro-quente começou a funcionar em 23 de
junho de 2000, durante um domingo agitado pela disputa de um Atletiba (Atlético contra Coritiba), na capital paranaense.
O ponto permitido pelo alvará era a esquina da
Rua Manoel Ribas, ao lado da Igreja dos Capuchinhos. Na primeira noite, vendeu 16 cachorros-quente e ouviu, ao fim do expediente,
um pedido de um dos frades para que passasse para o outro lado da rua. “Com essa conversa, ele abençoou o negócio, porque depois
a coisa só foi melhorando”, brinca.
Até então, Josias colecionava uma lista de
tentativas frustradas. Chegou a abrir mercearia, aviário, distribuidora de água, mas
nada dava certo. Já empregado em uma
grande rede de calçados da cidade, um dia
resolveu dar mais uma cartada: trocou um
velho revólver 38 que tinha em casa por um
carrinho de cachorro-quente, também velho
e em desuso. Carrinho arrumado, Josias
comprou liquinho, pagou R$ 80,00 por uma
pequena tenda de segunda mão. E lá foi ele
para a Manoel Ribas.
Além da “benção” dos capuchinhos, obteve
uma mão também do patrão, que conseguiu
um ponto de energia elétrica para iluminar
os sanduíches feitos à noite. Foi o patrão
também que financiou a compra de uma
Kombi 1986. Antes disso, o trajeto era feito sempre de ônibus.
Foto: Luiz Costa / La Imagen
“Um dia, a sacola rasgou e tive que catar
uma lata de milho no fundo do ônibus”, conta, rindo de tantas histórias. Em uma delas,
teve que escolher entre o conserto da Kombi ou comprar salsichas. Optou pela segunda alternativa e teve que passar mais de
uma semana empurrando o carro.
Josias Fernandes Filho,
empreendedor
26
Aos poucos, Josias viu o movimento crescer. Como a Prefeitura de Curitiba não per-
mitia ampliação do ponto, chamou mãe, pai,
a mulher e o irmão e colocou outros carrinhos para funcionar pela cidade. Em 2009,
deu um passo decisivo ao alugar um grande
terreno na Rua Julia Wanderley, no bairro
Mercês. As obras levaram todo o dinheiro,
mas mesmo assim conseguiu abrir a casa,
que hoje abriga 120 pessoas sentadas.
“Sempre tive um diferencial, desde o começo. Eu via que os outros carrinhos de hot dog
tinham duas bisnagas, de mostarda e ketchup. No meu, eu tinha várias bisnagas com
opções de molhos, queijos diferentes”, diz ele
que, hoje, tem no cardápio pelo menos 20
variedades de cachorros-quente, feitos com
ingredientes inusitados como tomate seco,
abacaxi, pernil e carne seca, além de duas
opções doces de “cachorro-quente”. Variedade essa que já lhe rendeu reconhecimento
do público em enquetes gastronômicas.
Entrevista
Mercado
Associativismo
Comportamento
Serviço
Feiras e eventos
Capacitação
Tendência
Personalidade
Giro pelo Paraná
Outra inovação foi um cartão fidelidade, existente até hoje, que garante que a cada dez
sanduíches o cliente leve um de graça. Não
demorou a implantar também serviço
delivery (de pronta entrega).
Josias não fala em números, mas hoje ele
comanda 25 funcionários em cinco pontos
de venda, sendo três carrinhos e duas lanchonetes, a das Mercês e outra menor, na
Rua Chile. Seu sonho, agora, é chegar a cinco lojas próprias, uma para cada integrante
da família (mãe, pai, irmão, mulher e ele
mesmo) e, depois, abrir franquias. .
Valdir, o pipoqueiro
Valdir Novaki se transformou em um fenômeno de empreendedorismo. Apesar de
estar há apenas cinco anos à frente do seu
carrinho de pipocas, com ponto no marco
zero da Capital, a Praça Tiradentes, sua experiência é, hoje, tema de palestras que ele
faz em todo País. O tino comercial foi captado por um freguês das pipocas, um consultor de Marketing impressionado pelas inovações que Valdir implantava em seu carrinho.
Marly apostou no
preço mais baixo;
Valdir, na preocupação
com a higiene; e
Josias, na diversidade
de seu cardápio
“Comecei com o carrinho como todos os outros pipoqueiros. Em 15 dias de trabalho, vi
que não estava tendo resultados. Existiam
muitos pipoqueiros no anel central e daí resolvi me diferenciar.” A partir daí, quem
compra pipoca no carrinho do Valdir, passou a receber um tratamento personalizado, que inclui álcool 70 nas mãos e um kit
higiene, com guardanapo, sachê com fio
dental e uma bala de menta.
A higiene passou a ser a preocupação número 1 do pipoqueiro. O carrinho passa por
higienização diária e os utensílios são limpos
com álcool a cada 20 minutos. Ele também
mandou bordar os dias da semana em seus
jalecos, para que o cliente possa ter certeza
de que o uniforme é trocado diariamente.
27
Três exemplos de
empreendedores, de
origem humilde e sem
recursos, que deram
a volta por cima e hoje
fazem sucesso
Os clientes também contam com um cartão
fidelidade, que garantem um pacote de graça a cada cinco compras. Outra novidade é
o cartão “Oba!!! A dúzia de 10”, no qual o
cliente paga por dez mas leva 12.
Valdir, hoje com 40 anos, não sabe de onde
tirou inspiração para as mudanças. Natural
de São Mateus do Sul, estudou só até o
quarto ano, e trabalhou na roça, como boia-fria até os 18, quando mudou-se para Curitiba. O sonho de tornar-se dono do próprio
negócio demorou a se concretizar.
Foto: Rodolfo Buhrer / La Imagen
Para garantir a pipoca no gosto certo do freguês, Valdir fez uma pesquisa junto à clientela, que determinou a quantia certa para o
óleo, de bacon na pipoca salgada e de coco
na variedade doce. Para garantir o padrão
de qualidade, os produtos vêm cortados e
embalados, em pacotes de 185 gramas de
bacon e de 125 gramas de coco. “Com isso,
o cliente sabe que vai encontrar sempre a
mesma qualidade da pipoca”, diz.
para não atrair ladrões ao seu carrinho.
Mas garante que vende 95% a mais do que
os outros pipoqueiros. “A maioria dos meus
clientes é fiel, vem todo dia”, afirma ele, que
chega a fazer um saco de 23 quilos de milho por dia, enquanto os outros, segundo
ele, fazem no máximo dois quilos.
Em abril deste ano, o pipoqueiro deu mais
um exemplo de que sabe planejar sua vida,
ao formalizar a sua situação tornando-se
um empreendedor individual. “Fiz isso, principalmente, pensando na minha aposentadoria”, conta ele, ao mesmo tempo que faz
planos com sua nova situação.
“Minha próxima inovação vai ser colocar máquina de cartão de débito e crédito para melhor atender a clientela”, promete. Com o
Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ)
em mãos, Valdir, o pipoqueiro, enumera ainda outras vantagens, como a possibilidade de
fazer financiamento para adquirir outro carrinho e pagar fornecedores a prazo.
Valdir trabalhou como lavador, manobrista
de carros e atendente em uma banca de
revistas, na Praça Rui Barbosa. Foi nessa
época, observando o trabalho dos ambulantes na praça, que decidiu que ele mesmo
teria seu próprio negócio. Em 1992, entrou
com pedido de licença junto à Prefeitura,
alvará que só conseguiu 14 anos depois. No
dia 24 de agosto de 2006, ele passou a ter
ponto fixo, na Praça Tiradentes.
Marly, a cabeleireira
Toda essa trajetória deu certo. Hoje, ele
tem inúmeros pedidos de franquia, sendo
que um deles vindo do Marrocos (Africa).
Valdir também não gosta de citar números,
Só nos dois salões de sua propriedade, situados no Bacacheri e no Seminário, na Capital,
ela comanda 700 funcionários. Considerando
os salões parceiros, esse número sobe para
A história da cabeleireira Marly é cheia de
números. Os mais impressionantes, sem
dúvida, são atuais. Hoje, 32 estabelecimentos, sendo um em Joinville, Santa Catarina,
e os demais em Curitiba e Região Metropolitana, levam o nome de Salão da Marly.
Desses, dois próprios, 15 mantidos em parcerias e 15 franquias.
Marly Stuhlert Minatti, empreendedora
cerca de 1.300 funcionários. “Todo mundo
tem uma missão no mundo, acho que a minha é gerar emprego”, avalia a catarinense
Marly Stuhlert Minatti, que, em julho deste
ano, completa 40 anos de profissão.
Foto: Rodolfo Buhrer / La Imagen
Natural de Braço do Trombudo, cidadezinha
de 3.200 habitantes no interior de Santa
Catarina, com um ano de idade ela já engatinhava pelo salão de beleza de sua mãe Melita. Anos mais tarde, ambas vieram para
Curitiba, onde Marly foi incentivada pela
mãe a fazer um curso no Senac.
Em 1971, com apenas 20 anos, abriu
seu salão, em uma pequena sala alugada
ao lado da casa onde morava, no Bacacheri. “Eu fazia tudo, cabelo, maquiagem.
Eu era muito nova, não inspirava confiança nas clientes, mas fui caprichando, fazendo o melhor que podia e fazendo minha clientela”, diz. Seis anos depois,
casou e instalou o salão na casa onde
funciona hoje, a princípio dividindo o imóvel entre o estabelecimento comercial e
sua residência.
Valdir Novaki, empreendedor
28
À medida que a clientela aumentava, ela foi
adquirindo os terrenos em volta. O crescimento aconteceu quase sem querer. “Os
clientes aumentavam e eu contratava mais
profissionais para me ajudar. Isso foi aumentando meu ganho, já que o salão ficava
com 50% do que eles faziam. Isso me fez
ver que, com uma equipe grande, meus ganhos também seriam maiores”, observa.
A ampliação mais radical aconteceu há
oito anos, com a compra do imóvel da
Avenida Sete de Setembro, no bairro Seminário. A ideia de abrir outro espaço,
segundo ela, surgiu porque o salão antigo
não conseguia mais acomodar as clientes
existentes. O passo foi grande. Enquanto
o salão do Bacacheri tinha 1.200 metros
quadrados, a casa nova teria 6.800 metros quadrados.
“Nunca fui de explorar cliente, sempre preferi
cobrar o mínimo, achava que a cliente ficaria
muito mais feliz se pudesse fazer várias coisas
no salão pagando pouco”, justifica. Outra inovação do salão, segundo ela, foi a implantação
de um dia com preços promocionais, instituído
às quartas-feiras, dias de menor movimento.
Qual a receita do sucesso? Ela tem a resposta na ponta da língua. “Tem que ter um
bom trabalho, bom preço, um espaço gostoso. Eu sempre procurei fazer com que a
cliente se sentisse em casa, e consegui
manter essa clientela. Hoje, já atendo a
quarta geração de uma mesma família”, diz.
“Eu não tive medo, no fundo eu tinha vontade,
mas eu fiquei preocupada achando que seria
muita coisa para cuidar.” Sem curso de Administração ou gerência de negócios, Marly
acabou contando com a ajuda do marido, que
antes tinha uma construtora, das filhas, Michele, Isabele e Gisele, e dos três genros,
que hoje trabalham todos nos salões.
Outra característica desses 40 anos de trabalho, enumera, foi a formação de uma
equipe de trabalho. Grande parte dos funcionários tem anos de casa. Muitos antigos,
inclusive, estão na gerência dos salões parceiros. “A ideia é que virem franquia”, diz
ela, que ainda hoje faz questão de acompanhar de perto o trabalho no salão.
Desde o início, o diferencial do Salão da
Marly, sobre os demais grandes salões, foi
o preço. Marly sempre manteve preços de
salão de bairro. Hoje, por exemplo, enquanto um salão chega a cobrar R$ 50 a R$ 70
para um corte de cabelo feminino, ela cobra
R$ 20. Não raras vezes, essa prática lhe
rendeu críticas dos concorrentes.
Acesse: www.josiashotdog.com.br;
www.pipocadovaldir.com.br;
www.salaomarly.com.br.
29
Dilema
Depois de uma “entrada bem-sucedida” e de
se estabelecer no mercado, muitos empresários de pequenas empresas percebem
que é hora de ampliar os negócios, conquistar mais clientes e aumentar as vendas,
aproveitando as oportunidades do ambiente
econômico. Mas que novos desafios vêm
junto com a expansão dos negócios?
“Crise”
do crescimento
São muitos os desafios na hora de ampliar os negócios; saiba como
empresários de pequenas empresas podem superar barreiras
Por Adriana Bonn
A chamada “crise” do crescimento empresarial é muito comum no mundo corporativo, sobretudo quando a economia está em
expansão. É um momento cheio de dúvidas
para muitos empreendedores. Nessa etapa, é exigida dos empresários a tomada de
decisões diante de riscos e incertezas
quanto à realização de novos investimentos,
com a intenção de elevar as empresas a um
novo, e mais amplo, patamar de operações
no mercado.
“Toda empresa em crescimento passa por
esses desafios”, assegura o diretor de Operações do Sebrae/PR, Julio Cezar Agostini.
O primeiro é o de entrar no mercado e demonstrar competência para aquilo que está
se propondo a fazer. “Já diz um antigo ditado que ‘quem tem competência se estabelece’. Isso ocorre nos dois primeiros anos de
atividade e quem passa por esse período
demonstra competência empreendedora”,
explica o diretor.
Para os bem-sucedidos, emenda Agostini, o
segundo momento é o de expansão. Com
características diferentes do primeiro desafio, nessa fase o empresário é um vencedor
e começa a viver a “crise” do crescimento.
Sem condições de fazer tudo sozinho, o empreendedor se vê diante de um novo cenário, no qual necessita, na maioria das vezes, repensar o modelo de negócio. “Entre
as questões mais relevantes nesse processo está formar uma equipe técnica e de
gestores altamente qualificados e delegar
funções que anteriormente eram feitas pelo
próprio empresário. A crise do crescimento
se caracteriza por ser uma crise de delegação empresarial.”
Para o diretor de Operações do Sebrae/PR,
a empresa somente crescerá se tiver condições de gerenciar seu próprio processo de
transformação e crescimento sustentável.
“Nesse processo também devem ser considerados outros aspectos, tais como dotar a
empresa de um sistema de informação gerencial mais avançado que possibilite aos
empresários monitorar os resultados do empreendimento, a exemplo do Business Inteligence; repensar a forma de capacitação de
seus quadros funcionais; captar, desenvolver e reter talentos; e inserir, no modelo de
gestão, a inovação, como vetor essencial da
competitividade”, destaca Agostini.
30
Conhecer experiências positivas também é
fundamental para quem quer crescer no
mercado. Isso, porque no momento da expansão dos negócios, quanto mais informação e orientação, melhor. Participar de capacitações e contratar consultorias com
especialistas em gestão também podem
ajudar os empresários e atravessarem a
crise do crescimento. “Com a velocidade
das mudanças que acontecem hoje é preciso ter capacidade de dar respostas rápidas.
O empresário não pode querer descobrir a
roda sozinho”, destaca.
Entrevista
Mercado
Associativismo
Comportamento
Serviço
Feiras e eventos
Capacitação
Tendência
Personalidade
Giro pelo Paraná
Oportunidades
O diretor de Operações do Sebrae/PR lembra que o mercado brasileiro vive hoje uma
“janela de oportunidades” e que quem estiver preparado poderá aproveitar bem esse
momento. “Em 2010, o País registrou um
crescimento de 7,5% e a expectativa é que
em 2011 esse crescimento chegue a
4,5%, taxa que deve se manter nos próximos anos. Vários fatores estão aquecendo
o mercado e criando oportunidades para as
empresas que estão preparadas.”
Entre os fatores que fazem o Brasil viver
uma fase promissora, segundo o diretor,
está a maior captação de investimentos internacionais; a realização de megaeventos
mundiais como a Copa do Mundo em 2014
e as Olimpíadas em 2016; a necessidade
de o País investir em infraestrutura mais
moderna; a maior participação brasileira no
mercado internacional, com elevação dos
preços dos commodities; e a maior distribuição de renda.
Um estudo realizado pelo Sebrae Nacional e
Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que
o Brasil tem hoje cerca de 500 grandes
oportunidades de negócios, principalmente
nas área da construção civil, tecnologia da
informação, varejo, vestuário e agronegócio, somente levando-se em conta o evento
Copa do Mundo. “É um momento especial,
para o qual os empreendedores e empresários de pequenas empresas precisam estar
preparados.”
É difícil chegar sozinho,
sem ter com quem
dividir anseios,
necessidades, dúvidas
e medos que assolam
o empresário que
busca novos rumos
Modelo
A empresária Amália Sina tem o empreendedorismo como marca de sua vida profissional
e soube bem superar os momentos da
“crise” de crescimento. Pós-graduada em
Gestão pela Triton College, de Chicago, e
com diploma de MBA em Marketing pela Universidade de São Paulo (USP), Amália foi responsável pelo ressurgimento da Walita, na
década de 1990, e comandou multinacionais, como Philips e Philip Morris do Brasil.
Hoje, é proprietária da Sina Cosméticos,
31
O lançamento aconteceu durante a Cosmoprof, maior feira de cosméticos do mundo.
A meta era exportar e só entrar no Brasil
um ou dois anos depois, mas a crise econômica mundial obrigou a empresa a vender
no País antes do planejado e, hoje, conta
com 105 produtos presentes em 300 pontos de venda estratégicos.
A empresária conta que os resultados alcançados pela Sina Cosméticos nesses cinco anos lhe dão a certeza que está caminhando na direção certa. “Tanto que, nesse
exato momento, estou experimentando a tal
dor do crescimento. Já sentimos a necessidade de investimento para caminhar mais
rápido ou ainda para buscar mais inovação.”
Segundo a empresária, o segmento em que
atua exige velocidade, novidade, pessoas
qualificadas e isso tudo custa dinheiro. Com
isso, analisa agora a possibilidade de ter a
própria fábrica, já que a produção de sua linha de cosméticos é terceirizada.
Além de atitude, a empresária acredita é que
preciso ter habilidade, adquirida somente com
planejamento e disciplina, e manter o otimismo quando surge a necessidade de uma mudança repentina. “Não se pode ver a ‘crise’ do
crescimento como algo negativo, mas como
uma oportunidade de melhorar e crescer.”
Amália Sina acredita que o crescimento é a
única forma de sobrevivência para uma empresa ou para um profissional. Segundo ela,
quem não cresce, fica estagnado e perde o
negócio ou a carreira. E para que isso aconteça, ela garante que o primeiro passo a
dar é traçar um plano, para saber qual o
ponto de partida e aonde se quer chegar.
Esse planejamento pode ser feito, segundo a
empresária, com a ajuda de um especialista.
“É difícil chegar sozinho, seja onde for, sem
ter com quem dividir anseios, necessidades,
dúvidas ou mesmo os medos que assolam o
empresário que quer partir para novos rumos de crescimento na sua empresa.”
Para Amália, todos os momentos de uma
empresa são inéditos e pedem a troca de
experiências com pessoas ou instituições do
segmento. Mesmo com experiência profissional, a empresária conta que sempre busca conversar com empresários mais experientes, sejam eles concorrentes ou de
outras áreas.
“São pessoas que já viveram situações semelhantes e podem ter muitas ideias de
como buscar soluções para os dilemas que
surgem”, diz ela. Além disso, integra entidades empresariais, participa ativamente de
seminários e mesas de discussões.
A “crise” do
crescimento é
um momento de
oportunidades, que
possibilita ao
empreendedor dar um
salto qualitativo no seu
modelo de gestão
empresarial
Sebrae Mais
Quanto mais uma empresa cresce, maiores
são os desafios a enfrentar. Mas, em compensação, maiores também são as oportunidades. Foi pensando nisso que o Sebrae
lançou o Sebrae Mais, destinado às pequenas empresas avançadas. É um conjunto de
soluções estratégicas, apresentadas na forma de cursos e consultorias especializadas,
para as empresas enfrentarem o novo ciclo
de crescimento, e continuar evoluindo, lucrando e avançando.
O desenvolvimento do Sebrae Mais começou
em 2008. Pesquisas foram feitas para saber
o que os proprietários de micro e pequenas
empresas pensavam e buscavam na tentativa de continuarem avançando em seus negócios. Com os dados nacionais em mãos, o
Sebrae, com sede em Brasília, começou a
implantação das soluções um ano depois.
Julio Cezar Agostini, diretor do Sebrae/PR
Ao todo, o Sebrae Mais oferece oito soluções que são aplicadas por meio de workshops e consultorias nas
próprias empresas, importantes para a melhoria na gestão e dos resultados. São elas:
Estratégias empresariais – Solução que analisa o ambiente empresarial, identificando os pontos fortes e fracos, oportunidades e ameaças. Utiliza técnicas como a análise das cinco forças de Michael Porter e de competências e o ciclo de vida. Prevê a construção de um
plano estratégico, além de um mapa de indicadores que será acompanhado durante três meses por um consultor especializado.
No Paraná, a execução do Sebrae Mais teve
início em agosto de 2010. Durante três meses, as soluções ou produtos foram apresentados a empresários das cinco regiões do
Estado, onde o Sebrae/PR tem forte atuação: centro-sul, noroeste, norte, oeste e sudoeste. O objetivo foi mobilizá-los e mostrar
os benefícios de participarem da iniciativa.
Planejando para internacionalizar – Criado para planejar e implantar o processo de internacionalização da empresa. Permite compreender
as relações entre um pequeno negócio e o mercado global, aumentando assim a competitividade.
Gestão Financeira – Solução semipresencial que usa a internet para interação com o consultor durante o processo de capacitação, realizado
na própria empresa. Entre os temas tratados estão controles financeiros, capital de giro, liquidez, indicadores de desempenho e planejamento
orçamentário. O método de aprendizagem é baseado na prática.
Foto: Studio Alfa
Amália explica que o segmento de cosméticos
cresce a uma taxa de 15% ao ano no Brasil e
isso torna o mercado extremamente competitivo. Se por um lado é bom, do outro causa
gargalos na cadeia produtiva. “Nos últimos
dois anos, a Sina poderia ter vendido cinco
vezes mais, não fossem os atrasos nas entregas por parte dos fornecedores de embalagem e fabricantes. Isso mostra que também
é difícil crescer mesmo quando tudo vai bem.”
Com experiência profissional, Amália diz
que, para mudar, todo empreendedor precisa ter uma boa dose de atitude voltada ao
desejo de crescer e evoluir. “O ser humano
é, por natureza, avesso a mudanças, não
gosta do que não é previsível e isso, por si
só, já é suficiente para rejeitar sair do lugar
confortável”. observa.
Foto: Studio Alfa
uma empresa que cresce a todo vapor desde 2007, quando foi lançada no mercado. A
Sina Cosméticos nasceu pequena, mas com
objetivos grandes, primeiro de exportar e só depois ser oferecida no Brasil. Inicialmente, a linha
Amazonutry, focada no segmento premium, entrou no mercado italiano com 15 produtos.
Ferramentas de Gestão Avançadas (FGA) – Propicia a estruturação de planejamento e de gestão empresarial de alto nível, com o
objetivo de aprimorar o gerenciamento da empresa e consolidar seu crescimento no mercado. Os empresários desenvolvem e colocam em prática, planos estratégicos para suas empresas, direcionando-as para a tomada de decisões mais assertivas, nas principais áreas funcionais, como finanças, marketing, operações, processos e recursos humanos.
Programa Sebrae de Gestão da Qualidade (PSGQ) – É oferecido em duas fases, a primeira com cinco cursos sequênciais que tratam da
importância de um sistema de gestão voltado à esta competência. A segunda etapa oferece mais dois cursos e consultoria para preparar
a empresa para implantação do sistema de gestão ISO.
Conhecer experiências
positivas também é
fundamental para
quem quer crescer
Encontros Empresariais - Promovem a interação entre os empresários do mesmo ou de diversos setores, por meio de um ciclo de encontros
planejados em que são debatidos temas específicos de interesse empresarial, além de incentivar a implantação de redes de relacionamentos.
Gestão de Inovação – Apresenta conceitos e exemplos de Gestão de Inovação recentemente lançados no mercado com o objetivo de fomentar novas práticas de gestão, marketing, produto, serviço ou processo.
Amália Sina, empresária
32
Empretec - Solução desenvolvida pela Organização das Nações Unidas (ONU), já consolidada no Brasil e em outros países, que identifica,
estimula e desenvolve o potencial empreendedor.
Quer saber mais como enfrentar a “crise“ do crescimento?
Ligue agora para o 0800 570 0800 e conheça o Sebrae Mais –
Programa Sebrae para Empresas Avançadas.
33
Missão:
contratar
Mais do que o próprio currículo, o comportamento do futuro
funcionário é fundamental para o desempenho profissional
Por Katia Michelle Bezerra
Anúncio em jornal, indicação de amigo, agência de empregos. Não importa como o empresário pretende encontrar o futuro funcionário. O que interessa mesmo é que, quando
contratante e candidato estiverem frente à
frente, é preciso saber se as habilidades e
competências de quem procura o emprego
estão de acordo com o que a empresa precisa. Essa é uma equação fundamental para
que a relação dê certo e seja produtiva para
ambas as partes.
E o que as empresas de micro, pequeno,
médio e até grande porte devem levar em
consideração na hora de contratar? É preciso prestar atenção no currículo, claro, mas
cada vez mais especialistas defendem que é
necessário considerar ainda mais a personalidade e atitudes da pessoa do que suas próprias competências técnicas. “O empresário
que quer contratar precisa fazer uma investigação do candidato, seguir o rastro que ele
deixou na sua vida pessoal e profissional”,
sugere o consultor em Gestão de Pessoas,
Eduardo Ferraz.
Autor do livro “Por que a gente é do jeito que
a gente é?”, Ferraz escreveu recentemente
um artigo intitulado “Contratados pelo currículo e demitidos pela atitude”. No artigo, ele
cita uma pesquisa realizada em agência de
empregos online Catho, em 2009, que aponta que os principais fatores de demissão do
País, em empresas privadas, estão ligados a
questões comportamentais, como mau relacionamento com o grupo.
Ferraz defende que essas questões podem
ser identificadas em uma entrevista quando
o contratante dedica tempo suficiente para
conversar com o candidato. “Uma entrevista
deve levar pelo menos duas horas. Você já
sabe quando começa a fazer algumas perguntas se o candidato vai render ou não. “É
preciso investigar a relação dele com a família, sua infância, como é a relação dele com
o trabalho. As bases são importantes e revelam muito sobre o comportamento de uma
pessoa”, enfatiza.
indicado para o perfil da empresa”, considera. Confira nesta matéria cinco indicações
de perguntas que não podem faltar em uma
entrevista, segundo o consultor.
Motivação
Para o também consultor Augusto Uchôa,
fundador do Boteco do Conhecimento, site
que reúne profissionais especializados em
diversas áreas, as empresas precisam buscar a motivação individual de cada funcionário e identificá-la com os objetivos do trabalho. “E o contratante precisa ter claro quais
são esses objetivos.”
Entrevista
Mercado
Associativismo
Comportamento
Serviço
Feiras e eventos
Capacitação
Tendência
Personalidade
Giro pelo Paraná
Para Uchôa, o mercado mudou nos últimos
anos, assim como o perfil do trabalhador. “E
hoje, um contratante pode ter bastante informação sobre o futuro candidato nas redes
sociais, por exemplo. Não vejo nenhum problema ético no empresário fazer uma busca
sobre o profissional na internet, porque são
informações públicas, mas por outro lado as
pessoas precisam começar a se preocupar
com o que postam na rede”, diz.
Uchôa defende que uma análise do que está
nas redes sociais pode mostrar mais do que
a própria entrevista, já que hoje as pessoas
até podem utilizar técnicas que escondem
sua verdadeira personalidade. Mas identificados pontos positivos, é preciso uma entrevista ainda mais pessoal, saber o que o candidato quer para sua vida e para sua carreira.
“O que diferencia um trabalhador bom de um
péssimo é a motivação e nem sempre isso
Hoje, um empresário
contratante pode ter
bastante informações
sobre o futuro
candidato à vaga,
nas redes sociais
Foto: Divulgação
Recursos Humanos
Foto: Cristiane Shinde / Studio Alfa
De acordo com o consultor, não existem fórmulas e os estereótipos devem ser evitados,
mas não há como fugir de uma entrevista
bem detalhada quando se quer evitar equívocos na hora da contratação. O currículo também é importante, mas também merece
uma análise fora de fórmulas fechadas.
Zuleide Gonçalves Francisco,
empresária
34
“Se a pessoa tem dez anos de carteira e já
passou por muitos empregos, precisa saber
o motivo. Se a pessoa ficou dez anos em
uma só empresa, é preciso verificar se ela
foi promovida algumas vezes ou ficou sempre
no mesmo cargo”, sugere. “O que o empresário precisa fazer é colocar uma lupa na
vida profissional do candidato e com uma
boa quantidade de perguntas, saber se ele é
Eduardo Ferraz, consultor
35
A diferença
Cada vez mais,
especialistas defendem
que é necessário
considerar ainda mais
a personalidade e
atitudes do candidato
do que suas
competências técnicas
Contratar não é uma tarefa simples principalmente porque é preciso fazer uma relação
entre as habilidades técnicas e as de comportamento do candidato. Na prática, porém, alguns empresários ainda preferem prestar
bastante atenção na personalidade das pessoas, mais ainda do que no currículo. “Aprender o serviço, a pessoa aprende, o difícil é ser
uma pessoa fácil de lidar e comprometida
com o trabalho”, diz o empresário Gilmar
Boza da Silva, da Kilar Móveis, de Maringá.
Dono de empresa há sete anos, ele tem três
funcionários. Quando precisou contratar, colocou um anúncio no jornal. Quando os candidatos apareceram, ele verificou currículo, re-
ferências e o último emprego que a pessoa
teve. “Mas o que importa mesmo é como a
pessoa se comporta no dia a dia. A parte técnica, a gente consegue treinar”, considera.
Opinião partilhada pela empresária Zuleide
Gonçalves Francisco, também de Maringá.
Há dois anos, ela abriu a Pet & Flora. No final do ano passado, com o aumento da demanda nos serviços da empresa, decidiu que
estava na hora de contratar uma pessoa.
Optou por não colocar anúncio no jornal e
nem em agências de emprego. Avisou amigos e conhecidos de estabelecimentos próximos e em pouco tempo recebeu uma indicação. Fez entrevista com a pessoa que a
procurou e a empatia foi imediata.
“Eu procurava uma pessoa que fosse responsável, tivesse respeito com os clientes e acima de tudo gostasse de bichos, já que lidamos com animais aqui na loja”, conta Zuleide.
Na prática, isso significa que a pessoa precisa
ter, além, de competência técnica, uma “inteligência social” que a ajude a desempenhar o
trabalho. “É claro que a pessoa precisa saber
o serviço que vai desempenhar, mas ser responsável é ainda mais importante”, conta Zuleide. Em breve, a empresária terá que contratar mais um funcionário e já sabe: “Vou
conversar bastante, só assim a gente consegue saber mais sobre a pessoa.”
Cinco questões que o contratante não deve
deixar de abordar na entrevista de emprego,
segundo o consultor Eduardo Ferraz.
Resuma sua vida
dos zero aos 18 anos
Como você
faz a diferença?
Para saber mais sobre relacionamento na
empresa e as competências e habilidades
que devem ser observadas na hora da
contratação, acesse agora os sites:
www.botecodoconhecimento.com.br
www.eduardoferraz.com.br
www.sebrae.com.br
1
5
4
2
3
Sugestões de livros:
“Contratar: Como Encontrar e Conservar as
Melhores Pessoas”, de Deems Richards,
Editora Amadio;
“Por que a gente é do jeito que a gente é?”,
de Eduardo Ferraz, Editora Gente.
36
Resuma seus
pontos fracos
Resuma seus
pontos fortes
Resuma sua vida
dos 18 anos até
o momento
30% OFF !!
ARGHNHNHNHNHN!!!!!
Por Eloi Zanetti
Saio da panificadora e olho na parede externa uma placa que diz: parking dog. Fico
imaginando, por quê? Por que parking dog
e não estacionamento para cachorros?
Será que as madames, com os seus
chiuahuas e poodle-toys sabem o que é um
parking dog? Ou terão alguma noção de
que é civilizado deixar seus luluzinhos amarrados do lado de fora do estabelecimento
enquanto compram seus pães e brioches?
Será que essa placa não é mais um exibicionismo do dono da panificadora que viu
algo semelhante em uma das suas viagens a Miami ou Disneylândia? Não seria
melhor uma grande placa com os dizeres
monkey imitador?
Entro no shopping, ou melhor, no centro
comercial e leio 30% OFF.
O que é 30% OFF na cabeça de um consumidor normal? Será que ele vai entender
que é um desconto de 30%? Ou que talvez
se trate de uma popular liquidação para entrega do ponto. Porque um desconto de
30%, atualmente, só dá para entender que
o proprietário está passando o negócio
adiante. Onde está o bom senso da comunicação eficiente que manda facilitar ao
máximo o entendimento das coisas, sendo
claro e objetivo? Se o consumidor não entender o que se está querendo dizer, a culpa é do emissor da comunicação, e não de
quem a recebe. E, em se tratando de descontos e liquidações, deve-se dizer em alto
e bom som, num português simples e direto, com tudo muito claro, em letras grandes, garrafais e coloridas a sua intenção
de vender. Ou 30% OFF é mais uma frescura de dona de butique que imita e nem
sabe por quê.
Oh! Língua portuguesa culta e bela. Oh! Última flor do Lácio! Oh! discípulos do professor Pasquale. Perdoai-os porque eles não
sabem o que escrevem.
Acredito que algumas palavras devem ser
incorporadas e usadas às mancheias, porque elas não têm tradução possível mes-
mo. Na minha profissão existem dezenas
delas. Como traduzir com facilidade o conceito de marketing, layout, briefing, storyboard, etc? Na nova linguagem da turma
da computação entram reset, delete, backup, download, link, hacker.
Cada profissão que chega traz expressões
novas. O sistema vem se processando assim desde os tempos em que as fronteiras
foram abertas por Pedro Álvares Cabral.
Cassetete, por exemplo, palavra incorporada na linguagem militar, veio dos militares
franceses contratados pelo Império para
moldar a estrutura do exército brasileiro.
Veja só, “casse” igual a “quebrar” – “tête”
igual a “cabeça”, somadas as duas palavras formam o popular cassetete ou melhor o quebra-cabeça, que a nossa polícia
sabe usar tão bem. Nosso idioma é rico
em termos tupis, guaranis, árabes, hindus, italianos, alemães, etc. Tenho um
amigo que brinca e pede sempre
apfelstrudel de maçã.
Oh Língua portuguesa!
Oh! Última flor do Lácio!
Oh discípulos do
professor Pasquale.
Perdoai-os porque não
sabem o que escrevem.
Como o comportamento vigente é o de desacato por tudo, perdemos o respeito pelas autoridades, que já não o merecem
mais, porque elas mesmas perderem-no
por si próprias há muito tempo. Não reconhecemos mais nossas leis porque elas
também não são mais obedecidas nem pelos que as fazem e por aqueles que deveriam ser seus sagrados guardiões. Os
mais jovens perderam por completo a reverência pelos mais velhos. Por que também
não haveríamos de perder a deferência
pelo idioma pátrio?
O povo brasileiro acha difícil se dar ao respeito. Já fomos taxados de narcisos que
cospem na própria cara, de vira-latas entre
as nações. Deve ser por isso que vamos
continuar escrevendo parking-dog, 30%
OFF, SALE, sem ao menos saber do que se
trata. Porque se a gente soubesse, usaria
o termo com parcimônia e moderação.
And I beg your pardon porque estou com
vontade de deletar este paper.
Foto: Divulgação
está ligado a questões financeiras”, assinala.
Graduado em Comunicação Social pela
ESPM, mestre em Administração de Empresas pelo IBMEC-RJ com especialização em
Marketing e doutorando pela Coppe/UFRJ,
Uchôa defende que não existem regras para
contratação, mas que pelo menos uma pergunta o empresário deve fazer na hora de
contratar um funcionário: Você gosta de
gente?. “Se o funcionário não gostar de se
relacionar, na verdade, não deve trabalhar
na empresa, deve buscar um trabalho que
possa fazer sozinho, porque o relacionamento dentro de uma corporação, dentro de
uma empresa, é fundamental”, afirma.
Artigo
Eloi Zanetti
é consultor e palestrante em Marketing,
Comunicação Corporativa e Vendas.
Acesse: www.eloizanetti.com.br
37
Sucesso
Feira do Empreendedor
Marcado pelo conhecimento, inovação e oportunidades, evento de
empreendedorismo reúne 15 mil empresários, em Curitiba
Por Leandro Donatti
Aproximadamente 15 mil empreendedores e
empresários de micro e pequenas empresas, formais e informais, marcaram presença na Feira do Empreendedor 2011 – Paraná, uma realização do Sebrae/PR, de 17 a
20 de março deste ano, em Curitiba.
A Feira do Empreendedor, realizada em Curitiba, será lembrada pela assinatura, pelo poder público municipal, do Estatuto da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte de
Curitiba, também conhecido como Lei Geral
da Micro e Pequena Empresa de Curitiba.
Foram oferecidas, gratuitamente, durante
o evento, no Expo Unimed, na Universidade
Positivo, oportunidades de negócios, conhecimento e inovação, para empreendedores com a intenção de abrir o próprio
negócio e empresários interessados em
ampliar empreendimentos.
Bem como pelo ineditismo no uso de tecnologias, para garantir informações do evento
aos visitantes. Por exemplo, um aplicativo
customizado para acessar informações sobre a Feira do Empreendedor garantiu total
interação com o evento, por meio de telefones celulares compatíveis com as plataformas IPhone, IPad, Android e BlackBerry.
Mais de 12 mil empreendedores e empresários participaram das cerca de 130 palestras sobre gestão, marketing e finanças,
entre outros temas, e sobre oportunidades
de negócios. Outros 6 mil assistiram palestras-magna com Paulo Henrique Amorim;
Max Gehringer; e com o sócio-fundador do
Peixe Urbano, Emerson Andrade.
Durante a Feira do Empreendedor, 2,3 mil empreendedores e empresários foram atendidos
com consultorias. Na avaliação do presidente
do Conselho Deliberativo do Sebrae/PR,
Jefferson Nogaroli, a procura confirma o crescimento no número de interessados em empreender e a conscientização de que o empreendedorismo exige preparo técnico.
Oportunidades
A Feira do Empreendedor 2011 - Paraná
ofereceu um mix de oportunidades, com diversos segmentos e valores de investimento,
ampliando assim a possibilidade de abertura
de novos negócios.
Dentre as categorias de oportunidades expostas no evento, 70 opções em franquias,
representações comerciais, revendas, serviços e licenciamentos de marcas, propostas
distribuídas nos ramos de limpeza, alimentos, cosméticos, perfumaria, máquinas, e
semi-joias, dentre outros.
O processo de seleção das oportunidades foi conduzido por uma comissão técnica e o Sebrae/PR
recebeu cerca de 200 propostas de empresas
de todo o País. A escolha obedeceu a um edital
público lançado pelo Sebrae/PR, em dezembro
de 2010. O lançamento de edital garantiu transparência e impessoalidade ao processo.
A edição
paranaense da Feira
do Empreendedor
ofereceu mais de
100 oportunidades
de negócios
Foto: La Imagen
“O evento superou as expectativas e o Paraná
abriu o circuito nacional do evento em grande
estilo. A edição paranaense ofereceu mais de
100 oportunidades de negócios, entre franquias, revendas, representações comerciais e
licenciamento de marcas e isso fez a diferença.”
Entrevista
Mercado
Associativismo
Comportamento
Serviço
Feiras e eventos
Capacitação
Tendência
Personalidade
Giro pelo Paraná
Movimentação no Expo Unimed
38
39
Visitantes puderam conferir consultorias gratuitas
A prática, também adotada pelo Sebrae/PR
em 2008, quando da realização da Feira do
Empreendedor em Londrina, virou modelo
para o circuito nacional da Feira do Empreendedor. As empresas expositoras foram do
Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Dentre os critérios levados em conta na seleção das oportunidades de negócios foram
observadas a consistência e coerência dos
dados informados. O investimento necessário, considerando custos adicionais, também
foi levado em conta.
A Feira do Empreendedor também ofereceu
oportunidades de negócios do Projeto Comércio Brasil, solução do Sebrae, para ampliar a participação das micro e pequenas
empresas no mercado e prospectar negócios, em todo o Brasil, e na área de proteção
da propriedade industrial.
Terapeuta natural, designer e empresária há
menos de um ano, Genima Laguzzi, saiu de
Osasco, em São Paulo, para lançar novos produtos e alcançar visibilidade no meio empresarial. A empreendedora inovou e criou uma coleção de livros terapêuticos e educacionais
para bebês, estimulada por uma necessidade
que observava em seus próprios filhos.
“Como mãe, queria que meus filhos tivessem
de um produto diferenciado, capaz de educar e divertir e, acima de tudo, que promovesse o bem-estar, cuidando do lado ambiental.” Os livros trazem estampados, em tecido
pet reciclado, personagens criados pela própria empresária, com design especial que
estimula o desenvolvimento de crianças na
primeira infância.
40
“Estou há pouco tempo no mercado, mas
acredito no meu produto e, por isso, resolvi
participar da Feira do Empreendedor. Já conto com dez representantes comerciais nos
estados de São Paulo, Maranhão e Bahia,
mas acredito que o Paraná tem um mercado
muito promissor e espero que, com a credibilidade do evento, eu encontre novos representantes”, prospecta a expositora.
Os livros, chamados de soft books e indicados
para crianças de zero a três anos, foram exemplo de oportunidades de representações comerciais expostas na Feira do Empreendedor.
Guia de negócios
O Sebrae/PR criou, especialmente para a
Feira do Empreendedor, um guia contendo
40 fichas de oportunidades de negócios. “A
ideia foi auxiliar, com informações técnicas,
empreendedores com interesse em abrir
empreendimentos”, explica a gerente de
Marketing e Comunicação do Sebrae/PR,
Renata Todescato.
Completando a lista, viraram fichas de oportunidades: loja de chocolates; loja de cosméticos e perfumaria; loja de materiais de construção civil; loja de presentes; loja de roupas;
loja virtual; lojas de calçado; minimercado/
mercearia; padaria; papelaria; pet shop;
pizzaria; restaurante; sacolão/frutaria; salão de beleza; serviço de funilaria e pintura;
serviços de limpeza e jardinagem; serviços
de manutenção de informática; serviços de
pequenos reparos domésticos (marido de
aluguel) e sorveteria/yogurteria.
Perfil empreendedor
Durante a Feira do Empreendedor, empreendedores e empresários de micro e pequenas
empresas do Paraná puderam testar seu
perfil empreendedor, lembra Renata Todescato. O Sebrae/PR disponibilizou uma nova
versão do Teste do Perfil Empreendedor.
A proposta, disponibilizada permanentemente
após o evento, agradou os visitantes do maior
evento de empreendedorismo do Paraná e
vem conquistando adeptos em todo o Estado,
pois ajuda a identificar características necessárias para conduzir a gestão de um negócio.
Ao preencher o questionário, os empreendedores e empresários puderam imprimir o
resultado, enviá-lo por e-mail e, inclusive,
compartilhar o conteúdo em redes sociais. O
novo Teste do Perfil Empreendedor é o pri-
O Guia de Oportunidades de Negócios foi fruto do cruzamento de dados de uma pesquisa
de carência empresarial, dados da Junta Comercial do Paraná e de um estudo de ideias
de empreendimentos mais procurados. As
fichas de oportunidade serviram como uma
espécie de portfolio para os interessados em
empreender um dos 40 tipos de negócios.
Com as fichas de oportunidades, os empreendedores puderam conferir informações,
assim como tiveram a oportunidade de refletir sobre questões que incidem diretamente
na administração de uma empresa.
ro?”. Com base nessa expectativa, nasceu o
‘Laboratório do Conhecimento’, espaço criado para a Feira do Empreendedor 2011 - Paraná, onde os visitantes puderam adquirir
conhecimento, a partir de uma vivência.
O ‘Laboratório do Conhecimento’ promoveu
“experiências empreendedoras”. Foi uma proposta inovadora, uma abordagem lúdica que
foi feita aos visitantes da Feira do Empreendedor. Nesse espaço, os visitantes puderam
construir sua própria “fórmula de sucesso”.
O ambiente, montado no pavilhão de exposições do Expo Unimed, teve como objetivo
estimular a busca por novas informações,
durante e após o evento. A fundamentação
teórica do ‘Laboratório do Conhecimento’
tem como base conceitos do Próprio, programa de orientação do Sebrae para interessados em abrir um negócio.
40 Oportunidades
meiro aplicativo de empreendedorismo no
Facebook do Brasil.
Para estruturar o teste, foram definidos perfis utilizando as dez características retiradas
do Empretec e avaliado empreendedores que
participaram do programa no Paraná. Uma
média para apontar qual é o perfil do empreendedor paranaense foi calculada.
O Teste do Perfil Empreendedor explora dez
características necessárias para empreender,
dentre as quais a iniciativa e busca de oportunidades; capacidade de correr riscos calculados; persistência; comprometimento; estabelecimento de metas; capacidade de planejar e
monitorar ações; capacidade para buscar e
utilizar informações; persuasão e rede de contatos; independência e autoconfiança; exigência de qualidade e eficiência. As características
ajudam a revelar pontos fundamentais na personalidade dos empreendedores.
A ideia do espaço foi estimular a busca por
novas informações e promover, por meio de
uma visita, de 15 a 20 minutos em média,
vivências relacionadas ao empreendedorismo. O ‘Laboratório do Conhecimento’ foi ambientado como um laboratório real, com jalecos, cientista-chefe e assistentes.
As “experiências empreendedoras” começaram com o preenchimento de um questionário e passaram por etapas, levando os visitantes a “navegarem” por três áreas do
conhecimento (o que eu sei sobre mim mesmo; o que eu sei sobre o mercado; o que eu
sei sobre o negócio que desejo iniciar).
Ao passar pela vivência, no ‘Laboratório do
Conhecimento’, os visitantes puderam refletir sobre seu comportamento empreendedor e a forma como tomam decisões
sobre os negócios.
O novo Teste do
Perfil Empreendedor,
lançado na Feira
do Empreendedor, é o
primeiro aplicativo de
empreendedorismo no
Facebook do Brasil
O dentista Luiz Fernando Kuss Serrano é
proprietário de uma clínica odontológica em
Foto: La Imagen
Foto: La Imagen
As fichas de oportunidade mapearam as seguintes oportunidades de negócios: academia de ginástica (com pilates e yoga); açougue; agência de turismo; bares; buffet infantil;
casa de massas/frios; centro automotivo
(serviços relacionados a veículos – oficina mecânica, alinhamento e balanceamento, lava
car); clínica de estética; comércio de bijuterias/acessórios; conserto de eletro-eletrônicos/celulares; construtora; distribuidora de
bebidas; empresa de motoboy (entregas rápidas); empresa de segurança (instalação de
cerca elétrica, câmara de segurança, alarme
monitorado); empresas de limpeza pós-construção civil; farmácia; imobiliárias; lan house;
lanchonete e loja de armarinhos.
A partir de uma pontuação, o Sebrae/PR
mapeou três perfis empreendedores: Arqueiro/Arqueira; Caçador/Caçadora; e Gladiador/Gladiadora. Para identificar cada um e
apresentar o resultado, o Sebrae/PR criou
uma espécie de avatar (desenho) que caracteriza cada perfil.
‘Laboratório
do Conhecimento’
Muitos dos empreendedores que procuram
o atendimento do Sebrae/PR buscam uma
“fórmula de sucesso”, pronta e acabada, e
respostas rápidas sobre seus negócios, o
que, de acordo com os consultores da entidade, dependem, na verdade, de uma série
de variáveis para serem elaboradas.
Teste do Perfil do Empreendedor
Um dos questionamentos mais ouvidos pelos
consultores é: “que tipo de negócio dá dinhei-
Visitas lúdicas provocaram reflexões sobre empreendedorismo
41
Foto: La Imagen
o número de árvores necessárias para compensar o carbono emitido durante a Feira do
Empreendedor foi calculado a partir de um
inventário encomendado ao Escritório Verde
da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).
“Pela localização de Foz, podemos, inclusive, pensar em expandir o evento e envolver a participação dos países vizinhos
como Paraguai e Argentina”, diz Jefferson
Nogaroli. Segundo ele, Foz é uma cidade
com excelente acessibilidade.
Parceria
Essa é a segunda vez que a cidade se candidata para receber o maior evento de empreendedorismo do Paraná. Junto com a
candidatura, foram anexadas uma carta de
intenção, assinada por representantes do
poder público do município, e mais 15 cartas de entidades parceiras.
O maior evento de empreendedorismo do
Estado teve patrocínio do Banco do Brasil e
parceria da Prefeitura de Curitiba. Bem
como apoio da Agência Curitiba, Agência
de Fomento do Paraná S.A., Agência de
Inovação – UFPR, Agência Paranaense de
Propriedade Industrial (APPI), Caixa Econômica Federal, Citpar, Comércio Brasil, Correios, Ecoescolha, Faciap, Faep, Fampepar, Fiep, Green Office Consulting, Governo
do Paraná, Hub Curitiba, Instituto Internacional Socioambiental Chico Mendes, Previdência Social, Sistema Fecomércio, Sistema Ocepar, Tecpar e UFPR.
Próxima edição
Ao todo, 15 mil empreendedores e empresários
Responsabilidade
socioambiental
A responsabilidade social foi tônica no evento,
marcado pela contratação de tradutores e
intérpretes da Linguagem Brasileira de Sinais
(Libras), pela doação de alimentos para entidades assistenciais e também pelo atendimento especial dispensado para portadores
de necessidades. Os tradutores e intérpretes
de Libras auxiliaram os visitantes deficientes
auditivos. Os profissionais também atuaram
na tradução das palestras-magna.
de Curitiba, 400 mudas de árvores nativas
para recompor a mata ciliar do Rio Cerrado
e compensar a emissão de carbono gerada
durante a Feira do Empreendedor.
O Rio Cerrado é afluente do Reservatório do
Iraí, importante manancial de abastecimento
público de água em Curitiba e Região. A ação
ambiental foi uma iniciativa do Sebrae/PR, realizador da Feira do Empreendedor, em parceria com o Instituto Internacional de Pesquisa e
Responsabilidade Socioambiental Chico Mendes (INPRA) e Prefeitura de Quatro Barras.
Foto: La Imagen
Curitiba, e estudante de Ciências Contábeis.
Decidiu passar pelo ‘Laboratório do Conhecimento’ porque se considera um empreendedor. “A experiência foi válida e mostra aquilo
que precisamos melhorar. É uma boa proposta para que os empreendedores conheçam suas falhas”, recomenda.
A expectativa do Iguassu Convention Visitors Bureau é que a realização da Feira
do Empreendedor em Foz atraia 15% a
mais de público que a edição de 2011,
em razão dos atrativos turísticos da cidade. (Colaboraram nesta reportagem os
jornalistas Cleide de Paula, Giovana Chiquim, Giselle Ritzmann Loures, Graziela
Castilho, Jaqueline Gluck, Juliana Dotto e
Adriano Oltramari)
A data do plantio coincidiu com o Dia da Educação e o Ano Internacional das Florestas.
As mudas plantadas são nativas da região e
Foto: La Imagen
Uma das ações
de destaque foi a
realização de um
estudo para medir a
emissão de carbono
nos quatro dias
de evento
Foz do Iguaçu quer sediar, em 2013, a próxima edição da Feira do Empreeendedor. A
candidatura foi apresentada oficialmente ao
Sebrae/PR por meio de um documento entregue pelo Iguassu Convention Visitors Bureau. A proposta está sob a análise de um
comitê técnico.
A proposta de interesse para sediar o evento vem acompanhada ainda de um relatório
técnico que contém informações sobre a
estrutura hoteleira da cidade, rede de gastronomia, centros de eventos, casas de
câmbio, agências e operadoras de turismo
e viagens e dados sobre transportes.
A gestão ambiental também foi uma das premissas da Feira do Empreendedor. Com simples ações, como coleta seletiva, destinação
correta de resíduos, uso de materiais reciclados e recicláveis, como sacolas oxibiodegradáveis e kits ecologicamente corretos, o evento
manifestou seu compromisso com a preservação do planeta e com as futuras gerações.
Uma das ações de destaque foi a realização de
um estudo para medir a emissão de carbono
nos quatro dias de evento. O resultado foi uma
mobilização da sociedade, pouco mais de um
mês após a Feira do Empreendedor.
Alunos do terceiro ano da Escola João Curupaná da Silva plantaram, em abril passado,
em Quatro Barras, na Região Metropolitana
42
O ‘Laboratório do
Conhecimento’, uma
abordagem lúdica
feita aos visitantes,
promoveu experiências
empreendedoras
Portadores de necessidades especiais
dão boas-vindas a visitantes
Alunos de escola pública, na Grande Curitiba, plantam árvores
para compensar emissão de carbono
Quer fazer o Teste do Perfil Empreendedor?
Acesse www.perfildoempreendedor.com.br.
Quer conhecer o Guia de Oportunidades de
Negócios? Acesse http://bit.ly/mPlM13
43
Confira os melhores momentos
Fotos: La Imagen
Feira do Empreendedor 2011 - Paraná
Painel de programação
Responsabilidade socioambiental
Totens de
auto-atendimento
Credenciamento
Mais de 2,3 mil
empreendedores
foram atendidos com
consultorias, durante
os quatro dias de
evento, no Expo
Unimed, em Curitiba
Entrada
Missão internacional
Totens de
auto-atendimento
44
Aplicativo para celular
‘Perfil Empreendedor’
‘Laboratório do Conhecimento’
Atendimento
Mais de 12 mil
empreendedores
e empresários
participaram das
cerca de 130
palestras sobre
gestão, marketing,
finanças e outros temas
Palestras
45
Benchmarking
Lições de Harvard
O papel do empresário, o valor para o
cliente e o lucro como consequência
Por Andréa Bordinhão
Para onde estamos indo? Aonde queremos
chegar? Será que aquilo que estamos entregando para o nosso cliente é aquilo que ele
de fato precisa? Será que há algo que precisa ser mudado? Os questionamentos, que,
na verdade, seriam melhor classificados
como reflexões, são do diretor-superintendente do Sebrae/PR, Allan Marcelo de
Campos Costa.
tas, tudo estava indo bem. “Hoje os especialistas perceberam que o principal papel do
executivo não é mais necessariamente criar
valor para o acionista, mas sim criar valor
para o cliente, sendo o valor para o acionista uma consequência. Estudos mostram
que empresas que adotaram essa postura,
sistematicamente apresentam resultados
econômicos superiores no longo prazo.”
Em 2010, Allan Costa fez um curso intensivo para executivos em Harvard, nos Estados
Unidos, e de lá trouxe inúmeras ideias e modelos de negócios que podem servir como
referências para os empresários paranaenses. Em especial, para os de micro e pequenas empresas, que representam a grande
massa de empreendimentos formais e informais no Brasil hoje, mas que, paradoxalmente, são os que mais encontram dificuldades pelo caminho.
E o diretor-superintendente do Sebrae/PR
faz questão de ressaltar que a busca pelo
valor para o cliente funciona da mesma forma para os empresários de empresas de
menor porte.
A imersão em Harvard durou 60 dias. O diretor-superintendente do Sebrae/PR “mergulhou” no estudo prático de cases reais de
empresas de diversos setores – grandes,
médias, pequenas, bem e mal-sucedidas, e
com sede em países com os mais diferentes
tipos de economia. “Praticamente tudo que
vi lá se aplica ao empresário de micro e pequena empresa. Uma das lições mais relevantes é que o que muda é o tamanho das
empresas. O tipo e a quantidade dos problemas são exatamente os mesmos”, afirma.
Do outro lado, a solução para a maioria desses problemas também tem, geralmente, a
mesma fonte, conclui Allan Costa. “A solução sempre acaba passando pelas pessoas,
seja na grande, na média ou na pequena
empresa. Sob todos os aspectos. Projetos
bem-sucedidos o são porque existem pessoas comprometidas e realizadoras por trás
das ações necessárias.”
Para o executivo, mais importante do
que se perguntar sobre a estratégia de
negócio, é, antes de tudo, se perguntar
qual é a equipe que irá viabilizar a implantação da estratégia planejada.
Foto: Rodolfo Buhrer / La Imagen
“Empresa não tem alma, empresa não gera
resultado, empresa não tem cultura. O que
forma a cultura de uma organização são as
pessoas, o que gera resultado em uma organização são as pessoas, o que representa
a alma da organização são as pessoas.
Quem inova não é a empresa, são as pessoas da empresa. Então, a preocupação com
o elemento humano, dentro das organizações, é algo que está na ordem do dia nos
estudos das universidades de ponta dos Estados Unidos e da Europa”, conta. E essa
preocupação também vale, segundo Allan
Costa, quando se fala em mudar a visão do
‘lucro em si’ para o ‘valor para o cliente’, que
tem o lucro como consequência.
Allan Costa,
diretor-superintendente do Sebrae/PR
46
O executivo aponta que por muito tempo as
escolas de negócios internacionais se preocuparam em formar executivos para os
quais a medida de sucesso era a criação de
valor para o acionista. Isso é, se empresa
estava com as ações subindo, tendo cada
vez mais lucro para remunerar seus acionis-
Entrevista
Mercado
Associativismo
Comportamento
Serviço
Feiras e eventos
Capacitação
Tendência
Personalidade
Giro pelo Paraná
Mas o que é a criação de valor para cliente?
“Criar valor para alguém significa entregar
um serviço ou produto que seja percebido
como valioso pelo cliente. Em última instância, é o cliente que determina o que tem
valor para ele.” E o mais interessante é que
a equação de “valor” cada vez mais inclui elementos que outrora eram subjetivos, mas
que adquiriram importância determinante
nos últimos tempos.
Conforme comenta Allan Costa, “criar valor
também pressupõe considerar questões relacionadas à ética, à sustentabilidade, ao
meio ambiente. Hoje a sociedade se preocupa com isso. A tentativa de reduzir os custos a qualquer preço não se sustenta mais.
Muitos consumidores deixam de adquirir
produtos porque criaram consciência e,
com isso, estão forçando o processo de mudança nas empresas”, esclarece.
Brasil x Estados Unidos
A questão comportamental também é importante quando se observam algumas características dos empresários brasileiros.
Segundo Allan Costa, o empreendedor brasileiro, quando comparado com empresários de países com economia mais desenvolvida como os Estados Unidos, tem alguns
pontos a aprender, mas em outros quesitos
já está alguns passos à frente.
A criação de valor
para o acionista deixa
de ser objetivo final
e passa a ser
consequência da
geração de valor
para o cliente
“A primeira coisa a ser aperfeiçoada pelo
empresário brasileiro é a objetividade no trato profissional. É essa objetividade que está
por trás de atitudes que, por vezes, achamos até estranhas por parte de empresários americanos por achar excessivamente
fria e distante. Entretanto, este comportamento é reflexo do pragmatismo embutido
naquela cultura. Eles são muito mais diretos, muito mais efetivos no trato profissional
e, ainda mais importante, sem deixar que
eventuais conflitos no âmbito dos negócios
extrapole e adquira conotação pessoal. Isso
é uma coisa que a gente não observa por
aqui com frequência”, constata o executivo.
Segundo Allan Costa, outro ponto que representa uma quebra de paradigma para a
maioria dos empresários brasileiros em
comparação àqueles que atuam em sistemas capitalistas mais avançados é não enxergar o dinheiro como um problema. “Aqui
as empresas têm medo de se endividar para
crescer, sempre tentam evitar financiamento externo. Nos Estados Unidos, por exem-
Brasão de Harvard
47
seus segmentos, que acabaram desaparecendo ou tendo que se reinventar profundamente. A explicação para essas ocorrências
é chamada de ‘síndrome do conservadorismo dinâmico’”, detalha.
“Empresas bem-sucedidas correm sério risco
de se tornarem reféns do próprio sucesso.
Em outras palavras, a empresa obtém um
sucesso tão grande naquilo que faz que acaba perdendo a capacidade de inovar, de correr riscos, justamente pelo fato de que tudo
está indo bem e, como diz o velho ditado, ‘em
time que está ganhando não se mexe’. Isso é
simplesmente mortal para as empresas que
não estão atentas a esse fenômeno.”
Segundo Allan Costa, é natural que essas
empresas cheguem a um ponto em que não
é o que está indo bem que vai garantir a boa
continuidade dos negócios justamente por
causa da evolução do mercado. “A empresa
não pode perder a propensão a inovar, a
propensão de correr riscos porque senão
fica congelada no tempo. E no mundo dinâmico que vivemos hoje a necessidade do
cliente muda, se transforma.” “É na paz que
nos preparamos para a guerra.”
E se preparar para mudanças nos bons
tempos vale até para o Sebrae/PR, revela
o executivo. “Talvez, o grande reflexo dessa
experiência que eu vivi em Harvard é o processo pelo qual nós estamos passando de
repensar o Sebrae no Paraná. Estamos vi-
vendo um ótimo momento na instituição,
embalados por resultados expressivos,
com todas as metas sendo superadas ano
a ano e batendo recorde no número de
atendimentos a empresas. Entretanto, ao
invés de comemorarmos e continuarmos
trilhando esse mesmo caminho que até
aqui tem sido bem sucedido, estamos empenhados em promover uma profunda reflexão acerca da nossa forma de atuar,
envolvendo neste processo todos os atores relevantes para a atuação do Sebrae,
tais como o nosso Conselho Deliberativo,
nossos parceiros, nossos clientes, gestores e lideranças públicas e empresariais e
a própria sociedade em geral, a fim de assegurar uma visão ampla e plural e que
permita ao Sebrae/PR novos saltos de
qualidade e efetividade no cumprimento da
sua missão.”
O que faz a diferença
nas empresas,
independentemente
do seu porte, sempre
são as pessoas
Para saber mais sobre Harvard, uma das
mais conceituadas escolas de negócios para
a formação de executivos do mundo, acesse:
www.hbs.edu.
Acesse também o blog alimentado por Allan
Costa durante sua estada em Harvard:
harvardamp.blogspot.com.
É dever de todo o
empresário evitar os
riscos de uma
acomodação, gerada
pelo sucesso
plo, que têm um capitalismo mais desenvolvido que o nosso, não se concebe uma
empresa que não deva, pois o negócio, quase sempre, só cresce devendo. E aí o modelo mental é diferente: na cabeça deles, dinheiro nada mais é que um insumo para
trabalhar, do mesmo jeito que a empresa
precisa de mesa, cadeira, computador, matéria-prima, pessoas. E a preocupação do
empresário não é se ele está devendo, mas
sim se está gerando caixa para pagar o que
deve, assim como para comprar todo o resto que ele precisa.”
Para o executivo do Sebrae/PR, essa é uma
transformação que ainda está incipiente no
Brasil, inclusive por causa do histórico de altas taxas de juros. “Hoje, essa realidade está
começando a mudar, mas muito devagar
ainda. A taxa de juros já melhorou muito, os
fundos de private equity estão descobrindo
as pequenas empresas brasileiras, mas ainda há um longo caminho para percorrer.”
Por outro lado, completa Allan Costa, o empresário brasileiro tem uma facilidade de
adaptação muito maior do que empresários
de outros países, o que pode ser compreendido como uma vantagem competitiva. “O
empreendedor norte-americano, por exemplo, tem muito mais dificuldade de fazer negócios com a China que o brasileiro, porque
é menos flexível. Se ele vai se comunicar
com um chinês que não fala inglês de forma
48
perfeita, vai ter dificuldade. O brasileiro vai
se virar para falar e fazer negócio. A capacidade de adaptação do brasileiro a diferentes realidades, a diferentes situações, é
bem maior”, destaca. Além disso, observa,
o brasileiro é mais flexível para identificar
oportunidades porque tem capacidade de
mudar rapidamente.
Visão de futuro
O diretor-superintendente do Sebrae/PR salienta que, de tempos em tempos, o empresário precisa se perguntar sobre o caminho
que está seguindo e sobre aonde quer chegar. E, claro, se a forma como o negócio está
sendo conduzido o dirige para o rumo planejado. Além disso, é preciso não se acomodar.
Foto: Allan Costa
Campus da universidade de Harvard, nos Estados Unidos
Allan Costa conta que voltou do programa
de gestão avançada em Harvard certo de
que não é porque a empresa está indo bem,
tendo sucesso, dando lucro que tudo deve
ser mantido como está. O que está dando
certo pode deixar de funcionar no futuro. E o
bom empresário, explica o executivo, deve
estar preparado para evitar isso.
“Analisamos questões relacionadas à cultura organizacional estudando razões pelas
quais algumas companhias são mais bemsucedidas que outras. Vimos um padrão
que, muitas vezes, se repete: empresas que
em algum momento da história foram tremendamente bem-sucedidas, até líderes em
Sede de Harvard, em Boston
49
Pequenas,
Entrevista
Mercado
Associativismo
Comportamento
Serviço
Feiras e eventos
Capacitação
Tendência
Personalidade
Giro pelo Paraná
Foto: Luiz Costa / La Imagen
Solidez
mas centenárias
O segredo de sobreviver às gerações é envelhecer sem perder o vigor,
a motivação e a identidade, necessários para garantir a longevidade
Por Adriana Bonn
Armando Rasoto, professor
De todas as empresas que surgem a cada
ano, no Brasil, 22% fecham as portas nos
primeiros dois anos de vida, na chamada
fase de consolidação do negócio. Mas como
explicar que ainda hoje, num mercado tão
competitivo, existam algumas empresas - a
maioria familiar - que já comemoraram ou
estão por comemorar os primeiros 100
anos de existência?
As empresas centenárias não são muitas, é
verdade, mas existem e funcionam a todo
vapor para provar que é possível envelhecer
sem perder o vigor.
O consultor, empresário e professor de Finanças, Armando Rasoto, diz que o segredo
da longevidade está na “alma” que a empresa adquire ao longo dos anos. “E isso está
representado na motivação que se tem para
trabalhar nela, nos desafios que ela proporciona aos colaboradores, na transparência
mantida com os clientes e com fornecedores”, explica.
Para Rasoto, a maior ascensão de uma empresa é a continuidade no mercado. Para
isso, segundo ele, é preciso que esteja apoiada em um banco com duas pernas: de um
lado liquidez e, do outro, rentabilidade. “Todos os executivos da empresa devem entender disso, caso contrário, com certeza fecharão as portas.” Além da falta de liquidez e
de rentabilidade, a falta de capital de giro
também está entre os principais fatores que
levam uma empresa a quebrar.
Padaria América, em Curitiba
No detalhe, reprodução de foto antiga do empreendimento
50
O consultor lembra que a falta de suporte financeiro, necessário para alcançar o crescimento das vendas, normalmente acontece
na fase de crescimento da empresa, quando
se tem maior necessidade de financiamento
e de retenção de lucros.
Há outros “vilões” da longevidade de uma empresa. Ele cita ainda a descentralização, o
momento em que é preciso distribuir tarefas
e funções. “Isso dói muito nos empresários.
Podemos comparar a medida a um parto a
fórceps. Mas os comandantes de um empreendimento de sucesso precisam entender
que no momento em que a empresa cresce,
não é mais possível centralizar”, explica. Mesmo que se aceite descentralizar, é preciso
ainda tomar muito cuidado para se ter pessoas capacitadas para assumir as atividades.
Com o passar dos anos também é preciso
fazer inovação tecnológica, mas muitos empreendedores esquecem que esse é um fator importante para o sucesso dos negócios
e a manutenção dele no mercado. E inovar
não está relacionado apenas a investimentos
em tecnologia, diz que consultor.
Para especialistas, o
segredo da longevidade
está na “alma” que a
empresa adquire ao
longo dos anos
“Inovação é rever processos e as regras desses processos.” Rasoto cita como exemplo
pequenas medidas, como a mudança da forma de tratar os clientes ou os colaboradores,
que podem sentir-se motivados ao receberem
cursos de capacitação ou bolsas de estudo.
Depois de passarem pelas fases de consolidação e crescimento, muitas empresas também acabam vendidas. Foi o que aconteceu
recentemente com a paranaense Café Damasco e, anteriormente, com a Mate Leão,
que passaram para as mãos de empresas
norte-americanas. Isso acontece, segundo
Rasoto, em função de estratégias de mercado, mas principalmente porque os fundadores das empresas já estão com idade avan-
51
Uma saída, nesse caso, segundo o consultor, é buscar ajuda profissional e garantir a
continuidade da empresa com uma gestão
profissional. Nesse caso, selecionar, no mercado, pessoas capacitadas para tocarem o
negócio pode ser uma boa alternativa.
Tradição é um atrativo
e ajuda nos negócios,
mas o fundamental é
manter a qualidade dos
produtos e ouvir
sempre o consumidor
Aliás, a sucessão de comando faz parte dos
desafios a serem enfrentados por empresas
que superam as etapas de implantação do
empreendimento. Acertar o momento de rejuvenescer o comando é um dos segredos
para que a empresa envelheça, mas mantenha a força no mercado.
E nesse momento, todo cuidado é pouco.
Isso porque muitas vezes a energia da empresa está diretamente ligada ao seu fundador. “É a empresa que tem a cara do dono. A
morte desse comandante normalmente acaba gerando dificuldades ou até o fim da empresa”, diz Rasoto. As disputas de herdeiros
também são bastante comuns nesse momento e, no caso das empresas centenárias,
isso ocorre várias vezes ao longo dos anos.
A verdade é que a longevidade está diretamente ligada à gestão das empresas e perceber as mudanças de cenário, adequar estratégias, antecipar tendências e estabelecer
políticas para processos sucessórios são
fundamentais para que ela possa chegar ou
ultrapassar os 100 anos de vida.
Superação de desafios
Fundada em 1913 por Friedrich Philipp
Ludwig Eduard Engelhardt, a Padaria América é a mais antiga de Curitiba em atividade.
Na empresa, a tradição de fazer pães, bolachas e doces alemães foi passada de pai
para filho e, hoje, o negócio está sob o comando da terceira e da quarta geração da
Foto: La Imagen
çada e não têm mais motivação e nem
pessoas da família que queiram ou possam
tocar o negócio.
família.
Eduardo Engelhardt, 37 anos, bisneto do
fundador e responsável pela produção da Padaria América, acredita que o segredo para
se manter tanto tempo no mercado está na
dedicação, na disciplina e em saber aceitar e
ultrapassar as fases ruins que todo empreendimento passa ao longo dos anos.
Gigantes familiares
O consultor Armando Rasoto lembra que, no
Brasil, o Grupo Votorantin é uma empresa
que sobrevive ao tempo passando de geração em geração. Nasceu de uma fábrica de
tecidos, em 1918, e hoje está presente em
mais de 20 países atuando em setores de
base da economia.
Na América não foi diferente. Eduardo conta
que uma das piores dificuldades enfrentadas
pela empresa aconteceu no fim da 2ª Guerra
Mundial, em 1945, quando o avô, Ewaldo
Ernesto Engelhardt, não tinha farinha para
usar na produção. “Como até hoje acontece,
a maior parte do trigo usado no Brasil é importada e, na década de 1940, o produto
era cotizado para que todos tivessem um mínimo para trabalhar”, explica. Mais tarde,
em 1982, um incêndio obrigou a paralisação
da produção dos pães e doces por um mês.
Vendendo apenas produtos de mercearia, a
Padaria América viu os lucros despencarem.
Outro exemplo é a construtora Camargo Corrêa, grupo privado de controle familiar, fundada há 70 anos, e hoje controlada por acionistas da segunda e terceira gerações. De
uma empresa de construção e engenharia,
passou a ser um grupo industrial diversificado, com atuação no setor de engenharia,
construção, geração e distribuição de energia, concessão de serviços públicos, incorporação imobiliária, indústria naval, de óleo e
gás. Hoje possui 58 mil colaboradores e
atua em 18 países.
A qualidade dos produtos, principalmente da
broa de massa azeda, considerada o carrochefe da padaria, faz da América uma das
empresas mais tradicionais da capital paranaense. Tanto que a história da empresa já foi
tema de dissertação de doutorado e até virou
livro, no ano passado. Mas Eduardo garante
que só a tradição não é responsável por manter a empresa funcionando nos últimos 98
anos. “A tradição é um atrativo e ajuda nos
negócios, mas não é tudo”, diz. Segundo ele,
o fundamental é manter a qualidade dos produtos e ouvir sempre o consumidor.
João Haupt Papelaria
“Isso porque temos fregueses que há muitos
anos compram exatamente a mesma coisa
todos os dias, mas há outros que sempre
buscam novidades”, explica.
Há 20 anos trabalhando na padaria, Eduardo
lembra que aprendeu o ofício com o avô, que
durante 60 anos tocou a América. Hoje,
além de Eduardo, trabalham na empresa a
mãe que o ajuda na produção, e a irmã, responsável pela área administrativa. Eles possuem 57 funcionários, divididos nas lojas dos
bairros São Franscisco, Bacacheri e Juvevê.
Para garantir a fidelização dos clientes, a padaria procura manter as receitas da família,
mas sem esquecer de inovar, testando e
buscando novos produtos. Eduardo conta
que algumas receitas, ainda mantidas nos
cadernos usados pelo bisavô e pelo avô, deixam de ser feitas por um período, mas depois são resgatadas, mantendo a tradição.
Tradição por gerações
52
Foto: Luiz Costa / La Imagen
A história da João Haupt Papelaria também
é antiga. É uma das poucas empresas familiares que ainda existem no Paraná, sendo
passada de geração a geração. Tudo começou com João Haupt, que nasceu em 1875,
na cidade de Sternberg, Moravia, hoje República Tcheca. Trazendo a família, Haupt chegou ao Brasil em 1893. Desembarcou primeiro em Porto Alegre e depois decidiu
morar em Curitiba.
Eduardo Engelhardt, bisneto do
fundador da Padaria América
Detalhe: foto antiga mostra como
funcionava linha de produção
No Paraná, Rasoto destaca O Boticário que
começou com uma pequena farmácia de manipulação, no final da década de 1970, e hoje
vive um momento de passagem do comando
da empresa para a segunda geração da família; e o Grupo Positivo, que tem as empresas
sob o comando da segunda geração.
Em 1912, ele funda, juntamente com o
cunhado, Francisco Juksch, a firma João
Haupt & Cia., uma das primeiras a oferecer
serviços de livraria e papelaria. Na época, a
empresa prestava serviços principalmente à
Universidade Federal do Paraná (UFPR), publicando relatórios, teses e muitos outros
trabalhos relativos às atividades acadêmicas.
João Haupt morreu em 1962, aos 87 anos,
e desde então a João Haupt papelaria vem
sendo conduzida por familiares. Atualmente,
a empresa está em sua quarta geração.
João César Haupt Titon, bisneto do fundador
conta que está no comando da empresa, junto com o irmão, Marcos Vinícius Titon, há
20 anos. Segundo ele, trabalhar na empresa
no bisavô foi um processo natural.
João César acredita que o sucesso para se
manter durante tanto tempo no mercado
está na persistência. “Fazemos parte de um
mercado difícil em função da concorrência”,
explica. Mas ele considera também que a capacitação e a inovação são importantes para
se destacar.
Ele conta que a empresa procura acompanhar as novidades tecnológicas para informatização da empresa, e também investe na
capacitação dos colaboradores. “Quem não
se aperfeiçoa fica para trás e, além disso,
consideramos importante a motivação dos
funcionários, já que isso influencia no atendimento ao público”, diz.
Dentro da proposta de atualização administrativa, João César e o irmão participaram
recentemente do VarejoMAIS, programa oferecido pelo Sebrae/PR e Sistema Fecomércio/PR, para micro e pequenas empresas
do comércio varejista.
O Boticário é atualmente a maior rede de
franquias de perfumaria e cosméticos do
mundo e está presente em 14 países. Também paranaense, o Grupo Positivo é a maior
corporação do segmento de Educação e Tecnologia no Brasil. Fundado em 1972, possui
empresas que lideram os três segmentos
em que atuam: educacional, gráfico-editorial
e informática, com negócios em todo o Brasil e em países da Ásia, América do Sul, África, Europa, Oriente Médio e Estados Unidos.
Segundo Rasoto, grandes empresas mundiais
também são familiares, mas possuem gestão
profissional. É o caso do Walmart, multinacional do varejo dos Estados Unidos, que fatura
US$ 1 bilhão por dia e é copiada pelo varejo de
todo o mundo. Foi fundada em 1962. Em
2011, a Walmart apareceu como a maior
empresa do mundo em termos de receita no
ranking anual da Forbes Global 2000.
Quer saber mais?
O Portal de Estratégia e Planejamento
Financeiro (www.arfinancial.com.br) traz
sugestões de leituras. No ícone Acadêmico
é possível ver sugestões de livros e a tese
de doutorado de Armando Rasoto
“Análise e planejamento dinâmico da
tesouraria e rentabilidade das empresas”.
53
Formalização
A milionésima
empreendedora individual
Isa Todt formalizou-se pela
internet, em março deste ano
Por Adriana De Cunto
A maquiadora paranaense Isabelle Cordeiro
Todt, 33 anos, estava trabalhando quando recebeu um telefonema surpreendente. Era um
convite para encontrar-se com a presidente da
República, Dilma Roussef, no Palácio do Planalto, em Brasília. O motivo: Isa Todt, como é
conhecida, conquistou a marca de empreendedor individual brasileiro número 1 milhão.
Ela alcançou o registro quando acessou o
Portal do Empreendedor (www.portaldoempreendedor.gov.br), no dia 17 de março deste ano, para fazer sua formalização. A partir
de agora, a especialista em maquiagem para
campanhas publicitárias tem um registro no
Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ).
Acabou, para Isa Todt, aquela situação desconfortável de recorrer aos amigos todas as
vezes nas quais os clientes exigiam nota fiscal.
A cerimônia de homenagem à jovem empreendedora de Curitiba aconteceu no início de
abril e mostrou a satisfação do governo federal em cumprir a meta de tirar da informalidade 1 milhão de empreendedores. No mesmo
dia, também foi homenageado o empreendedor individual número 1, Adalberto de Oliveira
dos Santos, do Acre.
Dilma Roussef estipulou uma nova meta: fechar 2011 com 1,5 milhão de empreendedores individuais registrados. Para estimular
que outras 500 mil pessoas que trabalham
por conta própria procurem a formalização,
o governo federal reduziu a alíquota de contribuição dessa categoria de 11% para 5% do
salário mínimo vigente. Com a nova medida,
a taxa mensal paga pelos empreendedores
individuais passa a variar de R$ 28,25 a R$
33,25, dependendo da atividade (indústria,
comércio ou serviço), beneficiando todos os
empreendedores individuais.
Foto: Luiz Costa / La Imagen
O valor da taxa mensal agradou a milionésima empreendedora. Isa Todt gastava bem
mais com o custo do imposto das notas fiscais emprestadas dos amigos. Mas o valor
baixo da contribuição não é a única vantagem, avalia. “Poder passar as minhas próprias notas fiscais irá facilitar muito a minha
vida”, diz a maquiadora, que formou-se em
2001, em Artes Plásticas, pela Faculdade de
Música e Belas Artes do Paraná e atua como
maquiadora há oito anos.
Aderir ao programa criado pelo governo federal em julho de 2009, em parceria com o Sebrae Nacional, significa também passar a contar com a chamada “rede de proteção social”,
com direito à aposentadoria por idade, invalidez e auxílio-doença e salário-maternidade. “Os
benefícios são muito maiores que os custos de
se formalizar”, afirma o coordenador de Políticas Públicas do Sebrae/PR, Cesar Rissete.
Isabelle Cordeiro Todt Melo,
empreendedora individual
54
O Paraná fechou a primeira quinzena de maio
com mais de 60 mil empreendedores individuais cadastrados. As formalizações vêm
crescendo mês a mês, afirma Rissete. Em
dezembro de 2009, o Estado tinha apenas
8.900 empreendedores individuais formalizados pelo programa. Em dezembro do ano
passado, 42 mil empreendedores já haviam
se inscrito no Portal do Empreendedor.
Isa Todt elogia a rapidez e a facilidade para
inscrever-se no programa. “Eu pensava que
fosse complicado, não sabia nada a respeito.
Mas quando entrei no Portal do Empreendedor, achei bem fácil. Demorou uns cinco minutos”, comenta. Além do CNPJ, o empreendedor individual tem registro na
Junta
Comercial e inscrição no Instituto Nacional
do Seguro Social (INSS).
Entrevista
Mercado
Associativismo
Comportamento
Serviço
Feiras e eventos
Capacitação
Tendência
Personalidade
Giro pelo Paraná
Quando graduou-se em Artes Plásticas, Isa
Todt nem imaginava a carreira que estava
por vir. Ela nunca fez um curso de maquiagem e o ingresso na profissão foi por acaso.
Recém-formada, a moça foi trabalhar em
uma loja de aluguel de fantasias e muitos
clientes pediam indicação de uma pessoa
que fizesse maquiagem para as festas. “Pensei que não seria diferente a pintura da maquiagem”, lembra. A formação artística a
ajudou a transpor o desafio de passar para a
segunda etapa da nova profissão: maquiagem teatral e publicitária.
A jovem empreendedora quer crescer na
área publicitária, ramo que ela considera em
grande expansão em Curitiba, com boas produtoras já estabelecidas e outras de fora do
Estado que desenvolvem trabalhos pela capital paranaense. Isa Todt acredita que a formalização vai ajudar a prospectar novos clientes, que deverão também vir curiosos com a
fama da paranaense, homenageada pela presidente da República ao tornar-se a milionésima empreendedora individual do Brasil.
A expectativa é que
até dezembro de
2011 o Paraná
formalize mais 82 mil
empreendedores
Cobertura estadual
Cada um dos 399 municípios do Paraná tem
pelo menos um empreendedor individual formalizado, anuncia o coordenador de Políticas
Públicas do Sebrae/PR. Curitiba estava em
primeiro lugar com mais de 13 mil cadastrados, seguido de Londrina, com quase 3 mil;
Cascavel, mais de 2,4 mil; Maringá, quase 2
mil; Ponta Grossa, mais de 1,7 mil; Foz do
Iguaçu, mais de 1,7 mil; São José dos Pinhais, quase 1,5 mil; Colombo, quase 1,2
mil; Paranaguá, mais de 1,1 mil; e Toledo,
pouco mais de 1 mil.
Esses números devem dar um salto em
breve, quando o Sebrae realiza, no início
de julho, a Semana do Empreendedor Individual. Nas maiores cidades do Estado,
consultores irão se instalar em locais públicos de grande movimento para esclarecer dúvidas e mostrar as facilidades e vantagens em sair da informalidade.
A expectativa é que até 31 de dezembro
55
de 2011 o Paraná alcance 82.500 empreendedores individuais.
Cesar Rissete lembra que a adesão é gratuita e 400 atividades se enquadram no perfil,
entre eles doceiro, pipoqueiro, borracheiro,
manicure, jardineiro, jornaleiro, pintor. O comércio de roupas domina entre as atividades
dos empreendedores paranaenses, seguido
de cabeleireiros, pedreiros, lanchonetes, atividades de estética, serviços eletrônicos, pintores, confecções de roupas e mercearia.
dos cadastrados declararam ter local fixo de
comércio e trabalho, 16% declararam ser
ambulantes. Outros 6% vendem seus produtos via internet, 2% pelos Correios e 1% por
meio de máquinas automáticas.
Perfil empreendedor
Os homens são maioria entre os empreendedores individuais paranaenses (56%). Mas
as mulheres estão chegando perto, alcançando a porcentagem de 44%. O sexo feminino predomina nas atividades de cabeleireiro (76%) e estética (97%). O masculino
domina as áreas de alvenaria (98%), pintura
(95%) e elétrica (94%).
Desde que foi lançado em 2009, o programa
do Empreendedor Individual ajudou a desmistificar as pessoas que trabalhavam por conta
no Brasil. Ao contrário do que se pensava, os
ambulantes são a minoria. Enquanto 72%
Cinquenta e oito por cento dos empreendedores individuais têm entre 21 e 40 anos.
Na faixa dos 41 a 50 anos, estão 23% dos
cadastrados; de 51 a 60 anos, 11% dos formalizados e, entre 18 a 20 anos, 4,5%.
O que é:
O empreendedor que trabalha por conta
própria e que se legaliza como empresário de um pequeno empreendimento.
Ao analisar o perfil dos empreendedores regularizados, percebe-se a adesão de muitos
jovens. “O programa não está atraindo somente pessoas com mais idade que estão
preocupados com a questão da previdência
(aposentadoria). Muitos jovens com perfil
empreendedor estão percebendo que o programa permite que eles comecem a vida longe da informalidade”, explica Rissete.
Quase a totalidade dos cadastrados no Empreendedor Individual do Paraná (99,6%) é
formada por brasileiros. Mas no restante do
grupo há espaço para 41 nacionalidades.
São empreendedores vindos de todos os continentes que encontraram no Estado a chance de exercer a profissão com segurança.
Entre os estrangeiros em maior número estão peruanos, paraguaios, argentinos, portugueses, chilenos, uruguaios e libaneses.
Empreendedor
Individual
Benefícios:
Entre as vantagens oferecidas está o
registro no CNPJ, o que facilitará a
abertura de conta bancária, o pedido
de empréstimos e a emissão de notas
fiscais. Ele também ficará isento de tributos federais (Imposto de Renda, PIS,
Cofins, IPI e CSLL). Acesso a benefícios
como auxílio-maternidade, auxílio-doença, aposentadoria, entre outros.
Quem pode participar:
Empreendedores que faturam até
R$ 36 mil/ano e que possuam, no
máximo, um empregado contratado
com piso da categoria ou salário-mínimo. É preciso se enquadrar em uma
das 439 atividades do programa.
Não é permitida participação em outra empresa como sócio ou titular.
Como se inscrever:
Quanto custa:
O único custo da formalização é o pagamento mensal de R$ 27,25 (INSS),
mais R$ 5,00 para prestadores de
serviço ou R$ 1,00 para comércio e
indústria. Essas quantias serão atualizadas anualmente, de acordo com o
reajuste do salário mínimo.
56
Pela internet, no endereço
www.portaldoempreendedor.gov.br
A pressão ambiental
na indústria de cosméticos
Rosângela Angonese
é consultora do Sebrae/PR
Em meio a um ambiente cada vez mais complexo, rápido e incerto, algumas indagações são
frequentemente observadas no campo organizacional. Por que uma empresa nem sempre
faz escolhas adequadas, ao buscar as bases
de vantagem competitiva? Por que algumas
empresas são mais agressivas do que outras
na busca dessas bases?
forma técnica e econômica, quanto de forma
social e cultural.De acordo estudiosos dessa linha de pensamento, as “organizações também
vivem dentro de um ambiente institucional que
prescrevem e condicionam sua estrutura e desenvolvimento”. Essa visão possibilita ampliar a
compreensão da dinâmica entre ambiente e organização.
E ainda: em que medida o ambiente da empresa condiciona seu êxito competitivo? Por que
algumas empresas são capazes de adequar-se
às novas circunstâncias que ameaçam sua viabilidade e competitividade, enquanto outras falham nessa tarefa?
Os ambientes dominados por demandas técnicas
enfatizam a eficiência e efetividade operacional
das organizações. Já os ambientes dominados
por demandas socioculturais recompensam as
organizações pela conformidade com valores,
normas, regras e crenças da sociedade.
Nesse sentido, percebe-se que o dirigente assume papel fundamental nos processos de decisão das organizações, pois as respostas a
tais perguntas sugerem a necessidade da sensibilidade de estrategista na percepção das
mudanças, de modo a responder adequadamente às forças ambientais.
Este artigo procura desenvolver-se a partir da
percepção das mudanças que vêm ocorrendo
atualmente e que têm influenciado o desenvolvimento e o crescimento das indústrias do setor de cosméticos brasileiro.
A noção de cosméticos insere essencialmente
os produtos destinados à melhoria da aparência das pessoas. O setor é subdividido em três
segmentos: a) perfumaria: pós-barba, deo-colônias e essências; b) cosméticos: cremes em
geral, maquilagens, produtos para unhas e tintura; e c) higiene pessoal: pasta de dente, papel higiênico, xampu, sabonete e bloqueador
solar. A expressão “indústria de higiene pessoal, perfumes e cosméticos” será substituída
pela expressão “setor de cosméticos” abrangendo, assim, toda a classe.
O setor de cosméticos é caracterizado pela presença de grandes empresas internacionais, com
atuação global, diversificadas ou especializadas
nos segmentos de higiene pessoal, perfumaria e
cosméticos, e pelas micro, pequenas e médias
empresas nacionais, em grande número.
Para saber mais sobre os benefícios de
ser um empreendedor individual, acesse:
www.portaldoempreendedor.gov.br.
Foto: Arquivo Pessoal
Artigo
O ambiente empresarial, segundo a teoria institucional, é caracterizado em termos técnicos
e institucionais, considerando que o ambiente
impõe demandas para a organização, tanto de
A natureza da atividade organizacional é o fator
determinante entre a maior ou menor importância de cada um desses ambientes na formulação das estratégias de ação. Quanto maior a
influência de ambos sobre a organização,
maior será a complexidade desse contexto ambiental, e mais elaborados deverão ser os componentes gerenciais para lidar com as demandas ambientais e satisfazê-las.
Nesse estudo buscou-se evidenciar as forças ambientais de nível técnico e sociocultural em três
níveis de análise: internacional, nacional e regional. As pressões que incidem sobre o setor de
cosméticos identificadas são as seguintes:
Preservação ambiental - adoção de tecnologias e
práticas de sustentabilidade na extração das matérias-primas utilizadas na fabricação de produtos.
Consumo ético - adoção de práticas de comercio justo, selos de origem e certificações.
Produtos naturais – substituição de insumos sintéticos por matérias-primas de origem natural.
Prolongamento da juventude (ser belo e sensual) – o valor da beleza, tanto para homens,
quanto para as mulheres, é cada vez mais presente no mundo contemporâneo.
Aumento da competição – fusões e aquisições, terceirização e verticalização são práticas usuais para responder à competição nacional e internacional.
Diversificação/nichos – os consumidores buscam produtos que atendam as suas características singulares.
Facilidade de acesso aos produtos – o rompimento das barreiras de distância e de tempo
deu ao consumidor alternativas para adquirir e
substituir os produtos com facilidade.
Participação no mercado internacional – há
esforços governamentais para estimular a participação dos produtos brasileiros no exterior.
Preços baixos – essa pressão faz crescer a
demanda por eficiência e um novo padrão de
produtividade.
Política de câmbio e tributação – são itens
que interferem fortemente nas atividades do
setor de cosméticos.
Inovação – é constante a busca por inovações
tecnológicas, renovação e lançamento de novos produtos, novos usos e mercados para os
produtos existentes.
Produtos seguros – a observância e cumprimento dos aspectos sanitários e as especificações
técnicas dos produtos são essenciais para garantir a qualidade para o consumidor.
Na prática empresarial do setor de cosméticos,
constatou-se que os dirigentes orientam suas
ações estratégicas distintamente, de acordo
com sua lógica própria. Nessa ótica, as empresas, diante de um contexto ambiental que parece atuar sobre todas elas da mesma forma,
exercem um processo de filtragem de informações que define os aspectos mais representativos para a orientação e escolha de suas ações.
É possível afirmar, com base nos dados empíricos deste estudo; quanto mais amplo o conhecimento do setor a nível nacional e internacional
e mais arrojada a visão de negócios do dirigente, maior é o seu envolvimento com as pressões
ambientais; ou seja, mais os dirigentes as absorvem nas suas ações e decisões empresariais, de modo que respondam adequadamente
ao contexto competitivo em que estão insertas.
Diante dessas constatações, pode-se prever
que as empresas definam estratégias distintas,
na medida em que o envolvimento com as pressões ambientais de natureza técnica ou sociocultural ocorre com intensidade diferente entre
as empresas.
Este artigo é fruto de um recorte das conclusões
do estudo apresentado na dissertação de Mestrado “Ambiente, interpretação e estratégia: um
estudo na indústria brasileira de cosméticos”.
57
Pesquisa GEM
Cresce empreendedorismo
por oportunidade
Para cada empresário que abre um negócio por necessidade, 2,1
abrem por oportunidade; entre jovens, número é ainda maior
Por Andréa Bordinhão
Depois de 17 anos trabalhando com carteira assinada, no ano passado, Alessandra Brito enxergou a oportunidade de fazer de seu hobby uma atividade
remunerada de um jeito inovador. A empreendedora percebeu que a melhor maneira de vender as bijuterias que produz,
para as mulheres que têm uma vida corrida, é levar a loja até elas.
Em parceria com Juliana Almeida, sua
cunhada, Alessandra Brito montou uma
loja completa, e itinerante. Com uma van
equipada com espelhos, prateleiras e armários, em oito meses as duas já têm
uma grande carteira de clientes interessadas nas bijuterias que produzem e nos
cosméticos que revendem.
ampliando seu espaço e o Brasil continua como o país em que elas mais empreendem”, afirma Joana de Melo. A
GEM 2010 mostra que dos 21,1 milhões de empreendedores em estágio
inicial no Brasil, 49,3% são mulheres.
Jovens
“Os jovens também estão vislumbrando
mais oportunidades, percentualmente
falando. Isso mostra que eles estão
atentos às mudanças, às novas tecnologias, ousam mais, inovam mais. Eles
conseguem estar mais ligados às novas
carências do mundo”, explica a coordenadora do Sebrae/PR.
Entrevista
Mercado
Associativismo
Comportamento
Serviço
Feiras e eventos
Capacitação
Tendência
Personalidade
Giro pelo Paraná
Foto: Luiz Costa / La Imagen
O negócio de Alessandra e Juliana é
exemplo de um dos pontos mais significativos apontados pela 11ª sondagem da
Global Entrepreneurship Monitor, a Pesquisa GEM 2010, divulgada no final de
abril. Para cada brasileiro que abre um
negócio por necessidade, 2,1 empreendem por oportunidade. Ou seja, os novos
negócios no Brasil estão surgindo cada
vez mais da prospecção de mercado, da
percepção de nichos, da visualização prévia da oportunidade.
A Pesquisa GEM é o maior estudo independente sobre atividade empreendedora no
mundo e é realizada no Brasil há 11 anos,
sendo que, desde 2001, conta com a participação do Sebrae e do Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP).
Segundo a coordenadora estadual do Programa de Empreendedorismo do Sebrae/PR,
Joana D’Arc Julia de Melo, um dos motivos desse número, que é o maior de todas as edições da sondagem, é o impacto do aumento do poder aquisitivo do
brasileiro, que está disposto a consumir
mais e melhor. E os números dos empreendedores por oportunidade são melhores ainda quando se leva em consideração a escolaridade.
Foto: Luiz Costa / La Imagen
A Pesquisa GEM 2010 mostra que entre
as pessoas que têm acima de 11 anos
de estudo, o número de empreendedores por oportunidade para cada um que
abre negócio por necessidade sobe para
4,6. “As empresas que são abertas por
oportunidade tendem a ter maiores
chances de longevidade”, explica a coordenadora estadual.
Juliana Almeida e Alessandra Brito,
empresárias
58
Alessandra e Juliana também podem ser
usadas como exemplo para mais um dado
apontado pela Pesquisa GEM 2010: o espaço das mulheres no mundo dos empreendedores brasileiros é cada vez maior. “A
pesquisa mostra que as mulheres estão
Leandro Moraes Loures, empresário
59
Inovação
Apesar de encontrarem mais oportunidades no mercado, os empreendedores brasileiros não estão inovando. Segundo a
GEM 2010, apenas 16,8% abriram negócios com características inovadoras. “Isso
deveria ser o principal aspecto de fomento. Esse é o grande desafio na atividade
empresarial. Ainda há bastante campo
para quem busca a inovação. É preciso explorar ainda mais. Os empresários precisam incorporar o conceito de inovação”,
salienta Joana de Melo, do Sebrae/PR.
Recorde
Joana D'Arc Julia de Melo, coordenadora de Empreendedorismo
A sondagem mostra
que as mulheres estão
ampliando seu
espaço e o Brasil
continua como o país
em que elas mais
empreendem
A pesquisa GEM 2010 aponta que enquanto a Taxa de Empreendedores Iniciais
(TEA) do Brasil, que corresponde à população brasileira com idade entre 18 e 64
anos, que estão a frente negócios nascentes ou novos, é de 17,5%, a TEA somente entre os jovens de 25 a 34 anos é
de 22,2%. A TEA entre os jovens com idade entre 18 e 24 anos também é significativa: 17,4% da população brasileira
nessa idade estão empreendendo.
Os jovens dessa faixa etária empreendem
mais por oportunidade que por necessidade do que a média brasileira. Para
cada empresário com idade entre 25 e
34 anos que abriu um negócio por necessidade, outros 3,4 abriam porque vislumbraram oportunidades. Isso é 16,8% estão no mercado por encontraram um
bom nicho. Já entre os jovens de 18 a
24 anos, a razão oportunidade/necessidade é de 1,7, ou seja 10,7% empreendem por oportunidade.
O empresário Leandro Moraes Loures estava em um bar em Curitiba, descontraindo
com uns amigos – sendo alguns deles os
proprietários do estabelecimento – e, no
meio de uma conversa, sobre o alto custo
que os copos representam para um estabelecimentos como aquele, resolveram abrir
uma importadora de copos para bares.
60
cio e teve um sócio-investidor. Segundo a
Pesquisa GEM, a empresa da empreendedora curitibana é considerada nova (com
menos de 42 meses de vida), mas a empresária ressalta que nesses dois anos
nem tudo foi como o esperado e que ainda
se considera no período crítico.
“Comecei e logo depois veio surto de gripe
suína (H1N1), que atrapalhou. Depois teve
resquícios da crise econômica. E sofro até
hoje com dificuldade de achar mão de obra
qualificada e com perfil para o meu negócio. Para esse nicho, menos de três anos
ainda é crítico”, afirma.
incentivo ao empreendedorismo nos países
onde é realizada.
O GEM divide os países pesquisados em
três categorias econômicas, conforme critérios do Fórum Econômico Mundial. O primeiro grupo é dos países menos desenvolvidos cujas economias são baseadas na
extração e comercialização de recursos
naturais (factor). O segundo é composto
pelos países impulsionados pela eficiência,
que reúne nações com produção industrial
em escala (efficiency), como o Brasil. Já o
terceiro grupo é composto pelos países
mais ricos, que são impulsionados pela inovação (innovation).
Pesquisa GEM
A Pesquisa GEM é o maior estudo independente e contínuo do mundo sobre atividade
empreendedora formal e informal e em
2010 analisou o panorama de 59 países.
A pesquisa é realizada desde 1999 e chegou ao Brasil em 2000. Os objetivos são
avaliar, divulgar e influenciar as políticas de
As empresas
que são abertas por
oportunidade tendem
a ter maiores chances
de longevidade, num
mercado altamente
competitivo
A íntegra da Pesquisa GEM 2010 está
disponível no www.sebrae.com.br.
A Taxa de Empreendedores em Estágio Inicial (TEA) do Brasil foi a mais alta desde
que o País participa da pesquisa: 17,5%
da população com idade entre 18 e 64
anos estão à frente negócios nascentes
(5,8%) ou novos (11,7%). A TEA brasileira
também foi a maior entre os países membros do G20 (grupo que integra as maiores economias do mundo) participantes da
pesquisa de 2010 e dos BRIC (grupo que
reúne os emergentes Brasil, Rússia, Índia
e China) participantes da pesquisa.
Foto: Luiz Costa / La Imagen
Foto: Rodolfo Buhrer / La Imagen
Atualmente, com 26 anos e três anos de
empresa aberta, Leandro Loures e seus
três sócios – dois dos quais deixaram o
bar para gerir a pequena empresa – já estão com planos de expansão para novas
linhas de copos. “O mais difícil é ter uma
boa ideia, visualizar o negócio. E o diferencial será sempre a ideia”, garante o jovem
empresário.
“O estudo aponta que os empreendedores
estão mostrando a sua vocação. Mais do
que nunca está havendo identificação com
os nichos escolhidos. E isso também tem
muito a ver com o momento econômico
favorável”, reforça a coordenadora estadual de Empreendedorismo do Sebrae/PR.
E quando se fala em vocação, não são necessários apenas tino e preparo para ser
empresário. É também preciso haver identificação com o ramo que se vai aturar.
Esse é o caso da nutricionista e empresária Simone Hain Venâncio. Ela aliou seu
conhecimento na área culinária com um
MBA em Gestão e Desenvolvimento e há
dois anos abriu uma loja que vende trufas
e cupcakes (pequenos bolos decorados).
“Eu fazia as trufas em casa e todos gostavam muito. E minha tese de conclusão
de curso foi um plano de negócios. Na
época, os cupcakes eram novidade no
mercado”, conta.
Simone teve uma boa ideia, tem capacitação técnica para produzir os produtos,
Simone Hain Venâncio, empresária
tem capacitação técnica para gerir o negó-
61
Empreendedores iniciais, segundo motivação e escolaridade - Taxas (%)
Escolaridade
(anos de estudo)
Motivação
TEA
Oportunidade
Necessidade
Razão
oportunidade/
necessidade
Sem educação formal
9,3
4,7
4,7
1,0
1a4
15,7
7,9
7,9
1,0
5 a 11
17,1
11,7
5,3
2,2
Mais de 11
19,7
15,6
3,4
4,6
Fonte: Pesquisa GEM Brasil 2010
Empreendedores iniciais por motivação, segundo faixa etária e razão
oportunidade/necessidade - Taxas (%)
Faixa Etária
(anos )
18 a 24 anos
Oportunidade
Necessidade
Razão
oportunidade/
necessidade
10,7
6,3
1,7
TEA
17,4
25 a 34 anos
22.2
16,8
5,0
3,4
35 a 44 anos
16,7
12,4
4,3
2,9
45 a 54 anos
55 a 64 anos
Fonte: Pesquisa GEM Brasil 2010
62
Motivação
16,1
9,5
8,9
5,3
7,2
4,2
Empreendedores iniciais, segundo estágio da economia e motivação
(apenas países do G20 e BRIC)
Empreendedores Iniciais
Países
Estágio da
economia
Motivação
TEA
Oportunidade
Necessidade
Taxa (%)
Taxa
(%)
Proporção
(%)
Taxa
(%)
Proporção
(%)
Arábia Saudita - G20
Factor
9,4
8,4
89,9
0,9
10,1
Brasil - G20 e BRIC
Efficiency
17,5
11,9
68,5
5,4
31,5
China - G20 e BRIC
Efficiency
14,4
8,1
57,5
6,0
42,5
Argentina - G20
Efficiency
14,2
9,0
63,6
5,2
36,4
México - G20
Efficiency
10,5
8,3
80,6
2,0
19,4
África do Sul - G20
Efficiency
8,9
5,4
62,8
3,2
37,2
Turquia - G20
Efficiency
8,6
4,7
59,2
3,2
40,8
Rússia - G20 e BRIC
Efficiency
3,9
2,5
66,7
1,3
33,3
Austrália - G20
Innovation
7,8
6,1
80,7
1,5
19,3
Estados Unidos - G20
Innovation
7,6
5,2
70,6
2,2
29,4
Coréia do Sul - G20
Innovation
6,6
3,9
60,8
2,5
39,2
Reino Unido - G20
Innovation
6,4
5,2
88,4
0,7
11,6
França - G20
Innovation
5,8
4,2
73,9
1,5
26,1
Alemanha - G20
Innovation
4,2
2,8
72,6
1,1
27,4
Japão - G20
Innovation
3,3
2,1
63,6
1,2
36,4
Itália - G20
Innovation
2,4
2,0
86,8
0,3
13,2
1,2
1,3
Fonte: Pesquisa GEM Brasil 2010
63
64
65
Clima organizacional
Ambientes empresariais
inovadores
Foto: Rodolfo Buhrer / La Imagen
Cada vez mais, empresas investem em soluções criativas para
manter funcionários e trabalho constantemente estimulados
Por Katia Michelle Bezerra
Quando você começa a trabalhar, inevitavelmente, seu novo espaço ganha um toque pessoal. Um porta-retrato da família,
um porta-canetas divertido ou, por mais
discreto que seja, um porta-cartões personalizado sobre a mesa... Afinal, ali estão os
contatos que só você vai precisar. O objetivo é deixar o local, por menor que seja,
agradável, fazendo você sentir-se muito
bem nas horas que passa trabalhando.
Em uma escala maior, algumas empresas
querem aumentar as possibilidades que
esse ambiente permite e ampliá-lo para
todo espaço da empresa. Ou seja, querem
que tanto o espaço físico como os métodos
de trabalho propostos se aproximem cada
vez mais da personalidade do funcionário
para que ele sinta cada vez mais a vontade
no ambiente empresarial, aumentando,
dessa forma, sua produtividade e performance funcional.
Em Curitiba, empresários de uma pequena
agência de marketing e promoções colocaram em prática ideias não convencionais,
que fazem os funcionários sentirem-se, literalmente, em casa. Na agência de Marketing Promocional Plah, um exemplo de que
também é possível inovar nas micro e pequenas empresas, a mesa de reunião imita
uma mesa de pingue-pongue. Na sala da
empresa, é possível jogar, por exemplo, alguns jogos eletrônicos como o guitar hero e
o playstation. E para completar o ambiente
de trabalho, agradável e corporativo ao mesmo tempo, o chão é de grama sintética.
biente descontraído é fundamental para
estimular ideias criativas. Para registrar
essas ideias, aliás, uma das paredes foi
pintada com tinta de quadro negro, um espaço que está sempre com recados dos
funcionários e dos visitantes e é constantemente renovado, para que ninguém esqueça do dinamismo do trabalho. “A Plah tem
cinco funcionários fixos, mas uma população rotativa de funcionários que pode chegar a 200 pessoas, de acordo com o evento que fazemos, por isso temos que manter
o ambiente descontraído, mas ao mesmo
tempo organizado”, diz.
Matesick é também sócio-fundador da Tif
Comunicação, com o publicitário Thiago
Biazetto. Na agência, que tem 23 funcionários, os publicitários desenvolveram métodos nada ortodoxos na organização. Uma
vez por semana, por exemplo, as mulheres
da Tif se revezam para fazer as unhas com
uma manicure exclusiva, 100% subsidiadas pela agência. “Eu sempre fui muito exigente com as unhas das funcionárias. Brincava que, como elas iriam dar um contrato
para o cliente assinar com unhas mal-feitas?”, conta Matesick.
Mas com o aumento do trabalho, ele percebeu também que as funcionárias tinham
cada vez menos tempo para dedicar-se a
isso fora da empresa. Resolveu juntar as
duas coisas. “Eu não tenho como medir desempenho com uma ação dessas porque é
muito subjetivo, mas acredito que quando
a gente trabalha se sentido bem, mais bonito, o trabalho rende melhor.”
Investir no espaço
físico e no
desenvolvimento
do funcionário
é estímulo para
a empresa crescer
Outras ações inovadoras também foram
Foto: Rodolfo Buhrer / La Imagen
Um dos sócios fundadores da Plah, o publicitário Fhabyo Matesick conta que o am-
Entrevista
Mercado
Associativismo
Comportamento
Serviço
Feiras e eventos
Capacitação
Tendência
Personalidade
Giro pelo Paraná
Equipe motivada é mais criativa
Fhabyo Matesick, empresário
66
67
pensadas para melhorar o ambiente de trabalho. Uma vez por semana, por exemplo,
acontece o dia da fruta. Um grande buffet
de frutas é servido para os funcionários, que
não têm desculpas para evitar uma alimentação saudável. “Também estimulamos o esporte e há vários funcionários que participam
de maratonas”, conta. Em sete anos de existência, a Tif já ganhou dezenas de prêmios,
os mais recentes foram o INMA Awards
2010, promovido pela INMA (International
Newsmedia Marketing Association) por campanhas criadas para clientes paranaenses.
Métodos inovadores
Ser um ambiente empresarial inovador
nem sempre está relacionado apenas ao
ambiente físico. Métodos de trabalho diferenciados, capacitação e manutenção dos
funcionários também são cases de sucesso. E são essas apostas que a empresa de
tecnologia da informação DB1 vem fazendo
desde que foi criada.
A empresa de Maringá foi eleita pelo Great
Place to Work como uma das melhores empresas de TI para se trabalhar, conquistando o 54º lugar num ranking de grandes empresas de todo o Brasil. Como a conquista
foi possível?
Em 2000, a empresa tinha três sócios e
dois funcionários que participavam ativamente de todas as decisões estratégicas e de
planejamento da empresa. Com o tempo, a
DB1 foi crescendo e o desafio foi continuar
mantendo a participação de todos em todo o
planejamento estratégico da empresa. Atualmente, com cerca de 100 funcionários, Rezende garante que todos colaboram com
esse planejamento. “Quem nos faz crescer
são os nossos colaboradores e por isso eles
são ouvidos constantemente”, enfatiza.
Mas como garantir que todas essas vozes
sejam ouvidas? “Nós temos uma comunicação eficiente, com grupos de e-mail e reuniões constantes. O engajamento de todos os
funcionários na empresa é muito grande”,
garante Rezende.
Para ele, o Sebrae/PR foi um grande parceiro na descoberta da importância de investir nesse envolvimento e, claro, colocar isso
em prática dentro de uma empresa que já
está ultrapassando uma centena de funcio-
Foto: Cristiane Shinde / Studio Alfa
Segundo especialistas,
as empresas que dão
espaço para pessoas
inovarem são as
que mais crescem
O presidente da empresa, Ilson Rezende,
revela que a preocupação com o ambiente de trabalho - e com a participação e
comprometimento de todos que estão envolvidos com a empresa, faz parte do
DNA da DB1. “Quando a empresa surgiu,
sabíamos que não era um ambiente criativo, então nossa primeira grande lição era
criar um conceito de integração que desse liberdade para que todos se envolvessem e tivessem ideias”, conta.
Dois lados da moeda
Investir tanto no espaço físico como no desenvolvimento do funcionário são estímulos
fundamentais para o crescimento da empresa, conforme afirma Afonso Cozzi, coordenador do Núcleo de Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral, centro de
desenvolvimento de executivos, empresários e empresas sem fins lucrativos, criado
em 1976.
Cozzi considera que há um movimento
nas empresas de inovação quando se fala
em ambientes de trabalho, mas que poucas empresas investem efetivamente
nesse quesito.
“Ter um projeto em comum não elimina
o fato de que as pessoas precisam de
independência. Por isso, as empresas realmente inovadoras são aquelas que têm
uma gestão em que as pessoas são consideradas o foco principal, são organizações mais humanistas, em que as pessoas estão em primeiro lugar”, considera.
Para ele, as empresas que dão espaço
para pessoas inovarem são as empresas
que mais crescem. “É preciso levar em
consideração que implementar projetos
inovadores não quer dizer efetivamente
buscar mais eficiência. É preciso quebrar
essa barreira, esse paradigma de aumento de eficiência”.
Para Cozzi, esse é um caminho diferente de
quem busca inovação. “As empresas que
inovam precisam dar tempo e foco para
que as pessoas possam inovar e isso não
acontece de um dia para o outro”, ensina.
O coordenador do Núcleo de Empreendedorismo da Dom Cabral ressalta também que
as empresas devem estimular dentro do ambiente empresarial que as pessoas façam
perguntas, sejam empreendedoras dentro
do ambiente de trabalho. “Os funcionários
precisam entender o que está em volta delas
para buscar soluções, para terem uma visão
de mercado produtiva”, salienta.
As empresas precisam
dar tempo e foco para
que as pessoas
possam inovar e isso
não acontece de um
dia para outro
Cozzi cita exemplos de grandes empresas,
como Fiat, Google e Telefônica, como ambientes inovadores, principalmente porque
essas empresas têm em comum o fato de
estimularem seus funcionários a pensarem. “São empresas que acreditam nas
pessoas e que as transformam em empreendedoras em prol da própria empresa. E
ser empreendedor é ser capaz de fazer
sempre muitas perguntas e ter o estímulo
de buscar respostas”, ressalta.
Cozzi cita sete dicas que as empresas podem seguir
para criar ambientes empresariais inovadores. São elas:
Ilson Rezende, empresário
68
nários. “Temos um planejamento estratégico de Recursos Humanos e, de quatro anos
para cá, contamos com a consultoria do Sebrae/PR. Esse apoio é fundamental principalmente para mantermos nossos talentos.”
1
Ter uma liderança comprometida com a inovação;
2
Ter uma política clara - de longo prazo de investimento em inovação;
3
Investir no espaço físico e nas pessoas
para estimular a inovação;
4
Buscar integração da empresa com a universidade, com o objetivo de
contextualizar o mercado e buscar sempre novidades;
5
Estimular funcionários a se desenvolverem
para que haja maior aproveitamento;
6
Aproveitar a energia criativa dos jovens,
com programas de ideias relacionadas ao trabalho;
7
Olhar sempre para o mercado e procurar atender
às demandas com soluções criativas e inovadoras.
69
Empreendedorismo
inovador
Experiência no sudoeste do Paraná cria sistema de inovação,
para ofertar soluções tecnológicas para pequenas empresas
Por Mirian Gasparin
Inovar ou criar produtos inovadores tornou-se condição fundamental para a competitividade das empresas, independente de seu
porte. As inovações também são importantes porque permitem que os empreendimentos acessem novos mercados, aumentem suas receitas, realizem novas
parcerias, adquiram novos conhecimentos
e elevem o valor de suas marcas.
A primeira fase do SRI, realizada em 2007,
resultou no Estudo da Caracterização e Desenho do Sistema Regional, contendo considerações sobre sistemas de inovação e a
sua expressão regional e características
da região. A segunda fase levantou e detalhou os ativos tecnológicos, levando em
conta linhas de pesquisa e tipos de laboratórios e núcleos já existentes. A terceira e
última fase, que foi concluída em 2010,
com a assinatura do termo de cooperação
e adesão, prevê um plano de ação para o
SRI funcionar.
O sudoeste do Paraná vem dando exemplo,
ao criar um ambiente de inovação no qual
a troca de informações e a aproximação de
faculdades, universidades, centros de pesquisa e ativos tecnológicos dos empreendedores e empresários buscam integrar o
mundo acadêmico e o mundo do empreendedor. Dessa forma, o empreendedorismo
inovador já começa a aparecer com força.
O Sistema Regional de Inovação (SRI) implantado na região tem por objetivo potencializar os ativos econômicos, criando um
ambiente de inovação e uma rede de relacionamento entre instituições, entidades e
empresas prestadoras de serviços. A proposta é uma iniciativa do Sebrae/PR,
Agência de Desenvolvimento Regional, Universidades e Prefeituras, com o apoio da
Rede Paranaense de Incubadoras e Parques Tecnológicos (Reparte).
O secretário de Estado para Assuntos Estratégicos e vice-presidente da Associação para
o Desenvolvimento Tecnológico e Industrial
do Sudoeste do Paraná (Sudotec), Edson Casagrande, diz que o SRI tem, entre tantas
funções, o objetivo de desmistificar a palavra
inovação. “Muitos empresários, principalmente do interior, acham que inovação é
uma condição apenas para os países mais
desenvolvidos, mas estão muito enganados.”
“O Brasil e o Paraná estão mudando e as
empresas têm cada vez mais que ser inovadoras, caso contrário correm o sério
risco de desaparecer”, alerta. Casagrande
defende o aumento da sinergia entre empresas, universidades e incubadoras. Agindo dessa forma, na opinião do secretário
de Estado, as empresas, além de se beneficiarem, também ajudarão as comunidades as quais pertencem, capacitando mão
de obra e atraindo novos negócios.
Segundo o gerente da Regional Sudoeste
do Sebrae/PR, em Pato Branco, Joailson
Agostinho, o SRI começou a ser concebido
em 2004, numa reunião do Sebrae/PR
com a participação de representantes de
entidades públicas e privadas dos municípios de Pato Branco, Francisco Beltrão,
Chopinzinho e Dois Vizinhos.
O resultado dessa iniciativa foi a realização,
em 2005, de uma pesquisa de identificação dos principais potenciais atores sociais
da região, com o objetivo de fornecer subsí-
70
dios para a constituição de um ambiente regional de inovação, destinado a apoiar o desenvolvimento das empresas do sudoeste,
em especial aquelas com potencial inovador.
Entrevista
Mercado
Associativismo
Comportamento
Serviço
Feiras e eventos
Capacitação
Tendência
Personalidade
Giro pelo Paraná
“As empresas da região precisavam inovar,
mas não tinham a quem recorrer. O estudo
apontou que para atender a inovação existiam várias entidades e instituições, como
faculdades, universidades, consultorias,
pesquisadores e muitas empresas interessadas. O grande problema é que elas não
estavam conectadas entre si. O SRI busca
essa conexão”, explica Agostinho.
“O SRI funciona como um agente catalisador
virtual de demandas e ofertas de tecnologia
e inovação no sudoeste do Paraná”, reforça
o consultor do Sebrae/PR, Cesar Colini. As
micro e pequenas empresas, na sua avalia-
Foto: Rodolfo Buhrer / La Imagen
A rede
As micro e pequenas
empresas são as
principais beneficiárias
dos centros de
empreendedorismo
que se desenham com
a implantação do SRI
Joailson Agostinho,
gerente regional do Sebrae/PR
71
A Agência de Desenvolvimento Regional do
Sudoeste do Paraná trabalha como uma
central de informações na gestão do SRI. De
acordo com o diretor da instituição, Célio
Bonetti, a Agência, além de dar um ordenamento ao sistema, serve de interface entre
empresas, entidades e instituições de ensino superior. “A ideia é oferecer soluções
tecnológicas para as micro e pequenas empresas e tornar a região atrativa para investimentos”, justifica. A sede do SRI está instalada na Agência, em Francisco Beltrão.
Pelo convênio assinado, a Agência também
se compromete a prover a contratação de
pessoal, realizar atividades e manter o relacionamento com as empresas em geral.
Bonetti informa que até agora, 20 empresas do sudoeste paranaense receberam
apoio técnico da Agência para participação
em editais da Financiadora de Estudos e
Projetos (Finep), bem como a entidade
apoiou a participação de empresários em
missões comerciais, feiras e cursos.
mamente necessária devido à competitividade do mercado. “Vemos hoje muitas empresas exatamente iguais, vendendo os
mesmos produtos ou serviços, sem diferencial. A expectativa para elas é de um
futuro não muito brilhante, pois, empresas
que não necessariamente sejam maiores
ou consolidadas, mas com abertura para o
que há de novo ou que oferecem novas soluções, se estabelecem cada vez mais, deixando a mesmice para trás”, afirma.
Interação
Parceria
Para o empresário e médico Álvaro Cattani,
que tem uma empresa incubada no Hotel
Tecnológico do Programa de Empreendedorismo e Inovação (PROEM), o SRI é pró-ativo, buscando sempre interagir com os conveniados, bem como auxiliar os empresários
a encontrarem a melhor solução.
O SRI possui um termo de cooperação técnica com o PROEM. As empresas que têm
projetos aprovados no programa passam
por três fases de incubação. A primeira
fase é a do Hotel Tecnológico, que tem o
objetivo de apoiar o desenvolvimento de
projetos de alunos, egressos, servidores e
pesquisadores empreendedores da comunidade acadêmica e externa.
O PROEM é um programa da Universidade
Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) que
apoia a criação e implantação de projetos de
base tecnológica, nas linhas de tecnologia
da informação e comunicação, agronegócios e biotecnologia, automação comercial e
industrial, saúde e entretenimento.
Segundo Cattani, a inovação se faz extre-
Foto: VSi Produtora
ção, são as principais beneficiárias dos centros de empreendedorismo que se desenham com a implantação do SRI, e terão
acesso ao conhecimento que envolve inicialmente os ativos econômicos de quatro municípios da
região. “O portal www.sudoesteinovativo.com.br
é uma importante ferramenta de aproximação entre empresas e instituições de base
tecnológica”, destaca.
O consultor do Sebrae/PR explica que Pato
Branco tem um parque tecnológico estruturado em software, biotecnologia e eletroeletrônicos. Em Francisco Beltrão, o forte é a
indústria de alimentos. Em Dois Vizinhos, as
áreas de destaque são biotecnologia e software.
Já Chopinzinho conta com riquezas naturais, extração de pedras ametistas.
O SRI funciona como
um agente catalisador
virtual de demandas
e ofertas de tecnologia
e inovação no sudoeste
do Paraná
Nesse espaço, os empreendedores desenvolvem as bases de seus empreendimentos sem
ainda ter a empresa aberta juridicamente.
Equipes recebem consultorias em finanças,
plano de negócios, jurídico e de marketing
para estruturarem suas futuras empresas e
Foto: Divulgação
Álvaro Cattani, empresário
Proposta é iniciativa
do Sebrae/PR,
Agência de
Desenvolvimento,
Universidades e
Prefeituras, com o
apoio da Reparte
nológicas. “Já estamos em processo adiantado de testes e organizando a ergonomia
dos comandos”, observa Cattani.
Entre as empresas abrigadas no Hotel Tecnológico, em Pato Branco, está a Talgier
Tech. Álvaro Cattani, proprietário, queria
desenvolver já há algum tempo um estetoscópio eletrônico, com capacidade de amplificação dos sons, frequências diferentes,
para um exame clínico mais apurado.
Infraestrutura
“Com essa ideia na cabeça, segui os passos
tradicionais de fazer a patente do equipamento e depois fui em busca de parcerias para o
desenvolvimento do projeto. Conhecia alguns
professores da UTFPR de Pato Branco, e um
deles comentou sobre o PROEM. Conheci professores de áreas afins do meu projeto, alunos e acabamos por montar uma equipe, um
projeto que foi aprovado e então ingressamos
com a Talgier Tech no Hotel Tecnológico.”
Célio Bonetti, da Agência Sudoeste
72
entrarem mais sólidos no mercado, além de
suporte com suprimentos, treinamentos, assessoria psicológica e espaço físico.
O projeto inicial da Talgier Tech prevê o desenvolvimento de um estetoscópio eletrônico, que trará uma evolução ao estetoscópio
convencional. Ele trabalha com três frequências de sons para ouvir os ruídos produzidos pelo organismo. Além disso, dá a possibilidade de aumentar ou reduzir o volume
para uma maior clareza. Sua plataforma
possibilita a incorporação de inovações tec-
A segunda fase do PROEM passa pela Incubadora de Inovações da Universidade Tecnológica (IUT), que dá continuidade aos trabalhos desenvolvidos no Hotel Tecnológico,
acolhendo empresas oriundas da comunidade interna e externa.
O grande diferencial da IUT é de estar localizada dentro de uma entidade promotora e
criadora de tecnologia, com infraestrutura
própria e sólida, podendo agregar pesquisadores da UTFPR. Os projetos incubados na
IUT se desenvolvem nas linhas de tecnologia da informação, agronegócios e biotecnologia, automação comercial e industrial,
saúde e entretenimento.
Entre as empresas que atualmente fazem
parte da IUT está a Solaire, empresa de inserção do uso de tecnologias para geração
de energias com fontes renováveis em ambientes residenciais, comerciais e industriais, com foco principal voltado para o desenvolvimento de produtos e também na
prestação de serviços, visando a conscientização dirigida à utilização de energias re-
nováveis e a preservação do meio ambiente, traz isso como a energia para a sua
atuação e vem oferecer oportunidade aos
que desejam seguir esse caminho.
A terceira e última fase do PROEM é a Aceleradora de Empresas de Base Tecnológica, que objetiva estimular empreendimentos a partir da captação de recursos e
aproximação com o mercado. A ideia é melhorar a estrutura de comercialização e inserção do empreendedor em rede de contatos, propiciando a consolidação do
negócio de forma mais acelerada.
A aproximação de mercado é uma das funções mais importantes e se faz diretamente responsável pelo sucesso ou fracasso do
projeto. Essa não deve ser uma fase subsidiada, sendo assim, as empresas para fazer parte da aceleradora devem se manter
a partir de seus próprios meios.
Modelo
A InoBram Automações, empresa com
sede em Pato Branco, especializada no desenvolvimento de soluções inovadoras para
automação do setor agroindustrial, esteve
incubada por um período de cinco anos,
tendo desenvolvido vários produtos de ino-
73
vação para aviários.
Há dois anos, caminhando por conta
própria, é líder no Brasil em automação
agrícola e o objetivo é atingir a liderança
também na América Latina, prevê o diretor executivo, Cleverson Brandelero.
“Nossa ideia inicial era criar um equipamento para pesagem das aves nas granjas sem a intervenção humana. Foi quando
conhecemos
o
processo
de
incubadora na universidade e achamos
que deveríamos aproveitar a oportunidade. Saímos da incubadora em 2009 e
hoje já temos 19 produtos inovadores na
área agrícola, 26 empregados diretos e
uma rede de assistência técnica espalhada por todo o País”, destaca o diretor
da InoBram.
O Smart Scale é um dos produtos inovadores desenvolvidos pela InoBram. Trata-se de
um coletor de dados com o objetivo de realizar a pesagem de aves sem a intervenção
humana, com o diferencial de que basta a
ave passar por sobre o prato de pesagem
que a informação de peso é automaticamente capturada e armazenada.
Os dados armazenados podem ser visualizados no próprio produto e também podem ser enviados para tratamento em
um termi nal de computador. Desenvolvimento com alta tecnologia, o Smart Scale trabalha discretamente em meio às
aves, evitando o desgaste físico e o contato humano.
Outro projeto incentivado pela UTFPR,
por meio do PROEM, está produzindo cogumelos medicinais na UTFPR - Campus
Dois Vizinhos, para servir de ingredientes ativos para produção de fármacos.
De acordo com o orientador do projeto, o professor Sérgio Miguel Mazaro,
o destaque está na identificação de
metabólitos presentes no cogumelo
Ganoderma Lucidum (Cogumelo Rei),
que é o cogumelo medicinal mais vendido no mundo, principalmente na China
e Japão. Tem ação comprovada cientificamente como antialérgica, redução
do colesterol, antitumoral, anti-inflamatória, anti-hipertensiva, antibacteriana
e antioxidante.
O cultivo dos cogumelos, de modo geral, é com o uso de compostos ou troncos. No entanto, o projeto desenvolvido
pela equipe incubada contempla a produção com o emprego da técnica de
“chinesa modificada” desenvolvida pela
Embrapa Brasília. Essa técnica evita o
corte de madeiras para produção em
troncos, e utiliza gramíneas ou resíduos
orgânicos como substrato de cultivo. A
técnica, bastante simples, resulta em
elevados índices de produção, baixo
custo e, consequentemente, num mercado consumidor maior.
Foto: VSi Produtora
A produção de cogumelos medicinais
no sudoeste do Paraná, além de fomentar sua utilização, também está
inovando em termos de empreendimento no agronegócio. A perspectiva da
futura empresa é aperfeiçoar essa técnica de produção nos laboratórios da
UTFPR e futuramente produzir metabólitos que possam ser utilizados por indústrias e laboratórios para produção
de fármacos.
Sérgio Miguel Mazaro, professor
74
Os empresários interessados em aprofundar
conhecimentos em inovação podem consultar
www.sudoesteinovativo.com.br;
www.reparte.org.br;
www.portalinovacao.mct.gov.br;
e www.finep.gov.br.
75
Ercílio Santinoni
Um incansável
defensor das micro
e pequenas empresas
Presidente da Conanpi e Fampepar diz que Lei Geral foi um dos
principais avanços para os pequenos negócios no Brasil
Por Mirian Gasparin
Boa parte dos 64 anos do contador e professor pela Universidade Federal do Paraná
(UFPR), Ercílio Santinoni, natural de Marialva, no noroeste do Paraná, tem sido dedicada às micro e pequenas empresas. Nas
últimas três décadas, incentivou e ajudou
a criar diversas entidades representativas
tanto no Paraná como em todo o Brasil.
A missão do dirigente começou aos 36
anos. Santinoni era um empresário bemsucedido em Maringá e foi convidado a participar de uma entidade representante das
microempresas, hoje a Micromar. Naquela
época, não existiam conceitos para micro e
pequena empresa e o tratamento era igual
para todos os estabelecimentos. Foi a partir de 1979 que começaram os movimentos em prol das microempresas.
À frente da Micromar e de outras entidades criadas pelo Brasil, Santinoni iniciou
uma luta na formulação de políticas públicas e criação de ambientes favoráveis aos
pequenos negócios, como também para a
consolidação do Sebrae, serviço de apoio
às micro e pequenas empresas, recémcriado naquele período.
Assim, a partir da Micromar, foi criada a
Federação das Associações das Micro e
Pequenas Empresas do Paraná (Fampepar), em 1987. Depois veio o Movimento
Nacional da Micro e Pequena Empresa
(Monampe), em 1992, e a Conampi, criada em 1994, hoje, Confederação Nacional
das Micro e Pequenas Indústrias.
Foto: La Imagen
No governo Luiz Inácio Lula da Silva, Santinoni, hoje diretor geral da Secretaria de
Estado da Indústria, Comércio e Assuntos
do Mercosul, foi chamado a participar do
Conselho de Desenvolvimento Econômico
da Presidência da República. Foi convidado
especial, na qualidade de consultor para assuntos de micro e pequenas empresas e,
dessa forma, participou do Comitê Temático da Micro e Pequena Empresa, onde
foi elaborado documento para a Reforma
Tributária e discutida, sem sucesso, a reforma trabalhista. Em julho de 2002, coordenou, junto com a
Associação Brasileira dos Sebrae (Abase),
a criação do documento “Pequenos Negócios e Desenvolvimento – Propostas de
Políticas Públicas para a Redução da
Desigualdade e Geração de Riquezas”, que
é o embrião da Geral da Micro e Pequena
Empresa. Participaram da elaboração do
documento entidades representativas das
micro e pequenas empresas, consultores e
técnicos
do Sistema Sebrae.
Erçílio Santinoni
76
Ainda no governo de Fernando Henrique
Cardoso, Santinoni acompanhou e sugeriu mudanças no Simples, como também
sugeriu ao então ministro Pedro Parente a
instituição do novo Refis. Participou também da criação da Frente Parlamentar
da Micro e Pequena Empresa juntamente
com os então deputados federais Augusto
Nardes
e Luiz Carlos Hauly. Santinoni participa, desde 1999, do Fórum
Permanente da Microempresa e Empresa
de Pequeno Porte, do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
- MDIC. Assim como também do Fórum Regional Permanente da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte do Paraná, que,
em 2007, articulou sua criação, com apoio
dos
conselheiros do Sebrae/PR.
Em quase três décadas em prol dos micro
e pequenos negócios, Santinoni realizou
quase que uma centena de eventos por
todo o Brasil, dentre os quais a Convenção
Nacional da Micro e Pequena Empresa; o
Encontro Nacional da Micro e Pequena
Empresa - ENAMPE; encontros regionais, como a II Convenção Sul Sudeste das
Lideranças das Micro e Pequenas Empresas, que aconteceu em Maringá, no dia 5
de
novembro de 2010.
Como presidente da Fampepar, Conampe e
Monampe, lutou para a elaboração de leis
favoráveis às pequenas empresas como a
Lei 7256/1984, primeiro Estatuto Nacional
da Micro e Pequena Empresa, a Lei 8864
e a 9841, bem como o Estatuto Nacional
da Micro e Pequena Empresa (a Lei Geral)
sancionada em 2006; o Simples Nacional;
a legislação tributária do Paraná; compras
governamentais e leis gerais municipais.
Aliás, quando também exercia a função de
secretário municipal de Comércio, Indústria e Turismo de Maringá, articulou, junto ao prefeito Silvio Barros, a promulgação da
primeira Lei Geral Municipal do Brasil, antes mesmo da aprovação da Lei Geral, de
âmbito nacional.
Desafios
e oportunidades
As micro e pequenas empresas, segundo
Ercílio Santinoni, são as grandes geradoras
de empregos e responsáveis pela distribuição equitativa da riqueza produzida no
Brasil. Entretanto, nem sempre são reconhecidas
como tal.
“Um dos grandes desafios, para os próximos anos, é a redução de impostos. Apesar do Simples Nacional, os pequenos
negócios, muitas vezes, perdem a competitividade pela alta tributação (substituição
tributária) e também pela política de crédito do ICMS (Imposto sobre a Circulação de
Mercadorias e Serviços), que inviabilizam
o fornecimento de produtos e serviços às
grandes empresas, bem como dificultam a
exportação”,
observa.
“O estímulo às compras governamentais
Entrevista
Mercado
Associativismo
Comportamento
Serviço
Feiras e eventos
Capacitação
Tendência
Personalidade
Giro pelo Paraná
Presidente da Conampi e
Fampepar participa,
desde 1999, do Fórum
da Microempresa
é outro desafio dos micro e pequenos
negócios”, aponta Santinoni. Assim como
os juros bancários e o acesso ao crédito,
grandes entraves para as micro e pequenas
empresas. “Vejo um papel preponderante
do Sebrae, na condução e capacitação dos
empresários
nas operações de crédito.”
Segundo o presidente da Fampepar e
Conampe, as instituições financeiras, devido ao pequeno crédito (valor) tomado pelas
micro e pequenas empresas, não dão a
devida atenção, pois individualmente, alegam custos elevados da operação. Além
dessa indisponibilidade, os bancos exigem
garantias além das possibilidades desses
empreendedores. O custo do dinheiro também é incompatível. “Sabemos que as taxas
de juros são elevadas. Vergonhosamente,
somos o país que tem a maior taxa de juros
do mundo e o crédito acaba ficando proibi tivo para a microempresa.”
A grande conquista da micro e pequena
empresa, até agora, na avaliação de Santinoni, é a Lei Geral da Micro e Empresa,
embora ainda não seja perfeita. “Quando da
sua aprovação, que levou mais de quatro
anos para ser sancionada, atendia aproximadamente 80% dos anseios das micro e
pequenas empresas. O documento Pequenos Negócios e Desenvolvimento, a que me
refiro, é uma prova da minha afirmação.”
77
Desafio Sebrae
Fotos: La Imagen
SEBRAE/PR
Entrevista
Mercado
Associativismo
Comportamento
Serviço
Feiras e eventos
Capacitação
Tendência
Personalidade
Giro pelo Paraná
O Paraná é, pelo terceiro ano consecutivo, primeiro lugar no ranking
nacional de inscrições do Desafio Sebrae. Nesta edição, o Estado registrou 14.564 inscritos de um total de 144.641, no Brasil. Novamente, levando-se em conta o número de inscritos, o Paraná ficou à
frente de outros estados com populações universitárias maiores,
como São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. O Desafio Sebrae
é mais que um jogo, é uma solução que prepara universitários para o
mercado de trabalho e para uma futura carreira empresarial. O excelente resultado obtido no Paraná foi construído, sobretudo, pela receptividade das instituições de ensino e pela parceria dos professores em
divulgar os benefícios do jogo. A lista completa de instituições e o número de alunos inscritos no Desafio Sebrae 2011 podem ser acessados no site da competição que é www.desafio.sebrae.com.br.
Claudemir Destro, da Caixa,
e Jefferson Nogaroli, do Sebrae/PR
Mulher de negócios
som automotivo, acessórios e serviços para veículos. Marlene
Galeazzi implantou uma série de melhorias na empresa. Já a
história empreendedora de Lydia Fedrigo começou em 2005.
Com a ajuda dos amigos e do marido, ela fundou o Instituto
Eurobase. Para conscientizar a comunidade sobre a questão ambiental, o Eurobase aderiu ao Projeto Eco Vida, que consiste
na coleta de óleo de cozinha usado para ser transformado em
biodiesel. O processo é realizado pela empresa Big Frango.
Fotos: La Imagen
Marlene Capelli Galeazzi, empresária em Pato Branco, e Lydia Maria Fuganti Fedrigo, empreendedora em Londrina, são as vencedoras da etapa do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, nas categorias pequenos negócios e negócios coletivos, respectivamente.
Em 1977, Marlene mudou-se para o Paraná e instalou-se em Pato
Branco, sudoeste do Estado. Após trabalhar oito anos em uma
instituição bancária, mudou de rumo e tornou-se sócia do marido,
na Auto Som Galeazzi Ltda., pequena empresa especia-lizada em
Expansão do microcrédito
Representantes do Sebrae/PR e da Caixa Econômica Federal assinaram um convênio para levar microcrédito para empreendedores
e empresários de micro e pequenas empresas do Paraná. O convênio foi firmado durante a reunião do Conselho Deliberativo do
Sebrae/PR, em Curitiba. A intenção é disseminar o microcrédito
para pelo menos 115 municípios paranaenses, que já aderiram ao
Programa de Desenvolvimento Local Fundamentado na Lei Geral
Rota do
café
Marlene Galeazzi, empresária de Pato Branco
78
Lydia Fedrigo, empreendedora de Londrina
Professores de escolas públicas e particulares de Londrina assistiram ao musical “Coração do Café”, produzido
pela Fundação Cultural de Ibiporã, especialmente para a
Rota do Café. O espetáculo foi encenado no Cine Teatro
Pe. José Zanelli e contou a história dos imigrantes que desembarcaram na região e trabalharam nas lavouras. Os
professores também participaram de um famtour para
conhecer os principais atrativos. A Rota do Café é uma
‘viagem’ no tempo que proporciona aos visitantes uma
oportunidade única de conhecer a história da região norte
do Paraná – local de terra roxa e de uma extensa floresta inexplorada que se transformou com o surgimento
do café. O grão gerou muita riqueza para o Estado. Nos
anos 1940, a cultura cafeeira atraiu migrantes de Minas
Gerais e São Paulo e de imigrantes europeus e asiáticos,
que aproveitaram o solo fértil e as condições climáticas
da região para a produção, que tornou o norte do Paraná
próspero e urbanizado.
da Micro e Pequena Empresa, proposta do Sebrae/PR com o objetivo promover o desenvolvimento de municípios a partir de uma
legislação favorável. Proposta-piloto no Brasil, o convênio entre o
Sebrae/PR e a Caixa, deve beneficiar, a curto prazo, empreendedores e empresários de pequenos negócios de 36 municípios do
Estado, cidades que possuem agências da Caixa e estão com processos avançados de implantação e municipalização da Lei Geral.
GarantiOeste
Criada para facilitar o acesso ao crédito às micro e pequenas empresas do oeste paranaense, a Sociedade de Garantia de Crédito (SGC) GarantiOeste lançou seus serviços
para o mercado, durante solenidade em Toledo. Participaram do lançamento empresários, autoridades e representantes da imprensa. O evento aconteceu na Associação
Comercial e Empresarial de Toledo (ACIT). Boa parte do
fundo que aval da GarantiOeste foi aportada por entidades
apoiadoras, o que garante a intensificação das operações
da SGC. Somente o Sebrae Nacional realizou recentemente
o repasse de R$ 2 milhões para cada uma das três SGC
que se encontram em processo de início das atividades no
Paraná, dentre elas a da região oeste. Esse e outros recursos financeiros aportados já permitem que a GarantiOeste
realize as primeiras operações de crédito. A expectativa
é que o fundo de aval da SGC opere com R$ 4 milhões e,
com isso, possibilite cerca de 8 milhões de operações em
benefício às micro e pequenas empresas da região.
79
Revitalização
Fotos: La Imagen
Comportamento
Dirigentes do Sebrae visitam Riachuelo
Dirigentes do Sebrae Nacional, Sebrae/SC, Sebrae/RS e
Sebrae/PR conheceram o “Projeto Nova Rua Riachuelo - A Rua
do Reciclar, do Reinventar e do Reencantar”, uma iniciativa pioneira do Sebrae/PR, Sistema Fecomércio-SESC-SENAC/PR e
Prefeitura de Curitiba. A apresentação das fases da proposta
de revitalização do entorno do Paço da Liberdade SESC-Paraná,
área próxima ao centro histórico da capital paranaense, onde
se localiza a Rua Riachuelo, ocorreu durante o III Encontro de
Administração e Finanças do Sebrae na Região Sul. Participa-
ram da apresentação do Projeto Nova Rua Riachuelo e de uma
visita técnica in loco, os diretores de Administração e Finanças
do Sebrae/RS, do Sebrae/SC e do Sebrae Nacional, Marcelo
de Oliveira Ribas, Sérgio Fernandes Cardoso e José Cláudio dos
Santos, respectivamente. Após assistirem a apresentação da
consultora e gestora da proposta de revitalização, Walderes
Bello, os diretores percorreram a Riachuelo, que tem extensão
de cinco quadras, e abriga lojistas que comercializam roupas,
móveis novos e usados, alimentos e outros produtos.
Comitiva
italiana
Atendimento
itinerante
Em maio, os italianos Giulio Benvenuti e Paola Fabbri,
consultores do setor de agroalimentos, desembarcaram no Paraná para capacitar produtores atendidos
pelo Programa de Desenvolvimento para Agroindústrias de Micro e Pequeno Porte. A ação foi fruto de
um convênio de cooperação internacional entre o
Sebrae/PR; a Região da Emilia-Romagna, na Itália;
e a Lega Nazionale delle Cooperative e Mutue (Legacoop). Os especialistas ministraram treinamentos sobre a experiência italiana na valorização dos produtos
agroalimentares e prestaram consultorias aplicadas
às empresas participantes. Em pauta, temas como
gestão, qualidade e fiscalização dos consórcios italianos, instrumentos para valorização de agroalimentos
e apresentação dos casos de sucesso: ParmeggianoReggiano e Prosciutto de Parma. Os especialistas
italianos se concentraram também em temas como
a qualidade dos produtos e dos processos e a adequação da técnica italiana para a realidade brasileira.
Porto Figueira, distrito do município de Alto Paraíso,
noroeste do Paraná, se prepara para, a partir da
cultura empreendedora, alcançar novo patamar. Na
localidade, que tem a pesca como principal fonte de
renda, há oportunidades para o surgimento de pequenos negócios em alguns segmentos econômicos.
Para auxiliar empreendedores interessados em se
tornarem donos da própria empresa, o Sebrae/PR
levou, até o distrito, soluções empresariais que vão
contribuir para ‘despertar’ o espírito empreendedor
da comunidade local. A primeira ação foi realizada
em abril. Conhecida como “Oficina dos Sonhos”, a
atividade mobilizou os participantes a refletirem sobre
ideias de negócios, pequenos empreendimentos que
podem suprir carências do mercado ou que podem explorar o potencial da região banhada pelo Rio Paraná.
80
Fotos: Rodolfo Buhrer/La Imagen
Conhecer o cliente, mais do que um diferencial, é uma exigência
de mercado. Os empresários do comércio varejista precisam estar atentos às oportunidades e dispostos também a investir em
planejamento. Uma dica dos especialistas, para os empresários,
é conhecer melhor os consumidores, o público-alvo que será
atendido. O livro “Comportamento do Consumidor no Varejo” traz
informações preciosas, que atendem empresários, empreendedores, profissionais, estudantes, consultores e, inclusive, o poder
público nas áreas de administração e marketing. Lançado em
novembro do ano passado, em Maringá, durante o Fórum Varejo
e Revolução, evento promovido pelo Sebrae/PR, o livro reúne
dados de 13 pesquisas, realizadas na região noroeste do Paraná,
nos últimos cinco anos. Ao longo do levantamento de campo,
foram efetuadas cerca de 5 mil entrevistas com consumidores
das cidades de Maringá, Campo Mourão, Cianorte, Paranavaí,
Nova Londrina, Umuarama, Jandaia do Sul, Goioerê e Iporã. Em
quatro das nove cidades, o questionário foi reaplicado para atualização de dados. Mais informações sobre o livro “Comportamento do Consumidor no Varejo”, de autoria do gerente da Regional
Noroeste do Sebrae/PR, Luiz Carlos da Silva; do administrador
especialista em Gestão da Qualidade e mestre em Engenharia de
Produção, Galileu Limonta Maia; e do PhD em Administração e
professor da UEM, Francisco Giovanni David Vieira, podem ser
obtidas no (44) 3220-3474.
Repensando o
Empreendedorismo
O Paraná, o melhor local para o desenvolvimento de pequenas empresas no mundo em 2025!!! Com esse mote, o Sebrae/PR promoveu, no dia 1º de junho, no Crowne Hotel, em Curitiba, o workshop internacional “Repensando o Empreendedorismo”. Cerca de
65 colaboradores, entre funcionários, diretores e representantes
do Conselho Deliberativo Estadual do Sebrae/PR, participaram do
workshop, com duração de um dia. Para mediar a reflexão e ajudar
na construção de uma visão de futuro sobre o empreendedorismo
paranaense e o papel do Sebrae/PR nesse contexto, nada menos
que John Danner, da Haas School of Business da Universidade da
Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos. O professor norte-americano formatou o workshop especialmente para o Sebrae/PR, trabalhando, por meio de atividades, inúmeros “mapas” com os objetivos de explorar possíveis futuros e de enxergar as oportunidades.
Danner leciona cursos de MBA, dentre os quais empreendedorismo,
estratégias para empresas recém-fundadas e inovação em modelos
de negócios. Formado com honras no Harvard College e com mestrados em Educação e Saúde Pública em Berkeley, criou e administrou a Secretaria Executiva de Educação norte-americana, na gestão
do presidente Jimmy Carter; e foi assessor-executivo do então governador Bill Clinton durante seu primeiro mandato em Arkansas.Durante o workshop em Curitiba, Danner trabalhou ainda conceitos quanto
à urgência, inovação, reputação, desafios, obstáculos, modelos de
negócios e metáforas, que ajudam a compreender melhor o que se
pretende no mundo corporativo.
John Danner
81
Artigo
Revolução silenciosa
Allan Marcelo de Campos Costa
Para usar uma frase emblemática do presidente do nosso Conselho Deliberativo Estadual, o empresário Jefferson Nogaroli, “é na
paz que nos preparamos para a guerra”. Assim, embalados pelos significativos resultados obtidos nos últimos anos, onde evoluímos de 14 mil empresas atendidas pelo
Sebrae/PR em 2006 para quase 140 mil
empresas atendidas em 2010, com índices
de satisfação acima de 90%, estamos empenhados em evitar o perigo da acomodação
decorrente do relativo sucesso e em refletir
sobre o futuro do Sebrae no Estado.
E, para isso, conhecer de perto as expectativas e ideias de nossos parceiros e clientes é
fator crítico de sucesso.
Mas, talvez, o mais interessante desse processo esteja sendo perceber “in loco” a autêntica revolução silenciosa que está acontecendo em nosso Estado. Por exemplo, a
região sudoeste do Estado está construindo
as bases de um Sistema Regional de Inovação que se tornará referencia em termos de
estratégia de desenvolvimento regional. A região conseguiu alinhar objetivos de médio e
longo prazo e gerar impressionante sinergia,
integrando academia, pesquisadores, poder
público e iniciativa privada em torno do objetivo compartilhado de desenvolver a região
com base em inovação e cooperação.
Já na região oeste, temos uma joia funcionando a todo vapor que atende pelo nome de
Parque Tecnológico de Itaipu. No PTI, percebemos outro exemplo de integração e visão
de futuro, que tem gerado avanços significativos no ambiente empresarial de toda a região, a partir de mecanismos concretos de
incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento
empresarial, em um ambiente onde circulam
diariamente mais de 2.000 estudantes em
plena harmonia com empresas e pesquisadores. Não por acaso, é dentro do PTI que
funciona um centro de desenvolvimento de
tecnologias para integração de micro e pequenas empresas de regiões de fronteira, o
Sebrae CDT-AL, projeto do Sebrae em parce-
82
ria com o próprio PTI e outras instituições,
que já possui consistente histórico de realizações que estão viabilizando de forma efetiva
a integração produtiva entre empresas da
região e disseminando tecnologias de apoio
ao empreendedorismo aos países vizinhos.
O norte do Estado, por sua vez, resgata a
vocação histórica da região ao integrar 42
municípios no Projeto de Cafés Especiais do
Norte Pioneiro. Esses municípios estão envolvidos em ações de Indicação Geográfica,
certificação, tecnologia e cooperativismo e
estão conectados aos territórios competitivos da Europa e do Canadá em questões relacionadas à diferenciação do produto, em
um trabalho que está transformando o território em uma referencia em cafés especiais
para o mundo.
rismo. Se tempos atrás imaginar a concretização desse sonho parecia mais com
uma utopia distante, hoje percebemos que
isso não só é possível, como já começa a
se tornar realidade, a partir do espírito
empreendedor e da liderança visionária de
homens e mulheres que estão viabilizando
essa impressionante revolução silenciosa
no nosso Paraná.
Na região noroeste, percebemos a abrangência das iniciativas em curso ligadas ao desenvolvimento da sociedade e das empresas através de projetos como “Bairro Empreendedor
“e “Cidade Empreendedora”, que integram
não apenas a comunidade empresarial, mas
toda a sociedade na busca de alternativas a
partir do estímulo à atividade empreendedora
nas escolas, nas empresas e na comunidade.
E finalmente, a região centro-sul do Estado
aproveita o dinamismo da capital paranaense
para estender as ações de desenvolvimento
a regiões menos favorecidas como o Vale do
Ribeira, onde um trabalho sincronizado envolvendo parceiros públicos e privados tem viabilizado aumento significativo de renda exatamente onde este aumento é mais necessário.
E agora, vem o melhor da história: o que todos esses exemplos têm em comum? O empreendedorismo e a força mobilizadora da
parceria entre o Sebrae/PR e seus inúmeros parceiros em todo o Estado!
A veia empreendedora das pessoas e lideranças envolvidas nesses projetos estão fazendo
a diferença. Constatar na prática, a partir de
resultados concretos, o poder transformador
de uma sociedade autenticamente empreendedora reforça ainda mais a relevância da
missão do Sebrae e nos faz constatar que,
efetivamente, essa causa vale a pena.
É por isso que, com ainda mais resiliência e
perseverança, continuaremos perseguindo o
sonho de transformar nosso Estado, a partir
das pequenas empresas e do empreendedo-
0800 570 0800
www.sebraepr.com.br
Foto: Rodolfo Buhrer/La Imagen
Ao longo das últimas semanas, tenho investido significativa parcela de tempo viajando
pelo interior do estado do Paraná com o intuito de conversar com nossos clientes e
parceiros. Esse movimento é parte de um
amplo processo de “repensar o Sebrae/PR”
que estamos iniciando.
Allan Marcelo
de Campos Costa
REGIONAL SUDOESTE
Pato Branco
Avenida Tupi, 333 - Bairro Bortot – CEP: 85.504-000
Fone: (46) 3220-1250 – Fax: (46) 3220-1251
Umuarama
Avenida Brasil, 3404 – Bairro Zona I – CEP: 87.501-000
Fone/fax: (44) 3622-7028 – Fax: (44) 3622-7065
Escritório – Francisco Beltrão
Rua São Paulo, 1212 - sala 01 - Bairro Centro – CEP: 85.601-010
Fone: (46) 3524-6222 – Fax: (46) 3524-5779
REGIONAL NORTE
Londrina
Av. Santos Dumont, 1335 – Bairro Aeroporto – CEP: 86.039-090
Fone: (43) 3373-8000 – Fax: (43) 3373-8005
REGIONAL CENTRO-SUL
Curitiba
Rua Caeté, 150 - Bairro Prado Velho – CEP: 80.220-300
Fone: (41) 3330-5800 – Fax: (41) 3330-5768/ 3332-1143
Escritório – Apucarana
Rua Osvaldo Cruz, 510 13º andar – Bairro Centro – CEP: 86.800-720
Fone: (43) 3422-4439 – Fax: (43) 3422-4439
Escritório – Guarapuava
Rua Arlindo Ribeiro, 892 - Bairro Centro – CEP: 85.010-070
Fone: (42) 3623-6720 – Fax: (42) 3623-6720
Ivaiporã
Rua Professora Diva Proença, 1190 – Bairro Centro – CEP: 86.870-000
Fone: (43) 3472-1307 – Fax: (43) 3472-1307
Ponta Grossa
Rua XV de Novembro, 120 - Bairro Centro – CEP: 84.010-020
Fone: (42) 3225-1229 – Fax: (42) 3225-1229
Jacarezinho
Rua Dr. Heráclio Gomes, 732 – Bairro Centro – CEP: 86.400-000
Fone: (43) 3527-1221 – Fax: (43) 3527-1221
REGIONAL NOROESTE
Maringá
Avenida Bento Munhoz da Rocha Neto, 1116 – Bairro Zona 07 – CEP: 87.030-010
Fone: (44) 3220-3474 – Fax: (44) 3220-3402
REGIONAL OESTE
Cascavel
Avenida Pres. Tancredo Neves, 1262 – Bairro Alto Alegre – CEP: 85.805-000
Fone: (45) 3321-7050 – Fax: (45) 3226-1212
Escritório – Campo Mourão
Rua Santa Cruz, 1085 - Bairro Centro – CEP: 87.300-440
Fone: (44) 3523-2500 – Fax: (44) 3523-2500
ESCRITÓRIO – Foz do Iguaçu
Rua das Guianas, 151 – Bairro Jardim América – CEP: 85.864-470
Fone: (45) 3522-3312 – Fax: (45) 3573-6510
Paranavaí
Rua Souza Naves, 935 – Jardim São Cristóvão – CEP: 87.702-220
Fone: (44) 3423-2865 – Fax: (44) 3423-2865
Toledo
Avenida Parigot de Souza, 2.339 - Bairro Centro - CEP: 85.905-380
Fone: (45) 3252-0631 - Fax: (45) 3252-6175
é diretor-superintendente do Sebrae/PR.
Mestre em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas e mestre pela Universidade de Lancaster, Inglaterra, tem MBA em Gestão de Negócios
pelo IBMEC Business School, é pós-graduado em
Desenvolvimento Gerencial pela FAE/CDE e cursou o Programa de Desenvolvimento de Dirigentes
Empresariais do INSEAD, França. Coautor do livro
“Electronic Business in Developing Countries”, possui artigos publicados no Brasil e no exterior, em
países como Chile, África do Sul, Reino Unido, Holanda, Hungria e Eslovênia. Em 2010, participou,
durante dois meses, do Advanced Management
Program, da Harvard Business School, em Boston,
nos Estados Unidos.
Siga o SEBRAE/PR no Twitter
twitter.com/sebrae_pr
83