Convenção Internacional das Linhas de Carga, 1966 Antecedentes

Transcrição

Convenção Internacional das Linhas de Carga, 1966 Antecedentes
Convenção Internacional das Linhas de Carga,
1966
Prof. Manuel Ventura
Mestrado em Engenharia e Arquitectura Naval
Secção Autónoma de Engenharia Naval
Antecedentes Históricos
Regra da Lloyds
•
As primeiras recomendações sobre limites de carregamento baseados no
bordo livre foram introduzidas pelo Lloyds Register em 1835, mas só se
aplicavam a navios nele registados
•
O BL era calculado em função da altura do porão (3 inch/ft)
Linha de Plimsoll
•
Um membro do Parlamento britânico e comerciante de carvão, Samuel
Plimsoll defendeu a criação de legislação sobre as linhas de carga
•
O Merchant Shipping Act de 1876 tornou as linhas de carga obrigatórias
•
Em 1894 foi adoptada a marcação no costado das marcas constituídas por
uma circunferência cortada ao meio por uma linha horizontal,
posteriormente designada por marcas de Plimsoll
Convenção Internacional das Linhas de Carga
•
A primeira Convenção internacional foi adoptada em 1930
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Linhas de Carga
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1
Convenção Internacional das Linhas de
Carga, 1966
Determina
• Bordo livre (freeboard)
• Altura mínima de proa (minimum bow height)
• Alturas de braçolas de escotilhas, dimensionamento de
tampas de escotilhas e meios de fecho
• Alturas mínimas de ventiladores e respiradouros
• Medidas para protecção da tripulação – balaustradas (handrails) e bordas falsas (bulwarks)
• Avaria padrão para verificação das condições de alagamento
• Condições de estabilidade mínimas aceitáveis após
alagamento
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Linhas de Carga
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Convenção Internacional das Linhas de
Carga, 1966
Aplicação
• Navios que efectuem viagens internacionais
Excepções
• Navios novos, com comprimento inferior a 24 m
• Navios existentes, com GT < 150
• Iates de recreio que não efectuem qualquer tráfego
comercial
• Navios de pesca
• Navios de guerra
Legislação Nacional
• Em Portugal, esta Convenção foi aprovada e transcrita pelo
Decreto-Lei No.49209/69
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Definições (1)
• Comprimento é igual ao maior de:
–
96% do comprimento total medido sobre uma linha de água
traçada a 85% do pontal de construção mínimo, medido da face
superior da quilha (L1), ou
– o comprimento medido da face de vante da roda de proa até ao
eixo da madre do leme naquela linha de água (L2).
L = MAX ( 0.96 ⋅ L1 , L2 )
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Definições (2)
• Bordo livre (freeboard)
é a distância medida verticalmente a meio navio, desde o
bordo superior da linha do pavimento de bordo livre, até ao
bordo superior da faixa horizontal que representa a linha de
carga adequada.
• Pavimento do bordo livre (freeboard deck)
é o pavimento completo mais elevado, exposto à intempérie e
ao mar, que possuir dispositivos permanentes para fechar
todas as aberturas situadas na parte descoberta.
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Definições (3)
• Altura mínima de proa (minimum bow height)
• é a distância vertical medida na perpendicular de vante,
desde a linha de água correspondente ao bordo livre de
Verão, até à parte mais alta do traço do pavimento exposto
com o costado.
• Superstrutura (superstructure)
construção que se ergue sobre o pavimento do bordo livre e
se estende de um a outro bordo ou tem os lados recolhidos
em relação ao costado do navio não mais do que 4% do valor
da boca (B).
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Navios Tipo “A”
Navios que satisfaçam as seguintes condições:
•
•
•
•
Projectados para transportar somente cargas líquidas a granel
Os tanques de carga têm apenas pequenas aberturas de acesso de
pequenas dimensões e essas aberturas são fechadas por tampas
estanques, de aço ou material equivalente, providas de juntas.
Têm baixa permeabilidade nos compartimentos de carga
Quando carregado à linha de água de carga de Verão, deve flutuar
em condições satisfatórias após o alagamento devido ao rombo
padrão
•
•
Se o navio tiver L > 150 m o(s) compartimento(s) alagados devem
ter uma permeabilidade assumida de 0.95.
Se o navio tiver L > 225 m a casa da máquina deverá ser também
considerada como um compartimentos alagável, com uma
permeabilidade assumida de 0.85.
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Navios Tipo “B”
Todos os navios que não sejam do tipo “A”.
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Navios Tipos “B60” e “B100”
• Navios do tipo “B”, com mais de 100 m de comprimento, a que
podem ser atribuídos bordos livres inferiores desde que
satisfaçam as seguintes condições:
–
–
–
O navio quando carregado à linha de água de Verão que flutue
numa condição satisfatória depois de alagado um qualquer
compartimento, que não a casa da máquina.
Se o navio tiver mais de 200 m de comprimento, a casa da
máquina deve ser considerada como um compartimento
alagável.
Os navios que satisfizerem estas condições poderão ter o seu
bordo livre tabelar reduzido em 60% da diferença entre os
valores indicados para o tipo”A” e o tipo “B”.
• A redução pode ser aumentada até ao valor de 100%
satisfazendo requisitos adicionais:
–
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Suportar o alagamento simultâneo de dois compartimentos
adjacentes, pelo arrombamento da antepara transversal (não
considerando alagável a casa da máquina)
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Rombo Padrão
• Extensão vertical: a partir da linha base, sem limites
superiores
• Extensão transversal:
MIN( B/5, 11.5 ) m
• Extensão longitudinal:
Um único compartimento, desde
que a fronteira longitudinal interna do compartimento não
esteja dentro da extensão transversal
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Condições de Equilíbrio Satisfatórias após
Alagamento (1)
•
A linha de água final após o alagamento deve estar abaixo da
aresta de qualquer abertura capaz de provocar alagamento
progressivo
•
O ângulo de adornamento deve ser inferior a 15°. Se
nenhuma parte do convés estiver submersa, será aceitável
um ângulo até 17°.
•
A altura metacêntrica deverá ser positiva.
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Condições de Equilíbrio Satisfatórias após
Alagamento (2)
• Se alguma parte do convés acima do compartimento
considerado alagado estiver imersa, deverá ser investigada a
estabilidade residual e verificado que:
– Existe um adornamento possível de 20° para além da posição de
equilíbrio
– Tem um braço de estabilidade máximo de pelo menos 0.1 m
– A estabilidade dinâmica até esse valor ser pelo menos de
0.0175 m.rad.
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Determinação do Bordo Livre (1)
1. Obtenção do bordo livre base [mm]
• Para comprimentos L < 365 m, o bordo livre base será obtido por
interpolação em tabelas
bl = f1 (L)
= f 2 (L)
(Navios
(Navios
tipo A)
tipo B)
• Para comprimentos 365 m < L < 400 m
bl = +221+ 16.10 ⋅ L − 0.02 ⋅ L2
= −587 + 23 ⋅ L − 0.0188⋅ L2
(Navios tipo A)
(Navios tipo B)
• Para comprimentos L > 400 m, o bordo livre base será
constante:
bl = 3460 ( Navios tipo A)
= 5605 ( Navios tipo B )
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Determinação do Bordo Livre (2)
Tabelas para determinação do
bordo livre base
Os valores do bordo livre para
comprimentos intermédios serão
obtidos por interpolação linear.
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Determinação do Bordo Livre (3)
2. Correcções [mm]
• Comprimento inferior a 100 m
E⎞
⎛
Δbl1 = 7.5 ⋅ (100 − L ) ⋅ ⎜ 0.32 − ⎟
L⎠
⎝
• Coeficiente de finura total (Cb) superior a 0.68
Δbl2 = (bl + Δbl1 ) ⋅
•
Cb + 0.68
− bl
1.36
Pontal superior a L/15
L⎞
⎛
Δbl3 = ⎜ D − ⎟ ⋅ R
15 ⎠
⎝
em que :
L
R=
p / L < 120 m
48
R = 250
p / L ≥ 120 m
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Determinação do Bordo Livre (4)
2.
•
•
•
Correcções (cont)
Posição da linha do pavimento
Deduções para superstruturas e troncos (pode ser negativa)
Tosado diferente da linha do tosado normal
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Tosado Normal
Aft Half
Fwd. Half
Station
Ordinate [mm]
Factor
Aft PP
25.0*(L/3 + 10)
1
1/6 L from AP
11.1*(L/3 + 10)
3
1/3 L from AP
2.8*(L/3 + 10)
3
Amidships
0
1
Amidships
0
1
1/3 L from FP
5.6*(L/3 + 10)
3
1/6 L from FP
22.2*(L/3 + 10)
3
Fwd PP
50.0*(L/3 + 10)
1
Determinação dos valores do tosado normal para calcular a
correcção devida ao tosado
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Altura Mínima de Proa
•
Função do comprimento e do coeficiente de finura total, Cb
1.36
L ⎞
⎛
H = 56 ⋅ L ⋅ ⎜1 −
⎟⋅
500
C
⎝
⎠ b + 0.68
1.36
= 7000 ⋅
Cb + 0.68
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p / L < 250 m
p / L ≥ 250 m
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Marcas do Bordo Livre (1)
TF – Tropical Fresh water
F – Fresh water
Linha do Convés
T - Tropical
S – Summer
W – Winter
WNA – Winter North Atlantic
Marcas de Plimsoll
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Marcas do Bordo Livre (2)
LT – Tropical
LS - Summer
LTF – Tropical Fresh water
LF – Fresh water
LW – Winter
LWNA – Winter North Atlantic
Marcas para navios à vela
Marcas adicionais (L) em navios que
transportam madeira no convés
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Marcas do Bordo Livre (3)
Geralmente são adicionadas às marcas do bordo livre as iniciais
da Sociedade Classificadora (neste caso LR = Lloyds Register)
que aprovou o cálculo e emite os respectivos certificados.
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Zonas do Convés
• A Convenção das Linhas de Carga estabelece também algumas
dimensões de equipamento que afecta a segurança do navio e
tripulação.
• São especificadas duas zonas do convés do bordo livre para
efeitos de localização de aberturas:
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Braçolas de Escotilha
Altura mínima das braçolas, em função da zona do convés:
Hmin = 600 mm (Categoria 1)
Hmin = 450 mm (Categoria 2)
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Respiradores
Altura mínima dos respiradores, em função do pavimento:
Hmin = 760 mm (no pavimento do bordo livre)
Hmin = 450 mm (no pavimento das superstruturas)
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Balaustrada
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