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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – 2012/2013 RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA INGRID DE CASTRO SCHMAEDECKE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – BOLSA UFPR/TN / EDITAL IC 2012-2013 PLANO DE TRABALHO: Estudo da Cor como Elemento de Identidade Cultural na Arquitetura Latino-Americana Relatório final apresentado à Coordenadoria de Iniciação Científica e Integração Acadêmica da UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ – UFPR por ocasião da conclusão das atividades de Iniciação Científica – Edital 2012-2013. NOME DO ORIENTADOR: Prof. Dr. Antonio Manoel Nunes Castelnou, neto Departamento de Arquitetura e Urbanismo TÍTULO DO PROJETO: Arquitetura e Contexto: A Cor como Elemento de Identidade Cultural Latino-Americana BANPESQ/THALES: 2012025990 CURITIBA 2013 1 1 TÍTULO Estudo da Cor como Elemento de Identidade Cultural na Arquitetura Latino-Americana 2 RESUMO Entre as discussões sobre arquitetura contemporânea, um dos temas que vem se ampliando diz respeito à questão da identidade cultural em um momento no qual a globalização econômica e a padronização estética colocam em risco valores locais, como a tradição e a memória arquitetônica. O contextualismo defende o diálogo contínuo e criativo entre o material advindo do passado e as inovações tecnológicas do presente, buscando uma relação interdependente entre arquitetura e contexto. Nestes termos, esta pesquisa de iniciação científica, de cunho teórico-conceitual e caráter exploratório, utiliza o estudo de casos para enfocar o uso da cor como elemento de identidade cultural presente na arquitetura latino-americana; além de destacar o trabalho de profissionais que procuram valorizar traços da tradição de seus respectivos países, tais como materiais, técnicas, símbolos, usos e costumes. Deste modo, objetiva-se estudar como a concepção cromática das edificações pode contribuir para o resgate e reafirmação de valores culturais na América Latina, incluindo o Brasil, selecionando, descrevendo e analisando obras contemporâneas que foram executadas em consonância aos princípios do contextualismo arquitetônico. A primeira parte da pesquisa consiste na conceituação e na contextualização geográfica e histórica da América Latina, de modo a delimitar o objeto de pesquisa e caracterizar o que se entende por arquitetura latino-americana, dando subsídios para a próxima etapa de investigação, a qual trata do estudo de 03 (três) casos de arquitetura residencial latino-americana. Composta da descrição e análise dos aspectos funcionais, técnicos e estéticos de obras que representem uma correlação entre cor e contexto cultural, os exemplares escolhidos foram: a Casa Gilardi, obra de Luis Barragán (1902-88); Casa de los Quince Patios, projeto do escritório de Ricardo Legorreta (1931-2011); e Casa Abu&Font, de Solano Benitez (1963-) e associados. 3 OBJETIVOS De modo geral, esta pesquisa tem como objetivo estudar de que forma o uso da cor pode contribuir para a valorização da identidade cultural em uma obra contemporânea, especialmente na América Latina, tendo como base os estudos do contextualismo arquitetônico. De modo específico, pretende-se apontar exemplos que comprovam essa possibilidade, por meio da seleção, descrição e análise de 03 (três) casos de edificações contemporâneas, onde seja possível identificar características estético-formais que expressem a tradição, a cultura e a identidade dos locais onde se inserem, preferencialmente em distintos países latino-americanos, incluindo o Brasil. Por fim, objetiva-se concluir a pesquisa elencando aspectos e princípios fundamentais para a aplicação das cores como elemento de conexão entre arquitetura e contexto. 2 4 INTRODUÇÃO O processo de ocupação e colonização na América Latina1 deu-se de formas variadas ao longo de sua extensão. De modo geral, foi diferente da colonização anglo-saxônica ocorrida na América do Norte, pois lá as colônias tiveram caráter majoritário de povoamento, enquanto os latino-americanos sofreram um processo de colonização exploratória. Uma colônia de povoamento tinha como objetivo a ocupação de novas terras, ou seja, extensão do território para fins de habitação do próprio povo colonizador. Isso se deu ao fato de que na Inglaterra, por exemplo, grande número de pessoas perdeu direitos em relação ao uso da terra e sofreu perseguições religiosas, o que as levou a procurar abrigo nas colônias do Novo Mundo, buscando criar um tipo de sociedade semelhante ao que conheciam no país de origem (NEVES, 2002). Diferentemente, uma colônia de exploração visava ao envio ou venda a preço ínfimo de gêneros de consumo não manufaturados à metrópole exploradora. Essa relação comercial era exclusiva (monopólio colonial) e, com a necessidade da colônia de produtos manufaturados, esta devia comprá-los somente da metrópole (proibição de concorrência). Desta forma, o modo de produção da colônia de exploração consistia no latifúndio monocultor e na mão-de-obra escrava. Segundo Neves (2002), essa produção exigia a instalação de uma agricultura tropical monocultora, praticada em grandes unidades produtoras – plantations, haciendas ou engenhos –, as quais ocupavam enormes extensões de terra. Para Castelnou (2010), a América latina pode ser entendida como uma vasta área de absorção e fusão cultural ibérica, indígena e africana – ocorrida entre os séculos XVI e XVIII –, que foi incrementada pelos fluxos migratórios europeus, no século XIX e XX. Isto originou diferentes configurações culturais e variou de acordo com a sucessiva dependência aos sistemas internacionais mercantis e industriais. As fontes culturais do mundo latino-americano nunca chegaram a se fundir definitivamente em uma unidade completa e estável. Na verdade, mesclaram-se em grau e forma variáveis, nas suas diversas regiões, segundo o tempo e a situação geográfica (folclore, religião, etc.). Essa “mestiçagem” cultural transformou a discussão de nossa identidade cultural em tema constante da nossa história artística e cultural, pois ao invés de ser um mero receptáculo passivo, a América Latina promoveu recombinações inéditas de elementos pré-existentes com formas importadas, transformando-os para a obtenção de produtos culturais inéditos (Gutiérrez, 1989). Contudo, no caso da arquitetura, segundo os críticos regionalistas, nossa dependência cultural contribuiu para a perda de nossa identidade cultural, através de vários mecanismos, entre os quais: a importação de uma teoria arquitetônica que não contribuiu para a criação de algo 1 A designação “América Latina” teria sido usada pela primeira vez, segundo Faria (2013), por Napoleão III (1808-83) no século XIX, na mesma época em que teria surgido a expressão de “Europa Latina” para designar os países europeus de língua derivada do latim (neolatina). Outras fontes apontam para o engenheiro, político e economista liberal Michel Chevalier (1806-79), que teria usado o termo em 1836. Contudo, sua utilização foi consolidada efetivamente com a criação da COMISSÃO ECONÔMICA PARA A AMÉRICA LATINA E O CARIBE – CEPAL, em 1948, pelo CONSELHO ECONÔMICO E SOCIAL DAS NAÇÕES UNIDAS – ECOSOC, a partir de quando passou a ser largamente utilizada para denominar os países latino-americanos, embora com algumas divergências. 3 autêntico e ligado à nossa realidade; a adoção de modelos universais (formais e tecnológicos) que provocaram a negação do passado e a destruição de nossa paisagem (degradação urbana e ambiental); o menosprezo das tecnologias ditas atrasadas, levando a um complexo de inferioridade e de rejeição cultural, produzidos por modelos internacionais; o desprezo de valores sociais e culturais, conduzindo à negação da cidade como obra comum e à uma arquitetura caótica de especulação imobiliária; e a produção de uma cidade elitista e exclusivista, através da negação da participação e do pluralismo (CASTELNOU, 2010). Diante deste quadro, ainda conforme Castelnou (2010), é possível se definir como transculturação o processo de miscigenação que vem ocorrendo entre as culturas local e importada e que se baseia em estratégias de transferência, adaptação e transformação, as quais variam conforme a criatividade e a diversidade de cada povo latino-americano, no decorrer de sua história. Para Gutiérrez (1989), a arquitetura latino-americana é carente de teoria, mas não de ideologia, que é a da sua dependência cultural. Ainda predominam as atitudes de importação de modelos comparadas às de resgate de nossa cultura, mas se pode apontar caminhos como os possíveis para a valorização de nossa arquitetura: a) Conhecimento de si própria, não só formal, mas também contextualmente, em especial pela incompreensão de si, devido à utilização de critérios alheios de análise (teorias arquitetônicas importadas e/ou eurocêntricas); b) Estudo da formação de nosso processo cultural, analisando os mecanismos de conquista para se entender a construção de nossa cultura (fusão europeu/negro/indígena + contribuição de imigrantes); c) Revisão da história como processo acumulativo de experiências, assumindo a condição de periferia e entendendo que não há regras ou métodos, mas sim alternativas de encaminhamento; d) Substituição da subjetividade por uma objetividade no estudo arquitetônico, abandonando a intuição e voltando-se a dados concretos. Deve-se analisar o contexto físico, social, político e cultural; e suas relações com o projeto (qualidade criativa e programa funcional e técnico). Na opinião de Daguerre (2012), não é possível falar de uma arquitetura latino-americana, mas sim de arquiteturas latino-americanas. A extensão geográfica, a colonização heterogênea, o clima e vários outros fatores acarretam em uma miscelânea e diversidade enormes de formas de construir. Mesmo com a influência modernista, a América Latina manteve-se "latina”, pois não abraçou indiscriminadamente a nova forma de pensar, mas a incorporou e adaptou-a a cada um de seus modos de projetar. A América Latina espanhola, principalmente, possui expressões independentes e uma certa instabilidade no processo de democratização. De qualquer forma, vale procurar apontar que relações podem surgir entre a arquitetura latino-americana e seu contexto – seja em seu conceito mais abstrato (cultural) como concreto (físico) –, o que se tornou objeto de estudo, principalmente, de arquitetos pós-modernos dos anos 1970 em diante, para os quais o elemento “cor” tornou-se um dos mais relevantes, sendo (re)valorizando em vários trabalhos recentes em todos os países da América Latina. 4 5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA A América Latina como definição geográfica trata-se de um território que compreende as Américas do Sul, Central e México (parte da América do Norte). Apesar de não incluir o Caribe, esta definição é a que mais se aproxima da categorização da ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS – ONU, que compreende a América Latina como: Caribe, América Central e América do Sul, considerando o México já como parte da América Central (BVMEMORIAL, 2012; ONU, 2013). Nestes termos, a América Latina possui mais de 21 milhões de quilômetros quadrados cortados pela linha do Equador e pelos trópicos de Câncer e Capricórnio, dos quais o Brasil ocupa quase 5% em área (Quadro 01). QUADRO 01 – Composição da Marcorregião Geográfica da América Latina. Caribe América Central Antígua e Barbuda Antilhas holandesas (Bonaire, Curaçao, Saba, Santo Eustáquio e Sint Maarten) Aruba (Colônia holandesa) Bahamas Barbados Colônias britânicas (Anguilla, Bermuda, Cayman Islands, Montserrat, Turks e Caicos) Ilhas Virgens (American Virgin Islands e British Virgin Islands) Cuba Dominica Granada Haiti Jamaica Porto Rico República Dominicana São Cristóvão e Névis São Vicente e Granadinas Santa Lúcia Martinique Territórios franceses (Guadalupe, Martinica, São Bartoloneu e Saint Martin) Trinidad e Tobago Belize Costa Rica El salvador Guatemala Guatemala Honduras México Nicaragua Panamá América do Sul Argentina Bolívia Brasil Chile Colômbia Equador Guiana Guiana Francesa Ilhas Georgias do Sul e Sandwich (Território britânico) Ilhas Malvinas (Falkland Islands) Paraguai Peru Suriname Uruguai Venezuela 2 Fonte: ONU (2013, adaptado) . Contudo, há um segundo modo de definir a América Latina3, ou seja, por meio da análise do território não pelas delimitações geográficas e/ou políticas, mas culturais e históricas. Deste modo, a América Latina compreenderia as Américas do Sul e Central, incluindo o México, mas excetuando o território brasileiro. Isto se deve ao fato de que o Brasil teve uma história distinta dos países que hoje são seus vizinhos, na América do Sul, principalmente pelo fato de ter sido uma colônia predominantemente portuguesa e não espanhola. Analogamente, o México também gera 2 Composition of macro geographical (continental) regions, geographical sub-regions, and selected economic and other groupings. Disponível em: < http://unstats.un.org/unsd/methods/m49/m49regin.htm>. Acesso em: 01.nov.2012. 3 Algumas fontes definem a “América Latina” como o nome que se dá aos países dos continentes americanos que foram colonizados predominantemente por países latinos – denominação dada aos países europeus que surgiram após a queda do Império Romano do Ocidente e que têm como idioma majoritário as línguas latinas (Espanha, Portugal, França, Romênia, etc.) – e onde a língua oficial seria neolatina, como o espanhol, o português ou o francês. Tal definição excluiria da América Latina, além dos EUA e Canadá – onde se fala o inglês predominantemente –, o Suriname e a Guiana, colonizados respectivamente pela Inglaterra e pela Holanda (países de origem germânica), assim como os países, territórios ou possessões do Caribe onde o inglês ou o holandês são a língua oficial (Ilhas Virgens, Antilhas holandesas, etc.) (FARIA, 2013). 5 polêmica quanto à sua classificação como país latino-americano, pois, mesmo sendo de colonização hispânica, enquadra-se oficialmente como parte do território norte-americano, junto com países de formação histórica completamente distinta como o Canadá e os Estados Unidos da América – EUA (SUAPESQUISA, 2012; FARIA, 2013). Para fins de melhor compreensão e estudo referentes ao tema pesquisado, adota-se aqui a classificação segundo origens históricas e parâmetros culturais de cada região ou país, o que inclui o México e exclui, por hora, o Brasil (Fig. 01). FIGURA 01 – Mapa das Américas Central e do Sul, Caribe e Brasil. Fonte: Worldmap (2013). Quanto à forma do relevo latino-americano, observa-se certa regularidade quando analisada de leste para oeste, identificando-se planícies costeiras junto ao Oceano Atlântico; planaltos de rochas antigas que raramente ultrapassam os 2.000 metros acima do nível do mar, como o das Guianas; planícies fluviais, como as de Orenoco (Venezuela) e Platina (Argentina, Paraguai e Uruguai); cadeias montanhosas (cordilheiras), notadamente a dos Andes, onde a atividade sísmica é constante; e planícies costeiras junto ao Oceano Pacífico, mais escassas que aquelas encontradas ao leste por serem de formação mais recente (PROFESORENLINEA, 2012). Em termos históricos, pode-se subdividir o território da América Latina em quatro áreas, a saber: a Região do México, onde se estabeleceu a civilização asteca; a América Central, berço da civilização maia, especialmente na península de Yucatán; a Região Andina, local de desenvolvimento da cultura inca; e a Região da América Platina, a qual está constituída hoje por 6 três países: Argentina, Paraguai e Uruguai4 (AQUINO, LEMOS e LOPES, 1990). A ação colonizadora na América Latina foi de iniciativa preponderantemente espanhola e teve como precursor o navegante genovês Cristóvão Colombo (1451-1506), que partiu em 1492 na expedição composta pelas caravelas Santa Maria, Pinta e Nina, patrocinado por capital espanhol e amparado pelas Capitulaciones de Santa Fe. Estas consistiam em um documento que conferia a Colombo o título de almirante, vice-rei e governador-geral de modo exclusivo, vitalício e hereditário sobre as terras que descobrisse em sua viagem às Índias. Tendo em mãos o livro escrito pelo navegador veneziano Marco Polo (1254-1324) – um relato minucioso das suas viagens ao Oriente que era a única fonte de informações sobre a Ásia disponíveis no Ociedente até então –, Colombo chegou à ilha de Guanahani (assim denominada pelos povos nativos), acreditando ter atingido as Índias. A descrição de Cipango (Japão) de Polo fazia a terra encontrada passível de ser tomada como aquela: “Possuem ouro em enorme abundância, e as minas onde o encontram não se esgotam jamais […]” (GALEANO, 2005; p. 28). Os relatos de Colombo descreviam o lugar como paradisíaco, de natureza exuberante e habitadas por um povo dócil. Além disso, relatava a existência do ouro, fazendo despertar o interesse da metrópole pela mineração, o que veio a ser seu grande fator de enriquecimento: Esta ilha é imensa e muito plana, de árvores verdíssimas e muitas águas, com uma vasta lagoa no meio, sem nenhuma montanha e tão verde que dá prazer só em olhá-la [...] E eu estava atento, me esforçando para saber se havia ouro, e vi que alguns traziam um pedacinho pendurado num furo que têm no nariz e, por sinais, consegui entender que indo para o sul ou contornando a ilha naquela direção, encontraria um rei que tinha grandes taças disso e em vasta quantidade. Creiam Vossas Majestades que estas terras são tão boas e férteis [...] E estes índios são dóceis e bons para receber ordens e fazê-los trabalhar, semear e tudo o mais que for preciso, e para construir povoados, e aprender a andar vestidos e seguir nossos costumes (NEVES, 2002; p. 280). Na realidade, Colombo havia chegado à atual ilha de San Salvador, localizada a leste do arquipélago das Bahamas. Além dele, houve outros navegantes entre o fim do século XV e início do século XVI, como o florentino Américo Vespúcio (1454-1512). Nessa época, a Europa passava por um período de crise e transformações sociais e políticas. Verificava-se a transição, gradual e irregular, do sistema feudal para o capitalismo. A prata começava a ser escassa e o continente necessitava encontrar outra fonte do minério para cunhar as moedas. De acordo com Braik (2013), outro fator gerador de crise foi o esgotamento das fontes de minérios, necessários para a cunhagem de moedas, levando a constantes desvalorizações. As Grandes Navegações surgiram nesse contexto como possibilidade de ampliação para mercado europeu. Além disso, a religiosidade católica ardia mais que nunca no continente, devido à Reforma e às ações da Santa 4 O vínculo entre esses países da América do Sul vem desde o período colonial, pois já participaram de uma mesma administração política. Além desse aspecto, as três nações possuem outra característica em comum: são banhadas pelos rios que formam a Bacia Hidrográfica do Rio de La Plata. Com uma extensão territorial de pouco mais de 3.350.000 km2, a América Platina corresponde a 18% do território sul-americano. O relevo é caracterizado tanto por planícies como planaltos; e os climas predominantes são o tropical ao norte e o temperado ao sul. Somam-se aproximadamente 50 milhões de habitantes, sendo que na Argentina e no Uruguai, há uma pre3dominância da etnia branca e de origem europeia. Tal fato se explica em virtude do intenso fluxo migratório de espanhóis e italianos para esses dois países no final do século XIX e início do século XX. Já no Paraguai, predominam os mestiços e ameríndios (CERQUEIRA E FRANCISCO, 2012). 7 Inquisição. O pretexto de expansão do catolicismo também serviu de propulsão para as descobertas e, mais tarde, conquistas no Novo Mundo. Nas terras encontradas por Colombo habitavam povos extremamente diversos entre si e de cultura diametralmente oposta à europeia. Havia sociedades mais primitivas, entretanto também existiam outras de maior complexidade em sua organização política, social e administrativa, destacando-se as civilizações inca, maia e asteca (NAVARRO, 2012). Nessa América pré-colonial predominava uma sociedade de classes, com divisão social do trabalho; e, em muitos casos, a figura do imperador era mesclada a uma entidade divina. A agricultura era intensiva – no caso das sociedades sedentárias –, com técnicas avançadas de irrigação (chinampas). Os conhecimentos sobre astronomia e métodos construtivos, entre outros, eram avançados, sendo que os maias já haviam desenvolvido a escrita por desenhos (epigrafia), além de um calendário próprio, desde 600 a.C.. Contudo, pouco se respeitou do que já existia e, já a partir de 1493, iniciaram-se as expedições de conquista do Novo Mundo, a partir da fixação da colônia de Natividade, por Cristóvão Colombo (Fig. 02). FIGURA 02 – Focos de irradiação da conquista da América Latina. Fonte: TODOROV (1982). Três anos depois de sua primeira viagem às supostas Índias, Colombo fundou a província de São Domingos. O processo ocorreu de modo impositivo e violento. Com poucos cavalos, cães treinados e infantes5, os índios foram facilmente dizimados. Conforme Galeano (2005), muitos 5 Há quem diga que é um mito a esquadra de Colombo ter sido composta por militares guerreiros. A maioria da tripulação compunha-se de artesãos e pequenos empreendedores, pouco experientes em viagens náuticas e sem treinamento militar, que buscavam fama e dinheiro (GOMES, 2005). 8 foram enviados à metrópole espanhola como escravos e morreram rapidamente6. Mais tarde, definiu-se que, antes de aniquilar o povo, devia-se ler um documento que os impunha a fé cristã – mesmo que não os nativos entendessem a língua dos conquistadores (LOMBARDI e SILVA, 2012). A quem se opusesse, o discurso era o seguinte: “[…] entrarei poderosamente contra vós e vos farei guerra por todas as partes e maneira que puder, vos sujeitarei ao jugo e obediência da Igreja e de Sua Majestade, tomarei vossas mulheres e filhos e vos farei escravos, […] e farei todos os males e danos que puder […]” (VIDART apud GALEANO, 2005; p. 29). Na Mesoamérica – atual México e América Central –, coexistiram as civilizações maia e asteca. É difícil estabelecer exatamente uma característica cultural definitiva para tais civilizações, pois estas englobavam povos de atributos culturais muito particulares (não havia um idioma único, por exemplo). Basicamente, o império maia consolidou sua máxima expansão no século IX, espalhando-se do sul do México à atual Guatemala. No início do século XI, consolidaram-se as três maiores cidades: Chichen-Itzá, Mayapan e Uxmal. Não demorou muito até que houvesse guerras civis entre as cidades: embora Mayapan saisse vitoriosa, as lutas continuaram; e a cidade sucumbiu em 1441, com um grande incêndio que a destruiu. Os maias foram grandes construtores, situando-se na cidade de Tikal, na península de Yucatán, o maior edifício da América Antiga, além de Teotihuacán, localizada no planalto mexicano, constituir-se de um complexo com cerca de 600 pirâmides. Canais de irrigação e reservatórios de água também foram executados. Hoje, algumas dessas cidades compõem grandes sítios arqueológicos. Foram, além das lutas internas, o declínio da agricultura e desastres naturais os responsáveis pela queda do império maia, que previu seu próprio destino através de mitos e lendas. Os astecas também tinham previsões sobre um deus benfeitor que voltaria, como vingador, guiando homens de barba e pele clara. A semelhança espantosa com a descrição dos espanhóis faz surgir duas hipóteses, segundo Rafael Pineda Yánez, citado por Galeano (2005): a primeira é a de que os sacerdotes e religiosos nativos teriam criado tais lendas como explicação para a chegada dos europeus; e a segunda, mais aceita, afirma que na realidade já havia sido estabelecido contato entre os povos pré-colombianos e europeus antes de Colombo chegar e sua peculiaridade física teria inspirado tais mitos. Séculos mais tarde aos maias, na época das conquistas europeias, quem dominava a região eram os astecas ou mexicas. Tratava-se de um império em expansão quando o Hernán Cortés (1485-1547) chegou à sua capital, Tenochitlán – atual Cidade do México –, em 15197. 6 As doenças trazidas pelos conquistadores foram outro fator que colaborou para a dizimação dos nativos, pois estes não tinham anticorpos contra as bactérias e vírus trazidos pelos europeus. Grande parte da população morreu logo após o primeiro contato com os espanhóis (NAVARRO, 2012). 7 Um ano antes da chegada de Cortés, outro espanhol havia sido afugentado pelos guerreiros indígenas: Hernandez Córdoba (?-1517), que não havia conseguido dominar o povo da península de Yucatán. Da segunda vez, os nativos foram derrotados e alguns povos aliaram-se ao conquistador. O então líder asteca Montezuma (c.1398-1469) acreditou que Cortés era o próprio Quetzacóatl, o deus que cumpria sua promessa de retorno. Assim, cobriu o conquistador espanhol de regalias, recebendo-o em seu palácio e obedecendo a suas ordens, inclusive aceitando ser batizado. Tentando compreender a religião católica de que falava Cortés, ao perceber que havia o ritual da ingestão simbólica do corpo e sangue de uma divindade – a eucaristia católica –, Montezuma indignou-se, pois isto contrariava o costume religioso asteca, segundo o qual quem se sacrificava por seus deuses eram os mortais. Foi então facilmente aprisionado e utilizado no subjugo de seu próprio povo, que se revoltou contra seu próprio chefe. Apesar de ter recuado inicialmente, 9 Conhecimentos aprofundados sobre astronomia podiam ser verificados na disposição dos templos, alinhados com astros; e, similarmente à sociedade clássica romana, era uma honra lutar por sua nação: esse era o principal modo de ascensão social e a maior parte da população era obrigada a prestar serviço militar. Em batalhas, assim como no império maia, acontecia a captura de inimigos para escravatura. Outrossim, era comum a incorporação das terras conquistadas ao território asteca, obrigando o pagamento de impostos e o serviço bélico ao império (MEDELLÍN e HINZ, 2002). Por sua vez, situados na região andina e cultuadores do deus Sol, os incas atingiram seu ápice de desenvolvimento a partir do século XV, subjugando vilas vizinhas ao seu poder. Em 1438, ao sofrer ataques de seus inimigos, os chancas, começaram a haver brigas e desentendimentos que enfraqueceram a união social no império. Quase 90 anos depois, os incas foram assolados por uma grande praga: a varíola e o sarampo europeus que prenunciavam os conquistadores. Francisco Pizarro (c.1471-1541) chegou ao domínio inca em 1526, sendo muito bem recebido. Naquele momento, o império estendia-se por 3.000 km no sentido norte-sul e 800 km no sentido leste-oeste, falando-se neste território mais de 20 idiomas (DEARY, 2012). Em um primeiro momento, Pizarro não atacou os nativos, pois preparava a sua volta em 1532. Desta vez, sequestrou em uma emboscada o imperador inca, Atahualpa (1497-1533), exigindo grandes quantias em ouro como pagamento. Na realidade, Pizarro nunca teve a intenção de libertar o imperador, que acabou morto8. Embora tenham ocorrido esforços para fazer ressurgir o poder inca, isto não foi possível, que acabou sucumbido pelos espanhóis. Em 1600, a população inca havia sido reduzida em cerca de 90%. Uma característica a ser evidenciada na história da América latina foi a velocidade com que as conquistas ocorreram: em poucos meses, foram facilmente dizimados milhares de nativos. De acordo com Galeano (2005), há vários motivos para tanto, entre os quais: as doenças trazidas nos navios, como varíola, tétano, tracoma, tifo, lepra e febre amarela, além das cáries e várias doenças pulmonares, intestinais e venéreas; o emprego de cavalos, animais desconhecidos na América, que alimentaram ainda mais a idealização divina referente aos espanhóis – os indígenas acreditavam que um cavaleiro e seu cavalo eram um ser único; o poderio bélico muito mais desenvolvido, já que os espanhóis detinham o conhecimento da pólvora e das espadas, enquanto a maioria dos povos indígenas lutava com pedras e equipamentos de guerra feitos em madeira; e, finalmente, a artimanha da traição, como aconteceu com Montezuma9. Cortés voltou cerca de dois meses mais tarde; e o ataque final espanhol condenou à morte mais de 20.000 astecas. O território então passou a se chamar Nova Espanha e foi centro de irradiação da conquista de outras terras (NEVES, 2002). 8 Atahualpa, sem mesmo saber o que era um livro, teria jogado no chão a Bíblia. Isso foi motivo de guerra para os espanhóis, que acabaram acusando o imperador inca de heresia, poligamia e vários outros crimes, condenando-a à fogueira. Contudo, Atahualpa decidiu aceitar o batismo cristão e sua pena foi reduzida para enforcamento (TURCI, 2012). 9 Em geral, os impérios pré-colombianos não eram unidos politicamente e viviam em constante rivalidade. No império inca, por exemplo, os espanhóis aproveitaram-se da desavença entre dois irmãos imperadores para desestruturar a população e torná-la mais vulnerável. "Quando os espanhóis chegaram à América, encontraram várias tribos rivais, que não precisavam de mais que um empurrãozinho para entrar em conflito" (RESTALL apud GOMES, 2005). 10 Visando dar um panorama geral do fazer arquitetônico da região em estudo, além de uma interpretação do sentido de sua evolução, Browne (1988) propõe dividir a arquitetura contemporânea latino-americana em 03 (três) fases, de modo a facilitar o seu estudo e análise, a saber: Primeiro (1930/45), Segundo (1945/70) e Terceiro Período (1970 em diante). Disto decorre a construção do seguinte esquema da evolução da arquitetura contemporânea na América Latina, no qual é possível identificar quatro linhas arquitetônicas principais, as quais estão baseadas, conforme o autor, na tensão constante entre os espíritos de época e de lugar10: Segunda Guerra Mundial (1939/45) O 1 . PERÍODO (Sociedades tradicionais) O Crises internacionais e regionais (1965/75) 2 . PERÍODO (Décadas de desenvolvimento) O 3 . PERÍODO (Época atual) Espírito da época ESTILO INTERNACIONAL ARQUITETURA DO DESENVOLVIMENTO (auge) tensão (debilitada) tensão OUTRA ARQUITETURA (marginal) tensão (auge) ARQUITETURA NEOVERNACULAR Espírito do lugar No final da década de 1920, de acordo com Browne (1988), a situação da América Latina diferenciava-se em muito do ambiente de vanguarda europeu, já que sua arquitetura, de modo geral, consistia em um ecletismo generalizado – marcado pela miscelânea entre revivalismos, Art Nouveau e Art Déco –, no qual surgiu uma preocupação pelas raízes arquitetônicas, representada pelo neocolonial ou neo-indigenismo em vários países, tais como o Estilo Neozteca (México) e o Estilo Marajoara (Brasil). Entretanto, a discussão confundia forma e conteúdo, sem incorporar a modernidade como tema e as obras, com ares cultos, folclóricos ou indigenistas, integravam-se à confusão eclética. O panorama somente mudaria na década seguinte, quando se iniciou, segundo o autor, o Primeiro Período da arquitetura contemporânea latino-americana. De 1930 a 1945, a região foi marcada pelas linhas do Estilo Internacional – o resultado estético da difusão do pensamento funcionalista que dominou toda a arquitetura comercial, a qual foi adotando progressivamente uma imagem de alta tecnologia, em especial a parede-cortina –, 10 Segundo Browne (1988), a arquitetura latino-americana tem evoluído dentro de uma permanente tensão entre o espírito da época e o espírito do lugar, ou seja, entre sua situação no tempo e no espaço. Em suma, o espírito da época corresponderia à sua situação temporal, envolta pelo processo civilizatório, de caráter universal; e voltado ao desenvolvimento racional e objetivo. Já o espírito de lugar corresponderia à sua situação espacial, resultado da dimensão cultural, de caráter particular; e baseada na sedimentação local e histórica de cada país e sociedade. 11 que aconteceu em paralelo à prática neovernacular, ou seja, à arquitetura fora das cidades, síntese dos conceitos contemporâneos e tipologias, materiais e tecnologias locais, a qual careceu de projeção social. Ambos permaneceram como polos, mantendo-se e evoluindo-se deste modo. Depois da Segunda Guerra Mundial (1939/45), ocorrem mudanças das condições internacionais e regionais, quando os EUA tornaram-se uma grande potência e impuseram a tese do panamericanismo, passando a América Latina buscar sua entrada para o cenário internacional, colocando-se como “atrasada” e “não destruída pela guerra”. A ênfase desenvolvimentista tornouse quase uma religião: o desenvolvimento e seus modelos alternativos converteram-se no tema que permeava as sociedades nacionais, pois era visto como evolução linear e cosmopolita, cuja experiência deveria ser vivida por todos e cujo motor seria o processo econômico e tecnológico, dos quais derivaria o progresso social (BROWNE, 1988). O Segundo Período da arquitetura contemporânea latino-americana teria ocorrido entre 1945 e 1970, quando, ainda segundo Browne (1988), somaram-se mais duas linhas arquitetônicas às outras duas anteriores, coexistindo todas, nas quais os arquitetos latino-americanos atuariam ora numa ora noutra. A maioria dos líderes apegou-se às ideologias universalistas do desenvolvimento, procurando reinterpretar modelos europeus através de uma “arquitetura do desenvolvimento”, isto é, uma arquitetura jovem e vigorosa, cuja potencialidade derivava principalmente de sua eloquência estrutural, considerada propulsora da modernização e não seu efeito, como ocorria na Europa. Simultaneamente, “outra” arquitetura aparecia timidamente na América Latina, caracterizando-se por também pretender reinterpretar o Movimento Moderno, mas através de tecnologias intermediárias, como a do contextualismo – em relação ao entorno urbano e/ou natural e do respeito aos valores, costumes e tradições latino-americanas11. A arquitetura do desenvolvimento foi impulsionada pela realização de concursos públicos, pela incorporação de líderes modernos a organismos estatais e pela construção de obras em Estilo Internacional (faculdades, escolas, mercados, etc.). Além disso, ocorreram publicações internacionais de obras latino-americanas. Em contrapartida, surgiram arquitetos que postulavam, através de uma arquitetura mais realista, humilde e enraizada, uma “outra” modernidade, apropriada à condição periférica daqueles países. Não pretendia ir adiante com progresso econômico e social de seus povos, mas aceitava sua realidade “real”. Sua expressividade radicalizava no uso da cor, texturas e trabalho da luz, permanecendo submergida no período, por suas obras serem mais modestas (BROWNE, 1988; CASTELNOU, 2000). Por fim, estaríamos vivendo, ainda na opinião de Browne (1988), um Terceiro Período da arquitetura contemporânea latino-americana, iniciado na década de 1970, onde as quatro linhas citadas estariam prosseguindo seu curso, embora tenha ocorrido um abandono de um 11 Nessa fase, o futuro e a mudança tornaram-se valores em si mesmos: os Estados latino-americanos propuseram-se a substituir as importações e impulsionar a industrialização; e os arquitetos fazem uma aliança com essa ideia de modernização, passando a criar obras representativas ou de bem-estar social, as quais simbolizassem o progresso almejado pelo governo, verdadeiro príncipe moderno. Seus principais representantes foram: Oscar Niemeyer (1907-2012), no Brasil; Felix Candela (1910-97), no México; Carlos Raúl Villanueva (1900-75), na Venezuela; e Emilio Duhart (1917-2006), no Chile (BROWNE, 1988). 12 modelo universal de desenvolvimento, voltando-se mais para uma pluralidade de alternativas que respondam à especificidade de cada povo. Contudo, ainda permaneceria a tensão entre as influências estrangeiras e as condições próprias, sendo que alguns arquitetos seguem ambas linhas, outras obras aparecem mistas. A dicotomia inicial entre “espírito da época” e “espírito do lugar” parece, enfim, caminhar para uma síntese. Hoje em dia, novas mudanças ocorrem nas condições internacionais e regionais: os países centrais começam a mudar seus próprios estilos de desenvolvimento (crises da “civilização”, do petróleo, da ecologia, etc.); e a temática vem se deslocando do “desenvolvimento” para a “qualidade de vida”. O crescimento econômico dos países latino-americanos ocorrido no período anterior, segundo Browne (1988), resultou em graves problemas – diferenças na distribuição de renda, periferização, metropolização, escassez de moradias e serviços urbanos, etc. –, o que fez com que muitas tensões e crises ocorressem desde então, inclusive regimes ditatoriais, os quais fizeram com que se repensasse o tema da modernidade. A isto se associa a recorrente preocupação com a identidade cultural e a necessidade do progresso de acordo com a história, os costumes e as condições latino-americanas. Logo, a “outra” arquitetura desenvolvida nas últimas décadas do século XX começa a se destacar, passando-se recentemente a defender: a autonomia disciplinar da arquitetura, a recuperação da história, o resgate das tipologias tradicionais, a conformação dos espaços públicos, a conservação e restauração de bairros e edifícios, entre outros. A Pós-Modernidade enfim, chegou, à América Latina. 6 MATERIAIS E METODOS De caráter exploratório, esta pesquisa, baseada em revisão web e bibliográfica com estudo de casos, realizou-se por meio da investigação, seleção e coleta de fontes impressas, tais como artigos, periódicos e livros, nacionais e internacionais; ou ainda publicadas on line, que tratavam direta ou indiretamente sobre o desenvolvimento da arquitetura na América Latina. Além de material para registro computacional, gráfico e fotográfico, utilizou-se as instalações físicas destinadas ao docente-adjunto, autor do projeto e lotado na subárea de Teoria e História da Arquitetura e Urbanismo, em Regime de Dedicação Exclusiva, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo, com a participação de 03 (três) discentes do curso de graduação. Em suma, a metodologia de pesquisa seguiu as seguintes etapas: a) Revisão Bibliográfica e Coleta de Dados: Esta etapa baseou-se na pesquisa bibliográfica sobre a localização geográfica, desenvolvimento histórico e caracterização cultural da América latina. Abordou-se igualmente os aspectos mais relevantes da arquitetura latino-americana, os quais encontram em fase de desenvolvimento. Fez-se a seleção de informações, coleta e síntese das ideias, de modo a organizar um banco de dados que foram utilizados nas próximas fases. 13 b) Seleção e Mapeamento de Obras: Esta etapa envolveu a identificação e descrição de 03 (três) exemplares de arquitetura latino-americana divulgados pelos círculos acadêmicos e profissionais, nas quais se destacou a relação entre cor e contexto cultural. c) Análise e Avaliação dos Casos: Aqui, fez-se os estudos de caso, que estão apresentados no capítulo sobre resultados e discussão. Procurou-se trabalhar de forma sintética e objetiva, abordando características funcionais, técnicas e estéticas mais relevantes, ilustrando-se com imagens. d) Conclusão e Redação Final: O fechamento desta pesquisa deu-se através da elaboração deste RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA, além de material expositivo por ocasião do 21º Evento de Iniciação Científica da UFPR – EVINCI, previsto para outubro de 2013. 7 RESULTADOS E DISCUSSÃO A escolha dos projetos aqui analisados deu-se da seguinte maneira: primeiramente, optou-se pela tipologia residencial, de modo a permitir melhores parâmetros para comparação entre os projetos. A partir daí, houve a seleção de obras em diferentes espaços temporais (décadas de 1970/80, 1990 e 2000), desde que inseridos em países latino-americanos, exceto o Brasil. Isto permitiu identificar influências diversas ao longo da história e como estas repercutiram na arquitetura aqui apresentada. O primeiro estudo de caso é da Casa Gilardi, obra do mexicano Luis Barragán (190288) construída antes do final da década de FIGURA 03 – America Invertida (Joaquin Torres García, 1936). Fonte: Daguerre (2012). 1970. O segundo é o da Casa de los Quince Patios, realizada pelo escritório composto por Ricardo Legorreta (1931-2011) e seu filho, Victor Legorreta (1965-); e executada em meados dos anos 1990. E, finalmente, o terceiro caso trata-se da Casa Abu&Font, que foi proposta e construída na década de 2000 pelo Gabinete de Arquitectura, liderado pelo paraguaio Solano Benitez (1963-); e que possui características um pouco distintas dos dois primeiros casos, porém não por isso menos contextualista. 14 ESTUDO DE CASO I Casa Gilardi (1976, Tacubaya, México) Localização: Endereço: Área do terreno: Data: Autoria: Tacubaya, Distrito Federal – México Rua General Francisco León, 82 – Delegación Miguel Hidalgo 2 360 m (10 x 36 m) 1976 Luis Barragán (1902-88) Impossível falar de arquitetura latino-americana – e ainda mais sobre a questão da cor na arquitetura – sem ao menos mencionar Luis Barragán (1902-88) que, nesta obra em um terreno relativamente estreito (10 x 36m), em Tacubaya; um vilarejo que se transformou em subúrbio da Cidade do México, conseguiu atingir o máximo da sua expressão. Apesar da influência modernista – por ter viajado e tido contato direto com o que acontecia na Europa no início do século XX –, Barragán manteve o caráter único de seu trabalho, não lançando mão de uma arquitetura academicista, mas sim emotiva. Obras de artistas como Frida Kahlo (1907-54), Diego Rivera (1886-1957) e Chuco Reyes (1880-1977) – sendo este último um pintor com quem Barragán iniciou uma estreita amizade no fim dos anos 1930 – foram determinantes no uso da cor em seus projetos (TEIXEIRA, 2008). Vista da rua, a residência mostra-se como um grande volume cor-de-rosa (Fig. 04), que parece estar suspenso pelo uso da madeira de cor escura no portão e porta de entrada, destacando-se na elevação das fachadas. A pedido do cliente, Francisco Gilardi, o programa exigia duas características: que fosse mantido o grande jacarandá localizado no meio do terreno, o que fez com que surgisse um pátio interno para que a árvore fosse mantida (Fig. 05); e que houvesse uma piscina coberta (Fig. 06), a qual acabou se transformando no chamariz do projeto, localizando-se na parte posterior da residência. Nas palavras de Barragán, “a coluna no meio da piscina vai contra todas as regras [...] mas precisava estar ali para trazer outra cor na composição” (RISPA, 1996, p. 198). 04 05 06 07 O partido arquitetônico consiste na divisão da residência em dois blocos conectados por um corredor lateral, fazendo surgir um pátio interno. No primeiro andar, concentram-se os serviços da casa: há a garagem, à direita de quem olha da rua; além da cozinha e uma lavanderia. A cozinha é acessada pelo mesmo hall que leva ao corredor amarelo de múltiplas e esguias janelas (Fig. 07). O segundo pavimento, 15 acessado pela escada à esquerda de quem entra na casa, consiste em um espaço de estar com lareira e um dormitório com terraço, localizado à frente do lote (Fig. 08). Aos fundos, há ainda o terraço na laje do corredor e do espaço da piscina no primeiro pavimento. Por fim, o último andar consiste no espaço mais íntimo da casa, com dois dormitórios e banheiro. Nas palavras de Rispa (1996), em livre tradução: a organização permite que os espaços se desdobrem de forma gradual, através de filtros de luz e silêncio. Este é um mundo de sensações: por trás da simples entrada, um corredor se amplia, e, reforçada pela luz zenital, uma escada sem corrimão é evidenciada (Fig. 09). Outro corredor acena na luz dourada macia filtrada por de um conjunto de janelas verticais na cor de ônix e, no final, uma porta se abre para um espaço austero que nada contém além de uma pequena piscina e uma mesa de jantar rústica. Uma curiosa parede vermelha suporta a claraboia da piscina. O resto é pura luz (Fig. 10). 08 09 11 10 12 A cultura mexicana está intrínseca ao uso da cor em toda a casa. O uso de grandes esculturas coloridas em formato de esfera (Fig. 11) rememoram as típicas pulquerías (lojas de bebidas alcoólicas); e Barragán faz uso destas no jardim seco do pátio da residência. Além disso, as cores vibrantes das vestes mexicanas tradicionais aparecem, tais como: o amarelo do corredor, o azul das paredes da piscina e o vermelho da coluna são evidências disso (STREET-PORTER, 1989). A relação com a obra de Chucho Reyes é facilmente percebida ao compararmos a arquitetura de Barragán com o trabalho do pintor (Fig. 12). 16 ESTUDO DE CASO II Casa de los Quince Patios (1998, Ciudad de México, México) Localização: Endereço: Área do projeto: Data: Autoria: Ciudad de México, Distrito Federal – México Não disponível 2 1300 m 1998 Ricardo Legorreta (1931-2011) + Victor Legorreta (1965-) + Chávez y Vigil Arquitectos Esta residência consiste no segundo projeto para um mesmo cliente, o qual já havia contratado o escritório de Legorreta para que fizesse uma casa de fim de semana nas montanhas, que buscasse o máximo contato com a natureza. Desta vez, entretanto, trata-se de uma casa urbana, voltada a si mesma, enclausurando-se do caos urbano e enfatizando o próprio interior (LEGORRETA+LEGORRETA, 2013). Vista da rua, o uso da cor vermelha é massivo na fachada, aliviado apenas pelo menor volume branco (Fig. 13). Como discípulo de Barragán, Ricardo Legorreta também se inspirava na arquitetura regional e tradições populares, assim como nas ideias do arquiteto norte-americano Louis Kahn (1901-74) e do também mexicano José Villagrán García (1901-82), com quem trabalhou por 12 anos. 13 O contato de Ricardo Legorreta – e igualmente seu filho e sucessor, Victor Legorreta (1965-) – com a cultura mexicana, seja ela relacionada aos templos astecas, o legado colonial espanhol ou as cores quentes e fortes da própria arquitetura vernacular, é facilmente identificado em muitas de suas obras; o que não poderia ser diferente nesta casa de 15 pátios. Basicamente, a residência é um estudo sobre interior e exterior: cada pátio consiste em uma atmosfera diferente, permitindo variados estilos de vida, como uma extensão da área da casa; um local para descanso e reflexão (Figs. 14 a 17). O uso de espelhos d'água que escorrem de um pátio para outro cria o som calmante de quem quer fugir do barulho da cidade grande. 14,15 17 16 17 Todos os quartos oferecem vistas para os diferentes pátios e terraços que compõem o conjunto (Fig. 18). O projeto de interiores, assim como a seleção de materiais, transmite o espírito mexicano, simultaneamente urbano e contemporâneo. O uso de cores fortes e vibrantes, como o vermelho e o rosa, também é marcante e toda a residência (Fig. 19), principalmente na definição de cada pátio. O renomado artista mexicano Francisco Toledo (1940-) usou plantas desérticas vermelhas e verdes, típicas do solo de Oaxacan, na ambientação do pátio de refeições (Fig. 20). Segundo ele, em livre tradução: “tivemos a chance de projetar os mínimos detalhes e, graças a bons artesãos mexicanos, muitos desenhos únicos foram possíveis [...] Pintura e escultura formaram a base do desenho e obras de arte foram integradas ao próprio projeto” (RISPA, 1996; p. 195). 18 19 20 Basicamente, conforme León (2013), a obra de Legorreta+Legorreta constrói-se a partir de volumes geométricos claramente definidos e de grande simplicidade e expressão. O emprego desses volumes permite criar formas puras e atemporais. Tais volumes formam tanto a estrutura da construção como seus elementos secundários, podendo sua escala ser intimista ou não. Esses elementos têm inspiração contextual e cultural, conferindo ao seu trabalho uma identidade única. ESTUDO DE CASO III Casa Abu&Font (2005/06, Asunción, Paraguay) Localização: Endereço: Área do projeto: Data: Autoria: Asunción, Paraguay Não disponível 2 750 m 2005/06 Gabinete de Arquitectura Esta residência consiste no projeto para a mãe e um dos irmãos do arquiteto Solano Benitez (1963-). Com uma família grande, composta por seis irmãos e 25 netos, Benitez previu uma casa que estaria sempre repleta de pessoas devido à visita dos filhos e netos; e que atendesse às necessidades de privacidade e segurança, tanto da mãe como do irmão do arquiteto. Dessa maneira, criou-se um espaço que permite sua abertura total, por meio de dois grandes portões basculantes, fazendo-se unir os jardins frontal e posterior (Fig. 21). 21 O térreo, fechado, traz segurança e intimidade. Porém, por um sistema de roldanas, as portas de madeira abrem-se, aumentando e transformando o espaço em uma ampla área de convívio. Tal sutileza com que Benitez resolveu o programa, além da excelente solução térmica da obra, concorrem com a mais contextual das características dessa obra latino-americana: o uso intenso e delicado do tijolo, que conferiu à casa uma cor especial. 18 Sendo um material abundante e barato no Paraguai, o arquiteto empregou o tijolo no extremo de suas capacidades – como piso, teto e paredes. Tendo a cor característica do tipo de argila do local, acabou por conferir identidade contextual à obra. O material ainda permitiu seu emprego criativo tanto como cobogós, encaixados individualmente de forma inventiva, como em forma de laje de blocos armados e concretados que, conforme o próprio Benitez, teve inspiração em Paulo Mendes da Rocha (1928-) (Figs. 22 a 25). Em termos estruturais, duas vigas Vierendeel de 14 m sustentam a casa que descarrega seu peso em quatro pilares nos muros de divisa – a distância entre uma e outra é de 11 m e vigotas longitudinais as unem e as trespassam em balanço de modo a equilibrar os esforços internos. O conjunto é fechado com uma laje de cerâmica armada, que suplementa a tensão na parte inferior do conjunto. Os outros dois pavimentos seguem o gradiente de intimidade – dormitórios e estares íntimos preparados contra o calor paraguaio. Um subsolo nos aproxima da desejável temperatura da terra, seus graus a mais e a menos no inverno e verão, respectivamente, são um bom desejo e um gratificante alívio, num lugar onde o o as temperaturas oscilam entre 2 C e 47 C. O pavimento superior, ao contrário, busca no aumento do volume de ar uma contenção a tanta inclemência. Seu pé-direito de 5 m remete-nos a uma espacialidade que não é comum no espaço contemporâneo; mas é de conseguir manter este ar preservado que trata toda a energia colocada no habitável (REVISTA MDC, 2008). 22 23 8 24 25 CONCLUSÕES Com base na pesquisa realizada, pode-se concluir que o contextualismo permite à arquitetura um diálogo com o ambiente em que a obra se insere, podendo este ser compreendido tanto em termos abstratos – como tradição, usos e costumes – como concretos – incluindo cores, texturas e materiais. Esta postura constituiu no avanço da arquitetura moderna em direção da apropriação da história. Nos estudos de caso, percebeu-se, nas duas primeiras casas analisadas, -se um predomínio de valores culturais relativos a agenciamentos espaciais (especialmente, em pátios) e tratamento cromático, remetendo ao folclore mexicano, o que caracteriza o chamado contextualismo cultural. Já o terceiro caso apropria-se mais de materiais e tecnologias de bases vernaculares, estas estreitamente vinculadas ao ambiente socioeconômico paraguaio, o que apontaria para o denominado contextualismo físico (regionalismo). 19 Hoje é bastante difundida e valorizada a ideia de uso de materiais sem revestimentos – iniciada defendida pelo brutalismo entre as décadas de 1950 e 1970; e atualmente fundamentada nas questões de sustentabilidade, alardeadas a partir dos anos 1980 e 1990 –, o que confere às edificações uma estética própria e singular, muitas vezes ligada ao material típico de determinada região, o que ficou bastante evidente no terceiro caso abordado. Já a argamassa grosseira e colorida de Barragán ou Legorreta alude ao espírito festivo e tradicional do povo mexicano, fazendo referência ao artesanato local. Conclui-se que a cor, seja trabalhada em seu matiz primário, resultante de pintura, seja oriunda do material empregado como matéria-prima – e, portanto, em aspecto natural e rude – constitui-se em um forte elemento de identidade cultural, o qual pode ser explorando quando se pretende fortalecer traços locais e/ou regionais, especialmente no ambiente latino-americano. Contrapondo-se a uma tendência generalista global, que acaba resultando em obras arquitetônicas “neo-universalistas”, pode-se encontrar no uso adequado e consciente da cor um caminho para reforçar elementos nacionais e valores tradicionais de uma sociedade em xeque. 9 REFERÊNCIAS AQUINO, R. S. L. de; LEMOS, N. J. F. de; LOPES, O. G. P. C. História das sociedades americanas. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1990. BRAIK, P. As crises dos séculos XIV e XV. Disponível em: <http://www.casadehistoria.com.br/conteudo/historia-geral/transicao-feudal-capitalista/crises-seculos-xivxv>. Acesso em: 06.mar.2013. BROWE, E. 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Acesso em: 15.nov. 2012. 10 FONTE DAS ILUSTRAÇÕES Figura 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13/14/15/16 17 18/19/20 21 22 23 24 25 Disponível em: http://worldmap.org/region.php?region=Latin%20America%20and%20Caribbean TODOROV, T. A conquista da América: a questão do outro. São Paulo: Martins Fontes, 1982. DAGUERRE, M. Latin American Houses. 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Seu desenvolvimento junto ao professor-orientador permitiu a complementação e publicação de material didático do curso de arquitetura e urbanismo da UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ – UFPR, a apostila “Arquitetura e Sustentabilidade”, a ser aplicada tanto no ensino de graduação, na área de Teoria e História da Arquitetura e Urbanismo, assim como no curso de pós-graduação stricto sensu (mestrado) em Construção Civil, subárea de Qualidade do Ambiente Construído, ofertado pelo DCC-UFPR. 12 APRECIAÇÃO DO ORIENTADOR A aluna de iniciação científica, matriculada regularmente no 3º ano de graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFPR, apresentou iniciativa e dedicação na elaboração das tarefas indicadas pelo professor-orientador, cumprindo integralmente o cronograma e permitindo o desenvolvimento satisfatório da pesquisa. Por se tratar de um trabalho introdutório sobre o tema, assim como pela vastidão de questões possíveis de serem abordadas em investigações nesse campo de pesquisa, considera-se que os resultados atingidos foram adequados aos meios utilizados e aos fins pretendidos, ou seja, servirem de complementação à pesquisa desenvolvida pelo docente intitulada “Arquitetura e Sustentabilidade: Bases Conceituais para o Projeto Ecológico”, iniciada em 2006. Esta pesquisa contribuiu ao interesse do acadêmico prosseguir a aplicação futura dos pressupostos da arquitetura sustentável na(s) área(s) de: APERFEIÇOAMENTO MESTRADO CENTRO DE PESQUISA MERCADO DE TRABALHO OUTROS: ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ 13 DATA E ASSINATURAS Curitiba, julho de 2013. _________________________________________________ Acadêmica Ingrid de Castro Schmaedecke _________________________________________________ Prof. Dr. Antonio Manoel Nunes Castelnou, neto