língua portuguesa: origens da (des)construção do latim ao

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língua portuguesa: origens da (des)construção do latim ao
LÍNGUA PORTUGUESA: ORIGENS DA (DES)CONSTRUÇÃO DO
LATIM AO PORTUGUÊS COMO LÍNGUA NACIONAL
Grupo 1
Amanda Gonçalves
Aluna do 6° p. do Curso de Letras/ISED
Daiane Vilela
Aluna do 6° p. do Curso de Letras/ISED
Sulamita Silva
Aluna do 6° p. do Curso de Letras/ISED
Grupo 2
Kamille Dayer Baia
Aluna do 6º período de Letras
Janine Lorenzo
Aluna do 6º período de Letras
Geraldo Charles
Aluno do 6º Periodo de Letras
Larissa Gomes
Aluna do 6º período de Letras
Orientadora:
Patrícia Ferreira Santiago
Professora do Curso de Letras – ISED
RESUMO: Em face de tantas dúvidas acerca da estrutura de nossa língua, sua origem e
suas transformações, este artigo propõe apresentar uma visão panorâmica sobre a
formação do português, que é oriundo do latim e como este se expandiu territorialmente
e se modificou linguisticamente. O texto que ora se apresenta se concretiza como um
trabalho realizado por dois grupos de pesquisa distintos. O corpus de análise do Grupo 1
conta com recortes de filmes de Mazzaropi e do grupo 2 de dados colhidos do face-
book. Essa fusão do resultado da pesquisa é uma inovação, mas a riqueza dos materiais
encontrados legitima o caminho escolhido para redação do texto conjunto.
Palavras-chave: Língua Portuguesa, Latim e transformações linguísticas.
1. Introdução
“Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...’’
(BILAC, 1977, p. 268)
A língua como parte integrante da cultura humana está sempre em evolução, como o
próprio homem. Quando se fala em evolução, se pensa que ela vem a partir de alguma
necessidade do organismo ou da sociedade, que exigem que algo mude, a fim de suprir
as novas demandas e, no caso da língua, a evolução acompanha, historicamente, a
cultura e as relações sociais, para que se torne, cada vez mais, eficaz para o indivíduo se
expressar e comunicar. Novas palavras, expressões que vêm e vão acompanham a
vontade que o ser humano tem de se fazer cada vez mais compreendido no meio social
em que o mesmo está inserido.
Que a interação é importante para o homem estabelecer suas relações sociais é algo que
ninguém pode negar e, quanto mais o homem domina e conhece as regras para
estabelecer esta interação, ele será melhor compreendido e, consequentemente, terá
mais condições de usá-la a seu favor e de seus interesses, é por isso que muitos
estudiosos associam a linguagem ao poder, pois o seu domínio concede ao indivíduo
privilégios.
A linguagem é segundo Soares (1991) o instrumento pelo qual o homem perpetua e
repassa sua cultura, educa uma criança, vê o mundo, se relaciona e estabelece relações.
E o seu não-domínio implica na exclusão e no que hoje chamamos de preconceito
linguístico.
É nesse sentido que se justifica esse artigo, pois busca contextualizar a história da língua
chamada portuguesa, que como outra língua qualquer também passou por diversas
evoluções, tendo sempre em mente que ela ainda continua se transformando, se
evoluindo para se adequar as necessidades contemporâneas. É neste sentido que essa
pesquisa, também, busca se fundar, pois veremos que conhecer as origens de uma língua
é um importante passo para ter uma visão menos preconceituosa.
Que benefícios trará para o nosso aluno e para nós mesmos conhecermos a história da
língua portuguesa? Esta pergunta é muito comum ao buscar justificar algo. Com este
artigo não é diferente. Portanto, queremos afirmar que é muito importante, seja para o
nosso aluno ou para os profissionais da Língua Portuguesa conhecer sua história para
que seja evitado os preconceitos em relação à língua, pois ao compreender sua história é
possível ver que muitas das mudanças e variantes linguísticas que, hoje, existem se
legitimam em fatos que ocorreram no passado e podem ser cientificamente explicadas.
Sendo assim, conhecer a história da Língua Portuguesa, bem como a sua evolução,
contribuirá para diminuir os entre os falantes os preconceitos em relação às variantes ou
ao que é diferente do Português até então considerado como padrão.
Essa análise tem a pretensão de descrever, de uma forma abrangente, um histórico da
Língua Portuguesa, perpassando como se deu o seu surgimento e a relação desta língua
com o Império Romano; todo o caminho por ela percorrido, para chegar ao que hoje
conhecemos como língua portuguesa ou para alguns: Língua Brasileira.
Os objetivos específicos são:
•
tornar conhecido, seja para os nossos alunos ou a você leitor, como se deu o
surgimento da Língua Portuguesa;
•
compreender a evolução do Latim, bem como, os fatores que proporcionaram o
surgimento do Português;
•
apresentar conceitos que explicam vários fenômenos relacionados à evolução do
latim vulgar até se tornar língua portuguesa;
•
discutir as questões cronológicas, geográficas e políticas que foram
imprescindíveis para o formato que a língua veio a adquirir.
Para isso, buscaremos manter um constante diálogo com autores que já abordaram este
assunto anteriormente como Tarallo (1991) e Coutinho (1984), bem como com outros
gramáticos, linguistas e alguns estudiosos da Língua Portuguesa como Soares (1991),
Lemle (1990), Ilari (1992) entre outros.
Além disso, buscaremos analisar a luz destes autores,
de forma mais específica,
algumas das mudanças fonéticas do Português de hoje – pois veremos que esta língua
ainda continua evoluindo – queremos compreender como estes autores explicariam estas
novas mudanças, verificando que as mesmas ocorrem por diversos fatores, a fim de
adequar-se as necessidades de interação do homem.
2. Desenvolvimento
2.1. Breve histórico da língua
A língua é parte da cultura e, portanto, da história da humanidade. Para entendermos a
evolução do nosso idioma se faz necessária uma busca paralela da história política,
econômica e cultural que resultaram na formação do território português, para assim
compreendermos os fatos que influenciaram na formação do que hoje chamamos de
língua portuguesa.
No poema Língua Portuguesa, o primeiro verso de Bilac (1977) se refere a “Última flor
do Lácio”. Essa referência já nos dá pistas sobre a origem da língua portuguesa. Lácio
foi uma cidade da região administrativa do império Romano. Nos séculos III, II e I a.c.,
os romanos já se faziam donos de parte da extensão territorial do continente europeu.
Essa dominação não se deu por vontade dos povos dominados, muito pelo contrário,
guerras sangrentas que se estendiam por longas datas eram travadas. O império romano,
sempre, conseguia anexar mais territórios, tomando posse das riquezas locais e impondo
por força sua cultura, religião e, o que é de nosso interesse nesse estudo, a língua.
Dos territórios conquistados pelo império, a Península Ibérica foi um dos últimos a ser
anexado no Império Romano. Situada no extremo oeste do continente europeu (parte
desse território é hoje Portugal), nos séculos antecedentes à invasão romana, já havia
sido palco de embates entre povos distintos. Dados arqueológicos, etimológicos e
linguísticos, comprovam que os primeiros povos a viverem na península foram os
Cântaro-pirenaico e mediterrâneo. O Íbero foi fruto da junção desses povos, dando
origem ao nome da península.
O local tinha muitas riquezas como ouro e prata, o que chamou a atenção de vários
povos. Gregos, fenícios e outros povos disputavam a posse da península. A ida e vinda
desses povos deixaram marcas até nos nossos dias, como por exemplo, cidades que
resistiram a outras invasões. A luta contínua pela posse da terra tão rica continuou
marcando a história da península até que íberos e celtas coabitaram a terra e
consolidaram o poder político e econômico, incomodando o grande império romano.
Para não perder a região tão estratégica, os romanos invadiram a península no século III
A.C. guerreando por ela até 197 A.C. quando se estabeleceu. Chegamos então ao ponto
da história em que os romanos tiveram contato com a região que deu origem a Portugal.
Quando Roma consegue dominar a península Ibérica, já havia passado séculos que o
império estava se formando, os soldados que ali dominaram já não tinham mais o
contato com a língua falada no Lácio, a língua usada por eles já havia passado por
várias modificações.
Faremos uma pequena pausa na história para falarmos de latim clássico e latim vulgar,
para compreendermos melhor as origens do português.
O latim clássico era a língua usada por uma sociedade mais prestigiada, que tinha
participação ativa na política, religião, economia e cultura da época. Essa sociedade
tinha acessos a textos escrito, podendo, muitas vezes, serem eles mesmos os autores
desses textos. Podemos compará-lo com aquilo que Saussure chama de Langue, a língua
em sua essência sem influências exteriores.
Comparado ao latim clássico, o latim vulgar é concomitante ao primeiro, porém falado
por uma classe social desprivilegiada, sem acesso a textos escritos e, muito menos, às
normas da língua. Em contraponto a Langue , poderíamos classificar o latim vulgar
como Parole, sendo a língua em ação.
Os soldados que dominaram a Península Ibérica faziam parte da sociedade que não
tinha acesso aos textos escritos e normas da língua e eram falantes do latim vulgar. A
“última flor do Lácio” como diz o próprio poema era “inculta”, ou seja, o português é
uma língua neolatina, originaria não do latim clássico, mas sim do latim vulgar.
O latim que chegou ao território ibérico, como não possuía nenhum código que
estabelecia as normas da língua, continuou evoluindo, acompanhando às necessidades
comunicativas. O latim vulgar sofreu várias influências, dentre elas quatro marcaram
visivelmente o caminho percorrido pelo latim vulgar até ao português. É importante
ressaltar que o latim vulgar se estabeleceu nos territórios dominados não
ideologicamente ou por literatura, mas foi o resultado de invasões violentas, de um
império histórico, que buscando impor suas ideias e seu poderio coagiam o povo
dominado a falarem a língua do império: o latim.
Como dito sobre os fatores que influenciaram o latim vulgar, dois deles caminharam
juntos: o cronológico e o geográfico. “Instrumento diário de comunicação entre
indivíduos que habitam um vasto solo, um língua falada não pode ficar estacionária.”
(CÂMARA, 1976. p. 50), como citado, o império tinha um vasto território e as
distâncias geográficas influenciaram o latim vulgar, quanto mais distante de Roma, mais
contato com dialetos dos territórios conquistados, menos contato com o latim clássico.
As conquistas se deram em épocas diferentes, no caso da Península Ibérica, que foi um
dos últimos e mais longínquo território conquistado, essas influências marcaram
fortemente a evolução do latim vulgar que ali chegou.
O território dominado pelos romanos, tão vasto apresentava diferenças em suas
constituições política, econômica e linguística. Em cada território em que chegavam
encontravam graus organizacionais diferentes, sendo que alguns povos, mais
organizados debatiam mais às imposições e outros se subjugavam com mais facilidade.
Isso contribuiu para formação das línguas românicas, pois de acordo com a dificuldade
de coação os fatores de substratos ou supertratos apareciam.
Por último, os fatores substratos e supertratos também fizeram parte efetiva na
modificação do latim vulgar. Quando falamos de substratos linguísticos, referimo-nos a
quando os dominados falam e aceitam a língua imposta, mas deixando rastros do dialeto
outrora falado, o dominador por sua vez aceita essa mescla, pois a vertente principal
continua sendo a língua imposta.
Já supertrato linguístico é o fato do dominador, mesmo insistindo em usar sua própria
língua, no caso do nosso estudo o latim, pela dificuldade de coação passa a usar também
o dialeto do dominado.
2.2. As mudanças linguísticas
Todos esses elementos, que influenciaram o latim, acabaram por sucumbir a língua a
constantes e graduais mudanças em toda sua estrutura. Os fatores cronológicos,
geográficos, políticos, os substratos e supertratos linguísticos, provocaram lentas
modificações no Latim até ao Português. Entre essas mudanças, Coutinho (1984)
especificou as seguintes:
a) Mudanças morfológicas: se trata da estrutura das palavras, ou seja, a forma de
marcar no interior delas as categorias gramáticas como gênero, número, pessoa,
aspecto, voz e tempo.
b) Transformações sintáticas: são modificações na estrutura da organização das
sentenças em uma língua e como os elementos se distribuem numa oração.
c) Alterações semânticas: observa os significados das palavras, e os processos que
podem mudá-los.
d) Mudanças pragmáticas: atenta-se para como os falantes usam as palavras, a
funcionalidade que se dá aos termos e como isso evolui com o tempo.
e) Transformações lexicais: analisa a composição do léxico, sua história (no caso
da língua portuguesa a base é o Latim) e os empréstimos linguísticos de outros
idiomas.
Coutinho (1984) cita também as mudanças fonéticas, que neste momento, usaremos
para mostrar que a língua continua em um processo de evolução e que não é um
organismo estático. As transformações fonéticas são enumeradas e classificadas num
contexto em que se repetiam do latim para o português os mesmos fatos em diversas
palavras. Essas evoluções fonéticas são chamadas de metaplasmos, que se subdividem
em alguns fenômenos como:
1- Permuta: É a substituição ou troca de um fonema por outro na palavra. A permuta se
subdivide vários casos, destacaremos alguns :
1.1-
Sonorização: transformação de um fonema surdo em sonoro, de acordo com a
tabela:
P
T
C [k]
F
B
D
G
V
Exemplos: Profecto=Proveito
1.2 -Vocalização: substituição de uma consoante para uma vogal:
Ct
Lt
PT
Lc
UeI
Exemplo: Lactem=laite,
1.3 -Consonantização: Substituição de uma vogal por uma consoante:
I
U
J
V
Exemplos: ieiunu=jejum, uiuere=viver
1.4 -Assimilação: Quando um fonema apropria-se de características de outro do qual
está próximo . A assimilação pode ser vocálica ou consonantal, total ou parcial.
1.5- Dissimilação: Queda ou diversificação de um fonema por já existir fonema igual
ou semelhante na palavra. Exemplo: Formosu=fermosu o O dissimulou em E por já
existir fonema igual. Pode haver dissimilação consonantal ou vocálica.
1.6 -Nasalização: Surgimento de fonema nasal. Exemplo Mi=mim
1.7 -Desnasalação: Desaparecimento de som nasal. Exemplo: Luna=Lua
2- Subtração: quando a palavra perde um fonema.
2.1-Aférese: quando o vocábulo perde o primeiro fonema .
Exemplo: inamorare=namorare
2.2
Síncope: quando perde um fonema no interior da palavra.
Exemplo: Pulica=pulga
2.3
Apócope: quando se perde um fonema no final da palavra.
Exemplo: amare = amar, sole= sol
2.4
- Haplologia: queda de uma sílaba inteira na palavra.
Exemplo: Perdeda= perda
3- Aumento: quando se acrescenta um fonema na palavra.
3.1- Prótese: acréscimo no início da palavra.
Exemplo: satare=estar
3.2- Epêntese: acréscimo no meio da palavra.
Exemplo: area=areia
3.3 - Epítese: acréscimo no final da palavra.
Exemplo: bif=bife
4 – Transposição: quando um fonema muda de lugar dentro da palavra.
4.1- Metatése: quando o fonema muda de lugar nas sílabas da palavara.
Exemplo: Semper=sempre
Todos esses fenômenos não desapareceram, como dissemos, a evolução linguistica não
para e sempre acompanha a história do homem. O Português que no Brasil se
estabeleceu sofreu essas mesmas influências. Estávamos a milhas de distância do
Império português e a comunicação era muito difícil. Este fator geográfico/cronológico
junto com a miscigenação (portugueses, indígenas, africanos e, posteriormente,
imigrantes europeus)
provocaram mudanças do Português de Portugal para o
Português do Brasil.
Atualmente, uma nova influência perceptível são os chamados estrangeirismos, que com
as novas tecnologias da comunicação tem sido mais constante. Conhecidos também
como empréstimos linguísticos, pois vem de outros idiomas tem aumentado o léxico da
língua portuguesa. Essas são pequenas demonstrações de que sempre haverá fatores que
modificarão, naturalmente, o idioma.
2.3. A análise
Corpus do grupo 1
Para tratar da evolução fonética, atualmente, analisamos a linguagem dos personagens
dos filmes Mazzaropi, filmados em meados da década de 60 e 70, em que os
personagens
observados
possuem
uma
variedade
linguística
socioeconômica
aparentemente desprivilegiada do interior de São Paulo. Essa analise é um pequeno
exemplo de como a língua continua mudando. Seguindo a ideia dos metaplasmos de
Coutinho(1984) encontramos os seguintes fatos:
1- Permuta
1.1- Sonorização: cuspe=guspe
1.2- Assimilação: destino=distino (assimilação de E em I total regressiva)
precisamos=precisemo ( assimilação de A em E parcial progressiva).
1.3- Dissimilação: somos=semos
1.4- Nazalilação: rodoviária=rondoviária
1.5- Desnazalação: homem=home
2- Subtração
2.1- Aférese: você=ocê
2.2- Síncope: vendendo=vendeno
2.3- Apócope: mal=má
2.4- Haplologia: está=ta
3- Aumento
3.1- Prótese: lembrar=alembrá
3.2-Epêntese: arroz=arroiz
3.3- Epítese: trabalhar=trabalhare
4- Transposição
4.1- Metátese: dentro=drento
Corpus do Grupo 2
Diante do exposto teoricamente, analisamos algumas frases postadas na rede social
Facebook, resguardando a identidade de usuários, e constatamos algumas ocorrências de
metaplasmos. Vale salientar que a linguagem utilizada no facebook é a mais próxima da
linguagem oral, ou seja, por ser um espaço informal, a maioria das pessoas escrevem
exatamente como falam. E como muitos metaplasmos são detectados na fala das
pessoas e na escrita, podemos exemplificar alguns abaixo:
Exemplo 1:
Observe a frase “As mina pira na atitude”. Marcos Bagno nos diz em seu livro “A
língua de Eulália” que a tendência da língua é ficar cada vez mais “enxuta”. Há uma
eliminação natural do plural no português não-padrão. Marca-se somente o artigo
definido. Minas – mina -> apócope, pois eliminou-se o “s” no fim da palavra.
Haplologia: queda de uma sílaba inteira no interior do
vócabulo
Exemplo 2:
Na frase: “Porém não é assim que as redes de comunicação pensa!!” ocorre a mesma
situação, mas inversa. O verbo “pensar” não é transformado em plural porque a usuária
entendeu que o artigo flexionado já determinava o plural.
Exemplo 3:
Houve nessa primeira postagem a permuta de v por F na palavra.
Exemplo 4:
A palavra infelizsmente possui uma epêntense por ter um acréscimo de s no seu
interior e temos também em problema um caso de síncope, aliás , muito recorrente na
oralidade.
Exemplo 5:
Em seguinte com som de K o usuário trocou k por g, havendo pois uma sonorização.
Exemplo 6:
A palavra “deserminar” é escrita pelo usuário e pode nos mostrar:
disseminar – deserminar (Houve uma assimilação vocálica pela troca do “i” pelo “e” e
uma Epêntense pelo acréscimo do “r” no meio da palavra.
Exemplo 7:
Há aqui, no vocábulo “nois” uma epêntese de i.
Conclusão
A língua mais do que um objeto de interação é algo que identifica o falante, sua classe
social e o meio onde ele vive. Discorremos sobre a história de uma língua que hoje
identifica milhões de pessoas no mundo e cada grupo que dela faz uso a caracterizou de
uma maneira diferente. No Brasil, somos 190 milhões de brasileiros falantes de um
idioma que varia dentro do próprio território nacional. Isso é uma riqueza característica
da nossa cultura que é tão diversa, mas que tem sido alvo de preconceitos devido a falta
de conhecimento.
Essa repulsa às variedades chama-se preconceito linguístico, ou seja, quando não se
considera como língua as variantes linguísticas, julgando uma menos favorecida do que
a outra. O preconceito linguístico se desenvolve a maneira que o sujeito lança mão da
gramática ou da língua de prestígio como a única vertente correta da língua, e
desvaloriza as demais construções.
No decorrer desse artigo, discutimos sobre as origens do nosso idioma e o processo que
o mantém em constante evolução. Ressaltamos que a língua portuguesa tem origem em
um Latim vulgar, uma língua que já havia sofrido modificações durante as conquistas
romanas. Ter consciência desses fatos já é o primeiro passo para evitar atitudes
preconceituosas diante das variantes linguísticas diversas. Lemle (1990) diz da falta de
conhecimento dos professores a respeito dessa realidade e das atitudes que isso implica.
Por isso a importância de conhecer a história da língua portuguesa e reconhecer sua
constante evolução. Isso contribui para evitar ideias erronias sobre as variedades
linguísticas e, ainda, levando a menos atitudes preconceituosas.
Referências
CÂMARA, Jr. Joaquim Mattoso. História e estrutura da língua portuguesa. Rio de
Janeiro: Padrão. 1976.
ILARI, Rodolfo. Linguística românica. São Paulo: Ática, 1992.
SILVA, Rosa Virgínia Mattos. O português arcaico: fonologia, morfologia e sintaxe.
São Paulo. Contexto, 2006.
COUTINHO, Ismael de Lima. Pontos de gramática histórica.7.ed. Rio de Janeiro:
Livro Técnico, 1984.
LEMLE, Miriam. Guia teórico do alfabetizador. São Paulo: Ática, 1990.
MELO, Gladstone Chaves de. Iniciação a filológica e à lingüística portuguesa. Rio de
Janeiro: Acadêmica, 1975.
SILVA NETO, Serafim da. História da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Presença
MEC, 1979.
SOARES, Magda. Linguagens e escola: uma perspectiva social. São Paulo, Ática, 1991.
TARALLO, Fernando. A pesquisa sociolinguistica. São Paulo: Ática, 1991.

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