JC Relations

Transcrição

JC Relations
Jewish-Christian Relations
Insights and Issues in the ongoing Jewish-Christian Dialogue
Kloke, Martin | 01.08.2005
Febre de tempo final e barril de pólvora
Israel e o fundamentalismo cristão na Alemanha1
Martin Kloke
1. Os silenciosos no país? Observações
Quais são as pessoas que aos milhares manifestam a sua solidariedade com Israel, marcham pelas
ruas agitando bandeiras israelenses e ruidosamente exclamam “Deus abençoe Israel”? O que
cristãos alemães de espetro evangelical, quando falam em quererem esclarecer “sobre o plano de
Deus com o seu povo escolhido”? O que está por trás quando organizações fundamentalistas
adquiram contribuições para vários projetos em Israel – numa quantidade que aos/às representantes
do serviço eclesial estabelecido ensinam admiração (ou, dependente do modo de ler, o recear)?
Quase não reparadas pela mídia, assim chamadas “demonstrações de solidariedade com Israel”
tomaram lugar: Em Frankfurt [Francoforte sobre o Meno] falou o diplomata israelense Joseph Levy
uma palavra de saudação em nome do seu governo. Em Berlim, assim relata a Jewish Telegraph
Agency (JTA), se realizou “uma das maiores demonstrações pró-Israel, as quais a Alemanha no
último tempo viu” – organizada por uma liga-ad-hoc de iniciativas numerosas do espetro carismáticopentecostal2
Alguns judeus se distanciam de demonstrações para Israel de cristãos alemães (25 de agosto
de 2002) em: Some Jews don’t like it as German Christians rally for Israel.
O deputado berlinense da CDU [Christlich-Demokratische Union], Günther Nooke, falou uma palavra
de saudação.
Na esplanada desse manifesto de fim do verão, a embaixada israelense publicou esse apelo à
demonstração no seu newsletter eletrônico. O embaixador, Shimon Stein, aceitou um dia antes da
manifestação uma declaração de subsídio com mais que 6.000 assinaturas.
Só poucas semanas depois – pelo fim do setembro de 2002 – o presidente dos ministros, Ariel
Sharon, apresentou os seus cumprimentos à conferência da festa dos Tabernáculos da “Embaixada
Cristão Internacional Jerusalém”: Perante 2.500 visitantes fez uma palestra altamente política de
abertura, agradeceu pela solidariedade dos amigos cristãos de Israel – e assistiu como um primeiro e
único presidente de ministros israelense a toda a cerimônia, escutando atentamente as orações
cristãs e “contos de louvor” carismáticos. Mas: Totalmente bem o governo israelense não se sente
na coisa – em todo o caso, enquanto se refere ao ministério do exterior. Depois de protestos da
“associação de estudantes judaicos na Alemanha”, a embaixada em Berlim extinguiu um link na sua
página, o qual, introduzido pouco antes levara diretamente às páginas dos ativistas protestanticosfundamentalistas de Israel (http://www.israelnetz.de).
O que nisso poderá ser tão problemático, se cristãos ultraconservativos exprimirem a sua simpatia
com Israel? O Israel, isolado na política mundial, o qual na UNO, num caso sério, se pode unicamente
apoiar nos EUA e num estado de ilhas (a Micronésia) no Pacífico, se permitir ser esquisito no
recebimento de gestos de solidariedade? E: No ano de 2002 ver um mar de bandeiras israelenses
1/4
perante o Reichstag alemão – não é isso um acontecimento emocionante, caso que se considerar
que 60 anos antes bandeiras de suástica abainhavam a área do Reichstag?
Perguntas tais e semelhantes, pode ser que muitos amigos de Israel se põem nesses meses.
Especialmente quando se ver a alforria política referente a Israel, da qual as instalações das Igrejas
cristãs são afetadas. Sim, existem numerosos círculos de trabalho judaicos-cristãos e iniciativas
israelteológicas. Mas não nos enganemos: Aqueles que, no que se refere a Israel fazem seguir os
seus fatos são intra-eclesialmente marginalizados. O silencio de círculos eclesiais estabelecidos,
bispos e sínodos referente ao complexo quente “Israel/Palestina e Alemanha” está mais sonoro que
o um ou o outro papel ou um ou outro exercício de dever – seja o “domingo de Israel” no agosto ou a
“semana de fraternidade” no março: Onde estão os sinais de solidariedade crítica também em
tempos difíceis, nos quais o estado judaico conduz uma luta desesperada, não obstante feia pela sua
existência – neste país freqüentemente demais mal-interpretada como “agressão” sionista ou
“campanha antigotestamentária de vingança”? Temos de lidar com indiferença? Com repercussões
do antijudaismo, respectivamente anti-semitismo tradicional, o qual – apesar de todos os
Möllermanns – ainda pertence aos tabus mais bem guardados desta sociedade? É a preocupação de
ser confrontado, na discussão do conflito israelense-palestinense, ser repentinamente confrontado
com a careta anti-semítica no espelho da história própria? Ou será que a reserva mostrada para fora
pela cristandade árabe está sendo culpada que não, no anti-sionismo apodíctico, já não quer ser
inferior atrás das comunidades majoritárias moslêmicas já por razões de autoconservação?
Essas perguntas oferecem primeiros pontos de referência porque não quero simplesmente deixar a
solidariedade com Israel de certos segmentos do protestantismo cristão.
2. O que crêem os fundamentalistas?
Deixai-me começar com uma citação:
“O anti-cristo faz guerra contra o último inimigo, contra Israel, finalmente contra o Deus de
Israel. A 3ª guerra mundial, portanto, vai acontecer. […]: São 200 milhões que partem contra
Israel. Juntam-se no Eufrates e vêm do leste a Israel (Ap 9,14; 16,16). A 3ª parte das pessoas
humanas vai perecer com isso (Ap 9,16.18; 16,14). A ‘batalha de todas as batalhas’ acontece
na planície de Megido, em >Har-Mageddon3
As linhas são dum livrinho dum pároco e docente evangélico num “seminário bíblico” de Wuppertal.
O autor expressa o que constitui a essência da imagem do mundo cristã-fundamentalista. Nessas
frases – relacionadas a Israel – encontramos o arsenal inteiro daquilo que perfaz o autoentendimento fundamentalista.
Na linguagem cotidiana, o conceito de “fundamentalismo” emerge em contextos múltiplos
desconcertantes: em relação ao Hamas palestinense ou o movimento de colonização judaica em
Israel; de igual freqüência indiferenciadamente para a designação duma atitude pietista-evangelical;
no espaço político, para a caracterizarão de posições radicais dentro do espetro verde
(“ecofundamentalistas”). Mas não só o inflacionamento do conceito é típico para o discurso – sempre
vale: fundamentalistas são os outros.
Não estou interessado na degradação daqueles movimentos de renovação religiosos, os quais
surgiram mundialmente – entre outras com reação a um secularismo a-religioso irrefletido. Vou até
afirmar que o fundamentalismo dos nossos dias até anima os seus críticos para a autocertificação:
Em que consiste o conteúdo do sentido da civilização cientifica-técnica? De onde venho? Para que
vivo? Aonde vou? Perguntas que temos reprimido em virtude do iluminismo e secularização, na
consciência da complexidade e complicação do ser, emergem no fundamentalismo pela porta de
trás num modo penoso-importunador. O anseio por orientação, arraigamento e certezas firmes
(também depois de calor sentido) nasce de exigências humanas profundas, também se as
2/4
comunidades religiosas tradicionais têm cada vez mais dificuldades de proporcionar abrigo e ofertas
que dêem sentido. Fases de popularidade pós-moderna são tampos bons para fundamentalistas.
Nisso, os julgamentos em bloco contra a “insânia internacional”4 como pouco útil para entender
ressurgimentos religiosos – indiferente se tratar de particularismos carismáticos, evangélicos,
judaico-cassídicos, islâmicos ou outros religiosos.
O que facilmente chega a ser esquecido: O conceito do fundamentalismo tem raízes protestantes.
Remonta a uma série de escritas que saiu nos EUA faz quase 90 anos: The Fundamentals – A
Testimony to the Truth. As obras dessa série de bestseller contêm teses que até hoje contam entre
os essenciais dos fundamentalistas cristãos-protestantes.
A isso pertence a “infalibilidade” da Bíblia em sentido literal da palavra, a recusa de conhecimentos
científicos enquanto contradizem esse entendimento da Bíblia, e eliminação de “divergentes”, os
quais não se subordinem ao esquema de “conversão e renascimento” de massas renovadas
(“renascidas”), assim a visão fundamentalista, a separação não amada de estado e igreja pode ser
superada.
À identidade fundamental de grupo pertence um inimigo – seja na própria Igreja liberal ou também
no mundo exterior secular. Esse inimigo é muitas vezes o “Anticristo”, em que nomes e conteúdos
contextualmente podem mudar rapidamente. O mundo visível passa por ser o campo de batalha
entre o diabo e Deus. Da demonização do mundo resultam determinadas expectativas do tempo
final – a perspectiva fundamentalista de futuro é apocalipticamente determinado. Os partidários dela
interpretam os escritos de consolo proféticos e apocalípticos prenhes de símbolos da Bíblia Hebraica
e do Novo Testamento a serem horários divinos concretos para o processo histórico. Os horrores do
presente e do futuro iminente (“Terceiro Guerra Mundial”) estão sendo conjurados com certa
pruridade – são as dores de parto daquele Cristo voltando, o qual salva o pequeno grupo dos
salvados da aflição desta terra.
Na variedade fundamentalista da Cristandade evangélica temos de lidar com um movimento contra
o protestantismo do tempo moderno. Ainda no seu desejo de delimitação extremo (para não dizer
desesperado) pertence o fundamentalismo à história cultural do tempo moderno: Os seus partidários
representam um movimento anti-modernistsa de protesto contra o mundo secular dos séculos 20 e
21.
3. Israel: um ponto fixado libidinoso
O que fundamentalistas cristãos crêem e pensam, como interpretam o mundo, mas também como o
tentam a modificar – isso resulta de modo especial do seu relacionamento ao Estado moderno de
Israel. Lembrais-vos talvez ainda da ação de cartazes dispendiosa do “partido de cristãos fiéis à
Bíblia” na zona neutra das eleições para o Bundestag [Parlamente Federal alemão]. Esse partido
mínimo dedicou até cinco dos cinco trechos de política exterior do seu programa de princípios ao
assunto “Israel”5 O que é o motor desses interesses?
É a subida do movimento sionista, a “volta” em massa de judeus à sua terra biblicamente prometida
– depois de dois milênios de exílio. Esse fenômeno de fato admirável, por ser historicamente sem
par, entre os sionistas religiosos, mas também no entendimento cristão passa por prova visível da
fidelidade permanecente: a Suas promissões em geral e a Israel em especial. A volta judaica está
sendo como sinal escatológico da esperança6.
Para fundamentalistas, essa perspectiva de interpretação é vaga demais: A `ALiYóH, a “ascensão”
sionista a Israel, interpretam incircunstancialmente como “re-dução divina para a terra da
promissão”. Portanto, a fundação do Estado de Israel em 1948 é o começo do tempo final
messiânico – a ‘prova’ de que a volta de Cristo está muito eminente. A ocupação israelense de
Jerusalém ocidental árabe e a conquista de territórios bíblicos da terra ao oeste do Jordão na Guerra
3/4
dos Seis Dias de 1967 deu aos fundamentalistas cristãos – semelhantemente a partes da ortodoxia
judaica – um ‘kick de Israel’ potente. Desde então, o estado judaico chegou a ser francamente um
ponto fixo libidinosamente ocupado.
As forças fundamentalistas receberam impulso ulterior em 1977, quando, com a tomada de posse do
bloco Likud, uma aliança de correntes sionistas de direita e religiosas nacionais chegou a mandar.
Essas forças puxaram para frente a colonização de “Samaria” e “Judéia”. Como esse
desenvolvimento é para ser explicado? A Liga Árabe já tinha lançado contra o lado israelense o
“não” tríplice logo depois da Guerra dos Seis Dias em 1967 – no cume de Khartum: “Não ao
reconhecimento de Israel! Não a negociações! Não a paz com Israel!” Aí não podia ser grande a
tentação de considerar especialmente o Banco Ocidental, um como projeto sionista – os esquerdistas
antes sob motivos de política de segurança, os direitistas ainda inspirados nacionalreligiosamente?
Dezenas de milhares de israelis, atraídos pelas subvenções estaduais, se instalaram na área da
Grande Jerusalém.
Que esse processo no fim do decênio dos 70, antes de tudo, tomou forma sob augúrio religioso era
totalmente do gosto de fundamentalistas cristãos: Criam que pudessem reconhecer a realização da
história divina de salvação na política israelense de colonização. Aí, não é senão conseqüente que a
associação “Cristãos ao lado de Israel”, cuja administração se encontra em Zierenberg no norte de
Hesse, mantém uma ação com o lema: “Ajudai os judeus para casa”. A organização, que opera
internacionalmente, mantém 16 “pontos de apoio” na Ucrânia, Moldávia, Belarus e Rússia; de lá, os
seus colaboradores, com o seu “Exobus” levaram ultimamente cerca de 1.500 pessoas por mês a
aeroportos, de onde estas chegaram a Israel. Além disso, os sionistas cristãos matem projetos para
“os colonos judaicos em Judéia e Samaria” – com o ponto de gravidade em Ma`aleh Adumim. A
associação hamburguesa “Ebenezer Hilfsfonds” prosseguiu projetos semelhantes com o lema
“Operation Exodus”.
Círculos nacionalistas em Israel podem ser que simpatizem com essas atividades. Mas será que
realmente saibam realmente com quem estão tendo que lidar? – O dirigente do projeto Exobus
motiva as atividades proto-sionistas da sua associação com um “plano de despertação” divino:
“Se o povo judaico ficar dispersado no mundo inteiro e não mais voltar a Israel, não estará
em condições a receber perdão, um coração novo e um espírito novo. […] A solução: […]
Deus nos chama a trazer para casa o povo judaico.”7
Na página [site] própria da associação, a motivação missionária chega a ser ainda mais clara: Por
conseguir, os “cristãos no lado de Israel” apostam em que “o povo escolhido (>o Israel inteiro
4/4
Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)

Documentos relacionados