18 universidade do sul de santa catarina carla antunes
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18 universidade do sul de santa catarina carla antunes
18 UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA CARLA ANTUNES PETERS PRODUÇÃO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA TÓPICA DE NANOCÁPSULAS CONTENDO EXTRATO DE Wilbrandia ebracteata Tubarão 2012 CARLA ANTUNES PETERS PRODUÇÃO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA TÓPICA DE NANOCÁPSULAS CONTENDO EXTRATO DE Wilbrandia ebracteata Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Ciências da Saúde, da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito para obtenção do título de Mestre em Ciências da Saúde. Orientador: Prof. Luiz Alberto Kanis, Dr. Co-orientadora: Profa. Irene Clemes Külkamp Guerreiro, Dra. Co-orientador: Prof. Rodrigo Rebelo Peters, Dr. Tubarão 2012 Peters, Carla Antunes, 1985P57 Produção e avaliação da atividade anti-inflamatória tópica de nanocápsulas contendo extrato de Wilbrandia ebracteata / Carla Antunes Peters ; orientador: Luiz Alberto Kanis ; co-orientadora: Irena Clemes Külkamp Guerreiro ; co-orientador: Rodrigo Rebelo Peters. -- 2012. 114 f. : il. Color. ; 30 cm Dissertação (mestrado)–Universidade do Sul de Santa Catarina, Tubarão, 2012 Inclui bibliografias 1. Plantas medicinais. 2. Matéria médica vegetal. 3. Agentes anti-inflamatórios. 4. Nanotecnologia. 5. Farmacologia. I. Kanis, Luiz Alberto. II. Guerreiro, Irena Clemes Külkamp. III. Peters, Rodrigo Rebelo. IV. Universidade do Sul de Santa Catarina Mestrado em Ciências da Saúde. V. Título. CDD (21. ed.) 615.32 Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul Ao meu esposo Giovane pelo amor dedicado, suporte, incentivo, paciência, compreensão e maravilhoso bom humor que sempre salva os meus dias difíceis!!! Aos meus pais Catarina e José Carlos por terem me educado com tanto amor e carinho, pelo apoio e incentivo eternos e por serem os responsáveis pela pessoa que sou hoje. Amo vocês. Aos meus amigos Luiz e Rodrigo que são meus verdadeiros tutores desde o início da minha formação acadêmica, me guiando, apoiando e incentivando pelos caminhos da nossa linda profissão e nos quais sempre procuro me espelhar. AGRADECIMENTOS Ao meu orientador Dr. Luiz Alberto Kanis, por esta orientação e por todas as outras desde a iniciação científica. Agradeço também pelo tempo dedicado, pela compreensão e pelo humor. Ao prof. Dr. Rodrigo Rebelo Peters, pela disponibilidade de orientação na parte farmacológica independente do horário! À profa. Dra. Irene Clemes Külkamp Guerreiro e à Mari, pelo auxílio com os testes realizados na UFRGS. À profa. Dra. Karina Remor, pela orientação nos teses com ratos, bem como à sua orientanda Luise, pelo auxílio na realização destes estudos. Ao acadêmico Erlon, pela grande ajuda com os experimentos, mesmo nas férias de verão! Ao Diego e ao Moisés, pelo grande apoio nos testes realizados. Ao farmacêutico Rodrigo, coordenador dos laboratórios da saúde, pela atenção e pelo apoio durante os experimentos realizados nos laboratórios. À família do meu esposo, pela compreensão nas ausências e pelo apoio. Aos professores e aos meus colegas do Programa de Mestrado em Ciências da Saúde, pela troca de experiências e pela amizade. À Silvane e à Fram, por toda a ajuda durante o curso. Ao Programa de Mestrado e a sua coordenadora Dra. Rosemeri Maurici da Silva – “Foi um prazer inenarrável!”. Às minhas amigas e amigos, pela compreensão nas ausências e pelo incentivo. À minha gerente e amiga Deise, pela compreensão nos momentos em que tive de me ausentar devido aos experimentos e pelo apoio nos momentos difíceis. Aos meus colegas de trabalho, “-Marias” e “-Josés”, pelo incentivo e pela amizade! À Austen Farmacêutica, por ter investido na minha formação, apoiando financeiramente o curso e custeando todo o projeto juntamente com o Grupo de Desenvolvimento em Tecnologia Farmacêutica (TECFARMA) e com o apoio da FINEP, sem os quais não seria possível a realização deste Mestrado. A todos aqueles que contribuíram de alguma forma para a realização deste projeto. Obrigada! RESUMO A Wilbrandia ebracteata (Taiuiá) é uma planta medicinal brasileira conhecida por seus efeitos terapêuticos no tratamento de reumatismos, úlceras, gastrites, constipações e febre. Muitos estudos químicos e farmacológicos com esta planta demonstraram que extratos obtidos das raízes da W. ebracteata possuem flavonóides e cucurbitacinas, que podem ser os principais responsáveis pela sua atividade anti-inflamatória. Com o advento da nanotecnologia na área farmacêutica, é possível modificar uma resposta terapêutica de ativos isolados ou de extratos, desta forma o objetivo deste trabalho foi validar uma metodologia analítica para a quantificação de flavonóides no extrato de W. ebracteata, desenvolver nanocápsulas de extrato de W. ebracteata padronizado em flavonóides e cucurbitacinas, e avaliar a atividade anti-inflamatória por via tópica. Foi estabelecida e validada uma metodologia analítica para o rápido doseamento de vitexina e isovitexina no extrato de W. ebracteata por CLAE, na presença ou não de nanocápsulas de poli(εcaprolactona) (PCL). As condições cromatográficas estabelecidas foram: coluna: C18 – partícula 2,4 µm – tamanho 100 x 4.6 mm, eluentes: ácido fórmico 0,67 % e metanol (68:32), fluxo de 1,1 mL/min., temperatura de 40 oC e detecção em 330 nm. A metodologia validada mostrou-se seletiva para detecção de vitexina e isovitexina, com picos completamente separados e de simetria aceitável, sendo obtidos valores de pratos teóricos superiores a 6000. Esta metodologia foi considerada linear, precisa (CV = 1,91 % e 1,84 % para vitexina e isovitexina, respectivamente), exata (99,65 % e 101,34 %, 101,47 % e 99,35 % para vitexina e isovitexina no extrato de W. ebracteata (EWE) e na presença de nanocápsulas, respectivamente) e robusta para as variações de temperatura de 39 a 40 °C e de fluxo de 1,1 a 1,13 mL/min. Foram identificados e quantificados no EWE os flavonóides vitexina e isovitexina e as cucurbitacinas dihidrocucurbitacina B e cucurbitacina B, sendo que o extrato rico em flavonóides contém aproximadamente 10 % de sua massa em isovitexina e vitexina e 0,3 % de dihidrocucurbitacina B. As análises de polidispersão e de tamanho de partícula das nanocápsulas de PCL e triglicerídeos de ácido cáprico e caprílico (TGL) produzidas foram avaliadas por difratometria de laser com diâmetros médios (D[4,3]) de 130 nm a 186 nm. Os resultados de atividade anti-inflamatória demonstraram que o EWE puro e nanoencapsulado (NEWE) apresentam atividade antiedematogênica aguda para o modelo avaliado em camundongos. Os estudos também indicaram que a nanoencapsulação do EWE não melhorou a resposta terapêutica aguda do EWE, para os modelos avaliados. Nos estudos de atividade anti-inflamatória crônica em camundongos as nanocápsulas apresentaram um efeito edematogênico que pode ser atribuído à elevada concentração de tensoativos das suspensões. Ainda, através do estudo de irritação primária de pele, o EWE e NEWE não foram consideradas substâncias irritantes. Palavras-chave: Atividade anti-inflamatória. Cucurbitacina B. Dihidrocucurbitacina B. Isovitexina. Nanocápsulas. Vitexina. Wilbrandia ebracteata. ABSTRACT The Wilbrandia ebracteata (Taiuiá) is a Brazilian medicinal plant known for its therapeutic effects in treating rheumatism, ulcers, gastritis, constipation and fever. Many chemical and pharmacological studies with this plant have shown that roots extracts of the W. ebracteata have flavonoids and cucurbitacines, which may be primarily responsible for its anti-inflammatory activity. With the advent of nanotechnology in the pharmaceutical area, it is possible to modify a therapeutic response of isolated actives and extracts, thus the objective of this study was to validate an analytical methodology for quantification of flavonoids in the W. ebracteata extract, obtain nanocapsules of W. ebracteata extract cucurbitacines and flavonoids standardized and evaluating its topical anti-inflammatory activity. An analytical methodology have been developed and validated for the simultaneous assay of vitexin and isovitexin in W. ebracteata extract by HPLC in the presence or absence of nanocapsules of poli(ε-caprolactone) (PCL). The chromatographic conditions were set: column: C18 – particle 2.4 µm – 100 x 4.6 mm size, eluents: 0,67 % formic acid and methanol (69:32), flow: 1.1 mL/min., temperature: 40 °C and detection at 330 nm. The methodology was validated and shown selective detection for vitexin and isovitexin, with peaks of acceptable symmetry and completely separated for these flavonoids, obtaining values of theorical plates above 6000. This approach was considered linear, accurate (CV = 1.91% and 1.84% to vitexin and isovitexin, respectively) and robust to variations in temperature 39 - 40 °C and flow from 1.1 to 1.13 mL/min., with accuracy of 99.65%, 101.34%, 101.47% and 99.35% for vitexin and isovitexin in the W. ebracteata extract (EWE) and in the presence of nanocapsules, respectively. The flavonoids vitexin and isovitexin and the dihidrocucurbitacin B and cucurbitacin B were identified and quantified in EWE, and this extract rich in flavonoids (approximately 10% of its mass). Analyzes of polydispersity and particle size of the nanocapsules PCL and triglycerides of capric and caprylic (TGL) compounds were evaluated by laser diffractometry with average diameter (D[4.3]) of 130 nm to 186 nm. The results of the anti-inflammatory activity showed that pure EWE and nanoencapsuled EWE (NEWE) have antiedematogenic activity in the acute model evaluated in mice. The studies also indicated that the nanoencapsulation of EWE did not improve the EWE therapeutic response, for the acute model evaluated. In chronic studies of anti-inflammatory activity in mice the nanocapsules showed an edematogenic effects that can be attributed to the surfactant concentration of the suspensions. The model to evaluated the primary skin irritation of acute effect, showed that the EWE and NEWE were not irritants. Keywords: Anti-inflammatory. Cucurbitacin B. Dihidrocucurbitacin B. Isovitexin. Nanocapsules. Vitexin. Wilbrandia ebracteata. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Principais fontes que podem influenciar o acúmulo de metabólitos secundários nas plantas ........................................................................................... 23 Figura 2 – Determinação dos parâmetros para o cálculo da resolução ................... 25 Figura 3 – Determinação dos parâmetros para o cálculo do fator de cauda ............ 26 Figura 4 – Determinação dos parâmetros para o cálculo dos pratos teóricos .......... 27 Figura 5 – Representação do esqueleto básico de flavonóides C-glicosídeos, mostrando os três anéis, sendo dois, anéis aromáticos ........................................... 35 Figura 6 – Esqueleto cucurbitano destacando uma molécula de isopreno à direita . 35 Figura 7 – Representação da escala nanométrica ................................................... 37 Figura 8 – Representação da estrutura de nanoemulsão, nanoesfera e nanocápsula ................................................................................................................................. 39 Figura 9 – Representação do sistema de liberação de fármacos por difusão .......... 42 Figura 10 – Representação do sistema de liberação de fármacos por erosão ou destruição da cápsula .............................................................................................. 42 Figura 11 – Representação da pele e suas camadas mais externas. Evidenciadas algumas camadas da epiderme ............................................................................... 45 Figura 12 – Representação da ação nanocarreadora das nanopartículas pela via transdérmica. Fármaco representado pelas esferas vermelhas e nanopartículas representadas pelos círculos azuis .......................................................................... 46 Figura 13 – Método de precipitação de polímero pré-formado ................................. 59 Figura 14 – Delineamento dos estudos in vivo com camundongos.......................... 63 Figura 15 – Delineamento do estudo crônico ........................................................... 65 Figura 16 – Picos de vitexina e isovitexina em corridas cromatográficas de uma solução contendo os dois padrões em comparação às corridas do EWE e do EWE acrescido de nanocápsulas vazias ........................................................................... 68 Figura 17 – Curva analítica da vitexina .................................................................... 72 Figura 18 – Curva analítica da isovitexina ................................................................ 72 Figura 19 – Gráfico de resíduos para a curva analítica da vitexina .......................... 73 Figura 20 – Gráfico de resíduos para a curva analítica da isovitexina ..................... 73 Figura 21 – Corridas cromatográficas dos padrões sobrepostas para análise de precisão do método .................................................................................................. 75 Figura 22 – Imagem do EWE ................................................................................... 78 Figura 23 – Perfil cromatográfico em 330 nm do EWE frente à vitexina e isovitexina ................................................................................................................................. 79 Figura 24 – Perfil cromatográfico do EWE obtido em 230 nm .................................. 80 Quadro 1 – Estruturas químicas de vitexina, isovitexina e dihidrocucurbitacina B com os seus respectivos LogP e solubilidade em água calculados. ................................ 84 Figura 25 – Curva de distribuição granulométrica referente ao volume da suspensão de nanocápsulas vazias (NV) ................................................................................... 85 Figura 26 – Curva de distribuição granulométrica referente ao volume da suspensão NEWE 0,24 % .......................................................................................................... 85 Figura 27 – Curva de distribuição granulométrica referente ao volume da suspensão NEWE 2,4 % ............................................................................................................ 86 Figura 28 – Efeito do tratamento tópico do EWE a 2,4 % e do NEWE 2,4 % em edema de orelha agudo induzido por óleo de cróton em camundongos mostrando o edema resultante após 4 h e após 6 h da aplicação do agente flogístico, com o erro padrão ...................................................................................................................... 89 Figura 29 – Resultados da avaliação do edema de orelha de camundongos induzido por óleo de cróton após tratamento prévio de 5 dias. .............................................. 91 Figura 30 – Efeito do EWE a 2,4 % e do NEWE 2,4 % em edema de orelha crônico induzido pela aplicação múltipla de óleo de cróton em camundongos mostrando a curva tempo-resposta do efeito durante 9 dias. ....................................................... 93 Figura 31 – Imagem comparativa das orelhas dos camundongos no 9° dia do estudo crônico ...................................................................................................................... 95 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Condições cromatográficas .................................................................... 50 Tabela 2 – Preparo das soluções teste para eficiência do método .......................... 51 Tabela 3 – Preparo das soluções padrão de vitexina para linearidade .................... 52 Tabela 4 – Preparo das soluções padrão de isovitexina para linearidade ............... 53 Tabela 5 – Preparo das soluções teste e controle para exatidão ............................. 54 Tabela 6 – Preparo das soluções teste e controle para exatidão com nanocápsulas ................................................................................................................................. 55 Tabela 7 – Condições cromatográficas para o doseamento de cucurbitacinas ....... 57 Tabela 8 – Equação de reta para dihidrocucurbitacina B ......................................... 58 Tabela 9 – Composição das nanocápsulas preparadas ........................................... 59 Tabela 10 – Avaliação da irritação cutânea ............................................................. 66 Tabela 11 – Classificação da substância irritante .................................................... 67 Tabela 12 – Resultados de eficiência para vitexina ................................................. 69 Tabela 13 – Resultados de eficiência para isovitexina ............................................. 70 Tabela 14 – Resultados de precisão ........................................................................ 74 Tabela 15 – Resultados de exatidão para doseamento de vitexina e isovitexina no EWE ......................................................................................................................... 75 Tabela 16 – Resultados de exatidão para doseamento de vitexina e isovitexina no EWE na presença de nanocápsulas ........................................................................ 76 Tabela 17 – Efeito de variação de fluxo para doseamento de vitexina e isovitexina no EWE ......................................................................................................................... 77 Tabela 18 – Efeito de variação de temperatura para doseamento de vitexina e isovitexina no EWE .................................................................................................. 77 Tabela 19 – Teor de vitexina, isovitexina, cucurbitacina B e dihidrocucurbitacina B no EWE ......................................................................................................................... 80 Tabela 20 – Eficiência de encapsulação do EWE .................................................... 81 Tabela 21 – Resultados de análise granulométrica referente à faixa de distribuição de volume ................................................................................................................. 86 Tabela 22 – Resultados de análise granulométrica referente à faixa de distribuição de número de partículas ........................................................................................... 87 Tabela 23 – Resultados de irritação primária de pele em ratos para NEWE 2,4 % e EWE 2,4 % (n = 8), apresentando os resultados do controle (acetona, n = 3) ......... 97 LISTA DE ABREVIATURAS AA – Ácido Araquidônico AINES – Anti-inflamatórios Não Esteroidais ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária CLAE – Cromatografia Líquida de Alta Eficiência COX – Ciclooxigenase COX-1 – Ciclooxigenase 1 COX-2 – Ciclooxigenase 2 CV – Coeficiente de Variação DAD – Diode Array Detector DP – Desvio Padrão E – Exatidão E – Encapsulação EROs – Espécies reativas de oxigênio EWE – Extrato de Wilbrandia ebracteata LOX – Lipoxigenase LogP – Logarítimo do coeficiente de partição óleo/água M – Média N – Pratos teóricos NEWE – Extrato de Wilbrandia ebracteata Nanoencapsulado Nm – Nanômetros NO – Óxido Nítrico NV – Nanocápsulas Vazias NV CONC – Nanocápsulas vazias concentradas PACA – Polialquil Cianoacrilato PCL – Poli є-caprolactona PEG – Polietilenoglicol PLA – Poliácido Láctico PLA2 – Enzima Fosfolipase A2 PLGA – Poli Ácido Láctico-co-ácido-glicólico R – Coeficiente de Correlação RE – Resolução Executiva Rs – Resolução RT – Tempo de Retenção SEI – Solução Estoque de padrão de isovitexina SEV – Solução Estoque de padrão de vitexina SEWE – Solução Estoque de EWE SMD – Solução Mãe para diluição T – Fator de Cauda TGL – Triglicerídeos US-FDA – Food and Drug Administration - United States W – Wilbrandia SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 19 2 JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 21 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 22 3.1 FITOTERÁPICOS .............................................................................................. 22 3.2 EXTRATOS VEGETAIS ..................................................................................... 22 3.3 VALIDAÇÃO ....................................................................................................... 24 3.3.1 Eficiência do método .................................................................................... 24 3.3.1.1 Tempo de retenção – RT.............................................................................. 24 3.3.1.2 Resolução – Rs ............................................................................................ 25 3.3.1.3 Fator de cauda – T ....................................................................................... 26 3.3.1.4 Pratos teóricos – N ....................................................................................... 27 3.3.2 Seletividade ................................................................................................... 28 3.3.3 Linearidade .................................................................................................... 28 3.3.4 Precisão ......................................................................................................... 29 3.3.5 Exatidão ......................................................................................................... 29 3.3.6 Robustez ........................................................................................................ 29 3.4 INFLAMAÇÃO .................................................................................................... 30 3.4.1 Agentes anti-inflamatórios ........................................................................... 31 3.4.1.1 Anti-inflamatórios não esteroidais – AINES .................................................. 32 3.4.1.2 Anti-inflamatórios hormonais – glicocorticóides ............................................ 33 3.4.1.3 Anti-inflamatórios fitoterápicos ..................................................................... 33 3.5 Wilbrandia ebracteata ........................................................................................ 34 3.6 NANOTECNOLOGIA ......................................................................................... 36 3.6.1 Nanotecnologia farmacêutica ...................................................................... 38 3.6.2 Principais nanoestruturas utilizadas na área farmacêutica ...................... 39 3.6.2.1 Nanoemulsões ............................................................................................. 39 3.6.2.2 Nanoesferas ................................................................................................. 40 3.6.2.3 Nanocápsulas ............................................................................................... 40 3.6.3 Polímeros utilizados na preparação de nanocápsulas .............................. 41 3.6.4 Metodologias utilizadas na preparação de nanocápsulas......................... 43 3.6.5 Nanotecnologia aplicada a sistemas transdérmicos ................................. 44 3.6.5.1 Nanotecnologia aplicada no tratamento de processos inflamatórios por via transdérmica............................................................................................................. 47 4 OBJETIVO GERAL ............................................................................................... 48 4.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................. 48 5 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 49 5.1 OBTENÇÃO DO EXTRATO DE Wilbrandia ebracteata (EWE) .......................... 49 5.2 VALIDAÇÃO DE METODOLOGIA ANALÍTICA PARA DOSEAMENTO DE VITEXINA E ISOVITEXINA EM EWE E NO EXTRATO DE Wilbrandia ebracteata NANOENCAPSULADO (NEWE) POR CROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE ALTA EFICIÊNCIA - CLAE ................................................................................................. 49 5.2.1 Método analítico ............................................................................................ 49 5.2.2 Soluções estoque .......................................................................................... 50 5.2.3 Eficiência do método .................................................................................... 51 5.2.4 Seletividade para vitexina e isovitexina em EWE e em NEWE .................. 52 5.2.5 Linearidade .................................................................................................... 52 5.2.6 Precisão ......................................................................................................... 53 5.2.7 Exatidão ......................................................................................................... 53 5.2.8 Exatidão na presença de nanocápsulas...................................................... 54 5.2.9 Robustez ........................................................................................................ 55 5.3 CARACTERIZAÇÃO DO EXTRATO DE Wilbrandia ebracteata - EWE ............. 56 5.3.1 Perfil cromatográfico do EWE ...................................................................... 56 5.3.2 Teor de vitexina e de isovitexina ................................................................. 56 5.3.3 Teor de cucurbitacina B e de dihidrocucurbitacina B................................ 56 5.3.4 Perda por dessecação .................................................................................. 58 5.4 DESENVOLVIMENTO DAS NANOCÁPSULAS ................................................. 58 5.4.1 Técnica de produção de nanocápsulas por nanoprecipitação de polímero pré-formado ............................................................................................................ 58 5.5 CARACTERIZAÇÃO DAS NANOCÁPSULAS.................................................... 60 5.5.1 Eficiência de nanoencapsulação ................................................................. 60 5.5.2 Determinação de tamanho de partícula por difratometria de laser........... 61 5.6 TESTES IN VIVO ............................................................................................... 62 5.6.1 Aspectos éticos ............................................................................................. 62 5.6.2 Animais .......................................................................................................... 62 5.6.3 Avaliação da atividade anti-inflamatória in vivo utilizando modelos de edema de orelha ..................................................................................................... 63 5.6.3.1 Delineamento experimental .......................................................................... 63 5.6.3.2 Modelo de avaliação do edema de orelha induzido pela aplicação tópica de óleo de cróton........................................................................................................... 64 5.6.3.3 Modelo de inflamação crônica por edema de orelha induzido pela aplicação múltipla do óleo de cróton ........................................................................................ 64 5.6.3.4 Análise dos resultados ................................................................................. 65 5.6.4 Avaliação da irritação primária de pele: efeito agudo em ratos ................ 65 6 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 68 6.1 VALIDAÇÃO DE METODOLOGIA ANALÍTICA PARA DOSEAMENTO DE VITEXINA E ISOVITEXINA EM EWE E NEWE POR CROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE ALTA EFICIÊNCIA - CLAE ................................................................................. 68 6.1.1 Seletividade ................................................................................................... 68 6.1.2 Eficiência do método .................................................................................... 69 6.1.3 Linearidade .................................................................................................... 71 6.1.4 Precisão ......................................................................................................... 74 6.1.5 Exatidão ......................................................................................................... 75 6.1.6 Exatidão em presença de nanocápsulas..................................................... 76 6.1.7 Robustez ........................................................................................................ 77 6.2 CARACTERIZAÇÃO DO EXTRATO DE Wilbrandia ebracteata - EWE ............. 78 6.3 CARACTERIZAÇÃO DAS NANOCÁPSULAS.................................................... 81 6.3.1 Eficiência de encapsulação .......................................................................... 81 6.3.2 Determinação de tamanho de partícula por difratometria de laser........... 85 6.4 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA IN VIVO UTILIZANDO MODELOS DE EDEMA DE ORELHA ...................................................................... 88 6.5 AVALIAÇÃO DA IRRITAÇÃO PRIMÁRIA DE PELE: EFEITO AGUDO IN VIVO97 7 CONCLUSÕES ..................................................................................................... 99 8 PERSPECTIVAS ................................................................................................. 102 REFERÊNCIAS...................................................................................................... 103 19 1 INTRODUÇÃO A Wilbrandia ebracteata é uma planta popularmente conhecida por Taiuiá, típica da flora brasileira e encontrada inclusive no estado de Santa Catarina. Na medicina popular é utilizada na terapia de gastrites, úlceras, constipações e febre, podendo-se ainda ressaltar o seu uso para o tratamento de reumatismos em geral (1, 2). Estudos anteriores demonstraram que a Wilbrandia ebracteata possui uma ação analgésica e uma potente atividade anti-inflamatória. Estas propriedades foram atribuídas à presença de cucurbitacinas e flavonóides presentes nas raízes desta planta medicinal (3, 4, 5). As cucurbitacinas e os flavonóides são substâncias químicas provenientes do metabolismo secundário de várias plantas, que possuem atividade biológica bem difundida dentro da comunidade científica. Estudos apontam que as cucurbitacinas apresentam atividade antiviral, anti-inflamatória, antioxidante e analgésica (4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11). Os flavonóides apresentam atividade antioxidante, hipoglicemiante, antiviral, anti-inflamatória e hepatoprotetora (3, 12, 13, 14, 15, 16). A atividade anti-inflamatória da Wilbrandia ebracteata foi observada em estudo in vivo e in vitro através de diferentes modelos experimentais em que se observou a atividade antiedematogênica, antinociceptiva, inibição do influxo células e de exudato para o local da inflamação (4, 5, 10, 11). Estudos complementares sugeriram que estes efeitos estão relacionados, pelo menos em parte, com a redução da síntese de prostaglandinas E2 devido à inibição da COX-2 (ciclooxigenase 2) e inibição da liberação de NO (óxido nítrico) (4, 5, 9, 10). Para o desenvolvimento de um medicamento fitoterápico é indispensável garantir a eficácia, segurança e reprodutibilidade da atividade farmacológica. Para produtos de origem vegetal estes requisitos somente são alcançados com a padronização de todo o processo produtivo e para isto é necessário o doseamento de marcadores químicos, sejam eles ativos ou não, como forma de controlar o desempenho e reprodutibilidade do processo (17, 18, 19, 20). A incorporação de ativos em novos sistemas de liberação diferenciada como os sistemas nanoparticulados tem proporcionado modificações nos 20 comportamentos farmacocinéticos e de estabilidade, sendo que nas últimas décadas começou a ser aplicada em extratos e derivados de origem vegetal por Granada e colaboradores (21). Quando associadas a estes sistemas os ativos podem ter sua biodisponibilidade melhorada, promover redução da dose terapêutica além de promover uma ação localizada (22, 23). A incorporação desta tecnologia a extratos de Wilbrandia ebracteata padronizados pode ser uma alternativa para incrementar o potencial terapêutico desta planta no tratamento de processos inflamatórios. 21 2 JUSTIFICATIVA A larga utilização de medicamentos anti-inflamatórios para o tratamento das mais diversas patologias e sintomatologias coloca esta classe de medicamentos entre as mais utilizadas pela população em geral (24, 25). Contudo, a alta prevalência da utilização dos antiinflamatórios tradicionais – anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) e glicocorticóides, aumenta a incidência de seus efeitos colaterais, que são muitos, como por exemplo, a retenção de líquidos, a Síndrome de Cushing, as lesões gástricas, a insuficiência renal e o rash cutâneo (26, 27, 28, 29). A aplicação de anti-inflamatórios pela via tópica permite um menor índice de efeitos colaterais sistêmicos, sendo indicado em algumas patologias, como na osteoartrite. Porém a penetração no tecido-alvo é um grande problema que afeta a eficácia destes, pois a maioria dos medicamentos transdérmicos só consegue atravessar a epiderme pelos folículos pilosos e glândulas (30, 31). Uma alternativa para os antiinflamatórios de uso tradicional é o desenvolvimento de medicamentos à base de plantas medicinais com propriedades antiinflamatórias. Estudos farmacológicos com estas plantas vêm viabilizando tratamentos com menores efeitos colaterais. Isso se deve principalmente ao sinergismo das diversas substâncias químicas presentes nas plantas medicinais, que agem em conjunto sobre vários fatores do processo inflamatório simultaneamente, levando a um tratamento mais efetivo, com doses terapêuticas mais baixas e com efeitos colaterais reduzidos (32, 33). Entre as várias plantas medicinais com potencial para desenvolvimento de novos medicamentos podemos destacar a Wilbrandia ebracteata. Esta planta apresenta elevada atividade anti-inflamatória atribuída principalmente à presença de cucurbitacinas e flavonóides (3, 34, 35, 36, 37). A produção de um extrato nanoencapsulado padronizado em flavonóides e cucurbitacinas a partir da Wilbrandia ebracteata para aplicação tópica pode vir a ser uma nova alternativa terapêutica para o tratamento de processos inflamatórios. A incorporação deste extrato em sistemas nanoparticulados,poderá permitir uma maior permeação cutânea dos ativos, devido ao tamanho reduzido das partículas além de aumentar a estabilidade destes. 22 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 FITOTERÁPICOS Os fitoterápicos são medicamentos cujos princípios ativos devem ser obtidos exclusivamente de matérias-primas vegetais, garantindo eficácia e segurança. Estas podem ser comprovadas por meio de levantamentos etnofarmacológicos, documentações tecnocientíficas, ou evidências clínicas. Além disso, os fitoterápicos devem respeitar as mesmas condições de fabricação impostas aos demais tipos de medicamentos (38). Como a garantia da eficácia e da segurança de um medicamento fitoterápico depende diretamente do derivado vegetal, que contém o princípio ativo deste medicamento, a qualidade destas matérias-primas é de vital importância. Estes derivados vegetais podem ser óleos essenciais, óleos fixos e extratos (18). 3.2 EXTRATOS VEGETAIS Os extratos vegetais podem ser obtidos a partir de parte de uma planta medicinal, como as folhas, a casca, o caule ou a raiz, ou de toda a planta. Esta definição depende das substâncias químicas que se deseja extrair da planta, ou seja, da parte da planta que possui maior concentração da substância ativa que se precisa para a produção do extrato (39, 40, 41). As substâncias ativas presentes nas plantas medicinais são resultado do metabolismo secundário das mesmas, ou seja, além do metabolismo primário, básico, que garante a vida às plantas, como por exemplo a fotossíntese, todas as plantas produzem metabólitos secundários que são diferentes quantitativamente e qualitativamente nas várias espécies de plantas existentes. Estes metabólitos secundários exercem funções específicas em cada planta, como por exemplo, defesa. Porém, para os seres humanos, algumas destas substâncias podem servir como veneno ou como remédio (17, 18). No entanto, mesmo para uma mesma espécie de planta medicinal, podemos ter variações quantitativas dos princípios ativos, dependendo de vários fatores que estimulam ou inibem as substâncias de nosso interesse durante o cultivo 23 desta planta. Estes fatores podem ser o aumento ou a redução da radiação ultravioleta, as variações de temperatura, o índice pluviométrico da época, a composição atmosférica, a composição do solo, a altitude, entre outros, como mostra a figura 1. Além disso, esta variação está diretamente ligada à qualidade do extrato a ser obtido (17). Figura 1 – Principais fontes que podem influenciar o acúmulo de metabólitos secundários nas plantas. Fonte: Gobbo-Neto e Lopes (17). A obtenção de um extrato de planta medicinal consiste em extrair a substância desejada através da passagem de um solvente, também denominado líquido extrator, pela parte da planta que contém esta substância. Esta extração pode ocorrer através de diversas técnicas isoladas ou através da combinação de algumas delas, como por exemplo, a maceração e a percolação (39, 40, 41). Como a parte da planta que sofrerá a extração é composta de inúmeras substâncias, os processos extrativos devem ser eficientes ao ponto de otimizar a extração de substâncias ativas através da definição em estudos anteriores dos melhores processos a serem empregados, assim como da composição ideal do líquido extrator (39, 40, 41). Esta otimização normalmente é possível através do acompanhamento da concentração dos marcadores químicos, que são substâncias que se encontram em maior concentração na planta em estudo, ou são as próprias substâncias ativas. A 24 definição de um ou mais marcadores químicos para uma determinada espécie de planta medicinal é muito importante, pois é praticamente impossível dosar todas as substâncias químicas presentes em um extrato (19, 20). A padronização de um determinado extrato vegetal pode ser obtida a partir do acompanhamento dos marcadores químicos no mesmo, uma vez que não basta ter a técnica de obtenção do extrato padronizada, já que a composição química das plantas pode sofrer muitas alterações. Sendo assim, sem a padronização dos extratos vegetais seria impraticável a produção de medicamentos fitoterápicos seguros e eficazes (18). 3.3 VALIDAÇÃO Para se analisar o teor dos marcadores químicos de um extrato é necessária uma metodologia analítica confiável. E para determinar se um método analítico é confiável ou não, utiliza-se um conjunto de testes denominado validação (42, 43). Por definição, o termo validação significa dar validade, ou seja, uma comprovação. A validação vai comprovar por meio de análises experimentais e estatísticas que o método analítico que se pretende adotar contempla as especificações necessárias para a utilização do método com confiabilidade (42, 43). Para se validar uma metodologia analítica por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE), deve-se comprovar alguns parâmetros analíticos, como eficiência do método, seletividade, linearidade, precisão, exatidão e robustez (43). 3.3.1 Eficiência do método Um método analítico por CLAE pode ser considerado eficiente quando apresenta parâmetros cromatográficos como número de pratos teóricos, variabilidade do tempo de retenção, resolução e fator de cauda aceitáveis (44, 45). 3.3.1.1 Tempo de retenção – RT 25 Em um sistema cromatográfico de CLAE, onde se tem uma fase móvel (eluente) e uma fase estacionária (coluna), a amostra se distribui pelas duas fases do sistema e passa a ser carregada pela fase móvel através da fase estacionária em uma determinada velocidade, que é uma fração da velocidade da fase móvel. Desta forma, o tempo necessário para que as moléculas de uma substância eluam por todo o comprimento da coluna a essa velocidade média, é chamado de tempo de retenção (44, 45). O tempo de retenção (RT, do inglês “retention time”) de um pico cromatográfico determina o tempo que a substância referente ao pico fica retida na fase estacionária do sistema cromatográfico estabelecido (44, 45). 3.3.1.2 Resolução – Rs A resolução determina a separação dos picos em um sistema cromatográfico (44, 45, 46). O valor da resolução entre dois picos é dado pela equação 1. Rs = 2 x (RT1 – RT2) ÷ (W1 + W2) (1) Onde, RT1 e RT2 são os tempos de retenção em minutos das substâncias 1 e 2, respectivamente. E W1 e W2 são as larguras dos sinais em minutos das substâncias 1 e 2, respectivamente, medidas entre as linhas tangentes ao pico junto à linha de base, conforme apresentado na figura 2 (44, 45, 46). Figura 2 – Determinação dos parâmetros para o cálculo da resolução. RT2 RT1 W1 Fonte: Tosoh Bioscience LLC (47). W2 26 Quanto maior o valor da resolução, maior a separação das substâncias. Valores de Rs inferiores a 1,5 indicam uma separação parcial, enquanto que valores superiores a 1,5 indicam uma separação completa, ou seja, até a linha de base. Porém, é desejável valores de resolução maiores que 2 (44, 46). Este parâmetro é muito importante para a eficiência do método quando se pretende dosar o teor das substâncias através da área dos picos cromatográficos, pois através de uma resolução total das substâncias envolvidas pode-se utilizar a medida da área com confiabilidade (44). 3.3.1.3 Fator de cauda – T O fator de cauda indica a simetria do sinal, e pode também ser denominado fator de assimetria. Essa assimetria provém da ocorrência de caudas nos picos cromatográficos, que podem reduzir a resolução entre picos e dificultar a integração da área dos picos, reduzindo a eficiência do método, a sua precisão e a sua exatidão (44). O fator de cauda é calculado pela equação 2. T = W0,05 ÷ 2 x f (2) Onde W0,05 é a medida da largura do sinal no ponto referente a 5 % (1/20 ou 0,05) da amplitude do sinal a partir da linha base. E f é a diferença entre o RT do pico e o RT do início do sinal no ponto referente a 5 % da amplitude a partir da linha base, como demonstrado na figura 3 (44). Figura 3 – Determinação dos parâmetros para o cálculo do fator de cauda. f W0,05 Fonte: Tosoh Bioscience LLC (47). 27 O valor de T ideal é 1, que indica total simetria do pico, entretanto valores entre 1,0 e 1,05 também são considerados excelentes. Valores próximos a 1,2 são considerados aceitáveis, enquanto que valores acima de 2 são inaceitáveis (44, 46). 3.3.1.4 Pratos teóricos – N O número de Pratos Teóricos (N) é usado como critério para análise de eficiência da coluna e do sistema cromatográfico. Quanto maior o número de pratos teóricos, maior a eficiência da coluna e do sistema (44, 45, 46). Um prato teórico representa um momento de equilíbrio termodinâmico da substância entre as duas fases, estacionária e móvel, de modo que quanto maior o número de pratos teóricos, maior é a quantidade destes momentos de equilíbrio e maior a eficiência do método. O cálculo do número de pratos teóricos é definido pela equação 3 e os parâmetros necessários estão demonstrados na figura 4 (44, 45, 46). N = 16 x (RT ÷ W)2 (3) Figura 4 – Determinação dos parâmetros para o cálculo dos pratos teóricos. RT W Fonte: Tosoh Bioscience LLC (47). Segundo o reviewer guidance on Validation of Chromatographic Methods da Food and Drug Administration – United States (46), o número de pratos teóricos deve ser em geral maior que 2000. 28 3.3.2 Seletividade A seletividade representa a capacidade de um método quantificar um composto específico em presença de outros compostos, sem interferências de sinal (42, 43, 44). Para se avaliar a seletividade de um método para uma substância específica em presença de outras substâncias também específicas, deve-se analisar a metodologia proposta e comprovar experimentalmente que o sinal que está sendo avaliado pertence exclusivamente à substância em análise. Esta comprovação pode se dar pela análise dos cromatogramas do branco ou placebo verificando visualmente a presença de interferentes. Outra opção é a adição de padrão ao placebo, onde se pode analisar o aparecimento de novos sinais ou não, ou então pela utilização de espectrometria de massas ou detectores de arranjo de fotodiodos (DAD, do inglês “diode array detector”) (42, 43, 44). 3.3.3 Linearidade A linearidade de um método representa o intervalo onde os sinais obtidos experimentalmente correspondem diretamente às concentrações da substância em análise (42, 43). Para a determinação da linearidade são necessários pelo menos 5 concentrações diferentes de análise, cujos sinais e concentrações são transformados em uma curva analítica que deve sofrer uma regressão linear para a construção de uma linha de tendência, que deve apresentar um coeficiente de correlação (r) no mínimo de 0,99. Quanto mais próximo de 1 o valor do coeficiente de correlação, mais linear é o intervalo avaliado (42, 43). Segundo a Resolução Executiva (RE) n° 899 de 2003 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) (43), para comprovar a linearidade devese ainda realizar análises estatísticas de modo a apresentar a intersecção com o eixo Y, o coeficiente angular, a soma residual dos quadrados mínimos da regressão linear e o desvio padrão relativo. 29 3.3.4 Precisão A precisão de um método determina a variação entre medidas de uma mesma amostra, onde se avalia a proximidade dos resultados obtidos. Para um método preciso, em várias medidas de uma mesma amostra, o resultado encontrado deve se repetir, ou ficar muito próximo. Por esta definição a precisão também é denominada de repetibilidade (42, 43, 44). A precisão é calculada pelo coeficiente de variação encontrado entre os resultados obtidos. O coeficiente de variação (CV) é calculado pela equação 4 (42, 43, 44). CV% = (DP x 100) ÷ M (4) Onde DP é o desvio padrão da média M. Segundo a RE 899 de 2003 da ANVISA (43), para um método ser considerado preciso, não deve apresentar valores de CV% superiores a 5 %. 3.3.5 Exatidão A exatidão (E) de um método é a medida da proximidade dos resultados obtidos pelo método aos valores verdadeiros (42, 43, 44). Para se verificar a exatidão, comparam-se os valores obtidos experimentalmente para um padrão de referência da substância teste com os valores conhecidos adicionados. Esta comparação é realizada calculando-se a taxa de recuperação, ou a exatidão, obtida experimentalmente. Este cálculo pode ser realizado através da equação 5 (42, 43, 44). E% = (valor experimental x 100) ÷ valor real (5) 3.3.6 Robustez Um método analítico é robusto para uma determinada variação de um determinado parâmetro, quando os resultados obtidos não são afetados por essa 30 variação. Ou seja, mesmo com alguma variação nas condições de análise, o método continua a apresentar resultados exatos (42, 43). Esta avaliação da robustez do método para alguns parâmetros também permite encontrar as limitações da metodologia desenvolvida, a partir das quais se podem definir os parâmetros que devem ser sempre controlados para o método em questão (42, 43). Para avaliar a robustez de um método, realiza-se testes de exatidão diante de variações das condições de análise previamente definidas. Como exemplo, pode-se alterar marca de solvente, temperatura, fluxo, espectro de detecção, entre outros (42, 43). 3.4 INFLAMAÇÃO A inflamação é uma resposta inata do organismo a uma agressão causada a um tecido, sendo que esta objetiva a localização do tecido afetado, a expulsão do agente agressor e a assistência para uma posterior reparação tecidual (48). Os transtornos inflamatórios podem ser classificados em agudos e crônicos. Dentre os transtornos inflamatórios agudos podemos destacar as luxações – que são caracterizadas pelo desencaixe de uma articulação, as entorses – que são pequenos estiramentos dos ligamentos – e as lombalgias – que promovem dores na região lombar. Já com relação aos transtornos inflamatórios crônicos temos a osteoartrite, a tendinite, a tenossinovite e a periartrite classificadas como as mais comuns (49, 50, 51). No Brasil, 37,5 % da população com idade acima dos 60 anos são acometidas de artrite e/ou reumatismo (50). Todos estes processos inflamatórios apresentam os cinco sinais cardinais clássicos da inflamação, que são a dor, o rubor (vermelhidão), o calor no local da lesão, o edema e por fim a perda da função do órgão acometido (27, 49, 52, 53). Estes sinais e sintomas são os resultados dos eventos inflamatórios celulares, dos eventos vasculares e da ação dos mediadores químicos inflamatórios (49). 31 Os eventos celulares são caracterizados pela ativação das células de defesa presentes no tecido afetado, como os mastócitos, os fibroblastos e os macrófagos, que liberam agentes quimiotáticos na circulação sanguínea promovendo os eventos inflamatórios vasculares (27, 49, 52, 53). Estes eventos vasculares incluem a transmigração de células de defesa plasmáticas como leucócitos, linfócitos e monócitos, para o tecido alvo. Assim como o aumento da permeabilidade vascular local e do fluxo sanguíneo local (27, 49, 52, 53). Existem várias substâncias que funcionam como mediadores químicos nos processos inflamatórios, como por exemplo, as prostaglandinas, que promovem vasodilatação, febre e dor, os leucotrienos, responsáveis pela ativação e adesão de leucócitos ao endotélio e sua posterior migração para o tecido, o óxido nítrico, que é um potente vasodilatador além de relaxar a musculatura lisa e reduzir a agregação plaquetária e a histamina, que também promove o aumento da permeabilidade vascular (27, 48). Estes processos inflamatórios têm início com a estimulação da membrana celular, que vai desencadear a cascata de eventos celulares e vasculares. Um dos primeiros eventos celulares que ocorre é a liberação de ácido araquidônico (AA) da membrana celular através da ação da enzima fosfolipase A2 (PLA2) sobre os fosfolipídios de membrana. O ácido araquidônico liberado é utilizado para a síntese de prostaglandinas e tromboxanos, através da via da ciclooxigenase (COX) e para a síntese de leucotrienos, pela via da lipoxigenase (LOX) (27, 49, 54). Com a liberação de leucotrienos e prostaglandinas (eicosanóides) pelas células, tem-se a estimulação de células inflamatórias, produção de outros mediadores químicos inflamatórios e a promoção dos eventos vasculares. Desta forma a cascata de eventos que se segue vai guiar o processo inflamatório até que o mesmo seja encerrado fisiologicamente ou farmacologicamente (27, 49, 54). 3.4.1 Agentes anti-inflamatórios Os agentes anti-inflamatórios tradicionais agem localmente ou sistemicamente causando a inibição da síntese ou da interação dos agentes químicos mediadores do processo inflamatório a seus receptores (55, 56). 32 3.4.1.1 Anti-inflamatórios não esteroidais – AINES Os AINES estão entre os medicamentos mais utilizados em todo o mundo, sendo caracterizados pelo seu mecanismo de ação sobre o processo inflamatório e não estruturalmente ou quimicamente (54, 56). De maneira geral, os AINES bloqueiam as enzimas ciclooxigenases (COX), ocasionando a redução da síntese de prostaglandinas e tronboxanos. Existem AINES que agem sobre as duas isoformas da COX, a COX-1 e a COX-2. Desta forma, estes medicamentos além de reduzirem a síntese de prostaglandinas inflamatórias (sintetizadas pela ação da COX-2), reduzem também a síntese de prostaglandinas fisiológicas homeostáticas e de tromboxano A-2, que também é fisiológico homeostático, sendo estas substâncias originarias da ação da COX-1. Como exemplos de AINES não seletivos, têm-se o ibuprofeno e o naproxeno (54). Dentre os AINES não seletivos, existem medicamentos que têm ação predominante ou preferencial sobre COX-1, como a indometacina, o cetoprofeno e o piroxicam. Da mesma forma, existem AINES não seletivos com atividade preferencial sobre a COX-2, como o meloxicam, a nimesulida e o diclofenaco (54). Os AINES seletivos para a COX-2 são denominados coxibes, e como exemplos têm-se o celecoxibe, o etoricoxibe e o parecoxibe (56). Os principais efeitos adversos dos AINES não seletivos, principalmente dos preferenciais COX-1, incluem aumento da acidez gástrica, os rashes cutâneos – reações eritematosas leves, urticárias, fotossensibilidade e a síndrome de StevensJohnson (rara) – queda da perfusão renal, retenção de sódio e água, hemorragias decorrentes da redução da agregação plaquetária, toxicidade hepatocelular, entre outros (54,56). O aumento da acidez gástrica pode levar, em alguns casos, a úlceras e hemorragias, devido à inibição da produção das prostaglandinas envolvidas na proteção das células gástricas (54, 56). O efeito adverso principal causado pelos AINES seletivos para a COX-2 é principalmente o aumento do risco cardiovascular. Este risco é ocasionado pelo desequilíbrio dos mecanismos anti e pró-trombóticos promovidos pela inibição de prostaglandinas com ação vasodilatadora e antiagregante plaquetária, sem a inibição do tromboxano A-2, que é agregante plaquetário e vasoconstritor (54). 33 3.4.1.2 Anti-inflamatórios hormonais – glicocorticóides Os anti-inflamatórios hormonais são denominados corticosteróides por serem hormônios produzidos pelo córtex adrenal, por exemplo a dexametasona, a betametasona, a prednisolona e a prednisona (52, 54). Estes anti-inflamatórios têm sua ação através da redução de células inflamatórias circulantes e no local da inflamação, como os linfócitos T e B, os macrófagos e os eosinófilos. Ainda inibem a atuação dos leucócitos em geral e dos macrófagos. Bloqueiam a produção de prostaglandinas e leucotrienos pela inibição da fosfolipase A-2, inibem a síntese de citocinas inflamatórias (54). Os corticóides apresentam diversos efeitos adversos, principalmente por interferirem em várias vias responsáveis pela homeostase. Os efeitos adversos iniciais incluem queda da imunidade, hipertensão arterial sistêmica, hiperglicemia e episódios de euforia e depressão. Com a administração contínua dos corticóides – após 6 meses – os efeitos adversos tornam-se mais graves, podendo ocasionar síndrome de Cushing, osteoporose, obesidade, hipertensão intracraniana, hipertensão intra-ocular, gastrite, úlceras, colite e hemorragias (52, 54). 3.4.1.3 Anti-inflamatórios fitoterápicos Como uma alternativa inovadora aos tratamentos anti-inflamatórios tradicionais têm surgido inúmeros estudos farmacológicos com plantas medicinais, que prometem tratamentos mais eficientes e com menores efeitos colaterais, principalmente devido ao sinergismo das diversas substâncias químicas presentes nas plantas medicinais. Ou seja, pode-se obter efeitos sobre mais de um fator do processo inflamatório simultaneamente, o que pode promover um tratamento mais efetivo, com doses mais baixas e com efeitos colaterais reduzidos (48, 57). Dentre as várias plantas com propriedades anti-inflamatórias em estudo, podemos citar a Caesalpinia férrea (Caeslpinioideae), cujo mecanismo de ação proposto envolve a inibição de histamina, serotonina, bradicinina, prostaglandina E2 e óxido nítrico (58), a Salvia officinalis L. (59), a Magnolia ovata (60), a Cordia verbenácea DC (61), a Maytenus ilicifolia conhecida popularmente como espinheirasanta (62), a Lychnophora passerina, arnica, que tem a sua atividade anti- 34 inflamatória atribuída a inibição da produção de TNF-α e óxido nítrico, enquanto aumenta a produção de IL-10 (57), a Passiflora edulis (63), a Baccharis illinita DC (64), o Tupinambis merianae (65), o Byrsonima intermedia A. Juss. (66), o Baccharis dracunculifolia DC (67), o Capsicum baccatum (68) e o Rosmarinus officinalis L (69), entre outras plantas. 3.5 Wilbrandia ebracteata A Wilbrandia ebracteata é uma planta medicinal nativa da Mata Atlântica, sendo natural da América do Sul e típica das regiões sul e sudeste do Brasil. Esta é uma planta trepadeira, podendo ter raízes de até 40 metros de comprimento e que é conhecida popularmente pelo nome de Taiuiá (1, 2, 3, 6 8). Esta planta é identificada botanicamente pela análise taxonômica de suas flores e frutos, uma vez que existem espécies de aparência semelhante. Sendo classificada como pertencente à família das Cucurbitáceas (2, 3, 6). Popularmente, a raiz da Taiuiá é utilizada no preparo de medicamentos caseiros como antirreumático, laxativo, anti-helmíntico e para o tratamento de diversas afecções da pele, entre outros (1, 2, 3). Diversos estudos investigaram a composição química da Wilbrandia ebracteata. Coelho (70), Gonzalez (2) e Gazola e Schenkel (3) demonstraram que as folhas da W. ebracteata apresentam principalmente flavonóides, enquanto que estudos realizados por Santos, Santos e Schenkel (36), Gazola e Schenkel (3) e Farias e colaboradores (34), concluíram que as raízes da W. ebracteata contém flavonóides e cucurbitacinas. A composição química quantitativa das raízes de W. ebracteata apresentam em maior concentração os flavonóides Spinosina, Isovitexina, Swertisina, Vitexina, 4’,5-diidroxi-7-metoxi-flavona, Isoswertisina e Vicenina-2, seguidos das cucurbitacinas Dihidrocucurbitacina B, Cucurbitacina B e Cucurbitacina E. E em menor quantidade os flavonóides Orientina e Isoorientina (3, 34, 35, 36, 37). Os flavonóides são uma classe de substâncias químicas provenientes do metabolismo secundário de algumas plantas e são caracterizados quimicamente por serem polifenóis, que são compostos tricíclicos contendo dois anéis aromáticos, como apresentado na figura 5 (3). 35 Figura 5 – Representação do esqueleto básico de flavonóides C-glicosídeos, mostrando os três anéis, sendo dois, anéis aromáticos. Fonte: Gazola e Schenkel (3). Ainda com relação aos flavonóides, estes são conhecidos por apresentarem diversas atividades farmacológicas, como ação antioxidante, hipoglicemiante, antifúngica, antiviral, anti-inflamatória e hepatoprotetora (12, 14, 15, 16, 71, 72). As cucurbitacinas são metabólitos secundários encontrados principalmente em plantas pertencentes à família cucurbitaceae e são responsáveis pelo sabor amargo das mesmas. Também são conhecidas por apresentarem atividade citotóxica, anticancerígena, vermífuga, laxante, contraceptiva, analgésica e anti-inflamatória (3, 5, 8, 9, 10, 37, 76, 75, 80). Quanto a sua estrutura, as cucurbitacinas são classificadas como triterpenos, que são hidrocarbonetos formados pela condensação de 6 unidades de isopreno (pirofosfato de isopentenila), resultando em uma molécula composta de 30 carbonos, conforme representado na figura 6 (3, 5, 8, 10, 37, 74, 75, 76, 77, 80). Figura 6 – Esqueleto cucurbitano destacando uma molécula de isopreno à direita. Isopreno H2C CH2 CH3 Fonte: Valente (37). 36 Um estudo químico das raízes de Wilbrandia ebracteata apresentou a predominância de flavonóides C-glicosídeos e glicosídeos de cucurbitacinas, em frações butanólicas e diclorometânicas respectivamente, sendo a isovitexina uma das substâncias encontradas em maior quantidade na fração butanólica. (3) Alguns estudos apontam as curcubitacinas como as responsáveis pelas ações terapêuticas desta planta (5, 8, 9). Em outro estudo, foi demonstrado que a dihidrocurcubitacina B é o principal componente da fração diclorometânica do extrato obtido das raízes de Wilbrandia ebracteata e que esta substância exerce potente efeito anti-inflamatório in vivo, evidenciado por uma diminuição do edema de pata e inibição da infiltração de leucócitos no sítio inflamatório (10). Do mesmo modo, os flavonóides em geral são reconhecidos por suas ações antioxidante e anti-inflamatória (78). De acordo com outro estudos, o mecanismo de ação proposto para a atividade anti-inflamatória da Wilbrandia ebracteata é multifatorial, envolvendo a inibição de prostaglandinas E2, a inibição da COX-2 (ciclooxigenase 2), a inibição da liberação de NO (óxido nítrico) e a inibição do fluxo de células e de exudato para o local da inflamação (4, 5, 9, 10). Através de diversos estudos farmacológicos realizados por, AndrighettiFröhner (79), Menezes, Schwarz e Santos (7) e Miró (8) com extratos e frações extrativas de Wilbrandia ebracteata, foram demonstradas as propriedades antioxidantes, antiviral e analgésica que esta planta medicinal possui. Ainda, estudos preliminares de Dunkan e colaboradores (80), Konoshima e colaboradores (74) e Lazaris e colaboradores (75) sugeriram um grande poder antitumoral das cucurbitacinas. 3.6 NANOTECNOLOGIA A nanotecnologia trata da tecnologia empregada na manipulação da matéria em escalas nanométricas, ou seja, partículas de tamanho inferior a 1.000 nm (um mil nanômetros). Na figura 7 têm-se uma representação de algumas estruturas em nanômetros (81, 82): 37 Figura 7 – Representação da escala nanométrica. Molécula de água Bactéria Anticorpo 10-1 nm 1 nm 10 nm 102 nm Bola de Tênis Célula Humana Vírus Glicose 103 nm 104 nm 105 nm 106 nm 107 nm 108 nm Bola de Futebol 109 nm 1010 nm NANOPARTÍCULAS Fonte: Buzea, Blandino e Robbie (83). Cada vez mais a nanotecnologia vem sendo aplicada a diversas áreas como, por exemplo, em microeletrônica, suplementos fotográficos, desenvolvimentos de ossos sintéticos, próteses dentárias, componentes automotivos, equipamentos esportivos, revestimentos de fibra óptica, neutralizadores de químicos nocivos e vários instrumentos científicos, entre outros (23, 83). Na indústria química a nanotecnologia também é muito utilizada no desenvolvimento de novos pigmentos, novas tintas, borrachas sintéticas, adesivos, aditivos de combustíveis, entre outros materiais. Já na indústria cosmética, é utilizada para o desenvolvimento de novos protetores solares e cremes anti-idade, entre outros (23, 83). Como demonstrado na escala nanométrica da figura 4, as nanopartículas possuem diâmetros inferiores ao tamanho de uma célula humana (10.000 nm). Este fato estimulou muitos estudos de nanotoxicidade, que observaram os danos celulares que nanopartículas podem exercer uma vez acumuladas dentro destas células. Estes danos podem provocar sintomas com enjoos e dores de cabeça e até mesmo causar doenças degenerativas e câncer (23, 83). Entretanto, diversos estudos propõem que esta nanotoxicidade é dependente do local de contato, da dose e do tamanho da nanopartícula. Assim, pesquisadores propuseram que nanopartículas de tamanhos inferiores a 100 nm apresentam maior toxicidade e maior tempo de retenção intracelular, sendo consideradas de alta toxicidade quando comparadas a nanopartículas maiores (83). Apesar dos riscos de toxicidade, a aplicação da nanotecnologia nos mais diversificados ramos da ciência acabam por melhorar a qualidade de vida das pessoas, principalmente com o advento desta tecnologia na área farmacêutica e da nanomedicina. Desta forma, existe uma grande expectativa sobre as propriedades 38 únicas dos nanomateriais na área da saúde, que estimulam o desenvolvimento de novos meios diagnósticos e tratamentos mais eficientes (23, 83). 3.6.1 Nanotecnologia farmacêutica A nanotecnologia vem sendo aplicada na área farmacêutica com vários objetivos. Pode ser utilizada para facilitar a chegada do fármaco ao seu tecido alvo, para mascarar o sabor de um fármaco quando este é aplicado por via oral, neste caso, muito importante em medicamentos pediátricos ou veterinários. Também é aplicada com o intuito de aumentar a proteção deste fármaco às enzimas digestivas, reduzir a hepatotoxicidade de um fármaco, reduzindo a sua biotransformação, melhorar a sua biodisponibilidade, o que pode reduzir as doses diárias de determinado medicamento e o aumento de sua eficácia. Na via transdérmica pode ainda, aumentar o controle da liberação dos fármacos, proteger estes de agentes degradantes, como a luz solar e ainda aumentar a permeabilidade cutânea, fazendo com que o fármaco chegue ao seu alvo em maior concentração ou que se mantenha no local lesado por mais tempo (22, 81, 82, 84, 85, 86, 87, 88, 89). Um dos objetivos principais da nanotecnologia farmacêutica é o de aperfeiçoar as ideias de liberação controlada de fármacos. Neste contexto, a nanotecnologia farmacêutica estuda nanoestruturas que podem carrear os fármacos até o seu local de ação, direcionando ou vetorizando estes e consequentemente, melhorando a biodisponibilidade dos mesmos (23, 81, 82). Na teoria, a vetorização de fármacos funciona como um “cavalo de Tróia”, onde a nanopartícula seria o cavalo que esconde os soldados inimigos dentro de si, que neste caso seriam o fármaco, levando este sem danos até o seu alvo (22, 81, 82, 84, 85, 86, 87, 88, 89). A vetorização dos fármacos pode ocorrer por várias vias de administração, como as vias oral, ocular, intramuscular, subcutânea, intravenosa, e transdérmica (22). Todos os sistemas nanoparticulados demonstram uma boa capacidade de vetorização dos fármacos e o tamanho subcelular destas estruturas permite uma ação intracelular alta se comparada a outros sistemas particulados (90). 39 3.6.2 Principais nanoestruturas utilizadas na área farmacêutica As estruturas das nanopartículas apresentam em geral uma construção cápsula-núcleo, na qual o fármaco fica retido abaixo de uma membrana polimérica ou adsorvido na cápsula. Neste núcleo o fármaco pode estar sob a forma líquida, sólida ou como uma dispersão molecular, dependendo do tipo de nanopartícula (81). Dentre as principais nanoestruturas existentes, podemos destacar na área de vetorização de fármacos a nanoemulsão, a nanoesfera e a nanocápsula, representadas na figura 8 (91). Figura 8 – Representação da estrutura de nanoemulsão, nanoesfera e nanocápsula. Fonte: Elaboração da autora, 2011. 3.6.2.1 Nanoemulsões As nanoemulsões são formadas por sistemas micelares dispersos em água. Nestes sistemas, o fármaco fica dissolvido no meio oleoso, o qual é envolto por uma micela de tensoativo. Estes sistemas são estabilizados por surfactantes ou co-surfactantes que formam partículas menores ou iguais a 100 nm (81, 92). Estes sistemas são ótimos carreadores de fármacos pouco solúveis, pois são capazes de aumentar a solubilidades destes. Apresentam ainda, vantagens de preparação, pois se formam espontaneamente e são termodinamicamente estáveis (91, 93). Outra característica das nanoemulsões é a sua capacidade de intensificar a penetração de fármacos na pele, através da sua interação com a camada córnea da epiderme, que sofre um rearranjo estrutural na sua membrana lipídica (22, 84, 90). 40 3.6.2.2 Nanoesferas As nanoesferas são constituídas de estruturas poliméricas matriciais que retêm o fármaco. Neste sistema o fármaco que está solubilizado em meio aquoso é retido, adsorvido ou molecularmente disperso em uma matriz polimérica formada pela precipitação do polímero neste mesmo meio aquoso (22, 81, 84, 89, 91). 3.6.2.3 Nanocápsulas As nanocápsulas apresentam a estrutura cápsula-núcleo. Nestes sistemas, os fármacos ficam solubilizados em um óleo carreador (núcleo), que é envolvido por um invólucro de polímeros, que constituem a cápsula polimérica. Os fármacos podem ainda estar adsorvidos na parede da cápsula polimérica (22, 90). Para a obtenção de nanocápsulas são utilizadas várias metodologias, como a nanoprecipitação, a emulsão-difusão, a dupla emulsificação, a emulsãocoacervação, a técnica do polímero de revestimento ou da camada por camada, entre outras (81). Na área farmacêutica as nanocápsulas apresentam vantagens em relação a outros sistemas nanoparticulados, como uma alta eficiência de encapsulação do fármaco, pois o núcleo oleoso da estrutura da nanocápsula otimiza a solubilidade do fármaco (82, 94). Outra vantagem das nanocápsulas é a baixa quantidade de polímero utilizada em sua preparação, quando comparada às demais nanoestruturas poliméricas (22, 81). As nanocápsulas promovem a proteção do fármaco pela casca polimérica contra fatores de degradação, reduzindo a irritação dos tecidos alvo, devido a esta casca polimérica, apresenta ainda uma boa capacidade de liberação dos fármacos e são altamente eficientes na nanoencapsulação de fármacos lipossolúveis (22, 81). Este tipo de nanopartícula está sendo cada vez mais utilizada como transportadores de fármacos devido às características citadas anteriormente e a sua capacidade de mascarar o gosto desagradável dos fármacos, de fornecer propriedades de liberação controlada de moléculas vulneráveis, por proteger a substância ativa da degradação por fatores externos como a luz, o pH ou por ataque 41 enzimático, quando utilizada para otimizar a passagem de algum fármaco através do trato digestivo e por aumentar a eficácia terapêutica através de uma melhora da biodistribuição do fármaco (81). Além disso, estes sistemas permitem um controle da sua alta perfusão intracelular através da modificação das cargas superficiais das nanocápsulas e da natureza hidrofóbica ou hidrofílica do polímero utilizado na produção do sistema nano (81). Em um estudo realizado por Külkamp e colaboradores (95), foi demonstrado o efeito protetor que as nanocápsulas poliméricas exercem através do acompanhamento da estabilidade do ácido lipoico livre e de nanocápsulas poliméricas contendo ácido lipoico, preparadas pelo método de nanoprecipitação, onde houve o aumentando da estabilidade físico-química da substância encapsulada. Em outro, realizado por Alves, Pohlmann e Guterres (96), foi demonstrado que a nanoencapsulação da nimesulida modificou o perfil de liberação e de difusão do fármaco em relação ao fármaco livre. Este estudo ainda constatou que as nanocápsulas contendo nimesulida promoveram maior permeação cutânea do fármaco quando comparadas com a nanoemulsão ou com as nanoesferas contendo nimesulida. 3.6.3 Polímeros utilizados na preparação de nanocápsulas Para definir o melhor polímero e método de obtenção dos sistemas particulados deve-se levar em consideração o tamanho médio das partículas, o potencial-zeta, a eficiência de encapsulação, a atividade de liberação do fármaco, a estabilidade da nanodispersão e o comportamento da performance farmacológica in vivo e in vitro. (81). Os polímeros utilizados na preparação de nanocápsulas podem ser classificados em biodegradáveis e não-biodegradáveis, conforme o seu comportamento no organismo (82, 93). Os polímeros não-biodegradáveis, como o próprio nome sugere, não podem ser metabolizados pelo organismo, portanto liberam os fármacos apenas por difusão, ou seja, a velocidade de liberação do fármaco é determinada pela sua 42 solubilidade no núcleo oleoso, no polímero e no meio externo. Como principais polímeros não-biodegradáveis temos o PEG – polietilenoglicol, o Poli N-acrilolamida, o Polivinileno e o Polimetilmetacrilato (81, 82, 94). Na figura 9 há uma representação do sistema de liberação dos fármacos por difusão. Figura 9 – Representação do sistema de liberação de fármacos por difusão. Meio externo Polímero não-biodegradável formando a cápsula Fármaco Nanocápsula Fonte: Elaboração da autora, 2011. Já os polímeros biodegradáveis podem ser metabolizados pelo organismo, desta forma, nas nanocápsulas formadas por estes polímeros a liberação do fármaco ocorre através da degradação ou erosão da cápsula, como demonstrado na figura 10, o que permite uma liberação do fármaco mais prolongada, um maior contato do fármaco no sítio de ação e uma menor toxicidade das nanocápsulas (81, 82, 93, 94). Figura 10 – Representação do sistema de liberação de fármacos por erosão ou destruição da cápsula. Polímero biodegradável formando a cápsula Erosão da cápsula Fonte: Elaboração da autora, 2011. Meio externo Nanocápsula Fármaco 43 Os polímeros biodegradáveis podem ainda ser subclassificados em reabsorvíveis e não-reabsorvíveis. Os polímeros reabsorvíveis são metabolizados em moléculas que podem ser aproveitadas pelo organismo e transformadas em outros metabólitos. Como exemplos de alguns polímeros reabsorvíveis temos o PLA - poliácido láctico, a PCL – poli є-caprolactona e o PLGA – poli ácido láctico-coácido-glicólico (81, 82, 93). Já os polímeros não-reabsorvíveis são metabolizados a moléculas que devem ser excretadas do organismo, não podendo ser aproveitadas pelo mesmo. O polímero PACA – polialquil cianoacrilato e seus derivados são os representantes desta classe de polímeros (81, 82, 93). 3.6.4 Metodologias utilizadas na preparação de nanocápsulas Existem várias metodologias utilizadas para a obtenção de nanocápsulas, envolvendo materiais e processos diversos. Os processos mais comuns são os que envolvem a polimerização in situ de monômeros ou a precipitação (deposição) interfacial de polímeros pré-formados (91, 97). A metodologia que envolve a polimerização in situ de monômeros utilizada para a obtenção de nanocápsulas é a polimerização em emulsão, onde o polímero que formará a nanocápsula será formado a partir dos monômeros dispersos na emulsão contendo todos os materiais utilizados na síntese (91). Como metodologias que envolvem a precipitação interfacial de polímeros pré-formados temos, a emulsão-difusão, a emulsão-evaporação, a nanoprecipitação e a dupla emulsificação, entre outras. Nestas metodologias, o polímero já formado é depositado em volta do núcleo oleoso formando a nanocápsula (81, 91). No método de emulsificação-difusão, uma fase oleosa, contendo um óleo carreador, o fármaco e um solvente e uma fase aquosa, contendo um agente de estabilização, são emulsionadas através de alta agitação mecânica. Esta emulsão é então posteriormente diluída em uma fase de diluição, geralmente aquosa, sob moderada agitação, para que ocorra a difusão do solvente e a precipitação do polímero. Então o solvente e o excesso de água são evaporados sob pressão reduzida (81). 44 Já na metodologia de dupla emulsificação as fases oleosa e aquosa são emulsionadas por ultra-som, obtendo-se uma emulsão água em óleo. Após este processo uma nova fase aquosa contendo um agente de estabilização é adicionada a emulsão previamente formada e um novo processo de emulsificação é realizado por ultra-som ou por alta agitação mecânica. Nesta última emulsificação ocorre a difusão do solvente e a precipitação do polímero, formando-se as nanocápsulas. Então os solventes são evaporados sob pressão reduzida obtendo-se nanocápsulas endurecidas em um meio aquoso (81). Outra metodologia de preparação de nanocápsulas bastante utilizada por ser de simples execução, reprodutível e poder ser empregada em escala industrial, é a metodologia de nanoprecipitação. Esta metodologia também é denominada de método do deslocamento de solvente ou de método de deposição interfacial e foi desenvolvida por Fessi e colaboradores em 1989 (97, 98). A nanoprecipitação envolve a injeção lenta e sob agitação moderada de uma fase oleosa, contendo o fármaco, um óleo carreador, um tensoativo e um solvente, dentro de uma fase aquosa, contendo um tensoativo. Neste processo, o polímero vai precipitar sobre o núcleo oleoso formando a cápsula polimérica. Após este processo o solvente e o excesso de água são evaporados a pressão reduzida obtendo-se uma suspensão de nanocápsulas (81, 91). 3.6.5 Nanotecnologia aplicada a sistemas transdérmicos A via transdérmica é uma importante rota de administração de fármacos, pois se trata de um meio não invasivo. Todavia, os sistemas de liberação de fármacos por via transdérmica atuais precisam vencer a barreira que a pele impõe a todos os invasores (30, 99). A epiderme é a camada da pele mais externa e é também a responsável pela resistência que essa barreira impõe. Esta camada da pele é formada por vários tipos de células que estão em constante renovação e que se encontram divididas em várias subcamadas. Dentre estas células destacamos os queratinócitos, que estão distribuídos nas várias camadas da epiderme e que são produtores de queratina. A queratina produzida é responsável pela queratinização das células das camadas mais externas da epiderme, que após queratinizadas, sofrem apoptose e 45 posteriormente diferenciam-se em corneócitos. Estas células queratinizadas e mortas formam a camada mais externa da epiderme, o extrato córneo, que impede a perda de água e eletrólitos pela pele. Estas estruturas estão representadas na figura 11 (52, 53, 99). Figura 11 – Representação da pele e suas camadas mais externas. Evidenciadas algumas camadas da epiderme. Fonte: Elaboração da autora, 2011. Após a epiderme, do meio externo para o meio interno, temos a derme, que ao contrário da epiderme, possui vascularização e por este motivo representa o local onde o fármaco deve chegar para ser distribuído ao organismo ou mesmo agir localmente nos tecidos musculares ou articulares (52, 53). A grande maioria dos medicamentos transdérmicos só chega até a derme através dos folículos pilosos e das glândulas sebáceas e sudoríparas que são estruturas da pele que transpassam a camada da epiderme até o meio exterior. Contudo, com o advento da nanotecnologia, devido ao pequeno tamanho das partículas envolvidas nesta ciência, pode-se atravessar a epiderme carreando moléculas de fármacos para a derme sem grandes perdas (22, 30, 100). Segundo Cevc e Vierl (30), para que as nanopartículas consigam atingir um fluxo transdérmico eficiente, é necessário um tamanho de nanopartícula inferior a 500 nm. Entretanto esta não é a única característica importante, pois para uma ação carreadora transdérmica ideal, a nanopartícula deve interagir adequadamente com a epiderme, eletronicamente e molecularmente. 46 Outra importante propriedade das nanopartículas para a aplicação transdérmica é o caráter lipofílico ou hidrofílico, que pode facilitar a permeação cutânea ou aumentar a taxa de liberação do ativo, depende do método de preparação utilizado e das matérias-primas empregadas (90). Na figura 12 temos uma representação da vetorização de fármacos por nanocápsulas através da epiderme, onde pode ser obtida a retenção do fármaco na pele, ou uma maior permeabilidade celular das nanocápsulas que promoverão uma maior distribuição do fármaco, ou até mesmo uma distribuição sistêmica, dependendo das características que se impõe à nanocápsula (22). Figura 12 – Representação da ação nanocarreadora das nanopartículas pela via transdérmica. Fármaco representado pelas esferas vermelhas e nanopartículas representadas pelos círculos azuis. Fonte: Elaboração da autora, 2011. Quando aplicados topicamente, as nanocápsulas reduzem a irritação cutânea que alguns fármacos podem causar, pois neste sistema, como já demonstrado anteriormente, o fármaco fica envolto na cápsula polimérica (22, 81). 47 3.6.5.1 Nanotecnologia aplicada no tratamento de processos inflamatórios por via transdérmica A aplicação da nanotecnologia para a otimização de tratamentos antiinflamatórios pela via transdérmica ainda é uma proposta recente. Abdel-Mottaleb, Neumann e Lamprecht (90) nanoencapsularam ibuprofeno em 2010, Alves, Pohlmann e Guterres (96) em 2005 e Alves, Scarrone, Santos, Pohlmann e Guterres (84) em 2007, nanoencapsularam nimesulida, Friedrich e colaboradores (101) nanoencapsularam dexametasona em 2008. Raffin e colaboradores em 2003 (82) e Pohlmann e colaboradores em 2002 (102), nanoencapsularam indometacina. Schaffazick e colaboradores em 2003 (91), nanoencapsularam diclofenaco. Um estudo com a nimesulida, agente anti-inflamatório não esteroidal, nanoencapsulada, aplicada por via transdérmica realizado por Lenz e Alves (22) comprovaram que a utilização de um nanocarreador aumenta significativamente a ação do agente anti-inflamatório em um estudo para quadros de inflamação crônica, quando comparado ao mesmo agente na sua forma livre. Ainda constataram que a atividade antioxidante da nimesulida também foi intensificada pelo nanocarreador. Ainda, segundo Cevc e Vierl (30), nanopartículas aplicadas a sistemas de vetorização de fármacos pela via tópica, podem melhorar a entrega do fármaco no alvo, em razão da sua penetração espontânea no estrato córneo da epiderme, sem causar desidratação ou aberturas na pele. 48 4 OBJETIVO GERAL Desenvolver nanocápsulas de extrato de Wilbrandia ebracteata padronizado em vitexina, isovitexina e dihidrocucurbitacina B e avaliar a atividade anti-inflamatória por via tópica. 4.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS a) Validar metodologia analítica para doseamento simultâneo dos flavonóides isovitexina e vitexina no extrato de Wilbrandia ebracteata (EWE). b) Caracterizar o EWE. c) Produzir nanocápsulas contendo o EWE padronizado utilizando a técnica de nanoprecipitação de polímero pré-formado. d) Avaliar a eficiência de encapsulação. e) Determinar tamanho e polidispersão das nanocápsulas por difratometria de laser. f) Investigar a propriedade anti-inflamatória tópica do EWE nanoencapsulado e comparar com o EWE puro em modelos de avaliação do edema de orelha induzido pela aplicação tópica de óleo de cróton em camundongos. g) Investigar a propriedade anti-inflamatória tópica do EWE nanoencapsulado e comparar com o EWE puro em modelo de avaliação de inflamação crônica por edema de orelha induzido pela aplicação múltipla do óleo de cróton em camundongos. h) Investigar a toxicidade dérmica do EWE e do EWE nanoencapsulado em modelo de irritação primária de pele: efeito agudo em ratos. 49 5 MATERIAIS E MÉTODOS 5.1 OBTENÇÃO DO EXTRATO DE Wilbrandia ebracteata (EWE) O EWE foi obtido a partir das raízes secas de Wilbrandia ebracteata produzidas na região de Grão Pará (SC). Esta planta foi identificada pelo botânico Jasper Zanco do curso de agronomia da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL). Estas raízes secas foram moídas e tamisadas em peneira de análise granulométrica Abronzinox (Brasil) de malha 60. Para produção do extrato foram utilizadas partículas com tamanho inferior a 250 micrômetros, as quais foram mantidas em maceração dinâmica durante 48 h em solvente acetato de etila (FMaia, Brasil), utilizando agitador mecânico Heidolph RZR1 (Alemanha). A relação planta:solvente utilizada foi 1:10. Após extração a solução resultante foi filtrada e o solvente evaporado sob pressão reduzida em evaporador rotatório Heidolph VV2000 a temperatura de 50 °C, até a produção de um pó amarelado chamado de EWE. 5.2 VALIDAÇÃO DE METODOLOGIA ANALÍTICA PARA DOSEAMENTO DE VITEXINA E ISOVITEXINA EM EWE E NO EXTRATO DE Wilbrandia ebracteata NANOENCAPSULADO (NEWE) POR CROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE ALTA EFICIÊNCIA - CLAE 5.2.1 Método analítico O teor de vitexina e isovitexina foi determinado por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) em Cromatógrafo Agilent 1200 (USA), utilizando metodologia adaptada a partir das condições cromatográficas estabelecidas por Fu e colaboradores (103) para separação de vitexina e isovitexina em extratos de feijão gandu (Cajanus cajan). Foram alteradas algumas condições cromatográficas, bem como a coluna cromatográfica, para uma coluna com partículas menores com o objetivo de reduzir o tempo de análise. As condições cromatográficas estabelecidas para o doseamento de vitexina e isovitexina no EWE estão descritas na tabela 1. 50 Tabela 1 – Condições cromatográficas Coluna Fase móvel Isocrático Fluxo Temperatura Volume injeção Detecção Kinetex C18 2,6 µm 100 A - (100 x 4.6 mm) Phenomenex® (EUA) A: Ácido fórmico Lafan (Brasil) a 0,67 % em água B: Metanol grau HPLC Vetec (Brasil) A: 68 % B: 32 % 1,1 mL/min. 40 oC 20 µL 330 nm 5.2.2 Soluções estoque As soluções estoque utilizadas na validação da metodologia analítica foram preparadas conforme descrito abaixo. Para o preparo das soluções estoque dos padrões foram utilizados os padrões de referência primários de vitexina e isovitexina ChromaDex™ (EUA) (purezas de 99,2 % e 90,7 %, respectivamente), diluídos em metanol grau HPLC proveniente de Vetec (Brasil). Solução Estoque de padrão de vitexina 0,1 mg/mL (SEV) – preparada pela diluição do padrão primário de vitexina em metanol e conservada em congelador. Solução Estoque de padrão de isovitexina 0,25 mg/mL (SEI) – preparada pela diluição do padrão primário de isovitexina em metanol e conservada em congelador. Solução Mãe para diluição (SMD) – utilizada para diluir as amostras. Preparada com a mistura de 32 partes de metanol para 68 partes de solução aquosa de ácido fórmico (Lafan, Brasil) na concentração de 0,67 %. Solução Estoque de EWE a 3,5 mg/mL (SEWE) – preparada pela diluição do EWE na SMD. Conservada em 2 – 8 °C. Suspensão de nanocápsulas vazias (NV) – preparadas conforme tabela 9. Armazenada em temperatura ambiente. 51 5.2.3 Eficiência do método A eficiência do método foi avaliada através da análise, em triplicata, dos parâmetros cromatográficos resolução, pratos teóricos e fator de cauda para os picos de vitexina e de isovitexina obtidos nos cromatogramas de uma solução contendo apenas os padrões de vitexina e de isovitexina, uma solução de EWE e uma solução de EWE acrescido de nanocápsulas vazias. Estas soluções foram preparadas conforme descrito na tabela 2. Tabela 2 – Preparo das soluções teste para eficiência do método Solução dos padrões Isovitexina 0,03 mg/mL Vitexina 0,005 mg/mL Soluções SEI 0,25 mg/mL SEV 0,1 mg/mL SEWE 3,5 mg/mL NV SMD 400 200 ------2730 Solução de EWE 0,35 mg/mL Volumes (µL) ------200 ---1600 Solução de EWE mais NV a 0,35 mg/mL ------200 200 1600 Após o preparo, as soluções foram filtradas por filtro de seringa 0,45 µm VertiPure™ NYLON, 13 mm, Vertical® (Tailândia) e submetidas a banho ultrassônico Faalk ULT-210 (Brasil) por 20 minutos. A resolução da vitexina em todos os cromatogramas foi definida entre os picos da vitexina e da isovitexina, enquanto que a resolução da isovitexina foi definida entre os picos da vitexina e da isovitexina apenas no cromatograma da solução dos padrões. Nos cromatogramas das soluções contendo EWE, a resolução da isovitexina foi determinada entre o pico desta e o pico mais próximo. Foram tomadas as medidas do tempo de retenção (RT) da vitexina, da isovitexina e da substância seguinte a isovitexina. Foram também medidas as larguras dos sinais (W) da vitexina, da isovitexina e da substância seguinte a isovitexina referentes as tangentes da curva junto a linha base. O cálculo da resolução foi realizado conforme a equação 1. Para o cálculo do fator de cauda de cada pico foram medidas as larguras dos picos de vitexina e de isovitexina no ponto referente a 5 % (1/20 ou 0,05) da amplitude do pico a partir da linha base (W0,05) e os valores de f, calculados pela 52 diferença entre o RT do pico e o RT do início do sinal no ponto referente a 5 % da amplitude a partir da linha base. A partir destes dados foi calculado o fator de cauda para cada pico utilizando a equação 2. Já o número de pratos teóricos da vitexina e da isovitexina nos cromatogramas avaliados foi determinado pela equação 3. 5.2.4 Seletividade para vitexina e isovitexina em EWE e NEWE A seletividade do método para vitexina e isovitexina no EWE e no NEWE foi verificada pela adição dos padrões de vitexina e de isovitexina à solução de EWE, a fim de verificar o aparecimento de novos picos. Desta forma pode-se analisar se os picos referentes aos padrões no cromatograma da solução de EWE pertencem realmente a estas substâncias. Ainda, foram avaliados os cromatogramas de uma solução de nanocápsulas vazias (NV) e da fase móvel (SMD), para avaliar se estas soluções apresentam picos nos tempos de retenção relativos à vitexina e isovitexina. 5.2.5 Linearidade A linearidade para a vitexina e para a isovitexina foi determinada separadamente. As soluções utilizadas na linearidade da vitexina e da isovitexina foram preparadas utilizando soluções estoque dos padrões de referência descritas no item 5.2.2, conforme as tabelas 3 e 4 respectivamente e após o preparo, as soluções foram submetidas a banho de ultrassônico por 20 minutos. Tabela 3 – Preparo das soluções padrão de vitexina para linearidade Soluções adicionadas (µL) SEV 0,1 mg/mL SMD Concentração corrigida (mg/mL) 0,0025 25 975 0,00246 0,0040 40 960 0,00396 0,0050 50 950 0,00494 0,0060 60 940 0,00594 0,0075 75 925 0,00742 Concentração de vitexina (mg/mL) 53 Tabela 4 – Preparo das soluções padrão de isovitexina para linearidade Concentração de isovitexina (mg/mL) Soluções adicionadas (µL) SEI 0,25 mg/mL SMD Concentração corrigida (mg/mL) 0,015 60 940 0,01358 0,0225 90 910 0,02045 0,030 120 880 0,02697 0,0375 150 850 0,03368 0,045 180 820 0,04110 As concentrações corrigidas foram calculadas conforme a pureza dos padrões de referência e as calibrações dos micropipetadores utilizados – micropipetas de volume variável 10 µL a 100 µL e 100 µL a 1000 µL Digipet (Brasil). Foram realizadas as análises de regressão linear, resíduos e definidas as equações das linhas de tendência obtidas entre as concentrações e as áreas dos sinais. 5.2.6 Precisão Foi avaliada a precisão do método através da análise de repetibilidade de seis determinações de uma solução contendo os dois padrões (vitexina e isovitexina) em concentrações lineares (43). A solução foi preparada a partir das soluções estoque de cada padrão, diluídas em SMD, descritas no item 5.2.2. Após o preparo, as soluções foram submetidas a banho de ultrassônico por 20 minutos. O resultado foi expresso pelo coeficiente de variação percentual das seis determinações conforme equação 4. 5.2.7 Exatidão A exatidão do método para o doseamento de vitexina e isovitexina foi determinada pela técnica de adição de quantidade conhecida dos padrões a uma solução de EWE, onde se avaliou a porcentagem de recuperação dos padrões adicionados (43). 54 As soluções teste possuíam concentração de isovitexina e de vitexina próximo ao centro das respectivas curvas analíticas. Foram preparadas duas soluções estoque conforme descrito abaixo, as soluções teste e de controle foram preparadas conforme descrito na tabela 5: Solução Estoque de Padrões 0,03 mg/mL de isovitexina e 0,005 mg/mL de vitexina – prepara pela diluição de 360 µL de SEI e de 150 µL de SEV em 2.490 µL de SMD. Solução Estoque de EWE 0,35 mg/mL – prepara pela diluição de 3,5 mg de EWE em 10 mL de SMD. Tabela 5 – Preparo das soluções teste e controle para exatidão Solução controle dos padrões Solução controle de EWE Volume final Concentração teórica de isovitexina (mg/mL) Concentração teórica de vitexina (mg/mL) Solução teste 2 Solução teste 3 Volumes (µL) Soluções Solução EWE 0,35 mg/mL Solução estoque dos padrões (0,03 mg/mL isovitexina e 0,005 mg/mL vitexina) SMD Solução teste 1 ---- 500 600 500 400 500 ---- 400 500 600 500 500 ---- ---- ---- 1000 1000 1000 1000 1000 0,015 0,015 0,030 0,030 0,030 0,0025 0,0025 0,0050 0,0050 0,0050 Após o preparo, as soluções foram filtradas por filtro de seringa 0,45 µm e submetidas a banho ultrassônico por 20 minutos. Para as análises de recuperação as concentrações foram corrigidas conforme a pureza dos padrões de referência e conforme as calibrações das micropipetas utilizadas e as exatidões foram calculadas conforme a equação 5. 5.2.8 Exatidão na presença de nanocápsulas Para avaliar a exatidão do método para o doseamento de vitexina e isovitexina no EWE em soluções contendo nanocápsulas, foi determinada a 55 porcentagem de recuperação de vitexina e de isovitexina em soluções de EWE contendo concentrações conhecida destas substâncias e contaminadas com nanocápsulas vazias (43). Foram utilizadas três concentrações referentes a 80 %, 100 % e 120 % das curvas analíticas. A solução estoque de EWE foi preparada como descrito abaixo e as soluções teste foram preparadas segundo a tabela 6. Solução Estoque de EWE 0,35 mg/mL – prepara pela diluição de 3,5 mg de EWE em 10 mL de SMD. Tabela 6 – Preparo das soluções teste e controle para exatidão com nanocápsulas Solução controle de EWE Solução teste 80 % Solução Solução teste 100 % teste 120 % Volumes (µL) Soluções Solução EWE 0,35 mg/mL NV 240 190 240 290 ---- 150 190 230 SMD 760 660 570 480 Volume final Concentração teórica de isovitexina (mg/mL) Concentração teórica de vitexina (mg/mL) 1000 1000 1000 1000 0,030 0,024 0,030 0,036 0,0050 0,0040 0,0050 0,0060 Após o preparo, as soluções foram filtradas por filtro de seringa 0,45 µm e submetidas a banho ultrassônico por 20 minutos. Para as análises de recuperação as concentrações foram corrigidas conforme as calibrações das micropipetas utilizadas e as exatidões foram calculadas conforme a equação 5. 5.2.9 Robustez Para avaliar a robustez do método foi verificada a sua exatidão perante a alteração do fluxo (1,07 mL/min. e 1,13 mL/min.) e da temperatura (39 °C e 41 °C), separadamente, utilizando uma solução de EWE a 0,35 mg/mL em comparação a mesma solução em condições normais. 56 5.3 CARACTERIZAÇÃO DO EXTRATO DE Wilbrandia ebracteata - EWE 5.3.1 Perfil cromatográfico do EWE O EWE foi caracterizado pelo seu perfil cromatográfico perante os flavonóides vitexina e isovitexina e perante as cucurbitacinas cucurbitacina B e dihidrocucurbitacina B. O perfil cromatográfico para flavonóides foi determinado por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) em Cromatógrafo Agilent 1200 (USA), utilizando como referência padrões de vitexina e isovitexina. A metodologia analítica foi validada segundo item 5.2 e as condições cromatográficas estão descritas na tabela 1. Já para a determinação do perfil cromatográfico cucurbitano foi utilizada metodologia por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) em Cromatógrafo Shimadzu 10A (Japão), utilizando como referência padrões de cucurbitacina B e dihidrocucurbitacina B. A metodologia utilizada está descrita no item 5.3.3. 5.3.2 Teor de vitexina e de isovitexina A vitexina e a isovitexina foram utilizadas como marcadores químicos do EWE por serem importantes flavonóides presentes nas raízes da Wilbrandia ebracteata (3, 36). O teor de vitexina e de isovitexina foram determinados por CLAE em Cromatógrafo Agilent 1200 (USA), utilizando técnica descrita na tabela 1 e metodologia validada segundo item 5.2. 5.3.3 Teor de cucurbitacina B e de dihidrocucurbitacina B A dihidrocucurbitacina B e a cucurbitacina B foram dosadas no EWE por serem cucurbitacinas importantes na constituição química das raízes da Wilbrandia ebracteata (35). 57 O teor de dihidrocucurbitacina B e de cucurbitacina B no EWE foi determinado por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) em Cromatógrafo Shimadzu 10A (Japão). Para a análise das amostras de EWE, foi realizada a extração prévia com diclorometano Vetec (Brasil). As amostras foram diluídas em água para a concentração de 0,75 mg/mL. Em seguida foram realizadas duas extrações com diclorometano na proporção de 4 partes de solução para 1,5 partes de diclorometano. Após este processo o diclorometano foi evaporado sob pressão reduzida em evaporador rotatório e a fração resultante foi ressolubilizada em metanol. Esta solução foi analisada conforme método descrito por Krepsky e colaboradores (35), cujas condições cromatográficas estão descritas na tabela 7. Tabela 7 – Condições cromatográficas para o doseamento de cucurbitacinas Coluna Fase móvel Isocrático Fluxo Temperatura Volume injeção Detecção Luna C18 5 µm - (150 x 4.6 mm) Phenomenex® (EUA) A: Água B: Acetonitrila grau HPLC Carlo Erba (Itália) A: 60 % B: 40 % 1,2 mL/min. 40 oC 20 µL 230 nm A cucurbitacina B foi identificada e a sua concentração no EWE foi estimada por comparação direta com o padrão primário de cucurbitacina B ChromaDex™ (EUA) (pureza ajustada 93,8 %). Para o doseamento da dihidrocucurbitacina B, foi estabelecida uma equação de reta obtida a partir de uma curva de calibração realizada com o padrão de dihidrocucurbitacina B produzido, isolado e identificado conforme descrito por Farias (105). O padrão de dihidrocucurbitacina B foi diluído em metanol grau HPLC proveniente de Vetec (Brasil), nas concentrações de 0,05, 0,10, 0,25, 0,40 e 0,50 mg/mL. A equação da reta referente à curva de calibração para o doseamento de dihidrocucurbitacina B no EWE está apresentada na tabela 8. 58 Tabela 8 – Equação de reta para dihidrocucurbitacina B. Y = a + b.X a 4698,84354 b 3313250 r 0,99964 5.3.4 Perda por dessecação A determinação da perda por dessecação do EWE foi realizada por método gravimétrico, no qual se avalia o percentual volatilizado após dessecação a 105 °C. (105). Foi pesado em balança analítica eletrônica Q-500L210C Quimis (Brasil) exatamente 0,1 g de EWE em vidro de relógio previamente dessecado a 105 °C durante 30 minutos em estufa de secagem Q-317M32 Quimis (Brasil) e pesado. O vidro de relógio com a amostra foi levado à estufa de secagem a 105 °C por duas horas. Após isso, a amostra foi resfriada em dessecador e pesada. Esta operação foi realizada até a obtenção de uma massa final constante, ou seja, diferença inferior a 0,5 mg por grama de amostra entre duas pesagens. Entre cada pesagem foi realizada uma secagem de no mínimo uma hora. Esta análise foi realizada em triplicata (105). 5.4 DESENVOLVIMENTO DAS NANOCÁPSULAS 5.4.1 Técnica de produção de nanocápsulas por nanoprecipitação de polímero pré-formado Para desenvolver as nanocápsulas foi utilizado o método de nanoprecipitação de polímero pré-formado desenvolvido por Fessi e colaboradores em 1989 (98), conforme a figura 13. Sendo que o polímero utilizado foi a Poli(єcaprolactona) (PCL) Sigma-Aldrich (EUA), que é um polímero biodegradável reabsorvível. 59 Figura 13 – Método de precipitação de polímero pré-formado. Fonte: Schaffazick e colaboradores (90). Segundo o método de nanoprecipitação de Fessi e colaboradores (98), primeiramente foi dissolvido o EWE (48 mg) em uma fase orgânica contendo 0,16 mL do óleo carreador (triglicerídeos de ácido cáprico e caprílico – TGL – Cosmetrade (Brasil)), 38 mg de monoestearato de sorbitano Sigma-Aldrich (EUA), 100 mg de PCL e 27 mL de acetona Vetec (Brasil). A fase orgânica foi vertida, através de um funil, dentro de uma fase aquosa contendo 77 mg de polissorbato 80 Vetec e 53 mL de água purificada, a qual foi mantida sob agitação magnética por 10 minutos em agitador magnético Fisatom 752A (Brasil) (95, 101). Após o período de precipitação, a suspensão de nanocápsulas foi submetida à evaporação sob pressão reduzida à temperatura de aproximadamente 35 °C a 45 °C, para um volume final de 20 mL em evaporador rotatório VV 2000 Heidolph (Alemanha), para evaporação do excesso de água e solvente (95, 101). Foram preparadas diferentes nanocápsulas que variaram quanto à concentração final da suspensão, conforme a tabela 9. Tabela 9 – Composição das nanocápsulas preparadas. Materiais PCL Acetona Monoestearato de sorbitano TGL EWE NV 100 mg 27 mL 38 mg 0,16 mL --- Formulações NV NEWE CONC. 0,24 % 100 mg 100 mg 27 mL 27 mL 38 mg 38 mg 0,16 mL 0,16 mL --48 mg NEWE 2,4 % 100 mg 27 mL 38 mg 0,16 mL 48 mg Polissorbato 80 Água purificada 77 mg 53 mL 77 mg 53 mL 77 mg 53 mL 77 mg 53 mL Volume final 20 mL 2 mL 20 mL 2 mL --- --- 0,24 % 2,4 % Concentração final de EWE 60 As concentrações de EWE nas formulações descritas na tabela 9 foram definidas a partir de estudos preliminares da inibição do edema de orelha induzido por óleo de cróton (2,5 %) em camundongos, pelo tratamento tópico do EWE, realizados pelo Grupo de Pesquisa de Produtos Naturais (GRUPNAT) coordenado pela Dra. Anna Paula Piovezan (dados não publicados), em que foi observada inibição a partir da dose de EWE 1 %. Para alcançar uma concentração de EWE superior a 1 %, foi produzida a NEWE 2,4 %, a qual foi preparada da mesma forma que as demais formulações, porém com alteração na última etapa do processo, evaporando-se a suspensão sob pressão reduzida até um volume final de 2 mL. 5.5 CARACTERIZAÇÃO DAS NANOCÁPSULAS 5.5.1 Eficiência de encapsulação A eficiência de encapsulação foi determinada em função do teor de isovitexina, vitexina e dihidrocucurbitacina B. Para determinar o rendimento de encapsulação foi utilizado o método de ultrafiltração-centrifugação, onde as nanocápsulas foram separadas do ultrafiltrado que contém apenas EWE livre (não nanoencapsulado). As suspensões de nanocápsulas foram diluídas (4 vezes para a suspensão NEWE 0,24 % e 40 vezes para NEWE 2,4 %) e desta diluição, foram transferidos 500 µL para um dispositivo de ultrafiltração de membrana de celulose regenerada com abertura de 10.000 daltons AMICON® ULTRACEL® Millipore (EUA) em um eppendorf. Esta suspensão então foi submetida ao processo de ultrafiltraçãocentrifugação, em microcentrífuga CT-14000R Cientec (Brasil) por 10 minutos a 11.000 rmp (12.332 x g) (95, 101). As concentrações livres de vitexina, isovitexina e dihidrocucurbitacina B no ultrafiltrado foram analisadas por CLAE, conforme item 5.3.2 para os flavonóides e conforme item 5.3.3 para dihidrocucurbitacina B. O percentual de encapsulação (E) foi determinado a partir da razão entre a diferença da concentração total teórica de vitexina, isovitexina ou dihidrocucurbitacina B na amostra (CT) e a concentração de vitexina, isovitexina ou 61 dihidrocucurbitacina B livre no ultrafiltrado (CL) e a concentração total, multiplicados por 100 % (Equação 6) (91, 94, 97, 101, 106, 107). Esta análise foi realizada em triplicata. E = [(CT – CL) ÷ CT] x 100 % (6) 5.5.2 Determinação de tamanho de partícula por difratometria de laser A distribuição do tamanho das partículas, o diâmetro médio e a polidispersão das nanocápsulas foram determinadas por difratometria de laser por via úmida, através do equipamento Mastersizer 2000 Malvern (Inglaterra) na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), utilizando látex de poliestireno como padrão e água como meio dispersante. As amostras foram adicionadas diretamente ao equipamento até atingirem o valor de obscurecimento de laser especificado pelo equipamento (acima de 2 %). Estas avaliações foram realizadas em triplicata. O diâmetro médio das partículas foi expresso por (D[4,3]), calculado estatisticamente pela derivada dos diâmetros descrita na equação 7 e o valor de polidispersão (Span) através da equação 8 (91, 108, 109, 110, 111). 1 p p+ f D[p + f, f ]= � ∑ nd ∑ nd � (7) Onde os valores 4 e 3 entre colchetes derivam, respectivamente, dos expoentes p+f e f, onde o índice p = 1 expressa o tamanho individual da partícula em função do seu comprimento e o índice f = 3 indica a freqüência de distribuição de tamanho expressa pelo volume e pela massa das partículas (110). Span = d(0,9)- d(0,1) d(0,5) (8) Onde d(0,1) é o tamanho de partícula abaixo do qual 10 % da amostra se encontra, d(0,9) é o tamanho de partícula abaixo do qual 90 % da amostra se 62 encontra e d(0,5) é a mediana da distribuição de volume ou de número, conforme distribuição avaliada (91, 108, 109, 110, 111). 5.6 TESTES IN VIVO 5.6.1 Aspectos éticos Os pesquisadores participantes seguiram adequadamente a legislação pertinente (Lei 11.794/2008 de 08/10/2008), sobre o manejo, arraçoamento, técnicas de contenção e sobre as técnicas específicas ligadas aos procedimentos experimentais. Ainda, com o objetivo de minimizar as variações da técnica, os experimentos foram conduzidos sempre pelos mesmos pesquisadores. Os estudos foram realizados após a aprovação pelo Comitê de ética no uso de animais (CEUA) da UNISUL sob o código 11.037.4.03.IV. 5.6.2 Animais Foram utilizados camundongos Swiss machos com 25 a 35 g e 60 dias de idade ao início dos testes e ratos Wistar machos com 230 a 300 g. Os animais foram mantidos em sala com condições controladas de temperatura (22 ± 2 ºC) e luminosidade artificial (ciclo claro/escuro de 12 horas), com livre acesso à ração e água e em gaiolas com no máximo 6 animais, permanecendo neste local por aproximadamente 3 (três) dias para os estudos agudos e 15 (quinze) dias para o estudo crônico e de irritação dérmica. Os camundongos e os ratos foram mantidos em biotérios diferentes durante os testes (9, 112, 113). A categoria em qual os estudos se enquadram é a de estudos com animais que produzem pequeno ou nenhum desconforto. E foram adotados os dois tipos de estudo: agudo e crônico. A forma de eutanásia adotada foi por meio da aplicação de anestésico geral injetável (Ketamina e Xilasina Syntec (Brasil)), realizada por um médico veterinário, conforme Resolução N° 714, de 20 de junho de 2002 do Conselho Federal de Medicina Veterinária (114). 63 5.6.3 Avaliação da atividade anti-inflamatória in vivo utilizando modelos de edema de orelha 5.6.3.1 Delineamento experimental Para os modelos de edema de orelha foram utilizados camundongos SWISS machos. Cada grupo teste utilizou em média 6 (seis) camundongos, que foram divididos aleatoriamente (26, 28). O edema de orelha foi induzido por óleo de cróton Sigma-Aldrich (EUA) e a resposta foi determinada pela medida do aumento da espessura das orelhas dos camundongos, conforme metodologia revisada por Hecker e Schmidt (115). A espessura da orelha foi medida próxima à extremidade medial com o auxílio de um micrômetro digital MDC-25SB Mitutoyo (Japão) e foi expressa em micrômetros (µm). As substâncias testes, o controle e o agente flogístico (óleo de cróton) foram aplicados topicamente na superfície interna e externa da orelha direita dos camundongos diluídos em acetona, em volumes de 20 µL por orelha com o auxílio de micropipeta de volume fixo 20 µL Digipet (Brasil) (26, 28). Como controle positivo dos métodos agudos e do método crônico, foi utilizado dexametasona (Tianjin Tian Mao – China) a 1 % diluída em acetona, utilizando-se 20 µL por orelha. E como controles negativos, foram utilizadas suspensões de nanocápsulas vazias e/ou nenhum tratamento. O delineamento dos estudos in vivo em camundongos está representado na figura 14. Figura 14 – Delineamento dos estudos in vivo com camundongos. Controle positivo Controle negativo 5-7 camundongos Swiss camundongos Swiss Dexametasona 1% Nenhum tratamento 5-7 Nanocápsulas vazias 5-7 camundongos Swiss Extrato de raízes de Wilbrandia ebracteata padronizado (EWE) 5-7 camundongos Swiss Extrato de raízes de Wilbrandia ebracteata padronizado nanoencapsulado (NEWE) 5-7 camundongos Swiss 64 Segundo vários autores, deve-se utilizar em média 6 animais por grupo teste para que se obtenha uma análise estatística dos resultados (9, 10, 11, 26, 28, 113). Desta forma, conforme a figura 14, para cada modelo de avaliação de atividade anti-inflamatória foram necessários 5 grupos de animais, totalizando 30 animais por teste. Como no presente estudo foram avaliados 3 ensaios de atividade anti-inflamatória, foram necessários 90 camundongos. 5.6.3.2 Modelo de avaliação do edema de orelha induzido pela aplicação tópica de óleo de cróton Neste modelo foi simulada uma inflamação cutânea aguda através da aplicação de 20 µL de solução de óleo de cróton a 2,5 % nas orelhas dos camundongos. Após foram aplicados os controles e os testes (116, 117). A espessura da orelha dos camundongos foi medida após 4 e 6 horas da aplicação do agente flogístico (116). A avaliação da atividade anti-inflamatória foi realizada pela análise da diferença entre as espessuras médias das orelhas obtidas entre os grupos de controle negativo e dos testes. 5.6.3.3 Modelo de inflamação crônica por edema de orelha induzido pela aplicação múltipla do óleo de cróton Neste modelo foi simulada uma inflamação cutânea crônica através da aplicação de 0,4 mg de solução de óleo de cróton diluído em 20 μL de acetona nas orelhas dos camundongos por 9 dias, em dias alternados. A figura 15 mostra o delineamento do estudo crônico (28, 113, 118). 65 Figura 15 – Delineamento do estudo crônico. A espessura da orelha dos camundongos foi medida diariamente antes das aplicações (118). Os controles e os testes foram aplicados a partir do quinto dia do experimento duas vezes ao dia (118). A avaliação da atividade anti-inflamatória foi realizada pela análise da diferença entre as espessuras médias das orelhas obtidas entre os grupos de controle negativo e dos testes. 5.6.3.4 Análise dos resultados Os resultados foram expressos como média ± erro padrão da média. As variáveis avaliadas foram os diâmetros das orelhas dos testes em relação aos dos controles negativos, comparando ainda os resultados obtidos para o extrato com os obtidos para o extrato nanoencapsulado. Foram avaliados por análise de variância (ANOVA) de uma via seguido de teste Tukey, sendo considerados como estatisticamente significativos valores de P menores que 0,05 (p < 0,05) (9, 28). 5.6.4 Avaliação da irritação primária de pele: efeito agudo em ratos Neste modelo foi avaliada a toxicidade das nanocápsulas vazias concentradas (NV CONC.) e do EWE nanoencapsulado concentrado (NEWE 2,4 %) através da verificação de irritação dérmica em ratos. Foram utilizados 8 ratos WISTAR machos para cada grupo teste e 3 animais para o grupo controle, totalizando 19 animais. 66 Os animais foram pesados em balança de precisão BG 2000 Quimis (Brasil), anestesiados com Ketamina e Xilasina (50:50) e submetidos a tricotomia dorsal com o auxílio de um tricótomo golden two speed AS® 708005 Oster (EUA) sem causar danos ao tecido. Após este procedimento o dorso dos animais foi lavado com solução detergente a 1 % e seco, onde foi demarcada a área de teste de aproximadamente 4 x 4 cm (119). Papéis filtro de tamanho 2 x 2 cm foram impregnados com 100 µL das substâncias testes ou acetona (controle) e então posicionados no dorso dos animais, fixados por fita micropore hipoalergênica 25 mm x 10 mm 3M (Brasil). A pele dos animais ficou exposta aos testes e ao controle por 4 horas e após este período foi retirado o material e a região lavada novamente com solução detergente 1 %.(119) As observações foram realizadas após 60 minutos, 24 e 72 horas, da aplicação e após este período em dias alternados até o 14° dia (119). A avaliação da irritação cutânea se deu pela análise visual de edema e/ou eritema classificados conforme Federal Hazardous Substances Act of the USA, apresentada na tabela 10 (119). Tabela 10 – Avaliação da irritação cutânea. Formação de edema Lesão Valor Sem presença de edema 0 Formação de eritema Lesão Valor Sem presença de eritema 0 Edema ligeiramente perceptível Edema discreto Edema moderado (aprox. 1 mm) Edema severo (maior que 1 mm) Eritema ligeiramente perceptível Eritema bem definido Eritema de moderado a severo Eritema severo com formação de escaras 1 2 3 4 1 2 3 4 Fonte: Brito (119). A partir da pontuação obtida para as avaliações de edema e de eritema em todas as análises foi calculada uma média aritmética e a pontuação resultante foi determinante da classificação da substância teste conforme tabela 11 (119). 67 Tabela 11 – Classificação da substância irritante. Fonte: Brito (119). Classificação Pontuação Não irritante 0,0 – 1,0 Irritante moderado 1,1 – 2,0 Irritante grave 2,1 – 3,0 Corrosivo 3,1 – 4,0 68 6 RESULTADOS E DISCUSSÃO 6.1 VALIDAÇÃO DE METODOLOGIA ANALÍTICA PARA DOSEAMENTO DE VITEXINA E ISOVITEXINA EM EWE E NEWE POR CROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE ALTA EFICIÊNCIA - CLAE 6.1.1 Seletividade Na figura 16 estão apresentados os cromatogramas obtidos para a solução contendo apenas os padrões de vitexina e de isovitexina, para a solução de EWE, para a solução de EWE acrescida dos padrões vitexina e isovitexina, para a solução de EWE acrescido de nanocápsulas vazias (NV), para a solução de nanocápsulas vazias (NV) e para a solução dos solventes (SMD). Figura 16 – Picos de vitexina e isovitexina em corridas cromatográficas de uma solução contendo os dois padrões em comparação às corridas do EWE e do EWE acrescido de nanocápsulas vazias. 700 VWD 1 FASE MÓVEL FASE MÓVEL - CORRIDA 04.dat VWD 1 NANO VAZIA NANO VAZIA - CORRIDA 03.dat VWD 1 EXATIDÃO EWE:PADRÕES (50:50) EXATIDÃO EWE PADRÕES (50 50) - CORRIDA 5.dat ISOVITEXINA VWD 1 EXATIDÃO NANO - 80 % EXATIDÃO NANO - 80 % - CORRIDA 2.dat 600 700 VWD 1 EXTRATO SOLU EXTRATO SOLU 600 500 500 VITEXINA PADRÕES 400 400 mAU mAU EWE 300 300 EWE + PADRÕES 200 200 EWE + NV 100 100 NV SMD 0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 0 5,5 6,0 Minutes Pela análise dos cromatogramas da SMD e da NV pode-se observar que não ocorrem picos nos tempos de retenção referentes aos padrões, o que pode 69 indicar que estes materiais não interferem na análise da vitexina e da isovitexina, no método desenvolvido. No cromatograma obtido para a solução de EWE acrescido de NV em comparação ao cromatograma da solução contendo apenas EWE, pode-se observar que não ocorrem novos picos, nem alterações nos picos da vitexina e da isovitexina, indicando não ocorrer alterações no cromatograma destas substâncias pela presença das nanocápsulas. Na figura 16, avaliou-se também o cromatograma da solução contendo EWE e os padrões de vitexina e de isovitexina, onde houve um aumento dos picos destas substâncias em comparação aos outros picos do cromatograma do extrato (EWE). Ainda, não foi observado o aparecimento de outros picos que não estivessem presentes no cromatograma do extrato. Estes resultados indicam que os picos referentes à vitexina e à isovitexina no cromatograma do EWE, são reflexos dos sinais obtidos para estas substâncias exclusivamente. E deste modo, o método proposto pode ser considerado seletivo para estas substâncias. 6.1.2 Eficiência do método As tabelas 12 e 13 mostram os resultados dos parâmetros tempo de retenção (RT), resolução (Rs), fator de cauda (T) e pratos teóricos (N), obtidos para a vitexina e a isovitexina na solução contendo apenas os padrões (0,03 mg/mL de isovitexina e 0,005 mg/mL de vitexina), na solução de EWE 0,35 mg/mL e na solução de EWE 0,35 mg/mL mais nanocápsulas vazias (NV). Tabela 12 – Resultados de eficiência para vitexina Solução dos padrões (0,03 mg/mL isovitexina e 0,005 mg/mL vitexina) Solução de EWE 0,35 mg/mL Solução de EWE 0,35 mg/mL mais nanocápsulas RT (min.) Rs T N (média ± DP) (média ± DP) (média ± DP) (média ± DP) 2,88 ± 0,002 5,21 ± 0,048 1,33 ± 0,098 6.955 ± 211 2,88 ± 0,003 5,76 ± 0,075 1,26 ± 0,112 9.249 ± 24 2,88 ± 0,004 5,86 ± 0,091 1,19 ± 0,199 9.305 ± 562 70 Tabela 13 – Resultados de eficiência para isovitexina RT Rs T N (média ± DP) (média ± DP) (média ± DP) (média ± DP) Solução dos padrões (0,03 mg/mL isovitexina e 0,005 mg/mL vitexina) 3,62 ± 0,003 5,21 ± 0,048 1,32 ± 0,016 9.407 ± 315 Solução de EWE 0,35 mg/mL 3,62 ± 0,003 3,04 ± 0,042 1,17 ± 0,131 10.563 ± 434 Solução de EWE 0,35 mg/mL mais nanocápsulas 3,63 ± 0,005 3,08 ± 0,058 1,24 ± 0,047 11.214 ± 222 A análise dos tempos de retenção (RT) demonstra um coeficiente de variação (CV) de 0,15 % para vitexina e de 0,12 % para isovitexina. Sendo que não há diferenças estatisticamente significativas entre os tempos de retenção obtidos nas corridas dos padrões, do EWE e do EWE mais nanocápsulas, para as duas substâncias (ANOVA de uma via seguido de Teste Tukey, p < 0,05). Os resultados de resolução (Rs) para os picos da isovitexina e da vitexina, tanto nas determinações apenas dos padrões, quanto nas determinações do EWE e do EWE com nanocápsulas, apresentaram valores acima de 3 (de 3,04 a 5,86), o que indica uma separação total dos picos, pois valores de Rs acima de 1,5 já sugerem a separação completa dos picos, conforme Ciola (44) e US-FDA (46). Ainda, os resultados de resolução dos picos para as duas substâncias dos cromatogramas de EWE e de EWE mais nanocápsulas podem ser considerados iguais estatisticamente (ANOVA de uma via seguido de Teste Tukey, p < 0,05), o que sugere que a presença de nanocápsulas não interfere na análise da vitexina e da isovitexina neste método. Quanto à simetria dos picos da vitexina e da isovitexina pode-se avaliar como aceitável, pois se obteve valores em torno de 1,2 e abaixo de 2,0 para todas as situações testadas. Este parâmetro também não foi afetado pela adição de nanocápsulas, pois não há diferenças estatisticamente significativas entre os valores de simetria dos picos de vitexina e de isovitexina entre os cromatogramas dos padrões, do EWE e do EWE mais nanocápsulas (ANOVA de uma via seguido de Teste Tukey, p < 0,05). 71 Na análise dos pratos teóricos desta metodologia para a vitexina e para a isovitexina, obteve-se valores acima de 6000, acima do mínimo desejado (2000), conforme preconizado pela US-FDA (46). Ainda, não houve diferença estatisticamente significativa entre os pratos teóricos obtidos para as duas substâncias quando analisadas nas soluções de EWE e de EWE mais nanocápsulas (ANOVA de uma via seguido de Teste Tukey, p < 0,05), demonstrando assim a eficiência do método. Como todos os parâmetros avaliados se apresentaram satisfatórios, podemos concluir que a metodologia definida é eficiente, apresentando ainda um tempo de análise reduzido, 4 minutos, em comparação a outras metodologias descritas para estas substâncias, que apresentam tempos de análise próximos de 20 min. (120), 40 min. (103) e 136 min. (120). Este tempo de análise reduzido deve-se também a coluna cromatográfica escolhida, Kinetex C18 2,6 μm 100A (100 x 4,6 mm) Phenomenex® (EUA), que possui partículas menos porosas e de 2,6 μm de diâmetro médio, que são menores que as partículas porosas utilizadas comumente nas colunas C18, em média 3 a 5 μm de diâmetro. Desta forma, as moléculas de uma mesma substância saem mais próximas, reduzindo as caudas e os tempos de retenção. (123) 6.1.3 Linearidade As figuras 17 e 18 apresentam as curvas analíticas obtidas para a vitexina e para a isovitexina respectivamente. 72 Figura 17 – Curva analítica da vitexina. Concentração de vitexina (mg/mL) 0,00246 0,00396 0,00494 0,00594 0,00742 400000 350000 Área 300000 250000 Área 125413 209284 253074 306225 391948 Y = a + b.X a = - 4833,14691 b = 52999000 r = 0,99926 200000 150000 100000 0,002 0,003 0,004 0,005 0,006 0,007 0,008 Vitexina mg/mL Figura 18 – Curva analítica da isovitexina. 2400000 Concentração de isovitexina (mg/mL) 0,01358 0,02045 0,02697 0,03368 0,04110 2200000 2000000 1800000 Área 1600000 1400000 1200000 Área 681291 1101128 1408156 1810947 2195793 Y = a + b.X a = - 47497,19942 b = 54782000 r = 0,99937 1000000 800000 600000 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 Isovitexina (mg/mL) As curvas de concentração x área apresentaram-se lineares para as duas substâncias analisadas, com coeficiente de correlação r igual a 0,99937 para isovitexina e 0,99926 para vitexina, sendo estes valores aceitáveis segundo resolução RE 899/2003 (43), que preconiza valores acima de 0,99. Nas figuras 19 e 20 encontram-se os gráficos de resíduos das curvas analíticas da vitexina e da isovitexina, respectivamente. 73 Figura 19 – Gráfico de resíduos para a curva analítica da vitexina. 1,5 Resíduo estandarizado 1,0 0,5 0,0 -0,5 -1,0 100000 150000 200000 250000 300000 Valor ajustado (área) 350000 400000 Figura 20 – Gráfico de resíduos para a curva analítica da isovitexina. 1,5 Resíduo estandarizado 1,0 0,5 0,0 -0,5 -1,0 500000 750000 1000000 1250000 1500000 1750000 Valor ajustado (área) 2000000 2250000 Os resíduos obtidos nas análises das curvas analíticas tanto para vitexina como para isovitexina apresentaram-se homogeneamente dispersos em torno do zero (0), com valores positivos e negativos, não demonstrando tendências de desvio. 74 6.1.4 Precisão Os resultados de precisão obtidos estão apresentados na tabela 14. Tabela 14 – Resultados de precisão Vitexina Isovitexina Área Concentração (mg/mL) Área Concentração (mg/mL) 1 234759 0,00452 1267732 0,02401 2 230992 0,00445 1227114 0,02327 3 242158 0,00466 1275087 0,02414 4 229772 0,00443 1211744 0,02299 5 236374 0,00455 1248830 0,02366 6 233542 0,00450 1227557 0,02328 Média 235426 0,00453 1245395 0,02360 DP 4590,8 0,000087 23740,9 0,000433 CV % 1,95 % 1,91% 1,91 % 1,84% Determinações A análise de repetibilidade demonstrou que o método é preciso para a determinação de vitexina e de isovitexina, com coeficientes de variação de 1,91 % e 1,84 %, respectivamente, sendo estes valores inferiores a 5 %, de acordo com o preconizado pela RE 899/2003 (43). As concentrações foram calculadas a partir da equação da reta obtida da linearidade. As seis corridas podem ser observadas sobrepostas na figura 21. 75 Figura 21 – Corridas cromatográficas dos padrões sobrepostas para análise de precisão do método. 250 250 VWD 1 PRECISÃO VITEXINA ISOVITEXINA SOLUÇÃO 2 PRECISÃO VITEXINA ISOVITEXINA SOLUÇÃO 2 - CORRIDA 7.d VWD 1 PRECISÃO VITEXINA ISOVITEXINA SOLUÇÃO 2 PRECISÃO VITEXINA ISOVITEXINA SOLUÇÃO 2 - CORRIDA 8.dat VWD 1 PRECISÃO VITEXINA ISOVITEXINA SOLUÇÃO 2 PRECISÃO VITEXINA ISOVITEXINA SOLUÇÃO 2 - CORRIDA 9.dat 225 225 200 200 175 175 150 150 125 125 mAU mAU ISOVITEXINA 100 100 75 75 VITEXINA 50 50 25 25 0 0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 Minutes 6.1.5 Exatidão Os resultados de recuperação dos padrões adicionados ao EWE, obtidos no ensaio de exatidão estão apresentados na tabela 15, onde os valores de concentração teórica foram calculados com base nos resultados da solução controle de padrões. Tabela 15 – Resultados de exatidão para doseamento de vitexina e isovitexina no EWE Vitexina Isovitexina [ ] Padrão [ ] Padrão [ ] Padrão [ ] Padrão Exatidão Exatidão adicionado recuperado adicionado recuperado Média (%) Média (%) (mg/mL) (mg/mL) (mg/mL) (mg/mL) Solução 0,00186 ± 100,40 ± 0,0110 ± 102,73 ± 0,00185 0,0107 0,000042 2,361 0,00027 2,794 teste 1 Solução 0,00226 ± 98,34 ± 0,0132 ± 100,22 ± 0,0023 0,013 0,000062 2,829 0,00020 1,662 teste 2 Solução 0,00274 ± 100,16 ± 0,0158 ± 101,40 ± 0,00274 0,0156 0,000070 2,647 0,000086 2,568 teste 3 Média Exatidão 99,65 ± 2,370 % 101,34 ± 2,173 % 76 A exatidão do método para a vitexina foi de 99,65 ± 2,370 % e para a isovitexina foi de 101,34 ± 2,173 %, segundo pode-se concluir que os valores obtidos experimentalmente nesta metodologia encontram-se muito próximos aos valores reais conforme preconizado pela resolução RE n° 899 de 2003 da ANVISA (43). 6.1.6 Exatidão em presença de nanocápsulas Os resultados de recuperação de vitexina e de isovitexina no EWE acrescido de nanocápsulas vazias estão descritos na tabela 16, onde a concentração teórica foi calculada com base no resultado da solução controle de EWE. Tabela 16 – Resultados de exatidão para doseamento de vitexina e isovitexina no EWE na presença de nanocápsulas Solução 80 % Solução 100 % Solução 120 % Média Exatidão Vitexina Isovitexina [ ] [ ] teórica Exatidão encontrada (mg/mL) Média (%) (mg/mL) 0,0041 ± 101,06 ± 0,0041 0,00002 0,006 0,0052 ± 101,63 ± 0,0051 0,00012 0,024 0,0062 ± 101,70 ± 0,0061 0,00017 0,028 [ ] [ ] teórica Exatidão encontrada (mg/mL) Média (%) (mg/mL) 0,0217 ± 98,54 ± 0,022 0,0003 0,014 0,0274 ± 99,33 ± 0,00276 0,00059 0,021 0,033 ± 100,17 ± 0,033 0,0005 0,016 101,47 ± 0,019 % 99,35 ± 0,017 % A taxa de recuperação de isovitexina e vitexina adicionadas em uma suspensão de nanocápsulas vazias foi de 101,47 ± 0,019 % e 99,35 ± 0,017 % respectivamente. De acordo com a resolução RE n° 899 de 2003 da ANVISA (43), estes resultados demonstram que a presença de nanocápsulas não afetou a exatidão da metodologia, pois os valores de exatidão obtidos estão muito próximos a 100 %. 77 6.1.7 Robustez Os resultados de robustez quanto à variação de fluxo e de temperatura estão apresentados nas tabelas 17 e 18 respectivamente. Tabela 17 – Efeito de variação de fluxo para doseamento de vitexina e isovitexina no EWE Vitexina Fluxo Isovitexina (mL/min) Concentração encontrada (mg/mL) Exatidão Média (%) Concentração encontrada (mg/mL) Exatidão Média (%) 1,1 0,00515 ± 0,000149 100,00 ± 2,886 0,0278 ± 0,00031 100,00 ± 1,128 1,07 0,00541 ± 0,000098 105,01 ± 1,893 0,0286 ± 0,00033 102,95 ± 1,203 1,13 0,00515 ± 0,000088 99,95 ± 1,696 0,0276 ± 0,00033 99,42 ± 1,178 Tabela 18 – Efeito de variação de temperatura para doseamento de vitexina e isovitexina no EWE Vitexina Temp. Isovitexina (°C) Concentração encontrada (mg/mL) Exatidão Média (%) Concentração encontrada (mg/mL) Exatidão Média (%) 40 0,00515 ± 0,000149 100,00 ± 2,886 0,0278 ± 0,00031 100,00 ± 1,128 39 0,0050 ± 0,0001 96,14 ± 0,850 0,0285 ± 0,00070 102,55 ± 2,512 41 0,0053 ± 0,00007 102,40 ± 1,303 0,0284 ± 0,00033 102,46 ± 1,178 O método pode ser considerado robusto para a análise de isovitexina nas variações de fluxo de 1,07 mL /min. até 1,13 mL/min. e de temperatura de 39 °C até 41 °C, pois os resultados de exatidão obtidos nestas condições em comparação aos resultados obtidos nas condições normais de temperatura e de fluxo (40 °C e 1,1 mL/min.) encontram-se próximos a 100 %, sendo 102,95 ± 1,203 %, 99,42 ± 1,178 %, 102,55 ± 2,512 % e 102,46 ± 1,178 %, respectivamente. Ainda, para a isovitexina, os valores de concentração obtidos não são diferentes estatisticamente, para todas as circunstâncias testadas (ANOVA de uma via seguido de Teste Tukey, p < 0,05). Para a vitexina, o método também é robusto para a variação de temperatura avaliada (39 °C até 41 °C) e para a variação de fluxo somente de 1,1 mL/min. até 1,13 mL/min., pois nestas condições, além de apresentar valores de 78 exatidão próximos a 100 % (96,14 ± 0,850 % e 102,40 ± 1,303 %, para 39 °C e 41 °C, respectivamente e 99,95 ± 1,696 % para 1,13 mL/min.) não foi constatada diferença estatisticamente significativa entre os resultados de concentração obtidos. Apenas para a variação de fluxo de 1,07 mL/min., a concentração detectada apresentou diferença estatisticamente significativa quando comparada com os outros fluxos, com uma exatidão de 104,17 ± 1,878 % (ANOVA de uma via, seguida de Teste Tukey, p < 0,05). 6.2 CARACTERIZAÇÃO DO EXTRATO DE Wilbrandia ebracteata (EWE) O EWE preparado conforme item 5.1, apresentou rendimento de 1,06 %. Na figura 22 está apresentado o aspecto do extrato obtido. Figura 22 – Imagem do EWE. O EWE apresentou aparência de um pó higroscópico amarelo, com um odor característico. Apresentando um resultado de perda por dessecação de 17,18 ± 0,721 % (média ± DP). Na figura 23 está apresentado o perfil cromatográfico do EWE frente aos flavonóides vitexina e isovitexina. 79 Figura 23 – Perfil cromatográfico em 330 nm do EWE frente à vitexina e isovitexina. 400 VWD 1 EXATIDÃO NANO - CONTROLE EWE EXATIDÃO NANO - CONTROLE EWE - CORRIDA 5.dat 350 350 ISOVITEXINA mAU 300 300 250 250 200 200 150 150 mAU 400 VITEXINA 100 100 50 50 0 0 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 Minutes Os flavonóides identificados na figura 23, vitexina e isovitexina, foram descritos por Santos, Santos e Schenkel (36) como constituintes da fração butanólica de um extrato obtido das raízes de Wilbrandia ebracteata. O perfil cromatográfico do EWE obtido a 230 nm pela metodologia descrita no item 5.3, está apresentada na figura 24. 80 Figura 24 – Perfil cromatográfico do EWE obtido em 230 nm. 600000 500000 Área 400000 300000 Dihidrocucurbitacina B 200000 Cucurbitacina B 100000 0 0 5 10 15 20 25 30 35 Tempo (min.) Na figura 24 pode-se observar em 12,4 min. o pico da cucurbitacina B e em 13,6 min. o pico da dihidrocucurbitacina B, as mesmas cucurbitacinas observadas por Krepsky e colaboradores (35) em fração diclorometânica de um extrato etanólico de Wilbrandia ebracteata. Os teores de vitexina, isovitexina, cucurbitacina B e dihidrocucurbitacina B no EWE, quantificados utilizando as metodologias descritas nos itens 5.3.3 e 6.1, estão apresentados na Tabela 19. Tabela 19 – Teor de vitexina, isovitexina, cucurbitacina B e dihidrocucurbitacina B no EWE. Substância Teor em mg/g (Média ± DP) Isovitexina 81,6 ± 4,40 Vitexina 15,1 ± 0,58 Dihidrocucurbitacina B Cucurbitacina B (valor aproximado) 3,05 ± 0,219 0,025 81 Os resultados demonstram que aproximadamente 8 % de EWE é composto de isovitexina e 1,5 % de vitexina. Isto indica que o EWE é extremante rico em flavonóides, sendo que aproximadamente 10 % de sua massa é constituída apenas destas substâncias. Em relação às cucurbitacinas, o EWE possui aproximadamente 0,3 % de dihidrocucurbitacina B e para a cucurbitacina B foram detectadas concentrações abaixo da capacidade de quantificação do método analítico. Desta forma os resultados para cucurbitacina B são determinações aproximadas. 6.3 CARACTERIZAÇÃO DAS NANOCÁPSULAS 6.3.1 Eficiência de encapsulação Os resultados de eficiência de encapsulação do EWE, obtidos para as suspensões de nanocápsulas NEWE 0,24 % e NEWE 2,4 % estão apresentados na tabela 20. Tabela 20 – Eficiência de encapsulação do EWE. Encapsulação Média (%) Vitexina Isovitexina Dihidrocucurbitacina B NEWE 0,24 % 47,3 ± 0,98 53,5 ± 0,94 ND * NEWE 2,4 % 39,1 ± 0,58 50,3 ± 1,90 88,6 ± 0,69 *ND = não determinado devido à concentração de dihidrocucurbitacina B encontra-se abaixo da capacidade de detecção do método na suspensão NEWE 0,24 %. Para a formulação NEWE 0,24 %, foi obtida uma eficiência de encapsulação de 47,3 % para a vitexina e de 53,5 % para a isovitexina. Enquanto que para a formulação concentrada, NEWE 2,4 %, os valores de eficiência de encapsulação obtidos foram de 39,1 %, 50,3 % e 88,6 % para vitexina, isovitexina e dihidrocucurbitacina B, respectivamente. Os resultados de eficiência de encapsulação da isovitexina obtidos para o NEWE 0,24 % e o NEWE 2,4 % não apresentaram diferença estatisticamente significativa (ANOVA de uma via seguido por Teste Tukey, p < 0,05), porém 82 mostraram uma tendência de redução no NEWE 2,4 %. Entretanto, para a vitexina, houve diferença significativa entre as taxas de encapsulação obtidas para as formulações avaliadas (p < 0,05). A diferença observada pode ser associada ao processo de produção do NEWE 2,4 %, em que a suspensão de nanocápsulas NEWE 0,24 % foi concentrada até um décimo de seu volume. Este processo requereu a manutenção adicional da suspensão de nanocápsulas na temperatura de 45 °C por 13 minutos, aproximadamente. Esta exposição extra das nanocápsulas da formulação NEWE 2,4 % à temperatura de 45 °C pode ter favorecido a difusão dos flavonóides do núcleo, ou da superfície das nanocápsulas para o meio aquoso. Como a vitexina é mais solúvel em água que a isovitexina (solubilidade teórica da vitexina e isovitexina, respectivamente, 3,92 mg/mL e 1,72 mg/mL) (123), pode-se sugerir que o processo de concentração promoveu maior migração de vitexina para o meio aquoso (externo) do que de isovitexina. As taxas de encapsulação de polifenóis pelo método de nanoprecipitação relatados na literatura apresentam em média valores superiores a 90 %, superiores aos valores observados para vitexina e isovitexina neste trabalho (124, 125, 130). Ainda, em estudos de encapsulação de quercetina, um flavonóide com estrutura similar a vitexina e a isovitexina, Wu e colaboradores (106) obtiveram eficiência de encapsulação superior a 99 % com o método de nanoprecipitação, utilizando poly (lactide-co-glycolide) (PLGA) e Eudragit E® e Ghosh e colaboradores (127) obtiveram uma eficiência de encapsulação de 68 ± 3,2 %, utilizando PLGA como polímero e um método modificado de emulsão-difusão-evaporação. A menor taxa de encapsulação da isovitexina e vitexina em relação ao observado com a quercetina pode estar associado às diferenças de solubilidade e lipossolubilidade destas substâncias. A quercetina apresenta um coeficiente de partição óleo/água (logP) teórico de 1,48 e solubilidade em água de 0,06 mg/mL enquanto que a vitexina e isovitexina apresentam logP e solubilidade de 0,32 e 3,92 mg/mL, 0,37 e 1,72 mg/mL, respectivamente. A maior lipossolubilidade da quercetina e consequente menor solubilidade em água favorece a sua difusão e permanência no núcleo oleoso da nanocápsula (90, 123). Desta forma, sugere-se que a menor encapsulação dos flavonóides em comparação aos dados da literatura não esteja relacionada ao método utilizado 83 (nanoprecipitação) e sim a outros fatores, como a lipossolubilidade dos flavonóides analisados, ou ainda a escolha do núcleo oleoso (TGL), pois a taxa de encapsulação depende da solubilidade das substâncias neste. (90) A encapsulação da dihidrocucurbitacina B obtida foi de 88,6 %, quantidade superior ao obtido para os flavonóides. Na literatura não foram encontrados relatos de nanoencapsulação da dihidrocucurbitacina B, entretanto estes resultados são semelhantes aos obtidos por Molavi e colaboradores (128) na encapsulação da cucurbitacina B em micelas de copolímero em bloco poli(óxido de etileno)-block-poli(benzil carboxilato-caprolactona) (PEO-b-PBCL 5.000-4.700) por um método de evaporação do co-solvente, onde obtiveram uma encapsulação de 92,9 %. A superior taxa de encapsulação pode ser atribuída à elevada lipossolubilidade destas moléculas, fato que favorece sua difusão e permanência no núcleo oleoso. No quadro 1 estão apresentadas as estruturas químicas das moléculas de vitexina, isovitexina e dihidrocucurbitacina B, bem como os seus respectivos LogP e solubilidade em água calculados por Madison Metabolomics Consortium Database (123). 84 Quadro 1 – Estruturas químicas de vitexina, isovitexina e dihidrocucurbitacina B com os seus respectivos LogP e solubilidade em água calculados. Dihidrocucurbitacina B LogP (octanol/água): 3,84 Solubilidade em água: 0,01 mg/mL Isovitexina LogP (octanol/água): 0,37 Solubilidade em água: 1,72 mg/mL Vitexina LogP (octanol/água): 0,32 Solubilidade em água: 3,92 mg/mL Fontes: CUI (123) e ZHANG (129). Como apresentado no quadro 1, o LogP calculado da dihidrocucurbitacina B (3,84) é maior que os LogP calculados dos flavonóides (0,37 para isovitexina e 0,32 para vitexina). Assim a dihidrocucurbitacina B, por ter maior afinidade com o núcleo oleoso (TGL) das nanocápsulas apresentou maior encapsulação (88,6 %) enquanto que os flavonóides, mais solúveis em água que a dihidrocucurbitacina B, ficaram retidos em menor proporção nas nanocápsulas (39,1 % para vitexina e 50,3 % para isovitexina). Da mesma forma, a diferença de encapsulação encontrada entre a vitexina (39,1 %) e a isovitexina (50,3 %) para uma mesma formulação, também pode ser explicada pela solubilidade destas substâncias em água, 3,92 mg/mL e 1,72 mg/mL respectivamente. Justificando a menor eficiência de encapsulação 85 obtida para a vitexina, que apresenta maior solubilidade em água quando comparada com a isovitexina. 6.3.2 Determinação de tamanho de partícula por difratometria de laser As nanocápsulas descritas na tabela 9, preparadas conforme item 5.4.1, foram analisadas por difratometria de laser e as curvas de distribuição granulométrica estão apresentadas nas figuras 25 a 27. Os resultados das análises granulométricas frente à distribuição de volume estão descritos na tabela 21. Figura 25 – Curva de distribuição granulométrica referente ao volume da suspensão de nanocápsulas vazias (NV). Figura 26 – Curva de distribuição granulométrica referente ao volume da suspensão NEWE 0,24 %. 86 Figura 27 – Curva de distribuição granulométrica referente ao volume da suspensão NEWE 2,4 %. Tabela 21 – Resultados de análise granulométrica referente à faixa de distribuição de volume. Suspensões de nanocápsulas NV d(0,1) (µm) d(0,5) (µm) d(0,9) (µm) D[4,3] (µm) Span 0,079 0,126 0,195 0,132 0,917 NEWE 0,24 % 0,076 0,123 0,196 0,130 0,973 NEWE 2,4 % 0,103 0,238 45,928 12,117 192,927 Nas análises granulométricas referentes à distribuição de volume, as medianas da distribuição de volume (d(0,5)) das amostras de NV e NEWE 0,24 % apresentaram-se próximas a 120 nm, conforme também pode ser observado nas figuras 25 e 26. Enquanto que a amostra de NEWE 2,4 %, que sofreu um processo de concentração maior, apresentou uma mediana de 238 nm, que pode ser visualizada na figura 27. Estas medianas apresentam uma diferença estatisticamente significativa para um p < 0,05 (ANOVA de uma via seguido por Teste Tukey). Quanto ao diâmetro médio, expresso por D[4,3], as formulações de NV e NEWE 0,24 % apresentaram valores médios de 132 nm e 130 nm, respectivamente, sendo estes valores iguais estatisticamente (p < 0,05). Já a formulação NEWE 2,4 %, apresentou um diâmetro médio superior a 10.000 nm, saindo da faixa de nanopartículas (até 1.000 nm). Estes resultados são devidos a avaliação frente à distribuição volumétrica das partículas, onde o volume decorrente de uma pequena 87 quantidade de partículas micrométricas ou da agregação de partículas nanométricas pode ter uma alta influência. A presença destas partículas micrométricas ou dos agregados das partículas pode ser observada na figura 27. A presença destas partículas volumosas também afetou a avaliação de polidispersão (Span) da suspensão de nanocápsulas NEWE 2,4 %, que apresentou um alto valor de polidispersão,192,927. No entanto, as formulações NV e NEWE 0,24 % apresentaram distribuições estreitas na faixa de polidispersão, 0,917 e 0,973, respectivamente. Frente às influências das partículas de maior volume nos parâmetros avaliados, foram analisados estes mesmos parâmetros das análises granulométricas frente à distribuição de número de partículas, apresentados na tabela 22. Tabela 22 – Resultados de análise granulométrica referente à faixa de distribuição de número de partículas. Suspensões de nanocápsulas NV d(0,1) (µm) d(0,5) (µm) d(0,9) (µm) D[4,3] (µm) Span 0,059 0,086 0,136 0,132 0,897 NEWE 0,24 % 0,055 0,081 0,131 0,130 0,937 NEWE 2,4 % 0,062 0,094 0,163 0,186 1,079 Na análise granulométrica frente à distribuição de número de partículas as distribuições apresentaram-se estreitas, com valores médios de polidispersão (Span), de 0,897 para NV, 0,937 para NEWE 0,24 % e 1,079 para NEWE 2,4 %, confirmando que o número de partículas de tamanho micro, ou o número de partículas agregadas deve ser baixo. Ainda, através desta análise foram obtidas medianas de distribuição de número (d(0,5)) de 81 a 94 nm, dentro da faixa nanométrica. Sendo que as medianas obtidas para NV e NEWE 0,24 % são estatisticamente iguais (ANOVA de uma via seguido por Teste Tukey, p < 0,05). Através da análise do diâmetro médio frente à distribuição de número de partículas por tamanho (D[4,3]), que apresentou valores dentro da escala nanométrica (130 a 186 nm) para todas as formulações testadas, pode-se concluir 88 que o número de partículas de maior volume (micrométricas) deve exercer pouca influência na média. Apesar de a análise granulométrica frente à distribuição de número de partículas demonstrar baixa quantidade de partículas de tamanho micro, como observado nas figuras 25 a 27 estas partículas ocorreram apenas na formulação que sofreu o maior processo de concentração (NEWE 2,4 %). Desta forma, pode-se sugerir que o processo de concentração pode ser a causa das alterações encontradas. A agregação das partículas e a formação de microcápsulas podem ter sido favorecidas principalmente pela exposição prolongada a temperatura de 45 °C, ou a alta concentração de nanocápsulas na formulação que pode favorecer um processo de agregação das nanopartículas. Ainda, os tamanhos de nanocápsulas obtidos, estão semelhantes aos citados na literatura, onde polifenóis como a quercetina e a curcumina nanoencapsulados pelo método de nanoprecipitação, apresentaram tamanhos médios em torno de 85 nm (130). 6.4 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA IN VIVO UTILIZANDO MODELOS DE EDEMA DE ORELHA Estudos realizados pelo Grupo de Pesquisa em Produtos Naturais (GRUPNAT) coordenado pela Dra. Anna Paula Piovezan demonstraram que o tratamento dos animais com doses acima de EWE 1 % foram capazes de inibir o formação do edema induzido pelo óleo de cróton (2,5 %) (Dados não publicados). A partir destes resultados foi escolhida a dose de 2,4 % do EWE puro ou nanoencapsulado, para a realização dos experimentos. Os resultados do tratamento tópico do EWE 2,4 % e do NEWE 2,4 % sobre edema de orelha de camundongos induzido pela aplicação tópica de óleo de cróton (2,5 %) estão apresentados na figura 28. 89 Figura 28 – Efeito do tratamento tópico do EWE a 2,4 % e do NEWE 2,4 % em edema de orelha agudo induzido por óleo de cróton em camundongos mostrando o edema resultante após 4 h e após 6 h da aplicação do agente flogístico, com o erro padrão. A espessura da orelha foi medida utilizando micrômetro digital. O efeito dos compostos foi avaliado através da variação da espessura da orelha, calculada como a diferença entre a espessura inicial e final. N = 6-5 animais. Análise estatística: ANOVA de uma via seguido por Teste Tukey. * p < 0,01; ** p < 0,001; *** p < 0,0001 em relação ao controle negativo (C). Sendo DEX = dexametasona 1 % e NV CONC. = nanocápsulas vazias concentradas 10 vezes. 350 300 Edema (Δµm) 250 * ** * ** 200 4H 150 6H 100 *** *** 50 0 C DEX NV CONC. NEWE 2,4 % EWE 2,4 % A aplicação do óleo de cróton (2,5 %) na orelha de camundongos induziu a formação do edema expresso em 305,0 ± 7,19 µm de espessura, após 6 horas de sua administração. O tratamento tópico dos animais com dexametasona (1 %), considerado controle positivo do teste, inibiu a formação do edema em 86,9 %. Esta inibição também foi observada com o tratamento dos animais com EWE 2,4 % e NEWE 2,4 % (tópico) em 31,2 % e 26,2 % respectivamente (Figura 28). Os resultados de inibição de edema obtidos para o EWE 2,4 % e NEWE 2,4 % não apresentaram diferença estatística, para um p < 0,05. Este resultado pode significar que a nanoencapsulação do EWE não conferiu maior atividade antiinflamatória sobre o processo inflamatório agudo gerado pelo óleo de cróton (2,5 %, tópico). 90 A atividade antiedematogênica do EWE 2,4 % e do NEWE 2,4 % pode ser atribuída à presença de flavonóides como a vitexina e a isovitexina e a presença de cucurbitacinas (cucurbitacina B e dihidrocucurbitacina B) identificadas e quantificadas no EWE (item 6.2). Alguns estudos de avaliação de atividade anti-inflamatória de flavonóides como a quercetina e o kaempferol têm demonstrado significativa ação antiinflamatória, atribuída à inibição das enzimas fosfolipase A2 (PLA2), lipoxigenase (LOX), ciclooxigenase (COX) e inibição da produção de óxido nítrico (NO) através da modulação da enzima NO sintase induzível (iNOS). (131, 132, 133). Ainda, em um modelo que imita a inflamação pulmonar (camundongos expostos a aerossóis de lipopolissacarideo), a vitexina (400 µg/Kg) reduziu de modo dose-dependente 80 % do influxo de neutrófilos pulmonares (132). O mecanismo inflamatório do óleo de cróton pela via tópica envolve a ativação da proteína quinase C (PCK) e de uma cascata de eventos inflamatórios que promovem a ativação da PLA2, assim como das enzimas COX e LOX, migração de neutrófilos e liberação de histamina e serotonina (134, 135, 136). Devido ao mecanismo de ação relatado a alguns flavonóides, em maior concentração no EWE (aproximadamente 10 % do EWE) e a presença de cucurbitacinas, pode-se sugerir que a atividade antiedematogênica tópica observada para o EWE 2,4 % (31,2 %) e o NEWE 2,4 % (26,2 %) pode estar associada à inibição das enzimas COX e LOX e/ou PLA2, reduzindo prostaglandinas e leucotrienos. Com o objetivo de avaliar se a administração prévia e consecutiva de EWE e NEWE pode incrementar a atividade antiedematogênica observada no modelo anterior, foi realizado um estudo de avaliação de anti-inflamatória aguda pela medida da inibição de edema de orelha em camundongos, produzido pela aplicação tópica de óleo de cróton (2,5 %) mediante tratamento prévio dos animais com 20 µL de EWE 2,4 % ou NEWE 2,4 % (tópico) diários, por 5 dias. Após o tratamento prévio dos camundongos com os testes e com o controle de NV CONC, foi identificado visualmente edema e eritema em alguns grupos. Desta forma, os resultados apresentados na figura 29 não estão descritos em variação de espessura (edema) e sim em espessura (µm). 91 Figura 29 – Resultados da avaliação do edema de orelha de camundongos induzido por óleo de cróton após tratamento prévio de 5 dias. Efeito do EWE 2,4 % e do NEWE 2,4 % em edema de orelha agudo induzido por óleo de cróton em camundongos mostrando a espessura média da orelha antes e após 6 h da aplicação do agente flogístico, com o erro padrão. A espessura da orelha foi medida utilizando micrômetro digital. O efeito dos compostos foi avaliado através da comparação da espessura da orelha dos testes com o controle. N = 6-5 animais. Análise estatística: ANOVA de uma via seguido por Teste Tukey. * p < 0,05; ** p < 0,0001 em relação ao controle negativo (C). Sendo DEX = dexametasona 1 % e NV CONC. = nanocápsulas vazias concentradas 10 vezes. 700 600 ** Espessura (µm) 500 ** 400 * BASAL 300 6H 200 100 0 C Nos resultados DEX NV CONC. EWE 2,4 % NEWE 2,4 % apresentados na figura 29 observa-se a ação edematogênica do óleo de cróton (2,5 %) em orelhas de camundongos onde promoveu o aumento da espessura da medida basal destas de 340,0 ± 3,21 µm para 644,0 ± 5,11 µm, 6 horas após a aplicação. O controle positivo realizado pela aplicação tópica de dexametasona (1 %) no dia do teste inibiu a formação do edema em 86,8 %. O tratamento tópico das orelhas dos animais com 20 µL de EWE 2,4 % durante os 4 dias anteriores ao teste e no dia do teste, reduziu a espessura das orelhas em 48,2 %, em relação ao controle negativo, com significância estatística (p < 0,0001). Este resultado de atividade antiedematogênica é superior ao obtido com uma única aplicação do EWE 2,4 % (31,2 %), o que sugere que o pré-tratamento aumenta a atividade anti-inflamatória do extrato. 92 Neste estudo, a espessura basal média das orelhas do grupo NV CONC. aumentou significativamente em relação à espessura basal média do controle negativo (22,9 %) (p < 0,05), indicando que o pré-tratamento com as nanocápsulas testadas pode causar edema. Este fato também foi evidenciado visualmente, onde os pesquisadores observaram edema nas orelhas dos camundongos dos grupos NV CONC. e NEWE 2,4 % no dia do teste. Razão pela qual justificou a avaliação dos resultados em espessura da orelha e não em variação de edema, pois a avaliação tradicional resultaria em um falso resultado para os grupos que possuíam um edema inicial no dia do teste. O pré-tratamento dos animais com o NEWE 2,4 % (tópico), não apresentou atividade antiedematogênica no estudo, conforme visualizado na figura 30. Entretanto, o NEWE 2,4 % apresentou esta atividade no modelo agudo (figura 28). Como as nanocápsulas vazias (NV CONC.) promoveram edema no prétratamento (figura 29), pode-se sugerir que o edema promovido pelas nanocápsulas neste modelo pode ter ocultado a expressão da atividade antiedematogênica do EWE nanoencapsulado. Posteriormente foi avaliada a atividade anti-inflamatória sobre edema de orelha crônico induzido pela aplicação múltipla de óleo de cróton, cujos resultados estão apresentados na figura 30. 93 Figura 30 – Efeito do EWE a 2,4 % e do NEWE 2,4 % em edema de orelha crônico induzido pela aplicação múltipla de óleo de cróton em camundongos mostrando a curva tempo-resposta do efeito durante 9 dias. Pontos escuros sob os dias indicam quando a aplicação do óleo de cróton ocorreu. A espessura da orelha foi medida diariamente, utilizando micrômetro digital. No quinto dia do estudo ocorreu a primeira aplicação dos controles e dos testes, duas vezes por dia, até o oitavo dia (as setas indicam os dias em que o tratamento ocorreu). O efeito dos compostos foi avaliado através da variação da espessura da orelha, calculada como a diferença entre a espessura inicial e final. N = 7-4 animais. Análise estatística: ANOVA de uma via seguido por Teste Tukey. *p<0,05; **p<0,01; ***p<0,001; ****p<0,0001 em relação ao controle negativo (C). Sendo DEX = dexametasona 1 % e NV CONC. = nanocápsulas vazias concentradas 10 vezes. A figura 30 mostra a evolução do edema de orelha dos grupos avaliados, onde na fase inicial do estudo, até o dia 5, não foi observado diferenças entre os grupos, apenas uma variação no edema associado à aplicação do óleo de cróton em dias alternados. Este comportamento é esperado, pois neste período não foi iniciada a aplicação dos ativos. A partir do dia 6, é possível observar variações no edema produzidas pela aplicação do extrato, do extrato nanoencapsulado e dos controles duas vezes ao dia, promovendo resultados de edema diferentes entre os grupos avaliados. 94 O tratamento tópico das orelhas dos camundongos em dias alternados com o óleo de cróton (0,4 mg) mostrou um edema agudo no dia seguinte a aplicação, seguido de brusca redução no terceiro dia. A partir da segunda aplicação do óleo de cróton, que ocorreu no terceiro dia, houve um aumento do edema que nos dias subsequentes não apresentou reduções expressivas, indicando que o processo inflamatório crônico foi estabelecido. Os resultados demonstram uma redução progressiva do edema de orelha a partir do início da aplicação tópica da dexametasona (1 %). Esta atividade demonstrou diferença significativa (p < 0,0001) quando comparado com a evolução do controle. O EWE 2,4 % promoveu uma pequena redução do edema a partir do primeiro dia de tratamento tópico das orelhas dos camundongos, se mantendo ao longo do estudo. Esta redução não apresentou significância estatística quando comparada ao controle negativo (p < 0,05). O modelo de avaliação de atividade anti-inflamatória crônica utilizado promove um edema decorrente de um processo inflamatório previamente estabelecido através da aplicação múltipla de óleo de cróton. O processo inflamatório crônico gerado neste modelo está associado a uma intensa infiltração de neutrófilos, migração de macrófagos e células T (CD4+ e CD8+) e hiperproliferação da epiderme (28, 113, 137). Neste modelo, a redução do edema pode ser conseguida por substâncias anti-inflamatórias cujo mecanismo de ação envolva a inibição da 5-LOX ou por corticoesteróides, como a dexametasona, utilizada como controle (137). Assim, segundo Green e Shuster (137), o edema gerado por este modelo sofrerá pouca ou nenhuma redução quando tratado com substâncias inibidoras da COX ou anti-histamínicas, que possuem atividade no modelo agudo. Desta forma, comparando os resultados obtidos com o tratamento dos animais com o EWE 2,4 % nos modelos agudo e crônico, com outros estudos de avaliação de atividade anti-inflamatória realizados com a Wilbrandia ebracteata, que propõe um mecanismo de ação envolvendo a inibição de prostaglandinas E2 pela inibição da COX-2 (4, 5, 10, 11), pode-se sugerir que a atividade do EWE envolva a inibição das enzimas COX-2 e/ou PLA2 pelas cucurbitacinas e pela capacidade dos flavonóides de seqüestrar espécies reativas de oxigênio (EROs) e nitrogênio, 95 incluindo os radicais superóxido, peroxil e peroxinitrito os quais estimulam COX-2 (138). Os tratamentos realizados com NEWE 2,4 % e NV CONC. promoveram aumento do edema a partir do primeiro dia de tratamento (tópico) das orelhas dos camundongos, permanecendo este edema superior ao controle negativo até o final do teste para os dois tratamentos. Os edemas médios gerados pelo NEWE 2,4 % e pelo NV CONC. no oitavo dia do estudo foram respectivamente 51,0 % e 47,0 % superiores ao gerado pelo controle negativo (p < 0,0001) (figura 30). Estes resultados sugerem que as nanocápsulas produzidas neste estudo, na concentração avaliada, podem gerar edema no modelo avaliado. Nos grupos de animais tratados com suspensões de nanocápsulas concentradas (NV CONC. e NEWE 2,4 %), foram observadas várias lesões geradas durante o teste crônico, que estão apresentados nas imagens das orelhas dos camundongos no 9° dia do estudo na figura 31. Figura 31 – Imagem comparativa das orelhas dos camundongos no 9° dia do estudo crônico. Controle negativo NV CONC. NEWE 2,4 EWE 2,4 % DEX % Conforme visualizado na figura 31, ao final do teste crônico, as orelhas dos camundongos não tratados (controle negativo) e dos tratados com EWE 2,4 % não apresentaram lesões nem eritema expressivo, apenas perda de pêlos na orelha e em suas proximidades. Enquanto que os animais tratados com dexametasona (1 96 %), não apresentam edema, eritema ou perda de pêlos por analise visual realizada no 9° dia. A análise visual dos animais tratados topicamente com NEWE 2,4 % e com NV CONC. no último dia do estudo crônico sugere que os tratamentos realizados com estas formulações causaram irritação nas orelhas dos camundongos, principalmente devido ao aparecimento de lesões, cascas, eritema, edema e grande queda dos pelos observados. A necessidade de concentração da formulação para a obtenção de um produto final na concentração de 2,4 % de EWE produziu formulações contendo 57,5 mg/mL de tensoativos (polissorbato 80 e monoestearato de sorbitano). Esta quantidade de tensoativos aplicada a um tecido com processo inflamatório previamente instalado pode ter acentuado as alterações dérmicas observadas. Em grandes quantidades, os tensoativos podem causar a desestruturação da bicamada lipídica, favorecendo a permeação cutânea de outras substâncias, o que pode ter exacerbado a ação do óleo de cróton, pois as suspensões de nanocápsulas foram aplicadas cerca de 30 minutos após a aplicação do óleo de cróton (139). Em geral os tensoativos podem promover irritação dérmica, principalmente após vários dias de aplicação (140). O polissorbato 80, presente a 3,85 % nas suspensões de nanocápsulas concentradas, causou irritação moderada em pele íntegra de coelhos em um estudo de 30 dias realizado com o a aplicação diária de uma solução aquosa a 5 % (141). Como a concentração de polissorbato 80 e o monoestearato de sorbitano (1,9 %) resultam em uma suspensão com 5,75 % de tensoativos nas formulações de nanocápsulas concentradas, pode-se considerar que as reações de irritação observadas no estudo crônico, em que a pele tratada apresentava-se previamente irritada pelo agente flogístico do teste, podem ter sido decorrentes desta alta concentração de tensoativos. Baseado nas considerações descritas acima, conclui-se que o efeito edematogênico das suspensões de nanocápsulas contendo elevada concentração de tensoativos interferiu na determinação da atividade anti-inflamatória do extrato nanoencapsulado, quando avaliado nos modelos de avaliação de atividade antiinflamatória crônico e agudo com pré-tratamento, induzidos pela aplicação tópica de óleo de cróton em orelhas de camundongos. 97 Desta forma, não foi possível definir se o NEWE 2,4 % apresenta atividade anti-inflamatória crônica. Para isso, existe a necessidade da utilização de outros modelos de avaliação de atividade anti-inflamatória tópica onde o estímulo ao processo inflamatório não ocorra por processos de irritação dérmica. Devido ao efeito edematogênico das nanocápsulas e às lesões observadas no estudo crônico de atividade anti-inflamatória, tornou-se necessário a avaliação da toxicidade dérmica das formulações. 6.5 AVALIAÇÃO DA IRRITAÇÃO PRIMÁRIA DE PELE: EFEITO AGUDO IN VIVO Os resultados do estudo de irritação primária de pele de efeito agudo em ratos estão apresentados na tabela 23. Tabela 23 – Resultados de irritação primária de pele em ratos para NEWE 2,4 % e EWE 2,4 % (n = 8), apresentando os resultados do controle (acetona, n = 3). Pontuação de irritação (média ± desvio padrão) NEWE 2,4 % Tempo após aplicação (h) Edema Eritema EWE 2,4 % Controle Edema Eritema Edema Eritema 1 0 0,5 ± 0,53 0 0,375 ± 0,5175 0 0 24 0 0,5 ± 0,53 0 0 0 0 72 0 0 0 0 0 0 120 0 0 0 0 0 0 168 0 0 0 0 0 0 216 0 0 0 0 0 0 264 0 0 0 0 0 0 312 0 0 0 0 0 0 Conforme a tabela 23, os ratos expostos ao controle (acetona), não apresentaram edema nem eritema em nenhum momento do teste, totalizando uma pontuação 0 (zero). Na primeira avaliação, realizada após 1 hora da exposição dos ratos aos testes, não foi observado edema para nenhum dos grupos. Entretanto, na avaliação de eritema, foram observados eritemas ligeiramente perceptíveis para os grupos 98 expostos ao NEWE 2,4 % e ao EWE 2,4 %, totalizando uma pontuação média de 0,5 ± 0,53 para o NEWE 2,4 % e de 0,375 ± 0,5175 para o EWE 2,4 %. Após 24 horas da exposição, a avaliação dos animais expostos ao EWE 2,4 % não acusou eritema nem edema. Este comportamento se manteve até o final do estudo (312 horas após a exposição). Para o grupo de animais expostos ao NEWE 2,4 %, passadas 24 horas da exposição, não foi observado o aparecimento de edema, porém foi analisado um eritema classificado como ligeiramente perceptível, resultando em uma pontuação média de 0,5 ± 0,53. Nos demais momentos de análises do teste não foram observados formação de edema e eritema nos animais do grupo. Os resultados obtidos nas avaliações de edema e eritema durante o estudo de irritação primária de pele de efeito agudo, classificam o EWE 2,4 % e o NEWE 2,4 % como não irritantes, segundo a Federal Hazardous Substances Act of the USA e Brito (119). Sugerindo assim, que as formulações testadas possam ter uma boa aceitabilidade pela via tópica. Desta forma, estes resultados tornam-se mais um indicativo que a não possibilidade de avaliação de atividade anti-inflamatória crônica pelas nanocápsulas deve-se ao efeito associado do óleo de cróton com a elevada concentração de tensoativos das suspensões de nanocápsulas testadas. Confirmando a necessidade da realização de testes com outros modelos. 99 7 CONCLUSÕES • Foi estabelecido e validado um método de cromatografia líquida de alta eficiência para o rápido doseamento simultâneo de vitexina e isovitexina no extrato de Wilbrandia ebracteata, na presença ou não de nanocápsulas de PCL. • A metodologia validada mostrou-se seletiva para detecção de vitexina e isovitexina, com completa separação dos picos e simetria aceitável, sendo ainda considerada eficiente, linear, robusta para as variações de temperatura de 39 a 40 °C e de fluxo de 1,1 a 1,13 mL/min., e exata, de acordo com a RE n° 899 de 2003 publicada pela ANVISA. • O extrato de Wilbrandia ebracteata obtido (EWE) mostrou-se rico em flavonóides, sedo aproximadamente 10 % de sua massa constituída de vitexina (1,5 %) e isovitexina (8 %) e o teor de dihidrocucurbitacina B no extrato foi de 3,05 mg/g. • Foi possível obter suspensões de nanocápsulas contendo o EWE nas concentrações de 0,24 % e 2,4 % através do método de nanoprecipitação de polímero pré formado com PCL e núcleo de TGL. • As nanocápsulas vazias ou com o EWE produzidas apresentaram uma estreita polidispersão com valores de Span entre 0,897 e 1,079 e diâmetros médios (D[4,3]) entre 130 nm e 186 nm, em função da distribuição de número obtida por difratometria de laser. • O processo de concentração das suspensões de nanocápsulas de 0,24 % para 2,4 % de EWE promoveu um aumento na polidispersão das partículas, bem como um aumento no diâmetro médio (D[4,3]) tanto em função da distribuição de número quanto da distribuição volumétrica. • As taxas de encapsulação médias da vitexina e isovitexina (43,2 e 51,9 % respectivamente) foram menores que as obtidas para outros flavonóides descritos na literatura e este resultado está associado às diferenças de lipossolubilidade. A taxa de encapsulação da dihidrocucurbitacina B foi de 88,9 %, resultado esperado para moléculas mais lipossolúveis como esta. • O EWE apresentou atividade antiedematogênica na concentração de 2,4 %, assim como o extrato nanoencapsulado (NEWE 2,4 %) no modelo de edema de orelha agudo induzido pela aplicação tópica de óleo de cróton em camundongos. 100 • A ação antiedematogênica do EWE 2,4 % e do NEWE 2,4 % foi considerada estatisticamente igual, sugerindo que a nanoencapsulação do extrato não melhorou a atividade observada para o extrato, no modelo de edema de orelha agudo induzido pela aplicação tópica de óleo de cróton em camundongos. • A atividade antiedematogênica do EWE 2,4 % e do NEWE 2,4 % pode ser atribuída à presença de flavonóides como a vitexina e a isovitexina e à presença de cucurbitacinas (cucurbitacina B e dihidrocucurbitacina B) identificadas e quantificadas no extrato. • O pré-tratamento dos animais por 5 dias consecutivos com EWE 2,4 % aumentou a atividade antiedematogênica do EWE em comparação a uma única aplicação, enquanto que o pré-tratamento com o NEWE 2,4 % não demonstrou atividade no modelo de edema de orelha agudo induzido pela aplicação tópica de óleo de cróton em camundongos. Sugerindo que o pré-tratamento pode aumentar a atividade anti-inflamatória do extrato. • O EWE 2,4 % não apresentou atividade anti-inflamatória significativa no modelo de avaliação de atividade anti-inflamatória crônica pela aplicação múltipla de óleo de cróton em orelhas de camundongos, apresentando uma tendência de redução de edema durante o teste. • Os resultados dos testes de atividade anti-inflamatória realizados sugerem que atividade do EWE pode estar relacionada com a inibição das enzimas COX-2 e/ou PLA2 pelas cucurbitacinas e à capacidade dos flavonóides de seqüestrar espécies reativas de oxigênio (EROs) e nitrogênio, incluindo os radicais superóxido, peroxil e peroxinitrito os quais estimulam COX-2. • Os estudos de atividade anti-inflamatória aguda em camundongos com pré-tratamento e o estudo crônico demonstraram que as nanocápsulas vazias concentradas (NV CONC.) têm ação edematogênica. Este efeito pode estar associado à elevada concentração de tensoativos na formulação. • O extrato nanoencapsulado concentrado (NEWE 2,4 %) demonstrou atividade edematogênica no estudo crônico. Sendo que foi sugerida a hipótese de que a suspensão concentrada de nanocápsulas possa ter causado uma irritação dérmica, interferindo assim, na determinação da atividade anti-inflamatória crônica do extrato nanoencapsulado. 101 • O EWE a 2,4 % e o NEWE 2,4 % foram classificados como substâncias não irritantes através do estudo de irritação primária de pele de efeito agudo, o que sugere que tanto o EWE como a formulação de nanocápsulas produzida possam ter uma boa aceitabilidade pela via tópica. Conclui-se que é possível nanoencapsular o extrato de Wilbrandia ebracteata obtendo-se partículas nanométricas com reduzida polidispersão e taxas de encapsulação aceitáveis, para flavonóides e cucurbitacinas. E que o extrato de Wilbrandia ebracteata produzido possui potencial para o desenvolvimento de uma nova alternativa terapêutica para o tratamento de processos inflamatórios, porém a nanoencapsulação deste extrato exige outros estudos para avaliar se este processo farmacotécnico pode potencializar a atividade farmacológica. 102 8 PERSPECTIVAS • Estudar o efeito de outros núcleos oleosos para aumentar a taxa de encapsulação dos flavonóides. • Avaliar a estabilidade das suspensões e a cinética de liberação dos marcadores químicos. • Estudos de avaliação da atividade anti-inflamatória crônica do extrato nanoencapsulado devem ser realizados utilizando modelos onde o estímulo ao processo inflamatório não promova irritação dérmica. • Estudar a participação dos flavonóides vitexina e isovitexina no mecanismo de ação anti-inflamatório da Wilbrandia ebracteata, sendo que estes se apresentaram em maior concentração no extrato produzido quando comparados às cucurbitacinas. 103 REFERÊNCIAS 1 Pio Corrêa M. 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