caderno do professor

Transcrição

caderno do professor
CADERNO DO PROFESSOR
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FURNAS CENTRAIS ELÉTRICAS
PRESIDENTE Dimas Fabiano Toledo
CHEFE DE ASSESSORIA DE ARTICULAÇÃO COM A SOCIEDADE DA PRESIDÊNCIA André Spitz
COORDENADORA DO PROJETO Gleyse Peiter
INSTITUTO ANTONIO CARLOS JOBIM
PRESIDENTE Paulo Hermanny Jobim
DIRETORA Vanda Mangia Klabin
CONSULTORES Antônio Adolpho e Guilherme Rondon
FUNDAÇÃO ROBERTO MARINHO
PRESIDENTE Roberto Marinho
DIRETOR GERAL José Roberto Marinho
SECRETÁRIO GERAL Hugo Barreto
SUPERINTENDENTE EXECUTIVO Nelson Savioli
GERENTE GERAL DE PATRIMÔNIO E MEIO AMBIENTE Sílvia Finguerut
GERENTE DE PROJETO Lucia Basto
COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO Melissa Martins
GERENTE GERAL DE EDUCAÇÃO, IMPLEMENTAÇÃO E MOBILIZAÇÃO Vilma Guimarães
GERENTE DE IMPLEMENTAÇÃO Maria Elisa Mostardeiro
COORDENAÇÃO DE IMPLEMENTAÇÃO PEDAGÓGICA Ricardo Pontes
COORDENAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS Andrea Falcão
APOIO TÉCNICO
WWF – Brasil
APOIO
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), Governo do Estado do
Amazonas, Governo do Distrito Federal, Governo do Estado de Goiás, Governo do Estado de Mato
Grosso, Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, Governo do Estado de São Paulo, Governo do Estado
do Paraná, Governo do Estado de Tocantins
CADERNO DO PROFESSOR
SUMÁRIO
LIVRO 2
1
GEO GR A F I A
6
2
A S Á GUA S DO PA N TA N A L
24
3
R E S E R VA DA BIOS FE R A
40
4
A FLOR A PA N TA N E IR A
56
5
A FAU N A PA N TA N E IR A
74
LIVRO 3
6
A PE S C A NO PA N TA N A L
6
7
ECOT U RIS MO
22
8
O PA N TA N A L E S UA HIST Ó RI A
38
9
A CU LT U R A PA N TA N E IR A
58
10
ECONOMI A
76
GEOGRAFIA
1
Dê uma olhada no mapa. Repare no tamanho do Pantanal.
Localizado bem no centro da América do Sul, o Pantanal tem
uma geografia única.
São aproximadamente 200.000 quilômetros quadrados de
terras planas, muita água e uma excepcional diversidade de
ecossistemas.
Neste capítulo você vai conhecer um pouco sobre a
geografia física do Pantanal – sua localização geográfica, a
formação do seu relevo e seus tipos de solos.
PANTANAL
SINOPSE DO VÍDEO
Léo, um menino do Rio de Janeiro, e seu primo Dito, que mora no Pantanal, trocam cartas. Léo conta sobre sua rotina na cidade e Dito fala de sua vida na fazenda. Léo avisa que vai passar as férias no Pantanal.
Léo viaja para o Pantanal, para a fazenda do seu tio João e de seu primo Dito, onde vai passar as férias.
Logo na chegada, eles dão uma volta pela região. Léo diz que quer ser repórter e já carrega sua câmera. Comenta que vai registrar todos os momentos da viagem. Tio João provoca o sobrinho para ver se
ele vai ter coragem para acompanhá-los no mato. Neste passeio conseguem ver uma anta.
Antes de chegar à sede da fazenda, fazem uma parada. Tio João pega um mapa, mostra onde eles se encontram e fala sobre os limites do Pantanal, suas diferentes sub-regiões e os diferentes biomas.
É hora do lanche. Eles se deliciam com o super-lanche, típico do Pantanal, trazido na matula.
Na volta, Léo se encanta com as belezas, diz que já havia até se esquecido. O primo esclarece que o
Pantanal muda de aparência dependendo das chuvas.
Chegando à fazenda, encontram com tio Haroldo, que é fotógrafo e documentarista da região. Conversam sobre as novidades e tio João apresenta o sobrinho.
Dito e Léo saem com ele para dar uma volta e conversam sobre os espaços abertos do Pantanal. Haroldo dá para os meninos dicas sobre fotos e sobre o solo, o relevo e a temperatura do Pantanal.
Os meninos e Haroldo tomam café. Haroldo dá um montão de fitas de vídeo para os dois.
Léo e Dito resolvem sair sozinhos para procurar onças e filmá-las. E o pior é que encontram. As onças se aproximam. Léo fica tão apavorado que se joga no rio.
Ao final do programa, eles acabam confessando tudo para o tio João, que dá bronca mas se interessa pela história dos dois. Afinal, “a primeira onça a gente nunca esquece!” Os três assistem ao vídeo
de Léo, que confessa ter sentido medo.
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CONTEÚDO DO VÍDEO
A s frontei ras e as di mens õ es do Pa nta na l
O cl i ma e as chu vas
For maç ã o geol ó g ica
Os di ferentes biomas e pa i s agens
EXPLORANDO OS CONTEÚDOS
PI
AC
RO
N
TO
N
MATO GROSSO
DF
Bolívia
BRASIL
MG
MATO GROSSO
DO SUL
Chile
SP
Paraguai
Argentina
PR
SC
O Pantanal está inserido na
bacia do alto Paraguai, que
tem uma superfície de mais de
595 mil quilômetros quadrados.
É uma extensa planície formada pelos rios que fazem parte
desta bacia.
RS
RJ
AS
FRONTEIRAS E AS DIMENSÕES DO
PANTAN AL
ÁREA APROXIMADA 200.000km2
PAÍSES EM QUE ESTÁ LOCALIZADO Brasil (de 80 a 85%), Bolívia (de 10 a 15%) e Paraguai (5%)
ÁREA APROXIMADA DO PANTANAL BRASILEIRO 138.183km2
ONDE SE LOCALIZA NO BRASIL No Centro-Oeste, nos estados do Mato Grosso (35%)
e Mato Grosso do Sul (65%)
MUNICÍPIOS PANTANEIROS NO BRASIL 16
MUNICÍPIOS COM ÁREAS MAIS EXPRESSIVAS Corumbá, Poconé, Cáceres e Aquidauana
FRONTEIRAS Inicia-se ao norte, acima da cidade de Cáceres, na fazenda Barra do Ixu, localizada à
margem direita do rio Paraguai, e termina ao sul, abaixo da cidade Porto Murtinho (MS). Ao norte,
está limitado pelas formações meridionais da floresta amazônica, a leste, pelos cerrados do Planalto Central Brasileiro, a oeste, pelas florestas das fronteiras boliviano-paraguaias e, ao sul, pelas
florestas chaquenhas, na fronteira com o Paraguai. Está limitado ao norte, leste e sul pelas terras
altas dos planaltos Central e Meridional e a oeste, pelo rio Paraguai.
O
CLIMA E A S CHUVA S
Clima tropical, isto é, quente e chuvoso no verão, quando ocorrem chuvas que chegam a atingir de
1.000 a 1.400mm ao ano, concentradas de novembro a março e, no inverno, clima seco e ameno.
A TEMPERATURA
Meses mais quentes
• dezembro, janeiro e fevereiro
• Média de 27ºC
• Máxima de 35ºC a 40ºC
Meses mais frios
• julho e agosto
• Média de 23ºC
• Mínima de 10ºC, chegando
até próximo de zero, quando há
O verão no Pantanal é chuvoso.
penetração de frentes polares.
A UMIDADE DO AR
Varia de 75% a 85% em média, mas nos meses de agosto a outubro pode atingir níveis muito baixos,
cerca de 15% a 20%.
As diferenças entre os meses de seca e os de chuva marcam profundamente a vida e a economia da região.
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FORMAÇÃO
GEOLÓGIC A DO
PANTAN AL
A formação do Pantanal iniciou-se em torno de sessenta milhões de anos atrás. Nesta época, nosso planeta já tinha definido muitos de seus contornos atuais. A América do Sul, que um dia formou um único
continente com a África, a Austrália, a Antártica e a Índia, já tinha se separado. O que ainda não havia se formado era a cordilheira dos Andes, o que ocorreu a partir desta época.
Com o levantamento dos Andes, ocorreram falhas, fraturas e o afundamento da região hoje ocupada
pelo Pantanal.
O afundamento do solo na região fez deslocar blocos sob a planície e levantar a parte sul, próxima ao planalto de Bodoquena. O rio Paraguai, que banhava a região, encontrando o morro que se formou impedindo seu
escoamento para o sul, rumo ao oceano, foi represado, formando um grande lago.
Ao mesmo tempo em que a água se acumulava no lago formado pelo represamento, iam também se depositando sedimentos resultantes da erosão dos planaltos circundantes, até que o rio rompeu essa
barragem e seguiu seu caminho para o sul, em direção ao Chaco, estabelecendo o que viria a ser o leito
atual do rio Paraguai.
A PLANÍCIE PANTANEIRA CONTINUA EM FORMAÇÃO Os rios, afluentes do Paraguai, com nascentes nos plaSEDIMENTO Qualquer substância
naltos ao redor, foram responsáveis pelo preenchimento da enorme depressão, acumulando um pacote
depositada, pela ação da gravida-
sedimentar de algumas dezenas de metros. Na década de 1970, a Petrobras, ao efetuar perfurações
de, na água ou no ar. Em geologia
para pesquisa de petróleo, encontrou camadas de sedimentos de até 420m de profundidade. A planície
são os materiais que ficam de-
pantaneira é uma planície em formação, pois o movimento de terras continua. Mas isso não gera pro-
positados tanto no continente
blemas imediatos. O processo é extremamente lento, em escala geológica (milhões de anos), havendo
quanto no fundo dos oceanos.
tempo suficiente para toda a vida da região ir se adaptando.
A planície pantaneira tem baixíssima declividade,– de 6 a 12 centímetros por quilômetro no sentido
leste-oeste e de 1 a 2 cm/km no sentido norte-sul –, com altitudes aproximadas de 80 a 150m, com relevo
muito uniforme. No entanto, na região de Corumbá, encontram-se elevações acima de 200m, chegando
alguns picos a mais de mil metros de altura. Estas são as áreas mais altas. São remanescentes dos maciços
existentes antes do início da formação da planície. Também alguns remanescentes podem ser observados
aflorando à superfície dentro da planície, alcançando até 200m de altura. Por exemplo, em frente à cidade de
Corumbá é possível observar o morro do Sargento, com estas características e, no Parque Nacional do
Pantanal, observa-se o morro do Caracará, a serra do Amolar e a morraria da Ínsua.
OS
SOLOS
Os solos do Pantanal são muito mais arenosos que barrentos e estão submetidos à ação da água em boa
parte do ano. Daí serem quimicamente pobres, já que são solos intensivamente lavados, tendo seus nutrientes dissolvidos e transportados pelas águas.
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Belas paisagens formam uma espécie de
arquibancada em torno do Pantanal.
Os solos do Pantanal suportam uma vegetação do tipo savana, predominando as espécies dos cerrados. Encontram-se cerca de duzentas espécies de gramíneas, as quais, juntamente com algumas
leguminosas e outras espécies forrageiras, sustentam inúmeras espécies herbívoras – como, por
exemplo, capivaras, cervo-do-pantanal, veado-campeiro e os bovinos. No entanto, essas forrageiras
refletem a qualidade do solo, demonstrando baixa qualidade nutritiva. Em conseqüência, o Pantanal
não tem capacidade de suportar pesada carga animal, isto é, não tem condições de alimentar um
INFLUÊNCIA DOS SOLOS NAS ATIVIDADES ECONÔMICAS DO PANTANAL
Algumas áreas próximas às serras ou morrarias apresentam solos de excelente qualidade, com pH alto, básico, e com altos teores de cálcio, potássio,
magnésio e fósforo. O fósforo, por exemplo, é um elemento importantíssimo
para o metabolismo das plantas. Estas áreas servem à pastagem e também ao
plantio de árvores frutíferas, como caju, manga, coco-da-baía, abacate, laranja,
goiaba, graviola.
PARA SABER MAIS
número alto de animais por área.
Os solos que recebem o efeito das enchentes anuais são enriquecidos pelos
nutrientes que são transportados pelas águas. Mas as enchentes causam problemas também. Durante boa parte do ano a presença da água nos solos
impede o plantio e o pastoreio do gado.
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OS
DIFERENTE S BIOMA S E PAIS AGENS DO
PANTAN AL
BIOMA Conjunto de condições cli-
No Pantanal acontece o encontro de quatro grandes biomas. Possui espécies de animais e vegetais
máticas e características de
de cada um deles. Em algumas localidades, apresenta paisagens típicas do Cerrado; em outras, ga-
vegetação: o grande ecossistema
nha características do Chaco, da Mata Atlântica ou da Amazônia.
com fauna, flora e clima próprios.
FLORESTA AMAZÔNICA Na região norte do Pantanal da Bolívia e do Brasil, onde se encontram as nascen-
tes do próprio rio Paraguai, o Pantanal liga-se à Amazônia. A Amazônia ocupa mais de 50% do
território brasileiro e caracteriza-se principalmente pela grandiosidade que ostenta em todos os sentidos: área (60% do território nacional), biodiversidade, recursos hídricos constituídos por uma das
maiores bacias hidrográficas do mundo com rios portentosos como o Solimões-Amazonas, Negro, Madeira, Tapajós e Tocantins e sua exuberante floresta.
A formação da bacia amazônica tem algo semelhante ao Pantanal, por ser uma bacia sedimentar, formada pelo levantamento dos Andes, quando formou-se um grande lago, o qual foi aterrado pelo
transporte de material das partes elevadas dos Andes e dos maciços das Guianas e do Brasil central,
num processo gigantesco de sedimentação que levou milhões de anos. O Pantanal tem espécies como a vitória-régia, o cambará, a almécega e o pateiro, provenientes deste bioma.
Vitória-régia nos rios pantaneiros
CERRADO DO BRASIL É o bioma que, certamente, mais influência exerce sobre o Pantanal. O Cerrado,
apresentando-se nas suas diferentes fisionomias, desde campo limpo, campo sujo, cerrado propriamente dito e cerradão (com vegetação tipicamente florestal), ocupa praticamente um quarto do
território brasileiro, quase todo o Brasil central, desde o Piauí e Maranhão até São Paulo e Paraná.
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É caracterizado por apresentar uma vegetação do tipo savana, formada por um estrato arbustivo com
predominância de gramíneas e um estrato constituído por árvores e arbustos baixos, retorcidos, com
casca espessa sobre um solo ácido, quimicamente pobre, rico em alumínio. Deste bioma, encontramos no Pantanal plantas como o pequi, a lixeira, o jatobá e outras.
MATA ATLÂNTICA A Mata Atlântica constituía-se numa faixa de vegetação que ia do Rio Grande do Norte
ao Rio Grande do Sul, abrangendo 16 estados brasileiros, ocupando cerca de 1 milhão de quilômetros
quadrados. Hoje se encontra reduzida a não mais de 5% de sua cobertura original. Provenientes deste bioma de rica diversidade, encontramos no Pantanal espécies como a peroba-rosa, o guanandi, a
piúva-da-mata e a timbaúva.
CHACO O Gran Chaco está situado ao sul-sudoeste do Pantanal e com este tem ligações. É uma gran-
de região, com mais de 640.000km2 pertencentes à Argentina, Paraguai e Bolívia. Está dividido pelos
rios Pilcomayo e Bermejo. É uma planície aluvial baixa, quente e úmida, sujeita à inundação durante
o verão, de dezembro a abril; porém também árida e quase semidesértica, onde são registradas as
mais altas temperaturas da América do Sul. Na parte leste, é coberta por uma vegetação arbustiva,
espessa, seca, espinhosa, quase impossível de penetrar. A fauna se assemelha muito à do Pantanal,
o que demonstra a importância que tem uma região para a outra, devido ao intercâmbio biológico.
O Pantanal é considerado um complexo de ecossistemas. Na realidade, é um bioma que compreende
vários ecossistemas. Vamos identificar alguns deles:
BAÍAS
Lagoas de água doce, de tamanho e forma variados,
quase sempre cobertas por vegetação aquática.
SALINAS
Lagoas de água salobra, sem vegetação aquática, circundadas por carandás.
CORIXOS
Pequenos riachos, intermitentes ou não.
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VAZANTES
Canais naturais de drenagem.
CORDILHEIRAS
Elevações de três a quatro metros de altura que a água nunca atinge;
são cobertas por vegetação florestal.
CERRADOS
Uma vegetação do tipo savana, formada por um estrato arbustivo com
predominância de gramíneas e um estrato constituído por árvores e arbustos
baixos, retorcidos, com casca espessa sobre um solo ácido, quimicamente
pobre, rico em alumínio.
CERRADÕES
Semelhantes aos cerrados, porém mais densos e de porte florestal.
CAPÕES
Ilhas de vegetação arbórea cercadas por campos inundáveis.
MATAS CILIARES
Vegetação presente às margens dos rios.
NINHAIS
Local de reprodução das aves, onde elas fazem seus ninhos
e os filhotes são criados.
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AS
SUB-REGIÕES
O Pantanal não é uniforme em toda a sua extensão. É possível identificar 12 sub-regiões dentro do Pantanal, dependendo do solo, da vegetação, do relevo e do regime hidrológico. Há discordância entre vários
autores com respeito ao número de sub-regiões, logicamente dependendo da abordagem de cada um.
CÁCERES Conhecida como “a princesinha do rio Paraguai”. É considerada um importante pólo de
comércio no Mercosul.
POCONÉ Região importante para a criação de gado, apresenta solos argilosos e vegetação de cerrado.
BARÃO DE MELGAÇO Região importante para a criação de gado, apresenta solos argilosos e ve-
getação de cerrado.
PAIAGUÁS Importante para a pecuária, é uma região de solos arenosos e de vegetação de cerrado.
NHECOLÂNDIA Importante para a pecuária, é uma região de solos arenosos e de vegetação de cerra-
do, com a ocorrência de baías e salinas.
AMOLAR Importante região para o desenvolvimento do ecoturismo e da pesca.
JACADIGO É uma região tipicamente de morrarias e lagoas.
RIO NEGRO Região predominantemente urbana (colonização japonesa).
ABOBRAL É uma região pequena e se caracteriza pelo regime hídrico a que está submetida sob
a influência do rio de mesmo nome.
BODOQUENA Região de floresta, possui uma extensa área rural e um grande potencial ecoturístico.
NABILEQUE É a região que tem os melhores solos do Pantanal e está sujeita à inundação do rio
Paraguai em sua maior parte.
PORTO MURTINHO Caracteriza-se por apresentar elementos da vegetação do Chaco.
MATO GROSSO
N
Brasil
Bolívia
MATO GROSSO DO SUL
Paraguai
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TRABALHANDO COM O TEMA
COMO VIMOS NO PROGRAMA e nos textos anteriores deste capítulo, a Geografia está presente
de diversas formas no nosso dia-a-dia, portanto necessita ser observada, percebida, entendida e estudada por diferentes ângulos, com a contribuição de muitos campos de
conhecimento. Desta forma, poderemos ter compreensão da multiplicidade e da importância da Geografia em nossas vidas.
Um bom ponto de partida para desenvolver um projeto, uma aula ou uma atividade é elaborar perguntas, buscando incentivar a curiosidade e a necessidade de saber e pesquisar mais. Para isso é
necessário formular questões sobre a realidade. Perguntas que permitam o exercício da reflexão, da
observação do mundo, do questionamento e formulação de novas perguntas. A relação entre os elementos da Natureza se aprende observando o meio, e esta descoberta permite a construção de
novos valores e atitudes.
“Uma capacidade importante a ser desenvolvida nos alunos é a de, ao observar determinado fenômeno, perceber nele relações e fluxos, no espaço e no tempo.”1
Por exemplo, ao observar as diversas “paisagens” pantaneiras apresentadas no vídeo perguntar-se:
Que características geográficas determinam esta diversidade?
Como a localização determina o clima?
Como o solo e clima determinam as paisagens?
De que maneira os ecossistemas vizinhos interferem no bioma Pantanal?
Como as características geográficas influenciam a fauna e a flora?
Como os seres vivos se adaptam às características geográficas?
Como o ser humano participa ou interfere nestes ciclos?
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A soma das características geográficas: o solo argiloso e arenoso que não absorve a água; a declividade máxima do terreno não ultrapassa dois metros de altura. A localização e o relevo fazem do
Pantanal um corredor entre as serras do planalto Central e a cordilheira dos Andes, canalizando as
correntes de ar quentes e frias. Os ventos do sul trazem o frio e os do norte calor e chuvas torrenciais.
Essas características tornam o Pantanal um mosaico de biodiversidade.
Correlacionar os assuntos do programa e, assim, perceber quão intricada é essa dinâmica, onde muitos ciclos se relacionam, e as conseqüências do rompimento deste equilíbrio. Refletir sobre as
conseqüências disto a longo e curto prazos.
Esta prática tem como objetivo estimular a percepção dos inter-relacionamentos, criando espaços nos
quais professores e alunos possam, como indivíduos, aprender através de experiências concretas.
O processo de aprendizagem iniciado por essas perguntas fica mais rico quando pontuado por ações
de registro e reflexão sobre o que se observou e descobriu. “Mediados por nossos registros, armazenamos informações da realidade, do objeto em estudo, para poder refleti-lo, pensá-lo e assim
aprendê-lo, transformá-lo, construindo o conhecimento antes ignorado.”2
É importante, ao estimular o registro, incentivar a diversidade de formas de expressão e criar espaços para a socialização das descobertas, opiniões e propostas. Existem várias formas de se registrar utilizando
diferentes linguagens (desenhos, maquetes, cartazes, redações, poemas, músicas...). As sugestões que
levantaremos podem servir como provocadoras de idéias e caminhos, caberá a cada educador, junto com
os alunos e a equipe de trabalho, construir e decidir sobre como conduzir projetos com o tema Geografia.
1 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS.
Secretaria de Educação Fundamental.
Brasília, MEC/SEF, 1997, vol. Meio Am-
As propostas que se seguem têm como objetivo a concretização do processo de pesquisa, debates e
biente, p. 59.
elaboração de atividades, valorizando o fazer coletivo e a participação dos saberes comunitários.
2 WEFFORT, M. F. “Importância e
Elas ganham um real valor quando incorporadas a um projeto de trabalho que estabeleça metas e ob-
função do registro escrito, da re-
jetivos próprios. Na primeira proposta, apontamos algumas etapas possíveis de encadeamento do
flexão”. In: Observação, registro e
trabalho seguindo a metodologia apresentada na primeira parte do Caderno do Professor volume 1.
reflexão, instrumentos metodoló-
O professor deve estar atento às necessidades e prioridades do grupo, podendo e devendo criar ou-
gicos. Espaço Pedagógico, São Paulo,
tras atividades e caminhos.
1996, p. 41. (Série Seminários.)
19
E TA PA S A P Ó S A S SISTIR AO PRO GR A M A
EXPOSIÇÃO
DE DE SENHOS DA S PAIS AGENS DO
PANTAN AL
Iniciar o trabalho perguntando aos alunos o que eles viram no programa, quais os temas abordados,
suas dúvidas e colocações. O professor pode enriquecer o debate com questões tais como: Por que
será que no programa se deu tanta importância ao uso de filmadoras e máquinas fotográficas? Como
alguém que nunca foi ao Pantanal poderia saber como é a paisagem e a vida local? Que lugares nós
conhecemos através da televisão, revistas ou jornais? Qual a importância desses tipos de registro?
Que outras formas são utilizadas para registrar o ambiente em que vivemos? Antes de existir a máquina fotográfica e a filmadora havia algum forma de registrar os lugares, os modos de vida? Quando
o Brasil foi descoberto, como isso foi registrado? Como os portugueses fizeram para mostrar ao seu
rei a terra e o seu povo? Nas grandes expedições, entre os séculos XVI e XIX, sempre havia alguém
responsável para registrar as características do lugar que estava sendo desbravado. Graças a esses
registros podemos saber como era o Brasil em diversas épocas, suas paisagens, sua fauna, flora,
seus habitantes e costumes. Antigamente, o desenhista e o escritor eram os “repórteres”, personagens indispensáveis em qualquer viagem ou expedição.
Dividir a turma em duplas: desenhistas e escritores.
Propor que os alunos façam uma viagem no tempo. Pedir que retornem à época em que não havia
máquinas fotográficas, gravadores e câmeras à disposição dos viajantes. Imaginar que eles serão os
“repórteres” de uma expedição ao Pantanal.
Cada dupla deverá elaborar o roteiro de sua viagem, com detalhes do que aconteceu no caminho e
com o que acreditam ser importante registrar.
Onde vocês foram? Como era o lugar onde vocês chegaram? Como era a paisagem? Como era o solo? Como era o relevo? Havia muitos rios? Qual a profundidade destes rios? Como vocês fizeram para
20
atravessá-los? Havia muitas espécies de plantas? Como eram as árvores? A vegetação era a mesma
pelo caminho? E o clima? Por quantos lugares diferentes você passou? Quais os animais encontrados? Como era a vida nestes lugares? Como eram as pessoas que moravam lá? Quais eram seus
hábitos e costumes?
Os escritores ficarão encarregados de organizar as informações em um texto. Os alunos podem produzir textos de gêneros variados.
Os desenhistas ficarão encarregados de registrar através de desenhos, pinturas, aquarelas ou gravuras cada etapa da viagem. Escolher o tamanho do papel e o material a ser utilizado (lápis de cor,
caneta hidrocor, tinta, colagem com elementos da natureza...).
Organizar a exposição final do trabalho. O professor junto com o grupo deve escolher o melhor local para a realização da exposição, o dia da inauguração e quem será convidado.
Confeccionar os convites.
Montar a exposição.
Os textos deverão ser expostos junto aos respectivos desenhos. Lembrando que a função é diversificar as formas de registro e mostrar a complementaridade entre elas.
Para o desenvolvimento desta proposta precisamos trabalhar em conjunto com diferentes áreas do conhecimento e articular conceitos e conteúdos de diversas disciplinas. Escolhemos seguir um caminho: a
observação das características geográficas, das formas de registro, as interações entre os seres humanos
e o meio. O professor junto com o seu grupo pode escolher desenvolver outros aspectos da temática.
21
OUTRA
SUGESTÃO
MAQUETES
DA S PAIS AGENS DO
PANTAN AL
Perguntar aos alunos: Quem lembra da cena logo no início do programa em que João, o personagem
do Almir Sater, comenta com os meninos que “ao contrário do que muita gente pensa, o Pantanal parece uma coisa só, mas de perto podemos ver que existem muitas paisagens diferentes neste
mundão de terras alagadas”? A que paisagens ele se refere? Como elas podem ser identificadas?
O que é uma lagoa? O que é uma salina? O que é um corixo etc.? Quais são suas características geográficas? As paisagens do Pantanal são iguais o ano todo? O que muda? Por que muda? Qual é o
período da chuva? Como a chuva interfere no Pantanal? Quais são as áreas inundadas? Como o ser
humano soluciona as dificuldades trazidas pelas cheias? E no período da seca (vazante), o que acontece? O que muda na paisagem? O desenho que os rios fazem é modificado?
Em que o mapeamento de uma região pode ser útil? Como podemos mapear uma região? Existem outras
formas de representar o espaço geográfico, além de desenhos? Os arquitetos e engenheiros costumam
fazer maquetes de seus projetos (uma casa, um prédio, uma praça, uma cidade...). As maquetes são miniaturas daquilo que eles desejam construir, e permitem visualizar mais amplamente o projeto.
Como podemos construir uma “miniatura” das paisagens do Pantanal? Que tipo de material podemos
usar? Como usar sucata ou materiais reciclados? Como representar as diferentes alturas? O leito de
um rio, suas margens? As regiões próximas? E a vegetação? Usamos o mesmo material? O professor
pode dividir a turma em grupos. Cada grupo escolhe uma das paisagens apresentadas no vídeo para
construir uma maquete. O processo de construção: a escolha dos materiais, a forma de representar
a vegetação e as características geográficas de cada paisagem vão dar oportunidade para o professor e o aluno pesquisarem mais sobre o Pantanal. O desafio de representar um espaço em outra
escala, noutras dimensões, irá desencadear muitos questionamentos e esta é uma ótima oportunidade para refletir e descobrir mais sobre a geografia do Pantanal.
Quando as maquetes estiverem prontas, elas poderão ser apresentadas para as outras turmas, cada
equipe pode escolher um ou mais alunos para ficar junto à sua miniatura para esclarecer as dúvidas
e apresentar a paisagem aos visitantes, mais ou menos como uma feira de ciências.
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REFERÊNCIA S BIBLIOGRÁFIC A S
ADAMOLI, J. Fitogeografia do Pantanal. 1º Simpósio sobre Recursos Naturais e Socioeconômicos do
Pantanal. Anais..., Centro de Pesquisa Agropecuária do Pantanal / Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul, Corumbá / Embrapa-DDT, Brasília, 1986, p. 105-106.
ALLEM, A. C. & VALLS, J. F. M. Recursos forrageiros nativos do Pantanal. Brasília, Embrapa-Cenargen,
1987, p. 339.
AMARAL FILHO, Z. P. do. Solos do Pantanal Mato-Grossense. 1º Simpósio sobre Recursos Naturais e
Socioeconômicos do Pantanal. Anais..., Centro de Pesquisa Agropecuária do Pantanal /
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Corumbá / Embrapa-DDT, Brasília, 1986, p. 91-103.
DANTAS, M. Studies on succession in cleared areas of Amazonian Rain. England, Oxford University,
1989, p. 397.
EMBRAPA. Atlas do Meio Ambiente do Brasil. Brasília, Embrapa-SPI / Ed. Terra Viva. 1994, p. 130.
FERRI, M. G. Ecologia dos Cerrados. In: Simpósio sobre o Cerrado, Brasília / Belo Horizonte, Itatiaia, 1977,
p.15-36.
GOODLAND, R. & FERRI, M. G. Ecologia do Cerrado. São Paulo, Ed. da Universidade de São Paulo, 1979, p. 193.
POTT, A. & POTT, V. Plantas do Pantanal. Corumbá, Embrapa-SPI, 1994, p. 320.
POTT, V. & POTT, A. Plantas aquáticas do Pantanal. Brasília, Embrapa Comunicação para Transferência
de Tecnologia, 2000.
23
AS ÁGUAS DO PANTANAL
2
No Pantanal é a água que determina o ritmo da vida.
Todo ano, no período das cheias, a planície se inunda e as
distâncias parecem ficar maiores.
Mas quando vem o tempo da seca a paisagem muda: a terra
ressurge, cresce a grama e sobram alimentos para os pássaros.
Todo ano é assim.
Mas a cada ano o regime de águas do Pantanal é diferente.
A inundação muda em intensidade, duração e extensão.
SINOPSE DO VÍDEO
Os primos Léo e Dito acordam bem cedo, comem um “almocinho”. Léo estranha o termo. João explica que no Pantanal chamam de almocinho o café da manhã reforçado, próprio para alimentar quem
vai pegar no “batente” o resto do dia.
Os três vão tomar banho de rio. Durante o passeio, conversam com um barqueiro sobre a época das
chuvas e da seca.
Depois, João e os meninos vão passear pelos rios e regiões alagadas. Ele diz que cada época, seca ou
cheia, é boa para determinados grupos de animais. Conta como os índios Guatós, que viviam na região, se mudavam para suas canoas no período das chuvas. Os meninos, curiosos quanto ao destinos
dos índios, ficam sabendo que a tribo ainda existe mas está quase extinta.
Encontram, depois, um grupo de Caracarás e conversam sobre eles.
Quando chegam na beira do rio, os três vêem um grupo de ariranhas e ficam observando de longe.
João conta a lenda do caboclo d’água. Vêem um gavião-carrapateiro. Tio João fala sobre a convivência de aves que se alimentam de fezes e de parasitas (carrapatos adultos e larvas) que vivem no pêlo
das capivaras.
No fim do dia, chega a chuva: os meninos assistem a um vídeo sobre o respeito aos recursos hídricos.
O tio descansa na varanda enquanto vê a chuva cair.
Os meninos vão tomar um bom banho de chuva.
26
CONTEÚDOS DO VÍDEO
O ciclo das á g uas: a estaç ã o das cheias e a seca
Os í ndios Guat ó s
A i n f l u ê ncia das á g uas na v ida do Pa nta na l
A pi racema
A s cadeias a l i menta res
I mpactos a m bienta i s nas á g uas
EXPLORANDO OS CONTEÚDOS
Lagoa em época de seca com
peixes presos e morrendo em
poças rasas.
O
CICLO DA S ÁGUA S: A E STAÇÃO DA S CHEIA S E A SEC A
A água comanda a vida no Pantanal. Em nenhum outro lugar do Brasil a ação da água é tão contras-
A década de 1970 foi um longo
tante. A cheia e a seca mudam o comportamento dos animais, dos rios, da flora e do homem
período seco, havia extensas
pantaneiro. Se na seca o gado ocupa os campos e capinzais, na cheia é preciso conduzi-lo por longas
áreas de pastagens disponíveis
distâncias para acomodá-lo em local seco. Cheia e seca são dois períodos absolutamente distintos:
ao gado. Nesta época o rebanho
se na cheia as piranhas são predadoras temíveis, na seca são presas para muitas aves. Nas enchen-
bovino do Pantanal chegou a
tes, a vegetação aquática domina todo o Pantanal. Na seca crescem as pastagens...
quase seis milhões de cabeças!
ENTENDENDO
O FENÔMENO DAS ÁGUAS
A declividade da planície onde está situado o Pantanal é muito pequena: de 1 a 2 centímetros por quilômetro, no sentido norte-sul. E de 6 a 12 centímetros por quilômetro no sentido leste-oeste. É quase
como uma mesa, de tão plana. Isso faz com que a velocidade das águas seja muito lenta. As águas
das chuvas que caem em Cuiabá, por exemplo, levam cerca de dois meses para atingirem a cidade de
Corumbá, que não fica longe. Com isso, nos períodos de chuva, os rios vão subindo lentamente e as
águas se espalhando pela planície, que funciona como uma enorme esponja, segurando a água e a liberando vagarosamente.
As CORDILHEIRAS são as regiões mais altas, em torno das baías. Elas nunca se inundam e nelas crescem as matas ou cerradões.
Embora as vazantes e enchentes aconteçam regularmente, a intensidade com que ocorrem varia de
ano para ano. Há anos em que a estação seca é maior. Em outros, as chuvas são mais abundantes.
O regime das águas influi em toda a vida do Pantanal.
O PODER DA INFORMAÇÃO
UMA FORMA DE SE DEFENDER
DA FORÇ A DA S ENCHENTES
A única forma de prever as enchentes com segurança e antecedência suficiente para permitir a remoção do gado das áreas baixas é a instalação de uma rede de coleta de dados climáticos em toda a
bacia do Alto Paraguai, com transmissão da informação em tempo real. Isso irá permitir o cálculo do
volume de água e estabelecer um serviço de alerta de enchentes.
Hoje, a Marinha do Brasil é responsável pela previsão. Ela instala réguas em alguns pontos da bacia –
como Cuiabá, Cáceres, Ladário, Forte Coimbra e Porto Murtinho; através da coleta destes dados, consegue-se chegar a conclusões e fazer previsões. Em Ladário, por exemplo, a coleta de dados é feita
diariamente há quase cem anos.
29
A
INFLUÊNCIA DAS ÁGUAS NA VIDA DO
PANTAN AL
Vamos apontar as diferenças entre a estação seca e a estação das águas.
SECA
Veja quando é e o que ocorre na época da seca.
PERÍODO De abril a outubro.
ÁGUAS Lagoas secam, as vazantes desaparecem, os corixos ficam reduzidos a pequenos poços e os
rios ficam contidos em suas calhas.
FAUNA As aves se concentram em grandes bandos nas águas rasas para capturarem com facilidade
seu alimento – como, por exemplo, peixes que estão presos em poças rasas.
VEGETAÇÃO As árvores perdem as folhas, a vegetação dos campos seca. Isso torna a vegetação mais
propensa a pegar fogo. As áreas de pastagem aumentam e as gramíneas vão nascendo – principalmente o capim-mimoso, que é comum nas áreas de campos baixos, nas beiradas dos corixos ou nas
vazantes. São os lugares preferidos para pastagem e os rebanhos permanecem aí até o início da próxima cheia. A maioria das árvores entra em floração.
TRANSPORTE Podem ser usados tratores e veículos leves. As mercadorias são transportadas de ca-
minhão ou camionete.
HÁBITOS Nas regiões mais altas, principalmente Nhecolândia e Paiaguás, pode faltar água até para os
animais domésticos. Por isso, nas propriedades, as áreas de pastagem devem ter poços ou pilhetas
(tanques arredondados) para o gado beber água. Outra providência que tem sido tomada no Pantanal
é a abertura de poços com draga com a finalidade de acumular água e mantê-la na época seca.
ECONOMIA Aumentam as áreas para pastagem do gado e aumentam também as queimadas. Nas fa-
zendas de gado, os trabalhos são facilitados.
A utilização de barcos como meio de
transporte, no período de cheia.
30
CHEIA
PERÍODO De novembro a abril.
ÁGUAS Rios transbordam e inundam a planície. Os limites entre os rios e as planícies se perdem. For-
mam-se baías (lagoas), corixos, vazantes.
FAUNA Os peixes migratórios sobem os rios buscando suas partes mais altas para a desova. É a cha-
mada piracema.
VEGETAÇÃO Os camalotes, ilhas flutuantes de vegetação, são transportados pelas águas e seguem rio
abaixo. A vegetação aquática floresce com vigor. As sementes das plantas terrestres descem com a
água ou permanecem no solo por longo período até ocorrerem condições propícias para germinar.
TRANSPORTE Usam-se barcos para atingir as regiões que ficam isoladas. Aviões também são muito
utilizados nesta época.
HÁBITOS Mandioca, abóbora, melancia, banana, cana-de-açúcar são algumas culturas de subsistên-
cia. Essas roças precisam ser bem cercadas para impedir a entrada de animais, como capivaras e
cotias, que causam grandes estragos à lavoura.
ECONOMIA É preciso conduzir o gado para acomodá-lo em local seco. Isso é feito por terra (comitiva)
ou com o uso de navios boieiros.
A
MUDANÇ A DA PAIS AGEM
O regime das águas faz com que a paisagem do Pantanal se modifique...
A dinâmica de funcionamento do complexo de ecossistemas pantaneiros depende diretamente da
água. Vejamos agora alguns destes ecossistemas, que estão presentes ou não no Pantanal, de acordo com o regime das águas:
POÇOS Em alguns lugares há a formação de poços mais profundos, que chegam a ter até quatro me-
tros de profundidade. Esses poços não secam mesmo no período de secas.
CORIXOS São canais naturais que só recebem água durante as grandes cheias e ligam as baías entre
si. Também são chamados de corixas, corixinhas ou corixões – de acordo com o seu tamanho. Os corixos ajudam a escoar as águas das lagoas, que vão em direção aos rios. Em épocas de grandes
chuvas isto se inverte: as águas saem dos rios e vão para as lagoas.
BAÍAS São lagoas de água doce. Rasas, geralmente têm apenas dois metros de profundidade. E isso,
nas partes mais profundas! As baías mais conhecidas são as de Cáceres, Mandioré, Gaiva, Chacororé. As baías abrigam inúmeras espécies de peixes, aves, répteis, anfíbios e mamíferos. Podem ser
piranhas e tuviras, jacarés, capivaras, o tuiuiú, o cafezinho e a anhuma.
SALINAS São lagoas de água salobra. Elas exibem o espelho d’água circundado por areia branca e ca-
randás. Quando as águas baixam, são circundadas por areias brancas assemelhando-se a praias.
Nas salinas, a maior parte da vegetação é submersa. Mas existem exceções, como um tipo de capim
muito procurado pelo gado e outros animais herbívoros. As águas das salinas são ricas em larvas de
insetos, algas e pequenos crustáceos. São os alimentos prediletos de certas aves. Há, inclusive,
uma espécie de maçarico que migra do Canadá, fugindo do seu inverno rigoroso, atraída por esse tipo de alimentação.
31
As baías e salinas são geralmente circundadas por áreas mais elevadas, as “cordilheiras”. Estas cordilheiras se caracterizam por serem os ambientes onde a água da enchente nunca chega. Nelas se
desenvolve uma vegetação arbórea, florestal, constituindo as matas ou cerradões. As áreas de campo aberto no Pantanal são a indicação de que há permanência de água por um período relativamente
RESUMINDO...
longo, acima de três meses.
O FUNCIONAMENTO DOS ECOSSISTEMAS PANTANEIROS DEPENDE COMPLETAMENTE DA ÁGUA!
Tempo das cheias
De novembro a abril.
Rios transbordam e inundam a planície. Os limites entre os rios e as planícies se perdem. Produtividade primária alta.
Os peixes migratórios sobem os rios buscando suas partes mais altas para a desova. É a chamada piracema.
Os camalotes, ilhas flutuantes de vegetação, são transportados pelas águas e seguem rio abaixo. A vegetação aquática se torna exuberante.
Tempo da seca
De abril a outubro.
Lagoas secam; as vazantes desaparecem; os corixos ficam reduzidos a pequenos poços.
As aves se concentram em grandes bandos nas águas rasas para capturarem com facilidade seu
alimento – como, por exemplo, peixes que estão presos em poças rasas.
As árvores perdem as folhas, a vegetação dos campos seca. Isso torna a vegetação mais propensa a pegar fogo. As áreas de pastagem aumentam.
AS
ENCHENTES E A PIRACEMA
Com as enchentes dá-se o citado fenômeno da piracema. Os peixes migradores
sobem os rios buscando suas partes
mais altas para a desova. Nesse período, a pesca é proibida, para assegurar
a sustentabilidade das espécies. Os
alevinos, ou peixes jovens, buscam os
campos cobertos de água, onde passam sua fase de crescimento, facilitada
pela abundância de alimento. As enchentes são muito importantes neste processo de manutenção da vida aquática, sobretudo dos
peixes, pois proporcionam espaços e alimentos em abundância, com as áreas inundadas
funcionando como verdadeiros berçários. É fácil de deduzir a importância da conservação desses
sítios para assegurar o ciclo de vida.
32
IMPACTOS
AMBIENTAIS N A S ÁGUA S
Vejamos alguns impactos naturais e provocados por ações humanas, nos períodos de cheia, que podem causar danos ambientais:
• O desmatamento das cordilheiras para implantação de pastagens cultivadas.
• A construção de estradas e de diques.
• A erosão, principal responsável pelo assoreamento dos rios.
• O cultivo de soja, milho e algodão com insumos químicos em áreas que circundam a planície pantaneira. (Nessas áreas há sérios problemas de erosão e assoreamento dos rios.)
• A remoção das matas ciliares, que coloca em risco também as nascentes dos rios.
CONTAMIN AÇÃO
DAS ÁGUAS
Eis algumas situações de poluição:
MINERAÇÃO COM MERCÚRIO A garimpagem na região de Poconé é um exemplo de poluição das águas.
O agente poluidor é o mercúrio, utilizado no processo de purificação do ouro a céu aberto. O mercúrio
atinge imediatamente os peixes da região e é capaz de contaminar toda a cadeia alimentar.
AGROQUÍMICOS Provenientes das plantações de soja, de milho e algodão no planalto, são lançados em
grandes quantidades, assim como os esgotos urbanos sem qualquer tratamento.
RIOS EM RISCO Os rios pantaneiros nascem todos nos planaltos adjacentes. Hoje há rios praticamen-
te mortos – como o São Lourenço e o Taquari – devido aos problemas mencionados acima. Em
Cáceres, há inundações de fazendas provocadas pelo assoreamento do rio Paraguai.
Estes problemas tornam necessário a criação de parques e a proibição de desmatamento.
O Parque Nacional das Emas, por exemplo, está situado numa região onde nascem os rios Araguaia,
Taquari e Sucuriu, e foi criado com o objetivo de preservar as nascentes.
O Parque Estadual do Taquari foi criado pelo mesmo motivo.
Foz do rio Taquari
33
TRABALHANDO COM O TEMA
COMO VIMOS NO PROGRAMA
e nos textos anteriores deste capítulo, a água está presente de di-
versas formas no nosso dia-a-dia, portanto necessita ser observada, percebida, entendida e
estudada por diferentes ângulos, com a contribuição de muitos campos de conhecimento.
Desta forma, poderemos ter compreensão da multiplicidade e da importância da água em
nossas vidas.
Um bom ponto de partida para desenvolver um projeto, uma aula ou uma atividade é elaborar perguntas, buscando incentivar a curiosidade e a necessidade de saber e pesquisar mais. Para isso é
necessário formular questões sobre a realidade. Perguntas que permitam o exercício da reflexão, da
observação do mundo, do questionamento e formulação de novas perguntas. A relação entre os elementos da Natureza se aprende observando o meio, e esta descoberta permite a construção de
novos valores e atitudes.
“Uma capacidade importante a ser desenvolvida nos alunos é a de, ao observar determinado fenômeno, perceber nele relações e fluxos, no espaço e no tempo.”1
Por exemplo, ao observar a chuva que cai, perguntar-se de onde vem, por onde passou e até onde chegará?
A sobrevivência das espécies depende do ciclo da água:
A chuva que cai,
é absorvida por uma planta,
que alimenta um veado,
que alimenta uma onça,
que transpira de tanto correr atrás da presa,
e aquela gotinha evapora,
vira nuvem,
e cai de novo,
fazendo parte de inúmeros outros ciclos, eternamente...
Vimos no programa como o Pantanal é dinâmico, com duas estações bem marcadas: a da seca e a da
cheia. Esse processo rege tudo ao redor. O que muda com a subida das águas? E quando as águas
34
voltam a baixar? Como o regime das águas influencia as plantas, os animais e a vida dos pantaneiros? A época seca será influenciada pelo que for deixado pela época cheia, e vice-versa... Uma
estação depende da outra. Você já parou para pensar o que acontece em um ano particularmente seco? Muitas espécies têm seu ciclo de vida modificado por causa disso. Se chover demais, é capaz de
aquela cigarra que vimos no programa não conseguir sair do fundo da terra para se transformar em
adulto e cantar... Além desse ciclo, de que outros ciclos a água faz parte? Que outros organismos dependem da água para completar seus ciclos? Que outros ciclos são apresentados no programa?
Como o ser humano participa ou interfere nestes ciclos? Refletir sobre as conseqüências disto a longo e curto prazos. Correlacionar os assuntos do programa e, assim, perceber quão intricada é essa
dinâmica, em que muitos ciclos se relacionam, e as conseqüências do rompimento deste equilíbrio.
Esta prática tem como objetivo estimular a percepção dos inter-relacionamentos, criando espaços nos
quais professores e alunos possam, como indivíduos, aprender através de experiências concretas.
O processo de aprendizagem iniciado por essas perguntas fica mais rico quando pontuado por ações
de registro e reflexão sobre o que se observou e descobriu. “Mediados por nossos registros armazenamos informações da realidade, do objeto em estudo, para poder refleti-lo, pensá-lo e assim
aprendê-lo, transformá-lo, construindo o conhecimento antes ignorado.”2
É importante, ao estimular o registro, incentivar a diversidade de formas de expressão e criar espaços para a socialização das descobertas, opiniões e propostas. Existem várias formas de se registrar
utilizando diferentes linguagens (desenhos, maquetes, cartazes, redações, poemas, músicas...). As
sugestões que levantaremos podem servir como provocadoras de idéias e caminhos, caberá a cada
educador, junto com os alunos e a equipe de trabalho, construir e decidir sobre como conduzir projetos com o tema Águas do Pantanal.
1 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS.
Secretaria de Educação Fundamental.
Brasília, MEC/SEF, 1997, vol. Meio Am-
As propostas que se seguem têm como objetivo a concretização do processo de pesquisa, debates e
biente, p. 59.
elaboração de atividades, valorizando o fazer coletivo e a participação dos saberes comunitários.
2 WEFFORT, M. F. “Importância e
Elas ganham um real valor quando incorporadas a um projeto de trabalho que estabeleça metas e ob-
função do registro escrito, da re-
jetivos próprios. Na primeira proposta, apontamos algumas etapas possíveis de encadeamento do
flexão”. In: Observação, registro e
trabalho seguindo a metodologia apresentada na primeira parte do Caderno do Professor volume 1.
reflexão, instrumentos metodoló-
O professor deve estar atento às necessidades e prioridades do grupo, podendo e devendo criar ou-
gicos. Espaço Pedagógico, São Paulo,
tras atividades e caminhos.
1996, p. 41. (Série Seminários.)
35
E TA PA S A P Ó S A S SISTIR AO PRO GR A M A
EXPERIÊNCIAS
E DEBATE S OBRE
“OS
US OS DA ÁGUA” NO COTIDIANO
Iniciar o trabalho perguntando aos alunos o que eles viram no programa, quais os temas abordados,
suas dúvidas e colocações. O professor pode enriquecer o debate com questões tais como: A água está presente na nossa vida de que forma? (Escrever no quadro-negro, cartolina ou papel pardo as
idéias dos alunos.)
Vocês lembram da imagem do programa em que aparece um rio visto de cima, com um desenho sinuoso muito bonito? De onde vêm os rios? Para onde vão? Onde eles nascem? Onde vão desaguar?
Por onde passa o rio em sua trajetória? Por que é importante preservar as nascentes? Qual a importância da água para a vida? Como modificamos a qualidade das águas? O que são recursos hídricos?
Por que o programa fala em desrespeito aos recursos hídricos? Como a água chega até a sua casa?
Qual é este percurso? O que acontece com a água neste percurso? É preciso algum tratamento para
torná-la potável? O tipo de atividade econômica realizada nas proximidades interfere na vida dos
rios? Em quê o mapeamento dos recursos hídricos de uma região pode ser útil? Como podemos mapear o percurso da água até chegar em nossas torneiras?
Pedir que cada aluno pesquise e desenhe, em um cartaz, o percurso da água até chegar na torneira de sua casa.
Colocar os cartazes dos alunos nas paredes da sala e observar o que há de comum e diferente entre
eles. O professor pode estimular o debate abrindo o questionamento sobre os “usos da água” no cotidiano:
Você usa a água para quê? Identificar com os alunos.
Quanta água você gasta por dia? Como podemos medir isso? Bolar métodos para medir uso a uso em casa
(banho, escovar os dentes, beber, cozinhar, limpar o carro etc.) e depois somar tudo para ver o quanto dá...
E todos na turma, quanto gastamos? Calcular.
Que outros usos temos na escola? Quanto a escola gasta por dia? Identificar, quantificar e calcular.
E na natureza, como os animais e as plantas usam a água? Identificar.
36
Quanta água cai da chuva? Deixar um copinho volumétrico (ou usar um copo padrão de 250ml, de
preferência com a base de mesmo diâmetro que a boca) durante uma chuva do lado de fora da sala
e depois medir (usar uma régua para a altura da coluna d’água e depois fazer uma regra de três: se
a altura do copo é 15cm = 250ml, os 8cm que encheu = x). Assim, calculamos o quanto de água a
chuva fornece...
Quanto de água evapora? Deixar o copo de 250ml na sala e observar quanto tempo leva para evaporar tudo. Assim, temos uma estimativa rudimentar de quanto tempo a água fica disponível para ser
usada pelos organismos se não infiltrar no solo. A medição pode ser feita por várias turmas para se
calcular mais precisamente durante o dia.
Quanto de água infiltra? (Cortar, por exemplo, 3 garrafas de refrigerante de 2 litros, aproximadamente a 20cm da boca, e virar essa parte para dentro da garrafa, fazendo um “funil”. Colocar bastante
algodão na boca de forma a ficar firme.)
Pegar areia grossa, húmus (terra escura com folhas etc.) e argila e colocar um tipo em cada “funil”
desses. Jogar a mesma quantidade de água com a mesma velocidade ao mesmo tempo e comparar o
tempo que a água leva para descer em cada tipo de terra. Qual demorou mais? Em qual tipo a água
estará mais tempo disponível para os animais da superfície utilizarem? Como esses animais podem
dispor dessa água depois de infiltrada? Refletir sobre a importância das plantas nesse processo e sobre a importância da manutenção dos solos...
Propor um debate sobre o uso e as formas de conservação e economia de água.
Para o desenvolvimento desta proposta precisamos trabalhar em conjunto com diferentes áreas do
conhecimento e articular conceitos e conteúdos de diversas disciplinas. Escolhemos seguir um caminho, o das águas até o seu consumo em nossas casas. Cada grupo poderia desenvolver um dos
outros aspectos citados pelos alunos como resposta à primeira pergunta: “A água está presente em
nossa vida de que forma?” Lembrar que os produtos finais devem estar ligados ao tema.
37
OUTRA
SUGESTÃO
MONTAGEM
DE UMA ORQUESTRA DE SONS DAS ÁGUAS
PERGUNTAR Quem já prestou atenção nos diversos sons que a água faz? Quem lembra das cenas das
águas do programa? As cachoeiras, as chuvas caindo na terra, no telhado, no rio, na árvore, o bater
das águas nas pedras, os peixes saltando na água, o pisar na lama encharcada etc. Cada uma destas
situações tem um ou mais sons diferentes. Como são estes sons? Propor à turma que pesquise outros sons produzidos pela água e que tragam aqueles possíveis de serem executados em sala de
aula. Reunir, por exemplo, várias garrafas de vidro e enchê-las com quantidades diferentes de água
(pouca água, muita água, metade da garrafa cheia de água, dois dedos de água etc.). Ao assoprar a
garrafa, a água vibra e produz um som. Este som, se bem ajustada a proporção de água no recipiente, pode corresponder a uma nota musical. Dependendo da quantidade de água, de ar e material da
garrafa, as notas podem variar. É interessante ampliar esta pesquisa na busca de outros materiais
que produzam sons semelhantes aos sons da água, mas sem a presença dela, como o pau de chuva
fabricado originalmente pelos índios, por exemplo. Propor que cada aluno construa o seu instrumento. E que eles, em grupo, montem uma orquestra juntando os diversos instrumentos. Pedir para que
eles componham uma música a partir dos instrumentos desenvolvidos em sala. A música poderá ter
letra. Sugerir que as músicas falem sobre os aspectos estudados sobre a água neste programa.
38
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFIC A S
ADÁMOLI, J. A dinâmica das inundações no Pantanal. I Simpósio sobre Recursos Naturais e
Socioeconômicos do Pantanal. Anais..., Brasília, Embrapa-DDT, 1986, p. 51-61.
BARROS, A. L. de. Gente pantaneira: (crônicas de sua história). Rio de Janeiro, Lacerda Editores,
1998, 251p.
BARROS, J. de. Lembranças. Brasília, Gráfica do Senado Federal, 1987, 93 p.
CARVALHO, N. de O. Hidrologia da bacia do alto Paraguai. I Simpósio sobre Recursos Naturais e
Socioeconômicos do Pantanal. Anais..., Brasília, Embrapa-DDT, 1986, p. 43-49.
GALDINO, S. & CLARKE, R. T. Levantamento e estatística descritiva dos níveis hidrométricos do rio
Paraguai em Ladário, MS - Pantanal. Período 1900/1994. Corumbá: Embrapa-CPAP, 1995, 72 p.
(Embrapa-CPAP, Documentos, 14.)
_______. Probabilidade de ocorrência de cheia no rio Paraguai, em Ladário, MS - Pantanal. Corumbá,
Embrapa-CPAP, 1997, 58 p. (Embrapa-CPAP, Circular Técnica, 23.)
JUNK, W. J. & SILVA, C. J. da. O conceito de pulso de inundação e suas implicações para o Pantanal de
Mato Grosso. II Simpósio sobre Recursos Naturais e Socioeconômicos do Pantanal. Anais...,
Corumbá, Embrapa Pantanal, 1999, p. 17-28.
NOGUEIRA, F. M. B. O método de análise funcional de ecossistemas. Caso de estudo: bacia do rio Bento
Gomes (Pantanal de Poconé, MT), com ênfase nas funções ambientais afetadas pela mineração do
ouro. Tese de mestrado, São Carlos, UFSCarlos, 1995, 230 p.
POTT, V. & POTT, A. Plantas aquáticas do Pantanal. Brasília, Embrapa Comunicação para Transferência
de Tecnologia, 2000, 404 p.
VIEIRA, L. M.; ALHO, C. J. R. & FERREIRA, G. A. L. Contaminação por mercúrio em sedimento e em moluscos do
Pantanal, Mato Grosso, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, São Paulo, v. 12, n. 3, 1995, p. 663-670.
39
RESERVA DA BIOSFERA
3
A partir de 2000 o Pantanal tornou-se
Reserva da Biosfera, pela Organização das Nações
Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
É a terceira maior Reserva já criada no mundo.
Tornando-se uma Reserva da Biosfera, o Pantanal
deu um grande passo no sentido da conservação de
seu meio ambiente e do desenvolvimento
sustentável da região.
SINOPSE DO VÍDEO
O dia amanhece e os primos acordam para passear de avião. Estão empolgados: vão sobrevoar a região
do Pantanal para acompanhar o trabalho do tio Haroldo, repórter, que está fazendo um documentário.
Tio Haroldo diz que o documentário é sobre o Pantanal como Reserva da Biosfera e explica, ajudado
por João, porque a UNESCO classifica assim a região. Os quatro conversam sobre a importância da preservação da biodiversidade pantaneira. Conversam sobre o fato de ser o Pantanal a maior planície
alagável do mundo!
O avião aterriza e eles vão passear na Reserva Particular do Patrimônio Natural do SESC, em Mato Grosso.
No passeio, observam um veado-campeiro; a luta entre um jacaré e uma sucuri; e outros animais. Tio
Haroldo fala sobre o comportamento das sucuris.
Léo tenta se aproximar de uma sucuri, mas leva um susto e sai em disparada. Na correria, acaba perdendo o sapato na lama e se torna alvo das risadas do primo.
Sem falar na bronca que leva do tio João: não se brinca com sucuri!
No fim da tarde, os três sentam para conversar e João toca sua viola.
Exaustos, os primos vão dormir e João recita um texto de Manoel de Barros.
42
CONTEÚDO DO VÍDEO
O que é u ma Reser va da Bios fera
Pa nta na l : Uma Reser va da Bios fera
Os benef í cios de ser u ma Reser va da Bios fera
O traba l h o da U N E S CO
O que é u ma ONG
EXPLORANDO OS CONTEÚDOS
MATO GROSSO
3
2
1
5
6
4
GOIÁS
7
8
9
BOLÍVIA
10
11
12
MATO GROSSO DO SUL
PARAGUAI
ZONAS NÚCLEO DO PANTANAL
1 Parque Estadual de Santa Bárbara 2 ESEC Serra das
Araras 3 PARNA da Chapada dos Guimarães 4 ESEC
Taiamã 5 Estrada Parque Poconé - Porto Jofre 6 RPPN do
SESC 7 PARNA do Pantanal e RPPN Doroche, Acurizal e
Penha 8 Parque Estadual das Nascentes do Alto Taquari
9 PARNA das Emas 10 Estrada Parque Morro do Azeite Porto da Manga 11 RPPN Fazendinha 12 RPPN Santa Sofia
13 RPPN da Região de Bonito.
13
PANTAN AL :
UMA
RE SER VA
DA
BIOSFERA
Desde novembro de 2000, o Pantanal se tornou uma Reserva da Biosfera através de um decreto da
BIOSFERA Parte da Terra em que
UNESCO . Com mais de 25 milhões de hectares, está entre as maiores reservas do mundo. Engloba
pode existir vida. Inclui parte da
grande parte da planície de inundação da bacia do rio Paraguai: o pantanal mato-grossense. Tam-
litosfera e hidrosfera. Envolve a
bém abrange o planalto e as serras circundantes, incluindo as cabeceiras dos rios que formam o
crosta terrestre, as águas e a at-
Pantanal brasileiro.
mosfera.
BIODIVERSIDADE Diversidade bio-
Isso representa uma área quase duas vezes maior que a planície de inundação, ou Pantanal prológica – riqueza de espécies:
priamente dito.
número absoluto de espécies
2
A Reserva da Biosfera do Pantanal, com cerca de 310 mil km (ou 31 milhões ha) em território bra-
numa comunidade ou região.
sileiro, recebe influência dos biomas Amazônico, Mata Atlântica, Cerrado e Chaco, o que contribui
CONSERVAÇÃO Manejo dos recursos
para a imensa biodiversidade dessa reserva que engloba os estados de Goiás, Mato Grosso do Sul
do ambiente, ar, água, solo, mine-
e Mato Grosso.
rais e espécies viventes, incluindo
o homem, de modo a conseguir a
O
QUE É UMA
RE SER VA
DA
BIOSFERA?
mais alta qualidade de vida humana sustentada. Nesse contexto, o
São áreas terrestres, costeiras ou marinhas, reconhecidas mundialmente pela UNESCO, que represen-
manejo dos recursos inclui pros-
tam um conceito e uma ferramenta de planejamento de uso e ocupação de espaço territorial.
pecções, pesquisa, legislação,
administração, preservação, utili-
Representam um modelo de gestão integrada, participativa e sustentável de manejo dos recursos
zação, educação e treinamento.
naturais. Neste sentido, são consideradas como um conceito de uso e ocupação do espaço e dos recursos naturais pelo homem. São, também, uma ferramenta de planejamento, pois delimitam um
espaço geográfico e determinam princípios e linhas de ação, bem como critérios de zoneamento.
Em conjunto, as Reservas da Biosfera constituem uma rede mundial, pois são criadas com princípios comuns.
Cada Reserva da Biosfera tem três funções básicas, interdependentes e complementares entre si.
São elas:
• Contribuir com a conservação de paisagens, ecossistemas, espécies e a biodiversidade;
• Impulsionar o desenvolvimento econômico de forma social, cultural e ecologicamente sustentável;
• Apoiar projetos de pesquisa, educação, capacitação, monitoramento e intercâmbio de informações
relativos à temática de desenvolvimento e de conservação do patrimônio natural, seja no âmbito local, nacional e/ou global.
As Reservas da Biosfera não interferem na soberania nacional e cada uma delas está sujeita às leis
do país onde se situa.
A UNESCO analisa as propostas que cada país encaminha e, através de uma comissão, elege quais são
as regiões do mundo que podem ser consideradas Reserva da Biosfera.
45
Atualmente, o Brasil tem Reservas da Biosfera em
todos os seus cinco grandes biomas:
Amazônia
Mata Atlântica / Campos
Pantanal
Cerrado
Caatinga
O TRABALHO DA UNESCO
O que é a UNESCO ? A UNESCO (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura) é uma organização que reúne mais de 188 países e tem como principal objetivo
“contribuir com a paz e a segurança no mundo, promovendo, por meio da educação, ciência, cultura e comunicação, a colaboração entre as nações a fim de garantir a justiça
universal, o respeito às leis, aos direitos humanos e às liberdades fundamentais que a Carta das Nações Unidas reconhece a todos os povos”. Na prática, esta organização promove
a cooperação técnica dos países-membros para elaboração de projetos e formulação de
políticas de desenvolvimento, além de incentivar pesquisas e promover o intercâmbio. Sua
sede é em Paris (França); ao todo, a UNESCO tem 73 escritórios distribuídos pelo mundo. No
Brasil, seu escritório fica em Brasília.
COMO
SE DIVIDE UMA
RE SER VA
DA
BIOSFERA
Uma Reserva da Biosfera é composta por zonas-núcleo, zonas de amortecimento e zonas de transição. Cada uma destas apresenta objetivos e características próprias.
ZONAS-NÚCLEO São áreas legalmente estabelecidas com o objetivo de proteger paisagens, ecossiste-
mas e espécies. Em algumas localidades – como é o caso do Pantanal – podem existir várias
zonas-núcleos em uma única Reserva da Biosfera. Nestas zonas não são permitidas atividades econômicas produtivas, apenas atividades de pesquisa, monitoramento e, eventualmente, o manejo
sustentável de recursos naturais por comunidades tradicionais. No Pantanal, como nas outras reservas brasileiras, geralmente as zonas-núcleo de Reservas da Biosfera são Parques Públicos
(Nacionais, Estaduais, Municipais), Reservas Biológicas (em geral particulares), Estações Ecológicas ou outras Unidades de Conservação.
ZONAS DE AMORTECIMENTO Áreas que ficam ao redor das zonas-núcleo. As zonas de amortecimento
são como um cinturão que protege as zonas-núcleo. No Pantanal, as atividades produtivas desenvolvidas nestes locais são, predominantemente, pecuária extensiva ou semi-extensiva, turismo,
mineração e transporte hidroviário pelo rio Paraguai.
46
ZONAS DE TRANSIÇÃO Áreas que circundam as zonas de amortecimento, onde são desenvolvidas ativida-
des produtivas. Podem ser áreas rurais e centros urbanos.
Zona de núcleo
Zona de amortecimento
Zona de Transição
Mesmo sendo zonas de transição, os impactos ambientais que venham a ocorrer nestas áreas podem
afetar as zonas-núcleo.
AT
E
N
Ç
!
ÃO
AS ZONAS-NÚCLEO DO PANTANAL SÃO
PARQUE ESTADUAL SERRA DE SANTA BÁRBARA , em Mato Grosso – Vegetação de Cerrado; há registros de
fauna e flora endêmica.
ESTAÇÃO ECOLÓGICA DA SERRA DAS ARARAS , em Mato Grosso – Localizada às margens do rio Paraguai.
Vários tributários do rio Paraguai nascem nesta Unidade.
PARQUE NACIONAL DA CHAPADA DOS GUIMARÃES , em Mato Grosso – Tem como objetivo proteger as nas-
centes e a Chapada dos Guimarães.
ESTAÇÃO ECOLÓGICA TAIAMÃ, em Mato Grosso – Engloba uma ilha baixa no rio Paraguai e suas margens
adjacentes.
Parque Nacional
da Chapada dos Guimarães - MT
47
Curral de pedra do Parque Nacional
da Chapada dos Guimarães - MT
PRESERVAÇÃO É a ação de proteger
ESTRADA PARQUE POCONÉ – PORTO JOFRE , em Mato Grosso – Engloba a estrada de rodagem e seus
contra a destruição, e qualquer
arredores e as mais belas paisagens pantaneiras.
forma de dano ou degradação,
RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL DO SESC , em Mato Grosso – Inclui porções de Cerrado,
um ecossistema, uma área geo-
campos, matas e lagoas permanentes. É uma Unidade de Conservação de caráter privado.
gráfica, espécies animais e
PARQUE NACIONAL DO PANTANAL E RESERVAS PARTICULARES DO PATRIMÔNIO NATURAL DOROCHÊ , Acurizal
vegetais ameaçadas de extinção,
e Penha, na divisa dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul – Compreende uma das mais be-
adotando-se medidas preventi-
las e bem protegidas paisagens regionais.
vas e de vigilância.
PARQUE ESTADUAL DAS NASCENTES DO ALTO TAQUARI , em Mato Grosso do Sul – Criado para proteger as
ONG Abreviatura de Organização
nascentes do rio Taquari.
Não-Governamental.
PARQUE NACIONAL DAS EMAS , em Goiás – Criado para proteger porções de Cerrado, matas ciliares e as
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
nascentes do rio Taquari.
É o desenvolvimento que atende
ESTRADA-PARQUE PANTANAL , em Mato Grosso do Sul – Corta o Pantanal do Abobral-Negro e o Pantanal
da melhor forma possível às ne-
do Miranda e engloba as paisagens do maciço do Urucum nas proximidades da cidade de Corumbá.
cessidades atuais e futuras do
RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL FAZENDINHA , em Mato Grosso do Sul – Unidade de Con-
homem sem afetar o ambiente e
servação de caráter privado.
a diversidade biológica.
RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL SANTA SOFIA , em Mato Grosso do Sul – Outra Unidade de
Conservação de caráter privado localizada no município de Aquidauna.
COMPLEXO DE RESERVAS PARTICULARES DO PATRIMÔNIO NATURAL DA REGIÃO DE BONITO , em Mato Gros-
so do Sul – São oito reservas particulares distribuídas nos municípios de Bonito e Jardim.
OS
BENEFÍCIOS DE SER UMA
RE SER VA
DA
BIOSFERA
A região passa a receber projetos, investimentos e se torna um importante campo de pesquisa para
ONGs e comunidades científicas em geral. Isso também é positivo para os governos municipais, esta-
48
duais e federal em que esta reserva se encontra. Afinal, fica muito mais fácil conseguir apoio para
projetos de conservação e preservação ambientais.
As comunidades tradicionais, pescadores profissionais e fazendeiros também se beneficiam, assim
como os empreendedores de ecoturismo.
GESTÃO A gestão de uma reserva é resultado do esforço conjunto e coordenado dos poderes público
e privado. Governos, cientistas, organizações não-governamentais, iniciativa privada e as comunidades, cada um desempenha um papel. O objetivo de todos é o desenvolvimento sustentável.
QUEM SÃO OS DONOS DAS RESERVAS DA BIOSFERA?
• A designação de uma Reserva da Biosfera não interfere na posse da terra.
• A Reserva está subordinada à soberania nacional e às leis do país onde está localizada.
• As Reservas da Biosfera não são de propriedade mundial. São áreas cuja importância mundial
é reconhecida pela UNESCO.
• Os donos das terras de uma Reserva da Biosfera são os proprietários das áreas que ela engloba, sejam eles Governos, proprietários particulares, ONGs ou empresas.
• Mas as Reservas da Biosfera são, também, um pouco de cada um dos cidadãos que as visitam, respeitam e acreditam que é possível promover o bem-estar humano simultaneamente à conservação
do patrimônio natural.
• As Reservas da Biosfera são um símbolo do compromisso das nações com o futuro do planeta.
Vista geral de área
alagada do Pantanal
49
TRABALHANDO COM O TEMA
COMO VIMOS NO PROGRAMA e nos textos anteriores deste capítulo, as Reservas da Biosfera estão pre-
sentes de diversas formas no nosso dia-a-dia, portanto necessitam ser observadas, percebidas,
entendidas e estudadas por diferentes ângulos, com a contribuição de muitos campos do conhecimento. Desta forma, poderemos ter compreensão da importância das reservas em nossas vidas.
Um bom ponto de partida para desenvolver um projeto, uma aula ou uma atividade é elaborar perguntas,
buscando incentivar a curiosidade e a necessidade de saber e pesquisar mais. Para isso é necessário
formular questões sobre a realidade. Perguntas que permitam o exercício da reflexão, da observação do
mundo, do questionamento e formulação de novas perguntas. A relação entre os elementos da Natureza se aprende observando o meio, e esta descoberta permite a construção de novos valores e atitudes.
“Uma capacidade importante a ser desenvolvida nos alunos é a de, ao observar determinado fenômeno, perceber nele relações e fluxos, no espaço e no tempo.”1
Por exemplo, ao refletir sobre a importância das Reservas da Biosfera descritas no programa, perguntar-se o que são, como funcionam e para que servem.
Cada Reserva da Biosfera tem três funções básicas: Contribuir para a preservação das paisagens,
ecossistemas, espécies e variabilidade genética; impulsionar o desenvolvimento econômico de forma social, cultural e ecologicamente sustentável; apoiar projetos de pesquisa, capacitação e
monitoramento de informações.
Mas como essas coisas estão interligadas?
Sem a proteção da mata ciliar,
a terra das margens é carregada para dentro do rio.
A chuva não penetra mais no solo,
secando as nascentes que abastecem esse e outros rios,
alterando o clima local.
A alteração desse ambiente
e a poluição das águas faz com que muitas espécies
não consigam mais viver naquelas águas,
Influenciando, assim, inúmeras outras...
E o próprio homem.
50
O que acontece quando uma espécie é extinta? Para sabermos os efeitos diretos precisamos conhecer os habitats e os hábitos desta espécie. O que come? Como e quando se reproduz? Qual a relação
dela com outras espécies? Vejamos um exemplo:
Se eliminarmos uma espécie de formiga, os fungos que são “cultivados” por elas para se alimentar irão diminuir, causando a redução de todas as populações de animais que também se alimentam daquele fungo.
Desta forma, os predadores das formigas terão menos alimento. Além desse ciclo, de que outros ciclos a
formiga faz parte? Que outros organismos dependem dela para completar seus ciclos? Às vezes, para um
ciclo se completar é necessário que outros não se completem. Quando uma espécie é extinta, não é só ela
que some, mas todos os organismos que dependem dela. E se a extinção de uma espécie já tem efeitos
enormes sobre a teia da vida, imagine o que acontece quando um ecossistema é destruído. Um rio poluído
ou uma floresta colocada abaixo, por exemplo. Quantas espécies e quantos outros ciclos são perdidos?
Além da perda de diversidade, podem ocorrer mudanças de clima que, por sua vez, eliminam mais espécies. Que outros ciclos são apresentados no programa? Como o ser humano participa ou interfere nestes
ciclos? O Pantanal é uma região rica não só por sua natureza, mas pela diversidade cultural do seu povo.
Em uma Reserva da Biosfera, os aspectos culturais também são valorizados. É a forma de estimular quem
vive no Pantanal para ajudar a manter essas riquezas. Para tal, é preciso dar apoio às instituições de pesquisa, para que possamos conhecer mais e podermos preservar. Refletir sobre as conseqüências disto a
longo e curto prazos. Correlacionar os assuntos do programa e, assim, perceber quão intricada é essa dinâmica, em que muitos ciclos se relacionam, e as conseqüências do rompimento deste equilíbrio.
Esta prática tem como objetivo estimular a percepção dos inter-relacionamentos, criando espaços nos
quais professores e alunos possam, como indivíduos, aprender através de experiências concretas.
O processo de aprendizagem iniciado por essas perguntas fica mais rico quando pontuado por ações
de registro e reflexão sobre o que se observou e descobriu. “Mediados por nossos registros armazenamos informações da realidade, do objeto em estudo, para poder refleti-lo, pensá-lo e assim
aprendê-lo, transformá-lo, construindo o conhecimento antes ignorado.”2
É importante, ao estimular o registro, incentivar a diversidade de formas de expressão e criar espaços para
a socialização das descobertas, opiniões e propostas. Existem várias formas de se registrar utilizando diferentes linguagens (desenhos, maquetes, cartazes, redações, poemas, músicas...). As sugestões que
levantaremos podem servir como provocadoras de idéias e caminhos, caberá a cada educador, junto com os alunos e a equipe de trabalho, construir e decidir sobre como conduzir projetos com o tema Reservas da Biosfera.
1 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS.
Secretaria de Educação Fundamental.
Brasília, MEC/SEF, 1997, vol. Meio Ambiente, p. 59.
As propostas que se seguem têm como objetivo a concretização do processo de pesquisa, debates e ela-
2 WEFFORT, M. F. “Importância e
boração de atividades, valorizando o fazer coletivo e a participação dos saberes comunitários. Elas
função do registro escrito, da re-
ganham um real valor quando incorporadas a um projeto de trabalho que estabeleça metas e objetivos pró-
flexão”. In: Observação, registro e
prios. Na primeira proposta, apontamos algumas etapas possíveis de encadeamento do trabalho seguindo
reflexão, instrumentos metodoló-
a metodologia apresentada na primeira parte do Caderno do Professor volume 1. O professor deve estar
gicos. Espaço Pedagógico, São Paulo,
atento às necessidades e prioridades do grupo, podendo e devendo criar outras atividades e caminhos.
1996, p. 41. (Série Seminários.)
51
E TA PA S A P Ó S A S SISTIR AO PRO GR A M A
C AMPANHA
DE C AR TAZE S ECOLÓGICOS
Iniciar o trabalho perguntando aos alunos o que eles viram no programa, quais os temas abordados,
suas dúvidas e colocações. O professor pode enriquecer o debate com questões tais como: As Reservas da Biosfera são importantes de que forma? (Escrever no quadro-negro, cartolina ou papel pardo
as idéias dos alunos.)
No programa nós vimos que a UNESCO reconheceu o Pantanal como área de Patrimônio Natural a ser
preservada. Reservas da Biosfera são áreas de importância estratégica para a preservação de diferentes formas de vida selvagem. O objetivo é impedir que espécies ameaçadas de extinção
desapareçam. E preservar amostras de ecossistemas fundamentais para a vida na terra. O que é patrimônio natural? Como podemos preservar e conservar o meio ambiente?
Pedir que os alunos façam uma pesquisa sobre as Reservas da Biosfera. Por que é importante contribuirmos para a conservação das paisagens, ecossistemas, espécies e variabilidade genética? Como
as Reservas da Biosfera podem impulsionar o desenvolvimento econômico de forma social, cultural
e ecologicamente sustentável? Por que o equilíbrio da natureza é fundamental para a vida no planeta? Por que é importante desenvolver a consciência sobre a necessidade de conservação do meio
ambiente? O que cada um de nós pode fazer para preservar as diferentes formas de vida selvagem?
O que podemos fazer para impedir a extinção?
Propor a realização de cartazes sobre os assuntos pesquisados. O que é um cartaz? Qual a sua importância? Como fazer cartazes sobre a temática escolhida? Nos cartazes as imagens e os slogans
ou títulos têm importância fundamental para reforçar as informações a serem transmitidas. Em geral de grandes dimensões, para afixação em lugares amplos ou ao ar livre, os cartazes são veículos
para a divulgação de temas ou eventos relevantes.
Dividir os assuntos para que cada aluno crie um cartaz.
Pensar sobre a estrutura do cartaz: título, imagem, informações adicionais...
Escolher o suporte para a confecção dos cartazes (cartolina, isopor, caixas de papelão recicladas,
papel pardo etc.).
52
Definir a técnica a ser utilizada para a sua elaboração (desenho, pintura, colagem, uso de materiais
de sucata, técnicas mistas etc.).
Distribuição dos cartazes pela escola.
Depois checar quanto à possibilidade de realizar uma aula – passeio com os alunos em uma área considerada patrimônio natural. O professor irá propor à turma que escolha um parque, uma reserva
particular do patrimônio natural da região, para que a turma possa realizar uma visita de pesquisa.
Pedir que os alunos façam um levantamento sobre: O que levar para o local escolhido? Quais os dias
e horários de visitação? Telefonar para o local e pedir informações.
Durante a visita os alunos poderão fazer anotações sobre as condições gerais desta área, qual a importância deste parque para a comunidade? Quais as espécies existentes? Qual seu estado de
conservação?
A partir da pesquisa feita sobre as Reservas da Biosfera, os alunos poderão refletir sobre os cuidados
que devemos ter com os espaços do cotidiano. Que ações cada um de nós pode realizar para ajudar
a conservar e preservar os espaços que fazem parte do nosso dia-a-dia? Conservamos a nossa escola? O que precisa ser cuidado e preservado em nossa escola? E em casa? Que atitudes podemos
adotar? Como podemos conquistar os colegas, a direção, os funcionários, os outros professores e os
familiares como parceiros na preservação e conservação dos espaços comuns?
Preparar uma campanha para a divulgação das informações colhidas e a conquista de parceiros para a preservação e conservação da biosfera.
Para o desenvolvimento desta proposta precisamos trabalhar em conjunto com diferentes áreas do
conhecimento e articular conceitos e conteúdos de diversas disciplinas. Escolhemos seguir um caminho, o da preservação da biosfera. Cada grupo poderia desenvolver um dos outros aspectos citados
pelos alunos como resposta à primeira pergunta: “As reservas estão presentes em nossa vida de que
forma? Lembrar que os produtos finais devem estar ligados ao tema.”
53
OUTRA
SUGESTÃO
CONSTRUÇÃO
DE UMA TEIA DE EQUILÍBRIO AMBIENTAL
PERGUNTAR Quem lembra da cena do programa em que se diz que o equilíbrio no Pantanal é importan-
te para o mundo? Por que esta importância? O que é equilíbrio? O que é desequilíbrio? Quais os
fatores que provocam desequilíbrio? Eles são sempre os mesmos? A flora mantém uma relação de
equilíbrio com a fauna? E a fauna mantêm uma relação de equilíbrio com a vegetação? E como o ser
humano se relaciona com o meio?
Propor a construção de móbiles a partir desta relação de equilíbrio e desequilíbrio entre os elementos do meio ambiente. Para construir o móbile, o professor poderá primeiro construir com os alunos
este conceito de equilíbrio, por meio de uma investigação com o próprio corpo.
Pedir que os alunos afastem as carteiras e cadeiras e formem um grande círculo. Com um rolo de
barbante nas mãos, o professor segura uma ponta, joga o rolo para um dos alunos e pede que diga
o nome de algum elemento do Pantanal. Por exemplo, “arara-azul”. Em seguida, este aluno joga o
barbante para outro aluno do outro lado da sala, que se apresenta da mesma forma até todos terem
feito o mesmo e formado uma teia. Em seguida, o professor pede que os “elementos” que estão em
risco de extinção dêem um passo para trás. A relação entre os componentes dessa teia foi alterada.
Depois, o professor pede para esses alunos soltarem o barbante (representando a extinção dessas
espécies). O que acontece com a teia? Verificar o que acontece se algum aluno soltar a parte do barbante que está segurando. Perceber o que acontece se o grupo tenciona ou afrouxa todas as partes.
Como as partes estão interligadas? Estas observações podem ir se desdobrando à medida que o
professor e os alunos vão relacionando estas questões com o equilíbrio da biosfera. Após esta atividade, os alunos poderão construir móbiles que representem situações de equilíbrio e
desequilíbrio entre as espécies da biosfera.
DICA Procure sempre que possível chamar a atenção para os aspectos sonoros durante o proces-
so de trabalho. No Caderno de Iniciação Musical o professor encontrará várias sugestões e idéias.
54
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFIC A S
ACIESP - Academia de Ciências do Estado de São Paulo. Glossário de ecologia. São Paulo, Aciesp,
1987, 271 p.
BRASIL. Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza. Lei nº 9.985, de 18 de Julho de 2000.
IUCN - Union Internacional para Conservación de la Naturaleza. Parques e Progreso. IV Congresso
Mundial de Parques y Areas Protegidas. Caracas, IUCN, 1993, 257 p.
MACKINNON, J. L. ; CHILD, G. & THORSELL, J. (eds). Manejo de areas protegidas en los trópicos. Gland
(Suíça), IUCN - Union Internacional para Conservación de la Naturaleza, 1990.
MAGALHÃES, N. W. Conheça o Pantanal. São Paulo, Terragraph, 1992.
SITE: http://www.unesco.org
55
A FLORA PANTANEIRA
4
A flora do Pantanal é rica e variada.
Importante econômica e ecologicamente, a flora alimenta o gado e
toda a fauna, servindo de elo básico na rica cadeia alimentar da região.
Influi bastante na vida dos pantaneiros: está presente na medicina
popular, na construção das casas e tem muitos outros usos.
A vegetação do Pantanal se mantém em grande parte preservada,
motivo a mais para merecer cuidados e ações de conservação.
Conhecê-la melhor pode ser um ótimo passo neste sentido.
SINOPSE DO VÍDEO
João vai com seus sobrinhos visitar Dona Lourdes, uma senhora que está doente. Eles pegam um trator e, no caminho, vão observando como a vegetação se distribui pela paisagem. Reparam em
algumas das principais espécies da flora pantaneira. João explica para os garotos a importância da
flora para as comunidades, os animais e a vida da região. E como o pantaneiro usa suas plantas como alimento, medicamento, material de construção e muito mais. Durante o passeio, João explica
que a flora é a base de uma vasta cadeia alimentar que inclui direta ou indiretamente toda a fauna terrestre e aquática da região.
Quando chegam à casa de Dona Lourdes, eles encontram com Dona Flora, uma pantaneira que usa as
plantas para curar. Neste ponto, é abordada a importância da flora na medicina fitoterápica. Quando
estão voltando para a casa, os meninos ainda fazem descobertas sobre outras plantas importantes
do Pantanal, como o pequi e o ingá.
Neste programa da série “Tom do Pantanal”, também destaca-se a importância da água que, mais
uma vez, surge como elemento dominante, representando onde tudo começa e termina.
58
CONTEÚDOS DO VÍDEO
A s reg i õ es e sub - reg i õ es que f or ma m o Pa nta na l
A flora na vida do Pantanal: medicina, habitação, culinária e brincadeiras
A i mpor t â ncia ecol ó g ica das esp é cies
Variedade de vegetação – Ciclo alimentar da vegetação aquática
A i n f l u ê ncia do reg i me das á g uas na pa i s agem
Il has f l u tua ntes – ba lcei ros
Pastagens nati vas
Pa i s agem pa nta nei ra e a i n f l u ê ncia de ecoss i stemas v izi n h os
E xemplos da f lora pa nta nei ra: ca ra nd á , acu r i, bu r iti, a ng ico,
pequ i, i ng á , f ig uei ra - mata - pau
EXPLORANDO OS CONTEÚDOS
1.800 espécies de plantas
sendo 250 aquáticas.
REGIÕES
E SUB-REGIÕES:
OS DIFERENTES ECOSSISTEMAS QUE SE ENCONTRAM DENTRO DO
PANTAN AL
A flora pantaneira é rica porque incorpora plantas de outras regiões, outros biomas próximos.
NO PANTANAL OCORREM ESPÉCIES:
• DO CERRADO (SUB-REGIÕES ARENOSAS) Pequi, barbatimão, jatobá, lixeira, mangaba, pindaíba e vinhático.
• DA AMAZÔNIA Babaçu (ou aguassu), camalotes (ou aguapés), cambará, pimenteira, tarumã e vi-
tória-régia.
• DO CHACO Algarobo, carandá e quebracho.
• DA MATA ATLÂNTICA Guanandi, piúva-da-mata, timbaúva (ou ximbuva).
• DA ILHA DO BANANAL Várias gramas, almécega, angico, caiá, chico-magro, embaúba, jenipapo, para-
tudo, periquiteira e sucupira.
FLORA É DIFERENTE DE VEGETAÇÃO
Flora é o conjunto de espécies de plantas de uma região.
Ex.: Guaranazinho, ginseng-do-pantanal, hortelã-brava, ingá etc.
Vegetação é o arranjo das espécies na paisagem.
Ex.: Campos inundáveis, campos com árvores espalhadas, vegetação aquática em lagoas, matas
ciliares, cerrados, floresta seca etc.
AT
E
N
Ç
ÃO
INFLUÊNCIA
!
DO REGIME DA S ÁGUA S
Como tudo na região, a vegetação é influenciada pelas águas. Dependendo da época do ano, uma viagem pelo Pantanal nos revela muitos campos, alguns com árvores aqui e ali. Esses mesmos campos
em outras épocas ficam completamente inundados. Da mesma forma encontramos lagoas com bela
vegetação aquática. Lagoas que em épocas de seca podem desaparecer, assim como vazantes (canais rasos com água temporária) e corixos (rios que ocorrem apenas na cheia). Por ser uma região
muito plana, é comum esses pequenos rios mudarem de lugar de ano para ano. Há também capões,
cerrados e matas ciliares, que crescem à beira dos rios, e até florestas secas mais ao sul.
OS
TIP OS DE VEGE TAÇÃO E S UA IMP OR TÂNCIA ECOLÓGIC A
BIOMA Conjunto de condições
A flora – tanto as plantas terrestres quanto as aquáticas – é a base de toda a cadeia alimentar.
climáticas e características de
AS PLANTAS TERRESTRES , que são: ervas, arbustos, trepadeiras e árvores, produzem alimento na
vegetação: o grande ecossistema
forma de raízes, caules, folhas, flores, frutos e sementes, que sustentam a fauna herbívora, e indire-
com fauna, flora e clima próprios.
tamente também a carnívora.
CADEIA ALIMENTAR É o processo
da natureza em que um ser vivo
AS PLANTAS AQUÁTICAS filtram a água e são importantes na cadeia alimentar dos ecossistemas aquáticos,
se alimenta de outro.
servindo de alimento a insetos e caramujos, que depois servem de alimentos para peixes e aves.
61
Aquela
A flora do Pantanal possui uma enorme importância ecológica justamente porque serve de base para
formada pelos animais que
toda a cadeia alimentar. As plantas são o alimento natural da fauna herbívora – que só se alimenta de
se alimentam de vegetais.
vegetais. Indiretamente, a flora da região é essencial, também, para a alimentação da fauna carnívora
FAUN A
HERBÍVORA
Aquela
– animais como a onça, carnívoros por excelência, acabam se alimentando de bichos menores como
formada pelos animais que se
preás e coelhos, que são herbívoros. Só isso já seria motivo suficiente para ficarmos atentos à conser-
alimentam de outros animais.
vação desse patrimônio.
FAUNA
CARNÍVORA
A flora fornece alimento para a fauna. Mas a fauna também tem importante papel na procriação da flora. No Pantanal, a ninféia se fecha quando um besouro pousa em suas pétalas. Ele só é liberado no
dia seguinte, quando a flor se abre novamente. O besouro, então, leva o pólen da ninféia para outras
regiões, ajudando no processo de polinizar outras ninféias.
Já o morcego ajuda a figueira a germinar.
Ninféia
A
FLORA NA VIDA DO
PANTAN AL
A flora de uma região costuma ter presença marcante na vida das pessoas e na cultura das comunidades.
E o Pantanal não foge à regra. Plantas como o bacuri, pequena palmeira da qual tudo se aproveita, são um
bom exemplo disso: as flores do bacuri são habitat de abelhas nativas; o fruto é um ótimo alimento para
araras, papagaios e periquitos; as folhas são usadas para servir de telhado; o cabo do cacho, desfiado, é
muito usado como leque para espantar mosquitos e a água do coquinho é utilizada como colírio.
As plantas terrestres também fornecem abrigo para a maioria das espécies de animais: arbustos e árvores ajudam a segurar o barranco dos rios. As plantas aquáticas ajudam a fixar sedimentos
depositados na margem dos rios.
VALOR MEDICINAL DA FLORA
Os pantaneiros vivem longe do médico e da farmácia, utilizando muito o que eles mesmos chamam
de “farmácia do mato”.
62
São plantas que servem como medicamentos para muitos problemas de saúde, para combater verminoses, reduzir a fratura de um braço ou estancar uma hemorragia. A riqueza da flora pantaneira
possibilita uma grande diversidade de medicamentos fitoterápicos.
FITOTERAPIA: A CURA PELAS PLANTAS
O uso de plantas na medicina é milenar. O médico grego Hipócrates (séc. I a.C.), considerado o
pai da medicina, deixou muitos escritos sobre as qualidades terapêuticas das plantas. As plantas
curativas são presença importante em todas as culturas. Orientais, africanos, índios, todos desenvolveram receitas capazes de cicatrizar, fortificar, anestesiar. Muitas dessas receitas
chegaram aos nossos dias e fazem parte da cultura popular de muitas nações. O Brasil – um país
tão rico em recursos naturais – possui um acervo enorme de plantas medicinais. Mas, atenção:
curar com a ajuda de plantas não é um privilégio de velhos curandeiros ou de sábias vovós. Boa
parte dos remédios fabricados em laboratório tem como base as plantas. Já pensou quantas pessoas já se curaram e ainda vão se curar graças a esse verdadeiro tesouro?
Infelizmente, muita gente ainda confunde fitoterapia com crendices e superstições. Fique atento
e procure distinguir uma coisa da outra.
AT
E
N
Ç
ÃO
!
O USO DA FLORA NA HABITAÇÃO
O calor do Pantanal é amenizado por um telhado de folhas da palmeira acuri, sobre caibros da palmeira cambará e pelas paredes de carandá, uma árvore amazônica. O pantaneiro tira da mata esse
material para fazer o rancho ou um acampamento – desde a embira, que é a casca fibrosa de árvores,
por exemplo, até a chico-magro, usada como corda.
Outras cascas como angico e barbatimão são usadas para curtir o couro.
Típica habitação pantaneira
63
O
US O N A C ULINÁRIA: A FLORA E O S ABOR PANTANEIRO
A culinária pantaneira se utiliza largamente da flora local. As receitas podem ser simples, como coquinhos de bocaiúva fervidos no leite, ou mais elaboradas, como o famoso arroz de pequi.
Como curiosidade, apresentamos uma das várias receitas que existem para fazer o arroz de pequi:
Fruto do Pequi
INGREDIENTES
" 1 kg de arroz
" 20 a 30 caroços de pequi com polpa
" Sal, alho, cebola, cheiro-verde e óleo
MODO DE FAZER
" Refogar os caroços de pequi em óleo, sal, alho e cebola
" Colocar um pouco de água e deixá-los cozinhar até a água secar
" Adicionar o arroz e refogar bem
" Colocar um pouco de água e de cheiro-verde
" Deixar cozinhar
" Depois de cozido, colocar o restante do cheiro-verde por cima
" Na hora de servir, é bom lembrar que a polpa de pequi pode ser mordida apenas superficialmente
(logo abaixo ficam espinhos que podem machucar a boca e são difíceis de retirar)
BRINCADEIRAS
E JOGOS
E a flora também é diversão. Algumas plantas
servem de base para brincadeiras e jogos. Os
coquinhos, por exemplo, são usados num jogo
típico do Pantanal, muito parecido com o jogo
das bolas de gude.
64
PRINCIPAIS
E SPÉCIE S DE PL ANTA S E SEUS US OS
ESPÉCIE
O QUE É
USO NA ALIMENTAÇÃO
USO MEDICINAL
OUTROS USOS
ALMÉCEGA
Árvore com folhas muito
A flor atrai abelhas. O fruto
Contra tosse e como
Incenso.
aromáticas, assim como a
tem uma parte branca adoci-
antisséptico, cicatrizante
resina que sai da casca.
cada comestível e procurada
e repelente.
por aves e bugios, que também
comem a resina e os brotos.
AMENDOIM-
Como em todos os amendoins, São boas forrageiras. Algumas
As espécies nativas são
BRAVO
a flor é aérea, mas o fruto
aves, inclusive galinhas,
importantes para o melhora-
desta leguminosa é
comem a flor, que também
mento do amendoim cultivado,
subterrâneo.
é visitada por abelhas.
e para aumentar a resistência
a pragas e doenças.
ANGICO
Árvore alta (20m), casca
As flores são muito procuradas Cicatrizante de pele inflamada. Muito usada para curtir couro;
com tanino, madeira vermelha, pelas abelhas, produzindo o
também fornece boa lenha.
é dura e durável.
Do caule sai uma resina,
excelente mel de angico.
da qual se pode fazer cola
igual à goma arábica.
ARAÇÁ
Arbusto de pequenos capões O fruto é muito parecido com
O broto amargo em forma de Madeira fina mas forte,
e campos inundáveis.
a goiaba. Serve para fazer
chá é bom remédio contra
usada para cabos de
doces. Já é cultivada em
diarréia.
utensílios.
vários países como frutífera.
Comida de aves.
BURITI
Palmeira freqüente apenas
Com o fruto faz-se o famoso
na parte nordeste e sudeste doce de buriti. É alimento
do Pantanal.
CARANDÁ
O fruto é rico em caroteno
(pró-vitamina A).
de araras.
O nome vem do guarani
O caule maduro é uma madeira
“carandaí”, que significa
durável para poste na água e
palmeira da água. É uma
boa para curral e construções;
espécie do Chaco, do mesmo
não pega cupim, sendo
gênero da carnaúba do
exportada pelo Paraguai
Nordeste. Forma o carandazal,
como laminado decorativo.
em solos ricos em calcário ou
O melhor chapéu de palha
em sal.
é feito com esta folha, hoje
importado do Paraguai. O
cacho é usado como vassoura.
65
ESPÉCIE
O QUE É
CAMBARÁ
FIGUEIRA
USO MEDICINAL
OUTROS USOS
Árvore amazônica, de tronco
Casca usada para xarope
Madeira usada para escavar
reto. A árvore nova é sensível
contra tosse, febre, bronquite a famosa canoa pantaneira
ao fogo, depois cria casca
e até pneumonia, quando não e para caibros e porteira
grossa. É uma das piores
há outro recurso no Pantanal, de varas.
invasoras de campos, fecha
sendo que já foi comprovado
tanto que nem ela própria
que contém princípios ativos
germina à sua sombra.
medicinais.
Árvore majestosa, das
USO NA ALIMENTAÇÃO
Alimento de bugios, morcegos O leite é vermífugo.
Madeira macia e leve, usada
matas e capões. Geralmente e aves (incluindo tucano),
para confeccionar gamelas e
nasce sobre acuri, depois
violas de cocho, da tradicional
sendo que algumas espécies
termina sufocando a palmeira. dão um figuinho adocicado,
dança do cururu.
comestível.
INGÁ
Árvore de beira-rio, com ramos Os estames das flores são
Casca com tanino, usada
pendentes por cima da água. comidos por aves. O fruto
como cicatrizante.
Flores visitadas por abelhas
adocicado é comestível e é ali-
e por beija-flores.
mento de peixes, bugios e aves,
que espalham as sementes.
PEQUI OU PIQUI Uma das maiores árvores do Fruta muito conhecida no
cerrado e que ocorre no
Centro-Oeste, apreciada no
Pantanal.
tradicional arroz com pequi e
matéria-prima para
frango com pequi, e para fazer
cosméticos. Madeira usada
o tradicional licor de pequi.
para cocho de sal.
A flor abre à noite e é
polinizada por morcegos, e,
quando cai, é comida por
antas e veados.
66
É a fruta com mais vitamina A O óleo da polpa serve para
que se conhece no mundo.
cozinhar, o da semente é
Quando alguém fica doente, a primeira coisa a fazer é chamar um médico.
Automedicar-se não é aconselhável e pode ser perigoso.
Mesmo o uso de plantas e ervas curativas deve ser receitado por profissionais de saúde.
AT
E
N
Ç
!
ÃO
AS
PA STAGENS N ATI VA S
A vegetação do Pantanal continua 90% preservada,
mesmo com mais de 200 anos de ocupação do solo com bovinos.
As pastagens nativas são a maior riqueza do Pantanal e sustentam o gado, hoje calculado em três
milhões de cabeças. Os bovinos não destroem o Pantanal porque existe muito mais capim do que o
necessário para os animais nativos.
A vegetação do Pantanal continua natural em 90% da área, mesmo com mais de 200 anos de ocupação do solo com bovinos, porque a pecuária é baseada em pastagens nativas inundáveis.
Somente ao redor de sedes de fazenda, em roças, pastagens cultivadas e em beira de estrada
há plantas exóticas, como capim-amargoso, caruru-de-espinho e mamona, mas que não invadem
áreas alagáveis. Estas pastagens cultivadas concentram-se na parte leste do Pantanal, que é mais
EXÓTICA Não nativa, estrangeira.
seca, e em áreas de cerrado desmatado.
Gado sobre pastagem nativa
67
TRABALHANDO COM O TEMA
COMO VIMOS NO PROGRAMA
e nos textos anteriores deste capítulo, a flora está presente de di-
versas formas no nosso dia-a-dia, portanto necessita ser observada, percebida, entendida e
estudada por diferentes ângulos, com a contribuição de muitos campos de conhecimento.
Desta forma, poderemos ter compreensão da multiplicidade, da importância e do impacto da
flora em nossas vidas.
Um bom ponto de partida para desenvolver um projeto, uma aula ou uma atividade é elaborar perguntas,
buscando incentivar a curiosidade e a necessidade de saber e pesquisar mais. Para isso é necessário
formular questões sobre a realidade. Perguntas que permitam o exercício da reflexão, da observação do
mundo, do questionamento e formulação de novas perguntas. A relação entre os elementos da Natureza se aprende observando o meio, e esta descoberta permite a construção de novos valores e atitudes.
“Uma capacidade importante a ser desenvolvida nos alunos é a de, ao observar determinado fenômeno, perceber nele relações e fluxos, no espaço e no tempo.”1
Por exemplo, ao observar um fruto como o coquinho de bocaiúva, mencionado tantas vezes no vídeo,
perguntar-se de onde vem, por onde passou e aonde chegará?
O coquinho representa um estágio temporário no ciclo da bocaiúva:
é o fruto que permite à semente germinar,
que gera uma árvore,
que terá uma flor,
que germinada originará um fruto
que permitirá que outra semente germine etc.
Além desse, de que outros ciclos ele faz parte? Que outros organismos dependem desse pequeno fruto para completar seus ciclos? Pássaros e outros animais o usam como alimento. Pequenas larvas de
68
insetos se desenvolvem em seu interior, aparentemente protegidas. Fungos, bactérias e outros organismos necessitam dessa energia para dar prosseguimento aos seus ciclos. Às vezes, para um ciclo se
completar, é necessário que outros não se completem. Quais outros ciclos são apresentados no programa? Como o ser humano participa ou interfere nestes ciclos? Refletir sobre as conseqüências disto a
longo e curto prazos. Correlacionar os assuntos do programa e, assim, perceber quão intricada é essa
dinâmica, onde muitos ciclos se relacionam, e as conseqüências do rompimento deste equilíbrio.
Esta prática tem como objetivo estimular a percepção dos inter-relacionamentos, criando espaços
onde professores e alunos possam, como indivíduos, aprender através de experiências concretas.
O processo de aprendizagem iniciado por essas perguntas fica mais rico quando pontuado por ações
de registro e reflexão sobre o que se observou e descobriu. “Mediados por nossos registros armazenamos informações da realidade, do objeto em estudo, para poder refleti-lo, pensá-lo e assim
aprendê-lo, transformá-lo, construindo o conhecimento antes ignorado.”2
É importante, ao estimular o registro, incentivar a diversidade de formas de expressão e criar espaços para a socialização das descobertas, opiniões e propostas. Existem várias formas de se registrar
utilizando diferentes linguagens (desenhos, maquetes, cartazes, redações, poemas, músicas...). As
sugestões que levantaremos podem servir como provocadoras de idéias e caminhos, caberá a cada
educador, junto com os alunos e a equipe de trabalho, construir e decidir sobre como conduzir projetos com o tema Flora pantaneira.
1 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS.
Secretaria de Educação Fundamental.
Brasília, MEC/SEF, 1997, vol. Meio Am-
As propostas que se seguem têm como objetivo a concretização do processo de pesquisa, debates e
biente, p. 59.
elaboração de atividades, valorizando o fazer coletivo e a participação dos saberes comunitários.
2 WEFFORT, M. F. “Importância e
Elas ganham um real valor quando incorporadas a um projeto de trabalho que estabeleça metas e ob-
função do registro escrito, da re-
jetivos próprios. Na primeira proposta, apontamos algumas etapas possíveis de encadeamento do
flexão”. In: Observação, registro e
trabalho seguindo a metodologia apresentada na primeira parte do Caderno do Professor volume 1.
reflexão, instrumentos metodoló-
O professor deve estar atento às necessidades e prioridades do grupo, podendo e devendo criar ou-
gicos. Espaço Pedagógico, São Paulo,
tras atividades e caminhos.
1996, p. 41. (Série Seminários.)
69
E TA PA S A P Ó S A S SISTIR AO PRO GR A M A
CONFECÇÃO
DE LI VROS DE RECEITA
QUE TENHAM COMO BA SE ESPÉCIES DA FLORA LOC AL
Iniciar o trabalho perguntando aos alunos o que eles viram no programa, quais os temas abordados,
suas dúvidas e colocações. O professor pode enriquecer o debate com questões tais como: A flora está
presente na nossa vida de que forma? (Escrever no quadro-negro, cartolina ou papel pardo as idéias dos
alunos.) Quais dessas formas são vitais para nossa sobrevivência? (Produção de alimento para o homem e para os animais – cadeia alimentar; habitação do homem e dos animais; manutenção do clima,
ciclo da água, qualidade do ar/oxigênio, fixação do carbono etc.). Quais são as espécies da flora local
que estão presentes na nossa alimentação? De que forma costumamos prepará-los para as refeições?
Propor que cada aluno pesquise em casa ou na vizinhança “receitas de família” (observar: ingredientes, quantidades, formas de preparo) e trazer escritas para a aula.
Organizar uma leitura das receitas em sala de aula.
Listar quais foram os elementos da flora local que surgiram nas receitas.
Levantar algumas questões tais como: Quais eles já conheciam? Quais não? Se sabem a origem e o
significado dos nomes? Se estes elementos têm o mesmo nome em outras localidades?
Quais receitas são consumidas no dia-a-dia, quais são em dias especiais? Os temperos também são
parte da flora? A comida fica boa sem tempero? Quem tem horta ou plantação em casa? Quais os cuidados necessários para se cultivar?
Propor uma pesquisa em grupo em que cada um deverá escolher uma das frutas ou legumes da região e realizar um levantamento de locais de plantação ou colheita. Quais as condições necessárias
para o seu desenvolvimento? São orgânicas ou levam agrotóxicos? Que tipos de cuidados, ou não, os
agricultores locais têm com o solo, visando a conservação da sua qualidade e, conseqüentemente, a
garantia de produção de alimentos a longo prazo? Que outro animal se alimenta dele (cadeia alimentar)? Quais são suas fases de crescimento? Qual a importância da água neste processo? Como os
alimentos chegam até nós? Onde são vendidos e por quem? Existe desperdício de alimentos nesse
percurso? Por que não devemos deixar de comer frutas e legumes? Aproveitamos dos alimentos tudo o que eles podem nos fornecer ou os subaproveitamos? Caso seja possível, os grupos podem
realizar visitas de campo, entrevistando os agricultores e os vendedores locais.
70
Socializar os resultados das pesquisas com a turma, em seguida propor um debate estimulando a
percepção da existência de problemas que os alunos possam ajudar a resolver.
Realizar uma exposição dos resultados da pesquisa para a escola, junto com o lançamento do livro
de receitas.
QUANTO À EXPOSIÇÃO
Decidir como serão organizados e apresentados os temas.
Produzir os materiais escolhidos (cartazes, murais desenhos, maquetes, mudas de plantas etc.).
QUANTO AO LIVRO
Observar livros e formas diferentes de registrar receitas.
Escolher a estrutura básica do livro.
Corrigir, com a turma, os possíveis erros de português nas receitas.
Decidir o tipo de papel (tamanho, cor etc.), de caneta (esferográfica, lápis de cor etc.), encadernação
(grampo de papel, espiral, fita de pano, barbante etc.), ilustração (fotografia, desenho, colagem etc.).
Decidir onde colocar os elementos (local nas páginas).
Confeccionar o livro.
Para marcar o lançamento do livro e a inauguração da exposição, pode-se realizar uma pequena degustação de algumas receitas, realizadas na escola ou pelos pais, conforme a realidade de cada local.
Para o desenvolvimento desta proposta precisamos trabalhar em conjunto com diferentes áreas do
conhecimento e articular conceitos e conteúdos de diversas disciplinas. Escolhemos seguir um caminho, o da alimentação. Cada grupo poderia desenvolver um dos outros aspectos citados pelos
alunos como resposta à primeira pergunta: “A flora está presente em nossa vida de que forma? Lembrar que os produtos finais devem estar ligados ao tema.”
71
OUTRA
SUGESTÃO
CONSTRUÇÃO
DE UM NINHO DE PA S S ARINHO
PERGUNTAR Quem lembra da cena do ninho do João Graveteiro? Quem já viu um ninho? O que é?
Quais as suas funções? Quem sabe como se constrói um? Vamos experimentar construir um com
gravetos? Pedir que os alunos tragam gravetos para a sala de aula. Propor a construção de um ninho
em grupo. Observar as maneiras de equilibrar os gravetos, formas de encaixe e resistência da construção. Refletir sobre a importância destas questões. Observar nossas atitudes quando estamos
brincando, trabalhando, catando lenha, colhendo frutas etc. Prestamos atenção às plantas? Qual a
importância dos animais para a manutenção da flora? Qual seu papel no ciclo de reprodução das espécies vegetais? Que outros animais utilizam elementos da flora na construção de suas casas?
Como construímos nossas casas? Que tipos de materiais usamos? Quais são os materiais que são
elementos da flora? Como realizamos a sua extração? Observar as formas onde o corte respeita as
orientações para aproveitamento e preservação das espécies locais, conhecidos como manejo sustentado (ver o capítulo “Reserva da Biosfera”).
CONSTRUIR
JOGOS E BRINC ADEIRA S COM ELEMENTOS DA FLORA LOC AL
PERGUNTAR Quem se lembra de ter visto no vídeo os meninos jogando? Jogavam o quê? Como? Al-
guém já conhecia esse jogo? Que outros jogos utilizam elementos da flora? Propor uma pesquisa
com os familiares e na comunidade sobre os jogos que fizeram parte da infância deles. Que jogos poderiam ser recriados a partir de espécies locais (jogo da velha, dominó, escravo de Jó etc.)? Produzir
os jogos e as regras. Organizar um dia para a escola vivenciar essas brincadeiras (distribuir as regras
realizadas pelos alunos).
72
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFIC A S
POTT, A. & POTT, V. Plantas do Pantanal. Brasília, Embrapa, 1994, p. 320.
POTT, V. & POTT, A. Plantas aquáticas do Pantanal. Brasília, Embrapa, 2000, p. 404.
SILVA, J. A.; SILVA, D. B.; JUNQUEIRA, N. T. & ANDRADE, L. R. M. Frutas nativas dos cerrados. Brasília, Embrapa,
1994, p. 166.
73
A FAUNA PANTANEIRA
5
A diversidade de biomas contribui para diversidade da
fauna pantaneira.
Tuiuiús, garças, tucanos, araras-azuis são algumas das
mais de 650 espécies de aves presentes no Pantanal.
Os mamíferos também são muitos: capivaras, tamanduás,
ariranhas estão por toda a planície, ao lado de outras
espécies, algumas já quase extintas no território
brasileiro, como a onça-pintada e o veado-campeiro.
E mais: jacarés, teiús, lagartos e cobras, algumas
gigantescas como a surucucu.
Sapos e pererecas, peixes, borboletas, milhares de
famílias de insetos e invertebrados.
A conservação da fauna é essencial para a preservação
da região.
SINOPSE DO VÍDEO
Léo e Dito acordam cedo e comem apressados. Tio João brinca: “Deu cupim na cama?” Eles explicam
que não, que acordaram cedo para caçar.
Tio João lembra que é proibido caçar no Pantanal, mas eles explicam que vão caçar imagens, levando
máquinas fotográficas.
Os dois pegam seus cavalos e vão dar uma volta para filmar os animais.
Vêem seriemas, filhotes de jacarés, pássaros.
Léo encosta numa árvore e é mordido por formigas e Dito fala que são as formigas novateiras.
Filmam também jaçanãs, bem-te-vis e vão tomar banho de rio.
Na volta, descobrem que os cavalos se soltaram e eles têm que voltar a pé. Durante a caminhada, por
sorte, acabam encontrando tia Neiva – bióloga do Projeto Arara Azul que fala sobre seu trabalho. Léo
grava seu depoimento, enquanto fazem um lanchinho. Tia Neiva dá uma carona aos meninos.
Na fazenda, eles encontram com tio João, que fala sobre a relação entre o gado e os animais pantaneiros, sobre o desenvolvimento da consciência ecológica e de animais que estão em extinção.
76
CONTEÚDOS DO VÍDEO
Jaca r é do Pa nta na l
Cou rei ros e a f i sca l izaç ã o
A s aves
For m igas novatei ras
Onç a - pi ntada
Pei xes e ca rdu mes
A cadeia a l i menta r e a teia a l i menta r
A s a ra ras- az u i s
A n i ma i s em ex ti nç ã o
O gado bov i no e ou tros a n i ma i s
I mpor t â ncia ecol ó g ica das esp é cies
EXPLORANDO OS CONTEÚDOS
Onça-parda
Nas próximas páginas, selecionamos algumas espécies animais que podem ser encontradas no Pantanal. Vamos fazer um verdadeiro “safári fotográfico”.
AVE S
O Pantanal é bastante rico em aves. Estudos recentes atualizam a lista de aves em cerca de 650 es-
CADEIA ALIMENTAR É o processo da
pécies. Estudos posteriores poderão acrescentar mais espécies a esta lista. As aves estão
natureza em que um ser vivo se
relacionadas com um ou mais tipos de ambientes, que aqui denominaremos de habitat.
alimenta do outro.
ENDÊMICA Espécie nativa que
ARARA-AZUL Na região do Pantanal existem pelo menos 24 espécies de aves da família das araras, dos
ocorre somente numa determi-
papagaios e periquitos. Estas aves, características de florestas tropicais, alimentam-se principalnada área geográfica.
mente de frutos, tendo um papel importante na dispersão de sementes de algumas espécies
vegetais, como a figueira e a embaúba, para outras áreas. A arara-azul, um dos símbolos do Pantanal,
é o maior representante deste grupo de aves.
Atualmente, esta espécie está sob a proteção de organizações governamentais, nãogovernamentais, universidades etc., que desenvolvem projetos com o objetivo de
preservá-la. Estes projetos já estão colhendo bons resultados, conseguindo reduzir
o contrabando de araras-azuis jovens e adultas, vendidas a zoológicos e lojas de animais, e aumentando a conscientização das comunidades rurais pantaneiras quanto
à conservação de florestas nas quais ocorrem a árvore manduvi. O manduvi, além de
servir de alimento para as araras-azuis, serve também para que estas aves façam seus ninhos. Os frutos
das palmeiras acuri e bocaiúva são também ótimos alimentos para as araras, papagaios e periquitos.
TUIUIÚ Ave símbolo do Pantanal. Os tuiuiús vivem em bando, são carnívoros, co-
mem peixes e até partes de animais mortos. Assim como os urubus, os tuiuiús
colaboram para o controle da propagação de doenças de animais mortos, com sua
função de predador de topo da cadeia alimentar, controla populações de peixes e
outros vertebrados e invertebrados. Estas aves não apresentam problemas imediatos de conservação no Brasil, porém, na América Central, suas populações vêm
diminuindo muito. Nos últimos anos foram registrados poucos casais com filhotes. O Pantanal é uma região importante para a conservação dos tuiuiús, pois é um dos locais onde as populações destas aves
ainda são muito numerosas.
PAVÃOZINHO-DO-PARÁ O pavãozinho-do-pará é uma espécie relativamente comum
no Pantanal. Contudo, é difícil de ser observada, pois anda com movimentos discretos e lentos às margens de corixos, baías e rios. É uma ave muito sensível às
mudanças ambientais provocadas pelo homem. A construção de estradas, a derrubada de floresta e a implantação de pastos cultivados próximos a cursos de água
produzem mudanças na qualidade da água. Estes efeitos negativos eliminam muitos animais aquáticos, como mosquitos, larvas e pequenos peixes que são importantes na dieta
alimentar do pavãozinho. Quando a alteração ambiental é muito brusca esta ave abandona sua área de
alimentação em busca de novos locais, o que pode deixá-la mais vulnerável à ação de predadores.
79
CHORORÓ-DO-PANTANAL O chororó-do-pantanal é praticamente a única espécie de ave endêmica do Pan-
tanal, habita as matas secas e as matas de galeria da região. Apesar desta espécie estar entre as famílias
com maior número de espécies de pássaros no Pantanal, sua ecologia ainda é pouco conhecida.
MAMÍFEROS
CERVO-DO-PANTANAL É o maior dos cervos da América do Sul. Pode atingir 150 kg
e um metro e vinte de altura (mais o pescoço e a cabeça). Habita locais periodicamente inundados, como várzeas e cerrados. O cervo-do-pantanal foi muito
procurado como troféu, até a proibição da caça em 1967. A lei aparentemente
atenuou a pressão sobre eles. Hoje, estima-se uma população de cerca de 36
mil animais. Como todos os outros cervos, é um animal herbívoro, alimentandose principalmente de pasto ou outras gramíneas.
ONÇA-PINTADA Já teve presença maior na região. Porém, ainda é possível encon-
trar grandes populações, como na sub-região de Miranda. A onça-pintada é um
animal carnívoro, alimentando-se principalmente de médios e pequenos animais, incluindo mamíferos, aves, répteis e peixes.
TAMANDUÁ-BANDEIRA É considerado espécie ameaçada, porém, como é difícil con-
tar os indivíduos, não dá para estimar sua população e confirmar o grau de
ameaça. São animais solitários e utilizam muito as áreas de florestas. Os tamanduás não possuem dentes; seu focinho é alongado como um tubo e seus olhos
são muito pequenos. Sua língua é comprida e coberta com uma saliva viscosa, o
que lhe permite atingir os formigueiros e cupinzeiros, seu alimento obrigatório.
CAPIVARA Considerada um dos mamíferos símbolo do Pantanal, a capivara é um
animal essencialmente herbívoro, alimentando-se principalmente de plantas
aquáticas. Levantamentos feitos na região indicaram que este roedor está
amplamente distribuído em todo o Pantanal. O número de grupos está na ordem
de 76.500, sendo que as maiores densidades foram registradas ao longo do rio
Negro e nas proximidades do rio Taquari, nos pantanais do rio Negro,
Nhecolândia e Paiaguás.
ARIRANHA A ariranha é um animal tipicamente carnívoro, alimentando-se princi-
palmente de pequenos roedores e peixes. A ariranha é muito exigente em relação
ao seu habitat, não tolerando muitos distúrbios ambientais e águas poluídas.
Foi muito perseguida em função da qualidade da sua pele. Com as leis de proteção e a efetiva presença da fiscalização, as populações dessa espécie se
recuperaram. Atualmente, são vistas em grupos com muito mais freqüência, nas
sub-regiões de rio Negro e de Nabileque, o que indica uma recuperação das populações em toda a região.
80
RÉPTEIS
JACARÉ-DO-PANTANAL O jacaré-do-pantanal é um dos animais vertebrados mais
abundantes da planície. Sua população chega a mais de uma dezena de milhões
em todo o Pantanal. As maiores densidades se encontram nas proximidades do
rio Taquari, na sub-região de Nhecolândia, e próximo ao rio Negro, na sub-região
do rio Negro. Ocupam habitats diversificados: nos meses de cheias (janeiro a junho), procuram por campos inundados e outros habitats temporários; durante a
seca, são mais encontrados em habitats permanentes (rios, baías, lagoas). O jacaré tem sido apontado como tendo grande potencial econômico para a indústria de couro e/ou para a
alimentação humana. Mesmo proibida, a sua caça continua sendo feita clandestinamente.
GADO BOVINO E A S PRINCIPAIS E SPÉCIE S INTRODUZIDA S
AL
O
R
!
TA
cipais são o gado bovino, que em sua versão selvagem são denominados de boi-baguá, o porco-monteiro,
Os principais fatores de
que é o porco doméstico que se tornou do mato, e o cavalo pantaneiro, que sofreu uma forte seleção
ameaça à biodiversidade:
natural adaptando-se às condições adversas do ambiente, como são as secas e cheias anuais.
E
ANIMAIS EM EXTINÇÃO
As espécies introduzidas no Pantanal já convivem com a fauna nativa há pelo menos 250 anos; as prin-
Erosão provocada pela descida
das águas do planalto
O porco-monteiro é mais abundante na sub-região de Aquidauana, e nas áreas menos inundáveis da
sub-região da Nhecolândia e do Paiaguás.
Introdução de espécies exóticas
Mineração de ouro (ao norte)
O búfalo é a mais recente espécie de mamífero introduzida. Os registros de introdução não superam
Pesca predatória
os cem anos. Atualmente, sua população mínima estimada é de cerca de 5.100 búfalos. A sua criação
Turismo desordenado
está localizada mais nas bordas da planície.
Obras de engenharia civil sem
planejamento ambiental
O gado bovino é encontrado em todas as regiões, seja o grupo indiano, o mais recente e freqüente,
Desmatamento
seja o grupo europeu, trazido para a região há quase 250 anos.
Gado bovino em harmonia
com outras espécies
81
OS
CRIADOUROS ARTIFICIAIS DE ANIMAIS
Os estudos sobre a fauna da região indicam que ela é composta por espécies oriundas de biomas vizinhos. As espécies penetram no Pantanal acompanhando o sentido dos grandes rios. As espécies
amazônicas utilizam o rio Paraguai como via de acesso, enquanto as espécies do cerrado valem-se
dos rios que correm no sentido leste-oeste, como o Piquiri, Taquari, Negro e Aquidauana.
A planície pantaneira pode ser caracterizada pela abundância de algumas espécies da fauna e da flora, de reconhecido valor econômico. Entretanto, praticamente a única atividade econômica
desenvolvida na planície é a pecuária, cuja rentabilidade é relativamente baixa, devido às baixas taxas de produção animal e pouca utilização de tecnologias modernas.
A diversificação dos meios de produção da planície, a partir da utilização sustentada de seus recursos naturais, pode representar uma estratégia importante para o desenvolvimento socioeconômico
e conservação da região. A utilização de populações naturais das espécies nativas pode atribuir valor econômico adicional aos habitats da planície, e não representa nenhum prejuízo ou agressão
ambiental, assim como não contraria qualquer princípio legal, ecológico ou conservacionista.
A fauna nativa do Pantanal oferece grande oportunidade de diversificação agropecuária, além de poder ser utilizada como atrativo turístico para essa região considerada patrimônio da humanidade.
Para isso, deve-se viabilizar soluções tecnológicas para o desenvolvimento sustentável do agronegócio do Pantanal, por meio da geração, adaptação e transferência de conhecimentos e tecnologias, em
benefício da sociedade.
No que se refere à criação em cativeiro, as emas, por exemplo, são relativamente fáceis de se criar
em regime semi-aberto. Atualmente, já existem criadouros de emas, sobretudo nos estados de Minas
Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná, o que pode contribuir para a sua conservação e reintrodução em áreas onde foram extintas.
A
FAUNA E O REGIME DA S ÁGUA S
Como tudo no Pantanal, a fauna é afetada pela variação de cheias e secas.
Com estas idas e vindas das águas, algumas espécies de animais são beneficiadas em detrimento de outras.
ESPÉCIES BENEFICIADAS DURANTE PERÍODOS MAIS SECOS
• Todas aquelas que ocorrem no cerrado brasileiro, como o lobo-guará, tatu, veado-campeiro, tamanduá-bandeira, perdizes, emas, tuiuiús e outras aves que se alimentam dos peixes mortos
com a seca dos rios etc.
ESPÉCIES BENEFICIADAS DURANTE PERÍODOS MAIS ALAGADOS
• Entre estas espécies constam aquelas que dependem de áreas inundadas e ambientes aquáticos em
geral para a sua sobrevivência, como é o caso das capivaras, jacarés-do-pantanal e cervos-do-pantanal.
82
IMPORTÂNCIA
ECOLÓGIC A DA S ESPÉCIES
Muitas espécies possuem também grande importância ecológica. Essa importância às vezes sequer é de conhecimento público, e as espécies conhecidas não são adequadamente divulgadas. Leia abaixo como alguns dos animais
presentes no Pantanal atuam promovendo o equilíbrio ambiental:
ANIMAL
HÁBITOS
IMPORTÂNCIA ECOLÓGICA
ANTA
Muitos frutos do Cerrado possuem grandes
São eficazes agentes dispersores,
sementes, que passam intactas pelo trato
por exemplo, do jatobá.
digestivo das antas. Estas sementes são depo-
As sementes já vêm com adubo.
sitadas juntamente com grandes quantidades de
estrume, em locais muito afastados das plantas
produtoras onde os animais consumiram os frutos.
MORCEGO
ANU
Frugívoros em sua maioria, os morcegos
Há espécies potencialmente dispersoras
alimentam-se de grande variedade de
de sementes, polinizadoras,
frutos e frutas.
e de importância médico-sanitária.
Aparecem em áreas secundárias de pastagens
Os anus nunca ocorrem dentro de florestas
e plantações. Alimentam-se de lagartos,
primárias. Sua presença em maior ou menor
pequenas cobras, sapos, besouros, formigas,
número pode indicar o grau de alteração de
baratas e até pequenos frutos.
habitats naturais. Quanto mais anus, maior o
grau de alteração do ambiente.
BEIJA-FLOR
Alimentam-se do néctar de centenas de
Estas aves, visitando flores de diferentes
espécies de árvores, arbustos, orquídeas,
árvores de uma mesma espécie, contribuem
bromélias e antúrios. Durante a noite dormem
para que o pólen de uma flor, preso em seu
em arbustos à beira dos rios, podendo ser
bico, testa ou garganta, seja depositado no
comidos por cobras e corujas.
estigma de uma flor feminina de outra planta.
Este mecanismo garante a fecundação e
reprodução de muitas espécies vegetais,
contribuindo para a redução da taxa de extinção
local de espécies, ao garantirem o entrecruzamento
genético entre as plantas de uma mesma população.
BIGUÁ
Os biguás são aves predadoras de peixes,
Como necessitam de águas limpas para se alimentar
ocupando o topo da cadeia alimentar dos
são considerados indicadores biológicos de poluição.
ambientes aquáticos onde vivem.
O acompanhamento de suas populações é uma forma
Normalmente, nidificam em colônias associadas de monitorar a alteração da qualidade de
com as das garças e cabeças-secas.
ambientes aquáticos em conseqüência de
atividades de degradação ambiental, como
desmatamentos e uso de agrotóxicos.
83
ANIMAL
HÁBITOS
IMPORTÂNCIA ECOLÓGICA
JAÇANÃ
Estas aves ocorrem praticamente em todo o
Podem contribuir para manter as populações de
Pantanal e podem ser observadas caminhando
insetos em baixas densidades, pois são eficientes
sobre as plantas aquáticas ou nas margens
predadoras das larvas que vivem nas raízes das
de corixos, baías e rios. São dependentes da
plantas aquáticas.
vegetação flutuante para sua reprodução, pois
não constroem ninhos, depositam diretamente
seus ovos sobre as folhas das plantas aquáticas.
CARÃO
Ave aqüícola que come centenas de caramujos
Elimina várias espécies de caramujos que
por dia, ocorrendo em qualquer lugar onde
podem ser vetores de doenças tropicais, como a
haja águas rasas.
esquistossomose, e serve de alimento para
jacarés, sucuris e gaviões, participando
da cadeia alimentar.
CORUJA
São aves predominantemente noturnas e
As espécies que são insetívoras ingerem uma
predadoras de ratos, morcegos, pequenos
grande quantidade de insetos por dia, podendo
pássaros, lagartos, grandes insetos e sapos.
contribuir indiretamente para a redução do impacto
destes nas vegetações naturais e
monoculturas produzidas pelo homem.
GARÇA-VAQUEIRA Estas espécies de garça são insetívoras e
Podem contribuir indiretamente para a
GARÇA-REAL E normalmente encontradas nos ambientes
manutenção de pastagens, por manterem em
MARIA-FACEIRA aquáticos do Pantanal.
baixas densidades as populações de insetos
consideradas pragas para a agricultura.
INHAMBU E
Aves terrestres que se alimentam de insetos,
Como as sementes passam intactas pelo
MUTUM
frutos e sementes pequenas.
intestino, sendo eliminadas inteiras no solo,
estas aves tornam-se importantes dispersoras
de sementes. Indiretamente, contribuem para a
manutenção da regeneração natural das
florestas, bem como para a recuperação de
áreas degradadas que foram desmatadas.
PICA-PAU
Cavam buracos de diferentes tamanhos nas
Os ocos cavados pelos pica-paus são usados
árvores para construção de seus ninhos e sua
por dezenas de outras espécies de aves para a
dieta é constituída principalmente de insetos
reprodução, servindo também de abrigos para
como formigas e cupins.
mamíferos pequenos, como o caxinguelê e os sagüis,
contribuindo para a manutenção destas espécies.
84
ANIMAL
HÁBITOS
IMPORTÂNCIA ECOLÓGICA
TAIAMÃ
Concentra sua dieta em peixes pequenos e alevinos Atua como um importante regulador de
provavelmente doentes, porque estes nadam mais populações de peixes, pois contribui para reduzir
devagar e são mais facilmente comidos.
a propagação de doenças nestas populações.
TUCANO E
Aves frugívoras, se alimentam somente da polpa Estão entre os mais importantes dispersores de
ARAÇARI
de frutos de muitas plantas e regurgitam as
sementes na floresta, contribuindo para a
sementes.
manutenção da estrutura das comunidades de
plantas na floresta.
TUIUIÚ
Aves aqüícolas, comem peixes mortos e até partes Colaboram como controlador da propagação de
de animais atropelados nas estradas pantaneiras.
doenças de animais mortos, podendo ser
considerados também predadores do topo da
cadeia alimentar, controlando populações de
peixes e outros vertebrados e invertebrados.
Anta
85
TRABALHANDO COM O TEMA
COMO VIMOS NO PROGRAMA
e nos textos anteriores deste capítulo, a fauna está presente de
diversas formas no nosso dia-a-dia, portanto necessita ser observada, percebida, entendida e estudada por diferentes ângulos, com a contribuição de muitos campos do
conhecimento. Desta forma, poderemos ter compreensão da multiplicidade e da importância da fauna em nossas vidas.
Um bom ponto de partida para desenvolver um projeto, uma aula ou uma atividade é elaborar perguntas, buscando incentivar a curiosidade e a necessidade de saber e pesquisar mais. Para isso é
necessário formular questões sobre a realidade. Perguntas que permitam o exercício da reflexão, da
observação do mundo, do questionamento e formulação de novas perguntas. A relação entre os elementos da Natureza se aprende observando o meio, e esta descoberta permite a construção de
novos valores e atitudes.
“Uma capacidade importante a ser desenvolvida nos alunos é a de, ao observar determinado fenômeno, perceber nele relações e fluxos, no espaço e no tempo.”1
Ao refletir sobre a vida do jacaré, um dos animais que vimos no programa, observar por exemplo:
O ciclo de vida desse animal:
o ovo,
que gera um filhote de jacaré,
que cresce e se reproduz,
gerando um novo ovo...
Por quantos perigos esse animal passa em cada etapa de sua vida até chegar à fase adulta? Quantos
relacionamentos diferentes ele manterá de acordo com suas fases de crescimento? Quando está no
ovo, pode ser sufocado no ninho ou comido por um quati; filhote, pode ser predado por uma ave ou
outros jacarés... E quando adulto? Quais são as ameaças à vida de um poderoso jacaré?
Ao assistir no vídeo a seqüência:
animais muito pequenos, que alimentam
um peixinho, que alimenta
86
um peixão, que é o prato preferido do
jacaré, que é predado pela sucuri...
fica clara a interdependência entre esses animais. Muitas vezes, para o ciclo de um animal se completar, é necessário que outros não se completem. Cada um faz parte desse ciclo, muito mais do que
nossos olhos conseguem ver... Você já parou para pensar quantos parasitas e microorganismos se
desenvolvem à custa de cada um desses animais? Pois é, nesse caso a sobrevivência de um indivíduo representa a possibilidade de sobrevivência de milhares (milhões) de outros.
Que outros ciclos são apresentados no programa? Como o ser humano participa ou interfere nestes
ciclos? Refletir sobre as conseqüências disto a longo e curto prazos. Correlacionar os assuntos do
programa e, assim, perceber quão intricada é essa dinâmica, em que muitos ciclos se relacionam, e
as conseqüências do rompimento deste equilíbrio.
Esta prática tem como objetivo estimular a percepção dos inter-relacionamentos, criando espaços nos
quais professores e alunos possam, como indivíduos, aprender através de experiências concretas.
O processo de aprendizagem iniciado por essas perguntas fica mais rico quando pontuado por ações
de registro e reflexão sobre o que se observou e descobriu. “Mediados por nossos registros armazenamos informações da realidade, do objeto em estudo, para poder refleti-lo, pensá-lo e assim
aprendê-lo, transformá-lo, construindo o conhecimento antes ignorado.”2
É importante, ao estimular o registro, incentivar a diversidade de formas de expressão e criar espaços para a socialização das descobertas, opiniões e propostas. Existem várias formas de se
registrar utilizando diferentes linguagens (desenhos, maquetes, cartazes, redações, poemas, músicas...). As sugestões que levantaremos podem servir como provocadoras de idéias e caminhos,
caberá a cada educador, junto com os alunos e a equipe de trabalho, construir e decidir sobre como
conduzir projetos com o tema Fauna pantaneira.
1 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS.
Secretaria de Educação Fundamental.
Brasília, MEC/SEF, 1997, vol. Meio Ambiente, p. 59.
As propostas que se seguem têm como objetivo a concretização do processo de pesquisa, debates e ela-
2 WEFFORT, M. F. “Importância e
boração de atividades, valorizando o fazer coletivo e a participação dos saberes comunitários. Elas
função do registro escrito, da re-
ganham um real valor quando incorporadas a um projeto de trabalho que estabeleça metas e objetivos pró-
flexão”. In: Observação, registro e
prios. Na primeira proposta, apontamos algumas etapas possíveis de encadeamento do trabalho seguindo
reflexão, instrumentos metodoló-
a metodologia apresentada na primeira parte do Caderno do Professor volume 1. O professor deve estar
gicos. Espaço Pedagógico, São Paulo,
atento às necessidades e prioridades do grupo, podendo e devendo criar outras atividades e caminhos.
1996, p. 41. (Série Seminários.)
87
E TA PA S A P Ó S A S SISTIR AO PRO GR A M A
ANIMAIS
FANTÁSTICOS
-
APRE SENTAÇÃO TE ATRAL
Iniciar o trabalho perguntando aos alunos o que eles viram no programa, quais os temas abordados,
suas dúvidas e colocações. Quais os animais que foram apresentados no vídeo? Que outros animais
do pantanal eles conhecem? (Escrever no quadro-negro, cartolina ou papel pardo o nome dos animais lembrados pelos alunos.) Observar com eles as características físicas destes animais:
tamanho, formato, partes do corpo... Quais os hábitos destes animais? Onde eles vivem? Na terra?
Na água? No ar? Como eles se locomovem? Como e de que eles se alimentam? Como se reproduzem? Onde dormem? Que sons eles produzem? Com que outros animais eles se relacionam? Que
tipo de relacionamento eles estabelecem? Que relação eles estabelecem com os seres humanos e os
seres humanos com eles? Existe relação entre a estrutura física destes animais e seu ambiente?
A partir destas observações pedir que cada aluno escolha um animal.
Propor que eles andem pela sala. Pedir que lembrem das características destes animais. Que eles
tentem representar com seu corpo o animal escolhido. Como andam? Como se comportam? Que movimentos estes animais realizam ao descansar, caçar, se alimentar...? Qual o som que eles emitem?
Experimentar interagir com outros “animais” presentes na sala, começando por meio do olhar. Como
eles reagem quando em contato com outros animais? Depois de algum tempo o professor pode pedir
para que os alunos troquem de personagem com os colegas. Repetir isso algumas vezes de forma a
possibilitar que eles experimentem vários animais.
Distribuir para os alunos uma folha de papel em branco. Pedir que eles desenhem um animal composto com partes de diversos bichos, criando animais “fantásticos”.
A partir dos desenhos realizados, propor aos alunos a elaboração do perfil de cada um desses animais por escrito. Criando o nome, características físicas, descrição dos hábitos e relacionamentos.
Pedir que cada aluno traga de casa materiais diversos que possam ser utilizados na confecção de
fantasias como: sementes coloridas, gravetos, terra, folhas secas, flores colhidas no chão, casca de
tronco de árvore, palha seca, frutos secos e sucata variada (pedaços de espelho, objetos não utilizados, contas de colares, revistas, jornais, papéis, caixas de papelão, embalagens, retalhos com
texturas e cores diferentes etc.).
88
Reunir todo o material trazido pelos alunos e pedir que cada um utilize o que for necessário para a
confecção de sua fantasia. Durante o processo de confecção, as soluções encontradas no manuseio
do material podem ser trocadas entre os alunos.
Pedir que cada aluno experimente sua fantasia e vivencie o andar, os comportamentos criados para este animal, e pense em que ambiente estes animais estariam.
Dividir a turma em grupos de aproximadamente cinco alunos e propor que cada grupo elabore uma
história que tenha os animais “fantásticos” como personagens, para ser encenada.
Ensaiar as cenas, observando se existe algum elemento a ser confeccionado para auxiliar a ambientação.
Criar os elementos necessários.
Apresentar as cenas para os outros grupos.
Rever com toda a turma o que cada grupo poderia modificar na forma de interpretar sua história de
forma a torná-la mais clara, caracterizando melhor os personagens, o meio em que vivem etc. Os grupos, se quiserem, podem retrabalhar as encenações a partir das observações dos colegas e
mostrá-las às outras turmas da escola.
A apresentação para toda a escola pode ser acompanhada de uma exposição dos desenhos, dos
perfis dos animais “fantásticos” e da documentação do processo de trabalho.
Para o desenvolvimento desta proposta precisamos trabalhar em conjunto com diferentes áreas do conhecimento e articular conceitos e conteúdos de diversas disciplinas. Escolhemos seguir um caminho, a
observação dos animais, suas características, comportamentos, hábitos, as interações entre os animais
e o meio. O professor, junto com o seu grupo, pode escolher desenvolver outros aspectos da temática.
89
OUTRA
SUGESTÃO
COMPOSIÇÃO
DE UMA MÚSIC A OU HISTÓRIA AC UMUL ATI VA S ONORIZ ADA
PERGUNTAR AOS ALUNOS Quem lembra da cena em que aparece no programa um jacaré de boca aber-
ta no rio? O que ele estava fazendo? O que ele estava comendo? O que estavam fazendo os peixes
nadando contra a correnteza? Qual o alimento dos peixes pequenos? Que animal se alimenta dos
peixes pequenos? E este animal serve de alimento para que outro? Lembrar da música que começou
a tocar quando o menino pantaneiro e o primo voltaram a pé porque os cavalos tinham fugido. “Cadê
meu caminho, a água levou / Cadê meu rastro, a chuva apagou / E a minha casa, o rio carregou ...” Observar as semelhanças com aqueles versos que dizem: “Cadê o toucinho que estava aqui? O gato
comeu. E cadê o gato? Foi pro mato. Cadê o mato? O fogo queimou. Cadê o fogo? A água apagou. E cadê a água? O boi bebeu. E cadê o boi?” ... O professor pode propor aos alunos brincar um pouco com
a música e as imagens já citadas no programa: Cadê o peixinho que estava aqui? O peixe comeu. E cadê o peixe? O jacaré comeu. E cadê o jacaré que estava aqui? Foi pro mato. E quem ele encontrou no
mato? A surucucu. E cadê a surucucu? Depois propor à turma que brinque com esta seqüência rítmica acrescentando outros animais, seus hábitos e relacionamentos. Em seguida, a turma poderá
repetir a seqüência criada pelo grupo como uma história acumulativa. Na medida que a brincadeira vá
evoluindo, dividir a turma em dois grupos. Um grupo poderá falar, recitar ou cantar a história desenvolvida, enquanto que o outro irá sonorizar a história. Estes sons podem ser os sons dos animais,
sons do ambiente, sons que comentem as ações de maneira dramática. A turma pode combinar regras como: agora só poderemos fazer sons dos próprios animais, agora sons misturados... Lembrar
de outras músicas e cantigas que tenham essa estrutura acumulativa e cíclica. As músicas ou histórias criadas e sonorizadas podem ser apresentadas para outras turmas.
90
REFERÊNCIAS
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ARAÚJO, A.F.B. de. “Comunidades de lagartos brasileiros”. In: NASCIMENTO, L.B.; BERNARDES, A.T. & COTTA,
G. A. (eds.). Herpetologia no Brasil, 1. PUC/MG , Belo Horizonte, Fundação Biodiversitas / Fundação
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BERNARDES, A.T.; MACHADO, A.B.M.& RYLANDS, A. B. Fauna brasileira ameaçada de extinção. Belo
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necessárias e desenvolvimento de sistemas de produção mais adequados à região. Brasília,
Embrapa-DDT, 1984, 71 p. (Embrapa-DPP, Documentos, 7.)
91
AGRADECIMENTOS
PREFEITURAS E SECRETARIAS
Secretaria de Turismo de Rio Verde de Mato Grosso do Sul
Prefeitura Municipal de Poconé e Secretaria de Turismo e Meio Ambiente
Prefeitura Municipal de Aquidauana e Secretaria Municipal de Turismo
Secretaria de Meio Ambiente e Turismo de Cáceres
Prefeitura Municipal de Ladário
Gisella de Mello
Carla Mendes
CRÉDITOS FOTOGRÁFICOS
PÁG. 6, 11, 13, 15, 24, 28, 40, 47, 56, 60, 62, 67, 78 – Haroldo Palo Jr.
PÁG. 14, 74, 79 – Nobutaka Yukawa – Prefeitura Municipal de Poconé e Secretaria de Turismo e Meio Ambiente
PÁG. 16
fotos 1, 2, 4, 5, 6, 7 – Haroldo Palo Jr.
foto 3 – Nobutaka Yukawa – Prefeitura Municipal de Poconé e Secretaria de Turismo e Meio Ambiente
PÁG. 30 – Mário Friedländer – Prefeitura Municipal de Cáceres e Secretaria de Meio Ambiente e Turismo
PÁG. 33 – Renato Rodriguez Cabral Ramos
PÁG. 48 – Marcelo de Paula
PÁG. 49, 63 – Marcos Bergamasco / Agência Phocus
PÁG. 80
fotos 1, 4 – Sirnay Moro – Prefeitura Municipal de Aquidauana e Secretaria Municipal de Turismo
fotos 2, 3 – Nobutaka Yukawa – Prefeitura Municipal de Poconé e Secretaria de Turismo e Meio Ambiente
foto 5 – Kaspar Urs Burn – Prefeitura Municipal de Aquidauana e Secretaria Municipal de Turismo
PÁG. 81
foto 1 – Nobutaka Yukawa – Prefeitura Municipal de Poconé e Secretaria de Turismo e Meio Ambiente
foto 2 – Kaspar Urs Burn – Prefeitura Municipal de Aquidauana e Secretaria Municipal de Turismo
PÁG. 85 – Nobutaka Yukawa – Prefeitura Municipal de Poconé e Secretaria de Turismo e Meio Ambiente
COORDENAÇÃO DE CONTEÚDO
TAIAMÃ CONSULTORIA AMBIENTAL LTDA. – Marcia Panno
CONSULTORIA ESPECIALIZADA
Adriana Rodrigues MÚSICA
Arnildo Pott FLORA
Bernadete Lange RESERVA DA BIOSFERA
Emiko de Resende PESCA
Heitor Medeiros CULTURA
Isabel Noemi EDUCAÇÃO
Luiz Carlos Ribeiro CULTURA
Maria de Fátima Costa HISTÓRIA
Mário Cezar Silva Leite CULTURA
Mário Dantas GEOGRAFIA / ÁGUAS
Michèle Sato CULTURA
Moisés Amaral ECONOMIA
Rodney Mauro FAUNA
Sérgio Salazar Salvati ECOTURISMO
CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE Vilma Guimarães e Sílvia Finguerut
COORDENAÇÃO GERAL DO PROJETO Lucia Basto
PROJETO EDITORIAL E METODOLOGIA DO CADERNO DO PROFESSOR
Andréa Falcão
Ricardo Pontes
Daniel Buss CONSULTOR DE EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE
Helena Jacobina CONSULTORA DE EDUCAÇÃO
REDAÇÃO E EDIÇÃO DE MATERIAIS IMPRESSOS
SALA PRODUÇÕES – Ronaldo Tapajós e Giovanna Hallack
PRODUÇÃO E PESQUISA
SALA PRODUÇÕES – Tetê Sá, Guida Oliveira e Nina Quirogaus
REVISÃO FINAL
Sonia Cardoso
PROJETO GRÁFICO
19 DESIGN – Heloisa Faria e Hugo Rafael
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA
19 DESIGN – Hugo Rafael e Claudia Berger
CARTOGRAMAS
Maria do Carmo Dias Bueno
EDIÇÃO – Rômulo Lima
FOTOLITO
Rainer Fotolitos
IMPRESSÃO
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Este Caderno do Professor faz parte do kit do Projeto Tom do Pantanal, desenvolvido em conjunto por Furnas Centrais Elétricas, Instituto Antonio Carlos Jobim e Fundação Roberto Marinho.
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