caderno do professor
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CADERNO DO PROFESSOR 2 FURNAS CENTRAIS ELÉTRICAS PRESIDENTE Dimas Fabiano Toledo CHEFE DE ASSESSORIA DE ARTICULAÇÃO COM A SOCIEDADE DA PRESIDÊNCIA André Spitz COORDENADORA DO PROJETO Gleyse Peiter INSTITUTO ANTONIO CARLOS JOBIM PRESIDENTE Paulo Hermanny Jobim DIRETORA Vanda Mangia Klabin CONSULTORES Antônio Adolpho e Guilherme Rondon FUNDAÇÃO ROBERTO MARINHO PRESIDENTE Roberto Marinho DIRETOR GERAL José Roberto Marinho SECRETÁRIO GERAL Hugo Barreto SUPERINTENDENTE EXECUTIVO Nelson Savioli GERENTE GERAL DE PATRIMÔNIO E MEIO AMBIENTE Sílvia Finguerut GERENTE DE PROJETO Lucia Basto COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO Melissa Martins GERENTE GERAL DE EDUCAÇÃO, IMPLEMENTAÇÃO E MOBILIZAÇÃO Vilma Guimarães GERENTE DE IMPLEMENTAÇÃO Maria Elisa Mostardeiro COORDENAÇÃO DE IMPLEMENTAÇÃO PEDAGÓGICA Ricardo Pontes COORDENAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS Andrea Falcão APOIO TÉCNICO WWF – Brasil APOIO Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), Governo do Estado do Amazonas, Governo do Distrito Federal, Governo do Estado de Goiás, Governo do Estado de Mato Grosso, Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, Governo do Estado de São Paulo, Governo do Estado do Paraná, Governo do Estado de Tocantins CADERNO DO PROFESSOR SUMÁRIO LIVRO 2 1 GEO GR A F I A 6 2 A S Á GUA S DO PA N TA N A L 24 3 R E S E R VA DA BIOS FE R A 40 4 A FLOR A PA N TA N E IR A 56 5 A FAU N A PA N TA N E IR A 74 LIVRO 3 6 A PE S C A NO PA N TA N A L 6 7 ECOT U RIS MO 22 8 O PA N TA N A L E S UA HIST Ó RI A 38 9 A CU LT U R A PA N TA N E IR A 58 10 ECONOMI A 76 GEOGRAFIA 1 Dê uma olhada no mapa. Repare no tamanho do Pantanal. Localizado bem no centro da América do Sul, o Pantanal tem uma geografia única. São aproximadamente 200.000 quilômetros quadrados de terras planas, muita água e uma excepcional diversidade de ecossistemas. Neste capítulo você vai conhecer um pouco sobre a geografia física do Pantanal – sua localização geográfica, a formação do seu relevo e seus tipos de solos. PANTANAL SINOPSE DO VÍDEO Léo, um menino do Rio de Janeiro, e seu primo Dito, que mora no Pantanal, trocam cartas. Léo conta sobre sua rotina na cidade e Dito fala de sua vida na fazenda. Léo avisa que vai passar as férias no Pantanal. Léo viaja para o Pantanal, para a fazenda do seu tio João e de seu primo Dito, onde vai passar as férias. Logo na chegada, eles dão uma volta pela região. Léo diz que quer ser repórter e já carrega sua câmera. Comenta que vai registrar todos os momentos da viagem. Tio João provoca o sobrinho para ver se ele vai ter coragem para acompanhá-los no mato. Neste passeio conseguem ver uma anta. Antes de chegar à sede da fazenda, fazem uma parada. Tio João pega um mapa, mostra onde eles se encontram e fala sobre os limites do Pantanal, suas diferentes sub-regiões e os diferentes biomas. É hora do lanche. Eles se deliciam com o super-lanche, típico do Pantanal, trazido na matula. Na volta, Léo se encanta com as belezas, diz que já havia até se esquecido. O primo esclarece que o Pantanal muda de aparência dependendo das chuvas. Chegando à fazenda, encontram com tio Haroldo, que é fotógrafo e documentarista da região. Conversam sobre as novidades e tio João apresenta o sobrinho. Dito e Léo saem com ele para dar uma volta e conversam sobre os espaços abertos do Pantanal. Haroldo dá para os meninos dicas sobre fotos e sobre o solo, o relevo e a temperatura do Pantanal. Os meninos e Haroldo tomam café. Haroldo dá um montão de fitas de vídeo para os dois. Léo e Dito resolvem sair sozinhos para procurar onças e filmá-las. E o pior é que encontram. As onças se aproximam. Léo fica tão apavorado que se joga no rio. Ao final do programa, eles acabam confessando tudo para o tio João, que dá bronca mas se interessa pela história dos dois. Afinal, “a primeira onça a gente nunca esquece!” Os três assistem ao vídeo de Léo, que confessa ter sentido medo. 8 CONTEÚDO DO VÍDEO A s frontei ras e as di mens õ es do Pa nta na l O cl i ma e as chu vas For maç ã o geol ó g ica Os di ferentes biomas e pa i s agens EXPLORANDO OS CONTEÚDOS PI AC RO N TO N MATO GROSSO DF Bolívia BRASIL MG MATO GROSSO DO SUL Chile SP Paraguai Argentina PR SC O Pantanal está inserido na bacia do alto Paraguai, que tem uma superfície de mais de 595 mil quilômetros quadrados. É uma extensa planície formada pelos rios que fazem parte desta bacia. RS RJ AS FRONTEIRAS E AS DIMENSÕES DO PANTAN AL ÁREA APROXIMADA 200.000km2 PAÍSES EM QUE ESTÁ LOCALIZADO Brasil (de 80 a 85%), Bolívia (de 10 a 15%) e Paraguai (5%) ÁREA APROXIMADA DO PANTANAL BRASILEIRO 138.183km2 ONDE SE LOCALIZA NO BRASIL No Centro-Oeste, nos estados do Mato Grosso (35%) e Mato Grosso do Sul (65%) MUNICÍPIOS PANTANEIROS NO BRASIL 16 MUNICÍPIOS COM ÁREAS MAIS EXPRESSIVAS Corumbá, Poconé, Cáceres e Aquidauana FRONTEIRAS Inicia-se ao norte, acima da cidade de Cáceres, na fazenda Barra do Ixu, localizada à margem direita do rio Paraguai, e termina ao sul, abaixo da cidade Porto Murtinho (MS). Ao norte, está limitado pelas formações meridionais da floresta amazônica, a leste, pelos cerrados do Planalto Central Brasileiro, a oeste, pelas florestas das fronteiras boliviano-paraguaias e, ao sul, pelas florestas chaquenhas, na fronteira com o Paraguai. Está limitado ao norte, leste e sul pelas terras altas dos planaltos Central e Meridional e a oeste, pelo rio Paraguai. O CLIMA E A S CHUVA S Clima tropical, isto é, quente e chuvoso no verão, quando ocorrem chuvas que chegam a atingir de 1.000 a 1.400mm ao ano, concentradas de novembro a março e, no inverno, clima seco e ameno. A TEMPERATURA Meses mais quentes • dezembro, janeiro e fevereiro • Média de 27ºC • Máxima de 35ºC a 40ºC Meses mais frios • julho e agosto • Média de 23ºC • Mínima de 10ºC, chegando até próximo de zero, quando há O verão no Pantanal é chuvoso. penetração de frentes polares. A UMIDADE DO AR Varia de 75% a 85% em média, mas nos meses de agosto a outubro pode atingir níveis muito baixos, cerca de 15% a 20%. As diferenças entre os meses de seca e os de chuva marcam profundamente a vida e a economia da região. 11 FORMAÇÃO GEOLÓGIC A DO PANTAN AL A formação do Pantanal iniciou-se em torno de sessenta milhões de anos atrás. Nesta época, nosso planeta já tinha definido muitos de seus contornos atuais. A América do Sul, que um dia formou um único continente com a África, a Austrália, a Antártica e a Índia, já tinha se separado. O que ainda não havia se formado era a cordilheira dos Andes, o que ocorreu a partir desta época. Com o levantamento dos Andes, ocorreram falhas, fraturas e o afundamento da região hoje ocupada pelo Pantanal. O afundamento do solo na região fez deslocar blocos sob a planície e levantar a parte sul, próxima ao planalto de Bodoquena. O rio Paraguai, que banhava a região, encontrando o morro que se formou impedindo seu escoamento para o sul, rumo ao oceano, foi represado, formando um grande lago. Ao mesmo tempo em que a água se acumulava no lago formado pelo represamento, iam também se depositando sedimentos resultantes da erosão dos planaltos circundantes, até que o rio rompeu essa barragem e seguiu seu caminho para o sul, em direção ao Chaco, estabelecendo o que viria a ser o leito atual do rio Paraguai. A PLANÍCIE PANTANEIRA CONTINUA EM FORMAÇÃO Os rios, afluentes do Paraguai, com nascentes nos plaSEDIMENTO Qualquer substância naltos ao redor, foram responsáveis pelo preenchimento da enorme depressão, acumulando um pacote depositada, pela ação da gravida- sedimentar de algumas dezenas de metros. Na década de 1970, a Petrobras, ao efetuar perfurações de, na água ou no ar. Em geologia para pesquisa de petróleo, encontrou camadas de sedimentos de até 420m de profundidade. A planície são os materiais que ficam de- pantaneira é uma planície em formação, pois o movimento de terras continua. Mas isso não gera pro- positados tanto no continente blemas imediatos. O processo é extremamente lento, em escala geológica (milhões de anos), havendo quanto no fundo dos oceanos. tempo suficiente para toda a vida da região ir se adaptando. A planície pantaneira tem baixíssima declividade,– de 6 a 12 centímetros por quilômetro no sentido leste-oeste e de 1 a 2 cm/km no sentido norte-sul –, com altitudes aproximadas de 80 a 150m, com relevo muito uniforme. No entanto, na região de Corumbá, encontram-se elevações acima de 200m, chegando alguns picos a mais de mil metros de altura. Estas são as áreas mais altas. São remanescentes dos maciços existentes antes do início da formação da planície. Também alguns remanescentes podem ser observados aflorando à superfície dentro da planície, alcançando até 200m de altura. Por exemplo, em frente à cidade de Corumbá é possível observar o morro do Sargento, com estas características e, no Parque Nacional do Pantanal, observa-se o morro do Caracará, a serra do Amolar e a morraria da Ínsua. OS SOLOS Os solos do Pantanal são muito mais arenosos que barrentos e estão submetidos à ação da água em boa parte do ano. Daí serem quimicamente pobres, já que são solos intensivamente lavados, tendo seus nutrientes dissolvidos e transportados pelas águas. 12 Belas paisagens formam uma espécie de arquibancada em torno do Pantanal. Os solos do Pantanal suportam uma vegetação do tipo savana, predominando as espécies dos cerrados. Encontram-se cerca de duzentas espécies de gramíneas, as quais, juntamente com algumas leguminosas e outras espécies forrageiras, sustentam inúmeras espécies herbívoras – como, por exemplo, capivaras, cervo-do-pantanal, veado-campeiro e os bovinos. No entanto, essas forrageiras refletem a qualidade do solo, demonstrando baixa qualidade nutritiva. Em conseqüência, o Pantanal não tem capacidade de suportar pesada carga animal, isto é, não tem condições de alimentar um INFLUÊNCIA DOS SOLOS NAS ATIVIDADES ECONÔMICAS DO PANTANAL Algumas áreas próximas às serras ou morrarias apresentam solos de excelente qualidade, com pH alto, básico, e com altos teores de cálcio, potássio, magnésio e fósforo. O fósforo, por exemplo, é um elemento importantíssimo para o metabolismo das plantas. Estas áreas servem à pastagem e também ao plantio de árvores frutíferas, como caju, manga, coco-da-baía, abacate, laranja, goiaba, graviola. PARA SABER MAIS número alto de animais por área. Os solos que recebem o efeito das enchentes anuais são enriquecidos pelos nutrientes que são transportados pelas águas. Mas as enchentes causam problemas também. Durante boa parte do ano a presença da água nos solos impede o plantio e o pastoreio do gado. 13 OS DIFERENTE S BIOMA S E PAIS AGENS DO PANTAN AL BIOMA Conjunto de condições cli- No Pantanal acontece o encontro de quatro grandes biomas. Possui espécies de animais e vegetais máticas e características de de cada um deles. Em algumas localidades, apresenta paisagens típicas do Cerrado; em outras, ga- vegetação: o grande ecossistema nha características do Chaco, da Mata Atlântica ou da Amazônia. com fauna, flora e clima próprios. FLORESTA AMAZÔNICA Na região norte do Pantanal da Bolívia e do Brasil, onde se encontram as nascen- tes do próprio rio Paraguai, o Pantanal liga-se à Amazônia. A Amazônia ocupa mais de 50% do território brasileiro e caracteriza-se principalmente pela grandiosidade que ostenta em todos os sentidos: área (60% do território nacional), biodiversidade, recursos hídricos constituídos por uma das maiores bacias hidrográficas do mundo com rios portentosos como o Solimões-Amazonas, Negro, Madeira, Tapajós e Tocantins e sua exuberante floresta. A formação da bacia amazônica tem algo semelhante ao Pantanal, por ser uma bacia sedimentar, formada pelo levantamento dos Andes, quando formou-se um grande lago, o qual foi aterrado pelo transporte de material das partes elevadas dos Andes e dos maciços das Guianas e do Brasil central, num processo gigantesco de sedimentação que levou milhões de anos. O Pantanal tem espécies como a vitória-régia, o cambará, a almécega e o pateiro, provenientes deste bioma. Vitória-régia nos rios pantaneiros CERRADO DO BRASIL É o bioma que, certamente, mais influência exerce sobre o Pantanal. O Cerrado, apresentando-se nas suas diferentes fisionomias, desde campo limpo, campo sujo, cerrado propriamente dito e cerradão (com vegetação tipicamente florestal), ocupa praticamente um quarto do território brasileiro, quase todo o Brasil central, desde o Piauí e Maranhão até São Paulo e Paraná. 14 É caracterizado por apresentar uma vegetação do tipo savana, formada por um estrato arbustivo com predominância de gramíneas e um estrato constituído por árvores e arbustos baixos, retorcidos, com casca espessa sobre um solo ácido, quimicamente pobre, rico em alumínio. Deste bioma, encontramos no Pantanal plantas como o pequi, a lixeira, o jatobá e outras. MATA ATLÂNTICA A Mata Atlântica constituía-se numa faixa de vegetação que ia do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, abrangendo 16 estados brasileiros, ocupando cerca de 1 milhão de quilômetros quadrados. Hoje se encontra reduzida a não mais de 5% de sua cobertura original. Provenientes deste bioma de rica diversidade, encontramos no Pantanal espécies como a peroba-rosa, o guanandi, a piúva-da-mata e a timbaúva. CHACO O Gran Chaco está situado ao sul-sudoeste do Pantanal e com este tem ligações. É uma gran- de região, com mais de 640.000km2 pertencentes à Argentina, Paraguai e Bolívia. Está dividido pelos rios Pilcomayo e Bermejo. É uma planície aluvial baixa, quente e úmida, sujeita à inundação durante o verão, de dezembro a abril; porém também árida e quase semidesértica, onde são registradas as mais altas temperaturas da América do Sul. Na parte leste, é coberta por uma vegetação arbustiva, espessa, seca, espinhosa, quase impossível de penetrar. A fauna se assemelha muito à do Pantanal, o que demonstra a importância que tem uma região para a outra, devido ao intercâmbio biológico. O Pantanal é considerado um complexo de ecossistemas. Na realidade, é um bioma que compreende vários ecossistemas. Vamos identificar alguns deles: BAÍAS Lagoas de água doce, de tamanho e forma variados, quase sempre cobertas por vegetação aquática. SALINAS Lagoas de água salobra, sem vegetação aquática, circundadas por carandás. CORIXOS Pequenos riachos, intermitentes ou não. 15 VAZANTES Canais naturais de drenagem. CORDILHEIRAS Elevações de três a quatro metros de altura que a água nunca atinge; são cobertas por vegetação florestal. CERRADOS Uma vegetação do tipo savana, formada por um estrato arbustivo com predominância de gramíneas e um estrato constituído por árvores e arbustos baixos, retorcidos, com casca espessa sobre um solo ácido, quimicamente pobre, rico em alumínio. CERRADÕES Semelhantes aos cerrados, porém mais densos e de porte florestal. CAPÕES Ilhas de vegetação arbórea cercadas por campos inundáveis. MATAS CILIARES Vegetação presente às margens dos rios. NINHAIS Local de reprodução das aves, onde elas fazem seus ninhos e os filhotes são criados. 16 AS SUB-REGIÕES O Pantanal não é uniforme em toda a sua extensão. É possível identificar 12 sub-regiões dentro do Pantanal, dependendo do solo, da vegetação, do relevo e do regime hidrológico. Há discordância entre vários autores com respeito ao número de sub-regiões, logicamente dependendo da abordagem de cada um. CÁCERES Conhecida como “a princesinha do rio Paraguai”. É considerada um importante pólo de comércio no Mercosul. POCONÉ Região importante para a criação de gado, apresenta solos argilosos e vegetação de cerrado. BARÃO DE MELGAÇO Região importante para a criação de gado, apresenta solos argilosos e ve- getação de cerrado. PAIAGUÁS Importante para a pecuária, é uma região de solos arenosos e de vegetação de cerrado. NHECOLÂNDIA Importante para a pecuária, é uma região de solos arenosos e de vegetação de cerra- do, com a ocorrência de baías e salinas. AMOLAR Importante região para o desenvolvimento do ecoturismo e da pesca. JACADIGO É uma região tipicamente de morrarias e lagoas. RIO NEGRO Região predominantemente urbana (colonização japonesa). ABOBRAL É uma região pequena e se caracteriza pelo regime hídrico a que está submetida sob a influência do rio de mesmo nome. BODOQUENA Região de floresta, possui uma extensa área rural e um grande potencial ecoturístico. NABILEQUE É a região que tem os melhores solos do Pantanal e está sujeita à inundação do rio Paraguai em sua maior parte. PORTO MURTINHO Caracteriza-se por apresentar elementos da vegetação do Chaco. MATO GROSSO N Brasil Bolívia MATO GROSSO DO SUL Paraguai 17 TRABALHANDO COM O TEMA COMO VIMOS NO PROGRAMA e nos textos anteriores deste capítulo, a Geografia está presente de diversas formas no nosso dia-a-dia, portanto necessita ser observada, percebida, entendida e estudada por diferentes ângulos, com a contribuição de muitos campos de conhecimento. Desta forma, poderemos ter compreensão da multiplicidade e da importância da Geografia em nossas vidas. Um bom ponto de partida para desenvolver um projeto, uma aula ou uma atividade é elaborar perguntas, buscando incentivar a curiosidade e a necessidade de saber e pesquisar mais. Para isso é necessário formular questões sobre a realidade. Perguntas que permitam o exercício da reflexão, da observação do mundo, do questionamento e formulação de novas perguntas. A relação entre os elementos da Natureza se aprende observando o meio, e esta descoberta permite a construção de novos valores e atitudes. “Uma capacidade importante a ser desenvolvida nos alunos é a de, ao observar determinado fenômeno, perceber nele relações e fluxos, no espaço e no tempo.”1 Por exemplo, ao observar as diversas “paisagens” pantaneiras apresentadas no vídeo perguntar-se: Que características geográficas determinam esta diversidade? Como a localização determina o clima? Como o solo e clima determinam as paisagens? De que maneira os ecossistemas vizinhos interferem no bioma Pantanal? Como as características geográficas influenciam a fauna e a flora? Como os seres vivos se adaptam às características geográficas? Como o ser humano participa ou interfere nestes ciclos? 18 A soma das características geográficas: o solo argiloso e arenoso que não absorve a água; a declividade máxima do terreno não ultrapassa dois metros de altura. A localização e o relevo fazem do Pantanal um corredor entre as serras do planalto Central e a cordilheira dos Andes, canalizando as correntes de ar quentes e frias. Os ventos do sul trazem o frio e os do norte calor e chuvas torrenciais. Essas características tornam o Pantanal um mosaico de biodiversidade. Correlacionar os assuntos do programa e, assim, perceber quão intricada é essa dinâmica, onde muitos ciclos se relacionam, e as conseqüências do rompimento deste equilíbrio. Refletir sobre as conseqüências disto a longo e curto prazos. Esta prática tem como objetivo estimular a percepção dos inter-relacionamentos, criando espaços nos quais professores e alunos possam, como indivíduos, aprender através de experiências concretas. O processo de aprendizagem iniciado por essas perguntas fica mais rico quando pontuado por ações de registro e reflexão sobre o que se observou e descobriu. “Mediados por nossos registros, armazenamos informações da realidade, do objeto em estudo, para poder refleti-lo, pensá-lo e assim aprendê-lo, transformá-lo, construindo o conhecimento antes ignorado.”2 É importante, ao estimular o registro, incentivar a diversidade de formas de expressão e criar espaços para a socialização das descobertas, opiniões e propostas. Existem várias formas de se registrar utilizando diferentes linguagens (desenhos, maquetes, cartazes, redações, poemas, músicas...). As sugestões que levantaremos podem servir como provocadoras de idéias e caminhos, caberá a cada educador, junto com os alunos e a equipe de trabalho, construir e decidir sobre como conduzir projetos com o tema Geografia. 1 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília, MEC/SEF, 1997, vol. Meio Am- As propostas que se seguem têm como objetivo a concretização do processo de pesquisa, debates e biente, p. 59. elaboração de atividades, valorizando o fazer coletivo e a participação dos saberes comunitários. 2 WEFFORT, M. F. “Importância e Elas ganham um real valor quando incorporadas a um projeto de trabalho que estabeleça metas e ob- função do registro escrito, da re- jetivos próprios. Na primeira proposta, apontamos algumas etapas possíveis de encadeamento do flexão”. In: Observação, registro e trabalho seguindo a metodologia apresentada na primeira parte do Caderno do Professor volume 1. reflexão, instrumentos metodoló- O professor deve estar atento às necessidades e prioridades do grupo, podendo e devendo criar ou- gicos. Espaço Pedagógico, São Paulo, tras atividades e caminhos. 1996, p. 41. (Série Seminários.) 19 E TA PA S A P Ó S A S SISTIR AO PRO GR A M A EXPOSIÇÃO DE DE SENHOS DA S PAIS AGENS DO PANTAN AL Iniciar o trabalho perguntando aos alunos o que eles viram no programa, quais os temas abordados, suas dúvidas e colocações. O professor pode enriquecer o debate com questões tais como: Por que será que no programa se deu tanta importância ao uso de filmadoras e máquinas fotográficas? Como alguém que nunca foi ao Pantanal poderia saber como é a paisagem e a vida local? Que lugares nós conhecemos através da televisão, revistas ou jornais? Qual a importância desses tipos de registro? Que outras formas são utilizadas para registrar o ambiente em que vivemos? Antes de existir a máquina fotográfica e a filmadora havia algum forma de registrar os lugares, os modos de vida? Quando o Brasil foi descoberto, como isso foi registrado? Como os portugueses fizeram para mostrar ao seu rei a terra e o seu povo? Nas grandes expedições, entre os séculos XVI e XIX, sempre havia alguém responsável para registrar as características do lugar que estava sendo desbravado. Graças a esses registros podemos saber como era o Brasil em diversas épocas, suas paisagens, sua fauna, flora, seus habitantes e costumes. Antigamente, o desenhista e o escritor eram os “repórteres”, personagens indispensáveis em qualquer viagem ou expedição. Dividir a turma em duplas: desenhistas e escritores. Propor que os alunos façam uma viagem no tempo. Pedir que retornem à época em que não havia máquinas fotográficas, gravadores e câmeras à disposição dos viajantes. Imaginar que eles serão os “repórteres” de uma expedição ao Pantanal. Cada dupla deverá elaborar o roteiro de sua viagem, com detalhes do que aconteceu no caminho e com o que acreditam ser importante registrar. Onde vocês foram? Como era o lugar onde vocês chegaram? Como era a paisagem? Como era o solo? Como era o relevo? Havia muitos rios? Qual a profundidade destes rios? Como vocês fizeram para 20 atravessá-los? Havia muitas espécies de plantas? Como eram as árvores? A vegetação era a mesma pelo caminho? E o clima? Por quantos lugares diferentes você passou? Quais os animais encontrados? Como era a vida nestes lugares? Como eram as pessoas que moravam lá? Quais eram seus hábitos e costumes? Os escritores ficarão encarregados de organizar as informações em um texto. Os alunos podem produzir textos de gêneros variados. Os desenhistas ficarão encarregados de registrar através de desenhos, pinturas, aquarelas ou gravuras cada etapa da viagem. Escolher o tamanho do papel e o material a ser utilizado (lápis de cor, caneta hidrocor, tinta, colagem com elementos da natureza...). Organizar a exposição final do trabalho. O professor junto com o grupo deve escolher o melhor local para a realização da exposição, o dia da inauguração e quem será convidado. Confeccionar os convites. Montar a exposição. Os textos deverão ser expostos junto aos respectivos desenhos. Lembrando que a função é diversificar as formas de registro e mostrar a complementaridade entre elas. Para o desenvolvimento desta proposta precisamos trabalhar em conjunto com diferentes áreas do conhecimento e articular conceitos e conteúdos de diversas disciplinas. Escolhemos seguir um caminho: a observação das características geográficas, das formas de registro, as interações entre os seres humanos e o meio. O professor junto com o seu grupo pode escolher desenvolver outros aspectos da temática. 21 OUTRA SUGESTÃO MAQUETES DA S PAIS AGENS DO PANTAN AL Perguntar aos alunos: Quem lembra da cena logo no início do programa em que João, o personagem do Almir Sater, comenta com os meninos que “ao contrário do que muita gente pensa, o Pantanal parece uma coisa só, mas de perto podemos ver que existem muitas paisagens diferentes neste mundão de terras alagadas”? A que paisagens ele se refere? Como elas podem ser identificadas? O que é uma lagoa? O que é uma salina? O que é um corixo etc.? Quais são suas características geográficas? As paisagens do Pantanal são iguais o ano todo? O que muda? Por que muda? Qual é o período da chuva? Como a chuva interfere no Pantanal? Quais são as áreas inundadas? Como o ser humano soluciona as dificuldades trazidas pelas cheias? E no período da seca (vazante), o que acontece? O que muda na paisagem? O desenho que os rios fazem é modificado? Em que o mapeamento de uma região pode ser útil? Como podemos mapear uma região? Existem outras formas de representar o espaço geográfico, além de desenhos? Os arquitetos e engenheiros costumam fazer maquetes de seus projetos (uma casa, um prédio, uma praça, uma cidade...). As maquetes são miniaturas daquilo que eles desejam construir, e permitem visualizar mais amplamente o projeto. Como podemos construir uma “miniatura” das paisagens do Pantanal? Que tipo de material podemos usar? Como usar sucata ou materiais reciclados? Como representar as diferentes alturas? O leito de um rio, suas margens? As regiões próximas? E a vegetação? Usamos o mesmo material? O professor pode dividir a turma em grupos. Cada grupo escolhe uma das paisagens apresentadas no vídeo para construir uma maquete. O processo de construção: a escolha dos materiais, a forma de representar a vegetação e as características geográficas de cada paisagem vão dar oportunidade para o professor e o aluno pesquisarem mais sobre o Pantanal. O desafio de representar um espaço em outra escala, noutras dimensões, irá desencadear muitos questionamentos e esta é uma ótima oportunidade para refletir e descobrir mais sobre a geografia do Pantanal. Quando as maquetes estiverem prontas, elas poderão ser apresentadas para as outras turmas, cada equipe pode escolher um ou mais alunos para ficar junto à sua miniatura para esclarecer as dúvidas e apresentar a paisagem aos visitantes, mais ou menos como uma feira de ciências. 22 REFERÊNCIA S BIBLIOGRÁFIC A S ADAMOLI, J. Fitogeografia do Pantanal. 1º Simpósio sobre Recursos Naturais e Socioeconômicos do Pantanal. Anais..., Centro de Pesquisa Agropecuária do Pantanal / Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Corumbá / Embrapa-DDT, Brasília, 1986, p. 105-106. ALLEM, A. C. & VALLS, J. F. M. Recursos forrageiros nativos do Pantanal. Brasília, Embrapa-Cenargen, 1987, p. 339. AMARAL FILHO, Z. P. do. Solos do Pantanal Mato-Grossense. 1º Simpósio sobre Recursos Naturais e Socioeconômicos do Pantanal. Anais..., Centro de Pesquisa Agropecuária do Pantanal / Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Corumbá / Embrapa-DDT, Brasília, 1986, p. 91-103. DANTAS, M. Studies on succession in cleared areas of Amazonian Rain. England, Oxford University, 1989, p. 397. EMBRAPA. Atlas do Meio Ambiente do Brasil. Brasília, Embrapa-SPI / Ed. Terra Viva. 1994, p. 130. FERRI, M. G. Ecologia dos Cerrados. In: Simpósio sobre o Cerrado, Brasília / Belo Horizonte, Itatiaia, 1977, p.15-36. GOODLAND, R. & FERRI, M. G. Ecologia do Cerrado. São Paulo, Ed. da Universidade de São Paulo, 1979, p. 193. POTT, A. & POTT, V. Plantas do Pantanal. Corumbá, Embrapa-SPI, 1994, p. 320. POTT, V. & POTT, A. Plantas aquáticas do Pantanal. Brasília, Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia, 2000. 23 AS ÁGUAS DO PANTANAL 2 No Pantanal é a água que determina o ritmo da vida. Todo ano, no período das cheias, a planície se inunda e as distâncias parecem ficar maiores. Mas quando vem o tempo da seca a paisagem muda: a terra ressurge, cresce a grama e sobram alimentos para os pássaros. Todo ano é assim. Mas a cada ano o regime de águas do Pantanal é diferente. A inundação muda em intensidade, duração e extensão. SINOPSE DO VÍDEO Os primos Léo e Dito acordam bem cedo, comem um “almocinho”. Léo estranha o termo. João explica que no Pantanal chamam de almocinho o café da manhã reforçado, próprio para alimentar quem vai pegar no “batente” o resto do dia. Os três vão tomar banho de rio. Durante o passeio, conversam com um barqueiro sobre a época das chuvas e da seca. Depois, João e os meninos vão passear pelos rios e regiões alagadas. Ele diz que cada época, seca ou cheia, é boa para determinados grupos de animais. Conta como os índios Guatós, que viviam na região, se mudavam para suas canoas no período das chuvas. Os meninos, curiosos quanto ao destinos dos índios, ficam sabendo que a tribo ainda existe mas está quase extinta. Encontram, depois, um grupo de Caracarás e conversam sobre eles. Quando chegam na beira do rio, os três vêem um grupo de ariranhas e ficam observando de longe. João conta a lenda do caboclo d’água. Vêem um gavião-carrapateiro. Tio João fala sobre a convivência de aves que se alimentam de fezes e de parasitas (carrapatos adultos e larvas) que vivem no pêlo das capivaras. No fim do dia, chega a chuva: os meninos assistem a um vídeo sobre o respeito aos recursos hídricos. O tio descansa na varanda enquanto vê a chuva cair. Os meninos vão tomar um bom banho de chuva. 26 CONTEÚDOS DO VÍDEO O ciclo das á g uas: a estaç ã o das cheias e a seca Os í ndios Guat ó s A i n f l u ê ncia das á g uas na v ida do Pa nta na l A pi racema A s cadeias a l i menta res I mpactos a m bienta i s nas á g uas EXPLORANDO OS CONTEÚDOS Lagoa em época de seca com peixes presos e morrendo em poças rasas. O CICLO DA S ÁGUA S: A E STAÇÃO DA S CHEIA S E A SEC A A água comanda a vida no Pantanal. Em nenhum outro lugar do Brasil a ação da água é tão contras- A década de 1970 foi um longo tante. A cheia e a seca mudam o comportamento dos animais, dos rios, da flora e do homem período seco, havia extensas pantaneiro. Se na seca o gado ocupa os campos e capinzais, na cheia é preciso conduzi-lo por longas áreas de pastagens disponíveis distâncias para acomodá-lo em local seco. Cheia e seca são dois períodos absolutamente distintos: ao gado. Nesta época o rebanho se na cheia as piranhas são predadoras temíveis, na seca são presas para muitas aves. Nas enchen- bovino do Pantanal chegou a tes, a vegetação aquática domina todo o Pantanal. Na seca crescem as pastagens... quase seis milhões de cabeças! ENTENDENDO O FENÔMENO DAS ÁGUAS A declividade da planície onde está situado o Pantanal é muito pequena: de 1 a 2 centímetros por quilômetro, no sentido norte-sul. E de 6 a 12 centímetros por quilômetro no sentido leste-oeste. É quase como uma mesa, de tão plana. Isso faz com que a velocidade das águas seja muito lenta. As águas das chuvas que caem em Cuiabá, por exemplo, levam cerca de dois meses para atingirem a cidade de Corumbá, que não fica longe. Com isso, nos períodos de chuva, os rios vão subindo lentamente e as águas se espalhando pela planície, que funciona como uma enorme esponja, segurando a água e a liberando vagarosamente. As CORDILHEIRAS são as regiões mais altas, em torno das baías. Elas nunca se inundam e nelas crescem as matas ou cerradões. Embora as vazantes e enchentes aconteçam regularmente, a intensidade com que ocorrem varia de ano para ano. Há anos em que a estação seca é maior. Em outros, as chuvas são mais abundantes. O regime das águas influi em toda a vida do Pantanal. O PODER DA INFORMAÇÃO UMA FORMA DE SE DEFENDER DA FORÇ A DA S ENCHENTES A única forma de prever as enchentes com segurança e antecedência suficiente para permitir a remoção do gado das áreas baixas é a instalação de uma rede de coleta de dados climáticos em toda a bacia do Alto Paraguai, com transmissão da informação em tempo real. Isso irá permitir o cálculo do volume de água e estabelecer um serviço de alerta de enchentes. Hoje, a Marinha do Brasil é responsável pela previsão. Ela instala réguas em alguns pontos da bacia – como Cuiabá, Cáceres, Ladário, Forte Coimbra e Porto Murtinho; através da coleta destes dados, consegue-se chegar a conclusões e fazer previsões. Em Ladário, por exemplo, a coleta de dados é feita diariamente há quase cem anos. 29 A INFLUÊNCIA DAS ÁGUAS NA VIDA DO PANTAN AL Vamos apontar as diferenças entre a estação seca e a estação das águas. SECA Veja quando é e o que ocorre na época da seca. PERÍODO De abril a outubro. ÁGUAS Lagoas secam, as vazantes desaparecem, os corixos ficam reduzidos a pequenos poços e os rios ficam contidos em suas calhas. FAUNA As aves se concentram em grandes bandos nas águas rasas para capturarem com facilidade seu alimento – como, por exemplo, peixes que estão presos em poças rasas. VEGETAÇÃO As árvores perdem as folhas, a vegetação dos campos seca. Isso torna a vegetação mais propensa a pegar fogo. As áreas de pastagem aumentam e as gramíneas vão nascendo – principalmente o capim-mimoso, que é comum nas áreas de campos baixos, nas beiradas dos corixos ou nas vazantes. São os lugares preferidos para pastagem e os rebanhos permanecem aí até o início da próxima cheia. A maioria das árvores entra em floração. TRANSPORTE Podem ser usados tratores e veículos leves. As mercadorias são transportadas de ca- minhão ou camionete. HÁBITOS Nas regiões mais altas, principalmente Nhecolândia e Paiaguás, pode faltar água até para os animais domésticos. Por isso, nas propriedades, as áreas de pastagem devem ter poços ou pilhetas (tanques arredondados) para o gado beber água. Outra providência que tem sido tomada no Pantanal é a abertura de poços com draga com a finalidade de acumular água e mantê-la na época seca. ECONOMIA Aumentam as áreas para pastagem do gado e aumentam também as queimadas. Nas fa- zendas de gado, os trabalhos são facilitados. A utilização de barcos como meio de transporte, no período de cheia. 30 CHEIA PERÍODO De novembro a abril. ÁGUAS Rios transbordam e inundam a planície. Os limites entre os rios e as planícies se perdem. For- mam-se baías (lagoas), corixos, vazantes. FAUNA Os peixes migratórios sobem os rios buscando suas partes mais altas para a desova. É a cha- mada piracema. VEGETAÇÃO Os camalotes, ilhas flutuantes de vegetação, são transportados pelas águas e seguem rio abaixo. A vegetação aquática floresce com vigor. As sementes das plantas terrestres descem com a água ou permanecem no solo por longo período até ocorrerem condições propícias para germinar. TRANSPORTE Usam-se barcos para atingir as regiões que ficam isoladas. Aviões também são muito utilizados nesta época. HÁBITOS Mandioca, abóbora, melancia, banana, cana-de-açúcar são algumas culturas de subsistên- cia. Essas roças precisam ser bem cercadas para impedir a entrada de animais, como capivaras e cotias, que causam grandes estragos à lavoura. ECONOMIA É preciso conduzir o gado para acomodá-lo em local seco. Isso é feito por terra (comitiva) ou com o uso de navios boieiros. A MUDANÇ A DA PAIS AGEM O regime das águas faz com que a paisagem do Pantanal se modifique... A dinâmica de funcionamento do complexo de ecossistemas pantaneiros depende diretamente da água. Vejamos agora alguns destes ecossistemas, que estão presentes ou não no Pantanal, de acordo com o regime das águas: POÇOS Em alguns lugares há a formação de poços mais profundos, que chegam a ter até quatro me- tros de profundidade. Esses poços não secam mesmo no período de secas. CORIXOS São canais naturais que só recebem água durante as grandes cheias e ligam as baías entre si. Também são chamados de corixas, corixinhas ou corixões – de acordo com o seu tamanho. Os corixos ajudam a escoar as águas das lagoas, que vão em direção aos rios. Em épocas de grandes chuvas isto se inverte: as águas saem dos rios e vão para as lagoas. BAÍAS São lagoas de água doce. Rasas, geralmente têm apenas dois metros de profundidade. E isso, nas partes mais profundas! As baías mais conhecidas são as de Cáceres, Mandioré, Gaiva, Chacororé. As baías abrigam inúmeras espécies de peixes, aves, répteis, anfíbios e mamíferos. Podem ser piranhas e tuviras, jacarés, capivaras, o tuiuiú, o cafezinho e a anhuma. SALINAS São lagoas de água salobra. Elas exibem o espelho d’água circundado por areia branca e ca- randás. Quando as águas baixam, são circundadas por areias brancas assemelhando-se a praias. Nas salinas, a maior parte da vegetação é submersa. Mas existem exceções, como um tipo de capim muito procurado pelo gado e outros animais herbívoros. As águas das salinas são ricas em larvas de insetos, algas e pequenos crustáceos. São os alimentos prediletos de certas aves. Há, inclusive, uma espécie de maçarico que migra do Canadá, fugindo do seu inverno rigoroso, atraída por esse tipo de alimentação. 31 As baías e salinas são geralmente circundadas por áreas mais elevadas, as “cordilheiras”. Estas cordilheiras se caracterizam por serem os ambientes onde a água da enchente nunca chega. Nelas se desenvolve uma vegetação arbórea, florestal, constituindo as matas ou cerradões. As áreas de campo aberto no Pantanal são a indicação de que há permanência de água por um período relativamente RESUMINDO... longo, acima de três meses. O FUNCIONAMENTO DOS ECOSSISTEMAS PANTANEIROS DEPENDE COMPLETAMENTE DA ÁGUA! Tempo das cheias De novembro a abril. Rios transbordam e inundam a planície. Os limites entre os rios e as planícies se perdem. Produtividade primária alta. Os peixes migratórios sobem os rios buscando suas partes mais altas para a desova. É a chamada piracema. Os camalotes, ilhas flutuantes de vegetação, são transportados pelas águas e seguem rio abaixo. A vegetação aquática se torna exuberante. Tempo da seca De abril a outubro. Lagoas secam; as vazantes desaparecem; os corixos ficam reduzidos a pequenos poços. As aves se concentram em grandes bandos nas águas rasas para capturarem com facilidade seu alimento – como, por exemplo, peixes que estão presos em poças rasas. As árvores perdem as folhas, a vegetação dos campos seca. Isso torna a vegetação mais propensa a pegar fogo. As áreas de pastagem aumentam. AS ENCHENTES E A PIRACEMA Com as enchentes dá-se o citado fenômeno da piracema. Os peixes migradores sobem os rios buscando suas partes mais altas para a desova. Nesse período, a pesca é proibida, para assegurar a sustentabilidade das espécies. Os alevinos, ou peixes jovens, buscam os campos cobertos de água, onde passam sua fase de crescimento, facilitada pela abundância de alimento. As enchentes são muito importantes neste processo de manutenção da vida aquática, sobretudo dos peixes, pois proporcionam espaços e alimentos em abundância, com as áreas inundadas funcionando como verdadeiros berçários. É fácil de deduzir a importância da conservação desses sítios para assegurar o ciclo de vida. 32 IMPACTOS AMBIENTAIS N A S ÁGUA S Vejamos alguns impactos naturais e provocados por ações humanas, nos períodos de cheia, que podem causar danos ambientais: • O desmatamento das cordilheiras para implantação de pastagens cultivadas. • A construção de estradas e de diques. • A erosão, principal responsável pelo assoreamento dos rios. • O cultivo de soja, milho e algodão com insumos químicos em áreas que circundam a planície pantaneira. (Nessas áreas há sérios problemas de erosão e assoreamento dos rios.) • A remoção das matas ciliares, que coloca em risco também as nascentes dos rios. CONTAMIN AÇÃO DAS ÁGUAS Eis algumas situações de poluição: MINERAÇÃO COM MERCÚRIO A garimpagem na região de Poconé é um exemplo de poluição das águas. O agente poluidor é o mercúrio, utilizado no processo de purificação do ouro a céu aberto. O mercúrio atinge imediatamente os peixes da região e é capaz de contaminar toda a cadeia alimentar. AGROQUÍMICOS Provenientes das plantações de soja, de milho e algodão no planalto, são lançados em grandes quantidades, assim como os esgotos urbanos sem qualquer tratamento. RIOS EM RISCO Os rios pantaneiros nascem todos nos planaltos adjacentes. Hoje há rios praticamen- te mortos – como o São Lourenço e o Taquari – devido aos problemas mencionados acima. Em Cáceres, há inundações de fazendas provocadas pelo assoreamento do rio Paraguai. Estes problemas tornam necessário a criação de parques e a proibição de desmatamento. O Parque Nacional das Emas, por exemplo, está situado numa região onde nascem os rios Araguaia, Taquari e Sucuriu, e foi criado com o objetivo de preservar as nascentes. O Parque Estadual do Taquari foi criado pelo mesmo motivo. Foz do rio Taquari 33 TRABALHANDO COM O TEMA COMO VIMOS NO PROGRAMA e nos textos anteriores deste capítulo, a água está presente de di- versas formas no nosso dia-a-dia, portanto necessita ser observada, percebida, entendida e estudada por diferentes ângulos, com a contribuição de muitos campos de conhecimento. Desta forma, poderemos ter compreensão da multiplicidade e da importância da água em nossas vidas. Um bom ponto de partida para desenvolver um projeto, uma aula ou uma atividade é elaborar perguntas, buscando incentivar a curiosidade e a necessidade de saber e pesquisar mais. Para isso é necessário formular questões sobre a realidade. Perguntas que permitam o exercício da reflexão, da observação do mundo, do questionamento e formulação de novas perguntas. A relação entre os elementos da Natureza se aprende observando o meio, e esta descoberta permite a construção de novos valores e atitudes. “Uma capacidade importante a ser desenvolvida nos alunos é a de, ao observar determinado fenômeno, perceber nele relações e fluxos, no espaço e no tempo.”1 Por exemplo, ao observar a chuva que cai, perguntar-se de onde vem, por onde passou e até onde chegará? A sobrevivência das espécies depende do ciclo da água: A chuva que cai, é absorvida por uma planta, que alimenta um veado, que alimenta uma onça, que transpira de tanto correr atrás da presa, e aquela gotinha evapora, vira nuvem, e cai de novo, fazendo parte de inúmeros outros ciclos, eternamente... Vimos no programa como o Pantanal é dinâmico, com duas estações bem marcadas: a da seca e a da cheia. Esse processo rege tudo ao redor. O que muda com a subida das águas? E quando as águas 34 voltam a baixar? Como o regime das águas influencia as plantas, os animais e a vida dos pantaneiros? A época seca será influenciada pelo que for deixado pela época cheia, e vice-versa... Uma estação depende da outra. Você já parou para pensar o que acontece em um ano particularmente seco? Muitas espécies têm seu ciclo de vida modificado por causa disso. Se chover demais, é capaz de aquela cigarra que vimos no programa não conseguir sair do fundo da terra para se transformar em adulto e cantar... Além desse ciclo, de que outros ciclos a água faz parte? Que outros organismos dependem da água para completar seus ciclos? Que outros ciclos são apresentados no programa? Como o ser humano participa ou interfere nestes ciclos? Refletir sobre as conseqüências disto a longo e curto prazos. Correlacionar os assuntos do programa e, assim, perceber quão intricada é essa dinâmica, em que muitos ciclos se relacionam, e as conseqüências do rompimento deste equilíbrio. Esta prática tem como objetivo estimular a percepção dos inter-relacionamentos, criando espaços nos quais professores e alunos possam, como indivíduos, aprender através de experiências concretas. O processo de aprendizagem iniciado por essas perguntas fica mais rico quando pontuado por ações de registro e reflexão sobre o que se observou e descobriu. “Mediados por nossos registros armazenamos informações da realidade, do objeto em estudo, para poder refleti-lo, pensá-lo e assim aprendê-lo, transformá-lo, construindo o conhecimento antes ignorado.”2 É importante, ao estimular o registro, incentivar a diversidade de formas de expressão e criar espaços para a socialização das descobertas, opiniões e propostas. Existem várias formas de se registrar utilizando diferentes linguagens (desenhos, maquetes, cartazes, redações, poemas, músicas...). As sugestões que levantaremos podem servir como provocadoras de idéias e caminhos, caberá a cada educador, junto com os alunos e a equipe de trabalho, construir e decidir sobre como conduzir projetos com o tema Águas do Pantanal. 1 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília, MEC/SEF, 1997, vol. Meio Am- As propostas que se seguem têm como objetivo a concretização do processo de pesquisa, debates e biente, p. 59. elaboração de atividades, valorizando o fazer coletivo e a participação dos saberes comunitários. 2 WEFFORT, M. F. “Importância e Elas ganham um real valor quando incorporadas a um projeto de trabalho que estabeleça metas e ob- função do registro escrito, da re- jetivos próprios. Na primeira proposta, apontamos algumas etapas possíveis de encadeamento do flexão”. In: Observação, registro e trabalho seguindo a metodologia apresentada na primeira parte do Caderno do Professor volume 1. reflexão, instrumentos metodoló- O professor deve estar atento às necessidades e prioridades do grupo, podendo e devendo criar ou- gicos. Espaço Pedagógico, São Paulo, tras atividades e caminhos. 1996, p. 41. (Série Seminários.) 35 E TA PA S A P Ó S A S SISTIR AO PRO GR A M A EXPERIÊNCIAS E DEBATE S OBRE “OS US OS DA ÁGUA” NO COTIDIANO Iniciar o trabalho perguntando aos alunos o que eles viram no programa, quais os temas abordados, suas dúvidas e colocações. O professor pode enriquecer o debate com questões tais como: A água está presente na nossa vida de que forma? (Escrever no quadro-negro, cartolina ou papel pardo as idéias dos alunos.) Vocês lembram da imagem do programa em que aparece um rio visto de cima, com um desenho sinuoso muito bonito? De onde vêm os rios? Para onde vão? Onde eles nascem? Onde vão desaguar? Por onde passa o rio em sua trajetória? Por que é importante preservar as nascentes? Qual a importância da água para a vida? Como modificamos a qualidade das águas? O que são recursos hídricos? Por que o programa fala em desrespeito aos recursos hídricos? Como a água chega até a sua casa? Qual é este percurso? O que acontece com a água neste percurso? É preciso algum tratamento para torná-la potável? O tipo de atividade econômica realizada nas proximidades interfere na vida dos rios? Em quê o mapeamento dos recursos hídricos de uma região pode ser útil? Como podemos mapear o percurso da água até chegar em nossas torneiras? Pedir que cada aluno pesquise e desenhe, em um cartaz, o percurso da água até chegar na torneira de sua casa. Colocar os cartazes dos alunos nas paredes da sala e observar o que há de comum e diferente entre eles. O professor pode estimular o debate abrindo o questionamento sobre os “usos da água” no cotidiano: Você usa a água para quê? Identificar com os alunos. Quanta água você gasta por dia? Como podemos medir isso? Bolar métodos para medir uso a uso em casa (banho, escovar os dentes, beber, cozinhar, limpar o carro etc.) e depois somar tudo para ver o quanto dá... E todos na turma, quanto gastamos? Calcular. Que outros usos temos na escola? Quanto a escola gasta por dia? Identificar, quantificar e calcular. E na natureza, como os animais e as plantas usam a água? Identificar. 36 Quanta água cai da chuva? Deixar um copinho volumétrico (ou usar um copo padrão de 250ml, de preferência com a base de mesmo diâmetro que a boca) durante uma chuva do lado de fora da sala e depois medir (usar uma régua para a altura da coluna d’água e depois fazer uma regra de três: se a altura do copo é 15cm = 250ml, os 8cm que encheu = x). Assim, calculamos o quanto de água a chuva fornece... Quanto de água evapora? Deixar o copo de 250ml na sala e observar quanto tempo leva para evaporar tudo. Assim, temos uma estimativa rudimentar de quanto tempo a água fica disponível para ser usada pelos organismos se não infiltrar no solo. A medição pode ser feita por várias turmas para se calcular mais precisamente durante o dia. Quanto de água infiltra? (Cortar, por exemplo, 3 garrafas de refrigerante de 2 litros, aproximadamente a 20cm da boca, e virar essa parte para dentro da garrafa, fazendo um “funil”. Colocar bastante algodão na boca de forma a ficar firme.) Pegar areia grossa, húmus (terra escura com folhas etc.) e argila e colocar um tipo em cada “funil” desses. Jogar a mesma quantidade de água com a mesma velocidade ao mesmo tempo e comparar o tempo que a água leva para descer em cada tipo de terra. Qual demorou mais? Em qual tipo a água estará mais tempo disponível para os animais da superfície utilizarem? Como esses animais podem dispor dessa água depois de infiltrada? Refletir sobre a importância das plantas nesse processo e sobre a importância da manutenção dos solos... Propor um debate sobre o uso e as formas de conservação e economia de água. Para o desenvolvimento desta proposta precisamos trabalhar em conjunto com diferentes áreas do conhecimento e articular conceitos e conteúdos de diversas disciplinas. Escolhemos seguir um caminho, o das águas até o seu consumo em nossas casas. Cada grupo poderia desenvolver um dos outros aspectos citados pelos alunos como resposta à primeira pergunta: “A água está presente em nossa vida de que forma?” Lembrar que os produtos finais devem estar ligados ao tema. 37 OUTRA SUGESTÃO MONTAGEM DE UMA ORQUESTRA DE SONS DAS ÁGUAS PERGUNTAR Quem já prestou atenção nos diversos sons que a água faz? Quem lembra das cenas das águas do programa? As cachoeiras, as chuvas caindo na terra, no telhado, no rio, na árvore, o bater das águas nas pedras, os peixes saltando na água, o pisar na lama encharcada etc. Cada uma destas situações tem um ou mais sons diferentes. Como são estes sons? Propor à turma que pesquise outros sons produzidos pela água e que tragam aqueles possíveis de serem executados em sala de aula. Reunir, por exemplo, várias garrafas de vidro e enchê-las com quantidades diferentes de água (pouca água, muita água, metade da garrafa cheia de água, dois dedos de água etc.). Ao assoprar a garrafa, a água vibra e produz um som. Este som, se bem ajustada a proporção de água no recipiente, pode corresponder a uma nota musical. Dependendo da quantidade de água, de ar e material da garrafa, as notas podem variar. É interessante ampliar esta pesquisa na busca de outros materiais que produzam sons semelhantes aos sons da água, mas sem a presença dela, como o pau de chuva fabricado originalmente pelos índios, por exemplo. Propor que cada aluno construa o seu instrumento. E que eles, em grupo, montem uma orquestra juntando os diversos instrumentos. Pedir para que eles componham uma música a partir dos instrumentos desenvolvidos em sala. A música poderá ter letra. Sugerir que as músicas falem sobre os aspectos estudados sobre a água neste programa. 38 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFIC A S ADÁMOLI, J. A dinâmica das inundações no Pantanal. I Simpósio sobre Recursos Naturais e Socioeconômicos do Pantanal. Anais..., Brasília, Embrapa-DDT, 1986, p. 51-61. BARROS, A. L. de. Gente pantaneira: (crônicas de sua história). Rio de Janeiro, Lacerda Editores, 1998, 251p. BARROS, J. de. Lembranças. Brasília, Gráfica do Senado Federal, 1987, 93 p. CARVALHO, N. de O. Hidrologia da bacia do alto Paraguai. I Simpósio sobre Recursos Naturais e Socioeconômicos do Pantanal. Anais..., Brasília, Embrapa-DDT, 1986, p. 43-49. GALDINO, S. & CLARKE, R. T. Levantamento e estatística descritiva dos níveis hidrométricos do rio Paraguai em Ladário, MS - Pantanal. Período 1900/1994. Corumbá: Embrapa-CPAP, 1995, 72 p. (Embrapa-CPAP, Documentos, 14.) _______. Probabilidade de ocorrência de cheia no rio Paraguai, em Ladário, MS - Pantanal. Corumbá, Embrapa-CPAP, 1997, 58 p. (Embrapa-CPAP, Circular Técnica, 23.) JUNK, W. J. & SILVA, C. J. da. O conceito de pulso de inundação e suas implicações para o Pantanal de Mato Grosso. II Simpósio sobre Recursos Naturais e Socioeconômicos do Pantanal. Anais..., Corumbá, Embrapa Pantanal, 1999, p. 17-28. NOGUEIRA, F. M. B. O método de análise funcional de ecossistemas. Caso de estudo: bacia do rio Bento Gomes (Pantanal de Poconé, MT), com ênfase nas funções ambientais afetadas pela mineração do ouro. Tese de mestrado, São Carlos, UFSCarlos, 1995, 230 p. POTT, V. & POTT, A. Plantas aquáticas do Pantanal. Brasília, Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia, 2000, 404 p. VIEIRA, L. M.; ALHO, C. J. R. & FERREIRA, G. A. L. Contaminação por mercúrio em sedimento e em moluscos do Pantanal, Mato Grosso, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, São Paulo, v. 12, n. 3, 1995, p. 663-670. 39 RESERVA DA BIOSFERA 3 A partir de 2000 o Pantanal tornou-se Reserva da Biosfera, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). É a terceira maior Reserva já criada no mundo. Tornando-se uma Reserva da Biosfera, o Pantanal deu um grande passo no sentido da conservação de seu meio ambiente e do desenvolvimento sustentável da região. SINOPSE DO VÍDEO O dia amanhece e os primos acordam para passear de avião. Estão empolgados: vão sobrevoar a região do Pantanal para acompanhar o trabalho do tio Haroldo, repórter, que está fazendo um documentário. Tio Haroldo diz que o documentário é sobre o Pantanal como Reserva da Biosfera e explica, ajudado por João, porque a UNESCO classifica assim a região. Os quatro conversam sobre a importância da preservação da biodiversidade pantaneira. Conversam sobre o fato de ser o Pantanal a maior planície alagável do mundo! O avião aterriza e eles vão passear na Reserva Particular do Patrimônio Natural do SESC, em Mato Grosso. No passeio, observam um veado-campeiro; a luta entre um jacaré e uma sucuri; e outros animais. Tio Haroldo fala sobre o comportamento das sucuris. Léo tenta se aproximar de uma sucuri, mas leva um susto e sai em disparada. Na correria, acaba perdendo o sapato na lama e se torna alvo das risadas do primo. Sem falar na bronca que leva do tio João: não se brinca com sucuri! No fim da tarde, os três sentam para conversar e João toca sua viola. Exaustos, os primos vão dormir e João recita um texto de Manoel de Barros. 42 CONTEÚDO DO VÍDEO O que é u ma Reser va da Bios fera Pa nta na l : Uma Reser va da Bios fera Os benef í cios de ser u ma Reser va da Bios fera O traba l h o da U N E S CO O que é u ma ONG EXPLORANDO OS CONTEÚDOS MATO GROSSO 3 2 1 5 6 4 GOIÁS 7 8 9 BOLÍVIA 10 11 12 MATO GROSSO DO SUL PARAGUAI ZONAS NÚCLEO DO PANTANAL 1 Parque Estadual de Santa Bárbara 2 ESEC Serra das Araras 3 PARNA da Chapada dos Guimarães 4 ESEC Taiamã 5 Estrada Parque Poconé - Porto Jofre 6 RPPN do SESC 7 PARNA do Pantanal e RPPN Doroche, Acurizal e Penha 8 Parque Estadual das Nascentes do Alto Taquari 9 PARNA das Emas 10 Estrada Parque Morro do Azeite Porto da Manga 11 RPPN Fazendinha 12 RPPN Santa Sofia 13 RPPN da Região de Bonito. 13 PANTAN AL : UMA RE SER VA DA BIOSFERA Desde novembro de 2000, o Pantanal se tornou uma Reserva da Biosfera através de um decreto da BIOSFERA Parte da Terra em que UNESCO . Com mais de 25 milhões de hectares, está entre as maiores reservas do mundo. Engloba pode existir vida. Inclui parte da grande parte da planície de inundação da bacia do rio Paraguai: o pantanal mato-grossense. Tam- litosfera e hidrosfera. Envolve a bém abrange o planalto e as serras circundantes, incluindo as cabeceiras dos rios que formam o crosta terrestre, as águas e a at- Pantanal brasileiro. mosfera. BIODIVERSIDADE Diversidade bio- Isso representa uma área quase duas vezes maior que a planície de inundação, ou Pantanal prológica – riqueza de espécies: priamente dito. número absoluto de espécies 2 A Reserva da Biosfera do Pantanal, com cerca de 310 mil km (ou 31 milhões ha) em território bra- numa comunidade ou região. sileiro, recebe influência dos biomas Amazônico, Mata Atlântica, Cerrado e Chaco, o que contribui CONSERVAÇÃO Manejo dos recursos para a imensa biodiversidade dessa reserva que engloba os estados de Goiás, Mato Grosso do Sul do ambiente, ar, água, solo, mine- e Mato Grosso. rais e espécies viventes, incluindo o homem, de modo a conseguir a O QUE É UMA RE SER VA DA BIOSFERA? mais alta qualidade de vida humana sustentada. Nesse contexto, o São áreas terrestres, costeiras ou marinhas, reconhecidas mundialmente pela UNESCO, que represen- manejo dos recursos inclui pros- tam um conceito e uma ferramenta de planejamento de uso e ocupação de espaço territorial. pecções, pesquisa, legislação, administração, preservação, utili- Representam um modelo de gestão integrada, participativa e sustentável de manejo dos recursos zação, educação e treinamento. naturais. Neste sentido, são consideradas como um conceito de uso e ocupação do espaço e dos recursos naturais pelo homem. São, também, uma ferramenta de planejamento, pois delimitam um espaço geográfico e determinam princípios e linhas de ação, bem como critérios de zoneamento. Em conjunto, as Reservas da Biosfera constituem uma rede mundial, pois são criadas com princípios comuns. Cada Reserva da Biosfera tem três funções básicas, interdependentes e complementares entre si. São elas: • Contribuir com a conservação de paisagens, ecossistemas, espécies e a biodiversidade; • Impulsionar o desenvolvimento econômico de forma social, cultural e ecologicamente sustentável; • Apoiar projetos de pesquisa, educação, capacitação, monitoramento e intercâmbio de informações relativos à temática de desenvolvimento e de conservação do patrimônio natural, seja no âmbito local, nacional e/ou global. As Reservas da Biosfera não interferem na soberania nacional e cada uma delas está sujeita às leis do país onde se situa. A UNESCO analisa as propostas que cada país encaminha e, através de uma comissão, elege quais são as regiões do mundo que podem ser consideradas Reserva da Biosfera. 45 Atualmente, o Brasil tem Reservas da Biosfera em todos os seus cinco grandes biomas: Amazônia Mata Atlântica / Campos Pantanal Cerrado Caatinga O TRABALHO DA UNESCO O que é a UNESCO ? A UNESCO (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura) é uma organização que reúne mais de 188 países e tem como principal objetivo “contribuir com a paz e a segurança no mundo, promovendo, por meio da educação, ciência, cultura e comunicação, a colaboração entre as nações a fim de garantir a justiça universal, o respeito às leis, aos direitos humanos e às liberdades fundamentais que a Carta das Nações Unidas reconhece a todos os povos”. Na prática, esta organização promove a cooperação técnica dos países-membros para elaboração de projetos e formulação de políticas de desenvolvimento, além de incentivar pesquisas e promover o intercâmbio. Sua sede é em Paris (França); ao todo, a UNESCO tem 73 escritórios distribuídos pelo mundo. No Brasil, seu escritório fica em Brasília. COMO SE DIVIDE UMA RE SER VA DA BIOSFERA Uma Reserva da Biosfera é composta por zonas-núcleo, zonas de amortecimento e zonas de transição. Cada uma destas apresenta objetivos e características próprias. ZONAS-NÚCLEO São áreas legalmente estabelecidas com o objetivo de proteger paisagens, ecossiste- mas e espécies. Em algumas localidades – como é o caso do Pantanal – podem existir várias zonas-núcleos em uma única Reserva da Biosfera. Nestas zonas não são permitidas atividades econômicas produtivas, apenas atividades de pesquisa, monitoramento e, eventualmente, o manejo sustentável de recursos naturais por comunidades tradicionais. No Pantanal, como nas outras reservas brasileiras, geralmente as zonas-núcleo de Reservas da Biosfera são Parques Públicos (Nacionais, Estaduais, Municipais), Reservas Biológicas (em geral particulares), Estações Ecológicas ou outras Unidades de Conservação. ZONAS DE AMORTECIMENTO Áreas que ficam ao redor das zonas-núcleo. As zonas de amortecimento são como um cinturão que protege as zonas-núcleo. No Pantanal, as atividades produtivas desenvolvidas nestes locais são, predominantemente, pecuária extensiva ou semi-extensiva, turismo, mineração e transporte hidroviário pelo rio Paraguai. 46 ZONAS DE TRANSIÇÃO Áreas que circundam as zonas de amortecimento, onde são desenvolvidas ativida- des produtivas. Podem ser áreas rurais e centros urbanos. Zona de núcleo Zona de amortecimento Zona de Transição Mesmo sendo zonas de transição, os impactos ambientais que venham a ocorrer nestas áreas podem afetar as zonas-núcleo. AT E N Ç ! ÃO AS ZONAS-NÚCLEO DO PANTANAL SÃO PARQUE ESTADUAL SERRA DE SANTA BÁRBARA , em Mato Grosso – Vegetação de Cerrado; há registros de fauna e flora endêmica. ESTAÇÃO ECOLÓGICA DA SERRA DAS ARARAS , em Mato Grosso – Localizada às margens do rio Paraguai. Vários tributários do rio Paraguai nascem nesta Unidade. PARQUE NACIONAL DA CHAPADA DOS GUIMARÃES , em Mato Grosso – Tem como objetivo proteger as nas- centes e a Chapada dos Guimarães. ESTAÇÃO ECOLÓGICA TAIAMÃ, em Mato Grosso – Engloba uma ilha baixa no rio Paraguai e suas margens adjacentes. Parque Nacional da Chapada dos Guimarães - MT 47 Curral de pedra do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães - MT PRESERVAÇÃO É a ação de proteger ESTRADA PARQUE POCONÉ – PORTO JOFRE , em Mato Grosso – Engloba a estrada de rodagem e seus contra a destruição, e qualquer arredores e as mais belas paisagens pantaneiras. forma de dano ou degradação, RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL DO SESC , em Mato Grosso – Inclui porções de Cerrado, um ecossistema, uma área geo- campos, matas e lagoas permanentes. É uma Unidade de Conservação de caráter privado. gráfica, espécies animais e PARQUE NACIONAL DO PANTANAL E RESERVAS PARTICULARES DO PATRIMÔNIO NATURAL DOROCHÊ , Acurizal vegetais ameaçadas de extinção, e Penha, na divisa dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul – Compreende uma das mais be- adotando-se medidas preventi- las e bem protegidas paisagens regionais. vas e de vigilância. PARQUE ESTADUAL DAS NASCENTES DO ALTO TAQUARI , em Mato Grosso do Sul – Criado para proteger as ONG Abreviatura de Organização nascentes do rio Taquari. Não-Governamental. PARQUE NACIONAL DAS EMAS , em Goiás – Criado para proteger porções de Cerrado, matas ciliares e as DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL nascentes do rio Taquari. É o desenvolvimento que atende ESTRADA-PARQUE PANTANAL , em Mato Grosso do Sul – Corta o Pantanal do Abobral-Negro e o Pantanal da melhor forma possível às ne- do Miranda e engloba as paisagens do maciço do Urucum nas proximidades da cidade de Corumbá. cessidades atuais e futuras do RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL FAZENDINHA , em Mato Grosso do Sul – Unidade de Con- homem sem afetar o ambiente e servação de caráter privado. a diversidade biológica. RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL SANTA SOFIA , em Mato Grosso do Sul – Outra Unidade de Conservação de caráter privado localizada no município de Aquidauna. COMPLEXO DE RESERVAS PARTICULARES DO PATRIMÔNIO NATURAL DA REGIÃO DE BONITO , em Mato Gros- so do Sul – São oito reservas particulares distribuídas nos municípios de Bonito e Jardim. OS BENEFÍCIOS DE SER UMA RE SER VA DA BIOSFERA A região passa a receber projetos, investimentos e se torna um importante campo de pesquisa para ONGs e comunidades científicas em geral. Isso também é positivo para os governos municipais, esta- 48 duais e federal em que esta reserva se encontra. Afinal, fica muito mais fácil conseguir apoio para projetos de conservação e preservação ambientais. As comunidades tradicionais, pescadores profissionais e fazendeiros também se beneficiam, assim como os empreendedores de ecoturismo. GESTÃO A gestão de uma reserva é resultado do esforço conjunto e coordenado dos poderes público e privado. Governos, cientistas, organizações não-governamentais, iniciativa privada e as comunidades, cada um desempenha um papel. O objetivo de todos é o desenvolvimento sustentável. QUEM SÃO OS DONOS DAS RESERVAS DA BIOSFERA? • A designação de uma Reserva da Biosfera não interfere na posse da terra. • A Reserva está subordinada à soberania nacional e às leis do país onde está localizada. • As Reservas da Biosfera não são de propriedade mundial. São áreas cuja importância mundial é reconhecida pela UNESCO. • Os donos das terras de uma Reserva da Biosfera são os proprietários das áreas que ela engloba, sejam eles Governos, proprietários particulares, ONGs ou empresas. • Mas as Reservas da Biosfera são, também, um pouco de cada um dos cidadãos que as visitam, respeitam e acreditam que é possível promover o bem-estar humano simultaneamente à conservação do patrimônio natural. • As Reservas da Biosfera são um símbolo do compromisso das nações com o futuro do planeta. Vista geral de área alagada do Pantanal 49 TRABALHANDO COM O TEMA COMO VIMOS NO PROGRAMA e nos textos anteriores deste capítulo, as Reservas da Biosfera estão pre- sentes de diversas formas no nosso dia-a-dia, portanto necessitam ser observadas, percebidas, entendidas e estudadas por diferentes ângulos, com a contribuição de muitos campos do conhecimento. Desta forma, poderemos ter compreensão da importância das reservas em nossas vidas. Um bom ponto de partida para desenvolver um projeto, uma aula ou uma atividade é elaborar perguntas, buscando incentivar a curiosidade e a necessidade de saber e pesquisar mais. Para isso é necessário formular questões sobre a realidade. Perguntas que permitam o exercício da reflexão, da observação do mundo, do questionamento e formulação de novas perguntas. A relação entre os elementos da Natureza se aprende observando o meio, e esta descoberta permite a construção de novos valores e atitudes. “Uma capacidade importante a ser desenvolvida nos alunos é a de, ao observar determinado fenômeno, perceber nele relações e fluxos, no espaço e no tempo.”1 Por exemplo, ao refletir sobre a importância das Reservas da Biosfera descritas no programa, perguntar-se o que são, como funcionam e para que servem. Cada Reserva da Biosfera tem três funções básicas: Contribuir para a preservação das paisagens, ecossistemas, espécies e variabilidade genética; impulsionar o desenvolvimento econômico de forma social, cultural e ecologicamente sustentável; apoiar projetos de pesquisa, capacitação e monitoramento de informações. Mas como essas coisas estão interligadas? Sem a proteção da mata ciliar, a terra das margens é carregada para dentro do rio. A chuva não penetra mais no solo, secando as nascentes que abastecem esse e outros rios, alterando o clima local. A alteração desse ambiente e a poluição das águas faz com que muitas espécies não consigam mais viver naquelas águas, Influenciando, assim, inúmeras outras... E o próprio homem. 50 O que acontece quando uma espécie é extinta? Para sabermos os efeitos diretos precisamos conhecer os habitats e os hábitos desta espécie. O que come? Como e quando se reproduz? Qual a relação dela com outras espécies? Vejamos um exemplo: Se eliminarmos uma espécie de formiga, os fungos que são “cultivados” por elas para se alimentar irão diminuir, causando a redução de todas as populações de animais que também se alimentam daquele fungo. Desta forma, os predadores das formigas terão menos alimento. Além desse ciclo, de que outros ciclos a formiga faz parte? Que outros organismos dependem dela para completar seus ciclos? Às vezes, para um ciclo se completar é necessário que outros não se completem. Quando uma espécie é extinta, não é só ela que some, mas todos os organismos que dependem dela. E se a extinção de uma espécie já tem efeitos enormes sobre a teia da vida, imagine o que acontece quando um ecossistema é destruído. Um rio poluído ou uma floresta colocada abaixo, por exemplo. Quantas espécies e quantos outros ciclos são perdidos? Além da perda de diversidade, podem ocorrer mudanças de clima que, por sua vez, eliminam mais espécies. Que outros ciclos são apresentados no programa? Como o ser humano participa ou interfere nestes ciclos? O Pantanal é uma região rica não só por sua natureza, mas pela diversidade cultural do seu povo. Em uma Reserva da Biosfera, os aspectos culturais também são valorizados. É a forma de estimular quem vive no Pantanal para ajudar a manter essas riquezas. Para tal, é preciso dar apoio às instituições de pesquisa, para que possamos conhecer mais e podermos preservar. Refletir sobre as conseqüências disto a longo e curto prazos. Correlacionar os assuntos do programa e, assim, perceber quão intricada é essa dinâmica, em que muitos ciclos se relacionam, e as conseqüências do rompimento deste equilíbrio. Esta prática tem como objetivo estimular a percepção dos inter-relacionamentos, criando espaços nos quais professores e alunos possam, como indivíduos, aprender através de experiências concretas. O processo de aprendizagem iniciado por essas perguntas fica mais rico quando pontuado por ações de registro e reflexão sobre o que se observou e descobriu. “Mediados por nossos registros armazenamos informações da realidade, do objeto em estudo, para poder refleti-lo, pensá-lo e assim aprendê-lo, transformá-lo, construindo o conhecimento antes ignorado.”2 É importante, ao estimular o registro, incentivar a diversidade de formas de expressão e criar espaços para a socialização das descobertas, opiniões e propostas. Existem várias formas de se registrar utilizando diferentes linguagens (desenhos, maquetes, cartazes, redações, poemas, músicas...). As sugestões que levantaremos podem servir como provocadoras de idéias e caminhos, caberá a cada educador, junto com os alunos e a equipe de trabalho, construir e decidir sobre como conduzir projetos com o tema Reservas da Biosfera. 1 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília, MEC/SEF, 1997, vol. Meio Ambiente, p. 59. As propostas que se seguem têm como objetivo a concretização do processo de pesquisa, debates e ela- 2 WEFFORT, M. F. “Importância e boração de atividades, valorizando o fazer coletivo e a participação dos saberes comunitários. Elas função do registro escrito, da re- ganham um real valor quando incorporadas a um projeto de trabalho que estabeleça metas e objetivos pró- flexão”. In: Observação, registro e prios. Na primeira proposta, apontamos algumas etapas possíveis de encadeamento do trabalho seguindo reflexão, instrumentos metodoló- a metodologia apresentada na primeira parte do Caderno do Professor volume 1. O professor deve estar gicos. Espaço Pedagógico, São Paulo, atento às necessidades e prioridades do grupo, podendo e devendo criar outras atividades e caminhos. 1996, p. 41. (Série Seminários.) 51 E TA PA S A P Ó S A S SISTIR AO PRO GR A M A C AMPANHA DE C AR TAZE S ECOLÓGICOS Iniciar o trabalho perguntando aos alunos o que eles viram no programa, quais os temas abordados, suas dúvidas e colocações. O professor pode enriquecer o debate com questões tais como: As Reservas da Biosfera são importantes de que forma? (Escrever no quadro-negro, cartolina ou papel pardo as idéias dos alunos.) No programa nós vimos que a UNESCO reconheceu o Pantanal como área de Patrimônio Natural a ser preservada. Reservas da Biosfera são áreas de importância estratégica para a preservação de diferentes formas de vida selvagem. O objetivo é impedir que espécies ameaçadas de extinção desapareçam. E preservar amostras de ecossistemas fundamentais para a vida na terra. O que é patrimônio natural? Como podemos preservar e conservar o meio ambiente? Pedir que os alunos façam uma pesquisa sobre as Reservas da Biosfera. Por que é importante contribuirmos para a conservação das paisagens, ecossistemas, espécies e variabilidade genética? Como as Reservas da Biosfera podem impulsionar o desenvolvimento econômico de forma social, cultural e ecologicamente sustentável? Por que o equilíbrio da natureza é fundamental para a vida no planeta? Por que é importante desenvolver a consciência sobre a necessidade de conservação do meio ambiente? O que cada um de nós pode fazer para preservar as diferentes formas de vida selvagem? O que podemos fazer para impedir a extinção? Propor a realização de cartazes sobre os assuntos pesquisados. O que é um cartaz? Qual a sua importância? Como fazer cartazes sobre a temática escolhida? Nos cartazes as imagens e os slogans ou títulos têm importância fundamental para reforçar as informações a serem transmitidas. Em geral de grandes dimensões, para afixação em lugares amplos ou ao ar livre, os cartazes são veículos para a divulgação de temas ou eventos relevantes. Dividir os assuntos para que cada aluno crie um cartaz. Pensar sobre a estrutura do cartaz: título, imagem, informações adicionais... Escolher o suporte para a confecção dos cartazes (cartolina, isopor, caixas de papelão recicladas, papel pardo etc.). 52 Definir a técnica a ser utilizada para a sua elaboração (desenho, pintura, colagem, uso de materiais de sucata, técnicas mistas etc.). Distribuição dos cartazes pela escola. Depois checar quanto à possibilidade de realizar uma aula – passeio com os alunos em uma área considerada patrimônio natural. O professor irá propor à turma que escolha um parque, uma reserva particular do patrimônio natural da região, para que a turma possa realizar uma visita de pesquisa. Pedir que os alunos façam um levantamento sobre: O que levar para o local escolhido? Quais os dias e horários de visitação? Telefonar para o local e pedir informações. Durante a visita os alunos poderão fazer anotações sobre as condições gerais desta área, qual a importância deste parque para a comunidade? Quais as espécies existentes? Qual seu estado de conservação? A partir da pesquisa feita sobre as Reservas da Biosfera, os alunos poderão refletir sobre os cuidados que devemos ter com os espaços do cotidiano. Que ações cada um de nós pode realizar para ajudar a conservar e preservar os espaços que fazem parte do nosso dia-a-dia? Conservamos a nossa escola? O que precisa ser cuidado e preservado em nossa escola? E em casa? Que atitudes podemos adotar? Como podemos conquistar os colegas, a direção, os funcionários, os outros professores e os familiares como parceiros na preservação e conservação dos espaços comuns? Preparar uma campanha para a divulgação das informações colhidas e a conquista de parceiros para a preservação e conservação da biosfera. Para o desenvolvimento desta proposta precisamos trabalhar em conjunto com diferentes áreas do conhecimento e articular conceitos e conteúdos de diversas disciplinas. Escolhemos seguir um caminho, o da preservação da biosfera. Cada grupo poderia desenvolver um dos outros aspectos citados pelos alunos como resposta à primeira pergunta: “As reservas estão presentes em nossa vida de que forma? Lembrar que os produtos finais devem estar ligados ao tema.” 53 OUTRA SUGESTÃO CONSTRUÇÃO DE UMA TEIA DE EQUILÍBRIO AMBIENTAL PERGUNTAR Quem lembra da cena do programa em que se diz que o equilíbrio no Pantanal é importan- te para o mundo? Por que esta importância? O que é equilíbrio? O que é desequilíbrio? Quais os fatores que provocam desequilíbrio? Eles são sempre os mesmos? A flora mantém uma relação de equilíbrio com a fauna? E a fauna mantêm uma relação de equilíbrio com a vegetação? E como o ser humano se relaciona com o meio? Propor a construção de móbiles a partir desta relação de equilíbrio e desequilíbrio entre os elementos do meio ambiente. Para construir o móbile, o professor poderá primeiro construir com os alunos este conceito de equilíbrio, por meio de uma investigação com o próprio corpo. Pedir que os alunos afastem as carteiras e cadeiras e formem um grande círculo. Com um rolo de barbante nas mãos, o professor segura uma ponta, joga o rolo para um dos alunos e pede que diga o nome de algum elemento do Pantanal. Por exemplo, “arara-azul”. Em seguida, este aluno joga o barbante para outro aluno do outro lado da sala, que se apresenta da mesma forma até todos terem feito o mesmo e formado uma teia. Em seguida, o professor pede que os “elementos” que estão em risco de extinção dêem um passo para trás. A relação entre os componentes dessa teia foi alterada. Depois, o professor pede para esses alunos soltarem o barbante (representando a extinção dessas espécies). O que acontece com a teia? Verificar o que acontece se algum aluno soltar a parte do barbante que está segurando. Perceber o que acontece se o grupo tenciona ou afrouxa todas as partes. Como as partes estão interligadas? Estas observações podem ir se desdobrando à medida que o professor e os alunos vão relacionando estas questões com o equilíbrio da biosfera. Após esta atividade, os alunos poderão construir móbiles que representem situações de equilíbrio e desequilíbrio entre as espécies da biosfera. DICA Procure sempre que possível chamar a atenção para os aspectos sonoros durante o proces- so de trabalho. No Caderno de Iniciação Musical o professor encontrará várias sugestões e idéias. 54 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFIC A S ACIESP - Academia de Ciências do Estado de São Paulo. Glossário de ecologia. São Paulo, Aciesp, 1987, 271 p. BRASIL. Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza. Lei nº 9.985, de 18 de Julho de 2000. IUCN - Union Internacional para Conservación de la Naturaleza. Parques e Progreso. IV Congresso Mundial de Parques y Areas Protegidas. Caracas, IUCN, 1993, 257 p. MACKINNON, J. L. ; CHILD, G. & THORSELL, J. (eds). Manejo de areas protegidas en los trópicos. Gland (Suíça), IUCN - Union Internacional para Conservación de la Naturaleza, 1990. MAGALHÃES, N. W. Conheça o Pantanal. São Paulo, Terragraph, 1992. SITE: http://www.unesco.org 55 A FLORA PANTANEIRA 4 A flora do Pantanal é rica e variada. Importante econômica e ecologicamente, a flora alimenta o gado e toda a fauna, servindo de elo básico na rica cadeia alimentar da região. Influi bastante na vida dos pantaneiros: está presente na medicina popular, na construção das casas e tem muitos outros usos. A vegetação do Pantanal se mantém em grande parte preservada, motivo a mais para merecer cuidados e ações de conservação. Conhecê-la melhor pode ser um ótimo passo neste sentido. SINOPSE DO VÍDEO João vai com seus sobrinhos visitar Dona Lourdes, uma senhora que está doente. Eles pegam um trator e, no caminho, vão observando como a vegetação se distribui pela paisagem. Reparam em algumas das principais espécies da flora pantaneira. João explica para os garotos a importância da flora para as comunidades, os animais e a vida da região. E como o pantaneiro usa suas plantas como alimento, medicamento, material de construção e muito mais. Durante o passeio, João explica que a flora é a base de uma vasta cadeia alimentar que inclui direta ou indiretamente toda a fauna terrestre e aquática da região. Quando chegam à casa de Dona Lourdes, eles encontram com Dona Flora, uma pantaneira que usa as plantas para curar. Neste ponto, é abordada a importância da flora na medicina fitoterápica. Quando estão voltando para a casa, os meninos ainda fazem descobertas sobre outras plantas importantes do Pantanal, como o pequi e o ingá. Neste programa da série “Tom do Pantanal”, também destaca-se a importância da água que, mais uma vez, surge como elemento dominante, representando onde tudo começa e termina. 58 CONTEÚDOS DO VÍDEO A s reg i õ es e sub - reg i õ es que f or ma m o Pa nta na l A flora na vida do Pantanal: medicina, habitação, culinária e brincadeiras A i mpor t â ncia ecol ó g ica das esp é cies Variedade de vegetação – Ciclo alimentar da vegetação aquática A i n f l u ê ncia do reg i me das á g uas na pa i s agem Il has f l u tua ntes – ba lcei ros Pastagens nati vas Pa i s agem pa nta nei ra e a i n f l u ê ncia de ecoss i stemas v izi n h os E xemplos da f lora pa nta nei ra: ca ra nd á , acu r i, bu r iti, a ng ico, pequ i, i ng á , f ig uei ra - mata - pau EXPLORANDO OS CONTEÚDOS 1.800 espécies de plantas sendo 250 aquáticas. REGIÕES E SUB-REGIÕES: OS DIFERENTES ECOSSISTEMAS QUE SE ENCONTRAM DENTRO DO PANTAN AL A flora pantaneira é rica porque incorpora plantas de outras regiões, outros biomas próximos. NO PANTANAL OCORREM ESPÉCIES: • DO CERRADO (SUB-REGIÕES ARENOSAS) Pequi, barbatimão, jatobá, lixeira, mangaba, pindaíba e vinhático. • DA AMAZÔNIA Babaçu (ou aguassu), camalotes (ou aguapés), cambará, pimenteira, tarumã e vi- tória-régia. • DO CHACO Algarobo, carandá e quebracho. • DA MATA ATLÂNTICA Guanandi, piúva-da-mata, timbaúva (ou ximbuva). • DA ILHA DO BANANAL Várias gramas, almécega, angico, caiá, chico-magro, embaúba, jenipapo, para- tudo, periquiteira e sucupira. FLORA É DIFERENTE DE VEGETAÇÃO Flora é o conjunto de espécies de plantas de uma região. Ex.: Guaranazinho, ginseng-do-pantanal, hortelã-brava, ingá etc. Vegetação é o arranjo das espécies na paisagem. Ex.: Campos inundáveis, campos com árvores espalhadas, vegetação aquática em lagoas, matas ciliares, cerrados, floresta seca etc. AT E N Ç ÃO INFLUÊNCIA ! DO REGIME DA S ÁGUA S Como tudo na região, a vegetação é influenciada pelas águas. Dependendo da época do ano, uma viagem pelo Pantanal nos revela muitos campos, alguns com árvores aqui e ali. Esses mesmos campos em outras épocas ficam completamente inundados. Da mesma forma encontramos lagoas com bela vegetação aquática. Lagoas que em épocas de seca podem desaparecer, assim como vazantes (canais rasos com água temporária) e corixos (rios que ocorrem apenas na cheia). Por ser uma região muito plana, é comum esses pequenos rios mudarem de lugar de ano para ano. Há também capões, cerrados e matas ciliares, que crescem à beira dos rios, e até florestas secas mais ao sul. OS TIP OS DE VEGE TAÇÃO E S UA IMP OR TÂNCIA ECOLÓGIC A BIOMA Conjunto de condições A flora – tanto as plantas terrestres quanto as aquáticas – é a base de toda a cadeia alimentar. climáticas e características de AS PLANTAS TERRESTRES , que são: ervas, arbustos, trepadeiras e árvores, produzem alimento na vegetação: o grande ecossistema forma de raízes, caules, folhas, flores, frutos e sementes, que sustentam a fauna herbívora, e indire- com fauna, flora e clima próprios. tamente também a carnívora. CADEIA ALIMENTAR É o processo da natureza em que um ser vivo AS PLANTAS AQUÁTICAS filtram a água e são importantes na cadeia alimentar dos ecossistemas aquáticos, se alimenta de outro. servindo de alimento a insetos e caramujos, que depois servem de alimentos para peixes e aves. 61 Aquela A flora do Pantanal possui uma enorme importância ecológica justamente porque serve de base para formada pelos animais que toda a cadeia alimentar. As plantas são o alimento natural da fauna herbívora – que só se alimenta de se alimentam de vegetais. vegetais. Indiretamente, a flora da região é essencial, também, para a alimentação da fauna carnívora FAUN A HERBÍVORA Aquela – animais como a onça, carnívoros por excelência, acabam se alimentando de bichos menores como formada pelos animais que se preás e coelhos, que são herbívoros. Só isso já seria motivo suficiente para ficarmos atentos à conser- alimentam de outros animais. vação desse patrimônio. FAUNA CARNÍVORA A flora fornece alimento para a fauna. Mas a fauna também tem importante papel na procriação da flora. No Pantanal, a ninféia se fecha quando um besouro pousa em suas pétalas. Ele só é liberado no dia seguinte, quando a flor se abre novamente. O besouro, então, leva o pólen da ninféia para outras regiões, ajudando no processo de polinizar outras ninféias. Já o morcego ajuda a figueira a germinar. Ninféia A FLORA NA VIDA DO PANTAN AL A flora de uma região costuma ter presença marcante na vida das pessoas e na cultura das comunidades. E o Pantanal não foge à regra. Plantas como o bacuri, pequena palmeira da qual tudo se aproveita, são um bom exemplo disso: as flores do bacuri são habitat de abelhas nativas; o fruto é um ótimo alimento para araras, papagaios e periquitos; as folhas são usadas para servir de telhado; o cabo do cacho, desfiado, é muito usado como leque para espantar mosquitos e a água do coquinho é utilizada como colírio. As plantas terrestres também fornecem abrigo para a maioria das espécies de animais: arbustos e árvores ajudam a segurar o barranco dos rios. As plantas aquáticas ajudam a fixar sedimentos depositados na margem dos rios. VALOR MEDICINAL DA FLORA Os pantaneiros vivem longe do médico e da farmácia, utilizando muito o que eles mesmos chamam de “farmácia do mato”. 62 São plantas que servem como medicamentos para muitos problemas de saúde, para combater verminoses, reduzir a fratura de um braço ou estancar uma hemorragia. A riqueza da flora pantaneira possibilita uma grande diversidade de medicamentos fitoterápicos. FITOTERAPIA: A CURA PELAS PLANTAS O uso de plantas na medicina é milenar. O médico grego Hipócrates (séc. I a.C.), considerado o pai da medicina, deixou muitos escritos sobre as qualidades terapêuticas das plantas. As plantas curativas são presença importante em todas as culturas. Orientais, africanos, índios, todos desenvolveram receitas capazes de cicatrizar, fortificar, anestesiar. Muitas dessas receitas chegaram aos nossos dias e fazem parte da cultura popular de muitas nações. O Brasil – um país tão rico em recursos naturais – possui um acervo enorme de plantas medicinais. Mas, atenção: curar com a ajuda de plantas não é um privilégio de velhos curandeiros ou de sábias vovós. Boa parte dos remédios fabricados em laboratório tem como base as plantas. Já pensou quantas pessoas já se curaram e ainda vão se curar graças a esse verdadeiro tesouro? Infelizmente, muita gente ainda confunde fitoterapia com crendices e superstições. Fique atento e procure distinguir uma coisa da outra. AT E N Ç ÃO ! O USO DA FLORA NA HABITAÇÃO O calor do Pantanal é amenizado por um telhado de folhas da palmeira acuri, sobre caibros da palmeira cambará e pelas paredes de carandá, uma árvore amazônica. O pantaneiro tira da mata esse material para fazer o rancho ou um acampamento – desde a embira, que é a casca fibrosa de árvores, por exemplo, até a chico-magro, usada como corda. Outras cascas como angico e barbatimão são usadas para curtir o couro. Típica habitação pantaneira 63 O US O N A C ULINÁRIA: A FLORA E O S ABOR PANTANEIRO A culinária pantaneira se utiliza largamente da flora local. As receitas podem ser simples, como coquinhos de bocaiúva fervidos no leite, ou mais elaboradas, como o famoso arroz de pequi. Como curiosidade, apresentamos uma das várias receitas que existem para fazer o arroz de pequi: Fruto do Pequi INGREDIENTES " 1 kg de arroz " 20 a 30 caroços de pequi com polpa " Sal, alho, cebola, cheiro-verde e óleo MODO DE FAZER " Refogar os caroços de pequi em óleo, sal, alho e cebola " Colocar um pouco de água e deixá-los cozinhar até a água secar " Adicionar o arroz e refogar bem " Colocar um pouco de água e de cheiro-verde " Deixar cozinhar " Depois de cozido, colocar o restante do cheiro-verde por cima " Na hora de servir, é bom lembrar que a polpa de pequi pode ser mordida apenas superficialmente (logo abaixo ficam espinhos que podem machucar a boca e são difíceis de retirar) BRINCADEIRAS E JOGOS E a flora também é diversão. Algumas plantas servem de base para brincadeiras e jogos. Os coquinhos, por exemplo, são usados num jogo típico do Pantanal, muito parecido com o jogo das bolas de gude. 64 PRINCIPAIS E SPÉCIE S DE PL ANTA S E SEUS US OS ESPÉCIE O QUE É USO NA ALIMENTAÇÃO USO MEDICINAL OUTROS USOS ALMÉCEGA Árvore com folhas muito A flor atrai abelhas. O fruto Contra tosse e como Incenso. aromáticas, assim como a tem uma parte branca adoci- antisséptico, cicatrizante resina que sai da casca. cada comestível e procurada e repelente. por aves e bugios, que também comem a resina e os brotos. AMENDOIM- Como em todos os amendoins, São boas forrageiras. Algumas As espécies nativas são BRAVO a flor é aérea, mas o fruto aves, inclusive galinhas, importantes para o melhora- desta leguminosa é comem a flor, que também mento do amendoim cultivado, subterrâneo. é visitada por abelhas. e para aumentar a resistência a pragas e doenças. ANGICO Árvore alta (20m), casca As flores são muito procuradas Cicatrizante de pele inflamada. Muito usada para curtir couro; com tanino, madeira vermelha, pelas abelhas, produzindo o também fornece boa lenha. é dura e durável. Do caule sai uma resina, excelente mel de angico. da qual se pode fazer cola igual à goma arábica. ARAÇÁ Arbusto de pequenos capões O fruto é muito parecido com O broto amargo em forma de Madeira fina mas forte, e campos inundáveis. a goiaba. Serve para fazer chá é bom remédio contra usada para cabos de doces. Já é cultivada em diarréia. utensílios. vários países como frutífera. Comida de aves. BURITI Palmeira freqüente apenas Com o fruto faz-se o famoso na parte nordeste e sudeste doce de buriti. É alimento do Pantanal. CARANDÁ O fruto é rico em caroteno (pró-vitamina A). de araras. O nome vem do guarani O caule maduro é uma madeira “carandaí”, que significa durável para poste na água e palmeira da água. É uma boa para curral e construções; espécie do Chaco, do mesmo não pega cupim, sendo gênero da carnaúba do exportada pelo Paraguai Nordeste. Forma o carandazal, como laminado decorativo. em solos ricos em calcário ou O melhor chapéu de palha em sal. é feito com esta folha, hoje importado do Paraguai. O cacho é usado como vassoura. 65 ESPÉCIE O QUE É CAMBARÁ FIGUEIRA USO MEDICINAL OUTROS USOS Árvore amazônica, de tronco Casca usada para xarope Madeira usada para escavar reto. A árvore nova é sensível contra tosse, febre, bronquite a famosa canoa pantaneira ao fogo, depois cria casca e até pneumonia, quando não e para caibros e porteira grossa. É uma das piores há outro recurso no Pantanal, de varas. invasoras de campos, fecha sendo que já foi comprovado tanto que nem ela própria que contém princípios ativos germina à sua sombra. medicinais. Árvore majestosa, das USO NA ALIMENTAÇÃO Alimento de bugios, morcegos O leite é vermífugo. Madeira macia e leve, usada matas e capões. Geralmente e aves (incluindo tucano), para confeccionar gamelas e nasce sobre acuri, depois violas de cocho, da tradicional sendo que algumas espécies termina sufocando a palmeira. dão um figuinho adocicado, dança do cururu. comestível. INGÁ Árvore de beira-rio, com ramos Os estames das flores são Casca com tanino, usada pendentes por cima da água. comidos por aves. O fruto como cicatrizante. Flores visitadas por abelhas adocicado é comestível e é ali- e por beija-flores. mento de peixes, bugios e aves, que espalham as sementes. PEQUI OU PIQUI Uma das maiores árvores do Fruta muito conhecida no cerrado e que ocorre no Centro-Oeste, apreciada no Pantanal. tradicional arroz com pequi e matéria-prima para frango com pequi, e para fazer cosméticos. Madeira usada o tradicional licor de pequi. para cocho de sal. A flor abre à noite e é polinizada por morcegos, e, quando cai, é comida por antas e veados. 66 É a fruta com mais vitamina A O óleo da polpa serve para que se conhece no mundo. cozinhar, o da semente é Quando alguém fica doente, a primeira coisa a fazer é chamar um médico. Automedicar-se não é aconselhável e pode ser perigoso. Mesmo o uso de plantas e ervas curativas deve ser receitado por profissionais de saúde. AT E N Ç ! ÃO AS PA STAGENS N ATI VA S A vegetação do Pantanal continua 90% preservada, mesmo com mais de 200 anos de ocupação do solo com bovinos. As pastagens nativas são a maior riqueza do Pantanal e sustentam o gado, hoje calculado em três milhões de cabeças. Os bovinos não destroem o Pantanal porque existe muito mais capim do que o necessário para os animais nativos. A vegetação do Pantanal continua natural em 90% da área, mesmo com mais de 200 anos de ocupação do solo com bovinos, porque a pecuária é baseada em pastagens nativas inundáveis. Somente ao redor de sedes de fazenda, em roças, pastagens cultivadas e em beira de estrada há plantas exóticas, como capim-amargoso, caruru-de-espinho e mamona, mas que não invadem áreas alagáveis. Estas pastagens cultivadas concentram-se na parte leste do Pantanal, que é mais EXÓTICA Não nativa, estrangeira. seca, e em áreas de cerrado desmatado. Gado sobre pastagem nativa 67 TRABALHANDO COM O TEMA COMO VIMOS NO PROGRAMA e nos textos anteriores deste capítulo, a flora está presente de di- versas formas no nosso dia-a-dia, portanto necessita ser observada, percebida, entendida e estudada por diferentes ângulos, com a contribuição de muitos campos de conhecimento. Desta forma, poderemos ter compreensão da multiplicidade, da importância e do impacto da flora em nossas vidas. Um bom ponto de partida para desenvolver um projeto, uma aula ou uma atividade é elaborar perguntas, buscando incentivar a curiosidade e a necessidade de saber e pesquisar mais. Para isso é necessário formular questões sobre a realidade. Perguntas que permitam o exercício da reflexão, da observação do mundo, do questionamento e formulação de novas perguntas. A relação entre os elementos da Natureza se aprende observando o meio, e esta descoberta permite a construção de novos valores e atitudes. “Uma capacidade importante a ser desenvolvida nos alunos é a de, ao observar determinado fenômeno, perceber nele relações e fluxos, no espaço e no tempo.”1 Por exemplo, ao observar um fruto como o coquinho de bocaiúva, mencionado tantas vezes no vídeo, perguntar-se de onde vem, por onde passou e aonde chegará? O coquinho representa um estágio temporário no ciclo da bocaiúva: é o fruto que permite à semente germinar, que gera uma árvore, que terá uma flor, que germinada originará um fruto que permitirá que outra semente germine etc. Além desse, de que outros ciclos ele faz parte? Que outros organismos dependem desse pequeno fruto para completar seus ciclos? Pássaros e outros animais o usam como alimento. Pequenas larvas de 68 insetos se desenvolvem em seu interior, aparentemente protegidas. Fungos, bactérias e outros organismos necessitam dessa energia para dar prosseguimento aos seus ciclos. Às vezes, para um ciclo se completar, é necessário que outros não se completem. Quais outros ciclos são apresentados no programa? Como o ser humano participa ou interfere nestes ciclos? Refletir sobre as conseqüências disto a longo e curto prazos. Correlacionar os assuntos do programa e, assim, perceber quão intricada é essa dinâmica, onde muitos ciclos se relacionam, e as conseqüências do rompimento deste equilíbrio. Esta prática tem como objetivo estimular a percepção dos inter-relacionamentos, criando espaços onde professores e alunos possam, como indivíduos, aprender através de experiências concretas. O processo de aprendizagem iniciado por essas perguntas fica mais rico quando pontuado por ações de registro e reflexão sobre o que se observou e descobriu. “Mediados por nossos registros armazenamos informações da realidade, do objeto em estudo, para poder refleti-lo, pensá-lo e assim aprendê-lo, transformá-lo, construindo o conhecimento antes ignorado.”2 É importante, ao estimular o registro, incentivar a diversidade de formas de expressão e criar espaços para a socialização das descobertas, opiniões e propostas. Existem várias formas de se registrar utilizando diferentes linguagens (desenhos, maquetes, cartazes, redações, poemas, músicas...). As sugestões que levantaremos podem servir como provocadoras de idéias e caminhos, caberá a cada educador, junto com os alunos e a equipe de trabalho, construir e decidir sobre como conduzir projetos com o tema Flora pantaneira. 1 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília, MEC/SEF, 1997, vol. Meio Am- As propostas que se seguem têm como objetivo a concretização do processo de pesquisa, debates e biente, p. 59. elaboração de atividades, valorizando o fazer coletivo e a participação dos saberes comunitários. 2 WEFFORT, M. F. “Importância e Elas ganham um real valor quando incorporadas a um projeto de trabalho que estabeleça metas e ob- função do registro escrito, da re- jetivos próprios. Na primeira proposta, apontamos algumas etapas possíveis de encadeamento do flexão”. In: Observação, registro e trabalho seguindo a metodologia apresentada na primeira parte do Caderno do Professor volume 1. reflexão, instrumentos metodoló- O professor deve estar atento às necessidades e prioridades do grupo, podendo e devendo criar ou- gicos. Espaço Pedagógico, São Paulo, tras atividades e caminhos. 1996, p. 41. (Série Seminários.) 69 E TA PA S A P Ó S A S SISTIR AO PRO GR A M A CONFECÇÃO DE LI VROS DE RECEITA QUE TENHAM COMO BA SE ESPÉCIES DA FLORA LOC AL Iniciar o trabalho perguntando aos alunos o que eles viram no programa, quais os temas abordados, suas dúvidas e colocações. O professor pode enriquecer o debate com questões tais como: A flora está presente na nossa vida de que forma? (Escrever no quadro-negro, cartolina ou papel pardo as idéias dos alunos.) Quais dessas formas são vitais para nossa sobrevivência? (Produção de alimento para o homem e para os animais – cadeia alimentar; habitação do homem e dos animais; manutenção do clima, ciclo da água, qualidade do ar/oxigênio, fixação do carbono etc.). Quais são as espécies da flora local que estão presentes na nossa alimentação? De que forma costumamos prepará-los para as refeições? Propor que cada aluno pesquise em casa ou na vizinhança “receitas de família” (observar: ingredientes, quantidades, formas de preparo) e trazer escritas para a aula. Organizar uma leitura das receitas em sala de aula. Listar quais foram os elementos da flora local que surgiram nas receitas. Levantar algumas questões tais como: Quais eles já conheciam? Quais não? Se sabem a origem e o significado dos nomes? Se estes elementos têm o mesmo nome em outras localidades? Quais receitas são consumidas no dia-a-dia, quais são em dias especiais? Os temperos também são parte da flora? A comida fica boa sem tempero? Quem tem horta ou plantação em casa? Quais os cuidados necessários para se cultivar? Propor uma pesquisa em grupo em que cada um deverá escolher uma das frutas ou legumes da região e realizar um levantamento de locais de plantação ou colheita. Quais as condições necessárias para o seu desenvolvimento? São orgânicas ou levam agrotóxicos? Que tipos de cuidados, ou não, os agricultores locais têm com o solo, visando a conservação da sua qualidade e, conseqüentemente, a garantia de produção de alimentos a longo prazo? Que outro animal se alimenta dele (cadeia alimentar)? Quais são suas fases de crescimento? Qual a importância da água neste processo? Como os alimentos chegam até nós? Onde são vendidos e por quem? Existe desperdício de alimentos nesse percurso? Por que não devemos deixar de comer frutas e legumes? Aproveitamos dos alimentos tudo o que eles podem nos fornecer ou os subaproveitamos? Caso seja possível, os grupos podem realizar visitas de campo, entrevistando os agricultores e os vendedores locais. 70 Socializar os resultados das pesquisas com a turma, em seguida propor um debate estimulando a percepção da existência de problemas que os alunos possam ajudar a resolver. Realizar uma exposição dos resultados da pesquisa para a escola, junto com o lançamento do livro de receitas. QUANTO À EXPOSIÇÃO Decidir como serão organizados e apresentados os temas. Produzir os materiais escolhidos (cartazes, murais desenhos, maquetes, mudas de plantas etc.). QUANTO AO LIVRO Observar livros e formas diferentes de registrar receitas. Escolher a estrutura básica do livro. Corrigir, com a turma, os possíveis erros de português nas receitas. Decidir o tipo de papel (tamanho, cor etc.), de caneta (esferográfica, lápis de cor etc.), encadernação (grampo de papel, espiral, fita de pano, barbante etc.), ilustração (fotografia, desenho, colagem etc.). Decidir onde colocar os elementos (local nas páginas). Confeccionar o livro. Para marcar o lançamento do livro e a inauguração da exposição, pode-se realizar uma pequena degustação de algumas receitas, realizadas na escola ou pelos pais, conforme a realidade de cada local. Para o desenvolvimento desta proposta precisamos trabalhar em conjunto com diferentes áreas do conhecimento e articular conceitos e conteúdos de diversas disciplinas. Escolhemos seguir um caminho, o da alimentação. Cada grupo poderia desenvolver um dos outros aspectos citados pelos alunos como resposta à primeira pergunta: “A flora está presente em nossa vida de que forma? Lembrar que os produtos finais devem estar ligados ao tema.” 71 OUTRA SUGESTÃO CONSTRUÇÃO DE UM NINHO DE PA S S ARINHO PERGUNTAR Quem lembra da cena do ninho do João Graveteiro? Quem já viu um ninho? O que é? Quais as suas funções? Quem sabe como se constrói um? Vamos experimentar construir um com gravetos? Pedir que os alunos tragam gravetos para a sala de aula. Propor a construção de um ninho em grupo. Observar as maneiras de equilibrar os gravetos, formas de encaixe e resistência da construção. Refletir sobre a importância destas questões. Observar nossas atitudes quando estamos brincando, trabalhando, catando lenha, colhendo frutas etc. Prestamos atenção às plantas? Qual a importância dos animais para a manutenção da flora? Qual seu papel no ciclo de reprodução das espécies vegetais? Que outros animais utilizam elementos da flora na construção de suas casas? Como construímos nossas casas? Que tipos de materiais usamos? Quais são os materiais que são elementos da flora? Como realizamos a sua extração? Observar as formas onde o corte respeita as orientações para aproveitamento e preservação das espécies locais, conhecidos como manejo sustentado (ver o capítulo “Reserva da Biosfera”). CONSTRUIR JOGOS E BRINC ADEIRA S COM ELEMENTOS DA FLORA LOC AL PERGUNTAR Quem se lembra de ter visto no vídeo os meninos jogando? Jogavam o quê? Como? Al- guém já conhecia esse jogo? Que outros jogos utilizam elementos da flora? Propor uma pesquisa com os familiares e na comunidade sobre os jogos que fizeram parte da infância deles. Que jogos poderiam ser recriados a partir de espécies locais (jogo da velha, dominó, escravo de Jó etc.)? Produzir os jogos e as regras. Organizar um dia para a escola vivenciar essas brincadeiras (distribuir as regras realizadas pelos alunos). 72 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFIC A S POTT, A. & POTT, V. Plantas do Pantanal. Brasília, Embrapa, 1994, p. 320. POTT, V. & POTT, A. Plantas aquáticas do Pantanal. Brasília, Embrapa, 2000, p. 404. SILVA, J. A.; SILVA, D. B.; JUNQUEIRA, N. T. & ANDRADE, L. R. M. Frutas nativas dos cerrados. Brasília, Embrapa, 1994, p. 166. 73 A FAUNA PANTANEIRA 5 A diversidade de biomas contribui para diversidade da fauna pantaneira. Tuiuiús, garças, tucanos, araras-azuis são algumas das mais de 650 espécies de aves presentes no Pantanal. Os mamíferos também são muitos: capivaras, tamanduás, ariranhas estão por toda a planície, ao lado de outras espécies, algumas já quase extintas no território brasileiro, como a onça-pintada e o veado-campeiro. E mais: jacarés, teiús, lagartos e cobras, algumas gigantescas como a surucucu. Sapos e pererecas, peixes, borboletas, milhares de famílias de insetos e invertebrados. A conservação da fauna é essencial para a preservação da região. SINOPSE DO VÍDEO Léo e Dito acordam cedo e comem apressados. Tio João brinca: “Deu cupim na cama?” Eles explicam que não, que acordaram cedo para caçar. Tio João lembra que é proibido caçar no Pantanal, mas eles explicam que vão caçar imagens, levando máquinas fotográficas. Os dois pegam seus cavalos e vão dar uma volta para filmar os animais. Vêem seriemas, filhotes de jacarés, pássaros. Léo encosta numa árvore e é mordido por formigas e Dito fala que são as formigas novateiras. Filmam também jaçanãs, bem-te-vis e vão tomar banho de rio. Na volta, descobrem que os cavalos se soltaram e eles têm que voltar a pé. Durante a caminhada, por sorte, acabam encontrando tia Neiva – bióloga do Projeto Arara Azul que fala sobre seu trabalho. Léo grava seu depoimento, enquanto fazem um lanchinho. Tia Neiva dá uma carona aos meninos. Na fazenda, eles encontram com tio João, que fala sobre a relação entre o gado e os animais pantaneiros, sobre o desenvolvimento da consciência ecológica e de animais que estão em extinção. 76 CONTEÚDOS DO VÍDEO Jaca r é do Pa nta na l Cou rei ros e a f i sca l izaç ã o A s aves For m igas novatei ras Onç a - pi ntada Pei xes e ca rdu mes A cadeia a l i menta r e a teia a l i menta r A s a ra ras- az u i s A n i ma i s em ex ti nç ã o O gado bov i no e ou tros a n i ma i s I mpor t â ncia ecol ó g ica das esp é cies EXPLORANDO OS CONTEÚDOS Onça-parda Nas próximas páginas, selecionamos algumas espécies animais que podem ser encontradas no Pantanal. Vamos fazer um verdadeiro “safári fotográfico”. AVE S O Pantanal é bastante rico em aves. Estudos recentes atualizam a lista de aves em cerca de 650 es- CADEIA ALIMENTAR É o processo da pécies. Estudos posteriores poderão acrescentar mais espécies a esta lista. As aves estão natureza em que um ser vivo se relacionadas com um ou mais tipos de ambientes, que aqui denominaremos de habitat. alimenta do outro. ENDÊMICA Espécie nativa que ARARA-AZUL Na região do Pantanal existem pelo menos 24 espécies de aves da família das araras, dos ocorre somente numa determi- papagaios e periquitos. Estas aves, características de florestas tropicais, alimentam-se principalnada área geográfica. mente de frutos, tendo um papel importante na dispersão de sementes de algumas espécies vegetais, como a figueira e a embaúba, para outras áreas. A arara-azul, um dos símbolos do Pantanal, é o maior representante deste grupo de aves. Atualmente, esta espécie está sob a proteção de organizações governamentais, nãogovernamentais, universidades etc., que desenvolvem projetos com o objetivo de preservá-la. Estes projetos já estão colhendo bons resultados, conseguindo reduzir o contrabando de araras-azuis jovens e adultas, vendidas a zoológicos e lojas de animais, e aumentando a conscientização das comunidades rurais pantaneiras quanto à conservação de florestas nas quais ocorrem a árvore manduvi. O manduvi, além de servir de alimento para as araras-azuis, serve também para que estas aves façam seus ninhos. Os frutos das palmeiras acuri e bocaiúva são também ótimos alimentos para as araras, papagaios e periquitos. TUIUIÚ Ave símbolo do Pantanal. Os tuiuiús vivem em bando, são carnívoros, co- mem peixes e até partes de animais mortos. Assim como os urubus, os tuiuiús colaboram para o controle da propagação de doenças de animais mortos, com sua função de predador de topo da cadeia alimentar, controla populações de peixes e outros vertebrados e invertebrados. Estas aves não apresentam problemas imediatos de conservação no Brasil, porém, na América Central, suas populações vêm diminuindo muito. Nos últimos anos foram registrados poucos casais com filhotes. O Pantanal é uma região importante para a conservação dos tuiuiús, pois é um dos locais onde as populações destas aves ainda são muito numerosas. PAVÃOZINHO-DO-PARÁ O pavãozinho-do-pará é uma espécie relativamente comum no Pantanal. Contudo, é difícil de ser observada, pois anda com movimentos discretos e lentos às margens de corixos, baías e rios. É uma ave muito sensível às mudanças ambientais provocadas pelo homem. A construção de estradas, a derrubada de floresta e a implantação de pastos cultivados próximos a cursos de água produzem mudanças na qualidade da água. Estes efeitos negativos eliminam muitos animais aquáticos, como mosquitos, larvas e pequenos peixes que são importantes na dieta alimentar do pavãozinho. Quando a alteração ambiental é muito brusca esta ave abandona sua área de alimentação em busca de novos locais, o que pode deixá-la mais vulnerável à ação de predadores. 79 CHORORÓ-DO-PANTANAL O chororó-do-pantanal é praticamente a única espécie de ave endêmica do Pan- tanal, habita as matas secas e as matas de galeria da região. Apesar desta espécie estar entre as famílias com maior número de espécies de pássaros no Pantanal, sua ecologia ainda é pouco conhecida. MAMÍFEROS CERVO-DO-PANTANAL É o maior dos cervos da América do Sul. Pode atingir 150 kg e um metro e vinte de altura (mais o pescoço e a cabeça). Habita locais periodicamente inundados, como várzeas e cerrados. O cervo-do-pantanal foi muito procurado como troféu, até a proibição da caça em 1967. A lei aparentemente atenuou a pressão sobre eles. Hoje, estima-se uma população de cerca de 36 mil animais. Como todos os outros cervos, é um animal herbívoro, alimentandose principalmente de pasto ou outras gramíneas. ONÇA-PINTADA Já teve presença maior na região. Porém, ainda é possível encon- trar grandes populações, como na sub-região de Miranda. A onça-pintada é um animal carnívoro, alimentando-se principalmente de médios e pequenos animais, incluindo mamíferos, aves, répteis e peixes. TAMANDUÁ-BANDEIRA É considerado espécie ameaçada, porém, como é difícil con- tar os indivíduos, não dá para estimar sua população e confirmar o grau de ameaça. São animais solitários e utilizam muito as áreas de florestas. Os tamanduás não possuem dentes; seu focinho é alongado como um tubo e seus olhos são muito pequenos. Sua língua é comprida e coberta com uma saliva viscosa, o que lhe permite atingir os formigueiros e cupinzeiros, seu alimento obrigatório. CAPIVARA Considerada um dos mamíferos símbolo do Pantanal, a capivara é um animal essencialmente herbívoro, alimentando-se principalmente de plantas aquáticas. Levantamentos feitos na região indicaram que este roedor está amplamente distribuído em todo o Pantanal. O número de grupos está na ordem de 76.500, sendo que as maiores densidades foram registradas ao longo do rio Negro e nas proximidades do rio Taquari, nos pantanais do rio Negro, Nhecolândia e Paiaguás. ARIRANHA A ariranha é um animal tipicamente carnívoro, alimentando-se princi- palmente de pequenos roedores e peixes. A ariranha é muito exigente em relação ao seu habitat, não tolerando muitos distúrbios ambientais e águas poluídas. Foi muito perseguida em função da qualidade da sua pele. Com as leis de proteção e a efetiva presença da fiscalização, as populações dessa espécie se recuperaram. Atualmente, são vistas em grupos com muito mais freqüência, nas sub-regiões de rio Negro e de Nabileque, o que indica uma recuperação das populações em toda a região. 80 RÉPTEIS JACARÉ-DO-PANTANAL O jacaré-do-pantanal é um dos animais vertebrados mais abundantes da planície. Sua população chega a mais de uma dezena de milhões em todo o Pantanal. As maiores densidades se encontram nas proximidades do rio Taquari, na sub-região de Nhecolândia, e próximo ao rio Negro, na sub-região do rio Negro. Ocupam habitats diversificados: nos meses de cheias (janeiro a junho), procuram por campos inundados e outros habitats temporários; durante a seca, são mais encontrados em habitats permanentes (rios, baías, lagoas). O jacaré tem sido apontado como tendo grande potencial econômico para a indústria de couro e/ou para a alimentação humana. Mesmo proibida, a sua caça continua sendo feita clandestinamente. GADO BOVINO E A S PRINCIPAIS E SPÉCIE S INTRODUZIDA S AL O R ! TA cipais são o gado bovino, que em sua versão selvagem são denominados de boi-baguá, o porco-monteiro, Os principais fatores de que é o porco doméstico que se tornou do mato, e o cavalo pantaneiro, que sofreu uma forte seleção ameaça à biodiversidade: natural adaptando-se às condições adversas do ambiente, como são as secas e cheias anuais. E ANIMAIS EM EXTINÇÃO As espécies introduzidas no Pantanal já convivem com a fauna nativa há pelo menos 250 anos; as prin- Erosão provocada pela descida das águas do planalto O porco-monteiro é mais abundante na sub-região de Aquidauana, e nas áreas menos inundáveis da sub-região da Nhecolândia e do Paiaguás. Introdução de espécies exóticas Mineração de ouro (ao norte) O búfalo é a mais recente espécie de mamífero introduzida. Os registros de introdução não superam Pesca predatória os cem anos. Atualmente, sua população mínima estimada é de cerca de 5.100 búfalos. A sua criação Turismo desordenado está localizada mais nas bordas da planície. Obras de engenharia civil sem planejamento ambiental O gado bovino é encontrado em todas as regiões, seja o grupo indiano, o mais recente e freqüente, Desmatamento seja o grupo europeu, trazido para a região há quase 250 anos. Gado bovino em harmonia com outras espécies 81 OS CRIADOUROS ARTIFICIAIS DE ANIMAIS Os estudos sobre a fauna da região indicam que ela é composta por espécies oriundas de biomas vizinhos. As espécies penetram no Pantanal acompanhando o sentido dos grandes rios. As espécies amazônicas utilizam o rio Paraguai como via de acesso, enquanto as espécies do cerrado valem-se dos rios que correm no sentido leste-oeste, como o Piquiri, Taquari, Negro e Aquidauana. A planície pantaneira pode ser caracterizada pela abundância de algumas espécies da fauna e da flora, de reconhecido valor econômico. Entretanto, praticamente a única atividade econômica desenvolvida na planície é a pecuária, cuja rentabilidade é relativamente baixa, devido às baixas taxas de produção animal e pouca utilização de tecnologias modernas. A diversificação dos meios de produção da planície, a partir da utilização sustentada de seus recursos naturais, pode representar uma estratégia importante para o desenvolvimento socioeconômico e conservação da região. A utilização de populações naturais das espécies nativas pode atribuir valor econômico adicional aos habitats da planície, e não representa nenhum prejuízo ou agressão ambiental, assim como não contraria qualquer princípio legal, ecológico ou conservacionista. A fauna nativa do Pantanal oferece grande oportunidade de diversificação agropecuária, além de poder ser utilizada como atrativo turístico para essa região considerada patrimônio da humanidade. Para isso, deve-se viabilizar soluções tecnológicas para o desenvolvimento sustentável do agronegócio do Pantanal, por meio da geração, adaptação e transferência de conhecimentos e tecnologias, em benefício da sociedade. No que se refere à criação em cativeiro, as emas, por exemplo, são relativamente fáceis de se criar em regime semi-aberto. Atualmente, já existem criadouros de emas, sobretudo nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná, o que pode contribuir para a sua conservação e reintrodução em áreas onde foram extintas. A FAUNA E O REGIME DA S ÁGUA S Como tudo no Pantanal, a fauna é afetada pela variação de cheias e secas. Com estas idas e vindas das águas, algumas espécies de animais são beneficiadas em detrimento de outras. ESPÉCIES BENEFICIADAS DURANTE PERÍODOS MAIS SECOS • Todas aquelas que ocorrem no cerrado brasileiro, como o lobo-guará, tatu, veado-campeiro, tamanduá-bandeira, perdizes, emas, tuiuiús e outras aves que se alimentam dos peixes mortos com a seca dos rios etc. ESPÉCIES BENEFICIADAS DURANTE PERÍODOS MAIS ALAGADOS • Entre estas espécies constam aquelas que dependem de áreas inundadas e ambientes aquáticos em geral para a sua sobrevivência, como é o caso das capivaras, jacarés-do-pantanal e cervos-do-pantanal. 82 IMPORTÂNCIA ECOLÓGIC A DA S ESPÉCIES Muitas espécies possuem também grande importância ecológica. Essa importância às vezes sequer é de conhecimento público, e as espécies conhecidas não são adequadamente divulgadas. Leia abaixo como alguns dos animais presentes no Pantanal atuam promovendo o equilíbrio ambiental: ANIMAL HÁBITOS IMPORTÂNCIA ECOLÓGICA ANTA Muitos frutos do Cerrado possuem grandes São eficazes agentes dispersores, sementes, que passam intactas pelo trato por exemplo, do jatobá. digestivo das antas. Estas sementes são depo- As sementes já vêm com adubo. sitadas juntamente com grandes quantidades de estrume, em locais muito afastados das plantas produtoras onde os animais consumiram os frutos. MORCEGO ANU Frugívoros em sua maioria, os morcegos Há espécies potencialmente dispersoras alimentam-se de grande variedade de de sementes, polinizadoras, frutos e frutas. e de importância médico-sanitária. Aparecem em áreas secundárias de pastagens Os anus nunca ocorrem dentro de florestas e plantações. Alimentam-se de lagartos, primárias. Sua presença em maior ou menor pequenas cobras, sapos, besouros, formigas, número pode indicar o grau de alteração de baratas e até pequenos frutos. habitats naturais. Quanto mais anus, maior o grau de alteração do ambiente. BEIJA-FLOR Alimentam-se do néctar de centenas de Estas aves, visitando flores de diferentes espécies de árvores, arbustos, orquídeas, árvores de uma mesma espécie, contribuem bromélias e antúrios. Durante a noite dormem para que o pólen de uma flor, preso em seu em arbustos à beira dos rios, podendo ser bico, testa ou garganta, seja depositado no comidos por cobras e corujas. estigma de uma flor feminina de outra planta. Este mecanismo garante a fecundação e reprodução de muitas espécies vegetais, contribuindo para a redução da taxa de extinção local de espécies, ao garantirem o entrecruzamento genético entre as plantas de uma mesma população. BIGUÁ Os biguás são aves predadoras de peixes, Como necessitam de águas limpas para se alimentar ocupando o topo da cadeia alimentar dos são considerados indicadores biológicos de poluição. ambientes aquáticos onde vivem. O acompanhamento de suas populações é uma forma Normalmente, nidificam em colônias associadas de monitorar a alteração da qualidade de com as das garças e cabeças-secas. ambientes aquáticos em conseqüência de atividades de degradação ambiental, como desmatamentos e uso de agrotóxicos. 83 ANIMAL HÁBITOS IMPORTÂNCIA ECOLÓGICA JAÇANÃ Estas aves ocorrem praticamente em todo o Podem contribuir para manter as populações de Pantanal e podem ser observadas caminhando insetos em baixas densidades, pois são eficientes sobre as plantas aquáticas ou nas margens predadoras das larvas que vivem nas raízes das de corixos, baías e rios. São dependentes da plantas aquáticas. vegetação flutuante para sua reprodução, pois não constroem ninhos, depositam diretamente seus ovos sobre as folhas das plantas aquáticas. CARÃO Ave aqüícola que come centenas de caramujos Elimina várias espécies de caramujos que por dia, ocorrendo em qualquer lugar onde podem ser vetores de doenças tropicais, como a haja águas rasas. esquistossomose, e serve de alimento para jacarés, sucuris e gaviões, participando da cadeia alimentar. CORUJA São aves predominantemente noturnas e As espécies que são insetívoras ingerem uma predadoras de ratos, morcegos, pequenos grande quantidade de insetos por dia, podendo pássaros, lagartos, grandes insetos e sapos. contribuir indiretamente para a redução do impacto destes nas vegetações naturais e monoculturas produzidas pelo homem. GARÇA-VAQUEIRA Estas espécies de garça são insetívoras e Podem contribuir indiretamente para a GARÇA-REAL E normalmente encontradas nos ambientes manutenção de pastagens, por manterem em MARIA-FACEIRA aquáticos do Pantanal. baixas densidades as populações de insetos consideradas pragas para a agricultura. INHAMBU E Aves terrestres que se alimentam de insetos, Como as sementes passam intactas pelo MUTUM frutos e sementes pequenas. intestino, sendo eliminadas inteiras no solo, estas aves tornam-se importantes dispersoras de sementes. Indiretamente, contribuem para a manutenção da regeneração natural das florestas, bem como para a recuperação de áreas degradadas que foram desmatadas. PICA-PAU Cavam buracos de diferentes tamanhos nas Os ocos cavados pelos pica-paus são usados árvores para construção de seus ninhos e sua por dezenas de outras espécies de aves para a dieta é constituída principalmente de insetos reprodução, servindo também de abrigos para como formigas e cupins. mamíferos pequenos, como o caxinguelê e os sagüis, contribuindo para a manutenção destas espécies. 84 ANIMAL HÁBITOS IMPORTÂNCIA ECOLÓGICA TAIAMÃ Concentra sua dieta em peixes pequenos e alevinos Atua como um importante regulador de provavelmente doentes, porque estes nadam mais populações de peixes, pois contribui para reduzir devagar e são mais facilmente comidos. a propagação de doenças nestas populações. TUCANO E Aves frugívoras, se alimentam somente da polpa Estão entre os mais importantes dispersores de ARAÇARI de frutos de muitas plantas e regurgitam as sementes na floresta, contribuindo para a sementes. manutenção da estrutura das comunidades de plantas na floresta. TUIUIÚ Aves aqüícolas, comem peixes mortos e até partes Colaboram como controlador da propagação de de animais atropelados nas estradas pantaneiras. doenças de animais mortos, podendo ser considerados também predadores do topo da cadeia alimentar, controlando populações de peixes e outros vertebrados e invertebrados. Anta 85 TRABALHANDO COM O TEMA COMO VIMOS NO PROGRAMA e nos textos anteriores deste capítulo, a fauna está presente de diversas formas no nosso dia-a-dia, portanto necessita ser observada, percebida, entendida e estudada por diferentes ângulos, com a contribuição de muitos campos do conhecimento. Desta forma, poderemos ter compreensão da multiplicidade e da importância da fauna em nossas vidas. Um bom ponto de partida para desenvolver um projeto, uma aula ou uma atividade é elaborar perguntas, buscando incentivar a curiosidade e a necessidade de saber e pesquisar mais. Para isso é necessário formular questões sobre a realidade. Perguntas que permitam o exercício da reflexão, da observação do mundo, do questionamento e formulação de novas perguntas. A relação entre os elementos da Natureza se aprende observando o meio, e esta descoberta permite a construção de novos valores e atitudes. “Uma capacidade importante a ser desenvolvida nos alunos é a de, ao observar determinado fenômeno, perceber nele relações e fluxos, no espaço e no tempo.”1 Ao refletir sobre a vida do jacaré, um dos animais que vimos no programa, observar por exemplo: O ciclo de vida desse animal: o ovo, que gera um filhote de jacaré, que cresce e se reproduz, gerando um novo ovo... Por quantos perigos esse animal passa em cada etapa de sua vida até chegar à fase adulta? Quantos relacionamentos diferentes ele manterá de acordo com suas fases de crescimento? Quando está no ovo, pode ser sufocado no ninho ou comido por um quati; filhote, pode ser predado por uma ave ou outros jacarés... E quando adulto? Quais são as ameaças à vida de um poderoso jacaré? Ao assistir no vídeo a seqüência: animais muito pequenos, que alimentam um peixinho, que alimenta 86 um peixão, que é o prato preferido do jacaré, que é predado pela sucuri... fica clara a interdependência entre esses animais. Muitas vezes, para o ciclo de um animal se completar, é necessário que outros não se completem. Cada um faz parte desse ciclo, muito mais do que nossos olhos conseguem ver... Você já parou para pensar quantos parasitas e microorganismos se desenvolvem à custa de cada um desses animais? Pois é, nesse caso a sobrevivência de um indivíduo representa a possibilidade de sobrevivência de milhares (milhões) de outros. Que outros ciclos são apresentados no programa? Como o ser humano participa ou interfere nestes ciclos? Refletir sobre as conseqüências disto a longo e curto prazos. Correlacionar os assuntos do programa e, assim, perceber quão intricada é essa dinâmica, em que muitos ciclos se relacionam, e as conseqüências do rompimento deste equilíbrio. Esta prática tem como objetivo estimular a percepção dos inter-relacionamentos, criando espaços nos quais professores e alunos possam, como indivíduos, aprender através de experiências concretas. O processo de aprendizagem iniciado por essas perguntas fica mais rico quando pontuado por ações de registro e reflexão sobre o que se observou e descobriu. “Mediados por nossos registros armazenamos informações da realidade, do objeto em estudo, para poder refleti-lo, pensá-lo e assim aprendê-lo, transformá-lo, construindo o conhecimento antes ignorado.”2 É importante, ao estimular o registro, incentivar a diversidade de formas de expressão e criar espaços para a socialização das descobertas, opiniões e propostas. Existem várias formas de se registrar utilizando diferentes linguagens (desenhos, maquetes, cartazes, redações, poemas, músicas...). As sugestões que levantaremos podem servir como provocadoras de idéias e caminhos, caberá a cada educador, junto com os alunos e a equipe de trabalho, construir e decidir sobre como conduzir projetos com o tema Fauna pantaneira. 1 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília, MEC/SEF, 1997, vol. Meio Ambiente, p. 59. As propostas que se seguem têm como objetivo a concretização do processo de pesquisa, debates e ela- 2 WEFFORT, M. F. “Importância e boração de atividades, valorizando o fazer coletivo e a participação dos saberes comunitários. Elas função do registro escrito, da re- ganham um real valor quando incorporadas a um projeto de trabalho que estabeleça metas e objetivos pró- flexão”. In: Observação, registro e prios. Na primeira proposta, apontamos algumas etapas possíveis de encadeamento do trabalho seguindo reflexão, instrumentos metodoló- a metodologia apresentada na primeira parte do Caderno do Professor volume 1. O professor deve estar gicos. Espaço Pedagógico, São Paulo, atento às necessidades e prioridades do grupo, podendo e devendo criar outras atividades e caminhos. 1996, p. 41. (Série Seminários.) 87 E TA PA S A P Ó S A S SISTIR AO PRO GR A M A ANIMAIS FANTÁSTICOS - APRE SENTAÇÃO TE ATRAL Iniciar o trabalho perguntando aos alunos o que eles viram no programa, quais os temas abordados, suas dúvidas e colocações. Quais os animais que foram apresentados no vídeo? Que outros animais do pantanal eles conhecem? (Escrever no quadro-negro, cartolina ou papel pardo o nome dos animais lembrados pelos alunos.) Observar com eles as características físicas destes animais: tamanho, formato, partes do corpo... Quais os hábitos destes animais? Onde eles vivem? Na terra? Na água? No ar? Como eles se locomovem? Como e de que eles se alimentam? Como se reproduzem? Onde dormem? Que sons eles produzem? Com que outros animais eles se relacionam? Que tipo de relacionamento eles estabelecem? Que relação eles estabelecem com os seres humanos e os seres humanos com eles? Existe relação entre a estrutura física destes animais e seu ambiente? A partir destas observações pedir que cada aluno escolha um animal. Propor que eles andem pela sala. Pedir que lembrem das características destes animais. Que eles tentem representar com seu corpo o animal escolhido. Como andam? Como se comportam? Que movimentos estes animais realizam ao descansar, caçar, se alimentar...? Qual o som que eles emitem? Experimentar interagir com outros “animais” presentes na sala, começando por meio do olhar. Como eles reagem quando em contato com outros animais? Depois de algum tempo o professor pode pedir para que os alunos troquem de personagem com os colegas. Repetir isso algumas vezes de forma a possibilitar que eles experimentem vários animais. Distribuir para os alunos uma folha de papel em branco. Pedir que eles desenhem um animal composto com partes de diversos bichos, criando animais “fantásticos”. A partir dos desenhos realizados, propor aos alunos a elaboração do perfil de cada um desses animais por escrito. Criando o nome, características físicas, descrição dos hábitos e relacionamentos. Pedir que cada aluno traga de casa materiais diversos que possam ser utilizados na confecção de fantasias como: sementes coloridas, gravetos, terra, folhas secas, flores colhidas no chão, casca de tronco de árvore, palha seca, frutos secos e sucata variada (pedaços de espelho, objetos não utilizados, contas de colares, revistas, jornais, papéis, caixas de papelão, embalagens, retalhos com texturas e cores diferentes etc.). 88 Reunir todo o material trazido pelos alunos e pedir que cada um utilize o que for necessário para a confecção de sua fantasia. Durante o processo de confecção, as soluções encontradas no manuseio do material podem ser trocadas entre os alunos. Pedir que cada aluno experimente sua fantasia e vivencie o andar, os comportamentos criados para este animal, e pense em que ambiente estes animais estariam. Dividir a turma em grupos de aproximadamente cinco alunos e propor que cada grupo elabore uma história que tenha os animais “fantásticos” como personagens, para ser encenada. Ensaiar as cenas, observando se existe algum elemento a ser confeccionado para auxiliar a ambientação. Criar os elementos necessários. Apresentar as cenas para os outros grupos. Rever com toda a turma o que cada grupo poderia modificar na forma de interpretar sua história de forma a torná-la mais clara, caracterizando melhor os personagens, o meio em que vivem etc. Os grupos, se quiserem, podem retrabalhar as encenações a partir das observações dos colegas e mostrá-las às outras turmas da escola. A apresentação para toda a escola pode ser acompanhada de uma exposição dos desenhos, dos perfis dos animais “fantásticos” e da documentação do processo de trabalho. Para o desenvolvimento desta proposta precisamos trabalhar em conjunto com diferentes áreas do conhecimento e articular conceitos e conteúdos de diversas disciplinas. Escolhemos seguir um caminho, a observação dos animais, suas características, comportamentos, hábitos, as interações entre os animais e o meio. O professor, junto com o seu grupo, pode escolher desenvolver outros aspectos da temática. 89 OUTRA SUGESTÃO COMPOSIÇÃO DE UMA MÚSIC A OU HISTÓRIA AC UMUL ATI VA S ONORIZ ADA PERGUNTAR AOS ALUNOS Quem lembra da cena em que aparece no programa um jacaré de boca aber- ta no rio? O que ele estava fazendo? O que ele estava comendo? O que estavam fazendo os peixes nadando contra a correnteza? Qual o alimento dos peixes pequenos? Que animal se alimenta dos peixes pequenos? E este animal serve de alimento para que outro? Lembrar da música que começou a tocar quando o menino pantaneiro e o primo voltaram a pé porque os cavalos tinham fugido. “Cadê meu caminho, a água levou / Cadê meu rastro, a chuva apagou / E a minha casa, o rio carregou ...” Observar as semelhanças com aqueles versos que dizem: “Cadê o toucinho que estava aqui? O gato comeu. E cadê o gato? Foi pro mato. Cadê o mato? O fogo queimou. Cadê o fogo? A água apagou. E cadê a água? O boi bebeu. E cadê o boi?” ... O professor pode propor aos alunos brincar um pouco com a música e as imagens já citadas no programa: Cadê o peixinho que estava aqui? O peixe comeu. E cadê o peixe? O jacaré comeu. E cadê o jacaré que estava aqui? Foi pro mato. E quem ele encontrou no mato? A surucucu. E cadê a surucucu? Depois propor à turma que brinque com esta seqüência rítmica acrescentando outros animais, seus hábitos e relacionamentos. Em seguida, a turma poderá repetir a seqüência criada pelo grupo como uma história acumulativa. Na medida que a brincadeira vá evoluindo, dividir a turma em dois grupos. Um grupo poderá falar, recitar ou cantar a história desenvolvida, enquanto que o outro irá sonorizar a história. Estes sons podem ser os sons dos animais, sons do ambiente, sons que comentem as ações de maneira dramática. A turma pode combinar regras como: agora só poderemos fazer sons dos próprios animais, agora sons misturados... Lembrar de outras músicas e cantigas que tenham essa estrutura acumulativa e cíclica. As músicas ou histórias criadas e sonorizadas podem ser apresentadas para outras turmas. 90 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFIC A S ALHO, C. J. R.; LACHER, T. E.; CAMPOS, Z. M. S. & GONÇALVES, H. Mamíferos da Fazenda Nhumirim, Sub-região de Nhecolândia. Pantanal do Mato Grosso do Sul: Levantamento Preliminar de espécies. Rev. Brasil. Biol., 1988, 48(2), p. 213-225. ARAÚJO, A.F.B. de. “Comunidades de lagartos brasileiros”. In: NASCIMENTO, L.B.; BERNARDES, A.T. & COTTA, G. A. (eds.). Herpetologia no Brasil, 1. 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(Embrapa-DPP, Documentos, 7.) 91 AGRADECIMENTOS PREFEITURAS E SECRETARIAS Secretaria de Turismo de Rio Verde de Mato Grosso do Sul Prefeitura Municipal de Poconé e Secretaria de Turismo e Meio Ambiente Prefeitura Municipal de Aquidauana e Secretaria Municipal de Turismo Secretaria de Meio Ambiente e Turismo de Cáceres Prefeitura Municipal de Ladário Gisella de Mello Carla Mendes CRÉDITOS FOTOGRÁFICOS PÁG. 6, 11, 13, 15, 24, 28, 40, 47, 56, 60, 62, 67, 78 – Haroldo Palo Jr. PÁG. 14, 74, 79 – Nobutaka Yukawa – Prefeitura Municipal de Poconé e Secretaria de Turismo e Meio Ambiente PÁG. 16 fotos 1, 2, 4, 5, 6, 7 – Haroldo Palo Jr. foto 3 – Nobutaka Yukawa – Prefeitura Municipal de Poconé e Secretaria de Turismo e Meio Ambiente PÁG. 30 – Mário Friedländer – Prefeitura Municipal de Cáceres e Secretaria de Meio Ambiente e Turismo PÁG. 33 – Renato Rodriguez Cabral Ramos PÁG. 48 – Marcelo de Paula PÁG. 49, 63 – Marcos Bergamasco / Agência Phocus PÁG. 80 fotos 1, 4 – Sirnay Moro – Prefeitura Municipal de Aquidauana e Secretaria Municipal de Turismo fotos 2, 3 – Nobutaka Yukawa – Prefeitura Municipal de Poconé e Secretaria de Turismo e Meio Ambiente foto 5 – Kaspar Urs Burn – Prefeitura Municipal de Aquidauana e Secretaria Municipal de Turismo PÁG. 81 foto 1 – Nobutaka Yukawa – Prefeitura Municipal de Poconé e Secretaria de Turismo e Meio Ambiente foto 2 – Kaspar Urs Burn – Prefeitura Municipal de Aquidauana e Secretaria Municipal de Turismo PÁG. 85 – Nobutaka Yukawa – Prefeitura Municipal de Poconé e Secretaria de Turismo e Meio Ambiente COORDENAÇÃO DE CONTEÚDO TAIAMÃ CONSULTORIA AMBIENTAL LTDA. – Marcia Panno CONSULTORIA ESPECIALIZADA Adriana Rodrigues MÚSICA Arnildo Pott FLORA Bernadete Lange RESERVA DA BIOSFERA Emiko de Resende PESCA Heitor Medeiros CULTURA Isabel Noemi EDUCAÇÃO Luiz Carlos Ribeiro CULTURA Maria de Fátima Costa HISTÓRIA Mário Cezar Silva Leite CULTURA Mário Dantas GEOGRAFIA / ÁGUAS Michèle Sato CULTURA Moisés Amaral ECONOMIA Rodney Mauro FAUNA Sérgio Salazar Salvati ECOTURISMO CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE Vilma Guimarães e Sílvia Finguerut COORDENAÇÃO GERAL DO PROJETO Lucia Basto PROJETO EDITORIAL E METODOLOGIA DO CADERNO DO PROFESSOR Andréa Falcão Ricardo Pontes Daniel Buss CONSULTOR DE EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE Helena Jacobina CONSULTORA DE EDUCAÇÃO REDAÇÃO E EDIÇÃO DE MATERIAIS IMPRESSOS SALA PRODUÇÕES – Ronaldo Tapajós e Giovanna Hallack PRODUÇÃO E PESQUISA SALA PRODUÇÕES – Tetê Sá, Guida Oliveira e Nina Quirogaus REVISÃO FINAL Sonia Cardoso PROJETO GRÁFICO 19 DESIGN – Heloisa Faria e Hugo Rafael EDITORAÇÃO ELETRÔNICA 19 DESIGN – Hugo Rafael e Claudia Berger CARTOGRAMAS Maria do Carmo Dias Bueno EDIÇÃO – Rômulo Lima FOTOLITO Rainer Fotolitos IMPRESSÃO Takano Editora Gráfica Este Caderno do Professor faz parte do kit do Projeto Tom do Pantanal, desenvolvido em conjunto por Furnas Centrais Elétricas, Instituto Antonio Carlos Jobim e Fundação Roberto Marinho. FUNDAÇÃO ROBERTO MARINHO Rua Santa Alexandrina 336/1º andar 20261-232 Rio Comprido Rio de Janeiro RJ Tel (21) 3232-8800 Fax (21) 3232-8973 Informações: Central de Atendimento ao Telespectador Tel (21) 2502-3233 w w w. to m d o p a nta na l . o rg . b r
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