Introduo e avaliao de cultivares de batata de origem holandesa no

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Introduo e avaliao de cultivares de batata de origem holandesa no
Introdução e avaliação de cultivares de batata de origem holandesa no
Estado de Minas Gerais.
Joaquim G. de Pádua1; Ezequiel Lopes do Carmo2; Csaignon Mariano Caproni1;
Jaime Duarte Filho1.
1
Núcleo Tecnológico EPAMIG Batata e Morango, Av. Prefeito Tuany Toledo, 470 – Sala 8. UNIVAS –
37550-000 – Pouso Alegre-MG - [email protected]; 2FEM-CESEP, 37750-000 Machado – MG,
[email protected];.
ABSTRACT: Introduction and evaluation of Dutch potato cultivars in the Minas
Gerais state.
Six Dutch potato cultivars were introduced in Minas Gerais state and evaluated in the
South and Campos das Vertentes areas, in the autumn of 2006, in comparison to Agata,
Almera, Fontane and Sinora cultivars. Whole introduced cultivars they presented a good
productive performance, in the different environmental conditions, with the same or
superior revenues to Agata, Fontane and Sinora cultivars and tubers with format and
appearance adapted to the fresh market. The cultivars Arrow, El Paso, Madeleine, Marlen,
Matador and Sofia are recommended for the commercial cultivation in the South and
Campos das Vertentes areas of Minas Gerais state.
Keywords: Solanum
acceptance.
tuberosum;
production;
environmental
conditions;
market
INTRODUÇÃO
O projeto “Introdução e Avaliação de Cultivares de Batata (Solanum tuberosum
spp. tuberosum) no Estado de Minas Gerais” integra o Programa de Cooperação Técnica
entre a EPAMIG e a Empresa Margossian Sementes Ltda., e é executado nas regiões Sul
e Campos das Vertentes, principais regiões batateiras do Estado, tendo como objetivo
introduzir novos genótipos de batata, avaliando o desempenho destes, quanto ao
desenvolvimento vegetativo, comportamento em relação a pragas e doenças, à
produtividade, aparência e qualidade dos tubérculos e finalidade de uso. Os ensaios são
conduzidos em propriedades particulares, seguindo a época propícia de plantio e o
método de condução adotado pelos produtores de cada região. As cultivares holandesas
foram obtidas através da AGRICO, na Holanda, através do seu representante no Brasil.
Neste trabalho são apresentados os resultados obtidos nos ensaios conduzidos em Nova
Resende, Ipuiúna e Lagoa Dourada, no outono de 2006.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram avaliadas sete cultivares: Arrow, El Paso, Madeleine, Marlen, Matador e
Sofia em comparação com duas cultivares apropriadas ao consumo de mesa, Ágata e
Almera e duas cultivares para processamento, Fontane e Sinora. Durante o outono
conduziram-se ensaios em Nova Resende e Ipuiúna, no Sul de Minas, no período de
02/03 a 08/06/06 e 03/03 a 26/06/06, respectivamente, e em Lagoa Dourada na região
Campos das Vertentes, no período de 09/02 a 12/06/06, delineados em blocos
casualizados, com três repetições. A parcela foi constituída por quatro sulcos com 25
plantas cada, espaçados de 0,80m e 0,35m entre plantas, perfazendo uma área útil de
24m2 e um total de 100 plantas. Após a colheita foi feita a pesagem separada dos
tubérculos com defeitos ou podridões e dos tubérculos normais, que foram classificados
por tamanho de acordo com o diâmetro transversal, obtendo a produção total, comercial e
por classe. O índice de formato (IF) foi obtido pela equação: IF= (diâmetro
longitudinal/diâmetro transversal)x100, onde IF<125 (tubérculos redondos); IF>125 e
<150 (tubérculos ovais) e IF>150 (tubérculos alongados). Os dados obtidos, em cada
ensaio, foram submetidos a análise de variância pelo teste F e as médias comparadas
pelo teste de Tukey no nível de 5% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na produção total e comercial de tubérculos (Tabela 1) a cv. El Paso se igualou às
cultivares padrões Ágata e Almera em todos os ensaios e superou as cvs. Marlen e
Matador no ensaio de Lagoa Dourada, a cv. Sofia no ensaio de Ipuiuna, e a cv. padrão
Fontane nos ensaios de Lagoa Dourada e de Ipuiuna. Destaque também foi observado na
cv. Madeleine que se igualou às cvs. utilizadas como padrões em todos os ensaios, com
exceção apenas do ensaio de Lagoa Dourada quando foi inferior à cv. Almera na
produção total de tubérculos. Com relação à produção de tubérculos graúdos (Tabela 2) a
cv. Arrow destacou das demais nos três locais de plantio se igualando apenas à cv.
Fontane, em Nova Resende, à cv. Almera em Lagoa Dourada e Ipuiuna, e às cvs. El
Paso, Madeleine e Matador, em Ipuiuna. Quanto ao formato do tubérculo (Tabela 2)
verificou-se uma variação em relação ao local de cultivo, principalmente no ensaio
conduzido em Ipuiuna onde a maioria das cultivares apresentou tubérculos com menor
razão entre os diâmetros longitudinal e transversal. Essa variação foi mais creditada ao
tipo e manejo do solo, visto que, segundo Melo (1999), alguns fatores como a
irregularidade no suprimento de água durante a formação do tubérculo e a compactação
do solo pode levar a formação de tubérculos fora do padrão da cultivar.
Tabela 1 – Produção de tubérculos de cultivares de batata de origem holandesa nas
regiões Sul e Campos das Vertentes de Minas Gerais. Safra da seca. 2006.
Cultivares
Nova Resende
Lagoa Dourada
Ipuiuna
PT
PC
PT
PC
PT
PC
Arrow
21,4 a
17,3 a
34,9 c
23,1 bc
34,2 ab
28,8 ab
El Paso
25,8 a
20,2 a
43,1 ab
31,0 ab
39,7 a
32,3 a
Madeleine
22,7 a
17,1 a
35,3 bc
28,0 abc
32,2 ab
26,2 abc
Marlen
23,8 a
18,6 a
31,9 c
20,4 c
30,2 ab
22,1 bc
Matador
23,2 a
17,4 a
31,8 c
20,4 c
39,1 a
28,2 abc
Sofia
25,6 a
19,5 a
32,7 c
23,2 bc
27,1 b
19,3 c
Ágata
23,6 a
20,1 a
36,5 abc
28,9 abc
28,8 ab
24,5 abc
Almera
25,1 a
19,7 a
44,0 a
35,1 a
32,0 ab
26,5 abc
Fontane
25,9 a
20,6 a
30,3 c
21,6 c
25,2 b
20,2 bc
Sinora
26,1 a
21,2 a
33,7 c
26,0 abc
31,6 ab
27,5 abc
Media Geral
24,3
19,2
35,4
25,9
32,0
25,7
C.V. (%)
8,8
7,7
12,9
11,6
Médias na mesma coluna, assinaladas pela mesma letra, não diferem entre si, pelo teste de
Tukey no nível de 5% de probabilidade.
Tabela 2 – Produção de tubérculos graúdos e Índice de formato obtidos com cultivares
de batata, de origem holandesa nas regiões Sul e Campos das Vertentes de
Minas Gerais. Safra da seca. 2006.
Cultivares
Nova Resende
Lagoa Dourada
Ipuiuna
PG1
IF2
PG
IF
PG
IF
Arrow
52,8 a
141 bc
75,5 ab
151 bc
75,0 a
124 bc
El Paso
22,8 cd
187 a
61,6 bc
185 a
70,8 ab
173 a
Madeleine
19,8 d
131 c
52,7 cd
120 c
64,9 ab
121 c
Marlen
33,1 bc
142 bc
44,9 d
143 bc
52,4 cd
122 c
Matador
35,9 b
142 bc
56,2 cd
141 bc
65,7 ab
131 bc
Sofia
39,1 b
158 abc
53,5 cd
155 ab
51,2 cd
134 bc
Ágata
14,8 d
166 ab
44,6 d
137 bc
46,5 d
141 bc
Almera
37,7 b
170 ab
78,5 a
158 ab
68,9 ab
148 b
Fontane
42,2 ab
156 abc
44,9 d
131 bc
60,6 bc
136 bc
Sinora
36,1 b
143 bc
62,0 bc
139 bc
70,9 ab
124 bc
Media Geral
33,4
154
57,5
146
62,7
135
C.V. (%)
13,2
7,32
9,3
7,61
6,3
6,2
Médias na mesma coluna, assinaladas pela mesma letra, não diferem entre si, pelo teste de
Tukey no nível de 5% de probabilidade.
1
– Prod. Tub. Graúdos (%): tubérculos com diâmetro transversal > 45 mm.
2
– Índice de Formato (IF): IF<125 (redondos); 125<IF>150 (ovais); IF>150 (alongados).
No ensaio de Ipuiuna, a textura muito argilosa conferiu uma maior compactação ao
solo, que pode ter prejudicado o bom desenvolvimento dos tubérculos. As cvs. El Paso,
Sofia e Almera apresentaram tubérculos alongados; a cv. Madeleine apresentou
tubérculos redondos e as demais apresentaram tubérculos ovalados. Na comercialização,
características como formato alongado ou ovalado e película lisa e brilhante conferem
maior aceitação no mercado (Shimoyama, 2004). Todas as seis cultivares avaliadas
apresentaram um bom desempenho produtivo com rendimentos iguais ou superiores à cv.
padrão Ágata e tubérculos com formato e aparência adequados ao mercado de tubérculos
“in natura”.
CONCLUSÕES
- As cultivares Arrow, El Paso, Madeleine, Marlen, Matador e Sofia são recomendadas
para o cultivo comercial nas regiões Sul e Campos das Vertentes de Minas Gerais.
REFERÊNCIAS BIBLIOFRÁFICAS
MELO, PE. 1999. Cultivares de batata potencialmente úteis para o processamento na
forma de fritura no Brasil e manejo para obtenção de tubérculos adequados. Informe
Agropecuário 20: 112-119.
SHIMOYAMA, N. 2004. Batata brasileira – Como aumentar o consumo. Batata Show 4: 4.
AGRADECIMENTOS
À FAPEMIG, à Margossian Sementes Ltda., à Rocha Agrícola e ao produtor Ronielo Lopes Amaral
pelo apoio na realização e condução dos ensaios.

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