Düsseldorf na rota dos negócios - Sindigraf-RS
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Düsseldorf na rota dos negócios - Sindigraf-RS
Düsseldorf na rota dos negócios M ais modesta que a edição de 2000, a Drupa 2004 voltou-se à consolidação dos sistemas desenvolvidos nos últimos anos. Sem grandes lançamentos, a feira deste ano deu lugar aos contatos e negócios entre fabricantes e empresários gráficos e também proporcionou aos participantes mais conhecimento sobre as soluções técnicas desenvolvidas nos últimos quatro anos. Mesmo com a atual tendência de contenção de gastos, o saldo de investimentos foi considerado positivo pelos organizadores do evento. Alguns expositores fecharam mais negócios que em 2000, quando a feira teve números recordes de participação e investimentos. “A Drupa 2000 ficou na memória como o evento do milênio – a Drupa 2004, entretanto, teve um significado de maior alcance para a indústria em geral. Foram trazidos de volta o otimismo e a percepção de novos negócios na indústria gráfica internacional”, acredita o presidente do evento, Albrecht BolzaSchünemann, que também dirige a empresa Koenig & Bauer (KBA). Para Luis Felipe Pereira Borges da Cunha, consultor técnico da Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica (ABTG), esta edição da feira foi uma vitrine do aprimoramento da tecnologia: “Com exceção da Fuji, que apresentou seu CtP no evento, não houve muitos lançamentos na Drupa. Foi uma edição bem educativa, em que o público pôde ver os equipamentos em ação e entender melhor como tudo funciona”. A participação brasileira O contingente de brasileiros na Drupa 2004, conforme dados preliminares da Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica (ABTG), chegou a 2.200 participantes. Aproximadamente 25 empresas gaúchas estiveram representadas em Düsseldorf. A Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf ) participou pela segunda vez da feira alemã. Um estande de 18m2 reuniu representantes do Sistema Abigraf, da ABTG e da Escola Senai Theobaldo De Nigris para atender os visitantes brasileiros. Cunha acredita que o evento é bastante importante para os empresários, pois apresenta os rumos do mercado gráfico. Foi o que motivou Gustavo André Schneider, diretor da Grafdil, de Dois Irmãos, a visitar a Drupa: “Fui para conhecer as tendências para os próximos quatro anos e conferir se estamos fazendo os investimentos certos, de acordo com a direção do mercado e das tecnologias”. Ângelo Garbarski, proprietário da Impresul, de Porto Alegre, ficou um pouco decepcionado com o evento e acredita que a falta de lançamentos deve-se à crise mundial na indústria gráfica: “Fui à Drupa para ver se havia algum novo produto de importância, mas não encontrei nada de muito inovador. Esta edição foi bem mais simples que a de 2000, e, excetuando as grandes empresas internacionais, como IPP, Xerox e Heidelberg, os expositores investiram menos na feira”. Fotos: Messe Düsseldorf/Tillmann & Partner Drupa DRUPA 2004 Empresários de todo o mundo atualizam-se na Drupa M aior evento da indústria gráfica, a Drupa 2004 teve grande participação de público e expositores. Embora não tenha atingido os mesmos níveis da feira anterior, esta edição do evento superou as expectativas de seus organizadores. Em janeiro, todas as vagas para expositores já estavam ocupadas, e ainda havia 200 empresas na espera. Embora menor, a Drupa não consegue ser pequena. Os números impressionam: mais de 394 mil visitantes, de 122 países, estiveram em Düsseldorf para conferir os produtos e serviços de 1.862 expositores. A participação internacional teve um acréscimo significativo, passando de 47% em 2000 para 54% nesta edição. O continente com maior representatividade foi a própria Europa, com mais de 127 mil visitantes. A presença da Ásia foi incrementada: em 2000, apenas 9% dos estrangeiros eram asiáticos; em 2004, 20% vieram daquele continente, superando 42 mil pessoas. Para o presidente da Messe Düsseldorf, empresa organizadora do evento, o resultado foi gratificante. “Nas atuais condições econômicas, este resultado foi uma surpresa maravilhosa, mesmo para nós. Não podíamos esperar alcançar o número recorde de visitantes que tivemos em 2000 (428 mil)”, afirmou Werner Dornscheidt no encerramento da feira. Mais de 30 mil pessoas trabalharam no evento, que também teve a presença de 3.350 jornalistas de 82 países. Áreas de interesse U m em cada quatro visitantes da Drupa manifestou interesse nos produtos apresentados pelos 294 expositores de produção de embalagens e processamento de papel. Como previsto, a maior demanda concentrou-se em impressão e nas ofertas de 515 expositores do setor. Os fornecedores da indústria gráfica comemoram os resultados. Fabricantes alemães de tintas de impressão acreditam que a feira teve muito sucesso, não apenas porque o número de participantes – especialmente os estrangeiros – superou as expectativas, mas principalmente porque a intensidade e qualidade das conversas com os visitantes trouxeram a esperança de novos contatos de negócios. Tintas de impressão para embalagens de alimentos e efeitos especiais com tintas UV atraíram particular interesse. Em geral, os fabricantes acham que o sucesso da Drupa é o prenúncio de revitalização econômica da indústria gráfica. O grande interesse dos visitantes não deixou dúvida de que os produtos de papel e papelão nada perderam de importância na era da tecnologia da informação. As indústrias de papel tiveram uma participação significativa na Drupa 2004. Comparado a 2000, o número de visitantes teve pequena queda, mas a presença do público asiático foi bastante forte. “Nossa avaliação inicial nos dá razão para sorrir e agradecer a qualidade dos debates especializados e a calorosa recepção dada aos produtos apresentados pela indústria”, diz Klaus Windhagen, diretor-geral da Associação Alemã de Fabricantes de Papel. Resta saber o quanto as tendências positivas apresentadas durante a Drupa vão se refletir nos negócios de empresários e fornecedores do setor. 2004 Novidades na programação A programação do evento dedicada a debates especializados foi bem recebida pelo público. O Innovation Parc, que contou com 40 expositores, apresentou soluções inteligentes de hardware e software para a indústria gráfica, abordando temas como impressão digital, CtP e JDF, entre outros assuntos. Uma área específica para softwares deu espaço para empresas jovens com produtos inovadores. “Para uma companhia pequena como a nossa, que tem mais paixão e entusiasmo do que recursos financeiros, esta foi uma grande oportunidade. Nós esperamos que este espaço ainda abrigue outras empresas pequenas e criativas e que esta iniciativa tenha vindo para ficar”, afirma Hugo Kristinsson, um dos expositores do Innovation Parc. Representante da Federação Alemã das Indústrias Gráficas (BVDM), o executivo Thomas Mayer acredita que a Drupa proporciona oportunidades para os empresários analisarem as soluções técnicas oferecidas: “Abordando temas como JDF e redes, a Drupa 2004 destacou um cenário de eficiência na produção – algo de importância fundamental para os negócios de médio porte. A contínua pressão dos preços está forçando os empresários a procurar alternativas de otimização dos recursos”. As Compass Sessions, encontros informativos promovidos pela BVDM, estrearam este ano na programação do evento. Como esperado, as sessões dedicadas aos tópicos JDF e networking, assim como pré-impressão, foram as que tiveram mais procura do público. A próxima edição da Drupa já está marcada: acontece entre os dias 29 de maio e 11 de junho de 2008. Agende-se! Saiba mais sobre o JDF Sistema de gerenciamento de fluxos, o Job Definition Format (JDF) foi um dos itens que mais mereceram atenção na Drupa 2004. A tecnologia foi lançada na Drupa 2000 e está sendo desenvolvida pelo CIP4 – grupo de cooperação internacional para a integração dos processos de pré-impressão, impressão e acabamento, formado por grandes empresas como Adobe, Agfa e Heidelberg. Nesta edição do evento, o JDF Parc foi o espaço reservado para mostrar aplicações do protocolo com máquinas de diferentes fabricantes. O JDF objetiva um controle total sobre os processos gráficos, que possa ser utilizado em qualquer lugar do mundo, com linguagem padrão para todas as etapas do trabalho, como venda, design, pré-impressão e acabamento. Outra característica é a redução da intervenção humana nos processos, automatizando a produção. Além disso, o JDF deixa a produção transparente, possibilitando o controle total do andamento do trabalho, inclusive pelos clientes, via web. 3 Drupa Drupa 2004 DRUPA 2004 Como absorver as novas tendências A pesar de não apresentar grandes novidades, a Drupa 2004 marcou a presença de tecnologias lançadas nos últimos anos e que vieram para ficar. O Computer-to-Plate (CtP), ainda incipiente nas gráficas gaúchas, foi uma das atrações do evento. “O CtP e a impressão digital foram dois pontos importantes nessa Drupa. Houve a consolidação dos sistemas e a apresentação de soluções para CtP e também para pequenas e médias tiragens digitais”, conta o consultor técnico da ABTG, Luis Felipe Pereira Borges da Cunha. Interessado no sistema, Gustavo André Schneider, da Grafdil, acredita na popularização do CtP: “Os equipamentos estão sendo fabricados por um número maior de empresas. Embora nem todas tenham representação no Brasil, isso com certeza vai gerar maior concorrência e a diminuição dos preços”. Segundo Schneider, equipamentos que custavam em torno de 350 mil dólares hoje já estão disponíveis por 180 mil. Cunha destaca um lançamento da Gluz & Jensen na Drupa: “É um sistema CtP que funciona como uma plotter, você coloca a chapa de alumínio sem sensibilização e sobre a chapa é feita a impressão, que é a área de grafismo do offset”. Indicado para gráficas menores, o sistema custa em torno de 30 mil dólares e imprime pequenas tiragens. Conforme o técnico da ABTG, as empresas devem estar preparadas para atualizar não apenas seus equipamentos, mas, principalmente, seus softwares. “O que assusta o empresário brasileiro é o desvalor do real frente ao euro e ao dólar. Isso desanima as intenções de compra”, afirma Ângelo Garbarski, da Impresul. Para ele, os processos de automação da produção, os workflows, foram os pontos de maior destaque no evento, embora ainda tenham preços muito altos: “A maior parte destes sistemas está fora do alcance do nosso mercado, até mesmo para as gráficas de maior porte, porque os custos chegam a 60, 70 mil dólares”. Entre as novas tendências, Garbarski destaca a impressão digital: “Ela vai acabar chegando ao nosso mercado, mas precisa trilhar um longo caminho até ficar acessível”. Schneider concorda que a tecnologia ainda está longe da realidade gaúcha: “Os equipamentos da Indigo/HP são muito bacanas, a exposição deles na Drupa era um verdadeiro parque de diversões. Os custos da tecnologia digital, no entanto, ainda são muito altos”. Já na técnica de offset, devido à grande automação dos processos, as máquinas mais recentes também têm custos elevados. Adaptar-se é o melhor caminho. “Para ter uma gráfica moderna, não é necessário ter máquinas novas, com seminovos é possível oferecer um serviço que atenda às expectativas do mercado”, acredita Schneider. Cunha ressalta a importância dos workflows e afirma que equipamentos comprados nos últimos três anos, que já entendam linguagens como CIP3 e CIP4, podem operar com JDF: “O conceito do protocolo é uma linguagem universal, e na Drupa foi possível observar que ele está mais uniformizado. O JDF é uma necessidade de mercado e vai se difundir entre as gráficas”. Ilha Brasil faz sucesso na Alemanha Composta por 15 empresas nacionais, a Ilha Brasil foi uma iniciativa da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), com o apoio da Agência de Promoção do Comércio Exterior (APEX). Os fabricantes de máquinas e suprimentos nacionais tiveram como objetivo aumentar suas exportações e também atingir os brasileiros que estiveram na Drupa. Nos primeiros nove dias do evento, as empresas nacionais fecharam em torno de 2,2 milhões de dólares em negócios, conforme pesquisas iniciais da Abimaq. As fábricas também aproveitaram a Drupa para estabelecer contratos de representação no país. Além das integrantes da Ilha Brasil, também estiveram presentes ATG Photo Design, Ink Maker do Brasil, Indústria Brasileira de Filmes (IBF), Indústria de Máquinas Miruna e Suzano/Bahia Sul.