Encontro com a Lua

Transcrição

Encontro com a Lua
Emmy Moah
Eu abri meus olhos e suspirei ao olhar a hora no meu relógio na cabeceira. Coloquei as
mãos no rosto e gemi.
 Sério que já são 7h da manhã? Que saco!
 Emmy Moah se apresse para não chegar atrasada em seu primeiro dia de aula!
Pulei da cama ao ouvir o grito de meu tio. Corri para o banheiro onde demorei quase 40
minutos me aprontando. Peguei a mochila preta com o nome magia bordado por toda a
parte e corri descendo as escadas até a cozinha onde se encontrava meu tio terminando
de lavar as louças do café da manhã.
 Bom dia, titio!
 Não acredito que você ainda está aqui!
 Relaxa, tio Luc, é primeiro dia de aula.
Ele se vira para me encarar e faz um O estranho com a boca.
 Você vai vestida assim para a escola?
 HAHAHA! Você precisa ver sua cara, tio Luc! Sério!
 Não me venha com suas gracinhas, Emmy. E quero ter uma conversa com você
hoje a noite depois do jantar.
Ele estava bem sério. Eu lhe sorri e lhe abracei, depois me dirigi para a porta.
 Sinto muito, hoje a noite não dá, tenho festa para ir.
 É sobre isso mesmo que precisamos conversar. Você chegou muito tarde além
de bêbada ontem... Quero dizer, hoje de madrugada!
 Relaxa tio. Vai me dizer que você não fazia isso quando tinha minha idade?
 Você só tem 17 anos e está sob minha responsabilidade, Emmy. Por favor, não
quero encrenca com seus pais.
 Ah claro, você quer provar pra eles que mudou! Que não é mais aquele jovem
imaturo que fugiu da família e da cidade depois que...
 Não quero falar sobre isso, Emmy! Por favor, vá para a escola.
Eu não o queria magoar relembrando de seu passado, então fui para o ponto de ônibus
na esquina perto de casa. Dez minutos depois eu estava sentada no ônibus. Ao meu
lado tinha uma loira de olhos azuis, vestida numa mini saia azul marinho, uma blusa de
algodão branco com vários botões na frente, acompanhada de uma gravata da mesma
cor da saia, ela segurava uma mochila cor de rosa cheia de stress. Patricinha, pensei.
Cinco minutos depois ela se vira para mim.
 Você também está atrasada.
Não é uma pergunta. Hummm interessante.
 Sim. – me viro para ela também – Me chamo Emmy Moah.
Sorrio. Ela também sorri.
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Cateliny Vidal. Então, Emmy, você é novata na escola.
Uma afirmação, então você é uma veterana.
Digamos que eu seja ao que chamam de “popular”.
Ah!
Você deve está estranhando porque uma garota popular e riquinha como eu
estou indo de ônibus e atrasada, não é?
Exatamente isso. Você leu meus pensamentos.
Meu carro quebrou no caminho.
Ah!
Você é nova na cidade também, porque seu sotaque não é daqui.
Sou do interior.
Hum... isso vai ser um caos na escola. Garota do interior, carne nova, primeiro
dia de aula. Olha, fiz bem em continuar aqui, esse ultima ano promete!
Nós duas sorrimos. O ônibus para. A gente segue lado a lado quando descemos.
Caminhamos pelo longo pátio em frente a escola.
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


Então, porque você ia embora?
Você reparou no que eu disse. Bom.
Por quê? Porque você disse isso de eu reparar?
Ninguém aqui presta atenção no que realmente eu falo, só querem se enturmar
para ficar popular também, ou, famosos.
 Famosos?
 Minha mãe é a dona da escola.
 Nossa! Legal! Deve ser o máximo isso, porque, tipo, você pode passar de ano
sem problemas, faltar às aulas, chegar atrasada, sair à hora que quiser...
Ouço um suspiro cansado vindo dela.
 Vai dizer isso a ela. Ao contrário do que você imagina, eu tenho que ser pontual,
tirar as melhores notas por conta própria e comparecer todos os dias. Hoje, por
exemplo, ela vai me chamar na direção, falar comigo como se fosse não minha
mãe, mas apenas a diretora.
 Você pode não acreditar, mas sei exatamente como é isso, como você se sente.
Ela me olha espantada, mas não comenta nada. Enfim chegamos a grande porta de
entrada, como no extenso estacionamento em que passamos antes, apenas carros e
algumas motos, mas nenhuma pessoa, dentro da Alto Centro Elite Estudantil, não havia
ninguém nos corredores.
 Emmy, melhor você vir comigo também, porque embora seja seu primeiro dia
aqui, na sala vão te pedir explicações pelo atraso e te mandar para a Direção.
Então melhor você poupar passar vergonha na frente da classe. Embora com
essa roupa...
 O que tem minha roupa? – dou uma risadinha.
 Bem, vou ser sincera, aqui nunca se viu alguém vestida assim: vestido preto
anos 90 e bota vermelho verniz com esse laço vermelho prendendo o seu rabo de
cavalo. Além do que, outra regra da escola é o uniforme, esse que estou usando.
 Odeio regras.
 Deu pra perceber...
Paramos em frente a uma porta de madeira branca onde continha uma foto de uma
mulher numa versão mais velha da Cateliny, onde se lia logo em baixo:
Diretora Alma Vidal
Cateliny respirou fundo antes de bater na porta. Logo depois veio um “entre” forte.
Então entramos na sala, claro, pedindo licença.
A mãe de Cateliny, dona e diretora da escola, se vestia elegantemente e olhou para nós
duas depois de olhar para nossas mochilas.
 Sentem-se e me contem porque estão chegando a essa hora.
 Eu acordei tarde. – resolvi tomar a iniciativa.
Ela me encarou duramente. Suspirou e pegou um bloco de notas onde começou a anotar
algo.
 Bem Srta. Moah, como é seu primeiro dia aqui, e também acaba de chegar na
cidade, vou dá crédito por isso. Mas que fique claro que isso não volte a se
repetir, estamos entendidas?
 Sim senhora!
 Aqui, tome isto e entregue ao professor assim que entrar na sua sala. Pode ir.
 Obrigada!
Me levantei, enquanto caminhava em direção a porta ainda pude ouvir:
 Srta. Vidal, qual seu motivo para chegar a essa hora?
 Bem, Sra. Vidal, meu carro...
Fechei a porta atrás de mim e tive que me conter para não rir. Era engraçado a maneira
como mãe e filha se tratavam. Resolvi passar depois na secretária para pegar meu
horário. Já estava atrasada demais para a aula. No segundo andar, primeiro corredor,
quarta porta, eu respirei fundo e a abri. Caminhei até o professor que já estava
escrevendo alguma coisa sobre geografia no quadro.
 Com licença professor. – entreguei-lhe o papel. Ele leu depois colocou dentro de
um caderno em sua mesa.
 Seja bem vinda, Srta. Moah! Pode ir se sentar.
 Obrigada, professor!
Me virei para a enorme sala lotada de alunos. Todos me olhando atentamente. Merda!
Pelo menos tem uma cadeira vaga no final da sala, meu lugar preferido. Sorrio para
mim mesma enquanto me direciono para o fundo da sala. Me sentei e coloquei a
mochila no chão depois de pegar meu caderno e uma caneta, fiz algumas anotações,
quando meu celular tocou My Immortal do Evanescence. Todo mundo se virou em
minha direção.
 Desculpe professor. – dei um sorriso amarelo depois de colocar o celular no
silencioso.
Depois que todos estavam de volta aos seus cadernos ou cochichando, verifiquei a
mensagem que me mandaram.
 Estranho, não conheço esse numero. – murmurei para mim mesma.
Li a mensagem, assinava como C. V. Só poderia ser da Catiliny, mas eu não tinha dado
meu numero a ela! Respondi perguntando se era ela:
*Catiliny Vidal?*
*Obvio, que aula?*
*geografia, e aí?*
*história, a professora é uma chata*
*hum... vc por acaso senta na primeira cadeira?*
*ahan, pq?*
*dedução rs... mas como ela não ver vc no cel?*
*hahaha prática querida*
As mensagens pararam por dez minutos, logo depois meu celular vibra.
*meu namorado está na sala?*
*ah? Não sei quem é seu namorado!*
*ahahaha desculpa querida, esqueci, pensei que tinha falado dele pra vc ;)*
*desculpada *
*ele senta na primeira fila também, usa sempre uma jaqueta de couro marrom com um
desenho de um pentagrama nas costas, ele é o rockeiro da escola*
Olhei para frente procurando, então o vi, cabelos pretos, costas largas, ombros largos,
braços extremamente musculosos, como ele estava de perfil conversando com um
moreno ao seu lado, vi que suas pernas também eram extremamente musculosas na
calça do uniforme, ficava apertada, expondo coxas de dá inveja a muitas meninas que
não tinha. E oh céus! Ele tinha convinhas! Dentes perfeitos! Emmy Moah pare já com
isso! Ele tem namorada, e provavelmente sua futura amiga!
Voltei minha atenção para o celular.
*sim, ele está na sala*
* obrigada! Ele não é um gato? “suspiro” ele também é novo na escola*
*por nada! Eu prefiro os caras loiros. Novo? Mas como? Vocs não são namorados?*
*hahahaha ele é meu namorado, não falei nada de a gente ta namorando, ou seja, ele
ainda não sabe. ;)*
Meu coração deu um pulo e surgiu um sorriso bobo no meu rosto. Ele não tem
namorada! Mas espera...
*e como vc sabe que ele está solteiro? Se ele tiver uma namorada?*
*eu já me informei com ele.*
*:o vc perguntou assim, diretamente? Na cara dura?*
*joguei conversa, plantei sementes, infelizmente ele não é de conversar muito  e as
vezes é meio grosseiro*
Olhei para ele novamente, continuava conversando animadamente com o moreno e
agora com mais outro sentando a sua trás. Estranho...
O Sinal tocou. Quando vi todo mundo saindo da sala, me levantei com o celular na mão
e comecei a andar em direção a porta.
*intervalo para mim  vc também?*
*Sério? Que droga, ainda tem mais duas aulas! Aposto que foi minha mãe quem se
encarregou de me colocar nessa turma!*
*hahahahaha*
Quando fui ler a resposta dela esbarrei em alguém quase perto da porta da sala.
 Opa! Me desculpa... – quando olhei para cima, fiquei muda. Dois pares de
olhos verdes me encaravam.
Kol Kaliki
Estava me preparando para sair da sala, quando alguém trombou em mim.
Alguém não.
Ela.
Aqueles olhos negros como a noite eram mais brilhantes pessoalmente. Aquele cabelo
longo e negro como a lama de um poço chamavam minhas mãos para verificar se era
tão macio quanto eram nos sonhos.
 Só olhe da próxima vez por onde anda. – e pisquei um olho para ela com
meu sorriso mais sínico que consigo fazer.
Ela abriu aquela linda boca marcada de batom vermelho em um grande O enquanto
arregalava os olhos me olhando abismada. Mas foi por pouco tempo, pois passou por
mim correndo para a saída. Corra anjo, corra sempre para longe de mim para seu
próprio bem espiritual.
Encontro o Dean e o Jackson sentados numa mesa bem no centro da cantina da escola,
bebendo dois refrigerantes.
 Por que não foram sentar nos fundos? – Pergunto irritado enquanto me sento
em uma das duas cadeiras vazias.
 Por que lá? Aqui é onde podemos ver as gatinhas e onde as gatinha podem
nos ver! – Retruca Dean dando uma piscadinha de olho e um sorriso safado.
 Cara, você tem certeza que foi boa idéia vir para cá? – É a vez de Jackson
parecer irritado. Ele sempre foi a cabeça certa de nós três.
 Dean, você sabe que uma das condições de vir para cá era não chamar
atenção sobre a gente, e Jackson, não vai acontecer nada.
Dean apenas resmunga e continua bebendo seu refrigerante enquanto joga sorrisos e
olhares para algumas meninas em outras mesas ao nosso redor. Jackson me encara
seriamente, às vezes penso se ele tem mesmo 22 anos e não 50.
 Não vai acontecer nada? Você sabe muito bem o que vai acontecer! Eu só
concordei em vir com você para tentar te reprimir um pouco. Mas nós dois
sabemos que NADA vai impedir de acontecer!
 O que vai acontecer? – Dean consegue enfim voltar sua atenção para nós e pega
nossa conversa.
 Kol se meter em encrencas como sempre. Isso que vai acontecer. E você –
Jackson aponta para Dean. – deveria ter removido essa idéia de vir para cá da
cabeça desse teimoso!
 Mas eu tentei! – defende-se ele fazendo a cara de inocente mais safado do
mundo.
Eu não consigo me controlar e caio na gargalhada me lembrando bem de como ele
tentou me fazer desistir da idéia. Algumas pessoas nos olham e cochicham entre si,
umas são menininhas com seus sorrisos e cílios tentando chamar nossa atenção.
 Tentou tão bem que quando eu disse que tava vindo para a ACEE ele foi logo
perguntando se podia vim junto. Opa! Perguntando não, comunicando!
E riu mais um pouco, enquanto Dean apenas sorri e diz alguma coisa como “Não ia
perder a oportunidade de ver carne nova”. Jackson sorri e diz que nós dois é quem
deveríamos ser parentes de sangue. E é aí que a vejo. Parada na fila da cantina
conversando com uma loirinha que o Dean está afim. Ela rir de algo que a outra diz e
eu me perco no sorriso dela. E é ai que Jackson me olha estranho depois segue meu
olhar.
 Porra Kol! Me diz que não é ela!
 Ela quem? – Dean quer saber seguindo nossos olhares – Ah! Minha loirinha! Ela
é a filha da diretora da ACEE, Catiliny Vidal. – vira-se para mim. – Não sabia
que você também estava afim dela, cara.
 Não estou! – volto a olhar para nossa mesa antes que alguém percebe, ou ela
perceba que estou encarando.
 Quem é a outra? A morena com as pontas do cabelo vermelho?
 Jackson, como é que eu vou saber? Sei tanto quanto você sabe sobre essas
pessoas. – tento manter indiferença na voz.
 Kol, se você tiver afim também da Cat, pode ficar meu! Ainda não tinha notado
a belezura da amiga dela. Fiu fiu! Que morena, cara!
A raiva, ou o ciúme, não sabe bem ao certo o que, cresce dentro de mim, mas é Dean,
porra! Meu melhor amigo! E eu não tenho nada com essa garota! Quem garante mesmo
daqueles sonhos todos não passar apenas do que são: sonhos? Jackson apenas fica
observando tudo. Tudo mesmo. Enquanto Dean continua encarando ela. Tento me
concentrar na latinha de refrigerante em cima da mesa. Percebo então um movimento do
Dean. Olho para ele.
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O que você está fazendo seu imbecil?
Foi ela quem acenou primeiro!
Ela quem? – meu coração dá um pulo lento.
Cat. – responde um Dean todo sorridente olhando para as duas.
Elas estão vindo para cá! Elas não. Apenas a loira. A outra ficou em pé lá no balcão na
cantina segurando uma maçã mordida.
 Olá rapazes! O que acharam do primeiro dia de aula? – ela pergunta olhando
apenas para mim com um sorriso enorme no rosto.
Já deixei claro para ela da ultima vez que nos vimos na praça da cidade que eu não
queria nada. Parece que ela não percebeu.
 Isso faz parte das boas vindas, ou você está fazendo sala como filha da dona? –
Dean tenta dá um de engraçadinho.
Ela se vira para ele e mostra a língua.
 Já saquei que você é o engraçadinho da turma. Mas respondendo a sua pergunta,
nenhuma coisa nem outra. Queria saber por mim mesma.
 A gente está adorando a escola. A cidade também. – Responde um Jackson até
então calado.
 Que bom! Sério mesmo, muito bom saber que vocês estão gostando daqui.
Ela sorri para ele e se volta para mim.
 E então, Kol, vai ter uma festinha hoje a noite na garagem da velha rodoviária.
Você vai?
Todos na mesa esperam minha resposta. Olho para a garota que habita meus sonhos
noturnos e vejo que ela está conversando com um cara loiro. Sorri para ele. Ele segura
sua mão e se inclina dando um beijo em seu rosto.
 Kol se acalme! Olhe para mim, Kol!
É ai que percebo que estava rosnando e tinha fechado os punhos. Olhei para Jackson e o
agradeci silenciosamente por ele ter me trazido de volta a tempo.
 Você está bem?
 Sim, Cateliny, desculpe-me. É que hoje a gente a caminho daqui se meteu em
uma confusão, daí me lembrei da cena.
 Você vai para a festa?
 Aquela ali que estava com você, é parente sua? – sei que não, mas quero chegar
no meu ponto sem que ela perceba ele.
 Não! Ela é a Emmy Moah, também nova na cidade e aqui na escola como vocês.
A gente se conheceu hoje no ônibus quando estávamos vindo.
 Não sabia que você pegava ônibus, gata! Pensei que você vinha de limusine –
Dean mais uma vez.
 E o cara que está conversando com ela quem é? Acho que o conheço de algum
lugar... – finjo desinteresse na garota e interesse no idiota que ainda está
segurando sua mão.
Catiliny arregala os olhos e se volta rapidamente para sua amiga.
 O que?! Que cara... Meu Deus! Como a garota é rápida! Uau! – ela se volta para
mim ainda surpresa. – Aquele é o Leo, ele é do time de basquete e natação. Foi
coroado junto comigo 5 vezes na categoria de PERFEITOS da escola e da
cidade. Ele não sai com qualquer uma. Então, se ele ta todo derretido assim com
ela, é porque ela é boa mesmo. – então ela ri.
Dean “manda” do jeito dele Catiliny se sentar com a gente. Os dois entram em uma
conversa sobre se ele pode participar do tal concurso e que vai ganhar e querer ela como
prêmio. Ela por sua vez dá vários foras nele. Jackson apenas me observa na sua, calado
como sempre é.
 É ela né? – me pergunta baixinho. – A Emmy Moah?
Emmy. Então esse é seu nome.
Emmy Moah
Olhei rapidamente para a turma que chamava atenção da mesa do meio da cantina. Mas
não havia ninguém de lá me olhando. Então porque eu ouvi chamar meu nome? E
parecia a voz dele, daquele idiota metido! E a Catiliny que tinha fugido da aula para vim
a cantina comigo só para ter a oportunidade de falar com ele? Ela o viu primeiro, e
depois da grosseria dele comigo, ela faça bom proveito. Estou conversando com um
cara lindo de morrer. Tá. Ele não é mais gostoso que o panaca sentado ali, não, não é
gostoso de nenhuma maneira. Mas é lindo e educado. É um verdadeiro príncipe!
 Então Em? Você vai comigo a festa de hoje a noite?
 Claro Leo! Fui a uma ontem lá e achei super maneira. Pena que não te vi.
Dou-lhe meu melhor sorriso de paqueração, e ele retribui. Outra coisa que não chega
aos pés do imbecil. Covinhas. Leo não tem covinhas. Mas o que estou fazendo? Ainda
me segurando a mão que não estou segurando a maçã, ele me leva em direção a eles.
 Vou te deixar com a Cat, tenho que voltar pra aula e não quero te deixar sozinha
aqui quando algum cara pode te roubar de mim.
Dou uma risada nervosa. Chegamos a mesa do idiota. Ele está encarando uma latinha de
refrigerante enquanto conversa baixinho com o moreno que parece um pouco com ele.
 Olá garotos! Cat cuida da Em para mim?
Quando o Leo pronuncia o que ele inventou do meu nome, todos na mesa nos encaram
sorrindo, menos ele, o idiota. Ele encara apenas ao Leo, pode ser que eu esteja vendo
coisas por causa da bebida que tomei na noite passada, mas ele está com o punho
fechado em cima da mesa e olhando apenas para o braço do Leo na minha cintura.
Cataliny olha para mim de senho franzido. Depois para Leo, e por ultimo para o braço
dele a minha cintura. Então ela sorri maliciosamente.
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Hummm Emmy! Garota rápida hein? Já fisgou o Leo?
Ainda não Cat, mas hoje a noite quem sabe? – sorrio para ela.
Então vocês dois vão hoje a noite para a festa?
Sim Cat. Você sabia que a sortuda aqui foi ontem?
Porra Emmy! Inveja, eu queria tanto ter ido ontem! Mas você não foi Leo?
Fui, mas fiquei só um pouco. Já Em, voltou só quando terminou e ainda bebeu
todas!
Catiliny me encara com cara de inveja.
 Você ta de brincadeira comigo? Por isso você chegou atrasada hoje. Ah bebê,
fiquei com inveja de você agora. – ela faz biquinho.
 Queria você ter inveja ter que aturar no dia seguinte o sermão do tio. Mas valeu
a pena, a festa é foda mesmo! Pena que não tinha gatinho suficiente para pegar –
olho para Leo e sorrio – mas hoje a pegação está garantida né gatinho?
 Com certeza gata! Vou deixar sua noite quente!
Ouvimos então um barulho de uma cadeira caindo. Quando verifico quem é, vejo o
idiota de pé rosnando para Leo e sua cadeira no chão caída, o moreno tentando acalmar
ele dizendo alguma coisa. Catiliny se levanta assustada e surpresa, enquanto o outro
cara da turma com brinco na orelha permanece sentado olhando para nós, fascinado.
 Eu vou para a festa sim. – responde ele a alguma pergunta da Catiliny.
 Ótimo! – ela demonstra alegria, embora ainda esteja um pouco assustada e
confusa como eu. – Você já sabe onde eu moro, passa lá as sete.
 Eu disse que vou para a festa, não falei nada de ir com você.
E dizendo isso, sai deixando uma Catiliny espantada.
 Desculpa, mas é o jeito dele. Afinal, sou o Jackson, primo do Kol. – se apresenta
o moreno para mim depois do Leo ir embora para a aula com a Catiliny.
 E eu sou o Dean. Amigo desses dois anormais.
 Eu sou Emmy. – sorrio para ele enquanto ele paga minha mão e a beija. Ops!
Temos um galanteador a moda antiga aqui!
 É melhor irmos para a aula, já deve ter começado.
 Tava demorando o cara estragar! – bufa Dean.
 Eu não vou. Aula de história pelo que Cat me contou é um saco e ainda estou de
ressaca.
 Opa opa! O que temos aqui? Enfim uma garota que concorda em algo comigo,
apesar de não está de ressaca. – Ele me sorri travesso e eu ri da cara amarrada
que o Jackson faz para ele.
 Certo. Não sou babá aqui. Vou voltar para a aula então sem vocês. – se levanta e
vira-se para mim me olhando profundamente – E você menina rebelde, não
esperava que você fosse assim. Quer um conselho bom? Não vá hoje a noite
para essa tal balada. – dizendo isso me dá as costas e se manda. Afundo-me na
cadeira de frente ao Dean.
 Então, qual é a dele?
 Não queira saber, é complicado. Parei de tentar entender a família Kaliki. – dá
um suspiro e então me dá um sorriso descarado. Acho que achei sua marca
registrada. – Então gata? Solteira? Onde deixo meu currículo ao cargo de
namorado?
Dou uma gargalhada. Cara, esse garoto é o único normal dos três.
 Solteira. Achei que você estivesse afim da Cat.
 Gata, eu estou afim de todas. Então? – Parece que esse garoto está falando sério
sobre se candidatar a ser meu. Até que é bonito, tem sardas no nariz, cabelos
vermelhos, olhos azuis, magro e um pouco mais baixo que os amigos deles.
Sorrio.
 Eu tenho encontro marcado com o Leo já. Então acho melhor você tentar algo
com a Cat. Acho que ela faz mais seu tipo. Peitão, loira... – lhe pisco um olho.
Ele dá uma gargalhada jogando a cabeça para trás.
 Gata, porque todas não são que nem você? – sorri – Se não rolar, ou se rolar e
mais nada rolar depois, entende? Então, daí me dá uma chance?
 Hummm. E porque você quer uma chance comigo? A gente acabou de se
conhecer.
 E não deixei claro? Você é linda, gata, com todo respeito, muito gostosa e pra
completar, simpática demais. E sendo sincero agora, a Cateliny ta
completamente caída pelo Kol. Além do que, ta na cara que você é inteligente o
suficiente para não se deixar envolver emocionalmente, embora seja impossível
se apaixonar por esse gostoso aqui. – me pisca um olho enquanto lambe o lábio
inferior.
Gargalho tanto que minha barriga dói. Ele está certo sobre eu não me envolver
emocionalmente. Meu lema é aproveitar o que a vida me oferece. E até que vai ser
divertido ficar com o amigo daquele idiota, ver a cara dele em ter que me suportar. Com
esse pensamento, sorrio maliciosamente.
 Okay. Depois que eu der uns pegas no Leo, vai ser sua vez de ser meu escravo
sexual.
 É por isso que gosto de você garota! – fala entre risos.
Chego em casa e corro diretamente para meu quarto, especificamente, meu guardaroupa. Tenho exatamente duas horas para ficar pronta antes de o Leo chegar as sete para
irmos a balada. Escolho um vestido preto que se agarra a todas as minhas curvas, costa
nua, mangas compridas, comprimento até o meio das coxas. Certo. Admito que estava
pensando no Kol ao procurar algo para usar essa noite. Merda! Ele não sai dos meus
pensamentos. Preciso dá um basta nisso antes que piore pro meu lado. Acho que isso é
culpa da minha libido. É isso. Preciso de sexo. Quente. Muito quente! Separo meu par
de sapatos preferidos: preto de salto extremamente alto que eu adoro. Corro para o
chuveiro. Uma hora depois, estou terminando de fazer cachos no meu cabelo quando
meu tio bate na porta.
 Emmy, o jantar está pronto!
Suspiro e caminho até a porta. Conto até dez e abro.
 Onde você pensa que vai mocinha?
 Balada. Quer vir?
 Não! E você não vai a balada nenhuma. Pode esquecer! Desça para jantarmos,
ligue para seus pais e depois vamos conversar.
Então ele pensa que deu um ultimato e dá meia volta pelo corredor. Fecho a porta. Não.
Bato a porta de uma maneira que ela se abre novamente.
 Argh! Que saco!
Meia hora depois estou terminando com a camada de batom vermelho quando ouço a
buzina de um carro. Pego minha bolsa de mão preta. Sim, eu amo preto. Desço a escada
correndo mas na porta da frente sou barrada por tio Luc. Bem vamos lá.
 Tio Luc, sai da frente que o Leo está me esperando.
 Eu já disse Emmy, sem noitadas. Agora suba tire essa roupa e desça para o
jantar antes que esfrie. – tenho que admitir que o tio Luc sabe fazer uma cara de
pai bravo melhor que meu pai.
 Okay! Mas será que posso pelo menos ir avisá-lo que meu tio idiota não me
deixa sair? Posso convidá-lo para o jantar? – Ele exita um pouco me avaliando
por olhos semi-serrados.
 Tudo bem.
Sorrio para ele alegremente e saio correndo para fora. Leo me dá um enorme sorriso
assim que entro em seu carro luxuoso. Tento não parecer decepcionada por não ser um
conversível ou até um Impala e não ser pelo menos de cor preta. Aliás, até que essa cor
laranja metálica é bonitinho. Sorrio de volta.
 Se você quiser ainda que eu te acompanhe nessa festa, sugiro que pise no
acelerador agora! – e assim ele o faz.
 Posso perguntar de quem nós estamos fugindo?
 Meu tio. – suspiro pesadamente – Ele as vezes esquece de como era quando
tinha minha idade.
 Hahahahaha. Vai dizer isso para meus pais também! – ele me avalia por um
momento, sorri e me dá uma piscada de olho. – Você está magnífica! Me
surpreendeu, sério, não esperava te ver assim.
 Por quê? – riu – Por acaso só por que fui a aula hoje cedo vestida daquele jeito?
Não leve a mal, mas gosto de causar. – lhe pisco um olho. Ele ri.
 Já percebi isso. E lhe garanto, você vai causar mais do que quer hoje a noite
vestida desse jeito. A Cat vai te odiar!
 Aposto que ela vai sim. Mas não me sinto culpada.
Chegamos a antiga garagem, onde estive ontem. Tinha bastantes carros por toda parte,
em alguns lugares mais escuros alguns casais se pegando, de dentro vinha o som
abafado de música eletrônica e quando uma parte do portão se abria, dava para ver as
luzes piscantes. Entramos – Leo com sua mão nas minhas costas – e fiquei
impressionada, estava lodato mais do que ontem. Dirigimos-nos ao bar que fica em um
lugar mal iluminado do lado esquerdo. Leo pediu um wisky e eu pedi uma tequila.
Levamos nossas bebidas para uma das mesas próximo dali. Sentei no sofá ao lado dele.
 Então?
 Então o que?
 Qual o seu lance com o Kol? – O que? Esse cara pirou? Olhei surpresa para ele.
De onde foi que ele tirou isso? Ele parecia está falando sério. Quando fui
responder, uma loira quente chegou a nossa mesa e sentou-se em frente a gente.
 Emmy e Leo, o que estão fazendo aqui com essa música toda rolando lá na
pista?
 Eu estava resolvendo isso agora mesmo, Cat. Então Em? Dançar? – esse cara era
louco ou o que? Sério. Acho que devo lembrar-me de mais tarde recomendar um
psicólogo. Não que eu conheço algum. Nunca precisei de terapia. Tirando a vez
de quando eu tinha 12 anos e meus pais me levaram ao Dr. Silas por que eu
tinha sido flagrada conversando com o nada. Mas ei! Todo mundo conversa
sozinho, não tenho culpa se no meu caso eu dei o nome de Bil para o “nada”. –
Em?
 Desculpa, apenas estava tentando entender, por que você me perguntou se eu
estava em um lance com o idiota do Kol.
Cat me encarou surpresa.
 O que? Você está saindo com o meu Kol? Mas que V-A-D-I-A!
 Acho que o DJ não ouviu, dá pra falar mais alto? A música não está tão alta
assim. Eu não estou saindo com ninguém. – ignorei o Leo falando que não era
“ninguém” – E mesmo que estivesse saindo com o idiota, qual a importância?
Ele não é seu! E antes que me mate, estou brincando, não o quero nem
empacotado para presente. Vou sair com o retardado do amigo dele apenas,
depois do Leo, claro. Satisfeita?
 Desculpa. De verdade Emmy. É que não tenho amigas com quais confio, e
quando falo que gosto do Kol, não quero falar só em pegar ele, curtir e depois ir
pro próximo. Eu gosto dele mesmo. – ela me dá um pequeno sorriso e sinto que
é sincero. Nossa! Essa garota leva tudo a sério mesmo. Sorrio para ela e levanto
meu copo em um brinde solo, antes de engolir tudo.
 Quem não está satisfeito com isso sou eu, Emmy! – Opa! Alguém aqui parece
que vai explodir. – Como é que você fala que vai ficar com Dean assim, como se
eu não estivesse presente?
 Como você sabe que é o Dean? – Não lembro de ter mencionado nomes. –
Poderia ser o Jackson. – sugeri ainda calma.
 Você disse retardado. Como pode sair com aquele idiota? O cara não sabe nem
passar uma cantada na Cat!
 Concordo com ele, Emmy, como você tem coragem de sair com ele? Eca!
 Veja bem Leo, eu aceitei sair com você apenas hoje. Não me lembro de
prometer ser sua namora ou amor eterno ou coisa do tipo, prometi? – Ele
balançou a cabeça. – Então vamos apenas curtir a noite, tudo bem? – Ele
suspirou pesadamente mais acabou concordando com os olhos tristes. Olhei para
Cat – E você, Cat, não reparou o quanto o cara é bonito? Tudo bem que ele tem
um jeito de imbecil, mas ele é legal. Tive uma conversa com ele e gostei. E
ademais, é apenas uma ficada! Pelo amor dos céus! O que vocês tem na cabeça
aqui? Será que não sabem o que é a palavra “aproveitar” e “diversão”?
Ela me sorri largamente. Leo me olha por um momento me avaliando mas não diz nada.
Verifico a entrada e não vejo aquele idiota com a galera dele.
 Eai Emmy levanta a bunda daí e me mostra o look esquisito da noite. – sorrio
para ela pervertidamente e me levanto girando devagar. – Oh meu Deus
Emmy! Sua vadia! Me deixe pelo menos um homem! – Riu com a surpresa
dela.
 Pensou que eu me visto daquele jeito até pra balada? Hahahaha
 Tenho que admitir, você me superou! Se não fosse minha amiga, te mataria!
 Você me considera sua amiga?
 Mas claro que sim! E não aceito não como resposta! E aí de você se me
abandonar por outras vadias! – Sorrio para ela e lhe dou um abraço.
 Vamos cair na pista Leo! – Pego sua mão e o puxo para o centro da pista onde
está rolando Blame It On Me dos Floor Thirteen. Ele relaxa um pouco a
expressão facial e me dá um sorriso. Começamos a dançar no ritmo da
música. Sacudo a cabeça pros lados junto com meus cabelos, enquanto ele
segura minha cintura com ambas as mãos e requebra os pés agitando um
pouco a cabeça também. Depois me viro de costas e desço até o chão me
esfregando em seu corpo, subo de volta da mesma forma. Ele passa o braço ao
redor de minha cintura enquanto eu jogo a cabeça para trás apoiando em seu
ombro, fecho os olhos e rebolo. Então sinto sua mão livre percorrer toda a
extensão de minha perna até a coxa, enquanto seu nariz esfrega suavemente
meu pescoço. Me viro de frente pra ele, coloco meus braços ao redor de seus
pescoço ao mesmo tempo que ele me segura pela cintura. Dou-lhe um sorriso
pervertido.
 Então gato, nada mal, mas vai ficar me devendo uma dança melhor Sr.
Certinho! – ele rir jogando a cabeça para trás.
 Gata, você que dança demais! É difícil te superar. Mas prometo que vou
melhorar pra ficar a sua altura. – Volto a dançar, ele faz o mesmo, quando a
música está perto de terminar, ele segura meu rosto delicadamente e se
aproxima para me beijar. – Posso? – sorrio para sua pergunta e reviro os
olhos. Então coloco minha mão na sua nuca e fecho o espaço que tem entre
nós o beijando. Ele me beija delicadamente ainda surpreso por minha atitude.
Então é ai que a música para. Aliás, tudo para. Me afasto do Leo para ver o
que está acontecendo quando o vejo. Lindo. Quente! E oh céus! Tem um
brilho que parece ser fúria em seus olhos.
Kol Kaliki
Ouço os murmúrios das pessoas ao redor reclamando porque a música parou. Na cabine
do DJ o ouço mexer em todos os equipamentos se perguntando o que deu de errado. O
que deu errado é bem simples: ela.
 Kol por favor, cara se controla. – Jackson segura meu braço direito enquanto
Dean ao meu lado esquerdo está tentando entender o que está acontecendo. –
Olha lá o que você vai fazer no meio de todas essas pessoas. – Jackson tenta
mais uma vez me alertar por entre dentes em voz baixa, mas firme.
 Eu não consigo J. É mais forte do que eu! Ver ela... – respiro fundo – ver esse
Mané passando a mão nela dessa maneira... Traz a merda que tem de pior dentro
de mim!
 Cara, agora entendo porque a música parou! – Dean nos chama atenção como se
tivesse descoberto algo. Sinto Jackson prender a respiração ao meu lado.
 O que você está dizendo, Dean? – pergunto bruscamente ainda olhando
diretamente nos olhos dela.
 Olha só para a gostosa da Emmy! Ela pararia até um transito! Não vejo a hora de
chegar minha vez!
E é ai que deposito toda a minha concentração no Dean. Viro-me para ele de olhos bem
abertos me segurando ao máximo para não deixar nada escapar de minhas pupilas
assassinas.
 Minha vez para o que? – Jackson agora está preocupado com o que o Dean vai
falar e com o que eu vou fazer. Por que se o Dean disser o que estou pensando, a
merda que eu vou conseguir me controlar! Ele enfim percebe minha fúria e a
preocupação do Jackson e se cala. Respiro bem fundo e exijo. – Fala seu merda!
Fala o que você quis dizer com esperar sua vez!
 Dean permaneça calado e saia daqui, depois eu te explico. – Dean olha para nós
mais uma vez e faz sinal de redenção com as mãos enquanto se vira e sai por
entre a multidão. – Vem comigo Kol, vamos pegar uma bebida e sair para você
esfriar essa fúria.
Percebo que alguns estão falando em seus celulares, outros se dirigindo para banheiros e
bar, e apenas um pequeno grupo de meninas me olhando e sorrindo, enquanto o Dj
continua tentando concertar seus equipamentos. Abro minha mão que estava fechada em
punho e a música volta fazendo a galera dá um uivo de alegria. Mas permaneço no
lugar. Olho para Emmy e ela também ainda permanece no mesmo lugar, olhando
curiosamente para mim enquanto o idiota do Leo está com o braço ao redor de sua
cintura falando algo no ouvido dela. Sinto Jackson soltar meu braço e suspirar cansado.
 Cara pensei que você iria me fazer desmaiar aqui. Seus poderes são muito
pesados para segurar! Agora vamos sair daqui. – Continuo no lugar sem me
mexer, a encarando. Ele nota e suspira novamente.
 Eu não consigo J. É mais forte do que eu! – repito novamente. Porque estou
tentando controlar essa merda, mas é como se você estivesse com as mãos
amarradas e os pés presos em um peso de meia tonelada sendo puxado para um
abismo. – Porra J! Eu nem sou nada para ela! Ela me detesta e parece ser fácil,
porque eu quis, eu continuo querendo que ela me deteste! Porque se ela não o
fizer, vai ser mais fácil eu me aproximar. E então você sabe o resto.
 O que eu sei, Kol, é que isso vai acontecer de qualquer jeito. Você querendo ou
não, essa merda vai acontecer! Adiar o inevitável é só prolongar a dor. Então eu
cansei dessa merda! – ele se vira e vai em direção dela. Me desespero.
 Espera J! O que...
O vejo cumprimentar Leo depois Emmy. Ela sorri abertamente. DROGA! Esse sorriso
me faz querer ser o dono dele. Me faz querer ser eu a fazer sorrir sempre! Como nos
sonhos... Não Kol! Você sabe o final. Não importa o que o Jackson fala, eu sei que se
me mantiver longe dela irei conseguir evitar a tragédia. Porra! Eu a quero! É mais forte
do que pensei! E é quando o vejo voltando para o meu lado com... ela! Não acredito! O
que porcaria Jackson fez?! Respiro um pouco aliviado ao ver que pelo menos o mané
foi ao bar.
 Kol, você deve se lembrar da Emmy, ela estuda na nossa sala e é amiga da Cat.
Emmy, este é o meu primo Kol. – Jackson nos apresenta naturalmente, mas me
envia um olhar que eu entendo muito bem: “Aqui está sua garota, não fuja do
seu destino.”
 Olá Emmy. Claro que me lembro de você, a garota que gosta de atropelar as
pessoas na sala. – lhe dou meu sorriso mais safado. Olho por um segundo para
Jackson: “Você me paga seu puto!”. Ele apenas me dá um sorriso: “Não há de
que, primo.”
Emmy continua calada me olhando desprezadamente. Até que ela me dá um “oi”
forçadamente. Que ótimo. Era isso o que eu achava que queria, ela me desprezando,
mas agora tudo o que quero é fazê-la sorrir.
 Então Emmy, você está saindo com o Leo? – mas que pergunta é essa que estou
fazendo? Sou um babaca. Mas pelo menos estou controlado agora. Jackson me
manda um olhar: “Kol, para!” lhe mando outro: “Relaxa, estou mais calmo que o
normal.” Ao mesmo tempo franzo a testa, curioso de onde vem essa calma.
Jackson me dá um sorriso discreto: “Não vê babaca? Ela te acalma.”
 Não é de sua conta. – E me dá um sorriso provocador. Ela se vira para Jackson.
– Então J, onde está o Dean? Ele ficou de me levar para sair caso não desse certo
com o Leo.
 Espera aí! Você vai sair com Dean? – interrompo o que Jackson ia dizer. Ele
agora já percebendo minha mudança de humor me olha preocupado.
 Olha Emmy, eu não sei onde ele está, mas tenho certeza que era brincadeira esse
papo de vocês saírem. Desculpe-me pelo que vou dizer, mas você não faz o tipo
dele. Ele está muito caído pela Cat. Aliás, esqueci que tenho que procurá-lo para
esclarecer algo. – Jackson me olha mais uma vez me reprimindo e sai.
Emmy parece um pouco constrangida e olha para o chão.
 Você quer dançar? – Ela me encara surpresa. – Ou tomar alguma coisa no
bar?
 Escuta aqui idiota...
 Idiota?
 É. Idiota. Qual é a sua hein? Primeiro é um grosso comigo na sala porque
esbarrei em você sem querer. Depois age como um asno na cantina com
minha amiga. E agora fica me encarando com o Leo de um jeito estranho.
Então me vem com essa de educadinho, papinho mole? Ah sem essa cara!
Não é porque você seja metido a machão, tenha um corpo saradão e olhos
verdes que eu vou cair nessa! Conheço seu tipo! E vou deixar bem claro para
que não haja dúvidas, eu não vou dançar com você. Não dançaria com você
nem que você fosse o último homem do planeta terra. Não ficaria com você
nem que você fosse o Brad Pitt. Está escrito nas constelações que eu e você
nunca teremos nada. Entendeu? NADA! – e me dá um sorrisinho sínico.
 Você está enganada. Muito enganada Emi. Está escrito nas constelações é
algo que não chega nem perto do que Romeu e Julieta tiveram. Não chega
nem perto da história mais romântica e mais trágica que já tiveram essa
humanidade. E mais ainda, está escrito não só nossa história juntos, mas
decididamente que você é minha. E quer saber o que mais? Foda-se a porra
da tragédia! Eu cansei disso tudo. Está na hora de seguir o conselho do J.
Ela me encara boquiaberta. Então me chama de louco e sai. Eu saio a procura dela no
meio da multidão pouca iluminada. Está tocando Na sua estante da Pitty. A encontro
próximo a porta de saída de emergência com o Dean e o Jackson conversando
animadamente como se nossa conversa não tivesse surgido nenhum efeito nela. Quando
decido me aproximar para continuar nossa conversa alguém me segura pelo braço e me
gira. Cateliny me sorri alegramente com os olhos brilhando e não solta me braço.
 Ainda bem que te achei! Quero dançar e não conseguia encontrar ninguém
conhecido. Por favor me dá um sim?! – Ela me olha com expectativa. Suspiro
irritado.
 Olha Cateliny...
 Prometo que é só uma dança. Apenas umazinha! Por favor! Por favor!
Sei que ela não vai desistir por hoje, então concordo.
 Tudo bem. Mas é apenas uma só, ok?
 Obaaaaaa!
Ela praticamente se pendura em meu pescoço me pegando de surpresa. Então quando
tento me virar para ver Emmy não consigo porque Cateliny me puxa para o centro da
pista de dança onde está uma multidão dançando. Já estava no finalzinho da música da
Pitty quando Cateliny envolve seus braços em meu pescoço e não tenho alternativa a
não ser colocar meus braços em torno de sua cintura. Dançamos no ritmo que todos
estão lentamente. Então a música acaba e logo começa outra da Pitty, Déja Vu.
Todos os meus pensamentos estão em Emmy. O que será que ela está pensando de
mim? Que sou um fodido louco com certeza. Mas foda-se! Cansei de evitar o inevitável.
Merda. Já estou até citando clichês. Emmy é tão diferente da menina que rouba minhas
noites em sonhos. Doce, sorridente, tímida, e até mesmo aquele olhar de medo. Essa
Emmy é totalmente o oposto, ela é quente como o inferno, tem sempre aquele olhar
desafiador e não demonstra medo de nada, além de sempre me tirar o pior. Os sonhos
então começaram a me fazer pensar que talvez estou com razão. Porque se fosse mesmo
algo que venha a acontecer, então porque me mostrou uma Emmy tão diferente? Porra!
Nesses momentos eu gostaria de ter a opinião sábia da minha mãe. Mas não posso falar
sobre isso com ela porque ela iria cair na família e eu estaria completamente ferrado.
Apenas eu e o Jackson sabemos disso.
 ...e com certeza você vai ganhar. – Consigo pegar o final de algo que Cateliny
estava me dizendo. Merda. Esqueci que estava dançando com ela. Cateliny é
uma bela mistura de quente e doce, o sonho de namorada de todo cara. Mas eu
não sou o cara pra ela. Meu destino está traçado antes mesmo de eu nascer e ele
envolve muito da Emmy. Me pergunto porque ela não sabe nada sobre sua
herança biológica. Ou talvez ela saiba e está ignorando se sobrecarregando
sempre de bebedeiras e baladas e inferno! Até mesmo de sexo casual por aí.
Sinto um cutucão no braço e olho para cateliny, ela está esperando uma resposta
minha para alguma pergunta.
 Então, o que me diz?
Eu seguro seu rosto delicadamente olho bem fundo de seus olhos e lhe mando uma
fumaça branca em sua mente. Então a solto enquanto ela me olha confusa. Mas então
sorri docemente.
 Anota aí então – pego meu celular do bolso da calça e digito todos os números
que ela me diz. Guardo o celular e estalo os dedos na frente de seus olhos. Ela
desperta. – Você tem razão, eu devo ir se não minha mãe me mata.