O futuro vem de Metrô, mas preservando a história trazida pelo Bonde

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O futuro vem de Metrô, mas preservando a história trazida pelo Bonde
O futuro vem de Metrô, mas preservando a história trazida pelo Bonde
Cento e três anos depois de
experimentar a chegada do progresso através da linha do bonde elétrico, o Ipiranga se prepara, novamente, para o futuro
com a chegada ao bairro do
Metrô. A Linha -2 Verde vai ligar a Vila Madalena à estação
Tamanduateí, na Vila Carioca,
e possibilitará ao ipiranguista
transitar por todas as quatro linhas do Metrô, pagando apenas uma passagem. Com isso,
será possível sair do Ipiranga e
chegar até Santana, na Zona
Norte, em apenas 20 minutos,
ou a Itaquera, na Zona Leste,
em 30 minutos. Sem contar que
o percurso até a avenida
Paulista, o coração financeiro
da Capital paulista, poderá ser
feito em apenas 10 minutos.
Não há dúvidas de que a chegada do Metrô só trará benefícios à região. Como prometeu
o governador Geraldo Alckmin,
em março de 2006 será entregue a Estação Imigrantes, junto com a Chácara Klabim e,
daqui a um ano, quando o bairro estiver comemorando seus
422 anos, em setembro de
2006, o Metrô chegará à Estação Ipiranga, na Gentil de
Moura. Em mais dois anos, o
governo do Estado promete entregar as estações Sacomã, na
rua Agostinho Gomes, e
Tamanduateí, na Vila Carioca.
A espera foi longa, mas com
certeza vai valer a pena.
Em 1903, quando o bonde elétrico chegou ao Ipiranga, registros históricos contam que ele
foi recebido com euforia pela
população. Até então, os bondes que serviam a região eram
puxados por burros. Já os bondes elétricos eram mais moder-
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nos e importante meio de transporte de massa que se tinha
notícia. Eles significavam o início de um novo tempo, de uma
nova era. A euforia com o novo
meio de transporte não apontava para exagêros da população,
pois foi com a chegada do bonde elétrico que o progresso definitivamente se instalou na região. Primeiro foi registrado um
boom imobiliário, com a construção de novas casas e aumento significativo da população,
que ultrapassou os 5 mil habitantes. Depois o surgimento de
um parque industrial indicava
que a região não pararia de
crescer. Essa população, porém, ficava cada vez mais heterogênea com a chegada de
imigrantes vindos da Itália, Líbano, Síria e Japão. Todos em
busca de uma nova vida, uma
nova oportunidade, uma nova
esperança. Mas a grande maioria, sem dúvida, chegava de
bonde, vinda de outras regiões
da cidade em busca de trabalho no comércio e na indústria,
que se expandia e necessitava
de mão de obra.
Em 1920, o Ipiranga se preparava para as comemorações
do centenário da Independência e registrava uma população
de 12.064 habitantes, saltando
para 40.825 em 1934. Hoje somos mais de 430 mil habitantes e a chegada do Metrô, como
no início do século 20 com o
bonde, gera uma grande expectativa de que vamos viver outro boom populacional.
Um século depois de o progresso ter chegado ao Ipiranga
pelos trilhos dos bondes elétricos, os trilhos do Metrô surgem como a nova alavanca para
A Estação Ipirranga está sendo construída na Av. Gentil de Moura
As obras da Estação Imigrantes estão em ritmo adiantado e vão mudar significativamente a paisagem na região da avenida Ricardo Jafet
o desenvolvimento da região.
Considerado um dos mais modernos e eficientes meios de
transporte de massa, o Metrô
terá no Ipiranga quatro estações
e um movimento de mais de
400 mil passageiros dia, mais
de 30 vezes o número de moradores que o bairro registrava
quando da chegada do primeiro bonde elétrico.
De olho nesse novo contin-
gente populacional, a indústria
da construção civil já vem
transformando os antigos
galpões ocupados pela indústria
em verdadeiros canteiros de
obras, com a construção de
modernos edifícios que, certamente, irão abrigar novos
ipiranguistas que, com certeza,
serão recebidos de braços abertos, como há 103 anos foram
recebidos os primeiros imi-
grantes.
Como no passado, quando o
bairro foi favorecido no processo de instalação dos bondes
a vapor e depois elétrico (devido às condições geográficas da
região, com muitos lamaçais e
pântanos, era impossível o tráfego de bondes a burro), coincidentemente, agora o processo se repete com o Metrô. Isto
porque, o Ipiranga possui um
subsolo ideal para o trabalho de
escavação dos túneis, e a necessidade de desapropriação é
muito pequena, limitando-se,
em alguns casos, a demolição
de casas apenas para a instalação da estação. É o caso das
estações Ipiranga, na rua Gentil de Moura, Sacomã, na rua
Agostinho
Gomes,
e
Tamanduateí, na Vila Carioca,
onde o trabalho é mais rápido e
eficiente.
Na região, apenas a Estação
Imigrantes
está
sendo
construída semi-enterrada. Ela
terá duas plataformas com pouco mais de 130 metros de extensão, e 10,7 metros de largura, mas seu custo também foi
considerado abaixo dos praticados em outras regiões, uma
vez que o número de desapropriações foi muito pequeno,
pois o governo do Estado já era
proprietário de um grande terreno no local. A cobertura do
vão central em material
translúcido, e as aberturas contínuas ao longo de todo o comprimento da estação, permitirá
a entrada de iluminação e ventilação natural.
A extensão da linha 2 até o
Tamanduateí terá quase 10 quilômetros, mas a extensão dos
trilhos preparados para a circulação dos trens é quatro vezes
maior, uma vez que são dois trilhos em cada sentido da via. Serão utilizadas 732 barras de 18
metros cada, soldadas de seis
em seis, formando barras lon-
gas de 108 metros. Cada metro
de trilho do Metrô pesa 57 quilos. Portanto, essa atividade
chega a cerca de 751 toneladas
de aço.
Com o Metrô chega o progresso, a modernidade, uma
melhor qualidade de vida, e os
novos ipiranguistas irão se jun-
Estação Sacomã exigirá demolição de imóveis na Agostinho Gomes
tar a essa legião de ipiranguistas,
que a 421 anos vêm fazendo do
bairro o mais aconchegante de
São Paulo. Com o Metrô, o
Ipiranga vai ter um novo e arrojado projeto urbanístico para
enfrentar os novos tempos, para
receber o progresso. Mas ele,
com certeza, não vai mudar a
característica de seus habitantes, que continuarão cordiais e
amigos, defendendo a comunidade e preservando sua história, suas tradições e o meio ambiente, para que as próximas gerações encontrem aqui um lugar harmonioso, amigo e onde
se possa ser feliz.
Os bondes foram importantes para a chegada do progresso no Ipiranga no começo do século XX
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