Aviação agrícola avança sob as lavouras
Transcrição
Aviação agrícola avança sob as lavouras
1 Revista Canavieiros - Março de 2016 2 Revista Canavieiros - Março de 2016 Editorial 3 Aviação agrícola avança sob as lavouras O Brasil tem hoje a segunda maior frota aeroagrícola do mundo, com mais de dois mil aviões agrícolas registrados, segundo a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), mas tem potencial para crescer, acompanhando o ritmo do agronegócio nacional. O setor sucroenergético também tem usado cada vez mais os aviões agrícolas para aplicação de defensivos, maturadores, inibidores de florescimento, fertilizantes e adubação de canaviais, como podem conferir na nossa matéria de capa. Atualmente existem 232 empresas de aviação agrícola no país, que impulsionam o mercado de trabalho com aproximadamente oito mil empregos diretos para cargos como pilotos agrícolas, técnicos, auxiliares e administrativo. Com cerca de 500 mil horas voadas por ano, o segmento fatura cerca de R$ 1 bilhão, gerando R$ 250 milhões em impostos. A matéria de capa desta edição traz ainda entrevista com o presidente Sindag (Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola), Nelson Antônio Paim, pontuando estratégias, legislação e políticas do segmento, inclusive sobre a possibilidade do uso da aviação agrícola no combate ao mosquito Aedes Aegypti, A revista de março mostra também a primeira reunião do Grupo Fitotécnico, que tratou de florescimento e maturação; traz matéria sobre o dia de campo realizado pelo CTC, que mostra a evolução de suas variedades de cana-de-açúcar e informações sobre o mercado de açúcar e etanol. Como também que a ORPLANA comemora 40 anos em 2016 e que a Bonsucro certificou pela primeira vez produtores de cana brasileiros, entre a cobertura de outros eventos. Desta vez, temos entrevista com o engenheiro agrônomo Eduardo Vasconcelos Romão, presidente recém-empossado da ORPLANA, e Luiz Carlos Côrrea Carvalho, presidente da ABAG. Já no Ponto de Vista opinam Arnaldo Luiz Correa e Coriolano Xavier, além da Coluna Caipirinha, assinada pelo professor Marcos Fava Neves. Artigos técnicos de André Bosch Volpe, agrônomo da Canaoeste de Bebedouro-SP, e do engenheiro químico, Tercio Marques Dalla Vecchia, e do economista Haroldo José Torres da Silva. As notícias do Sistema trazem uma matéria sobre a Assembleia Geral Ordinária da Copercana, como também mostra que o presidente da Canaoeste participou de seminário sobre o Plano Safra 2016/2017, em Brasília. A Assuntos Legais, informações setoriais, classificados e dicas de leitura e de português também podem ser conferidos na revista de março. Boa leitura!!! Errata Nota de esclarecimento aos leitores Na matéria “Copercana destina 102 mil t de embalagens vazias de defensivos agrícolas em 2015”, publicada na página 16 da edição de nº 116 de Fevereiro de 2016 da Revista Canavieiros, erramos ao publicar que a Cooperativa destinou de modo ambientalmente correto 969.000 toneladas de embalagens vazias desde 2002; que no ano passado foram destinadas 102.000 toneladas e que em 2014 foram 96.000 toneladas. A Revista Canavieiros se desculpa com seus leitores pelo erro e afirma que os números corretos são: 969 toneladas de embalagens vazias desde 2002; que no ano passado foram destinadas 102 toneladas e que em 2014 foram 96 toneladas. Boa leitura! Conselho Editorial RC Expediente: Conselho Editorial: Antonio Eduardo Tonielo Augusto César Strini Paixão Clóvis Aparecido Vanzella Manoel Carlos de Azevedo Ortolan Manoel Sérgio Sicchieri Oscar Bisson Editora: Carla Rossini - MTb 39.788 RC Projeto gráfico e Diagramação: Rafael H. Mermejo Equipe de redação e fotos: Andréia Vital, Fernanda Clariano e Rafael H. Mermejo Comercial e Publicidade: Marília F. Palaveri (16) 3946-3300 - Ramal: 2208 [email protected] Impressão: São Francisco Gráfica e Editora Revisão: Lueli Vedovato Tiragem DESTA EDIçÃO: 22.000 exemplares ISSN: 1982-1530 A Revista Canavieiros é distribuída gratuitamente aos cooperados, associados e fornecedores do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred. As matérias assinadas e informes publicitários são de responsabilidade de seus autores. A reprodução parcial desta revista é autorizada, desde que citada a fonte. Endereço da Redação: A/C Revista Canavieiros Rua Augusto Zanini, 1591 Sertãozinho – SP - CEP:- 14.170-550 Fone: (16) 3946.3300 - (ramal 2008) [email protected] Boa leitura! Conselho Editorial www.revistacanavieiros.com.br www.twitter.com/canavieiros www.facebook.com/RevistaCanavieiros Revista Canavieiros - Março de 2016 4 Ano IX - Edição 117 - Março de 2016 - Circulação: Mensal Índice: Capa - 27 Aviação agrícola avança sob as lavouras O Brasil tem hoje a segunda maior frota aeroagrícola do mundo, mas tem potencial para crescer, acompanhando o ritmo da agricultura nacional 06 - Entrevista Eduardo Vasconcelos Romão A afirmação é do engenheiro agrônomo Eduardo Vasconcellos Romão, recém-eleito presidente da ORPLANA para a gestão 2016/2019. 18 - Notícias Copercana E mais: Entrevista: Luiz Carlos Corrêa Carvalho .....................página 08 Pontos de Vista: Coriolano Xavier .....................página 12 Arnaldo Luiz Correa .....................página 14 Coluna Caipirinha .....................página 16 Assuntos Legais .....................página 24 - Presidente da Canaoeste participa de seminário sobre Plano Safra 2016/2017 em Brasília Artigos Técnicos: Palha de cana x Pequenas Centrais Termelétricas .....................página 40 Variação dos preços de insumos agrícolas utilizados por fornecedores de cana-de-açúcar em 2015 .....................página 42 22 - Notícias Sicoob Cocred Informações Setoriais .....................página 62 - Copercana reúne diretores e cooperados em Assembleia Geral Ordinária 20 - Notícias Canaoeste - Balancete Mensal 36 - Artigo Técnico - Fatores que influenciam a qualidade do plantio de cana-de-açúcar O plantio de cana-de-açúcar é a prática que mais envolve o conhecimento solo-planta-atmosfera e a interação desses fatores pode ditar o sucesso ou fracasso da atividade. Destaque: Reunião do Grupo Fitotécnico .....................página 46 Dia de Campo mostra a evolução das variedades de cana-de-açúcar .....................página 48 ORPLANA comemora 40 anos .....................página 50 O mercado de açúcar e etanol para os próximos anos .....................página 54 Bonsucro certifica produtores de cana-de-açúcar brasileiros .....................página 56 CEISE Br lança Manifesto pela Ampla Reforma da Administração Nacional .....................página 60 Classificados .....................página 62 Cultura Revista Canavieiros - Março de 2016 ....................página 60 5 “Com união iremos fortalecer e expandir a organização” Eduardo Vasconcelos Romão A afirmação é do engenheiro agrônomo Eduardo Vasconcellos Romão, recém-eleito presidente da ORPLANA (Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil) para a gestão 2016/2019. Casado, pai de duas meninas, Romão é formado pela ESALQ/USP, com especialização em Logística pela UNESP-Bauru e tem uma trajetória respeitada no cultivo da cana-de-açúcar e na liderança de entidade ligada ao setor – este é o seu segundo mandato como presidente da ASSOCICANA (Associação dos Plantadores de Cana da Região de Jaú). No novo cargo, como presidente da ORPLANA, o qual assumiu após eleição realizada no dia 11 de março, na sede da organização, em Ribeirão Preto-SP, Romão tem pela frente o desafio de dar continuidade ao plano de reestruturação implantado ano passado na entidade, que congrega 33 associações de fornecedores de cana dos Estados de São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Goiás. Confira entrevista exclusiva que o profissional concedeu à Canavieiros: Andréia Vital Revista Canavieiros - Qual foi a sua trajetória no setor sucroenergético? Eduardo Vasconcelos Romão: Sou produtor de cana-de-açúcar e tenho uma história familiar ligada ao setor sucroenergético. Há quatro anos iniciei minha trajetória em liderança de entidade, como presidente da ASSOCICANA (Associação dos Plantadores de Cana da Região de Jaú), assumindo a gestão da mesma no período de 2011 a 2014, sendo reeleito para o mandato que ainda está em vigor. Durante esses anos, procurei inserir os nossos associados na realidade da demanda mundial, que deverá exigir aumento de 40% na produção de alimentos, fibra e energia para alimentar nove bilhões de pessoas, sendo que a sustentabilidade deverá ser o foco principal para se chegar neste patamar. Com a eleição da ORPLANA em pauta, fui convidado para liderar o processo já que a organização foi, de certa forma, um berço de conhecimento para a gente conseguir exercer a liderança de nossa associação, que, mesmo sendo pequena, tem grande representatividade. A ASSOCICANA é formada por pequenos e médios produtores, são 1200 fornecedores de cana-de-açúcar Revista Canavieiros - Março de 2016 6 presentes em 15 cidades e que representam 4,5 milhões de toneladas de cana. Somos a 10ª regional mais importante das 40 existentes no Estado de São Paulo, e uma das quatro associações existentes na nossa região onde estão instaladas 11 usinas. Ali o nosso papel é de fazer um exercício político e social, fazendo reivindicações junto às autoridades competentes, mas também, sempre procurando caminhar ao lado do produtor, tentando o resgatar para que participe das ações da associação. Assim, todos juntos, conseguiremos mostrar a força que uma associação de classe, uma cooperativa pode ter. É neste contexto que pretendo trabalhar na ORPLANA, fazendo uso de minha experiência, contribuindo para o crescimento e fortalecimento da organização. Revista Canavieiros - A ORPLANA vem passando por mudanças desde 2015. Quais os principais projetos e ações da entidade em 2016? Romão: A ORPLANA fechou um ciclo no ano passado para começar um novo momento, tendo sempre como objetivo melhor representar o fornecedor de cana-de-açúcar, se modernizando a fim de permanecer forte como associação, tanto na sua voz política quanto na voz empresarial, diante da atual realidade que vivemos. Com um planejamento estratégico feito a partir de demandas diretas dos produtores, levantadas durante a realização do projeto Caminhos da Cana, coordenado pelo professor Marcos Fava Neves, foi possível traçar novos rumos com a realização de 19 projetos de melhoria que deverão ser implantados pela ORPLANA até 2025. É isso que vem acontecendo e vai se intensificar ao longo de 2016. Estamos trabalhando em grupos para melhorar o relacionamento, estreitar e aumentar a comunicação com as associações que integram a nossa organização. Revista Canavieiros - Como presidente da Orplana qual será a sua missão? Romão: Minha missão é conseguir seguir as diretrizes estratégicas formatadas para a reestruturação da organização. A equipe já está montada e seguiremos trabalhando e compartilhando informações, discutindo novas práticas de gestão, de certificação e de relacionamento com usinas, enfim, tudo que seja essencial para o dia a dia dos nossos produtores de cana. Este é um lado que queremos atuar, o outro, é no sentido de nos aproximarmos mais das associações e seus integrantes, ou seja, o produtor em si. Diante de toda mudança enfrentada pelo processo de mecanização e a cobrança cada vez maior pela produção sustentável, é essencial que se tenha um plano para efetuar a mudança no procedimento adotado até então, e que, em muitos casos foi passado de pai para filho... é preciso fechar o caderninho e iniciar outro, fazendo uso das novas tecnologias existentes, buscando sempre o crescimento do seu negócio e do setor. A ORPLANA foi essencial na minha formação, porque estava ao meu lado quando precisava e é este o papel da organização e, por consequência, o meu e de cada um que passou por este cargo. Todos juntos, compartilhando o conhecimento e fortalecendo a cadeia canavieira. Eu não fui eleito sozinho, só liderarei o processo, mas trabalharemos juntos por um desempenho melhor. Revista Canavieiros - Em sua opinião, quais os principais desafios que a ORPLANA enfrenta para defender os interesses dos produtores de cana-de-açúcar? Romão: Estamos saindo de um período muito ruim, provocado por uma série de posturas equivocadas da política agrícola e hoje o cenário nos alenta com alguns sinais positivos. Diante desse novo momento, nós precisamos ter força para nos reerguer e, através do potencial da nossa organização, pleitear um plano de safra satisfatório, conseguir um perfil melhor de atendimento às nossas demandas de crédito, solicitar mais agilidade na liberação de novas tecnologias, entre outras ações que devem ser processadas neste sentido. É preciso estar ciente que o modelo mudou e que aquilo que se fazia tem que ser atualizado, caso contrário, não há como sobreviver. Assim, nosso desafio como organização é despertar no nosso associado esse novo perfil contribuindo para que ele faça um novo alinhamento e torne a sua produção sustentável e continue inserido no processo do segmento. Revista Canavieiros - Março de 2016 Revista Canavieiros - O Governo Federal tem aberto as portas para ouvir a demanda dos produtores? Romão: Em partes. A tratativa nunca deve ser abandonada, deve perseverar sempre. Enquanto isso não ocorre de maneira satisfatória, é um dever nosso fortalecer as instituições e estar dentro das cooperativas, Ocesp (Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo), FAESP (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo), das federações, dos sindicatos, enfim, todas as instituições que envolvem o agro têm que se organizar, fortalecendo uma pauta comum, um objetivo comum, procurando êxito nas nossas demandas. Revista Canavieiros - Em sua visão, quais são os caminhos para o setor sucroenergético sair da crise? Romão: Temos que alcançar altas produtividades, usar as tecnologias, ter um empenho setorial muito forte, mais linhas de crédito, etc. A partir do momento que se aglutina e se alinha em cima de demandas específicas, acredito que seja possível se melhorar o perfil do setor. Neste sentido, iremos traçar as nossas iniciativas aqui dentro da nossa organização. Revista Canavieiros - Como a ORPLANA pode colaborar para que isso ocorra? Romão: Dentro do nosso planejamento estratégico, grupos já trabalham para gerar novos comportamentos, posturas e serviços que serão partilhados com todas as associações que contemplam a ORPLANA. Revista Canavieiros - A ORPLANA comemora 40 anos em junho deste ano e já fez a sua história em prol do fornecedor de cana-de-açúcar. Qual a receita para continuar manter essa representatividade nas próximas décadas? Romão: O fundamental é nos mantermos unidos e continuar gerando produtos, informações, posturas para permanecermos no negócio. Isso é como uma corrida de Sprint. Cada um entrega o bastão para o outro com o objetivo final único. Portanto, é fundamental estar ao lado do produtor o auxiliando e ajudando a construir um futuro melhor para todos. RC 7 Revista Canavieiros - Março de 2016 8 “O desempenho do agronegócio continua positivo” Luiz Carlos Corrêa Carvalho Engenheiro agrônomo formado pela Esalq/USP, Luiz Carlos Corrêa Carvalho é um dos principais especialistas em agronegócio. Caio, como é conhecido o presidente da ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio), nesta entrevista à Revista Canavieiros faz um análise do agronegócio brasileiro e fala sobre o Congresso da ABAG que está em sua 15ª edição. Acompanhe. Fernanda Clariano Revista Canavieiros: Como o senhor analisa hoje e futuramente o agronegócio brasileiro? Caio Carvalho: Apesar da situação conjunturalmente crítica vivida pelo Brasil no âmbito político com desdobramentos no econômico, o desempenho do agronegócio continua positivo, como atestam os dados da recente pesquisa divulgada pelo IBGE (Instituto Revista Canavieiros - Março de 2016 Brasileiro de Geografia e Estatística). No ano passado, enquanto o PIB (Produto Interno Bruto) registrou recuo de 3,8%, a agropecuária apresentou um crescimento de 1,8%. Tal tendência vem se repetindo ano após ano. E acreditamos que a perspectiva futura seja igualmente de expansão, impulsionada por um aumento na demanda por alimentos e energia renovável dos países asiáticos, aliado a uma alteração nos hábitos de consumo dessas populações e ao maior índice de urbanização nos países em desenvolvimento. Tudo isso deve manter aquecida a demanda por alimentos e energia. Nesse caso, ganha maior relevância ter uma logística e uma infraestrutura eficientes. Se o produtor conta com uma logística eficiente, mesmo com um ciclo de baixa das commodities, coisa absolutamente normal no processo econômico, ele vai conseguir obter melhor resultado. Com o ciclo de commodities em baixa, o nome do jogo é competitividade. Quanto mais competitivo for o produtor, mais ele conseguirá ocupar espaço e colocar seu produto no mercado, garantindo rentabilidade. Dessa forma, ele tem de cuidar de ser competitivo nos seus processos internos e buscar mostrar ao Governo que na área de infraestrutura essa competitividade tem de ser alcançada também. É esse investimento que o setor produtivo reivindica há muitos anos e, pelo jeito, continuará esperando mais algum tempo. São condições fundamentais para a realização da profecia do Brasil como maior exportador mundial de commodities agrícolas. Revista Canavieiros: Em que medida o Governo Federal tem atendido às reivindicações do agronegócio? Caio Carvalho: Na questão do cré- 9 dito, há sempre um desencontro entre a expectativa dos produtores e os recursos efetivamente liberados. A questão principal nessa disputa diz respeito ao descompasso entre a produção e a liberação de crédito. Segundo dados do IMEA (Instituto Matogrossense de Economia Agrícola), o custo de produção de soja e milho em Mato Grosso cresceu mais de 70% entre as safras de 2012/13 e 2016/17. Para comparação, o montante de crédito com juros controlados entre as safras de 2012/13 e 2015/16 aumentou em 25%. Como se nota, essa elevação da oferta de recursos não acompanhou o crescimento dos custos de produção. Outro ponto crítico que afeta o desempenho do agronegócio e sobre o qual não há avanço, e que já foi citado na resposta anterior, é relativo à falta de infraestrutura de transporte. Essa é uma questão nevrálgica e cuja solução é constantemente postergada ou caminha em ritmo inadequado com as demandas do setor. Um dos pleitos recorrentes é em relação à necessidade de fazer deslanchar os grandes projetos referentes às obras que permitiriam uma integração maior entre ferrovias, rodovias, hidrovias e sistemas portuários do chamado Arco Norte, que estão concentradas nos estados do Mato Grosso, Goiás, Tocantins e Pará. Depois de concluídas, essas obras permitirão que boa parte da produção de grãos do Centro-Oeste seja direcionada para os portos do Norte e do Nordeste, desafogando a estrutura portuária do Sudeste e reduzindo os custos das exportações. Devemos destacar que o agronegócio, como um todo, necessita de uma política agrícola com planejamento de longo prazo, uma vez que as atividades agropecuárias são de maturação longa, sem isto fica difícil para os produtores terem previsibilidade dos resultados e planejar investimentos. Outro ponto fundamental está relacionado à política de crédito, de seguro e, o acesso ao mercado de capitais. Os produtores de maneira geral precisam ter opções de financiamento de suas atividades, com escolha a cargo de cada produtor, dentro das suas possibilidades e espectro de atuação. Vale ressaltar a necessidade de maior entendimento do Governo Federal sobre o agronegócio como propulsor da economia e não como base para constantes reivindicações ideológicas. Revista Canavieiros: A alteração no Plano Safra tirou os recursos obrigatórios das mãos dos produtores grandes. Essa medida veio em uma hora boa ou ruim? Caio Carvalho: O Plano Agrícola e Pecuário da Safra 2015/16, que vai de julho de 2015 a junho de 2016, previa R$ 187,7 bilhões, sendo R$ 147,5 bilhões para custeio e R$ 40,2 bilhões para investimento. Do valor total, R$ 127,5 bilhões seriam aplicados a juros controlados e R$ 60,2 bilhões a juros livres de mercado. As recentes estimativas do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) apontam que o valor deverá ficar próximo de R$ 150 bilhões. Trata-se de um corte de R$ 27,5 bilhões. A fonte de recurso que deverá ser a mais afetada é a de juros livres de mercado correspondente aos títulos da LCA´s (Letra de Crédito do Agro- negócio) emitidos pelos agentes financeiros. Como são recentes nesse tipo de empréstimos, alguns bancos encontraram dificuldades na sua operacionalização. Mas, é bem provável que no médio prazo esse problema seja sanado. Mas, há também a questão nos produtores não estarem dispostos a assumirem financiamento com taxas de jutos mais elevadas. Na verdade, a cada safra fica claro a impossibilidade de viabilizar e dispor de dinheiro suficiente com juros controlados para atender os produtores. Revista Canavieiros: Há perdas por falta de controle de pragas e doenças, por uso inadequado de fertilizantes e por desperdício que vem pela deficiência que temos dos hábitos de consumo, ao mesmo tempo em que se fala em produzir mais. Como o senhor vê essa questão? Caio Carvalho: Podemos assegurar que, da porteira para dentro, a maioria dos grandes, médios e até pequenos empresários do setor tem se dedicado a investir em tecnologia e novas técnicas de manejo que privilegiam métodos racionais que evitam desperdícios. Vale ressaltar que o maior interessado em não utilizar desnecessariamente insumos e recursos é o próprio produtor, uma vez que, em diversas culturas, a margem estreita depende exatamente de uma gestão enxuta e sem desperdícios. De toda forma, é necessário um esforço de conscientização geral para reduzir os níveis de perdas. É sempre bom lembrar a diversidade nas regiões e entre grupos de agricultores, o que torna difícil uma contundente afirmação. Revista Canavieiros - Março de 2016 10 Revista Canavieiros: Com os preços internacionais baixos, logística precária, os custos de produção que subiram e o crédito escasso, ainda assim o Brasil consegue ir bem, graças a um câmbio desvalorizado que compensa tudo isso. Há como buscar estratégia de produção baseada em câmbio? Caio Carvalho: Sem sombra de dúvida que ter um câmbio desvalorizado auxilia, de forma geral, o agronegócio. Mas independente desse fator favorável, o nome do jogo é competitividade. E o produtor brasileiro já se acostumou com essa situação competitiva, uma vez que há mais de uma década concorre, de igual para igual e, muitas vezes, com absoluta vantagem, com os mais eficientes produtores mundiais. Todos sabem que, quanto mais competitivo for o produtor, mais ele conseguirá ocupar espaço e colocar seu produto no mercado, garantindo rentabilidade. Dessa forma, ele tem de cuidar de ser competitivo nos seus processos internos e buscar mostrar ao Governo que na área de infraestrutura essa competitividade tem de ser alcançada também. Também vale lembrar as imensas diferenças entre competir com seus parcos recursos contra o Tesouro dos países, que subsidiam. Revista Canavieiros: Em entrevista recente o senhor afirmou que a queda de consumo de produtos agrícolas nos supermercados é de 18%. Isso causa preocupação? Caio Carvalho: Vínhamos com o nosso PIB (Produto Interno Bruto) com crescimento pífio no começo da atual gestão. Acontece que a situação acabou por piorar. O PIB negativo registrado em 2015 deverá se repetir neste ano. A taxa de desemprego, de acordo com a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), fechou 2015 com 8,5%, acima da verificada em 2014, de 6,8%. É o maior percentual desde quando esse trabalho começou a ser feito em 2012. Então, certamente, os efeitos perversos dessa desaceleração econômica nos preocupam. E isso faz todo senti- do, pois uma parcela significativa da produção do agronegócio – em torno de 70% - é direcionada para o mercado interno. Como os supermercados estão na ponta do consumo, qualquer movimento seja em volume e/ou tipo de produto, altera a equação da oferta e procura na cadeia produtiva. Se essa situação perdurar, o produtor será afetado. Disso podemos ter certeza. Revista Canavieiros: A produtividade é a essência do agronegócio? Caio Carvalho: O produtor brasileiro é a prova mundial de que um agronegócio forte e competitivo depende essencialmente de ganhos de produtividade. É isso que tem feito com que há mais de uma década o agronegócio brasileiro se consolide como o grande esteio da estabilidade econômica conquistada a partir do Plano Real. Resultado disso é que hoje ele representa, apesar dos últimos percalços da economia, 40% das exportações, 25% do PIB (Produto Interno Bruto), além de ter dado relevante contribuição ao conseguir manter estáveis os preços dos alimentos no mercado interno, o que tem impedido um descontrole inflacionário ainda maior. Tudo isso com uma atuação que tem a marca da sustentabilidade ambiental, na medida em que o setor consegue se colocar como uma alternativa global de garantir o atendimento da demanda mundial por alimentos e energia com um impacto ambiental mínimo. A ideia reinante no meio rural pode ser resumida em fazer mais com menos. Esse é o tom que vem sendo adotado pelos produtores rurais brasileiros há vários anos. Traduzido em medidas concretas, isso significa elevado investimento em tecnologia e novas formas de manejo que tem proporcionado um aumento de produção sem praticamente nenhum aumento na área plantada; diversificação produtiva e a realização de até três colheitas por ano; intensa recuperação de solos degradados; rotação de cultura e disseminação do conceito que tem por base uso racional dos recursos ambientais. Revista Canavieiros: O Congresso Brasileiro do Agronegócio é sem- Revista Canavieiros - Março de 2016 pre esperado com expectativa pelo setor. Este ano em sua 15ª edição, teremos novidades? Caio Carvalho: Com certeza, a começar pelo tema “Liderança e Protagonismo”. Ainda estamos montando o programa, mas posso adiantar que teremos nomes de peso, pessoas que pensam a economia e os negócios com grandeza e conhecimento. O 15º Congresso Brasileiro do Agronegócio será no dia 8 de agosto, em São Paulo, e oferecerá para o público um dia de muita informação, conhecimento e reflexão sobre os rumos do agronegócio brasileiro, seu desempenho internacional e suas questões internas. O tema liderança é prioritário e preocupa. O protagonismo reclama liderança! Revista Canavieiros: Quais foram as grandes contribuições da ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio) nos 14 anos de realização do Congresso? Caio Carvalho: Foram muitas. Em todos os nossos encontros sempre nos preocupamos em conceber uma pauta que englobasse todas as correntes de pensamento envolvidas com os diferentes segmentos do agronegócio. Com isso, acreditamos, ter conseguido contribuir para uma visão plural da atividade. Desde a concepção da programação dos temas a serem abordados, passando pela escolha dos palestrantes, moderadores e debatedores, até chegar na definição da estrutura de apoio, tudo sempre foi feito para ampliar o interesse pelos assuntos. Além disso, nossa preocupação sempre foi atrair o máximo de participantes, assim como de autoridades, pessoal de área técnica e acadêmica, além da imprensa para propagar os debates ao máximo. Com tudo isso, acreditamos que colaboramos no aprofundamento das discussões sobre políticas agrícolas, temas agrários, tecnológicos, ambientais, sociais, gerenciais e até comportamentais das atividades ligadas a quem atua no campo. Os debates promovidos nos nossos eventos sempre resultam numa série de pleitos que são encaminhados, por diferentes caminhos, às autoridades de forma geral. RC 11 Revista Canavieiros - Março de 2016 12 Ponto de Vista I É hora de arrumar a casa *Coriolano Xavier A rentabilidade média das atividades agropecuárias perdeu a corrida para o retorno de vários investimentos em 2015. Por conta de nosso mergulho cambial, por exemplo, o dólar e os fundos cambiais dispararam e mostraram valorização de 47%. Ouro e títulos indexados ao IPCA e CDI ficaram com rentabilidade média acima de inflação, que alcançou 10,7% em 12 meses (IGP-DI), segundo levantamento da FGV*. Enquanto isso, o retorno econômico das atividades agropecuárias analisadas pela FGV perdeu a corrida contra a inflação e uma única ficou acima do rendimento da poupança: a pecuária de corte tecnificada (ciclo completo), que obteve a melhor rentabilidade média do campo, com 8,79%*. No outro extremo, com a pior performance entre as atividades analisadas pela FGV, ficou o fornecimento de cana-de-açúcar, cujo resultado foi negativo. No geral, portanto, pode-se dizer que em 2015 a rentabilidade média do campo encolheu frente ao retorno de aplicações no mercado de capitais. Muitos dirão que esse contraponto faz parte do vai e vem de uma economia capitalista e, também, de um país como o nosso, onde muitas coisas caem, menos os juros. Faz sentido, mas não elimina outra questão: será que essa contração de rentabilidade já foi sentida integralmente no campo? O palpite é não. Primeiro porque os números da FGV são médios, ou seja, al- guns perderam mais do que outros. Além disso, temos ainda o sucesso do agro nos últimos anos, temos o potencial embriagante do dólar alto, para quem vende no mercado externo, e temos a desigualdade técnica entre produtores, que ameniza os impactos para quem tem maior poder de alavancagem tecnológica. Claro que a Crise com “C” maiúsculo ainda não chegou no agronegócio. Mas os sinais de 2015 quanto ao resultado econômico do campo deixam um alerta: a economia tem suas próprias leis e, com elas em mente, é preciso preparar e mapear o futuro próximo. É hora de olhar para dentro de casa e, se for o caso, fazer uma boa arrumação. E também buscar novas ideias e soluções, para não comprometer a capacidade de competir, dentro e fora do país. Por exemplo: otimizar os processos produtivos, de gestão e relações com o mercado – de clientes a fornecedores e parceiros. Ficar de olho na evolução dos custos, mas de um modo que vá muito além das clássicas intervenções em folha de pagamentos. E tentar aprofundar ou revisar as relações na cadeia produtiva em que se atua. No fundo, é assim que as adaptações bem-sucedidas acontecem no agro, quando se tem novas realidades no ambiente de negócios. Afinal, a experiência ensina que os empresários que se saem melhor diante de grandes desafios são aqueles que se preocupam com a competitividade e a eficiência, antes do olho do furacão chegar. A crise brasileira está por todo Revista Canavieiros - Março de 2016 Coriolano Xavier lado, é uma policrise – da economia à governabilidade – e mais dia menos dia vai tentar entrar em nosso quintal. E saber agir em uma hora como essa é essencial, pois não haverá espaço para a perplexidade. Tem uma coisa, ainda, que vale à pena reforçar: toda essa precaução comentada acima não significa uma atitude intimidada. Muito pelo contrário: significa buscar uma operação sustentável e ir além. Significa ser assertivo, manter os planos, criar alternativas, trabalhar duro, espantar o pessimismo e permanecer no rumo sonhado. Fonte: Revista Agroanalysis, Fundação Getúlio Vargas, vol. 36, nº 02, fevereiro 2016. *Vice-Presidente de Comunicação do CCAS (Conselho Científico para Agricultura Sustentável), Professor do Núcleo de Estudos do Agronegócio da ESPM.RC 13 Revista Canavieiros - Março de 2016 14 Ponto de Vista II Uma conta de R$ 100 bilhões Arnaldo Luiz Correa* N o momento em que estou escrevendo este artigo, a delação premiada do senador Delcídio do Amaral atinge o ventilador do Palácio do Planalto como mais uma bomba das tantas que temos assistido cair sobre nossas cabeças de cidadãos de bens e honrados. Comprova-se a cada dia, a cada novo escândalo, que o Brasil tem uma organização criminosa no poder e que Dilma, com a nomeação de Lula para seu Chefe da Casa Civil transforma o país numa casa de tolerância de quinta categoria. Destroem-se os valores éticos, os valores morais, corrompem-se as instituições, jogam-se no lodaçal a credibilidade de empresas outrora referência de gestão, vai-se pelo ralo a pujança do mercado. E o efeito dominó ainda fará se sentir em muitos anos adiante. Se nos atermos apenas ao que o governo do PT "propiciou" ao setor sucroalcooleiro ao longo desses 13 anos de políticas erradas, de subsídios perniciosos, de congelamentos estúpidos, os fatos mereceriam por si só um capítulo à parte na infame história escrita por esses abjetos protagonistas. O setor sucroalcooleiro, por exemplo, teve sua expansão estancada por uma série de desmandos e políticas malconduzidas. Atingimos o auge da participação do etanol no consumo nacional de combustíveis em dezembro de 2009 quando o combustível renovável representava 54.5% do consumo acumulado nos 12 meses encerrados naquele mês. Há quase dois anos e meio escrevi um artigo, antes do Petrolão e da Operação Lava-Jato, alertando sobre o perigo de destruição de valor da Petrobras após o veto de Dilma Rousseff sobre a proposta pelo Conselho da estatal de modificar a metodologia para o ajuste de preços da gasolina em linha com o mercado internacio- nal. A defasagem naquela ocasião era de 12%, situação que criava um sangramento no caixa da empresa que importava petróleo a um preço muito acima do valor que repassava para as refinarias gerando para si enorme prejuízo. O resto da história e suas razões, hoje, todos sabemos. O fato é que por muitos anos o setor subsidiou o valor da gasolina vendendo etanol hidratado abaixo do custo de produção. Isso foi porque o hidratado disputa com a gasolina, dentro da paridade de 70% de eficiência energética, a preferência do consumidor no posto de abastecimento. Com o preço da gasolina congelado pelo Governo para favorecer o contínuo crescimento da venda de veículos, o setor pagou a conta. De abril de 2007 até dezembro de 2015, em 32% das vezes o preço negociado do hidratado (usando o índice ESALQ) ficou abaixo do custo de produção, sem levar em consideração o custo financeiro. Só para se ter uma ideia, em 2012 o consumo de hidratado no país foi de 9,85 bilhões de litros. Naquele ano, comparando o custo de produção com os valores praticados no mercado para o combustível, as usinas perderam em média R$ 0.0471 por litro, sem custo financeiro. Ou seja, naquele ano as usinas tiveram um sangramento de R$ 464 milhões. Pior que isso, foi que se tivéssemos mantido o nível de atividade no setor, mantendo a participação dos combustíveis renováveis, hoje teríamos um parque industrial mais vigoroso e uma produção muito acima dos 650 milhões de toneladas de cana. Num levantamento feito pela Archer, tomando apenas como base o ano de 2010 para cá, o setor deixou de vender quase 50 bilhões de litros de etanol hidratado, embora reduziria a venda de anidro em 8 bilhões de litros e, além de tudo, teríamos reduzido o consumo Revista Canavieiros - Março de 2016 Arnaldo Luiz Correa de gasolina A em 26.5 bilhões de litros. A perda de receita do setor neste período foi de R$ 48.3 bilhões. Se colocarmos nesta conta o crescimento da dívida do setor, em grande parte causada pelas promessas do então presidente Lula, no início de 2003/2004 de que o Brasil seria a Arábia Saudita do etanol, que de certa forma conduziu o setor a uma expansão desorientada, então certamente podemos adicionar pelo menos R$ 50 bilhões. A conta poderia subir se considerarmos que hoje poderíamos ter uma produção de cana beirando 750 milhões de toneladas para atingir a demanda de hidratado que jogamos fora e mais empregos diretos e indiretos criados em função dessa produção adicional. Portanto, de maneira bastante conservadora, podemos dizer que a conta que o Governo Federal deixou no colo do setor sucroalcooleiro deve beirar os R$ 100 bilhões, quantia que considerando o mercado hoje, equivale a aproximadamente todo o faturamento que as usinas terão no ano de 2016/2017. Quem precisa de inimigos com gente assim em Brasília? * Sócio Diretor Archer Consulting RC 15 Revista Canavieiros - Março de 2016 16 Coluna Caipirinha Caipirinha Conjuntura Favorável ao Agro e à Cana O que acontece com nosso agro? PERSPECTIVAS DE LONGO PRAZO DO USDA (Departamento de Agricultura do Estados Unidos) – 2026: Apesar de a população mundial crescer, há de se observar o declínio na taxa de crescimento da população de 1,5% por ano em 2000 para 1,0% em 2016. A maioria deste crescimento vindo da Ásia em desenvolvimento e Oriente Médio. O crescimento se dará em extratos que mais beneficiam o consumo de alimentos; Em 2025, 83% da população estará em países em desenvolvimento; Urbanização segue em ritmo forte, puxando o consumo de alimentos; O crescimento da produção mundial de petróleo tende a cair e o consumo tende a superar a produção em 2017. Os preços subirão. USDA estimam em 80 dólares o barril em 2025; Os EUA e a Índia terão a melhor taxa de população economicamente ativa do mundo a partir de 2050, sendo grande ponto de vantagem competitiva, mais mão de obra para trabalho em relação à população; A média do crescimento mundial será de 3,1% por ano de 2015 até 2025, sendo 4% em países emergentes e 2% em países desenvolvidos. Ou seja, 10 anos de crescimento pela frente, o que deve beneficiar o agronegócio brasileiro; Índia será a principal economia mundial com crescimento médio de 8% na década, ainda de acordo com o USDA; Entre os países desenvolvidos, os EUA crescerão 2,5% ao ano e, com isto, o dólar estará mais forte e tirará competitividade das exportações americanas, porém seguirão crescentes no agronegócio. É o grande competidor do Brasil nas exportações de grãos; Importações dos EUA em produtos do agronegócio crescerão US$ 50 bilhões em 10 anos, representando grande oportunidade ao Brasil. Ou seja, temos o espaço grande nos emergentes, sem deixar de lado o gigante importador que são os EUA; Efeito dos baixos preços do petróleo é forte na Rússia e outros países dependentes do produto para gerar caixa com as exportações e estes mercados perderam importações de produtos do agronegócio, impactando o Brasil; Baixos preços do petróleo refletem em menores preços de frete marítimo e transporte em países onde os combustíveis seguem os preços internacionais. No caso do agro brasileiro, vantagens no frete marítimo, mas não no frete de caminhões; Ganhos de longo prazo na demanda de alimentos devido a todos estes fatores. Custos de transporte cairão; Finalmente, o USDA acredita em aumento de área produtiva no mundo, principalmente no Brasil e alguns outros países. Não deixam de ser excelentes notícias ao Brasil. GRÃOS E AGRO Produção no mundo em 2015/16 (corrente safra, quase ao final) será ao redor de 2,525 bilhões de toneladas, sendo 6,5 milhões de toneladas a menos que a estimativa de janeiro. É uma produção 1,4% menor que a da safra anterior. O consumo de grãos na corrente safra é de 2,523 bilhões de toneladas, 0,7% maior que no ano anterior. Estoques estão em 24,7% da produção, praticamente inalterados e em quantidade confortável, mas com viés de baixa; CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) estima que a produção brasileira de 2015/16 é de 210,3 milhões de toneladas, 1,3% acima de 2014/15. A área é de 58,5 milhões de hectares, 1% maior ou quase 600 mil hectares a mais; Fevereiro foi bom para as exportações do agro. As vendas somaram US$ 6,713 bilhões, 36,9% a mais que no mesmo mês de 2015. Importações caíram 20,8% (US$ 953,5 milhões) nos deixando um saldo de US$ 5,759 bilhões. Açúcar deu grande empurrão: Revista Canavieiros - Março de 2016 Marcos Fava Neves* alta foi de 123,8%, para US$ 952,1 milhões nas exportações; UNICA (União da Indústria de Cana-de-açúcar): até o final de fevereiro, a safra 2015/16 (iniciada em 1o de abril do ano passado), alcançou 603,9 m.t., 5,8% acima de 14/15. Açúcar caiu 3,76% (30,8 m.t.) e a de etanol cresce 5,96% (27,7 b.l.). ATR médio de 131,2 quilos por tonelada (136,6 kg em 2014/15); Safra 2016/17: Czarnikow: 614 m.t. (1% menor). FG Agro estima 635 m.t., com cerca de 44,4% destinadas a açúcar. FCStone: 619 m.t. (42,8% para açúcar, a 134,8 kg ATR). Datagro: 620 m.t. Archer: 618,5 m.t. (34,35 m. t. de açúcar e 27,49 b. l. de etanol, mix de 43,5% para açúcar); FCStone: moagem no Norte-Nordeste (2015/2016) 51,7 m.t. (14,9% a menos, com 52% destinado a etanol); Exemplo de corte de custos: segundo o Valor, desde 2014 os custos da Aralco caíram 17,5% - de R$ 560 milhões para R$ 462 milhões. Gastos com pessoal caíram de R$ 106 milhões por ano para R$ 60 milhões, derrubando de 4,1 mil para 1,7 mil pessoas (usinas tinham gestões independentes). Isto mostra como podemos cortar gordura do setor e ficarmos cada vez mais competitivos; Ações da São Martinho subiram 36% nos últimos 12 meses e da Biosev 16%. São Martinho: terceiro trimestre: lucro líquido de R$ 76 milhões (42% acima); 17 23 usinas em operação no Centro-Sul. Espera-se para março cerca de 70 usinas em operação. O que acontece com nosso açúcar? Segundo a Datagro, na 2015/2016 teremos déficit de 4,37 m. t. de açúcar pulando para 7,64 m.t. na safra 2016/2017, devido a problemas climáticos na Índia (algumas usinas já pararam por falta de cana) e desestímulo de preços seca na Europa; OIA (Organização Internacional do Açúcar): aumento do déficit, de 3,5 m.t. para 5 m.t. (safra de outubro 2015/ setembro 2016), devido a fatores climáticos. Para 2016/17 prevê 6 m.t. de déficit; Kingsman: o déficit mundial em 2015/16 reduziu de 5,26 m.t. para 4,8 m.t.; FCStone: safra 2015/16 com déficit de 7 m.t., maior que os 5,6 m.t. Seca na Europa e decréscimo de área plantada e reduções de 12,8% na China e 4,3% na Tailândia; Czarnikow: safra 2016/17 produção de açúcar no Centro-Sul em 2016/17 deve crescer 10%, para 34,2 m.t., com 43,7% do caldo indo para açúcar (40,79% de 2015/16) e ATR 1,9% acima (133,7 quilos por tonelada); Boa parte das consultorias projeta 34 m.t. de produção de açúcar no Brasil em 2016/17. Espera-se incremento de até 5 m.t. na produção de açúcar no Brasil e cerca de 60% já foi vendido aproveitando o preço e o câmbio; Brasil deve contestar no órgão de solução de controvérsias da OMC (Organização Mundial do Comércio), a política açucareira da Tailândia. Segundo maior exportador, atrás do Brasil seus subsídios aos produtores interferem muito negativamente no comércio mundial. No açúcar, o volume da atual safra atingiu 30,8 m.t., queda de 3,76% em relação a 2014/15; FCStone: a demanda mundial em 182,7 milhões de toneladas, 1,8% acima da safra passada e a Czarnikow estima que a produção global de açúcar precisará crescer entre 15 a 20 m.t. até 2020 para atender ao aumento da demanda; Datagro: do total de 53,6 m.t. de açúcar que devem ser exportadas (no ciclo 2015/16, que termina em 30 de setembro), 44,2% (23,7 m.t.) virá do Brasil (era 46,8%, com 25,6 m.t.) A Tailândia fica com 16% (15,8% da safra 2014/15) e Austrália com 6,3% (era 5,9%); Datagro: no Centro-Sul, o custo médio (que não considera a remuneração do capital investido) de produção hoje é de 13 cents/libra peso. Na Tailândia é de 16,5 cents e na Austrália, em 18,1 cents. O que acontece com nosso etanol? Petróleo: preços chegam no maior valor dos últimos 3 meses. Motivo: declínio dos estoques nos EUA devido ao aumento de consumo de combustível estimulado pelos baixos preços. Demanda muito alta. Chegou perto dos US$ 40 o barril; Em fevereiro a venda de hidratado caiu para 1,059 b. l. contra 1,264 b.l. de janeiro. Porém, no acumulado da safra, estamos com 16,2 b.l. representando 28,5% acima; Em relação ao consumo total de combustíveis, a ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) acredita que deve igualar 2015, enquanto que a Datagro prevê queda de 3%; Temos que observar neste ano qual será o comportamento de consumo do usuário da frota flex com o preço atual. O hidratado ocupou cerca de 30% em 2015 (cada ponto representa algo como 300 milhões de litros). Porém, vivemos provável mudança de comportamento: mesmo acima das 70% vendas de etanol hidratado de novembro a janeiro foram 10% maiores que no mesmo período anterior. As vendas de gasolina caíram 9,3% (ANP). Pode ser que os consumidores estejam preferindo uma compra que tenha menor desembolso ou o etanol vem conquistando preferência; Estados do Nordeste estão mudando o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) em favor do etanol; O fato das usinas terem feito hedge de açúcar em grandes volumes deve aliviar a queda de preços do etanol no início da safra. Em 2015 chegaram a R$ 1,15/l e neste ano não devem cair de R$ 1,5/l; Estimativa Czarnikow: 27,1 b.l. na região Centro-Sul, com 16,1 b.l. de hidratado e 11 b.l. de anidro; Esta safra terminará com estoques de etanol muito mais baixos que na safra anterior (cerca de 400 m.l. contra 1,2 b.l.); CEPEA: etanol em fevereiro acumulou alta anual de 47,13% (R$ 1,9384 ou R$ 0,621 a mais que fevereiro de 2015); Quem é o homenageado do mês? Todos os meses nossa coluna traz uma singela homenagem a alguém que sempre contribui com o agronegócio e com a cana. Neste mês a homenageada é a Maria Cristina Gonçalves Pacheco, grande amiga, lutadora da cana, liderando a região de Capivari com muito sucesso! Maria Cristina Gonçalves Pacheco Haja Limão: Quando pensamos que o atual Governo já nos brindou com o fundo do poço, ele consegue descer mais. Mas estou animado com as manifestações e penso que o prazo de validade desta turma está chegando e rápido. Se aproxima um novo Brasil. Esta turma vai engrossar os presídios do Brasil. De todas as formas, continuarão dependentes dos que produzem, de nós. Marcos Fava Neves é Professor Titular da FEA/USP, Campus de Ribeirão Preto. Em 2013 foi Professor Visitante Internacional da Purdue University (EUA) e desde 2006 é Professor Visitante Internacional da Universidade de Buenos Aires.RC Revista Canavieiros - Março de 2016 18 Notícias Copercana Copercana reúne diretores e cooperados em Assembleia Geral Ordinária Fernanda Clariano A Copercana (Cooperativa dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo) reuniu no dia 9 de março, no auditório da Canaoeste, em Sertãozinho-SP, diretores e cooperados para a Assembleia Geral Ordinária, com o propósito de prestar contas referentes às atividades desempenhadas do exercício de 2015, iniciado em 1º de janeiro e encerrado em 31 de dezembro. O edital de convocação foi publicado no Jornal Agora Sertãozinho e Região, na edição de número 793, de 30 de janeiro de 2016, na sessão Classificados página E-27, e também foi afixado nas dependências da Cooperativa na matriz e em todas as filiais nos locais mais frequentados pelos cooperados. A mesa diretora foi composta pelo presidente da Copercana, Antonio Eduardo Tonielo, pelo diretor superintendente, Manoel Carlos de Azevedo Ortolan, e pelo diretor secretário, Pedro Esrael Bighetti. Assessoraram os trabalhos o advogado, Clóvis Aparecido Vanzella e o gestor de Controladoria e Contabilidade, Marcos Cesar Molezin. Na ocasião foi realizada a leitura do relatório da diretoria sobre a gestão do ano findo de 2015, das peças do balanço contábil e dos demonstrativos das contas de resultado, e, ainda, os pareceres do Conselho Fiscal e da Auditoria Externa, tudo referente ao exercício de 2015, sendo as contas colocadas em votação e aprovadas pelos presentes. O relatório da gestão do ano de 2015 destaca que, a exemplo dos anos anteriores, a Copercana ofereceu produtos e serviços para facilitar o dia a dia dos seus cooperados, como defensivos, fertilizantes, corretivos e implementos destinados às lavouras em geral, especialmente à cultura da cana-de-açúcar; prestação de serviços; recebimento e ar- A mesa diretoria foi composta por Marcos Molezin, Dr., Clóvis Vanzella, Antonio Eduardo Toniello, Manoel Ortolan e Pedro Esrael Bighetti mazenamento de soja, amendoim e milho. Foi disponibilizado, ainda, aos cooperados, lojas de magazine, ferragens e supermercados da sua rede, além de combustíveis e lubrificantes e demais serviços automotivos. Em 2015, a cooperativa recebeu o Prêmio Mundo de Respeito DuPont, uma das mais respeitadas premiações na área de meio ambiente, tendo representado o Brasil como Embaixadora, na cerimônia Global da edição 2015 do concurso, que aconteceu nos Estados Unidos. do depósito para poder armazenar defensivos. Ainda, foi concluída a obra do Depósito de Armazenagem de Amendoim a Granel em Herculândia, com uma área de 5.066 m². Na Unigrãos foi concluído o Depósito de Armazenagem de Defensivos, com área total de 5.530 m². Foi realizada também a reforma e adequação do novo prédio para depósito de armazenamento de Amendoim, Calcário e Gesso Agrícola, situado na Rodovia Carlos Tonani, Km 87,5, que se chamará Unigrãos II e entrará em operação em 2016. No decorrer de 2015, a Copercana realizou inúmeras melhorias nas áreas administrativas e operacionais: a ampliação do Supermercado Copercana de Sertãozinho, que ganhou uma área de 132,11m², totalizando atualmente uma área de 6.350 m². Foram inauguradas as lojas de Ferragens e Magazine nas cidades de Guaíra (área total de 945 m²), Guará (área de 837 m² ) e Jaboticabal (área de 260,87 m²), além da reinauguração da loja de Ferragens e Magazine de Pontal, que passou a ter área de 1.370 m² ; em Paulo de Faria foi substituída a cobertura metálica da loja de Ferragens e, em Descalvado, ocorreu a adequação A cooperativa, juntamente com seus cooperados, participou dos principais eventos do setor: Fenasucro, reuniões técnicas, treinamentos, palestras, seminários e Agronegócios Copercana, cujo volume de negócios em 2015 girou em torno de R$ 160 milhões e foi realizado pela segunda vez, no Centro de Eventos da Copercana, um espaço com área total de 10,3 mil m², que oferece toda a estrutura adequada para feiras, shows, formaturas e outras festividades. Com estacionamento próprio, vestiário, sanitários, palco e camarins, cozinha e apoio para buffets, o local atende a todos os requisitos necessários Revista Canavieiros - Março de 2016 19 para propiciar conforto e tranquilidade aos convidados. Além de ter se tornado o palco oficial da feira a partir de 2014, o Centro de Eventos recebeu pela primeira vez em 2015 o tradicional Jantar Beneficente em prol do Hospital de Câncer de Barretos-SP, com a presença da cantora Ivete Sangalo e com a participação de 1.500 convidados. Entre as atividades operacionais receberam destaques: o Laboratório de solos que realizou 10.259 análises, sendo: 18% análises básicas, 60% análises básicas mais alumínio e enxofre; e 22% análise completa; o Projeto Amendoim, com área cultivada de 12.670 hectares e o Projeto Soja, com área cultivada de 3.700 hectares. Ainda foram comercializados: 200.000 sacas de 60 kg de milho; 340.707 sacas de 60 kg de soja; 2.242.539 sacas de 25 kg de amendoim; 176.667 toneladas de fertilizantes; 9.310.198 quilos/litros de defensivos; 100.882 toneladas de corretivos de solo, sendo 82.769 toneladas de calcário e 18.113 toneladas de gesso; 16.652.419 litros de combustíveis (diesel, gasolina e etanol); Copercana Distribuidora de Combustíveis comercializou 34.330.000 litros. O exercício de 2015 encerrou-se com 1.430 funcionários, 6.288 cooperados, um ativo total no valor de R$ 1.522.978.827, um patrimônio líquido no valor de R$ 291.879.244 e um o faturamento líquido das devoluções e abatimentos no valor de R$ 1.138.956.592, números que confirmam o excelente balanço contábil e demonstração de resultado apresentados. Ainda, fazendo parte da ordem do dia, também foi realizada a eleição dos componentes do Conselho Fiscal, para o período anual de 2016/2017, sendo que houve somente uma chapa concorrente ao pleito, encabeçada pelo cooperado Luís Antonio Lovato, a qual foi eleita por unanimidade e aclamação, ficando assim constituído o Conselho Fiscal para o mandato anual 2016/2017, como membros efetivos: Luís Antonio Lovato, Milton Martelli e José Ronaldo Balsamo e como membros suplentes: Claudio Agostinho Nadaletto, Daniel Annibal e Marcelo de Felício, os quais foram de imediato empossados em seus respectivos cargos. No encerramento da assembleia, o presidente da Copercana falou com satisfação sobre o exercício encerrado. “O ano de 2015 foi um ano difícil de um modo geral, mas para a Copercana foi muito bom e deu para ver nos números apresentados. Hoje a Copercana apresenta uma estrutura operacional, contábil e financeira consistente e, para nós diretores e tenho certeza que para os cooperados também, é motivo de muito orgulho porque sabem que a Copercana tem trabalhado corretamente e que temos feito de tudo para manter o nosso nível de crescimento e de qualidade. A cooperativa não vai parar por aqui, o nosso crescimento vai continuar porque temos muito a crescer ainda, apesar de todos os problemas governamentais que temos, nós vamos trabalhar para que 2016 também seja um ano positivo”, afirmou Tonielo.RC Revista Canavieiros - Março de 2016 20 Notícias Canaoeste Presidente da Canaoeste participa de seminário sobre Plano Safra 2016/2017 em Brasília Da redação com informações da Agência Câmara Notícias A Frente Parlamentar da Agropecuária promoveu, nos dias 3 e 4 de março, na Câmara dos Deputados, o "Seminário Preparatório do Plano Safra 2016/2017", realizado no plenário 14, no anexo 2 da Câmara dos Deputados, em Brasília. O objetivo foi de ouvir os principais nomes do agronegócio brasileiro, a fim de construir a melhor proposta possível para o documento, com estimativas para a próxima safra nacional, que o Ministério da Agricultura deve divulgar no início de junho. Na quinta-feira (3), durante a abertura do evento, foi traçado um panorama do agronegócio em 2016 e, na sequência, as atenções se voltaram ao crédito rural, tratando de temas como custeio, investimento e desburocratização. Já na sexta-feira (4), pela manhã, os assuntos em pauta foram políticas de apoio à comercialização, orçamento das operações oficiais de crédito e títulos do agronegócio. À tarde, os participantes debaterem sobre seguro agrícola e Proagro. Entre os palestrantes, o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, André Nassar; o presidente do Conselho Consultivo do Instituto Pensar Agropecuária, Ricardo Tomczyk; o consultor do agronegócio, José Carlos Vaz e o diretor-executivo da Abrapa (Associação Brasileira de Produtores de Algodão), Márcio Portocarrero. O presidente da Canaoeste Manoel Ortolan esteve presente e comentou. Manoel Ortolan, presidente da Canoeste “Foi um Seminário bastante concorrido, as diversas cadeias produtivas estavam presentes e lotaram o Plenário. A ideia é fornecer uma boa base de negociação para que haja recursos suficientes para a agricultura, para o produtor poder continuar trabalhando e produzindo com tranquilidade. Um dos pontos que me chamou a atenção foi o fato de que eles querem criar mecanismos para a desburocratização do crédito. Isso é muito importante porque o que nós estamos sentindo no dia a dia é que há cada vez mais exigências para que um financiamento seja contemplado”, disse Ortolan. RC Revista Canavieiros - Março de 2016 21 Reunião Técnica reúne agrônomos da Canaoeste com equipe técnica da Brasquímica Da Redação N o dia 04 de março, a Canaoeste, participou na sede da Brasquímica, em Ribeirão Preto, de uma reunião com o objetivo de discutir assuntos técnicos relacionados à aplicação de adjuvantes e bioestimulantes na cultura da cana-de-açúcar. Na ocasião foram apresentados os resultados da aplicação do adjuvante Startec e do bioestimulante Power Cana pelos representantes da Brasquímica: Carlos Corrêa, Jefferson Sabino, Milena Claro e Sérgio Mello. A reunião foi dividida em duas partes, sendo uma teórica, para a apresentação e discussão dos resultados, e outra prática, onde os participantes tiveram Equipes técnicas Canaoeste e Brasquímica. a oportunidade de realizar uma visita à fábrica para o conhecimento do processo de fabricação dos produtos. A gestora técnica da Canaoeste, Alessandra Durigan, agradeceu a Brasquímica, pelo apoio e a parceria.RC Revista Canavieiros - Março de 2016 22 Notícias Sicoob Cocred Balancete Mensal - (prazos segregados) Cooperativa De Crédito Dos Produtores Rurais e Empresários do Interior Paulista - Balancete Mensal (Prazos Segregados) - Janeiro/2016 - “valores em milhares de reais” Sertãozinho/SP, 31 de janeiro de 2016. Revista Canavieiros - Março de 2016 23 Revista Canavieiros - Março de 2016 24 Assuntos Legais CAR – o prazo para inscrição se esgota em 05/05/2016. Juliano Bortoloti Advogado da Canaoeste “Prazo final para inscrição no CAR se aproxima - dia 05 de maio de 2016 P rezados proprietários/possuidores de imóveis rurais, o prazo final para a inscrição de seus imóveis no CAR (Cadastro Ambiental Rural) está se esgotando, o que torna imperioso àqueles que ainda assim não procederam que procurem suas entidades de classe, casas da agricultura, profissionais prestadores de serviços e demais entidades/empresas que tenham conhecimento sobre como fazer a referida inscrição. Nesse sentido, segue abaixo a reprodução de uma chamada feita pela Secretaria do Meio Ambiente, em seu sítio eletrônico: Com apenas dois meses para o fim do prazo de inscrição no CAR, chegou a hora dos proprietários e dos posseiros rurais checarem seus cadastros e finalizá-los. Para quem ainda não se cadastrou, vale a pena fazer um esforço e não deixar para fazê-lo na última hora. Conforme o prazo se aproxima do fim, aumenta o número de acessos ao sistema, sobrecarregando-o e causando lentidão. Isso já foi verificado no ano passado, pouco antes do prazo ser estendido. Deixar o cadastro para última hora só traz desvantagens, uma vez que: Para acessar o sistema, é preciso o nome de usuário e senha. O processo de recuperação de senha é afetado quando o sistema está sobrecarregado. O CAR é um cadastro que já requer um grande número de informações de texto e também gráficas. Com o sistema lento, o tempo levado para completá-lo será ainda maior. Sem o CAR, o proprietário perderá acesso ao crédito rural, não poderá ter suas áreas recuperadas por terceiros (pelo Programa Nascentes) e também não poderá receber PSA (pagamento por serviço ambiental). O apoio ao pequeno proprietário (propriedades com até 4 módulos fiscais) conta com o poder público (prefeituras, casa de agricultura, CATI – SAA) e entidades (ONGs e sindicatos) e para ser feito, muitas vezes precisa de agendamento prévio. Revista Canavieiros - Março de 2016 Informações incompletas ou discrepantes podem invalidar o cadastro no futuro. Preenchendo agora, é possível ainda buscar uma eventual informação requerida durante o preenchimento do CAR. Também vale lembrar que um grande número de cadastros não foram concluídos. É tempo de conferir se o cadastro está completamente preenchido, correto e finalizado. Regularização Ambiental O CAR é o primeiro passo para a Regularização Ambiental. Em breve, o sistema do PRA (Programa de Regularização Ambiental) será integrado no sistema do CAR. O PRA funcionará como uma nova aba dentro do próprio cadastro. Complete o seu cadastro o quanto antes em: www.ambiente.sp.gov.br/sicar (Fonte: http://bit.ly/prazo-car) Não é demais lembrar que a inscrição do imóvel rural no CAR, é a etapa inicial para regularização de sua propriedade, sem o que a tornará irregular e a impossibilitará de exercer normalmente as atividades lá desenvolvidas, pois certamente afetará a busca de financiamentos rurais, licenciamentos ambientais, entrega da produção para empresas, etc. 25 Direito de preferência flexibilizado na aquisição de imóvel dividido informalmente. Uma decisão recente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), instância máxima para decidir sobre a aplicação correta das normas infraconstitucionais (leis em geral), vai trazer reflexos nas discussões envolvendo o direito de preferência dos coproprietários de imóveis rurais sobre a aquisição da cota parte que outro coproprietário estiver vendendo ou já o ter vendido. O direito de preferência é previsto tanto no revogado Código Civil de 1916, como no vigente Código Civil de 2002, que determina em seu artigo 504 que “Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se der conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranhos, se o re- querer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência”. Isto quer dizer que os proprietários em comum de imóvel rural devem dar preferência um ao outro em eventual venda de parte ideal do imóvel rural. Ocorre que, recentemente, a 4ª Turma do STJ decidiu (Recurso Especial n. 1535968) que o herdeiro não tem direito de preferência na venda quando o imóvel já estiver dividido informalmente, ou seja, quando os herdeiros já procederam a divisão e demarcação de suas glebas “no campo”, sem o necessário desmembramento da matrícula imobiliária. Esta decisão do STJ ratificou a decisão do Tribunal de Justiça do Paraná, que havia confirmado a decisão do juiz de primeira instância, que assim de- cidiu: “Se o bem já foi dividido, não existe condomínio. Se não existe condomínio, o alienante poderá livremente deliberar sobre a disposição de seu bem, não havendo que se falar em preferência ou preempção, e mostrando-se a pretensão, portanto, como improcedente” (fonte: http://bit.ly/stj-imovel). Sem embargo do entendimento inserto nesta decisão do STJ, que afasta o direito de preferência no caso dos proprietários em comum (somente na matrícula imobiliária) de imóvel rural já dividido informalmente “no campo”, é de bom alvitre exercitar o direito de preferência nestes casos, para evitar discussões que podem se arrastar por muitos anos no lento andar dos processos judiciais, inviabilizando o normal andamento das atividades produtivas neste longo interregno de tempo. RC Revista Canavieiros - Março de 2016 26 Reportagem de Capa Aviação agrícola avança sob as lavouras O Brasil tem hoje a segunda maior frota aeroagrícola do mundo, mas tem potencial para crescer, acompanhando o ritmo da agricultura nacional Andréia Vital A agricultura no Brasil deve conquistar novos recordes em 2016, se confirmada a expectativa que o país colha 210,7 milhões de toneladas de grãos, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e em torno de 625 milhões de toneladas de cana-de-açúcar no Centro-Sul, de acordo com a consultoria DATAGRO. Com números tão expressivos, o agronegócio continua batendo um bolão e deve crescer de um modo geral este ano, em torno de 1,5% e 2,2%, conforme afirmam especialistas, e o reflexo desse sucesso pode ser visto também no ar, com o aumento da aviação agrícola, utilizada para a aplicação de defensivos, fertilizantes, sementes, reflorestamento e até para combate a incêndios em campos e florestas. O Brasil tem hoje a segunda maior frota de aeroagrícola do mundo, mas tem potencial para crescer, acompanhando o ritmo da agricultura nacional, já que somente 25% das pulverizações de lavouras brasileiras são feitas por aviões, de acordo com dados do Sindag (Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola). Segundo a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) existem hoje mais de dois mil aviões agrícolas registrados no Brasil. “A maior parte da frota está no Mato Grosso (467), com o Rio Grande do Sul em segundo (420), São Paulo em terceiro (287) e Goiás em quarto (239) nesse ranking. Depois vêm os outros Estados, com base em 2015”, explica Nelson Antônio Paim, presidente do Sindag, pontuando que a expectativa de crescimento do segmento seja de 7% ao ano. Percentual que pode não se confirmar devido à crise, lembra o profissional. Atualmente existem 232 empresas de aviação agrícola no Brasil, que impulsionam o mercado de trabalho com aproximadamente oito mil empregos diretos para cargos como pilotos agrícolas, técnicos, auxiliares e administrativo. Com cerca de 500 mil horas voadas por ano, o segmento fatura cerca de R$ 1 bilhão, gerando R$ 250 milhões em impostos. Usinas fazem uso da tecnologia Uma das mais novas usinas e a primeira a fabricar etanol 2G no Brasil, a GranBio, localizada em São Miguel dos Campos, região Central de Alagoas, ainda não usa a técnica em suas lavouras, mas segundo seu diretor agrí- Revista Canavieiros - Março de 2016 José Bressiani, diretor agrícola da Granbio cola, José Bressiani, já está inserido em seus planos. “A Granbio é uma empresa muito nova e que ainda está iniciando suas atividades agrícolas, mas gostaria de pontuar que explorar o estado da arte das tecnologias de ponta está em nosso DNA, haja visto que nossos produtos principais, são feitos o etanol e bioquímicos, a partir dos açúcares presentes nas fibras da biomassa, e o uso da aviação aérea através da aplicação direta de produtos ou da agricultura de precisão faz parte dos nossos planos e certamente a utilizaremos em breve, na busca da maior eficiência no processo produtivo, quer seja pelo aumento na produtivida- 27 de, quer seja pela redução nos custos de produção”, afirmou. Segundo o profissional, a Guarani não possui frota própria e contrata terceiros para as aplicações, mas fica atenta aos treinamentos feitos pelos pilotos, mesmo isso sendo responsabilidade da empresa contratada. “Antes do início da prestação de serviço, os pilotos e ajudantes da empresa contratada passam por uma integração sobre a política da empresa, padrões de segurança e normas de aplicação de produtos químicos”, conta ele explicando que para todas as aplicações aéreas realizadas nas áreas de produção da Guarani somente são utilizados produtos que são registrados para esta modalidade de aplicação, e também, é respeitada a faixa de segurança de culturas vizinhas, ou seja, a distância mínima que não deve receber aplicação, conforme recomendação do fabricante. “As condições climáticas também devem ser monitoradas no momento da aplicação, principalmente temperatura e umidade, pois garantem a segurança e qualidade das aplicações”, ressalta. Foto: Ferdinando Ramos A Guarani, empresa do Grupo Tereos, utiliza as aeronaves para aplicação de inseticidas, fungicidas e maturadores nos canaviais há mais de 10 anos, de acordo com Lucas Sant Anna Trevizan, Gestor Corporativo Desenvolvimento Técnico da empresa. “A utilização da aviação agrícola na pulverização dos canaviais apresenta diversos benefícios, tais como maior agilidade no controle das principais pragas da cana-de-açúcar, pois a aplicação aérea apresenta maior rendimento operacional quando comparado com as aplicações terrestres; controle da ferrugem através das aplicações aéreas de fungicidas e maximização do teor de ATR no início de safra através das aplicações aéreas de maturadores, já que estas aplicações não seriam viáveis com pulverizadores terrestres devido ao porte (altura) que o canavial se encontra nestes momentos. E menor utilização de água para pulverizações, pois as aplicações aéreas utilizam um menor volume de calda quando comparado as aplicações terrestres”, afirma. Lucas Sant Anna Trevizan, Gestor Corporativo Desenvolvimento Técnico da Guarani A prática também faz parte da rotina na Biosev. “A aplicação aérea de produ- Ricardo Lopes, diretor agrícola da Biosev tos é mais uma ferramenta utilizada pela Biosev. Sua estratégia de uso é definida e estudada com o objetivo de respeitar todas as normas de segurança e objetivo de obter melhor eficiência dos insumos e, consequentemente, potencializar os resultados do canavial. Contudo, essa é uma operação complementar às demais, tratorizadas e manuais”, explica Ricardo Lopes, diretor agrícola da empresa. Segundo ele, a técnica permite que os produtos sejam aplicados no momento certo em extensas áreas, com custo inferior ao da aplicação terrestre, por tratores. O uso de aeronaves permite a aplicação de defensivos, maturadores, inibidores de florescimento e fertilizantes em canaviais onde o porte das plantas inviabiliza a realização de Revista Canavieiros - Março de 2016 28 operações terrestres. Recentemente a empresa passou a usar os aviões também para adubação foliar. A empresa contrata empresas credenciadas, que seguem além da sua política interna de aplicação aérea de defensivos agrícolas, todas as outras normas técnicas, operacionais e de segurança dos órgãos reguladores. “A legislação atual para esse tipo de operação agrícola já define regras e limites para evitar que outras culturas, e áreas urbanas, sejam atingidas pelas aplicações. Além disso, a Biosev adota procedimentos internos adicionais com o objetivo de assegurar ainda mais esse tipo de operação”, ressalta o diretor. A companhia também conta com 100% de suas áreas georreferenciadas, o que facilita a delimitação exata das áreas que receberão pulverizações aéreas. “Acredito ser muito importante o acompanhamento e investimento em novas tecnologias, bem como as formas Luis Gustavo de A. Nunes, Engenheiro Agrônomo da Usina Alta Mogiana práticas de adaptá-las ao meio agrícola. A empresa que possui essa visão, com responsabilidade, torna-se cada vez mais competitiva e agrega valor ao produto final”, afirma Luis Gustavo de Almeida Nunes, Engenheiro Agrônomo Pl, ao contar que a Usina Alta Mogiana utiliza aviação aérea para pulverizações e aplicações de fertilizantes há aproximadamente 30 anos, contratando empresa terceirizada conforme a demanda. O profissional destaque que a tecnologia possibilita uma melhor qualidade da matéria-prima e, como consequência da melhor qualidade do produto acabado (açúcar e etanol), é possível uma redução nos custos de processos industriais. Nunes lembra ainda que trabalham apenas com produtos registrados para cada cultura, ao citar os cuidados no sentido de não atingir outras áreas/ culturas que não seja alvo. “Durante a aplicação aérea, respeitamos as faixas de segurança, evitando a proximidade de matas, rios e áreas povoadas”, diz reforçando que periodicamente, através de empresas de agroquímicos, realizamos reciclagens para as boas práticas de pulverizações, visando a saúde e segurança do piloto, da equipe de aplicação e também do meio ambiente. Atualmente, o empresário Luiz Gustavo Junqueira Figueiredo, diretor comercial da Usina Alta Mogiana, detém a concessão municipal do Aeroporto de São Joaquim da Barra-SP, que oferece base para aeronaves agrícolas e executivas. O aeródromo possui uma pista asfaltada de 1.380m, abastecimento, uma escola de pilotos e toda a estrutura serve de apoio às empresas da região que desejam utilizar aviação. “Recentemente, o espaço foi utilizado pela nossa equipe para treinamentos práticos, em parceria com a empresa de aplicação aérea contratada”, contou Nunes. Espaço também é usado por drones Além da viação agrícola, tem crescido também o uso de drones/VANTs (Veículos Aéreos Não Tripulados) para monitoramento das lavouras, permitindo, assim, melhores tomadas de decisão, por exemplo, em relação a aplicação de produtos para o combate a pragas e doenças. No caso da usina Alta Mogiana, o equipamento é utilizado como ferramenta de acompanhamento no manejo de pragas, doenças e ervas daninhas, sendo que a tecnologia colabora com a sanidade do canavial e oferece mais informações estratégias para a logística operacional. “A empresa possui quatro equipamentos do tipo VANT (Veiculo Aéreo Não Tripulado). Atualmente, são três Phantom II e um eBee Ag SenseFly”, conta Luis Gustavo de Almeida Nunes, Engenheiro Agrônomo Pl da empresa. Para a Biosev, a tecnologia permite a identificação de falhas de plantio, ata- Revista Canavieiros - Março de 2016 29 como doenças e ervas daninhas, por exemplo. Os principais benefícios da utilização desta tecnologia é maior rendimento operacional, precisão e qualidade das informações”, diz Lucas Sant Anna Trevizan, Gestor Corporativo Desenvolvimento Técnico da empresa. Deniz Rogério Preto, engenheiro agrônomo da empresa Eficiente Tecnologia que de pragas e infestação por plantas daninhas, principalmente no centro dos talhões, onde é mais difícil identificar esses problemas. “Com a geração das imagens e georreferenciamento dessas áreas é possível planejar e coordenar ações para resolver essas questões”, explica Ricardo Lopes, diretor agrícola da usina. Os benefícios se concentram na redução de custos de mão-de-obra, insumos e operações agrícolas, pois é possível direcionar e concentrar as ações que antes eram feitas de forma generalizada na área, diz o profissional. Além disso, a utilização dessa tecnologia permite recuperar a produtividade de espaços antes problemáticos. Outra tecnologia que também é utilizada pela Biosev é o uso de imagens de satélite, principalmente para avaliação de biomassa do canavial. A área é 100% mapeada, e essa informação é usada para as estimativas de produtividade e o acompanhamento da evolução do canavial, além de apontar possíveis problemas localizados que podem ser detalhados e analisados com o uso de VANTs. “A Biosev está finalizando testes no Polo de Ribeirão Preto com um novo software que permite otimizar o controle de pragas. Com o cruzamento de informações do banco de dados, a companhia conseguirá fazer medidas mais assertivas no combate das pragas”, explicou Lopes. Os VANTs para monitoramento das áreas de cana-de-açúcar também são usados na Guarani. “Com esta tecnologia é possível realizar o monitoramento de falhas no plantio da cana-de-açúcar, assim como, identificar alguns fatores redutores da produtividade agrícola, Deniz Rogério Preto, engenheiro agrônomo da empresa Eficiente Tecnologia, confirma a crescente procura pelos drones. Recentemente, ele apresentou os benefícios do drone, em um dia de campo sobre rotação de culturas promovido pelo APTA e destacou que os equipamentos são de fácil manuseio, autônomos, com intervenção via piloto e operador e que são usados com diferentes tipos de sensores para poder detectar desde doenças, pragas, plantas daninhas, até estimativa de produção. “Tem aumentado muito o uso de drones para a agricultura, mas o Brasil ainda tem muito a desenvolver, tem bastante tecnologia para aplicar ainda”, afirmou ele, destacando que as culturas de cana e soja são as que mais usam o sistema. “Um equipamento desses é profissional, adequado para empresas que vão prestar serviços e para cooperativas que vão usar para os seus cooperados porque ele tem uma grande capacidade de escala. É um equipamento que por voo pode cobrir de 150 a 300 hectares”, explicou o engenheiro agrônomo, contando que o interessado deve desembolsar em torno de R$ 300 mil para ter essa estrutura. Revista Canavieiros - Março de 2016 30 Reportagem de Capa Eficiência segundo pesquisadores Para José Antônio de Souza Rossato Junior, pesquisador da Fafram (Faculdade Dr. Francisco Maeda), que também é presidente da Coplana Cooperativa Agroindustrial, é preciso levar em conta a cultura e o produto que se usa para saber se a aplicação aérea de defensivos é a mais eficaz no controle de determinada praga. “A aplicação aérea de certos produtos na cana, por exemplo, se cair num volume baixo de água por hectare, 30 ou 40 litros, está muito sujeito a vaporização rápida. Além disso, é preciso lembrar que cada nozinho da cana funciona como um filtro, então vai sobrar pouco inseticida lá em baixo de forma efetiva para controlar a cigarrinha, por outro lado, tem outras pragas, como na soja é mais tranquilo. Então não existe uma receita de bolo, a eficiência da aplicação aérea vai depender da cultura, produto e praga que quer atingir”, argumentou. Segundo o engenheiro agrônomo, Luiz Carlos de Almeida, diretor na Entomol Consultoria é preciso levar em conta também que as técnicas utilizadas para José Antônio de Souza Rossato Junior, pesquisador da Fafram Luiz Carlos de Almeida, diretor na Entomol Consultoria manejo de pragas, principalmente cigarrinha da raiz e alguns casos também broca-da-cana, que tem por finalidade colocar o produto no alvo e atingir este alvo muitas vezes é difícil em função da massa foliar, da altura e desenvolvimento da planta. Portanto, é necessário lançar mão não só de métodos tratorizados convencionais, seja por trator convencional ou de porte, como também utilizar mé- todos por aplicação aérea. “As grandes limitações, principalmente para controle biológico de cigarrinha, é justamente a condição para que este produto chegue até onde a praga está, com a aplicação no alvo, conseguindo transformar o produto básico para controle, em uma ferramenta extremamente positiva, viável e sustentável de manejo e controle da cigarrinha da raiz”, explica. A evolução impulsionou o setor José Paulo Rodrigues Garcia, piloto há 40 anos, conta que o setor mudou bastante desde que começou na profissão. “A tecnologia avançou muito, agora temos controle absoluto da deriva (que mantém o avião estável em sua rota), que é o calcanhar de Aquiles da aviação. A deriva contribui para que não seja causado danos a terceiros e a outras culturas”, comenta o profissional que é presidente da Aviação Garcia, fundada em 1995 e que presta serviços para empresas diversas, entre elas, o Grupo Pedra Agroindustrial e o Grupo Balbo (Santo Antonio e a São Francisco). “Esta usina tem sistema totalmente orgânico e fazemos ali, a semeadura de mucuna e crotalaria, usadas para fazer a adubação verde, indicada para a revitalização da terra, sem necessidade de uso de adubos químicos”, diz. Segundo Garcia, apesar das chuvas em excesso registradas nos últimos meses, o céu tem sido de brigadeiro para a aviação agrícola. “Tivemos muita demanda para o controle da cigarrinha, praga que encontrou ambiente quente e úmido perfeito para sua proliferação devido às condições climáticas recentes. Com as chuvas também houve a necessidade de adubação, já que a cana entrou em estágio vegetativo por mais tempo, portanto, o ano está sendo bom para a aviação agrícola”, afirmou ele, ressaltando que, apesar da movimentação, não foi registrado nenhum acidente envolvendo aeronaves agrícolas. Revista Canavieiros - Março de 2016 José Paulo Rodrigues Garcia, piloto 31 Aviões agrícolas movidos a etanol Com uma tecnologia inédita no mundo, o Ipanema, aeronave da Embraer, movido a etanol, passou a ser um marco para a indústria de aviação e para o setor sucroenergético, ganhando o reconhecimento nacional e internacional, por unir duas competências brasileiras: desenvolvimento de aeronave e de biocombustível. Considerado uma revolução, o Ipanema foi certificado pela ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), em 2004, e desde então, é um sucesso, sendo que os diferenciais da sustentabilidade e o menor custo operacional do avião movido a etanol conquistaram a preferência dos clientes fazendo com que a aeronave continuasse firme na liderança do mercado ao longo dos anos. “Em 2015 entregamos 19 aeronaves. Para 2016 projetamos a venda de 25 aviões Ipanema”, afirmou Claudio Negri, gerente do Programa Ipanema, contando que a empresa tem no setor sucroenergético um dos focos em vendas, apesar de não saberem o número exato de aeronaves adquiridas para serem utilizadas no setor, porque metade de seus aviões é comprada por empresas aeroagrícolas, as quais comercializam seus serviços para culturas distintas, dentre elas cana-de-açúcar. “Com o fechamento das vendas de 2015, podemos confirmar nossa posição de destaque. Hoje, temos mais de 60% de market share e boas perspectivas para o futuro, com a aceitação positiva de nosso modelo recente, Ipanema 203, lançado também na versão etanol”, disse Negri. A nova versão da aeronave citada pelo profissional foi lançada em 2015, com ganhos de produtividade. “Para que conseguíssemos o feito mantendo o menor custo operacional, o qual é requisito de extrema importância para nossos clientes, aumentamos mais de 2 metros a envergadura da asa da aeronave. O resultado dessa evolução no projeto culminou com 20% a mais em produtividade, comprovados por testes de desempenho que encomendamos à UNESP”, explicou Negri. Segundo ele, a aeronave ganhou diferenciais tecnológicos para que a aplicação forneça ainda mais precisão aos operadores. “Dentre esses equipamentos estão o altímetro a laser, que fornece a medição exata da altura do avião, e o sensor eletrônico de nível do hopper, que traz com precisão os dados da carga. Também investimos em conforto para os pilotos, os quais sentiram essas melhorias nos mais de 200 voos teste realizados em 2015. Grande parte citou, em pesquisa realizada pós-voo, que o 203 oferece maior manobrabilidade e conforto de cabine”, destacou. Embora não divulgue valores de investimentos em projetos específicos, a empresa deverá continuar apostando em inovação e desenvolvimento no Programa Ipanema e em outros projetos. Mesmo porque o setor aéreo tem até o ano de 2050 para atingir uma redução de quase 50% de suas emissões de gases causadores do efeito estufa atuais. “A Embraer apoia o compromisso da IATA (Associação Internacional de Transporte Aéreo) em reduzir em 50% das emissões de CO2 até 2050. As ações realizadas pela nossa empresa para atingir essa meta estão baseadas no constante desenvolvimento tecnológico para melhora da eficiência das nossas aeronaves (motores mais econômicos, uso de materiais mais leves e melhorias no projeto aerodinâmico, entre outras), além do apoio ao uso de biocombustíveis sustentáveis e que sejam “drop in”, isto é, que possam ser utilizados por aeronaves já existentes sem quaisquer modificações nas aeronaves ou na infraestrutura aeroportuária existentes”, esclareceu o profissional. De acordo como o gerente, em 2011, a Embraer firmou parceria com a GE, e foram feitos voos com o protótipo do Embraer 170, utilizando um biocombustível produzido pela tecnologia HEFA. “No ano seguinte, após um longo e detalhado trabalho em parceria com a AZUL, GE Aviation e Amyris, realizamos o voo de demonstração com um E195 voando pela primeira vez com um biocombustível produzido a partir da cana de açúcar durante a Rio+20”, ressaltou, completando “Apoiamos também às iniciativas que levem à consolidação da cadeia do biocombustível aeronáutico, como o fizemos com o projeto "Plano de Voo para Biocombustíveis Sustentáveis de Aviação no Brasil", em parceria com a FAPESP, Boeing e UNICAMP, e como estamos fazendo com o projeto ITAKA na Europa”. Revista Canavieiros - Março de 2016 32 Reportagem de Capa “A aviação agrícola é altamente segura, eficiente e importante para o país”, afirma presidente do Sindag O uso da aviação agrícola no setor sucroenergético cresceu cerca de 30% desde 2011 e sua presença nos canaviais segue no rastro do crescimento da lavoura. Para falar sobre o assunto, pontuando estratégias, legislação e políticas do segmento, inclusive sobre a possibilidade do uso da aviação agrícola no combate ao mosquito Aedes Aegypti, a Revista Canavieiros entrevistou Nelson Antônio Paim, presidente do Sindag (Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola). Confira: Revista Canavieiros: A aviação agrícola enfrenta muitos desafios? Nelson Antônio Paim: Sim. O principal deles é a falta de informação por parte da sociedade. A aviação agrícola é altamente segura, eficiente e importante para o país. É único meio de pulverização com legislação própria – que obriga a ter inclusive um pátio de descontaminação e a contar com uma equipe altamente qualificada – e, apesar de toda essa exigência, ainda apoia para sim, mesmo um selo de qualidade ambiental para aperfeiçoar ainda mais o setor. Além disso, o SINDAG é parceiro da EMBRAPA na maior pesquisa até hoje feita no país sobre pulverização em lavouras, envolvendo seis centros de pesquisa, 10 universidades e com experimentos simultâneos no Centro-Oeste, Sudeste Sul. Os mesmos produtos usados no setor são utilizados também pelos meios terrestres. E é a aviação que enfrenta uma série de ações visando proibir o setor, quase sempre apoiada em um toque de demagogia política e baseada na chamada luta contra os agrotóxicos. Seguidamente vemos iniciativas de legisladores nos municípios, Estados e até no Congresso Nacional justificarem projetos de lei com argumentos como “a aviação pulveriza hospitais e praças”, ou “90% do produto aplicado por avião vai fora” (imagine se o produtor poderia suportar isso), “aviação contamina o leite das gestantes” e por aí afora. O caso é que esses absurdos, por incrível que pareça, “pegam” na população em geral, que não sabe como funciona o setor. E muita gente é usada como massa de manobra. E isso muitas vezes influencia na opinião até de autoridades. Em vista disso, temos apostado cada vez mais no diálogo com a imprensa, políticos, autoridades, líderes comunitários e formadores de opinião. Inclusive partindo para o corpo a corpo. Já há algum tempo percorremos pessoalmente os gabinetes dos parlamentares no Congresso Nacional e estamos agora intensificando uma agenda de dias de campo pelo Brasil. Em uma frente junto com a ANDEF (Associação Nacional de Defesa Vegetal) e a FEPAF (Fundação de Estudos e Pesquisas Agrícolas e Florestais) na divulgação de boas práticas e do programa Certificação Aero agrícola Sustentável. E, em outra, com reuniões regionais por todo o Brasil com os próprios operadores, para falar sobre estratégias de comunicação, gestão da imagem e também debater demandas do setor. Os dias de campo do CAS (Certificação Aeroagrícola Sustentável) se iniciaram em janeiro, em Presidente Prudente-SP, e serão oito encontros até dezembro. Os encontros com os operadores, que estamos chamando de SINDAG na Estrada, serão em 10 edições, que devem ocorrer a partir de maio. Revista Canavieiros: Quais são as exigências para um piloto atuar neste segmento? Paim: Para poder pilotar um avião agrícola, o interessado precisa primeiro fazer o curso de Piloto Privado (PP, que permite pilotar como hobby) e depois concluir o curso de Piloto Comercial (que habilita a trabalhar em companhias aéreas). Só depois de cumpridas essas etapas e somadas pelo menos 370 horas de voo é que ele pode se matricular no CAVAG (Curso de Piloto Agrícola), que só tem cinco escolas no Brasil duas no RS, duas em SP e uma no PR. Revista Canavieiros - Março de 2016 Foto: Graziele Dietrich/Sindag Nelson Antônio Paim, presidente do Sindag Revista Canavieiros: As empresas que atuam neste setor precisam ser certificadas? Há dificuldades nesta questão? Paim: Do ponto de vista legal, as empresas aeoragrícolas não precisam ser certificadas para atuarem no mercado. Elas precisam, isso sim, ter seu registro na ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) e no Ministério da Agricultura. E, no caso das instalações, a licença dos órgãos ambientais dos Estados (por causa do pátio de descontaminação, que trata de eventuais resíduos na limpeza dos aviões). Além do CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) do engenheiro agrônomo responsável pela empresa e outros aspectos burocráticos. A certificação é um plus, que ocorre pelo programa CAS (Certificação Aeroagrícola Sustentável) e que o SINDAG está apoiando – tem como meta que até 2017 abranja todas as suas associadas. Aliás, a existência de um selo de qualidade para o setor era uma demanda antiga da entidade e do próprio setor. Aí veio a parceria da ANDEF (Associação 33 Nacional de Defesa Vegetal – que reúne as 13 empresas líderes no setor de defensivos no país), que impulsionou a ideia, junto com a FEPAF (Fundação de Estudos e Pesquisas Agrícolas e Florestais), UNESP (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho), UFLA (Universidade Federal de Lavras) e UFU (Universidade Federal de Uberlândia). Não há dificuldades quanto à certificação porque, como disse, era uma demanda do próprio setor. Além disso, o próprio mercado está buscando esse diferencial, principalmente o setor sucroalcooleiro – o que faz com que São Paulo seja o Estado com maior índice de empresas aeroagrícolas aderidas ao CAS: 75%. Mas é importante frisar, repetir e reforçar: a certificação é um plus. Algo que a própria aviação agrícola está apoiando e ao qual faz questão de se submeter justamente provar à sociedade sua segurança e sua preocupação como o meio ambiente. Deixando de fora a certificação, do ponto de vista legal a aviação já é a única forma de aplicação de defensivos com regulamentação própria. E fiscalizada por pelo menos cinco órgãos governamentais. Ela é normatizada pelo Decreto Lei 917, de 07/10/69 e regulamentada pelo Decreto 86.765, de 22/12/81. Isso na esfera do Ministério da Agricultura. Na Secretaria de Aviação Civil, o principal documento é o RBAC 137 da ANAC e legislação complementar. Além disso, as empresas aeroagrícolas precisam estar registradas nos CREAs (Conselhos Regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) e suas instalações licenciadas no âmbito dos órgãos ambientais de cada Estado. Entre as várias obrigações das empresas aeroagrícolas, elas precisam ter na equipe um engenheiro agrônomo com especialização em operações aeroagrícolas, um técnico agrícola também com especialização no setor, um funcionário responsável pelo SGSO (Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional) da empresa, que obriga todos a seguirem o plano de segurança da empresa), além do piloto altamente qualificado. E sem falar no pátio de descontaminação, onde as aeronaves são lavadas e eventuais resíduos de produtos vão para um sistema de tratamento. Em resumo, os produtos aplicados pelo avião (e com alta precisão e eficiência) são também usados pelos meios terrestres. Mas só o avião tem a exigência do pátio de descontaminação, equipe altamente especializada e todo o resto. E, em cima de tudo isso, o próprio setor ainda tem uma certificação que é voluntária e que está sendo abraçada por todos. Tudo par transmitir segurança à sociedade. Revista Canavieiros: Com relação a segurança da aviação agrícola, quais são as boas práticas operacionais indicadas? Paim: Em primeiro lugar, deve-se conhecer e respeitar os limites do avião. Cada modelo tem o seu ângulo e velocidade mínimos de curva, capacidade de carga (que considera também as condições atmosféricas) e assim por diante. Está tudo em seu manual. É preciso também estar em dia com as inspeções da aeronave e respeitar os limites do piloto, principalmente no sentido de evitar a fadiga. Sobre isso, a aviação agrícola tem um instrumento obrigatório que é o MGSO (Manual de Gerenciamento da Segurança Operacional). Cada empresa precisa elaborar o seu, considerando suas características de instalações, pessoal e equipamentos. Quanto às operações, é preciso manter os equipamentos de pulverização bem calibrados, escolhendo os mais adequados a cada trabalho. E observar sempre as condições atmosféricas Revista Canavieiros: Os agricultores estão investindo cada vez mais na aviação agrícola? Paim: Não temos uma estimativa específica quanto a isso, embora tenhamos percebido um crescimento. Mas podemos afirmar com certeza que, quem experimenta a pulverização aérea não se arrepende. Não só pela eficiência (associada principalmente à velocidade e precisão), mas pela economia, que aparece, por exemplo, na eliminação das perdas por amassamento. Revista Canavieiros: Qual é o número de aeronaves atuando no setor? Paim: Segundo dados da ANAC, temos atualmente mais de dois mil aviões agrícolas registrados no Brasil (eram 2.007 em janeiro de 2015). A maior parte da frota no Mato Grosso (467), com o Rio Grande do Sul em segundo (420), São Paulo em terceiro (287) e Goiás em quarto (239) nesse ranking. Depois vêm os outros Estados, também com base em 2015. Revista Canavieiros: Quantas aeronaves para pulverização foram comercializadas no ano passado? Paim: Não temos um número específico, mas temos ouvidos fabricantes falando em vendas inferiores à metade das realizadas em 2014. Um fator que atrapalhou muito o mercado de aviação em 2015 foi a alta do dólar. Como os equipamentos e mesmo os financiamentos de aviões são cotados pela moeda norte-americana, muitos operadores aeroagrícolas ficaram assustados. Revista Canavieiros: Há expectativa de crescimento para 2016? Paim: Tínhamos a expectativa de crescimento de 7% ao ano, mas acreditamos que a estimativa não deve se confirmar, devido à crise econômica. Não arriscaria um número para este ano, embora ainda esperamos um saldo positivo, devido ao protagonismo que o agronegócio está tendo na economia brasileira. Revista Canavieiros: Com relação ao setor sucroenergético, o uso desse equipamento tem aumentado nos últimos anos? Paim: Acreditamos que, desde 2011, pelo menos uns 30%. A lavoura de cana-de-açúcar depende bastante do avião, principalmente nas etapas finais de cultivo, com as plantas em estágio mais alto. Então, sua presença nos canaviais segue no rastro do crescimento da lavoura. Revista Canavieiros: O Brasil tem hoje a segunda maior frota de aeroagrícola do mundo. Há potencial para passar a ser a primeira? Paim: Potencial há. Mas estrada é longa. Os EUA têm a maior frota, com cerca de cinco mil aviões. Acreditamos que o Brasil tenha potencial para de seis mil a oito mil aviões, já que apenas entre 25% e 30% das pulverizações feiRevista Canavieiros - Março de 2016 34 Reportagem de Capa tas em lavouras no país sejam por via aérea. Por outro lado, segundo dados na ONU (Organização das Nações Unidas), até 2050, o Brasil será responsável por suprir mais da metade do aumento na demanda de alimentos no mundo e será responsável por 40% do mercado. Sem contar a importância do setor energético, com os chamados combustíveis verdes. Isso precisa ser feito principalmente com aumento da produtividade, ou seja, produzindo mais no mesmo espaço de terra, cuidando para não avançar a fronteira agrícola sobre áreas ambientalmente importantes. Para isso será preciso tecnologia e aí a aviação é ferramenta indispensável. Revista Canavieiros: Como funciona o programa CAS (Certificação Aeroagrícola Sustentável)? Paim: O CAS é o primeiro (e até agora o único) selo de qualidade ambiental específico para a aviação agrícola no mundo. Como disse antes, ele nasceu de uma demanda do próprio mercado aeroagrícola, que necessitava de um programa que incentivasse e atestasse as boas práticas nas operações realizadas nas lavouras. Não que as boas práticas não fossem uma regra (também já falei sobre a extensa lista de obrigações do setor). Mas queríamos incentivar as empresas e operadores privados a irem além do exigido em lei e atestar toda essa segurança perante a sociedade. O programa é mantido e gerenciado pela FEPAF e coordenado pelas três universidades públicas – UNESP, UFLA E UFU. A certificação ocorre em três níveis: Nível I – Abrange toda a documentação para comprovar que o operador está com suas obrigações legais (repetindo: que não são poucas) em dia e habilitado para atuar no setor. É a porta de entrada no programa. Nível II – Abrange a capacitação dos responsáveis técnicos, com um curso Foto: Graziele Dietrich/Sindag Revista Canavieiros: O Sindag promoverá o Congresso Nacional de Aviação Agrícola (Congresso Sindag) 2016 em Botucatu-SP. O senhor poderia falar sobre a importância desse evento para o setor? Paim: O Congresso Sindag é o segundo maior evento do setor aeroagrícola no mundo – perde apenas para a convenção anual da NAAA (National Agricultural Aviation Association) nos EUA. A edição deste ano será em Botucatu-SP, nos dias 22, 23 e 24 de junho, no Aeroporto Municipal Tancredo Neves. Tivemos o lançamento oficial no último dia 8 de março, no Auditório da Prefeitura de Botucatu, que está sendo parceira do evento. Trata-se da maior vitrine da aviação agrícola brasileira, quando empresários, operadores, autoridades, pesquisadores, pilotos, produtores rurais e todo o público envolvido na cadeia aeroagrícola se reúnem para debater estratégias, demandas e oportunidades, além de conferir as novidades tecnológicas. Aliás, a programação deste ano terá foco nas tecnologias e no viés estratégico do setor perante o mercado e a sociedade. Teremos novamente as atualizações a respeito do programa de Certificação Aeroagrícola Sustentável e um parâmetro das pesquisas realizadas no convênio entre o SINDAG e a EMBRAPA – a maior pesquisa sobre pulverizações agrícolas já feita no país, com experimentos simultaneamente no Sul Sudeste e Centro-Oeste. Teremos uma estrutura montada de 3,4 mil metros quadrados, com 822 metros quadrados para os cerca de 40 estandes da mostra de tecnologias e equipamentos, mais um auditório para 800 pessoas. Como em todos os anos, o evento terá também exposição de aeronaves e demonstrações aéreas. Revista Canavieiros - Março de 2016 que ocorre em dois módulos: Qualidade da tecnologia de aplicação e Planejamento e responsabilidade ambiental. As aulas ocorrem em uma imersão de dois dias (um para cada tema), do início da manhã até o final da tarde e com um teste ao final de cada dia, para comprovar que o conteúdo foi absorvido (se não tirar a nota mínima, não recebe o certificado). Nível III – Abrange visitas às instalações das empresas e vistorias em suas operações. Basicamente, a empresa ou operador deve comprovar que realmente está aplicando tudo o que foi ensinado no Nível II. É verificado, por exemplo, a conformidade, funcionalidade e qualidade dos equipamentos utilizados, da aeronave e das instalações. Revista Canavieiros: Quantas empresas já receberam o selo CAS? Paim: Entre todos os níveis, já são 84 empresas aeroagrícolas com o selo do CAS. O que representa 36% das 232 empresas de aviação agrícola do Brasil. E, dessas, a maioria (56%) está além da primeira fase da certificação, com oito delas já tendo chegado ao Nível III (o mais alto) do programa. O que é outra proposta importante do programa: não adianta entrar e ficar no Nível I. Tem que ir adiante. Revista Canavieiros: O Sindag propôs recentemente um projeto para usar a aviação agrícola no combate a mosquitos. Por favor, poderia explicar como isso aconteceria? Paim: Na verdade, o SINDAG vinha propondo isso desde 2004. E Foto: Graziele Dietrich/Sindag tivemos uma novidade no dia 16 de março, quando ocorreu uma audiência com técnicos da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde. Foi uma resposta a um pedido de audiência que havia sido protocolado em dezembro e, se confirmar o que ficou acertado, o resultado mais positivo desses 12 anos de insistência. Basicamente, apresentamos aos técnicos nossa proposta, como a técnica funcionou em 1975 (quando a aviação ajudou a liminar um surto de encefalite em São Paulo, através do combate ao mosquito culex) e como ela funciona hoje em diversos outros países. O Ministério da Saúde deverá compor um grupo de trabalho com especialistas e pesquisadores para realizarmos experimentos em uma área piloto. O acordo é que em 60 dias o grupo deve ser montado (vamos indicar também alguns nomes) e daí teremos uma nova reunião para definir onde e quando fazer os testes. Esperamos que isso se confirme. Mesmo assim, continuamos conversando com parlamentares no Congresso Nacional. O Brasil fechou 2015 com mais de 1,6 milhões de casos de dengue e em 2016 já tem mais de quatro mil casos de microcefalia possivelmente ligados ao vírus zika, o que deu mais urgência da proposta. Mas é importante frisar: a aplicação do fumacê, seja aéreo ou terrestre, é apenas para dar suporte, eliminando grandes infestações, às ações de prevenção em cada casa. Esta sim é a principal estratégia contra dengue, chikungunya e zika. Sobre isso, lançamos inclusive uma cartilha, que estamos distribuindo a autoridades, políticos, parceiros e imprensa e que pode ser acessada no endereço http://bit.ly/avioesmosquito. Revista Canavieiros: O tema drones x aviões agrícolas é cada vez mais debatido. O que o senhor tem a dizer sobre essa questão? Paim: O SINDAG tem acompanhado essa questão junto à ANAC e, no ano passado, comunicamos aos operadores aeroagricolas sobre a consulta pública da proposta de regulamentação apresentada pelo órgão. Sabemos que nos Estados Unidos o debate tem sido mais quente porque a presença de drones no campo é bem mais intensa do que aqui. Assim como a aviação agrícola. No entanto, temos percebido o recente e crescente surgimento de aparelhos voltados para a agricultura também aqui no Brasil, com uma curiosidade: aparelhos remotos estão sendo apresentados ao mercado com a proposta de substituir os aviões nas pulverizações aéreas. Assim achamos que a proposta é um 35 tanto exagerada, já que a capacidade operacional de um avião (desde a carga de produto até a velocidade) dificilmente será alcançada por um drone. Além disso, há toda uma tecnologia embarcada, sem falar na própria experiência do piloto (altamente treinado) para garantir a precisão e segurança tanto do ponto de vista operacional quanto ambiental. Não consigo imaginar alguém pulverizar com segurança grandes áreas e muitas vezes com vários pontos sensíveis sem estar com o olhar experiente de dentro do avião, in loco. Por outro lado, pulverizadores remotos podem atuar em áreas pequenas, muitas vezes junto a lavouras tratadas por avião. E aí teríamos o risco de ambos os aparelhos cruzarem o mesmo espaço aéreo. O que também poderia ocorrer com drones usados para monitoramento de áreas próximas a zonas de aviação. Se o mercado começar a crescer a esse ponto, aí teremos que intensificar a discussão sobre itens que hoje estão em debate nos EUA, como obrigação de luzes estroboscópicas e pintura em laranja dos drones e instalação de mecanismos de navegação compartilhada (uma espécie de transponder) nos aparelhos remotos e outros itens. Por enquanto, estamos atentos a como esse cenário vai se configurando e que necessidades vão surgindo. Temos um bom canal com a ANAC e acreditamos que não teremos problemas em conversar com o setor dos aparelhos remotos. RC Revista Canavieiros - Março de 2016 36 Artigo Técnico I Fatores que influenciam a qualidade do plantio de cana-de-açúcar André Bosch Volpe Agrônomo da Canaoeste de Bebedouro O plantio de cana-de-açúcar é a prática que mais envolve o conhecimento solo-planta-atmosfera e a interação desses fatores pode ditar o sucesso ou fracasso da atividade. Independente do sistema adotado, o plantio deve cumprir seu objetivo e atender às exigências da cultura contemplando o ambiente em que ela será implantada. O processo de plantio influencia as demais operações realizadas no ciclo da cultura (adubações, aplicações de corretivos, aplicação de defensivos, colheita, etc. Portanto, o gerenciamento e o planejamento estratégico têm que ser realizado de maneira correta. Segundo o Pecege (2014), a formação do canavial, composta pelo somatório dos estágios de preparo de solo, plantio e trato de cana planta, corresponde a 16% dos custos totais de produção durante o ciclo da cultura, para a região tradicional, que engloba as regiões produtoras dos estados de São Paulo e Paraná. Dentro da formação do canavial, a etapa de plantio corresponde a 66%, com valor absoluto de R$3.101,57 por hectare. De acordo com Ripoli (2004), existem três sistemas de plantio em utilização no Brasil: o manual, o semimecanizado e o mecanizado. O primeiro tem maior ocorrência no nordeste brasileiro e é caracterizado pelo fato de todas as operações de plantio serem manuais. No segundo sistema, a sulcação, é efetuada mecanicamente e a deposição das mudas no sulco é manual, lançadas de caminhões de carga, a adubação e cobertura dos sulcos também ocorrem mecanicamente. No sistema mecanizado, realizam-se todas as operações citadas anteriormente (sulcação, deposição de mudas, adubação e cobrimento dos sulcos) mecanicamente. O plantio da cana-de-açúcar no Brasil, até a década de 90, foi predominantemente realizado de maneira semimecanizada. Entretanto, nos últimos anos, o método de plantio mecanizado começou a ganhar espaço nos canaviais. Mesmo com dificuldades operacionais e, por vezes, resultados insatisfatórios, o plantio mecanizado é a modalidade mais adotada pelo sePlantio de viveiro realizado com mudas pré-brotadas (MPB). André Bosch Volpe Agrônomo da Canaoeste de Bebedouro tor sucroenergético, e segundo a CANAPLAN (2015) ocupa 75% das áreas de plantio na safra 2015/16. Ganhando cada vez mais espaço e vistas por muitos como a grande solução para o plantio de cana-de-açúcar, as mudas pré-brotadas revolucionaram o cenário atual, usando a tecnologia e simplicidade a favor do produtor rural. Embora os custos sejam maiores quando comparados as demais modalidades de plantio, o “MPB” resgatou conceitos fundamentais para um plantio de sucesso, visando à sanidade de mudas e pureza genética, e pode proporcionar melhores resultados em produtividade e longevidade do canavial. A utilização dessa modalidade tem se difundido entre os produtores, principalmente na formação de viveiros e em sistema de MEIOSI (Método Inter-rotacional Ocorrendo Simultaneamente). Independente da modalidade, o plantio é uma etapa que envolve muitas variáveis, nas quais o controle e gestão das operações e o planejamento são ferramentas fundamentais para minimizar os riscos e alcançar altos índices de qualidade. Revista Canavieiros - Março de 2016 Plantio mecanizado na cultura da cana-de-açúcar 37 A cobertura do sulco de plantio, uma operação relativamente simples, é crucial para o sucesso da lavoura, pois a camada de solo colocada sobre a muda e sua compactação, são fatores relacionados ao fluxo de água e calor, que interferem decisivamente na brotação, emergência e perfilhamento das plantas. Sendo assim, a camada de cobertura deve variar conforme a época de plantio, compactando levemente essa camada, com o intuito de promover o contato entre as mudas de cana e o solo, retirando os excedentes de ar. Podemos dividir os fatores que influenciam o plantio em endógenos e exógenos. Os fatores endógenos são aqueles ligados ao potencial da planta, e entre os mais importantes podemos citar: tamanho de tolete e reserva energética, idade das gemas e variedade. Dentre os exógenos, os quais estão relacionados à metodologia de plantio utilizada, estão: profundidade de plantio, espaçamento, densidade de plantio, danos mecânicos causados às gemas, cobertura de sulcos e compactação pós-cobertura. O manejo varietal é etapa básica do planejamento do plantio e tem como objetivo racionalizar o uso das variedades dentro das áreas de produção. Escolher a variedade mais apta ao ambiente de produção de cada área é uma tarefa fundamental para os produtores que almejam resultados favoráveis. A utilização de variedades modernas e mais adaptadas às condições adversas do novo cenário de produção é necessária, visando ao resgate de altas produtividades. A presença de palha nas mudas de cana não interfere de modo significativo à qualidade do plantio, porém o excesso de palha ou a presença de bainha pode causar atrasos na germinação, principalmente em condições adversas de umidade e temperatura. A sistematização e o preparo do solo adequado são pontos chave para o sucesso no estabelecimento da cultu- ra. A redução de número de manobras dentro do talhão e a eliminação de ruas “mortas” (bicos), proporcionam menores áreas de intensa compactação, observando-se maior uniformidade no desenvolvimento da cultura. O preparo de solo deve criar condições ideais para o desenvolvimento radicular da cultura, assim como eliminar zonas de compactação e garantir a infiltração da água no solo. O crescimento radicular da cana-de-açúcar acontece principalmente nos macroporos do solo, de tal forma que com a redução do número de macroporos em solos compactados e adensados, o desenvolvimento radicular da planta é dificultado, prejudicando a translocação de água e nutrientes para as demais partes da planta e influenciando diretamente sobre o seu desenvolvimento vegetativo. Dessa forma, a sulcação no plantio deve ficar entre 25 e 30 cm, não devendo exceder a profundidade de preparo do solo, a fim de garantir um bom desenvolvimento radicular inicial. Diversos autores relatam que a quantidade de gemas ideal, independente do espaçamento adotado, deve ser em média de 12 gemas por metro. Na prática, é comum observar a ocorrência de valores superiores, para prevenir a ocorrência de falhas causadas por gemas inviáveis. Por isso, a atenção com características como distância entre internódios e idade da muda é bastante importante. De forma geral, o planejamento do plantio, o controle e a qualidade das operações são fundamentais para mitigar a influência dos fatores endógenos e exógenos, independente da modalidade de plantio adotada. A implantação de uma lavoura de cana-de-açúcar envolve uma série de cuidados por se tratar de uma cultura semiperene. É preciso atentar-se ao plantio já que a longevidade do canavial está diretamente relacionada à qualidade dessa operação. Podemos afirmar com certeza que o plantio é o primeiro passo para alcançarmos boas produtividades agrícolas, sendo essencial o uso de tecnologias modernas para que a cultura seja instalada de modo uniforme e com plantas vigorosas e sadias, garantindo o sucesso da lavoura. Bibliografia Citada: Canaplan. 2015. Cenários e perspectivas para o setor sucroenergético. Disponível em: http://pt.slideshare.net/ gecaesalq/cenrios-e-perspectivas-para-o-setor-sucroenergetico-carvalho-simposio-gecaesalq Acesso em: Nov. 2015. PECEGE. 2014. Custos de produção de cana-de-açúcar, açúcar, etanol e bioeletricidade no Brasil:Fechamento da safra 2013/2014. Piracicaba: Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas/Departamento de Economia, Administração e Sociologia. 17-18 p. 32 p. RIPOLI, T.C.C.; RIPOLI, M.L.C. Biomassa de cana-de-açúcar: colheita, energia e ambiente. Piracicaba: Ed. Dos Autores, 2004. 309 p. RC Revista Canavieiros - Março de 2016 38 Revista Canavieiros - Março de 2016 EVENTO 39 100 CONGRESSO NACIONAL DA STAB CENTRO DE CONVENÇÕES DE RIBEIRÃO PRETO - SP 20 a 22 de setembro de 2016 boletim n0 1 A Sociedade dos Técnicos Açucareiros e Alcooleiros do Brasil - STAB, realizará no periodo de 20 a 22 de setembro de 2016, em Ribeirão Preto - SP, o seu 10º Congresso Nacional. O evento deverá reunir os diversos segmentos do setor sucroenergético do Brasil e da América Latina, envolvendo Pesquisadores, Professores, Técnicos, Empresários, Administradores e demais profissionais e instituições/empresas com atividades direcionadas para a agroindústria canavieira. Os mais recentes avanços tecnológicos das áreas agrícola, industrial e administrativa serão apresentados e discutidos em sessões plenárias com apresentação de trabalhos técnicos e científicos e conferências do setor Sucroenergético. Em setembro de 2016 a STAB Regional Sul espera por você. Participe do 10º Congresso Nacional da STAB e conheça um dos maiores pólos sucroenergéticos do Brasil. APRESENTAÇÃO DE TRABALHO Os trabalhos deverão ser inéditos e contribuírem significativamente para o desenvolvimento técnico ou cientifico das diferentes áreas da agroindústria da cana-de-açúcar. Não serão aceitos trabalhos de cunho comercial. Os trabalhos serão submetidos e analisados pelos membros das comissões técnicas indicadas pela Comissão Organizadora do Congresso, que terão o poder de recomendar ou não a sua aceitação, quanto ao conteúdo e ao atendimento às normas de apresentação. Os trabalhos serão distribuídos nas seguintes áreas: Agronômica: Melhoramento genético, Fitotecnia, Fitopatologia, Entomologia, Controle de ervas daninhas, Biotecnologia, Solos, Irrigação, Meteorologia, Moto-mecanização e Controle Agrícola. Industrial: Engenharia industrial, Processamento, Energia, Subprodutos, Diversificação. Administração e outras áreas: Informática, Estatística, Conservação ambiental (sustentabilidade), Socio-economia, Comercialização e mercado, Controle de qualidade e Recursos humanos. NORMAS PARA PREPARAÇÃO DE TRABALHO Os trabalhos deverão ser apresentados em português com o máximo de 12 páginas , incluindo as figuras, gráficos e tabelas e confeccionados em Microsoft Word (editor de texto) e encaminhados via e-mail, à secretaria executiva do Congresso, [email protected], até o dia 29 de abril de 2016. Os trabalhos deverão conter no máximo 12 páginas impressas em papel A4, em um só lado da folha, em espaço duplo com 2,5cm em todas as margens, nas fontes arial ou times new roman, no tamanho 12(corpo), devendo neste total conter todas as tabelas e figuras (graficos desenhos e fotos). A estrutura dos trabalhos científicos deverá apresentar a seguinte ordenação: Título, Autores, Referência dos Autores, Resumo (no máximo de 200 palavras), Summary, Palavras Chave, Introdução, Material e Métodos, Resultados e Discussão, Conclusões, Agradecimentos ( no máximo de 50 palavras) e Referências Bibliográficas. Na primeira página do trabalho oTítulo deverá ser conciso e centralizado na largura da folha e em letras maiúsculas (exceto para termos científicos). O(s) nomes(s) do(s) autor(es) deverá(ão) ser mencionado(s) abaixo do título, centralizado(s) na largura da folha e em letras maiúsculas. Os números símbolos e abreviaturas do texto deverão apresentar o sistema métrico e os algarismos arábicos, exceção quando for a primeira palavra de uma sentença. Os símbolos poderão ser usados para indicar elementos compostos e porcentagens. As abreviaturas comuns na literatura açucareira poderão ser usadas: STAB, ISSCT, TCH, POL, TPH, BRIX, dms, ha, g, m², m³, ppm, mL, t, etc. As Referências bibliográficas devem ser seguidas de acordo com as normas da ABNT (NBR-6023, de 2002) e deverão ser organizadas pela ordem alfabética do autor ou primeiro autor, e a lista de referências deve conter apenas as citações constantes no corpo do trabalho. As Referências de periódicos devem conter pela ordem: nome(s) do(s) autor(es), nome completo do artigo, nome completo do periódico, segundo Word List Scientific Periodical, local de publicação, número do volume, número do fascículo do volume, número das páginas, mês e ano de publicação. Exemplos: GUTIERREZ, L. E. Composição de ácidos graxos e viabilidade celular em Saccharomyses cerevisae. STAB Açúcar, Alcool e Subprodutos. Piracicaba v.9, n.6, p.31-34, jul/ago.1991. As referências dos livros deverão conter pela ordem: nome(s) do(s) autor(es) em maiúscula, título do livro em negrito, local de publicação; editora, ano de publicação, e o número de páginas. PAYNE, J. H. Unit operations in cane sugar production. Amsterdam, Elsevier, 1982. 302p. As tabelas deverão estar numeradas consecutivamente em algarismos arábicos, e serem encabeçadas por um título conciso e claro e em letras maiúsculas, não devendo usar as linhas verticais para separar colunas. As figuras (fotografias, gráficos ou desenhos) deverão ser numeradas consecutivamente em algarismos arábicos, recebendo a denominação de ‘’fig.’’, colada na parte inferior com a respectiva legenda, em letras maiúsculas. A representação das figuras deverá ter por base as dimensões da página já citada para tabelas, gráficos e desenhos, devendo ser feitas em alguns dos seguintes programas: Corel Draw, Imagem do Word ou qualquer editor de imagem, sempre e quando sejam gerados arquivos com no mínimo de resolução de 300 dpi e nos formatos ‘’JPEG’’, ‘’TIF’’ e ‘’EPS’’ (esses arquivos devem ser enviados junto com o documento ou texto). As fotografias poderão ser em preto e branco ou coloridas, em papel brilhante e apresentar bom contraste. Cada figura deverá ser identificada no texto e no verso, devendo ser acompanhada da respectiva legenda, em folha separada do original. A nomenclatura científica deverá ser citada segundo os critérios estabelecidos nos códigos e os nomes científicos e devem estar em itálico. Revista Canavieiros - Março de 2016 40 Artigo Técnico II Palha de cana x Pequenas Centrais Termelétricas Tercio Marques Dalla Vecchia Engenheiro Químico e CEO da Reunion Engenharia S abe aquela palha que fica no campo depois da colheita da cana e que a usina não se interessa? Sabe que pode ser uma ótima ideia fazer uma Pequena Central Termelétrica usando esta palha como combustível? E você, que é agricultor, sabe que pode ser usado como combustível qualquer tipo de palha? Por Pequena Central Termelétrica entenda-se Usinas que exportam entre 5 e 15 MW de energia elétrica. A ideia de se implantar pequenas centrais termelétricas está alinhada com a tendência mundial de investir em geração de energia elétrica distribuída. Este conceito se opõe ao modelo tradicional que depende de grandes usinas e extensas linhas de transmissão. Entre as vantagens de se gerar energia em pequenas centrais termelétricas, pode-se destacar que o modelo é economicamente atraente na medida em que reduz os custos e investimentos em subestações de transformação e em capacidade adicional para transmissão, além de reduzir perdas nas linhas de transmissão e distribuição. Outro ponto importante é a possibilidade de atendimento mais rápido ao crescimento da demanda (ou à demanda reprimida) por ter um tempo de implantação inferior ao de acréscimos à geração centralizada e reforços das respectivas redes de transmissão e distribuição. Para que sejam economicamente atrativas, as pequenas centrais termelétricas devem ter o conceito baseado na utilização de equipamentos de alto rendimento, que apresentem baixo custo de implantação e de operação. Na Dinamarca, assim como em outros países europeus, foi instalada uma série de pequenas unidades termelétricas com o conceito de geração distribuída que utiliza a biomassa como combustível. Estas plantas são estrategicamente posicionadas em relação às fontes de biomassa e ao acesso à rede elétrica. Estas unidades recebem diversos tipos de palha em fardos que são ali- Tercio Marques Dalla Vecchia, Engenheiro Químico mentados diretamente às caldeiras, sem necessidade de que os fardos sejam desfeitos ou a palha picada. Além de reduzir o espaço para armazenamento da biomassa, a utilização direta da palha em fardos reduz os custos operacionais. A Central Termelétrica é composta das seguintes partes: - Recepção e armazenamento de fardos de palha; - Caldeira para produção de vapor; - Turbogerador (gerador de eletricidade acionado por turbina a vapor); ESQUEMA DE UMA CENTRAL TERMOELÉTRICA Revista Canavieiros - Março de 2016 41 - Condensador; - Sistema de captação e tratamento de água; - Sistema de tratamento e disposição de efluentes; - Subestações; - Linha de Transmissão; - Conexão com o Linhão. A tabela ao lado (Pequena Central Termoelétrica) mostra um estudo de viabilidade considerando o preço de venda da energia em R$ 250/ MWh e o custo da palha R$ 60 por tonelada. Com estas premissas, o Projeto se paga em, aproximadamente, seis anos. Alavancando com financiamento do BNDES, o tempo de retorno para o investidor pode ser de apenas três anos. Cooperativas de Produtores de Cana têm grandes possibilidades de conseguir melhores ganhos. É de se pensar, não? RC Revista Canavieiros - Março de 2016 42 Artigo Técnico III Variação dos preços de insumos agrícolas utilizados por fornecedores de cana-de-açúcar em 2015 Por Haroldo José Torres da Silva O s insumos agrícolas têm uma participação expressiva na composição dos custos de produção de cana-de-açúcar, conforme apontado pelo Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas (PECEGE) da ESALQ/USP, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), representando de 10 a 15% do custo total de produção, dependendo da região. Gráfico 1 - Representatividade dos insumos em relação ao custo total de produção de cana-de-açúcar na safra 2014/2015 Desenvolveu-se uma pesquisa de acompanhamento dos preços dos principais insumos agrícolas utilizados na produção de cana-de-açúcar no Brasil. Os dados foram levantados de janeiro a dezembro do ano de 2015 em seis regiões produtoras, sendo quatro na macrorregião Centro-Sul Tradicional (Catanduva - SP, Piracicaba - SP, Porecatu - SP e Sertãozinho - SP), uma na macrorregião Centro-Sul Expansão (Goiatuba - GO) e uma na região Nordeste (Maceió - AL). Gráfico 2 - Participação das principais classes de insumos entre as regiões É possível observar no Gráfico 1 a representatividade dos insumos agrícolas em relação ao custo total de produção de cana-de-açúcar nas três macrorregiões analisadas (Tradicional, Expansão e Nordeste). Priorizaram-se os insumos mais expressivos e com maior participação no custo de produção dos fornecedores independentes de cana-de-açúcar, com destaque para os formulados (fertilizantes). Esse grupo representou, em média, 48% dos desembolsos efetuados pelos produtores rurais com insumos, seguido dos herbicidas, corretivos, diesel e inseticidas, conforme se observa no Gráfico 2. Gráfico 3 - Variação acumula de jan. a dez. de 2015 dos principais grupos de insumos agrícolas Os grupos de insumos (fertilizantes, herbicidas, inseticidas e óleo diesel) apresentaram uma variação positiva e expressiva nos preços dos seus produtos, como pode ser observado no Gráfico 3. Na região Centro-Sul Tradicional, destacaram-se as variações dos herbicidas e inseticidas, as quais foram impulsionadas, em grande medida, pelo comportamento dos preços do Plateau, Diuron, Carbofurano e Actara. Revista Canavieiros - Março de 2016 43 Não obstante, os fertilizantes exerceram o maior impacto sobre os custos de produção, em função da sua representatividade na composição dos custos e ante às variações nos preços dos seus formulados. De forma similar aos herbicidas, inseticidas e outros produtos que sofrem influência direta da taxa de câmbio, os preços no mercado doméstico dos fertilizantes e derivados também são sensíveis a oscilações da taxa de câmbio (Gráfico 4). A variação acumulada nos preços dos fertilizantes, ao redor de 16% em 2015, entre as regiões analisadas, foi resultante sobremaneira da desvalorização cambial enfrentada pela economia brasileira. Cabe destacar que poderia advir uma pressão ainda maior dos preços destes produtos sobre os custos de produção, no entanto se constatou uma queda nos preços em moeda estrangeira, no caso em dólares americanos, dos principais insumos utilizados na produção de fertilizantes NPK (Gráfico 5). A queda nos preços dos produtos nitrogenados é fruto do aumento da oferta mundial destes produtos, além do comportamento do preço do petróleo no mercado internacional. Por exemplo, destacaram-se as reduções nos preços da ureia (principal composto dos fertilizantes nitrogenados e subproduto do petróleo), que apresentou uma queda mais acentuada quando comparada aos demais produtos, principalmente por seu preço estar atrelado ao preço do petróleo bruto, o qual, de janeiro a dezembro de 2015, apresentou uma variação negativa ao redor de 23%. Por outro lado, o óleo diesel, depois de um histórico de longos períodos de preços estáveis, apresentou uma tendência de preços crescentes no último ano, como pode ser observado no Gráfico 6, atingindo uma variação acumulada de 16%, contrariando os preços internacionais do petróleo. Adicionalmente, além de impactar diretamente o custo de produção dos fornecedores de cana-de-açúcar através dos dispendidos com as operações mecanizadas, o comportamento do preço do diesel impactou outros insumos agrícolas, indiretamente através do frete, tal como os corretivos. Referências BANCO CENTRAL DO BRASIL. 2015. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/pt-br/pagi- Gráfico 4 – Evolução dos índices de preços dos fertilizantes e da taxa de câmbio (R$/USD) Gráfico 5 - Índice de variação nos preços dos insumos base para a fabricação de NPK Gráfico 6 – Índice da variação média nos preços do óleo diesel nas/default.aspx>. Acesso em: 20 jan. 2016. INDEX MUNDI (USA). Fertilizers. Disponível em: <http://www.indexmundi.com/>. Acesso em: 28 jan. 2016. Haroldo José Torres da Silva é economista e gestor de Projetos do PECEGE (Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas) RC Revista Canavieiros - Março de 2016 44 Informações Climáticas Chuvas de fevereiro & previsões de março a maio Quadro 1: Chuvas anotadas durante o mês de fevereiro de 2016. Engº Agrônomo Oswaldo Alonso Consultor A média das chuvas de fevereiro de 2016 (199mm) foi ligeiramente inferior à média histórica (213mm) e a do mês de fevereiro de 2015 (229mm). Merece destacar que os menores volumes de chuvas foram registrados na Andrade, em Barretos, CFM-Pitangueiras, Fafram-Ituverava e Faz. Monte Verde-Bulle Arruda- Severínia. N a região sucroenergética do Estado de São Paulo, os mapas A1 e A2 mostram que, salvo estreita faixa Norte e área ao Sul de Bauru-Avaré, houve pouca diferença entre meses de janeiro de 2016 e 2015. Em 2015 (mapa A1), as maiores somas de chuvas (200mm a 250mm) foram anotadas em larga faixa Leste e Sudoeste. Já em fevereiro de 2016, maiores volumes de chuvas (250 a 400mm) foram anotados em extensa área da região Sudoeste do Estado. Os artigos mensais de Informações Climáticas contam com os trabalhos diários das anotações de chuvas dos escritórios regionais e condensados em Viradouro. Estes dados são disponibilizados diariamente pelo site Canaoeste e, as suas médias mensais e normais climáticas, são aqui também apresentadas no Quadro 2. Os dados do Quadro 2 mostram, no destaque do canto inferior direito, as expressivas diferenças observadas entre as médias mensais e normais climáticas de janeiro e fevereiro de 2013 a 2016. Observa-se que o acumulado das médias mensais das chuvas em 2016 está pouco menos que 4 vezes maior que em 2014, o dobro de 2014 e 112mm superior a soma de janeiro e fevereiro de 2013. As variações em normais climáticas, face as médias, resultaram ser semelhantes, salvo em 2013 com 30mm a mais que cada um dos outros três anos. Mapa A1 Os mapas B1 e B2 ilustram as disMapa A2 tribuições das chuvas nos meses de fevereiro destes dois anos nos principais estados sucroenergéticos da Região Centro-Sul do Brasil, exceto para o estado de São Paulo, que já foi mostrado e discutido nos mapas A1 e A2. Em fevereiro de 2016, o Centro-Sul do Mato Grosso do Sul e Centro-Norte do Paraná tiveram melhores distribuições de chuvas que em 2015. Situação inversa foi observada nas regiões do Triângulo Mineiro, Goiás e Centro-Sul do Mato Grosso. Para planejamentos próximo-futuros, a Canaoeste resume o prognóstico de consenso entre o Instituto Nacional de Meteorologia e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais para os meses de março a maio de 2016, como descrito a seguir e ilustrado no mapa 3 acima: • Nestes meses, as temperaturas tendem a ser acima das respectivas normais climáticas em toda Região Centro-Sul do Brasil; Fonte: SOMAR Meteroroliga, elaboração Canaoeste Revista Canavieiros - Março de 2016 • Pelo consenso INMET-CPTEC/ INPE, as chuvas poderão ocorrer com iguais probabilidades para as três categorias (acima, próxima e abaixo das normais climáticas) em todas as áreas em cinza; enquanto que prevalecem previsões de chuvas 45 Quadro 2: Chuvas mensais de janeiro e fevereiro de 2013 a 2016 anotadas pelos escritórios regionais e as respectivas médias mensais e normais climáticas. Mapa 3:Elaboração Canaoeste do Prognóstico de Consenso entre INMET-CPTEC/INPE para março a maio de 2016 Prevê-se que a segunda quinzena venha a ser mais seca que na primeira; OBS:- Médias mensais correspondem às médias das chuvas dos meses em questão; Normais climáticas ou médias históricas são médias de 10(+) anos dos locais (1 a 11). Mapa B1 Mapa B2 Fonte: SOMAR Meteroroliga, elaboração Canaoeste acima da média na área verde e abaixo das respectivas normais climáticas na área amarela do mapa 3. • Tomando-se como referência o Centro de Cana-IAC, as médias históricas das chuvas em Ribeirão Preto e municípios vizinhos são de 165mm em março, 70mm em abril e 55mm em maio. A SOMAR Meteorologia, pelos seus modelos climáticos, prevê para a Grande Região de Ribeirão Preto, e alguns comentários para o Centro-Sul do Brasil, que: 1) Em março, durante a segunda quinzena, prevê-se como bem menos chuvoso que nos primeiros 10 dias do mês; 2) Em abril poderão ocorrer entre 100 a 150mm no mês, sendo mais chuvoso no Centro-Sudoeste de São Paulo e regiões canavieiras do Centro-Sul do Mato Grosso do Sul e faixa Norte do Paraná. 3) Em maio, a distribuição de chuvas será semelhante ao mês de abril, se bem que com menores volumes. Atenção para a semana de Corpus Christi (23 a 28), que logo após rápida passagem de frente fria, prevê-se entrada de forte massa polar. A Canaoeste recomenda ainda e em função das chuvas ocorridas durante o verão, especial atenção aos produtores de cana sobre incidências de cigarrinha das raízes que poderão ser mais danosas, se não foram controladas em meses anteriores. Se foram deixadas áreas remanescentes de cana para a safra a se iniciar em abril, o monitoramento e controle desta praga exigirão, ainda, muito mais atenção. Caso contrário, ficarão expostos a grandes perdas em qualidade e produtividade para a próxima colheita. Estes prognósticos serão revisados nas edições seguintes da Revista Canavieiros. Fatos climáticos relevantes serão noticiados em www.canaoeste.com.br e www.revistacanavieros.com.br. Persistindo dúvidas, consultem os técnicos mais próximos ou através do Fale Conosco Canaoeste. RC Revista Canavieiros - Março de 2016 46 Destaque I "Florescimento e maturação da cana-de-açúcar" foi o tema da primeira reunião de 2016 do Grupo Fitotécnico Andréia Vital C om a casa cheia, o diretor do Centro de Cana do IAC (Instituto Agronômico), Marcos Landell, deu as boas-vindas em tom otimista aos participantes da primeira reunião do ano do Grupo Fitotécnico, realizada no dia 8 de março. “Apesar de um cenário não muito favorável no país, há expectativa positiva para o setor sucroenergético. Além da melhora no preço dos produtos fabricados pela cana, nós temos alguns novos caminhos fitotécnicos validados nos últimos anos, que começam a ser adotados de uma maneira mais sistemática por importantes produtores e que têm se provado revolucionários em termos de referenciais produtivos”, alegou. Segundo o pesquisador, diante desse novo horizonte, é necessário deletar os antigos referenciais e criar uma nova visão da canavicultura buscando níveis mais altos de produtividade. “Não dá para permanecer do jeito que está, tem que haver um crescimento vertical, pois os custos são elevadíssimos, então temos que nos tornar mais eficientes justamente aonde é mais caro, ou seja, na parte agrícola, que representa 70% ou mais dos custos do sistema agroindustrial”, afirmou. Com a verticalização, o sistema de produção passa a ser mais viável, sendo o principal ator neste processo, o fornecedor, assegura Landell. “O produtor de cana-de-açúcar tem que assumir um novo papel, de protagonista deste processo de produção. O sistema MPB (Mudas Pré-brotadas) tem trazido para as mãos do produtor essa possibilidade, como outras informações que o IAC e outros grupos de pesquisa têm gerado, também auxiliam neste sentido”, afirmou. Landell apresentou na reunião a expectativa do uso do inibidor e maturador, na região de Goianésia (GO) até hectares e identificados por latitude, sendo que 25% dos entrevistados usam maturadores e em torno de 12% usam inibidores de florescimento. “Quanto mais se distancia do Equador, mais se usa maturador porque as condições são menos propicias para a maturação. Já o inibidor de florescimento é mais usado em regiões mais próximas ao Equador, pois há uma condição de indução floral tão grande que passa ser a prática o uso de inibidor de florescimento. Há empresas em Goiás, por exemplo, que usam inibidor em 30% da área”, contou. Marcos Landell, diretor do Centro de Cana do IAC (Instituto Agronômico) o Paraná, apontada por uma pesquisa feita pelo IAC. Os dados foram levantados em uma mostra de 1,6 milhão de A pesquisa mostrou também a previsão de início de safra. “De um modo geral, foi apontado que a safra deve ser iniciada na última semana de março, o que confirma a tendência seguida nos últimos anos”, finalizou. Fisiologia do florescimento e maturação da cana O engenheiro agrônomo e prof. dr. Paulo Alexandre Monteiro de Figueiredo, da FCAT/UNESP/Dracena, abordou na ocasião, a questão da fisiologia do florescimento e maturação da cana. Segundo ele, o florescimento é um processo natural das plantas, ao passarem da fase vegetativa para reprodutiva. No caso da cana-de-açúcar, o florescimento é influenciado por questões como latitude, fotoperíodo, temperatura, umidade, maturidade da planta, espaçamento, variedades, entre outros. A combinação desses fatores pode levar ao florescimento ou a uma maior ou menor taxa desse fenômeno. "Na época da indução do florescimento o estresse hídrico pode evitar ou reduzir o pendoamento e florescimento da cana. Por isso, é mais seguro e vantajoso prevenir o florescimento com aplicação de um inibidor do que correr riscos por contar com a possibilidade de ocorrência de estresse hídrico no período indutivo", disse. Revista Canavieiros - Março de 2016 Já no caso da cana bisada, a maior possibilidade de florescimento é decorrente do suporte fisiológico que apresenta por ocasião do período indutivo. Figueiredo explicou ainda que o florescimento e a isoporização são independentes, podendo ocorrer associados ou não. Ao falar sobre as causas que provocam a isoporização, o profissional disse que em função da desidratação dos tecidos do Alessandra Durigan, gestora operacional e os agrônomos da Canaoeste Daniela Aragão e João Francisco Maciel participaram do evento 47 Previsões de temperaturas e chuvas colmo, que, ao perderem água, adquirem de forma progressiva a coloração branca. “A perda natural de água no processo de maturação provoca a drenagem das reservas para a emissão da flor, formando espaços vazios entre as células”, ensinou, afirmando que o uso da irrigação leva a menor taxa de isoporização. Citando a maturação induzida da cana, o professor ensinou que em situação em que os colmos estejam vegetativos, por condições regionais ou por uso de irrigação, a aplicação de produtos maturadores pode ser adotada na safra toda, com ganhos de qualidade tecnológica da cana, mesmo que o período Prof. dr. Paulo Alexandre Monteiro de Figueiredo, da FCAT/UNESP/Dracena O “Monitoramento climático no fotoperíodo indutivo para a floração da cana de açúcar” foi tema da palestra do consultor da Canaoeste, Oswaldo Alonso, que mostrou através de "slides" as condições climáticas que ocorreram até então e previsões de temperaturas e chuvas até o final do período indutível - 20 de março- para várias regiões canavieiras. mais indicado para uso de maturação induzida seja o terço inicial da safra. Condições climáticas e suas interferências Durante sua apresentação, o dr. Maximiliano S. Scarpari, pesquisador do IAC, frisou que as condições de clima em 2015 foram boas para o desenvolvimento da cana, principalmente as que serão colhidas no início e meio desta safra. Já os canaviais a serem retirados no final do ciclo 16/17 enfrentaram chuvas intensas e baixa insolação devido ao fenômeno do El Niño, no começo deste ano, o que poderá afetar sua produtividade, “pois as canas cortadas no final de safra dependem muito das condições climáticas dos meses de novembro a março para o desenvolvimento e qualquer anomalia climática afeta o desenvolvimento desse canavial”. Com a maior concentração de água nesse início de safra, a cana não tem condições adequadas de maturação, sendo indicada a aplicação de maturador. “O produto provoca a redução do estágio vegetativo com a indução artificial do início da maturação e pode auxiliar no controle de florescimento, reduzir o chochamento e aumentar a qualidade da matéria-prima”, explicou. A ação do maturador tem melhores respostas se o produto for aplicado no terço inicial da safra e fatores como variedades, tipos de solo, qualidade de luz solar e disponibilização de água interferem diretamente nos resultados. “Maturadores requerem a produção normal da fotossíntese para maximização da Dr. Maximiliano S. Scarpari, pesquisador do IAC função e chuvas logo após a aplicação também reduzem a absorção do produto”, elucidou. Scarpari disse ainda que pretendem usar a modelagem do PREVCLIMACANA, um projeto do IAC, que desde 2006 faz o monitoramento da estimativa de produtividade em função dos fatores climáticos, também para a indicação do uso de maturadores. “A proposta é usar a modelagem e acompanhar a evolução da biomassa das canas plantas e de início de safra, que é alvo dos maturadores, considerando as condições do clima no tripé: disponibilidade hídrica, temperatura e insolação. Após janeiro de cada ano, fazemos a previsão climática, sendo que para cada fator será arbitrado um valor mensal e da somatória terá a decisão de aplicação ou não do maturador”, explicou. Oswaldo Alonso, consultor da Canaoeste Complementando ainda sobre clima, Alonso citou que o El Niño está gradativamente perdendo força, tendendo à neutralidade ao final do outono. “Há previsões de que, neste ano, outono e inverno venham a ser mais frio que em 2015. Inclusive já com entrada de forte massa polar na semana final de maio”, esclareceu. Observações efetuadas mostraram que solo coberto com a palha (durante a colheita de cana crua) chega a apresentar diferença de 10°C inferior a solo descoberto. Esta condição, aliada à umidade do solo (mais persistente pela própria cobertura com a palha) tem acentuado o dano do frio intenso, chegando mesmo a matar soqueiras. “Logo, as alternativas de cultivo, retirando pelo menos a palha sobre as linhas de cana, tem sito atenuante ao efeito do frio”, sugeriu o consultor. Fez parte ainda da programação a apresentação das tecnologias da BASF para o setor sucroenergético feita pelo representante da multinacional, Daniel Medeiros. A próxima reunião do Grupo Fitotécnico será no dia 12 de abril. RC Revista Canavieiros - Março de 2016 48 Destaque II Dia de Campo mostra a evolução das variedades de cana-de-açúcar Na ocasião, o CTC apresentou os diferenciais das suas variedades de cana-de-açúcar Fernanda Clariano Rodrigo Mahlmann, gerente regional de vendas CTC O maior produtividade e resistência a doenças”, disse o gerente regional de vendas CTC, Rodrigo Mahlmann. Por meio da demonstração feita no campo de experimentação, os participantes puderam ver de perto como as variedades evoluíram ao longo dos anos, tornando o canavial cada vez mais produtivo. Neste quadro você acompanha a evolução dos programas de melhoramento genético, e o quanto o perfil das variedades mudou ao longo do tempo. polo regional do CTC (Centro de Tecnologia Canavieira), em Barrinha, no interior de São Paulo, foi palco de mais uma edição do Dia de Campo realizado pelo CTC, em 18 de fevereiro, reunindo agrônomos, clientes das usinas, fornecedores da região, além da equipe de vendas e representantes da área de desenvolvimento de produto do CTC. “Foram expostos nesse dia de campo materiais utilizados nas áreas comerciais na década de 60, 70, 80, até chegar às variedades mais modernas, nas CTCs e os clones CTC, que são os materiais que estão em fase de desenvolvimento de produto e que podem vir a ser variedades no futuro. Antigamente, as variedades tinham um número menor de perfilho, porte mais baixo porque eram características importantes para o corte manual. À medida que foi evoluindo foram surgindo materiais mais produtivos mostrando uma adaptação melhor a mecanização, Na ocasião, Malhmann também apresentou a evolução varietal do CTC e destacou os resultados de alguns materiais. “Hoje temos alguns materiais que estamos trabalhando e que estão tendo resultados muito bons, um deles é a CTC4, que é uma cana para meio de safra e que dentro da nossa projeção deve ficar entre as três variedades mais plantadas do Brasil. Com a saída da SP813250, a CTC4 está sendo a variedade substituta. Outro material muito importante é a CTC9001, uma cana precoce para ambiente mais fraco, que foi desenvolvida em Goiás. Temos materiais para todos os ambientes, todas as maturações”, afirmou. Evolução das variedades Década 70 NA5679 - Foi a cana mais plantada, chegando a ocupar mais de 50% da área cultivada no Centro-Sul. - Acabou devido à doença carvão, sendo substituída pelas SPs. Década de 80 SP70-1143 - Substituiu a NA5679. - Cana produtiva para solos fracos. - Viabilizou a expansão da cultura da cana no cerrado e depois do Proálcool. - Quase 60% a cultura no país. - Foi eliminada pela ferrugem marrom. Revista Canavieiros - Março de 2016 49 Agrônomos da Canaoeste estiveram presentes no Dia de Campo écada de 90 SP89-1115 - Cana produtiva com alto teor de sacarose. - Quando começou a grande expansão, foi eliminada pela ferrugem alaranjada. -Não tinha grande perfilhamento, porém alto vigor. SP81-3250 - Chegou a representar 30% da agricultura canavieira, com alto teor de sacarose e produtividade. - Com a entrada da ferrugem alaranjada em 2010, vem sendo continuamente substituída por variedades mais modernas, como CTC20, CTC9002 e CTC9003. De 2000 aos anos atuais CTC4 - Cana que vem substituindo a SP813250 com vantagem. - Alto teor de sacarose e produtividade se adapta a todas as regiões climáticas do país. - Hoje é a CTC mais plantada. CTC 9001 - Possui alto teor de sacarose e tonelagem e alto número de perfilho. - Adapta-se desde os solos mais fracos até os melhores ambientes. - Ereta, o que facilita a colheita mecanizada e proporciona alto rendimento operacional. - É uma variedade que está substituindo a RB86-7515 devido às vantagens de colheita e plantio mecanizado. CTC9005 HP - Alta quantidade de perfilho e de teor de sacarose. - É a primeira variedade “hiperprecoce” da década. - Não floresce e tem uma excelente brotação. CTC e Basf lançam 3ª edição do Desafio Canamáxima Concurso já consagrado abriu inscrições com nova categoria para fornecedores de cana-de-açúcar. A novidade desta edição fica por conta da modalidade ‘fornecedores de cana-de-açúcar’, que poderão se inscrever também. “Entendemos os fornecedores de cana-de-açúcar cada vez mais como um público que também aposta em inovação e tecnologia para crescer e queremos apresentar a eles todas as possibilidades que a combinação de variedades CTC com produtos Basf pode oferecer”, comenta Carulina Oliveira, gerente de marketing cultivos (cana, citros e amendoim) da Basf. Para participar os interessados devem se inscrever até o dia 31 de março pelo hotsite www.desafiocanamaxima.com.br Os vencedores serão revelados em um grande evento no fim de 2016. RC Revista Canavieiros - Março de 2016 50 Destaque III ORPLANA comemora 40 anos em 2016 Com reestruturação em curso, entidade acaba de eleger novo presidente Andréia Vital O ano de 2015 foi um marco para a ORPLANA (Organização de Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil). A implantação de uma reestruturação geral pautada por um plano estratégico com 19 projetos de melhoria deu início a um novo capítulo da organização, que comemora, este ano, quatro décadas. Executado em etapas, o plano começou a traçar novos caminhos para a associação com a mudança de sua sede, de Piracicaba-SP para Ribeirão Preto-SP, entre outras iniciativas que deram nova roupagem à entidade. À frente de sua administração na gestão 2013/2016, Manoel Carlos de Azevedo Ortolan explicou que a renovação estrutural visou oferecer aos seus associados uma entidade moderna e dinâmica, procurando sempre garantir um futuro seguro e rentável ao produtor de cana. Ortolan, que também administrou a ORPLANA entre 2001 a 2006, se despediu do cargo no dia 11 de março, durante AGO (Assembleia Geral Ordinária) quando ocorreu eleição para nova diretoria executiva e conselho fiscal. “Encerramos mais um período na ORPLANA e posso dizer que o ponto marcante dessa administração foi o projeto de reestruturação da nossa casa, que vem sendo implementado com muito sucesso. O fruto dessa mudança já pode ser visto na motivação dos as- sociados, na união, trabalho e presença nas ações realizadas. Com isso a ORPLANA ganha musculatura e, assim, mais forte, pode continuar no rumo que já foi traçado, implementando as iniciativas para estar mais próxima do fornecedor de cana-de-açúcar", afirmou o engenheiro agrônomo, ao passar o posto de presidente da organização para Eduardo Vasconcellos Romão. “Desejo que esta nova diretoria faça um bom trabalho e consolide a implantação da reestruturação. Sucesso para eles”, afirmou emocionado. O ex-presidente da entidade, Ismael Perina, agradeceu Ortolan pela dedicação durante seu mandado, como também pela amizade e companheirismo ao longo dos últimos anos na luta pela Manoel Carlos de Azevedo Ortolan, presidente da Orplana na gestão de 2013 a 2016 Revista Canavieiros - Março de 2016 Ismael Perina, ex-presidente da entidade melhora do setor. Também disse ao novo presidente que ele tem um grande desafio pela frente, mas não é motivo para desanimar. “Há de se aproveitar da experiência dos mais velhos e da vontade e garra dos mais novos e junto com a sua experiência levar adiante esta organização”, concluiu. O professor Marcos Fava Neves, que esteve à frente do “Caminhos da Cana”, projeto que resultou no plano de reestruturação da entidade, também parabenizou o ex-presidente, dizendo ser ele o grande responsável por startar e incentivar a todos na busca pela modernização da associação. Opinião compartilhada com Roberto Cestari, presidente da Oricana (Associação dos Fornecedores de Cana da Região de Orindiúva) e conselheiro da ORPLANA ao reforçar a importância do comprometimento de todos para vencer os obstáculos encontrados desde a criação da organização. O novo presidente é engenheiro agrônomo formado pela ESALQ/USP, especialista em logística empresarial pela UNESP Bauru (ver entrevista página 05) e presidente da Associacana (Associação dos Plantadores de Cana da Região de Jaú), onde realiza um trabalho muito valorizado pelos profissionais do setor, motivo pelo qual foi 51 cana, fortalecendo-os através da gestão profissionalizada, aprendizados compartilhados, posicionamento forte e decisivo junto a instituições e órgãos que interagimos”. Eduardo Vasconcelos Romão, novo presidente da Orplana e Manoel Ortolan indicado para comandar a ORPLANA nos próximos anos. “Agradeço o apoio e confiança de vocês, a união e o fortalecimento da nossa associação serão as principais características dessa gestão”, afirmou Romão, que tem em sua equipe: Gustavo Rattes de Castro, como vice-presidente e Maria Christina Clemêncio Gonzaga Pacheco, como tesoureira. Já o Conselho Fiscal é formado por Marcos Monazzi (Oricana); Pedro Sérgio Sanzovo (Associcana); Aldo Bellodi Neto, (Socicana); Armando Fábio de Abreu Nascimento Filho (Assovale); Tatiana Caiano Teixeira Campos Leite (Canasol) e Paulo Canesin (Canaoeste). Novos rumos O gestor executivo da ORPLANA, Celso Albano de Carvalho, coordenou a AGO (Assembleia Geral Ordinária), da qual participaram representantes de Celso Albano de Carvalho, gestor executivo da ORPLANA e Professor Marcos Fava Neves boa parte das 33 associações - presentes em cinco Estados - que compõem a organização. O executivo destacou a melhora do segmento canavieiro, comentando que o projetado é que a produção dos 17.017 fornecedores associados representem 73 milhões de toneladas de cana-de-açúcar no ciclo que se inicia em 01 de abril. Albano aproveitou ainda para agradecer e parabenizar Ortolan pelo trabalho executado em sua gestão. “Perdi meu pai cedo e tenho duas pessoas que me espelho nesta vida devido à integridade e profissionalismo. Uma delas é o Manoel Ortolan, a outra o Plínio Nastari, por isso, foi muito importante e representativo poder trabalhar junto a você, Manoel”, disse ele, afirmando que “estamos todos empenhados em transformar a ORPLANA no maior e principal porta-voz do fornecedor de Para Albano, a transição foi tranquila, mostrando que as mudanças que a ORPLANA se predispôs a fazer seguem totalmente suas bases e o projeto que vem sendo seu norte de gestão fortalece sua imagem perante suas associações-membro. De acordo com dados apresentados na ocasião, durante 2016 serão realizados diversos eventos a partir de Ribeirão Preto-SP percorrendo suas cinco macro-regionais com a terceira edição do Programa Caminhos da Cana, que desta vez, será mais “encorpado” contando com novas parcerias alinhavadas ano passado. Também serão realizados painéis de Custos Agrícolas que alcançarão as 33 entidades associadas, numa base amostral de 450 fornecedores de cana/ano de forma acumulativa; curso de extensão em custos sucroenergéticos, gestão de sistemas mecanizados; mercado da cana. Além de cinco workshops regionais com a consultoria DATAGRO; curso de tópicos avançados em cana-de-açúcar, pelo Programa de Qualidade e Excelência, elaborado em conjunto com o Centro Cana – IAC; cursos intensivos em produção de mudas pré-brotadas; encontros de todos os técnicos das associações- Revista Canavieiros - Março de 2016 52 Destaque III -membro alternadamente com CTC e IAC, buscando atualização e capacitação técnica e curso de entendimento e atualização na metodologia CONSECANA, em parceria com CEPEA/ESALQ/ USP Piracicaba-SP. “Criamos grupos e comitês de trabalho utilizando os próprios talentos profissionais das associações-membro, que iniciaram seus trabalhos em novembro passado. Os grupos são separados em técnico, jurídico, ambiental, relacionamento, comunicação e de indicadores. Assim, acreditamos em iniciarmos a implantação de mais cinco projetos a partir de 2016, ou seja, a ORPLANA começa uma nova fase de sua história, em pleno ano comemorativo de 40 anos”, encerrou Albano. A programação da reunião contou ainda com a apresentação do professor Marcos Fava Neves sobre o cenário do setor, com balanço de 2015 e panorama atual. Calcanhar de Aquiles “É preciso trabalhar com a base, fazê-la mais participativa e presente fortalecendo, assim, a entidade”, disse Maria Christina Pacheco, recémempossada tesoureira da nova gestão. Ela que também é presidente da Associação dos Fornecedores de Cana de Capivari-SP, tem uma história ligada à ORPLANA, tendo participado de outras diretorias, inclusive como vice-presidente da entidade. “Queriam ter na diretoria alguém que tivesse um pouco mais de conhecimento dos fatos do passado, da história da ORPLANA, pois o passado nos mostra caminhos que trilhamos que deram certo e os que não deram certo também, apontando um norte a seguir”, explicou ela. Ao destacar alguns dos fatos mais relevantes envolvendo a ORPLANA desde a sua fundação, Christina foi taxativa. “Eu acho que nós tivemos muita coragem em criar o CONSECANA. Eu fiz parte de todos os momentos, desde a primeira reunião, do primeiro pensamento em sentar com o pessoal da indústria - a gente não tinha este costume - e juntos pensar em fazer alguma coisa que pudesse substituir o IAA (Instituto de Açúcar e Álcool) quando eles caíssem fora. Eu acho que isso foi um grande feito, foi um grande marco que internacionalmente é considerado como um sistema interessante”, elucidou, ponderando que há necessidades de mudança para continuar seu sucesso. “Hoje o CONSECANA virou o nosso calcanhar de Aquiles já que não conseguimos atualizá-lo e isso é necessário, pois a realidade do setor agora é outra, ocorreram muitas mudanças, foram formados conglomerados, houve a entrada de capital estrangeiro com uma filosofia totalmente diferente, existem outros produtos, como o excedente do bagaço, enfim, este agora é o nosso grande desafio, atualizar o sistema”, finalizou. Questões ambientais Durante a reunião foram apresentadas ainda pelo advogado da Canaoeste, dr. Juliano Bortoloti, atualizações sobre fatos do protocolo ambiental, o qual prevê que as queimadas em áreas não mecanizáveis deverão ser abolidas até 2017 e sobre a convocação para audiência pública no dia 18 de abril feita pelo ministro Luiz Fox, do STF (Supremo Tribunal Federal) para discutir questões relativas ao novo Código Florestal. O ministro é relator de quatro Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs Maria Christina Pacheco, recémempossada tesoureira da nova gestão Revista Canavieiros - Março de 2016 Dr. Juliano Bortoloti, advogado da Canaoeste Dra. Helena Pinheiro Della Torre, do departamento jurídico da Assovale 4901, 4902, 4903 e 4937) contra dispositivos da Lei 12.651/2012 que alteraram o marco regulatório de proteção da flora e da vegetação nativa no Brasil. As três primeiras foram organizadas pela Procuradoria Geral da República (PGR) e a última pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). “O relator está tendencioso a dar incondicionalidade do código, o que significa que vamos perder alguns direitos de consolidar algumas áreas de produção, envolvendo áreas agrícolas de APPs e reserva legal”, explicou a dra. Helena Pinheiro Della Torre, do departamento jurídico da Assovale (Associação Rural Vale do Rio Pardo), na ocasião, alertando a necessidade de mobilização para reforçar as demandas do setor. Rotina do processo O secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, acredita não haver mudanças no marco regulatório. “Há muito tempo nós temos essas ADIs para serem julgadas e eu respeito a motivação. O próprio Ministério Público se mobilizou para apresentá-las, mas eu espero que nenhuma mudança ocorra, pois o novo Código Florestal está muito consolidado, em processo de implantação e aplicável sobre uma série de aspectos”, afirmou. Jardim ainda ressaltou que São Paulo tem também a sua legislação: o PRA (Programa de Regularização Ambiental) que consolidou diversos aspectos do código florestal e será implantado após o dia 5 de maio, quando se encerra o prazo para preenchimento do CAR (Cadastro Ambiental Rural).RC 53 Revista Canavieiros - Março de 2016 54 Destaque IV O mercado de açúcar e etanol para os próximos anos é tema de palestra em Guariba-SP O evento aconteceu na sede da Socicana e contou com a presença de representantes do setor sucroenergético, presidentes de associações, produtores, gestores de usinas e agrônomos de cooperativas Fernanda Clariano com informações da assessoria Q ue 2015 foi um ano cheio de desafios todo mundo já sabe, porém as prospecções para o setor sucroenergético na safra de 2016/2017 são positivas, de acordo com a avaliação feita pelo doutor em economia agrícola, Plínio Nastari, que comanda a Datagro, de Barueri, na região metropolitana de São Paulo, uma das mais renomadas consultorias especializadas na cadeia sucroenergética. Diariamente, ele e sua equipe com mais de 110 pessoas e seis escritórios, sendo dois deles fora do país, acompanham as movimentações dos mercados de açúcar e etanol, milho, soja, café e também o mercado de gado. No último dia 24 de fevereiro, Nastari foi convidado pela Socicana para explanar sobre as “Perspectivas do mercado de açúcar e etanol para os próximos dois anos”. A palestra aconteceu no auditório da entidade em Guariba-SP e contou com a presença de representantes do setor como o presidente da Canaoeste (Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo), Manoel Ortolan, o diretor executivo da Abag/RP (Associação Brasileira do Agronegócio da Região de Ribeirão Preto), Marcos Matos e Mônika Bergamaschi, presidente do Ibisa (Instituto Brasileiro para Inovação e Sustentabilidade do Agronegócio), além da diretoria da Socicana, produtores, gestores de usinas, agrônomos de cooperativas, presidentes de associações ligadas à Orplana. Segundo os dados divulgados por Nastari, a região Centro-Sul deverá produzir, na safra 16/17, 625 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, 5 milhões de toneladas a mais do que ocorreu na safra anterior (620 milhões). Já a previsão para a produção de etanol é Plínio Nastari apresentou as movimentações dos mercados agrícolas no país de cerca de 28 bilhões de litros (safra 2015/2016 foram - 28,32 bilhões de litros). Ainda de acordo com o consultor, em 2015, o consumo de etanol hidratado combustível chamou atenção do setor, com recorde histórico (17,823 bilhões de litros) crescimento de 37,2% em relação a 2014. Para o açúcar, a expectativa de produção é de 33,8 milhões de toneladas, frente as 31,18 milhões de toneladas da passada. Mix de produção O Brasil é responsável por 35,3% da produção mundial de cana, e para a safra 2016/2017, o mix de produção deve ser de 57,3% para o etanol e 42,7% para o açúcar. Em 2015/2016, o mix era respectivamente 59,6% e 40,4%. Apesar do pequeno crescimento da produção de açúcar no país, as perspectivas apontam para um déficit de 7,69 milhões de toneladas da commodity no mundo, o que pode contribuir para um aumento internacional dos preços. A Índia deve reduzir a produção de açúcar de 25,5 milhões de toneladas na safra 15/16 para 23 milhões de toneladas 16/17. A Tailândia também deve Revista Canavieiros - Março de 2016 reduzir. Na União Europeia, o mercado interno é protegido por elevadas tarifas de importação. Os Estados Unidos possuem um mercado interno protegido, cujo preço fica artificialmente elevado para manter os produtores domésticos. A Rússia, que já foi o maior importador, possui tarifa elevada para manter a indústria local. Mesmo com uma política de restrição, a China deve aumentar a importação de açúcar”, explicou o analista. Nastari ainda aproveitou a ocasião para fazer críticas às políticas para o setor. “Apesar da falta de políticas públicas adequadas e de uma regulamentação mais inteligente como a gente passa a enxergar em alguns outros países, o setor cresceu, avançou a produção e o consumo, mas o Governo precisa deixar o mercado funcionar”, disse consultor que também enfatizou a importância do papel do setor sucroenergético para a economia do país. “Em momentos de crise econômica, a importância do setor sobressai. O setor não trata apenas de alimento e energia, é um projeto de desenvolvimento econômico que atinge vários Estados”, afirmou. RC 55 Revista Canavieiros - Março de 2016 56 Destaque V Bonsucro certifica produtores de cana-de-açúcar brasileiros Principal certificadora mundial de produção sustentável na cadeia sucroenergética usou modelo do Brasil para criar padrões internacionais Andréia Vital A agroindústria canavieira brasileira sempre esteve na vanguarda do setor sucroenergético e, mais uma vez, marca ponto neste quesito, já que o Brasil ganhou o título de primeiro país a ter produtores certificados pela Bonsucro, uma organização internacional que estabelece princípios e critérios socioambientais para cultivo da cana em todo o mundo, permitindo a certificação de seus produtos derivados. A decisão foi divulgada neste dia 8 de março durante reunião realizada em Londres, onde fica a sede da certificadora, e conferiu aos fornecedores de cana-de-açúcar ligados à Assobari (Associação dos Fornecedores de Cana da Região de Bariri-SP) o certificado de produtores sustentáveis, ou seja, que produzem de acordo com a legislação vigente, com respeito ao meio ambiente e aos direitos humanos. A associação já tinha um Protocolo de Qualidade Agro Socioambiental, iniciativa pioneira realizada desde 2008, em parceria com a usina Della Coletta e o SEBRAE. “A norma de qualidade é renovada anualmente mediante o cumprimento de 300 itens, que incluem ações de proteção ambiental de APPs e APAs, solo e de reflorestamento, orientações e cuidados no armazenamento de produtos químicos; treinamento prévio de operação de agrotóxicos e equipamentos; assistência médica e hospitalar, entre outros”, explica o presidente da Assobari, Acácio Masson Filho. Para ele, a certificação muda radicalmente o perfil do produtor e os benefícios de serem sustentáveis podem ser traduzidos com a abertura de novos negócios, pois as exigências são cada vez maiores para a comercialização de produtos. “A certificação é uma condição compulsória hoje, porque você vai ficar fora Acácio Masson Filho, presidente da Assobari Ulisses Fanton, diretor vice-presidente da Assobari do mercado internacional se não a tiver. No final do ano passado, eu participei de uma reunião do Pacto Global da FAO (Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) e fundamentalmente só se usou a palavra sustentabilidade, então a gente tem que se encaixar neste assunto imediatamente, o mais breve possível e no nosso caso felizmente já estamos inseridos neste contexto”, afirmou o presidente. certificados; maior quantidade em valor de ATR (Açúcar Total Recuperável); menor utilização de fertilizantes químicos e agroquímicos; controle de estoque de produtos para lavoura canavieira e visão gerencial global a longo prazo da propriedade”, elucidou. A Assobari foi fundada há 10 anos e tem, atualmente, perto de 300 associados, sendo que 50% deles receberam o selo da Bonsucro. “Esses produtores já estavam preparados, produzindo dentro dos padrões exigidos, agora os demais deverão receber a certificação nos próximos 12 meses”, afirma. De acordo com Ulisses Fanton, diretor vice-presidente da Assobari, devido ao pioneirismo, os desafios enfrentados até chegar à certificação foram muitos. “Além de elaborar as normas, tivemos que conscientizar o produtor para atendê-las, das boas práticas agrícolas voltadas para a sustentabilidade e mostrar que teriam benefícios como gestão de qualidade interna, nas propriedades e documental; maior produtividade na cana de açúcar entregue pelos nossos associados Revista Canavieiros - Março de 2016 Ismael Perina, presidente da Câmara Setorial do Açúcar e do Álcool, que é ligada ao MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) lembrou que o primeiro passo foi quebrar o paradigma já que não existia uma certificação específica para produtor, somente para as usinas e sua produção de cana. “Especifica para o produtor, levando em conta suas características não existia, então era preciso criar um modelo e isso tudo foi acontecendo nos últimos anos”, afirmou. O agricultor ressaltou ainda que a produção que atende padrões internacionais pode representar preços mais vantajosos, já que a tendência é de valorização cada vez maior para as lavouras certificadas. Para o presidente da Canaoeste (Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo), Manoel Ortolan, a participação das associações no suporte às ações de sustentabilidade da cadeia agrícola canavieira é essen- 57 cial. “Hoje o produtor vive outra realidade diante das mudanças ocorridas no setor nos últimos tempos, principalmente com relação à mecanização. Neste contexto, a certificação é muito importante porque vai trazer melhoria de qualidade para as pessoas, tanto para o produtor e para o trabalhador, como para a sociedade na medida em que oferecemos produtos ambientalmente mais corretos, produtos renováveis”, disse ele, afirmando ainda que o setor sucroenergético já contribui muito neste sentido e a intenção, trabalhada já durante a sua gestão, é de que ORPLANA, da qual é ex-presidente, possa dar uma alavancada em busca da certificação dos produtores de suas associações. Sugestão que já faz parte dos projetos da certificadora conforme afirmou Bruno Rangel Geraldo Martins, presidente da Socicana (Associação dos Fornecedores de Cana de Guariba) e diretor do Conselho de Administração da Bonsucro, sendo o representante dos produtores de cana-de-açúcar do Brasil na certificadora. “A Bonsucro reconheceu o protocolo da Assobari e isso nos dá um rumo a seguir, agora temos que trabalhar para certificar outros produtores. No caso da Socicana, embora não estejamos tão avançados como a Assobari, já temos um protocolo desenvolvido e estamos no caminho para viabilizaá-lo o protocolo e em seguida receber o reconhecimento da Bonsucro”, afirmou, contanto que a certificadora desenha um plano estratégico para aumentar o número de usinas e produtores sustentáveis e a aproximação da ORPLANA neste sentido é fundamental. Bruno Rangel Geraldo Martins, presidente da Socicana Olhos focados no Brasil O Brasil é muito importante no tocante a que se refere o setor sucroenergético afirmou Simon Usher, presidente da certificadora, durante sua passagem pelo Brasil em outubro passado, onde coordenou a Bonsucro Week 2015, uma reunião anual promovido pela certificadora, na Capital paulista. Com o tema “Informe, Aprimore e Inspire - Criando Valor Duradouro através da Cana de Açúcar” o evento, realizado pela primeira vez em solo brasileiro, contou com a participação de profissionais de 25 países e programação que inclui visitas a usinas, associações e centros de pesquisas. Em breve, Usher deverá voltar ao país. Em entrevista exclusiva para a Revista Canavieiros, ele disse querer se aproximar mais da realidade brasileira e a ideia principal neste sentido, é se reunir com a ORPLANA para começar a costurar o projeto de certificação dos produtores de suas associadas. Leia: Revista Canavieiros - A associação foi a primeira entidade no mundo a implantar um projeto de certificação na produção de cana-de-açúcar e agora também, foi a primeira a conseguir um selo de reconhecimento internacional, com a certificação Bonsucro. O senhor poderia explicar como foi o processo até chegar na cerificação? Usher: A certificação Bonsucro foi criada para incluir tanto a usina como seus fornecedores. Muitos grupos de usinas no Brasil escolheram como áreas a serem certificadas somente as terras de sua propriedade e que tinham controle direto. Em 2014, agricultores do Brasil, Austrália, África do Sul e Colômbia avaliaram como a Bonsucro poderiam melhor apoiar a comunidade agrícola, independente da forma a alcançar um desempenho de sustentabilidade, ganhando um reconhecimento pelo seu empenho e práticas. Em 2015, sob a supervisão desses agricultores, a Bonsucro desenvolveu um protocolo adicional e direcionado ao reconhecimento dos grupos de agricultores, independente de uma usina certificada pelo padrão de produção Bonsucro. Este protocolo foi testado com sucesso pela Assobari, em dezembro de 2015. Já em março deste ano, o Conselho Diretor da Bonsucro aprovou oficialmente a publicação do protocolo de reconhecimento do produtor sustentável, permitindo assim que os agricultores mundiais sejam reconhecidos por suas conquistas. Revista Canavieiros - O modelo de certificação da Assobari serviu de exemplo para a Bonsucro já que a certificadora não havia certificado outros produtores de cana-de-açúcar? Usher: Correto, a Bonsucro foi inspirada pelas inovações realizadas pela Assobari em termos de criação e impleRevista Canavieiros - Março de 2016 58 mentação de um modelo para apoiar os produtores de cana-de-açúcar em sua associação, utilizando-se de práticas que atingem o nível definido internacionalmente pelo padrão Bonsucro. Esta interpretação local de um padrão internacional é um excelente exemplo a ser seguido. Revista Canavieiros - Quais são os desafios que outras associações no Brasil terão que vencer para conseguir o selo da Bonsucro? Usher: O padrão Bonsucro é criado como um quadro de desempenho, exigindo produtores que demonstrem que estão cumprindo com uma boa produtividade (como o peso da cana-de-açúcar colhida à quantidade de adubo aplicada), bem como a sua conformidade com todas as leis relevantes brasileiras. Qualquer associação que queira desenvolver o seu próprio protocolo precisará ter a aptidão e conhecimento técnico para implementar práticas que atendam a todos os aspectos do padrão Bonsucro. A Assobari mostrou ter a determinação e visão do futuro tornando o reconhecimento uma possibilidade. Revista Canavieiros - A lei trabalhista e ambiental no Brasil é mais rígida do que em outros países, isso pode ser um obstáculo a mais a ser enfrentado, já que a certificação é baseada nas leis de cada país? Usher: A certificação é uma ferramenta que permite outras partes interessadas a ganhar mais confiança na Destaque V organização auditada. É verdade que a Bonsucro, como todas os padrões credíveis, exige uma demonstração da conformidade com a legislação local e, em alguns casos, as leis internacionais. O que Assobari conseguiu com o seu protocolo foi traduzir a legislação brasileira pertinente em critérios de conformidade individuais, deixando claro o que cada agricultor é obrigado a cumprir. Revista Canavieiros – Quais são os requisitos para uma usina e produtores receberem o certificado? Usher: A certificação Bonsucro atesta as práticas sustentáveis permitindo a exportação de derivados da cana-de-açúcar para países da União Europeia e Ásia. O certificado tem validade de três anos e, para conquistá-lo, as empresas são avaliadas levando em conta 48 indicadores e cinco princípios, que visam reduzir impactos ambientais e sociais na produção de açúcar, etanol e energia provenientes da cana. Eles vão desde a manutenção da biodiversidade até o aperfeiçoamento contínuo do setor. Revista Canavieiros – O senhor tem previsão de participar de reunião com representantes da Orplana (Organização de Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil), a fim de alinhar o processo de certificação das associadas da entidade, que tem 33 associações filiadas, representando mais de 17 mil produtores de cana e movimenta mais de 70 mil milhões de toneladas de cana? Revista Canavieiros - Março de 2016 Usher: O Centro-Sul do Brasil é a uma região de cultivo de cana muito importante no mundo. A Bonsucro está disposta a trabalhar com a Orplana para apoiar seus objetivos em trazer todos os produtores de cana em um processo de melhoria contínua e certificação. Em reconhecimento da importância estratégica do Brasil e da região para o mundo da cana-de-açúcar, a Bonsucro nomeou um Diretor Regional, Miguel Hernandez, para trabalhar diretamente com as organizações de produtores. Revista Canavieiros - De um modo geral, como anda o processo de certificação no Brasil? Usher: O Brasil é o principal exportador de produtos de cana-de-açúcar. O potencial de crescimento do mercado de exportação para este setor do Brasil baseia-se fortemente sobre a percepção pública internacional dos produtores brasileiros. Sendo isso verdade, que o Brasil é o primeiro fornecedor de produtos certificados Bonsucro como também é responsável pelo maior número de usinas certificadas: 40 das 47 já certificadas. No entanto, existem muitas usinas e produtores que não fazem parte de um programa de melhoria ligada à certificação. São estes produtores que colocam a reputação do setor sucroalcooleiro do Brasil em risco. O reconhecimento da Assobari reforça a liderança do Brasil em implementar a sustentabilidade na área agrícola. Nós encorajamos todos os produtores brasileiros a seguirem o exemplo. RC 59 Revista Canavieiros - Março de 2016 60 Destaque VI CEISE Br lança Manifesto pela Ampla Reforma da Administração Nacional Fernanda Clariano U m documento que apresenta a realidade do setor sucroenergético, principalmente da indústria de base e serviços, e as reivindicações para a retomada não só da cadeia produtiva da cana-de-açúcar, mas de toda a economia brasileira, foi lançado na noite de 10 de março pelo CEISE Br (Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis). O lançamento do Manifesto pela Ampla Reforma da Administração Nacional reuniu no Espaço Vip, em Sertãozinho-SP, autoridades locais, associados ao CEISE Br, entidades de classe e empresários. A iniciativa pleiteia a todos os agentes políticos do Brasil, bem como aos agentes judiciários, ações que permitam a imediata e inevitável reforma da Nação, considerando os aspectos macroeconômicos, trabalhistas e setoriais. De acordo com Paulo Gallo, presidente do CEISE Br, a proposta do documento é sensibilizar as autoridades de todas as esferas de Governo quanto à necessidade urgente da reestruturação da economia do país, propondo algumas mudanças na área jurídica, trabalhista e setorial, principalmente para a cadeia produtiva da cana-de-açúcar. “Sertãozinho, no ano passado, perdeu quase 5 mil postos de trabalho e o Brasil cerca de 1,6 milhão nos últimos 12 meses. Além disso, não temos segurança jurídica, tributária e nem confiança econômica, e isso nos leva à redução de investimentos, a estagnação da economia e a instabilidade social, o que dificulta empreender”, afirmou Gallo que também comentou sobre o trabalho incessante que o CEISE Br tem feito junto a outras entidades para buscar soluções para o setor. “Temos ampliado os nossos esforços junto aos órgãos governamentais em Autoridades como o prefeito José Alberto Gimenez discursou a favor da causa busca de soluções que possam mitigar as nossas dificuldades. Foram criadas frentes Parlamentares em defesa do setor tanto no nível estadual quanto no nível federal; e fizemos inúmeras viagens a São Paulo e Brasília. Participamos ativamente dessas frentes parlamentares levando o nosso apoio e se fazendo presente, porque acreditamos que não podemos ficar parados esperando que as coisas melhorem por si. Este Manifesto é uma forma de apresentarmos as nossas dificuldades e necessidades, e sabemos que ações políticas proativas, propositivas, consensuais, organizadas e, acima de tudo, civilizadas, são fundamentais nessa nossa caminhada”, avaliou. O prefeito municipal, José Alberto Gimenez, também participou do lançamento do Manifesto e apresentou os números da economia da cidade. Segundo ele, a arrecadação tem caído muito e a situação é preocupante. O recolhimento do ISS está 11% menor em 2016, em relação ao mesmo período do ano passado, e o ICMS tem variado entre 5% e 6% também a menor”, citou Gimenez, que ainda afirmou que a iniciativa do manifesto é extremamente importante para o setor mostrar suas urgências. “Não podemos esperar que os outros resolvam para nós”, acrescentou o prefeito. Revista Canavieiros - Março de 2016 Presente no evento, o diretor do CEISE Br e diretor Administrativo Financeiro da Sicoob Cocred, Márcio Fernando Meloni, ressaltou que o que levou a entidade a propor o manifesto foram as dificuldades dos empresários, já que o momento da economia brasileira traz uma grande insegurança jurídica e trabalhista. “Diante da situação em que nos encontramos hoje, identificamos a necessidade de unir as forças do setor produtivo e entidades de representação, para buscarmos soluções adequadas e passar esse país a limpo. O manifesto abordou os desafios propostos pela economia e também a necessidade de reformas estruturais nas áreas política, tributária, previdenciária e, principalmente, trabalhista – que impõe um fardo muito pesado para as empresas e precisa urgentemente ser revisto e flexibilizado, para que os empresários continuem contribuindo com a geração de emprego, já que vemos claramente que um país não sobrevive apenas com os programas sociais de distribuição de renda, ainda mais quando as regras dos mesmos não são claras como deveriam. Então, de forma sucinta, a nossa intenção é tornar o setor ainda mais forte, para contribuirmos efetivamente com a distribuição de renda e com a melhoria do cenário econômico”, enfatizou Meloni. RC 61 Revista Canavieiros - Março de 2016 62 VENDE-SE - Trator Valtra BM 110, ano de fabricação 2012, com 1.855 horas, seminovo. Tratar com Vandir Júnior pelo telefone (16) 9 9747-7111. VENDEM-SE - Ovinos, liquidação de Plantel, criador há 15 anos: Ovelhas, borregas, filhotes e reprodutores. Tratar com Paulo Geraldo Pimenta, pelos telefones (16) 3818-2410 (escritório) ou (16) 9 8131-5959. VENDE-SE - Colhedora de grãos MF 3640, série 300.000, peneira longa, 1987, revisada para safra 16, bomba injetora com garantia plataforma de soja 14 pés. Valor R$ 27.000,00. Tratar com: Antonio Carlos Cussiol pelo telefone (16) 9 9606-9977. - Caminhonete C-10, ano 71, bom estado de conservação, gasolina. Tratar com Luciano pelo telefone (19) 9 9828-3088. VENDE-SE Tanque de Expansão de 1.200 litros. Tratar com Milton Garcia Alves pelos telefones (16) 3761-2078 ou (16) 9 9127-8649. VENDE-SE Terreno de 2.000 metros em excelente localização. Ótimo para chácara. Tratar com Antonio Celso Magro pelo telefone: (16) 9 9211-1916. VENDEM-SE - Conjunto completo de equipamento para combate a incêndio, R$ 35.000,00; - Patrol - máquina moto niveladora, marca Dresser, modelo 205-c, 1988, revisada, pneus novos, motor novo cumins, em bom estado, R$ 80.000,00; - Caminhão Volks 31260, 2006, com carroceria e carreta reboque Fachini de 2 eixos para cana inteira, em bom estado. Tratar com Marcos Aurélio Pinatti pelos telefones (17) 3275-3693 ou (17) 9 9123-1061. VENDEM-SE - 01 bazuca com capacidade de 6.000 Kg, Maschietto - R$ 4.000,00; - 01 Pá carregadeira, modelo 938 GII, ano 2006, série 0938 GERTB, em bom estado de conservação. R$ 130.000,00; - 01 conjunto de irrigação completo com fertirrigação, filtro de areia e gotejador Uniram Flex 2,31 x 0,70m com +\30 mil metros, sem uso. R$ 52.000,00; - 01 Trator modelo BH 205, gabinado, completo com ar-condicionado e hiflow, ano 2010, com 4.241,3 horas de uso. R$ 110.000,00; - 01 Trator modelo BH 205, gabinado, completo com ar-condicionado e hiflow, ano 2010 com 5.356,1 horas de uso. R$ 110.000,00; - 01 Compressor, modelo ACC115, motor 115 HP/84KW, pressão de trabalho 06 BAR, Fad 350 pés cúbicos por minuto, peso 1950 Kg, acoplado com carreta. R$ 95.000,00; Tratar com Furtunato pelos telefones (16) 3242-8540 – 9 9703-3491 ou [email protected] Prazo a combinar. VENDEM-SE - Sítio de 14 alqueires, com APP e Reserva Legal formadas, excelente para gado (leite e corte) e piscicultura (2 minas com 1 milhão de litros/dia, rio ao fundo e um córrego em um dos lados), em Descalvado/SP; VENDEM-SE - 02 bombas Jacto Condor de 600 lts ano 2003, no valor de R$ 7.000,00 cada; - 01 grade niveladora de 44 discos x 22 polegadas, Piccin, R$ 5.500,00. Tratar com Wilson pelo telefone (17) 9 9739-2000 - Viradouro SP. VENDEm-SE - Curral de cordoalha, palanques de aroeira cerrada 15/15, 16 anos de vida, 20m /30m de comprimento, palanques de 2 em 2 metros, em Pereira Barreto-SP. Tratar com Arnaldo pelo telefone (16) 9 9962-0247. Revista Canavieiros - Março de 2016 VENDEM-SE - 01 Perua Kombi ano 1994, cor branca, pneus em bom estado, gasolina; - 01 Corsa Wind 1.0, ano 2002, cor branca, pneus em bom estado, 04 portas álcool; - 01 Perua Kombi, ano 1995, cor branca, motor em bom estado, pneus em bom estado, gasolina; - 01 Caminhão D60, ano 1971, toco, azul, 04 pneus novos, motor perkins, em bom estado, com carroceria de madeira, diesel. Tratar com a empresa Limpsert pelo telefone (16) 3945-9335. VENDE-SE Amarok, com ar-condicionado, direção hidráulica, vidros elétricos, alarme, trava elétrica 2012/2012, cor prata, cabine dupla, 4 portas, diesel. Tratar com Fernando pelos telefones (14) 9 9677-9396 ou (14) 3441-1722. VENDEM-SE - Fazenda no município de Buritizeiro com área de 715 hectares, toda cercada, 200 ha para desmate, 300 ha formados, 2 córregos e 1 barragem, casa, curral, energia elétrica a 400 metros (aguardando instalação), propriedade a 6 km de Buritizeiro (Rio São Francisco). Valor R$ 2.500.000,00; - Sítio em Buritizeiro com área de 76,68 hectares, formado, casa e curral, energia elétrica, cercada a 18 km de Buritizeiro (Rio São Francisco) valor R$ 250.000,00. Tratar com Sérgio pelos telefones (16) 9 9323-9643 (Claro) e (38) 9 98493140 (Vivo). VENDEM-SE - Kombi/09, branca, flex, STD, 9 passageiros, único dono 135.000km, perfeito estado de conservação; - Camioneta Silverado 97/98, prata, banco de couro, diesel, único dono, bom estado de conservação; - F.4000 91/92, prata, segundo dono, MWM, funilaria, pintura e carroceria reformadas, mecânica em ordem. Tratar com Mauro Bueno pelos telefones (16) 3729-2790 ou (16) 9 8124-1333. 63 VENDEM-SE -Fazenda localizada no município de São Roque de Minas, com área de 82,7 hectares, contendo: Casa antiga grande, energia elétrica, queijeira, curral coberto, aproximadamente 20.000 pés de café em produção, água por gravidade, 3 cachoeiras dentro da propriedade, vista panorâmica do parque da serra da canastra; - Eliminador de soqueira usado e em bom estado. Tratar com: José Antônio (16) 9 9177-0129. VENDEM-SE - Palanques de Aroeira; - Madeiramento, Vigas, Pranchas, Tábuas, Porteiras, Moirões e Costaneiras até 3m. Tratar com Edvaldo pelos telefones (16) 9 9172-4419 (16) 3954-5934 ou pelo e-mail: [email protected] VENDE-SE Resfriador de leite RF 2000, Tecnofrio, seminovo. Encontra-se na Fazenda em Sacramento –MG, encerramento da atividade leiteira, pagamento facilitado. Tratar com Álvaro pelos telefones (16) 9 9740-4316 ou (16) 3945-1780. VENDE-SE Chácara com 2.242 m², na região de Ribeirão Preto, casa com 3 quartos, 1 sala de estar e 1 sala de jantar, cozinha, 1 banheiro interno e 1 externo, área externa com piscina, murada e com pomar. Tratar com Alcides ou Patrícia pelos telefones (16) 9 9123-5702 ou 9 9631-8879. VENDE-SE Trator Valtra B.H 165 com cabine de fábrica, ar-condicionado, ano de fabricação 2.009, com 630 horas. Tratar com Neif pelo telefone (34) 8719- 9338. VENDE-SE Sítio em Cajuru, 3 alqueires formados em pasto, 2 casas, represa e outras benfeitorias. Tratar com Carlos pelo telefone (16) 9 9264-4470. VENDE-SE Sítio com 13 alqueires, localizado na Vicinal Vitor Gaia Puoli - Km 2, em Descalvado-SP, em área de expansão urbana, com nascente, rio, energia elé- trica, rede de esgoto e asfalto. Tratar com o proprietário - Gustavo F. Mantovani, pelos telefones: (19) 3583- 4173 e (19) 9 9767-3990. PROCURAM-SE Glebas de Cerrado em pé, no Estado de São Paulo, para reposição Ambiental. Não pode ser mata. Área total da procura: Cinco mil hectares, podendo ser composta por várias áreas menores. Documentação Atualíssima, com: CCIR/CAR/Certificação de (Georreferenciamento) Georreferenciamento/ mapa do perímetro da área em KMZ e Autocad/Bioma:/vegetação. Valor por hectare, condição de pagamento e opção de venda. Tratar com Ricardo Pereira pelo e-mail e telefone – [email protected] – (16) 9 8121-1298. VENDEM-SE - Plantadeira de cana “Distribuidora Antoniosi” GS 1102, seminova com 700 horas de uso, preço de ocasião, com financiamento através do Banco do Brasil, com parcelas vencíveis até 2019, ou seja 4 anos; - Repetidora com fonte de alimentação CV 15F, marca Intraco com estação repetidora RC7020, marca intraco; - Torre para antena com 30 metros; - Rádio fixo UHF 7000, marca Intraco, com fonte Mod CV 05, marca Intraco, com dimensão de alcance de até 300 km; - Carroceria de ferro de 8 metros para plantio e transporte de cana inteira, marca Galego, 2008; - 2 Rolos compactadores para adaptar em escalificador (sem uso) R$ 1.000,00, Civemasa; - 1 Conjunto para transporte de cana picada, sendo 1 carroceria e 2 julietas; - 2 pneus seminovos ref, 18-4-38 – 12 lonas Pirelli com 2 rodas seminovas (aro e disco) 18-4-38; - 2 pneus seminovos ref. 14-9-28 – 10 lonas Pirelli com 2 rodas seminovas (aro e disco) 14-9-28; - Propriedade agrícola com 51 alqueires paulista, com 48 alqueires plantado em cana-de-açúcar sendo a maioria de 2º corte, totalmente plana na melhor região de Frutal, próximo a 2.000 metros do bim do Cutrale e 11 km de asfalto e 2 km de terra até a cidade de Frutal-MG, com as devidas benfeitorias e distância de 29 km da Usina Coruripe e 17 km até a Usina Frutal; - Propriedade agrícola de 58 alqueires paulista com 47 alqueires plantados em cana-de-açúcar, sendo a maioria de 2º e 3º corte, a 2 km do asfalto ótima localização e excelentes benfeitorias na região de Frutal-MG, com distância de 25 km da Usina Coruripe e 40 km da Usina Cerradão; “Sendo que em ambas as propriedades aceita-se permuta com áreas maiores ou menores”; - Caminhão prancha, diesel, MB L1113 ano 1970, cor vermelho original, pneus seminovos prancha 3,5 metros de largura reforçada com plataforma e chassi alongado em perfeito estado, único dono. - Camionete D-10, gabine dupla, ano e modelo 1984, marrom com bege, turbinada, direção hidráulica, em bom estado de conservação. Tratar com Marcus ou Nelson pelos telefones (17) 3281-5120, (17) 9 81581010 ou (17) 9 8158-0999. VENDE-SE Amarok prata, cabine simples - 4x2 Ano 2012 - 70.000 km, único dono. R$ 58.000,00. Tratar com Alexandre Moré pelo telefone (18) 9 9716-4562 VENDEM-SE - S10 tornado, 2009, prata, cabine dupla, diesel 4x4; - D20, 1992, vinho, turbo de fábrica; - D20, 1987, branca e bege, motor com 1000 km; - Montana Sport, 2012, prata; - F250 XLT, 2003, preta; - Uno 2012, Vivance, preto; - F4000 1989, cinza, carroceria madeira; - Trator MF 50x1973, MB 1313, carroceria truck, 1979, vermelho, motor zerado; - Saveiro 1991, álcool, prata, motor com 1000 km; - Gol 2000, álcool, prata. Tratar com: Diogo (19) 9 92136928, Daniel (19) 9 9208-3676 e Pedro (19) 9 9280-9392. VENDE-SE - Carregadeira CMP 1.200 Master, BM 85 4X4, 2007, R$ 57.000,00. Tratar com Cláudio pelo telefone (16) 9 9109-8693. VENDEM-SE - Caminhão VW 26310, ano 2004 canavieiro 6x4, cana picada; - Carreta de dois eixos, cana picada Revista Canavieiros - Março de 2016 64 – Rondon. Tratar com João pelos telefones: (17) 3281-1359 ou (17) 9 9732-3118. Tratar com José Gonçalo pelo telefone e/ou e-mail (16) 9 9996-7262 – [email protected]. VENDE-SE Área de mata fechada para reserva ambiental de 90 hectares, Guatapará/ Pradópolis -SP, R$ 27.000,00 o hectare. Tratar pelo telefone: (16) 9 9992-1910. VENDEM-SE - Mudas de seringueira, Clone RRIM 600 com alta produção de látex. Viveiro credenciado no RENASEM Nº SP 14225/2013, localizado na Rodovia Vicinal Carlos Deliberto, a 2 Km da rotatória que leva à Usina Moema, município de Orindiúva-SP. Preço: R$ 4,50/muda; -Fazenda com 48 alqueirões no município de Carneirinho-MG, localizada próxima da rodovia asfaltada. Ótimo aproveitamento para plantio de cana, seringueira e/ou pastagens. Preço: R$60.000,00/alqueirão; -Imóvel sobradado em Ribeirão Preto - SP, localizado na Av. Plínio de Castro Prado, com salão e WC privativos, sacada, 03 dormitórios, sendo 1 suíte, armários embutidos, banheiro social, sala, sala de jantar, jardim de inverno, cozinha com armários, área de serviço, quarto com estante em alvenaria, WC, despensa, varanda coberta, ótima área externa. Excelente ponto comercial. Área construída: 270 m². Tratar com Marina e Ailton pelos telefones: (17) 9 9656-3637 e (16) 99134-8033 - Marina (17) 9 96562210 e (16) 9 9117-2210 – Ailton. VENDE-SE Destilaria completa com capacidade para 150.000 litros de etanol hidratado por dia. Composta por preparo de cana com picador, nivelador, desfibrador, turbina e esteira de 48”; 4 ternos de moenda 20 x 36 com turbina e 2 planetários TGM; caldeira; destilaria; trocadores de calor; tratamento de caldo e Gerador 2000 KVA, enfim, Destilaria completa a ser realocada. Na última safra obteve uma moagem de aproximadamente 350.000 toneladas. Preço a combinar. Localizada no município de Tambaú-SP. Tratar com Edson pelos telefones e/ou e-mail (19) 9 9381-3391 / 9 9381-3513 / 9 9219-4414, e-mail: [email protected]. VENDE-SE Gleba de terras sem benfeitorias (30 alqueires), boas águas, arrendamento de cana com Usina ABENGOA (Pirassununga). Localizada no município de Tambaú-SP (Fazenda família Sobreira). Tratar com proprietário, em Ribeirão Preto, pelos telefones: (16) 3630-2281 ou (16) 3635-5440. VENDEM-SE - Transformador trifásico de 15 KWA, preço R$ 2.400,00; - Transformador trifásico de 30 KWA, preço R$ 2.600,00. Tratar com Chico Rodrigues pelos telefones: (16) 9 9247-9056 ou (16) 3947-3725 ou (16) 3947-4414. VENDEM-SE - Sítio de 9 alqueires, sem mato ou brejo (100% aproveitável) em OlímpiaSP, a 5 km Usina Cruz Alta, 10 minutos dos Thermas dos Laranjais, 25 minutos de Rio Preto, 35 minutos de Barretos, plaino, na rodovia, sem benfeitorias, mas com energia na propriedade; - Sítio Arlindo - município de Olímpia, área de12 alqueires, casa de sede, área de churrasco (100 m²), casa de funcionário reformada, pomar e árvores ao redor da sede, 4 alqueires de mata nativa de médio/grande porte, terras de "bacuri" (indicador de terras muito férteis). Rede elétrica nova, divisa com fazenda Baculerê, distância de 25 Km de Olímpia. Tratar com David pelo telefone: (17) 9 8115-6239. VENDEM-SE LIQUIDAÇÃO GIROLANDO E GIR PO - 4 touros GIR PO, 1 com 18 meses e 3 com 26 meses; - 11 novilhas girolando, grande sangue 3/4 e 5/8, todas de inseminação. Seis já estão prenhas; Obs.: Sítio localizado na cidade de Santo Antônio da Alegria - SP, há 15 anos trabalhando com inseminação. VENDEM-SE - Motor de 75CV com bomba KSB 100/6 revisada e sem uso; - Chave de partida ''a óleo"; - Transformador de 75 KVA; - Postes duplos T de cimento; - Chaves de alta, para raios, cabo e etc. Tratar com Francisco pelo telefone (17) 9 8145-5664. Revista Canavieiros - Março de 2016 VENDE-SE Ordenhadeira mecânica completa com 4 unidades, Usinox. Obs: também funciona quando ligada no trator. Tratar com José Augusto pelo telefone (16) 9 9996-2647. VENDEM-SE - Sítio em Cravinhos, área 15 alqueires com 12 de cana de açúcar. Sem benfeitoria, 2 km do asfalto; - Imóvel comercial (PRÉDIO), localização: Ribeirão Preto / Av.João Fiusa Alugado Por R$ 48.000,00, valor R$ 10.000.000,00; - Imóvel Comercial (PRÉDIO), localização: Ribeirão Preto / Centro Excelente para Agência Bancária área construída: 800m², valor R$ 4.500.000,00; - Casa Condomínio Colina Verde / Ribeirão Preto, área total: 3.500m², área construída: 1.500m², 4 suítes + 1 apto de hospedes anexado a casa, 8 vagas de garagem, valor R$ 5.800.000,00. Tratar com Miguel ou Paulo pelos telefones (16) 9 9312-1441, (16) 39119970 ou (16) 9 9290-0243. VENDEM-SE - Duas casas, sendo uma na frente e outra no fundo, com garagem, quarto, sala, cozinha, banheiro e área de serviço, a segunda é igual, porém de laje e piso frio. Ideal para residência ou comércio. R$ 200.000,00, localizadas no bairro Jardim Sumaré em Sertãozinho-SP; - Casa com sala, copa, cozinha e banheiro, com piso de ardósia e laje, na frente possui um salão 10 m² e um chuveiro, ideal para residência ou comércio. R$ 200.000,00, localizada no bairro Inocoop II, em Sertãozinho-SP; - Casa e terreno, com 2 quartos, sendo uma com suíte, cozinha e sala, mais duas salas comerciais com banheiro, área de serviço com banheiro, 120 m² de quintal e 68 m² área coberta com garagem para 3 carros, ideal para casa de repouso ou oficina. R$ 380.000,00, localizada no bairro jardim Sumaré, em Sertãozinho-SP. Tratar com João Sacai Sato pelo telefone (16) 3610-1634. VENDEM-SE - Colheitadeira Case A7700, ano 2009, 7700, esteira, motor Cummins M11, Autotrac, máquina utilizada na última safra. Valor: R$ 128.000,00; 65 - Colheitadeira Case A8800, ano 2011, esteira, máquina na colheita de cana funcionando 100%, rolos preenchidos. Valor: R$ 270.000,00; - Colheitadeira Case A7700, ano 2007, série 770678, motor Scania novo, máquina revisada e trabalhando. Valor: R$ 118.000,00; - Colheitadeira Case 8800, ano 2010, motor refeito em julho de 2014, máquina revisada e pronta para trabalhar. Valor: R$ 250.000,00; - Transbordo de 10 toneladas, 2006 e 2007, R$ 20.000,00; - Transbordo de 8,5 toneladas, ano 2002, R$ 15.000,00. Tratar com Marcelo pelos telefones (16) 9 8104-8104 ou 9 9239-2664. VENDEM-SE -Trator 292 MF, traçado, 2007; -Caminhão Mercedes 1113 truck, todo revisado, 73, vermelho. Tratar com Saulo Gomes pelo telefone (17) 9 9117-0767. VENDEM-SE - VW 17190 / 13 comboio, Gascom; - VW 31320 / 12 chassi; - VW 31320 / 11 pipa bombeiro, Gascom; - VW 31320 / 10 pipa bombeiro, Gascom; - VW 26260/09 betoneira; - VW 15180 / 09 comboio de lubrificação e abastecimento; - VW 17180 / 08 Hincol, H31000; - VW 15180 / 07 pipa bombeiro; - VW 12140 / 96 oficina móvel, Gascom; - MB 2318 / 94 pipa bombeiro; - MB 2318 / 94 basculante; - MB 2831 / 12 basculante; - MB 1725 / 06 comboio; - MB 1725 / 06 abastecedor; - MB 2220 / 90 pipa bombeiro; - MB 2013 / 81 Masal MS12000; - MB 1513 / 76 toco chassi; - MB 1113 / 69 toco chassi; - MB 1418 / 00 toco 4x4; - F.Cargo 1719 / 13 toco chassi; - F.Cargo 2628 / 07 basculante; - F.Cargo 2626 / 05 pipa bombeiro; - F12000 / 95 pipa bombeiro; - F14000 / 90 pipa bombeiro; - Prancha Facchini 2008 3 eixos; - Reboque tanque fibra, 16.000 litros; - Tanque fibra 36.000 litros; - Tanque 14.000 litros pipa bombeiro; - Borracharia Gascom; - Basculante truck 14m³; - Basculante toco 5m³; - Munck Hincol H 43000 / 12; - Munck Masal MS 12000 / 07; - Munck Hincol H 4000 / 11; - Munck 640-18 / 90; - Carroceria de ferro, ¾. Tratar com Alexandre pelos telefones: (16) 3945-1250 / 9 9766-9243 Oi / 9 9240-2323 Claro, whatsApp / 78133866 id 96*81149 Nextel. VENDEM-SE - Trator Valtra, BM 125i, 4x4, com 547 horas, comando duplo, 2011, seminovo; - Pá carregadeira CMH 910, 4x4, 2010, com 1.165 horas seminova; - Trator Valmet, 4x2, modelo 785, 1994, com embreagem dupla e comando duplo; - Trator Valtra BM 125, 4x4, 2009, com 2498 horas; - Cultivador de cana DMB, São Francisco, para cana queimada, com 2 hastes de sulcar sem marcador, 2002; - Enleradeira dupla, de palha de cana, com pistão nas rodas da frente para transporte no trator, marca Feroldi; - Enleradeira DMB; - Trator Maxion, 4x4, modelo 9150, 1995, potência 150 cv, Obs: (tem hidráulico mas não tem os braços); - Tanque de dez mil litros, com bomba KSB, chuveiro e canhão; - Plantadeira Jumil, modelo JM, 2980, sete linhas a ar plantio direto, 1998; - Sulcador duas linhas, com marcador de pistão, caixa de adubo redonda com tampa, DMB; - Grade intermediária, 18x28, Baldan, espaçamento 270mm, mancal a óleo, disco seminovos; - Plantadeira Semeato PH, 2700, 5 linhas, plantio convencional, ano 1985, carreta de plantio de cana, 01 eixo; - Tanque de água de 4 mil litros; - Tanque Bitrem, 2005, quatro eixo, marca Rondon; - Pulverizador Condor, Jacto, 600 litros, com mexedor de calda, com barras de 12 metros, obs: (no lugar de mangueiras que vai nos bicos é cano de alumínio); - Kits para plantadeira Semeato de amendoim; - Cobridor de cana 2 linhas; - Caminhão Ford, F 600, toco a diesel, 1978, com prancha medindo 6 metros de comprimento e 2.60 de largura; - Carreta de duas rodas, tipo basculante, com desarme manual; - Sulcador DMB, com marcador, com pistão e caixa com tampa; - Subsolador de arrasto, de 5 hastes de controle, com pneus 1000x20 canavieiro; - Trator Massey Ferguson, 680, 4x4, 2007; - Grade niveladora, 20x20 de arrasto; - Eliminador de soqueira, 2012, marca DMB, seminovo; - Arado 3 bacias reversíveis. Tratar com Waldemar pelos telefones: (16) 3042-2008/ 9 9326-0920. VENDEM-SE ou ARRENDAM-SE - Destilaria de cachaça e álcool, completa, (10.000 litros de cachaça por dia); - Esteira de cana inteira, picador com 22 facas, esteira de cana picada, dois ternos 15x20, esteira de bagaço. Peneira Johnson, cush-cush. Caldeira de 113 m²; - Máquina a vapor de 220 HP (toca os ternos e o picador); - Seis dornas de fermentação de 10.000 litros cada; - Destilaria de bandeja/calota A e B de 600 mm de diâmetro com trocador de calor; - Dois tonéis de madeira amendoim com capacidade de 50.000 litros cada; Valor Total R$ 600.000,00. Estudo troca por imóvel. Localização: Laranjal Paulista. Tratar com Adriano pelos contatos: [email protected] ou (15) 9 97059901. Veja vídeo em: www.youtube. com/watch?v=_mzWp3PCavA. VENDE-SE OU ALUGA-SE Salão medindo 11,00 metros de frente por 42,00 metros de fundo, 462 metros, possui cobertura metálica com 368,10 metros, localizado à Rua Carlos Gomes, 1872, Centro, Sertãozinho-SP. Preço a combinar. Tratar com César pelo telefone (16) 9 9197-7086. ALUGA-SE Estrutura de confinamento com capacidade para 650 cabeças com: 1 vagão forrageiro + 1 carreta 4 rodas + 1 carreta 2 rodas, 1 ensiladeira JF90, 1 trator 292 + 1 trator Ford 5610, 1 misturador de ração, 3 silos trincheiras de porte médio, sendo uma grande possibilidade de área para produção de silagem com irrigação ao redor de 30 ha, Jaboticabal–SP, a 2 km da cidade. Tratar com Luiz Hamilton Montans pelo telefone (16) 9 8125-0184. Revista Canavieiros - Março de 2016 66 Biblioteca “General Álvaro Tavares Carmo” Gestão e Controle do Patrimônio Cultivando a Língua Portuguesa Esta coluna tem a intenção de maneira didática, esclarecer algumas dúvidas a respeito do português. 1) Maria tem um “blogue” com muitos acessos na internet! Parabéns, duplamente, Maria: pela escrita usada de forma aportuRenata Sborgia guesada e pelos acessos! Vejam, queridos leitores, sobre as expressões aportuguesadas, porém não utilizadas com frequência por nós. No exemplo acima: usamos a expressão blog. Explicação: Quando tratamos de estrangeirismos - palavras estrangeiras que são incorporadas ao nosso idioma - muitos defendem a ideia de que tais termos devam ser aportuguesados, o que, de fato, ocorre com várias palavras em nossa língua. Nesse processo, os vocábulos são submetidos às regras ortográficas vigentes na língua portuguesa, buscando-se equivalentes do ponto de vista fonético. Na prática, todavia, o que se observa é que geralmente as grafias originais continuam tendo preferência no uso, embora as formas aportuguesadas já se encontrem dicionarizadas. Veja a seguir 15 palavras aportuguesadas que raramente utilizamos: 1. Blogue (Blog) 2. Bufê (Buffet) 3. Caubói (Cowboy) 4. Chantili (Chantilly) 5. Drinque (Drink) 6. Eslaide (Slide) 7. Flã (Flan) 8. Leiaute (Layout) “Gestão e controle de patrimônio pretende desmistificar os controles contábeis, apresentando ao leitor a instrumentação necessária para o gerenciamento dos bens, seja de pessoa física ou jurídica. Visando a boa gestão, afinal, riqueza só gera riqueza se existir uma boa administração, a obra apresenta os fundamentos básicos da contabilidade, que são a ferramenta de uso universal para interpretar, registrar e controlar bens.” Referência: LACOMBE, Francisco José Masset. Gestão e controle do patrimônio: a contabilidade prática / Francisco José Masset Lacombe, Osiris Mendes Ribeiro. – São Paulo: Saraiva, 2013. 9. Motobói (Motoboy) 10. Náilon (Nylon) 11. Rali (Rally) 12. Roque (Rock) 13. Sedã (Sedan) 14. Sítio (Site) 15. Tíquete (Ticket) 2) Todos dizem que ele tem uma “boa vida”! Com certeza! Poderia estudar o português! Correto: boa-vida (com hífen - Plural: boas-vidas) OBS.: grafia conforme o Novo Acordo Ortográfico vigente em 1 de janeiro de 2016 3) Pedro tinha “impresso” o texto todo. Não conseguiu a devida nitidez do texto! O correto é: imprimido Regra fácil: Tópico gramatical - Verbos Abundantes São os que têm mais de uma forma no particípio: o REGULAR (com desinências -ADO e -IDO) e o IRREGULAR. Vejamos: o PARTICÍPIO REGULAR dos verbos LIMPAR e IMPRIMIR é, respectivamente, LIMPADO e IMPRIMIDO. Já o PARTICÍPIO IRREGULAR é LIMPO e IMPRESSO. Os interessados em conhecer as sugestões de leitura da Revista Canavieiros podem procurar a Biblioteca da Canaoeste. [email protected] www.facebook.com/BibliotecaCanaoeste Fone: (16) 3524-2453 Rua Frederico Ozanan, nº842 Sertãozinho-SP Revista Canavieiros - Março de 2016 Mas quando usar um ou outro? Isso vai depender do VERBO AUXILIAR: 1ª) Com TER e HAVER, usamos o PARTICÍPIO REGULAR. Então, dizemos: Ex.: Pedro TINHA (ou HAVIA) IMPRIMIDO o texto todo. 2ª) Com os verbos SER e ESTAR, usamos o PARTICÍPIO IRREGULAR: Ex.: O texto ESTAVA IMPRESSO na casa dele. Coluna mensal * Advogada, Profa. de Português, Consultora e Revisora, Mestra USP/RP, Especialista em Língua Portuguesa, Pós-Graduada pela FGV/RJ, com MBA em Direito e Gestão Educacional, autora de vários livros como a Gramática Português Sem Segredos (Ed. Madras), em co-autoria. 67 Revista Canavieiros - Março de 2016 68 PROTEÇÃO E PERFORMANCE PARA A CANA-DE-AÇÚCAR. A T E NÇà O Estes produtos são perigosos à saúde humana, animal e ao meio ambiente. Leia atentamente e siga rigorosamente as instruções contidas nos rótulos, nas bulas e nas receitas. Utilize sempre equipamentos de proteção individual. Nunca permita a utilização dos produtos por menores de idade. Venda sob receituário agronômico. Consulte sempre um Engenheiro Agrônomo. Evos possui elevada seletividade e mobilidade que proporciona o pleno desenvolvimento da cana e obtém controle efetivo sobre a podridão-abacaxi e as ferrugens. É um fungicida de amplo espectro de ação pronto para promover melhor sanidade e qualidade do canavial, mais produtividade e lucro direto ao produtor. CONHEÇA NOSSA LINHA PARA CANA-DE-AÇÚCAR: +55 (41) 3071.9100 Uma empresa do grupo fb.com/altaagricola www.alt a - b r a s i l . c o m Revista Canavieiros - Março de 2016 América Latina Tecnologia Agrícola