O TEMPLO DE SALOMÃO

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O TEMPLO DE SALOMÃO
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O TEMPLO DE SALOMÃO
Prof. Ms. Josias Alves da Costa1
RESUMO
O templo de Salomão, como ficou conhecido o primeiro templo dos hebreus, tem
sido objeto de estudos e pesquisas por estudiosos do mundo, incluindo os próprios
judeus. Recentemente, na história da religião brasileira, teve a experiência de ver
uma réplica desse templo erguida na cidade de São Paulo, comprovando o interesse
e o fascínio por essa obra. Como o templo é um objeto de uma cultura totalmente
diferente da brasileira, não se pode deixar de lado a teoria de que o simbolismo e o
resgate da memória do culto dos judeus e de seus rituais em tempos passados é
seu maior destaque, entre estudiosos e pesquisadores. A questão é de o templo de
Salomão, o original, ter sido levantado num período de franca expansão do seu
reinado e ter como propósito central, dito nas palavras do próprio rei conforme os
registros de Reis e Crônicas, localizar a adoração dos israelitas em um espaço
geográfico pequeno. O objetivo aqui é analisar e resgatar a memória de como se
deu o processo de construção do templo e como isso influenciou a vida dos
israelitas e dos povos ao seu redor.
Palavras-chaves: Templo de Salomão, rituais, zigurates, divindade, sacerdotes.
INTRODUÇÃO
O primeiro templo dos hebreus conhecido, bíblica e historicamente, é o
templo erguido pelo rei Salomão, na cidade de Jerusalém, alguns anos após a morte
de seu pai Davi. A especificidade deste espaço sagrado é o fato de ter sido feito
para os judeus, no entanto, ele não foi o único levantado com a finalidade de servir
de lugar para a adoração dos povos no mundo do antigo testamento.
Com a finalidade maior de sua proposta originária, os templos sagrados das
religiões sempre foram vivenciados, ao longo dos tempos, como muito mais de
simples lugares de culto. Sua representatividade alcançava outras finalidades além
daquelas essencialmente constituídas em seu propósito original. Eles eram
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Mestre em Ciências da Religião e professor de Exegese do Antigo Testamento na Faculdade Batista
Central.
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tomados, especialmente em períodos de conflitos, como locais de refúgios e
espaços com muito valor simbólico religioso e místico por trás de sua existência.
Esses aspectos envolviam, como ainda hoje, não só o sentido da busca pelo
sagrado, mas, representavam um lugar de conforto existencial e de segurança, onde
todos tinham esperança, mesmo os soldados em campanha bélica deviam
estabelecer um estado de paz no interior de seus ambientes.
Os registros históricos dessas construções mostram que os templos
operavam de maneira econômica, política e religiosa. Alguns registros ainda dão
conta de grupos de pessoas dependerem da existência deles para sobreviver, como
é o caso dos sacerdotes e suas famílias.
Os Zigurates da Babilônia e os templos egípcios são outros exemplos de
espaços sagrados construídos com objetivos semelhantes, focando, além disso, os
aspectos culturais, alcançando mais visibilidade do que as observadas no primeiro
momento. Em síntese, eles representavam uma forma de comunicação entre os
homens e seus pares e entre os homens e os deuses, entre o sagrado e o profano,
entre a respeitabilidade e a dignidade dos inimigos nos campos de batalha e os
limites geográficos da guerra (WISEMAN, 1995, p. 178).
O papel do templo na vida das comunidades era de tamanha importância
que, em períodos de grandes devastações, eles eram os primeiros a serem
reconstruídos. Assim, foi após o dilúvio, conforme registro em Gênesis, na chegado
do povo à terra prometida, onde o objetivo era, além de estabelecer o território, o de
levantar um holocausto a Yaweh. Isso nos leva a acreditar que a importância dele ia
muito mais além, estabelecia um tipo de integração entre os povos do passado e do
presente.
A JORNADA DOS TEMPLOS ATÉ A CONSTRUÇÃO DO TEMPLO DE SALOMÃO
Na cultura dos mundos antes do surgimento da era cristã, o templo era
entendido em seu valor cultural, onde se fazia parte dos ritos religiosos das
comunidades, neste caso, o culto, o sacrifício e a adoração a uma divindade. Essas
criaturas celestiais eram consideradas deuses para cada um deles, tanto de forma
individual, como coletiva. Toda cultura e comunidade tinham seu sistema de
adoração e sacrifício a seu deus, que em grande parte exigia a localização de um
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espaço sagrado e a edificação de um templo dedicado a essa divindade. Vaux
considerou a importância do templo:
Sendo o culto a homenagem exterior que o fiel rende a seu deus, o lugar do
culto é um lugar onde espera-se que esse deus receba essa homenagem e
ouça a oração de seu adorador, logo, um lugar onde se supõe que a
divindade esteja presente, de uma certa maneira e pelo menos enquanto se
desenrola a ação cultual. Deve-se ver como essa noção comum a todas as
religiões se expressou entre os semitas, e especialmente entre os cananeus
e os israelitas. (VAUX, 2003, p. 312).
Nas histórias dos livros de Reis e das Crônicas, têm-se os relatos dos
altares erguidos a Baal, deus dos povos vizinhos aos judeus; já nos livros de Juízes,
Josué e Samuel, e são falados em Astarote, Baalins e Milcom, outros deuses das
circunvizinhanças do povo. Edrei, Hesbom, Basã e Bete-Sã são algumas cidades
onde esses deuses recebiam suas adorações. Essas informações levam
pesquisadores e teólogos a compreenderem o fato de as comunidades ao redor do
povo israelita terem iniciado esse formato de adoração muito antes deles.
Considerando essa maneira de compreender a edificação do templo no
mundo primitivo, o templo de Salomão foi como um tipo de inspiração que os
hebreus, também oriundos dessa mesma região, se propuseram a levantar como um
monumento de culto a seu deus. Outro fator motivador para sua edificação foi a de
relembrar o antigo tabernáculo, das memórias do deserto do Sinai, quando da saída
do Egito.
Além dos valores embutidos nesses espaços e construções, havia também o
fato de não serem apenas espaços voltados para a religião, eram também políticos e
sociais.
Políticos, devido à presença do governante maior da nação, ele recebia a
posse estatal dentro do templo, na presença da divindade, e tornava-se sacralizado
por ela, ou seja, o imperador era como um escolhido do deus para administrar seu
povo.
O Social vinha como reflexo dessa expressão politizada e sacralizada dentro
do sistema religioso, ou seja, o povo servia ao imperador, um escolhido da
divindade, mas era, também, o legislador e provedor econômico da nação. No
período profético, desde aproximadamente 700 antes do período messiânico, o
templo abarcava, dentre outras coisas, a responsabilidade da provisão, como
registro em Malaquias, o profeta.
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Os povos semitas2 foram, possivelmente, os que começaram a cultuar as
suas divindades em espaços sagrados, lugares altos e construções, onde na teoria
era o lugar da divindade receber seus holocaustos. Vaux (2003, p. 312) relata já se
ouvir falar de lugares de adoração nessas cidades, por volta de 3000 anos a.C. Nos
relatos bíblicos, tem-se Jacó e sua escada, acontecido no local onde mais tarde foi
batizado de Betel, lugar da morada de Deus ou onde Deus habita, como outra
expressão da antiguidade de tais construções.
Outro espaço sagrado que ganha notoriedade é o monte Sinai, com sua
sarça ardente. O texto de Êxodo relata o fato de o monte pegar fogo (não é a sarça),
mas mantinha-se intacto, mais tarde, foi atribuído como lugar onde Yaweh fala.
Outros lugares sagrados vão surgir na história dos semitas e vão padronizar uma
forma de organização religiosa de séculos em séculos.
Com o surgimento do estado de Israel nas terras da Palestina antiga,
Moisés, líder do povo, viu a necessidade de estabelecer um espaço para a adoração
a Yaweh, estabelecido como deus do povo hebreu. Assim, a primeira obra religiosa
desse povo foi o tabernáculo (BÍBLIA SAGRADA, Êxodo 25). Essa tenda de
adoração e sacrifício vai mais tarde se transformar no templo dos hebreus.
Durante os quarenta anos de peregrinação, segundo a maioria dos
historiadores, no período entre 1250 a.C. e 1210 a.C., o povo, sob o comando de
Moisés, cria a tenda da congregação para servir de apoio à divindade religiosa da
comunidade. Moisés morre aos 120 anos, após contemplar a terra de Canaã no alto
do Monte Nebo, na Planície de Moabe. Josué, seu ajudante, sucede-lhe como líder,
chefiando a conquista de territórios na Transjordânia e de Canaã (FREEMAN, 1998
p. 1553). Quando, finalmente, Salomão com os recursos adquiridos e deixados por
seu pai Davi constrói o templo, a tenda passa a fazer parte dele, como uma memória
dos períodos em que estiveram sem pátria, sem culto e lugar de adoração, o
objetivo era nunca se esquecer de como foram tratados por seu Deus e por seu líder
Moisés.
Quem desafiou o povo à construção do templo foi Davi, conforme os relatos
em Crônicas, capítulo 29. Durante seu reinado, baseado em guerras e lutas pela
2
Os Semitas tiveram origem no Oriente Médio, onde ocuparam vastas regiões indo do Mar Vermelho
até o planalto iraniano. São povos típicos de ambientes com clima seco, o que os caracteriza pelas
práticas do pastoreio e do nomadismo. Esses antigos povos identificados pela fala semítica envolvem
os arameus, assírios, babilônios, sírios, hebreus, fenícios e caldeus. Disponível em:
<http://www.infoescola.com/historia/semita/>
5
manutenção da terra e das posses, ele não consegui estabelecer o lugar da
adoração. Esse mesmo texto oferece como interpretação aos leitores que ele reinou
em outros locais enquanto a cidade de Jerusalém era construída e seu objetivo era
construir na cidade santa.
Salomão, seu filho, sucessor no trono, estava em luta pela expansão do
império e, possivelmente, se sentia na obrigação de terminar o sonho de seu pai e
das pessoas que formavam o seu povo. Compromissado antes de morrer, conforme
registro de 1º Reis 5, em construir um lugar para adoração do povo e sua própria,
afinal, o local já havia sido adquirido por ele.
O templo além de lugar de adoração e sacrifícios do povo e do rei servia
também como uma espécie de cartório, museu, assembleia legislativa e outras. Nos
registros das Crônicas consta do templo abrigar as tábuas da lei, as mesmas
recebidas por Moisés no monte Sinai e que mais tarde vão se transformar no código
legal e de conduta dos hebreus. Armazenava ainda o cajado de Moisés, aquele que
fora usado como símbolo de força na abertura das águas do Mar Vermelho, a tenda
da congregação, onde Deus se fazia presente e eram feitos os sacrifícios pela
expiação dos pecados do povo3.
DAVI MORRE ANTES DE CONSTRUIR O TEMPLO
Davi, mesmo tendo desejado construir um lugar definitivo de adoração do
povo, não recebeu autorização legal de Yaweh para tal feito. Natã, profeta oficial do
palácio e do seu reinado, no primeiro momento argumenta a possibilidade de ele
levantar a casa de Deus, mas, logo em seguida, em sonho, recebe uma contra
ordem de Deus e, imediatamente, a repassa ao rei. Neste mesmo discurso, o profeta
informa ser seu filho quem teria o direito de erguer a estrutura de adoração.
Quando teus dias forem completos, e vieres a dormir com teus pais, então
farei levantar depois de ti um dentre a tua descendência, o qual sairá das
tuas entranhas, e estabelecerei o seu reino. Este edificará uma casa ao
meu nome, e confirmarei o trono do seu reino para sempre (BIBLIA
ONLINE, 2 Samuel 7.12-13).
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Para outras informações pertinentes ao templo de Salomão consultar o Novo Dicionário da Bíblia a
partir da página 1568 da 2ª edição do ano de 1995. Edições vida nova.
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Como uma das possíveis razões para a negativa de Yaweh contra Davi na
questão do templo está o fato do sangue derramado dos seus irmãos por suas
mãos. Mesmo assim, coube a ele a compra do terreno, conforme registro de 1ª
Crônicas 22.8, dentro da cidade antiga de Jerusalém, onde mais tarde seria
construída a casa de adoração e também o levantamento dos recursos necessários
para a aquisição da edificação e dos utensílios.
Davi então não constrói o templo, mas, dá uma definição sobre a
importância de sua manutenção e apresenta as razões pelas quais o santuário deve
ser erguido.
SALOMÃO CONSTRÓI O TEMPLO
Figura 01: Planta do templo edificado por Salomão no seu reinado
Fonte: GIACHETTI.
Para que fosse possível a construção do templo dos israelitas, Davi comprou
a eira de Araúna, um proprietário de terras na região dos Jebuseus, localizada no
monte Moriah ou Moriá. Nesta região se tornaria real o sonho do povo de ter um
lugar santo para adorar a Deus. Conforme as notas bíblicas de 2º Samuel 24.24, 25;
1ª Crônicas 21.24, 25, ele ainda juntou 100.000 talentos de ouro, 1.000.000 de
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talentos de prata, e cobre e ferro em grande quantidade, além de contribuir com
3.000 talentos de ouro e 7.000 talentos de prata de seus recursos pessoais.
As doações, motivadas pela convocação real e pelo interesse dos príncipes,
não paravam de chegar de todas as regiões: ouro no valor de 5.000 talentos, 10.000
daricos e prata no valor de 10.000 talentos, bem como muito ferro e cobre,
registrado em 1ª Crônicas 22.14; 29.3-7. Salomão não chegou a gastar a totalidade
desta quantia na construção do templo, depositando o excedente no tesouro do
templo 1º Reis 7.51; 2ª Crônicas 5.1.
O próprio Yaweh, através do profeta Natã, determina a Salomão construir
seu santuário, “farei levantar depois de ti um dentre a tua descendência...” (BÍBLIA
SAGRADA). Quando são passados alguns anos, o rei começa então a construção,
levados pelo menos nove meses para ficar pronto, conforme avaliação dos
historiadores.
Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho; e, se vier a transgredir, castigálo-ei com vara de homens, e com açoites de filhos de homens. Mas a minha
benignidade não se apartará dele; como a tirei de Saul, a quem tirei de
diante de ti. Porém a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre
diante de ti; teu trono será firme para sempre. (BIBLIA ONLINE, 2 Samuel
7.14-16)
No meio do povo havia a expectativa de como seria a nova morada do deus
dos israelitas. Se haveria espaço para o sacrifício comunitário, se todos teriam
acesso ao santo dos santos e se Deus ia de fato responder às orações do povo.
“Agora também, ó Deus de Israel, cumpra-se a tua palavra que disseste a teu servo
Davi, meu pai.” (BÍBLIA SAGRADA, 1º Reis 8.26). Além desses questionamentos,
existiam as expectativas do símbolo de cada parte do templo diante do povo. No
tabernáculo de Moisés, cada parte tinha um significado, pois os símbolos seriam
mais fáceis de decorar e memorizar depois.
ASPECTOS DA CONSTRUÇÃO
Por determinação real, começou-se a empreitada de levantar o templo no
quarto ano de seu reinado, seguindo o plano arquitetônico transmitido por Davi, seu
pai (1º Reis 6.1; 1ª Crônicas 28.11-19). O trabalho prosseguiu por sete anos (1º Reis
6.37, 38). Ele contou ainda com a participação estrangeira para aquisição de todo o
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material necessário. Destacando o interesse de um centro de adoração, mas que
serviria de comércio para a mercadoria produzida.
Tiro, uma cidade com proximidade do estado israelita, aceitou trocar madeira
do Líbano e enviou operários para ajudar na edificação recebendo em troca trigo,
cevada, azeite e vinho, Hiram ou Hirão, comprovando que o interesse era maior do
que se estava proposto. Aqui se clareia o pensamento de o templo ser mais do que
um lugar de adoração, era um lugar de sobrevivência do Estado e do povo.
Ao iniciar o trabalho, Salomão convocou 30.000 homens de Israel, enviandoos à região do Líbano, em grupos de 10.000 a cada mês, no intuito de colaborarem
mais ainda com a construção. Convocou 70.000 dentre os habitantes estrangeiros e
os enviou para trabalharem como carregadores e 80.000 como cortadores (1º Reis
5.15; 9.20, 21; 2ª Crônicas 2.2). Como responsáveis pelo serviço, Salomão nomeou
3.300 para darem ordens ao povo nas obras (1º Reis 5.16; 9. 22).
A planta do templo era muito semelhante à da tenda ou tabernáculo usado,
no período do deserto, de centro da adoração ao Deus de Israel. As diferenças
residiam nas dimensões internas do Santo e do Santo dos Santos ou Santíssimo,
sendo maiores do que as do tabernáculo. O Santo tinha 40 côvados (17,8m) de
comprimento, 20 côvados (8,9m) de largura e, evidentemente, 30 côvados (13,4m)
de altura (1º Rs. 6.2). O Santo dos Santos, ou Santíssimo, era um cubo de 20
côvados de lado (1º Reis 6.20; 2ª Crônicas 3.8). Conforme figuras abaixo:
Figuras 02: Planta interna do Templo de Salomão
Fonte: MARTINS
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Figuras 03: Pátios do Templo de Salomão
Fonte: MARTINS
Os materiais usados foram essencialmente a pedra e a madeira. Os pisos
foram revestidos de madeira de junípero (ou de cipreste, segundo algumas
traduções da Bíblia) e as paredes interiores eram de cedro entalhado com gravuras
de querubins, palmeiras e flores. As paredes e o teto eram inteiramente revestidos
de ouro (1º Reis 6.15, 18, 21, 22, 29).
PARTE DO TEMPLO COM SENTIDO HISTÓRICO E TEOLÓGICO
 A bacia de bronze de Moisés;
 Mar de fundição de Salomão;
 Menorá - o candelabro de sete lâmpadas dado a Moisés;
 Mesa dos pães da proposição;
 Os candeeiros;
 O altar de ouro;
 A bacia de bronze;
 O altar do holocausto do tabernáculo de Moisés;
 Santo dos Santos e no Lugar Santo.
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Estas são algumas etapas de pesquisa exegética que podem ser levantadas
pelos utensílios que estavam dentro do templo. Estes objetos tinham, para os povos
originários, um valor sagrado, portanto, deveriam ser cuidados e preservados de
forma a manter sua manutenção em qualquer momento do culto, através de seus
utensílios.
Funcionavam, também, como uma espécie de diário de adoração antiga. Daí
sua importância na transmissão oral dos conhecimentos mosaicos e rabínicos. Os
hebreus estavam vivendo um período de extensas guerras e destruições de seus
lugares sagrados, por isso a importância de se construir algo que pudesse ser
visualizado e decorado pelo mais simples indivíduo da comunidade.
Eles tinham razão em fazer assim, pois a data de destruição do templo já
estava prevista pelos profetas do povo. Neste sentido, eles precisavam sempre
manter na memória o ritual e os formatos de adoração ao seu deus, em parte devido
à influência dos dominadores, pois cada um tentava implantar na cabeça do
dominado seu formato de adoração.
CONCLUSÃO
Foram os profetas Jeremias e Ezequiel que entregaram, ao povo judeu, a
profecia de destruição do templo de Salomão em seus livros proféticos, ainda tendo,
também, entregado a reconstrução do mesmo, no período da era cristã, como
alguns teólogos e crentes acreditam. “Não vos fieis em palavras falsas, dizendo:
Templo do Senhor, templo do Senhor, templo do Senhor é este.” (BÍBLIA
SAGRADA, Jeremias 7.4). “E disse-me: Filho do homem, eu te envio aos filhos de
Israel, às nações rebeldes que se rebelaram contra mim; eles e seus pais
transgrediram contra mim até este mesmo dia”. (Ezequiel 2:3). E foi Nabucodonosor,
rei da Babilônia, encarregado de executar a tarefa de por fim edificação. Por volta do
ano de 585 antes de Cristo, o exército babilônico invadiu a cidade e levou cativos os
judeus, colocando a cidade abaixo, juntamente, com seu templo.
A razão pela qual o templo foi destruído, conforme predisse o profeta, foi por
falta da obediência do povo e sua infidelidade, em adoração a outros deuses
existentes. Yaweh não era mais o único a ser adorado, portanto, não havia mais
razão para ter uma casa. É de comum conhecimento o fato de os deuses não
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aceitarem serem partilhados em suas orações e cultos. Ainda que alguns tenham
permanecido fieis ao único Deus, não puderam prestar sacrifício devido ao processo
de cativeiro pelo qual estavam passando.
O próprio rei Salomão havia desobedecido à recomendação de Moisés no
Deuteronômio, onde prescrevia o fato de os descendentes de Abraão deverem se
casar entre si e não se misturar com estrangeiros. Mas, o rei investiu em muitos
casamentos contratuais e por fim estava totalmente maculada a fidelidade ao único
Deus, como proposto em Moisés.
No Talmud babilônico4, existem ainda outros motivos pelos quais a tragédia
se abateu sobre os judeus, mais especificamente na parte de Yoma do texto
rabínico, este texto descreve o templo construído por Salomão sendo destruído
porque os judeus praticavam três pecados condenados pelos líderes religiosos
judaicos mesmo no período do início do povo com Jacó: idolatria, imoralidade
(adultério e incesto) e assassinato. Este escrito ainda remete para a ideia de ao se
estudar a Torah, livro sagrado, eles não recitavam a primeira prece. Estes relatos,
obviamente é uma visão tardia da razão pelo qual o templo foi destruído. Entretanto,
mesmo sendo alguns anos depois a interpretação, pode-se compreender ser o
ajuntamento de todos esses erros que fez Ezequiel promulgar a mensagem de
destruição da casa de Yaweh.
O templo de Salomão foi a glória econômica, política, social e religiosa do
mundo antigo, nos relatos bíblicos. O rei Salomão reinou com fartura de ouro e
comida e o povo prosperou como nunca tinha acontecido antes. No entanto, essa
prosperidade não trouxe mais fidelidade, trouxe sim, afastamento do povo em
relação a Deus, que não aceitou mais eles como povo e os entregou nas mãos dos
babilônicos, culminando com a destruição do templo.
4
Para um acesso ao talmud e
http://juchre.org/talmud/yoma/yoma1.htm
detalhes
dessa
informação
consultar
a
pagina:
12
REFERÊNCIAS
BÍBLIA SAGRADA. Tradução: João Ferreira de Almeida. Revista e atualizada no
Brasil. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2010.
BÍBLIA ON-LINE. Disponível em: < https://www.bibliaonline.com.br/acf/1rs/5>.
Acessado em: 04 mar 2015.
FREEMAN, D. In: Novo Dicionário da Bíblia. Volume único. São Paulo: Vida Nova,
1995.
GIACHETTI, Tânia Cristina. Estudo evangélico sobre o templo de Salomão.
Disponível
em:
<http://searaagape.com.br/estudoevangelicosobreotemplodesalomao.html>.
Acessado em: 04 mar 2015.
MARTINS, Vladimir. O tabernáculo e seu significado hoje. Disponível em:
<http://professorvladimirmartins.blogspot.com.br>. Acessado em: 11 mar 2015.
VAUX, Roland de. Instituições de Israel no antigo Testamento. São Paulo:
Teológica, 2003.
WISEMAN, D. J. In: Novo Dicionário da Bíblia. Volume único. São Paulo: Vida
Nova, 1995.
TALMUD. Yoma. Disponível
Acessado em: 10 mar 2015.
em:
<http://juchre.org/talmud/yoma/yoma1.htm>.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR AO ESTUDO DO TEMPLO
CRUSEMANN, Frank. A Torá: Teologia e História Social da Lei do Antigo
Testamento. Petrópolis: Vozes, 2002.
FRANCISCO, Edson de Faria. Manual da Bíblia Hebraica: introdução ao texto
massorético. São Paulo: Vida Nova, 2003.
HARRIS, R. Laird; ARCHER, Gleason L. Jr.; WALTKE, Bruce K. (org) Dicionário
Internacional de Teologia do Antigo Testamento. Tradução: Márcio Loureiro
Redondo, Luiz Alberto Teixeira Sayão e Carlos Osvaldo Pinto. São Paulo: Vida
Nova, 1998.
KONINGS, Johan. A Bíblia, sua história e leitura: uma introdução. Petrópolis:
Vozes, 1992.
VAUX, Roland de. Instituições de Israel no antigo Testamento. São Paulo:
Teológica, 2003.

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