Agosto - Adventist World

Transcrição

Agosto - Adventist World
Órgão Internacional dos Adventistas do Sétimo Dia
Ago s to 2 01 0
A
que Acendeu uma
Fogueıra
ARTIGO ESPECIAL
De Volta aos
“Perigos Espirituais”
Veja página 24
Agosto 2010
AÇÃO
EM
IGREJA
Editorial............................. 3
Notícias do Mundo
3 Notícias & Imagens
A R T I G O
D E
C A P A
A Centelha que Acendeu
uma Fogueira
Por Sonia Krumm Nikolaus ............. 16
Como a morte de um jovem serviu
para expandir o reino de Deus.
Visão Mundial
8 O Trono da Graça
Janela
10 Polônia por Dentro
SAÚDE
NO
MUNDO
A Soja é Saudável? ........ 11
DEVOCIONAL
Hérnias e o Espírito Santo
Por Marvin Atchison ................................................................... 12
Por Allan R. Handysides e
Peter N. Landless
Nosso corpo pode nos dar vislumbres sobre a salvação.
PERGUNTAS
VIDA
ADVENTISTA
O Que a Terra Está nos Dizendo?
Por Jerry Jean .............................................................................. 14
Sobrevivente do terremoto no Haiti compartilha sua história.
CRENÇAS
FUNDAMENTAIS
Por Michael Mxolisi Sokupa ....................................................... 20
Onde há vida, existe crescimento.
DESCOBRINDO
O
ESPÍRITO
DE
A escritora e oradora também evangelizava individualmente.
E S P E C I A L
De Volta aos “Perigos Espirituais”
Por Roy Adams ............................................................................. 24
Nossa segurança depende de estarmos cônscios dos
perigos e fundamentados em Cristo.
Registration Date: June 21, 2005; Registration Number: Kyonggi La 50054; Issue: August, 2010. Serial Number: 59; Publisher: Lee,
Jairyong, Northern Asia-Pacific Division of Seventh-day Adventists, 5th floor Samhee Plaza, 66 Juyeop-dong Ilsan Seo-gu Goyang
Herald
Review and
mês, pela
doKorean
primeira
ano, na
12 vezes porEditor:
é editada
1557-5519)
World (ISSN
Adventist
City Gyeonggi-do,
Korea;
Phone Number:
031-910-1500;
Chun,
Pyungquinta-feira
Duk; Printer:
Publishing
House;
Date of Issue:
2010. team headed by Bill Knott according to the license
deeditorial
6, nº 8, agosto
Vol.Adventist
(c) 2005.
Copyright
Association.
Publishing
August 1, 2010;
This magazine
is edited
by the
Review
contract and printed in Korea for free distribution throughout Asia.
Adventist World | Agosto 2010
BÍBLICO
Verdade ou
Consequências .............. 27
PROFECIA
Por Michael W. Campbell ........................................................... 22
2
Por Ángel Manuel Rodríguez
Por Mark Finley
Ellen White como Evangelista
A R T I G O
O Salário do
Pecado .............................. 26
ESTUDO
Dores do Crescimento
BÍBLICAS
INTERCÂMBIO
MUNDIAL
29 Cartas
30 Lugar de Oração
31 Intercâmbio de Ideias
O Lugar das
Pessoas ............................. 32
Tradução: Sonete Magalhães Costa
www.portuguese.adventistworld.org
A Igreja em Ação
EDITORIAL
A Recompensa dos Obreiros
E
les estavam na fila, esperando pacientemente para me cumprimentar
depois que preguei numa reunião campal,
já preparados para dar os sorrisos e abraços. “Dezenove anos”,
eles me lembraram. Haviam se passado 19 anos desde que nos
encontráramos pela última vez.
Demorei alguns segundos para ativar o banco da memória
e me lembrar dos olhos brilhantes, do bom humor e da sinceridade que sempre foram as marcas daquele casal. Havia sido
pastor da igreja deles e, de vez em quando, me questionava se
haveria algum resultado duradouro da desafiadora rotina de
estudos bíblicos, pregações e visitas pastorais.
“Foi ele que nos batizou e, alguns meses depois, oficiou
nosso casamento”, anunciavam aos estranhos que estavam por
perto. “Ele foi nosso primeiro pastor!” Eles me entregaram um
envelope, que eu deveria abrir mais tarde. No fim do dia, encontramo-nos no refeitório e me apresentaram sua filha de 16
anos, uma linda jovem de quem tinham orgulho, e com razão.
Quando voltei ao meu quarto, demorei-me olhando
as fotografias do filho deles, de 18 anos, que acabara de se
formar no ensino médio e planejava ir para uma universidade
adventista, dali a poucos meses. O garoto que sorria na fotografia possuía a mesma alegria nos olhos, o mesmo sorriso
sincero que os pais. Um bilhete, que caiu de entre as fotos,
revelou-me que a ambição da vida dele era trabalhar para a
Adra (Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos
Assistenciais).
As preocupações do longo dia desapareceram, enquanto
eu observava as fotografias e deixava a mente vagar nos acontecimentos de duas décadas antes. E eu, que me perguntava se
Deus poderia fazer algo por meio do meu trabalho... “Atire o
seu pão sobre as águas, e depois de muitos dias você tornará
a encontrá-lo” (Ec 11:1, NVI). Séculos mais tarde, Jesus
apresentou a mesma verdade: “O Reino de Deus é semelhante
a um homem que lança a semente sobre a terra. Noite e dia,
estando ele dormindo ou acordado, a semente germina e
cresce, embora ele não saiba como” (Mc 4:26, 27, NVI).
Alguém disse que “nada é desperdiçado na contabilidade
de Deus”. Milhões de cristãos ao redor do globo – pastores
e pediatras, evangelistas e professores, administradores e
mecânicos – confirmam essa verdade cada vez que desfrutam
da surpreendente alegria de vislumbrar os resultados do seu
testemunho por Jesus Cristo.
Muito em breve, nesta Terra ou na Terra renovada, você
também contemplará todo o resultado do trabalho que Deus
realizou por seu intermédio. E, na alegria daquele momento,
quando você vir o que Deus fez com seu testemunho, vai
bendizer cada dia que trabalhou para o Mestre.
— Bill Knott
NOTÍCIAS DO MUNDO
“Siga a Bíblia” Chega aos
EUA e Finaliza a Jornada
■ O exemplar da Bíblia em 66 idiomas,
que viajou o mundo, chegou aos
Estados Unidos no final da jornada de
vinte meses. A campanha realizada pela
Igreja Adventista do Sétimo Dia, “Siga
a Bíblia”, chegou aos Estados Unidos no
dia 31 de maio, quando um pastor da
África do Sul entregou a Bíblia aos
líderes adventistas que a esperavam
no Aeroporto Internacional Dulles,
Washington, D.C.
A campanha foi lançada em 2008
pela sede mundial da Igreja Adventista
para promover o estudo da Bíblia na
sociedade e entre os membros da
Igreja. Estudos sugerem que apenas
cerca de 50% dos adventistas estudam
regularmente a Bíblia. Os líderes
esperam que a campanha da Bíblia
itinerante, que viajou por todo o
mundo, melhore esse quadro.
A Bíblia esteve presente em eventos
realizados em estádios, gincanas e
desfiles em cerca de 130 países e
patrocinados por governadores, chefes
tribais, presidentes, reis e rainhas.
“Se pudermos ter mais pessoas lendo
a Bíblia, teremos um grupo mais comprometido e mais envolvido em levar pessoas
a Jesus”, disse Don Schneider, então líder
da Igreja Adventista para a América do
Norte, após receber a Bíblia de Paul
Ratsara, líder da Igreja no sul da África.
BÍBLIA
VOLTA PARA
CASA: Paul
Ratsara
(esquerda)
entrega a
Bíblia a Don
Schneider.
Eles se
encontraram
no Aeroporto Internacional Dulles, em
Washington, para a última transferência
da Bíblia entre as 13 regiões mundiais
da Igreja.
A N S E L
O L I V E R / A N N
Agosto 2010 | Adventist World
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A Igreja em Ação
NOTÍCIAS DO MUNDO
A Bíblia foi apresentada em eventos
nas igrejas, hospitais e reuniões campais
nos Estados Unidos e Canadá. Ela completou sua jornada na 59ª assembleia
mundial da Igreja, em Atlanta, que
iniciou no dia 23 de junho.
Schneider disse que estava feliz de
recebê-la em seu território. “Às vezes
você tem que fazer ‘barulho’ para
chamar a atenção para as coisas em que
acredita”, disse ele. “Essa é mais uma
oportunidade para nos lembrarmos de
quem realmente somos.”
As fotografias dessa campanha, disponíveis na internet, mostram a Bíblia sendo
lida na Islândia, exposta em Fiji e levada
em desfiles no Quênia. “Esse evento uniu
os adventistas ao redor do mundo, que se
comprometeram a estudar a Bíblia”, disse
Mark Finley, um dos vice-presidentes da
Igreja Adventista mundial.
Ele afirmou que a Bíblia foi encadernada duas vezes durante a jornada –
uma na Europa e outra na América do
Sul. “A capa estava quase caindo”, disse.
“Mas quando paramos para pensar
que essa Bíblia viajou por vinte meses e
esteve em mais de cem países, ficamos
admirados”, disse Finley.
Os organizadores disseram que a
Bíblia nunca foi despachada como bagagem nas companhias aéreas. Ratsara
relatou que um líder da Igreja em
sua região, ao embarcar num voo, foi
advertido pelo representante da empresa de que a Bíblia de mais de oito quilos
era muito pesada para ser levada dentro
do avião. “Preferimos despachar nossos
computadores a despachar essa Bíblia”,
disse Ratsara.
A Bíblia causou um “grande impacto” em sua região, acrescentou Ratsara.
Em um evento realizado recentemente
num estádio em Zâmbia, o povo permanecia na fila por cerca de duas horas
para segurar a Bíblia. Em Lesoto, o rei
ficou tão impressionado, que prometeu
que leria mais a Bíblia. Um governador,
em Angola, também disse o mesmo.
“Estou impressionado pelo impacto
que ela causou nos jovens”, disse Ratsara.
A juventude organizou desfiles, cada
grupo em sua região. Em Botswana, um
adolescente de 15 anos de idade fez uma
tentativa quase perfeita de decorar o
Novo Testamento.
No aeroporto, a delegação norteamericana se encontrou com Ratsara
às 6 horas da manhã, quando seu voo
chegou de Joanesburgo, África do Sul, no
“Memorial Day”, um feriado nacional
nos Estados Unidos. “Achamos que as
demais celebrações acontecerão em
outros horários durante o dia, não às
seis da manhã”, disse Schneider.
Para mais informações, visite
FollowTheBibleSDA.com.
– Reportagem de Ansel Oliver, Rede
Adventista de Notícias
Série de DVDs Busca Construir
Amizades
■ Os líderes da Igreja Adventista
preveem que uma série de DVDs sobre
a história e o impacto das religiões
mundiais e das culturas contemporâneas
resultará em maior compreensão entre
as comunidades de fé.
O conjunto de quatro discos apresenta os principais ensinos das maiores
religiões e ideologias do mundo: budismo, hinduísmo, islamismo, cristianismo
e pós-modernismo.
O departamento mundial de Missão
Adventista produziu o conjunto de
DVDs Understanding World Religions and
Contemporary Cultures (Compreendendo
as Religiões Mundiais e as Culturas
Contemporâneas), tendo em mente
EM QUE ELES CREEM:
Ganoune Diop (direita)
entrevista Richard
Elofer, líder da Igreja
Adventista em Israel, para
a série Compreendendo
as Religiões Mundiais e as
Culturas Contemporâneas.
A D V E N T I S T
4
Adventist World | Agosto 2010
um público cristão e, especificamente,
adventista. No entanto, de acordo com os
produtores, a série é relevante para todas
as culturas e religiões.
“A série tem como objetivo ajudar a
equipar os cristãos para se comunicar
melhor e quebrar barreiras entre
amigos e vizinhos de outra fé”, diz Gary
Krause, diretor do departamento de
Missão Adventista.
A série é apresentada pelo dr.
Ganoune Diop, diretor do Centro de
Estudos da Missão da Igreja. Para cada
grupo religioso, são apresentados os
seguintes tópicos: história, esfera de
influência, princípios e crenças, bem
como as áreas de convergências.
A série foi filmada por Dan Weber,
produtor de vídeo da Missão Adventista,
em locais que vão do Egito à Tailândia.
“Se você realmente compreende uma
religião, saberá de onde vêm as pessoas
e o que estão procurando”, diz Weber.
“Ao saber disso, você terá condições de
identificar similaridades e melhor se
relacionar com as pessoas.”
Embora compreenda que o evangelismo é o “principal” objetivo da Igreja,
Weber disse que a série também tem o
objetivo de estimular o relacionamento
entre pessoas de diferentes denominações, definido pelo respeito mútuo.
A série de DVDs estará disponível,
pela internet, ao custo de 40
dólares americanos, na página www.
WhatTheyBelieve.org.
– Reportagem de Elizabeth Lechleitner,
Rede Adventista de Notícias
M I S S I O N
D A
S S D
está pronta para ser distribuída pelos
membros da Igreja em suas comunidades. No lançamento, Ven Bermudez,
diretor de publicações da Igreja no sul
da Ásia, orou especialmente por essa
publicação.
– Reportagem de Bruce Sumendap,
Divisão do Pacífico Sul-Asiático
Adventistas Realizam Batismo
Histórico na Holanda
■ Sábado, 5 de junho, foi um dia
histórico para a Igreja Adventista do
Sétimo Dia na Holanda, quando 84
pessoas aceitaram a Jesus Cristo como
seu Salvador pessoal e foram batizadas.
Agora, a Igreja possui 5 mil membros
naquele país.
Anualmente, a Igreja Adventista
realiza na Holanda uma campanha
conhecida como “Explosão Antilhana”,
anteriormente chamada “Reunião
Antilhana”. O tema desse ano foi
“Unidos Até que Ele Venha”, dirigida
por Cherrel Francisca, coordenador
da equipe de implantação de igrejas
antilhanas na Holanda. O objetivo
do evento era enfatizar a união e a
amizade.
Na preparação para a Explosão
Antilhana, foram realizadas quatro
campanhas evangelísticas, simultanea-
C O R T E S I A
QUANDO DEUS DISSE: “LEMBRA-TE”: Ven Bermudez, diretor de
publicações na Indonésia, e Noldy Sakul, líder da Igreja no leste do país,
oraram durante o lançamento dos 110 mil exemplares do livro de Mark Finley
sobre o sábado.
F O T O :
Casa Publicadora da Indonésia
Comemora Centenário
■ Resistir aos desafios do ministério de
publicações por cem anos no maior país
muçulmano do mundo é uma realização que os adventistas do sétimo dia de
todo o mundo podem apreciar. Em 16
de maio de 2010, a Casa Publicadora da
Indonésia passou a marca de um século
e, durante esse tempo, comprometeu-se
a “manter viva a visão”.
Embora as instalações da atual
editora tenham sido inauguradas
apenas em 1954, a obra de publicações
começou em 1910, com a chegada do
missionário adventista Ralph Waldo
Munson, em Sukabumi, Indonésia. Um
jovem chamado Immanuel Siregar foi,
mais tarde, seu assistente.
Vários marcos alcançados pela
editora foram lembrados em um
vídeo que destacou particularmente
a história da obra de publicações e a
primeira publicação, em 1910: Utusan
Kebenaran Melayu (O Mensageiro da
Verdade Malaio), pela Java Mission
Press, antecessora da Casa Publicadora
da Indonésia.
Cinco anos mais tarde, a gráfica foi
transferida de Sukabumi para Batávia
(hoje Jacarta), depois para Singapura,
até mudar-se de volta para Bandung, na
Indonésia, em 1929, onde funciona a
editora até hoje.
Desde o início da obra adventista
na Indonésia, a literatura ocupou uma
parte vital na expansão dos ministérios
da Igreja de ganhar pessoas para o reino
de Deus. Evoluindo do uso de máquinas
manuais para equipamentos gráficos
mais modernos, a editora administrou
bem os seus recursos. Hoje, a editora
continua a suprir as necessidades
espirituais tanto dos adventistas como
do público em geral.
Um dos pontos altos da comemoração foi o lançamento do livro
Ketika Sang Pencipta Berkata Ingatlah
(Quando Deus disse: “Lembra-te”;
publicado em português como Tempo
de Esperança), escrito por Mark Finley.
A primeira tiragem, de 110 mil cópias,
mente, em Amsterdã, Roterdam, Delft e
Tilburg, com o objetivo de apresentar a
Jesus como Salvador e promover a
unidade entre os cristãos adventistas.
Após duas semanas de campanha, as
comunidades antilhanas foram convidadas a se reunir e participar de um
programa especial.
Um programa revigorante encheu o
dia, que teve culto de adoração e louvor,
entrevistas com pregadores leigos, vídeos
sobre unidade, uma entrevista com
o evangelista, interação com o grupo
e uma apresentação da visão sobre
“respeito e unidade”, por Wim Altink,
líder da Igreja na Holanda. Mais tarde,
no mesmo dia, 84 pessoas se uniram à
Igreja Adventista pelo batismo.
“Em conjunto com os membros,
evangelistas leigos e pastores, podemos
fazer muito por Cristo num ambiente
inspirador e cooperativo, no âmbito da
diversidade que Deus deu à Sua igreja.
Louvamos a Deus por Sua liderança”,
concluiu Cherrell Francisca.
Por meio desse programa especial e
das cerimônias batismais recentes nas
igrejas ganesas em Amsterdã, Almere e
Eindhoven, o número de membros
da Igreja Adventista na Holanda ultrapassou a marca dos 5 mil.
– Reportagem da Divisão Transeuropeia
Agosto 2010 | Adventist World
5
A Igreja em Ação
NOTÍCIAS DO MUNDO
Primeiro
Missionário Adventista à
Espanha é Homenageado
Walter Bond teria sido envenenado por pregar mensagem adventista
Por Ansel Oliver, diretor assistente de notícias
da sede mundial da Igreja Adventista
A
s autoridades da cidade de
Baeza, Andalusia, Espanha,
homenagearam a memória do
primeiro missionário adventista do
país, um dos vários mártires da liberdade religiosa e democracia do início do
século 20, cujas sepulturas, mais tarde,
foram profanadas.
Em 1914, Walter Guy Bond, missionário vindo dos Estados Unidos, morreu
aos 35 anos de idade, supostamente
envenenado por pregar a mensagem
adventista.
O nome de Bond foi posto no
Mural de Honra de Baeza, no dia 23 de
maio de 2010, durante cerimônia onde
estiveram presentes líderes da Igreja
Adventista e autoridades da cidade, inclusive o prefeito. “Muitos defensores da
liberdade de consciência, naquele tempo,
eram considerados inimigos do Estado
e tratados de igual modo”, disse Pedro
Torres Martinez, diretor de comunicação
para a Igreja Adventista na Espanha.
Entre 1943 e 1945, não se sabe
exatamente quando, o túmulo de Bond
foi profanado e seus ossos, levados.
“Durante esse período da história espanhola, muitas sepulturas dos ‘inimigos
do Estado’, inclusive defensores da
democracia e os que não professavam a
fé católica, eram igualmente profanadas
com o intuito de apagar para sempre a
memória deles”, disse Martinez.
6
Adventist World | Agosto 2010
Acima: HOMENAGEM IN MEMORIA:
Placa em homenagem a Walter
Bond é colocada em evidência no
cemitério de Baeza.
Em cima, à esquerda: MÁRTIR É
LEMBRADO: Placa em homenagem
a Walter Bond, missionário na
Espanha, é descerrada por Roberto
Badenas, em 23 de maio de 2010,
na cidade de Baeza.
Esquerda: LEMBRADO PELA
FAMÍLIA: Jesús Calvo, líder da
Igreja Adventista na Espanha,
entrega carta dos descendentes
de Walter Bond a Leocadio Barín,
prefeito de Baeza.
F O T O S :
P E D R O T O R R E S
M A R T I N E Z
Walter Bond nasceu na Califórnia,
Estados Unidos, em 6 de fevereiro de
1879, numa família extremamente religiosa. Seus pais, James e Sara, tiveram
dez filhos e adotaram uma menina. Eles
se tornaram adventistas do sétimo dia
quando Walter ainda era criança. Após
unir-se à Igreja, o pai de Walter deixou a
fazenda e se tornou médico, fundando,
mais tarde, uma clínica na Califórnia.
Walter formou-se em Teologia no
Healdsburg College (hoje Pacific Union
College), em 1899. No verão de 1902,
junto com o irmão Frank, participou
de uma reunião campal em Fresno,
Califórnia, onde A. G. Daniells desafiou
os jovens a se envolver na missão da
Igreja. Walter e Frank estavam entre os
trinta jovens que responderam ao apelo.
Walter se casou com Leola Gerow em
12 de novembro de 1902. Pouco tempo
depois, Walter, Leola e Frank partiram
para a Espanha para trabalhar como
missionários. Chegaram a Barcelona em
22 de junho de 1903.
Um ano depois, batizaram os
primeiros três conversos locais. Muitos
outros se converteram, até ser fundada
a primeira igreja adventista da Espanha.
Em 1905, Walter tornou-se o líder
administrativo da Igreja na Espanha.
Lope San Nicolas, um dos primeiros
membros locais, também se tornou um
missionário de sucesso. Lope despertou
interesse pelo evangelho nos habitantes
da pequena cidade de Baeza, localizada
a cerca de 750 quilômetros a sudoeste
de Barcelona. Pouco depois, convidou
Walter para realizar uma série de palestras bíblicas na cidade.
Em 13 de outubro de 1914, Walter
chegou a Baeza. No dia 1º de novembro,
foi enviado um telegrama para Frank,
irmão de Walter, notificando que ele
estava mortalmente enfermo. Frank
e Leola foram rapidamente ao seu
encontro. Walter morreu no dia 12 de
novembro, com 35 anos, deixando três
filhos e a esposa grávida. Mais tarde, um
médico disse a Leola que Walter havia
sido envenenado.
No leito de morte, Walter disse:
“Eu perdoo meus assassinos.” Ele foi
enterrado no cemitério de Baeza. Dois
meses mais tarde, sua esposa, ainda
grávida, e os três filhos retornaram aos
Estados Unidos. A sepultura de Walter
foi profanada entre os anos de 1943 e
1945, e seus ossos desapareceram.
O prefeito de Baeza, D. Leocadio
Marín, sua esposa e uma autoridade
da cidade presidiram a cerimônia
ocorrida em maio de 2010. A Igreja
Adventista foi representada por Jesús
Calvo, líder da Igreja na Espanha, e por
Andrés Tejel, diretor dos arquivos históricos da Igreja no país e organizador
do evento. Outros pastores e vários
membros da Igreja também estiveram
presentes. O representante da Igreja
Adventista na sede administrativa da
Europa, Roberto Badenas, descerrou a
placa comemorativa.
Nos últimos anos, as autoridades da
cidade de Baeza restauraram os monumentos em memória daqueles que, no
passado, se levantaram contra o regime
totalitário da Espanha.
Para concluir a cerimônia, o líder da
Igreja Adventista na Espanha leu uma
carta dos descendentes de Walter Bond,
que vivem nos Estados Unidos, e os
participantes cantaram o hino preferido
dele, “Há Um Rio Cristalino” (Hinário
Adventista, nº 553). A mídia local fez
massiva cobertura do evento.
O trabalho pioneiro de Walter
Bond, que lhe custou a vida, não foi
em vão. Hoje, a Igreja Adventista tem
mais de 15 mil membros na Espanha e
muitas autoridades simpatizam com
o movimento.
– Com reportagem de Pedro Torres
Martinez
Agosto 2010 | Adventist World
7
A Igreja em Ação
VISÃO MUNDIAL
O texto a seguir foi extraído de um sermão pregado por Tiago
White, em 5 de março de 1870, em Battle Creek, Michigan
(EUA), durante seu segundo período como presidente mundial
da Igreja Adventista do Sétimo Dia (1869-1871). Com Ellen
White (sua esposa) e José Bates, Tiago é considerado um dos
co-fundadores da Igreja. Ele também criou a Adventist Review
(Revista Adventista, nos EUA) e o ministério de publicações
da Igreja. – Os editores
A
ssim, aproximemo-nos do trono da graça com toda a confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos
graça que nos ajude no momento da necessidade” (Hb 4:16).*
É nosso privilégio nos aproximarmos do trono da graça.
É esse um trono do qual os pecadores se aproximam para
encontrar julgamento e retribuição? Não! Podemos nos
aproximar para encontrar graça, para encontrar perdão, para
encontrar misericórdia. Vamos até lá para receber o pagamento pelo que fizemos? Certamente que não! Porque, depois
de fazer tudo o que é possível, ainda somos “servos inúteis”
(Lc 17:10). Somos convidados a ir a um lugar onde podemos
encontrar graça, não retribuição. É nosso privilégio encontrar
misericórdia e graça.
“
Não Tema
Como inicia o capítulo onde está o texto que lemos?
“Temamos, portanto, que, sendo-nos deixada a promessa de
entrar no descanso de Deus, suceda parecer que algum de vós
tenha falhado” (Hb 4:1, Almeida Revista e Atualizada). Somos
exortados a temer. Temer o quê? Não devemos temer que o
Senhor deixe de ouvir nossa oração. Não precisamos temer,
pois somos convidados a nos aproximar, com muita ousadia,
do trono da graça. Os ouvidos de Deus estão sempre abertos.
Não precisamos temer que, no Céu, haja falta de amor
pelos pecadores. Depois de conceder a maior dádiva que o
Céu possui, como Deus poderia deixar de conceder dádivas
menores? Junto com a dádiva do Filho de Deus, recebemos
a promessa do infinito amor de Deus pelos pecadores. Não
há falta de amor por parte de nosso Deus. Quanto a isso, não
precisamos temer.
No entanto, em relação a algumas coisas, é preciso temer.
É preciso vigiarmos a nós mesmos com cuidado e com
grande temor, para não ofendermos alguém com a língua.
Que órgão incontrolável é a língua, capaz de ofender ao
semelhante (Tg 3:5, 8, 9)! Que terrível pecado! A língua é
como chuva desoladora, como um incêndio incontrolável
(versos 5, 6)! Devemos temer se nossas palavras não são boas,
O sermão completo de Tiago White pode ser encontrado em
Advent Review and Sabbath Herald (Revista do Advento e Arauto
do Sábado), de 5 de agosto de 1873.
8
Adventist World | Agosto 2010
para que não exerçam má influência sobre os outros ou sobre
nós mesmos. Oh, como existe no mundo tanto falatório sobre
coisas inúteis, tanta fofoca e tagarelice!
Queridos irmãos e amigos, devemos temer ser dominados
pelo amor ao mundo. Devemos temer se não conseguimos
dominar a língua nem controlar o temperamento. Devemos
temer a nós mesmos. Temer nossa incapacidade de resistir ao
mal, mas jamais temer a capacidade do Senhor de nos salvar.
Podemos nos atirar aos pés de Jesus, dizendo: “Sou indigno!”
Podemos, no entanto, ao mesmo tempo cantar: “Digno,
digno é o Cordeiro de Deus!” À medida que a presunção se
enfraquece e percebemos que somos mais dependentes de
Deus, a confiança no Senhor torna-se mais forte.
Temos um Mediador
Fico encantado com a sabedoria que encontramos no
livro sagrado de Deus, especialmente no capítulo que lemos.
Acompanhemos a leitura, prestemos muita atenção e tentemos enxergar toda a beleza desse texto. O capítulo começa
com uma exortação: Temam e tremam, vigiem a vocês
mesmos. Por outro lado, o apóstolo diz, no mesmo capítulo:
“Portanto, visto que temos um grande Sumo Sacerdote que
adentrou os Céus, Jesus, o Filho de Deus, apeguemo-nos
com toda a firmeza à fé que professamos” (Hb 4:14). Muitos
cristãos sofrem os ataques do inimigo, que lança sobre eles
medo e insegurança, distorce o verdadeiro temor do Senhor e
os conduz à dúvida e ao desespero.
O
Trono
da
Graça
Ouça o apóstolo. Não permita que o inimigo leve você
ao desespero. Temos um Sumo Sacerdote que sente compaixão de nós e conhece nossas dificuldades. Ele, como nós,
“passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado”
(Hb 4:15). Ele quer nos salvar e tem poder para isso. Se
você está desesperado e tremendo, olhe para cima! Você
se sente totalmente indigno? Eu respondo: Amém! Porque
você é indigno. Pode estar certo disso. Mas Jesus é digno. Ele
é capaz. Ele deseja nos salvar e está pronto para fazer isso.
Olhe, então, para cima! Olhe para cima! Ele é seu mediador.
Ele é seu intercessor perante o Pai. Ele experimentou as suas
dores, dificuldades, tristezas, desamparo e, por isso, sabe
exatamente como ajudá-lo.
Venha Corajosamente
Tudo que dissemos até agora pode ser resumido nas
palavras do apóstolo: “Aproximemo-nos do trono da graça
com toda a confiança, a fim de recebermos misericórdia e
encontrarmos graça que nos ajude no momento da necessidade” (Hb 4:16). Você não precisa ir até Deus com medo
ou receio. Venha, com ousadia, em nome de Jesus. Aqueles a
quem Ele mais perdoa, Ele mais ama. Os maiores pecadores,
mas que vão a Ele arrependidos, encontrarão perdão proporcional a seus pecados. As bênçãos serão proporcionais
aos erros cometidos. Você é um grande pecador? Então,
tudo que precisa é um grande arrependimento, para receber
grande perdão e grande bênção. Acheguemo-nos, confiantes,
Por
Tiago White
ao trono da graça. Não devemos, porém, ir de forma
desinteressada ou presunçosa.
“Aproximemo-nos do trono da graça com toda a confiança.” Um trono representa um reino. Se há um trono da
graça, há também um reino da graça. Lamento que os adventistas geralmente pensem que, na Bíblia, “reino de Deus”
e “reino do Céu” sempre se refere ao reino futuro de Deus.
Sem dúvida, eu aguardo o reino eterno de Deus, que virá
no futuro. Mas, no relacionamento de Deus com Seu povo,
a palavra “reino” pode ter dois sentidos. Às vezes, a Bíblia se
refere a um desses sentidos; outras vezes, se refere ao outro
sentido. Um é o reino da graça, ao qual pertence o “trono da
graça” (Hb 4:16). Outro é o reino da glória,
do qual é parte o “trono da glória” (ver Mt 25:31). O reino
da graça existe agora. O reino da glória é futuro, será
estabelecido quando Cristo voltar.
Esse assunto é maravilhoso; não vamos, porém, falar
de todos os detalhes agora. Neste momento, desejo apenas
convidá-lo a buscar essa bênção, essa experiência mencionada
por Paulo: “Não deixamos de orar por vocês e de pedir que
sejam cheios do pleno conhecimento da vontade de Deus,
com toda a sabedoria e entendimento espiritual. E isso para
que vocês vivam de maneira digna do Senhor e em tudo
possam agradá-Lo, frutificando em toda boa obra, crescendo
no conhecimento de Deus” (Cl 1:9, 10). Amém!
* Salvo outra indicação, os textos bíblicos foram extraídos da Nova Versão Internacional.
Agosto 2010 | Adventist World
9
A Igreja em Ação
JANELA
Polônia
por Dentro
Por Hans Olson
S
ituada no centro da Europa, a Polônia representa o
cruzamento entre a região oriental e ocidental do
continente. Ela emergiu como nação no fim do século
10 d.C. Naquele tempo, era a maior nação da Europa. No
século 19, dois vizinhos da Polônia – o Reino da Prússia
(atual Alemanha) e o Império Russo – se tornaram as duas
superpotências do mundo. Em 1795, esses dois países
dividiram a Polônia entre si, removendo-a do mapa múndi.
Após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a Polônia
reconquistou a independência, tornou-se uma nação soberana
e o nono maior país da Europa.
A Alemanha Nazista e a União Soviética invadiram a
Polônia durante a Segunda Guerra Mundial. Cerca de seis
milhões de poloneses, sendo a metade judia, morreram
durante essa guerra. Ao final dela, o comunismo foi instalado
na Polônia, que ficou atrás da “Cortina de Ferro” soviética.
Em 1989, eleições livres introduziram um novo governo, que
desencadeou a queda do comunismo na Europa.
Mais da metade da Polônia é agrícola ou florestal. Em
virtude de grande parte de seu território não ser desenvolvido,
a Polônia torna-se um refúgio para muitos animais e plantas
que há muito já desapareceram do resto da Europa. Entre
os animais encontrados ali estão o bisão (boi selvagem da
Europa), o urso marrom, o lobo cinza e o alce. Cerca de 25%
dos pássaros migratórios da Europa reproduzem-se, todos os
verões, nas terras
úmidas da Polônia.
Baltic Sea
LITHUANIA
Adventistas na Polônia
O cristianismo esteve presente na Polônia desde o início
da nação. O primeiro rei da Polônia, Mieszko I, tornou-se
cristão por volta do ano 966 d.C. e transformou a Polônia
num Estado de soberania cristã. Ainda hoje, a Igreja Católica
Romana é uma força influente no país.
Em 1888, dois adventistas, J. Laubhan e H. Szkubowicz,
mudaram-se da Crimeia (oeste da Rússia) para o leste da
Polônia, onde iniciaram uma congregação adventista. Três
anos mais tarde, fundaram uma igreja em Zarnowska. A
Igreja Adventista lutou para conseguir o reconhecimento do
Estado, enquanto continuava a crescer. Por um tempo, todos
os prédios de igreja deviam ser privados.
Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a
Alemanha e a União Soviética declararam a Igreja Adventista
como ilegal. Após a guerra, a Igreja foi restabelecida e
começou a crescer novamente.
A queda do comunismo trouxe total liberdade religiosa
aos adventistas. Embora a conquista da liberdade religiosa
fosse boa, a nação tornou-se bastante secular. Nos últimos
15 anos, a Igreja Adventista cresceu muito pouco em número
de membros. Para ajudar as igrejas locais a evangelizar suas
comunidades, a Igreja Adventista decidiu oferecer um local
para crescimento espiritual, onde seus membros possam
fortalecer seu relacionamento com Deus e levar outros a Ele.
O local é chamado Acampamento de Zatonie.
O Acampamento de Zatonie, anualmente, alcança várias
centenas de crianças. Mas o governo polonês está exigindo
que os prédios do acampamento sejam modernizados.
Esse é um grande desafio financeiro para os cerca de 5.700
adventistas da Polônia. Parte da oferta do décimo terceiro
sábado deste trimestre ajudará a completar a reforma e a
tornar o acampamento ainda mais útil para compartilhar o
amor de Deus.
Para saber mais sobre a missão
da Igreja Adventista do Sétimo
Dia ao redor do mundo, visite
www.AdventistMission.org.
RUSSIA
POLÔNIA
BELARUS
Varsóvia
POLÔNIA
Capital:
Varsóvia
Idioma Oficial:
Polonês
Religiões principais:
Católica Romana e
Ortodoxa Oriental
População:
38,1 milhões*
Adventistas:
5.748*
Adventista por habitantes:
1 por 6.629*
ALEMANHA
REPÚBLICA
TCHECA
ESLOVÁQUIA
UCRÂNIA
*Arquivos Estatísticos da Associação Geral, 146º Relatório Estatístico Anual (2008)
HUNGARY
10
ROMANIA
Adventist World | Agosto 2010
K R I S TA
D AV I S
A
é
oja
S Saudável ?
S A Ú D E
N O
M U N D O
Por Allan R. Handysides
e Peter N. Landless
De tempos em tempos, ouvimos dizer que os alimentos feitos com soja não são saudáveis. Qual sua opinião a respeito?
O
s alimentos feitos com soja
variam desde o grão cozido
até produtos refinados e
altamente processados. A soja foi
popularizada especialmente pelos
adventistas, que encontram nela boa
fonte de proteína. Os aminoácidos, que
são os blocos construtores de proteína,
são encontrados em quase todos os
alimentos vegetais. Portanto, o único
problema que o vegetariano pode
enfrentar com a proteína é se sua dieta
não for variada e equilibrada.
As fontes de proteína vegetal frequentemente não possuem um ou dois
aminoácidos essenciais, e o feijão da
soja é um produto que oferece maior
variedade de aminoácidos. O uso de
produtos animais fornece boa quantidade de aminoácidos em um único
alimento. Tal vantagem dos produtos
animais sobre os vegetais, porém, não
prevalece se comparada a uma mistura
de alimentos. Para o vegetariano, a
mistura de grãos com legumes e nozes
provê a quantidade completa de aminoácidos, plenamente satisfatória para
todos os tipos de pessoas: atletas, adolescentes em crescimento e até grávidas.
Isso significa que os produtos da soja,
bons como são, não têm necessariamente que fazer parte da dieta vegetariana
para que seja satisfatória.
Há, entretanto, outras vantagens na
soja, não relacionadas a aminoácidos.
Embora haja evidências de várias
vantagens da soja, essa evidência não
é totalmente conclusiva, porque os
estudos sobre os efeitos dos alimentos
F O T O :
L U I Z
B A LTA R
são muito difíceis de ser realizados. No
entanto, é provável que a soja ofereça a
proteção das isoflavonas e outros fitoquímicos que diminuem o risco de câncer.
Para o homem, um copo de leite de soja
aparentemente fornece módica proteção
nos casos de câncer de próstata.
Aqueles que são contra a soja
utilizam vários tipos de argumentos.
Alguns mencionam situações nas quais
pássaros alimentados essencialmente
com uma dieta de soja desenvolveram
bicos tortos. Outros citam estudos que
sugerem um aumento de demência nos
que consomem alta quantidade de soja.
O mais importante, no entanto, é reconhecer que esses estudos são inconclusivos. Aqueles que são contrários à soja
atribuem a esses estudos mais ênfase e
valor do que merecem.
Há alguns meses, um estudo muito
bem conduzido, baseado em ampla
pesquisa, foi publicado por The Journal
of the American Medical Association
(JAMA, 9 de dezembro de 2009, v. 302,
nº 22) sobre o consumo da soja e o
câncer de mama. Esse estudo, realizado
entre mulheres na China, classificou
o consumo da soja em quatro grupos
de pessoas e o correlacionou com a
sobrevivência ao câncer de mama. Mais
de 5 mil mulheres, estudadas por
cerca de cinco anos, sobreviveram ao
câncer de mama. As que pertenciam ao
grupo de maior consumo de soja
tiveram cerca de 30 a 40% menos reincidência do câncer. Elas experimentaram
essa vantagem apesar da condição do
receptor de estrogênio do tumor, mas
não aumentou onde o consumo excedeu os 11 gramas diários de proteína
da soja.
Isso sugere que os benefícios da soja
têm seus limites. Uma das dificuldades
de aplicar essa vantagem para os países
ocidentais, por exemplo, é que os chineses
costumam consumir a soja em seu estado
natural (integral), não a proteína texturizada usada em outras partes do mundo.
Certamente, os produtos da soja “natural”
como o leite, tofu, feijão ou missô (tempero tradicional japonês) parece conferir
vantagem às sobreviventes do câncer de
mama. Por ser um estudo de alta qualidade, é bastante relevante para o câncer
de mama e é um incentivo para os que
consomem a soja, especialmente o grão.
Mesmo que o benefício para esse
tipo de situação não se aplique a todo
o espectro de vantagens e desvantagens
potenciais, é um apoio à nossa recomendação de que quantidades moderadas de soja sejam utilizadas numa dieta
vegetariana equilibrada.
Allan R. Handysides, M.B.,
Ch.B., FRCPC, FRCSC, FACOG,
é diretor do Departamento de
Saúde da Associação Geral.
Peter N. Landless, M.B.,
B.Ch., M.Med., F.C.P.(SA),
F.A.C.C., é diretor-executivo da
ICPA e diretor-associado do
Departamento de Saúde da
Associação Geral.
Agosto 2010 | Adventist World
11
D E V O C I O N A L
C
omo cirurgião, minha missão
é restaurar pessoas feridas.
No entanto, mesmo após
passar a maior parte de minha vida na
“panela de pressão” da faculdade e da
residência cirúrgica, percebo que essas
mãos supostamente talentosas, em
realidade, podem fazer muito pouco.
Não posso curar o espírito. Não posso
curar a alma. De fato, sou incapaz de
curar até mesmo o corpo.
Hérniase o
Espirito
O que
aprendi, como
cirurgião,
sobre a salvação
É certo que eu sei cortar e suturar
habilmente. Contudo, a cura completa
depende da restauração realizada pelo
próprio corpo, incorporando o material
da prótese ou aumentando a resposta
imune ao apêndice gangrenado, a uma
bexiga inchada ou a uma massa cancerosa extirpada. Tudo isso requer a ação
do que poderíamos chamar de “graça
biológica”, a incrível habilidade do corpo,
dada por Deus, de se regenerar e superar.
Nenhum Justo, Nem Um Só
O ditado: “Médico, cura-te a ti
mesmo” (Lc 4:23)* expõe uma falha fundamental e aparente em todos os médicos
introspectivos. Trabalhamos para curar
os outros, enquanto nós mesmos estamos
feridos. Os ferimentos podem estar em
nosso corpo, porque somos, muitas vezes,
ineficientes mordomos do templo de nosso corpo e temos uma expectativa de vida
menor do que a média dos pacientes.
Esse ferimento íntimo pode ser
12
Adventist World | Agosto 2010
revelado em um espírito infeliz,
emoções desgovernadas e profundos
problemas de relacionamento. Mais
acertadamente, isso se aplica à alma e a
nossa relação com Deus. Necessitamos
de um Médico e, quanto mais longe
vamos, mais nos ferimos.
Num esforço para recuperar essa
proximidade perdida, de redescobrir e experimentar mais uma vez a realidade e a
bênção da salvação em Jesus Cristo, decidi estudar mais profundamente o tesouro
de Sua Palavra e a luz profética dada por
Deus aos adventistas. Nessa busca, fiquei
impressionado com a natureza cirúrgica
do trabalho do Espírito Santo. “A santificação da alma pela operação do Espírito
Santo é a implantação da natureza de
Cristo na humanidade” (Ellen G. White,
Mensagens Escolhidas, v. 3, p. 198).
Nesse texto, a escritora utiliza
termos cirúrgicos. Em primeiro lugar,
ela fala sobre “operação”. Além disso,
um material estranho incorporado ao
Por
Marvin
Atchison
corpo é um implante,
seja ele em forma de prótese, mistura de materiais
ou tecidos doados. As palavras
da escritora são similares àquelas relacionadas às muitas hérnias
que trato em meu consultório, o que
me leva a comparar uma herniorrafia
(reparação da hérnia) com a salvação.
As hérnias, assim como o pecado, são
comuns à humanidade e são encontradas
em todas as idades, gêneros, regiões e
pessoas de todo o mundo. Há inúmeros
subtipos de hérnias, mas a maioria ocorre em locais pouco habituais, nas zonas
de fraqueza congênita ou adquirida,
como a virilha, o umbigo e em cicatrizes
cirúrgicas. Apesar das diferenças, todas
as hérnias possuem o mesmo risco
potencialmente fatal de encarceramento
e subsequente estrangulamento, fazendo
com que o órgão envolvido fique preso
na hérnia e, em seguida, comprometa o
suprimento de sangue.
A N D R E Y
K I S E L E V
Justificado Gratuitamente
por Sua Graça...
Para pacientes com esse problema,
que coloca a vida em risco, o tratamento envolve dois componentes distintos
e fundamentais: redução e correção,
que podem ser comparados aos componentes da salvação: justificação e
santificação. A sobrevivência do órgão
com hérnia depende de urgente redução, pressionando-o de volta a seu lugar
anatômico apropriado.
A redução de uma hérnia é uma
arte, algo aprendido durante anos de
estudo e prática. Frequentemente, sou
chamado ao setor de emergência para
avaliar pacientes com hérnia supostamente encarcerada, que resistiu às mais
de sangue, ela não resolve a causa do
problema, o defeito físico que causou a
doença aparente. Se a hérnia for apenas
reduzida, ela poderá se projetar de novo,
com risco de estrangulamento. Assim, o
problema subjacente deve ser tratado.
Hoje, a herniorrafia geralmente
envolve o implante de uma tela de tecido poroso de polipropileno, poliéster,
colágeno ou outro material. Essa tela
é suturada ao local, mas a verdadeira
força da correção acontece nas semanas
seguintes, quando o corpo se incorpora
às fibras da tela.
De forma semelhante, o trabalho
do Espírito Santo é operar, implantando não uma tela, mas a natureza
de Cristo. Ela não é uma prótese
Santo
insistentes tentativas do pessoal da
emergência.
Por que eles me chamam? Sou
chamado porque minhas mãos são
habilidosas nessa área. Elas passaram pelo
fogo da residência cirúrgica; venceram
uma legião de hérnias, reduzindo-as e
realizando sua correção definitiva. Da
mesma forma, estamos todos morrendo
espiritual e eternamente, a menos que
sejamos tocados por mãos qualificadas.
Não as minhas, mas as mãos de um
Judeu que carregam as cicatrizes de um
terrível sofrimento. Ele pode socorrer. Ele
pode salvar. Só Ele pode justificar a alma.
E Esta é a Vontade de Deus:
a Sua Santificação...
Embora a redução da hérnia
resolva imediatamente a
preocupação com o risco
de morte, pois restaura a
disposição anatômica
correta e o fluxo
de um corte é uma chance de cura”.
Eu não posso curar a mim mesmo,
não importa quanto exercício ou
atividades faça. Meus maiores esforços
são, na melhor das hipóteses, apenas
uma cinta para a hérnia, um suporte
mecânico para simplesmente comprimi-la, minimizar o desconforto e fazer
com que a protuberância seja menos
perceptível. Eu preciso do grande
Cirurgião, o único que pode me curar.
Pela Graça de Cristo, Prossigo
Apesar da utilidade de todas as
analogias, elas têm um limite. Aqui,
precisamos dar um passo adiante e
considerar-nos como filhos perdidos
de Deus. Em lugar de ficar julgando e
Estamos todos morrendo espiritual
e eternamente, a menos que sejamos
tocados por Mãos qualificadas.
inanimada; é, na realidade, um enxerto
vivo. “Permaneçam em Mim, e Eu
permanecerei em vocês”, disse Jesus
(Jo 15:4). Quando a natureza de Jesus
é implantada em mim e, através do
processo diário (e, às vezes, doloroso),
eu cresço nEle e Ele cresce em mim.
Não por Obras, Para que
Ninguém se Glorie...
Periodicamente, os pacientes me
perguntam que tipo de exercícios podem
fazer para curar sua hérnia. O problema
é causado pela flacidez do músculo e
pode ser remediado com exercícios de
fortalecimento. Na verdade, a deficiência
não é propriamente no músculo, mas no
tecido conjuntivo, denominado fáscia.
Esse tecido proporciona força à parede
abdominal.
Infelizmente, uma vez que esse
tecido é rompido, geralmente o corpo é
incapaz de repará-lo sem a intervenção
de um cirurgião, para quem “a chance
condenando, como é a propensão dos
supostos justos, precisamos lidar com os
pecadores como lidaríamos com os
nossos amigos e parentes que têm hérnia.
William Law, o famoso sacerdote
anglicano do século 18, já dizia: “Temos
que nos posicionar contra o pecado
como fazemos contra as doenças, mostrando-nos gentis e compassivos para
com o doente” (Um Sério Chamado a
uma Vida Devota e Santa, capítulo 20).
Só então poderemos ser emissários da
graça para o caído, não os afastando,
mas levando-os em direção ao grande
Cirurgião.
*Todos os textos bíblicos foram extraídos da Nova Versão
Internacional.
Marvin Atchison é
médico e mora em Orange
County, Califórnia, EUA.
Agosto 2010 | Adventist World
13
V I D A
Por
Jerry Jean
A D V E N T I S T A
O
sol quente brilhava sobre o Haiti, a “pérola do Caribe”,
naquela terça-feira, 12 de janeiro de 2010. Ninguém
imaginava como terminaria aquele dia.
A caravana do projeto Siga a Bíblia havia chegado
ao Haiti alguns dias antes e estava sendo visitada,
com grande interesse, pelos alunos da Universidade
Adventista do Haiti (veja “Siga a Bíblia”, Adventist
World, julho de 2010, p. 16-18). O programa iniciara às
16h00 com hinos, seguidos por orações e uma mensagem
espiritual. Algumas Bíblias haviam sido distribuídas para
alunos não adventistas e, como capelão da Universidade,
encerrei o programa com uma oração de entrega. Com o
coração aberto para o Espírito Santo e ajoelhada, a
congregação orou comigo. Como eu gostaria que aquele
maravilhoso momento de paz durasse para sempre!
Entretanto, cinco minutos depois, o nosso mundo, como
o conhecíamos, acabou.
erra
T
Atingidos pelo Terremoto
Um silêncio mortal invadiu o auditório. Então, como se
um tanque de guerra tivesse entrado no prédio, ouvi a terrível
conturbação. Não compreendi o que estava acontecendo. Todas
as pessoas fugiram, enquanto eu fiquei ali, fixado à plataforma.
Olhei para cima e vi o telhado, preso por fortes vigas de aço,
abrir-se, revelando o céu de azul profundo. Atordoado, vi quando o telhado se fechou outra vez. A parede de quase 6 metros,
atrás da plataforma, parecia construída de papelão, tremendo
como se estivesse pronta para cair sobre mim. Em vez de correr
para um lugar seguro, porém, fiquei onde estava, paralisado.
As ripas das janelas haviam sido arrancadas, deixando
para trás uma trilha de fumaça branca. Os fios que ligavam as
caixas de som faiscavam como que avisando sobre o grande
perigo que ainda estava por vir.
Durante os 35 segundos do terremoto, eu não conseguia
parar de imaginar o que estaria acontecendo. Enquanto observava o desenrolar daquelas cenas espantosas, pensei como
seria imprudente ir pelo corredor central em direção à saída,
e arriscar ser atingido pelos destroços do prédio. Foi quando
percebi dois alunos de Teologia ajoelhados, orando. Disseram-me, mais tarde, que pensaram ser essa a melhor posição
para enfrentar a morte.
Desolação e Destruição
Quando cessou o primeiro choque, peguei a mochila que
havia deixado na cadeira e calmamente caminhei em direção
à saída. Foi apenas quando cheguei perto dos degraus que
sustentavam as arquibancadas, que percebi que estavam
rachadas e em breve iriam desmoronar. Corri para fora.
Quando cheguei do lado de fora, encontrei desolação em
todos os lugares: dois terços do prédio do seminário teológico
estavam destruídos, como também grande parte dos dormitórios masculino e feminino, a casa publicadora e o prédio de
expedição. A livraria da universidade e o muro de proteção do
14
Adventist World | Agosto 2010
O Que a
Está nos
Dizendo?
Sobrevivente do terremoto
campus estavam caídos. Os alunos estavam deitados no chão,
chorando, incapazes de ficar em pé. Hinos de louvor saíam de
seus trêmulos lábios, agradecendo ao Deus misericordioso por
poupar-lhes a vida.
Com os joelhos tremendo e incapaz de falar mais que
algumas palavras, pedi um telefone celular para falar com minha esposa, mas logo percebi que não havia sinal. Angustiado,
imaginava como estariam ela e as crianças. Todos os alunos
que estavam dentro do auditório estavam vivos; mas, e a minha família? Graças a Deus, mais tarde soube que a vida deles
também havia sido protegida por Ele.
Problema Antigo
Os terremotos reduzem a vida à sua dimensão mais básica,
varrendo nosso conforto e certezas. Quando ocorreu o famoso
terremoto de Lisboa, em 1º de novembro de 1755, muitas
pessoas estavam na igreja celebrando o Dia de Todos os Santos.
As rezas e crucifixos não fizeram nada para salvá-los. Eles foram
enterrados vivos. Os que conseguiram escapar para a ponte de
atracação de mármore, no porto, em seguida foram engolidos
por um gigante tsunami, provocado por um tremor dentro do
mar, na costa de Portugal. Aqueles que assistiram a essa cena
foram atingidos pelo fogo que engoliu o que restava da cidade.
Dos 250 mil habitantes de Lisboa, entre 50 e 60 mil morreram.
Esse evento afetou profundamente toda a Europa. Descrições do terremoto foram amplamente divulgadas e discutidas
R O B E R T
K Y L E / A D V E N T I S T
R I S K
M A N A G E M E N T
(verso 8, NVI). O século 20 presenciou grande parte desses
acontecimentos; alguns terremotos ultrapassaram o de
Lisboa. E o número e a intensidade estão aumentando.
Segundo o site do U.S. Geological Survey (pesquisa geológica
dos EUA), foram registrados entre 19 e 48 terremotos de
intensidade de 6.0 ou mais na escala Richter (que vai até 10),
durante o último século. Entre os anos 2000 e 2009, houve
309 terremotos com essa intensidade. Nos últimos dez anos,
houve quase tantos terremotos com a intensidade de
6.0 ou mais que nos noventa anos anteriores. Veja no site
http://earthquake.usgs.gov/earthquakes/world/historical.php.
Esteja Pronto
no Haiti conta sua história.
em todo o continente até o fim do século 19. Ellen White
menciona esse terremoto em seus escritos. Ela cita Apocalipse
6:12: “Observei quando Ele [o Cordeiro] abriu o sexto selo.
Houve um grande terremoto. O sol ficou escuro como tecido
de crina negra, toda a lua tornou-se vermelha como sangue”
(NVI). Então, Ellen White comenta: “Estes sinais foram testemunhados antes do início do século XIX. Em cumprimento
desta profecia ocorreu no ano 1755 o mais terrível terremoto
que já se registrou. Posto que geralmente conhecido por
terremoto de Lisboa, estendeu-se pela maior parte da Europa,
África e América do Norte” (O Grande Conflito, p. 304).
Uma testemunha ocular recorda que “essa grande e opulenta cidade agora não é nada mais que um vasto amontoado
de ruínas; ricos e pobres estão no mesmo nível; milhares
de famílias, que no dia anterior desfrutavam de situação
favorável, estão agora espalhadas pelos campos, procurando
todas as comodidades da vida, não encontrando ninguém
que os alivie” (Charles Davy, Modern History Sourcebook, em
www.fordham.edu/halsall/mod/1755lisbonquake.html). Com
muita exatidão, essas palavras descrevem as circunstâncias
que estávamos enfrentando em nosso campus.
Advertências
Jesus advertiu sobre os desastres que viriam. Ele disse que
haveria “fomes e terremotos em vários lugares” (Mt 24:7,
NVI) e acrescentou que “tudo isso será o início das dores”
Agora é o tempo de nos prepararmos para o breve
retorno de Jesus. Minha experiência no terremoto do Haiti
convenceu-me disso. Agora tenho mais consciência de quão
frágil é a vida humana, especialmente sem Deus. Tudo o
que tinha qualquer indício de orgulho ou arrogância perdeu
completamente o valor naquele dia fatídico. Tudo o que nos
separava uns dos outros – a cor da pele, situação social, nível
de instrução – tornou-se sem sentido. Que preciosa lição para
aprender enquanto nos preparamos para a eternidade!
Quão perto estamos da vinda de nosso Salvador? Não
sabemos com certeza, mas aqueles que experimentaram o
terremoto e sobreviveram a ele estão certos de que vivemos
em tempo emprestado. Muitas vidas foram poupadas pela
misericórdia de Deus. Outras não, incluindo centenas de
adventistas. Temos a esperança de que, quando Jesus voltar,
veremos novamente nossos irmãos e irmãs em Cristo no lar
celestial. Mas o que dizer daqueles que não estavam prontos
para se encontrar com Deus?
Creio que o Todo-poderoso, em Sua infinita misericórdia,
preservou minha vida para que eu cumprisse com mais
dedicação o mandato confiado por Ele a todos os Seus
discípulos, para ajudar a preparar as pessoas para a segunda
vinda de Cristo. Meu ministério também terá um novo
direcionamento; oro para que ele seja caracterizado por mais
tato, sensibilidade e compaixão.
Nosso Senhor voltará, conforme Ele prometeu. Precisamos estar prontos, testemunhar e orar. Não permita que as
coisas deste mundo expulsem do coração o amado Salvador.
Logo este mundo, por mais atraente que possa parecer,
desaparecerá como fumaça. Eu aguardo ansiosamente aquela
gloriosa manhã, quando verei, outra vez, os queridos que
agora dormem em Cristo. E, sobretudo, contemplarei a face
de meu Salvador!
Jerry Jean é ex-capelão da Universidade
Adventista do Haiti, em Diquini, próximo a
Porto Príncipe.
Agosto 2010 | Adventist World
15
A R T I G O D E C A PA
S O N I A
K R U M M
S O N I A
K R U M M
Direita: FÉ EM AÇÃO: Delia e
Hipólito Oljeda, os pais de Léo,
abriram o coração e a casa para os
amigos de Léo e membros da JAM.
Abaixo: TRABALHO DE EQUIPE: O
grupo da JAM, a família de Léo e
alguns irmãos adventistas das
cidades vizinhas posam em frente
à igreja parcialmente construída.
Acima: PRIMEIRO FRUTO: O construtor
que continuou trabalhando na
construção da igreja foi a primeira
pessoa a ser batizada.
A
Centelha
que Acendeu uma
ogueıra
F
Acima: Léo Ojeda.
Por Sonia
Krumm
Nikolaus
E
ra uma linda tarde de verão. O
lago azul parecia um tapete ao pé
dos picos nevados da Cordilheira
dos Andes. As áreas mais baixas das
montanhas eram cobertas por diferentes tipos de vegetação.
Léo, que tinha 21 anos de idade,
parou para tomar fôlego e olhar ao redor.
A água corrente de um riacho refletia a
expressão de felicidade do rapaz. A beleza
da natureza o impulsionava a cantar
em gratidão a Deus. Que pena que ele
havia deixado seu acordeão em casa! O
instrumento que ele tanto amava estava
a mais de 2.400 quilômetros de distância,
na casa de seus pais, em uma pequena
cidade chamada Campo Hermoso.
A paisagem no sul era de um
mundo totalmente diferente de sua
cidade natal, na província de Chaco,
região norte da Argentina. As planícies
alcançavam o horizonte, e os brancos
campos de algodão circundavam as
poucas árvores que sobrevivem às altas
temperaturas da região.
Léo arrumou o boné e continuou
caminhando com seus amigos colportores. Era um lindo sábado à tarde. Não
importava quanto já tinham andado e
trabalhado naquela semana, visitando
cada uma das casas, levando a palavra
impressa a todos os cantos; sempre
havia tempo para uma caminhada de
sábado com os amigos! Era muito bom
cantar, compartilhar experiências e
orar juntos. E dificilmente haveria um
melhor lugar para recuperar as forças
para a semana seguinte.
Léo pensou em seus pais, Délia e
Hipólito Ojeda, que o viram sair cheio
de esperança. Ele era o primeiro filho
dos Ojedas a estudar numa escola
adventista. Como seria bom se seu
irmão Darío também pudesse estudar
lá! Ele também pensou em Blanquita,
sua irmã mais velha. Que bom se ela
retornasse à fé adventista, da qual havia
se desviado. E quão maravilhoso seria se
seus três irmãos mais novos pudessem
ao menos ter uma igreja para se reunir
cantavam alegremente. Faltava apenas a
voz de Léo!
Havia algumas figuras coloridas na
pequena parede da sala de estar. Léo
havia criado pinturas e presenteado a
mãe, antes de viajar ao sul da Argentina para vender livros que custeariam
suas despesas escolares. Ele estava no
penúltimo ano do curso de Comunicação Social na Universidade Adventista
del Plata. Léo era o orgulho e esperança dos pais, alguém que – pensavam
eles – poderia abrir as portas para que
seus filhos mais novos também conseguissem estudar.
Como a
morte de um
jovem cristão
tornou-se
uma bênção
para centenas
de pessoas.
todos os sábados em sua cidade natal!
Naquele momento, Léo orou:
Obrigado, Senhor, pelas bênçãos que
Tu tens derramado sobre mim! Obrigado
porque meus pais me ensinaram a Te
amar! Oro para que permaneças com
minha família nesse exato momento e
que eles também desfrutem da bênção
de frequentar uma igreja, como eu. Ó
Pai, eu Te amo tanto! Almejo o dia em
que, finalmente poderei Te encontrar e Te
abraçar! Esse é o meu maior sonho. Mas
não quero estar sozinho. Oro para que
minha irmã volte para os Teus braços,
querido Deus. Obrigado pela linda
paisagem; Tuas obras são maravilhosas!
Eu Te amo, Senhor!*
Lá na região norte, Délia, Hipólito
e três de seus filhos estavam estudando
a Bíblia. Todos os sábados, sua pequena
casa se transformava em igreja
doméstica. Hipólito tocava acordeão e
Darío tocava violão. Todos na família
escorregou e foi levado pela água.
Ele não foi encontrado”, disse alguém
por telefone.
Três dias depois, seus amigos da
universidade e sua família choraram
quando ouviram a notícia mais temida:
as equipes de resgate haviam encontrado
o corpo de Léo. A viva e alegre centelha
havia se apagado. Como esquecer um
amigo tão querido? Como enviá-lo,
assim, de volta à sua família? Que palavras seriam apropriadas para confortar
Tempo de Chorar
No sábado, 16 de fevereiro de 2008,
o campus universitário, localizado na
região central da Argentina, mais de
1.600 quilômetros ao norte do local
onde Léo estava colportando, entrou
em choque. A notícia fora devastadora:
“Enquanto Léo Ojeda caminhava
por um riacho com forte correnteza,
Sonia Krumm Nikolaus
é professora na
Universidade Adventista
del Plata, na Argentina.
Ela, o esposo e os três filhos são membros
ativos da JAM. Se quiser saber mais
sobre esse projeto, escreva para
[email protected].
Agosto 2010 | Adventist World
17
A R T I G O D E C A PA
ouviram as confortadoras palavras
compartilhadas pelo pastor Rodrigo
Arias, o jovem capelão da universidade,
que viajou até a cidade de Léo para esse
triste evento. O maior impacto, entretanto, foi presenciar a paz que a família
Ojeda mostrou diante dessa tragédia
aparentemente insuperável. Os vizinhos
comentavam: “Por mais que eles sejam
religiosos, como podem suportar tanta
dor sem gritar, desmaiar ou acusar
alguém pelo infortúnio? De onde vem
tanta força para que sigam vivendo e
sorrindo, mesmo em meio às lágrimas?
O que os torna tão fortes?”
(JAM). Começaram pedindo que
Deus enviasse as pessoas certas para o
projeto e que lhes mostrasse algo ainda
mais difícil: como conseguir o recurso
para construir a igreja. Marcaram as
férias de inverno, que estava apenas
alguns meses à frente, como a data
para o início da construção, e continuaram orando.
O grupo cresceu e aumentava a cada
dia. Logo, alguns professores da faculdade e líderes da igreja se uniram a eles.
Os membros se organizaram e começaram a compartilhar o sonho com as
outras igrejas locais. Pediram doações
e começaram a bater de porta em porta
na vizinhança. Também começaram
a economizar para pagar a viagem e
estada em Campo Hermoso.
Esses jovens sentiram a mesma
força motivadora que Léo havia sentido
tantas vezes. Levados pela compaixão
e motivados a servir, eles sonharam
Tempo de Sonhar
Poucas semanas mais tarde, o pastor
Arias estava em seu escritório, lendo
2 Coríntios capítulo 8. Ele conhecia
muito bem a história por trás desse
texto bíblico. A igreja na Macedônia
havia abraçado os irmãos e irmãs em
18
Adventist World | Agosto 2010
TEMPO DE ENSINAR: Muitas
crianças são evangelizadas pelos
alunos do curso fundamental em
Campo Hermoso.
K R U M M
Jerusalém, não apenas em oração, mas
enviando-lhes ajuda. Naquele momento, ele sentiu que Deus estava lhe dizendo algo: “Precisamos abraçar os Ojedas
lá em Campo Hermoso. Devemos ir lá e
construir uma igreja.”
O pastor Arias falou sobre a ideia
com Marly Müller, líder do grupo
jovem da igreja da universidade. Juntos,
começaram a orar para que o Senhor
mostrasse o que fazer. Uma nova chama
nasceu em seu coração e eles não deixariam que fosse apagada!
Não precisaram esperar muito pela
resposta. Quando falaram a outros
jovens sobre o projeto, alunos de vários
cursos e das mais variadas procedências
começaram a orar juntos e a fazer
planos com o mesmo objetivo: abraçar
a família Ojeda, construindo uma igreja
em sua cidade.
Os alunos do ensino médio e da
faculdade se uniram para formar o
grupo Jovens Adventistas Missionários
S O N I A
aqueles pais enlutados? Como entender
a morte de um jovem saudável, de 21
anos, que desejava apenas servir a Deus?
A notícia também chocou a cidade
natal de Léo. Embora muitos vizinhos
não compartilhassem a fé da família
Ojedas, todos naquela pequena cidade
tinham carinho e respeito por eles. Enquanto Hipólito, o pai de Léo, trabalhava
com manutenção e carpintaria nas casas
dos vizinhos, frequentemente oferecia
algum conselho, palavras de ânimo e
até alguma receita vegetariana que havia
aprendido. Os filhos dos Ojedas eram
conhecidos na escola pelo bom comportamento, bondade e excelentes notas.
Sempre que os outros pais perguntavam
a Délia e Hipólito como seus filhos conseguiam não se envolver em problemas e
com maus hábitos, eles aproveitavam ao
máximo essas preciosas oportunidades
para testemunhar de sua fé.
Toda a cidade se reuniu para lamentar a morte do jovem Léo. Todos
em dar conforto e respostas para uma
pequena cidade que não conhecia Jesus.
Hora de Construir
Em julho de 2008, apenas cinco
meses depois da morte de Léo, aconteceu
algo incrível. Equipados com baldes,
ferramentas de pedreiro, Bíblias e sacos
de dormir, 25 moços e moças e seis adultos chegaram a Campo Hermoso, uma
cidade onde as visitas são uma raridade.
Enquanto metade do grupo começava a construir a igreja, a outra metade
visitava os vizinhos, batendo em todas
as portas e convidando as pessoas a
comparecer, à noite, às reuniões especiais de estudo da Bíblia. Diziam algo
parecido com isto: “Bom dia, somos
estudantes da universidade adventista
em que o Léo estudava e estamos visitando a cidade para compartilhar um
pouco do que ele gostaria de compartilhar com seus vizinhos.”
Em todos os lugares as portas eram
abertas, e as pessoas respondiam:
“Por favor, entre! Vocês eram colegas
de classe do Léo! Que trabalho maravilhoso vocês estão fazendo aqui!”
E as pessoas continuavam: “Como a
família Ojeda ainda consegue viver
feliz depois de tudo o que aconteceu?”
Muitos diziam: “Estou tão deprimido;
para mim, a vida não tem sentido.
Como posso sentir a alegria que vocês
demonstram?” Ou: “Estou cansado de
ficar doente. Vejo que vocês realmente
desfrutam a vida. Vocês têm uma
aparência saudável e feliz. Quero saber
qual é o segredo!”
Todos os dias, antes do amanhecer
e até tarde da noite, o grupo JAM se
ajoelhava para agradecer a Deus por
estar operando milagres. O fogo da
missão incendiou Campo Hermoso.
Logo que o sol se punha, visitantes
e construtores eram transformados
numa “perfeita” equipe de jovens evangelistas. Os próprios jovens dirigiam
as reuniões, fazendo palestras sobre
os oito remédios naturais e levando as
pessoas a um encontro com Deus, à
confiança em Sua Palavra e ao maravilhoso conforto de saber que Jesus está
vivo e ama a todos.
Toda a cidade ficou encantada. O
prefeito declarou as palestras como de
interesse municipal. Os membros da
JAM foram entrevistados pela rádio
local e realizaram palestras dirigidas
aos pais e professores. Eles prometeram
voltar com auxílio profissional para
ajudar alguns vizinhos a superar o vício
das drogas, álcool e fumo. Receberam
centenas de matrículas para o curso
bíblico e distribuíram muitas Bíblias,
livros religiosos e revistas.
Os dias, entretanto, passaram
muito rápido. Quando as paredes
da igreja estavam apenas na metade,
contrataram um construtor local para
continuar a obra. A administração da
Igreja Adventista na província decidiu
enviar dois instrutores bíblicos para
ajudar às pessoas que estavam sedentas
para conhecer mais sobre a Palavra
de Deus.
Hora de Agradecer
A família Ojedas não está mais
sozinha em sua cidade. Há centenas
de vizinhos que agora compreendem a
fonte de sua força. Os Ojedas recebem
mais pedidos de ajuda do que podem
atender. A nova missão ocupa a maior
parte de seu tempo. Hipólito enfrenta
dificuldade para manter seu trabalho
na carpintaria e Délia está ocupada
cuidando dos dois obreiros bíblicos
que estão hospedados na casa deles.
Tantas mudanças em tão pouco tempo!
Em fevereiro de 2009, apenas um
ano após o enterro de Léo, muitos
habitantes da cidade já haviam encontrado respostas para suas perguntas.
A construção da nave principal da
igreja, incluindo o telhado e banheiros,
estava pronta. Naquele momento, 26
pessoas entregaram a vida a Jesus e
deram um testemunho público por
meio do batismo. Uma das primeiras
pessoas a ser batizada foi o construtor
contratado para concluir o prédio
da igreja.
Aos sábados, muitas crianças
participam da Escola Sabatina, mas
reúnem-se ao lado da igreja, pois
dentro não há espaço suficiente para
elas. Muitos continuam estudando a
Bíblia e há mais de setenta solicitações
de cursos bíblicos. Aqueles que foram
batizados estão se tornando instrutores
bíblicos. Blanquita, a irmã mais velha de
Léo, teve um novo encontro com Cristo
e voltou para a igreja. Darío, o outro
irmão, está estudando na Universidade
Adventista del Plata.
Mais de um ano depois, os jovens
da JAM continuam com aquele sonho:
ver concluído o prédio da igreja. Eles
se reúnem a cada sábado para orar pela
cidade que aprenderam a amar de todo
o coração. Diariamente, às 7 horas da
manhã, eles oram pelas pessoas que
estão estudando a Bíblia e pelos novos
conversos. Alguns deles, de vez em
quando, viajam para Campo Hermoso
para assistir a batismos e manter contato com os Ojedas e sua nova família
da igreja. O grupo da universidade e
os habitantes de Campo Hermoso até
arrumaram um meio de fazer o culto
juntos, usando um telefone celular
ligado a uma caixa de som.
Chama que Nunca Morrerá
Os membros da JAM conseguiram
colocar um telhado na igreja, que
abriga mais de sessenta pessoas todos os
sábados. A igreja está crescendo e será
dedicada oficialmente no fim deste ano.
Você pode imaginar a alegria que haverá no Céu quando isso acontecer?
A maior necessidade, agora, é conseguir recursos suficientes para contratar
um obreiro bíblico que possa atender o
grande número de pessoas ansiosas por
estudar a Palavra de Deus, em Campo
Hermoso.
Meu grande desejo, enquanto
escrevo esta história, é estar presente no
momento em que Léo acordar de seu
sono e encontrar sua família, o lindo
grupo da igreja de Campo Hermoso e
os jovens universitários que realizaram
aquele trabalho! Que maravilhosa
reunião será aquela, quando Jesus nos
abraçar e der as boas-vindas ao Seu reino, onde não haverá mais morte, nem
tristeza, nem choro! Finalmente, haverá
respostas para todas as nossas perguntas
não respondidas.
Enquanto isso, Délia está sempre
pronta. Todas as vezes que alguém
pergunta como ela suportou a morte de
seu filho, ela abre a Bíblia e lê com convicção: “‘Felizes os mortos que morrem
no Senhor de agora em diante’. Diz o
Espírito: ‘Sim, eles descansarão das suas
fadigas, pois as suas obras os seguirão’”
(Ap 14:13, NVI).
*Essas palavras se baseiam em uma carta que Léo escreveu para
Deus, poucos dias antes de sua morte. A carta foi encontrada
na sua Bíblia.
Agosto 2010 | Adventist World
19
C R E N Ç A S
F U N D A M E N T A I S
Dores
do
NÚMERO 11
Por Michael
Mxolisi Sokupa
Crescimento
Crescimento Integral em Cristo
C
om frequência, as crianças e adolescentes sofrem de
alguma dor de crescimento, até chegarem à vida adulta.
A vida cristã não é uma exceção. Crescer em Cristo é
um processo que leva à maturidade espiritual. Às vezes, isso
envolve romper a ligação com os poderes espirituais que nos
mantêm cativos e com falsos guias que nos prometem proteção
e orientação. Essa libertação pode ser uma experiência dolorosa,
especialmente para as pessoas que vêm de contextos culturais
onde existem fortes laços comunitários. Mas, sem dúvida, com
essa libertação, vem a alegre experiência de crescer em Cristo.
Duas Comunidades em Tensão
Quando alguém aceita a Cristo, abraçando a verdade
bíblica e o estilo de vida adventista, às vezes surge uma tensão
entre a comunidade em que ele nasceu e foi criado e a comunidade de fé a qual ele agora pertence. Alguém que aceita a
Cristo não pode mais confiar no apoio espiritual de divindades, feiticeiros e “espíritos ancestrais” para ajudá-lo a enfrentar os demônios e as forças do mal. Médiuns, quiromantes
(aqueles que leem as mãos) e adivinhos não mais o atraem.
Toda ligação com líderes espiritualistas tem de ser rompida, e
o filho recém-nascido de Deus deve confiar apenas no ministério de mediação, providência e proteção de Cristo.
A Bíblia relata que o rei Saul, em uma situação de desespero, foi à procura de médiuns (1Sm 28:6, 7). O próprio Saul
havia eliminado “os médiuns e os que consultam os espíritos
da terra de Israel” (verso 9).* Portanto, ele estava voltando ao
antigo caminho de apostasia e rebelião.
Michael Mxolisi Sokupa, Ph.D., é professor
de Novo Testamento no Helderberg College,
África do Sul. É casado com Zanele e tem
três filhos.
20
Adventist World | Agosto 2010
Paulo faz um desafio aos cristãos de Colossos, que estavam
sendo persuadidos a misturar suas antigas práticas pagãs
com a fé cristã. Em Colossenses 2:20, ele pergunta: “Já que
vocês morreram com Cristo para os princípios elementares
deste mundo [os espíritos do mal], por que, como se ainda
pertencessem a ele, vocês se submetem a regras” impostas
pelos falsos mestres? A vida cristã não é compatível com
nenhum poder espiritual controlado pelas forças do mal.
Quebrando as Cadeias
O indivíduo que tem laços com o mundo espiritualista
enfrenta certos perigos. Quando ele fica doente e sofre
infortúnios, isso será entendido como diretamente associado
à rejeição de uma ajuda espiritual. Quebrar os laços com os
líderes espiritualistas no contexto de tais comunidades, entretanto, significa lidar de uma nova maneira com os ritos de
passagem e com a vida na comunidade. É muito difícil para
um indivíduo conviver com uma comunidade imersa num
emaranhado de “espíritos ancestrais” e líderes espiritualistas.
Paulo escreveu as seguintes palavras de motivação aos
colossenses, que enfrentavam desafios similares: “E, por
estarem nEle, que é o Cabeça de todo poder e autoridade,
vocês receberam a plenitude” (Cl 2:10). Isso não significa que
esses poderes e autoridades (ou seja, os espíritos malignos)
estão em harmonia com Cristo, mas que são dominados por
Ele. O texto bíblico continua: “E, tendo despojado os poderes
e as autoridades, fez deles um espetáculo público, triunfando
sobre eles na cruz” (Cl 2:25). Nenhum cristão precisa se sentir
ameaçado pelas forças do mal.
A Transição
A pessoa que antes confiava nos espíritos e em médiuns
agora confia apenas em Deus. Durante essa transferência de
confiança e fidelidade, é possível que o novo cristão sinta
medo de que surjam problemas. Enquanto a tensão com a
Quem aceita a
Cristo deixa de
confiar em espíritos
e guias, e passa
a confiar apenas
em Deus.
família ou comunidade estiver aumentando, a fé precisa se tornar mais forte.
Esse é o período mais crítico, e a família
da igreja deve oferecer apoio.
O novo seguidor de Cristo não deve
romper o relacionamento com as pessoas
– a comunidade e membros da família que acreditam nos espíritos –, mas
romper com o sistema espiritualista. Isso
significa que o cristão continuará a amar
sua família e comunidade, e irá ajudá-los
a conhecer e a apreciar sua nova vida
em Cristo.
Paulo encoraja os cristãos que
estavam nessa transição e lhes oferece o apoio necessário: “Eu
lhes digo isso para que ninguém os engane com argumentos
que só parecem convincentes. Porque, embora esteja fisicamente longe de vocês, em espírito estou presente, e me alegro
em ver como estão vivendo em ordem e como está firme a fé
que vocês têm em Cristo” (Cl 2:4, 5).
A Curva de Crescimento
Quando uma pessoa assume um firme compromisso
com Cristo, a comunidade de irmãos na fé se torna sua nova
família. Novos relacionamentos são formados e surge um
novo modo de vida. Essa transformação gradual afeta todas
as áreas da vida. Várias figuras e metáforas são usadas nas
Escrituras para descrever esse tipo de crescimento. Uma
dessas figuras é o desenvolvimento de uma planta: “os justos
florescerão [...] crescerão [...] darão fruto [...] permanecerão
viçosos e verdejantes” (Sl 92:12-14; veja também Sl 144:12).
O crescimento cristão é um processo gradual e requer tanto
paciência da pessoa como a providência
divina (Mc 4:26).
Outra figura utilizada nas Escrituras
para descrever o crescimento espiritual
é o crescimento humano: “Como crianças recém-nascidas, desejem de coração
o leite espiritual puro, para que, por
meio dele, cresçam para a salvação”
(1Pe 2:2, 3). Esse crescimento leva à maturidade espiritual; os cristãos não buscarão apenas o “leite”, mas o “alimento
sólido”, que é a doutrina cristã baseada
nas Escrituras e centralizada em Cristo
(1Co 3:1-3; Hb 5:11-14).
O crescimento espiritual será evidente em todas as áreas
da vida cristã: o conhecimento de Deus, obras altruístas,
fé centralizada em Cristo e assim por diante (veja Cl 1:10;
2Pe 3:18; 2Ts 1:3). Esse crescimento não é focado em nós
mesmos, mas em Jesus, o Cabeça de tudo (Ef 4:15). Crescer
em Cristo significa, portanto, um desenvolvimento, mudança
e crescimento na vida do indivíduo que aceitou a Cristo.
No processo de desenvolvimento da fé, os cristãos podem
passar por muitas dores. Mas a alegria de crescer em Cristo
supera qualquer perda aparente ou experiência dolorosa.
Crescer em Cristo significa deixar de se dedicar às forças das
trevas para ser fiel e submisso apenas a Cristo. Envolve passar
tempo de qualidade com o novo Mestre, pelo estudo da Bíblia
e uma dinâmica vida de oração e comunhão. Também significa crescer na fé e no amor a Deus e ao próximo, e alcançar a
maturidade espiritual em todos os aspectos da vida.
*Todos os textos bíblicos foram extraídos da Nova Versão Internacional.
Crescimento
em
Por Sua morte na cruz, Jesus triunfou
sobre as forças do mal. Tendo subjugado
os espíritos demoníacos durante Seu ministério terrestre, quebrantou-lhes o poder
e garantiu sua condenação final. A vitória
de Jesus nos dá a vitória sobre as forças
do mal que ainda procuram controlar-nos,
enquanto caminhamos com Cristo em paz,
gozo e na segurança de Seu amor. Agora,
o Espírito Santo mora em nosso interior e
nos dá poder. Continuamente consagrados
Cristo
a Jesus como nosso Salvador e Senhor,
somos libertos do fardo de nossas ações
passadas. Não mais vivemos nas trevas,
sob o temor dos poderes do mal, da
ignorância e insensatez da nossa antiga
maneira de viver. Nesta nova liberdade
em Jesus, somos chamados a crescer à
semelhança de Seu caráter, mantendo
comunhão diária com Ele por meio da
oração, alimentando-nos de Sua Palavra,
meditando nela e na providência divina,
cantando Suas bênçãos, reunindo-nos
para adorá-Lo e participando na missão
da Igreja. Ao nos dedicarmos ao serviço
amorável em favor dos que nos rodeiam e
ao testemunharmos da salvação de Cristo,
a presença constante do Senhor em nós,
por meio do Espírito, transformará cada
momento e cada tarefa em uma experiência espiritual. (Sl 1:1, 2; 23:4; 77:11, 12;
Cl 1:13, 14; 2:6, 14, 15; Lc 10:17-20; Ef 5:19,
20; 6:12-18; 1Ts 5:23; 2Pe 2:9; 3:18; 2Co 3:17,
18; Fl 3:7-14; 1Ts 5:16-18; Mt 20:25-28;
Jo 20:21; Gl 5:22-25; Rm 8:38, 39; 1Jo 4:4;
Hb 10:25.) – Crenças Fundamentais dos
Adventistas do Sétimo Dia, nº 11
Agosto 2010 | Adventist World
21
D E S C O B R I N D O
O
E S P Í R I T O
D E
O
local era uma estação de trem. Era uma tarde de
domingo, em 1884, quando Ellen White e um grupo
de pessoas estavam na estação de trem de Mojave
Desert. O grupo estivera participando da assembleia mundial
da Igreja Adventista. Dois vagões de trem foram fretados para
transportar os participantes de volta a Oakland, Califórnia,
onde, na época, estava localizada a sede da Igreja Adventista
na Costa Oeste dos Estados Unidos. Como teria que esperar
na estação por várias horas, o grupo teve a ideia de realizar
uma reunião evangelística durante esse tempo.
O plano era simples: eles se espalhariam pela cidade para
fazer uma rápida divulgação. Os funcionários da estação de
trem atenderam ao convite. E também o editor do jornal
N
E L L E
G .
E
W H I T
P R O F E C I A
existencial. Ela caiu inconsciente. Após recobrar consciência,
ela se convenceu de que estava morrendo. Tempos depois,
escreveu: “Eu queria ser cristã e orei pedindo perdão pelos
meus pecados da melhor maneira que podia.”2 Estando no leito
de morte, e tão jovem, seria fácil entregar-se a Cristo. Segundo
Merlin Burt, diretor do Centro de Pesquisas Adventistas, uma
eventual entrega não seria “dificultada por questões sobre
como viveria para Jesus e que decisões tomaria durante a vida
inteira. Quando ela descobriu que não morreria, foi levada à
próxima etapa em seu processo de conversão”.3
Mais tarde, Ellen teve dois sonhos, que a levaram novamente a refletir sobre a vida espiritual.4 Foi depois do
segundo sonho que ela confidenciou seu medo à mãe, que
T E
E S TA
Ellen White
como
Evangelista
Por
Michael W. Campbell
da cidade. Muitas pessoas de toda a cidade foram ouvir a
pregação daquela senhora – Ellen White. Qual foi o tema de
seu discurso? Ela se baseou no texto de Mateus 6:25-34, onde
Jesus fala sobre as preocupações.1
Essa reunião improvisada não era incomum para Ellen
White. Durante toda a vida, ela falou sobre Jesus em diversas
circunstâncias incomuns. Embora ela seja mais conhecida por
seu ministério profético e pelos livros que escreveu, sua paixão pelo evangelismo era evidente em tudo o que fazia. Essa
era uma de suas qualidades mais marcantes, que começou em
sua conversão e permaneceu por toda a vida.
A Conversão de Ellen White
Quando Ellen tinha apenas 9 anos de idade, uma colega de
classe atirou uma pedra em seu rosto, dando início a uma crise
22
Adventist World | Agosto 2010
convidou Levi Stockman, jovem ministro metodista, para
visitar a filha. Durante o pouco tempo que passou com ele,
Ellen obteve “mais conhecimento sobre o assunto do amor
de Deus e de Sua compassiva ternura, do que de todos os
sermões e exortações que já ouvira”.5
Posteriormente, Ellen White tornou-se uma evangelista
apaixonada. Ela sentiu a “segurança da presença do Salvador”,
o que a capacitou a “louvar a Deus” até mesmo “pelos infortúnios” que tanto a haviam traumatizado.6 Tímida por natureza, ela ousou orar em público pela primeira vez. Seguindo
uma prática comum entre os norte-americanos durante o
Segundo Grande Reavivamento (que ocorreu entre 1790 e a
década de 1840), Ellen contou publicamente seu testemunho
e expressou o desejo de compartilhar a fé com outros. Ela
começou a organizar reuniões com amigas e orava com elas
até que, finalmente, “todas se converteram a Deus”.7
Evangelista Pessoal
Embora Ellen White tenha sido, sem dúvida, um dos
evangelistas mais proeminente na Igreja Adventista durante
sua época, ela nunca perdeu de vista a importância de falar
de Jesus por meio do contato pessoal e individual. No verão
de 1853, Tiago e Ellen White viajaram pelas florestas do
estado do Michigan. O cocheiro supostamente conhecia
bem o caminho, mas se perdeu. O dia estava muito quente,
e a sra. White desmaiou duas vezes no percurso. Eles
viajaram por terrenos acidentados, “por cima de toras e
árvores derribadas”. Ellen White estava com tanta sede, que
sentia como se tivesse morrendo numa viagem pelo deserto.
“Riachos com água fresca”, disse ela mais tarde, “pareciam
estar à minha frente; mas, à medida que passávamos por
eles, via que era ilusão.”
Aquilo que deveria ser um passeio matinal de 25
quilômetros se tornou um evento que durou o dia inteiro.
Quando finalmente avistaram uma clareira, chegaram a
uma cabana feita com toras de madeira. Os moradores os
cumprimentaram, ofereceram algo para comer e beber, e
rapidamente todos se tornaram amigos. Ellen White falou
com uma mulher sobre temas religiosos, inclusive sobre
o amor de Deus, o sábado e o breve retorno de Jesus.
Ellen entregou a ela algum material religioso, inclusive um
exemplar da Review and Herald (na época, Revista
Adventista dos EUA).
Vinte e dois anos mais tarde, Ellen White encontrou
essa mesma senhora em uma reunião campal no Michigan.
“Indagou se eu não me lembrava de haver feito uma visita
em uma casa de toras de madeira, na floresta. [...] Ela declarou haver emprestado aquele livro [Christian Experience
and Views, atualmente disponível em Primeiros Escritos, p.
11-83] aos vizinhos, ao se estabelecerem novas famílias ao
seu redor, até que o mesmo já se achava todo gasto. [...] Ela
disse que quando eu a visitara, falara de Jesus e das belezas
do Céu, e que as palavras haviam sido proferidas com tanto
fervor, que ela ficara encantada, e nunca as esquecera.” Ao
refletir sobre esse fato, Ellen White compreendeu, depois de
tantos anos, que aquele trajeto “nos havia parecido muito
misterioso, mas ali encontramos um bom grupo, agora
crentes na verdade”.8
Evangelista em Sua Própria Família
Alguém pode pensar que Ellen White sempre obteve
sucesso em seus esforços evangelísticos. Mas, entre as
pessoas que teve maior dificuldade para evangelizar,
estavam seus parentes. Durante o verão de 1872, Tiago e
Ellen White visitaram as montanhas do Colorado. Vários
parentes estavam com eles, inclusive a sobrinha Mary, filha
da irmã mais velha de Ellen. Em seu diário, Ellen White
escreveu sobre as caminhadas relaxantes pela natureza. Em
uma dessas caminhadas o grupo sentou-se sob uma árvore
enquanto “tia Ellen” lia o livro Spiritual Gifts (Dons Espirituais). Ellen White relata como Mary ficou “profundamente
interessada” nas coisas de Deus. Ao término dos momentos
em que estiveram juntos, houve um período de oração,
durante o qual Mary orou.
A sra. White estava tão preocupada com o bem-estar
espiritual da sobrinha que não apenas permitiu que ela
permanecesse com eles, mas deu-lhe até um emprego como
assistente literária (secretária) para que a auxiliasse em seus
escritos. Cinco anos depois daquele encontro nas montanhas,
ela escreveu uma carta pedindo a Mary que entregasse o
coração a Cristo. “Não quero pressioná-la”, escreveu tia Ellen,
“não quero impor-lhe nossa fé ou forçá-la a crer. Nenhum
homem ou mulher terá a vida eterna a menos que a escolha
por si mesmo. [...] Espero que você não diga o mesmo que
sua mãe sobre o sábado: que ‘arriscaria’ transgredi-lo.
[...] Ainda tenho esperança de que ela aceitará a verdade. [...]
Escrevo com amor, e escrevo porque não me atrevo a deixar
de fazê-lo.” Infelizmente, não sabemos como Mary respondeu à carta da tia, e não há qualquer evidência de que algum
dia ela aceitou a verdade bíblica do sábado.9
Conclusão
Ellen White foi um dos evangelistas mais influentes da
história da Igreja Adventista do Sétimo Dia. É verdade que
seu ministério profético foi importante e continua a exercer
uma grande influência entre os adventistas. Seu ministério
era profundamente firmado em um relacionamento pessoal
com Jesus Cristo. Sua paixão era falar de Jesus às pessoas.
Inicialmente, ela teve resistência para falar em público, mas
o grande desejo de falar de Jesus aos outros superou a
insegurança. Tanto em público como em particular, Ellen
White foi eficaz como evangelista porque levava Jesus àqueles
que estavam ao seu redor.
1
Esse incidente está relatado em James R. Nix, Advent Preaching (Silver Spring, MD: North American Division Office of Education, 1989). O conteúdo do discurso de Ellen White encontra-se em
Review and Herald, 24 de fevereiro de 1885.
2
Ellen G. White, Spiritual Gifts (Battle Creek, MI: Seventh-day Adventist Publishing Association,
1860), v. 2, p. 9.
3
Merlin D. Burt, notas de sala de aula, Andrews University, GSEM 534 (maio de 1998), p. 3; idem,
“Ellen G. Harmon’s Three-Step Conversion Between 1836 and 1843, and the Harmon Family
Methodist Experience”, pesquisa não publicada, Andrews University, março de 1998.
4
Ellen G. White, Testemunhos para a Igreja, v. 1, p. 23-29.
5
Ibidem, p. 30.
6
Ellen G. White, Life Sketches of Ellen G. White (Mountain View, CA: Pacific Press, 1943), p. 39.
7
______, Vida e Ensinos, p. 33.
8
______, Evangelismo, p. 448, 449; veja Arthur L. White, Ellen G. White: The Human Interest Story
(Washington, DC: Review and Herald, 1972), p. 69-71.
9
Ellen G. White, diário, 27 de julho de 1872; idem, carta 6, 1877; White, Ellen G. White, p. 68, 69.
Michael W. Campbell, Ph.D., é pastor da
Igreja Adventista do Sétimo Dia em Montrose
e Gunnison, no oeste do Colorado, EUA.
Agosto 2010 | Adventist World
23
A RT I G O E S P E C I A L
De Volta aos
Perıgos
S
Espırıtuaıs
e escrevo sobre a Criação e o
dilúvio, fico sob a mira do ataque
de alguns. Se falo sobre a santidade
do casamento e da família, diante
da confusa sociedade atual, desperto
alguns comentários de preocupação. Se o
assunto for o sábado, alguém certamente
ficará ofendido. E a lista continua.
Eu já sabia o que iria acontecer.
Mesmo assim, não tive receio de escrever
sobre o livro A Cabana (“Perigos Espirituais”, Adventist World, maio de 2010). O
resultado foi uma pequena tempestade
sobre minha cabeça.
Respostas
a Cartas
Por
Roy Adams
Elogios e Defesas
Devo começar dizendo que nem todas as reações foram negativas. Quando
fui à igreja, uma semana depois que o
artigo foi publicado, Nik Satelmajer,
editor da revista Ministry (Ministério
dos EUA), me chamou de lado. “Esse foi
perfeito!”, disse ele. O pastor, de ouvido
aguçado, ouviu o comentário de dentro
da sala pastoral e saiu para se unir aos
aplausos. Recentemente, ele havia ouvido algumas discussões em um colégio
adventista próximo e ficou feliz porque
alguém decidiu falar sobre o assunto.
Outros escreveram em minha defesa. Entre eles, o dr. Edwin Reynolds,
professor de Teologia na Southern
Adventist University, expressou surpresa
pelo grande “número de adventistas
aclamando A Cabana, sem ver nada de
errado no livro”. Carla Baker, de Laurel,
Maryland, escreveu para me agradecer
24
Adventist World | Agosto 2010
por “ter coragem de falar contra algumas práticas que ameaçam a essência
da mensagem adventista”.
Karri Walde, da Walla Walla
University, Washington, D.C.,
elogiou-me por “falar contra o
mal da acomodação, que está
se alastrando em nossas igrejas”. Karri, no entanto, achou
“absolutamente espantoso” o
fato de eu sugerir que os professores
peçam a leitura desse livro como trabalho
de aula. Ela escreveu: “Se os professores
fizerem isso, é porque concordam com
tudo que está no livro”, disse ela. Em realidade, não precisamos pensar assim. O
importante é o acompanhamento e a leitura crítica. Não é afastando os alunos de
tudo que não é estritamente ortodoxo que
damos a eles uma formação intelectual
sólida. O que precisamos é fornecer uma
base espiritual inteligente e bem-informada,
para que estejam prontos
ao encontrarem ideias e influências antibíblicas.
Críticas Negativas
Recebi outras cartas interessantes, que criticavam alguns aspectos da minha posição. Três exemplos:
1. Leitor A: “Como capelã
adventista de um lar para idosos, um
ambiente sensível a questões relativas à
morte, tenho sérias preocupações sobre
o artigo de Roy Adams. Penso, às vezes,
que meus irmãos e irmãs adventistas não
têm ideia da dor espiritual e sentimento
de repulsa que pode resultar de uma
defesa indiscriminada da nossa doutrina
sobre o estado dos mortos. Fico surpresa
ao perceber que Roy Adams e Oscar
Cullmann [renomado teólogo luterano,
já falecido, que defendia o ensino bíblico
sobre a morte e rejeitava a imortalidade da
alma] nãopercebem a profunda antipatia e
implicações emocionais que essa doutrina
provoca nas pessoas.”
A leitora continua: “Para uma pessoa
que perdeu um filho, cônjuge ou algum
outro membro da família, o que estamos
falando é que seus queridos não existem
mais! É muito triste dizer que os ossos
e a carne apodrecem e se transformam
em nada. Quando alguém perde uma
pessoa que amava muito, mas ouve que
seu amigo adventista crê que não há uma
alma para Deus cuidar, nem um lugar de
felicidade para onde seus queridos possam ir, é muito doloroso e ofensivo.”
2. Leitor B: “O sr. Adams inicia o artigo criticando a maravilhosa canção ‘AveMaria’. [Eu não fiz isso!] Sou adventista
de quarta geração e descendente de um
presidente de União. Incomoda-me ver a
demonstração de mente estreita no artigo
de Roy Adams. Acredito que a Bíblia ensina
que a alma é imortal [itálico acrescentado].
Afirmar que alguém que pensa de forma
diferente está no ‘trampolim para o espiritualismo’ é – digo mais uma vez – demonstração de uma mente muito estreita.”
Não consegui acreditar que alguém que se
denomina “adventista de quarta geração”
escreveu isso sobre a alma.
3. Leitor C: “Fiquei muito desapontado porque Roy Adams não foi
capaz de deixar de lado uma diferença
teológica relativamente pequena e ver
a beleza da mensagem do livro. Por
tê-lo lido, concordo plenamente com
a ideia de Eugene Peterson de que ‘esse
livro tem o potencial de fazer por nossa
geração o que O Peregrino, de John
Bunyan, fez pela dele’. E, contrário à
impressão de Roy, o único objetivo do
livro é apresentar um retrato de Deus
que seja mais acessível e mais aberto aos
relacionamentos do que o Deus seco que
as religiões costumam descrever.
“Roy baseia toda a sua argumentação
sobre uma pequena cena em que Mack,
o personagem principal, vê e abraça
sua filha morta numa visão criada por
Deus. Segundo a Bíblia, Moisés morreu
e foi enterrado, mas apareceu na
transfiguração de Cristo (Mt 17:1-13),
não apareceu? Como esse fato pode
ser explicado à luz da ideologia
adventista sobre o estado dos mortos?
“O comentário de Roy sobre a natureza ‘relacional’ de Deus, comparando o
Deus de A Cabana com o Deus de
Jeremias... o que é isso?! Compare o
Deus do Antigo Testamento com o
Deus do Novo Testamento (exceto pelo
Apocalipse) e você encontra um enorme
contraste na própria Palavra de Deus.
Então, o argumento de Roy é nulo e
vazio. Fiquei muito desapontado, desanimado e indignado ao ver esse artigo, pois
ele é muito prejudicial para a ‘marca’
adventista, usando as palavras de Roy.”
Alguém pode pensar: Será que o leitor
realmente não sabe por que os adventistas
não têm problema com o fato de Moisés
aparecer na Transfiguração? Estranho!
E ele sugere um vasto contraste entre o
“Deus do Antigo Testamento” e o “Deus
do Novo Testamento”, se deixarmos de
fora o livro de Apocalipse. Se quiser, deixe
de fora o que o Apocalipse fala sobre a
“ira” e a justiça de Deus. Mas o que dizer
de muitos outros textos do Novo Testamento que também apresentam esse
aspecto do caráter de Deus? Veja, por
exemplo, Mateus 7:21-23; 18:5 e 6; 23:1336; 2 Tessalonicenses 1:5-10; Hebreus
10:26-31; 12:18-29; 2 Pedro 3:3-13; Judas
5-16. O Novo Testamento está cheio
dessas passagens “embaraçosas”.
Minha Opinião: Três Coisas
Sobre Essas Cartas
1. Irritação. É como se eu tivesse
violado algo muito sagrado para esses
leitores. O autor de A Cabana tem todo
o benefício da dúvida; eu não tenho
nenhum. Meu artigo deixou o Leitor C
“desapontado, desanimado e indignado”. (Será que amor e relacionamento,
o pensamento central de A Cabana,
nem sempre é importante?)
Nessa atmosfera mal-humorada,
o que esses leitores não perceberam é
que o objetivo do meu artigo nunca foi
condenar A Cabana, mas questionar seu
endosso irrestrito aos nossos jovens.
2. Confusão e desinformação sobre
nossas crenças a respeito do estado dos
mortos. Veja, novamente, a carta do
Leitor A. É triste saber que, às vezes,
ainda no colégio, nossos alunos são
ensinados a “não impor” nossas crenças
sobre o estado dos mortos a uma família
ou congregação não adventista enlutada.
Isso é tão elementar que balancei a cabeça
ao ler a repreensão feita a mim.
Além disso, fiquei surpreso pela extrema “cautela” recomendada, porque “os
ensinos bíblicos sobre o assunto podem
ferir e ofender”. Ao contrário! No último
funeral que realizei, meu texto para reflexão
foi João 10:27-30. Leia essa passagem e diga
onde podemos encontrar uma mensagem
mais bela e cheia de esperança?! A mensagem da ressurreição deve despertar o desejo
por um mundo melhor, uma nova Terra.
3. Ingenuidade. Talvez o próprio
Eugene Peterson teria rido ao ver suas
palavras – uma hipérbole promocional
de capa de livro – serem “ingeridas” com
tanto entusiasmo pelo leitor C. Será que
algum crítico literário ou teólogo seria
capaz de fazer a crédula afirmação de
que A Cabana possui a mesma profundidade teológica, literária ou filosófica que
O Peregrino, de John Bunyan?
No artigo, descrevi A Cabana como
“um sonho envolvido por torpor dentro
de um trabalho de ficção. Tudo é fluido,
esotérico e místico”. No entanto, esses leitores acham a obra altamente recomendável,
uma fonte soberba, onde os pós-modernos
podem ter uma ideia clara do tipo de Deus
que nós temos. (Talvez a Bíblia seja muito
imprecisa?!) Mas, e depois que mostrarmos
o agradável Deus de A Cabana para os
pós-modernos, o que faremos? Estaremos
prontos para permitir que se encontrem
com o Deus de toda a Bíblia?
As Escrituras revelam um Deus infinitamente mais atraente e misericordioso
que A Cabana poderia descrever. Mas
também um Deus que é infinitamente
mais complexo; um Deus que não pode
ser reduzido a um simples atributo ou
característica. Se queremos desenvolver
cristãos inteligentes e sólidos, é melhor
que sejamos totalmente honestos
com nossa audiência e não camuflar a
mensagem. De fato, elevar A Cabana
quase ao nível do texto sagrado é tolo e
ingênuo. Uma ficção imaginativa,
embora bem-intencionada, nunca pode
estar acima da Palavra de Deus.
Roy Adams é editor
associado da Adventist
World.
Agosto 2010 | Adventist World
25
P E R G U N TA S B Í B L I C A S
P E R G U N T A : Você
não acha que os sacrifícios
do Antigo Testamento eram uma crueldade com
os animais?
N
ão, eu não acho. Hoje, a ideia de matar animais em
uma cerimônia religiosa é estranha para a maioria
das pessoas. Pensamos mal a respeito daqueles que
matam animais por razões religiosas ou supersticiosas. É
verdade que o povo de Israel tinha o costume de oferecer
sacrifícios de animais ao Senhor, mas devemos ler o texto
bíblico de acordo com seu próprio significado e objetivo. O
sistema de sacrifícios tinha três
objetivos principais: devocional, alimentar e teológico.
1. Expressão de sentimentos religiosos. Os israelitas
costumavam oferecer sacrifícios para expressar gratidão e
alegria ao Senhor: “Ofereçam
também sacrifícios de comunhão, e comam e alegrem-se
na presença do Senhor, o seu
Deus” (Dt 27:7).* Às vezes,
era oferecido a Deus o produto da terra, especialmente
cereais (Lv 2:1-10; 23:9-11);
mas, na maioria das vezes, a
pessoa oferecia sacrifícios de
animais.
O valor da oferta era
proporcional ao nível de gratidão que queriam expressar e à condição financeira da pessoa.
Alguns tinham condições de oferecer um touro; outros, de oferecer apenas uma ovelha ou um cabrito; ainda outros tinham
condições de oferecer apenas uma ave (Lv 1:3, 10, 14). Oferecer
um touro ou a fêmea de algum animal seria o mesmo que,
hoje, doar na igreja uma oferta de elevado valor. Lembre-se de
que os animais eram a “conta bancária” dos israelitas.
2. Interesse alimentar. Com frequência, os sacrifícios de
animais uniam os interesses religioso e alimentar. Esse era
particularmente o caso das “ofertas de comunhão” (ou “ofertas
pacíficas”, na versão Almeida Revista e Atualizada). Essas
ofertas eram levadas ao Senhor por razões religiosas específicas;
mas, ao mesmo tempo, a carne do animal era distribuída em
uma refeição comunitária (Lv 7:12-18). Durante algumas festas
religiosas, o rei oferecia grande quantidade de sacrifícios para
providenciar carne para o povo naquelas ocasiões (1Cr 29:21,
22). Em casos assim, o povo era beneficiado pela riqueza do
rei, sem ter que mexer em sua própria “conta bancária”.
Os israelitas obtinham carne para alimentação por
meio do abate rotineiro (ou secular) e da caça de animais
limpos (Dt 12:15; Lv 17:13). Nesse caso, em vez de o sangue
O
ser derramado na base do altar (o que ocorria nos sacrifícios),
era derramado no chão e coberto com terra. Esse ato mostrava
respeito pela vida do animal como uma criatura de Deus
(cf. Gn 9:4; Lv 17:11).
3. Expiação e sacrifício. Do ponto de vista teológico, o
sacrifício de animais era um símbolo da reconciliação com
Deus e da remoção do pecado e impureza (Lv 4). Na maioria
dos casos, a expiação (ou seja, reconciliação e purificação)
era realizada por meio de uma vítima do sacrifício, cujo
sangue tornava possível a remoção do pecado e impureza dos
pecadores arrependidos. A teologia do santuário demonstra
ser muito importante, porque esclarece a natureza do pecado
e da expiação. O uso de uma
vítima do sacrifício mostra a
ligação entre pecado e morte,
expiação e vida.
Os sacrifícios revelam
que o pecado não pode ser
separado do seu resultado,
a morte. A melhor maneira
de expressar essa verdade era
por meio do ritual da morte
de um animal. O fato de que
o animal era uma vítima
inocente indicava o alto
preço da redenção. Os pecaPor
dores arrependidos podiam
Ángel Manuel
voltar para casa perdoados e
Rodríguez
vivos; mas somente porque
uma vida foi oferecida em
sacrifício no lugar deles.
Essa dimensão teológica dos
sacrifícios está no centro do conceito bíblico de redenção, e
encontrou sua expressão mais profunda na morte sacrifical
do Filho de Deus. Nos sacrifícios de animais e na morte de
Cristo, a morte causava dor no coração de Deus, bem como
no coração dos verdadeiros adoradores.
4. O sofrimento dos animais. A morte de animais nos
sacrifícios trouxe consigo a dor e o sofrimento. Não temos
certeza de como os animais eram mortos, mas estudiosos
sugerem que o verbo hebraico shachat (traduzido como “ser
morto”) em realidade significa “cortar a garganta”. Nesse caso,
a única dor era a do corte, que drenava o sangue e imediatamente deixava o animal inconsciente. A intenção divina era
reduzir ao mínimo o sofrimento, o que mostra que Deus Se
importava com os animais. Séculos depois de Moisés, a tradição judaica requeria que a faca usada fosse afiada e polida
para evitar que a vítima sofresse dor desnecessária.
Salário
do
Pecado
26
Adventist World | Agosto 2010
*Todos os textos bíblicos foram extraídos da Nova Versão Internacional.
Ángel Manuel Rodríguez é diretor do Instituto de Pesquisa
Bíblica da Associação Geral.
E S T U D O
B Í B L I C O
Verdade ou
Consequências
Por Mark Finley
O pecado tem enormes consequências. Quando Adão e Eva pecaram no jardim do Éden,
abriram as portas para a dor, doenças e morte. Deus é a fonte da vida. Separados dEle,
nossos primeiros pais se entregaram a uma vida de sofrimento. A obediência produz
alegria; a desobediência resulta em tristeza. Falando sobre o assunto, Davi escreveu:
“Tu me farás conhecer a vereda da vida, a alegria plena da Tua presença, eterno prazer à
Tua direita” (Sl 16:11).* Jesus disse: “O ladrão vem apenas para roubar, matar e destruir;
Eu vim para que tenham vida, e a tenham plenamente” (Jo 10:10).
Nesta lição, estudaremos as trágicas consequências do pecado e o maravilhoso plano
de Deus para nos libertar das consequências de nossas más escolhas.
1. Qual foi a primeira mentira de Satanás?
“Disse a serpente à mulher: ‘Certamente não morrerão!’” (Gn 3:4).
A declaração de Satanás contradiz frontalmente as advertências de Deus sobre não comer o fruto da árvore
do conhecimento do bem e do mal. Descreva, em suas próprias palavras, qual era o motivo do conflito entre
Deus e Satanás no jardim do Éden.
2.
Como o relacionamento de Adão e Eva com Deus mudou depois que pecaram?
“Ouvindo o homem e sua mulher os passos do Senhor Deus que andava pelo jardim quando soprava a brisa
do dia, esconderam-se da presença do Senhor Deus entre as árvores do jardim” (Gn 3:8).
Quando Adão e Eva pecaram, eles se
3.
de Deus.
Como o pecado afeta nosso relacionamento com Deus?
“Mas as suas maldades separaram vocês do seu Deus; os seus pecados esconderam de vocês o rosto dEle, e por
isso Ele não os ouvirá” (Is 59:2).
O pecado nos
de Deus.
Uma das trágicas consequências do pecado é que ele destrói nosso relacionamento com
Deus. A desobediência às ordens expressas de Deus levanta uma barreira entre Ele e nós.
Devido à culpa pelos nossos pecados, nos escondemos da gloriosa presença de Deus. O
pecado provoca vergonha, culpa e condenação. Ele nos deixa com um sentimento de vazio
no coração.
4.
A quem Adão culpou por sua própria desobediência? Qual foi o resultado do pecado
no relacionamento entre nossos primeiros pais?
“Disse o homem: ‘Foi a mulher que me deste por companheira que me deu do fruto da árvore, e eu comi’”
(Gn 3:12).
Como Adão tentou justificar seu comportamento?
Agosto 2010 | Adventist World
27
O pecado destrói relacionamentos não apenas com Deus, mas também com as pessoas ao
nosso redor. Adão culpou Eva pela escolha errada que ele mesmo havia feito. Caim atacou
com raiva a seu irmão Abel, e o matou (Gn 4). Por causa da rebeldia do coração humano contra
Deus, a culpa, raiva, amargura e discórdia existem ao longo dos séculos, desde aquela época.
5.
Que efeito teve o pecado sobre o meio ambiente e a natureza?
“E ao homem [Deus] declarou: ‘Visto que você deu ouvidos à sua mulher e comeu do fruto da árvore da qual
Eu lhe ordenara que não comesse, maldita é a terra por sua causa; com sofrimento você se alimentará dela
todos os dias da sua vida’” (Gn 3:17).
“Sabemos que toda a natureza criada geme até agora, como em dores de parto” (Rm 8:22).
Em resultado do pecado, a
foi amaldiçoada e
toda a
geme até agora.
O pecado afetou todo o planeta Terra. A consequência do pecado é a destruição do
relacionamento com Deus, de uns com os outros e com o meio ambiente.
6.
Por que Jesus veio a esse planeta contaminado pelo pecado?
“O ladrão vem apenas para roubar, matar e destruir; Eu vim para que tenham vida, e a tenham plenamente”
(Jo 10:10).
“Pois o Filho do homem veio buscar e salvar o que estava perdido” (Lc 19:10).
Jesus veio ao planeta Terra por duas razões principais:
Para que tenhamos
, e a tenhamos plenamente.
Para
e
aqueles que estavam perdidos.
Jesus veio para restaurar tudo que havia sido perdido em consequência do pecado. Ele
deseja restaurar nosso relacionamento com Deus e de uns com os outros. O plano de
salvação também inclui restaurar a Terra, para que se torne ainda mais bela que era antes
do pecado.
7.
Que grande promessa Deus nos faz em Sua Palavra?
“Pois vejam! Criarei novos Céus e nova Terra, e as coisas passadas não serão lembradas. Jamais virão à
mente!” (Is 65:17).
“Todavia, de acordo com a Sua promessa, esperamos novos Céus e nova Terra, onde habita a justiça” (2Pe 3:13).
“Então vi novos Céus e nova Terra, pois o primeiro Céu e a primeira Terra tinham passado; e o mar já não
existia” (Ap 21:1).
Deus promete nos criar novos
e nova
.
O pecado tem consequências terríveis. Mas, em tudo isso, Deus tem a última palavra.
Um dia, o pecado desaparecerá para sempre. Nosso lar será um novo Éden, e lá viveremos
em harmonia com Deus, uns com os outros e com o meio ambiente. O amor e a alegria, a paz
e a saúde, a harmonia e a gratidão encherão a Terra. A promessa de Deus enche nosso
coração de esperança. Vale pena viver em função disso!
* Todos os textos bíblicos foram extraídos da Nova Versão Internacional.
O estudo bíblico do próximo mês será
“O Último Apelo de Amor”.
28
Adventist World | Agosto 2010
Intercâmbio Mundial
C A R TA S
Servindo em
Nome de
Jesus
Muito obrigada
pelo artigo intitulado “Em Nome
de Jesus”, de
Lowell C. Cooper (junho de 2010). Foi
muito esclarecedora a explanação sobre
o ministério de Cristo quando esteve na
Terra e como deve ser nossa missão, uma
vez que devemos continuar Sua obra.
Tenho a impressão de que, em
geral, as atividades evangelísticas são
medidas em termos do crescimento da
igreja, mas colocamos pequena ênfase
no ministério da educação e do serviço.
Esse artigo apresentou o assunto com o
devido equilíbrio. Gostaria que fossem
publicados mais artigos sobre o trabalho humanitário.
Judith Jamison-Payne
Keene, Texas, EUA
Descobertas
Científicas
Escrevo a respeito
do artigo “A
Longa Jornada de
Joana”, de Gerhard
Padderatz (abril
de 2010). O artigo
declara que o
professor Harald
zur Hausen recebeu o Prêmio Nobel
por descobrir que o câncer de útero é
causado por um vírus.
Ellen White já não havia falado
sobre o “germe do câncer”, há mais de
cem anos? O Patrimônio White pode
fornecer mais informações sobre o
assunto. A referência mais próxima que
me lembro é “germes de tuberculose
e câncer”, no livro A Ciência do Bom
Viver, p. 313.
Não seria interessante o Patrimônio
White fornecer uma citação mais específica, que sirva não só de conforto, mas
de guia para a pesquisa de Joana sobre o
câncer? Isso, talvez, poderia introduzi-la
a uma leitura dos escritos de Ellen
White sob a perspectiva científica.
Jalva De Oliveira
Bracknell, Inglaterra
Para uma Próxima Edição
Sou leitora da Adventist World e fiquei
impressionada com o artigo de capa
da edição de abril, “A Longa Jornada
de Joana”, onde vemos o Espírito Santo
trabalhando incansavelmente para levar
pessoas a se encontrar com Deus.
Também acho interessante a seção
“O Lugar das Pessoas”, por isso estou
enviando uma foto tirada no dia da
liderança jovem. Mobilizamos nossos
jovens com o tema “Geração Esperança”,
que procura apressar o retorno de Jesus!
Carlani Morais Silva
Espírito Santo, Brasil
Pequena Mudança
É inspirador ler artigos como “Chamado
de Amor de Um Dólar”, de Jerry Kea
(abril de 2010). Todos podem contribuir
um pouquinho na grande obra que Cristo
nos deixou: levar o evangelho a todos.
Espero que
outras igrejas sigam esse exemplo e ajudem a
mostrar que o
amor de Cristo
está sendo proclamado em
outros lugares
do mundo. Que
Deus continue
abençoando esse projeto.
Patricia Mondaque
Por e-mail
Mais do que Ler
Sou assinante da Revista Adventista e
recebo a Adventist World. Aprecio muito
as duas revistas. O último sermão que
preguei no culto de quarta-feira foi
extraído do artigo sobre a experiência da
mãe que entregou o filho nas mãos de
Deus: “Esta é Minha História”, de Samuel
Neves (Adventist World, abril de 2008).
Tenho um amigo em Berlin,
Alemanha, que não crê em Deus, porém,
estou tentando ajudá-lo. Se alguém que
fala alemão pudesse
estudar a Bíblia com
ele, seria maravilhoso. Quero muito que
ele seja salvo. Coloco
tudo nas mãos de
Deus, mas tenho que
fazer minha parte.
Vocês podem me
ajudar com algum
contato?
Luciana Verdeiro
Marechal Cândido Rondon,
PR, Brasil
Transformando Vidas
Nasci e cresci na Igreja Presbiteriana.
Tenho assistido à 3ABN (rede de
televisão adventista) durante quase
todo o meu tempo livre e recebi alguns
exemplares da Adventist World de um
amigo que é adventista do sétimo dia.
Com isso, fui inspirado a conhecer mais
sobre a verdade do sábado e sobre os
mandamentos de Deus – que refletem
Seu caráter – e sobre o breve retorno de
Jesus Cristo.
Gostaria de pedir que, por gentileza,
me enviem mensalmente um exemplar
da Adventist World.
De seu novo irmão em Cristo,
Rony M. Nongkhlaw
Meghalaya, Índia
Agosto 2010 | Adventist World
29
Intercâmbio Mundial
C A R TA S
Permanecendo Firme
Inspirado
Fiquei impressionado com o artigo
“Perigos Espirituais”, de Roy Adams
(maio de 2010).
Muitas vezes, não
nos preocupamos
com o efeito
que o ambiente
exerce sobre nossa
vida, em nossos
relacionamentos e
crenças. Esse artigo
me despertou para
o assunto.
Com razão, o
autor disse que precisamos ser equilibrados e ter uma relação coerente entre
nossas crenças e preferências na vida.
Obrigado, irmão Adams! Que o senhor
traga mais lembretes como esse.
Gavin Johns
Yangon, Myanmar
Saudações em nome de Jesus Cristo.
Estou interessado no seu ministério e
em trabalhar com vocês. Sou da Igreja
Pentecostal Internacional, em Maláui.
Sou muito bem casado e tenho três
filhos. Em 1999, começamos a servir a
Deus juntos.
Estou escrevendo para expressar
meu interesse nesse maravilhoso
ministério. Gostaria de saber se vocês já
estão trabalhando no Maláui, para que
possamos nos comunicar facilmente.
Aguardo ansioso por sua resposta.
Que o bom Deus abençoe a todos
ricamente.
Steve Maseko
Maláui
Conhecer Mais para
Compartilhar Mais
Consegui o endereço de vocês num
exemplar da Adventist World. Não sei
que tipo de serviços vocês oferecem,
mas poderiam me ajudar a conhecer
melhor a Deus? Tornei-me adventista
há um ano. Estou muito feliz, porque
sempre vejo o amor e o poder de Deus
tanto nas minhas alegrias como nas
minhas tristezas.
Sou estudante universitário. Tenho
muitos amigos que não conhecem o
amor de Deus. Não sei o que fazer por
eles. Realmente necessito de material
para aprender. Por favor, aguardo breve
resposta.
Que Deus os abençoe pelo que estão
fazendo.
Kirubel Manyazewal
Addis Ababa, Etiópia
Cartas para o Editor – Envie para: [email protected]
As cartas devem ser escritas com clareza e ao ponto, com
250 palavras no máximo. Lembre-se de incluir o nome do artigo,
data da publicação e número da página em seu comentário.
Inclua, também, seu nome, cidade, estado e país de onde você
está escrevendo. Por questão de espaço, as cartas serão
resumidas. Cartas mais recentes têm maior chance de ser
publicadas. Nem todas, porém, serão divulgadas.
LUGAR DE ORAÇÃO
Solicito oração. Meu irmão caçula está
doente, com aumento no tamanho
do fígado, dificuldade para respirar e
cansaço. Quero apresentá-lo como
motivo de oração, em nome de Jesus.
Aaron, Zâmbia
Por favor, orem por minha vida
espiritual e pelo meu casamento.
Maricélia, Brasil
Tenho esfriado em relação às coisas
de Deus, devido às pressões que tenho
sofrido no trabalho e por dificuldades
financeiras. Ultimamente tenho trabalhado aos sábados e sei que o inimigo
está feliz com isso. Orem fervorosamente para que eu seja um vencedor.
David, Zâmbia
30
Adventist World | Agosto 2010
Orem para que meus filhos e netos
aceitem a Jesus como seu Salvador e
desejem seguir Seu caminho.
Joan, Estados Unidos
Meu desejo é que Deus toque minha
família e coloque neles o amor por
Ele. Sou o único adventista na minha
família e quero essa bênção para
todos eles.
Lucas, Argentina
Tenho orado e procurado emprego há
seis meses, mas ainda não consegui encontrar. Orem para que eu não perca a
fé em Deus, mas continue a confiar nEle
nesse período de provação e enquanto
eu viver.
Agatha, Índias Ocidentais
Orem pelos membros de minha família.
Eles não frequentam nenhuma igreja e
não se interessam em assuntos espirituais. Gostaria que aceitassem a Jesus
como Salvador. Ore por mim também.
Sou estudante universitária e trabalho
como empregada doméstica. Está sendo
difícil terminar os estudos.
Jennery, Filipinas
Pedidos de oração e agradecimentos (gratidão por resposta à
oração). Sua participação deve ser concisa e de, no máximo,
75 palavras. As mensagens enviadas para esta seção serão
editadas por uma questão de espaço. Embora oremos por todos
os pedidos nos cultos com nossa equipe durante a semana, nem
todos serão publicados. Por favor, inclua no seu pedido, seu nome
e o país onde vive. Outras maneiras de enviar o seu material:
envie fax para 00XX1(301) 680-6638, ou carta para: Intercâmbio
Mundial, Adventist World, 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring,
Maryland 20904-6600 EUA.
J O S E
L U I S
N AVA R R O
INTERCÂMBIO DE IDEIAS
A
Tamareira
Este mês, um leitor nos convida a ser como a tamareira.
O
“
s justos florescerão como a palmeira... Mesmo na velhice darão fruto,
permanecerão viçosos e verdejantes” (Sl 92:12-14, NVI).
O salmista, neste poema “Para o Dia de Sábado”, diz como será a vida
do justo. Como desejo viver uma vida virtuosa, procurei descobrir o que significa
“florescer como a palmeira”.
De acordo com os estudiosos, a tamareira (Phoenix dactylifera) é a espécie de
palmeira mencionada nas Escrituras. É uma árvore sem galhos que cresce até a
altura de 18 a 24 metros, e pode viver e produzir frutos até os 200 anos de idade.
Como já tenho mais de 90 anos, não espero produzir artigos por tantos anos
como a tamareira produz frutos. Desejo escrever apenas até a marca do centenário
e um pouco além. Seguem alguns dados interessantes sobre essa árvore:
As tâmaras crescem em cachos que pesam entre 14 e 23 quilos e são parte da
dieta de algumas tribos árabes. A madeira dessa árvore serve para construir cercas,
telhados e balsas. As folhas tecidas se transformam em esteiras, cestas e outros
utensílios domésticos.
A tamareira tem folhas longas, verde-acinzentadas, semelhantes a penas e
medem de 5 a 6 metros de comprimento. As folhas superiores (às vezes chamadas
de galhos) permanecem mais ou menos eretas. Ela contrasta com o coqueiro, que é
mais alto e produz folhas caídas.
As tamareiras ofereceram sombra para os israelitas, em Elim, quando fugiam
do Egito (Êx 15:27). Anos mais tarde, a profetiza Débora julgava o povo debaixo da
sombra de uma palmeira (Jz 4:5).
O povo hebreu usava folhas de palmeira para construir tendas na Festa dos
Tabernáculos (Lv 23:40). Assim, os adoradores se lembravam da peregrinação dos
seus antepassados pelo deserto. Quando Salomão construiu o templo, a madeira
dessa árvore foi utilizada na arquitetura (1Rs 6:29, 32, 35).
Nos tempos do Novo Testamento, na entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, as
pessoas “pegaram ramos de palmeiras e saíram ao Seu encontro, gritando: ‘Hosana!’
‘Bendito é o que vem em nome do Senhor!’” (Jo 12:13, NVI).
Jericó, cidade frequentemente mencionada nas Escrituras, era chamada “a
cidade das Palmeiras” (Dt 34:3, NVI). Na Palestina moderna, as tamareiras ainda
crescem nas proximidades da cidade e em sua planície marítima, mas, por causa da
negligência, não são tão abundantes como nos tempo bíblicos.
As tamareiras eram cunhadas nas moedas do primeiro século d.C. A Revolta
Judaica entre os anos 66 e 70 d.C. demandou grande força militar romana. Durante
essa revolta, os judeus ousaram cunhar suas próprias moedas, o que os romanos
consideravam um privilégio imperial. Essas moedas de liberdade continham os
emblemas do culto e das festas judaicas, como folhas da videira, folhas de palmeiras
e tâmaras. Nas moedas de bronze estava inscrito: “Pela redenção de Sião.”
Na queda de Jerusalém, os romanos adotaram a tamareira como símbolo de
Israel. Eles cunharam muitas moedas celebrando sua vitória.
Volto às palavras do salmista. Depois de aprender muito sobre as tamareiras,
quero – assim como elas – florescer e, na velhice, dar fruto.
– Robert G. Wearner, Collegedale, Tennessee, EUA
“Eis que cedo venho…”
Nossa missão é exaltar a Jesus Cristo, unindo os
adventistas do sétimo dia de todo o mundo numa só
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Vol. 6, No. 8
Agosto 2010 | Adventist World
31
O Lugar Das
PESS
Q U E
L U G A R
É
AS
E S S E ?
FRASE DO MÊS
“Eva caiu em pecado porque
pensou que havia algo melhor.
Adão caiu porque pensou que
não havia ninguém melhor.”
– Jun Cruz, membro da Igreja Adventista em Mentose,
Califórnia, EUA, durante o estudo da lição da Escola
Sabatina, sábado, 5 de junho de 2010.
VIDA ADVENTISTA
Levei meu filho Lucas, de 3
anos de idade, ao supermercado.
Eu estava fazendo as compras e
empurrando o carrinho onde
ele estava sentado, quando, de
repente, ouvimos uma voz no
sistema de som local, chamando
o nome de alguém.
No momento em que meu
filho ouviu a voz, olhou para
mim com os olhos arregalados
e disse: “Mamãe! Essa é a voz de
Deus, vinda do céu!”
Naquela manhã, eu havia
contado para ele a história de
como Deus chamou o pequeno
Samuel no templo.
– Carolina Cavalcanti, São Paulo,
SP, Brasil
P O R
S E LV I N
I N T O N G
Nosso clube de desbravadores
estava acampando, quando
começou a chover e a temperatura
caiu. O culto de sábado de manhã
foi ao ar livre, mas o clima estava
bem frio. O sol surgiu entre as
nuvens, seus raios atravessaram
as árvores e trouxeram alguns
momentos de calor. De repente,
certa mulher levantou as mãos e
exclamou: “Eu amo o sol!” [Em
inglês, “sol” (sun) tem uma
pronúncia semelhante a “filho”
(son). Por isso, sua filha entendeu
que ela se referia a Deus, o Filho.]
Sem perder um minuto, sua
filha acrescentou com muita
naturalidade: “E o Pai também!”
[Ela se referia a Deus, o Pai.]
Nosso culto teve uma pequena
pausa, enquanto todos deram
boas risadas, mas, em seguida,
recobramos a compostura.
– Kimberly Terry, diretora do clube de
desbravadores Takoma Park Rangers,
Takoma Park, Maryland, EUA.
A N
Z A
A
R
N
A
B
I
RESP O S TA :
E N V I A D O
Nessa pequena ilha, há um grupo de fiéis que considera Majuro, a capital da ilha, como um continente.

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Janeiro - Adventist World Adventist World (ISSN 1557-5519) é editada 12 vezes por ano, na primeira quinta-feira do mês, pela Review and Herald Publishing Association. Copyright (c) 2005. Vol. 6, nº 1, janeiro de 2010.

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