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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania TIRO-DE-GUERRA UMA ESCOLA DE CIDADANIA Mário Carlos Rangel da Silva 1 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania 2 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania TIRO-DE-GUERRA UMA ESCOLA DE CIDADANIA AUTOR Mário Carlos Rangel da Silva ILUSTRAÇÕES Jornal Candeia – Bariri/SP Jornal A Tribuna – Bariri/SP Jornal Diário da Franca – Franca/SP Jornal Comércio da Franca – Franca/SP Fotografias - Luis de Carvalho 3 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania 4 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania ÍNDICE Apresentação ............................................................... Capítulo 1 - Seleção dos instrutores .......................... Capítulo 2 - Atribuições dos instrutores...................... Capítulo 3 - Harmonia entre os instrutores ................. Capítulo 4 - Comissão de Seleção ............................. Capítulo 5 - Atividades . reunião com os pais ............................... . palestras ................................................. Capítulo 6 - Visitas dos instrutores . Batalhão de Polícia Militar ...................... . Paço Municipal ....................................... . Câmara de Vereadores .......................... . Delegacias de Polícia Civil ..................... . Delegacia do Serviço Militar.................... . Corpo de Bombeiros ............................... . Grandes empresas ................................. Capítulo 7 - Atividades essenciais dentro do TG . Solenidade de matrícula ......................... . Dia da Vitória ......................................... . Dia do Exército Brasileiro........................ . Dia das mães........................................... . Dia do Soldado ....................................... . Olimpíadas internas ................................ . Formatura de encerramento.................... Capítulo 8 - Atividades essenciais fora do TG . Visita a Entidades Assistenciais.............. . Olimpíadas entre Tiros-de-guerra........... . Semana da Pátria.................................... . Ações comunitárias................................. . Entrega de Certificados........................... . Solenidade do Dia da Bandeira............... 5 7 8 9 13 14 15 19 24 25 25 25 25 26 26 27 28 30 31 33 35 36 39 40 43 45 47 49 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Capítulo 9 - Campanhas . Agasalho ................................................ . Brinquedos ............................................. . Alimentos ................................................ . Óleo comestível ...................................... Capítulo 10 - Sugestões . Criação da galeria dos Ex-combatentes.. . Criação da galeria do Melhor Atirador..... . Criação da galeria dos Chefes ............... . Instituir o Dia do Soldado Atirador........... . Hasteamento do Pavilhão Nacional......... . Criação Associação dos Ex-atiradores.... Capítulo 11 - Orientações para melhor desempenho . Motivação ............................................... . Punições ................................................ . Trato com os políticos ............................ . Trato com a população ........................... . Seleção de atividades ............................ . Confraternização final ............................. . Problemas com drogas ........................... . Participação em eventos ........................ . Horário do corpo ..................................... . Escala de serviços .................................. . Carta aos empregadores ........................ . Realização do Bivaque ........................... . Realização do tiro real............................. . Inspeções ............................................... Capítulo 12 - Contos verídicos . Aconteceu na APAE................................ . A emoção dos Ex-combatentes............... . O pesar de um Comandante................... Conclusão . O ofício do comando / Deus existe.......... 6 50 53 53 56 58 61 62 64 64 65 70 71 73 74 75 76 77 78 79 80 80 83 86 87 89 90 95 98 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania TIRO-DE-GUERRA UMA ESCOLA DE CIDADANIA APRESENTAÇÃO Tiro-de-guerra, uma das melhores instituições recomendadas para militares, principalmente praças, exercerem a função de instrutor e chefe, tendo em vista poderem contar com o privilégio de ensinar ao mesmo tempo em que vão adquirindo uma enorme gama de conhecimentos durante o exercício de suas funções, as quais acabam corroborando para o seu crescimento profissional e pessoal. O sistema metodológico de ensino do Exército com certeza possui pessoal de alto gabarito voltado para a atualização constante da excelência da instrução, através de várias ferramentas que já se mostraram suficientemente eficazes para a formação do atirador que é o soldado reservista de 2ª categoria. Esta obra, porém, tem a finalidade de servir como adjutório de decisão para os atuais instrutores e pretendentes a ingressarem no quadro de instrutores de Tiros-de-guerra, além de mostrar para o publico externo a importante contribuição que esses órgãos de formação têm dado para a ramificação do civismo, do patriotismo e da cidadania, em quase todo o território nacional. Por isso, acredito ser de grande valia discorrer sobre algumas experiências vividas em Tiros-de-guerra e é baseado nessas experiências, adquiridas durante nove anos exercendo as funções de instrutor e chefe da instrução em três Tiros-de-guerra, que tentarei auxiliar na resolução de possíveis problemas do dia a dia ou aqueles esporádicos e diferentes que acabam acontecendo no âmbito dos TG, no decorrer do ano de instrução, isso respeitando as particularidades da vida de cada município, que, por muitas 7 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania vezes, têm influência direta nas atividades que envolvem o público interno. Capítulo 1 - SELEÇÃO DOS INSTRUTORES Muitos militares acabam ingressando no Quadro de Instrutores de TG sem entenderem, com exatidão, a missão que estão assumindo. Talvez a pouca divulgação sobre a existência dos Tiros-de-guerra, sobre sua finalidade e sobre os trabalhos que são desenvolvidos pelos instrutores junto à sociedade seja o fator determinante desse desconhecimento. Alguns militares trazem consigo pensamentos totalmente deturpados, chegando a imaginar que nos Tiros-de-Guerra trabalha-se somente duas horas diárias, as quais seriam voltadas para a instrução propriamente dita do atirador, quando na verdade existe todo um trabalho que a precede, o qual visa à preparação dos meios auxiliares e tudo que engloba a matéria a ser ministrada, inclusive o estudo minucioso do assunto para que o instrutor adquira bastante confiança no momento de repassar os conhecimentos aos instruendos, além da confecção de toda documentação pertinente como Quadro de Trabalho Quinzenal, Ficha de Gerenciamento de Riscos, escala de serviços e muitos outros. Existe também o trabalho durante a instrução propriamente dita que, dependendo da matéria a ser ministrada, demandará muito tempo para repetidas demonstrações, além do acompanhamento homem a homem para verificar o rendimento individual em determinadas instruções que requerem maior atenção. É nessa fase que os esforços serão direcionados exclusivamente para a aprendizagem dos soldados, durante as duas horas disponibilizadas para esse fim. 8 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania O trabalho após o término da instrução se resume no cumprimento do expediente normal, como acontece em todos os quarteis, às vezes, necessitando até de mais tempo para a sua realização, tendo em vista o acúmulo de funções, as quais são exercidas por apenas um ou dois militares, que poderão contar também com o auxílio de um funcionário civil, isso de acordo com o número de turmas distribuídas ou da Região Militar abrangente daquele Tiro-de-guerra. Capítulo 2 - ATRIBUIÇÕES DOS INSTRUTORES As atribuições poderão variar de Tiro-de-guerra para Tiro-de-guerra devido ao número de funcionários cedidos pela prefeitura para a execução do serviço burocrático, porém os instrutores deverão estar prontos para o desempenho de funções similares as que normalmente são exercidas no dia a dia das organizações militares e outras de caráter peculiar como por exemplo: - Função de S1 – responsabiliza-se diretamente pela confecção de toda documentação pertinente a vida do atirador, dos instrutores e do pessoal civil, fazendo-se cumprir também a justiça e a disciplina, sendo, inclusive, designado pela Seção de Tiros-de-guerra para proceder às sindicâncias que por ventura forem instauradas em sua área de atuação. - Função de S2 - caracterizada pela necessidade de estar sempre alerta às ocorrências no âmbito do Tiro-deguerra, investigando quando for o caso, mesmo que de maneira discreta e superficial, a vida pregressa do atirador e de sua rotina diária com o intuito de melhor orientá-lo em assuntos relacionados ou não à caserna, mantendo, assim, um eficaz controle comportamental durante a prestação do serviço militar. 9 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania - Função de S3 – responsável pelo planejamento, organização e coordenação de todas as atividades de instrução, mantendo atualizados os registros pertinentes. Tem a incumbência de selecionar os atiradores para realizarem o Curso de Formação de Cabos, ministrando-o em carga horária diferenciada da instrução normal, cabendolhe, também, o planejamento de todas as atividades relativas a formaturas e eventos em geral. - Função de S4 ou Fiscal Administrativo – responsável por inspecionar toda a estrutura do edifício e providenciar a confecção dos documentos atinentes a manutenção, reformas e construções, requisitando, junto à prefeitura, o material, o pessoal e os serviços necessários ao fiel cumprimento das normas gerais de prevenção de acidentes na instrução e em todas as atividades consideradas de risco, sempre seguindo um índice de prioridades. - Função de Sargenteante – responsável por confeccionar as escalas de serviço, as Fichas de Apuração de Transgressões disciplinares, os ofícios e toda documentação referente à instrução e ao pessoal civil e militar, mantendo-os devidamente atualizados e arquivados. - Função de "conselheiro" – estará sempre pronto a ouvir e orientar, quando necessário, aqueles atiradores com problemas particulares, principalmente quando a situação indicar alguma probabilidade de vir a afetar o seu desempenho no Tiro-de-guerra e até mesmo, no seio familiar. Esse tipo de relacionamento deverá ser calcado na confiança que o subordinado deposita em seu instrutor e gera um resultado muito positivo para ambas as partes. - Função de "Instrutor de música" - quando não dispõe de um auxiliar profissional, com o mínimo de conhecimento possível, acaba necessitando desenvolver o seu lado musical, isso devido à necessidade de montar a equipe de voluntários para compor uma fanfarra que atenda às necessidades básicas de uma tropa, facilitando, no 10 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania mínimo, a execução de treinamento de ordem unida e desfiles por ocasião das solenidades internas e apresentações externas. - Função de Instrutor de Tiro-de-guerra – é responsável por ministrar todos os assuntos previstos no Quadro de Distribuição de Instruções, buscando cumprir a contento toda a carga horária, atingindo o objetivo de cada matéria, sempre focado em seu objetivo principal que é formação do reservista de 2ª categoria. - Função de Chefe da Instrução - possui uma grande responsabilidade, pois é dele a decisão final sobre todas as atividades e situações que envolvem o Tiro-deguerra e seus integrantes, sempre buscando os melhores resultados possíveis para manter inabalada a imagem do Exército Brasileiro naquele município. Diante de tantas funções, sendo inclusive algumas delas de caráter improvisado por não constarem do Regulamento Interno e dos Serviços Gerais, e do grau de meticulosidade necessário para o cumprimento de seu ofício, por vezes o período de tempo normal da jornada diária não é suficiente para que ele finalize seus afazeres, o que o obriga a prolongar seu expediente. Um dos fatores contribuintes para interrupções em seus trabalhos burocráticos durante o expediente é a constante recepção de visitas de autoridades civis e militares, empresários, pais de soldados ou até mesmo por estarem envolvidos em reuniões sociais promovidas pela prefeitura, o que também está incluído no rol de suas funções. Alguns militares imaginam que possuirão muitas vantagens pelo fato de a prefeitura arcar com determinadas despesas referentes à moradia, como água, luz e aluguel, sem entenderem que não se trata de regalias e sim de um direito a concessões, tudo muito bem amparado pelo Convênio firmado entre a prefeitura local e o Exército Brasileiro, através do Comando Militar de Área. Essas 11 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania concessões variam de município para município de acordo com sua estrutura física e orçamentária, porém todos os prefeitos atendem ao disposto no convênio e sabem que o não cumprimento de uma de suas cláusulas, por qualquer das partes, pode acarretar no fechamento do Tiro-de-guerra, o que geralmente traz conseqüências desgastantes para os munícipes e principalmente para o prefeito municipal. Cabe ao Instrutor uma preocupação constante com relação à maneira de como usufruir desse direito de forma bastante consciente, sempre buscando onerar o mínimo possível o erário público, buscando com essa postura, adquirir cada vez mais a credibilidade e confiança de todos a sua volta, principalmente dos funcionários da prefeitura que detêm o poder de atender às solicitações do Chefe da Instrução, o que com certeza facilitará as investidas com relação às necessidades do Tiro-de-guerra em termos de manutenção das instalações e projetos de inovação. Diante do exposto e com o intuito de auxiliar os dispositivos que orientam os militares desejosos a ingressarem como instrutores de Tiro-de-Guerra, acredito ser de muita valia e interessante que os pretendentes ao ingresso busquem maiores informações com relação a essa nobre missão antes de se inscreverem para a seleção, se possível entrando em contato com alguns amigos que passaram pelo TG e que possam fornecer uma real noção do que seja exercer as funções de Instrutor, pois infelizmente alguns militares só vem descobrir que não possuem o pendor para o cumprimento de missões isoladas depois de nomeados, apesar de ser esta uma tarefa em que todos os militares designados devem estar aptos a desempenhar. O militar que ingressa como instrutor sem a devida noção e no decorrer do ano de instrução descobre que não é o que ele imaginava, caso não tenha uma boa base de assessoramento e orientação, o que engloba a estrutura familiar, a qualidade de funcionários civis à disposição do TG 12 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania e principalmente, os integrantes da Seção de Tiros-deguerra, ele poderá ficar frustrado e até mesmo cometer deslizes que possam comprometer não só a sua carreira militar, mas também a credibilidade que a instituição possui perante àquela cidade, dependendo da gravidade da ocorrência. Todos devem ter consciência de que para manchar a imagem de uma grande instituição em um município basta um lapso ou um mal entendido, mas para torná-la novamente límpida, dependendo do grau de repercussão atingido, serão necessários vários anos de conduta ilibada e profícuo trabalho até que a população consiga ver, novamente, que o nome de uma instituição como o Exército Brasileiro está acima de qualquer atitude isolada cometida por alguns de seus integrantes. Capítulo 3 - HARMONIA ENTRE OS INSTRUTORES O ideal seria que o relacionamento dos instrutores e de seus familiares fosse como uma boa irmandade, havendo muito respeito e entendimento por parte de todos, afinal é a Família Militar que se encontra destacada naquela localidade. Desse modo, a integração com certeza será vista por todos da cidade e irá reforçar o espírito de união que impera nos integrantes da Força Terrestre, o que valerá também como exemplo a ser seguido principalmente pelos jovens atiradores, os quais serão os difusores dos bons valores em meio aos outros munícipes. As consequências de o atirador ser expectador dessa harmonia certamente irão refletir positivamente no dia a dia do Tiro-de-Guerra e fora dele, pois na faixa etária em que ele se encontra, buscará sempre se espelhar nas pessoas que fazem parte de seu cotidiano e os instrutores e 13 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania familiares estarão constantemente expostos a essa observação, tendo em vista a quantidade de eventos dos quais participam no seio da sociedade local. É recomendável disponibilizar um tempo para o congraçamento entre os familiares dos instrutores, realizando passeios pelos pontos turísticos da cidade ou de municípios circunvizinhos, frequentando restaurantes, eventos desportivos ou simplesmente no convívio do dia a dia, podendo estar juntos nas corridas ou caminhadas no final da tarde, no futebol, nas solenidades e nos aniversários, isso, além de ser muito salutar, fará bem, principalmente, às esposas que por vezes acabam se sentindo isoladas e sem estímulos por estarem distantes de seus parentes e antigos amigos. Capítulo 4 - COMISSÃO DE SELEÇÃO Apesar da CS (Comissão de Seleção) ter como responsável direto o Delegado do Serviço Militar, geralmente essa atividade é realizada nas instalações do tiro-de-guerra e, nessa ocasião, os instrutores, juntamente com um grupo de atiradores voluntários e possuidores de conduta ilibada, desempenham funções fundamentais junto aos demais integrantes da CS, prestando um primoroso auxílio na execução de diversos trabalhos atinentes à seleção dos jovens apresentados. É aconselhável que o instrutor possa realizar, dentre outras, a função de entrevistador, pois nessa oportunidade há a possibilidade de se estabelecer o primeiro contato com os jovens, ao mesmo tempo em que vai conhecendo o perfil de cada um que provavelmente estará sob seu comando no ano seguinte, prestando o serviço militar inicial. 14 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Realização da entrevista durante a Comissão de Seleção. Capítulo 5 - ATIVIDADES REUNIÃO COM OS PAIS É considerada uma das mais importantes atividades, pois pode ser o fator determinante do bom entrosamento entre os instrutores e os familiares dos atiradores durante todo o ano. Nessa reunião o Chefe da Instrução discorre cada assunto que poderia gerar dúvidas por parte dos pais. Uma boa maneira de iniciar a palestra é apresentando a equipe de trabalho do Tiro-de-Guerra, isso incluindo os funcionários 15 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania civis. Logo após poderá abordar, como sugestão, os seguintes assuntos: Atraso de vida – Muitas pessoas comentam que servir ao Exército é atraso de vida, porém não têm a real noção de que trata-se de uma Instituição que deve estar a todo o momento preparada para defender a soberania do país, preservar suas fronteiras, além de garantir a lei, a ordem e a democracia do nosso povo. Alguns dizem que o Atirador perderá um ano, sendo que, principalmente nos tiros-de-guerra, não se pode afirmar tal coisa, tendo em vista o TG ser voltado justamente para aqueles jovens que trabalham e estudam, tendo uma influencia bastante significativa para o progresso em sua vida. Relacionamento instrutor x atirador – O relacionamento será sempre de maneira respeitosa como é de direito de todo cidadão. Logicamente que a educação básica vem do seio da família que é a célula mater da sociedade, o Exército irá apenas complementar a formação do caráter do cidadão nesse período que marca a transição de adolescente para adulto. Também faz parte do propósito dos instrutores conhecer a realidade do jovem atirador e tudo que o cerca, inclusive sua família, para que possam, quando necessário, orientá-los de maneira adequada. Missão do Tiro-de-guerra – Diferentemente dos quartéis ou OMA (Organização Militar da Ativa), onde se encontram os Batalhões, Regimentos e Grupos, o Exército abre mão de formar o soldado combatente para a hipótese de guerra 16 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania contra o inimigo externo e se empenha em formar nos Tirosde-guerra os combatentes da defesa territorial e defesa integrada, buscando, dentre outras finalidades, proteger os pontos sensíveis de sua localidade. Nesse contexto, o Serviço militar nos tiros-de-guerra contribui para a formação de homens cívicos conscientes dos problemas da comunidade local, participantes de atividades voltadas para a nacionalidade, onde há também a difusão do patriotismo, respeito aos símbolos nacionais e valores da nacionalidade, possibilitando ainda a formação do espírito democrático da juventude, incentivando o respeito aos direitos dos cidadãos, o cumprimento de seus deveres, o culto da responsabilidade e o exercício da cidadania. O porquê da existência dos Tiros-de-guerra – Os tiros-deguerra existem porque a comunidade expressou um desejo que foi manifestado através de um convênio firmado entre o Ministério da Defesa e a Prefeitura Municipal, evitando assim que seus cidadãos, em fase de alistamento, fossem enviados para servir em cidades distantes, o que não ocorre hoje, onde os melhores jovens têm a oportunidade de prestar serviço militar na própria cidade sem abandonar o lar, o estudo e o trabalho. Despesas que o atirador poderá ter no TG – A própria constituição Federal e a lei do Serviço Militar determinam que o serviço militar seja obrigatório e gratuito, logo, de acordo com a parceria firmada, a prefeitura tem a incumbência de arcar com o custeio da sede do Tiro-de-guerra, do estande de tiro e do material de expediente. Enquanto o Exército arca com o custeio dos instrutores, armamento e munição, artigos militares e todo fardamento, não havendo nenhum ônus para o atirador. 17 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Proposta dos instrutores – Os instrutores propõem trabalhar de maneira séria e exigente, porém num ambiente saudável e amistoso, sempre buscando estreitar os laços de afinidade, acreditando que ao final da prestação do serviço militar os jovens possam levar em suas memórias, além de uma grande bagagem de conhecimentos militares, as lembranças de um ano de mudanças e crescimento em suas vidas. Além desses tópicos, o instrutor poderá explorar também assuntos como a distribuição da carga horária, qual será e como acontecerá o contato dos atiradores com o armamento, tendo em vista a preocupação que essa matéria gera na maioria dos pais. Deverá ainda tirar dúvidas quanto a escala de serviços e a realização das refeições quando escalados além de esclarecer a participação em eventos, palestras que serão proferidas e a influência positiva do aprendizado em suas vidas. 18 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Presença dos pais na 1ª reunião (aula inaugural). REALIZAÇÃO DE PALESTRAS Palestra Anti-Drogas – É de suma importância conseguir um bom profissional que possa ministrar uma palestra sobre o efeito devastador que as drogas provocam no corpo humano e suas consequências na vida dos usuários e seus familiares. Existem várias maneiras de interagir com os jovens a respeito das drogas. Uma delas é distribuir a turma em vários grupos e solicitar um trabalho no qual todos os integrantes possam realizar uma pequena apresentação para a turma, pois dessa forma os jovens terão a possibilidade de pesquisarem e debaterem bastante sobre o assunto. O 19 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania trabalho poderá ser simples. Como sugestão poderá solicitar que explanem sobre três tópicos: Primeiro – Quais os malefícios das drogas na vida de um cidadão? Segundo – O que fazer para evitar o contato com as drogas? Terceiro – Como devem proceder os integrantes de uma família que possuem um usuário de drogas, para auxiliar na sua recuperação? Durante as instruções diárias, sempre que possível, enfatizar os benefícios de ter uma vida saudável longe das drogas. Profissional realizando palestra sobre drogas. Palestra sobre DST / AIDS – Deve-se entrar em contato com um profissional da área de saúde para ministrar uma 20 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania palestra sobre as doenças sexualmente transmissíveis, inclusive a AIDS, evidenciando a importância de se proteger contra os vários tipos de vírus existente na atualidade. O objetivo maior desse tipo de palestra é que os jovens também possam difundir o conteúdo dos ensinamentos para seus amigos que não tiverem a mesma oportunidade de aprendizagem. Dessa maneira, com certeza, a sociedade estará cada vez mais educando-se e atualizando-se com relação às doenças que vão surgindo. Médica realizando palestra sobre DST-AIDS. Palestra Odontológica – É aconselhável estabelecer contato com profissional da área odontológica para ministrar palestra sobre higiene bucal, a qual servirá para enriquecer os conhecimentos dos atiradores com relação aos corretos procedimentos voltados à preservação da saúde bucal, de preferência com a possibilidade de realização de uma avaliação em todos os atiradores, o que geralmente é 21 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania oferecido pelos odontologistas que se voluntariam para esse tipo de atividade. Odontologista do município proferindo a palestra. Palestra sobre prevenção e combate a incêndios e primeiros socorros – Geralmente os próprios bombeiros do município, por ocasião da realização da palestra sobre prevenção e combate a incêndios, encarregam-se de proferir também uma palestra sobre primeiros socorros, oportunidade em que fazem uma explanação sobre as várias maneiras de se prevenir contra acidentes, nos mais variados tipos de situações. Com certeza são ensinamentos de muita valia, não somente para o período da prestação do serviço militar, mas para toda a vida. 22 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Demonstração da aprendizagem durante evento social. Poder público – Utilizando-se da facilidade de relacionamento que geralmente os instrutores possuem, não é difícil conseguir um representante do órgão público, podendo ser um político experiente, que esteja interessado em passar para os atiradores uma noção da vida pública, explanando sobre seus cargos e funções e quais as consequências de seu trabalho junto à sociedade. 23 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Vereador proferindo palestra sobre o poder público. Capítulo 6 - VISITA DOS INSTRUTORES Batalhão de Polícia militar – É de fundamental importância que os instrutores agendem uma visita e se apresentem ao comandante do Batalhão de Polícia Militar, Companhia ou outros órgãos que façam a função da polícia existente no município, pois uma vez estabelecido o contato inicial, tornase mais fácil o relacionamento entre as instituições, principalmente na resolução de problemas que por ventura ocorram envolvendo atiradores. O contato também servirá para manter as forças unidas em um clima amistoso, ratificando o bom relacionamento existente entre o Exército e a Polícia Militar. 24 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Paço Municipal e seus órgãos – Será através desses órgãos que muitas solicitações serão enviadas, analisadas e concedidas, por isso a importância de conhecer seus integrantes para estreitar o relacionamento e saber o caminho a ser percorrido pelos documentos. Ao assumir o Tiro-de-guerra é interessante agendar, de imediato, uma audiência com o prefeito para expor suas ideias e objetivos relacionados ao engrandecimento dos cidadãos daquele município, além de conhecer o pensamento que o chefe do executivo possui acerca do serviço militar em sua cidade e se ele dispõe de algum projeto de inovação para o Tiro-deguerra. Câmara de Vereadores – Por pertencerem ao município, os Tiros-de-guerra sempre dependerão dos vereadores para votação de projetos que visem seus interesses, fato que fortalece a necessidade de bem conhecê-los e estar em sintonia com as atividades da Câmara dos Vereadores, sempre mantendo um relacionamento agradável, porém deixando explícita a imparcialidade dos instrutores com relação aos assuntos político-partidários. Delegacia de polícia – Há uma grande necessidade de conhecer os delegados de polícia, pois poderão acontecer ocorrências policiais envolvendo atiradores e, nesse caso, é muito importante manter um contato mais acirrado, o que com certeza facilitará a resolução dos possíveis problemas. Delegacia do Serviço Militar – Caso a cidade possua uma Delegacia do Serviço Militar, é de interesse tanto dos instrutores quanto do delegado manter um relacionamento sincero, profissional e amigável, entre si, até porque a função de um complementa o trabalho do outro em várias atividades 25 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania que ocorrem durante o ano de instrução, principalmente nas ocasiões de Comissão de Seleção e entrega de Certificados em municípios circunvizinhos, oportunidade em que poderão trabalhar em conjunto. Corpo de Bombeiros – É importante o contato com os integrantes do Corpo de Bombeiros para manter um bom relacionamento, pois além deles prestarem um grande auxílio em várias instruções, proferindo palestras quando requisitados, ainda há a possibilidade de trabalharem em conjunto com os atiradores em algumas atividades, como por exemplo, no caso de acionamento da defesa civil, pelo poder público, para atender o município numa situação de estado de calamidade pública etc.. Grandes empresas - Infelizmente alguns empresários não possuem a real noção de como será o ano de instrução do atirador que, por vezes, também é seu funcionário, por isso, em caso de necessidade, algumas empresas que possuem esses empregados realizando o serviço militar deverão ser visitadas para um melhor esclarecimento com relação aos direitos e deveres de seus funcionários militares que encontram-se devidamente amparados pela Constituição Brasileira durante a prestação do serviço militar obrigatório. Isso com certeza dará um melhor entendimento para os empregadores, o que fará com que eles tenham uma nova visão sobre o papel do Exército Brasileiro, e passem a atuar como colaboradores junto aos propósitos da instituição. 26 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Capítulo 7 - ATIVIDADES ESSENCIAIS DENTRO DO TG Solenidade de Matrícula A solenidade de matrícula é a primeira atividade em que o atirador tem a oportunidade de apresentar para seus familiares e amigos tudo que ele já aprendera no curto espaço de tempo que tivera no Exército, por isso é muito interessante poder contar com a participação de um bom público, principalmente de seus familiares, pois isso faz com que sintam cada vez mais orgulho de ostentarem a farda camuflada e reforça a importância da família no acompanhamento de seus filhos. Para os instrutores, é o momento de mostrar a sociedade o trabalho desenvolvido por eles e fazer com que as famílias vislumbrem as transformações positivas que serão incutidas na vida dos jovens atiradores, sempre enaltecendo valores como lealdade, respeito, honestidade, camaradagem, disciplina, amor ao próximo e muitos outros dignos de uma verdadeira sociedade. 27 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Jornal Diário da Franca – 01 abr 04 Solenidade do Dia da Vitória Apesar dessa data não ser muito conhecida pelo público civil, é de grande valia destacar o dia 8 de maio com uma solenidade alusiva ao dia da vitória, dia em que se comemora o fim da 2ª guerra mundial, quando os nossos bravos combatentes da Força Expedicionária Brasileira 28 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania retornaram do campo de batalhas da Itália, ostentando o “V” da vitória. Nesse dia ressalta-se também a importância da participação dos ex-combatentes nas solenidades cívicomilitares, haja vista ser sempre uma bela oportunidade de se homenagear esses bravos heróis, ainda vivos, pelos seus feitos por nossa gente, e lembrar-se daqueles que tombaram no teatro de operações para que nós pudéssemos gozar da plena liberdade. É também uma excelente data para inaugurar a Galeria dos Ex-combatentes residentes no município, o que muito enaltece os verdadeiros heróis brasileiros e engrandece a história de nosso povo. Inauguração da Galeria dos Ex-combatentes 29 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Solenidade do Dia do Exército Nos dias atuais, a data de 19 de abril, apesar de ser uma data muito importante para o nosso País por ser o Dia do Exército Brasileiro, grande parte da população civil só tem conhecimento como sendo o Dia do Índio, que com certeza também tem sua importância na história do Brasil. Provavelmente esse desconhecimento ou pouca importância à data dispensada, seja fruto da tímida divulgação desse fato histórico ocorrido no dia 19 de abril de 1648, nos Montes Guararapes – Pernambuco, onde se forjou a gloriosa Força Terrestre do Brasil, quando se reuniram brancos, índios, negros e mestiços com um só propósito, que era defender a costa brasileira contra os invasores holandeses. Nessa ocasião, é de vital importância que os instrutores aproveitem para proferirem palestras nas escolas ou onde forem solicitados, ressaltando, dentre outras coisas, o que significou a integração das raças para a base de nossa nacionalidade. Atiradores realizando apresentações em Escola. 30 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Alunos em visita ao Tiro-de-guerra. Solenidade do Dia das Mães A família é a instituição mais importante da sociedade e nela a figura fundamental é a mãe. Poderiam ser citados vários fatores que justifiquem essa afirmação, no entanto basta uma pequena reflexão sobre o período em que ela atua como protagonista da vida, no decorrer da gestação de seu filho, transmitindo todo seu carinho e amor emanados por suas emoções. Por isso não se pode deixar passar despercebida a oportunidade de enfatizar seu verdadeiro valor de mãe, expondo isso principalmente para os atiradores, no momento em que passam pela natural fase de transformação, deixando para trás a adolescência e vislumbrando os anseios da vida adulta. 31 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania É o momento em que se define o verdadeiro caráter de um cidadão e isso acontece de acordo com a gama de valores que lhes são passados. Durante a solenidade, é recomendável estimular singelos gestos dos atiradores para com suas mães, como a entrega de uma singela flor, um afago e um beijo. Gestos que apesar da simplicidade têm um valor inestimável junto à sociedade, pois servem para manter cada vez mais unidos mães e filhos, retratando assim a harmonia familiar. Como sugestão, é interessante destacar e agraciar com singelos presentes a mãe mais idosa, a mais jovem e a de maior número de filhos, representando assim todas as outras mães, evidenciando e enaltecendo cada vez mais a importância que pequenos gestos promovem em nossas vidas. As mães sendo agraciadas durante solenidade. 32 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Os Atiradores agraciando suas mães. Solenidade do Dia do Soldado e dia dos Pais Os pais também possuem vital importância no seio da família, por representarem, geralmente, a figura que transmite a segurança necessária ao lar, além de servirem de exemplo comportamental para seus filhos. Por essas e outras razões jamais poderão ser esquecidos, e uma excelente oportunidade para homenageá-los é aproveitar a solenidade alusiva ao Dia do Soldado, tendo em vista ser esta data bem próxima do dia dos pais. Nesse dia em que referenciamos a figura do Patrono do Exército Brasileiro, o Marechal Luiz Alves de Lima e Silva - Duque de Caxias, o maior soldado de todos os tempos, falamos também da importância do pai de família, o qual vivencia a batalha do dia-a-dia". 33 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Uma opção simples, mas que atinge o objetivo do evento é promover nesse dia ações conjuntas entre pais e filhos, que podem variar desde gincanas a uma simples partida de futebol. Essa confraternização com certeza servirá para estreitar ainda mais os laços fraternais. Poderá ainda, destacar o pai mais idoso e o pai mais jovem para presenteálos em nome de todos os outros pais presentes na solenidade. Vale ressaltar que a atividade principal é a alusão ao Dia do Soldado, a qual transcorrerá normalmente de acordo com o que prescreve a legislação em vigor, seguindo o roteiro da solenidade, finalizando com o proferimento, na íntegra, das palavras do Comandante da Força por ocasião da leitura da Ordem do dia. Jornal Candeia – 31 ago 02 34 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Olimpíadas internas Mesmo que o Tiro-de-guerra possua apenas uma turma de instrução é recomendável dividi-la em equipes e organizar uma olimpíada interna, a qual com certeza servirá de estímulo para todos os atiradores, além de agregar aos jovens o espírito de corpo, união, competitividade, perseverança e camaradagem, elementos essenciais para o convívio social. Essa atividade acaba tendo outro objetivo, que é servir como treinamento para possíveis participações em olimpíadas entre Tiros-de-guerra, as quais geralmente são promovidas anualmente em determinadas Regiões Militares. Existem alguns Tiros-de-guerra que não possuem uma estrutura que suporte a realização de uma competição desportiva. Nesses casos, o chefe da instrução poderá se valer do bom relacionamento existente principalmente com o seguimento educacional para solicitar o apoio de instituições como SESI, Escolas Públicas, Clubes e outros órgãos provavelmente disponíveis na cidade. Com certeza, através de um bom planejamento o evento será realizado praticamente sem ônus para nenhuma das partes. 35 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Competição de natação durante olimpíadas. Formatura de encerramento Para os soldados é uma das atividades mais importantes, pois além de ser para alguns o último evento junto ao Exército, também representa a conclusão de mais uma etapa gloriosa, pelo motivo de terem conseguido passar por todos os obstáculos surgidos ou colocados ante eles ao longo do ano de instrução e terem conquistado seu Certificado de Reservista, o que é motivo de orgulho e justa comemoração. Nesse dia, também devem ser entregues os Diplomas de Honra ao Mérito e divisas dos Cabos promovidos na reserva, além de ser descerrada a fotografia do Melhor Atirador na Galeria correspondente, o que equivale, nos grandes quartéis, à Praça mais Distinta. 36 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Ao descerrar a fotografia do Melhor Atirador, preferencialmente, deverão estar tomando parte do ato os pais do agraciado, juntamente com a maior autoridade presente, geralmente o Prefeito Municipal e demais convidados da família do agraciado. Saída triunfal dos licenciados. 37 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Jornal Diário da Franca – 28 nov 04 38 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Capítulo 8 - ATIVIDADES ESSENCIAIS FORA DO TG Visita a Entidades Assistenciais Uma excelente maneira de manter os atiradores sempre na atividade é promover visitas às entidades assistenciais da cidade. É interessante aproveitar a época das campanhas de arrecadação de alimentos para planejar um agendamento de visitação. Uma sugestão é dividir os integrantes do Tiro-deguerra em dois grupos para visitarem a APAE (Associação de Pais e Amigos do Excepcional), que é uma das mais conceituadas entidades, pelo trabalho fantástico que realiza em busca da inclusão social daquelas pessoas que nasceram com algum tipo de excepcionalidade ou adquiriram no decorrer da vida. Nessa oportunidade, sugere-se que os atiradores executem atividades juntamente com os assistidos. Pode-se conduzir alguns instrumentos musicais da fanfarra, como bumbo, caixinha, corneta e prato e consentir que a criançada utilize os instrumentos e se divirta a vontade, pois é bastante prazeroso e emocionante vivenciar a alegria daquele pessoal, que com gestos tão singelos, conseguem transmitir a pura felicidade e nos fazem refletir sobre os verdadeiros valores humanos. 39 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Grupo de atiradores visitando a APAE . Olimpíadas entre Tiros-de-guerra É sempre muito gratificante, promover ou participar das olimpíadas entre Tiros-de-guerra, isso ratifica a importância da coesão dos grupos, ou seja, a união dos integrantes de uma determinada fração, além de fortalecer o relacionamento entre os irmãos de farda, tendo em vista a maneira salutar como são desenvolvidas as atividades. Não se deve desperdiçar a oportunidade de participar de eventos dessa natureza, pois eles deixam bastante evidentes o crescimento e a melhoria de comportamentos agregados pelos atiradores, principalmente no que diz respeito à harmonia no convívio entre eles. Vale muito a pena organizar um evento como este, porém, apesar da simplicidade aparente, não é tão fácil, pois requer além da parte burocrática que começa com a solicitação da autorização do Comando Militar de área, 40 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania muitos outros contatos até que tudo seja formalizado, ou seja, há um desgaste a mais por parte dos instrutores, mas no final o ganho que se tem em qualidade de ser humano supera todo esforço despendido. Geralmente a realização das olimpíadas é recomendada que seja entre os Tiros-de-guerra circunvizinhos, tendo em vista o menor gasto possível, uma vez que será inevitável o apoio da prefeitura local, que poderá, de acordo com sua disponibilização e critérios, fornecer os meios de locomoção, alimentação etc. É interessante que o Chefe da Instrução mais antigo seja o responsável pelo evento, mas que sejam as missões divididas entre os demais instrutores participantes. Um evento bem planejado acaba culminando com uma grande festa de confraternização. 41 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Jornal Candeia – 14 set 02 42 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Semana da Pátria Ao se aproximar a semana da pátria, particularmente o dia 7 de setembro, data em que comemoramos a independência do nosso país, é comum os instrutores receberem várias pessoas solicitando o apoio dos integrantes do Tiro-de-guerra para proferirem palestras alusivas à data e para participarem das apresentações dos desfiles cívicos juntamente com os alunos nas escolas. Essa é uma excelente oportunidade para mostrar aos munícipes a integração existente entre a Instituição Exército Brasileiro e a sociedade como um todo, além de relembrar e ratificar a importância da data comemorada. Durante toda a semana da Pátria, tanto os instrutores como os atiradores podem e devem participar de várias maneiras, dentre elas, visitando algumas escolas com pequenos grupos de atiradores para realizarem hasteamento ou arriamento do Pavilhão Nacional, proferindo palestras alusivas ao dia da independência e ainda utilizando parte da fanfarra do TG para realizar desfiles com várias escolas pelas ruas da cidade em datas distintas, para não sobrecarregar os atiradores em seus empregos, por isso a importância de ser tudo muito bem planejado através de agendamento. No dia 7 de setembro, em quase todos os municípios ocorre o tradicional desfile cívico e a maioria da população demonstra um interesse muito grande em assistir a passagem do Tiro-de-guerra pela avenida. Geralmente o TG abre o desfile à pé, por isso aumenta a responsabilidade de não decepcionar o público local que se sente bastante maravilhado com a apresentação dos militares e sem dúvida, esse é um momento de louvor para o Exército, pois eventos dessa natureza contribuem para evidenciar o carisma que a Força goza no seio da sociedade. 43 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Abrindo a semana da pátria com apresentações. Passagem da tropa durante desfile cívico. 44 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Ações comunitárias Participar em ações comunitárias, além de contribuir para o engrandecimento dos municípios através do apoio fornecido e de uma gama de valores que são explícitos pelo exemplo, também servem para elevar o nome do Exército junto à sociedade. Toda ação comunitária tem sua importância, porém a participação do Tiro-de-guerra em determinados eventos deverá ser muito bem avaliada para que seus integrantes não venham acabar envolvendo-se em atividades que fujam do verdadeiro objetivo social. O cuidado é imprescindível, pois muitas vezes essas ações podem ser encaradas como cunho meramente político ou de interesse individual, nesse caso, a participação dos integrantes do TG deverá estar descartada, evitando assim, possíveis problemas para a imagem do Exército Brasileiro, principalmente no que diz respeito à credibilidade que o mesmo sustenta desde sua criação. Geralmente a maioria das ações comunitárias tem como mentora a prefeitura municipal, por tratar-se de assunto de interesse do povo, o que acaba tornando muito mais confiável o seu propósito, porém, existe sempre a necessidade de uma prévia avaliação por parte dos instrutores. 45 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Jornal Candeia – 09 jun 01 46 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Entrega de Certificados Todo ano há de se cumprir o previsto no calendário destinado à entrega de certificados de dispensa de incorporação aos jovens dos municípios não tributários que foram alistados e dispensados do serviço militar obrigatório, conforme amparo da legislação pertinente. Para a grande maioria desses jovens, o único contato estabelecido com o Exército Brasileiro é durante esse período, onde o Delegado do Serviço Militar, acompanhado de instrutores do Tiro-de-guerra e alguns atiradores, comparecem em solenidade realizada com a presença dos familiares dos recipiendários e do prefeito municipal, justamente para reiterar o valor do documento que estarão recebendo naquela oportunidade e a confiança que a força deposita nos jovens cidadãos para a possibilidade de uma necessidade de mobilização. Momento do compromisso perante a Bandeira. 47 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Jornal Candeia – 21 abr 01 48 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Solenidade do Dia da Bandeira Levar um bom público para dentro de uma Organização Militar para assistir a uma solenidade que tem o seu ápice exatamente ao meio dia não é muito fácil, tendo em vista os afazeres que geralmente toda família possui nesse horário. Porém, no Tiro-de-guerra, onde existe a necessidade da constante integração dos militares com a comunidade, os instrutores acabam tendo que adaptar algumas atividades para apresentação em locais diferentes do quartel, tudo com o intuito de conseguir a participação do público externo. A solenidade alusiva ao Dia da Bandeira é bastante diferente de todas as outras, principalmente pelo ritual que deve ser seguido de acordo com o regulamento. Alguns instrutores optam por realizarem esse evento no interior do Tito-de-guerra e muitos acabam obtendo resultados frustrantes com relação a pouca participação do público externo e baixa repercussão na mídia. Não por necessidade de exposição do TG, mas pelos resultados positivos que são alcançados quando existe uma maior participação dos munícipes nesse tipo de evento. Outros são mais felizes quando optam por realizarem a solenidade no Paço Municipal, na Câmara de Vereadores ou até mesmo numa escola, desde que o espaço permita, pois dessa maneira, é quase certa a presença maciça dos vereadores locais e do prefeito municipal, logo, eles mesmos incentivam o comparecimento da população, convidando e solicitando que escolas enviem alunos representantes e convencendo os líderes, sejam eles diretores de escolas ou políticos, da importância que a solenidade tem para manter vivo o culto aos nossos símbolos nacionais. 49 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Ao final da solenidade todos acabam se surpreendendo com a apresentação e percebem o quão valiosa fora sua participação naquele tipo de evento, que serve para aumentar ainda mais o espírito de patriotismo em todo o público presente. Capítulo 9 - REALIZAÇÃO DE CAMPANHAS Campanha de arrecadação de agasalhos À medida em que se aproxima a estação de inverno em algumas regiões do Brasil, a maioria dos municípios realiza uma campanha de arrecadação de agasalhos, nessa oportunidade acontece uma grande mobilização entre várias entidades assistenciais, voluntários, representantes da iniciativa privada, prefeitura municipal e principalmente os integrantes do Tiro-de-guerra. Todos se voltam para essa ação que visa amenizar um pouco a carência dos mais necessitados com relação à vestimenta e agasalhos como um todo, pois em algumas regiões o sofrimento é muito grande e, um pequeno gesto de doação de roupas e cobertores pode acabar salvando vidas. A presença do soldado fardado nesse tipo de atividade é de suma importância, pois transmite uma credibilidade muito grande para as pessoas que estão propensas a colaborar, o que aumenta a probabilidade de contribuição, tendo em vista já possuírem a visão de que o Exército Brasileiro somente participa em ações de cunho social que tenham seriedade e transparência. 50 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Atirador arrecadando doações junto a população. 51 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Jornal Candeia – 26 mai 01 52 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Campanha de arrecadação de Brinquedos Na semana que antecede o Dia da Criança, também é interessante realizar uma campanha de arrecadação de brinquedos, mesmo que interna, a qual poderá acontecer entre os próprios atiradores e seus familiares. Todo material arrecadado deverá ser distribuído às entidades que prestam assistência a crianças carentes, ou até mesmo, serem doados para alunos de escolas municipais, sendo os mesmos entregues pelos atiradores em data marcada nas escolas ou em aproveitamento de visitas que poderão ser agendadas para os alunos conhecerem as instalações do Tiro-de-guerra. Com certeza é um pequeno e singelo gesto, mas que contribui bastante para a felicidade de menores que muitas vezes encontram-se sem perspectivas de vida melhor. Campanha de arrecadação de alimentos Essa é a campanha mais esperada pelas entidades, por ser a que melhor atende às necessidades das pessoas, pois dependendo do poder aquisitivo do município e do nível de organização da campanha, várias toneladas poderão ser arrecadadas para suprir a fome de muitos, porque nada afeta mais o ser humano do que a falta de alimentos para nutrir sua sobrevivência. É uma atividade que deverá ser muito bem planejada e, se possível poderá contar com o apoio de outros grupos, como os escoteiros que quase todo município possui e com certeza eles estão sempre se colocando à disposição e realizam um trabalho excepcional junto aos integrantes do TG. 53 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania É importante ressaltar que em todas as campanhas em que o Tiro-de-guerra estiver à frente, deverá ser confeccionado um balanço final de tudo que for arrecadado e os documentos comprobatórios assinados pelas entidades que se beneficiarem com a distribuição deverão ser devidamente arquivados. Esse resultado, na primeira oportunidade deverá ser divulgado na mídia, para que não gere dúvidas com relação à transparência das atividades realizadas. É também essencial realizar um cadastro das entidades assistenciais, o que facilitará em muito o trabalho para as próximas campanhas. Jornal Comércio da Franca – 17 nov 06 54 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Jornal A Tribuna – 31 jul 02 55 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Campanha de arrecadação de Óleo A campanha de arrecadação de óleo comestível não é comum nos municípios, porém vários tipos de campanhas poderão acontecer de acordo com as particularidades, necessidades ou até mesmo por serem consideradas tradicionais em algumas cidades. Na cidade de Franca-SP, tornou-se tradição a realização da campanha de arrecadação de óleo que, apesar de não parecer, é de muita valia para as entidades assistenciais que todos os anos podem contar com uma boa quantidade de litros de óleo comestível, o que certamente acabam suprindo grande parte de sua necessidade. Nessa ocasião, muitas pessoas doam também alimentos não perecíveis, os quais não são recusados pois também serão direcionados às entidades assistenciais. 56 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Jornal Diário da Franca – 25 abr 04 57 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Capítulo 10 – SUGESTÕES Criação da Galeria de Ex-combatentes É importante homenagear os Ex-pracinhas ainda vivos e uma boa opção é criar uma galeria para eles. O primeiro passo a ser dado para a criação da Galeria dos ex-combatentes é a solicitação de informações quanto a existência deles na cidade, através do pessoal mais antigo da região e os próprios ex-combatentes. Essa busca de informações poderá ser através do rádio que atinge grande parte da população. Depois de descobertos é feita uma visita para estreitar o relacionamento e se possível já providenciar uma fotografia, de preferência 25cm x 30cm para ser afixada no quadro da galeria. É interessante ressaltar que essas providências sejam preferencialmente antes das comemorações do dia 8 de maio, data em que se comemora o Dia da Vitória, para que durante a solenidade alusiva a essa data, possa ser descerrada a Galeria na presença dos ex-combatentes e seus familiares. A partir desse contato, sempre que possível, procurar tê-los junto das atividades do TG, enfatizando e dando bastante importância às suas presenças, pois só assim eles se sentirão um pouco mais valorizados pela sociedade. Temos a obrigação de mostrar para todos, o valor que esses verdadeiros heróis possuem e o quão determinante fora sua participação na segunda guerra mundial, para que hoje possamos viver desfrutando de plena paz. 58 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Jornal A Tribuna – 02 jun 01 Sugiro que durante o período em que o militar estiver fazendo parte do quadro de instrutores, busque dedicar uma parcela de seu tempo aos ex-combatentes, sempre que 59 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania possível enaltecendo e mostrando o valor que esses heróis merecem. Confraternização junto aos Ex-combatentes 60 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Os Ex-combatentes sendo agraciados. Criação da Galeria do Melhor Atirador É importante valorizar e incentivar aqueles que se destacam positivamente e a Galeria do Melhor Atirador tem exatamente essa finalidade. No decorrer do ano de instrução fica notória a desenvoltura de alguns jovens, quer seja por se identificarem com a situação militar, quer seja por sua garra, determinação e vontade de sempre fazer a coisa certa, virtudes que deverão ser evidenciadas de alguma maneira. A data de realização da solenidade final, é uma boa oportunidade para descerrar a foto do atirador escolhido como “Melhor Atirador” ou “Praça mais Distinta” ou outra denominação que o instrutor julgar interessante, desde que sirva para registrar e materializar o mérito daquele soldado que se destacou dos demais durante o ano de instrução. É 61 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania importante que esse gesto aconteça na presença de seus familiares, desse jeito, o sentimento aflorado naquele momento servirá de incentivo para que o jovem permaneça trilhando o caminho da vitória. Descerrando a fotografia na Galeria do Melhor Atirador Criação da Galeria dos Chefes da instrução Um dos pontos positivos com relação à criação da galeria dos Chefes da Instrução e Instrutores é poder deixar registrada a passagem de todos os militares que, de certa forma, contribuíram com seu trabalho para o engrandecimento daquele município. 62 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Em alguns Tiros-de-guerra existe apenas a galeria dos Chefes da Instrução, porém, é de relevante importância, providenciar também a confecção da galeria dos instrutores, tendo em vista a indiscutível contribuição que os mesmos têm dado para a formação dos jovens atiradores, principalmente nos ensinamentos passados no dia-a-dia. É interessante realizar o descerramento da fotografia do chefe sucedido, por ocasião da formatura final, na qual também poderá ser realizada a passagem de chefia perante a maior autoridade presente, geralmente o prefeito municipal, de acordo com o que prescreve o regulamento. Antes da conclusão da galeria, deve-se realizar um minucioso estudo sobre as normas que regem os padrões a serem adotados para sua confecção, no intuito de que não haja nenhum tipo de contestação relacionada à sua legalidade. Inauguração da Galeria dos Chefes da Instrução. 63 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Dia do soldado atirador Geralmente os instrutores mantem um excelente relacionamento com os políticos e em particular com os vereadores, oque poderá propiciar, no momento oportuno, a sugestão de instituir o “dia do Soldado Atirador”, a ser comemorado numa data bem estudada e adequada às peculiaridades do município em questão, dessa maneira, fica mais evidenciada na sociedade local, a importância do atirador e consequentemente do militar em geral. Uma vez definida e instituída essa data comemorativa, deve-se ter o cuidado de não permitir que ela caia no esquecimento pela população. Uma boa estratégia para mantê-la viva na mente das pessoas é organizar um evento de cunho social, de preferência uma ação comunitária, fazendo coincidir a realização dessa atividade com a data comemorativa ao “Dia do Soldado Atirador”. É importante aproveitar cada espaço cedido pelos meios de comunicação (rádio, televisão e jornal) para divulgar com o máximo de destaque os eventos, que com certeza, servirão para elevar ainda mais o conceito do soldado, do Tiro-deguerra e do Exército Brasileiro. Hasteamento do Pavilhão Nacional no Paço municipal Em alguns municípios, verifica-se uma grande lacuna entre o Tiro-de-guerra, sistema educacional e população como um todo. Uma excelente forma de se estreitar esse relacionamento é planejar junto a autoridade competente, seja o prefeito municipal ou o secretário de educação, a possibilidade de agendarem pelo menos um dia do mês, para que seja realizado o hasteamento do Pavilhão Nacional no 64 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Paço Municipal ou em outro local de igual relevância, momento em que poderão comparecer também todos os funcionários da prefeitura e, se possível, a maioria dos integrantes das escolas com seus alunos e professores. O horário deverá ser muito bem estudado, visando facilitar o comparecimento de um maior número possível de assistentes. Nessa ocasião, o instrutor deverá aproveitar para proferir uma rápida explanação sobre a Bandeira Nacional, a Bandeira do município, ou até mesmo sobre os outros símbolos nacionais, de acordo com a disponibilidade de tempo. É o tipo de atividade que beneficia a todos os participantes. O prefeito que tem a oportunidade de mostrar seu lado cívico e patriótico perante a população, o Tiro-deguerra que divulga a imagem do Exército junto aos munícipes, participando ativamente de ações que contribuem para o crescimento das pessoas em termos de valores imprescindíveis ao bom cidadão e todos os outros participantes (funcionários, alunos e assistentes), pelos conhecimentos adquiridos através da explanação do instrutor. Criação da Associação dos Ex-atiradores do município Apesar de ser uma entidade civil onde prevalecerá, no caso de sua criação, o consenso dos ex-atiradores, cabe aos instrutores, se assim o desejarem, incentivar e participar dessa incrementação, dando subsídios necessários para a formação da base estrutural, pois uma vez concluída sua criação, com certeza trará bastantes benefícios à população através de uma harmoniosa interação junto aos integrantes do Tiro-de-guerra. A Associação deverá ser criada sem fins lucrativos e voltada para a utilidade pública, ou seja, a princípio, deseja65 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania se uma entidade onde seus integrantes participarão de eventos de laser junto aos seus amigos e familiares, além de estarem comprometidos com a sociedade a executarem tarefas em prol das pessoas mais carentes, através de sua participação efetiva nas ações comunitárias do município, o que será um de seus maiores propósitos para criação. No Tiro-de-guerra de Franca, os instrutores tiveram a satisfação de participar da criação da primeira Associação de Ex-Atiradores, onde, depois de muita persistência de um pequeno grupo de reservistas, que deu o “pontapé inicial”, foi concluída com êxito e já com uma grande quantidade de associados. Foi um período de muito trabalho até sua conclusão, pois há necessidade de se respeitar cada passo da criação, sendo o primeiro deles a elaboração do Estatuto, o qual carece do acompanhamento cerrado de um advogado profissional orientando cada detalhe de sua confecção. O ideal para a efetivação da associação é que já exista uma sede própria, porém, sua falta não impede o desenrolar das outras atividades, o mais importante é ter uma estrutura formada de pessoas comprometidas com a constante manutenção das atividades da associação, para assim, evitar que caia na rotina indesejada ou até mesmo no esquecimento de seus ideais, o que poderá culminar com a extinção da mesma. É de suma importância deixar explícito no estatuto que o único vínculo dos instrutores será a título de orientação e, que a associação é inteiramente civil e independente. Os instrutores jamais poderão permitir que possíveis conflitos gerados entre a associação e órgãos públicos venham afetar o relacionamento do Tiro-de-guerra e a sociedade local. A principal função da Associação é manter o vínculo de amizade das variadas turmas de instrução em momentos prazerosos, além de contribuir de várias formas para o crescimento e bem estar da população, fortalecendo ainda 66 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania mais a imagem do Tiro-de-guerra e Exército Brasileiro junto à sociedade. No município de Franca-SP, a Associação teve a felicidade de ser lançada pelo Comandante do Comando Militar do Sudeste, durante solenidade realizada também em comemoração ao Dia do Soldado, o que fez crescer ainda mais a Associação pela repercussão que teve o evento na cidade e municípios circunvizinhos. 67 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Jornal Comércio da Franca – 29 ago 06 68 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Jornal Comércio da Franca – 29 ago 06 69 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania A Associação durante desfile cívico de sete de setembro. Capítulo 11 - Orientações para um melhor desempenho MOTIVAÇÃO Incentivar o comparecimento do atirador às instruções Há necessidade de manter sempre os atiradores motivados a comparecerem ao TG para instruções, aguçando neles a curiosidade do dia seguinte, pois todos os dias, no momento em que forem liberados para seus lares, escolas ou trabalho, eles já deverão estar pensando no retorno para a próxima matéria ou atividade, tendo a certeza de que será ainda mais interessante do que a do dia atual. O atirador deverá sempre ver a figura do instrutor não somente como o militar superior, mas como um amigo que lhe quer bem e que deseja sua presença para compartilhar o 70 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania dia-a-dia do tiro-de-guerra, buscando, quando possível, a interação dos mesmos nos diversos tipos de atividades. Todo ser humano necessita de reconhecimento, e uma maneira simples e eficaz de estar incentivando os atiradores é elogiando-os e agradecendo sua participação após cada ato bem sucedido, mostrando-lhes que os resultados dependem da integração de todos como uma grande equipe, pois assim estarão se sentindo úteis e cada vez mais dispostos a contribuírem para o engrandecimento do Tiro-de-guerra. PUNIÇÕES Durante os estágios de atualização de instrução para os instrutores e chefes de instrução, nos quais se reúnem todos os instrutores de tiros-de-guerra da Região Militar, foi observada a estatística do quadro de punições e verificada, em determinados anos de instrução, a enorme divergência existente entre os TG, mesmo levando-se em consideração as peculiaridades de cada município. Ficou notório o acontecimento de duas situações extremas, sendo uma delas a ação da mão pesada do instrutor no momento de avaliar e decidir com relação às transgressões de seus subordinados, onde alguns chegavam ao término do primeiro semestre já tendo punido 90% de seu efetivo, alguns até com atiradores desligados por perda de pontos. Por outro lado, instrutores que não fizeram uso de nenhuma ferramenta disponível para se manter a disciplina, chegando ao final do ano com 100% do efetivo com a Ficha Individual limpa de qualquer registro negativo de alteração, não tendo punido nenhum militar, sequer com advertência. No primeiro caso corre-se um grande risco de se perder a disciplina da turma pela banalização das punições, ou seja, trata-se a punição quase como um quesito 71 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania necessário para concluir o serviço militar, perdendo-se a oportunidade de realmente valorizar o comportamento e postura adequados à vida da caserna, recompensando os que se destacam positivamente, ratificando assim, a necessidade de se caminhar corretamente em todos os seguimentos da vida. Por outro lado, punindo se preciso for, de maneira gradual àqueles que tentam se desviar da conduta reta. Para tanto, tem que haver muita flexibilidade e bom senso na hora de decidir, pois a partir do momento em que os atiradores não conseguirem enxergar a punição como algo justo e de caráter corretivo, o bom militar poderá se desviar do caminho, aceitando que em caso de uma punição ele será apenas mais um na estatística. No segundo caso, o TG também poderá estar sofrendo com a falta de disciplina, pois há indícios de que por algum motivo, seja ele despreparo ou falta de pulso firme, o instrutor evita punir seus subordinados, deixando registrado apenas em quadros estatísticos uma falsa impressão de que aquele Tiro-de-guerra é o melhor do mundo porque ali ninguém transgride. Ora, o atirador é um jovem e como qualquer ser outro, muito suscetível à falhas e, estas devem ser identificadas e corrigidas de acordo com os regulamentos pertinentes, caso contrário o problema poderá ganhar proporções maiores e conseqüências piores, que talvez não apareçam no decorrer do ano de instrução, por estarem mascaradas, mas poderão causar drásticas consequências quando os jovens estiverem no meio civil, o que não exime o instrutor de sua parcela de culpabilidade junto a sociedade. Apesar de estar exercendo função isolada, onde seu maior contato é o público civil, o instrutor jamais poderá deixar de usar as ferramentas de que dispõe para se manter a ordem e a disciplina, tendo o cuidado de agir de forma gradual e cobrar de acordo com o conhecimento adquirida pelo subordinado. 72 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania A lógica nos mostra que nenhuma turma será tão transgressora ao ponto de que toda ela, sem exceção, mereça ser punida, da mesma forma que não existirá um grupo tão reto em suas atitudes que nenhum de seus integrantes necessite e mereça ser corrigido. Então chegamos a conclusão de que não existe mistério nem fórmula para se manter um bom nível de disciplina, basta apenas se imbuir ao máximo, dialogar bastante com os subordinados e esforçar-se para ser um exemplo a ser seguido por eles, sempre agindo com imparcialidade e seriedade, porém mostrando-se um grande amigo em quem possam confiar, mesmo na hora de punir, pois assim será bem provável que o subordinado consiga agradecê-lo pelo corretivo aplicado, evidenciando desta forma a sua certeza de que todo o trabalho realizado pelo profissional do Exército Brasileiro visa, dentre outros objetivos, o engrandecimento do homem em todos os aspectos. TRATO COM OS POLÍTICOS A perspicácia é a essencial ferramenta com a qual o instrutor deverá usar para lidar com os políticos de todos os partidos, tratando-os sempre com bastante respeito e amizade, uma vez que, apesar de estarem inseridos em seguimentos diferentes, todos executam seu trabalho em prol da população. É bom deixar explícito seu desinteresse em benefícios particulares, bem como sua maneira justa e transparente de desenvolver seu trabalho, dessa forma, conseguirá angariar dos bons políticos uma verdadeira credibilidade, sem jamais se expor negativamente. É comum os políticos procurarem o instrutor para solicitar-lhe apoio em determinadas atividades que ele julga 73 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania ser procedente, porém, em algumas das vezes, apesar de suas ideias possuírem grande relevância, não poderão ser atendidas por não estarem inseridas nas atribuições dos militares nem amparadas pelo que prescreve o convênio firmado pelas instituições. Muitos deles desconhecem a existência desse documento acordado entre o Exército e a prefeitura e não sabem que toda participação dos integrantes do Tiro-de-guerra deve possuir o amparo legal, além de algumas, dependendo do grau de participação no evento, ainda terem que passar pela aprovação do Comando da Região. O instrutor deverá ter cuidado com possíveis investidas solicitando apoio que somente servirão para promover a imagem do político, por isso há necessidade de que o político perceba que o instrutor é um profissional formado, preparado, maduro e suficientemente inteligente para identificar quaisquer intenções que fujam às normas regulamentares e, que uma vez incrementadas poderá causar impactos negativos à imagem da Força. Cabe salientar que a presença dos políticos será importante e muito bem vinda em todos os eventos promovidos pelo Tiro-de-guerra, pois eles são a voz do povo e podem ser também a voz do TG junto à população, divulgando e enaltecendo, sempre que possível, os trabalhos realizados pelos jovens atiradores, mantendo assim, um relacionamento harmonioso. TRATO COM A POPULAÇÃO Durante as oportunidades que o instrutor tiver para dirigir-se à população, através dos meios de comunicação disponíveis ou no momento em que estiver fazendo uso da palavra durante alguma atividade solene, deverá mostrar para o público que o tiro-de-guerra é um órgão do município, que pode e deve ser visitado por todos os cidadãos e que 74 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania todo trabalho desenvolvido por seus integrantes são voltados para o bem estar dos munícipes, quer seja através de atividades em prol da segurança nacional no momento de uma mobilização, quando o atirador será convocado para guarnecer e proteger os pontos mais importantes da cidade, cuja perda traria graves consequências à população, quer seja através das várias ações realizadas em conjunto ou não com outras entidades, porém, sempre buscando disponibilizar o mínimo de conforto necessário para que o cidadão viva com dignidade. Nos Tiros-de-guerra, diferentemente das grandes Organizações Militares, há necessidade de se estreitar os laços com a comunidade, até porque muitas ações serão realizadas juntamente com populares voluntários. Logicamente, nesse caso, os olhos estarão voltados a observar o comportamento dos militares e, sendo esse exemplar, com certeza o Tiro-de-guerra e consequentemente o Exército Brasileiro ganharão um grande número de admiradores e difusores dos trabalhos desenvolvidos pela Força Terrestre. SELEÇÃO DE ATIVIDADES O Tiro-de-guerra, especialmente no momento em que se destaca pelos seus feitos junto à população, começa também a receber um grande número de solicitações para participar de eventos, pois o povo quer ter os militares por perto para enaltecer suas atividades. Logo, esses eventos deverão ser muito bem selecionados e analisados caso a caso, para verificar se a participação do TG não fere os princípios e conduta estabelecidos pelos regulamentos, pois muitos desses pedidos poderão colocar em xeque a função dos integrantes do TG junto à cidade. O Tiro-de-guerra somente poderá participar daqueles eventos que estejam autorizados e que não exista nenhuma 75 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania probabilidade de ocorrer algo que venha denegrir sua imagem e credibilidade. O bom senso e a astúcia do chefe da Instrução também servirão para afastar do Tiro-de-guerra os possíveis aproveitadores que por ventura aparecerem com pedidos mal intencionados. CONFRATERNIZAÇÃO FINAL É muito agradável e recomendável promover um evento para marcar a despedida da turma, realizando uma confraternização entre os atiradores e, de preferência com a presença de seus familiares, porém, há de se tomar alguns cuidados visando evitar constrangimentos futuros. Algumas turmas optam por realizar a confraternização numa data anterior ao desligamento, dessa maneira, dependendo do estado disciplinar da tropa, corre-se o risco de acontecer alterações graves no seu decorrer e estas gerarem uma série de conseqüências no final do ano de instrução, uma vez que, ainda estarão na condição de militares e sujeitos a responderem por seus atos como tal. Outras preferem realizar o evento após a data de desligamento, o que seria mais viável, uma vez que, no caso de alguma ocorrência fora do quartel, os jovens já terem perdido o vínculo profissional para com a força, o que não demandaria providências acentuadas por parte do Exército através de seus instrutores. É sempre bom realizar esse tipo de atividade com a presença dos pais que, com certeza acabam inibindo o comportamento mais afoito de seus filhos e impedindo que cometam atos que ultrapassem o limite da boa conduta, mas se por acaso, mesmo assim vier acontecer algo, os próprios pais costumam tomar a iniciativa de repreendê-los e corrigilos a tempo. 76 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Nesse período, os instrutores devem estar bastante atentos para não permitirem que os atiradores utilizem o nome do Tiro-de-guerra ou de seus instrutores para firmar crédito com estabelecimentos comerciais, evitando assim qualquer hipótese de manchar o nome da instituição. PROBLEMAS COM DROGAS O instrutor, que usualmente reservar um tempo para conversar com seus subordinados, conseguirá conhecê-los melhor, o que será fundamental para que ele consiga detectar aqueles jovens que estejam apresentando um comportamento diferente do normal, seja dentro ou fora das instalações do Tiro-de-guerra. Uma vez identificado o militar e comprovado tratar-se a situação de um usuário de drogas ilícitas, o que poderá ocorrer através de relato do próprio atirador, informação de seus pais e familiares ou outras fontes, alguma atitude deverá ser tomada com urgência. Essa é realmente uma situação que requer bastante sensibilidade e atenção por parte do Chefe da instrução, pois sabe-se que o problema existe, no entanto não se pode demover esse militar do convívio dos demais sem que haja um desfecho baseado no amparo legal, ou seja, além da parte disciplinar, deverá ficar muito bem evidenciada a preocupação do Exército em querer auxiliar aquele militar em sua reabilitação, para que ele possa voltar a ter uma vida social normal em sua cidade. Nesse caso, além das sansões disciplinares caso sejam necessárias, o mais viável seria após o consentimento do próprio atirador, uma conversa esclarecedora com seus pais sobre a situação e sugerir que o militar seja, de maneira menos alarmante e constrangedora possível, afastado do Tiro-de-guerra através de uma concessão de trancamento de 77 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania matrícula, para que o mesmo possa ser encaminhado à um tratamento adequado. Apesar de o militar ficar legalmente comprometido com a Força a se apresentar para a prestação do serviço militar no ano seguinte, tendo prioridade para a rematrícula, ainda existe a possibilidade de, se conveniente for, incluí-lo no excesso de contingente, visando uma maior disponibilidade de tempo para a conclusão de seu tratamento e um retorno mais breve junto à sociedade. PARTICIPAÇÃO DOS INSTRUTORES EM EVENTOS É comum os instrutores serem convidados para participarem dos mais variados tipos de eventos na cidade, porém, há de se valer do bom senso para saber distinguir em quais deles a sua presença será recomendada ou não, pois em alguns deles o convite será uma mera formalidade ética, por ser o instrutor uma autoridade militar e fazer parte da liderança do município. Há necessidade de se antecipar e saber, além das informações básicas, qual a finalidade dos eventos e quais autoridades estarão presentes, uma vez que dependendo da atividade a ser desenvolvida, a participação de militares poderá não ser vista com bons olhos pelo público por denotar algum tipo de envolvimento de caráter político-partidário. Outra providencia importante é estar pronto responder a todos os convites, mesmo aqueles em que não puder estar presente, agradecendo a lembrança, parabenizando e concitando votos de sucesso na realização do mesmo, deixando transparente que a impossibilidade de sua presença fora realmente um fato não desejado. Em eventos de maior vulto em que a presença do Chefe da instrução for imprescindível e ele não puder comparecer, é recomendável indicar um instrutor para 78 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania representá-lo ou até mesmo outra pessoa vinculada ao TG, no caso de Tiro-de-guerra que não dispunha de outro profissional militar. Atiradores trabalhando em ação comunitária. HORÁRIO DO CORPO É necessário o fiel cumprimento dos horários estabelecidos pela Seção de Tiros-de-guerra, principalmente no que tange à liberação dos atiradores por ocasião do término da instrução, tendo em vista o comprometimento dos instrutores com os empregadores, firmado através do ofício remetido às empresas no início do ano de instrução, no qual versa o horário do corpo que será seguido durante todo o ano por seus funcionários que se encontram prestando o serviço militar inicial, salvo as situações esporádicas também mencionadas no mesmo documento. 79 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania ESCALA DE SERVIÇOS Como em todo quartel, o Tiro-de-guerra deverá prover sua segurança com o efetivo nele existente, nesse caso, os atiradores, organizando a escala de serviços de acordo com a quantidade necessária de postos, número de atiradores disponíveis para o serviço e as particularidades do TG, respeitando-se o que prescreve o Regulamento Interno dos Serviços Gerais. Com relação à utilização do armamento pelo pessoal de serviço, é recomendável seguir à risca as determinações do Comando da Região Militar que abrange o TG, pois as ordens podem variar de região para região, evitando-se assim quaisquer alterações indesejadas. Com relação à fiscalização do serviço, apesar do TG não contar com um efetivo ideal para escala, como acontece nos quartéis, os instrutores deverão organizar entre eles uma escala de fiscalização e ronda durante vinte e quatro horas, evitando-se sempre a rotina de horários e previsibilidade, procurando adentrar as instalações pelo menos uma vez durante a madrugada. A presença constante dos instrutores no Tiro-deguerra é fator fundamental para se manter elevado o padrão de disciplina da guarnição de serviço. OFÍCIO AOS EMPREGADORES É de relevante importância, por ocasião do início do ano de instrução, o Chefe comunicar aos empregadores dos atiradores, através de Ofício, qual será a rotina de seus empregados durante a prestação do serviço militar, explicitando os horários de entrada, horários de saída, 80 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania escalas de serviço e situações esporádicas que geralmente ocorrem durante o ano. Sempre que surgir oportunidade, enfatizar para os empresários que as horas que por ventura seus empregados militares deixarem de produzir em suas empresas, em detrimento do serviço militar, serão retornadas em qualidade de funcionários que, com certeza estarão mais cônscios e mais comprometidos para com seus deveres também de cidadãos civis, buscando cada vez mais o engrandecimento de todo e qualquer seguimento que ele fizer parte. 81 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Ofício enviado aos empregadores. 82 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania REALIZAÇÃO DO BIVAQUE É de suma importância a realização de uma atividade ao final do ano, onde os atiradores possam colocar em prática pelo menos parte das instruções teóricas recebidas em sala de aula no decorrer do ano, apesar das dificuldades encontradas pelos instrutores na montagem das pistas, principalmente com relação ao apoio de pessoal e material adequado disponível. Por ocasião do bivaque o instrutor deverá aproveitar bem a oportunidade e planejar no mínimo as seguintes atividades: Marcha a pé de 16 km, hasteamento e arriamento do pavilhão nacional no campo, construção de tocas e abrigos, camuflagem, pista de cordas, progressão diurna, maneabilidade, primeiros socorros, acuidade visual e auditiva, progressão noturna, sobrevivência, orientação diurna e noturna e, se possível, a realização do tiro noturno com munição traçante. Os instruendos terão muito mais facilidade em absorver as instruções práticas, porém não é fácil montar o dispositivo que atenda corretamente a todos os requisitos com o efetivo mínimo de preparadores, que por muitas vezes são apenas dois instrutores que se desdobram para que a atividade aconteça. Além da parte operacional, existe a parte logística que engloba todo material necessário para a preparação das instruções e as providências obrigatórias como a existência de ambulância e segurança da área de estacionamento, não se esquecendo do preenchimento da ficha de gerenciamento de risco, utilizada para se verificar o grau de risco de cada instrução e a viabilidade ou não de sua execução, tudo voltado para a segurança da instrução em cada atividade desenvolvida. 83 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Ao final, com certeza terá valido a pena a realização do bivaque, quando os instrutores perceberem a eficácia que os exercícios práticos atingiram e a eficiente transformação promovida nos atiradores. É o tipo de atividade que o atirador jamais esquecerá, tendo em vista o número de atributos da área afetiva que serão desenvolvidos e evidenciados nos mesmos por ocasião da transposição de cada dificuldade que os exercícios no terreno impõem naturalmente. Atirador realizando exercício no terreno. 84 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Chegada e saída do local do Bivaque. 85 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania REALIZAÇÃO DO TIRO REAL Outra grande dificuldade pela qual os instrutores passam é por ocasião da realização do tiro real, tendo em vista a necessidade de maior atenção com relação à segurança do pessoal envolvido e, nem sempre poderem contar com um aparato adequado e de acordo com o que é previsto no regulamento. Na maioria das vezes, os instrutores têm que se desdobrar para fazer com que essa atividade seja realizada, sempre antecipando-se na parte burocrática, prevendo e solicitando junto à prefeitura ambulância, médicos, segurança etc. e, dependendo do local onde se situa o estande de tiro ou barranco utilizado para esse fim, como acontece em alguns tiros-de-guerra, os instrutores deverão informar aos moradores das áreas mais próximas e consideradas de risco, a realização do tiro, no intuito de evitar possíveis acidentes. 86 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania INSPEÇÕES Pelo menos uma vez ao ano os Tiros-de-guerra passam por uma visita de inspeção, onde os instrutores têm a oportunidade de demonstrar o grau de aprendizagem alcançado pelos atiradores e o nível em que se encontram as instalações de seu TG. Nessa oportunidade, são designadas pelo comando da região militar, equipes compostas por até três integrantes, as quais passarão pelo menos uma parte do dia voltadas também à verificação do nível de desenvoltura alcançado pelos instrutores em todos os aspectos possíveis, desde a instrução propriamente dita até o relacionamento junto à população e aos líderes do município, inclusive o Prefeito Municipal. Mesmo com a gama de conhecimentos já adquiridos pelos atiradores no dia-a-dia durante as instruções, é necessário disponibilizar algum tempo extra para o treinamento de todas as apresentações previstas por ocasião da inspeção, isso visando a obtenção da nota máxima, que normalmente deverá ser esperada e buscada por todos. O que dá uma maior satisfação para os envolvidos, quando ratificam ter valido a pena o esforço despendido para bem cumprir suas missões. 87 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Jornal Candeia – 24 nov 01 88 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Capítulo 12 - Contos verídicos Aconteceu na APAE Dentre tantas outras situações que ocorreram em visitas a entidades assistenciais, duas chamaram mais à minha atenção e a dos atiradores presentes. A primeira foi na APAE de Mogi Guaçu-SP, por ocasião de uma visita aos assistidos por aquela entidade, nos deparamos com uma linda menininha de oito anos que, aparentemente não demonstrava nenhum tipo de excepcionalidade, então foi perguntado à diretora do local qual seria o caso que a faria frequentar aquele local. A diretora, em resposta à nossa pergunta, aproveitou para chamar a garotinha e lhe pediu que cantasse uma música em nossa homenagem. A menininha, com muita disposição e alegria, atendeu gentilmente e começou a cantar com perfeição uma canção infantil, até que em determinado momento ela cessou o canto e ficou completamente imóvel. Foi um tanto perturbador, comovente e ao mesmo tempo triste assistir aquela criança ser interrompida em suas funções, permanecendo estatelada e com o semblante sem demonstrar nenhuma reação ou sensibilidade. Nesse momento, a diretora nos explicou que ela sofria de um distúrbio raro que interrompia sua linha de raciocínio, era como se fosse um apagão da memória. Naquele momento percebi que alguns atiradores encontravam-se com lágrimas nos olhos. Outra situação aconteceu na APAE do município de Franca-SP quando presenciamos a aflição de um menino de aproximadamente dez anos que era portador de deficiência auditiva e visual. Ele se valia apenas do olfato para manterse próximo de sua assistente e assim se sentir seguro, pois a ela ele depositava toda confiança. Podíamos notar seu 89 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania desespero, no momento em que ela se afastava dele, pois ele ficava a todo o tempo a cheirar o vento, tentando identificar e perceber pelo odor onde estaria sua protetora. Situações como essas servem muito de ensinamentos para nossos jovens que por muitas vezes ficam a se lamentar por qualquer motivo tosco, quando na verdade deveriam, a todo o momento, estar agradecendo a Deus por sua situação, seja ela qual for. A emoção dos Ex-combatentes Com relação aos Ex-combatentes, pela proximidade que o Tiro-de-guerra sempre teve com esses bravos heróis, várias situações ocorreram, explanarei a seguir, apenas duas, as quais acredito ter valido muito a oportunidade de vivenciá-las: Ex-combatente da FEB Paulo de Souza Por ocasião da criação da Galeria dos ExCombatentes da Força Expedicionária Brasileira, do Tiro-deguerra 02-086 Mogi-Guaçu, conheci, através de uma visita, o Sr Paulo de Souza, um ex-Pracinha que combateu no Teatro de Operações da Itália durante a segunda guerra mundial e encontrava-se residindo numa cidadezinha chamada Estiva Gerbi, próxima ao município de Mogi GuaçuSP. Apesar do seu retorno vitorioso, a guerra lhe deixara algumas sequelas, Seu Paulo estava paraplégico, locomovendo-se através de uma cadeira de rodas e com o auxílio de uma senhora que cuidava dele diuturnamente. Ele também tinha dificuldades para falar. Na verdade Seu Paulo estava bastante debilitado, vivia escondido e esquecido pela 90 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania sociedade. Ao ser visitado por um militar interessado em expor novamente não somente sua figura, mas seu verdadeiro valor de herói, ele demonstrou bastante felicidade e emoção. Agendei uma data e conduzi comigo um profissional para registrar a fotografia que seria colocada na galeria. Sr Paulo fez questão de arrumar-se da melhor maneira possível, inclusive fixando todas suas medalhas no terno branco que encontrava-se caprichosamente engomado. Foi marcada uma solenidade alusiva ao Dia da Vitória, na qual seria também descerrada a galeria dos ex-combatentes. Nosso herói quase desistiu de comparecer ao evento, pela dificuldade que teria para locomover-se até o local e pelo receio que possuía por não saber qual seria a reação do público e dos outros companheiros de guerra ao vê-lo novamente. Porém, resolvi surpreendê-lo e fui buscá-lo pessoalmente. Eu o arrumei com grande traquejo e depois de apanhá-lo no colo coloquei-o no automóvel e o conduzi até o Tiro-de-guerra, local da solenidade. Todo evento foi preparado e dirigido especialmente para enaltecer a figura de nossos heróis sobreviventes da segunda guerra mundial que, na oportunidade, junto ao Sr Paulo encontravam-se mais quatro ex-pracinhas que participaram ativamente do evento, com a mesma alegria e emoção. Foi um prazer inestimável ver a felicidade estampada no semblante de cada um deles, pareciam estar vivendo os melhores momentos de suas vidas, apesar das lembranças que com certeza se afloravam e somente suas memórias testemunhavam naquele instante. Acredito ter sido uma feliz iniciativa, pois a partir daquele evento o relacionamento foi se estreitando cada vez mais e em quase todas as solenidades os ex-pracinhas, até então desconhecidos, eram carinhosamente recebidos pelo povo local, principalmente depois que a mídia abraçou a idéia de divulgar suas existências e as ações nas quais eles 91 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania foram protagonistas, arriscando suas vidas em prol de todos nós, cidadãos brasileiros. Um dos eventos mais empolgantes e emocionantes tanto para quem assistia quanto para os ex-pracinhas era o desfile de sete de setembro, Dia da Independência do Brasil, pois nessa oportunidade, conseguimos através de um empresário da cidade, um veículo aberto, da cor verde oliva, idêntico àqueles antigos utilizados durante a segunda guerra mundial, sobre o qual, os ex-combatentes da cidade, passavam na boleia, abrindo o desfile cívico militar com sua veterana continência, arrancando aplausos do público, ao mesmo tempo em que seus olhos cansados deixavam derramar lágrimas de emoção e felicidade e, talvez por lembrarem dos longínquos acontecimentos que os levaram até àquele momento. Eu sempre visitava Sr Paulo e numa dessas visitas ele me surpreendeu, me entregando como presente de gratidão uma granada de mão e uma baioneta do fuzil Mauzer alemão, ambos trazidos do teatro de operações da Itália. Eu aceitei e lhe prometi que daria toda importância simbólica que aquele material requeria. Levei comigo e providenciei uma caixa de madeira muito bem envernizada com tampa de vidro, na qual foi colocado o material devidamente identificado e uma fotografia do Sr Paulo ao centro, tendo nas laterais o símbolo do Exército e o símbolo da Força Expedicionária Brasileira, além de registrada a data da doação. Depois disso conduzi o material até a casa do Sr Paulo e mostrei para ele como ficou e o valor que aquele presente representava para mim. Em um curto espaço de tempo nos conhecemos e tornamo-nos amigos, infelizmente, dois anos mais tarde Sr Paulo de Souza veio a óbito, restando apenas as lembranças de sua carismática figura de herói e os objetos que me doara. Apesar de minha vontade em ficar para sempre com o material doado, reconheci que como também não sou eterno, o melhor local para se confiar a guarda daquela relíquia seria 92 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania um conceituado Museu. Repassei então, em forma de doação, todo o material ao Museu da Força Expedicionária Brasileira da cidade de Brasília-DF. Sr Paulo partiu, mas deixou boas lembranças, principalmente das vezes que contava, mesmo com grande dificuldade para se expressar, os grandes episódios que vivera durante o período gelado em que esteve no campo de batalha. Ex-combatente da FEB Júlio conceição Conhecer Seu Júlio Conceição também foi fruto de um levantamento feito para verificar a existência de excombatentes na cidade de Franca-SP. Sr Júlio era um senhor bastante alegre e brincalhão. Quase ninguém percebia que ele fora um combatente da Força Expedicionária, tendo em vista tamanha disposição, saúde e forma física que apresentava, apesar de seus oitenta e quatro anos de idade. Sua fotografia, junto a de outros ex-combatentes, também foi descerrada na Galeria que foi inaugurada no Tiro-de-guerra 02-013 Franca-SP e, iniciou-se assim, um excelente relacionamento entre os instrutores e Sr Júlio. Ele estava sempre participando dos eventos do Tiro-de-guerra com muito orgulho e quando tinha oportunidade, aproveitava para contar as aventuras que vivera durante a segunda guerra mundial, em terras bem distantes. Por várias vezes nos convidou para participar de eventos promovidos pela Associação dos ex-combatentes da cidade de Ribeirão Preto, pois lá era seu reduto. Por várias vezes estivemos presentes e sempre levando conosco um grupo de atiradores, para poderem participar das atividades e difundirem para as pessoas que ainda não possuem a devida noção da importância que esses homens têm para nossa Pátria. 93 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Numa certa ocasião, Sr Júlio compareceu ao Tiro-deguerra levando consigo um envelope contendo várias fotografias dele, as quais retratavam o período em que fez parte da Força Expedicionária Brasileira. Eram fotos que ilustravam diversas situações, inclusive o momento em que ele embarcava no navio denominado “Aspirante Nascimento” e algumas junto a sua Companhia no teatro de operações na Itália. Ele deixou aquelas fotografias comigo por alguns meses e acabou se esquecendo delas, porém eu tinha em mente organizar uma homenagem surpresa para Sr Júlio e, aquele material seria muito útil para complementar a atividade que o TG pretendia realizar. O dia 8 de maio aproximava-se e, como de costume faríamos a solenidade alusiva ao Dia da Vitória, então entrei em contato com o Chefe da Seção de Tiros-de-guerra e solicitei para todos os ex-combatentes do município a medalha Marechal Zenóbio da Costa, as quais seriam entregues no dia da solenidade. A solenidade teve início às 19 horas e o ginásio do TG estava lotado de convidados, inclusive com a presença de várias autoridades ilustres e, como não poderia faltar, Sr Júlio estava lá antes da hora marcada. Foi uma grande emoção para os ex-combatentes serem agraciados com a medalha Zenóbio, mas antes da entrega, Sr Júlio foi surpreendido com a homenagem que lhe foi direcionada. Num local próximo ao palanque, foi montado um telão, através do qual foi apresentado um curto vídeo sobre a segunda guerra mundial. Enquanto Sr Júlio assistia atentamente, foi surpreendido, quando no telão, começaram a ser ilustradas as fotografias que ele esquecera comigo. Em cada uma delas era narrado o significado de sua ilustração, ao mesmo tempo em que eram tecidos comentários elogiosos sobre a pessoa dele e seus feitos heróicos durante a guerra. Todos os presentes ficaram maravilhados e se emocionaram com aquela homenagem, enquanto Sr Júlio 94 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania não se aguentava de tanta felicidade. Foi uma oportunidade muito bem aproveitada, pois apenas um ano depois daquele evento Sr Júlio adoeceu e veio a óbito. Acredito que aquela tenha sido a última homenagem que alguém conseguiu lhe prestar enquanto vivo. Atitude dessa natureza nos dá a sensação do dever cumprido, ainda que represente tão pouco perante o que esses bravos fizeram por nós brasileiros, por isso, sempre que tive oportunidade exclamei aos meus amigos: “Privilegiados somos nós que tivemos a grata satisfação de conhecer verdadeiros heróis de guerra.” O pesar de um comandante Os instrutores e especialmente aquele que estiver exercendo a função de Chefe deverá ver cada subordinado como a um filho. No meu caso, por acreditar nessa afirmação e ter vivido intensamente essa realidade é que acredito que uma das piores situações que pode acontecer durante a gestão de um comandante, seja qual for a sua fração ou unidade, é a perda de um subordinado por falecimento, o que, infelizmente, ocorreu quando era Chefe da instrução e explanarei a seguir: Foram matriculados cem atiradores no Tiro-de-guerra de Franca no ano de 2005, era uma turma muito promissora naquele ano e dentre os atiradores, um jovem muito disposto e cheio de sonhos se destacara dos demais, porém teve seus sonhos interrompidos durante os primeiros meses de farda. Atirador Pedro era um militar muito dedicado, empolgado e feliz com a oportunidade de estar servindo ao Exército, podíamos contar com ele a qualquer momento e assim logo se tornou um grande amigo dos integrantes do 95 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania TG, pois com facilidade conquistou a todos com sua simpatia e humildade. Espontaneamente, quase todas as noites, o Soldado Pedro passava na sede do TG e perguntava se algum dos colegas de serviço necessitava de apoio e, por várias vezes eles pediam algum tipo de favor que era prontamente atendido. Logo depois do primeiro mês de quartel, por iniciativa própria, o Atirador Pedro e seu amigo Atirador Soares tiveram a ideia de construir uma obra de arte na parede do TG, a qual depois de analisada pelos instrutores foi autorizada sua confecção. Seria um grande símbolo do Exército emoldurado em massa corrida, tendo todos os detalhes da imagem e cores respeitados. Os dois ficaram radiantes com a possibilidade de contribuir com algo que deixaria marcado positivamente suas passagens pelo serviço militar. Certa tarde, Pedro apareceu no Tiro-de-guerra muito contente, pois estava conduzindo sua mais nova aquisição, era uma potente motocicleta que seu pai lhe presenteara. Seus olhos brilhavam de alegria e, para comemorar aquele acontecimento e a felicidade do filho, seus pais convidaram os instrutores com suas famílias para uma confraternização em sua casa, onde também estariam presentes alguns de seus melhores amigos. No dia marcado, comparecemos à casa de Pedro e tudo transcorreu num clima harmonioso e feliz. Pedro esbanjava alegria durante o bate papo e de tempo em tempo se colocava a mostrar os detalhes de sua motocicleta que encontrava-se estacionada na varanda da casa. O Dia do Exército se aproximava e, segundo sua família, naquela semana que antecedia a solenidade alusiva à data de 19 de abril, Pedro passava o tempo todo treinando a canção do Exército, ele cantava tanto que chegava a contagiar a todos em sua casa com sua disposição e euforia. 96 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania Numa noite, por volta das vinte horas recebi um telefonema, era o soldado Barbosa, um vizinho e muito amigo de Pedro. Barbosa narrou-me que Pedro, como de costume, passara pelo Tiro-de-guerra com sua moto e perguntou se a guarnição de serviço necessitava de alguma coisa, como ninguém precisou, ele partiu, se deslocando rumo ao centro da cidade, quando repentinamente um veículo cruzou à sua frente e, ele acabou colidindo fortemente e apesar de estar utilizando corretamente os acessórios de proteção, com o impacto seu capacete foi brutalmente arrancado, permitindo que ele batesse com a cabeça no solo, o que o levou imediatamente a óbito. Eu não queria acreditar no que ouvia, mas acabei percebendo a veracidade da informação quando notei que o soldado Barbosa encontrava-se em pranto do outro lado da linha. De posse das informações necessárias, desloqueime para o hospital indicado e constatei a cruel realidade, o Atirador Pedro havia falecido. Não era apenas um excelente soldado que partia, mas um dos melhores amigos que o Tiro-de-guerra já teve, perante o pouco tempo de caserna e a grandiosidade de sua disposição e contribuição para com a Força, sempre com dedicação plena. Seu pai solicitou que o velório acontecesse no ginásio de esportes do TG e que o filho pudesse ser vestido com a farda verde oliva, o que foi prontamente atendido. Naquele dia, pude vivenciar o quão doloroso é para um comandante perder um subordinado, seja da maneira que for, pois para mim, era inimaginável ver o corpo de um soldado sendo velado no centro do ginásio, que horas antes teria sido usado como palco de treinamento de ordem unida por aquele mesmo soldado. Seu corpo foi velado e cortejado com todas as premissas amparadas pelo regulamento. 97 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania A obra de arte a qual Pedro iniciara foi concluída pelo Atirador Soares e ao lado dela, por ocasião da solenidade do dia do Soldado, foi descerrada uma placa em homenagem a sua memória com os seguintes dizeres: “Amigo, você foi tudo aquilo que a sociedade espera de um verdadeiro cidadão. Exemplo de honestidade, lealdade, espírito de corpo e amizade. Jamais te esqueceremos. Homenagem da Turma de 2004 ao Atirador PEDRO”. CONCLUSÃO O ofício do comando O ofício de comandar homens pode ser o privilégio de muitos, porém, vitoriosos serão somente aqueles que possuírem a capacidade de enxergar que além de seu potencial, se faz necessário estar em harmonia com Deus que é a razão de nossa existência, pois somente assim teremos a certeza de que todos os nossos passos serão guiados por Ele e consequentemente, todos os nossos objetivos serão atingidos com júbilo. Para ratificar essa afirmação, explanarei a seguir, um acontecimento o qual tive o privilégio de vivenciar durante a função de instrutor: Deus existe “Certa vez aconteceu um episódio que deixou muito evidente para mim que devemos sempre acreditar na existência de um ser onipotente que nos rege a todo instante. Em uma daquelas noites em que a gente perde o sono e nem sabe o porquê, enquanto eu tentava preencher o 98 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania tempo ocioso da insônia imaginando algo, me peguei a questionar, de maneira despretensiosa, a existência de Deus e apenas uma pergunta pairava em meus pensamentos: “será que Deus existe?”. Fiquei a rolar na cama por um longo tempo tentando encontrar uma explicação para que as pessoas continuassem acreditando na existência de Deus e cheguei a quase me convencer que acreditar em Deus e na continuidade da vida após a morte poderia ser apenas um álibi para amenizar a dor da despedida e fazer com que as pessoas se conformassem com a separação de seus entes queridos. Esses pensamentos martelavam em minha mente a todo instante e depois de muito tempo, acabei adormecendo, mas permanecia no subconsciente aquela indesejada pergunta ainda sem resposta: Deus existe? O dia começou a clarear, era uma manhã chuvosa de domingo e, apesar de ser ainda muito cedo para alguém acordar sem compromisso agendado, me levantei, e como se uma força superior me movesse para uma obrigação, me aprontei e parti para o Tiro-de-guerra. No dia anterior, havíamos realizado uma campanha de arrecadação de óleo comestível, porém, algumas pessoas acabam doando também alimentos não perecíveis e isso rendeu um bom material que ainda levaria algum tempo para ser entregue às entidades assistenciais cadastradas. De repente, encontrei uma solução para o destino daquele alimento, chamei dois atiradores que estavam saindo de serviço e lhes disse: _ Vamos juntar todo o material não perecível que doaram, acondicionar em caixas de papelão formando uma grande cesta básica e sair para entregar, pois em algum lugar alguém pode estar necessitando desse alimento. Os soldados, mesmo sem entender minha atitude, não questionaram, começaram logo a preparar a cesta básica que, depois de pronta, colocamos no carro de um dos atiradores e partimos sem ter um destino definido. Saímos pela cidade e fui guiando o motorista, indicando o bairro e as 99 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania ruas pelas quais deveríamos passar. Quando percebemos já estávamos num vilarejo de pessoas humildes, bem distante do Tiro-de-guerra. Em determinados momentos, os soldados pareciam querer determinar um local para entregar o material e perguntavam: _ Vamos entregar aqui nesta casa? Mas como nem eu sabia o destino, continuava a guiar dizendo: _ não, siga em frente até encontrarmos outro lugar. Assim fomos conduzindo o veículo pelas ruas ainda desertas, até que passamos por uma casinha que chamou minha atenção e determinei ao motorista: _ Pare o carro! Coloque a ré, volte um pouco e estacione em frente àquela casinha. Depois retirem o material e entreguem lá. Os soldados ainda sem entender, pois não tínhamos percebido nenhum movimento de pessoas naquela residência, fizeram o que pedi. A casa parecia estar vazia pelo silêncio que imperava no local. Eles desceram, pegaram as caixas com alimentos e dirigiram-se para o portão da casa enquanto eu permaneci aguardando no carro. Bateram palmas e de onde eu estava percebi quando da casa saiu uma mulher carregando uma criança no colo e a primeira frase que ela falou foi a seguinte: _ Não é preciso me dizerem quem mandou vocês aqui porque eu sei, foi Deus. Naquele momento, senti em meu peito uma estranha queimação ao mesmo tempo em que incontrolavelmente lágrimas brotavam de meus olhos. Os soldados adentraram sua residência com o material e minutos depois, saíram com olhares diferentes, bastante maravilhados com o que presenciaram e ainda não acreditavam no que estava acontecendo. Um deles, com a voz trêmula, me falou: _ Sargento, aquela mulher nos mostrou uma bíblia que estava aberta sobre a mesa e disse que durante toda noite pediu a Deus que providenciasse algo para se 100 Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania alimentarem, pois na casa não havia mais nada para ela e sua filhinha saciarem a fome. Naquele momento, tive a certeza de que estava recebendo a resposta para a pergunta que atormentou meus pensamentos durante a noite anterior, então com toda certeza do mundo, falei para os soldados que me acompanharam: _ Foi Deus quem nos guiou até aqui! Deus existe. Daquele dia em diante, por mais que algo me aflija, jamais permiti que pensamentos duvidosos viessem atribular minha mente, pois para mim ficou verdadeiramente comprovado, da maneira mais explícita possível que DEUS EXISTE”. 101