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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
TIRO-DE-GUERRA
UMA ESCOLA DE CIDADANIA
Mário Carlos Rangel da Silva
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
TIRO-DE-GUERRA
UMA ESCOLA DE CIDADANIA
AUTOR
Mário Carlos Rangel da Silva
ILUSTRAÇÕES
Jornal Candeia – Bariri/SP
Jornal A Tribuna – Bariri/SP
Jornal Diário da Franca – Franca/SP
Jornal Comércio da Franca – Franca/SP
Fotografias - Luis de Carvalho
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
ÍNDICE
Apresentação ...............................................................
Capítulo 1 - Seleção dos instrutores ..........................
Capítulo 2 - Atribuições dos instrutores......................
Capítulo 3 - Harmonia entre os instrutores .................
Capítulo 4 - Comissão de Seleção .............................
Capítulo 5 - Atividades
. reunião com os pais ...............................
. palestras .................................................
Capítulo 6 - Visitas dos instrutores
. Batalhão de Polícia Militar ......................
. Paço Municipal .......................................
. Câmara de Vereadores ..........................
. Delegacias de Polícia Civil .....................
. Delegacia do Serviço Militar....................
. Corpo de Bombeiros ...............................
. Grandes empresas .................................
Capítulo 7 - Atividades essenciais dentro do TG
. Solenidade de matrícula .........................
. Dia da Vitória .........................................
. Dia do Exército Brasileiro........................
. Dia das mães...........................................
. Dia do Soldado .......................................
. Olimpíadas internas ................................
. Formatura de encerramento....................
Capítulo 8 - Atividades essenciais fora do TG
. Visita a Entidades Assistenciais..............
. Olimpíadas entre Tiros-de-guerra...........
. Semana da Pátria....................................
. Ações comunitárias.................................
. Entrega de Certificados...........................
. Solenidade do Dia da Bandeira...............
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Capítulo 9 - Campanhas
. Agasalho ................................................
. Brinquedos .............................................
. Alimentos ................................................
. Óleo comestível ......................................
Capítulo 10 - Sugestões
. Criação da galeria dos Ex-combatentes..
. Criação da galeria do Melhor Atirador.....
. Criação da galeria dos Chefes ...............
. Instituir o Dia do Soldado Atirador...........
. Hasteamento do Pavilhão Nacional.........
. Criação Associação dos Ex-atiradores....
Capítulo 11 - Orientações para melhor desempenho
. Motivação ...............................................
. Punições ................................................
. Trato com os políticos ............................
. Trato com a população ...........................
. Seleção de atividades ............................
. Confraternização final .............................
. Problemas com drogas ...........................
. Participação em eventos ........................
. Horário do corpo .....................................
. Escala de serviços ..................................
. Carta aos empregadores ........................
. Realização do Bivaque ...........................
. Realização do tiro real.............................
. Inspeções ...............................................
Capítulo 12 - Contos verídicos
. Aconteceu na APAE................................
. A emoção dos Ex-combatentes...............
. O pesar de um Comandante...................
Conclusão . O ofício do comando / Deus existe..........
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
TIRO-DE-GUERRA
UMA ESCOLA DE CIDADANIA
APRESENTAÇÃO
Tiro-de-guerra, uma das melhores instituições
recomendadas para militares, principalmente praças,
exercerem a função de instrutor e chefe, tendo em vista
poderem contar com o privilégio de ensinar ao mesmo tempo
em que vão adquirindo uma enorme gama de conhecimentos
durante o exercício de suas funções, as quais acabam
corroborando para o seu crescimento profissional e pessoal.
O sistema metodológico de ensino do Exército com certeza
possui pessoal de alto gabarito voltado para a atualização
constante da excelência da instrução, através de várias
ferramentas que já se mostraram suficientemente eficazes
para a formação do atirador que é o soldado reservista de 2ª
categoria. Esta obra, porém, tem a finalidade de servir como
adjutório de decisão para os atuais instrutores e pretendentes
a ingressarem no quadro de instrutores de Tiros-de-guerra,
além de mostrar para o publico externo a importante
contribuição que esses órgãos de formação têm dado para a
ramificação do civismo, do patriotismo e da cidadania, em
quase todo o território nacional. Por isso, acredito ser de
grande valia discorrer sobre algumas experiências vividas em
Tiros-de-guerra e é baseado nessas experiências, adquiridas
durante nove anos exercendo as funções de instrutor e chefe
da instrução em três Tiros-de-guerra, que tentarei auxiliar na
resolução de possíveis problemas do dia a dia ou aqueles
esporádicos e diferentes que acabam acontecendo no âmbito
dos TG, no decorrer do ano de instrução, isso respeitando as
particularidades da vida de cada município, que, por muitas
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
vezes, têm influência direta nas atividades que envolvem o
público interno.
Capítulo 1 - SELEÇÃO DOS INSTRUTORES
Muitos militares acabam ingressando no Quadro de
Instrutores de TG sem entenderem, com exatidão, a missão
que estão assumindo. Talvez a pouca divulgação sobre a
existência dos Tiros-de-guerra, sobre sua finalidade e sobre
os trabalhos que são desenvolvidos pelos instrutores junto à
sociedade seja o fator determinante desse desconhecimento.
Alguns militares trazem consigo pensamentos totalmente
deturpados, chegando a imaginar que nos Tiros-de-Guerra
trabalha-se somente duas horas diárias, as quais seriam
voltadas para a instrução propriamente dita do atirador,
quando na verdade existe todo um trabalho que a precede, o
qual visa à preparação dos meios auxiliares e tudo que
engloba a matéria a ser ministrada, inclusive o estudo
minucioso do assunto para que o instrutor adquira bastante
confiança no momento de repassar os conhecimentos aos
instruendos, além da confecção de toda documentação
pertinente como Quadro de Trabalho Quinzenal, Ficha de
Gerenciamento de Riscos, escala de serviços e muitos
outros.
Existe também o trabalho durante a instrução
propriamente dita que, dependendo da matéria a ser
ministrada, demandará muito tempo para repetidas
demonstrações, além do acompanhamento homem a homem
para verificar o rendimento individual em determinadas
instruções que requerem maior atenção. É nessa fase que os
esforços serão direcionados exclusivamente para a
aprendizagem dos soldados, durante as duas horas
disponibilizadas para esse fim.
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O trabalho após o término da instrução se resume no
cumprimento do expediente normal, como acontece em todos
os quarteis, às vezes, necessitando até de mais tempo para a
sua realização, tendo em vista o acúmulo de funções, as
quais são exercidas por apenas um ou dois militares, que
poderão contar também com o auxílio de um funcionário civil,
isso de acordo com o número de turmas distribuídas ou da
Região Militar abrangente daquele Tiro-de-guerra.
Capítulo 2 - ATRIBUIÇÕES DOS INSTRUTORES
As atribuições poderão variar de Tiro-de-guerra para
Tiro-de-guerra devido ao número de funcionários cedidos
pela prefeitura para a execução do serviço burocrático,
porém os instrutores deverão estar prontos para o
desempenho de funções similares as que normalmente são
exercidas no dia a dia das organizações militares e outras de
caráter peculiar como por exemplo:
- Função de S1 – responsabiliza-se diretamente pela
confecção de toda documentação pertinente a vida do
atirador, dos instrutores e do pessoal civil, fazendo-se
cumprir também a justiça e a disciplina, sendo, inclusive,
designado pela Seção de Tiros-de-guerra para proceder às
sindicâncias que por ventura forem instauradas em sua área
de atuação.
- Função de S2 - caracterizada pela necessidade de
estar sempre alerta às ocorrências no âmbito do Tiro-deguerra, investigando quando for o caso, mesmo que de
maneira discreta e superficial, a vida pregressa do atirador e
de sua rotina diária com o intuito de melhor orientá-lo em
assuntos relacionados ou não à caserna, mantendo, assim,
um eficaz controle comportamental durante a prestação do
serviço militar.
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
- Função de S3 – responsável pelo planejamento,
organização e coordenação de todas as atividades de
instrução, mantendo atualizados os registros pertinentes.
Tem a incumbência de selecionar os atiradores para
realizarem o Curso de Formação de Cabos, ministrando-o
em carga horária diferenciada da instrução normal, cabendolhe, também, o planejamento de todas as atividades relativas
a formaturas e eventos em geral.
- Função de S4 ou Fiscal Administrativo –
responsável por inspecionar toda a estrutura do edifício e
providenciar a confecção dos documentos atinentes a
manutenção, reformas e construções, requisitando, junto à
prefeitura, o material, o pessoal e os serviços necessários ao
fiel cumprimento das normas gerais de prevenção de
acidentes na instrução e em todas as atividades
consideradas de risco, sempre seguindo um índice de
prioridades.
- Função de Sargenteante – responsável por
confeccionar as escalas de serviço, as Fichas de Apuração
de Transgressões disciplinares, os ofícios e toda
documentação referente à instrução e ao pessoal civil e
militar, mantendo-os devidamente atualizados e arquivados.
- Função de "conselheiro" – estará sempre pronto a
ouvir e orientar, quando necessário, aqueles atiradores com
problemas particulares, principalmente quando a situação
indicar alguma probabilidade de vir a afetar o seu
desempenho no Tiro-de-guerra e até mesmo, no seio
familiar. Esse tipo de relacionamento deverá ser calcado na
confiança que o subordinado deposita em seu instrutor e
gera um resultado muito positivo para ambas as partes.
- Função de "Instrutor de música" - quando não
dispõe de um auxiliar profissional, com o mínimo de
conhecimento possível, acaba necessitando desenvolver o
seu lado musical, isso devido à necessidade de montar a
equipe de voluntários para compor uma fanfarra que atenda
às necessidades básicas de uma tropa, facilitando, no
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
mínimo, a execução de treinamento de ordem unida e
desfiles por ocasião das solenidades internas e
apresentações externas.
- Função de Instrutor de
Tiro-de-guerra – é
responsável por ministrar todos os assuntos previstos no
Quadro de Distribuição de Instruções, buscando cumprir a
contento toda a carga horária, atingindo o objetivo de cada
matéria, sempre focado em seu objetivo principal que é
formação do reservista de 2ª categoria.
- Função de Chefe da Instrução - possui uma
grande responsabilidade, pois é dele a decisão final sobre
todas as atividades e situações que envolvem o Tiro-deguerra e seus integrantes, sempre buscando os melhores
resultados possíveis para manter inabalada a imagem do
Exército Brasileiro naquele município.
Diante de tantas funções, sendo inclusive algumas
delas de caráter improvisado por não constarem do
Regulamento Interno e dos Serviços Gerais, e do grau de
meticulosidade necessário para o cumprimento de seu ofício,
por vezes o período de tempo normal da jornada diária não é
suficiente para que ele finalize seus afazeres, o que o obriga
a prolongar seu expediente.
Um dos fatores contribuintes para interrupções em
seus trabalhos burocráticos durante o expediente é a
constante recepção de visitas de autoridades civis e militares,
empresários, pais de soldados ou até mesmo por estarem
envolvidos em reuniões sociais promovidas pela prefeitura, o
que também está incluído no rol de suas funções.
Alguns militares imaginam que possuirão muitas
vantagens pelo fato de a prefeitura arcar com determinadas
despesas referentes à moradia, como água, luz e aluguel,
sem entenderem que não se trata de regalias e sim de um
direito a concessões, tudo muito bem amparado pelo
Convênio firmado entre a prefeitura local e o Exército
Brasileiro, através do Comando Militar de Área. Essas
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
concessões variam de município para município de acordo
com sua estrutura física e orçamentária, porém todos os
prefeitos atendem ao disposto no convênio e sabem que o
não cumprimento de uma de suas cláusulas, por qualquer
das partes, pode acarretar no fechamento do Tiro-de-guerra,
o que geralmente traz conseqüências desgastantes para os
munícipes e principalmente para o prefeito municipal.
Cabe ao Instrutor uma preocupação constante com
relação à maneira de como usufruir desse direito de forma
bastante consciente, sempre buscando onerar o mínimo
possível o erário público, buscando com essa postura,
adquirir cada vez mais a credibilidade e confiança de todos a
sua volta, principalmente dos funcionários da prefeitura que
detêm o poder de atender às solicitações do Chefe da
Instrução, o que com certeza facilitará as investidas com
relação às necessidades do Tiro-de-guerra em termos de
manutenção das instalações e projetos de inovação.
Diante do exposto e com o intuito de auxiliar os
dispositivos que orientam os militares desejosos a
ingressarem como instrutores de Tiro-de-Guerra, acredito ser
de muita valia e interessante que os pretendentes ao
ingresso busquem maiores informações com relação a essa
nobre missão antes de se inscreverem para a seleção, se
possível entrando em contato com alguns amigos que
passaram pelo TG e que possam fornecer uma real noção do
que seja exercer as funções de Instrutor, pois infelizmente
alguns militares só vem descobrir que não possuem o pendor
para o cumprimento de missões isoladas depois de
nomeados, apesar de ser esta uma tarefa em que todos os
militares designados devem estar aptos a desempenhar.
O militar que ingressa como instrutor sem a devida
noção e no decorrer do ano de instrução descobre que não é
o que ele imaginava, caso não tenha uma boa base de
assessoramento e orientação, o que engloba a estrutura
familiar, a qualidade de funcionários civis à disposição do TG
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
e principalmente, os integrantes da Seção de Tiros-deguerra, ele poderá ficar frustrado e até mesmo cometer
deslizes que possam comprometer não só a sua carreira
militar, mas também a credibilidade que a instituição possui
perante àquela cidade, dependendo da gravidade da
ocorrência.
Todos devem ter consciência de que para manchar a
imagem de uma grande instituição em um município basta
um lapso ou um mal entendido, mas para torná-la novamente
límpida, dependendo do grau de repercussão atingido, serão
necessários vários anos de conduta ilibada e profícuo
trabalho até que a população consiga ver, novamente, que o
nome de uma instituição como o Exército Brasileiro está
acima de qualquer atitude isolada cometida por alguns de
seus integrantes.
Capítulo 3 - HARMONIA ENTRE OS INSTRUTORES
O ideal seria que o relacionamento dos instrutores e
de seus familiares fosse como uma boa irmandade, havendo
muito respeito e entendimento por parte de todos, afinal é a
Família Militar que se encontra destacada naquela localidade.
Desse modo, a integração com certeza será vista por todos
da cidade e irá reforçar o espírito de união que impera nos
integrantes da Força Terrestre, o que valerá também como
exemplo a ser seguido principalmente pelos jovens
atiradores, os quais serão os difusores dos bons valores em
meio aos outros munícipes.
As consequências de o atirador ser expectador
dessa harmonia certamente irão refletir positivamente no dia
a dia do Tiro-de-Guerra e fora dele, pois na faixa etária em
que ele se encontra, buscará sempre se espelhar nas
pessoas que fazem parte de seu cotidiano e os instrutores e
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
familiares estarão constantemente expostos a essa
observação, tendo em vista a quantidade de eventos dos
quais participam no seio da sociedade local.
É recomendável disponibilizar um tempo para o
congraçamento entre os familiares dos instrutores, realizando
passeios pelos pontos turísticos da cidade ou de municípios
circunvizinhos,
frequentando
restaurantes,
eventos
desportivos ou simplesmente no convívio do dia a dia,
podendo estar juntos nas corridas ou caminhadas no final da
tarde, no futebol, nas solenidades e nos aniversários, isso,
além de ser muito salutar, fará bem, principalmente, às
esposas que por vezes acabam se sentindo isoladas e sem
estímulos por estarem distantes de seus parentes e antigos
amigos.
Capítulo 4 - COMISSÃO DE SELEÇÃO
Apesar da CS (Comissão de Seleção) ter como
responsável direto o Delegado do Serviço Militar, geralmente
essa atividade é realizada nas instalações do tiro-de-guerra
e, nessa ocasião, os instrutores, juntamente com um grupo
de atiradores voluntários e possuidores de conduta ilibada,
desempenham funções fundamentais junto aos demais
integrantes da CS, prestando um primoroso auxílio na
execução de diversos trabalhos atinentes à seleção dos
jovens apresentados.
É aconselhável que o instrutor possa realizar,
dentre outras, a função de entrevistador, pois nessa
oportunidade há a possibilidade de se estabelecer o primeiro
contato com os jovens, ao mesmo tempo em que vai
conhecendo o perfil de cada um que provavelmente estará
sob seu comando no ano seguinte, prestando o serviço
militar inicial.
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
Realização da entrevista durante a Comissão de Seleção.
Capítulo 5 - ATIVIDADES
REUNIÃO COM OS PAIS
É considerada uma das mais importantes
atividades, pois pode ser o fator determinante do bom
entrosamento entre os instrutores e os familiares dos
atiradores durante todo o ano.
Nessa reunião o Chefe da Instrução discorre cada
assunto que poderia gerar dúvidas por parte dos pais. Uma
boa maneira de iniciar a palestra é apresentando a equipe de
trabalho do Tiro-de-Guerra, isso incluindo os funcionários
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
civis. Logo após poderá abordar, como sugestão, os
seguintes assuntos:
Atraso de vida – Muitas pessoas comentam que servir ao
Exército é atraso de vida, porém não têm a real noção de que
trata-se de uma Instituição que deve estar a todo o momento
preparada para defender a soberania do país, preservar suas
fronteiras, além de garantir a lei, a ordem e a democracia do
nosso povo.
Alguns dizem que o Atirador perderá um ano,
sendo que, principalmente nos tiros-de-guerra, não se pode
afirmar tal coisa, tendo em vista o TG ser voltado justamente
para aqueles jovens que trabalham e estudam, tendo uma
influencia bastante significativa para o progresso em sua
vida.
Relacionamento instrutor x atirador – O relacionamento
será sempre de maneira respeitosa como é de direito de todo
cidadão. Logicamente que a educação básica vem do seio da
família que é a célula mater da sociedade, o Exército irá
apenas complementar a formação do caráter do cidadão
nesse período que marca a transição de adolescente para
adulto.
Também faz parte do propósito dos instrutores
conhecer a realidade do jovem atirador e tudo que o cerca,
inclusive sua família, para que possam, quando necessário,
orientá-los de maneira adequada.
Missão do Tiro-de-guerra – Diferentemente dos quartéis ou
OMA (Organização Militar da Ativa), onde se encontram os
Batalhões, Regimentos e Grupos, o Exército abre mão de
formar o soldado combatente para a hipótese de guerra
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
contra o inimigo externo e se empenha em formar nos Tirosde-guerra os combatentes da defesa territorial e defesa
integrada, buscando, dentre outras finalidades, proteger os
pontos sensíveis de sua localidade.
Nesse contexto, o Serviço militar nos tiros-de-guerra
contribui para a formação de homens cívicos conscientes dos
problemas da comunidade local, participantes de atividades
voltadas para a nacionalidade, onde há também a difusão do
patriotismo, respeito aos símbolos nacionais e valores da
nacionalidade, possibilitando ainda a formação do espírito
democrático da juventude, incentivando o respeito aos
direitos dos cidadãos, o cumprimento de seus deveres, o
culto da responsabilidade e o exercício da cidadania.
O porquê da existência dos Tiros-de-guerra – Os tiros-deguerra existem porque a comunidade expressou um desejo
que foi manifestado através de um convênio firmado entre o
Ministério da Defesa e a Prefeitura Municipal, evitando assim
que seus cidadãos, em fase de alistamento, fossem enviados
para servir em cidades distantes, o que não ocorre hoje, onde
os melhores jovens têm a oportunidade de prestar serviço
militar na própria cidade sem abandonar o lar, o estudo e o
trabalho.
Despesas que o atirador poderá ter no TG – A própria
constituição Federal e a lei do Serviço Militar determinam que
o serviço militar seja obrigatório e gratuito, logo, de acordo
com a parceria firmada, a prefeitura tem a incumbência de
arcar com o custeio da sede do Tiro-de-guerra, do estande
de tiro e do material de expediente. Enquanto o Exército arca
com o custeio dos instrutores, armamento e munição, artigos
militares e todo fardamento, não havendo nenhum ônus para
o atirador.
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
Proposta dos instrutores – Os instrutores propõem
trabalhar de maneira séria e exigente, porém num ambiente
saudável e amistoso, sempre buscando estreitar os laços de
afinidade, acreditando que ao final da prestação do serviço
militar os jovens possam levar em suas memórias, além de
uma grande bagagem de conhecimentos militares, as
lembranças de um ano de mudanças e crescimento em suas
vidas.
Além desses tópicos, o instrutor poderá explorar
também assuntos como a distribuição da carga horária, qual
será e como acontecerá o contato dos atiradores com o
armamento, tendo em vista a preocupação que essa matéria
gera na maioria dos pais. Deverá ainda tirar dúvidas quanto a
escala de serviços e a realização das refeições quando
escalados além de esclarecer a participação em eventos,
palestras que serão proferidas e a influência positiva do
aprendizado em suas vidas.
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
Presença dos pais na 1ª reunião (aula inaugural).
REALIZAÇÃO DE PALESTRAS
Palestra Anti-Drogas – É de suma importância conseguir
um bom profissional que possa ministrar uma palestra sobre
o efeito devastador que as drogas provocam no corpo
humano e suas consequências na vida dos usuários e seus
familiares.
Existem várias maneiras de interagir com os jovens a
respeito das drogas. Uma delas é distribuir a turma em vários
grupos e solicitar um trabalho no qual todos os integrantes
possam realizar uma pequena apresentação para a turma,
pois dessa forma os jovens terão a possibilidade de
pesquisarem e debaterem bastante sobre o assunto. O
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
trabalho poderá ser simples. Como sugestão poderá solicitar
que explanem sobre três tópicos:
Primeiro – Quais os malefícios das drogas na vida de um
cidadão?
Segundo – O que fazer para evitar o contato com as
drogas?
Terceiro – Como devem proceder os integrantes de uma
família que possuem um usuário de drogas, para auxiliar na
sua recuperação?
Durante as instruções diárias, sempre que possível,
enfatizar os benefícios de ter uma vida saudável longe das
drogas.
Profissional realizando palestra sobre drogas.
Palestra sobre DST / AIDS – Deve-se entrar em contato
com um profissional da área de saúde para ministrar uma
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
palestra sobre as doenças sexualmente transmissíveis,
inclusive a AIDS, evidenciando a importância de se proteger
contra os vários tipos de vírus existente na atualidade.
O objetivo maior desse tipo de palestra é que os
jovens também possam difundir o conteúdo dos
ensinamentos para seus amigos que não tiverem a mesma
oportunidade de aprendizagem. Dessa maneira, com
certeza, a sociedade estará cada vez mais educando-se e
atualizando-se com relação às doenças que vão surgindo.
Médica realizando palestra sobre DST-AIDS.
Palestra Odontológica – É aconselhável estabelecer
contato com profissional da área odontológica para ministrar
palestra sobre higiene bucal, a qual servirá para enriquecer
os conhecimentos dos atiradores com relação aos corretos
procedimentos voltados à preservação da saúde bucal, de
preferência com a possibilidade de realização de uma
avaliação em todos os atiradores, o que geralmente é
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
oferecido pelos odontologistas que se voluntariam para esse
tipo de atividade.
Odontologista do município proferindo a palestra.
Palestra sobre prevenção e combate a incêndios e
primeiros socorros – Geralmente os próprios bombeiros do
município, por ocasião da realização da palestra sobre
prevenção e combate a incêndios, encarregam-se de proferir
também
uma palestra
sobre
primeiros socorros,
oportunidade em que fazem uma explanação sobre as várias
maneiras de se prevenir contra acidentes, nos mais variados
tipos de situações. Com certeza são ensinamentos de muita
valia, não somente para o período da prestação do serviço
militar, mas para toda a vida.
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
Demonstração da aprendizagem durante evento social.
Poder público – Utilizando-se da facilidade de
relacionamento que geralmente os instrutores possuem, não
é difícil conseguir um representante do órgão público,
podendo ser um político experiente, que esteja interessado
em passar para os atiradores uma noção da vida pública,
explanando sobre seus cargos e funções e quais as
consequências de seu trabalho junto à sociedade.
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
Vereador proferindo palestra sobre o poder público.
Capítulo 6 - VISITA DOS INSTRUTORES
Batalhão de Polícia militar – É de fundamental importância
que os instrutores agendem uma visita e se apresentem ao
comandante do Batalhão de Polícia Militar, Companhia ou
outros órgãos que façam a função da polícia existente no
município, pois uma vez estabelecido o contato inicial, tornase mais fácil o relacionamento entre as instituições,
principalmente na resolução de problemas que por ventura
ocorram envolvendo atiradores.
O contato também servirá para manter as forças
unidas em um clima amistoso, ratificando o bom
relacionamento existente entre o Exército e a Polícia Militar.
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
Paço Municipal e seus órgãos – Será através desses
órgãos que muitas solicitações serão enviadas, analisadas e
concedidas, por isso a importância de conhecer seus
integrantes para estreitar o relacionamento e saber o
caminho a ser percorrido pelos documentos. Ao assumir o
Tiro-de-guerra é interessante agendar, de imediato, uma
audiência com o prefeito para expor suas ideias e objetivos
relacionados ao engrandecimento dos cidadãos daquele
município, além de conhecer o pensamento que o chefe do
executivo possui acerca do serviço militar em sua cidade e
se ele dispõe de algum projeto de inovação para o Tiro-deguerra.
Câmara de Vereadores – Por pertencerem ao município, os
Tiros-de-guerra sempre dependerão dos vereadores para
votação de projetos que visem seus interesses, fato que
fortalece a necessidade de bem conhecê-los e estar em
sintonia com as atividades da Câmara dos Vereadores,
sempre mantendo um relacionamento agradável, porém
deixando explícita a imparcialidade dos instrutores com
relação aos assuntos político-partidários.
Delegacia de polícia – Há uma grande necessidade de
conhecer os delegados de polícia, pois poderão acontecer
ocorrências policiais envolvendo atiradores e, nesse caso, é
muito importante manter um contato mais acirrado, o que
com certeza facilitará a resolução dos possíveis problemas.
Delegacia do Serviço Militar – Caso a cidade possua uma
Delegacia do Serviço Militar, é de interesse tanto dos
instrutores quanto do delegado manter um relacionamento
sincero, profissional e amigável, entre si, até porque a função
de um complementa o trabalho do outro em várias atividades
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
que ocorrem durante o ano de instrução, principalmente nas
ocasiões de Comissão de Seleção e entrega de Certificados
em municípios circunvizinhos, oportunidade em que poderão
trabalhar em conjunto.
Corpo de Bombeiros – É importante o contato com os
integrantes do Corpo de Bombeiros para manter um bom
relacionamento, pois além deles prestarem um grande auxílio
em várias instruções, proferindo palestras quando
requisitados, ainda há a possibilidade de trabalharem em
conjunto com os atiradores em algumas atividades, como por
exemplo, no caso de acionamento da defesa civil, pelo poder
público, para atender o município numa situação de estado
de calamidade pública etc..
Grandes empresas - Infelizmente alguns empresários não
possuem a real noção de como será o ano de instrução do
atirador que, por vezes, também é seu funcionário, por isso,
em caso de necessidade, algumas empresas que possuem
esses empregados realizando o serviço militar deverão ser
visitadas para um melhor esclarecimento com relação aos
direitos e deveres de seus funcionários militares que
encontram-se devidamente amparados pela Constituição
Brasileira durante a prestação do serviço militar obrigatório.
Isso com certeza dará um melhor entendimento para os
empregadores, o que fará com que eles tenham uma nova
visão sobre o papel do Exército Brasileiro, e passem a atuar
como colaboradores junto aos propósitos da instituição.
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
Capítulo 7 - ATIVIDADES ESSENCIAIS DENTRO DO TG
Solenidade de Matrícula
A solenidade de matrícula é a primeira atividade
em que o atirador tem a oportunidade de apresentar para
seus familiares e amigos tudo que ele já aprendera no curto
espaço de tempo que tivera no Exército, por isso é muito
interessante poder contar com a participação de um bom
público, principalmente de seus familiares, pois isso faz com
que sintam cada vez mais orgulho de ostentarem a farda
camuflada e reforça a importância da família no
acompanhamento de seus filhos. Para os instrutores, é o
momento de mostrar a sociedade o trabalho desenvolvido por
eles e fazer com que as famílias vislumbrem as
transformações positivas que serão incutidas na vida dos
jovens atiradores, sempre enaltecendo valores como
lealdade, respeito, honestidade, camaradagem, disciplina,
amor ao próximo e muitos outros dignos de uma verdadeira
sociedade.
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
Jornal Diário da Franca – 01 abr 04
Solenidade do Dia da Vitória
Apesar dessa data não ser muito conhecida pelo
público civil, é de grande valia destacar o dia 8 de maio com
uma solenidade alusiva ao dia da vitória, dia em que se
comemora o fim da 2ª guerra mundial, quando os nossos
bravos combatentes da Força Expedicionária Brasileira
28
Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
retornaram do campo de batalhas da Itália, ostentando o “V”
da vitória.
Nesse dia ressalta-se também a importância da
participação dos ex-combatentes nas solenidades cívicomilitares, haja vista ser sempre uma bela oportunidade de se
homenagear esses bravos heróis, ainda vivos, pelos seus
feitos por nossa gente, e lembrar-se daqueles que tombaram
no teatro de operações para que nós pudéssemos gozar da
plena liberdade.
É também uma excelente data para inaugurar a
Galeria dos Ex-combatentes residentes no município, o que
muito enaltece os verdadeiros heróis brasileiros e
engrandece a história de nosso povo.
Inauguração da Galeria dos Ex-combatentes
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
Solenidade do Dia do Exército
Nos dias atuais, a data de 19 de abril, apesar de ser
uma data muito importante para o nosso País por ser o Dia
do Exército Brasileiro, grande parte da população civil só tem
conhecimento como sendo o Dia do Índio, que com certeza
também tem sua importância na história do Brasil.
Provavelmente esse desconhecimento ou pouca importância
à data dispensada, seja fruto da tímida divulgação desse fato
histórico ocorrido no dia 19 de abril de 1648, nos Montes
Guararapes – Pernambuco, onde se forjou a gloriosa Força
Terrestre do Brasil, quando se reuniram brancos, índios,
negros e mestiços com um só propósito, que era defender a
costa brasileira contra os invasores holandeses.
Nessa ocasião, é de vital importância que os
instrutores aproveitem para proferirem palestras nas escolas
ou onde forem solicitados, ressaltando, dentre outras coisas,
o que significou a integração das raças para a base de nossa
nacionalidade.
Atiradores realizando apresentações em Escola.
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
Alunos em visita ao Tiro-de-guerra.
Solenidade do Dia das Mães
A família é a instituição mais importante da
sociedade e nela a figura fundamental é a mãe. Poderiam ser
citados vários fatores que justifiquem essa afirmação, no
entanto basta uma pequena reflexão sobre o período em que
ela atua como protagonista da vida, no decorrer da gestação
de seu filho, transmitindo todo seu carinho e amor emanados
por suas emoções. Por isso não se pode deixar passar
despercebida a oportunidade de enfatizar seu verdadeiro
valor de mãe, expondo isso principalmente para os
atiradores, no momento em que passam pela natural fase de
transformação, deixando para trás a adolescência e
vislumbrando os anseios da vida adulta.
31
Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
É o momento em que se define o verdadeiro caráter
de um cidadão e isso acontece de acordo com a gama de
valores que lhes são passados.
Durante a solenidade, é recomendável estimular
singelos gestos dos atiradores para com suas mães, como a
entrega de uma singela flor, um afago e um beijo. Gestos
que apesar da simplicidade têm um valor inestimável junto à
sociedade, pois servem para manter cada vez mais unidos
mães e filhos, retratando assim a harmonia familiar.
Como sugestão, é interessante destacar e agraciar
com singelos presentes a mãe mais idosa, a mais jovem e a
de maior número de filhos, representando assim todas as
outras mães, evidenciando e enaltecendo cada vez mais a
importância que pequenos gestos promovem em nossas
vidas.
As mães sendo agraciadas durante solenidade.
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
Os Atiradores agraciando suas mães.
Solenidade do Dia do Soldado e dia dos Pais
Os pais também possuem vital importância no seio
da família, por representarem, geralmente, a figura que
transmite a segurança necessária ao lar, além de servirem
de exemplo comportamental para seus filhos. Por essas e
outras razões jamais poderão ser esquecidos, e uma
excelente oportunidade para homenageá-los é aproveitar a
solenidade alusiva ao Dia do Soldado, tendo em vista ser
esta data bem próxima do dia dos pais. Nesse dia em que
referenciamos a figura do Patrono do Exército Brasileiro, o
Marechal Luiz Alves de Lima e Silva - Duque de Caxias, o
maior soldado de todos os tempos, falamos também da
importância do pai de família, o qual vivencia a batalha do
dia-a-dia".
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
Uma opção simples, mas que atinge o objetivo do
evento é promover nesse dia ações conjuntas entre pais e
filhos, que podem variar desde gincanas a uma simples
partida de futebol. Essa confraternização com certeza servirá
para estreitar ainda mais os laços fraternais. Poderá ainda,
destacar o pai mais idoso e o pai mais jovem para presenteálos em nome de todos os outros pais presentes na
solenidade.
Vale ressaltar que a atividade principal é a alusão ao
Dia do Soldado, a qual transcorrerá normalmente de acordo
com o que prescreve a legislação em vigor, seguindo o
roteiro da solenidade, finalizando com o proferimento, na
íntegra, das palavras do Comandante da Força por ocasião
da leitura da Ordem do dia.
Jornal Candeia – 31 ago 02
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
Olimpíadas internas
Mesmo que o Tiro-de-guerra possua apenas uma
turma de instrução é recomendável dividi-la em equipes e
organizar uma olimpíada interna, a qual com certeza servirá
de estímulo para todos os atiradores, além de agregar aos
jovens o espírito de corpo, união, competitividade,
perseverança e camaradagem, elementos essenciais para o
convívio social.
Essa atividade acaba tendo outro objetivo, que é
servir como treinamento para possíveis participações em
olimpíadas entre Tiros-de-guerra, as quais geralmente são
promovidas anualmente em determinadas Regiões Militares.
Existem alguns Tiros-de-guerra que não possuem
uma estrutura que suporte a realização de uma competição
desportiva. Nesses casos, o chefe da instrução poderá se
valer do bom relacionamento existente principalmente com o
seguimento educacional para solicitar o apoio de instituições
como SESI, Escolas Públicas, Clubes e outros órgãos
provavelmente disponíveis na cidade. Com certeza, através
de um bom planejamento o evento será realizado
praticamente sem ônus para nenhuma das partes.
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
Competição de natação durante olimpíadas.
Formatura de encerramento
Para os soldados é uma das atividades mais
importantes, pois além de ser para alguns o último evento
junto ao Exército, também representa a conclusão de mais
uma etapa gloriosa, pelo motivo de terem conseguido passar
por todos os obstáculos surgidos ou colocados ante eles ao
longo do ano de instrução e terem conquistado seu
Certificado de Reservista, o que é motivo de orgulho e justa
comemoração.
Nesse dia, também devem ser entregues os
Diplomas de Honra ao Mérito e divisas dos Cabos
promovidos na reserva, além de ser descerrada a fotografia
do Melhor Atirador na Galeria correspondente, o que
equivale, nos grandes quartéis, à Praça mais Distinta.
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
Ao descerrar a fotografia do Melhor Atirador,
preferencialmente, deverão estar tomando parte do ato os
pais do agraciado, juntamente com a maior autoridade
presente, geralmente o Prefeito Municipal e demais
convidados da família do agraciado.
Saída triunfal dos licenciados.
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
Jornal Diário da Franca – 28 nov 04
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
Capítulo 8 - ATIVIDADES ESSENCIAIS FORA DO TG
Visita a Entidades Assistenciais
Uma excelente maneira de manter os atiradores
sempre na atividade é promover visitas às entidades
assistenciais da cidade. É interessante aproveitar a época
das campanhas de arrecadação de alimentos para planejar
um agendamento de visitação.
Uma sugestão é dividir os integrantes do Tiro-deguerra em dois grupos para visitarem a APAE (Associação
de Pais e Amigos do Excepcional), que é uma das mais
conceituadas entidades, pelo trabalho fantástico que realiza
em busca da inclusão social daquelas pessoas que
nasceram com algum tipo de excepcionalidade ou adquiriram
no decorrer da vida. Nessa oportunidade, sugere-se que os
atiradores executem atividades juntamente com os
assistidos. Pode-se conduzir alguns instrumentos musicais
da fanfarra, como bumbo, caixinha, corneta e prato e
consentir que a criançada utilize os instrumentos e se divirta
a vontade, pois é bastante prazeroso e emocionante
vivenciar a alegria daquele pessoal, que com gestos tão
singelos, conseguem transmitir a pura felicidade e nos fazem
refletir sobre os verdadeiros valores humanos.
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
Grupo de atiradores visitando a APAE .
Olimpíadas entre Tiros-de-guerra
É sempre muito gratificante, promover ou participar
das olimpíadas entre Tiros-de-guerra, isso ratifica a
importância da coesão dos grupos, ou seja, a união dos
integrantes de uma determinada fração, além de fortalecer o
relacionamento entre os irmãos de farda, tendo em vista a
maneira salutar como são desenvolvidas as atividades.
Não se deve desperdiçar a oportunidade de
participar de eventos dessa natureza, pois eles deixam
bastante evidentes o crescimento e a melhoria de
comportamentos agregados pelos atiradores, principalmente
no que diz respeito à harmonia no convívio entre eles.
Vale muito a pena organizar um evento como este,
porém, apesar da simplicidade aparente, não é tão fácil, pois
requer além da parte burocrática que começa com a
solicitação da autorização do Comando Militar de área,
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
muitos outros contatos até que tudo seja formalizado, ou
seja, há um desgaste a mais por parte dos instrutores, mas
no final o ganho que se tem em qualidade de ser humano
supera todo esforço despendido.
Geralmente a realização das olimpíadas é
recomendada
que
seja
entre
os Tiros-de-guerra
circunvizinhos, tendo em vista o menor gasto possível, uma
vez que será inevitável o apoio da prefeitura local, que
poderá, de acordo com sua disponibilização e critérios,
fornecer os meios de locomoção, alimentação etc.
É interessante que o Chefe da Instrução mais antigo
seja o responsável pelo evento, mas que sejam as missões
divididas entre os demais instrutores participantes. Um
evento bem planejado acaba culminando com uma grande
festa de confraternização.
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
Jornal Candeia – 14 set 02
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
Semana da Pátria
Ao se aproximar a semana da pátria, particularmente
o dia 7 de setembro, data em que comemoramos a
independência do nosso país, é comum os instrutores
receberem várias pessoas solicitando o apoio dos
integrantes do Tiro-de-guerra para proferirem palestras
alusivas à data e para participarem das apresentações dos
desfiles cívicos juntamente com os alunos nas escolas.
Essa é uma excelente oportunidade para mostrar
aos munícipes a integração existente entre a Instituição
Exército Brasileiro e a sociedade como um todo, além de
relembrar e ratificar a importância da data comemorada.
Durante toda a semana da Pátria, tanto os instrutores
como os atiradores podem e devem participar de várias
maneiras, dentre elas, visitando algumas escolas com
pequenos grupos de atiradores para realizarem hasteamento
ou arriamento do Pavilhão Nacional, proferindo palestras
alusivas ao dia da independência e ainda utilizando parte da
fanfarra do TG para realizar desfiles com várias escolas
pelas ruas da cidade em datas distintas, para não
sobrecarregar os atiradores em seus empregos, por isso a
importância de ser tudo muito bem planejado através de
agendamento.
No dia 7 de
setembro, em quase todos os
municípios ocorre o tradicional desfile cívico e a maioria da
população demonstra um interesse muito grande em assistir
a passagem do Tiro-de-guerra pela avenida. Geralmente o
TG abre o desfile à pé, por isso aumenta a responsabilidade
de não decepcionar o público local que se sente bastante
maravilhado com a apresentação dos militares e sem
dúvida, esse é um momento de louvor para o Exército, pois
eventos dessa natureza contribuem para evidenciar o
carisma que a Força goza no seio da sociedade.
43
Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
Abrindo a semana da pátria com apresentações.
Passagem da tropa durante desfile cívico.
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
Ações comunitárias
Participar em ações comunitárias, além de contribuir
para o engrandecimento dos municípios através do apoio
fornecido e de uma gama de valores que são explícitos pelo
exemplo, também servem para elevar o nome do Exército
junto à sociedade.
Toda ação comunitária tem sua importância, porém a
participação do Tiro-de-guerra em determinados eventos
deverá ser muito bem avaliada para que seus integrantes
não venham acabar envolvendo-se em atividades que fujam
do verdadeiro objetivo social. O cuidado é imprescindível,
pois muitas vezes essas ações podem ser encaradas como
cunho meramente político ou de interesse individual, nesse
caso, a participação dos integrantes do TG deverá estar
descartada, evitando assim, possíveis problemas para a
imagem do Exército Brasileiro, principalmente no que diz
respeito à credibilidade que o mesmo sustenta desde sua
criação.
Geralmente a maioria das ações comunitárias tem
como mentora a prefeitura municipal, por tratar-se de
assunto de interesse do povo, o que acaba tornando muito
mais confiável o seu propósito, porém, existe sempre a
necessidade de uma prévia avaliação por parte dos
instrutores.
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
Jornal Candeia – 09 jun 01
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
Entrega de Certificados
Todo ano há de se cumprir o previsto no calendário
destinado à entrega de certificados de dispensa de
incorporação aos jovens dos municípios não tributários que
foram alistados e dispensados do serviço militar obrigatório,
conforme amparo da legislação pertinente.
Para a grande maioria desses jovens, o único
contato estabelecido com o Exército Brasileiro é durante
esse período, onde o Delegado do Serviço Militar,
acompanhado de instrutores do Tiro-de-guerra e alguns
atiradores, comparecem em solenidade realizada com a
presença dos familiares dos recipiendários e do prefeito
municipal, justamente para reiterar o valor do documento que
estarão recebendo naquela oportunidade e a confiança que a
força deposita nos jovens cidadãos para a possibilidade de
uma necessidade de mobilização.
Momento do compromisso perante a Bandeira.
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
Jornal Candeia – 21 abr 01
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
Solenidade do Dia da Bandeira
Levar um bom público para dentro de uma
Organização Militar para assistir a uma solenidade que tem
o seu ápice exatamente ao meio dia não é muito fácil, tendo
em vista os afazeres que geralmente toda família possui
nesse horário. Porém, no Tiro-de-guerra, onde existe a
necessidade da constante integração dos militares com a
comunidade, os instrutores acabam tendo que adaptar
algumas atividades para apresentação em locais diferentes
do quartel, tudo com o intuito de conseguir a participação do
público externo.
A solenidade alusiva ao Dia da Bandeira é bastante
diferente de todas as outras, principalmente pelo ritual que
deve ser seguido de acordo com o regulamento. Alguns
instrutores optam por realizarem esse evento no interior do
Tito-de-guerra e muitos acabam obtendo resultados
frustrantes com relação a pouca participação do público
externo e baixa repercussão na mídia. Não por necessidade
de exposição do TG, mas pelos resultados positivos que são
alcançados quando existe uma maior participação dos
munícipes nesse tipo de evento.
Outros
são mais felizes quando optam
por
realizarem a solenidade no Paço Municipal, na Câmara de
Vereadores ou até mesmo numa escola, desde que o espaço
permita, pois dessa maneira, é quase certa a presença
maciça dos vereadores locais e do prefeito municipal, logo,
eles mesmos incentivam o comparecimento da população,
convidando e solicitando que escolas enviem alunos
representantes e convencendo os líderes, sejam eles
diretores de escolas ou políticos, da importância que a
solenidade tem para manter vivo o culto aos nossos símbolos
nacionais.
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
Ao final da solenidade todos acabam se
surpreendendo com a apresentação e percebem o quão
valiosa fora sua participação naquele tipo de evento, que
serve para aumentar ainda mais o espírito de patriotismo em
todo o público presente.
Capítulo 9 - REALIZAÇÃO DE CAMPANHAS
Campanha de arrecadação de agasalhos
À medida em que se aproxima a estação de inverno
em algumas regiões do Brasil, a maioria dos municípios
realiza uma campanha de arrecadação de agasalhos, nessa
oportunidade acontece uma grande mobilização entre várias
entidades assistenciais, voluntários, representantes da
iniciativa privada, prefeitura municipal e principalmente os
integrantes do Tiro-de-guerra. Todos se voltam para essa
ação que visa amenizar um pouco a carência dos mais
necessitados com relação à vestimenta e agasalhos como
um todo, pois em algumas regiões o sofrimento é muito
grande e, um pequeno gesto de doação de roupas e
cobertores pode acabar salvando vidas.
A presença do soldado fardado nesse tipo de
atividade é de suma importância, pois transmite uma
credibilidade muito grande para as pessoas que estão
propensas a colaborar, o que aumenta a probabilidade de
contribuição, tendo em vista já possuírem a visão de que o
Exército Brasileiro somente participa em ações de cunho
social que tenham seriedade e transparência.
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
Atirador arrecadando doações junto a população.
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
Jornal Candeia – 26 mai 01
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
Campanha de arrecadação de Brinquedos
Na semana que antecede o Dia da Criança,
também é
interessante realizar uma campanha de
arrecadação de brinquedos, mesmo que interna, a qual
poderá acontecer entre os próprios atiradores e seus
familiares. Todo material arrecadado deverá ser distribuído
às entidades que prestam assistência a crianças carentes, ou
até mesmo, serem doados para alunos de escolas
municipais, sendo os mesmos entregues pelos atiradores em
data marcada nas escolas ou em aproveitamento de visitas
que poderão ser agendadas para os alunos conhecerem as
instalações do Tiro-de-guerra.
Com certeza é um pequeno e singelo gesto, mas que
contribui bastante para a felicidade de menores que muitas
vezes encontram-se sem perspectivas de vida melhor.
Campanha de arrecadação de alimentos
Essa é a campanha mais esperada pelas entidades,
por ser a que melhor atende às necessidades das pessoas,
pois dependendo do poder aquisitivo do município e do nível
de organização da campanha, várias toneladas poderão ser
arrecadadas para suprir a fome de muitos, porque nada afeta
mais o ser humano do que a falta de alimentos para nutrir
sua sobrevivência.
É uma atividade que deverá ser muito bem planejada
e, se possível poderá contar com o apoio de outros grupos,
como os escoteiros que quase todo município possui e com
certeza eles estão sempre se colocando à disposição e
realizam um trabalho excepcional junto aos integrantes do
TG.
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
É importante ressaltar que em todas as campanhas
em que o Tiro-de-guerra estiver à frente, deverá ser
confeccionado um balanço final de tudo que for arrecadado e
os documentos comprobatórios assinados pelas entidades
que se beneficiarem com a distribuição deverão ser
devidamente arquivados.
Esse resultado, na primeira
oportunidade deverá ser divulgado na mídia, para que não
gere dúvidas com relação à transparência das atividades
realizadas.
É também essencial realizar um cadastro das
entidades assistenciais, o que facilitará em muito o trabalho
para as próximas campanhas.
Jornal Comércio da Franca – 17 nov 06
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
Jornal A Tribuna – 31 jul 02
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
Campanha de arrecadação de Óleo
A campanha de arrecadação de óleo comestível não
é comum nos municípios, porém vários tipos de campanhas
poderão acontecer de acordo com as particularidades,
necessidades ou até mesmo por serem consideradas
tradicionais em algumas cidades.
Na cidade de Franca-SP, tornou-se tradição a
realização da campanha de arrecadação de óleo que, apesar
de não parecer, é de muita valia para as entidades
assistenciais que todos os anos podem contar com uma boa
quantidade de litros de óleo comestível, o que certamente
acabam suprindo grande parte de sua necessidade. Nessa
ocasião, muitas pessoas doam também alimentos não
perecíveis, os quais não são recusados pois também serão
direcionados às entidades assistenciais.
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
Jornal Diário da Franca – 25 abr 04
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
Capítulo 10 – SUGESTÕES
Criação da Galeria de Ex-combatentes
É importante homenagear os Ex-pracinhas ainda
vivos e uma boa opção é criar uma galeria para eles.
O primeiro passo a ser dado para a criação da
Galeria dos ex-combatentes é a solicitação de informações
quanto a existência deles na cidade, através do pessoal mais
antigo da região e os próprios ex-combatentes. Essa busca
de informações poderá ser através do rádio que atinge
grande parte da população. Depois de descobertos é feita
uma visita para estreitar o relacionamento e se possível já
providenciar uma fotografia, de preferência 25cm x 30cm
para ser afixada no quadro da galeria.
É interessante ressaltar que essas providências
sejam preferencialmente antes das comemorações do dia 8
de maio, data em que se comemora o Dia da Vitória, para
que durante a solenidade alusiva a essa data, possa ser
descerrada a Galeria na presença dos ex-combatentes e
seus familiares. A partir desse contato, sempre que possível,
procurar tê-los junto das atividades do TG, enfatizando e
dando bastante importância às suas presenças, pois só
assim eles se sentirão um pouco mais valorizados pela
sociedade. Temos a obrigação de mostrar para todos, o valor
que esses verdadeiros heróis possuem e o quão
determinante fora sua participação na segunda guerra
mundial, para que hoje possamos viver desfrutando de plena
paz.
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
Jornal A Tribuna – 02 jun 01
Sugiro que durante o período em que o militar estiver
fazendo parte do quadro de instrutores, busque dedicar uma
parcela de seu tempo aos ex-combatentes, sempre que
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
possível enaltecendo e mostrando o valor que esses heróis
merecem.
Confraternização junto aos Ex-combatentes
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
Os Ex-combatentes sendo agraciados.
Criação da Galeria do Melhor Atirador
É importante valorizar e incentivar aqueles que se
destacam positivamente e a Galeria do Melhor Atirador tem
exatamente essa finalidade. No decorrer do ano de instrução
fica notória a desenvoltura de alguns jovens, quer seja por se
identificarem com a situação militar, quer seja por sua garra,
determinação e vontade de sempre fazer a coisa certa,
virtudes que deverão ser evidenciadas de alguma maneira.
A data de realização da solenidade final, é uma boa
oportunidade para descerrar a foto do atirador escolhido
como “Melhor Atirador” ou “Praça mais Distinta” ou outra
denominação que o instrutor julgar interessante, desde que
sirva para registrar e materializar o mérito daquele soldado
que se destacou dos demais durante o ano de instrução. É
61
Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
importante que esse gesto aconteça na presença de seus
familiares, desse jeito, o sentimento aflorado naquele
momento servirá de incentivo para que o jovem permaneça
trilhando o caminho da vitória.
Descerrando a fotografia na Galeria do Melhor Atirador
Criação da Galeria dos Chefes da instrução
Um dos pontos positivos com relação à criação da
galeria dos Chefes da Instrução e Instrutores é poder deixar
registrada a passagem de todos os militares que, de certa
forma,
contribuíram
com
seu
trabalho
para
o
engrandecimento daquele município.
62
Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
Em alguns Tiros-de-guerra existe apenas a galeria
dos Chefes da Instrução, porém, é de relevante importância,
providenciar também a confecção da galeria dos instrutores,
tendo em vista a indiscutível contribuição que os mesmos
têm dado para a formação dos jovens atiradores,
principalmente nos ensinamentos passados no dia-a-dia.
É interessante realizar o descerramento da fotografia
do chefe sucedido, por ocasião da formatura final, na qual
também poderá ser realizada a passagem de chefia perante
a maior autoridade presente, geralmente o prefeito municipal,
de acordo com o que prescreve o regulamento.
Antes da conclusão da galeria, deve-se realizar um
minucioso estudo sobre as normas que regem os padrões a
serem adotados para sua confecção, no intuito de que não
haja nenhum tipo de contestação relacionada à sua
legalidade.
Inauguração da Galeria dos Chefes da Instrução.
63
Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
Dia do soldado atirador
Geralmente os instrutores mantem um excelente
relacionamento com os políticos e em particular com os
vereadores, oque poderá propiciar, no momento oportuno, a
sugestão de instituir o “dia do Soldado Atirador”, a ser
comemorado numa data bem estudada e adequada às
peculiaridades do município em questão, dessa maneira, fica
mais evidenciada na sociedade local, a importância do
atirador e consequentemente do militar em geral.
Uma vez definida e instituída essa data
comemorativa, deve-se ter o cuidado de não permitir que ela
caia no esquecimento pela população. Uma boa estratégia
para mantê-la viva na mente das pessoas é organizar um
evento de cunho social, de preferência uma ação
comunitária, fazendo coincidir a realização dessa atividade
com a data comemorativa ao “Dia do Soldado Atirador”. É
importante aproveitar cada espaço cedido pelos meios de
comunicação (rádio, televisão e jornal) para divulgar com o
máximo de destaque os eventos, que com certeza, servirão
para elevar ainda mais o conceito do soldado, do Tiro-deguerra e do Exército Brasileiro.
Hasteamento do Pavilhão Nacional no Paço municipal
Em alguns municípios, verifica-se uma grande lacuna
entre o Tiro-de-guerra, sistema educacional e população
como um todo. Uma excelente forma de se estreitar esse
relacionamento é planejar junto a autoridade competente,
seja o prefeito municipal ou o secretário de educação, a
possibilidade de agendarem pelo menos um dia do mês, para
que seja realizado o hasteamento do Pavilhão Nacional no
64
Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
Paço Municipal ou em outro local de igual relevância,
momento em que poderão comparecer também todos os
funcionários da prefeitura e, se possível, a maioria dos
integrantes das escolas com seus alunos e professores.
O horário deverá ser muito bem estudado, visando
facilitar o comparecimento de um maior número possível de
assistentes.
Nessa ocasião, o instrutor deverá aproveitar para
proferir uma rápida explanação sobre a Bandeira Nacional, a
Bandeira do município, ou até mesmo sobre os outros
símbolos nacionais, de acordo com a disponibilidade de
tempo.
É o tipo de atividade que beneficia a todos os
participantes. O prefeito que tem a oportunidade de mostrar
seu lado cívico e patriótico perante a população, o Tiro-deguerra que divulga a imagem do Exército junto aos
munícipes, participando ativamente de ações que contribuem
para o crescimento das pessoas em termos de valores
imprescindíveis ao bom cidadão e todos os outros
participantes (funcionários, alunos e assistentes), pelos
conhecimentos adquiridos através da explanação do
instrutor.
Criação da Associação dos Ex-atiradores do município
Apesar de ser uma entidade civil onde prevalecerá,
no caso de sua criação, o consenso dos ex-atiradores, cabe
aos instrutores, se assim o desejarem, incentivar e participar
dessa incrementação, dando subsídios necessários para a
formação da base estrutural, pois uma vez concluída sua
criação, com certeza trará bastantes benefícios à população
através de uma harmoniosa interação junto aos integrantes
do Tiro-de-guerra.
A Associação deverá ser criada sem fins lucrativos e
voltada para a utilidade pública, ou seja, a princípio, deseja65
Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
se uma entidade onde seus integrantes participarão de
eventos de laser junto aos seus amigos e familiares, além de
estarem comprometidos com a sociedade a executarem
tarefas em prol das pessoas mais carentes, através de sua
participação efetiva nas ações comunitárias do município, o
que será um de seus maiores propósitos para criação.
No Tiro-de-guerra de Franca, os instrutores tiveram a
satisfação de participar da criação da primeira Associação de
Ex-Atiradores, onde, depois de muita persistência de um
pequeno grupo de reservistas, que deu o “pontapé inicial”, foi
concluída com êxito e já com uma grande quantidade de
associados.
Foi um período de muito trabalho até sua conclusão,
pois há necessidade de se respeitar cada passo da criação,
sendo o primeiro deles a elaboração do Estatuto, o qual
carece do acompanhamento cerrado de um advogado
profissional orientando cada detalhe de sua confecção.
O ideal para a efetivação da associação é que já
exista uma sede própria, porém, sua falta não impede o
desenrolar das outras atividades, o mais importante é ter uma
estrutura formada de pessoas comprometidas com a
constante manutenção das atividades da associação, para
assim, evitar que caia na rotina indesejada ou até mesmo no
esquecimento de seus ideais, o que poderá culminar com a
extinção da mesma.
É de suma importância deixar explícito no estatuto
que o único vínculo dos instrutores será a título de orientação
e, que a associação é inteiramente civil e independente.
Os instrutores jamais poderão permitir que possíveis
conflitos gerados entre a associação e órgãos públicos
venham afetar o relacionamento do Tiro-de-guerra e a
sociedade local.
A principal função da Associação é manter o vínculo
de amizade das variadas turmas de instrução em momentos
prazerosos, além de contribuir de várias formas para o
crescimento e bem estar da população, fortalecendo ainda
66
Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
mais a imagem do Tiro-de-guerra e Exército Brasileiro junto à
sociedade.
No município de Franca-SP, a Associação teve a
felicidade de ser lançada pelo Comandante do Comando
Militar do Sudeste, durante solenidade realizada também em
comemoração ao Dia do Soldado, o que fez crescer ainda
mais a Associação pela repercussão que teve o evento na
cidade e municípios circunvizinhos.
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
Jornal Comércio da Franca – 29 ago 06
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
Jornal Comércio da Franca – 29 ago 06
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A Associação durante desfile cívico de sete de setembro.
Capítulo 11 - Orientações para um melhor desempenho
MOTIVAÇÃO
Incentivar o comparecimento do atirador às instruções
Há necessidade de manter sempre os atiradores
motivados a comparecerem ao TG para instruções, aguçando
neles a curiosidade do dia seguinte, pois todos os dias, no
momento em que forem liberados para seus lares, escolas ou
trabalho, eles já deverão estar pensando no retorno para a
próxima matéria ou atividade, tendo a certeza de que será
ainda mais interessante do que a do dia atual.
O atirador deverá sempre ver a figura do instrutor não
somente como o militar superior, mas como um amigo que
lhe quer bem e que deseja sua presença para compartilhar o
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dia-a-dia do tiro-de-guerra, buscando, quando possível, a
interação dos mesmos nos diversos tipos de atividades.
Todo ser humano necessita de reconhecimento, e
uma maneira simples e eficaz de estar incentivando os
atiradores é elogiando-os e agradecendo sua participação
após cada ato bem sucedido, mostrando-lhes que os
resultados dependem da integração de todos como uma
grande equipe, pois assim estarão se sentindo úteis e cada
vez mais dispostos a contribuírem para o engrandecimento
do Tiro-de-guerra.
PUNIÇÕES
Durante os estágios de atualização de instrução para
os instrutores e chefes de instrução, nos quais se reúnem
todos os instrutores de tiros-de-guerra da Região Militar, foi
observada a estatística do quadro de punições e verificada,
em determinados anos de instrução, a enorme divergência
existente entre os TG, mesmo levando-se em consideração
as peculiaridades de cada município.
Ficou notório o acontecimento de duas situações
extremas, sendo uma delas a ação da mão pesada do
instrutor no momento de avaliar e decidir com relação às
transgressões de seus subordinados, onde alguns chegavam
ao término do primeiro semestre já tendo punido 90% de seu
efetivo, alguns até com atiradores desligados por perda de
pontos. Por outro lado, instrutores que não fizeram uso de
nenhuma ferramenta disponível para se manter a disciplina,
chegando ao final do ano com 100% do efetivo com a Ficha
Individual limpa de qualquer registro negativo de alteração,
não tendo punido nenhum militar, sequer com advertência.
No primeiro caso corre-se um grande risco de se
perder a disciplina da turma pela banalização das punições,
ou seja, trata-se a punição quase como um quesito
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necessário para concluir o serviço militar, perdendo-se a
oportunidade de realmente valorizar o comportamento e
postura adequados à vida da caserna, recompensando os
que se destacam positivamente, ratificando assim, a
necessidade de se caminhar corretamente em todos os
seguimentos da vida. Por outro lado, punindo se preciso for,
de maneira gradual àqueles que tentam se desviar da
conduta reta.
Para tanto, tem que haver muita flexibilidade e bom
senso na hora de decidir, pois a partir do momento em que os
atiradores não conseguirem enxergar a punição como algo
justo e de caráter corretivo, o bom militar poderá se desviar
do caminho, aceitando que em caso de uma punição ele será
apenas mais um na estatística.
No segundo caso, o TG também poderá estar
sofrendo com a falta de disciplina, pois há indícios de que por
algum motivo, seja ele despreparo ou falta de pulso firme, o
instrutor evita punir seus subordinados, deixando registrado
apenas em quadros estatísticos uma falsa impressão de que
aquele Tiro-de-guerra é o melhor do mundo porque ali
ninguém transgride. Ora, o atirador é um jovem e como
qualquer ser outro, muito suscetível à falhas e, estas devem
ser identificadas e corrigidas de acordo com os regulamentos
pertinentes, caso contrário o problema poderá ganhar
proporções maiores e conseqüências piores, que talvez não
apareçam no decorrer do ano de instrução, por estarem
mascaradas, mas poderão causar drásticas consequências
quando os jovens estiverem no meio civil, o que não exime o
instrutor de sua parcela de culpabilidade junto a sociedade.
Apesar de estar exercendo função isolada, onde seu
maior contato é o público civil, o instrutor jamais poderá
deixar de usar as ferramentas de que dispõe para se manter
a ordem e a disciplina, tendo o cuidado de agir de forma
gradual e cobrar de acordo com o conhecimento adquirida
pelo subordinado.
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A lógica nos mostra que nenhuma turma será tão
transgressora ao ponto de que toda ela, sem exceção,
mereça ser punida, da mesma forma que não existirá um
grupo tão reto em suas atitudes que nenhum de seus
integrantes necessite e mereça ser corrigido.
Então chegamos a conclusão de que não existe
mistério nem fórmula para se manter um bom nível de
disciplina, basta apenas se imbuir ao máximo, dialogar
bastante com os subordinados e esforçar-se para ser um
exemplo a ser seguido por eles, sempre agindo com
imparcialidade e seriedade, porém mostrando-se um grande
amigo em quem possam confiar, mesmo na hora de punir,
pois assim será bem provável que o subordinado consiga
agradecê-lo pelo corretivo aplicado, evidenciando desta
forma a sua certeza de que todo o trabalho realizado pelo
profissional do Exército Brasileiro visa, dentre outros
objetivos, o engrandecimento do homem em todos os
aspectos.
TRATO COM OS POLÍTICOS
A perspicácia é a essencial ferramenta com a qual o
instrutor deverá usar para lidar com os políticos de todos os
partidos, tratando-os sempre com bastante respeito e
amizade, uma vez que, apesar de estarem inseridos em
seguimentos diferentes, todos executam seu trabalho em prol
da população.
É bom deixar explícito seu desinteresse em
benefícios particulares, bem como sua maneira justa e
transparente de desenvolver seu trabalho, dessa forma,
conseguirá angariar dos bons políticos uma verdadeira
credibilidade, sem jamais se expor negativamente.
É comum os políticos procurarem o instrutor para
solicitar-lhe apoio em determinadas atividades que ele julga
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ser procedente, porém, em algumas das vezes, apesar de
suas ideias possuírem grande relevância, não poderão ser
atendidas por não estarem inseridas nas atribuições dos
militares nem amparadas pelo que prescreve o convênio
firmado pelas instituições. Muitos deles desconhecem a
existência desse documento acordado entre o Exército e a
prefeitura e não sabem que toda participação dos integrantes
do Tiro-de-guerra deve possuir o amparo legal, além de
algumas, dependendo do grau de participação no evento,
ainda terem que passar pela aprovação do Comando da
Região.
O instrutor deverá ter cuidado com possíveis
investidas solicitando apoio que somente servirão para
promover a imagem do político, por isso há necessidade de
que o político perceba que o instrutor é um profissional
formado, preparado, maduro e suficientemente inteligente
para identificar quaisquer intenções que fujam às normas
regulamentares e, que uma vez incrementadas poderá
causar impactos negativos à imagem da Força.
Cabe salientar que a presença dos políticos será
importante e muito bem vinda em todos os eventos
promovidos pelo Tiro-de-guerra, pois eles são a voz do povo
e podem ser também a voz do TG junto à população,
divulgando e enaltecendo, sempre que possível, os trabalhos
realizados pelos jovens atiradores, mantendo assim, um
relacionamento harmonioso.
TRATO COM A POPULAÇÃO
Durante as oportunidades que o instrutor tiver para
dirigir-se à população, através dos meios de comunicação
disponíveis ou no momento em que estiver fazendo uso da
palavra durante alguma atividade solene, deverá mostrar
para o público que o tiro-de-guerra é um órgão do município,
que pode e deve ser visitado por todos os cidadãos e que
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todo trabalho desenvolvido por seus integrantes são voltados
para o bem estar dos munícipes, quer seja através de
atividades em prol da segurança nacional no momento de
uma mobilização, quando o atirador será convocado para
guarnecer e proteger os pontos mais importantes da cidade,
cuja perda traria graves consequências à população, quer
seja através das várias ações realizadas em conjunto ou não
com outras entidades, porém, sempre buscando disponibilizar
o mínimo de conforto necessário para que o cidadão viva
com dignidade.
Nos Tiros-de-guerra, diferentemente das grandes
Organizações Militares, há necessidade de se estreitar os
laços com a comunidade, até porque muitas ações serão
realizadas
juntamente
com
populares
voluntários.
Logicamente, nesse caso, os olhos estarão voltados a
observar o comportamento dos militares e, sendo esse
exemplar, com certeza o Tiro-de-guerra e consequentemente
o Exército Brasileiro ganharão um grande número de
admiradores e difusores dos trabalhos desenvolvidos pela
Força Terrestre.
SELEÇÃO DE ATIVIDADES
O Tiro-de-guerra, especialmente no momento em que
se destaca pelos seus feitos junto à população, começa
também a receber um grande número de solicitações para
participar de eventos, pois o povo quer ter os militares por
perto para enaltecer suas atividades. Logo, esses eventos
deverão ser muito bem selecionados e analisados caso a
caso, para verificar se a participação do TG não fere os
princípios e conduta estabelecidos pelos regulamentos, pois
muitos desses pedidos poderão colocar em xeque a função
dos integrantes do TG junto à cidade.
O Tiro-de-guerra somente poderá participar daqueles
eventos que estejam autorizados e que não exista nenhuma
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probabilidade de ocorrer algo que venha denegrir sua
imagem e credibilidade.
O bom senso e a astúcia do chefe da Instrução
também servirão para afastar do Tiro-de-guerra os possíveis
aproveitadores que por ventura aparecerem com pedidos mal
intencionados.
CONFRATERNIZAÇÃO FINAL
É muito agradável e recomendável promover um
evento para marcar a despedida da turma, realizando uma
confraternização entre os atiradores e, de preferência com a
presença de seus familiares, porém, há de se tomar alguns
cuidados visando evitar constrangimentos futuros.
Algumas
turmas
optam
por
realizar
a
confraternização numa data anterior ao desligamento, dessa
maneira, dependendo do estado disciplinar da tropa, corre-se
o risco de acontecer alterações graves no seu decorrer e
estas gerarem uma série de conseqüências no final do ano
de instrução, uma vez que, ainda estarão na condição de
militares e sujeitos a responderem por seus atos como tal.
Outras preferem realizar o evento após a data de
desligamento, o que seria mais viável, uma vez que, no caso
de alguma ocorrência fora do quartel, os jovens já terem
perdido o vínculo profissional para com a força, o que não
demandaria providências acentuadas por parte do Exército
através de seus instrutores.
É sempre bom realizar esse tipo de atividade com a
presença dos pais que, com certeza acabam inibindo o
comportamento mais afoito de seus filhos e impedindo que
cometam atos que ultrapassem o limite da boa conduta, mas
se por acaso, mesmo assim vier acontecer algo, os próprios
pais costumam tomar a iniciativa de repreendê-los e corrigilos a tempo.
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Nesse período, os instrutores devem estar bastante
atentos para não permitirem que os atiradores utilizem o
nome do Tiro-de-guerra ou de seus instrutores para firmar
crédito com estabelecimentos comerciais, evitando assim
qualquer hipótese de manchar o nome da instituição.
PROBLEMAS COM DROGAS
O instrutor, que usualmente reservar um tempo para
conversar com seus subordinados, conseguirá conhecê-los
melhor, o que será fundamental para que ele consiga
detectar aqueles jovens que estejam apresentando um
comportamento diferente do normal, seja dentro ou fora das
instalações do Tiro-de-guerra.
Uma vez identificado o militar e comprovado tratar-se
a situação de um usuário de drogas ilícitas, o que poderá
ocorrer através de relato do próprio atirador, informação de
seus pais e familiares ou outras fontes, alguma atitude deverá
ser tomada com urgência.
Essa é realmente uma situação que requer bastante
sensibilidade e atenção por parte do Chefe da instrução, pois
sabe-se que o problema existe, no entanto não se pode
demover esse militar do convívio dos demais sem que haja
um desfecho baseado no amparo legal, ou seja, além da
parte disciplinar, deverá ficar muito bem evidenciada a
preocupação do Exército em querer auxiliar aquele militar em
sua reabilitação, para que ele possa voltar a ter uma vida
social normal em sua cidade.
Nesse caso, além das sansões disciplinares caso
sejam necessárias, o mais viável seria após o consentimento
do próprio atirador, uma conversa esclarecedora com seus
pais sobre a situação e sugerir que o militar seja, de maneira
menos alarmante e constrangedora possível, afastado do
Tiro-de-guerra através de uma concessão de trancamento de
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matrícula, para que o mesmo possa ser encaminhado à um
tratamento adequado.
Apesar de o militar ficar legalmente comprometido
com a Força a se apresentar para a prestação do serviço
militar no ano seguinte, tendo prioridade para a rematrícula,
ainda existe a possibilidade de, se conveniente for, incluí-lo
no excesso de contingente, visando uma maior
disponibilidade de tempo para a conclusão de seu tratamento
e um retorno mais breve junto à sociedade.
PARTICIPAÇÃO DOS INSTRUTORES EM EVENTOS
É comum os instrutores serem convidados para
participarem dos mais variados tipos de eventos na cidade,
porém, há de se valer do bom senso para saber distinguir em
quais deles a sua presença será recomendada ou não, pois
em alguns deles o convite será uma mera formalidade ética,
por ser o instrutor uma autoridade militar e fazer parte da
liderança do município.
Há necessidade de se antecipar e saber, além das
informações básicas, qual a finalidade dos eventos e quais
autoridades estarão presentes, uma vez que dependendo da
atividade a ser desenvolvida, a participação de militares
poderá não ser vista com bons olhos pelo público por denotar
algum tipo de envolvimento de caráter político-partidário.
Outra providencia importante é estar pronto
responder a todos os convites, mesmo aqueles em que não
puder estar presente, agradecendo a lembrança,
parabenizando e concitando votos de sucesso na realização
do mesmo, deixando transparente que a impossibilidade de
sua presença fora realmente um fato não desejado.
Em eventos de maior vulto em que a presença do
Chefe da instrução for imprescindível e ele não puder
comparecer, é recomendável indicar um instrutor para
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representá-lo ou até mesmo outra pessoa vinculada ao TG,
no caso de Tiro-de-guerra que não dispunha de outro
profissional militar.
Atiradores trabalhando em ação comunitária.
HORÁRIO DO CORPO
É necessário o fiel cumprimento dos horários
estabelecidos pela Seção de Tiros-de-guerra, principalmente
no que tange à liberação dos atiradores por ocasião do
término da instrução, tendo em vista o comprometimento dos
instrutores com os empregadores, firmado através do ofício
remetido às empresas no início do ano de instrução, no qual
versa o horário do corpo que será seguido durante todo o
ano por seus funcionários que se encontram prestando o
serviço militar inicial, salvo as situações esporádicas também
mencionadas no mesmo documento.
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ESCALA DE SERVIÇOS
Como em todo quartel, o Tiro-de-guerra deverá
prover sua segurança com o efetivo nele existente, nesse
caso, os atiradores, organizando a escala de serviços de
acordo com a quantidade necessária de postos, número de
atiradores disponíveis para o serviço e as particularidades do
TG, respeitando-se o que prescreve o Regulamento Interno
dos Serviços Gerais.
Com relação à utilização do armamento pelo pessoal
de serviço, é recomendável seguir à risca as determinações
do Comando da Região Militar que abrange o TG, pois as
ordens podem variar de região para região, evitando-se
assim quaisquer alterações indesejadas.
Com relação à fiscalização do serviço, apesar do TG
não contar com um efetivo ideal para escala, como acontece
nos quartéis, os instrutores deverão organizar entre eles uma
escala de fiscalização e ronda durante vinte e quatro horas,
evitando-se sempre a rotina de horários e previsibilidade,
procurando adentrar as instalações pelo menos uma vez
durante a madrugada.
A presença constante dos instrutores no Tiro-deguerra é fator fundamental para se manter elevado o padrão
de disciplina da guarnição de serviço.
OFÍCIO AOS EMPREGADORES
É de relevante importância, por ocasião do início do
ano de instrução, o Chefe comunicar aos empregadores dos
atiradores, através de Ofício, qual será a rotina de seus
empregados durante a prestação do serviço militar,
explicitando os horários de entrada, horários de saída,
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escalas de serviço e situações esporádicas que geralmente
ocorrem durante o ano.
Sempre que surgir oportunidade, enfatizar para os
empresários que as horas que por ventura seus empregados
militares deixarem de produzir em suas empresas, em
detrimento do serviço militar, serão retornadas em qualidade
de funcionários que, com certeza estarão mais cônscios e
mais comprometidos para com seus deveres também de
cidadãos civis, buscando cada vez mais o engrandecimento
de todo e qualquer seguimento que ele fizer parte.
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Ofício enviado aos empregadores.
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REALIZAÇÃO DO BIVAQUE
É de suma importância a realização de uma atividade
ao final do ano, onde os atiradores possam colocar em
prática pelo menos parte das instruções teóricas recebidas
em sala de aula no decorrer do ano, apesar das dificuldades
encontradas pelos instrutores na montagem das pistas,
principalmente com relação ao apoio de pessoal e material
adequado disponível.
Por ocasião do bivaque o instrutor deverá aproveitar
bem a oportunidade e planejar no mínimo as seguintes
atividades: Marcha a pé de 16 km, hasteamento e arriamento
do pavilhão nacional no campo, construção de tocas e
abrigos, camuflagem, pista de cordas, progressão diurna,
maneabilidade, primeiros socorros, acuidade visual e
auditiva, progressão noturna, sobrevivência, orientação
diurna e noturna e, se possível, a realização do tiro noturno
com munição traçante.
Os instruendos terão muito mais facilidade em
absorver as instruções práticas, porém não é fácil montar o
dispositivo que atenda corretamente a todos os requisitos
com o efetivo mínimo de preparadores, que por muitas vezes
são apenas dois instrutores que se desdobram para que a
atividade aconteça.
Além da parte operacional, existe a parte logística
que engloba todo material necessário para a preparação das
instruções e as providências obrigatórias como a existência
de ambulância e segurança da área de estacionamento, não
se esquecendo do preenchimento da ficha de gerenciamento
de risco, utilizada para se verificar o grau de risco de cada
instrução e a viabilidade ou não de sua execução, tudo
voltado para a segurança da instrução em cada atividade
desenvolvida.
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Ao final, com certeza terá valido a pena a realização
do bivaque, quando os instrutores perceberem a eficácia que
os exercícios práticos atingiram e a eficiente transformação
promovida nos atiradores. É o tipo de atividade que o atirador
jamais esquecerá, tendo em vista o número de atributos da
área afetiva que serão desenvolvidos e evidenciados nos
mesmos por ocasião da transposição de cada dificuldade
que os exercícios no terreno impõem naturalmente.
Atirador realizando exercício no terreno.
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
Chegada e saída do local do Bivaque.
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REALIZAÇÃO DO TIRO REAL
Outra grande dificuldade pela qual os instrutores
passam é por ocasião da realização do tiro real, tendo em
vista a necessidade de maior atenção com relação à
segurança do pessoal envolvido e, nem sempre poderem
contar com um aparato adequado e de acordo com o que é
previsto no regulamento.
Na maioria das vezes, os instrutores têm que se
desdobrar para fazer com que essa atividade seja realizada,
sempre antecipando-se na parte burocrática, prevendo e
solicitando junto à prefeitura ambulância, médicos,
segurança etc. e, dependendo do local onde se situa o
estande de tiro ou barranco utilizado para esse fim, como
acontece em alguns tiros-de-guerra, os instrutores deverão
informar aos moradores das áreas mais próximas e
consideradas de risco, a realização do tiro, no intuito de
evitar possíveis acidentes.
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INSPEÇÕES
Pelo menos uma vez ao ano os Tiros-de-guerra
passam por uma visita de inspeção, onde os instrutores têm
a oportunidade de demonstrar o grau de aprendizagem
alcançado pelos atiradores e o nível em que se encontram as
instalações de seu TG.
Nessa oportunidade, são designadas pelo comando
da região militar, equipes compostas por até três integrantes,
as quais passarão pelo menos uma parte do dia voltadas
também à verificação do nível de desenvoltura alcançado
pelos instrutores em todos os aspectos possíveis, desde a
instrução propriamente dita até o relacionamento junto à
população e aos líderes do município, inclusive o Prefeito
Municipal.
Mesmo com a gama de conhecimentos já adquiridos
pelos atiradores no dia-a-dia durante as instruções, é
necessário disponibilizar algum tempo extra para o
treinamento de todas as apresentações previstas por ocasião
da inspeção, isso visando a obtenção da nota máxima, que
normalmente deverá ser esperada e buscada por todos. O
que dá uma maior satisfação para os envolvidos, quando
ratificam ter valido a pena o esforço despendido para bem
cumprir suas missões.
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Jornal Candeia – 24 nov 01
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Capítulo 12 - Contos verídicos
Aconteceu na APAE
Dentre tantas outras situações que ocorreram em
visitas a entidades assistenciais, duas chamaram mais à
minha atenção e a dos atiradores presentes. A primeira foi na
APAE de Mogi Guaçu-SP, por ocasião de uma visita aos
assistidos por aquela entidade, nos deparamos com uma
linda menininha de oito anos que, aparentemente não
demonstrava nenhum tipo de excepcionalidade, então foi
perguntado à diretora do local qual seria o caso que a faria
frequentar aquele local. A diretora, em resposta à nossa
pergunta, aproveitou para chamar a garotinha e lhe pediu
que cantasse uma música em nossa homenagem. A
menininha, com muita disposição e alegria, atendeu
gentilmente e começou a cantar com perfeição uma canção
infantil, até que em determinado momento ela cessou o canto
e ficou completamente imóvel. Foi um tanto perturbador,
comovente e ao mesmo tempo triste assistir aquela criança
ser interrompida em suas funções, permanecendo estatelada
e com o semblante sem demonstrar nenhuma reação ou
sensibilidade. Nesse momento, a diretora nos explicou que
ela sofria de um distúrbio raro que interrompia sua linha de
raciocínio, era como se fosse um apagão da memória.
Naquele momento percebi que alguns atiradores
encontravam-se com lágrimas nos olhos.
Outra situação aconteceu na APAE do município de
Franca-SP quando presenciamos a aflição de um menino de
aproximadamente dez anos que era portador de deficiência
auditiva e visual. Ele se valia apenas do olfato para manterse próximo de sua assistente e assim se sentir seguro, pois a
ela ele depositava toda confiança. Podíamos notar seu
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desespero, no momento em que ela se afastava dele, pois
ele ficava a todo o tempo a cheirar o vento, tentando
identificar e perceber pelo odor onde estaria sua protetora.
Situações
como
essas
servem
muito
de
ensinamentos para nossos jovens que por muitas vezes
ficam a se lamentar por qualquer motivo tosco, quando na
verdade deveriam, a todo o momento, estar agradecendo a
Deus por sua situação, seja ela qual for.
A emoção dos Ex-combatentes
Com relação aos Ex-combatentes, pela proximidade
que o Tiro-de-guerra sempre teve com esses bravos heróis,
várias situações ocorreram, explanarei a seguir, apenas
duas, as quais acredito ter valido muito a oportunidade de
vivenciá-las:
Ex-combatente da FEB Paulo de Souza
Por ocasião da criação da Galeria dos ExCombatentes da Força Expedicionária Brasileira, do Tiro-deguerra 02-086 Mogi-Guaçu, conheci, através de uma visita,
o Sr Paulo de Souza, um ex-Pracinha que combateu no
Teatro de Operações da Itália durante a segunda guerra
mundial e encontrava-se residindo numa cidadezinha
chamada Estiva Gerbi, próxima ao município de Mogi GuaçuSP.
Apesar do seu retorno vitorioso, a guerra lhe deixara
algumas sequelas, Seu Paulo estava paraplégico,
locomovendo-se através de uma cadeira de rodas e com o
auxílio de uma senhora que cuidava dele diuturnamente. Ele
também tinha dificuldades para falar. Na verdade Seu Paulo
estava bastante debilitado, vivia escondido e esquecido pela
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sociedade. Ao ser visitado por um militar interessado em
expor novamente não somente sua figura, mas seu
verdadeiro valor de herói, ele demonstrou bastante felicidade
e emoção.
Agendei uma data e conduzi comigo um profissional
para registrar a fotografia que seria colocada na galeria. Sr
Paulo fez questão de arrumar-se da melhor maneira
possível, inclusive fixando todas suas medalhas no terno
branco que encontrava-se caprichosamente engomado. Foi
marcada uma solenidade alusiva ao Dia da Vitória, na qual
seria também descerrada a galeria dos ex-combatentes.
Nosso herói quase desistiu de comparecer ao evento, pela
dificuldade que teria para locomover-se até o local e pelo
receio que possuía por não saber qual seria a reação do
público e dos outros companheiros de guerra ao vê-lo
novamente. Porém, resolvi surpreendê-lo e fui buscá-lo
pessoalmente. Eu o arrumei com grande traquejo e depois
de apanhá-lo no colo coloquei-o no automóvel e o conduzi
até o Tiro-de-guerra, local da solenidade. Todo evento foi
preparado e dirigido especialmente para enaltecer a figura de
nossos heróis sobreviventes da segunda guerra mundial que,
na oportunidade, junto ao Sr Paulo encontravam-se mais
quatro ex-pracinhas que participaram ativamente do evento,
com a mesma alegria e emoção.
Foi um prazer inestimável ver a felicidade estampada
no semblante de cada um deles, pareciam estar vivendo os
melhores momentos de suas vidas, apesar das lembranças
que com certeza se afloravam e somente suas memórias
testemunhavam naquele instante.
Acredito ter sido uma feliz iniciativa, pois a partir
daquele evento o relacionamento foi se estreitando cada vez
mais e em quase todas as solenidades os ex-pracinhas, até
então desconhecidos, eram carinhosamente recebidos pelo
povo local, principalmente depois que a mídia abraçou a
idéia de divulgar suas existências e as ações nas quais eles
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foram protagonistas, arriscando suas vidas em prol de todos
nós, cidadãos brasileiros.
Um dos eventos mais empolgantes e emocionantes
tanto para quem assistia quanto para os ex-pracinhas era o
desfile de sete de setembro, Dia da Independência do Brasil,
pois nessa oportunidade, conseguimos através de um
empresário da cidade, um veículo aberto, da cor verde oliva,
idêntico àqueles antigos utilizados durante a segunda guerra
mundial, sobre o qual, os ex-combatentes da cidade,
passavam na boleia, abrindo o desfile cívico militar com sua
veterana continência, arrancando aplausos do público, ao
mesmo tempo em que seus olhos cansados deixavam
derramar lágrimas de emoção e felicidade e, talvez por
lembrarem dos longínquos acontecimentos que os levaram
até àquele momento.
Eu sempre visitava Sr Paulo e numa dessas visitas
ele me surpreendeu, me entregando como presente de
gratidão uma granada de mão e uma baioneta do fuzil
Mauzer alemão, ambos trazidos do teatro de operações da
Itália. Eu aceitei e lhe prometi que daria toda importância
simbólica que aquele material requeria. Levei comigo e
providenciei uma caixa de madeira muito bem envernizada
com tampa de vidro, na qual foi colocado o material
devidamente identificado e uma fotografia do Sr Paulo ao
centro, tendo nas laterais o símbolo do Exército e o símbolo
da Força Expedicionária Brasileira, além de registrada a data
da doação. Depois disso conduzi o material até a casa do Sr
Paulo e mostrei para ele como ficou e o valor que aquele
presente representava para mim.
Em um curto espaço de tempo nos conhecemos e
tornamo-nos amigos, infelizmente, dois anos mais tarde Sr
Paulo de Souza veio a óbito, restando apenas as lembranças
de sua carismática figura de herói e os objetos que me
doara. Apesar de minha vontade em ficar para sempre com o
material doado, reconheci que como também não sou eterno,
o melhor local para se confiar a guarda daquela relíquia seria
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um conceituado Museu. Repassei então, em forma de
doação, todo o material ao Museu da Força Expedicionária
Brasileira da cidade de Brasília-DF.
Sr Paulo partiu, mas deixou boas lembranças,
principalmente das vezes que contava, mesmo com grande
dificuldade para se expressar, os grandes episódios que
vivera durante o período gelado em que esteve no campo de
batalha.
Ex-combatente da FEB Júlio conceição
Conhecer Seu Júlio Conceição também foi fruto de
um levantamento feito para verificar a existência de excombatentes na cidade de Franca-SP. Sr Júlio era um
senhor bastante alegre e brincalhão. Quase ninguém
percebia que ele fora um combatente da Força
Expedicionária, tendo em vista tamanha disposição, saúde e
forma física que apresentava, apesar de seus oitenta e
quatro anos de idade.
Sua fotografia, junto a de outros ex-combatentes,
também foi descerrada na Galeria que foi inaugurada no
Tiro-de-guerra 02-013 Franca-SP e, iniciou-se assim, um
excelente relacionamento entre os instrutores e Sr Júlio. Ele
estava sempre participando dos eventos do Tiro-de-guerra
com muito orgulho e quando tinha oportunidade, aproveitava
para contar as aventuras que vivera durante a segunda
guerra mundial, em terras bem distantes. Por várias vezes
nos convidou para participar de eventos promovidos pela
Associação dos ex-combatentes da cidade de Ribeirão Preto,
pois lá era seu reduto. Por várias vezes estivemos presentes
e sempre levando conosco um grupo de atiradores, para
poderem participar das atividades e difundirem para as
pessoas que ainda não possuem a devida noção da
importância que esses homens têm para nossa Pátria.
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
Numa certa ocasião, Sr Júlio compareceu ao Tiro-deguerra levando consigo um envelope contendo várias
fotografias dele, as quais retratavam o período em que fez
parte da Força Expedicionária Brasileira. Eram fotos que
ilustravam diversas situações, inclusive o momento em que
ele embarcava no navio denominado “Aspirante Nascimento”
e algumas junto a sua Companhia no teatro de operações na
Itália. Ele deixou aquelas fotografias comigo por alguns
meses e acabou se esquecendo delas, porém eu tinha em
mente organizar uma homenagem surpresa para Sr Júlio e,
aquele material seria muito útil para complementar a
atividade que o TG pretendia realizar.
O dia 8 de maio aproximava-se e, como de costume
faríamos a solenidade alusiva ao Dia da Vitória, então entrei
em contato com o Chefe da Seção de Tiros-de-guerra e
solicitei para todos os ex-combatentes do município a
medalha Marechal Zenóbio da Costa, as quais seriam
entregues no dia da solenidade.
A solenidade teve início às 19 horas e o ginásio do
TG estava lotado de convidados, inclusive com a presença
de várias autoridades ilustres e, como não poderia faltar, Sr
Júlio estava lá antes da hora marcada.
Foi uma grande emoção para os ex-combatentes
serem agraciados com a medalha Zenóbio, mas antes da
entrega, Sr Júlio foi surpreendido com a homenagem que lhe
foi direcionada. Num local próximo ao palanque, foi montado
um telão, através do qual foi apresentado um curto vídeo
sobre a segunda guerra mundial. Enquanto Sr Júlio assistia
atentamente, foi surpreendido, quando no telão, começaram
a ser ilustradas as fotografias que ele esquecera comigo. Em
cada uma delas era narrado o significado de sua ilustração,
ao mesmo tempo em que eram tecidos comentários
elogiosos sobre a pessoa dele e seus feitos heróicos durante
a guerra.
Todos os presentes ficaram maravilhados e se
emocionaram com aquela homenagem, enquanto Sr Júlio
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não se aguentava de tanta felicidade. Foi uma oportunidade
muito bem aproveitada, pois apenas um ano depois daquele
evento Sr Júlio adoeceu e veio a óbito. Acredito que aquela
tenha sido a última homenagem que alguém conseguiu lhe
prestar enquanto vivo.
Atitude dessa natureza nos dá a sensação do dever
cumprido, ainda que represente tão pouco perante o que
esses bravos fizeram por nós brasileiros, por isso, sempre
que tive oportunidade exclamei aos meus amigos:
“Privilegiados somos nós que tivemos a grata satisfação de
conhecer verdadeiros heróis de guerra.”
O pesar de um comandante
Os instrutores e especialmente aquele que estiver
exercendo a função de Chefe deverá ver cada subordinado
como a um filho. No meu caso, por acreditar nessa afirmação
e ter vivido intensamente essa realidade é que acredito que
uma das piores situações que pode acontecer durante a
gestão de um comandante, seja qual for a sua fração ou
unidade, é a perda de um subordinado por falecimento, o
que, infelizmente, ocorreu quando era Chefe da instrução e
explanarei a seguir:
Foram matriculados cem atiradores no Tiro-de-guerra
de Franca no ano de 2005, era uma turma muito promissora
naquele ano e dentre os atiradores, um jovem muito disposto
e cheio de sonhos se destacara dos demais, porém teve
seus sonhos interrompidos durante os primeiros meses de
farda.
Atirador Pedro era um militar muito dedicado,
empolgado e feliz com a oportunidade de estar servindo ao
Exército, podíamos contar com ele a qualquer momento e
assim logo se tornou um grande amigo dos integrantes do
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Tiro-de-guerra - Uma Escola de Cidadania
TG, pois com facilidade conquistou a todos com sua simpatia
e humildade.
Espontaneamente, quase todas as noites, o Soldado
Pedro passava na sede do TG e perguntava se algum dos
colegas de serviço necessitava de apoio e, por várias vezes
eles pediam algum tipo de favor que era prontamente
atendido.
Logo depois do primeiro mês de quartel, por iniciativa
própria, o Atirador Pedro e seu amigo Atirador Soares
tiveram a ideia de construir uma obra de arte na parede do
TG, a qual depois de analisada pelos instrutores foi
autorizada sua confecção. Seria um grande símbolo do
Exército emoldurado em massa corrida, tendo todos os
detalhes da imagem e cores respeitados. Os dois ficaram
radiantes com a possibilidade de contribuir com algo que
deixaria marcado positivamente suas passagens pelo serviço
militar.
Certa tarde, Pedro apareceu no Tiro-de-guerra muito
contente, pois estava conduzindo sua mais nova aquisição,
era uma potente motocicleta que seu pai lhe presenteara.
Seus olhos brilhavam de alegria e, para comemorar aquele
acontecimento e a felicidade do filho, seus pais convidaram
os instrutores com suas famílias para uma confraternização
em sua casa, onde também estariam presentes alguns de
seus melhores amigos. No dia marcado, comparecemos à
casa de Pedro e tudo transcorreu num clima harmonioso e
feliz. Pedro esbanjava alegria durante o bate papo e de
tempo em tempo se colocava a mostrar os detalhes de sua
motocicleta que encontrava-se estacionada na varanda da
casa.
O Dia do Exército se aproximava e, segundo sua
família, naquela semana que antecedia a solenidade alusiva
à data de 19 de abril, Pedro passava o tempo todo treinando
a canção do Exército, ele cantava tanto que chegava a
contagiar a todos em sua casa com sua disposição e euforia.
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Numa noite, por volta das vinte horas recebi um
telefonema, era o soldado Barbosa, um vizinho e muito
amigo de Pedro. Barbosa narrou-me que Pedro, como de
costume, passara pelo Tiro-de-guerra com sua moto e
perguntou se a guarnição de serviço necessitava de alguma
coisa, como ninguém precisou, ele partiu, se deslocando
rumo ao centro da cidade, quando repentinamente um
veículo cruzou à sua frente e, ele acabou colidindo
fortemente e apesar de estar utilizando corretamente os
acessórios de proteção, com o impacto seu capacete foi
brutalmente arrancado, permitindo que ele batesse com a
cabeça no solo, o que o levou imediatamente a óbito.
Eu não queria acreditar no que ouvia, mas acabei
percebendo a veracidade da informação quando notei que o
soldado Barbosa encontrava-se em pranto do outro lado da
linha.
De posse das informações necessárias, desloqueime para o hospital indicado e constatei a cruel realidade, o
Atirador Pedro havia falecido.
Não era apenas um excelente soldado que partia,
mas um dos melhores amigos que o Tiro-de-guerra já teve,
perante o pouco tempo de caserna e a grandiosidade de sua
disposição e contribuição para com a Força, sempre com
dedicação plena.
Seu pai solicitou que o velório acontecesse no
ginásio de esportes do TG e que o filho pudesse ser vestido
com a farda verde oliva, o que foi prontamente atendido.
Naquele dia, pude vivenciar o quão doloroso é para
um comandante perder um subordinado, seja da maneira
que for, pois para mim, era inimaginável ver o corpo de um
soldado sendo velado no centro do ginásio, que horas antes
teria sido usado como palco de treinamento de ordem unida
por aquele mesmo soldado.
Seu corpo foi velado e cortejado com todas as
premissas amparadas pelo regulamento.
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A obra de arte a qual Pedro iniciara foi concluída pelo
Atirador Soares e ao lado dela, por ocasião da solenidade do
dia do Soldado, foi descerrada uma placa em homenagem a
sua memória com os seguintes dizeres: “Amigo, você foi tudo
aquilo que a sociedade espera de um verdadeiro cidadão.
Exemplo de honestidade, lealdade, espírito de corpo e
amizade. Jamais te esqueceremos. Homenagem da Turma
de 2004 ao Atirador PEDRO”.
CONCLUSÃO
O ofício do comando
O ofício de comandar homens pode ser o privilégio
de muitos, porém, vitoriosos serão somente aqueles que
possuírem a capacidade de enxergar que além de seu
potencial, se faz necessário estar em harmonia com Deus
que é a razão de nossa existência, pois somente assim
teremos a certeza de que todos os nossos passos serão
guiados por Ele e consequentemente, todos os nossos
objetivos serão atingidos com júbilo.
Para ratificar essa afirmação, explanarei a seguir, um
acontecimento o qual tive o privilégio de vivenciar durante a
função de instrutor:
Deus existe
“Certa vez aconteceu um episódio que deixou muito
evidente para mim que devemos sempre acreditar na
existência de um ser onipotente que nos rege a todo
instante.
Em uma daquelas noites em que a gente perde o
sono e nem sabe o porquê, enquanto eu tentava preencher o
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tempo ocioso da insônia imaginando algo, me peguei a
questionar, de maneira despretensiosa, a existência de Deus
e apenas uma pergunta pairava em meus pensamentos:
“será que Deus existe?”. Fiquei a rolar na cama por um longo
tempo tentando encontrar uma explicação para que as
pessoas continuassem acreditando na existência de Deus e
cheguei a quase me convencer que acreditar em Deus e na
continuidade da vida após a morte poderia ser apenas um
álibi para amenizar a dor da despedida e fazer com que as
pessoas se conformassem com a separação de seus entes
queridos. Esses pensamentos martelavam em minha mente
a todo instante e depois de muito tempo, acabei
adormecendo, mas permanecia no subconsciente aquela
indesejada pergunta ainda sem resposta: Deus existe?
O dia começou a clarear, era uma manhã chuvosa
de domingo e, apesar de ser ainda muito cedo para alguém
acordar sem compromisso agendado, me levantei, e como
se uma força superior me movesse para uma obrigação, me
aprontei e parti para o Tiro-de-guerra.
No dia anterior, havíamos realizado uma campanha
de arrecadação de óleo comestível, porém, algumas pessoas
acabam doando também alimentos não perecíveis e isso
rendeu um bom material que ainda levaria algum tempo para
ser entregue às entidades assistenciais cadastradas. De
repente, encontrei uma solução para o destino daquele
alimento, chamei dois atiradores que estavam saindo de
serviço e lhes disse:
_ Vamos juntar todo o material não perecível que
doaram, acondicionar em caixas de papelão formando uma
grande cesta básica e sair para entregar, pois em algum
lugar alguém pode estar necessitando desse alimento.
Os soldados, mesmo sem entender minha atitude,
não questionaram, começaram logo a preparar a cesta
básica que, depois de pronta, colocamos no carro de um dos
atiradores e partimos sem ter um destino definido. Saímos
pela cidade e fui guiando o motorista, indicando o bairro e as
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ruas pelas quais deveríamos passar. Quando percebemos já
estávamos num vilarejo de pessoas humildes, bem distante
do Tiro-de-guerra. Em determinados momentos, os soldados
pareciam querer determinar um local para entregar o material
e perguntavam:
_ Vamos entregar aqui nesta casa?
Mas como nem eu sabia o destino, continuava a
guiar dizendo:
_ não, siga em frente até encontrarmos outro lugar.
Assim fomos conduzindo o veículo pelas ruas ainda
desertas, até que passamos por uma casinha que chamou
minha atenção e determinei ao motorista:
_ Pare o carro! Coloque a ré, volte um pouco e
estacione em frente àquela casinha. Depois retirem o
material e entreguem lá.
Os soldados ainda sem entender, pois não tínhamos
percebido nenhum movimento de pessoas naquela
residência, fizeram o que pedi. A casa parecia estar vazia
pelo silêncio que imperava no local.
Eles desceram, pegaram as caixas com alimentos e
dirigiram-se para o portão da casa enquanto eu permaneci
aguardando no carro. Bateram palmas e de onde eu estava
percebi quando da casa saiu uma mulher carregando uma
criança no colo e a primeira frase que ela falou foi a seguinte:
_ Não é preciso me dizerem quem mandou vocês
aqui porque eu sei, foi Deus.
Naquele momento, senti em meu peito uma estranha
queimação ao mesmo tempo em que incontrolavelmente
lágrimas brotavam de meus olhos. Os soldados adentraram
sua residência com o material e minutos depois, saíram com
olhares diferentes, bastante maravilhados com o que
presenciaram e ainda não acreditavam no que estava
acontecendo. Um deles, com a voz trêmula, me falou:
_ Sargento, aquela mulher nos mostrou uma bíblia
que estava aberta sobre a mesa e disse que durante toda
noite pediu a Deus que providenciasse algo para se
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alimentarem, pois na casa não havia mais nada para ela e
sua filhinha saciarem a fome.
Naquele momento, tive a certeza de que estava
recebendo a resposta para a pergunta que atormentou meus
pensamentos durante a noite anterior, então com toda
certeza do mundo, falei para os soldados que me
acompanharam:
_ Foi Deus quem nos guiou até aqui! Deus existe.
Daquele dia em diante, por mais que algo me aflija,
jamais permiti que pensamentos duvidosos viessem atribular
minha mente, pois para mim ficou verdadeiramente
comprovado, da maneira mais explícita possível que DEUS
EXISTE”.
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