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ISSN 1518-1324
Bioética y Ética y Feminismo y Gênero y Direitos Humanos y Justiça y Desenvolvimento Social
Mulheres e Ciência
Silvia Yannoulas1
Apresentaçãooordenada regionalmente
Abstract
Resumo
This study aims at analyzing
women’s
problematic
relationship
with
scientific knowledge, academic institutions,
and the legitimation of knowledge as scientific
understanding.
As
such,
the
inclusion/exclusion
of
women
in
the
universities it tackled; their differentiated
trajectories as students, researchers, and
teacher is explained; the feminization of
scientific knowledge or the incorporation of
women’s problems and perspectives in the
elaboration and consolidation of scientific
knowledge is presented; the notion of vocation
in the choice of profession and university-level
studies is put forth; and the power disputes
between men and women in the academies is
discussed, especially in consideration of the
role
of
meritocracy
in
the
academic
environment.
O presente estudo objetiva analisar
a relação conflituosa das mulheres com os
saberes científicos, as instituições acadêmicas
e
a
legitimação
dos
saberes
como
conhecimento científico. Para tanto, aborda a
história da exclusão/inclusão das mulheres das
universidades;
relata
as
trajetórias
diferenciadas
delas
como
estudantes,
pesquisadoras e professoras; apresenta a
feminização do conhecimento científico ou a
incorporação dos problemas e perspectivas
das mulheres na elaboração e consolidação
dos conhecimentos científicos; problematiza a
noção de vocação na escolha da profissão e
dos estudos superiores; discorre sobre as
disputas de poder entre hombres e mulheres
nas academias – especialmente considerando
o papel da meritocracia no âmbito acadêmico.
Key words: androcentrism, gender studies,
feminization, meritocracy, university
Palavras-chave: androcentrismo, estudos de
gênero,
feminização,
meritocracia,
universidade
Resumen
El
presente
estudio
pretende
analizar la relación conflictiva de las mujeres
con
los
saberes
científicos,
con
las
instituciones académicas y con la legitimación
de los saberes como conocimiento científico.
Para tanto, aborda la historia de la
exclusión/inclusiõn de las mujeres en las
universidades;
relata
las
trayectorias
diferenciadas
de
las
mujeres
como
estudiantes, investigadoras y profesoras;
presenta la feminización del conocimiento
científico o la incorporación de los problemas y
perspectivas de las mujeres en la elaboración
y
consolidación
de
los
conocimientos
científicos; problematiza la noción de vocación
en la elección de la profesión y de los estudios
superiores; y trata de las disputas de poder
entre hombres y mujeres en las academias
científicas - especialmente considerando el
papel de la meritocracia en el ámbito
académico.
Palavras clave: androcentrismo, estudios de
género, feminización,meritocracia, universidad
SérieAnis 47, Brasília, LetrasLivres, 1-10, março, 2007
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SérieAnis
ISSN 1518-1324
Bioética y Ética y Feminismo y Gênero y Direitos Humanos y Justiça y Desenvolvimento Social
Apresentação
As reflexões a seguir encontram sua
origem em duas pesquisas realizadas pela
equipe de Gênero da Faculdade Latinoamericana
de
Ciências
Sociais
(FLACSO/Brasil): a) uma pesquisa nacional
sobre mulheres e políticas públicas de trabalho
e geração de renda2; e b) uma pesquisa
regional sobre eqüidade de gênero na ciência
e na tecnologia, realizada no âmbito do Brasil
pela
FLACSO/Brasil,
e
coordenada
regionalmente pela Cátedra Regional UNESCO
Mulher, Ciência e Tecnologia.3ESCO Mulher,
Esses resultados são hoje retomados
neste artigo, visando alargar o olhar sobre as
mulheres na ciência. Nossa intenção é refletir
sobre as barreiras intangíveis ou tetos de
cristal que as mulheres deverão aprender a
ultrapassar, “quebrar”, neutralizar, no esforço
por obter reconhecimento ao seu trabalho
científico, sem perder qualidade de vida na
tentativa.
Introdução
A presença das mulheres e das
cientistas
feministas
nas
Universidades,
contribuiu para a percepção das mulheres
como sujeito e objeto de pesquisa e,
simultaneamente, para a transformação dos
parâmetros
androcéntricos
da
ciência
moderna. A institucionalização de Núcleos de
Estudos da Mulher, Estudos Feministas,
Estudos de Gênero e Relações de Gênero nas
universidades
produziram
o
aporte
de
importantes categorias críticas de análise.
O ponto de partida e a estratégia de
análise propostas pelas feministas cientistas
afirmam que gênero é um dado crucial da
investigação científica em função de duas
perspectivas: como forma de classificação
social a ser resgatada ou procurada no “real”;
e como dado constitutivo da identidade do
sujeito que investiga e produz saberes.
Os
Estudos
de
Gênero
redimensionaram
e
desconstruiram
as
concepções epistemológicas tradicionais da
ciência moderna, enriquecendo-as ao adotar
um ponto de vista não discriminatório.
O
objetivo fundamental das cientistas feministas
tem
sido
o
de
propiciar
um
reacondicionamento do espaço científico e
estimular a produção de um conhecimento
científico não sexista. Nossa intenção neste
artigo é explorar quanto ainda resta por fazer
neste sentido.
A
exclusão
das
mulheres na
construção dos saberes legitimados tem sido
criticada a partir das diferentes posturas do
feminismo acadêmico. Ou, de outra maneira, o
caráter
androcêntrico
do
conhecimento
científico pode ser analisado em duas
vertentes: a excludente e a includente.
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A
primeira
se
estabelece
historicamente ao se negar o acesso à
produção,
circulação e
apropriação
do
conhecimento científico por parte da metade
da humanidade: as mulheres. A segunda
vertente, o androcentrismo inclusivo, se
manifesta a partir da incorporação das
mulheres nos espaços de produção, circulação
e apropriação do conhecimento científico
(principalmente
na
academia),
permanecendo, no entanto, a omissão com
respeito à condição sexuada do/a sujeito que
constrói o conhecimento e das mulheres como
objeto de estudo, ou seja, desconhecendo o
enfoque de gênero no conteúdo e na
metodologia da produção científica.
Ambas vertentes do androcentrismo
científico estão intrinsecamente articuladas,
sendo que uma fica incompreensível sem a
outra.
Nos concentraremos na análise do
androcentrismo excludente, ou seja, do acesso
à produção, circulação e apropriação do
conhecimento
científico
por
parte
das
mulheres, sem entretanto desconhecer a
existência
da
outra
variante
do
androcentrismo4.
Origens da Problemática
Uma análise preliminar da relação
histórica entre as mulheres e as instituições
universitárias
é
necessária
para
a
compreensão das origens da discriminação das
mulheres
na
educação
superior
e
conseqüentemente na ciência e na Academia.
As primeiras universidades criadas na Europa,
no transcurso do século XII, foram as de
Bolonha e Paris, que permaneceram fechadas
para as mulheres até o século XIX. A primeira
universidade européia a admitir mulheres
como estudantes foi a de Zurique, em 1865, e
a última, a da Prússia, em 1908.
O ingresso das mulheres nos
estudos
universitários
e
no
exercício
profissional se constituiu em duro combate
para as mulheres européias, combate esse
que não foi vitorioso até que se passassem
oito séculos do surgimento da universidade.
Os que se opunham à educação superior para
as jovens utilizavam todos os argumentos
tradicionais: esta educação as debilitaria como
futuras mães; seus corpos frágeis se
‘degenerariam’ com o uso demasiado do
cérebro; as mulheres haviam nascido para
viver
subordinadas
(ver
ANDERSON
y
ZINSSER, 1992).
Nas academias científicas européias
ocorreu algo parecido, já que seus integrantes
eram escolhidos pelos catedráticos. Nem a
astrônoma
Maria
Winkelman,
nem
a
matemática Sophie Germain, nem mesmo a
ganhadora por duas vezes do Prêmio Nobel de
Química, Marie Curie, foram admitidas. Curie,
depois de grandes discussões no Comitê
Secreto da Academia de Ciências, foi recusada
simplesmente pelo fato de ser mulher. Alguns
membros da Academia consideravam que a
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admissão de uma mulher era suficientemente
importante para justificar uma sessão plenária
das cinco Academias que constituíam o
Instituto da França. A sessão não chegou a
tratar o tema e Curie não foi admitida (ver
PAIRO, 1997).5
A prolongada luta das mulheres pela
educação superior e pela sua inserção nas
academias européias teve como contexto
inicial originário a denominada “Querelha das
Mulheres”, que foi o primeiro debate
documentado entre homens e mulheres sobre
a natureza e o valor das mulheres na
sociedade.
Iniciada na França, esta
"Querelha" logo se ampliou a toda Europa. No
início, não se debatia a igualdade dos homens
e das mulheres; mas as mulheres, sim,
discutiam a visão masculina da identidade
feminina, e reivindicavam o acesso ao saber
legitimado: as posições mais essencialistas
argumentavam que era necessário permitir o
acesso das mulheres ao saber legitimado para
que
melhor
cumprissem
suas
funções
específicas; enquanto as posições mais
racionalistas entendiam que as mulheres
tinham capacidades semelhantes às dos
homens e condições de acesso ao dito
conhecimento.
Participaram da Querelha homens e
mulheres das cortes, universidades, salões e
círculos científicos, durante quase 300 anos
(séculos XIV a XVII). Destacaram-se neste
debate as contribuições de sua iniciadora,
Christine de Pisan (1364-1430) - primeira
escritora profissional na França -,
e do
cartesiano Poullain de la Barre (1647-1723). A
importância deste debate para a história da
relação entre os gêneros é de tal magnitude
que algumas historiadoras datam o início do
feminismo por esta "Querelha" (ver KELLY,
1984).
A "Querelha das Mulheres" foi um
processo importante na história das relações
entre os gêneros por três motivos:
a)
b)
c)
em primeiro lugar, porque pela
primeira vez algumas mulheres
instruídas
puderam
documentar
suas opiniões sobre o significado de
ser mulher;
em segundo lugar, porque para se
referir à condição de ser mulher se
apoiaram em sua própria existência
e na consciência de si mesmas,
denunciando
o
princípio
de
autoridade vigente na ciência, o
qual não era reflexo do princípio de
autoridade masculina; e
em terceiro lugar, porque, por meio
desse debate, as duas formas
extremas de se conceber a relação
entre homens e mulheres, o
feminino e o masculino, puderam
ser explicitadas: uma de caráter
essencialista, que postula uma
diferença sexual natural e imutável;
e outra de caráter racionalista, que
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postula uma diferença de gênero
construída social e culturalmente.
Trajetórias Diferenciadas
Por intuição ou conhecimento de
causa, as pioneiras universitárias fizeram
incursões em novos âmbitos, transgredindo as
fronteiras de territórios tradicionalmente
masculinos. Começaram assim a quebrar um
mito que tinha se mantido por séculos: o que
argumentava que não cabia às mulheres ter
acesso aos espaços públicos, aos saberes
socialmente legitimados, nem às profissões
de maior prestígio ou melhor remuneração,
pelo simples fato de serem consideradas
futuras esposas e mães.
A falta de modelos de referência foi
um verdadeiro obstáculo para as primeiras
universitárias e profissionais.
Um dos
principais problemas foi a necessidade de
romper com os valores e modelos femininos
recebidos através de socialização prévia,
reforçados durante a etapa universitária
inclusive a partir do conhecimento científico androcentrado.
Estes valores e modelos enfatizavam
a
dependência,
a
passividade,
a
emocionalidade feminina, constituindo-se em
características
totalmente
opostas
às
requeridas no desempenho universitário e
profissional,
centrado
na
autonomia
intelectual,
na atividade constante, e na
racionalidade - sendo também contrários aos
imperativos de êxito no mundo público. Desta
maneira, ao entrar no mundo público pelo
caminho da inserção universitária (e também
política e profissional), as mulheres tiveram
que se fazer coexistir, tiveram que articular
em sua vida cotidiana duas lógicas e espaços
de poder contrapostos: mundo público e
mundo privado (ver FERNANDEZ, 1994).
Trata-se de dois tipos de espaços
especialmente contrastantes, com lógicas,
critérios
de
avaliação
e
prioridades
completamente dessemelhantes, que exigem
formas de pensar, sentir e atuar diferenciadas.
Questões como: conhecimento das regras do
jogo de apresentação em concurso para
preenchimento de cargos, treinamento no
exercício de funções de poder, de liderança,
aprendizagem
sobre
administração
de
dinheiro,
salários,
honorários,
etc.,
treinamento para atuação competente em
espaços regidos por valores que não os do
mundo
afetivo-emocional,
constituem
conjunto de esforços que a maioria das
mulheres faz quando decide sair de casa e ir
trabalhar fora. Tudo isto independentemente
do desempenho do trabalho em si, da
preparação exigida, da energia e do esforço
investidos na atividade laboral (ver KOHEN,
1994).
Na verdade, acreditamos que esses
valores e modelos da vida privada não foram
eliminados, mas articulados de maneira
sempre contraditória com os valores e
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modelos da vida pública, delimitando os
percursos pelos quais as mulheres poderiam
transitar e os territórios que poderiam visitar
e/ou habitar no interior do espaço público
masculino.
Preferimos utilizar o conceito de
trajetórias educativas diferenciadas e não o de
"circuitos
educativos",
conceito
tradicionalmente utilizado nas Ciências da
Educação, porque, em oposição ao que ocorre
com a segmentação educativa baseada na
condição sócio-econômica (enfoque pelo qual
seria válido falar de circuitos diferenciados
constituídos por instituições educativas com
diferenças de qualidade e de prestígio),
homens e mulheres de condições sócioeconômicas semelhantes se integram às
mesmas
instituições,
mas
de
maneira
heterogênea,
demandando
carreiras
e
especialidades diversas, espaços de produção
e exercício de poder diferenciados, entre
outros aspectos da diferenciação. Vejamos em
detalhe essas trajetórias, verificando a
incorporação das mulheres como estudantes,
pesquisadoras e docentes universitárias.
Mulheres nas Universidades – estudantes
Os estudos recentes sobre a
inserção das mulheres nas universidades
indicam
uma
tendência
constante
ao
predomínio das mulheres na matrícula e nos
egressos da graduação universitária. Não
obstante os avanços registrados no que se
refere às oportunidades educacionais das
mulheres, o ingresso feminino na universidade
não foi homogêneo. Existiam poucas áreas ou
disciplinas
científicas
com
notável
concentração de mulheres, e outras múltiplas
com concentração de homens, refletindo forte
associação com modelos culturais vigentes
(ver MONTECINO y OBACH, 1999).
As mulheres reuniriam melhores
condições que as dos homens quanto ao
acesso e à permanência na universidade –
especialmente na graduação.
Porém, as
trajetórias, os tempos e os percursos no
interior da universidade são claramente
diferenciados, o que provoca escolhas distintas
quando consideramos as áreas disciplinares,
conforme demonstrado pelos estudos de
ROSEMBERG (2001) e TABAK (2002).
O enorme salto educativo dado pelas
mulheres em matéria de educação superior
nas
últimas
décadas
não
modificou
significativamente suas escolhas disciplinares.
Observa-se a tendência de agrupamento das
alunas universitárias em disciplinas vinculadas
aos serviços, como são as profissões das áreas
de Comunicação, Educação, Humanidades e
Saúde.
As
carreiras
mais
fortemente
vinculadas à produção, como as Ciências
Agropecuárias e as Engenharias, permanecem
com o corpo discente fundamentalmente
masculino. Mulheres e homens frequentam o
mesmo espaço universitário, porém realizam
trajetórias educativas diferenciadas, com
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saídas profissionais diversificadas e percursos
ocupacionais heterogêneos.
MOSCONI (1998) indaga de que
maneira as relações de gênero se instituem na
sociedade e como influenciam o vínculo com o
saber. Saberes distintos são transmitidos a
públicos distintos em correspondência com as
divisões sociais e sexuais do trabalho. Há,
portanto, divisões do saber quanto ao gênero.
Nesse sentido, são as próprias relações de
gênero que configuram os campos do saber. A
pergunta sobre o que estudar supõe a escolha
de
um recorte
de problemáticas,
de
determinados objetos teóricos e empíricos, de
campos de saber ligados a distintas áreas
disciplinares que são valorizadas como
“femininas” ou “masculinas” e demarcadas de
maneira desigual pela sociedade.
As mulheres são maiorias naquelas
carreiras e profissões com menor prestígio no
mercado de trabalho e na própria academia.
Portanto, cabe afirmar que a discriminação
das mulheres no âmbito acadêmico e
profissional mudou de direção: a discriminação
não se efetua mais pela limitação no ingresso,
mas
pelas
relações
de
transferência
estabelecidas no meio acadêmico. E essa
discriminação
continua
fundamentada
naqueles valores e modelos femininos da vida
e do mundo privado.
A posição sexuada do/da sujeito/a
que
decide,
os
estereótipos
sexuais
socialmente atribuídos a mulheres e homens,
a feminização de determinadas carreiras, as
formas de discriminação explícitas ou sutis, a
autodiscriminação no acesso, a permanência
ou egresso da Universidade conforme o sexo,
o androcentrismo no conhecimento científico,
os códigos e lógicas das esferas pública,
privada e social, não são questões alheias às
políticas de orientação vocacional e de difusão
dos estudos superiores. Tais questões
precisam ser estudadas e mudadas.
A
educação
é
um
processo
generificado, quer dizer, uma prática social
constituída por gênero e que por sua vez
constitui gêneros.
Através da educação,
diversos tipos de identidades são produzidos
(de gênero, mas também de nacionalidade,
idade, condição sócio-econômica, raça, entre
outras). As relações e práticas educativas
estão na base da constituição dos diversos
tipos de sujeitos/as, como também produzem
as formas pelas quais as instituições sociais
são organizadas e percebidas. Nesse sentido,
é possível afirmar que a universidade, como
instituição educativa, não só constitui um
espaço
social
privilegiado
para
a
formação/contenção da juventude, mas é
também
um
espaço
generificado
e
constitutivamente atravessado pelas relações
de gênero (ver LOURO, 1997 e também
YANNOULAS, 1996).
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Mulheres nas Universidades–
pesquisadoras
Como instituição que faz parte do
sistema educativo, a universidade é um
espaço socialmente diferenciador. Tanto como
um mecanismo de inclusão/exclusão (ter um
título universitário não é o mesmo que não têlo), como também (e cada vez mais a partir
da instauração dos atuais processos de
avaliação
universitária),
por
meio
de
mecanismos
internos.
Tais
mecanismos
classificam, ordenam e hierarquizam os corpos
docente e discente, as disciplinas científicas,
as instituições de nível superior, os grupos de
pesquisadores, etc.
Ao
incorporar
grupos
sociais
historicamente excluídos pelos processos
articulados de massificação e feminilização dos
estudos superiores, a universidade manteve e
talvez aprofundou as desigualdades, através
de sua organização, localização, currículos,
regulamentos,
sistemas
de
avaliação,
categorizações, entre outros aspectos. Estas
formas de expressão das desigualdades não
afetam somente a relação entre homens e
mulheres, mas também a relação entre as
próprias pesquisadoras.
Por exemplo, ao estabelecer juízos
sobre o quê vale como conhecimento
intelectual, os líderes acadêmicos se guiam
mais
provavelmente
por
conceitos
de
qualidade baseados em normas universais de
competência.
Assim, uma socióloga cujo
trabalho é publicado em revistas científicas
dominantes terá uma maior probabilidade de
conseguir incentivos acadêmicos que aquela
socióloga
cujo
trabalho
é
publicado
principalmente em revistas feministas ou
interdisciplinares.
Com
relação
às
áreas
de
conhecimento, e de maneira congruente com
as afirmações realizadas sobre as opções
disciplinares das estudantes, os dados sobre
os e as pesquisadoras no Brasil indicariam que
áreas como ciências exatas e da terra, ciências
biológicas,
engenharias,
e
ciências
da
computação
incluem
predominantemente
homens, e ciências humanas, sociais, sociais
aplicadas, da saúde, letras e artes aparecem
com predomínio nítido de pesquisadoras (ver
CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO
CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO, 2002).
Vejamos agora o que acontece com
o período de estudos na universidade, e, mais
especificamente, com a duração dos estudos.
O predomínio masculino aparece e se acentua
na pós-graduação e nos estudos de pósdoutorado, bem como na inserção no quadro
funcional das universidades como docentes e
lideranças universitárias. Segundo os dados do
CNPq para o ano de 2000, do total de
pesquisadores com mestrado concluído, 7.921
eram mulheres (51,57%). Porém, do total de
pesquisadores
doutores,
as
mulheres
representavam somente 37,63% (11.826
pesquisadoras com doutorado).
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As estatísticas indicam que quanto
mais alto o nível de qualificação dos
pesquisadores ativos e registrados pelo CNPq,
maior o predomínio masculino. Também
outros dados confirmam as consistentes
vantagens masculinas no mundo científico,
como, por exemplo, o local de realização dos
estudos de doutorado e pós-doutorado ou as
áreas de conhecimento escolhidas, entre
outros dados.
GUIMARÃES, LOURENÇO E COSAC
(2001) explicam que no momento de maior
expansão dos estudos de pós-graduação, as
mulheres não postulavam candidaturas para
doutorado no exterior principalmente por duas
razões: a) existência de maiores dificuldades
para afastamento de longo prazo em função
das expectativas sociais hegemônicas sobre a
maternidade, e b) os preconceitos nas bancas
examinadoras com relação ao outorgamento
de bolsas e subsídios para as mulheres. Assim,
somente 25,8 % das pesquisadoras incluídas
no censo de 2000 realizado pelo CNPq tiveram
seus estudos de doutorado concluídos no
exterior.
Os entrevistados por ocasião da
pesquisa regional da Cátedra UNESCO
mencionaram freqüentemente a primeira das
duas razões, mas a segunda – sobre os
preconceitos
existentes
nas
bancas
examinadoras - foi amplamente desconhecida.
Entretanto,
mecanismos
dessa
natureza
operam ainda hoje, o que indicaria a
necessidade
de
realizar
processos
de
sensibilização sobre questões de gênero em
ampla escala.
Mulheres nas Universidades – docentes
Em relação à participação das
mulheres na docência dos diferentes níveis
educativos formais, o mesmo fenômeno se
reproduz em todos os países: a participação
feminina na docência é maior quanto menor
for o nível educativo em questão (ver ACKER,
1994).
Assim sendo, o nível superior do
sistema educativo formal é o de menor
presença feminina no corpo docente.
Existiriam
três
tipos
de
discriminação nas instituições científicas: a
discriminação manifesta referente a regras e
códigos pensados para salvaguardar e
proteger espaços de poder; a discriminação
encoberta, que se refere às idéias assumidas
informalmente sobre a constituição da
atividade acadêmica e do comportamento
válido em seu interior; e a autodiscriminação,
que é uma espécie de vigilância interna
aprendida
para
assegurar
que
nos
comportemos
dentro
dos
parâmetros
delimitados pela discriminação manifesta e
encoberta.
Essas formas de controle nas
instituições científicas se explicitam em
momentos particularmente propícios, como
são os conflitos cotidianos, as estruturas de
poder masculinizadas, e a institucionalização
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da experiência masculina como parâmetro
normalidade (aspecto especialmente visível
hora de substanciar concursos docentes ou
medir a “produtividade” para a estipulação
categorias do pesquisador/a).
de
na
de
de
A discriminação manifesta, ou seja,
a exclusão das mulheres das cátedras e das
academias, não se explicitaria hoje como
anteriormente, dado que nossas sociedades
primam o valor da igualdade (ao menos no
discurso jurídico-formal).
Sem dúvida, as
mudanças sociais são lentas e persistem
formas encobertas e parciais de discriminação
sexual.
A
discriminação
encoberta
se
apresenta no âmbito científico de diversas
maneiras.
A principal toma a forma de
postergação das candidatas à titularidade da
cátedra ou aos cargos de coordenação de
pesquisa, com base em fatores extraacadêmicos.
Os homens, segundo LEON
(1994), acumularam um excedente de
valoração que os dota de autoridade e que
pode definir o resultado final de um concurso.
Com este mecanismo, o androcentrismo
científico se articula especialmente: uma
hierarquia não explícita que sanciona os temas
do conhecimento como dignos ou indignos,
relevantes ou secundários, nobres ou não, e
da mesma forma com as metodologias de
pesquisa como apropriadas ou inapropriadas.
Por esta via elimina-se uma grande parte da
prática social como objeto de investigação.
As
tradicionais
medidas
de
excelência
favorecem
indivíduos
social,
intelectual e ideologicamente semelhantes.
Aqueles professores que em sua pesquisa e
cátedra desafiam standards normativos podem
ser vistos como pouco desejáveis por seu
trabalho escassamente ortodoxo; mesmo
quando
populares,
não
contribuiriam
substancialmente
para
os
critérios
de
qualidade acadêmica (ver BENSIMON, 1995).
O androcentrismo científico também
se manifesta nos critérios de avaliação para
acesso às categorias de pesquisador/a
principal ou professor/a titular.
Um dos
critérios não discutidos é o da “produtividade”,
baseado na quantidade de pesquisas e
publicações realizadas pelo candidato. Esta
produtividade geralmente não leva em
consideração o ciclo vital da candidata, porque
o costume é pensar em relação à carreira
profissional
ideal
dos
homens,
sem
interrupções que alterem seu padrão de
produtividade
a
partir
de
mudanças
produzidas pela reprodução biológica e cultural
da família (ver CORTÁZAR y LEÓN, 1997).
Outro âmbito de expressão da
discriminação encoberta pode ser examinado
no processo de
ocupação de cargos na
estrutura de governo das universidades.
Segundo LOPEZ (1994), o Directorio de
Rectoras, Vicerrectoras y Decanas da OEA
para o ano de 1993 indicava a existência de
35 reitoras ou presidentas de universidades
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(públicas e privadas), e 55 mulheres em
outros postos (vice-reitoras e decanas), para
toda América. No Brasil, por exemplo, havia 9
reitoras, representando 1% dos cargos; nos
Estados Unidos havia 348, quer dizer, 12%
dos cargos.
Além disto, a autora destaca que em
sua maioria, as reitoras ou presidentas
representam
freqüentemente
instituições
católicas as quais aceitam apenas alunas
mulheres, e que é preciso levar em conta que
as instituições de educação superior dirigidas
por mulheres não são as universidades mais
tradicionais, mas as de fundação mais recente.
A situação na América não varia muito do
resto do mundo.
Explicando as Diferenças
Segundo os e as entrevistadas por
ocasião da mencionada pesquisa regional
exploratória, a situação ainda desfavorável
para as mulheres na ciência é explicável pelas
seguintes razões:
a)
b)
a permanência de pautas culturais
que superestimam o papel da
mulher na família e subestimam o
papel das mulheres na ciência;
e a persistência de estereótipos
sobre as mulheres, que de maneira
explícita ou implícita condicionam as
eleições profissionais das mulheres,
ou condicionam sua mobilidade
ascendente
dentro
do
âmbito
acadêmico.
Entretanto,
os
mesmos
entrevistados não visualizam a necessidade de
produzir propostas de política científica que
interfiram nessa situação, visando eliminar o
problema, pois:
-
-
a situação atual se explicaria pelo
ingresso tardio das mulheres no
sistema universitário e científico,
portanto a mudança generacional
alterará naturalmente essa situação
– o problema da universidade atual
é conseqüência do passado;
a situação atual se explicaria pelos
condicionamentos
culturais
anteriores à eleição profissional das
mulheres
(escolha
vocacional
condicionada pela socialização), e,
portanto, a própria universidade não
teria o que fazer.
Assim,
o
problema
atual
da
universidade e da academia como instituições
sociais altamente generificadas teria raízes no
passado e seria naturalmente solucionado no
futuro, sem necessidade ou opções de
intervenção no presente. Isso explica a pouca
quantidade de propostas concretas reveladas
ou
conhecidas
pelos
entrevistados
e
entrevistadas, ao mesmo tempo que explica a
grande rejeição pelas medidas afirmativas.
6
SérieAnis
ISSN 1518-1324
Bioética y Ética y Feminismo y Gênero y Direitos Humanos y Justiça y Desenvolvimento Social
O mérito acadêmico é o mecanismo
sempre evocado como o único possível para
fomentar de maneira igualitária a mobilidade
ascendente no sistema, mesmo naqueles
casos em que o entrevistado ou a entrevistada
relata experiências de discriminação negativa
sofridas
diretamente,
presenciadas
ou
conhecidas a partir do depoimento de outras
pessoas.
Com relação à capacidade intelectual
das mulheres cientistas, os entrevistados e as
entrevistadas destacaram a existência de
algumas
qualidades
“essencialmente”
femininas,
por
exemplo:
as
mulheres
desenvolveriam uma lógica de pensamente
diferente, elas utilizariam mais a intuição,
seriam menos talentosas, porém mais
dedicadas e organizadas. As mulheres seriam
também melhores na gestão administrativa e
na condução de equipes, pois saberiam
apreciar melhor as qualidades dos membros,
possuiriam grande sensibilidade para lidar com
os problemas pessoais dos funcionários e
apresentariam
melhor
desempenho
no
laboratório pela semelhança com os trabalhos
domésticos, etc.
Resulta interessante comentar aqui
a persistência de estereótipos sobre as
mulheres e os homens na hora de analisar o
desempenho desigual da comunidade científica
quando considerada desde o enfoque de
gênero. Ainda nos casos em que as pessoas se
definem como defensoras da igualdade entre
os gêneros, são apreciadas de maneira
diferente as qualidades dos gêneros para o
desenvolvimento das tarefas propriamente
científicas.
Ainda que pouco representativas do
conjunto de entrevistados e entrevistadas, foi
notório descobrir que, após um século de
inserção das mulheres nas universidades,
continuam circulando estereótipos negativos
quanto à capacidade limitada das mulheres
para tarefas objetivas e abstratas, dificuldades
para a realização de raciocínios científicos,
falta
de
localização
espaço-temporal,
desvantagem para compreender a lógica
científica, etc.
Afirmando a Ciência em Feminino
Não existiria consciência consolidada
na comunidade acadêmico-científica sobre a
necessidade de se propor medidas específicas
que fomentem relações de gênero igualitárias
entre os e as cientistas (ao contrário, haveria
um alto grau de rejeição, principalmente às
propostas de ações afirmativas), sustentada
pelos seguintes pressupostos:
9
os preconceitos de gênero são
gerados antes da entrada dos
jovens na universidade e, portanto,
caso
alguma
medida
seja
recomendada,
deveria
estar
destinada aos primeiros momentos
do sistema escolar ou ao momento
SérieAnis 47, Brasília, LetrasLivres, 1-10, março, 2007
da eleição do tipo de curso superior;
9
os preconceitos de gênero que
“houve” na academia já estariam
ultrapassados, e suas conseqüências
(especialização das mulheres em
determinadas
disciplinas,
dificuldades para ocuparem altos
cargos na hierarquia acadêmica,
etc.) estariam começando a ser
neutralizadas como um processo
natural decorrente do ingresso
maciço das mulheres nos estudos
universitários e nos centros de
pesquisa;
9
o campo da ciência e da tecnologia
basearia
suas
premiações
e
recompensas materiais e simbólicas
no mérito, e esse mérito seria
independente
do
gênero,
mas
atrelado a uma competência e a
uma produtividade assexuadas;
9
não existe indício de consideração
dos cientistas sob a ótica de
trabalhadores
assalariados,
e
portanto é de difícil reconhecimento
a necessidade de se implementar,
minimamente, as mesmas políticas
de proteção ao trabalho feminino
que já vigoram no mercado de
trabalho
extra-científico
(por
exemplo,
licença
maternidade
remunerada para as bolsistas, ou
construção de creches nos centros
de pesquisa). Apesar de “não-dito”,
pareceria existir um mito de
superioridade pela utilização da
razão e da mente, que deixaria os
cientistas por fora do mundo
material das necessidades básicas
humanas.
A questão do mérito permea todas
as imagens produzidas ou evocadas pelos/as
entrevistados/as quando defrontados\as com
as especificidades de trabalhar na ciência.
Dificilmente cientistas se reconhecem como
trabalhadores assalariados ou comentam seus
problemas como parte dos problemas de uma
categoria – os problemas seriam vivenciados
como experiências privadas que não dizem
respeito a um conjunto de pessoas em iguais
condições de trabalho, sendo, portanto,
impertinente propor políticas alternativas com
base na experiência particular. Compatibilizar
profissão e família seria um problema dos
casais, das pessoas, da esfera privada, e não
um problema das políticas científicas, e
conseqüentemente da esfera pública.
Enquanto as questões sobre a
igualdade numérica e a qualidade da
participação das mulheres nos sistemas
políticos de governo já obtiveram relativo
consenso cultural, perguntas semelhantes
colocadas no âmbito acadêmico geralmente
produzem uma profunda irritação ou são
ridicularizadas. O resultado final é a falta de
7
SérieAnis
ISSN 1518-1324
Bioética y Ética y Feminismo y Gênero y Direitos Humanos y Justiça y Desenvolvimento Social
debate em torno da distribuição e tipo de
poder acadêmico de mulheres e homens nas
universidades, centros de pesquisa, órgãos
científicos do Estado, entre outros espaços
públicos de produção, circulação e apropriação
de saberes.
O desmonte deste tipo de resultado
resulta muito difícil por diversas causas. Aqui
faremos referência às duas mais relevantes.
Em primeiro lugar, nos dizem que já somos
muitas as alunas e docentes nas universidades
do mundo inteiro, e se é assim, o que mais
queremos reivindicar? Em segundo lugar, nos
dizem
que
o
setor
acadêmico
seria
supostamente regido por uma meritocracia
neutra quanto ao gênero, baseada nas
realizações objetivas das pessoas sem se
importar com o sexo (ver YANNOULAS, 1994).
Se a meritocracia é necessária e foi
fator
fundamental
para
legitimar
a
incorporação das mulheres na universidade,
ela é, contudo, insuficiente para garantir a
eqüidade de gênero no mundo científico.
Assim, coincidimos com TABAK (2002) quando
destaca que ainda são escassos os esforços
intencionais e sistemáticos para ampliar a
presença feminina na massa crítica de
pesquisadores que atuam em áreas decisivas
para o avanço científico e tecnológico. A
autora inclusive exemplifica mecanismos
capazes de estimular uma participação mais
significativa de mulheres em carreiras
científicas
mais
valorizadas
social
e
economicamente.6
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YANNOULAS, S. (coord.) A convidada de
pedra, FLACSO/Abaré, Brasília, 2004.
1
Silvia Yannoulas é Licenciada em Ciências
da Educação pela Universidade de Buenos
Aires, Mestre em Ciências Sociais com menção
em Educação pela Faculdade Latino-americana
de Ciências Sociais / Sede Acadêmica
Argentina (FLACSO/Argentina), e Doutora em
Estudos Comparados sobre América Latina e o
Caribe pelo Programa Conjunto FLACSO/Brasil
– Universidade de Brasília. Professora Adjunta
do Departamento de Serviço Social da
Universidade de Brasília, e Pesquisadora
Internacional da Faculdade Latino-americana
de Ciências Sociais.
Até 1995, das 25 cientistas eleitas apenas
onze mulheres se enquadravam na categoria
de titular (5,5% do total de 200 membros
titulares), apesar de que o CNPq já registrava
um número mais do que razoável de mulheres
cientistas nas mais variadas áreas de
conhecimento. Entretanto, nos últimos cinco
anos do século passado registrou-se um
avanço expressivo, pois a ABC elegeu um total
de 22 mulheres cientistas para integrarem
seus quadros (13 titulares e 9 associadas - ver
TABAK, 2002).
6
É necessário ressaltar que nossos resultados
de pesquisa bem como os de TABAK (2002)
referem-se ao Governo FHC, e que no
Governo Lula foram iniciadas algumas
tentativas para incluir esse tipo de mecanismo
afirmativo,
com
bolsas
e
premiações
especialmente orientadas a estimular o
desempenho das estudantes universitárias e
cientistas (ver Portal da Secretaria Especial de
Políticas para as Mulheres).
2
Projeto de Pesquisa desenvolvido no periodo
1998-2003, com apoio do CNPq e do MTE, sob
coordenação de Silvia Yannoulas e com a
participação de 12 colaboradores brasileiros e
argentinas. Os principais resultados foram
publicados (ver YANNOULAS, 2004, e também
Coleção PPTR na Biblioteca Virtual da
FLACSO/Brasil (www.flacso.org.br ).
3
O trabalho de campo foi realizado por Silvia
Yannoulas
e
Patrícia
Timo
Britto
(FLACSO/Sede Académica Brasil), entre junho
e dezembro de 2002. Consistiu na realização
de dez entrevistas junto à liderança em
diversas áreas da Ciência e da Tecnologia
(com ênfase no âmbito das ciências
denominadas “duras”), e na coleta e
compilação de documentos oficiais sobre
políticas públicas de ciência e tecnologia conforme orientações gerais do projeto
regional (ver www.catunesco.org.ar). Os
objetivos da pesquisa regional eram analisar
representações e propostas de política pública
para estimular a eqüidade de gênero na
ciência e na tecnologia em diversos países
latino-americanos.
O
relatório
final
foi
elaborado em 2003 e editado em 2004 por
Lilia Farrell. Os resultados da pesquisa
nacional podem ser consultados na seção
Pesquisa
da
Biblioteca
Virtual
da
FLACSO/Brasil (www.flacso.org.br ).
4
Para uma aproximação ao fenômeno do
androcentrismo includente na ciência, ver,
entre outros: GERGEN, 1993;
HARAWAY,
1995; HARDING, 1996; e KELLER, 1991
5
A Academia Brasileira de Ciências (ABC) foi
criada em 1916, mas somente em 1951 foi
eleita uma mulher (35 anos após sua criação).
Isto poderia ser parcialmente explicável pelo
ingresso tardio das mulheres à universidade
no
Brasil
(em
1929
as
estudantes
universitarias representantavam menos de 3%
da matrícula total - ver YANNOULAS, 1996).
SérieAnis 47, Brasília, LetrasLivres, 1-10, março, 2007
Bibliotecária Responsável:
Kátia Soares Braga (CRB/DF 1522)
Editora Científica:
Debora Diniz
Editores Executivos:
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Silvia Yannoulas
Tatiana Lionço
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A SérieAnis é uma publicação seriada da Anis para
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bioética, direitos humanos, direitos reprodutivos,
sexualidade, gênero, feminismo, deficiência,
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