PREVALÊNCIA DE TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E
Transcrição
PREVALÊNCIA DE TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E
1 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE, AMBIENTE E TRABALHO PREVALÊNCIA DE TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E FATORES ASSOCIADOS EM PROFESSORES Luciana Frutuoso de Oliveira Dissertação de Mestrado Salvador (Bahia), 2013 2 UFBA/SIBI/Bibliotheca Gonçalo Moniz: Memória da Saúde Brasileira O48 Oliveira, Luciana Frutuoso de Prevalência de transtornos mentais comuns e fatores associados em professores/ Luciana Frutuoso de Oliveira. Salvador: 2013. 57 f. [tab. Anexos. Orientador: Prof. Dr. Lauro Antonio Porto. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Medicina da Bahia, 2013. 1. Transtornos mentais - Docentes. 2. Epidemiologia. 3. Saúde ocupacional. 4. Estudos transversais. I. Porto, Lauro Antonio. II. Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Medicina da Bahia. III. Título. CDU – 616.89-008 3 Luciana Frutuoso de Oliveira, PREVALÊNCIA DE TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E FATORES ASSOCIADOS EM PROFESSORES, 2013. 4 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE, AMBIENTE E TRABALHO PREVALÊNCIA DE TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E FATORES ASSOCIADOS EM PROFESSORES Luciana Frutuoso de Oliveira Professor-orientador: LAURO ANTONIO PORTO Dissertação apresentada ao Colegiado do Curso de Pós-graduação em Saúde, Ambiente e Trabalho da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia, como prérequisito obrigatório para a obtenção do grau de Mestre em Saúde, Ambiente e Trabalho. Salvador (Bahia), 2013 5 COMISSÃO EXAMINADORA Membros Titulares: I. Fernando Martins Carvalho, Professor Titular do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da Bahia, Professor do Programa de Pós-Graduação em Saúde, Ambiente e Trabalho da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia. II. Sônia Regina Pereira Fernandes, Professora Participante da Pós-Graduação em Psicologia, Instituto de Psicologia, Mestrado em Psicologia, Universidade Federal da Bahia. III. Lauro Antonio Porto (Professor-orientador), Professor Adjunto do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia. 6 FRONTISPÍCIO Se não existisse professor sua assinatura seria assim: (autor desconhecido) 7 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a Deus por ter me proporcionado todas as coisas, à minha família pela torcida, a alguns amigos que direta ou indiretamente estiveram comigo nesta empreitada. 8 FONTES DE FINANCIAMENTO CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). 9 AGRADECIMENTOS - UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA Faculdade de Medicina Programa de Pós-graduação em Saúde, Ambiente e Trabalho - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA Núcleo de Estudos em Saúde da População - Ao professor orientador Lauro Antonio Porto pela orientação cabida, dedicação e paciência, ensinando não de forma pronta, mas dentro de seu amplo saber, dando espaço ao pensamento e a certo grau de liberdade do aluno em expressar e valorizar suas ideias e propostas, fazendo com que o pensamento crítico e o conhecimento sejam construídos ao longo do tempo de maneira muito tranquila. - Ao professor Fernando Martins Carvalho, por todo o apoio e instrução durante o período de pré-qualificação, sempre com sugestões oportunas para a implementação deste trabalho, bem como pela sugestão final do delineamento do objeto estudo. - A todos os professores do Programa do Mestrado em Saúde, Ambiente e Trabalho pela contribuição direta ou indiretamente através de seus ensinamentos que foram de grande valia e amadurecimento de todas as etapas de construção desta proposta investigativa, bem como aos convidados que estiveram ligados ao meu tema de estudo. - À professora Sonia Regina, pelas sugestões durante a qualificação que foram muito bem vindas em destaque ao uso de um dos questionários aplicados. - Aos meus queridos amigos Jefferson Paixão Cardoso e Saulo Rocha Vasconcelos que foram os pioneiros em acreditar em mim, no incentivo, na ajuda, nas parcerias de trabalhos, de resumos e da minha introdução ao universo da pesquisa, este mestrado é uma pontinha do investimento deles na minha pessoa. Em especial a Jefferson que abriu as portas do núcleo de pesquisa sob sua coordenação para que pudéssemos trabalhar em parceria de uma maneira muito harmoniosa. 10 - À equipe de trabalho, composta por estudantes de graduação de cursos diversos que atuou comigo durante a primeira e segunda fase de coleta e da digitação dos dados: Adriana Moura Maia, graduanda de Psicologia, FTC; Agatha Thais Sertão, graduanda de Biomedicina, FAPEC; Alexandre de Almeida Macedo, graduando de Psicologia, FTC; Alvaro Alves de Oliveira Junior, graduando de Psicologia, FTC; Ana Paulo Melo da Silva, graduanda de Psicologia, FTC; Ariane Lima Ribeiro, graduanda de Psicologia, FTC; Dhéssica Thais Araújo de Almeida, graduanda de Psicologia, FTC; Diego Henrique Alves Santos, graduando de Enfermagem, FAPEC; Ester Goes Aguiar Neta, graduanda de Psicologia, FTC; Fernanda Paula Silva Santos, graduanda de Psicologia, FTC; Fernanda Piton Florêncio, graduanda de Biomedicina, FAPEC; Geisa Magalhães Silva, graduanda de Psicologia, FTC; Hozana Andrade Moreira, graduanda de Psicologia, FTC; Iara Ribeiro Sodré, graduanda Enfermagem. FAPEC; Islane Santos Vieira, graduanda de Psicologia, FTC; João Florencio Damasceno Neto, graduando de Psicologia, FTC ; Joise Souza Leal, graduanda de Enfermagem, FAPEC; Keila dos Santos Matos, graduanda de Psicologia, FTC; Leivila dos Santos Soares, graduanda de Biomedicina, FAPEC; Lívia Bastos de Novaes, graduanda de Biomedicina, FAPEC; Lorena França Carôso, graduanda de Biomedicina, FAPEC; Manfred Silva Santos Junior, graduando de Psicologia, FTC; Mara Jéssica da Anunciação dos Santos Rocha, graduanda de Psicologia. FTC; Maria Silva Santos, graduanda de Psicologia, FTC; Marta Vanessa Ferreira Bertoso, Biomedicina, FAPEC; Michele Brito da Silva, graduanda de Psicologia, FTC; Mirella Lago Nascimento, Enfermeira, FTC/NESO/UESB; Mirelle Fontoura Carvalho, graduanda de Psicologia, FTC; Naiane de Paula Vieira, graduanda de Biomedicina, FAPEC; Natalie de Almeida Barros, graduanda de Fisioterapia, NESP/UESB; Patrícia Almeida Lago, Enfermeira, FTC/NESP/UESB; Rosana Pereira de Carvalho, graduanda de Enfermagem, FAPEC; 11 Silvana Cardoso de Oliveira, graduanda de Psicologia, FTC; Simone Martins de Oliveira, graduanda de Psicologia, FTC; Taiara Silva Ferreira, graduanda de Biomedicina, FAPEC; Táislei Cesar Matos, graduanda de Biomedicina, FAPEC; Thadeu Henrique da Silva Aguiar, graduando de Psicologia, FTC; Vana Licia de Oliveira, graduanda de Psicologia, FTC; Vaneide Maria Rufino Sampaio, graduanda de Psicologia, FTC; Vanessa Cardoso Botelho, graduanda de Biomedicina, FAPEC; Yann Kevin Fontes Barros Bomfim, graduando de Enfermagem, FAPEC; - À minha família que me apoiou durante todo o processo e durante toda a minha ausência; - A todos os professores de forma geral, que alimentam o sonho e a esperança de proporcionar a educação digna e de qualidade em busca de tornar melhor nossa sociedade. - A DEUS, acima de todas as coisas. 12 ÍNDICE LISTA DE TABELAS i LISTA DE SIGLAS ii RESUMO iii ABSTRACT iv I OBJETIVOS 18 I.1 Objetivo geral 18 I.2 Objetivos específicos 18 II INTRODUÇÃO 19 III FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 21 III.1 O professor: conjuntura social e sofrimento psíquico 21 III.2 Epidemiologia dos transtornos mentais e impactos sociais 23 III.3 Saúde mental e ocupação 25 III.4 Alguns aspectos do processo de trabalho dos professores da Educação 27 Básica IV MATERIAIS E MÉTODOS 30 IV.1 Delineamento do estudo 30 IV.2 População do estudo 30 IV.3 Critérios de inclusão e exclusão 30 IV.4 Definição das variáveis 30 IV.5 Instrumentos 32 IV.6 Treinamento e preparação para a coleta 34 IV.7 Equipe auxiliar 34 IV.8 Coleta de dados e procedimentos 35 IV.9 Construção do banco de dados 35 IV.10 Análise descritiva dos dados 35 IV.11 Análise de regressão logística 36 IV.12 Aspectos éticos da pesquisa 37 V RESULTADOS GERAIS 38 V.1 Informações sociodemográficas dos trabalhadores estudados 38 V.2 Informações sobre as características ocupacionais 39 V.3 Prevalência de transtornos mentais comuns e demais associações 40 V.4 Fatores associados 43 V.4.1 Resultados 45 VI DISCUSSÃO 48 VII CONCLUSÃO 13 53 VIII REFERÊNCIAS 54 IX. ARTIGO 59 ANEXOS 79 Anexo 1: Ofício de aprovação da pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa 79 (CEP) da Maternidade Climério de Oliveira da UFBA (MCO/UFBA) Anexo 2: Termo aditivo 81 Anexo 3: Termo de consentimento livre e esclarecido 82 Anexo 4: Questionários 83 Anexo 5: Normas para submissão do artigo à Revista Brasileira 95 de Epidemiologia. 14 i LISTA DE TABELAS Tabela 1: Características sociodemográficas em professoras da rede 38 municipal de ensino (variáveis categóricas), Jequié, Bahia, Brasil, 2012. Tabela 2: Distribuição de professoras da rede municipal de ensino por 39 características ocupacionais, Jequié, Bahia, Brasil, 2012. Tabela 3: Características sociodemográficas e ocupacionais em professoras 40 da rede municipal de ensino (variáveis contínuas), Jequié, Bahia, Brasil, 2012. Tabela 4: Prevalência de transtornos mentais comuns em professoras da 40 rede municipal de ensino, Jequié, Bahia, Brasil, 2012. Tabela 5: Prevalências de transtornos mentais comuns segundo aspectos 41 sociodemográficos e transtornos mentais comuns em professoras da rede municipal de ensino, Jequié, Bahia, Brasil, 2012. Tabela 6: Prevalências entre aspectos ocupacionais e transtornos mentais 42 comuns em professoras da rede municipal de ensino, Jequié, Bahia, Brasil, 2012. Tabela 7: Prevalências entre aspectos sociodemográficos e ocupacionais 43 em professoras da rede municipal de ensino e TMC (para variáveis contínuas), Jequié, Bahia, Brasil, 2012. Tabela 8: Razões de chances e razões de prevalências de transtornos 46 mentais comuns em professoras da rede municipal de ensino de Jequié, Bahia, 2012, segundo as variáveis presentes no modelo final de análise de regressão logística múltipla. 15 ii LISTA DE SIGLAS BA Bahia TMC Transtornos mentais comuns OMS Organização mundial de saúde QSG Questionário de saúde geral PQSNordic Questionário geral nórdico de psicologia social para o trabalho SPSS Pacote estatística para ciências sociais DP Desvio padrão RP Razão de prevalência N Número total de sujeitos n Número parcial de sujeitos CONFL Conflito entre colegas PELE Cor da pele CONJ Situação conjugal CMD Common mental disorders ttap Tempo de trabalho como professor pele Cor da pele ssup Suporte social pelos supervisores confl Conflito entre colegas de trabalho iii16 RESUMO PREVALÊNCIA DE TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E FATORES ASSOCIADOS EM PROFESSORES Introdução: O adoecimento psíquico é um dos dilemas da saúde pública, neste contexto destacam-se os TMC que são sintomas somáticos tais como esquecimento, falta de concentração, fadiga, depressão, irritabilidade, insônia e demais queixas aos quais os professores expõem-se cotidianamente. Objetivo: Determinar a prevalência de transtornos mentais comuns e fatores associados em professores da rede pública municipal de ensino na cidade de Jequié-Bahia. Material e métodos: Estudo de corte transversal realizado com 186 professoras efetivas da rede municipal de ensino da referida cidade entre março a junho de 2012. A variável dependente foi os transtornos mentais comuns, definida segundo o QSG-60 (Questionário de Saúde Geral) de Goldberg. A medida de associação foi a razão de prevalência e a principal técnica estatística utilizada a análise de regressão logística. Resultados: A prevalência de transtornos mentais comuns entre as professoras foi de 54,7%. As maiores prevalências de TMC ocorreram em professoras com menor escolaridade; cor da pele preta e parda, separadas e viúvas; com até 40 anos de idade, presença de filhos, menor tempo de atuação, carga horária alta e com relações interpessoais não satisfatórias. Os fatores associados foram tempo de trabalho como professor, cor da pele, suporte social pelos supervisores e conflito entre colegas de trabalho. Conclusões: Encontrou-se prevalência elevada de transtornos mentais comuns nestas professoras com expressivas prevalências em extratos de algumas características sociodemográficas e ocupacionais. Estudos como estes são necessários para levantar informações, sugestões e propostas para reduzir os danos em saúde mental dos seus envolvidos com vistas às políticas de proteção docente. Palavras-chave: 1.transtornos mentais; 2. docentes; 3. epidemiologia; 4. saúde ocupacional; 5. estudos transversais; 6. prevalência. 17 iv ABSTRACT PREVALENCE OF COMMON MENTAL DISORDERS AND ASSOCIATED FACTORS IN TEACHERS Introduction: The mental illness is one of the dilemmas of public health in this context we highlight the CMD that are somatic symptoms such as forgetfulness, lack of concentration, fatigue, depression, irritability, insomnia, and other complaints to which teachers are exposed daily . Objective: To determine the prevalence of common mental disorders and associated factors in municipal teachers of public schools in the city of Jequie-Bahia. Methods: Cross-sectional study conducted with 186 effective teachers of municipal schools of that city between April-June 2012. The dependent variable was the common mental disorders, defined according to the GHQ-60 (General Health Questionnaire) Goldberg. The measure of association was the prevalence ratio and the main statistical technique used logistic regression analysis. Results: The prevalence of common mental disorders among teachers was 54.7%. The highest prevalence of CMD occurred in teachers with less education, skin color of black and brown, separated and widowed, with up to 40 years of age, presence of children, shorter acting, high workload and unsatisfactory interpersonal relationships. The factors were associated working time as a teacher, skin color, social support by supervisors and conflict between colleagues. Conclusions: We found a high prevalence of common mental disorders in these teachers with significant prevalence in extracts of some sociodemographic and occupational. Studies like these are needed to gather information, suggestions and proposals to reduce damage mental health of its stakeholders with a view to protection policies teaching. Key-words: 1. mental disorders; 2. facult; 3. epidemiology; 4. occupational health; 5. cross-sectional studies; 6. prevalence. 18 I OBJETIVOS II.1 Objetivo geral Determinar a prevalência de transtornos mentais comuns e identificar fatores associados em professores da rede pública municipal de ensino na cidade de Jequié- BA. II.2 Objetivos específicos II.2.1 Estimar a prevalência de transtornos mentais comuns em professores da rede municipal de ensino de Jequié-BA; II.2.2 Avaliar a associação entre fatores sociodemográficos e do trabalho docente; 19 II INTRODUÇÃO Os transtornos mentais comuns são aqueles que se apresentam de forma sutil e que abrangem sintomas tais quais o esquecimento, falta de concentração, fadiga, depressão, irritabilidade, insônia e queixas somáticas (LUDERMIR & MELO FILHO, 2002). Esta expressão foi proposta por Goldberg e Huxley (1992) e tem sido amplamente utilizada para descrever essas várias sintomatologias (LLOYD, 2009). São comumente encontrados em ambientes coletivos, como o docente por exemplo, apresentando uma variedade de formas clínicas, podendo estes sintomas se tornar crônicos (SHANKAR, SARAVANAN & JACOB, 2006). Pela crescente significância social e epidemiológica, os TMC representam morbidade psíquica com prevalências significantes nas sociedades, independente da localização territorial e faixa etária, correspondendo a um desafio à saúde pública (ROCHA et al., 2010). São responsáveis por estados incapacitantes em adultos e por absenteísmos laborais em cerca de um terço dos dias de trabalho perdidos no mundo (WHO, 2001). Estudos realizados desde a década de 1990 apontam que os problemas com a saúde mental constituem um dos grandes entraves para o bem-estar docente (ARAÚJO & CARVALHO, 2009). As interações variadas que existem no ambiente e na dinâmica do trabalho do professor podem ser influenciadoras de processos desencadeantes de TMC neste grupo específico. Estudos realizados com docentes apontaram prevalências elevadas de transtornos mentais comuns: 55,4% (REIS et al., 2006); 41,5% (DELCOR et al., 2004); 29,6% (CEBALLOS, 2009); 22.5% (SOUZA, 2008) - associados a fatores como o sexo (mulheres apresentam maior acometimento por TMC do que homens) e a algumas características ocupacionais, tais como o trabalho repetitivo, insatisfação do desempenho das atividades, desgastes nas relações interpessoais com alunos, ambiente conflitante, falta de autonomia no planejamento das atividades, falta de materiais e equipamentos adequados (infra-estrutura oferecida), salas de aulas inadequadas e ritmo acelerado de trabalho (ARAÚJO & CARVALHO, 2009). É comum também, nestas demandas das características ocupacionais do trabalho docente, os professores referirem duplos vínculos ou mais, carga horária semanal de trabalho elevada e diversas demandas psicológicas e físicas como a fiscalização contínua do desempenho (ARAÚJO et al., 1998; SILVANY-NETO et al., 2000), nível elevado de ruído na sala de aula (ARAÚJO et al., 1998; SILVANY-NETO et al., 2000), violência contra o patrimônio e pessoal (ARAÚJO et al., 1998; SILVANY-NETO et al., 2000), 20 insatisfação salarial (ARAÚJO et al., 1998; SILVANY-NETO et al., 2000), exigência por concentração por períodos longos de tempo (DELCOR, et al., 2004), tempo insuficiente para a realização das tarefas e estudo (ARAÚJO & CARVALHO, 2009), ritmo acelerado do trabalho (DELCOR, et al., 2004), manutenção de posição inadequada para o corpo, principalmente cabeça e pescoço (DELCOR, et al., 2004), dificuldade do trabalho disciplinar em sala de aula (SOUZA, 2008) e inexistência de local para descanso dos professores (FARIAS, 2004). Dado o contexto problemático vivenciado pelos docentes, este estudo busca determinar a prevalência de transtornos mentais comuns e fatores associados em professoras da rede pública municipal de ensino, numa cidade do interior baiano, por acreditar que este grupo populacional sofre as implicações do sofrimento laboral com prejuízos do ato docente e repercussões fortes na saúde mental e física destes sujeitos. Este estudo parte da justificativa ocasionada pelas experiências vividas pela autora dentro da sala de aula enquanto docente, o que criou a motivação para estudar aspectos voltados à saúde mental dos professores, uma vez que são muito correntes as queixas somáticas e os prejuízos cumulativos ocasionados pela prática docente que não podem passar em vão, simplesmente como se fosse um desvio do profissional por não “dar conta” do serviço. Infelizmente muitos professores se veem nesta condição e por medo ou preconceito, não procuram por atendimento especializado, ou simplesmente vão “deixando de lado”, o que lhes traduz em adoecimento. Na prática laboral diária, são nitidamente gritantes os fatores estressores ao qual lidam os professores, contudo, pouco ou nada é feito para garantir que o trabalho seja realizado de maneira harmoniosa para o professor. Os professores são cobrados em relação aos alunos de diversas formas, contudo não há políticas por parte das escolas, que entendam o professor integralmente como sujeito que sofre as demandas diárias do seu trabalho que o coloca em situação de sofrimento que lhe adoece inclusive mentalmente. Apresentamos a seguir, no Capítulo III a Fundamentação Teórica do estudo com o que há de mais relevante dentro da proposta do contexto desta pesquisa: 1) O professor: conjuntura social e sofrimento psíquico; 2) Epidemiologia dos transtornos mentais e impactos sociais; 3) Saúde mental e ocupação e 4) Alguns aspectos do processo de trabalho dos professores da Rede Básica. A seguir, no Capítulo IV apresentamos os Materiais e Métodos onde buscamos justificar e explicar todo o arcabouço de desenvolvimento da pesquisa; o Capítulo V em seguida, com a apresentação dos Resultados Gerais; o Capítulo VI com a Discussão dos achados e não por fim o Capítulo VII com a Conclusão do estudo. Ainda, apresentamos no Capítulo IX o Artigo fruto desta investigação. 21 III FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA III.1 O professor: conjuntura social e sofrimento psíquico Os professores são cada vez mais cobrados por alta produtividade, dadas as exigências profissionais impostas pelas mudanças técnicas e científicas das últimas décadas (SCHEER, 2008). Neste contexto, o ambiente de trabalho do professor é complexo e apresenta múltiplas interações que repercutem na dinâmica da vida e da saúde física e psíquica dos docentes, provocando tensões associadas a sentimentos e emoções negativas que constituem a base empírica do mal-estar docente, de forma a afetar a motivação e a implicação deste professor (ESTEVE,1995). Os professores, a exemplo dos docentes da rede básica (municipal de ensino), apresentam no seu processo de trabalho, a necessidade da polivalência (SOUZA & FONSECA, 2006; OLIVEIRA, 2003), de acolherem aos alunos, se fazerem pais, psicólogos, educadores e possuírem capacidade de tomada de decisões e da dinâmica natural de suas tarefas diárias docentes, como a preparação e a correção de atividades, a proposição de tantas outras e a necessidade contínua de aperfeiçoamento. Ressalta-se ainda que são estes os profissionais que lidam diretamente com os alunos em fase de alfabetização ou adolescentes e abarcam um leque de contribuições que extrapolam os limites de seus horários de trabalho, sendo o ato docente transcendente à realização das ações em sala de aula. Assim, o acompanhamento contínuo, as sobrecargas de trabalho e sociais, dilemas enfrentados e a falta de condições saudáveis para a execução do ato docente decaem sobre estes profissionais, resultando em expectativas que os desgastam (GASPARINI, BARRETO & ASSUNÇÃO, 2006). Críticas e responsabilidades pelas falhas do sistema educacional são atribuídas ao professor culminando em sofrimento psíquico (SOUZA & FONSECA, 2006). Estes requerimentos da condição “docente” repercutem “nas condições de trabalho, na imagem social do professor e no valor que a sociedade atribui à própria educação” com efeitos “importantes sobre a saúde física e mental dos educadores” (ARAÚJO et al., 2005, p.8). Uma ocorrência importante que acompanha o trabalho docente é a violência cotidiana e do entorno dos estabelecimentos de ensino, uma vez que a escola deixa de ser “ambiente protetor e seguro”, incorporando fenômenos oriundos da exclusão social e dos acontecimentos aos quais se inserem (GASPARINI, BARRETO & ASSUNÇÃO, 2006). O professor, neste caso, se torna um “mediador” entre os conflitos que 22 intercambiam do ambiente escolar ao ambiente extramuros institucional, gerando estresse ocupacional contínuo. De forma geral, a escola como agência educacional procura direcionar o comportamento humano às finalidades de caráter social (MIZUKAMI, 1986, p.29), contextualizada segundo as condições histórico-sociais que a envolvem (SCHEER, 2008), em que o professor influencia e é influenciador. Desta maneira, ensinar é uma atividade em geral altamente estressante, com repercussões evidentes na saúde física, mental e no desempenho profissional dos professores (REIS et al., 2006). O professor, em seu contexto de trabalho, lida com vários aspectos estressores, sejam eles físicos, ambientais, e psíquicos. Scheer (2008) afirma que o trabalho pedagógico, quando realizado em condições estressantes e por excesso de exigências e pressão, acomete a qualidade de vida do professor, na proporção em que seu organismo responde a essa sobrecarga. Quando o problema é o sofrimento psíquico, o professor, sujeito histórico e social, está no centro das exigências enquanto cidadão comum e enquanto profissional responsável pela formação de outros tantos sujeitos, conforme demandas do mercado. Assim, as responsabilidades sociais decaem simultânea e respectivamente às Instituições Educacionais e ao corpo docente. Nesse sentido, a qualidade de vida dos sujeitos, compreendida como a sua cultura pessoal construída socialmente nos diferentes meios onde se relaciona, é condicionada às circunstâncias de seu trabalho (SCHEER, 2008). Em todos estes processos, os docentes se tornam alvo para enfermidades, uma vez que o sofrimento psíquico ocupacional lhes causa o adoecimento cumulativo, processual, constituindo experiência incômoda, associada a sentimentos de hostilidade, tensão, ansiedade, frustração e depressão. Nesta conjectura de desgaste emocional, situam-se os transtornos mentais comuns que são sintomas que se apresentam de forma sutil, cumulativos e que abrangem sintomas tais como o esquecimento, fadiga, depressão, irritabilidade, insônia, dificuldades de concentração e demais queixas somáticas. Lembremos que, doentes, alguns professores sem muitas alternativas de mudança, tendem a permanecer em atividade, gerando efeitos desgastantes. Há muitos que tomam por caminho o abandono da profissão buscando desta forma, a melhoria das condições de trabalho e de saúde em outras atividades ocupacionais, como o evidenciado por Esteve (1995) sobre as conseqüências do mal-estar docente: desajustamento; pedidos de transferências; esquema de inibição; desejo manifesto de abandonar a docência; absenteísmo laboral; esgotamento; “stress”; autoculpabilização; reações neuróticas; 23 depressões e ansiedade como estado permanente, associado em termos de causa-efeito a diagnósticos de saúde mental (ESTEVE, 1995). As características ocupacionais docentes expõem os professores a estressores cotidianos tais como o excesso de alunos nas salas de aula, a baixa remuneração, longa jornada de trabalho, polivinculação empregatícia, desvalorização laboral, excesso de pressões, avaliações, cobrança intelectual, preparação de aulas, ameaças verbais e físicas, peculiaridades de cada escola, baixa autoestima, descaso, ausência de resultados percebidos entre outros que geram efeitos de adoecimento somatizado. Desta forma, as interações entre saúde e doença também são construídas no ambiente de trabalho “pois neste espaço se pode reafirmar a auto-estima, desenvolver as habilidades, expressar as emoções, a personalidade, tornando-se também espaço de construção da história individual e de identidade social” (ARAÚJO et al., 2005, p.7). Portanto, compreendendo a relação do processo de trabalho e o contexto social em que os docentes se inserem, causando-lhes sofrimento mental, torna-se evidente que a melhoria da qualidade de vida do professor repercutirá na sua maior satisfação e possibilidade de desenvolver e aplicar as habilidades pedagógicas. Assim, saúde mental ocupacional precisa ser integrada aos objetivos institucionais, pressupondo que os resultados se refletem diretamente nos alunos, na própria instituição e na sociedade (SCHEER, 2008). III.2 Epidemiologia dos transtornos mentais e impactos sociais Sabe-se que um dos atuais dilemas da saúde pública é o adoecimento psíquico, somatizado ou derivado de causas múltiplas, e que vem a comprometer a saúde mental das populações humanas representando portanto, ônus aos cofres públicos sem precedentes (ROCHA et al., 2010), além de outros “custos em termos humanos, sociais, prejuízos econômicos” (OMS, 2002, p.15), incapacidades e sofrimento humano. Em termos globais, as perturbações mentais representam 4 das 10 principais causas de incapacidade em todo o mundo, respondendo a 12% do peso mundial de doenças, embora os investimentos no âmbito da saúde mental sejam extremamente desproporcionais, correspondendo a menos de 1% dos gastos com saúde. Cerca de 40% dos países tem déficit de políticas em saúde mental, sendo que em 90% dos países que a tais políticas, não incluem as crianças e nem os adolescentes; mais de 30% dos países não tem programa algum direcionado para esta parcela. E, além da escassez de acesso e serviços especializados, os que pagam pelos planos de saúde, 24 contam com o descaso de assistência para esta especialidade, pois os planos não abordam as perturbações mentais (OMS, 2002). Existem muitas barreiras para os portadores de transtornos mentais, como o estigma, a discriminação, a invisibilidade, a insuficiência dos serviços e do atendimento especializado, que impedem que milhões de pessoas recebam tratamento adequado (OMS, 2002). O Relatório Mundial da Saúde Mental da OMS (2002, p.29) evidencia que a saúde mental “é indispensável para o bem geral dos indivíduos, das sociedades e dos países” que, junto com a saúde física e social, é profundamente interligada e interdependente. Contudo, na maior parte do mundo, o que se evidencia é a saúde física e não a mental em si, de forma que não há muita importância quando se trata da saúde mental: seus portadores e as ações neste quesito são ignorados ou negligenciados, acarretando problemas crescentes pelo desnível de tratamento. Há que se estimar obviamente, que com o crescimento populacional e com o aumento da expectativa de vida em todo o mundo, haverá aumento do número de acometidos por perturbações mentais, dado o envelhecimento populacional, além do agravamento dos problemas sociais e desestabilização civil (OMS, 2002). É importante que se tenha uma maior apreensão das doenças mentais nas populações humanas e existe uma lacuna neste campo, lembrando que o que se conhece hoje tem uma contribuição importante para se avaliar quais as associações da vida moderna e fatores desencadeantes de doenças mentais, dentre eles os transtornos mentais comuns, para que se possam avaliar ações de impacto neste âmbito. Muito do que sabemos hoje sobre transtornos mentais devemos à contribuição da epidemiologia que no campo psiquiátrico colaborou notoriamente para fornecer dados sobre as limitações dos casos clínicos que são atendidos nos serviços especializados e fazendo relações com a população de onde estes provêem, completando as informações dos quadros clínicos de algumas incapacidades mentais, especialmente quando se trata de uma população que mais necessite destes serviços especializados. Assim, a epidemiologia como ferramenta possibilita termos informações sobre a distribuição e frequência dos agravos, bem como os fatores determinantes dos transtornos mentais, como parte importante do desenvolvimento da psicopatologia clínica. Com a utilização de questionários a obtenção dos fatores de exposição foi largamente adotados por sociólogos e psicólogos, como uma característica de apreensão metodológica de informações. A utilização destes instrumentos padronizados foi interessante para apreensão da epidemiologia em saúde mental e a investigação clínica (BORGES, MEDINA-MORA, LÓPEZ-MORENO, 2004). 25 A epidemiologia também veio ao encontro para entendermos as associações de transtornos mentais comuns e outras doenças mentais embora careçam de abordagens que tragam outras realidades. Em estudos de base populacional, condições de moradia, estrutura ocupacional, escolaridade, renda, hábitos de vida e doenças crônicas estiveram associados aos TMC (LUDERMIR E MELO FILHO, 2002; ALMEIDA FILHO et al., 1997; ROCHA et al., 2010). Assim, em concordância com Lloyd (2009, p. 342), a compreensão e o comportamento das prevalências de TMC e suas mudanças ao longo do tempo são importantes para que se desenvolvam políticas públicas tanto na clínica prática quanto na pesquisa. Podemos evidenciar, de acordo com o apontado por Lima, Soares & Mari (1999), que o número de pesquisas epidemiológicas conduzidas tem se acentuado. O aumento significativo de informações no campo da saúde mental permite descrever como se dá a distribuição de tais agravos e como contorná-los, possibilitando através do conhecimento, que novas abordagens sejam pensadas e políticas públicas desenvolvidas. III.3 Saúde mental e ocupação A ocorrência de transtornos mentais tem direta associação com a (estrutura ocupacional, escolaridade, condições de moradia e inserção no processo produtivo e renda (LUDERMIR & MELO-FILHO, 2002). Pesquisas em países desenvolvidos e em desenvolvimento tem mostrado que os transtornos mentais são mais comuns entre os mais socialmente desfavorecidos, pessoas que já tenham sido casadas e mulheres; e os fatores associados tem a ver com a educação, renda e classe social (ARAYA et al., 2001). Assim, dadas os fatores associados às características ocupacionais dos indivíduos, é necessário enfatizar que a maioria das doenças mentais sofrem influência de diversos fatores biológicos, psicológicos e sociais, que afetam todas as faixas etárias, causando sofrimento às famílias e comunidades e sobretudo, ao indivíduo (OMS, 2002). Estudos indicam que parte considerável dos trabalhadores ocupados mundialmente apresentam algum tipo de transtorno mental, sendo que no Brasil, os distúrbios psíquicos (Gasparini, Barreto e Assunção, 2006) respondem como importante papel entre os benefícios concedidos pela previdência como no caso de afastamento de trabalho por mais de 15 dias e auxílio doença por invalidez. Embora haja lacunas, estudos que abordem a saúde mental e as implicações do trabalho vem aumentando significantemente, principalmente pela detecção do aumento da prevalência dos transtornos mentais, problemas emocionais de ordem somática, 26 distúrbios do comportamento e do que isto representa para a saúde pública (GASPARINI; BARRETO & ASSUNÇÃO, 2006). Em um outro aspecto, as modificações ocorridas na dinâmica do trabalho, como aspectos gerenciais, de novos métodos e técnicas organizacionais tal como evidenciam Gasparini; Barreto & Assunção (2006), produziu significativas conseqüências para a vida e saúde dos trabalhadores em geral, a partir destas novas exigências do mercado, reproduzindo um contexto de aumento de doenças mentais, psicossomáticas, cardiovasculares entre outras. Os indivíduos acometidos por transtornos mentais de forma geral são “gerenciados quase que exclusivamente na atenção primária” (LLOYD, 2009, p. 342). Conseqüentemente a falta de acesso e tratamento adequados, o não conhecimento das procedências cabíveis e a descontinuidade do tratamento são quesitos preocupantes. Ainda, a subnotificação em saúde mental prejudica os indicadores, repercutindo na falta de atenção e orientação do cuidado para estes indivíduos. A falta de solução para os casos de problemas de ordem psíquica é evidente nos primórdios da abordagem da epidemiologia psiquiátrica, desta forma são raros os indivíduos que dispõem de atenção direcionada e a grande maioria dos casos permanece seguramente sem tratamento (BORGES, MEDINA-MORA & LÓPEZ-MORENO, 2004). Ainda, segundo o Relatório Mundial da Saúde Mental da OMS (2002, p.27), “uma pequena minoria das 450 milhões de pessoas que apresenta perturbações mentais no mundo, recebem tratamento”. A não notificação adequada prejudica a epidemiologia na obtenção de dados fidedignos para atuar na prevenção das manifestações psiquiátricas, nos desafios de suas associações ao cotidiano, bem como no planejamento de recursos para a internação prolongada. Desta forma, a subnotificação das informações sobre a situação de saúde mental contribui para que os dados sejam insuficientes, e agrave ainda mais a atenção dispensada para esta parcela populacional específica (ROCHA, et al., 2010). Com base na discrepância que acomete as populações humanas e as complexidades existentes em cada forma organizativa mundial, a Organização Mundial da Saúde, em seu Relatório Mundial da Saúde Mental oferece dez passos para que a prestação de cuidado adequada ao portador de perturbações mentais possa ser apreendida. Na verdade, tratam-se de recomendações de ações que possam ser seguidas e/ou direcionadas a partir de cada realidade: proporcionar tratamento em cuidados primários; disponibilizar medicamentos psicotrópicos; proporcionar cuidados na comunidade; educar o público; envolver as comunidades, as famílias e os utentes (usuários); estabelecer políticas, programas e legislação nacionais; preparar recursos 27 humanos, estabelecer vínculos com outros setores; monitorizar a saúde mental na comunidade e por finalmente o apoio às pesquisas (OMS, 2002). III.4 Alguns aspectos do processo de trabalho dos professores da Rede Básica O Brasil possui atualmente, segundo o Censo Escolar de 2009, quase 2 milhões de docentes na Educação Básica que são responsáveis por lecionar para mais de 52 milhões de alunos (BRASIL, 2009). Parte destes professores leciona em mais de uma etapa de ensino. Ainda segundo o Censo, a distribuição por níveis é: professores que lecionam em creches 127.657; pré-escola 258.225; ensino fundamental I (até a quartasérie) 721.513; ensino fundamental II (de quinta a nono ano) 783.194; e ensino médio 461.542 alunos. O perfil dos professores no Brasil é de maioria mulheres 81,5%; 58% tem até 40 anos de idade; 23% dos docentes trabalham em mais de uma escola para complementar a renda familiar e o piso salarial é de R$ 1.024,67. Em relação ao estado da Bahia, “os maiores empregadores dos professores da Educação Básica são os municípios, seguidos pelo estado e pela rede privada. Porém, este cenário se modifica quando analisamos separadamente os diversos níveis de educação básica, assim como quando nos referimos a cada cidade e, nestas, às zonas urbana e rural” (FERREIRA; ARAÚJO & BATISTA; 2009, p. 21). Segundo a lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) – Lei 9.394/96 – a educação escolar básica compreende três níveis de ensino: a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio (BRASIL, 1996a). A Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, é oferecida em creches ou entidades equivalentes para crianças de até três anos de idade e em pré escolas para as crianças de quatro a cinco anos de idade; o Ensino Fundamental , obrigatório e gratuito na escola pública, antes com a duração de oito anos, após a lei 11.274/96, passou a ser de nove anos (BRASIL, 2006), iniciando-se aos seis anos de idade, medida implantada em todo o Brasil desde 2010; e por último o Ensino Médio com duração mínima de três anos (FERREIRA, ARAÚJO & BATISTA, 2009). A LDB (BRASIL, 1996a) preconiza ainda, a oferta das seguintes modalidades: Educação de Jovens e Adultos (EJA), destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos nos Ensinos Fundamental e Médio na idade apropriada; Educação Profissional integrada às diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia; e Educação Especial, modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino para educandos portadores de necessidades especiais (FERREIRA, ARAÚJO & BATISTA, 2009). 28 No Ensino Fundamental, a grande maioria das funções docentes é municipal. No estado da Bahia em 2007, segundo a Sinopse Estatística do professor (BRASIL, 2007) havia 145.084 docentes na Educação básica, deixando o estado em terceiro lugar no ranking nacional em relação ao número de docentes, atrás apenas dos estados de São Paulo e Minas Gerais. Esses professores estavam distribuídos segundo as “dependências administrativas”, ou seja, segundo quem os empregava. A grande parte dos professores trabalham em apenas uma rede de ensino, embora hajam outros que possuem outras atividades laborais para renda extra (FERREIRA, ARAÚJO & BATISTA, 2009). Muitos contextos vivenciados por professores traduzem de maneira bem profunda os desdobramentos de sua vida laboral que repercutem diretamente na saúde mental, como a relação com o trabalho, o papel do professor, a necessidade de valorização profissional, doenças e dissabores do trabalho. Em relação à atividade e emprego, o professor sabe que sofre as influências de mercado e toda a cobrança social, possuindo inúmeras atividades que o afastam do convívio familiar, cultural e participativo. O papel do professor também mudou muito nas últimas décadas a partir não apenas das transformações sociais e tecnológicas mas bem como fortes transformações políticas no sistema de ensino que reduziu a autonomia do professor. O alunado hoje não vê mais o professor como um sinônimo de autoridade. Por vezes os alunos frequentam as escolas com objetivos diversos que o de estudar, comprometendo ainda mais o processo de trabalho do professor. Não são poucas as ameaças verbais, físicas, tratamentos hostis para com os docentes todos os dias – assim o professor se vê confuso entre qual realmente é o seu papel, de educador, de mediador, de pai, de psicólogo, pois infelizmente o respeito para com este profissional e a indisciplina por parte do alunado tem se afastado demasiadamente do aceitável. Contradições quanto ao papel do professor, também dizem respeito à atribuição de muitas atividades não docentes transferidas aos professores ao longo do tempo, de forma que algumas ações ultrapassam as obrigações docentes e o ato educacional. “Estão sendo transferidas para o professor algumas responsabilidades na formação dos alunos que não são dos professores. A família transferiu para o professor uma demanda que não é remunerada, que dificulta e avoluma seu trabalho e não é de sua competência, mas de competência da família (FERREIRA, ARAÚJO & BATISTA 2009, p.56). A indisciplina nas salas de aula é alarmante, e o professor se esforça muito por demandar um tempo maior preparando atividades aos quais os alunos se mostram 29 desinteressados ou pouco participantes, gerando-lhe frustrações. Utiliza-se portanto, certos mecanismos ou “táticas” para prender atenção dos alunos. Outro fator que gera pressão aos docentes é o fato dos alunos possuírem comportamentos diferentes a disciplinas diferentes. Os professores não são valorizados porque a educação também não passa por um processo de valorização e são raras as ações realizadas na prática. Todas as expectativas não alcançadas nos docentes em relação ao seu trabalho, culminam em algum tipo de angústia, ou sofrimento, ou desgaste, ou desmotivação chegando a extremos de abandono da profissão ou situações de estresse acentuado e doenças não apenas de caráter emocional mental mas físicas também. Em estudos realizados na Bahia (SILVANY-NETO, 2000; REIS et. al, 2005; PARANHOS & ARAÚJO, 2008; SOUZA, 2008; FARIAS, 2009; DELCOR et. al, 2004; CEBALLOS, 2009 & ARAÚJO, 2008) as queixas de doenças mais relevantes entre docentes foram as relacionadas ao uso contínuo da voz (dor de garganta, rouquidão), à postura corporal (dor nas costas e pernas) e problemas psicoemocionais (cansaço mental e nervosismo). Entre estes estudos, os que abordaram professores municipais (SOUZA, 2008; CEBALLOS, 2009 & REIS et. al, 2005) relatou-se prevalências de 22,8%; 30,7% e 56,8% respectivamente de transtornos mentais comuns. Outra questão enfática é que os professores que mais apresentavam queixas de problemas gerais de saúde foram justamente, os que mais apresentaram TMC em comparação aos que não apresentaram. Esta é uma informação importante para que novas abordagens sejam levantadas e que culminem em políticas públicas voltadas a esta parcela de trabalhadores. 30 IV MATERIAL E MÉTODOS IV.1 Delineamento do estudo Tratou-se de um estudo epidemiológico de corte transversal realizado no primeiro semestre de 2012. IV.2 População do estudo O presente estudo constituiu um censo cuja população foi composta por professoras efetivas, atuantes em 40 escolas da rede pública municipal básica de ensino em Jequié – Bahia e que aceitaram participar do estudo. O número de professores totais segundo informações das escolas é de 530 docentes. IV.3 Critérios de inclusão e exclusão Incluíram-se no estudo mulheres, que exerciam a função de professora com vínculo empregatício direto com a instituição pública escolar e que estavam em efetivo exercício profissional dentro da zona limítrofe urbana, mesmo as que se apresentavam sob licença. Excluíram-se as professoras que lecionavam disciplinas diferentes das convencionais por acreditarmos que estas docentes tivessem características ocupacionais diferenciadas. Assim, foram excluídas do estudo professoras de religião, educação física, artesanato, música e capoeira bem como as que não exerciam sua função de classe no momento de coleta (como coordenadoras e diretoras), pois as que se encontram nesta última situação, podem estar atuando em funções cujas demandas psicológicas são diferentes do que a das profissionais que exercem função propriamente ligada à docência apresentam. Os critérios de exclusão justificam-se pelo fato destas outras profissionais embora também ligadas à função educativa, possuem características profissionais peculiares quanto à carga horária, envolvimento e atividades docentes. IV.4 Definição das variáveis Considerou-se como variável dependente os transtornos mentais comuns e, como variáveis independentes, aspectos sociodemográficos, características ocupacionais e 31 apoio social descritos adiante. A medição da suspeição de transtornos mentais comuns se deu através do questionário QSG - 60 – Questionário de Saúde Geral. As variáveis das condições sociodemográficas foram: idade, situação conjugal (solteira, casada, união estável, separada, viúva), escolaridade (ensino médio, magistério, superior incompleto, superior completo, mestrado/doutorado), cor da pele (branca, preta, amarela, parda ou indígena), filhos (sim/não), número de filhos, rendimento/mês aula (em reais), outra atividade remunerada (sim/não). As variáveis sobre características ocupacionais analisadas foram: tempo de trabalho (anos/meses), número de vínculos, número de escolas em que atua, carga horária total semanal na rede municipal, trabalho fora da rede municipal (sim/não), trabalho docente fora da rede municipal (sim/não), duplo vínculo municipal docente (sim /não), turnos de trabalho (matutino, vespertino, noturno), nível de ensino (creche, fundamental I, fundamental II, ensino médio, outro), número de turmas, média do número de alunos/turma, proximidade do local de trabalho (sim/não) e relações interpessoais. As variáveis de aspectos sobre o estado de saúde são aquelas contidas no questionário QSG-60 (Questionário de Saúde Geral) de Goldberg na versão brasileira adaptada por Pasquali et al. (1996) que traz questões com variáveis sobre tensão ou estresse psíquico; desejo de morte, desempenho pessoal, distúrbios do sono e psicossomáticos (vide ANEXO 3). Por último, as variáveis sobre o trabalho do indivíduo, numa perspectiva coletiva do apoio/suporte social com o questionário QPSNordic. O suporte social apresenta tanto efeitos diretos na saúde humana, com menor grau de sofrimento e de transtornos psíquicos na medida em que seja mais elevado o nível de apoio social, quanto efeitos indiretos, funcionando como moderador de fatores que influenciam negativamente o bem-estar (RODRIGUES & MADEIRA, 2009). Inicialmente, o QPSNordic foi elaborado por um Conselho de Países Nórdicos (Finlândia, Noruega, Suécia, Dinamarca, Irlanda e Groenlândia). Tal instrumento é designado para avaliação de condições psicológicas, sociais e organizacionais do trabalho, fornecer uma base para a implementação do desenvolvimento organizacional e intervenções, para a documentação de mudanças nas condições de trabalho e para a investigação e ou pesquisas de associações entre trabalho e saúde. É importante reconhecer que os fatores psicológicos, sociais e organizacionais do ambiente de trabalho são potenciais contribuintes para a saúde e bem-estar dos trabalhadores individuais, grupos de trabalho, e toda a organização e tais fatores, contribuem para o 32 trabalho de aprendizagem, motivação organizacional e eficiência (LINDSTRÖM et al., 2000). IV.5 Instrumentos Foram utilizados instrumentos compartilhados com outra instituição universitária em forma de parceria, aproveitando o momento da coleta de dados para as mesmas. Para a presente pesquisa, utilizou-se instrumentos constituídos de cinco blocos de questões: o primeiro, referente à condições sociodemográficas; o segundo bloco sobre características ocupacionais, o terceiro sobre aspectos do estado de saúde, o quarto sobre aspectos da saúde mental e o quinto e último bloco sobre o trabalho enfocando o apoio social. Bloco I – Condições sociodemográficas: Conteve este bloco questões sobre idade, situação conjugal, grau de escolaridade, cor da pele, filhos, rendimento ao mês por aulas e a realização pelo professor de mais de uma atividade remunerada. Bloco II – Características ocupacionais: Deste bloco constaram características voltadas ao mundo laboral do profissional, bem como sua relação com proximidade com o local de trabalho, número de vínculos, alunos por turma, carga horária e outros aspectos que poderiam influenciar as demandas laborais. Bloco III – Aspectos sobre o estado de saúde: Foi utilizado o Questionário de Saúde Geral de Goldberg (QSG-60). Trata-se de instrumento que objetiva fornecer uma perspectiva do estado de saúde mental de sujeitos não-psicóticos. Quanto à validade, em estudos ambulatoriais apresentou sensibilidade de 87,1% e especificidade de 93,3% (Goldberg, 1972). É um questionário extenso, auto preenchido, composto por 60 questões com 4 alternativas cada tipo escala likert. Estas alternativas se apresentam das formas 1) “não absolutamente”; 2) “não mais do que de costume”; 3) “um pouco mais do que de costume” até 4) “muito mais do que de costume” ou 1) “melhor do que de costume”; 2) “como de costume”; 3) “pior do que de costume” até 4) “muito pior do que de costume”, podendo variar a depender da pergunta para 1) “mais do que de costume”; 2) “como de costume”; 3) “um pouco menos do que de costume” até 4) “muito menos do que de costume”. Estas escalas variam de acordo com a pergunta. Parte dos itens expressa sintomas e outra parte expressa comportamento normal, sendo, por vezes, necessário inverter a pontuação da escala. O grau de severidade da ausência de saúde mental é definido em relação a sintomas desviantes da população. O fator geral (escore total) foi utilizado para se referir à saúde mental e, para sua interpretação, o autor considera que quanto maior for o escore maior será o nível de distúrbios psiquiátricos. 33 Além do escore geral, os resultados do QSG originaram cinco fatores: a) tensão ou estresse psíquico (experiências de tensão, irritação, impaciência, cansaço e sobrecarga, tornando a vida uma luta constante, desgastante e infeliz); b) desejo de morte (vida sem sentido, inútil e sem perspectivas); c) desconfiança no próprio desempenho (consciência da capacidade de desempenhar ou realizar tarefas diárias de forma satisfatória – escala invertida); d) distúrbios do sono (insônia e pesadelos); e) distúrbios psicossomáticos (dores de cabeça, fraqueza e calafrios) (SOUZA, BAPTISTA & ALVES, 2008). Bloco IV – Aspectos da saúde mental : Para este bloco foi utilizado o SRQ-20 “Self Reporting Questionnaire” (OMS) – “teste auto aplicável que avalia o sofrimento mental, largamente utilizado, com 20 questões relativas à mal-estares psíquicos”, (BEUSENBERG & ORLEY, 1994, p.26), abordando itens relativos a ansiedade e depressão, sintomas somáticos, humor e pensamentos depressivos, sendo quatro sobre sintomas físicos e dezesseis sobre sintomas psicoemocionais (PINHEIRO, 2003). Este questionário é um teste que apresenta questões dicotômicas do tipo sim e não e identifica a suspeição de casos de TMC levando em conta o mês anterior à realização da entrevista. Em geral, tem-se adotado ponto de corte de 7/8 pontos no SRQ-20 baseado no estudo brasileiro de Mari & Willians (1986) como o mais próximo à suspeição de TMC, oferecendo valores de sensibilidade e especificidade respectivamente de 83% a 80%. “O SRQ-20 foi validado em estudos internacionais e nacionais com sensibilidade variando de 62,9% a 90% e especificidade de 44% a 95%” (SILVA & MENEZES, 2008,p.923-4). Bloco V – Sobre seu trabalho: Para este último bloco foram enfocadas questões sobre apoio e/ou suporte social onde se utilizou a parte do questionário QPSNordic (General Nordic Questionnaire for Psychological and Social at Work) de Lindström et al (2000) que se refere a “Social Interactions”, apresentando nove itens em escala likert de cinco pontos variando entre: 1) muito pouco, de modo nenhum ou nada; 2) pouco; 3) um pouco; 4) bastante e 5) muito. O questionário QPS Nordic possui 123 perguntas de múltipla escolha enfocando 14 dimensões psicológicas e sociais no trabalho: antecedentes pessoais, demandas do trabalho, expectativas da função no trabalho, controle no trabalho, previsibilidade no trabalho, domínio de trabalho, interações sociais, liderança, cultura organizacional, interação entre o trabalho e a vida privada, centralidade do trabalho, compromisso organizacional, trabalho em grupo e motivos trabalho. Foi utilizada parte do questionário - QPSNordic (General Nordic Questionnaire for Psychological and Social Factors at Work) de Lindström et al., (2000) que traz as variáveis respectivas à dimensão “Social Interactions” com nove questões sobre apoio 34 social: se a pessoa possui apoio ou ajuda dos colegas de trabalho, ajuda do superior imediato no trabalho, se o superior está disposto a ouvir os seus problemas relacionados ao trabalho, se a pessoa tem possibilidade de conversar sobre os problemas com companheiro(a) ou alguém próximo sobre os problemas de trabalho , se há valoração das ações desempenhadas no trabalho, se há algum conflito entre os colegas de trabalho e se o trabalhador se sente amparado por amigos ou familiares em relação aos problemas no trabalho. IV.6 Treinamento e preparação para a coleta Para a aplicação dos questionários à coleta de dados, de forma que fossem reduzidos possíveis vieses de entrevista e de coleta, contamos com o auxílio do manual do aplicador que trouxe informações relevantes sobre como se proceder durante a fase de coleta. O manual apresentou informações pertinentes aos aplicadores com o intuito de buscar um padrão nas entrevistas para contornar possíveis situações que impedissem ou prejudicassem a qualidade das informações colhidas. Nesta etapa, também foram discutidos os aspectos referentes à carta-convite e ao termo de consentimento livre e esclarecido. Os aplicadores passaram por treinamento durante o período de uma semana, para apresentação da pesquisa, os objetivos, aspectos metodológicos, leitura do manual do aplicador, apresentação do questionário, discussão, explanação de possíveis dúvidas, os detalhes do preenchimento dos questionários contidos em cada bloco e demais explicações que se fizessem pertinentes. Ressalta-se que, em período anterior à fase de campo, as escolas que compuseram os locais de coleta foram previamente avisadas sobre o que seria realizado tanto por meio telefônico quando pelo envio da carta convite. Durante o treinamento, ao aplicador também foi enfatizado como proceder à chegada às escolas e à abordagem aos professores, da necessidade de identificação e solicitação de permissão. IV.7 Equipe auxiliar Foi composta equipe para participação na coleta de dados e digitação dos dados pós-coleta. Houve recrutamento de estudantes da graduação nos cursos de Biomedicina, Enfermagem, Fisioterapia e Psicologia de duas faculdades locais de realização da pesquisa, totalizando na primeira fase 25 estudantes e na segunda fase totalizando 42 estudantes, sendo a fase de digitação dos dados contamos com 23 alunos voluntários que se revezavam em duplas, onde um ditava as respostas e o outro digitava. 35 IV.8 Coleta de dados e procedimentos A coleta de dados ocorreu entre março a maio de 2012 e se realizou a partir do preenchimento e recolhimento dos questionários pelos docentes. Os questionários foram entregues na forma de folheto devidamente identificado constando de 10 laudas, sendo uma delas o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido que se destinou ao controle da pesquisa e uma folha avulsa com o mesmo conteúdo que se destinava ao professor. Os questionários foram entregues às professoras em cada uma das escolas e em seus respectivos turnos (matutino, vespertino ou noturno) de forma a tentar abordar todos as docentes possíveis. Coube aos sujeitos da pesquisa responder o questionário ou enquanto este estivesse na escola, ou em período posterior sendo combinado o dia da entrega. Foi deixada em cada escola uma caixa coletora devidamente identificada. IV.9 Construção do banco de dados Após findado o período de coleta, os dados dos questionários foram digitados. Para isto foi utilizado o software Epidata versão 3.1 que “é um aplicativo simples, utilizado para a informatização de dados que já foram coletados e que serão submetidos a explorações, tabulações e análises” (BRASIL, ANDRADE & OLIVEIRA, 2007, p.3), com arquivos de saída com várias opções de formatos para exportação de dados. Primeiramente, foram treinados digitadores para digitação dos 186 questionários válidos em duas máquinas de forma independente, sendo controladas com pasta controle de digitação. Após o fim da digitação, foram comparados os bancos, corregidos os dados e estes, exportados para software de análise. Após a construção e estruturação do banco optamos em não utilizar o instrumento SRQ-20 por não apresentar a mesma robustez do QSG-60. IV.10 Análise descritiva dos dados As análises descritivas foram calculadas pelo software SPSS versão 13 (Statistical Package for the Social Science). Foram utilizadas para as variáveis contínuas a média e o desvio-padrão e, para as variáveis categóricas, a proporção. 36 IV.11 Análise de regressão logística A seleção das variáveis independentes para a composição do modelo de análise de regressão logística foi feita por meio da análise univariável, tendo como critério de inclusão o valor p ≤ 0,25 no Teste de Wald. As variáveis qualitativas politômicas foram representadas por variáveis indicadoras. O modelo inicial de regressão logística multivariável com todas as variáveis selecionadas na etapa anterior (modelo completo) foi executado e as variáveis que alcançaram um valor p ≤ 0,20 permaneceram no modelo. Houve uma reavaliação das variáveis qualitativas politômicas visando uma categorização mais adequada dos dados do estudo. A comparação do modelo completo com modelos reduzidos (pela exclusão das variáveis com valor p > 0,20) foi feita por meio do Teste da Razão de Verossimilhança para verificar a equivalência dos modelos em relação a sua capacidade explicativa do evento resposta. Consideraram-se como modelos equivalentes aqueles que apresentaram resultados do teste de razão de verossimilhança com valor p > 0,05. Nesta situação, optou-se pelo modelo mais parcimonioso, ou seja, com menor número de variáveis. Definido o modelo de efeitos principais foi analisada a presença de modificação de efeito com uso do teste de razão de verossimilhança entre este modelo e o modelo contendo termos de interação (produto de duas variáveis), considerando-se o nível de significância de 0,05. A medida da associação possibilitada pela análise de regressão logística é a razão de chances. Com prevalências elevadas nas respostas, a razão de chances superestima a associação real, devendo ser substituída pela razão de prevalência. Considerou-se a prevalência elevada acima de 10%. Para a análise de regressão logística foi usado o software STATA 12.0. IV.12 Aspectos éticos da pesquisa Este estudo observou, durante todas as etapas de sua realização, as recomendações previstas na Resolução 196/96 da Legislação Brasileira editada pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 1996) que regulamenta pesquisas envolvendo seres humanos. Desta maneira, buscou-se respeitar a autonomia, a justiça, a beneficência e a não maleficência de cada participante. A pesquisa foi submetida à aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Maternidade Climério de Oliveira da Universidade Federal da Bahia (UFBA) sob o protocolo 003/12 (ANEXO 1) e parecer positivo quanto à sua 37 realização mediante Parecer/Resolução aditiva 026/2012 (ANEXO 2). Os indivíduos participantes foram devidamente informados sobre os possíveis riscos e benefícios da pesquisa e concordaram em assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO 3) que consta de convite à participação voluntária, objetivos da pesquisa, informações de que não haveria ônus para o participante, à conduta de arquivamento e confidencialidade dos dados, justificativa, e contatos dos responsáveis pelo estudo. 38 V RESULTADOS GERAIS Investigaram-se 210 professores, sendo 186 válidos para compor o banco de dados utilizado por esta pesquisa. Não foi possível calcular as perdas, visto que o espaço amostral foi inconclusivo. V.1 Informações sociodemográficas dos trabalhadores estudados Com base nos dados obtidos referentes às variáveis correspondentes ao Bloco 1: Informações sociodemográficas, observou-se que 61,3% das professoras investigadas são casadas; 93,5% apresentam ensino superior completo; cor da pele predominante é a parda com 61,8%; 85,5% possuem filhos e a quase totalidade 91,9% não possuem outra atividade remunerada que não seja a docente (Tabela 1). Tabela 1. Características sociodemográficas em professoras da rede municipal de ensino (variáveis categóricas), Jequié, Bahia, Brasil, 2012. Variável de exposição n % Solteira Casada União estável Separada Viúva 26 114 15 26 5 14 61,3 8,1 14 2,7 Ensino médio Magistério Superior incompleto Superior completo Mestrado/Doutorado 1 4 4 174 3 0,5 2,2 2,2 93,5 1,6 Branca Preta Amarela Parda 39 28 4 115 21 15,1 2,2 61,8 Sim Não 159 27 85,5 14,5 Outra atividade remunerada Sim Não 15 171 8,1 91,9 Situação conjugal Escolaridade Cor da pele Filhos 39 V.2 Informações sobre as características ocupacionais Já com relação ao Bloco 2: características ocupacionais, observou-se que 87,6% das professoras possuem um único vínculo empregatício, atuam em apenas uma única escola 72%; principalmente no Ensino Fundamental I (até a quarta série) 51,6%; lecionando em grande parte em até 5 turmas 79,6%; com relações interpessoais no ambiente de trabalho entre boa a ótima respectivamente 54,3% e 34,4% (Tabela 2). Tabela 2. Distribuição de professoras da rede municipal de ensino por características ocupacionais, Jequié, Bahia, Brasil, 2012. Variável de exposição Quantidade de vínculos empregatícios Um Dois Três n % 163 22 1 87,6 11,8 0,5 134 52 72 28 Nível das turmas em que ensina Creche Fundamental I (até 4ª série) Fundamental II (até 8ª série) Outros 46 96 36 8 24,7 51,6 19,4 4,3 Quantidade de turmas que ensina Até 5 turmas De 6 a 10 turmas Mais de 10 turmas 148 25 13 79,6 13,5 6,8 Relações Interpessoais no trabalho Ótima Boa Regular Péssima 64 101 20 1 34,4 54,3 10,8 0,5 Número de escolas em que atua Uma Duas Três Observou-se nas professoras estudadas média de idade de 42 anos (DP = 6,6); tempo de atuação médio de 20 anos (DP = 6,3); carga horária média de 37,9 horas semanais (DP = 6,5) o que podemos configurar como regime de 40 horas semanais, atuando em média em 4 turmas (DP = 4,1), em geral tendo 25 alunos por turma (DP = 5,9) e renda mensal de R$ 2.571,20 (DP = 682,4) (Tabela 3). 40 Tabela 3. Características sociodemográficas e ocupacionais em professoras da rede municipal de ensino (variáveis contínuas), Jequié, Bahia, Brasil, 2012. Variável Idade (anos) N 146 Extremos 31 – 67 Média 42,8 Desvio-padrão 6,6 tempo de atuação (anos) 184 10 – 49 20 6,3 carga horária semanal 179 20 – 60 37,9 6,5 média de turmas 186 1 – 22 4 4,1 média de alunos por turma 186 10 – 58 25,4 5,9 renda (ganho mensal) (R$) 186 870 – 5800 2571,2 682,4 V.3 Prevalência de transtornos mentais comuns e demais associações No Bloco 3: aspectos da saúde mental, enfatizou-se o estado de saúde mental para transtornos mentais comuns (TMC) no qual foi encontrada a prevalência bruta de TMC de 54,7% entre as docentes (Tabela 4). A prevalência entre as professoras com ensino superior completo foi de 54,4%; quanto à cor da pele, algo marcante foi o valor alto de suspeição de TMC para professoras declaradas de cor de pele preta e parda respectivamente 63,2% e 60,3%. A prevalência em relação à situação conjugal foi de 60% para separadas e viúvas, 56,8% em casadas, e 40% em solteiras; e as professoras que possuem filhos apresentaram 56,2% (Tabela 5). Tabela 4. Prevalência de transtornos mentais comuns em professoras da rede municipal de ensino, Jequié, Bahia, Brasil, 2012. Transtornos Mentais Comuns Frequências Relativas Presentes Frequências Absolutas 98 Ausentes 81 45,3% Total 179 100% 54,7% 41 Tabela 5. Prevalências de transtornos mentais comuns segundo aspectos sociodemográficos e transtornos mentais comuns em professoras da rede municipal de ensino, Jequié, Bahia, Brasil, 2012. Variável N 179 Suspeitos (n/%) RP Escolaridade Ensino médio Magistério Superior incompleto Superior completo Mestrado ou doutorado 1 4 4 167 3 1 (100%) 1 (25%) 3 (75%) 91 (54,4%) 2 (66,6%) 4,0 Cor de pele Branca Preta Amarela Parda 39 25 4 111 16 (41%) 15 (63,2%) 0 (0%) 67 (60,3%) Situação conjugal Solteira Casada união estável Separada viúva 25 109 15 25 5 10 (40%) 62 (56,8%) 8 (53,3%) 15 (60%) 3 (60%) Filhos Sim Não 153 26 86 (56,2%) 12 (46,1%) 3,0 2,17 2,6 1,67 1,5 1,42 1,33 1,5 1,5 1,21 Em relação a aspectos ocupacionais e suspeição de TMC, na variável vínculos empregatícios, as professoras com um único vínculo apresentaram prevalência de 56,4% de TMC e com dois vínculos 40,9%; a prevalência em relação a atuar em uma ou duas escolas ficou em torno de 54%. Professoras que lecionam no ensino fundamental I e creches apresentaram prevalência de 56,6% e 55,5% respectivamente. Professoras que não possuem outra atividade remunerada apresentaram prevalência de 56,7% e quanto às relações interpessoais, destacam-se as docentes que consideram tais relações regulares com 66,6% (Tabela 6). 42 Tabela 6. Prevalências entre aspectos ocupacionais e transtornos mentais comuns em professoras da rede municipal de ensino, Jequié, Bahia, Brasil, 2012. Variável N Suspeitos (n/%) RP Vínculos empregatícios Um Dois Três 156 22 1 88 (56,4%) 9 (40,9%) 1 (100%) 1,37 Número de escolas em que atua Um Dois 128 51 70 (54,6%) 28 (54,9%) Nivel de ensino Creche fundamental I fundamental II ensino médio 45 90 36 8 25 (55,5%) 51 (56,6%) 15 (41,6%) 7 (87,5%) Outra atividade remunerada Sim Não 15 164 5 (33,3%) 93 (56,7%) 1,70 Relações interpessoais Ótimas Boas Regulares Péssimas 62 98 18 1 29 (46,7%) 56 (57,1%) 12 (66,6%) 1 (100%) 1,22 1,42 2,14 2,44 1,0 1,33 1,36 2,10 Na tabela abaixo apresentamos valores das prevalências entre aspectos sociodemográficos e ocupacionais, onde para a variável idade, prevalência maior foi encontrada em professoras com até 40 anos com 67,8%; tempo de atuação de até 14 anos com 70%; as que apresentavam carga horária de trabalho de 40 horas ou mais com 57,8% e que lecionam em duas turmas com 61,8% ou com 6 ou mais turmas com 54%. Destacam-se ainda as prevalências em professoras que possuem 20 a 29 alunos por turma com 57,8% e que possuem uma renda mensal na faixa intermediária de R$ 2001,00 a R$ 3000,00 (Tabela 7). 43 Tabela 7. Prevalências entre aspectos sociodemográficos e ocupacionais em professoras da rede municipal de ensino e TMC (para variáveis contínuas), Jequié, Bahia, Brasil, 2012. Variável N Suspeitos (n/%) RP Idade (em anos) Até 40 41 a 50 + de 50 56 67 19 38 (67,8%) 34 (50,7%) 8 (42,1%) 1,61 1,2 Tempo de atuação (em anos) Até 14 anos 15-19 anos 20-24 25 ou mais 40 41 55 41 28 (70%) 22 (53,6%) 30 (54,5%) 18 (43,9%) 1,5 1,22 1,24 Carga horária semanal 20 40 ou + 20 152 8 (40%) 88 (57,8%) 1,44 Quantidade de turmas 1 2 3-5 6 ou + 34 76 32 37 15 (44,1%) 47 (61,8%) 16 (50%) 20 (54%) 1,4 1,13 1,22 Alunos por turma Até 19 20-29 30 ou + 16 114 49 7 (43,7%) 66 (57,8%) 25 (51%) 1,32 1,16 Renda mensal (R$) 870,00-2000,00 2001,00- 3000,00 3001,00 ou mais 40 114 25 21 (52,5%) 65 (57%) 12 (48%) 1,0 1,18 V.4 Fatores associados Para avaliação da associação entre múltiplas variáveis, utilizou-se a análise de regressão logística. Adotou-se a estratégia proposta por Hosmer, Lemeshow & Sturdivant (2013), para a definição do modelo de regressão logística com resposta binária: 1. Avaliação individual cuidadosa de cada variável independente, selecionandose aquelas cujo teste univariável tenha tido um valor p < 0,25 pela estatística de Wald para serem incluídas no primeiro modelo multivariável, juntamente com todas as variáveis de reconhecida importância clínica e/ou epidemiológica; 44 2. Ajuste do modelo multivariável contendo todas as covariáveis selecionadas no passo 1, eliminando-se, ao longo desta etapa, as que não apresentaram contribuição em níveis tradicionais de significância estatística; 3. Comparação dos valores dos coeficientes estimados no modelo reduzido (com eliminação de parte das covariáveis do passo 2 com os respectivos valores no modelo completo (todas as covariáveis selecionadas no passo 1); 4. Definição do modelo preliminar de efeitos principais: reinclusão, uma a uma, das covariáveis não selecionadas no passo 1, e avaliação de sua significância pelo valor p da estatística de Wald; 5. Definição do modelo de efeitos principais: exame das covariáveis presentes no modelo, em particular quanto ao atendimento do pressuposto de aumento ou redução linear do logito em função de cada covariável contínua; para tanto, utilizou-se o gráfico da variável tempo de trabalho como professor com o logito suavizado da regressão robusta dos mínimos quadrados localmente ponderados (“robust locally weighted least squares regression” - lowess) da variável resposta (transtorno mental comum), gráfico dos coeficientes de regressão dos quartis do tempo de trabalho e de categoria do tempo de trabalho proporções médias de transtorno mental comum por categoria do tempo de trabalho; ajuste de modelo multivariável em que a variável contínua tempo de trabalho foi substituída por variáveis indicadoras com base em seus quartis, tomando-se como grupo de referência o quartil inferior; gráfico dos coeficientes de regressão estimados por esse modelo para as variáveis indicadoras versus os pontos médios dos quartis do tempo de trabalho; método dos polinômios fracionários para determinar o melhor modelo para a covariável contínua; 6. Verificação da presença de interação entre as variáveis do modelo tomando-se como referência o nível de significância estatística de 0,05 – definição do modelo preliminar final. Não foi avaliada a adequação do modelo nem verificado seu ajustamento, sétimo passo proposto por Hosmer, Lemeshow & Sturdivant (2013), para a definição do modelo de regressão logística com resposta binária. Na exploração inicial, as variáveis categóricas cor da pele, situação conjugal e carga horária semanal de trabalho foram recodificadas para que categorias mais apropriadas fossem obtidas para representá-las, chegando-se a sua dicotomização. No ajuste do modelo multivariável, procedeu-se à imputação dos valores ausentes para que a comparação dos modelos completo e reduzidos fosse feita entre modelos com o mesmo número de observações. A imputação sequencial dos dados 45 ausentes em múltiplas variáveis foi feita por meio de equações em cadeia de imputação (HOSMER, LEMESHOW & STURDIVANT, 2013, p. 91-397). A análise estatística foi realizada no programa STATA 12.0. Uma vez que a variável resposta teve uma prevalência elevada, a razão de chances pode superestimar fortemente a razão de prevalências. Por isto, razões de prevalências de transtornos mentais comuns foram estimadas pela regressão de Poisson com um estimador robusto da variância para corrigir os erros-padrão (BARROS & HIRAKATA, 2003; CUMMINGS, 2009). Como a amplitude do tempo de trabalho como professor situou-se entre 10 e 49 anos, as razões de prevalências foram estimadas para incrementos de cinco anos no tempo de trabalho. V.4.1 Resultados As variáveis selecionadas na avaliação individual por meio de regressão logística foram: idade, tempo de trabalho como professor, outra atividade remunerada, além de professor (sim ou não), relações interpessoais com outros docentes (ótimas, boas, regulares, ruins, péssimas), cor da pele (branca ou amarela versus preta ou parda), situação conjugal (solteiro versus não solteiro), suporte social pelos supervisores (frequente/sempre versus ocasional/raro/nunca), conflito entre colegas de trabalho (ocasional/raro/nunca versus frequente/sempre), carga horária semanal de trabalho na rede municipal de ensino (menos de 40 horas versus 40 horas ou mais). Com a exclusão das covariáveis com valor p superior a 0,10 pela estatística de Wald, permaneceram no modelo de análise para a presença de transtornos mentais comuns (tmc): tempo de trabalho como professor (ttap), cor da pele (pele), suporte social pelos supervisores (ssup) e conflito entre colegas de trabalho (confl). Estas variáveis compuseram o modelo de efeitos principais, uma vez que nenhuma das não selecionadas anteriormente apresentou significância ao ser reincluída no modelo e a variável tempo de trabalho como professor suportou o exame do atendimento do pressuposto da linearidade do logito em função de sua presença como variável contínua. Não se verificou presença de interação entre as variáveis do modelo. Portanto, o modelo final foi: tmc = 0,26 - 0,06 (ttap) + 1,00 (pele) + 0,90 (ssup) + 1,19 (confl). As razões de prevalências de transtornos mentais comuns associados a cada uma dessas variáveis e ajustando-se pela demais covariáveis (Tabela 8). 46 Tabela 8. Razões de chances e razões de prevalências de transtornos mentais comuns em professoras da rede municipal de ensino de Jequié, Bahia, 2012, segundo as variáveis presentes no modelo final de análise de regressão logística múltipla. variável de exposição categorias razão de chances bruta razão de chances ajustada razão de prevalências estimadas tempo de trabalho como professor por ano a mais de trabalho 0,95 0,95 0,98 tempo de trabalho como professor para cada cinco anos a mais de trabalho 0,76 0,57 0,89 cor da pele preta ou parda em relação a branca ou amarela 2,77 2,72 1,59 suporte social pelos supervisores frequente/continuado em relação a ocasional/raro/nunca 2,23 2,46 1,33 conflito entre colegas de trabalho conflito frequente em relação a conflito ocasional 3,08 3,29 1,44 Razão de chances bruta (não ajustada): obtida em análise de regressão logística univariável. Razão de chances ajustada: obtida em análise de regressão logística multivariável, ajustada pelas outras covariáveis. Razão de prevalências estimadas: obtida em análise de regressão de Poisson robusta multivariável, ajustada pelas outras covariáveis. As razões de chances brutas e ajustadas têm valores próximos para tempo de trabalho como professor em escala anual e cor da pele, e nem tão semelhantes para suporte social pelos supervisores e conflito entre colegas de trabalho. Para incrementos de cinco anos no tempo de trabalho os valores são bem distintos. O que é mais relevante, contudo, é que as razões de prevalências estimadas são bastante diferentes das razões de chances, em consonância com a asserção de que quanto mais frequente for um desfecho, mais a razão de chances superestimará a razão de prevalências maior que 1 e subestimará a razão de prevalências menor que 1 (Zhang & Yu, 1998). No grupo estudado de professoras, para cada incremento de cinco anos no tempo de trabalho há uma redução de 11% na prevalência de transtornos mentais comuns, ajustada pela presença das demais covariáveis; as professoras de pele preta ou parda têm prevalência de transtornos mentais comuns 1,6 vezes maior que as de pele branca ou amarela; as professoras que recebem suporte ocasional, raro ou completamente ausente de seus supervisores apresentam prevalência de transtornos mentais comuns 1,3 vezes 47 maior que as que têm suporte frequente ou continuado; e aquelas que vivenciam conflito frequente entre colegas de trabalho apresentam prevalência de transtornos mentais comuns 1,4 vezes maior em relação as que experimentam conflito ocasional. 48 VI DISCUSSÃO Em relação aos aspectos sociodemográficos, optamos por abordar neste estudo apenas mulheres, pois são predominantes na distribuição por gênero neste grupo ocupacional, em consonância a outros estudos realizados também com professores no estado da Bahia (SILVANY-NETO et al, 2000; DELCOR et al, 2004; REIS et al, 2005; SOUZA, 2008; CEBALLOS, 2009; FARIAS, 2004 & PORTO et al., 2004) bem como a situação conjugal como casadas (FARIAS, 2004; REIS et al., 2005 & DELCOR et al, 2004). À escolaridade as professores possuem ensino superior completo, tal qual o exigido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1996). O nível de escolaridade com predominância do ensino superior também foi averiguado por outros estudos na Bahia, Souza (2008), Delcor et al., (2004) e Araújo et al (1998) variando entre 71,9% a 80,3%. Quanto à ocupação destas professoras, grande parte referiu não ter outra atividade remunerada que não docente - dado equivalente ao apresentado em outros estudos na literatura, onde poucos docentes optaram por atividades extra muros da instituição (REIS et al., 2005; SOUZA, 2008; PORTO et al., 2004; DELCOR et al, 2004; FARIAS, 2004 & SILVANY-NETO et al, 2000). Em geral, trabalham em um único vínculo empregatício, com poucas atuando paralelamente em outra rede de ensino, embora haja algumas que ensinem em mais de uma escola municipal (SILVANY NETO et al, 2000 & SOUZA 2008). Em relação ao nível das turmas, um pouco mais da metade das professoras investigadas lecionam para o Ensino fundamental I (até a quarta série, também chamada de educação infantil), o que indica que o perfil do alunado são crianças e préadolescentes. Esta informação contrasta completamente com os dados encontrados em estudo realizado na rede estadual de ensino no mesmo município em 2010*, onde a proporção dos alunos do ensino Fundamental I foi de apenas 10,2% e o predominante foi o Ensino Fundamental II (quinta série a oitava série agora chamado nono ano) com 51,3%. Isto implica que o forte da rede estadual é abordar as séries mais avançadas do ensino básico neste município. O ensino fundamental I se destaca na literatura como o mais frequente das escolas municipais (CEBALLOS, 2009; REIS et al., 2005; SOUZA, 2008). _________________________ * Cardoso, J.P. Saúde na escola: o cuidado com professores. [Projeto de pesquisa não publicado]. Condições de trabalho e saúde de professores da rede estadual de ensino de Jequié-Ba. Núcleo de estudos em saúde da população. Núcleo de estudos em atividade física e saúde. Laboratório de Saúde Coletiva. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia [Jequié], Bahia, 2010. 49 Dado destoante foi que o número de turmas que os docentes lecionam se mostrou o dobro em relação a outros estudos realizados com docentes municipais também na Bahia (REIS et al., 2005 & SOUZA, 2008) e que a média de tempo de atuação na docência foi de 20 anos variando entre 10 a 49 anos - média maior do que encontrada em demais estudos (REIS et al., 2005; CEBALLOS, 2009 & SOUZA, 2008). Quanto às prevalências, este estudo concorda com a literatura, já que é sabido que TMC em mulheres são mais prevalentes do que em homens (SANTOS & SIQUEIRA, 2010; ROCHA et al., 2010). Observou-se que quanto maior a idade do professor e o tempo de sua atuação profissional menores foram as prevalências de TMC – resultado inverso ao encontrado por Reis et al., (2005) em relação a tempo de atuação profissional onde a relação foi de quanto maior esse tempo, maior a prevalência de TMC. Outros achados destoantes foram prevalências acentuadas em docentes com um único vínculo empregatício 56,4% e em professoras que não possuem outra atividade remunerada com 56,7%. As professoras que atuam em duas escolas apresentaram 54,9% de suspeição de TMC, uma prevalência alta como a observada por Gasparini, Barreto & Assunção (2006) que encontraram para esta mesma variável o valor de 46,7% em professores da rede municipal de Belo Horizonte – MG. Quanto às relações interpessoais dos professores no trabalho, quanto melhores foram estas relações menores as prevalências de TMC encontradas. Uma boa relação interpessoal no trabalho, predispõe o trabalhador a experimentar menos situações conflitantes (LINDSTRÖM et al., 2000). Professores com idade entre até 40 anos apresentaram maior prevalência de TMC em relação aos demais, concordando com a mesma faixa etária observada por Gasparini, Barreto & Assunção (2006). Os que apresentam carga horária semanal igual ou acima de 40 horas também se mostraram com valor acentuado para TMC, em concordância com Reis et al., (2005), com resultados bem equivalentes. Em relação aos fatores associados, no modelo final de regressão logística múltipla, as variáveis que permaneceram no modelo foram tempo de trabalho como professor, cor da pele, suporte social pelos supervisores e conflito entre colegas de trabalho. O tempo de trabalho como professor se mostrou como fator associado, ao passo que os docentes para cada ano trabalhado, ou conjunto de cada cinco anos a mais de trabalho há uma progressiva redução da chance de acometimento por TMC. Já para a variável cor da pele como fator associado, professoras cuja cor de pele seja preta ou parda, apresentam prevalência de transtornos mentais comuns 1,59 ~ 1,6 50 vezes maior do que quando comparadas a professores com pele branca ou amarela, estes dados são semelhantes aos de outros estudos (ARAÚJO, PINHO & ALMEIDA, 2005; ROCHA et al., 2010; COSTA & LUDERMIR, 2005). Outro fator associado é o suporte social, em que professoras que recebem suporte ocasional, raro ou completamente ausente de seus supervisores apresentam prevalência de transtornos mentais comuns 1,3 vezes maior que as que têm suporte frequente ou continuado; isto indica que é necessário um reforço positivo ao professor em seu ambiente de trabalho por parte de seu superior, que no caso, é o coordenador pedagógico ou o próprio diretor. Para efeitos de mensuração de suporte social utilizamos parte do questionário QPSNordic, que ainda não tinha sido usado no Brasil. Desta forma, este é o primeiro estudo que se utiliza deste instrumento e portanto não temos como fazer comparações na literatura. Até então no Brasil, vem-se utilizando largamente o JCQ na dimensão das 12 questões relativas a suporte social. Mesmo assim, em consonância ao nosso estudo, pesquisas que utilizaram o JCQ demonstraram que a prevalência de TMC é significantemente mais elevada entre professores com baixo suporte social (REIS et al,. 2005 & PORTO et al., 2006). Nesta perspectiva, as boas relações no trabalho funcionam como suporte social protegendo o indivíduo de algumas sobrecargas laborais e ainda apresenta efeitos diretos na saúde humana, com menor grau de sofrimento e de transtornos psíquicos (RODRIGUES & MADEIRA, 2009). Por último, quanto a variável conflito entre colegas de trabalho, professoras com conflito frequente em relação a conflito ocasional em seu ambiente de trabalho, apresentou prevalência de 1,4 vezes maior para transtornos mentais comuns. Em relação à mensuração dos TMC, optamos por utilizar como instrumento o questionário QSG, ao invés do conhecido e largamente utilizado SRQ-20, uma vez que achamos uma prevalência muito superior ao encontrado no QSG o que inviabilizaria a comparação entre os grupos de exposição. Diversos estudos foram realizados em diferentes grupos de trabalhadores, contando principalmente, com a utilização do conhecido instrumento SRQ-20 para rastreamento de TMC, e, embora a prevalência global do presente estudo esteja dentro do limite superior ao encontrado em outros estudos com professores, lembramos que houve abordagem metodológica diferente ao se utilizar o QSG-60. Quanto a estudos sobre prevalências de TMC em trabalhadores na literatura temos alguns com professores (ARAÚJO et al., 1998; DELCOR et al, 2004; REIS et al., 2005; GASPARINI, BARRETO & ASSUNÇÃO, 2006; PORTO et al., 2006; SOUZA, 2008; CEBALLOS, 2009) e demais profissionais: motoristas e cobradores de ônibus 51 (SOUZA & SILVA, 1998), trabalhadores rurais (FARIA et al., 1999), trabalhadores rurais (FARIA et al., 2000), entre mulheres trabalhadoras de enfermagem (ARAÚJO et al., 2003), mulheres trabalhadoras formais e informais (SANTANA et al., 1997), trabalhadores manuais (LUDERMIR & MELO FILHO, 2002), funcionários de uma universidade (VEGGI et al., 2004), trabalhadores rurais da cana-de-açúcar (COSTA & LUDERMIR, 2005), trabalhadores de enfermagem (PINHO & ARAÚJO, 2007), agentes comunitários de saúde (SILVA & MENEZES, 2008), e trabalhadores diversos (FARIAS & ARAÚJO, 2011) variando a prevalência de TMC de 20% a 55% e 20% a 56% respectivamente, utilizado o SRQ-20 e um estudo com o GHQ-12 de Goldberg (1972). Limitações do estudo: 1) Os resultados só se aplicam ao conjunto de professoras incluídas neste estudo, não podendo ser generalizados, uma vez que não houve amostragem aleatória dos professores, não cabendo, pois, inferência estatística; 2) a utilização pioneira do questionário nórdico de suporte social do trabalho no Brasil; 3) perdas significativas, apesar das estratégias para superá-las, como a tentativa de recuperação da informação buscando pela docente que não tivesse respondido ou recebido o questionário, visita à professora que estivesse sob licença em sua residência, acertos de horários ou datas para recolhimento dos questionários; 4) o período de coleta de dados se deu após o retorno de um período de greve de quase dois meses; 5) temporalidade do estudo, pois não possui a capacidade de acompanhamento dos sujeitos, havendo perdas de informação, uma vez que a avaliação dos achados é pontual. Nos diários de campo há relatos que explicam alguns motivos das recusas: 1) não participação por não mudança no contexto prático; 2) falta de tempo; 3) não perceber que a participação trará um benefício; 4) população do estudo já submetida à pesquisa anterior sem apresentação posterior dos resultados. Assim, com base nas intrínsecas e variadas dinâmicas do processo de trabalho que vivenciam os professores, seja em turnos completos ou disciplinas avulsas, há a necessidade de mais investigações que contemplem as lacunas do conhecimento existentes entre este grupo populacional específico, afim de melhor distribuir as informações respectivas aos fatores de risco e predisposição a doenças como as de ordem psicoemocional, mais especificamente os transtornos mentais comuns, tal qual se trata este estudo, tão expressamente prevalentes nestes trabalhadores. Acreditamos que este estudo é relevante para situar informações, sugerir propostas e reflexões sobre a vinculação do processo saúde-doença na profissão docente e sobre o desafio do trabalho deste profissional, apresentando desta forma, um panorama estático do que ocorre no cotidiano do seu trabalho resultando em doença, problemas mentais, desgastes diversos; para determinar a relação de transtornos mentais nesta 52 parcela populacional e de que forma o sofrimento mental do professor possa ser minimizado; por acreditar que estudos que abordem as lacunas existentes sobre a vivência docente possam corroborar com políticas de proteção e cuidado ao professor; para novos posicionamentos que venham a ajudar os docentes no exercer de suas atividades laborais; ajudar o professor a melhorar sua qualidade de vida evitando doenças somáticas, incentivando posturas de trabalho saudáveis, qualidade de vida e a redução do absenteísmo laboral. A tempo, também esperamos que este estudo assim como outros na perspectiva da saúde mental dos professores, possam ser discutidos nas escolas, e que o setor da educação também possa se apropriar das contribuições que estes estudos possam trazer. 53 VII CONCLUSÃO Foi estimada a prevalência de transtornos mentais comuns em professores da rede municipal de ensino de Jequié – Bahia apresentando 54,7%, valor este que superou o inicialmente pensado para esta população específica. Foram encontradas expressivas prevalências de transtornos mentais comuns entre os professores estudados. As variáveis que estiveram associadas a transtornos mentais comuns foram: tempo de trabalho como professor, cor da pele, suporte social pelos supervisores e conflito entre colegas de trabalho. 54 VIII REFERÊNCIAS ALMEIDA FILHO, N.; MARI, J.J.; COUTINHO, E. et. al. Brazilian multicentric study of psychiatric mortibity. Methodological features and prevalence estimate. Br. J. Psyquiatry, v.171, p. 524-529, 1997. ARAÚJO, T.M. et al. Condições de trabalho e saúde dos professores da rede particular de ensino de Salvador-Bahia. Salvador: Sindicato dos Professores do Estado da Bahia, 1998. ARAÚJO, T.M.; AQUINO, E.; MENEZES, G.; SANTOS, C.O.; AGUIAR, L. Aspectos psicossociais do trabalho e distúrbios psíquicos entre trabalhadores de enfermagem. Rev Saúde Pública. v.37, n.4, p.424 -33, 2003. ARAÚJO, T.M.; PINHO, P.S.; ALMEIDA, M.M.G. Prevalência de transtornos mentais comuns em mulheres e sua relação com as características sociodemográficas e o trabalho doméstico. Rev. Bras. Saúde Matern. Infant., Recife, v.5, n.3, p.337-348, 2005. ARAÚJO, T.M.; SENA, I.P.; VIANA, M.A. et. al. Mal-estar docente: avaliação de condições de trabalho e saúde em uma instituição de ensino superior. Revista Baiana Saúde Pública, v.20, n.1, p. 6-21, 2005. ARAÚJO, T.M. ; CARVALHO, F.M. Condições de trabalho docente e saúde na Bahia: estudos epidemiológicos. Educ. Soc., Campinas, v.30, n.107, p.427-49, 2009. ARAYA, R.; ROJAS, G.; FRITSCH, R. et. al. Common mental disorders in Santiago, Chile. Prelavence and sócio demographic correlates. Br. J. Psychiatry, v.178, p. 22833, 2001. BARROS, Aluísio JD; HIRAKATA, Vânia N. Alternatives for Logistic Regression in Cross-Sectional Studies: An Empirical Comparison of Models that Directly Estimate the Prevalence Ratio. BMC Medical Research Methodology, p .3-21, 2003. BEUSENBERG, M.; ORLEY, J. A user´s guide to the Self Report Questionnaire (SRQ). Division of Mental Health World Organization. Geneva, p. 1-73, 1994. BORGES, G.; MEDINA-MORA, M.E.; LÓPEZ-MORENO, S. El papel de la epidemiología en la investigación de los trastornos mentales. Salud Publica Mex., v.46, p.451-63, 2004. BRASIL. Lei n. 11.274 de 6 fevereiro de 2006. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, dispondo sobre a duração de 9 (nove) anos para o ensino fundamental, com matrícula obrigatória a partir dos 6 (seis) anos de idade. Presidência da República. Casa Civil. Brasília. Luiz Inácio Lula da Silva, Márcio Thomaz Bastos, Fernando Haddad e Álvaro Augusto Ribeiro Costa. BRASIL(b). Ministério da Saúde. Diretrizes e Normas Regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Conselho Nacional de Saúde. Resolução 196/96 de 10 de outubro de 1996. 55 BRASIL(a). Lei n. 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Lei de diretrizes e bases da educação. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília. Fernando Henrique Cardoso e Paulo Renato Souza. BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Sinopses Estatísticas da Educação Básica. Sinopse Estatística do Professor 2007. Disponível em http://portal.inep.gov.br/basica-censo-escolar-sinopse-sinopse acessado em 26 de março de 2013 às 17:45h. BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Censo Escolar 2009. 30/nov/2009. Portal Inep. Disponível em http://portal.inep.gov.br/c/journal/view_article_content?groupId=10157&articleId=1211 7&version=1.0 acessado em 26 de março de 2013 às 17:13h. BRASIL, P.E.A.A; ANDRADE, C.L.T.; OLIVEIRA, R.V.C. Aplicativos de informática para uso em pesquisa. Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas – Fundação Oswaldo Cruz. Programa de Pós-graduação em Pesquisa Clínica, p.1-29, 2007. CARDOSO, J.P. Saúde na escola: o cuidado com professores. [Projeto de pesquisa não publicado]. Condições de trabalho e saúde de professores da rede estadual de ensino de Jequié-Ba. Núcleo de estudos em saúde da população. Núcleo de estudos em atividade física e saúde. Laboratório de Saúde Coletiva. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia [Jequié], Bahia, 2010. CEBALLOS, A.G.C. Apoio social e fatores associados à disfonia em professores. Tese [Doutorado] – Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 67f, 2009. COSTA, A.G.; LUDERMIR, A.B. Transtornos mentais comuns e apoio social: estudo em comunidade rural da Zona da Mata de Pernambuco, Brasil. Cad. Saúde Pública [online]. 2005, vol.21, n.1, p. 73-79. CUMMINGS, Peter. Methods for Estimating Adjusted Risk Ratios. The Stata Journal, v. 9, n. 2, p. 175-196, 2009. DELCOR, N.S. et. al. Condições de trabalho e saúde dos professores da rede particular de ensino de Vitória da Conquista, Bahia, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.20, n.1, p.187-96, 2004. ESTEVE, J.M. Mudanças sociais e função docente. In: NOVOA, A. (Ed.). Profissão Professor. 2. ed. Porto: Porto Editora,1995. p. 95-120. FARIA, N.M.X.; FACCHINI, L.A.; FASSA, A.G.; TOMASI, E. Estudo transversal sobre saúde mental de agricultores da Serra Gaúcha (Brasil). Rev Saúde Pública. v.33, n.4, p.391- 400, 1999. FARIA, N.M.X.; FACCHINI, L.A.; FASSA, A.G.; TOMASI, E. Processo de produção rural e saúde na Serra Gaúcha: um estudo descritivo. Cad Saúde Pública. v.16, n.1, p. 115-28, 2000. FARIAS, T.F. Voz do professor: relação saúde e trabalho 2004. 158f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Medicina, Universidade Federal da Bahia, Salvador. 56 FARIAS, M.D.; ARAÚJO, T.M. Transtornbos mentais comuns entre trabalhadores da zona urbana de Feira de Santana – Ba. Rev. Bras. Saúde ocup., São Paulo, v.36, n.123, p.25-39, 2011. FERREIRA, L.L.; ARAÚJO, T.M.; BATISTA, J.H.L. O trabalho de professores na educação básica na Bahia. São Paulo: Fundacentro, 2009, 80p. GASPARINI, S.M.; BARRETO, S.M.; ASSUNÇÃO, A.A. Prevalência de transtornos mentais comuns em professores da rede municipal de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.22, n.12, p.2679-91, dez, 2006. GOLDBERG, D.P. The detection of psychiatric illness by questionnaire: A technique for the identification and assessment of non-psychotic psychiatric illness. Londres: Oxford University Press. 1972. GOLDBERG, D.P.; HUXLEY, P. Commom mental disorders: a bio-social model. London: Tavistock, 1992. HOSMER Jr, David W.; LEMESHOW, Stanley e STURDIVANT, Rodney X. Applied Logistic Regression. 3. ed. Hoboken, New Jersey: Wiley, xvi + p.500, 2013. LIMA, M.S.; SOARES, B.G.O.; MARI, J.J. Saúde e doenca mental em Pelotas, RS: dados de um estudo populacional. Rev. Psiquiatr. Clín., São Paulo, v.26, n.5, p. 22535, set.-out. 1999. LINDSTRÖM, K.; ELO, A.L.; SKOGSTAD, A. et al. User´s Guide for the QPSNordic – General Nordic Questionnaire for Psychological and Social Factors at Work. Copenhagen, 2000. LLOYD, K. Common mental disorders among black and minority ethnic groups in the UK. Psychiatry., v.8, n.9, p.342-46, set, 2009. LUDERMIR, A. B.; MELO FILHO, D. A. Condições de vida e estrutura ocupacional associadas a transtornos mentais comuns. Rev. Saúde Pública [online].,v.36, n.2, p.21321, 2002. MARI, J.J.; WILLIANS, P. A validity study of a psychiatric screening questionnaire (SRQ-20) in primary care in the city of São Paulo. Br J Paychiatry., v.148, p. 23-6, 1986. MIZUKAMI, M.G.N. Ensino: as abordagens do processo. Temas básicos de educação e ensino. Abordagem Comportamentalista. [São Paulo]: EPU, 1986 , p.29. OLIVEIRA, D.A. (Org.). Reformas educacionais na América Latina e os trabalhadores docentes. [Belo Horizonte]: Editora Autêntica, 2003. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Relatório Mundial da Saúde. Saúde Mental: Nova concepção, nova esperança. Lisboa: WHO, 2002. PARANHOS, I.S.; ARAÚJO, T.M. Interrelación entre trabajo docente y salud en una institución de educación superior. In: OLIVEIRA, D.A.(Org.). Políticas educativas y trabajo docente en América Latina. Lima: Universidad de Ciencias y Humanidades, p. 151-82, 2008. 57 PASQUALI, L.; GOUVEIA, V. V.; ANDRIOLA, W. B.; MIRANDA, F. J.; & RAMOS, A. L. Questionário de Saúde Geral de Goldberg: Manual Técnico. [São Paulo]: Casa do Psicólogo, 1996. PINHEIRO, K.A.T. Prevalência e fatores associados a transtornos mentais comuns (TMC) em adolescentes entre 15 e 18 anos de zona urbana do sul do Brasil, 2003. Dissertação (Mestrado em Saúde e Comportamento) - Escolas de Medicina e Psicologia, Universidade Católica de Pelotas, Pelotas, 2003. PINHO, O.S.; ARAÚJO, T.M. Trabalho de enfermagem em uma unidade de emergência hospitalar e transtornos mentais. R Enferm UERJ. v.15, n.3, p.329-36, 2007. PORTO, A.L.; CARVALHO, F.M.; OLIVEIRA, N.F. et al. Associação entre distúrbios psíquicos e aspectos psicossociais do trabalho de professores. Revista Saúde Pública, v.40, n.5, p.818-26, 2006. REIS, E.J.F.B. et al. Trabalho e distúrbios psíquicos em professores da rede municipal de Vitória da Conquista, Bahia, Brasil. Cad Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 21, n. 5, p. 1480-1490, 2005. REIS, E.J.R.B.; ARAÚJO, T.M.; CARVALHO, F.M. et. al. Docência e exaustão emocional. Educação e Sociedade, Campinas, v. 27, n.94, p.229-53, 2006. ROCHA, S.V.; ALMEIDA, M.M.G.; ARAÚJO, T. M., et al. Prevalência de transtornos mentais comuns entre residentes em áreas urbanas de Feira de Santana, Bahia. Rev Bras Epidemiol., v.13, n.4, p.630-40, 2010. RODRIGUES,V.B.; MADEIRA, M. Suporte social e saúde mental: revisão da literatura. Revista da Faculdade de Ciências da Saúde, Porto, Portugal, n.6, p.390-9, 2009. SANTANA, V.S.; LOOMIS, D.; NEWMAN, B.; HARLOW, S.D. Informal jobs: another occupational hazard for women’s mental health? Int J Epidemiol. v.26, n.6, p. 1236-42, 1997. SANTOS, E.G.; SIQUEIRA, M.M. Prevalência dos transtornos mentais na população adulta brasileira: uma revisão sistemática de 1997 a 2009. J Bras Psiquiatr. v.59, n.3, p.238-246, 2010. SCHEER, F.P.B.M. A reciprocidade entre a qualidade de vida e a prática pedagógica. In: VIII Congresso nacional de Educação da PUCPR – EDUCERE, [Curitiba], p.11328-40, 2008. SHANKAR, B.R.; SARAVANAN, B.; JACOB, K.S. Explanatory models of common mental disorders among traditional healers and their patients in rural south India. In. J. Soc. Psychiatry, v.52, p.221-?, 2006. SILVA, A.T.C.; MENEZES, P.R. Esgotamento profissional e transtornos mentais comuns em agentes comunitários de saúde. Rev Saude Pública. v.42, n.5, p. 921-9, 2008. SILVANY-NETO, A.M. et al. Condições de trabalho e saúde dos professores da rede particular de ensino de Salvador. Revista Baiana de Saúde Pública, Salvador, v. 24, n. 1/2, p. 42-56, 2000. 58 STATACORP. Statistics/Data Analysis (Stata). Stata Special Edition: Release 12.0. Statistical Software. College Station, Texas, USA: StataCorp LP. SOUZA, E.F.; FONSECA, A.R. Contemporaneidade, trabalho docente e transformações sociais. Revista Acadêmica SENAC On-line, v.1, p.1, 2006. SOUZA, C.L. Distúrbio vocal em professores da educação básica da cidade do Salvador-BA. 2008. 91f. Dissertação (Mestrado) – Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal da Bahia, Salvador. SOUZA, M.F.M.; SILVA, G.R. Risco de distúrbios psiquiátricos menores em área metropolitana na região Sudeste do Brasil. Rev Saúde Pública. v.32, n.1, p.50-8, 1998. SOUZA, M.S.; BAPTISTA, M.N.; ALVES, G.A.S. Suporte familiar e saúde mental: evidência de validade baseada na relação entre variáveis. Aletheia, 2008, p.45-59. VEGGI, A.B.; LOPES, C.S.; FAERSTEIN, E.; SICHIERI, R. Índice de massa corporal, percepção de peso corporal e transtornos mentais comuns entre funcionários de uma universidade no Rio de Janeiro. Rev Bras Psiquiatr. v.26, n.4, p.242-7, 2004. ZHANG, Jun; YU, Kai F. What’s the Relative Risk? A Method of Correcting the Odds Ratio in Cohort Studies of Common Outcomes. JAMA, 1998, v. 280, n. 19, p. 16901691. 59 IX ARTIGO ARTIGO I PREVALÊNCIA DE TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E FATORES ASSOCIADOS EM PROFESSORES LUCIANA FRUTUOSO DE OLIVEIRA LAURO ANTONIO PORTO 60 RESUMO PREVALÊNCIA DE TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E FATORES ASSOCIADOS EM PROFESSORES Introdução: Destacam-se os transtornos mentais comuns apresentados sutilmente na forma de esquecimento, falta de concentração, fadiga, depressão, irritabilidade, insônia e queixas somáticas no qual o professor, dado sua ocupação se expõe cotidianamente. Objetivo: Determinar a prevalência de transtornos mentais comuns e identificar fatores associados em professores da rede pública municipal de ensino na cidade de JequiéBahia. Material e métodos: Estudo transversal com 186 professoras. Foi aplicado o Questionário de Saúde Geral de Goldberg para rastreamento de transtornos mentais comuns, tendo como medida de associação a razão de prevalência e a principal técnica estatística foi a análise de regressão logística. Resultados: A prevalência de transtornos mentais comuns entre os professores foi de 54,7%. As maiores prevalências de TMC ocorreram em professoras com menor escolaridade; cor da pele preta e parda, separadas e viúvas; com até 40 anos de idade, presença de filhos, menor tempo de atuação, carga horária alta e com relações interpessoais não satisfatórias. Os fatores associados foram tempo de trabalho como professor, cor da pele, suporte social pelos supervisores e conflito entre colegas de trabalho. Conclusões: Encontrou-se prevalência elevada de transtornos mentais comuns nestes professores com expressivas prevalências em extratos de algumas características sociodemográficas e ocupacionais. Palavras-chave: 1.transtornos mentais; 2. docentes; 3. epidemiologia; 4. saúde ocupacional; 5. estudos transversais; 6. prevalência. 61 ABSTRACT PREVALENCE OF COMMON MENTAL DISORDERS AND ASSOCIATED FACTORS IN TEACHERS Introduction: We highlight the common mental disorders presented subtly in the form of forgetfulness, lack of concentration, fatigue, depression, irritability, insomnia, and somatic complaints in which the teacher, given his occupation is exposed daily. Objective: To determine the prevalence of common mental disorders and to identify factors associated with public school teachers in municipal schools in the city of JequieBahia. Methods: Cross-sectional study with 186 teachers. We used the General Health Questionnaire Goldberg for tracking of common mental disorders, and as a measure of association and the prevalence ratio was the main statistical technique logistic regression analysis. Results: The prevalence of common mental disorders among teachers was 54.7%. The highest prevalence of CMD occurred in teachers with less education, skin color of black and brown, separated and widowed, with up to 40 years of age, presence of children, shorter acting, high workload and unsatisfactory interpersonal relationships. The factors were associated working time as a teacher, skin color, social support by supervisors and conflict between colleagues. Conclusions: We found a high prevalence of common mental disorders in these teachers with significant prevalence in extracts of some sociodemographic and occupational. Key-words: 1. mental disorders; 2. teaching; 3. epidemiology; 4. occupational health; 5. cross-sectional studies; 6. prevalence. 62 1. Introdução O Brasil possui quase 2 milhões de docentes na educação básica que inclui desde a educação infantil ao ensino médio, sendo este corpo de profissionais responsáveis por lecionar para mais de 52 milhões de alunos1, e correspondente ao mais significante peso dentro da força de trabalho na educação. A categoria profissional docente apresenta grande importância social uma vez que é a base da formação de crianças e jovens. Além de educador, o professor também é pai, psicólogo e, em uma conjectura mais contemporânea, mediador entre os conflitos intra e extra-muros do entorno institucional2,3. Nos ombros dos professores decaem responsabilidades referentes às falhas no sistema educacional4, peculiaridades quanto à própria prática docente e outros contextos que poderá gerar desgaste laboral culminando em prejuízo da saúde . Ressalta-se que fazem parte da rotina diária do professor: a correção e o preparo de atividades; o planejamento e execução dos conteúdos de ensino; conferir e acompanhar os alunos, trabalho cuja carga horária é excedente ao tempo em sala de aula, as reuniões, e todo o artefato oriundo do investimento profissional deste trabalhador que lhe sobrecarrega2,4,5,6. A sobrecarga de trabalho poderá ocasionar somatizações de efeitos cumulativos, afetando diretamente a saúde do professor7,8. Nesta perspectiva, situam-se as doenças ou malefícios mais comuns aos docentes como as doenças cardiovasculares, distúrbios advindos do estresse, labirintite, faringite, neuroses e entre eles, os transtornos mentais comuns. Expressão pioneiramente evidenciada por Goldberg e Huxley em 19929, os transtornos mentais comuns são sintomas como esquecimento, desconcentração, fadiga, depressão, irritabilidade, insônia e queixas somáticas, comumente encontrados em ambientes coletivos10. Embora apresentem baixa morbidade, são responsáveis por estados de sofrimento, absenteísmo e redução da força de trabalho, com prejuízos tanto institucionais quanto em coletividades11,12. Estudos realizados com docentes apontaram prevalências acentuadas de transtornos mentais comuns: 55,4%; 41,5%; 29,6%; 22,5% 6,13,14,15 e estiveram associados a fatores como sexo, características ocupacionais como trabalho repetitivo, insatisfação do desempenho das atividades, desgastes nas relações interpessoais com alunos, ambiente conflitante, falta de autonomia no planejamento das atividades, falta de materiais e equipamentos adequados (infra-estrutura), salas de aula inadequadas e ritmo acelerado de trabalho16. 63 A Bahia apresenta 179.334 professores lotados na educação básica segundo o Censo Escolar de 200117. Em geral, os professores da rede básica são funcionários do município, diretamente ligados às direções locais, com afinidade pela sua comunidade adstrita. Realizamos este estudo em uma cidade do interior do sudoeste baiano com docentes que preencheram tais características. Este estudo tem por objetivo determinar a prevalência de transtornos mentais comuns e fatores associados em professores da rede pública municipal de ensino da cidade de Jequié-Bahia. 2. Métodos Realizou-se estudo epidemiológico de corte transversal com professoras da rede municipal de ensino de Jequié - município do sudoeste baiano situado a 364 km de Salvador. A listagem de escolas foi levantada junto à gestão municipal, totalizando 40 escolas embora não puderam confirmar o quantitativo de professores do município. A rede básica de ensino é constituída por creches, ou seja pré-escolas, ensino fundamental I (primeira à quarta série), ensino fundamental II (quinta à nona série) e ensino médio. Incluíram-se no estudo apenas professoras com vínculo efetivo, excluindo-se as que não estivessem na função docente no momento do estudo, professoras de educação física, música, idiomas, informática, capoeira e religião, por estas profissionais terem características diferentes convencional, em relação à carga horária, tipo de trabalho e atividades de ensino. Após treinamento de equipe, iniciou-se a coleta de dados, no qual foi utilizado instrumento composto por blocos de questões com as seguintes variáveis: Bloco 1 (informações sociodemográficas) – situação conjugal, escolaridade, cor de pele, presença de filhos, número de filhos e renda, outra atividade remunerada; Bloco 2 (características ocupacionais) – tempo de atuação como docente, número de vínculos empregatícios; número de escolas em que atua, carga horária semanal, trabalho fora da rede municipal, trabalho docente fora da rede municipal, turnos de trabalho e nível das turmas em que ensina, média de alunos por turma, proximidade da residência ao local de trabalho, relações interpessoais no ambiente de trabalho; Bloco 3 (aspectos da saúde mental) – foi utilizado o Questionário de Saúde Geral18 – QSG-60 com questões sobre tensão ou estresse psíquico, desejo de morte, desempenho pessoal, distúrbios do sono e psicossomáticos e Bloco 4 (apoio social) – o questionário QPSNordic (General Nordic Questionnaire for Psychological and Social Factors at Work) para a perspectiva coletiva do apoio/suporte social, com variáveis relativas à dimensão “interações sociais” - apoio 64 entre colegas de trabalho, superior imediato, possibilidade de diálogo entre conhecidos do trabalhador, valoração do desempenho, conflito entre os colegas e amparo familiar e social do trabalho. A variável dependente foi a suspeição de transtornos mentais comuns. Os questionários foram distribuídos em cada escola com prévio aviso, recolhidos ou no momento, caso o professor respondesse, ou mediante caixas coletoras para recolhimento posterior pela equipe de aplicadores. Todos os participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido para a participação voluntária. Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Maternidade Climério de Oliveira, Processo 003/2012 e segue todas as recomendações de pesquisas que envolvem seres humanos. O processamento dos dados foi feito com o uso do Epidata 3.119 para contabilidade em dupla digitação e correção do banco principal após dupla comparação. A análise descritiva dos dados foi feita com o software SPSS (Social Package for the Statistic Science)20. A medida de associação usada foi a razão de prevalência com o uso do software STATA 12.021. Para avaliação da associação entre múltiplas variáveis, utilizou-se a análise de regressão logística com resposta binária22: 1. Avaliação individual cuidadosa de cada variável independente, selecionandose aquelas cujo teste univariável tenha tido um valor p menor que 0,25 pela estatística de Wald para serem incluídas no primeiro modelo multivariável, juntamente com todas as variáveis de reconhecida importância clínica e/ou epidemiológica; 2. Ajuste do modelo multivariável contendo todas as covariáveis selecionadas no passo 1, eliminando-se, ao longo desta etapa, as que não apresentaram contribuição em níveis tradicionais de significância estatística; 3. Comparação dos valores dos coeficientes estimados no modelo reduzido (com eliminação de parte das covariáveis do passo 2) com os respectivos valores no modelo completo (todas as covariáveis selecionadas no passo 1); 4. Definição do modelo preliminar de efeitos principais: reinclusão, uma a uma, das covariáveis não selecionadas no passo 1, e avaliação de sua significância pelo valor p da estatística de Wald; 5. Definição do modelo de efeitos principais: exame das covariáveis presentes no modelo, em particular quanto ao atendimento do pressuposto de aumento ou redução linear do logito em função de cada covariável contínua; para tanto, utilizaram-se o gráfico da variável tempo de trabalho como professor com o logito suavizado da regressão robusta dos mínimos quadrados localmente ponderados (“robust locally 65 weighted least squares regression” - lowess) da variável resposta (transtorno mental comum), gráfico dos coeficientes de regressão dos quartis do tempo de trabalho e de categoria do tempo de trabalho proporções médias de transtorno mental comum por categoria do tempo de trabalho; ajuste de modelo multivariável em que a variável contínua tempo de trabalho foi substituída por variáveis indicadoras com base em seus quartis, tomando-se como grupo de referência o quartil inferior; gráfico dos coeficientes de regressão estimados por esse modelo para as variáveis indicadoras versus os pontos médios dos quartis do tempo de trabalho; método dos polinômios fracionários para determinar o melhor modelo para a covariável contínua; 6. Verificação da presença de interação entre as variáveis do modelo tomando-se como referência o nível de significância estatística de 0,05 – definição do modelo preliminar final. Não foi avaliada a adequação do modelo nem verificado seu ajustamento para seu sétimo passo22 para a definição do modelo de regressão logística com resposta binária. Na exploração inicial, as variáveis categóricas cor da pele, situação conjugal e carga horária semanal de trabalho foram recodificadas para que categorias mais apropriadas fossem obtidas para representá-las, chegando-se a sua dicotomização. No ajuste do modelo multivariável, procedeu-se à imputação dos valores ausentes para que a comparação dos modelos completo e reduzido fosse feita entre modelos com o mesmo número de observações. A imputação sequencial dos dados ausentes em múltiplas variáveis foi feita por meio de equações em cadeia de imputação22. 3. Resultados Foram estudadas 186 professoras efetivas da rede municipal de ensino. Não foi possível determinar o quantitativo total de perdas, pois não se obteve uma estimativa oficial do número de professores do município. De acordo com os dados obtidos, observou-se que 61,3% das professoras investigadas são casadas; quanto à escolaridade, 93,5% tinham ensino superior completo. A cor da pele predominante foi a parda com 61,8%. Quanto ao número de filhos, 85,5% afirmaram ter um ou dois filhos; 91,9% referiram não ter outra atividade remunerada além da docente. Quanto às características ocupacionais, observou-se que 87,6% das professoras possuíam um único vínculo empregatício, a maioria 72% atuava apenas em uma única 66 escola. Metade 51,6% das professoras lecionavam para o ensino fundamental I (até a quarta série, também chamada de Educação Infantil) e grande parte 79,6% lecionava em até cinco turmas; as relações interpessoais foram consideradas boas 54,3% ou ótimas 34,4% (Tabela 1). Observou-se média de idade de 42,8 anos (DP = 6,6); tempo de atuação médio de 20 anos (DP = 6,3); média de carga horária de 37,9 horas semanais (DP= 6,5) o que corresponde ao regime de 40 horas/aula semanais; em média lecionando para 4 turmas (DP = 4,2); 25,4 alunos por turma (DP = 5,9) e renda mensal de R$ 2571,20 (DP = 682,40). A prevalência encontrada de TMC nas 186 professoras investigadas foi de 54,7%. A prevalência de TMC foi significantemente mais elevada nas professoras com menor escolaridade variando entre 75% ou mais (RP = 4 e RP = 3 para ensino médio e magistério respectivamente); professoras que lecionam para o ensino médio 87,5% (RP = 2,10) e professoras com relações interpessoais regulares 66,6% (RP = 1,42). Outras prevalências em destaque são para as variáveis cor da pele, mulheres de pele preta 63,2% e parda 60,3% (RP = 1,67 e 1,5 respectivamente), situação conjugal como sendo casadas 56,8% (RP = 1,42), não exercer outra atividade remunerada 56,7% (RP = 1,70) e a idade, onde mulheres até 40 anos apresentaram maior prevalência de TMC em relação às demais 67,8% (RP = 1,61) (Tabela 2). Na análise de regressão logística, permaneceram no modelo final as seguintes variáveis: (tmc): tempo de trabalho como professor (ttap), cor da pele (pele), suporte social pelos supervisores (ssup) e conflito entre colegas de trabalho (confl). Portanto o modelo final foi: tmc = 0,26 - 0,06 (ttap) + 1,00 (pele) + 0,90 (ssup) + 1,19 (confl). Estas variáveis compuseram o modelo de efeitos principais, uma vez que nenhuma das não selecionadas anteriormente apresentou significância ao ser reincluída no modelo e a variável tempo de trabalho como professor suportou o exame do atendimento do pressuposto da linearidade do logito em função de sua presença como variável contínua. Não se verificou presença de interação entre as variáveis do modelo. A razão de chances bruta (não ajustada) foi obtida em análise de regressão logística univariável; a razão de chances ajustada foi obtida em análise de regressão logística multivariável, ajustada pelas outras covariáveis. A razão de prevalências estimadas: obtida em análise de regressão de Poisson robusta multivariável, ajustada pelas outras covariáveis. Uma vez que a variável resposta teve uma prevalência elevada, a razão de chances pode superestimar fortemente a razão de prevalências. Por isto, razões de prevalências 67 de transtornos mentais comuns foram estimadas pela regressão de Poisson com um estimador robusto da variância para corrigir os erros-padrão23,24. As razões de chances brutas e ajustadas têm valores próximos para tempo de trabalho como professor em escala anual e cor da pele, e nem tão semelhantes para suporte social pelos supervisores e conflito entre colegas de trabalho. Para incrementos de cinco anos no tempo de trabalho os valores são bem distintos. Como a amplitude do tempo de trabalho como professor situou-se entre 10 e 49 anos, as razões de prevalências foram estimadas para incrementos de cinco anos no tempo de trabalho. O que é mais relevante, contudo, é que as razões de prevalências estimadas são bastante diferentes das razões de chances, em consonância com a asserção de que quanto mais frequente for um desfecho, mais a razão de chances superestimará a razão de prevalências maior que 1 e subestimará a razão de prevalências menor que 125. No grupo estudado de professoras, para cada incremento de cinco anos no tempo de trabalho há uma redução de 11% na prevalência de transtornos mentais comuns, ajustada pela presença das demais covariáveis; as professoras de pele preta ou parda têm prevalência de transtornos mentais comuns 1,6 vezes maior que as de pele branca ou amarela; as professoras que recebem suporte ocasional, raro ou completamente ausente de seus supervisores apresentam prevalência de transtornos mentais comuns 1,3 vezes maior que as que têm suporte frequente ou continuado; e aquelas que vivenciam conflito frequente entre colegas de trabalho apresentam prevalência de transtornos mentais comuns 1,4 vezes maior em relação as que experimentam conflito ocasional (Tabela 3). 4. Discussão O valor da prevalência global de transtornos mentais comuns neste estudo, esteve dentro do limite superior ao encontrado em outros estudos com professores2,13,14,15,26,27,28,29 e demais profissionais: motoristas e cobradores de ônibus30, trabalhadores rurais31,32, entre mulheres trabalhadoras de enfermagem33,34, mulheres trabalhadoras formais e informais35,36, trabalhadores manuais37, funcionários de uma universidade38, agentes comunitários de saúde39 variando de 20% a 55% e 20% a 56% respectivamente. Sabe-se que as mulheres são mais vulneráveis ao acometimento de TMC do que os homens11,13,14,15,26,40,41 e que são predominantes na distribuição por gênero no grupo ocupacional docente13,14,15,26,27,41,42, portanto, investigadas neste estudo. A alta proporção das professoras, 93,5% possuíam ensino superior completo o que atende a exigência da Lei de Diretrizes e Bases da Educação43. O nível de 68 escolaridade com predominância do ensino superior também foi averiguado por outros estudos na Bahia13,15,44 variando entre 71,9% a 80,3%. Ainda, verificou-se que se apresentam geralmente como casadas na variável situação conjugal, valores entre 47,1% a 65,1% 13,42,26. Á cor da pele com predominância da pele parda, deve-se às características próprias da distribuição da população local e do estado da Bahia. Quanto à ocupação destas professoras, grande parte referiu não ter outra atividade remunerada que não docente - dado equivalente ao apresentado em outros estudos variando entre 5,8% a 27%, onde poucos docentes optaram por atividades extramuros da instituição13,15,42,26,41,27. Em geral trabalhavam em um único vínculo empregatício, com poucas atuando paralelamente em outra rede de ensino, embora haja algumas que ensinem em mais de uma escola municipal. Em relação ao nível das turmas, metade dos professores investigados lecionava para o Ensino fundamental I (até a quarta série, também chamada de educação infantil), o que denota que o perfil do alunado são crianças e pré-adolescentes. Esta informação contrasta completamente com os dados encontrados em estudo realizado na rede estadual de ensino no mesmo município em 201045, onde a proporção dos alunos do ensino Fundamental I foi de apenas 10,2% e o predominante foi o Ensino Fundamental II (quinta série a oitava série agora chamado nono ano) com 51,3%. O ensino fundamental I se destaca na literatura como o mais frequente nas escolas municipais14,15,26. O número de turmas que os docentes lecionavam foi o dobro comparado a outros estudos realizados com docentes municipais também na Bahia15,26. A média de tempo de atuação na docência foi de 20 anos variando entre 10 a 49 anos, sendo esta maior do que as encontradas em outros estudos14,15,26. Quanto aos aspectos ocupacionais e TMC, professoras com menor escolaridade apresentam maior prevalência de TMC em relação as que possuem uma escolaridade maior, fato este explicável pela imposição do curso superior aos professores e política de formação na licenciatura. Professoras que lecionam em duas escolas apresentou prevalência ligeiramente maior 54,9% do que professoras que lecionam em apenas uma escola, isto se deve à própria característica do tipo de ensino, onde creche e ensino fundamental I são mais predominantes exigindo maiores demandas das professoras, uma prevalência alta como a observada por outro estudo2 que encontrou para esta mesma variável o valor de 46,7%. 69 Ao considerar as relações interpessoais no trabalho, quanto piores estas relações, maiores as prevalências de TMC. Uma boa relação interpessoal no trabalho predispõe o trabalhador a experimentar situações não conflitantes46. As docentes que apresentaram carga horária semanal igual ou acima de 40 horas também mostraram prevalência acentuada para TMC em concordância com resultados bem equivalentes26. Apresentaram-se como fatores associados a TMC, no modelo final da regressão logística múltipla: tempo de trabalho como professor, cor da pele, suporte social pelos supervisores e conflito entre colegas. O fator associado a TMC, tempo de trabalho como professor, indicou que a cada ano trabalhado, a prevalência é 0,98 vez menor de TMC entre as professoras, valor que diminui ainda, a cada 5 anos a mais de trabalho em 0,89 vez. Isto se deve a adequação do professor veterano ao trabalho docente, em relação aos professores que possuem menos tempo na profissão. Este dado vai na direção contrária de que quanto maior o tempo de atuação profissional maior possibilidade de acometimento por TMC. Quanto à cor da pele, professoras com pele parda e negra apresentaram prevalência, 1,59 mais vezes do que as brancas e amarelas. Esse resultado é semelhante ao de outros estudos11,29,47. Ao suporte social pelos supervisores, docentes que possuem suporte social ocasional, raro ou nunca apresentaram prevalência 1,33 maior de TMC em relação aos docentes que possuem suporte social frequente e/ou continuado no ambiente de trabalho. Nesta perspectiva, as boas relações no trabalho funcionam como suporte social protegendo o indivíduo de algumas sobrecargas laborais e ainda apresenta efeitos diretos na saúde humana, com menor grau de sofrimento e de transtornos psíquicos48. Conflito entre colegas de trabalho, esteve associada a TMC de modo que professoras que possuem conflito frequente apresentaram prevalência 1,44 vezes maior de TMC do que em relação a quem tem conflito ocasional. Conflitos no ambiente de trabalho geram tensões revertidas em mal estar docente48. Para efeitos de mensuração de suporte social, utilizamos neste estudo parte do questionário QPSNordic, ainda não utilizado no Brasil o que limita fazer comparações, pois até então vem-se utilizando largamente o JCQ, na dimensão das 12 questões relativas a suporte social. Mesmo assim, em consonância ao nosso estudo, pesquisas que utilizaram o JCQ demonstram que a prevalência de TMC é significantemente mais elevada entre professores com baixo suporte social26,28. Em relação à mensuração para TMC, optamos por utilizar como instrumento o questionário QSG ao invés do conhecido e largamente utilizado SRQ-20. 70 Como limitações do estudo, ressaltamos que os resultados só se aplicam ao conjunto de professoras incluídas no estudo, não podendo ser generalizados, uma vez que não houve amostragem aleatória dos professores, não cabendo, pois, inferência estatística; a utilização pioneira do questionário nórdico de suporte social do trabalho no Brasil; perdas significativas, apesar das estratégias para superá-las, como a tentativa de recuperação da informação buscando pelo professor que não tivesse respondido ou recebido o questionário, visita ao professor que estivesse sob licença em sua residência e acertos de horários ou datas para recolhimento dos questionários; o período de coleta de dados se deu após o retorno de um período de greve de quase dois meses; e a temporalidade do estudo, pela característica do corte transversal, pois não possui a capacidade de acompanhamento dos sujeitos, havendo perdas de informação, uma vez que a avaliação dos achados é pontual. Nos diários de campo há vários relatos que explicam alguns motivos das recusas: não participação por não mudança no contexto prático; falta de tempo; e não perceber que a participação trará um benefício. Outro motivo foi a população do estudo já haver passado por outras pesquisas, sem que lhes devolvessem os resultados. 5. Conclusão Evidenciou-se elevada prevalência de TMC entre os professores. Assim, com base nas intrínsecas e variadas dinâmicas do processo de trabalho que estes vivenciam, há a necessidade de mais investigações que contemplem as lacunas do conhecimento existentes entre este grupo populacional e trabalhador específico. Sugere-se melhor distribuição das informações respectivas aos fatores de risco e predisposição a doenças como as de ordem psicoemocional, a exemplo dos transtornos mentais comuns tal qual se trata neste estudo, tão expressamente prevalentes nestes trabalhadores. Uma maior atenção à saúde mental é necessária aos trabalhadores bem como o acompanhamento e monitoramento dos estados incapacitantes. 71 6. Referências bibliográficas 1. BRASIL. Instituto nacional e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Censo Escolar 2009. Portal Inep. Disponível em http://portal.inep.gov.br/c/journal/view_article_content?groupId=10157&articleId=1 2117&version=1.0 2. GASPARINI SM, BARRETO SM, ASSUNÇÃO AA. Prevalência de transtornos mentais comuns em professores da rede municipal de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Cad Saúde Pública 2006; 22,(12):2679-91. 3. ARAÚJO TM, SENA IP, VIANA, MA, ARAÚJO EM. Mal-estar docente: avaliação de condições de trabalho e saúde em uma instituição de ensino superior. Revista Baiana Saúde Pública, 2005; 20(1): 6-21, 2005. 4. SOUZA EF, FONSECA AR. Contemporaneidade, trabalho docente e transformações sociais. Revista Acadêmica SENAC On-line 2006; 1:1. 5. OLIVEIRA DA. Reformas educacionais na América Latina e os trabalhadores docentes. Belo Horizonte: Editora Autêntica; 2003. 6. REIS EJRB, ARAÚJO TM, CARVALHO FM, BARBALHO L, SILVA MO. Docência e exaustão emocional. Educação e Sociedade, Campinas, 2006; 27(94):229-53. 7. ESTEVE JM. Mudanças sociais e função docente. In: NOVOA, A. (Ed.). Profissão Professor. Porto: 2th ed. Porto Editora; 1995. 8. SCHEER FPBM. A reciprocidade entre a qualidade de vida e a prática pedagógica. In: VIII Congresso nacional de Educação da PUCPR. Curitiba: EDUCERE; 2008. p.1328-40. 9. GOLDBERG D, HUXLEY P. Commom mental disorders: a bio-social model. London: Tavistock, 1992. 10. SHANKAR BR, SARAVANAN B, JACOB KS. Explanatory models of common mental disorders among traditional healers and their patients in rural south India. In. J. Soc. Psychiatry, 2006; 52:221. 11. ROCHA SV, ALMEIDA MMG, ARAÚJO TM, VIRTUOSO JUNIOR. Prevalência de transtornos mentais comuns entre residentes em áreas urbanas de Feira de Santana, Bahia. Rev Bras Epidemiol., 2010; 13(4):630-40. 12. WORLD HEALTH ORGANIZATION. The world health report 2001. Mental health: new understanding, new hope. Geneva; 2001. 13. DELCOR NS, ARAÚJO TM, REIS EJFB, PORTO LA, CARVALHO FM, SILVA MO et. al. Condições de trabalho e saúde dos professores da rede particular de ensino de Vitória da Conquista, Bahia, Brasil. Cad. Saúde Pública 2004; 20(1):18796. 72 14. CEBALLOS AGC. Apoio social e fatores associados à disfonia em professores. [tese de doutorado]. Salvador: Instituto de Saúde Coletiva da UFBA; 2009. 15. SOUZA CL. Distúrbio vocal em professores da educação básica da cidade do Salvador-BA. [dissertação de mestrado]. Savaldor: Instituto de Saúde Coletiva da UFBA; 2008. 16. ARAÚJO TM, CARVALHO FM. Condições de trabalho docente e saúde na Bahia: estudos epidemiológicos. Educ. Soc. 2009; 30(107):427-49. 17. BRASIL. Instituto nacional e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Censo Escolar 2001. Portal Inep. Disponível em http://portal.inep.gov.br/web/guest/descricao-do-censo-escolar 18. GOLDBERG DP. The detection of psychiatric illness by questionnaire: A technique for the identification and assessment of non-psychotic psychiatric illness. Londres: Oxford University Press; 1972. 19. EPIDATA 3.1. Lauritsen JM. (Ed.) EpiData Data Entry, Data Management and basic Statistical Analysis System. Odense Denmark, EpiData Association, 20002008. http://www.epidata.dk 20. SPSS. Statistical Package for the Social Sciences. IBM. Release 13.0 for windows. 21. STATACORP. Statistics/Data Analysis (Stata). Stata Special Edition: Release 12.0. Statistical Software. College Station, Texas, USA: StataCorp LP. 22 HOSMER Jr, David W.; LEMESHOW, Stanley e STURDIVANT, Rodney X. Applied Logistic Regression. 3. ed. Hoboken, New Jersey: Wiley, xvi + 500 p., 2013. 2011. 23 BARROS, Aluísio JD; HIRAKATA, Vânia N. Alternatives for Logistic Regression in Cross-Sectional Studies: An Empirical Comparison of Models that Directly Estimate the Prevalence Ratio. BMC Medical Research Methodology, 2003 Oct 20; 3:21. 24 CUMMINGS, Peter. Methods for Estimating Adjusted Risk Ratios. The Stata Journal, 2009; 9(2):175-196. 25 ZHANG, Jun; YU, Kai F. What’s the Relative Risk? A Method of Correcting the Odds Ratio in Cohort Studies of Common Outcomes. JAMA, 1998; 280(19):1690-91. 26 REIS EJFB, CARVALHO FM, ARAÚJO TM, PORTO LA, SILVANY NETO AM. e distúrbios psíquicos em professores da rede municipal de Vitória da Conquista, Bahia, Brasil. Cad Saúde Pública 2005; 21(5): 1480-90. 27 PORTO, L.A. et al. Doenças ocupacionais em professores atendidos pelo Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador (CESAT). Revista Baiana Saúde Pública 2004; 28(1):33-49. 28 PORTO AL, CARVALHO FM, OLIVEIRA NF, SILVANY NETO AM, ARAUJO TM, REIS EJFB et al. Associação entre distúrbios psíquicos e aspectos psicossociais do trabalho de professores. Revista Saúde Pública, 2006; 40(5):818-26. 73 29 COSTA AG, LUDERMIR AB. Transtornos mentais comuns e apoio social: estudo em comunidade rural da Zona da Mata de Pernambuco, Brasil. Cad. Saúde Pública 2005; 21(1):73-79. 30 SOUZA MFM, SILVA GR. Risco de distúrbios psiquiátricos menores em área metropolitana na região Sudeste do Brasil. Rev Saúde Pública 1998; 32(1):50-8. 31 FARIA NMX, FACCHIN, LA, FASSA AG, TOMASI E. Estudo transversal sobre saúde mental de agricultores da Serra Gaúcha (Brasil). Rev Saúde Pública 1999; 33(4):391- 400. 32 FARIA NMX, FACCHINI LA, FASSA AG, TOMASI E. Processo de produção rural e saúde na Serra Gaúcha: um estudo descritivo. Cad Saúde Pública 2000; 16(1):115-28. 33 ARAÚJO TM, AQUINO E, MENEZES G, SANTOS CO, AGUIAR L. Aspectos psicossociais do trabalho e distúrbios psíquicos entre trabalhadores de enfermagem. Rev Saúde Pública 2003; 37(4):424 -33. 34 PINHO OS, ARAÚJO TM. Trabalho de enfermagem em uma unidade de emergência hospitalar e transtornos mentais. R Enferm UERJ 2007; 15(3):329-36. 35 SANTANA VS, LOOMIS D, NEWMAN B, HARLOW SD. Informal jobs: another occupational hazard for women’s mental health? Int J Epidemiol 1997; 26(6):1236-42. 36 FARIAS MD, ARAÚJO TM. Transtornbos mentais comuns entre trabalhadores da zona urbana de Feira de Santana – Ba. Rev. Bras. Saúde ocup 2011; 36(123):25-39. 37 LUDERMIR AB, MELO FILHO DA. Condições de vida e estrutura ocupacional associadas a transtornos mentais comuns. Rev. Saúde Pública 2002; 36(2):213-21. 38 VEGGI AB, LOPES CS, FAERSTEIN E, SICHIERI R. Índice de massa corporal, percepção de peso corporal e transtornos mentais comuns entre funcionários de uma universidade no Rio de Janeiro. Rev Bras Psiquiatr 2004; 26(4):242-7. 39 SILVA ATC, MENEZES PR. Esgotamento profissional e transtornos mentais comuns em agentes comunitários de saúde. Rev Saude Pública 2008; 42(5):921-9. 40 SANTOS EG, SIQUEIRA MM. Prevalência dos transtornos mentais na população adulta brasileira: uma revisão sistemática de 1997 a 2009. J Bras Psiquiatr. 2010; 59(3):238-46. 41 FARIAS TF. Voz do professor: relação saúde e trabalho. [dissertação der mestrado]. Salvador: Faculdade de Medicina da UFBA; 2004. 42 SILVANY-NETO AM, ARAÚJO TM, DUTRA FRD, AZI GR, ALVES RL, KAVALKIEVICZ CR, REIS EJFB. Condições de trabalho e saúde dos professores da rede particular de ensino de Salvador. Revista Baiana de Saúde Pública, 2000; 24(1/2):42-56. 43 BRASIL. Lei no 9394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de diretrizes e bases da educação. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União 16 outubro 1996; 21082-85. 74 44 ARAÚJO TM, REIS EJFB, KAVALKIEVICZ C. Condições de trabalho e saúde dos professores da rede particular de ensino de Salvador-Bahia. Salvador: Sindicato dos Professores do Estado da Bahia, 1998. 45 Cardoso JP. Saúde na escola: o cuidado com professores. [projeto de pesquisa]. In: Condições de trabalho e saúde de professores da rede estadual de ensino de JequiéBa. Jequié: Núcleo de estudos em saúde da população. Núcleo de estudos em atividade física e saúde. Laboratório de Saúde Coletiva. Da UESB; 2010. 46 LINDSTRÖM K, ELO AL, SKOGSTAD A, DALLNER M, GAMBERALE F, HOTTINEN V et al. User´s Guide for the QPSNordic – General Nordic Questionnaire for Psychological and Social Factors at Work. Copenhagen: 2000. 47 ARAÚJO TM, PINHO PS, ALMEIDA MMG. Prevalência de transtornos mentais comuns em mulheres e sua relação com as características sociodemográficas e o trabalho doméstico. Rev. Bras. Saúde Matern. Infant. 2005; 5(3):337-48. 48 RODRIGUES VB, MADEIRA M. Suporte social e saúde mental: revisão da literatura. Revista da Faculdade de Ciências da Saúde, 2009; (6):390-9 75 7. Tabelas Tabela 1. Características sociodemográficas e ocupacionais em professoras da rede municipal de ensino (variáveis categóricas), Jequié, Bahia, Brasil, 2012. Variável de exposição n % Solteira Casada União estável Separada Viúva 26 114 15 26 5 14 61,3 8,1 14 2,7 Ensino médio Magistério Superior incompleto Superior completo Mestrado/Doutorado 1 4 4 174 3 0,5 2,2 2,2 93,5 1,6 Branca Preta Amarela Parda 39 28 4 115 21 15,1 2,2 61,8 Sim Não 159 27 85,5 14,5 Outra atividade remunerada Sim Não 15 171 8,1 91,9 Quantidade de vínculos empregatícios Um Dois Três 163 22 1 87,6 11,8 0,5 Número de escolas em que atua Uma Duas 134 52 72 28 Nível das turmas em que ensina Creche Fundamental I (até 4ª série) Fundamental II (até 8ª série) Outros 46 96 36 8 24,7 51,6 19,4 4,3 148 25 13 79,6 13,5 6,8 64 101 20 1 34,4 54,3 10,8 0,5 Situação conjugal Escolaridade Cor da pele Filhos Quantidade de turmas que ensina Até 5 turmas De 6 a 10 turmas Mais de 10 turmas Relações Interpessoais no trabalho Ótima Boa Regular Péssima 76 Tabela 2. Prevalências (%) e Razão de Prevalência de Transtornos Mentais Comuns segundo características sociodemográficas e ocupacionais em professoras da rede municipal de ensino, Jequié, Bahia, Brasil, 2012. Variável N Suspeitos RP (n/%) Escolaridade Ensino médio 1 1 (100%) 4,0 Magistério 4 1 (25%) Superior incompleto 4 3 (75%) 3,0 Superior completo 167 91 (54,4%) 2,17 Mestrado ou doutorado 3 2 (66,6%) 2,6 Cor de pele Branca Preta Amarela Parda 39 25 4 111 16 (41%) 15 (63,2%) 0 (0%) 67 (60,3%) Situação conjugal Solteira Casada união estável Separada viúva 25 109 15 25 5 10 (40%) 62 (56,8%) 8 (53,3%) 15 (60%) 3 (60%) Filhos Sim Não 153 26 86 (56,2%) 12 (46,1%) 1,21 Vínculos empregatícios Um Dois Três 156 22 1 88 (56,4%) 9 (40,9%) 1 (100%) 1,37 Número de escolas em que atua Um Dois 128 51 70 (54,6%) 28 (54,9%) 1,0 Nivel de ensino Creche fundamental I fundamental II ensino médio 45 90 36 8 25 (55,5%) 51 (56,6%) 15 (41,6%) 7 (87,5%) 1,33 1,36 Outra atividade remunerada Sim Não 15 164 5 (33,3%) 93 (56,7%) 1,70 Relações interpessoais Ótimas Boas Regulares Péssimas 62 98 18 1 29 (46,7%) 56 (57,1%) 12 (66,6%) 1 (100%) 1,22 1,42 2,14 1,67 1,5 1,42 1,33 1,5 1,5 2,44 2,10 77 Idade (em anos) Até 40 41 a 50 + de 50 56 67 19 38 (67,8%) 34 (50,7%) 8 (42,1%) 1,61 1,2 Tempo de atuação (em anos) Até 14 anos 15-19 anos 20-24 25 ou mais 40 41 55 41 28 (70%) 22 (53,6%) 30 (54,5%) 18 (43,9%) 1,5 1,22 1,24 Carga horária semanal 20 40 ou + 20 152 8 (40%) 88 (57,8%) 1,44 Quantidade de turmas 1 2 3-5 6 ou + 34 76 32 37 15 (44,1%) 47 (61,8%) 16 (50%) 20 (54%) 1,4 1,13 1,22 Alunos por turma Até 19 20-29 30 ou + 16 114 49 7 (43,7%) 66 (57,8%) 25 (51%) 1,32 1,16 Renda mensal (R$) 870,00-2000,00 2001,00- 3000,00 3001,00 ou mais 40 114 25 21 (52,5%) 65 (57%) 12 (48%) 1,0 1,18 78 Tabela 3. Razões de chances e razões de prevalências de transtornos mentais comuns em professoras da rede municipal de ensino de Jequié, Bahia, 2012, segundo as variáveis presentes no modelo final de análise de regressão logística múltipla. razão de razão de razão de variável de exposição categorias chances chances prevalências bruta ajustada estimadas tempo de trabalho como professor por ano a mais de trabalho 0,95 0,95 0,98 tempo de trabalho como professor para cada cinco anos a mais de trabalho 0,76 0,57 0,89 cor da pele preta ou parda em relação a branca ou amarela 2,77 2,72 1,59 suporte social pelos supervisores frequente/continuado em relação a ocasional/raro/nunca 2,23 2,46 1,33 conflito entre colegas de trabalho conflito frequente em relação a conflito ocasional 3,08 3,29 1,44 79 ANEXOS ANEXO 1: Ofício de aprovação da pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Maternidade Climério de Oliveira da UFBA (MCO/UFBA) 80 81 ANEXO 2: Termo aditivo 82 ANEXO 3: Termo de consentimento livre e esclarecido TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Prezado (a) Senhor (a) Eu sou Luciana Frutuoso de Oliveira, mestranda em Saúde, Ambiente e Trabalho pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA), e estou realizando, juntamente com o professor Lauro Antonio Porto, estudo sobre as condições de saúde mental e trabalho de professores que tem como objetivo geral investigar a prevalência de transtornos mentais comuns e fatores associados em professores da rede pública municipal de ensino na cidade de Jequié- BA. Estou convidando o(a) senhor(a) a participar da pesquisa, pois através das pesquisas que ocorrem os avanços na área da Saúde do Trabalhador e esta pesquisa poderá gerar informações que contribuam para compreender as condições de trabalho e saúde dos professores, além de apresentar subsídios para atuação na forma de prevenção-promoçãoatenção à saúde docente, embora ela não traga benefícios diretos imediatos ao(à) senhor(a) e/ou à sua família. Caso o(a) senhor(a) aceite participar desta pesquisa, será necessário que o(a) senhor(a) preencha um questionário, que tem por desconforto talvez apenas o tempo para preenchê-lo. Este contém perguntas “fechadas” sobre os aspectos do trabalho do professor e não contém campo de identificação do docente. Sua participação nesta pesquisa é voluntária e não obrigatória, ou seja, o(a) senhor(a) tem o direito de não participar ou até de desistir de participar da pesquisa se quiser. Além disso, o(a) senhor(a) terá todas as informações que queira, antes, durante e depois da pesquisa. Garantimos também que seus dados pessoais não serão divulgados e que os resultados desta pesquisa serão publicados em revistas especializadas de forma que nenhum participante da pesquisa será identificado, permanecendo em anonimato. Sua participação na pesquisa não lhe acarretará nenhum custo e também você não receberá nenhum valor em dinheiro por participar dela. O questionário do(a) senhor(a) ficará armazenado e poderá ser utilizado em pesquisas futuras para as quais também será garantido o anonimato e a confidencialidade dos dados pessoais de forma que ninguém será identificado. Será garantido à classe docente o retorno dos resultados, à comunidade científica e a outros órgãos, de forma que possam haver contribuições na perspectiva de abordar os dilemas e as situações conflitantes experienciadas pelo professor na sua vida cotidiana de seu trabalho, e as formas de amenizar possíveis sintomatologias emocionais advindas destas interações. A pesquisa será suspensa ou encerrada mediante apresentações de não participação ou mediante o preenchimento do número amostral. Dúvidas a respeito da ética dessa pesquisa poderão ser questionadas ao Comitê de Ética em Pesquisa da Maternidade Climério de Oliveira no endereço: Rua do Limoeiro, n 137, Nazaré, Salvador-BA, CEP 40.005-150, fone (71) 3283-9210/9211, ou através de Luciana Frutuoso de Oliveira, endereço: Rua Politeama de Baixo, n 298, apto 304, Bloco-A – Politeama, Salvador, CEP 40.005-150, fone (71) 9278-8141 e Lauro Antonio Porto, Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFBA no Vale do Canela, Salvador, Bahia, fone (71) 8880-3052 ou pelos emails: [email protected] / [email protected] . Se o senhor(a) aceita voluntariamente participar desta pesquisa, por favor, assine este termo em duas vias. _________________________________ Jequié-BA, ___/ ___ /___ (Assinatura do professor participante da pesquisa) ______________________ _________________ (Luciana Frutuoso de Oliveira) (Lauro Antônio Porto) 83 ANEXO 4: Questionários 1. Sexo: 1 BLOCO 1 – INFORMAÇÕES SOCIODEMOGRÁFICAS ( ) feminino 2 ( ) masculino 2. Idade: _____ anos. 3. Qual sua situação conjugal: 1 5 ( ) solteiro 2 ( ) casado 3 ( ) união estável 4 ( ) separado ( ) viúvo 4. Qual sua escolaridade: 1 2 3 ( ) ensino médio ( ) magistério ( ) superior incompleto 4 5 ( ) superior completo ( ) mestrado/doutorado 5. Como você classificaria a cor da sua pele? 1 3 4 5 ( ) branco 2 ( ) preto ( ) amarelo ( ) pardo ( ) indígena 1 2 6. Tem filhos? ( ) sim ( ) não 7 . Quantos filhos?______ 8. Quanto você ganha mensalmente lecionando? R$__________,00. 2 9. Outra atividade remunerada: 1 ( ) sim ( ) não BLOCO 2 – CARACTERÍSTICAS OCUPACIONAIS 1. Há quanto tempo você trabalha como professor? _______anos completos. 2. Quantos vínculos empregatícios você possui? _______ 3. Número de escolas em que atua _______ 4. Qual a sua carga horária total de trabalho por semana na rede municipal? __________________. 5. Trabalha em outra atividade fora da rede municipal de ensino? 1 ( ) sim 2 ( ) não 6. Realiza trabalho docente (ensino) fora da rede municipal? 1 ( ) sim 2 ( ) não 7. Trabalha em mais de uma escola na rede municipal? 1 ( ) sim 2 ( ) não 8. Tipo de vínculo na rede municipal: 1 2 3 ( ) efetivo ( ) contrato temporário ( ) outro_________________ 1 2 3 9. Turnos de trabalho: ( ) matutino ( ) vespertino ( ) noturno 10. Qual o nível de ensino das turmas que você ensina? 1 ( ) creche 2 ( ) fundamental I 3 ( ) fundamental II 4 ( ) ensino médio 5 ( ) outro:________________ 11. Quantas turmas, em média, você ensina atualmente? _____________ 12. Qual a média do número de alunos por turma? ___________________ 13. A(s) escolas que você trabalha fica(m) próxima(s) ou no mesmo bairro da sua 1 2 residência? ( ) sim ( ) não 14. Como você julga as relações interpessoais entre os outros docentes? 1 2 3 4 5 ( ) ótima ( ) boa ( ) regular ( ) ruim ( ) péssima 84 BLOCO 3 – ASPECTOS SOBRE O ESTADO DE SAÚDE As questões que se seguem apresentam uma série de sessenta (60) afirmações sobre o estado de saúde das pessoas em geral. Sua tarefa consiste em dizer se as afirmações se aplicam ou não a você. É necessário que você responda a todas as questões. Se porventura nenhuma das quatro alternativas corresponderem à resposta que você gostaria de dar, mesmo assim escolha aquela que mais se aproxime do que sente. Mas lembre-se que o interesse está em saber como você tem se sentido ultimamente e não como você se sentia no passado. É importante que você procure responder a todas as perguntas. 1.Tem se sentido perfeitamente bem e com boa saúde? 1 3 ( ) melhor do que de costume ( ) pior do que de costume 2 4 ( ) como de costume ( ) muito pior do que de costume 2. Tem sentido necessidade de tomar fortificantes (vitaminas)? 1 3 ( ) não, absolutamente ( ) um pouco mais do que de costume 2 4 ( ) não mais do que de costume ( ) muito mais do que de costume 3. Tem se sentido cansado (fatigado) e irritadiço? 1 3 ( ) não, absolutamente ( ) um pouco mais do que de costume 2 4 ( ) não mais do que de costume ( ) muito mais do que de costume 4. Tem se sentido mal de saúde? 1 3 ( ) não, absolutamente ( ) um pouco mais do que de costume 2 4 ( ) não mais do que de costume ( ) muito mais do que de costume 5. Tem sentido dores de cabeça? 1 3 ( ) não, absolutamente ( ) um pouco mais do que de costume 2 4 ( ) não mais do que de costume ( ) muito mais do que de costume 6. Tem sentido dores na cabeça? 1 3 ( ) não, absolutamente ( ) um pouco mais do que de costume 2 4 ( ) não mais do que de costume ( ) muito mais do que de costume 7. Tem sido capaz de se concentrar no que faz? 1 3 ( ) melhor do que de costume ( ) menos do que de costume 2 4 ( ) como de costume ( ) muito menos do que de costume 8. Tem sentido medo de que você vá desmaiar num lugar público? 1 3 ( ) não, absolutamente ( ) um pouco mais do que de costume 2 4 ( ) não mais do que de costume ( ) muito mais do que de costume 9. Tem sentido sensações (ondas) de calor ou de frio pelo corpo? 1 3 ( ) não, absolutamente ( ) um pouco mais do que de costume 2 4 ( ) não mais do que de costume ( ) muito mais do que de costume 10. Tem suado (transpirado) muito? 1 3 ( ) não, absolutamente ( ) um pouco mais do que de costume 2 4 ( ) não mais do que de costume ( ) muito mais do que de costume 11. Tem acordado cedo (antes da hora) e não tem conseguido dormir de novo? 1 3 ( ) não, absolutamente ( ) um pouco mais do que de costume 2 4 ( ) não mais do que de costume ( ) muito mais do que de costume 12. Tem levantado sentindo que o sono não foi suficiente para lhe renovar as energias? 1 3 ( ) não, absolutamente ( ) um pouco mais do que de costume 2 4 ( ) não mais do que de costume ( ) muito mais do que de costume 13. Tem se sentido muito cansado e exausto, até mesmo para se alimentar? 1 3 ( ) não, absolutamente ( ) um pouco mais do que de costume 2 4 ( ) não mais do que de costume ( ) muito mais do que de costume 14. Tem perdido muito sono por casa de preocupações? 1 3 ( ) não, absolutamente ( ) um pouco mais do que de costume 2 4 ( ) não mais do que de costume ( ) muito mais do que de costume 15. Tem se sentido lúcido e com plena disposição mental? 1 3 ( ) melhor do que de costume ( ) menos lúcido do que de costume 2 4 ( ) como de costume ( ) muito menos lúcido do que de costume 85 16. Tem se sentido cheio de energia (com muita disposição)? 1 3 ( ) melhor do que de costume ( ) com menos energia do que de costume 2 4 ( ) como de costume ( ) com muito menos energia do que de costume 17. Tem sentido dificuldade de conciliar o sono? (pegar no sono) 1 3 ( ) não, absolutamente ( ) um pouco mais do que de costume 2 4 ( ) não mais do que de costume ( ) muito mais do que de costume 18. Tem tido dificuldade em permanecer dormindo após ter conciliado o sono (após ter pego no sono)? 1 3 ( ) não, absolutamente ( ) um pouco mais do que de costume 2 4 ( ) não mais do que de costume ( ) muito mais do que de costume 19. Tem tido sonhos desagradáveis ou aterrorizantes? 1 3 ( ) não, absolutamente ( ) um pouco mais do que de costume 2 4 ( ) não mais do que de costume ( ) muito mais do que de costume 20. Tem tido noites agitadas e mal dormidas? 1 3 ( ) não, absolutamente ( ) um pouco mais do que de costume 2 4 ( ) não mais do que de costume ( ) muito mais do que de costume 21. Tem conseguido manter-se em atividade e ocupado? 1 3 ( ) mais do que de costume ( ) um pouco menos do que de costume 2 4 ( ) como de costume ( ) muito menos do que de costume 22. Tem gasto mais tempo para executar seus afazeres? 1 3 ( ) mais rápido do que de costume ( ) mais tempo do que de costume 2 4 ( ) como de costume ( ) muito mais tempo do que de costume 23. Tem sentido que perde o interesse nas suas atividades diárias? 1 3 ( ) não, absolutamente ( ) um pouco mais do que de costume 2 4 ( ) não mais do que de costume ( ) muito mais do que de costume 24. Tem sentido que está perdendo interesse na sua aparência pessoal? 1 3 ( ) não, absolutamente ( ) um pouco mais do que de costume 2 4 ( ) não mais do que de costume ( ) muito mais do que de costume 25. Tem tido menos cuidado com suas roupas? 1 3 ( ) mais cuidado do que de costume ( ) menos cuidado do que de costume 2 4 ( ) como de costume ( ) muito menos cuidado do que de costume 26. Tem saído de casa com a mesma freqüência de costume? 1 3 ( ) mais do que de costume ( ) menos do que de costume 2 4 ( ) como de costume ( ) muito menos do que de costume 27. Tem se saído tão bem quanto acha que a maioria das pessoas se sairia se estivesse em seu lugar? 1 3 ( ) melhor que de costume ( ) um pouco pior 2 4 ( ) mais ou menos igual ( ) muito pior 28. Tem achado que de um modo geral tem dado boa conta de seus afazeres? 1 3 ( ) melhor que de costume ( ) pior do que de costume 2 4 ( ) como de costume ( ) muito pior do que de costume 29. Tem se atrasado para chegar ao trabalho ou para começar seu trabalho em casa? 1 3 ( ) não, absolutamente ( ) um pouco mais atrasado do que de costume 2 4 ( ) mais atrasado do que de costume ( ) muito mais atrasado do que de costume 30. Tem se sentido satisfeito com a forma pela qual você tem realizado suas atividades (tarefa ou trabalho)? 1 3 ( ) mais satisfeito do que de costume ( ) menos satisfeito do que de costume 2 4 ( ) como de costume ( ) muito menos satisfeito do que de costume 31. Tem sido capaz de sentir calor humano e afeição por aqueles que o cercam? 1 3 ( ) mais do que de costume ( ) menos do que de costume 2 4 ( ) como de costume ( ) muito menos do que de costume 32. Tem achado fácil conviver com outras pessoas? 1 3 ( ) mais fácil do que de costume ( ) mais difícil do que de costume 2 4 ( ) tão fácil como de costume ( ) muito mais difícil do que de costume 86 33. Tem gasto muito tempo batendo papo? 1 3 ( ) mais tempo do que de costume ( ) menos do que de costume 2 4 ( ) tanto quanto de costume ( ) muito menos do que de costume 34. Tem tido medo de dizer alguma coisa às pessoas e passar por tolo (parecer ridículo)? 1 3 ( ) não, absolutamente ( ) um pouco mais do que de costume 2 4 ( ) não mais do que de costume ( ) muito mais do que de costume 35. Tem sentido que está desempenhando uma função útil na vida? 1 3 ( ) mais do que de costume ( ) menos útil do que de costume 2 4 ( ) como de costume ( ) muito menos do que de costume 36. Tem se sentido capaz de tomar decisões sobre suas coisas? 1 3 ( ) mais do que de costume ( ) menos do que de costume 2 4 ( ) como de costume ( ) muito menos do que de costume 37. Tem sentido que você não consegue continuar as coisas que começa? 1 3 ( ) não, absolutamente ( ) um pouco mais do que de costume 2 4 ( ) não mais do que de costume ( ) muito mais do que de costume 38. Tem se sentido com medo de tudo que tem que fazer? 1 3 ( ) não, absolutamente ( ) um pouco mais do que de costume 2 4 ( ) não mais do que de costume ( ) muito mais do que de costume 39. Tem se sentido constantemente sob tensão? 1 3 ( ) não, absolutamente ( ) um pouco mais do que de costume 2 4 ( ) não mais do que de costume ( ) muito mais do que de costume 40. Tem se sentido incapaz de superar suas dificuldades? 1 3 ( ) não, absolutamente ( ) um pouco mais do que de costume 2 4 ( ) não mais do que de costume ( ) muito mais do que de costume 41. Tem achado a vida uma luta constante? 1 3 ( ) não, absolutamente ( ) um pouco mais do que de costume 2 4 ( ) não mais do que de costume ( ) muito mais do que de costume 42. Tem conseguido sentir prazer nas suas atividades diárias? 1 3 ( ) mais do que de costume ( ) um pouco menos do que de costume 2 4 ( ) como de costume ( ) muito menos do que de costume 43. Tem tido pouca paciência com as coisas? 1 3 ( ) não, absolutamente ( ) menos paciência do que de costume 2 4 ( ) não mais do que de costume ( ) muito mais paciência do que de costume 44. Tem se sentido irritado e mal-humorado? 1 3 ( ) não, absolutamente ( ) um pouco mais do que de costume 2 4 ( ) não mais do que de costume ( ) muito mais do que de costume 45. Tem ficado apavorado ou em pânico sem razões justificadas para isso? 1 3 ( ) não, absolutamente ( ) um pouco mais do que de costume 2 4 ( ) não mais do que de costume ( ) muito mais do que de costume 46. Tem se sentido capaz de enfrentar seus problemas? 1 ( ) mais capaz do que de costume 3 ( ) menos capaz do que de costume 2 4 ( ) como de costume ( ) muito menos capaz do que de costume 47. Tem sentido que suas atividades têm sido excessivas para você? 1 3 ( ) não, absolutamente ( ) um pouco mais do que de costume 2 4 ( ) não mais do que de costume ( ) muito mais do que de costume 48. Tem tido a sensação de que as pessoas olham para você? 1 3 ( ) não, absolutamente ( ) um pouco mais do que de costume 2 4 ( ) não mais do que de costume ( ) muito mais do que de costume 49. Tem se sentido infeliz e deprimido? 1 3 ( ) não, absolutamente ( ) um pouco mais do que de costume 2 4 ( ) não mais do que de costume ( ) muito mais do que de costume 50. Tem perdido a confiança em você mesmo? 1 3 ( ) não, absolutamente ( ) um pouco mais do que de costume 2 4 ( ) não mais do que de costume ( ) muito mais do que de costume 51. Tem se considerado como uma pessoa inútil (sem valor)? 1 3 ( ) não, absolutamente ( ) um pouco mais do que de costume 87 2 4 ( ) não mais do que de costume ( ) muito mais do que de costume 52. Tem sentido que a vida é completamente sem esperança? 1 3 ( ) não, absolutamente ( ) um pouco mais do que de costume 2 4 ( ) não mais do que de costume ( ) muito mais do que de costume 53. Tem se sentido esperançoso quanto ao seu futuro? 1 3 ( ) mais do que de costume ( ) menos do que de costume 2 4 ( ) como de costume ( ) muito menos do que de costume 54. Considerando-se todas as coisas, tem se sentido razoavelmente feliz? 1 3 ( ) mais do que de costume ( ) menos do que de costume 2 4 ( ) assim como de costume ( ) muito menos do que de costume 55. Tem se sentido nervoso e sempre tenso? 1 3 ( ) não, absolutamente ( ) um pouco mais do que de costume 2 4 ( ) não mais do que de costume ( ) muito mais do que de costume 56. Tem sentido que a vida não vale a pena? 1 3 ( ) não, absolutamente ( ) um pouco mais do que de costume 2 4 ( ) não mais do que de costume ( ) muito mais do que de costume 57. Tem pensando na possibilidade de dar um fim em você mesmo? 1 3 ( ) definitivamente, não ( ) passou-me pela cabeça 2 4 ( ) acho que não ( ) definitivamente, sim 58. Tem achado algumas vezes que não pode fazer nada porque está muito mal dos nervos? 1 3 ( ) não, absolutamente ( ) um pouco mais do que de costume 2 4 ( ) não mais do que de costume ( ) muito mais do que de costume 59. Já se descobriu desejando estar morto e longe (livre) de tudo? 1 3 ( ) não, absolutamente ( ) um pouco mais do que de costume 2 4 ( ) não mais do que de costume ( ) muito mais do que de costume 60. Tem achado que a idéia de acabar com a própria vida tem se mantido em sua mente? 1 3 ( ) definitivamente, não ( ) passou-me pela cabeça 2 4 ( ) acho que não ( ) definitivamente, sim 88 BLOCO 4 – ASPECTOS DA SAÚDE MENTAL As próximas questões estão relacionadas a situações que você pode ter vivido nos últimos 30 DIAS. Então, se você acha que a questão se aplica a você e você sentiu a situação descrita nos últimos 30 DIAS responda SIM. Por outro lado, se a questão não se aplica a você e você não sentiu a situação, responda NÂO. Se você está incerto sobre como responder uma questão, por favor, dê a melhor resposta que você puder. Tem dores de cabeça freqüentemente? 1 2 Tem falta de apetite? 1 2 Dorme mal? 1 2 Assusta-se com facilidade? 1 2 Tem tremores nas mãos? 1 2 Sente-se nervoso(a), tenso(a) ou preocupado(a)? 1 2 Tem má digestão? 1 2 8. Tem dificuldade de pensar com clareza? 1 2 9. Tem se sentido triste ultimamente? 1 2 10. Tem chorado mais do que de costume? Encontra dificuldade de realizar, com satisfação, suas 11. tarefas diárias? 12. Tem dificuldade para tomar decisões? 1 2 1 2 1 2 13. Seu trabalho diário lhe causa sofrimento? 1 2 14. É incapaz de desempenhar um papel útil em sua vida? 1 2 15. Tem perdido o interesse pelas coisas? 1 2 16. Você se sente pessoa inútil em sua vida? 1 2 17. Tem tido a idéia de acabar com a vida? 1 2 18. Sente-se cansado(a) o tempo todo? 1 2 19. Tem sensações desagradáveis no estômago? 1 2 20. Você se cansa com facilidade? 1 2 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. ( )Sim ( )Sim ( )Sim ( )Sim ( )Sim ( )Sim ( )Sim ( )Sim ( )Sim ( )Sim ( )Sim ( )Sim ( )Sim ( )Sim ( )Sim ( )Sim ( )Sim ( )Sim ( )Sim ( )Sim ( )Não ( )Não ( )Não ( )Não ( )Não ( )Não ( )Não ( )Não ( )Não ( )Não ( )Não ( )Não ( )Não ( )Não ( )Não ( )Não ( )Não ( )Não ( )Não ( )Não 89 BLOCO 5 – SITUAÇÃO EMOCIONAL E TRABALHO A seguir, há 16 afirmativas relacionadas com o sentimento em relação ao trabalho. Por favor, leia com atenção cada uma das afirmativas e decida se você já se sentiu deste modo em seu trabalho. 0 Nunca 1 Algumas vezes, ao ano ou menos FREQUÊNCIA 2 3 Uma vez Algumas ao mês vezes ou menos durante o mês 4 Uma vez por semana DECLARAÇÕES 1. Sinto-me emocionalmente esgotado com o meu trabalho. 2. Sinto-me esgotado no final de um dia de trabalho. 3. Sinto-me cansado quando me levanto pela manhã e preciso encarar outro dia de trabalho. 4. Trabalhar o dia todo é realmente motivo de tensão para mim. 5. Sinto-me acabado por causa do meu trabalho. 6. Só desejo fazer meu trabalho e não ser incomodado. 7. Tornei-me menos interessado no meu trabalho desde que assumi esse cargo. 8. Tornei-me menos entusiasmado com o meu trabalho. 9. Tornei-me mais descrente sobre se o meu trabalho contribui para algo. 10. Duvido da importância do meu trabalho. 11. Sinto-me entusiasmado quando realizo algo no meu trabalho. 12. Realizei muitas coisas valiosas no meu trabalho. 13. Posso efetivamente solucionar os problemas que surgem no meu trabalho. 14. Sinto que estou dando uma contribuição efetiva para essa organização. 15. Na minha opinião, sou bom no que faço. 16. No meu trabalho, me sinto confiante de que sou eficiente e capaz de fazer com que as coisas aconteçam. 5 Algumas vezes durante a semana 6 Todo dia. FREQUÊNCIA (1) (2) (3) (4) (5) (6) (1) (2) (3) (4) (5) (6) (1) (2) (3) (4) (5) (6) (1) (2) (3) (4) (5) (6) (1) (2) (3) (4) (5) (6) (1) (2) (3) (4) (5) (6) (1) (2) (3) (4) (5) (6) (1) (2) (3) (4) (5) (6) (1) (2) (3) (4) (5) (6) (1) (2) (3) (4) (5) (6) (1) (2) (3) (4) (5) (6) (1) (2) (3) (4) (5) (6) (1) (2) (3) (4) (5) (6) (1) (2) (3) (4) (5) (6) (1) (2) (3) (4) (5) (6) (1) (2) (3) (4) (5) (6) 90 BLOCO 6 – CARACTERÍSTICAS DO ESTILO DE VIDA Os itens abaixo representam características do estilo de vida relacionadas ao bem-estar individual. Manifeste-se sobre cada afirmação considerando a escala: (1) Absolutamente não faz parte do seu estilo de vida (2) Às vezes correspondendo ao seu comportamento (3) Quase sempre verdadeiro no seu comportamento (4) A afirmação é sempre verdadeira no seu dia-a-dia, faz parte do seu estilo de vida. Componente: Nutrição 1. Sua alimentação diária inclui ao menos 5 porções de frutas e verduras. 2. Você evita ingerir alimentos gordurosos (carnes gordas, frituras) e doces. 3. Você faz 4 a 5 refeições variadas ao dia, incluindo café da manhã completo. Componente: Atividade Física 4. Você realiza ao menos 30 minutos de atividades físicas moderadas ou intensas, de forma contínua ou acumulada, 5 ou mais vezes na semana. 5. Ao menos duas vezes por semana você realiza exercícios que envolvam força e alongamento muscular. 6. No seu dia-a-dia, você caminha ou pedala como meio de transporte e, referencialmente, usa as escadas ao invés do elevador. Componente: Comportamento Preventivo 7. Você conhece sua PRESSÃO ARTERIAL, seus níveis de COLESTEROL e procura controlá-los. 8. Você NÃO FUMA e ingere ÁLCOOL com moderação (menos de 2 doses ao dia). 9. Você sempre usa cinto de segurança e, se dirige, o faz respeitando as normas de trânsito, nunca ingerindo álcool, se vai dirigir. Componente: Relacionamento Social 10. Você procura cultivar amigos e está satisfeito com seus relacionamentos. 11. Seu lazer inclui reuniões com amigos, atividades esportivas em grupo ou participação em associações. 12. Você procura ser ativo em sua comunidade, sentindo-se útil no seu ambiente social. Componente: Controle do Stress 13. Você reserva tempo (ao menos 5 minutos) todos os dias para relaxar. 14. Você mantém uma discussão sem alterar-se, mesmo quando contrariado. 15. Você procura equilibrar o tempo dedicado ao trabalho com o tempo dedicado ao lazer. (0) (1) (2) (3) (0) (1) (2) (3) (0) (1) (2) (3) (0) (1) (2) (3) (0) (1) (2) (3) (0) (1 (2) (3) (0) (1) (2) (3) (0) (1) (2) (3) (0) (1 (2) (3) (0) (1) (2) (3) (0) (1) (2) (3) (0) (1) (2) (3) (0) (1 (2) (3) (0) (1 (2) (3) (0) (1) (2) (3) 91 BLOCO 7 – CAPACIDADE PARA O TRABALHO 1. Suponha que a sua melhor capacidade para o trabalho tem um valor igual a 10 pontos. Assinale com X um número na escala de zero a dez, quantos pontos você daria para sua capacidade de trabalho atual. 0 1 2 Estou incapaz para o trabalho 3 4 5 6 7 8 9 10 Estou em minha melhor capacidade para o trabalho 2. Como você classificaria sua capacidade atual para o trabalho em relação às exigências físicas do seu trabalho? (Por exemplo, fazer esforço físico com partes do corpo) 5( ) Muito boa 4( ) Boa 3( ) Moderada 2( ) Baixa 1( ) Muito baixa 3. Como você classificaria sua capacidade atual para o trabalho em relação às exigências mentais do seu trabalho? (Por exemplo, interpretar fatos, resolver problemas, decidir a melhor forma de fazer) 5( ) Muito boa 4( ) Boa 3( ) Moderada 2( ) Baixa 1( ) Muito baixa 4. Quantos dias inteiros você esteve fora do trabalho devido a problema de saúde, consulta médica ou para fazer exame durante os últimos 12 meses? 5( )Nenhum 4( )até 9 dias 3( )de 10 a 24 dias 2( )de 25 a 99 dias 1( )de 100 a 365 dias 5. Considerando sua saúde, você acha que será capaz de daqui a 2 anos fazer seu trabalho atual? 1( )É improvável 4( )Não estou muito certo 7( )Bastante provável 6. Recentemente você tem conseguido apreciar suas atividades diárias? 4( ) Sempre 3( ) Quase sempre 2( )Ás vezes 1( )Raramente 0( )Nunca 7. Recentemente você tem se sentido ativo e alerta? 4( ) Sempre 3( ) Quase sempre 2( )Ás vezes 1( )Raramente 0( )Nunca 8. Recentemente você tem se sentido cheio de esperança para o futuro? 4( ) Sempre 3( ) Quase sempre 2( )Ás vezes 1( )Raramente 0( )Nunca 9. De um modo geral, em comparação a pessoas da sua idade, como você considera o seu estado de saúde? 1( ) Muito bom 2( ) Bom 3( ) Regular 4 ( )Ruim 5( )Muito ruim 92 10. Você possui diagnóstico médico para das doenças listadas abaixo? (Pode marcar mais de uma opção) Diabetes Colesterol alto Obesidade Pressão alta Câncer Artrite/ reumatismo Rinite/ sinusite Asma Infarto do miocárdio Angina Insuficiência cardíaca Alergia/ eczema Disfonia 1( 1( 1( 1( 1( ) sim ) sim ) sim ) sim ) sim 0( 0( 0( 0( 0( ) não ) não ) não ) não ) não Tuberculose Gastrite Úlcera Hepatite Infecção urinária 1( 1( 1( 1( 1( ) sim ) sim ) sim ) sim ) sim 0( 0( 0( 0( 0( ) não ) não ) não ) não ) não 1( ) sim 0( ) não LER/DORT 1( ) sim 0( ) não 1( ) sim 0( ) não Depressão 1( ) sim 0( ) não 1( ) sim 0( ) não Distúrbios do sono 1( ) sim 0( ) não 1( ) sim 0( ) não Anemia 1( ) sim 0( ) não 1( ) sim 0( ) não Varizes 1( ) sim 0( ) não 1( ) sim 0( ) não Doença dos rins 1( ) sim 0( ) não 1( ) sim 0( ) não Hérnia de disco 1( ) sim 0( ) não 1( ) sim 0( ) não Lombalgia 1( ) sim 0( ) não Outro(s)? [ANOTAR] _________________________________________ 11. Em caso, de algum problema de saúde, sua lesão ou doença é um impedimento para seu trabalho atual? (Você pode marcar mais de uma resposta nesta pergunta) 6( ) não há impedimento / eu não tenho doença 5( ) eu sou capaz de fazer meu trabalho, mas a lesão/doença me causa alguns sintomas 4( ) algumas vezes preciso diminuir meu ritmo de trabalho ou mudar meus métodos de trabalho 3( ) frequentemente preciso diminuir meu ritmo de trabalho ou mudar meus métodos de trabalho 2( ) por causa de minha doença sinto-me capaz de trabalhar apenas em tempo parcial 1( ) na minha opinião estou totalmente incapacitado para trabalhar 9. TORNOZELO/ PÉS 8. JOELHOS 6. PARTE INFERIOR DAS COSTAS 7. QUADRIL/ COXAS ( ) Sim 2( )Não 1 1 ( ) Sim 2( )Não ( ) Sim 2( )Não 1 ( ) Sim 2( )Não 1 ( ) Sim 2( )Não 1 ( ) Sim 2( )Não 1 ( ) Sim 2( )Não 1 ( ) Sim 2( )Não 1 ( ) Sim 2( )Não 1 ( ) Sim 2( )Não ( ) Sim 2( )Não 1 ( ) Sim 2( )Não 1 1 ( ) Sim 2( )Não 1 ( ) Sim 2( )Não ( ) Sim 2( )Não 1 ( ) Sim 2( )Não 1 1 1. Nos últimos 2. Nos últimos 3. Nos últimos 4. Nos últimos 7 12 meses você 12 meses você 12 meses você dias você teve teve problemas foi impedido (a) consultou algum problema (como dor, de realizar algum em? formigamento/ atividades profissional da dormência) em normais (por área da saúde exemplo: (médico, trabalho, fisioterapeuta) causa dessa atividades2 por 1 1 1 2 1 ( ) Sim 2( domésticas ( ) Sim e(de condição ( ) Simem: ( ( ) Sim 2( 1. PESCOÇO )Não )Não )Não )Não por causa lazer) 1 1 1 1 Sim 2( ( ) Sim 2( desse ( )problema ( ) Sim 2( ( ) Sim 2( 2. OMBROS )Não )Não )Não )Não em: 3. PARTE 1 1 1 1 ( ) Sim 2( ( ) Sim 2( ( ) Sim 2( ( ) Sim 2( SUPERIOR DAS )Não )Não )Não )Não COSTAS 1 1 1 1 ( ) Sim 2( ( ) Sim 2( ( ) Sim 2( ( ) Sim 2( 4. COTOVELOS )Não )Não )Não )Não 1 1 1 1 5. PUNHOS/ ( ) Sim 2( ( ) Sim 2( ( ) Sim 2( ( ) Sim 2( MÃOS )Não )Não )Não )Não 93 BLOCO 8 – ASPECTOS MÚSCULO-ESQUELÉTICOS 94 1- Muito raramente ou nunca 2-Raramente 3-Às vezes 4-Com bastante frequência 5-Muitas vezes ou sempre Em seu trabalho, se for preciso, você pode conseguir 1 2 3 apoio e ajuda de seus colegas de trabalho? Em seu trabalho, se for preciso, você pode conseguir apoio e ajuda de seu superior imediato (de sua 1 2 2 superiora imediata)? Se for preciso, seus colegas de trabalho estão dispostos 1 2 2 a ouvir seus problemas relacionados com o trabalho? Se for preciso, seu superior imediato (sua superiora imediata) está disposto (disposta) a ouvir seus 1 2 2 problemas relacionados com o trabalho? Se for preciso, você pode conversar com seus amigos 1 2 2 sobre seus problemas relacionados com o trabalho? Se for preciso, você pode conversar com seu esposo (sua esposa) ou outra pessoa próxima sobre seus 1 2 2 problemas relacionados com o trabalho? Suas realizações de trabalho são valorizadas por seu 1 2 2 superior imediato (sua superiora imediata)? Você já notou algum conflito perturbador entre colegas 1 2 2 de trabalho? 4 5 4 5 4 5 4 5 4 5 4 5 4 5 4 5 4 5 1. Muito pouco ou de modo algum (ou nada) 2. Pouco 3. Um pouco 4. Bastante 5. Muito Você sente que pode contar com seus amigos ou familiares para apoiá-la(lo) quando as coisas ficam difíceis no trabalho? 1 2 2 95 ANEXO 5: Normas para submissão do artigo à Revista Brasileira de Epidemiologia. ISSN 1415-790X versión impresa ISSN 1980-5497 versión on-line Escopo e política A Revista Brasileira de Epidemiologia tem por finalidade publicar Artigos Originais e inéditos, inclusive de revisão crítica sobre um tema específico, que contribuam para o conhecimento e desenvolvimento da Epidemiologia e ciências afins (máximo de 25 p.,incluindo tabelas e gráficos). Publica também artigos para as seções: Debate destinada a discutir diferentes visões sobre um mesmo tema que poderá ser apresentado sob a forma de consenso/dissenso, artigo original seguido do comentário de outros autores, reprodução de mesas redondas e outras formas assemelhadas; Notas e Informações - notas prévias de trabalhos de investigação, bem como relatos breves de aspectos novos da epidemiologia além de notícias relativas a eventos da área, lançamentos de livros e outros (máximo de 5 p.); Cartas ao Editor - comentários de leitores sobre trabalhos publicados na Revista Brasileira de Epidemiologia (máximo de 3 p.). Os manuscritos apresentados devem destinar-se exclusivamente à Revista Brasileira de Epidemiologia, não sendo permitida sua apresentação simultânea a outro periódico. Para tanto, o(s) autor(es) deverá(ão) assinar declaração de acordo com modelo fornecido pela Revista. Os conceitos emitidos, em qualquer das secções da Revista, são de inteira responsabilidade do(s) autor(es). Cada manuscrito é apreciado por no mínimo dois relatores, indicados por um dos Editores Associados, a quem caberá elaborar um relatório final conclusivo a ser submetido ao Editor Científico. Os manuscritos não aceitos ficam à disposição do(s) autor(es) por um ano. Os manuscritos publicados são de responsabilidade da Revista, sendo vedadas tanto a reprodução, mesmo que parcial, em outros periódicos, como a tradução para outro idioma sem a autorização do Conselho de Editores. Assim, todos os trabalhos, quando submetidos a publicação, deverão ser acompanhados de documento de transferência de direitos autorais, contendo assinatura do(s) autor(es), conforme modelo fornecido pela Revista. 96 Apresentação do manuscrito Os transtornos mentais comuns são aqueles que se apresentam de forma sutil e que abrangem sintomas tais quais o esquecimento, falta de concentração, fadiga, depressão, irritabilidade, insônia e queixas somáticas (LUDERMIR & MELO FILHO, 2002). Esta expressão foi proposta por Goldberg e Huxley (1992) e tem sido amplamente utilizada para descrever essas várias sintomatologias (LLOYD, 2009). São comumente encontrados em ambientes coletivos, como o docente por exemplo, apresentando uma variedade de formas clínicas, podendo estes sintomas se tornar crônicos (SHANKAR, SARAVANAN & JACOB, 2006). Os artigos são aceitos em português, espanhol ou inglês. Os artigos em português e espanhol podem ser acompanhados, além dos resumos (no idioma original do artigo e em inglês), e respectivo número do processo. Ilustrações As tabelas e figuras (gráficos e desenhos) deverão ser enviadas em páginas separadas; devem ser suficientemente claras para permitir sua reprodução de forma reduzida, quando necessário. Palavras-chave Os autores deverão apresentar no mínimo 3 e no máximo 10 palavras-chave que considerem como descritores do conteúdo de seus trabalhos, no idioma em que o artigo foi apresentado e em inglês para os artigos submetidos em português e espanhol, estando os mesmos sujeitos a alterações de acordo com o “Medical Subject Headings” da NML. Abreviaturas Deve ser utilizada a forma padronizada; quando citadas pela primeira vez, devem ser por extenso. Não devem ser utilizadas abreviaturas no título e no resumo. Referências Numeração consecutiva de acordo com a primeira menção no texto, utilizando algarismos arábicos em sobrescrito. A listagem final deve seguir a ordem numérica do 97 texto, ignorando a ordem alfabética de autores. Não devem ser abreviados títulos de livros, editoras ou outros. Os títulos de periódicos seguirão as abreviaturas do Index Medicus/Medline. Devem constar os nomes dos 6 primeiros autores; quando ultrapassar este número utilize a expressão et al. Comunicações pessoais, trabalhos inéditos ou em andamento poderão ser citados quando absolutamente neces-sários, mas não devem ser incluídos na lista de referências, somente citadas no texto ou em nota de rodapé. Quando um artigo estiver em via de publicação, deverá ser indicado: título do periódico, ano e outros dados disponíveis, seguidos da expressão, entre parênteses “no prelo”. As publicações não convencionais, de difícil acesso, podem ser citadas desde que o(s) autor(es) do manuscrito indique(m) ao leitor onde localizá-las. A exatidão das referências é de responsabilidade do(s) autor(es). Exemplos de referências Artigo de periódico Szklo M. Estrogen replacement therapy and cognitive functioning in the Atherosclerosis Risk in Communities (ARIC) Study. Am J Epidemiol 1996; 144: 104857. Livros e outras monografias Lilienfeld DE, Stolley PD. Foundations of epidemiology. New York: Oxford University Press; 1994. Capítulo de livro Laurenti R. Medida das doenças. In: Forattini OP. Ecologia, epidemiologia e sociedade. São Paulo: Artes Médicas; 1992. p. 369-98. Tese e Dissertação Bertolozzi MR. Pacientes com tuberculose pulmonar no Município de Taboão da Serra: perfil e representações sobre a assistência prestada nas unidades básicas de saúde [dissertação de mestrado]. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública da USP; 1991. 98 Trabalho de congresso ou similar (publicado) Mendes Gonçalves RB. Contribuição à discussão sobre as relações entre teoria, objeto e método em epidemiologia. In: Anais do 1º Congresso Brasileiro de Epidemiologia; 1990 set 2-6; Campinas (Br). Rio de Janeiro: ABRASCO; 1990. p. 34761. Relatório da OMS World Health Organization. Expert Committee on Drug Dependence. 29th Report. Geneva; 1995. (WHO - Technical Report Series, 856). Documentos eletrônicos Hemodynamics III: the ups and downs of hemodynamics. [computer program]. Version 2.2. Orlando (FL): Computorized Systems; 1993. Observação A Revista Brasileira de Epidemiologia adota as normas do Comitê Internacional de Editores de Revistas Médicas (estilo Vancouver), publicadas no New England Journal of Medicine 1997; 336: 309 e na Revista Panamericana de Salud Publica 1998; 3: 18896, cuja cópia poderá ser solicitada à Secretaria da Revista. Envio de manuscritos Os manuscritos são submetidos online, através da plataforma Scielo: http://submission.scielo.br/index.php/rbepid/editor/submission/11821 As declarações devem ser endereçadas ao Editor Científico, no seguinte endereço: Av. Dr. Arnaldo, 715 subsolo - sala S28 01246-904, São Paulo, SP - Brasil fone/fax (011) 3085 5411e-mail: [email protected]