PREVALÊNCIA DE TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E

Transcrição

PREVALÊNCIA DE TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E
1
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM SAÚDE, AMBIENTE E TRABALHO
PREVALÊNCIA DE TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E
FATORES ASSOCIADOS EM PROFESSORES
Luciana Frutuoso de Oliveira
Dissertação de Mestrado
Salvador (Bahia), 2013
2
UFBA/SIBI/Bibliotheca Gonçalo Moniz: Memória da Saúde Brasileira
O48
Oliveira, Luciana Frutuoso de
Prevalência de transtornos mentais comuns e fatores associados em professores/ Luciana
Frutuoso de Oliveira. Salvador: 2013.
57 f. [tab.
Anexos.
Orientador: Prof. Dr. Lauro Antonio Porto.
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Medicina da Bahia,
2013.
1. Transtornos mentais - Docentes. 2. Epidemiologia. 3. Saúde ocupacional. 4. Estudos
transversais. I. Porto, Lauro Antonio. II. Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Medicina
da Bahia. III. Título.
CDU – 616.89-008
3
Luciana Frutuoso de Oliveira, PREVALÊNCIA DE TRANSTORNOS MENTAIS
COMUNS E FATORES ASSOCIADOS EM PROFESSORES, 2013.
4
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM SAÚDE, AMBIENTE E TRABALHO
PREVALÊNCIA DE TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E
FATORES ASSOCIADOS EM PROFESSORES
Luciana Frutuoso de Oliveira
Professor-orientador: LAURO ANTONIO PORTO
Dissertação apresentada ao Colegiado do Curso
de Pós-graduação em Saúde, Ambiente e
Trabalho da Faculdade de Medicina da Bahia da
Universidade Federal da Bahia, como prérequisito obrigatório para a obtenção do grau de
Mestre em Saúde, Ambiente e Trabalho.
Salvador (Bahia), 2013
5
COMISSÃO EXAMINADORA
Membros Titulares:
I.
Fernando Martins Carvalho, Professor Titular do Departamento de Medicina
Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da Bahia, Professor do Programa
de Pós-Graduação em Saúde, Ambiente e Trabalho da Faculdade de Medicina da
Bahia da Universidade Federal da Bahia.
II.
Sônia Regina Pereira Fernandes, Professora Participante da Pós-Graduação em
Psicologia, Instituto de Psicologia, Mestrado em Psicologia, Universidade
Federal da Bahia.
III.
Lauro Antonio Porto (Professor-orientador), Professor Adjunto do Departamento
de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da Bahia da
Universidade Federal da Bahia.
6
FRONTISPÍCIO
Se não existisse professor sua assinatura seria assim:
(autor desconhecido)
7
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a Deus por ter me
proporcionado todas as coisas, à minha família
pela torcida, a alguns amigos que direta ou
indiretamente estiveram comigo nesta empreitada.
8
FONTES DE FINANCIAMENTO
CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).
9
AGRADECIMENTOS
- UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
 Faculdade de Medicina
 Programa de Pós-graduação em Saúde, Ambiente e Trabalho
- UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA
 Núcleo de Estudos em Saúde da População
- Ao professor orientador Lauro Antonio Porto pela orientação cabida,
dedicação e paciência, ensinando não de forma pronta, mas dentro de seu amplo
saber, dando espaço ao pensamento e a certo grau de liberdade do aluno em
expressar e valorizar suas ideias e propostas, fazendo com que o pensamento crítico
e o conhecimento sejam construídos ao longo do tempo de maneira muito tranquila.
- Ao professor Fernando Martins Carvalho, por todo o apoio e instrução durante
o período de pré-qualificação, sempre com sugestões oportunas para a
implementação deste trabalho, bem como pela sugestão final do delineamento do
objeto estudo.
- A todos os professores do Programa do Mestrado em Saúde, Ambiente e
Trabalho pela contribuição direta ou indiretamente através de seus ensinamentos
que foram de grande valia e amadurecimento de todas as etapas de construção desta
proposta investigativa, bem como aos convidados que estiveram ligados ao meu
tema de estudo.
- À professora Sonia Regina, pelas sugestões durante a qualificação que foram
muito bem vindas em destaque ao uso de um dos questionários aplicados.
- Aos meus queridos amigos Jefferson Paixão Cardoso e Saulo Rocha Vasconcelos
que foram os pioneiros em acreditar em mim, no incentivo, na ajuda, nas parcerias
de trabalhos, de resumos e da minha introdução ao universo da pesquisa, este
mestrado é uma pontinha do investimento deles na minha pessoa. Em especial a
Jefferson que abriu as portas do núcleo de pesquisa sob sua coordenação para que
pudéssemos trabalhar em parceria de uma maneira muito harmoniosa.
10
- À equipe de trabalho, composta por estudantes de graduação de cursos diversos
que atuou comigo durante a primeira e segunda fase de coleta e da digitação dos
dados:
 Adriana Moura Maia, graduanda de Psicologia, FTC;
 Agatha Thais Sertão, graduanda de Biomedicina, FAPEC;
 Alexandre de Almeida Macedo, graduando de Psicologia, FTC;
 Alvaro Alves de Oliveira Junior, graduando de Psicologia, FTC;
 Ana Paulo Melo da Silva, graduanda de Psicologia, FTC;
 Ariane Lima Ribeiro, graduanda de Psicologia, FTC;
 Dhéssica Thais Araújo de Almeida, graduanda de Psicologia, FTC;
 Diego Henrique Alves Santos, graduando de Enfermagem, FAPEC;
 Ester Goes Aguiar Neta, graduanda de Psicologia, FTC;
 Fernanda Paula Silva Santos, graduanda de Psicologia, FTC;
 Fernanda Piton Florêncio, graduanda de Biomedicina, FAPEC;
 Geisa Magalhães Silva, graduanda de Psicologia, FTC;
 Hozana Andrade Moreira, graduanda de Psicologia, FTC;
 Iara Ribeiro Sodré, graduanda Enfermagem. FAPEC;
 Islane Santos Vieira, graduanda de Psicologia, FTC;
 João Florencio Damasceno Neto, graduando de Psicologia, FTC ;
 Joise Souza Leal, graduanda de Enfermagem, FAPEC;
 Keila dos Santos Matos, graduanda de Psicologia, FTC;
 Leivila dos Santos Soares, graduanda de Biomedicina, FAPEC;
 Lívia Bastos de Novaes, graduanda de Biomedicina, FAPEC;
 Lorena França Carôso, graduanda de Biomedicina, FAPEC;
 Manfred Silva Santos Junior, graduando de Psicologia, FTC;
 Mara Jéssica da Anunciação dos Santos Rocha, graduanda de Psicologia.
FTC;
 Maria Silva Santos, graduanda de Psicologia, FTC;
 Marta Vanessa Ferreira Bertoso, Biomedicina, FAPEC;
 Michele Brito da Silva, graduanda de Psicologia, FTC;
 Mirella Lago Nascimento, Enfermeira, FTC/NESO/UESB;
 Mirelle Fontoura Carvalho, graduanda de Psicologia, FTC;
 Naiane de Paula Vieira, graduanda de Biomedicina, FAPEC;
 Natalie de Almeida Barros, graduanda de Fisioterapia, NESP/UESB;
 Patrícia Almeida Lago, Enfermeira, FTC/NESP/UESB;
 Rosana Pereira de Carvalho, graduanda de Enfermagem, FAPEC;
11
 Silvana Cardoso de Oliveira, graduanda de Psicologia, FTC;
 Simone Martins de Oliveira, graduanda de Psicologia, FTC;
 Taiara Silva Ferreira, graduanda de Biomedicina, FAPEC;
 Táislei Cesar Matos, graduanda de Biomedicina, FAPEC;
 Thadeu Henrique da Silva Aguiar, graduando de Psicologia, FTC;
 Vana Licia de Oliveira, graduanda de Psicologia, FTC;
 Vaneide Maria Rufino Sampaio, graduanda de Psicologia, FTC;
 Vanessa Cardoso Botelho, graduanda de Biomedicina, FAPEC;
 Yann Kevin Fontes Barros Bomfim, graduando de Enfermagem, FAPEC;
- À minha família que me apoiou durante todo o processo e durante toda a minha
ausência;
- A todos os professores de forma geral, que alimentam o sonho e a esperança de
proporcionar a educação digna e de qualidade em busca de tornar melhor nossa
sociedade.
- A DEUS, acima de todas as coisas.
12
ÍNDICE
LISTA DE TABELAS
i
LISTA DE SIGLAS
ii
RESUMO
iii
ABSTRACT
iv
I OBJETIVOS
18
I.1 Objetivo geral
18
I.2 Objetivos específicos
18
II INTRODUÇÃO
19
III FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
21
III.1 O professor: conjuntura social e sofrimento psíquico
21
III.2 Epidemiologia dos transtornos mentais e impactos sociais
23
III.3 Saúde mental e ocupação
25
III.4 Alguns aspectos do processo de trabalho dos professores da Educação
27
Básica
IV MATERIAIS E MÉTODOS
30
IV.1 Delineamento do estudo
30
IV.2 População do estudo
30
IV.3 Critérios de inclusão e exclusão
30
IV.4 Definição das variáveis
30
IV.5 Instrumentos
32
IV.6 Treinamento e preparação para a coleta
34
IV.7 Equipe auxiliar
34
IV.8 Coleta de dados e procedimentos
35
IV.9 Construção do banco de dados
35
IV.10 Análise descritiva dos dados
35
IV.11 Análise de regressão logística
36
IV.12 Aspectos éticos da pesquisa
37
V RESULTADOS GERAIS
38
V.1 Informações sociodemográficas dos trabalhadores estudados
38
V.2 Informações sobre as características ocupacionais
39
V.3 Prevalência de transtornos mentais comuns e demais associações
40
V.4 Fatores associados
43
V.4.1 Resultados
45
VI DISCUSSÃO
48
VII CONCLUSÃO
13
53
VIII REFERÊNCIAS
54
IX. ARTIGO
59
ANEXOS
79
Anexo 1: Ofício de aprovação da pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa
79
(CEP) da Maternidade Climério de Oliveira da UFBA (MCO/UFBA)
Anexo 2: Termo aditivo
81
Anexo 3: Termo de consentimento livre e esclarecido
82
Anexo 4: Questionários
83
Anexo 5: Normas para submissão do artigo à Revista Brasileira 95
de
Epidemiologia.
14
i
LISTA DE TABELAS
Tabela 1:
Características sociodemográficas em professoras da rede 38
municipal de ensino (variáveis categóricas), Jequié, Bahia,
Brasil, 2012.
Tabela 2:
Distribuição de professoras da rede municipal de ensino por 39
características ocupacionais, Jequié, Bahia, Brasil, 2012.
Tabela 3:
Características sociodemográficas e ocupacionais em professoras 40
da rede municipal de ensino (variáveis contínuas), Jequié, Bahia,
Brasil, 2012.
Tabela 4:
Prevalência de transtornos mentais comuns em professoras da 40
rede municipal de ensino, Jequié, Bahia, Brasil, 2012.
Tabela 5:
Prevalências de transtornos mentais comuns segundo aspectos 41
sociodemográficos e transtornos mentais comuns em professoras
da rede municipal de ensino, Jequié, Bahia, Brasil, 2012.
Tabela 6:
Prevalências entre aspectos ocupacionais e transtornos mentais 42
comuns em professoras da rede municipal de ensino, Jequié,
Bahia, Brasil, 2012.
Tabela 7:
Prevalências entre aspectos sociodemográficos e ocupacionais 43
em professoras da rede municipal de ensino e TMC (para
variáveis contínuas), Jequié, Bahia, Brasil, 2012.
Tabela 8:
Razões de chances e razões de prevalências de transtornos 46
mentais comuns em professoras da rede municipal de ensino de
Jequié, Bahia, 2012, segundo as variáveis presentes no modelo
final de análise de regressão logística múltipla.
15
ii
LISTA DE SIGLAS
BA
Bahia
TMC
Transtornos mentais comuns
OMS
Organização mundial de saúde
QSG
Questionário de saúde geral
PQSNordic Questionário geral nórdico de psicologia social para o trabalho
SPSS
Pacote estatística para ciências sociais
DP
Desvio padrão
RP
Razão de prevalência
N
Número total de sujeitos
n
Número parcial de sujeitos
CONFL
Conflito entre colegas
PELE
Cor da pele
CONJ
Situação conjugal
CMD
Common mental disorders
ttap
Tempo de trabalho como professor
pele
Cor da pele
ssup
Suporte social pelos supervisores
confl
Conflito entre colegas de trabalho
iii16
RESUMO
PREVALÊNCIA DE TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E
FATORES ASSOCIADOS EM PROFESSORES
Introdução: O adoecimento psíquico é um dos dilemas da saúde pública, neste contexto
destacam-se os TMC que são sintomas somáticos tais como esquecimento, falta de
concentração, fadiga, depressão, irritabilidade, insônia e demais queixas aos quais os
professores expõem-se cotidianamente. Objetivo: Determinar a prevalência de
transtornos mentais comuns e fatores associados em professores da rede pública
municipal de ensino na cidade de Jequié-Bahia. Material e métodos: Estudo de corte
transversal realizado com 186 professoras efetivas da rede municipal de ensino da
referida cidade entre março a junho de 2012. A variável dependente foi os transtornos
mentais comuns, definida segundo o QSG-60 (Questionário de Saúde Geral) de
Goldberg. A medida de associação foi a razão de prevalência e a principal técnica
estatística utilizada a análise de regressão logística. Resultados: A prevalência de
transtornos mentais comuns entre as professoras foi de 54,7%. As maiores prevalências
de TMC ocorreram em professoras com menor escolaridade; cor da pele preta e parda,
separadas e viúvas; com até 40 anos de idade, presença de filhos, menor tempo de
atuação, carga horária alta e com relações interpessoais não satisfatórias. Os fatores
associados foram tempo de trabalho como professor, cor da pele, suporte social pelos
supervisores e conflito entre colegas de trabalho. Conclusões: Encontrou-se prevalência
elevada de transtornos mentais comuns nestas professoras com expressivas prevalências
em extratos de algumas características sociodemográficas e ocupacionais. Estudos como
estes são necessários para levantar informações, sugestões e propostas para reduzir os
danos em saúde mental dos seus envolvidos com vistas às políticas de proteção docente.
Palavras-chave: 1.transtornos mentais; 2. docentes; 3. epidemiologia; 4. saúde
ocupacional; 5. estudos transversais; 6. prevalência.
17
iv
ABSTRACT
PREVALENCE OF COMMON MENTAL DISORDERS AND
ASSOCIATED FACTORS IN TEACHERS
Introduction: The mental illness is one of the dilemmas of public health in this context
we highlight the CMD that are somatic symptoms such as forgetfulness, lack of
concentration, fatigue, depression, irritability, insomnia, and other complaints to which
teachers are exposed daily . Objective: To determine the prevalence of common mental
disorders and associated factors in municipal teachers of public schools in the city of
Jequie-Bahia. Methods: Cross-sectional study conducted with 186 effective teachers of
municipal schools of that city between April-June 2012. The dependent variable was the
common mental disorders, defined according to the GHQ-60 (General Health
Questionnaire) Goldberg. The measure of association was the prevalence ratio and the
main statistical technique used logistic regression analysis. Results: The prevalence of
common mental disorders among teachers was 54.7%. The highest prevalence of CMD
occurred in teachers with less education, skin color of black and brown, separated and
widowed, with up to 40 years of age, presence of children, shorter acting, high workload
and unsatisfactory interpersonal relationships. The factors were associated working time
as a teacher, skin color, social support by supervisors and conflict between colleagues.
Conclusions: We found a high prevalence of common mental disorders in these teachers
with significant prevalence in extracts of some sociodemographic and occupational.
Studies like these are needed to gather information, suggestions and proposals to reduce
damage mental health of its stakeholders with a view to protection policies teaching.
Key-words: 1. mental disorders; 2. facult; 3. epidemiology; 4. occupational health; 5.
cross-sectional studies; 6. prevalence.
18
I OBJETIVOS
II.1 Objetivo geral
Determinar a prevalência de transtornos mentais comuns e identificar fatores
associados em professores da rede pública municipal de ensino na cidade de Jequié- BA.
II.2 Objetivos específicos
II.2.1 Estimar a prevalência de transtornos mentais comuns em professores da rede
municipal de ensino de Jequié-BA;
II.2.2 Avaliar a associação entre fatores sociodemográficos e do trabalho docente;
19
II INTRODUÇÃO
Os transtornos mentais comuns são aqueles que se apresentam de forma sutil e
que abrangem sintomas tais quais o esquecimento, falta de concentração, fadiga,
depressão, irritabilidade, insônia e queixas somáticas (LUDERMIR & MELO FILHO,
2002). Esta expressão foi proposta por Goldberg e Huxley (1992) e tem sido
amplamente utilizada para descrever essas várias sintomatologias (LLOYD, 2009). São
comumente encontrados em ambientes coletivos, como o docente por exemplo,
apresentando uma variedade de formas clínicas, podendo estes sintomas se tornar
crônicos (SHANKAR, SARAVANAN & JACOB, 2006).
Pela crescente significância social e epidemiológica, os TMC representam
morbidade psíquica com prevalências significantes nas sociedades, independente da
localização territorial e faixa etária, correspondendo a um desafio à saúde pública
(ROCHA et al., 2010). São responsáveis por estados incapacitantes em adultos e por
absenteísmos laborais em cerca de um terço dos dias de trabalho perdidos no mundo
(WHO, 2001).
Estudos realizados desde a década de 1990 apontam que os problemas com a
saúde mental constituem um dos grandes entraves para o bem-estar docente (ARAÚJO
& CARVALHO, 2009). As interações variadas que existem no ambiente e na dinâmica
do trabalho do professor podem ser influenciadoras de processos desencadeantes de
TMC neste grupo específico.
Estudos realizados com docentes apontaram prevalências elevadas de transtornos
mentais comuns: 55,4% (REIS et al., 2006); 41,5% (DELCOR et al., 2004); 29,6%
(CEBALLOS, 2009); 22.5% (SOUZA, 2008) - associados a fatores como o sexo
(mulheres apresentam maior acometimento por TMC do que homens) e a algumas
características ocupacionais, tais como o trabalho repetitivo, insatisfação do desempenho
das atividades, desgastes nas relações interpessoais com alunos, ambiente conflitante,
falta de autonomia no planejamento das atividades, falta de materiais e equipamentos
adequados (infra-estrutura oferecida), salas de aulas inadequadas e ritmo acelerado de
trabalho (ARAÚJO & CARVALHO, 2009).
É comum também, nestas demandas das características ocupacionais do trabalho
docente, os professores referirem duplos vínculos ou mais, carga horária semanal de
trabalho elevada e diversas demandas psicológicas e físicas como a fiscalização contínua
do desempenho (ARAÚJO et al., 1998; SILVANY-NETO et al., 2000), nível elevado de
ruído na sala de aula (ARAÚJO et al., 1998; SILVANY-NETO et al., 2000), violência
contra o patrimônio e pessoal (ARAÚJO et al., 1998; SILVANY-NETO et al., 2000),
20
insatisfação salarial (ARAÚJO et al., 1998; SILVANY-NETO et al., 2000), exigência
por concentração por períodos longos de tempo (DELCOR, et al., 2004), tempo
insuficiente para a realização das tarefas e estudo (ARAÚJO & CARVALHO, 2009),
ritmo acelerado do trabalho (DELCOR, et al., 2004), manutenção de posição inadequada
para o corpo, principalmente cabeça e pescoço (DELCOR, et al., 2004), dificuldade do
trabalho disciplinar em sala de aula
(SOUZA, 2008) e inexistência de local para
descanso dos professores (FARIAS, 2004).
Dado o contexto problemático vivenciado pelos docentes, este estudo busca
determinar a prevalência de transtornos mentais comuns e fatores associados em
professoras da rede pública municipal de ensino, numa cidade do interior baiano, por
acreditar que este grupo populacional sofre as implicações do sofrimento laboral com
prejuízos do ato docente e repercussões fortes na saúde mental e física destes sujeitos.
Este estudo parte da justificativa ocasionada pelas experiências vividas pela autora
dentro da sala de aula enquanto docente, o que criou a motivação para estudar aspectos
voltados à saúde mental dos professores, uma vez que são muito correntes as queixas
somáticas e os prejuízos cumulativos ocasionados pela prática docente que não podem
passar em vão, simplesmente como se fosse um desvio do profissional por não “dar
conta” do serviço. Infelizmente muitos professores se veem nesta condição e por medo
ou preconceito, não procuram por atendimento especializado, ou simplesmente vão
“deixando de lado”, o que lhes traduz em adoecimento. Na prática laboral diária, são
nitidamente gritantes os fatores estressores ao qual lidam os professores, contudo, pouco
ou nada é feito para garantir que o trabalho seja realizado de maneira harmoniosa para o
professor. Os professores são cobrados em relação aos alunos de diversas formas,
contudo não há políticas por parte das escolas, que entendam o professor integralmente
como sujeito que sofre as demandas diárias do seu trabalho que o coloca em situação de
sofrimento que lhe adoece inclusive mentalmente.
Apresentamos a seguir, no Capítulo III a Fundamentação Teórica do estudo com o
que há de mais relevante dentro da proposta do contexto desta pesquisa: 1) O professor:
conjuntura social e sofrimento psíquico; 2) Epidemiologia dos transtornos mentais e
impactos sociais; 3) Saúde mental e ocupação e 4) Alguns aspectos do processo de
trabalho dos professores da Rede Básica. A seguir, no Capítulo IV apresentamos os
Materiais e Métodos onde buscamos justificar e explicar todo o arcabouço de
desenvolvimento da pesquisa; o Capítulo V em seguida, com a apresentação dos
Resultados Gerais; o Capítulo VI com a Discussão dos achados e não por fim o Capítulo
VII com a Conclusão do estudo. Ainda, apresentamos no Capítulo IX o Artigo fruto
desta investigação.
21
III FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
III.1 O professor: conjuntura social e sofrimento psíquico
Os professores são cada vez mais cobrados por alta produtividade, dadas as
exigências profissionais impostas pelas mudanças técnicas e científicas das últimas
décadas (SCHEER, 2008). Neste contexto, o ambiente de trabalho do professor é
complexo e apresenta múltiplas interações que repercutem na dinâmica da vida e da
saúde física e psíquica dos docentes, provocando tensões associadas a sentimentos e
emoções negativas que constituem a base empírica do mal-estar docente, de forma a
afetar a motivação e a implicação deste professor (ESTEVE,1995).
Os professores, a exemplo dos docentes da rede básica (municipal de ensino),
apresentam no seu processo de trabalho, a necessidade da polivalência (SOUZA &
FONSECA, 2006; OLIVEIRA, 2003), de acolherem aos alunos, se fazerem pais,
psicólogos, educadores e possuírem capacidade de tomada de decisões e da dinâmica
natural de suas tarefas diárias docentes, como a preparação e a correção de atividades, a
proposição de tantas outras e a necessidade contínua de aperfeiçoamento. Ressalta-se
ainda que são estes os profissionais que lidam diretamente com os alunos em fase de
alfabetização ou adolescentes e abarcam um leque de contribuições que extrapolam os
limites de seus horários de trabalho, sendo o ato docente transcendente à realização das
ações em sala de aula.
Assim, o acompanhamento contínuo, as sobrecargas de trabalho e sociais,
dilemas enfrentados e a falta de condições saudáveis para a execução do ato docente
decaem sobre estes profissionais, resultando em expectativas que os desgastam
(GASPARINI, BARRETO & ASSUNÇÃO, 2006).
Críticas e responsabilidades pelas falhas do sistema educacional são atribuídas ao
professor culminando em sofrimento psíquico (SOUZA & FONSECA, 2006). Estes
requerimentos da condição “docente” repercutem “nas condições de trabalho, na imagem
social do professor e no valor que a sociedade atribui à própria educação” com efeitos
“importantes sobre a saúde física e mental dos educadores” (ARAÚJO et al., 2005, p.8).
Uma ocorrência importante que acompanha o trabalho docente é a violência
cotidiana e do entorno dos estabelecimentos de ensino, uma vez que a escola deixa de
ser “ambiente protetor e seguro”, incorporando fenômenos oriundos da exclusão social e
dos acontecimentos aos quais se inserem (GASPARINI, BARRETO & ASSUNÇÃO,
2006). O professor, neste caso, se torna um “mediador” entre os conflitos que
22
intercambiam do ambiente escolar ao ambiente extramuros institucional, gerando
estresse ocupacional contínuo.
De forma geral, a escola como agência educacional procura direcionar o
comportamento humano às finalidades de caráter social (MIZUKAMI, 1986, p.29),
contextualizada segundo as condições histórico-sociais que a envolvem (SCHEER,
2008), em que o professor influencia e é influenciador. Desta maneira, ensinar é uma
atividade em geral altamente estressante, com repercussões evidentes na saúde física,
mental e no desempenho profissional dos professores (REIS et al., 2006).
O professor, em seu contexto de trabalho, lida com vários aspectos estressores,
sejam eles físicos, ambientais, e psíquicos. Scheer (2008) afirma que o trabalho
pedagógico, quando realizado em condições estressantes e por excesso de exigências e
pressão, acomete a qualidade de vida do professor, na proporção em que seu organismo
responde a essa sobrecarga.
Quando o problema é o sofrimento psíquico, o professor, sujeito histórico e
social, está no centro das exigências enquanto cidadão comum e enquanto profissional
responsável pela formação de outros tantos sujeitos, conforme demandas do mercado.
Assim, as responsabilidades sociais decaem simultânea e respectivamente às Instituições
Educacionais e ao corpo docente. Nesse sentido, a qualidade de vida dos sujeitos,
compreendida como a sua cultura pessoal construída socialmente nos diferentes meios
onde se relaciona, é condicionada às circunstâncias de seu trabalho (SCHEER, 2008).
Em todos estes processos, os docentes se tornam alvo para enfermidades, uma
vez que o sofrimento psíquico ocupacional lhes causa o adoecimento cumulativo,
processual, constituindo experiência incômoda, associada a sentimentos de hostilidade,
tensão, ansiedade, frustração e depressão. Nesta conjectura de desgaste emocional,
situam-se os transtornos mentais comuns que são sintomas que se apresentam de forma
sutil, cumulativos e que abrangem sintomas tais como o esquecimento, fadiga,
depressão, irritabilidade, insônia, dificuldades de concentração e demais queixas
somáticas.
Lembremos que, doentes, alguns professores sem muitas alternativas de
mudança, tendem a permanecer em atividade, gerando efeitos desgastantes. Há muitos
que tomam por caminho o abandono da profissão buscando desta forma, a melhoria das
condições de trabalho e de saúde em outras atividades ocupacionais, como o evidenciado
por Esteve (1995) sobre as conseqüências do mal-estar docente: desajustamento; pedidos
de transferências; esquema de inibição; desejo manifesto de abandonar a docência;
absenteísmo laboral; esgotamento; “stress”; autoculpabilização; reações neuróticas;
23
depressões e ansiedade como estado permanente, associado em termos de causa-efeito a
diagnósticos de saúde mental (ESTEVE, 1995).
As características ocupacionais docentes expõem os professores a estressores
cotidianos tais como o excesso de alunos nas salas de aula, a baixa remuneração, longa
jornada de trabalho, polivinculação empregatícia, desvalorização laboral, excesso de
pressões, avaliações, cobrança intelectual, preparação de aulas, ameaças verbais e
físicas, peculiaridades de cada escola, baixa autoestima, descaso, ausência de resultados
percebidos entre outros que geram efeitos de adoecimento somatizado.
Desta forma, as interações entre saúde e doença também são construídas no
ambiente de trabalho “pois neste espaço se pode reafirmar a auto-estima, desenvolver as
habilidades, expressar as emoções, a personalidade, tornando-se também espaço de
construção da história individual e de identidade social” (ARAÚJO et al., 2005, p.7).
Portanto, compreendendo a relação do processo de trabalho e o contexto social
em que os docentes se inserem, causando-lhes sofrimento mental, torna-se evidente que
a melhoria da qualidade de vida do professor repercutirá na sua maior satisfação e
possibilidade de desenvolver e aplicar as habilidades pedagógicas. Assim, saúde mental
ocupacional precisa ser integrada aos objetivos institucionais, pressupondo que os
resultados se refletem diretamente nos alunos, na própria instituição e na sociedade
(SCHEER, 2008).
III.2 Epidemiologia dos transtornos mentais e impactos sociais
Sabe-se que um dos atuais dilemas da saúde pública é o adoecimento psíquico,
somatizado ou derivado de causas múltiplas, e que vem a comprometer a saúde mental
das populações humanas representando portanto, ônus aos cofres públicos sem
precedentes (ROCHA et al., 2010), além de outros “custos em termos humanos, sociais,
prejuízos econômicos” (OMS, 2002, p.15), incapacidades e sofrimento humano.
Em termos globais, as perturbações mentais representam 4 das 10 principais
causas de incapacidade em todo o mundo, respondendo a 12% do peso mundial de
doenças, embora os investimentos no âmbito da saúde mental sejam extremamente
desproporcionais, correspondendo a menos de 1% dos gastos com saúde.
Cerca de 40% dos países tem déficit de políticas em saúde mental, sendo que em
90% dos países que a tais políticas, não incluem as crianças e nem os adolescentes; mais
de 30% dos países não tem programa algum direcionado para esta parcela. E, além da
escassez de acesso e serviços especializados, os que pagam pelos planos de saúde,
24
contam com o descaso de assistência para esta especialidade, pois os planos não
abordam as perturbações mentais (OMS, 2002).
Existem muitas barreiras para os portadores de transtornos mentais, como o
estigma, a discriminação, a invisibilidade, a insuficiência dos serviços e do atendimento
especializado, que impedem que milhões de pessoas recebam tratamento adequado
(OMS, 2002).
O Relatório Mundial da Saúde Mental da OMS (2002, p.29) evidencia que a
saúde mental “é indispensável para o bem geral dos indivíduos, das sociedades e dos
países” que, junto com a saúde física e social, é profundamente interligada e
interdependente. Contudo, na maior parte do mundo, o que se evidencia é a saúde física
e não a mental em si, de forma que não há muita importância quando se trata da saúde
mental: seus portadores e as ações neste quesito são ignorados ou negligenciados,
acarretando problemas crescentes pelo desnível de tratamento. Há que se estimar
obviamente, que com o crescimento populacional e com o aumento da expectativa de
vida em todo o mundo, haverá aumento do número de acometidos por perturbações
mentais, dado o envelhecimento populacional, além do agravamento dos problemas
sociais e desestabilização civil (OMS, 2002).
É importante que se tenha uma maior apreensão das doenças mentais nas
populações humanas e existe uma lacuna neste campo, lembrando que o que se conhece
hoje tem uma contribuição importante para se avaliar quais as associações da vida
moderna e fatores desencadeantes de doenças mentais, dentre eles os transtornos mentais
comuns, para que se possam avaliar ações de impacto neste âmbito.
Muito do que sabemos hoje sobre transtornos mentais devemos à contribuição da
epidemiologia que no campo psiquiátrico colaborou notoriamente para fornecer dados
sobre as limitações dos casos clínicos que são atendidos nos serviços especializados e
fazendo relações com a população de onde estes provêem, completando as informações
dos quadros clínicos de algumas incapacidades mentais, especialmente quando se trata
de uma população que mais necessite destes serviços especializados. Assim, a
epidemiologia como ferramenta possibilita termos informações sobre a distribuição e
frequência dos agravos, bem como os fatores determinantes dos transtornos mentais,
como parte importante do desenvolvimento da psicopatologia clínica. Com a utilização
de questionários a obtenção dos fatores de exposição foi largamente adotados por
sociólogos e psicólogos, como uma característica de apreensão metodológica de
informações. A utilização destes instrumentos padronizados foi interessante para
apreensão da epidemiologia em saúde mental e a investigação clínica (BORGES,
MEDINA-MORA, LÓPEZ-MORENO, 2004).
25
A epidemiologia também veio ao encontro para entendermos as associações de
transtornos mentais comuns e outras doenças mentais embora careçam de abordagens
que tragam outras realidades. Em estudos de base populacional, condições de moradia,
estrutura ocupacional, escolaridade, renda, hábitos de vida e doenças crônicas estiveram
associados aos TMC (LUDERMIR E MELO FILHO, 2002; ALMEIDA FILHO et al.,
1997; ROCHA et al., 2010).
Assim, em concordância com Lloyd (2009, p. 342), a compreensão e o
comportamento das prevalências de TMC e suas mudanças ao longo do tempo são
importantes para que se desenvolvam políticas públicas tanto na clínica prática quanto
na pesquisa. Podemos evidenciar, de acordo com o apontado por Lima, Soares & Mari
(1999), que o número de pesquisas epidemiológicas conduzidas tem se acentuado. O
aumento significativo de informações no campo da saúde mental permite descrever
como se dá a distribuição de tais agravos e como contorná-los, possibilitando através do
conhecimento, que novas abordagens sejam pensadas e políticas públicas desenvolvidas.
III.3 Saúde mental e ocupação
A ocorrência de transtornos mentais tem direta associação com a (estrutura
ocupacional, escolaridade, condições de moradia e inserção no processo produtivo e
renda (LUDERMIR & MELO-FILHO, 2002).
Pesquisas em países desenvolvidos e em desenvolvimento tem mostrado que os
transtornos mentais são mais comuns entre os mais socialmente desfavorecidos, pessoas
que já tenham sido casadas e mulheres; e os fatores associados tem a ver com a
educação, renda e classe social (ARAYA et al., 2001). Assim, dadas os fatores
associados às características ocupacionais dos indivíduos, é necessário enfatizar que a
maioria das doenças mentais sofrem influência de diversos fatores biológicos,
psicológicos e sociais, que afetam todas as faixas etárias, causando sofrimento às
famílias e comunidades e sobretudo, ao indivíduo (OMS, 2002).
Estudos
indicam
que
parte
considerável
dos
trabalhadores
ocupados
mundialmente apresentam algum tipo de transtorno mental, sendo que no Brasil, os
distúrbios psíquicos (Gasparini, Barreto e Assunção, 2006) respondem como importante
papel entre os benefícios concedidos pela previdência como no caso de afastamento de
trabalho por mais de 15 dias e auxílio doença por invalidez.
Embora haja lacunas, estudos que abordem a saúde mental e as implicações do
trabalho vem aumentando significantemente, principalmente pela detecção do aumento
da prevalência dos transtornos mentais, problemas emocionais de ordem somática,
26
distúrbios do comportamento e do que isto representa para a saúde pública
(GASPARINI; BARRETO & ASSUNÇÃO, 2006).
Em um outro aspecto, as modificações ocorridas na dinâmica do trabalho, como
aspectos gerenciais, de novos métodos e técnicas organizacionais tal como evidenciam
Gasparini; Barreto & Assunção (2006), produziu significativas conseqüências para a
vida e saúde dos trabalhadores em geral, a partir destas novas exigências do mercado,
reproduzindo um contexto de aumento de doenças mentais, psicossomáticas,
cardiovasculares entre outras.
Os indivíduos acometidos por transtornos mentais de forma geral são
“gerenciados quase que exclusivamente na atenção primária” (LLOYD, 2009, p. 342).
Conseqüentemente a falta de acesso e tratamento adequados, o não conhecimento das
procedências cabíveis e a descontinuidade do tratamento são quesitos preocupantes.
Ainda, a subnotificação em saúde mental prejudica os indicadores, repercutindo na falta
de atenção e orientação do cuidado para estes indivíduos.
A falta de solução para os casos de problemas de ordem psíquica é evidente nos
primórdios da abordagem da epidemiologia psiquiátrica, desta forma são raros os
indivíduos que dispõem de atenção direcionada e a grande maioria dos casos permanece
seguramente sem tratamento (BORGES, MEDINA-MORA & LÓPEZ-MORENO,
2004). Ainda, segundo o Relatório Mundial da Saúde Mental da OMS (2002, p.27),
“uma pequena minoria das 450 milhões de pessoas que apresenta perturbações mentais
no mundo, recebem tratamento”.
A não notificação adequada prejudica a epidemiologia na obtenção de dados
fidedignos para atuar na prevenção das manifestações psiquiátricas, nos desafios de suas
associações ao cotidiano, bem como no planejamento de recursos para a internação
prolongada. Desta forma, a subnotificação das informações sobre a situação de saúde
mental contribui para que os dados sejam insuficientes, e agrave ainda mais a atenção
dispensada para esta parcela populacional específica (ROCHA, et al., 2010).
Com base na discrepância que acomete as populações humanas e as
complexidades existentes em cada forma organizativa mundial, a Organização Mundial
da Saúde, em seu Relatório Mundial da Saúde Mental oferece dez passos para que a
prestação de cuidado adequada ao portador de perturbações mentais possa ser
apreendida. Na verdade, tratam-se de recomendações de ações que possam ser seguidas
e/ou direcionadas a partir de cada realidade: proporcionar tratamento em cuidados
primários; disponibilizar medicamentos psicotrópicos; proporcionar cuidados na
comunidade; educar o público; envolver as comunidades, as famílias e os utentes
(usuários); estabelecer políticas, programas e legislação nacionais; preparar recursos
27
humanos, estabelecer vínculos com outros setores; monitorizar a saúde mental na
comunidade e por finalmente o apoio às pesquisas (OMS, 2002).
III.4 Alguns aspectos do processo de trabalho dos professores da Rede Básica
O Brasil possui atualmente, segundo o Censo Escolar de 2009, quase 2 milhões
de docentes na Educação Básica que são responsáveis por lecionar para mais de 52
milhões de alunos (BRASIL, 2009). Parte destes professores leciona em mais de uma
etapa de ensino. Ainda segundo o Censo, a distribuição por níveis é: professores que
lecionam em creches 127.657; pré-escola 258.225; ensino fundamental I (até a quartasérie) 721.513; ensino fundamental II (de quinta a nono ano) 783.194; e ensino médio
461.542 alunos. O perfil dos professores no Brasil é de maioria mulheres 81,5%; 58%
tem até 40 anos de idade; 23% dos docentes trabalham em mais de uma escola para
complementar a renda familiar e o piso salarial é de R$ 1.024,67.
Em relação ao estado da Bahia, “os maiores empregadores dos professores da
Educação Básica são os municípios, seguidos pelo estado e pela rede privada. Porém,
este cenário se modifica quando analisamos separadamente os diversos níveis de
educação básica, assim como quando nos referimos a cada cidade e, nestas, às zonas
urbana e rural” (FERREIRA; ARAÚJO & BATISTA; 2009, p. 21).
Segundo a lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) – Lei 9.394/96 – a
educação escolar básica compreende três níveis de ensino: a Educação Infantil, o Ensino
Fundamental e o Ensino Médio (BRASIL, 1996a).
A Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, é oferecida em creches
ou entidades equivalentes para crianças de até três anos de idade e em pré escolas para as
crianças de quatro a cinco anos de idade; o Ensino Fundamental , obrigatório e gratuito
na escola pública, antes com a duração de oito anos, após a lei 11.274/96, passou a ser
de nove anos (BRASIL, 2006), iniciando-se aos seis anos de idade, medida implantada
em todo o Brasil desde 2010; e por último o Ensino Médio com duração mínima de três
anos (FERREIRA, ARAÚJO & BATISTA, 2009).
A LDB (BRASIL, 1996a) preconiza ainda, a oferta das seguintes modalidades:
Educação de Jovens e Adultos (EJA), destinada àqueles que não tiveram acesso ou
continuidade de estudos nos Ensinos Fundamental e Médio na idade apropriada;
Educação Profissional integrada às diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência
e à tecnologia; e Educação Especial, modalidade de educação escolar oferecida
preferencialmente na rede regular de ensino para educandos portadores de necessidades
especiais (FERREIRA, ARAÚJO & BATISTA, 2009).
28
No Ensino Fundamental, a grande maioria das funções docentes é municipal. No
estado da Bahia em 2007, segundo a Sinopse Estatística do professor (BRASIL, 2007)
havia 145.084 docentes na Educação básica, deixando o estado em terceiro lugar no
ranking nacional em relação ao número de docentes, atrás apenas dos estados de São
Paulo e Minas Gerais.
Esses
professores
estavam
distribuídos
segundo
as
“dependências
administrativas”, ou seja, segundo quem os empregava. A grande parte dos professores
trabalham em apenas uma rede de ensino, embora hajam outros que possuem outras
atividades laborais para renda extra (FERREIRA, ARAÚJO & BATISTA, 2009).
Muitos contextos vivenciados por professores traduzem de maneira bem
profunda os desdobramentos de sua vida laboral que repercutem diretamente na saúde
mental, como a relação com o trabalho, o papel do professor, a necessidade de
valorização profissional, doenças e dissabores do trabalho.
Em relação à atividade e emprego, o professor sabe que sofre as influências de
mercado e toda a cobrança social, possuindo inúmeras atividades que o afastam do
convívio familiar, cultural e participativo. O papel do professor também mudou muito
nas últimas décadas a partir não apenas das transformações sociais e tecnológicas mas
bem como fortes transformações políticas no sistema de ensino que reduziu a autonomia
do professor.
O alunado hoje não vê mais o professor como um sinônimo de autoridade. Por
vezes os alunos frequentam as escolas com objetivos diversos que o de estudar,
comprometendo ainda mais o processo de trabalho do professor. Não são poucas as
ameaças verbais, físicas, tratamentos hostis para com os docentes todos os dias – assim o
professor se vê confuso entre qual realmente é o seu papel, de educador, de mediador, de
pai, de psicólogo, pois infelizmente o respeito para com este profissional e a indisciplina
por parte do alunado tem se afastado demasiadamente do aceitável.
Contradições quanto ao papel do professor, também dizem respeito à atribuição
de muitas atividades não docentes transferidas aos professores ao longo do tempo, de
forma que algumas ações ultrapassam as obrigações docentes e o ato educacional.
“Estão sendo transferidas para o professor algumas responsabilidades na formação
dos alunos que não são dos professores. A família transferiu para o professor uma
demanda que não é remunerada, que dificulta e avoluma seu trabalho e não é de sua
competência, mas de competência da família (FERREIRA, ARAÚJO & BATISTA
2009, p.56).
A indisciplina nas salas de aula é alarmante, e o professor se esforça muito por
demandar um tempo maior preparando atividades aos quais os alunos se mostram
29
desinteressados ou pouco participantes, gerando-lhe frustrações. Utiliza-se portanto,
certos mecanismos ou “táticas” para prender atenção dos alunos. Outro fator que gera
pressão aos docentes é o fato dos alunos possuírem comportamentos diferentes a
disciplinas diferentes.
Os professores não são valorizados porque a educação também não passa por um
processo de valorização e são raras as ações realizadas na prática.
Todas as expectativas não alcançadas nos docentes em relação ao seu trabalho,
culminam em algum tipo de angústia, ou sofrimento, ou desgaste, ou desmotivação
chegando a extremos de abandono da profissão ou situações de estresse acentuado e
doenças não apenas de caráter emocional mental mas físicas também.
Em estudos realizados na Bahia (SILVANY-NETO, 2000; REIS et. al, 2005;
PARANHOS & ARAÚJO, 2008; SOUZA, 2008; FARIAS, 2009; DELCOR et. al, 2004;
CEBALLOS, 2009 & ARAÚJO, 2008) as queixas de doenças mais relevantes entre
docentes foram as relacionadas ao uso contínuo da voz (dor de garganta, rouquidão), à
postura corporal (dor nas costas e pernas) e problemas psicoemocionais (cansaço mental
e nervosismo). Entre estes estudos, os que abordaram professores municipais (SOUZA,
2008; CEBALLOS, 2009 & REIS et. al, 2005) relatou-se prevalências de 22,8%; 30,7%
e 56,8% respectivamente de transtornos mentais comuns.
Outra questão enfática é que os professores que mais apresentavam queixas de
problemas gerais de saúde foram justamente, os que mais apresentaram TMC em
comparação aos que não apresentaram. Esta é uma informação importante para que
novas abordagens sejam levantadas e que culminem em políticas públicas voltadas a esta
parcela de trabalhadores.
30
IV MATERIAL E MÉTODOS
IV.1 Delineamento do estudo
Tratou-se de um estudo epidemiológico de corte transversal realizado no
primeiro semestre de 2012.
IV.2 População do estudo
O presente estudo constituiu um censo cuja população foi composta por
professoras efetivas, atuantes em 40 escolas da rede pública municipal básica de ensino
em Jequié – Bahia e que aceitaram participar do estudo. O número de professores totais
segundo informações das escolas é de 530 docentes.
IV.3 Critérios de inclusão e exclusão
Incluíram-se no estudo mulheres, que exerciam a função de professora com
vínculo empregatício direto com a instituição pública escolar e que estavam em efetivo
exercício profissional dentro da zona limítrofe urbana, mesmo as que se apresentavam
sob licença.
Excluíram-se as professoras que lecionavam disciplinas diferentes das
convencionais por acreditarmos que estas docentes tivessem características ocupacionais
diferenciadas. Assim, foram excluídas do estudo professoras de religião, educação física,
artesanato, música e capoeira bem como as que não exerciam sua função de classe no
momento de coleta (como coordenadoras e diretoras), pois as que se encontram nesta
última situação, podem estar atuando em funções cujas demandas psicológicas são
diferentes do que a das profissionais que exercem função propriamente ligada à docência
apresentam. Os critérios de exclusão justificam-se pelo fato destas outras profissionais
embora também ligadas à função educativa, possuem características profissionais
peculiares quanto à carga horária, envolvimento e atividades docentes.
IV.4 Definição das variáveis
Considerou-se como variável dependente os transtornos mentais comuns e, como
variáveis independentes, aspectos sociodemográficos, características ocupacionais e
31
apoio social descritos adiante. A medição da suspeição de transtornos mentais comuns se
deu através do questionário QSG - 60 – Questionário de Saúde Geral.
As variáveis das condições sociodemográficas foram: idade, situação conjugal
(solteira, casada, união estável, separada, viúva), escolaridade (ensino médio, magistério,
superior incompleto, superior completo, mestrado/doutorado), cor da pele (branca, preta,
amarela, parda ou indígena), filhos (sim/não), número de filhos, rendimento/mês aula
(em reais), outra atividade remunerada (sim/não).
As variáveis sobre características ocupacionais analisadas foram: tempo de
trabalho (anos/meses), número de vínculos, número de escolas em que atua, carga
horária total semanal na rede municipal, trabalho fora da rede municipal (sim/não),
trabalho docente fora da rede municipal (sim/não), duplo vínculo municipal docente (sim
/não), turnos de trabalho (matutino, vespertino, noturno), nível de ensino (creche,
fundamental I, fundamental II, ensino médio, outro), número de turmas, média do
número de alunos/turma, proximidade do local de trabalho (sim/não) e relações
interpessoais.
As variáveis de aspectos sobre o estado de saúde são aquelas contidas no
questionário QSG-60 (Questionário de Saúde Geral) de Goldberg na versão brasileira
adaptada por Pasquali et al. (1996) que traz questões com variáveis sobre tensão ou
estresse psíquico; desejo de morte, desempenho pessoal, distúrbios do sono e
psicossomáticos (vide ANEXO 3).
Por último, as variáveis sobre o trabalho do indivíduo, numa perspectiva
coletiva do apoio/suporte social com o questionário QPSNordic. O suporte social
apresenta tanto efeitos diretos na saúde humana, com menor grau de sofrimento e de
transtornos psíquicos na medida em que seja mais elevado o nível de apoio social,
quanto efeitos indiretos, funcionando como moderador de fatores que influenciam
negativamente o bem-estar (RODRIGUES & MADEIRA, 2009).
Inicialmente, o QPSNordic foi elaborado por um Conselho de Países Nórdicos
(Finlândia, Noruega, Suécia, Dinamarca, Irlanda e Groenlândia). Tal instrumento é
designado para avaliação de condições psicológicas, sociais e organizacionais do
trabalho, fornecer uma base para a implementação do desenvolvimento organizacional e
intervenções, para a documentação de mudanças nas condições de trabalho e para a
investigação e ou pesquisas de associações entre trabalho e saúde. É importante
reconhecer que os fatores psicológicos, sociais e organizacionais do ambiente de
trabalho são potenciais contribuintes para a saúde e bem-estar dos trabalhadores
individuais, grupos de trabalho, e toda a organização e tais fatores, contribuem para o
32
trabalho de aprendizagem, motivação organizacional e eficiência (LINDSTRÖM et al.,
2000).
IV.5 Instrumentos
Foram utilizados instrumentos compartilhados com outra instituição universitária
em forma de parceria, aproveitando o momento da coleta de dados para as mesmas.
Para a presente pesquisa, utilizou-se instrumentos constituídos de cinco blocos de
questões: o primeiro, referente à condições sociodemográficas; o segundo bloco sobre
características ocupacionais, o terceiro sobre aspectos do estado de saúde, o quarto sobre
aspectos da saúde mental e o quinto e último bloco sobre o trabalho enfocando o apoio
social.
Bloco I – Condições sociodemográficas: Conteve este bloco questões sobre
idade, situação conjugal, grau de escolaridade, cor da pele, filhos, rendimento ao mês
por aulas e a realização pelo professor de mais de uma atividade remunerada.
Bloco II – Características ocupacionais: Deste bloco constaram características
voltadas ao mundo laboral do profissional, bem como sua relação com proximidade com
o local de trabalho, número de vínculos, alunos por turma, carga horária e outros
aspectos que poderiam influenciar as demandas laborais.
Bloco III – Aspectos sobre o estado de saúde: Foi utilizado o Questionário de
Saúde Geral de Goldberg (QSG-60). Trata-se de instrumento que objetiva fornecer uma
perspectiva do estado de saúde mental de sujeitos não-psicóticos. Quanto à validade, em
estudos ambulatoriais apresentou sensibilidade de 87,1% e especificidade de 93,3%
(Goldberg, 1972). É um questionário extenso, auto preenchido, composto por 60
questões com 4 alternativas cada tipo escala likert. Estas alternativas se apresentam das
formas 1) “não absolutamente”; 2) “não mais do que de costume”; 3) “um pouco mais
do que de costume” até 4) “muito mais do que de costume” ou 1) “melhor do que de
costume”; 2) “como de costume”; 3) “pior do que de costume” até 4) “muito pior do que
de costume”, podendo variar a depender da pergunta para 1) “mais do que de costume”;
2) “como de costume”; 3) “um pouco menos do que de costume” até 4) “muito menos do
que de costume”. Estas escalas variam de acordo com a pergunta. Parte dos itens
expressa sintomas e outra parte expressa comportamento normal, sendo, por vezes,
necessário inverter a pontuação da escala. O grau de severidade da ausência de saúde
mental é definido em relação a sintomas desviantes da população. O fator geral (escore
total) foi utilizado para se referir à saúde mental e, para sua interpretação, o autor
considera que quanto maior for o escore maior será o nível de distúrbios psiquiátricos.
33
Além do escore geral, os resultados do QSG originaram cinco fatores: a) tensão
ou estresse psíquico (experiências de tensão, irritação, impaciência, cansaço e
sobrecarga, tornando a vida uma luta constante, desgastante e infeliz); b) desejo de
morte (vida sem sentido, inútil e sem perspectivas); c) desconfiança no próprio
desempenho (consciência da capacidade de desempenhar ou realizar tarefas diárias de
forma satisfatória – escala invertida); d) distúrbios do sono (insônia e pesadelos); e)
distúrbios psicossomáticos (dores de cabeça, fraqueza e calafrios) (SOUZA, BAPTISTA
& ALVES, 2008).
Bloco IV – Aspectos da saúde mental : Para este bloco foi utilizado o SRQ-20
“Self Reporting Questionnaire” (OMS) – “teste auto aplicável que avalia o sofrimento
mental, largamente utilizado, com 20 questões relativas à mal-estares psíquicos”,
(BEUSENBERG & ORLEY, 1994, p.26), abordando itens relativos a ansiedade e
depressão, sintomas somáticos, humor e pensamentos depressivos, sendo quatro sobre
sintomas físicos e dezesseis sobre sintomas psicoemocionais (PINHEIRO, 2003). Este
questionário é um teste que apresenta questões dicotômicas do tipo sim e não e identifica
a suspeição de casos de TMC levando em conta o mês anterior à realização da entrevista.
Em geral, tem-se adotado ponto de corte de 7/8 pontos no SRQ-20 baseado no estudo
brasileiro de Mari & Willians (1986) como o mais próximo à suspeição de TMC,
oferecendo valores de sensibilidade e especificidade respectivamente de 83% a 80%. “O
SRQ-20 foi validado em estudos internacionais e nacionais com sensibilidade variando
de 62,9% a 90% e especificidade de 44% a 95%” (SILVA & MENEZES, 2008,p.923-4).
Bloco V – Sobre seu trabalho: Para este último bloco foram enfocadas questões
sobre apoio e/ou suporte social onde se utilizou a parte do questionário QPSNordic
(General Nordic Questionnaire for Psychological and Social at Work) de Lindström et
al (2000) que se refere a “Social Interactions”, apresentando nove itens em escala likert
de cinco pontos variando entre: 1) muito pouco, de modo nenhum ou nada; 2) pouco; 3)
um pouco; 4) bastante e 5) muito. O questionário QPS Nordic possui 123 perguntas de
múltipla escolha enfocando 14 dimensões psicológicas e sociais no trabalho:
antecedentes pessoais, demandas do trabalho, expectativas da função no trabalho,
controle no trabalho, previsibilidade no trabalho, domínio de trabalho, interações sociais,
liderança, cultura organizacional, interação entre o trabalho e a vida privada,
centralidade do trabalho, compromisso organizacional, trabalho em grupo e motivos
trabalho.
Foi utilizada parte do questionário - QPSNordic (General Nordic Questionnaire
for Psychological and Social Factors at Work) de Lindström et al., (2000) que traz as
variáveis respectivas à dimensão “Social Interactions” com nove questões sobre apoio
34
social: se a pessoa possui apoio ou ajuda dos colegas de trabalho, ajuda do superior
imediato no trabalho, se o superior está disposto a ouvir os seus problemas relacionados
ao trabalho, se a pessoa tem possibilidade de conversar sobre os problemas com
companheiro(a) ou alguém próximo sobre os problemas de trabalho , se há valoração das
ações desempenhadas no trabalho, se há algum conflito entre os colegas de trabalho e se
o trabalhador se sente amparado por amigos ou familiares em relação aos problemas no
trabalho.
IV.6 Treinamento e preparação para a coleta
Para a aplicação dos questionários à coleta de dados, de forma que fossem
reduzidos possíveis vieses de entrevista e de coleta, contamos com o auxílio do manual
do aplicador que trouxe informações relevantes sobre como se proceder durante a fase de
coleta. O manual apresentou informações pertinentes aos aplicadores com o intuito de
buscar um padrão nas entrevistas para contornar possíveis situações que impedissem ou
prejudicassem a qualidade das informações colhidas. Nesta etapa, também foram
discutidos os aspectos referentes à carta-convite e ao termo de consentimento livre e
esclarecido. Os aplicadores passaram por treinamento durante o período de uma semana,
para apresentação da pesquisa, os objetivos, aspectos metodológicos, leitura do manual
do aplicador, apresentação do questionário, discussão, explanação de possíveis dúvidas,
os detalhes do preenchimento dos questionários contidos em cada bloco e demais
explicações que se fizessem pertinentes. Ressalta-se que, em período anterior à fase de
campo, as escolas que compuseram os locais de coleta foram previamente avisadas sobre
o que seria realizado tanto por meio telefônico quando pelo envio da carta convite.
Durante o treinamento, ao aplicador também foi enfatizado como proceder à
chegada às escolas e à abordagem aos professores, da necessidade de identificação e
solicitação de permissão.
IV.7 Equipe auxiliar
Foi composta equipe para participação na coleta de dados e digitação dos dados
pós-coleta. Houve recrutamento de estudantes da graduação nos cursos de Biomedicina,
Enfermagem, Fisioterapia e Psicologia de duas faculdades locais de realização da
pesquisa, totalizando na primeira fase 25 estudantes e na segunda fase totalizando 42
estudantes, sendo a fase de digitação dos dados contamos com 23 alunos voluntários que
se revezavam em duplas, onde um ditava as respostas e o outro digitava.
35
IV.8 Coleta de dados e procedimentos
A coleta de dados ocorreu entre março a maio de 2012 e se realizou a partir do
preenchimento e recolhimento dos questionários pelos docentes. Os questionários foram
entregues na forma de folheto devidamente identificado constando de 10 laudas, sendo
uma delas o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido que se destinou ao controle da
pesquisa e uma folha avulsa com o mesmo conteúdo que se destinava ao professor.
Os questionários foram entregues às professoras em cada uma das escolas e em
seus respectivos turnos (matutino, vespertino ou noturno) de forma a tentar abordar
todos as docentes possíveis. Coube aos sujeitos da pesquisa responder o questionário ou
enquanto este estivesse na escola, ou em período posterior sendo combinado o dia da
entrega. Foi deixada em cada escola uma caixa coletora devidamente identificada.
IV.9 Construção do banco de dados
Após findado o período de coleta, os dados dos questionários foram digitados.
Para isto foi utilizado o software Epidata versão 3.1 que “é um aplicativo simples,
utilizado para a informatização de dados que já foram coletados e que serão submetidos
a explorações, tabulações e análises” (BRASIL, ANDRADE & OLIVEIRA, 2007, p.3),
com arquivos de saída com várias opções de formatos para exportação de dados.
Primeiramente, foram treinados digitadores para digitação dos 186 questionários
válidos em duas máquinas de forma independente, sendo controladas com pasta controle
de digitação. Após o fim da digitação, foram comparados os bancos, corregidos os dados
e estes, exportados para software de análise.
Após a construção e estruturação do banco optamos em não utilizar o
instrumento SRQ-20 por não apresentar a mesma robustez do QSG-60.
IV.10 Análise descritiva dos dados
As análises descritivas foram calculadas pelo software SPSS versão 13
(Statistical Package for the Social Science). Foram utilizadas para as variáveis contínuas
a média e o desvio-padrão e, para as variáveis categóricas, a proporção.
36
IV.11 Análise de regressão logística
A seleção das variáveis independentes para a composição do modelo de análise
de regressão logística foi feita por meio da análise univariável, tendo como critério de
inclusão o valor p ≤ 0,25 no Teste de Wald. As variáveis qualitativas politômicas foram
representadas por variáveis indicadoras.
O modelo inicial de regressão logística multivariável com todas as variáveis
selecionadas na etapa anterior (modelo completo) foi executado e as variáveis que
alcançaram um valor p ≤ 0,20 permaneceram no modelo. Houve uma reavaliação das
variáveis qualitativas politômicas visando uma categorização mais adequada dos dados
do estudo.
A comparação do modelo completo com modelos reduzidos (pela exclusão das
variáveis com valor p > 0,20) foi feita por meio do Teste da Razão de Verossimilhança
para verificar a equivalência dos modelos em relação a sua capacidade explicativa do
evento resposta. Consideraram-se como modelos equivalentes aqueles que apresentaram
resultados do teste de razão de verossimilhança com valor p > 0,05. Nesta situação,
optou-se pelo modelo mais parcimonioso, ou seja, com menor número de variáveis.
Definido o modelo de efeitos principais foi analisada a presença de modificação
de efeito com uso do teste de razão de verossimilhança entre este modelo e o modelo
contendo termos de interação (produto de duas variáveis), considerando-se o nível de
significância de 0,05.
A medida da associação possibilitada pela análise de regressão logística é a razão
de chances. Com prevalências elevadas nas respostas, a razão de chances superestima a
associação real, devendo ser substituída pela razão de prevalência. Considerou-se a
prevalência elevada acima de 10%. Para a análise de regressão logística foi usado o
software STATA 12.0.
IV.12 Aspectos éticos da pesquisa
Este estudo observou, durante todas as etapas de sua realização, as
recomendações previstas na Resolução 196/96 da Legislação Brasileira editada pelo
Ministério da Saúde (BRASIL, 1996) que regulamenta pesquisas envolvendo seres
humanos. Desta maneira, buscou-se respeitar a autonomia, a justiça, a beneficência e a
não maleficência de cada participante. A pesquisa foi submetida à aprovação do Comitê
de Ética em Pesquisa da Maternidade Climério de Oliveira da Universidade Federal da
Bahia (UFBA) sob o protocolo 003/12 (ANEXO 1) e parecer positivo quanto à sua
37
realização mediante Parecer/Resolução aditiva 026/2012 (ANEXO 2). Os indivíduos
participantes foram devidamente informados sobre os possíveis riscos e benefícios da
pesquisa e concordaram em assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(ANEXO 3) que consta de convite à participação voluntária, objetivos da pesquisa,
informações de que não haveria ônus para o participante, à conduta de arquivamento e
confidencialidade dos dados, justificativa, e contatos dos responsáveis pelo estudo.
38
V RESULTADOS GERAIS
Investigaram-se 210 professores, sendo 186 válidos para compor o banco de dados
utilizado por esta pesquisa. Não foi possível calcular as perdas, visto que o espaço
amostral foi inconclusivo.
V.1 Informações sociodemográficas dos trabalhadores estudados
Com base nos dados obtidos referentes às variáveis correspondentes ao Bloco 1:
Informações sociodemográficas, observou-se que 61,3% das professoras investigadas
são casadas; 93,5% apresentam ensino superior completo; cor da pele predominante é a
parda com 61,8%; 85,5% possuem filhos e a quase totalidade 91,9% não possuem outra
atividade remunerada que não seja a docente (Tabela 1).
Tabela 1. Características sociodemográficas em professoras da rede municipal de ensino
(variáveis categóricas), Jequié, Bahia, Brasil, 2012.
Variável de exposição
n
%
Solteira
Casada
União estável
Separada
Viúva
26
114
15
26
5
14
61,3
8,1
14
2,7
Ensino médio
Magistério
Superior incompleto
Superior completo
Mestrado/Doutorado
1
4
4
174
3
0,5
2,2
2,2
93,5
1,6
Branca
Preta
Amarela
Parda
39
28
4
115
21
15,1
2,2
61,8
Sim
Não
159
27
85,5
14,5
Outra atividade remunerada
Sim
Não
15
171
8,1
91,9
Situação conjugal
Escolaridade
Cor da pele
Filhos
39
V.2 Informações sobre as características ocupacionais
Já com relação ao Bloco 2: características ocupacionais, observou-se que 87,6%
das professoras possuem um único vínculo empregatício, atuam em apenas uma única
escola 72%; principalmente no Ensino Fundamental I (até a quarta série) 51,6%;
lecionando em grande parte em até 5 turmas 79,6%; com relações interpessoais no
ambiente de trabalho entre boa a ótima respectivamente 54,3% e 34,4% (Tabela 2).
Tabela 2. Distribuição de professoras da rede municipal de ensino por características
ocupacionais, Jequié, Bahia, Brasil, 2012.
Variável de exposição
Quantidade de vínculos empregatícios
Um
Dois
Três
n
%
163
22
1
87,6
11,8
0,5
134
52
72
28
Nível das turmas em que ensina
Creche
Fundamental I (até 4ª série)
Fundamental II (até 8ª série)
Outros
46
96
36
8
24,7
51,6
19,4
4,3
Quantidade de turmas que ensina
Até 5 turmas
De 6 a 10 turmas
Mais de 10 turmas
148
25
13
79,6
13,5
6,8
Relações Interpessoais no trabalho
Ótima
Boa
Regular
Péssima
64
101
20
1
34,4
54,3
10,8
0,5
Número de escolas em que atua
Uma
Duas
Três
Observou-se nas professoras estudadas média de idade de 42 anos (DP = 6,6);
tempo de atuação médio de 20 anos (DP = 6,3); carga horária média de 37,9 horas
semanais (DP = 6,5) o que podemos configurar como regime de 40 horas semanais,
atuando em média em 4 turmas (DP = 4,1), em geral tendo 25 alunos por turma (DP =
5,9) e renda mensal de R$ 2.571,20 (DP = 682,4) (Tabela 3).
40
Tabela 3. Características sociodemográficas e ocupacionais em professoras da rede
municipal de ensino (variáveis contínuas), Jequié, Bahia, Brasil, 2012.
Variável
Idade (anos)
N
146
Extremos
31 – 67
Média
42,8
Desvio-padrão
6,6
tempo de atuação (anos)
184
10 – 49
20
6,3
carga horária semanal
179
20 – 60
37,9
6,5
média de turmas
186
1 – 22
4
4,1
média de alunos por turma
186
10 – 58
25,4
5,9
renda (ganho mensal) (R$)
186
870 – 5800
2571,2
682,4
V.3 Prevalência de transtornos mentais comuns e demais associações
No Bloco 3: aspectos da saúde mental, enfatizou-se o estado de saúde mental
para transtornos mentais comuns (TMC) no qual foi encontrada a prevalência bruta de
TMC de 54,7% entre as docentes (Tabela 4).
A prevalência entre as professoras com ensino superior completo foi de 54,4%;
quanto à cor da pele, algo marcante foi o valor alto de suspeição de TMC para
professoras declaradas de cor de pele preta e parda respectivamente 63,2% e 60,3%. A
prevalência em relação à situação conjugal foi de 60% para separadas e viúvas, 56,8%
em casadas, e 40% em solteiras; e as professoras que possuem filhos apresentaram
56,2% (Tabela 5).
Tabela 4. Prevalência de transtornos mentais comuns em professoras da rede
municipal de ensino, Jequié, Bahia, Brasil, 2012.
Transtornos Mentais Comuns
Frequências Relativas
Presentes
Frequências
Absolutas
98
Ausentes
81
45,3%
Total
179
100%
54,7%
41
Tabela 5. Prevalências de transtornos mentais comuns segundo aspectos
sociodemográficos e transtornos mentais comuns em professoras da rede municipal de
ensino, Jequié, Bahia, Brasil, 2012.
Variável
N
179
Suspeitos
(n/%)
RP
Escolaridade
Ensino médio
Magistério
Superior incompleto
Superior completo
Mestrado ou doutorado
1
4
4
167
3
1 (100%)
1 (25%)
3 (75%)
91 (54,4%)
2 (66,6%)
4,0
Cor de pele
Branca
Preta
Amarela
Parda
39
25
4
111
16 (41%)
15 (63,2%)
0 (0%)
67 (60,3%)
Situação conjugal
Solteira
Casada
união estável
Separada
viúva
25
109
15
25
5
10 (40%)
62 (56,8%)
8 (53,3%)
15 (60%)
3 (60%)
Filhos
Sim
Não
153
26
86 (56,2%)
12 (46,1%)
3,0
2,17
2,6
1,67
1,5
1,42
1,33
1,5
1,5
1,21
Em relação a aspectos ocupacionais e suspeição de TMC, na variável vínculos
empregatícios, as professoras com um único vínculo apresentaram prevalência de 56,4%
de TMC e com dois vínculos 40,9%; a prevalência em relação a atuar em uma ou duas
escolas ficou em torno de 54%. Professoras que lecionam no ensino fundamental I e
creches apresentaram prevalência de 56,6% e 55,5% respectivamente. Professoras que
não possuem outra atividade remunerada apresentaram prevalência de 56,7% e quanto às
relações interpessoais, destacam-se as docentes que consideram tais relações regulares
com 66,6% (Tabela 6).
42
Tabela 6. Prevalências entre aspectos ocupacionais e transtornos mentais comuns em
professoras da rede municipal de ensino, Jequié, Bahia, Brasil, 2012.
Variável
N
Suspeitos
(n/%)
RP
Vínculos empregatícios
Um
Dois
Três
156
22
1
88 (56,4%)
9 (40,9%)
1 (100%)
1,37
Número de escolas em que atua
Um
Dois
128
51
70 (54,6%)
28 (54,9%)
Nivel de ensino
Creche
fundamental I
fundamental II
ensino médio
45
90
36
8
25 (55,5%)
51 (56,6%)
15 (41,6%)
7 (87,5%)
Outra atividade remunerada
Sim
Não
15
164
5 (33,3%)
93 (56,7%)
1,70
Relações interpessoais
Ótimas
Boas
Regulares
Péssimas
62
98
18
1
29 (46,7%)
56 (57,1%)
12 (66,6%)
1 (100%)
1,22
1,42
2,14
2,44
1,0
1,33
1,36
2,10
Na tabela abaixo apresentamos valores das prevalências entre aspectos
sociodemográficos e ocupacionais, onde para a variável idade, prevalência maior foi
encontrada em professoras com até 40 anos com 67,8%; tempo de atuação de até 14 anos
com 70%; as que apresentavam carga horária de trabalho de 40 horas ou mais com
57,8% e que lecionam em duas turmas com 61,8% ou com 6 ou mais turmas com 54%.
Destacam-se ainda as prevalências em professoras que possuem 20 a 29 alunos
por turma com 57,8% e que possuem uma renda mensal na faixa intermediária de R$
2001,00 a R$ 3000,00 (Tabela 7).
43
Tabela 7. Prevalências entre aspectos sociodemográficos e ocupacionais em professoras
da rede municipal de ensino e TMC (para variáveis contínuas), Jequié, Bahia, Brasil,
2012.
Variável
N
Suspeitos
(n/%)
RP
Idade (em anos)
Até 40
41 a 50
+ de 50
56
67
19
38 (67,8%)
34 (50,7%)
8 (42,1%)
1,61
1,2
Tempo de atuação (em anos)
Até 14 anos
15-19 anos
20-24
25 ou mais
40
41
55
41
28 (70%)
22 (53,6%)
30 (54,5%)
18 (43,9%)
1,5
1,22
1,24
Carga horária semanal
20
40 ou +
20
152
8 (40%)
88 (57,8%)
1,44
Quantidade de turmas
1
2
3-5
6 ou +
34
76
32
37
15 (44,1%)
47 (61,8%)
16 (50%)
20 (54%)
1,4
1,13
1,22
Alunos por turma
Até 19
20-29
30 ou +
16
114
49
7 (43,7%)
66 (57,8%)
25 (51%)
1,32
1,16
Renda mensal (R$)
870,00-2000,00
2001,00- 3000,00
3001,00 ou mais
40
114
25
21 (52,5%)
65 (57%)
12 (48%)
1,0
1,18
V.4 Fatores associados
Para avaliação da associação entre múltiplas variáveis, utilizou-se a análise de
regressão logística. Adotou-se a estratégia proposta por Hosmer, Lemeshow &
Sturdivant (2013), para a definição do modelo de regressão logística com resposta
binária:
1. Avaliação individual cuidadosa de cada variável independente, selecionandose aquelas cujo teste univariável tenha tido um valor p < 0,25 pela estatística de Wald
para serem incluídas no primeiro modelo multivariável, juntamente com todas as
variáveis de reconhecida importância clínica e/ou epidemiológica;
44
2. Ajuste do modelo multivariável contendo todas as covariáveis selecionadas no
passo 1, eliminando-se, ao longo desta etapa, as que não apresentaram contribuição em
níveis tradicionais de significância estatística;
3. Comparação dos valores dos coeficientes estimados no modelo reduzido (com
eliminação de parte das covariáveis do passo 2 com os respectivos valores no modelo
completo (todas as covariáveis selecionadas no passo 1);
4. Definição do modelo preliminar de efeitos principais: reinclusão, uma a uma,
das covariáveis não selecionadas no passo 1, e avaliação de sua significância pelo valor
p da estatística de Wald;
5. Definição do modelo de efeitos principais: exame das covariáveis presentes no
modelo, em particular quanto ao atendimento do pressuposto de aumento ou redução
linear do logito em função de cada covariável contínua; para tanto, utilizou-se o gráfico
da variável tempo de trabalho como professor com o logito suavizado da regressão
robusta dos mínimos quadrados localmente ponderados (“robust locally weighted least
squares regression” - lowess) da variável resposta (transtorno mental comum), gráfico
dos coeficientes de regressão dos quartis do tempo de trabalho e de categoria do tempo
de trabalho proporções médias de transtorno mental comum por categoria do tempo de
trabalho; ajuste de modelo multivariável em que a variável contínua tempo de trabalho
foi substituída por variáveis indicadoras com base em seus quartis, tomando-se como
grupo de referência o quartil inferior; gráfico dos coeficientes de regressão estimados
por esse modelo para as variáveis indicadoras versus os pontos médios dos quartis do
tempo de trabalho; método dos polinômios fracionários para determinar o melhor
modelo para a covariável contínua;
6. Verificação da presença de interação entre as variáveis do modelo tomando-se
como referência o nível de significância estatística de 0,05 – definição do modelo
preliminar final.
Não foi avaliada a adequação do modelo nem verificado seu ajustamento, sétimo
passo proposto por Hosmer, Lemeshow & Sturdivant (2013), para a definição do modelo
de regressão logística com resposta binária.
Na exploração inicial, as variáveis categóricas cor da pele, situação conjugal e
carga horária semanal de trabalho foram recodificadas para que categorias mais
apropriadas fossem obtidas para representá-las, chegando-se a sua dicotomização.
No ajuste do modelo multivariável, procedeu-se à imputação dos valores
ausentes para que a comparação dos modelos completo e reduzidos fosse feita entre
modelos com o mesmo número de observações. A imputação sequencial dos dados
45
ausentes em múltiplas variáveis foi feita por meio de equações em cadeia de imputação
(HOSMER, LEMESHOW & STURDIVANT, 2013, p. 91-397).
A análise estatística foi realizada no programa STATA 12.0.
Uma vez que a variável resposta teve uma prevalência elevada, a razão de
chances pode superestimar fortemente a razão de prevalências. Por isto, razões de
prevalências de transtornos mentais comuns foram estimadas pela regressão de Poisson
com um estimador robusto da variância para corrigir os erros-padrão (BARROS &
HIRAKATA, 2003; CUMMINGS, 2009).
Como a amplitude do tempo de trabalho como professor situou-se entre 10 e 49
anos, as razões de prevalências foram estimadas para incrementos de cinco anos no
tempo de trabalho.
V.4.1 Resultados
As variáveis selecionadas na avaliação individual por meio de regressão logística
foram: idade, tempo de trabalho como professor, outra atividade remunerada, além de
professor (sim ou não), relações interpessoais com outros docentes (ótimas, boas,
regulares, ruins, péssimas), cor da pele (branca ou amarela versus preta ou parda),
situação conjugal (solteiro versus não solteiro), suporte social pelos supervisores
(frequente/sempre versus ocasional/raro/nunca), conflito entre colegas de trabalho
(ocasional/raro/nunca versus frequente/sempre), carga horária semanal de trabalho na
rede municipal de ensino (menos de 40 horas versus 40 horas ou mais).
Com a exclusão das covariáveis com valor p superior a 0,10 pela estatística de
Wald, permaneceram no modelo de análise para a presença de transtornos mentais
comuns (tmc): tempo de trabalho como professor (ttap), cor da pele (pele), suporte social
pelos supervisores (ssup) e conflito entre colegas de trabalho (confl). Estas variáveis
compuseram o modelo de efeitos principais, uma vez que nenhuma das não selecionadas
anteriormente apresentou significância ao ser reincluída no modelo e a variável tempo de
trabalho como professor suportou o exame do atendimento do pressuposto da linearidade
do logito em função de sua presença como variável contínua.
Não se verificou presença de interação entre as variáveis do modelo.
Portanto, o modelo final foi: tmc = 0,26 - 0,06 (ttap) + 1,00 (pele) + 0,90 (ssup) + 1,19
(confl).
As razões de prevalências de transtornos mentais comuns associados a cada
uma dessas variáveis e ajustando-se pela demais covariáveis (Tabela 8).
46
Tabela 8. Razões de chances e razões de prevalências de transtornos mentais comuns
em professoras da rede municipal de ensino de Jequié, Bahia, 2012, segundo as
variáveis presentes no modelo final de análise de regressão logística múltipla.
variável de exposição
categorias
razão de
chances
bruta
razão de
chances
ajustada
razão de
prevalências
estimadas
tempo de trabalho
como professor
por ano a mais de
trabalho
0,95
0,95
0,98
tempo de trabalho
como professor
para cada cinco anos a
mais de trabalho
0,76
0,57
0,89
cor da pele
preta ou parda em
relação a branca ou
amarela
2,77
2,72
1,59
suporte social pelos
supervisores
frequente/continuado
em relação a
ocasional/raro/nunca
2,23
2,46
1,33
conflito entre colegas
de trabalho
conflito frequente em
relação a conflito
ocasional
3,08
3,29
1,44
Razão de chances bruta (não ajustada): obtida em análise de regressão logística
univariável.
Razão de chances ajustada: obtida em análise de regressão logística
multivariável, ajustada pelas outras covariáveis.
Razão de prevalências estimadas: obtida em análise de regressão de Poisson
robusta multivariável, ajustada pelas outras covariáveis.
As razões de chances brutas e ajustadas têm valores próximos para tempo de
trabalho como professor em escala anual e cor da pele, e nem tão semelhantes para
suporte social pelos supervisores e conflito entre colegas de trabalho. Para incrementos
de cinco anos no tempo de trabalho os valores são bem distintos. O que é mais relevante,
contudo, é que as razões de prevalências estimadas são bastante diferentes das razões de
chances, em consonância com a asserção de que quanto mais frequente for um desfecho,
mais a razão de chances superestimará a razão de prevalências maior que 1 e
subestimará a razão de prevalências menor que 1 (Zhang & Yu, 1998).
No grupo estudado de professoras, para cada incremento de cinco anos no tempo
de trabalho há uma redução de 11% na prevalência de transtornos mentais comuns,
ajustada pela presença das demais covariáveis; as professoras de pele preta ou parda têm
prevalência de transtornos mentais comuns 1,6 vezes maior que as de pele branca ou
amarela; as professoras que recebem suporte ocasional, raro ou completamente ausente
de seus supervisores apresentam prevalência de transtornos mentais comuns 1,3 vezes
47
maior que as que têm suporte frequente ou continuado; e aquelas que vivenciam conflito
frequente entre colegas de trabalho apresentam prevalência de transtornos mentais
comuns 1,4 vezes maior em relação as que experimentam conflito ocasional.
48
VI DISCUSSÃO
Em relação aos aspectos sociodemográficos, optamos por abordar neste estudo
apenas mulheres, pois são predominantes na distribuição por gênero neste grupo
ocupacional, em consonância a outros estudos realizados também com professores no
estado da Bahia (SILVANY-NETO et al, 2000; DELCOR et al, 2004; REIS et al, 2005;
SOUZA, 2008; CEBALLOS, 2009; FARIAS, 2004 & PORTO et al., 2004) bem como a
situação conjugal como casadas (FARIAS, 2004; REIS et al., 2005 & DELCOR et al,
2004).
À escolaridade as professores possuem ensino superior completo, tal qual o
exigido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1996). O nível de escolaridade com
predominância do ensino superior também foi averiguado por outros estudos na Bahia,
Souza (2008), Delcor et al., (2004) e Araújo et al (1998) variando entre 71,9% a 80,3%.
Quanto à ocupação destas professoras, grande parte referiu não ter outra
atividade remunerada que não docente - dado equivalente ao apresentado em outros
estudos na literatura, onde poucos docentes optaram por atividades extra muros da
instituição (REIS et al., 2005; SOUZA, 2008; PORTO et al., 2004; DELCOR et al,
2004; FARIAS, 2004 & SILVANY-NETO et al, 2000). Em geral, trabalham em um
único vínculo empregatício, com poucas atuando paralelamente em outra rede de ensino,
embora haja algumas que ensinem em mais de uma escola municipal (SILVANY NETO
et al, 2000 & SOUZA 2008).
Em relação ao nível das turmas, um pouco mais da metade das professoras
investigadas lecionam para o Ensino fundamental I (até a quarta série, também chamada
de educação infantil), o que indica que o perfil do alunado são crianças e préadolescentes. Esta informação contrasta completamente com os dados encontrados em
estudo realizado na rede estadual de ensino no mesmo município em 2010*, onde a
proporção dos alunos do ensino Fundamental I foi de apenas 10,2% e o predominante
foi o Ensino Fundamental II (quinta série a oitava série agora chamado nono ano) com
51,3%. Isto implica que o forte da rede estadual é abordar as séries mais avançadas do
ensino básico neste município. O ensino fundamental I se destaca na literatura como o
mais frequente das escolas municipais (CEBALLOS, 2009; REIS et al., 2005; SOUZA,
2008).
_________________________
* Cardoso, J.P. Saúde na escola: o cuidado com professores. [Projeto de pesquisa não publicado].
Condições de trabalho e saúde de professores da rede estadual de ensino de Jequié-Ba. Núcleo de
estudos em saúde da população. Núcleo de estudos em atividade física e saúde. Laboratório de Saúde
Coletiva. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia [Jequié], Bahia, 2010.
49
Dado destoante foi que o número de turmas que os docentes lecionam se mostrou
o dobro em relação a outros estudos realizados com docentes municipais também na
Bahia (REIS et al., 2005 & SOUZA, 2008) e que a média de tempo de atuação na
docência foi de 20 anos variando entre 10 a 49 anos - média maior do que encontrada em
demais estudos (REIS et al., 2005; CEBALLOS, 2009 & SOUZA, 2008).
Quanto às prevalências, este estudo concorda com a literatura, já que é sabido
que TMC em mulheres são mais prevalentes do que em homens (SANTOS &
SIQUEIRA, 2010; ROCHA et al., 2010).
Observou-se que quanto maior a idade do professor e o tempo de sua atuação
profissional menores foram as prevalências de TMC – resultado inverso ao encontrado
por Reis et al., (2005) em relação a tempo de atuação profissional onde a relação foi de
quanto maior esse tempo, maior a prevalência de TMC. Outros achados destoantes
foram prevalências acentuadas em docentes com um único vínculo empregatício 56,4%
e em professoras que não possuem outra atividade remunerada com 56,7%. As
professoras que atuam em duas escolas apresentaram 54,9% de suspeição de TMC, uma
prevalência alta como a observada por Gasparini, Barreto & Assunção (2006) que
encontraram para esta mesma variável o valor de 46,7% em professores da rede
municipal de Belo Horizonte – MG.
Quanto às relações interpessoais dos professores no trabalho, quanto melhores
foram estas relações menores as prevalências de TMC encontradas. Uma boa relação
interpessoal no trabalho, predispõe o trabalhador a experimentar menos situações
conflitantes (LINDSTRÖM et al., 2000).
Professores com idade entre até 40 anos apresentaram maior prevalência de TMC
em relação aos demais, concordando com a mesma faixa etária observada por Gasparini,
Barreto & Assunção (2006). Os que apresentam carga horária semanal igual ou acima de
40 horas também se mostraram com valor acentuado para TMC, em concordância com
Reis et al., (2005), com resultados bem equivalentes.
Em relação aos fatores associados, no modelo final de regressão logística
múltipla, as variáveis que permaneceram no modelo foram tempo de trabalho como
professor, cor da pele, suporte social pelos supervisores e conflito entre colegas de
trabalho.
O tempo de trabalho como professor se mostrou como fator associado, ao passo
que os docentes para cada ano trabalhado, ou conjunto de cada cinco anos a mais de
trabalho há uma progressiva redução da chance de acometimento por TMC.
Já para a variável cor da pele como fator associado, professoras cuja cor de pele
seja preta ou parda, apresentam prevalência de transtornos mentais comuns 1,59 ~ 1,6
50
vezes maior do que quando comparadas a professores com pele branca ou amarela, estes
dados são semelhantes aos de outros estudos (ARAÚJO, PINHO & ALMEIDA, 2005;
ROCHA et al., 2010; COSTA & LUDERMIR, 2005).
Outro fator associado é o suporte social, em que professoras que recebem suporte
ocasional, raro ou completamente ausente de seus supervisores apresentam prevalência
de transtornos mentais comuns 1,3 vezes maior que as que têm suporte frequente ou
continuado; isto indica que é necessário um reforço positivo ao professor em seu
ambiente de trabalho por parte de seu superior, que no caso, é o coordenador pedagógico
ou o próprio diretor.
Para efeitos de mensuração de suporte social utilizamos parte do questionário
QPSNordic, que ainda não tinha sido usado no Brasil. Desta forma, este é o primeiro
estudo que se utiliza deste instrumento e portanto não temos como fazer comparações na
literatura. Até então no Brasil, vem-se utilizando largamente o JCQ na dimensão das 12
questões relativas a suporte social. Mesmo assim, em consonância ao nosso estudo,
pesquisas que utilizaram o JCQ demonstraram que a prevalência de TMC é
significantemente mais elevada entre professores com baixo suporte social (REIS et al,.
2005 & PORTO et al., 2006). Nesta perspectiva, as boas relações no trabalho funcionam
como suporte social protegendo o indivíduo de algumas sobrecargas laborais e ainda
apresenta efeitos diretos na saúde humana, com menor grau de sofrimento e de
transtornos psíquicos (RODRIGUES & MADEIRA, 2009).
Por último, quanto a variável conflito entre colegas de trabalho, professoras com
conflito frequente em relação a conflito ocasional em seu ambiente de trabalho,
apresentou prevalência de 1,4 vezes maior para transtornos mentais comuns.
Em relação à mensuração dos TMC, optamos por utilizar como instrumento o
questionário QSG, ao invés do conhecido e largamente utilizado SRQ-20, uma vez que
achamos uma prevalência muito superior ao encontrado no QSG o que inviabilizaria a
comparação entre os grupos de exposição.
Diversos estudos foram realizados em diferentes grupos de trabalhadores,
contando principalmente, com a utilização do conhecido instrumento SRQ-20 para
rastreamento de TMC, e, embora a prevalência global do presente estudo esteja dentro
do limite superior ao encontrado em outros estudos com professores, lembramos que
houve abordagem metodológica diferente ao se utilizar o QSG-60.
Quanto a estudos sobre prevalências de TMC em trabalhadores na literatura
temos alguns com professores (ARAÚJO et al., 1998; DELCOR et al, 2004; REIS et al.,
2005; GASPARINI, BARRETO & ASSUNÇÃO, 2006; PORTO et al., 2006; SOUZA,
2008; CEBALLOS, 2009) e demais profissionais: motoristas e cobradores de ônibus
51
(SOUZA & SILVA, 1998), trabalhadores rurais (FARIA et al., 1999), trabalhadores
rurais (FARIA et al., 2000), entre mulheres trabalhadoras de enfermagem (ARAÚJO et
al., 2003), mulheres trabalhadoras formais e informais (SANTANA
et al., 1997),
trabalhadores manuais (LUDERMIR & MELO FILHO, 2002), funcionários de uma
universidade (VEGGI et al., 2004), trabalhadores rurais da cana-de-açúcar (COSTA &
LUDERMIR, 2005), trabalhadores de enfermagem (PINHO & ARAÚJO, 2007), agentes
comunitários de saúde (SILVA & MENEZES, 2008), e trabalhadores diversos (FARIAS
& ARAÚJO, 2011) variando a prevalência de TMC de 20% a 55% e 20% a 56%
respectivamente, utilizado o SRQ-20 e um estudo com o GHQ-12 de Goldberg (1972).
Limitações do estudo: 1) Os resultados só se aplicam ao conjunto de professoras
incluídas neste estudo, não podendo ser generalizados, uma vez que não houve
amostragem aleatória dos professores, não cabendo, pois, inferência estatística; 2) a
utilização pioneira do questionário nórdico de suporte social do trabalho no Brasil; 3)
perdas significativas, apesar das estratégias para superá-las, como a tentativa de
recuperação da informação buscando pela docente que não tivesse respondido ou
recebido o questionário, visita à professora que estivesse sob licença em sua residência,
acertos de horários ou datas para recolhimento dos questionários; 4) o período de coleta
de dados se deu após o retorno de um período de greve de quase dois meses; 5)
temporalidade do estudo, pois não possui a capacidade de acompanhamento dos sujeitos,
havendo perdas de informação, uma vez que a avaliação dos achados é pontual.
Nos diários de campo há relatos que explicam alguns motivos das recusas: 1) não
participação por não mudança no contexto prático; 2) falta de tempo; 3) não perceber
que a participação trará um benefício; 4) população do estudo já submetida à pesquisa
anterior sem apresentação posterior dos resultados.
Assim, com base nas intrínsecas e variadas dinâmicas do processo de trabalho
que vivenciam os professores, seja em turnos completos ou disciplinas avulsas, há a
necessidade de mais investigações que contemplem as lacunas do conhecimento
existentes entre este grupo populacional específico, afim de melhor distribuir as
informações respectivas aos fatores de risco e predisposição a doenças como as de
ordem psicoemocional, mais especificamente os transtornos mentais comuns, tal qual se
trata este estudo, tão expressamente prevalentes nestes trabalhadores.
Acreditamos que este estudo é relevante para situar informações, sugerir
propostas e reflexões sobre a vinculação do processo saúde-doença na profissão docente
e sobre o desafio do trabalho deste profissional, apresentando desta forma, um panorama
estático do que ocorre no cotidiano do seu trabalho resultando em doença, problemas
mentais, desgastes diversos; para determinar a relação de transtornos mentais nesta
52
parcela populacional e de que forma o sofrimento mental do professor possa ser
minimizado; por acreditar que estudos que abordem as lacunas existentes sobre a
vivência docente possam corroborar com políticas de proteção e cuidado ao professor;
para novos posicionamentos que venham a ajudar os docentes no exercer de suas
atividades laborais;
ajudar o professor a melhorar sua qualidade de vida evitando
doenças somáticas, incentivando posturas de trabalho saudáveis, qualidade de vida e a
redução do absenteísmo laboral. A tempo, também esperamos que este estudo assim
como outros na perspectiva da saúde mental dos professores, possam ser discutidos nas
escolas, e que o setor da educação também possa se apropriar das contribuições que
estes estudos possam trazer.
53
VII CONCLUSÃO
Foi estimada a prevalência de transtornos mentais comuns em professores da
rede municipal de ensino de Jequié – Bahia apresentando 54,7%, valor este que superou
o inicialmente pensado para esta população específica. Foram encontradas expressivas
prevalências de transtornos mentais comuns entre os professores estudados.
As variáveis que estiveram associadas a transtornos mentais comuns foram:
tempo de trabalho como professor, cor da pele, suporte social pelos supervisores e
conflito entre colegas de trabalho.
54
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59
IX ARTIGO
ARTIGO I
PREVALÊNCIA DE TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E
FATORES ASSOCIADOS EM PROFESSORES
LUCIANA FRUTUOSO DE OLIVEIRA
LAURO ANTONIO PORTO
60
RESUMO
PREVALÊNCIA DE TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS E FATORES
ASSOCIADOS EM PROFESSORES
Introdução: Destacam-se os transtornos mentais comuns apresentados sutilmente na
forma de esquecimento, falta de concentração, fadiga, depressão, irritabilidade, insônia e
queixas somáticas no qual o professor, dado sua ocupação se expõe cotidianamente.
Objetivo: Determinar a prevalência de transtornos mentais comuns e identificar fatores
associados em professores da rede pública municipal de ensino na cidade de JequiéBahia. Material e métodos: Estudo transversal com 186 professoras. Foi aplicado o
Questionário de Saúde Geral de Goldberg para rastreamento de transtornos mentais
comuns, tendo como medida de associação a razão de prevalência e a principal técnica
estatística foi a análise de regressão logística. Resultados: A prevalência de transtornos
mentais comuns entre os professores foi de 54,7%. As maiores prevalências de TMC
ocorreram em professoras com menor escolaridade; cor da pele preta e parda, separadas
e viúvas; com até 40 anos de idade, presença de filhos, menor tempo de atuação, carga
horária alta e com relações interpessoais não satisfatórias. Os fatores associados foram
tempo de trabalho como professor, cor da pele, suporte social pelos supervisores e
conflito entre colegas de trabalho. Conclusões: Encontrou-se prevalência elevada de
transtornos mentais comuns nestes professores com expressivas prevalências em extratos
de algumas características sociodemográficas e ocupacionais.
Palavras-chave: 1.transtornos mentais; 2. docentes; 3. epidemiologia; 4. saúde
ocupacional; 5. estudos transversais; 6. prevalência.
61
ABSTRACT
PREVALENCE OF COMMON MENTAL DISORDERS AND ASSOCIATED
FACTORS IN TEACHERS
Introduction: We highlight the common mental disorders presented subtly in the form
of forgetfulness, lack of concentration, fatigue, depression, irritability, insomnia, and
somatic complaints in which the teacher, given his occupation is exposed daily.
Objective: To determine the prevalence of common mental disorders and to identify
factors associated with public school teachers in municipal schools in the city of JequieBahia. Methods: Cross-sectional study with 186 teachers. We used the General Health
Questionnaire Goldberg for tracking of common mental disorders, and as a measure of
association and the prevalence ratio was the main statistical technique logistic regression
analysis. Results: The prevalence of common mental disorders among teachers was
54.7%. The highest prevalence of CMD occurred in teachers with less education, skin
color of black and brown, separated and widowed, with up to 40 years of age, presence
of children, shorter acting, high workload and unsatisfactory interpersonal relationships.
The factors were associated working time as a teacher, skin color, social support by
supervisors and conflict between colleagues. Conclusions: We found a high prevalence
of common mental disorders in these teachers with significant prevalence in extracts of
some sociodemographic and occupational.
Key-words: 1. mental disorders; 2. teaching; 3. epidemiology; 4. occupational health; 5.
cross-sectional studies; 6. prevalence.
62
1. Introdução
O Brasil possui quase 2 milhões de docentes na educação básica que inclui desde
a educação infantil ao ensino médio, sendo este corpo de profissionais responsáveis por
lecionar para mais de 52 milhões de alunos1, e correspondente ao mais significante peso
dentro da força de trabalho na educação.
A categoria profissional docente apresenta grande importância social uma vez que
é a base da formação de crianças e jovens. Além de educador, o professor também é pai,
psicólogo e, em uma conjectura mais contemporânea, mediador entre os conflitos intra e
extra-muros do entorno institucional2,3.
Nos ombros dos professores decaem responsabilidades referentes às falhas no
sistema educacional4, peculiaridades quanto à própria prática docente e outros contextos
que poderá gerar desgaste laboral culminando em prejuízo da saúde .
Ressalta-se que fazem parte da rotina diária do professor: a correção e o preparo
de atividades; o planejamento e execução dos conteúdos de ensino; conferir e
acompanhar os alunos, trabalho cuja carga horária é excedente ao tempo em sala de aula,
as reuniões, e todo o artefato oriundo do investimento profissional deste trabalhador que
lhe sobrecarrega2,4,5,6. A sobrecarga de trabalho poderá ocasionar somatizações de efeitos
cumulativos, afetando diretamente a saúde do professor7,8. Nesta perspectiva, situam-se
as doenças ou malefícios mais comuns aos docentes como as doenças cardiovasculares,
distúrbios advindos do estresse, labirintite, faringite, neuroses e entre eles, os transtornos
mentais comuns.
Expressão pioneiramente evidenciada por Goldberg e Huxley em 19929, os
transtornos mentais comuns são sintomas como esquecimento, desconcentração, fadiga,
depressão, irritabilidade, insônia e queixas somáticas, comumente encontrados em
ambientes coletivos10. Embora apresentem baixa morbidade, são responsáveis por estados
de sofrimento, absenteísmo e redução da força de trabalho, com prejuízos tanto
institucionais quanto em coletividades11,12.
Estudos realizados com docentes apontaram prevalências acentuadas de
transtornos mentais comuns: 55,4%; 41,5%; 29,6%; 22,5% 6,13,14,15 e estiveram associados
a fatores como sexo, características ocupacionais como trabalho repetitivo, insatisfação
do desempenho das atividades, desgastes nas relações interpessoais com alunos, ambiente
conflitante, falta de autonomia no planejamento das atividades, falta de materiais e
equipamentos adequados (infra-estrutura), salas de aula inadequadas e ritmo acelerado de
trabalho16.
63
A Bahia apresenta 179.334 professores lotados na educação básica segundo o
Censo Escolar de 200117. Em geral, os professores da rede básica são funcionários do
município, diretamente ligados às direções locais, com afinidade pela sua comunidade
adstrita. Realizamos este estudo em uma cidade do interior do sudoeste baiano com
docentes que preencheram tais características.
Este estudo tem por objetivo determinar a prevalência de transtornos mentais
comuns e fatores associados em professores da rede pública municipal de ensino da
cidade de Jequié-Bahia.
2. Métodos
Realizou-se estudo epidemiológico de corte transversal com professoras da rede
municipal de ensino de Jequié - município do sudoeste baiano situado a 364 km de
Salvador. A listagem de escolas foi levantada junto à gestão municipal, totalizando 40
escolas embora não puderam confirmar o quantitativo de professores do município. A
rede básica de ensino é constituída por creches, ou seja pré-escolas, ensino fundamental I
(primeira à quarta série), ensino fundamental II (quinta à nona série) e ensino médio.
Incluíram-se no estudo apenas professoras com vínculo efetivo, excluindo-se as que
não estivessem na função docente no momento do estudo, professoras de educação física,
música, idiomas, informática, capoeira e religião, por estas profissionais terem
características diferentes convencional, em relação à carga horária, tipo de trabalho e
atividades de ensino.
Após treinamento de equipe, iniciou-se a coleta de dados, no qual foi utilizado
instrumento composto por blocos de questões com as seguintes variáveis: Bloco 1
(informações sociodemográficas) – situação conjugal, escolaridade, cor de pele, presença
de filhos, número de filhos e renda, outra atividade remunerada; Bloco 2 (características
ocupacionais) – tempo de atuação como docente, número de vínculos empregatícios;
número de escolas em que atua, carga horária semanal, trabalho fora da rede municipal,
trabalho docente fora da rede municipal, turnos de trabalho e nível das turmas em que
ensina, média de alunos por turma, proximidade da residência ao local de trabalho,
relações interpessoais no ambiente de trabalho; Bloco 3 (aspectos da saúde mental) – foi
utilizado o Questionário de Saúde Geral18 – QSG-60 com questões sobre tensão ou
estresse psíquico, desejo de morte, desempenho pessoal, distúrbios do sono e
psicossomáticos e Bloco 4 (apoio social) – o questionário QPSNordic (General Nordic
Questionnaire for Psychological and Social Factors at Work) para a perspectiva coletiva
do apoio/suporte social, com variáveis relativas à dimensão “interações sociais” - apoio
64
entre colegas de trabalho, superior imediato, possibilidade de diálogo entre conhecidos do
trabalhador, valoração do desempenho, conflito entre os colegas e amparo familiar e
social do trabalho.
A variável dependente foi a suspeição de transtornos mentais comuns. Os
questionários foram distribuídos em cada escola com prévio aviso, recolhidos ou no
momento, caso o professor respondesse, ou mediante caixas coletoras para recolhimento
posterior pela equipe de aplicadores. Todos os participantes assinaram o termo de
consentimento livre e esclarecido para a participação voluntária. Esta pesquisa foi
aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Maternidade Climério de Oliveira,
Processo 003/2012 e segue todas as recomendações de pesquisas que envolvem seres
humanos.
O processamento dos dados foi feito com o uso do Epidata 3.119 para
contabilidade em dupla digitação e correção do banco principal após dupla comparação.
A análise descritiva dos dados foi feita com o software SPSS (Social Package for
the Statistic Science)20. A medida de associação usada foi a razão de prevalência com o
uso do software STATA 12.021.
Para avaliação da associação entre múltiplas variáveis, utilizou-se a análise de
regressão logística com resposta binária22:
1. Avaliação individual cuidadosa de cada variável independente, selecionandose aquelas cujo teste univariável tenha tido um valor p menor que 0,25 pela estatística de
Wald para serem incluídas no primeiro modelo multivariável, juntamente com todas as
variáveis de reconhecida importância clínica e/ou epidemiológica;
2. Ajuste do modelo multivariável contendo todas as covariáveis selecionadas no
passo 1, eliminando-se, ao longo desta etapa, as que não apresentaram contribuição em
níveis tradicionais de significância estatística;
3. Comparação dos valores dos coeficientes estimados no modelo reduzido (com
eliminação de parte das covariáveis do passo 2) com os respectivos valores no modelo
completo (todas as covariáveis selecionadas no passo 1);
4. Definição do modelo preliminar de efeitos principais: reinclusão, uma a uma,
das covariáveis não selecionadas no passo 1, e avaliação de sua significância pelo valor
p da estatística de Wald;
5. Definição do modelo de efeitos principais: exame das covariáveis presentes no
modelo, em particular quanto ao atendimento do pressuposto de aumento ou redução
linear do logito em função de cada covariável contínua; para tanto, utilizaram-se o
gráfico da variável tempo de trabalho como professor com o logito suavizado da
regressão robusta dos mínimos quadrados localmente ponderados (“robust locally
65
weighted least squares regression” - lowess) da variável resposta (transtorno mental
comum), gráfico dos coeficientes de regressão dos quartis do tempo de trabalho e de
categoria do tempo de trabalho proporções médias de transtorno mental comum por
categoria do tempo de trabalho; ajuste de modelo multivariável em que a variável
contínua tempo de trabalho foi substituída por variáveis indicadoras com base em seus
quartis, tomando-se como grupo de referência o quartil inferior; gráfico dos coeficientes
de regressão estimados por esse modelo para as variáveis indicadoras versus os pontos
médios dos quartis do tempo de trabalho; método dos polinômios fracionários para
determinar o melhor modelo para a covariável contínua;
6. Verificação da presença de interação entre as variáveis do modelo tomando-se
como referência o nível de significância estatística de 0,05 – definição do modelo
preliminar final.
Não foi avaliada a adequação do modelo nem verificado seu ajustamento para
seu sétimo passo22 para a definição do modelo de regressão logística com resposta
binária.
Na exploração inicial, as variáveis categóricas cor da pele, situação conjugal e
carga horária semanal de trabalho foram recodificadas para que categorias mais
apropriadas fossem obtidas para representá-las, chegando-se a sua dicotomização.
No ajuste do modelo multivariável, procedeu-se à imputação dos valores
ausentes para que a comparação dos modelos completo e reduzido fosse feita entre
modelos com o mesmo número de observações. A imputação sequencial dos dados
ausentes em múltiplas variáveis foi feita por meio de equações em cadeia de
imputação22.
3. Resultados
Foram estudadas 186 professoras efetivas da rede municipal de ensino. Não foi
possível determinar o quantitativo total de perdas, pois não se obteve uma estimativa
oficial do número de professores do município.
De acordo com os dados obtidos, observou-se que 61,3% das professoras
investigadas são casadas; quanto à escolaridade, 93,5% tinham ensino superior
completo. A cor da pele predominante foi a parda com 61,8%. Quanto ao número de
filhos, 85,5% afirmaram ter um ou dois filhos; 91,9% referiram não ter outra atividade
remunerada além da docente.
Quanto às características ocupacionais, observou-se que 87,6% das professoras
possuíam um único vínculo empregatício, a maioria 72% atuava apenas em uma única
66
escola. Metade 51,6% das professoras lecionavam para o ensino fundamental I (até a
quarta série, também chamada de Educação Infantil) e grande parte 79,6% lecionava em
até cinco turmas; as relações interpessoais foram consideradas boas 54,3% ou ótimas
34,4% (Tabela 1).
Observou-se média de idade de 42,8 anos (DP = 6,6); tempo de atuação médio de
20 anos (DP = 6,3); média de carga horária de 37,9 horas semanais (DP= 6,5) o que
corresponde ao regime de 40 horas/aula semanais; em média lecionando para 4 turmas
(DP = 4,2); 25,4 alunos por turma (DP = 5,9) e renda mensal de R$ 2571,20 (DP =
682,40).
A prevalência encontrada de TMC nas 186 professoras investigadas foi de 54,7%.
A prevalência de TMC foi significantemente mais elevada nas professoras com
menor escolaridade variando entre 75% ou mais (RP = 4 e RP = 3 para ensino médio e
magistério respectivamente); professoras que lecionam para o ensino médio 87,5% (RP
= 2,10) e professoras com relações interpessoais regulares 66,6% (RP = 1,42). Outras
prevalências em destaque são para as variáveis cor da pele, mulheres de pele preta
63,2% e parda 60,3% (RP = 1,67 e 1,5 respectivamente), situação conjugal como sendo
casadas 56,8% (RP = 1,42), não exercer outra atividade remunerada 56,7% (RP = 1,70) e
a idade, onde mulheres até 40 anos apresentaram maior prevalência de TMC em relação
às demais 67,8% (RP = 1,61) (Tabela 2).
Na análise de regressão logística, permaneceram no modelo final as seguintes
variáveis: (tmc): tempo de trabalho como professor (ttap), cor da pele (pele), suporte
social pelos supervisores (ssup) e conflito entre colegas de trabalho (confl). Portanto o
modelo final foi: tmc = 0,26 - 0,06 (ttap) + 1,00 (pele) + 0,90 (ssup) + 1,19 (confl).
Estas variáveis compuseram o modelo de efeitos principais, uma vez que nenhuma
das não selecionadas anteriormente apresentou significância ao ser reincluída no modelo
e a variável tempo de trabalho como professor suportou o exame do atendimento do
pressuposto da linearidade do logito em função de sua presença como variável contínua.
Não se verificou presença de interação entre as variáveis do modelo.
A razão de chances bruta (não ajustada) foi obtida em análise de regressão
logística univariável; a razão de chances ajustada foi obtida em análise de regressão
logística multivariável, ajustada pelas outras covariáveis. A razão de prevalências
estimadas: obtida em análise de regressão de Poisson robusta multivariável, ajustada
pelas outras covariáveis.
Uma vez que a variável resposta teve uma prevalência elevada, a razão de chances
pode superestimar fortemente a razão de prevalências. Por isto, razões de prevalências
67
de transtornos mentais comuns foram estimadas pela regressão de Poisson com um
estimador robusto da variância para corrigir os erros-padrão23,24.
As razões de chances brutas e ajustadas têm valores próximos para tempo de
trabalho como professor em escala anual e cor da pele, e nem tão semelhantes para
suporte social pelos supervisores e conflito entre colegas de trabalho. Para incrementos
de cinco anos no tempo de trabalho os valores são bem distintos. Como a amplitude do
tempo de trabalho como professor situou-se entre 10 e 49 anos, as razões de prevalências
foram estimadas para incrementos de cinco anos no tempo de trabalho.
O que é mais relevante, contudo, é que as razões de prevalências estimadas são
bastante diferentes das razões de chances, em consonância com a asserção de que quanto
mais frequente for um desfecho, mais a razão de chances superestimará a razão de
prevalências maior que 1 e subestimará a razão de prevalências menor que 125.
No grupo estudado de professoras, para cada incremento de cinco anos no tempo
de trabalho há uma redução de 11% na prevalência de transtornos mentais comuns,
ajustada pela presença das demais covariáveis; as professoras de pele preta ou parda têm
prevalência de transtornos mentais comuns 1,6 vezes maior que as de pele branca ou
amarela; as professoras que recebem suporte ocasional, raro ou completamente ausente
de seus supervisores apresentam prevalência de transtornos mentais comuns 1,3 vezes
maior que as que têm suporte frequente ou continuado; e aquelas que vivenciam conflito
frequente entre colegas de trabalho apresentam prevalência de transtornos mentais
comuns 1,4 vezes maior em relação as que experimentam conflito ocasional (Tabela 3).
4. Discussão
O valor da prevalência global de transtornos mentais comuns neste estudo, esteve
dentro
do
limite
superior
ao
encontrado
em
outros
estudos
com
professores2,13,14,15,26,27,28,29 e demais profissionais: motoristas e cobradores de ônibus30,
trabalhadores rurais31,32, entre mulheres trabalhadoras de enfermagem33,34, mulheres
trabalhadoras formais e informais35,36, trabalhadores manuais37, funcionários de uma
universidade38, agentes comunitários de saúde39 variando de 20% a 55% e 20% a 56%
respectivamente.
Sabe-se que as mulheres são mais vulneráveis ao acometimento de TMC do que
os homens11,13,14,15,26,40,41 e que são predominantes na distribuição por gênero no grupo
ocupacional docente13,14,15,26,27,41,42, portanto, investigadas neste estudo.
A alta proporção das professoras, 93,5% possuíam ensino superior completo o
que atende a exigência da Lei de Diretrizes e Bases da Educação43. O nível de
68
escolaridade com predominância do ensino superior também foi averiguado por outros
estudos na Bahia13,15,44 variando entre 71,9% a 80,3%. Ainda, verificou-se que se
apresentam geralmente como casadas na variável situação conjugal, valores entre 47,1%
a 65,1% 13,42,26.
Á cor da pele com predominância da pele parda, deve-se às características
próprias da distribuição da população local e do estado da Bahia.
Quanto à ocupação destas professoras, grande parte referiu não ter outra
atividade remunerada que não docente - dado equivalente ao apresentado em outros
estudos variando entre 5,8% a 27%, onde poucos docentes optaram por atividades
extramuros da instituição13,15,42,26,41,27. Em geral trabalhavam em um único vínculo
empregatício, com poucas atuando paralelamente em outra rede de ensino, embora haja
algumas que ensinem em mais de uma escola municipal.
Em relação ao nível das turmas, metade dos professores investigados lecionava
para o Ensino fundamental I (até a quarta série, também chamada de educação infantil),
o que denota que o perfil do alunado são crianças e pré-adolescentes. Esta informação
contrasta completamente com os dados encontrados em estudo realizado na rede
estadual de ensino no mesmo município em 201045, onde a proporção dos alunos do
ensino Fundamental I foi de apenas 10,2% e o predominante foi o Ensino Fundamental
II (quinta série a oitava série agora chamado nono ano) com 51,3%. O ensino
fundamental I se destaca na literatura como o mais frequente nas escolas
municipais14,15,26.
O número de turmas que os docentes lecionavam foi o dobro comparado a outros
estudos realizados com docentes municipais também na Bahia15,26. A média de tempo de
atuação na docência foi de 20 anos variando entre 10 a 49 anos, sendo esta maior do que
as encontradas em outros estudos14,15,26.
Quanto aos aspectos ocupacionais e TMC, professoras com menor escolaridade
apresentam maior prevalência de TMC em relação as que possuem uma escolaridade
maior, fato este explicável pela imposição do curso superior aos professores e política de
formação na licenciatura. Professoras que lecionam em duas escolas apresentou
prevalência ligeiramente maior 54,9% do que professoras que lecionam em apenas uma
escola, isto se deve à própria característica do tipo de ensino, onde creche e ensino
fundamental I são mais predominantes exigindo maiores demandas das professoras,
uma prevalência alta como a observada por outro estudo2 que encontrou para esta mesma
variável o valor de 46,7%.
69
Ao considerar as relações interpessoais no trabalho, quanto piores estas relações,
maiores as prevalências de TMC. Uma boa relação interpessoal no trabalho predispõe o
trabalhador a experimentar situações não conflitantes46.
As docentes que apresentaram carga horária semanal igual ou acima de 40 horas
também mostraram prevalência acentuada para TMC em concordância com resultados
bem equivalentes26.
Apresentaram-se como fatores associados a TMC, no modelo final da regressão
logística múltipla: tempo de trabalho como professor, cor da pele, suporte social pelos
supervisores e conflito entre colegas.
O fator associado a TMC, tempo de trabalho como professor, indicou que a cada
ano trabalhado, a prevalência é 0,98 vez menor de TMC entre as professoras, valor que
diminui ainda, a cada 5 anos a mais de trabalho em 0,89 vez. Isto se deve a adequação
do professor veterano ao trabalho docente, em relação aos professores que possuem
menos tempo na profissão. Este dado vai na direção contrária de que quanto maior o
tempo de atuação profissional maior possibilidade de acometimento por TMC.
Quanto à cor da pele, professoras com pele parda e negra apresentaram
prevalência, 1,59 mais vezes do que as brancas e amarelas. Esse resultado é semelhante
ao de outros estudos11,29,47.
Ao suporte social pelos supervisores, docentes que possuem suporte social
ocasional, raro ou nunca apresentaram prevalência 1,33 maior de TMC em relação aos
docentes que possuem suporte social frequente e/ou continuado no ambiente de trabalho.
Nesta perspectiva, as boas relações no trabalho funcionam como suporte social
protegendo o indivíduo de algumas sobrecargas laborais e ainda apresenta efeitos diretos
na saúde humana, com menor grau de sofrimento e de transtornos psíquicos48.
Conflito entre colegas de trabalho, esteve associada a TMC de modo que
professoras que possuem conflito frequente apresentaram prevalência 1,44 vezes maior
de TMC do que em relação a quem tem conflito ocasional. Conflitos no ambiente de
trabalho geram tensões revertidas em mal estar docente48.
Para efeitos de mensuração de suporte social, utilizamos neste estudo parte do
questionário QPSNordic, ainda não utilizado no Brasil o que limita fazer comparações,
pois até então vem-se utilizando largamente o JCQ, na dimensão das 12 questões
relativas a suporte social. Mesmo assim, em consonância ao nosso estudo, pesquisas que
utilizaram o JCQ demonstram que a prevalência de TMC é significantemente mais
elevada entre professores com baixo suporte social26,28.
Em relação à mensuração para TMC, optamos por utilizar como instrumento o
questionário QSG ao invés do conhecido e largamente utilizado SRQ-20.
70
Como limitações do estudo, ressaltamos que os resultados só se aplicam ao
conjunto de professoras incluídas no estudo, não podendo ser generalizados, uma vez
que não houve amostragem aleatória dos professores, não cabendo, pois, inferência
estatística; a utilização pioneira do questionário nórdico de suporte social do trabalho no
Brasil; perdas significativas, apesar das estratégias para superá-las, como a tentativa de
recuperação da informação buscando pelo professor que não tivesse respondido ou
recebido o questionário, visita ao professor que estivesse sob licença em sua residência e
acertos de horários ou datas para recolhimento dos questionários; o período de coleta de
dados se deu após o retorno de um período de greve de quase dois meses; e a
temporalidade do estudo, pela característica do corte transversal, pois não possui a
capacidade de acompanhamento dos sujeitos, havendo perdas de informação, uma vez
que a avaliação dos achados é pontual.
Nos diários de campo há vários relatos que explicam alguns motivos das recusas:
não participação por não mudança no contexto prático; falta de tempo; e não perceber
que a participação trará um benefício. Outro motivo foi a população do estudo já haver
passado por outras pesquisas, sem que lhes devolvessem os resultados.
5. Conclusão
Evidenciou-se elevada prevalência de TMC entre os professores. Assim, com
base nas intrínsecas e variadas dinâmicas do processo de trabalho que estes vivenciam,
há a necessidade de mais investigações que contemplem as lacunas do conhecimento
existentes entre este grupo populacional e trabalhador específico. Sugere-se melhor
distribuição das informações respectivas aos fatores de risco e predisposição a doenças
como as de ordem psicoemocional, a exemplo dos transtornos mentais comuns tal qual
se trata neste estudo, tão expressamente prevalentes nestes trabalhadores. Uma maior
atenção à saúde mental é necessária aos trabalhadores bem como o acompanhamento e
monitoramento dos estados incapacitantes.
71
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75
7. Tabelas
Tabela 1. Características sociodemográficas e ocupacionais em professoras da rede municipal de
ensino (variáveis categóricas), Jequié, Bahia, Brasil, 2012.
Variável de exposição
n
%
Solteira
Casada
União estável
Separada
Viúva
26
114
15
26
5
14
61,3
8,1
14
2,7
Ensino médio
Magistério
Superior incompleto
Superior completo
Mestrado/Doutorado
1
4
4
174
3
0,5
2,2
2,2
93,5
1,6
Branca
Preta
Amarela
Parda
39
28
4
115
21
15,1
2,2
61,8
Sim
Não
159
27
85,5
14,5
Outra atividade remunerada
Sim
Não
15
171
8,1
91,9
Quantidade de vínculos empregatícios
Um
Dois
Três
163
22
1
87,6
11,8
0,5
Número de escolas em que atua
Uma
Duas
134
52
72
28
Nível das turmas em que ensina
Creche
Fundamental I (até 4ª série)
Fundamental II (até 8ª série)
Outros
46
96
36
8
24,7
51,6
19,4
4,3
148
25
13
79,6
13,5
6,8
64
101
20
1
34,4
54,3
10,8
0,5
Situação conjugal
Escolaridade
Cor da pele
Filhos
Quantidade de turmas que ensina
Até 5 turmas
De 6 a 10 turmas
Mais de 10 turmas
Relações Interpessoais no trabalho
Ótima
Boa
Regular
Péssima
76
Tabela 2. Prevalências (%) e Razão de Prevalência de Transtornos Mentais Comuns segundo
características sociodemográficas e ocupacionais em professoras da rede municipal de ensino,
Jequié, Bahia, Brasil, 2012.
Variável
N
Suspeitos
RP
(n/%)
Escolaridade
Ensino médio
1
1 (100%)
4,0
Magistério
4
1 (25%)
Superior incompleto
4
3 (75%)
3,0
Superior completo
167
91 (54,4%)
2,17
Mestrado ou doutorado
3
2 (66,6%)
2,6
Cor de pele
Branca
Preta
Amarela
Parda
39
25
4
111
16 (41%)
15 (63,2%)
0 (0%)
67 (60,3%)
Situação conjugal
Solteira
Casada
união estável
Separada
viúva
25
109
15
25
5
10 (40%)
62 (56,8%)
8 (53,3%)
15 (60%)
3 (60%)
Filhos
Sim
Não
153
26
86 (56,2%)
12 (46,1%)
1,21
Vínculos empregatícios
Um
Dois
Três
156
22
1
88 (56,4%)
9 (40,9%)
1 (100%)
1,37
Número de escolas em que atua
Um
Dois
128
51
70 (54,6%)
28 (54,9%)
1,0
Nivel de ensino
Creche
fundamental I
fundamental II
ensino médio
45
90
36
8
25 (55,5%)
51 (56,6%)
15 (41,6%)
7 (87,5%)
1,33
1,36
Outra atividade remunerada
Sim
Não
15
164
5 (33,3%)
93 (56,7%)
1,70
Relações interpessoais
Ótimas
Boas
Regulares
Péssimas
62
98
18
1
29 (46,7%)
56 (57,1%)
12 (66,6%)
1 (100%)
1,22
1,42
2,14
1,67
1,5
1,42
1,33
1,5
1,5
2,44
2,10
77
Idade (em anos)
Até 40
41 a 50
+ de 50
56
67
19
38 (67,8%)
34 (50,7%)
8 (42,1%)
1,61
1,2
Tempo de atuação (em anos)
Até 14 anos
15-19 anos
20-24
25 ou mais
40
41
55
41
28 (70%)
22 (53,6%)
30 (54,5%)
18 (43,9%)
1,5
1,22
1,24
Carga horária semanal
20
40 ou +
20
152
8 (40%)
88 (57,8%)
1,44
Quantidade de turmas
1
2
3-5
6 ou +
34
76
32
37
15 (44,1%)
47 (61,8%)
16 (50%)
20 (54%)
1,4
1,13
1,22
Alunos por turma
Até 19
20-29
30 ou +
16
114
49
7 (43,7%)
66 (57,8%)
25 (51%)
1,32
1,16
Renda mensal (R$)
870,00-2000,00
2001,00- 3000,00
3001,00 ou mais
40
114
25
21 (52,5%)
65 (57%)
12 (48%)
1,0
1,18
78
Tabela 3. Razões de chances e razões de prevalências de transtornos mentais comuns em
professoras da rede municipal de ensino de Jequié, Bahia, 2012, segundo as variáveis presentes
no modelo final de análise de regressão logística múltipla.
razão de
razão de
razão de
variável de exposição
categorias
chances
chances
prevalências
bruta
ajustada
estimadas
tempo de trabalho
como professor
por ano a mais de
trabalho
0,95
0,95
0,98
tempo de trabalho
como professor
para cada cinco anos a
mais de trabalho
0,76
0,57
0,89
cor da pele
preta ou parda em
relação a branca ou
amarela
2,77
2,72
1,59
suporte social pelos
supervisores
frequente/continuado
em relação a
ocasional/raro/nunca
2,23
2,46
1,33
conflito entre colegas
de trabalho
conflito frequente em
relação a conflito
ocasional
3,08
3,29
1,44
79
ANEXOS
ANEXO 1: Ofício de aprovação da pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa
(CEP) da Maternidade Climério de Oliveira da UFBA (MCO/UFBA)
80
81
ANEXO 2: Termo aditivo
82
ANEXO 3: Termo de consentimento livre e esclarecido
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Prezado (a) Senhor (a)
Eu sou Luciana Frutuoso de Oliveira, mestranda em Saúde, Ambiente e Trabalho
pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA), e estou realizando,
juntamente com o professor Lauro Antonio Porto, estudo sobre as condições de saúde
mental e trabalho de professores que tem como objetivo geral investigar a prevalência de
transtornos mentais comuns e fatores associados em professores da rede pública municipal
de ensino na cidade de Jequié- BA.
Estou convidando o(a) senhor(a) a participar da pesquisa, pois através das pesquisas
que ocorrem os avanços na área da Saúde do Trabalhador e esta pesquisa poderá gerar
informações que contribuam para compreender as condições de trabalho e saúde dos
professores, além de apresentar subsídios para atuação na forma de prevenção-promoçãoatenção à saúde docente, embora ela não traga benefícios diretos imediatos ao(à) senhor(a)
e/ou à sua família. Caso o(a) senhor(a) aceite participar desta pesquisa, será necessário que
o(a) senhor(a) preencha um questionário, que tem por desconforto talvez apenas o tempo
para preenchê-lo. Este contém perguntas “fechadas” sobre os aspectos do trabalho do
professor e não contém campo de identificação do docente.
Sua participação nesta pesquisa é voluntária e não obrigatória, ou seja, o(a) senhor(a)
tem o direito de não participar ou até de desistir de participar da pesquisa se quiser. Além
disso, o(a) senhor(a) terá todas as informações que queira, antes, durante e depois da
pesquisa. Garantimos também que seus dados pessoais não serão divulgados e que os
resultados desta pesquisa serão publicados em revistas especializadas de forma que
nenhum participante da pesquisa será identificado, permanecendo em anonimato.
Sua participação na pesquisa não lhe acarretará nenhum custo e também você não
receberá nenhum valor em dinheiro por participar dela. O questionário do(a) senhor(a)
ficará armazenado e poderá ser utilizado em pesquisas futuras para as quais também será
garantido o anonimato e a confidencialidade dos dados pessoais de forma que ninguém será
identificado. Será garantido à classe docente o retorno dos resultados, à comunidade
científica e a outros órgãos, de forma que possam haver contribuições na perspectiva de
abordar os dilemas e as situações conflitantes experienciadas pelo professor na sua vida
cotidiana de seu trabalho, e as formas de amenizar possíveis sintomatologias emocionais
advindas destas interações. A pesquisa será suspensa ou encerrada mediante apresentações
de não participação ou mediante o preenchimento do número amostral.
Dúvidas a respeito da ética dessa pesquisa poderão ser questionadas ao Comitê de Ética em
Pesquisa da Maternidade Climério de Oliveira no endereço: Rua do Limoeiro, n 137, Nazaré,
Salvador-BA, CEP 40.005-150, fone (71) 3283-9210/9211, ou através de Luciana Frutuoso de
Oliveira, endereço: Rua Politeama de Baixo, n 298, apto 304, Bloco-A – Politeama, Salvador, CEP
40.005-150, fone (71) 9278-8141 e Lauro Antonio Porto, Departamento de Medicina Preventiva e
Social da Faculdade de Medicina da UFBA no Vale do Canela, Salvador, Bahia, fone (71) 8880-3052
ou pelos emails: [email protected] / [email protected] .
Se o senhor(a) aceita voluntariamente participar desta pesquisa, por favor, assine este
termo em duas vias.
_________________________________
Jequié-BA, ___/ ___ /___
(Assinatura do professor participante da pesquisa)
______________________
_________________
(Luciana Frutuoso de Oliveira)
(Lauro Antônio Porto)
83
ANEXO 4: Questionários
1. Sexo:
1
BLOCO 1 – INFORMAÇÕES SOCIODEMOGRÁFICAS
( ) feminino 2 ( ) masculino
2. Idade: _____ anos.
3. Qual sua situação conjugal:
1
5
( ) solteiro 2 ( ) casado 3 ( ) união estável 4 ( ) separado
( ) viúvo
4. Qual sua escolaridade:
1
2
3
( ) ensino médio
( ) magistério
( ) superior incompleto
4
5
( ) superior completo
( ) mestrado/doutorado
5. Como você classificaria a cor da sua pele?
1
3
4
5
( ) branco 2 ( ) preto
( ) amarelo
( ) pardo
( ) indígena
1
2
6. Tem filhos? ( ) sim ( ) não
7 . Quantos filhos?______
8. Quanto você ganha mensalmente lecionando? R$__________,00.
2
9. Outra atividade remunerada: 1 ( ) sim
( ) não
BLOCO 2 – CARACTERÍSTICAS OCUPACIONAIS
1. Há quanto tempo você trabalha como professor? _______anos completos.
2. Quantos vínculos empregatícios você possui? _______
3. Número de escolas em que atua _______
4. Qual a sua carga horária total de trabalho por semana na rede municipal?
__________________.
5. Trabalha em outra atividade fora da rede municipal de ensino?
1
( ) sim 2 ( ) não
6. Realiza trabalho docente (ensino) fora da rede municipal?
1
( ) sim 2 ( ) não
7. Trabalha em mais de uma escola na rede municipal?
1
( ) sim 2 ( ) não
8. Tipo de vínculo na rede municipal:
1
2
3
( ) efetivo
( ) contrato temporário
( ) outro_________________
1
2
3
9. Turnos de trabalho: ( ) matutino
( ) vespertino
( ) noturno
10. Qual o nível de ensino das turmas que você ensina?
1
( ) creche 2 ( ) fundamental I 3 ( ) fundamental II 4 ( ) ensino médio
5
( ) outro:________________
11. Quantas turmas, em média, você ensina atualmente? _____________
12. Qual a média do número de alunos por turma? ___________________
13. A(s) escolas que você trabalha fica(m) próxima(s) ou no mesmo bairro da sua
1
2
residência?
( ) sim
( ) não
14. Como você julga as relações interpessoais entre os outros docentes?
1
2
3
4
5
( ) ótima
( ) boa
( ) regular
( ) ruim
( ) péssima
84
BLOCO 3 – ASPECTOS SOBRE O ESTADO DE SAÚDE
As questões que se seguem apresentam uma série de sessenta (60) afirmações sobre o
estado de saúde das pessoas em geral. Sua tarefa consiste em dizer se as afirmações se
aplicam ou não a você. É necessário que você responda a todas as questões. Se porventura
nenhuma das quatro alternativas corresponderem à resposta que você gostaria de dar,
mesmo assim escolha aquela que mais se aproxime do que sente. Mas lembre-se que o
interesse está em saber como você tem se sentido ultimamente e não como você se sentia no
passado. É importante que você procure responder a todas as perguntas.
1.Tem se sentido perfeitamente bem e com boa saúde?
1
3
( ) melhor do que de costume
( ) pior do que de costume
2
4
( ) como de costume
( ) muito pior do que de costume
2. Tem sentido necessidade de tomar fortificantes (vitaminas)?
1
3
( ) não, absolutamente
( ) um pouco mais do que de costume
2
4
( ) não mais do que de costume
( ) muito mais do que de costume
3. Tem se sentido cansado (fatigado) e irritadiço?
1
3
( ) não, absolutamente
( ) um pouco mais do que de costume
2
4
( ) não mais do que de costume
( ) muito mais do que de costume
4. Tem se sentido mal de saúde?
1
3
( ) não, absolutamente
( ) um pouco mais do que de costume
2
4
( ) não mais do que de costume
( ) muito mais do que de costume
5. Tem sentido dores de cabeça?
1
3
( ) não, absolutamente
( ) um pouco mais do que de costume
2
4
( ) não mais do que de costume
( ) muito mais do que de costume
6. Tem sentido dores na cabeça?
1
3
( ) não, absolutamente
( ) um pouco mais do que de costume
2
4
( ) não mais do que de costume
( ) muito mais do que de costume
7. Tem sido capaz de se concentrar no que faz?
1
3
( ) melhor do que de costume
( ) menos do que de costume
2
4
( ) como de costume
( ) muito menos do que de costume
8. Tem sentido medo de que você vá desmaiar num lugar público?
1
3
( ) não, absolutamente
( ) um pouco mais do que de costume
2
4
( ) não mais do que de costume
( ) muito mais do que de costume
9. Tem sentido sensações (ondas) de calor ou de frio pelo corpo?
1
3
( ) não, absolutamente
( ) um pouco mais do que de costume
2
4
( ) não mais do que de costume
( ) muito mais do que de costume
10. Tem suado (transpirado) muito?
1
3
( ) não, absolutamente
( ) um pouco mais do que de costume
2
4
( ) não mais do que de costume
( ) muito mais do que de costume
11. Tem acordado cedo (antes da hora) e não tem conseguido dormir de
novo?
1
3
( ) não, absolutamente
( ) um pouco mais do que de costume
2
4
( ) não mais do que de costume
( ) muito mais do que de costume
12. Tem levantado sentindo que o sono não foi suficiente para lhe renovar as
energias?
1
3
( ) não, absolutamente
( ) um pouco mais do que de costume
2
4
( ) não mais do que de costume
( ) muito mais do que de costume
13. Tem se sentido muito cansado e exausto, até mesmo para se alimentar?
1
3
( ) não, absolutamente
( ) um pouco mais do que de costume
2
4
( ) não mais do que de costume
( ) muito mais do que de costume
14. Tem perdido muito sono por casa de preocupações?
1
3
( ) não, absolutamente
( ) um pouco mais do que de costume
2
4
( ) não mais do que de costume
( ) muito mais do que de costume
15. Tem se sentido lúcido e com plena disposição mental?
1
3
( ) melhor do que de costume
( ) menos lúcido do que de costume
2
4
( ) como de costume
( ) muito menos lúcido do que de costume
85
16. Tem se sentido cheio de energia (com muita disposição)?
1
3
( ) melhor do que de costume
( ) com menos energia do que de costume
2
4
( ) como de costume
( ) com muito menos energia do que de costume
17. Tem sentido dificuldade de conciliar o sono? (pegar no sono)
1
3
( ) não, absolutamente
( ) um pouco mais do que de costume
2
4
( ) não mais do que de costume
( ) muito mais do que de costume
18. Tem tido dificuldade em permanecer dormindo após ter conciliado o sono (após
ter pego no sono)?
1
3
( ) não, absolutamente
( ) um pouco mais do que de costume
2
4
( ) não mais do que de costume
( ) muito mais do que de costume
19. Tem tido sonhos desagradáveis ou aterrorizantes?
1
3
( ) não, absolutamente
( ) um pouco mais do que de costume
2
4
( ) não mais do que de costume
( ) muito mais do que de costume
20. Tem tido noites agitadas e mal dormidas?
1
3
( ) não, absolutamente
( ) um pouco mais do que de costume
2
4
( ) não mais do que de costume
( ) muito mais do que de costume
21. Tem conseguido manter-se em atividade e ocupado?
1
3
( ) mais do que de costume
( ) um pouco menos do que de costume
2
4
( ) como de costume
( ) muito menos do que de costume
22. Tem gasto mais tempo para executar seus afazeres?
1
3
( ) mais rápido do que de costume
( ) mais tempo do que de costume
2
4
( ) como de costume
( ) muito mais tempo do que de costume
23. Tem sentido que perde o interesse nas suas atividades diárias?
1
3
( ) não, absolutamente
( ) um pouco mais do que de costume
2
4
( ) não mais do que de costume
( ) muito mais do que de costume
24. Tem sentido que está perdendo interesse na sua aparência pessoal?
1
3
( ) não, absolutamente
( ) um pouco mais do que de costume
2
4
( ) não mais do que de costume
( ) muito mais do que de costume
25. Tem tido menos cuidado com suas roupas?
1
3
( ) mais cuidado do que de costume
( ) menos cuidado do que de costume
2
4
( ) como de costume
(
) muito menos cuidado do que de
costume
26. Tem saído de casa com a mesma freqüência de costume?
1
3
( ) mais do que de costume
( ) menos do que de costume
2
4
( ) como de costume
( ) muito menos do que de costume
27. Tem se saído tão bem quanto acha que a maioria das pessoas se sairia se estivesse
em seu lugar?
1
3
( ) melhor que de costume
( ) um pouco pior
2
4
( ) mais ou menos igual
( ) muito pior
28. Tem achado que de um modo geral tem dado boa conta de seus afazeres?
1
3
( ) melhor que de costume
( ) pior do que de costume
2
4
( ) como de costume
( ) muito pior do que de costume
29. Tem se atrasado para chegar ao trabalho ou para começar seu trabalho em casa?
1
3
( ) não, absolutamente
( ) um pouco mais atrasado do que de
costume
2
4
( ) mais atrasado do que de costume
( ) muito mais atrasado do que de costume
30. Tem se sentido satisfeito com a forma pela qual você tem realizado suas
atividades (tarefa ou trabalho)?
1
3
( ) mais satisfeito do que de costume
( ) menos satisfeito do que de costume
2
4
( ) como de costume
( ) muito menos satisfeito do que de
costume
31. Tem sido capaz de sentir calor humano e afeição por aqueles que o cercam?
1
3
( ) mais do que de costume
( ) menos do que de costume
2
4
( ) como de costume
( ) muito menos do que de costume
32. Tem achado fácil conviver com outras pessoas?
1
3
( ) mais fácil do que de costume
( ) mais difícil do que de costume
2
4
( ) tão fácil como de costume
( ) muito mais difícil do que de costume
86
33. Tem gasto muito tempo batendo papo?
1
3
( ) mais tempo do que de costume
( ) menos do que de costume
2
4
( ) tanto quanto de costume
( ) muito menos do que de costume
34. Tem tido medo de dizer alguma coisa às pessoas e passar por tolo (parecer
ridículo)?
1
3
( ) não, absolutamente
( ) um pouco mais do que de costume
2
4
( ) não mais do que de costume
( ) muito mais do que de costume
35. Tem sentido que está desempenhando uma função útil na vida?
1
3
( ) mais do que de costume
( ) menos útil do que de costume
2
4
( ) como de costume
( ) muito menos do que de costume
36. Tem se sentido capaz de tomar decisões sobre suas coisas?
1
3
( ) mais do que de costume
( ) menos do que de costume
2
4
( ) como de costume
( ) muito menos do que de costume
37. Tem sentido que você não consegue continuar as coisas que começa?
1
3
( ) não, absolutamente
( ) um pouco mais do que de costume
2
4
( ) não mais do que de costume
( ) muito mais do que de costume
38. Tem se sentido com medo de tudo que tem que fazer?
1
3
( ) não, absolutamente
( ) um pouco mais do que de costume
2
4
( ) não mais do que de costume
( ) muito mais do que de costume
39. Tem se sentido constantemente sob tensão?
1
3
( ) não, absolutamente
( ) um pouco mais do que de costume
2
4
( ) não mais do que de costume
( ) muito mais do que de costume
40. Tem se sentido incapaz de superar suas dificuldades?
1
3
( ) não, absolutamente
( ) um pouco mais do que de costume
2
4
( ) não mais do que de costume
( ) muito mais do que de costume
41. Tem achado a vida uma luta constante?
1
3
( ) não, absolutamente
( ) um pouco mais do que de costume
2
4
( ) não mais do que de costume
( ) muito mais do que de costume
42. Tem conseguido sentir prazer nas suas atividades diárias?
1
3
( ) mais do que de costume
( ) um pouco menos do que de costume
2
4
( ) como de costume
( ) muito menos do que de costume
43. Tem tido pouca paciência com as coisas?
1
3
( ) não, absolutamente
( ) menos paciência do que de costume
2
4
( ) não mais do que de costume
( ) muito mais paciência do que de costume
44. Tem se sentido irritado e mal-humorado?
1
3
( ) não, absolutamente
( ) um pouco mais do que de costume
2
4
( ) não mais do que de costume
( ) muito mais do que de costume
45. Tem ficado apavorado ou em pânico sem razões justificadas para isso?
1
3
( ) não, absolutamente
( ) um pouco mais do que de costume
2
4
( ) não mais do que de costume
( ) muito mais do que de costume
46. Tem se sentido capaz de enfrentar seus problemas?
1
( ) mais capaz do que de costume 3 ( ) menos capaz do que de costume
2
4
( ) como de costume
( ) muito menos capaz do que de costume
47. Tem sentido que suas atividades têm sido excessivas para você?
1
3
( ) não, absolutamente
( ) um pouco mais do que de costume
2
4
( ) não mais do que de costume
( ) muito mais do que de costume
48. Tem tido a sensação de que as pessoas olham para você?
1
3
( ) não, absolutamente
( ) um pouco mais do que de costume
2
4
( ) não mais do que de costume
( ) muito mais do que de costume
49. Tem se sentido infeliz e deprimido?
1
3
( ) não, absolutamente
( ) um pouco mais do que de costume
2
4
( ) não mais do que de costume
( ) muito mais do que de costume
50. Tem perdido a confiança em você mesmo?
1
3
( ) não, absolutamente
( ) um pouco mais do que de costume
2
4
( ) não mais do que de costume
( ) muito mais do que de costume
51. Tem se considerado como uma pessoa inútil (sem valor)?
1
3
( ) não, absolutamente
( ) um pouco mais do que de costume
87
2
4
( ) não mais do que de costume
( ) muito mais do que de costume
52. Tem sentido que a vida é completamente sem esperança?
1
3
( ) não, absolutamente
( ) um pouco mais do que de costume
2
4
( ) não mais do que de costume
( ) muito mais do que de costume
53. Tem se sentido esperançoso quanto ao seu futuro?
1
3
( ) mais do que de costume
( ) menos do que de costume
2
4
( ) como de costume
( ) muito menos do que de costume
54. Considerando-se todas as coisas, tem se sentido razoavelmente feliz?
1
3
( ) mais do que de costume
( ) menos do que de costume
2
4
( ) assim como de costume
( ) muito menos do que de costume
55. Tem se sentido nervoso e sempre tenso?
1
3
( ) não, absolutamente
( ) um pouco mais do que de costume
2
4
( ) não mais do que de costume
( ) muito mais do que de costume
56. Tem sentido que a vida não vale a pena?
1
3
( ) não, absolutamente
( ) um pouco mais do que de costume
2
4
( ) não mais do que de costume
( ) muito mais do que de costume
57. Tem pensando na possibilidade de dar um fim em você mesmo?
1
3
( ) definitivamente, não
( ) passou-me pela cabeça
2
4
( ) acho que não
( ) definitivamente, sim
58. Tem achado algumas vezes que não pode fazer nada porque está muito mal dos
nervos?
1
3
( ) não, absolutamente
( ) um pouco mais do que de costume
2
4
( ) não mais do que de costume
( ) muito mais do que de costume
59. Já se descobriu desejando estar morto e longe (livre) de tudo?
1
3
( ) não, absolutamente
( ) um pouco mais do que de costume
2
4
( ) não mais do que de costume
( ) muito mais do que de costume
60. Tem achado que a idéia de acabar com a própria vida tem se mantido em sua
mente?
1
3
( ) definitivamente, não
( ) passou-me pela cabeça
2
4
( ) acho que não
( ) definitivamente, sim
88
BLOCO 4 – ASPECTOS DA SAÚDE MENTAL
As próximas questões estão relacionadas a situações que você pode ter vivido nos últimos
30 DIAS. Então, se você acha que a questão se aplica a você e você sentiu a situação
descrita nos últimos 30 DIAS responda SIM. Por outro lado, se a questão não se aplica a
você e você não sentiu a situação, responda NÂO. Se você está incerto sobre como
responder uma questão, por favor, dê a melhor resposta que você puder.
Tem dores de cabeça freqüentemente?
1
2
Tem falta de apetite?
1
2
Dorme mal?
1
2
Assusta-se com facilidade?
1
2
Tem tremores nas mãos?
1
2
Sente-se nervoso(a), tenso(a) ou preocupado(a)?
1
2
Tem má digestão?
1
2
8.
Tem dificuldade de pensar com clareza?
1
2
9.
Tem se sentido triste ultimamente?
1
2
10. Tem chorado mais do que de costume?
Encontra dificuldade de realizar, com satisfação, suas
11.
tarefas diárias?
12. Tem dificuldade para tomar decisões?
1
2
1
2
1
2
13. Seu trabalho diário lhe causa sofrimento?
1
2
14. É incapaz de desempenhar um papel útil em sua vida?
1
2
15. Tem perdido o interesse pelas coisas?
1
2
16. Você se sente pessoa inútil em sua vida?
1
2
17. Tem tido a idéia de acabar com a vida?
1
2
18. Sente-se cansado(a) o tempo todo?
1
2
19. Tem sensações desagradáveis no estômago?
1
2
20. Você se cansa com facilidade?
1
2
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
( )Sim
( )Sim
( )Sim
( )Sim
( )Sim
( )Sim
( )Sim
( )Sim
( )Sim
( )Sim
( )Sim
( )Sim
( )Sim
( )Sim
( )Sim
( )Sim
( )Sim
( )Sim
( )Sim
( )Sim
( )Não
( )Não
( )Não
( )Não
( )Não
( )Não
( )Não
( )Não
( )Não
( )Não
( )Não
( )Não
( )Não
( )Não
( )Não
( )Não
( )Não
( )Não
( )Não
( )Não
89
BLOCO 5 – SITUAÇÃO EMOCIONAL E TRABALHO
A seguir, há 16 afirmativas relacionadas com o sentimento em relação ao trabalho. Por
favor, leia com atenção cada uma das afirmativas e decida se você já se sentiu deste modo
em seu trabalho.
0
Nunca
1
Algumas
vezes, ao
ano ou
menos
FREQUÊNCIA
2
3
Uma vez
Algumas
ao mês
vezes
ou menos durante o
mês
4
Uma vez
por
semana
DECLARAÇÕES
1. Sinto-me emocionalmente esgotado com o meu trabalho.
2. Sinto-me esgotado no final de um dia de trabalho.
3. Sinto-me cansado quando me levanto pela manhã e preciso
encarar outro dia de trabalho.
4. Trabalhar o dia todo é realmente motivo de tensão para
mim.
5. Sinto-me acabado por causa do meu trabalho.
6. Só desejo fazer meu trabalho e não ser incomodado.
7. Tornei-me menos interessado no meu trabalho desde que
assumi esse cargo.
8. Tornei-me menos entusiasmado com o meu trabalho.
9. Tornei-me mais descrente sobre se o meu trabalho
contribui para algo.
10. Duvido da importância do meu trabalho.
11. Sinto-me entusiasmado quando realizo algo no meu
trabalho.
12. Realizei muitas coisas valiosas no meu trabalho.
13. Posso efetivamente solucionar os problemas que surgem
no meu trabalho.
14. Sinto que estou dando uma contribuição efetiva para essa
organização.
15. Na minha opinião, sou bom no que faço.
16. No meu trabalho, me sinto confiante de que sou eficiente
e capaz de fazer com que as coisas aconteçam.
5
Algumas
vezes
durante a
semana
6
Todo dia.
FREQUÊNCIA
(1) (2) (3) (4) (5) (6)
(1) (2) (3) (4) (5) (6)
(1) (2) (3) (4) (5) (6)
(1) (2) (3) (4) (5) (6)
(1) (2) (3) (4) (5) (6)
(1) (2) (3) (4) (5) (6)
(1) (2) (3) (4) (5) (6)
(1) (2) (3) (4) (5) (6)
(1) (2) (3) (4) (5) (6)
(1) (2) (3) (4) (5) (6)
(1) (2) (3) (4) (5) (6)
(1) (2) (3) (4) (5) (6)
(1) (2) (3) (4) (5) (6)
(1) (2) (3) (4) (5) (6)
(1) (2) (3) (4) (5) (6)
(1) (2) (3) (4) (5) (6)
90
BLOCO 6 – CARACTERÍSTICAS DO ESTILO DE VIDA
Os itens abaixo representam características do estilo de vida relacionadas ao bem-estar
individual. Manifeste-se sobre cada afirmação considerando a escala:
(1) Absolutamente não faz parte do seu estilo de vida
(2) Às vezes correspondendo ao seu comportamento
(3) Quase sempre verdadeiro no seu comportamento
(4) A afirmação é sempre verdadeira no seu dia-a-dia, faz parte do seu estilo de vida.
Componente: Nutrição
1. Sua alimentação diária inclui ao menos 5 porções de frutas e
verduras.
2. Você evita ingerir alimentos gordurosos (carnes gordas, frituras) e
doces.
3. Você faz 4 a 5 refeições variadas ao dia, incluindo café da manhã
completo.
Componente: Atividade Física
4. Você realiza ao menos 30 minutos de atividades físicas moderadas
ou intensas, de forma contínua ou acumulada, 5 ou mais vezes na
semana.
5. Ao menos duas vezes por semana você realiza exercícios que
envolvam força e alongamento muscular.
6. No seu dia-a-dia, você caminha ou pedala como meio de transporte
e, referencialmente, usa as escadas ao invés do elevador.
Componente: Comportamento Preventivo
7. Você conhece sua PRESSÃO ARTERIAL, seus níveis de
COLESTEROL e procura controlá-los.
8. Você NÃO FUMA e ingere ÁLCOOL com moderação (menos de 2
doses ao dia).
9. Você sempre usa cinto de segurança e, se dirige, o faz respeitando as
normas de trânsito, nunca ingerindo álcool, se vai dirigir.
Componente: Relacionamento Social
10. Você procura cultivar amigos e está satisfeito com seus
relacionamentos.
11. Seu lazer inclui reuniões com amigos, atividades esportivas em
grupo ou participação em associações.
12. Você procura ser ativo em sua comunidade, sentindo-se útil no seu
ambiente social.
Componente: Controle do Stress
13. Você reserva tempo (ao menos 5 minutos) todos os dias para
relaxar.
14. Você mantém uma discussão sem alterar-se, mesmo quando
contrariado.
15. Você procura equilibrar o tempo dedicado ao trabalho com o tempo
dedicado ao lazer.
(0) (1) (2) (3)
(0) (1) (2) (3)
(0) (1) (2) (3)
(0) (1) (2) (3)
(0) (1) (2) (3)
(0) (1 (2) (3)
(0) (1) (2) (3)
(0) (1) (2) (3)
(0) (1 (2) (3)
(0) (1) (2) (3)
(0) (1) (2) (3)
(0) (1) (2) (3)
(0) (1 (2) (3)
(0) (1 (2) (3)
(0) (1) (2) (3)
91
BLOCO 7 – CAPACIDADE PARA O TRABALHO
1. Suponha que a sua melhor capacidade para o trabalho tem um valor igual a 10
pontos. Assinale com X um número na escala de zero a dez, quantos pontos você daria
para sua capacidade de trabalho atual.
0
1
2
Estou incapaz para o
trabalho
3
4

5
6

7
8
9
10
Estou em minha melhor
capacidade para o
trabalho
2. Como você classificaria sua capacidade atual para o trabalho em relação às
exigências físicas do seu trabalho? (Por exemplo, fazer esforço físico com partes do
corpo)
5( ) Muito boa
4( ) Boa
3( ) Moderada
2( ) Baixa 1( ) Muito baixa
3. Como você classificaria sua capacidade atual para o trabalho em relação às
exigências mentais do seu trabalho? (Por exemplo, interpretar fatos, resolver
problemas, decidir a melhor forma de fazer)
5( ) Muito boa
4( ) Boa 3( ) Moderada
2( ) Baixa 1( ) Muito baixa
4. Quantos dias inteiros você esteve fora do trabalho devido a problema de saúde,
consulta médica ou para fazer exame durante os últimos 12 meses?
5( )Nenhum
4( )até 9 dias
3( )de 10 a 24 dias
2( )de 25 a 99 dias
1( )de 100 a 365 dias
5. Considerando sua saúde, você acha que será capaz de daqui a 2 anos fazer seu
trabalho atual?
1( )É improvável
4( )Não estou muito certo
7( )Bastante provável
6. Recentemente você tem conseguido apreciar suas atividades diárias?
4( ) Sempre 3( ) Quase sempre 2( )Ás vezes 1( )Raramente 0( )Nunca
7. Recentemente você tem se sentido ativo e alerta?
4( ) Sempre 3( ) Quase sempre 2( )Ás vezes 1( )Raramente 0( )Nunca
8. Recentemente você tem se sentido cheio de esperança para o futuro?
4( ) Sempre 3( ) Quase sempre 2( )Ás vezes 1( )Raramente 0( )Nunca
9. De um modo geral, em comparação a pessoas da sua idade, como você considera o
seu estado de saúde?
1( ) Muito bom
2( ) Bom
3( ) Regular
4 ( )Ruim 5( )Muito ruim
92
10. Você possui diagnóstico médico para das doenças listadas abaixo?
(Pode marcar mais de uma opção)
Diabetes
Colesterol alto
Obesidade
Pressão alta
Câncer
Artrite/
reumatismo
Rinite/
sinusite
Asma
Infarto do
miocárdio
Angina
Insuficiência
cardíaca
Alergia/
eczema
Disfonia
1(
1(
1(
1(
1(
) sim
) sim
) sim
) sim
) sim
0(
0(
0(
0(
0(
) não
) não
) não
) não
) não
Tuberculose
Gastrite
Úlcera
Hepatite
Infecção urinária
1(
1(
1(
1(
1(
) sim
) sim
) sim
) sim
) sim
0(
0(
0(
0(
0(
) não
) não
) não
) não
) não
1( ) sim
0( ) não
LER/DORT
1( ) sim
0( ) não
1( ) sim
0( ) não
Depressão
1( ) sim
0( ) não
1( ) sim
0( ) não
Distúrbios do sono
1( ) sim
0( ) não
1( ) sim
0( ) não
Anemia
1( ) sim
0( ) não
1( ) sim
0( ) não
Varizes
1( ) sim
0( ) não
1( ) sim
0( ) não
Doença dos rins
1( ) sim
0( ) não
1( ) sim
0( ) não
Hérnia de disco
1( ) sim
0( ) não
1( ) sim
0( ) não
Lombalgia
1( ) sim
0( ) não
Outro(s)? [ANOTAR] _________________________________________
11. Em caso, de algum problema de saúde, sua lesão ou doença é um impedimento
para seu trabalho atual? (Você pode marcar mais de uma resposta nesta pergunta)
6( ) não há impedimento / eu não tenho doença
5( ) eu sou capaz de fazer meu trabalho, mas a lesão/doença me causa alguns sintomas
4( ) algumas vezes preciso diminuir meu ritmo de trabalho ou mudar meus métodos de
trabalho
3( ) frequentemente preciso diminuir meu ritmo de trabalho ou mudar meus métodos de
trabalho
2( ) por causa de minha doença sinto-me capaz de trabalhar apenas em tempo parcial
1( ) na minha opinião estou totalmente incapacitado para trabalhar
9. TORNOZELO/
PÉS
8. JOELHOS
6. PARTE
INFERIOR DAS
COSTAS
7. QUADRIL/
COXAS
( ) Sim 2(
)Não
1
1
( ) Sim 2(
)Não
( ) Sim 2(
)Não
1
( ) Sim 2(
)Não
1
( ) Sim 2(
)Não
1
( ) Sim 2(
)Não
1
( ) Sim 2(
)Não
1
( ) Sim 2(
)Não
1
( ) Sim 2(
)Não
1
( ) Sim 2(
)Não
( ) Sim 2(
)Não
1
( ) Sim 2(
)Não
1
1
( ) Sim 2(
)Não
1
( ) Sim 2(
)Não
( ) Sim 2(
)Não
1
( ) Sim 2(
)Não
1
1
1. Nos últimos 2. Nos últimos 3. Nos últimos 4. Nos últimos 7
12 meses você 12 meses você 12 meses você dias você teve
teve problemas foi impedido (a)
consultou
algum problema
(como dor,
de realizar
algum
em?
formigamento/
atividades
profissional da
dormência) em normais (por área da saúde
exemplo:
(médico,
trabalho,
fisioterapeuta)
causa dessa
atividades2
por
1
1
1
2
1
( ) Sim 2( domésticas
( ) Sim e(de condição
( ) Simem:
(
( ) Sim 2(
1. PESCOÇO
)Não
)Não
)Não
)Não
por causa
lazer)
1
1
1
1
Sim 2(
( ) Sim 2( desse
( )problema
( ) Sim 2(
( ) Sim 2(
2. OMBROS
)Não
)Não
)Não
)Não
em:
3. PARTE
1
1
1
1
( ) Sim 2(
( ) Sim 2(
( ) Sim 2(
( ) Sim 2(
SUPERIOR DAS
)Não
)Não
)Não
)Não
COSTAS
1
1
1
1
( ) Sim 2(
( ) Sim 2(
( ) Sim 2(
( ) Sim 2(
4. COTOVELOS
)Não
)Não
)Não
)Não
1
1
1
1
5. PUNHOS/
( ) Sim 2(
( ) Sim 2(
( ) Sim 2(
( ) Sim 2(
MÃOS
)Não
)Não
)Não
)Não
93
BLOCO 8 – ASPECTOS MÚSCULO-ESQUELÉTICOS
94
1- Muito raramente ou nunca
2-Raramente
3-Às vezes
4-Com bastante frequência
5-Muitas vezes ou sempre
Em seu trabalho, se for preciso, você pode conseguir
1 2 3
apoio e ajuda de seus colegas de trabalho?
Em seu trabalho, se for preciso, você pode conseguir
apoio e ajuda de seu superior imediato (de sua 1 2 2
superiora imediata)?
Se for preciso, seus colegas de trabalho estão dispostos
1 2 2
a ouvir seus problemas relacionados com o trabalho?
Se for preciso, seu superior imediato (sua superiora
imediata) está disposto (disposta) a ouvir seus 1 2 2
problemas relacionados com o trabalho?
Se for preciso, você pode conversar com seus amigos
1 2 2
sobre seus problemas relacionados com o trabalho?
Se for preciso, você pode conversar com seu esposo
(sua esposa) ou outra pessoa próxima sobre seus 1 2 2
problemas relacionados com o trabalho?
Suas realizações de trabalho são valorizadas por seu
1 2 2
superior imediato (sua superiora imediata)?
Você já notou algum conflito perturbador entre colegas
1 2 2
de trabalho?
4
5
4
5
4
5
4
5
4
5
4
5
4
5
4
5
4
5
1. Muito pouco ou de modo algum (ou nada)
2. Pouco
3. Um pouco
4. Bastante
5. Muito
Você sente que pode contar com seus amigos ou
familiares para apoiá-la(lo) quando as coisas ficam
difíceis no trabalho?
1
2
2
95
ANEXO 5: Normas para submissão do artigo à Revista Brasileira de Epidemiologia.
ISSN 1415-790X versión impresa
ISSN 1980-5497 versión on-line
Escopo e política
A Revista Brasileira de Epidemiologia tem por finalidade publicar Artigos
Originais e inéditos, inclusive de revisão crítica sobre um tema específico, que
contribuam para o conhecimento e desenvolvimento da Epidemiologia e ciências afins
(máximo de 25 p.,incluindo tabelas e gráficos). Publica também artigos para as seções:
Debate destinada a discutir diferentes visões sobre um mesmo tema que poderá ser
apresentado sob a forma de consenso/dissenso, artigo original seguido do comentário de
outros autores, reprodução de mesas redondas e outras formas assemelhadas; Notas e
Informações - notas prévias de trabalhos de investigação, bem como relatos breves de
aspectos novos da epidemiologia além de notícias relativas a eventos da área,
lançamentos de livros e outros (máximo de 5 p.); Cartas ao Editor - comentários de
leitores sobre trabalhos publicados na Revista Brasileira de Epidemiologia (máximo de 3
p.).
Os manuscritos apresentados devem destinar-se exclusivamente à Revista
Brasileira de Epidemiologia, não sendo permitida sua apresentação simultânea a outro
periódico. Para tanto, o(s) autor(es) deverá(ão) assinar declaração de acordo com modelo
fornecido pela Revista. Os conceitos emitidos, em qualquer das secções da Revista, são
de inteira responsabilidade do(s) autor(es).
Cada manuscrito é apreciado por no mínimo dois relatores, indicados por um dos
Editores Associados, a quem caberá elaborar um relatório final conclusivo a ser
submetido ao Editor Científico. Os manuscritos não aceitos ficam à disposição do(s)
autor(es) por um ano.
Os manuscritos publicados são de responsabilidade da Revista, sendo vedadas
tanto a reprodução, mesmo que parcial, em outros periódicos, como a tradução para
outro idioma sem a autorização do Conselho de Editores. Assim, todos os trabalhos,
quando submetidos a publicação, deverão ser acompanhados de documento de
transferência de direitos autorais, contendo assinatura do(s) autor(es), conforme modelo
fornecido pela Revista.
96
Apresentação do manuscrito
Os transtornos mentais comuns são aqueles que se apresentam de forma sutil e
que abrangem sintomas tais quais o esquecimento, falta de concentração, fadiga,
depressão, irritabilidade, insônia e queixas somáticas (LUDERMIR & MELO FILHO,
2002). Esta expressão foi proposta por Goldberg e Huxley (1992) e tem sido
amplamente utilizada para descrever essas várias sintomatologias (LLOYD, 2009). São
comumente encontrados em ambientes coletivos, como o docente por exemplo,
apresentando uma variedade de formas clínicas, podendo estes sintomas se tornar
crônicos (SHANKAR, SARAVANAN & JACOB, 2006).
Os artigos são aceitos em português, espanhol ou inglês. Os artigos em português
e espanhol podem ser acompanhados, além dos resumos (no idioma original do artigo e
em inglês), e respectivo número do processo.
Ilustrações
As tabelas e figuras (gráficos e desenhos) deverão ser enviadas em páginas
separadas; devem ser suficientemente claras para permitir sua reprodução de forma
reduzida, quando necessário.
Palavras-chave
Os autores deverão apresentar no mínimo 3 e no máximo 10 palavras-chave que
considerem como descritores do conteúdo de seus trabalhos, no idioma em que o artigo
foi apresentado e em inglês para os artigos submetidos em português e espanhol, estando
os mesmos sujeitos a alterações de acordo com o “Medical Subject Headings” da NML.
Abreviaturas
Deve ser utilizada a forma padronizada; quando citadas pela primeira vez, devem
ser por extenso. Não devem ser utilizadas abreviaturas no título e no resumo.
Referências
Numeração consecutiva de acordo com a primeira menção no texto, utilizando
algarismos arábicos em sobrescrito. A listagem final deve seguir a ordem numérica do
97
texto, ignorando a ordem alfabética de autores. Não devem ser abreviados títulos de
livros, editoras ou outros. Os títulos de periódicos seguirão as abreviaturas do Index
Medicus/Medline. Devem constar os nomes dos 6 primeiros autores; quando ultrapassar
este número utilize a expressão et al. Comunicações pessoais, trabalhos inéditos ou em
andamento poderão ser citados quando absolutamente neces-sários, mas não devem ser
incluídos na lista de referências, somente citadas no texto ou em nota de rodapé. Quando
um artigo estiver em via de publicação, deverá ser indicado: título do periódico, ano e
outros dados disponíveis, seguidos da expressão, entre parênteses “no prelo”. As
publicações não convencionais, de difícil acesso, podem ser citadas desde que o(s)
autor(es) do manuscrito indique(m) ao leitor onde localizá-las.
A exatidão das referências é de responsabilidade do(s) autor(es).
Exemplos de referências
Artigo de periódico
Szklo M. Estrogen replacement therapy and cognitive functioning in the
Atherosclerosis Risk in Communities (ARIC) Study. Am J Epidemiol 1996; 144: 104857.
Livros e outras monografias
Lilienfeld DE, Stolley PD. Foundations of epidemiology. New York: Oxford
University Press; 1994.
Capítulo de livro
Laurenti R. Medida das doenças. In: Forattini OP. Ecologia, epidemiologia e
sociedade. São Paulo: Artes Médicas; 1992. p. 369-98.
Tese e Dissertação
Bertolozzi MR. Pacientes com tuberculose pulmonar no Município de Taboão da
Serra: perfil e representações sobre a assistência prestada nas unidades básicas de saúde
[dissertação de mestrado]. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública da USP; 1991.
98
Trabalho de congresso ou similar (publicado)
Mendes Gonçalves RB. Contribuição à discussão sobre as relações entre teoria,
objeto e método em epidemiologia. In: Anais do 1º Congresso Brasileiro de
Epidemiologia; 1990 set 2-6; Campinas (Br). Rio de Janeiro: ABRASCO; 1990. p. 34761.
Relatório da OMS
World Health Organization. Expert Committee on Drug Dependence. 29th
Report. Geneva; 1995. (WHO - Technical Report Series, 856).
Documentos eletrônicos
Hemodynamics III: the ups and downs of hemodynamics. [computer program].
Version 2.2. Orlando (FL): Computorized Systems; 1993.
Observação
A Revista Brasileira de Epidemiologia adota as normas do Comitê Internacional
de Editores de Revistas Médicas (estilo Vancouver), publicadas no New England Journal
of Medicine 1997; 336: 309 e na Revista Panamericana de Salud Publica 1998; 3: 18896, cuja cópia poderá ser solicitada à Secretaria da Revista.
Envio de manuscritos
Os manuscritos são submetidos online, através da plataforma Scielo:
http://submission.scielo.br/index.php/rbepid/editor/submission/11821
As declarações devem ser endereçadas ao Editor Científico, no seguinte
endereço: Av. Dr. Arnaldo, 715 subsolo - sala S28 01246-904, São Paulo, SP - Brasil
fone/fax (011) 3085 5411e-mail: [email protected]

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