Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras

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Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
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Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
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Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
EDITORIAL
Caríssimo Leitor,
A publicação desta revista tem a finalidade de cumprir
um dos preceitos da “Casa de Martins Fontes”, contido
no estatuto social, letra g do artigo 3º: editar a Revista. A Revista Comemorativa dos 60 Anos da Academia Santista de Letras, homenageia Patronos e Titulares
das 40 Cadeiras. Os atuais membros efetivos publicam
pequenos textos, mensagens literárias alusivas à data e
alguns poemas. O grupo “Amigos de Martins Fontes”
participa de acordo com suas atividades. Esperamos
que o público aprove este trabalho.
HOMENAGEM
BIBLIOGRAFIA
Cadeiras 1, 2, 3, 4, 5, 6, 8, 9, 10, 11, 13,
14, 15, 16, 17, 19, 21, 22, 24, 25, 26, 30,
33 e 37 – Obra “Poesia de Santos”, de João
Christiano Maldonado.
A maioria dos dados dos patronos tornou-se possível graças à
obra: “Poesia de Santos”, de autoria
de João Christiano Maldonado, 1º
ocupante da cadeira 40. Tomou posse
em 16 de junho de 1976 e faleceu em
3 de julho de 1978, no Rio de Janeiro.
Esta nota é em sua homenagem.
Os dados relativos aos outros patronos foram extraídos ou do
arquivo da Academia, ou de pesquisa
do próprio titular.
Cadeiras 7, 28, 34, 35, 38 e 40
Arquivos da Academia;
Cadeiras 12, 18, 20, 27, 29, 31, 32 ,36 e
39 – dos discursos de posse dos titulares;
Cadeira 23 – Monografia de pós-graduação
lato-senso de Sonia Maria Ramos Pestana.
EXPEDIENTE - Revista Especial dos 60 anos da Academia Santista de Letras
Edição - Sergio Willians e Maria
Araújo Barros de Sá e Silva
Diagramação - Sergio Willians
Revisão dos Patronos - Katya
Lais Ferreira Patella Couto
Foto da Capa - Sergio Willians
Fotos dos Acadêmicos - Arquivos
pessoais, João Martins França,
Sergio Willians, Kaká Morais.
Impressão - Gráfica Guarani
Tiragem: 300 exemplares
Diretoria Executiva
Presidente
Maria Araújo Barros de Sá e Silva
Vice-Presidente
Sérgio Teles Fernandes Lopes
Tesoureiro
Mario Azevedo Alexandre
POEMAS DE MARTINS FONTES
Ao longo da revista, o leitor poderá se deparar com diversos poemas escritos
pelo patrono máximo da Academia Santista de Letras, José Martins Fontes.
Esta é uma singela homenagem da Casa das Letras de Santos a este que foi
um dos mais importantes poetas brasileiros de sua geração. Muitos dos acadêmicos e membros dos “Amigos de Martins Fontes” também dedicaram seus
escritos para perpetuar esta homenagem.
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Jubileu de Diamante - 60 anos de vida
Academia Santista de Letras
“Casa de Martins Fontes”
a feliz oportunidade dos 60 anos da
“Casa de Martins Fontes”, neste ano
da Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo. (2016), não poderíamos deixar de
nos referir ao seu patrono, José Martins Fontes,
que nasceu em 23 de junho de 1884. Portanto, no
mesmo dia em que a Academia Santista de Letras
completa 60 anos, Martins Fontes completaria
132 anos. Todos sabem que ele, além de ser médico e poeta, foi um ser humano de qualidades ímpares. Sua curta passagem por este mundo, apenas 53 anos, pois faleceu no dia 25 de junho de
1937, deixou marcas indeléveis de sua bondade.
N
Maria Araújo Barros de Sá e Silva
Presidente.
Academia Santista de Letras promove Semana
em homenagem a Martins Fontes
m meados de 2006, a presidente da Academia Santista de Letras, Maria Araújo, entrou em contato com o então
vereador Braz Antunes Mattos
Neto, verificando a possibilidade
de se criar uma semana dedicada
a Martins Fontes. Imediatamente,
ele aceitou o desafio e começou a
trabalhar. Em 9 de janeiro de 2007,
o Diário Oficial do Município publicava a Lei 2.445/2007, incluindo
no Calendário Oficial do Município a “Semana Martins Fontes” (Lei
2.445/2007).
E
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Naquele primeiro ano, a “Semana
Martins Fontes” foi comemorada
com bastante brilhantismo. Dali em
diante, a cada ano que passa o evento dedicado ao “poeta maior de Santos” tem sido mais dinâmico, com
destaque para duas ações tradicionais: A Romaria dos Cravos Vermelhos na Campa de Martins Fontes e
a Tertúlia poética diante do busto do
poeta, nos jardins da praia. O júbilo
reúne os principais grupos poéticos
da cidade que, com sua importante
parceria, promovem grandes eventos durante a semana.
Braz Antunes
Mattos Neto
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Um pouco da nossa história
Academia Santista de
Letras – “Casa de Martins Fontes” foi fundada
a 23 de junho de 1956,
registrada como pessoa jurídica no
Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas da Comarca de Santos, apontada no Protocolo “A nº 4”,
sob o número de ordem 61.289-A,
e registrada no Livro A – 2, página 4.455, sob o nº 1.370, aos 12 de
março de 1957, inscrita no Cadastro Geral de Contribuintes sob o nº
48.678.387/0001- 66, de 8 de agosto
de 1989, considerada de utilidade
pública pela Lei Municipal nº 2.072,
de 22 de agosto de 1958. É entidade
sem fins lucrativos e sem vinculação político-partidária ou religiosa,
destinada a cultuar a língua portu- Monsenhor Primo Vieira, Álvaguesa e a literatura nacional.
ro Augusto Lopes, Archimedes
Bava, Cid Silveira, Clóvis PereiParágrafo 2º - A Academia compor- ra de Carvalho, Durwal Ferreira,
-se-a de 40 Membros Efetivos.
Edmundo Amaral, Jaime Franco
Parágrafo 3º - Cada Membro Efe- Rodrigues Junot, Maria José Arativo ocupará uma Cadeira corres- nha de Rezende, Mariano Laet
pondente ao seu Patrono.
Gomes, Nicanor Ortiz e José Saulo Ramos. Todos eram poetas ou
Parágrafo 5º - tanto os Patronos amigos de Martins Fontes, granquanto os Fundadores e os Mem- de poeta que teve uma vida breve.
bros Efetivos são considerados Nasceu em 23 de junho de 1884
imortais, no concernente à sua obra e faleceu no dia 25 de junho de
literária.
1937, Portanto, tinha apenas 53
anos quando partiu deste mundo.
Difundida como “Casa Seus amigos sabiam que
de Martins Fontes”, seu lema é ele acalentava um sonho: criar
“Longe spargens Lúmen”, ou, em uma academia de letras em Sannosso vernáculo, “Espargindo luz tos. Assim, estando todos cientes
ao longe”. Tem sede na cidade de e de acordo, no ano de 1956, reSantos, Estado de São Paulo, Bra- solveram realizar o ideal do sausil, sendo indeterminado o seu doso amigo e escolheram o dia de
prazo de duração.
seu nascimento, 23 de junho, para
São fundadores aqueles a fundação da Academia Santisque assinaram a Ata de Funda- ta de Letras – “Casa de Martins
ção, assim nomeados:
Fontes”.
A
A reunião que deu origem à
Academia Santista de Letras
aconteceu nas dependências da
Faculdade Católica de Direito de
Santos, conhecida como “A Casa
Amarela”, que ficava na avenida
Conselheiro Nébias, 589.
Atual presidente
Maria Araújo Barros de
Sá e Silva
desde 2005
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Galeria de ex-presidentes
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Primo N. da Mota Vieira
1956-1958/1960-1963
Francisco Paino
1958-1959
Thales de Melo
1959-1960
Manoel Paulino
1963-1965
Clóvis Pereira de Carvalho
09-03-1965/23-06-1965
Cyro de Athaide Carneiro
1965-1969
Derosse José de Oliveira
1969-1970
João de Freitas Guimarães
1970-1971
Archimedes Bava
1971/1972
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Raul Ribeiro Flórido
1972-1974
Benedito V. dos Santos
1974-1976
Aristheu Bulhões
1976-1980/1982-1986
Milton Teixeira
1980-1982
Diniz Ferreira da Cruz
1990-1994
Paulo José de A. Bonavides
1986-1990/1994-1998
Nilo Entholzer Ferreira
1998-2002
Conceição Neves Gmeiner
2002-2005
Yedda Burgos M. de Azevedo
2005
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Patronos e
ocupantes
das cadeiras
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 1 - Patrono:
Agenor Silveira
asceu em Santos, a 7 de abril de
1880. Bacharelou-se pela Faculdade de Direito de São Paulo,
em 1905. Mudou-se para Santos, onde foi
atuar no “Jornal”. Trabalhou, em seguida,
no “Comércio de São Paulo” e na “Revista Nova” (SP). Ingressando na Academia
Paulista de Letras, fixou em sonetos os
perfis dos mestres e colegas, coletânea
que se intitulou “Acadêmicas” e que, entretanto, não foi publicada. Retornou a
Santos, definitivamente, no cargo de secretário da Associação Comercial, onde
se aposentou. Foi contista, poeta e cultor
do vernáculo. Faleceu em 24 de outubro
de 1955.
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Cadeira nº 2 - Patrono:
Alberto Sousa
asceu em Santos, a 20 de junho
de 1870. Jornalista desde os
15 anos, aos 17 já figurava entre os soldados da abolição. Colaborou,
em 1888, com a fundação do jornal “A
Plateia”, em São Paulo. Mestre da polêmica, arrasava os adversários com tiradas jornalísticas brilhantes. Deixou um
grande número de obras sobre viagens,
memórias, prosa, verso, dentre outras,
ainda hoje apreciadas, destacando-se
“Os Andradas”, monumental obra em 3
volumes. A Academia Santista de Letras
homenageou-o, dando seu nome à cadeira número dois.
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Ocupantes da Cadeira
1º : Pedro Uzzo:
Posse (26/2/1958) - Falecimento (1977)
2º : Geraldo Ferrone
3º : Maurílio José de Oliveira Camello:
Posse (19/8/1987) - Desligado
4º : Maria Floriscena Tassara Giraldes:
Posse (20/10/1989) - Falecimento ( 21/4/2013)
5º : Katya Lais Ferreira Patella Couto
Posse (18 / 9/ 2014)
Ocupantes da Cadeira
1º: Francisco Paino
Posse (08/09/1957)
2º: Paulo José de Azevedo Bonavides
Posse ( 26/10/1977) - Falecimento (21/3/2000)
3º : Edson José Amâncio
Posse (22/11/2002) - - Desligado (2008)
4º : Sergio Willians dos Reis
Posse (19/04/2012)
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Cadeira nº 3 - Patrono:
Alberto Veiga
assou pela vida dando exemplos de dedicação ao trabalho. Chefe de família,
amparava a todos, principalmente a
criança pobre que estudava. Solidário ao associativismo, possuía espírito de companheirismo, alicerçado por sua cultura e por seus dotes
de probidade e caráter. No jornalismo, que exerceu com brilhantismo, sempre se impôs pela
limpidez e perceptibilidade. Articulista de rica
expressão ética. Longe da rigidez dos puristas,
fazia-se fiel ao vernáculo, escrevia enxuto e tornou-se o maior jornalista de seu tempo. Alberto
nasceu no velho e legendário Portugal, mas era
brasileiro por naturalização e devoção. E santista por afeição. O jornalista faleceu em sua residência, na Rua Dr. Sóter de Araújo, nº 34, em 18
de maio de 1923, dando-se o sepultamento no
dia seguinte, no cemitério do Paquetá.
P
Cadeira nº 4 - Patrono:
Alexandre de Gusmão
asceu em Santos em 1695, e faleceu
em Lisboa, em 1753. Foi notável
homem de Estado. Era irmão do
padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão,
o cientista inventor do aeróstato. Doutor
em Direito pelas universidades de Paris e
Coimbra, era membro da Academia Real de
História Portuguesa. Em Portugal, passou
a maior parte de sua vida. Foi contemporâneo do historiador Sebastião da Rocha
Pita e do teatrólogo Antonio José, ambos
brasileiros, durante o reinado de D. João V.
Exerceu o alto cargo de secretário de Estado
do Reino, quando opinou sobre o imposto
denominado “quinto do ouro”, e foi o autor
do tratado de limites com a Espanha. Dedicou-se ao desenvolvimento do Brasil, além
de deixar vários opúsculos político-econômicos e alguns poemas.
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Ocupantes da Cadeira
1º : Manoel Moreyra
Posse (08/09/1957)
2º: Oberdan Faconti
Posse (20/06/80) - Falecimento (14/12/1993)
3º : Eldah Menezes Gullo Duarte
Posse (05/10/1994) - Falecimento (30/10/2015)
Ocupantes da Cadeira
1º: Acácio Ribeiro Valim
Posse (26/03/1958)
2º: Renato Zeinum
3º: Ana Maria Pereira Sachetto
Posse (25/06/1997)
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Cadeira nº 5 - Patrono:
Álvaro Pereira de Carvalho
maior parte de sua existência foi na Paraíba, onde nasceu aos 19 de fevereiro de
1885, filho de Manoel Pereira de Carvalho, de origem bastante humilde. Bacharelou-se em
Direito na Faculdade de Recife em 1916. Na Paraíba, foi Deputado Federal, Secretário de Estado e
Professor de Literatura e Línguas (italiano, inglês e
francês) no Liceu onde já havia estudado. Foi um
dos fundadores da Academia Paraibana de Letras.
Escreveu “Revelação do Eu”, “Ensaios de Crítica e
Estética”; “Nas Vésperas da Revolução”; “Augusto
dos Anjos”, dentre outros ensaios. Em 1928, elegeu-se Vice-Presidente do Estado, na chapa encabeçada pelo Dr. João Pessoa. Nas suas memórias,
ele diz: “aportei-me em Santos com os meus, (...),
aqui fiquei recomeçando a vida (...) entre as agruras
do magistério e as canseiras de uma advocacia insipiente”. Faleceu em 1952, em João Pessoa.
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Cadeira nº 6 - Patrono:
Ângelo de Sousa
asceu em Santos a 8 de dezembro de
1871. Seus primeiros estudos foram feitos no colégio do professor João Anta,
de onde passou para a afamada escola do professor comendador Tiburtino Mondin Pestana,
que reunia a nata da mocidade santista da época. Na Tribuna do Povo, Ângelo publicou muitos
dos melhores versos de sua lavra, como também
no Diário de Santos, do qual foi colaborador
por muito tempo. Natureza frágil, adquiriu na
vida da imprensa a pertinaz moléstia que o arrebataria tão moço. Fundou e redigiu uma dezena de periódicos literários. Sabia fazer jornal
como ninguém. Ele só o enchia. Faleceu em 4 de
outubro de 1901. Recebeu grande homenagem
póstuma: com aprovação da Câmara Municipal,
seus restos mortais foram trazidos de São Paulo,
onde fora enterrado, e repousam no Cemitério
do Paquetá.
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Ocupantes da Cadeira
1º : Clóvis Pereira de Carvalho (fundador)
Posse (23/6/1956) - Falecimento (16/10/1991) 2º: Aloysio Álvares Cruz
Posse (27/4/1994)
3º: Walter Jorge Bestane
Posse (27/08/?)
4º: Olindo Cavariani
Posse (03/06/2005)
Ocupantes da Cadeira
1º : Jaime Franco Junot (fundador)
Posse (23/6/1956) - Falecimento (09/07/1984)
2º: Monsenhor Primo Vieira
Posse (25/11/1986) - Troca de Cadeira (p/ 17, em 1987)
3º : Antonio Belarmino de Mendonça Franco
Posse (04/03/1988) - Falecimento (09/11/1989) 4º: Nelson Manoel do Rego
Eleito (22/12/1989) - Falecimento (08/10/1993) 5º: Maria Araújo Barros de Sá e Silva
Posse (17/08/1994)
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Cadeira nº 7 - Patrono:
Bartholomeu de Gusmão
onsiderado o “Primeiro Cientista das
Américas”, nasceu em Santos em 1685, filho do cirurgião-mor, Francisco Lourenço
e D. Maria Álvares. Fez os primeiros estudos no Colégio dos Jesuítas da Vila de Santos, sob a orientação
do notável jesuíta Alexandre de Gusmão, do qual ele
e toda a sua família tomaram o sobrenome, como
prova de estima. Foi para o seminário na Bahia e,
de lá, para Coimbra, onde tomou grau de Doutor
Cânones. Foi encarregado de missões diplomáticas
na Corte de Roma e eleito membro da Academia
Real de História Portuguesa, tendo sido inventor
dos balões aerostáticos, do qual obteve privilégio
pelo alvará de 19 de abril de 1709, como de muitas
outras novidades mecânicas. Faleceu em Toledo, na
Espanha, a 18 de novembro de 1724, ao que dizem
– na miséria – por perseguições do Santo Ofício, organização mais política que religiosa.
C
Cadeira nº 8 - Patrono:
Galeão Coutinho
ineiro de Belo Horizonte, nasceu no
dia 26 de setembro de 1897. Foi um
grande militante na imprensa santista.
Faleceu em Ubatuba, em desastre de avião, no
dia 17 de setembro de 1951. Menotti Del Picchia, em suas memórias “A Longa Viagem”, recorda-se do tempo em que fora diretor de “A
Tribuna” e informa que Galeão Coutinho era
um dos nossos mais ricos criadores literários,
romancista, sobretudo jornalista, cuja força polêmica viria a fazer com que os leitores paulistanos se fixassem no brilho de “A Gazeta”.
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Ocupantes da Cadeira
1º: Monsenhor Benedito Vicente dos Santos
Posse (16/3/1957) - Falecimento (26/9/2002)
2º: Gilberto Passos de Freitas
Posse (28/11/2003)
Ocupantes da Cadeira
1º: Edmundo Amaral (fundador)
Posse (23/06/1956)
2º: Olao Rodrigues
Posse (10/03/1978)
3º: Daniel Bicudo
Posse (13/5/1971)
4º: Conceição Neves Gmeiner
Posse (12/03/2001) - Falecimento (28/12/2013)
5º: Antonio Taveira
Posse (16/04/2015)
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Cadeira nº 9 - Patrono:
Fábio Montenegro
asceu em Santos, a 26 de maio de 1891.
Modesto funcionário da Companhia Docas, e ele próprio uma criatura simples e
modesta, vivia retraidamente, metido com os seus
versos, que escrevia nas horas de lazer, indiferente
às glórias da existência efêmera e vazia. Tendo concorrido aos Jogos Florais de 1915 e 1916, e autor,
já, de um magnífico livro de versos, intitulado Jornada Lírica, Fábio Montenegro tornara-se querido
e apreciado pela sua inspiração e pelo seu valor.
Foi um grande poeta, embora tenha vivido pouco.
Morreu em 21 de agosto de 1920, aos 28 anos de
idade, privando Santos do seu estro e do seu trabalho. Quando tombou para não mais se erguer,
vitimado por um colapso cardíaco, foi que alguns
amigos e admiradores resolveram tributar-lhe as
homenagens a que fazia jús, mas que, em vida, não
fizera questão de receber.
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Cadeira nº 10 - Patrono:
Emília de Freitas Guimarães
rmã de João de Freitas Guimarães, Juiz
do Trabalho em Santos, e filha de José
de Freitas Guimarães, ilustre acadêmico paulista. Emília nasceu em Santos, a 16
de julho de 1901, onde exerceu o magistério.
Colaborou em diversas jornais literários. Também era intensa colaboradora da famosa revista
Flamma, a qual levava seus contos que inspiravam gerações de santistas. Além de teatróloga,
tentou o conto e foi inspirada poetisa, arte que
herdou do grande vate que foi seu pai.
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Ocupantes da Cadeira
1º: Álvaro Augusto Lopes (fundador)
Posse (23/ 6/ 1956)
2º: Alcides Abrantes
Posse (31/05/1979)
3º: Pe. Waldemar Valle Martins
Posse (13/05/87) - Falecimento (10/05/2004)
4º: Peilton Santos de Sena
Posse (22/11/ 2006)
Ocupantes da Cadeira
1º: Mariano Laet Gomes ( fundador)
Posse (23/06/1956)
2º: Clotilde Paul
Posse (1984) - Falecimento (23/12/2015)
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Cadeira nº 11 - Patrono:
Heitor de Moraes
asceu em Santos, a 5 de dezembro de 1884.
Vereador por duas legislaturas, fez parte
da Comissão Glorificadora de Martins
Fontes. Jornalista e escritor, publicou vários livros.
Em 1908, obteve, com o rondó “À La Gloire De La
Rose”, segunda menção honrosa, no disputado certame literário promovido em Bruxelas pela revista
belga de letras “Le Souvenir”, que habitualmente
instituía torneios literários de que participavam
escritores de todo o mundo. Seu livro de versos,
“Marulho”, é inédito. Faleceu em São Paulo, a 1º
de outubro de 1938. Menotti Del Picchia, em suas
memórias “A Longa Viagem”, afirma que a livraria
de Heitor de Moraes era tão completa e nutrida que
o colendo Rui Barbosa descia do Rio para esbaldar
sua ânsia de sabedoria em suas prateleiras.
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Cadeira nº 12 - Patrono:
José Batista Coelho (João Foca)
asceu em Santos, a 1º de janeiro de 1877.
Descendente de Amador Bueno. Estou
em São Paulo e depois no Rio de Janeiro,
onde entrou para a Escola Polytéchnica. Sua vocação, entretanto, era a Marinha, para a qual nunca
pôde entrar, por força do destino, talvez. Naquela
ocasião, havia em Santos, organizado por seu irmão
Chico Vicente, moço de muito espírito também,
um grêmio dramático do qual faziam parte, além
dele, Carlito Affonseca, Quincas Mendes, Aprígio
Macedo e outros. Após alguns anos de jornalismo
e evidência literária e social em todo o Estado de
São Paulo, voltou ao Rio de Janeiro, onde os seus
serviços foram reclamados pelo “Jornal do Brasil”.
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Ocupantes da Cadeira
1º: Manuel Paulino
Posse (24/04/1958)
2º: José Gomes dos Santos Neto
Posse (13/05/1971) - Falecimento (13/05/1971)
3º: Walter de Carvalho
Posse (28/09/1979) - Falecimento (04/04/2004)
4º: Sérgio Teles Fernandes Lopes
Posse (29/07/2011)
Ocupantes da Cadeira
1º: Francisco de Marchi
Posse (08/09/1957)
2º: Amilcar Ferrão Pinto
Posse (23/06/1978)
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Cadeira nº 13 - Patrono:
João Cardoso de Menezes e Sousa
ambém conhecido como Barão de Paranapiacaba, fez seus primeiros estudos em
Santos, onde nasceu a 25 de abril de 1827.
Graduou-se pela Faculdade de Direito de São Paulo, exerceu o magistério secundário e foi destacado
funcionário da Fazenda. Pertenceu ao Conselho
do Império e à Assembléia Constituinte de Goiás.
Além de poeta, tradutor, historiador e biógrafo, foi
também teatrólogo. Seu livro “Poesias e Prosas Seletas” teve o mérito de ser prefaciado por Quintino
Bocaiúva. Sua colaboração no “Jornal do Comércio” e no “Correio Mercantil” data da época em que
frequentava os bancos acadêmicos de São Paulo.
Realmente, a “Harpa Gemedora” saiu em 1847, um
ano antes de colar grau. O ilustre barão faleceu em
2 de fevereiro de 1915.
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Cadeira nº 14 - Patrono:
Joaquim Xavier da Silveira
asceu em Santos, em 7 de outubro de
1840. Ingressou na Faculdade de Direto da Universidade de São Paulo em
1861. Tal era a simpatia que lhe devotavam seus
condiscípulos e a distinção de seu curso que
mereceu a honra de ser eleito, por unanimidade, orador de sua turma, na colação de grau, em
1865. Notável abolicionista, colaborou em vários periódicos de sua terra, no tocante à literatura, notadamente a poesia. O insólito orador e
poeta santista faleceu em 30 de agosto de 1974,
em virtude da epidemia de varíola que grassou
sua terra naquele ano. Poeta lírico, entusiasta de
Lamartini e de Álvares de Azevedo, não teve a
ventura de ver seus poemas reunidos em livro
em vida. Foi o único redator de “A Imprensa”, de
Santos, no período de 1870 a 1873.
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Ocupantes da Cadeira
1º : Zoilo de Tolosa
Posse (31/08/1960) * faleceu no mesmo dia
2º: Cyro de Athaide Carneiro
Posse (14/12/1962)
3º: Camilo Abrantes
Posse (26/04/1976) - Correspondente (07/07/1988)
4º: Silvia Ângela Teixeira Penteado
Posse (15/06/1989)
Ocupantes da Cadeira
1º: Ginés Gebran
Posse (20/06/1980) - Falecimento (17/09/2002)
3º: Nancy Simões Dias Olmo
Posse (23/09/2011)
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Cadeira nº 15 - Patrono:
José Bonifácio de Andrada e Silva
Patriarca da Independência do Brasil,
nascido em Santos em 13 de junho de
1763. Fez os primeiros estudos no Brasil, foi para Coimbra aos 18 anos, onde se graduou em Filosofia e Leis. Foi Secretário da Real
Academia das Ciências de Lisboa, sob cujos
auspícios viajou, durante 10 anos, aos maiores
centros científicos europeus a fim de estudar
Ciências Naturais e Metalurgia. É considerado
o maior homem público do Brasil. Em 1825 pubicou “Poesias Avulsas”, reeditadas em 1861. A
larga experiência científica e política deu-lhe o
devido ardor da expressão, próprio dos grandes
poetas. Cantou as mágoas do exílio, o amor e os
arroubos das lutas pela liberdade. José Bonifácio faleceu em 6 de abril de 1838 e seu corpo é
conservado no Pantheon dos Andradas, na sua
terra natal.
O
Cadeira nº 16 - Patrono:
José de Freitas Guimarães
asceu em Caldas, Minas Gerais, em 7
de outubro de 1873. Estudou humanidades no Seminário Episcopal de São
Paulo, terminando em Campinas, no Colégio
Culto à Ciência. Bacharelou-se pela Faculdade
de Direito de São Paulo em 8 de dezembro de
1895, sendo, no ano seguinte, nomeado promotor público da capital, cargo em que teve a honra de ser considerado “o príncipe dos promotores públicos”. Em 1904, Subprocurador geral
do Estado, onde substituiu várias vezes o procurador geral. Dezessete anos depois, exonerou-se
do cargo e veio residir em Santos, onde passou
a advogar. Fundador da Academia Paulista de
Letras, ocupou a cadeira nº 7, que tem como patrono José Bonifácio, o Moço. Faleceu em Santos, a 25 de agosto de 1944. É pai do acadêmico
santista João de Freitas Guimarães.
N
14
Ocupantes da Cadeira
1º : Archimedes Bava (fundador)
Posse (23/06/1956) - Falecimento (29/08/1985)
2º: Newton Dante Torres de Mello
Posse (12/06/1987) - Falecimento (17/09/1994)
3º: Gildo dos Santos
Posse (18/04/1997)
Ocupantes da Cadeira
1º: João de Freitas Guimarães
Posse (08/09/1957) - Falecimento (23/07/1996)
2º: Luís Carlos Peres
Posse (27/04/1998) - Falecimento (13/08/2011)
3º: Adilson Luiz Gonçalves
Posse (04/05/2012)
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 17 - Patrono:
Martins Fontes
maior dos poetas santistas, nasceu em 23
de junho de 1884. Após os primeiros estudos na cidade natal, rumou para o Rio de
Janeiro, onde se formou em Medicina. Fez parte do
grupo de Coelho Neto, Emílio de Menezes, Goulart
de Andrade, Aníbal Teófilo, Leal de Sousa e Olavo
Bilac, a este último devotando grande admiração.
Prestou inestimáveis serviços médicos à Santa Casa
de Santos, Beneficência Portuguesa e à Companhia
Docas de Santos. Como escritor, aderiu ao parnasianismo e depois para o simbolismo, em que criava uma cosmovisão de seu mundo. Pela admiração
dedicada a Alfonsus de Guimarães, travou também
interessante contato com o modernismo. Olavo Bilac o chamava de “menino raio de sol”. Santos enlutou-se no desaparecimento de seu grande poeta, a
25 de junho de 1937.
O
Cadeira nº 18 - Patrono:
Júlio Ribeiro
ineiro de Sabará, nasceu em 16 de abril
de 1845, filho de um pai artista de circo norte americano, George Washington Vaughan, e de uma professorinha mineira
tranquila, Maria Francisca Ribeiro. Da influência materna, herdou Júlio Ribeiro o amor aos
livros. Do pai, herdou a tendência nômade e a
inquietude de espírito. Em 1881, Júlio Ribeiro
publicou “Gramática Portuguesa”, que durante
tantos anos orientou o ensino de muitas gerações. Também foi o criador da bandeira do estado de São Paulo, concebida em 1888 para ser a
bandeira da república. Foi escolhido para o patronato da cadeira 24 da Academia Brasileira de
Letras por seus membros fundadores. Morreu
em Santos, no dia 1º de novembro de 1890.
M
Ocupantes da Cadeira
1º: Durwal Ferreira (fundador)
Posse (23/06/1956) - Falecimento (25/06/1987)
2º: Monsenhor Primo Vieira
Posse (08/07/1987) - Falecimento (22/07/1994)
3º: Paulo Augusto Bueno Wolf
Posse (06/10/1994)
4º: Raul Christiano de Oliveira Sanchez
Posse (17/08/2007)
Ocupantes da Cadeira
1º: Thalles de Mello
Posse (10/10/1957) - Falecimento (1977)
2º: Gilberto de Freitas Guimarães
3º: Oswaldo Paulino
Posse (16/06/1978) - Falecimento (21/12/2006)
4º : Áureo Rodrigues
Posse (30/08/2011) - Falecimento (26/01/2014)
5º: Josefa de Deus Camaño
Posse (23/07/2015)
15
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 19 - Patrono:
Antonio Carlos Ribeiro de Andrada
rmão do Patriarca da Independência,
José Bonifácio, Antonio Carlos nasceu
em Santos, em 1º de novembro de 1773.
Estudou Direito em Coimbra, foi deputado da
Corte de Lisboa, destacando-se como brilhante
orador. Desempenhou os altos cargos de Ministro e Senador, e a crítica consagrou-o como
o Mirabeau brasileiro. Pertenceu ao Instituto
Histórico e Geográfico e a várias associações literárias e científicas, nacionais e estrangeiras. Apesar de poeta bissexto, no soneto “A Liberdade”, além de revelar perfeito domínio dessa difícil forma poética, espelhou, no conteúdo, toda
a bravura e amor à independência. Seus restos
mortais são guardados com reverência e orgulho pelo povo de Santos no majestoso Pantheon
dos Andradas. Faleceu no Rio de Janeiro, em 5
de dezembro de 1845.
I
Ocupantes da Cadeira
1º: Aristheu Bulhões
Posse (14/12/1957) - Falecimento (31/10/2000)
2º: Sérgio da Costa Matte
Posse (28/05/2001) - Falecimento (20/02/2016)
Cadeira nº 20 - Patrono:
José Feliciano Fernandes Pinheiro
Visconde de São Leopoldo, nasceu em
Santos, na Rua Amador Bueno, no dia 9
de maio de 1774. Seu pai, José Fernandes Martins, era natural de Guimarães, província do Minho. José Feliciano nasceu em berço
de ouro e teve antepassados ricos e de prestigio.
Era quase poliglota, falava e escrevia pelo menos cinco idiomas: inglês, francês, castelhano,
latim e o seu próprio vernáculo. Em homenagem à augusta Imperatriz Leopoldina, fundou o
núcleo de São Leopoldo, hoje cidade do mesmo
nome, acerca de quarenta quilômetros ao norte
de Porto Alegre. Em virtude de tão promissor
acontecimento, bem como por inúmeros outros
serviços prestados ao País, D. Pedro I, a 12 de outubro de 1826, deu- lhe o título de Visconde de
São Leopoldo. Morreu, no seu velho solar, a 6 de
julho de 1847.
O
16
Ocupantes da Cadeira
1º: Mario Faria
Posse (23/08/1974) - Falecimento (10/05/1988)
2º: Walter Theodósio
Posse (08/03/1991)
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 21 - Patrono:
Martim Francisco Ribeiro de Andrada
ambém irmão de José Bonifácio, tinha a
aclunha de “Primeiro”. Nasceu em Santos, a 19 de abril de 1775, sendo batizado
a 27 de junho do mesmo ano. Após os primeiros
estudos em Santos, com seu próprio pai, passou,
depois, para São Paulo, onde realizou os estudos
preparatórios, sob as vistas do Frei Manoel da Ressurreição. Seguiu, então, para Portugal, onde se
matriculou na Universidade de Coimbra, onde se
formou bacharel em Matemática. No ano de 1800,
foi, com seu irmão José Bonifácio e o tenente-general Napion, encarregado de uma viagem mineralógica, da Estremadura a Coimbra. No ano de
1804, foi nomeado Inspetor das Minas e Bosques
da Capitania de S. Paulo. De volta à sua pátria,
empreendeu uma viagem mineralógica que ficou
famosa no país. Martim Francisco faleceu em Santos, no dia 3 de fevereiro de 1844.
T
Cadeira nº 22 - Patrono:
Paulo Gonçalves
asceu em Santos a 2 abril de 1877. Foi
jornalista, comediógrafo e poeta. Era
neto de Maria Patrícia, nobre parteira
negra, conhecida e amada por toda a cidade de
Santos em razão da pujança de seu coração. De
raiz humilde, o poeta exerceu as mais obscuras
ocupações, até ingressar na imprensa de sua terra, militando no “Diário de Santos” e “Comércio de Santos”, ambos já extintos, e em “A Tribuna”. Era muito amigo de Rui Ribeiro Couto,
futuro membro da Academia Brasileira de Letras, que certa vez disse: “Paulo Gonçalves foi o
meu companheiro dileto e fraternal em Santos.
Na mesa da minha modesta casa, minha mãe
punha sempre um prato e um talher a mais. Eu
já sabia. Era para o caso do meu irmão aparecer
de improviso, como tinha o direito de fazer, tal
amizade que nos ligava”.
N
Ocupantes da Cadeira
1º: Cid Silveira (fundador)
Posse (23/06/1956) - Renúncia (13/05/1977)
2º: Diniz Ferreira da Cruz
Posse (12/04/1978) - Falecimento (03/06/2014)
Ocupantes da Cadeira
1º José Saulo Ramos (fundador)
Posse (23/06/1956)
2º: Dimas do Amaral
Eleito (24/05/1979)
3º: Roberto José Avelino Bonavides
Eleito (17/02/1993)
4º: Wilma Therezinha Fernandes de Andrade
Posse (15/05/1998)
17
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 23 - Patrono:
Ranulpho Prata
ergipano da cidade de Lagarto, nasceu
em 4 de maio de 1896. Seus primeiros
estudos foram realizados em Estância,
Sergipe, depois foi para Salvador, Bahia, onde
terminou o Ginásio. Ainda em Salvador, cursou a Faculdade de Medicina até o quarto ano,
época em que ganhou seu primeiro prêmio literário com o conto “O Tropeiro”. Completou
o curso de Medicina no Rio de Janeiro. Logo
em seguido foi para Mirassol, no Estado de São
Paulo, onde se casou. Após sofrer um abscesso
pulmonar, voltou para o Rio de Janeiro, onde foi
internado na Casa de Saúde São Sebastião para
se tratar. Em Aracaju, organizou um gabinete
radiológico. Veio pra Santos em 1927 para ocupar uma vaga para médico radiologista na Santa Casa. Aqui residiu até o seu falecimento, em
1942.
S
Cadeira nº 24 - Patrono:
Waldomiro Silveira
asceu em Cachoeira Paulista (SP), a 11 de
novembro de 1873. Aos 16 anos publicou,
na “Gazeta do Povo”, o soneto “Desesperança”. No ano seguinte, iniciou o curso de Direito, em São Paulo. Absorvido pela literatura, foi
reprovado no primeiro ano. Apesar disso, ao final
do curso, foi aclamado orador da turma, sendo a
peça oratória transcrita no “Correio Paulistano”, em
23 de janeiro de 1895. Fixou residência em Santos
desde 1905, a convite do escritório de advocacia de
Martim Francisco. O jornal “O Estado de São Paulo” publicou dezenas de contos do autor, os quais
foram reunidos em diversos livros. Foi promotor
público e deputado federal por São Paulo, secretário
da Educação e Saúde e também da Justiça. Foi, ainda, deputado à Constituição Paulista, onde exerceu
a presidência, e membro da Academia Paulista de
Letras. Faleceu em 3 de abril de 1941, em Santos.
N
18
Ocupantes da Cadeira
1º: Monsenhor Primo Vieira (fundador)
Posse (23/06/1956)
2º: Paulo Augusto Bueno Wolf
3º: Rômulo Caixeta Leite
Posse (20/06/1980) - Renúncia (07/07/1988)
4º: Raul Ribeiro Florido
Posse (1977) - Falecimento (08/12/2004)
5º: Mario Azevedo Alexandre
Posse (22/08/2006)
Ocupantes da Cadeira
1º: Nicanor Ortiz (fundador)
Posse (23/06/1956)
2º : Mozar Costa de Oliveira
Posse (16/08/1989)
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 25 - Patrono:
Vicente de Carvalho
oeta do Mar, Vicente de Carvalho nasceu
em Santos, a 5 de abril de 1866. De estilo cristalino, ele próprio disse que a poesia devia ser, antes de tudo, alguma coisa que se
entendesse. Suas raízes poéticas datam de tenra
idade. Formou-se em Direito, em São Paulo, aos
20 anos. Foi presidente da Câmara Municipal de
Santos, deputado por São Paulo e secretário do
Interior e Justiça. Seu livro “Poemas e Canções”,
desde o início, atingiu grande êxito, conseguindo
logo duas edições em Portugal. Hoje, devido ao
seu invulgar êxito póstumo e ao crescente número de edições de sua obra, seu nome é apontado
pela crítica como um dos expoentes do Parnaso
brasileiro. Morreu em 22 de abril de 1924. Santos
prestou-lhe justa homenagem, batizando com seu
nome uma bela avenida junto ao mar, onde posteriormente erigiram magnífico monumento.
P
Ocupantes da Cadeira
1º: Maria José Aranha de Rezende (fundadora)
Posse (23/06/1956) - Falecimento (17/06/1999)
2º: Edith Pires Gonçalves Dias
Posse (03/04/2000)
Cadeira nº 26 - Patrono:
Martim Francisco Ribeiro de Andrada
Terceiro, filho do Conselheiro Martim
Francisco e de Dª. Benvinda Bueno de
Andrada, e bisneto de José Bonifácio,
o Patriarca da Independência brasileira. Nasceu
em São Paulo em 11 de fevereiro de 1853. Estudava no Colégio Dom Pedro II, conhecido por
seu rígido regulamento disciplinar. Um dia, a
escola recebeu a visita do próprio Imperador
Pedro II, que lhe fez uma pergunta “-Então, seu
Martim, muito satisfeito?”. Como resposta“- Se
Vossa Majestade cá estivesse sempre, sim. Mas,
habitualmente, isto aqui é intolerável”. O incidente, aliado a tantos outros do tipo, acabou lhe
custando a expulsão da escola. Ao recebê-lo, de
volta à casa, seu pai promoveu tenebrosa previsão: “- Você acaba na forca”. Formou-se em
Direito no Largo de São Francisco e, durante
algum tempo, exerceu advocacia na cidade de
Limeira.
O
Ocupantes da Cadeira
1º: Derosse José de Oliveira
Posse (25/05/1962) - Falecimento (23/09/1993)
2º: Ivaldo Martins Ferreira
Eleito (20/06/1979)
3º: Nilo Entholzer Ferreira
Posse (05/04/1995) - Falecimento (09/06/2004)
4º: Antoine Lascani
Posse (26/07/2006) - Falecimento (19/07/2015)
19
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 27 - Patrono:
Herculano Marcus Inglês e Souza
araense de Óbidos, nasceu em 28 de
dezembro de 1853. Foi advogado, jornalista, político, professor, romancista e
contista. Como advogado, sua carreira acadêmica
teve início na Faculdade de Direito de São Paulo, em 1876. Sua grande obra jurídica intitula-se
“Títulos ao Portador”. Produziu lições de Direito
Comercial, além de elaborar um projeto do Código Comercial. Participou da vida pública como
Secretário da Relação de São Paulo e Deputado
Provincial (atualmente Deputado Estadual) entre
1880 e 1883. Foi nomeado, em 1881, presidente da
província do Sergipe e, em 1882 do Espírito Santo.
Em 1875, com a nomeação de seu pai como juiz de
direito em Santos, tornou-se jornalista, escrevendo para o jornal “Diário de Santos”, de propriedade de João José Teixeira. Faleceu no Rio de Janeiro,
em 6 de setembro de 1918.
P
Cadeira nº 28 - Patrono:
Roberto Cochrane Simonsen
m dos maiores empresários da história de
Santos, nasceu em 18 de fevereiro de 1889.
Descendia, pelo lado materno, da tradicional família Cochrane, que deu a serviço do Brasil
engenheiros, militares, diplomatas, parlamentares
e altos funcionários do Governo. Formou-se Engenheiro Civil pela Escola Politécnica de São Paulo.
Iniciou, em 1909, a atividade de engenheiro da Southern Brasil Railway. Em 1911, foi Diretor Geral de
Obras Públicas da Prefeitura de Santos. Tornou-se
fundador e presidente da Companhia Construtora
de Santos, que edificou prédios, como o Palácio da
Bolsa, e monumentos, como o da Independência.
Abriu e calçou vias públicas e construiu quartéis do
Exército em vários pontos do País. Economista e financista de altos recursos técnicos, ocupou cadeira
no Senado da República e pertenceu à Academia
Brasileira de Letras. Faleceu em 25 de maio de 1948.
U
20
Ocupantes da Cadeira
1º: José da Costa e Silva Sobrinho
Posse (25/01/1964) - Falecimento (1977)
2º: Angelina Pereira Leite
Eleita (30/08/1993)
3º: Maria de Fátima Rocha Guerra
Posse (10/05/1994) - Falecimento (09/04/2012)
4º: Perseu Lúcio Alexander Helene de Paula
Posse (21/08/2014)
Ocupantes da Cadeira
1º: Raul Ribeiro Flórido
Posse (15/05/1972)
2º: Nelson Norberto Gonçalves Rodrigues
Posse (20/06/1980) - Falecimento (04/01/1993)
3º: Hubert Vernon Lencione Nowill
Eleito (17/02/1993) - Falecimento (29/07/2011)
4º: Regina Lúcia Alonso Peres
Posse (19/07/2012)
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 29 - Patrono:
Gastão Bousquet
ornalista, teatrólogo, poeta, contista, romancista e novelista, Gastão de Raul
de Forton Bousquet nasceu em Santos,
no dia 23 de setembro de 1870, filho do Dr. Alexandre Bousquet, Cônsul da França em Santos.
Gastão iniciou seus estudos no Colégio Juvenato
Santista, do pedagogo e professor Tiburtino Mondim Pestana. Muito moço ainda, iniciou na vida
de imprensa, revelando-se, desde logo, dotado de
excelentes qualidades de jornalista, trabalhando,
em 1849, no primeiro jornal publicado tipograficamente em Santos, “A Revista Comercial”. Com
o desaparecimento da “Revista Comercial”, surgiu
em Santos, em 1872, uma nova força – “O Diário
de Santos” -, pela mão de João José Teixeira. O
“Diário de Santos” contou, em sua chefia, com
uma lista respeitável de articulistas, inclusive com
Gastão Bousquet em plena década de 1880.
J
Cadeira nº 30 - Patrono:
Rui Ribeiro Couto
ibeiro Couto nasceu escritor, em Santos,
no dia 12 de março de 1898. Com 15
anos começou a publicar seus primeiros versos nos jornais da terra. Formou-se em
Contabilidade pela Associação Instrutiva “José
Bonifácio”. Aos 16 anos, conquistou o 1º lugar
num festival de literatura santista, com o “Hino
à Glória”. Prendeu-se a vários jornais de São Paulo, por ocasião de seus estudos na Faculdade de
Direito, curso que iria concluir no Rio, em 1919,
onde travou sólida amizade com Manuel Bandeira. Partiu para a França em 1928, como diplomata, transferindo-se, a seguir, para Belgrado, onde
permaneceu até a morte, como embaixador.
Além de poeta, foi novelista, romancista, ensaísta
e “conteur”. Tem várias novelas e poemas traduzidos para o inglês, francês, italiano, espanhol,
alemão, tcheco, húngaro, russo e japonês.
R
Ocupantes da Cadeira
1º: Ney Guimarães
Posse (15/05/1971)
2º: Pedro Capp Filho
Posse (12/06/1989) - Falecimento (25/06/1990)
3º: José Edgard da Silva
Eleito (26/10/1990)
4º: Fernando Martins Lichiti
Posse (23/03/1998) - Desvinculou (2008)
5º: Marcelo Pirilo Teixeira
Posse (17/03/2011)
Ocupantes da Cadeira
1º: Carolina Hervelha Ramos
Posse (12/11/1971)
21
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 31 - Patrono:
José Bonifácio (O Moço)
oeta, professor, orador e político, nasceu
em Bordéus, França, em 8 de novembro
de 1827, durante o exílio dos Andradas.
Filho de Martim Francisco e Gabriela Frederica
Ribeiro de Andrade e sobrinho do Patriarca da
Independência, começou o curso secundário na
Escola Militar (1842-45), mas logo abandonou o
projeto da carreira de armas, por motivos de saúde. Formou-se em Direito, em 1853, pela Faculdade de São Paulo. Ensinou como substituto na
Faculdade de Direito do Recife (1854-58), vindo
a fixar-se depois em São Paulo. Foi Deputado
provincial (1860) e geral por duas legislaturas
(1861-68), ministro da Marinha (1862) e do Império (1864) no Ministério Zacarias foi senador
em 1879, sendo um dos participantes da campanha abolicionista. Faleceu em São Paulo, em 26
de outubro de 1886.
P
Cadeira nº 32 - Patrono:
Reynaldo Porchat
ntelectual de singular qualidade, advogado, professor, primeiro reitor da Universidade de São Paulo, nasceu em Santos,
no bairro da Vila Nova, no dia 23 de maio de 1868.
Filho de Victorino Porchat e de Dona Prudência
da Silva Porchat, aos sete anos de idade foi para
São Paulo, onde iniciou seus estudos no Colégio
Ipiranga. Aos 15 anos, de volta a Santos, entrou
para o comércio, trabalhando na Casa Nothman
& Cia., entre 1883 e 1884, quando retornou a São
Paulo. Ingressou, então, no curso anexo à Faculdade de Direito, onde prosseguiu seus estudos, transferindo-se, depois, para o Rio de Janeiro, onde
estudou no Mosteiro de São Bento. Em 1888, matriculou-se na Faculdade de Direito de São Paulo.
Foi um dos redatores do periódico político “A República”, órgão dos estudantes de Direito. Faleceu
em 12 de outubro de 1953.
I
22
Ocupantes da Cadeira
1º: Francisco Martins dos Santos
Posse (12/05/1978)
2º: Domingos Trigueiro Lins
Posse (24/05/1980)
3º: Lúcia Maria Teixeira
Eleita (15/06/1989)
Ocupantes da Cadeira
1º: Lincoln Feliciano
Posse (1971)
2º: Paulo Augusto Bueno Wolf
Posse (14/09/1977)
3º: Luiz Gonzaga Alca de Sant’Anna
4º: Maurílio Tadeu de Campos
Posse (04/10/2006)
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 33 - Patrono:
Afonso Schmidt
asceu no distrito de Cubatão, na época
pertencente ao município de Santos, no
dia 29 de junho de 1890. Espírito aventureiro, depois de adquirir as primeiras letras na
terra natal, partiu para a Europa, aos 16 anos, com
um tostão no bolso. Sempre expressou grande
inquietação pelos problemas sociais, tendo manifestado isso em sua obra poética. Ao fim de farta
produção em versos, pendeu para a prosa, onde
continuou na invocação das injustiças das classes
oprimidas, além das descrições dos costumes, personagens e fatos do passado histórico de São Paulo. Escritor dotado de enorme capacidade demiúrgica e de trabalho, foi agraciado, pouco antes de
sua morte, com o honroso troféu “Juca Pato”, mais
conhecido como o “Intelectual do Ano”, instituído
pela União Brasileira dos Escritores. Faleceu em 4
de abril de 1964.
N
Cadeira nº 34 - Patrono:
Frei Gaspar da Madre de Deus
ascido em São Vicente, numa fazenda
de nome Sannta´Ana, era filho do coronel do Regimento de Ordenanças de
Santos e São Vicente, Domingos Teixeira de Azevedo. Em 1731, com 16 anos de idade, postulou
uma vaga no noviciado da Ordem de São Bento,
e passou a ser chamado de Gaspar da Madre de
Deus. Foi noviço na Bahia, onde estudou Filosofia, História e Teologia. Depois de passar por vários conventos, em 1769 se recolheu ao Mosteiro
de Santos para se dedicar com tranquilidade aos
estudos de sua predileção. Nos anos finais de sua
vida, Frei Gaspar trabalhou ativamente na composição de sua obra histórica. Em 1793 já havia
concluído os três volumes das “Memórias para a
História da Capitania de São Vicente”, que viriam
a público em 1797 pela Academia Real das Ciências de Lisboa, da qual era sócio correspondente,
e os seus escritos sobre as minas de São Paulo e a
expulsão dos jesuítas do colégio de Piratininga.
N
Ocupantes da Cadeira
1º: Walter Waeny Junior
Posse (13/05/1975) - Falecimento (04/06/2006)
2º: Eustázio Alves Pereira Filho
Posse (12/09/2007)
Ocupantes da Cadeira
1º: Cleóbulo Amazonas Duarte
Posse (13/05/1971)
2º: Gilberto de Freitas Guimarães
Posse (02/01/1992)
3º: Francisco Prado de Oliveira Ribeiro
Eleito (23/06/1992) - Desvínculo (2008)
4º: Nilson Denari
Posse (17/08/2012)
23
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 35 - Patrono:
Albertino Moreira
ornalista, advogado, escritor e político,
nasceu em Uberaba, Minas Gerais, a 9
de outubro de 1892. Estudou no curso
de Humanidades Acácio de Paula Ferreira e bacharelou-se, em 1920, pela Faculdade de Direito
de São Paulo. Pertenceu à União Brasileira de
Escritores e à Ordem dos Advogados do Brasil.
Jornalista, foi redator e colaborador de “A Tribuna”. Vereador à Camará Municipal de Santos no
período de 1926 a 1928, viu-se reeleito em 1929,
quando ocupou o cargo de Vice-Presidente, retornando-o em 1930. É autor de vários livros,
como: ‘’Uma Constituição para o Brasil’’; ‘’Primeiros Republicanos e Primeiros Democratas’’;
‘’Boca Pio’’; ‘’Gente de Serra Acima’’; ‘’Pedro Famalicão &Cia.’’; ‘’Voo Nupcial’’; ‘’Terra de Ninguém’’; ‘’Pouso de Estrada e Uruguai-Argentina-Chile’’.
J
Cadeira nº 36 - Patrono:
Alberto Leal
omancista, novelista, teatrólogo, cronista
e radialista, nasceu em Santos, em 1908,
e faleceu em 1948. Foram apenas 40 anos
de vida. Fez o curso de Humanidades e, depois,
o de Medicina, formando-se em 1932. Exerceu
essa profissão em Santos e também nas cidades
de Presidente Venceslau e São Paulo. Em Santos,
em meio a uma série de atividades, foi redator do
jornal “O Diário”, que veiculava suas crônicas semanalmente. De 1936 a 1939, conquistou vários
Prêmios. Escrevia incansavelmente, sobre quase
tudo. Produzia trabalhos científicos sobre Medicina, História Agricultura, Apicultura, Sericultura,
mas havia momentos em que seu espírito pragmático se deixava guiar pelas musas, pela literatura.
Ele realizava obras nas quais procurava unir o útil
ao agradável.
R
24
Ocupantes da Cadeira
1º: Alceu Martins Parreira
Posse (13/05/1971) - Falecimento (04/03/1993)
2º: Yedda de Burgos Martins de Azevedo
Posse (30/11/1994) - Falecimento (01/12/2011)
3º: Cel. Elcio Rogério Secomandi
Posse (24/10/2013)
Ocupantes da Cadeira
1º: Agenor de Oliveira Freitas
Posse (17/01/1972) - Falecimento (21/07/2006)
2º: Taís Assunção Curi Pereira
Posse (23/05/2013)
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 37 - Patrono:
Vicentina Mesquita Vicente de Carvalho
ascida em Santos a 24 de junho de 1890
e falecida a 1º de abril de 1954, em São
Paulo, é filha do poeta Vicente de Carvalho. Diplomou-se pela Escola Normal da Praça
da República, de São Paulo. Foi tradutora do pai,
tendo herdado a arte poética. Walter Waeny citou-a na sua “Pequena Antologia de Sonetistas Brasileiros”. A Academia Santista de Letras prestou-lhe
honrosa homenagem póstuma, dando à cadeira nº
37 o seu nome.
N
Cadeira nº 38 - Patrono:
Adolfo Porchat de Assis
ascido em Santos em julho de 1868, filho do Com. Antonio Justino de Assis
e Da. Maria Carlota Porchat. Depois
de estudar na terra natal com o Padre Francisco
Gonçalves Barroso, cursou o Colégio São Luís,
de Itu, transferindo-se, depois, para o Rio de Janeiro, onde concluiu o curso secundário e colou
grau, em1885, pela Faculdade de Medicina. Voltando para Santos, foi cônsul do Paraguai, médico da Câmara Municipal e de várias instituições e
empresas importantes da cidade. Ingressando no
Magistério, foi dos primeiros Diretores e Professores da Academia de Comércio José Bonifácio e
do Liceu Feminino Santista, do Instituto Da. Escolástica Rosa e de outros estabelecimentos escolares, como o Ateneu Santista, por ele fundado.
Autor da “Geografia do Brasil”, Dr. Adolfo Porchat
de Assis faleceu em Santos, a 31 de julho de 1933,
estando sepultado no Cemitério do Paquetá.
N
Ocupantes da Cadeira
1º: Nelson Salasar Marques
Posse (13/05/1971) - Falecimento (02/02/2005)
2º: Titina Palmieri Brandão
Posse (12/12/2006) - Falecimento (08/12/2010)
3ª: Viviane Pereira
Posse (25/04/2013)
Ocupantes da Cadeira
1º: Edison Ruivo de Sousa
Posse (10/03/1972) - Falecimento (11/10/1987)
2º: Ariosto Pereira Guimarães
Posse (17/11/1994)
3º: Maria Zilda da Cruz
Posse (21/11/2001)
25
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 39 - Patrono:
Benedicto Calixto de Jesus
aior pintor da história de Santos, nascido na cidade de Itanhaém, a 14 de outubro de 1853, filho de João Pedro de Jesus
e de dona Ana Gertrudes Soares de Jesus. Foi
professor de Desenho na tradicional Associação
Instrutiva José Bonifácio, desde a fundação, até
1927, ano de sua morte. Durante toda a sua carreira, Calixto produziu aproximadamente 700
obras, das quais 500 são catalogadas, entre marinhas, retratos, paisagens rurais, urbanas e obras
religiosas. Estas últimas lhe renderam a Comenda de São Silvestre, outorgada pelo Papa Pio XI,
em 1924. Além da pintura, se revelou como historiador, escritor e fotógrafo. Faleceu de infarto,
no dia 31 de maio de 1927, em São Paulo, na casa
de seu filho Sizenando, para onde tinha ido com
a intenção de comprar material para terminar
duas telas para a Catedral de Santos.
M
Cadeira nº 40 - Patrono:
Frei Jesuíno do Monte Carmelo
asceu em Santos, a 25 de março de 1764,
filho de incógnito e de Da. Domingas de
Gusmão, sobrinha de Bartolomeu Lourenço de Gusmão, o Padre Voador. Na vida secular, chamou-se Jesuíno Francisco de Paula Gusmão. Casou-se em 1784, em Itu, com Da. Maria
Francisca de Godói. O casal teve quatro filhos. Morrendo a esposa por volta de 1793, Jesuíno
Francisco sofreu muito; aplicou-se com maior dedicação à pintura e preparou-se para a vida eclesiástica, sendo ordenado frade com o nome de Frei
Jesuíno do Monte Carmelo, no ano de 1797. Consagrou-se aos pobres e fez-se monge mendicante,
arrecadando esmolas para a construção da Igreja
do Patrocínio, da qual se tornou arquiteto e mestre
de obras. Todavia, não chegou a participar da festividade de inauguração do templo, pois, combalido
e doente, veio a falecer a 30 de junho de 1819. Foi
o representante da arte colonial no Brasil.
N
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Ocupantes da Cadeira
1º : Mirta Guarani Rosato
Posse (13/05/1971)
2º: Milton Teixeira
Posse (15/10/1971) - Falecimento (10/09/2012)
Ocupantes da Cadeira
1º: João Christiano Maldonado
Posse (16/06/1976) - Falecimento (03/07/1978)
2º: Paulo Alves de Siqueira
Posse (04/07/1979)
3º: Neide Smolka
Posse (05/03/2004) - Falecimento (01/09/2006)
4º: Jeanette Maria Octaviano Martins
Posse (19/07/2007)
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Acadêmicos
atuais
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 1 - Patrono: Agenor Silveira
Katya Lais Ferreira Patella Couto
Posse em 18 de setembro de 2014
Escrever? Por quê? Para quê?
Numa de minhas aulas de Redação a um grupo de adolescentes do
terceiro ano do Ensino Médio, um deles, que “detestava escrever”, segundo ele mesmo, perguntou-me: “Professora, por que eu tenho que
escrever? Para que serve isso? Vou fazer Engenharia.”
Cursou Letras na Universidade Católica de Santos, tendo três habilitações: Português, Inglês e Francês.
Em seguida, ingressou no Mestrado em Língua Portuguesa, na
Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo. Justamente por haver abordado, em seu trabalho, a
questão do Sistema Educacional
Brasileiro à época, Katya Patella
foi convidada a ministrar palestras em algumas universidades no
exterior. Visitou, então, Portugal,
Espanha, Egito, Israel e Grécia.
O Doutorado em Língua Portuguesa, também na PUC-SP, surgiu como consequência natural
ao caminho que vinha trilhando.
Por mérito, foi contemplada com
o que se chama bolsa sanduíche:
poderia fazer uma parte dos seus
estudos em outro país. Foi, então,
para a França, onde ficou por seis
meses. É autora de vários trabalhos científicos, publicados em
anais de congressos e livros. Ministrou, e ainda ministra, cursos,
palestras, dentre outros, em universidades brasileiras e internacionais. Atua como pesquisadora
e professora dentro da sua área de
formação, ou seja, a linguagem.
C
28
Pensei um pouco em como responder a ele e à classe. Parti, então, de
uma analogia: aprendemos que o homem constrói casas porque está
vivo, mas escreve porque se sabe mortal. Ele vive em grupo porque é
gregário, mas escreve porque se sabe só. Essa escritura é para ele uma
companhia que não ocupa o lugar de qualquer outra, mas nenhuma
outra companhia saberia substituí-la.
A escrita, continuei minha argumentação, não nos oferece muitas explicações definitivas sobre nosso destino, mas tece uma trama cerrada de convivências entre nós e a vida. Íntimas e secretas convivências
que falam da paradoxal felicidade de viver, enquanto elas mesmas
deixam claro o trágico absurdo da vida. De tal forma que nossas razões para escrever são tão estranhas quanto nossas razões para viver.
E a ninguém é dado o poder para pedir contas dessa intimidade.
Disse a ele que acreditava que a narração, a dissertação, a resenha, a
carta, dentre outros textos que havíamos estudado durante o ano, foram mero pretexto para que ele e cada um de seus colegas compreendesse que é pelo uso da palavra que nos construímos como homens,
mulheres, maridos, esposas, pais, mães, amigos, alunos, professores,
enfim, como gente, capaz de, com o perdão de Mário de Andrade, dizer, de coração aberto, que amar não é verbo intransitivo. É transitivo
diretíssimo, porque precisa de um complemento, porque precisamos
amar a nós mesmos, amar aqueles que nos rodeiam, amar a vida.
Terminei, então, lendo um trecho do poema “Amar”, de Carlos
Drummond de Andrade, que, por acaso, trazia comigo naquele dia:
“Que pode uma criatura senão,/ entre criaturas, amar?/ amar e esquecer,/ amar e malamar,/ amar, desamar, amar?/ sempre, e até de
olhos vidrados, amar?”
Não sei se o aluno do começo deste texto ficou satisfeito com minha
explanação. Só posso afirmar que, a partir daí, ele não mais reclamou
e entrou na Poli-USP. Talvez a nota máxima que ele obteve na redação tenha contribuído para o resultado, não é mesmo?
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 2 - Patrono: Alberto Sousa
Sergio Willians dos Reis
Posse em 19 de abril de 2012
A origem da Casa de Martins Fontes
ergio Willians nasceu em
Santos, litoral do estado de
São Paulo, no dia 15 de dezembro de 1967. Desde a juventude
se mostrou interessado pela literatura
e, sobretudo, pela história regional,
acalentando um dia poder unir essas
duas paixões. A opção pelo jornalismo foi natural e, em 1992, iniciou
sua trajetória profissional no Diário
Popular (atual Diário de São Paulo).
Passou também pela TV Tribuna, afiliada da Globo em Santos, ajudando
na implantação do jornalismo local.
É autor dos livros “Pelas Curvas das
Estradas de Santos”(2008), “Bondes
de Santos” (2009) e “Jacinto, o Sansão
do Cais Santista” (2012). Também publicou a revista “Almanaque de Santos” (2011) e a coleção “Almanaque
Santista” (2012), ambos pelo Instituto Histórico e Geográfico de Santos.
Possui centenas de artigos publicados
em jornais e revistas, em colunas que
tratam de fatos históricos da cidade
santista. Em 2013, Sergio Willians assumiu o posto de secretário-adjunto
de Cultura do município de Santos e
no ano seguinte o de diretor da Fundação Arquivo e Memória de Santos.
Em 2013, iniciou o Blog “Memória
Santista” e um canal na rede social
Facebook, que contava, até 2016, com
mais de oito mil seguidores.
S
Na segunda metade dos anos 1950, Santos já se apresentava como
uma cidade culturalmente fervilhante do ponto de vista literário.
Escritores, trovadores e poetas produziam com afinco e sonhavam
em organizar sua própria entidade, espelhada nos moldes da Academia Brasileira de Letras, fundada em 1897 no Rio de Janeiro e
da Academia Paulista de Letras, criada em 1909 na capital bandeirante. Assim, liderados pelo diretor da Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras de Santos, Monsenhor Primo Vieira, e pelo empresário Clóvis Pereira de Carvalho, um grupo composto por doze
figuras ilustres da cidade fundou, em 23 de junho de 1956, a Academia Santista de Letras, elegendo como patrono o poeta Martins
Fontes.
Os fundadores da ASL, de acordo com a ata de criação da entidade, foram Clóvis Pereira de Carvalho, Durval Ferreira, Monsenhor
Primo Vieira, Álvaro Augusto Lopes, Archimedes Bava, Edmundo
Amaral, Jaime Franco, Maria José Rezende, Mariano Gomes, Nicanor Ortiz, Saulo Ramos e Cid Silveira.
Demorou um pouco para ocorrer a instalação oficial da Academia,
o que só veio a acontecer no dia 17 de março de 1957, em sessão solene da Câmara Municipal de Santos na Sala Princesa Isabel, Paço
Municipal, que contou com a ilustre presença do então presidente
da Academia Brasileira de Letras, Peregrino Júnior.
Sem sede fixa, as solenidades e reuniões da Academia Santista
de Letras aconteciam em lugares gentilmente cedidos, como no
Salão Nobre do Clube XV, que ficava no prédio que pertenceu
ao Jóquei Clube de Santos (esquina da Rua Marcílio Dias com
Avenida Presidente Wilson), no Salão Camoneano, do Real
Centro Português (Rua Amador Bueno) e no Salão de Mármore
do Parque Balneário Hotel.
Mais recentemente, a Academia Santista de Letras ocupou como
sede um espaço no prédio da Sociedade Humanitárias dos Empregados do Comércio e está atualmente num sobrado do Grupo
Santa Cecília, onde promove suas solenidades.
29
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 4 - Patrono: Alexandre de Gusmão
Ana Maria Pereira Sachetto
Posse em 25 de junho de 1997
O sonho do escritor
Digitou o ponto no final da frase e recostou-se na cadeira. Não
estava satisfeito. Escritor de talento reconhecido, sempre tivera
enorme facilidade em criar as histórias dos seus livros, invariavelmente um sucesso de público e crítica. Mas, desta vez, não.
Tivera muitas dificuldades em fazer fluir sua história.
asceu em Santos, fez seus
primeiros estudos no Colégio São José. Bacharelou-se em Jornalismo em 1965 e, em
74, em Publicidade e Propaganda,
ambos pela UniSantos. É formada
em Piano com Aperfeiçoamento,
pelo Instituto Musical Santa Cecília. Data de 1968 seu certificado
do curso de Extensão Universitária
na área de Psicologia Aplicada, da
Faculdade de Filosofia N.S. Medianeira, de São Paulo. Iniciou-se profissionalmente no Jornalismo no
jornal “Cidade de Santos”, em 1970.
Em 72, transferiu-se para o jornal
“A Tribuna”. Assumiu as funções de
Editora de Artes em 1º de maio de
1976, permanecendo no cargo até
a aposentadoria, em outubro de 93.
Tem diplomas outorgados por entidades literárias e culturais da Baixada Santista, e recebeu inúmeros
troféus, placas e medalhas ao longo
de sua carreira, alguns de abrangência nacional. É vencedora do
concurso nacional sobre “A Paz”,
promovido pelo Yazigi Internacional. Continua atuando no Jornalismo como colaboradora do jornal
“A Tribuna” e mantém dois blogs:
www.anamariasachetto.blogspot.
com e www.opiniaodaanasachetto.
blogspot.com
N
30
Além disso, confessadamente cético, andava cismado com as
obras ditas psicografadas. E – tinha de reconhecer – mais parecia que não era ele quem escrevia, tal a facilidade com que redigia suas histórias. Agora, não sabia por que, não estava satisfeito
com o desfecho que dera ao novo romance.
Cansado, adormeceu na cadeira. E “viu” alguém se aproximar
do teclado do computador e digitar alguma coisa. Acordou assustado, perguntou à empregada se ela tinha entrado na sala.
Resposta afirmativa, mas negação veemente de que a moça tivesse se aproximado do computador.
Temeroso, releu o que havia escrito. Percebeu que, na última
frase dita por sua personagem, a expressão “renunciar à vida”,
que ele era capaz de jurar ter escrito, exibia agora outro verbo: “anunciar a vida”. Um final mais humanista, que o agradava
muito, surgiu em sua mente. Sorriu e voltou ao computador.
Martins Fontes também fez poemas
na lingua italiana
BACI MORTI
Dobbiamo amar la donna sempre piu,
Se non illude o. quando è ingannata,
Perdona per amore o per virtu,
Per rispetto dell’epoca passata.
Quante volte, delia mia gioventu
Mi sovvengo, di quando fidanzato.
Vedo che allora amavo suppergiu . . .
Ma non quando dovevo aver amato.
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 5 - Patrono: Álvaro Pereira de Carvalho
Olindo Cavariani
Posse em 3 de junho de 2005
O ápice de duas vidas unidas pelo destino
Um página que deixou infinitas recordações
Meus amigos
asceu na cidade de Olímpia,
Estado de São Paulo, em 5
de maio de 1920, filho de
Marcelo Cavariani e Brígida Reinaque Abadia. Foi casado com D. Diva
Jardim Cavariani, com quem tece
três filhos: Evandro, Caio e Régis . O
Professor Olindo tem Licenciatura
Plena em Pedagogia, pela Faculdade
de Educação e Ciências Humanas
“Prof. Laerte de Carvalho”, de Santos,
inúmeros cursos e especializações
em diversas entidades, congêneres
de Santos e outras cidades. Tem vários títulos honoríficos, dentre tantos o Titulo de Cidadão Emérito de
Santos, concedido pela Câmara Municipal de Santos “pelos relevantes
serviços prestados ao Município”. O
diploma lhe foi entregue em sessão
solene e pública, no Dia do Professor em 1971, pelo então Governador do Estado de São Paulo Laudo
Natel; seu amigo particular. Ao longo de suas atividades de magistério,
como Professor Secundário, Diretor,
Inspetor do Ensino Secundário e Normal, Delegado e Diretor de Educação
paraninfou mais de vinte turmas de
formandos.Entre outros trabalhos publicados, destacam-se os livros: “Laudo Natel – O Governador”, “Mirassol
– Minha Terra” e colaborou no jornal
“Correio de Mirassol”.
N
Neste pequeno espaço que disponho é um imperativo nas minhas intenções reverenciar a memória daquela que muito me
ajudou a chegar até aqui.
Vislumbro neste seleto auditório, e com que dolorosa saudade,
a memória de uma cadeira vazia deixada por minha companheira e incentivadora de tudo que me foi dado realizar durante
meio século percorrido, e agora no plano espiritual.
Obrigado, mil vezes obrigado.
Com Diva aprendi que amor, só é amor quando ele é eterno.
Obrigado, mil vezes obrigado.
Principalmente a estas derradeiras palavras, pela vossa nobreza
em ouvi-las quando minha voz já está embargada de tantas e
tantas emoções...
A poesia de Zézinho publicada em Piccola
Antologia poetica brasiliana
MIA MADRE
Bacio la man che su di me si spalma,
Per benedirmi e sempre sostenere.
L’amore tuo questo mio cuor mi calma
E provo il bene dei tuo benvolere.
La mano t’ho baciato e la mia palma
Guardo, linea a linea, per vedere
Se scopro in me un po’ della tua alma;
Se la tua grazia è in me, voglio sapere..
31
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 6 - Patrono: Ângelo de Sousa
Maria Araújo Barros de Sá e Silva
Posse em 17 de agosto de 1994
Metamorfose
tual presidente da Academia Santista de Letras,
desde setembro de 2005.
Nasceu em Salgueiro, PE, a 5 de janeiro, filha do casal Messias José de
Sá e Josina Nunes de Barros, casada,
reside em Santos desde 1954. Cidadã Santista pela Câmara Municipal
de Santos, formada em Letras pela
Faculdade de Filosofia Ciências e
Letras de Santos – UNISANTOS.
Escritora e poetisa, com vários livros publicados. É membro da Academia Feminina de Ciências, Letras
e Artes de Santos, do IHGS e outras
entidades. Foi presidente do Elos
Clube de Santos e presidente do
Elos Internacional da Comunidade
Lusíada. No exercício da presidência da Academia santista de Letras
criou O FAROL, jornal da Academia, que já está no nº. 59 editou a
Revista Literária nº. 5 e a de, 6, criou
as galerias: dos Patronos, dos Beneméritos e dos Presidentes, além do
Salão Nobre “Oswaldo Paulino”,
criou o site da Academia e realizou
a mudança para a nova sede social.
Criou a Semana Martins Fontes,
que já está no 10º ano consecutivo e
criou também o Grupo “Amigos de
Martins Fontes”, que realiza o “Chá
das Cinco” mensalmente.
A
32
Sou um todo que se divide,
metade o Nordeste,
do meu Salgueiro agreste,
a outra metade – São Paulo,
desta Santos tão querida.
Salgueiro, na minha infância,
Santos, minha plenitude,
tenho viva na lembrança
a minha chegada em Santos,
ainda na juventude.
Salgueiro, adolescência,
em Santos tornei-me adulta,
em Santos quero viver e morrer
para, depois,
como, Fênix renascer em Salgueiro,
no sertão de Pernambuco!...
Hino de Amor a Santos
Canto para você, minha cidade linda,
um canto que transborda do meu coração,
um canto de prazer e de ternura infinda,
meu poema de amor, minha doce canção.
Ó minha cidade, para você eu canto,
minha felicidade meu contentamento.
Terra querida, amada, que eu venero tanto,
Santos florida é poesia, é deslumbramento.
Canto para você, porque tudo é amor,
na praia tão linda quando é manhã de sol
e nas tardes chuvosas com frio ou calor.
Canto para você, na luz, na claridade,
no silêncio da noite, depois do arrebol,
canto para você, “Terra da Caridade”.
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 7 - Patrono: Bartolomeu de Gusmão
Gilberto Passos de Freitas
Posse em 28 de novembro de 2003
Sessenta anos de tradições e cultura
Sessenta anos comemora a Academia Santista de Letras – Casa
de Martins Fontes –, tão viva, tão pujante, refletindo as tradições de cultura do povo santista.
asceu na cidade de São
Paulo, a 21 de junho de
1938, filho de José Maria
de Freitas e Celeste Passos de Freitas. Formado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade
Católica de Santos. Curso concluído no ano de 1963. Possui mestrado (2000) e doutorado (2003),
ambos em Direito, pela Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo. É desembargador aposentado
do Tribunal de Justica do Estado
de Sao Paulo. Membro do Conselho Superior de Meio Ambiente
e Sustentabilidade da Associação
dos Registradores Imobiliários de
SP. Foi Corregedor Geral da Justiça do TJSP (2006/2007). Membro
do Conselho Científico da Revista
de Direito Ambienta (RT). Professor Titular da Universidade Santa
Cecilia. Professor convidado da
Escola Superior do Ministério Público. Casado com D. Vera Lúcia
Chavasco de Freitas, Professora
de História, possui dois filhos: Roberta Marcondes Passos de Freitas
Campedelli e Gilberto Passos de
Freitas Filho. Autor de vários livros
jurídicos, e publicou inúmeros artigos em revistas especializadas em
Direito.
N
Falando em seu nome, por ocasião de minha posse, Nilo Entholzer Ferreira afirmou: “na medida em que acolhemos a luminosa esteira de cultura, estamos espalhando através dela os
traços mais eloquentes de um sonho chamado espiritualidade
e, qual Arieis dos tempos modernos, vamos mostrando aos
nossos irmãos da cultura os caminhos mais tranqüilos da convivência humana e os mais eficazes mecanismos da libertação
material, moral, política e espiritual do ser humano.”
Estas palavras, que continuam vivas no nosso coração, aplicam-se inteiramente ao momento atual e são motivos de orgulho e distinção de poder conviver com aqueles que, na lealdade
das palavras, na amizade do olhar e no comportamento sempre
de amor ao próximo, fazem um diferencial sem igual. Adotando o lema do nosso poeta maior, Martins Fontes, não é demais
lembrar, “Como é bom ser bom”.
Martins Fontes
Poemas do Livro
“A Flauta Encantada”, publicado em 1931
Monotonia Rítmica
Era uma noite negra,
horrendamente negra,
Horrendamente negra,
como o corvo do Poe,
horrendamente negra.
Eu tremia, a gelar,
na solidão goiesca,
na solidão goiesca,
inteiramente só,
na solidão goiesca.
Nisto, vejo surgir
um lívido fantasma.
um lívido fantasma,
um hamlético e longo
e lívido fantasma.
Retransido, sem voz,
perguntei com os olhos,
perguntei com os olhos,
quem és tu, quem és tu! —
perguntei com os olhos —
E o avejão respondeu: —
Eu simbolizo o Nada!
— Eu simbolizo o Nada!
E desapareceu... —
Eu simbolizo o Nada!
33
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 8 - Patrono: Galeão Coutinho
Antonio Taveira
Posse em 16 de abril de 2015
Viva a Academia Santista de Letras
O ano de 1956 já começa diferente, é um ano bissexto. Um ano
considerado vibrante para as artes. Nas rádios americanas já se
ouvia Sinatra e Elvis Presley faria sua apresentação histórica em
hollywood. Em Londres dois amigos Jonh e Paul formariam uma
banda The Beatles que se tornariam um sucesso mundial.
ascido em 28/06/1955, filho de Nilo Taveira e Dilma Rodrigues Taveira.
Casado com Sonia Maria Borges
Taveira, têm dois filhos: Letícia e
Leandro. Atuário de formação, trabalhou no Banco do Brasil por 30
anos, em várias agências e cidades.
Atual Presidente do Comitê BB Cidadania dos Funcionários do Banco
do Brasil, é companheiro do Rotary
Club de Santos Vila Belmiro. Diretor da empresa VIA ARTE Produções Ltda e Produtor Cultural tendo
participado da elaboração e execução de vários projetos para a Associação de Amigos da Pinacoteca
Benedicto Calixto, Associação dos
Artistas da Baixada Santista; FESTA – Festival de Teatro de Santos.
FESCETE – Festival de Cenas Teatrais de Santos; TESCOM Escola de
Teatros & Agência de Artistas e Técnicos/ Escola de Samba Unidos dos
Morros e várias edições da Tarrafa
Literária de Santos, realizada pela
Realejo Editora. Tem participação
em nos livros: “Laboratório do Escritor” pela editora Realejo, “DELICATTA V – Cronistas, Contistas e
Poetas Contemporâneos” e “Santos
em Prosa e Versos” publicado pela
Academia Santista de Letras.
N
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No Brasil começávamos a encenar uma possibilidade de Bossa
Nova. O grande cantor do momento era Nelson Gonçalves. No
teatro era encenada a peça O Orfeu da Conceição, de Vinícius de
Morais e Nelson Rodrigues nosso grande dramaturgo.
Na literatura mundial, Albert Camus, escritor Francês, publicava
A Queda, livro que lhe daria o Prêmio Nobel de Literatura no
ano seguinte. No ano de 1956 quem recebe o Nobel é o poeta e
novelista Espanhol Juan Ramón Jimenez. Irwin Allen Ginsberg,
poeta americano publica o poema Uivo iniciando a Geração Beat
. O Alemão Erich Fromm publicava A Arte de Amar. Jorge Luis
Borges, já renomado escritor argentino, torna-se professor de Literatura na Faculdade de Buenos Aires.
No Brasil, Patativa do Assaré publica seu primeiro livro, Inspiração nordestina. João Cabral publica seu auto Morte e vida Severina. Bernardo Élis publicava O Tronco, já João Guimarães Rosa
emendava duas bombas atômicas na literatura brasileira – Grande Sertão: Veredas e Corpo de Baile. Somando a isto o lançamento de O Encontro Marcado, de Fernando Sabino, mais Boca
do Inferno, de Otto Lara Resende, dá para anotar o ano de 1956
como um marco na história da literatura brasileira.
Nessa pujante efervescência, Santos possuía uma vida cultura e
literária ativa, tanto que um grupo de poetas e escritores resolveram fundar uma Academia de Letras em nossa cidade.
Valorizar e divulgar a literatura Brasileira, preservar a memória
e as produções literárias dos Escritores Santos, é a missão básica
de nossa Academia Santista de Letras e seus Acadêmicos. Tenho
orgulho de fazer parte dessa “Casa de Martins Fontes”.
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 9 - Patrono: Fábio Montenegro
Peilton Santos de Sena
Posse em 22 de novembro de 2006
om baiano, nascido num
domingo de sol do mês
de outubro do ano de
1967 na cidade de Itabuna/BA.
Filho de Pedro Alves de Sena e
Marina Rosa de Sena. Poeta em
construção, escritor, autor dos livros “Momentos” (1995) e a Força
dos Versos (2006). Declamador,
ator, contador de histórias e palestrante. Graduado em Letras pela
Universidade Católica de Santos
e Pós- Graduado em Educação
pelo Centro Universitário Lusíada
– Unilus. É membro da Academia
Santista de Letras, da Associação
de Poetas e Escritores da Baixada
Santista – APEBS e da Ordem da
Confraria do Poeta – RS. Premiado em diversos concursos literários nacionais. Verbete na Enciclopédia da Literatura Brasileira
Contemporânea, com trabalhos
publicados em jornais, revistas e
antologias poéticas do País. Foi
Diretor Artístico do Elos Clube de
Santos e atuou como poeta educador no Programa de Alfabetização Solidária do Governo Federal
nos Estados do Amazonas, Ceará
e Pernambuco. Casado com a rosa-Rosângela e pai dos filhos-poesias: Ananda Luz e Pedro Gabriel.
B
Poemar
Risco areia
Versejo imensidão
Rimo bruma
Com espuma
Solitária vaga meu coração
Oceanopoema o meu cantar
Saudades que vem em ondas
Salgada tristeza de além-mar
Choro então, debruçado no cais
A ausência de um amor que partiu
Para nunca mais
Arrepio
Teu corpo quando
Lua no meu
A pele nua
Meu corpo quando
Sol no teu
A pele sua
Sua no meu corpo
A tua pele nua
Minha pele no teu corpo
Simplesmente lua
Deus
Tão necessário
Quanto o ar que respiro
Tão certo quanto o
Suor que transpiro
Tão universal que
Não cabe em minha mente
Tão onipotente que
Basta a si mesmo
E tão humilde que
Preferiu contar com a gente
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Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 11 - Patrono: Heitor de Moraes
Sérgio Teles Fernandes Lopes
Posse em 29 de julho de 2011
Saudação à Academia de Letras
Neste ano de 2016 comemora-se o sexagésimo aniversário de
fundação da Academia Santista de Letras (ASL) – Casa de Martins Fontes.
asceu na cidade de Santos,
litoral de São Paulo no dia
17 de junho de 1950, filho
do ex-prefeito de Santos, Silvio Fernandes Lopes e Arlete Teles Lopes.
É advogado, formado pela Universidade de Bragança Paulista. Na
ára da literatura, é escritor contista,
cronista, romancista e memorialista, tendo publicado seu primeiro
romance “Passageira do Tempo”, no
ano de 2009 pela Editora Comunicar. O livro foi lançado durante a
Bienal do Livro de São Paulo. Sergio Fernandes Lopes colaborou em
coletâneas de Cronistas, Contistas e
Poetas, pela Editora Contemporânea – Laboratório de Escritor, organizado pela Editora Realejo, no ano
de 2010, organizado pela escritora
paulistana Eliana Pace. Também
participou da Coletânea “Santos em
Prosa e Versos” da Academia Santista de Letras, lançada em 2015, com
apoio da Secretaria Municipal de
Cultura de Santos. No ano de 2013,
Sergio Lopes escreveu e publicou a
biografia do seu pai, o prefeito “Silvio Fernandes Lopes (Engenharia
de uma Vida)”, pela Editora Comunicar. Atualmente exerce a função
de vice-Presidente da Casa de Martins Fontes.
N
36
Para festejar a data, dentre outros tantos eventos, resolveu com
propriedade a Diretoria da ASL editar uma revista comemorativa que possa trazer ao publico em geral maior conhecimento
de suas atividades culturais e de seus membros.
Louvável iniciativa que tornara perene a passagem da data.
Quero deixar impressa minha satisfação em pertencer ao quadro de Acadêmicos e prestar minha homenagem e respeito aos
atuais e a todos os Confrades e Confreiras que com brilhantismo nos antecederam e deram sua contribuição nesses 60 anos.
“Salve a Academia Santista de Letras”
Martins Fontes
ADORAÇÃO
Quem disser que a paixão como o fogo se apaga,
E os soluços do amor são efêmeros ais,
Que tudo é igual ao vento ou semelhante à vaga,
Não o creias jamais, não o creias jamais.
Desde o primeiro olhar, quem de amor se embriaga,
Sente que as atrações são mistérios fatais,
O amor é como o sol cuja luz se propaga,
Em crescente esplendor, em clarões imortais.
Há vinte anos em mim irradia uma aurora!
Amei! Amo! Amarei! Amanhã como outrora!
Arde o meu coração em contínuo fulgor!
É imutável, eterno o meu sonho adorado,
Para te sempre amar, bata-me haver-te amado,
O Amor do teu Amor, eis o Amor, meu Amor!
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 12 - Patrono: José Batista Coelho (João Foca)
Amilcar Ferrão Pinto
Posse em 23 de junho de 1978
VIDA
scritor nascido na cidade
de Santos, litoral do Estado de São Paulo, onde
sempre residiu, estudou e trabalhou. É formado em Jornalismo
pela Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras de Santos, departamento de jornalismo, na década
de 1960. Fez carreira no serviço
público municipal, atuando na
Câmara Municipal de Santos, estando hoje aposentado. Escreveu
artigos literários em jornais e revistas de cultura. Publicou os livros de poesia Outro Lugar, Outro
Tempo, Autocanto, Recolhimentos e Canções de Outono e o de
crônicas As Estações da Infância.
É membro efetivo da Academia
Santista de Letras, ocupante da
Cadeira 12, cujo patrono é José
Baptista Coelho. Para Amílcar, a
poesia surge num encontro impressentível, num instante em
que a sensibilidade parece alcançar outra dimensão da realidade
e busca fixar e transmitir essa experiência inefável. O poema como
uma janela que se abre para um
universo mítico, oculto pelo cotidiano, pelo prosaico e que nos
surpreende com seu mistério que
envolve, encanta, enternece.
E
Pequena flor sem nome,
Pobre flor sem perfume,
Que um dia desabrochaste no fundo do abismo,
Tua existência não foi por ninguém percebida.
Ainda que ínfima,
Foste a presença silenciosa do milagre,
Foste um instante de eternidade na voragem do tempo.
CANÇÃO I
Sou o que vejo
E não penso.
A vida, assim,
Cabe em mim.
Ser o outro,
O ser de fora,
Só a paisagem.
Ou a miragem ?
CANÇÃO II
Pudessem as vagas levar
Até os confins do oceano
Este barco que faz água
Depois de tantas viagens
E tormentas e naufrágios !...
Pudessem os ventos de outono
Soprar estas velas rotas
Para então poder partir
Nalgum roteiro sem norte,
Sem bússola ou astrolábio !...
As vozes do mar eu ouço
Nas ondas que vêm do abismo,
Que se quebram nesta praia
E no barco que ficou
Preso às amarras do cais !
37
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 13 - Patrono: João Cardoso de Menezes e Souza
Silvia Ângela Teixeira Penteado
Eleita em 15 de junho de 1989
Saudação à Academia de Letras
Participar da Academia Santista de Letras tem sido uma honra
e inspiração para mim. A sensibilidade natural da mulher necessita de veículos e associações que permitam o florescimento
da participação coletiva feminina, estimulando as manifestações sociais.
ílvia Ângela Teixeira Penteado é pedagoga, mestre e
doutora em Educação. Começou a trabalhar aos 15 anos ao
lado de sua família, toda composta
de educadores e, hoje, desempenha
as funções de Reitora da Universidade Santa Cecília e Diretora-Acadêmica do Sistema Santa Cecília de
Rádio e TV Educativas.
Autora de “Participação na
Universidade: Retrato em Preto e
Branco” (ed. Pioneira) e “Identidade
e Poder na Universidade” (ed. Cortez/UNISANTA), entre outros, Sílvia
tem publicado trabalhos científicos
e educacionais como contribuição
para a disseminação do conhecimento, ao longo de sua carreira.
É membro do Conselho de
Reitores das Universidades Brasileiras. Pesquisadora da Associação
Nacional de Política e Administração da Educação, do Instituto Paulo
Freire e Presidente da Fundação Pinacoteca Benedicto Calixto.
Sua vida está ligada a instituições e organismos de ciência, cultura
e educação, como educadora apaixonada pelo seu trabalho na formação
de gerações e de ações concretas que
se têm revertido à qualidade de vida
da nossa sociedade.
S
38
Como membro dessa entidade, reafirmo os ideais de zelar pelo
cultivo da Língua e da Literatura Portuguesa, reforçando os laços em prol da reflexão intelectual indispensável para a elevação cultural de Santos e região, com reflexos positivos ao País.
Comemorar um Jubileu de Diamante é mais um motivo de
orgulho, que aumenta a nossa responsabilidade como cidadãs
conscientes da importância da Arte e da Cultura.
Martins Fontes colaborava com várias revistas,
como “A Cigarra”, onde publicou este poema,
na edição de 19 de janeiro de 1916
RELIGIÃO
Creio que Deus foi inspirado
Pelo ideal de um grande amor:
E, como um poeta apaixonado,
Fez a mulher e fez a flor.
Pois nem o lírio, nem a rosa,
Tem esse encanto singular,
Essa expressão maravilhosa,
Que há no sorriso de um
olhar…
Fez, completando a obra divina,
Para ser justo em seu mister,
Da rosa, a carne feminina,
O lírio, da alma e da mulher.
Oh! A mulher é incomparável!
Não tem um símile sequer!
É indefinível e adorável!
É mais que a flor, porque é
mulher!
Vivem na terra confundidas
Essas imagens ideais:
E, sendo em tudo parecidas,
São tão diversas sendo iguais…
Ela é a suprema inspiradora!
Ela é a suprema adoração!
E a criatura, e criadora,
Ela é maior que a criação!
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 14 - Patrono: Joaquim Xavier da Silveira
Nancy Simões Dias Olmo
Posse em 23 de setembro de 2011
O que acontece
édica formada pela Universidade Federal de Medicina e Cirurgia do Rio de
Janeiro. Especialização em Pediatria
e Hebiatria pela Universidade Federal de Medicina e Cirurgia do Rio
de Janeiro. Assistente da Cadeira de
Pediatria do Instituto Fernandes Figueiras de 1958 a 1964. Pianista formada pela Escola Nacional de Música da Universidade do Brasil. - Poeta
e Pintora. Formada em Letras pela
Universidade Metodista de São Paulo. Membro da Academia Feminina
de Ciências Letras e Artes de Santos.
Membro da Academia Santista de
Letras. Membro do Instituto Histórico Geográfico de Santos.
M
Realmente não sei o que acontece
Sinto vontade de escrever,
O que será?
Não consigo mais sonhar sozinha?
Preciso do branco papel
Para fazer confidencias?
Ele é frio e não responde
Aceita só minhas palavras...
Também não as discute
Só as aceita...
Boas ou más, o que importa?
A verdade é que aceita
Escrevo, escrevo...
Ninguém lendo,
Também não importa
O que importa é o que escrevo.
SER PAULISTA
Ser paulista! é ser grande no passado
E inda maior nas glórias do presente!
E ser a imagem do Brasil sonhado,
E, ao mesmo tempo, do Brasil nascente.
Ser paulista! é morrer sacrificado
Por nossa terra e pela nossa gente!
É ter dó das fraquezas do soldado
Tendo horror à filáucia do tenente.
Ser paulista! é rezar pelo Evangelho
De Rui Barbosa — o sacrossanto velho
Civilista imortal de nossa fé.
Martins Fontes fez sua
homenagem aos bravos
soldados de São Paulo,
que sacrificaram suas
vidas por um ideal de
justiça.
Ser paulistal em brasão e em pergaminho
É ser traído e pelejar sozinho,
É ser vencido, mas cair de pé!
39
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 15 - Patrono: José Bonifácio de Andrada e Silva
Gildo dos Santos
Posse em 18 de abril de 1997
José Bonifácio – a modéstia
Pesquisando a vida de José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriarca da Independência, tivemos dificuldade em examinar as
diversas facetas de sua existência, tão ricas em quantidade e qualidade. Por isso e por nossas limitações, fazemos aqui breves anotações a respeito de quem é merecedor dos maiores louvores.
ilho de Gumercindo dos
Santos e de D. Maria dos
Santos, nasceu a 11 de novembro de 1936, em Santos, Bacharel pela Faculdade de Direito da
Unisantos (1960). Especialização
pela Faculdade de Direito da USP.
Professor de Direito Processual Civil
desde 1969, na Faculdade de Direito
da Unisantos, e desde 2000 na Faculdade de Direito da Unisanta. Professor Convidado do Curso de Pós Graduação do Instituto Internacional de
Ciências Sociais – Centro de Extensão Universitária de São Paulo, desde 1998. É sócio titular do Instituto
Histórico e Geográfico de Santos e
também do de São Vicente. Possui
trabalhos publicados na Revista dos
Tribunais, na Revista Forense, na
Revista Ajuris do Rio Grande do Sul,
na Revista do Tribunal de Justiça do
Estado de Minas Gerais, e artigos
nos jornais A Tribuna, de Santos, e
O Estado de São Paulo. Foi Presidente do Tribunal de Ética Profissional
da OAB/SP. Foi membro do Conselho Editorial da Editora Universitária Leopoldianum da Unisantos, e,
também, da Revista da Procuradoria Geral do Município de Santos.
É consultor jurídico, conferencista,
advogado e autor de obras jurídicas.
F
40
Além de seus estudos em Jurisprudência, Ciências Físicas e Naturais na Universidade de Coimbra, e na Faculdade de Leis e de
Filosofia, também naquela cidade, notória a sua preocupação com
o meio ambiente, confirmada no seu livro “O plantio de novos
bosques em Portugal”, e com os trabalhos em mineralogia, escrevendo sobre “As minas em Portugal”. De registrar-se a conquista
do grau de Doutor em Ciências Naturais, naquela Universidade,
além de ter sido professor catedrático de Geognosia e Metalurgia.
Na política, sobressai a sua visão de grande estadista, reconhecida
por todos.
Queremos, porém, salientar o que mais nos chamou a atenção: a
sua extraordinária modéstia. Essa qualidade enaltece ainda mais a
sua figura, ornada por prodigiosa inteligência, vasta cultura, sabedoria, tudo isso num homem sábio, simples e humilde.
Os jornalistas Hamleto Rosato e Olao Rodrigues chamavam-no
de “o maior de todos os brasileiros”.
Sem o brilho desses saudosos amigos, que dignificaram a nossa
cidade, afirmamos que José Bonifácio foi e é um exemplo de modéstia e humildade para os jovens e para as futuras gerações, pois,
jamais aceitou qualquer título do Governo, concessão comum na
época. Não quis receber a Grã-Cruz do Cruzeiro, nem o título de
Marquês.
Ele viveu somente para servir à Pátria, de modo humilde e modesto. Coincidência, ou não, em 13 de junho, data de seu nascimento,
é o dia em que se comemora o querido Santo Antonio, que, por
igual, humilde e simples, somente serviu ao próximo, missão a
que também se dedicou por toda a vida.
O Patriarca pediu que, no seu túmulo, se escrevesse “Eu desta glória só
fico contente que à minha terra amei e à minha gente”, o que se justifica
porque nunca pensou em si mesmo, mas, apenas, nos semelhantes.
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 16 - Patrono: José de Freitas Guimarães
Adilson Luiz Gonçalves
Posse em 4 de maio de 2012
Surreal
Qual num quadro de Dalí, as imagens se amolgavam...
Eu buscava, alucinado, por um foco mais preciso,
que deixasse ver teu rosto ao menos por um átimo,
antes que o torpor do sono me levasse a luz e o siso.
scritor, poeta, compositor,
articulista e cronista, colaborador de vários meios
de comunicação do país e premiado em certames literários. Nascido
em Santos é autor das coletâneas de
contos, crônicas e poesias: Sobre Almas e Pilhas (2005), Dest’arte (2009)
e Claras Visões (2010). Colaborador do Instituto Caros Ouvintes de
Estudos de Mídia, de Florianópolis
- SC, onde assina as colunas “Rádio
Ativa” e “Comportamento”. É mestre em Educação, pela Universidade
Católica de Santos, onde lecionou
em cursos da área de Engenharia e
Saúde, entre 1990 e 2010. Engenheiro Civil, formado na Universidade
Santa Cecília, em 1983, com pós-graduação no Institut Supérieur du
Béton Armé, de Marselha – França.
Professor da Universidade Santa Cecília desde 1997, lecionando em cursos de Arquitetura e Engenharia. É
especialista do Instituto Millenium,
do Rio de Janeiro - RJ. Engenheiro
concursado da Prefeitura de Santos –
SP, desde 1989. Conferente de Carga
e Descarga concursado do Porto de
Santos – SP, desde 1994. Conferencista. Intérprete no idioma francês.
Membro do Rotary Club de Santos
– Porto.
E
Fechei, então, os olhos, pra poder te ver melhor,
pois até em pensamento tua imagem está ali!
E mesmo quando me afasto, qual obra de Escher,
as escadas da mente me levam a ti!
Te vi qual tu és: beleza mutante,
que em Vasarelly não achei nenhum par.
És muitas mulheres num mesmo semblante:
um céu colorido sobre um verde mar!
Não és surreal, pois te toco e te sinto!
Mas onde me levas eu vou, sem pensar.
Sou eu que me amolgo e de amor me desfaço.
Surreal é tua aura! Irresistível é o teu olhar!
Sangria
Corte na carne!
Corte profundo!
Dane-se a dor!
Dane-se o mundo!
Sangue vermelho
escorre em vão;
tinge de rubro
o corpo e o chão.
Clamar por socorro
não é meu intento,
pois curo as feridas
com o fogo do tempo,
que queima, arde e estanca,
e se apaga com o vento.
Dano passageiro,
malgrado intenso.
O mundo é inocente
das coisas que penso.
Sou eu o errado,
irrequieto e tenso.
Onde está meu láudano?
Onde está minha cura?
Quem sabe na alma,
tornada alva e pura.
Contida a sangria,
que tanto me cansa,
quem sabe eu recobre
a fé e a esperança.
41
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 17 - Patrono: Martins Fontes
Raul Christiano de Oliveira Sanchez
Posse em 17 de agosto de 2007
Feliz Ano Novo Feliz
o mundo sempre
pertencerá aos poetas
embora não esteja
hoje em dia para eles
ascido em Apucarana, Paraná, no dia 10 de setembro
de 1958, viveu a infância e
a adolescência na cidade de Brotas.
Aos 13 anos veio residir em Santos.
Estudou na Escola Estadual Professor Primo Ferreira. Aluno aplicado
e militante ativo nos movimentos
estudantil e literário, presidiu Centro
Cívico e criou Academia Juvenil de
Letras. Desde cedo escreve poesias
e crônicas, publicando-as em suplementos jornalísticos como A Tribuninha, de A Tribuna, e Folhinha, da
Folha de São Paulo, além de jornais e
revistas nacionais e estrangeiras. Publicou vários livros. Jornalista graduado pela Faculdade de Comunicação
da Universidade Católica de Santos;
estudou ainda Direito e Ciências Sociais. É professor universitário e especialista em Gestão de Programas
Sociais pelo BID - Banco Interamericano para o Desenvolvimento.Presidiu a regional da Baixada Santista
do Sindicato dos Jornalistas e trabalhou no jornal A Tribuna, nas rádios
Clube e Cacique de Santos, na TV
Mar, Prefeitura de Cubatão, CDHU,
Sabesp, Ministérios da Fazenda e da
Educação. Foi Secretário Municipal
de Cultura de Santos (2013-2014) e
dirige o Programa de Oficinas Culturais do Estado de São Paulo.
N
42
faz pouco tempo
e me descobriram
num poema
postado em rede
II.
descoberto
que nem me parecia
aquele sujeito
suando versos
em cima
de uma bicicleta
à beira-mar
este mundo estará
mesmo para os poetas?
III.
hoje em dia
acredito que o mundo
não esteja
embora não encontre
uma alma disposta
a dizer o contrário
pq todo mundo
precisa dos poetas
IV.
não vejo sentido
em recorrer
aos poetas
apenas quando se carece
de palavras certas
ou de uma declaração de amor
o mundo lhes pertence
V.
e os poetas
se importam quando
se descobre
que o mundo
não está nem aí
para eles
pq poetas
bem percebem
os anos e as palavras
renovadas
VI.
palavras nunca são retas
para os poetas
q tuítam com anjos tortos
das sombras
e aceitam seus preceitos
vá ser poeta na vida
no mundo
VII.
mas vejo gente feliz
quando se compara
a um poeta
nesse mundo fingido
q não liga para eles
feliz ano novo
nos desenganos
danos do mundo!
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 18 - Patrono: Júlio Ribeiro
Josefa de Deus Camaño (Jô)
Posse em 23 de julho de 2015
Senhora dos Ventos
ô é filha de mãe católica e pai espírita. Com os
dois ensinamentos teve
liberdade de escolha. Ainda jovem
começou a se interessar por temas
dos grandes Arcanos Egípcios e
Cartas Ciganas. Estudou e desenvolveu conhecimentos ao longo da
vida. Já tendo publicados contos e
poesias em Antologias, em 2012
publicou “Sagrada Sabedoria Cigana”, em 2014 publicou: “Sagrada
Sabedoria dos Mestres do Deserto”, motivando uma viagem mística ao deserto do Saara, deixando
um exemplar depositado naquelas
areias. No ano de 1970 colou grau
em Direito e ingressou no Tribunal
de Justiça de Estado de São Paulo,
onde permaneceu em atividade
por 35 anos, até sua aposentadoria.
No ano de 1980 concluiu o curso
de jornalismo pela Faculdade de
Comunicação de Santos – Facos,
época em que conheceu, na Faculdade, pessoas que pertenciam a
Antiga Mística Ordem Rosa Cruz
(amorc), que a convidaram a participar da entidade. Em 2015 tomou posse na Academia de Letras
de Santos e no Instituto Histórico
e Geográfico de Santos, na cadeira
de Domitila Castro Canto e Melo, a
Marquesa de Santos.
J
Procurei-te em muitos sonhos e não te vi
Porque dormias e não me vias...
Procurei-te nas areias da praia do Embaré
E não me olhavas... Só caminhavas...
Mas... Deixei o perfume do meu amor
Espalhado no ar só para te provocar
Procurei-te nas noites de luar
E insistias pela vida cantar...
Procurei-te nas primaveras da vida,
E só olhava o orvalho das flores,
Inebriado pela beleza de muitos amores.
Procurei-te no Verão dos meus dias e não me vias...
Entretinhas em trabalhar e nem vias o meu olhar...
Procurei-te no Outono da vida,
Mas... Refletias e contemplavas teus frutos,
Das escolhas e da social posição
Porém... O Inverno chegou de repente
E como uma procelária, cheguei voando sobre teu barco,
Anunciando as procelas do tempo.
Com bom marinheiro sábio e experiente,
Soubestes te preparar para os fortes ventos
Alinhastes as velas para nova direção
E me vês sempre partir, deixando em trevas com minha passagem
Cuidado velho marinheiro, o oceano é tua terra,
mas não há estratégia para ser feliz.
O momento mostra a grandeza da chegada e o silêncio da partida
Deixo minhas asas no céu,
Arribando-me nos grandes ciclos da vida.
A grande procelária branca,
Que teu coração abriga,
Nas noites negras da alma,
Na velocidade da luz,
E o brilho do luar...
Se um dia quiseres me deixar
De uma coisa fiques certo
Amor, igual ao meu, não irás encontrar...
Porque desde que te conheci,
Só o que faço é te amar.
43
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 20 - Patrono: José Feliciano Fernandes Pinheiro
Walter Theodósio
Posse em 8 de março de 1991
Saudação à Academia de Letras
ascido em Santos, em
26/09/1928, filho de José
Augusto Theodosio e Rosa
Guedes Theodosio. Casado com
Maria Theresa Douradinho Lopes
Theodosio. Graduado em Direito
em 1957, pela Faculdade de Direito de Santos, hoje integrante da
Universidade Católica de Santos.
Cursos de Especialização na Universidade de São Paulo, em Direito
Público em 1972, e em Direito Municipal em 1973. Professor Emérito
Aposentado da Universidade Católica de Santos.
Trabalhos Publicados nas
Revistas “Justitia”, “Julgados do Tribunal de Alçada Criminal de São
Paulo”, “ Jurisprudência do Tribunal de Justiça de São Paulo”, “Procuradoria Geral do Município de
Santos” e da Academia Santista de
Letras, Volumes n.º 1 e 4.
N
Nesta comemoração do Jubileu de Diamante da Casa de Martins
Fontes, deixo registrada minha homenagem ao universo cultural
das letras, traço significativo do grau de evolução de uma comunidade. Dedico um viés especial aos poetas, cuja verve realça o
colorido da vida e dos privilégios do caledoscópio emocional.
Privilegiado os poetas têm o poder mágico de ver a vida em toda
a sua vibração. O mundo neste momento, precisa, mais do que
nunca, dos seus poetas.
Porque o meu último desejo
É que esse túmulo risonho,
Tendo o silêncio para o beijo,
Seja um recanto para o sonho...
Para que um dia uns namorados,
Vendo esse ninho encantador,
Entre os seus ramos perfumados,
Venham falar do seu amor...
Essa é a homenagem mais querida
Essa é a ventura mais secreta,
Que pode ter a alma florida
E apaixonada de um poeta...
E já que a morte não me assombra,
Desiludido sonhador,
Basta-me apenas ser a sombra
Abençoada de um amor...
SONHO DE UM DIA
DE PRIMAVERA
Das recompensas gloriosas,
Essa é a mais íntima e sincera:
O amor não vive, como as rosas,
Um dia em cada primavera...
Quando eu morrer, quero somente
Ter uma campa toda em flor...
Que haja um rosal sobrevivente,
Que imortalize o meu amor...
Tudo se acaba neste mundo...
A vida é apenas uma flor...
Mas no infinito de um segundo,
O amor é sempre o eterno amor!
44
Poesia de Martins
Fontes publicada em
18 de abril de 1917, em
“A Cigarra”
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 22 - Patrono: Paulo Gonçalves
Wilma Therezinha Fernandes de Andrade
Posse em 15 de maio de 1998
Gota de sangue
“Há uma gota de sangue em cada poema” (Mário de Andrade)
A literatura propõe transmitir emoções por meio das palavras em
prosa e verso.
Ao reconhecer o valor desta Academia que, em Santos, se dedica à
arte literária, lembro a frase emblemática :
ilma Therezinha Fernandes de Andrade é santista. Possui Graduação em
Bacharelado (1955) e Licenciatura (1956) em História e Geografia
pela Faculdade Sedes Sapientiae da
Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo (PUC-SP), onde fez
especialização em História da Antiguidade. Mestrado em História
Social - Fac. de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas (FFLCH) - USP
(1981) e Doutorado em História
Social na FFLCH - USP (1990).
Lecionou História, Cultura Brasileira, Museologia na Universidade
Católica de Santos - UniSantos,
onde atualmente leciona História
do Brasil Colônia e História Regional. Coordenadora do Centro de
Documentação da Baixada Santista. Foi vice-presidente e museóloga
do Museu de Arte Sacra de Santos
(MASS) durante 26 anos. Secretária de Cultura da Prefeitura Municipal de Santos, de 1° de janeiro
de 1997 a 25 de maio de 1998. Iniciou o Roteiro Histórico de Santos
(1963) completando 52 anos seguidos em 2015. Fundadora da Academia Feminina de Ciências, Letras e Artes de Santos - AFCLAS;
é membro da Academia Santista de
Letras - ASL.
W
Sangue-símbolo
Corpo-esforço
Vida-movimento
Ideia-sentido figurado
Alma-poesia
Quando li essa frase pela primeira vez, não a entendi bem. Pensei
até que havia nela exagero, aquele exagero natural dos artistas, dos
poetas. Achei a poesia triste com alguma coisa de patético. Hoje, passados anos, meu conceito sobre este verso mudou completamente.
O poeta correu à frente da minha inexperiência. Preparou o caminho como um São João Batista lírico. Clamou no deserto até que o
sacrifício o fez audível, o verso fez-se mensagem.
Tudo que se faz de valioso, tudo que se consegue de bom, tudo
que é agradável tem, em contrapartida, um preço que a Natureza, a
Sociedade, a Mente nos faz pagar.
Cada trabalho pronto e bem feito, saído com esforço da cabeça, das
mãos, do corpo todo, fruto da pesquisa, da reflexão, da atividade,
é um pouco de mim que se desprende, tal como um filho. Quanto
custa! É um pouco da minha vida, é o meu sangue.
Um trabalho, um esforço. Um poema, um pouco de vida. Vida,
sangue. Em troca de um pouco de mim, sai um trabalho que é
vida. Sangue lembra corpo. Poema lembra alma. Sangue, vida. Poema, perenidade.
O que ficará de minha vida é esse trabalho, se este permanecer.
Em cada obra minha, há um pouco de um poema, há um pouco
de sangue.
Mário, velho Poeta, tinhas razão!
“Há uma gota de sangue em cada poema”.
45
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 23 - Patrono: Ranulpho Prata
Mario Azevedo Alexandre
Posse em 22 de agosto de 2006
Simplesmente Mulher
Para Maria do Carmo, Ana Carolina e Ana Luísa
asceu em São Vicente SP.,
no dia 11 de outubro de
1948. Bacharel em Relações Públicas pela Faculdade de
Comunicação de Santos, Contabilista, Advogado, Pós-graduado em
Metodologia e didática do ensino
Superior. Poeta e escritor com vários
livros publicados. É sócio fundador
da APEBS – Associação dos Poetas e
Escritores da Baixada Santista, Sócio
efetivo da União Brasileira de Escritores – UBE, fundador da Academia
Maçônica Internacional de Letras,
secretário da Academia Paulistana
Maçônica de Letras(SP), membro
da Academia Vicentina de Letras,
Artes e Oficios “Frei Gaspar da Madre de Deus”; membro do Instituto
Histórico e Geográfico de Santos e
também do de São Vicente, autor de
cinco livros; membro da Academia
Internazionali di Poesia em Régio
Calábria (Itália) onde tem trabalhos
publicados, membro correspondente de várias academias, tais como:
Itanhaém, Petrópolis, Juiz de Fora,
etc. Detentor de mais de uma centena de prêmios e medalhas em concursos literários de poesias, contos,
crônicas, haicai, ensaios literários,
etc. Possui prêmio em concursos literários na Itália e Portugal.
N
46
Nasceste da costela de Adão,
num dia e local qualquer,
com sublime inspiração
Deus te criou... Mulher.
Mulher és uma canção,
és harmonia, és encanto,
és a sublime oração
que alivia o meu pranto.
Mulher teu limite é o espaço,
nem sei mais o que dizer,
do teu mundo de fantasia,
quando preso em teu abraço,
teu corpo dá-me o prazer,
tua alma, dá-me... a poesia.
Esposa, filha e neta
as mulheres de minha vida,
trazendo um sorriso no rosto,
reforça o sentido de viver.
Vende-se apto. em Santos
A fundação estava bem abaixo
do meu coração.
Sentia até a sua palpitação,
Garagem coletiva, carros pequenos,
o quarto era de solteiro,
a sala minúscula, e a cozinha
nem o fogão cabia.
a sacada era ampla para fora,
banheiro individual mesmo,
porém na janela lateral,
via o mar e a linha do horizonte,
nesse espaço limitado,
de cimento e aço,
dois corpos unidos num abraço,
havia um imenso espaço
para um grande amor. . .
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 24 - Patrono: Waldomiro Silveira
Mozar Costa de Oliveira
Posse em 16 de agosto de 1989
Inteligência e Cultura na Gente Caipira
acharel em filosofia
(Universidad Comillas
de Madrid), promotor
de justiça por pouco menos de
dois anos (Estado de São Paulo), Juiz de Direito em Sorocaba, Fartura, Jaboticabal, Santos
e São Paulo; juiz do ex-Primeiro
Tribunal de Alçada de São Paulo
(sete anos) e desembargador no
Tribunal de Justiça de São Paulo
(três anos); mestre e doutor em
direito (USP), desembargador
aposentado (Tribunal de Justiça
de São Paulo), professor de direito durante 29 anos (Universidade Católica de Santos, São
Paulo), atualmente advogado
parecerista e escritor. Três livros
publicados — (1) Paixão, Razão e Natureza. Lisboa: Chiado
Editora, 2015 (444 páginas); (2)
Conceito de lei na metafísica e
na ciência positiva (Santo Tomás
de Aquino e Pontes de Miranda). São Paulo: Biblioteca24horas, 2014 (350 páginas); (3) As
raízes da corrupção. São Paulo:
Biblioteca24horas, 2014 (632
páginas). Artigos jurídicos nos
blogs http://mozarcostadeoliveira.blogspot.com; e http://emt.
blogspot.com.br/.
B
Todo sábado, às 8h, quem ligar o Canal 6 (TV Câmara) encontrará o programa Brasil Caipira do Luiz Rocha. Consta da
Internet ser ele professor, poeta, pesquisador, compositor e
estudioso da cultura popular. De infância pobre, nasceu na
cidade de Filadélfia, Estado de Tocantins, que na época pertencia a Goiás. Mudou-se depois para Brasília onde estudou
na UNB e se formou em matemática, matéria que lecionou
antes de trabalhar na Rádio Brás. Também da internet consta:
Luiz Rocha é gente do povo e gosta do povo. Professor, poeta,
pesquisador e estudioso da música caipira, escritor com 11
livros publicados, compositor, ganhador do galo de ouro no
festival de Ituiutaba/MG com a música “Violeiro de Deus” em
homenagem a Tião Carreiro.
Dirige ele esse programa eu calculo que faz 23 anos. Ali os artistas são duplas de “música de raiz”, todas e todos de alto calibre. Cuida-se de arte musical tipicamente brasileira com intensa sabedoria popular. As duplas são de cantores (por vezes
também de cantoras) de apoucada cultura acadêmica, mas dotadas de profundidade de pensamento. Mais: na simplicidade
dos versos caipiras, ou seja, dessa gente de origem roceira, ou
amante desses brasileiros e brasileiras enraizados nos sertões
do país, nessa simplicidade, repito, surgem frases de conteúdo
poético e metafísico. São escritores de índole tão antiga que
são modernos — diferem dos pensadores da superfície. Esses
caipiras assomam assim à nossa surpresa — eles descobrem a
beleza tanto a da inteligência como do coração. Revelam-nas
e no-las transmitem.
Quer isto dizer que a cultura citadina pode abeberar-se de
opulenta fonte de brasilidade nos poetas “caipiras”. Tomara que os homens e as mulheres de cultura formal busquem
inspiração nessas pessoas, tão sábias quão desconhecidas nos
meios acadêmicos.
47
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 25 - Patrono: Vicente de Carvalho
Edith Pires Gonçalves Dias
Posse em 3 de abril de 2000
Martins Fontes
asceu em São Paulo a 6 de
julho de 1919, de tradicional
família santista. Fez os estudos primários no Colégio Stella Maris, formando-se em 1936, na Escola
Normal do Colégio São José, sendo
convidada a ser a oradora oficial durante as celebrações do Jubileu de
Ouro de sua turma.
Casou-se em 1939 com Cyro
Gonçalves Dias, tendo dois filhos:
Ciro Gonçalves Dias Júnior e Vera
Silvia Pires Dias de Oliveira. É voluntária há 36 anos e “Sócia Benemérita”
da Associação Espírita Beneficente
Anjo da Guarda. É voluntária do Banco de Olhos, é Conselheira e participa
da Diretoria Executiva da Fundação
Pinacoteca Benedicto Calixto. É Conselheira do Clube XV, do Museu de
Arte Sacra de Santos, do Centro Social e Educacional “Cantinho Alegre”,
além de Conselheira e Diretora de Civismo do Movimento de Arregimentação Feminina – MAF. Em outubro
de 1988, recebeu o título de Cidadã
Santista. Participou da Comissão de
Restauração do Casarão Branco, que
abriga a Pinacoteca Benedicto Calixto. Prefaciou inúmeros livros e fez
Conferências em várias entidades literárias de Santos, Cubatão e São Paulo, tendo como ídolo Martins Fontes.
Tem vários livros publicados.
N
48
Sempre foi um apaixonado pela cidade que lhe serviu de berço.
Ao lado de sua brilhante carreira como médico, foi também um
grande frequentador das rodas sociais. O Clube XV é o clube social mais antigo do nosso Brasil. Foi em sua 5ª sede, situada na
Rua Amador Bueno, 193, que Martins Fontes começou a frequentar, encantando, principalmente as moças, lá presentes. Duas frases dele expressam o seu amor por aquele clube. Ei-las:
“Foi no Clube XV que me fiz poeta, pois foi precisamente num de
seus bailes fidalgos que fiz a 1ª declaração enamorada.”
“O Clube XV é o cofre de prata antiga de nossas tradições.”
O soneto “O Espírito da Matéria”, de Martins
Fontes, analisa o sentido de perfeição da
natureza, ao mesclar audição e visão, em
perfeita sintonia
O ESPÍRITO DA MATÉRIA
Também as catedrais são sinfonias:
Rege a massa coral da arquitetura
a divinização da partitura;
e ambas se irmanam por analogias!
O alegro, o adágio, o andante, a tessitura,
o arco, o fuste, o florão...Alegorias
que, pela execução das harmonias,
Timbram exatas, no esplendor da altura!
E, pelos olhos, as orquestras se ouvem.
E, pelo olvido, a torre se levanta,
Para que os sonhos da matéria louvem!
E, na sua amplitude sacrossanta,
a alma de um Brunelleschi ou de um Beethoven,
fulge na pedra, quando a pedra canta!
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 27 - Patrono: Herculano Marcus Inglês e Souza
Perseu Lúcio Alexander Helene de Paula
Posse em 21 de agosto de 2014
“Longe Spargens Lumen”
ascido em São Paulo, iniciou no magistério na
escola Bandeirantes de
Saúde, ministrando aulas das disciplinas de anatomia humana, fisiologia humana, microbiologia e parasitologia nos cursos técnicos de
Enfermagem e Radiologia enquanto estudava Biomedicina. Foi instrumentador cirúrgico de cirurgia
cardiovascular no Hospital Dante
Pazzanesi/SP. Fez Licenciatura Plena e Bacharelado em Química e
posteriormente Pós-Graduação na
Física de Laser e sua interação com
a matéria no Instituto Tecnológico
da Aeronáutica – ITA. Tornou-se
professor na área de química de
escolas de Ensino Médio e Cursos
Pré-Vestibulares. Foi comentarista
das rádios Eldorado, Bandeirantes e Trianon de São Paulo, onde
respondia questões propostas de
exames vestibulares das grandes
Universidades. Idealizou e colocou
no ar, na internet, um portal educacional. Escreveu uma série de dicas na disciplina de química para
a seção de Educação/Vestibular do
portal UOL. É autor do livro “Em
Nome do Pai e do Filho – Crônicas
de um Passado Presente” e coautor
de “Santos em Prosa e Versos”.
N
Este é o lema da Academia Santista de Letras, a Casa de Martins
Fontes que completa o jubileu de 60 anos este ano. “Espargindo
luz ao longe” foi o que Martins Fontes, através dos tempos, exerceu
com sua poesia e sensibilidade a disseminação de ondas eletromagnéticas atravessando pessoas e as contaminando com cultura,
transformando-as em fontes luminosas, que por meio de diversas
ópticas, pudesse perpetuar os vários sentimentos do belo, do formoso e do colorido no universo das letras.
Sessenta anos de história honrados e agora festejado com o jubileu de diamante, nada mais justo e apropriado, diamante pedra mais que preciosa, translucida e que opera como um prisma
capaz de decompor a luz branca em sete cores do espectro de
luz, dando origem ao arco-íris das emoções, a atingir o infinito
dos corações libertos que só a magia das letras permite a possibilidade de alcançar.
É no campo das letras que ocorre a alquimia gigantesca da fusão
de corpo e alma, sendo uno, onde a dimensão de tempo e espaço
inexiste, onde todos são, exatamente, um.
Este é o legado da casa de Martins Fontes onde o autor confunde-se com a sua própria obra iluminando desde sempre os corações
apaixonados de ideias e sentimentos que servem de combustível a
queimar em uma pira de luz eterna.
Salve!! Salve!! A Casa de Martins Fontes!!!
Salve!! Salve!! Academia Santista de Letras!!!
Frases de Martins Fontes
“Se eu fosse Deus seria a vida um sonho, nossa existência um
júbilo perene! Nenhum pesar que o espírito envenene
empanaria a luz do céu risonho”
“Nem o lírio, nem a rosa têm esse encanto singular,
que há no sorriso de um olhar.”
49
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 28 - Patrono: Roberto Cochrane Simonsen
Regina Lúcia Alonso Peres
Posse em 19 de julho de 2012
Gracilianas palavras
asceu em Santos. Filha de
Luiz Alonso Garcia e Isabel
Paz Alonso. Formada em
Pedagogia e Ciências Físicas e Biológicas. Escritora e poetisa, com vários
livros publicados e detentora de inúmeras premiações. Pertence ao grupo: “Poetas Vivos.”
Prêmios em prosa-MAPA CULTURAL PAULISTA Conto
2007-2008 e poesia: Concurso Nacional Ambep (RJ), IV Concurso Internacional Ponta Grossa/PR, III Concurso Nacional Poesia RJ/RJ, XVI
Encontro Brasileiro Haicai/SP, 23º e
25º Concurso Literário Yoshio Takemoto Haicai-Prêmio Especial/SP,
Concurso Haicai Irati/100 Anos (PR),
3º Concurso Masuda Goga (SP), IV
Concurso Nacional Nenpuku Sato
Curitiba/PR. Publicações - “Ofício”,
“Tábua de Marés”, “Olho por Olho”,
“Circularidade”, “De papoulas e sóis
vermelhos”, “Tear” – poesia. “Ondas
vão e vem”, “Haicai no bentô” -haicai. “Vento Noroeste”, prosa e haicai.
“Santos, Natureza e Arquitetura em
Fotopoemas”, fotografias e haicais
PROAC. “Na ponta do laço”, “Nada
é tão longe”, conto. “A menina que fazia chover” - romance. Integrante da
Academia Vicentina “Frei Gaspar da
Madre de Deus”.
N
50
No mês de Camões, de homenagem aos professores e às crianças,
alegram-me as “almas ceguinhas”, versos do Hino da Escola Portuguesa, referindo-se aos que ainda iriam aprender a ler. Ali na 7
de Setembro, aprendi a ver o mundo através das letras. Mas esta
alma ceguinha enxergava com todos os sentidos. Com as mãos
no passa-anel, os pés a girar em cirandas, saltando as quadras da
amarelinha, imaginava formas e sonhava esculturas, quase um
jogo de adivinhação. Pelo olfato descobria o cardápio: peixe, frango, carne vermelha, batata frita, couve-flor, brócolis... A salada eu
comia, primeiro, com os olhos: vermelhos tomates, alfaces verdinhas, redondos pepinos. À tarde, o cheiro do bolo de fubá, da
manteiga no pão... Nos ouvidos, a tagarelice das vizinhas entre os
goles de chá.
As palavras escritas exerciam forte atração e os dedos exploradores contornavam letras, subindo descendo pelas hastes das consoantes. As vogais bojudas enchiam-me a imaginação: laranjas de
umbigo, balão-tangerina, bolas de gás... No 1º ano escolar, quando
me desvendaram os olhos, senti o prazer que as letras tinham em
se juntar para criar infinitas palavras, em combinações incontáveis sem nenhum preconceito. Percebi, mais tarde, o significado
da alfabetização e seu caráter libertário. Os escravos precisaram
de cartas de alforria assinadas pelos donos e às vezes compradas
até em tempos de Carnaval, com o dinheiro pendurado nos estandartes... A leitura traz a reflexão: e por acaso tornaram-se livres?
Após a Lei Áurea, a mão de obra europeia, mais qualificada, foi
preferida pelos coronéis, confirmando o poder da cor e do conhecimento, privilégio de poucos afortunados.
Ah, tempos de hoje, em que se fala de “analfabetos” cursando o
terceiro grau... uma geração que não domina a palavra, não tem o
hábito de ler e não se deixa navegar por mares nunca dantes navegados. Mares de Camões, educado em Lisboa e Coimbra, lê latim,
sabe italiano, domina a literatura clássica grega e romana, mas
não domina o temperamento forte, que o leva ao desterro. Termina seus dias na Mouraria, em extrema penúria: Ah! Fortuna cruel!
Ah! Duros Fados! Dois anos depois, Os Lusíadas é editado e a
palavra de Camões até hoje ressoa... Palavra.. Gacilianas palavras.
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 29 - Patrono: Gastão Bousquet
Marcelo Pirilo Teixeira
Posse em 17 de março de 2011
A Casa de Martins Fontes
As letras santistas estão em festa. A Academia Santista de Letras está
comemorando seus 60 anos vitalícios e, por natureza de sua vocação
literária, a cada ano de vida se guia em novos caminhos, nas suas
múltiplas vertentes expressivas, com caráter sempre jovem, pois assim se institui desde sua fundação pela voz de seus acadêmicos.
asceu em Santos em 28 de
abril de 1964, filho de Milton
Teixeira e Nilza Maria Pirilo
Teixeira; casado com Valéria Simões
Teixeira e tem dois filhos , Caroline
e Marcelo Teixeira Filho. Formado
em administração de empresas na
Fundação Lusíadas e direito na UNIMES, elegeu-se presidente do Santos
FC pela primeira vez em 1992, onde
ficou por dois anos, e novamente
em 2000, quando ficou até 2009. Foi
o presidente mais jovem da história
do Santos a dirigir um grande clube.
Conseguiu a façanha de tirar o time
de um jejum de 18 anos sem títulos,
transformando o clube em um dos
melhores e mais bem estruturados
do País. Responsável pelo comitê organizador do Campeonato Mundial
de Clubes da FIFA representando o
Brasil, desde 2007. Teixeira também
se destaca como pró-reitor da Universidade Santa Cecília, de propriedade de sua família. Atuante, exerce
ainda o cargo de presidente do Sistema Santa Cecília de Radio e Televisão
Educativa. É também autor do livro
Revolution 9, que conta a biografia
da nadadora santista Renata Agondi,
morta enquanto tentava a travessia do
Canal do Mancha, em 1988.
N
Penso que o artista é aquele que sabe dizer à sua época a história
de um passado que carrega consigo. É saber ouvir a natureza, em
seus mais exuberantes contornos, em suas sapientes leis com as
quais sentimos de perto a magnitude de nossa existência. É ainda
um olhar transbordado sobre temas fecundos que calam fundo na
alma humana e que dão vida ao artista, à sua arte.
Nasci nesta cidade e aqui edifiquei minha vida alicerçada nos pilares de afeto e de trabalho herdados dos meus pais. Santos sempre
foi para mim musa inspiradora. Palco de inúmeras histórias, a cidade se compõe em obra-prima num caleidoscópio, nunca definitiva, sempre atraente e atual, em que o passado é tão belo como o
presente, pois um se faz no outro.
Santos sempre me encantou, na coreografia das cargas de seu porto,
no cheiro doce de café torrado no seu centro, no movimento colorido
das pessoas na sua orla de praia, o ideal libertário das manifestações
populares em suas praças, os gritos vibrantes de gol do seu glorioso
Santos Futebol Clube, na Vila Belmiro, a caminho de um título, o vozerio jovial e um caminhar firme de alunos adentrando nas suas universidades com esperança de um futuro melhor, a fé e a paz emanada
da sua capela do Monte Serrat, dentre outras suas vibrações.
Quanta força vital nos proporcionam esses múltiplos diálogos que
a cidade mantém com seu cidadão e que traduzem uma linguagem
comovente àquele que sabe traduzir com palavras essa energia.
E a “Casa de Martins Fontes” se erige nesta cidade, compondo esse
cenário há 60 anos, celebrando, neste ano de 2016, seu Jubileu de
Diamante, um momento muito sensível para acadêmicos e seus
familiares, para amigos e para todos os santistas que acompanham
a trajetória da Academia nos rumos da literatura no País.
51
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 30 - Patrono: Rui Ribeiro Couto
Carolina Hervelha Ramos
Posse em 12 de novembro de 1971
Esta Saudade...
Esta saudade... a escorregar macia
pelos declives da alma... doce apelo
de vida, a dissolver uma apatia
que atrai o tédio, portas abre ao gelo;
antista, professora, poetisa
e escritora. Carolina Ramos possui livros publicados de contos, poesias, trovas, biografias, etc. Vários inéditos. “Canta,
Sábia” sob o folclore do Brasil,
prestes a ser lançado. Premiações
no Brasil e Exterior, em poesias,
contos, e trovas. Pertence à Academia Cristã de Letras, de São Paulo;
Academia Santista de Letras, Academia Feminina de Ciências Letras
e Artes de Santos, Academia Peruíbense de Letras; Instituto Histórico
e Geográfico de Santos (IHGS), que
presidiu de 2000 a 2007; Presidente
da União Brasileira de Trovadores /
UBT/ Seção de Santos e Vice-Presidente do Conselho Nacional da
UBT. Membro da OMT- Ordem
Mundial de Trovadores. Medalhas
: “Honra ao Mérito” – Prefeitura de
Santos; Medalha “Brás Cubas”- da
Câmara de Santos; Medalha “José
Bonifácio de Andrada e Silva” - do
IHGS. Em 1973, recebeu o título de
“Magnífica Trovadora”, concedido
pela UBT/Nova Friburgo; Notável
Trovadora em Pouso Alegre MG, e
Benemérita da UBT, Mestre da Trova em Taubaté, Notável da Cultura
–Prêmio do Sindicato dos Bancários de Santos.
S
52
esta saudade... cálida mania
de buscar no passado, com desvelo,
lembranças já sem cor... na idolatria
de um vago instante, de um longínquo anelo;
esta saudade... esta saudade amarga,
insatisfeita, de lilás vestida,
visgo afetivo que o meu passo embarga,
por mim, sempre será bem recebida!
Maltrata, sim! Castiga, não me larga...
mas é, também, o sol de minha vida!
--------------------Trovas que a tornaram
“Magnífica Trovadora”, em 1973.
Angústia, imensa, dorida,
pior que a dor de morrer,
é não ter apego à vida
e ser forçado a viver...
(10º lugar Nova Friburgo - 1971)
Sempre acolho de mãos postas
e humilde tento aceitar
o silêncio das respostas
que a vida não sabe dar.
(8º lugar Nova Friburgo - 1972)
Mãos tristes, temendo ausências,
se despedem com revolta...
- Nosso adeus tem reticências
que acenam gritando: - Volta!
(1º lugar Nova Friburgo - 1973)
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 31 - Patrono: José Bonifácio, o Moço
Lúcia Maria Teixeira
Posse em 15 de junho de 1989
O escritor
A capacidade de conviver com os mais diversos tipos de pessoas
e realidades, de modo a manter as melhores expectativas nas relações interpessoais produtivas, é nobre aspiração, só possível
àqueles que carregam consigo a arte de amar.
úcia Maria Teixeira é santista, escritora, Mestre e
Doutora em Psicologia da
Educação, com Graduação em Formação de Psicólogo, Licenciatura
Plena e Bacharelado em Psicologia.
Presidente do Colégio e da Universidade Santa Cecília, é autora de livros
premiados, entre eles Autoridade do
Professor- Meta, Mito ou Nada Disso, A Claridade da Noite- Os Alunos do Ensino Superior Noturno,
Fruto Proibido – Um Olhar Sobre
a Mulher, a trilogia Pagu - Livre na
Imaginação, no Espaço e no Tempo, Croquis de Pagu e VIVA PAGU
– Fotobiografia de Patrícia Galvão,
obra finalista do Prêmio Jabuti em
2011, e os infantis Tudo É Possível
– Incrível Viagem no Tempo e O
Segredo da Longa Vida, o primeiro infantil brasileiro traduzido para
o japonês. Recebeu o Prêmio Jorge
Amado, por sua obra (livro e filme)
sobre Pagu, tema no qual é referência
no País e no exterior. Diretora do Sistema Santa Cecília de Comunicação
e diretora eleita do Sindicato de Estabelecimentos de Ensino Superior do
Estado de São Paulo - Semesp, desde 1996, ex-presidente do Conselho
Diretor e atual Presidente do Conselho Deliberativo do Santos e Região
Convention & Visitors Bureau.
L
Amar ao próximo, amar a si mesmo, amar a família, amar os
amigos, amar a natureza, amar a Deus. O amor é a arte suprema
em que se consubstanciam todos os atos da Criação.
Cabe ao escritor no seu ofício registrar essa nobre arte com
palavras e expressar tudo quanto possível. Essa manifestação é
uma oportunidade de conhecer em si e reconhecer no outro
aquilo que cada um tem de humanidade, pois o que mais se
aspira é tornar-se humano.
A COLOMBINA
RONDÓ FRANCÊS,
CANTADO AO SOM
DE AVENA
Do amor eu vivo. Noite e dia,
Naquela idade em que se abria,
Ainda medroso, ainda em botão,
Como um rosal, meu coração,
Já por amor me enfebrecia.
Martins Fontes,
do livro
Arlequinada,
publicado em
1922
Minha primeira poesia,
Quando nem ler sequer sabia,
Foi uma ardente confissão
De amor!
E o meu suspiro na agonia,
Quando murchar, na tarde fria,
A última flor do meu “Verão”,
Será também uma canção,
Um beijo, um ai, uma harmonia
De amor!
53
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 32 - Patrono: Reynaldo Porchat
Maurílio Tadeu de Campos
Posse em 4 de outubro de 2006
Louvor à Santos
Tuas ruas levam ao porto
e as pedras do cais sentem o pisar forte do trabalhador.
E os caminhos também levam ao mar
que beija teus pés com reverência,
salgando tuas areias doces em cúmplice desejo.
atural do Guarujá, é filho de migrantes do sul
do Brasil. Seus pais eram
descendentes de portugueses,
oriundos da cidade do Porto e das
ilhas dos Açores. Ainda muito jovem veio com a família residir na
cidade de Santos onde fez seus
estudos. É professor, formado em
Geografia, Pedagogia e, também,
Mestre em Educação para o Ensino Superior. Iniciou na literatura
como co-autor do livro “Um Dia
no Brasil”, lançado em 1985. Em
2003 lançou “Poemas Translúcidos”, seu primeiro livro de poesia.
Em 2004 publicou “Violência e
Dependência Química: Desafios
para a Escola Cidadã”, resultado
de pesquisa em educação com
grupos de recuperação de dependentes químicos. Em 2007 lançou
o terceiro livro, “Gravitando”, reunindo poemas diversos. Foi presidente da Sociedade Ars Viva, de
1995 a 2005 e, ao deixar a direção
dessa Associação, ajudou a criar,
ainda em 2005 a Contemporânea Projetos Culturais. Em 2014,
lançou o livro de poemas “Devaneios”, prefaciado pela Acadêmica
Edith Pires Gonçalves Dias. Participou de concursos literários, sendo premiado em muitos deles.
N
54
És a bênção de todos os teus doutores
E trazes a misericórdia plantada no teu seio,
a cultivar a liberdade no canto do teu povo,
garantindo a igualdade dos teus filhos, sem receios.
Tua beleza, única e diversa, acaricia teus filhos
e aqueles que a vem visitar, tomados por ti.
És, ao mesmo tempo, pueril e indecifrável,
sem perder, contudo, teu dom de mãe,
ansiosa para a todos aninhar.
Tu, que traz a doutrina da caridade
conduz teus filhos à solidariedade
vista a cada estação da comparte convivência,
sentida no primo sinal da expressão do teu povo.
A liberdade pregaste desde a mais tenra idade
e tua descendência a difundiu e fez dela bandeira
e a garantia do direito, muitas vezes maculada
foi resgatada por teus filhos que vigiam a ti, terra adorada.
Tu, que estás na vanguarda dos episódios,
descobres o novo e o revelas ao mundo
no que és imitada, pois tudo de bom nasce de ti.
Terra da Misericórdia de Todos os Santos
terás a gratidão eterna daqueles que a idolatram,
pois dever será honrar-te e morrer por ti,
sempre que preciso, para manter-te livre.
Não te detenhas, jamais, pois és valente,
és fértil, linda cidade, exemplo de valor.
Tu, que emanas energia e otimismo,
és orgulho de teus filhos pródigos
por ti consagrados e amados,
em tempos de júbilo ou de dor.
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 33 - Patrono: Afonso Schmidt
Eustázio Alves Pereira Filho
Posse em 12 de setembro de 2007
Homenagem ao Jubileu de Diamante
da Academia Santista de Letras
ervidor público municipal
desde os anos 1980, Bacharel em Direito pela Universidade Católica de Santos - UNISANTOS (1990) e habilitado pela Ordem
dos Advogados do Brasil - OAB - SP
(1993) e psicólogo formado em 1980
pela Universidade Metodista de São
Bernardo do Campo. Desenvolveu
carreira sólida em Santos na implantação de políticas públicas sobre
drogas. Possui pós-graduação pela
Universidade Federal de São Paulo
(Unifesp) e é especializado em Psicoterapia de adolescentes, famílias e
casais pelo Instituto Sedes Sapientiae
da Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo (PUC).
Trabalhou na implantação
de serviço para a prevenção e tratamento de álcool e outras drogas
e compulsões pós-modernas em
Santarém, Portugal. Participou da
criação e foi presidente do Conselho
Municipal de Políticas sobre Drogas (Comad) por quatro gestões, de
2000 até 2012.
Assumiu uma cadeira na
Câmara de Santos por 30 dias, entre
abril e maio de 2010, como suplente
pelo PTB. Em 2012 foi eleito viceprefeito na chapa liderada pelo prefeito Paulo Alexandre Barbosa. Tomou posse em janeiro de 2013.
S
Cícero, filósofo romano, mestre em agregar política com produção intelectual, dizia “onde se está bem, aí é a pátria”. Eis o
meu sentimento, vivendo há mais de cinquenta anos em Santos,
mesmo carioca de naturalidade, percebo-me o santista que acabou nascendo na cidade do Rio de Janeiro. Mais ainda, tendo o
privilegio de integrar entre seletos e tão ilustres santistas acadêmicos e congregar o cenáculo por onde passaram e frequentam
proeminentes figuras do ambiente intelectual, artístico, cultural
e das ciências da maravilhosa cidade, traz-me sempre à lembrança as palavras de Cícero: aqui é minha pátria, aqui é minha
casa, aqui sinto-me em família!
Completando seus 60 anos de profícua existência a Academia
Santista de Letras, repleta de dignas e imortais personalidades,
consagra nossa alma, incentiva-nos à continuidade de atuação
ética e consolida seu legado às novas gerações.
O cultivo às letras e o ambiente acadêmico, são fundamentais à
cultura da Paz e a nossa Academia Santista de Letras, entre tantos atributos representa, em sua essência, importante espaço
de acolhimento, boa vontade, diálogo e cooperação à consolidação da Paz, aqui na Terra de Santos!
Trechos de Martins Fontes para refletir
A luz, e o ar, e a terra, a água — sem um
Indício só de dúvida — são provas
De que a vida infinita é o bem comum.
A dor é tudo. Lembre-te, ó triste,
Que, fora dela, mais nada existe.
O frio e a fome são cruéis. Contudo,
Não são vis como tu, amigo, irmão,
No disfarce infernal do humano entrudo.
55
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 34 - Patrono: Frei Gaspar da Madre de Deus
Nilson Denari
Posse em 7 de agosto de 2012
Saudação à Academia Santista de Letras
Que alegria poder estar testemunhando tão importante júbilo da
Academia Santista de Letras, Casa de Martins Fontes, abrigo de
escritos que florearam e ainda floreiam a nossa querida cidade
praiana, que tão bem me recebeu, há tantos anos.
asceu na cidade interiorana paulista de Sorocaba,
no dia 27 de novembro de
1932. Formado pela Faculdade de
Farmácia e Odontologia de Ribeirão Preto, em 1953. Iniciou a vida
profissional na cidade de Santos,
exercendo ininterruptamente por
60 anos. Clínico Geral por formação, especializado em Reabilitação
Oral, que o fez integrar-se à Sociedade Brasileira de Reabilitação
Oral e a Academia Brasileira de
Estética Dental. Em 1975 foi Diretor Científico da Associação dos
Cirurgiões-dentistas de Santos.
Foi sócio fundador da Associação
Brasileira da Medicina Psicossomática Regional de São Paulo, em
1982. Em 1985, juntamente com
uma colega, fundaram o Grupo
de Estudos Santista de Odontologia, cuja sede era uma das salas da
Clínica Denari, localizada na avenida Washington Luiz. Apresentou
palestras e ministrou cursos sobre
Psicossomática aplicada à Odontologia, em congressos, cursos de
especialização e atualização profissional. Em 2005 publicou seu
primeiro livro: Boca – Espelho da
Alma; em 2011 publicou Na busca
das belezas da Odontologia.
N
56
A Academia Santista de Letras é, sem dúvida, o principal repositório dos textos desta terra, ainda escritos, em prosa ou verso, com
a tinta dos cronistas e dos poetas que aqui nasceram ou adotaram
esta cidade linda, como eu que, hipnotizado por suas belezas, ensejei como pouso para a vida.
Por isso, a Casa de Martins Fontes há de ser sempre o sonho querido de gerações e gerações de escritores. A cultura santista vicejou neste espaço privilegiado da palavra ao longo destes sessenta
anos. Aqui medrou como em terra nativa, o que explica o fascínio
sobre mim exercido pelos que se devotam à missão de escrever
como resultado da imperiosa necessidade de comunicar pela palavra o sumo de suas vivências.
Escrevi muito, durante boa parte da vida, sobre assuntos que se
entrelaçaram à minha profissão. Mas também escrevi, com grande
prazer, contos de situações que me apraziam, numa contribuição
ao entendimento do cotidiano. Aqui na Academia Santista de Letras encontrei um abrigo às minhas criações e um ninho aconchegante às minhas emoções, ao lado de companheiros e companheiras que compartilham da mesma paixão.
Mas, pensadores, escritores e poetas, que somos, por vocação e
ofício, “especialistas em generalidades”, na feliz expressão de Augusto Comte, atentos ao homem e à sociedade em suas paisagens
tão variáveis dentro de uma nação, e de um país para outro, o que
procuramos aprender e fixar, nas criações literárias – poesias, ensaios e romances –, é a vida humana, de todas as suas inquietações
e angústias, aspirações e esperanças.
Assim, brado em tom vibrante e entusiástico
Viva a Academia Santista de Letras!
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 35 - Patrono: Albertino Moreira
Cel. Elcio Rogério Secomandi
Posse em 24 de outubro de 2013
Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande.
VENHA! Estou aqui desde 1583...
... desafiando o longo passar dos séculos, as intempéries, e, por
vezes, o terrível abandono.
cupa a Cadeira nº 4 -Visconde de Taunay – no
Instituto Histórico e Geográfico de Santos. Coronel de
Artilharia R/1, é um eterno defensor das fortalezas da região.
Secomandi é professor emérito
da Universidade Católica de Santos (UniSantos), economista, pós-graduado em Administração de
Empresas pela Fundação Getúlio
Vargas (FGV) e Ciências Militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme).
Possui o Mérito Acadêmico, no
grau de Professor Emérito, outorgado pelo Conselho Universitário
da Universidade Católica de Santos, a Ordem do Mérito Cívico,
no grau de Oficial, outorgada pela
Liga Nacional de Defesa (Brasília,
DF, criada em 7 de setembro de
1916) e a Ordem do Mérito Militar, no grau de Cavaleiro, outorgada pelo presidente da República. É
membro do Icomos/Icofort (Conselho Internacional sobre Museus
e Sítios Históricos) e, também,
Economista Destaque 2012 pelo
Conselho Regional de Economia/
São Paulo (Corecon-SP). É cidadão honorário de Guarujá e de
Nioaque, MS.
o
Eu sou a Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande. Nasci sob
o troar dos canhões, numa batalha ocorrida na Baía de Santos,
na tarde de 24 de janeiro de 1583, entre navios da Invencível
Armada espanhola e de um corsário inglês.
E, sob minha proteção, surgiu o maior porto da América do Sul.
Permita-me contar um pouco da minha história, percorrida ao
longo de 433 anos, pois fui indicada em 2015 para concorrer ao
honroso título de Patrimônio da Humanidade pela Unesco –
Organização das Nações Unidas a Educação, a Ciência e a Cultura – e preciso do aval da gente que hoje vive no meu entorno:
– minha certificação de “nascimento”, com 12 páginas manuscritas, está no Archivo General de Indias, Sevilha, Espanha, datado de 5/8/1583, charcas 41, Doc 27, “A la salida del Rio de
Janeiro...”(*), na página 6 do 2º relatório de viagem enviado pelo
almirante Dom Diego Flores Valdés ao rei Felipe II de Espanha
(Felipe I de Portugal); – o almirante Valdés, “Capitão General
das Costas do Brasil” no início do longo período de união das
coroas ibéricas (1580-1640), percorreu o litoral pouco recortado da América do Sul com dezesseis naus da Invencível Armada espanhola, entre setembro de 1582 e maio de 1584;
– além da missão principal que lhe foi atribuída por Felipe II fortificar o Estreito de Magalhães e empossar o seu governador,
Pedro Sarmiento de Gamboa – Valdés aportou nas principais
baías do Brasil-colônia para reconhecer, abastecer e indicar
simbolicamente aos habitantes da terra que agora estavam sob
domínio de Espanha;
Para saber mais: www.unisantos.br/fortifictions
www.unisantos.br/fortaleza
www.icofort.org
57
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 36 - Patrono: Alberto Leal
Taís Curi
Posse em 23 de maio de 2013
Comemorando os 60 anos da Academia Santista de Letras
ascida em Santos (SP),em
17 de julho de 1953, filha de
Oswaldo Curi e Marina Assumpção Curi. É Mestre e Doutora
em Ciências da Comunicação pela
Universidade de São Paulo – USP, títulos esses obtidos, respectivamente,
em 2000 e 2005. Bacharel em Comunicação Social – habilitação em Jornalismo – pela Universidade Católica de Santose, 1975. Ao longo de 40
anos de exercício profissional atuou
como repórter e redatora do jornal
A Tribuna, em Santos; foi Assessora
de Comunicação da Associação Comercial de Santos; Assessora Parlamentar da Câmara Federal; Diretora
de Redação da Revista Litoral Vivo;
Editora do Diário Oficial da Prefeitura de Santos. Foi, ainda, professora
da Universidade Católica de Santos e
da Universidade Santa Cecília. Atualmente é consultora e coordenadora de projetos editoriais nas áreas
empresarial e cultural; além de pesquisadora e escritora com diversos
livros publicados. Entre as obras de
sua autoria estão: Mídia & Cultura:
discursos que constroem memória,
2007; Theatro Guarany: o renascer
de um palco centenário, 2008; Patrimônio Histórico, Cultural e Natural
da Região Metropolitana da Baixada
Santista, 2010.Santista, 2010.
N
58
A comemoração dos 60 anos de existência da Academia Santista
de Letras é momento mais do que oportuno para destacarmos
a importância do papel que esta instituição e outras do gênero
vêm desempenhando no sentido de preservar o patrimônio cultural das sociedades em que estão inseridas e também de incentivar o uso adequado da Língua Portuguesa. Utilizando correta e
habilmente as palavras em seu dia-a-dia, o literato vai captando
e registrando saberes locais, assinalando aspectos interessantes
do comportamento humano diante das circunstâncias da vida,
mesclando recordações de fatos passados com o presente, e com
isso acaba tecendo um rico acervo para gerações futuras.
São essas pistas que os literatos lançam ao longo de sua atuação
que irão permitir um melhor conhecimento de uma comunidade, de uma época, de um momento histórico. Entre as diversas
formas de arte, a literatura é a que mais se aproxima do cotidiano
das pessoas, expressando o conjunto de características que uma
sociedade vai acumulando ao longo de sua existência. Daí a importância do trabalho realizado pela Academia Santista de Letras, com atividades contínuas e multidisciplinares que não apenas exercitam a criatividade de seus integrantes, como mantém
viva a memória local, nela incluindo a permanente lembrança da
herança deixada pelos patronos das cadeiras que compõem a entidade. Afinal, foram eles nomes ilustres no campo das artes, da
história, da política, educação, enfim, dos setores mais significativos da nossa sociedade e deixaram como legado obras literárias
de qualidade, as quais têm sido fonte de inspiração para diversas
publicações do presente.
Trecho do Poema “Rede”, de Martins Fontes
Verão. O sol embriaga. Em plena orgia,
fundem-se os cheiros cálidos da terra.
E a moça abre o roupão, os olhos cerra,
é o que espera e deseja fantasia.
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 37 - Patrono: Vicentina Mesquita Vicente de Carvalho
Viviane Pereira
Posse em 25 de abril de 2013
Sonhos são imortais
Riobaldo e Diadorim emocionavam o público pelas mãos de
Guimarães Rosa. Morte e vida Severina, de João Cabral, estava nascendo para o leitor. A literatura fervilhava em 1956 pelo
Brasil...
iviane Pereira é jornalista e
escritora, pós-graduada em
Jornalismo Aplicado. Escreveu a série especial sobre os 250
anos de José Bonifácio de Andrada
e Silva para o jornal A Tribuna. Trabalhou no jornal A Tribuna de Santos, na Folha de S.Paulo, atuou como
freelancer para a Revista Época, entre outros veículos. Obras publicadas: Memórias da Hotelaria Santista
(1997); Heróis da Vida Real (2003)
mostra que todos somos um pouco heróis; Mulheres que Fazem São
Paulo (2004), lançado nas comemorações dos 450 anos de São Paulo,
traz pequenas biografias de grandes
mulheres como Viviane Senna, Hortência, Luiza Erundina, Lu Alckmin, Zilda Arns, Marília Pera, entre
outras; Viver Bem – Casa, Saúde,
Beleza e Cia (2005); Dicionário das
Loucuras de Amor (2010) detalha,
de forma bem humorada, termos
que explicam o universo associado
às paixões das mulheres; Confissões
de uma Louca de Amor (2010) tendo como tom o bom humor, fala da
busca desenfreada de uma mulher
cujo sonho de consumo é encontrar
um par. O livro foi adaptado ao teatro, com monólogo da atriz Lena Roque (filme Domésticas e novela Sete
Pecados, da Rede Globo).
V
Na Santos de belas praias, uma brisa soprava do mar, trazendo
inspiração para que Martins Fontes ganhasse vida na homenagem prestada com a criação de sua casa, em sua terra. O nascimento da Casa de Martins Fontes da Academia Santista de Letras
imortalizou a memória do grande poeta.
De lá para cá muita água correu pelo Porto de Santos. Gente chegou, gente partiu, pessoas nasceram e morreram. Mas a vontade
constante de manter a cultura viva nessas terras permanece bem
viva nos corações dos que habitam a Casa de Martins Fontes.
Os tempos mudaram, os livros foram se transformando e ganharam sua versão virtual. Hoje levamos Shakespeare, Dostoievski,
Neruda, Pessoa, Machado, Clarisse, Cora e milhares de outros na
palma na mão. E vencendo resistências descobrimos que a forma
pouco importa. Importante é saber que a leitura estará sempre
viva, dentro dos escritores e pulsando para fora de nós.
Em uma era em que tudo é descartável, comemorar seis décadas é para poucos. Para os que acreditam que a literatura sempre
viverá e transformará a sociedade. Para os que sabem que por
trás de cada história, cada romance, cada conto, cada poema, há
um lindo sonho. E se nós, acadêmicos, somos imortais, é porque
quem sonha e se permite viver seus sonhos não morre jamais.
Trecho do Poema “Canção Discreta”
Nem a uma flor, nem a uma estrela
Digas quem é o teu amor,
Que poderão comprometê-la
Tanto as estrelas como a flor.
59
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 38 - Patrono: Adolfo Porchat de Assis
Maria Zilda da Cruz
Posse em 22 de novembro de 2001
À Sexagenária
Homenagear é reconhecer notáveis atributos
De qualidades pessoais ou coletivas em destaque
Por trabalho persistente e construtivo em atos
Como soldado em sentido de alerta sem ataque.
aulista de Espírito Santo
do Pinhal, é santista por
adoção desde a 1ª infância.
Possui cursos universitários de Pedagogia e História pela Unisantos,
com especialização em Orientação
Educacional. Fez mestrado na Universidade de São Paulo - USP com
dissertação de pesquisa sobre índios
Xavantes e doutorado com uma tese
sobre idoso. Estudou na Alemanha,
Canadá e China. É professora de psicologia na UniSantos e Faculdade do
Carmo e coordenadora da Universidade da Terceira Idade - UniSantos.
É professora no Curso de Pós-graduação da UniSantos, com participação
em bancas de Mestrado e Doutorado
na UniSantos, Universidade PUC, de
São Paulo, Universidade de São Paulo -USP- e Universidade Dom Domenico-Guarujá. Possui publicações
em revistas científicas e de literatura:
crônicas, contos e poesia. É co-autora de dois livros de literatura. Possui
poesias premiadas no Brasil e no
exterior. “É membro da Academia
Feminina de Ciências, Letras e Artes
de Santos, onde foi presidente por 10
anos. Membro da Diretoria da Academia Santista de Letras e membro
do Instituto Histórico e Geográfico
de Santos.
P
60
A sexagenária Academia Santista de Letras
Vive e bem trabalha com a frutífera literatura.
Seus Acadêmicos dão-nos o sabor das boas letras
Versos e contos escritos com destemida bravura.
Nesse ritmo de eterno imaginário em valoroso criar
Comemora a Academia sessenta anos no sempre avançar,
Dos Acadêmicos e dos criativos atuais
Defendida, nobremente, por literárias espadas intelectuais.
Nesse brilhante caminhar, Maria Araújo,
incansável presidente.
Em trabalhos cotidianos de corajoso e bom velar
Coopera e eleva Santos em literatura sorridente
Vibrante como o mar beijado por sol ardente.
A escrita ocupa-se das letras
Dá forma à ideia, constrói o discurso;
A zelosa literatura se apodera do belo
Inunda-se do irriquieto brilho das estrelas
Passa o calor dos sentimentos existentes
E os Acadêmicos Santistas batalham com canetas
Para enobrecer a Academia de Letras.
O escultor tira da bruta matéria
A beleza de um ser imaginário
O meteorologista prevê o agito da ventania
E aguarda anunciar a esperada calmaria;
Nesse fazer todos amam a arte e sua cria
Cada qual se obriga a crer na ilusão
De que em suas obras não há senão.
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cadeira nº 40 - Patrono: Frei Jesuíno do Monte Carmelo
Jeanette Maria Octaviano Martins
Posse em 19 de julho de 2007
Mundo
ascida aos 16 de maio de
1942, em São Carlos-SP, é
escritora, poetisa e artista-plástica. Formada em Magistério
com Aperfeiçoamento, Especialização em Educação Pré-Primária e
Administração Escolar. Bacharel em
Letras Português e Espanhol; Pós–
Graduanda em Língua Portuguesa e
Literatura no Contexto Escolar, pela
UNIP. Aos 50 anos inicia sua trajetória literária publicando crônicas e
poesias nos jornais sãocarlenses: A
Folha, A Tribuna, 1ª. Página e nos
periódicos “O Colégio” e “A Catedral”. Classificada no Mapa Cultural Paulista nas categorias Poesia e
Artes plásticas. Em Santos, assina
uma página no Papiro em Revista.
Com crônicas e poesias participa de
várias Antologias e Revistas Acadêmicas. Premiada em Concursos Literários promovidos pela Prefeitura
de Santos e no I Salão Vicentino de
Artes- Plásticas, promovido pelo
Instituto Histórico e Geográfico de
São Vicente. É membro do Instituto
Histórico e Geográfico de Santos, a
Cadeira 166: Padre Antonio Vieira.
Autora de: Pincelando Letras (poesias)- 2011; Na Presença de Maria(literatura religiosa)- 2013 e Mulheres Transparentes (crônicas) - 2015.
N
Mundo de Deus
De Deus que é Pai
De Deus que se fez homem
Mundo de Deus
Criado para o homem
De Maria de José
Do filho de Maria.
Mundo dos homens...
De muitas dores
E algumas alegrias.
Mundo poético
De tantos poetas
E tão poucas
Poesias.
Mundo triste
De Isabela
De Florbela
E de outras flores belas
Espancadas.
Mundo de tantas Marias...
De Marias sofridas
De Marias mal amadas
De Marias de ninguém
De Marias de muitos Josés...
De Josés
Travestidos de Marias.
De Madalenas arrependidas
De portas fechadas
Feridas abertas
Da natureza agredida
Da velhice esquecida
Das crianças abandonadas
Da juventude sem perspectivas
Da esperança
Quase que perdida.
61
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Amigos da Casa de Martins Fontes
m abril de 2011, a “Casa de Martins
Fontes” recebeu um convite irrecusável: o acadêmico Marcelo Teixeira ofereceu um imóvel pertencente à Unisanta, para a
Academia Santista de Letras usar como sede. A
Diretoria não pensou duas vezes, aceitou a oferta e começou os preparativos para a mudança,
da Praça José Bonifácio, onde pagava aluguel,
para a Rua Soares de Camargo, 17 no Boqueirão. Assim, no dia 10 de agosto, houve a reinauguração da nova “Casa de Martins Fontes”.
A presidente Maria Araújo logo pensou
na divulgação do local e criou o grupo “Amigos
da Casa de Martins Fontes”, para a realização de
um chá mensal, intitulado “Chá das Cinco”, não
somente para acadêmicos, mas também para os
amantes da poesia, mesmo que não fossem poetas.
O projeto vingou e, hoje, alguns amigos
se reúnem toda terceira terça-feira de cada mês,
das 15 às 18 horas, para dizerem ou ouvirem
poesias. Os integrantes levam um lanche e tudo
fica mais divertido. Cada participante recebe
uma medalha, usa-a na reunião e também nos
eventos da Academia. Portanto, eles são participantes desta revista.
E
MARIA ARAÚJO
Presidente da Academia Santista de Letras
AQUI VÃO OS PARTICIPANTES DO GRUPO “AMIGOS DA CASA DE MARTINS FONTES”.
Ana Maria Guerrize Gouveia
É poetisa e trovadoura, vencedora de vários concursos
literários. Tem dois livros publicados, sendo um de poesia
e outro, um conto infantil.
Pertence à Academia Feminina de Ciências, Letras e Artes
de Santos (AFCLAS), ao Instituto Histórico e Geográfico
de Santos (IHGS) e à União
Brasileira dos Trovadores
(UBT).
62
HOMENAGEM À CASA DE MARTINS FONTES
Sinto a glória de luz da Academia!
Qual contemplo no arco-íris do amor.
Arte do sonho e da sabedoria,
Soprando em meus ouvidos... o esplendor!
Ao redor das estrelas e ancestrais,
Com afeto que energiza a poesia...
Festejo o pedestal dos imortais,
Neste chão de amor, com minha alegria!
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Cynira Antunes de Moura
Poetisa, cronista e trovadora.
Pertence ao Instituto Histórico e Geográfico de Santos –
IHGS - , à União Brasileira de
Trovador UBT de Santos e `a
Sociedade dos Petas Vivos de
Santos. Premiada várias vezes
em Concursos Literários.
TROVANDO
de alma e o coração
de médico e ser humano
sempre à disposição:
Martins Fontes, soberano!
Médico de corpo e alma
Martins Fontes foi carinho,
quem a ele recorria
era acolhido em seu ninho!
Dalva Maria de Araújo Sales
Poetisa com vários trabalhos
premiados em concursos literários. Pertence à UBT de
Santos.
O HOMEM DO CAIS
Nos porões do navio a força motriz
é o homem que planta e colhe o grão,
que industrializa e que eleva o país
escrevendo o futuro da nossa nação.
Nas pedras gastas do chão, suor e cansaço,
mãos calejadas, mas no rosto é impresso
a certeza que o leva em cada passo
à página da história de luta e progresso.
Edna Gallo
Poetisa e trovadora. Membro
da AFCLAS - Academia Feminina de Ciências, Letras e
Artes de Santos. Pertence à
UBT - União Brasileira dos
Trovadores ; Grupo Encontro de Poetas. Tem três livros
publicados: “Brisa de Outono” – “Alvoradas e Crepúsculos” e “Segredos de um coração”.
LIBERTAÇÃO
Quero ser livre, ultrapassar fronteiras,
galgar os cimos desses verdes montes,
ir me aquecer nas palhas de outros ninhos
e ver a luz de novos horizontes.
Transpor desertos, mares, cordilheiras,
colher as flores de outras jardineiras,
ser andorinha em plena migração.
Sentir o gosto, enfim, da liberdade,
sair em busca da felicidade
dizendo adeus a tanta escravidão!
63
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Edite Rocha Capelo
Santista, participou de várias
exposições e, como professora exerceu o cago em Santos, Guarujá e Salvador. É
integrante do grupo literário
“Sociedade dos Poetas Vivos”,
“Poetas do Litoral”, da UBT e
“Casa de Martins Fontes”. Participou de Antologias Poéticas
e livros. Tem poesias premiadas na Academia Vicentina de
Letras e no Elos Internacional.
AO POETA E MÉDICO HUMANISTA
MARTINS FONTES
Vem, poeta Martins Fontes / sai desta imagem
de bronze / vem vulcanizar meus sonhos!
No teu cantar sedutor, voltar a falar de amor! /
Versejar novamente com os pássaros:
O sabiá laranjeira, os canários da terra, / O tié
fogo santista! / Vem falar dos teus amores...
E dos que tinhas pelas flores / com o teu cravo
vermelho, que juntinho/ carregavas ao lado do
coração!
Elisabete Nascimento do Rosário
Trabalhou na Santa Casa, depois que se aposentou, passou a ser Voluntária.
SONETO
Se eu fosse Deus seria a vida um sonho,
Nossa existência um júbilo perene!
Nenhum pesar que o espírito envenene
Empanaria a luz do céu risonho!
Não haveria mais: o adeus solene,
A vingança, a maldade, o ódio medonho,
E o maior mal, que a todos anteponho,
A sede, a fome da cobiça infrene!
Felicidade Travessos Domingues
É Voluntária da Santa Casa
da Misericórdia de Santos;
Coordena a Pastoral da Saúde; pertence ao Conselho do
hospital e ao Conselho da
Associação dos Voluntários ;
Ministra a Eucaristia e Canta
no Coral.
64
MARTINS FONTES
Ninguém exaltou tanto o universo como
Martins Fontes. Dizia e fazia sempre: amar,
conhecer e servir à humanidade é o dever de
todo homem. Como poeta deixou versos que
caem como um bálsamo em nossos corações.
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Jaira de Oliveira Presa
Nascida em Santos SP. Professora e Pedagoga Ap., escritora
e poetisa. Pertence à Academia Vicentina de Letras, Artes e Oficios “Frei Gaspar da
Madre de Deus”. Criou e coordena o grupo de performance
“Poetas Vivos de Santos”. Participa do Grêmio de Haicais
Caminhos das Águas, Tem
inúmeros prêmios nacionais e
internacionais em poesia.
MOINHOS DE VENTO
Sempre convivi com a insensatez / pautei minha
vida no limiar / do sonho-realidade.
Fadas, bruxas gnomos e duendes / comiam e dormiam em casa. / Plantei minha árvore
com raízes aéreas / para bem melhor saborear /
ora a brisa, ora o tufão. Decide, se queres ficar /
ou partir / mas, deixa-me pelo menos
terminar meus dias / com meus moinhos de
vento...
José Ferreira Júnior
Tenor (solo) e canta em alguns Corais de Santos.
MINHA MÃE
Beijo-te a mão, que sobre mim se espalma
Para me abençoar e proteger,
Teu puro amor o coração me acalma;
Provo a doçura do teu bem-querer.
Porque a mão te beijei, a minha palma
Olho, analiso, linha a linha, a ver
Se em mim descubro um traço de tua alma,
Se existe em mim a graça do teu ser
Lourdes Lago Felício
Poetisa e trovadora.
Pertence à Academia
Feminina de Ciências,
Letras e Artes de Santos
– AFCLAS – e à UBT de
Santos.
SANTOS, MEU AMOR
“Santos, eu te amo, sempre te amarei! / És meu berço, meu
chão, meu céu, meu lar/ Sei que eternamente me embalarei /
ao som desse teu doce marulhar.
Contigo cresci e sempre estarei / até quando em teu solo eu
me integrar;/ na brisa perfumada sentirei / o sabor desse teu
cheiro de mar.
Orgulho-me por ter nascido em Santos! / Cativa que sou de
teus mil encantos, /sabendo como sei de tua História
E porque te amo e tanto te venero, / de tudo neste mundo o
que mais quero /é saber-te nos píncaros da glória.”
65
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Maria Aparecida da Figueira
Trabalhou na Santa Casa, depois que se aposentou, passou a ser Voluntária.
A CANÇÃO COR DE ROSA
Sempre vivi de amor. Quando eu era criança,
Namorei uma estrela, adorei uma rosa...
Porém, se sempre amei, nunca tive esperança,
Nunca fiz a menor confidência amorosa...
Não sei porque motivo o coração não cansa
Da existência tornar sempre fantasiosa...
O verdadeiro amor é o que jamais se alcança,
Só se ama, a vida inteira, a ilusão caprichosa...
Sueli Santos Teles Café da Silva
Artista Plástica. Pertence
à Academia Feminina de
Ciências, Letras e Artes de
Santos – AFCLAS-, ao Instituto Histórico e Geográfico de Santos – IHGS e ao
grupo “Poetas Vivos”, onde
já participou de algumas
Antologias. É formada
em Laboratório e Patologia Clínica, aposentada na
Área da Saúde Estadual.
NATUREZA RESGATADA
Poeta dos poetas, / Foste tu, Vicente de Carvalho
Por amor defendeu a orla, / Contra o progresso
devastador.
Vislumbrando o pôr-do-sol / Nos deixou este legado/
O maior jardim do mundo, / Por todos admirado.
À beira deste mar, / O jardim o inspirou,
Nos deixando pérolas em versos, / De flores e amor.
O mar te agradece / O povo também
A beleza que rodeia / Esta cidade do bem.
Tabajara Luis Cruz Serpa Pinto
Santista, artista plástico,
poeta e escritor premiado,
acadêmico da Academia
Vicentina de Letras, Artes
e Ofícios Frei Gaspar da
Madre de Deus. Ocupa a
cadeira nº 2.
66
MARTINS FONTES
Não tive o privilégio de conhecer-te, na bela época em
que poetizavas maravilhas, eu ainda não havia vindo ao
mundo. Mas me tornei, com muita honra dentro de tua
augusta casa “Academia Santista de Letras”, teu grande
admirador e fervoroso amigo, recebendo importante
medalha com tua fotografia mais conhecida, porque também gosto de compor e de declamar poesias; medalha
esta conferida a um grupo seleto de escritores, poetas e
declamadores, denominados: “Amigos de Martins Fontes”.
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
4