Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
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Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras
Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras 1 Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras 2 Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras EDITORIAL Caríssimo Leitor, A publicação desta revista tem a finalidade de cumprir um dos preceitos da “Casa de Martins Fontes”, contido no estatuto social, letra g do artigo 3º: editar a Revista. A Revista Comemorativa dos 60 Anos da Academia Santista de Letras, homenageia Patronos e Titulares das 40 Cadeiras. Os atuais membros efetivos publicam pequenos textos, mensagens literárias alusivas à data e alguns poemas. O grupo “Amigos de Martins Fontes” participa de acordo com suas atividades. Esperamos que o público aprove este trabalho. HOMENAGEM BIBLIOGRAFIA Cadeiras 1, 2, 3, 4, 5, 6, 8, 9, 10, 11, 13, 14, 15, 16, 17, 19, 21, 22, 24, 25, 26, 30, 33 e 37 – Obra “Poesia de Santos”, de João Christiano Maldonado. A maioria dos dados dos patronos tornou-se possível graças à obra: “Poesia de Santos”, de autoria de João Christiano Maldonado, 1º ocupante da cadeira 40. Tomou posse em 16 de junho de 1976 e faleceu em 3 de julho de 1978, no Rio de Janeiro. Esta nota é em sua homenagem. Os dados relativos aos outros patronos foram extraídos ou do arquivo da Academia, ou de pesquisa do próprio titular. Cadeiras 7, 28, 34, 35, 38 e 40 Arquivos da Academia; Cadeiras 12, 18, 20, 27, 29, 31, 32 ,36 e 39 – dos discursos de posse dos titulares; Cadeira 23 – Monografia de pós-graduação lato-senso de Sonia Maria Ramos Pestana. EXPEDIENTE - Revista Especial dos 60 anos da Academia Santista de Letras Edição - Sergio Willians e Maria Araújo Barros de Sá e Silva Diagramação - Sergio Willians Revisão dos Patronos - Katya Lais Ferreira Patella Couto Foto da Capa - Sergio Willians Fotos dos Acadêmicos - Arquivos pessoais, João Martins França, Sergio Willians, Kaká Morais. Impressão - Gráfica Guarani Tiragem: 300 exemplares Diretoria Executiva Presidente Maria Araújo Barros de Sá e Silva Vice-Presidente Sérgio Teles Fernandes Lopes Tesoureiro Mario Azevedo Alexandre POEMAS DE MARTINS FONTES Ao longo da revista, o leitor poderá se deparar com diversos poemas escritos pelo patrono máximo da Academia Santista de Letras, José Martins Fontes. Esta é uma singela homenagem da Casa das Letras de Santos a este que foi um dos mais importantes poetas brasileiros de sua geração. Muitos dos acadêmicos e membros dos “Amigos de Martins Fontes” também dedicaram seus escritos para perpetuar esta homenagem. Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Jubileu de Diamante - 60 anos de vida Academia Santista de Letras “Casa de Martins Fontes” a feliz oportunidade dos 60 anos da “Casa de Martins Fontes”, neste ano da Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo. (2016), não poderíamos deixar de nos referir ao seu patrono, José Martins Fontes, que nasceu em 23 de junho de 1884. Portanto, no mesmo dia em que a Academia Santista de Letras completa 60 anos, Martins Fontes completaria 132 anos. Todos sabem que ele, além de ser médico e poeta, foi um ser humano de qualidades ímpares. Sua curta passagem por este mundo, apenas 53 anos, pois faleceu no dia 25 de junho de 1937, deixou marcas indeléveis de sua bondade. N Maria Araújo Barros de Sá e Silva Presidente. Academia Santista de Letras promove Semana em homenagem a Martins Fontes m meados de 2006, a presidente da Academia Santista de Letras, Maria Araújo, entrou em contato com o então vereador Braz Antunes Mattos Neto, verificando a possibilidade de se criar uma semana dedicada a Martins Fontes. Imediatamente, ele aceitou o desafio e começou a trabalhar. Em 9 de janeiro de 2007, o Diário Oficial do Município publicava a Lei 2.445/2007, incluindo no Calendário Oficial do Município a “Semana Martins Fontes” (Lei 2.445/2007). E 2 Naquele primeiro ano, a “Semana Martins Fontes” foi comemorada com bastante brilhantismo. Dali em diante, a cada ano que passa o evento dedicado ao “poeta maior de Santos” tem sido mais dinâmico, com destaque para duas ações tradicionais: A Romaria dos Cravos Vermelhos na Campa de Martins Fontes e a Tertúlia poética diante do busto do poeta, nos jardins da praia. O júbilo reúne os principais grupos poéticos da cidade que, com sua importante parceria, promovem grandes eventos durante a semana. Braz Antunes Mattos Neto Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Um pouco da nossa história Academia Santista de Letras – “Casa de Martins Fontes” foi fundada a 23 de junho de 1956, registrada como pessoa jurídica no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas da Comarca de Santos, apontada no Protocolo “A nº 4”, sob o número de ordem 61.289-A, e registrada no Livro A – 2, página 4.455, sob o nº 1.370, aos 12 de março de 1957, inscrita no Cadastro Geral de Contribuintes sob o nº 48.678.387/0001- 66, de 8 de agosto de 1989, considerada de utilidade pública pela Lei Municipal nº 2.072, de 22 de agosto de 1958. É entidade sem fins lucrativos e sem vinculação político-partidária ou religiosa, destinada a cultuar a língua portu- Monsenhor Primo Vieira, Álvaguesa e a literatura nacional. ro Augusto Lopes, Archimedes Bava, Cid Silveira, Clóvis PereiParágrafo 2º - A Academia compor- ra de Carvalho, Durwal Ferreira, -se-a de 40 Membros Efetivos. Edmundo Amaral, Jaime Franco Parágrafo 3º - Cada Membro Efe- Rodrigues Junot, Maria José Arativo ocupará uma Cadeira corres- nha de Rezende, Mariano Laet pondente ao seu Patrono. Gomes, Nicanor Ortiz e José Saulo Ramos. Todos eram poetas ou Parágrafo 5º - tanto os Patronos amigos de Martins Fontes, granquanto os Fundadores e os Mem- de poeta que teve uma vida breve. bros Efetivos são considerados Nasceu em 23 de junho de 1884 imortais, no concernente à sua obra e faleceu no dia 25 de junho de literária. 1937, Portanto, tinha apenas 53 anos quando partiu deste mundo. Difundida como “Casa Seus amigos sabiam que de Martins Fontes”, seu lema é ele acalentava um sonho: criar “Longe spargens Lúmen”, ou, em uma academia de letras em Sannosso vernáculo, “Espargindo luz tos. Assim, estando todos cientes ao longe”. Tem sede na cidade de e de acordo, no ano de 1956, reSantos, Estado de São Paulo, Bra- solveram realizar o ideal do sausil, sendo indeterminado o seu doso amigo e escolheram o dia de prazo de duração. seu nascimento, 23 de junho, para São fundadores aqueles a fundação da Academia Santisque assinaram a Ata de Funda- ta de Letras – “Casa de Martins ção, assim nomeados: Fontes”. A A reunião que deu origem à Academia Santista de Letras aconteceu nas dependências da Faculdade Católica de Direito de Santos, conhecida como “A Casa Amarela”, que ficava na avenida Conselheiro Nébias, 589. Atual presidente Maria Araújo Barros de Sá e Silva desde 2005 3 Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Galeria de ex-presidentes 4 Primo N. da Mota Vieira 1956-1958/1960-1963 Francisco Paino 1958-1959 Thales de Melo 1959-1960 Manoel Paulino 1963-1965 Clóvis Pereira de Carvalho 09-03-1965/23-06-1965 Cyro de Athaide Carneiro 1965-1969 Derosse José de Oliveira 1969-1970 João de Freitas Guimarães 1970-1971 Archimedes Bava 1971/1972 Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Raul Ribeiro Flórido 1972-1974 Benedito V. dos Santos 1974-1976 Aristheu Bulhões 1976-1980/1982-1986 Milton Teixeira 1980-1982 Diniz Ferreira da Cruz 1990-1994 Paulo José de A. Bonavides 1986-1990/1994-1998 Nilo Entholzer Ferreira 1998-2002 Conceição Neves Gmeiner 2002-2005 Yedda Burgos M. de Azevedo 2005 5 Patronos e ocupantes das cadeiras Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 1 - Patrono: Agenor Silveira asceu em Santos, a 7 de abril de 1880. Bacharelou-se pela Faculdade de Direito de São Paulo, em 1905. Mudou-se para Santos, onde foi atuar no “Jornal”. Trabalhou, em seguida, no “Comércio de São Paulo” e na “Revista Nova” (SP). Ingressando na Academia Paulista de Letras, fixou em sonetos os perfis dos mestres e colegas, coletânea que se intitulou “Acadêmicas” e que, entretanto, não foi publicada. Retornou a Santos, definitivamente, no cargo de secretário da Associação Comercial, onde se aposentou. Foi contista, poeta e cultor do vernáculo. Faleceu em 24 de outubro de 1955. N Cadeira nº 2 - Patrono: Alberto Sousa asceu em Santos, a 20 de junho de 1870. Jornalista desde os 15 anos, aos 17 já figurava entre os soldados da abolição. Colaborou, em 1888, com a fundação do jornal “A Plateia”, em São Paulo. Mestre da polêmica, arrasava os adversários com tiradas jornalísticas brilhantes. Deixou um grande número de obras sobre viagens, memórias, prosa, verso, dentre outras, ainda hoje apreciadas, destacando-se “Os Andradas”, monumental obra em 3 volumes. A Academia Santista de Letras homenageou-o, dando seu nome à cadeira número dois. N Ocupantes da Cadeira 1º : Pedro Uzzo: Posse (26/2/1958) - Falecimento (1977) 2º : Geraldo Ferrone 3º : Maurílio José de Oliveira Camello: Posse (19/8/1987) - Desligado 4º : Maria Floriscena Tassara Giraldes: Posse (20/10/1989) - Falecimento ( 21/4/2013) 5º : Katya Lais Ferreira Patella Couto Posse (18 / 9/ 2014) Ocupantes da Cadeira 1º: Francisco Paino Posse (08/09/1957) 2º: Paulo José de Azevedo Bonavides Posse ( 26/10/1977) - Falecimento (21/3/2000) 3º : Edson José Amâncio Posse (22/11/2002) - - Desligado (2008) 4º : Sergio Willians dos Reis Posse (19/04/2012) 7 Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 3 - Patrono: Alberto Veiga assou pela vida dando exemplos de dedicação ao trabalho. Chefe de família, amparava a todos, principalmente a criança pobre que estudava. Solidário ao associativismo, possuía espírito de companheirismo, alicerçado por sua cultura e por seus dotes de probidade e caráter. No jornalismo, que exerceu com brilhantismo, sempre se impôs pela limpidez e perceptibilidade. Articulista de rica expressão ética. Longe da rigidez dos puristas, fazia-se fiel ao vernáculo, escrevia enxuto e tornou-se o maior jornalista de seu tempo. Alberto nasceu no velho e legendário Portugal, mas era brasileiro por naturalização e devoção. E santista por afeição. O jornalista faleceu em sua residência, na Rua Dr. Sóter de Araújo, nº 34, em 18 de maio de 1923, dando-se o sepultamento no dia seguinte, no cemitério do Paquetá. P Cadeira nº 4 - Patrono: Alexandre de Gusmão asceu em Santos em 1695, e faleceu em Lisboa, em 1753. Foi notável homem de Estado. Era irmão do padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão, o cientista inventor do aeróstato. Doutor em Direito pelas universidades de Paris e Coimbra, era membro da Academia Real de História Portuguesa. Em Portugal, passou a maior parte de sua vida. Foi contemporâneo do historiador Sebastião da Rocha Pita e do teatrólogo Antonio José, ambos brasileiros, durante o reinado de D. João V. Exerceu o alto cargo de secretário de Estado do Reino, quando opinou sobre o imposto denominado “quinto do ouro”, e foi o autor do tratado de limites com a Espanha. Dedicou-se ao desenvolvimento do Brasil, além de deixar vários opúsculos político-econômicos e alguns poemas. N 8 Ocupantes da Cadeira 1º : Manoel Moreyra Posse (08/09/1957) 2º: Oberdan Faconti Posse (20/06/80) - Falecimento (14/12/1993) 3º : Eldah Menezes Gullo Duarte Posse (05/10/1994) - Falecimento (30/10/2015) Ocupantes da Cadeira 1º: Acácio Ribeiro Valim Posse (26/03/1958) 2º: Renato Zeinum 3º: Ana Maria Pereira Sachetto Posse (25/06/1997) Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 5 - Patrono: Álvaro Pereira de Carvalho maior parte de sua existência foi na Paraíba, onde nasceu aos 19 de fevereiro de 1885, filho de Manoel Pereira de Carvalho, de origem bastante humilde. Bacharelou-se em Direito na Faculdade de Recife em 1916. Na Paraíba, foi Deputado Federal, Secretário de Estado e Professor de Literatura e Línguas (italiano, inglês e francês) no Liceu onde já havia estudado. Foi um dos fundadores da Academia Paraibana de Letras. Escreveu “Revelação do Eu”, “Ensaios de Crítica e Estética”; “Nas Vésperas da Revolução”; “Augusto dos Anjos”, dentre outros ensaios. Em 1928, elegeu-se Vice-Presidente do Estado, na chapa encabeçada pelo Dr. João Pessoa. Nas suas memórias, ele diz: “aportei-me em Santos com os meus, (...), aqui fiquei recomeçando a vida (...) entre as agruras do magistério e as canseiras de uma advocacia insipiente”. Faleceu em 1952, em João Pessoa. a Cadeira nº 6 - Patrono: Ângelo de Sousa asceu em Santos a 8 de dezembro de 1871. Seus primeiros estudos foram feitos no colégio do professor João Anta, de onde passou para a afamada escola do professor comendador Tiburtino Mondin Pestana, que reunia a nata da mocidade santista da época. Na Tribuna do Povo, Ângelo publicou muitos dos melhores versos de sua lavra, como também no Diário de Santos, do qual foi colaborador por muito tempo. Natureza frágil, adquiriu na vida da imprensa a pertinaz moléstia que o arrebataria tão moço. Fundou e redigiu uma dezena de periódicos literários. Sabia fazer jornal como ninguém. Ele só o enchia. Faleceu em 4 de outubro de 1901. Recebeu grande homenagem póstuma: com aprovação da Câmara Municipal, seus restos mortais foram trazidos de São Paulo, onde fora enterrado, e repousam no Cemitério do Paquetá. N Ocupantes da Cadeira 1º : Clóvis Pereira de Carvalho (fundador) Posse (23/6/1956) - Falecimento (16/10/1991) 2º: Aloysio Álvares Cruz Posse (27/4/1994) 3º: Walter Jorge Bestane Posse (27/08/?) 4º: Olindo Cavariani Posse (03/06/2005) Ocupantes da Cadeira 1º : Jaime Franco Junot (fundador) Posse (23/6/1956) - Falecimento (09/07/1984) 2º: Monsenhor Primo Vieira Posse (25/11/1986) - Troca de Cadeira (p/ 17, em 1987) 3º : Antonio Belarmino de Mendonça Franco Posse (04/03/1988) - Falecimento (09/11/1989) 4º: Nelson Manoel do Rego Eleito (22/12/1989) - Falecimento (08/10/1993) 5º: Maria Araújo Barros de Sá e Silva Posse (17/08/1994) 9 Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 7 - Patrono: Bartholomeu de Gusmão onsiderado o “Primeiro Cientista das Américas”, nasceu em Santos em 1685, filho do cirurgião-mor, Francisco Lourenço e D. Maria Álvares. Fez os primeiros estudos no Colégio dos Jesuítas da Vila de Santos, sob a orientação do notável jesuíta Alexandre de Gusmão, do qual ele e toda a sua família tomaram o sobrenome, como prova de estima. Foi para o seminário na Bahia e, de lá, para Coimbra, onde tomou grau de Doutor Cânones. Foi encarregado de missões diplomáticas na Corte de Roma e eleito membro da Academia Real de História Portuguesa, tendo sido inventor dos balões aerostáticos, do qual obteve privilégio pelo alvará de 19 de abril de 1709, como de muitas outras novidades mecânicas. Faleceu em Toledo, na Espanha, a 18 de novembro de 1724, ao que dizem – na miséria – por perseguições do Santo Ofício, organização mais política que religiosa. C Cadeira nº 8 - Patrono: Galeão Coutinho ineiro de Belo Horizonte, nasceu no dia 26 de setembro de 1897. Foi um grande militante na imprensa santista. Faleceu em Ubatuba, em desastre de avião, no dia 17 de setembro de 1951. Menotti Del Picchia, em suas memórias “A Longa Viagem”, recorda-se do tempo em que fora diretor de “A Tribuna” e informa que Galeão Coutinho era um dos nossos mais ricos criadores literários, romancista, sobretudo jornalista, cuja força polêmica viria a fazer com que os leitores paulistanos se fixassem no brilho de “A Gazeta”. M Ocupantes da Cadeira 1º: Monsenhor Benedito Vicente dos Santos Posse (16/3/1957) - Falecimento (26/9/2002) 2º: Gilberto Passos de Freitas Posse (28/11/2003) Ocupantes da Cadeira 1º: Edmundo Amaral (fundador) Posse (23/06/1956) 2º: Olao Rodrigues Posse (10/03/1978) 3º: Daniel Bicudo Posse (13/5/1971) 4º: Conceição Neves Gmeiner Posse (12/03/2001) - Falecimento (28/12/2013) 5º: Antonio Taveira Posse (16/04/2015) 10 Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 9 - Patrono: Fábio Montenegro asceu em Santos, a 26 de maio de 1891. Modesto funcionário da Companhia Docas, e ele próprio uma criatura simples e modesta, vivia retraidamente, metido com os seus versos, que escrevia nas horas de lazer, indiferente às glórias da existência efêmera e vazia. Tendo concorrido aos Jogos Florais de 1915 e 1916, e autor, já, de um magnífico livro de versos, intitulado Jornada Lírica, Fábio Montenegro tornara-se querido e apreciado pela sua inspiração e pelo seu valor. Foi um grande poeta, embora tenha vivido pouco. Morreu em 21 de agosto de 1920, aos 28 anos de idade, privando Santos do seu estro e do seu trabalho. Quando tombou para não mais se erguer, vitimado por um colapso cardíaco, foi que alguns amigos e admiradores resolveram tributar-lhe as homenagens a que fazia jús, mas que, em vida, não fizera questão de receber. N Cadeira nº 10 - Patrono: Emília de Freitas Guimarães rmã de João de Freitas Guimarães, Juiz do Trabalho em Santos, e filha de José de Freitas Guimarães, ilustre acadêmico paulista. Emília nasceu em Santos, a 16 de julho de 1901, onde exerceu o magistério. Colaborou em diversas jornais literários. Também era intensa colaboradora da famosa revista Flamma, a qual levava seus contos que inspiravam gerações de santistas. Além de teatróloga, tentou o conto e foi inspirada poetisa, arte que herdou do grande vate que foi seu pai. I Ocupantes da Cadeira 1º: Álvaro Augusto Lopes (fundador) Posse (23/ 6/ 1956) 2º: Alcides Abrantes Posse (31/05/1979) 3º: Pe. Waldemar Valle Martins Posse (13/05/87) - Falecimento (10/05/2004) 4º: Peilton Santos de Sena Posse (22/11/ 2006) Ocupantes da Cadeira 1º: Mariano Laet Gomes ( fundador) Posse (23/06/1956) 2º: Clotilde Paul Posse (1984) - Falecimento (23/12/2015) 11 Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 11 - Patrono: Heitor de Moraes asceu em Santos, a 5 de dezembro de 1884. Vereador por duas legislaturas, fez parte da Comissão Glorificadora de Martins Fontes. Jornalista e escritor, publicou vários livros. Em 1908, obteve, com o rondó “À La Gloire De La Rose”, segunda menção honrosa, no disputado certame literário promovido em Bruxelas pela revista belga de letras “Le Souvenir”, que habitualmente instituía torneios literários de que participavam escritores de todo o mundo. Seu livro de versos, “Marulho”, é inédito. Faleceu em São Paulo, a 1º de outubro de 1938. Menotti Del Picchia, em suas memórias “A Longa Viagem”, afirma que a livraria de Heitor de Moraes era tão completa e nutrida que o colendo Rui Barbosa descia do Rio para esbaldar sua ânsia de sabedoria em suas prateleiras. N Cadeira nº 12 - Patrono: José Batista Coelho (João Foca) asceu em Santos, a 1º de janeiro de 1877. Descendente de Amador Bueno. Estou em São Paulo e depois no Rio de Janeiro, onde entrou para a Escola Polytéchnica. Sua vocação, entretanto, era a Marinha, para a qual nunca pôde entrar, por força do destino, talvez. Naquela ocasião, havia em Santos, organizado por seu irmão Chico Vicente, moço de muito espírito também, um grêmio dramático do qual faziam parte, além dele, Carlito Affonseca, Quincas Mendes, Aprígio Macedo e outros. Após alguns anos de jornalismo e evidência literária e social em todo o Estado de São Paulo, voltou ao Rio de Janeiro, onde os seus serviços foram reclamados pelo “Jornal do Brasil”. N 12 Ocupantes da Cadeira 1º: Manuel Paulino Posse (24/04/1958) 2º: José Gomes dos Santos Neto Posse (13/05/1971) - Falecimento (13/05/1971) 3º: Walter de Carvalho Posse (28/09/1979) - Falecimento (04/04/2004) 4º: Sérgio Teles Fernandes Lopes Posse (29/07/2011) Ocupantes da Cadeira 1º: Francisco de Marchi Posse (08/09/1957) 2º: Amilcar Ferrão Pinto Posse (23/06/1978) Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 13 - Patrono: João Cardoso de Menezes e Sousa ambém conhecido como Barão de Paranapiacaba, fez seus primeiros estudos em Santos, onde nasceu a 25 de abril de 1827. Graduou-se pela Faculdade de Direito de São Paulo, exerceu o magistério secundário e foi destacado funcionário da Fazenda. Pertenceu ao Conselho do Império e à Assembléia Constituinte de Goiás. Além de poeta, tradutor, historiador e biógrafo, foi também teatrólogo. Seu livro “Poesias e Prosas Seletas” teve o mérito de ser prefaciado por Quintino Bocaiúva. Sua colaboração no “Jornal do Comércio” e no “Correio Mercantil” data da época em que frequentava os bancos acadêmicos de São Paulo. Realmente, a “Harpa Gemedora” saiu em 1847, um ano antes de colar grau. O ilustre barão faleceu em 2 de fevereiro de 1915. T Cadeira nº 14 - Patrono: Joaquim Xavier da Silveira asceu em Santos, em 7 de outubro de 1840. Ingressou na Faculdade de Direto da Universidade de São Paulo em 1861. Tal era a simpatia que lhe devotavam seus condiscípulos e a distinção de seu curso que mereceu a honra de ser eleito, por unanimidade, orador de sua turma, na colação de grau, em 1865. Notável abolicionista, colaborou em vários periódicos de sua terra, no tocante à literatura, notadamente a poesia. O insólito orador e poeta santista faleceu em 30 de agosto de 1974, em virtude da epidemia de varíola que grassou sua terra naquele ano. Poeta lírico, entusiasta de Lamartini e de Álvares de Azevedo, não teve a ventura de ver seus poemas reunidos em livro em vida. Foi o único redator de “A Imprensa”, de Santos, no período de 1870 a 1873. N Ocupantes da Cadeira 1º : Zoilo de Tolosa Posse (31/08/1960) * faleceu no mesmo dia 2º: Cyro de Athaide Carneiro Posse (14/12/1962) 3º: Camilo Abrantes Posse (26/04/1976) - Correspondente (07/07/1988) 4º: Silvia Ângela Teixeira Penteado Posse (15/06/1989) Ocupantes da Cadeira 1º: Ginés Gebran Posse (20/06/1980) - Falecimento (17/09/2002) 3º: Nancy Simões Dias Olmo Posse (23/09/2011) 13 Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 15 - Patrono: José Bonifácio de Andrada e Silva Patriarca da Independência do Brasil, nascido em Santos em 13 de junho de 1763. Fez os primeiros estudos no Brasil, foi para Coimbra aos 18 anos, onde se graduou em Filosofia e Leis. Foi Secretário da Real Academia das Ciências de Lisboa, sob cujos auspícios viajou, durante 10 anos, aos maiores centros científicos europeus a fim de estudar Ciências Naturais e Metalurgia. É considerado o maior homem público do Brasil. Em 1825 pubicou “Poesias Avulsas”, reeditadas em 1861. A larga experiência científica e política deu-lhe o devido ardor da expressão, próprio dos grandes poetas. Cantou as mágoas do exílio, o amor e os arroubos das lutas pela liberdade. José Bonifácio faleceu em 6 de abril de 1838 e seu corpo é conservado no Pantheon dos Andradas, na sua terra natal. O Cadeira nº 16 - Patrono: José de Freitas Guimarães asceu em Caldas, Minas Gerais, em 7 de outubro de 1873. Estudou humanidades no Seminário Episcopal de São Paulo, terminando em Campinas, no Colégio Culto à Ciência. Bacharelou-se pela Faculdade de Direito de São Paulo em 8 de dezembro de 1895, sendo, no ano seguinte, nomeado promotor público da capital, cargo em que teve a honra de ser considerado “o príncipe dos promotores públicos”. Em 1904, Subprocurador geral do Estado, onde substituiu várias vezes o procurador geral. Dezessete anos depois, exonerou-se do cargo e veio residir em Santos, onde passou a advogar. Fundador da Academia Paulista de Letras, ocupou a cadeira nº 7, que tem como patrono José Bonifácio, o Moço. Faleceu em Santos, a 25 de agosto de 1944. É pai do acadêmico santista João de Freitas Guimarães. N 14 Ocupantes da Cadeira 1º : Archimedes Bava (fundador) Posse (23/06/1956) - Falecimento (29/08/1985) 2º: Newton Dante Torres de Mello Posse (12/06/1987) - Falecimento (17/09/1994) 3º: Gildo dos Santos Posse (18/04/1997) Ocupantes da Cadeira 1º: João de Freitas Guimarães Posse (08/09/1957) - Falecimento (23/07/1996) 2º: Luís Carlos Peres Posse (27/04/1998) - Falecimento (13/08/2011) 3º: Adilson Luiz Gonçalves Posse (04/05/2012) Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 17 - Patrono: Martins Fontes maior dos poetas santistas, nasceu em 23 de junho de 1884. Após os primeiros estudos na cidade natal, rumou para o Rio de Janeiro, onde se formou em Medicina. Fez parte do grupo de Coelho Neto, Emílio de Menezes, Goulart de Andrade, Aníbal Teófilo, Leal de Sousa e Olavo Bilac, a este último devotando grande admiração. Prestou inestimáveis serviços médicos à Santa Casa de Santos, Beneficência Portuguesa e à Companhia Docas de Santos. Como escritor, aderiu ao parnasianismo e depois para o simbolismo, em que criava uma cosmovisão de seu mundo. Pela admiração dedicada a Alfonsus de Guimarães, travou também interessante contato com o modernismo. Olavo Bilac o chamava de “menino raio de sol”. Santos enlutou-se no desaparecimento de seu grande poeta, a 25 de junho de 1937. O Cadeira nº 18 - Patrono: Júlio Ribeiro ineiro de Sabará, nasceu em 16 de abril de 1845, filho de um pai artista de circo norte americano, George Washington Vaughan, e de uma professorinha mineira tranquila, Maria Francisca Ribeiro. Da influência materna, herdou Júlio Ribeiro o amor aos livros. Do pai, herdou a tendência nômade e a inquietude de espírito. Em 1881, Júlio Ribeiro publicou “Gramática Portuguesa”, que durante tantos anos orientou o ensino de muitas gerações. Também foi o criador da bandeira do estado de São Paulo, concebida em 1888 para ser a bandeira da república. Foi escolhido para o patronato da cadeira 24 da Academia Brasileira de Letras por seus membros fundadores. Morreu em Santos, no dia 1º de novembro de 1890. M Ocupantes da Cadeira 1º: Durwal Ferreira (fundador) Posse (23/06/1956) - Falecimento (25/06/1987) 2º: Monsenhor Primo Vieira Posse (08/07/1987) - Falecimento (22/07/1994) 3º: Paulo Augusto Bueno Wolf Posse (06/10/1994) 4º: Raul Christiano de Oliveira Sanchez Posse (17/08/2007) Ocupantes da Cadeira 1º: Thalles de Mello Posse (10/10/1957) - Falecimento (1977) 2º: Gilberto de Freitas Guimarães 3º: Oswaldo Paulino Posse (16/06/1978) - Falecimento (21/12/2006) 4º : Áureo Rodrigues Posse (30/08/2011) - Falecimento (26/01/2014) 5º: Josefa de Deus Camaño Posse (23/07/2015) 15 Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 19 - Patrono: Antonio Carlos Ribeiro de Andrada rmão do Patriarca da Independência, José Bonifácio, Antonio Carlos nasceu em Santos, em 1º de novembro de 1773. Estudou Direito em Coimbra, foi deputado da Corte de Lisboa, destacando-se como brilhante orador. Desempenhou os altos cargos de Ministro e Senador, e a crítica consagrou-o como o Mirabeau brasileiro. Pertenceu ao Instituto Histórico e Geográfico e a várias associações literárias e científicas, nacionais e estrangeiras. Apesar de poeta bissexto, no soneto “A Liberdade”, além de revelar perfeito domínio dessa difícil forma poética, espelhou, no conteúdo, toda a bravura e amor à independência. Seus restos mortais são guardados com reverência e orgulho pelo povo de Santos no majestoso Pantheon dos Andradas. Faleceu no Rio de Janeiro, em 5 de dezembro de 1845. I Ocupantes da Cadeira 1º: Aristheu Bulhões Posse (14/12/1957) - Falecimento (31/10/2000) 2º: Sérgio da Costa Matte Posse (28/05/2001) - Falecimento (20/02/2016) Cadeira nº 20 - Patrono: José Feliciano Fernandes Pinheiro Visconde de São Leopoldo, nasceu em Santos, na Rua Amador Bueno, no dia 9 de maio de 1774. Seu pai, José Fernandes Martins, era natural de Guimarães, província do Minho. José Feliciano nasceu em berço de ouro e teve antepassados ricos e de prestigio. Era quase poliglota, falava e escrevia pelo menos cinco idiomas: inglês, francês, castelhano, latim e o seu próprio vernáculo. Em homenagem à augusta Imperatriz Leopoldina, fundou o núcleo de São Leopoldo, hoje cidade do mesmo nome, acerca de quarenta quilômetros ao norte de Porto Alegre. Em virtude de tão promissor acontecimento, bem como por inúmeros outros serviços prestados ao País, D. Pedro I, a 12 de outubro de 1826, deu- lhe o título de Visconde de São Leopoldo. Morreu, no seu velho solar, a 6 de julho de 1847. O 16 Ocupantes da Cadeira 1º: Mario Faria Posse (23/08/1974) - Falecimento (10/05/1988) 2º: Walter Theodósio Posse (08/03/1991) Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 21 - Patrono: Martim Francisco Ribeiro de Andrada ambém irmão de José Bonifácio, tinha a aclunha de “Primeiro”. Nasceu em Santos, a 19 de abril de 1775, sendo batizado a 27 de junho do mesmo ano. Após os primeiros estudos em Santos, com seu próprio pai, passou, depois, para São Paulo, onde realizou os estudos preparatórios, sob as vistas do Frei Manoel da Ressurreição. Seguiu, então, para Portugal, onde se matriculou na Universidade de Coimbra, onde se formou bacharel em Matemática. No ano de 1800, foi, com seu irmão José Bonifácio e o tenente-general Napion, encarregado de uma viagem mineralógica, da Estremadura a Coimbra. No ano de 1804, foi nomeado Inspetor das Minas e Bosques da Capitania de S. Paulo. De volta à sua pátria, empreendeu uma viagem mineralógica que ficou famosa no país. Martim Francisco faleceu em Santos, no dia 3 de fevereiro de 1844. T Cadeira nº 22 - Patrono: Paulo Gonçalves asceu em Santos a 2 abril de 1877. Foi jornalista, comediógrafo e poeta. Era neto de Maria Patrícia, nobre parteira negra, conhecida e amada por toda a cidade de Santos em razão da pujança de seu coração. De raiz humilde, o poeta exerceu as mais obscuras ocupações, até ingressar na imprensa de sua terra, militando no “Diário de Santos” e “Comércio de Santos”, ambos já extintos, e em “A Tribuna”. Era muito amigo de Rui Ribeiro Couto, futuro membro da Academia Brasileira de Letras, que certa vez disse: “Paulo Gonçalves foi o meu companheiro dileto e fraternal em Santos. Na mesa da minha modesta casa, minha mãe punha sempre um prato e um talher a mais. Eu já sabia. Era para o caso do meu irmão aparecer de improviso, como tinha o direito de fazer, tal amizade que nos ligava”. N Ocupantes da Cadeira 1º: Cid Silveira (fundador) Posse (23/06/1956) - Renúncia (13/05/1977) 2º: Diniz Ferreira da Cruz Posse (12/04/1978) - Falecimento (03/06/2014) Ocupantes da Cadeira 1º José Saulo Ramos (fundador) Posse (23/06/1956) 2º: Dimas do Amaral Eleito (24/05/1979) 3º: Roberto José Avelino Bonavides Eleito (17/02/1993) 4º: Wilma Therezinha Fernandes de Andrade Posse (15/05/1998) 17 Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 23 - Patrono: Ranulpho Prata ergipano da cidade de Lagarto, nasceu em 4 de maio de 1896. Seus primeiros estudos foram realizados em Estância, Sergipe, depois foi para Salvador, Bahia, onde terminou o Ginásio. Ainda em Salvador, cursou a Faculdade de Medicina até o quarto ano, época em que ganhou seu primeiro prêmio literário com o conto “O Tropeiro”. Completou o curso de Medicina no Rio de Janeiro. Logo em seguido foi para Mirassol, no Estado de São Paulo, onde se casou. Após sofrer um abscesso pulmonar, voltou para o Rio de Janeiro, onde foi internado na Casa de Saúde São Sebastião para se tratar. Em Aracaju, organizou um gabinete radiológico. Veio pra Santos em 1927 para ocupar uma vaga para médico radiologista na Santa Casa. Aqui residiu até o seu falecimento, em 1942. S Cadeira nº 24 - Patrono: Waldomiro Silveira asceu em Cachoeira Paulista (SP), a 11 de novembro de 1873. Aos 16 anos publicou, na “Gazeta do Povo”, o soneto “Desesperança”. No ano seguinte, iniciou o curso de Direito, em São Paulo. Absorvido pela literatura, foi reprovado no primeiro ano. Apesar disso, ao final do curso, foi aclamado orador da turma, sendo a peça oratória transcrita no “Correio Paulistano”, em 23 de janeiro de 1895. Fixou residência em Santos desde 1905, a convite do escritório de advocacia de Martim Francisco. O jornal “O Estado de São Paulo” publicou dezenas de contos do autor, os quais foram reunidos em diversos livros. Foi promotor público e deputado federal por São Paulo, secretário da Educação e Saúde e também da Justiça. Foi, ainda, deputado à Constituição Paulista, onde exerceu a presidência, e membro da Academia Paulista de Letras. Faleceu em 3 de abril de 1941, em Santos. N 18 Ocupantes da Cadeira 1º: Monsenhor Primo Vieira (fundador) Posse (23/06/1956) 2º: Paulo Augusto Bueno Wolf 3º: Rômulo Caixeta Leite Posse (20/06/1980) - Renúncia (07/07/1988) 4º: Raul Ribeiro Florido Posse (1977) - Falecimento (08/12/2004) 5º: Mario Azevedo Alexandre Posse (22/08/2006) Ocupantes da Cadeira 1º: Nicanor Ortiz (fundador) Posse (23/06/1956) 2º : Mozar Costa de Oliveira Posse (16/08/1989) Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 25 - Patrono: Vicente de Carvalho oeta do Mar, Vicente de Carvalho nasceu em Santos, a 5 de abril de 1866. De estilo cristalino, ele próprio disse que a poesia devia ser, antes de tudo, alguma coisa que se entendesse. Suas raízes poéticas datam de tenra idade. Formou-se em Direito, em São Paulo, aos 20 anos. Foi presidente da Câmara Municipal de Santos, deputado por São Paulo e secretário do Interior e Justiça. Seu livro “Poemas e Canções”, desde o início, atingiu grande êxito, conseguindo logo duas edições em Portugal. Hoje, devido ao seu invulgar êxito póstumo e ao crescente número de edições de sua obra, seu nome é apontado pela crítica como um dos expoentes do Parnaso brasileiro. Morreu em 22 de abril de 1924. Santos prestou-lhe justa homenagem, batizando com seu nome uma bela avenida junto ao mar, onde posteriormente erigiram magnífico monumento. P Ocupantes da Cadeira 1º: Maria José Aranha de Rezende (fundadora) Posse (23/06/1956) - Falecimento (17/06/1999) 2º: Edith Pires Gonçalves Dias Posse (03/04/2000) Cadeira nº 26 - Patrono: Martim Francisco Ribeiro de Andrada Terceiro, filho do Conselheiro Martim Francisco e de Dª. Benvinda Bueno de Andrada, e bisneto de José Bonifácio, o Patriarca da Independência brasileira. Nasceu em São Paulo em 11 de fevereiro de 1853. Estudava no Colégio Dom Pedro II, conhecido por seu rígido regulamento disciplinar. Um dia, a escola recebeu a visita do próprio Imperador Pedro II, que lhe fez uma pergunta “-Então, seu Martim, muito satisfeito?”. Como resposta“- Se Vossa Majestade cá estivesse sempre, sim. Mas, habitualmente, isto aqui é intolerável”. O incidente, aliado a tantos outros do tipo, acabou lhe custando a expulsão da escola. Ao recebê-lo, de volta à casa, seu pai promoveu tenebrosa previsão: “- Você acaba na forca”. Formou-se em Direito no Largo de São Francisco e, durante algum tempo, exerceu advocacia na cidade de Limeira. O Ocupantes da Cadeira 1º: Derosse José de Oliveira Posse (25/05/1962) - Falecimento (23/09/1993) 2º: Ivaldo Martins Ferreira Eleito (20/06/1979) 3º: Nilo Entholzer Ferreira Posse (05/04/1995) - Falecimento (09/06/2004) 4º: Antoine Lascani Posse (26/07/2006) - Falecimento (19/07/2015) 19 Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 27 - Patrono: Herculano Marcus Inglês e Souza araense de Óbidos, nasceu em 28 de dezembro de 1853. Foi advogado, jornalista, político, professor, romancista e contista. Como advogado, sua carreira acadêmica teve início na Faculdade de Direito de São Paulo, em 1876. Sua grande obra jurídica intitula-se “Títulos ao Portador”. Produziu lições de Direito Comercial, além de elaborar um projeto do Código Comercial. Participou da vida pública como Secretário da Relação de São Paulo e Deputado Provincial (atualmente Deputado Estadual) entre 1880 e 1883. Foi nomeado, em 1881, presidente da província do Sergipe e, em 1882 do Espírito Santo. Em 1875, com a nomeação de seu pai como juiz de direito em Santos, tornou-se jornalista, escrevendo para o jornal “Diário de Santos”, de propriedade de João José Teixeira. Faleceu no Rio de Janeiro, em 6 de setembro de 1918. P Cadeira nº 28 - Patrono: Roberto Cochrane Simonsen m dos maiores empresários da história de Santos, nasceu em 18 de fevereiro de 1889. Descendia, pelo lado materno, da tradicional família Cochrane, que deu a serviço do Brasil engenheiros, militares, diplomatas, parlamentares e altos funcionários do Governo. Formou-se Engenheiro Civil pela Escola Politécnica de São Paulo. Iniciou, em 1909, a atividade de engenheiro da Southern Brasil Railway. Em 1911, foi Diretor Geral de Obras Públicas da Prefeitura de Santos. Tornou-se fundador e presidente da Companhia Construtora de Santos, que edificou prédios, como o Palácio da Bolsa, e monumentos, como o da Independência. Abriu e calçou vias públicas e construiu quartéis do Exército em vários pontos do País. Economista e financista de altos recursos técnicos, ocupou cadeira no Senado da República e pertenceu à Academia Brasileira de Letras. Faleceu em 25 de maio de 1948. U 20 Ocupantes da Cadeira 1º: José da Costa e Silva Sobrinho Posse (25/01/1964) - Falecimento (1977) 2º: Angelina Pereira Leite Eleita (30/08/1993) 3º: Maria de Fátima Rocha Guerra Posse (10/05/1994) - Falecimento (09/04/2012) 4º: Perseu Lúcio Alexander Helene de Paula Posse (21/08/2014) Ocupantes da Cadeira 1º: Raul Ribeiro Flórido Posse (15/05/1972) 2º: Nelson Norberto Gonçalves Rodrigues Posse (20/06/1980) - Falecimento (04/01/1993) 3º: Hubert Vernon Lencione Nowill Eleito (17/02/1993) - Falecimento (29/07/2011) 4º: Regina Lúcia Alonso Peres Posse (19/07/2012) Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 29 - Patrono: Gastão Bousquet ornalista, teatrólogo, poeta, contista, romancista e novelista, Gastão de Raul de Forton Bousquet nasceu em Santos, no dia 23 de setembro de 1870, filho do Dr. Alexandre Bousquet, Cônsul da França em Santos. Gastão iniciou seus estudos no Colégio Juvenato Santista, do pedagogo e professor Tiburtino Mondim Pestana. Muito moço ainda, iniciou na vida de imprensa, revelando-se, desde logo, dotado de excelentes qualidades de jornalista, trabalhando, em 1849, no primeiro jornal publicado tipograficamente em Santos, “A Revista Comercial”. Com o desaparecimento da “Revista Comercial”, surgiu em Santos, em 1872, uma nova força – “O Diário de Santos” -, pela mão de João José Teixeira. O “Diário de Santos” contou, em sua chefia, com uma lista respeitável de articulistas, inclusive com Gastão Bousquet em plena década de 1880. J Cadeira nº 30 - Patrono: Rui Ribeiro Couto ibeiro Couto nasceu escritor, em Santos, no dia 12 de março de 1898. Com 15 anos começou a publicar seus primeiros versos nos jornais da terra. Formou-se em Contabilidade pela Associação Instrutiva “José Bonifácio”. Aos 16 anos, conquistou o 1º lugar num festival de literatura santista, com o “Hino à Glória”. Prendeu-se a vários jornais de São Paulo, por ocasião de seus estudos na Faculdade de Direito, curso que iria concluir no Rio, em 1919, onde travou sólida amizade com Manuel Bandeira. Partiu para a França em 1928, como diplomata, transferindo-se, a seguir, para Belgrado, onde permaneceu até a morte, como embaixador. Além de poeta, foi novelista, romancista, ensaísta e “conteur”. Tem várias novelas e poemas traduzidos para o inglês, francês, italiano, espanhol, alemão, tcheco, húngaro, russo e japonês. R Ocupantes da Cadeira 1º: Ney Guimarães Posse (15/05/1971) 2º: Pedro Capp Filho Posse (12/06/1989) - Falecimento (25/06/1990) 3º: José Edgard da Silva Eleito (26/10/1990) 4º: Fernando Martins Lichiti Posse (23/03/1998) - Desvinculou (2008) 5º: Marcelo Pirilo Teixeira Posse (17/03/2011) Ocupantes da Cadeira 1º: Carolina Hervelha Ramos Posse (12/11/1971) 21 Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 31 - Patrono: José Bonifácio (O Moço) oeta, professor, orador e político, nasceu em Bordéus, França, em 8 de novembro de 1827, durante o exílio dos Andradas. Filho de Martim Francisco e Gabriela Frederica Ribeiro de Andrade e sobrinho do Patriarca da Independência, começou o curso secundário na Escola Militar (1842-45), mas logo abandonou o projeto da carreira de armas, por motivos de saúde. Formou-se em Direito, em 1853, pela Faculdade de São Paulo. Ensinou como substituto na Faculdade de Direito do Recife (1854-58), vindo a fixar-se depois em São Paulo. Foi Deputado provincial (1860) e geral por duas legislaturas (1861-68), ministro da Marinha (1862) e do Império (1864) no Ministério Zacarias foi senador em 1879, sendo um dos participantes da campanha abolicionista. Faleceu em São Paulo, em 26 de outubro de 1886. P Cadeira nº 32 - Patrono: Reynaldo Porchat ntelectual de singular qualidade, advogado, professor, primeiro reitor da Universidade de São Paulo, nasceu em Santos, no bairro da Vila Nova, no dia 23 de maio de 1868. Filho de Victorino Porchat e de Dona Prudência da Silva Porchat, aos sete anos de idade foi para São Paulo, onde iniciou seus estudos no Colégio Ipiranga. Aos 15 anos, de volta a Santos, entrou para o comércio, trabalhando na Casa Nothman & Cia., entre 1883 e 1884, quando retornou a São Paulo. Ingressou, então, no curso anexo à Faculdade de Direito, onde prosseguiu seus estudos, transferindo-se, depois, para o Rio de Janeiro, onde estudou no Mosteiro de São Bento. Em 1888, matriculou-se na Faculdade de Direito de São Paulo. Foi um dos redatores do periódico político “A República”, órgão dos estudantes de Direito. Faleceu em 12 de outubro de 1953. I 22 Ocupantes da Cadeira 1º: Francisco Martins dos Santos Posse (12/05/1978) 2º: Domingos Trigueiro Lins Posse (24/05/1980) 3º: Lúcia Maria Teixeira Eleita (15/06/1989) Ocupantes da Cadeira 1º: Lincoln Feliciano Posse (1971) 2º: Paulo Augusto Bueno Wolf Posse (14/09/1977) 3º: Luiz Gonzaga Alca de Sant’Anna 4º: Maurílio Tadeu de Campos Posse (04/10/2006) Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 33 - Patrono: Afonso Schmidt asceu no distrito de Cubatão, na época pertencente ao município de Santos, no dia 29 de junho de 1890. Espírito aventureiro, depois de adquirir as primeiras letras na terra natal, partiu para a Europa, aos 16 anos, com um tostão no bolso. Sempre expressou grande inquietação pelos problemas sociais, tendo manifestado isso em sua obra poética. Ao fim de farta produção em versos, pendeu para a prosa, onde continuou na invocação das injustiças das classes oprimidas, além das descrições dos costumes, personagens e fatos do passado histórico de São Paulo. Escritor dotado de enorme capacidade demiúrgica e de trabalho, foi agraciado, pouco antes de sua morte, com o honroso troféu “Juca Pato”, mais conhecido como o “Intelectual do Ano”, instituído pela União Brasileira dos Escritores. Faleceu em 4 de abril de 1964. N Cadeira nº 34 - Patrono: Frei Gaspar da Madre de Deus ascido em São Vicente, numa fazenda de nome Sannta´Ana, era filho do coronel do Regimento de Ordenanças de Santos e São Vicente, Domingos Teixeira de Azevedo. Em 1731, com 16 anos de idade, postulou uma vaga no noviciado da Ordem de São Bento, e passou a ser chamado de Gaspar da Madre de Deus. Foi noviço na Bahia, onde estudou Filosofia, História e Teologia. Depois de passar por vários conventos, em 1769 se recolheu ao Mosteiro de Santos para se dedicar com tranquilidade aos estudos de sua predileção. Nos anos finais de sua vida, Frei Gaspar trabalhou ativamente na composição de sua obra histórica. Em 1793 já havia concluído os três volumes das “Memórias para a História da Capitania de São Vicente”, que viriam a público em 1797 pela Academia Real das Ciências de Lisboa, da qual era sócio correspondente, e os seus escritos sobre as minas de São Paulo e a expulsão dos jesuítas do colégio de Piratininga. N Ocupantes da Cadeira 1º: Walter Waeny Junior Posse (13/05/1975) - Falecimento (04/06/2006) 2º: Eustázio Alves Pereira Filho Posse (12/09/2007) Ocupantes da Cadeira 1º: Cleóbulo Amazonas Duarte Posse (13/05/1971) 2º: Gilberto de Freitas Guimarães Posse (02/01/1992) 3º: Francisco Prado de Oliveira Ribeiro Eleito (23/06/1992) - Desvínculo (2008) 4º: Nilson Denari Posse (17/08/2012) 23 Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 35 - Patrono: Albertino Moreira ornalista, advogado, escritor e político, nasceu em Uberaba, Minas Gerais, a 9 de outubro de 1892. Estudou no curso de Humanidades Acácio de Paula Ferreira e bacharelou-se, em 1920, pela Faculdade de Direito de São Paulo. Pertenceu à União Brasileira de Escritores e à Ordem dos Advogados do Brasil. Jornalista, foi redator e colaborador de “A Tribuna”. Vereador à Camará Municipal de Santos no período de 1926 a 1928, viu-se reeleito em 1929, quando ocupou o cargo de Vice-Presidente, retornando-o em 1930. É autor de vários livros, como: ‘’Uma Constituição para o Brasil’’; ‘’Primeiros Republicanos e Primeiros Democratas’’; ‘’Boca Pio’’; ‘’Gente de Serra Acima’’; ‘’Pedro Famalicão &Cia.’’; ‘’Voo Nupcial’’; ‘’Terra de Ninguém’’; ‘’Pouso de Estrada e Uruguai-Argentina-Chile’’. J Cadeira nº 36 - Patrono: Alberto Leal omancista, novelista, teatrólogo, cronista e radialista, nasceu em Santos, em 1908, e faleceu em 1948. Foram apenas 40 anos de vida. Fez o curso de Humanidades e, depois, o de Medicina, formando-se em 1932. Exerceu essa profissão em Santos e também nas cidades de Presidente Venceslau e São Paulo. Em Santos, em meio a uma série de atividades, foi redator do jornal “O Diário”, que veiculava suas crônicas semanalmente. De 1936 a 1939, conquistou vários Prêmios. Escrevia incansavelmente, sobre quase tudo. Produzia trabalhos científicos sobre Medicina, História Agricultura, Apicultura, Sericultura, mas havia momentos em que seu espírito pragmático se deixava guiar pelas musas, pela literatura. Ele realizava obras nas quais procurava unir o útil ao agradável. R 24 Ocupantes da Cadeira 1º: Alceu Martins Parreira Posse (13/05/1971) - Falecimento (04/03/1993) 2º: Yedda de Burgos Martins de Azevedo Posse (30/11/1994) - Falecimento (01/12/2011) 3º: Cel. Elcio Rogério Secomandi Posse (24/10/2013) Ocupantes da Cadeira 1º: Agenor de Oliveira Freitas Posse (17/01/1972) - Falecimento (21/07/2006) 2º: Taís Assunção Curi Pereira Posse (23/05/2013) Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 37 - Patrono: Vicentina Mesquita Vicente de Carvalho ascida em Santos a 24 de junho de 1890 e falecida a 1º de abril de 1954, em São Paulo, é filha do poeta Vicente de Carvalho. Diplomou-se pela Escola Normal da Praça da República, de São Paulo. Foi tradutora do pai, tendo herdado a arte poética. Walter Waeny citou-a na sua “Pequena Antologia de Sonetistas Brasileiros”. A Academia Santista de Letras prestou-lhe honrosa homenagem póstuma, dando à cadeira nº 37 o seu nome. N Cadeira nº 38 - Patrono: Adolfo Porchat de Assis ascido em Santos em julho de 1868, filho do Com. Antonio Justino de Assis e Da. Maria Carlota Porchat. Depois de estudar na terra natal com o Padre Francisco Gonçalves Barroso, cursou o Colégio São Luís, de Itu, transferindo-se, depois, para o Rio de Janeiro, onde concluiu o curso secundário e colou grau, em1885, pela Faculdade de Medicina. Voltando para Santos, foi cônsul do Paraguai, médico da Câmara Municipal e de várias instituições e empresas importantes da cidade. Ingressando no Magistério, foi dos primeiros Diretores e Professores da Academia de Comércio José Bonifácio e do Liceu Feminino Santista, do Instituto Da. Escolástica Rosa e de outros estabelecimentos escolares, como o Ateneu Santista, por ele fundado. Autor da “Geografia do Brasil”, Dr. Adolfo Porchat de Assis faleceu em Santos, a 31 de julho de 1933, estando sepultado no Cemitério do Paquetá. N Ocupantes da Cadeira 1º: Nelson Salasar Marques Posse (13/05/1971) - Falecimento (02/02/2005) 2º: Titina Palmieri Brandão Posse (12/12/2006) - Falecimento (08/12/2010) 3ª: Viviane Pereira Posse (25/04/2013) Ocupantes da Cadeira 1º: Edison Ruivo de Sousa Posse (10/03/1972) - Falecimento (11/10/1987) 2º: Ariosto Pereira Guimarães Posse (17/11/1994) 3º: Maria Zilda da Cruz Posse (21/11/2001) 25 Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 39 - Patrono: Benedicto Calixto de Jesus aior pintor da história de Santos, nascido na cidade de Itanhaém, a 14 de outubro de 1853, filho de João Pedro de Jesus e de dona Ana Gertrudes Soares de Jesus. Foi professor de Desenho na tradicional Associação Instrutiva José Bonifácio, desde a fundação, até 1927, ano de sua morte. Durante toda a sua carreira, Calixto produziu aproximadamente 700 obras, das quais 500 são catalogadas, entre marinhas, retratos, paisagens rurais, urbanas e obras religiosas. Estas últimas lhe renderam a Comenda de São Silvestre, outorgada pelo Papa Pio XI, em 1924. Além da pintura, se revelou como historiador, escritor e fotógrafo. Faleceu de infarto, no dia 31 de maio de 1927, em São Paulo, na casa de seu filho Sizenando, para onde tinha ido com a intenção de comprar material para terminar duas telas para a Catedral de Santos. M Cadeira nº 40 - Patrono: Frei Jesuíno do Monte Carmelo asceu em Santos, a 25 de março de 1764, filho de incógnito e de Da. Domingas de Gusmão, sobrinha de Bartolomeu Lourenço de Gusmão, o Padre Voador. Na vida secular, chamou-se Jesuíno Francisco de Paula Gusmão. Casou-se em 1784, em Itu, com Da. Maria Francisca de Godói. O casal teve quatro filhos. Morrendo a esposa por volta de 1793, Jesuíno Francisco sofreu muito; aplicou-se com maior dedicação à pintura e preparou-se para a vida eclesiástica, sendo ordenado frade com o nome de Frei Jesuíno do Monte Carmelo, no ano de 1797. Consagrou-se aos pobres e fez-se monge mendicante, arrecadando esmolas para a construção da Igreja do Patrocínio, da qual se tornou arquiteto e mestre de obras. Todavia, não chegou a participar da festividade de inauguração do templo, pois, combalido e doente, veio a falecer a 30 de junho de 1819. Foi o representante da arte colonial no Brasil. N 26 Ocupantes da Cadeira 1º : Mirta Guarani Rosato Posse (13/05/1971) 2º: Milton Teixeira Posse (15/10/1971) - Falecimento (10/09/2012) Ocupantes da Cadeira 1º: João Christiano Maldonado Posse (16/06/1976) - Falecimento (03/07/1978) 2º: Paulo Alves de Siqueira Posse (04/07/1979) 3º: Neide Smolka Posse (05/03/2004) - Falecimento (01/09/2006) 4º: Jeanette Maria Octaviano Martins Posse (19/07/2007) Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Acadêmicos atuais Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 1 - Patrono: Agenor Silveira Katya Lais Ferreira Patella Couto Posse em 18 de setembro de 2014 Escrever? Por quê? Para quê? Numa de minhas aulas de Redação a um grupo de adolescentes do terceiro ano do Ensino Médio, um deles, que “detestava escrever”, segundo ele mesmo, perguntou-me: “Professora, por que eu tenho que escrever? Para que serve isso? Vou fazer Engenharia.” Cursou Letras na Universidade Católica de Santos, tendo três habilitações: Português, Inglês e Francês. Em seguida, ingressou no Mestrado em Língua Portuguesa, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Justamente por haver abordado, em seu trabalho, a questão do Sistema Educacional Brasileiro à época, Katya Patella foi convidada a ministrar palestras em algumas universidades no exterior. Visitou, então, Portugal, Espanha, Egito, Israel e Grécia. O Doutorado em Língua Portuguesa, também na PUC-SP, surgiu como consequência natural ao caminho que vinha trilhando. Por mérito, foi contemplada com o que se chama bolsa sanduíche: poderia fazer uma parte dos seus estudos em outro país. Foi, então, para a França, onde ficou por seis meses. É autora de vários trabalhos científicos, publicados em anais de congressos e livros. Ministrou, e ainda ministra, cursos, palestras, dentre outros, em universidades brasileiras e internacionais. Atua como pesquisadora e professora dentro da sua área de formação, ou seja, a linguagem. C 28 Pensei um pouco em como responder a ele e à classe. Parti, então, de uma analogia: aprendemos que o homem constrói casas porque está vivo, mas escreve porque se sabe mortal. Ele vive em grupo porque é gregário, mas escreve porque se sabe só. Essa escritura é para ele uma companhia que não ocupa o lugar de qualquer outra, mas nenhuma outra companhia saberia substituí-la. A escrita, continuei minha argumentação, não nos oferece muitas explicações definitivas sobre nosso destino, mas tece uma trama cerrada de convivências entre nós e a vida. Íntimas e secretas convivências que falam da paradoxal felicidade de viver, enquanto elas mesmas deixam claro o trágico absurdo da vida. De tal forma que nossas razões para escrever são tão estranhas quanto nossas razões para viver. E a ninguém é dado o poder para pedir contas dessa intimidade. Disse a ele que acreditava que a narração, a dissertação, a resenha, a carta, dentre outros textos que havíamos estudado durante o ano, foram mero pretexto para que ele e cada um de seus colegas compreendesse que é pelo uso da palavra que nos construímos como homens, mulheres, maridos, esposas, pais, mães, amigos, alunos, professores, enfim, como gente, capaz de, com o perdão de Mário de Andrade, dizer, de coração aberto, que amar não é verbo intransitivo. É transitivo diretíssimo, porque precisa de um complemento, porque precisamos amar a nós mesmos, amar aqueles que nos rodeiam, amar a vida. Terminei, então, lendo um trecho do poema “Amar”, de Carlos Drummond de Andrade, que, por acaso, trazia comigo naquele dia: “Que pode uma criatura senão,/ entre criaturas, amar?/ amar e esquecer,/ amar e malamar,/ amar, desamar, amar?/ sempre, e até de olhos vidrados, amar?” Não sei se o aluno do começo deste texto ficou satisfeito com minha explanação. Só posso afirmar que, a partir daí, ele não mais reclamou e entrou na Poli-USP. Talvez a nota máxima que ele obteve na redação tenha contribuído para o resultado, não é mesmo? Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 2 - Patrono: Alberto Sousa Sergio Willians dos Reis Posse em 19 de abril de 2012 A origem da Casa de Martins Fontes ergio Willians nasceu em Santos, litoral do estado de São Paulo, no dia 15 de dezembro de 1967. Desde a juventude se mostrou interessado pela literatura e, sobretudo, pela história regional, acalentando um dia poder unir essas duas paixões. A opção pelo jornalismo foi natural e, em 1992, iniciou sua trajetória profissional no Diário Popular (atual Diário de São Paulo). Passou também pela TV Tribuna, afiliada da Globo em Santos, ajudando na implantação do jornalismo local. É autor dos livros “Pelas Curvas das Estradas de Santos”(2008), “Bondes de Santos” (2009) e “Jacinto, o Sansão do Cais Santista” (2012). Também publicou a revista “Almanaque de Santos” (2011) e a coleção “Almanaque Santista” (2012), ambos pelo Instituto Histórico e Geográfico de Santos. Possui centenas de artigos publicados em jornais e revistas, em colunas que tratam de fatos históricos da cidade santista. Em 2013, Sergio Willians assumiu o posto de secretário-adjunto de Cultura do município de Santos e no ano seguinte o de diretor da Fundação Arquivo e Memória de Santos. Em 2013, iniciou o Blog “Memória Santista” e um canal na rede social Facebook, que contava, até 2016, com mais de oito mil seguidores. S Na segunda metade dos anos 1950, Santos já se apresentava como uma cidade culturalmente fervilhante do ponto de vista literário. Escritores, trovadores e poetas produziam com afinco e sonhavam em organizar sua própria entidade, espelhada nos moldes da Academia Brasileira de Letras, fundada em 1897 no Rio de Janeiro e da Academia Paulista de Letras, criada em 1909 na capital bandeirante. Assim, liderados pelo diretor da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Santos, Monsenhor Primo Vieira, e pelo empresário Clóvis Pereira de Carvalho, um grupo composto por doze figuras ilustres da cidade fundou, em 23 de junho de 1956, a Academia Santista de Letras, elegendo como patrono o poeta Martins Fontes. Os fundadores da ASL, de acordo com a ata de criação da entidade, foram Clóvis Pereira de Carvalho, Durval Ferreira, Monsenhor Primo Vieira, Álvaro Augusto Lopes, Archimedes Bava, Edmundo Amaral, Jaime Franco, Maria José Rezende, Mariano Gomes, Nicanor Ortiz, Saulo Ramos e Cid Silveira. Demorou um pouco para ocorrer a instalação oficial da Academia, o que só veio a acontecer no dia 17 de março de 1957, em sessão solene da Câmara Municipal de Santos na Sala Princesa Isabel, Paço Municipal, que contou com a ilustre presença do então presidente da Academia Brasileira de Letras, Peregrino Júnior. Sem sede fixa, as solenidades e reuniões da Academia Santista de Letras aconteciam em lugares gentilmente cedidos, como no Salão Nobre do Clube XV, que ficava no prédio que pertenceu ao Jóquei Clube de Santos (esquina da Rua Marcílio Dias com Avenida Presidente Wilson), no Salão Camoneano, do Real Centro Português (Rua Amador Bueno) e no Salão de Mármore do Parque Balneário Hotel. Mais recentemente, a Academia Santista de Letras ocupou como sede um espaço no prédio da Sociedade Humanitárias dos Empregados do Comércio e está atualmente num sobrado do Grupo Santa Cecília, onde promove suas solenidades. 29 Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 4 - Patrono: Alexandre de Gusmão Ana Maria Pereira Sachetto Posse em 25 de junho de 1997 O sonho do escritor Digitou o ponto no final da frase e recostou-se na cadeira. Não estava satisfeito. Escritor de talento reconhecido, sempre tivera enorme facilidade em criar as histórias dos seus livros, invariavelmente um sucesso de público e crítica. Mas, desta vez, não. Tivera muitas dificuldades em fazer fluir sua história. asceu em Santos, fez seus primeiros estudos no Colégio São José. Bacharelou-se em Jornalismo em 1965 e, em 74, em Publicidade e Propaganda, ambos pela UniSantos. É formada em Piano com Aperfeiçoamento, pelo Instituto Musical Santa Cecília. Data de 1968 seu certificado do curso de Extensão Universitária na área de Psicologia Aplicada, da Faculdade de Filosofia N.S. Medianeira, de São Paulo. Iniciou-se profissionalmente no Jornalismo no jornal “Cidade de Santos”, em 1970. Em 72, transferiu-se para o jornal “A Tribuna”. Assumiu as funções de Editora de Artes em 1º de maio de 1976, permanecendo no cargo até a aposentadoria, em outubro de 93. Tem diplomas outorgados por entidades literárias e culturais da Baixada Santista, e recebeu inúmeros troféus, placas e medalhas ao longo de sua carreira, alguns de abrangência nacional. É vencedora do concurso nacional sobre “A Paz”, promovido pelo Yazigi Internacional. Continua atuando no Jornalismo como colaboradora do jornal “A Tribuna” e mantém dois blogs: www.anamariasachetto.blogspot. com e www.opiniaodaanasachetto. blogspot.com N 30 Além disso, confessadamente cético, andava cismado com as obras ditas psicografadas. E – tinha de reconhecer – mais parecia que não era ele quem escrevia, tal a facilidade com que redigia suas histórias. Agora, não sabia por que, não estava satisfeito com o desfecho que dera ao novo romance. Cansado, adormeceu na cadeira. E “viu” alguém se aproximar do teclado do computador e digitar alguma coisa. Acordou assustado, perguntou à empregada se ela tinha entrado na sala. Resposta afirmativa, mas negação veemente de que a moça tivesse se aproximado do computador. Temeroso, releu o que havia escrito. Percebeu que, na última frase dita por sua personagem, a expressão “renunciar à vida”, que ele era capaz de jurar ter escrito, exibia agora outro verbo: “anunciar a vida”. Um final mais humanista, que o agradava muito, surgiu em sua mente. Sorriu e voltou ao computador. Martins Fontes também fez poemas na lingua italiana BACI MORTI Dobbiamo amar la donna sempre piu, Se non illude o. quando è ingannata, Perdona per amore o per virtu, Per rispetto dell’epoca passata. Quante volte, delia mia gioventu Mi sovvengo, di quando fidanzato. Vedo che allora amavo suppergiu . . . Ma non quando dovevo aver amato. Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 5 - Patrono: Álvaro Pereira de Carvalho Olindo Cavariani Posse em 3 de junho de 2005 O ápice de duas vidas unidas pelo destino Um página que deixou infinitas recordações Meus amigos asceu na cidade de Olímpia, Estado de São Paulo, em 5 de maio de 1920, filho de Marcelo Cavariani e Brígida Reinaque Abadia. Foi casado com D. Diva Jardim Cavariani, com quem tece três filhos: Evandro, Caio e Régis . O Professor Olindo tem Licenciatura Plena em Pedagogia, pela Faculdade de Educação e Ciências Humanas “Prof. Laerte de Carvalho”, de Santos, inúmeros cursos e especializações em diversas entidades, congêneres de Santos e outras cidades. Tem vários títulos honoríficos, dentre tantos o Titulo de Cidadão Emérito de Santos, concedido pela Câmara Municipal de Santos “pelos relevantes serviços prestados ao Município”. O diploma lhe foi entregue em sessão solene e pública, no Dia do Professor em 1971, pelo então Governador do Estado de São Paulo Laudo Natel; seu amigo particular. Ao longo de suas atividades de magistério, como Professor Secundário, Diretor, Inspetor do Ensino Secundário e Normal, Delegado e Diretor de Educação paraninfou mais de vinte turmas de formandos.Entre outros trabalhos publicados, destacam-se os livros: “Laudo Natel – O Governador”, “Mirassol – Minha Terra” e colaborou no jornal “Correio de Mirassol”. N Neste pequeno espaço que disponho é um imperativo nas minhas intenções reverenciar a memória daquela que muito me ajudou a chegar até aqui. Vislumbro neste seleto auditório, e com que dolorosa saudade, a memória de uma cadeira vazia deixada por minha companheira e incentivadora de tudo que me foi dado realizar durante meio século percorrido, e agora no plano espiritual. Obrigado, mil vezes obrigado. Com Diva aprendi que amor, só é amor quando ele é eterno. Obrigado, mil vezes obrigado. Principalmente a estas derradeiras palavras, pela vossa nobreza em ouvi-las quando minha voz já está embargada de tantas e tantas emoções... A poesia de Zézinho publicada em Piccola Antologia poetica brasiliana MIA MADRE Bacio la man che su di me si spalma, Per benedirmi e sempre sostenere. L’amore tuo questo mio cuor mi calma E provo il bene dei tuo benvolere. La mano t’ho baciato e la mia palma Guardo, linea a linea, per vedere Se scopro in me un po’ della tua alma; Se la tua grazia è in me, voglio sapere.. 31 Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 6 - Patrono: Ângelo de Sousa Maria Araújo Barros de Sá e Silva Posse em 17 de agosto de 1994 Metamorfose tual presidente da Academia Santista de Letras, desde setembro de 2005. Nasceu em Salgueiro, PE, a 5 de janeiro, filha do casal Messias José de Sá e Josina Nunes de Barros, casada, reside em Santos desde 1954. Cidadã Santista pela Câmara Municipal de Santos, formada em Letras pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Santos – UNISANTOS. Escritora e poetisa, com vários livros publicados. É membro da Academia Feminina de Ciências, Letras e Artes de Santos, do IHGS e outras entidades. Foi presidente do Elos Clube de Santos e presidente do Elos Internacional da Comunidade Lusíada. No exercício da presidência da Academia santista de Letras criou O FAROL, jornal da Academia, que já está no nº. 59 editou a Revista Literária nº. 5 e a de, 6, criou as galerias: dos Patronos, dos Beneméritos e dos Presidentes, além do Salão Nobre “Oswaldo Paulino”, criou o site da Academia e realizou a mudança para a nova sede social. Criou a Semana Martins Fontes, que já está no 10º ano consecutivo e criou também o Grupo “Amigos de Martins Fontes”, que realiza o “Chá das Cinco” mensalmente. A 32 Sou um todo que se divide, metade o Nordeste, do meu Salgueiro agreste, a outra metade – São Paulo, desta Santos tão querida. Salgueiro, na minha infância, Santos, minha plenitude, tenho viva na lembrança a minha chegada em Santos, ainda na juventude. Salgueiro, adolescência, em Santos tornei-me adulta, em Santos quero viver e morrer para, depois, como, Fênix renascer em Salgueiro, no sertão de Pernambuco!... Hino de Amor a Santos Canto para você, minha cidade linda, um canto que transborda do meu coração, um canto de prazer e de ternura infinda, meu poema de amor, minha doce canção. Ó minha cidade, para você eu canto, minha felicidade meu contentamento. Terra querida, amada, que eu venero tanto, Santos florida é poesia, é deslumbramento. Canto para você, porque tudo é amor, na praia tão linda quando é manhã de sol e nas tardes chuvosas com frio ou calor. Canto para você, na luz, na claridade, no silêncio da noite, depois do arrebol, canto para você, “Terra da Caridade”. Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 7 - Patrono: Bartolomeu de Gusmão Gilberto Passos de Freitas Posse em 28 de novembro de 2003 Sessenta anos de tradições e cultura Sessenta anos comemora a Academia Santista de Letras – Casa de Martins Fontes –, tão viva, tão pujante, refletindo as tradições de cultura do povo santista. asceu na cidade de São Paulo, a 21 de junho de 1938, filho de José Maria de Freitas e Celeste Passos de Freitas. Formado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Católica de Santos. Curso concluído no ano de 1963. Possui mestrado (2000) e doutorado (2003), ambos em Direito, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. É desembargador aposentado do Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo. Membro do Conselho Superior de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Associação dos Registradores Imobiliários de SP. Foi Corregedor Geral da Justiça do TJSP (2006/2007). Membro do Conselho Científico da Revista de Direito Ambienta (RT). Professor Titular da Universidade Santa Cecilia. Professor convidado da Escola Superior do Ministério Público. Casado com D. Vera Lúcia Chavasco de Freitas, Professora de História, possui dois filhos: Roberta Marcondes Passos de Freitas Campedelli e Gilberto Passos de Freitas Filho. Autor de vários livros jurídicos, e publicou inúmeros artigos em revistas especializadas em Direito. N Falando em seu nome, por ocasião de minha posse, Nilo Entholzer Ferreira afirmou: “na medida em que acolhemos a luminosa esteira de cultura, estamos espalhando através dela os traços mais eloquentes de um sonho chamado espiritualidade e, qual Arieis dos tempos modernos, vamos mostrando aos nossos irmãos da cultura os caminhos mais tranqüilos da convivência humana e os mais eficazes mecanismos da libertação material, moral, política e espiritual do ser humano.” Estas palavras, que continuam vivas no nosso coração, aplicam-se inteiramente ao momento atual e são motivos de orgulho e distinção de poder conviver com aqueles que, na lealdade das palavras, na amizade do olhar e no comportamento sempre de amor ao próximo, fazem um diferencial sem igual. Adotando o lema do nosso poeta maior, Martins Fontes, não é demais lembrar, “Como é bom ser bom”. Martins Fontes Poemas do Livro “A Flauta Encantada”, publicado em 1931 Monotonia Rítmica Era uma noite negra, horrendamente negra, Horrendamente negra, como o corvo do Poe, horrendamente negra. Eu tremia, a gelar, na solidão goiesca, na solidão goiesca, inteiramente só, na solidão goiesca. Nisto, vejo surgir um lívido fantasma. um lívido fantasma, um hamlético e longo e lívido fantasma. Retransido, sem voz, perguntei com os olhos, perguntei com os olhos, quem és tu, quem és tu! — perguntei com os olhos — E o avejão respondeu: — Eu simbolizo o Nada! — Eu simbolizo o Nada! E desapareceu... — Eu simbolizo o Nada! 33 Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 8 - Patrono: Galeão Coutinho Antonio Taveira Posse em 16 de abril de 2015 Viva a Academia Santista de Letras O ano de 1956 já começa diferente, é um ano bissexto. Um ano considerado vibrante para as artes. Nas rádios americanas já se ouvia Sinatra e Elvis Presley faria sua apresentação histórica em hollywood. Em Londres dois amigos Jonh e Paul formariam uma banda The Beatles que se tornariam um sucesso mundial. ascido em 28/06/1955, filho de Nilo Taveira e Dilma Rodrigues Taveira. Casado com Sonia Maria Borges Taveira, têm dois filhos: Letícia e Leandro. Atuário de formação, trabalhou no Banco do Brasil por 30 anos, em várias agências e cidades. Atual Presidente do Comitê BB Cidadania dos Funcionários do Banco do Brasil, é companheiro do Rotary Club de Santos Vila Belmiro. Diretor da empresa VIA ARTE Produções Ltda e Produtor Cultural tendo participado da elaboração e execução de vários projetos para a Associação de Amigos da Pinacoteca Benedicto Calixto, Associação dos Artistas da Baixada Santista; FESTA – Festival de Teatro de Santos. FESCETE – Festival de Cenas Teatrais de Santos; TESCOM Escola de Teatros & Agência de Artistas e Técnicos/ Escola de Samba Unidos dos Morros e várias edições da Tarrafa Literária de Santos, realizada pela Realejo Editora. Tem participação em nos livros: “Laboratório do Escritor” pela editora Realejo, “DELICATTA V – Cronistas, Contistas e Poetas Contemporâneos” e “Santos em Prosa e Versos” publicado pela Academia Santista de Letras. N 34 No Brasil começávamos a encenar uma possibilidade de Bossa Nova. O grande cantor do momento era Nelson Gonçalves. No teatro era encenada a peça O Orfeu da Conceição, de Vinícius de Morais e Nelson Rodrigues nosso grande dramaturgo. Na literatura mundial, Albert Camus, escritor Francês, publicava A Queda, livro que lhe daria o Prêmio Nobel de Literatura no ano seguinte. No ano de 1956 quem recebe o Nobel é o poeta e novelista Espanhol Juan Ramón Jimenez. Irwin Allen Ginsberg, poeta americano publica o poema Uivo iniciando a Geração Beat . O Alemão Erich Fromm publicava A Arte de Amar. Jorge Luis Borges, já renomado escritor argentino, torna-se professor de Literatura na Faculdade de Buenos Aires. No Brasil, Patativa do Assaré publica seu primeiro livro, Inspiração nordestina. João Cabral publica seu auto Morte e vida Severina. Bernardo Élis publicava O Tronco, já João Guimarães Rosa emendava duas bombas atômicas na literatura brasileira – Grande Sertão: Veredas e Corpo de Baile. Somando a isto o lançamento de O Encontro Marcado, de Fernando Sabino, mais Boca do Inferno, de Otto Lara Resende, dá para anotar o ano de 1956 como um marco na história da literatura brasileira. Nessa pujante efervescência, Santos possuía uma vida cultura e literária ativa, tanto que um grupo de poetas e escritores resolveram fundar uma Academia de Letras em nossa cidade. Valorizar e divulgar a literatura Brasileira, preservar a memória e as produções literárias dos Escritores Santos, é a missão básica de nossa Academia Santista de Letras e seus Acadêmicos. Tenho orgulho de fazer parte dessa “Casa de Martins Fontes”. Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 9 - Patrono: Fábio Montenegro Peilton Santos de Sena Posse em 22 de novembro de 2006 om baiano, nascido num domingo de sol do mês de outubro do ano de 1967 na cidade de Itabuna/BA. Filho de Pedro Alves de Sena e Marina Rosa de Sena. Poeta em construção, escritor, autor dos livros “Momentos” (1995) e a Força dos Versos (2006). Declamador, ator, contador de histórias e palestrante. Graduado em Letras pela Universidade Católica de Santos e Pós- Graduado em Educação pelo Centro Universitário Lusíada – Unilus. É membro da Academia Santista de Letras, da Associação de Poetas e Escritores da Baixada Santista – APEBS e da Ordem da Confraria do Poeta – RS. Premiado em diversos concursos literários nacionais. Verbete na Enciclopédia da Literatura Brasileira Contemporânea, com trabalhos publicados em jornais, revistas e antologias poéticas do País. Foi Diretor Artístico do Elos Clube de Santos e atuou como poeta educador no Programa de Alfabetização Solidária do Governo Federal nos Estados do Amazonas, Ceará e Pernambuco. Casado com a rosa-Rosângela e pai dos filhos-poesias: Ananda Luz e Pedro Gabriel. B Poemar Risco areia Versejo imensidão Rimo bruma Com espuma Solitária vaga meu coração Oceanopoema o meu cantar Saudades que vem em ondas Salgada tristeza de além-mar Choro então, debruçado no cais A ausência de um amor que partiu Para nunca mais Arrepio Teu corpo quando Lua no meu A pele nua Meu corpo quando Sol no teu A pele sua Sua no meu corpo A tua pele nua Minha pele no teu corpo Simplesmente lua Deus Tão necessário Quanto o ar que respiro Tão certo quanto o Suor que transpiro Tão universal que Não cabe em minha mente Tão onipotente que Basta a si mesmo E tão humilde que Preferiu contar com a gente 35 Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 11 - Patrono: Heitor de Moraes Sérgio Teles Fernandes Lopes Posse em 29 de julho de 2011 Saudação à Academia de Letras Neste ano de 2016 comemora-se o sexagésimo aniversário de fundação da Academia Santista de Letras (ASL) – Casa de Martins Fontes. asceu na cidade de Santos, litoral de São Paulo no dia 17 de junho de 1950, filho do ex-prefeito de Santos, Silvio Fernandes Lopes e Arlete Teles Lopes. É advogado, formado pela Universidade de Bragança Paulista. Na ára da literatura, é escritor contista, cronista, romancista e memorialista, tendo publicado seu primeiro romance “Passageira do Tempo”, no ano de 2009 pela Editora Comunicar. O livro foi lançado durante a Bienal do Livro de São Paulo. Sergio Fernandes Lopes colaborou em coletâneas de Cronistas, Contistas e Poetas, pela Editora Contemporânea – Laboratório de Escritor, organizado pela Editora Realejo, no ano de 2010, organizado pela escritora paulistana Eliana Pace. Também participou da Coletânea “Santos em Prosa e Versos” da Academia Santista de Letras, lançada em 2015, com apoio da Secretaria Municipal de Cultura de Santos. No ano de 2013, Sergio Lopes escreveu e publicou a biografia do seu pai, o prefeito “Silvio Fernandes Lopes (Engenharia de uma Vida)”, pela Editora Comunicar. Atualmente exerce a função de vice-Presidente da Casa de Martins Fontes. N 36 Para festejar a data, dentre outros tantos eventos, resolveu com propriedade a Diretoria da ASL editar uma revista comemorativa que possa trazer ao publico em geral maior conhecimento de suas atividades culturais e de seus membros. Louvável iniciativa que tornara perene a passagem da data. Quero deixar impressa minha satisfação em pertencer ao quadro de Acadêmicos e prestar minha homenagem e respeito aos atuais e a todos os Confrades e Confreiras que com brilhantismo nos antecederam e deram sua contribuição nesses 60 anos. “Salve a Academia Santista de Letras” Martins Fontes ADORAÇÃO Quem disser que a paixão como o fogo se apaga, E os soluços do amor são efêmeros ais, Que tudo é igual ao vento ou semelhante à vaga, Não o creias jamais, não o creias jamais. Desde o primeiro olhar, quem de amor se embriaga, Sente que as atrações são mistérios fatais, O amor é como o sol cuja luz se propaga, Em crescente esplendor, em clarões imortais. Há vinte anos em mim irradia uma aurora! Amei! Amo! Amarei! Amanhã como outrora! Arde o meu coração em contínuo fulgor! É imutável, eterno o meu sonho adorado, Para te sempre amar, bata-me haver-te amado, O Amor do teu Amor, eis o Amor, meu Amor! Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 12 - Patrono: José Batista Coelho (João Foca) Amilcar Ferrão Pinto Posse em 23 de junho de 1978 VIDA scritor nascido na cidade de Santos, litoral do Estado de São Paulo, onde sempre residiu, estudou e trabalhou. É formado em Jornalismo pela Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras de Santos, departamento de jornalismo, na década de 1960. Fez carreira no serviço público municipal, atuando na Câmara Municipal de Santos, estando hoje aposentado. Escreveu artigos literários em jornais e revistas de cultura. Publicou os livros de poesia Outro Lugar, Outro Tempo, Autocanto, Recolhimentos e Canções de Outono e o de crônicas As Estações da Infância. É membro efetivo da Academia Santista de Letras, ocupante da Cadeira 12, cujo patrono é José Baptista Coelho. Para Amílcar, a poesia surge num encontro impressentível, num instante em que a sensibilidade parece alcançar outra dimensão da realidade e busca fixar e transmitir essa experiência inefável. O poema como uma janela que se abre para um universo mítico, oculto pelo cotidiano, pelo prosaico e que nos surpreende com seu mistério que envolve, encanta, enternece. E Pequena flor sem nome, Pobre flor sem perfume, Que um dia desabrochaste no fundo do abismo, Tua existência não foi por ninguém percebida. Ainda que ínfima, Foste a presença silenciosa do milagre, Foste um instante de eternidade na voragem do tempo. CANÇÃO I Sou o que vejo E não penso. A vida, assim, Cabe em mim. Ser o outro, O ser de fora, Só a paisagem. Ou a miragem ? CANÇÃO II Pudessem as vagas levar Até os confins do oceano Este barco que faz água Depois de tantas viagens E tormentas e naufrágios !... Pudessem os ventos de outono Soprar estas velas rotas Para então poder partir Nalgum roteiro sem norte, Sem bússola ou astrolábio !... As vozes do mar eu ouço Nas ondas que vêm do abismo, Que se quebram nesta praia E no barco que ficou Preso às amarras do cais ! 37 Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 13 - Patrono: João Cardoso de Menezes e Souza Silvia Ângela Teixeira Penteado Eleita em 15 de junho de 1989 Saudação à Academia de Letras Participar da Academia Santista de Letras tem sido uma honra e inspiração para mim. A sensibilidade natural da mulher necessita de veículos e associações que permitam o florescimento da participação coletiva feminina, estimulando as manifestações sociais. ílvia Ângela Teixeira Penteado é pedagoga, mestre e doutora em Educação. Começou a trabalhar aos 15 anos ao lado de sua família, toda composta de educadores e, hoje, desempenha as funções de Reitora da Universidade Santa Cecília e Diretora-Acadêmica do Sistema Santa Cecília de Rádio e TV Educativas. Autora de “Participação na Universidade: Retrato em Preto e Branco” (ed. Pioneira) e “Identidade e Poder na Universidade” (ed. Cortez/UNISANTA), entre outros, Sílvia tem publicado trabalhos científicos e educacionais como contribuição para a disseminação do conhecimento, ao longo de sua carreira. É membro do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras. Pesquisadora da Associação Nacional de Política e Administração da Educação, do Instituto Paulo Freire e Presidente da Fundação Pinacoteca Benedicto Calixto. Sua vida está ligada a instituições e organismos de ciência, cultura e educação, como educadora apaixonada pelo seu trabalho na formação de gerações e de ações concretas que se têm revertido à qualidade de vida da nossa sociedade. S 38 Como membro dessa entidade, reafirmo os ideais de zelar pelo cultivo da Língua e da Literatura Portuguesa, reforçando os laços em prol da reflexão intelectual indispensável para a elevação cultural de Santos e região, com reflexos positivos ao País. Comemorar um Jubileu de Diamante é mais um motivo de orgulho, que aumenta a nossa responsabilidade como cidadãs conscientes da importância da Arte e da Cultura. Martins Fontes colaborava com várias revistas, como “A Cigarra”, onde publicou este poema, na edição de 19 de janeiro de 1916 RELIGIÃO Creio que Deus foi inspirado Pelo ideal de um grande amor: E, como um poeta apaixonado, Fez a mulher e fez a flor. Pois nem o lírio, nem a rosa, Tem esse encanto singular, Essa expressão maravilhosa, Que há no sorriso de um olhar… Fez, completando a obra divina, Para ser justo em seu mister, Da rosa, a carne feminina, O lírio, da alma e da mulher. Oh! A mulher é incomparável! Não tem um símile sequer! É indefinível e adorável! É mais que a flor, porque é mulher! Vivem na terra confundidas Essas imagens ideais: E, sendo em tudo parecidas, São tão diversas sendo iguais… Ela é a suprema inspiradora! Ela é a suprema adoração! E a criatura, e criadora, Ela é maior que a criação! Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 14 - Patrono: Joaquim Xavier da Silveira Nancy Simões Dias Olmo Posse em 23 de setembro de 2011 O que acontece édica formada pela Universidade Federal de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro. Especialização em Pediatria e Hebiatria pela Universidade Federal de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro. Assistente da Cadeira de Pediatria do Instituto Fernandes Figueiras de 1958 a 1964. Pianista formada pela Escola Nacional de Música da Universidade do Brasil. - Poeta e Pintora. Formada em Letras pela Universidade Metodista de São Paulo. Membro da Academia Feminina de Ciências Letras e Artes de Santos. Membro da Academia Santista de Letras. Membro do Instituto Histórico Geográfico de Santos. M Realmente não sei o que acontece Sinto vontade de escrever, O que será? Não consigo mais sonhar sozinha? Preciso do branco papel Para fazer confidencias? Ele é frio e não responde Aceita só minhas palavras... Também não as discute Só as aceita... Boas ou más, o que importa? A verdade é que aceita Escrevo, escrevo... Ninguém lendo, Também não importa O que importa é o que escrevo. SER PAULISTA Ser paulista! é ser grande no passado E inda maior nas glórias do presente! E ser a imagem do Brasil sonhado, E, ao mesmo tempo, do Brasil nascente. Ser paulista! é morrer sacrificado Por nossa terra e pela nossa gente! É ter dó das fraquezas do soldado Tendo horror à filáucia do tenente. Ser paulista! é rezar pelo Evangelho De Rui Barbosa — o sacrossanto velho Civilista imortal de nossa fé. Martins Fontes fez sua homenagem aos bravos soldados de São Paulo, que sacrificaram suas vidas por um ideal de justiça. Ser paulistal em brasão e em pergaminho É ser traído e pelejar sozinho, É ser vencido, mas cair de pé! 39 Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 15 - Patrono: José Bonifácio de Andrada e Silva Gildo dos Santos Posse em 18 de abril de 1997 José Bonifácio – a modéstia Pesquisando a vida de José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriarca da Independência, tivemos dificuldade em examinar as diversas facetas de sua existência, tão ricas em quantidade e qualidade. Por isso e por nossas limitações, fazemos aqui breves anotações a respeito de quem é merecedor dos maiores louvores. ilho de Gumercindo dos Santos e de D. Maria dos Santos, nasceu a 11 de novembro de 1936, em Santos, Bacharel pela Faculdade de Direito da Unisantos (1960). Especialização pela Faculdade de Direito da USP. Professor de Direito Processual Civil desde 1969, na Faculdade de Direito da Unisantos, e desde 2000 na Faculdade de Direito da Unisanta. Professor Convidado do Curso de Pós Graduação do Instituto Internacional de Ciências Sociais – Centro de Extensão Universitária de São Paulo, desde 1998. É sócio titular do Instituto Histórico e Geográfico de Santos e também do de São Vicente. Possui trabalhos publicados na Revista dos Tribunais, na Revista Forense, na Revista Ajuris do Rio Grande do Sul, na Revista do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, e artigos nos jornais A Tribuna, de Santos, e O Estado de São Paulo. Foi Presidente do Tribunal de Ética Profissional da OAB/SP. Foi membro do Conselho Editorial da Editora Universitária Leopoldianum da Unisantos, e, também, da Revista da Procuradoria Geral do Município de Santos. É consultor jurídico, conferencista, advogado e autor de obras jurídicas. F 40 Além de seus estudos em Jurisprudência, Ciências Físicas e Naturais na Universidade de Coimbra, e na Faculdade de Leis e de Filosofia, também naquela cidade, notória a sua preocupação com o meio ambiente, confirmada no seu livro “O plantio de novos bosques em Portugal”, e com os trabalhos em mineralogia, escrevendo sobre “As minas em Portugal”. De registrar-se a conquista do grau de Doutor em Ciências Naturais, naquela Universidade, além de ter sido professor catedrático de Geognosia e Metalurgia. Na política, sobressai a sua visão de grande estadista, reconhecida por todos. Queremos, porém, salientar o que mais nos chamou a atenção: a sua extraordinária modéstia. Essa qualidade enaltece ainda mais a sua figura, ornada por prodigiosa inteligência, vasta cultura, sabedoria, tudo isso num homem sábio, simples e humilde. Os jornalistas Hamleto Rosato e Olao Rodrigues chamavam-no de “o maior de todos os brasileiros”. Sem o brilho desses saudosos amigos, que dignificaram a nossa cidade, afirmamos que José Bonifácio foi e é um exemplo de modéstia e humildade para os jovens e para as futuras gerações, pois, jamais aceitou qualquer título do Governo, concessão comum na época. Não quis receber a Grã-Cruz do Cruzeiro, nem o título de Marquês. Ele viveu somente para servir à Pátria, de modo humilde e modesto. Coincidência, ou não, em 13 de junho, data de seu nascimento, é o dia em que se comemora o querido Santo Antonio, que, por igual, humilde e simples, somente serviu ao próximo, missão a que também se dedicou por toda a vida. O Patriarca pediu que, no seu túmulo, se escrevesse “Eu desta glória só fico contente que à minha terra amei e à minha gente”, o que se justifica porque nunca pensou em si mesmo, mas, apenas, nos semelhantes. Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 16 - Patrono: José de Freitas Guimarães Adilson Luiz Gonçalves Posse em 4 de maio de 2012 Surreal Qual num quadro de Dalí, as imagens se amolgavam... Eu buscava, alucinado, por um foco mais preciso, que deixasse ver teu rosto ao menos por um átimo, antes que o torpor do sono me levasse a luz e o siso. scritor, poeta, compositor, articulista e cronista, colaborador de vários meios de comunicação do país e premiado em certames literários. Nascido em Santos é autor das coletâneas de contos, crônicas e poesias: Sobre Almas e Pilhas (2005), Dest’arte (2009) e Claras Visões (2010). Colaborador do Instituto Caros Ouvintes de Estudos de Mídia, de Florianópolis - SC, onde assina as colunas “Rádio Ativa” e “Comportamento”. É mestre em Educação, pela Universidade Católica de Santos, onde lecionou em cursos da área de Engenharia e Saúde, entre 1990 e 2010. Engenheiro Civil, formado na Universidade Santa Cecília, em 1983, com pós-graduação no Institut Supérieur du Béton Armé, de Marselha – França. Professor da Universidade Santa Cecília desde 1997, lecionando em cursos de Arquitetura e Engenharia. É especialista do Instituto Millenium, do Rio de Janeiro - RJ. Engenheiro concursado da Prefeitura de Santos – SP, desde 1989. Conferente de Carga e Descarga concursado do Porto de Santos – SP, desde 1994. Conferencista. Intérprete no idioma francês. Membro do Rotary Club de Santos – Porto. E Fechei, então, os olhos, pra poder te ver melhor, pois até em pensamento tua imagem está ali! E mesmo quando me afasto, qual obra de Escher, as escadas da mente me levam a ti! Te vi qual tu és: beleza mutante, que em Vasarelly não achei nenhum par. És muitas mulheres num mesmo semblante: um céu colorido sobre um verde mar! Não és surreal, pois te toco e te sinto! Mas onde me levas eu vou, sem pensar. Sou eu que me amolgo e de amor me desfaço. Surreal é tua aura! Irresistível é o teu olhar! Sangria Corte na carne! Corte profundo! Dane-se a dor! Dane-se o mundo! Sangue vermelho escorre em vão; tinge de rubro o corpo e o chão. Clamar por socorro não é meu intento, pois curo as feridas com o fogo do tempo, que queima, arde e estanca, e se apaga com o vento. Dano passageiro, malgrado intenso. O mundo é inocente das coisas que penso. Sou eu o errado, irrequieto e tenso. Onde está meu láudano? Onde está minha cura? Quem sabe na alma, tornada alva e pura. Contida a sangria, que tanto me cansa, quem sabe eu recobre a fé e a esperança. 41 Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 17 - Patrono: Martins Fontes Raul Christiano de Oliveira Sanchez Posse em 17 de agosto de 2007 Feliz Ano Novo Feliz o mundo sempre pertencerá aos poetas embora não esteja hoje em dia para eles ascido em Apucarana, Paraná, no dia 10 de setembro de 1958, viveu a infância e a adolescência na cidade de Brotas. Aos 13 anos veio residir em Santos. Estudou na Escola Estadual Professor Primo Ferreira. Aluno aplicado e militante ativo nos movimentos estudantil e literário, presidiu Centro Cívico e criou Academia Juvenil de Letras. Desde cedo escreve poesias e crônicas, publicando-as em suplementos jornalísticos como A Tribuninha, de A Tribuna, e Folhinha, da Folha de São Paulo, além de jornais e revistas nacionais e estrangeiras. Publicou vários livros. Jornalista graduado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Católica de Santos; estudou ainda Direito e Ciências Sociais. É professor universitário e especialista em Gestão de Programas Sociais pelo BID - Banco Interamericano para o Desenvolvimento.Presidiu a regional da Baixada Santista do Sindicato dos Jornalistas e trabalhou no jornal A Tribuna, nas rádios Clube e Cacique de Santos, na TV Mar, Prefeitura de Cubatão, CDHU, Sabesp, Ministérios da Fazenda e da Educação. Foi Secretário Municipal de Cultura de Santos (2013-2014) e dirige o Programa de Oficinas Culturais do Estado de São Paulo. N 42 faz pouco tempo e me descobriram num poema postado em rede II. descoberto que nem me parecia aquele sujeito suando versos em cima de uma bicicleta à beira-mar este mundo estará mesmo para os poetas? III. hoje em dia acredito que o mundo não esteja embora não encontre uma alma disposta a dizer o contrário pq todo mundo precisa dos poetas IV. não vejo sentido em recorrer aos poetas apenas quando se carece de palavras certas ou de uma declaração de amor o mundo lhes pertence V. e os poetas se importam quando se descobre que o mundo não está nem aí para eles pq poetas bem percebem os anos e as palavras renovadas VI. palavras nunca são retas para os poetas q tuítam com anjos tortos das sombras e aceitam seus preceitos vá ser poeta na vida no mundo VII. mas vejo gente feliz quando se compara a um poeta nesse mundo fingido q não liga para eles feliz ano novo nos desenganos danos do mundo! Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 18 - Patrono: Júlio Ribeiro Josefa de Deus Camaño (Jô) Posse em 23 de julho de 2015 Senhora dos Ventos ô é filha de mãe católica e pai espírita. Com os dois ensinamentos teve liberdade de escolha. Ainda jovem começou a se interessar por temas dos grandes Arcanos Egípcios e Cartas Ciganas. Estudou e desenvolveu conhecimentos ao longo da vida. Já tendo publicados contos e poesias em Antologias, em 2012 publicou “Sagrada Sabedoria Cigana”, em 2014 publicou: “Sagrada Sabedoria dos Mestres do Deserto”, motivando uma viagem mística ao deserto do Saara, deixando um exemplar depositado naquelas areias. No ano de 1970 colou grau em Direito e ingressou no Tribunal de Justiça de Estado de São Paulo, onde permaneceu em atividade por 35 anos, até sua aposentadoria. No ano de 1980 concluiu o curso de jornalismo pela Faculdade de Comunicação de Santos – Facos, época em que conheceu, na Faculdade, pessoas que pertenciam a Antiga Mística Ordem Rosa Cruz (amorc), que a convidaram a participar da entidade. Em 2015 tomou posse na Academia de Letras de Santos e no Instituto Histórico e Geográfico de Santos, na cadeira de Domitila Castro Canto e Melo, a Marquesa de Santos. J Procurei-te em muitos sonhos e não te vi Porque dormias e não me vias... Procurei-te nas areias da praia do Embaré E não me olhavas... Só caminhavas... Mas... Deixei o perfume do meu amor Espalhado no ar só para te provocar Procurei-te nas noites de luar E insistias pela vida cantar... Procurei-te nas primaveras da vida, E só olhava o orvalho das flores, Inebriado pela beleza de muitos amores. Procurei-te no Verão dos meus dias e não me vias... Entretinhas em trabalhar e nem vias o meu olhar... Procurei-te no Outono da vida, Mas... Refletias e contemplavas teus frutos, Das escolhas e da social posição Porém... O Inverno chegou de repente E como uma procelária, cheguei voando sobre teu barco, Anunciando as procelas do tempo. Com bom marinheiro sábio e experiente, Soubestes te preparar para os fortes ventos Alinhastes as velas para nova direção E me vês sempre partir, deixando em trevas com minha passagem Cuidado velho marinheiro, o oceano é tua terra, mas não há estratégia para ser feliz. O momento mostra a grandeza da chegada e o silêncio da partida Deixo minhas asas no céu, Arribando-me nos grandes ciclos da vida. A grande procelária branca, Que teu coração abriga, Nas noites negras da alma, Na velocidade da luz, E o brilho do luar... Se um dia quiseres me deixar De uma coisa fiques certo Amor, igual ao meu, não irás encontrar... Porque desde que te conheci, Só o que faço é te amar. 43 Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 20 - Patrono: José Feliciano Fernandes Pinheiro Walter Theodósio Posse em 8 de março de 1991 Saudação à Academia de Letras ascido em Santos, em 26/09/1928, filho de José Augusto Theodosio e Rosa Guedes Theodosio. Casado com Maria Theresa Douradinho Lopes Theodosio. Graduado em Direito em 1957, pela Faculdade de Direito de Santos, hoje integrante da Universidade Católica de Santos. Cursos de Especialização na Universidade de São Paulo, em Direito Público em 1972, e em Direito Municipal em 1973. Professor Emérito Aposentado da Universidade Católica de Santos. Trabalhos Publicados nas Revistas “Justitia”, “Julgados do Tribunal de Alçada Criminal de São Paulo”, “ Jurisprudência do Tribunal de Justiça de São Paulo”, “Procuradoria Geral do Município de Santos” e da Academia Santista de Letras, Volumes n.º 1 e 4. N Nesta comemoração do Jubileu de Diamante da Casa de Martins Fontes, deixo registrada minha homenagem ao universo cultural das letras, traço significativo do grau de evolução de uma comunidade. Dedico um viés especial aos poetas, cuja verve realça o colorido da vida e dos privilégios do caledoscópio emocional. Privilegiado os poetas têm o poder mágico de ver a vida em toda a sua vibração. O mundo neste momento, precisa, mais do que nunca, dos seus poetas. Porque o meu último desejo É que esse túmulo risonho, Tendo o silêncio para o beijo, Seja um recanto para o sonho... Para que um dia uns namorados, Vendo esse ninho encantador, Entre os seus ramos perfumados, Venham falar do seu amor... Essa é a homenagem mais querida Essa é a ventura mais secreta, Que pode ter a alma florida E apaixonada de um poeta... E já que a morte não me assombra, Desiludido sonhador, Basta-me apenas ser a sombra Abençoada de um amor... SONHO DE UM DIA DE PRIMAVERA Das recompensas gloriosas, Essa é a mais íntima e sincera: O amor não vive, como as rosas, Um dia em cada primavera... Quando eu morrer, quero somente Ter uma campa toda em flor... Que haja um rosal sobrevivente, Que imortalize o meu amor... Tudo se acaba neste mundo... A vida é apenas uma flor... Mas no infinito de um segundo, O amor é sempre o eterno amor! 44 Poesia de Martins Fontes publicada em 18 de abril de 1917, em “A Cigarra” Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 22 - Patrono: Paulo Gonçalves Wilma Therezinha Fernandes de Andrade Posse em 15 de maio de 1998 Gota de sangue “Há uma gota de sangue em cada poema” (Mário de Andrade) A literatura propõe transmitir emoções por meio das palavras em prosa e verso. Ao reconhecer o valor desta Academia que, em Santos, se dedica à arte literária, lembro a frase emblemática : ilma Therezinha Fernandes de Andrade é santista. Possui Graduação em Bacharelado (1955) e Licenciatura (1956) em História e Geografia pela Faculdade Sedes Sapientiae da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), onde fez especialização em História da Antiguidade. Mestrado em História Social - Fac. de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) - USP (1981) e Doutorado em História Social na FFLCH - USP (1990). Lecionou História, Cultura Brasileira, Museologia na Universidade Católica de Santos - UniSantos, onde atualmente leciona História do Brasil Colônia e História Regional. Coordenadora do Centro de Documentação da Baixada Santista. Foi vice-presidente e museóloga do Museu de Arte Sacra de Santos (MASS) durante 26 anos. Secretária de Cultura da Prefeitura Municipal de Santos, de 1° de janeiro de 1997 a 25 de maio de 1998. Iniciou o Roteiro Histórico de Santos (1963) completando 52 anos seguidos em 2015. Fundadora da Academia Feminina de Ciências, Letras e Artes de Santos - AFCLAS; é membro da Academia Santista de Letras - ASL. W Sangue-símbolo Corpo-esforço Vida-movimento Ideia-sentido figurado Alma-poesia Quando li essa frase pela primeira vez, não a entendi bem. Pensei até que havia nela exagero, aquele exagero natural dos artistas, dos poetas. Achei a poesia triste com alguma coisa de patético. Hoje, passados anos, meu conceito sobre este verso mudou completamente. O poeta correu à frente da minha inexperiência. Preparou o caminho como um São João Batista lírico. Clamou no deserto até que o sacrifício o fez audível, o verso fez-se mensagem. Tudo que se faz de valioso, tudo que se consegue de bom, tudo que é agradável tem, em contrapartida, um preço que a Natureza, a Sociedade, a Mente nos faz pagar. Cada trabalho pronto e bem feito, saído com esforço da cabeça, das mãos, do corpo todo, fruto da pesquisa, da reflexão, da atividade, é um pouco de mim que se desprende, tal como um filho. Quanto custa! É um pouco da minha vida, é o meu sangue. Um trabalho, um esforço. Um poema, um pouco de vida. Vida, sangue. Em troca de um pouco de mim, sai um trabalho que é vida. Sangue lembra corpo. Poema lembra alma. Sangue, vida. Poema, perenidade. O que ficará de minha vida é esse trabalho, se este permanecer. Em cada obra minha, há um pouco de um poema, há um pouco de sangue. Mário, velho Poeta, tinhas razão! “Há uma gota de sangue em cada poema”. 45 Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 23 - Patrono: Ranulpho Prata Mario Azevedo Alexandre Posse em 22 de agosto de 2006 Simplesmente Mulher Para Maria do Carmo, Ana Carolina e Ana Luísa asceu em São Vicente SP., no dia 11 de outubro de 1948. Bacharel em Relações Públicas pela Faculdade de Comunicação de Santos, Contabilista, Advogado, Pós-graduado em Metodologia e didática do ensino Superior. Poeta e escritor com vários livros publicados. É sócio fundador da APEBS – Associação dos Poetas e Escritores da Baixada Santista, Sócio efetivo da União Brasileira de Escritores – UBE, fundador da Academia Maçônica Internacional de Letras, secretário da Academia Paulistana Maçônica de Letras(SP), membro da Academia Vicentina de Letras, Artes e Oficios “Frei Gaspar da Madre de Deus”; membro do Instituto Histórico e Geográfico de Santos e também do de São Vicente, autor de cinco livros; membro da Academia Internazionali di Poesia em Régio Calábria (Itália) onde tem trabalhos publicados, membro correspondente de várias academias, tais como: Itanhaém, Petrópolis, Juiz de Fora, etc. Detentor de mais de uma centena de prêmios e medalhas em concursos literários de poesias, contos, crônicas, haicai, ensaios literários, etc. Possui prêmio em concursos literários na Itália e Portugal. N 46 Nasceste da costela de Adão, num dia e local qualquer, com sublime inspiração Deus te criou... Mulher. Mulher és uma canção, és harmonia, és encanto, és a sublime oração que alivia o meu pranto. Mulher teu limite é o espaço, nem sei mais o que dizer, do teu mundo de fantasia, quando preso em teu abraço, teu corpo dá-me o prazer, tua alma, dá-me... a poesia. Esposa, filha e neta as mulheres de minha vida, trazendo um sorriso no rosto, reforça o sentido de viver. Vende-se apto. em Santos A fundação estava bem abaixo do meu coração. Sentia até a sua palpitação, Garagem coletiva, carros pequenos, o quarto era de solteiro, a sala minúscula, e a cozinha nem o fogão cabia. a sacada era ampla para fora, banheiro individual mesmo, porém na janela lateral, via o mar e a linha do horizonte, nesse espaço limitado, de cimento e aço, dois corpos unidos num abraço, havia um imenso espaço para um grande amor. . . Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 24 - Patrono: Waldomiro Silveira Mozar Costa de Oliveira Posse em 16 de agosto de 1989 Inteligência e Cultura na Gente Caipira acharel em filosofia (Universidad Comillas de Madrid), promotor de justiça por pouco menos de dois anos (Estado de São Paulo), Juiz de Direito em Sorocaba, Fartura, Jaboticabal, Santos e São Paulo; juiz do ex-Primeiro Tribunal de Alçada de São Paulo (sete anos) e desembargador no Tribunal de Justiça de São Paulo (três anos); mestre e doutor em direito (USP), desembargador aposentado (Tribunal de Justiça de São Paulo), professor de direito durante 29 anos (Universidade Católica de Santos, São Paulo), atualmente advogado parecerista e escritor. Três livros publicados — (1) Paixão, Razão e Natureza. Lisboa: Chiado Editora, 2015 (444 páginas); (2) Conceito de lei na metafísica e na ciência positiva (Santo Tomás de Aquino e Pontes de Miranda). São Paulo: Biblioteca24horas, 2014 (350 páginas); (3) As raízes da corrupção. São Paulo: Biblioteca24horas, 2014 (632 páginas). Artigos jurídicos nos blogs http://mozarcostadeoliveira.blogspot.com; e http://emt. blogspot.com.br/. B Todo sábado, às 8h, quem ligar o Canal 6 (TV Câmara) encontrará o programa Brasil Caipira do Luiz Rocha. Consta da Internet ser ele professor, poeta, pesquisador, compositor e estudioso da cultura popular. De infância pobre, nasceu na cidade de Filadélfia, Estado de Tocantins, que na época pertencia a Goiás. Mudou-se depois para Brasília onde estudou na UNB e se formou em matemática, matéria que lecionou antes de trabalhar na Rádio Brás. Também da internet consta: Luiz Rocha é gente do povo e gosta do povo. Professor, poeta, pesquisador e estudioso da música caipira, escritor com 11 livros publicados, compositor, ganhador do galo de ouro no festival de Ituiutaba/MG com a música “Violeiro de Deus” em homenagem a Tião Carreiro. Dirige ele esse programa eu calculo que faz 23 anos. Ali os artistas são duplas de “música de raiz”, todas e todos de alto calibre. Cuida-se de arte musical tipicamente brasileira com intensa sabedoria popular. As duplas são de cantores (por vezes também de cantoras) de apoucada cultura acadêmica, mas dotadas de profundidade de pensamento. Mais: na simplicidade dos versos caipiras, ou seja, dessa gente de origem roceira, ou amante desses brasileiros e brasileiras enraizados nos sertões do país, nessa simplicidade, repito, surgem frases de conteúdo poético e metafísico. São escritores de índole tão antiga que são modernos — diferem dos pensadores da superfície. Esses caipiras assomam assim à nossa surpresa — eles descobrem a beleza tanto a da inteligência como do coração. Revelam-nas e no-las transmitem. Quer isto dizer que a cultura citadina pode abeberar-se de opulenta fonte de brasilidade nos poetas “caipiras”. Tomara que os homens e as mulheres de cultura formal busquem inspiração nessas pessoas, tão sábias quão desconhecidas nos meios acadêmicos. 47 Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 25 - Patrono: Vicente de Carvalho Edith Pires Gonçalves Dias Posse em 3 de abril de 2000 Martins Fontes asceu em São Paulo a 6 de julho de 1919, de tradicional família santista. Fez os estudos primários no Colégio Stella Maris, formando-se em 1936, na Escola Normal do Colégio São José, sendo convidada a ser a oradora oficial durante as celebrações do Jubileu de Ouro de sua turma. Casou-se em 1939 com Cyro Gonçalves Dias, tendo dois filhos: Ciro Gonçalves Dias Júnior e Vera Silvia Pires Dias de Oliveira. É voluntária há 36 anos e “Sócia Benemérita” da Associação Espírita Beneficente Anjo da Guarda. É voluntária do Banco de Olhos, é Conselheira e participa da Diretoria Executiva da Fundação Pinacoteca Benedicto Calixto. É Conselheira do Clube XV, do Museu de Arte Sacra de Santos, do Centro Social e Educacional “Cantinho Alegre”, além de Conselheira e Diretora de Civismo do Movimento de Arregimentação Feminina – MAF. Em outubro de 1988, recebeu o título de Cidadã Santista. Participou da Comissão de Restauração do Casarão Branco, que abriga a Pinacoteca Benedicto Calixto. Prefaciou inúmeros livros e fez Conferências em várias entidades literárias de Santos, Cubatão e São Paulo, tendo como ídolo Martins Fontes. Tem vários livros publicados. N 48 Sempre foi um apaixonado pela cidade que lhe serviu de berço. Ao lado de sua brilhante carreira como médico, foi também um grande frequentador das rodas sociais. O Clube XV é o clube social mais antigo do nosso Brasil. Foi em sua 5ª sede, situada na Rua Amador Bueno, 193, que Martins Fontes começou a frequentar, encantando, principalmente as moças, lá presentes. Duas frases dele expressam o seu amor por aquele clube. Ei-las: “Foi no Clube XV que me fiz poeta, pois foi precisamente num de seus bailes fidalgos que fiz a 1ª declaração enamorada.” “O Clube XV é o cofre de prata antiga de nossas tradições.” O soneto “O Espírito da Matéria”, de Martins Fontes, analisa o sentido de perfeição da natureza, ao mesclar audição e visão, em perfeita sintonia O ESPÍRITO DA MATÉRIA Também as catedrais são sinfonias: Rege a massa coral da arquitetura a divinização da partitura; e ambas se irmanam por analogias! O alegro, o adágio, o andante, a tessitura, o arco, o fuste, o florão...Alegorias que, pela execução das harmonias, Timbram exatas, no esplendor da altura! E, pelos olhos, as orquestras se ouvem. E, pelo olvido, a torre se levanta, Para que os sonhos da matéria louvem! E, na sua amplitude sacrossanta, a alma de um Brunelleschi ou de um Beethoven, fulge na pedra, quando a pedra canta! Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 27 - Patrono: Herculano Marcus Inglês e Souza Perseu Lúcio Alexander Helene de Paula Posse em 21 de agosto de 2014 “Longe Spargens Lumen” ascido em São Paulo, iniciou no magistério na escola Bandeirantes de Saúde, ministrando aulas das disciplinas de anatomia humana, fisiologia humana, microbiologia e parasitologia nos cursos técnicos de Enfermagem e Radiologia enquanto estudava Biomedicina. Foi instrumentador cirúrgico de cirurgia cardiovascular no Hospital Dante Pazzanesi/SP. Fez Licenciatura Plena e Bacharelado em Química e posteriormente Pós-Graduação na Física de Laser e sua interação com a matéria no Instituto Tecnológico da Aeronáutica – ITA. Tornou-se professor na área de química de escolas de Ensino Médio e Cursos Pré-Vestibulares. Foi comentarista das rádios Eldorado, Bandeirantes e Trianon de São Paulo, onde respondia questões propostas de exames vestibulares das grandes Universidades. Idealizou e colocou no ar, na internet, um portal educacional. Escreveu uma série de dicas na disciplina de química para a seção de Educação/Vestibular do portal UOL. É autor do livro “Em Nome do Pai e do Filho – Crônicas de um Passado Presente” e coautor de “Santos em Prosa e Versos”. N Este é o lema da Academia Santista de Letras, a Casa de Martins Fontes que completa o jubileu de 60 anos este ano. “Espargindo luz ao longe” foi o que Martins Fontes, através dos tempos, exerceu com sua poesia e sensibilidade a disseminação de ondas eletromagnéticas atravessando pessoas e as contaminando com cultura, transformando-as em fontes luminosas, que por meio de diversas ópticas, pudesse perpetuar os vários sentimentos do belo, do formoso e do colorido no universo das letras. Sessenta anos de história honrados e agora festejado com o jubileu de diamante, nada mais justo e apropriado, diamante pedra mais que preciosa, translucida e que opera como um prisma capaz de decompor a luz branca em sete cores do espectro de luz, dando origem ao arco-íris das emoções, a atingir o infinito dos corações libertos que só a magia das letras permite a possibilidade de alcançar. É no campo das letras que ocorre a alquimia gigantesca da fusão de corpo e alma, sendo uno, onde a dimensão de tempo e espaço inexiste, onde todos são, exatamente, um. Este é o legado da casa de Martins Fontes onde o autor confunde-se com a sua própria obra iluminando desde sempre os corações apaixonados de ideias e sentimentos que servem de combustível a queimar em uma pira de luz eterna. Salve!! Salve!! A Casa de Martins Fontes!!! Salve!! Salve!! Academia Santista de Letras!!! Frases de Martins Fontes “Se eu fosse Deus seria a vida um sonho, nossa existência um júbilo perene! Nenhum pesar que o espírito envenene empanaria a luz do céu risonho” “Nem o lírio, nem a rosa têm esse encanto singular, que há no sorriso de um olhar.” 49 Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 28 - Patrono: Roberto Cochrane Simonsen Regina Lúcia Alonso Peres Posse em 19 de julho de 2012 Gracilianas palavras asceu em Santos. Filha de Luiz Alonso Garcia e Isabel Paz Alonso. Formada em Pedagogia e Ciências Físicas e Biológicas. Escritora e poetisa, com vários livros publicados e detentora de inúmeras premiações. Pertence ao grupo: “Poetas Vivos.” Prêmios em prosa-MAPA CULTURAL PAULISTA Conto 2007-2008 e poesia: Concurso Nacional Ambep (RJ), IV Concurso Internacional Ponta Grossa/PR, III Concurso Nacional Poesia RJ/RJ, XVI Encontro Brasileiro Haicai/SP, 23º e 25º Concurso Literário Yoshio Takemoto Haicai-Prêmio Especial/SP, Concurso Haicai Irati/100 Anos (PR), 3º Concurso Masuda Goga (SP), IV Concurso Nacional Nenpuku Sato Curitiba/PR. Publicações - “Ofício”, “Tábua de Marés”, “Olho por Olho”, “Circularidade”, “De papoulas e sóis vermelhos”, “Tear” – poesia. “Ondas vão e vem”, “Haicai no bentô” -haicai. “Vento Noroeste”, prosa e haicai. “Santos, Natureza e Arquitetura em Fotopoemas”, fotografias e haicais PROAC. “Na ponta do laço”, “Nada é tão longe”, conto. “A menina que fazia chover” - romance. Integrante da Academia Vicentina “Frei Gaspar da Madre de Deus”. N 50 No mês de Camões, de homenagem aos professores e às crianças, alegram-me as “almas ceguinhas”, versos do Hino da Escola Portuguesa, referindo-se aos que ainda iriam aprender a ler. Ali na 7 de Setembro, aprendi a ver o mundo através das letras. Mas esta alma ceguinha enxergava com todos os sentidos. Com as mãos no passa-anel, os pés a girar em cirandas, saltando as quadras da amarelinha, imaginava formas e sonhava esculturas, quase um jogo de adivinhação. Pelo olfato descobria o cardápio: peixe, frango, carne vermelha, batata frita, couve-flor, brócolis... A salada eu comia, primeiro, com os olhos: vermelhos tomates, alfaces verdinhas, redondos pepinos. À tarde, o cheiro do bolo de fubá, da manteiga no pão... Nos ouvidos, a tagarelice das vizinhas entre os goles de chá. As palavras escritas exerciam forte atração e os dedos exploradores contornavam letras, subindo descendo pelas hastes das consoantes. As vogais bojudas enchiam-me a imaginação: laranjas de umbigo, balão-tangerina, bolas de gás... No 1º ano escolar, quando me desvendaram os olhos, senti o prazer que as letras tinham em se juntar para criar infinitas palavras, em combinações incontáveis sem nenhum preconceito. Percebi, mais tarde, o significado da alfabetização e seu caráter libertário. Os escravos precisaram de cartas de alforria assinadas pelos donos e às vezes compradas até em tempos de Carnaval, com o dinheiro pendurado nos estandartes... A leitura traz a reflexão: e por acaso tornaram-se livres? Após a Lei Áurea, a mão de obra europeia, mais qualificada, foi preferida pelos coronéis, confirmando o poder da cor e do conhecimento, privilégio de poucos afortunados. Ah, tempos de hoje, em que se fala de “analfabetos” cursando o terceiro grau... uma geração que não domina a palavra, não tem o hábito de ler e não se deixa navegar por mares nunca dantes navegados. Mares de Camões, educado em Lisboa e Coimbra, lê latim, sabe italiano, domina a literatura clássica grega e romana, mas não domina o temperamento forte, que o leva ao desterro. Termina seus dias na Mouraria, em extrema penúria: Ah! Fortuna cruel! Ah! Duros Fados! Dois anos depois, Os Lusíadas é editado e a palavra de Camões até hoje ressoa... Palavra.. Gacilianas palavras. Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 29 - Patrono: Gastão Bousquet Marcelo Pirilo Teixeira Posse em 17 de março de 2011 A Casa de Martins Fontes As letras santistas estão em festa. A Academia Santista de Letras está comemorando seus 60 anos vitalícios e, por natureza de sua vocação literária, a cada ano de vida se guia em novos caminhos, nas suas múltiplas vertentes expressivas, com caráter sempre jovem, pois assim se institui desde sua fundação pela voz de seus acadêmicos. asceu em Santos em 28 de abril de 1964, filho de Milton Teixeira e Nilza Maria Pirilo Teixeira; casado com Valéria Simões Teixeira e tem dois filhos , Caroline e Marcelo Teixeira Filho. Formado em administração de empresas na Fundação Lusíadas e direito na UNIMES, elegeu-se presidente do Santos FC pela primeira vez em 1992, onde ficou por dois anos, e novamente em 2000, quando ficou até 2009. Foi o presidente mais jovem da história do Santos a dirigir um grande clube. Conseguiu a façanha de tirar o time de um jejum de 18 anos sem títulos, transformando o clube em um dos melhores e mais bem estruturados do País. Responsável pelo comitê organizador do Campeonato Mundial de Clubes da FIFA representando o Brasil, desde 2007. Teixeira também se destaca como pró-reitor da Universidade Santa Cecília, de propriedade de sua família. Atuante, exerce ainda o cargo de presidente do Sistema Santa Cecília de Radio e Televisão Educativa. É também autor do livro Revolution 9, que conta a biografia da nadadora santista Renata Agondi, morta enquanto tentava a travessia do Canal do Mancha, em 1988. N Penso que o artista é aquele que sabe dizer à sua época a história de um passado que carrega consigo. É saber ouvir a natureza, em seus mais exuberantes contornos, em suas sapientes leis com as quais sentimos de perto a magnitude de nossa existência. É ainda um olhar transbordado sobre temas fecundos que calam fundo na alma humana e que dão vida ao artista, à sua arte. Nasci nesta cidade e aqui edifiquei minha vida alicerçada nos pilares de afeto e de trabalho herdados dos meus pais. Santos sempre foi para mim musa inspiradora. Palco de inúmeras histórias, a cidade se compõe em obra-prima num caleidoscópio, nunca definitiva, sempre atraente e atual, em que o passado é tão belo como o presente, pois um se faz no outro. Santos sempre me encantou, na coreografia das cargas de seu porto, no cheiro doce de café torrado no seu centro, no movimento colorido das pessoas na sua orla de praia, o ideal libertário das manifestações populares em suas praças, os gritos vibrantes de gol do seu glorioso Santos Futebol Clube, na Vila Belmiro, a caminho de um título, o vozerio jovial e um caminhar firme de alunos adentrando nas suas universidades com esperança de um futuro melhor, a fé e a paz emanada da sua capela do Monte Serrat, dentre outras suas vibrações. Quanta força vital nos proporcionam esses múltiplos diálogos que a cidade mantém com seu cidadão e que traduzem uma linguagem comovente àquele que sabe traduzir com palavras essa energia. E a “Casa de Martins Fontes” se erige nesta cidade, compondo esse cenário há 60 anos, celebrando, neste ano de 2016, seu Jubileu de Diamante, um momento muito sensível para acadêmicos e seus familiares, para amigos e para todos os santistas que acompanham a trajetória da Academia nos rumos da literatura no País. 51 Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 30 - Patrono: Rui Ribeiro Couto Carolina Hervelha Ramos Posse em 12 de novembro de 1971 Esta Saudade... Esta saudade... a escorregar macia pelos declives da alma... doce apelo de vida, a dissolver uma apatia que atrai o tédio, portas abre ao gelo; antista, professora, poetisa e escritora. Carolina Ramos possui livros publicados de contos, poesias, trovas, biografias, etc. Vários inéditos. “Canta, Sábia” sob o folclore do Brasil, prestes a ser lançado. Premiações no Brasil e Exterior, em poesias, contos, e trovas. Pertence à Academia Cristã de Letras, de São Paulo; Academia Santista de Letras, Academia Feminina de Ciências Letras e Artes de Santos, Academia Peruíbense de Letras; Instituto Histórico e Geográfico de Santos (IHGS), que presidiu de 2000 a 2007; Presidente da União Brasileira de Trovadores / UBT/ Seção de Santos e Vice-Presidente do Conselho Nacional da UBT. Membro da OMT- Ordem Mundial de Trovadores. Medalhas : “Honra ao Mérito” – Prefeitura de Santos; Medalha “Brás Cubas”- da Câmara de Santos; Medalha “José Bonifácio de Andrada e Silva” - do IHGS. Em 1973, recebeu o título de “Magnífica Trovadora”, concedido pela UBT/Nova Friburgo; Notável Trovadora em Pouso Alegre MG, e Benemérita da UBT, Mestre da Trova em Taubaté, Notável da Cultura –Prêmio do Sindicato dos Bancários de Santos. S 52 esta saudade... cálida mania de buscar no passado, com desvelo, lembranças já sem cor... na idolatria de um vago instante, de um longínquo anelo; esta saudade... esta saudade amarga, insatisfeita, de lilás vestida, visgo afetivo que o meu passo embarga, por mim, sempre será bem recebida! Maltrata, sim! Castiga, não me larga... mas é, também, o sol de minha vida! --------------------Trovas que a tornaram “Magnífica Trovadora”, em 1973. Angústia, imensa, dorida, pior que a dor de morrer, é não ter apego à vida e ser forçado a viver... (10º lugar Nova Friburgo - 1971) Sempre acolho de mãos postas e humilde tento aceitar o silêncio das respostas que a vida não sabe dar. (8º lugar Nova Friburgo - 1972) Mãos tristes, temendo ausências, se despedem com revolta... - Nosso adeus tem reticências que acenam gritando: - Volta! (1º lugar Nova Friburgo - 1973) Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 31 - Patrono: José Bonifácio, o Moço Lúcia Maria Teixeira Posse em 15 de junho de 1989 O escritor A capacidade de conviver com os mais diversos tipos de pessoas e realidades, de modo a manter as melhores expectativas nas relações interpessoais produtivas, é nobre aspiração, só possível àqueles que carregam consigo a arte de amar. úcia Maria Teixeira é santista, escritora, Mestre e Doutora em Psicologia da Educação, com Graduação em Formação de Psicólogo, Licenciatura Plena e Bacharelado em Psicologia. Presidente do Colégio e da Universidade Santa Cecília, é autora de livros premiados, entre eles Autoridade do Professor- Meta, Mito ou Nada Disso, A Claridade da Noite- Os Alunos do Ensino Superior Noturno, Fruto Proibido – Um Olhar Sobre a Mulher, a trilogia Pagu - Livre na Imaginação, no Espaço e no Tempo, Croquis de Pagu e VIVA PAGU – Fotobiografia de Patrícia Galvão, obra finalista do Prêmio Jabuti em 2011, e os infantis Tudo É Possível – Incrível Viagem no Tempo e O Segredo da Longa Vida, o primeiro infantil brasileiro traduzido para o japonês. Recebeu o Prêmio Jorge Amado, por sua obra (livro e filme) sobre Pagu, tema no qual é referência no País e no exterior. Diretora do Sistema Santa Cecília de Comunicação e diretora eleita do Sindicato de Estabelecimentos de Ensino Superior do Estado de São Paulo - Semesp, desde 1996, ex-presidente do Conselho Diretor e atual Presidente do Conselho Deliberativo do Santos e Região Convention & Visitors Bureau. L Amar ao próximo, amar a si mesmo, amar a família, amar os amigos, amar a natureza, amar a Deus. O amor é a arte suprema em que se consubstanciam todos os atos da Criação. Cabe ao escritor no seu ofício registrar essa nobre arte com palavras e expressar tudo quanto possível. Essa manifestação é uma oportunidade de conhecer em si e reconhecer no outro aquilo que cada um tem de humanidade, pois o que mais se aspira é tornar-se humano. A COLOMBINA RONDÓ FRANCÊS, CANTADO AO SOM DE AVENA Do amor eu vivo. Noite e dia, Naquela idade em que se abria, Ainda medroso, ainda em botão, Como um rosal, meu coração, Já por amor me enfebrecia. Martins Fontes, do livro Arlequinada, publicado em 1922 Minha primeira poesia, Quando nem ler sequer sabia, Foi uma ardente confissão De amor! E o meu suspiro na agonia, Quando murchar, na tarde fria, A última flor do meu “Verão”, Será também uma canção, Um beijo, um ai, uma harmonia De amor! 53 Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 32 - Patrono: Reynaldo Porchat Maurílio Tadeu de Campos Posse em 4 de outubro de 2006 Louvor à Santos Tuas ruas levam ao porto e as pedras do cais sentem o pisar forte do trabalhador. E os caminhos também levam ao mar que beija teus pés com reverência, salgando tuas areias doces em cúmplice desejo. atural do Guarujá, é filho de migrantes do sul do Brasil. Seus pais eram descendentes de portugueses, oriundos da cidade do Porto e das ilhas dos Açores. Ainda muito jovem veio com a família residir na cidade de Santos onde fez seus estudos. É professor, formado em Geografia, Pedagogia e, também, Mestre em Educação para o Ensino Superior. Iniciou na literatura como co-autor do livro “Um Dia no Brasil”, lançado em 1985. Em 2003 lançou “Poemas Translúcidos”, seu primeiro livro de poesia. Em 2004 publicou “Violência e Dependência Química: Desafios para a Escola Cidadã”, resultado de pesquisa em educação com grupos de recuperação de dependentes químicos. Em 2007 lançou o terceiro livro, “Gravitando”, reunindo poemas diversos. Foi presidente da Sociedade Ars Viva, de 1995 a 2005 e, ao deixar a direção dessa Associação, ajudou a criar, ainda em 2005 a Contemporânea Projetos Culturais. Em 2014, lançou o livro de poemas “Devaneios”, prefaciado pela Acadêmica Edith Pires Gonçalves Dias. Participou de concursos literários, sendo premiado em muitos deles. N 54 És a bênção de todos os teus doutores E trazes a misericórdia plantada no teu seio, a cultivar a liberdade no canto do teu povo, garantindo a igualdade dos teus filhos, sem receios. Tua beleza, única e diversa, acaricia teus filhos e aqueles que a vem visitar, tomados por ti. És, ao mesmo tempo, pueril e indecifrável, sem perder, contudo, teu dom de mãe, ansiosa para a todos aninhar. Tu, que traz a doutrina da caridade conduz teus filhos à solidariedade vista a cada estação da comparte convivência, sentida no primo sinal da expressão do teu povo. A liberdade pregaste desde a mais tenra idade e tua descendência a difundiu e fez dela bandeira e a garantia do direito, muitas vezes maculada foi resgatada por teus filhos que vigiam a ti, terra adorada. Tu, que estás na vanguarda dos episódios, descobres o novo e o revelas ao mundo no que és imitada, pois tudo de bom nasce de ti. Terra da Misericórdia de Todos os Santos terás a gratidão eterna daqueles que a idolatram, pois dever será honrar-te e morrer por ti, sempre que preciso, para manter-te livre. Não te detenhas, jamais, pois és valente, és fértil, linda cidade, exemplo de valor. Tu, que emanas energia e otimismo, és orgulho de teus filhos pródigos por ti consagrados e amados, em tempos de júbilo ou de dor. Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 33 - Patrono: Afonso Schmidt Eustázio Alves Pereira Filho Posse em 12 de setembro de 2007 Homenagem ao Jubileu de Diamante da Academia Santista de Letras ervidor público municipal desde os anos 1980, Bacharel em Direito pela Universidade Católica de Santos - UNISANTOS (1990) e habilitado pela Ordem dos Advogados do Brasil - OAB - SP (1993) e psicólogo formado em 1980 pela Universidade Metodista de São Bernardo do Campo. Desenvolveu carreira sólida em Santos na implantação de políticas públicas sobre drogas. Possui pós-graduação pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e é especializado em Psicoterapia de adolescentes, famílias e casais pelo Instituto Sedes Sapientiae da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC). Trabalhou na implantação de serviço para a prevenção e tratamento de álcool e outras drogas e compulsões pós-modernas em Santarém, Portugal. Participou da criação e foi presidente do Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas (Comad) por quatro gestões, de 2000 até 2012. Assumiu uma cadeira na Câmara de Santos por 30 dias, entre abril e maio de 2010, como suplente pelo PTB. Em 2012 foi eleito viceprefeito na chapa liderada pelo prefeito Paulo Alexandre Barbosa. Tomou posse em janeiro de 2013. S Cícero, filósofo romano, mestre em agregar política com produção intelectual, dizia “onde se está bem, aí é a pátria”. Eis o meu sentimento, vivendo há mais de cinquenta anos em Santos, mesmo carioca de naturalidade, percebo-me o santista que acabou nascendo na cidade do Rio de Janeiro. Mais ainda, tendo o privilegio de integrar entre seletos e tão ilustres santistas acadêmicos e congregar o cenáculo por onde passaram e frequentam proeminentes figuras do ambiente intelectual, artístico, cultural e das ciências da maravilhosa cidade, traz-me sempre à lembrança as palavras de Cícero: aqui é minha pátria, aqui é minha casa, aqui sinto-me em família! Completando seus 60 anos de profícua existência a Academia Santista de Letras, repleta de dignas e imortais personalidades, consagra nossa alma, incentiva-nos à continuidade de atuação ética e consolida seu legado às novas gerações. O cultivo às letras e o ambiente acadêmico, são fundamentais à cultura da Paz e a nossa Academia Santista de Letras, entre tantos atributos representa, em sua essência, importante espaço de acolhimento, boa vontade, diálogo e cooperação à consolidação da Paz, aqui na Terra de Santos! Trechos de Martins Fontes para refletir A luz, e o ar, e a terra, a água — sem um Indício só de dúvida — são provas De que a vida infinita é o bem comum. A dor é tudo. Lembre-te, ó triste, Que, fora dela, mais nada existe. O frio e a fome são cruéis. Contudo, Não são vis como tu, amigo, irmão, No disfarce infernal do humano entrudo. 55 Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 34 - Patrono: Frei Gaspar da Madre de Deus Nilson Denari Posse em 7 de agosto de 2012 Saudação à Academia Santista de Letras Que alegria poder estar testemunhando tão importante júbilo da Academia Santista de Letras, Casa de Martins Fontes, abrigo de escritos que florearam e ainda floreiam a nossa querida cidade praiana, que tão bem me recebeu, há tantos anos. asceu na cidade interiorana paulista de Sorocaba, no dia 27 de novembro de 1932. Formado pela Faculdade de Farmácia e Odontologia de Ribeirão Preto, em 1953. Iniciou a vida profissional na cidade de Santos, exercendo ininterruptamente por 60 anos. Clínico Geral por formação, especializado em Reabilitação Oral, que o fez integrar-se à Sociedade Brasileira de Reabilitação Oral e a Academia Brasileira de Estética Dental. Em 1975 foi Diretor Científico da Associação dos Cirurgiões-dentistas de Santos. Foi sócio fundador da Associação Brasileira da Medicina Psicossomática Regional de São Paulo, em 1982. Em 1985, juntamente com uma colega, fundaram o Grupo de Estudos Santista de Odontologia, cuja sede era uma das salas da Clínica Denari, localizada na avenida Washington Luiz. Apresentou palestras e ministrou cursos sobre Psicossomática aplicada à Odontologia, em congressos, cursos de especialização e atualização profissional. Em 2005 publicou seu primeiro livro: Boca – Espelho da Alma; em 2011 publicou Na busca das belezas da Odontologia. N 56 A Academia Santista de Letras é, sem dúvida, o principal repositório dos textos desta terra, ainda escritos, em prosa ou verso, com a tinta dos cronistas e dos poetas que aqui nasceram ou adotaram esta cidade linda, como eu que, hipnotizado por suas belezas, ensejei como pouso para a vida. Por isso, a Casa de Martins Fontes há de ser sempre o sonho querido de gerações e gerações de escritores. A cultura santista vicejou neste espaço privilegiado da palavra ao longo destes sessenta anos. Aqui medrou como em terra nativa, o que explica o fascínio sobre mim exercido pelos que se devotam à missão de escrever como resultado da imperiosa necessidade de comunicar pela palavra o sumo de suas vivências. Escrevi muito, durante boa parte da vida, sobre assuntos que se entrelaçaram à minha profissão. Mas também escrevi, com grande prazer, contos de situações que me apraziam, numa contribuição ao entendimento do cotidiano. Aqui na Academia Santista de Letras encontrei um abrigo às minhas criações e um ninho aconchegante às minhas emoções, ao lado de companheiros e companheiras que compartilham da mesma paixão. Mas, pensadores, escritores e poetas, que somos, por vocação e ofício, “especialistas em generalidades”, na feliz expressão de Augusto Comte, atentos ao homem e à sociedade em suas paisagens tão variáveis dentro de uma nação, e de um país para outro, o que procuramos aprender e fixar, nas criações literárias – poesias, ensaios e romances –, é a vida humana, de todas as suas inquietações e angústias, aspirações e esperanças. Assim, brado em tom vibrante e entusiástico Viva a Academia Santista de Letras! Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 35 - Patrono: Albertino Moreira Cel. Elcio Rogério Secomandi Posse em 24 de outubro de 2013 Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande. VENHA! Estou aqui desde 1583... ... desafiando o longo passar dos séculos, as intempéries, e, por vezes, o terrível abandono. cupa a Cadeira nº 4 -Visconde de Taunay – no Instituto Histórico e Geográfico de Santos. Coronel de Artilharia R/1, é um eterno defensor das fortalezas da região. Secomandi é professor emérito da Universidade Católica de Santos (UniSantos), economista, pós-graduado em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Ciências Militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme). Possui o Mérito Acadêmico, no grau de Professor Emérito, outorgado pelo Conselho Universitário da Universidade Católica de Santos, a Ordem do Mérito Cívico, no grau de Oficial, outorgada pela Liga Nacional de Defesa (Brasília, DF, criada em 7 de setembro de 1916) e a Ordem do Mérito Militar, no grau de Cavaleiro, outorgada pelo presidente da República. É membro do Icomos/Icofort (Conselho Internacional sobre Museus e Sítios Históricos) e, também, Economista Destaque 2012 pelo Conselho Regional de Economia/ São Paulo (Corecon-SP). É cidadão honorário de Guarujá e de Nioaque, MS. o Eu sou a Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande. Nasci sob o troar dos canhões, numa batalha ocorrida na Baía de Santos, na tarde de 24 de janeiro de 1583, entre navios da Invencível Armada espanhola e de um corsário inglês. E, sob minha proteção, surgiu o maior porto da América do Sul. Permita-me contar um pouco da minha história, percorrida ao longo de 433 anos, pois fui indicada em 2015 para concorrer ao honroso título de Patrimônio da Humanidade pela Unesco – Organização das Nações Unidas a Educação, a Ciência e a Cultura – e preciso do aval da gente que hoje vive no meu entorno: – minha certificação de “nascimento”, com 12 páginas manuscritas, está no Archivo General de Indias, Sevilha, Espanha, datado de 5/8/1583, charcas 41, Doc 27, “A la salida del Rio de Janeiro...”(*), na página 6 do 2º relatório de viagem enviado pelo almirante Dom Diego Flores Valdés ao rei Felipe II de Espanha (Felipe I de Portugal); – o almirante Valdés, “Capitão General das Costas do Brasil” no início do longo período de união das coroas ibéricas (1580-1640), percorreu o litoral pouco recortado da América do Sul com dezesseis naus da Invencível Armada espanhola, entre setembro de 1582 e maio de 1584; – além da missão principal que lhe foi atribuída por Felipe II fortificar o Estreito de Magalhães e empossar o seu governador, Pedro Sarmiento de Gamboa – Valdés aportou nas principais baías do Brasil-colônia para reconhecer, abastecer e indicar simbolicamente aos habitantes da terra que agora estavam sob domínio de Espanha; Para saber mais: www.unisantos.br/fortifictions www.unisantos.br/fortaleza www.icofort.org 57 Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 36 - Patrono: Alberto Leal Taís Curi Posse em 23 de maio de 2013 Comemorando os 60 anos da Academia Santista de Letras ascida em Santos (SP),em 17 de julho de 1953, filha de Oswaldo Curi e Marina Assumpção Curi. É Mestre e Doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo – USP, títulos esses obtidos, respectivamente, em 2000 e 2005. Bacharel em Comunicação Social – habilitação em Jornalismo – pela Universidade Católica de Santose, 1975. Ao longo de 40 anos de exercício profissional atuou como repórter e redatora do jornal A Tribuna, em Santos; foi Assessora de Comunicação da Associação Comercial de Santos; Assessora Parlamentar da Câmara Federal; Diretora de Redação da Revista Litoral Vivo; Editora do Diário Oficial da Prefeitura de Santos. Foi, ainda, professora da Universidade Católica de Santos e da Universidade Santa Cecília. Atualmente é consultora e coordenadora de projetos editoriais nas áreas empresarial e cultural; além de pesquisadora e escritora com diversos livros publicados. Entre as obras de sua autoria estão: Mídia & Cultura: discursos que constroem memória, 2007; Theatro Guarany: o renascer de um palco centenário, 2008; Patrimônio Histórico, Cultural e Natural da Região Metropolitana da Baixada Santista, 2010.Santista, 2010. N 58 A comemoração dos 60 anos de existência da Academia Santista de Letras é momento mais do que oportuno para destacarmos a importância do papel que esta instituição e outras do gênero vêm desempenhando no sentido de preservar o patrimônio cultural das sociedades em que estão inseridas e também de incentivar o uso adequado da Língua Portuguesa. Utilizando correta e habilmente as palavras em seu dia-a-dia, o literato vai captando e registrando saberes locais, assinalando aspectos interessantes do comportamento humano diante das circunstâncias da vida, mesclando recordações de fatos passados com o presente, e com isso acaba tecendo um rico acervo para gerações futuras. São essas pistas que os literatos lançam ao longo de sua atuação que irão permitir um melhor conhecimento de uma comunidade, de uma época, de um momento histórico. Entre as diversas formas de arte, a literatura é a que mais se aproxima do cotidiano das pessoas, expressando o conjunto de características que uma sociedade vai acumulando ao longo de sua existência. Daí a importância do trabalho realizado pela Academia Santista de Letras, com atividades contínuas e multidisciplinares que não apenas exercitam a criatividade de seus integrantes, como mantém viva a memória local, nela incluindo a permanente lembrança da herança deixada pelos patronos das cadeiras que compõem a entidade. Afinal, foram eles nomes ilustres no campo das artes, da história, da política, educação, enfim, dos setores mais significativos da nossa sociedade e deixaram como legado obras literárias de qualidade, as quais têm sido fonte de inspiração para diversas publicações do presente. Trecho do Poema “Rede”, de Martins Fontes Verão. O sol embriaga. Em plena orgia, fundem-se os cheiros cálidos da terra. E a moça abre o roupão, os olhos cerra, é o que espera e deseja fantasia. Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 37 - Patrono: Vicentina Mesquita Vicente de Carvalho Viviane Pereira Posse em 25 de abril de 2013 Sonhos são imortais Riobaldo e Diadorim emocionavam o público pelas mãos de Guimarães Rosa. Morte e vida Severina, de João Cabral, estava nascendo para o leitor. A literatura fervilhava em 1956 pelo Brasil... iviane Pereira é jornalista e escritora, pós-graduada em Jornalismo Aplicado. Escreveu a série especial sobre os 250 anos de José Bonifácio de Andrada e Silva para o jornal A Tribuna. Trabalhou no jornal A Tribuna de Santos, na Folha de S.Paulo, atuou como freelancer para a Revista Época, entre outros veículos. Obras publicadas: Memórias da Hotelaria Santista (1997); Heróis da Vida Real (2003) mostra que todos somos um pouco heróis; Mulheres que Fazem São Paulo (2004), lançado nas comemorações dos 450 anos de São Paulo, traz pequenas biografias de grandes mulheres como Viviane Senna, Hortência, Luiza Erundina, Lu Alckmin, Zilda Arns, Marília Pera, entre outras; Viver Bem – Casa, Saúde, Beleza e Cia (2005); Dicionário das Loucuras de Amor (2010) detalha, de forma bem humorada, termos que explicam o universo associado às paixões das mulheres; Confissões de uma Louca de Amor (2010) tendo como tom o bom humor, fala da busca desenfreada de uma mulher cujo sonho de consumo é encontrar um par. O livro foi adaptado ao teatro, com monólogo da atriz Lena Roque (filme Domésticas e novela Sete Pecados, da Rede Globo). V Na Santos de belas praias, uma brisa soprava do mar, trazendo inspiração para que Martins Fontes ganhasse vida na homenagem prestada com a criação de sua casa, em sua terra. O nascimento da Casa de Martins Fontes da Academia Santista de Letras imortalizou a memória do grande poeta. De lá para cá muita água correu pelo Porto de Santos. Gente chegou, gente partiu, pessoas nasceram e morreram. Mas a vontade constante de manter a cultura viva nessas terras permanece bem viva nos corações dos que habitam a Casa de Martins Fontes. Os tempos mudaram, os livros foram se transformando e ganharam sua versão virtual. Hoje levamos Shakespeare, Dostoievski, Neruda, Pessoa, Machado, Clarisse, Cora e milhares de outros na palma na mão. E vencendo resistências descobrimos que a forma pouco importa. Importante é saber que a leitura estará sempre viva, dentro dos escritores e pulsando para fora de nós. Em uma era em que tudo é descartável, comemorar seis décadas é para poucos. Para os que acreditam que a literatura sempre viverá e transformará a sociedade. Para os que sabem que por trás de cada história, cada romance, cada conto, cada poema, há um lindo sonho. E se nós, acadêmicos, somos imortais, é porque quem sonha e se permite viver seus sonhos não morre jamais. Trecho do Poema “Canção Discreta” Nem a uma flor, nem a uma estrela Digas quem é o teu amor, Que poderão comprometê-la Tanto as estrelas como a flor. 59 Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 38 - Patrono: Adolfo Porchat de Assis Maria Zilda da Cruz Posse em 22 de novembro de 2001 À Sexagenária Homenagear é reconhecer notáveis atributos De qualidades pessoais ou coletivas em destaque Por trabalho persistente e construtivo em atos Como soldado em sentido de alerta sem ataque. aulista de Espírito Santo do Pinhal, é santista por adoção desde a 1ª infância. Possui cursos universitários de Pedagogia e História pela Unisantos, com especialização em Orientação Educacional. Fez mestrado na Universidade de São Paulo - USP com dissertação de pesquisa sobre índios Xavantes e doutorado com uma tese sobre idoso. Estudou na Alemanha, Canadá e China. É professora de psicologia na UniSantos e Faculdade do Carmo e coordenadora da Universidade da Terceira Idade - UniSantos. É professora no Curso de Pós-graduação da UniSantos, com participação em bancas de Mestrado e Doutorado na UniSantos, Universidade PUC, de São Paulo, Universidade de São Paulo -USP- e Universidade Dom Domenico-Guarujá. Possui publicações em revistas científicas e de literatura: crônicas, contos e poesia. É co-autora de dois livros de literatura. Possui poesias premiadas no Brasil e no exterior. “É membro da Academia Feminina de Ciências, Letras e Artes de Santos, onde foi presidente por 10 anos. Membro da Diretoria da Academia Santista de Letras e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Santos. P 60 A sexagenária Academia Santista de Letras Vive e bem trabalha com a frutífera literatura. Seus Acadêmicos dão-nos o sabor das boas letras Versos e contos escritos com destemida bravura. Nesse ritmo de eterno imaginário em valoroso criar Comemora a Academia sessenta anos no sempre avançar, Dos Acadêmicos e dos criativos atuais Defendida, nobremente, por literárias espadas intelectuais. Nesse brilhante caminhar, Maria Araújo, incansável presidente. Em trabalhos cotidianos de corajoso e bom velar Coopera e eleva Santos em literatura sorridente Vibrante como o mar beijado por sol ardente. A escrita ocupa-se das letras Dá forma à ideia, constrói o discurso; A zelosa literatura se apodera do belo Inunda-se do irriquieto brilho das estrelas Passa o calor dos sentimentos existentes E os Acadêmicos Santistas batalham com canetas Para enobrecer a Academia de Letras. O escultor tira da bruta matéria A beleza de um ser imaginário O meteorologista prevê o agito da ventania E aguarda anunciar a esperada calmaria; Nesse fazer todos amam a arte e sua cria Cada qual se obriga a crer na ilusão De que em suas obras não há senão. Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cadeira nº 40 - Patrono: Frei Jesuíno do Monte Carmelo Jeanette Maria Octaviano Martins Posse em 19 de julho de 2007 Mundo ascida aos 16 de maio de 1942, em São Carlos-SP, é escritora, poetisa e artista-plástica. Formada em Magistério com Aperfeiçoamento, Especialização em Educação Pré-Primária e Administração Escolar. Bacharel em Letras Português e Espanhol; Pós– Graduanda em Língua Portuguesa e Literatura no Contexto Escolar, pela UNIP. Aos 50 anos inicia sua trajetória literária publicando crônicas e poesias nos jornais sãocarlenses: A Folha, A Tribuna, 1ª. Página e nos periódicos “O Colégio” e “A Catedral”. Classificada no Mapa Cultural Paulista nas categorias Poesia e Artes plásticas. Em Santos, assina uma página no Papiro em Revista. Com crônicas e poesias participa de várias Antologias e Revistas Acadêmicas. Premiada em Concursos Literários promovidos pela Prefeitura de Santos e no I Salão Vicentino de Artes- Plásticas, promovido pelo Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente. É membro do Instituto Histórico e Geográfico de Santos, a Cadeira 166: Padre Antonio Vieira. Autora de: Pincelando Letras (poesias)- 2011; Na Presença de Maria(literatura religiosa)- 2013 e Mulheres Transparentes (crônicas) - 2015. N Mundo de Deus De Deus que é Pai De Deus que se fez homem Mundo de Deus Criado para o homem De Maria de José Do filho de Maria. Mundo dos homens... De muitas dores E algumas alegrias. Mundo poético De tantos poetas E tão poucas Poesias. Mundo triste De Isabela De Florbela E de outras flores belas Espancadas. Mundo de tantas Marias... De Marias sofridas De Marias mal amadas De Marias de ninguém De Marias de muitos Josés... De Josés Travestidos de Marias. De Madalenas arrependidas De portas fechadas Feridas abertas Da natureza agredida Da velhice esquecida Das crianças abandonadas Da juventude sem perspectivas Da esperança Quase que perdida. 61 Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Amigos da Casa de Martins Fontes m abril de 2011, a “Casa de Martins Fontes” recebeu um convite irrecusável: o acadêmico Marcelo Teixeira ofereceu um imóvel pertencente à Unisanta, para a Academia Santista de Letras usar como sede. A Diretoria não pensou duas vezes, aceitou a oferta e começou os preparativos para a mudança, da Praça José Bonifácio, onde pagava aluguel, para a Rua Soares de Camargo, 17 no Boqueirão. Assim, no dia 10 de agosto, houve a reinauguração da nova “Casa de Martins Fontes”. A presidente Maria Araújo logo pensou na divulgação do local e criou o grupo “Amigos da Casa de Martins Fontes”, para a realização de um chá mensal, intitulado “Chá das Cinco”, não somente para acadêmicos, mas também para os amantes da poesia, mesmo que não fossem poetas. O projeto vingou e, hoje, alguns amigos se reúnem toda terceira terça-feira de cada mês, das 15 às 18 horas, para dizerem ou ouvirem poesias. Os integrantes levam um lanche e tudo fica mais divertido. Cada participante recebe uma medalha, usa-a na reunião e também nos eventos da Academia. Portanto, eles são participantes desta revista. E MARIA ARAÚJO Presidente da Academia Santista de Letras AQUI VÃO OS PARTICIPANTES DO GRUPO “AMIGOS DA CASA DE MARTINS FONTES”. Ana Maria Guerrize Gouveia É poetisa e trovadoura, vencedora de vários concursos literários. Tem dois livros publicados, sendo um de poesia e outro, um conto infantil. Pertence à Academia Feminina de Ciências, Letras e Artes de Santos (AFCLAS), ao Instituto Histórico e Geográfico de Santos (IHGS) e à União Brasileira dos Trovadores (UBT). 62 HOMENAGEM À CASA DE MARTINS FONTES Sinto a glória de luz da Academia! Qual contemplo no arco-íris do amor. Arte do sonho e da sabedoria, Soprando em meus ouvidos... o esplendor! Ao redor das estrelas e ancestrais, Com afeto que energiza a poesia... Festejo o pedestal dos imortais, Neste chão de amor, com minha alegria! Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Cynira Antunes de Moura Poetisa, cronista e trovadora. Pertence ao Instituto Histórico e Geográfico de Santos – IHGS - , à União Brasileira de Trovador UBT de Santos e `a Sociedade dos Petas Vivos de Santos. Premiada várias vezes em Concursos Literários. TROVANDO de alma e o coração de médico e ser humano sempre à disposição: Martins Fontes, soberano! Médico de corpo e alma Martins Fontes foi carinho, quem a ele recorria era acolhido em seu ninho! Dalva Maria de Araújo Sales Poetisa com vários trabalhos premiados em concursos literários. Pertence à UBT de Santos. O HOMEM DO CAIS Nos porões do navio a força motriz é o homem que planta e colhe o grão, que industrializa e que eleva o país escrevendo o futuro da nossa nação. Nas pedras gastas do chão, suor e cansaço, mãos calejadas, mas no rosto é impresso a certeza que o leva em cada passo à página da história de luta e progresso. Edna Gallo Poetisa e trovadora. Membro da AFCLAS - Academia Feminina de Ciências, Letras e Artes de Santos. Pertence à UBT - União Brasileira dos Trovadores ; Grupo Encontro de Poetas. Tem três livros publicados: “Brisa de Outono” – “Alvoradas e Crepúsculos” e “Segredos de um coração”. LIBERTAÇÃO Quero ser livre, ultrapassar fronteiras, galgar os cimos desses verdes montes, ir me aquecer nas palhas de outros ninhos e ver a luz de novos horizontes. Transpor desertos, mares, cordilheiras, colher as flores de outras jardineiras, ser andorinha em plena migração. Sentir o gosto, enfim, da liberdade, sair em busca da felicidade dizendo adeus a tanta escravidão! 63 Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Edite Rocha Capelo Santista, participou de várias exposições e, como professora exerceu o cago em Santos, Guarujá e Salvador. É integrante do grupo literário “Sociedade dos Poetas Vivos”, “Poetas do Litoral”, da UBT e “Casa de Martins Fontes”. Participou de Antologias Poéticas e livros. Tem poesias premiadas na Academia Vicentina de Letras e no Elos Internacional. AO POETA E MÉDICO HUMANISTA MARTINS FONTES Vem, poeta Martins Fontes / sai desta imagem de bronze / vem vulcanizar meus sonhos! No teu cantar sedutor, voltar a falar de amor! / Versejar novamente com os pássaros: O sabiá laranjeira, os canários da terra, / O tié fogo santista! / Vem falar dos teus amores... E dos que tinhas pelas flores / com o teu cravo vermelho, que juntinho/ carregavas ao lado do coração! Elisabete Nascimento do Rosário Trabalhou na Santa Casa, depois que se aposentou, passou a ser Voluntária. SONETO Se eu fosse Deus seria a vida um sonho, Nossa existência um júbilo perene! Nenhum pesar que o espírito envenene Empanaria a luz do céu risonho! Não haveria mais: o adeus solene, A vingança, a maldade, o ódio medonho, E o maior mal, que a todos anteponho, A sede, a fome da cobiça infrene! Felicidade Travessos Domingues É Voluntária da Santa Casa da Misericórdia de Santos; Coordena a Pastoral da Saúde; pertence ao Conselho do hospital e ao Conselho da Associação dos Voluntários ; Ministra a Eucaristia e Canta no Coral. 64 MARTINS FONTES Ninguém exaltou tanto o universo como Martins Fontes. Dizia e fazia sempre: amar, conhecer e servir à humanidade é o dever de todo homem. Como poeta deixou versos que caem como um bálsamo em nossos corações. Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Jaira de Oliveira Presa Nascida em Santos SP. Professora e Pedagoga Ap., escritora e poetisa. Pertence à Academia Vicentina de Letras, Artes e Oficios “Frei Gaspar da Madre de Deus”. Criou e coordena o grupo de performance “Poetas Vivos de Santos”. Participa do Grêmio de Haicais Caminhos das Águas, Tem inúmeros prêmios nacionais e internacionais em poesia. MOINHOS DE VENTO Sempre convivi com a insensatez / pautei minha vida no limiar / do sonho-realidade. Fadas, bruxas gnomos e duendes / comiam e dormiam em casa. / Plantei minha árvore com raízes aéreas / para bem melhor saborear / ora a brisa, ora o tufão. Decide, se queres ficar / ou partir / mas, deixa-me pelo menos terminar meus dias / com meus moinhos de vento... José Ferreira Júnior Tenor (solo) e canta em alguns Corais de Santos. MINHA MÃE Beijo-te a mão, que sobre mim se espalma Para me abençoar e proteger, Teu puro amor o coração me acalma; Provo a doçura do teu bem-querer. Porque a mão te beijei, a minha palma Olho, analiso, linha a linha, a ver Se em mim descubro um traço de tua alma, Se existe em mim a graça do teu ser Lourdes Lago Felício Poetisa e trovadora. Pertence à Academia Feminina de Ciências, Letras e Artes de Santos – AFCLAS – e à UBT de Santos. SANTOS, MEU AMOR “Santos, eu te amo, sempre te amarei! / És meu berço, meu chão, meu céu, meu lar/ Sei que eternamente me embalarei / ao som desse teu doce marulhar. Contigo cresci e sempre estarei / até quando em teu solo eu me integrar;/ na brisa perfumada sentirei / o sabor desse teu cheiro de mar. Orgulho-me por ter nascido em Santos! / Cativa que sou de teus mil encantos, /sabendo como sei de tua História E porque te amo e tanto te venero, / de tudo neste mundo o que mais quero /é saber-te nos píncaros da glória.” 65 Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras Maria Aparecida da Figueira Trabalhou na Santa Casa, depois que se aposentou, passou a ser Voluntária. A CANÇÃO COR DE ROSA Sempre vivi de amor. Quando eu era criança, Namorei uma estrela, adorei uma rosa... Porém, se sempre amei, nunca tive esperança, Nunca fiz a menor confidência amorosa... Não sei porque motivo o coração não cansa Da existência tornar sempre fantasiosa... O verdadeiro amor é o que jamais se alcança, Só se ama, a vida inteira, a ilusão caprichosa... Sueli Santos Teles Café da Silva Artista Plástica. Pertence à Academia Feminina de Ciências, Letras e Artes de Santos – AFCLAS-, ao Instituto Histórico e Geográfico de Santos – IHGS e ao grupo “Poetas Vivos”, onde já participou de algumas Antologias. É formada em Laboratório e Patologia Clínica, aposentada na Área da Saúde Estadual. NATUREZA RESGATADA Poeta dos poetas, / Foste tu, Vicente de Carvalho Por amor defendeu a orla, / Contra o progresso devastador. Vislumbrando o pôr-do-sol / Nos deixou este legado/ O maior jardim do mundo, / Por todos admirado. À beira deste mar, / O jardim o inspirou, Nos deixando pérolas em versos, / De flores e amor. O mar te agradece / O povo também A beleza que rodeia / Esta cidade do bem. Tabajara Luis Cruz Serpa Pinto Santista, artista plástico, poeta e escritor premiado, acadêmico da Academia Vicentina de Letras, Artes e Ofícios Frei Gaspar da Madre de Deus. Ocupa a cadeira nº 2. 66 MARTINS FONTES Não tive o privilégio de conhecer-te, na bela época em que poetizavas maravilhas, eu ainda não havia vindo ao mundo. Mas me tornei, com muita honra dentro de tua augusta casa “Academia Santista de Letras”, teu grande admirador e fervoroso amigo, recebendo importante medalha com tua fotografia mais conhecida, porque também gosto de compor e de declamar poesias; medalha esta conferida a um grupo seleto de escritores, poetas e declamadores, denominados: “Amigos de Martins Fontes”. Revista dos 60 Anos da Academia Santista de Letras 4