TALDIMIM – PERDÃO (Ed René Kivitz)

Transcrição

TALDIMIM – PERDÃO (Ed René Kivitz)
TALDIMIM – PERDÃO (Ed René Kivitz)
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PARA O LÍDER DO GRUPO
OBJETIVO DA LIÇÃO
Levar o grupo a entender que o perdão é um dos fundamentos da fé cristã. Foi graças
ao perdão de Deus, mediante o sacrifício de Jesus na cruz, que recebemos uma nova
vida. Amor e perdão sempre caminham juntos, embora nem sempre seja fácil perdoar.
Trata-se de um ato que exige que alguém assuma o dano causado: perdão envolve
sofrimento. Aprendemos a perdoar à medida que compreendemos como nós mesmos
fomos perdoados por Deus. A graça que nos perdoou é a mesma graça que pode nos
levar a perdoar os outros.
Quando perdoamos, iniciamos um processo de cura e reconciliação. As coisas não se
resolvem num passe de mágica. O objetivo não é negociar uma trégua, “servir a
vingança como um prato frio”, fingir ou esquecer pura e simplesmente.
Apenas perdoando podemos nos lembrar sem sentir dor ou tirar o peso dos
acontecimentos e seguir em frente. É uma verdade que vem de dentro para fora, a
decisão consciente de absorver o dano em favor do relacionamento.
TUITANDO
“Ser cristão é perdoar o indesculpável, porque Deus perdoou o indesculpável em
você.” C.S. Lewis
COM O GRUPO
LENDO O TEXTO
Antes de assistir ao vídeo, leia ou peça para alguém ler os versículos abaixo.
Mateus 6:12
(...) e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como também temos perdoado
aos nossos devedores; (Almeida Século 21)
Perdoa as nossas ofensas como também nós perdoamos as pessoas que
nos ofenderam. (NTLH)
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DISCUTINDO O VÍDEO
“As duas coisas se equivalem como forças
destrutivas: a profunda força de que temos
uma dívida e a profunda consciência de que
temos um crédito que jamais é depositado em
nossa conta. Estas duas coisas são
destruidoras da nossa interioridade e roubam
a nossa paz.”
[LEIA O TEXTO ABAIXO ANTES DE
RESPONDER] Você consegue identificar
estas duas forças destrutivas citadas por
Ed René na parábola do filho pródigo
(esbanjador)? Onde estão?
[DICA] Estimule a participação coletiva. É fácil
enxergar o erro do filho pródigo. Mas o irmão
dele também tem um problema grave com o
pai. Pensa que tem um crédito nunca
depositado ou reconhecido. O irmão mais
velho também precisa experimentar o
perdão. É importante ressaltar que a
profunda consciência de crédito ou dívida são
duas faces da mesma moeda e precisam ser
enfrentadas.
Com qual dos dois filhos você se
identifica mais?
[DICA] A ideia aqui é levar o assunto para o
campo prático e pessoal. A gente sempre vai
estar num dos lados da moeda (débito ou
crédito). Culpa e perdão desempenham um
papel central na vida de TODAS as pessoas.
Lucas 15:11-32
E Jesus disse ainda: — Um homem tinha dois filhos.
Certo dia o mais moço disse ao pai: “Pai, quero que o senhor me dê agora a minha parte da
herança.” — E o pai repartiu os bens entre os dois.
Poucos dias depois, o filho mais moço ajuntou tudo o que era seu e partiu para um país que
ficava muito longe. Ali viveu uma vida cheia de pecado e desperdiçou tudo o que tinha.
O rapaz já havia gastado tudo, quando houve uma grande fome naquele país, e ele começou a
passar necessidade. Então procurou um dos moradores daquela terra e pediu ajuda. Este o
mandou para a sua fazenda a fim de tratar dos porcos.
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Ali, com fome, ele tinha vontade de comer o que os porcos comiam, mas ninguém lhe dava
nada. Caindo em si, ele pensou: “Quantos trabalhadores do meu pai têm comida de sobra, e
eu estou aqui morrendo de fome!
Vou voltar para a casa do meu pai e dizer: ‘Pai, pequei contra Deus e contra o senhor e não
mereço mais ser chamado de seu filho. Me aceite como um dos seus trabalhadores.’ ”
Então saiu dali e voltou para a casa do pai. — Quando o rapaz ainda estava longe de casa, o pai
o avistou. E, com muita pena do filho, correu, e o abraçou, e beijou.
E o filho disse: “Pai, pequei contra Deus e contra o senhor e não mereço mais ser chamado de
seu filho!”
Mas o pai ordenou aos empregados: “Depressa! Tragam a melhor roupa e vistam nele.
Ponham um anel no dedo dele e sandálias nos seus pés. Também tragam e matem o bezerro
gordo. Vamos começar a festejar porque este meu filho estava morto e viveu de novo; estava
perdido e foi achado.” E começaram a festa.
Enquanto isso, o filho mais velho estava no campo. Quando ele voltou e chegou perto da casa,
ouviu a música e o barulho da dança. Então chamou um empregado e perguntou: “O que é que
está acontecendo?” O empregado respondeu: “O seu irmão voltou para casa vivo e com
saúde. Por isso o seu pai mandou matar o bezerro gordo.”
O filho mais velho ficou zangado e não quis entrar. Então o pai veio para fora e insistiu com
ele para que entrasse.
Mas ele respondeu: “Faz tantos anos que trabalho como um escravo para o senhor e nunca
desobedeci a uma ordem sua. Mesmo assim o senhor nunca me deu nem ao menos um
cabrito para eu fazer uma festa com os meus amigos. Porém esse seu filho desperdiçou tudo o
que era do senhor, gastando dinheiro com prostitutas. E agora ele volta, e o senhor manda
matar o bezerro gordo!”
Então o pai respondeu: “Meu filho, você está sempre comigo, e tudo o que é meu é seu.
Mas era preciso fazer esta festa para mostrar a nossa alegria. Pois este seu irmão estava morto
e viveu de novo; estava perdido e foi achado.”
“O que Jesus está ensinando é que nós, seres
humanos, somos capazes de contrair dívidas
impagáveis, não apenas para com Deus, mas
uns para com os outros.
O perdão é a solução que Deus oferece para
pessoas que contraíram dívidas impagáveis. E
para pessoas que sofreram um dano e que,
portanto, julgam ter nas mãos um crédito,
mas também este crédito é impagável —
nunca será totalmente satisfeito.”
[LEIA A PARÁBOLA DE MATEUS 18
ABAIXO ANTES DE RESPONDER]
Por que Pedro pergunta sobre o número
de vezes que deve perdoar?
[DICA] Havia um entendimento na época
de Jesus de que três era o número
aceitável de desculpas que alguém era
obrigado a aceitar. Pedro aumentou um
pouco o número para mostrar que era um
cara tolerante e acima da média.
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Você já estabeleceu um limite de
perdão? Qual régua (padrão) utilizou?
[DICA] É importante deixar as pessoas do
grupo falarem para criar um contraponto
à parábola de Jesus.
Na sua interpretação, quem os
personagens da parábola representam?
[DICA] Deus é o rei, nós somos os
empregados com a dívida e nosso
próximo é o colega com quem nos
encontramos depois do julgamento.
Na sua interpretação, o que Jesus quis
ensinar com esta parábola?
[DICA] Que o perdão no Reino de Deus
não está ligado ao merecimento, mas à
graça divina. A nossa medida de perdão é
o próprio perdão que recebemos. Quem
não entende o tamanho do perdão que
recebeu acha-se moralmente superior a
alguém do seu lado, apesar de tudo.
[LEIA O TEXTO DE EFÉSIOS 4 ANTES DE
RESPONDER]
Como este ensino afeta os seus
relacionamentos?
Mateus 18:21-35
Então Pedro chegou perto de Jesus e perguntou: — Senhor, quantas vezes devo perdoar o
meu irmão que peca contra mim? Sete vezes?
— Não! — respondeu Jesus. — Você não deve perdoar sete vezes, mas setenta e sete vezes.
Porque o Reino do Céu é como um rei que resolveu fazer um acerto de contas com os seus
empregados.
Logo no começo trouxeram um que lhe devia milhões de moedas de prata. Mas o empregado
não tinha dinheiro para pagar. Então, para pagar a dívida, o seu patrão, o rei, ordenou que
fossem vendidos como escravos o empregado, a sua esposa e os seus filhos e que fosse
vendido também tudo o que ele possuía.
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Mas o empregado se ajoelhou diante do patrão e pediu: “Tenha paciência comigo, e eu
pagarei tudo ao senhor.”
O patrão teve pena dele, perdoou a dívida e deixou que ele fosse embora.
O empregado saiu e encontrou um dos seus companheiros de trabalho que lhe devia cem
moedas de prata.
Ele pegou esse companheiro pelo pescoço e começou a sacudi-lo, dizendo: “Pague o que me
deve!” Então o seu companheiro se ajoelhou e pediu: “Tenha paciência comigo, e eu lhe
pagarei tudo.”
Mas ele não concordou. Pelo contrário, mandou pôr o outro na cadeia até que pagasse a
dívida.
Quando os outros empregados viram o que havia acontecido, ficaram revoltados e foram
contar tudo ao patrão.
Aí o patrão chamou aquele empregado e disse: “Empregado miserável! Você me pediu, e por
isso eu perdoei tudo o que você me devia. Portanto, você deveria ter pena do seu
companheiro, como eu tive pena de você.”
O patrão ficou com muita raiva e mandou o empregado para a cadeia a fim de ser castigado
até que pagasse toda a dívida.
E Jesus terminou, dizendo: — É isso o que o meu Pai, que está no céu, vai fazer com vocês se
cada um não perdoar sinceramente o seu irmão.
Efésios 4:29-32
Não digam palavras que fazem mal aos outros, mas usem apenas palavras boas, que ajudam os
outros a crescer na fé e a conseguir o que necessitam, para que as coisas que vocês dizem
façam bem aos que ouvem.
E não façam com que o Espírito Santo de Deus fique triste. Pois o Espírito é a marca de
propriedade de Deus colocada em vocês, a qual é a garantia de que chegará o dia em que Deus
os libertará.
Abandonem toda amargura, todo ódio e toda raiva. Nada de gritarias, insultos e maldades!
Pelo contrário, sejam bons e atenciosos uns para com os outros.
E perdoem uns aos outros, assim como Deus, por meio de Cristo, perdoou vocês.
“Quando pessoas contraem dívidas
impagáveis umas para com as outras ou para
com Deus, há duas alternativas: ou o
relacionamento entre as partes acaba, se
dissolve e é tragado pelo ódio, desejo de
vingança e destruição daquele devedor ou
existe a experiência do perdão.”
[LEIA OS VERSÍCULOS ABAIXO ANTES DE
RESPONDER]
Por que vingança e perdão são caminhos
opostos?
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[DICA] O perdão não nos faz esquecer, mas
irá tirar o peso daquilo que ocorreu, o que
nos permitirá ir em frente. Quem não perdoa
vive remoendo o passado a ponto de não
conseguir viver o presente.
Por que é preciso perdoar para se
manter o relacionamento?
[DICA] Enquanto o verdadeiro perdão não
acontece, a ofensa continuará entre nós e a
pessoa com a qual tivemos problemas. O
mesmo ocorre em relação a Deus. O pecado
se coloca entre nós e não pode ser
“esquecido” até que lidemos com ele. Se, e
quando experimentarmos o verdadeiro
perdão, podemos considerar a pessoa sem
que a ofensa esteja entre nós.
Romanos 12:17-21
Não paguem a ninguém o mal com o mal. Procurem agir de tal maneira que vocês recebam a
aprovação dos outros.
No que depender de vocês, façam todo o possível para viver em paz com todas as pessoas.
Meus queridos irmãos, nunca se vinguem de ninguém; pelo contrário, deixem que seja Deus
quem dê o castigo. Pois as Escrituras Sagradas dizem: “Eu me vingarei, eu acertarei contas
com eles, diz o Senhor.”
Mas façam como dizem as Escrituras: “Se o seu inimigo estiver com fome, dê comida a ele; se
estiver com sede, dê água. Porque assim você o fará queimar de remorso e vergonha.”
Não deixem que o mal vença vocês, mas vençam o mal com o bem.
“Deus escolheu nos tratar oferecendo-nos
perdão, dizendo: "A sua dívida para comigo é
impagável, mas você não precisa pagar, eu
sofro este dano porque prefiro sofrê-lo do que
perder você". Isso é perdão, quando dizemos a
alguém: "Eu fico com o dano, mas eu não
quero perder você".
[LEIA O TEXTO ABAIXO ANTES DE
RESPONDER] O que lhe chamou mais a
atenção no texto de Timothy Keller ?
Por que perdoar não é fácil?
[DICA] “O verdadeiro perdão sempre envolve
sofrimento. Assim, a dívida causada pela
transgressão não desaparece num passe de
mágica: ou o devedor paga ou você a paga.”
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O que nós “ganhamos” perdoando?
[DICA] Nas palavras de Ed René Kivitz: "Eu
fico com o dano, mas eu não quero perder
você". Quem é incapaz de perdoar, é incapaz
de criar e manter relacionamentos. Em algum
momento, todos nós vamos decepcionar ou
ser decepcionados com alguém.
Trecho do livro A Cruz do Rei, de Timothy Keller, págs 124 a 126
Não precisamos do sacrifício de Jesus pessoalmente; também precisamos dele legalmente. O
que quero dizer com isso? Quando alguém de fato prejudica você, nasce uma dívida que tem
que ser paga por essa pessoa.
Isso pode acontecer no nível econômico, por exemplo. Suponhamos que um amigo
acidentalmente quebra uma luminária em seu apartamento? A consequência será uma dessas
duas opções. Você pode fazê-lo pagar pelo prejuízo – “Isso custará a você R$ 180,00 - ou pode
dizer “Eu perdoo você, esquece isso".
Mas o que acontece com os R$ 180,00 neste último caso? Você mesmo terá de cobrir o
prejuízo ou terá que conviver com ele e se acostumar com uma sala mais escura. Ou seu amigo
paga o custo do prejuízo que causou ou você arca com esse custo.
Esse mesmo mecanismo funciona além do nível econômico também. Quando alguém lhe
rouba uma oportunidade, a felicidade, a reputação, ou lhe toma algo que você jamais
conseguirá de volta, isso gera uma noção de dívida. A justiça foi quebrada - e essa pessoa lhe
deve algo. Uma vez que se conscientize dessa dívida terá diante de você aquelas duas opções:
cobrar a dívida ou perdoá-la.
Uma das opções é tentar fazer o devedor pagar pela dívida: você pode tentar destruir as
oportunidades dele ou arruinar-lhe a reputação; pode torcer para que ele sofra ou fazer com
ele sofra. Mas há um grande problema neste curso de ação.
À medida que você faz seu devedor pagar por sua dívida, à medida que o faz sofrer por aquilo
que ele lhe fez, você se torna como ele. Torna-se uma pessoa cada vez mais dura de coração,
mais fria; torna-se como o transgressor. E o mal vence nesse caso.
O que mais você poderia fazer? A alternativa é perdoar a dívida. Mas não é nada fácil perdoar.
Quando o que você quer é nutrir pensamentos de vingança, quando anseia tanto por colocar
em prática a sua vingança, mas se recusa a fazer isso em um esforço para perdoar, isso dói.
Reprimir a vingança e perdoar é uma agonia. Por quê? Porque, em vez de fazer o devedor
sofrer, pagar pelo que fez, você mesmo está absorvendo o custo da dívida. Não está tentando
recuperar sua reputação destruindo a da pessoa que lhe causou prejuízo. Você a está
perdoando, e isso tem um custo para você. É isso que o perdão representa.
O verdadeiro perdão sempre envolve sofrimento. Assim, a dívida causada pela transgressão
não desaparece num passe de mágica: ou o devedor paga ou você a paga.
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Mas aqui está a ironia disso tudo. Somente se você pagar o preço do perdão, somente se você
arcar com a dívida, haverá alguma chance de corrigir o mal causado. Se você confrontar o
transgressor com aquilo que ele fez de errado, embora você satisfaça o desejo de vingança em
seu coração, ele provavelmente não ouvirá você.
Sentirá que você não está em busca de justiça, mas sim de vingança, e rejeitará tudo o que
você disse. Com isso, você apenas perpetuará o eterno ciclo de retaliações. Somente se
reprimir seu desejo de vingança e pagar o custo do perdão, terá alguma esperança de fazer
com que o transgressor lhe ouça ou enxergue o erro que cometeu. E mesmo que3 ele não lhe
ouça de imediato, o seu perdão romperá o ciclo de retaliações.
Se tivermos consciência de que o perdão sempre envolve sofrimento para aquele que perdoa e
que a única esperança de corrigir o mal feito vem da atitude de pagar o custo do sofrimento,
então não deveria nos espantar quando Deus diz: "O único modo que posso perdoar os
pecados da raça humana é com o sofrimento - ou vocês terão que pagar a pena pelo pecado
ou eu terei".
O pecado sempre implica uma pena. Não se pode resolver a questão da culpa, a menos que
alguém pague a pena.
O único modo que Deus tem de nos perdoar e de não nos julgar é indo para a cruz e arcando
com a nossa pena. "É necessário que eu sofra", diz Jesus (Mc 8:31-32)
CONCLUINDO
“A minha oração é para que Deus me dê esta capacidade de perdoar
como sou perdoado. Que Deus me dê esta profunda consciência de que se,
porventura, alguém tem para comigo uma dívida impagável, a dívida
impagável que eu tenho para com Deus é também perdoada, e que eu
transborde o perdão que recebo de Deus para aqueles que porventura
tenham dívidas para comigo.
Quem você deveria perdoar ou para quem deveria pedir perdão? E Orem em grupo
pedindo a Deus que, pelo seu Espírito Santo, tenham força e coragem para dar o
primeiro passo.
RECURSO EXTRA PARA O LÍDER
Se você quiser se aprofundar no estudo da Graça de Deus revelada na parábola do
filho pródigo, pode assistir a uma pregação de Ed René Kivitz sobre o tema. A
mensagem se chama Deus, Débitos e Créditos e está disponível neste link:
http://youtu.be/RfHQ3AQcjq0
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