Mais Perto da Promessa Do Laboratório ao Campo
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Mais Perto da Promessa Do Laboratório ao Campo
Mais Perto da Promessa Do Laboratório ao Campo Relatório Anual de 2009 Melhores ferramentas, melhores colheitas, melhores níveis de vida Mais perto da promessa Do laboratório ao campo Relatório Anual de 2009 Relatório Anual de 2009: Mais perto da promessa: Do laboratório ao campo ISSN © African Agricultural Technology Foundation 2010. Todos os direitos reservados A editora incentiva o uso equitativo deste material, desde que a sua origem seja mencionada adequadamente. Colaboradores: Daniel Mataruka, George Marechera, Gospel Omanya, Grace Wachoro, Hodeba Jacob D. Mignouna, Liz Ng’ang’a, Moussa Elhadj Adam, Nancy Muchiri, Nompumeleo Obokoh e Sylvester Oikeh Editores: Nancy Muchiri e Peter Werehire Concepção: Nancy Muchiri Design: Handmade Communications ([email protected]) Tradução e composição gráfica: Green Ink (www.greenink.co.uk) Fotografias: Capa interior © Uros Ravbar/Dreamstime.com; imagens com fundo mostrando milho e página 31 © Olga Miltsova/Dreamstime.com; página 8 (foto principal) © A Van Zandbergen/Imagens de África; página 10 (foto principal) © Temistocle Lucarelli/Dreamstime.com; página 14 (foto principal) © Pichugin Dmitry/Shutterstock; página 18 (foto principal) © A Van Zandbergen/Imagens de África; página 22 (canto superior esquerdo) © Protea/ Dreamstime; página 22 (foto principal) © Hector Conesa/Shutterstock; página 23 © Wayne Hutchinson/ www.farm-images.co.uk; página 26 (foto principal) © Hector Conesa/Shutterstock; página 30 (foto principal) © A Bartel/Travel-Images.com; página 33 (acima) © Jinfeng Zhang/Dreamstime.com; página 34 (à esquerda) e 35 (acima) © Zhuda/ Shutterstock; página 34 (foto principal) Styve Reineck/Shutterstock; página 36 (foto principal) © Brian Longmore/Dreamstime.com; página 38 © Peter Blackwell/Imagens de África; página 40 (foto principal) © Komelau/Dreamstime.com; página 40 (abaixo) © Sebastian Duda/Shutterstock; página 42 (foto principal) © IStockphoto/Steven Allan; página 42 (abaixo) © Prima/Shutterstock; página 44 © A Van Zandbergen/Imagens de África; página 48 © kRrie/Shutterstock; página 49 © BHZ22/Shutterstock. Todas as outras fotos © AATF, Africa Rice Centre e Institute for Agricultural Research. Impressão: Majestic Printing Works, Quénia 1 Índice 2 O Ano em Retrospectiva 4 Mensagem do Presidente do Conselho de Administração 6 Mensagem do Director Executivo 8 Quem Somos 10 Controlo de Striga em Pequenas Quintas de Milho da África Subsariana 14 Primeiro Ensaio de Campo Confinado de Feijão-Frade Bt em África 18 Desenvolvimento de Bananas Transgénicas Resistentes a BXW 22 Milho com Eficiência Hídrica para África (WEMA) 26 NUEST: Transformar Novo Arroz para África 30 Agricultores Adoptam AflaSafeTM, o Primeiro Produto Autóctone de Controlo Biológico de Aflatoxina em África 34 Conceito de Produto: Controlo de Striga em Pequenas Quintas de Sorgo da África Subsariana 36 Tecnologias Agrícolas Chinesas Podem Oferecer Novo Modelo de Cooperação China-África 40 OFAB: Sensibilização para as Tecnologias Agrícolas Avançadas 42 Relatório Financeiro 44 Membros do Conselho da AATF - 2009 46 Pessoal da AATF - 2009 48 Publicações da AATF - 2009 2 Mais Perto da Promessa: Do Laboratório ao Campo O Ano em Retrospectiva Janeiro decisões importantes contou-se a nomeação de Idah Sithole-Niang para Vice-Presidente do Conselho. • O Fórum Livre sobre Biotecnologia Agrícola em África (OFAB) lançou a sua Divisão da Nigéria como iniciativa de colaboração entre a AATF, a Agência Nacional de Desenvolvimento da Biotecnologia (NABDA) e o Conselho de Investigação Agrícola da Nigéria (ARCN), para ajudar a promover a sensibilização e a compreensão da biotecnologia, dos seus produtos e da sua utilização. • O projecto WEMA organizou em Joanesburgo um curso de reciclagem de três dias sobre os procedimentos para a preparação de pedidos de Fevereiro realização de ensaios de campo confinados (ECC) • O Comité Interno para a Segurança Biológica (IBC) para os seus parceiros do Quénia, Uganda, Tanzânia, no Instituto de Investigação Agrícola Savanna (SARI) Moçambique e África do Sul. de Gana autorizou o pedido de realização de ensaios • A equipa do projecto WEMA de Moçambique de campo confinados de feijão-frade resistente a realizou um workshop para as partes interessadas Maruca, em preparação para a sua submissão ao com o fim de promover a sensibilização para o Comité Nacional de Segurança Biológica (NBC) em projecto WEMA. Acra. • O projecto WEMA realizou a primeira reunião de revisão e planeamento do projecto em Joanesburgo, Maio • A AATF e o Instituto Internacional de Agricultura África do Sul. Os parceiros analisaram o progresso Tropical (IITA) organizaram uma reunião das partes conseguido com as actividades de 2008 e realizaram interessadas para avaliação das opções disponíveis também reuniões temáticas paralelas com o fim de para o controlo da Striga nos campos de milho na planear as actividades para o ano de 2009. Nigéria e para a criação de uma parceria para a • A AATF e o Instituto de Investigação Agrária avaliação e implementação da tecnologia de milho de Moçambique (IIAM) assinaram o acordo resistente a Imazapyr (IR) no país. para a implementação do projecto WEMA em • O Fórum Livre sobre Biotecnologia Agrícola em Moçambique. África (OFAB) abriu a sua Divisão da Tanzânia como iniciativa de colaboração entre a AATF e a Comissão Março para a Ciência e a Tecnologia (COSTECH) da Tanzânia, • O Dr. Daniel Fungai Mataruka, um estrategista do para ajudar a promover a compreensão do público sector privado, assumiu as funções de Director em geral para a biotecnologia. Executivo da AATF, sucedendo à Professora Jennifer Thomson, que exercera as funções de Directora Junho Executiva Interina desde Setembro de 2008. • O Instituto de Investigação Agrícola (IAR) de Zaria • As equipas do projecto WEMA na Tanzânia e no realizou conjuntamente com o Programa para Uganda realizaram workshops para as partes Sistemas de Segurança Biológica (PBS) um workshop interessadas, com o objectivo de sensibilizar a na Nigéria para a criação de capacidade em audiência para o projecto WEMA. conformidade regulamentar, dando atenção especial • O Governo Federal da Nigéria aprovou o pedido ao apoio necessário para a boa instalação, gestão e do Instituto de Investigação Agrícola (IAR) de Zaria execução de ensaios de campo confinados (ECC) de para a realização de ensaios de campo confinados feijão-frade resistente à Maruca. de feijão-frade Bt na Nigéria, o que representa um • A AATF e o Serviço Internacional para a Aquisição de marco significativo para o desenvolvimento, testes Aplicações em Agrobiotecnologia (ISAAA) realizaram e distribuição de feijão-frade resistente a Maruca no em Junho de 2009 em Abuja, Nigéria, um workshop país. de dois dias sobre o tema comunicação científica para cientistas no Projecto sobre a Resistência Abril a Maruca, com o objectivo de proporcionar aos • A AATF e o Instituto Internacional de Agricultura parceiros do projecto as competências necessárias Tropical (IITA) organizaram uma reunião para as para a comunicação efectiva da biotecnologia partes interessadas em Ibadan, Nigéria, sobre o agrícola, relações com os média, gestão de controlo de aflatoxina no milho e amendoim, para problemas e concepção e formulação de mensagens discutirem a possibilidade de utilização de um de comunicação abrangentes e exaustivas. método de controlo biológico que utiliza fungos que ocorrem naturalmente na Nigéria para reduzir as concentrações de aflatoxinas no milho e aplicar os Agosto • A AATF abriu o seu primeiro escritório satélite em resultados à gestão de aflatoxinas. Abuja, Nairobi, para servir de ligação da AATF na • O Conselho de Administradores da AATF realizou região da África Ocidental. Ele está instalado nos a sua 13ª reunião em Nairobi, Quénia. Entre outras escritórios anexos do Conselho de Investigação Agrícola da Nigéria (ARCN) em Jabi. De cima para baixo: • Num ECC no Instituto de Investigação Agrícola (IAR) Participantes na reunião das partes interessadas de Zaria plantou-se pela primeira vez em África realizada em Ibadan, Nigéria, sobre o controlo de feijão-frade transgénico, o que representa um marco aflatoxina no milho e amendoim. significativo para o desenvolvimento de feijão-frade resistente a Maruca, para utilização por pequenos O Director Executivo da AATF, Daniel Mataruka, e o agricultores em África. Director-Geral da COSTECH, Hassan Mshinda, assinam • Em cinco zonas dos estados de Kaduna e Oyo, na um acordo de colaboração para a criação de uma Nigéria, foram instalados ensaios de AflaSafeTM Divisão da OFAB na Tanzânia. em campos de agricultores, uma tecnologia de Alguns participantes do workshop sobre comunicação controlo biológico autóctone para a redução científica para cientistas, da AATF-ISAAA, realizado em da contaminação do milho e do amendoim por Abuja, Nigéria. aflatoxinas. O Director-Geral da AATF visitou os escritórios do ACRN. • Os parceiros técnicos do projecto Milho com Eficiência Hídrica para África (WEMA) do Centro Internacional de Melhoramento do Milho e do Trigo (CIMMYT), da Monsanto, AATF e dos Sistemas Nacionais de Pesquisa Agrícola (NARS) reuniram-se em Peyreholade, França, onde foram discutidas metodologias de melhoramento de plantas incluindo selecção do germoplasma, material original usado (testers), verificações e abordagens e sincronismo dos eventos. O Ano em Retrospectiva 3 • Em Nairobi realizou-se um workshop intitulado "Risk Communication and Media Handling" (Comunicação de Riscos e Interacção com os Média) para a equipa de comunicação e porta-vozes do projecto WEMA, para equipar os participantes com competências em comunicação efectiva de biotecnologia, relação com os média e gestão de problemas. • O projecto WEMA realizou um workshop sobre "Confidencialidade no Desenvolvimento da Tecnologia" em Nairobi, para sensibilizar os membros da parceria do projecto para a necessidade de manter a confidencialidade no decorrer da implementação das actividades do projecto e as vias existentes para a assegurar. • A equipa de regulamentação do projecto WEMA organizou no Uganda um workshop de formação para formadores sob o tema "Conformidade dos Ensaios de Campo Confinados", que focou os protocolos e procedimentos necessários para conformidade das medidas de confinamento durante os ensaios de campo confinados. Setembro • O projecto Arroz Com Utilização Eficiente de Azoto e Tolerante ao Sal (NUEST) para África organizou um workshop de desenvolvimento do produto na Califórnia, EUA, para os seus parceiros dos Sistemas Nacionais de Pesquisa Agrícola que irão realizar os ECC do arroz NUEST. Os parceiros familiarizaram-se com o trabalho de laboratório da empresa Arcadia sobre arroz transgénico, incluindo a sua abordagem à realização de ensaios de estufa e de campo da NUE (Utilização Eficiente de Azoto) e ST (Tolerância ao Sal). • A equipa do projecto WEMA no Quénia realizou ensaios simulados no seu local de ECC em Kiboko. Os ensaios simulados fizeram parte das actividades de criação de capacidade, com vista à realização de ensaios transgénicos do projecto WEMA em 2010. • O projecto WEMA-South Africa recebeu autorização do Ministério da Agricultura, Silvicultura e Pescas para a realização de ensaios de milho transgénico tolerante à seca na província do Cabo Ocidental. Outubro • A direcção da AATF encomendou uma actividade de desenvolvimento da organização para avaliar a possibilidade de implementação de uma estratégia de crescimento e da viabilidade do desenvolvimento da concepção, sistemas e recrutamento organizacionais necessários para apoiar esse crescimento. • Realizaram-se duas inspecções do ensaio de campo confinado de feijão-frade resistente a Maruca – uma pelos inspectores de segurança biológica do Ministério Federal do Ambiente, da Nigéria, e outra por um consultor externo com o apoio da USAID. Ambas confirmaram que o ECC fora realizado em conformidade com os requisitos nacionais da Nigéria e com os requisitos especiais de Avaliação Ambiental Interna da USAID. • O projecto WEMA-Tanzania plantou o seu ensaio simulado como preparação para a realização de ensaios transgénicos no seu local de ECC em Dodoma em 2010. Novembro • A AATF concluiu a análise do seu Plano de Negócios para 2009-2013, que apresenta a estrutura, missão e objectivos da intervenção da AATF e as actividades e subactividades que promove, e que define o portfólio dos actuais projectos da AATF e dos projectos que tenciona implementar nos próximos cinco anos. O plano de negócios também estabelece uma série de princípios operacionais que definem o modo como a AATF procura maximizar o seu impacto e fornece pormenores sobre recrutamento, governância, orçamento proposto, marcos importantes e impactos da sua intervenção. • A direcção da AATF analisou as suas áreas prioritárias e alargou o seu âmbito para poder criar um portfólio de projectos equilibrado que inclua culturas de valor, limitações relacionadas com o solo, métodos de melhoramento de plantas e mecanização. As áreas problemáticas foram reclassificadas em seis áreas temáticas – impacto das alterações climáticas na agricultura; gestão de pragas, gestão de solos, métodos aperfeiçoados de melhoramento de plantas, mecanização e aumento do valor nutritivo dos alimentos. • Na quarta reunião do Conselho de Administradores da AATF realizada em Abuja, Nigéria, entre outras decisões-chave foi teoricamente concedida aprovação à direcção da Fundação para adaptar uma lista de áreas prioritárias revista e reclassificada. • A República Federal da Nigéria registou a AATF como pessoa colectiva na Comissão de Assuntos Empresariais, reconhecendo deste modo de facto a AATF como uma associação de pessoas criada para fins beneficentes, com autoridade para transaccionar no país. O registo representou um avanço para a aquisição do estatuto de país anfitrião na Nigéria para a Fundação. • O projecto WEMA-South Africa plantou o primeiro ensaio de milho transgénico tolerante à seca no seu local de ECC no Cabo Ocidental. A equipa também realizou uma reunião das partes interessadas nacionais em Potchefstroom. À reunião assistiram representantes da indústria de sementes, universidades, agricultores, organizações de agricultores, departamentos provinciais de agricultura, defensores da biotecnologia, organizações não governamentais e cientistas. Dezembro • O DFID efectuou uma análise das actividades da AATF durante o período 2003-2009, com vista à renovação do seu subsídio para o período 2010-2014. • A AATF aprovou a concessão de um subsídio à NABDA para a conclusão das instalações de segurança biológica de nível 2 no IAR, em Zaria, Nigéria. • No Instituto Togolês de Investigação Agrícola (ITRA), em Lome, realizou-se uma discussão tripartida entre a AATF, CORAF e INERA sobre a proposta do projecto para testar feijão-frade Bt em Burkina-Faso, Mali e Togo. • Bill Gates, Co-presidente e Administrador da Fundação Bill and Melinda Gates visitou os escritórios da AATF onde se reuniu com a AATF e o CIMMYT sobre o projecto WEMA e o projecto do Milho Tolerante à Seca para África (DTMA) financiados pela Fundação para resolver o problema da tolerância do milho à seca em África. • A equipa do projecto WEMA-Moçambique realizou uma reunião de consciencialização dirigida a mais de 25 representantes dos média e de organizações de agricultores no local do ECC de Chokwe. De cima abaixo: Participantes do workshop "Comunicação de Riscos e Interacção com os Média" dirigido à equipa de comunicação e porta-vozes do projecto WEMA realizado em Nairobi em Agosto. Plantando o ensaio de campo simulado para o projecto WEMA no Quénia. Membros do Conselho da AATF durante a décima quarta reunião realizada em Abuja, Nigéria. Bill Gates visitou os escritórios da AATF em Dezembro, para discutir os projectos WEMA e DTMA com a AATF e o CIMMYT. 4 Mais Perto da Promessa: Do Laboratório ao Campo Mensagem do Presidente do Conselho de Administração O ano de 2009 foi outro ano empolgante para a AATF, pois foi assinalado por vários acontecimentos importantes. O projecto do feijão-frade resistente à Maruca recebeu um grande impulso quando o Governo Federal da Nigéria autorizou a realização de um ensaio de campo confinado (ECC) no país. Este ensaio, o primeiro realizado em África para o projecto do feijão-frade, foi efectuado em parceria com o Instituto de Investigação Agrícola (IAR) de Zaria em Agosto. Ele representou um marco significativo para a obtenção de feijão-frade resistente a Maruca para utilização por pequenos agricultores em África e gostaria de agradecer ao governo da Nigéria por ter concedido a sua aprovação para a realização do ensaio e ao pessoal e parceiros do projecto pelo seu esforço e dedicação. A aflatoxina continua a ceifar vidas todos os anos e foi com prazer que nos associámos ao Instituto Internacional de Agricultura Tropical (IITA) na realização dos primeiros ensaios de AflaSafeTM em campos de agricultores. AflaSafeTM é uma tecnologia de controlo biológico autóctone para reduzir a contaminação do milho e do amendoim pela aflatoxina na Nigéria. Os agricultores que participaram nos ensaios comunicaram resultados muito bons, como se descreve mais tarde neste relatório. Por isso, desejamos continuar a implementar os ensaios e a procurar comercializar a tecnologia AflaSafeTM o mais cedo possível. O Projecto Milho com Eficiência Hídrica para África também progrediu muito bem, tendo todos os parceiros dos cinco países do projecto WEMA identificado locais adequados para a realização de ECC. No Quénia e na Tanzânia foram realizados ECC simulados, como parte do reforço da capacidade em preparação para a implementação dos ensaios transgénicos. Na África do Sul o projecto recebeu aprovação para a realização de ensaios transgénicos. Tivemos também o privilégio de ter a oportunidade de aumentar a nossa base de conhecimentos mediante a realização de um estudo da relevância das tecnologias agrícolas chinesas para os sistemas agrícolas de pequenos agricultores da África Subsariana (ASS). O estudo foi encomendado pela Fundação Rockefeller como preparação para a reunião do Fórum 2009 sobre a Cooperação China-África (FOCAC). O estudo concluiu que várias tecnologias agrícolas chinesas podiam ser úteis para a resolução de limitações enfrentadas pelos pequenos agricultores africanos, como se observa mais adiante neste relatório. As principais tecnologias agrícolas chinesas identificadas incluíram variedades de culturas melhoradas, como o super arroz híbrido, cuja utilização de fertilizantes é altamente eficaz e que oferece rendimentos que vão até 13,5 toneladas por hectare, que pode ser adequado para as regiões de cultivo de arroz da ASS; variedades de trigo e milho de alto rendimento e resistentes a múltiplas doenças; fertilizantes de libertação gradual, tecnologias de solo árido e técnicas de conservação e recolha de água. No projecto de controlo da Striga no milho, a AATF e os seus parceiros alargaram agora o uso de milho resistente a Imazapyr (IR) à África Ocidental, enquanto o projecto conjunto AATF/IITA, que procura desenvolver bananas resistentes à doença da murchidão da banana por Xanthomonas, está a progredir para os ensaios de campo confinados. O projecto do arroz com utilização eficiente de azoto e tolerante ao sal para África (NUEST) progrediu bem no que se refere à transformação genética das variedades de Arroz Novo de planalto e de planície para África (NERICA), além de se ter decidido incluir no projecto a característica genética eficiência hídrica (WUE) para abordar os efeitos da seca no arroz. O Fórum Livre sobre Biotecnologia Agrícola em África (OFAB) alargou o seu alcance a dois outros países – a Nigéria e a Tanzânia – no decorrer do ano. O papel do Fórum tem sido determinante para o aumento da compreensão da biotecnologia agrícola em África e para o fornecimento de uma plataforma que permita às pessoas em África discutirem os seus possíveis usos e desafios. Acredito que discussões livres sobre assuntos relativos Mensagem do Presidente do Conselho de Administração 5 à aplicação da biotecnologia agrícola ajudarão a construir uma base de suporte para a avaliação científica da tecnologia e contribuirão para a racionalização dos debates sobre biotecnologia. O nosso quadro superior sofreu algumas alterações durante o ano. Daniel Mataruka entrou para a Fundação como Director Executivo em Março de 2009 e iniciou imediatamente um programa destinado a levar a AATF para o seu nível seguinte, principalmente através de expansão na África Subsariana e da abordagem de questões relativas ao desenvolvimento da organização. O Dr. Mataruka é nacional do Zimbabwe e trabalhou anteriormente para a Tongaat Hulett Starch (THS), uma importante empresa agrícola de grande escala que opera na África Meridional. Dois outros quadros – Sylvester Oikeh e Alhaji Tejan-Cole – entraram para a organização durante o ano. Sylvester, um agrónomo especialista em fertilidade dos solos, entrou para a AATF em Fevereiro para exercer o cargo de Gestor de Projecto, do projecto do Milho com Eficiência Hídrica para África (WEMA). Ele traz para a AATF mais de 18 anos de experiência interdisciplinar em projectos de investigação e desenvolvimento sobre recursos naturais e gestão de culturas. Alhaji Tejan-Cole entrou para a AATF em Novembro como Conselheiro Jurídico responsável por questões relacionadas com a propriedade intelectual e assuntos jurídicos. Tejan, que também é secretário do Conselho de Administração, traz para a AATF a sua experiência em gestão da propriedade intelectual adquirida na Serra Leoa, seu país natal, e em Belize, uma nação das Caraíbas. Sylvester e Tejan trazem para a AATF excelentes credenciais e experiência que ajudarão a organização a cumprir o seu mandato. Temos imenso prazer em dar as boas-vindas para o Conselho de Administradores à Professora Idah Sithole-Niang, Directora do Departamento de Bioquímica da Universidade do Zimbabwe. Idah lecciona biologia molecular e o seu trabalho de investigação foca o melhoramento de culturas de feijão-frade. Ela também é Consultora Técnica para o Programa para Sistemas de Segurança Biológica (PBS) para a África Subsariana, exerce funções no Comité de Supervisão de "Improved Maize for African Soils", IMAS, (Milho Melhorado para Solos Africanos), é Vice-presidente do Conselho de Investigação do Zimbabwe e um membro do Comité de Orientação de "African Women in Agricultural Research and Development", AWARD, (Mulheres Africanas na Investigação e Desenvolvimento Agrícola). Eugene Terry e Assétou Kanoute terminaram os seus mandatos. Eugene foi um membro essencial do Conselho, pois supervisionou a formação da AATF como Director de Implementação entre 2002 e 2004, antes de ser nomeado para o Conselho. As suas contribuições para este Conselho foram extremamente valiosas e sentiremos muito a sua falta. Assétou foi um dos primeiros membros do Conselho de Administração, para o qual entrou em 2004, trazendo para as discussões do Conselho perspectivas diferentes e inovadoras. Os dois continuam a ser amigos da AATF e membros valiosos da família da AATF. Um dos maiores desafios do ano foi o ambiente operacional. O facto de a maior parte dos projectos da AATF ter entrado na fase de ensaios de campo confinados exacerbou a consciencialização para o facto de o sistema de regulamentação estar apenas parcialmente desenvolvido. O ambiente regulamentar representa um grande desafio em todos os países em que a AATF opera, com excepção da África do Sul, porque os regulamentos de segurança biológica e outros regulamentos auxiliares ainda não foram implementados. Contudo, o que é encorajador é a consciencialização por parte destes governos para a necessidade de actuarem e esperamos que estes regulamentos possam ser implementados em 2010. De modo geral o ano de 2009 foi muito trabalhoso e gerou muitos resultados para a AATF. Registámos sucesso e avanços e o pessoal da AATF, como já é habitual, distinguiuse no seu trabalho. Portanto, em nome do Conselho de Administração quero deixar expressa a minha grande apreciação pelo alto nível de empenhamento demonstrado pelo pessoal, parceiros e investidores. Como Presidente do Conselho quero estender a minha apreciação aos meus colegas do Conselho pelo tempo que dedicam incondicionalmente à organização. Peço a todos que continuem a cuidar desta jovem organização no seu percurso para a realização do seu mandato. Prof. Walter S. Alhassan Presidente do Conselho de Administração 6 Mais Perto da Promessa: Do Laboratório ao Campo Mensagem do Director Executivo Parcerias, colaborações, sinergia e valor acrescentado foram factores essenciais em todas as decisões tomadas pela AATF durante 2009. Estes foram complementados pelos valores fundamentais da AATF de integridade, dedicação e acessibilidade, que influenciaram as actividades da organização durante o ano. O ano de 2009 foi, portanto, um ano em que se realizaram várias análises e reflexões internas enquanto a organização procurava a melhor maneira de progredir no cumprimento dos principais objectivos do seu mandato – acesso e implementação de tecnologias agrícolas económicas que possibilitem a sua utilização sustentável por pequenos agricultores da África Subsariana (ASS). A direcção, que opera há mais de cinco anos, decidiu rever o primeiro Plano de Negócios, desenvolvido em 2003, de modo a representar o estado actual da organização e os planos para os próximos cinco anos. Assim, uma das actividades-chave deste processo de reflexão foi a revisão e produção de um novo Plano de Negócios para a organização. O Plano de Negócios da AATF tem sido um instrumento de orientação essencial para as intervenções da AATF no desenvolvimento agrícola de África e define o actual portfólio de projectos da AATF, bem como os projectos que tenciona implementar nos próximos cinco anos. Ele estabelece igualmente um conjunto de princípios operacionais que definem o modo como a AATF procura maximizar o seu impacto e fornece pormenores sobre recrutamento, governância, orçamento proposto, marcos importantes e impactos da intervenção da AATF. Fizemos também a revisão das áreas prioritárias da AATF e reclassificámo-las em linha com as principais limitações actuais da produtividade agrícola definidas pelas organizações sub-regionais e as tendências globais do elo alimentos-energiaclima. A revisão alargou o âmbito de trabalho original da AATF a seis temas – impacto das alterações climáticas na agricultura; gestão de pragas; gestão de solos; aperfeiçoamento de métodos de melhoramento de plantas; mecanização; e aumento do valor nutritivo dos alimentos. O Conselho de Administradores aprovou estas seis áreas que constituem agora a base do trabalho da AATF. Com o apoio da Fundação Bill and Melinda Gates encomendámos uma actividade de desenvolvimento da organização que ficou concluída em Dezembro. Esta baseouse na necessidade urgente de um plano de acção que permitisse abordar os desafios estratégicos da AATF – a possibilidade da implementação de uma estratégia de crescimento da AATF e a viabilidade do desenvolvimento da concepção, sistemas e recrutamento organizacionais necessários para apoiar esse crescimento. O trabalho analisou a ajuda a dar à organização para a criação de capacidade, para que ela possa implementar com maior eficácia os programas e serviços actuais e futuros e servir de intermediário neutro e parceiro responsável de proprietários e/ou titulares de tecnologias exclusivas e dos que necessitam destas para a promoção da segurança alimentar e a melhoria dos níveis de vida dos pequenos agricultores da ASS. Esta actividade foi altamente informativa e definiu várias actividades-chave para a AATF começar a implementar em 2010. Algumas das actividades incluem maiores esforços para a mobilização de recursos, análise da estratégia da AATF e reestruturação organizacional. Durante o ano tivemos o prazer de abrir o primeiro escritório satélite fora do Quénia. O escritório, que abriu em Abuja, Nigéria, serve de ligação para a AATF na região da África Ocidental. Este primeiro escritório externo também representa os esforços da AATF no sentido de estabelecer a sua presença na maior área possível da África Subsariana. A AATF ficou registada como pessoa colectiva na Comissão de Assuntos Empresariais da República Federal da Nigéria, que a reconheceu como organização de beneficência autorizada a transaccionar naquele país. Gostaria de Mensagem do Director Executivo 7 agradecer aos nossos anfitriões e parceiros e ao Conselho de Investigação Agrícola da Nigéria (ARCN) o apoio prestado para a realização destas metas importantes. O ano também deu à AATF a oportunidade de contribuir para a criação de capacidade de investigação e desenvolvimento agrícola em África. Efectuámos várias actividades de reforço de capacidade para o pessoal e parceiros do projecto. Como medida de apoio para o sucesso dos projectos e para a gestão das relações nas parcerias público/privadas organizaram-se reuniões com os parceiros e o pessoal dos vários projectos, para discutir questões de comunicação, conformidade com os regulamentos, propriedade intelectual e gestão da confidencialidade. Os parceiros apreciaram estas oportunidades de reforço da capacidade, que consideraram úteis e capazes de valorizar o seu desempenho no trabalho. Recebemos ajuda de vários parceiros e investidores e desejo agradecer a todos o apoio concedido. A AATF também produziu o seu primeiro relatório exaustivo sobre tecnologias agrícolas chinesas que podem ser úteis para os pequenos agricultores da África Subsariana (ASS). Este relatório foi encomendado pela Fundação Rockefeller e referimo-nos a ele mais detalhadamente neste relatório. O ano trouxe muitos desafios sendo o principal a aceitação da biotecnologia agrícola em África, especialmente o seu enquadramento nas políticas e a falta de compreensão das suas vantagens e utilizações. A AATF continuará portanto a colaborar com os parceiros em iniciativas que visam informar correctamente as partes interessadas, para que estas possam tomar decisões informadas. É encorajador observar que a União Africana, a Nova Parceria para o Desenvolvimento de África, as várias comunidades económicas regionais e as organizações sub-regionais estão a tomar a biotecnologia muito seriamente e estão envolvidas em ajudar a educar os decisores em África. Estes esforços concertados só podem dar resultados positivos e estamos muito gratos a todos os parceiros. Continuando a contribuir para a melhoria das tecnologias agrícolas para os nossos agricultores da África Subsariana, gostaria de repetir que as parcerias, colaborações, sinergia e valor acrescentado continuarão a estar presentes no espírito da AATF, para assegurar que atingimos esse objectivo. A promessa que faço aos nossos investidores, beneficiários, parceiros e pessoal é que a AATF continuará a empenhar-se na realização dos seus objectivos através da sua participação nestes empreendimentos. Daniel F. Mataruka Director Executivo 8 Mais Perto da Promessa: Do Laboratório ao Campo Acima: Uma rapariga Barabaig em frente da sua propriedade rural coberta de colmo na Tanzânia. À Direita: Feijão-frade quase maduro. Quem Somos A Fundação Africana para as Tecnologias Agrícolas é uma organização sem fins lucrativos que facilita às parcerias público-privadas o acesso e implementação de tecnologias agrícolas exclusivas apropriadas, para utilização por pequenos agricultores de escassos recursos da África Subsariana. A AATF oferece competências na identificação, acesso, desenvolvimento, implementação e utilização de tecnologias agrícolas patenteadas. A Fundação contribui também para a criação de capacidade em África, envolvendo instituições do continente em diversas parcerias através das quais executa o seu mandato. A AATF é uma instituição de beneficência registada ao abrigo da legislação da Inglaterra e do País de Gales e recebeu isenção fiscal nos EUA. Está registada no Quénia e no Reino Unido e foi-lhe concedido o estatuto de país anfitrião pelo governo do Quénia onde tem a sua sede. Visão – o que desejamos para os agricultores de África Agricultores prósperos e segurança alimentar para África através de uma agricultura inovadora. Missão – o que fazemos em prol dos agricultores de África Aceder e implementar tecnologias agrícolas acessíveis para uso sustentável pelos pequenos agricultores, em especial os agricultores de escassos recursos da África Subsariana, através de parcerias inovadoras e da gestão responsável e ética das tecnologias e produtos ao longo de toda a cadeia de valor dos alimentos. Valores Fundamentais – o que nos dá força Empenhamo-nos na defesa de três valores fundamentais e duradouros: Integridade, Dedicação e Acessibilidade. Estes valores guiam as nossas decisões, acções e relações no trabalho que realizamos para o cumprimento da nossa missão. Quem Somos 9 A Nossa Estratégia Os aspectos-chave da nossa estratégia são a facilitação das parcerias público-privadas, a gestão responsável e ética da tecnologia e a gestão da informação e dos conhecimentos. Fundamentamos as nossas actividades em três vertentes estratégicas: • Negociação do acesso a tecnologias exclusivas que aumentam a produtividade da agricultura em África; • Gestão de parcerias para a formulação de projectos, desenvolvimento e distribuição do produto, para introduzir tecnologias agrícolas inovadoras nos sistemas de exploração agrícola africanos; e • Gestão de conhecimentos e da informação para apoiar a identificação e o desenvolvimento da tecnologia, assim como ajuda na criação de enquadramentos de políticas mais propícios ao desenvolvimento agrícola dos pequenos agricultores. As Nossas Raízes O modelo para a Fundação Africana para as Tecnologias Agrícolas foi o resultado de dois anos de consultas efectuadas pela Fundação Rockfeller e o Meridian Institute a várias partes interessadas africanas, norte-americanas e europeias. As sessões, designadas por "Diálogos de Biotecnologia" foram realizadas a fim de determinar como reduzir a crescente lacuna entre a ciência agrícola controlada por países desenvolvidos e as necessidades dos pobres nas regiões em desenvolvimento da África Subsariana. O envolvimento das partes interessadas nestas discussões foi assegurado mediante um Comité Consultivo de Design (DAC) que incluía representantes dos serviços nacionais de investigação agrícola africanos, os centros do Grupo Consultivo para a Investigação Agrícola Internacional (CGIAR), empresas africanas de sementes e de biotecnologia, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), empresas de ciência das culturas e organizações de doadores. O DAC foi o arquitecto da AATF, definindo os princípios subjacentes principais e um modelo operacional para a Fundação, que lhe permitisse abordar os desafios da segurança alimentar e da redução da pobreza. O Comité também esclareceu a razão da existência da AATF e os seus princípios fundamentais, missão e modelo de negócio. Governância A AATF é uma organização flexível projectada para responder às necessidades variáveis das suas partes interessadas. O Conselho de Administradores define o curso decidindo quais as intervenções que possuem maior potencial para a redução da pobreza e o aumento da segurança alimentar. Isto cria uma distinção saudável entre a definição das prioridades e a monitorização do progresso, por um lado, e a gestão e operações do dia-a-dia por outro. Os membros do Conselho da AATF são indivíduos de renome em todo o mundo, enquanto o pessoal da Fundação é originário de países da África Subsariana. Investidores • A Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID): A agência responsável por proporcionar e gerir a ajuda económica e humanitária dos EUA em todo o mundo; • Ministério para o Desenvolvimento Internacional do Reino Unido (DFID): O ministério do Reino Unido que é responsável pela promoção do desenvolvimento económico e a redução da pobreza a nível mundial; • Fundação Bill and Melinda Gates: Guiada pelo princípio de que todas as vidas têm o mesmo valor, a Fundação Bill and Melinda Gates trabalha no sentido de ajudar todas as pessoas a viverem uma vida saudável e produtiva. Nos países em desenvolvimento a sua ênfase é melhorar a saúde das pessoas e dar-lhes a oportunidade de saírem da fome e da pobreza extrema. Nos Estados Unidos a fundação procura assegurar que todas as pessoas – especialmente as que possuem menos recursos – tenham acesso às oportunidades de que necessitam para poderem ter êxito na escola e na vida; • Fundação Howard Buffet: Uma fundação privada que apoia principalmente o desenvolvimento agrícola e a distribuição de água potável nas áreas rurais, focando-se na África e na América Central; e • A Fundação Africa Harvest Biotech Foundation: Uma organização sem fins lucrativos concebida para usar a ciência e a tecnologia, especialmente a biotecnologia, para ajudar os pobres em África a conseguir segurança alimentar, bem-estar económico e desenvolvimento rural sustentável. Parcerias • Produtores agrícolas e consumidores; • Instituições e agências nacionais e regionais (NAR, SRO, REC, ECA, FARA, AU/NEPAD); • Instituições e agências internacionais (CGIAR, ARI); • ONG locais/internacionais; • Titulares dos direitos de propriedade intelectual da indústria da tecnologia agrícola (Monsanto, Arcadia Biosciences, BASF, Dow Agro, Pioneer/DuPont, Syngenta); • Organizações de comércio e empresas agrícolas africanas; • Governos africanos 10 Mais Perto da Promessa: Do Laboratório ao Campo Acima: Uma mulher Ndebele junto à sua casa pintada com cores vibrantes na África do Sul. À Direita: Uma plantação de milho infestado por Striga no Quénia Ocidental. Controlo de Striga em Pequenas Quintas de Milho da África Subsariana Nos últimos cinco anos a AATF e os seus parceiros têm vindo a promover o milho IR para combater a ameaça da Striga à produção de milho na África Subsariana (ASS). Após ensaios bem sucedido no Quénia, a tecnologia está agora a ser desenvolvida em todas as regiões de África. Antecedentes Há dezenas de anos que a planta-parasita Striga é um problema de difícil resolução e uma das principais causas da insegurança alimentar e da estagnação rural em África. A erva-de-bruxa, nome pelo qual a Striga também é conhecida, é um parasita das raízes de culturas de cereais, provocando literalmente o seu estrangulamento e reduzindo dramaticamente o seu rendimento. A Striga, uma planta resistente e enganadoramente bonita, infesta cerca de 2,5 milhões de hectares de milho no continente, causando anualmente perdas económicas superiores a USD 1 milhar de milhão. Frequentemente, os pequenos agricultores de África observam impotentemente o alastramento da Striga de campo para campo, sendo muitos deles forçados a abandonar de vez o cultivo do milho. Por este motivo, um dos primeiros projectos facilitados pela AATF após a sua fundação foi o da redução da ameaça da Striga na produção de milho na ASS. Esta iniciativa inclui extensos ensaios de campo e demonstração do milho StrigAway®, uma tecnologia desenvolvida conjuntamente pelo Centro Internacional de Melhoramento do Milho e do Trigo (CIMMYT), a empresa química alemã BASF e o Instituto de Ciências Weizmann de Israel. A tecnologia StrigAway® combina variedades de milho de alto rendimento resistentes ao herbicida Imazapyr e o revestimento das sementes de milho com o herbicida Imazapyr, que mata a Striga. As sementes de milho Controlo de Striga em Pequenas Quintas de Milho da África Subsariana 11 resistentes são revestidas com o herbicida antes do plantio e, quando as plântulas de milho emergem, elas absorvem o herbicida do revestimento da semente transferindo-o para o seu sistema. As plântulas de milho também exsudam estimulantes da germinação que induzem a germinação das sementes de Striga na sua proximidade. As plântulas de Striga fixam-se às raízes do milho e absorvem o herbicida, o que provoca a sua morte. Algumas estações após a utilização de StrigAway® o banco de sementes de Striga no solo é significativamente reduzido, diminuindo muito a ameaça apresentada pela planta-parasita e proporcionando aos agricultores melhores colheitas de milho. StrigAway® está presentemente na fase de distribuição do produto, que visa facilitar a consciencialização para o produto, a multiplicação de sementes, adopção da tecnologia e gestão responsável, para que se consigam benefícios a longo prazo para as partes interessadas referidas. Sucesso e desafios no Quénia Os ensaios realizados pela AATF e os seus parceiros nos campos de agricultores do Quénia Ocidental em 2008 demonstraram de forma conclusiva a eficácia de StrigAway®, conseguindo um aumento do rendimento do milho até quatro vezes maior, por comparação com as parcelas infestadas com Striga. Os membros do Grupo de Agricultores de Mwangaza, do distrito de Vihiga no Quénia Ocidental, que há quatro anos plantam milho IR nos seus campos infestados com Striga, são testemunhas da eficácia da tecnologia. O grupo usa uma abordagem integrada que incorpora estrume animal e fertilizantes minerais, rotação de leguminosas e culturas intercalares. Eles também abriram valas em redor dos campos de milho para limitarem o alastramento da Striga. Os membros do Grupo de Agricultores de Mwangaza são pequenos proprietários de parcelas de terreno com uma área média de meio hectare. Utilizando a tecnologia do milho IR eles conseguiram melhorar a produtividade do milho, de uma média de 100 kg para 900 kg nas parcelas de 0,5 ha. Além disso, os agricultores agora conseguem cultivar uma vasta gama de variedades de milho de alto rendimento, incluindo as variedades híbridas. Este exemplo demonstra que o uso sustentado da tecnologia de milho IR no contexto de uma abordagem integrada pode reduzir significativamente a ameaça da planta-parasita Striga em apenas oito estações (quatro anos). É de salientar que a Striga é muito prolífica, produzindo cada planta madura mais de 20.000 sementes que são facilmente dispersas pelo vento, água, animais e material agrícola. Portanto, para evitar a reinfestação nos campos, a melhor abordagem é a utilização conjunta de medidas de controlo por toda a comunidade. Apesar do progresso conseguido na redução da plantaparasita Striga, a principal limitação à adopção da tecnologia é a disponibilidade atempada de sementes de milho IR certificadas nas quantidades necessárias. Por exemplo, embora se tenham vendido mais de 1,7 toneladas de milho IR durante a época do milho de Março a Julho de 2009, muitos comerciantes agrícolas esgotaram o seu stock antes de terminada a época da sementeira. Por isso, o projecto está envolvido em discussões com empresas de sementes para identificar meios de estimular a produção atempada de sementes de qualidade adequada. Para esse fim, a AATF facilitou a constituição de uma rede de comerciantes agrícolas no Quénia Ocidental, para ajudar a quantificar a quantidade de sementes necessária e a sua distribuição pelos agricultores. Estes dados servirão de orientação para a produção de sementes pelos actuais produtores de semente de milho IR – a Western Seed e a Kenya Seed. Este processo é fundamental para incentivar a produção das empresas de sementes, uma vez que lhes garante um mercado pronto a absorver a sua produção. Em 2009, os comerciantes agrícolas calcularam que podiam ser vendidas 80 toneladas de milho IR para a longa estação das chuvas de 2010, que decorre de Março a Julho. Consequentemente, as empresas Kenya Seed e Western Seed começaram a planear a produção de semente de milho IR certificada. Elas planearam ter a semente disponível para venda antes da longa estação de chuvas de Abril de 2010. Em Março de 2009 a AATF facilitou a aquisição de 1,6 toneladas de semente de milho certificada pela Resource Projects Kenya (RPK) para venda aos comerciantes agrícolas no Quénia. Estes pagariam à RPK quando vendessem as sementes. Este acordo funcionou bem e a RPK recebeu todo o dinheiro e a receita será utilizada para criar um fundo rotativo na AATF para a compra de mais sementes certificadas para serem utilizadas em demonstrações estratégicas junto a estradas, caminhos e escolas, em áreas onde a consciencialização para a tecnologia do milho IR é escassa ou inexistente. Outro desafio para a adopção do milho IR é a falta de capital operacional adequado dos comerciantes agrícolas 12 Mais Perto da Promessa: Do Laboratório ao Campo rurais, que estão melhor posicionados para fornecerem a semente de milho IR a agricultores nas regiões remotas. Estes comerciantes agrícolas não conseguem comprar e vender a retalho quantidades substanciais de milho IR, fertilizantes e sementes de leguminosas. Portanto, o projecto da AATF considera essencial que estes comerciantes recebam fundos de crédito de "start-up" que lhes permita armazenar quantidades suficientes de insumos agrícolas necessários para a tecnologia do milho IR nas fases iniciais de comercialização. Também são necessárias políticas de incentivos para encorajar as empresas de sementes comerciais a se empenharem na produção sustentável de sementes específicas da tecnologia, como o milho IR. As empresas de produção de sementes mostram-se cépticas quanto à potencial oportunidade de negócio representada pela produção de milho IR. Isto deve-se essencialmente ao facto de as sementes IR serem dirigidas a agricultores de escassos recursos, cujo poder de aquisição é frequentemente inferior ao dos agricultores de média a grande escala, que estão mais orientados para o negócio. É necessário apoiar actividades que criem uma procura efectiva entre os agricultores para se ganhar a confiança dos produtores de sementes, para que estes aumentem e mantenham a produção de milho IR e de outras sementes de leguminosas relevantes. Intervenções de políticas, como a isenção de impostos, podem incentivar as empresas de sementes a investir em equipamento para a produção e distribuição de semente de milho IR. Expansão do milho IR em África Em 2009 o projecto da AATF, de controlo da Striga, alargou a libertação de variedades de milho IR para produção de semente comercial a outros países africanos. Na Tanzânia foram identificadas oito novas variedades de milho IR destinadas a ensaios nacionais de desempenho adicionais e a ensaios de distinguibilidade (novidade), homogeneidade e estabilidade (testes DHE). Isto fornecerá novas variedades de milho IR adequadas para várias zonas agro-ecológicas da Tanzânia. A Tanseed International Limited, o principal parceiro na Tanzânia, produziu outro grupo de sementes de milho IR certificadas, com irrigação, durante a época de Outubro/ Novembro. Em 2009 plantaram-se 200 kg de sementes de milho IR em dois distritos das regiões meridional e dos lagos da Tanzânia. Infelizmente a ocorrência de uma seca grave resultou na perda total da colheita. Isto atrasou o trabalho em quintas, que deveria ter produzido dados para apoiar os ensaios nacionais de desempenho e os ensaios DHE das novas variedades realizados pela agência de regulamentação. Charles Odiero S ou Gestor de Programa da Organisation for Transforming Initiated Technologies (Organização para a Transformação de Tecnologias Iniciadas), mais conhecida por OTIT. Esta é uma organização não governamental com sede em Siaya, no Quénia Ocidental, criada para promover melhor produção de alimentos e melhor saúde para as comunidades locais. Temos três lojas na região onde os agricultores podem comprar sementes e insumos agrícolas e trocar informações. A OTIT actua como secretariado da WeRATE, uma rede que reúne 11 empresas de produtos de saúde animal (agrovets), da qual sou o presidente. O nosso papel no projecto do milho IT da AATF é distribuir as sementes pelos agricultores da região. Cobrimos todo o distrito de Siaya, com uma área total de 1.520 quilómetros quadrados, e focamo-nos nas áreas mais fortemente infestadas pela Striga. Por este motivo dependemos das agrovets mais pequenas do interior do distrito. A AATF paga à Western Seed, a empresa produtora das sementes, a quantidade de sementes de que necessitamos e nós, os comerciantes agrícolas, obtemos as sementes a crédito através do principal parceiro da AATF, a Resource Project Kenya. Isto deve-se ao facto de muitas das agrovets serem empresas de muito pequena dimensão, que não têm capacidade económica para pagarem as sementes adiantadamente. Nós pagamos as sementes assim que as vendemos. Até à data contactámos pessoalmente mais de 2.700 agricultores. Outros compraram a semente IR depois de terem ouvido falar dela em workshops. Em 2009, durante a longa estação das chuvas, tínhamos estimado uma procura de 1,4 toneladas de sementes com base na informação fornecida por agricultores e agrovets. Contudo, vendemos apenas 500 kg devido ao atraso na recepção das sementes. Mesmo assim, os agricultores que estão a plantar o milho IR estão satisfeitos com os resultados, porque antes disto as suas parcelas de terreno produziam muito pouco milho. O milho IR é para eles uma nova intervenção que lhes permite colher até oito sacos de milho, em vez dos 20 kg por acre que obtinham anteriormente. O nosso objectivo é fazer com que os agricultores consigam aumentar este rendimento ainda mais, até 15 sacos por acre. Em primeiro lugar, isto significará que as famílias dos agricultores conseguirão segurança alimentar. Além disso, vendendo o excedente da colheita terão dinheiro extra para as outras necessidades do agregado familiar. Isto favorece o desenvolvimento e também as nossas agrovets, uma vez que os agricultores terão maior poder de compra. Outro benefício importante do projecto resulta de estarmos a aprender muitas coisas novas. Através da AATF aprendemos sobre a biologia e o ciclo de vida da Striga e as boas práticas agronómicas. Antes não sabíamos como combater a planta-parasita. Por exemplo, costumávamos arrancar a planta e eliminá-la de modo inadequado. Do ponto de vista dos comerciantes agrícolas, os nossos negócios estão a ser comercializados através do projecto. Melhorámos também as nossas competências de marketing, uma vez que cabe a cada comerciante agrícola procurar parceiros no interior, para evitar que o seu stock se deteriore. Também aprendemos a calcular o rendimento económico, com base no que os agricultores investiram no solo e o que colhem dele. Isto por seu lado elucidou os agricultores e encorajou-os a adoptar o milho IR. A AATF também nos concedeu apoio relativamente à disponibilização da semente, ajuda financeira e apoio técnico na manutenção do nosso escritório do secretariado, aumento da capacidade do pessoal na recolha de dados e gestão do negócio. Controlo de Striga em Pequenas Quintas de Milho da África Subsariana 13 A empresa irá necessitar de uma instalação dedicada de tratamento de sementes, para assegurar um revestimento das sementes com qualidade, assim como espaço de armazenamento para guardar o aumento de tonelagem. Para isso, desenvolveram um plano de comercialização para a produção de semente de milho IR certificada, que está a ser analisado pelos parceiros do projecto. Uma vez que o herbicida Imazapyr está registado apenas para fins experimentais e de testes na Tanzânia, é necessário finalizar o seu registo para poder ser utilizado em sementes comerciais. A AATF facilitou a exportação de 500 kg de semente de milho IR de polinização aberta para o Uganda em Março de 2009. A semente foi utilizada pela Africa 2000 Network em cerca de 1.000 campos de demonstração de produto, em colaboração com outros parceiros. Um mês mais tarde foram semeadas no país seis variedades de milho IT na segunda época de ensaios de desempenho nacionais. Estes ensaios fornecerão dados para a selecção das variedades de milho IR mais promissoras, para a sua potencial libertação e registo em 2010. A AATF, BASF, o Serviço de Certificação de Sementes de Uganda e os funcionários do Ministério da Agricultura organizaram consultas e estão a acompanhar o registo do herbicida Imazapyr no Uganda. Na África Meridional, o escritório do CIMMYT no Zimbabwe iniciou actividades de avaliação de germoplasma adequado para o Malawi. Em linha com estas actividades a AATF participou na reunião da Iniciativa de Novas Sementes para Milho em África (NSIMA) em Agosto de 2009, que se realizou em Lusaka, Zâmbia, para discutir os planos para a distribuição de milho IR no Malawi e noutros países da África Meridional. Ficou decidido que os ensaios regionais seriam realizados na região durante a época de plantio de Outubro de 2009, para identificar as variedades de milho IR mais bem adaptadas e promover a consciencialização para a tecnologia do milho IR. Na Nigéria realizou-se uma reunião das partes interessadas em Maio de 2009, para planear a comercialização e implementação da tecnologia de milho IR pelos agricultores, que foi desenvolvida pelo Instituto Internacional de Agricultura Tropical (IITA) em Ibadan. Em colaboração com os seus parceiros, o IITA-Ibadan orientou a multiplicação de sementes genéticas e sementes geradoras das variedades de milho IR promissoras, assim como 24 ensaios de utilização de híbridos de milho IR nas condições de infestação natural de Striga hermonthica, que foram conduzidos por investigadores. Mobilização de recursos A AATF desenvolveu juntamente com o IITA, CIMMYT e a BASF uma proposta que foi apresentada à Fundação Bill and Melinda Gates. A proposta visa o controlo da plantaparasita Striga em sistemas de culturas à base de milho do Quénia e Nigéria. A 12 de Maio de 2009, a AATF e o Ministério da Agricultura do Quénia organizaram em Nairobi uma reunião de âmbito nacional das partes interessadas na Striga. Isto acelerou a preparação de um resumo de projecto para o controlo da Striga no Quénia, que faz parte da Iniciativa Regional de Controlo da Striga para a África Oriental do Kilimo Trust. O resumo de projecto foi apresentado ao Comité do Programa do Kilimo Trust a 10 de Julho de 2009 e provisoriamente aprovado e endossado pela reunião geral do Conselho de Administradores do Kilimo Trust em Outubro/Novembro de 2009. O plano de negócios do projecto de controlo da Striga está a ser revisto para orientar o alargamento das actividades, principalmente na África Meridional e Ocidental. O plano de negócios será utilizado também para a mobilização de recursos. 14 Mais Perto da Promessa: Do Laboratório ao Campo Acima: Uma pausa para uma mulher ugandesa. A sua casa redonda coberta de colmo é típica das populações Bantu da África Subsariana. À Direita: Feijão-frade na fase de crescimento da vagem. Primeiro Ensaio de Campo Confinado de Feijão-frade Bt em África A 25 de Agosto de 2009 plantou-se em África o primeiro feijão-frade Bt num local de ensaios de campo confinados (ECC) em Zaria, na Nigéria, com a autorização do Ministério Federal do Ambiente. A cultura foi semeada por uma equipa dirigida por Mohammad Ishiyaku, Investigador Principal do projecto, do Instituto de Investigação Agrícola (IAR) da Nigéria, um dos parceiros do projecto do feijão-frade Bt da AATF. Este evento marcou uma fase significativa do fornecimento de variedades de feijão-frade resistentes à Maruca aos agricultores de África. Antecedentes O feijão-frade é considerado a leguminosa de grão para consumo humano mais importante das savanas secas da África tropical. Cultivado em mais de 12,8 milhões de hectares de terreno destas regiões, esta cultura fornece uma fonte de proteína alternativa para cerca de 200 milhões de pessoas em África. Adicionalmente, além de proporcionar um bom controlo da erosão dos solos, a cultura do feijão-frade aumenta a fertilidade do solo devido à sua capacidade de reter o azoto. Contudo, perde-se cerca de 70% a 80% do total de feijão-frade cultivado em África devido a várias limitações bióticas e abióticas. A maior parte destas perdas é causada pela praga Maruca, uma broca-das-vagens voraz que ataca intensamente a cultura e a destrói durante as fases de floração e formação das vagens. Devido a estas perdas, os rendimentos médios de feijão-frade em África são bastante baixos, cerca de 0,05 t/ha a 0,55 t/ha1, muito inferior ao rendimento potencial de 2,0 t/ha a 2,5 t/ha. 1 Segundo estudos realizados pelo Instituto Internacional de Agricultura Tropical (IITA) e o Programa de Apoio à Investigação Colaborativa do Feijão/Feijão-frade da USAID (Universidade de Purdue). Primeiro Ensaio de Campo Confinado de Feijão-frade Bt em África 15 O projecto coordenado pela AATF 2 envolve a introdução no feijão-frade do gene Bt Cry1Ab, que se sabe ser tóxico para a Maruca vitrata. Em 2008 realizaram-se em Porto Rico ensaios de campo controlados (ECC) das melhores linhas transgénicas experimentais de feijão-frade, para determinar como elas resistem a forte infestação de insectos. Este ECC incluiu as 14 melhores linhas transgénicas desenvolvidas até à data por T. J. Higgins e a sua equipa no laboratório da divisão de Indústria de Plantas da Organização de Investigação Científica e Industrial da Commonwealth (CSIRO) na Austrália. Os testes indicaram bom crescimento e desempenho das linhas nas condições de campo. Eles mostraram também que a proteína Bt oferece resistência à broca-das-vagens Maruca. O ECC em Porto Rico serviu de boa aprendizagem da gestão destes ensaios e de orientação para a futura selecção de linhas transgénicas a serem testadas. Com base nesta informação, os investigadores do projecto do feijão-frade da AATF identificaram linhas transgénicas promissoras adicionais, de entre as que estão a ser produzidas na CSIRO. O segundo ensaio, com seis novas linhas de feijão-frade que expressam o gene Cry1Ab, foi realizado novamente na estação experimental agrícola de Adjuntas, da Universidade de Porto Rico, de Junho a Outubro de 2009. Este trabalho esteve a cargo de uma equipa dirigida por Dimuth Siritunga e Fernando Gallardo da Universidade de San Juan, Jeff Stein do Programa para Sistemas de Segurança Biológica (PBS) e Larry Murdock da Universidade de Purdue, sob controlo do Serviço de Inspecção da Saúde de Animais e Plantas (APHIS) do Ministério da Agricultura dos Estados Unidos (USDA). No início de Agosto de 2009 outros membros da equipa do projecto, incluindo T. J. Higgins da CSIRO, Mohammad Ishiyaku do IAR, Jeremy Ouedraogo do Instituto do Ambiente e das Pesquisas Agrícolas (INERA), Burkina Faso, Nompumelelo Obokoh da AATF, Joe Huesing da Monsanto, Larry Beach da USAID e Venu Margam da Universidade de Purdue, visitaram o ensaio e efectuaram a primeira avaliação da eficácia destas plantas ainda em floração. Como se esperava, o crescimento das plantas foi variável, mas as linhas homozigóticas de alta expressão tiveram um crescimento menos vigoroso e mostraram sinais de atrofia. Os fitogeneticistas do feijão-frade de África explicaram que o processo de introgressão romperá a aparente ligação entre resistência e redução do vigor observada em alguns dos eventos. Isto levanta mais uma questão, a de como efectuar uma melhor selecção das plantas antes de as transferir para o campo. Para esse fim, a equipa da CSIRO na Austrália utilizou mais tarde um analisador Lemna Tech Scanalyser para medir as taxas de crescimento de linhas transgénicas seleccionadas por comparação com a da linha-mãe não transgénica. Os resultados mostraram boa reprodutibilidade das repetições de ensaios. 2 Os parceiros do projecto do feijão-frade incluem: a Network for the Genetic Improvement of Cowpea for Africa (Rede para o Melhoramento Genético do Feijão-Frade para África, (NGICA)); a Organização de Investigação Científica e Industrial da Commonwealth (CSIRO), Austrália; as organizações nacionais para a investigação agrícola da Nigéria, Gana e Burkina Faso; o Instituto Internacional de Agricultura Tropical (IITA), Nigéria; a empresa Monsanto; e o Programa para Sistemas de Segurança Biológica (PBS). As diferenças na taxa de crescimento reflectiram-se no rendimento de sementes por planta. Os resultados preliminares parecem indicar que a técnica de medição do crescimento da planta em estufa pode ser utilizada para se prever com fiabilidade o desempenho das plantas no campo. O outro desafio para o segundo ECC em Porto Rico foi a ausência de Maruca, o que significou que não puderam ser obtidos dados de eficácia. Os investigadores concluíram que a estação era demasiado seca para a reprodução e sobrevivência dos insectos. Embora o Dr. Gallardo tenha libertado grande número de larvas em segundo estado larvar e insectos adultos criados em laboratório durante a etapa de formação do botão da flor e das primeiras etapas de floração, eles não infestaram as parcelas de terreno devido à baixa humidade. A colheita do ensaio foi realizada em Outubro tendo-se recolhido dados sobre o peso total das vagens; o número total de vagens; o peso total das sementes; peso de 100 sementes e número de sementes por vagem. O número total de vagens, número de vagens por planta e a quantidade total de sementes por planta eram drasticamente menores nas plantas transgénicas, por comparação com as de tipo selvagem, o que se atribuiu ao fenótipo das linhas transgénicas ser, de modo geral, menos robusto. Em cada categoria houve uma linha transgénica que foi a melhor. As vagens das plantas tipo selvagem também se formaram e atingiram a maturidade uma ou duas semanas antes das vagens das linhas transgénicas. Por outro lado, o peso por vagem, número de sementes por vagem e peso por sementes eram comparativamente iguais entre as linhas transgénicas e as de tipo selvagem. Entretanto, a equipa da CSIRO continuou a criar mais linhas usando o mesmo constituinte Cry1Ab. Foi criado um total de 163 linhas transgénicas que foram transferidas da cultura de tecidos para a estufa. Os investigadores da CSIRO iniciaram uma avaliação dos fenótipos das 163 linhas já produzidas. Com base nos resultados apresentados numa reunião mundial sobre a estratégia do feijão-frade realizada em Purdue em Agosto de 2009, o Dr. Higgins continuará a seleccionar e analisar as linhas existentes e conceberá um 16 Mais Perto da Promessa: Do Laboratório ao Campo novo constituinte do gene Cry1Ab em 2010. Este trabalho visará a produção da proteína Bt no cloroplasto, com o fim de avaliar o efeito da sequestração da proteína na atrofia dos fenótipos das linhas transgénicas. O primeiro feijão-frade Bt em África Em Julho de 2009 o IAR obteve autorização dos Serviços de Quarentena da Nigéria para a importação de seis linhas transgénicas de feijão-frade, assim como da linha-mãe não transgénica. A 2 de Agosto de 2009 foi enviada, via DHL, dos escritórios da CSIRO na Austrália para a Nigéria uma remessa devidamente embalada e rotulada de sementes de feijão-frade Bt. A remessa foi acompanhada de um certificado fitossanitário emitido pela Segurança Biológica de Plantas na Austrália. Cinco dias mais tarde as sementes foram recebidas pelo IAR e confirmadas pelos funcionários de regulamentação do Serviço de Quarentena e do Gabinete de Segurança Biológica da Nigéria. A 25 de Agosto de 2009 o Dr. Ishiyaku e a sua equipa plantaram o primeiro feijão-frade Bt em África, num local de ECC em Zaria. Eles plantaram quatro linhas transgénicas, assim como a planta-mãe de controlo, e uma variedade local susceptível. Estas linhas incluíram duas que estavam a ser testadas em Porto Rico, para permitir comparações entre diferentes ensaios e ambientes. Antes do ensaio plantaramse três filas marginais e filas internas de protecção, assim como a linha susceptível, para atrair mais Maruca. Realizouse uma série de infestações artificiais para aumentar a pressão dos insectos. Com início a 17 de Outubro de 2009, cada planta de cada parcela foi infestada com cinco larvas de Maruca (fase larvar não determinada). A 20 e a 21 de Outubro de 2009 infestou-se a segunda fila de cada parcela com cinco e quatro larvas de Maruca, respectivamente. A 22, 23 e 24 de Outubro introduziram-se mais 10 larvas da praga; na segunda fila de cada parcela foram dispersas 10 larvas Maruca e a primeira fila correspondente foi deixada com a infestação natural de Maruca no campo. A partir deste ensaio registaram-se dados entomológicos incluindo o número total de pedúnculos, o número total de vagens, o número total de flores por semana e o número total de flores com Maruca por semana, que estão a ser analisados para avaliar o dano causado à vagem pela Maruca. Os inspectores de segurança biológica do Ministério Federal do Ambiente também inspeccionaram o ECC em quatro fases diferentes do ensaio. A 27 de Outubro de 2009 foi realizada uma auditoria externa do ECC por um perito internacional de segurança biológica. A auditoria confirmou que o ECC do feijão-frade transgénico tinha sido realizado em conformidade com os requisitos nacionais da Nigéria, assim como os requisitos especiais de Avaliação Ambiental Interna do USAID. Reforço de capacidade Em Junho de 2009 o IAR, AATF e o PBS organizaram um workshop para reforçar a capacidade em conformidade regulamentar e comunicação de biotecnologia, dando especial atenção à gestão dos locais de ECC. O fórum reuniu os principais investigadores de feijão-frade dos países colaboradores africanos: Nigéria, Gana e Burkina Faso. Ao workshop assistiram também os gestores dos locais de ECC, pessoal técnico, agentes das autoridades de regulamentação envolvidos na monitorização e execução do cumprimento da regulamentação durante os ECC de plantas GM, assim como funcionários do governo e jornalistas. Os aspectos-chave do workshop sobre regulamentação incluíram discussões sobre as principais questões de segurança biológica de um ECC e comentários sobre os "Pilares de Confinamento" incluindo controlo do material da planta; prevenção da transferência de genes e prevenção da persistência. O fórum também salientou que as medidas de confinamento apropriadas requerem boas práticas de confinamento genético e do material e pessoal com boa formação e bem equipado, procedimentos de rotina e de emergência e bons procedimentos de registo, assim como documentação e inspecção estruturada. Os participantes também visitaram o local de ECC em Zaria onde se lhes descreveram os procedimentos de segurança implementados para assegurar conformidade TJ Higgins H á mais de 30 anos que me dedico à investigação de tecnologias de genes de plantas, especialmente o melhoramento do valor nutritivo e da resistência a pragas, e a doenças de plantas leguminosas. Larry Murdock deu-me a conhecer pela primeira vez as características do feijão-frade quando me convidou para um workshop em Dakar, Senegal, em 2001. Durante esse fórum conheci, entre outros, Mohammad Ishiyaku, Joe DeVries, Joe Huesing, Ousmane Coulibaly, Jess Lowenberg-DeBoer, Robert Paarlberg, AB Salifu, BB Singh, Idah Sithole-Niang, Jesse Machuka, Issa Drabo, Ndiaga Cisse, Ray Bressan, Laurie Kitch, Louis Jackai e Jeff Ehlers. Seria um eufemismo descrever este grupo de cientistas como entusiastas do feijão-frade. Embora eu não soubesse nada sobre feijão-frade no início do workshop, no fim estava quase "perito" – tal eram os conhecimentos e o entusiasmo destes cientistas. A equipa de cientistas, que mais tarde passou a ser conhecida por Rede para o Melhoramento Genético de Feijão-Frade para África, (NGICA), reunia uma gama impressionante de competências e conhecimentos que tinham vindo a ser aplicados generosamente ao melhoramento do feijão-frade, trabalhando muitos deles como voluntários. Uma competência que ainda se encontrava em estado embrionário era a da transformação genética, também conhecida por engenharia genética. Este era um domínio em que eu tinha alguma experiência, devido ao meu Primeiro Ensaio de Campo Confinado de Feijão-frade Bt em África 17 com as normas definidas pelos regulamentos de segurança na Nigéria. O workshop de formação de competência em comunicação discutiu os elementos que constituem uma comunicação efectiva, como conceber e apresentar mensagens efectivas, gestão de problemas em biotecnologia agrícola e relações com os média, que incluíram a simulação de uma entrevista com os média que preparou os parceiros para o anúncio da aprovação do ECC pelo Governo Federal da Nigéria. Os workshops de reforço de capacidade foram facilitados pelo PBS e pelo Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações de Agrobiotecnologia (ISAAA). Para apoiar a comunicação e partilha de informação sobre o projecto, produziu-se uma folha de Perguntas Frequentes (PF) sobre o projecto do feijão-frade Bt e outra sobre os ECC; estas estão disponíveis no website da AATF (www. aatf-africa.org/ publications/fact_sheets). Desafios Um dos desafios enfrentados pelo projecto foi o baixo nível da pressão de insectos no campo. Para resolver este problema, a AATF e a Universidade de Purdue estão a elaborar um contrato para um entomologista trabalhar juntamente com Larry Murdock na Universidade de Purdue, com o objectivo de ajudar os parceiros do projecto a desenvolverem protocolos laboratoriais para criar e manter com sucesso a colónia de Maruca. O cientista dará também apoio à optimização da metodologia de manipulação de ovos e larvas destinados a infestação artificial do campo em Porto Rico. Estes procedimentos serão também usados nos ECC a realizar em África. O segundo desafio foi o conjunto de procedimentos laboriosos e demorados utilizados para avaliar um grande número de linhas para eliminar as que tinham múltiplas inserções. Os investigadores viram-se perante dificuldades na utilização da análise de Southern Blot, um processo normalmente usado para testar o número de cópias de um gene e a presença de sequências estruturais. Felizmente, Joe Huesing da Monsanto e Larry Beach da USAID trabalho com outras leguminosas. Por decisão do grupo coube-me o desafio de aperfeiçoar o processo de transferência de genes para o feijãofrade, para que os fitogeneticistas dispusessem de uma ferramenta genética adicional com a qual pudessem melhorar a cultura. A tarefa intimidava-me, mas ao mesmo tempo estava tão impressionado com a visão do grupo que saí do workshop determinado a tentar levar a cabo esta tarefa. Com o apoio da Fundação Rockfeller, e mais tarde da USAID e da AATF, iniciei o aperfeiçoamento de um método para a transferência de genes para o feijão-frade. Um factor decisivo para o seu sucesso foi a competência de Stephanie Gollasch, Carlos Popelka, Andy Moore e Lisa Molvig, em Canberra. Todos eles eram experientes em transferência de genes para outras culturas, o que demonstrou ser deram sugestões úteis sobre procedimentos alternativos utilizados nas indústrias. Com base nestas, o Dr. Higgins visitou a Monsanto e a Third Wave Technologies em Madison, Wisconsin, para avaliar a PCR quantitativa e a Tecnologia Invasora (Invader Technology). Até à data os resultados laboratoriais de Q-PCR de Canberra parecem ser promissores, oferecendo a possibilidade de determinar o número de cópias de genes em material T0, que poderia permitir a avaliação de linhas de múltiplas inserções muito cedo e assim economizar espaço na estufa. Em Maio de 2009 Ibrahim Atokple, principal investigador (PI) em Gana, tentou apresentar um pedido de ECC à secretaria do Comité Nacional de Segurança Biológica (NBC) sem sucesso. Isto deveu-se ao facto de o Ministério do Ambiente, Ciência e Tecnologia ter uma nova ministra que acabara de tomar posse e que necessitava que o NBC a pusesse ao corrente dos requisitos de gestão e regulamentação de OGM em Gana. Passados dois meses a equipa do projecto, com o apoio do NBC, teve uma reunião de informação com a nova ministra do Ambiente, Ciência e Tecnologia, para que ela autorizasse o uso do Instrumento Legislativo (IL) como directriz para a realização de ECC, enquanto se esperava a aprovação da Lei sobre Segurança Biológica. Após várias reuniões de consulta do NBC e de outras partes interessadas importantes, a ministra deu a sua aprovação ao NBC para receber e processar pedidos relativos a OGM destinados a ensaios de campo e utilização confinada. Etapas seguintes Em 2009, o Comité Consultivo do Projecto (PAC) recomendou que o projecto tirasse lições dos ensaios da Nigéria, antes de alargar as actividades de ECC a outros países. Dependendo dos resultados dos ensaios na Nigéria, decidir-se-ia sobre a realização de um ECC em Burkina Faso e em Gana ou a repetição de um ensaio mais elaborado na Nigéria. Outros planos futuros incluem mais actividades educacionais e de consciencialização em biotecnologia. essencial para o desenvolvimento de um sistema robusto para o feijão-frade. Agora temos um sistema que é operacional e introduzimos genes para protecção contra insectos. Esperamos que a primeira das linhas que desenvolvemos proteja a planta contra a brocadas-vagens Maruca. Produzimos muitas linhas e seleccionámos vários candidatos para ensaios adicionais. O Professor Ishiyaku está agora a testar estas plantas no campo em Zaria, Nigéria. Desde o meu primeiro encontro com o Professor Ishiyaku, em que o ouvi falar dos agricultores com os quais trabalha, que estou motivado a trabalhar arduamente para assegurar que ele conseguirá produzir feijão-frade resistente à broca-das-vagens no seu programa de melhoramento. Se ele conseguir aumentar o rendimento do feijão-frade nos campos de agricultores, o nosso esforço terá sido recompensado. De facto, para um cientista de laboratório o projecto do feijão-frade trouxe enorme satisfação. Tenho agora uma visão clara do modo como o nosso trabalho pode ajudar os agricultores de fracos recursos e contribuir para a segurança ecológica e alimentar em África. 18 Mais Perto da Promessa: Do Laboratório ao Campo Acima: O povo Sirigu, de Gana, decora as suas casas com pinturas geométricas, tal como o faz o povo Ndebele da África do Sul. As tintas são formuladas com materiais naturais locais. À Direita: Plantação de banana isenta de doenças. Desenvolvimento de Bananas Transgénicas Resistentes a BXW A AATF e o IITA, em parceria com a NARO de Uganda, conseguiram avanços consideráveis no desenvolvimento de bananas transgénicas resistentes à doença da murchidão da banana causada por Xanthomonas (BXW). Este trabalho envolveu transformação usando dois genes da resistência – a proteína vegetal semelhante a ferredoxina (pflp) e a proteína hipersensível com resposta assistida (hrap) – isolados do pimentão-doce. Estes genes foram introduzidos em culturas de células e tecidos meristemáticos de quatro variedades importantes de banana no Uganda. Os parceiros do projecto apresentaram ao Comité Nacional de Segurança Biológica um pedido de aprovação, depois de terem recebido a aprovação do Comité de Segurança Biológica da NARO para a realização de ensaios de campo confinados nos Laboratórios Nacionais de Investigação Agrícola (NARL) em Kawanda. Antecedentes A doença da murchidão Xanthomonas da banana (BXW), causada pela bactéria Xanthomonas campestris pv. musacearum (Xcm) foi comunicada pela primeira vez na Etiópia há cerca de 40 anos. A doença parecia estar restrita a esse país até 2001, quando se observou pela primeira vez no Uganda, o segundo maior produtor de bananas depois da Índia. Desde então a BXW alastrou-se rapidamente através da África Oriental e Central, ameaçando o sustento e a segurança alimentar de milhões de pessoas. A BXW afecta quase todas as cultivares comuns de bananas causando rapidamente um dano muito grande. Desenvolvimento de Bananas Transgénicas Resistentes a BXW 19 Abubaker Muwonge S ou investigador, natural de Uganda, e estou a fazer um doutoramento. Comecei a interessar-me por biotecnologia quando fiz o Mestrado na Universidade Técnica do Médio Oriente em Ancara, na Turquia. A oportunidade de fazer o curso surgiu em 2003, depois de ter ganho nesse ano uma das duas bolsas de mérito concedidas pelo banco Islamic Development Bank em África. Escolhi o estudo da biotecnologia porque era uma área de investigação nova e porque sempre gostei de novos desafios. Além disso, uma vez que a biotecnologia é aplicável a quase todos os domínios da ciência, achei que me daria uma boa base como cientista. O meu projecto de Mestrado foi a transformação de genes Bt em batatas irlandesas. Este trabalho suscitou a minha curiosidade sobre o potencial da biotecnologia para os pequenos agricultores do meu país, Uganda, e da região da África Oriental. Depois de terminar os meus estudos regressei ao país e entrei para o Centro Nacional de Biotecnologia Agrícola (NABC). Durante três anos concentrei-me na clonagem de genes para serem introduzidos em bananas a fim de lhes conceder resistência ao gorgulho. Depois consegui uma bolsa através do IITA para fazer um doutoramento sobre bananas, um projecto financiado pela AATF. O meu projecto de doutoramento pretende desenvolver bananas com os genes da proteína semelhante a ferredoxina (pflp) e da proteína hipersensível com resposta assistida (hrap) combinados na mesma cultivar. Avaliarei também o aumento potencial da resistência à bactéria Xanthomonas campestris pv. musacearum (Xcm) causadora da doença da murchidão Xanthomonas da banana (BXW), que estas linhas podem oferecer. A maior parte da minha investigação é realizada nas instalações do NABC em Uganda e parte do trabalho será realizado na Universidade de Pretória, na África do Sul. Até à data desenvolvi mais de 150 linhas de sukali ndizi e mais de 200 linhas de gonja majala. Realizei também alguma caracterização molecular preliminar destas linhas. Os resultados foram encorajantes pois descobri que tanto os genes pflp como os hrap estão presentes nessas linhas. A etapa seguinte é a multiplicação e avaliação das linhas em ensaios realizados em vaso, em estufa, para selecção do material de melhor qualidade, que mais tarde será utilizado em ensaios de campo confinados, depois de recebida aprovação regulamentar. Um dos problemas que enfrento no meu trabalho é a falta do equipamento de que necessito no NABC. Felizmente posso realizar parte da minha investigação na Universidade de Pretória. O Centro realiza muito trabalho de investigação e por isso as instalações existentes são muito procuradas. Na realidade tenho de trabalhar longas horas para poder terminar o meu projecto a tempo. Mas sintome privilegiado por trabalhar aqui no NABC com uma equipa dedicada e experiente de investigadores do IITA e da Organização Nacional para a Investigação Agrícola (NARO). Também tenho orgulho em fazer parte da solução para as limitações da produção de bananas, pois sei que o conhecimento que estou a desenvolver contribui directamente para a Os cientistas do Instituto Internacional de Agricultura Tropical, (IITA), em parceria com a Organização Nacional para a Investigação Agrícola (NARO) do Uganda iniciaram o desenvolvimento de bananas transgénicas resistentes a BXW no início de 2004. O IITA abordou a AATF para poder ter acesso a genes candidatos que proporcionassem resistência contra a BXW. No início de 2005 a AATF lançou um projecto em parceria com o IITA e a NARO destinado a produzir cultivares de banana resistentes a BXW através de transformação genética. Com base no trabalho efectuado por Teng-Yung Feng da Academia Sinica de Taiwan, o projecto avançou consideravelmente no sentido de se inserirem na banana dois genes de resistência: a proteína vegetal semelhante a ferredoxina (pflp) e a proteína hipersensível com resposta assistida (hrap), isoladas do pimentão-doce. O principal objectivo do projecto é desenvolver bananas transgénicas resistentes à murchidão causada por Xanthomonas. Em 2009 foram testadas em laboratório, e em vaso em estufa, várias linhas transformadas contendo os genes pflp ou hrap no Uganda. produção de bananas resistentes a Xcm. O dia em que estas plantas estiverem disponíveis para os agricultores rurais será, para mim como para eles, um marco importante. Como cientista agrícola, penso não haver maior satisfação do que a de ajudar a melhorar a segurança alimentar e a receita do povo do meu país e sei que as bananas resistentes a Xcm conseguirão estes dois objectivos para os povos da África Oriental. 20 Mais Perto da Promessa: Do Laboratório ao Campo Acima : Leena Tripathi, biotecnóloga da IITA e principal investigadora do projecto da banana resistente a BXW, inspecciona bananas transgénicas no laboratório. Alargando as fronteiras da investigação Os investigadores do projecto conceberam as etapas seguintes de modo a se poder demonstrar que a combinação dos genes pflp e hrap nas mesmas cultivares de bananas resultaria em maior resistência. A iniciativa também visa clonar e validar o constituinte com os genes pflp e hrap combinados e transformar e regenerar plantas transgénicas. O trabalho alarga-se à análise molecular de plantas transgénicas e ao teste da eficácia de hrap e pflp na resistência contra a BXW em condições laboratoriais. Em 2009 foram regeneradas mais de 300 plantas transformadas putativamente. Destas foram seleccionadas 100 linhas para serem validadas por meio de análise Southern Blot e PCR. As análises Southern Blot confirmaram os eventos de transformação e indicaram que a maioria dos eventos tinha um pequeno número de cópias (1 a 3). Foram testadas mais 20 linhas por análise RT-PCR e Northern Blot. As linhas transgénicas foram avaliadas em termos da resistência a BXW utilizando análise in vitro. As linhas promissoras também foram avaliadas utilizando plantas cultivadas em vaso em estufa. As linhas que apresentam resistência em condições protegidas serão também avaliadas em ensaios de campo confinados (ECC). Foi registado no Comité Nacional de Segurança Biológica um pedido de licença de aprovação da realização de um ECC nos Laboratórios Nacionais de Investigação Agrícola (NARL) em Kawanda. Workshop de culturas de tecidos No final do ano de 2008 os investigadores da AATF e da Academia Sinica eram de opinião que o projecto beneficiaria com a realização de um workshop sobre propagação de culturas de tecidos que abordasse questões de controlo de qualidade e eficiência, assim como oportunidades para a distribuição de plântulas de culturas de tecidos através de organizações dos sectores público e privado dirigidas especificamente a pequenos agricultores. Este evento foi considerado como uma componente do projecto mais abrangente de Melhoramento de Bananas, que tinha sido desenvolvido por a AATF reconhecer a necessidade urgente de reduzir a perda de germoplasma da banana. A Fundação também identificou o requisito de assegurar o fornecimento sustentável de novos materiais aos agricultores, através de técnicas de culturas de tecidos aliadas a uma adequada gestão responsável do produto. O workshop de culturas de tecidos foi realizado entre 8 e 14 de Abril de 2009 na Academia Sinica em Taipei, Taiwan, ao qual assistiram representantes dos sectores público e privado. Os participantes incluíram Erastus Nsubuga, Director Executivo da Agro-Genetic Technologies (AGT) de Uganda; Jesca Mbaka e Alice Muriithi do Instituto de Investigação Agrícola do Quénia (KARI); e Julius Mugini do Instituto de Investigação Agrícola de Mikocheni (ARI, Mikocheni) da Tanzânia. As discussões centraram-se no aumento do rendimento e eficácia das práticas de culturas Desenvolvimento de Bananas Transgénicas Resistentes a BXW 21 de tecidos na região dos Grandes Lagos em África. A Academia Sinica, representada pelo Prof. Feng, organizou módulos de formação em vários aspectos da cultura de tecidos. Os tópicos abrangidos foram a iniciação da plantamãe, subcultura, regeneração e enraizamento, aclimatação e endurecimento. A equipa recebeu mais informações sobre o sistema de produção que está a ser usado pela Academia Sinica e como ele contribui para o baixo custo das plântulas de banana no Instituto de Investigação de Bananas de Taiwan, que as vende a 40 cêntimos, por comparação com cerca de USD 1 em África. Os participantes partilharam ideias sobre várias medidas de redução de custos no desenvolvimento de plântulas de banana obtidas por cultura de tecidos. Para reduzir os custos, sugeriu-se criar rebentos múltiplos a partir de tecidos meristemáticos e também utilizar carvão líquido como meio de enraizamento. O workshop foi uma revelação e ofereceu avanços significativos para o melhoramento das técnicas de cultura de tecidos que contribuirão para a produção de plântulas de banana económicas, para os agricultores de escassos recursos da região dos Grandes Lagos de África. Os participantes recomendaram a realização de um workshop de formação regional semelhante em África, que permitisse maior participação e capacitação para um maior número de partes interessadas na indústria da banana. Partilha de conhecimentos, reforço da capacidade e conformidade regulamentar A investigação e os resultados conseguidos através do projecto BXW foram apresentados na Conferência de Biotecnologia de Culturas Tropicais em 2009, realizada na África do Sul, e nas reuniões sobre Compreensão da Ciência pelo Público (Fórum de Ciências do CGIAR, Junho de 2009). A investigação também foi publicada na revista científica Plant Disease Journal. Entretanto, Muwonge Abubaker, que iniciara os seus estudos de PhD em 2008 ao abrigo do projecto, continuou a sua investigação sobre o aumento da resistência da banana à Xanthomonas campestrisis pv. Musacearum por co-expressão dos genes pflp e hrap. Prevê-se que termine o seu doutoramento, em curso na Universidade de Pretória, África do Sul, em 2011. O processo de finalização do pedido de ECC está em andamento. O pedido foi apresentado ao Comité de Segurança Biológica do Instituto (IBC) para análise e depois de receber a aprovação do IBC foi enviado para o Comité Nacional de Segurança Biológica (NBC) para aprovação. Etapas seguintes Com base na imensa quantidade de conhecimentos gerados pelo projecto os investigadores esperam apresentar o seu trabalho em mais reuniões científicas. Um artigo de investigação será publicado numa revista científica avaliada por pares, para proteger o trabalho e disponibilizá-lo ao público. Acima: Plantas de banana transgénicas nos laboratórios de Kawanda. O projecto, assinado por acordo tripartido entre a IITA, NARO e AATF em 2009, espera criar uma instalação de ECC no Uganda. Os estudos laboratoriais também continuarão, incluindo a transformação para a combinação de genes pflp e hrap, a caracterização molecular de plantas transgénicas regeneradas e a avaliação de plantas de banana transgénicas. Este trabalho incluirá também a manutenção e multiplicação de linhas transgénicas e a produção de anticorpos para o pflp. A investigação incluirá também a avaliação de plantas transgénicas para doenças criptogâmicas como a Sigatoka negra. Presentemente os investigadores aguardam a aprovação do Comité Nacional de Segurança Biológica para a realização de um ECC no NARL, em Kawanda 22 Mais Perto da Promessa: Do Laboratório ao Campo Acima: Um membro da tribo Maasai na Tanzânia. Milho com Eficiência Hídrica para África (WEMA) Em Março de 2008 a AATF lançou uma parceria público-privada com o objectivo de produzir variedades de milho de maior rendimento e tolerantes à seca e distribuí-las por milhões de pequenos agricultores africanos. Em 2009, consolidando os resultados obtidos pelos parceiros do projecto no primeiro ano de funcionamento do mesmo, foram avaliadas linhas convencionais promissoras de cruzamentos-teste tolerantes à seca, em condições de stress hídrico. Realizaram-se ensaios de campo confinados (ECC) simulados em dois países da África Oriental, enquanto se aguardava a aprovação de uma licença para a realização de ensaios transgénicos na República da África do Sul. A maior parte da África Subsariana é caracterizada por secas recorrentes que constituem um permanente desafio para milhões de pequenos agricultores que dependem da chuva para o crescimento das suas culturas. Na realidade, a seca contribui significativamente para os fracos rendimentos das colheitas, resultando em insuficiência e preços elevados dos principais alimentos em África. Em Março de 2008 a AATF lançou o projecto Milho Com Eficiência Hídrica para África, (WEMA), uma parceria público-privada que capitaliza uma combinação inovadora de melhoramento convencional do milho, selecção assistida por marcadores e biotecnologia. O objectivo do projecto é desenvolver variedades de milho de maior rendimento e tolerantes à seca. O objectivo global do projecto WEMA é distribuir a semente de milho melhorada a milhões de agricultores em cinco países da África Oriental e Meridional, sem encargos de royalties, assim como divulgar as melhores práticas agronómicas. A iniciativa, financiada pela Fundação Bill and Melinda Gates e pela Fundação Howard G Buffet para uma fase inicial de cinco anos, está a ser implementada pela AATF em colaboração com vários parceiros, incluindo os sistemas nacionais de pesquisa agrícola (NARS) do Quénia, Moçambique, África do Sul, Tanzânia Milho com Eficiência Hídrica para África (WEMA) 23 e Uganda, a empresa Monsanto e o Centro Internacional de Melhoramento do Milho e do Trigo (CIMMYT) Avanços no melhoramento de plantas Durante o ano inaugural do projecto WEMA a Monsanto avaliou linhas puras de milho de elite promissoras previamente desenvolvidas pela empresa e pelo CIMMYT, que estão adaptadas às ecologias tropicais existentes na ASS. Com base neste trabalho, a equipa de melhoramento do projecto WEMA testou em 2009 vários cruzamentos-teste convencionais (testcross) tolerantes à seca, em condições de boa rega e de stress hídrico. Os investigadores observaram diferenças entre os cruzamentos-teste em termos das suas reacções físicas ao stress hídrico, que os ajudou a identificar as que teriam um bom desempenho em condições de seca. O trabalho progrediu desenvolvendo-se híbridos transgénicos tropicais tolerantes à seca, cujo desempenho será avaliado nos cinco países da parceria. A equipa também desenvolveu linhas de duplos haplóides que foram multiplicadas em viveiros. Instalações de ECC e ensaios simulados Os países da parceria do projecto WEMA identificaram locais adequados para a realização de ECC nos cinco países. No último trimestre de 2009 o Quénia e a Tanzânia conseguiram concluir o desenvolvimento dos locais e adquirir as aprovações regulamentares necessárias para a realização de ensaios simulados e a África do Sul conseguiu plantar o primeiro ensaio de transgénicos. O desenvolvimento do local incluiu a instalação de sistemas de irrigação para stress hídrico controlado na Tanzânia e na África do Sul. Foram iniciados planos para um esquema semelhante no Quénia e no Uganda. Os ensaios simulados que utilizam germoplasma tolerante à seca convencional, estabelecidos no Quénia e na Tanzânia, tiveram como objectivo testar e calibrar as instalações de irrigação e simular as etapas a realizar nos próprios ECC das variedades de milho transgénico, que estão programados para 2010. Os ensaios simulados também deram aos investigadores que trabalham no projecto WEMA a oportunidade de receberem formação sobre os procedimentos regulamentares que devem ser cumpridos na realização dos ensaios. Embora a realização de um ensaio simulado não exija aprovação regulamentar, foi apresentada uma notificação deste ensaio ao Comité Nacional de Segurança Biológica (NBC) nos dois países, como parte da actividade de formação. Depois de os pedidos e os locais terem sido considerados em conformidade com os requisitos de realização de um ECC transgénico, foi concedida aprovação para o ensaio. Foi apresentada uma notificação semelhante no Uganda em meados de Outubro de 2009. Na RAS o pedido de licença para a realização de ensaios transgénicos enviado ao responsável (Registrar) dos OGM foi aprovado em Setembro de 2009 e o ensaio foi plantado em Novembro de 2009. Conformidade regulamentar O quadro regulamentar dos países da parceria do projecto WEMA foi analisado tendo sido redigido um documento de estratégia para assegurar a obtenção de aprovação regulamentar para a realização de ECC e a conformidade com os regulamentos. O projecto também desenvolveu um documento de orientação sobre a conduta dos membros da equipa de regulamentação durante o processo de análise do pedido de realização de ECC. Realizaram-se workshops de formação sobre conformidade dos ECC para as equipas do projecto WEMA envolvidas nos vários países. Preparou-se um Manual de Formação sobre Conformidade e um Manual dos Gestores do Local, de grande importância. Como parte do reforço de capacidade realizou-se um workshop para proporcionar directrizes aos chefes de equipa responsáveis pela regulamentação e pelo desenvolvimento do produto nos cinco países da parceria, para a criação dos dossiers de regulamentação. Realizaram-se estudos de avaliação do actual risco ambiental na Tanzânia e Uganda, mas estes ainda não foram iniciados em Moçambique. Contudo, estes estudos não são necessários no Quénia e na RAS. Existe um relatório preliminar para o Uganda . Comunicações A equipa de comunicação do projecto WEMA conseguiu atrair uma cobertura pelos média que é digna de louvor. 24 Mais Perto da Promessa: Do Laboratório ao Campo A equipa também realizou dois workshops de criação de capacidade em comunicação e interacção com os média. O workshop de interacção com os média e comunicação de biotecnologia foi realizado em Agosto de 2009, dirigindo-se a mais de 35 porta-vozes do projecto, seleccionados de entre as equipas de Desenvolvimento do Produto, Conformidade Regulamentar, Comunicação e Divulgação. O workshop visou preparar os participantes com competências adequadas em comunicação de biotecnologia, relações com os média e gestão de problemas. Em Julho de 2009 realizouse a actividade de Formação sobre Interacção com os Média dirigida a Executivos, especificamente destinada à direcção da AATF que veicula, entre outras questões, informações sobre o projecto WEMA. Além disto a equipa demonstrou o projecto em mais de 10 eventos regionais e globais relacionados com a agricultura. Isto consciencializou um grande espectro de partes interessadas, incluindo cientistas, decisores, líderes dos governos central e local e agricultores. Em todos estes eventos o projecto WEMA foi considerado como uma das possíveis soluções para se fazer frente à escassez de milho criada pelas frequentes secas que assolam a região. Em quatro dos países realizaram-se intervenções junto às partes interessadas nacionais, através de reuniões nesses países, para promover a consciencialização para o projecto e a aceitação do mesmo. Governância do projecto Os parceiros do projecto identificaram questões potenciais que poderiam afectar negativamente as actividades do projecto WEMA, apresentando algumas propostas para as reduzir. A AATF facilitou a redacção de um acordo de confidencialidade entre cada parceiro NARS e a Monsanto para a realização de testes em campo do germoplasma do milho transgénico com resistência hídrica. Relacionado com este assunto, realizou-se em Agosto de 2009 uma actividade de formação para os parceiros sob o tema da confidencialidade, para discussão de assuntos-chave relacionados com os requisitos de confidencialidade do sector privado, especialmente no que se refere à gestão da informação, responsabilidade do sector público e os elementos confidenciais do projecto WEMA. O Comité de Operações realizou reuniões mensais para aprovação dos planos e orçamentos para 2009, revisão dos relatórios de progresso intercalares apresentados por cada equipa e revisão do projecto total. O comité também reviu os boletins mensais, contratação de consultores, progresso do desenvolvimento do local, documentos de políticas, principais reuniões do projecto WEMA, workshops de formação e problemas de gestão submetidos pelo Gestor do Projecto. O Quadro Consultivo Executivo (QCE) do projecto WEMA continuou a ser responsável pela monitorização do mesmo. A reunião anual do Quadro teve lugar durante a Reunião Anual de Revisão e Planeamento do Projecto realizada em Joanesburgo, África do Sul, em Fevereiro de 2009. Durante a reunião as equipas forneceram ao Quadro Consultivo informações sobre as principais actividades e realizações do projecto WEMA em 2008 e as actividades propostas para 2009. O Dr. Ephraim Mukisira, Director do Instituto de Investigação Agrícola do Quénia, foi eleito presidente do Quadro sucedendo ao Dr. Dennis Kyetere, Director-geral da Organização Nacional para a Investigação Agrícola (NARO) de Uganda. As equipas de Desenvolvimento do Produto, Regulamentação e Comunicação realizaram mensalmente teleconferências e reuniões face a face, sempre que necessário, para discutirem o avanço atingido, propor sugestões e abordar os desafios relacionados com o seu trabalho. Desafios Um dos desafios enfrentados no que se refere ao planeamento e gestão do tempo foi consequência do facto de as equipas estarem dispersas, resultando daí a necessidade de maior número de reuniões e viagens. Outro desafio foi a perda de pessoal envolvido nas equipas do projecto, que já tinha conceptualizado o projecto e recebido formação. Por exemplo, a saída do Consultor Jurídico da AATF da Fundação atrasou as actividades no domínio da PI. Contudo, foi recrutado novo Consultor Jurídico, que iniciou as suas funções no terceiro trimestre de 2009. Os membros da equipa de Comunicação que também possuem outras responsabilidades organizacionais tiveram dificuldade em pôr de lado algum tempo das agendas extremamente preenchidas dos seus cargos normais, para o dedicar às actividades do projecto WEMA. A equipa está a estudar maneiras de utilizar o serviço de consultores de comunicação de biotecnologia nos países, para a realização de algumas das actividades. Na área de desenvolvimento do produto, os parceiros tiveram de lidar com o domínio do melhoramento de plantas assistido por marcadores, em rápida e constante evolução, que exigiu flexibilidade na adaptação de novas estratégias, como projectos de mapeamento de associação. Os parceiros do projecto também possuem processos diversos que necessitaram do desenvolvimento de novos procedimentos operacionais padrão, para possibilitar a transferência eficaz de sementes entre países e parceiros. Etapas seguintes O projecto WEMA progrediu bastante em 2009, concluindo ou iniciando mais de 90% das actividades planeadas. Durante a revisão do projecto a meio do ano foram implementadas estratégias para resolver o problema do atraso do projecto em certas áreas. Os planos para o futuro incluem actividades de melhoramento de plantas com tolerância à seca e a conclusão do desenvolvimento dos locais de ensaios e o estabelecimento de sistemas de irrigação gota a gota nos países parceiros. A equipa do projecto WEMA também realizará actividades de reforço de capacidade para abordar áreas como a avaliação de risco, processamento e tratamento dos pedidos de realização de ensaios transgénicos, interacção com os média e comunicação de riscos de biotecnologia. Milho com Eficiência Hídrica para África (WEMA) 25 As sessões de comunicação de biotecnologia destinadas a jornalistas em países parceiros continuarão também, com o objectivo de fomentar a comunicação de ciências e/ou biotecnologia nos meios de comunicação. Além disto criarse-ão ligações entre o projecto WEMA e iniciativas regionais como a Rede Africana de Competências em Segurança Biológica, (ABNE), o Centro Internacional de Engenharia Genética e Biotecnologia, (ICGEB), e organizações de comunicação de biotecnologia. Os parceiros do projecto facilitarão a formação de uma equipa de gestão da Propriedade Intelectual (PI) e a implementação de marcos de referência relacionados com a PI. A equipa apresentará as cópias finais do Manual de Formação de ECC e do Manual de Conformidade de ECC ao secretariado do projecto WEMA e produzirá e disseminará informação sobre políticas específicas nos cinco países parceiros, com divulgação aos grupos parlamentares. À Direita: Yoseph Beyene do WEMA CIMMYT durante uma visita de avaliação do local de ensaio em Kiboko, Quénia Kingstone Mashingaidze H á quase 30 anos que trabalho no melhoramento de plantas, principalmente no exercício das minhas funções de professor universitário sénior e fitogeneticista do milho em Zimbabwe, com ênfase no desenvolvimento de variedades com tolerância à seca e ao baixo teor de azoto. Em 2004 fui residir para a África do Sul, onde trabalho actualmente como Gestor do Programa de Melhoramento de Plantas e Biotecnologia do Instituto de Culturas Cerealíferas do Conselho de Investigação Agrícola (ARC). Em Março de 2008 fui nomeado Coordenador e Investigador Principal do Projecto WEMA na África do Sul. Fiquei imensamente satisfeito com esta nomeação porque os objectivos do projecto WEMA coincidem com os meus interesses pessoais de investigação – proporcionar aos pequenos agricultores variedades apropriadas às suas áreas agrícolas marginais. O milho é a cultura mais importante praticada por pequenos agricultores na África do Sul e é o principal componente das dietas rurais, assim como uma cultura de rendimento. A África do Sul produz cerca de 11 milhões de toneladas métricas de milho por ano, excedendo o consumo local anual do país de cerca de 9 milhões de toneladas métricas. Mas apesar de o país exportar o excedente de milho, cerca de 14 milhões de sul-africanos – 40% da população – não possui segurança alimentar devido a vários factores. Em primeiro lugar, tal como é o caso da maioria dos países da África Subsariana, a exploração agrícola na África do Sul é extremamente limitada por secas e baixa fertilidade do solo (especialmente deficiência em azoto). De facto, menos de 15% do solo da África do Sul é arável. Além disso, apenas 10% da cultura total de milho da África do Sul é cultivada com irrigação e isto principalmente nas áreas de exploração agrícola comercial de grande escala. Estes agricultores conseguem rendimentos de cerca de 4 a 4,5 toneladas por hectare, por comparação com rendimentos médios de apenas 1 tonelada de milho por hectare nas propriedades de pequenos agricultores, que na maioria não são irrigadas. Os pequenos agricultores frequentemente não têm dinheiro para comprar alimentos adicionais para as suas necessidades. As previsões indicam que as alterações climáticas irão piorar a situação da exploração agrícola na África do Sul, com estações mais curtas, pluviosidade mais variável e temperaturas mais altas previstas para a região. Por isso há necessidade urgente de variedades tolerantes à seca, para estabilizar a produção alimentar dos agregados familiares e, a longo prazo, o rendimento das famílias de pequenos agricultores. Na África do Sul desenvolvemos totalmente o local dos ensaios de campo confinados (ECC) (vedação e instalação do sistema de irrigação gota a gota) e plantámos no dia 28 de Novembro de 2009. As plantas cresceram bem e esperamos implementar com sucesso o protocolo de irrigação a fim de avaliar a eficácia do transgene (MON 87460) seleccionado para o projecto WEMA. Estou entusiasmado com a possibilidade de combinar a biotecnologia e a tecnologia de híbridos para proporcionar aos agricultores variedades de alto rendimento tolerantes à seca. Presentemente, a minha maior desilusão é a predominância de informação incorrecta sobre culturas geneticamente modificadas (GM) n África do Sul. É importante que os líderes políticos africanos aceitem a biotecnologia e facilitem um debate sério e informado sobre a tecnologia e as questões problemáticas da segurança alimentar envolvendo todas as partes interessadas, incluindo agricultores, organizações civis, cientistas e os média. Pela minha parte, estou empenhado em dar o meu contributo através do projecto WEMA. Orgulho-me da extraordinária parceria público-privada criada através do projecto. De facto, elogio o pessoal da AATF pelo seu profissionalismo, transparência e capacidade de comunicar e lidar com as necessidades e expectativas de indivíduos de culturas organizacionais e pessoais tão diferentes. Estou também agradecido a todos os que nos apoiam, porque nos garantem recursos adequados para criar soluções para os agricultores africanos. De facto o projecto WEMA é um bom exemplo de genuína liderança africana para problemas africanos. 26 Mais Perto da Promessa: Do Laboratório ao Campo Acima: Preparando uma refeição ao ar livre junto de uma casa de lama típica de Burkina Faso. À Direita: Agricultores plantam arroz em Lokossa, Benim. NUEST: Transformar Novo Arroz para África Embora o projecto NUEST ainda se encontre numa fase muito precoce de desenvolvimento do produto, conseguiu progressos significativos no que se refere à transformação genética de variedades de planalto e de planície do Novo Arroz para África (NERICA). A iniciativa avançou bem para a realização do seu objectivo de superar as grandes limitações da produção e consumo de arroz em África, apesar da rápida expansão deste. Antecedentes Em Dezembro de 2008 a AATF lançou oficialmente o projecto Arroz Com Utilização Eficiente de Azoto e Tolerante ao Sal (NUEST) para África. A iniciativa visa a transformação genética de algumas variedades do Novo Arroz para África, (NERICA), com o fim de melhorar a sua produtividade em solos pobres em azoto e em campos que, com o decorrer do tempo, se tornaram demasiado salgados. O objectivo é fornecer aos pequenos agricultores de arroz variedades de maior rendimento e bem adaptadas às áreas de cultivo de arroz dos planaltos e planícies de África. O projecto NUEST, financiado pela USAID, será implementado ao longo de um período de 10 anos. A Arcadia Biosciences facultará o acesso a genes que promovem a utilização eficiente de azoto e a tolerância ao sal e a Public Intellectual Property Resource for Agriculture, (PIPRA), doará as tecnologias de transformação de plantas necessárias. Os institutos de investigação agrícola nacionais de Burkina Faso, Gana, Nigéria e Uganda realizarão os ensaios de campo necessários para testar o desempenho das linhas transgénicas. Estes institutos realizarão também os melhoramentos assistidos por marcadores necessários para transferir as características desejadas para as variedades de arroz já conhecidas e preferidas dos agricultores e consumidores. Adicionalmente, estes parceiros assegurarão a distribuição das novas variedades aos NUEST: Transformar Novo Arroz para África 27 pequenos produtores de arroz. A licença dos genes doados pela Arcadia Biosciences e pela PIPRA ficará de posse da AATF, que também efectuará a supervisão da coordenação do projecto, assim como a facilitação da distribuição do produto aos agricultores. Progresso em 2009 Em 2009 a PIPRA iniciou negociações com os proprietários da tecnologia, bem como a redacção de acordos legais para a utilização das plataformas de transformação de plantas no projecto NUEST. A PIPRA também concebeu e sintetizou dois plasmídeos para a transformação de plantas, que estão ser utilizados pela Arcadia Biosciences no arroz. O Conselheiro Jurídico da AATF concluiu o contrato de consultoria para os serviços de apoio da PIPRA. As sementes das variedades NERICA 1 e 4 de planalto e NERICA 19 e 20 de planície foram recebidas do Centro Africano do Arroz (WARDA). Elas foram primeiro desenvolvidas em estufa sob quarentena na Arcadia Biosciences, para se produzir material suficiente para o trabalho de transformação. A transformação das variedades de planalto com os vectores NUE (utilização eficiente de azoto) e Tolerância ao Sal (ST) progrediu bem, enquanto se iniciava a definição de um protocolo de regeneração e transformação para as variedades de planície. Em consequência, os primeiros eventos de arroz transgénico (planalto, ST) foram plantados na estufa em Outubro/Novembro de 2009. Os eventos transgénicos NUE de planalto foram plantados no solo no fim do ano, enquanto os eventos de planície (NUE e ST) serão transferidos da cultura de tecidos para o solo na estufa em Janeiro de 2010. Um dos principais desenvolvimentos do ano foi a decisão tomada pelos parceiros do projecto de abordar os efeitos da seca no arroz através da inclusão da característica eficiência hídrica (WUE) no projecto. Esta decisão foi tomada em Dezembro de 2009 numa reunião da AATF e da Arcadia. A abordagem será a utilização de um vector binário ST-WUE combinado, baseado no sucesso conseguido pela Arcadia com os efeitos sinergísticos positivos das características ST e WUE. Criação de capacidade Em Setembro de 2009 os representantes dos NARS que irão realizar os ensaios de campo NUEST viajaram até à Califórnia, EUA, para assistirem a um workshop sobre desenvolvimento do produto na Arcadia Biosciences. Os participantes familiarizaram-se com o trabalho laboratorial da empresa sobre arroz transgénico, incluindo a sua abordagem na realização de ensaios de estufa e de campo para NUE e ST. Eles também visitaram um ensaio de campo confinado (ECC) do arroz NUE, em curso no Vale Central da Califórnia. Um aspecto muito importante foi o facto de a viagem ter sido uma oportunidade para definir marcos e actividades principais para o período 2009 a 2012 para os institutos parceiros dos NARS. Isto tem grande interesse, especialmente como preparação para o ECC das 28 Mais Perto da Promessa: Do Laboratório ao Campo linhas homozigóticas de arroz transgénico T2 que estarão disponíveis em 2011. Durante o workshop, chamou-se a atenção para o alto custo da desregulamentação e a necessidade de limitar o número de eventos que devem seguir esta via. Consequentemente, decidiu-se que apenas uma variedade NERICA de planalto seria desregulamentada. A variedade NERICA-4 foi seleccionada como foco do projecto para os planaltos devido à sua melhor resposta em culturas de tecidos e à sua maior adaptabilidade de cultivo em várias regiões. Para as planícies, o grupo acordou concentrar-se na variedade NERICA-L19. Portanto, embora a regeneração de rebentos de NERICA-1 resultantes das transformações NUE e ST em curso continue normalmente, não se realizarão novos co-cultivos. Os parceiros acordaram também que, uma vez que a tolerância ao sal não constitui problema nos planaltos, seria mais prudente considerar o desenvolvimento de um arroz transgénico com tolerância à seca. Estudos de viabilidade O Comité Consultivo do Projecto analisou e aprovou os termos de referência para a execução de um estudo de viabilidade do projecto pela AATF. A tarefa inclui: • Avaliação da viabilidade económica e técnica do melhoramento do arroz para maior eficiência na utilização de azoto (NUE) e tolerância a solos de alta salinidade mediante transformação genética e eventual distribuição do produto por pequenos agricultores da África Subsariana, levando em conta a infra-estrutura, recursos humanos, capacidade do produto e requisitos de políticas. • Avaliação de dados e informação sobre a produção, marketing, distribuição e consumo do arroz em países-alvo. • Realização de análises de custo/benefício e de rentabilidade para permitir documentar os benefícios económicos e a procura de mercado associados à distribuição de arroz transgénico na África Subsariana. • Avaliação do previsto impacto do projecto nos países-alvo em termos de rendimento do arroz, receitas, bem-estar, comércio e pequenas explorações agrícolas. • Realização de uma análise dos sistemas de distribuição de sementes nos países-alvo e recomendação de um sistema de sementes eficaz para o projecto. • Avaliação de factores socioculturais capazes de influenciar o desenvolvimento e adopção de arroz transgénico, incluindo as preferências e a aceitabilidade do consumidor. Desafios e etapas seguintes Embora o projecto ainda se encontre numa fase preliminar de desenvolvimento do produto, as actividades laboratoriais para o desenvolvimento deste têm sido até à data executadas de acordo com o calendário. O único problema principal foi a perda das quatro primeiras experiências causada pelo crescimento excessivo da bactéria Agrobacterium. Para se passar da fase de investigação para a de desenvolvimento e comercialização de variedades de arroz de utilização mais eficiente de azoto e maior tolerância ao sal serão adicionados acordos de licença aos actuais acordos de transferência de material. O Conselheiro Jurídico da AATF trabalhará com a equipa de PI da PIPRA e da Arcadia Biosciences com vista a estudar o conjunto de acordos necessários que visa apoiar a utilização da transformação de plantas para este projecto. Será desenvolvido um protocolo de campo baseado nos procedimentos operacionais padrão (SOP) da Arcadia Biosciences e do Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT). Além disto assinar-se-á um Memorando de Paul Kofi Dartey T rabalho como fitogeneticista de arroz há 17 anos, avaliando linhas de arroz obtidas de centros internacionais e cruzando variedades para obter outras variedades adaptadas de alto rendimento. A minha experiência directa permitiu-me compreender os desafios que a produção de arroz enfrenta no meu país. Em Gana o arroz é o segundo cereal mais importante. Gana é um país com uma excelente culinária, que varia de região para região. Mas o arroz é um alimento utilizado em todo o país. Na realidade o aroma do arroz Jollof, um prato picante com molho de tomate e carne, impregna o país todos os dias, desde residências a bares de "chop". As lancheiras das crianças em idade escolar incluem sempre arroz. O arroz também é o principal alimento do programa de alimentação para as escolas. O nosso consumo nacional anual de arroz está estimado em 561.400 toneladas. Por outro lado, a nossa produção local está estimada em 107.900 toneladas, o que representa apenas 19,2% da procura. Portanto, todos os anos temos de importar anualmente quase meio milhão de toneladas de arroz para cobrir o défice. Gana gasta actualmente cerca de USD 700 milhões em importações de arroz, o que significa USD 200 a USD 300 por cada agregado familiar. Em 2008 o preço do arroz aumentou mais de 100% relativamente ao preço no ano anterior em consequência da crise mundial dos alimentos – a maior subida verificada numa só cultura. Estes picos no preço também foram devidos a rápidas mudanças do estilo de vida das pessoas e dos seus hábitos alimentares, especialmente nas zonas urbanas, onde o consumo de arroz aumentou. Se equacionarmos o crescimento populacional e o aumento do consumo per capita, podemos prever um aumento anual de 1.680.000 toneladas após 2015. Do ponto de vista da produção, a imagem é muito diferente. A maior parte do solo do país é adequada para a produção de arroz. Presentemente cultivamos arroz em três áreas ecológicas: planaltos, planícies de sequeiro NUEST: Transformar Novo Arroz para África 29 Acordo (MA) pelo CIAT, USAID e AATF para o CIAT iniciar a preparação do ECC. As actividades a realizar nos institutos dos NARS incluirão o teste de variedades não transgénicas de NERICA-4 de planalto quanto ao seu desempenho agronómico, moagem e aceitabilidade no mercado. Os NARS realizarão também ensaios de multiplicação de sementes, moagem e testes sensoriais da variedade NERICA-19 de planície. Os NARS irão também seleccionar os locais para o ECC da variedade com deficiência de N e avançar com a sua preparação, incluindo a terraplenagem e instalação de recursos de irrigação. Eles iniciarão também o trabalho de isolamento e depleção do N do solo com o milho e realizarão um levantamento e análises de salinidade preliminares do solo. No que se refere à conformidade regulamentar, iniciarse-á uma avaliação preliminar da segurança biológica das sequências de DNA dos genes e promotores, terminadores e intrões. A equipa definirá também as actividades a realizar em 2010, em preparação para a realização do ECC no CIAT e pelos parceiros dos NARS. À Direita: Arroz NUE na fase de floração. e ecologias irrigadas, que totalizam cerca de 118.000 hectares com rendimentos médios de 1,5, 2,5 e 3,5 toneladas métricas por hectare, respectivamente. Contudo, a produção de arroz em Gana está limitada por vários factores bióticos e abióticos. Por exemplo, existe em todo o país uma deficiência em azoto. A redução desta deficiência através da aplicação de fertilizantes orgânicos é impraticável devido à enorme quantidade de fertilizantes necessária. O custo dos fertilizantes é elevado e o governo tem de subsidiar metade do preço. Os períodos de pousio permitiriam a regeneração da fertilidade, mas isto tem diminuído devido à pressão exercida pela população crescente sobre os solos. A aplicação de fertilizantes inorgânicos continua a ser a melhor opção. Portanto, a possibilidade de ter variedades de arroz que usem o azoto eficazmente é muito bem recebida por cientistas e agricultores do arroz, assim como pela economia ganesa, de modo geral. O aumento da produção doméstica de arroz contribuirá directamente para a poupança de moedas estrangeiras e para a balança de pagamentos, além de melhorar a economia dos agricultores. Também assegura emprego aos fitogeneticistas. Outra limitação é a seca, que é um problema recorrente em todo o país, e que provavelmente irá piorar devido às alterações climáticas. Em anos recentes houve seca na estação que deveria ser o pico da estação das chuvas. Os nossos recursos de irrigação são rudimentares e localizados. Além disto, as variedades de arroz apresentam diferentes tolerâncias à seca, o que é explorado no melhoramento de plantas. A seca pode provocar a falha total da colheita do arroz. Portanto, são necessárias plantas que utilizem a água eficientemente. Outro problema é a salinidade, que ocorre principalmente nos solos costeiros e em sistemas irrigados. Em 2009 a AATF concedeunos apoio para fazermos o levantamento de 17 solos costeiros. Treze locais apresentavam alta salinidade, dos quais quatro, nomeadamente Ashaiman, Afife, Kpong e Okyereko, eram locais de cultura do arroz. Recolhemos amostras das culturas de arroz nestes quatro locais e verificámos serem pobres; portanto, esperamos com interesse que sejam incorporados no arroz genes de tolerância ao sal. O projecto do arroz NUE/ST coordenado pela AATF é uma excelente notícia e oferece alguma esperança aos agricultores de arroz. Como fitogeneticista considero-o um veículo para trazer até aos agricultores de arroz ganeses variedades de arroz transgénico que possuam combinações de eficiência hídrica e tolerância à salinidade. Também estou entusiasmado com a possibilidade de efectuar livremente o retrocruzamento destes genes noutras variedades. Estes genes, particularmente o NUE e o WUE, podiam ser introduzidos em todas as nossas futuras variedades de arroz, sem restrições impostas pelos titulares de patentes. Embora seja necessário ultrapassar muitos outros problemas relacionados com a colheita e pós-colheita, a melhoria do valor nutritivo do arroz e da sua eficiência hídrica resolve muitas das condições necessárias para uma produção de arroz de qualidade em Gana, que competiria favoravelmente com importações de qualidade. 30 Mais Perto da Promessa: Do Laboratório ao Campo Acima: Um grupo de casas de uma aldeia nigeriana. Agricultores Adoptam AflaSafeTM, o Primeiro Produto Autóctone de Controlo Biológico de Aflatoxina em África A AATF, IITA, USDA-ARS e outros parceiros desenvolveram uma tecnologia de controlo biológico autóctone, designada AflaSafeTM, para diminuir a contaminação do milho e amendoim por aflatoxina. Em 2009 foram distribuídas quase duas toneladas de AflaSafeTM por 86 agricultores em cinco zonas dos estados de Kaduna e Oyo da Nigéria. Os agricultores adoptaram a tecnologia, observando-se diferenças notáveis nas culturas de milho e amendoim. Em muitos países de África encontram-se altos níveis de aflatoxina – um veneno carcinogénico altamente tóxico produzido por algumas espécies de Aspergillus – em cereais alimentares que incluem o milho, a mandioca, sorgo, inhame, arroz, amendoim e caju. A maioria dos pequenos agricultores não consegue evitar a contaminação por aflatoxina durante a produção e armazenamento das suas culturas. Além disso, como acontece em muitos países em desenvolvimento, os governos africanos frequentemente não possuem meios económicos de testar estes venenos. Consequentemente, muitas pessoas em África podem ficar cronicamente expostas a aflatoxinas nas suas dietas, pondo em alto risco a sua saúde e a vida. Além disto, os países africanos perdem anualmente milhões de dólares devido à rejeição de produtos que não estão em conformidade com as normas de qualidade e segurança alimentar. Agricultores Adoptam AflaSafeTM, o Primeiro Produto Autóctone de Controlo Biológico de Aflatoxina em África 31 O Instituto Internacional de Agricultura Tropical (IITA) tem pesquisado métodos de controlo biológico novos e económicos que conseguem reduzir a ameaça apresentada por aflatoxinas aos consumidores em toda a África. Esta abordagem envolve o estabelecimento nos solos, em redor das culturas em crescimento, de estirpes benignas de estirpes Aspergillus seleccionadas. O objectivo é que a estirpe benigna domine e elimine em grande medida as estirpes do fungo produtoras de aflatoxinas. Com base nos bons resultados de ensaios laboratoriais e ensaios de campo em estações agrícolas a AATF, IITA e o Serviço de Investigação Agrícola do Ministério da Agricultura dos EUA (USDAS-ARS) criaram um projecto para o desenvolvimento e disseminação de uma tecnologia microbiana adaptada localmente, para o controlo de aflatoxina no milho e no amendoim. Os objectivos desta iniciativa incluem a obtenção de aprovação regulamentar e a recolha de mais dados da eficácia do produto de controlo biológico através de avaliação realizada pelos agricultores, antes da sua comercialização. AflaSafeTM – a primeira tecnologia de controlo biológico autóctone de aflatoxina em África Em 2009 a IITA e o USDA-ARS desenvolveram um produto autóctone de controlo biológico, de nome AflaSafeTM, que contém uma mistura de quatro estirpes atoxigénicas originárias da Nigéria num portador, que são os grãos de sorgo. Como acontece com qualquer produto novo, foi necessária muita documentação antes de poder implementar AflaSafeTM nos campos de agricultores. Com a ajuda dos serviços de um advogado de marcas comerciais e patentes contratado pelo IITA para trabalhar com um consultor do IITA, foi obtida a aprovação do Gabinete Nigeriano de Registo de Marcas Comerciais de Abuja para a marca comercial AflaSafeTM. Devido a limitações de tempo, os parceiros decidiram solicitar ao principal órgão de regulamentação nigeriano, a Agência Nacional para a Administração e Controlo de Alimentos e Medicamentos, (NAFDAC), o estatuto de Alhaji Sanusi C hamo-me Alhaji Sanusi e sou agricultor em Zaria, na Nigéria. Há dez anos que cultivo a terra, principalmente o milho. Durante muito tempo eu, e muitos outros agricultores da minha região, considerei a falta de insumos agrícolas, tal como fertilizantes, como a principal limitação aos meus esforços de cultivo deste importante cereal. De facto, durante muito tempo não sabia que existiam aflatoxinas. Embora observasse a existência de fungos nos grãos de milho, não compreendia bem o perigo que isso representava. Posso afirmar que não levei este problema a sério. Há alguns anos ouvi dizer que os investigadores da IITA estavam a realizar investigações numa quinta próxima. Interessei-me pelas suas actividades e convidei-os a visitar a minha quinta. Quando me visitaram ficaram impressionados com os meus esforços. A partir daí ficámos amigos e deram-me conselhos sobre problemas relacionados com a exploração agrícola. Os investigadores do IITA convidaram-me a assistir a um workshop sobre aflatoxinas realizado no seu centro em Ibadan e foi aí que fiquei a conhecer os efeitos profundos da aflatoxina na saúde das pessoas, assim como na economia em geral. Quando o IITA desenvolveu AflaSafe, a minha quinta foi seleccionada para a realização de ensaios. Na realidade, ela foi a primeira quinta em que o produto foi aplicado em toda a Nigéria. Os meus trabalhadores e eu próprio temos vindo a observar com interesse o progresso do milho na parcela em que se aplicou AflaSafe. Estamos encorajados pelos melhoramentos conseguidos, pois até à data não observámos sinais de fungos nos grãos. Os meus votos são que este produto fique facilmente disponível a todos os agricultores de milho da região. 32 Mais Perto da Promessa: Do Laboratório ao Campo À esquerda: Um agricultor espalha AflaSafeTM num campo de milho na Nigéria. "listado" para AflasafeTM, pendente do seu registo completo. Um estatuto de "listado" permite que a tecnologia seja testada em campos de agricultores com até 100 hectares em situações "reais", possibilitando deste modo o fabrico e teste de AflaSafeTM para que possam ser recolhidos mais dados da sua eficácia. Resposta entusiástica dos agricultores Durante os meses de Junho e Julho de 2009 produziramse quase duas toneladas de AflaSafeTM no IITA utilizando um protocolo de fabrico de escala laboratorial. Em seguida desenvolveu-se um sistema de embalagem compreendendo etiquetas do produto e fichas de instruções de segurança. Isto permitiu que o inóculo fosse transportado com segurança para o norte da Nigéria, em colaboração com o Projecto de Desenvolvimento Agrícola do Estado de Kaduna e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, (PNUD), onde AflaSafeTM foi distribuído por 86 agricultores em cinco áreas dos estados de Kaduna e Oyo. A distribuição de AflaSafeTM iniciou-se a 11 de Agosto, em colaboração com parceiros nas áreas de Maigana, Lere e Birnin-Gwari, um grupo de várias aldeias abrangidas pelo projecto Pampaida, todas do estado de Kaduna, e uma aldeia do governo local de Ogbomosho, no estado de Oyo. Dos 70,6 hectares tratados com AflaSafeTM, 95%, pertencentes a 80 agricultores, estavam plantados com milho enquanto os restantes 5%, pertencentes a 6 agricultores, estavam plantados com amendoim. Antes do tratamento com AflaSafeTM recolheram-se amostras de solo das parcelas para determinar a estrutura da população nativa de Aspergillus flavus. Na altura da colheita recolheram-se amostras de solo e de cereal para determinar a extensão das alterações na estrutura da comunidade de Aspergillus a favor das estirpes de controlo biológico aplicadas. Para cada campo tratado utilizou-se um campo adjacente como controlo, onde não se aplicara AflaSafeTM, para permitir a comparação da eficácia da tecnologia de controlo biológico em pares. Para este fim reservou-se um total de 40 hectares. As culturas foram tratadas em vários estágios de crescimento com diferentes dosagens, para determinar o intervalo de tempo e dosagem óptimos de tratamento. Em quase todos os campos as estirpes atoxigénicas começaram a produzir esporos nos grãos de portador, sorgo, no prazo de três dias após a aplicação. Em todas as áreas de ensaio foram realizadas apresentações sobre a aflatoxina e o controlo da mesma para os agricultores, dando-se especial atenção ao controlo biológico. Vários funcionários extensionistas receberam formação sobre o modo de tratamento dos campos dos agricultores com AflaSafeTM, antes de executarem esta operação nos seus distritos, inicialmente realizada sob supervisão de pessoal do IITA. Os funcionários da NAFDAC fiscalizaram a implementação de AflaSafeTM num dos campos de Ogbomosho, a colheita realizada em três campos do estado de Kaduna State e a recolha de amostras. Eles declararam-se satisfeitos com os procedimentos utilizados na implementação da tecnologia AflaSafeTM. Parceria com o sector privado A AATF e os parceiros apreciam o papel importantíssimo do sector privado na concretização de todos os benefícios de AflaSafeTM. A 14 de Julho a IITA, USDA-ARS e a AATF organizaram uma reunião com o Ministro Federal da Saúde da Nigéria, Prof. Babatunde Osotimehin, para discutirem o impacto das aflatoxinas na saúde e no comércio e a necessidade de as controlar. Os parceiros apresentaram ao ministro uma ideia conceptual, desenvolvida conjuntamente, sobre o controlo da aflatoxina. O Prof. Osotimehin pediu em seguida uma proposta de projecto para uma consulta interministerial com o Ministério da Agricultura. Ficou acordado que uma das componentes da proposta seria a aplicação de AflaSafeTM a uma escala maior por parcerias público-privadas. Além disto, o projecto Pampaida contactou três fabricantes de alimentos e rações com o objectivo de ligar agricultores a fabricantes. Prevê-se que os agricultores consigam vender o seu produto de alta qualidade a um preço mais alto aos fabricantes. Agricultores Adoptam AflaSafeTM, o Primeiro Produto Autóctone de Controlo Biológico de Aflatoxina em África 33 Desafios Um dos principais desafios apresentados pelo processo de distribuição e teste da eficácia de AflaSafeTM aos parceiros do projecto foi a subestimação do tempo e esforço necessários para a preparação do dossier de registo. Também se enfrentaram com a falta de clareza nos procedimentos de registo, uma vez que a NAFDAC não registara nenhum biopesticida anteriormente a AflaSafeTM. Portanto, alguns dos requisitos de protocolo e documentação necessários para o registo ainda eram novos, tanto para os funcionários da NAFDAC como para os parceiros do projecto. Os parceiros conseguiram ultrapassar estes obstáculos estabelecendo boas relações e boa comunicação com vários funcionários da NAFDAC em dois workshops. O primeiro foi o workshop de Formação para o Registo de Biopesticidas organizado em 2008 juntamente com o Serviço Exterior de Agricultura (FAS) do USDA. O segundo foi um workshop realizado em Março de 2009 para as partes interessadas, em que a NAFDAC, os parceiros do projecto e outras partes interessadas discutiram o potencial da tecnologia de controlo biológico. A procura de AflaSafeTM por parte dos agricultores que desejavam tratar os seus campos com este produto foi muito superior à quantidade de inóculo que podia ser produzida à escala laboratorial. Somente na área de Pampaida havia mais de 80 agricultores que desejavam tratar os seus campos, mas o projecto Pampaida Millennium Village, responsável pela distribuição, decidiu limitar os testes a 10 agricultores e a apenas cinco hectares. Além disto, e embora o sector privado tenha apoiado o projecto, ainda não é claro se as empresas, com excepção da Nestlé, estão na disposição de pagar um preço mais alto por milho e amendoim isentos de aflatoxinas. Etapas seguintes Em 2009 os agricultores que participaram no teste de eficácia receberam AflaSafeTM gratuitamente. Futuramente não será possível continuar a fornecer a tecnologia gratuitamente. Portanto, é necessário determinar se os agricultores estão na disposição de pagarem pelo produto, sendo então necessário conceber um plano de negócios para AflaSafeTM que inclua a produção comercial de AflaSafeTM. A NAFDAC aceitou um registo provisório de AflaSafeTM por um período de dois anos. Durante este período recolherse-ão dados em quintas para demonstrar a eficácia de AflaSafeTM na redução de aflatoxina e a NAFDAC fiscalizará as actividades durante os testes. Assim, será apresentado um relatório sobre a eficácia dos ensaios, com o objectivo de se cumprirem os requisitos de documentação necessários para o registo completo. A certificação das instalações de fabrico será solicitada aos Serviços de Inspectoria da NAFDAC. 34 Mais Perto da Promessa: Do Laboratório ao Campo Acima: Uma casa tradicional na Tanzânia. À Direita: Uma agricultora na sua quinta de sorgo no Quénia Ocidental. Conceito de Produto Controlo de Striga em Pequenas Quintas de Sorgo da África Subsariana Limitação O sorgo é o segundo cereal mais importante de África. O continente produz cerca de 20 milhões de toneladas de sorgo por ano, cerca de um terço da cultura mundial. O sorgo tem enorme potencial para se tornar um dos motores do desenvolvimento económico de África. Contudo, o rendimento de sorgo na ASS continua baixo devido a factores como más práticas agronómicas e falta de comercialização da cultura, que resultam em pouca utilização de tecnologias de aumento da produtividade, e a Striga, que afecta a maior parte das áreas de cultivo de sorgo na ASS. Há duas espécies de Striga que atacam o sorgo, a Striga hermonthica e a Striga aspera, sendo a hermonthica a que está mais disseminada e que causa maiores danos no sorgo. Vários estudos demonstraram que o sorgo é o principal hospedeiro para a reprodução de Striga, perpetuando assim a disseminação do parasita nos sistemas agrícolas. A erva daninha está muito disseminada e destrói 40% a 100% da cultura plantada numa estação em África. Um estudo de viabilidade realizado recentemente pela AATF sobre os potenciais benefícios do desenvolvimento de sorgo com resistência a herbicidas (sorgo HR) indica uma perda anual estimada em USD 7 milhares de milhões causada pela Striga. Existem provas esmagadoras de que apesar dos avanços nos métodos de controlo da Striga no sorgo, a erva daninha continua a contribuir para altos níveis de perda de produção. Estratégia Verificou-se recentemente que as variedades de milho resistentes a herbicida (imidazolinona) podem combater com sucesso as infestações de Striga no milho. Demonstrou-se que a tecnologia tem potencial para aplicação ao sorgo. Assim, as sementes de sorgo podiam ser revestidas com herbicida, como parte de uma abordagem integrada para impedir danos causados pela erva parasítica Striga hermonthica. A demonstração desta ideia mostrou que o sorgo HR tem potencial para proteger o sorgo contra a Striga, reduzir a colónia de sementes de Striga no solo e melhorar o Controlo de Striga em Pequenas Quintas de Sorgo da África Subsariana 35 rendimento do sorgo. O estudo de viabilidade do projecto realizado pela AATF na Etiópia, Mali e Nigéria indica que os potenciais benefícios incluem maior rendimento e maior receita, que vão de USD 11 milhões a USD 83 milhões, devido à utilização de variedades de sorgo HR. O seu sucesso irá depender da criação de uma boa parceria para o desenvolvimento e distribuição efectivos da tecnologia. A AATF está a explorar um projecto de parceria com a DuPont, universidade Kansas State University, Purdue e o Instituto Internacional de Investigação sobre as Culturas das Zonas Tropicais Semi-Áridas (ICRISAT) para o desenvolvimento de sorgo resistente a herbicida (HR), para o controlo da erva daninha Striga no sorgo. O projecto consolidará os actuais conhecimentos sobre o controlo de Striga, para aumento da produção deste cereal nas regiões áridas e semi-áridas em que o sorgo é a cultura cerealífera dominante na África Subsariana (ASS). 36 Mais Perto da Promessa: Do Laboratório ao Campo Acima: O solo viçoso do Uganda, vendose em primeiro plano uma propriedade rural tradicional. Acima à Direita: Uma estufa numa aldeia da província de Henan, na China. Abaixo à Direita: Tomates em estufa na China. Tecnologias Agrícolas Chinesas Podem Oferecer Novo Modelo de Cooperação China-África Em 2009 a AATF produziu o primeiro relatório exaustivo sobre a relevância das tecnologias agrícolas chinesas nos sistemas de exploração agrícola de pequenas quintas da África Subsariana (ASS), em colaboração com uma equipa de consultores. O estudo, encomendado pela Fundação Rockefeller em preparação para a reunião do Fórum 2009 para a Cooperação China-África (FOCAC) realizado no Egipto, oferece uma oportunidade para um novo modelo de cooperação entre a China e África. Antecedentes Em 2008 a Fundação Rockefeller encarregou a AATF de realizar um estudo sobre a relevância das tecnologias agrícolas chinesas nos sistemas de exploração agrícola de pequenas quintas da África Subsariana (ASS), como preparação para a reunião do quarto Fórum para a Cooperação China-África (FOCAC). O FOCAC é o principal mecanismo de diálogo estruturado entre a China e África e o Fórum 2009 ofereceu uma oportunidade para catalisar novas ideias sobre a cooperação chinesa-africana. Os objectivos do projecto incluem a realização de uma avaliação das limitações de produtividade enfrentadas pelos pequenos agricultores na ASS; nível de envolvimento chinês na agricultura africana; investigação das tecnologias agrícolas que os pequenos agricultores chineses têm à sua disposição e que podem ser utilizadas nas pequenas explorações agrícolas africanas para abordar Tecnologias Agrícolas Chinesas Podem Oferecer Novo Modelo de Cooperação China-África 37 as limitações de produtividade; identificação dos critérios de selecção das tecnologias agrícolas chinesas adequadas para os pequenos agricultores da ASS; e descrição pormenorizada das estratégias de acesso e transferência dessas tecnologias para os pequenos agricultores da ASS. Investigação em África Para salientar as limitações enfrentadas pelos pequenos agricultores na ASS, a investigação foi realizada em nove países: Quénia, Etiópia, Tanzânia, Gana, Burkina Faso, Nigéria, Malawi, Moçambique e Zâmbia, para representar a África Oriental, Ocidental e Meridional. A informação foi obtida dos Sistemas Nacionais de Pesquisa Agrícola (NARS), ministérios governamentais dos vários países, órgãos regionais e continentais, como a Comunidade da África Oriental (EAC), Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), Nova Parceria para o Desenvolvimento Africano (NEPAD), Associação para o Reforço da Investigação Agrícola na África Central e Oriental (ASARECA), Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) e o Conselho da África Ocidental e Central para a Investigação e Desenvolvimento Agrícolas (CORAF). A equipa também analisou dados de Organizações Não Governamentais (NGO), Organizações de Base Comunitária (OBC), universidades agrícolas e organizações privadas. Esta investigação revelou inúmeras limitações à produtividade agrícola na ASS, incluindo solos pobres, seca, acesso limitado a variedades melhoradas, falta de recursos de irrigação, más técnicas de recolha e gestão de águas pluviais, alta incidência de pragas e doenças, pouca mecanização, poucas actividades de investigação e extensão e políticas governamentais agrárias ineficazes. Investigação das tecnologias agrícolas chinesas As tecnologias usadas no sector agrícola chinês foram examinadas e fez-se uma avaliação das que seriam úteis para utilização nas explorações agrícolas de pequenos agricultores da ASS. Estudaram-se também vias estruturadas para acesso e utilização destas tecnologias pelos pequenos agricultores da ASS. O estudo definiu uma série de tecnologias agrícolas chinesas que seriam úteis na ASS, cobrindo desde tecnologias básicas a tecnologias de ponta. Estas incluíram melhoramento de plantas assistido por marcadores, aperfeiçoamento do germoplasma usando técnicas de melhoramento convencionais e moleculares, controlo de pragas e doenças, mecanização, previsão do clima e sistemas de informática. O estudo determinou que várias técnicas agrícolas chinesas podiam ser úteis para a resolução das limitações enfrentadas por pequenos agricultores africanos. As principais tecnologias chinesas identificadas incluem: 38 Mais Perto da Promessa: Do Laboratório ao Campo • variedades de culturas melhoradas, tal como o super arroz híbrido, cuja utilização de fertilizantes é altamente eficaz, com rendimentos que podem chegar às 13,5 toneladas por hectare, podendo essas culturas ser adequadas para as regiões de cultivo do arroz da ASS • variedades de trigo e milho de alto rendimento, com resistência a múltiplas doenças • fertilizantes de libertação lenta • tecnologias de sequeiro e técnicas de conservação e recolha de água. As possíveis tecnologias que poderiam ser transferidas da China incluíam irrigação suplementar, microirrigação e mulch plástico. O seguinte também foi considerado útil para África: práticas e políticas de gestão dos terrenos; reorganização de um sistema de extensão agrícola presentemente moribundo; tecnologias para a redução de perdas pós-colheita; mecanização utilizando tecnologias apropriadas para aumentar a produtividade da mão-deobra; e sistemas de exploração integrada de aquicultura que visam a produção conjunta de peixe, gado e culturas. O estudo recomendou uma estratégia para a adopção destas tecnologias para benefício dos pequenos agricultores de África. Com base na experiência chinesa, a importância da facilitação através da criação de um ambiente propício incluindo capacidade dos sistemas de informação, investigação e extensão, grupos de agricultores, mercados e infra-estrutura, foi considerada fundamental para a exploração do potencial impacto das tecnologias agrícolas. O relatório da AATF propôs que o FOCAC podia ser utilizado como canal de facilitação do acesso e distribuição destas tecnologias aos pequenos agricultores da ASS. O relatório recomendou ainda que o fórum devia focar-se na estimulação da produção agrícola em África, como alicerce para o crescimento económico. Também propôs que o Fundo de Desenvolvimento China-África (CADFund) fosse utilizado para projectos de investimento na agricultura. Neste aspecto chamou-se a atenção para a necessidade de maior consciencialização para o fundo e para a sua via de acesso, para benefício mútuo do agricultor africano, por um lado, e do investidor chinês, por outro. O relatório propôs parcerias público-privadas, investigação e extensão colaborativas, intervenção de políticas, criação de capacidade, desenvolvimento de infra-estruturas e mercados eficientes, como opções para a transferência das tecnologias agrícolas chinesas. Contudo, o relatório alertou que o sucesso destes esforços depende de certos pré-requisitos ambientais e de infra-estrutura. Por exemplo, uma análise rápida da reforma agrária na China sugeriu que a política do ambiente, que possibilitou o crescimento agrícola na China, é muito diferente da actual situação em África. Para a produção agrícola na ASS deixar de ser apenas agricultura de subsistência é imperativo o desenvolvimento de uma infra-estrutura de mercado que traga mudanças positivas para as circunstâncias socioeconómicas dos pequenos agricultores da ASS. O relatório da AATF forneceu uma oportunidade de introduzir um novo modelo de cooperação entre a China e a África. Além do comércio, quaisquer investimentos feitos pela China podiam ser suplementados pelo acesso às tecnologias agrícolas chinesas relevantes para estimular Tecnologias Agrícolas Chinesas Podem Oferecer Novo Modelo de Cooperação China-África 39 o desenvolvimento agrícola africano, com o fim de aliviar a pobreza e conseguir suficiência alimentar. Assim, o projecto ajudou a integrar a agricultura como prioritária na cooperação tecnológica e económica entre a China e África. Enquanto África possui recursos naturais abundantes, a China é um grande país agrícola com tecnologias agrícolas estabelecidas e aplicáveis. A investigação destacou o progresso, desafios e lições extraídos da implementação dos compromissos agrícolas chineses assumidos durante a reunião do FOCAC de 2006, que são essenciais para os decisores. Ela também realçou as actuais limitações de produtividade que afectam a produtividade agrícola na ASS. O relatório catalogou as tecnologias agrícolas chinesas disponíveis que podem ser exploradas para transformar a agricultura africana através de parcerias público-privadas. Abriu também o diálogo informado entre os chefes de estado dos países africanos e da China, em termos da identificação de áreas de investimento agrícola favoráveis. O relatório irá também consciencializar os decisores africanos para as novas áreas em que a China poderá contribuir para o desenvolvimento agrícola de África e salientar o papel que a AATF poderá desempenhar na facilitação do acesso a estas tecnologias e na sua implementação pelos pequenos agricultores em África. O estudo contribuiu para o mandato da AATF, de exploração de tecnologias agrícolas para benefício dos pequenos agricultores de África. Isto resultou na identificação de várias tecnologias exclusivas e a formulação dos planos para o seu acesso será efectuada na devida altura. O relatório foi distribuído aos representantes dos países da SADC, EAC, CORAF/WECARD, União Africana (UA), ECOWAS, Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e Cimeira China-África durante a reunião do FOCAC realizada no Cairo de 6 a 8 de Novembro de 2009. Etapas seguintes A AATF iniciou os planos que culminarão na aquisição de tecnologias agrícolas exclusivas identificadas, incluindo o desenvolvimento de resumos para possíveis projectos. A informação do estudo será partilhada com os decisores que negociarão com a China, para assegurar que estão bem informados para participarem nas discussões, para benefício dos países africanos. À Esquerda: Um grupo de casas rodeadas por terras de cultivo na Tanzânia. À Direita: Estufa para horticultura. 40 Mais Perto da Promessa: Do Laboratório ao Campo Acima: Uma propriedade rural tradicional no Quénia. Á Direita: Alguns dos participantes no lançamento da Divisão da Nigéria do OFAB em Abril de 2009. OFAB: Sensibilização para as Tecnologias Agrícolas Avançadas A necessidade da aplicação de tecnologias agrícolas avançadas para resolver os stresses bióticos e abióticos que continuam a devastar a agricultura africana é cada vez maior. À medida que esta necessidade aumenta, torna-se mais premente a sensibilização e aceitação do público para as novas tecnologias, como as da biotecnologia. A iniciativa do Fórum Livre para a Biotecnologia Agrícola em África (OFAB) continuou a ser um vector importante para esta sensibilização. O OFAB, uma iniciativa da AATF, opera actualmente em quatro países de África, reunindo um grande leque de partes interessadas no desenvolvimento agrícola africano. O fórum possibilita a interacção entre cientistas, jornalistas, industriais, representantes de organizações da sociedade civil, legisladores e os que formulam e decidem as políticas que afectam a agricultura. O Fórum dá a estes grupos oportunidades de partilha de conhecimentos e experiência, intercâmbio de informações, criação de novos contactos e exploração de novas vias para fazer chegar aos pequenos agricultores de África os benefícios da biotecnologia. Ao mesmo tempo, dá aos participantes a oportunidade de apresentarem e debaterem as suas preocupações sobre assuntos relacionados com a segurança e os riscos imaginários da biotecnologia, especialmente os dos organismos geneticamente modificados (OGM). O número de países onde opera uma divisão do OFAB aumentou de dois para quatro durante o ano passado. Foram lançadas novas divisões na Nigéria e na Tanzânia OFAB: Sensibilização para as Tecnologias Agrícolas Avançadas 41 para complementar as do Quénia e do Uganda. O OFAB da Nigéria é uma parceria entre a AATF, a Agência Nacional de Desenvolvimento da Biotecnologia da Nigéria (NABDA) e o Conselho de Investigação Agrícola da Nigéria (ARCN). Esta divisão foi lançada em Abril de 2009 em Abuja, Nigéria. A divisão da Tanzânia foi lançada em Maio de 2009 em Dar es Salaam e é uma parceria entre a AATF e a Comissão para a Ciência e a Tecnologia da Tanzânia (COSTECH). As reuniões mensais do OFAB, organizadas para a hora do almoço, continuaram durante o ano nos quatro países, com vários tópicos para discussão. No Uganda, os tópicos apresentados e discutidos incluíram o papel das intervenções da biotecnologia nas doenças da murchidão da banana e do café e no sector do gado e do algodão. O fórum continuou a proporcionar um veículo para debates e discussões sobre a proposta Lei da Segurança Biológica, que ainda está a ser formulada. O lançamento da divisão na Nigéria foi recebido com muito entusiasmo. Às reuniões assistiram representantes dos média, cientistas e funcionários-chave dos ministérios da ciência e da tecnologia, informação e comunicação, comércio e indústria e do ambiente. Às reuniões assistiram também outros decisores, incluindo membros dos comités parlamentares sobre agricultura. O ponto culminante das actividades da divisão foi o fórum de Novembro, organizado especificamente para sensibilizar e preparar as partes interessadas para a audiência pública da Lei da Segurança Biológica, a ter lugar em Dezembro. O OFAB da Tanzânia foi bem recebido como uma das vias que promoveria melhor compreensão da biotecnologia pelo público. Isto teve uma importância especial para a Tanzânia devido à pouca sensibilização e compreensão da biotecnologia pelo público deste país e o reconhecimento da relação entre a aplicação bem sucedida da biotecnologia na investigação, com vista ao desenvolvimento, e a aceitação dos respectivos produtos. Durante o lançamento da divisão o Ministro da Agricultura, Segurança Alimentar e Cooperativas da Tanzânia, o Ilustre Stephen Wasira, destacou o "Programa da Revolução Verde" do governo, afirmando que tal programa visava abordar as limitações agrícolas e aumentar a produtividade. A revolução verde, afirmou o ministro, será conseguida através do uso de tecnologias agrícolas modernas e inovadoras, que poderão incluir métodos convencionais, assim como a moderna biotecnologia. Algumas das principais apresentações e discussões no OFAB da Tanzânia centraram-se na possível contribuição e sucesso da engenharia genética da mandioca no combate às doenças e numa palestra pública sobre a evolução da indústria da biotecnologia, desde a investigação, desenvolvimento do produto até à comercialização. A divisão do OFAB no Quénia continuou a crescer e a melhorar a variedade de tópicos para discussão. Uma das sessões mais interactivas e com maior audiência foi moderada por um teólogo sobre as perspectivas teológicas da biotecnologia, em que ele abordou preocupações éticas sobre biotecnologia, especialmente a de que a biotecnologia está a assumir-se o "papel de Deus". A plataforma interactiva proporcionada pelo OFAB nos países provou ser um meio eficaz para envolver os vários públicos na discussão da biotecnologia agrícola e na sua utilidade em África. Também proporcionou uma via ideal para interacção entre os média e os cientistas e para contribuir para a consciencialização para a biotecnologia. 42 Mais Perto da Promessa: Do Laboratório ao Campo Acima: Casas tradicionais de uma aldeia rural na África do Sul. Relatório Financeiro Esta demonstração financeira auditada cobre o período de Janeiro de 2009 a Dezembro de 2009 e fornece dados comparativos para os dois exercícios anteriores (2008 e 2007). Receita A receita total para este período foi inferior à de 2008 devido a um subsídio remanescente de cerca de USD 5.000.000 ter sido adiado para o ano 2010. A base de doadores da AATF alterou-se ligeiramente durante este período devido a uma mudança de estratégia da Fundação Rockefeller em 2008 e à decisão de esta não renovar o seu subsídio à nossa organização. Contudo, a AATF continuou a receber o apoio e empenhamento da Fundação através de outras iniciativas. Queremos expressar a nossa grande apreciação a todos os nossos doadores pela sua confiança e apoio continuados. Despesas Uma análise geral das despesas para este período comparadas com as do ano anterior mostra uma diminuição de 24% com despesas de projecto e um aumento de 23% nas despesas de gestão e despesas gerais. O baixo valor das despesas de projecto em 2009 resultou de saldos remanescente do projecto WEMA no final de 2008, o que originou um menor desembolso de fundos para os parceiros em 2009. As despesas de gestão e as despesas gerais permaneceram de modo geral ao mesmo nível das de 2008 e o aumento observado na demonstração financeira resultou de perdas devidas ao câmbio. A atribuição de fundos este ano está em linha com o modelo de trabalho da AATF, por meio de parcerias. Do total de USD 10.530.811 gastos, USD 6.473.625 (72%) foram dedicados a actividades de investigação subcontratadas, um valor 3% superior ao de 2008, em que a percentagem foi 69%. Défice A demonstração financeira apresenta um défice de cerca de USD 1.000.000, o que significa que a despesa para o ano é superior à receita referente ao mesmo período. Este défice é devido ao adiamento de uma despesa de cerca de USD 5.000.000 em 2010. O excesso de despesa foi financiado por um superavit transportado do ano 2008. As tabelas abaixo são um resumo das actividades e um extracto da posição financeira. Relatório Financeiro 43 Resumo da demonstração de actividades (versão resumida) para o período de Janeiro de 2009 a Dezembro de 2009 2009 (USD) 2008 (USD) 2007 (USD) Subsídios Outras receitas 9.514.286 14.794.436 3.508.692 2.802 189.267 83.905 Receita total 9.517.088 14.983.703 3.592.597 8.977.526 11.827.954 2.920.759 1.553.285 1.258.017 711.131 Despesa total 10.530.811 13.085.971 3.631.890 Superavit/(défice) para o período (1.013.723) 1.897.732 (39.292) Receita Despesas Despesas relacionadas com o projecto Despesas de gestão e despesas gerais Parecer das posições financeiras (versão resumida) a 31 de Dezembro de 2009 2009 (USD) 2008 (USD) 2007 (USD) 157.634 1.359 158.993 76.061 76.061 30.911 30.911 2.176.994 4.000.000 6.671.009 541.840 1.283.669 950.726 2.776.235 388.538 1.042.076 323.122 1.753.736 6.830.002 2.852.296 1.784.647 5.109.739 304.874 423.184 1.000.000 253.267 5.414.613 423.184 1.253.267 797.789 617.600 1.283.731 1.145.381 165.528 365.852 Saldo total do fundo 1.415.389 2.429.112 531.380 Passivo total e saldo total do fundo 6.830.002 2.852.296 1.784.647 Activos Activos imobilizados Equipamento e veículos a motor Activos incorpóreos Activos imobilizados totais Activos a curto prazo Banco e caixa Depósito à ordem Depósito fixo Devedores Activos a curto prazo totais Activo total Passivos e saldos do fundo Passivos a curto prazo Subsídios remanescentes a pagar Credores e despesas acumuladas Passivo total Saldo do fundo Limitado Ilimitado 44 Mais Perto da Promessa: Do Laboratório ao Campo Membros do Conselho da AATF - 2009 1 • Walter S Alhassan (Presidente do Conselho) Coordenador do programa Agricultural Biotechnology Support Project II (ABSPII) Coordenador Sub-regional para a África Central e Ocidental, Programa para Sistemas de Segurança Biológica (PBS) Acra, Gana 2 • Idah Sithole-Niang (Vice-Presidente do Conselho) Professora Departamento de Bioquímica Universidade do Zimbabwe 3 • Assétou Kanouté Coordenadora, Reseau Ouest et Centre Afrique pour la recherche participative agricole/Rede da África Central e Ocidental para a Promoção de Investigação Agrícola Participativa (ROCAPA/WECANPAR) Bamako, Mali 4 • Kevin B Nachtrab Conselheiro Jurídico Sénior, Patentes, Johnson & Johnson Bélgica 5 • Eugene Terry Atecho & Associates Washington DC, EUA 6 • Wilson Songa Secretário da Agricultura, Ministério da Agricultura Nairobi, Quénia 7 • Alhaji Bamanga Mohamed Tukur Presidente do Grupo, BHI Holdings Limited (Grupo de Empresas Daddo) Lagos, Nigéria 8 • Josephine Okot Directora Geral, Victoria Seeds Ltd Kampala, Uganda 9 • Michio Oishi Director, Instituto de Investigação de ADN de Kazusa Kazusa-kamatari, Kisarazu, Chiba, Japão 10 • Adrianne Massey Mandante, A Massey & Associates Chapel Hill, Carolina do Norte, EUA 11 • Daniel Fungai Mataruka Director Executivo Fundação Africana para as Tecnologias Agrícolas Nairobi, Quénia Membros do Conselho da AATF - 2009 45 1 4 5 8 9 10 2 3 6 7 11 46 Mais Perto da Promessa: Do Laboratório ao Campo Pessoal da AATF - 2009 1 2 1 • Daniel Fungai Mataruka • Director Executivo 2 • Hodeba Jacob D Mignouna • Gestor de Operações Técnicas 3 • Moussa Elhadj Adam • Gestor de Administração e Finanças 4 • Richard Boadi • Conselheiro Jurídico 5 • Alhaji Tejan-Cole • Conselheiro Jurídico 6 • Francis Nang’ayo • Gestor de Assuntos Regulamentares 7 • Gospel Omanya • Gestor de Sistemas de Sementes 8 • Nancy Muchiri • Gestora de Comunicações e Parcerias 9 • Nompumelelo H Obokoh • Gestora de Projecto, Feijão-frade 10 • George Marechera • Especialista de Agro-indústrias 11 • Sylvester Oikeh • Gestor de Projecto, WEMA 12 • Zainab Ali • Assistente Especial do Director Executivo 13 • George Obanyi • Responsável por Comunicações 14 • Peter Werehire • Responsável por Publicações e Website 15 • Grace Wachoro • Responsável por Comunicações do Projecto 16 • Stella Simiyu-Wafukho • Responsável do Programa 17 • David Tarus • Assistente do Programa 18 • Jacquine Kinyua • Assistente Administrativa 19 • Martin Mutua • Responsável por Finanças 20 • Maurice Ojow • Contabilista do Projecto 21 • Nancy A Okita • Auxiliar de Administração/Recursos Humanos 22 • Fatuma Wario • Assistente Administrativa/Coordenadora de Eventos 23 • Samuel M Kariuki • Assistente Administrativo 24 • Joan Abila-Oballa • Coordenadora de Eventos 25 • Grace Obuya • Assistente Administrativa 26 • Gordon Ogutu • Assistente de Protocolo e Ligação 27 • George Njogu • Motorista 21 3 4 9 10 15 16 22 23 Pessoal da AATF - 2009 47 5 6 7 8 11 12 13 14 17 18 19 20 24 25 26 27 48 Mais Perto da Promessa: Do Laboratório ao Campo Publicações da AATF - 2009 AATF [African Agricultural Technology Foundation]. 2009. Annual Report 2007. Towards a Prosperous and Food Secure Africa: Progress and Promise. Nairobi, Quénia: Fundação Africana para as Tecnologias Agrícolas, 36 páginas. AATF [African Agricultural Technology Foundation]. 2009. Annual Report 2008. Addressing Farmers’ Constraints Through Scienti4c Interventions. Nairobi, Quénia: Fundação Africana para as Tecnologias Agrícolas, 48 páginas. AATF [African Agricultural Technology Foundation]. 2009. Baseline Study of Smallholder Farmers in Striga Infested Maize Growing Areas of Central Malawi. Nairobi, Quénia: Fundação Africana para as Tecnologias Agrícolas, 72 páginas. AATF [African Agricultural Technology Foundation]. 2009. Baseline Study of Smallholder Farmers in Striga Infested Maize Growing Areas of Eastern Tanzania. Nairobi, Quénia: Fundação Africana para as Tecnologias Agrícolas, 77 páginas. AATF [African Agricultural Technology Foundation]. 2009. Baseline Study of Smallholder Farmer in Striga Infested Maize Growing Areas of Central Malawi. Nairobi, Quénia: Fundação Africana para as Tecnologias Agrícolas, 82 páginas. AATF [African Agricultural Technology Foundation]. 2009. Feasibility Study on Technologies for Improving Banana for Resistance Against Bacterial Wilt in Sub-Saharan Africa. Nairobi, Quénia: Fundação Africana para as Tecnologias Agrícolas, 92 páginas. AATF [African Agricultural Technology Foundation]. 2009. Rapport annuel 2007. Vers une Afrique prospere et de securite alimentaire: Progres et promesses. Nairobi, Quénia: Fundação Africana para as Tecnologias Agrícolas, 36 páginas. Ekeleme F, Kamara AY, Oikeh SO, Omoigui LO, Amaza P and hikoye D. 2009. Response of upland rice cultivars to weed competition in the savannas of West Africa. Crop Protection 28: 90-96. Koné B, Diatta S, Oikeh S, Yoro G, Mameri C, Desiré DD and Ayemou A. 2009. Estimation de la fertilité potentielle des ferralsols par la couleur. 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Oikeh SO, Toure A, Sidibe B, Mariko M and Niang A. 2009. Responses of upland NERICA rice varieties to nitrogen and plant density. Archives of Agronomy and Soil Science 55: 304-314. Okeleye K, Oikeh SO, Aderibegbe S, Okonji C, Nwilene F, Ajayi O. 2009. Influence of legume/rice sequence and nitrogen on NERICA rice in rainfed upland and lowland ecologies of West Africa (7 de Agosto de 2009). The Proceedings of the International Plant Nutrition Colloquium XVI. Paper 1423. http://repositories.cdlib.org/ipnc/xvi/1423 (Acedido a 25 de Março de 2010) African Agricultural Technology Foundation Fundação Africana para as Tecnologias Agrícolas PO Box 30709 – 00100 Nairobi, Quénia e-mail: [email protected] • website: www.aatf-africa.org Telefone e Fax: Directo Central telefónica: +254 (0)20 422 3700 Fax: +254 (0)20 422 3701 Via EUA Telefone: +1 650 833 6660 3700 Fax: +1 650 833 6661 3701