O jornal em - Acontece no Agrupamento

Transcrição

O jornal em - Acontece no Agrupamento
Já algum dia visitou Cascais? pág. 4 e5
Sermão à juventude
“fast food”, pág.8
JORNALANDO
3º período 2016
Coordenação: Cecília Sucena e Dalila Chumbinho
EXPERIÊNCIA A BORDO DO NAVIO CREOULA, pág.16
Projeto Erasmus+KEYCOMPS
Decorreu entre 18 e 21 de maio o encontro de nove escolas
europeias, na localidade polaca de Ruda Slaska, no âmbito do
projeto Erasmus + “Keycomps”.
Participaram nestas reuniões as alunas Maria Soares (10ºB) e
Leonor Pacheco (10ºD) em representação da nossa escola, acompanhadas dos professores Paula Menezes
e Luís Ferreira. No decorrer do encontro ,tanto as alunas como os professores ,apresentaram os trabalhos
realizados na escola e participaram em workshops. As comitivas dos diferentes países foram recebidas
pela Vice-presidente da Câmara Municipal, tendo sido trocadas pequenas lembranças entre as
delegações. Durante este encontro foram ainda realizadas visitas culturais, tais como a uma mina de
carvão, aos campos de concentração de Auschwitz e Birkenau, e ainda a cidade de Cracóvia. O balanço
deste encontro é bastante positivo, quer pelo reconhecimento unânime da qualidade dos trabalhos, quer
pelo convívio entre os jovens e professores das várias escolas representadas.
Projeto “Nós Propomos”
No dia 13 de maio de 2016, a turma do 11º D, acompanhada
pela professora de geografia, Filomena Clemente, pela
diretora, Drª Teresa Lopes, e pelo professor Dr. António Lopes,
do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território IGOT, apresentou ao Presidente da Câmara Municipal de
Cascais, Dr. Carlos Carreiras, as suas propostas para problemas
identificados no concelho, tendo em vista a sua eventual implementação.
Este ano, o Projeto (5ª edição) contou com cerca de 300 propostas. A seleção da proposta
vencedora, Requalificação da Ribeira das Vinhas, da turma do 11º D, foi realizada por um júri
nacional, integrado por professores das escolas e representantes do Ministério da Educação e de
associações socioprofissionais de Geografia.
Desporto Escolar – Patinagem
Com a participação de dezoito atletas, o Agrupamento de Escolas Ibn Mucana fez
parte do quarto e último Encontro de Patinagem que teve lugar na escola sede.
O Encontro de Patinagem incluiu as provas de Corridas, de Percurso de Destreza
e de Hóquei em Patins. A nossa escola esteve em grande destaque, conquistando
em todas os escalões os lugares cimeiros.
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“E SE FOSSE EU?”
“E se Fosse Eu?”, atividade promovida pela Direcção Geral de Educação, ACM, CNJ e Plataforma de Apoio aos
Refugiados, no dia 6 de abril, levou os alunos a pensar no que levariam para o seu país de acolhimento se estivessem no
lugar dos refugiados.
Nos últimos tempos, temos sido bombardeados com notícias acerca dos refugiados e suas dificuldades. É
impossível imaginar a dor e a angústia das pessoas que são obrigadas a sair de casa e abandonar as suas vidas e tudo o
que construíram. Se eu estivesse numa situação destas- diz a Cláudia
Soares do 9ºE- a minha mala seria a única coisa que me lembraria a minha
casa. A minha mala seria o meu bem mais precioso, pois toda a minha vida
iria estar no seu interior.
Também o Tiago Santos, da mesma turma, diz “com esta
atividade aprendi a respeitar e não a julgar as pessoas pela sua maneira
de ser. Como diz o velho ditado “ Não faças aos outros, o que não queres
que te façam a ti”; portanto, se estivéssemos na mesma situação, não
iríamos gostar de ser maltratados. Somos todos seres humanos, temos
sentimentos, e é por isso que “temos de ser uns para os outros”. Esta
atividade fez-me perceber que, se eu estivesse na mesma situação,
também não gostaria que me julgassem só pela aparência ou por ser um
refugiado. Em caso de necessidade, eu levaria na minha mochila os
seguintes objetos: kit de sobrevivência, kit de medicina com
medicamentos essenciais, fotos plastificadas da minha família e objetos
que me relacionassem com esta. Algumas peças de vestuário e mantas. Levaria também comida enlatada. Mas, na
verdade, esta é uma situação pela qual não gostaria de passar”.
Ainda a propósito, escreve a Lara Gomes, do 9ºE: na atualidade há muitos países a ser bombardeados e em
guerra entre si. Uma das consequências destas tragédias é o país ficar totalmente destruído e as pessoas que nele vivem
terem de abandonar a sua pátria, refugiando-se noutros países para conseguirem viver a salvo. Se eu fosse um refugiado,
levaria uma mochila com produtos de higiene, roupa, documentos, dinheiro, objetos de valor simbólico, comida, água e
uma manta.
Na minha opinião, a experiência de levarmos uma mochila sensibilizou-me, pois pensei melhor na situação
destas pessoas que estão em constante sofrimento porque ficaram sem o seu cantinho, algumas passam fome, frio e,
principalmente, vivem numa enorme tristeza.
Participação dos alunos do 9ºE
A NOSSA TERRA
A terra onde nascemos é, muitas vezes, o local onde crescemos, aprendemos e criamos memórias.
Acaba por ser a nossa “terra mãe” e o nosso ninho de conforto, onde nos sentimos vivos e aconchegados,
isto porque vivemos histórias nesta terra das quais não nos esquecemos e a nossa personalidade, à
medida que crescemos, é influenciada pelo ambiente em que vivemos.
Hoje em dia, temos o exemplo de inúmeros jovens que foram concluir os estudos noutras cidades, países
ou até continentes, tal como adultos, sozinhos ou famílias completas ,que vão de viagem para outras
terras à procura de melhores condições de vida. Inúmeras são as razões que podem levar alguém a
deixar a sua terra de origem, sejam estas económicas, políticas ou sociais. Para uns, é um processo fácil
o de se ambientarem a novas formas de vida. Para outros, é complicado ambientarem-se a um espaço
que “não é o seu”.
A verdade é que, por muito que alguém percorra o mundo, as suas raízes de origem estarão
eternamente num só local. Sítio este que, por várias vezes, para aqueles que emigram, traz saudades e a
nostalgia de rever cada praia, jardim e ruas que lá existem. A terra onde nascemos acompanhar-nos-á
sempre na vida pelas marcas que esta deixa em nós
Catarina Santos, 12ºC
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REPORTAGEM:
JÁ ALGUM DIA VISITOU CASCAIS?
espaço muito agradável com uma zona para merendar,
um parque infantil, muita relva e um lago com patos.
Fomos depois ao Museu Paula Rego onde se
encontram obras espetaculares da pintora. Deparámonos com diversas camionetas de turistas, o que indica
ser muito visitado.
Com menos movimento turístico, mas também de
grande importância, segue-se o Museu do Mar Rei D.
Carlos. É um museu visitado por turistas e também por
residentes por causa do serviço educativo que o museu
tenta estabelecer com o público através de workshops,
oficinas, conferências, etc.
Cascais é uma vila portadora de inúmeros pontos de
atração.
A nossa reportagem tem início na Marina de Cascais,
zona onde se situam os barcos e onde se encontram
diversos restaurantes, um cabeleireiro, escola de vela,
etc.
Dos diversos restaurantes que visitámos houve um que
nos despertou especial atenção por ser exclusivo a
sócios, estrangeiros ou não, e participantes de regatas
nacionais e internacionais. As estantes estão
carregadas de taças e troféus adquiridos em provas de
desportos marítimos.
Em frente ao museu temos a Igreja Matriz de Nossa
Senhora da Assunção e do seu lado direito há uma
estátua do Beato João Paulo II que também dá nome à
rotunda, perto da qual se localiza o Centro Cultural de
Cascais, em cujo auditório se realizam concertos, para
além das exposições que podem ser visitadas nos
espaços adjacentes. Mas nós resolvemos descer para o
centro pelo lado esquerdo da Igreja Matriz. À medida
que se desce, pode-se apreciar os diferentes o tipo de
casas que nos rodeava. De facto, o centro de Cascais
nada tem a ver com os arredores. Deparámo-nos,
entretanto, com uma vista espetacular da Baía de
Cascais, mas giro foi ver um senhor que posava para
uma fotografia, imitando a estátua que estava junto
dele.
Do pontão, usufruímos da vista sobre a praia dos
pescadores e da zona piscatória onde, de madrugada,
chegam os barcos com peixe fresquinho. Passámos
depois o Hotel Baía, que tem vista sobre a praia dos
pescadores, a estátua do nosso ilustre rei e fomos em
direção à Câmara Municipal de Cascais, avançando até
ao Largo de Camões, onde se concentram inúmeras
pessoas, especialmente à noite, pois é uma zona
Logo a seguir, sobressai na paisagem o farol de Santa comercial e de lazer, com diversos bares que animam o
Marta, cuja esplanada é muito agradável e onde
resolvemos parar para descansar e comer qualquer
coisa. Por preguiça nossa, apanhámos uma boleia até à
Boca do Inferno mas nada que não se tivesse feito a
pé. Esta é uma zona onde praticamente só se
encontram turistas. Tem uma área de cafés, de venda
de pantufas, mas nós ficámos pela compra de um
postal. É um local interessante, não só pela paisagem,
mas pela lenda que lhe está associada- a lenda da Boca
do Inferno.
Ao sair-se da Marina encontra-se do lado direito o
Baluarte da Cidadela de Cascais, mas, ao invés de
virarmos para o Baluarte ,seguimos caminho para a
esquerda e fomos ter a um edifício cuja arquitetura é
interessantíssima. Achámos graça aos diversos feitios
e tamanhos de janelas numa fachada não muito
grande. Falamos da Casa de Santa Maria.
Depois da Boca do Inferno, regressámos quase ao
nosso ponto de partida. Estávamos no Jardim Condes
de Castro Guimarães onde se encontra um museu com
o mesmo nome que tem uma fonte muito bonita,
centro de Cascais.
localizada num edifício dos anos 40.
Passeámos depois pelo jardim e encontrámos um
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Apesar de o centro de Cascais não ser muito grande,
a vila tem muito para visitar. Tivemos então que subir
novamente para conhecermos o famoso Teatro Gil
Vicente. Passeámos por aquelas ruas para tentar
descobrir a casa do nosso Presidente da República,
mas não conseguimos dar com ela. E, como curiosas
que somos, fomos ao Restaurante Cem Vícios admirar
a vista panorâmica sobre Cascais.
Os autocarros de turistas teimavam em passar.
Um local de passagem obrigatória é a gelataria Santini
mas, para nós, foi mesmo de passagem, pois os
gelados fomos comê-los ao Mc Donald`s onde os
preços são mais acessíveis à nossa bolsa. Na mesma
rua, abriu recentemente a “Nut`s Cascais”, que se
encontrava a rebentar pelas costuras, como diz o
povo. A Pergola House, situada também na Av.
Valbom, alberga turistas e todos aqueles que ali
queiram pernoitar, mas é também um salão de chá
requintado. Depois do geladinho, seguimos em
direção à Rua Direita, a rua mais famosa de Cascais e
que concentra em si muito comércio. Esta rua
também tem artistas que ganham a vida a tocar,
pintar, etc. em troca de uma moedinha.
As praias são a principal atração turística de Cascais.
Já no final do dia, e já um pouco cansadas, andámos
pelo paredão, percorrendo algumas das praias da
costa do Estoril, como é exemplo a praia da Conceição
e a da Rainha.
Não podemos deixar de referir o mercado de Cascais
espaço dedicado à venda de produtos alimentares,
mas também onde atualmente se realizam alguns
eventos pontuais como os Santos Populares,
visualização de grandes jogos de futebol, etc.
Com esta reportagem, concluímos que Cascais é uma
vila espetacular para se viver, para fazer turismo, para
descansar, etc. Apercebemo-nos que nos focámos
apenas no centro por ser a zona mais interessante,
mas a vila é muito mais do que o
centro histórico. Sendo rica em termos
culturais e paisagísticos.
Bárbara Carvalho, Beatriz
Mafalda Moreira do 8ºB
Gonçalves,
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O desconhecido
O desconhecido… é algo que nos traz curiosidade, intriga e algum temor. Não o conhecemos e, de
certa forma, temos-lhe medo, mas ao mesmo tempo queremos “romper” esse escuro na nossa mente e
enfrentá-lo. Mas como fazê-lo?
Lembrei-me da primeira vez em que fui almoçar com os meus
amigos… e, a primeira vez, sem os meus pais… Foi, de certa forma, uma
viagem rumo ao desconhecido, pois tudo era muito diferente. Não tinha
quem me guiasse ou que fizesse o pedido por mim. Estava com os meus
amigos mas, de certa forma, estava sozinha também.
Nesse dia, muitas coisas correram mal. Não levei dinheiro suficiente
para o almoço e, quando estava a sair de uma loja, o alarme disparou, pois eu
tinha-me esquecido de arrumar os óculos de sol que eu estava a
experimentar. Mas pelo lado positivo, aprendi a ser mais independente e
autoconfiante.
Houve um momento durante o almoço em que comecei a olhar para
todos os lados e também para as pessoas que almoçavam. Duas senhoras
conversavam alegremente com as suas vozes mais fininhas do que os meus
atacadores dos sapatos. Depois vi um homem de fato e gravata que estava
com tanta pressa que nem acabou o seu café. Depois comecei a ver a decoração, as luzes, os desenhos nas
paredes… era tudo novo para mim, pois, quando eu ia com os meus pais, só me preocupava em comer e falar
com eles. Nunca tinha dado tanta importância aos pormenores. O ar cheirava a batatas fritas e as paredes
eram decoradas com tons de azul e branco. Eu lembro-me de ter dito qualquer coisa do género «Parece que
estamos no fundo do mar a comer batatas fritas!» e todos acharam muita piada e eu senti-me feliz por estar a
fazer amigos sem a ajuda dos meus pais.
Como eu disse no início, o desconhecido pode ser algo assustador, mas, se nos concentrarmos muito,
ficamos a conhecê-lo, de certa forma, como um velho amigo de infância.
ALGUÉM QUE MUITO ADMIRO
O meu avô tem 82 anos e eu admiro-o bastante.
O pai dele faleceu quando era muito novo mas, mesmo assim, estudou até ao 4º ano e passou a
viver só com a mãe e dois irmãos, sendo um deles deficiente. Aos doze anos, ficou sozinho com o irmão
deficiente e teve de começar a trabalhar, ao mesmo tempo que tomava conta do seu irmão- esta é uma das
coisas que mais admiro nele.
Depois, passado algum tempo, o irmão deficiente faleceu e, com catorze anos, o meu avô começou
a trabalhar para uma família muito rica, plantando vegetais e fruta. No entanto, como lhe davam pouca
comida, às vezes tinha que tirar às escondidas alguma coisa para comer. Uns anos depois, ele conheceu a
minha avó junto ao Cristo Rei, apaixonou-se logo por ela, casou, teve três filhos e foi para França trabalhar
como porteiro. No estrangeiro, teve mais dois filhos, incluindo a minha mãe.
Em determinada altura, os meus avós regressaram para Portugal, onde começaram a ter uma vida
muito mais calma. Outro aspeto que me fascina no meu avô é o facto de ele ter mãos gigantes! Ele, com 82
anos, continua sempre muito ativo, ou está no quintal ou noutro lado qualquer, nunca pára e continua a ter
uma força sobrenatural!
Leandro Gomes, 9ºE
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Avô
Avô, uma palavra que para mim significa bem mais do que
ser pai da minha mãe. Avô é o segundo pai, aquela pessoa
que nós sabemos que está sempre lá para nós, mesmo
quando os nossos pais não estão presentes.
Avô, adoro-te por tudo o que és e me me ensinaste a ser. Tu
és aquele que pode não perceber muito de tecnologias ou de “modernices” como tu
dizes, mas apoias-me e ajudas-me sempre que eu precise.
A minha mãe diz que eu herdei um grande defeito teu: o facto de seres muito
calmo e não te stressares com nada, mas eu não vejo tal como defeito, antes uma
qualidade que partilho com uma das melhores pessoas que conheço.
Eu considero-te alguém feliz e realizado porque, embora não tenhas tido uma vida
fácil, possuis o teu próprio negócio, de que te orgulhas muito, e tens uma família
fantástica que te põe um sorriso na cara todos os dias.
É impossível encontrar um defeito em ti, por mais que me esforce, pois, para mim,
és simplesmente perfeito.
Adoro-te e admiro-te muito!
Da tua neta mais querida, Beatriz
Beatriz Pires, 9ºE
CARTA
Querida mãe,
Há catorze anos que me tiveste, há catorze anos que eu nasci. Ainda
me lembro da energia que tinhas todas as manhãs enquanto me
ajudavas a preparar, mas há dois anos que essa energia desapareceu,
pois todos nós perdemos alguém que muito amávamos: para ti era o
teu marido, para mim, o pai.
Durante sete anos, ele lutou contra o cancro e tu estiveste sempre ao seu lado com essa energia que te
caracterizava. Desde que ele se foi, parece que a tua força foi com ele. Quando chegas a casa, após um
dia de trabalho, sentes-te muito cansada, quando antes vinhas cheia de uma energia imensa. Eu e as
minhas irmãs temos como objetivo recuperar em ti essa energia, fazer com que a nossa antiga mãe
“volte”. Por isso, todos os dias tentamos fazer-te sorrir o máximo.
Eu sei que um dia vou recuperar a mãe que corria atrás de mim para eu ir para a escola. Apenas não
posso perder a esperança!
Cláudia Soares, 9ºE
Mãe, és dedicada.
Sei que pode ser difícil,
Mas sem um desafio não teria piada,
Pois na vida nada é fácil.
És uma boa mãe
E estar-te-ei grato para toda a eternidade.
Uma mãe não vai e vem
E foste tu que criaste a minha personalidade.
Desejo-te um bom dia
Cheio de graça e felicidade.
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Sermão à juventude “fast food”
“vos estis oleum cibum”
I
Vós, diz Ágata Roquette, falando com a
ordem dos nutricionistas, pais e cozinheiras
das cantinas, sois o azeite da comida: e
chama-lhe o azeite da comida por este ter um
efeito “saudabilizador” nos diversos pratos,
nunca discordando do seu sabor, tal como os
nutricionistas, pais e cozinheiras das
cantinas têm influência na alimentação dos
jovens portugueses da atualidade. O nosso
país está repleto de jovens despreocupados
com a sua alimentação e saúde, tendo assim
péssimos hábitos alimentares. Ou foi porque
ninguém lhes incutiu essa preocupação e
bons hábitos, ou porque já foi tarde de mais
para os incutir. Ou foi porque tiveram desde
muito tenra idade uma má alimentação e se
habituaram a ela sendo agora difícil de se
desapegarem da mesma. Ou foi porque as
campanhas publicitárias dos vários produtos
deliciosos, tentadores e imersos de calorias,
açúcares e gorduras os atraem e eles se
deixam atrair. Ou foi porque as refeições da
cantina
designadas
“saudáveis”
se
descomprometem com o sabor e eles reagem
repulsivamente a tudo o que envolva a
palavra “saudável”. E não reflete tudo isto a
realidade
alimentar
dos
jovens
na
atualidade? Ainda mal.
Concluiu um estudo sobre os hábitos
alimentares da atualidade que “97% dos
jovens têm uma má alimentação”, será isto
possível? Pois é.
como uma esponja absorve a água e que,
muitas vezes, pecam na infância dos meninos
quando estes, sabe-se lá porquê, desafiam a
sua paciência dizendo que não gostam disto
ou daquilo, ou que não querem comer no
horário estabelecido da dada refeição por, ou
o prato apresentado não ser o favorito, ou do
seu agrado, ou por se terem “enfrascado” em
bolachas e “enlatado” em refrigerantes antes
da refeição, pelo que os “papás” ou colocam
uma pizza no forno e lha dão, como
alternativa ao equilibrado prato de pescada
cozida com verduras, ou dizem “comes mais
tarde o que te apetecer” sem os repreender
pela carga de maliciosos “snacks” que
ingeriram anteriormente e, por isso, não
terem cumprido a refeição, geralmente em
família e que tão grande importância tem; as
cozinheiras das cantinas, que muitas vezes
não por culpa delas, mas, sim, das condições
em que são comprometidas a realizar a sua
tarefa, elaboram pratos com pouco sabor,
desagradáveis e insípidos que os jovens têm
como preconceitos “pratos saudáveis” e os
afugentam das refeições equilibradas; e por
fim, eu, que quero mudar mentalidades e
esta realidade a que hoje assistimos em
relação à alimentação daqueles que da minha
geração fazem parte.
Deste modo, começarei eu por
enunciar o que vós, juventude, de mal tendes
no que toca à alimentação, o que vós,
juventude, podeis mudar e o que vós,
juventude, tendes de fazer para que isso
aconteça.
II
Posto isto, o que haveremos nós, eu,
nutricionistas, pais e cozinheiras das
cantinas, de pregar hoje a esta juventude tão
crítica em termos da sua alimentação e do
saber comer? Vocês que tão grande
influência têm nestes pequenos grandes: Os
nutricionistas que, com os seus estudos
alimentares,
estatísticas,
planos
de
alimentação saudável, consultas de nutrição,
palestras, “workshops” e até documentários,
promovem o bem comer, as dicas e os
métodos para o saber e a motivação através
dos casos que por eles passaram e bem
sucedidos foram; os pais, pessoas de que os
filhos “absorvem” tantos comportamentos,
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III
Já vos dei a conhecer alguns erros que vós
cometeis e vos fazem cometer, mas irei agora
repreender-vos e especificar tais pecados que
incorrem!
Disse Roberta Andrade “mais de 10%
dos portugueses, tanto adolescentes como
adultos não tomam o pequeno-almoço”. Pois
não sabeis vós da relevância desta que é a
refeição mais importante do dia? Como
conseguirão
vocês
concentrar-se
nas
primeiras aulas do dia sem o aporte
necessário que vos faz concentrar? “Não
tenho tempo.” Dizem vocês, mas nada
impede de deixar a “paparoca” preparada
antes de irem para a cama ou o acordar
cinco minutos mais cedo não vos vai fazer
ficar mais cansados. “Não consigo comer de
manhã.” Dizem vocês, mas, se não fizeram
um esforço para se habituarem, nunca
conseguirão, como diz o outro “ É tudo uma
questão de hábito.”. Dito na direção geral do
consumidor: “25% dos jovens comem
hambúrgueres e pizzas pelo menos uma vez
por semana”. Sabemos bem que o “fast food”
consegue ser uma opção fácil, acessível,
rápida e deliciosa para além de existirem
“McDonalds” espalhados por tudo o que é
canto que vos fazem ficar de água na boca.
Contudo, sabeis vós que o seu consumo
regular poderá acarretar os tão conhecidos
problemas como a obesidade, as doenças
cardiovasculares e a diabetes? E essa
quantidade exagerada de sal, nas gordurosas
batatas fritas, que colocam? Não pensem que
o efeito do sal é benéfico para o vosso
organismo, esse só era benéfico para, tal
como Padre António Vieira disse “impedir a
corrupção na terra”. “Uvas, figos e melão é
sustento
de
nutrição.” Provérbio
tão
Português e que vós, inimigos da fruta que é
doce e dos legumes e vegetais saborosos,
evitais até mais não. Muitas das vezes nem
sequer uma apetecível maçã “roem” por dia,
e isto, caros amigos, é algo imensamente
problemático.
IV
Enumerados os vossos pecados, passarei
agora àquilo que vós, juventude esfomeada,
podereis fazer para alterar estes maus
hábitos a que estais acostumados.
Em primeiro lugar, o pequeno almoço não o
poderão “saltar”. Sem tempo para comer?
Um pacote de bolachas, uma sandes ou um
iogurte poderão trazer!
Em segundo lugar, pelo menos três peças de
fruta por dia terão de comer. Uma laranja ao
pequeno almoço, uma banana ao almoço e
uma maçã ao jantar não irá custar!
Em terceiro lugar, “a cada boca sua sopa”,
sabeis vós do valor deste tão rico prato? Pois
uma sopa por dia dar-vos-á os nutrientes
necessários para vos manter fortes, e se de
espinafres for, a força do amigo Popey terão!
Em quarto lugar, deverão dar preferência ao
líquido mais abundante e precioso do plane
ta: a água. Líquido esse que vos hidrata e vos
desintoxica de todos os males dos alimentos.
Em quinto lugar, deverão “pôr de lado” os
fritos, os “fast food” e os alimentos
processados
cujas
embalagens
são
extremamente apelativas e preferir uma
refeição equilibrada e repleta de alimentos
saudáveis.
Em quinto lugar, o sal e o açúcar terão de
deixar pois malefícios piores que os que eles
podem trazer difícil será encontrar.
Por último, e para complementar estas dicas
a que vos proponho, o exercício físico, como
disse Eduardo Costa, “não é apenas uma das
mais importantes chaves para um corpo
saudável. É a base da atividade intelectual,
criativa e dinâmica.” Saiam à rua, deem uma
volta nas vossas amigas bicicletas, dancem,
corram,
mantenham-se
ativos,
povo
preguiçoso! Porque o sedentarismo é outro
dos grandes vossos males.
V
Para terminar, minha geração, vos direi os
benefícios de seguirem as dicas dadas no
sentido de vos motivar e apelar à vossa
mudança. Sabeis vós que ao praticarem uma
boa alimentação aumentará a vossa
imunidade e não precisarão do famoso
“actimel” para prevenir as várias doenças?
Que aumentará a vossa energia e reduzirá o
vosso cansaço e a “preguicite aguda” para
fazer o que quer que seja? Que melhorará o
vosso humor evitando as zangas matinais
com a vossa mãe por vos ter acordado com o
aspirador ao Sábado de manhã? Que
sentirão a saúde e o bem-estar invadir o
vosso corpo e alma? Posto isto, meu povo,
não será de pensar duas vezes em seguir
estas práticas a fim de se tornarem mais
saudáveis e terem vitalidade para toda a vida
à vossa frente? Vamos mudar as estatísticas
e fazer da nossa alimentação o nosso único
remédio como disse Hipócrates.
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Por Gabriela Monteiro,11º A
Sermão aos (não) Sonhadores
Capítulo I
“Eis que se aproxima o sonhador!” - Troçavam os irmãos de José, filho de Jacó, que sonhava em
tornar-se rei. Os irmãos invejavam o sonhador pelos seus sonhos, especialmente aqueles que nunca
conseguiriam alcançar. Este sermão destina-se aos jovens da Era Moderna (e não só os jovens) que
coexistem como “bonecos de palha” na sociedade, que não visam objetivos, que esperam um dia
inteiro debaixo da macieira para que o fruto proibido caia do céu e lhes alimente a fome, que não
visam além da superfície: os não-sonhadores.
O ato de sonhar permite a evolução e transformação do Homem como ser pensante; o sonhar torna
o Homem capaz de alcançar certas prateleiras que antes não conseguia sequer ver. “Mas se não as
consegue ver, como é que consegue sequer chegar lá? Como é que sabe sequer se elas existem?”, Diria
um boneco de palha. Ora aí está! O sonhador é um fantasista, ou seja, a sua mente é repleta de
fantasias, todavia, enquanto o fantasista apenas prende as fantasias na mente, o sonhador pode
transformar a palha em ouro.
Atualmente, as pessoas estão cada vez mais cegas. Cegas por amor, sim! Pelo amor que possuem
pela ignorância, pelos seus amados aparelhos tecnologicamente modernos, redutores de inteligência e
criatividade humana. Lembro-me daquela vez em que tinha um trabalho de casa o qual pedia para
pesquisar acerca de um país à minha escolha. Ah, aquele entusiasmo que borbulhava dentro de mim
no instante em que abri o computador e pressionei aquela tecla mágica que me transportava (in)
diretamente para o país que eu procurava explorar. Lembro-me daquele Sábado abrasador cujo sol
não penetrava nas minhas janelas fechadas, em que me diverti durante doze horas seguidas a
exercitar apenas as minhas falanges, deslizando o meu corpo numa qualquer superfície confortável, e
a olhar fixamente para um retângulo de vidro onde toda a minha diversão estava a ser criada e onde
toda a minha mente estava a ser deteriorada. Não imagino dias mais felizes e produtivos do que este
belo Sábado. Atentos, meus espantalhos! O sonho comanda a vida.
Capítulo II
Dirigir-me-ei agora aos sonhadores e ao que de tão bom estes caça-sonhos possuem. Ai não! Não
me confundis! Não falo dos sonhos que no escuro nos iludem! Não, falo dos sonhos que, não só no
escuro, mas, também, na luminosidade nos iluminam.
Sonho – desejo veemente; aspiração.
“Quando for grande vou ser rica!”, ”Quando for grande vou ser advogada!”, “Quando for grande vou
ser mãe de 6 filhos!”. O Homem começa a sonhar desde o ovo onde cresceu por nove meses, ansiando
pelo mundo que encontraria lá fora, no futuro. Logo aí, está a sonhar. O grande desejo que uma
pessoa tenta persistentemente alcançar define um sonho. O ser que deseja atingir algo que muitas das
vezes parece ser impossível e que, mesmo assim, leva o desejo avante sem nunca o renunciar, define
um sonhador. Um sonhador também é aquele que está “perdido” e que tem os pés pouco assentes no
chão, segundo dizem os espetadores.
Mas reflitamos: se está perdido, significa que se perdeu voluntariamente e se se perdeu quer dizer
que os que não se perderam não se querem perder, isto é, não querem sair do ninho onde subsistiram
a vida inteira. De novo, se tem os pés pouco assentes no chão, quer dizer que não tem os pés
completamente sobre a terra, ou seja, que anda entre o ar e a terra. Se anda entre o ar e a terra, então
anda acima das outras pessoas, pois essas, sim, andam com os pés assentes na terra. Se está acima
quer dizer que vê mais e melhor do que as pessoas em baixo, que vê além da superfície de pessoas que
forma a barreira entre o não-sonhador e o sonhador.
Assim era Neemias, um mero copeiro que veio a tornar-se governador de Jerusalém. Neemias, sim,
era um verdadeiro sonhador, e sonhava alto, como o muro de Jerusalém que reconstruiu durante os
cinquenta e dois dias declarados por ele próprio anteriormente. Aqui está o objetivo e a ambição. E
assim se realizou. “Estou a realizar uma grande obra de modo que não poderei descer!” Já pensaram
no verdadeiro significado desta frase? Pois bem, contar-vos-ei.
Havia um homem, como outro qualquer, que tinha um enorme desejo e queria concretizá-lo,
enfrentando todos os obstáculos, durasse o tempo que durasse. Para conseguir realizá-lo, primeiro
precisava de ver mais alto que os outros, então pegou num escadote e subiu para cima dele. O homem
conseguiu avistar o seu desejo, porém, para chegar até ele, precisava da sua criatividade para poder
abrir um caminho. Planeou os métodos e obteve os materiais. Começou a construir o caminho de
pedra que conectava o sonho e o sonhador. Quando inseriu a última pedra no caminho de calçada que
contruiu, deu-se conta de que conseguira chegar ao seu objetivo final. O sonho alcançado, que fora o
fruto do trabalho e dedicação do homem, foi ao encontro do merecedor do prémio, por este tanto
10
Nesta pequena história, protagonizada pelo sonhador, salientei-vos três chaves essenciais para
conseguir chegar ao sonho e, no fundo, para se tornar um verdadeiro sonhador: visão, plano e ação.
Todo o sonhador tem de ter uma visão clara do que quer, de seguida organizar todo o seu percurso e
planear a sua viagem em direção ao sonho e, finalmente, trabalhar duro com esforço e dedicação para
conseguir alcançar o seu objetivo final.
O sonhador não é apenas um marinheiro naufragado que espera na sombra do coqueiro na
pequenina ilha onde aterrou pelo navio que vem de resgate. Não, o sonhador é aquele que, tendo
medo da água e não sabendo nadar, constrói uma jangada para fugir à ilha pequenina onde estava
amaldiçoado a viver pelo resto da sua vida. Com estas histórias insignificantes vos ilustro que: “O
sonho comanda a vida.”
Capítulo III
O sonho comanda a vida, mas não vos deixeis controlar pelo sonho! Ser sonhador é uma
característica bastante útil e uma poderosa ferramenta para atravessar este mar de trabalho e suor
que é a vida. No entanto, devemos saber manejar o barco de uma maneira que nos leve na direção
certa sem chocar com muitas ondas no caminho. Aqui vos apresento uma das (não) regalias de ser
um sonhador, um dos perigos a enfrentar.
Esta coisa de sonhar e desejar e querer não é simplesmente assim tão simples. Como toda a
laranja ácida, mas ao mesmo tempo tão docinha e de cor tão viva, existe sempre um pequeno detalhe
em forma de semente que se intromete no nosso caminho, aquele detalhe que nós mastigamos sem
dar por ele e apanhamos um choque com a dura realidade de que aquela semente quase nos partia o
dente. Será que os não-sonhadores conseguiram perceber esta metáfora? Pronto, eu explico-vos …
Imaginai a situação onde uma moeda tem duas faces: a coroa da ambição e a cara da ganância. A
única coisa que as separa é a pessoa. A pessoa tem o poder de decidir qual das faces prevalece e qual
das faces amua do lado da superfície onde aterrou. Observemos que, sempre que se atira uma moeda
ao ar, esta cai com uma das faces virada para o Céu e outra virada para o Inferno. Nunca, em
situação alguma (a não ser por obra de mágicos) veremos uma moeda cair de uma altura do 10º
andar, com uma velocidade de 500km/h, aterrar numa superfície lisa com as faces voltadas para os
lados. Isto porquê? Porque não há como balançar igualmente a cara e a coroa do sonhador. Não há
como ficar no meio do caminho que há entre os gananciosos e os ambiciosos, pois esse sim, esse é um
caminho tão fininho e estreito, tão curtinho de atravessar, que estando na berma da estrada da
ambição, quando damos por ela já estamos na grande e larga faixa de sentido contrário, a faixa da
ganância. Mas claro, não-sonhadores não vão saber o que é isso, nem ambição nem ganância, de tão
bonecos de palha que são. Agora, vamos relacionar estes dois malandros.
A semelhança entre o ambicioso e o ganancioso? Ambos nunca se dão por satisfeitos. A diferença?
O ambicioso sobe a escada para conquistar algo e se satisfazer com isso, enquanto que o ganancioso
deseja o que é dos outros, escolhendo subir a escada à custa dos outros. Como se atravessa o tal
caminho? Ao distorcer o desejo de conquista para a vitória a qualquer preço.
Já o ambicioso Ícaro cedeu ao lado obscuro do sonhador tornando-se o ganancioso e desolado
moribundo que se atreveu a desejar mais do que o trabalho do seu pai lhe permitia, querendo
alcançar o ardente sol que lhe ardeu o sonho de voar mais alto, acabando por cair nas profundezas
geladas do mar Egeu.
As asas dos sonhadores podem ser facilmente arrancadas, se voar na direção errada e com as
intenções distorcidas.
Capítulo IV
Para cada sonhador há uma multidão de céticos que não visionam tão longe como estes, pois têm
a mente fechada, aberta a sugestões, mas fechada a ações, pois neste mundo a preguiça comanda,
não o sonho. Atentos, meus espantalhos! A preguiça é um pecado, assim como a ganância …
Não dormi demasiado, que os sonhos são matreiros! Fazem-vos ver coisas que não são reais e são
impossíveis de realizar! Deixai-vos dormir como os bonecos de palha que são, pois, visão sem ação é
como um sonho (de dormir).
A cegueira dos Homens é tanta, hoje em dia, que é difícil distinguir os verdadeiros cegos dos cegos
pela vida. Estes sonhos de que tanto falo são a esperança de alguns cegos para conseguirem abrir os
olhos. Vejamos, nada é realmente o que parece. Se assim fosse, então aqueles jovens que não sonham
são apenas espantalhos, bonecos de palha revestidos por mero tecido, fazendo-se passar por meros
humanos, que esperam (in)quietamente que o pássaro pouse no seu mero corpinho que protege as
suas meras colheitas de uma vida? Pois bem, que contradição dos diabos! Então acho que podemos
concluir que tudo o que parece é.
Este sendo um dos maiores problemas da sociedade, parece também algo que a sociedade não se
preocupa em resolver. Ora se um problema não precisa de ser resolvido então não estamos perante
um problema. Atenção, meus espantalhos! O sonho não comanda a vida verdadeiramente, quem
comanda a vida sois vós, os sonhadores, criadores dos sonhos.
11
REFLEXÕES
Desde que vim ao Mundo, a este mundo Terra, sei que
tenho uma mãe e um pai que me criaram, que geraram vida para
me ter. Eu tenho olhos, boca, nariz, ouvidos e um corpo completo,
dito normal.
Os meus olhos proporcionam ver o que vocês também veem… A
minha boca permite alimentar-me, respirar, e saborear os frutos
que a Terra oferece… O meu nariz proporciona-me cheirar os
aromas mais variados deste mundo… Os meus ouvidos ouvem, é com eles que oiço a minha respiração, é
com eles que oiço o vento a levar as folhas que estavam no chão para outro local onde elas eram precisas… E
é o meu corpo que me proporciona sentir fisicamente o exterior. E o que está cá dentro? Como é que eu sou
capaz de me aperceber da minha existência? Como sou capaz de pôr algo em dúvida? Como sou capaz de
afirmar que estou vivo?
O corpo a dada altura morre. Morre para devolver o que estava lá dentro ao Ser que o criou. Como já disse,
tenho um pai e uma mãe, foram eles que me deram vida fisicamente. Mas quem me entregou ao corpo?
Àquele recipiente vazio? Quem me trouxe ao Mundo?
A palavra que me ensinaram para descrever o que tenho dentro de mim, que não é físico, que não é
deste mundo, é de espírito… Eu sou um espírito carnal, porque possuo corpo, composto por matéria, entre
outras designações que são feitas das quais não tenho conhecimento.
Sou um espírito… Eu e todos vós…
Estamos na Terra para aprender o que não tínhamos aprendido. Para aprender a imensidão de Tudo.
No entanto, este mundo já não funciona como devia. O Homem apoderou-se dele, escravizou, escraviza e
não tem intenções de parar… Porquê?
Não sei explicar, ainda não consigo entender Tudo e Nada… Cada vez sei menos, e perco-me mais
nos raciocínios deste mundo. Há coisas que estão entranhadas neste corpo, que condicionam o que está no
seu interior… Essas coisas manipulam o espírito, tanto o meu, como o vosso. E não nos damos conta.
Pensamos que nos damos conta das manipulações que ocorrem no exterior, mas é mais uma ilusão, ilusão
essa criada por nós, nós pessoas.
Fomos nós que criamos o outro… aquele oposto a Ele… Deixámo-nos consumir e ser consumidos
pela impureza, pela corrupção, deixámo-nos consumir por algo que não deveria existir, e mesmo existindo,
não o devíamos conhecer.
Já fui criança, e tenho algumas lembranças do que é ser único em conformidade com os outros que
também são únicos, e que juntos somos felizes, neste caso eramos felizes… eu era feliz… os meus problemas,
as minhas dores, não tinham volume dentro do meu espírito, havia pessoas que me magoavam, mas eu
estava bem comigo porque me importava mais com eles, e se eles estavam bem… eu também estava. Não
sei se era uma atitude correta ou incorreta, digna ou menos digna, só sei que vivia… vivia de verdade… o
meu espírito vivia dentro do meu corpo, partilhando com os outros, como eu, a dádiva da vida, e ali
partilhávamos Ele, não tendo qualquer conhecimento consciente da sua existência ou o que era… mas sim,
sentíamos, não através do corpo, não através da matéria, mas por Tudo o que se sente não sentindo.
Os meus olhos veem o que este mundo tem para oferecer. Veem o material, veem o que faz parte
da Terra
É com eles que posso ver tudo e é com eles que nada vejo. Mesmo vendo, estou cego, cego de
ilusão, iludido, preso na escuridão.
Olha para as estrelas e vê como elas olham para ti e para tudo o que fazes.
Sorrindo sempre, mesmo até quando a Lua se põe, elas estão lá… Apenas sorrindo. Apreciando-te como mais
ninguém pode apreciar. Essas estrelas pertencem-te… Fazem parte de ti, de todo o teu ser, de todo o teu
coração, de toda a tua Essência…
Bruno Costa, 11º D
12
alguns
passeios a locais de
interesse da região e
de Portugal. Para além
PARTE II
dos passeios, houve
também um momento
Decorreu
durante o mês de abril de debate acerca das
diferenças/semelhança
a segunda parte do
s entre os dois países,
intercâmbio com a
um workshop de
escola italiana de
gravura em pedra e
Tradate, perto de
um jantar com a
Milão.
participação de todo o
Durante uma
grupo de professores,
semana, os alunos e
alunos e pais
professores italianos
envolvidos no
tiveram oportunidade
intercâmbio. De acordo
de visitar a escola Ibn
com os depoimentos
Mucana e efectuar
INTERCÂMBIO
COM ITÁLIA
O DIA DA EUROPA
O Clube Europeu
comemorou o Dia da
Europa, realizando
uma palestra na
biblioteca da Ibn Mucana. Esta sessão
contou com a participação da dra Ana
Cláuda Soares que suscitou o interesse das
turmas presentes, relatando as suas
vivências enquanto aluna universitária num
programa Erasmus e, posteriormente, como
professora em Cabo Verde. Também a
professora Maria Rubio nos relatou a sua
experiência de cidadã espanhola em terras
portuguesas. Por último, os alunos João Reis
e Tomás Peixe da turma C do 12º ano deram
a conhecer a sua participação n numa
viagem a Itália, onde representaram a IBn
Mucana, integrados um projeto Erasmus+.
Ainda antes de terminado este momento de
convívio, foi possível criar um momento de
debate, respondendo os “convidados” às
questões que lhes foram apresentadas por
aqueles que se encontravam na assistência.
A Evolução Portuguesa
Durante vários anos, Portugal tentou descobrir o mundo com
as Naus e Caravelas. Às vezes com sucesso e outras com
falhanço. A meu ver, Portugal, é um país, ou era um país, com
bastante bravura, destemido, ágil, prático e responsável.
Conseguiu descobrir «mundos e fundos»: India, Ceuta, Angola, Moçambique, Guiné, Macau, Brasil… Lutando
e vencendo as batalhas que, para ele, já eram habituais. Talvez graças a nós, portugueses, o mundo seja
conhecido e viajado, talvez graças a nós, se possa dar aulas de geografia. Mas e agora, o que podemos
descobrir? Se calhar devíamos descobrir Portugal? As vilas, cidades, paisagens? Praças e concelhos, ruas e
ruelas, estátuas e azulejos.
Se descobrimos o mundo, ou meio mundo que seja, porque não descobrirmo-nos a nós?
Explorar-nos?
Ao longo do tempo Portugal perdeu o seu espólio de guerra, mas não perdeu a cultura, a honra e a
cara aconchegadora, que recebe milhares de turistas.
Se eles, os estrangeiros, vêm cá, quer dizer que Portugal tem algo dentro de si para além de ruas e
praças, estradas e cafés. Nós podemos continuar a desenvolver e a evoluir. Só por uma razão, nós somos
Portugal!
Lourenço Parreira, 6ºB
13
IBN
MUCANA:
PARTICIPAÇÃO
OLIMPÍADAS DE FILOSOFIA
NAS
Nos dias 8 e 9 de abril, realizaram-se em Riba de Ave, Famalicão, as V Olimpíadas Nacionais de
Filosofia. Como tem sido “tradição” na nossa escola, a professora Olga Prata fez-se acompanhar
da aluna Nikoletta Matsur, do 11º B, para representar a nossa escola e esta fê-lo muito bem,
pois em 78 alunos participantes, a Nikoletta conseguiu um 11º lugar e por isso está de parabéns.
Acerca da sua participação nas Olimpíadas, a aluna escreveu:
“Hume dizia que as impressões que retiramos de uma determinada experiência são mais intensas
do que as ideias que posteriormente formamos da mesma. Como se o tempo a diluísse ou levasse
consigo alguns dos seus detalhes. Tendo em conta esta perspetiva, torna-se evidentemente lógico
que Hume nunca participou nas Olimpíadas Nacionais de Filosofia. Isto porque, quem participa
nestas, jamais dirá tal coisa. E isso garanto eu, Nikoletta Matsur, com a minha própria experiência,
que esta participação é algo que será para sempre mantido vivo dentro de nós. Porém, algo maior
e mais forte do que uma simples memória, algo que por marcar tanto e ser de tal modo diferente
de tudo o resto, e também por se manter tão vivo em todos os que participam, acabará por
manter viva a própria filosofia. Manterá vivo o espírito crítico, a insaciedade do saber e o amor ao
mesmo.
A reflexão sobre estes dois dias relembrou-me uma outra tese, tratada também por Hume"Quando uma bola de bilhar choca com outra, a segunda irá mover-se."- de facto, conheci muitas
bolas de bilhar que me fizeram mover: umas, fizeram com que eu mudasse alguns pontos de vista,
outras, fizeram com que reforçasse outros, que os engrandecesse, mas de qualquer forma, ambas
acabaram por me mover. Acredito também que eu própria fiz mover algumas nestes dois dias, em
que convivi com estas fantásticas bolas de bilhar que são, na verdade, pessoas interessantes e
interessadas, inspiradoras e inspiradas. Pessoas que, se Platão estivesse vivo, diria não precisarem
de régua- "São muitos os que usam régua, mas poucos os inspirados."- e eu concordaria
indubitavelmente. Foram, sobretudo, dois dias de partilha, de discussões filosóficas, de procura
de conhecimento, e por conhecimento eu entendo o que Hume entendia: "Por conhecimento
entendo a certeza que nasce da comparação de ideias.". Mas caso a perspetiva Socrática explique
melhor, foram dois dias de procura de nós mesmos:" Conhece-te a ti próprio e conhecerás o
universo e os deuses." Foram também dois dias em que corria o risco de, a cada segundo, ouvir
um "Kant está errado!" ou algo sobre o argumento ontológico de Descartes ou até mesmo um
grito que atravessa séculos - um "Deus está morto!"- de Nietzsche, e, ciente deste risco, apercebime do que realmente não estava morto: o entusiasmo e a paixão pelo saber das pessoas.
E já não me resta dizer mais nada, a não ser voltar ao meu ponto de partida, o essencial das
Olimpíadas, o "manter viva a Filosofia", e, com isto, aproveitar também para agradecer à
Professora Olga Prata não só por me ter dado esta oportunidade, como também, por ter feito
florescer, em imensas pessoas, a Filosofia, de uma forma tão rica e tão bela. Por ter contribuído,
com grande esforço, juntamente com a comunidade filosófica da Prosofos, para manter vivo o que
nos une e o que nos torna pessoas melhores. Obrigada.”
14
Ainda a propósito de Filosofia, relembremos Beatriz Santos, uma ex-aluna
da Ibn Mucana, igualmente participante nas Olímpíadas de Filosofia e
sempre vencedora que, após terminar o 12º ano, manteve vivo o seu amor
pela Filosofia, encontrando-se a estudar esta área em Inglaterra. Esta antiga
aluna partilha agora com o Jornalando as suas experiências.
Quando estudei filosofia no secundário, decidi que era esta a disciplina
em que me queria especializar no futuro. O que me levou a escolher
Inglaterra, e a Universidade de Manchester em específico, foi o facto de
que neste país as oportunidades oferecidas a uma estudante, e uma
licenciada em filosofia serem bem mais amplas do que em Portugal. Em particular, dado que quero seguir a
carreira académica e fazer investigação em filosofia, a probabilidade de o poder fazer num departamento de
top mundial em filosofia é muito maior em Inglaterra do que em Portugal. Para além disso, o
reconhecimento da filosofia como uma área relevante e importante em si mesma é uma realidade em
Inglaterra. Infelizmente, não se pode dizer o mesmo de nenhuma área das Humanidades em Portugal – o
que sempre me deixou bastante frustrada. Para além desta motivação académica, a ideia de viver noutro
país, conhecer outra cultura, viver sozinha, fazer amigos de outros países, sempre me pareceu muito
atrativa, por isso ,decidi que o melhor era arriscar.
Felizmente, tive a sorte de ser recebida pela universidade mais multicultural do Reino Unido. A minha
receção na ‘Welcome Week’ foi muito inclusiva e divertida. A adaptação à cultura Inglesa tem sido mais
complicada, o que é normal. Os costumes e o sol portugueses deixam sempre saudade. A melhor parte da
adaptação cultural, na minha opinião, é a oportunidade de conjugar o melhor do que é nosso com o melhor
do que pertence à nova cultura. É isso que tenho tentado fazer, o que me tem ajudado a valorizar a cultura
Portuguesa muito mais do que antes, e também a valorizar o que admiro na cultura Inglesa.
A principal razão que me levou a mudar-me para Inglaterra, estudar Filosofia, superou todas as
expectativas que eu tinha formado. O ambiente de cooperação entre o departamento e os alunos é
fantástico, e nada nos ajuda a aprender melhor do que a oportunidade de poder bater à porta do nosso
professor, que ainda por cima é um leading academic na sua área de investigação, e discutir uma ideia,
uma dúvida, um ensaio, durante o tempo necessário. Acho que o que mais me motiva e entusiasma é o
facto de todos os nossos professores nos ensinarem com paixão pelo que estão a fazer, nos incitarem a
envolver-nos cada vez mais e estarem sempre disponíveis para pensar connosco. O envolvimento e
cooperação entre todos os membros do departamento é de facto fantástico, e isto tem-me dado a
oportunidade de começar a envolver-me no meio académico profissional. Durante estes (quase) dois anos, co
-organizei duas conferências, numa das quais fiz parte do painel que escolheu os ensaios que foram aceites
para apresentação; conheci alguns dos meus filósofos favoritos nos research seminars; fui conferencista em
três conferências, onde ganhei o prémio para melhor ensaio submetido em duas delas; e, o melhor momento
até agora, um dos meus ensaios foi publicado no Journal de Filosofia, Laterális. Este Verão vou ser
congressista na minha primeira conferência internacional, em Amsterdão, e em setembro na universidade
do Porto.
Por incrível que pareça, já só me resta um ano até me licenciar. Visto que o plano é continuar a estudar, em
janeiro já me terei candidato para o mestrado. Em princípio, vou candidatar-me às universidades de Oxford,
Cambridge, e as de Londres, e ver o que acontece. Acho que gostaria de fazer o doutoramento nos Estados
Unidos, mas nunca se sabe. Por enquanto, só sei que o que quero fazer é continuar a estudar Filosofia, pois
15
VIAGEM NO NAVIO CREOULA
Após meses de espera, já que o projeto efectuado pelas
professoras Luísa e Dalila fora enviado em dezembro, eis
que chegava o momento de embarcar no navio Creoula.
Assim, no fim de semana de 6 e 8 de maio, um grupo de 48
alunos de diferentes níveis de ensino, acompanhados pelas
organizadoras e pelos professores Filomena Clemente e Luís
Chitas, tiveram oportunidade de participar numa viagem a
bordo do Creoula, embarcação utilizada antigamente na
pesca do Bacalhau. Embora as condições meteorológicas
tenham piorado a partir do momento em que saímos do rio Tejo, a viagem continuou, navegando a
embarcação com destino a Sesimbra, já que o percurso até às Berlengas se adivinhava mais arriscado. Ainda
assim, e apesar da forte ondulação e do vento, esta experiência foi do agrado dos alunos, segundo os
testemunhos que aqui relatamos.
Segundo o Tiago Santos do 9ºE, “Esta viagem proporcionou-nos uma experiência incrível e inesquecível.
Depois do autocarro nos ter deixado na base naval do Alfeite, Almada, onde a embarcação estava atracada,
entrámos no navio, tivemos conhecimento do nosso número de bordo (o meu era o 302) e seguimos para as
cobertas, cada um para a sua cama( pequena mas cómoda), em forma de beliche com três pisos. . Durante a
viagem, conhecemos a vida a bordo: içamos velas, estivemos no leme e na vigia, ajudamos nas limpezas
diárias, etc.
O primeiro dia a bordo foi um bocado complicado para mim, pois mal saímos do Tejo comecei a vomitar
muitas vezes, mas com a ajuda dos meus colegas e das professoras consegui acalmar. Depois, apanhámos uma
tempestade, com ondas grandes , no entanto, com o excelente trabalho da guarnição e de nós, instruendos,
tudo correu bem. Esta foi uma experiência inesquecível. Nunca me esquecerei das dificuldades que passámos,
mas, ainda assim, fomos cumprindo as tarefas e ajudando-nos mutuamente. Fiz muitos amigos no barco e
não posso deixar de agradecer aos meus colegas a ajuda prestada.
O mais interessante disto tudo foi o facto de termos estudado Os Lusíadas na disciplina de português e é
impressionante imaginar como os portugueses conseguiam navegar em caravelas mais frágeis, em
condições muito piores, e ultrapassarem os obstáculos.”
E o Tomás Ribeiro do 9º E relata “ a experiência foi incrível. Os marinheiros acolheram-nos belissimamente.
Como é óbvio, fomos para trabalhar. Cada um de nós tinha o seu turno (que os marinheiros designavam por
quartos). Mal entrámos no mar, içámos uma vela em conjunto e depois começamos com os quartos. Eu
integrei-me no terceiro quarto e trabalhei na vigia, onde era necessário verificar se existia algum objeto não
detetado pelo radar. Também tive oportunidade de estar ao leme, onde se “conduzia” o navio e fui adjunto de
oficial de quarto (que zela pelas condições de segurança da embarcação). Esta foi uma das melhores
experiências da minha vida porque foi ativa e algo novo.” Também o Duarte Rodrigues do 9º E, afirma“ a
experiência a bordo do Creoula foi uma lição de vida. Se pudesse, voltaria a repetir. Mal chegámos, achei o
navio bastante pequeno para 90 pessoas mas, mal entrámos, tudo me pareceu diferente porque o espaço
estava super bem organizado. Havia uma coberta para os rapazes e duas para raparigas com beliches e cacifos
para todos, refeitório, cozinha, bar, balneários. No primeiro dia, foi difícil habituar-me devido aos balanços. No
segundo dia, apanhámos uma tempestade, fiquei muito enjoado, o que foi desagradável. Mas a viagem teve
aspetos muito positivos, aprendi bastante. Por exemplo, estive no leme, participei nas atividades de limpeza
do navio. Mas, para mim, o pior trabalho foi ter descascado
batatas na cozinha.”
Quanto à Mariana Bispo (9ºE) “vivi uma experiência para a minha
vida!” e Rodrigo Ferreira(9ºE) “ foi muito divertido. Espero que
para o ano se repita, mas com uma viagem de sete dias”.
16
UMA EXPERIÊNCIA NO MAR
direita), bombordo (em vez de esquerda), cobertas
(em vez de dormitórios) e a lista continua.
No segundo dia, chegámos até ao Cabo Espichel mas
como o mar estava muito agitado, já houve enjoos, o
“Gregório” bateu mesmo à porta (múltiplas vezes) e
ao fim do dia, o comandante decidiu que íamos voltar
para o rio Tejo, onde as águas eram calmas, de modo
A viagem
a passarmos melhor a noite.
que fizemos
durante os O terceiro dia foi bastante calmo, com pouca
dias 6, 7 e 8 ondulação e até com alguns raios de sol. Foi também
de Maio, a o dia da despedida do mar, das pessoas e do navio.
bordo do Durante este fim de semana tivemos a oportunidade
Creoula, vai ser uma experiência de que não nos de experienciar a verdadeira "vida de marinheiro",
vamos esquecer, não só pela quantidade de vezes desde velejar até estar de vigia ou na copa ou na
que os nossos estômagos nos pregaram partidas, mas cozinha, e até tivemos a oportunidade de saber o que
também pelas pessoas e pela viagem em si.
era limpar uma casa de banho usada por cerca de 30
Inicialmente, a viagem realizar-se-ia até às Berlengas, pessoas, em que o papel higiénico não podia ser
mas como as condições meteorológicas não eram as colocado na sanita. Mas, apesar de tudo o que foi
melhores, o nosso comandante decidiu que iríamos menos bom, tudo o que foi bom compensou, e todos
nós voltaríamos a integrar-nos numa viagem a bordo
para Sul e não para Norte.
do navio Creoula.
O primeiro dia correu muito bem para todos nós,
pois a agitação marítima não era muita, pelo que
pudemos desfrutar do primeiro dia de viagem sem Carolina Santos, Diogo César, Fabiana Costa, Francisco Nogueira,
enjoos. Começámos logo por aprender os termos Iara Dias e Margarida Garcia 11º B
náuticos básicos, como por exemplo, cabos (em vez
de cordas ou fios), guarnição (em vez de tripulação),
instruendos (em vez de alunos), estibordo (em vez de
DIÁRIO DE UMA INSTRUENTE
Na sexta-feira, dia 6 de maio, por volta das 14
horas, embarquei no navio Creoula.
entre as 11.15 e as 13 horas mas, devido à
tempestade, fiquei enjoada e nem tive coragem para
me levantar e ir comer. Entretanto, devido ao mau
tempo, saímos da zona de Sesimbra e do cabo
Espichel, passando a noite no Mar da Palha, já
perto de Lisboa. Tudo acalmou. Durante a noite,
resolvi ficar no exterior a ouvir música com os meus
amigos e depois ir para o refeitório comer pão com
chouriço.
No início, o navio pareceu-me pequeno mas mudei
de ideias quando nos reunimos todos no refeitório
para conhecermos alguns membros da guarnição, a
linguagem a bordo e um documento com a
indicação do nosso número a bordo e o nosso
“quarto”. De seguida, dirigi-me à minha coberta
Domingo, 9 de maio
(cada coberta com 20 camas, tipo beliche).
O meu primeiro quarto decorreu da meia-noite às O dia começou bem! Fomos divididos em grupos e
às 8.30 começaram as limpezas a bordo. O pior de
quatro da manhã e fui colocada no leme e na vigia.
tudo foi limpar os amarelos, ou seja, limpar os
No leme, tinha que manter o rumo a 175º e rodar
objetos dourados do barco, deixando-os a brilhar. E
para bombordo ou estibordo, consoante o
assim, entre limpezas e arrumações, foi passando a
necessário. Cada roda corresponde a 5 graus.
Quanto à vigia, apenas verificava se navegavam manhã até à hora do almoço.
outras embarcações na nossa direcção.
Cerca das 14 horas chegámos à base naval do
Alfeite. Antes de sairmos do navio, houve tempo
para uma foto de grupo e o comandante entregou a
todos um diploma.
Sábado, dia 8 de maio
A vida a bordo tem horários muito rígidos: alvorada
às 7horas, o pequeno-almoço entre as 7.30 e as
8.15. Por isso, ainda mal me tinha deitado após o
quarto, levantei-me logo e fui comer. Durante a
madrugada, um grupo fez pão simples e pão com
chouriço. A cozinha nunca para. O almoço decorreu
Adorei esta experiência. Conheci gente e aprendi
muitas coisas que no dia a dia não me são dadas a
conhecer. Os marinheiros foram sempre muito
simpáticos, divertidos e acolhedores.
17
BLOCO ESPECIAL DE POESIA
MAR
A AMIZADE
Mas afinal o que é a amizade?
Acordar de madrugada
Com o cheiro a verão.
Andar pelo Paredão,
A amizade
Tocar na areia molhada,
É aquele sentimento
Sentir o cheiro a maresia
Que não escolhe idade.
Como quem sente uma paixão.
É aquele sentimento
Mas afinal o que é isso de mar?
Que nos acolhe
O mar é um sorriso no rosto;
No sofrimento.
É um amigo sempre disposto;
Um refúgio de calma e alegria sem fim.
São os muros
Com três letrinhas fazemos o Mar.
Por onde não passa
Mas como pode tão pequena palavra,
Desilusão ou tristeza.
Tão diferentes sentimentos despertar?
É a consciência
Que não nos deixa
Inês Mariano 7ºA
DOR
Seguir por maus caminhos,
Mesmo estando ela
Deixaste-me cair,
Na carência.
Sem dó nem piedade.
Então e agora,
A amizade
Onde procuro a felicidade?
É um sentimento
As tuas agrestes palavras,
Que devemos preservar
Atacam-me como espadas.
Para as guerras
E nas minhas largas costas,
Do coração terminar.
Estão inúmeras facadas.
Afonso Valadares 7ºA
Depois de tanto tempo,
Perante a madrugada.
Sinto uma dor,
Que por mim nunca foi pensada.
Negro como a noite,
Está o meu coração.
As coisas que fiz por ti,
Simplesmente foram em vão.
Sofia Castro 7ºA
18
O AMOR
O VERÃO
O amor é um fogo ardente
Que se extingue em vão
E quando vem
Sentimos aquela sensação.
O amor é um sentimento
Difícil de descrever
E, quando vem,
Voam as pombas no meu
viver.
Sentimos formigueiro na
barriga
Quando estamos ao lado
dessa pessoa
Bolas!! Ainda é mais
constante
Mas é uma sensação tão
boa!
Chegam os dias longos, quentes…
Chegam dias de verão.
E nasce algo certamente,
David Campos, 7ºE
Dentro do meu coração.
Um sentimento que desperta
VIDA
De descanso ou felicidade,
A vida é um livro aberto…
Mas uma coisa é certa:
Cheio de coisas a descobrir
Esta é a realidade.
Em que não podemos voltar atrás,
Só podemos em frente ir.
As ondas batem na areia,
Espalham o cheiro a maresia
A vida é uma folha em branco
E somos nós que a vamos escrever,
De conchas a praia é cheia
Com histórias e aventuras
Se não, verão não seria.
E a isso chama-se viver !
Apesar de maravilha,
A correr irá passar.
Na vida, temos sentimentos,
A comer gelado de baunilha
Como a tristeza e a alegria.
Tenho de o aproveitar!
Não os conseguimos descrever
Mas eles fazem tanta magia!
Sofia Fonseca 7ºA
A vida é assim …
Nós não a podemos mudar.
Temos de andar em frente
Temos de a aceitar!
Miguel
Ramos, 7ºE
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