50 razões para amar São Paulo em 2008

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50 razões para amar São Paulo em 2008
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São Paulo
50 razões para amar São Paulo em 2008
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DA REDAÇÃO
1ª Porque é a melhor noite do planeta(Sorry, Ibiza)
A ilha de Ibiza, na Espanha, é famosa pelos clubes noturnos, onde tocam os
melhores DJs e as festas não têm hora para acabar. Mas essas maravilhas só
funcionam de junho a setembro. Em São Paulo, a vida noturna acontece todos os
dias, o ano inteiro. Melhor: tem de tudo para todos. São mais de 200 baladas, para
todas as tribos: pagodeiros, punks, cybermanos e até animadas senhoras da
terceira idade. Quer dançar rock na segunda? Tem. Curtir um sambão, na terça?
Fácil. “A noite paulistana é um mosaico de nichos culturais”, diz Alexandre Youssef,
dono do Studio SP e coordenador do movimento Noite Viva, que articula 30 casas
noturnas da capital. Quem ganha são os freqüentadores, em número sempre
crescente. “Todo lugar a que você vá está sempre cheio”, diz Gabriela Proença, 19
anos, que muitas vezes emenda o cursinho com o pagode. “Nem Nova York tem
vida noturna nos sete dias da semana.E aqui é fácil achar sua turma, sua tribo “,
diz o ator André Engracia, 31, que viveu dois anos na Big Apple. “São Paulo é 24/7
”.
2ª Porque é a melhor gastronomia do mundo (Sentadinha, Paris)
“São Paulo é a maior capital gastronômica do Brasil” é um dos clichês mais comuns
na boca dos paulistanos. O orgulho tem sua razão de ser. A gastronomia é um dos
pontos mais fortes da cidade, tanto na oferta quanto na qualidade. Ou seja, comese de tudo, e bem, na capital. São cerca de 12.500 restaurantes, com 42 tipos de
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cozinhas. A começar pela excelente culinária italiana made in San Paolo, resultado
da presença maciça de imigrantes vindos da Itália - há mais de 400 cantinas
espalhadas por aqui. São Paulo é também a cidade com maior número de
restaurantes japoneses (800) fora do Japão. Aqui está o único brasileiro que consta
da lista dos 50 melhores restaurantes do mundo, o D.O.M. Cozinha tailandesa,
francesa, alemã, indiana, árabe e americana: o mundo está em São Paulo. E o
Brasil, com seus pratos mineiros, paraeneses, nordestinos e gaúchos, também.
3ª Porque adoramos ler
Nos parques, nos ônibus, no metrô, em mesas de restaurantes e na fila do banco,
há sempre um paulistano com um livro no colo. O mercado não pode reclamar.
Prova disso é o sucesso da Fnac por aqui. Com 8.000 m², a loja de Pinheiros é a
maior do país e foi pioneira ao trazer para o Brasil o conceito de não ser só uma
livraria, mas sim um distribuidor de produtos culturais. CDs e DVDs também têm
seu espaço na Livraria Cultura. A matriz, na Av. Paulista, ocupa 4.300 m² em três
pisos e vende cerca de 3 milhões de títulos por mês. “O paulistano busca qualidade
tanto nos livros para entretenimento quanto no material de estudo”, diz Pedro
Herz, diretor-presidente da Cultura. Os sebos também estão em alta por aqui, com
seus títulos fora de catálogo e bem conservados.
4ª Porque não existem padarias como as nossas
Em São Paulo, todo mundo tem a “sua” padaria. E, ao contrário da grama do
vizinho, a “sua” padaria é sempre melhor do que a “dele”, seja para tomar café,
comprar um pãozinho delicioso ou levar as crianças para um sorvete. Se ainda não
tem, aposte: em pouco tempo, a “sua” padaria vai oferecer um belíssimo café-damanhã, além de almoço e sopinha no jantar. Quem afirma é Antero José Pereira,
presidente do Sindicato da Indústria de Panificação. “A cidade conta com quatro
mil padarias. Dessas, 400 são completas. Não demora, a maioria vai servir comida.
Padaria, em São Paulo, é o lugar da família, é ponto de encontro”, diz ele. Antero é
português e vem de uma família de padeiros. Seus dois filhos agora assumiram a
padaria dos pais, no Brooklin. Por que tantos portugueses nesse ramo? “Um foi
trazendo o outro”, afirma. “Agora, estamos levando o nosso know-how para
Portugal”. São as padarias de São Paulo tipo exportação.
5ª Porque temos a maior parada gay
A primeira parada aconteceu em Nova York, em 1969, quando homossexuais
atravessaram a cidade em protesto contra a discriminação. A novidade chegou a
São Paulo 27 anos depois. Em 1996, duas mil pessoas percorreram a Paulista. No
ano passado, foram 3,5 milhões, confirmando o quarto título consecutivo de maior
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parada gay do mundo (São Francisco, nos EUA, fica em segundo, com 1,5 milhão).
O evento não esportivo que mais atrai turistas para cá tem potencial para reunir 4
milhões de pessoas no próximo dia 25. Sob o arco-íris mais animado do planeta,
celebridades desfilam ao lado de travestis, pais levam os filhos nos ombros,
garotas trocam beijos animados e rapazes competem em rebolado com os go-go
boys.
6ª Porque nossos táxis são os melhores do país
Não é exagero. Os carros são novos, a maioria dos motoristas é gentil e não “dá
voltinha” com quem não sabe o caminho (no trânsito, o taxista também seria
prejudicado). Há motoristas que oferecem bebidas e revistas importadas e até
cabo para conectar o iPod do cliente. “Trocamos os carros a cada dois anos.
Mesmo os que não são de frota são renovados porque a isenção de impostos
facilitou”, diz Ricardo Auriemma, presidente da Associação das Empresas de Táxi
de Frota do município. Hoje, são 32.766 táxis.
7ª Porque corremos e não só no trabalho
Eles driblam o trânsito e a agenda lotada, ignoram o monóxido de carbono das
avenidas ou fogem até o parque mais próximo. Em busca de boa forma e bemestar, os corredores paulistanos proliferaram de forma surpreendente e
transformaram a corrida em movimento organizado. Em 1992, as primeiras provas
promovidas pela Corpore – maior associação de corredores do Brasil – tinham
cerca de 600 atletas. Já em 2007, reuniam 126.697 em seus 26 eventos.
A tribo, majoritariamente masculina e com idade entre 30 a 34 anos (dados da
Corpore), se concentra no Parque do Ibirapuera durante a semana e na Cidade
Universitária aos sábados. Nos domingos, é o Minhocão que vira pista. Também
não causam espanto os dedicados corredores se exercitando no canteiro da
Avenida Sumaré. Até nas Marginais é possível encontrá-los. Paulistano se acostuma
com o ritmo acelerado do cotidiano e corre. Ou corre para se acostumar a ele.
8ª Porque somos multiculturais
São Paulo recebeu 70 povos diferentes ao longo de 454 anos. Não é pouco.
Especialmente quando sabemos que todos eles vivem em harmonia e, salvo
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exceções, livres de preconceitos. Aqui, cores e credos se misturam. Há escolas
laicas que recebem crianças de todas as religiões e tomam cuidado para não
comemorar a Páscoa cristã, por exemplo, em detrimento do Hoshashana judaico e
do Ramadã islâmico. Essa diversidade é buscada pelos pais que não desejam
educar os filhos em uma única fé. A bióloga muçulmana Magda Mednat Pechilye, a
psicóloga judia Vivian Evelyn Huszar e a administradora católica Denise Barone
Spachi vêem com satisfação os filhos Mustafá, Max e Nathalia, todos com 10 anos,
estudando na mesma classe. “Pessoas preconceituosas são burras. Não entendem
que dá para ser amigo de quem é diferente da gente”, diz o esperto Max.
A possibilidade de exercer (e conviver com) as diferenças não é tão comum quanto
deveria ser em grande parte das cidades. Aqui isso acontece. “A cidade sempre
ofereceu oportunidades de trabalho para todos. Recebeu correntes migratórias
com tradições diversas e possibilitou que elas fossem preservadas”, diz José
Guilherme Magnani, coordenador da área de Antropologia Urbana da USP.
9ª Porque temos a Aspicuelta
Ela não é grande, nem larga e nem especialmente bonita. O nome é engraçado e
vem de um padre espanhol do século 16. Mas nela dá para marcar viagens para a
Rússia, comprar roupas de grife, tomar chope, comprar móveis antigos, provar
culinária pernambucana, deixar as crianças brincando, tomar chope, cortar o
cabelo, fazer uma boa massagem, comer pizza de metro. E, claro, tomar chope:
não dá para escapar ileso da encruzilhada mais bombada da cidade – São Bento,
Posto 6, José Menino e Cervejaria Patriarca. Não tem galinha preta ou vela, mas
em compensação tem costelinha, sushi, frutos do mar... E, claro, muito chope.
10ª Porque nos apaixonamos (e fazemos amigos) no trânsito
Se a gente passa tantas horas no engarrafamento, é natural que role uma
paquera. Algumas resultam em namoro e até casamento. Foi assim com o designer
Douglas Feitosa, 26 anos, e com a produtora Maíra Torrecillas, 22. Eles tomavam o
mesmo ônibus, sentavam juntos, mas não se falavam. Um dia, Douglas a
encontrou na fila do cinema, se apresentou e comprou ingresso para o filme. Estão
juntos há seis anos. O estudante Fernando Molina Lopes, 21, e a administradora
Vivian Nunes Palos, 26, se conheceram no meio do caos. Ele estava parado num
retorno da Faria Lima fazia um bom tempo, até que Vivian deu passagem.
Fernando não se contentou em agradecer. “Escrevi um bilhete perguntando se
poderia conhecê-la, coloquei o endereço do meu messenger e pedi a um vendedor
de biju que o entregasse a ela”, diz. “Não costumo adicionar desconhecidos, mas
foi a primeira coisa que fiz ao chegar em casa”, conta ela. Os dois namoram há
oito meses.
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11ª Porque reinventamos o cafezinho
Puro ou com leite. Curto, duplo, com espuma ou carioca. Com ou sem chantilly.
Seja qual for a moda do freguês – com açúcar, adoçante ou ao natural –,
paulistano raramente se habitua aos cafés oferecidos em outras cercanias. Para
satisfazer os paladares mais exigentes, a cidade foi pioneira em disponibilizar
blends e grãos especiais não apenas nas prateleiras dos supermercados, mas
também no balcão das melhores cafeterias. No Suplicy, por exemplo, as opções
diferem conforme a torrefação: o grão de torra escura, de sabor intenso, é
fornecido por uma fazenda do Cerrado de Minas, enquanto o café orgânico, de
torra mediana, vem do Espírito Santo. No Santo Grão, há seis diferentes versões,
provenientes de regiões como Alta Mogiana (SP), forte e encorpado, e Sul de
Minas, mais suave, além de um delicioso blend exclusivo da casa. Nesses lugares,
não estranhe se você pedir um expresso e o garçom responder: “Qual?”.
12ª Porque Alice Braga
Se perguntarem a Alice Braga onde ela mora, a resposta será meio vaga. Depois
da sua atuação no filme Eu sou a lenda, ela se tornou a atriz brasileira de maior
sucesso nos Estados Unidos. Vive entre Nova York, Los Angeles e São Paulo. Mas,
se perguntarem “Onde é sua casa?”, a resposta será imediata: “Em São Paulo,
oras!” Não que ela tenha um apartamento montado aqui. Suas roupas estão em
malas, na casa da irmã, Rita Braga. No entanto, é em Pinheiros, bairro onde
nasceu, que ela se sente de fato em casa. “Sou 100% paulistana. Adoro a cidade.
Ando de ônibus para observá-la melhor. Amo os restaurantes, os bares”, diz Alice.
Sobrinha de Sonia Braga e filha da atriz Regina Braga, Alice conseguiu, aos 24
anos, o que muito artista não alcançou a vida toda. O sucesso veio logo no
primeiro longa, Cidade de Deus, dirigido por Fernando Meirelles – a quem Alice
chama carinhosamente de “padrinho”. Meirelles gosta do tratamento, embora
afirme que não “apadrinhou” ninguém. “A Lili chegou lá em razão de seu talento e
sua dedicação. Ela está apenas começando. Ninguém a segura”, diz Meirelles. E o
que chamou a atenção dele, logo de cara? “O carisma”, afirma. “Essa
espontaneidade passa verdade nos personagens que ela faz”.
Elogiada pela crítica americana, Alice acabou de filmar Repossession Mambo, ao
lado de Jude Law. Em poucos meses, estará nas telas com Rodrigo Santoro em
Redbelt. Mas nem contracenar com atores tão desejados a faz mudar o jeito de
moleca. “Alice não deixou de ser ela”, diz a irmã, a produtora Rita. “Ela é
superfamília, carinhosa, brincalhona. Sensível. Um dia me ligou do Canadá, onde
estava filmando, meio chateada, com saudade. Tinha acabado de beijar o Jude
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Law no set. Como podia estar triste? Pois é, queria colo. Esta é Alice”.
13ª Porque podemos ver grandes shows em pequenos bares
A luz baixa e o ambiente esfumaçado ajudam a compor a viagem. Não estamos
mais na São Paulo de 2008, mas no porão de um clube de jazz da Nova York dos
anos 60. No mezanino, o saxofone espera apoiado em seu suporte, o contrabaixo
descansa encostado ao piano. Os músicos atacam e o ar muda.
O clima no Bar Piratininga (foto), fica mais leve, mais quente. São os efeitos
daquela música.
14º Porque SPWF
A São Paulo Fashion Week não é apenas a mais importante semana de moda da
América Latina, mas também um meio poderoso para a divulgação de mensagens
que transcendem o mercado de vestuário. Foi assim no desfile da Cavalera em
janeiro deste ano, quando trocamos a Bienal pelas margens do rio Tietê e
conseguimos chamar atenção para a poluição. Além de consumir R$ 6 milhões
apenas em sua estrutura, a semana agita os setores de turismo e hotelaria e
coloca São Paulo no foco da moda mundial. Minha estréia na SPFW aconteceu em
1997, quando ele ainda se chamava Morumbi Fashion. Desde então, só me
ausentei uma vez. E, contando as colaborações que fiz nos desfiles de marcas
como Zapping e Copa Rocca, talvez eu seja o estilista mais assíduo na semana.
Porque cada um ama a cidade a seu jeito
Por que você ama São Paulo? Fizemos essa pergunta em nosso site e também a
alguns entrevistados. Em um mês, tivemos mais de 600 respostas. Selecionamos
algumas, que você verá abaixo e nas próximas páginas. Dê a sua razão clicando
aqui.
15ª “Experimentei praia e campo, mas nada como uma metrópole. Você vê corrida
em Interlagos, caminha em uma trilha, come uma pizza (do sabor que quiser!) e,
de quebra, arruma um emprego decente. Isso tudo pode acontecer no mesmo dia.
Onde mais? Só amando!”
Suely Maria Magdaleno (pelo site)
16ª “Porque basta abrir a porta do meu que dou de cara com o mundo!”
Bento Tavares Sierra Bueno (pelo site)
17ª “Apesar de todos os ‘pesares’, São Paulo ainda é a cidade brasileira de todos
os sotaques. É o único lugar do Brasil onde você pode estar de manhã no Japão, à
tarde em Nova York e à noite na Itália (Liberdade, Ibirapuera e Bixiga).”
Sylvio Haas (pelo site)
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18ª “Porque em São Paulo você pode assistir a coisas absurdas como um
workshop do BB King e uma palestra do Polanski. E, com um pouco sorte, de graça
e no mesmo dia.”
Tulipa Ruiz, cantora
19ª Porque temos um "cinturão verde" a poucos minutos de casa (a Mata
Atlântica é logo ali)
As fotos de satélite não deixam dúvida: vista de cima, São Paulo é uma mancha
cinzenta cercada de mata por todos os lados. Onde quer que estejamos, basta
percorrer quinze quilômetros em linha reta para nos depararmos com algum trecho
de floresta. A boa notícia é que, apesar de grandes condomínios avançarem sobre
a mata, o cinturão verde está cada vez maior. “Pela primeira vez, a área de
vegetação regenerada superou a área desmatada na região metropolitana,
crescendo 6% em uma década”, diz Marco Nalon, do Instituto Florestal, órgão
ligado à Secretaria do Meio Ambiente do Estado. Segundo ele, a vegetação nativa
cobre hoje 29% da Grande São Paulo. São muitos os parques abertos ao público,
como o da Cantareira, na zona Norte, e a Reserva Florestal do Morro Grande, em
Cotia (zona Oeste). Ali, é possível observar pássaros e bugios, praticar esportes ou
simplesmente espairecer. A previsão para o sábado é de sol? Organize um
piquenique, oras!
20ª Porque temos os garçons mais eficientes do país (e também os mais
bonitinhos)
Nada pior do que pedir um suco de laranja e ele vir, vinte minutos depois, quente
e melado Em São Paulo, com exceções, isso raramente acontece. Nossos garçons
são treinados não só para equilibrar a bandeja, mas também checar se o que
chega à mesa está de acordo com o que foi pedido. Os veteranos que o digam.
Antônio Calixto Pinheiro, 66 anos, garçom há 48, veio do Ceará em busca de
emprego. Hoje, integra o time do Genésio, na Vila Madalena. “Ficou mais fácil lidar
com os clientes. Antes se usavam mais as normas de etiqueta”, afirma. Enquanto
bares como o Genésio apostam na experiência, outros, como o Ritz, preferem
jovens universitários que fazem da atividade uma forma de custear os estudos.
Nesses, a aparência conta pontos. Mas não só. “Estudamos o cardápio e
aprendemos na prática as artimanhas da profissão”, diz o estudante de publicidade
Bruno Lago, 21 anos, há dois no Ritz Itaim.
21ª Porque, acredite, somos gentis
Fomos às ruas para avaliar a cordialidade do paulistano. O resultado do teste
surpreendeu
“Você pode cuidar do meu cachorro enquanto compro um remédio?”
Mesmo surpresa com o pedido, a maioria segurou a coleira. Até um senhor dentro
de um carro aceitou brincar com a cadela perdigueiro. As exceções foram uma
moça de uns 20 anos – “morro de medo de cachorro” – e uma loira apressada que
nem parou para nos ouvir.
Placar: 8 X 2
“Meu carro quebrou e meu celular morreu. Posso usar o seu?”
“Estou sem crédito”, foi a reação mais comum. Mas bastava ouvir que a ligação
seria a cobrar para a maioria estender o telefone. Os mais apressados usaram a
correria como desculpa. “Não tenho celular”, disse uma dondoca na Oscar Freire,
apertando o passo.
Placar: 6 X 4
“Como faço para chegar a tal lugar?”
A maioria dos paulistanos é especialista em caminhos e adora mostrar que sabe.
Os homens tiveram 100% de aproveitamento. Uma mulher, apesar de gentil, nos
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mandou para o lado errado. Outra disse apenas: “Vá perguntar a um homem”.
Pode?
Placar: 8½ X 1½.
“Fiquei sem gasolina e estou sem minha carteira. Você poderia me ajudar
com um real ou dois?”
Apenas um rapaz e uma moça concordaram. “Já passei por isso”, disse ele, tirando
R$ 2 do bolso. As demais respostas foram constrangedoras. “Também saí sem
minha carteira”, chegou a dizer um rapaz que fazia compras. Conclusão: paulistano
é gentil desde que não lhe peçam dinheiro.
Placar: 2 X 8
Aqueles que se dispuseram a emprestar o celular ou a dar algum trocado foram
logo informados de que se tratava de um teste, de modo que nenhum telefonema
foi feito e nenhum centavo embolsado.
22ª Porque o Corinthians sempre dá alegria. Quando ganha (para a fiel) e
quando perde (para são-paulinos, palmeirenses...)
23ª Porque levamos pizza a sério
Dizem que São Paulo só perde para Nova York no ranking da pizza. Que absurdo!
Os gringos podem ganhar na quantidade, mas terão de comer muitas fatias para
atingir nossa excelência. Entregues por um motoboy ou apreciadas em um salão
ruidoso, engolimos um milhão de redondas por dia, segundo a Associação das
Pizzarias do Estado de São Paulo. Só na capital, há oito mil pizzarias – uma média
de 16 por quilômetro quadrado, uma a cada sete quarteirões. “Paulistano leva
pizza a sério; se arruma para ir à pizzaria e cumpre o ritual todo fim de semana”,
diz Edgard Costa, um dos sócios da Pizzaria Bráz, com quatro casas na cidade. A
lista de ingredientes inclui opções improváveis, como carne seca e banana com
canela. Se esses nova-iorquinos soubessem...
24ª “Porque aqui todo mundo é doutor e campeão.
-Posso olhar o carro
pra você, doutor?
-Claro, campeão!”.
Oga, designer.
25ª Porque podemos virar samurais
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Eles nasceram no japão feudal e dominaram aquele país por quase oito séculos.
Mais do que a força militar, os samurais sustentaram o poder devido à sua filosofia.
Pautada por um código ético não-escrito, ela incluía valores como honra, coragem,
gratidão e lealdade. Setecentos anos depois, em uma metrópole caótica e
competitiva, uma nova geração de discípulos aplica na vida e nos negócios a
milenar “sabedoria da espada”.
No Instituto Niten, em São Paulo, organização pela qual passaram dez mil alunos
em 15 anos, a tradição não é mera teoria. O diretor, Jorge Kishikawa, criou um
método para adaptar os conceitos à nova – e ocidental – realidade. “Poucos fazem
as coisas com honra. A maioria leva tudo com a barriga. É difícil trazer uma cultura
em que a imperfeição é punida, em que se exige lealdade ao superior. Não há ética
no mundo corporativo: você se vira e é apunhalado pelas costas”, diz.
Em seus 40 dojos (escolas de artes marciais) e no livro Shin Hagakure:
Pensamentos de um Samurai Moderno (Editora Conrad), Jorge Kishikawa, neto de
japoneses, ensina disciplina e concentração, além de estimular autoconfiança e
autocontrole. Para ele, qualquer um pode virar samurai: “Quem tem uma espada
como bússola está mais orientado para tomar decisões. A maioria delas requer
uma escolha entre sim e não. Na luta também: ou você corta ou deixa a arma na
bainha”.
26ª Porque 25 de Março e Oscar Freire
Comprar nessas duas ruas é uma delícia. A primeira é voltada para o comércio
popular: encontra-se de tudo, a preços pra lá de acessíveis. Todos os dias, passam
por ali mais de 450 mil pessoas. A segunda é o sonho, o desejo de consumo – a
começar pela própria rua, agora reurbanizada, com calçadas perfeitas, vitrines
lindas e sem fios elétricos sobre nossas cabeças. Paulistano que se preza vai a uma
e a outra com desenvoltura. Rosangela Lyra, presidente da Associação dos Lojistas
da Oscar Freire, acredita que esse comportamento é reflexo da cidade. “São Paulo
é para todos”, diz. Ainda bem.
27ª Porque MASP
MALCONSERVADO, imerso em dívidas que extrapolam R$ 10 milhões e objeto de
uma polêmica sobre segurança que se arrasta desde dezembro – quando foram
roubadas duas telas, recuperadas em janeiro –, o Museu de Arte de São Paulo
ainda é motivo de orgulho. “Em nenhum outro museu do Brasil é possível admirar
trabalhos de Rafael, Van Gogh, Cézanne, Renoir, Portinari e Di Cavalcanti a poucos
metros um do outro”, afirma o curador Teixeira Coelho. Seu acervo, com valor
estimado em R$ 2 bilhões, engloba 7.517 obras, das quais cerca de 250 estão
expostas no segundo andar. As demais ficam guardadas. “É o museu mais
importante da América Latina”, diz Luiz Américo Munari, professor de história da
arte na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. A pedido de Época São
Paulo, Munari listou as obras mais importantes entre as expostas e comentou cada
uma delas. São dele os comentários abaixo.
Masp: Av. Paulista, 1578, tel.: 3251-5644. Horário: diariamente, das 11h às 18h
(às quintas-feiras, fecha às 20h). Ingressos: R$15 ou R$ 7,50 (meia entrada).
Menores de 10 anos e maiores de 60 não pagam. Entrada franca às terças-feiras.
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28ª Porque John Neschiling
Pó-pó-póóó. Pá-pá-pá Pá-pá-pá-pááá Pó-pó-pó-póóóó.
Opa! Deu o primeiro sinal – a senha para entrarmos na sala de concertos.
Despeço-me do casal de amigos com quem conversávamos e aproveito para dar
um breve aperto de mão no maestro que passa, de calça clara e camiseta pólo cor
de salmão, rumo ao camarote de onde costuma assistir aos concertos que não
rege. Hoje, o barítono estava doente, mas mesmo assim vai cantar. O maestro vai
até os bastidores, pega o microfone e aproveita para agradecer o profissionalismo
do convidado. Ele também gosta de falar ao microfone antes de reger. Com sua
personalidade expansiva, seu jeito despachado e brigão e sua indiscutível
competência como líder, John Luciano Neschling se tornou uma das figuras mais
polêmicas no mundo da cultura paulistana.
Carioca, Neschling pode ser considerado responsável por uma das maiores
conquistas paulistanas: a revitalização da Orquestra Sinfônica do Estado de São
Paulo, ou Osesp. Em 1997, ele sucedeu no comando da Osesp um dos maiores
maestros que o Brasil já teve: o cearense Eleazar de Carvalho. Promoveu uma
transformação cujo resultado foram dois presentes para São Paulo: uma das
melhores orquestras do mundo – hoje premiada e reconhecida no exterior – e uma
das melhores salas de concerto do mundo, a Sala São Paulo, construída no prédio
da antiga estação de trem Júlio Prestes. Na gestão dos músicos, Neschling adotou
conceitos caros aos paulistanos: qualidade, meritocracia e inovação.
O nome de Neschling desperta ira e paixão. Seus admiradores cardíacos (entre eles
o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso) costumam louvar o indiscutível
sucesso da orquestra. Seus desafetos hepáticos (como o atual governador José
Serra) afirmam que a Osesp – e o próprio Neschling, cujo salário mensal gira em
torno de 100 mil reais – custam caro demais aos cofres públicos. Ninguém nega
que, se hoje temos uma orquestra de classe mundial na cidade, isso é fruto do
trabalho de Neschling. Para os amantes da música, é isso que importa. Queremos
apenas estar na sala de concertos a tempo de ouvir o próximo “Pó-pó-póóó”.
29ª Porque comemos com a mão (e lambemos os dedos)
Lanche de Mortadela do Bar do Mané: O grande hit do mercado Municipal leva
250 gramas de mortadela em um pão francês. São vendidos em média 700
sanduíches por dia.
R. da Cantareira, nº 306, Rua E, Box 14, Parque Dom Pedro II, tel.: 3228 2141.
Coxinha do Frangó: É o salgado de frango com catupiry mais famoso da cidade.
Cássio Piccolo, o dono do boteco, revela o segredo: “Ela nunca tem varizes, está
sempre sequinha e gostosa”.
Largo da Matriz Nossa Senhora do Ó, 168, Freguesia do Ó, tel.: 3932-4818.
Mini-bomba de creme da Cristallo: Deliciosa! E ainda cabe inteira na boca, o
que evita lambanças ao fim da degustação.
R. Oscar Freire, 914, Jardim Paulista, tel.: 3082-1783.
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Beirute do Frevinho: Há 52 anos, o lanche de pão sírio crocante com recheios
que agradam até os vegetarianos, não perde a qualidade. Uma das opções, com
recheio de carpaccio, tem fiéis adoradores.
R. Oscar Freire, 603, Jardim Paulista, tel.: 3082-3434
30ª “Porque sou mulher de malandro: gosto de apanhar!”
Berlam Belozo, cantor
31ª Porque nosso zôo é um dos maiores do mundo
À primeira vista, Tetéia não tem nada de bonitinha. A vovó hipopótamo também
está longe de ser delicada. Seu recinto alagado disfarça a silhueta de duas
toneladas e meia. No zôo, a mais popular dos 3500 animais de 450 espécies – o
que faz o nosso zoológico um dos maiores do mundo em diversidade – não faz
graça como os primatas, não tem a simpatia dos suricatos, nem a imponência dos
leões. Mas, aos 50 anos (a média de vida de um hipopótamo é de 45), depois de
dar à luz dez filhotes e ter enterrado alguns maridos, Tetéia é o bicho mais antigo
da fundação paulista. Está lá desde 1964, sete anos após a inauguração. Com o
jeitão parado e submerso durante o dia (para se proteger do sol), observou grande
parte dos setenta milhões de visitantes se debruçarem curiosos sobre o gradil.
ZOOLÓGICO: Av. Miguel Stéfano, 4241, tel.: 5073-0811
32ª Porque Luana Piovani anda sumida
Querida:
Faz tempo que não a vemos por aqui. Depois daquela sua peça infantil baseada no
livro que as misses costumavam adorar, parece que você se entregou de vez à
alegria carioca. Realmente tem seu charme ser fotografada na praia tirando o
biquíni de lugares inacessíveis ao olho humano e quase arremessar um coco, com
água e tudo, na cabeça dos paparazzi que insistem em segui-la enquanto você faz
sua pacata caminhada. Apesar de sentir falta da sua simpatia contagiante, do
sorriso aberto, do trato fácil, achamos que você é mais feliz à beira-mar.
Compreendemos sua escolha. Continue aí, fofa. Damos o maior apoio.
33ª Porque a cidade fica vazia nos feriados
34ª Porque Cauby Peixoto ainda canta onde alguma coisa acontece no
meu coração
O artista pede ajuda aos seguranças para subir ao palco e, em razão do cansaço,
passa o show inteiro sentado – posição pouco indicada para quem quer soltar a
voz. O timbre de Cauby, no entanto, preenche o salão do Bar Brahma toda terçafeira e arranca suspiros dos espectadores, das mais variadas idades. Não há quem
resista ao repertório. A primeira canção, previsível, é Sampa, em que Caetano
homenageia a esquina da Ipiranga com a São João, a poucos metros dali. “Conheci
São Paulo aos 16 anos e me apaixonei por tudo: pela mulherada, os homens de
gravata, os edifícios altíssimos, a metrópole”, diz Cauby, que se diz admirador da
“simplicidade” do paulistano. Quando esquece a letra, Cauby diverte-se com o
público, que canta em uníssono. Ao terminar o hit Madalena, engata uma
brincadeira: “Bonitinho esse versinho, né?” diz. “Uma gracinha... Mas nenhuma é
melhor do que a minha Conceiçãããoo”. É o bastante para o pessoal ir ao delírio,
emocionado como o próprio cantor.
Bar Brahma: Av. São João, 677, Centro, tel.: 3333-0855
35ª Rock’n’Roll
Também conhecida como “berço do rock”, nossa cidade não precisa de mais que
15 minutos para gerar uma nova banda. Parece exagero? Para tirar a prova, Época
São Paulo resolveu fazer o teste: teríamos que formar uma banda completa
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recrutando apenas desconhecidos que estivessem passeando pela Teodoro
Sampaio. A rua é uma espécie de Oscar Freire dos músicos e, aos sábados, vive
lotada deles, que passam a tarde namorando instrumentos nas vitrines das lojas.
Não foi necessário andar nem um quarteirão inteiro. Entrávamos, fazíamos o
recrutamento (“Alguém aqui é baixista? E baterista? Quer participar de uma banda
agora?”) e recolhíamos os futuros popstars. Das duas primeiras lojas saíram um
baixista meio rastafari e um baterista com cara de boy band. O vocalista, mais para
indie, foi pescado em uma lanchonete e, como também sabia tocar guitarra, foi
“contratado” imediatamente. O tecladista, acredite, foi capturado quando
atravessava a rua: “Você sabe tocar teclado, não sabe?”. Sabia. Aquela cara de
John Lennon não estava mentindo. Pronto. Agora como uma banda, os meninos
seguiram para o palco montado em uma galeria ali mesmo, naquele quarteirão. Ali,
fariam o show de estréia (e de despedida) da banda instantânea. Se deu certo?
Bem, desafinadas e desencontros à parte, podemos dizer que sim (tire suas
conclusões vendo a performance no nosso site: www.epocasp.com.br). Afinal, você
sabe, nada mais rock’n’roll do que desafinar de vez em quando.
36ª Porque não precisamos ir a Nova York para assistir aos musicais
Demorou. Mas desde 2001, com a montagem do Les Misérables , em São Paulo, os
brasileiros não precisam mais ir até Nova York para ver bons musicais. Com
produção e elenco de primeira linha, os espetáculos têm tido merecido sucesso. Foi
assim com a Bela e a Fera, em 2002, O Fantasma da Ópera, em 2005, e agora com
Miss Saigon e West Side Story. Este último, que estreou há dois meses no Teatro
Alfa, tem chamado atenção não só pelo famoso enredo, uma espécie de Romeu e
Julieta moderno, mas também pela boa montagem – que custou R$ 12,5 milhões –
e o talento dos protagonistas, Fred Silveira no papel de Tony e Bianca Tadini como
Maria. Ela acredita que os musicais aprimoram o jeito de se fazer teatro no Brasil.
“Investir em cursos de canto, de dança e de interpretação faz com que os artistas
estejam mais preparados para o teatro de maneira geral”, diz. Para viver Maria,
Bianca fez aulas de balé, flamenco e canto lírico. “Estudei bem o texto e reli Romeu
e Julieta. Participar desse espetáculo é uma grande realização. Sei o que ele
representa.”
Teatro Alfa: Rua Bento Branco de Andrade Filho, 722, Santo Amaro, tel.: 5693-
4000. Horário: quinta e sexta-feira, às 21h, sábado, às 17h e 21h e domingo, às
18h. Ingressos: R$ 40 a R$ 150
37ª Porque transformamos tragédias em oportunidades
Ao ser transferido para a Casa de Detenção de São Paulo, em 1995, o ex-guarda
municipal Jorge Araujo achou que não sairia vivo. Condenado por formação de
quadrilha, ele morou durante cinco anos no maior presídio da América Latina. O
que mais o apavorava não era a superlotação nem o fato de ser ex-policial.
Segundo ele, morria de medo das histórias do “massacre do Carandiru” contadas
pelos pacientes da ala “HIV e tuberculose”, onde trabalhou como enfermeiro ao
lado do médico Drauzio Varella. Naquele 1o de outubro de 1992, a invasão do
Pavilhão 9 pelas tropas do coronel Ubiratan Guimarães deixaram bem mais do que
os 111 mortos: muitos foram infectados no banho de sangue. “O medo de que
acontecesse de novo era constante”, diz Araujo. Mas ele conseguiu refazer a vida.
Hoje, trabalha como editor de áudio e vídeo numa emissora de televisão. Seu
exemplo de superação é compartilhado pelo imenso terreno, que também reverteu
o passado. Em 2002, três pavilhões foram implodidos e os demais, reformados,
para darem lugar ao Parque Estadual da Juventude. “Temos um complexo que
reúne esporte, lazer, cultura, educação e cidadania”, diz o diretor do Parque, Paulo
Pavan. A cela de Araujo, no antigo Pavilhão 4, hoje é uma das salas de aula da
Escola Técnica, que oferece cursos para dois mil alunos.
Parque da juventude: Av. Zaki Narchi,1309, tel.: 2251-2706.
38º “Porque uma das coisas mais bacanas de SP são as baianas
de Sergipe e do Maranhão vendendo acarajé no Vale do Anhangabaú...”
Serena Assumpção, produtora
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39ª Porque Alex Atala
Milad Mack nasceu em 1968 na Mooca e cresceu em São Bernardo do Campo. Na
adolescência, aderiu ao movimento punk, saiu de casa e tornou-se DJ do extinto
clube Rose Bom Bom. Com 18 anos, pegou sua mochila e foi para a Europa. Para
sobreviver, virou pintor de paredes na Bélgica. Um amigo sugeriu que fizesse um
curso profissionalizante em gastronomia para ganhar mais dinheiro. Ele fez. Alguns
anos depois, Milad Mack tornou-se um dos maiores nomes da gastronomia nacional
e o único chef brasileiro premiado pela renomada revista inglesa Restaurant. O
D.O.M. (acrônimo de Deo Optimo Maximo, “Deus é ótimo e máximo”), seu
restaurante, ficou em 38º lugar entre os 50 melhores do mundo na lista de 2007
da publicação (o primeiro foi o El Bulli, do badalado Ferran Adriá, na Espanha).
Milad Alexandre Mack Atala nunca mais pintou paredes. Pelo menos não
profissionalmente.
40ª Porque o povo está aprendendo a tirar sujeira de cachorro das ruas
Ainda pisamos em algumas sujeiras por aí. Mas, de uns anos para cá, melhorou
muito! Agora falta aprender a limpar o xixi. É, embora menos urg, isso também dá
cheiro na rua. Então, antes de levar seu amigo para passear, tome alguns
cuidados:
* Ao sair de casa, pegue o saquinho para tirar a sujeira e uma garrafa de água
cheia para limpar o xixi;
* Se seu cachorro for daquele que gosta de “batizar” vários postes, jogue um
pouco de água em cada um: não gaste tudo de uma vez;
* O saquinho, você sabe, é para o cocô. Ponha no lixo e não na rua;
* Mantenha seu cachorro sempre na coleira – só solte em lugares onde não haja
perigo de ele avançar em alguém. Se seu cão for bravo, não tem jeito, use
focinheira.
41ª “Porque eu gosto de me estressar! Paulista é o único povo que leva
macarrão a sério. Mas como eu abro a boca mais para falar do que para comer, o
que mais me interessa em restaurante é a atmosfera. São Paulo tem 830 peças,
400 shows, 780 salas de cinema e você diz: ‘Oba, hoje não vou sair de casa!’. Fico
em casa por opção, e não por falta de opção. Também não vivo sem delivery.
Deusmelivery viver sem delivery!”
José Simão, jornalista
42ª Porque... silêncio
É possível alimentar carpas – e ficar completamente quieto – no Pavilhão Japonês,
no Parque do Ibirapuera
43ª Porque Rogério Ceni
Ele ficou famoso por uma façanha pouco comum entre os colegas de posição:
tornou-se, em 2006, o goleiro com o maior número de gols marcados na História
ao converter seu 63º tento (hoje, são mais de 79). Especialista em cobranças de
falta próximas à área adversária, Rogério é o batedor oficial de pênaltis do São
Paulo e um de seus maiores artilheiros. É também o jogador com mais partidas
disputadas pelo time desde sua fundação. “O Rogério é a alma do São Paulo. Sua
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identificação com o clube representa tudo o que um torcedor traz dentro de si:
amor”, diz Nando Reis, cantor e compositor fanático pelo tricolor. Rogério foi
revelado pelo Sinop, time da pequena cidade do Mato Grosso onde o arqueiro
paranaense passou a infância. Em 1990, o Sinop sagrou-se campeão do estado e
Rogério aproveitou para, no mesmo ano, fazer um teste no São Paulo, seu clube
do coração. Tinha 17 anos ao firmar contrato. Depois de sete anos como reserva
de Zetti, o craque assumiu a vaga no time titular e deu início à coleção de títulos,
que incluem melhor goleiro (2006 e 2007) e melhor jogador (2006) do
Campeonato Brasileiro, além de melhor jogador do Mundial de Clubes da FIFA
(2005).
44ª “Pode dizer que é porque eu amo o caos? Sou de Curitiba e tinha
horror àquela coisa limpa e organizada.”
Clarissa Kowalski, jornalista
45ª Estamos revitalizando o centro
O centro de São Paulo já foi sinônimo de degradação. Mas a sociedade civil,
arregimentada pela Associação Viva o Centro, lançou uma cruzada pela
revitalização do bairro. Nos últimos dez anos, a região ganhou a Sala São Paulo, o
Shopping Light, o Centro Cultural Banco do Brasil e o Museu da Língua Portuguesa.
Foram restaurados o Teatro Municipal, a Pinacoteca, a Estação da Luz e o
Mercadão. “O centro de qualquer metrópole é o que dá identidade a ela”, diz
Marco Antônio de Almeida, superintendente da Viva o Centro. O pedaço mais
favorecido foi o Triângulo Histórico – entre a Catedral da Sé, o Mosteiro de São
Bento e o Largo de São Francisco. A prefeitura foi transferida para a Praça do
Patriarca em 2004. No ano passado, foram concluídas as reformas nas praças da
Sé e da República e o movimento na Cracolândia, segundo Almeida, foi reduzido a
menos de 10% do que era uma década atrás. No início de 2008, voltou a funcionar
no Anhangabaú a maior agência dos correios do país. Os três pisos superiores do
prédio permanecem fechados e podem trazer mais um centro cultural para o
centro. Tomara.
46ª Porque Venha de onde vier: aqui você tem vez
Lugar comum dizer que São Paulo é a cidade do trabalho. Mas sempre é bom
lembrar que é um lugar para todos os tipos de ofício. Quem deseja seguir a área
de criação, por exemplo, é recebido de braços abertos. Espaços para novas e boas
idéias não faltam. Se você andar pelos corredores das agências de publicidade, irá
ouvir dezenas de sotaques. Na Full Jazz, pelo menos 15 dos 70 funcionários não
são paulistanos. Sete deles contam de que maneira essa miscelânea interfere no
ambiente de trabalho.
47ª Porque temos nossa off-Broadway
Dos anos 1960 até 1980, o cine Bijou, com seus filmes cults, levava charme e
gente interessante para a praça Roosevelt. Depois que ele fechou, o lugar
degringolou e virou ponto de drogas e prostituição. Mas desde 2000, vive uma
espécie de ressurreição. Recobrou o charme de 20 anos atrás e se transformou na
nossa off-Broadway, repleta de gente jovem e divertida. Isso se deve a Ivam
Cabral, diretor do grupo de teatro Satyros, que escolheu a praça para estabelecer a
trupe. Acertou em cheio. Em pouco tempo, outros teatros se juntaram à missão: o
Ópera Buffa, o Espaço Parlapatões, o Teatro Studio e o Teatro do Ator. Renascida
como ponto de encontro da classe artística, falta à praça vencer a inércia do poder
público para ficar mais bonita e agradável. A prefeitura, por meio do programa
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“Ação Centro”, planeja uma intervenção para breve.
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Espaço dos Satyros I: praça Franklin Roosevelt, 214, tel.: 3258-6345
Espaços dos Satyros II: praça Franklin Roosevelt, 134, tel.: 3258-6345
Espaço Parlapatões: praça Franklin Roosevelt, 158, tel.: 3258-4449
Ópera Buffa: praça Franklin Roosevelt, 82, tel.: 3237-1980
Teatro do Ator: praça Franklin Roosevelt, 172, tel.: 3257-2264
Teatro Studio: praça Franklin Roosevelt, 184, tel.: 3259-6940
48ª “Porque amo São Paulo? Oras, porque ninguém é perfeito.”
Simone Soul, percussionista.
49ª Porque você pode pedir desculpas – ou agradar – 24 horas por dia
É só escolher flores na Dr. Arnaldo e no Largo do Arouche.
50ª Porque é uma super-hiper-metrópole
Seus 10,8 milhões de habitantes representam um quarto da população do estado e
6% da população brasileira. Os maiores números são os da economia. O
orçamento deste ano, é de R$ 25,3 bilhões: o quarto maior do país, atrás apenas
dos estados de São Paulo, Rio e Minas Gerais. Em 2005, data da última atualização
feita pelo IBGE, nosso Produto Interno Bruto ficou em R$ 263,2 bilhões, valor
equivalente a 12% do PIB nacional e maior do que os de todos os estados, com
exceção de São Paulo. A cidade é sede de 63% das empresas internacionais
instaladas no país e de 38 das 100 maiores empresas nacionais. Tudo isso sem
contar os outros 38 municípios que compõem a quinta maior metrópole do mundo.
Com 19 milhões de habitantes, ela só perde para Tóquio, Cidade do México, Seul e
Bombaim.
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