Revista Papo de Montanha - Nov 2014

Transcrição

Revista Papo de Montanha - Nov 2014
PAPO DE MONTANHA
ano 2 | edição extra | novembro 2014
Comunicação
efetiva na
escalada
SUGESTÕES DE COMANDOS DE VOZ
Novembro 2014
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Revista do CEL
Estudo realizado por Márcio Moreira e Claudney Neves
editorial
ano 2 | edição extra | novembro 2014
CEL - Clube Excursionista Light
Presidente: Éder Abreu
Vice-Presidente: Fernando Araújo
Secretaria-Geral: Marcus Barreto
Tesouraria: Claudio Van e Norma Bernardo
Diretoria de Montanhismo: Filipe Careli
Diretoria Social: Gabriela Lima
Diretoria de Ecologia: Daniel Arlotta
Diretoria de Comunicação: Karla Paiva e
Claudney Neves
Diretoria Cultural: Miriam Gerber
Projeto Gráfico inicial: Paulo Ferreira
Organização: Claudney Neves
Editoração: Karla Paiva
Capa: Rosangela Gelly e Dalton Chiarelli
Foto: Claudney Neves.
Papo de Montanha é uma publicação do CEL - Clube Excursionista Light. As opiniões expressas pelos autores são de
inteira responsabilidade dos mesmos e não representam a
opinião da revista Papo de Montanha e do CEL.
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Frequentemente observamos situações indesejadas
causadas por falha na comunicação entre pessoas. Alguém diz uma
coisa e o ouvinte entende outra. Daí para o erro, desentendimento,
estranhamento, confusão ou acidente é um passo.
Falhas de entendimento ocorrem em diversas situações.
No ambiente de trabalho, no namoro, entre amigos. Algumas
são pouco relevantes e contornadas enquanto outras deixam
consequências irreversíveis.
Na escalada uma falha de comunicação pode se transformar
em acidente. Imagine a cena: o guia está tenso em um lance
arriscado e bem acima da última proteção, sentindo o arrasto da
corda, enquanto o segurador, sem contato visual, mantém a corda
justa. O guia, tremendo e suando, grita: - Libera! O segurador
desarma a segurança e grita: - Corda livre!
Como reduzir o risco de acidentes causados por falhas na
comunicação entre escaladores?
Como aumentar a eficácia da comunicação nessa situação?
Uma pesquisa online sobre o assunto recebeu mais de 500
respostas de escaladores de todo o Brasil e foi tratada pelo
fonoaudiólogo Marcio Moreira e pelo escalador Claudney Neves.
O resultado desse trabalho está exposto nesta edição extra da
revista Papo de Montanha.
Guilherme Silva
índice
1. OBJETIVOS ........................................................................................................................................................................................................................................... 4
1.1. Objetivos Específicos ................................................................................................... 4
2. JUSTIFICATIVA ................................................................................................................................................................................................................................. 5
3. PROCEDIMENTOS/ MÉTODOS .......................................................................................................................................................................................... 6
4. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................................................................................................... 8
4.1. Breve história do montanhismo ................................................................................. 8
4.1.1. As origens ...................................................................................................... 8
4.1.2. O início no Brasil ..........................................................................................11
4.1.3. A evolução ................................................................................................... 12
4.1.4. Novos equipamentos e os dias de hoje ....................................................... 13
4.2. Introdução à escalada e suas variantes ................................................................... 14
4.2.1. Boulder ........................................................................................................ 15
4.2.2. Escalada esportiva ...................................................................................... 15
4.2.3. Escalada indoor ........................................................................................... 15
4.2.4. Escalada tradicional .................................................................................... 15
4.2.5. Big wall......................................................................................................... 16
4.2.6. Escalada alpina............................................................................................ 16
4.2.7. Alta montanha.............................................................................................. 16
4.3. Glossário de termos da escalada ............................................................................. 17
5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................................................................................................................................. 22
6. APARELHO FONADOR ........................................................................................................................................................................................................... 24
6.1. Lugar de articulação ................................................................................................. 25
7. CASOS DE INCIDENTES E ACIDENTES CAUSADOS POR PROBLEMAS NA COMUNICAÇÃO ................................ 26
7.1. Primeiro caso ........................................................................................................... 26
7.2. Segundo caso ............................................................................................................ 27
7.3. Terceiro caso ............................................................................................................ 28
7.4. Quarto caso: evidenciando uma comunicação assertiva ......................................... 29
8. RESULTADOS ................................................................................................................................................................................................................................ 31
9. CONCLUSÕES .............................................................................................................................................................................................................................. 46
10. RECOMENDAÇÕES .................................................................................................................................................................................................................. 47
11. OBSERVAÇÕES RETIRADAS DO FORMULÁRIO ELETRÔNICO DA PESQUISA ..................................................................... 47
12. BIBLIOGRAFIA / MATERIAL CONSULTADO ..................................................................................................................................................... 48
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Comunicação efet
1. OBJETIVOS
Identificar comandos usados na escalada e que possam oferecer
duplicidade de entendimento na produção oral.
1.1. Objetivos Específicos
-Elencar os comandos mais utilizados pela comunidade esportiva.
-Identificar os comandos que possam gerar duplo sentido e confusão na
comunicação durante a escalada.
-Apontar interferências naturais, que possam
interferir no entendimento dos comandos utilizados na
montanha.
-Sugerir comandos que apresentem
diferenciações na produção oral.
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tiva na escalada
Por: Márcio Moreira | Fonoaudiólogo, Montanhista do Clube Niteroiense de Montanhismo e Professor Universitário do Curso de Fonoaudiologia da Universidade Veiga de Almeida
Claudney Neves | Montanhista e Diretor de Comunicação Social do Clube Excursionista Light
Revisão: Jansem Campos
Fotos: Acervo do Clube Excursionista Light, internet, Mauro Chiara, Claudney Neves
2. JUSTIFICATIVA
Observou-se a necessidade de otimizar a comunicação entre
os escaladores, de forma a evitar confusão entre os componentes
de suas respectivas cordadas ou em grandes trechos que sofram
interferências naturais como vento, relevo ou ruído, prejudicando
assim a comunicação entre os mesmos. Não foram encontradas
publicações sobre a presente pesquisa, o que indica a relevância
da mesma.
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3. PROCEDIMENTOS/ MÉTODOS
Foi criado um questionário virtual com 14 perguntas referentes aos comandos
mais utilizados durante a prática de escalada.
Esse questionário foi disponibilizado via internet através do Google Drive
e divulgado nas federações e clubes de montanhismo das regiões sul, sudeste,
centro-oeste e nordeste, através do Facebook e listas de discussão da Federação de
Esportes de Montanha do Estado do Rio de Janeiro (FEMERJ), Clube Excursionista
Light (CEL), HangOn (nacional), Amigos Montanhistas, Escalada Nordeste,
Escalada no Ceará e Presidentes da FEMERJ, para que repassassem para as
listas dos seus respectivos clubes. Não foram encontradas páginas relacionadas
ao esporte na região norte.
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As repostas receberam tratamento como correção da ortografia, padronização
de letras maiúsculas e minúsculas e separação por categorias. As observações
dos participantes foram anotadas e apresentadas posteriormente.
Os comandos com maior incidência foram tabulados e listados conforme suas
similaridades, sendo comparados com outras palavras homófonas¹ que possam
induzir o montanhista ao erro e/ou comunicação ineficaz. A substituição dos
comandos que apresentaram similaridade na produção vocal obedeceu à ordem
de frequência destes na pesquisa, sendo ocupado pelo seguinte mais citado.
¹ Homófonas: palavras com o mesmo som, mas com grafia diferente.
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4. INTRODUÇÃO
4.1. Breve história do montanhismo
4.1.1. As origens
O montanhismo, como o conhecemos hoje, segundo os europeus, começou
em 1786, com a conquista do Mont Blanc (4.808m), ponto culminante dos Alpes,
na fronteira França-Itália. Alguns historiadores consideram a ascensão do poeta
italiano Francesco Petrarca ao Mont Ventoux (1.912m), na França, em 24 de
abril de 1336, com a primeira ascensão documentada de uma montanha com
fins puramente pessoais - no caso, para fazer reflexões filosóficas -, sem desejo
de conquista ou exploração. Petrarca descreveu com tanta riqueza de detalhes
a beleza e os mistérios de sua jornada, que acabou sendo chamado de Pai do
Alpinismo.
Para outros estudiosos, foi Antoine de Ville quem fez o primeiro cume que
de fato envolveu escalada, indo além de uma simples caminhada de altitude, ao
chegar ao cume do Mont Aiguille (2.087m), no maciço do Vercors, na França, em
26 de junho de 1492.
Fora do Velho Mundo, porém, há muitos relatos e comprovadas ascensões a
cumes de montanhas desde épocas bem mais remotas. No Japão, por exemplo,
o monge Em no Chokaku fez a primeira ascensão ao cume nevado do monte
Fujiyama (3.776m). Na América do Sul, os incas comprovadamente pisaram, entre
outros, no cume do Llullallaico (6.723m), por volta do ano 1400.
Mas o que faz a primeira escalada ao Mont Blanc ser considerada o marco
zero do montanhismo é que, antes dela, nada mudara no mundo em função das
ascensões conhecidas, já que elas não geraram nenhum movimento. Até então,
só o vento, os dragões e os deuses reinavam nas alturas. Após o Mont Blanc,
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as montanhas deixaram de ser reinos terríveis, onde ninguém sobrevivia, nem
mesmo por uma só noite, e passaram a ser exploradas e conhecidas de fato.
Em 24 de julho de 1821 foi fundada a primeira e mais prestigiosa associação
de guias de montanha do mundo, a Compagnie de Guides de Chamonix.
Na metade do século XIX, surgiu entre os alpinistas o interesse em se reunir
e organizar, o que levou à criação de inúmeros clubes e associações. Em 1957, foi
fundado em Londres o primeiro clube de montanha da história, The Alpine Club.
Logo depois surgiram os clubes alpinos austríaco, suíço, italiano e alemão, e em
1874, foi fundado o Club Alpin Français, que apenas um ano depois já contava com
mil sócios.
Foi o britânico Albert Frederick Mummery, porém, quem criou as bases do
alpinismo moderno, no final do século XIX. Com o tempo, já conquistados
os cumes ainda virgens, a graça do jogo passou não mais a se
escalar um cume pela primeira vez, mas sim
alcançá-lo pelo seu
lado mais difícil e
desafiador.
A mudança de mentalidade exigia novos materiais, foi então que surgiram os
primeiros antecessores dos piolets e grampões, e quando se começou a usar
cordas nas escaladas com o objetivo de proteger os escaladores.
Até o final do século XIX, várias dezenas de montanhas haviam sido
conquistadas, não só nos Alpes, mas também em outras partes do planeta:
- Em 1865, o Matterhorn (4.478m) - Cervino, para os italianos -, na divisa
Suíça-Itália;
- Em 1180, o Chimborazo (6.310m), no Equador;
-Em 1889, o Kilimanjaro (5.895m), na África;
- Em 1897, o Aconcágua (6.959m), na Argentina.
Tais ascensões difundiram o termo alpinismo pelos quatro cantos do mundo,
tornando-o sinônimo de montanhismo, apesar dele ser originalmente um termo
regional, assim como o andinismo e himalaismo.
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4.1.2. O início no Brasil
No Brasil, até o século XVIII, algumas
montanhas já haviam sido escaladas, porém,
tais ascensões, realizadas principalmente por
bandeirantes, tinham caráter exploratório e não
ficaram registradas. No início do século XIX,
mais precisamente em 1817, foi registrada a
primeira ascensão ao cume do Pão de Açúcar
(396m), no Rio de Janeiro. A inglesa Henrietta
Carsteirs, aos 39 anos, aventurou-se pela rocha
e fincou a bandeira do seu país no topo.
Motivado pelo sentimento nacionalista dos
colonizadores portugueses, no dia seguinte ao
feito de Carsteirs, o soldado lusitano José Maria
Gonçalves chegou ao cume do Pão de Açúcar. Lá,
trocou a bandeira do Reino Unido pelo Pavilhão
Real Português.
Neste mesmo século, outras montanhas
viriam a ser conquistadas no Brasil. Em 1824, D.
Pedro I acompanhou pessoalmente a abertura
de uma trilha até o cume do Corcovado (704m),
também no Rio de Janeiro. Em 1828, já eram
registradas ascensões à Pedra da Gávea (842m).
Em 1841, foi atingido o cume da Pedra do Sino
(2.263m), em Teresópolis, no Estado do Rio de
Janeiro. Em 1879, o Monte Olimpo (1.539), no
Marumbi, Paraná, também foi escalado e, em
1898, o Pico do Agulhas Negras (2791m), na
região sul do Estado do Rio de Janeiro.
Vale ressaltar que algumas destas
ascensões não são apenas caminhadas, sendo
também preciso escalar em algum momento,
ainda que de forma simples.
O dia 8 de abril de 1912, no entanto, marcou
definitivamente o início do montanhismo no
Brasil, exatamente como a ascensão do Mont
Blanc havia decretado o início do alpinismo,
quase 126 anos antes. Neste dia, um grupo
de teresopolitanos chegou ao cume do Dedo
de Deus (1.675m), na Serra dos Órgãos, em
Teresópolis.
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José Teixeira Guimarães, pernambucano, radicado em Teresópolis,
acompanhado por Raul Carneiro, um
caçador local que serviu de guia e os
irmãos Alexandre, Américo e Acácio de
Oliveira passaram sete dias acampados
na base da montanha. O grupo fixou
grampos, como proteções, no granito,
além de grossas varas de bambu, munidas de degraus, para vencer os trechos
mais lisos da parede. Também subiram
nos ombros uns dos outros para conseguir ganhar altura. Por sorte, muitos
trechos da via de conquista contam com
chaminés, o que facilita a ascensão.
Foram necessários 20 anos para
que o Dedo de Deus voltasse a ser
escalado. Porém, antes disso, em 1919,
houve um segundo fato de extrema
importância para o montanhismo
nacional: a fundação do primeiro clube
excursionista da América do Sul, o
Centro Excursionista Brasileiro (CEB),
no Rio de Janeiro.
4.1.3. A evolução
Na década de 1930, surgiram
algumas inovações nos equipamentos
mundo afora, como a sola Vibram.
Pensada inicialmente para ser usada
com esquis, acabou revolucionando
a escalada ao mudar a postura do
escalador, permitindo confiar nas
pernas.
No Brasil, a década de 1930 foi
gloriosa em termos de aprendizado
e novas conquistas. Passada a fase
de amadurecimento, que se deu
nos anos 1920, os excursionistas,
principalmente do CEB, deixaram para
trás as montanhas de ascensão fácil e
passaram a explorar as mais ousadas,
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principalmente na Serra dos Órgãos, no
Rio de Janeiro.
Logo
também
surgiram
novos clubes, como Petropolitano,
Friburguense, Teresopolitano e o
Centro Excursionista Rio de Janeiro,
que, no mesmo ano de sua fundação,
1939, criou a primeira escola técnica de
guias do país.
Na década de 1940, as conquistas
se seguiram no Rio de Janeiro em
outros estados do país a escalada
técnica também se desenvolvia, com
conquistas no complexo do Marumbi,
no Paraná e na Pedra do Baú, em São
Paulo.
No final dos anos 1950, Domingos
Giobbi, fundador do Clube Alpino
Paulista (CAP), criou três camposescola no Pico do Jaraguá, onde foram
ministrados os primeiros treinamentos
do clube. Em 1952, Edgar Kittelmann,
Luis Gonzaga Cony e Giuseppe Gâmbaro
realizaram a primeira escalada do Rio
Grande do Sul, no Pico Gravatás, em
Gravataí.
Em 1957, foi fundado o Clube
Excursionsta Light, que herdou o nome
da concessionária de energia onde seus
sócios trabalhavam.
Nessa época, o equipamento ainda
não havia evoluído o bastante para se
escalar usando as pequenas agarras
e aderências de nossas paredes como
pontos de apoio. Assim, os escaladores
concentravam seus esforços em subir
por chaminés. Quando era necessário
subir por uma face sem grandes
fendas, a alternativa era fixar cabos de
aço com a ajuda de troncos de madeira,
da mesma maneira como foi feito na
conquista do Dedo de Deus e de tantas
outras montanhas.
4.1.4. Novos equipamentos e os dias de hoje
Mas foi somente a partir da
segunda metade da década de 1960 que
as técnicas de escalada avançaram,
com
mudanças
significativas
nos equipamentos, pela vinda de
escaladores estrangeiros que traziam
suas técnicas e com essas mesmas
técnicas cada vez mais difundidas em
livros.
Entraram em cena os calçados
leves e a corda de nylon, que vieram
substituir a bota cardada e a corda de
sisal. Em pouco tempo o baudrier, ou
cadeirinha, surgiria. Antes, o escalador
apenas passava a corda ao redor do seu
corpo como parte da segurança.
A partir dos anos 1970, houve
uma multiplicação no número de
vias conquistadas no Rio de Janeiro,
consequência do aumento do número
de praticantes e de escaladores de
bom nível técnico. Contribuiu para
isso também a consolidação do uso
da corda de nylon, dos mosquetões de
duralumínio e do baudrier. Em 1978,
chegaram ao Brasil as primeiras
sapatilhas, e na mesma época as
primeiras peças para proteção móvel,
os nuts.
A década de 1980 foi o período mais
fértil e importante no desenvolvimento
do montanhismo nacional. A evolução
do equipamento, o conceito de MEPA
- máxima eliminação dos pontos de
apoio, onde o escalador somente se
apoiaria nas agarras, reentrâncias
ou própria aderência da rocha e não
mais em grampos ou outros artifícios
não-naturais -, a conquista de vias
de grande dificuldade e a escalada
esportiva, mudou a forma de se escalar
e de pensar dos escaladores, o que se
mantém até os dias de hoje.
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A partir da década de 1990, foi significativo o aumento do número de
escaladores que passaram a praticar o esporte de forma mais independente, sem
a passagem por clubes, o que era comum até o final dos anos 1980. Por volta de
1987, surgiram os primeiros guias e instrutores profissionais de escalada, mas foi
só nos anos 1990 que alguns deles passaram a viver exclusivamente da atividade,
consolidando o profissionalismo na escalada brasileira.
Em 1996, no estado do Rio de Janeiro, criou-se a Interclubes, entidade que
reunia clubes, instrutores profissionais e escaladores independentes. Em 2000,
ela se tornou oficialmente a Federação de Esportes de Montanha do Estado do
Rio de Janeiro (FEMERJ). Em 2001, foi criada a Associação de Guias, Instrutores
e Profissionais de Escalada do Estado do Rio de Janeiro (AGUIPERJ). Em 2004, as
federações carioca (FEMERJ), paulista (FEMESP) e paranaense (FEPAN) fundaram
a Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada (CBME).
4.2. Introdução à escalada e
suas variantes
A escalada pode ser praticada de
diversas formas. É possível escolher
escalar, por exemplo, um bloco de
três metros à beira da praia, ou uma
montanha nevada. Ou, ainda, entre
uma parede de 300 metros e outra de
apenas 20, porém negativa. Pode-se
até decidir por ficar dentro de uma
academia e escalar muros indoor. Cada
um escolhe o que mais lhe agrada
e melhor se enquadra à sua aptidão
física. Isso não quer dizer, no entanto,
que não possa praticar mais de uma
modalidade de escalada. Pode-se optar
por duas, três ou até mesmo praticar
um pouco de todas, de acordo com o
tempo disponível.
Abaixo, serão mostradas as
características
das
principais
modalidades. A escalada divide-se em
duas vertentes principais: a escalada
livre e a escalada artificial. A escalada
livre é a base do esporte, pois é aquela
em que o escalador sobe apoiando-se
em agarras naturais encontradas na
rocha. Em caso de queda, a corda e
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todo o equipamento é utilizado apenas
para segurá-lo. Não se deve confundir
escalada livre com escalada solo.
Nesta última, o escalador está sozinho,
sem parceiros ou equipamentos para
deter uma queda. Este estilo não
será listado aqui, sendo deixado para
especialistas de muita técnica e sangue
frio. Ao contrário da escalada livre, na
escalada artificial o escalador utiliza o
equipamento para progredir, apoiandose e pisando diretamente nele.
Dentro destas duas principais
vertentes encontram-se, entre outras, o
boulder, a escalada esportiva, a indoor,
a escalada tradicional, o big wall, a
escalada alpina e a alta montanha.
Cada uma tem suas próprias regras,
mas algumas misturam elementos da
escalada livre e da artificial.
4.2.1. Boulder
É a escalada feita em blocos de
pedra, sendo uma modalidade bastante
simples, já que requer um mínimo
de equipamento (sapatilha e pó de
magnésio para secar as mãos), além
do escalador poder praticá-lo sozinho.
Não é necessário corda, já que não se
vai muito além de poucos metros do
chão. Algo que pode ser bastante útil,
e às vezes imprescindível, é o crash
pad. Uma espécie de colchão portátil
e dobrável, usado para amortecer as
aterrissagens do escalador na base do
boulder.
Os lances em boulder se
caracterizam por exigir força e
explosão. O boulder é como se fosse
os 100 metros rasos na escalada, ou
seja, uma modalidade onde a escalada
é rápida e tem pouca duração.
4.2.2. Escalada esportiva
Vias esportivas se caracterizam por
serem uma escalada bem protegida,
com proteções próximas umas das
outras. Nesta modalidade, o importante
para o escalador não é se preocupar
com as quedas e sim em superar
as dificuldades técnicas da via, que
normalmente são curtas, entre 10 e 30
metros.
O objetivo do escalador esportivo
é encadenar a via, ou seja, escalar do
início ao fim sem cair e sem se apoiar
nos grampos.
4.2.3. Escalada indoor
Esta modalidade é realizada em
muros artificiais com agarras feitas
de resina e areia aparafusadas em
placas de compensado e estruturas
reforçadas. Pode ser praticada em
ginásios de escalada, em algumas
academias ou até mesmo dentro de
casa, em mini-muros domésticos. Pode
misturar elementos do boulder e da
escalada esportiva.
4.2.4. Escalada tradicional
Enquadram-se nesta modalidade
as vias longas, que possuem várias
enfiadas. As proteções das vias
tradicionais, normalmente, não são
tão próximas quanto as escaladas
esportivas e, consequentemente, as
quedas podem ser maiores e mais
perigosas.
Neste estilo, um mínimo de
planejamento é fundamental, já que
várias questões se impõem. Como
chegar até à base? Que corda ou
cordas levar? Quantas costuras, fitas,
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mosquetões ou peças móveis serão
necessárias? Quanto levar de água e
comida? A que horas começar? Entre
outras perguntas que precisam ser
respondidas.
É importante não confundir a
escalada tradicional brasileira com
a americana (trad climbing), que é
caracterizada por vias não equipadas
com proteção fixa.
4.2.5. Big wall
O que define um big wall não é o
tamanho da parede, mas a duração da
ascensão. Para ser classificada nesta
modalidade a via precisa consumir
dois ou mais dias de escalada. Isso
levando em consideração uma cordada
que domine o grau exigido pela via. Se
uma cordada é demasiado lenta pode
levar dois dias para fazer uma parede
normalmente escalada em apenas um.
A logística em um big wall é
complexa, a quantidade e peso de
equipamento são imensos, já que é
preciso morar na parede por pelo
menos dois dias.
4.2.6. Escalada alpina
Como o próprio nome diz, esta
modalidade tem as características das
escaladas realizadas nos Alpes, como
longas caminhadas de aproximação,
conhecimento necessário de escalada
em neve e gelo, grandes paredes
com poucas proteções fixas e ainda o
fato dos escaladores estarem em um
ambiente hostil, sujeitos ao frio, vento
e tormentas.
O equipamento é basicamente o
mesmo utilizado na escalada em rocha,
adicionando-se grampões, piolets e
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parafusos para gelo, quando necessário.
4.2.7. Alta montanha
A escalada de alta montanha está
diretamente relacionada com a altitude.
Quanto maior ela for, mais rarefeito o
ar, ou seja, menos oxigênio disponível.
Mas além disso, há outras dificuldades
em um ambiente de alta montanha,
existe ainda o frio, vento, tempestades,
avalanches e risco de queda. Tudo é
extremo em montanhas tão grandes e
altas.
Como em um big wall, a quantidade
de equipamento é brutal, além de uma
boa logística ser imprescindível.
4.3. Glossário de termos da escalada
Aderência - Escalada sobre rocha
lisa, sem agarras, usando apenas a
aderência entre a sapatilha e a rocha e
entre as mãos e a rocha.
Agarra - Saliência na rocha; podese segurar ou pisar nela.
Ancoragem - Qualquer um dos
dispositivos usados para prender o
sistema de segurança, o escalador ou a
corda de rapel à rocha.
Ancoragem fixa - Aquela que é
instalada pelo conquistador (na escalada
tradicional) ou pela pessoa que equipou
a via (na escalada esportiva) e não mais
retirada. Em geral, é feita com grampos
ou pitons.
Ancoragem móvel - Aquela que
é colocada por um dos escaladores e
retirada pelo outro. Em geral, é feita
com entaladores.
Assegurador - Aquele que dá
segurança.
ATC - Air Traffic Control, descensor
e dispositivo para segurança fabricado
pela Black Diamond.
Auto-segurança - Técnica de
segurança que não depende de uma
segunda pessoa para manejar a corda.
Usada na escalada solo.
Auto-seguro - É como
paranaenses chamam a solteira.
os
Auto-resgate - Conjunto de
técnicas que permitem, a uma equipe
de escaladores, abandonar a via numa
situação de dificuldade anormal - chuva,
neve, uma pessoa ferida, desabamento,
perda de material etc. É conhecimento
obrigatório para todos os que praticam
a escalada de vias longas.
Backup - Ponto de ancoragem
adicional que só recebe carga se um
dos outros pontos se soltar.
Ancoragem natural - Ancoragem
montada apenas com uma fita, atada a
uma árvore ou a um bico de pedra, por
exemplo.
Beta - Dicas sobre uma via. Running
beta é quando alguém vai dando dicas à
medida que o escalador sobe.
Aproximação - Deslocamento do
escalador até o início da escalada.
Bigbro - Dispositivo de ancoragem
de formato tubular, para uso em offwidth.
Ascensor - Dispositivo que, quando
engatado na corda, permite que ela
deslize através dele apenas em uma
direção. Serve para deslocamento em
corda fixa, para içamento de cargas e
para auto-segurança.
Bivaque - Em escalada, é o pernoite
na parede, seja num patamar ou num
portaledge.
Bouldrier
cadeirinha.
-
O
mesmo
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que
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Cadeirinha - Dispositivo feito com
fitas que prende o escalador pelas
coxas e pela cintura. É na cadeirinha
que é presa a corda de segurança.
Camalot - Modelo de
fabricado pela Black Diamond.
SLCD
Chaminé - Fenda larga o bastante
para que o escalador entre inteiro
dentro dela. A escalada é feita
pressionando-se as duas paredes da
chaminé simultaneamente em direções
opostas.
Chapeleta - Peça metálica que vai
presa ao grampo de expansão. Possui
um orifício para engate de um mosquetão.
Conquista - Estabelecimento de
uma nova via de baixo para cima, com
segurança dada por baixo.
Costura - Cada um dos pontos
de proteção intermediários por onde
passa a corda. É também o nome de um
conjunto de uma fita e dois mosquetões
empregado para ligar a corda ao ponto
de ancoragem, às vezes chamado de
costura expressa (em inglês, quick
draw).
Cordada - Equipe de escaladores
(geralmente dois ou três) unidos entre
si por uma ou mais cordas.
Croquis - Diagrama que representa
a via. Um bom croquis deve indicar
claramente o caminho a seguir na
parede, o tipo de proteção a ser usado,
o grau de dificuldade de cada trecho, os
pontos de parada, eventuais patamares
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para bivaque e as possíveis vias de
descida. Nos Estados Unidos, se diz
topo.
Crux - Lance-chave, o lance mais
difícil da via.
Descensor - Dispositivo usado
para descer deslizando pela corda, em
rapel. Alguns servem também para
segurança.
Enfiada - Em vias mais longas do
que o comprimento da corda, o guia
escala até um determinado ponto e,
então monta uma parada e passa a dar
segurança para o participante, até que
ele também chegue nesse ponto. Esse
processo é repetido quantas vezes for
necessário, até o final da via. Cada um
dos trechos entre duas paradas é uma
enfiada de corda. No Rio de Janeiro,
chama-se esticão.
Entalada - Técnica que consiste em
escalar entalando os dedos, as mãos, o
punho ou os pés em fendas.
Equalização - Técnica que consiste
em associar vários pontos de ancoragem
de modo que a carga se distribua entre
eles.
Equipamento móvel- Dispositivo
que é instalado em fendas. Há uma
enorme variedade de desenhos e
marcas de entaladores como, por
exemplo, nuts, friends, tri-cams,
hexcentrics, bigbros etc.
Equipar - instalar ancoragens
(fixas ou móveis) de cima para baixo.
Escalada à vista - É quando alguém
escala uma via na primeira tentativa,
com segurança por baixo, sem cair, sem
se apoiar na proteção para descansar,
sem ter visto alguém escalando essa
via antes e sem ter recebido um beta de
outro escalador.
Esticão - No Rio, significa o mesmo
que enfiada. Em Minas Gerais, significa
um trecho sem proteção na via (runout).
Estribo - Escadinha, geralmente
feita de fitas, em que o escalador apoia
os pés na escalada artificial.
Friend - Modelo de SLCD fabricado
pela Wild Country.
Grampo - Dispositivo de ancoragem
permanente que é instalado num furo
aberto com broca na rocha.
Grigri - Dispositivo para segurança
com corda fabricado pela Petzl. Permite,
ao assegurador, soltar as mãos da
corda sem comprometer a segurança
do escalador.
Guia - Na escalada tradicional,
é quem escala primeiro, montando o
sistema de segurança.
Haulbag - Saco usado para içar
material em big wall.
Headlamp - Lanterna de cabeça,
equipamento obrigatório em vias
longas.
Hex - Veja Hexcentric.
Hexcentric - Entalador formado
por uma cabeça de alumínio em forma
de prisma de base hexagonal irregular
e um cabo. Em fendas horizontais, a
cabeça é instalada de tal forma que a
carga tende a fazê-la girar, travando-a
mais fortemente.
Jumar - Marca dos primeiros
ascensores fabricados (na Suíça), nos
anos 60. O nome virou sinônimo de
ascensor.
Lance-chave - O lance mais difícil
da via, crux.
Limpar a via - Recolher o material
de proteção instalado na via. Isso
geralmente é feito pelo último escalador
da cordada.
Livro de cume - Caderno deixado
no cume de algumas montanhas para
que os escaladores possam registrar
seus nomes e comentários.
Magnésio - O pó branco usado
pelos escaladores para secar o suor
das mãos é o carbonato de magnésio,
que a maioria das pessoas chama
simplesmente de magnésio.
Malha
rápida
Dispositivo
semelhante a um elo de corrente que é
fechado com um uma trava de rosca. Por
ser mais barato do que um mosquetão,
é às vezes empregado em ancoragens
de rapel ou de parada. Há também
modelos triangulares, trapezoidais
e em forma de meia-lua, usados em
espeleologia e outros esportes. Em
francês, maillon rapide.
Mosquetão - Anel metálico em
Novembro 2014
19
forma de D ou O. Um dos lados possui
um segmento móvel, o gatilho, que
se abre para permitir a passagem da
corda.
vários formatos e tamanhos diferentes,
com nomes como Angle, Knifeblade,
Lost Arrow, Bong, Birdbeak, Bugaboo
etc.
Nut - Entalador passivo em forma
de cunha.
Portaledge - Barraca suspensa
usada para dormir na parede.
Off width - Fenda larga demais
para uma entalada de punho e estreita
demais para ser escalada em chaminé.
Proteção - Em geral, esse termo se
refere aos pontos de costura a serem
utilizados na montagem do sistema de
segurança.
Oito - Descensor em forma de 8.
Oposição - Técnica de escalada em
que o escalador pressiona a rocha com
os pés numa direção enquanto puxa
com as mãos na direção oposta. Outros
nomes: layback, técnica Dülfer.
Parada - Na escalada tradicional,
é uma ancoragem reforçada onde o
guia para no final de uma enfiada de
corda. As ancoragens de parada são a
base de todo o sistema de segurança.
Por isso, recomenda-se que elas
sejam montadas com equalização em
múltiplos pontos.
Participante - Na escalada
tradicional, é quem escala em segundo
lugar na cordada.
Piton - Dispositivo de ancoragem
que é martelado em fendas na rocha.
Na escalada livre, o piton é usado,
em geral, como ancoragem fixa. Na
escalada artificial, também funciona
como ancoragem móvel. O piton estraga
as fendas. Por isso, seu uso como
ancoragem móvel deve ser evitado
sempre que possível. Há pitons em
20
Novembro 2014
Prusik - É o nome de um nó, do
cordim usado para fazê-lo e também,
supostamente, do escalador que o
inventou.
Rack - Alças no baudrier que
servem para levar os equipamentos de
segurança em uma escalada.
Rapel - Descida pela corda. Em
outros idiomas, se escreve rappel,
com dois Ps. Em inglês britânico e em
alemão também se diz abseil.
Rapelar - Descer em rapel.
Saca-nut - Dispositivo para a remoção de entaladores. Também serve
para limpar fendas obstruídas por terra
ou neve.
Sapatilha - A sapatilha para rocha
tem sola de borracha lisa e muito
aderente. Há modelos diferentes para
cada modalidade de escalada.
Segurança - Ato de fornecer ou
recolher a corda presa ao escalador e,
em caso de queda, travá-la rapidamente.
<< Sapatilha A sapatilha para rocha
tem sola de borracha
lisa e muito aderente.
Há modelos diferentes para cada modalidade de escalada.
SLCD - Spring Loaded Camming
Device, tipo de entalador que se prende
à rocha por um sistema de abas rotativas
tracionadas por molas. Há uma enorme
variedade de modelos com nomes como
Friend (o primeiro e o mais conhecido),
Camalot, TCU, FCU, Alien, QuadCam
etc. Nos Estados Unidos, também se diz
cam. É comum chamar todos os SLCDs
de Friends.
Solteira - Fita ou pedaço de corda
usado para prender o escalador a uma
ancoragem. No Paraná, é chamada de
auto-seguro.
Tesoura - Técnica de progressão
em chaminé larga em que a perna
esquerda e o braço esquerdo apoiamse na parede esquerda, enquanto a
perna e o braço direitos pressionam a
parede direita na direção oposta.
Top rope - Sistema de segurança
em que a corda que protege o escalador
vem de cima, de modo que não há
possibilidade de quedas com choque.
TriCam - Modelo de entalador
comercializado pela Lowe.
Vaca - O mesmo que queda.
Via - O caminho por onde se escala.
Em inglês, route.
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5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
No livro “Com unhas e dentes”
(2002) de Sérgio Beck, o mesmo
pontua que a distância e o vento entre
o escalador e o “segurador” tendem a
dificultar a comunicação quando não se
tem campo visual. Ele cita que devemos
utilizar o bom senso, intuição, vivência
mútua e experiência prévia. Mas na
prática, o que ocorre, muitas vezes, é
uma sessão de gritos. O texto também
pontua que os novatos que deslocam
uma pedra ou deixam escapulir qualquer
outro objeto, tendem a não realizar a
comunicação por medo ou vergonha
e isso acaba gerando acidentes e não
permitindo que outros escaladores
abaixo tenham a chance de se proteger.
Também podem ser usadas interjeições
combinadas entre os participantes das
cordadas, o que evita confusão entre os
escaladores que, por ventura, estejam
subindo simultaneamente na mesma
via ou nas vias adjacentes.
Alguns escaladores combinam o
uso de vários “OK’s” como por exemplo:
o primeiro OK – o guia monta sua
ancoragem e a ela se fixa (o segundo
pode desmontar sua segurança),
segundo OK – o guia já pode fazer
segurança do segundo participante
da cordada, o mesmo desclipa-se
da ancoragem, desmonta e grita um
terceiro OK para iniciar a escalada.
No livro “The mountaineering
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Novembro 2014
handbook”
(2005)
do
escritor
Craig Connally, o texto comenta
superficialmente a comunicação entre
os escaladores e frisa a importância
de obter certeza de que se pode sair
da ancoragem de forma segura, com
o parceiro de cordada dando suporte
para que se evitem acidentes graves.
A comunicação entre os participantes
deve ser estreita e se iniciar na dupla
checagem dos equipamentos ainda na
base.
Em relação à comunicação na
montanha, o livro “Mountaineering –
The Freedom of the Hills”, 8ª edição,
(2010), também traz um pequeno
trecho
dedicado
aos
comandos
utilizados pelos escaladores. Esse
autor enfatiza a necessidade de sermos
mais sucintos na hora de passarmos
uma informação ao companheiro
de cordada. Fale os comandos sem
acréscimos desnecessários de outras
palavras para não poluir a mensagem.
Quando os escaladores estiverem
muito longe um do outro, deve-se tentar
falar o mais pausadamente possível,
reforçando cada sílaba, principalmente
se o ambiente for propenso a ecos. E
quando houver mais cordadas por perto,
escolher comandos já previamente
selecionados em comum acordo.
O autor salienta que, normalmen-
te, quando é emitido o comando, a primeira sílaba da palavra se perde. Uma
dica dada: inverta a ordem das palavras
e segmente. Exemplo: trinta metros –
você deverá dizer: METROS...(pausa)
TRÊS ...(pausa) ZERO. Faça isso separadamente. No mesmo texto, o autor
menciona a comunicação pela corda,
mais precisamente por puxões na corda pré-acordado com os participantes,
porém não há um sistema universal
para isso.
No livro “Escale melhor e com
mais segurança”, 3ª ed. (2012), os
autores enfatizam que há diferenças
na comunicação e na utilização dos
comandos verbais, dependendo da
região, e que tudo deve ser combinado
previamente entre os participantes das
cordadas, principalmente se o parceiro
de escalada for novo. Uma comunicação
truncada pode acarretar um acidente
sério ou uma gritaria desnecessária.
Dependendo do nível de entrosamento
entre os participantes da cordada,
ocorre uma comunicação mais por
gestos e menos verbal.
Tabela: Comandos básicos de voz usados pelos escaladores.
Fonte: Mountaineering – The Freedom of the Hills – 8ª ed. (2010).
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6. APARELHO FONADOR
O aparelho fonador é composto por
três sistemas que se inter-relacionam:
fonatório, respiratório e o articulatório.
O sistema respiratório é composto
basicamente pelos pulmões e pelos
músculos da respiração, e são
responsáveis pela respiração, energia
vital para a sobrevivência. Temos
participação efetiva do diafragma.
Ocorrem dois mecanismos de fluxo de
ar: na inspiração, onde o ar contendo
oxigênio é trazido do meio ambiente
para dentro dos pulmões e a expiração,
onde o ar é expulso dos pulmões
para o ambiente repleto de gás
carbônico. Resumindo: a respiração
é a coordenação de movimentos
inspiratórios e movimentos expiratórios
responsáveis pela troca gasosa no
organismo.
No sistema fonatório, encontramos
a laringe, que é o órgão responsável
pela produção da voz. A energia sonora
é produzida pela passagem de ar na
expiração por entre as pregas vocais e
sobe em direção ao próximo sistema.
O
sistema
articulatório
é
responsável pela modulação da voz,
transformando-a em fala. Nesse
sistema temos as cavidades nasal e oral
Fonte: Silva, T C.
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Novembro 2014
articulando esses sons e dando forma e
significado, respeitando os fonemas da
nossa língua.
De acordo com a figura esquemática
acima, vemos as estruturas que
participam dos três sistemas já
descritos.
6.1. Lugar de articulação
São pontos onde os órgãos se tocam
e formam os sons das consoantes do
nosso português:
- Bilabial: ação ativa do lábio
inferior e ação passiva do lábio superior.
Exemplo: pá, boa, má.
- Labiodental: ação ativa do lábio
inferior com a ação passiva dos dentes
incisivos superiores (dentes do meio).
Exemplo: faca, vaca.
- Dental: ação ativa da parte de
cima da língua com a ação passiva dos
dentes incisivos superiores. Exemplo:
data, sapa, zapata, nada, lata.
- Alveolar: ação ativa da parte de
cima da língua com a ação passiva dos
alvéolos (gengiva). Exemplo: data, sapa,
zapata, nada, lata (mesmos exemplos
dos fonemas dentais, porém o que difere
um do outro é o lugar de articulação
passiva – nos dentais: dentes incisivos
centrais e nos alveolares: os alvéolos).
- Alveopalatal: ação ativa da parte
superior da língua com a ação passiva
da parte medial do palato duro (“ceú
da boca”). Exemplos: tia, dia (no dialeto
carioca) e chá, já.
- Palatal: ação ativa da parte média
da língua com a ação passiva do parte
final do palato duro. Exemplo: banha,
palha.
- Velar: ação ativa da parte posterior
da língua (parte de trás) com a ação
passiva do palato mole. Exemplo: casa,
gata, rata (o som de r de rata varia de
acordo com a região e seu dialeto, neste
caso a pronúncia é do Rio de Janeiro).
Fonética e Fonologia do Português. Ed. Contexto, 2002.
- Glotal: ação dos músculos ligamentais da glote onde se encontram as
pregas vocais, responsáveis pela produção da voz. Exemplo: rata (na pronúncia típica.
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7. CASOS DE INCIDENTES E ACIDENTES CAUSADOS POR
PROBLEMAS NA COMUNICAÇÃO
Alguns casos de acidentes causados
por falta de comunicação ou deficiência
desta foram encontrados no Relatório
de Acidentes em Esportes de Montanha
e no novo Banco de Relatos de Acidentes
em Montanha. Os relatos podem ser
visualizados no site da Confederação
Brasileira de Montanhismo e Escalada
e estão descritos abaixo
7.1. Primeiro caso
Ano: 1997
Local: Parque Nacional da Serra do
Cipó - MG
Via: Via Ninhos
Total de participantes: 2
Condições atmosféricas no momento:
não especificado
Causa(s) imediata(s): conversa paralela
Causa(s) contribuinte(s): desatenção
Tipo(s) de ferimento(s): lesões diversas
Nível de experiência dos envolvidos:
não relatado
Descrição: “Em uma manhã do
carnaval de 1997, eu (Daniel, 22) tinha
acabado de acordar, por volta das 8:00
horas da manhã. Estava conversando
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com P.D. quando ouvi gritos fortes vindos
do fundo do vale. Corremos até a direção
dos gritos passando por várias bases
de vias, quando localizamos a vítima
na base da via Ninhos. Encontramos a
vítima consciente, fizemos os primeiros
socorros e a removemos ao prontosocorro de Lagoa Santa. Pelo que
pudemos apurar, a vítima tinha acabado
de fazer a via e começou a ser descida de
“baldinho”, pelo seu companheiro que
estava na base. Por falta de atenção, o
participante de alguma forma soltou
a corda, fazendo com que o escalador
caísse aproximadamente 12 metros,
batendo na parede e caindo em algumas
árvores.”
Fonte: Daniel Salim Elizeu)
Análise (CBME): “Faltam dados
para se chegar a uma conclusão real
do acidente, mas pelo que parece
o
segurador
estava
desatento,
conversando com outras pessoas. De
alguma forma, ele perdeu o controle
e deixou seu companheiro cair. Dar
segurança é um ato de extrema
responsabilidade, e deve ser feito com
o máximo de atenção, independente do
aparelho utilizado (gri-gri, ATC, oito e
etc). Uma comunicação prévia deve ser
combinada entre os escaladores, para
que as intenções de um sempre sejam
entendidas.”
Fonte:http://www.cbme.org.br/component/docman/
doc_download/6-relatorio-de-acidentes-demontanha-2002?Itemid=72
7.2. Segundo caso
Ano: 2003
Local: Vila Velha – ES
Via: As aparências enganam
Total de participantes: 2
Condições atmosféricas no momento:
Sol
Causa(s) imediata(s): Falha humana ou
desconhecimento de técnica
Causa(s) contribuinte(s): Erro de
orientação
Tipo(s) de ferimento(s): Contusão
Nível de experiência dos envolvidos:
Pouca (menos de 1 ano) / Moderada (1
a 3 anos)
Relato: “O escalador A estava
guiando a via “As aparências enganam”
com segurança feita pelo escalador
B, que não tinha experiência. Quando
o escalador A chegou ao o último
grampo, fez a ancoragem e pediu que
o escalador B liberasse mais corda,
para que o escalador A pudesse passar
a corda pelo grampo para ser descido.
Depois de passar a corda pelo grampo
e se encordar novamente, o escalador
A soltou a auto-segurança e caiu do
último grampo da via. O que aconteceu
é que quando o escalador A pediu para
o escalador B liberasse mais corda este
entendeu o pedido de forma errada e
tirou completamente a corda do ATC,
desmontando a segurança.”
Prevenção (opinião do relator):
“Ao levar um novato para escalar,
certificar-se que este compreende
as técnicas de escalada e segurança
principalmente. Todo procedimento de
uma iniciante deve ser acompanhado
de perto, a instituição de vocabulário
indicativo para cada procedimento
ajudaria a evitar acidentes deste tipo.”
Análise
(CBME):
“Não
há
padronização oficial de comandos
verbais em escalada no Brasil e
existem muitas variações regionais
e mesmo grupos específicos (clubes,
etc) possuem seu próprio conjunto
de frases, algumas com potencial de
serem confundidas quando faladas à
distância.
A comunicação entre segurança
e guia deve ser clara e concisa, e
combinada solidamente de antemão.
Nesse caso do relato, o pedido de “soltar
mais corda” a um escalador inexperiente
deu margem à interpretação errada,
levando o segurança a tirar totalmente
a corda do equipamento de segurança,
em vez de liberar um pouco mais de
corda, que era o que o guia estava
pedindo.”
Recomendações (CBME):
1. Não permitir que escaladores
totalmente inexperientes façam sua
segurança.
2. Indicar um bom curso básico
de escalada/montanhismo (CBM) para
amigos que queiram se iniciar na
escalada; na impossibilidade deste e
caso opte por treinar o futuro escalador
por si, deve-se seguir o currículo
mínimo do CBM, disponível em sites de
algumas federações, cobrindo todos os
tópicos e se certificando que o iniciante
sedimentou as informações e está apto
a dar segurança.
3. Estabelecer frases curtas e claras para comunicação entre segurança
e guia. Por exemplo “Solte a corda” e
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“Desmonte a segurança” devem ter seu
significado clarificado pelos participantes para evitar confusão.
Fonte:http://www.cbme.org.br/acidentes/relato.
php?seq=10
7.3. Terceiro caso
Ano: 2003
Local: Complexo do Baú/ Bauzinho –
São Bento do Sapucaí - SP
Via: Via Dança da Chuva
Total de participantes: 2
Condições atmosféricas no momento:
precipitações de chuvas/ final da tarde/
frio
Causa(s) imediata(s): comunicação
deficiente
Causa(s) contribuinte(s): desatenção
Tipo(s) de ferimento(s): sem contusões
Nível de experiência dos envolvidos:
não relatado
Descrição: “O guia (Gustavo Mendes) alcançou o cume aproximadamente às 17:30 horas com a proximidade de
nuvens de chuva. A comunicação era
deficiente (o guia não ouvia o segundo). O segundo (Renata C. M. Figueiredo) teve problemas com a passagem do
teto e montou um sistema para jumariar no qual teve problemas e não conseguia subir (cansaço e procedimento
conhecido, mas não muito treinado). O
guia, sem resposta do segundo, passou
a segurança dinâmica para o sistema
blocante do “reverso” para montar um
sistema de contra-peso e rapelou pela
outra ponta para acessar o segundo. A
ponta do guia não alcançava o segundo. O guia se ancorou a uma chapeleta
e fez um back up com sua ponta. Montou dois prussik´s na corda (que esta28
Novembro 2014
va “fixa” com o segundo) e desceu até
o segundo (começa a chover). O guia
acessa o segundo e o encontra em vão
livre (começa a chover granizo). O guia
passa para a chapeleta - mantendo os
prussik´s na corda e ancorado por um
auto-seguro onde a corda está passada
e libera a corda da costura, controlando
o pêndulo do segundo (pêndulo de 1,5
metros). O guia inicia a volta para os
prussik´s e inicia a subida pela corda,
içando o segundo até a próxima chapeleta com a corda que sobrava abaixo do
segundo. O guia ancora o segundo na
chapeleta, que está com muito frio (não
levou agasalho) por estar completamente molhado, e monta uma redução
com blocagem de 2:1 no ponto central
do segundo e se encorda com a ponta que estava o segundo. O guia reinicia o processo de subida até a próxima
chapeleta, onde se ancora (mantendo
os “jumares” na corda) e iça o segundo até ele. Neste momento a luz já não
era suficiente e são colocados as “headlamps” (na manhã da escalada em
questão, o guia insistiu para que o segundo levasse a sua “headlamp”, pois o
mesmo não achava necessário por estar indo escalar de manhã). O processo
se repetiu por mais duas chapeletas e o
segundo alcançou o cume por volta das
20:00 horas.”
Fonte: Gustavo Mendes
Comentário: “Levar blusa independente do sol que se apresente. Treinamento de auto-resgate simples (prussik ou jumar) de todos na cordada.”
Análise (CBME): “Esse relato
nos mostra que uma simples falha no
planejamento de uma escalada, pode
trazer consequências sérias. O fato
de um dos escaladores não ter levado
um anorak, por exemplo, complicou a
situação e poderia ter complicado muito
mais, caso o escalador entrasse em
processo de hipotermia. Provavelmente
esse relato teria vítimas se não fosse a
experiência do guia em questão, que
insistiu na Headlamp e também soube
como proceder em uma situação como
esta, montando um sistema de redução
e se aproximando da “vítima”, sem se
tornar outra. Podemos ainda prestar
atenção em mais dois detalhes: a falta
de comunicação e/ou a comunicação
deficiente durante a escalada, que deve
ser previamente combinada e - se for
o caso - utilizar rádios de comunicação
(tipo TalkAbout). Outro detalhe foi o
participante não conseguir jumarear
pela falta de prática. Esses “exercícios”
(jumarear, prussikar, montar sistemas
de redução e etc...) devem ser
bem treinados sempre, pois nunca
saberemos quando iremos realmente
precisar deles.”
Fonte:http://www.cbme.org.br/component/docman/
doc_download/5-relatorio-de-acidentes-demontanha-2003?Itemid=72
7.4. Quarto caso: evidenciando uma comunicação assertiva
Ano: Abril/ 2014
Local: Rio de Janeiro - RJ
Via: Pão de Açúcar/ Face Norte/ Via
Secundo
Total de participantes: 5 participantes
Horário do dia: Manhã
Condições do tempo: não relatado.
Causa(s) imediata(s): Agarra quebrou,
mas houve somente um susto
Causa(s)
contribuinte(s):
Agarra
quebrou
Tipo(s) de ferimento(s): sem contusões
Nível de experiência dos envolvidos:
Experiente (mais de 3 anos)
Descrição: “Foi no dia da abertura
da temporada 2014, estava começando
a terceira enfiada da Secundo, enquanto meu parceiro estava fazendo minha
segurança na P2. Nesse dia a parede
estava cheia, havia uma cordada de três
logo a cima e outra de dois finalizando
a segunda enfiada. O escalador que estava acima de onde eu estava quebrou
uma laca razoavelmente grande e ela
caiu em nossa direção. Eu estava mais
para esquerda em relativa segurança,
mas o meu parceiro e o guia da outra
cordada estavam exatamente na “linha
de tiro”. Como a P2 fica em um platô
relativamente grande, os dois escaladores estavam dividindo a parada com
certo conforto. Quando a agarra caiu na
direção deles, o escalador acima gritou
pedra e em seguida ouvimos o barulho
da laca caindo, foi o tempo dos dois escaladores na parada se afastarem, um
para cada lado, e a laca passou entre
os dois. Foi um tremendo susto, mas
ninguém saiu ferido. Vale ressaltar que
todos estavam de capacete, mas a laca
não era pequena e certamente faria um
estrago se atingisse um dos dois.”
Prevenção (opinião do relator):
“O ideal é entrar em vias com menos
escaladores, mas as vezes é difícil
evitar, nesses casos deve-se escalar
com mais atenção e delicadeza.”
Análise (CBME): “Quebra de agarNovembro 2014
29
ras e lacas e queda de pedras soltas
são riscos inerentes à atividade, difíceis
de serem previstos.”
Recomendações (CBME): “Usar
capacete sempre. Lacas soltas devem
ser avaliadas pela comunidade escaladora local e removidas com segurança
30
Novembro 2014
se assim determinado por um consenso e aprovação do proprietário da terra,
conquistador e entidade responsável
pela via (clube, federação, etc.).”
Fonte:http://www.cbme.org.br/acidentes/relato.
php?seq=77
8. RESULTADOS
Esta pesquisa foi realizada no período entre
29/08/2013 e 08/09/2013. O número de participantes foi
de 503. O link da pesquisa online foi enviado inicialmente
para as listas de discussão existentes na internet: Presidentes FEMERJ, FEMERJ, CEL, UEJ, HangOn, Amigos Montanhistas, Escalada Nordeste e Escalada
no Ceará. Também houve divulgação nos grupos
do Facebook e os links foram enviados individualmente para os montanhistas que não participavam
de nenhuma organização. O anúncio do projeto e
disponibilidade da pesquisa na internet ocorreu no
dia 29/08/2013 às 17h43, sendo que a primeira resposta ocorreu às 17h47. O encerramento ocorreu em
08/09/2013, sendo a última reposta computada às 10h24.
O formulário foi retirado do ar às 14h27 do mesmo dia.
Em relação aos comandos planilhados, foram
consideradas as 10 respostas com maior número de
ocorrências. No item “OUTROS”, foram registradas todas
as respostas com menor ocorrência, mas importantes para ciência de todos. Foi
permitido escrever mais de uma opção para cada pergunta feita, para efeitos da
pesquisa foi considerada somente a primeira escolha de cada participante.
GRÁFICO 1: Datas das respostas.
Novembro 2014
31
GRÁFICO 2: Origem dos participantes por região.
* Outros: Exterior: 2, Não informado: 1.
** Número total de entrevistados, inclusive os que enviaram respostas não consideradas: 503.
GRÁFICO 3: Origem dos participantes por estados.
* EXT: outros países.
** NI: Não informado.
** Número total de entrevistados, inclusive os que enviaram respostas não consideradas: 503.
32
Novembro 2014
GRÁFICO 4: O guia, quando estiver com a solteira presa à parada.
No formulário da pesquisa foi usada a dica primária: “preso”.
No item “OUTROS”, foram considerados comandos com menor frequência de repostas pelos participantes
da pesquisa, como segue: “Pode soltar”: 6, “Tá na minha”: 5, “Estou em alto”: 4, “Pode liberar”: 4, “Estou preso”:
3, “Tô auto”: 3, “Tô em auta”: 3, “Autoseguro”: 2, “Cheguei”: 2, “Em auta”: 2, “Fixo”: 2, “Na minha, pode liberar”:
2, “Ok”: 2, “Parei”: 2, “Pronto”: 2, “Solteirado”: 2, “Tô em casa”: 2, “”Tô na minha, pode liberar”: 2, “Ancorado,
pode desmontar a segurança”: 1, “Ancorei”: 1, “Auto seguro”: 1, “Calma”: 1, “Cheguei, tá na minha”: 1, “Cheguei,
tô preso”: 1, “Em auto, pode liberar”: 1, “Em casa”: 1, “Em segurança”: 1, “Em segurança, pode liberar”: 1,
“Ensolteirado”: 1, “Está em mim”: 1, “Estou em auto”: 1, “Estou clipado”: 1, “Estou em auto, pode liberar”: 1, “Estou
em auto, pode liberar a segurança”: 1, “Estou na minha, pode soltar a segurança”: 1, “Estou na minha, segurança”:
1, “Estou na parada”: 1, “Guia ancorado”: 1, “Jóia”: 1, “Minha”: 1, “Na minha, pode sair”: 1, “na minha, solteirei”: 1,
“na minha, tô preso”: 1, “Na parada”: 1 , “Na solteira”: 1, “Ok, em auto, pode liberar”: 1, “Ok, liberando a seg”: 1,
“Ok, na minha”: 1, “Ok, tô em auta”: 1, “Ok, tô na minha”: 1, “parado”: 1, “Pronto, preso”: 1, “Tá na solteira”: 1, “Tô
ancorado”: 1, “Tô na base”: 1, “Tô na minha, pode sair”: 1, “Tô na minha, pode soltar”: 1, “Tô na minha, pode soltar
o freio”: 1, “Tô no auto”: 1, “Tô preso, pode soltar”: 1, “Tô solteirado”: 1, “Vai onde?”: 1.
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GRÁFICO 5: O participante, depois de soltar a corda do sistema
de freio, seja após o guia chegar à parada ou depois do rapel.
No formulário da pesquisa foi usada a dica primária: “solto”.
No item “OUTROS”, foram considerados comandos com menor frequência de repostas pelos participantes
da pesquisa, como segue: “Na tua”: 5, “Liberada”: 3, “Pode puxar”: 3, “Segurança liberada”: 3, “Tá liberado”: 3,
“Ok”: 2, “Seg liberada”: 2, “Tô na sua”: 2, “(Nada)”: 1, “Beleza”: 1, “Corda livre, pó, puxá”: 1, “Corda livre, pode
recolher”: 1, “Corda livre, tá na sua”: 1, “Está livre”: 1, “Esta na sua”: 1, “Esta solto”: 1, “Indo”: 1, “Liberado, ok”: 1,
“Na auto”: 1, “Na minha”: 1, “Ok, livre: 1, “Pode recolher”: 1, “Preso”: 1, “Puxa”: 1, Se prepara”: 1, “Seg solta”: 1,
“Segurança solta”: 1, “Soltei o freio”: 1, “Solto, na sua”: 1, “soltou”: 1, “Tá liberada”: 1, “Tá voando”: 1, “Tirando o
freio”: 1, “Tô indo”: 1, “Tõ na minha”: 1, “Tô solto”: 1, “Travado”: 1, “Vou soltar”: 1.
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GRÁFICO 6: O participante, quando a corda esticar em seu
baudrier, depois do guia puxá-la totalmente.
No formulário da pesquisa foi usada a dica primária: “Chegou”.
No item “OUTROS”, foram considerados comandos com menor frequência de repostas pelos participantes
da pesquisa, como segue: “Beleza”: 3, “Corda”: 3, “Escalando”: 3, “Esticou”: 3, “Firme”: 3, “Já deu”: 3 , “Parou”: 3,
“Aê, deu”: 2, “Eu”: 2, “Fim de corda”: 2 , “Foi”: 2, “Ok, chegou”: 2, “Retesada”: 2, “Travou”: 2, “A corda chegou”: 1,
“Ancorado”: 1, “Atenção aí”: 1, “Basta”: 1, “Chega”: 1, “Chegou corda, ok”: 1, “Chegou no chão”: 1, “Chegou, fim”:
1, “Contigo”: 1, “Corda acabou”: 1, “Corda chegou”: 1, “Fim de corda”: 1, “Fixo”: 1, “Jóia”: 1, “Libera”: 1, “Na sua”:
1, “Ok, escalando”: 1, “Pode vir”: 1, “Pronto, retesou”: 1, “Retesou”: 1, “Sem corda”: 1, “Tá na sua? Segurança
pronta?: 1, “Tá ni mim”: 1, “Tá puxando”: 1, “Tensionando”: 1, “Tô na parada”: 1, “Tô na sua”: 1, “Zero”: 1.
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GRÁFICO 7: O guia, anunciando que o participante pode
começar a escalar. A segurança já está feita.
No formulário da pesquisa foi usada a dica primária: “Vem”.
No item “OUTROS”, foram considerados comandos com menor frequência de repostas pelos participantes
da pesquisa, como segue: “Quando quiser”: 9, “Segurança OK”: 8, “Tá na minha, pode vir”: 7, “Ok”: 5, “Tá na minha,
pode subir”: 5, “Escalar”: 4, “Seg ok”: 4, “Segurança feita”: 4, “Segurança pronta, pode escalar”: 4, “Tá na seg”: 4,
“(Nada)”: 3, “Kmon”: 3, “Na minha, pode vir”: 3, “Pode vir, tá na minha”: 3, “Seguro”: 3, “Escalando”: 2, “Está na
segue”: 2, “Ok, pode subir”: 2, “Seg”: 2, “Seg pronta, pode escalar”: 2, “Seg pronto”: 2, “Segurança pronta, pode
vir”: 2, “Tá comigo”: 2, “Tem segurança”: 2, “Venha”: 2, “Blz”: 1, “Bora fião”: 1, “É nós”: 1, “Em segurança, pode
escalar”: 1, “Equalização pronta, pode escalar”: 1, “Está comigo”: 1, “Está seguro”: 1, “Fulano, pode vir”: 1, “Na
mão”: 1, “Ok, na minha”: 1, “Ok, pode vir”: 1, “Ok, seg pronta”: 1, “Ok, seg pronta, pode subir”: 1, “Partiu?”: 1, “Pode
começar”: 1, “Pode entrar”: 1, “Pode ir, Kmom”: 1, “Pode subir, liberado, tô na seg”: 1, “Pode subir, tá na minha”:
1, “Pode vir fulano”: 1, “Pode vir, vem”: 1, “Pronto pra escalar”: 1, “Pronto, pode subir”: 1, “Pronto, pode vir”: 1,
“Pronto, pode subir, seg pronta”: 1, “Próximo”: 1, “Quando quiser, na minha”: 1, “Segue armada”: 1, “Seg ok, pode
vir”: 1, “Seg pronta, pode vir”: 1, “Segurança pronta fulano”: 1, “Segurança armada”: 1, “Segurança pronta, avisa
quando começar”: 1, “Segurança pronta, pode subir”: 1, “Segurança pronta, pode vir quando quiser”: 1, “Seguro,
vem”: 1, “Sobe, vem”: 1, “Suba”: 1, “Subir”: 1, “Tá na minha, sobe”: 1, “Tá na seg, pode vir”: 1, “Tá na tua”: 1, “Tá
pronto, vem”: 1, “Tá seguro, pode escalar”: 1, “Tá seguro, vem”: 1, “Tô na sua”: 1, “Tô na tua”: 1, “Tudo certo, pode
vir”: 1, “Tudo ok”: 1, “Você tá na minha”: 1.
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GRÁFICO 8: O participante, antes de começar a escalar.
No formulário da pesquisa foi usada a dica primária: “Escalando”.
No item “OUTROS”, foram considerados comandos com menor frequência de repostas pelos participantes
da pesquisa, como segue: “Contigo”: 1, “Escalando, na sua”: 1, “Escalando, tô na sua?”: 1, “Estou na sua”: 1, “Fui”:
1, “Fulano, escalando”: 1, “Indo”: 1, “Na parede”: 1, “Na sua, escalando”: 1, “Ok”: 1, “Posso ir? Escalando”: 1,
“Pronto, escalando”: 1, “Seg”: 1, “Seg ok?”: 1, “Seg pronta?”: 1, “Tô contigo”: 1, “Tô contigo?”: 1, “Tô na sua seg?
Escalando”: 1, “Tô na sua?”: 1, “Tô na tua”: 1, “Tô na tua? Posso ir?”: 1, “Vou começar”: 1, “Vou subir”: 1.
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GRÁFICO 9: O guia responde.
No formulário da pesquisa foi usada a dica primária: “Ok”.
No item “OUTROS”, foram considerados comandos com menor frequência de repostas pelos participantes
da pesquisa, como segue: “Na minha”: 5, “Ok, tá na minha”: 4, “Pode subir”: 4, “Boa escalada”: 3, “Ok, pode subir”:
3, “Beleza, ok”: 2, “Boa”: 2, “Certo”: 2, “Esta comigo”: 2, “Pode ir”: 2, “Pronto”: 2, “Segurança feita”: 2, “Seguro”: 2,
“Tá na minha, pode vir”: 2, “Tô na seg”: 2, “Tô na sua”: 2, “Valeu”: 2, “Belê”: 1, “Ancorado”: 1, “Beleza, tá na minha”:
1, “Beleza, tô com você”: 1, “Bóra”: 1, “Comigo”: 1, “Escala”: 1, “Escalar”: 1 , “Escalare”: 1, “Está na seg”: 1 , “Está
seguro”: 1, “Jóia”: 1, “Na seg”: 1, “Ok, beleza”: 1, “Ok, escalando”: 1, “Ok, escalar”: 1, “Ok, está na minha”: 1, “Ok,
na minha”: 1, “Ok, pode escalar”: 1, “Ok, pode subir, tá na minha”: 1, “Ok, seg pronta 1, “Ok, tudo certo”: 1, “Partiu”:
1 , “Pode vir”: 1, “Pode vir, na segura”: 1, “Pode vir, ok”: 1, “Pode vir, tá na minha”: 1, “Recolhendo”: 1, “Seg”: 1,
“Seg ok”: 1, “Segura ok”: 1, “Segurança ok”: 1, “Segurança pronta”: 1, “Tá”: 1, “Tá comigo”: 1, “Tá na minha, ok,
pode ir”: 1, “Tá na minha, pode subir”: 1, “Tá ok”: 1, “Tô contigo”: 1, “Tô na tua”: 1, “Tranquilo”: 1, “Tranquilo, na
minha”: 1, “Vai”: 1, “Vai lá”: 1, “Vem, tá na minha”: 1.
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GRÁFICO 10: O guia, quando o participante, por descuido,
travar a corda, impedindo-o de subir. Ou o participante, quando
precisar de corda mais frouxa.
No formulário da pesquisa foi usada a dica primária: “Dá corda”.
No item “OUTROS”, foram considerados comandos com menor frequência de repostas pelos participantes da
pesquisa, como segue: “Acorda”: 4, “Afrouxa”: 4, “Libera mais”: 4, “Solta corda”: 4, “Alivia”: 3, “Escalando”: 3, “Olha
a corda”: 3, “Dá mais corda”: 2, “Dá um leve”: 2, “Preciso de corda”: 2, “Solta um pouco”: 2, “Tá me prendendo”: 2,
“Tá me travando”: 2, “Tá prendendo”: 2 , “Tá travando”: 2, “(Nada)”: 1, “(Não lembra)”: 1, (Palavrão)”: 1, “(Palavrão),
dá corda”: 1, “Caraca mano, libera essa (palavrão)”: 1, “Chingamentos”: 1, “Corda, (palavrão)”: 1, “Corda, carai”:
1, “Corda, libera”: 1, “Corda, libera, se liga”: 1, “Corda, tá travando”: 1, “Dá corda, tá me travando”: 1, “Dá mais
folga”: 1, “Está travando”: 1, “Libera a corda um pouco”: 1, “Libera ai”: 1, “Libera essa corda, desgraçado, vou te
matar”: 1, “Libera um pouco de corda”: 1, “Libera, (palavrão)”: 1, “Libera, libera”: 1, “Mais corda, (palavrão): 1,
“Moulin”: 1, “Não me prende”: 1, “Não me trava”: 1, “Não me retesa”: 1, “Não trava”: 1 , “Não trava, não”: 1, “Ô”:
1, “Quero corda”: 1, “Solta mais”: 1, “Solta um pouquinho”: 1, “Tá me puxando”: 1, “Tá me travando, fique atento”:
1, “Tá prendendo, dá corda”: 1, “Tá puxando”: 1, “Tá retesado, alivia a corda”: 1, “Tá travado”: 1, “Vai liberando a
corda”: 1.
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GRÁFICO 11: O participante quando o guia deixar de recolher
a corda, formando a barriga.
No formulário da pesquisa foi usada a dica primária: “Puxa”.
No item “OUTROS”, foram considerados comandos com menor frequência de repostas pelos participantes
da pesquisa, como segue: “Ajusta”: 2 , “Estica”: 2 , “Olha a barriga”: 2, “Recolhe corda”: 2 , “Trava”: 2, “(Melhor
do que falar algo é recolher a corda)”: 1, (Não faz nada, espera)”: 1, “(Palavrão), mano, recolhe aí”: 1, “Acorda”:
1, “Atenção”: 1, “Barriga”: 1 “Colhe”: 1, “Corda, carai”: 1, “Corda, corda”: 1, “Corda, recolhe”: 1, “Dentro”: 1,
“Escalando”: 1, “Folga”: 1, “Olha a seg”: 1, “Olha a corda”: 1, “Puxa aí”: 1, “Puxa barriga”: 1, “Puxa, (palavrão)”: 1,
“Recolhe a barriga”: 1, “Recolhe aí”: 1, “Recolhe mais”: 1, “Recolhe um pouco”: 1, “Recolhe um pouco mais”: 1,
“Recolhe aí, (Palavrão)”: 1, “Retesa a corda”: 1 , “Retesa o bucho”: 1, “Retesa, carai”: 1, “Retesa, por favor”: 1, “Se
liga”: 1, “Se liga aí”: 1, “Se liga, ó a barriga, ó a segura”: 1, “Sem barriga”: 1, “Suga”: 1 , “Trava mais”: 1.
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GRÁFICO 12: Quando o escalador quiser pendurar-se na corda,
pedindo ao companheiro para retesar a corda.
No formulário da pesquisa foi usada a dica primária: “Trava”.
No item “OUTROS”, foram considerados comandos com menor frequência de repostas pelos participantes
da pesquisa, como segue: “Me trava”: 3 “Recolhe”: 3, “Retesa tudo”: 3, “Tô na tua”: 3 , “Freia”: 2, “Me segura”:
2, “Na sua”: 2 , “Pode pegar”: 2, “Retesa aí”: 2, “Retesa bem”: 2, “Seg”: 2, “Tô na sua”: 2 , “Trava alto”: 2, “Trava
bem”: 2 , “Trava, segura”: 2, “(Nunca escutei este)”: 1, “Atenção, segurança”: 1, “Baldinho”: 1, “Cola na costura”:
1, “Dá um travadão”: 1, “Descansa aí”: 1, “Fixa”: 1 , “Pega aí”: 1, “Pode travar”: 1, “Prende aí”: “Puxa a trava”: 1,
“Recolhe e trava”: 1, “Recolhe mais”: 1, “Retesa alto”: 1, “”Retesa com força”: 1, “Retesa que eu vou descansar”:
1, “Retesa, pedra”: 1, “Retesa, vou cair”: 1, “Retesa, vou descansar”: 1, “Segura na sua”: 1, “Segura, tô na sua”:
1, “Segurança”: 1 , “Tá presa?”: 1, “Tesa”: 1 , “Trava alta”: 1, “Trava mais”: 1, “Trava na sua”: 1, “Travou”: 1, “Vou
descansar”: 1, “Vou entrar, retesa”: 1, “Vou parar, retesa aí”: 1.
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GRÁFICO 13: Quando algum objeto cai da parede.
No formulário da pesquisa foi usada a dica primária: “Pedra”.
No item “OUTROS”, foram considerados comandos com menor frequência de repostas pelos participantes
da pesquisa, como segue: “Bomba”: 1, “Cuidado aí embaixo”: 1, “Gruda”: 1, “Madeira”: 1, “Ó a cabeça”: 1, “Olha a
pedra”: 1, “Olha o (a) (nome do objeto)”: 1, “Pedra aí”: 1, “Pedra caindo”: 1, “Pedra, cuidado”: 1.
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GRÁFICO 14: O escalador caindo.
No formulário da pesquisa foi usada a dica primária: “Queda”.
No item “OUTROS”, foram considerados comandos com menor frequência de repostas pelos participantes
da pesquisa, como segue: “Pega”: 5, “Se liga”: 4, “(Não sei)”: 3, “Tô caindo”: 2, “(Depende do estado emocional)”:
1, “(Grito) (palavrão)”: 1, “Caí, (palavrão)”: 1, “Fui”: 1, “Montanha”: 1, “Pegou”: 1, “Pizza na pista”: 1, “Retesa”:
1, “Rope”: 1, “Se liga aí”: 1, “Segura, vou cair”: 1, “Socorro”: 1, “Solto”: 1, “Trava, (palavrão): 1, “Upa”: 1, “Vaca,
Mimosa, (palavrão)”: 1, “Vaquei”: 1, “Voei”: 1.
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GRÁFICO 15: Estados com maior número de respostas múltiplas.
O Rio de Janeiro é o estado onde se teve maior número de respostas múltiplas,
por possuir o maior número de praticantes dessa modalidade de esporte e muitos
centros e clubes de montanhismo federados. Seguido pelos estados de São Paulo
e Minas Gerais.
* Número total de entrevistados: 503.
** Número total de entrevistados com respostas múltiplas para uma das perguntas: 167.
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GRÁFICO 16: Resumo das respostas com maior frequência.
Analisando o resumo de respostas com maior frequência, identificamos três
palavras que possuem pontos de articulação similares, podendo levar o escalador
a distorcer os fonemas e o entendimento equivocado pelo outro membro ou outros
membros da cordada.
Os comandos foram: retesa/ pedra/ queda. Aqui temos vocábulos que
possuem a mesma marcação vocálica (/e/ e /a/) e as consoantes possuem pontos
de articulação similares, o que pode confundir na hora da verbalização.
Usamos o esquema de substituição por incidência vertical logo após a
contabilização dos itens citados na pesquisa. Mantivemos a utilização do vocábulo
“pedra” porque foi usado de forma quase unânime no questionário aplicado. O
vocábulo “retesa” pode ser substituído por “recolhe”. O vocábulo “queda” pode
ser substituído pelo vocábulo mais citado depois deste, que foi “vaca”.
As palavras foram substituídas e são apenas sugestões a priori, mas como
vivemos em um país com muitas regiões e com tradições orais bem diferenciadas,
deve-se avaliar quais comandos podem ser utilizados na escalada e que não
ofereçam erros e confusões em seu entendimento.
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9. CONCLUSÕES
O vento, a chuva e outras condições climáticas desfavoráveis, além da
distância entre os participantes, o tom e volume da voz e o relevo da via podem
gerar distorções na clareza do que se fala.
Numa situação-problema, onde temos os fatores descritos acima, a
sobrearticulação ou a troca das palavras por outras que passem a mesma
informação é de suma importância.
Uma comunicação duvidosa pode acarretar incidentes e acidentes, como
vimos no capítulo 8 (Casos de incidentes e acidentes causados por problemas de
comunicação).
A comunicação efetiva na prática da escalada é questão de sobrevivência, sua
e de seus parceiros.
O objetivo deste trabalho de pesquisa é sugerir um conjunto de comandos
que minimizem o risco de confusão entre os integrantes de uma dupla - ou mais
- de escaladores ao tentarem se comunicar.
Listamos abaixo as situações chaves em todo o processo de uma escalada e
as sugestões finais do trabalho de pesquisa:
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10. RECOMENDAÇÕES
- Quando não for possível a comunicação visual e/ ou verbal, o que pode ser
feito previamente é combinar a comunicação por puxões na corda com número de
vezes de acordo com a sequência lógica dos vários momentos da escalada.
- A comunicação por gestos pode ser efetiva se houver contato visual entre os
componentes da cordada.
- Rádios comunicadores ou celulares podem ser boas soluções para quando
não há outra possibilidade de comunicação mais efetiva e segura.
- Sempre confirmar o comando do parceiro de cordada.
- Em locais com mais de uma cordada na parede, ao mesmo tempo, muito
comum em escalada esportiva, chamar o nome do parceiro ANTES de falar o
comando.
- Sempre grite “Corda” antes de jogá-la para baixo durante o rapel ou quando
estiver puxando-a de cima, em outra parada. Aguarde alguns segundos antes de
jogá-la, para que os escaladores abaixo possam se proteger ou visualizar onde a
mesma cairá.
11. OBSERVAÇÕES RETIRADAS DO FORMULÁRIO ELETRÔNICO
DA PESQUISA
- Foi relatado no formulário da pesquisa, que em alguns locais, determinados
escaladores utilizam somente um comando verbal durante toda a escalada (ex.:
“Kihu”, “auá”, etc.), sempre seguindo a sequência lógica das ações. Mas para que
isso se torne efetivo, é necessária a sincronia perfeita entre os participantes.
- “No Rio de Janeiro, cordada é a dupla de escaladores e enfiada é o trecho
entre as paradas de uma via. Em outros locais do país, a ‘cordada’ tem o mesmo
significado que ‘enfiada’”.
- “Foi observado que alguns escaladores, quando estão guiando, pedem que seus
participantes fiquem mais atentos à sua própria segurança quando entram em lances
complicados da via, como no crux”.
- “Algumas duplas podem combinar previamente que o participante avise ao
guia que a corda está acabando, para que esse não passe perrengue no meio de
um crux, por exemplo”.
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12. BIBLIOGRAFIA / MATERIAL CONSULTADO
- Silva, TC. Fonética e fonologia do Português. Roteiro de estudos e guia de
exercícios. 6ªed. Ed. Contexto. SP, 2002.
- Daflon, F & Daflon, C. Escale melhor e com mais segurança. 2ª ed. Ed
Companhia da Escalada. RJ. 2010.
- Daflon, F & Daflon, C. Escale melhor e com mais segurança. 3ª ed. Ed
Companhia da Escalada. RJ. 2012.
- Eng, RC. Mountaineering – The freedom of the hills. 8ª ed. The Mountaineers
Books. 2010.
- Conally, C. The Mountaineering handbook.1ª ed. Ed. McGraw-Hill. 2005.
- Beck,S. Com unhas e dentes. 2ª ed. Ed. Indenpendente. 2003.
- Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada - www.cbme.org.br
- Site Sol Brilhando - www.solbrilhando.com.br
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Programação permanente na sede do CEL
- Todas às terças e quintas: Muro de escalada e reunião social;
- Terceira semana do mês: Palestra/debate no Papo de Montanha;
acesse:
www.celight.org.br
e fique sabendo da programação do clube e as
vantagens de se associar.
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