Parabéns - Revista Mercado

Transcrição

Parabéns - Revista Mercado
ano 5 número 44 Agosto 2011 | R$ 8,50
Negócios
Empresários de
Uberlândia lançam suas
marcas no mercado de
franquias
Relacionamento
Maioria dos brasileiros
reprova união estável
entre pessoas do
mesmo sexo
Religião
Escolas enfrentam
o desafio de ensinar
religião sem privilegiar
crenças
Parabéns
Uberlândia
&
Araguari
Minas está em festa.
Dois de seus principais municípios
completam neste mês 123 anos de
história, consolidando-se cada vez
mais como grandes e atraentes
centros de investimentos
mercado
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expediente
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Revista MERCADO | Agosto 2011
Araguari e Uberlândia completam
neste mês 123 anos nos dias 28 e 31,
respectivamente. Se três dias separam
o aniversário destes dois municípios,
apenas 30 quilômetros os separam em
distância. São dois municípios, vizinhos
de fronteira, que ocupam posições privilegiadas no ranking nacional: Araguari está na 227ª colocação à frente
de 5.337 municípios, e Uberlândia é o
27º colocado, superando outros 5.541
municípios, à frente, inclusive, de muitas capitais. Já em nível estadual, Araguari é o 23º e Uberlândia o 2º, entre
853. Em termos regionais, no Triângulo
Mineiro, Uberlândia vem em 1º lugar
em grandeza e desenvolvimento, e
Araguari em 4º. Enfim, são dois municípios de relevante importância tanto
para a economia estadual quanto nacional, que merecem todas as homenagens possíveis, incluindo a nossa, da
Revista MERCADO, que os destaca em
capa nesta edição de agosto.
Para fugir do trivial, de falar da história desses dois municípios - coisa que já
fizemos em edições de outros aniversários -, optamos desta vez focar por um
pouco na força econômica de Uberlândia e Araguari, mais precisamente, na
vocação de ambos como terra de investimentos, onde o verbo empreender
pode ser conjugado perfeitamente em
três tempos: passado, presente e futuro:
a história confirma isso. Aliás, se fosse
para descrever toda a importância, a força política e econômica que estes dois
municípios representam no contexto
nacional, a edição inteira seria insuficiente. Não é à toa que cá estou, literalmente, na condição de editor, rasgando
seda para esses dois municípios.
Só para citar alguns dados, no caso
de Araguari, o município, com seus 110
mil habitantes, é o 227° no ranking dos
municípios Brasileiros e o 4º de Minas
Gerais. Tem como ponto forte o agronegócio, por meio do qual produz, em média, 600 mil sacas/ano de um dos cafés
de melhor qualidade do Brasil e do mundo, tanto no tipo quanto no sabor. São
20 mil hectares com 42 milhões de covas
além de extensas áreas com lavouras de
soja, laranja, milho, arroz, tomate, feijão,
maracujá, acerola e uva, que são colhidas e processadas pela indústria local, o
que inclui três das maiores empresas de
suco do país - Dafruta, Pomar e Maguary
-, que juntas produzem 70 % dos sucos
consumidos no país. Além disso, o município conta com varias indústrias de médio e pequeno porte que atuam nos setores de frigoríficos, calçados, metalurgia, inox e vários outros. Agora, mais recentemente, para comprovar a vocação
de Araguari para atrair investimentos, a
Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), controlada pela Vale S/A, está construindo no
município, em área de 670 mil metros
quadrados, um Terminal de Transbordo
que deverá entrar em funcionamento
até o final deste ano, gerando aproximadamente 600 empregos diretos.
Quanto a Uberlândia, o município
e seus bem mais de 600 mil habitantes
dispensa apresentações. Nos últimos
anos, muitos investidores têm sido
atraídos para Uberlândia por conta de
diversos fatores, dentre os quais a localização, a infraestrutura, o seu capital
intelectual, sua rede hoteleira e suas
opções de gastronomia, lazer e entretenimento. Para ilustrar, no quesito
econômico, desde 2005, mais de R$ 3,5
bilhões em investimentos privados foram anunciados no município, segun-
do informações da Prefeitura. Nesse sentido, um dos segmentos de
maior destaque do município - assim como Araguari - é também o de
agronegócios. A área agricultável
de Uberlândia corresponde a 280
mil ha. A cidade possui uma capacidade de processamento de grãos
que ultrapassa 2,2 milhões de toneladas por ano e o cultivo de milho e
soja chama bastante atenção na região. O setor de laticínios, que tem
capacidade para processar mais de
2 milhões de litros de leite por dia
e o abate de aves e suínos, que ultrapassa 80 milhões de animais por
ano, também fazem do agronegócio um setor de destaque em Uberlândia, maior exportadora de leite
em pó do Brasil. Há de se considerar
ainda o título que o município ostenta de Polo Atacado Distribuidor,
por ser a sede das maiores empre-
sas do setor e, portanto, responsável pela distribuição de produtos
para todas as regiões do Brasil. Para
se ter ideia, apenas cinco das empresas com Centros de Distribuição
(CDs) instalados somam 235 mil m²
de área de armazenagem, 2,6 mil
veículos em frota própria, 700 mil
clientes ativos e geram 17 mil empregos. Poderia falar ainda da estrutura de Telemarketing de Contact
Centers instalados em Uberlândia,
que emprega cerca de 9 mil pessoas
e é referência no país. Dizer do moderno distrito industrial que tem 9,6
milhões de m², possui 300 empresas instaladas e outras 40 novas em
processo de instalação. Como não
mencionar o grande centro educacional em que o município se transformou! É só citar a educação de
nível superior local, que concentra
cerca de 40 mil alunos, entre gradu-
ação, cursos de especialização, mestrado e doutorado, distribuídos por
uma Universidade Federal e mais de
20 instituições privadas de Ensino
Superior e Especialização.
Enfim, há muita coisa para se
falar desses dois municípios em
tão pouco espaço. Contudo, não
tem como contestar o potencial
de Araguari e Uberlândia como
polos de investimento, em que se
pode perfeitamente conjugar o
verbo empreender.
Parabéns, Araguari!
Parabéns, Uberlândia!
E para celebrar os 123 anos desses dois municípios, escolhemos
essa data e esta edição para circular
um novo lay-out da MERCADO. Espero que agrade os nossos leitores.
Evaldo Pighini
Editor
mercado
44
índice
Capa
Uberlândia e Araguari, duas
das principais cidades de
Minas Gerais e do Triângulo,
completam 123 anos de história
no fim deste mês, no dias 31
e 28, respectivamente, e se
consolidam cada vez mais como
grandes e atrativos centros de
investimentos
36
Religião
Vista parcial de Uberlândia
26
Economia
A Gasmig quer incentivar o
uso do gás natural no estado
com a promoção “Vou no Gás”,
por meio da qual vai distribuir
até 600 m³ de gás natural a
proprietários de veículos que
instalarem kits para o consumo
de GNV em seus carros
Revista MERCADO | Agosto 2011
Vista parcial de Araguari
Negócios
Seis empresários de Uberlândia
lançam suas marcas no
mercado do Franchising
e viram franqueadores,
aproveitando o bom momento
de um setor que cresce 20% ao
ano e que faturou somente em
2010 cerca de R$ 76 bilhões
62
A Constituição Federal
determina a obrigatoriedade
do ensino religioso nas escolas
da rede pública de ensino
fundamental. Contudo, os
educadores estão enfrentando
o desafio de garantir esse tipo
de educação sem privilegiar
crenças
Relacionamento
22
Agosto 2011
A maioria dos brasileiros
reprova união de gays. É o
que mostra pesquisa do IBOPE
Inteligência, segundo a qual
55% dos brasileiros são contra
a união estável entre casais do
mesmo sexo
Veículos
Canal Livre����������������������������������������������� 8
Estilo........................................................ 74
Artigo...................................................... 10
Marketing��������������������������������������������� 78
Conversa����������������������������������������������� 12
Bazar....................................................... 98
Entrevista��������������������������������������������� 14
Dica de Leitura�������������������������������� 104
Franchising������������������������������������������ 18
Literatura............................................ 106
Investimentos������������������������������������� 20
Profissão em Filme������������������������ 108
Finanças������������������������������������������������ 30
Sustentabilidade���������������������������� 110
Educação���������������������������������������������� 32
Ponto de vista���������������������������������� 112
Política.................................................... 56
In Foco................................................. 114
Mundo.................................................... 58
Causos empresariais��������������������� 116
Cultura.................................................... 60
Geral..................................................... 118
68
84
Chega ao mercado brasileiro
neste mês o crossover Freemont.
O carro é a versão Fiat do
Dodge Journey, ou melhor, é
praticamente o mesmo veículo,
mas com logotipos da Fiat e
motorização modificada. Os
preços partem dos R$ 75 mil
Turismo
90
A Colômbia possui um traço
semelhante ao brasileiro: a fé
de seu povo. Com mais de 500
anos de tradição católica, conta
com um grande patrimônio
arquitetônico, artístico e cultural
associado à religião que vale a
pena conhecer
Revista MERCADO | Agosto 2011
mercado
canal livre
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“Mão na massa”
Edição 43
Excelente a reportagem publicada na edição de julho,
que fala do “boom” na construção civil. De fato, Uberlândia reflete bem essa realidade, são obras que não acabam
mais. Só não consigo imaginar até quando isso vai durar.
Não há como medir o quanto ainda haverá consumidor
para tantos apartamentos e casas que estão sendo construídos. O bom de tudo é que os preços dos imóveis já
estão caindo há três meses seguidos (...). Em Brasília, com
tanto imóvel à disposição, o consumidor ficou mais cauteloso. Conforme noticiado pelo jornal Bom Dia Brasil,
antes, para vender todos os apartamentos de um prédio,
uma construtora levava três meses, em média. Agora,
para fechar um negócio do mesmo porte, demora pelo
menos um ano.
Caro Evaldo (editor),
Quero parabenizá-lo pela excelente qualidade gráfica e
conteúdo da Revista MERCADO nº 43.
Destaco a matéria “Marketing Digital: especialista fala
dos 3 grandes mitos” em que o “mago” Sílvio Tanabe
descreve muito bem a era em que vivemos.
A Revista MERCADO é um marco em nossa cidade e
região, se comparanda às grandes revistas nacionais
de marketing.
Parabéns a você e toda sua equipe por este exemplar belíssimo!
Alencar Custódio
Resp.: Caro Renato. A equipe da MERCADO agradece
esse seu reconhecimento. Para nós, serve de incentivo.
Há de se ressaltar que estamos aqui para fazer o nosso
melhor em prol da informação de qualidade. Portanto,
essa sua mensagem nos estimula ainda mais em nossa
jornada.
________________________________________________
Engenheiro
________________________________________________
Gostei da matéria sobre construção civil que saiu na edição anterior. Sou morador de Araguari, onde também há
obras por vários lados da cidade. Porém, em Uberlândia,
local para onde viajo todos os dias a trabalho, chega a assustar a quantidade de obras que estão sendo erguidas.
Isso, a meu ver, é bom, pois gera emprego e renda. Também mostra que o brasileiro está ganhando mais.
Jorge Henrique Machado
Corretor de seguros
________________________________________________
Redes Sociais
Interessante o artigo veiculado na edição anterior sob
o título “Redes Sociais e o ambiente de trabalho”. Tem
muita gente usando indevidamente essas ferramentas
dentro das empresas, em horário de trabalho, sem ter
noção que isso, dependendo do tipo de comentário
ou informação trocada, pode acarretar em punições
previstas em lei. Como diz o autor do artigo (Dr.
Fernando Borges): é preciso “Ética! Respeito! Bom
senso!”. Aproveito também a oportunidade para elogiar
o nível dos artigos que saem na revista, com conteúdos
muito pertinentes a nós, empresários.
Renato Cury
Jornalista
Finanças
Chegou em bom tempo a matéria “Como quebrar o ciclo
do endividamento” (Edição 43). Já há algum tempo venho lutando para controlar minhas finanças e equilibrar
minha renda com as minhas despesas. Mas não está fácil,
pois sou muito consumista. Agora, vou tentar colocar em
prática os conselhos do entrevistado, o economista Reinaldo Domingos.
Elessandra Marques
Cabeleireira
________________________________________________
Yucatán
Mais uma bela matéria de turismo publicada pela
MERCADO. Já estive em Mérida e tive o prazer de visitar
algumas ruínas maias mais próximas. É uma viagem
ímpar. Aconselho a todos que puderem a fazê-la.
Sônia de Fátima Gonzaga
Luiz Armando Queiroz de Freitas
Esteticista
Micro-empresário
Comentários, sugestões e críticas sobre o conteúdo editorial da Revista MERCADO e mensagens para o Canal Livre:
[email protected]
Toda correspondência poderá ser publicada de forma reduzida. Envie anexo, nome completo, profissão e a cidade de origem.
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 8
mercado
artigo
*Creso de Franco Peixoto é professor do curso de
Engenharia Civil do Centro Universitário da FEI (Fundação
Educacional Inaciana), engenheiro Civil e mestre em Transportes
Por um trânsito
mais harmônico
Por Creso de Franco Peixoto*
M
etropolitanas selvas de pedra adoecem
sob iminente infarto viário. O desespero do motorista parado contrasta com à
rápida passagem de corrente de motociclistas. Não parecem preocupados com
atrasos ou com suas vidas. Aprofunda sua indignação
a visão da impune passagem em semáforo vermelho,
enquanto forte luz pisca no seu retrovisor. Não viu radar nem velocímetro ao se preocupar com o usuário de
duas rodas. Motoqueiros, referência de motorista. Prenúncio do conflito do espelho quebrado. O motorista
tem certeza de que foi de uma bota sob dolo.
Para o transporte, automóveis e motocicletas têm
a mesma função. Levam de um local a outro. Fazem o
porta a porta. Contudo, as diferenças surgem quando
se avaliam custo operacional, segurança, consumo,
conforto, condições meteorológicas e até estilo de vida.
As divergências entre motociclistas e motoristas
podem ser mitigadas e até extintas. Bastam ações
simples e de forte apelo democrático. Educação.
Escolas onde se ensine e se exija estudo. Leis e punição para aqueles que aprenderam e não querem
respeitar. Democracias não se sustentam sem o
rigor da lei. Motoristas e motociclistas do mundo
todo tendem a não respeitar se não forem devidamente fiscalizados.
Há assimetrias na legislação e na punição do motorista e motociclista brasileiros. A falta do artigo 56 no
Código de Trânsito Brasileiro (CTB) acarreta aparente
liberdade para correr entre filas de carros. Suaviza-se a
restrição ao excesso de mais de 20% na velocidade permitida (Lei 11.334, 2006) e se promulga a lei seca (Lei
11.705, 2008), que foca na ingestão de bebida alcoólica
e não na qualidade da direção.
Amizades viárias. O trânsito melhora com motorista e motociclista amigos. Faixas que os segreguem
aprofundam divergências. Campanhas educacionais
maciças. Dinheiro para tanto? O das multas. Sua receita é exclusiva para sinalização, Engenharia de Tráfego,
policiamento e campanhas educacionais (CTB, art. 320).
Ao poder público, políticas de efetiva melhoria da
mobilidade. Metrô para o transporte de massa. Faixas
exclusivas de ônibus com serviço totalmente integrado.
Cartões como o Oyster de Londres: liberdade para se locomover sem restrições de modo ou viagens.
A excessiva facilidade no financiamento de motos e
carros gera cenário que ilude compradores. Alta carga
tributária e de juros acobertados pela prestação barata.
E o carro continua parado. E a moto, em alta velocidade,
até seu derradeiro encontro com um ônibus desgovernado. Um motoboy. Pobres dos seus pais. Estavam certos em sua angústia diária. B
mercado
conversa
Prezado leitor,
Neste momento em que a economia
nacional começa a sentir os impactos negativos da desindustrialização, provocada pelo câmbio sobrevalorizado, juros e
impostos muito elevados e a concorrência desigual de países como a China, é
muito importante ficarmos atentos para
outro grave problema que reduz a competitividade do país: a corrupção. São
muito preocupantes as denúncias recentes, escancaradas pela mídia, relativas a
fraudes de licitação na Petrobrás, cuja
estrutura produtiva afeta toda a cadeia
da indústria do plástico, majoração aparentemente anormal de obras públicas e
escândalo no Ministério dos Transportes.
É preciso entender que notícias
como essas e a efetiva e lamentável prática da improbidade no setor
público têm duplo efeito nocivo no
grau de competitividade de um país.
A primeira consequência refere-se,
de modo direto, ao custo das obras e
serviços, agravado pelo pagamento
de propinas a agentes inescrupulosos
dos distintos escalões da máquina
governamental. Ou seja, faz-se menos com um orçamento que poderia
resultar em muito mais. A segunda
questão diz respeito à imagem negativa que inibe investimentos e cria
um ambiente cada vez menos propício à realização de negócios.
Não é sem razão, portanto, que as
José Ricardo Roriz Coelho é presidente da Associação
Brasileira da Indústria de Plástico (Abiplast) e da Vitopel,
e diretor titular do Departamento de Competitividade e
Tecnologia da Fiesp (Fonte: Congresso em Foco)
economias mais corruptas são também
as menos competitivas,segundo estudos da Transparência Internacional. E,
infelizmente, no ranking mais atual dessa instituição, referente a 2011, o Brasil
continua ocupando posição bastante
desconfortável, motivada, certamente,
pela frequência de notícias como as dos
“mensalões”, “anões do orçamento”,
“vampiros da saúde”, “sanguessugas”
e fatos recentes, como o da Petrobras e
do Ministério dos Transportes.
“Há 68 países menos corruptos
do que o Brasil. Não se trata,
definitivamente, de algo
compatível com uma economia
que já figura entre as maiores”
Apenas para lembrar e manter governo e sociedade vigilantes, o relatório anual 2010 da Transparência Internacional indicava que a percepção de
corrupção no setor público brasileiro
havia se mantido inalterada desde
2009. A pontuação dada ao país foi
de 3,7, numa escala de zero a dez.
Nossa baixa nota, dentre 178 nações,
nos coloca na 69ª posição. Isso significa que há 68 países menos corruptos
do que o Brasil. Não se trata, definitivamente, de algo compatível com
uma economia que já figura entre as
maiores e dos anseios de 190 milhões
de habitantes quanto ao crescimento
sustentado e o desenvolvimento.
Os indicadores da Transparência Internacional, que nos colocam ao lado
de Cuba, Montenegro e Romênia, são
corroborados por percepções e pesquisas de distintos organismos de fomento do intercâmbio econômico, que
coincidem em apontar que, dentre os
principais inibidores de investimentos
estrangeiros no Brasil, estão a corrupção e a burocracia exageradas. De fato,
são duas ervas daninhas interligadas,
pois faz parte do lamentável processo
de improbidade a prática de criar dificuldades para vender facilidades.
O problema - somado aos demais
algozes das empresas brasileiras,
como os juros mais altos do mundo,
o câmbio equivocado, os impostos
extorsivos e a concorrência desleal
de nações que não se pautam por
condutas comerciais civilizadas - está
causando grandes danos à competitividade do país. A presidente Dilma
Rousseff, que agiu de modo correto
no caso do Ministério dos Transportes,
antecipando-se aos fatos, apontando
sua estranheza com o aumento dos
preços das obras e tomando as medidas saneadoras necessárias, tem todo
o apoio da sociedade e dos setores
produtivos para realizar uma cruzada
nacional contra a corrupção. Vencer
esse inimigo público da competitividade e do desenvolvimento é uma das
prioridades nacionais.
mercado
entrevista
E
m se tratando da abertura de um negócio, de
nada adianta o investidor estar no mesmo nível
e fazer tudo igual aos seus competidores, é preciso se destacar, ser o melhor, em algum ponto.
Quem permanece no mercado tem um diferencial. Essa é a visão do especialista em varejo Steven
Kirn. Mestre e doutor pela Universidade da Flórida, Kirn
tem mais de 30 anos de experiência na área de varejo e é
diretor do Centro de Estudos do Varejo da Universidade
da Flórida, considerado um dos principais institutos de
pesquisa da área nos EUA.
Steven Kirn esteve em Uberlândia em julho, na condição de palestrante principal do 14º Super Encontro Varejista (Sevar) do Triângulo e Alto Paranaíba, que reuniu
em dois dias mais de duas mil pessoas, entre varejistas,
fornecedores e profissionais do setor. O evento foi uma
promoção da Associação Mineira de Supermercados
(AMIS), com apoio da Associação Comercial e Industrial
de Uberlândia, da CDL-Uberlândia, da FIEMG-Regional
Vale do Paranaíba, do Convention e Visitors Bureau de
Uberlândia e da Prefeitura de Uberlândia.
O objetivo desse 14º Sevar foi discutir as tendências
e as principais questões que afetam o varejo da região,
além de facilitar a aproximação entre o setor e a indústria e favorecer a integração do segmento. Outro tema
relevante em discussão foi a qualificação profissional no
setor. Kirn foi autor da palestra “Os pontos fundamentais
para o desenvolvimento do seu negócio”.
Em sua passagem pela cidade, Stevem Kirn falou
com exclusividade à MERCADO, quando explicitou
quais são os tais pontos fundamentais a que faz referência para o desenvolvimento de um negócio e comentou
a necessidade de inovação e de equilíbrio entre qualidade e preço.
“Nos negócios,
é preciso ser o melhor”
Por Natália Nascimento
Programa de Aprimoramento
MERCADO: Nesta sua passagem por Uberlândia,
você veio para falar sobre segredos do negócio e seus
pontos fundamentais. Resumidamente, poderia destacar que pontos são esses?
Steven Kirn: É um jeito de você definir suas estratégias, é um modelo que simplifica o seu negócio. Estratégia tem tudo a ver com escolhas, escolhas que o farão
diferente de seus competidores. Ao escolher estratégias
e defini-las, você da sustentação ao seu negócio e atende as necessidades dos seus consumidores. Eu uso duas
figuras geométricas para facilitar a memória: o pentágono e o triângulo, cujos lados somados dão 8 pontos.
Os 5 pontos do pentágono são aqueles ligados às questões do consumidor, e os 3 do triângulo são aqueles que
estão “atrás do palco”, relativos a como você toca seu
negócio. Tudo é coeso, não é porque existam 5 pontos
de um lado e 3 do outro que eles não são interligados.
A maneira que você toca seu negócio, analisando essa
metodologia, mostra que haverá momentos em que
pontos do triângulo influenciarão os do pentágono, e
vice versa. Se você reparar nos setores do varejo, aquele que lidera o mercado certamente está se destacando
em um desses pontos, ou mais. Não adianta nada você
estar no mesmo nível e fazer tudo como os seus competidores, você precisa se destacar em algum ponto. Se assim for, você os superará. Tenha, por exemplo, a melhor
localização, os melhores produtos, os melhores preços,
o melhor atendimento. Se você não for o melhor em alguns desses pontos, certamente você tem uma chance
maior de sair do mercado. Olhe ao seu redor, você sabe
e vê quem se destaca no mercado. Quem permanece no
mercado tem um diferencial.
Onde entra o termo ‘inovação’ neste setor?
Quem não inova, acaba sendo vítima do próprio
negócio. Há muitas empresas que se contentam com o
que têm feito, afirmando que tem dado certo. Essas são
pessoas que não prestam atenção na inovação e têm dificuldades para inovar. Se assim continuarem, vão acabar
prejudicando o próprio negócio.
Para quem ainda não tem nada e pretende montar um negócio, qual seria sua dica, nos moldes atuais da economia?
A primeira coisa que eu digo a um novo empresário é: pergunte-se “Quem é meu cliente? Qual o perfil
dele?” Você tem de construir o seu negócio ao redor
dos seus consumidores, estes precisam estar no centro.
Muitos alegam que isso não é novidade, mas, embora
digam, muitos não tomam providências para colocar
o cliente no centro. “Se eu começar um negócio hoje,
eles estarão sempre ali?” Não se pode montar um negócio somente porque se gosta daquilo, mas, também
porque, o que se oferece é uma carência do público.
Muitos começam um negócio sem sequer refletir se as
pessoas realmente necessitam daquilo. É muito interessante para mim, que tenho grande experiência em
pesquisa, chegar em companhias já estabelecidas e de
sucesso, e perceber que desde o empregado mais simples ao chefe geral, todos sabem qual é e para quem
é o negócio deles. Hoje, ao redor de todo o mundo, o
varejo está cada vez mais segmentado; ele vai buscando nichos, buscando categorias de consumidores, e
essa tendência vai aumentar. Até grandes companhias
fazem dessa maneira, como o Wal Mart, que em todo
o mundo tem sete formatos de lojas diferentes, desde
um supercenter, com 60 caixas, até lojas de vizinhança,
com três, quatro caixas. Repare na segmentação, que
vai ser uma tendência cada vez maior. Até o século
passado havia espaço pra companhias que eram extremamente gerais, que todo tipo de pessoas frequentavam. Eu, por exemplo, trabalhei um bom tempo em
uma loja de departamentos onde, independente da
classe social, todos faziam compras. Hoje, tudo está
mais segmentado. A
15 | Revista MERCADO | Agosto 2011
mercado
entrevista
“Hoje, ao redor de todo o
mundo, o varejo está cada
vez mais segmentado;
ele vai buscando nichos,
buscando categorias de
consumidores, e essa
tendência vai aumentar”
O que você acha que atrai mais o cliente, qualidade ou preço? Ou as duas coisas?
Você sempre tem que colocar as duas coisas juntas, porque a definição do valor é um balanço entre a
qualidade e o preço. Se estou comprando um carro,
por exemplo, que não tenha uma grande qualidade,
mas que tenha um bom preço, ou um de alta tecnologia e preço, acaba que cada um tem o seu valor.
Sempre tenho que oferecer um equilíbrio entre estas
duas coisas.
Como você, que vem da maior economia do mundo, os EUA, avalia o mercado brasileiro para quem
quer abrir um negócio, independente do tamanho?
Eu acho que é um grande mercado que têm várias
oportunidades. Eu vejo grandes marcas mundiais que
ainda não aproveitam esta oportunidade. Fiquei surpreso nessa minha vinda ao Brasil, pois em visita a alguns shoppings, eu percebi muitas marcas nacionais,
e isso não é comum. Portanto, penso que as grandes
marcas internacionais ainda não perceberam essa
grande oportunidade.
Qual o segredo para se abrir um negócio? Os investidores devem atentar para quê?
Você tem que estar muito consciente de onde está entrando. Muitos querem ser empreendedores, mas muitas vezes subestimam os desafios, as dificuldades que se têm em atender
os próprios consumidores. Uma regra muito importante, e o
grande motivo de muitos negócios não darem certo, é não
haver capital suficiente. Às vezes, os empreendedores calculam muito mal seu investimento, ou investem de forma errada
tudo que têm. Muitos superestimam o quanto irão vender,
e quanto terão de lucro, calculando muito mal os custos e o
quanto de tempo se levará para estabilizar o negócio.
Alguma consideração final a fazer?
Penso que o Brasil é hoje uma grande oportunidade
de mercado, e o mercado americano está perdendo esta
oportunidade, por estar muito preocupado com o seu
mercado interno, não saindo das fronteiras dos EUA. O
Brasil não precisa das empresas americanas, mas estas
precisam de novos mercados e os brasileiros gostariam
do jeito que elas trabalham. B
mercado
franchising & negócios
*Carlos Ruben Pinto é administrador de empresas,
consultor de varejo e franquias
[email protected]
www.guiadofranchising.com.br/mds
Conceito de Negócio
“As marcas simplificam a vida dos consumidores, ajudando-os a fazer
escolhas em um mercado repleto de bens e serviços. O fato é que as pessoas
adoram as boas marcas, que as fazem sonhar e se sentir mais seguras”.
Marc Gobé
Por Carlos Ruben Pinto*
T
odo franqueador sabe
da importância de ensinar aos franqueados
como atrair e se comunicar eficazmente com
os clientes, envolvendo-os, trabalhando para encantá-los sempre
mais. Ninguém encanta sem se
envolver. Para cumprir bem essa
e as demais funções inerentes à
operação e administração diária
da empresa, o franqueado precisa
dominar o conceito do negócio,
participar da cena de loja e ir além.
Mas será que todos os franqueados
que temos hoje pelo Brasil conhecem bem e, sobretudo, praticam o
conceito do negócio que operam?
Provavelmente não!
Cabe lembrar um pouco o que
as grandes redes fizeram para crescer, independentemente de serem
franquias ou não. Cresceram porque os seus fundadores acreditaram no conceito de negócio que
desenvolveram e não mediram esforços para consolidá-lo.
Para criar seu conceito de negócio, os franqueadores certamente desenvolveram e agregaram
valor ao lado tangível da operação
de sua unidade própria. O primeiro conceito nasce normalmente
a partir do layout da loja, onde é
traçada a identidade da franquia,
e segue com a definição e padronização do mix de produtos e serviços comercializados. É no item
serviços que se soma ao conceito
o lado intangível da operação: a
emoção que se quer que os clientes tenham no ponto de venda.
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 18
Nas grandes redes, o conceito de
negócio está bem identificado
com o cenário da loja, com a cor,
a iluminação, o som, os aromas e o
show do atendimento.
Por que será que os franqueados precisam entender o conceito do negócio? Primeiro, por uma
questão de identidade: será que é a
esse tipo de negócio que eles querem dedicar boa parte de sua vida?
Depois, porque é preciso envolver
toda a equipe com esse conceito,
para que todos possam trabalhar
vendendo a mesma emoção.
Franquia é um
negócio que
exige um acordo
prévio; estando
em rede, é
preciso trabalhar
em regime de
cooperação
contínua
Ou seja, os franqueados precisam defender, preservar e valorizar
o conceito do negócio. Se há uma
parcela de franqueados que não age
dessa forma, é sinal que não estão integrados, e acabam por interferir no
projeto e destruir o posicionamento
da marca, prejudicando a expansão,
portanto, não vale a pena tê-los na
rede. Mas, antes, é prudente analisar
cada caso, às vezes pode ter faltado
mais treinamento, melhor assistência. O negócio é buscar construir
a solução. Todo conflito, por mais
desconfortável que seja, precisa ser
resolvido. Franqueado ruim em zona
de conforto é um desastre enorme.
Franquia é um negócio que exige
um acordo prévio; estando em rede,
é preciso trabalhar em regime de cooperação contínua.
É importante considerar ainda
que o franqueado, quando decide
por uma franquia, o faz por simples
opção e não por obrigação. Portanto, deve trabalhar a marca no dia a
dia com inspiração: cabeça para fazer o que gosta (o que for tangível),
e coração para defender a operação,
o conceito e a emoção que a marca
quer passar (o intangível).
O êxito de uma franquia depende da construção de diferenciais,
não se pode deixar que os clientes
comprem em função do preço, isso
faz com que as margens se reduzam. As melhores marcas não vendem só produtos ou serviços, elas
vendem sensações, e quem adquire
sensações dedica mais tempo à loja,
gasta mais, remunera melhor a operação. Entender bem conceito do
negócio permite que todos trabalhem na mesma direção, e o ganho
com a diferenciação é o melhor que
se pode ter. B
mercado
investimentos & etc.
bém chamada de Previdência Privada,
como uma forma de garantir a manutenção do seu padrão social e qualidade de vida. Entretanto, apesar de ser
uma das aplicações mais populares,
poucos são os poupadores que analisam quais os benefícios e os custos
envolvidos nesse tipo de aplicação.
O histórico de rentabilidade e
taxas é fundamental para escolher
um plano de previdência privada,
mas também deve ficar no radar de
quem já tem previdência privada e
não está satisfeito com os resultados. Isso porque, com a portabilidade, fica fácil migrar para opções
mais vantajosas para o seu bolso.
Não faltam exemplos de planos que
superam o rendimento de outras
aplicações que ainda ficam sujeitas a
outras taxas e tributos.
Indo adiante, todo o recurso arrecadado pode ser transferido entre
as instituições através de um corretor de seguros, que também cuida
das obrigações burocráticas. Comparar as alternativas é o segredo. Especialistas em seguros recomendam
que o cliente peça comparativos
que levem em conta não apenas a
rentabilidade, mas também as taxas
envolvidas para avaliar o resultado
líquido. Taxas de administração e
carregamento podem prejudicar o
desempenho se não forem bem avaliadas na contratação.
Fique atento a Planos de Previdências que cobram taxa de carregamento abusivas. Atualmente,
o mercado apresenta Instituições
sérias que oferecem previdências
privadas sem taxas de carregamento. E o resultado final de um
comparativo pode ser assustador.
Vamos supor uma previdência A
com um montante de R$ 20.000,00,
aportes mensais de R$ 700,00 e
uma taxa de carregamento de 5%,
e uma previdência X com os mesmos montantes e aportes, porém
sem taxa de carregamento, sendo
que ambas apresentam uma rentabilidade média de 12% ao ano.
Ao final de 25 anos, a diferença de
capital acumulado entre elas é próxima de 60.000,00 a favor da última
(o gráfico abaixo demonstra essa
discrepância).
Há, ainda, a possibilidade de tributar o plano de previdência pela
tabela regressiva, em que o Imposto
de Renda pode cair para até 10% de
acordo com a duração da aplicação.
Contra um fundo convencional, uma
das principais vantagens do plano
de previdência é a inexistência de
come-cotas, imposto cobrado duas
vezes ao ano independentemente
do resgate do saldo. B
Previdência privada sem e com taxa de carregamento (5%)
R$ 1.520.418,18
Quer tranquilidade e qualidade
de vida no futuro?
Planeje sua aposentadoria
R$ 1.461.398,39
A previdência privada protege o patrimônio com foco no longo prazo,
e pode render bem na comparação com investimentos tradicionais
Por George Lucas Furini
C
omo a maioria das pessoas, você poderá receber
após a vida ativa um benefício oficial e público... a
aposentadoria do INSS. No
entanto, esse benefício não oferece
perspectivas muito boas. A razão é
bem simples: a PEA (População EcoRevista MERCADO | Agosto 2011 | 20
R$ 20.000,00
nomicamente Ativa) não cresce, no
mundo todo, mais que o envelhecimento da população. Dessa forma,
o Brasil enfrenta, há alguns anos, um
sério problema: a diferença entre o
que deve ser pago aos aposentados
e o que é arrecadado pela Previdência Social. Isso representa um sério
problema de caixa para o governo,
uma vez que essa diferença já chega
a patamares de alguns bilhões de reais ao ano, o que pode inviabilizar o
sistema em pouco tempo.
A fim de lidar com esse problema
social, muitos trabalhadores recorrem
à Previdência Complementar, tam-
0 anos
5 anos
10 anos
Taxa de carregamento - percentual incidente sobre os
aportes pagos. Por exemplo: se você contribui com R$ 100,00
por mês e sua previdência apresenta uma taxa de carregamento de 5%, na verdade você contribui com apenas R$ 95,00.
15 anos
20 anos
25 anos
Taxa de administração - cobrada pela administração dos recursos sobre o capital total - incluindo os rendimentos. Muito cuidado com essa taxa, pois ela pode
reduzir - e muito - o valor da sua poupança.
21 | Revista MERCADO | Agosto 2011
mercado
negócios
Empresários uberlandenses
viram franqueadores
Amparadas pelo projeto Minas Franquia, do Sebrae-MG, seis empresas
de Uberlândia investem para tornar suas marcas conhecidas
e rentáveis no mercado do franchising
Por Evaldo Pighini com Agência Sebrae
A
traídos por um setor
que cresce 20% ao ano
e que faturou somente
em 2010 cerca de R$ 76
bilhões, seis empresas
de Uberlândia lançaram suas marcas
no mercado de franquias criando suas
próprias redes. São elas, Cia Mineira de
Chocolate, Crazzy Doggy, Cafeeiro, Vozzuca, Ducks Sports e Ferreira Matos.
Foram meses de estudo e capacitação
até o anúncio oficial que aconteceu
em evento empresarial realizado no
dia 18 de agosto, na sede da Associação Comercial e Industrial de Uberlândia (Aciub), instituição parceira do projeto Minas Franquia, do Sebrae-MG,
que viabilizou todo o processo.
A “investida” dos empresários,
donos das seis marcas no mercado
de franchising, começou há cerca de
um ano. De acordo com a analista
de negócios do Sebrae-MG, Luisa Vidigal, durante esse tempo até hoje,
O vice-presidente da
Aciub, Fábio Pergher,
diz que o aumento de
shopping centers e a
economia aquecida
favorecem o investimento
no mercado de franquias
os empresários foram sendo capacitados quanto à documentação necessária e à operacionalização dos
negócios em formato de franquia.
Segundo informações do Sebrae,
os empreendimentos apoiados pelo
projeto Minas Franquia chegam a
custar 60% mais barato que as ofertas de grandes redes.
Para o vice-presidente da Aciub,
Fábio Pergher, que esteve presente
no evento do dia 18, uma conjunção
de fatores, como o aumento do número de shoppings centers e a proliferação de centros comerciais por
bairros das grandes cidades aliada
à economia aquecida favorecem o
investimento no mercado de franquias. Dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF) mostram um
crescimento do franchising de 200%
nos últimos dez anos - 20% ao ano -,
saltando de R$ 25 bilhões em 2001
para R$ 76 bilhões no ano passado.
Novos franqueadores
Com apenas dois anos, a empresa de fast food Crazzy Doggy quer
expandir a marca. Após seis anos
de pesquisa feita em empresas brasileiras e estrangeiras, o empresário
Pablo Vieira Cintra abriu sua primeira
loja em Uberlândia.
Buscando sempre um diferencial
para seu negócio, Pablo passou a
investir não só em sanduíches, mas
também em hot dog. No cardápio
são mais de 11 tipos de lanches e
cinco de cachorros-quentes de 15
cm e 30 cm.
O negócio deu certo, e ele abriu
há um mês uma nova loja em Caldas Novas (GO). Agora, o empresário
quer ir mais longe e levar a marca
para outros estados. De acordo com
Pablo, o investimento inicial seria de
R$ 150 mil, referente ao maquinário
e a arquitetura. “Este valor é 60%
menor que o investimento que se
teria na aquisição de uma franquia
de fast food mais barata no mercado, que chega a custar R$ 330 mil”,
afirma.
Ainda de acordo com ele, cada
franqueado terá metas de faturamento de acordo com a cidade. “Iremos A
Pablo Vieira, da Crazzy Doggy,
quer conquistar o mercado
de sanduíches
Os empresários uberlandenses, novos franqueadores do mercado: da esquerda para direita, Flávio de
Paula (Ducks Sports), Pablo Vieira (Crazzy Doggy), Lauro Teixeira (Cia Mineira de Chocolates), Augusto
Hori (Ferreira Matos), João Luiz Maia (Vozzuca) e Letícia Gomides (Cafeeiro)
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 22
Para o novo franqueador
João Luiz, da cafeteria
Vozzuca, a alimentação fora
do lar cresce a cada ano,
constituindo-se num
bom investimento
23 | Revista MERCADO | Agosto 2011
mercado
negócios
ainda avaliar se o interessado em adquirir a franquia tem um perfil empreendedor e se o ponto de vendas escolhido é viável para o negócio”, explica.
A tradição do café também levou
o dono da cafeteria Vozzuca a investir
no mercado. O negócio que oferece
mais de 50 tipos de bebidas quentes,
frias e alcoólicas, doces e tortas feitas
com a especiaria vem despertando o
interesse na região. “Muita gente me
procura querendo abrir um negócio
semelhante. Nada melhor que criar
uma franquia para os interessados”,
conta João Luiz Maia.
Por dia, a Vozzuca chega a vender cerca de 200 bebidas. Para o
empresário, a alimentação fora do
lar cresce a cada ano e vem se constituindo num bom investimento. “As
pessoas têm pouco tempo. E o cafezinho vai além de uma xícara, ele
está nas reuniões de negócios ou no
encontro entre amigos”, diz.
Os interessados em investir na
marca teriam uma lista de fornecedores da região, treinamento de pessoal e assessoria administrativa. O café
fornecido seria o mesmo produzido
pela família do empresário. “Nosso
objetivo é manter o padrão de qualidade e oferecer o melhor atendimento aos clientes”, conta João Luiz.
Projeto Minas Franquia
A Vozzuca e a Crazzy Doggy são
duas das seis empresas (Ferreira
Matos, Cia Mineira de Chocolate,
Cafeeiro e Ducks) que participaram do projeto Minas Franquia, em
Uberlândia. Apoiadas pelo Sebrae-
O empresário Lauro Teixeira,
da Cia Mineira de Chocolate,
diz que “sem a ajuda do
Sebrae-MG ficaria difícil
organizar a papelada e pagar
um profissional”, referindo ao
projeto Minas Franquia
-MG, as empresas foram orientadas
desde a preparação da documentação até o posicionamento que
deveriam ter com o lançamento da
marca no mercado.
Para o empresário Lauro Teixeira,
proprietário da Cia Mineira de Chocolate, a preparação dos documentos é um processo muito técnico e
caro. “Sem a ajuda do Sebrae-MG
ficaria difícil organizar a papelada e
pagar um profissional”, admite. Com
duas lojas em Uberlândia, que empregam 20 funcionários e fabricam
mais de 800 kg de chocolate por
mês, Lauro quer ampliar ainda mais
o negócio. “Hoje é muito complicado e caro administrar um negócio
próprio fora da cidade. Como franqueador posso expandir meu negócio com recursos de terceiros, reduzir riscos e tornar minha marca mais
conhecida”, explica.
O Projeto Minas Franquia visa a
estimular o mercado de franquias em
Minas Gerais, oferecendo às micro e
pequenas empresas oportunidades
de expansão dos negócios. A iniciativa orienta a estruturação de empresas com potencial de crescimento
para que se tornem franqueadoras
nos termos estabelecidos pela Lei do
Franchising (Lei Federal 8.955/94).
A equipe constituída pelo Sebrae-MG, responsável por tocar o projeto Minas Franquia junto a empresários
uberlandenses: da esquerda para direita, Luíza Vidigal, Marden Magalhães, José de Castro Schwarts,
Alessandra Simões, Carlos Ruben Pinto, Tereza Cristina Magalhães e Lina Volponi
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 24
Franqueador de sucesso, Golfeto esteve presente como palestrante na
lançamento das seis marcas uberlandenses no mercado de franquias
Palestra - Durante o evento do
dia 18, na Aciub, que marcou o lançamento oficial das marcas da seis
empresas uberlandenses no mercado do franchising, quem esteve
presente foi o presidente da Água
Doce Cachaçaria, Delfino Golfeto,
que fez a palestra “Os desafios da
implantação do sistema de franchising”. Muito apropriado por sinal,
devido à expressiva carreira de sucesso que o empresário empreendeu como franqueador.
Golfeto, considerado o Embaixador da Cachaça no Brasil, especialista em Tecnologia do Açúcar
e do Álcool, começou o seu negócio na garagem de casa, em Tupã,
na época denominado Água Doce
Aguardenteria. Apenas dois anos
depois, com o negócio consolidado, criou a Água Doce Cachaçaria
e seu sistema de franquias, que em
apenas 12 meses abriu 12 unidades. Hoje são mais de 100 unidades
da rede presentes em nove estados
e no Distrito Federal, que oferecem
o que há de melhor em comidas e
bebidas típicas do Brasil. B
mercado
economia
Governo quer incentivar o
uso do gás natural em Minas
A Gasmig quer mais proprietários mineiros usando o gás natural,
o GNV, em seus veículos; por isso, lançou a promoção “Vou no Gás”
Por Nege Calil*
Um carro abastecido com gás
natural (GNV) pode render mais de
100% do que a gasolina e o etanol
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 26
A
Companhia de Gás de
Minas Gerais (Gasmig)
vai distribuir até 600
m³ de gás natural a proprietários de veículos
que instalarem em seus carros, a
partir do dia 22, kits para o consumo
de Gás Natural Veicular (GNV). O benefício é o principal atrativo da promoção “Vou no Gás”, que visa à expansão do mercado de gás natural
em Minas Gerais. A promoção tem
como meta ampliar em 10 mil unidades, no prazo de um ano, a frota
de veículos movidos a gás no estado. A campanha foi instituída na
modalidade “Faça a conversão do
seu veículo ou adquira um veículo
zero quilômetro movido a gás natural e ganhe bônus de conversão suficientes para rodar de 4 mil a 8 mil
quilômetros”. Para os proprietários
de veículos pessoas físicas, jurídicas
ou produtores rurais serão distribuídos bônus para o consumo de 300
m³. Os taxistas serão contemplados
com 600 m³.
O período de vigência da promoção é de 22 de agosto de 2011 a
22 de agosto de 2012, mas a utilização dos bônus de conversão poderá
ser feita em até 300 dias após o término da campanha, ou seja, até 20
de junho de 2013. Quem comprou
um veículo zero quilômetro movido
a gás natural, de fábrica, depois de
1º de maio deste ano, também terá
direito aos bônus.
Frotas oficiais
A promoção integra um dos projetos prioritários da Gasmig, o “Vou
no Gás”, que prevê a recuperação do
mercado de GNV em Minas Gerais,
incentivando a conversão de veículos e o crescimento do consumo desse combustível, por meio de campanhas promocionais, da comunicação
efetiva dos benefícios do gás natural
e da busca da satisfação dos clientes.
O projeto prevê, ainda, a criação
de corredores de abastecimento e a
conversão, para o consumo de GNV,
de parte da frota do governo estado e de administrações municipais.
Nesse sentido, o presidente da Gasmig, Fuad Noman, e a secretária de
Estado de Planejamento e Gestão,
Renata Vilhena, firmaram este mês
um termo de cooperação técnica
para a elaboração de um projeto-piloto visando à conversão de veículos
da frota do Governo de Minas para o
consumo de GNV.
Renata Vilhena destacou que
o Governo de Minas, ciente do seu
poder de compra e de seu papel
indutor de novas práticas no mercado, tem incorporado a sustentabili-
dade aos negócios desenvolvidos.
“O GNV se mostra uma alternativa
ecológica aos combustíveis líquidos
tradicionais, já que estudos indicam
que o nível de emissão de poluentes, comparativamente aos outros
combustíveis, é bem inferior, chegando-se a uma redução da ordem
de 76% no caso de emissão de monóxido de carbono”, disse ela.
Atualmente, a frota do estado
de Minas é de pouco mais de 21 mil
veículos, sendo que 30% estão concentrados na capital e o restante no
interior. A despesa média anual com
o abastecimento é de R$ 56,5 milhões. Dados do mercado apontam
uma economia de 50% quando se
compara o preço do GNV com o do
combustível adquirido em postos de
abastecimento e o desempenho dos
veículos a gás.
Foi assinado também um acordo
entre a Gasmig e a Caixa Econômica
Federal para o financiamento dos
kits de conversão, em até 48 meses,
a juros mais baixos.
Vantagens
O gás natural é uma opção real
e viável como combustível para veículos leves no Brasil. No país, mais
de 1,6 milhão de veículos são movidos a GNV. A Gasmig disponibiliza
o gás natural veicular no estado de
Minas Gerais desde 1998. Além de
proporcionar maior economia aos
consumidores, o gás natural é mais
seguro e de baixo impacto ambiental. Outra vantagem é que, por ser
distribuído diretamente aos postos
de abastecimento, o GNV não pode
ser adulterado.
O GNV rende mais de 100% em relação à gasolina e ao etanol, levando-se A
O exemplo vai começar
dentro do próprio governo
mineiro; acordo entre Fuad
Noman e Renata Vilhena
prevê conversão da frota
estadual
27 | Revista MERCADO | Agosto 2011
mercado
economia
em consideração os preços médios dos combustíveis e a distância percorrida. De acordo com dados coletados em pesquisas da
Agência Nacional de Petróleo (ANP) e do Instituto Nacional de
Metrologia e Qualidade (Inmetro), tendo como base o consumo
de um Siena Tetra Fuel, o quilômetro rodado com gasolina custa
em média R$ 0,26; com etanol, R$ 0,28; e com GNV, apenas R$
0,13. Em Minas, o preço do gás natural vem se mantendo bem
mais em conta do que o dos demais combustíveis.
O regulamento completo da promoção “Vou no gás” da
Gasmig e outras informações estão no site:
www.promocaovounogas.com.br B
A ANP e Inmetro avaliaram o consumo de um Siena
Tetra Fuel em que o quilômetro rodado com gasolina
custa em média R$ 0,26, com etanol, R$ 0,28 e com
GNV, apenas R$ 0,13. Resultado: o GNV rende mais de
100% em relação a gasolina e ao etanol
mercado
finanças
O
Marcelo Maron é consultor em
finanças pessoais e professor da
UniEuro de Brasília (DF)
Analfabetismo financeiro
eleva inadimplência
crescimento da inadimplência no Brasil, que já
atinge 9% dos empréstimos segundo estimativa do Serasa, pode ser
também resultado do analfabetismo
financeiro do brasileiro. A observação é do consultor em finanças pessoais Marcelo Maron, que também é
professor da UniEuro de Brasília (DF).
“O brasileiro sofre com endividamentos porque, na maioria dos casos, desconhece os juros que lhe são
cobrados. Pouca gente sabe que ao
comprar uma televisão financiada,
por exemplo, podemos terminar pagando três aparelhos em vez de um.
Esses juros elevados, associados ao
analfabetismo financeiro dos consumidores, leva ao crescimento da
inadimplência”, explica o consultor,
alertando para o fato de que nenhuma escola ensina finanças pessoais
aos alunos, sejam eles estudantes do
ensino fundamental, médio ou até
mesmo universitário.
Mais do que limitar a prática
de juros altos, Maron assinala que
a educação financeira precisa começar no ensino fundamental.
Segundo ele, nem mesmo em universidades, inclusive em cursos de
Administração, os alunos recebem
aulas sobre finanças pessoais. “É
como se partíssemos do princípio
de que todas as pessoas conhecem
o assunto e, portanto, ele não precisa ser ensinado. Como resultado
disso, vemos muitos jovens que
acabam de entrar na vida profissional já endividados, precisando,
inclusive, trancar matrículas em faculdades em função da falta de dinheiro”, alerta.
Na opinião de Maron, a desinformação sobre finanças leva muitas
pessoas a ter seus nomes negativados em instituições de análise de
crédito, o que as impede de conseguir melhores opções de crédito
para sanear dívidas. “Todo crédito
fácil, como cartão de crédito ou
cheque especial, que é conseguido
sem muita burocracia, é um crédito
caro. As pessoas endividadas nesse
tipo de crédito precisariam recorrer
a créditos mais baratos, que exigem
análise mais criteriosa, mas elas simplesmente não conseguem essas
opções de financiamento quando
têm seus nomes negativados em
órgãos de análise de crédito, o que
leva muitos a se conformarem e a
abandonarem as tentativas de solução negociada do problema, o que
é a pior solução”, assinala.
De acordo com o consultor, pessoas que devem em cartões de crédito algo próximo a R$ 5.000,00 podem
ter a dívida transformada rapidamente em algo como R$ 70.000,00, e
depois de algum tempo com o nome
negativado, recebem ofertas para liquidação desse débito gigantesco
por meio de pagamento parcelado
de R$ 8.000,00 ou R$ 9.000,00, por
exemplo. “Em casos como esse, o
que as pessoas não percebem é que
já estão pagando o dobro do que deviam, isso pelo simples fato de que
a sobreposição de juros sobre juros
torna a dívida impagável”, alerta, o
que, segundo ele, muitas vezes vem
disfarçado de um desconto enorme
em cima de uma dívida irreal.
O desconhecimento sobre os
mecanismos de endividamento bem
como da legislação, leva as pessoas
a fazerem cálculos primários para
avaliar se um prestação cabe ou não
no orçamento. “A pessoa olha para
a prestação e se esquece de avaliar
o prazo e a taxa de juros. Quando
financiamos aquela televisão dos sonhos, costumamos pagar três aparelhos pelo preço de um. O imóvel dos
sonhos, quando financiado, pode
custar duas vezes e meia o seu valor”,
exemplifica o consultor. Para ele, se
o brasileiro tivesse mais informação
sobre esses mecanismos de crédito e
financiamento, resistiria mais a esses
tipos de oferta e poderia, por conseguinte, ajudar a baratear o crédito. B
“O brasileiro sofre com endividamentos porque, na maioria dos casos,
desconhece os juros que lhe são cobrados”
Da Redação
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 30
31 | Revista MERCADO | Agosto 2011
mercado
Pós-graduação
educação
Jovens enfrentam dúvidas diante da escolha. Para especialista, é preciso
consciência de que o intercâmbio é mais indicado numa certa fase da
vida, enquanto a pós-graduação pode ser feita ao longo da carreira
U
ma dúvida muito recorrente para o jovem que
está para se formar é sobre o melhor caminho
a seguir no desenvolvimento de sua carreira. Duas possibilidades mais comuns são manter a
continuidade dos estudos em seu país,
numa pós-graduação, e morar no exterior, em regime de intercâmbio cultural.
Marcelo Abrileri, presidente da
Curriculum e especialista em recolocação profissional, afirma que, na
verdade, uma coisa não exclui necessariamente a outra. “O importante é
que o jovem saiba o que pode ser
mais vantajoso para a carreira que
ele escolher. Igualmente importante
é ter a consciência de que o intercâmbio é algo muito mais indicado
durante determinada fase da vida,
quando se é bem jovem e se está no
início da carreira, enquanto a pós-graduação pode ser feita tranquilamente mais tarde, ou em qualquer
idade.”
De acordo com Abrileri, ambas
Foto: Divulgação
Da Redação
ou intercâmbio?
Intercâmbio
Pós-graduação
Vivência cultural no exterior;
Aprimora conhecimentos
específicos;
Aprendizado e/ou
aperfeiçoamento de outro idioma;
Pode ser realizada em qualquer
momento após a graduação;
Maior gerenciamento das próprias
economias pelo candidato;
Especializa o candidato numa
carreira já escolhida e, muitas
vezes, já vivenciada;
Imersão em ambiente novo e,
em geral, totalmente diferente do
tradicional;
Favorece o networking com
pessoas que atuarão no futuro
segmento do candidato;
Aprendizado e adaptação a
mudanças;
Auxilia numa eventual mudança de
área na carreira.
Possibilidade de estudo no
exterior.
as experiências são valorizadas pela
área de Recursos Humanos nas organizações. Assim, para facilitar a escolha, ele ressalta que cada uma das
opções tem lá suas vantagens (veja
quadro a seguir), que precisam ser
bem analisadas na hora de se optar
por uma delas.
E para candidatos que só podem
fazer uma das coisas, o intercâmbio,
como praticamente é feito num momento específico da vida - enquanto se é jovem - pode ser priorizado.
“Ter vivência no exterior não é algo
apenas atraente para quem contrata,
mas uma experiência única, que pode
enriquecer a pessoa ao longo de toda
sua vida profissional e pessoal. A pós-graduação pode ser feita mais tarde,
e certamente o candidato que já tenha um intercâmbio em sua bagagem
encontra-rá oportunidades que o auxiliarão a custear a continuidade de
seus estudos”, conclui o executivo. B
Marcelo Abrileri: “O
importante é que o jovem
saiba o que pode ser mais
vantajoso para a carreira que
ele escolher”
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 32
33 | Revista MERCADO | Agosto 2011
Uberlândia e Araguari, parabéns e obrigado pelos
www.revistamercado.com.br
seus maravilhosos conteúdos nestes 123 anos
Rua Roosevelt de Oliveira, 345 Sala 14
Bairro Aparecida - Uberlândia - Minas Gerais - Brasil
55 34 3236.6112
[email protected]
mercado
capa
Uberlândia:
123 anos de
empreendedorismo
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 36
No dia 31 de agosto, o município completa o seu centésimo vigésimo
terceiro aniversário, ostentando o rótulo de segundo maior do estado
e segundo maior do interior brasileiro, e se consolida como
uma terra de oportunidades e onde os negócios fluem
Por Margareth Castro
37 | Revista MERCADO | Agosto 2011
mercado
capa
A
palavra empreender
é um verbo que pode
ser conjugado em
todos os tempos em
Uberlândia. A cidade,
localizada no Triângulo Mineiro,
reúne indicadores econômicos, de
infraestrutura, logística e educação, que atraem cada vez mais novos investidores e possibilita que
aqueles que já estão estabelecidos
ampliem seus negócios. Serve de
parâmetro a quantidade de novas
empresas abertas que, nos seis
primeiros meses de 2011, subiu
quase 50% em relação a igual período de 2010. Esse crescimento
ratifica a vocação empreendedora da cidade construída ao longo
dos seus 123 anos de história - a
serem completados no dia 31 de
agosto -, onde estão registrados
os nomes de grandes empreendedores, como Alair Martins (Grupo
Martins), Alexandrino Garcia (Grupo Algar), Dílson Pereira (Arcom)
e Tubal Siqueira (Rede Integração). Mas é o presente que queremos abordar.
Segundo dados da Junta Comercial de Minas Gerais (Jucemg),
entre janeiro e junho deste ano,
3.306 novos negócios foram abertos em Uberlândia, entre empresas e microempresas individuais
(MEI), nos setores da indústria,
comércio e serviços. O número é
48,3% superior ao mesmo período de 2010, quando foram registrados 2.229 processos. No total,
são mais de 33 mil empresas em
Uberlândia, segundo informações
da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico.
A cidade, a segunda maior potência econômica de Minas Gerais,
atrás apenas de Belo Horizonte, e
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 38
“As empresas procuram Uberlândia porque
conhecem a cidade, que tem programas
na área ambiental, transporte coletivo
de qualidade, 100% de água tratada e
localização privilegiada, além de
benefícios fiscais atraentes.“
Paulo Sérgio Ferreira
Secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo
também a segunda maior do interior do Brasil, tem como uma de
suas principais metas a diversificação das atividades. Os setores de
comércio e serviços respondem
por 68,8% do produto interno bruto (PIB) do município. A indústria
representa 28,4% e o agronegócio
tem participação de 2,8%.
O perfil econômico de Uberlân-
dia, que antes era voltado para o
agronegócio, mudou com investimentos de empresas e indústrias,
atraídas pela localização geográfica do município, que é um dos
pontos centrais de uma área que
concentra a maior parte das riquezas geradas no país, respondendo
por 58% do PIB nacional. Para o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Paulo Sérgio Ferreira, a diversificação
da economia mostra o foco empreendedor da cidade. Segundo ele, é
grande o número de empresas que
buscam informações com o interesse de se instalarem no município. “Neste ano, a demanda maior
é por empresas de logística, devido
à instalação do entreposto da Zona
Franca de Manaus na cidade e por
estarem aqui os maiores atacadistas do país, um dos quais também
o maior da América Latina”, disse.
O presidente da Câmara de
Dirigentes Lojistas (CDL) de Uberlândia, Celso Vilela Guimarães, diz
que “em constantes mutações,
a cidade se credencia e passa a
ser considerada empreendedora,
atração maior para a preferência
de grupos nacionais e internacionais que buscam a realização de
seus investimentos, maior visibilidade de sua marca, valorização
de seus talentos e conquista de
novas fronteiras.”
Já o presidente da FIEMG Regional Vale do Paranaíba, Pedro
Lacerda, reforça a importância da
localização estratégica da cidade
na atração de empreendedores.
“O Brasil passa por aqui. Seja pelo
ar, pela terra e até pelas águas, a
nossa região é forte logisticamente”, afirmou. Lacerda destaca que
Uberlândia possui o segundo maior
“Uberlândia é uma cidade que atrai. Temos
um forte polo educacional e somos,
através da biotecnologia, o maior centro
de pesquisa empresarial do agronegócio
(que atua com defensivos agrícolas e
desenvolvimento de sementes).”
Pedro Lacerda
Presidente da FIEMG Regional Vale do Paranaíba
aeroporto de Minas em número de
passageiros embarcados, atrás apenas de Confins, em Belo Horizonte.
No primeiro semestre deste ano, foram 416.465 embarques e desem-
barques, contra 345.806 no mesmo
período de 2010.
Por Uberlândia passam as principais rodovias que ligam o Brasil de
ponta a ponta - BRs 050, 452 e 365, A
39 | Revista MERCADO | Agosto 2011
mercado
capa
entre outras -, além de ferrovias.
Em relação à infraestrutura, a
cidade tem 100% de água tratada
e 98% de rede de esgoto e ainda
transporte coletivo com 100% de
acessibilidade e frota nova. Por
causa da qualidade do serviço de
transporte público, o município
recebeu o Prêmio Internacional
de Dubai para Boas Práticas, concedido pela ONU Habitat. Sem
contar que o Sistema Integrado
de Transporte (SIT) se tornou referência para outras cidades do
país. A cidade conta ainda com
um importante polo educacional,
com uma universidade federal e
pelo menos 20 privadas. Juntas,
elas totalizam aproximadamente
40 mil alunos entre graduação,
cursos de especialização, mestrado e doutorado.
Economia pujante
Cidade tem o 4º maior PIB per
capita do Estado
O Produto Interno Bruto (PIB)
per capita de Uberlândia, de R$
23 mil, é o quarto maior de Minas
Gerais, sétimo do interior do Brasil
e 27º do país. Isso significa que a
cada R$ 1 mil em bens e serviços
produzidos no Brasil, R$ 8 foram
gerados pelas empresas com base
na cidade. Os números mostram
que o município tem uma economia pujante e que os investimentos feitos pelas empresas e indústrias ajudam a traçar o novo perfil
da cidade e a alavancar a receita
tributária. “Uberlândia está entre
as cinco cidades emergentes do
Brasil e, por isso, foi convidada a
participar em março da Feira em
Xangai”, disse Paulo Sérgio Ferrei-
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 40
“Nossa cidade com fronteira aberta e sem
restrições à comunidade contribui de forma
decisiva para atrair novos investimentos
tecnológicos, o que gera mais confiança
nos relacionamentos empresariais
e com o município.”
Celso Vilela Guimarães
Presidente da CDL Uberlândia
ra, secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo.
Em levantamentos mais recentes, de janeiro a maio deste ano,
a arrecadação somou R$ 508,1
milhões, 21,7% a mais do que o
recolhido em igual período de
2010, que foi de R$ 417,3 milhões.
Em termos de arrecadação, a cidade é a terceira maior do Estado, A
mercado
capa
atrás de Belo Horizonte e Betim.
Por outro lado, o recolhimento de
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços
(ICMS), de janeiro a abril deste ano,
atingiu R$ 497,9 milhões, segundo
dados da Secretaria de Estado da
Fazenda (SEF).
Todos esses indicadores atraem investimentos como o Wall
Mart, que irá empregar R$ 50 milhões na construção de uma loja
na cidade, e o Uberlândia Shopping, um investimento de R$ 100
milhões do grupo Sonae Sierra
Brasil, a ser inaugurado em 2012.
O diretor de Desenvolvimento do
grupo, Mário Alves Oliveira, diz
que Uberlândia é um importante
polo de desenvolvimento, com
uma economia forte e diversificada que exerce grande influência
sobre a região do Triângulo Mineiro. “Isso tudo favorece o empreendedorismo em diversos setores,
recebendo investimentos, gerando empregos e tornando a cidade
cada vez mais atrativa ao empresariado e à população”, reforçou.
Outro empreendedor que foi
atraído pela economia, infraestrutura, logística e ainda pela qualidade de vida da cidade foi o diretor presidente da Reis Advogados,
Marcus Vinícius Reis. “A prosperidade da cidade e da região nos
motivou a sediar a empresa no município, de onde pretendemos expandir nossos horizontes, aproveitando as diversas oportunidades de
negócios aqui presentes”, revelou.
Segundo Reis, Uberlândia também
é uma ótima cidade para se morar.
“O povo é de bem com a vida, politizado e com um grande objetivo
em comum, com o qual me alinho:
fazer essa cidade crescer.”
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 42
“Uberlândia conta com a presença de boas redes
de transporte rodoviário, ferroviário, aéreo e suas
conexões, além de perspectivas extremamente
sólidas de melhorias a serem implantadas com
a função da plataforma logística e conexões
com hidrovias e outras redes ferroviárias em
construção ou em planejamento.”
Marcos Vinícius Reis
Diretor presidente da Reis Advogados
A atração de novas empresas e
indústrias para a cidade impulsionou a criação de um novo Distrito
Industrial (DI), que será construí-
do na zona leste, em uma área de
1.286.482 metros quadrados, no
entroncamento das rodovias BR050, 365 e 452, entre a ferrovia e o A
mercado
capa
Perfil da Cidade
aeroporto. O novo espaço será voltado para as empresas não poluentes. Isso sem contar a construção
do Polo Tecnológico na zona sul,
anunciado pelo prefeito Odelmo
Leão em abril deste ano, em uma
área de 152.845 metros quadrados.
O Polo Tecnológico irá abrigar empresas de tecnologia, criação e desenvolvimento de software, com
foco em pesquisa, desenvolvimento tecnológico e capacitação de
recursos humanos para atender ao
mercado de tecnologia e inovação.
O objetivo dos dois investimentos
é gerar mais empregos e diversificar a economia.
(alguns dados)
R$ 22.926,50
“A cidade, que tem potencial para crescer ainda
mais, foi escolhida pelo Sonae Sierra Brasil para
abrigar um de seus novos projetos - o Uberlândia
Shopping - que faz parte de sua estratégia de
crescimento. Temos certeza de que Uberlândia
será um lugar cada vez melhor para todos.”
Mário Alves Oliveira
Diretor de Desenvolvimento do Sonae Sierra Brasil
ano, Uberlândia estava atrás apenas de Belo Horizonte, com um saldo de 5.046 vagas de trabalho. Em
abril, o município deteve o maior
superávit do emprego formal no
estado, com 1.749 postos. B
Empregos
1º semestre de 2010 -7.822
1º semestre de 2011 -6.374
Receitas
População
Federal em 2010
R$ 3.770.001.405,00
Estadual em 2010
R$ 1.659.652.985,65
501.214 - censo 2000
604.013 - censo 2010
Empresas/Indústrias
1999 - R$ 4.460.210
2002 - R$ 6.435.690
2008 - R$ 14.270.392
Terceira maior empregadora
do estado
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 44
Renda per capta
PIB
Trabalho
No primeiro semestre deste
ano, Uberlândia gerou 6.374 novos postos de trabalho formais.
Em relação ao mesmo período do
ano passado, houve uma queda
de 18,5%, quando foram totalizadas 7.822 novas vagas. Contudo,
os números ainda continuam satisfatórios. Somente em junho foram 977 empregos gerados, com
índice de crescimento de 95,4%
em comparação com junho de
2010, que teve saldo de 500 postos. Com o resultado de junho,
divulgado pelo Cadastro Geral de
Empregados e Desempregados
(Caged) do Ministério do Trabalho,
a cidade ocupa o terceiro lugar no
ranking estadual de geração de
empregos, atrás de Belo Horizonte (4.951) e Patrocínio (1.566).
Até o primeiro quadrimestre do
Serviço Público
82 unidades de saúde
56 unidades de educação infantil
39 escolas de ensino fundamental
Centro Municipal de Estudos e
Projetos Educacionais (Cemepe)
Campus Municipal de Educação
Especial
117 linhas de ônibus
17 parques
(fonte: Sebrae-MG)
Microempresas - 26.493
Pequena- 1.639
Média - 169
Grande- 104
mercado
Capa
capa
Araguari, uma terra
de oportunidades
Município completa 123 anos de história e se consolida
como um “bom lugar para se investir”
A
presença de empresas e marcas como
Maguary, Dafruta - essas duas da Empresa
Brasileira de Bebidas
e Alimentos (EBBA) -, Total Frios,
Selecta, BUNGE, ADM, Vasconcelos, Mataboi e muitas outras grandes do setor de transformação
de matéria-prima originária do
agronegócio e, agora, um grande
investimento da Vale S/A na construção de um terminal de transbordo são só alguns exemplos
do potencial empreendedor característico do município de Araguari, que neste dia 28 de agosto
completa 123 anos de história.
As referidas empresas citadas anteriormente, todas gigantes do setor
produtivo, são seguidas de uma cadeia de outras empresas de médio
e pequeno portes que colaboram
para que Araguari ocupe hoje a 23ª
posição no ranking das maiores cidades mineiras, entre 853, e o 3º lugar na região do Triângulo Mineiro.
Economicamente, está em 227° no
ranking dos municípios brasileiros
(PIB), à frente de outros 5.338. A
Por Enivaldo Silva
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 48
49 | Revista MERCADO | Agosto 2011
mercado
capa
Unidade Industrial da EBBA - sucos Maguary e Dafruta - em Araguari
Segundo dados da Secretaria
Municipal de Desenvolvimento, Araguari registrou em 2010 a abertura
de 927 novas empresas, contra 748
em 2009, ou seja, 25 % a mais. São
dados que confirmam a vocação do
município para atrair empreendimentos, mesmo quando muitos outros estiveram estagnados.
Novos investimentos
Atualmente, um dos mais importantes investimentos privados em
andamento é o da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), controlada pela
Vale S/A. Serão R$ 30 milhões aplicados na construção de um terminal
de transbordo de grãos, armazéns
de carga e descarga, escoamento e
processamento de fertilizantes. A estrutura está em implantação às margens da Ferrovia Araguari-Celso Bueno, com acesso pelas proximidades
do Posto da Polícia Rodoviária Federal, BR-050, saída para Uberlândia,
numa área de 45 hectares, adquirida
por R$ 3,8 milhões.
O investimento da Vale deve provocar, a pedido da própria empresa,
a abertura de uma escola técnica
para formação e qualificação de mão
de obra destinada à implantação e
operação do empreendimento. A
previsão é de que sejam criados mais
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 50
de 500 empregos diretos e outros
1.000 indiretos. Prestadores de serviço para a companhia também vão se
instalar no município.
Outro destaque fica por conta da
Usina Araguari, investimento de R$
500 milhões, também em andamento
e o maior da atualidade. A empresa,
que vai produzir etanol e açúcar, já cultiva extensas áreas de cana-de-açúcar
em áreas próprias e de terceiros, inclusive em municípios vizinhos.
Quem também anunciou investimento em Araguari foi o grupo proprietário das Lojas Americanas, que terá loja instalada na
Rua Marciano Santos, no centro
comercial da cidade.
Outra previsão está na construção de uma fábrica de cimento em área rural próxima ao Distrito de Amanhece, decorrente
de significativo investimento privado do Grupo Lafarge, proprietário dos cimentos Montes Claros
e União.
Outro sinal de prosperidade
tem a ver com o Distrito Industrial
do município, que terá sua área
ampliada em 61.528 m² para a instalação de novas indústrias.
Por conta de todas essas perspectivas de investimentos, entre
outros, e de crescimento da cidade, o aeroporto local - o Santos
Dumont - já é visto como opção
para construção de hangares por
empresários da região, considerando que o espaço no Aeroporto de Uberlândia, cidade maior
e mais próxima, é cada vez mais
escasso e caro. Também alguns
empresários já têm estudos em
andamento para montar bases
operacionais para suas aeronaves
no Santos Dumont.
O Aerporto Santos Dumont, de Araguari, que deverá receber
melhorias para se adequar às atuais demandas da cidade
Com isso, uma movimentação
financeira cada vez mais intensa,
quem novamente abre as portas em
Araguari é a Receita Federal, depois
de 12 anos fechada. A inauguração
está marcada para o dia 29 de agosto. Desde o fechamento, quando
o governo federal decidiu reduzir
o número de agências no país, políticos e entidades representativas
do comércio, como o Sindicato dos
Contabilistas, Câmara de Dirigentes
Lojistas e Associação Comercial e
Industrial vinham cobrando a volta
do atendimento local, eliminando
a necessidade de deslocamento até
Uberlândia, onde fica a unidade mais
próxima da Receita Federal.
tare, superando a média de 28,9 sacas por hectare do próprio estado
de Minas Gerais, o maior produtor
nacional. Tal rentabilidade se deve
graças principalmente à tecnologia
e a eficiência no manejo, combinadas com irrigação de 90% da área
plantada. Porém, Araguari também
se destaca na produção de soja, cana-de-açúcar, milho, feijão e arroz,
sendo o maior produtor de tomate
de mesa de Minas Gerais e um dos
maiores do país.
À medida que a tecnologia no
campo avança, a cidade abre fronteiras e atrai novos investidores,
despertando cada vez mais o interesse das grandes empresas, principalmente as ligadas à transformação de matéria-prima derivada
do agronegócio.
A localização estratégica e privilegiada reforça sua importância
no cenário econômico. É dona
de importante entroncamento
rodo-ferroviário, que permite sua
perfeita ligação com Norte, Centro-Oeste, Sudeste e Sul do país,
facilitando o escoamento das cargas aos portos de Santos, Rio de
Janeiro, Angra dos Reis, Vitória,
Tubarão, Sepetiba e Paranaguá.
Essa condição foi crucial na decisão da Vale, por meio da FCA, de
construir no município, segundo
a Secretaria de Desenvolvimento
Econômico e Turismo de Araguari,
o maior terminal de transbordo da
América Latina.
A duplicação da Rodovia BR-050
até a divisa de Goiás traz perspectivas favoráveis para o desenvolvimento industrial e do agronegócio
porque facilita o escoamento da
produção e encurta o tempo de chegada desses produtos em seus destinos de consumo. A
Localização privilegiada
A rua Marciano Santos, centro comercial de Araguari, que irá sediar
as Lojas Americanas na cidade
A “cidade sorriso” avança na
atração de novas e importantes
empresas, mas continua mantendo
o título de terra do café, considerado um dos melhores do mundo.
O fruto ainda representa algo próximo a 60% do seu Produto Interno Bruto (PIB), segundo dados da
Associação dos Cafeicultores de
Araguari (ACA), mantendo cerca
de 1.500 postos de trabalho na entressafra e aproximadamente 6.500
empregos diretos no período das
colheitas. A média de produção é
alta, em média 38,8 sacas por hec-
Lavoura em fazenda de café de Araguari: produto ainda responde
por 60% do PIB do município
51 | Revista MERCADO | Agosto 2011
mercado
capa
Educação e segurança
No quesito segurança, os avanços de Araguari também são grandes. Sonho perseguido desde a época em que o “saudoso” deputado
Raul Belém era o maior expoente da
política local, a companhia de Polícia Militar foi transformada em Batalhão, o que possibilitou aumento
do número de policiais e deu mais
autonomia para o comando local da
PM. Ruas com traçados planejados
permitem rápido deslocamento, garantindo, por exemplo, atendimento
de ocorrências de bombeiros em
tempo médio de seis minutos.
Na educação, tem tradição de
boas escolas de nível médio e profissionalizante. Mas foi a presença
da Universidade Presidente Antônio
Carlos (UNIPAC) que fez com que
os araguarinos, dispostos a deixar a
cidade para proporcionar aos filhos
melhores condições para ingresso e
conclusão de cursos universitários,
mudassem de estratégia, permanecendo em sua cidade de origem. Invertendo a posição, o município, que
mandava seus jovens para outras cidades, principalmente Uberlândia e
Catalão (GO), agora atrai estudantes
de todas as partes do país interessados em cursos como medicina, direito, economia, enfermagem, ciências
biológicas, sistemas da informação e
diversos outros.
A recém-adquirida vocação para
polo de ensino superior é reforçada
pela recente criação de um campus
da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) na cidade. O Centro Universitário do Triângulo (Unitri) tem
uma área doada pelo município para
reinstalar seu campus e, embora
anda não tenha construído o prédio,
não descartou a possibilidade do investimento no município.
Além disso, em termos de educação, outras instituições de ensino
superior também estão presentes
na cidade com cursos presenciais
ou a distância.
Comércio pujante
O comércio genuinamente araguarino também avança. Lojistas
investem cada vez mais em novas fachadas e vitrines, ampliam prédios,
adquirem novas áreas e melhoram
a qualidade do serviço para fidelizar
clientes. Travam uma concorrência
acirrada com as grandes redes de
varejo e apostam principalmente no
atendimento personalizado. O resultado é o crescimento continuado,
como revela Tubertino Sena Pereira,
proprietário de um dos maiores supermercados da cidade. De olho nas
oportunidades, o empresário está
concluindo a construção de uma
galeria comercial que terá um contingente inicial de 20 lojas. “Saímos
de 1.500m² para 4.700m². Dentro
desse projeto estamos fazendo uma
galeria de 20 lojas que contemplarão farmácia, loteria, restaurante,
lanchonete, salão de beleza, ou seja,
um mini-shopping que entrará em
funcionamento no ano que vem.
Tudo isso porque acreditamos no
potencial da cidade”, diz Tubertino.
O empresário observa que a renda das pessoas melhorou de forma
significativa, por isso elas estão gastando mais. “A cidade vive uma fase
muito boa, gerando empregos, tanto que às vezes temos dificuldades
para contratar funcionários”, conta.
O empresário Tubertino Sena
Pereira está investindo na
construção de uma galeria
comercial na cidade, que terá
cerca de 20 lojas
A Universidade Presidente Antônio Carlos (UNIPAC) ajudou
a manter estudantes araguarinos na cidade, além de
atrair outros de outras regiões
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 52
A presença de grandes redes
do varejo, antes vista com desconfiança pelos comerciantes locais,
hoje é considerada como benéfica
e necessária. Para Tubertino Sena, é
sinal de avanço. “Primeiro, porque
demonstra que a cidade está crescendo merecidamente e, segundo,
porque incentiva a empreender, a
melhorar a prestação de serviços. É o
nosso caso, a chegada de um grande
do setor nos animou a crescer, aproveitar a experiência que ele trouxe e
melhorar para atender a exigência
do nosso cliente”, conclui.
Barreira rompida
A relação com Uberlândia, a
maior cidade do Triângulo Mineiro,
até pouco tempo tida como de concorrência, agora é vista e explorada
como oportunidade. Agora, o relacionamento comercial e de trabalho entre as duas cidades é intenso.
Somente a Expresso Araguari, concessionária da linha intermunicipal,
transporta em média de 2.500 passageiros diariamente entre as duas
cidades. Sandro Vieira Machado,
gerente da empresa em Araguari,
estima que 80% são trabalhadores.
Empresas de call center, do agronegócio como usinas e hortifrutigranjeiros, construção civil e prestação
de serviços que importam mão de
obra de Araguari, que por sua vez,
também contrata profissionais e
serviços da sua vizinha mais próxima. Há de se levar em conta que
boa parte desses trabalhadores
utiliza veículos próprios ou das empresas contratantes, dispensando
os ônibus.
Sebastião dos Santos Totó, presidente da Câmara de Dirigentes
Lojistas de Araguari, confirma e
aposta neste mix de oportunidades.
“A duplicação da BR-050 tem papel
fundamental nesse sentido. Precisamos entender que Araguari e
Uberlândia são cidades unidas pe-A
O presidente da CDL,
Sebastião dos Santos Totó,
diz que a “chegada de
grandes empresas e das
universidades demonstram
esse momento de
crescimento de Araguari”
mercado
capa
las fortes relações comerciais. Essa
ligação é muito saudável, inclusive é tema importante no entendimento das nossas CDLs. Para nós,
a chegada de grandes empresas e
das universidades demonstra esse
momento de crescimento de Araguari”, reitera Totó.
Além de presidente da CDL, Totó
é dono de uma seguradora. Ele revela que a demanda por seguros cresceu em larga escala nos últimos anos.
“É o reflexo do visível crescimento da
cidade. Outro medidor importante é
o aumento nas consultas ao Sistema
de Proteção ao Crédito, em torno de
15%, registrado pela CDL. Esses dados são confirmados também pela
Federação do Comércio de Minas
Gerais (Fecomécio)”, explica o presidente/empresário.
Por conta do desenvolvimento,
a construção civil vive um longo
período de graça. Desde a construção das usinas hidrelétricas Amador
Aguiar I e II, não há crise no setor e
a mão de obra é cada vez mais disputada entre os contratantes. Surgem novos loteamentos que atendem a uma demanda reprimida de
moradias. Investimentos em casas
populares com recursos dos governos federal e estadual, aliados aos
investimentos privados, aquecem
o mercado imobiliário local. Só o
programa Minha Casa Minha Vida,
do Governo Federal, proporcionou
a construção de mais de duas mil
moradias. Por outro lado, imóveis
destinados às demais classes sociais
são construídos e comercializados
em curto espaço de tempo.
Antônio Carlos Antonieti, dono
de uma rede de lojas de materiais
para construção, percebeu esse momento e investiu também em uma
construtora. O primeiro loteamento
foi sucesso absoluto. E os negócios
andam de vento em popa. O faturamento referente à venda de materiais
de construção aumentou em larga escala. “O mercado da construção civil
está em alta. A cidade é um canteiro
de obras. Só não trabalha quem não
quer. Temos falta, por exemplo, de
engenheiros civis, que já estão saindo
das faculdades empregados. O Minha
Casa Minha Vida valorizou os imóveis
de todas as classes sociais. Fizemos
uma experiência, o lançamento de
um loteamento, que mesmo antes
da conclusão de infraestrutura, está
praticamente todo vendido. Temos
conhecimento de que os demais loteamentos lançados na cidade também
são vendidos rapidamente. Araguari
é uma cidade de oportunidades”, informa o empresário.
Por tudo isso, o otimismo que
reina no atual momento indica que
Antônio Carlos Antonieti,
empresário no setor da
construção civil, diz que a
cidade se tornou um canteiro
de obras e que os negócios
vão de vento em popa
a crise que ameaça a estabilidade
da economia mundial passa longe
de mexer com a autoestima do cidadão araguarino. Aos 123 anos de
emancipação político-administrativa,
Araguari vive um de seus melhores
momentos, com a autoestima de seu
povo em elevação e boas perspectivas para um futuro promissor. B
Duas mil novas moradias acabam de ser construídas pelo Minha Casa Minha Vida para atender o ritmo
de crescimento da cidade
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 54
mercado
política
Romero Jucá diz que os
relatores do projeto que
altera o Código Florestal
trabalham “em regime
fechado e em plena
carga” para colocar os
pareceres em votação o
mais rápido possível
Código Florestal poderá
ser votado em setembro
Senador diz que o projeto deve estar pronto para ir ao plenário
do Senado no próximo mês
Da Agência Brasil
A
orientação na base governista no Senado é
acelerar a votação do
projeto que altera o Código Florestal brasileiro.
A expectativa do líder do governo na
Casa, Romero Jucá (PMDB-RR), é que
a matéria esteja pronta para apreciação em plenário já em setembro.
Para cumprir esse calendário, Jucá
destacou que os relatores Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC) e Jorge
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 56
Viana (PT-AC) trabalham “em regime fechado e em plena carga” para
colocar os pareceres em votação o
mais rápido possível, sem prejudicar
o andamento dos debates previstos.
Na dia 24, Luiz Henrique da Silveira, relator da matéria na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ),
deve apresentar o parecer para
análise dos senadores. Caberá à CCJ
analisar a constitucionalidade e a
admissibilidade do texto. Luiz Hen-
rique disse que, uma vez aprovado
nessa comissão, o relatório servirá
de base para o parecer que ele apresentará na Comissão de Agricultura
e Reforma Agrária, em que também
relata o projeto.
Além da reunião da CCJ, na mesma semana, estão previstas duas
audiências públicas conjuntas das
comissões de Agricultura e de Meio
Ambiente. Para a do dia 24, foram
convidados cinco ex-ministros de
Meio Ambiente: Marina Silva, Carlos
Minc, Rubens Ricupero, José Goldemberg e José Carlos Carvalho. Na
quinta-feira (25), será a vez de ex-ministros da Agricultura debaterem
com os senadores seus pontos de
vista sobre a proposta do Código Florestal. Foram convidados Reinhold
Stephanes, Roberto Rodrigues, Pratini de Moraes, Francisco Turra, Arlindo Porto, José Eduardo de Andrade
Vieira e Alysson Paulinelli.
Para Romero Jucá, apesar ser “matéria complexa”, o projeto “precisa ser
votado rapidamente no Senado”. Ele
acrescentou que o fato de os dois relatores trabalharem conjuntamente
facilita a elaboração de um parecer
que possa ser aprovado nas comissões de Constituição e Justiça, Meio
Ambiente, Agricultura e Reforma
Agrária e Ciência e Tecnologia.
A senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS) acredita que até o dia 24 os senadores terão “um sinal” de como a proposta
andará na Casa. “Claro que as pressões
contra a votação desse código vêm de
todos os lados, mas nós estamos aqui
para cumprir o nosso dever”, disse a senadora, que já espera manifestações de
movimentos ambientalistas.
Ana Amélia ressaltou que o trabalho conjunto da comissões de Meio
Ambiente e de Agricultura foi fundamental para evitar a radicalização de
pontos de vista entre os representantes do setor do agronegócio e ambien-
Claro que as pressões contra a
votação desse código vêm de todos
os lados, mas nós estamos aqui
para cumprir o nosso dever
(Senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS)
talistas. “Não é o confronto que vai levar a um denominador comum e a um
consenso sobre o Código Florestal”,
frisou a senadora.
No dia 23, a Comissão de Agricultura se reunirá para ouvir o ministro do Desenvolvimento Agrário,
Afonso Florence, e o presidente do
Instituto Nacional de Colonização
e Reforma Agrária (Incra), Celso Lisboa de Lacerda. Eles devem falar
sobre denúncias veiculadas na imprensa de venda irregular de lotes
destinados à reforma agrária. O requerimento é de autoria dos líderes
do PT, Humberto Costa (PE), e do
PMDB, Renan Calheiros, além do senador Walter Pinheiro (PT-BA). B
mercado
mundo
O pico da expansão de fato ocorreu nos anos 70, quando o mundo
crescia cerca de 2% ao ano. Hoje, essa
taxa caiu para 1%. Mas, segundo o estudo, a expansão continuará e ocorrerá nos países mais pobres. Até 2050,
o mundo terá 9,3 bilhões de pessoas,
das quais 97% do crescimento ocorrerá nas regiões mais pobres.
Os Estados Unidos, em quatro décadas, serão os únicos representantes
dos países ricos entre as dez maiores
sociedades do mundo. De acordo com
o estudo, haverá uma estagnação no
crescimento populacional de Europa,
do Japão e dos demais países ricos.
“Nos anos 60 e 70, tivemos um
boom populacional”, explicou David
Bloom, professor de economia e chefe
A população da Índia, que
tem 1,21 bilhões de pessoas,
é a que mais cresce. Na
última década, aumentou
181 milhões de pessoas,
quase o equivalente a um
Brasil inteiro, que tem 190
milhões. O país não tem
controle populacional e
deverá ultrapassar a China
em poucos anos em termos
de habitantes
Por Jamil Chade, Agência Estado
N
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 58
do Departamento de Saúde Global e
da População da universidade Harvard,
que liderou o estudo ao lado da ONU.
“O que vemos agora é uma série de
mini-booms nas áreas mais frágeis do
Desafios
Terra atingirá 7 bilhões
de habitantes em outubro
o dia 31 de outubro
deste ano, em algum
lugar da Índia, um parto
marcará um ponto crítico na história do planeta: com esse nascimento, o mundo
passará a ter 7 bilhões de habitantes.
A projeção foi feita pela Organização
das Nações Unidas (ONU) e, apesar
de a data ser apenas uma estimativa
e o país apenas uma probabilidade, a
realidade é que o ano terminará com
um novo marco em termos demográficos que promete aprofundar os desafios sociais e ambientais.
A explosão da população mundial
calculada pela ONU foi publicada este
mês pelo jornal Science, em um estu-
David Bloom, professor
de economia e chefe do
Departamento de Saúde Global
e da População da universidade
Harvard: “Nos anos 60 e 70,
tivemos um boom populacional.
O que vemos agora é uma série
de mini-booms nas áreas mais
frágeis do planeta”
do que mostra que avanços médicos,
vacinas mais eficientes, proliferação
do uso de antibióticos e um relativo
avanço no acesso à saúde permitiram
uma elevação na expectativa de vida
nos países em desenvolvimento.
Mas, ao mesmo tempo em que
isso ocorre, a taxa de natalidade desses países ainda é elevada. O resultado não é outro senão a explosão
demográfica dessas sociedades.
A escolha da Índia para representar o nascimento da pessoa que
marcará os 7 bilhões de habitantes
não ocorreu por acaso. O país, de fato,
faz avanços na área médica. Mas, sem
um controle populacional, passará a
China em poucos anos em termos de
população. A ONU ainda está convencida de que, diante das taxas de natalidade dos países em desenvolvimento, são eles os responsáveis por ter
promovido a elevação da população
mundial em 1 bilhão de pessoas em
apenas 12 anos. Em 1999, o mundo
somava 6 bilhões de habitantes.
Segundo o estudo, a primeira vez
que o planeta registrou 1 bilhão de
pessoas foi em torno de 1800. Para
chegar a 2 bilhões de pessoas, o
mundo precisou de mais 125 anos.
Mas, apenas nos últimos 50 anos, a
população mundial passou de 3 bilhões para 7 bilhões. Os números de
2011 serão duas vezes maior que a
população do planeta em 1960.
Para a ONU, a marca dos 7 bilhões de pessoas deve despertar
um sentimento em governos e na
sociedade de que o mundo terá de
enfrentar importantes desafios nos
próximos anos. O primeiro deles é
o ecológico: como reduzir emissões de CO2 e poluição com uma
população cada vez maior e com
uma renda melhor? Na avaliação de
Achim Steiner, diretor do Programa
Mundial da ONU para Meio Ambiente, não há outra solução senão
a mudança de padrão de consumo
e da base tecnológica. “Precisamos
de uma transição para uma economia verde”, disse.
Outro desafio é o dos alimentos. Com a expansão demográfica e
maior renda, a população mundial
exigirá uma produção de alimentos
75% superior até 2050. Para a FAO,
isso exigirá investimentos importantes e a constatação por parte de governos de que os preços de alimentos continuarão elevados. B
planeta”, disse. Para ele, a questão da
pobreza e desigualdade que virão com
o aumento da população nessas áreas
promete desestabilizar regiões inteiras.
mercado
cultura
O brasileiro está lendo mais
Preço médio do livro recuou 4,42% entre 2009 e 2010, e as vendas
aumentaram, aponta pesquisa FIPE encomendada por entidades de
classe do setor editorial
Da Redação
O
brasileiro, em 2010,
comprou mais livros
do que em 2009. Isso
favoreceu um crescimento de 8,12% no
faturamento do setor editorial no
ano passado, que ficou na casa dos
R$ 4,5 bilhões, acompanhado por
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 60
um crescimento de 13,12% no número de exemplares vendidos. Esse
ganho de escala permitiu a manutenção da tendência da queda do
preço médio do livro vendido, observada desde 2004, com um recuo
em 2010 de 4,42%.
Essas são algumas das informa-
ções contidas na pesquisa “Produção
e Vendas do Setor Editorial Brasileiro”, que aferiu os dados do mercado
referentes ao ano de 2010. A pesquisa é realizada anualmente pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE/USP) sob encomenda do
Sindicato Nacional dos Editores de
derança, com 62,70% do mercado.
“É gratificante observar que o
preço do livro no Brasil vem mantendo uma tendência de queda.
Isso estimula o crescimento do
número de leitores e desenha um
futuro com mais educação, cultura e efetivo desenvolvimento”,
avalia a presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), Karine Pansa.
Este ano, a pesquisa apresenta
como novidade na sua metodologia
a realização de um Censo do Livro.
Isso porque, em todo processo de
inferência estatística, é recomendado que, de tempos em tempos,
seja atualizado o universo da própria pesquisa. O censo foi realizado
entre novembro de 2010 e abril de
2011 e afere o ano de 2009.
A pesquisa detectou que o
mercado do setor editorial, em
2009, era maior do que o imaginado: corresponde a R$ 4,2 bilhões e
não R$ 3,3 bilhões como o aferido
na última edição do trabalho.
Karine Pansa, presidente da
CBL: “É gratificante observar
que o preço do livro no
Brasil vem mantendo uma
tendência de queda. Isso
estimula o crescimento do
número de leitores”
O censo mostrou que, das 498
editoras ativas, segundo o critério da Unesco, a maioria (231) é
formada por empresas com faturamento de até R$ 1 milhão. B
Foto: Divulgação
Livros (SNEL) e Câmara Brasileira do
Livro (CBL).
O resultado, anunciado dia 16
de agosto de 2011, na sede do
SNEL, no Rio de Janeiro, revelou
que, se os números são dignos
de comemoração pelo setor, não
chegam, porém, a causar euforia.
Isso porque o crescimento real,
em faturamento, fica na ordem de
2,63% a mais, em relação a 2009,
quando se considera a variação
de 5,35% do IPCA Livro em 2010.
Além disso, se desconsiderarmos
as compras feitas pelo governo
e entidades sociais, o crescimento apurado foi de 2,99%, ficando
abaixo da variação do IPCA.
A pesquisa detectou que o
número de exemplares vendidos
cresceu de 387.149.234, em 2009,
para 437.945.286, em 2010. No
ano passado, foram publicados
54.754 títulos, que representam
um aumento de 24,97% em relação a 2009, sendo 18.712 títulos
novos. Ou seja, o editor tem apostado no aumento da diversidade
da oferta.
Dentre os canais de comercialização de livros, o que mais cresceu, proporcionalmente, foi a venda por porta a porta/catálogos:
passou de 16,65% para 21,66% do
mercado em número de exemplares. Porém, em termos de faturamento, as livrarias continuam na li-
mercado
religião
Em nome da fé
Escolas brasileiras enfrentam desafio de garantir
ensino religioso sem privilegiar crenças
cionais para contratação de professores de religião. Hoje, o país conta
com 425 mil docentes, formados
em diversas áreas.
O ensino religioso está presente no Brasil desde o período colonial, com a chegada dos padres jesuítas de Portugal para catequizar
os índios.
Atualmente, de acordo com a
Constituição, a disciplina deve fazer
parte da grade horária regular das
escolas públicas de ensino fundamental. Em 1996, a Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional (LDB)
definiu que as unidades federativas são responsáveis por organizar
a oferta, desde que seja observado
o respeito à diversidade religiosa e
proibida qualquer forma de proselitismo ou doutrinação.
“Alguns historiadores que tratam
da participação da religião na vida pública mostram que o ensino religioso
foi uma concessão à laicidade à época
da Constituinte. Havia uma falsa presunção de que religião era importante
para a formação do caráter, da vida e
dos indivíduos participativos e bons. A
Foto: UnB Agência
Da Redação com Agência Brasil
A
lém das operações matemáticas, das regras
ortográficas e dos fatos
históricos, os princípios
e conceitos das principais religiões também devem ser
discutidos em sala de aula. A Constituição Federal brasileira determina
que a oferta do ensino religioso deve
ser obrigatória nas escolas da rede
pública de ensino fundamental, com
matrícula facultativa - ou seja, cabe
aos pais decidir se os filhos vão frequentar as aulas.
Pesquisas recentes e ações na
Justiça questionam a inclusão da
religião nas escolas, já que, desde a
Constituição Federal de 1890,o Brasil
é um país laico, ou seja, a população
é livre para ter diferentes credos, mas
as religiões devem estar afastadas
do ordenamento oficial do Estado.
Apesar da obrigatoriedade, ainda não há uma diretriz curricular
para todo o país que estabeleça o
conteúdo a ser ensinado, de maneira a garantir uma abordagem plural sem caráter doutrinário. Outro
problema é a falta de critérios na-
A socióloga Debora Diniz, coautora do livro Laicidade e
Ensino Religioso, concluiu que no Brasil não há igualdade de
representação religiosa nas salas de aula
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 62
63 | Revista MERCADO | Agosto 2011
mercado
Há mais de uma década acompanhando essa discussão, o Fórum
Nacional Permanente do Ensino Religioso (Fonaper) reconhece que há
muitos desafios para garantir a pluralidade. Mas defende que o conteúdo
é importante para a formação dos
alunos. “Nós vislumbramos, desde a
LDB, que o ensino religioso poderia
assumir uma identidade bastante
pedagógica, que fosse de fato uma
disciplina como qualquer outra e que
a escola pudesse contribuir para o
conhecimento da diversidade religiosa de modo científico. O professor,
independentemente do seu credo,
ajudaria os alunos a conhecer o papel
da religião na sociedade e a melhorar
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 64
com tantas dificuldades e carências
que o ensino público já enfrenta, por
que gastar dinheiro com isso? Esses
recursos poderiam ser usados de
outra forma, para melhorar a estrutura já existente nas escolas. Quem
quiser aprender mais sobre uma religião deve procurar uma igreja ou
uma instituição religiosa”, opina.
Para quem lida na ponta com os
delicados limites dessa questão, torna-se um desafio garantir um ensino
religioso que contemple as diferentes
experiências e crenças encontradas
em uma sala de aula. “Nós preferiríamos que a oferta do ensino religioso
não fosse obrigatória, porque a escola é laica e deve respeitar todas as
religiões. O que a gente quer é que
os dirigentes possam utilizar essas
aulas com um proveito muito melhor
do que a doutrinação, abordando
o respeito aos direitos humanos e à
diversidade e a tolerância, conceitos
que permeiam todas as religiões”, defende a presidente da União Nacional
dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Cleuza Repulho.
Atualmente, duas ações diretas de
inconstitucionalidade (Adin) questionam a oferta do ensino religioso no formato atual e aguardam julgamento no
Supremo Tribunal Federal (STF). Uma
delas foi proposta pela Procuradoria-Geral da Republica (PGR) e questiona
o acordo firmado em 2009 entre o governo brasileiro e o Vaticano. O Artigo
11 desse documento, que foi aprovado
pelo Congresso Nacional, determina
que “o ensino religioso, católico e de
outras confissões religiosas, de matrícula facultativa, constitui disciplina dos
horários normais das escolas públicas
de ensino fundamental”. Ao pautar o
ensino religioso por doutrinas ligadas a
igrejas, o acordo, na avaliação da PGR,
afronta o princípio da laicidade.
Babalorixá Joel Oxaguiam, da Casa de
Oração Pombo de Prata, Candomblé,
acha que por uma questão cultural e
pela necessidade de ter uma crença em
algo, seria interessante falar sobre pontos
específicos de cada religião na escola
Foto: Elza Fiúza/Abr
Luicival Costa, diretor de assistência social
do Centro Espírita André Luiz, acha que se
o ensino for baseado nos ensinamentos
de Jesus não tem como cometer erros e
tampouco preconceitos, porque ele abrange
todas as religiões
Foto: Elza Fiúza/Abr
O professor, independentemente do seu
credo, ajudaria os alunos a conhecer
o papel da religião na sociedade
e a melhorar o relacionamento
com as diferenças
Cleuza Repulho, presidente
da Undime, defende que os
dirigentes façam uso das
aulas com um proveito além
da doutrinação, abordando
conceitos que permeiam
todas as religiões
O que pensam líderes religiosos...
Foto: Elza Fiúza/Abr
o relacionamento com as diferenças”,
aponta o coordenador do Fonaper,
Elcio Cecchetti.
No Rio de Janeiro, por exemplo,
o ensino religioso é oferecido apenas
nas escolas estaduais. Nas unidades
municipais, ainda não foi implantado,
mas há um projeto de lei em tramitação na Câmara dos Vereadores da
capital fluminense que prevê a oferta nas cerca de mil escolas da rede,
com frequência facultativa. A recepcionista Jussara Figueiredo Bezerra
tem dois filhos que estudam em uma
escola municipal da zona sul do Rio
de Janeiro e acompanha com certo
receio a discussão. Ela é evangélica e
acredita que esses valores devem ser
transmitidos em casa, pela família.
“Quem são os professores que
vão dar as aulas de religião? Será que
eles serão imparciais? Além disso,
Foto: Divulgação/Abr
Essa é uma presunção que discrimina grupos que não professem
nenhuma religião. Isso foi uma concessão à pressão dos grupos religiosos”, avalia a socióloga Debora Diniz,
da Universidade de Brasília (UnB).
Debora é autora, junto com as
pesquisadoras Tatiana Lionço e Vanessa Carrião, do livro Laicidade e
Ensino Religioso, publicado no último semestre. O estudo investigou
como o ensino religioso se configura
no país e se as escolas garantem, na
prática, espaços semelhantes para todos os credos, como preconiza a LDB.
A conclusão é que não há igualdade
de representação religiosa nas salas de aula. “Ele é um ensino cristão,
majoritariamente católico, e não há
igualdade de representação religiosa
com outros grupos, principalmente
os minoritários”, destaca Debora.
Foto: Elza Fiúza/Abr
religião
Hassan Aligharib, integrante da Mesquita
da Associação Beneficente Islâmica do
Brasil, acha que a religião é um dos guias
fundamentais do ser humano, quanto mais
religião e fé dentro da escola, melhor,
independentemente da religião
Hailton de Souza Belém, ministro da Igreja
Messiânica Mundial do Brasil, acha que a
escola deveria, pelo menos, apresentar as
diversas opções religiosas para que cada um
possa seguir o caminho com o qual tenha
mais afinidade
65 | Revista MERCADO | Agosto 2011
mercado
Foto: Antônio Cruz /Abr
Foto: Elza Fiúza/Abr
religião
Eduardo Peters, padre do Seminário Maior
Arquidiocesano Nossa Senhora de Fátima,
acha que não é porque o Brasil é o maior
país católico do mundo que o ensino religioso
deve ser católico, e sim um ensino que atenda
várias religiões
Abrahan Melul, judeu, membro da
Associação Cultural Israelita de
Brasília, acha que o ensino religioso
deve ser facultativo, pois o Brasil é
considerado um país laico, com várias
culturas e credos
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 66
Foto: Elza Fiúza/Abr
Foto: Marcello Casal Jr./Abr
Evangélico, Hadman Daniel Silva, pastor da
Igreja Assembleia de Deus do Novo Dia,
acha que o ensino religioso nas escolas
tem que ser facultativo, é preciso ter
liberdade de escolha
Wákila Mesquita, funcionário público e
ateu, acha que foi um erro incluir o ensino
religioso na Constituição, e que o mais
adequado é não ensinar religião, mas sim
ciências da religião, para que o estudante
aprenda sobre diversos credos
mercado
relacionamento
Aprovação da união estável entre homossexuais
Sexo
%
52
Feminino
Total
63
37
Masculino
48
Idade
60
16 a 24
45
55
55
25 a 29
50 e mais
49
39
40 a 49
Contra
45
51
30 a 39
A favor
40
27
61
73
Base: Amostra - Total (2002) | Sexo: Masc. (956) / Fem. (1046) | Idade: 16-24 (396) / 25-29 (250) / 30-39 (441) / 40-49 (387) / 50+ (528)
P.01) O Superior Tribunal Federal autorizou a união estável para casais do mesmo sexo. Você, pessoalmente, é a favor ou contra esta decisão?
Maioria dos brasileiros
reprova união de gays
Casamento gay divide opiniões: pesquisa do IBOPE Inteligência
revela que 55% dos brasileiros são contra a união estável
entre casais do mesmo sexo
“Os dados apresentados pela
pesquisa mostram que, de uma
maneira geral, o brasileiro não tem
restrições em lidar com homossexuais no seu dia a dia, como profissionais ou amigos que se assumam homossexuais, mas ainda se
mostra resistente a medidas que
possam denotar algum tipo de
apoio da sociedade a essa questão, como o caso da institucionalização da união estável ou o direito
à adoção de crianças”, analisa a
diretora executiva de marketing
e novos negócios do IBOPE Inteligência, Laure Castelnau.
Sobre a decisão do STF, 63% dos
homens são contra, enquanto apenas 48% das mulheres são da mesma
opinião. Entre os jovens de 16 a 24
anos, 60% são favoráveis. Já os maiores de 50 anos são majoritariamente
contrários (73%). Entre as pessoas
com formação até a quarta série do
ensino fundamental, 68% são con-
Da Redação com Agência
A
decisão do Superior Tribunal Federal de autorizar a união estável entre
casais do mesmo sexo
não conta com o respaldo da maioria da população brasileira,
embora a questão ainda divida muito
a sociedade, conforme revela estudo
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 68
inédito do IBOPE Inteligência, cuja
motivação foi a de contribuir com o
debate público. Segundo pesquisa nacional realizada entre os dias 14 e 18
de julho, 55% dos brasileiros são contrários à decisão e 45% são favoráveis.
De maneira geral, a pesquisa
identifica que as pessoas menos in-
comodadas com o tema estão mais
presentes entre as mulheres, os mais
jovens, os mais escolarizados e as
classes mais altas. Regionalmente,
Norte/Centro-Oeste e Nordeste se
destacam como as áreas do país com
mais resistência às questões que envolvem o assunto.
Laure Castelnau, do
IBOPE: “O brasileiro ainda
se mostra resistente à
institucionalização da união
estável entre homossexuais
ou ao direito à adoção de
crianças por casais desse
gênero”
trários. Na parcela da população
com nível superior, apenas 40% não
são favoráveis à medida. Territorialmente, as regiões Nordeste e Norte/
Centro-Oeste dividem a mesma opinião: 60% são contra. No Sul, 54%
das pessoas são contra e, no Sudeste, o índice cai para 51%.
Adoção de crianças
Quanto ao questionamento
sobre a aprovação à adoção de
crianças por casais do mesmo sexo,
os resultados seguem a mesma
tendência: 55% dos brasileiros se
declaram contrários. Entre os homens, o indicador é mais alto, com
62%, da mesma forma que entre
as pessoas maiores de 50 anos, em
que 70% rejeitam a ideia. A tendência também se confirma entre os
brasileiros com escolaridade até a
quarta série, cuja contrariedade é
declarada por 67% destes. Em termos regionais, os que se declaram
contrários são 60% no Nordeste,
57% no Norte/Centro-Oeste, 55%
no Sul e 52% no Sudeste. A
69 | Revista MERCADO | Agosto 2011
mercado
relacionamento
Adoção de crianças por casais homossexuais
Sexo
%
51
Feminino
Total
62
38
Masculino
49
Idade
60
16 a 24
45
55
58
25 a 29
53
38
40 a 49
Contra
42
47
30 a 39
A favor
40
62
70
30
50 e mais
Base: Amostra - Total (2002) | Sexo: Masc. (956) / Fem. (1046)
Idade: 16-24 (396) / 25-29 (250) / 30-39 (441) / 40-49 (387) / 50+ (528)
Região
43
Norte/ Centro-Oeste
57
60
40
Nordeste
48
Sudeste
52
45
Sul
55
Religião
49
Católica
Protestante/ Evangélica
72
28
59
Outras religiões
Ateu/ sem religião/ não
respondeu
51
51
41
49
Base: Amostra - Total (2002) | Região: Norte/CO (294) / Nordeste (546) / Sudeste (868) / Sul (294)
Religião: Catol. (1209) / Prot./ Evang. (463) / Outras (80) Ateu/s. religião/NR (250)
P.02) Você é a favor ou contra a adoção de crianças por casais do mesmo sexo?
Amigos gays
Em relação à possibilidade de um
(a) amigo (a) se revelar homossexual,
a pesquisa identificou que a rejeição da população é sensivelmente
menor do que a apresentada nos
dois questionamentos acima. Para
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 70
a grande maioria de 73% dos brasileiros, essa hipótese não os afastaria
em nada de suas amizades. Outros
24% disseram que afastariam muito
ou pouco e 2% não souberam responder. Embora com menor intensidade, o mesmo padrão de opinião
nas respostas anteriores se repete no
comparativo por faixa etária, nível de
escolaridade, sexo e região do país.
Para as mulheres, 80% não se
afastariam. Da mesma forma, 81%
dos jovens de 16 a 24 anos não se
afastariam e 85% das pessoas com
nível superior de escolaridade também defendem que não haveria A
mercado
relacionamento
mudança na amizade. Em termos regionais, 79% das pessoas do Sudeste
dizem que não se afastariam, contra
72% no Norte/Centro-Oeste, 70% no
Sul e 66% no Nordeste.
e evangélicos é a que se manifesta
mais resistente: apenas 23% se dizem
favoráveis à iniciativa do STF.
Religião
A pesquisa ouviu a população
em relação à sua aceitação de homossexuais trabalharem como
médicos, policiais ou professores
de ensino fundamental no serviço
público. Apenas 14% se disseram
total ou parcialmente contra a que
estes trabalhem como médicos,
24% como policiais e 22% como
professores. A parcela dos brasileiros que é parcial ou totalmente
favorável é de 84% para o caso de
médicos, 74% para policiais e 76%
para professores.
No tocante às diferenças de opinião observadas de acordo com a religião declarada pelos entrevistados,
é possível identificar que há maior tolerância entre as pessoas cuja religião
foi classificada na categoria “outras
religiões”, em que 60% são favoráveis
à decisão do STF. Dentre os católicos
e ateus, há total divisão, com 50% e
51% de aprovação à união estável de
pessoas do mesmo sexo, respectivamente. A população de protestantes
Médicos, policiais e professores
Sobre a pesquisa
A pesquisa do IBOPE Inteligência é representativa da população brasileira e realizou 2.002
entrevistas domiciliares em 142
municípios do território nacional,
ouvindo toda a população de 16
anos ou mais. A margem de erro
amostral é de dois pontos percentuais, com 95% de intervalo de
confiança. O IBOPE Inteligência é
uma organização do Grupo IBOPE
que contribui para seus clientes
terem conhecimento e compreensão adequados da sociedade e
dos mercados onde atuam, auxiliando na tomada de decisões táticas e na elaboração de estratégias
no planejamento de negócios. B
Perfil dos Entrevistados - %
Sexo
Idade
16 a 24
48
20
25 a 29
52
12
30 a 39
22
40 a 49
Masculino
Feminino
19
50 e mais
26
Renda Familiar (SM)
Escolaridade
Até 4ª série do fund.
Mais e 10
28
Mais de 5 a 10
5ª a 8ª série do …
21
Ensino Médio
35
3
11
Mais de 2 a 5
33
Mais de 1 a 2
32
Até 1
Superior
15
7
Base: Amostra (2002)
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 72
14
mercado
Foto: Divulgação
estilo
Cheios de marra...
e bom gosto também!
Seja para receber bem os amigos ou para conquistar as mulheres,
os homens têm investido, e muito, em decoração. Suas principais
exigências? Tecnologia e praticidade!
Por Ana Paula Horta
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 74
Projeto da decoradora
Marina Dubal
mercado
A
Foto: Daniel Mansur
estilo
quela antiga e errônea
máxima de que homem
que é homem tem que
andar com a barba mal
feita, ser bagunçado e
não se importar com a imagem com
certeza é passado. Eles estão cada vez
mais vaidosos. Querem andar arrumados, ser bem-sucedidos e, agora, mais
do que nunca, querem ter a casa bonita e despojada para receber os amigos
e principalmente atrair as mulheres.
E pensa que eles não são exigentes? Segundo a arquiteta Marina Dubal, os homens são antenados e solicitam sempre as principais
novidades do mercado. “Assim
como a potência do carro, eles não
abrem mão da potência das caixas
de som do home theater. A qualidade da imagem e funcionamento
desse aparelho costuma ser a principal exigência”, revela. Mas quando o cliente tem dotes culinários, a
coisa muda de figura: a cozinha tem
que ser o foco de todas as atenções.
“Esse ambiente também se torna
parte do coração da casa. Bancadas
integradas à sala de estar e espaços
fluidos são as principais diretrizes
nesse caso”, explica a profissional.
Marina lembra ainda que os ho-
Foto: Daniel Mansur
Proposta de Estela Netto: a praticidade é a palavra chave desse
tipo de projeto
Segundo Estela Netto, na
decoração masculina a
tecnologia fala mais alto
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 76
mens estão sempre em busca do
conforto e das facilidades proporcionadas pela tecnologia: “Projetar
para um homem significa usar as
tecnologias mais avançadas. Produtos com design e beleza mas, principalmente, práticos”, afirma. A arquiteta Estela Netto reforça a ideia de
que os recursos tecnológicos sejam
a grande particularidade na decoração masculina. “O diferencial desses
projetos é a tecnologia. O homem
preza muito isso e investe maciçamente”, assegura.
E se na hora da paquera eles são
mais diretos e vão logo ao ponto,
com a decoração não é tão diferente
assim. “Funcionalidade é o que todos
os homens pedem. O argumento de
que uma peça deve ser usada apenas
para conferir beleza ao espaço não
basta. Para eles, todo objeto precisa
ter uma função prática”, lembra Estela. Com relação às cores, Marina conta
que somente quando o cliente é mais
ousado dá para inserir mais cores entre um detalhe ou outro, caso contrá-
rio, só nas obras de arte: “A decoração
masculina é mais sóbria e minimalista. Tons como cinza, preto, branco e
azul são os mais usados”.
E tem mais uma coisinha: ao contrário do que se pode imaginar, os
homens costumam ser muito detalhistas na hora de decorar. Mesmo
assim, as arquitetas asseguram que
não é difícil trabalhar com eles. “A
facilidade na execução de um projeto depende muito mais de um diálogo aberto entre as partes. Se não
houver isso, o trabalho não vai fluir
independente do sexo. O esforço do
cliente e do profissional é essencial
para que tudo fique como desejado
e todas as expectativas sejam supridas”, ressalta Marina. Estela também
não acha dificuldades em trabalhar
com os homens: “Entro no projeto
com o meu olhar feminino, delicado e sensível. Já o homem, ingressa
com a praticidade. Essa troca de experiências faz com que o projeto se
torne muito mais rico e interessante”, garante. B
mercado
marketing
E
rrar é humano, já diz o ditado popular, mas será que as
marcas também têm esse
direito? As mídias sociais
se tornaram verdadeiras armas para os consumidores cobrarem
serviços, demonstrarem indignação
e não deixarem nenhum deslize das
empresas passar em branco. Nos últimos meses, companhias de grande
porte como Brastemp, Renault, Mars
Brasil e Arezzo estiveram expostas
negativamente nas redes sociais e trabalharam para contornar o momento
de crise.
Os motivos que levam as marcas a
grandes repercussões na internet são
diversos e dificilmente poderão ser
detidos pelas empresas. A solução é
contornar o problema. “As crises são
desdobramentos de um fato, não são
o fato em si. O mesmo fato pode ter
desdobramentos totalmente diferentes em função da época e da cultura
local”, explica José Eduardo Prestes,
professor de Comunicação Corporativa na pós-graduação da ESPM e
especialista em Gestão de Crises, em
entrevista ao Mundo do Marketing.
Não é de hoje que ocorrem crises
gerenciais na relação das empresas
com os consumidores, mas a mudança
de ambiente destas questões trouxe
muito mais abrangência e velocidade aos danos de imagem e reputação
das marcas. Se antes as reclamações
dos clientes saíam em pequenas notas no jornal, poucas pessoas viam e,
às vezes, apenas alguns funcionários
da empresa sabiam do ocorrido, agora, a repercussão de um problema de
um consumidor na web pode ter um
alcance mundial.
Como reverter a crise
nas redes sociais?
Casos recentes das empresas Brastemp,
Renault, Arezzo e Twix provam o poder de
repercussão dos erros das marcas na internet
Do Mundo Marketing
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 78
Não é uma Brastemp
O consumidor Oswaldo Borelli
gravou um vídeo criticando a
Brastemp e jogou na internet: a
empresa pensou e agiu rápido
para evitar um mal maior
A Brastemp foi uma das marcas
que tiveram repercussão internacional recentemente com o caso do
consumidor Oswaldo Borelli, que
chegou aos Trending Topics Mun-
diais do Twitter. A história começou
quando o morador de São Paulo,
após 90 dias sem geladeira e 10 ligações para o SAC da empresa, resolveu colocar seu refrigerador Brastemp na porta de casa e gravar um
vídeo contando todo o caso.
A Brastemp tomou conhecimento do vídeo no mesmo dia em que foi
postado, quando o filme tinha apenas 200 visualizações. “Nossa primeira posição foi resolver o problema do
consumidor. A segunda foi verificar
onde ocorreu a falha no atendimento. A partir disso, treinamos novamente todos os nossos profissionais
que atuam no atendimento ao consumidor, para garantir que esse tipo
de problema não voltasse a se repetir”, conta Cláudia Sender, diretora de
Marketing da Brastemp, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Após reconhecer o erro, a empresa ainda prestou um esclarecimento por meio dos veículos de
comunicação aos consumidores na
internet, explicando que havia entrado em contato com Borelli para
solucionar o problema e lamentando o ocorrido. “O caso da Brastemp
teve uma repercussão grande, mas
o posicionamento da empresa acabou revertendo o episódio. Quando
o consumidor recebeu o refrigerador, todo mundo também ficou sabendo e acabou retornando para a
marca como algo positivo”, afirma
Elizangela Grigoletti, gerente de
Marketing e Inteligência da MITI Inteligência, em entrevista ao portal.
Meu Carro Falha
Ao contrário da Brastemp, a Renault falhou na hora de gerenciar a crise e acabou por colocar um cliente na
justiça. Para reclamar das tentativas de
consertar o seu Renault Megane, que
nunca saiu da garagem por problemas
técnicos, Daniely Argenton criou o site
Meu Carro Falha, em fevereiro de 2011,
que chegou a receber mais de 700 mil
visitas em um mês. Diante da iniciativa, a montadora solicitou uma liminar
judicial para que a consumidora tiras-
se o endereço do ar no período de 48
horas, além de todas as reclamações
realizadas nas redes sociais.
“Quando a Renault utilizou o sistema jurídico para bloquear as ações da
consumidora, transformou a crise em
uma crise de caráter”, comenta Prestes,
da ESPM. Após discussões entre a consumidora e a empresa, ambas chegaram
a um acordo, que incluia o pagamento
das despesas e o ressarcimento em relação aos danos causados pelo veícu-
lo. Consciente do erro, a Renault Brasil
optou por lançar um comunicado se
desculpando com o público em geral e
doou um Clio 0 km para a Associação de
Assistência à Criança Deficiente (AACD).
Para a maioria dos especialistas,
no entanto, a Renault demorou a
agir e não conseguiu reverter a situação por completo, deixando o caso
como um exemplo negativo de gerenciamento de crise. Ao encarar o
problema, a montadora deveria tê-lo solucionado imediatamente. “O
caminho correto para as empresas,
quando encontram problemas deste
tipo, é tentar resolver. Por causa de
um carro, a Renault correu o risco de
ter a imagem da marca manchada”,
acredita a gerente de Marketing e Inteligência da MITI Inteligência. A
A “cara” do site Meu Carro
Falha, criado pela proprietária
de um Renaut Megane,
Daniely Argenton, para
reclamar dos problemas
técnicos não solucionados
pela fabricante em seu veículo
79 | Revista MERCADO | Agosto 2011
mercado
marketing
Boicote Arezzo
Contrariando a máxima de que
o cliente tem sempre razão, a Arezzo também não deixou os consumidores nada satisfeitos ao lançar
a coleção PeleMania, composta por
produtos feitos de pele de animais,
em abril deste ano. “Houve falhas em
dois momentos. Primeiro no planejamento, em que a marca não levou
em conta os interesses e expectativas
do consumidor em relação aos preceitos atuais como sustentabilidade
e cuidado com o meio ambiente. O
segundo momento foi a forma como
a empresa se posicionou. Em nenhuma circunstância a marca sustentou
o objetivo de ter levantado a campanha e não apresentou uma posição
sobre o tema”, comenta Elizangela.
Os internautas tampouco aprovaram a iniciativa e logo criaram
protestos na web contra o comportamento da empresa. O caso foi parar em diversos portais de notícias e
chegou ao primeiro lugar nos Trending Topics do Twitter. Segundo o
estudo da MITI Inteligência, a página “Boicote Arezzo” ultrapassou
o número de usuários da fan page
oficial da marca em pouco tempo e,
no dia 29 de abril, o boicote já registrava 6.503 membros contra 5.234
fãs da Arezzo.
Após o pronunciamento do presidente da empresa, Anderson Birman,
a repercussão da marca se intensificou nas redes sociais. Entre 26 e 30 de
abril, a Arezzo respondeu por 73,68%
das interações nas mídias sociais,
muito além de concorrentes como
Via Uno (7,09%) e Schutz (7,32%),
também de acordo com a pesquisa
da MITI Inteligência. Deste percentual, 58,4% das citações eram negativas.
Para contornar o problema, a empresa colocou no site um comunicado
ao público quatro dias após o início
da repercussão e retirou toda a coleção das lojas. “Não entendemos como
nossa responsabilidade o debate de
uma causa tão ampla e controversa.
Um dos nossos principais compromissos é oferecer as tendências de moda
de forma ágil e acessível aos nossos
consumidores”, disse a companhia
em pronunciamento, dando o assunto por encerrado.
“Mas não era disso que o consumidor estava reclamando, eles estavam questionando a postura da empresa de buscar alternativas como
esta, simplesmente para moda e beleza. E a resposta não foi dada pelo
canal correto. As reclamações estavam no Twitter e no Facebook, enquanto que a empresa se restringiu,
Material de campanha:
depois de toda a
repercussão e resposta
negativa sobre a nova
coleção, a Arezzo excluiu
as fotos da campanha e
comunicou que “entende
e respeita as opiniões e
manifestações contrárias
ao uso de peles exóticas
na confecção de produtos
de vestuário e acessórios”
no primeiro momento, a fazer uma
notificação no site”, expõe Elizangela sobre o comunicado da Arezzo.
Chuva de Twix
Outra ação mal-sucedida por falta de
planejamento
ocorreu com a Mars Brasil.
Neste caso, o feitiço
virou contra o feiticeiro. Após realizar uma
campanha viral nas re-
des sociais, os erros de
desenvolvimento da ação
repercutiram na proporção
do impacto da campanha
sobre os consumidores. O
comercial viral prometia a
distribuição de 16 mil barras do chocolate Twix, A
Em promoção da Mars Brasil, a forma desigual de
distribuição de chocolates, jogados manualmente,
misturados com uma grande quantidade de papel
picado, foi motivo de descontentamento das
cerca de duas mil pessoas presentes, munidas de
guarda-chuvas para arrecadar os doces
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 80
mercado
marketing
no dia 30 de maio de 2010, em plena
Av. Paulista, principal via da cidade
de São Paulo, mas a promoção não
saiu como o esperado.
A ação de Marketing atraiu mais
de quatro mil pessoas, ultrapassando
as expectativas dos organizadores, e
deixando metade do público de fora.
Somente duas mil pessoas entraram
no espaço da chuva de chocolates
e, mesmo assim, muita gente não
conseguiu pegar nenhuma unidade.
Ocorreram falhas nos canhões que expeliam os produtos junto com papéis
dourado picados e a impressão foi de
muita promessa para pouco Twix.
Os consumidores frustrados
não deixaram por menos e a ação
da Mars também parou nos Trending Topics Brasil do Twitter com
as hashtags #chuvadetwix e #chuvadetwixfail, além de uma página
agressiva na internet. “O Twix não
foi uma crise, foi transtorno operacional. Uma ação de Marketing que
não foi bem gerenciada. A aparição
das reclamações nas redes sociais
não causou danos à imagem do
produto. Este caso é um exemplo
de crise contingencial, que será rapidamente esquecida e não causará
dano à reputação da empresa”, ressalta Prestes.
Após a tempestade
Mas depois de todo o burburinho
nas redes sociais e nos portais de notícias, como ficaram as marcas perante
os consumidores? O vídeo do senhor
Borelli permanece no Youtube, com
806 mil visualizações. Em contrapartida, a campanha da Brastemp, “O dia
em que um sorriso parou São Paulo”,
no mesmo canal, possui mais de 2,3
milhões de visualizações.
“Não é bom ter alguém falando
mal da sua marca nas redes sociais. É
claro que isso vai surtir um impacto nos
consumidores. Mas a Brastemp é uma
empresa que está há 56 anos no Brasil.
Os clientes acreditam na marca e são
apaixonados por ela”, declara a diretora
de Marketing da Brastemp. No mesmo
patamar está a Mars Brasil, que alega
que os consumidores usaram as plataformas sociais para comentar sobre o
evento, da mesma forma que a empresa usou o canal para divulgar a ação.
No caso da Renault, o site Meu
Carro Falha se tornou um canal de
reclamações aberto ao público para
compartilhar e buscar soluções para os
Não é bom
ter alguém
falando mal da
sua marca nas
redes sociais
problemas junto às montadoras. Uma
seção no portal, no entanto, aconselha
os clientes a resolverem seus proble-
mas por meio do SAC da empresa ou
do Procon, e que apenas em última instância as insatisfações sejam publicadas nas redes sociais. “Para os consumidores, a parte do carro já está superada,
o que ficou foi a postura inadequada da
empresa tentado cercear a liberdade
de comunicação”, completa Prestes.
Já a Arezzo surpreendeu o mercado e os especialistas que apostavam num prejuízo da marca após
o escândalo da coleção de pele de
animais. Além da fan page ter saltado de 5,3 mil usuários para mais
de 13,3 mil nos últimos meses, a
empresa registrou um aumento no
lucro líquido de 43,3% no segundo
trimestre de 2011 em relação ao
mesmo período de 2010 e um saldo positivo de R$ 24 milhões, com
a venda de 1,56 milhões de pares
de sapatos e 103 mil bolsas entre
abril e junho. B
mercado
veículos
O Freemont, crossover da Fiat
baseado no Dodge Journey
Fiat prepara o lançamento
de seu novo crossover
Derivado do Dodge Journey, o Fiat Freemont 2012 deve
chegar ao mercado este mês com preços a partir de R$ 75 mil
O
crossover Fiat Freemont
já está com data de lançamento no mercado
brasileiro, assim como
no europeu, definida
para este mês de agosto. O Freemont
é a versão Fiat do Dodge Journey. Aliás, é praticamente o mesmo Journey,
porém com logotipos da Fiat e com a
motorização modificada.
Para explicar melhor o porquê
disso, é preciso lembrar que a Dodge
pertence ao grupo Chrysler, que por
sua vez pertence ao grupo Fiat. Portanto, a empresa italiana resolveu fabricar uma versão Fiat do carro para
ser vendida no Brasil. Levando em
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 84
conta a quantidade de concessionárias, será muito mais viável para o
cliente e para o comerciante. No México e EUA, até agora o Journey não
conseguiu emplacar nas vendas.
A fim de entrar na política do
preço justo e também de diferenciar o Freemont da versão top de
linha (Journey), apenas o logo da
Fiat na grade dianteira e no volante,
contudo, seriam insuficientes. Por
isso, a motorização foi simplificada,
trocando o robusto V6 por um mais
econômico - detalhe muito importante se for considerado o preço
da gasolina no Brasil. Enquanto o
Dodge Journey é fabricado com seu
motor V6 2.7 de 185 cv, o Fiat Freemont 2012 sai de fábrica com motores turbodiesel de 140 e 170 cv.
Mesmo assim, a Fiat ainda planeja para o futuro o lançamento
da versão mais potente, inclusive
mais potente que a do Journey
vendido atualmente. O motor
deverá ser o V6 3.6 a gasolina da
Chrysler de 276 cv.
Os para-choques e a grade dianteira do Freemont também foram
modificados em pequenos detalhes
e as lanternas ganharam iluminação em LEDs. Internamente ainda se
apresenta igual ao Journey, apenas o
volante ganhou um logo da Fiat.
A versão brasileira
O Freemont 2012 será um
carro com espaço interno para
sete pessoas. Sairá de fábrica
com importantes itens de série,
como piloto automático, air-bags, freios ABS, computador de
bordo, ar-condicionado de zona
tripla, faróis de neblina e rádio
com touch screen.
Existirá outra versão ainda
mais completa que, além dos itens
já citados, contará também com
rodas de liga leve 17”, DVD player,
sensores de estacionamento, rack
de teto, faróis automáticos e controle de tração. O Freemont deverá custar a partir de R$ 75.000. B
85 | Revista MERCADO | Agosto 2011
mercado
veículos
Hyundai prepara chegada
do Veloster no Brasil
Da Redação
E
m breve estará desembarcando no Brasil o novo
Veloster, um hatchback
cupê que vai além da imaginação. O veículo reúne
revolução em design e tecnologia
em um único carro. Destaque para
as três portas na carroceria, sendo
uma do lado do motorista e duas do
lado direito.
De acordo com as concessionárias, o Veloster terá duas versões
no Brasil: a manual com câmbio
de 6 marchas e a top de linha, com
transmissão automática.
Lançado em janeiro deste ano,
durante o Salão de Detroit nos Estados Unidos, o novo hatch da Hyundai é equipado com um motor 1.6
de 4 cilindros e injeção direta de
combustível, movido apenas a gasolina. O Veloster desenvolve 138
cv a 6.300 rpm e 12,5 mkgf de torque a 4.850 rpm. Segundo a Hyundai, o carro é capaz de rodar 17 km
com um litro de combustível.
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 86
O Veloster conta com um visual
diferenciado, graças ao sistema de
3 portas. A Hyundai informou que
a terceira porta serve para facilitar a
entrada e saída dos passageiros do
carro no banco de trás, e está presen-
te somente do lado direito. O novo
Hyundai ainda conta com sistema de
conectividade blue link na versão top
de linha, iluminação feita por LEDs,
rodas de 17” e teto panorâmico como
opcional. O modelo pesa 965 kg. B
Preços do Hyundai Veloster
Versão manual com câmbio de 6 marchas: em torno de R$ 60 mil
Versão top de linha com transmissão automática: a partir de R$ 65 mil
mercado
turismo
Rotas da Fé levam a igrejas
e museus da Colômbia
De norte a sul, o país apresenta templos, arquitetura e cultura que
remetem a 500 anos de tradição católica
Da Redação com Agência
A
Colômbia é conhecida
pela hospitalidade de
seus habitantes e pela
diversidade de destinos. Oferece opções de
passeios culturais, a dois, de luxo e
ainda tem o mar do Caribe à disposição. Mas o simpático país possui um
traço semelhante ao brasileiro: a fé
de seu povo. Com mais de 500 anos
de tradição católica, conta com um
grande patrimônio arquitetônico, artístico e cultural associado à religião.
Para descobrir uma nova Colômbia, embarque nas Rotas da Fé, que
vão de norte a sul do país. O viajante
terá três opções: Rota da Fé Andina,
do Caribe e do Sudoeste.
Basílica del Señor Caído
de Monserrate; no detalhe,
uma panorâmica da cidade
vista a partir da igreja
Rota da Fé Andina
Catedral Basílica de Nossa
Senhora do Rosário, em
Manizales: a segunda mais
alta da América Latina,
com 113 metros de altura
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 90
Começando pela capital Bogotá,
duas das principais igrejas colombianas são paradas obrigatórias. A
Basílica Santuário del Señor Caído
de Monserrate é um dos maiores
locais de peregrinação do país e fica
em uma montanha a 3.152 metros
de altura, de onde se tem uma vista
panorâmica da cidade. O acesso à
igreja pode ser feito por meio de um
moderno teleférico (em um trajeto
de 5 minutos), de bondinho ou a pé.
Já o santuário del Divino Niño, ou
santuário del Veinte de Julio, recebe
multidões de fiéis, sendo um dos mais
concorridos. O Divino Niño é a imagem
religiosa mais admirada e com maior
número de devotos da Colômbia.
Vale incluir no roteiro por Bogotá
uma visita à Catedral Primada A
de Colômbia (declarada Monumento
Santuário del Divino Niño
com sua famosa imagem: a
mais admirada e devotada
da Colômbia
mercado
turismo
Nacional em 1975), à igreja de San
Francisco (mais antiga da cidade,
construída em 1550), ao Santuário
Nacional Nuestra Señora del Carmen
e ao Museu de Arte Colonial (com
obras religiosas).
Distante 50 km de Bogotá, fica
a imponente Catedral de Sal de Zipaquirá. Trata-se de um templo de
8.500 m², construído embaixo da
superfície terrestre em uma antiga
mina de sal. Não por acaso, é considerada a Primeira Maravilha da Colômbia. Esse original santuário que
retrata a via crucis de Cristo, conta
com uma cruz de 16 metros de altura e é uma das atrações turísticas
mais visitadas do país. Além da
igreja, fazem parte do “El Parque
de la Sal” - um complexo de 10
hectares de extensão nas montanhas de sal da cidade - a Plaza del
Minero, o Museo de la Salmuera,
lojas, cafés e rotas ecológicas através de trilhas naturais.
A visita não pode deixar de incluir Chiquinquirá, que fica no estado de Boyocá e distante poucas
horas de Bogotá. Ela é conhecida
como capital religiosa da Colômbia,
ou Cidade Mariana, pela sua grande
devoção à Virgem Maria. O destino
conta com uma imponente basílica
construída em 1796, que recebeu a
visita do Papa João Paulo II em 1986,
quando rezou pela paz na Colômbia.
Catedral de Sal de Zipaquirá
(detalhes interiores da igreja)
Chiquinquirá, a capital
da fé colombiana
A Basílica del Señor de los
Milagros, em Buga, atrai
2 milhões de devotos e
peregrinos todos os anos
mercado
turismo
Próximo dali fica o pequeno povoado de Villa de Leyva, no qual se
destaca a preservação da arquitetura local - não são permitidas construções modernas -, e as igrejas são
conhecidas por suas obras de arte.
Destaque para o Santuário de la Virgen del Carmen e a Iglesia Paroquial,
além do Museu de Arte Religiosa,
onde se exibem obras dos séculos
XVII a XX.
Outra cidade importante no roteiro é Pamplona, que conta com o
Santuário del Señor del Humilladero
e possui uma das semanas santas
mais famosas do país.
Villa de Leyva e em
destaque o Santuário de la
Virgen del Carmen, uma de
suas atrações
Rota da Fé do Sudoeste
Distante 73 km de Cáli, a cidade de Buga é a mais representativa
para o turismo religioso na Colômbia por abrigar a Basílica del Señor
de los Milagros. Cerca de 2 milhões
de devotos e peregrinos visitam o
destino todos os anos. Na igreja há
uma imagem de 2,5 metros de altura
do Santíssimo Redentor, a quem são
atribuídos vários milagres.
Já Cáli, conta com várias igrejas
da época colonial, com grande valor
arquitetônico e histórico. Uma delas
é a Iglesia de la Ermita, símbolo da cidade e que foi reconstruída em 1930,
inspirada na Catedral de Colônia, na
Alemanha. No seu interior está a ima-
Iglesia de la Ermita, o
símbolo de Cáli
Santuário de Nuestra Señora del Rosario de
las Lajas, conhecida como “o milagre de Deus
sobre o abismo” e um dos locais sagrados mais
visitados da América Latina
mercado
turismo
Na sequência das seis imagens,
Popayán, a cidade “branca” onde fica
o Museu Arquidiocesano
gem do Señor de la Caña, considerada milagrosa por resistir a um terremoto que destruiu a igreja em 1787.
O roteiro deve incluir ainda Popayán, conhecida como a “Cidade
Branca”. O nome deve-se à cor das
fachadas das casas no centro histórico. O destino é palco da tradicional
Semana Santa, declarada como Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade pela UNESCO. A cidade conta com
várias igrejas e o Museu Arquidiocesano de Arte Religiosa, com algumas
das maiores obras sacras do país.
Vale a pena visitar também o
Santuário de Nuestra Señora del Rosario de las Lajas, distante 7 km do
povoado de Ipiales, no estado de
Nariño. Um dos locais sagrados mais
visitados da América Latina, a igreja
abriga a Nuestra Señora del Rosario,
que foi encontrada por uma índia e
sua filha surda-muda, que se curou
após a aparição da imagem, segun-
do a lenda local. O mais impressionante é que a catedral de estilo gótico foi construída sobre um abismo
em cima do cânion do rio Guaitara,
o que torna a construção conhecida
também como “o milagre de Deus
sobre o abismo”.
Uma das mais belas cidades
colombianas, Cartagena de Índias
foi declarada Patrimônio Cultural
da Humanidade pela UNESCO, em
1984. Cercada por muralhas, que visavam a defender o local de ataques
piratas nos séculos XVI e XVII, e belas
praias, a cidade é uma das mais procuradas do país por sua história, beleza e cultura. Além disso, conta com
o Templo de San Pedro Claver, localizado no centro histórico, que abriga
os vestígios do santo que viveu no
mosteiro nos seus últimos dias.
Já a Catedral de Cartagena, que
possui uma grandiosa cúpula, é uma
das mais antigas da cidade. Outro
ponto interessante é o convento de
La Popa, igreja dedicada à purificação da Virgen de la Candelaria, padroeira da cidade. Visite ainda a Iglesia y Convento de Santo Domingo, a
Iglesia de San Agustín, o Convento
de San Diego, o Convento de Santa
Clara e o Convento de San Francisco.
Não deixe de conhecer Santa
Cruz de Mompox, a 248 km de Cartagena, que tem a bela igreja de
Santa Bárbara e é famosa por sua
Semana Santa. Antigamente, os
mais ricos doavam joias e outros
objetos de valor para pedir perdão
por seus pecados.
Em Santa Marta, no norte do
país, a catedral que dá nome à cidade é também a mais antiga do país.
Vale conhecer a paróquia San Jerónimo de Mamatoco, primeira capela
em terra firme da América Espanhola e declarada Monumento Nacional
em 1992. B
A Paróquia San Jerónimo de
Mamatoco, primeira capela
em terra firme da América
Espanhola
A Catedral de Cartagena,
uma das mais antigas da
cidade
A bela igreja de Santa
Bárbara, em Santa Cruz
de Mompox
mercado
bazar
Marca HD lança bermuda híbrida
A marca de surfwear HD - Hawaiian Dreams - lança para o
próximo verão/2012 as bermudas híbridas. Com um visual atual
e moderno, a novidade segue o conceito de ser usável e muito
funcional. Batizada de Híbrido Boardshorts, a bermuda tem cara
de “walk” com jeito de “boardshort”.
A estilista da marca, Kátia Guimarães, que sempre aplica em
suas criações o conceito de funcionalidade e conforto, seguindo
tendências e tecnologia internacional, desenvolveu uma peça batizada de Híbrido Boardshort, já que pode ser usada tanto na água
para esportes aquáticos como bermuda “walk” para passeio. Isso
graças à combinação entre modelagem e tecido que proporcionou à marca oferecer ao mercado um produto inovador no Brasil.
Caloi lança bicicleta dobrável
Modelo Caloi Urbe oferece praticidade
aos ciclistas que buscam pedalar pela cidade
A Caloi, empresa líder na fabricação de bicicletas no Brasil,
apresenta a Caloi Urbe - a primeira bike dobrável da marca.
O modelo, que é tendência na Europa, tem como principal
objetivo entregar praticidade ao cidadão que quer se locomover
pelos grandes centros urbanos e busca um transporte que possa ajudá-lo a chegar rápido em pequenos trajetos ou se integrar
a outros meios, como trem, metrô e ônibus.
A Caloi Urbe traz itens que garantem segurança e conforto
ao ciclista. O modelo é feito de alumínio, pesa 11,90 Kg, tem
rodas de 20 polegadas com paredes duplas, câmbio Shimano
de 7 marchas, corrente KMC e selim confortável. A bike Caloi
Urbe conta também com para-lamas dianteiro e traseiro - que
facilita a condução na chuva -, descanso lateral, bagageiro e
sacola para transporte.
Preço sugerido - R$ 1.399
Legend é da Montblanc
Entre os lançamentos da temporada no quesito perfumes, um dos destaques é para o público masculino, o
Legend, da marca Mont Blanc.
Mont Blanc Legend Masculino Eau de Toilette é de fragrância sutil, mas marcante, e reflete a elegância contemporânea da marca Montblanc. É sua encarnação
de uma fragrância masculina, moderna e ainda atemporal: uma nova interpretação
de um fougère amadeirado, a aliança entre autenticidade e inovação.
A composição abre com novos tons aromáticos de bergamota, lavanda, folhas de abacaxi e verbena exóticas. O coração enfatiza notas como maçã, rosa, e
notas de frutas secas. A base contém sândalo, tonka e evernyl.
Quanto aos preços do perfume, o vidro de 50 ml
custa cerca de R$ 190; e o de 100 ml, R$ 250
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 98
mercado
bazar
A essência da felicidade
Nova fragrância de Roger&Gallet, Fleur D’osmanthus, tem propriedade aromática revigorante
A tradicional marca francesa Roger&Gallet foi até a
China buscar a inspiração para sua nova fragrância, Fleur
D’Osmanthus, que chega ao Brasil em agosto. Rara e misteriosa, a delicada flor de Osmanthus é encontrada na região
de Guilin, o Jardim do Éden chinês. Seu exótico perfume
floral-frutado é reconhecido por amenizar o estresse e induzir
ao bom humor. É chamada de “a fragrância da felicidade”. O
produto é unissex.
A nova fragrância chega às farmácias e perfumarias
brasileiras em cinco produtos: colônias (de 30 ml e 100 ml),
sabonetes (individual e kit com três sabonetes) e hidratantes.
As colônias trazem vitalidade e revigoram o corpo e a mente,
proporcionando uma grande sensação de bem-estar. Os sabonetes são fabricados pelo tradicional método ‘em caldeirão’,
que incorpora a essência no coração do sabonete e mantém
a fragrância ativa e intacta até o último dia de uso. Suas matérias-primas são 100% vegetais. Já o hidratante é formulado a
partir dos óleos de amêndoa e apricot, reconhecidos por suas
propriedades nutritivas e suavizantes.
Preços sugeridos
Colônia - R$ 104 (100 ml) e R$ 53 (30 ml)
Sabonete - R$ 49 (kit com três) e R$ 28 (individual)
Hidratante - R$ 62
Miu Miu lança tênis para lá de transados
São cinco modelos desenhados com glitter, lamé, couro, pregos, cristais e muito brilho
Glitterheads, da Miu Miu 2011: há agora cinco novos estilos para se apaixonar e escolher. A marca lançará
uma coleção de tênis em cinco estilos até o final deste mês - tanto nas lojas como online - apresentando o tênis
clássico enfeitado com glitter, lamé, veludo, couro, pregos e cristais - ou, em alguns casos, uma combinação de
todos os itens acima mencionados. Os sapatos, vêm em blush, prata, ouro e preto. Os preços sugeridos variam
entre US$ 450 e US$ 585 - em reais, de R$ 720 a R$ 930, aproximadamente.
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 100
mercado
bazar
Proibido na Austrália e na Europa, Galaxy Tab 10.1 chega ao Brasil este fim de semana
Enquanto europeus
e australianos estão
impedidos de comprar o
novo Galaxy Tab de 10.1
polegadas por causa de
disputa judicial entre Samsung e Apple, o novo
tablet da sul-coreana
chegou para os brasileiros neste mês.
A Vivo anunciou que
venderá o aparelho com
exclusividade até o fim
de agosto. Segundo a
operadora, o tablet da
Samsung está disponível
na versão de 16GB nas
lojas de Rio e São Paulo
e virá com conteúdo
exclusivo, como dois
meses grátis do serviço
de aluguel virtual de filmes NetMovies, revistas e versão demo do jogo “Need for Speed Shift”
Sem plano de internet, o aparelho vai custar R$ 1.999. No plano de dados de 2GB, o preço cai para R$ 1.399
no pagamento à vista. Parcelado em 12 vezes, o tablet sai por prestações de R$ 229,80 - sendo R$ 139,90 referentes ao aparelho, que acaba custando R$ 1.678,80 ao fim do parcelamento. Depois dos 12 meses, o cliente passa a
pagar somente o valor do plano, de R$ 89,90.
Equipado com sistema operacional Android HoneyComb 3.0, o Galaxy Tab foi anunciado no final de março
e lançado nos Estados Unidos em junho. O Galaxy Tab já estava disponível desde o ano passado na versão de
sete polegadas.
O aparelho tem conectividade bluetooh, Wi-Fi, entradas USB e microSD e processador dual-core. O aparelho
também apresenta duas câmeras de 2MP (frontal) e 3MP (traseira), capazes de gravar vídeos em HD (720 linhas).
Nos EUA, o Galaxy Tab 10,1 sai por US$ 499 e US$ 599 (versões 16GB e 32GB, apenas Wi-Fi) e por US$ 530 e
US$ 630 (com pacote de dados).
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/tecnologia/mat/2011/08/12/proibido-na-australia-na-europa-galaxy-tab-10-1-chega-ao-brasil-este-fim-de-semana-925119946.asp#ixzz1UpuN3PnV
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mercado
dica de leitura
“Minha mocidade”
Churchill relata seus primeiros vinte e cinco anos de vida em obra
relançada pela Nova Fronteira
W
inston Churchill,
o mais célebre
p r i m e i r o ministro
inglês
do século XX,
é sempre uma atração literária:
personagem de fortes episódios
históricos e cronista de grandes
acontecimentos nos quais tomou
parte. Em homenagem ao “Homem
do Século”, a Nova Fronteira lança
a 2ª edição de “Minha mocidade”,
com tradução e prefácio de Carlos
Lacerda. O sucesso dessa obra
se deve à raridade do tema. O
político relata seus primeiros vinte
e cinco anos de vida, sua visão de
mundo e principalmente de seu
país ainda no século XIX. Com
simplicidade, escreve sobre sua
infância e seu tempo de colégio,
Sobre o autor
Depois de anos servindo ao exército, Winston Churchill tornou-se correspondente de um jornal londrino, para depois iniciar sua carreira política como representante eleito ao Parlamento. Em maio de 1940, após
ter ocupado vários cargos de governo, tornou-se chefe do gabinete de
guerra britânico, com a responsabilidade de liderar a Grã-Bretanha na Segunda Guerra Mundial. Em 1953, reconhecido como “o maior dos ingleses
vivos”, Churchill recebeu o Prêmio Nobel de Literatura.
Título: Minha mocidade
Autor: Winston Churchill
Tradução: Carlos Lacerda
Editora: Nova Fronteira
Número de páginas: 400
Preço de capa: R$79,90
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 104
além da juventude como tenente
de cavalaria e correspondente
de guerra, até chegar ao início
da carreira política. Entre os
episódios narrados, destaca-se
sua fuga espetacular na África do
Sul, descrita como um filme de
suspense, quando foi capturado
na Guerra dos Bôeres. Esse foi o
primeiro livro da coleção de História
da Editora, que conta com quatro
obras de Churchill como autor.
“Minha mocidade” trata-se de
uma rica parcela da biografia de Sir
Winston Leonard Spencer-Churchill.
Com uma narrativa repleta de ensinamentos políticos e fino humor - marca
registrada de seu texto - o estadista
revê o início de sua vida e cria um livro
indispensável para amantes de história e literatura. B
mercado
coluna literatura
*Kenia Maria de Almeida Pereira é doutora em Literatura Brasileira pela Unesp/São José do Rio Preto-SP e professora
colaboradora do Mestrado em Teoria Literária da Universidade Federal de Uberlândia-MG. Autora de artigos científicos e livros
sobre literatura brasileira ([email protected])
As boas histórias
que minha avó contava
Por Kenia Maria*
Cascudo foi professor, folclorista,
diretor de escola, secretário do
Tribunal de Justiça, jornalista,
antropólogo, historiador e...
brasileiro
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 106
T
odo povo tem seu acervo
de “causos” extraordinários, fábulas maravilhosas,
narrativas orais fantásticas. Com o povo brasileiro
não é diferente. Câmara Cascudo, em
seu importante “Dicionário do Folclore Brasileiro”, reuniu centenas de
narrativas da tradição oral brasileira,
registrando assim a rica memória de
nosso folclore. Aliás, um dia destes,
folheando gostosamente tal dicionário constatei várias lendas que minha
avó me contava quando eu era pequena. Um destes bons “causos” que
ela sempre evocava, principalmente
à noite, em volta de um fogãozinho à
lenha, enquanto a gente comia broa
de milho com leite quente, era o estranho conto da jibóia astuta.
Antigamente, na roça, quando
uma mulher dormia amamentando seu bebê ao colo, podia acordar
surpresa, pois no lugar da criança, à
vezes, se deparava com uma enorme jibóia sugando seu seio. Para o
bebê não chorar, a danada da cobra
enfiava seu rabo na boquinha dele.
Com este estratagema, a famigerada passava a noite sossegada a
nutrir-se do leite materno. “Depois,
era uma gritaria danada, até alguém
aparecer no quarto e matar a caninana maldita”.
Outra história, que também está
lá no “Dicionário do Folclore Brasileiro” e que minha avó gostava de me
contar, é o “causo” do homem do pé
de bode. Antigamente, quando aconteciam os bailes na roça, as moças
deveriam ficar atentas aos pés dos
rapazes. Tinham que observar bem,
se aparecesse algum sedutor muito
bonito com os pés redondos, Vigem
Santíssima, todos faziam o nome do
pai três vezes e o danado se desfazia
no ar. Era o Tinhoso, o Dito-cujo, o
Coisa-ruim ou o Homem dos pés de
bode. “Os pés, os pés, vocês devem
observar bem os pés dos moços antes de aceitar dançar com eles”.
Essas coisas me impressionavam
tanto na infância que até hoje tais
lendas acompanham-me e me causam arrepios, tanto que nunca deixo
de mirar para baixo antes de sair bailando nos braços de um belo rapaz.
Também o folclore, envolvendo “causos” sobre onça, deixava-me extasiada. Minha avó contava
dezenas de fábulas relacionadas à
pintada. Eu guardo algumas ainda
bem vivas na memória, como por
exemplo, a onça que sabia imitar o
grito de qualquer macaco, afim de
atraí-los para junto de si e devorá-los. Lembrei-me agora também da
Onça Borges, ou a estranha lenda
de um vaqueiro que, em noite de
lua cheia, metamorfoseava-se em
um felino para atacar com ferocidade o gado e os cães das fazendas.
Como era uma jaguatirica encantada, ninguém conseguia matá-la.
Os mineiros gostam tanto de
narrativas sobre onça que Guimarães Rosa criou o belo conto “Meu
Tio, o Iauaretê”, com certeza, inspirado nesta tradição dos felinos encantados. Um caçador de onças, depois
de anos matando pintadas, resolveu
protegê-las e ampará-las. De tanto
conviver e amar estes bichos, o ex-caçador se “oncifica”: passa a emitir
grunhidos, a andar e a agir como se
fora uma suçuarana. Quem quiser saber mais é só ir direto á fonte ou ao
livro, intitulado “Estas Estórias”, e ler
o conto na íntegra.
Fico pensando na época em que
as crianças tinham avós que conviviam bem próximas a elas, contando
“causos” assombrosos de nosso folclore. Qual menino hoje pode se dar
ao luxo de ter um avô, uma avó, um
tio que narra suas memórias? Qual a
criança hoje que tem avós narradores? Tive sorte de ter vivido numa
época em que os pais e avós faziam
uma criança sonhar, atiçavam sua
imaginação, narrando para ela contos e lendas fantásticas. Penso que,
quem tem a oportunidade de ouvir
boas histórias, tem mais chance de
se tornar também um bom leitor.
Meus queridos leitores e leitoras,
contem histórias para seus filhos,
alunos, netos, sobrinhos. Narrem
suas memórias, contem para eles as
boas fábulas que vocês ouviram de
seus avós.
Aliás, essas lendas, contadas por
nossos antepassados, fazem parte
do patrimônio imaterial e da cultura
oral popular brasileira. Câmara Cascudo e Mário de Andrade são os dois
nomes mais importantes na coleta
e divulgação desta tradição oral do
Brasil. Ambos sabiam da importância
de preservar, registrando em livros,
este rico patrimônio para que não se
perdesse com as gerações futuras. É
valiosa a iniciativa da Editora Global
ao colocar de novo em circulação
grande parte da obra de Câmara
Cascudo. Toda família com criança
e adolescentes deveria ter em casa
algumas jóias deste escritor, como
por exemplo, “Geografia dos mitos
brasileiros”, “Histórias de nossos
Gestos”, “Dicionário do Folclore Brasileiro”, “Contos tradicionais do Brasil”. Já de Mário de Andrade, o legal
é adquirir pela Editora Itatiaia, Danças Dramáticas do Brasil, além, claro,
do delicioso “Macunaíma”, com sua
profusão de lendas e mitos indígenas obrigatórios para quem quer se
divertir e também compreender um
pouco mais o imaginário do povo
brasileiro. B
107 | Revista MERCADO | Agosto 2011
mercado
profissões em filme
*Kelson Venâncio jornalista e diretor do Cinema e Vídeo - www.cinemaevideo.com.br
O poder e a lei
Por Kelson Venâncio*
V
ocê já deve ter ouvido
muito falar no termo
“advogado de porta
de cadeia”, não é? Pois
o filme em questão
parte exatamente dessa premissa
para nos mostrar a ambição de um
advogado ao colocar nas ruas criminosos que a polícia e a promotoria
levaram anos para conseguir pôr na
prisão. Somente por essa análise, “O
poder e a lei” já valeria a pena ser
visto, já que se trata de uma realidade cada vez mais comum no nosso
país. Quantas vezes assistimos pelos
noticiários que um marginal é solto
imediatamente ao pisar em uma delegacia de polícia? Ou sabemos de
infratores que vão e voltam para o
mundo da criminalidade, mas nunca ficam encarcerados como deveriam para responder por seus atos
cometidos aqui fora?
Nessa produção, somos apresentados a um advogado que representa milhares que fazem esse tipo de
trabalho. A única diferença é que
este tem seu escritório dentro de um
carro, já que passa a maior parte de
seu tempo exatamente no caminho
para a delegacia e os tribunais. Mas
um dia um caso importante cai em
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 108
suas mãos e ele se torna disposto a
provar a inocência do réu, um jovem
milionário acusado de estupro e assassinato. Só que ele não imaginava
seu cliente escondendo a verdade,
o que pode tornar todo o processo
uma causa perdida.
Após esse fato, o filme se torna
cada vez melhor ao longo da narrativa. O advogado se vê numa situação
extremamente complicada, já que é
contratado para defender uma pessoa em quem deixa de confiar aos
poucos. É aí que a trama se torna
mais atrativa e intrigante, revelando
surpresas interessantes. Aliás, “O poder e a lei” tem uma história que não
deixa lacunas e em que cada peça
vai se encaixando à medida que o
tempo passa. É daquelas projeções
que nos deixam vidrados e curiosos
o tempo todo.
A direção de Brad Furman não é
esplêndida, mas bem competente.
Já as interpretações de todo o elenco são excelentes. A começar por
Matthew McConaughey, que nesse
tipo de gênero apresenta uma interpretação infinitamente superior
às dezenas de comédias românticas
(a maioria bobinhas e fúteis) em que
atuou. Nesse filme, o ator nos faz re-
cordar seu ótimo papel em “Tempo
de matar”, que também é um excelente filme e do mesmo gênero. Bem
que ele podia abandonar de vez as
produções “mamão com açúcar”!
De outro lado, temos Ryan Phillippe,
que andava meio sumido das telonas, mas veio abrilhantar esse longa
encarnando um sujeito rico acusado
de crimes e que, devido à sua ótima
interpretação, nos impede de saber
se o personagem cometeu esses delitos ou não. Aliás, sua interpretação
é fundamental pra que a gente fique
o tempo todo na dúvida, o que torna
o filme extremamente instigante.
Os outros atores, apesar de aparecem como coadjuvantes, sempre
se destacam ao surgirem na tela.
Marisa Tomei, John Leguizamo,
William H. Macy, Michael Peña, Josh
Lucas e Frances Fisher complementam esse grande casting e fazem um
ótimo trabalho.
“O poder e a lei” é, sem dúvida,
um dos grandes filmes a que assisti
este ano e acredito que a produção
vá muito além das telonas de cinema. Já que é um filme polêmico,
deve ser analisado nas salas de aula,
especialmente de Direito, para servir para debates interessantes em
torno do roteiro e das situações que
ele nos apresenta. É preciso usá-lo
como exemplo na tentativa de melhorar nossas leis e mudar a atitude
de diversos advogados que pensam
mais em dinheiro do que em fazer
cumprir as leis. B
FICHA TÉCNICA
Filme: O Poder e a Lei (The
Lincoln Lawyer)
Origem: EUA
Ano: 2011
Elenco: Matthew
McConaughey, Ryan
Phillippe, Marisa Tomei, John
Leguizamo, William H. Macy,
Josh Lucas, Michael Peña,
Bryan Cranston, Frances
Fisher, Shea Whigham,
Margarita Levieva
Direção: Brad Furman
Gênero: policial
Duração: 118 min
Nota: 8
109 | Revista MERCADO | Agosto 2011
mercado
sustentabilidade
discussão sistêmica de um assunto
e as pessoas vão simplesmente concordando sem buscar as fontes das
informações e conceitos propostos.
A discussão ambiental é valiosíssima,
digamos, vital para a sobrevivência
do planeta e da nossa espécie. Justamente por isso, precisa ser acompanhada de suporte científico nas áreas
que envolvem o meio ambiente e a
ecologia, mas também a economia,
a gestão e o desenvolvimento social
e cultural dos indivíduos envolvidos
com o impacto analisado. Quatro pilares, quatro desafios.
Pessoas e grupos sociais precisam se
sentir incluídos na mudança para que
a aceitem. É necessário que haja uma
convergência de todos os interesses
dos atores envolvidos na mudança
para que ela seja positiva. Do contrário, eis aí uma nova ditadura. Quando
pensamos nesse mercado nascido sob
a pressão de adequações ambientais,
nos deparamos com um cenário preocupante: serviços e produtos onerosos,
poucos fornecedores e pouca informação sobre o mercado da ecoeficiência em si. Isso é natural, toda nova
demanda é mais cara. Mas precisamos
conhecimento e a formação dos novos
profissionais, se prepare para prover a
sociedade de consultores, gestores e
pesquisadores para encontrar as soluções necessárias para que o processo
produtivo seja sustentável. E os órgãos
públicos e oficiais necessitam de priorizar essa pauta, regulando e financiando
a formação desses novos profissionais.
Diante de toda essa análise de mercado e do comportamento individual e
social, nossa conclusão é simples, mas
taxativa: Não adianta saber o que fazer,
é necessário ter quem o faça de uma
forma economicamente viável, orien-
Quem trabalha com sustentabilidade precisa cuidar para que o
tema não seja banalizado por uma exposição demasiada ou por
conceitos difundidos por conveniências ou de forma superficial
Estamos com
os pilares equilibrados?
Sustentabilidade não se resume a questões ambientais
A
sustentabilidade tem
se firmado cada vez
mais como um princípio que rege a vida das
pessoas e a gestão das
empresas. Nesse contexto, pode-se
observar um engajamento considerável de muitos grupos na intenção
de preservar nosso planeta. Isso é
excelente, porém precisamos observar o desenrolar dessa nova proposta de militância. Sim, militância
e não apenas isso: um novo mercado surgiu em função das necessidades de adequação advindas das
exigências ambientais.
Sustentabilidade nos negócios e
no estilo de vida é um conceito que
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 110
Não adianta propor, denunciar e
até mesmo provar que ações, projetos,
empresas, lideranças, políticas públicas
não são sustentáveis se não houver
um envolvimento das pessoas nesse
processo. Para envolvimento de pessoas, é necessário gerar pertencimento.
estabilizar essa conta para não tornar
inviável a implantação de processos
sustentáveis, principalmente na produção industrial e agrícola que, obviamente, causam um impacto ambiental
maior. É importante que o setor acadêmico, que congrega a propagação do
tada para o desenvolvimento e pautada na preservação. O antagonismo
entre preservação ambiental e desenvolvimento só atrapalha a discussão e
atrasa o processo para encontrarmos
o caminho para a sustentabilidade e o
equilíbrio entre seus pilares. B
Os principais desafios da gestão sustentável
Entender a sustentabilidade como um princípio e incorporá-lo à sua pauta;
propõe a busca do equilíbrio entre
as principais colunas, nas quais todo
projeto, empresarial ou pessoal, se
sustenta. Chama-se Triple Bottom
Line a equação entre meio ambiente, sociedade e economia. Acontece que encontramos aí mais uma
coluna, que é a transformação do
comportamento das pessoas, advinda de uma reflexão efetiva sobre
todas as mudanças que o planeta e
as pessoas vêm sofrendo, sob todas
as perspectivas. Isso é aceitamento
cultural e é o pilar mais importante
da sustentabilidade.
Sustentabilidade ambiental tem
sido uma unanimidade quando se
fala em prioridade. A preponderân-
cia ambiental sobrepuja a preponderância econômica ou social; isso
legalmente, o que acontece justamente em função do fator cultural. As
mudanças climáticas são evidentes
e, por isso, a sociedade experimenta
de forma prática as consequências
da falta de planejamento no desenvolvimento econômico e social, na
ocupação de espaços e na produção
e consumo. Porém, quem trabalha
com sustentabilidade precisa cuidar
para que o tema não seja banalizado por uma exposição demasiada
ou por conceitos difundidos por conveniências ou de forma superficial.
Esse é o processo de aparecimento
de paradigmas, quando não há uma
Compreender o impacto causado pela empresa e pesquisar formas de mitigá-lo;
Transformar a sustentabilidade em diferencial, entregando valor ao cliente final;
Inserir a sustentabilidade como princípio de modelo de gestão e não como um projeto a mais da empresa;
Sensibilizar e envolver os stakeholders, multiplicando o posicionamento sustentável;
Desenvolver uma forma sistêmica de pensar seu negócio;
Apresentar coerência entre os conceitos e as práticas;
Entender a visão do parceiro sobre sustentabilidade e influenciar todos os envolvidos;
Implantar a sustentabilidade em suas esferas internas, envolvendo primeiramente seus funcionários;
Ser proativo e propor novos caminhos, entendendo que sustentabilidade não é uma onda ou tendência, mas
uma nova forma de gerir seus negócios.
Vem aí o Empresário Herói 2011
Informações através do email
[email protected]
mercado
ponto de vista
Uberlândia: qual a sua maior deficiência?
L
ocalizada no centro do Brasil, em Minas Gerais, Uberlândia possui população acima de 600 mil habitantes, segundo
último censo do IBGE - número este que vem sendo bastante contestado; há quem estime um número perto de
700 mil. Controvérsias à parte, a cidade encontra-se numa das regiões mais ricas do país. Apresenta uma economia
forte e diversificada, sendo considerada a capital nacional do atacado, polo de biotecnologia e centro de agrobusiness, portanto, destacando-se no cenário brasileiro e internacional. Além disso, é também um grande centro universitário, embasado em mais de 20 instituições de ensino superior e especialização e aproximadamente 40 mil estudantes.
Conforme divulgado em página da Internet do próprio prefeito Odelmo Leão - informação extraída do jornal Diário do
Comércio (BH) -, Uberlândia é hoje a maior potência econômica de Minas Gerais, depois da Região Metropolitana de Belo
Horizonte (RMBH). De acordo com alguns indicadores, inclusive, a cidade supera até mesmo Betim e Contagem, que por
vários anos lideraram o ranking estadual, atrás apenas da capital. Na mesma matéria publicada no referido jornal, o prefeito
afirmou que “o princípio do crescimento econômico e social da cidade é o planejamento estratégico”.
Enfim, com base em dados reais, Uberlândia é, sem dúvida alguma, uma das grandes potências do interior brasileiro
em termos econômicos e de desenvolvimento. Mas, será que falta algo mais para a cidade? Qual a sua maior deficiência?
Com a palavra, o G7...*
Nossa cidade, Uberlândia, possui uma característica muito forte de desenvolvimento de pessoas empreendedoras, que prestam serviços de grandes cidades. São
empresas de porte nacional, nascidas aqui. Possui também grupos econômicos líderes em alguns segmentos, politicamente com um histórico de forte atuação na
capital federal, desde o período em que o Rio de Janeiro era o centro político. Em Belo Horizonte, no palácio das Mangabeiras, já tivemos um governador, nosso querido Rondon Pacheco, além de um leque de deputados federais e estaduais
dos mais diversos perfis e partidos políticos, todos sempre muito unidos em prol da construção de um futuro melhor.
Falta-nos lazer. Um roteiro turístico adequado que pudesse aproveitar melhor as potencialidades regionais, como
a Serra da Canastra ou mesmo as represas, com sua diversidade ecológica e de programas, desde a pesca até trilhas
para ciclistas, cavalgadas ou mesmo trecking.
Uma cidade como a nossa precisaria ter restaurantes à altura de sua população, eventos de grande porte, cultura
e arte, mas para aqueles que tentaram ou tentam o ponto é sempre o mesmo: falta o povo “comprar” e encampar ou,
quem sabe, consumir e usufruir. Somos por natureza exigentes, mas muito pouco tolerantes. Precisamos dar um passo nesse sentido para atrair novos investidores, novas receitas, num mercado pujante e desejável, alem de gostoso,
ao final das contas! Portanto, convido a todos os cidadãos que trabalhem sempre, mas que aproveitem mais a vida
consumindo e se divertindo.
Como um organismo vivo, a cidade de Uberlândia continuará crescendo mediante uma série de condições favoráveis e desafiadoras. Dentre as mais importantes e positivas, destacam-se sua liderança no estado e país pelo empreendedorismo das pessoas que aqui residem e pelas características de localização, porém,
isso não será mais suficiente para manter o crescimento nas condições atuais, pois a cidade será a partir do estágio
de desenvolvimento em que se encontra um grande teste/desafio para as instituições políticas que terão a missão
urgente de implementar políticas públicas cada vez mais identificadas com a realidade das classes sociais que estão
aguardando a sua inclusão nos programas de desenvolvimento econômico.
A questão da requalificação da área central não priorizada até o presente momento gera situações negativas, realçando com forte evidência o comprometimento da qualidade de vida do “DIA” do cidadão uberlandense repleto de problemas, como congestionamentos de veículos, falta de estacionamentos, veículos de tração animal nas ruas, ausência de
ciclovias, calçadas com pisos irregulares, presença de vendedores ambulantes, coletores de lixo inadequados e muitos
outros. À “NOITE”, presenciamos uma cidade deserta, provocada pela falta de ambientes propícios para acolher momentos culturais e sociais que possam contribuir para o fortalecimento de relacionamentos e a valorização das famílias.
É necessário, portanto, ficarmos atentos aos sintomas que podem estar sinalizando a perda de muitos de nossos
valores, assim como buscar elementos para a formação de um novo estado de direito - direito a uma cidade sustentável verdadeiramente.
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 112
Sob o nosso ponto de vista, o maior problema de Uberlândia, hoje, que se
ainda não é, está muito próximo de vir a ser, é a segurança. É perceptível o ritmo alucinante com que cresce a criminalidade ou o desrespeito à lei em nossa
cidade. São obras, empresas e investimentos acontecendo por todas as partes, e
com isso temos a vinda de pessoas para cá e com elas aumentam os problemas
diversos - não que essas pessoas sejam as causadoras, mas em função de todo o crescimento sempre vem o positivo
e o negativo. E a nossa análise vai pelo negativo, para que em cima desse item sejam trabalhados os pontos para
melhoria, que acreditamos ser o que todos querem. Ao mesmo tempo em que vem esse desenvolvimento, sentimos
que os investimentos na área da segurança não seguem no mesmo ritmo. Para quem pensa o contrário, basta dar
uma chegada até a 1ª Delegacia de Polícia Civil, no bairro Umuarama, e presenciar a notória falta de estrutura física e
material operante no local. Não raramente, nos deparamos com notícias de presos que se evadiram de lá. Citei essa
delegacia como também poderia citar a Penitenciária Pimenta da Veiga, que já está com a sua lotação esgotada,
o mesmo ocorrendo com o Presídio Jacy de Assis. As polícias até que tentam, mas principalmente a Civil tem um
inimigo a mais, que é a falta de estrutura.
Aliado a isso, temos ainda outros agravantes, como a excessiva liberalidade na progressão de regime dos presos e o descontrole no regime semiaberto e na liberdade condicional, a falta de efetivo e os baixos salários. São
problemas que se arrastam há muito tempo, e pouco ou quase nada se faz para resolvê-los.
Enquanto os governos não tomam providências, o cidadão é que sofre as consequências da falta de investimento em segurança pública, pois se sente refém e até preso em sua casa com medo do convívio. E olha que não
há nada de novo em reivindicar segurança para os cidadãos, vivam eles no campo ou na cidade, sejam quais forem as suas condições sociais. A segurança dos cidadãos é um direito constitucional e consta dos Direitos Humanos da ONU. É um bem público, uma responsabilidade não ignorada pelos governos, que não a priorizam no dia
a dia com políticas objetivas, proporcionando estrutura física e administrativa condizentes com as necessidades
de mais recursos humanos e financeiros. Hoje em dia, vivenciamos o aumento da criminalidade e do número de
pessoas feridas e mortas em consequência da guerra social em curso, movida com o pano de fundo do narcotráfico e do crime organizado. Por isso todos os organismos do Estado devem, de um modo ou de outro, participar
do combate à violência e à delinquência.
É preciso dar um basta na camuflagem dos números negativos. Por falar em números, qual família quer ter
um ente na condição de vítima e ser apenas mais um número dentro das estatísticas policiais? Queremos atitudes, planejamentos e ações que gerem resultados para reverter esse caos! Impostos para garantir segurança
nós já pagamos, e com sobras.
É notório que Uberlândia, em sua trajetória de cidade pujante e empreendedora, deixou patente sua condição de liderança em um cenário cada
vez mais competitivo, cultural, econômico e político, e essa capacidade de
carrear realizações se consolida cada vez mais.
Uberlândia é, hoje, a terra de tantos uberlandenses que muito realizaram e que continuam ainda a empreender, mas é também de um infinito número de uberlandinos, que atraídos pelo clamor do sucesso,
fincaram raízes em tão férteis solos.
Sede de empresas, indústrias e de tantos centros de conhecimento, Uberlândia deixa mostras também
de sua carência em conseguir mixar culturas, crenças e convívio de forma mais espontânea e harmônica.
Uberlandenses conservadores de um lado e uberlandinos segregados, mesmo que parcialmente, de outro.
Faltam-nos ações de integração, fazer das diferenças oportunidades de crescimento social, afinal, Uberlândia já mostra ares de metrópole multifacetada.
Fica a lembrança de uma evidência... Por que tantos votos de Uberlândia foram dirigidos a tantos outros
domicílios eleitorais???
Precisamos todos gostar dessa nossa Cidade Maravilhosa.
A ONG G7 - Grupo dos Sete - é formada por sete das mais representativas instituições sociais ativas na região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba.
São elas: ACIUB - Associação Comercial e Industrial de Uberlândia, CDL - Câmara de Dirigentes Lojistas de Uberlândia, CVT - Conselho de Veneráveis do
Triângulo, FIEMG Regional Vale do Paranaíba/CINTAP - Centro Industrial e Integração de Negócios do Triângulo, OAB/MG 13ª Subseccional de Uberlândia,
SRU - Sindicato Rural de Uberlândia e SMU - Sociedade Médica de Uberlândia.
Conselho
Veneráveis
do Triângulo
*Até o fechamento desta edição, as respectivas assessorias
de imprensa não enviaram seus comentários.
113 | Revista MERCADO | Agosto 2011
mercado
Dia do Comerciário
Da direita para a esquerda,
o ministro das Comunicações,
Paulo Bernardo Silva, ao lado
do deputado federal Gilmar
Machado (PT) e do presidente
da FIEMG Regional Vale do
Paranaíba Pedro Lacerda, durante
visita a Uberlândia para participar
das comemorações dos 57 anos
de fundação da Algar Telecom.
Foto: Douglas Luzz
O Dia do Comerciário, celebrado em julho, foi motivo de
várias homenagens a comerciantes destaques de Uberlândia.
Uma promoção da Câmara de
Dirigentes Lojistas (CDL). Confira
em flashes como foi o evento realizado no auditório da Câmara
Municipal de Uberlândia.
Fotos: Welton Neves
in foco
A coordenadora do Núcleo
de Responsabilidade Social
Empresarial do Sistema FIEMG,
Marisa Seoane Rio Resende, durante o lançamento do Prêmio
Empresário Herói 2011. Ela foi
palestrante no evento.
O reumatologista, Carmo de
Freitas, um dos pioneiros da área
em Uberlândia, esteve recentemente em Londres participando
do Congresso Europeu de Reumatologia, considerado o mais
importante do mundo.
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 114
mercado
causos empresariais
*Nege Calil é consultor e especialista em gestão de pessoas
[email protected]
Entrevistas atrapalhadas
(Seleção por Competências II)
Por Nege Calil*
- E foi isso que aconteceu! - complementou Mauro, enquanto ríamos
de sua história. Bastou dizer que tive
uma noite de sonhos nos braços de
Morfeu para aquela inculta soltar a
pérola: “A empresa não aceita homossexuais em seu quadro”.
- Além de preconceituosa é burra!! - reforçou Cida. Custava essa anta
estudar um pouquinho e aprender
que Morfeu é o deus grego dos sonhos? Bastava associar à morfina,
que herdou o nome dessa lenda!
- Ridículo é ela associar homossexualismo à incompetência! - esbravejou Mauro.
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 116
Início dos anos 1990. Estávamos
numa roda de amigos num barzinho
qualquer em São Paulo, relatando
experiências próprias de entrevistas
de emprego em que fracassamos. Incrível como, na maioria dos casos, os
entrevistadores cometeram falhas,
como falar mais que o entrevistado,
questionar assuntos totalmente fora
do perfil da vaga e manifestar explicitamente preconceitos dos mais diversos tipos.
Nossa amiga Josilene foi outra
vítima, passando por situação semelhante à que ocorrera com Mauro que, diga-se de passagem, não é
homossexual e ficou sem a vaga por
conta da ignorância da analista que
o entrevistou. Josilene estava obesa,
em parte por sua constituição genética, em parte devido a problemas
hormonais. A entrevistadora olhou
fundo em seus olhos e foi taxativa:
- Meu bem! Seu currículo é ótimo,
mas não podemos ficar com você! Uma
pessoa que não cuida de si mesma não
cuidará bem da nossa empresa.
- Como assim? - retrucou Josilene.
- Flor, seus quilinhos a mais
mostram que você não se importa com você, com sua saúde. Você
me entende?
- Não sou gorda porque quero!
Foi em vão sua reclamação. Perdeu a vaga. Fico imaginando, hoje,
o que essa entrevistadora falaria a
respeito de Jô Soares, Luiza Helena,
dentre tantos outros gordinhos de
sucesso. Faustão, hoje visivelmente
mais magro, construiu uma carreira
sólida como apresentador quando
ainda tinha os “quilinhos a mais” que
ela citou.
Mais bebidas e aperitivos, alguém lembrou da Valquíria. Carinhosamente a tratávamos por Val.
Ela estava desempregada há três
meses. Sua antiga empregadora passara por uma reestruturação, pouco
depois do plano Collor. Muita gente
foi desligada e ela estava no mercado.
- Vamos torcer por ela! - comentou alguém. Eu a convidei para nos
encontrar aqui, tão logo saia de uma
entrevista.
Acabamos de brindar a ela, torcendo por seu sucesso, e eis que Val
surgiu com uma expressão que denunciava o insucesso.
- Que houve, amiga? - perguntou
Josilene receptiva, mostrando apoio.
- Vocês não vão acreditar! - res-
pondeu Val.
- Que aconteceu? - perguntei
preocupado e oferecendo uma cadeira para que se sentasse à mesa.
Ela se juntou a nós e contou o
ocorrido. Assim que chegou à empresa, a recepcionista mascava chicletes e fazia a unha:
- Pois não!
- Vim para uma entrevista com
Dona Maristela! Ela deve estar me
aguardando.
- Pode subir, fofa. São dois lances de escada, ela fica no segundo
andar.
Val, assim como Josilene, também estava com uns quilinhos a
mais. Mas ser chamada de fofa fez
com que seu sangue começasse a
ferver. Relevou e subiu. Dona Maristela a recepcionou, com voz estridente, maquiagem exagerada, cabelo despenteado e umas pulseiras que
faziam um barulho ensurdecedor.
- Entra, fofa!
“De novo!” - pensou. Mesmo assim conseguiu sorrir e cumprimentou a criatura escalafobética.
- Boa-tarde!
- Lindinha - complementou a
entrevistadora - vou ali buscar uma
água e já volto. Senta e me espera!
Val olhou o ambiente, que não a
agradou muito. Mas não estava em
situação de escolher, precisava do
emprego. Suspirou e soltou o corpanzil num sofá.
Imediatamente escutou um choro canino e a tal Maristela, que entrava na sala nesse instante, gritou:
- Maria Eduarda!
- Não, meu nome é Valquíria!
- Levanta! Levanta! - gritava desesperada. Você sentou em cima da
Maria Eduarda.
Val ainda levou alguns segundos
para perceber que estava sufocando
uma cadelinha pinscher de pouco
mais de 3 quilos. Levantou-se assustada enquanto a dona pegava a cachorrinha e a afagava:
- Que foi, meu bem? A moça má
te machucou?
- Desculpe, foi sem querer! - disse, ainda engolindo o “moça má”.
Não vi que ela estava no sofá.
- Ela dorme aí nesse cantinho!
- complementou Maristela. Coitadinha! Foi só um susto, neném!
Maristela ainda falou com a cadela que tremeu assustada por uns
cinco minutos. Quando ambas se
acalmaram, voltou-se para Val.
- Então, menina! Conta tudo! Que
carreira maravilhosa é essa que vi no
seu currículo?
Val começou a falar da carreira
e, em menos de 30 segundos, foi
interrompida:
- Essa cachorrinha é minha vida!
Tão esperta, você precisa ver. Quer
ver uma coisa?
Amassou um pedaço de papel e
jogou. A cadela latiu, correu atrás da
bola de papel e jogou no cesto de lixo.
- Viu como é inteligente?
- De fato! - concordou Val.
A cena se repetiu mais três ou
quatro vezes, até que Val suspirou,
indicando que estava ali para ser entrevistada.
- Desculpa! Eu me empolgo com
ela. Me conta, você estava falando...
- Eu dizia que... - Val continuou a
falar de sua carreira, quando foi interrompida de novo:
- Ai, menina! Você quer um café?
- Aceito! - disse Val, tentando ser
cortês e controlando os nervos para
ter a chance de finalmente falar de si.
- Vou lá embaixo pedir para a secretária trazer para nós.
Val não podia acreditar! Maristela desceu gritando pelas escadas,
chamando pela secretária. Nisso, resolveu relaxar para não se dar mal na
entrevista. Repetiu alguns mantras
consigo mesma, enquanto abria a
bolsa e pegava uma bala de menta.
Ao colocar a bala na boca, atirou o papel tentando acertar o
cesto. No entanto, sua força foi excessiva e o papel voou pela janela.
Junto com o papel, foi Maria Eduarda que, seguindo seus instintos,
conseguiu apanhá-lo com a boca,
mas esquecera-se que estava no
segundo andar.
Maristela nem subiu! Berrava desesperada temendo pela morte da
cadela. Val pegou seus pertences e
desceu desesperada para ver o estrago que fizera. Felizmente foram somente duas patas quebradas, como
pôde constatar com a secretária. Mas
a dona da cachorra, sem nem olhar
pra trás, saiu correndo rumo a um
veterinário. A entrevista, que nem
começara, acabara ali.
Não contivemos o riso! Sabíamos
que Val estava triste, mas era impossível segurar as gargalhadas diante
do fato. Mauro fechou com classe:
- Val, você pode ter perdido a
vaga, mas ganhou medalha de ouro
nas histórias dessa noite! B
117 | Revista MERCADO | Agosto 2011
mercado
geral
Decreto aumenta IPI para cigarros
Da Agência Brasil
Os cigarros poderão ficar até 20% mais caros a partir de dezembro, caso os fabricantes repassem
todo o aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os consumidores. Até 2015, o
reajuste acumulado deve ser de 55%. A estimativa foi divulgada este mês pela Receita Federal, que
explicou o decreto publicado no Diário Oficial da União que regulamenta as alíquotas do novo modelo
de tributação de cigarros.
Além do reajuste de 20% no fim do ano, os cigarros devem subir 12% em 2013, 13% em 2014 e 10%
em 2015. O novo sistema de cobrança do IPI sobre cigarros havia sido instituído por medida provisória
publicada no dia 3 de agosto. A regulamentação das alíquotas, no entanto, ainda dependia do decreto
publicado no dia 22.
No sistema atual de tributação, o IPI varia de R$ R$ 0,764 a R$ 1,30 por maço, dependendo do tipo de
embalagem e do tamanho do
cigarro. No novo modelo, que
entrará em vigor em dezembro, haverá dois regimes, um
geral, que valerá para todos os
fabricantes, e um opcional.
No regime geral, a alíquota
será de 45% sobre o preço de
venda no varejo. No regime
opcional, o IPI será cobrado de
duas formas: uma alíquota percentual mais um valor fixo por
maço ou caixa.
As alíquotas para o regime
específico serão reajustadas
gradualmente até 2015.
Fumante vai ter que
desembolsar mais para
sustentar o vício
Governo de Minas vai investir em educação para o trânsito
O Governo de Minas vai realizar ações, atividades e projetos de educação para o trânsito, com o objetivo
de conscientizar a sociedade sobre o papel do cidadão no trânsito. A promoção desta educação está na Lei nº
19.574, publicada no dia 17 deste mês no Minas Gerais, órgão oficial dos Poderes do Estado e assinada pelo governador Antonio Anastasia e secretários de Governo, Danilo de Castro; de Casa Civil e de Relações Institucionais,
Maria Coeli Simões Pires; de Planejamento e Gestão, Renata Vilhena; e de Defesa Social, Lafayette de Andrade.
Segundo a lei, será adotado um processo permanente de análise e discussão das questões sobre o trânsito,
envolvendo toda a sociedade e buscando a valorização do comportamento seguro para evitar acidentes. Serão
promovidas atividades e projetos por meio do órgão executivo estadual de trânsito, que contarão com a participação de crianças, jovens, adultos e idosos.
A implementação de uma política de educação para o trânsito, que visa à conscientização dos indivíduos para
o respeito às normas e o fortalecimento da cidadania, terá atuação dos órgãos e entidades ligados ao tema. Todo
o trabalho será acompanhado e avaliado durante reuniões, encontros regionais e um encontro anual.
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 118
mercado
geral
Minas assume 2º lugar na exportação de carne de peru
Da Agência Minas
As exportações mineiras de carne de peru somaram
US$ 58,4 milhões nos primeiros sete meses de 2011, informa o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). De acordo com análise da Secretaria
de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de
Minas Gerais (Seapa-MG), a receita de vendas externas alcançada neste ano é 37,5% superior à apurada em igual
período de 2010. Com esses resultados, Minas Gerais passou à frente de Santa Catarina e do Paraná, ficando agora
atrás apenas de Goiás no ranking nacional dos maiores
exportadores da carne.
A assessora técnica da Superintendência de Política e
Economia Agrícola (Spea) da Seapa-MG, Márcia Aparecida
de Paiva Silva, diz que a cifra exportada nos primeiros sete
meses de 2011 foi próxima ao recorde do acumulado de
janeiro a julho registrado em 2008 (US$ 58,9 milhões). “O
Em 2010, Minas Gerais respondia por
grande diferencial para o ano de 2011 foi o preço médio
17,1% das exportações brasileiras e nos
de US$ 3.105,14 a tonelada, maior valor já registrado nos
sete primeiros meses deste ano passou
últimos anos”, explica.
a responder por 24,9%
Os principais destinos das exportações mineiras de
carne de peru em 2011 foram Holanda e Rússia, que compraram o equivalente a 56,7% e 13,5%, respectivamente,
das vendas externas mineiras. Os dois maiores compradores da carne mineira registraram incremento das compras, comparando-se o período de janeiro a julho de 2010 e 2011.
Márcia Silva observa que, na comparação desses dois períodos, também foi observado aumento do número
de países compradores, que passou de 27 para 31. A assessora comenta que a Espanha teve destaque, pois não
registrou compras nos primeiros sete meses de 2010 e em igual período de 2011 foi o quarto maior importador,
com aquisições no valor de US$ 3,6 milhões.
Município goiano será o 1º com banda larga a R$ 35 por mês
Da Agência Brasil
A partir do dia 23 deste mês, os moradores do município goiano de Santo Antônio do Descoberto vão poder contratar internet com velocidade de acesso de 1 megabit por segundo (Mbps) a R$ 35 por mês. Esta será a
primeira cidade atendida pelo Plano Nacional de Banda Larga. Santo Antônio do Descoberto fica na Região do
Entorno de Brasília, a cerca de 50 quilômetros da capital, e tem 61,7 mil habitantes.
O serviço será oferecido pela Sadnet, uma prestadora de serviços de telecomunicações da cidade. Segundo o gerente de Marketing da empresa, Evandro Sá de Menezes, há uma grande expectativa e, até, uma
cobrança da população por internet popular na cidade, já que o contrato entre a Sadnet e a Telebras foi
firmado no início de junho.
Para ter acesso ao serviço, será preciso contratar com a empresa o modem de acesso à internet e a instalação
do equipamento, ao preço de R$ 299.
De acordo com o gerente, é possível reduzir o valor do aparelho para, no máximo, R$ 199, se o governo oferecer
redução na carga tributária que, segundo o gerente, representa 60% do preço do aparelho de conexão com a rede.
A partir de setembro, a empresa de telefonia móvel TIM também vai oferecer internet com velocidade de
1 Mbps a R$ 35 por mês, com os incentivos do PNBL. As primeiras localidades atendidas pela operadora de
origem italiana serão Samambaia e Recanto das Emas, no Distrito Federal, e Águas Lindas e Santo Antônio do
Descoberto, em Goiás.
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 120
mercado
geral
Cai o limite de espera de atendimento por planos de saúde
Planos também serão obrigados a oferecer a
cobertura de mais 60 procedimentos médicos
Da Agência Brasil
Em 30 dias, beneficiários de planos de saúde não poderão esperar mais do que sete dias por uma consulta
com especialistas das áreas de pediatria, clínica médica, cirurgia geral, ginecologia e obstetrícia. Nas demais
especialidades, o prazo de espera será de até 14 dias. Para consultas e sessões com fonoaudiólogos, nutricionistas, psicólogos, terapeutas educacionais e fisioterapeutas, a espera será de até dez dias.
As novas regras da Agência Nacional de Saúde (ANS) foram publicadas em junho no Diário Oficial da União,
por meio da Resolução Normativa nº 259. As operadoras têm 90 dias para se adequar, contados a partir da data
de publicação.
Além disso, a partir de 1º de janeiro de 2012, os planos de saúde serão obrigados a oferecer a cobertura de
mais 60 procedimentos médicos. A nova lista de serviços também foi publicada no dia 2 deste mês no Diário
Oficial da União pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Entre os novos serviços estão 41 cirurgias por vídeo (uso de câmeras especiais), como para redução de estômago. Esses procedimentos são menos invasivos do que as operações convencionais. Outras novidades são
a ressonância magnética para pessoas com câncer, o tratamento de doença ocular com aplicação de injeções
e o uso de medicamentos especiais em casos de artrite reumatoide, assim como novas tecnologias para o tratamento de portadores de câncer de colo retal com metástase.
O rol de serviços beneficia usuários de planos de saúde contratados a partir de 1º de janeiro de 1999. A lista
completa de procedimentos pode ser acessada no site da ANS (www.ans.gov.br).
Uberlândia recebe reforço para segurança
Da Secom
Foto: Wellington Pedro/Imprensa MG
Para reforçar a frota do policiamento ostensivo de Uberlândia, o comando da Polícia Militar de Minas Gerais
entregou neste mês 50 novas viaturas para a 9ª Região de Polícia Militar (RPM). São 25 veículos para o 17º Batalhão de Polícia Militar (BPM) e outros 25 para o 32º BPM.
No evento, o prefeito Odelmo Leão disse que a chegada dos veículos marca ainda mais o mês de aniversário
da cidade, além de reforçar a parceria entre o município e o estado. “Nos últimos anos, o Governo de Minas tem
investido em equipamentos modernos e profissionais qualificados pensando na segurança de todos. A entrega
dessas viaturas é mais uma resposta do governo às parcerias que propusemos, mas o trabalho continua e buscaremos mais soluções para proporcionar tranquilidade à população”, afirmou.
O Comandante Geral da Policia Militar, Coronel Renato Vieira de Souza, ressaltou que a parceria entre a Prefeitura e o Governo do Estado contribui para o desenvolvimento de Uberlândia. “É assim que o Governo de Minas
trabalha ao lado dos municípios. O prefeito Odelmo Leão é
um político reconhecido em nosso estado e trabalha sempre de mãos dadas com a Polícia Militar. Por isso, os recursos chegam a Uberlândia para bem servir a população”.
As novas viaturas são da marca Fiat, modelo Palio Hatch
Atractive flex (gasolina e álcool). Os veículos possuem quatro
portas e são equipados com sinalizador acústico visual e transceptor VHF/FM móvel. ”Essas viaturas têm condições para operar 24 horas por dia. As manutenções serão constantes para
manter esses veículos sempre aptos para atender à nossa sociedade”, disse o coronel Dilmar Crovato, comandante da 9ª RPM.
Revista MERCADO | Agosto 2011 | 122

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