Concepção de uma Biblioteca Digital - cerem

Transcrição

Concepção de uma Biblioteca Digital - cerem
Universidade Fernando Pessoa
Pós-graduação em Ciências da
Informação e da Documentação
Tecnologias de Informação Documental
Maria Isabel Nunes Pereira
Concepção de uma Biblioteca Digital
Porto, Junho de 2003
Universidade Fernando Pessoa
Praça 9 de Abril, 349
P-4249-004 Porto
Tel. +351-22550.82.70
Fax. +351-22550.82.69
[email protected]
Resumo
O presente trabalho aborda, numa primeira fase, o conceito de biblioteca digital
assim
como
os
aspectos
tecnológicos
que
lhe
estão
subjacentes,
nomeadamente os protocolos e standards, sem os quais a biblioteca não seria
viável.
Numa segunda fase, explica-se a organização da informação nesta e por fim
explica-se as etapas do seu desenvolvimento: a criação, captura e conversão;
a gerência e o armazenamento; a busca e o acesso; a disponibilização e o
tratamento dos direitos de autor, focando-se em particular este último ponto,
uma
vez
que
é
um
dos
mais
prementes
da
actualidade.
Índice
Introdução………………………………………………………………………………3
Descrição do problema………………………………………………………………..4
1 Conceito de biblioteca digital………………………………………………………4
2 Aspectos tecnológicos associados a bibliotecas digitais……………................4
2.1 Protocolos………………………………………………………………………….4
2.1.1 Protocolos da biblioteca digital………………………………………………..5
2.2 Standards………………………………………………………………………….7
3 A organização da informação na biblioteca digital………………………………9
3.1 Tópicos…………………………………………………………………………….9
3.2 categorias…………………………………………………………………………9
3.3 Formato……………………………………………………………………………9
3.4 Documentos……………………………………………………………………..10
3.5 armazenamento…………………………………………………………………10
3.6 Mecanismos de busca…………………………………………………………10
3.7 Personagens…………………………………………………………………….11
3.8 Visitante………………………………………………………………………….11
3.9 Colaborador………………………………………………………………………11
3.10 Responsável……………………………………………………………………11
3.11 Administrador………………………………………………………………….11
4 Etapas para o desenvolvimento de bibliotecas digitais……………………….11
4.1 Criação, captura e conversão…………………………………………………..11
i
4.2 Gerência e armazenamento……………………………………………………12
4.3 Busca e acesso………………………………………………………………….13
4.4 Disponibilização………………………………………………………………….13
4.5 Tratamento dos direitos de autor………………………………………………13
4.5.1 Perspectiva Americana……………………………………………………….14
4.5.2 Perspectiva europeia………………………………………………………….14
4.5.2.1 Vantagens SEGDA…………………………………………………………16
4.5.2.2 Desvantagens SEGDA…………………………………………………….16
4.5.2.3Tecnologias associadas ao SEGDA………………………………………16
4.5.2.4 Alguns sistemas existentes………………………………………………..16
Revisão bibliográfica…………………………………………………………………18
Aspectos importantes……………………………………………………………….20
Conclusões……………………………………………………………………………21
Bibliografia…………………………………………………………………………….22
ii
Introdução
No âmbito do seminário de Tecnologias de Informação Documental, da pósgraduação em ciências da informação e da documentação, pediu-se a
elaboração de um trabalho que abordasse uma questão pertinente, de acordo
com o conteúdo deste.
Tendo em conta, que no campo da organização e disseminação do
conhecimento, as bibliotecas tradicionais estão a migrar parte do seu acervo
para o ambiente digital, surgiu a ideia de fazer um trabalho sobre a concepção
de uma biblioteca digital.
A questão que se levanta portanto neste trabalho é: como conceber uma
biblioteca digital?
Para responder a esta questão, começou-se por definir o objecto de estudo”a
biblioteca digital”, para depois abordar os aspectos tecnológicos ligados a esta,
a informação nela contida e finalmente as etapas para o seu desenvolvimento.
Com este trabalho pretende-se compreender o funcionamento de uma
biblioteca digital, proponde-se informações e indicações nesse sentido.
3
Descrição do problema
A questão que este trabalho levanta é : Como conceber uma biblioteca digital?
Para responder a esta pergunta veja-se o que é uma biblioteca digital, que
aspectos tecnológicos estão associados a esta, como está organizada a
informação nela contida e quais são as etapas para o desenvolvimento desta.
1 Conceito de “Biblioteca Digital”
Para (Gladney e al; 1994) : “Uma biblioteca digital é um agrupamento de meios
informáticos, de armazenamento e comunicações, conjuntamente com o
conteúdo e o software necessários a reproduzir, emular e estender os serviços
fornecidos pelas bibliotecas convencionais baseadas em papel e em outros
meios de colecção, catalogação, busca e disseminação de informação. Uma
biblioteca digital de serviço completo, terá de alcançar todos os serviços das
bibliotecas tradicionais e também de explorar as conhecidas vantagens do
armazenamento digital, pesquisa e comunicação.”
Enquanto que para (Leiner, 1998): “Uma biblioteca digital é a colecção de
serviços e a colecção de objectos de informação, sua organização, estrutura e
apresentação, que suporta o relacionamento dos utilizadores com os objectos
de
informação,
disponíveis
directa
ou
indirectamente
via
meio
electrónico/digital”.
2 Aspectos tecnológicos associados a bibliotecas digitais
2.1 Protocolos
“Conjunto de regras que definem o formato e a forma como a informação é
trocada” (Hagedorn, 1994)
4
2.1.1 Protocolos da biblioteca digital:
™ Hypertext Transfer Protocol (http) – É aplicado a sistemas distribuídos
de hipermédia no âmbito da World Wide Web, sendo o protocolo nativo
utilizado entre os clientes e servidores WWW.
Uma transacção deste protocolo, consiste em:
•
Conexão (entre cliente e servidor)
•
Pedido (envio de pedido do cliente ao servidor)
•
Resposta (envio de resposta do servidor ao cliente)
•
Fecho (da conexão)
™ Dienst – Permite a comunicação entre servidores geograficamente
distribuídos de uma biblioteca digital, proporcionando acesso a
colecções de documentos em múltiplos formatos (ex:TIFF, GIF,
Postscript). Cada documento consiste em duas partes: uma lógica
(páginas) e a outra física (ex: capítulos e tabelas)
A designação “Dienst” é utilizada indistintamente para referir uma
arquitectura
conceptual
para
bibliotecas
digitais,
um
protocolo
de
comunicação nessa arquitectura e um sistema de software que implementa
o mencionado protocolo.
Esta arquitectura permite:
•
-Pesquisar todos os documentos da biblioteca independentemente
da sua localização
•
-A existência de múltiplas representações de um documento
logicamente ligadas
•
-Visualizar parcial ou totalmente documentos que se encontram
definidos como objectos estruturados.
Os servidores Dienst proporcionam os seguintes serviços inerentes a
bibliotecas digitais :
5
•
Serviço de repositório – armazena documentos digitais ( cada
documento possuindo um nome único e podendo existir em múltiplos
formatos)
•
Serviço de indexação – um servidor de serviço de indexação
pesquisa e retorna de documentos
•
Serviço de contacto – fornece um directório das localizações dos
outros serviços
•
Serviço de interface de utilizador – permite efectuar browsing,
pesquisa e recolha
™ Z39.50 – É um standard
de busca e recolha de informação,
suportando um alto grau de interoperabilidade entre clientes e
servidores relativamente a dados bibliográficos, uma vez que foi
desenvolvido para ultrapassar problemas com a pesquisa múltipla de
bases de dados, nomeadamente a necessidade de se conhecer
menus, linguagens de comando e procedimentos específicos a cada
sistema.
O Z39.50 segue o modelo cliente / servidor, sendo o cliente designado por
“Origem” e o servidor por “Alvo”. A “Origem é a componente do sistema
local responsável por efectuar toda a comunicação e funções de inicio de
pesquisa, envio de queries e pedido de resultados. O “Alvo” faz interface
com a base de dados do destino, respondendo às mensagens da “Origem”,
fornecendo registos a uma query, por exemplo.
O Z39.50 trabalha assente no protocolo TC/IP, tendo objectivamente os
seguintes serviços definidos:
•
Serviço de inicialização – estabelecimento de conexões
•
Serviço de pesquisa – envio de queries e resposta pelo servidor
•
Serviço de apresentação – definição - por exemplo quantos registos são
transferidos
6
•
Serviço de controle de acessos – definição de mecanismos de
segurança
•
Serviço de controle de recursos – supervisão dos recursos
•
Serviço de eliminação – permite eliminar registos
As regras e procedimentos do Z39.50 possibilitam que sistemas que
utilizem software e hardware diferentes possam comunicar efectivamente
entre si.
2.2 STANDARDS
Os standards mais comuns e que podem ser aplicados a bibliotecas digitais
são:
™ Standard Generalized Markup Language (SGML) – É um standard
internacional para a definição de métodos de representação de
textos em forma electrónica, independentes de dispositivos e
sistemas. É uma forma de escrever em linguagem Markup ou de
codificação. Esta é constituída por um conjunto de convenções
utilizadas para codificar textos.
Características do SGML:
•
Codificação descritiva – São fornecidos nomes para categorizar
partes de um documento. Existirá por exemplo um nome que
significará “o texto seguinte é um paragrafo”. Com este tipo de
codificação, o mesmo documento poderá ser interpretado por
diferentes tipos de software.
•
-Conceito de tipo de documento - Definição de tipo de documento
(DTD). O tipo de um documento é constituído pelas suas partes e
estrutura. A existência do conceito possibilita que vários documentos
do mesmo tipo sejam processados da mesma maneira.
•
Independência de sistemas – Garante que os documentos podem
ser transportados para diferentes plataformas de hardware e
software, sem perdas de informação.
7
™ Extensible Markup Language (XML) – Consiste num sub-conjunto do
SGML, sendo o seu objectivo tornar fácil o intercâmbio de documentos
estruturados na Internet.
O XML permite:
•
Juntar
diversos
documentos
com
o
objectivo
de
formar
documentos compostos
•
Identificar onde são colocadas ilustrações e qual o seu formato no
âmbito do ficheiro de texto
•
Fornecer informação de controlo de processos a determinados
programas como browsers, por exemplo
•
Adicionar comentários editoriais a um ficheiro
O XML baseia-se no conceito de documentos compostos por uma série de
entidades ou objectos. Cada entidade ou objecto pode conter um ou mais
elementos lógicos. Cada um destes elementos pode ter uma série de
atributos ou propriedades que descrevam a forma em que ele deverá ser
processado.
™ Hiper Text Markup Language (HTML) – É considerada uma simples
linguagem de markup, utilizada para criar documentos hipertextuais,
independentes das várias plataformas. Um documento criado em HTML,
é um documento SGML, pois consiste numa sequência de caracteres
organizada fisicamente num conjunto de entidades e logicamente com
uma hierarquia de elementos.
O markup HTML pode representar:
•
Noticias
•
Correio e documentação hipertextuais
•
Hipermédia
•
Menus de opções
8
•
Resultados de queries
•
Documentos estruturados com gráficos incluídos
•
Views hipertextuais de conjuntos de informação
3 A ORGANIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO NA BIBLIOTECA DIGITAL
3.1 Tópicos
O banco digital contém diversas áreas denominadas “tópicos”. Um tópico
representa um assunto especifico e serve para agrupar documentos
relacionados. Por exemplo o tópico culinária.
Para cada tópico pode existir um responsável, que cuida do seu
gerenciamento e efectua a aprovação dos documentos submetidos para o
mesmo.
Os tópicos podem ser organizados hierarquicamente, ou seja dentro de um
sub tópico podem existir um ou mais sub tópicos.
3.2 Categorias
Uma “categoria” corresponde a um conjunto de tipos de documentos válidos
juntamente com um limite de tamanho. Uma categoria é definida pelo
administrador do sistema e representa um meio de indicar os tipos de
documentos válidos para um tópico. Em particular um tópico pode aceitar
uma ou mais categorias de documentos. Põe exemplo o tópico “culinária”,
pode aceitar as categorias “artigos” e “vídeos” e limitar ou não os tamanhos.
3.3 Formatos
Cada categoria especifica um ou mais formatos a serem aceites.
Um formato define um tipo particular de arquivo, tal como “PstScript” ou
“Imagem GIF”
O sistema já vem com os formatos mais comuns cadastrados (DOC, PDF,
HTML, JPPEG, MP3, etc.), juntamente com mecanismos para que uma
9
classe inteira de formatos cadastrados seja aceite (por exemplo “qualquer
imagem”)
3.4 Documentos
Um “documento” corresponde a um arquivo submetido ao sistema,
juntamente com uma série de informações associadas.
Estas informações incluem título, nome dos autores, e-mail para contacto,
palavras chave, descrição e versão do documento. Um campo para
quaisquer outras informações também é provido, para registar informações
especificas a cada documento (ISBN para livros, resoluções para imagens,
etc.)
3.5 Armazenamento
Os documentos são armazenados sem modificações após serem
aprovados, podendo ser comprimidos automaticamente em certos casos
para economizar espaço
3.6 Mecanismos de busca
É uma ferramenta que mantém uma base de dados própria, optimizada
para fazer buscas. O sistema alimenta essa base de dados com o conteúdo
dos documentos e com a informação associada, de maneira que todos os
dados mantidos pelo sistema possam ser pesquisados.
O sistema deverá suportar a indexação do conteúdo de documentos nos
seguintes formatos:
- Texto ASCII, HTML, RTF, SGML, WML e XML
- MS Word, Excel e PowerPoint
- PDF e Post Script
- TeX, LaTeX e DVI
10
3.7 Personagens
Os personagens são os possíveis papeis que os utilizadores possam ter
dentro do sistema.
3.8 Visitante
Corresponde a quem acede ao sistema em busca de informações. Não
precisa de estar cadastrado, limita-se a consultar tópicos, efectuar buscas e
fazer download de documentos.
3.9 Colaborador
É uma pessoa cadastrada no sistema. Um colaborador pode fazer “upload”
de novos documentos, passando a ser o dono dos mesmos. Para tanto
cabe a um colaborador escolher um tópico e uma categoria associada ao
mesmo, submeter um arquivo e fornecer os dados necessários para o
cadastramento deste documento.
Após ser aprovado, o documento pode ser actualizado ou removido pelo
seu dono e os seus dados podem ser modificados.
3.10 Responsável
É quem administra um ou mais tópicos e quem aprova os documentos
submetidos.
3.11 Administrador
Cuida da manutenção do sistema e define novos tópicos cadastrando
responsáveis pelos mesmos. Também define novas categorias e formatos
de documentos..
4 ETAPAS PARA O DESENVOLVIMENTO DE BIBLIOTECAS DIGITAIS
As principais funções que concorrem para o desenvolvimento de um
projecto de criação de uma biblioteca digital são:
4.1 Criação, captura e conversão de documentos existentes
11
O processo de criação e captura envolve os processos de análise e
definição dos objectos a serem disponibilizados. Estes objectos podem ser
produzidos originalmente sob forma digital ( documentos produzidos por
editores de texto, por exemplo9, ou passarem por um processo de
digitalização (por exemplo um manuscrito). Assim a criação envolve a
disponibilização de um documento sob a forma digital e a captura, a
transformação de um documento de formato não digital para o digital.
O processo de captura é realizado quando um documento não existe na
forma digital, ou seja , um livro no formato tradicional (papel), uma
fotografia, um som ou vídeo analógico.
A captura é realizada através da utilização de equipamentos específicos
como scanner, placas digitalizadoras de som e vídeo e através da utilização
de softwares específicos.
O processo de conversão consiste na transformação de documentos já
existentes no formato digital, para que possam ser visualizados através de
browsers de Internet, auxiliando também na padronização dos formatos de
documentos.
4.2 Gerência e armazenamento
A gestão dos documentos electrónicos necessita de planeamento, análise,
design, construção, armazenamento e segurança. Em cada uma dessas
etapas
existem
actividades
especificas.
Cada
tipo
de
arquivo
é
disponibilizado em pastas, facilitando o acesso ao texto, diagramas,
imagens, animação, som, vídeo e programas entre outros.
A melhor maneira de armazenar os arquivos é através do CD-ROM,
podendo-se fazer uma segunda cópia em rede local, computadores locais
ou Internet.
Esta tarefa é geralmente da responsabilidade dos engenheiros de
informática, uma vez que o planeamento e controle de arquivos electrónicos
de informação necessitam acompanhar o desenvolvimento tecnológico.
12
4.3 Busca e acesso
A indexação de objectos no formato digital é normalmente feita utilizando
bases de dados separadas, paras os índices e os objectos fixos. Estes
índices, além de permitir a pesquisa por elementos tradicionais de
identificação dos objectos, tais como autores, títulos, assuntos, abstracts e
palavras chaves, devem permitir, também , pesquisa no conteúdo dos
objectos, como por exemplo, no texto completo (full text), conteúdo das
imagens (cor, forma, textura, etc.). Deve-se definir se a biblioteca digital
conterá somente links para o seu acervo ou se conterá também índices
para dados virtuais noutras bibliotecas digitais. As ferramentas de consulta
devem prever a utilização da lógica booleana, pesquisa em linguagem
natural, parâmetros fonéticos e técnicos de inteligência artificial.
4.4 Disponibilização
Esta função trata do planeamento da infra-estrutura física de comunicação
necessária, para que as bibliotecas digitais possam promover o acesso a
todos os seus objectos digitalizados, por qualquer pessoa, a qualquer hora
e de qualquer lugar.
4.5 Tratamento dos direitos de autor
Estabelece mecanismos de protecção dos documentos. O facto das obras e
informações transmitidas através da Internet estarem sob a forma digital
não retira delas a característica de criação humana, passíveis de protecção
jurídica, garantindo ao criador ou autor destas obras o direito exclusivo de
reprodução, divulgação e utilização dos seus trabalhos, o direito à
remuneração pela sua utilização, seja através de normas de direitos de
autor, seja através da aplicação das normas de protecção à propriedade
industrial. Com vista a ultrapassar este problema, a administração Clinton
elaborou um relatório sobre os direitos de propriedade intelectual e a infraestrutura de informação nacional NII”
13
4.5.1 Perspectiva americana
As recomendações mais importantes do relatório são:
•
Considerar uma infracção, a transmissão digital de uma cópia de
uma obra/trabalho que esteja sob a alçada dos direitos de autor.
•
Considerar como uma infracção o simples acto de realizar browsing
(a menos que autorizado pelo autor).
•
-Abolir a regra da “primeira venda” para uma obra/trabalho
distribuídos por transmissão digital.
•
Limitar a lei do “uso justo” (fair use)
•
Considerar uma infracção aos direitos de autor, o facto de uma
pessoa/entidade construir ou distribuir qualquer dispositivo capaz de
tornear esquemas de protecção engendrados pelos autores para
proteger as suas obras/trabalho.
Mais recentemente, em Julho de 1997, o congresso aprovou o Copyright
Treaties Implementation Act, da WIPO (World Intellectual Property
Organization), que visou transpor para o direito dos EUA, as obrigações do
tratado WIPO e a 4 de Novembro de 1997, da No Electronic Theft (NET)
Act, cobre a lacuna existente na legislação sobre distribuição não
autorizada de material com direitos de autor na Internet.
4.5.2 Perspectiva europeia
A perspectiva europeia no âmbito do mercado único, culminou numa
proposta de directiva sobre direitos de autor, com os seguintes
tópicos:
•
-Direito de reprodução – a proposta confere aos autores e
organizações diversas o direito exclusivo de permitir ou não qualquer
transmissão ao publico de originais ou cópias das suas obras, por via
directa ou remota
14
•
Direito de transmissão ao público – os autores têm o direito exclusivo
de permitir ou não qualquer transmissão ao público de originais ou
copias da sua obra
•
Direitos de distribuição – os autores têm o direito exclusivo de
controlar qualquer forma de distribuição ao publico de copias das
suas obras.
•
-Sistemas de gestão de direitos e sistemas electrónicos para a
gestão de direitos de autor (SEGDA) – faz depender a introdução em
larga escala de sistemas de controlo de acessos, identificação e anticópia, do devido enquadramento legal (que terá de ser aprovado
pelos diversos Estados) contra actos de tornear, violar ou manipular
os
referidos
sistemas.
Os
estados
devem
proporcionar
enquadramento legal, contra pessoas que alterem ou eliminem
informação electrónica sobre direitos, entre outras, sem a devida
autorização.
Excepções passíveis de serem adoptadas:
•
Reproduções em papel ou similar por técnicas fotográficas.
•
Reproduções em meio áudio, visual ou audiovisual, feitos por
indivíduos para uso privado e fins não comerciais.
•
Actos de reprodução realizados por bibliotecas publicas, museus ou
outros estabelecimentos acessíveis ao publico que não comportem
vantagens económicas directas ou indirectas.
•
Usos para fins específicos de ensino e investigação.
•
Usos não comerciais para o beneficio de pessoas com deficiências
visuais e auditivas.
•
Uso de excertos relacionados com a divulgação corrente.
•
Citações para efeitos de critica ou avaliação para os propósitos de
segurança publica e procedimento judicial ou administrativo.
15
4.5.2.1 Vantagens dos SEGDA:
•
Permite feed-back ao autor dos índices de leitura/consulta da obra e
em tempo real
•
Criação de novas fontes de receita para os autores
•
Desincentivo da cópia
•
Controle da utilização
•
Mais e melhores conteúdos
•
Controle editorial - garantias de qualidade
4.5.2.1 Desvantagens dos SEGDA:
•
Restrição no acesso à informação
•
Custos de implementação e manutenção acrescidos
•
Sistemas de pagamento não credíveis
•
Grande complexidade de alguns meios de controle de acesso e
pagamento
•
Violação dos direitos de protecção de dados pessoais
4.5.2.3 Tecnologias associadas aos SEGDA:
•
Standards de metadados
•
Identificadores únicos
•
Sistemas de pagamento
•
Técnicas de segurança
•
Tecnologias proprietárias
4.5.2.4 Alguns sistemas existentes
16
•
COPICAT
•
DERCOMAT
•
ERCOMS
Em geral tem se disponibilizado no formato electrónico, obras de domínio
público, sobre as quais não existe qualquer problema a nível de direitos de
autor e há também bibliotecas digitais que disponibilizam obras cujos direitos
de autor pertencem à própria instituição, como é o caso de algumas bibliotecas
universitárias.
17
Revisão bibliográfica
Hagedorn define os protocolos como sendo:
Conjuntos de regras que definem o formato e a forma como a informação é
trocada.
Defende ainda que esta é uma área de muita importância para as bibliotecas
digitais, visto que é com frequência que são sugeridos protocolos e impostos
standards.
Charity diz que:
A multiplicidade e quantidade de standards não é perniciosa, como se revela
extremamente positiva.
Estes autores argumentam que deverá existir uma multiplicidade de standards
e protocolos, focando a questão da interoperabilidade destes através de
gateways e de serviços de aglutinação fornecidos por parceiros.
Segundo Davenport:
Ás bibliotecas está reservado o papel de repensar as suas actividades e
funções, adaptando se aos novos modelos organizacionais e extraindo das
tecnologias disponíveis o substracto para a melhoria na prestação de serviços
e na eficaz utilização de informações.
Para Bezy:
As principais funções que concorrem para o desenvolvimento de um projecto
de criação de uma biblioteca digital são: criação e captura, gerência e
armazenamento, disponibilização e tratamento dos direitos de autor.
18
McKnight diz :
Há quem levante a questão de que tanto os editores como as bibliotecas,
mesmo que digitais, poderiam ter como destino a extinção caso não fosse
levado a cabo a redefinição dos papeis.
19
Aspectos importantes
As bibliotecas digitais são sistemas capazes de armazenar dados digitais em
vários sítios e fornecer ao usuário uma interface para a procura e visualização
de informação sobre vastos repositórios num único passo.
O conceito estende o da biblioteca convencional agregando objectos digitais e
as suas formas de definição, organização, gerenciamento e disseminação.
É pois muito importante apreender os conceitos e tecnologias no âmbito da
biblioteca digital.
20
Conclusões
O presente estudo consiste na proposta de informações e indicações para a
concepção de uma biblioteca digital.
Para tal conclui-se que os aspectos tecnológicos, protocolos e standads são
fundamentais, visto que estes constituem conjuntos de regras que definem o
formato e a forma como a informação é trocada.
A nível da informação na biblioteca, verificou-se que esta obedece a critérios
organizativos.
Quanto ao desenvolvimento de uma biblioteca, observou-se que este tem cinco
etapas que são: criação, captura e conversão; Gerência e armazenamento;
busca e acesso; Disponibilização e tratamento dos direitos de autor.
Relativamente ao tratamento dos direitos de autor, constatou-se que este é um
dos pontos mais discutidos na actualidade, existindo tanto a nível americano,
como europeu iniciativas para regulamentar e legislar sobre este ponto.
Com isto pensa-se que num futuro próximo o acesso à informação será
encriptado e terá de se pagar para ter acesso a ele.
21
Bibliografia
Arms, W.(2000). Digital libraries. EUA, Massachusetts Institute of Tecnology
Isaías, P.(1999). Bibliotecas digitais.Lisboa, Universidade Aberta
Páginas: arquivos e bibliotecas (2001).Bibliotecas digitais. Lisboa, Edições
Colibri
Digital
library
dfinition
for
DLI2
[em
linha].
Disponível
em
http://scholar.lib.vt.edu/Dli2/defineDL.html [consultado em 20-05-2003]
Digital
library:
searching
is
not
enough
[em
linha].
Disponível
em
http://www.dlib.org/dlib/may96/stanford/05paepcke.html [consultado em 25-05-2003]
Stanford digital libraries Technologies [em linha]. Disponível em
http://www-
diglib.stanford.edu/diglib/pub/projects.shtml [consultado em 21-05-2003]
22