nas pegadas de jesus - jeric

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nas pegadas de jesus - jeric
Nas pegadas de Jesus…
(Enviado por: Rosa Andrade)
JERICÓ
“ Jesus disse-lhe [a Zaqueu]: «Hoje veio a salvação a esta casa, por ser também filho de Abraão; pois o Filho do
Homem veio procurar e salvar o que estava perdido.»” (Lc 19, 9-10)
Para evitar passar pela Samaria, os peregrinos galileus que se dirigiam a Jerusalém geralmente desciam pelo vale do
Jordão e aproximavam-se da cidade pelo lado leste, com as montanhas da Samaria e Gilboa, à direita (a Oeste), e as
montanhas de Guilead à esquerda. Como o vale do Jordão fica abaixo do nível do mar, é bastante quente e abafado,
mesmo em Março. Nesta época do ano, as montanhas ficam cobertas por uma leve camada de verde e pode haver
alguma vegetação perto da margem do rio; contudo, o principal oásis neste terreno, fora disso estéril, era Jericó – a
cerca de 90 km a sul do Mar da Galileia e somente a 11 km, a norte, do mar Morto. Quase todos os viajantes que fossem
da Galileia a Jerusalém teriam de passar por Jericó, um ponto vital de descanso antes da subida para Jerusalém.
Jericó era, de facto, um magnífico oásis no meio do deserto, onde
abundavam as tamareiras, buganvílias e árvores de fruto. Embora
excessivamente quente e húmido no pico do Verão, no Inverno torna-se um
bálsamo para quem chega dos ventos frios de Jerusalém. Não admira, por
isso, que a aristocracia de Jerusalém tivesse em Jericó a sua “segunda
habitação”, como o palácio de inverno do rei Herodes, o Grande.
Além de ser a região mais baixa do mundo, 300 metros abaixo do nível do
mar, Jericó é também a mais antiga cidade continuamente habitada, com
registos de assentamentos que remontam a 8000 anos antes de Cristo. Nos
últimos 100 anos a. C. crescera uma “nova Jericó”, localizada a cerca de
800 metros da cidade antiga, que entretanto se encontrava abandonada –
esta cidade tornou-se um antigo outeiro, com o nome de Tel Es-Sultan, que
testemunha a antiguidade de Jericó.
Quando Jesus passou pela antiga Jericó e se aproximou da cidade nova, terá percebido como este território tinha sido
importante no passado. Este foi o lugar onde os Israelitas pisaram, pela primeira vez, a Terra Prometida. Ao
atravessarem o rio Jordão, a partir de Este, sob o comando do novo líder, Josué, a sua primeira tarefa foi tomarem esta
estratégica cidade. “No sétimo dia, levantando-se de madrugada, deram sete vezes a volta à cidade, como nos dias
precedentes (…) Quando os sacerdotes, à sétima volta, tocavam as trombetas, Josué disse ao povo: «Gritai, porque o
Senhor vos entrega a cidade!»” (Js 6, 15-16). A sua vitória, aqui, foi um sinal de que Deus estava do lado deles e um
“primeiro fruto” ou “compromisso” do que levaria muitos anos a conseguirem: a posse plena da terra.
Uma outra pessoa aproximava-se, agora, de Jericó: não Josué, filho de Nun, mas Jesus. E na sua companhia vêm os
doze discípulos. Simbolicamente, eles são uma versão “miniatura” das Doze Tribos de Israel, o novo povo de Jesus. Ao
passar pela nova Jericó, Jesus cura o mendigo cego, Bartimeu, que chama Jesus de “filho de David” (isto é, aquele que
muitas pessoas acreditavam ser o próximo rei de Israel). E dá-se também o famoso episódio do pequeno homem,
Zaqueu, que subiu a um sicómoro para poder ver Jesus. Este rico cobrador de impostos judeu,
odiado pelo seu próprio povo por estar ao serviço dos Romanos, foi exactamente aquela pessoa
que Jesus insistiu em visitar. Há, em definitivo, algo na atenção que Jesus dispensa a este homem
em particular que, estranhamente, faz lembrar o que aconteceu neste local, muitos séculos antes,
com Raab. De todos os habitantes de Jericó, foi esta prostituta pagã que Josué salvou. E assim
como Josué (cujo nome significa “Deus Salva” ou “salvação”) entrou em Jericó, também agora
Jesus desempenha o seu papel como único Salvador, enviado não só para a cidade, mas para o
mundo.
Nos últimos anos, Jericó expandiu-se consideravelmente. Foi uma das
primeiras áreas a serem devolvidas à Autoridade Palestiniana, no início da
década de 1990. À distância, parece uma miragem no horizonte, mas
gradualmente a cidade cai-se revelando como um impressionante oásis no
deserto [da Judeia]. No coração do oásis ainda existe a antiga fonte cuja
produção é estimada em mais de 3800 litros por minuto. Continua a ser, por
isso, um ponto de encontro vital, já que muitas pessoas vão lá abastecer-se
de água para o dia-a-dia. À medida que nos aproximamos, vindos do norte,
parte da área à direita mostra sinais dos aglomerados de pequenas casas
de barro onde os refugiados palestinianos viveram por várias décadas,
depois da Independência de Israel, em 1948.
Depois, em primeiro plano, surge o pequeno outeiro da cidade antiga,
conhecido como Tel Es-Sultan, sobressaindo discretamente da
planície e cobrindo uma área de 3 hectares. Quando os Israelitas
entraram na Terra Prometida, este outeiro já tinha sido lugar de pelo
menos vinte assentamentos diferentes. Hoje, ajudados por alguns
cortes cirúrgicos que mostram os diferentes estratos arqueológicos,
pode-se ver alguns vestígios da antiga muralha e uma grande torre
circular de pedra (de 9 metros de altura), com 22 degraus no seu
interior. A torre foi datada como sendo aproximadamente do ano 6850
a. C..
Do topo do outeiro, olhando para um lado e outro do Vale da Fenda,
tem-se consciência da antiguidade deste lugar. Foi aqui que há
aproximadamente 10.000 anos, os nossos antepassados levaram
uma existência miserável, num ambiente inóspito, e construíram as primeiras muralhas ao seu redor, para se
protegerem. Não há dúvida de que foram erguidas num local crítico – o ponto de encontro do vale (norte e sul) e das vias
que cruzavam o Jordão em direcção às montanhas (este e oeste). A travessia da Ponte Allenby, não muito distante, é
actualmente a principal via para chegar a Amã, na Jordânia, 40 km mais adiante.
Há uma igreja ortodoxa dedicada a S. Zaqueu e várias árvores são apontadas como o
suposto “sicómoro” dos Evangelhos. O palácio de Herodes fica a 2,5 km a sul do antigo Tel
e junto da área onde a nova Jericó estava a ser construída, no tempo de Jesus. As ruínas do
palácio, com as suas duas piscinas, são indicadoras do luxo herodiano. Daqui tem-se uma
boa vista da fortaleza de Herodes (chamada de Cyprus, o nome da sua mãe);
evidentemente, mesmo quando repousava, Herodes nunca descurava a sua segurança.
À direita das ruínas, fica a antiga estrada que segue para oeste, até ao Wadi Qelt, na
direcção de Jerusalém. Jericó, ontem como hoje, era o ponto de passagem obrigatório para
quem viajava fosse entre o norte e o sul, fosse entre este e oeste.
(adaptado do livro “Nas Pegadas de Jesus”, de Peter Walker)

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