Data: 26/04/2016 Tamanho: 5.96 MB
Transcrição
Data: 26/04/2016 Tamanho: 5.96 MB
Programa Sebrae de Artesanato Te r m o d e r e f e r ê n c i a Março de 2004 Sumário 1. Apresentação 11 2.O artesanato como estratégia de valorização dos territórios 12 3. Missão 15 4. Objetivos 16 5. Identidade cultural e artesanato 18 6. Conceitos 20 6.1. Categorias do artesanato 21 6.2. Tipologias do artesanato 24 6.3. Organização do trabalho artesanal 26 6.4. Estratégias de apoio e promoção 28 Matriz Conceitual do Programa Sebrae de Artesanato 30 7. Estrutura do Programa Sebrae de Artesanato 32 7.1. Estrutura organizacional do programa 32 7.1.1. Grupo Gestor Nacional 32 7.1.2. Grupo Consultivo 33 7.1.3. Grupo de trabalho/tarefa 33 7.1.4 Coordenação/gerências estaduais 33 7.2. Eixos norteadores do Programa Sebrae de Artesanato 34 7.2.1. Estratégias e diretrizes 34 7.2.2. Estudos e pesquisas 35 7.2.3. Inovação 35 7.2.4. Capacitação 36 7.2.5. Acesso ao mercado 37 7.2.6. Acesso ao crédito 37 7.3. Gestão sistêmica do Programa Sebrae de Artesanato/UF 38 7.3.1. Planejamento 40 7.3.2. Execução 40 7.3.3. Monitoramento 41 8. Orientações para intervenção dos programas estaduais 44 8.1. Etapas de intervenção 45 8.1.1. Identificação e análise da demanda 45 8.1.2. Identificação e análise da oferta 48 8.1.3. Melhoria e desenvolvimento de novos produtos 52 8.1.4. Adequação da produção 53 8.1.5. Capacitação 54 8.1.6. Agregação de valor 55 8.1.7. Promoção e divulgação 57 Arte popular 58 Artesanato indígena 59 Artesanato tradicional 59 Artesanato de referência cultural 59 Artesanato conceitual 60 Trabalhos manuais – “artesanato doméstico” 60 Produtos alimentícios – “típicos” 60 Produtos industriais e semi-industriais – “industrianato” 60 8.1.8. Comercialização 61 Estratégia indiferenciada 62 62 Estratégia diferenciada 62 Estratégia de concentração 62 Fatores comerciais 64 9. Infra-estrutura para o artesanato 65 Núcleos de Inovação e Design para o Artesanato 66 Oficinas experimentais de produção/oficina-escola 66 Central de processamento de matéria-prima 66 Unidade de treinamento e capacitação 67 Centrais de comercialização 68 10. O artesão e seus instrumentos de trabalho 70 Glossário Anexos 79 Anexo 1 - Avaliação das potencialidades para seleção de APLs – Arranjos Produtivos Locais e/ou Municípios/Territórios 84 Anexo 2 - Diagnóstico da produção artesanal 92 Anexo 3 - Indicadores de desempenho – Programa Sebrae de Artesanato 94 Definição dos termos dos indicadores 95 Referências bibliográficas 97 Participantes do Encontro Nacional do Programa Sebrae de Artesanato ARMANDO DE QUEIROZ MONTEIRO NETO Presidente do Conselho Deliberativo Nacional do Sebrae SILVANO GIANNI Diretor-Presidente do Sebrae Nacional LUIZ CARLOS BARBOZA Diretor Técnico do Sebrae Nacional PAULO TARCISO OKAMOTTO Diretor Financeiro do Sebrae Nacional VINÍCIUS NOBRE LAGES Gerente da Unidade de Desenvolvimento Setorial do Sebrae Nacional Equipe técnica responsável pela elaboração deste documento Durcelice Cândida Mascêne Programa Sebrae de Artesanato – Unidade de Desenvolvimento Setorial – Sebrae Nacional Edson Fermann Consultor – Sebrae Nacional Eduardo Barroso Neto Consultor Programa Sebrae de Artesanato – Sebrae Nacional Maria Angélica Monteiro dos Santos Consultora Programa Sebrae de Artesanato – Sebrae/RS e Sebrae Nacional Maria Dorotéa de Aguiar Barros Naddêo Programa Sebrae de Artesanato – Sebrae/MG Patrícia Salamoni Programa Sebrae de Artesanato – Unidade de Desenvolvimento Setorial – Sebrae Nacional Vinícius Nobre Lages Gerente da Unidade de Desenvolvimento Setorial – Sebrae Nacional Wanessa Nemer Programa Sebrae de Artesanato – Sebrae/RJ Documento validado no Encontro Nacional do Programa Sebrae de Artesanato, realizado em Araxá/MG, no período de 7 a 9 de julho de 2003, pelos responsáveis técnicos dos 27 Sebrae/UF. Redação final em agosto/03. Apresentação C inco anos após a implementação do Programa Sebrae de Artesanato, está configurada a sua consolidação nas 27 Unidades Federativas do país. As ações empreendidas marcam a presença do Sebrae em 16,6% dos municípios brasileiros. Neste período, capacitou 90.000 artesãos. Em 2002, a Fubra - Fundação Universitária de Brasília, juntamente com o Sebrae, realizou a Pesquisa de Avaliação da Satisfação e do Desempenho do Cliente Sebrae, onde 98% dos entrevistados confirmaram a contribuição positiva do Programa Sebrae de Artesanato para o estímulo ao empreendedorismo, geração de emprego e renda na comunidade. Não obstante este sucesso, verificou-se que as ações estavam sendo desenvolvidas nos Estados a partir de conceitos, critérios e abordagens diferentes, sem unidade. Esta situação gerou uma série de dificuldades na continuidade do Programa como um todo no país. A falta de diretrizes, metodologias de intervenção e de critérios na apuração de indicadores compromete a mensuração adequada dos resultados e o conseqüente processo de tomada de decisões, tendo em vista que cada Estado tem utilizado parâmetros próprios, não compartilhados com os demais. Considerando a importância social, econômica e cultural do setor artesanal e os resultados positivos apresentados pelos Sebrae/UFs, constatou-se a necessidade de adequação do Programa frente às necessidades das comunidades envolvidas. Concluiu-se, ainda, pela necessidade urgente de se desenvolver uma “logística de atuação do Sebrae”, de forma sistematizada e contínua, objetivando articular e integrar as ações dos 27 Programas Estaduais, envolvendo os atores que interferem direta ou indiretamente em âmbito nacional, regional e municipal. A elaboração deste Termo de Referência é o resultado do esforço concentrado da equipe responsável, com base nos relatórios dos encontros regionais do Programa, realizados em 1999, e nos dados levantados, em março de 2003, pelo Diagnóstico da Situação do Programa Sebrae de Artesanato nos Sebrae/UFs, sendo validado no Encontro Nacional realizado em Araxá/MG, no período de 7 a 9 de julho de 2003. O Programa foi reavaliado e redesenhado, com a participação de todos os coordenadores estaduais, a partir do nivelamento de conceitos e do compartilhamento das experiências bem-sucedidas, alinhando-o frente às estratégias e prioridades do Sistema Sebrae. O novo formato define como foco prioritário estratégias de atuação diferenciadas para cada categoria de artesanato. O presente Termo de Referência será o instrumento de trabalho que norteará as ações a serem realizadas com base em parâmetros para o planejamento, a execução e o monitoramento do Programa, no sentido de garantir sua eficiência e eficácia no contexto do desenvolvimento dos territórios. Programa Sebrae de Artesanato 2 - O artesanato como estratégia de valorização dos territórios A proposta de execução de um programa de artesanato pelo Sebrae, no final dos anos 90, foi resultante dos processos de mudança na estratégia de atuação do Sistema, ampliando seu foco de ação, considerando o empresário no ambiente e a empresa no território. A evolução da estratégia de atuação apontava na direção de duas abordagens: uma se t o r i a l ( f o c a d a n o f o r t a l e c i m e n t o d a s cadeias produtivas) e outra local (centrada no fortalecimento do capital social e humano como pré-condição para o empreendedorismo), ambas baseadas na idéia de protagonismo dos atores envolvidos, das parcerias, do planejamento participativo e da gestão compartilhada, da convergência entre demandas locais e ofertas diversas.1 Neste contexto, em 1999, foram realizados encontros regionais dos coordenadores do Programa Sebrae de Artesanato para uma análise do trabalho, onde ficaram evidenciados os diferentes graus de conhecimento e de execução programática. A partir desta constatação, foram definidos: o conceito do negócio e a missão do Programa, os principais contornos da situação em vigor e da situação desejada, as ameaças e oportunidades para conquista da situação pretendida, o rol de ações por eixos de atuação (informação, formação, produção, mercado, parcerias e políticas) sistematizados em um plano estratégico. Este movimento na busca de um referencial comum para atuação num setor, até então atípico para o Sistema, não culminou na unicidade do Programa, mas contribuiu para que cada Estado construísse alternativas para atendimento do setor artesanal utilizando os eixos de atuação como balizadores. Hoje, ao optar por atuar na perspectiva da mobilização dos territórios para o desenvolvimento, o Sistema Sebrae caminha no sentido de ampliar sua capacidade de articulação, mobilização e de promoção do desenvolvimento das redes sociais, técnicas e institucionais locais. A proposta se volta para uma abordagem de perspectiva territorial que reúne o que há de melhor nas abordagens setorial e local, ultrapassando a dicotomia entre o econômico e o social e, sobretudo, a forma de indução das demandas.2 O desafio é promover a articulação dos diferentes atores que integram os Arranjos Produtivos Locais e criar uma ambiência que favoreça o surgimento e fortalecimento de micro e pequenos negócios na agenda das localidades e/ou regiões como forma de buscar um desenvolvimento que integre, de maneira sincrônica, as dimensões sociais, econômicas e cognitivas.3 No âmbito do Programa Sebrae de Artesanato, é necessário fazer melhorias em sua atuação, na perspectiva de ampliar sua capacidade de compartilhar o desenvolvimento de “projetos comuns para a construção de bens de produção de acesso público”.4 A missão do Sebrae de “promover a competitividade e o desenvolvimento sustentável das micro e pequenas empresas” e sua nova perspectiva estratégica definem ao mesmo tempo os limites e amplitude da sua atuação no setor artesanal, pois, entre as cadeias produtivas vocacionadas do Brasil, o artesanato tem elevado potencial de ocupação e geração de renda em todos os Estados, posicionando-se como um dos eixos estratégicos de valorização e desenvolvimento dos territórios. Apesar da falta de dados consistentes sobre o setor, existem evidências de que corresponde ao PIB da moda e da indústria automotiva. Isto aponta para a necessidade de se mobilizar o IBGE para realizar pesquisas sobre o artesanato, a partir dos conceitos adotados pelo Sebrae. Existem diversas instituições governamentais, não-governamentais e privadas atuando no setor artesanal, por isso a necessidade, neste momento, de identificar parcerias para maximização das ações e otimização de recursos na busca do desenvolvimento do setor. O Sebrae tem buscado ações intersetoriais em sua atuação, daí a importância da revisão do Programa Sebrae de Artesanato com vistas ao redirecionamento de suas estratégias de atuação e o seu diálogo com os demais Programas Setoriais. O turismo constitui uma das principais interfaces do Programa Sebrae de Artesanato. A construção da reputação do destino turístico depende de se “olhar o entorno”, por isso faz-se necessário consolidar vínculos do artesanato com o turismo, transformando o artesão e seu local de produção em destino turístico a partir deste “olhar”, do contexto em que está inserido, e de sua história. Uma das vertentes de atuação compartilhada é a inserção do artesão e seu local de produção, enquanto roteiro turístico. SEBRAE. A Mobilização dos Territórios para o Desenvolvimento, versão para discussão interna. Brasília, 2003, p. 9. 1,2,3 e 4 13 A comercialização de produtos regionais em pontos “turísticos”, a ambientação de hotéis e restaurantes, com produtos artesanais regionais evidenciando a identidade cultural local, podem e devem ser trabalhados para reforçar a sustentabilidade dos grupos de artesãos, criando novas possibilidades de consolidação do artesanato enquanto setor econômico viável. Além disso, a necessidade de novas estratégias de negociação para os produtos artesanais amplia o horizonte de atuação e remete para a inclusão do artesanato nas pautas de discussão do Mercosul e da ALCA. Atualmente, o “fazer manual” está valorizado. O artesanato é a contrapartida à massificação e uniformização de produtos globalizados, pois promove o resgate cultural e a identidade regional. Os consumidores têm buscado peças diferenciadas e originais em todos os segmentos. Em produtos utilitários e decorativos, as técnicas artesanais atuam para agregar valor. É a Cara Brasileira manifestando-se com criatividade e inovação. Com um custo de investimento relativamente baixo, o setor artesanal utiliza, na maioria das categorias existentes, matéria-prima natural, promove a inserção da mulher e do adolescente em atividades produtivas, estimula a prática do associativismo e fixa o artesão no local de origem, evitando o crescimento desordenado dos centros urbanos. Para que o Programa Sebrae de Artesanato possa cumprir os desafios apresentados e possa contribuir de forma eficiente e eficaz na promoção do desenvolvimento sustentável, é necessária a sua renovação. Esta renovação deverá passar, necessariamente, pela padronização da linguagem, definição comum de conceitos, diretrizes, objetivos, metas e pelo estabelecimento de uma estrutura organizacional, de eixos norteadores e de um sistema de gestão. Com este Termo de Referência pretende-se criar a base para sua reestruturação, definindo os parâmetros da atuação do Programa em todos os Estados, considerando toda a construção feita até aqui, de forma que facilite seu planejamento, execução e monitoramento a partir da definição das categorias artesanais prioritárias para atendimento, estratégias de intervenção padronizadas, indicadores de desempenho, bem como a indicação de sugestões de metodologias já desenvolvidas pelos Estados e que têm apresentado resultados positivos. Enfim, pretende-se criar mecanismos de valorização dos esforços empreendidos pelas coordenações estaduais e de compartilhamento de experiências que favoreçam a construção permanente do Programa Sebrae de Artesanato. Programa Sebrae de Artesanato 3 - Missão Contribuir para o desenvolvimento sustentável do setor artesanal como estratégia de promoção cultural, econômica e social dos territórios. 15 Programa Sebrae de Artesanato GERAL Fomentar o artesanato de forma integrada, enquanto setor econômico sustentável que valoriza a identidade cultural das comunidades e promove a melhoria da qualidade de vida, ampliando a geração de renda e postos de trabalho. 4 - Objetivos ESPECÍFICOS • Ampliar as oportunidades de ocupação e renda • Contribuir para a formalização do setor • Ampliar o acesso ao crédito e capitalização • Promover o acesso a tecnologias adequadas ao aumento e melhoria da capacidade produtiva • Utilizar a inovação como um dos fatores de diferenciação do produto artesanal • Promover a educação empreendedora • Promover a cultura da cooperação, estimulando a criação e o fortalecimento de associações e cooperativas • Promover o acesso a mercados • Utilizar o marketing como uma das ferramentas para impulsionar a competitividade • Resgatar a cultura como fator de agregação de valor ao artesanato promovendo produtos com a “Cara Brasileira” • Disponibilizar informações sobre a utilização racional dos recursos naturais, segundo os postulados da legislação ambiental • Socializar o acesso às informações e ao conhecimento no âmbito do setor artesanal • Articular parcerias para aumentar a participação do a r t e s a n a t o n a p r o d u ç ã o n a c i o n a l e p a r a o conseqüente fortalecimento do setor O artesanato não quer durar milênios nem está possuído da pressa de morrer prontamente. Transcorre com os dias, flui conosco, se gasta pouco a pouco, não busca a morte ou tampouco a nega: apenas aceita este destino. Entre o tempo sem tempo de um museu e o tempo acelerado da tecnologia, o artesanato tem o ritmo do tempo humano. É um objeto útil que também é belo; um objeto que dura, mas que um dia porém se acaba e resigna-se a isto; um objeto que não é único como uma obra de arte e que pode ser substituído por outro objeto parecido, mas não idêntico. O artesanato nos ensina a morrer e, fazendo isto, nos ensina a viver. Octavio Paz Programa Sebrae de Artesanato 5 - Identidade cultural e artesanato Do ponto de vista antropológico, a identidade é constituída, principalmente, a partir de dois elementos principais: as características presentes no espaço territorial ocupado e o conjunto de símbolos e signos lingüísticos, códigos e normas (moral e ética), objetos, artefatos, costumes, ritos e mitos (religião, folclore, música, culinária, vestimentas etc.) aceitos e praticados coletivamente, capazes de distinguir um determinado grupo social dos demais. Uma pesquisa de resgate e valorização da cultura material e iconográfica do território onde as ações serão implementadas é um componente imprescindível para configurar uma base de informações, sólida e consistente, para fundamentar as ações do Programa Sebrae de Artesanato. Desenvolver produtos artesanais de referência cultural significa valer-se de elementos que reportem o produto ao seu lugar de origem, seja através do uso de certos materiais e insumos ou técnicas de produção típicas da região, seja pelo uso de elementos simbólicos que façam menção às origens de seus produtores ou de seus antepassados. Deve-se utilizar as cores de sua paisagem, suas imagens prediletas, sua fauna e flora, retratar os tipos humanos e seus costumes mais singulares, utilizar as matérias-primas disponíveis na região e as técnicas que foram passadas de geração em geração. A estas diferenças dá-se o nome de identidade cultural. São estes elementos únicos que dão sentido ao artesanato e indicam para o artesão seu lugar no mundo. São estas as referências e os atributos mais valorizados por um mercado globalizado, ávido por produtos diferenciados. Conhecer suas origens, seu passado e sua história é o ponto de partida para a construção desta desejada identidade. O acesso a este conhecimento é importante não somente para os técnicos e para os pesquisadores, mas também para os artesãos, pois seu distanciamento das referências autênticas pode levar a um processo de descaracterização dos produtos, de tal forma que com o passar dos anos a produção de determinados objetos parece ser uma deformação daquilo que já foram. Um dos principais conflitos existentes entre aqueles que trabalham com o artesanato são as diferentes e antagônicas visões sobre a necessidade de renovação da oferta de produtos como modo de dinamizar as relações comerciais entre os artesãos e o mercado, gerando incremento de trabalho e de renda. Para muitos, o surgimento de novos produtos deve ser resultante de um processo espontâneo de criação dos artistas populares, que diante das mudanças no ambiente em que vivem procuram externar suas impressões pessoais modelando na matéria uma visão singular, compatível com o repertório estético e cultural de seu contexto social. O argumento em defesa da não intervenção do design nestes processos de criação e de produção artesanal é o temor da possibilidade de descaracterização dos produtos originais, podendo provocar o desaparecimento de certas tipologias, padrões e outros elementos de reconhecimento e identificação cultural de uma determinada região ou grupo social. A questão que se coloca não é mais se devemos ou não intervir, mas como intervir sem descaracterizar, valorizando e reforçando as tradições regionais, a habilidade dos artesãos e as relações existentes no interior dos grupos trabalhados. Uma ação séria e conseqüente deve saber diferenciar a arte popular do artesanato e dentro deste as diferentes categorias existentes, cujas particularidades irão orientar o nível e profundidade das intervenções de modo a diminuir a possibilidade de desvirtuamento do valor de cada um destes produtos. O artesão, ao produzir uma peça, está preocupado com a possibilidade de conseguir seu sustento e de sua família. Um artesão é, acima de tudo, um fabricante de artefatos e, portanto, sujeito às regras do mercado. O artesanato, enquanto produto com valor de troca, obedece às leis universais da oferta e da procura. E o mercado rejeita aquilo que não corresponde às suas expectativas de consumo. 19 Programa Sebrae de Artesanato 6 - Conceitos A falta de uma definição conceitual do Programa Sebrae de Artesanato criou um ambiente de entendimentos diversos, marcado por divergências e antagonismos nas ações. Aqui estão apresentadas as bases para um enfoque programático comum, coerente com a pluralidade da produção artesanal brasileira, de forma que cada UF possa garantir o atendimento de suas especificidades sem perder a abordagem sistêmica. Para definição e ordenamento das demandas do Programa Sebrae de Artesanato serão adotados os conceitos a seguir apresentados. 6.1. CATEGORIAS DO ARTESANATO Trabalhos manuais (ver Matriz Conceitual – p.30) Os trabalhos manuais exigem destreza e habilidade, porém utilizam moldes e padrões prédefinidos, resultando em produtos de estética pouco elaborada. Não são resultantes de processo criativo efetivo. É, na maioria das vezes, uma ocupação secundária que utiliza o tempo disponível das tarefas domésticas ou um passatempo. As categorias dos produtos artesanais são definidas de acordo com sua origem, uso e destino. Arte popular Conjunto de atividades poéticas, musicais, plásticas e expressivas que configuram o modo de ser e de viver do povo de um lugar. Artesanato A partir do conceito proposto pelo Conselho Mundial do Artesanato, define-se como artesanato toda atividade produtiva que resulte em objetos e artefatos acabados, feitos manualmente ou com a utilização de meios tradicionais ou rudimentares, com habilidade, destreza, qualidade e criatividade. 21 Quadro 1 – Categorias do Artesanato ARTE POPULAR ARTESANATO TRABALHOS MANUAIS Produção de peças únicas Arquétipo Compromisso consigo mesmo Fruto da criação individual Produção de pequenas séries com regularidade Produtos semelhantes, porém diferenciados entre si Compromisso com o mercado Fruto da necessidade Produção assistemática Reprodução ou cópia Ocupação secundária Fruto da destreza Produtos alimentícios (típicos) Os produtos típicos são, em geral, produtos alimentícios processados segundo métodos tradicionais, em pequena escala, muitas vezes em família ou por um determinado grupo. Apesar de serem produzidos artesanalmente, são atendidos apenas parcialmente pelo Programa. Produtos semi-industriais e industriais (“industrianato”) Produção em grande escala, em série, com utilização de moldes e fôrmas, máquinas e equipamentos de reprodução, com pessoas envolvidas e conhecedoras apenas de partes do processo. Artesanato indígena São os objetos produzidos no seio de uma comunidade indígena, por seus próprios membros. São, em sua maioria, resultante de uma produção coletiva, incorporada ao cotidiano da vida tribal, que prescinde da figura do artista ou do autor. Artesanato tradicional Conjunto de artefatos mais expressivos da cultura de um determinado grupo, representativo de suas tradições porém incorporados à sua vida cotidiana. Sua produção é, em geral, de origem familiar ou de pequenos grupos vizinhos, o que po s s i b i l i t a e f a v o r e c e a t r a n s f e r ê n c i a d e conhecimentos sobre técnicas, processos e desenhos originais. Sua importância e seu valor cultural decorrem do fato de ser depositária de um passado, de acompanhar histórias transmitidas de geração em geração, de fazer parte integrante e indissociável dos usos e costumes de um determinado grupo. Artesanato de referência cultural Lúdico São produtos cuja característica é a incorporação de elementos culturais tradicionais da região onde são produzidos. São, em geral, resultantes de uma intervenção planejada de artistas e designers, em parceria com os artesãos, com o objetivo de diversificar os produtos, porém preservando seus traços culturais mais representativos. Objetos produzidos para o entretenimento e para representação do imaginário popular. Exemplos: jogos, bonecos, brinquedos, entre outros. Artesanato conceitual Objetos produzidos por pessoas com alguma formação artística, de nível educacional e cultural mais elevado, geralmente de origem urbana, resultante de um projeto deliberado de afirmação de um estilo de vida ou afinidade cultural. A inovação é o elemento principal que distingue este artesanato das demais categorias. Por detrás destes produtos existe sempre uma proposta, uma afirmação sobre estilos de vida e de valores, muitas vezes explícitos através dos sistemas de promoção utilizados, sobretudo aqueles ligados ao movimento ecológico e naturalista. USOS DOS PRODUTOS ARTESANAIS Adornos e acessórios Objetos de uso pessoal tais como jóias, bijuterias, cintos, bolsas, peças para vestuário etc. Decorativo Objetos produzidos para ornamentar e decorar ambientes. Educativo Objetos destinados às práticas pedagógicas. Religioso Peças destinadas aos usos ritualísticos ou para demonstração de crenças e da fé. Exemplos: amuletos, imagens, adornos, altares, oratórios, entre outros. Utilitário Peças produzidas para satisfazer as necessidades de trabalho dos homens, seja no campo, seja na atividade doméstica. Peças de grande simplicidade formal, seu valor é d e t e r m i n a d o p e l a importância funcional e não por seu valor simbólico. S ã o utensílios produzidos para atender às necessidades domésticas. 23 MATÉRIA-PRIMA MINERAL ARGILA CERÂMICA PORCELANA MOSAICOS PEDRA SANTERIA JOALHERIA MOVELARIA CANTARIA METAIS FERRARIA/ FERRAMENTAS UTENSÍLIOS JOALHERIA SERRALHERIA NATURAL 6.2. TIPOLOGIAS DO ARTESANATO Classificação do artesanato em função da matéria-prima utilizada. PROCESSADA VITRAIS VIDRO As matérias-primas podem ser de origem mineral, vegetal ou animal, podendo ser utilizadas em seu estado natural, depois de processadas artesanalmente/industrialmente ou serem decorrentes de processos de reciclagem/reaproveitamento. Para cada matéria-prima principal derivam práticas profissionais que resultam em tipologias de produtos específicas, com suas respectivas técnicas, ferramentas e destinações. O quadro ao lado ilustra de modo resumido alguns destes ofícios ou tipologias artesanais. MOSAICOS EMBALAGENS RECICLÁVEL/ REAPROVEITÁVEL GESSO MODELAGEM PARAFINA MODELAGEM METAIS FERRAMENTAS UTENSÍLIOS JOALHERIA SERRALHERIA VIDRO VITRAIS MOSAICOS EMBALAGENS PLÁSTICO PRÁTICAS DIVERSAS QUADRO 2 - Matérias-primas e ofícios artesanais VEGETAL ANIMAL COURO SAPATARIA/ CALÇADOS SELARIA MALAS LUTHERIA CARPINTARIA NAVAL MARCENARIA SANTERIA/ ESCULTURA CHIFRE E OSSO PRÁTICAS DIVERSAS CONCHAS E CORAIS ENTALHES E ESCULTURAS LÃ TECELAGEM CASCAS E SEMENTES PRÁTICAS DIVERSAS PENAS E PLUMAS PRÁTICAS DIVERSAS FIO TECELAGEM RENDAS BORDADOS COURO TECIDO COSTURA BORDADOS FIO DE SEDA TECELAGEM BORDADO BORRACHA PRÁTICAS DIVERSAS LÃ TECELAGEM FIBRAS TAPEÇARIA CESTARIA MOVELARIA MINERAL + VEGETAL + ANIMAL MARCHETARIA MADEIRA MADEIRA MARCHETARIA MARCENARIA ESCULTURAS PAPEL PRÁTICAS DIVERSAS TECIDO COSTURA BORDADOS FUXICO CALÇADOS MALAS COURO PRÁTICAS DIVERSAS TECELAGEM LÃ CERA SELARIA TAPEÇARIA BORDADOS MODELAGEM CALÇADOS COURO SINTÉTICO CONFECÇÃO DE BOLSAS E ACESSÓRIOS MASSA MODELAGEM PARAFINA MODELAGEM COURO SINTÉTICO CALÇADOS COSTURA/ CONFECÇÃO DE BOLSAS E ACESSÓRIOS 25 6.3. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ARTESANAL Mestre artesão Indivíduos que se notabilizaram em seu ofício conquistando admiração e respeito, não somente de seus aprendizes e auxiliares artesãos, como também dos clientes e consumidores. Sua maior contribuição é repassar, para as novas gerações, técnicas artesanais e experiências fundamentais de sua atividade. Artesão São aqueles detentores de conhecimento técnico sobre os materiais, ferramentas e processos de sua especialidade, dominando todo o processo produtivo. Aprendiz É o auxiliar das oficinas de produção artesanal, encarregado de elaborar partes do trabalho e que se encontra em processo de capacitação. Artista Em princípio, todo artista deve ser antes de tudo um artesão, no sentido de conseguir dominar o “saber fazer”, de sua área de atuação, ou simplesmente não conseguirá realizar a contento seus projetos e sua pretensão criativa. Tem em seu trabalho uma coerência temática e filosófica, cristalizados em uma série de compromissos consigo mesmo, dentre estes o de buscar sempre ir além do conhecido. Tem um compromisso com o seu tempo, de exteriorizar sua visão específica do mundo que o cerca. Núcleo de produção familiar Cooperativa A força de trabalho é constituída por membros de uma mesma família, alguns com dedicação integral e outros com dedicação parcial ou esporádica. A direção dos trabalhos é exercida pelo pai ou pela mãe (dependendo do tipo de artesanato que se produza) que organizam os trabalhos de filhos, sobrinhos e outros parentes. Em geral não existe um sistema de pagamentos pré-fixados, sendo as pessoas remuneradas de acordo com suas necessidades e disponibilidade de um caixa único. As cooperativas são associações de pessoas de número variável (não inferior a 20 participantes) que se unem para alcançar benefícios comuns, em geral, para organizar e normalizar atividades de interesse comum. O objetivo essencial de uma cooperativa na área do artesanato é a busca de uma maior eficiência na produção com ganho de qualidade e de competitividade em virtude do ganho de escala, pela otimização e redução de custos na aquisição de matéria-prima, no beneficiamento, no transporte, na distribuição e venda dos produtos. Grupos de produção artesanal Agrupamentos de artesãos atuando no mesmo segmento artesanal ou em segmentos diversos e que se valem de acordos informais, tais como: aquisição de matéria-prima e/ou de estratégias promocionais conjuntas e produção coletiva. Empresa artesanal São núcleos de produção que evoluíram para a forma de micro ou pequenas empresas, com personalidade jurídica, regida por um contrato social. Como quaisquer empresas privadas, buscam vantagens comerciais para continuar a existir. Empregam artesãos e aprendizes encarregados da produção e remunerados, em geral, com um salário fixo ou uma pequena comissão sobre as unidades vendidas. Associação Uma associação é uma instituição de direito privado sem fins lucrativos, constituída com o objetivo de defender e zelar pelos interesses de seus associados. São regidas também por estatutos sociais, com uma diretoria eleita em assembléia para períodos regulares. 27 6.4. ESTRATÉGIAS DE APOIO E PROMOÇÃO A utilização dos critérios “valor cultural” e “volume de produção” permite uma avaliação para diferenciar os distintos tipos de produtos, contribuir para perceber que para cada grupo deverá ser definida uma estratégia de apoio e promoção diferenciada. Deste modo, observa-se que quanto menor for a escala de produção, tendendo a peças únicas ou exclusivas, seu valor nominal econômico tende a ser maior, valor este que cresce na mesma proporção de seu valor cultural. Por isso, o direcionamento das políticas para o artesanato deve considerar as especificidades dos produtos com a capacidade econômica dos consumidores visados. ARTE POPULAR ARTESANATO INDÍGENA VALOR CULTURAL ARTESANATO TRADICIONAL ARTESANATO CONCEITUAL ARTESANATO DE REFERÊNCIA CULTURAL PRODUTOS TÍPICOS TRABALHOS MANUAIS “INDUSTRIANATO” VOLUME DE PRODUÇÃO FIGURA 1 - Critérios para avaliação de tipos de produtos 29 ATENDIDOS INTEGRALMENTE ARTESANATO CATEGORIAS ARTE POPULAR Artesão Artesão Artesão DE ONDE VEIO? Da criação individual atemporal Das tradições da nação indígena Técnicas transmitidas de geração a geração, geralmente dentro de uma mesma família Releitura de elementos da cultura tradicional, desenvolvendo novos produtos De origem urbana, onde a inovação é o elemento principal Cópia de técnicas e produtos de domínio público COMO É FEITO? Peça única, feita por uma pessoa, predominando processos manuais Produção coletiva de séries de objetos Produção em pequena escala de séries de objetos, individual ou coletivamente Produção de coleções temáticas em núcleos de produção Produção de objetos conceituais com enfoque cultural e/ou ecológico, com predominância do trabalho individual Produção a partir de moldes e padrões pré-definidos, atividade secundária com o propósito de complementar a renda Decorativo Educativo Lúdico Religioso Adornos e acessórios Decorativo Educativo Lúdico Religioso Utilitário Adornos e acessórios Decorativo Educativo Lúdico Religioso Utilitário Adornos e acessórios Decorativo Educativo Lúdico Religioso Utilitário Adornos e acessórios Decorativo Educativo Lúdico Religioso Utilitário Adornos e acessórios Decorativo Educativo Lúdico Religioso Utilitário Argila Areia Pedra Argila Pedra Argila Areia Pedra Argila Areia Pedra Argila Areia Pedra Argila Areia Pedra Fibras Madeira Sementes, cascas Látex Resina Fibras Madeira Sementes, cascas Látex Pigmentos/corantes Resina Fios Fibras Madeira Sementes, cascas Látex Resina Fibras Madeira Sementes, cascas Látex Resina Fibras Madeira Sementes, cascas Látex Resina Fibras Madeira Sementes, cascas Látex Resina ANIMAL Couro Chifre e osso Ossos, chifres, penas e plumas Couro Conchas, corais Ossos, chifres, penas e plumas Conchas, corais Ossos, chifres, penas e plumas Conchas, corais Ossos, chifres, penas e plumas Conchas, corais Ossos, chifres, penas e plumas Conchas, corais Metais Vidro Corantes MINERAL Metais Metais Vidro Vidro Metais Vidro Resina e gesso Metais Vidro Resina e gesso Metais Vidro Resina e gesso VEGETAL Fios Tecidos Fios Látex Resina Fios Tecidos Fios Tecidos Borracha Fios Tecidos Borracha Fios Tecidos Borracha ANIMAL Couro, chifre e osso Couro Couro Couro Couro (animal e sintético) Fios sintéticos Miçangas Miçangas Tecidos e fios sintéticos Massas Miçangas Tecidos e fios sintéticos Ceras e parafinas Massas Couro sintético Miçangas Tecidos e fios sintéticos Ceras e parafinas Massas Couro sintético Miçangas Tecidos e fios sintéticos Ceras e parafinas Metais Vidro Metais Vidro Metais Vidro Plástico Metais Vidro Plástico Metais Vidro Plástico Papel Têxteis Madeira Têxteis Madeira Papel Têxteis Madeira Papel Têxteis Madeira Papel Têxteis Madeira PARA QUEM? ONDE? MATÉRIA-PRIMA NATURAL DESTINO MATÉRIA-PRIMA PROCESSADA (Artesanato doméstico) Artesão PARA QUAL USO? MATERIAIS RECICLÁVEIS/ REAPROVEITÁVEIS TRABALHOS MANUAIS Índio USO TIPOLOGIA Matriz conceitual do Programa Sebrae de Artesanato TRADICIONAL CONCEITUAL Artista popular QUEM FAZ? ORIGEM INDÍGENA REFERÊNCIA CULTURAL MINERAL VEGETAL Massas MINERAL + VEGETAL + ANIMAL MINERAL VEGETAL ANIMAL Couro ATENDIDOS PARCIALMENTE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS TÍPICOS PRODUTOS INDUSTRIAIS “INDUSTRIANATO” Produtor Empregados Geralmente são produções rurais ou de cidades do interior Indústrias Fábricas Núcleos de produção Produção em pequena escala, com utilização de insumos e equipamentos disponíveis no local Produção em série e de grande escala, com uso de fôrmas e moldes Gastronomia Adornos e acessórios Decorativo Educativo Lúdico Religioso Utilitário 31 Produção agropecuária típica e disponível na região Geralmente são utilizados os insumos já processados industrialmente e que estão disponíveis no mercado. Às vezes, o menor preço prevalece, comprometendo a qualidade final do produto. Programa Sebrae de Artesanato 7 - Estr utura do Programa Sebrae de Artesanato Um programa de apoio e promoção do artesanato que se propõe a contribuir efetivamente para uma mudança sustentada das condições de vida e de trabalho dos artesãos deve obedecer a uma lógica sistêmica, contemplando ações que venham ao encontro da solução dos principais problemas em toda a cadeia de produção e comercialização. 7.1. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DO PROGRAMA A partir desta estrutura, recomenda-se que cada Estado organize sua Coordenação de acordo com sua disponibilidade de recursos. 7.1.1. Grupo Gestor Nacional Constituído pela Coordenação Nacional do Programa Sebrae de Artesanato e por até 7 coordenadores dos programas estaduais, escolhidos pela Diretoria do Sebrae Nacional, conforme os seguintes critérios: • Integrar o Sebrae/UF cujo comprometimento da Diretoria Executiva local com o Programa Sebrae de Artesanato seja reconhecido, mercê da atuação inovadora articulada com parceiros internos e externos, sendo considerada referência na região onde está inserida; • Pertencer ao quadro técnico do Sebrae/UF e estar exercendo a Coordenação e/ou Gerência do Programa; • Ser detentor de conhecimentos sobre o artesanato brasileiro e, particularmente, ter experiência e visão sistêmica do Programa Estadual onde atua; • Ser pró-ativo, ter disponibilidade de tempo e possuir habilidade interpessoal para articular parcerias internas e externas; 7.1.1.2. Na implementação do Programa Sebrae de Artesanato, de acordo com o formato apresentado no presente Termo, o Grupo Gestor reunir-se-á a cada dois meses, seguindo-se de reuniões dos seus integrantes com os Coordenadores e/ou Gerentes estaduais de cada região; 7.1.2. Grupo consultivo - constituído por consultores • Interagir com os Programas Estaduais dos Sebrae/UFs, sendo reconhecido pela competência e compromisso com a ação. 7.1.1.1. As atribuições dos integrantes do Grupo Gestor serão definidas, por proposta da Unidade de Desenvolvimento Setorial do Sebrae Nacional, na primeira reunião após sua constituição; indicados pela Diretoria do Sebrae Nacional; 7.1.3. Grupos de trabalho/tarefa - constituídos a partir de demandas, para tarefas específicas, com duração limitada ao cumprimento dos seus objetivos; 7.1.4. Coordenações/Gerências estaduais - designações adotadas pelos Sebrae/UFs para denominar a equipe/grupo responsável pela execução do Programa Estadual. DIRETORIA-EXECUTIVA SEBRAE NACIONAL GRUPO GESTOR NACIONAL GRUPO CONSULTIVO GRUPOS DE TRABALHO COORDENAÇÕES/GERÊNCIAS ESTADUAIS CENTRO-OESTE/NORTE NORDESTE SUL/SUDESTE AC AP AM DF GO MS MT PA RO RR TO AL BA CE MA PB PE PI RN SE ES MG PR RJ RS SC SP FIGURA 2 - Estrutura Organizacional do Programa Sebrae de Artesanato 33 7.2. EIXOS NORTEADORES DO PROGRAMA SEBRAE DE ARTESANATO A estruturação do Programa Sebrae de Artesanato, no âmbito nacional e nos Estados, deverá ser norteada a partir dos eixos e linhas de atuação apresentados. 7.2.1. Estratégias e diretrizes Ações de caráter estratégico, realizadas simultanea-mente às ações do eixo Estudos e Pesquisas. 7.2.1.1. Estruturar os programas e projetos a partir de parcerias internas (inserção do artesanato em outras áreas e segmentos do Sebrae) e externas, sob a liderança dos governos estaduais do Programa do Artesanato Brasileiro - PAB e de outros atores; 7.2.1.2. Definir o contexto de atuação do Programa e dos projetos; 7.2.1.3. Estabelecer diretrizes para execução dos Programas Estaduais tendo como referência o Programa Nacional; 7.2.1.4. Mapear/analisar demandas, definir grupos e territórios que serão atendidos de acordo com a “Matriz Conceitual” (ver p. 30), “Avaliação das Potencialidades para Seleção de Arranjos Produtivos Locais – APLs e dos Municípios/Territórios” (ver Anexo 1 – p. 79) e “Orientações para Intervenção dos Programas Estaduais” (ver Cap. 8 - p. 44); 7.2.1.5. Promover a inserção da cultura da cooperação no âmbito do setor artesanal; 7.2.1.6. Estabelecer estratégias de marketing e comunicação do Programa nos Estados seguindo as diretrizes do Sebrae Nacional.5 7.2.1.7. Adotar indicadores de desempenho para b a l i z a r a s a ç õ e s d e monitoramento e avaliação dos Pr o g r a m a s e Projetos; 7.2.1.8. Contribuir para a criação de legislação específica que regulamente a atividade artesanal; 7.2.1.9. Inserir o artesanato nas pautas de discussão do Mercosul e da ALCA; 7.2.2. Estudos e perquisas At i v i d a d e s d e p r o s p e c ç ã o q u e b u s c a m o conhecimento sistêmico do setor para apoio aos processos de tomada de decisão. 7.2.2.1. Realizar sistematicamente pesquisas de demanda (mercado), como requisito para intervenções de melhoria dos produtos (ver item 8.1.1. – p. 45); 7.2.2.2. Realizar pesquisa de oferta para conhecimento do contexto social/cultural/ econômico/ambiental e balizamento das intervenções nos territórios (ver item 8.1.2. – p. 48); 7.2.2.3. Realizar estudo de tendências (para desenvolvimento de coleções); 7.2.2.4. Avaliar as atividades realizadas periodicamente, verificando a relação custo-benefício conforme indicadores de desempenho (ver anexo 3 – p. 92); 7.2.2.5. Apoiar a realização de pesquisa de identificação e resgate da iconografia regional, em bases técnico-científicas, utilizando-se de grupos multidisciplinares; 7.2.2.6. E s t i m u l a r estudos e pesquisas para identificação de ofícios artesanais em risco de extinção; 7.2.2.7. Adotar o cadastro do SIACNET (ver Anexo 2 - Diagnóstico da Produção Artesanal – p. 84); 7.2.3. Inovação Ações relacionadas com tecnologia, design e infraestrutura. Deverá ser elaborado plano de marketing e comunicação onde deverão ser definidos quais recursos de comunicação serão utilizados. O ideal é otimizar as ações e estratégias de marketing, dentro da mídia (veiculação), para que o máximo de público seja atingido pela comunicação que se deseja, desta forma otimizando também o custo-benefício. Estratégias: Promocional - objetiva criar, no público-alvo, uma resposta/ação no sentido de compra/adesão ao Programa; Divulgação - visa ampliar o conhecimento sobre as vantagens de produtos, serviços e idéias e, ainda, divulgar a marca junto ao público-alvo; Institucional - objetiva gerar empatia com relação a imagens e conceitos de produtos, serviços, idéias e marcas. Ações geralmente informativas geradas pela comunicação social e de assessoria de imprensa. 5 Recursos: Website - Intranet - Rede Sebrae de Artesanato - Folheteria - Banco de imagens - Clipping - Prêmio de artesanato - Merchandising - Inserção na mídia. 35 7.2.3.1. Desenvolver e otimizar produtos em função das demandas e oportunidades de mercado (intervenção através de design e adequação/inovação de materiais e orientando sobre utilização racional/controlada dos recursos naturais baseada na legislação ambiental) (ver item 8.1.3. – p. 52); 7.2.3.2. Otimizar processos produtivos (utilização de tecnologias a partir de novas técnicas e equipamentos); 7.2.3.3. Adequar a capacidade de produção às demandas (volume de produção em determinado período de tempo) (ver item 8.1.4. – p. 53); 7.2.3.4. Adequar a infra-estrutura (melhoria dos locais de trabalho utilizados pelos artesãos); 7.2.3.5. Aproximar as intervenções das oficinas dos Núcleos de Inovação e Design para o Artesanato às ações do Programa Sebrae de Artesanato; 7.2.4. Capacitação Atividades relacionadas com treinamentos e reciclagem (ver item 8.1.5. – p. 54) 7.2.4.1. Capacitar técnicos do Sistema Sebrae (atividades de treinamento das equipes de coordenação e dos técnicos regionais para gestão e acompanhamento do programa); 7.2.4.2. Capacitar fornecedores – consultores, instrutores e multiplicadores (formação de multiplicadores das metodologias do Programa); 7.2.4.3. Capacitar artesãos (oficinas e consultorias práticas e teóricas para grupos de artesãos e dirigentes de associações e cooperativas do setor); 7.2.4.4. Disseminar, entre os técnicos dos outros programas/produtos do Sistema Sebrae e agentes municipais, noções sobre o artesanato e sua importância para a comunidade, a fim de se buscar uma melhor sinergia na execução do Programa; 7.2.4.5. Apoiar a realização de eventos técnicos para o aprimoramento das equipes envolvidas na execução do Programa (seminários, simpósios, missões etc.); 7.2.4.6. Habilitar familiares dos artesãos em gestão, comercialização e outras informações inerentes ao mercado; 7.2.5.4. Posicionar o Programa Sebrae de Artesanato como agente de aproximação entre oferta e demanda final (lojistas, representantes comerciais, galerias de arte, entre outros); 7.2.5.5. Elaboração e implementação de “Plano de Promoção e Divulgação” das marcas e produtos (ver item 8.1.7. – p. 57); 7.2.5.6. Promoção e/ou participação em eventos comerciais (feiras, rodadas, missões etc.); 7.2.5.7. Interagir na logística e distribuição de matérias-primas e/ou produtos acabados, de sua origem ao destino, favorecendo o acesso direto ao consumidor final e ao atacadista (ver item 8.1.8. – p. 61); 37 7.2.4.7. Estabelecer intercâmbios e/ou cooperação técnica com instituições nacionais e internacionais para absorção e transferência de tecnologias; 7.2.5. Acesso ao mercado Ações que visam a inserção dos produtos no mercado consumidor (ver item 8.1.8. – p. 61). 7.2.5.1. Inserir nos projetos ações de agregação de valor visando a identidade visual/ desenvolvimento de marcas desenvolvimento de embalagens - selo de procedência/certificado de origem - certificado de qualidade - utilização de normas ambientais e sociais - contextualização histórica e cultural do produto e processo (ver item 8.1.6. – p. 55); 7.2.5.2. Implementar projetos de acesso aos mercados, integrados a outros setores (turismo, agronegócios, outros) e a promotores de eventos; 7.2.5.3. Estimular a implementação de centrais de comercialização segundo as normas em vigência no Sistema Sebrae; 7.2.5.8. Distribuição/Comercialização – articular meios que facilitem aos artesãos ou pessoas escolhidas por eles o acesso direto ao consumidor final e ao atacadista; 7.2.5.9. Definir o perfil de negócios para abertura de lojas de artesanato. 7.2.6. Acesso ao crédito Ações de adequação e ampliação de linhas de crédito e capitalização do setor artesanal. 7.2.6.1. Articular parcerias para ampliação do acesso ao crédito a partir da qualificação e dimensionamento da demanda (matéria-prima, equipamentos, capital de giro, infra-estrutura e marketing); 7.2.6.2. Articular parcerias para captação de recursos para o financiamento do setor artesanal, negociando, com organismos nacionais e internacionais, a alocação de recursos para a implementação de projetos; 7.3. GESTÃO SISTÊMICA DO PROGRAMA SEBRAE DE ARTESANATO/UF A gestão sistêmica do Programa Sebrae de Artesanato implica a tomada de decisões e realização de ações de planejamento, execução e monitoramento que possibilitam seu desenvolvimento. Para a formulação dos Programas Estaduais e seus respectivos projetos, os Sebrae/UFs deverão considerar as diretrizes, assim como o viés dos eixos norteadores do Programa Nacional e as Instruções Normativas – INs pertinentes, utilizando-se da gestão sistêmica como ferramenta para planejamento, execução e monitoramento das ações, favorecendo a otimização na aplicação dos recursos. Igualmente, deve-se levar em conta as necessidades de interfaces com outros programas e as parcerias para o desenvolvimento integrado do Programa. Comerci al i z a en to Se tor ial CP - Móveis e Madeira Têxtil cção e s f n o ado r CP - C e alç C e nd ee ros r u p o -C Em CP m icr açã or Infor oe eg m mp de em ação/abe res ião rtura presa aria /form alizaç l ão de ent De Emp resaria l FIGURA 3 - Interfaces do Programa Sebrae de Artesanato 39 Ca ra B ras Red ilei es C o o pera ra tivas Agronegócios Ori Turismo o to ado en dit im ré ent olv oc Ori nv icr se dito De M Ori ent açã o Cré PROGRAMA SEBRAE DE ARTESANATO ito estã éd Lo ca l Cr t en im olv env Des o I n o Saber Em preender Líder Cidadão o slaçã s Legi ana olit p tro me s a áre de o t en lvim o v sen De nte l i gê nc ia C om Feir er a s e Ev cial ento s Negócios sig mg Logística De oe ica tec açã ae br acit ológ n Tec Se Cap ção Rodadas d e ica Clín ucação e Cultura Em úbl. Ed pree P . l nde Po dor a ia log o cn Te se n lv vo im 7.3.1. Planejamento Planejar implica a tomada de decisões que permitem iniciar e conduzir as fases do Programa de maneira segura, eliminando as incertezas a serem enfrentadas no curso das ações. Nesta fase, deve-se promover a divisão de tarefas, responsabilidades e autoridade, com a definição de papéis das equipes de trabalho que irão implementar as ações. 7.3.1.1. Elaborar o Programa Estadual e os projetos que irão implementá-lo; sua implementação, compreendendo a realização das ações planejadas para se alcançar os objetivos e metas previstos. A seguir são apresentadas as ações básicas de implementação dos Programas Estaduais. 7.3.2.1. Implementar projetos nos municípios/territórios a partir da definição decorrente da utilização dos instrumentos sugeridos (ver anexos 1 e 2 – pp. 79 e 84); 7.3.2.2. Captar e gerenciar recursos; 7.3.2.3. Negociar parcerias internas e externas; 7.3.1.2. Ordenar oferta e demanda (levantamento e/ou estudo de mercado realizado pelo Sebrae/UF); 7.3.1.3. Dimensionar recursos dos projetos encaminhados ao Nacional de acordo com as Instruções Normativas – INs vigentes. 7.3.1.3.1. Financeiro 7.3.2.4. Implementar metodologias; 7.3.2.4.1. Comportamental 7.3.2.4.2. Associativismo e cooperativismo 7.3.2.4.3. Gestão (processos, da organização, financeira) 7.3.1.3.2. Humanos 7.3.1.3.3. Materiais 7.3.2.4.4. Inovação processos, produtos e design 7.3.1.3.4. Técnicos 7.3.2.4.5. Comercialização 7.3.1.3.5. Operacionais 7.3.2.4.6. Estudo de demanda 7.3.2.4.7. Estudo de oferta 7.3.2. Execução A execução é o conjunto sistematizado de procedimentos e processos administrativos que se aplica a todas as fases do Programa. É predominante na 7.3.2.4.8. Resgate cultural 7.3.2.4.9. Capacitação de consultores 7.3.3. Monitoramento Durante a etapa de planejamento é necessário prever o acompanhamento constante e a atualização dos planos operacionais. Monitorar consiste em acompanhar a execução da ação e compará-la com a intenção, objetivo do planejamento. Monitorar é, portanto, uma forma de assegurar a realização de objetivos ou a preservação de um padrão de desempenho. O processo de monitoramento procura revelar a eventual necessidade de modificar a ação ou resultado esperado e verificar, ainda, se a ação está sendo de fato realizada. A análise sistemática gera informações sobre os ajustes necessários ao alcance dos objetivos. Por esta razão, durante o monitoramento os resultados serão mensurados e avaliados. Para isso, deve-se organizar os seguintes processos: 7.3.3.1. Gestão da informação e do conhecimento O principal insumo para a tomada de decisão é a informação. Para tanto, faz-se necessário documentar toda a dinâmica do Programa, isto é, todas as ações desde a sua gênese. A sistematização de cadastros, diagnósticos, banco de dados e relatórios são instrumentos fundamentais para o acompanhamento, avaliação e tomada de decisão. O compartilhamento dessas informações entre os Sebrae/UF dará a dimensão econômica e o impacto do artesanato na economia. De acordo com a nova sistemática, os Sebrae/UF deverão encaminhar, dentro de modelo padronizado, relatórios mensais para o Sebrae Nacional. 41 7.3.3.2. Acompanhamento Aplicação dos indicadores (ver Anexo 3 – p. 92) realizada através dos seguintes instrumentos: observação direta, auto-avaliação, pesquisa de satisfação do cliente, reuniões, seminários, dentre outros. Os indicadores serão utilizados para acompanhar e melhorar os resultados ao longo do tempo. Sua aplicação visa mensurar a eficiência e a eficácia do Programa. Ao olhar a missão e os objetivos, vislumbra-se “o que” e “por que” medir, quais serão os instrumentos e a periodicidade da aplicação. Os indicadores deverão ser analisados ao longo do tempo, sendo necessário ter um instrumento para a coleta das informações no início dos trabalhos, a fim de se ter uma “fotografia” do cliente. No Programa Sebrae de Artesanato será utilizado como instrumento para coleta de informações sobre o “antes” da intervenção, o “Diagnóstico da Produção Artesanal”, que é o instrumento de cadastro e pesquisa para conhecimento do perfil do artesão e do contexto social, cultural e econômico (ver Anexo 2 – p. 84). Dessa maneira, pode-se verificar os resultados das ações do Programa comparando o “antes” com o “depois” da atuação. 7.3.3.3. Avaliação Envolve uma análise sistemática e objetiva do desempenho e do impacto do Programa em relação ao seu objetivo. Neste processo serão comparados os resultados com as metas propostas, a fim de constatar progressos ou dificuldades e reorientar o trabalho para as correções necessárias (replanejamento e reprogramação). O propósito é, também, extrair conhecimento. 2-C OD IF R RA R OP SE AP MI 4- NAR 1- R ICA GE CONHECIMENTO RIA FIGURA 4 - Processos de Gestão do Conhecimento R 3 IS D - 43 Programa Sebrae de Artesanato 8 - Orientações para intervenção dos programas estaduais A lógica de intervenção do Programa Sebrae de Artesanato começa e termina no mercado e pressupõe a realização de um conjunto de atividades seqüenciais cuja responsabilidade pela execução requer a colaboração dos Núcleos de Inovação e Design para o Artesanato, das Oficinas Experimentais de Produção e das Centrais de Comercialização. Esta infra-estrutura está detalhada no capítulo 9 (p. 64). PRODUÇÃO MERCADO IDENTIFICAR DEMANDA COMERCIALIZAR DIVULGAR E PROMOVER IDENTIFICAR OFERTA MELHORAR PRODUTOS AGREGAR VALOR MELHORAR PROCESSOS FIGURA 5 - Lógica de Intervenção do Programa Sebrae de Artesanato CAPACITAR PRODUTORES 8.1. ETAPAS DE INTERVENÇÃO 8.1.1. Identificação e análise da demanda (Estudos e Pesquisas) Uma estratégia de inserção comercial do artesanato no mercado de consumo, para que tenha algum sucesso, deve ser precedida de uma pesquisa de mercado que possa identificar os distintos públicos compradores, seus hábitos, gostos, preferências e separar os produtos de acordo com estas informações. Esta divisão do mercado chama-se segmentação, podendo ser quantitativa ou qualitativa. A segmentação quantitativa baseia-se nos dados fornecidos pelos recenseamentos e pesquisas realizadas que permitem conhecer os distintos níveis de renda e de capacidade de gasto dos consumidores, agrupados por sexo, idade, estado civil, ocupação, local onde vivem e demais dados de ordem genérica. A partir destas informações e definindo um determinado grupo social potencialmente mais demandante, uma outra pesquisa (qualitativa) pode ser realizada, detalhando as informações mais importantes, tais como: • motivações e hábitos de compra; • características dos produtos mais demandados; • fidelidade a produtos e serviços; • sazonalidade e freqüência das compras; • nível de gasto para cada tipologia; • grau de satisfação; • questionamentos feitos no momento da compra; • destinação da compra (residência principal ou residência secundária); • aspirações e desejos não satisfeitos, entre outros. Estes dados permitem estimar o tamanho do mercado visado, desenvolver produtos que venham de encontro a estas expectativas e definir a melhor estratégia e a época mais propícia para as vendas. Estas pesquisas de demanda podem ser feitas em um âmbito local, regional, nacional ou mesmo internacional, dependendo para onde se pretende direcionar a oferta de produtos. Inicialmente, devemos considerar a possibilidade de escoar parte da produção na própria região ou cidade onde o artesanato é produzido. Uma pesquisa no mercado local deve identificar os compradores usuais e potenciais de artesanato, incluindo-se aí os turistas em lazer ou a negócios. Deve aferir não somente o nível de interesse e satisfação pelos produtos que estão sendo oferecidos, mas também, e principalmente, o nível de rejeição. Entender as razões por quê certos produtos não são vendidos é muitas vezes mais fácil que entender o sucesso de outros. O fracasso é mais aparente, tangível, compreensível e assimilável que o êxito. Uma pesquisa de demanda deve apontar, ainda, as tipologias preferenciais; os produtos mais consumidos; as limitações referentes a tamanho, volume, peso ou preço; as épocas de maior consumo e todos os demais dados que permitam organizar a oferta de modo mais eficaz. 45 Um segundo nível de uma pesquisa de demanda deve ser o mercado interno do país, sobretudo os grandes centros urbanos ou zonas de turismo intensivo. São muitas as questões a serem respondidas e que podem contribuir para o delineamento de uma estratégia adequada, tais como: quem são os consumidores de artesanato nas diversas regiões, suas exigências e restrições em relação a esses produtos; quais as características dos produtos concorrentes que atraem as preferências dos consumidores; para que mercado se destina a produção artesanal e quais os canais de comercialização utilizados, seus entraves e deficiências. Estas indagações servirão para desenhar o perfil do mercado e conhecer a realidade do processo de comercialização do artesanato na esfera nacional, considerando as particularidades de cada região. Em uma escala menor, uma pesquisa qualitativa pode fornecer indicadores confiáveis, sobretudo se efetuada junto aos principais pontos-de-venda do artesanato, acerca sobretudo da satisfação dos clientes. Além disso, identificar as principais tendências do artesanato nacional em relação à matériaprima, design e novos produtos. E, ainda, analisar as condições de comercialização, volume de vendas, condições de pagamento, freqüência de reposição, valores mínimos e máximos pagos para cada tipologia artesanal, assim como formatos, pesos e volumes máximos. Este trabalho de prospecção do mercado deve ser o primeiro passo do Programa de Artesanato. Embora as pesquisas de mercado levantem dados precisos, que, quando analisados com rigor e método, permitem orientar acertadas decisões de posicionamento de produtos, é também de fundamental importância estudar as possibilidades futuras, com um olhar prospectivo objetivando conhecer as tendências do mercado para poder se antecipar às mudanças. Um bom modo de se ter um painel de tendências futuras é a visitação a feiras e exposições (exemplos: Casa Cor e Gift Fair). 6 Porém, a leitura habitual e atenta das revistas de moda, decoração e turismo podem também oferecer importantes subsídios. Esta análise deve identificar: • Quais são as tipologias e famílias de produtos mais demandadas, características dos produtos, tamanhos, formatos, acabamentos e preço; O último nível de análise, que é o mercado externo, pode ser avaliado a partir das feiras especializadas em presentes onde marcam presença os grandes compradores internacionais e onde são reveladas as tendências mais expressivas explorando o uso de novos materiais e novas temáticas para linhas de produtos. Nestas feiras, é possível também examinar as estratégias comerciais dos grandes centros produtores e exportadores de artesanato, de modo a analisar suas vantagens e desvantagens competitivas. Estas pesquisas devem ser realizadas por empresas e técnicos especializados, no mínimo, anualmente, já que o mercado tende a se renovar cada vez mais rapidamente, e se bem elaboradas poderão transformar-se em ferramenta fundamental para o planejamento estratégico. Todos os projetos de estudos e pesquisas para identificação de demanda deverão ter sua contratação deliberada e sua execução monitorada por especialistas indicados pelo Grupo Gestor para garantir a coerência dos procedimentos, a uniformidade dos dados e a homogeneidade das informações. • Quais são os temas, estilos ou contextos que estão em evidência (ex.: rústico, primitivo, náutico, sertanejo, nostálgico etc.); • Cores, padrões e texturas que estão sendo mais demandados (em geral definidas anualmente a partir de um acordo entre os fabricantes de tecidos, tintas, móveis etc.). 6 Ver calendário da Casa Cor no site: www.casacor.com.br. São Paulo Gift Fair acontece nos meses de março e agosto. 47 8.1.2. Identificação e análise da oferta (Estudos e Pesquisas) Tendo identificado a demanda, é necessário também identificar e qualificar a oferta. Isto significa conhecer os produtores, o que produzem, como, onde e para quem. Isto inclui traçar um perfil socioeconômico da população visada, levantando a renda familiar de cada artesão, perfil de escolaridade, acesso a bens e serviços e as condições de trabalho e moradia. Somente de posse destas informações será possível avaliar, no futuro, qual foi o impacto e o resultado destas ações sobre aquele grupo de indivíduos. Uma pesquisa sobre a oferta do setor artesanal deve identificar e separar as diferentes categorias de artesãos: aqueles que têm no artesanato sua atividade principal, fundamental à sua sobrevivência, e aqueles que têm no artesanato apenas uma opção de renda complementar ou como terapia ocupacional. Do mesmo modo, deve ser feita uma distinção entre artistas populares, mestres artesãos, aprendizes e demais envolvidos no processo produtivo. Ainda como pesquisa de oferta, deve ser feito um levantamento dos principais produtos artesanais, identificando sua origem, matériaprima, peso, tamanho, dimensões, custo e volume de produção mensal. Estas informações são indispensáveis para a montagem de uma base de dados sobre a oferta de produtos artesanais e para a confecção de catálogos para a venda. Ainda no que diz respeito à oferta, é importante identificar e cadastrar as associações, cooperativas de produção, fornecedores de matérias- primas, compradores diretos ou indiretos, técnicos e especialistas diversos. É de fundamental importância pesquisar e analisar a oferta (aquilo que se produz) fazendo uma avaliação de suas qualidades e deficiências, permitindo-se assim tirar proveito das oportunidades e neutralizar ou eliminar as ameaças. Uma situação ótima da oferta corresponde ao cumprimento das seguintes características: 8.1.2.1. Análise do contexto social, cultural, econômico e ambiental. Um outro componente importante para configurar uma base de informações, sólida e consistente, para apoiar um programa de artesanato deve ser uma pesquisa de resgate e valorização da cultura material e iconográfica da região onde as ações serão implementadas. Desenvolver novos produtos artesanais de • Que os produtos que a compõem sejam integrados e coerentes, formando famílias ou coleções, exibindo um diferencial comum; • Que estejam identificadas com sua origem e procedência, contendo elementos de informação sobre quem as produziu e em que condições, como uma espécie de garantia; referência cultural significa valer-se de elementos que reportem o produto ao seu lugar de origem, seja através do uso de certos materiais e insumos, ou técnicas de produção típicas da região, seja pelo uso de elementos simbólicos que façam explícita m e n ç ã o à s o r i g e n s d e s e u s produtores ou de seus antepassados. A busca pela renovação do • Que possuam qualidade técnica facilmente percebível pelos consumidores, tais como durabilidade, segurança no manuseio, funcionalidade etc.; • Que tenha uma qualidade formal e estética atraente, com expressiva carga simbólica e significação cultural; • Que tenham uma marca comercial que os distinga no mercado das demais ofertas artesanais; • Que estejam associados a outros produtos de prestígio. artesanato deve colocar em evidência os elementos mais comuns e típicos de seu entorno. Deve utilizar as cores de sua paisagem, imagens prediletas, sua fauna e flora, retratar os tipos humanos e seus costumes mais singulares, utilizar as matériasprimas que estão mais próximas e as técnicas que foram passadas de geração em geração. Estes elementos únicos dão sentido ao artesanato e indicam para o artesão seu lugar no mundo. Estas referências e atributos são valorizados por um mercado globalizado, ávido por produtos diferenciados. 49 Esta pesquisa iconográfica deve incorporar como atividades essenciais: 1) seminário de identidade cultural, para o qual são convidados arquitetos, historiadores, museólogos, antropólogos e outros notáveis da área cultural, todos com profundo conhecimento em sua área de atuação ou de estudo; 2) pesquisa de campo; e qualquer pessoa envolvida com processos criativos comprometidos com a cultura local. Para proceder a estes levantamentos, pode-se dividir a pesquisa em quatro níveis: • Arte e Arquitetura (sacra, vernacular, pretérita e contemporânea); • Artefatos (industrias ou artesanais: religiosos, utilitários, decorativos, lúdicos etc.); 3) construção de uma base de dados e imagens. O objetivo do seminário é fazer com que cada participante descreva os elementos mais significativos de sua área, apresentando os melhores e mais representativos exemplos, apontando os principais locais de ocorrências, enumerando os acervos existentes e apontando as pessoas que possam ser consideradas uma memória viva. Após o seminário, inicia-se a pesquisa de campo para levantar o maior número possível de registros fotográficos, conformando um banco de imagens de extraordinário valor referencial para arquitetos, artistas, designers, artesãos, publicitários, ou • Folclore (música, danças, mitos, lendas, vestuário, culinária); • Fauna e flora (iconografia representativa de animais, pássaros, flores, paisagens). Uma base de dados com informações sobre demanda, oferta e histórico do artesanato é o insumo indispensável para estruturar o Programa de Artesanato com capacidade de promover um salto qualitativo fundamentado num planejamento de longo prazo e sustentado na inteligência competitiva. 8.1.2.2. Análise da Concorrência Uma pesquisa de mercado é completa quando se analisam também as características da concorrência, dentre estas: • As tipologias de artesanato local com as mesmas características e direcionado ao mesmo segmento (geralmente o que menor risco apresenta devendo ser encarado como aliado e não como concorrente). • O artesanato proveniente de outras regiões do país (mesmos produtos com qualidades e preços diferenciados). • O artesanato de outros países da América Latina (maior diversificação, porém de preço mais elevado). • O artesanato de diferentes procedências agrupados sob a denominação genérica de “étnico” (em geral, da África e do Oriente). • O artesanato produzido em grande escala na China, Índia e Malásia (grande diversidade, baixa qualidade e preço muito baixo). • Os produtos industriais que falsificam o produto artesanal, em geral produzidos pelos “tigres asiáticos”. Esta análise deve permitir conhecer os pontos fortes (vantagens competitivas), os pontos fracos (deficiências), as ameaças e oportunidades que a presença deste tipo de artesanato representa no mercado. 51 8.1.3. Melhoria e desenvolvimento de novos produtos (Inovação) Conquistar um nicho específico de mercado consiste em identificar uma demanda insatisfeita e em seguida oferecer um produto diferente (ou melhor) de todos os demais conhecidos, que venha ao encontro destas expectativas não satisfeitas. Conhecido o perfil do público-alvo, a partir da análise da demanda, será possível desenvolver e oferecer um produto coerente com as expectativas de seus consumidores. A tarefa de conceber e desenvolver um novo produto, ou atualizar um produto existente de acordo com as expectativas do mercado e respeitando-se as condições da produção, é uma atividade altamente complexa que requer a colaboração de profissionais experientes (tais como designers, engenheiros de produção, arquitetos, antropólogos, entre outros) e para isto não basta ter talento e capacidade criativa. É necessário, acima de tudo, uma atitude de respeito à cultura do artesão. Ao participar do desenvolvimento de um produto, para quem quer que seja, os profissionais devem se abstrair de seu gosto pessoal, de suas preferências estéticas e tentar vestir a pele do comprador. Afinal, é para ele que se está trabalhando. Do mesmo modo, um designer envolvido com a concepção de produtos artesanais não deve projetar para o artesão, mas com o artesão. Criar novas linhas de produtos, com uma estética mais despojada e depurada, dirigida ao mercado consumidor de maior poder aquisitivo, pode ser, em algumas situações, uma alternativa para valorizar os produtos e aumentar sua produção, porém sem perder de vista a iconografia, o simbólico e o estético que caracterizam sua cultura de origem. Novos produtos podem significar o aumento da demanda desde que venham de encontro às necessidades e expectativas dos consumidores, e isto se pode conseguir com a proposição de peças que conformem uma coleção. 8.1.4. Adequação da produção (Inovação) A otimização dos processos produtivos, tornando a produção mais ágil e competitiva, e adequação destes produtos às novas exigências do mercado, tanto do ponto de vista formal quanto técnico, devem e podem ocorrer sem descaracterizar ou se afastar dos valores tradicionais e da história particular de cada núcleo artesanal, pois alguns destes processos de produção são ancestrais e devem ser preservados, mesmo que apenas como testemunho vivo da cultura. A atualização da produção artesanal pode se dar: • na substituição de uma matéria-prima que está ficando escassa por outra mais abundante; • pela troca de instrumentos de trabalho mais eficazes; • pela utilização de novas ferramentas que facilitem o trabalho, porém sem esquecer que em algumas técnicas somente a mão humana pode executar, com suas imperfeições e pequenas diferenças; • pela mudança de técnicas ou de processos mais produtivos; • pela alteração da forma, da aparência e da função; • no modo de apresentar comercialmente os produtos. O conceito de qualidade é muito mais amplo e vai desde a seleção e preparo da matéria-prima até o cuidado com a embalagem no momento da comercialização. A seleção dos insumos é de fundamental importância em qualquer segmento artesanal, evitando que o ataque de fungos, a corrosão, a umidade, o sol e inúmeros agentes externos acelerem o processo de deterioração da peça produzida. É preocupar-se com a durabilidade do produto, utilizando corantes, tintas e vernizes que não irão com o tempo desaparecer, perder a cor, o brilho e a beleza. Qualidade significa, também, fazer a centésima peça como se fosse a primeira, no tamanho, no peso, na forma, porém preservando as pequenas diferenças que tornam cada elemento uma peça única e singular, pois manter estes padrões é fundamental para poder padronizar os processos de embalagem e comercialização, buscando com isto mais eficiência e economia. Uma das formas eficazes de sistematizar esta informação é através do uso de fichas técnicas de 53 produtos, contendo todas as informações sobre os mesmos, tais como matérias-primas utilizadas, descrição dos processos de produção, dimensões, peso, características físicas e formais, volumes de produção, entre outras. Intervir na produção com o objetivo de torná-la mais eficaz e os produtos com maior qualidade somente será viável e sustentável no longo prazo se esta for uma ação sistêmica e compromissada com o artesão, pois somente é possível esperar elevada qualidade de produção daquele que tem qualidade de vida. 8.1.5. Capacitação Qualquer mudança em um modo de produção implica uma mudança comportamental daqueles envolvidos neste processo. Significa ter de alterar um modo de fazer diferente daquele com o qual as pessoas já estavam acostumadas. E, nada mais difícil que erradicar hábitos arraigados. Isto somente se consegue com educação, treinamento e com demonstração inequívoca dos benefícios oriundos desta mudança. Por esta razão são oferecidos tantos treinamentos aos artesãos, para que eles percebam e compreendam a necessidade de mudar sua visão e sua postura no trabalho. Para tanto, o Programa Sebrae de Artesanato deve buscar as melhores práticas e metodologias para criar referências para o trabalho em todos os Sebrae/UFs. Pois, generalizar metodologias e conteúdos pode ser arriscado se estas metodologias foram geradas entre outros contextos socioculturais diferentes daquele onde serão aplicados. A educação de adultos exige programas de capacitação especialmente concebidos para a realidade particular de cada contexto. Muitos programas de capacitação, ao perceberem que o ponto frágil do artesanato é sua comercialização, oferecem como solução cursos sobre formação de preço, técnicas de comercialização e vendas e outros temas correlatos, provocando com isto o distanciamento do artesão daquilo que ele saber fazer melhor, que é o produzir artesanato. O artesão não é o principal ator da comercialização, porém ele deve ter noções de todo o processo, visto que isto irá gerar impacto na produção. Outra característica marcante dos artesãos é seu comportamento individualista. Acostumado que está a um trabalho solitário, realizado na maioria das vezes na sua residência, compartilha sua experiência e seus conhecimentos apenas com familiares ou algum aprendiz. Este modo de trabalho dificulta a realização de um programa de capacitação ou de ações cooperadas. Portanto, um programa de capacitação para artesãos deve levar em conta estas particularidades, estruturando-se em módulos sucessivos, com um calendário compatível com seu tempo de produção, iniciando-se por um processo de sensibilização com ganhos crescentes de confiança e participação. Quando se fala em capacitação, devemos lembrar também da necessidade de qualificar e reciclar os técnicos que irão atuar junto às comunidades. Se por um lado existem milhares de artesãos em qualquer um dos estados brasileiros, existe uma carência inversamente proporcional de técnicos e profissionais com sensibilidade, experiência, motivação e talento para atuarem no segmento artesanal. Dentre as atividades de capacitação que necessitam ser ofertadas, destacam-se: • Treinamento de pessoas, nos municípios que serão atendidos, preparando-as para agirem na interface entre os programas de apoio ao artesanato e comunidade de artesãos. • Treinamento para técnicos que atuarão nos processos de transferência de novas tecnologias de produção para os artesãos; repassando informações sobre as demandas de mercado e ensinando métodos e técnicas de gerenciamento da produção para torná-la mais ágil e competitiva, porém sem descaracterizá-la. • Qualificação de técnicos e designers para atuarem no segmento artesanal. Com relação à capacitação dos artesãos, é necessário estruturar um programa sistêmico, continuado, com princípio, meio e fim. Um programa desta natureza deve propor um conjunto de disciplinas, com conteúdos interconectados (ver itens 7.2.4 – p. 36 e 7.3.2 – p. 40), construindo uma seqüência lógica, com exercícios de verificação de aprendizagem e um tempo de aplicação dos ensinamentos recebidos em sua prática cotidiana, construindo assim uma aprendizagem significativa. 8.1.6. Agregação de valor (Acesso ao mercado) Um artesanato de qualidade deve ter uma clara identificação com sua origem, impressa nas cores, nas texturas, nas marcas deixadas pelas mãos dos artesãos em cada peça. 55 Esta identidade é algo que se consegue com o tempo, fruto de muito esforço, constância e dedicação. Não se consegue com decretos e nem utilizando-se, de modo forçado, as caricaturas de nosso entorno. Quem compra artesanato está comprando também um pouco de história. Nem que seja sua própria história de viagens e de descobertas. Um produto, por melhor que seja, deve vir acompanhado de algo que o contextualize, que o localize no tempo e no espaço. A informação sobre a pessoa que fez uma determinada peça, a quantidade de horas ou de dias que levou para executar esta tarefa podem ter um alto valor para quem a adquire. Os grandes compradores solicitam cada vez mais, sobretudo para os produtos provenientes dos países em desenvolvimento, um selo de procedência, uma certificação de qualidade ou de respeito às normas ambientais e sociais. Isto poderá em breve ser uma exigência de todos os países importadores. Tudo isto se consegue com um amplo projeto de identidade visual, que pode ser adotado em cada estado e sub-projetos específicos para cada grupo de artesãos que tenham uma característica própria. Agregar valor significa também oferecer embalagens adequadas para o transporte e para a comercialização. Embalagens que ao mesmo tempo estão protegendo seu conteúdo estão também conferindo uma identificação de origem. Este grupo de ações se completa com o projeto de um sistema de expositores fixos ou móveis, displays para promoção comercial, gôndolas para vendas avulsas, souvenirs e uniformes com a marca do programa. 8.1.7. Promoção e divulgação (Acesso ao mercado) O mercado não é um conjunto homogêneo de consumidores que gostam e compram as mesmas coisas. Existe gosto para tudo e não cabe julgar qual “gosto” é melhor. Necessitamos apenas conhecer as diferenças para decidir o que vender e para quem vender. Para cada categoria de produtos artesanais que reúne características semelhantes existe um público-alvo específico (identificado no estudo de demanda), conseqüentemente, as estratégias de apoio e fomento serão diferenciadas. Tomemos o exemplo clássico da pirâmide de consumo. Os produtos que estão no vértice são peças únicas, e por isto mesmo de valor nominal mais elevado e, conseqüentemente, direcionados a uma parcela da população de maior poder aquisitivo. Quanto mais se desce em direção à base da pirâmide, maior é a escala de produção e menor será seu preço de mercado, facilitando assim a aquisição dos mesmos por uma parcela da população de menor poder aquisitivo. Cada faixa social tende a aspirar e a copiar os produtos dirigidos às camadas mais elevadas, gerando um processo permanente de adaptação e vulgarização dos produtos até que os mesmos sejam descontinuados. Este fenômeno adquire maiores proporções quanto maior for o grau de novidade e de receptividade dos novos produtos lançados no vértice da pirâmide, obrigando a um esforço permanente de renovação. Desta forma, cada produto deverá ter uma estratégia de promoção diferenciada em função do público consumidor a que se destina. 57 A B C D E F FIGURA 6 - Pirâmide de consumo 8.1.7.1. Sugestões de estratégias de promoção para as categorias artesanais atendidas pelo Programa Sebrae de Artesanato. Arte Popular As estratégias de apoio aos artistas populares devem ser direcionadas à valorização da personalidade, colocando em evidência e destaque o melhor de sua produção, pois são eles os que primeiro definem o padrão do artesanato da região onde vivem. Seu trabalho é a fonte de inspiração dos artesãos, que, ao utilizar sua obra como referência, não somente lhes prestam uma sincera homenagem, como buscam uma alternativa legítima de trabalho. Considerando que o compromisso destes artistas é consigo mesmo e sua maior aspiração é ver seu trabalho reconhecido e valorizado, quanto menor for a interferência neste trabalho, maior será a preservação de sua originalidade. A produção deverá estar sempre focada nas peças únicas e séries limitadas, garantindo assim o seu valor nominal. Entre outras formas de promoção do artista popular e sua obra está a concessão de reconhecimentos e/ou prêmios pelo conjunto de sua obra, a organização de exposições retrospectivas e as publicações de sua biografia. Estas peças devem, preferencialmente, ser vendidas em galerias ou lojas especializadas. Caso sejam comercializadas em lojas comuns de artesanato, devem ser expostas em gôndolas ou displays específicos e diferenciados, nominando seu artista. Artesanato Indígena O artesanato indígena dispõe de seus próprios canais de comercialização na maioria das regiões onde é produzido. Recomenda-se que as ações de apoio não interfiram nos processos produtivos para evitar a descaracterização do produto final, pois, embora parte da produção artesanal indígena seja destinada ao mercado de consumo, possuem formas particulares de organização do trabalho, de identificação e de atribuição de valor aos bens, de distribuição e de uso que diferem das formas convencionais capitalistas e que merecem ser preservadas. Portanto, o apoio e a promoção do artesanato indígena devem estar focados na garantia da cidadania das comunidades, preservando sua cultura e ampliando os canais de promoção e comercialização de seus produtos artesanais. Artesanato Tradicional O artesanato tradicional, por sua importância social, econômica e cultural, deverá ter como principal estratégia a identificação, o resgate e a promoção dos produtos de reconhecida identidade regional, colocando em evidência suas raízes, sua história e sua trajetória. Um sistema de agregação de valor com o uso de selos de procedência, etiquetas de contextualização cultural, embalagens exclusivas e pontos-de-venda bem definidos tem se mostrado de grande eficiência e retorno para esta categoria. A intervenção, depois da análise do contexto, pode se dar a partir da proposição de novas ferramentas e processos que possam otimizar a eficiência do trabalho. Os produtos podem ser divulgados/apresentados em catálogos, com destaque para sua importância cultural, destinados a mercados específicos. Artesanato de Referência Cultural Este é um dos segmentos mais promissores para o incremento competitivo do artesanato brasileiro, pois trata-se de produtos concebidos dentro de uma lógica de mercado, orientados para a demanda, acompanhados por designers, tendo como referência os elementos mais expressivos e significativos da cultura regional. Além disso, é o que mais favorece a ampliação de postos de trabalho. Incremento importante da diversidade de produtos de uma região ou grupo de produtores é a realização de consultorias em design para grupos de artesãos, para o desenvolvimento de coleções temáticas inspiradas na iconografia regional. A introdução de novas técnicas, novas ferramentas, novos processos e/ou novas matériasprimas é uma ação estratégica para esta sub-categoria, objetivando agregar valor aos produtos, melhorar a produção, aumentar a produtividade, otimizar os custos e tornar o trabalho mais eficaz. Estes produtos, por incorporarem significativas inovações de forma, de uso e às vezes de materiais, são produzidos a partir de estudos de tendências e prospecção de mercado. Artesanato Conceitual Considerando que o artesanato conceitual é aquele desenvolvido por grupos de indivíduos com algum tipo de formação artística, que imprimem em 59 seus produtos algum conceito cultural e/ou ambiental e não se prende aos aspectos da cultura regional, predomina a produção de pequenas séries onde a inovação é seu diferencial. Sua evolução é rápida, sistemática, direcionada em geral a um público consumidor exigente e elitista, com maior poder aquisitivo. A comercialização, geralmente, é realizada na própria oficina de produção e em lojas especializadas de arte e decoração. disponibilidade de tempo, grau de interesse e possibilidade de participação. A partir destas informações, é possível iniciar um trabalho de mobilização com o objetivo de constituir uma organização formal, que permita a compra conjunta de matéria-prima para redução custos, a realização de cursos e treinamentos, a participação conjunta em feiras e exposições e uma estratégia de vendas mais eficaz. Trabalhos Manuais “artesanato doméstico” Produtos Alimentícios - “típicos” Desafio para esta categoria é promovê-la à condição de artesanato, agregando valor cultural aos produtos e direcionando sua produção às demandas de mercado. O ponto de partida é o mapeamento dos grupos de artesãos levantando dados sobre seu trabalho: produtos que desenvolvem, grau de envolvimento e dedicação à atividade artesanal, Os produtos alimentícios serão atendidos parcialmente do Programa Sebrae de Artesanato, dado que tratá-los como sendo artesanato pode implicar uma série de equívocos, pois devem ser atendidos por programas específicos, do Sebrae, destinados ao setor agro-industrial e estão sujeitos ao controle dos organismos de vigilância sanitária. Tendo em vista o forte apelo cultural e o modo de produção artesanal desses produtos, o Programa de Artesanato pode atuar de forma integrada ao Programa de Agronegócios, agregando valor através do desenvolvimento de embalagens que valorizem estes produtos e “demonstrem” para o mercado o seu modo de produção e, conseqüentemente, seu valor cultural. Produtos Industriais e Semi-Industriais “industrianato” Uma das características do artesanato é o fato do mesmo ser resultante de um modo de produção rudimentar em pequena escala. Por isso, toda produção em grande escala, que tenha interface com o artesanato, será atendida de forma parcial pelo Programa Sebrae de Artesanato. Alguns casos, como a produção cerâmica ou a fundição de metais – que utilizam em seus processos produtivos fôrmas ou moldes para obter a forma básica dos produtos, permitindo uma produção seriada – serão atendidos pontualmente em ações específicas de design, através do desenvolvimento de produtos inspirados na iconografia regional, visando agregar valor cultural a estes produtos. Já a produção de pequenas lembranças pode e deve ser apoiada, resgatando suas características mais essenciais, aportando-lhes maior eficiência, diversificando e melhorando seus produtos, adequando-os aos diversos públicos e não somente ao turista de baixa renda. 8.1.8. Comercialização (Acesso ao mercado) A comercialização sempre foi o maior desafio para o artesanato, tanto no que se refere ao acesso ao mercado como também fazer com que o resultado financeiro deste processo seja apropriado pelo artesão. Em outras palavras, é necessário estabelecer mecanismos que viabilizem ao artesão o acesso direto ao consumidor final ou ao comprador atacadista, o que lhe proporcionaria uma melhoria significativa de sua renda. Esta ausência de diálogo entre o artesão e o consumidor final não propicia seu acesso às informações importantes que podem municiá-lo de dados relevantes necessários para que ele possa adaptar o fruto de sua criação ao desejo do cliente. O perfil atual do consumidor demonstra que ele está cada vez mais cansado dos produtos e serviços atuais, mais consciente, bem informado e, conseqüentemente, mais exigente. Mais seletivo e racional, busca produtos com preços mais baratos. A atual geração do marketing preconiza o fim do atendimento de massa passando para o atendimento individualizado, o uso intensivo da tecnologia da informação e a venda eletrônica, cada vez mais acentuada. Deste modo, será oportuno repensar as funções e atribuições das Centrais de Comercialização. Elas devem ter sua gestão profissionalizada e seu trabalho supervisionado por conselhos de administração onde os artesãos tenham assento. O que se busca é inovar nos processos de comercialização propondo sistemas que sejam autosustentados e mais eficazes. Estas centrais de comercialização podem, no futuro, evoluir para se transformarem em empresas virtuais, sem a necessidade de uma única sede fixa, podendo possuir dezenas de pontos-de-venda (franqueados ou não), aproximando o artesanato de seu público comprador. 61 Deve-se estudar a possibilidade de se criar uma estrutura de distribuição do artesanato para venda direta dentro dos hotéis, pousadas e restaurantes, em regiões de grande afluxo de turistas, podendo ser planejado como uma estratégia mais agressiva de vendas. Finalmente, é indispensável preparar o artesanato para penetrar no mercado de compra atacadista, pois as vendas no varejo não são muitas vezes suficientes para um desenvolvimento auto-sustentado, já que estão sempre sujeitas às épocas de alta estação turística. 8.1.8.1. Algumas estratégias de comercialização Estratégia indiferenciada Divulgação massiva do conjunto da produção artesanal dirigida a todos os segmentos do mercado. Esta estratégia é mais apropriada aos produtos de grande consumo e de fácil acesso por toda a população, muito embora seja a opção preferencial dos programas de promoção do artesanato. É pouco efetiva e muito dispendiosa. Estratégia diferenciada Cada grupo de produtos ou coleção de um determinado tipo de produto orienta-se a um grupo específico de consumidores. Esta estratégia pode ser utilizada quando existe grande produção capaz de suportar grande volume de demanda. Estratégia de concentração É direcionar a promoção, a comunicação e a venda de um conjunto de produtos, compondo um “mix” dirigido somente a um segmento de mercado. Esta parece ser a estratégia mais apropriada para os produtos artesanais, pois requer um menor investimento com maior retorno. Fatores comerciais O sucesso comercial de um empreendimento, seja este industrial ou artesanal, depende de quatro fatores fundamentais, aquilo que em marketing se convencionou chamar dos 4 Ps. 1º. Produto Linhas próprias com design exclusivo formando famílias ou coleções, correta escolha das matérias-primas, uso de processos e tecnologia apropriada e não poluente, usos e funções claramente definidas e eficazes e valor cultural explícito. 2º. Preço Determinado a partir do cálculo dos seguintes componentes: fração de amortização dos investimentos realizados, custo da matéria-prima utilizada, volume de horas de mão-de-obra empregada e o valor simbólico percebido pelos compradores, dentro de suas expectativas de gasto. 63 3º. Posicionamento Direcionamento dos produtos ofertados a um público bem específico, posicionando-os para a venda em locais freqüentados por este mesmo público, realizando vendas casadas com outros produtos que complementem a oferta. 4º. Promoção Embalagens adequadas, selo de p r o c e d ê n c i a , e l e m e n t o s d e contextualização cultural, displays e pontos-de-venda projetados em harmonia com os produtos oferecidos, campanhas publicitárias corretamente direcionadas, promoções e ofertas diferenciadas de acordo com as estações do ano ou datas festivas. Programa Sebrae de Artesanato 9 - Infra-estrutura para o artesanato Pode-se compreender como infra-estrutura não somente a base material e econômica sobre a qual é construída uma sociedade ou organização, mas também o capital intelectual necessário para dar sustentabilidade a estas estruturas. Uma ponte, um viaduto, um túnel, não são somente concreto e aço. São constituídos, antes de tudo, de inteligência, de conhecimento técnico e científico e de trabalho. A mudança qualitativa do padrão social e econômico de uma determinada região não se consegue somente com o aporte de recursos financeiros e dos meios físicos necessários, porém se alcançam sobretudo através de uma mudança de mentalidade e esta por sua vez é fruto da educação. No caso do artesanato, o raciocínio deve ser o mesmo, pois qualquer que seja o investimento na construção, adaptação e reforma de uma unidade de apoio à produção artesanal, deve-se prever o capital necessário para atrair os recursos humanos qualificados que trarão os conhecimentos adequados ao processo. Em outras palavras, uma infra-estrutura que busque sustentabilidade ao artesanato deve incluir um sistema de inteligência capaz de captar, processar, analisar e disseminar informações e conhecimentos, qualquer que seja sua natureza, de modo a dar respostas rápidas e eficazes diante dos problemas, preferencialmente de modo criativo e inovador. Isto inclui, evidentemente, a capacidade de projetar produtos de acordo com as tendências e desejos do mercado, sem perder as características essenciais que identificam sua origem e procedência. qualidade e competitividade do produto de origem artesanal, de modo sustentável, através dos seguintes projetos e atividades: • Diagnósticos, pesquisas e informação técnica (incluindo as pesquisas de mercado); • Design e desenvolvimento de novos produtos; • Transferência de tecnologia; • Testes, ensaios e experimentações; A infra-estrutura ideal para o desenvolvimento sustentado do artesanato dentro de uma concepção estratégica e sistêmica deve ser, portanto, um conjunto de unidades, preferencialmente integradas de modo orgânico, constituído de cooperativa ou associação de artesãos, oficinas experimentais de produção, unidades de processamento e beneficiamento de matéria-prima, central de comercialização, centro de treinamento e capacitação, núcleo de inovação e de design. Este último, por estar implantado nas 27 unidades federativas brasileiras, fruto de parcerias entre diversas instituições, constitui uma das mais importantes estruturas para facilitar a implantação das demais unidades. Portanto, os Programas Estaduais de Artesanato deverão estar à frente da articulção dos processos juntamente com as equipes locais do Via Design. Núcleos de Inovação e Design para o Artesanato Estes núcleos têm por objetivo principal colaborar para o desenvolvimento e melhoria da • Preparação de material didático de apoio aos processos de capacitação e aperfeiçoamento de recursos humanos (em especial de multiplicadores); • Promoção e divulgação de novos produtos; • Apoio à comercialização; • Organização de seminários e jornadas técnicas; • Organização e coordenação de workshops para desenvolvimento de produtos; • Publicações de material técnico-didático; • Realização de exposições; • Organização e/ou participação em feiras. 65 Oficinas Experimentais de Produção/Oficina-Escola São unidades cuja finalidade principal é desenvolver e testar os protótipos das novas linhas de produtos e transferir para os artesãos a melhor tecnologia de produção. A implantação destas oficinas se justifica pela necessidade de dispor de um espaço de experimentação que não interfira na rotina e no fluxo cotidiano de produção nas unidades existentes. Por se tratar de um espaço coletivo, e portanto neutro, que procura reproduzir as condições ideais de trabalho, a transferência de conhecimentos sobre novos processos se dá de modo mais natural e significativo. Aprende-se na prática, fazendo, experimentando, testando, comparando, questionando. As oficinas experimentais podem ainda abrigar, provisoriamente, a mão-de-obra recrutada para atender eventuais demandas excedentes. Central de Processamento de Matéria-prima Em várias regiões produtoras de artesanato, um dos problemas mais corriqueiros e graves tem sido o fornecimento e processamento preliminar da matériaprima, seja esta o barro para a cerâmica, as fibras vegetais para os trançados, ou a madeira, o couro, metais etc. Submetidos com freqüência a diferentes fornecedores, que, por sua vez, coletam a matériaprima em diferentes lugares, portanto com características intrínsecas diferenciadas, o artesão não consegue atender a grandes encomendas mantendo um mesmo padrão de qualidade. Uma unidade de coleta, processamento, beneficiamento e distribuição de matéria-prima poderá representar um imediato salto de qualidade e de redução de perdas. Esta unidade deve ser gerenciada ou supervisionada pela cooperativa dos produtores. Unidade de Treinamento e Capacitação A chave para qualquer mudança social está na educação, pois é através dela que os indivíduos encontram seu lugar na sociedade, adquirem a noção de pertencimento e de cidadania e podem desenvolver suas habilidades e capacidades para o trabalho. O processo educacional deve ser contínuo, sistemático e voltado para a realidade de cada contexto social. Um programa de modernização do segmento artesanal visando sua inserção na economia formal através do fornecimento de produtos competitivos tem como principal pilar de sustentação um programa de cursos e treinamentos, em diferentes níveis e graus de complexidade, dirigidos ao aperfeiçoamento e atualização tecnológica dos artesãos, bem como dos técnicos e profissionais que com eles irão trabalhar. Um local ideal para treinamento deverá estar associado a uma oficina de produção experimental, dadas as exigências de um aprendizado significativo. Centrais de Comercialização O círculo de eficiência do Programa de Artesanato fecha-se com a criação de uma central de comercialização do artesanato, pois tudo se origina a partir do mercado e nele deve terminar. PRODUÇÃO Esta central deve ser um empreendimento gerenciado profissionalmente, com a participação direta dos artesãos na supervisão de suas atividades, sendo beneficiários diretos de seus resultados financeiros, podendo ser uma unidade executiva da cooperativa. Deve possuir um local de exibição dos produtos, preferencialmente que integre o circuito obrigatório dos turistas e visitantes, e que sirva ao mesmo tempo de local de aferição de resposta do mercado aos produtos inovadores. O Sebrae poderá apoiar e orientar sua implementação por tempo determinado. MERCADO IDENTIFICAR DEMANDA NÚCLEO DE INOVAÇÃO E DESIGN 67 COMERCIALIZAR DIVULGAR E PROMOVER IDENTIFICAR OFERTA MELHORAR PRODUTOS CENTRAL DE C0MERCIALIZAÇÃO AGREGAR VALOR MELHORAR PROCESSOS CAPACITAR PRODUTORES OFICINA EXPERIMENTAL DE PRODUÇÃO FIGURA 7 - Infra-estrutura para o artesanato A análise de cada uma destas estruturas, a partir de modelos existentes e conhecidos, poderá servir para dimensionar e avaliar as necessidades dos programas estaduais de artesanato. Programa Sebrae de Artesanato A principal e mais importante característica do trabalho artesanal é o fato dele ser resultante de um trabalho produtivo, executado pelas mãos, com sensibilidade, perícia e cuidado. São as mãos o principal instrumento de trabalho dos artesãos. Quando a matéria que procuram dominar ou modificar é mais dura, impenetrável ou insensível, elas necessitam de uma extensão, um prolongamento que as ajude a superar seus limites e vencer a resistência da matéria: as ferramentas. Esta transferência da mão ao objeto determina as várias formas que as ferramentas assumem. Deste modo, cada ofício caracteriza-se pela diversidade formal dos instrumentos que utiliza, e cada instrumento significa a transfiguração da mão do artesão em uma ferramenta de trabalho específica. Esta relação do instrumento com o artesão é tão necessária quanto a relação entre a idéia e o pensador, como observou Clarival Prado. Os instrumentos são os meios que permitem ao artesão expressar-se e realizar seu trabalho. Deste modo, não é possível aceitar que o artesão possa expressar-se plenamente se os seus meios de produção são rudimentares, pobres, toscos e improvisados. A melhoria do artesanato passa, necessariamente, pela melhoria das condições de trabalho e do uso de ferramentas mais adequadas. A adequação do artesanato às mudanças tecnológicas, ou às expectativas de consumo, são modos de descaracterizar o trabalho ou afastá-lo de sua pureza original? 10 - O artesão e seus instrumentos de trabalho Embora este tipo de interrogação tenha em sua essência uma boa intenção embutida, são em grande medida fruto apenas de uma preocupação protetora com a cultura popular, porém ingênua no sentido de acreditar ser possível preservar os artesãos e artistas populares das influências do mercado e de um meio em permanente e contínua mudança. Querer restringir o acesso do artesão às novas tecnologias (que são quaisquer ferramentas ou processos de produção e não apenas as de ponta, como se acredita erroneamente), não implica acabar com o artesanato autêntico, pois a autenticidade está na forma singular com que cada artista ou artesão vê o mundo ao seu redor e consegue representá-lo ou expressar seus sentimentos ou emoções. Uma nova ferramenta pode, no máximo, melhorar o desempenho da atividade realizada, facilitar a execução de uma tarefa, porém nunca fazer com que o homem mude sua forma de pensar. Contudo, a incorporação de uma nova ferramenta, de um novo modo de produzir, ou de um novo material, deve vir precedida de uma reflexão sobre os ganhos que esta mudança poderá trazer, sobretudo na melhoria real do resultado econômico. 69 Glossário Alinhamento – consistência entre planos, processos, Conhecimento – constituído pela tecnologia, pelas ações, informações e decisões para apoiar estratégias, objetivos e metas globais da organização. O alinhamento eficaz requer o entendimento das estratégias e metas e a utilização de indicadores e informações complementares para possibilitar o planejamento, monitoramento, análise e melhoria nos setores de trabalho, principais processos e na organização como um todo. políticas, pelos procedimentos, pelas bases de dados e documentos, bem como pelo conjunto de experiências e habilidades da força de trabalho. É gerado como resultado da análise das informações coletadas pela organização. Arranjos Produtivos Locais – são aglomerações de empresas, localizadas em um mesmo território, que apresentam especialização produtiva e mantêm vínculos de articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si e com outros atores locais, tais como: governo, associações empresariais, instituições de crédito, ensino e pesquisa.7 Cliente – destinatário dos produtos da organização, pode ser uma pessoa física ou jurídica. Quem adquire (comprador) e/ou quem utiliza o produto (usuário/consumidor). Cliente potencial – ainda não é cliente da organização. É um cliente da concorrência ou alguém que poderia ser atendido pela organização. Competência – mobilização de conhecimentos (saber), habilidades (fazer) e atitudes (querer) necessários ao desempenho de atividades ou funções, segundo padrões de qualidade e produtividade requeridos pela natureza do trabalho. 7 SEBRAE. Termo de referência para o desenvolvimento de APL, versão para discussão interna. Brasília, 2003, p. 7. Desempenho – resultados obtidos dos principais indicadores de processos e de produtos que permitem avaliá-los e compará-los em relação às metas, aos padrões, aos referenciais pertinentes e a outros processos e produtos. Geralmente, os resultados expressam satisfação, insatisfação, eficiência e eficácia e podem ser apresentados em termos financeiros ou não. Desempenho global – síntese dos resultados relevantes para a organização como um todo, levandose em consideração todas as partes envolvidas. É o desempenho planejado pela estratégia da organização. Desenvolvimento sustentável – em seu relatório de 1987, Nosso futuro comum, a Comissão Mundial expressou, com grande otimismo, que o mundo conseguiria resolver seus problemas ambientais e de desenvolvimento econômico desde que o planejamento em ambas as esferas – a econômica e a ambiental – fosse intimamente integrado. O Relatório Brundtland, como foi chamado, previu uma nova era de crescimento econômico baseado nas práticas da saúde ambiental e do desenvolvimento sustentável e desafiou as pessoas do mundo a trabalharem com vistas a ele. Segundo a Comissão, o desafio do desenvolvimento sustentável é trazer as considerações 71 ambientais para o centro das tomadas de decisão econômicas, para o centro do planejamento futuro em todos os níveis: local, regional e global. Muitos dos problemas que enfrentamos hoje, como a contaminação tóxica, a chuva ácida, a fome, a disseminação das doenças transmissíveis, o tratamento inadequado dos esgotos e o excesso de lixo sólido industrial e residencial são resultado de decisões tomadas sem considerar seus impactos nos recursos humanos e não humanos do meio ambiente. A velocidade de implementação do desenvolvimento sustentável depende da vontade coletiva dos cidadãos de cada região ou país para vencer a inércia das estruturas e processos preexistentes. Para tanto, é preciso conhecer os objetivos mais importantes do desenvolvimento sustentável: • Antecipar e evitar os impactos negativos ambientais, econômicos, sociais e culturais das políticas, dos programas, das decisões e das atividades para fins de desenvolvimento; • Desenvolver a habilidade de recuperação diante das mudanças, quando seus impactos não puderem ser antecipados; • Manter e melhorar os recursos não humanos (os processos ecológicos, a diversidade biológica e o meio físico); • Usar os recursos não renováveis com prudência e eficiência, desenvolver recursos renováveis em base sustentável e reduzir o conteúdo de energia e de recursos não humanos necessários ao desenvolvimento; • Manter a igualdade de acesso aos recursos não humanos e aos benefícios que eles proporcionam, bem como distribuir com igualdade os custos ambientais derivados do uso desses recursos; • Desenvolver soluções amplas e equilibradas para os problemas globais dentro de cada país e internacionalmente. Em junho de 1992, realizou-se, na cidade do Rio de Janeiro, a Reunião das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento – Rio 92. Com a participação dos países-membros da ONU, foi produzida na ocasião a Agenda 21 (United Nations, Earth Summit Agenda 21: Programme of Action for Sustainable Development, 1993), que é um programa de ação para o desenvolvimento sustentável de todo mundo. A questão da sustentabilidade está intimamente relacionada com o conceito da capacidade de suporte de um ecossistema, envolvendo sempre o número de indivíduos (homens, animais e plantas) que pode tirar seu sustento (nutrientes e energia) de determinada área, depositando nela seus resíduos, sem degradá-la. Para determinar a capacidade de suporte de um ecossistema, portanto, é preciso conhecer os níveis de consumo e de produção de resíduos admitidos para esse sustento e o intervalo de tempo durante o qual tais indivíduos poderiam se sustentar. Segundo o seu horizonte temporal, a capacidade de suporte pode ser classificada em instantânea ou sustentável. A capacidade de suporte instantânea reflete a taxa de exploração correspondente à manutenção da sobrevivência e da reprodução de determinada população durante determinado período de tempo. Já a capacidade de suporte sustentável reflete definição de atividades e competências interrelacionadas para se agregar valor de maneira diferenciada às partes envolvidas. É o conjunto de decisões que orientam a definição das ações a serem tomadas pela organização. as taxas de exploração de recursos naturais disponíveis, que não levem à sua degradação por determinada população ao longo do tempo. A capacidade de suporte sustentável diz respeito à utilização de um espaço por uma comunidade, durante um período de tempo muito longo (por exemplo, muitas décadas), sem que haja mostras da degradação dos ecossistemas. Em suma, o conceito de capacidade de suporte é fundamental na definição do desenvolvimento sustentável porque nos diz “o número máximo de pessoas que pode ser sustentado numa determinada área, por um período de tempo indefinido, com uma dada tecnologia e um conjunto de hábitos de consumo, sem causar degradação ambiental” (adaptado de W. Allan, citado em Fearnside). Embora seja difícil estabelecer com precisão a capacidade de suporte de qualquer ecossistema particular, sua determinação é fundamental, sobretudo para a formulação de políticas de povoamento e de desenvolvimento sustentáveis em países como o Brasil. Se soubermos nos manter abaixo da capacidade de suporte (sustentável) dos diferentes ecossistemas em que intervimos, estaremos garantindo a reprodução de seus processos ecológicos, indefinidamente. ou externamente à organização que, após análise, se transformam em informações não quantificáveis e que servem de base para a tomada de decisões sobre as práticas de gestão organizacionais. Diretrizes organizacionais – conjunto de Informações sistematizadas – resultantes de orientações que devem ser seguidas pela organização, como por exemplo: a missão, a visão, os valores, as políticas, os códigos de conduta, entre outros. tratamento padronizado e repetitivo de dados, por meio de sistemas de informação, informatizados ou não. Excelência – situação excepcional da gestão e dos resultados obtidos pela organização, alcançada por meio da prática continuada dos fundamentos do modelo sistêmico. Fornecedor – qualquer organização que forneça bens e serviços. A utilização desses bens e serviços pode ocorrer em qualquer estágio do projeto, produção e utilização dos produtos. Assim, fornecedores pode incluir distribuidores, revendedores, prestadores de serviços terceirizados, transportadores, contratados e franquias, bem como os que suprem a organização com materiais e componentes. Informações qualitativas – fatos ocorridos interna Integridade da informação – um dos aspectos Estratégia – caminho escolhido para posicionar a organização de forma competitiva e garantir sua sobrevivência ao longo do prazo, com a subseqüente relacionados à segurança das informações que trata da proteção da informação contra modificações não autorizadas, garantindo que ela seja confiável, completa 73 e exata. Como exemplos de informações passíveis de proteção, em função de perfil da organização e do seu nível requerido de segurança, podem ser citadas as: Organização do trabalho – maneira pela qual as • armazenadas em computadores; • transmitidas por meio de redes; • impressas em meio físico; • enviadas por fac-símile; • armazenadas em fitas ou discos; • enviadas por correio eletrônico; • trocadas em conversas telefônicas. Padrão de trabalho – regras de funcionamento das Metas – níveis de desempenho pretendidos para um determinado período de tempo. pessoas são organizadas ou se organizam em áreas formais ou informais, temporárias ou permanentes. práticas de gestão, podendo estar na forma de diretrizes organizacionais, procedimentos, rotinas de trabalho, normas administrativas, fluxogramas, quantificação dos níveis que se pretende atingir ou qualquer meio que permita orientar a execução das práticas. O padrão de trabalho pode ser estabelecido utilizando como critérios as necessidades das partes envolvidas, as estratégias, requisitos legais, o nível de desempenho de concorrentes, informações comparativas pertinentes, normas nacionais e internacionais, entre outros. Missão – razão de ser de uma organização, as necessidades sociais a que ela atende e seu foco fundamental de atividades. Monitoramento – métodos utilizados para verificar se os padrões de trabalho das práticas de gestão estão sendo cumpridos, estabelecendo prioridades, planejando e implementando, quando necessário, ações de correção e/ou prevenção. Necessidades – conjunto de requisitos, expectativas e preferências dos clientes ou das demais partes envolvidas. Organização – companhia, corporação, firma, órgão, instituição ou empresa, sociedade anônima, limitada ou com outra forma estatutária que tem funções e estruturas administrativas próprias e autônomas, no setor público ou privado. Parceria – estágio de relacionamento especial e estreito entre organizações obtido em função de fatores e razões diversas. As parcerias objetivam o fortalecimento das relações com os clientes ou com os fornecedores. No primeiro caso, os fatores ou razões podem incluir melhor possibilidade do conhecimento dos requisitos e necessidades do cliente e, no segundo caso, o volume de negócios entre a organização e o fornecedor, grau de dependência da organização em relação ao fornecedor e criticidade do produto ou serviço oferecido pelo fornecedor. Planos de ação – principais instrumentos organizacionais, resultantes do desdobramento das estratégias de curto e longo prazo. De maneira geral, os planos de ação são estabelecidos para realizar aquilo que a organização deve fazer bem feito para que sua estratégia seja bem-sucedida. O desenvolvimento dos planos é de fundamental importância no processo de planejamento para que os objetivos estratégicos e as metas estabelecidas sejam entendidas e desdobradas para toda a organização. O desdobramento dos planos de ação requer uma análise do montante de recursos necessários e a criação de medidas de alinhamento para todas as unidades de trabalho. O desdobramento pode também exigir a capacitação de algumas pessoas da força de trabalho ou o recrutamento de novas pessoas. Processo – conjunto de recursos e atividades interrelacionadas que transformam insumos (entradas) em produtos (saídas). Essa transformação deve agregar valor na percepção dos clientes do processo e exige um certo conjunto de recursos. Os recursos podem incluir pessoal, finanças, instalações, equipamentos, métodos e técnicas, numa seqüência de etapas ou ações sistemáticas. O processo poderá exigir que a seqüência de etapas seja documentada por meio de especificações, de procedimentos e de instruções de trabalho, bem como que as etapas de medição e controle sejam adequadamente definidas. Produtividade – eficiência na utilização de recursos, calculada pela combinação da produtividade dos diferentes recursos utilizados para obtenção de um produto. Produto – resultado de atividades ou processos. O termo produto pode incluir serviços, materiais e equipamentos, informações ou uma combinação desses elementos. Programa – Conjunto de projetos que deverão ser administrados de forma coordenada. Contém as diretrizes, os processos que se seguirão para alcançar objetivos, explícitos e definidos claramente, com previsão de atividades, prazos e meios escolhidos para alcançá-los. 75 O Programa Sebrae de Artesanato é sistêmico – é um conjunto de elementos com uma finalidade comum, com foco bem definido e comum a todas as Unidades da Federação (informação, formação e mercado) que se relacionam entre si, formando um todo dinâmico. Portanto, um sistema de gestão do Programa – e dos projetos que o compõem – é um conjunto estruturado de responsabilidades, autoridade, processos, procedimentos, documentos e todos os tipos de recursos que procuram garantir a qualidade dos produtos, serviços e processos. Projeto – conjunto de ações sistematicamente ordenadas, com objetivos, metas, prazos e recursos definidos em função de um problema, oportunidade ou interesse da organização. É parte integrante de um programa. OBJETIVO SINGULAR - não há dois projetos iguais. Diferem das atividades de rotina. ATIVIDADE FINITA - tem começo, meio e fim previsíveis ou programados. CLIENTE OU USUÁRIO - envolve a relação entre fornecedor e cliente/usuário que solicitou a solução e/ou que avaliará quando for desenvolvida. PROJETO RECURSOS LIMITADOS INCERTEZA - tem um componente de incerteza quanto ao resultado esperado e grau elevado de desconhecimento sobre a solução ou maneira de atingí-la. ADMINISTRAÇÃO ESPECÍFICA - utilização de recursos diversos e competências especializadas, integrando-as para transformar idéias em resultados e/ou as condições de realização. FIGURA 8 - Principais características dos projetos8 Prontidão para resposta – estar preparado para Requisitos – necessidades básicas dos clientes ou atender a qualquer demanda estratégica, operacional das demais partes envolvidas, explicitadas de ou tecnológica. Agir com presteza tendo em vista a maneira formal ou informal. Os requisitos incluem satisfação dos clientes (internos e externos) e sua prazo de entrega, especificação técnica, tempo de retenção. atendimento, qualificação de pessoal, preço e condições de pagamento, entre outros. Qualidade de vida – dinâmica de organização do trabalho que permite manter ou aumentar o bem-estar Sistema – conjunto de elementos com uma físico e psicológico da força de trabalho, com a finalidade comum, que se relacionam entre si, finalidade de se obter uma total congruência entre as formando um todo dinâmico. atividades desenvolvidas no trabalho e as demais atividades da sua vida, preservando a individualidade Tendência – resultado da análise do comportamento de cada um e possibilitando o desenvolvimento de conjunto de resultados ao longo do tempo. A freqüência de medição deve ser coerente com o ciclo da integral das pessoas. 8 MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Administração de projetos, transformando idéias em resultados. São Paulo: Atlas, 1997. prática de gestão medida, adequada para apoiar as análises críticas e a tomada de decisões sobre ações corretivas e de melhoria. Território – constitui-se, pela afirmação e emergência de redes locais de cidadãos, dentre as quais as redes empresariais locais. O reconhecimento e a valorização dessas redes aprofundam a democracia e são capazes de promover um caminho de desenvolvimento que combine redução da desigualdade com crescimento econômico. Nas redes locais de cidadãos, é o aprofundamento contínuo do processo democrático que constitui as bases de uma inovação ilimitada, é, pois, a condição necessária para romper o quebracabeça da divergência sistemática entre crescimento econômico e redução da injustiça social. De forma geral, podemos falar de território em situações onde se reconhecem: • redes de atores capazes de estabelecer perspectivas comuns de negócio; • parcerias e compromissos de se manter e especializar os investimentos de cada um dos atores no território. O território compreende um determinado recorte de espaço cognitivo, parte de um município, um município, rede de municípios, bacias hidrográficas, vales, serras etc. que: • possua sinais de identidade coletiva (sociais, culturais, econômicos, políticos, ambientais, históricos etc.); • mantenha ou tenha capacidade de promover uma convergência em termos de expectativas de desenvolvimento; e • promova ou seja passível de uma integração econômica e social, no âmbito local. Fica evidente que a configuração espacial do território independe das divisões geopolíticas (divisas municipais, regionais, estaduais e outras) e depende dos efeitos de proximidade cognitiva de suas redes: • a articulação entre as empresas da atividade principal; • o relacionamento presencial com outros agentes do local; • uma certa regularidade e intensidade nos relacionamentos e nas articulações; • a construção de confiança e cooperação; e • a troca sistemática de informações e conhecimento que possibilite aprendizagem e ganhos comuns. 77 Anexos Anexo1 Programa Sebrae de Artesanato AVALIAÇÃO DAS POTENCIALIDADES PARA SELEÇÃO DE APLs – ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS E/OU MUNICÍPIOS/TERRITÓRIOS Este questionário de avaliação das potencialidade locais tem como objetivo criar parâmetros para a definição dos municípios/microrregiões que apresentem as melhores condições para implementação do Programa. DATA: REGIONAL: MUNICÍPIO(S)/TERRITÓRIO(S) ANALISADO(S): RESPONSÁVEL(IS) PELAS INFORMAÇÕES: CRITÉRIOS 1. Demanda proveniente da comunidade local dos artesãos (incidência da procura) PESO 10 2. Município é atendido pelo: • Programa Sebrae de Turismo 20 PONTUAÇÃO (0 a 3 ) TOTAL DE PONTOS CRITÉRIOS PESO • Programa de Desenvolvimento Local/DLIS 20 • Capacitar/Empreender com Núcleo de Artesanato 15 • Agronegócios 15 3. Existência de ações de outros vetores do Sebrae que possam potencializar as ações do Programa (enumerar no 10 formulário anexo) 4. Disponibilidade de matéria-prima no local, sem dano para o meio ambiente: 1)_________________________ 2)_________________________ 3)_________________________ 4)_________________________ 08 08 08 08 PONTUAÇÃO (0 a 3 ) TOTAL DE PONTOS CRITÉRIOS PESO 5. Existência/vocação do município para a atividade artesanal 06 6. Possuir grupos de artesãos em atividade, por técnica artesanal: 1) ______________ com mais de ___ artesãos em ativ. 05 2) ______________ com mais de ___ artesãos em ativ. 05 3) ______________ com mais de ___ artesãos em ativ. 05 4) ______________ com mais de ___ artesãos em ativ. 05 7. Artesãos: • Já atuando em associações 06 • Em fase de associação 04 • Não organizados 00 8. Associação possui: • Atuação local 03 • Atuação regional 07 9. Produção artesanal: • Autêntica, preferencialmente com concentração 06 em poucos produtos • De técnicas tradicionais com valor histórico 04 10. Existe atendimento ao artesanato da região por outras instituições • 1 instituição 02 • 2 instituições 03 • 3 ou mais instituições 05 PONTUAÇÃO (0 a 3 ) TOTAL DE PONTOS CRITÉRIOS PESO PONTUAÇÃO (0 a 3 ) TOTAL DE PONTOS 11. Existe possibilidade de parceria (financeira/técnica/ institucional) para alavancar o projeto 05 12. Existência de canais de comercialização do artesanato 10 13. Possibilidade de contrapartida (financeira e não financeira) por parte das organizações de artesãos 05 14. Disponibilidade dos artesãos para capacitação 07 15. A implantação do programa de artesanato no município propicia: • Desenvolver arranjos produtivos 10 • Potencializar e difundir experiências de sucesso 10 • Educação empreendedora para milhões 10 • Fomentar e disseminar a cultura de cooperação 10 • Universalizar o crédito e a capitalização 10 • Tributos e desburocratização 10 • Articular rede de apoio às MPEs 10 TOTAL DE PONTOS Observações: a) Critérios de pontuação: 0 – NÃO ATENDE AO CRITÉRIO 1 – ATENDE AO CRITÉRIO, MAS DE FORMA MUITO DEFICIENTE 2 – ATENDE AO CRITÉRIO, MAS COM RESSALVAS 3 – ATENDE AO CRITÉRIO DE FORMA EXCEPCIONAL b) A definição dos territórios prioritários a serem atendidos pelo Programa levará em consideração as maiores pontuações. c) Pré-requisito para desenvolvimento do projeto – existência/disponibilidade de técnicos na regional para execução dos trabalhos. INFORMAÇÕES ADICIONAIS Enumerar as ações de outros vetores que estão sendo realizadas no município/microrregião. Articulação de instituições do município com outros municípios. Previsão do número total de artesãos que serão envolvidos no processo. Enumerar entidades locais – parceiros potenciais. Quais instituições atendem o setor artesanal no município? Enumerar ações desenvolvidas (por instituição). Anexo2 Programa Sebrae de Artesanato PROGRAMA SEBRAE DE ARTESANATO Diagnóstico da Produção Artesanal (instrumento de pesquisa para conhecimento do contexto sócio-cultural-econômico e cadastro) 1 - DADOS PESSOAIS Nome completo e apelido: FOTO RECENTE DO ARTESÃO Idade: Sexo: Masculino Feminino Nº carteira de identidade - órgão expedidor Nº carteira de artesão: CPF: Escolaridade: Não alfabetizado 1º grau incompleto 2º grau incompleto sup. incompleto Alfabetizado 1º grau completo 2º grau completo sup. completo Endereço: Rua/avenida Nº/compl. Bairro CEP Distrito Município Telefone Celular E-mail Há quanto tempo reside neste local? É proprietário? Sim Não Outro – Qual? Renda pessoal: Até um salário mínimo por mês De cinco a sete salários mínimos por mês De um a três salários mínimos por mês De sete a dez salários mínimos por mês De três a cinco salários mínimos por mês Acima de dez salários mínimos por mês Você é filiado(a) a alguma organização? Não Sim Qual? Possui filhos? Possui outra atividade profissional? Sim Qual? Menores de 16 anos. Quantos Aposentado Maiores de 16 anos. Não Não Quantos 2 - DADOS DA PRODUÇÃO ARTESANAL Relacione todos os seus produtos. Para cada um deles, indique a quantidade produzida por mês e quais as técnicas de produção artesanal que você utiliza para cada um: QUANTIDADE PRODUZIDA unidade quantidade PRODUTOS TÉCNICAS UTILIZADAS Com quem aprendeu essas técnicas? Mãe Avô Tio Irmão Pai Avó Tia Irmã Qual o lugar de origem dessa(s) técnica(s) artesanal(is) que você utiliza? Local Da região De outro local – Qual? Outros. Quem? Quanto tempo você dedica à produção (quantas horas você gasta produzindo): Horas por dia Quais dias da semana Quantas semanas por mês Total de horas por mês Existe alguma época do ano definida para a produção? Não Sim - Quais? Os produtos acabados são embalados? Não Sim - Com que tipo de embalagem? Você vende sua produção: Na sua região Na sua cidade Para outros Estados. Quais? Para outras regiões do Estado Para outros países. Quais? Relacione todos ao materiais que você utiliza para produzir seu artesanato, as quantidades que você utiliza todo mês e o valor total gasto na sua aquisição. ITENS DE CONSUMO - MATÉRIAS-PRIMAS QUANTIDADE MENSAL GASTO MENSAL ($) ITENS DE CONSUMO - MATERIAIS-SECUNDÁRIOS QUANTIDADE MENSAL GASTO MENSAL ($) ITENS DE CONSUMO - PRODUTOS PRONTOS QUANTIDADE MENSAL GASTO MENSAL ($) ITENS DE CONSUMO - EMBALAGENS QUANTIDADE MENSAL GASTO MENSAL ($) Sobram resíduos no seu processo produtivo? Não Sim - Qual? Serão reutilizados? Não Sim - Como? Enumere as ferramentas e equipamentos que você possui e utiliza na produção artesanal 1. 8. 15. 2. 9. 16. 3. 10. 17. 4. 11. 18. 5. 12. 19. 6. 13. 20. 7. 14. 21. Como é feita a manutenção de suas ferramentas e equipamentos? Quanto você gasta por mês com a manutenção dessas ferramentas e equipamentos? R$................................................................................. Como você costuma guardar, armazenar ou estocar materiais, produtos e ferramentas? Matérias-primas: Materiais secundários: Embalagens: Ferramentas e equipamentos: Produto pronto (seu artesanato): Onde você adquire esses produtos? Matérias-primas: Na sua cidade (comércio local) De outras cidades do seu Estado. Quais: De outros Estados. Quais: De outros países. Quais: Materiais secundários: Na sua cidade (comércio local) De outras cidades do seu Estado. Quais: De outros Estados. Quais: De outros países. Quais: Embalagens: Na sua cidade (comércio local) De outras cidades do seu Estado. Quais: De outros Estados. Quais: De outros países. Quais: Ferramentas e equipamentos: Na sua cidade (comércio local) De outras cidades do seu Estado. Quais: De outros Estados. Quais: De outros países. Quais: Quais as maiores dificuldades que você enfrenta no artesanato? Falta de informação Aquisição de matéria-prima Comercialização do artesanato Falta de treinamento Financiamento Embalagem Valor necessário para viabilizar seu negócio: Outro Em que local você trabalha? Em sua residência Em oficina fora de sua residência Outro: Como é o seu sistema de trabalho? Trabalha sozinho Não trabalha sozinho Trabalha com: Associação / Cooperativa Familiares. Citar quais e as funções de cada um: Empregados. Quantos? Aprendizes. Quantos? Outro. Qual? Há quanto tempo você trabalha com artesanato? Quais são as demais despesas mensais que você tem na sua atividade? ITEM DE DESPESA VALOR (R$) 3 - INFRA-ESTRUTURA DOMICILIAR Você possui energia elétrica em sua residência? Não Sim - Há quanto tempo? Você possui abastecimento de água em sua residência? Não Sim - cisterna/poço Sim – sistema público (SAAE etc.) Qual o escoadouro da instalação sanitária de sua residência (destino dos esgotos)? Não possui rede de esgoto Sistema de esgoto público (SAAE etc.) Fossa séptica Outro: Quantos cômodos sua residência possui? Coloque as quantidades nos quadrinhos. Quarto Copa Sala Cozinha Banheiro Área de serviço Garagem Despensa Outro: Quantos são os eletrodomésticos de sua residência? Coloque as quantidades nos quadrinhos. Refrigerador TV Freezer Videocassete Forno de microondas DVD Batedeira de bolo/pães Microsystem Máquina de lavar louça Máquina de lavar roupas Ferro elétrico Liquidificador/processador Outro: Você e sua família possuem veículo? Não Sim - Quantos? A família possui imóveis? Informe também a quantidade, quando for o caso. Não possui Possui no município Já construído Já construído Em outros municípios Em construção Em construção Outros A família possui algum investimento financeiro? Não possui CDB, RDB Títulos - Quais? Outros - Quais? Você e sua família possuem algum plano de saúde/assistência médica? Não Sim - Qual? (fotos dos principais produtos) Caderneta de poupança Anexo3 Programa Sebrae de Artesanato INDICADORES DE DESEMPENHO - PROGRAMA SEBRAE DE ARTESANATO Indicadores são dados ou informações numéricas que quantificam as entradas (recursos ou insumos), saídas (produtos) e o desempenho de processos, produtos e da organização como um todo (resultados). Os indicadores são utilizados para acompanhar e melhorar os resultados ao longo do tempo. A integração de indicadores pressupõe a combinação de diferentes indicadores visando facilitar a sua análise, ou seja, é a capacidade de um indicador ou grupo de indicadores interagir com outros indicadores ou grupos, visando permitir a medição do desempenho global da organização, de subsistemas ou de aspectos relevantes. Correlacionar indicadores envolve o estabelecimento de uma relação de causa e efeito entre os indicadores, em que os resultados de um influenciam os demais. COMUNS – SISTEMA SEBRAE • Número de artesãos envolvidos no programa • Percentual líquido da variação de faturamento dos artesãos atendidos • Percentual líquido de variação dos postos de trabalho • Custo por cliente atendido (cálculo: investimento total - Sistema Sebrae (NA+UF) + parceiro(s)) • Grau de satisfação de clientes atendidos pelo Sebrae (em percentual) ESPECÍFICOS • Grupos atendidos Constituídos Novos • Municípios atendidos Número de municípios beneficiados % municípios beneficiados (municípios atendidos divididos pelo número total de municípios do Estado) • Número de capacitações (enfoque teórico) • Número de capacitados (enfoque teórico) • Número de capacitações nas oficinas • Número de capacitados nas oficinas • Percentual de artesãos com aumento de produção • Percentual de artesãos com aumento do número de novos produtos • Percentual de artesãos com ampliação do mercado de atuação • Feiras de negócios Número de feiras Número de artesãos que participaram nas feiras Percentual de empresas com ampliação do mercado de atuação Volume de negócios durante e após o evento (90 e 180 dias) Valor investido pelo Sebrae por evento • Rodadas de negócios Número de rodadas Número de artesãos envolvidos nas rodadas (produtos de quantos artesãos) Percentual de empresas com ampliação do mercado de atuação Volume de negócios durante e após o evento (90 e 180 dias) Valor investido pelo Sebrae por rodada • Associações - cooperativas constituídas formalmente Número de associações e cooperativas existentes no início do Programa Quantas foram criadas a partir da ação do Programa Quantas foram revitalizadas a partir da ação do Programa • Empresas artesanais Número de empresas artesanais existentes no início do Programa Número de empresas artesanais criadas a partir da ação do Programa DEFINIÇÃO DOS TERMOS DOS INDICADORES GRUPO: a quantidade de pessoas, no mínimo 05, que exercerão atividades conforme tipologia e/ou território (incluindo microrregião). GRUPO CONSTITUÍDO: aquele atendido pelo PSA no ano anterior, antes do início da execução das atividades. GRUPO NOVO: aquele constituído e atendido no ano em curso (a partir da data de início da execução do Programa). ARTESÃO ENVOLVIDO: aquele que participa de pelo menos uma ação do PSA, após a palestra de sensibilização. ASSOCIAÇÕES E COOPERATIVAS REVITALIZADAS: são aquelas existentes, com funcionamento precário, e que tiveram seu funcionamento normalizado e/ou otimizado a partir da ação do Programa. ATIVIDADE DE CAPACITAÇÃO (enfoque teórico): palestras, cursos, seminários, workshops. OFICINAS DE CAPACITAÇÃO (enfoque prático): oficinas voltadas para capacitação do artesão enfocando produção e design. MERCADO DE ATUAÇÃO: local onde o produto do artesão é comercializado com freqüência. FEIRA DE NEGÓCIOS: eventos que visam a comercialização de produtos artesanais. EMPRESAS ARTESANAIS : empresas legalmente constituídas que têm como objetivo a produção artesanal. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A arte do artesanato brasileiro. São Paulo: Talento, 2002. A importância do design para sua empresa. Rio de Janeiro: CNI, 1999. SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS. Arte da Terra - Resgate da cultura material e iconográfica do Pará. Belém: Museu Paraense Emilio Goeldi/SEBRAE, 1998. BARROSO, Eduardo. Identidade cultural e artesanato. 2000. CANCLINI, Hector. Culturas híbridas. São Paulo, 1998. Ceará Feito a Mão, artesanato e arte popular. Fortaleza: Terra da Luz Editorial, 2000. 160 p. il. Cuadernos de Artesania, Análisis de Mercado. Madrid: Fundación Española de Artesanias, 1997. DEMO, Pedro. A dimensão cultural da política social. Recife: Massangana, 1982. HERRERA, Neve. Artesanias de Colômbia. Bogotá, 1992. LAUER, Mirko. Crítica do artesanato. São Paulo: Nobel, 1983. MARTINS, Saul. Contribuição ao estudo científico do artesanato. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1973. MASCELANI, Ângela. O mundo da arte popular brasileira. Rio de Janeiro: Museu Casa do Pontal, 2002. PAPA, Cleber; BRAGA, Rogério. Brasil das Artes. São Paulo: Imagem Data, 1999. PORTO ALEGRE, Silvia. Mãos de mestre, itinerários da arte e da tradição. São Paulo: Maltese, 1994. RIBEIRO, Berta G. O artesão tradicional e seu papel na sociedade contemporânea. Rio de Janeiro: FUNARTE, 1983. VALADARES, Clarival P. Artesanato brasileiro. Rio de Janeiro: FUNARTE, 1978. MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Administração de projetos, transformando idéias em resultados. São Paulo: Atlas, 1997. GIANSANTI, Roberto; coord. SCARLATO, Francisco Capuano; FURLAN, Sueli Angelo. O desafio de desenvolvimento sustentável. 2ª ed. São Paulo: Atual, 1998. CAPRA, Fritjop. As conexões ocultas, ciência para uma vida sustentável. São Paulo: Cultrix, 2002. Tradução de: Marcelo Brandão Cipolla. SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS. Artesanato no Brasil. 1ª ed. Brasília: SEBRAE, 2001. FARIA, Hamilton; GARCIA, Pedro. Arte e identidade cultural na construção de um mundo solidário. São Paulo: Instituto Pólis, 2002. 108 p. (Cadernos de Proposições para o Século XXI, v.1). FRANCISCO, Dalmir. Comunicação, identidade cultural e racismo. In: FONSECA. Maria Nazareth Soares (org.). Brasil afro-brasileiro. 2ª ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2001. INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL. Ministério da Cultura. O registro do patrimônio imaterial, dossiê final das atividades da comissão e do grupo de trabalho patrimônio imaterial. Brasília: IPHAN, 2000. 208 p. SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS. A mobilização dos territórios para o desenvolvimento, versão para discussão interna. Brasília: SEBRAE, 2003. SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS. Termo de referência para desenvolvimento de APL, versão para discussão interna. Brasília: SEBRAE, 2003. Participantes do Encontro Nacional do Programa Sebrae de Artesanato - Validação do Termo de Referência Araxá/MG, 7 a 9 de julho de 2003. SEBRAE Nacional Durcelice Cândida Mascêne Mário Lúcio de Ávila Patrícia Salamoni SEBRAE/UF PARTICIPANTES Acre Soraya Neves de Menezes Alagoas Rita Gonçalves Amazonas Clarice M. Nunes Amapá Cristiano S. de Oliveira Bahia Adriana Nunes Braga Cristiane Mota Josival Caldas Ceará Diva Machado Alves Nogueira Distrito Federal Rogéria Santa Cruz Espírito Santo Maria Angélica Fonseca Goiás Décio Tavares Coutinho Maria Beatriz Ribeiro Lucio Mato Grosso Débora Lapinski Marta Regina Torezam Mato Grosso do Sul Patrícia Caldas Maranhão Flor de Maria Silva Minas Gerais Algeny Gomes Ferreira Claudia Maria Sousa Lima Magalhães Gláucia Maria Vasconcellos Vale Maria Dorotéa de Aguiar Barros Naddêo Pará Antônio Tadeu Campos Maria Alice Cunha Paraíba Maria Luiza Duarte de Melo Paraná Celso Luiz Kloeppel Pernambuco Graça Bezerra Piauí Gilson Vasconcelos Rosa de Viterbo Cunha Rio de Janeiro Marília Chang Wanessa Nemer Rio Grande do Norte Célio José Vieira de Moura Mônica Menezes Rio Grande do Sul Angela Klein Rondônia Glenny Paes Salles Liliane Cougo Roraima Rozani Elizabet Menezes Santa Catarina Carlos Roberto Meneses São Paulo Marta Mendes Roberto Mauro dos Santos Sergipe Wânia Alzira R. Santos Tocantins Lourdes T. de Souza Luiz Carlos Barboza Diretor-Técnico do Sebrae Nacional ABERTURA DO EVENTO Luiz Márcio Haddad Pereira Santos Diretor de Desenvolvimento e Administração do Sebrae/MG Antônio Leonardo Lemos Oliveira Prefeito Municipal de Araxá Vinícius Nobre Lages Gerente da Unidade de Desenvolvimento Setorial do Sebrae Nacional Durcelice Cândida Mascêne Programa Sebrae de Artesanato – UDS – Sebrae Nacional Edson Fermann Consultor – Sebrae Nacional COORDENAÇÃO E Eduardo Barroso Neto Consultor Programa Sebrae de Artesanato – Sebrae Nacional MODERAÇÃO DO Maria Angélica Monteiro dos Santos Consultora Programa Sebrae de Artesanato – Sebrae/RS e Sebrae Nacional EVENTO Maria Dorotéa de Aguiar Barros Naddêo Programa Sebrae de Artesanato – Sebrae/MG Patrícia Salamoni Programa Sebrae de Artesanato – UDS – Sebrae Nacional Wanessa Nemer Programa Sebrae de Artesanato – Sebrae/RJ MODERAÇÃO DO EVENTO Adriana Gontijo Consultora Sebrae/MG Elisabeth Camilo Laia Consultora Sebrae/MG CONVIDADO Cláudio C. Montenegro Consultor Sebrae Nacional Gualberto Frateschi Gerente Regional Oeste Sebrae/MG EQUIPE DE APOIO Heloísa Aparecida Tinoco Articuladora da Microrregião de Araxá – Sebrae/MG Dênia, Otávio e Glaciene Equipe da Agência de Desenvolvimento de Araxá