Data: 26/04/2016 Tamanho: 5.96 MB

Transcrição

Data: 26/04/2016 Tamanho: 5.96 MB
Programa Sebrae de
Artesanato
Te r m o d e r e f e r ê n c i a
Março de 2004
Sumário
1. Apresentação
11
2.O artesanato como estratégia de valorização dos territórios
12
3. Missão
15
4. Objetivos
16
5. Identidade cultural e artesanato
18
6. Conceitos
20
6.1. Categorias do artesanato
21
6.2. Tipologias do artesanato
24
6.3. Organização do trabalho artesanal
26
6.4. Estratégias de apoio e promoção
28
Matriz Conceitual do Programa Sebrae de Artesanato
30
7. Estrutura do Programa Sebrae de Artesanato
32
7.1. Estrutura organizacional do programa
32
7.1.1. Grupo Gestor Nacional
32
7.1.2. Grupo Consultivo
33
7.1.3. Grupo de trabalho/tarefa
33
7.1.4 Coordenação/gerências estaduais
33
7.2. Eixos norteadores do Programa Sebrae de Artesanato
34
7.2.1. Estratégias e diretrizes
34
7.2.2. Estudos e pesquisas
35
7.2.3. Inovação
35
7.2.4. Capacitação
36
7.2.5. Acesso ao mercado
37
7.2.6. Acesso ao crédito
37
7.3. Gestão sistêmica do Programa Sebrae de Artesanato/UF
38
7.3.1. Planejamento
40
7.3.2. Execução
40
7.3.3. Monitoramento
41
8. Orientações para intervenção dos programas estaduais
44
8.1. Etapas de intervenção
45
8.1.1. Identificação e análise da demanda
45
8.1.2. Identificação e análise da oferta
48
8.1.3. Melhoria e desenvolvimento de novos produtos
52
8.1.4. Adequação da produção
53
8.1.5. Capacitação
54
8.1.6. Agregação de valor
55
8.1.7. Promoção e divulgação
57
Arte popular
58
Artesanato indígena
59
Artesanato tradicional
59
Artesanato de referência cultural
59
Artesanato conceitual
60
Trabalhos manuais – “artesanato doméstico”
60
Produtos alimentícios – “típicos”
60
Produtos industriais e semi-industriais – “industrianato”
60
8.1.8. Comercialização
61
Estratégia indiferenciada
62
62
Estratégia diferenciada
62
Estratégia de concentração
62
Fatores comerciais
64
9. Infra-estrutura para o artesanato
65
Núcleos de Inovação e Design para o Artesanato
66
Oficinas experimentais de produção/oficina-escola
66
Central de processamento de matéria-prima
66
Unidade de treinamento e capacitação
67
Centrais de comercialização
68
10. O artesão e seus instrumentos de trabalho
70
Glossário
Anexos
79
Anexo 1 - Avaliação das potencialidades para seleção de APLs – Arranjos
Produtivos Locais e/ou Municípios/Territórios
84
Anexo 2 - Diagnóstico da produção artesanal
92
Anexo 3 - Indicadores de desempenho – Programa Sebrae de Artesanato
94
Definição dos termos dos indicadores
95
Referências bibliográficas
97
Participantes do Encontro Nacional do Programa Sebrae de Artesanato
ARMANDO DE QUEIROZ MONTEIRO NETO
Presidente do Conselho Deliberativo Nacional do Sebrae
SILVANO GIANNI
Diretor-Presidente do Sebrae Nacional
LUIZ CARLOS BARBOZA
Diretor Técnico do Sebrae Nacional
PAULO TARCISO OKAMOTTO
Diretor Financeiro do Sebrae Nacional
VINÍCIUS NOBRE LAGES
Gerente da Unidade de Desenvolvimento Setorial do Sebrae Nacional
Equipe técnica responsável pela elaboração deste documento
Durcelice Cândida Mascêne
Programa Sebrae de Artesanato – Unidade de Desenvolvimento Setorial – Sebrae Nacional
Edson Fermann
Consultor – Sebrae Nacional
Eduardo Barroso Neto
Consultor Programa Sebrae de Artesanato – Sebrae Nacional
Maria Angélica Monteiro dos Santos
Consultora Programa Sebrae de Artesanato – Sebrae/RS e Sebrae Nacional
Maria Dorotéa de Aguiar Barros Naddêo
Programa Sebrae de Artesanato – Sebrae/MG
Patrícia Salamoni
Programa Sebrae de Artesanato – Unidade de Desenvolvimento Setorial – Sebrae Nacional
Vinícius Nobre Lages
Gerente da Unidade de Desenvolvimento Setorial – Sebrae Nacional
Wanessa Nemer
Programa Sebrae de Artesanato – Sebrae/RJ
Documento validado no Encontro Nacional do Programa Sebrae de Artesanato, realizado em Araxá/MG,
no período de 7 a 9 de julho de 2003, pelos responsáveis técnicos dos 27 Sebrae/UF. Redação final em agosto/03.
Apresentação
C
inco anos após a implementação do Programa Sebrae de Artesanato, está configurada a sua consolidação
nas 27 Unidades Federativas do país. As ações empreendidas marcam a presença do Sebrae em 16,6% dos
municípios brasileiros. Neste período, capacitou 90.000 artesãos.
Em 2002, a Fubra - Fundação Universitária de Brasília, juntamente com o Sebrae, realizou a
Pesquisa de Avaliação da Satisfação e do Desempenho do Cliente Sebrae, onde 98% dos entrevistados
confirmaram a contribuição positiva do Programa Sebrae de Artesanato para o estímulo ao
empreendedorismo, geração de emprego e renda na comunidade.
Não obstante este sucesso, verificou-se que as ações estavam sendo desenvolvidas nos
Estados a partir de conceitos, critérios e abordagens diferentes, sem unidade. Esta situação
gerou uma série de dificuldades na continuidade do Programa como um todo no país. A falta
de diretrizes, metodologias de intervenção e de critérios na apuração de indicadores
compromete a mensuração adequada dos resultados e o conseqüente processo de tomada de
decisões, tendo em vista que cada Estado tem utilizado parâmetros próprios, não
compartilhados com os demais.
Considerando a importância social, econômica e cultural do setor artesanal e os
resultados positivos apresentados pelos Sebrae/UFs, constatou-se a necessidade de
adequação do Programa frente às necessidades das comunidades envolvidas. Concluiu-se,
ainda, pela necessidade urgente de se desenvolver uma “logística de atuação do Sebrae”,
de forma sistematizada e contínua, objetivando articular e integrar as ações dos 27 Programas
Estaduais, envolvendo os atores que interferem direta ou indiretamente em âmbito nacional,
regional e municipal.
A elaboração deste Termo de Referência é o resultado do esforço concentrado da
equipe responsável, com base nos relatórios dos encontros regionais do Programa, realizados em
1999, e nos dados levantados, em março de 2003, pelo Diagnóstico da Situação do Programa
Sebrae de Artesanato nos Sebrae/UFs, sendo validado no Encontro Nacional realizado em
Araxá/MG, no período de 7 a 9 de julho de 2003.
O Programa foi reavaliado e redesenhado, com a participação de todos os coordenadores
estaduais, a partir do nivelamento de conceitos e do compartilhamento das experiências bem-sucedidas,
alinhando-o frente às estratégias e prioridades do Sistema Sebrae. O novo formato define como foco
prioritário estratégias de atuação diferenciadas para cada categoria de artesanato.
O presente Termo de Referência será o instrumento de trabalho que norteará as ações a serem realizadas
com base em parâmetros para o planejamento, a execução e o monitoramento do Programa, no sentido de garantir
sua eficiência e eficácia no contexto do desenvolvimento dos territórios.
Programa Sebrae de Artesanato
2 - O artesanato como estratégia
de valorização dos territórios
A proposta de execução de um programa de artesanato
pelo Sebrae, no final dos anos 90, foi resultante dos processos de
mudança na estratégia de atuação do Sistema, ampliando seu
foco de ação, considerando o empresário no ambiente e a
empresa no território. A evolução da estratégia de
atuação apontava na direção de duas abordagens: uma
se t o r i a l ( f o c a d a n o f o r t a l e c i m e n t o d a s
cadeias produtivas) e outra local (centrada
no fortalecimento do capital social e humano
como pré-condição para o empreendedorismo),
ambas baseadas na idéia de protagonismo dos
atores envolvidos, das parcerias, do planejamento
participativo e da gestão compartilhada, da
convergência entre demandas locais e ofertas
diversas.1
Neste contexto, em 1999, foram realizados
encontros regionais dos coordenadores do Programa
Sebrae de Artesanato para uma análise do trabalho,
onde ficaram evidenciados os diferentes graus de
conhecimento e de execução programática. A partir desta
constatação, foram definidos: o conceito do negócio e a missão
do Programa, os principais contornos da situação em vigor e da
situação desejada, as ameaças e oportunidades para conquista da
situação pretendida, o rol de ações por eixos de atuação
(informação, formação, produção, mercado, parcerias e
políticas) sistematizados em um plano estratégico.
Este movimento na busca de um referencial comum
para atuação num setor, até então atípico para o Sistema, não
culminou na unicidade do Programa, mas contribuiu para que
cada Estado construísse alternativas para atendimento do setor
artesanal utilizando os eixos de atuação como balizadores.
Hoje, ao optar por atuar na perspectiva da
mobilização dos territórios para o desenvolvimento, o
Sistema Sebrae caminha no sentido de ampliar sua
capacidade de articulação, mobilização e de promoção
do desenvolvimento das redes sociais, técnicas e
institucionais locais. A proposta se volta para uma
abordagem de perspectiva territorial que reúne o que
há de melhor nas abordagens setorial e local,
ultrapassando a dicotomia entre o econômico e o social
e, sobretudo, a forma de indução das demandas.2
O desafio é promover a articulação dos
diferentes atores que integram os Arranjos Produtivos
Locais e criar uma ambiência que favoreça o
surgimento e fortalecimento de micro e pequenos
negócios na agenda das localidades e/ou regiões
como forma de buscar um desenvolvimento que
integre, de maneira sincrônica, as dimensões sociais,
econômicas e cognitivas.3
No âmbito do Programa Sebrae de
Artesanato, é necessário fazer melhorias em sua
atuação, na perspectiva de ampliar sua capacidade
de compartilhar o desenvolvimento de “projetos
comuns para a construção de bens de produção de
acesso público”.4
A missão do Sebrae de “promover a
competitividade e o desenvolvimento sustentável das
micro e pequenas empresas” e sua nova
perspectiva estratégica definem ao
mesmo tempo os limites e
amplitude da sua atuação
no setor artesanal,
pois, entre as
cadeias
produtivas
vocacionadas do Brasil, o artesanato tem elevado potencial
de ocupação e geração de renda em todos os Estados,
posicionando-se como um dos eixos estratégicos de
valorização e desenvolvimento dos territórios. Apesar da
falta de dados consistentes sobre o setor, existem
evidências de que corresponde ao PIB da moda e da
indústria automotiva. Isto aponta para a necessidade de
se mobilizar o IBGE para realizar pesquisas sobre o
artesanato, a partir dos conceitos adotados pelo Sebrae.
Existem diversas instituições governamentais,
não-governamentais e privadas atuando no setor
artesanal, por isso a necessidade, neste momento,
de identificar parcerias para maximização das
ações e otimização de recursos na busca do
desenvolvimento do setor.
O Sebrae tem buscado ações
intersetoriais em sua atuação, daí a
importância da revisão do Programa Sebrae
de Artesanato com vistas ao redirecionamento
de suas estratégias de atuação e o seu diálogo
com os demais Programas Setoriais.
O turismo constitui uma das principais
interfaces do Programa Sebrae de Artesanato. A
construção da reputação do destino turístico depende de
se “olhar o entorno”, por isso faz-se necessário consolidar
vínculos do artesanato com o turismo, transformando o
artesão e seu local de produção em destino
turístico a partir deste “olhar”, do
contexto em que está inserido, e
de sua história. Uma das
vertentes de atuação
compartilhada é a
inserção do artesão e
seu local de produção, enquanto
roteiro turístico.
SEBRAE. A Mobilização dos Territórios para o Desenvolvimento,
versão para discussão interna. Brasília, 2003, p. 9.
1,2,3 e 4
13
A comercialização de produtos regionais em
pontos “turísticos”, a ambientação de hotéis e
restaurantes, com produtos artesanais regionais
evidenciando a identidade cultural local, podem e
devem ser trabalhados para reforçar a sustentabilidade
dos grupos de artesãos, criando novas possibilidades de
consolidação do artesanato enquanto setor econômico
viável. Além disso, a necessidade de novas estratégias de
negociação para os produtos artesanais amplia o
horizonte de atuação e remete para a inclusão do
artesanato nas pautas de discussão do
Mercosul e da ALCA.
Atualmente,
o “fazer manual”
está valorizado.
O artesanato é a
contrapartida à
massificação e
uniformização de
produtos
globalizados,
pois promove o resgate
cultural e a identidade regional.
Os consumidores têm
buscado peças diferenciadas e
originais em todos os segmentos. Em produtos
utilitários e decorativos, as técnicas artesanais
atuam para agregar valor. É a Cara Brasileira
manifestando-se com criatividade e inovação.
Com um custo de investimento relativamente
baixo, o setor artesanal utiliza, na maioria das categorias
existentes, matéria-prima natural, promove a inserção
da mulher e do adolescente em atividades produtivas,
estimula a prática do associativismo e fixa o artesão no
local de origem, evitando o crescimento desordenado
dos centros urbanos.
Para que o Programa Sebrae de Artesanato
possa cumprir os desafios apresentados e possa
contribuir de forma eficiente e eficaz na promoção do
desenvolvimento sustentável, é necessária a sua
renovação. Esta renovação deverá passar,
necessariamente, pela padronização da linguagem,
definição comum de conceitos, diretrizes, objetivos,
metas e pelo estabelecimento de uma estrutura
organizacional, de eixos norteadores e de um sistema
de gestão.
Com este Termo de Referência pretende-se
criar a base para sua reestruturação, definindo os
parâmetros da atuação do Programa em todos os
Estados, considerando toda a construção
feita até aqui, de forma que facilite
seu planejamento, execução e
monitoramento a partir da
definição das categorias
artesanais
prioritárias para
atendimento, estratégias
de intervenção padronizadas,
indicadores de desempenho, bem
como a indicação de sugestões de
metodologias já desenvolvidas pelos Estados e que têm
apresentado resultados positivos. Enfim, pretende-se
criar mecanismos de valorização dos esforços
empreendidos pelas coordenações estaduais e de
compartilhamento de experiências que favoreçam a
construção permanente do Programa Sebrae de
Artesanato.
Programa Sebrae de Artesanato
3 - Missão
Contribuir para o desenvolvimento sustentável do setor
artesanal como estratégia de promoção cultural,
econômica e social dos territórios.
15
Programa Sebrae de Artesanato
GERAL
Fomentar o artesanato de forma integrada,
enquanto setor econômico sustentável que valoriza a
identidade cultural das comunidades e promove a
melhoria da qualidade de vida, ampliando a geração de
renda e postos de trabalho.
4 - Objetivos
ESPECÍFICOS
• Ampliar as oportunidades de ocupação e renda
• Contribuir para a formalização do setor
• Ampliar o acesso ao crédito e capitalização
• Promover o acesso a tecnologias adequadas ao
aumento e melhoria da capacidade produtiva
• Utilizar a inovação como um dos fatores de
diferenciação do produto artesanal
• Promover a educação empreendedora
• Promover a cultura da cooperação, estimulando a
criação e o fortalecimento de associações e cooperativas
• Promover o acesso a mercados
• Utilizar o marketing como uma das ferramentas para
impulsionar a competitividade
• Resgatar a cultura como fator de agregação de valor
ao artesanato promovendo produtos com a “Cara
Brasileira”
• Disponibilizar informações sobre a utilização
racional dos recursos naturais, segundo os postulados
da legislação ambiental
• Socializar o acesso às informações e ao conhecimento
no âmbito do setor artesanal
• Articular parcerias para aumentar a participação
do a r t e s a n a t o n a p r o d u ç ã o n a c i o n a l e p a r a
o conseqüente fortalecimento do setor
O artesanato não quer durar milênios nem está possuído da pressa de morrer
prontamente. Transcorre com os dias, flui conosco, se gasta pouco a pouco, não busca a morte ou
tampouco a nega: apenas aceita este destino. Entre o tempo sem tempo de um museu e o tempo acelerado
da tecnologia, o artesanato tem o ritmo do tempo humano. É um objeto útil que também é belo; um
objeto que dura, mas que um dia porém se acaba e resigna-se a isto; um objeto que não é único como
uma obra de arte e que pode ser substituído por outro objeto parecido, mas não idêntico. O artesanato
nos ensina a morrer e, fazendo isto, nos ensina a viver.
Octavio Paz
Programa Sebrae de Artesanato
5 - Identidade cultural e artesanato
Do ponto de vista antropológico, a identidade
é constituída, principalmente, a partir de dois
elementos principais: as características presentes no
espaço territorial ocupado e o conjunto de símbolos e
signos lingüísticos, códigos e normas (moral e ética),
objetos, artefatos, costumes, ritos e mitos (religião,
folclore, música, culinária, vestimentas etc.) aceitos e
praticados coletivamente, capazes de distinguir um
determinado grupo social dos demais.
Uma pesquisa de resgate e valorização da
cultura material e iconográfica do território onde
as ações serão implementadas é um componente
imprescindível para configurar uma base de
informações, sólida e consistente, para fundamentar as
ações do Programa Sebrae de Artesanato.
Desenvolver produtos artesanais de referência
cultural significa valer-se de elementos que reportem o
produto ao seu lugar de origem, seja através do uso de
certos materiais e insumos ou técnicas de produção
típicas da região, seja pelo uso de elementos simbólicos
que façam menção às origens de seus produtores ou de
seus antepassados.
Deve-se utilizar as cores de sua paisagem, suas
imagens prediletas, sua fauna e flora, retratar os tipos
humanos e seus costumes mais singulares, utilizar as
matérias-primas disponíveis na região e as técnicas que
foram passadas de geração em geração.
A estas diferenças dá-se o nome de identidade
cultural. São estes elementos únicos que dão sentido ao
artesanato e indicam para o artesão seu lugar no
mundo. São estas as referências e os atributos mais
valorizados por um mercado globalizado, ávido por
produtos diferenciados. Conhecer suas origens, seu
passado e sua história é o ponto de partida para a
construção desta desejada identidade.
O acesso a este conhecimento é importante
não somente para os técnicos e para os
pesquisadores, mas também para os artesãos, pois
seu distanciamento das referências autênticas pode
levar a um processo de descaracterização dos
produtos, de tal forma que com o passar dos anos a
produção de determinados objetos parece ser uma
deformação daquilo que já foram. Um dos principais
conflitos existentes entre aqueles que trabalham com o
artesanato são as diferentes e antagônicas visões sobre
a necessidade de renovação da oferta de produtos
como modo de dinamizar as relações comerciais entre
os artesãos e o mercado, gerando incremento de
trabalho e de renda.
Para muitos, o surgimento de novos
produtos deve ser resultante de um processo
espontâneo de criação dos artistas populares, que
diante das mudanças no ambiente em que vivem
procuram externar suas impressões pessoais
modelando na matéria uma visão singular,
compatível com o repertório estético e
cultural de seu contexto social.
O argumento em defesa da não
intervenção do design nestes processos de criação
e de produção artesanal é o temor da
possibilidade de descaracterização dos produtos
originais, podendo provocar o desaparecimento
de certas tipologias, padrões e outros elementos
de reconhecimento e identificação cultural de
uma determinada região ou grupo social.
A questão que se coloca não é mais se
devemos ou não intervir, mas como intervir
sem descaracterizar, valorizando e
reforçando as tradições regionais, a
habilidade dos artesãos e as relações
existentes no interior dos grupos
trabalhados. Uma ação séria e
conseqüente deve saber diferenciar a
arte popular do artesanato e dentro
deste as diferentes categorias existentes,
cujas particularidades irão orientar o nível e
profundidade das intervenções de modo a
diminuir a possibilidade de desvirtuamento do
valor de cada um destes produtos.
O artesão, ao produzir uma peça, está
preocupado com a possibilidade de conseguir
seu sustento e de sua família. Um artesão é, acima
de tudo, um fabricante de artefatos e, portanto,
sujeito às regras do mercado. O artesanato,
enquanto produto com valor de troca,
obedece às leis universais da oferta e da
procura. E o mercado rejeita aquilo que
não corresponde às suas expectativas de
consumo.
19
Programa Sebrae de Artesanato
6 - Conceitos
A falta de uma definição conceitual do
Programa Sebrae de Artesanato criou um ambiente de
entendimentos diversos, marcado por divergências e
antagonismos nas ações.
Aqui estão apresentadas as bases para um
enfoque programático comum, coerente com a
pluralidade da produção artesanal brasileira, de forma
que cada UF possa garantir o atendimento de suas
especificidades sem perder a abordagem sistêmica.
Para definição e ordenamento das demandas
do Programa Sebrae de Artesanato serão adotados os
conceitos a seguir apresentados.
6.1. CATEGORIAS DO ARTESANATO
Trabalhos manuais
(ver Matriz Conceitual – p.30)
Os trabalhos manuais exigem destreza e
habilidade, porém utilizam moldes e padrões prédefinidos, resultando em produtos de estética pouco
elaborada. Não são resultantes de processo criativo
efetivo. É, na maioria das vezes, uma ocupação
secundária que utiliza o tempo disponível das tarefas
domésticas ou um passatempo.
As categorias dos produtos artesanais são definidas de
acordo com sua origem, uso e destino.
Arte popular
Conjunto de atividades poéticas, musicais,
plásticas e expressivas que configuram o modo de ser e
de viver do povo de um lugar.
Artesanato
A partir do conceito proposto pelo Conselho
Mundial do Artesanato, define-se como artesanato toda
atividade produtiva que resulte em objetos e artefatos
acabados, feitos manualmente ou com a utilização de
meios tradicionais ou rudimentares, com habilidade,
destreza, qualidade e criatividade.
21
Quadro 1 – Categorias do Artesanato
ARTE POPULAR
ARTESANATO
TRABALHOS MANUAIS
Produção de peças únicas
Arquétipo
Compromisso consigo mesmo
Fruto da criação individual
Produção de pequenas séries com regularidade
Produtos semelhantes, porém diferenciados entre si
Compromisso com o mercado
Fruto da necessidade
Produção assistemática
Reprodução ou cópia
Ocupação secundária
Fruto da destreza
Produtos alimentícios (típicos)
Os produtos típicos são, em geral,
produtos alimentícios processados segundo
métodos tradicionais, em pequena escala, muitas
vezes em família ou por um determinado grupo.
Apesar de serem produzidos artesanalmente, são
atendidos apenas parcialmente pelo Programa.
Produtos semi-industriais e industriais
(“industrianato”)
Produção em grande escala, em série, com
utilização de moldes e fôrmas, máquinas e
equipamentos de reprodução, com pessoas envolvidas e
conhecedoras apenas de partes do processo.
Artesanato indígena
São os objetos produzidos no seio de uma
comunidade indígena, por seus próprios membros.
São, em sua maioria, resultante de uma produção
coletiva, incorporada ao cotidiano da vida tribal, que
prescinde da figura do artista ou do autor.
Artesanato tradicional
Conjunto de artefatos mais expressivos da
cultura de um determinado grupo, representativo de
suas tradições porém incorporados à sua vida
cotidiana. Sua produção é, em geral, de origem
familiar ou de pequenos grupos vizinhos, o que
po s s i b i l i t a e f a v o r e c e a t r a n s f e r ê n c i a d e
conhecimentos sobre técnicas, processos e desenhos
originais. Sua importância e seu valor cultural
decorrem do fato de ser depositária de um passado,
de acompanhar histórias transmitidas de geração em
geração, de fazer parte integrante e indissociável dos
usos e costumes de um determinado grupo.
Artesanato de referência cultural
Lúdico
São produtos cuja característica é a
incorporação de elementos culturais tradicionais da
região onde são produzidos. São, em geral, resultantes
de uma intervenção planejada de artistas e designers,
em parceria com os artesãos, com o objetivo de
diversificar os produtos, porém preservando seus traços
culturais mais representativos.
Objetos produzidos para o entretenimento e
para representação do imaginário popular. Exemplos:
jogos, bonecos, brinquedos, entre outros.
Artesanato conceitual
Objetos produzidos por pessoas com alguma
formação artística, de nível educacional e cultural
mais elevado, geralmente de origem urbana,
resultante de um projeto deliberado de afirmação de
um estilo de vida ou afinidade cultural. A inovação é
o elemento principal que distingue este artesanato das
demais categorias.
Por detrás destes produtos existe sempre uma
proposta, uma afirmação sobre estilos de vida e de
valores, muitas vezes explícitos através dos sistemas de
promoção utilizados, sobretudo aqueles ligados ao
movimento ecológico e naturalista.
USOS DOS PRODUTOS ARTESANAIS
Adornos e acessórios
Objetos de uso pessoal tais como jóias,
bijuterias, cintos, bolsas, peças para vestuário etc.
Decorativo
Objetos produzidos para ornamentar e
decorar ambientes.
Educativo
Objetos destinados às práticas pedagógicas.
Religioso
Peças destinadas aos usos ritualísticos ou para
demonstração de crenças e da fé. Exemplos: amuletos,
imagens, adornos, altares, oratórios, entre outros.
Utilitário
Peças
produzidas para
satisfazer as
necessidades de
trabalho dos
homens, seja no
campo, seja na
atividade doméstica.
Peças de grande
simplicidade formal, seu
valor é d e t e r m i n a d o
p e l a importância
funcional e não por seu
valor simbólico. S ã o
utensílios
produzidos para atender às
necessidades domésticas.
23
MATÉRIA-PRIMA
MINERAL
ARGILA
CERÂMICA
PORCELANA
MOSAICOS
PEDRA
SANTERIA
JOALHERIA
MOVELARIA
CANTARIA
METAIS
FERRARIA/
FERRAMENTAS
UTENSÍLIOS
JOALHERIA
SERRALHERIA
NATURAL
6.2. TIPOLOGIAS DO ARTESANATO
Classificação do artesanato em função da
matéria-prima utilizada.
PROCESSADA
VITRAIS
VIDRO
As matérias-primas podem ser de origem
mineral, vegetal ou animal, podendo ser utilizadas em
seu estado natural, depois de processadas
artesanalmente/industrialmente ou serem decorrentes
de processos de reciclagem/reaproveitamento. Para
cada matéria-prima principal derivam práticas
profissionais que resultam em tipologias de produtos
específicas, com suas respectivas técnicas, ferramentas
e destinações.
O quadro ao lado ilustra de modo resumido
alguns destes ofícios ou tipologias artesanais.
MOSAICOS
EMBALAGENS
RECICLÁVEL/
REAPROVEITÁVEL
GESSO
MODELAGEM
PARAFINA
MODELAGEM
METAIS
FERRAMENTAS
UTENSÍLIOS
JOALHERIA
SERRALHERIA
VIDRO
VITRAIS
MOSAICOS
EMBALAGENS
PLÁSTICO
PRÁTICAS
DIVERSAS
QUADRO 2 - Matérias-primas e ofícios artesanais
VEGETAL
ANIMAL
COURO
SAPATARIA/
CALÇADOS
SELARIA
MALAS
LUTHERIA
CARPINTARIA
NAVAL
MARCENARIA
SANTERIA/
ESCULTURA
CHIFRE E
OSSO
PRÁTICAS
DIVERSAS
CONCHAS
E CORAIS
ENTALHES E
ESCULTURAS
LÃ
TECELAGEM
CASCAS E
SEMENTES
PRÁTICAS
DIVERSAS
PENAS E
PLUMAS
PRÁTICAS
DIVERSAS
FIO
TECELAGEM
RENDAS
BORDADOS
COURO
TECIDO
COSTURA
BORDADOS
FIO DE
SEDA
TECELAGEM
BORDADO
BORRACHA
PRÁTICAS
DIVERSAS
LÃ
TECELAGEM
FIBRAS
TAPEÇARIA
CESTARIA
MOVELARIA
MINERAL + VEGETAL
+ ANIMAL
MARCHETARIA
MADEIRA
MADEIRA
MARCHETARIA
MARCENARIA
ESCULTURAS
PAPEL
PRÁTICAS
DIVERSAS
TECIDO
COSTURA
BORDADOS
FUXICO
CALÇADOS
MALAS
COURO
PRÁTICAS
DIVERSAS
TECELAGEM
LÃ
CERA
SELARIA
TAPEÇARIA
BORDADOS
MODELAGEM
CALÇADOS
COURO
SINTÉTICO
CONFECÇÃO
DE BOLSAS E
ACESSÓRIOS
MASSA
MODELAGEM
PARAFINA
MODELAGEM
COURO
SINTÉTICO
CALÇADOS
COSTURA/
CONFECÇÃO
DE BOLSAS E
ACESSÓRIOS
25
6.3. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
ARTESANAL
Mestre artesão
Indivíduos que se notabilizaram em seu ofício
conquistando admiração e respeito, não somente de
seus aprendizes e auxiliares artesãos, como também dos
clientes e consumidores. Sua maior contribuição é
repassar, para as novas gerações, técnicas artesanais e
experiências fundamentais de sua atividade.
Artesão
São aqueles detentores de conhecimento
técnico sobre os materiais, ferramentas e processos de sua
especialidade, dominando todo o processo produtivo.
Aprendiz
É o auxiliar das oficinas de produção
artesanal, encarregado de elaborar partes do trabalho e
que se encontra em processo de capacitação.
Artista
Em princípio, todo artista deve ser antes de
tudo um artesão, no sentido de conseguir dominar o
“saber fazer”, de sua área de atuação, ou simplesmente
não conseguirá realizar a contento seus projetos e sua
pretensão criativa. Tem em seu trabalho uma coerência
temática e filosófica, cristalizados em uma série de
compromissos consigo mesmo, dentre estes o de buscar
sempre ir além do conhecido. Tem um compromisso com
o seu tempo, de exteriorizar sua visão específica do
mundo que o cerca.
Núcleo de produção familiar
Cooperativa
A força de trabalho é constituída por membros
de uma mesma família, alguns com dedicação integral e
outros com dedicação parcial ou esporádica. A direção dos
trabalhos é exercida pelo pai ou pela mãe (dependendo do
tipo de artesanato que se produza) que organizam os
trabalhos de filhos, sobrinhos e outros parentes. Em geral
não existe um sistema de pagamentos pré-fixados, sendo
as pessoas remuneradas de acordo com suas necessidades
e disponibilidade de um caixa único.
As cooperativas são associações de pessoas de
número variável (não inferior a 20 participantes) que se
unem para alcançar benefícios comuns, em geral, para
organizar e normalizar atividades de interesse comum. O
objetivo essencial de uma cooperativa na área do artesanato
é a busca de uma maior eficiência na produção com
ganho de qualidade e de competitividade em
virtude do ganho de escala, pela otimização e redução de
custos na aquisição de matéria-prima, no beneficiamento,
no transporte, na distribuição e venda dos produtos.
Grupos de produção artesanal
Agrupamentos de artesãos atuando no mesmo
segmento artesanal ou em segmentos diversos e que se
valem de acordos informais, tais como: aquisição de
matéria-prima e/ou de estratégias promocionais
conjuntas e produção coletiva.
Empresa artesanal
São núcleos de produção que evoluíram para a
forma de micro ou pequenas empresas, com
personalidade jurídica, regida por um contrato
social. Como quaisquer empresas privadas,
buscam vantagens comerciais para continuar a existir.
Empregam artesãos e aprendizes encarregados da
produção e remunerados, em geral, com um salário fixo
ou uma pequena comissão sobre as unidades vendidas.
Associação
Uma associação é uma instituição de direito
privado sem fins lucrativos, constituída com o objetivo
de defender e zelar pelos interesses de seus associados.
São regidas também por estatutos sociais, com uma
diretoria eleita em assembléia para períodos regulares.
27
6.4. ESTRATÉGIAS DE APOIO E
PROMOÇÃO
A utilização dos critérios “valor cultural” e
“volume de produção” permite uma avaliação para
diferenciar os distintos tipos de produtos, contribuir
para perceber que para cada grupo deverá ser definida
uma estratégia de apoio e promoção diferenciada.
Deste modo, observa-se que quanto menor for
a escala de produção, tendendo a peças únicas ou
exclusivas, seu valor nominal econômico tende a ser
maior, valor este que cresce na mesma proporção de seu
valor cultural.
Por isso, o direcionamento das políticas para o
artesanato deve considerar as especificidades dos
produtos com a capacidade econômica dos
consumidores visados.
ARTE POPULAR
ARTESANATO INDÍGENA
VALOR CULTURAL
ARTESANATO TRADICIONAL
ARTESANATO CONCEITUAL
ARTESANATO DE REFERÊNCIA CULTURAL
PRODUTOS TÍPICOS
TRABALHOS MANUAIS
“INDUSTRIANATO”
VOLUME DE PRODUÇÃO
FIGURA 1 - Critérios para avaliação de tipos de produtos
29
ATENDIDOS INTEGRALMENTE
ARTESANATO
CATEGORIAS
ARTE POPULAR
Artesão
Artesão
Artesão
DE ONDE VEIO?
Da criação individual
atemporal
Das tradições da
nação indígena
Técnicas transmitidas
de geração a geração,
geralmente dentro de
uma mesma família
Releitura de elementos
da cultura tradicional,
desenvolvendo novos
produtos
De origem urbana, onde
a inovação é o elemento
principal
Cópia de técnicas e
produtos de domínio
público
COMO É FEITO?
Peça única, feita por uma
pessoa, predominando
processos manuais
Produção coletiva
de séries de objetos
Produção em pequena
escala de séries de
objetos, individual ou
coletivamente
Produção de coleções
temáticas em núcleos
de produção
Produção de objetos
conceituais com enfoque
cultural e/ou ecológico, com
predominância do trabalho
individual
Produção a partir de moldes
e padrões pré-definidos,
atividade secundária com o
propósito de complementar
a renda
Decorativo
Educativo
Lúdico
Religioso
Adornos e acessórios
Decorativo
Educativo
Lúdico
Religioso
Utilitário
Adornos e acessórios
Decorativo
Educativo
Lúdico
Religioso
Utilitário
Adornos e acessórios
Decorativo
Educativo
Lúdico
Religioso
Utilitário
Adornos e acessórios
Decorativo
Educativo
Lúdico
Religioso
Utilitário
Adornos e acessórios
Decorativo
Educativo
Lúdico
Religioso
Utilitário
Argila
Areia
Pedra
Argila
Pedra
Argila
Areia
Pedra
Argila
Areia
Pedra
Argila
Areia
Pedra
Argila
Areia
Pedra
Fibras
Madeira
Sementes, cascas
Látex
Resina
Fibras
Madeira
Sementes, cascas
Látex
Pigmentos/corantes
Resina
Fios
Fibras
Madeira
Sementes, cascas
Látex
Resina
Fibras
Madeira
Sementes, cascas
Látex
Resina
Fibras
Madeira
Sementes, cascas
Látex
Resina
Fibras
Madeira
Sementes, cascas
Látex
Resina
ANIMAL
Couro
Chifre e osso
Ossos, chifres, penas
e plumas
Couro
Conchas, corais
Ossos, chifres, penas
e plumas
Conchas, corais
Ossos, chifres, penas
e plumas
Conchas, corais
Ossos, chifres, penas
e plumas
Conchas, corais
Ossos, chifres, penas
e plumas
Conchas, corais
Metais
Vidro
Corantes
MINERAL
Metais
Metais
Vidro
Vidro
Metais
Vidro
Resina e gesso
Metais
Vidro
Resina e gesso
Metais
Vidro
Resina e gesso
VEGETAL
Fios
Tecidos
Fios
Látex
Resina
Fios
Tecidos
Fios
Tecidos
Borracha
Fios
Tecidos
Borracha
Fios
Tecidos
Borracha
ANIMAL
Couro, chifre e osso
Couro
Couro
Couro
Couro (animal e sintético)
Fios sintéticos
Miçangas
Miçangas
Tecidos e
fios sintéticos
Massas
Miçangas
Tecidos e fios sintéticos
Ceras e parafinas
Massas
Couro sintético
Miçangas
Tecidos e fios sintéticos
Ceras e parafinas
Massas
Couro sintético
Miçangas
Tecidos e fios sintéticos
Ceras e parafinas
Metais
Vidro
Metais
Vidro
Metais
Vidro
Plástico
Metais
Vidro
Plástico
Metais
Vidro
Plástico
Papel
Têxteis
Madeira
Têxteis
Madeira
Papel
Têxteis
Madeira
Papel
Têxteis
Madeira
Papel
Têxteis
Madeira
PARA QUEM?
ONDE?
MATÉRIA-PRIMA NATURAL
DESTINO
MATÉRIA-PRIMA PROCESSADA
(Artesanato doméstico)
Artesão
PARA QUAL
USO?
MATERIAIS RECICLÁVEIS/
REAPROVEITÁVEIS
TRABALHOS
MANUAIS
Índio
USO
TIPOLOGIA
Matriz conceitual do Programa Sebrae de Artesanato
TRADICIONAL
CONCEITUAL
Artista popular
QUEM FAZ?
ORIGEM
INDÍGENA
REFERÊNCIA CULTURAL
MINERAL
VEGETAL
Massas
MINERAL +
VEGETAL +
ANIMAL
MINERAL
VEGETAL
ANIMAL
Couro
ATENDIDOS PARCIALMENTE
PRODUTOS ALIMENTÍCIOS
TÍPICOS
PRODUTOS INDUSTRIAIS
“INDUSTRIANATO”
Produtor
Empregados
Geralmente são produções rurais
ou de cidades do interior
Indústrias
Fábricas
Núcleos de produção
Produção em pequena escala, com
utilização de insumos e
equipamentos disponíveis no local
Produção em série e de
grande escala, com uso de
fôrmas e moldes
Gastronomia
Adornos e acessórios
Decorativo
Educativo
Lúdico
Religioso
Utilitário
31
Produção agropecuária típica e
disponível na região
Geralmente são utilizados
os insumos já processados
industrialmente e que estão
disponíveis no mercado.
Às vezes, o menor preço
prevalece, comprometendo a
qualidade final do produto.
Programa Sebrae de Artesanato
7 - Estr utura do Programa Sebrae
de Artesanato
Um programa de apoio e promoção do
artesanato que se propõe a contribuir efetivamente para
uma mudança sustentada das condições de vida e de
trabalho dos artesãos deve obedecer a uma lógica
sistêmica, contemplando ações que venham ao
encontro da solução dos principais problemas em toda
a cadeia de produção e comercialização.
7.1. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
DO PROGRAMA
A partir desta estrutura, recomenda-se que cada Estado
organize sua Coordenação de acordo com sua
disponibilidade de recursos.
7.1.1. Grupo Gestor Nacional
Constituído pela Coordenação Nacional do Programa
Sebrae de Artesanato e por até 7 coordenadores dos
programas estaduais, escolhidos pela Diretoria do
Sebrae Nacional, conforme os seguintes critérios:
• Integrar o Sebrae/UF cujo comprometimento da
Diretoria Executiva local com o Programa Sebrae
de Artesanato seja reconhecido, mercê da atuação
inovadora articulada com parceiros internos e
externos, sendo considerada referência na região
onde está inserida;
• Pertencer ao quadro técnico do Sebrae/UF e estar
exercendo a Coordenação e/ou Gerência do
Programa;
• Ser detentor de conhecimentos sobre o artesanato
brasileiro e, particularmente, ter experiência e visão
sistêmica do Programa Estadual onde atua;
• Ser pró-ativo, ter disponibilidade de tempo e
possuir habilidade interpessoal para articular
parcerias internas e externas;
7.1.1.2. Na implementação do Programa Sebrae de
Artesanato, de acordo com o formato apresentado no
presente Termo, o Grupo Gestor reunir-se-á a cada
dois meses, seguindo-se de reuniões dos seus
integrantes com os Coordenadores e/ou Gerentes
estaduais de cada região;
7.1.2. Grupo consultivo - constituído por consultores
• Interagir com os Programas Estaduais dos
Sebrae/UFs, sendo reconhecido pela competência e
compromisso com a ação.
7.1.1.1. As atribuições dos integrantes do Grupo
Gestor serão definidas, por proposta da Unidade de
Desenvolvimento Setorial do Sebrae Nacional, na
primeira reunião após sua constituição;
indicados pela Diretoria do Sebrae Nacional;
7.1.3. Grupos de trabalho/tarefa - constituídos
a partir de demandas, para tarefas específicas, com
duração limitada ao cumprimento dos seus
objetivos;
7.1.4. Coordenações/Gerências estaduais
- designações adotadas pelos Sebrae/UFs para
denominar a equipe/grupo responsável pela
execução do Programa Estadual.
DIRETORIA-EXECUTIVA SEBRAE NACIONAL
GRUPO GESTOR NACIONAL
GRUPO CONSULTIVO
GRUPOS DE TRABALHO
COORDENAÇÕES/GERÊNCIAS ESTADUAIS
CENTRO-OESTE/NORTE
NORDESTE
SUL/SUDESTE
AC AP AM DF GO MS MT PA RO RR TO AL BA CE MA PB PE PI RN SE ES MG PR RJ RS SC SP
FIGURA 2 - Estrutura Organizacional do Programa Sebrae de Artesanato
33
7.2. EIXOS NORTEADORES DO
PROGRAMA SEBRAE DE
ARTESANATO
A estruturação do Programa Sebrae de
Artesanato, no âmbito nacional e nos Estados,
deverá ser norteada a partir dos eixos e linhas de
atuação apresentados.
7.2.1. Estratégias e diretrizes
Ações de caráter estratégico, realizadas
simultanea-mente às ações do eixo Estudos e Pesquisas.
7.2.1.1. Estruturar os programas e projetos a partir de
parcerias internas (inserção do artesanato em outras
áreas e segmentos do Sebrae) e externas, sob a
liderança dos governos estaduais do Programa do
Artesanato Brasileiro - PAB e de outros atores;
7.2.1.2. Definir o contexto de atuação do Programa e
dos projetos;
7.2.1.3. Estabelecer diretrizes para execução dos
Programas Estaduais tendo como referência o
Programa Nacional;
7.2.1.4. Mapear/analisar demandas, definir grupos e
territórios que serão atendidos de acordo com a “Matriz
Conceitual” (ver p. 30), “Avaliação das Potencialidades
para Seleção de Arranjos Produtivos Locais – APLs e dos
Municípios/Territórios” (ver Anexo 1 – p. 79) e
“Orientações para Intervenção dos Programas Estaduais”
(ver Cap. 8 - p. 44);
7.2.1.5. Promover a inserção da cultura da cooperação
no âmbito do setor artesanal;
7.2.1.6. Estabelecer estratégias de marketing e
comunicação do Programa nos Estados seguindo as
diretrizes do Sebrae Nacional.5
7.2.1.7. Adotar indicadores de desempenho para
b a l i z a r a s a ç õ e s d e monitoramento e avaliação
dos Pr o g r a m a s
e Projetos;
7.2.1.8.
Contribuir para a
criação de legislação
específica que regulamente a
atividade artesanal;
7.2.1.9. Inserir o artesanato nas pautas de discussão
do Mercosul e da ALCA;
7.2.2. Estudos e perquisas
At i v i d a d e s d e p r o s p e c ç ã o q u e b u s c a m o
conhecimento sistêmico do setor para apoio aos
processos de tomada de decisão.
7.2.2.1. Realizar sistematicamente pesquisas de
demanda (mercado), como requisito para intervenções
de melhoria dos produtos (ver item 8.1.1. – p. 45);
7.2.2.2. Realizar pesquisa de oferta para
conhecimento do contexto social/cultural/
econômico/ambiental e balizamento das intervenções
nos territórios (ver item 8.1.2. – p. 48);
7.2.2.3. Realizar estudo de tendências (para
desenvolvimento de coleções);
7.2.2.4. Avaliar as atividades realizadas periodicamente, verificando a relação custo-benefício conforme
indicadores de desempenho (ver anexo 3 – p. 92);
7.2.2.5. Apoiar a realização de pesquisa de
identificação e resgate da iconografia regional,
em bases técnico-científicas, utilizando-se de
grupos multidisciplinares;
7.2.2.6. E s t i m u l a r
estudos e pesquisas
para identificação de
ofícios artesanais em risco
de extinção;
7.2.2.7. Adotar o cadastro do SIACNET
(ver Anexo 2 - Diagnóstico da Produção Artesanal – p. 84);
7.2.3. Inovação
Ações relacionadas com tecnologia, design e infraestrutura.
Deverá ser elaborado plano de marketing e comunicação onde deverão ser definidos quais recursos de comunicação serão utilizados. O ideal é
otimizar as ações e estratégias de marketing, dentro da mídia (veiculação), para que o máximo de público seja atingido pela comunicação que se
deseja, desta forma otimizando também o custo-benefício.
Estratégias:
Promocional - objetiva criar, no público-alvo, uma resposta/ação no sentido de compra/adesão ao Programa;
Divulgação - visa ampliar o conhecimento sobre as vantagens de produtos, serviços e idéias e, ainda, divulgar a marca junto ao público-alvo;
Institucional - objetiva gerar empatia com relação a imagens e conceitos de produtos, serviços, idéias e marcas. Ações geralmente informativas
geradas pela comunicação social e de assessoria de imprensa.
5
Recursos:
Website - Intranet - Rede Sebrae de Artesanato - Folheteria - Banco de imagens - Clipping - Prêmio de artesanato - Merchandising - Inserção na
mídia.
35
7.2.3.1. Desenvolver e otimizar produtos em função das
demandas e oportunidades de mercado (intervenção através
de design e adequação/inovação de materiais e orientando
sobre utilização racional/controlada dos recursos naturais
baseada na legislação ambiental) (ver item 8.1.3. – p. 52);
7.2.3.2. Otimizar processos produtivos
(utilização de tecnologias a partir de
novas técnicas e equipamentos);
7.2.3.3. Adequar a capacidade de produção às
demandas (volume de produção em determinado
período de tempo) (ver item 8.1.4. – p. 53);
7.2.3.4. Adequar a infra-estrutura (melhoria dos
locais de trabalho utilizados pelos artesãos);
7.2.3.5. Aproximar as intervenções das oficinas dos
Núcleos de Inovação e Design para o Artesanato às
ações do Programa Sebrae de Artesanato;
7.2.4. Capacitação
Atividades relacionadas com treinamentos e reciclagem
(ver item 8.1.5. – p. 54)
7.2.4.1. Capacitar técnicos do Sistema Sebrae
(atividades de treinamento das equipes de coordenação
e dos técnicos regionais para gestão e acompanhamento
do programa);
7.2.4.2. Capacitar fornecedores – consultores, instrutores
e multiplicadores (formação de multiplicadores das
metodologias do Programa);
7.2.4.3. Capacitar artesãos (oficinas e consultorias
práticas e teóricas para grupos de artesãos e dirigentes
de associações e cooperativas do setor);
7.2.4.4. Disseminar, entre os técnicos dos outros
programas/produtos do Sistema Sebrae e agentes
municipais, noções sobre o artesanato e sua importância
para a comunidade, a fim de se buscar uma melhor
sinergia na execução do Programa;
7.2.4.5. Apoiar a realização de eventos técnicos para o
aprimoramento das equipes envolvidas na execução do
Programa (seminários, simpósios, missões etc.);
7.2.4.6. Habilitar familiares dos artesãos em gestão,
comercialização e outras informações inerentes ao
mercado;
7.2.5.4. Posicionar o Programa Sebrae de Artesanato
como agente de aproximação entre oferta e demanda
final (lojistas, representantes comerciais, galerias de
arte, entre outros);
7.2.5.5. Elaboração e implementação de “Plano de
Promoção e Divulgação” das marcas e produtos (ver
item 8.1.7. – p. 57);
7.2.5.6. Promoção e/ou participação em eventos
comerciais (feiras, rodadas, missões etc.);
7.2.5.7. Interagir na logística e distribuição de
matérias-primas e/ou produtos acabados, de sua
origem ao destino, favorecendo o acesso direto
ao consumidor final e ao atacadista (ver item
8.1.8. – p. 61);
37
7.2.4.7. Estabelecer intercâmbios e/ou cooperação
técnica com instituições nacionais e internacionais
para absorção e transferência de tecnologias;
7.2.5. Acesso ao mercado
Ações que visam a inserção dos produtos no mercado
consumidor (ver item 8.1.8. – p. 61).
7.2.5.1. Inserir nos projetos ações de agregação de valor
visando a identidade visual/ desenvolvimento de marcas desenvolvimento de embalagens - selo de procedência/certificado
de origem - certificado de qualidade - utilização de normas
ambientais e sociais - contextualização histórica e cultural do
produto e processo (ver item 8.1.6. – p. 55);
7.2.5.2. Implementar projetos de acesso aos mercados,
integrados a outros setores (turismo, agronegócios,
outros) e a promotores de eventos;
7.2.5.3. Estimular a implementação de centrais de
comercialização segundo as normas em vigência no
Sistema Sebrae;
7.2.5.8. Distribuição/Comercialização – articular
meios que facilitem aos artesãos ou pessoas
escolhidas por eles o acesso direto ao consumidor
final e ao atacadista;
7.2.5.9. Definir o perfil de negócios para abertura
de lojas de artesanato.
7.2.6. Acesso ao crédito
Ações de adequação e ampliação de linhas de crédito
e capitalização do setor artesanal.
7.2.6.1. Articular parcerias para ampliação do acesso ao
crédito a partir da qualificação e dimensionamento da
demanda (matéria-prima, equipamentos, capital de
giro, infra-estrutura e marketing);
7.2.6.2. Articular parcerias para captação de
recursos para o financiamento do setor artesanal,
negociando, com organismos nacionais e
internacionais, a alocação de recursos para a
implementação de projetos;
7.3. GESTÃO SISTÊMICA DO
PROGRAMA SEBRAE DE
ARTESANATO/UF
A gestão sistêmica do Programa Sebrae de
Artesanato implica a tomada de decisões e realização de
ações de planejamento, execução e monitoramento que
possibilitam seu desenvolvimento.
Para a formulação dos Programas Estaduais e
seus respectivos projetos, os Sebrae/UFs deverão
considerar as diretrizes, assim como o viés dos eixos
norteadores do Programa Nacional e as Instruções
Normativas – INs pertinentes, utilizando-se da gestão
sistêmica como ferramenta para planejamento, execução e
monitoramento das ações, favorecendo a otimização na
aplicação dos recursos. Igualmente, deve-se levar em conta
as necessidades de interfaces com outros programas e as
parcerias para o desenvolvimento integrado do Programa.
Comerci
al i z a
en
to
Se
tor
ial
CP - Móveis e Madeira
Têxtil
cção
e
s
f
n
o
ado r
CP - C
e
alç
C
e
nd
ee
ros
r
u
p
o
-C
Em
CP
m
icr
açã
or
Infor
oe
eg
m
mp
de em ação/abe
res ião
rtura
presa
aria
/form
alizaç
l
ão
de
ent
De
Emp
resaria
l
FIGURA 3 - Interfaces do Programa Sebrae de Artesanato
39
Ca
ra
B
ras
Red
ilei
es C
o
o
pera ra
tivas
Agronegócios
Ori
Turismo
o
to
ado
en
dit
im
ré
ent
olv
oc
Ori
nv
icr
se
dito
De
M
Ori
ent
açã
o
Cré
PROGRAMA
SEBRAE DE
ARTESANATO
ito
estã
éd
Lo
ca
l
Cr
t
en
im
olv
env
Des
o
I
n
o
Saber Em
preender
Líder Cidadão
o
slaçã
s
Legi
ana
olit
p
tro
me
s
a
áre
de
o
t
en
lvim
o
v
sen
De
nte
l
i
gê
nc
ia
C
om
Feir
er
a
s
e Ev cial
ento
s
Negócios
sig
mg
Logística
De
oe
ica
tec
açã
ae
br
acit
ológ
n
Tec
Se
Cap
ção
Rodadas d
e
ica
Clín
ucação e Cultura Em
úbl. Ed
pree
P
.
l
nde
Po
dor
a
ia
log
o
cn
Te
se
n
lv
vo
im
7.3.1. Planejamento
Planejar implica a tomada de decisões que
permitem iniciar e conduzir as fases do Programa de
maneira segura, eliminando as incertezas a serem
enfrentadas no curso das ações. Nesta fase, deve-se
promover a divisão de tarefas, responsabilidades e
autoridade, com a definição de papéis das equipes de
trabalho que irão implementar as ações.
7.3.1.1. Elaborar o Programa Estadual e os projetos
que irão implementá-lo;
sua implementação, compreendendo a realização das
ações planejadas para se alcançar os objetivos e metas
previstos. A seguir são apresentadas as ações básicas de
implementação dos Programas Estaduais.
7.3.2.1. Implementar projetos nos municípios/territórios a
partir da definição decorrente da utilização dos instrumentos
sugeridos (ver anexos 1 e 2 – pp. 79 e 84);
7.3.2.2. Captar e gerenciar recursos;
7.3.2.3. Negociar parcerias internas e externas;
7.3.1.2. Ordenar oferta e demanda (levantamento e/ou
estudo de mercado realizado pelo Sebrae/UF);
7.3.1.3. Dimensionar recursos dos projetos
encaminhados ao Nacional de acordo com as
Instruções Normativas – INs vigentes.
7.3.1.3.1. Financeiro
7.3.2.4. Implementar metodologias;
7.3.2.4.1. Comportamental
7.3.2.4.2. Associativismo e cooperativismo
7.3.2.4.3. Gestão (processos, da organização,
financeira)
7.3.1.3.2. Humanos
7.3.1.3.3. Materiais
7.3.2.4.4. Inovação
processos, produtos e design
7.3.1.3.4. Técnicos
7.3.2.4.5. Comercialização
7.3.1.3.5. Operacionais
7.3.2.4.6. Estudo de demanda
7.3.2.4.7. Estudo de oferta
7.3.2. Execução
A execução é o conjunto sistematizado de
procedimentos e processos administrativos que se
aplica a todas as fases do Programa. É predominante na
7.3.2.4.8. Resgate cultural
7.3.2.4.9. Capacitação de consultores
7.3.3. Monitoramento
Durante a etapa de planejamento é necessário
prever o acompanhamento constante e a atualização
dos planos operacionais.
Monitorar consiste em acompanhar a
execução da ação e compará-la com a intenção, objetivo
do planejamento. Monitorar é, portanto, uma forma de
assegurar a realização de objetivos ou a preservação de
um padrão de desempenho. O processo de
monitoramento procura revelar a eventual necessidade
de modificar a ação ou resultado esperado e verificar,
ainda, se a ação está sendo de fato realizada.
A análise sistemática gera informações sobre os
ajustes necessários ao alcance dos objetivos. Por esta
razão, durante o monitoramento os resultados serão
mensurados e avaliados. Para isso, deve-se organizar os
seguintes processos:
7.3.3.1. Gestão da informação e do conhecimento
O principal insumo para a tomada de
decisão é a informação. Para tanto, faz-se necessário
documentar toda a dinâmica do Programa, isto é,
todas as ações desde a sua gênese. A sistematização
de cadastros, diagnósticos, banco de dados e
relatórios são instrumentos fundamentais para o
acompanhamento, avaliação e tomada de decisão.
O compartilhamento dessas informações entre os
Sebrae/UF dará a dimensão econômica e o impacto
do artesanato na economia. De acordo com a nova
sistemática, os Sebrae/UF deverão encaminhar,
dentro de modelo padronizado, relatórios mensais
para o Sebrae Nacional.
41
7.3.3.2. Acompanhamento
Aplicação dos indicadores (ver Anexo 3 – p. 92)
realizada através dos seguintes instrumentos: observação
direta, auto-avaliação, pesquisa de satisfação do cliente,
reuniões, seminários, dentre outros.
Os indicadores serão utilizados para acompanhar
e melhorar os resultados ao longo do tempo. Sua aplicação
visa mensurar a eficiência e a eficácia do Programa.
Ao olhar a missão e os objetivos, vislumbra-se
“o que” e “por que” medir, quais serão os instrumentos
e a periodicidade da aplicação. Os indicadores deverão
ser analisados ao longo do tempo, sendo necessário ter
um instrumento para a coleta das informações no início
dos trabalhos, a fim de se ter uma “fotografia” do cliente.
No Programa Sebrae de Artesanato será
utilizado como instrumento para coleta de informações
sobre o “antes” da intervenção, o “Diagnóstico da
Produção Artesanal”, que é o instrumento de cadastro
e pesquisa para conhecimento do perfil do artesão e do
contexto social, cultural e econômico (ver Anexo 2 – p. 84).
Dessa maneira, pode-se verificar os resultados das
ações do Programa comparando o “antes” com o
“depois” da atuação.
7.3.3.3. Avaliação
Envolve uma análise sistemática e objetiva do
desempenho e do impacto do Programa em relação ao
seu objetivo. Neste processo serão comparados os
resultados com as metas propostas, a fim de constatar
progressos ou dificuldades e reorientar o trabalho para as
correções necessárias (replanejamento e reprogramação).
O propósito é, também, extrair conhecimento.
2-C
OD
IF
R
RA
R
OP
SE
AP
MI
4-
NAR
1-
R
ICA
GE
CONHECIMENTO
RIA
FIGURA 4 - Processos de Gestão do Conhecimento
R
3
IS
D
-
43
Programa Sebrae de Artesanato
8 - Orientações para intervenção
dos programas estaduais
A lógica de intervenção do Programa Sebrae
de Artesanato começa e termina no mercado e
pressupõe a realização de um conjunto de atividades
seqüenciais cuja responsabilidade pela execução requer
a colaboração dos Núcleos de Inovação e Design para
o Artesanato, das Oficinas Experimentais de Produção
e das Centrais de Comercialização. Esta infra-estrutura
está detalhada no capítulo 9 (p. 64).
PRODUÇÃO
MERCADO
IDENTIFICAR
DEMANDA
COMERCIALIZAR
DIVULGAR E
PROMOVER
IDENTIFICAR
OFERTA
MELHORAR
PRODUTOS
AGREGAR
VALOR
MELHORAR
PROCESSOS
FIGURA 5 - Lógica de Intervenção do Programa Sebrae de Artesanato
CAPACITAR
PRODUTORES
8.1. ETAPAS DE INTERVENÇÃO
8.1.1. Identificação e análise da demanda (Estudos e
Pesquisas)
Uma estratégia de inserção comercial do
artesanato no mercado de consumo, para que tenha
algum sucesso, deve ser precedida de uma pesquisa de
mercado que possa identificar os distintos públicos
compradores, seus hábitos, gostos, preferências e separar
os produtos de acordo com estas informações. Esta
divisão do mercado chama-se segmentação, podendo ser
quantitativa ou qualitativa.
A segmentação quantitativa baseia-se nos
dados fornecidos pelos recenseamentos e
pesquisas realizadas que permitem conhecer os
distintos níveis de renda e de capacidade de gasto
dos consumidores, agrupados por sexo, idade,
estado civil, ocupação, local onde vivem e demais
dados de ordem genérica.
A partir destas informações e definindo
um determinado grupo social potencialmente mais
demandante, uma outra pesquisa (qualitativa) pode
ser realizada, detalhando as informações mais
importantes, tais como:
• motivações e hábitos de compra;
• características dos produtos mais demandados;
• fidelidade a produtos e serviços;
• sazonalidade e freqüência das compras;
• nível de gasto para cada tipologia;
• grau de satisfação;
• questionamentos feitos no momento da compra;
• destinação da compra (residência principal ou
residência secundária);
• aspirações e desejos não satisfeitos, entre outros.
Estes dados permitem estimar o tamanho do
mercado visado, desenvolver produtos que venham de
encontro a estas expectativas e definir a melhor estratégia
e a época mais propícia para as vendas.
Estas pesquisas de demanda
podem ser feitas em um âmbito local,
regional, nacional ou mesmo internacional,
dependendo para onde se pretende
direcionar a oferta de produtos. Inicialmente,
devemos considerar a possibilidade de escoar
parte da produção na própria região ou
cidade onde o artesanato é produzido.
Uma pesquisa no
mercado local deve identificar os
compradores usuais e potenciais
de artesanato, incluindo-se aí os
turistas em lazer ou a negócios.
Deve aferir não somente o nível de
interesse e satisfação pelos produtos
que estão sendo oferecidos, mas
também, e principalmente, o nível de
rejeição. Entender as razões por quê certos
produtos não são vendidos é muitas vezes
mais fácil que entender o sucesso de outros.
O fracasso é mais aparente, tangível,
compreensível e assimilável que o êxito.
Uma pesquisa de demanda deve
apontar, ainda, as tipologias preferenciais;
os produtos mais consumidos; as
limitações referentes a tamanho,
volume, peso ou preço; as épocas de
maior consumo e todos os demais
dados que permitam organizar a oferta
de modo mais eficaz.
45
Um segundo nível de uma pesquisa de
demanda deve ser o mercado interno do país, sobretudo
os grandes centros urbanos ou zonas de turismo intensivo.
São muitas as questões a serem respondidas e
que podem contribuir para o delineamento de uma
estratégia adequada, tais como: quem são os consumidores
de artesanato nas diversas regiões, suas exigências e
restrições em relação a esses produtos; quais as
características dos produtos concorrentes que
atraem as preferências dos consumidores; para
que mercado se destina a produção artesanal e
quais os canais de comercialização utilizados,
seus entraves e deficiências.
Estas indagações servirão para
desenhar o perfil do mercado e conhecer
a realidade do processo de
comercialização do artesanato na esfera
nacional,
considerando
as
particularidades de cada região.
Em uma escala menor, uma
pesquisa qualitativa pode fornecer
indicadores confiáveis, sobretudo se
efetuada junto aos principais
pontos-de-venda do artesanato,
acerca sobretudo da satisfação
dos clientes. Além disso,
identificar as principais
tendências do artesanato
nacional em relação à matériaprima, design e novos produtos. E, ainda, analisar as
condições de comercialização, volume de vendas,
condições de pagamento, freqüência de reposição,
valores mínimos e máximos pagos para cada
tipologia artesanal, assim como formatos, pesos e
volumes máximos.
Este trabalho de prospecção do mercado deve
ser o primeiro passo do Programa de Artesanato.
Embora as pesquisas de mercado levantem dados
precisos, que, quando analisados com rigor e método,
permitem orientar acertadas decisões de
posicionamento de produtos, é também de
fundamental importância estudar as possibilidades
futuras, com um olhar prospectivo objetivando
conhecer as tendências do mercado para poder se
antecipar às mudanças.
Um bom modo de se ter um painel de
tendências futuras é a visitação a feiras e
exposições (exemplos: Casa Cor e Gift Fair). 6
Porém, a leitura habitual e atenta das revistas de
moda, decoração e turismo podem também
oferecer importantes subsídios.
Esta análise deve identificar:
• Quais são as tipologias e famílias de produtos mais
demandadas, características
dos produtos, tamanhos,
formatos, acabamentos e
preço;
O último nível de análise, que é o mercado
externo, pode ser avaliado a partir das feiras
especializadas em presentes onde marcam presença
os grandes compradores internacionais e onde são
reveladas as tendências mais expressivas explorando
o uso de novos materiais e novas temáticas para
linhas de produtos.
Nestas feiras, é possível também examinar as
estratégias comerciais dos grandes centros produtores e
exportadores de artesanato, de modo a analisar suas
vantagens e desvantagens competitivas.
Estas pesquisas devem ser realizadas por
empresas e técnicos especializados, no mínimo,
anualmente, já que o mercado tende a se
renovar cada vez mais rapidamente, e se bem
elaboradas poderão transformar-se em
ferramenta fundamental para o planejamento
estratégico.
Todos os projetos de estudos e
pesquisas para identificação de demanda
deverão ter sua contratação deliberada e sua
execução monitorada por especialistas indicados
pelo Grupo Gestor para garantir a coerência dos
procedimentos, a uniformidade dos dados e a
homogeneidade das informações.
• Quais são os temas, estilos ou
contextos que estão em evidência
(ex.: rústico, primitivo, náutico,
sertanejo, nostálgico etc.);
• Cores, padrões e texturas que estão sendo mais
demandados (em geral definidas anualmente a partir
de um acordo entre os fabricantes de tecidos, tintas,
móveis etc.).
6
Ver calendário da Casa Cor no site: www.casacor.com.br. São Paulo Gift Fair acontece nos meses de março e agosto.
47
8.1.2. Identificação e análise da oferta
(Estudos e Pesquisas)
Tendo identificado a demanda, é necessário
também identificar e qualificar a oferta. Isto significa
conhecer os produtores, o que produzem, como, onde e
para quem. Isto inclui traçar um perfil socioeconômico
da população visada, levantando a renda familiar de
cada artesão, perfil de escolaridade, acesso a bens e
serviços e as condições de trabalho e moradia. Somente
de posse destas informações será possível avaliar, no
futuro, qual foi o impacto e o resultado destas ações
sobre aquele grupo de indivíduos.
Uma pesquisa sobre a oferta do setor artesanal
deve identificar e separar as diferentes categorias de
artesãos: aqueles que têm no artesanato sua atividade
principal, fundamental à sua sobrevivência, e aqueles
que têm no artesanato apenas uma opção de renda
complementar ou como terapia ocupacional. Do
mesmo modo, deve ser feita uma distinção entre artistas
populares, mestres artesãos, aprendizes e demais
envolvidos no processo produtivo.
Ainda como pesquisa de oferta, deve ser
feito um levantamento dos principais produtos
artesanais, identificando sua origem, matériaprima, peso, tamanho, dimensões, custo e volume
de produção mensal.
Estas informações são indispensáveis para a
montagem de uma base de dados sobre a oferta de
produtos artesanais e para a confecção de catálogos
para a venda.
Ainda no que diz respeito à oferta, é
importante identificar e cadastrar as associações,
cooperativas de produção, fornecedores de matérias-
primas, compradores diretos ou indiretos, técnicos e
especialistas diversos.
É de fundamental importância pesquisar e
analisar a oferta (aquilo que se produz) fazendo
uma avaliação de suas qualidades e deficiências,
permitindo-se
assim
tirar
proveito
das
oportunidades e neutralizar ou eliminar as ameaças.
Uma situação ótima da oferta corresponde ao
cumprimento das seguintes características:
8.1.2.1. Análise do contexto social, cultural, econômico
e ambiental.
Um outro componente importante para
configurar uma base de informações, sólida e
consistente, para apoiar um programa de artesanato
deve ser uma pesquisa de resgate e valorização da
cultura material e iconográfica da região onde as ações
serão implementadas.
Desenvolver novos produtos artesanais de
• Que os produtos que a compõem sejam
integrados e coerentes, formando famílias ou
coleções, exibindo um diferencial
comum;
• Que estejam identificadas com sua origem
e procedência, contendo elementos de
informação sobre quem as produziu e em
que condições, como uma espécie de
garantia;
referência cultural significa valer-se de elementos que
reportem o produto ao seu lugar de origem, seja
através do uso de certos materiais e
insumos, ou técnicas de produção
típicas da região, seja pelo uso de
elementos simbólicos que façam
explícita m e n ç ã o à s o r i g e n s
d e s e u s produtores ou de seus
antepassados.
A busca pela renovação do
• Que possuam qualidade técnica facilmente
percebível pelos consumidores, tais como
durabilidade, segurança no manuseio,
funcionalidade etc.;
• Que tenha uma qualidade formal e estética
atraente, com expressiva carga simbólica e
significação cultural;
• Que tenham uma marca comercial que os
distinga no mercado das demais ofertas
artesanais;
• Que estejam associados a outros produtos de
prestígio.
artesanato deve colocar em evidência os
elementos mais comuns e típicos de seu
entorno. Deve utilizar as cores de sua
paisagem, imagens prediletas, sua fauna e
flora, retratar os tipos humanos e seus
costumes mais singulares, utilizar as matériasprimas que estão mais próximas e as técnicas
que foram passadas de geração em geração.
Estes elementos únicos dão sentido
ao artesanato e indicam para o artesão seu
lugar no mundo. Estas referências e atributos
são valorizados por um mercado globalizado,
ávido por produtos diferenciados.
49
Esta pesquisa iconográfica deve incorporar
como atividades essenciais:
1) seminário de identidade cultural, para o qual são
convidados arquitetos, historiadores, museólogos,
antropólogos e outros notáveis da área cultural, todos
com profundo conhecimento em sua área de atuação
ou de estudo;
2) pesquisa de campo; e
qualquer pessoa envolvida com processos criativos
comprometidos com a cultura local. Para proceder a
estes levantamentos, pode-se dividir a pesquisa em
quatro níveis:
• Arte e Arquitetura
(sacra, vernacular, pretérita e contemporânea);
• Artefatos
(industrias ou artesanais: religiosos, utilitários,
decorativos, lúdicos etc.);
3) construção de uma base de dados e imagens.
O objetivo do seminário é fazer com que cada
participante descreva os elementos mais significativos
de sua área, apresentando os melhores e mais
representativos exemplos, apontando os principais
locais de ocorrências, enumerando os acervos existentes
e apontando as pessoas que possam ser consideradas
uma memória viva.
Após o seminário, inicia-se a pesquisa de
campo para levantar o maior número possível de
registros fotográficos, conformando um banco de
imagens de extraordinário valor referencial para
arquitetos, artistas, designers, artesãos, publicitários, ou
• Folclore
(música, danças, mitos, lendas, vestuário, culinária);
• Fauna e flora
(iconografia representativa de animais, pássaros,
flores, paisagens).
Uma base de dados com informações sobre
demanda, oferta e histórico do artesanato é o insumo
indispensável para estruturar o Programa de Artesanato
com capacidade de promover um salto qualitativo
fundamentado num planejamento de longo prazo e
sustentado na inteligência competitiva.
8.1.2.2. Análise da Concorrência
Uma pesquisa de mercado é completa quando se
analisam também as características da concorrência,
dentre estas:
• As tipologias de artesanato local com as mesmas
características e direcionado ao mesmo segmento
(geralmente o que menor risco apresenta devendo ser
encarado como aliado e não como concorrente).
• O artesanato proveniente de outras regiões do país
(mesmos produtos com qualidades e preços
diferenciados).
• O artesanato de outros países da América Latina
(maior diversificação, porém de preço mais elevado).
• O artesanato de diferentes procedências agrupados
sob a denominação genérica de “étnico” (em geral,
da África e do Oriente).
• O artesanato produzido em grande escala na China,
Índia e Malásia (grande diversidade, baixa qualidade
e preço muito baixo).
• Os produtos industriais que falsificam o produto
artesanal, em geral produzidos pelos “tigres asiáticos”.
Esta análise deve permitir conhecer os pontos
fortes (vantagens competitivas), os pontos fracos
(deficiências), as ameaças e oportunidades que a
presença deste tipo de artesanato representa no
mercado.
51
8.1.3. Melhoria e desenvolvimento de novos
produtos (Inovação)
Conquistar um nicho específico de mercado
consiste em identificar uma demanda insatisfeita e em
seguida oferecer um produto diferente (ou melhor) de
todos os demais conhecidos, que venha ao encontro
destas expectativas não satisfeitas.
Conhecido o perfil do público-alvo, a partir
da análise da demanda, será possível desenvolver e
oferecer um produto coerente com as expectativas de
seus consumidores.
A tarefa de conceber e desenvolver um novo
produto, ou atualizar um produto existente de acordo
com as expectativas do mercado e respeitando-se as
condições da produção, é uma atividade altamente
complexa que requer a colaboração de profissionais
experientes (tais como designers, engenheiros de
produção, arquitetos, antropólogos, entre outros) e
para isto não basta ter talento e capacidade criativa. É
necessário, acima de tudo, uma atitude de respeito à
cultura do artesão.
Ao participar do desenvolvimento de um
produto, para quem quer que seja, os
profissionais devem se abstrair de seu gosto
pessoal, de suas preferências estéticas e tentar
vestir a pele do comprador. Afinal, é para ele
que se está trabalhando.
Do mesmo modo, um designer
envolvido com a concepção de produtos
artesanais não deve projetar para o
artesão, mas com o artesão.
Criar novas linhas de produtos, com uma
estética mais despojada e depurada, dirigida ao
mercado consumidor de maior poder aquisitivo, pode
ser, em algumas situações, uma alternativa para
valorizar os produtos e aumentar sua produção, porém
sem perder de vista a iconografia, o simbólico e o
estético que caracterizam sua cultura de origem.
Novos produtos podem significar o aumento
da demanda desde que venham de encontro às
necessidades e expectativas dos consumidores, e isto se
pode conseguir com a proposição de peças que
conformem uma coleção.
8.1.4. Adequação da produção
(Inovação)
A otimização dos processos
produtivos, tornando a produção
mais ágil e competitiva, e adequação
destes produtos às novas exigências do
mercado, tanto do ponto de vista formal
quanto técnico, devem e podem ocorrer sem
descaracterizar ou se afastar dos valores tradicionais e
da história particular de cada núcleo artesanal, pois
alguns destes processos de produção são ancestrais e
devem ser preservados, mesmo que apenas como
testemunho vivo da cultura.
A atualização da produção artesanal pode se dar:
• na substituição de uma matéria-prima que está
ficando escassa por outra mais abundante;
• pela troca de instrumentos de trabalho mais eficazes;
• pela utilização de novas ferramentas que facilitem o
trabalho, porém sem esquecer que em algumas
técnicas somente a mão humana pode executar, com
suas imperfeições e pequenas diferenças;
• pela mudança de técnicas ou de processos mais
produtivos;
• pela alteração da forma, da aparência e da função;
• no modo de apresentar comercialmente os produtos.
O conceito de qualidade é muito
mais amplo e vai desde a seleção e
preparo da matéria-prima
até o cuidado com a
embalagem no momento da
comercialização. A seleção dos
insumos é de fundamental
importância em qualquer segmento
artesanal, evitando que o ataque de fungos, a
corrosão, a umidade, o sol e inúmeros agentes
externos acelerem o processo de deterioração da peça
produzida. É preocupar-se com a durabilidade do
produto, utilizando corantes, tintas e vernizes que não irão
com o tempo desaparecer, perder a cor, o brilho e a beleza.
Qualidade significa, também, fazer a centésima
peça como se fosse a primeira, no tamanho, no peso, na
forma, porém preservando as pequenas diferenças que
tornam cada elemento uma peça única e singular, pois
manter estes padrões é fundamental para poder
padronizar os processos de embalagem e comercialização,
buscando com isto mais eficiência e economia.
Uma das formas eficazes de sistematizar esta
informação é através do uso de fichas técnicas de
53
produtos, contendo todas as informações sobre os
mesmos, tais como matérias-primas utilizadas,
descrição dos processos de produção, dimensões, peso,
características físicas e formais, volumes de produção,
entre outras.
Intervir na produção com o objetivo de torná-la
mais eficaz e os produtos com maior qualidade somente
será viável e sustentável no longo prazo se esta for uma ação
sistêmica e compromissada com o artesão, pois somente é
possível esperar elevada qualidade de produção daquele
que tem qualidade de vida.
8.1.5. Capacitação
Qualquer mudança em um modo de produção
implica uma mudança comportamental daqueles
envolvidos neste processo. Significa ter de alterar um
modo de fazer diferente daquele com o qual as pessoas
já estavam acostumadas. E, nada mais difícil que
erradicar hábitos arraigados. Isto somente se consegue
com educação, treinamento e com demonstração
inequívoca dos benefícios oriundos desta mudança.
Por esta razão são oferecidos tantos
treinamentos aos artesãos, para que eles percebam e
compreendam a necessidade de mudar sua visão e sua
postura no trabalho. Para tanto, o Programa Sebrae de
Artesanato deve buscar as melhores práticas e
metodologias para criar referências para o trabalho em
todos os Sebrae/UFs. Pois, generalizar metodologias e
conteúdos pode ser arriscado se estas metodologias
foram geradas entre outros contextos socioculturais
diferentes daquele onde serão aplicados.
A educação de adultos exige programas de
capacitação especialmente concebidos para a realidade
particular de cada contexto. Muitos programas de
capacitação, ao perceberem que o ponto frágil do
artesanato é sua comercialização, oferecem como
solução cursos sobre formação de preço, técnicas de
comercialização e vendas e outros temas correlatos,
provocando com isto o distanciamento do artesão
daquilo que ele saber fazer melhor, que é o produzir
artesanato. O artesão não é o principal ator da
comercialização, porém ele deve ter noções de todo o
processo, visto que isto irá gerar impacto na produção.
Outra característica marcante dos artesãos é
seu comportamento individualista. Acostumado que
está a um trabalho solitário, realizado na maioria das
vezes na sua residência, compartilha sua experiência e
seus conhecimentos apenas com familiares ou algum
aprendiz. Este modo de trabalho dificulta a
realização de um programa de capacitação
ou de ações cooperadas.
Portanto, um programa de
capacitação para artesãos deve
levar
em
conta
estas
particularidades, estruturando-se
em módulos sucessivos, com um calendário
compatível com seu tempo de produção, iniciando-se
por um processo de sensibilização com ganhos
crescentes de confiança e participação.
Quando se fala em capacitação, devemos
lembrar também da necessidade de qualificar e reciclar
os técnicos que irão atuar junto às comunidades.
Se por um lado existem milhares de artesãos
em qualquer um dos estados brasileiros, existe uma
carência inversamente proporcional de técnicos e
profissionais com sensibilidade, experiência, motivação
e talento para atuarem no segmento artesanal.
Dentre as atividades de capacitação que
necessitam ser ofertadas, destacam-se:
• Treinamento de pessoas, nos municípios que serão
atendidos, preparando-as para agirem na interface
entre os programas de apoio ao artesanato e
comunidade de artesãos.
• Treinamento para técnicos que atuarão nos processos
de transferência de novas tecnologias de produção para
os artesãos; repassando informações sobre as
demandas de mercado e ensinando métodos e técnicas
de gerenciamento da produção para torná-la mais ágil
e competitiva, porém sem descaracterizá-la.
• Qualificação de técnicos e designers para atuarem
no segmento artesanal.
Com relação à
capacitação dos
artesãos, é
necessário
estruturar
um programa
sistêmico, continuado,
com princípio, meio e fim.
Um programa desta natureza deve
propor um conjunto de disciplinas, com conteúdos
interconectados (ver itens 7.2.4 – p. 36 e 7.3.2 – p. 40),
construindo uma seqüência lógica, com exercícios
de verificação de aprendizagem e um tempo de
aplicação dos ensinamentos recebidos em sua prática
cotidiana, construindo assim uma aprendizagem
significativa.
8.1.6. Agregação de valor (Acesso ao mercado)
Um artesanato de qualidade deve ter uma clara
identificação com sua origem, impressa nas cores, nas
texturas, nas marcas deixadas pelas mãos dos artesãos
em cada peça.
55
Esta identidade é algo que se consegue com o
tempo, fruto de muito esforço, constância e dedicação.
Não se consegue com decretos e nem utilizando-se, de
modo forçado, as caricaturas de nosso entorno.
Quem compra artesanato está comprando
também um pouco de história. Nem que seja sua
própria história de viagens e de descobertas. Um
produto, por melhor que seja, deve vir acompanhado
de algo que o contextualize, que o localize no tempo e
no espaço. A informação sobre a pessoa que fez uma
determinada peça, a quantidade de horas ou de dias
que levou para executar esta tarefa podem ter um alto
valor para quem a adquire.
Os grandes compradores solicitam cada vez
mais, sobretudo para os produtos provenientes dos
países em desenvolvimento, um selo de procedência,
uma certificação de qualidade ou de respeito às
normas ambientais e sociais. Isto poderá em breve ser
uma exigência de todos os países importadores.
Tudo isto se consegue com um amplo projeto
de identidade visual, que pode ser adotado em cada
estado e sub-projetos específicos para cada grupo de
artesãos que tenham uma característica própria.
Agregar valor significa também
oferecer embalagens adequadas para o
transporte e para a comercialização.
Embalagens que ao mesmo tempo estão
protegendo seu conteúdo estão também
conferindo uma identificação de origem.
Este grupo de ações se completa com o
projeto de um sistema de expositores fixos ou
móveis, displays para promoção comercial, gôndolas
para vendas avulsas, souvenirs e uniformes com a
marca do programa.
8.1.7. Promoção e divulgação
(Acesso ao mercado)
O mercado não é um conjunto homogêneo
de consumidores que gostam e compram as
mesmas coisas. Existe gosto para tudo e não cabe
julgar qual “gosto” é melhor. Necessitamos apenas
conhecer as diferenças para decidir o que vender e
para quem vender.
Para cada categoria de produtos artesanais que
reúne características semelhantes existe um público-alvo
específico (identificado no estudo de demanda),
conseqüentemente, as estratégias de apoio e fomento
serão diferenciadas.
Tomemos o exemplo clássico da pirâmide de
consumo. Os produtos que estão no vértice são peças
únicas, e por isto mesmo de valor nominal mais
elevado e, conseqüentemente, direcionados a uma
parcela da população de maior poder aquisitivo.
Quanto mais se desce em direção à base da pirâmide,
maior é a escala de produção e menor será seu preço
de mercado, facilitando assim a aquisição dos mesmos
por uma parcela da população de menor poder
aquisitivo.
Cada faixa social tende a aspirar e a copiar os
produtos dirigidos às camadas mais elevadas, gerando
um processo permanente de adaptação e vulgarização
dos produtos até que os mesmos sejam descontinuados.
Este fenômeno adquire maiores proporções
quanto maior for o grau de novidade e de receptividade
dos novos produtos lançados no vértice da pirâmide,
obrigando a um esforço permanente de renovação.
Desta forma, cada produto deverá ter uma
estratégia de promoção diferenciada em função
do público consumidor a que se destina.
57
A
B
C
D
E
F
FIGURA 6 - Pirâmide de consumo
8.1.7.1. Sugestões de estratégias de promoção para
as categorias artesanais atendidas pelo Programa
Sebrae de Artesanato.
Arte Popular
As estratégias de apoio aos artistas populares
devem ser direcionadas à valorização da personalidade,
colocando em evidência e destaque o melhor de sua
produção, pois são eles os que primeiro definem o
padrão do artesanato da região onde vivem.
Seu trabalho é a fonte de inspiração dos artesãos,
que, ao utilizar sua obra como referência, não somente lhes
prestam uma sincera homenagem, como buscam uma
alternativa legítima de trabalho.
Considerando que o compromisso destes
artistas é consigo mesmo e sua maior aspiração é ver seu
trabalho reconhecido e valorizado, quanto menor for
a interferência neste trabalho, maior será a
preservação de sua originalidade.
A produção deverá estar sempre
focada nas peças únicas e séries limitadas,
garantindo assim o seu valor nominal.
Entre outras formas de promoção do artista
popular e sua obra está a concessão de reconhecimentos e/ou prêmios pelo conjunto de sua obra, a
organização de exposições retrospectivas e as
publicações de sua biografia.
Estas peças devem, preferencialmente, ser
vendidas em galerias ou lojas especializadas. Caso
sejam comercializadas em lojas comuns de artesanato,
devem ser expostas em gôndolas ou displays específicos
e diferenciados, nominando seu artista.
Artesanato Indígena
O artesanato indígena dispõe de seus
próprios canais de comercialização na maioria das
regiões onde é produzido.
Recomenda-se que as ações de apoio não
interfiram nos processos produtivos para evitar a
descaracterização do produto final, pois, embora parte
da produção artesanal indígena seja destinada ao
mercado de consumo, possuem formas
particulares de organização do trabalho, de
identificação e de atribuição de valor aos
bens, de distribuição e de uso que diferem
das formas convencionais capitalistas e
que merecem ser preservadas.
Portanto, o apoio e a promoção
do artesanato indígena devem estar focados
na garantia da cidadania das comunidades,
preservando sua cultura e ampliando os canais
de promoção e comercialização de seus
produtos artesanais.
Artesanato Tradicional
O artesanato tradicional, por sua
importância social, econômica e cultural, deverá
ter como principal estratégia a identificação, o
resgate e a promoção dos produtos de
reconhecida identidade regional, colocando
em evidência suas raízes, sua história e sua
trajetória.
Um sistema de agregação de valor
com o uso de selos de procedência,
etiquetas de contextualização cultural,
embalagens exclusivas e pontos-de-venda bem
definidos tem se mostrado de grande eficiência e
retorno para esta categoria.
A intervenção, depois da análise do contexto,
pode se dar a partir da proposição de novas
ferramentas e processos que possam otimizar a
eficiência do trabalho.
Os produtos podem ser divulgados/apresentados
em catálogos, com destaque para sua importância
cultural, destinados a mercados específicos.
Artesanato de Referência Cultural
Este é um dos segmentos mais promissores para
o incremento competitivo do artesanato brasileiro, pois
trata-se de produtos concebidos dentro de uma lógica de
mercado, orientados para a demanda, acompanhados
por designers, tendo como referência os elementos mais
expressivos e significativos da cultura regional. Além
disso, é o que mais favorece a ampliação de postos
de trabalho.
Incremento
importante
da
diversidade de produtos de uma região ou
grupo de produtores é a realização de
consultorias em design para grupos de
artesãos, para o desenvolvimento de coleções
temáticas inspiradas na iconografia regional.
A introdução de novas técnicas, novas
ferramentas, novos processos e/ou novas matériasprimas é uma ação estratégica para esta sub-categoria,
objetivando agregar valor aos produtos, melhorar a
produção, aumentar a produtividade, otimizar os custos
e tornar o trabalho mais eficaz.
Estes produtos, por incorporarem significativas
inovações de forma, de uso e às vezes de materiais, são
produzidos a partir de estudos de tendências e
prospecção de mercado.
Artesanato Conceitual
Considerando que o artesanato conceitual é
aquele desenvolvido por grupos de indivíduos com
algum tipo de formação artística, que imprimem em
59
seus produtos algum conceito cultural e/ou ambiental e
não se prende aos aspectos da cultura regional, predomina
a produção de pequenas séries onde a inovação é seu
diferencial. Sua evolução é rápida, sistemática,
direcionada em geral a um público consumidor exigente
e elitista, com maior poder aquisitivo.
A comercialização, geralmente, é realizada na
própria oficina de produção e em lojas especializadas
de arte e decoração.
disponibilidade de tempo, grau de interesse e
possibilidade de participação.
A partir destas informações, é possível iniciar
um trabalho de mobilização com o objetivo de
constituir uma organização formal, que permita a
compra conjunta de matéria-prima para redução
custos, a realização de cursos e treinamentos, a
participação conjunta em feiras e exposições e uma
estratégia de vendas mais eficaz.
Trabalhos Manuais “artesanato doméstico”
Produtos Alimentícios - “típicos”
Desafio para esta categoria é promovê-la à
condição de artesanato, agregando valor cultural aos
produtos e direcionando sua produção às demandas de
mercado. O ponto de partida é o mapeamento dos
grupos de artesãos levantando dados sobre seu
trabalho: produtos que desenvolvem, grau de
envolvimento e dedicação à atividade artesanal,
Os produtos alimentícios serão atendidos
parcialmente do Programa Sebrae de Artesanato, dado
que tratá-los como sendo artesanato pode implicar
uma série de equívocos, pois devem ser atendidos por
programas específicos, do Sebrae, destinados ao setor
agro-industrial e estão sujeitos ao controle dos
organismos de vigilância sanitária.
Tendo em vista o forte apelo cultural e o modo
de produção artesanal desses produtos, o Programa de
Artesanato pode atuar de forma integrada ao Programa de
Agronegócios, agregando valor através do
desenvolvimento de embalagens que valorizem estes
produtos e “demonstrem” para o mercado o seu modo de
produção e, conseqüentemente, seu valor cultural.
Produtos Industriais e Semi-Industriais “industrianato”
Uma das características do artesanato é o fato
do mesmo ser resultante de um modo de produção
rudimentar em pequena escala. Por isso, toda
produção em grande escala, que tenha interface com o
artesanato, será atendida de forma parcial pelo
Programa Sebrae de Artesanato.
Alguns casos, como a produção cerâmica ou a
fundição de metais – que utilizam em seus processos
produtivos fôrmas ou moldes para obter a forma básica
dos produtos, permitindo uma produção seriada – serão
atendidos pontualmente em ações específicas de design,
através do desenvolvimento de produtos inspirados na
iconografia regional, visando agregar valor cultural a
estes produtos.
Já a produção de pequenas lembranças pode e
deve ser apoiada, resgatando suas características mais
essenciais, aportando-lhes maior eficiência, diversificando
e melhorando seus produtos, adequando-os aos diversos
públicos e não somente ao turista de baixa renda.
8.1.8. Comercialização
(Acesso ao mercado)
A comercialização sempre foi o maior desafio
para o artesanato, tanto no que se refere ao acesso ao
mercado como também fazer com que o resultado
financeiro deste processo seja apropriado pelo artesão.
Em outras palavras, é necessário estabelecer
mecanismos que viabilizem ao artesão o acesso direto ao
consumidor final ou ao comprador atacadista, o que lhe
proporcionaria uma melhoria significativa de sua renda.
Esta ausência de diálogo entre o artesão e o
consumidor final não propicia seu acesso às
informações importantes que podem municiá-lo de
dados relevantes necessários para que ele possa adaptar
o fruto de sua criação ao desejo do cliente.
O perfil atual do consumidor demonstra que
ele está cada vez mais cansado dos produtos e serviços
atuais, mais consciente, bem informado e,
conseqüentemente, mais exigente. Mais seletivo e
racional, busca produtos com preços mais
baratos. A atual geração do marketing preconiza
o fim do atendimento de massa passando para o
atendimento individualizado, o uso intensivo da
tecnologia da informação e a venda eletrônica,
cada vez mais acentuada.
Deste modo, será oportuno repensar as
funções e atribuições das Centrais de
Comercialização. Elas devem ter sua gestão
profissionalizada e seu trabalho supervisionado por
conselhos de administração onde os artesãos tenham
assento. O que se busca é inovar nos processos de
comercialização propondo sistemas que sejam autosustentados e mais eficazes.
Estas centrais de comercialização podem, no
futuro, evoluir para se transformarem em empresas
virtuais, sem a necessidade de uma única sede fixa,
podendo possuir dezenas de pontos-de-venda
(franqueados ou não), aproximando o artesanato de seu
público comprador.
61
Deve-se estudar a possibilidade de se criar
uma estrutura de distribuição do artesanato para venda
direta dentro dos hotéis, pousadas e restaurantes, em
regiões de grande afluxo de turistas, podendo ser
planejado como uma estratégia mais agressiva de vendas.
Finalmente, é indispensável preparar o
artesanato para penetrar no mercado de compra
atacadista, pois as vendas no varejo não são muitas vezes
suficientes para um desenvolvimento auto-sustentado, já
que estão sempre sujeitas às épocas de alta estação
turística.
8.1.8.1. Algumas estratégias de comercialização
Estratégia indiferenciada
Divulgação massiva do conjunto da produção
artesanal dirigida a todos os segmentos do mercado.
Esta estratégia é mais apropriada aos produtos de
grande consumo e de fácil acesso por toda a
população, muito embora seja a opção preferencial dos
programas de promoção do artesanato. É pouco efetiva
e muito dispendiosa.
Estratégia diferenciada
Cada grupo de produtos ou coleção de um
determinado tipo de produto orienta-se a um grupo
específico de consumidores. Esta estratégia pode ser
utilizada quando existe grande produção capaz de
suportar grande volume de demanda.
Estratégia de concentração
É direcionar a promoção, a comunicação e a
venda de um conjunto de produtos, compondo um
“mix” dirigido somente a um segmento de mercado.
Esta parece ser a estratégia mais apropriada para os
produtos artesanais, pois requer um menor
investimento com maior retorno.
Fatores comerciais
O sucesso comercial de um empreendimento,
seja este industrial ou artesanal, depende de quatro
fatores fundamentais, aquilo que em marketing se
convencionou chamar dos 4 Ps.
1º. Produto
Linhas próprias com design exclusivo
formando famílias ou coleções, correta escolha das
matérias-primas, uso de processos e tecnologia
apropriada e não poluente, usos e funções claramente
definidas e eficazes e valor cultural explícito.
2º. Preço
Determinado a partir do cálculo dos seguintes
componentes: fração de amortização dos
investimentos realizados, custo da matéria-prima
utilizada, volume de horas de mão-de-obra
empregada e o valor simbólico percebido pelos
compradores, dentro de suas expectativas de
gasto.
63
3º. Posicionamento
Direcionamento dos produtos
ofertados a um público bem específico,
posicionando-os para a venda em locais
freqüentados por este mesmo público,
realizando vendas casadas com outros
produtos que complementem a oferta.
4º. Promoção
Embalagens adequadas, selo
de p r o c e d ê n c i a , e l e m e n t o s d e
contextualização cultural, displays e
pontos-de-venda projetados em harmonia com os
produtos oferecidos, campanhas publicitárias
corretamente direcionadas, promoções e ofertas
diferenciadas de acordo com as estações do ano ou
datas festivas.
Programa Sebrae de Artesanato
9 - Infra-estrutura para
o artesanato
Pode-se compreender como infra-estrutura
não somente a base material e econômica sobre a qual
é construída uma sociedade ou organização, mas
também o capital intelectual necessário para dar
sustentabilidade a estas estruturas. Uma ponte, um
viaduto, um túnel, não são somente concreto e aço. São
constituídos, antes de tudo, de inteligência, de
conhecimento técnico e científico e de trabalho.
A mudança qualitativa do padrão social e
econômico de uma determinada região não se consegue
somente com o aporte de recursos financeiros e dos
meios físicos necessários, porém se alcançam sobretudo
através de uma mudança de mentalidade e esta por sua
vez é fruto da educação.
No caso do artesanato, o raciocínio deve ser o
mesmo, pois qualquer que seja o investimento na
construção, adaptação e reforma de uma unidade de
apoio à produção artesanal, deve-se prever o capital
necessário para atrair os recursos humanos qualificados
que trarão os conhecimentos adequados ao processo.
Em outras palavras, uma infra-estrutura que
busque sustentabilidade ao artesanato deve incluir um
sistema de inteligência capaz de captar, processar,
analisar e disseminar informações e conhecimentos,
qualquer que seja sua natureza, de modo a dar
respostas rápidas e eficazes diante dos problemas,
preferencialmente de modo criativo e inovador. Isto
inclui, evidentemente, a capacidade de projetar
produtos de acordo com as tendências e desejos do
mercado, sem perder as características essenciais que
identificam sua origem e procedência.
qualidade e competitividade do produto de origem
artesanal, de modo sustentável, através dos seguintes
projetos e atividades:
• Diagnósticos, pesquisas e informação técnica
(incluindo as pesquisas de mercado);
• Design e desenvolvimento de novos produtos;
• Transferência de tecnologia;
• Testes, ensaios e experimentações;
A infra-estrutura ideal para o desenvolvimento
sustentado do artesanato dentro de uma concepção
estratégica e sistêmica deve ser, portanto, um conjunto de
unidades, preferencialmente integradas de modo
orgânico, constituído de cooperativa ou associação de
artesãos, oficinas experimentais de produção, unidades
de processamento e beneficiamento de matéria-prima,
central de comercialização, centro de treinamento e
capacitação, núcleo de inovação e de design. Este último,
por estar implantado nas 27 unidades federativas
brasileiras, fruto de parcerias entre diversas instituições,
constitui uma das mais importantes estruturas para
facilitar a implantação das demais unidades. Portanto, os
Programas Estaduais de Artesanato deverão estar à frente
da articulção dos processos juntamente com as equipes
locais do Via Design.
Núcleos de Inovação e Design para o
Artesanato
Estes núcleos têm por objetivo principal
colaborar para o desenvolvimento e melhoria da
• Preparação de material didático de apoio aos
processos de capacitação e aperfeiçoamento de
recursos humanos (em especial de multiplicadores);
• Promoção e divulgação de novos produtos;
• Apoio à comercialização;
• Organização de seminários e jornadas técnicas;
• Organização e coordenação de workshops para
desenvolvimento de produtos;
• Publicações de material técnico-didático;
• Realização de exposições;
• Organização e/ou participação em feiras.
65
Oficinas Experimentais
de Produção/Oficina-Escola
São unidades cuja finalidade principal é
desenvolver e testar os protótipos das novas linhas de
produtos e transferir para os artesãos a melhor
tecnologia de produção. A implantação destas oficinas
se justifica pela necessidade de dispor de um espaço de
experimentação que não interfira na rotina e no fluxo
cotidiano de produção nas unidades existentes.
Por se tratar de um espaço coletivo, e portanto
neutro, que procura reproduzir as condições ideais de
trabalho, a transferência de conhecimentos sobre novos
processos se dá de modo mais natural e significativo.
Aprende-se na prática, fazendo, experimentando, testando, comparando, questionando. As
oficinas experimentais podem ainda abrigar,
provisoriamente, a mão-de-obra recrutada para atender
eventuais demandas excedentes.
Central de Processamento de Matéria-prima
Em várias regiões produtoras de artesanato,
um dos problemas mais corriqueiros e graves tem sido
o fornecimento e processamento preliminar da matériaprima, seja esta o barro para a cerâmica, as fibras
vegetais para os trançados, ou a madeira, o couro,
metais etc.
Submetidos com freqüência a diferentes
fornecedores, que, por sua vez, coletam a matériaprima em diferentes lugares, portanto com
características intrínsecas diferenciadas, o artesão não
consegue atender a grandes encomendas mantendo um
mesmo padrão de qualidade.
Uma unidade de coleta, processamento,
beneficiamento e distribuição de matéria-prima poderá
representar um imediato salto de qualidade e de
redução de perdas. Esta unidade deve ser gerenciada
ou supervisionada pela cooperativa dos produtores.
Unidade de Treinamento e Capacitação
A chave para qualquer mudança social está na
educação, pois é através dela que os indivíduos
encontram seu lugar na sociedade, adquirem a noção
de pertencimento e de cidadania e podem desenvolver
suas habilidades e capacidades para o trabalho. O
processo educacional deve ser contínuo,
sistemático e voltado para a realidade de
cada contexto social.
Um programa de modernização
do segmento artesanal visando sua
inserção na economia formal através do
fornecimento de produtos competitivos tem
como principal pilar de sustentação um
programa de cursos e treinamentos, em
diferentes níveis e graus de complexidade, dirigidos ao
aperfeiçoamento e atualização tecnológica dos artesãos,
bem como dos técnicos e profissionais que com eles
irão trabalhar. Um local ideal para treinamento deverá
estar associado a uma oficina de produção
experimental, dadas as exigências de um aprendizado
significativo.
Centrais de Comercialização
O círculo de eficiência do Programa de
Artesanato fecha-se com a criação de uma central de
comercialização do artesanato, pois tudo se origina a
partir do mercado e nele deve terminar.
PRODUÇÃO
Esta central deve ser um empreendimento
gerenciado profissionalmente, com a participação
direta dos artesãos na supervisão de suas atividades,
sendo beneficiários diretos de seus resultados
financeiros, podendo ser uma unidade executiva da
cooperativa. Deve possuir um local de exibição dos
produtos, preferencialmente que integre o circuito
obrigatório dos turistas e visitantes, e que sirva ao
mesmo tempo de local de aferição de resposta do
mercado aos produtos inovadores. O Sebrae poderá
apoiar e orientar sua implementação por tempo
determinado.
MERCADO
IDENTIFICAR
DEMANDA
NÚCLEO DE
INOVAÇÃO E
DESIGN
67
COMERCIALIZAR
DIVULGAR E
PROMOVER
IDENTIFICAR
OFERTA
MELHORAR
PRODUTOS
CENTRAL DE
C0MERCIALIZAÇÃO
AGREGAR
VALOR
MELHORAR
PROCESSOS
CAPACITAR
PRODUTORES
OFICINA EXPERIMENTAL
DE PRODUÇÃO
FIGURA 7 - Infra-estrutura para o artesanato
A análise de cada uma destas estruturas, a partir de modelos existentes e conhecidos, poderá servir para dimensionar e
avaliar as necessidades dos programas estaduais de artesanato.
Programa Sebrae de Artesanato
A principal e mais importante característica do
trabalho artesanal é o fato dele ser resultante de um
trabalho produtivo, executado pelas mãos, com
sensibilidade, perícia e cuidado. São as mãos o
principal instrumento de trabalho dos artesãos.
Quando a matéria que procuram dominar ou modificar
é mais dura, impenetrável ou insensível, elas necessitam
de uma extensão, um prolongamento que as ajude a
superar seus limites e vencer a resistência da matéria:
as ferramentas.
Esta transferência da mão ao objeto determina
as várias formas que as ferramentas assumem. Deste
modo, cada ofício caracteriza-se pela diversidade
formal dos instrumentos que utiliza, e cada
instrumento significa a transfiguração da mão do
artesão em uma ferramenta de trabalho específica. Esta
relação do instrumento com o artesão é tão necessária
quanto a relação entre a idéia e o pensador, como
observou Clarival Prado.
Os instrumentos são os meios que permitem
ao artesão expressar-se e realizar seu trabalho. Deste
modo, não é possível aceitar que o artesão possa
expressar-se plenamente se os seus meios de produção
são rudimentares, pobres, toscos e improvisados.
A melhoria do artesanato passa, necessariamente,
pela melhoria das condições de trabalho e do uso de
ferramentas mais adequadas. A adequação do artesanato
às mudanças tecnológicas, ou às expectativas de consumo,
são modos de descaracterizar o trabalho ou afastá-lo de sua
pureza original?
10 - O artesão e seus instrumentos
de trabalho
Embora este tipo de interrogação tenha em
sua essência uma boa intenção embutida, são em
grande medida fruto apenas de uma preocupação
protetora com a cultura popular, porém ingênua no
sentido de acreditar ser possível preservar os artesãos e
artistas populares das influências do mercado e de um
meio em permanente e contínua mudança.
Querer restringir o acesso do artesão às novas
tecnologias (que são quaisquer ferramentas ou
processos de produção e não apenas as de ponta, como
se acredita erroneamente), não implica acabar com o
artesanato autêntico, pois a autenticidade está na forma
singular com que cada artista ou artesão vê o mundo ao
seu redor e consegue representá-lo ou expressar seus
sentimentos ou emoções.
Uma nova ferramenta pode, no máximo,
melhorar o desempenho da atividade realizada, facilitar
a execução de uma tarefa, porém nunca fazer com que
o homem mude sua forma de pensar. Contudo, a
incorporação de uma nova ferramenta, de um novo
modo de produzir, ou de um novo material, deve vir
precedida de uma reflexão sobre os ganhos que esta
mudança poderá trazer, sobretudo na melhoria real do
resultado econômico.
69
Glossário
Alinhamento – consistência entre planos, processos,
Conhecimento – constituído pela tecnologia, pelas
ações, informações e decisões para apoiar estratégias,
objetivos e metas globais da organização. O
alinhamento eficaz requer o entendimento das
estratégias e metas e a utilização de indicadores e
informações complementares para possibilitar o
planejamento, monitoramento, análise e melhoria nos
setores de trabalho, principais processos e na
organização como um todo.
políticas, pelos procedimentos, pelas bases de dados e
documentos, bem como pelo conjunto de experiências
e habilidades da força de trabalho. É gerado como
resultado da análise das informações coletadas pela
organização.
Arranjos Produtivos Locais – são aglomerações de
empresas, localizadas em um mesmo território, que
apresentam especialização produtiva e mantêm vínculos
de articulação, interação, cooperação e aprendizagem
entre si e com outros atores locais, tais como: governo,
associações empresariais, instituições de crédito, ensino
e pesquisa.7
Cliente – destinatário dos produtos da organização,
pode ser uma pessoa física ou jurídica. Quem adquire
(comprador) e/ou quem utiliza o produto
(usuário/consumidor).
Cliente potencial – ainda não é cliente da
organização. É um cliente da concorrência ou alguém
que poderia ser atendido pela organização.
Competência – mobilização de conhecimentos
(saber), habilidades (fazer) e atitudes (querer)
necessários ao desempenho de atividades ou funções,
segundo padrões de qualidade e produtividade
requeridos pela natureza do trabalho.
7
SEBRAE. Termo de referência para o desenvolvimento de APL,
versão para discussão interna. Brasília, 2003, p. 7.
Desempenho – resultados obtidos dos principais
indicadores de processos e de produtos que permitem
avaliá-los e compará-los em relação às metas, aos
padrões, aos referenciais pertinentes e a outros processos
e produtos. Geralmente, os resultados expressam
satisfação, insatisfação, eficiência e eficácia e podem ser
apresentados em termos financeiros ou não.
Desempenho global – síntese dos resultados
relevantes para a organização como um todo, levandose em consideração todas as partes envolvidas. É o
desempenho planejado pela estratégia da organização.
Desenvolvimento sustentável – em seu relatório
de 1987, Nosso futuro comum, a Comissão Mundial
expressou, com grande otimismo, que o mundo
conseguiria resolver seus problemas ambientais e de
desenvolvimento econômico desde que o planejamento
em ambas as esferas – a econômica e a ambiental –
fosse intimamente integrado. O Relatório Brundtland,
como foi chamado, previu uma nova era de crescimento
econômico baseado nas práticas da saúde ambiental e
do desenvolvimento sustentável e desafiou as pessoas do
mundo a trabalharem com vistas a ele.
Segundo a Comissão, o desafio do
desenvolvimento sustentável é trazer as considerações
71
ambientais para o centro das tomadas de decisão
econômicas, para o centro do planejamento futuro em
todos os níveis: local, regional e global. Muitos dos
problemas que enfrentamos hoje, como a
contaminação tóxica, a chuva ácida, a fome, a
disseminação das doenças transmissíveis, o tratamento
inadequado dos esgotos e o excesso de lixo sólido
industrial e residencial são resultado de decisões
tomadas sem considerar seus impactos nos recursos
humanos e não humanos do meio ambiente.
A velocidade de implementação do
desenvolvimento sustentável depende da vontade
coletiva dos cidadãos de cada região ou país para vencer
a inércia das estruturas e processos preexistentes. Para
tanto, é preciso conhecer os objetivos mais importantes
do desenvolvimento sustentável:
• Antecipar e evitar os impactos negativos ambientais,
econômicos, sociais e culturais das políticas, dos
programas, das decisões e das atividades para fins de
desenvolvimento;
• Desenvolver a habilidade de recuperação diante das
mudanças, quando seus impactos não puderem ser
antecipados;
• Manter e melhorar os recursos não humanos (os
processos ecológicos, a diversidade biológica e o
meio físico);
• Usar os recursos não renováveis com prudência e
eficiência, desenvolver recursos renováveis em base
sustentável e reduzir o conteúdo de energia e de
recursos
não
humanos
necessários
ao
desenvolvimento;
• Manter a igualdade de acesso aos recursos não
humanos e aos benefícios que eles proporcionam,
bem como distribuir com igualdade os custos
ambientais derivados do uso desses recursos;
• Desenvolver soluções amplas e equilibradas para os
problemas globais dentro de cada país e
internacionalmente.
Em junho de 1992, realizou-se, na cidade do
Rio de Janeiro, a Reunião das Nações Unidas para o
Meio Ambiente e Desenvolvimento – Rio 92. Com a
participação dos países-membros da ONU, foi produzida
na ocasião a Agenda 21 (United Nations, Earth Summit
Agenda 21: Programme of Action for Sustainable
Development, 1993), que é um programa de ação para o
desenvolvimento sustentável de todo mundo.
A questão da sustentabilidade está
intimamente relacionada com o conceito da capacidade
de suporte de um ecossistema, envolvendo sempre o
número de indivíduos (homens, animais e plantas) que
pode tirar seu sustento (nutrientes e energia) de
determinada área, depositando nela seus resíduos, sem
degradá-la. Para determinar a capacidade de suporte de
um ecossistema, portanto, é preciso conhecer os níveis
de consumo e de produção de resíduos admitidos para
esse sustento e o intervalo de tempo durante o qual tais
indivíduos poderiam se sustentar.
Segundo o seu horizonte temporal, a
capacidade de suporte pode ser classificada em
instantânea ou sustentável. A capacidade de suporte
instantânea reflete a taxa de exploração correspondente
à manutenção da sobrevivência e da reprodução de
determinada população durante determinado período
de tempo. Já a capacidade de suporte sustentável reflete
definição de atividades e competências interrelacionadas para se agregar valor de maneira diferenciada
às partes envolvidas. É o conjunto de decisões que
orientam a definição das ações a serem tomadas pela
organização.
as taxas de exploração de recursos naturais disponíveis,
que não levem à sua degradação por determinada
população ao longo do tempo. A capacidade de suporte
sustentável diz respeito à utilização de um espaço por
uma comunidade, durante um período de tempo muito
longo (por exemplo, muitas décadas), sem que haja
mostras da degradação dos ecossistemas.
Em suma, o conceito de capacidade de
suporte é fundamental na definição do
desenvolvimento sustentável porque nos diz “o número
máximo de pessoas que pode ser sustentado numa
determinada área, por um período de tempo
indefinido, com uma dada tecnologia e um conjunto de
hábitos de consumo, sem causar degradação
ambiental” (adaptado de W. Allan, citado em
Fearnside).
Embora seja difícil estabelecer com precisão a
capacidade de suporte de qualquer ecossistema
particular, sua determinação é fundamental, sobretudo
para a formulação de políticas de povoamento e de
desenvolvimento sustentáveis em países como o Brasil.
Se soubermos nos manter abaixo da capacidade de
suporte (sustentável) dos diferentes ecossistemas em
que intervimos, estaremos garantindo a reprodução de
seus processos ecológicos, indefinidamente.
ou externamente à organização que, após análise, se
transformam em informações não quantificáveis e que
servem de base para a tomada de decisões sobre as
práticas de gestão organizacionais.
Diretrizes organizacionais – conjunto de
Informações sistematizadas – resultantes de
orientações que devem ser seguidas pela organização,
como por exemplo: a missão, a visão, os valores, as
políticas, os códigos de conduta, entre outros.
tratamento padronizado e repetitivo de dados, por meio
de sistemas de informação, informatizados ou não.
Excelência – situação excepcional da gestão e dos
resultados obtidos pela organização, alcançada por
meio da prática continuada dos fundamentos do
modelo sistêmico.
Fornecedor – qualquer organização que forneça bens
e serviços. A utilização desses bens e serviços pode
ocorrer em qualquer estágio do projeto, produção e
utilização dos produtos. Assim, fornecedores pode
incluir distribuidores, revendedores, prestadores de
serviços terceirizados, transportadores, contratados e
franquias, bem como os que suprem a organização com
materiais e componentes.
Informações qualitativas – fatos ocorridos interna
Integridade da informação – um dos aspectos
Estratégia – caminho escolhido para posicionar a
organização de forma competitiva e garantir sua
sobrevivência ao longo do prazo, com a subseqüente
relacionados à segurança das informações que trata da
proteção da informação contra modificações não
autorizadas, garantindo que ela seja confiável, completa
73
e exata. Como exemplos de informações passíveis de
proteção, em função de perfil da organização e do seu
nível requerido de segurança, podem ser citadas as:
Organização do trabalho – maneira pela qual as
• armazenadas em computadores;
• transmitidas por meio de redes;
• impressas em meio físico;
• enviadas por fac-símile;
• armazenadas em fitas ou discos;
• enviadas por correio eletrônico;
• trocadas em conversas telefônicas.
Padrão de trabalho – regras de funcionamento das
Metas – níveis de desempenho pretendidos para um
determinado período de tempo.
pessoas são organizadas ou se organizam em áreas
formais ou informais, temporárias ou permanentes.
práticas de gestão, podendo estar na forma de diretrizes
organizacionais, procedimentos, rotinas de trabalho,
normas administrativas, fluxogramas, quantificação dos
níveis que se pretende atingir ou qualquer meio que
permita orientar a execução das práticas. O padrão de
trabalho pode ser estabelecido utilizando como critérios
as necessidades das partes envolvidas, as estratégias,
requisitos legais, o nível de desempenho de
concorrentes, informações comparativas pertinentes,
normas nacionais e internacionais, entre outros.
Missão – razão de ser de uma organização, as
necessidades sociais a que ela atende e seu foco
fundamental de atividades.
Monitoramento – métodos utilizados para verificar
se os padrões de trabalho das práticas de gestão estão
sendo cumpridos, estabelecendo prioridades,
planejando e implementando, quando necessário,
ações de correção e/ou prevenção.
Necessidades – conjunto de requisitos, expectativas e
preferências dos clientes ou das demais partes
envolvidas.
Organização – companhia, corporação, firma, órgão,
instituição ou empresa, sociedade anônima, limitada ou
com outra forma estatutária que tem funções e
estruturas administrativas próprias e autônomas, no
setor público ou privado.
Parceria – estágio de relacionamento especial e
estreito entre organizações obtido em função de fatores
e razões diversas. As parcerias objetivam o
fortalecimento das relações com os clientes ou com os
fornecedores. No primeiro caso, os fatores ou razões
podem incluir melhor possibilidade do conhecimento
dos requisitos e necessidades do cliente e, no segundo
caso, o volume de negócios entre a organização e o
fornecedor, grau de dependência da organização em
relação ao fornecedor e criticidade do produto ou
serviço oferecido pelo fornecedor.
Planos de ação – principais instrumentos organizacionais, resultantes do desdobramento das
estratégias de curto e longo prazo. De maneira geral, os
planos de ação são estabelecidos para realizar aquilo
que a organização deve fazer bem feito para que sua
estratégia seja bem-sucedida. O desenvolvimento dos
planos é de fundamental importância no processo de
planejamento para que os objetivos estratégicos e as
metas estabelecidas sejam entendidas e desdobradas
para toda a organização. O desdobramento dos planos
de ação requer uma análise do montante de recursos
necessários e a criação de medidas de alinhamento para
todas as unidades de trabalho. O desdobramento pode
também exigir a capacitação de algumas pessoas da
força de trabalho ou o recrutamento de novas pessoas.
Processo – conjunto de recursos e atividades
interrelacionadas que transformam insumos (entradas)
em produtos (saídas). Essa transformação deve agregar
valor na percepção dos clientes do processo e exige um
certo conjunto de recursos. Os recursos podem incluir
pessoal, finanças, instalações, equipamentos, métodos e
técnicas, numa seqüência de etapas ou ações
sistemáticas. O processo poderá exigir que a seqüência
de etapas seja documentada por meio de especificações,
de procedimentos e de instruções de trabalho, bem
como que as etapas de medição e controle sejam
adequadamente definidas.
Produtividade – eficiência na utilização de recursos,
calculada pela combinação da produtividade dos
diferentes recursos utilizados para obtenção de um
produto.
Produto – resultado de atividades ou processos. O
termo produto pode incluir serviços, materiais e
equipamentos, informações ou uma combinação desses
elementos.
Programa – Conjunto de projetos que deverão ser
administrados de forma coordenada. Contém as
diretrizes, os processos que se seguirão para alcançar
objetivos, explícitos e definidos claramente, com previsão
de atividades, prazos e meios escolhidos para alcançá-los.
75
O Programa Sebrae de Artesanato é
sistêmico – é um conjunto de elementos
com uma finalidade comum, com foco bem
definido e comum a todas as Unidades da
Federação (informação, formação e mercado) que
se relacionam entre si, formando um todo dinâmico.
Portanto, um sistema de gestão do Programa – e dos
projetos que o compõem – é um conjunto estruturado
de responsabilidades, autoridade, processos,
procedimentos, documentos e todos os tipos de
recursos que procuram garantir a qualidade dos
produtos, serviços e processos.
Projeto – conjunto de ações sistematicamente
ordenadas, com objetivos, metas, prazos e recursos
definidos em função de um problema, oportunidade
ou interesse da organização. É parte integrante de
um programa.
OBJETIVO SINGULAR - não há dois projetos iguais. Diferem das atividades de rotina.
ATIVIDADE FINITA - tem começo, meio e fim previsíveis ou programados.
CLIENTE OU USUÁRIO - envolve a relação entre fornecedor e cliente/usuário que solicitou a
solução e/ou que avaliará quando for desenvolvida.
PROJETO
RECURSOS LIMITADOS
INCERTEZA - tem um componente de incerteza quanto ao resultado esperado e grau
elevado de desconhecimento sobre a solução ou maneira de atingí-la.
ADMINISTRAÇÃO ESPECÍFICA - utilização de recursos diversos e competências especializadas,
integrando-as para transformar idéias em resultados e/ou as condições de realização.
FIGURA 8 - Principais características dos projetos8
Prontidão para resposta – estar preparado para
Requisitos – necessidades básicas dos clientes ou
atender a qualquer demanda estratégica, operacional
das demais partes envolvidas, explicitadas de
ou tecnológica. Agir com presteza tendo em vista a
maneira formal ou informal. Os requisitos incluem
satisfação dos clientes (internos e externos) e sua
prazo de entrega, especificação técnica, tempo de
retenção.
atendimento, qualificação de pessoal, preço e
condições de pagamento, entre outros.
Qualidade de vida – dinâmica de organização do
trabalho que permite manter ou aumentar o bem-estar
Sistema – conjunto de elementos com uma
físico e psicológico da força de trabalho, com a
finalidade comum, que se relacionam entre si,
finalidade de se obter uma total congruência entre as
formando um todo dinâmico.
atividades desenvolvidas no trabalho e as demais
atividades da sua vida, preservando a individualidade
Tendência – resultado da análise do comportamento
de cada um e possibilitando o desenvolvimento
de conjunto de resultados ao longo do tempo. A
freqüência de medição deve ser coerente com o ciclo da
integral das pessoas.
8
MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Administração de projetos, transformando idéias em resultados. São Paulo: Atlas, 1997.
prática de gestão medida, adequada para apoiar as
análises críticas e a tomada de decisões sobre ações
corretivas e de melhoria.
Território – constitui-se, pela afirmação e emergência
de redes locais de cidadãos, dentre as quais as redes
empresariais locais. O reconhecimento e a valorização
dessas redes aprofundam a democracia e são capazes de
promover um caminho de desenvolvimento que
combine redução da desigualdade com crescimento
econômico.
Nas redes locais de cidadãos, é o
aprofundamento contínuo do processo democrático
que constitui as bases de uma inovação ilimitada, é,
pois, a condição necessária para romper o quebracabeça da divergência sistemática entre crescimento
econômico e redução da injustiça social.
De forma geral, podemos falar de território em
situações onde se reconhecem:
• redes de atores capazes de estabelecer perspectivas
comuns de negócio;
• parcerias e compromissos de se manter e especializar
os investimentos de cada um dos atores no território.
O território compreende um determinado
recorte de espaço cognitivo, parte de um município,
um município, rede de municípios, bacias
hidrográficas, vales, serras etc. que:
• possua sinais de identidade coletiva (sociais,
culturais, econômicos, políticos, ambientais,
históricos etc.);
• mantenha ou tenha capacidade de promover uma
convergência em termos de expectativas de
desenvolvimento; e
• promova ou seja passível de uma integração
econômica e social, no âmbito local.
Fica evidente que a configuração espacial do
território independe das divisões geopolíticas (divisas
municipais, regionais, estaduais e outras) e depende
dos efeitos de proximidade cognitiva de suas redes:
• a articulação entre as empresas da atividade
principal;
• o relacionamento presencial com outros
agentes do local;
• uma certa regularidade e intensidade nos
relacionamentos e nas articulações;
• a construção de confiança e cooperação; e
• a troca sistemática de informações e conhecimento que
possibilite aprendizagem e ganhos comuns.
77
Anexos
Anexo1
Programa Sebrae de Artesanato
AVALIAÇÃO DAS POTENCIALIDADES PARA SELEÇÃO DE APLs –
ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS E/OU MUNICÍPIOS/TERRITÓRIOS
Este questionário de avaliação das potencialidade locais tem como objetivo criar parâmetros para a definição
dos municípios/microrregiões que apresentem as melhores condições para implementação do Programa.
DATA:
REGIONAL:
MUNICÍPIO(S)/TERRITÓRIO(S) ANALISADO(S):
RESPONSÁVEL(IS) PELAS INFORMAÇÕES:
CRITÉRIOS
1. Demanda proveniente da comunidade local dos artesãos
(incidência da procura)
PESO
10
2. Município é atendido pelo:
• Programa Sebrae de Turismo
20
PONTUAÇÃO
(0 a 3 )
TOTAL DE
PONTOS
CRITÉRIOS
PESO
• Programa de Desenvolvimento Local/DLIS
20
• Capacitar/Empreender com Núcleo de Artesanato
15
• Agronegócios
15
3. Existência de ações de outros vetores do Sebrae que
possam potencializar as ações do Programa (enumerar no
10
formulário anexo)
4. Disponibilidade de matéria-prima no local, sem dano
para o meio ambiente:
1)_________________________
2)_________________________
3)_________________________
4)_________________________
08
08
08
08
PONTUAÇÃO
(0 a 3 )
TOTAL DE
PONTOS
CRITÉRIOS
PESO
5. Existência/vocação do município para a
atividade artesanal
06
6. Possuir grupos de artesãos em atividade,
por técnica artesanal:
1) ______________ com mais de ___ artesãos em ativ.
05
2) ______________ com mais de ___ artesãos em ativ.
05
3) ______________ com mais de ___ artesãos em ativ.
05
4) ______________ com mais de ___ artesãos em ativ.
05
7. Artesãos:
• Já atuando em associações
06
• Em fase de associação
04
• Não organizados
00
8. Associação possui:
• Atuação local
03
• Atuação regional
07
9. Produção artesanal:
• Autêntica, preferencialmente com concentração
06
em poucos produtos
• De técnicas tradicionais com valor histórico
04
10. Existe atendimento ao artesanato da região
por outras instituições
• 1 instituição
02
• 2 instituições
03
• 3 ou mais instituições
05
PONTUAÇÃO
(0 a 3 )
TOTAL DE
PONTOS
CRITÉRIOS
PESO
PONTUAÇÃO
(0 a 3 )
TOTAL DE
PONTOS
11. Existe possibilidade de parceria (financeira/técnica/
institucional) para alavancar o projeto
05
12. Existência de canais de comercialização do artesanato
10
13. Possibilidade de contrapartida (financeira e não
financeira) por parte das organizações de artesãos
05
14. Disponibilidade dos artesãos para capacitação
07
15. A implantação do programa de artesanato
no município propicia:
• Desenvolver arranjos produtivos
10
• Potencializar e difundir experiências de sucesso
10
• Educação empreendedora para milhões
10
• Fomentar e disseminar a cultura de cooperação
10
• Universalizar o crédito e a capitalização
10
• Tributos e desburocratização
10
• Articular rede de apoio às MPEs
10
TOTAL DE PONTOS
Observações:
a) Critérios de pontuação:
0 – NÃO ATENDE AO CRITÉRIO
1 – ATENDE AO CRITÉRIO, MAS DE FORMA MUITO DEFICIENTE
2 – ATENDE AO CRITÉRIO, MAS COM RESSALVAS
3 – ATENDE AO CRITÉRIO DE FORMA EXCEPCIONAL
b) A definição dos territórios prioritários a serem atendidos pelo Programa levará em consideração as maiores pontuações.
c) Pré-requisito para desenvolvimento do projeto – existência/disponibilidade de técnicos na regional para execução dos trabalhos.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
Enumerar as ações de outros vetores que estão sendo realizadas no município/microrregião.
Articulação de instituições do município com outros municípios.
Previsão do número total de artesãos que serão envolvidos no processo.
Enumerar entidades locais – parceiros potenciais.
Quais instituições atendem o setor artesanal no município? Enumerar ações desenvolvidas (por instituição).
Anexo2
Programa Sebrae de Artesanato
PROGRAMA SEBRAE DE ARTESANATO
Diagnóstico da Produção Artesanal
(instrumento de pesquisa para conhecimento do contexto sócio-cultural-econômico e cadastro)
1 - DADOS PESSOAIS
Nome completo e apelido:
FOTO
RECENTE DO
ARTESÃO
Idade:
Sexo:
Masculino
Feminino
Nº carteira de identidade - órgão expedidor
Nº carteira de artesão:
CPF:
Escolaridade:
Não alfabetizado
1º grau incompleto
2º grau incompleto
sup. incompleto
Alfabetizado
1º grau completo
2º grau completo
sup. completo
Endereço:
Rua/avenida
Nº/compl.
Bairro
CEP
Distrito
Município
Telefone
Celular
E-mail
Há quanto tempo reside neste local?
É proprietário?
Sim
Não
Outro – Qual?
Renda pessoal:
Até um salário mínimo por mês
De cinco a sete salários mínimos por mês
De um a três salários mínimos por mês
De sete a dez salários mínimos por mês
De três a cinco salários mínimos por mês
Acima de dez salários mínimos por mês
Você é filiado(a) a alguma organização?
Não
Sim
Qual?
Possui filhos?
Possui outra atividade profissional?
Sim Qual?
Menores de 16 anos. Quantos
Aposentado
Maiores de 16 anos.
Não
Não
Quantos
2 - DADOS DA PRODUÇÃO ARTESANAL
Relacione todos os seus produtos. Para cada um deles, indique a quantidade produzida por mês e quais as técnicas
de produção artesanal que você utiliza para cada um:
QUANTIDADE PRODUZIDA
unidade
quantidade
PRODUTOS
TÉCNICAS UTILIZADAS
Com quem aprendeu essas técnicas?
Mãe
Avô
Tio
Irmão
Pai
Avó
Tia
Irmã
Qual o lugar de origem dessa(s) técnica(s) artesanal(is) que você utiliza?
Local
Da região
De outro local – Qual?
Outros. Quem?
Quanto tempo você dedica à produção (quantas horas você gasta produzindo):
Horas por dia
Quais dias da semana
Quantas semanas por mês
Total de horas por mês
Existe alguma época do ano definida para a produção?
Não
Sim
-
Quais?
Os produtos acabados são embalados?
Não
Sim - Com que tipo de embalagem?
Você vende sua produção:
Na sua região
Na sua cidade
Para outros Estados. Quais?
Para outras regiões do Estado
Para outros países. Quais?
Relacione todos ao materiais que você utiliza para produzir seu artesanato, as quantidades que você utiliza
todo mês e o valor total gasto na sua aquisição.
ITENS DE CONSUMO - MATÉRIAS-PRIMAS
QUANTIDADE MENSAL
GASTO MENSAL ($)
ITENS DE CONSUMO - MATERIAIS-SECUNDÁRIOS
QUANTIDADE MENSAL
GASTO MENSAL ($)
ITENS DE CONSUMO - PRODUTOS PRONTOS
QUANTIDADE MENSAL
GASTO MENSAL ($)
ITENS DE CONSUMO - EMBALAGENS
QUANTIDADE MENSAL
GASTO MENSAL ($)
Sobram resíduos no seu processo produtivo?
Não
Sim - Qual?
Serão reutilizados?
Não
Sim - Como?
Enumere as ferramentas e equipamentos que você possui e utiliza na produção artesanal
1.
8.
15.
2.
9.
16.
3.
10.
17.
4.
11.
18.
5.
12.
19.
6.
13.
20.
7.
14.
21.
Como é feita a manutenção de suas ferramentas e equipamentos?
Quanto você gasta por mês com a manutenção dessas ferramentas e equipamentos?
R$.................................................................................
Como você costuma guardar, armazenar ou estocar materiais, produtos e ferramentas?
Matérias-primas:
Materiais secundários:
Embalagens:
Ferramentas e equipamentos:
Produto pronto (seu artesanato):
Onde você adquire esses produtos?
Matérias-primas:
Na sua cidade (comércio local)
De outras cidades do seu Estado. Quais:
De outros Estados. Quais:
De outros países. Quais:
Materiais secundários:
Na sua cidade (comércio local)
De outras cidades do seu Estado. Quais:
De outros Estados. Quais:
De outros países. Quais:
Embalagens:
Na sua cidade (comércio local)
De outras cidades do seu Estado. Quais:
De outros Estados. Quais:
De outros países. Quais:
Ferramentas e equipamentos:
Na sua cidade (comércio local)
De outras cidades do seu Estado. Quais:
De outros Estados. Quais:
De outros países. Quais:
Quais as maiores dificuldades que você enfrenta no artesanato?
Falta de informação
Aquisição de matéria-prima
Comercialização do artesanato
Falta de treinamento
Financiamento
Embalagem
Valor necessário para viabilizar seu negócio:
Outro
Em que local você trabalha?
Em sua residência
Em oficina fora de sua residência
Outro:
Como é o seu sistema de trabalho?
Trabalha sozinho
Não trabalha sozinho
Trabalha com:
Associação / Cooperativa
Familiares. Citar quais e as funções de cada um:
Empregados. Quantos?
Aprendizes. Quantos?
Outro. Qual?
Há quanto tempo você trabalha com artesanato?
Quais são as demais despesas mensais que você tem na sua atividade?
ITEM DE DESPESA
VALOR (R$)
3 - INFRA-ESTRUTURA DOMICILIAR
Você possui energia elétrica em sua residência?
Não
Sim - Há quanto tempo?
Você possui abastecimento de água em sua residência?
Não
Sim - cisterna/poço
Sim – sistema público (SAAE etc.)
Qual o escoadouro da instalação sanitária de sua residência (destino dos esgotos)?
Não possui rede de esgoto
Sistema de esgoto público (SAAE etc.)
Fossa séptica
Outro:
Quantos cômodos sua residência possui? Coloque as quantidades nos quadrinhos.
Quarto
Copa
Sala
Cozinha
Banheiro
Área de serviço
Garagem
Despensa
Outro:
Quantos são os eletrodomésticos de sua residência? Coloque as quantidades nos quadrinhos.
Refrigerador
TV
Freezer
Videocassete
Forno de microondas
DVD
Batedeira de bolo/pães
Microsystem
Máquina de lavar louça
Máquina de lavar roupas
Ferro elétrico
Liquidificador/processador
Outro:
Você e sua família possuem veículo?
Não
Sim - Quantos?
A família possui imóveis? Informe também a quantidade, quando for o caso.
Não possui
Possui no município
Já construído
Já construído
Em outros municípios
Em construção
Em construção
Outros
A família possui algum investimento financeiro?
Não possui
CDB, RDB
Títulos - Quais?
Outros - Quais?
Você e sua família possuem algum plano de saúde/assistência médica?
Não
Sim - Qual?
(fotos dos principais produtos)
Caderneta de poupança
Anexo3
Programa Sebrae de Artesanato
INDICADORES DE DESEMPENHO - PROGRAMA SEBRAE DE ARTESANATO
Indicadores são dados ou informações numéricas que quantificam as entradas (recursos ou insumos), saídas
(produtos) e o desempenho de processos, produtos e da organização como um todo (resultados). Os indicadores são
utilizados para acompanhar e melhorar os resultados ao longo do tempo.
A integração de indicadores pressupõe a combinação de diferentes indicadores visando facilitar a sua análise, ou
seja, é a capacidade de um indicador ou grupo de indicadores interagir com outros indicadores ou grupos, visando
permitir a medição do desempenho global da organização, de subsistemas ou de aspectos relevantes.
Correlacionar indicadores envolve o estabelecimento de uma relação de causa e efeito entre os indicadores, em que
os resultados de um influenciam os demais.
COMUNS – SISTEMA SEBRAE
• Número de artesãos envolvidos no programa
• Percentual líquido da variação de faturamento dos artesãos atendidos
• Percentual líquido de variação dos postos de trabalho
• Custo por cliente atendido (cálculo: investimento total - Sistema Sebrae (NA+UF) + parceiro(s))
• Grau de satisfação de clientes atendidos pelo Sebrae (em percentual)
ESPECÍFICOS
• Grupos atendidos
Constituídos
Novos
• Municípios atendidos
Número de municípios beneficiados
% municípios beneficiados (municípios atendidos divididos pelo número total de municípios do Estado)
• Número de capacitações (enfoque teórico)
• Número de capacitados (enfoque teórico)
• Número de capacitações nas oficinas
• Número de capacitados nas oficinas
• Percentual de artesãos com aumento de produção
• Percentual de artesãos com aumento do número de novos produtos
• Percentual de artesãos com ampliação do mercado de atuação
• Feiras de negócios
Número de feiras
Número de artesãos que participaram nas feiras
Percentual de empresas com ampliação do mercado de atuação
Volume de negócios durante e após o evento (90 e 180 dias)
Valor investido pelo Sebrae por evento
• Rodadas de negócios
Número de rodadas
Número de artesãos envolvidos nas rodadas (produtos de quantos artesãos)
Percentual de empresas com ampliação do mercado de atuação
Volume de negócios durante e após o evento (90 e 180 dias)
Valor investido pelo Sebrae por rodada
• Associações - cooperativas constituídas formalmente
Número de associações e cooperativas existentes no início do Programa
Quantas foram criadas a partir da ação do Programa
Quantas foram revitalizadas a partir da ação do Programa
• Empresas artesanais
Número de empresas artesanais existentes no início do Programa
Número de empresas artesanais criadas a partir da ação do Programa
DEFINIÇÃO DOS TERMOS DOS INDICADORES
GRUPO: a quantidade de pessoas, no mínimo 05, que exercerão atividades conforme tipologia e/ou território
(incluindo microrregião).
GRUPO CONSTITUÍDO: aquele atendido pelo PSA no ano anterior, antes do início da execução das atividades.
GRUPO NOVO: aquele constituído e atendido no ano em curso (a partir da data de início da execução do Programa).
ARTESÃO ENVOLVIDO: aquele que participa de pelo menos uma ação do PSA, após a palestra de sensibilização.
ASSOCIAÇÕES E COOPERATIVAS REVITALIZADAS: são aquelas existentes, com funcionamento precário, e
que tiveram seu funcionamento normalizado e/ou otimizado a partir da ação do Programa.
ATIVIDADE DE CAPACITAÇÃO (enfoque teórico): palestras, cursos, seminários, workshops.
OFICINAS DE CAPACITAÇÃO (enfoque prático): oficinas voltadas para capacitação do artesão enfocando
produção e design.
MERCADO DE ATUAÇÃO: local onde o produto do artesão é comercializado com freqüência.
FEIRA DE NEGÓCIOS: eventos que visam a comercialização de produtos artesanais.
EMPRESAS ARTESANAIS : empresas legalmente constituídas que têm como objetivo a produção artesanal.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
A arte do artesanato brasileiro. São Paulo: Talento, 2002.
A importância do design para sua empresa. Rio de Janeiro: CNI, 1999.
SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS. Arte da Terra - Resgate da cultura
material e iconográfica do Pará. Belém: Museu Paraense Emilio Goeldi/SEBRAE, 1998.
BARROSO, Eduardo. Identidade cultural e artesanato. 2000.
CANCLINI, Hector. Culturas híbridas. São Paulo, 1998.
Ceará Feito a Mão, artesanato e arte popular. Fortaleza: Terra da Luz Editorial, 2000. 160 p. il.
Cuadernos de Artesania, Análisis de Mercado. Madrid: Fundación Española de Artesanias, 1997.
DEMO, Pedro. A dimensão cultural da política social. Recife: Massangana, 1982.
HERRERA, Neve. Artesanias de Colômbia. Bogotá, 1992.
LAUER, Mirko. Crítica do artesanato. São Paulo: Nobel, 1983.
MARTINS, Saul. Contribuição ao estudo científico do artesanato. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1973.
MASCELANI, Ângela. O mundo da arte popular brasileira. Rio de Janeiro: Museu Casa do Pontal, 2002.
PAPA, Cleber; BRAGA, Rogério. Brasil das Artes. São Paulo: Imagem Data, 1999.
PORTO ALEGRE, Silvia. Mãos de mestre, itinerários da arte e da tradição. São Paulo: Maltese, 1994.
RIBEIRO, Berta G. O artesão tradicional e seu papel na sociedade contemporânea. Rio de Janeiro: FUNARTE, 1983.
VALADARES, Clarival P. Artesanato brasileiro. Rio de Janeiro: FUNARTE, 1978.
MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Administração de projetos, transformando idéias em resultados. São Paulo: Atlas, 1997.
GIANSANTI, Roberto; coord. SCARLATO, Francisco Capuano; FURLAN, Sueli Angelo. O desafio de
desenvolvimento sustentável. 2ª ed. São Paulo: Atual, 1998.
CAPRA, Fritjop. As conexões ocultas, ciência para uma vida sustentável. São Paulo: Cultrix, 2002. Tradução de:
Marcelo Brandão Cipolla.
SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS. Artesanato no Brasil. 1ª ed.
Brasília: SEBRAE, 2001.
FARIA, Hamilton; GARCIA, Pedro. Arte e identidade cultural na construção de um mundo solidário. São Paulo:
Instituto Pólis, 2002. 108 p. (Cadernos de Proposições para o Século XXI, v.1).
FRANCISCO, Dalmir. Comunicação, identidade cultural e racismo. In: FONSECA. Maria Nazareth Soares (org.).
Brasil afro-brasileiro. 2ª ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.
INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL. Ministério da Cultura. O registro do
patrimônio imaterial, dossiê final das atividades da comissão e do grupo de trabalho patrimônio imaterial. Brasília:
IPHAN, 2000. 208 p.
SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS. A mobilização dos territórios para
o desenvolvimento, versão para discussão interna. Brasília: SEBRAE, 2003.
SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS. Termo de referência para
desenvolvimento de APL, versão para discussão interna. Brasília: SEBRAE, 2003.
Participantes do Encontro Nacional do Programa Sebrae de Artesanato
- Validação do Termo de Referência Araxá/MG, 7 a 9 de julho de 2003.
SEBRAE Nacional
Durcelice Cândida Mascêne
Mário Lúcio de Ávila
Patrícia Salamoni
SEBRAE/UF
PARTICIPANTES
Acre
Soraya Neves de Menezes
Alagoas
Rita Gonçalves
Amazonas
Clarice M. Nunes
Amapá
Cristiano S. de Oliveira
Bahia
Adriana Nunes Braga
Cristiane Mota
Josival Caldas
Ceará
Diva Machado Alves Nogueira
Distrito Federal
Rogéria Santa Cruz
Espírito Santo
Maria Angélica Fonseca
Goiás
Décio Tavares Coutinho
Maria Beatriz Ribeiro Lucio
Mato Grosso
Débora Lapinski
Marta Regina Torezam
Mato Grosso do Sul
Patrícia Caldas
Maranhão
Flor de Maria Silva
Minas Gerais
Algeny Gomes Ferreira
Claudia Maria Sousa Lima Magalhães
Gláucia Maria Vasconcellos Vale
Maria Dorotéa de Aguiar Barros Naddêo
Pará
Antônio Tadeu Campos
Maria Alice Cunha
Paraíba
Maria Luiza Duarte de Melo
Paraná
Celso Luiz Kloeppel
Pernambuco
Graça Bezerra
Piauí
Gilson Vasconcelos
Rosa de Viterbo Cunha
Rio de Janeiro
Marília Chang
Wanessa Nemer
Rio Grande do Norte
Célio José Vieira de Moura
Mônica Menezes
Rio Grande do Sul
Angela Klein
Rondônia
Glenny Paes Salles
Liliane Cougo
Roraima
Rozani Elizabet Menezes
Santa Catarina
Carlos Roberto Meneses
São Paulo
Marta Mendes
Roberto Mauro dos Santos
Sergipe
Wânia Alzira R. Santos
Tocantins
Lourdes T. de Souza
Luiz Carlos Barboza
Diretor-Técnico do Sebrae Nacional
ABERTURA DO EVENTO
Luiz Márcio Haddad Pereira Santos
Diretor de Desenvolvimento e Administração do Sebrae/MG
Antônio Leonardo Lemos Oliveira
Prefeito Municipal de Araxá
Vinícius Nobre Lages
Gerente da Unidade de Desenvolvimento Setorial do Sebrae Nacional
Durcelice Cândida Mascêne
Programa Sebrae de Artesanato – UDS – Sebrae Nacional
Edson Fermann
Consultor – Sebrae Nacional
COORDENAÇÃO E
Eduardo Barroso Neto
Consultor Programa Sebrae de Artesanato – Sebrae Nacional
MODERAÇÃO DO
Maria Angélica Monteiro dos Santos
Consultora Programa Sebrae de Artesanato – Sebrae/RS e Sebrae Nacional
EVENTO
Maria Dorotéa de Aguiar Barros Naddêo
Programa Sebrae de Artesanato – Sebrae/MG
Patrícia Salamoni
Programa Sebrae de Artesanato – UDS – Sebrae Nacional
Wanessa Nemer
Programa Sebrae de Artesanato – Sebrae/RJ
MODERAÇÃO DO EVENTO
Adriana Gontijo
Consultora Sebrae/MG
Elisabeth Camilo Laia
Consultora Sebrae/MG
CONVIDADO
Cláudio C. Montenegro
Consultor Sebrae Nacional
Gualberto Frateschi
Gerente Regional Oeste Sebrae/MG
EQUIPE DE APOIO
Heloísa Aparecida Tinoco
Articuladora da Microrregião de Araxá – Sebrae/MG
Dênia, Otávio e Glaciene
Equipe da Agência de Desenvolvimento de Araxá